Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
FACULDADE DE LETRAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS E TÉCNICAS DO PATRIMÓNIO
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL
TEORIAS E PRÁTICAS
Porto
2007
À Anabela, à Alexandra e ao Francisco
Aos meus pais
AGRADECIMENTOS
O interesse pela temática das Casas-Museu advém do nosso desempenho profissional, nomea-
damente na Casa de José Régio, iniciado na década de 90 do século passado e culminando com
a presente dissertação, para a qual contámos com a preciosa colaboração de inúmeras pessoas
e entidades a quem nos cumpre agradecer de forma especial.
Ao Professor Doutor Rui Centeno, sob cuja orientação foi desenvolvido este trabalho. Recor-
dam-se os diálogos estimulantes e frutuosos, os importantes conselhos, revelando-se um exem-
plo de saber e preciosa exigência crítica.
Aos Amigos que colaboraram neste trabalho. Sabem quem são. Foi imprescindível a sua dispo-
nibilidade.
Aos meus Pais, que desde sempre foram um exemplo de dedicação e estímulo para a concreti-
zação desta etapa.
À Anabela, pelo seu amor, acompanhamento, paciência, pela sua serenidade, por tudo o que me
deu além do que podia, por todas as outras coisas que nunca lhe poderei agradecer.
À Alexandra e ao Francisco, por me darem tudo aquilo que um pai deseja, por saberem amar
e, acima de tudo, esperar.
5
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Sumário
Introdução 13
Capítulo 1
CASA-MUSEU – Definição |Conceitos e Tipologias 19
7
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
8
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
9
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Lista de Abreviaturas
11
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
INTRODUÇÃO
13
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, tem-se assistido a uma forte expansão do tecido museológico português.
De entre as muitas unidades museológicas criadas, as casas-museu assumem um papel funda-
mental, uma vez que, o seu número tem aumentado, a sua função se tem mostrado fundamental
na preservação de parcelas consideráveis do património nacional. Destinadas à celebração de
uma determinada personalidade ou grupo que se destaca no seu tempo através de actos, traba-
lhos ou criações, estes espaços do quotidiano, considerados por muitos, instituições de menor
importância, permitem a percepção directa da forma de viver, dos gostos, da educação, assim
como do enquadramento sociocultural de um determinado indivíduo.
A Casa de José Régio de Vila do Conde, onde, desde 1994, desenvolvemos a actividade profis-
sional no âmbito da acção museológica, foi-nos levantando ao longo dos anos um conjunto de
questões e reflexões sobre a forma como uma instituição deste tipo deveria evoluir e desenvol-
ver-se, que designação deveria assumir, quais as áreas técnicas necessárias para o cumprimen-
to cabal dos seus objectivos. Todas estas questões foram suscitando pesquisas, contactos com
instituições museológicas do mesmo tipo, participação em encontros sobre este tema.
Face às inúmeras ideias que foram surgindo, e observando o panorama das casas-museu em
Portugal, sentiu-se a necessidade de desenvolver um estudo que permitisse um conhecimento
objectivo, consubstanciado em elementos sólidos destas unidades museológicas. O conceito de
casa-museu é bastante abrangente, servindo de designação a um conjunto de unidades museo-
lógicas que, em nosso entender, não se enquadrarão nos pressupostos internacionalmente utili-
zados para definir unidades deste tipo. Empiricamente, estamos conscientes de que a realidade
portuguesa, no que concerne a este assunto, é bastante complexa, uma vez que a proliferação
de museus com esta terminologia é imensa. Celebrando personalidades, homenageando gru-
pos, apresentando realidades quotidianas regionais ou meras colecções etnográficas, o pano-
rama das casas-museu em Portugal tem vindo a sofrer da falta de regulamentação apropriada,
evoluindo ao sabor de vontades pessoais ou de grupos que decidem criar museus sob denomi-
nação de casas-museu.
15
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Esta dissertação pretende contribuir para a definição do que é uma casa-museu, apresentar os
diferentes elementos que a constituem: casa, indivíduo, acervo, vivência, todos envolvidos e es-
tudados em correlação permitirão ao público ter acesso a realidades museológicas de alto valor
simbólico e determinantes, muitas vezes, para o estudo de correntes, teorias, formas de vida, e
para o conhecimento de épocas históricas. As verdadeiras casas-museu só poderão demonstrar
o seu verdadeiro valor desenvolvendo actividades com interesse, respondendo às exigências de
um trabalho museológico de alta qualidade, com estudos efectuados por especialistas materiali-
zados em exposições e catálogos bem estruturados e de alto valor científico e didáctico.
Este nosso contributo ao estudo das casas-museu desenvolve-se ao longo de três capítulos. No
primeiro apresenta-se uma abordagem teórica ao conceito e seus constituintes, forma de orga-
nização, modo de criação, comunicação, propostas internacionais de classificação destas uni-
dades museológicas, para além de abordar as casas-museu, enquanto instituições que devem
desenvolver um conjunto de actividades expressas na definição de museu do ICOM.
O segundo capítulo dá uma imagem da realidade das casas-museu em Portugal, qual o seu
número, de que forma se organizam, como funcionam, as suas reais carências, quais as suas
verdadeiras capacidades perante um público cada vez mais exigente. Para o efeito, serão apre-
sentadas diferentes análises da realidade nacional, através de dois estudos, um realizado pelo
Observatório das Actividades Culturais (OAC) e pelo Instituto Português de Museus (IPM) e outro
desenvolvido por nós especialmente para esta dissertação. Neste capítulo procurar-se-á apre-
sentar uma proposta de definição de casa-museu, tendo em conta a realidade nacional, assim
como uma proposta de classificação das instituições museológicas que integram a amostra do
presente estudo.
Finalmente, o terceiro capítulo apresentará um estudo sobre a Casa de José Régio de Vila do
Conde, face ao pressuposto teórico desenvolvido nos capítulos anteriores. Será apresentado o
patrono, a evolução da Casa, o seu processo de restauro, as suas colecções e o seu novo modo
de funcionamento após a intervenção que sofreu. Depois de cerca de 30 anos em funcionamen-
to, a Casa de José Régio foi alvo de uma grande intervenção, pensada e estruturada com vista
a dar resposta às necessidades de um museu actual, sem, contudo, perder o seu carácter inti-
mista, onde se consegue percepcionar a presença de uma individualidade de carácter complexo,
mas reveladora de uma sensibilidade extrema.
Para a realização deste trabalho foi fundamental realizar uma pesquisa bibliográfica sobre a te-
mática das casas-museu, procurando-se recolher informação que permitisse o estabelecimento
de uma definição correspondente a uma instituição museológica com este carácter, quais as
16
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
suas componentes essenciais, como se processa o seu estudo e conhecimento, qual a melhor
forma de planificação do trabalho numa instituição deste género. Face à escassez de bibliografia
específica e actualizada em Portugal, recorreu-se ao Comité das Casas-Museu do ICOM (Inter-
national Council of Museums), o DEMHIST (Demeures Historiques), a quem se solicitaram as
actas dos encontros realizados sobre este tema, onde se encontram os estudos mais recentes.
Simultaneamente, foi desenvolvido um levantamento em revistas e outras obras da especialida-
de, que permitiram um conhecimento mais aprofundado deste tipo de museu. A análise bibliográ-
fica permitiu recolher informações sobre este universo em diferentes países, sendo a partir daí
possível estabelecer linhas de paralelo à realidade portuguesa.
A par das pesquisas bibliográficas foi realizada uma busca na Internet sobre o tema das casas-
-museu, no sentido de levantar o maior número possível de documentação sobre o assunto. Foi
realizada, também na Internet, uma busca para acesso às casas-museu existentes em Portugal
que, posteriormente, permitisse conhecimentos específicos sobre cada uma das unidades. Lei-
turas, pesquisas, inquéritos e visitas a muitas casas-museu forneceram os elementos em que
assenta este estudo.
Como já foi referido, ao nível das fontes de informação foram fundamentais para o nosso estudo
o inquérito desenvolvido pelo Observatório das Actividade Culturais para o Instituto Português de
Museus, uma lista recebida da Rede Portuguesa de Museus (RPM) onde constam as instituições
museológicas enquadradas nesta categoria museológica, a par do inquérito por nós realizado
especialmente para esta dissertação, que permitiu o acesso a uma informação mais actualizada
do que aquela que consta no inquérito OAC|IPM, realizado em 1998.
Estas fontes primárias e secundárias foram absolutamente essenciais para se proceder à carac-
terização destas unidades museológicas, tanto a nível internacional como nacional. A bibliografia
apresentada no final desta dissertação será, certamente, uma lista de fontes que traduz o que de
mais importante sobre este tema se produziu nos últimos anos.
Por fim espera-se que este trabalho contribua para a compreensão da realidade das casas-mu-
seu em Portugal, suprindo, dentro do possível, a falta de informação existente, sugerindo novos
caminhos a investigadores e outros interessados por este tema que conduzam a um melhor
conhecimento desta realidade. Espera-se também que este estudo possa ser uma fonte inspira-
dora para quem, no futuro, pretenda constituir ou requalificar uma casa-museu, alertando para
as diferentes componentes a equacionar. Às entidades competentes cabe criar mecanismos de
regulamentação desta realidade, complexa, muito diversificada e que, neste momento, não é
alvo de qualquer cuidado específico na sua acção.
17
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
1. CASA-MUSEU
DEFINIÇÃO | CONCEITOS | TIPOLOGIAS
19
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
1. CASA-MUSEU
DEFINIÇÃO | CONCEITOS | TIPOLOGIAS
Ao longo dos últimos anos e no decurso de inúmeras actividades, entre elas as profissionais,
face a tantas questões que têm sido levantadas, sentiu-se muitas vezes a necessidade de per-
ceber claramente o que é de facto uma casa-museu.
O estudo das casas-museu, nomeadamente no que concerne à sua definição e classificação ti-
pológica, é um exercício complexo. Ao longo do desenvolvimento deste trabalho de investigação,
muitas foram as definições encontradas, as quais serão apresentadas nesta dissertação.
O que é uma casa-museu? O que a caracteriza? Como se processa a sua compreensão e estu-
do? Que valências deve abranger? Qual o conteúdo destas unidades museológicas? Como fo-
ram instituídas e que implicações tem a sua criação? Como deve comportar-se a casa e o acervo
perante os visitantes? Qual a sensação colhida por quem efectua uma visita a uma casa-museu?
Estas e outras questões devem ser equacionadas, analisadas e compreendidas, no sentido de
se evoluir no estudo da definição de casas-museu.
21
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Muitos conceitos são apresentados: uns colocando a tónica no edifício; outros, no ambiente;
aqueloutros nas colecções e ainda alguns na vivência de uma determinada pessoa ou grupo
social. Provavelmente, ou certamente, perante as muitas ideias a apresentar, a simbiose entre
múltiplos factores dará a resposta à necessidade de chegar a um conceito com o máximo de ob-
jectividade, assim como à definição das funções, importância e eficácia destes museus que co-
meçam a ser frequentes desde o século XIX, como nos refere Pedro Lorente (LORENTE LORENTE
1998: 31), eventualmente substituindo os gabinetes de curiosidades, vindo nos últimos anos a ser
questionados no que concerne à sua função e eficácia junto do público, face à transmissão de
conhecimentos e à valorização das colecções e informações intrínsecas que possuem.
Todavia, antes de avançar para a definição daquilo que se nos afigura poder vir a considerar-se
uma casa-museu, é fundamental reter a nossa atenção na expressão casa-museu, composta por
duas palavras em justaposição, dois conceitos com dimensões completamente opostas quanto
à sua abrangência, em relação à sua extensão pública e privada.
Estamos perante o conceito casa que tem um sentido privado, pessoal, de refúgio e intimidade,
ao qual se junta o conceito museu com toda a sua carga e dimensão pública. Um museu é criado
para receber pessoas, transmitir conhecimentos e interagir com o público, a que se associa a
função de conservar, estudar e divulgar as colecções. No âmbito das casas-museu, a própria
casa é, também, uma importante e imponente peça do museu a preservar e estudar.
1 Na última edição do Encontro Anual do DemHist, que decorreu entre 10 e 14 de Outubro de 2006, em Valleta - Malta,
esta questão foi levantada e minimizada. Entendeu-se que a percepção anglo-saxónica e latino-americana é diferente
no que concerne ao conceito em questão. Se para o latinos os conceitos de casa-museu e casa histórica são distintos,
por sua vez, para os anglo-saxonicos, uma casa-museu pode assumir o conceito de casa histórica. Como exemplo
desta afirmação está o próprio nome do comité do ICOM, direccionado para o estudo das casas-museu - DEMHIST
(Demeures Historiques).
22
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
e assim clarificar a realidade. Considera-se que a casa histórica, “historic house”, está relacionada
com o imóvel que apresenta histórias e leituras de um determinado local, de uma época definida
ou estrato social, tal como se pode depreender da leitura de inúmeros textos (D’AIX 1997: 47).
Por exemplo, nos Estados Unidos da América, este conceito é, também, amplamente utilizado
face à crescente instituição de casas que se reportam à história do país, dos seus habitantes,
das minorias e, simultaneamente, das classes dominantes. Estas casas ganham tanto mais
importância e valor quanto mais os cidadãos de um país se interessam pela sua História, pela
evolução da sociedade, transformando estes espaços simbólicos em pontos de passagem,
quase de peregrinação, que merecem ser salvaguardados para perpetuar o seu passado (PINA
2001: 7). Esta forma de pensar e de valorizar o passado vem abrir um novo campo de acção
para a museologia contemporânea. Todavia, estas casas só passam a ser casas-museu quando
a função museológica é de facto aplicada, quando se começam a verificar alterações na forma
como o imóvel é tratado, no momento em que se começa a ter preocupações ao nível da exposi-
ção, conservação, estudo das colecções e de outra documentação de interesse museológico.
Em Portugal, considera-se a casa histórica como uma estrutura relacionada com alguma figura
pública de relevância nacional, regional ou local, ou com algum acontecimento da história do
país ou de um determinado local, sem que, contudo, tenha implícito o trabalho e a função mu-
seológica. Não tem inclusivamente de estar aberta ao público. A casa histórica pode evoluir no
sentido da casa-museu, pois que ainda não o é. Recentemente, foi possível verificar esta situ-
ação, quando se levantou a questão da demolição da casa de Almeida Garrett, em Lisboa. Este
imóvel tem interesse histórico, uma vez que esteve, de facto, relacionado com uma das maiores
figuras da literatura portuguesa, não sendo, contudo, uma casa-museu, uma vez que nele não
se cumprem os requisitos para tal.
Partindo da definição básica da palavra casa, apresentada pelo Grande Dicionário da Língua
Portuguesa: “Todos os edifícios especialmente destinados à habitação” (MACHADO 1981: 11),
passa-se, depois, para noções mais complexas, tais como: “Casa: il termine appare straordina-
riamente ampio, tanto da giustificare una gamma assai vasta di accezioni e manifestazioni diffe-
renti; così come evoca altrettanto differenti immagini e ambienti, legati all’esperienza personale,
tali dunque da generare aspettative (di conoscenza, emozionali, visive) modulate su un registro
ricchissimo di sentimenti.” (PAVONNI e SELVAFOLTA 1997: 32).
Ana Margarida Martins (MARTINS 1996: 87) refere a casa como um espaço com uma identidade
particular, reflectindo a actividade quotidiana de um indivíduo ou família. É este indivíduo ou fa-
mília que determinam aquilo que é a sua casa, com áreas sociais, áreas privadas e mais íntimas,
23
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
As três definições apresentadas, umas mais complexas do que outras, fundamentam e suportam
o entendimento da casa como o universo de habitação com a marca pessoal dos seus habitan-
tes, os quais são fruto de uma educação, época e enquadramento social. Este domínio privado,
onde existe memória de quem lá habitou2, porque o organizou de acordo com o seu gosto e
modo de vida, é aquilo que se deve reflectir numa casa-museu, quando o imóvel se relaciona
com uma pessoa ou acontecimento que justifiquem a sua musealização3.
Partindo para outras dimensões, e considerando o universo artístico, os artistas simbolistas en-
tendem a casa como algo mais do que o lugar de habitação. A sua casa é o santuário inspirador
e protector das suas teorias estéticas (HIRSH 2003: 70). Por seu turno, Ruy Belo refere a casa
como a coisa mais importante da vida, formulando conceitos de habitação, sendo este o espaço
escolhido para a circulação do corpo (RIBEIRO e VILHENA 1997: 8).
2 Marta Rocha Moreira (MOREIRA 2006: 305) na sua Dissertação de Mestrado apresenta uma citação de Gaston
Bachelard de uma definição de Casa que exprime a essência destes lugares e a sua atribuição ao nível psicológico
de quem aí habita. “a casa é, evidentemente, um ser privilegiado; isso desde que a consideramos ao mesmo tempo
na sua unidade e na sua complexidade, tentando integrar todos os seus valores particulares num valor fundamental.
A casa fornecer-nos-á simultaneamente imagens dispersas de um corpo de imagens. Em ambos os casos, provaremos
que a imaginação aumenta os valores da realidade [...]
Nessas condições, se nos perguntassem qual o benefício mais precioso da casa, diríamos: a casa obriga ao devaneio,
a casa protege o sonhador, a casa permite sonhar em paz. Só os pensamentos e as experiências sancionam os valores
humanos. Ao devaneio pertencem os valores que marcam o homem na sua profundidade. [...]Então, os lugares onde
se viveu o devaneio reconstituem-se por si mesmos num novo devaneio. É exactamente porque as lembranças das
antigas moradas são revividas como devaneios que as moradas do passado são imperecíveis dentro de nós.
O nosso objectivo agora está claro: pretendemos mostrar que a casa é uma das maiores forças de integração para os
pensamentos, as lembranças e os sonhos do homem. [...] O passado, o presente e o futuro dão à casa dinamismos
diferentes, dinamismos que não raro interferem, às vezes opondo-se, às vezes excitando-se mutuamente. Na vida do
homem, a casa, afasta contingências, multiplica os seus conselhos de continuidade. Sem ela, o homem seria um ser
disperso.”
3 “Del siglo XIX a nuestros días no dejarían de proliferar las casas-museo de todo o tipo. No serian pocos los casos
en que este homenaje monográfico había de estar dedicado a algún gran literato, pero por ser mucho más fácilmente
atractiva una instalación museística tradicional hecha con obras de arte , fueron si cabe todavía más exitosas las casas
de escultores o pintores abiertas como museo.” (LORENTE LORENTE 1998 : 31)
24
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
ao seu enquadramento nos conceitos de casa histórica e casa-museu. Considera-se que, even-
tualmente, todos os palácios serão casas históricas pela importância que assumem na História
de um povo, de uma nacionalidade, mas nem todos são considerados casas-museu, uma vez
que ainda não sofreram a transformação necessária para assumir essa designação4.
A casa-museu deverá reflectir a vivência de determinada pessoa que, de alguma forma, se dis-
tinguiu dos seus contemporâneos, devendo este espaço preservar, o mais fielmente possível, a
forma original da casa, os objectos e o ambiente em que o patrono viveu5 (PINA 2001: 4), ou no
qual decorreu qualquer acontecimento de relevância, nacional, regional ou local, e que justificou
a criação desta unidade museológica. Temos, nesta primeira definição, algumas condicionantes
fundamentais, tais como a originalidade, residência do patrono e a função anterior da casa. Ou-
tras especificidades se nos apresentarão no decurso desta dissertação.
Ao reproduzir estes ambientes e, estando aberta como se de uma casa se tratasse, estas uni-
dades museológicas vão musealizar o dia-a-dia destes espaços (PAVONNI 2001: 6). É este am-
biente doméstico representando a maneira como alguém viveu, que reflectirá aspectos tão pes-
soais, como, por exemplo, a forma de se situar no mundo, transportando os visitantes para os
tempos desse quotidiano que suscita interesse e curiosidade. Estas casas, verdadeiros teatros
4 Stephan Bann apresenta as diferenças que considera existirem entre casas-museu e casas históricas, assim como
as especificidades de alguns tipos de casas-museu: “ The house Museum is not the same as a country house, or
palazzo; but a country house, such as Sir Walter Scott’s Abbotsford, or a palazzo, such as the Bagatti Valsecchi, can
be a House Museum. The House Museum is not the same as a Historical Museum. But some Historical Museums are
also, or at least began as, House Museums… The House Museum is not the same as an artist’s House. But certain
artists’houses were certainly conceived as House Museums, such the Soane Museum, or the Maison Pierre Loti. The
House Museum is not the same as a collector’s house. But a collector’s House, like Kettle’s Yard, can become a House
Museum.” (BANN 2000: 20)
5 A investigação desenvolvida no âmbito da presente dissertação permitiu a compilação de um conjunto de definições
de casa-museu, as quais permitirão, certamente, apresentar um enunciado que agrupe os principais conceitos por
forma a determinar-se o que de facto é uma casa-museu: “The historic house is certainly an incomparable and unique
museum in that it is used to conserve, exhibit or reconstruct real atmospheres which are difficult to manipulate […]
The historic house museum is unlike other museum categories because it can grow only by bringing together original
furnishings and collections from one or other of the historic periods in which the house was used.” (PINNA 2001: 4)
“More than a monument that celebrates a lost past, a historic house is seen as a place where people have lived out
their life.” (GORGAS 2001: 10)
“Una casa-museo es un ámbito doméstico abierto al público como testimonio ejemplar de la decoración de interiores
de una época o como homenaje a alguien que por alguna razón está relacionado con ella.” (LORENTE LORENTE
1998 : 30)
“Les musées consacrés à un artiste distinguent l’œuvre d’un créateur, ils en retracent la genèse, ils évoquent le
contexte dans lequel elle a été crée. ” (WHITTINGHAM 1996: 4)
25
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
da memória, permitem o encontro com alguém, realizar visitas à casa desse escritor, daquele
pintor, do Homem que se admira pela sua actividade política, da personalidade que se distinguiu
numa determinada época (GORGAS 2001: 14; GORGAS 2002: 32; LORENTE LORENTE 1998: 31)6.
Como refere Sherry Butcher-Younghans (BUTCHER-YOUNGHANS 1993: 205), se a casa foi palco
de vivências domésticas alegres, com crianças circulando pelo espaço, o visitante deverá con-
seguir percepcionar a actividade daí decorrente. É fundamental perceber, pelo espaço que visi-
támos, a dimensão espiritual da personalidade que é homenageada, devendo, simultaneamen-
te, reflectir a vida e a obra desenvolvida. A casa-museu deverá ser comparada à sua biografia
(CABRAL 2002: 28), dependendo a sua dimensão e natureza da personalidade que aí é retratada.
Face às condicionantes apresentadas até ao presente momento, pode-se observar que muitas
estruturas museológicas enquadradas nesta tipologia não têm qualquer sentido. Inúmeras casas-
-museu não reflectem personalidades, não apresentam realidades domésticas e/ou quotidianas
relacionadas com o patrono. Concomitantemente, muitos dos homenageados nem sequer ha-
bitaram esses espaços, outras são criações posteriores, sem qualquer relação com os patronos.
26
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
A observação dos conceitos mencionados permite a definição do conjunto dos requisitos neces-
sários para que o edifício possa merecer a classificação de casa-museu. Assim, refere-se como
essencial a existência do espaço, a casa, local onde tenha habitado a personalidade que, pelos
seus méritos, se distinguiu dos seus contemporâneos. Este pressuposto remete, de imediato,
para as demais condições a observar: a vivência do patrono ou homenageado no espaço, e os
bens móveis com os quais conviveu. Espaço, homem e objectos têm de ser correlativos, para
que seja possível um ambiente de vivência, fruído por alguém que criou um universo reflector
das suas necessidades, dos seus gostos.
Para que a casa se transforme numa casa-museu, esta terá de sofrer um processo de transfor-
mação, processo este que dará a dimensão pública a um espaço eminentemente privado.
Não sendo uma condição básica, mas provavelmente uma das referidas em primeiro lugar, a casa
de habitação passa a estar aberta ao público. Todavia, não é este o único pressuposto implicado
nesta transformação. Deverão ser observados todos os pressupostos do trabalho museológico,
o estudo, a conservação, a comunicação, a educação, entre outros. A transformação destes
imóveis em equipamentos públicos, implicará a necessidade de equacionar uma programação a
diversos níveis: museológico, financeiro, cultural, social, de modo a que possam ser considera-
dos estruturas de sucesso. A planificação de uma casa-museu, trabalho que deve ser encarado
de primordial importância, é amiudadamente descurado e remetido para segundo plano.
27
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Uma observação atenta da realidade das casas-museu, analisadas a partir de visitas, inquéritos
e estudos científicos efectuados, mostra que estas instituições retratam o quotidiano da pessoa
homenageada. Neste sentido, a colecção da casa-museu será o conjunto dos objectos do quo-
tidiano doméstico existente em qualquer habitação, mas ligados ao gosto pessoal do patrono, e
peças de artes decorativas, sendo possível determinar acervos mais ou menos valiosos, mais ou
menos eruditos, de acordo com o gosto, interesses e situação financeira do patrono7.
Outros objectos também poderão estar presentes nestas instituições, mesmo nada tendo a ver
com o quotidiano doméstico, nem com o universo artístico. No entanto, fazem parte da definição
do gosto pessoal e terão motivado a curiosidade dessa personalidade. Para além dos potenciais
7 Os textos que se seguem fundamentam a perspectiva de que apesar da grande diversidade e tipologias de objectos,
para além do seu valor intrínseco é fundamental conhecer o seu relacionamento com o patrono da instituição.
“… when instead the object’s greatest interpretative contribution is as a piece of the puzzle that, when assembled,
presents settings and suggest meanings. Objects, taken collectively, give context and structure to the realities of
domestic living. […] The object collection is neither the sole nor the supreme element, but a coequal component of
historic house interpretation. It is integral.” (DONNELLY 2002: 2)
“The object per se has no intrinsic value. The object is defined instead by its relationships with humankind, which
attributes different values to it. […] In the context of the house museum, an object’s significance depends not on its
stylistic, artistic or technological values, but on its capacity to be consistent with the narrative or discourse, and to
transmit a message.” (GORGAS 2001: 14)
“Dans le contexte de la maison-musée, la signification des objectes ne dépend pas de leur valeur stylistique ou
technologique, mais de leur harmonie avec une histoire ou une présentation et du message qu’ils peuvent transmettre. ”
(PAVONNI 2001: 17)
28
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Os objectos numa casa-museu têm mais do que o seu valor artístico ou utilitário, valem pelo
contacto que estabeleceram com determinada personalidade, não devendo ser estudados de-
senquadrados da vivência da pessoa que os possuiu. Assim, entende-se que no momento em
que se programa a visita a uma casa-museu, deve, sempre que possível, tentar estabelecer-se a
relação do objecto com a função desempenhada, tendo em conta o respectivo contexto (LÓPEZ
REDONDO 2002: 42; BOGAARD 2002:17)8.
Não será errado pensar que, ao visitar uma casa-museu, se possa estar perante uma casa em
funcionamento, podendo-se chegar ao ponto de recriar actividades com o objectivo de dinamizar
esse espaço (LEONCINI 2001: 50). Contacta-se a casa e uma determinada época, período em que
certa personalidade viveu9. Poderá observar-se como se organizava o espaço, a vida doméstica
em determinada sociedade ou cultura, a época em que se integra a vivência do homem que dá
nome à casa-museu. (BUTCHER-YOUNGHANS 1993: 204; LORENTE LORENTE 1998: 30; LÓPEZ
REDONDO 2001: 41). Nestas estruturas museológicas apresentam-se Histórias dinâmicas, faz-se
da história da casa e das suas vivências um puzzle que o visitante vai construindo à medida que
vai evoluindo pelo espaço (ELLIS 2002: 67).
Luca Leoncini (LEONCINI 1997: 10) refere que o edifício da casa-museu é o local onde se habitou
ou onde se habita, conserva a nossa presença na casa, fornecendo aos visitantes a possibilidade
imediata de decifrar qualidade e quantidade. É muito comum encontrar em casas de escritores ou
8 Luca Leoncini apresenta-nos, também, a sua perspectiva na análise das casas-museu. “The heritage handed down
by stately home museum is not limited to the collections shown there. It includes, as part of a consistent system, a
system of signs, its paitings, sculptures, decorations, decorative arts and items of artistic craftsmanship such as doors,
handles, bolts […] This is why people visiting a stately home museum find a vast offering of interpretations, narratives,
symbols, suggestions and opportunities for striking um an immediate and personal relationship with the place and with
the many genies who still inhabit it.” (LEONCINI 2000: 48)
9 A forma como se organiza uma casa-museu, nomeadamente o seu discurso expositivo, deve aproximar-se do seu
estado original, no sentido de testemunhar uma vivência em concreto. Este pressuposto encontra fundamento na
citação seguinte: “Now these buildings are furnished to represent an evocative “moment in time”, infused with things
that can help interpret the variety of characters who lived within, their important relationships, and their activities.”
(BRYK 2002: 144)
29
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Quando a casa-museu é organizada após a morte do seu patrono, algumas situações podem ser
observadas: o museólogo pode transformar a casa numa casa-museu, respeitando a integridade
doméstica, assim como a forma de vida do patrono. Porém, isto só poderá ser aceite quando exis-
te uma casa com uma organização bem definida, devidamente salvaguardada e documentada10.
Tendo detido atenção, até este momento, na figura do patrono, do homenageado na casa-mu-
seu, deve-se introduzir neste processo de criação a figura do doador e do fundador, os quais, em
certas situações, são o próprio homenageado, mas que noutros casos são outras pessoas ou
entidades. Assim, várias questões se levantam quando se abordam estas temáticas: o fundador
da casa é o seu patrono? O patrono é activo ou passivo na organização da casa-museu? Como
se faz sentir a sua presença no espaço? Qual o papel dos doadores e dos fundadores? Como se
gerem no futuro estas instituições? Qual a sua importância no âmbito das políticas culturais?
10 Magaly Cabral afirma que nas casas-museu nem sempre encontramos exposições muito espectaculares pois
estas sofrem de limitações muito próprias de uma estrutura deste género.“There may be few historic house museums
that can be included in the group of museums that operate with spectacular exhibitions, big productions, and so forth,
because this type of museums does not lend itself to this kind of exhibitions. This is because the historic house museum
is generally organized respecting the layout of its interiors as they were at a particular time in history.” (CABRAL 2001:
27)
Luca Leoncini apresenta, de igual forma, a sua visão de uma casa-museu perspectivando aquilo que estas instituições
podem apresentar. “La dimora resta un museo particolare[…] Non è il museo di tutti o di tutto, mas solo di uno o di una
parte. È ancora la casa della famiglia, della dinastía, del collezionista, del succedersi dei proprietari, del sovrapporsi e
mescolarsi di identitá storiche non sempre omogenee.” (LEONCINI 1997: 10)
30
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Os patronos podem ser provenientes das mais diferentes áreas da vida pública. Nos Estados
Unidos da América11, temos referências às casas dos seus Presidentes, o mesmo podendo
acontecer em alguns países da Europa. Pode-se estar perante um patrono que se distinguiu na
luta pela igualdade ou liberdade como é o caso de Anne Frank, um escritor, tal como Vítor Hugo,
um pintor ou outra qualquer individualidade.
A figura que se homenageia na instituição museológica, aquele que oferece o seu nome à ins-
tituição, poderá assumir-se como interventivo e activo na organização da casa-museu12, uma
vez que ao longo da sua vida programou o seu espaço, que posteriormente se converterá num
equipamento público, permitindo que os visitantes possam fruir esse espaço de quotidiano,
observando os seus objectos e assim compreender a sua forma de viver, os seus gostos, e apre-
ender a sua individualidade (SCAON 2001: 49)13 garantindo-se desta forma a “imortalidade” da
personalidade em causa (PAVONNI e SELVAFOLTA 1997: 32). Deve-se mostrar aquilo que o próprio
patrono quer que se conheça da sua personalidade, uma vez que foi ele que deu corpo a toda a
exposição, apresentando-se o que de melhor conseguiu reunir ao longo da sua existência, aquilo
que pretende revelar da sua personalidade14 (LÓPEZ REDONDO 2002: 41).
O patrono pode ainda ser alguém que coleccionou obras de arte ou objectos etnográficos, que
o distinguem pela sua acção, mas não fundamentam a existência de uma casa-museu. Muitas
vezes, as pessoas, para manterem a unidade das suas colecções, porque têm nelas grande
valor sentimental, criam casas-museu. Como diz Jesus Pedro Lorente: “… todos tenemos cerca
algún caso de individuos que han construido un museo o han encargado de ello a las institu-
ciones financieras o a los poderes públicos a quienes han legado su colección con tal de que
dicho museo llevase su nombre.” (LORENTE LORENTE 1998 : 30). É importante a visão que
muitos destes fundadores tiveram, uma vez que uma casa-museu precisa de sustentabilidade,
11 As casas-museu americanas, que começam a surgir em 1853, procuram valorizar a acção feminina na salvaguarda
do património, nomeadamente das casas-museu, seguindo três linhas principais: exaltação da identidade nacional
através do culto de personalidades políticas, participação activa em lutas e reformas sociais e educação da população
através da transmissão de valores. (WEST 1999: 1)
12 Marta Rocha Moreira (MOREIRA 2006: 301) refere que ao nível da exteriorização simbólica esta pode ter uma de
duas origens. A casa-museu pode ter uma exibição ou criação voluntária, quando esta é determinada pela vontade do
próprio homenageado, ou uma exibição involuntária se resulta da vontade de familiares ou amigos.
13 Pierre Loti foi ao longo da sua vida organizando a casa que posteriormente viria a ser convertida em casa-museu
com o seu nome. “The house in which he was born mirrors his individuality which was, at the same time, very much
in tune with the tastes of intellectuals today. Loti wanted his house to be a display case, where the treasures gathered
during his exotic adventures could be exhibited, and where his historical fantasies, along with the memories of his
childhood, could be shown.” (SCAON 2001: 49)
14 A criação da casa-museu reflecte a visão do mundo do seu patrono, ou aquilo que este pretende dar a conhecer
da sua personalidade.“Out of a rather modest middle-class house, he managed to create a fantastic universe in
which one finds side by side historical references [...] and the more intimate universe of his own life.” (Idem, Ibidem).
31
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Todavia, outras realidades podem acontecer. O patrono poderá não organizar a sua casa no
momento da sua transformação em casa-museu, podendo esta passagem operar-se após a
sua morte, por vontade de um familiar ou através de um grupo de amigos que lhe são próximos,
existindo assim um acto de doação ou de venda a favor da instituição a tutelar a casa-museu.
Estamos assim perante um patrono passivo. Os doadores podem, de alguma forma, ter um rela-
cionamento directo com o patrono, ser um parente próximo, tais como esposas, filhos ou outros
familiares de quem se pretende evocar, trazendo o seu espaço privado para o público, com o
nome daquele que aí habitou ou trabalhou15 (SOUSA 2005: 2). Está presente neste acto uma
certa noção de “imortalização”, de homenagem. Várias são as instituições em Portugal, assim
como na Europa, que se enquadram nesta tipologia de criação. Apesar de em certas situações
o patrono ser passivo no que respeita à fundação da casa-museu, esta poderá reflectir, de igual
forma, o quotidiano da personalidade que se distingue, mormente em alguns compartimentos da
casa, que reflectem o seu gosto, modo de vida ou profissão (SOUSA 2005: 2).
Uma outra figura deve ser tida em conta neste processo: o organizador, alguém que estará re-
lacionado com a actividade museológica do ponto de vista profissional e que irá materializar a
passagem da casa a casa-museu ou promover a abertura de um museu monográfico de home-
nagem a uma personalidade, aquele que deverá planificar toda a actividade museológica ineren-
te à casa-museu. Todavia, em determinadas situações, ao organizar estes museus não se está a
15 Diego Rivera criou a Casa-Museu Frida Khalo, sua esposa, no edifício onde esta viveu, recriou alguns dos espaços
que se manifestaram importantes na vida da artista, musealizando inclusivamente o seu atelier, expondo aí, nomeada-
mente, os seus pincéis e tintas. Preocupou-se ainda em doar esta instituição ao povo mexicano, através do Banco do
México, entidade que ficou responsável pela tutela desta unidade museológica (OLMEDO PATIÑO 1996: 21).
16 Este autor questiona o que poderá ser feito numa casa-museu quando as cláusulas de salvaguarda são limitativas
da sua acção. “What can one do when the founder has put in his, or her, last will that nothing in the house should be
changed, or that no objects should be bought, sold, or lent? …” (BOGAARD 2001:17)
32
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
transmitir vivência, não se estando, por isso, perante a criação de casas-museu, mas de museus
que se poderão integrar noutra classificação. Apresentam-se objectos do quotidiano, objectos de
valor profissional e artístico, todavia, desenraizados do ambiente de vivência, de utilização pelo
próprio patrono. Nestas casas, estaremos, essencialmente, perante um museu dedicado a uma
personalidade, onde se apresentam objectos relacionados com a sua vivência.
Doador, patrono ou criador, todos devem ser considerados benfeitores face àquilo que deixam ao
público (JERVIS 1997: 43), na medida em que permitem ao visitante o conhecimento da intimidade
de alguém importante.
No âmbito das políticas contemporâneas que se debruçam sobre a validade das indústrias e
políticas culturais, os sociólogos consideram duas dimensões fundamentais das relações
sociais: a cultura e o poder (COSTA 1997: 1). É necessário, por isso, aferir até que ponto as casas-
museu podem dar uma resposta positiva no campo da rentabilidade económica e ser motores de
desenvolvimento das áreas geográficas onde se inserem. A questão da sustentabilidade é cada
vez mais um pormenor que não se deve deixar imponderado. Será que as casas-museu acres-
centam algo à realidade cultural do seu meio? Serão elas um capricho de quem as instituiu por
mero interesse de imortalizar um familiar, ou uma colecção? No sentido de obter alguns esclare-
cimentos e respostas foi desenvolvida uma pesquisa sobre estes temas, com vista a perceber as
perspectivas, e de que forma se podem potenciar as casas-museu.
Os museus são unidades de actividade cultural integrados numa rede mais vasta de instituições,
podendo incrementar o desenvolvimento local através daquilo que actualmente é designado por
indústria cultural. Esta resulta do facto de indivíduos ou empresas produzirem bens ou serviços
para vender, trocar, ou mesmo, simplesmente, para seu prazer. O seu sentido económico assu-
me cada vez maior dimensão, na medida em que cria postos de trabalho e responde às neces-
sidades do consumidor (THROSBY 2001: 111).
O termo indústria cultural tem origem na década de 40 do século XX, resultado do trabalho de
dois filósofos judeus, Theodor Adorno e Max Horkheimer, no sentido de criarem um choque entre
dois conceitos, sendo a palavra cultura utilizada para designar as formas excepcionais da criati-
33
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Nos anos 70, o termo indústria cultural foi retomado por sociólogos franceses, activistas e políti-
cos, sendo convertido no plural indústrias culturais, no sentido de demonstrar a complexidade e a
diversidade das estruturas no domínio da cultura (HESMONDHALGH 2005: 15 -16). Esta variedade
resulta da evolução da própria definição de cultura, que, nomeadamente, desde o século XVI até
à actualidade vem evoluindo no sentido da sua complexidade17.
Hoje, a cultura18 deve ser encarada como qualquer outro bem produzido para garantir o bem-
estar social do homem, representando na prática um sistema dinâmico, evolutivo e interactivo,
que se ancora no passado, e se enriquece no presente, através de actividades inovadoras e
criativas, para se projectar no futuro com modernidade (MATEUS 2005: 100), convertendo-se num
capital cultural19 que é necessário preservar. Este capital cultural existe como uma fonte de bens
e serviços culturais, que beneficia a sociedade no presente e no futuro, sendo, pois, necessária
a sua preservação ante a problemática da sustentabilidade20 das instituições culturais.
17 David Throsby (THROSBY 2001: 3 – 4) defende que no Séc. XVI a noção de cultura se relacionava com o cultivo da
mente e do intelecto. Todavia, no século XIX a definição passou a abranger o desenvolvimento intelectual e espiritual
da civilização como um todo. Porém, actualmente, a cultura é apresentada num duplo sentido: 1- Tem a ver com o
domínio antropológico e sociológico descrevendo atitudes, crenças, costumes, valores e práticas que são partilhadas
por um grupo. Este pode ser definido em termos políticos, geográficos, religiosos ou étnicos, procurando analisar-se
a relação entre a cultura e o desenvolvimento económico. 2- Tem uma orientação mais funcional, denotando algumas
actividades diversificadas por pessoas e o resultado dessas actividades que se relacionam com os aspectos intelec-
tuais, morais e artísticos da vida humana.
18 Os novos estudos no âmbito das políticas culturais e da sua avaliação, tendem a alargar cada vez mais os conceitos
da palavra cultura (MATEUS 2005: 100). Aqui define-se cultura como algo que “ contempla uma série de características
partilhadas por uma determinada comunidade – modos de vida, sistemas de valores, tradições e crenças – e baseadas
no conhecimento herdado do passado.”
19 Por capital cultural entende-se segundo Throsby (THROSBY 2001: 10) o conjunto de manifestações de cultura,
tradições, língua, costumes, objectos que resultam da cultura de um povo, o qual é necessário preservar.
20 Throsby (THROSBY 2001: 52-58) define seis princípios essenciais à sustentabilidade aplicada ao capital cultural:
1- Existência de bens materiais (acervo tangível) e imateriais (património imaterial); 2- equidade intergeracional e
eficiência (relacionada com a distribuição dos bens pelas diferentes gerações futuras); 3- equidade intrageracional
(igualdade na capacidade de distribuição dos bens no âmbito da mesma geração); 4- manutenção da diversidade ( de
ideias, crenças, tradições e valores); 5- princípios de precaução (todas as decisões que possam alterar e pôr em risco
o capital cultural e que possam ser irreversíveis devem ser muito ponderadas); 6- manutenção dos sistemas culturais
e sua inter-relação (nada é independente, devendo ser relacionado com outro).
34
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Neste panorama, os museus, assim como a tipologia específica das casas-museu, devem assu-
mir um papel determinante no domínio da produção de bens culturais de qualidade. Os museus
são instituições que, teoricamente, devem preservar as memórias materiais e imateriais, home-
nageando personalidades e evocando acontecimentos, zelar pela sua conservação, no sentido
de permitirem o acesso das gerações do presente a esses patrimónios e, fundamentalmente,
21 Segundo José Portugal (PORTUGAL 2000: 10) os projectos culturais têm consequências económicas multiplicado-
ras: “ 1- porque deles decorre a melhoria global do atractivo de uma zona ou de uma região inicialmente desfavorecida;
2- porque a qualidade de vida para a qual contribui em grande parte o ambiente cultural e natural, constitui um dos
critérios de escolha dos detentores do poder de decisão e dos investidores; 3- porque melhorar a situação cultural de
uma região favorece a sua posição em termos de concorrência do ponto de vista do seu atractivo face a outras regi-
ões; 4- porque, finalmente, a identidade cultural é um recurso estratégico “A Cultura fertiliza e pode ser fertilizada pelos
diferentes domínios de expressão e de construção do desenvolvimento, incluindo os da organização e da eficiência
na utilização dos recursos””.
22 O aumento do nível de instrução das diferentes camadas sociais assim como da sua formação, tem aumentado e
alimentado os consumos culturais, os níveis de exigência dos públicos, motivando por consequência o aumento do nível
de formação dos recursos humanos que desenvolvem a actividade cultural como profissão. (MATEUS 2005: 102)
35
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
que as gerações futuras possam fruir o que de melhor se produziu no âmbito da criação humana
ao longo dos tempos, catalisando vontades e agregando grupos em torno de ideais, minimizan-
do, assim, os riscos da globalização social23, onde o princípio de identidade se esgota.
Todavia, antes da sua conversão em bem público, o património, móvel ou imóvel, pode neces-
sitar de intervenções, restauros e estudos, podendo a sua exposição pressupor investimentos
avultados, sendo necessário proceder a estudos económicos de avaliação do custo/benefício,
não devendo, contudo avaliar-se somente o custo financeiro, pois o valor patrimonial, muitas
vezes, é superior. Se o projecto se relacionar com uma peça absolutamente única, esta relação
não se coloca24, uma vez que este bem deve mesmo ser salvaguardado, devido ao seu valor
de unicidade. Segundo Throsby (THROSBY 2001: 78-79) o património pode assumir os seguintes
valores:
- Valor Existencial: o acervo vale por si mesmo ou pelo valor que tem na comunidade,
mesmo que este não seja considerado num momento inicial;
- Valor Opcional: futuramente, um indivíduo, grupo ou comunidade pode pretender
usufruir desse património;
- Valor do Conhecimento: o povo pode beneficiar do conhecimento produzido por um
bem patrimonial, passando-o de geração em geração.
O artista que pretende imortalizar a sua obra, o seu espaço; o coleccionador que pretende
preservar a sua colecção, um qualquer familiar que deseja exortar um familiar que se destacou
numa qualquer área da vida pública; ou, simplesmente, um governo ou uma autarquia local que
desenvolve uma acção para demonstrar a importância de determinada personalidade local,
nem sempre ponderam a relação custo-benefício da sua acção, instituindo unidades museoló-
23 A criação de museus em Portugal, algo que não distingue o nosso país dos outros países europeus, associa-se
à valorização da História local e ao incremento recente na investigação na área. “isso faz-se através da valorização
das raízes das comunidades, que se perdem na noite dos tempos, desde os homens rudes que habitavam o alto dos
montes ou faziam desenhos nos vales [...] até aos escritores, artistas plásticos e políticos, filhos da terra. Qual é a terra
que não tem um capitão ou pelo menos um marinheiro [...] uma mamoa [...] alfaias agrícolas em desuso recolhidas por
um senhor padre autor da monografia local?” (PORTUGAL 2000: 13)
24 O valor cultural do património é determinado por: 1- valor estético; 2- valor espiritual; 3- valor social; 4- valor histórico;
5- valor simbólico; 6- valor de autenticidade. Todavia estes valores nem sempre são tomados em conta, tendo os
poderes políticos uma palavra determinante na selecção do património a conservar (THROSBY 2001: 84 - 85).
36
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Muitos dos criadores de casas-museu procuram que estas passem, o mais rapidamente pos-
sível, para a esfera pública. Esta transferência de responsabilidades, em muitos casos, sem
estudos profundos, não é difícil de justificar, uma vez que estas instituições museológicas
podem ser consideradas essenciais no sentido da formação de uma identidade local, regional
ou nacional. Segundo muitos autores, a estrutura museológica deverá ser, preferencialmente,
tutelada por um órgão estatal ou uma fundação com capacidade financeira para suportar as
necessidades técnico-funcionais de um museu com este carácter (S/A 1934: 277).
Assim, não será de estranhar que uma parte considerável das casas-museu seja administrada
por autarquias locais, as quais tentam criar laços de identidade local, apresentando a individua-
lidade capaz de atrair turismo e, eventualmente, investimento para a localidade. O turismo tem
uma grande visibilidade pelo que representa em termos de fluxos humanos, empregos directos
e indirectos, recursos e receitas, mas a cultura não se esgota aí, implica um conjunto mais di-
versificado de outras actividades.
Os responsáveis pela casa-museu devem procurar garantir fundos que lhes permitam desen-
volver uma actividade de qualidade, geradora de factores de divulgação e valorização da
unidade museológica. O plano museológico deve estabelecer as principais linhas de gestão
da instituição, as suas principais fontes de financiamento e a forma como a instituição será
gerida ao longo do seu processo de existência25. Desde logo se deve equacionar sobre os
valores da bilheteira a aplicar, a sua actualização ao longo dos anos, a existência de uma
loja do museu, de uma cafetaria, a forma como se procederá à procura de mecenato cultural,
os encargos com restauros, consumos energéticos, com meios de comunicação, promoção e
divulgação.
25 As novas políticas culturais tendem no sentido das estruturas que se criam e se afirmam neste domínio procurarem
ser auto-sustentáveis, com vista à responsabilização dos seus dirigentes e simultaneamente como forma de estimular
a criação de actividades que produzam recursos financeiros que evitem o constante recurso ao financiamento público.
Os museus e no caso concreto as casas-museu têm de ter a capacidade de iniciativa, com vista à criação de recursos
para a sua sustentabilidade. (HESMONDHALGH 2005: 3)
26 A partir dos anos 80 do século passado verificaram-se grandes alterações ao nível da definição das políticas
culturais, dos conteúdos, mas também na promoção e no desenvolvimento de planos de marketing, que permitam uma
maior promoção e rentabilização das instituições culturais. (HESMONDHALGH 2005: 2)
37
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
divulgação e promoção da casa-museu27. Para que o público visite o museu tem de o conhe-
cer; só com uma boa campanha de divulgação se poderá levar a instituição ao conhecimento
de um maior número de público. É crucial chegar junto dos meios de comunicação social, dos
operadores turísticos, dos centros culturais com os quais pretendemos desenvolver actividades,
visando como se referiu, aumentar o número de visitantes, factor que potencia a aplicação de
mais verbas por parte das tutelas e, simultaneamente, pode proporcionar o desenvolvimento do
mecenato.
Motivos de vária ordem podem ser avançados, uns mais de carácter pessoal, outros mais de
índole institucional, que passam desde a auto-homenagem até ao enriquecimento do sentido
histórico de um país.
27 Segundo Maria de Lurdes Santos (SANTOS 1999: 1-2) as indústrias culturais sofrem de grande imprevisibilidade
quanto à sua eficácia junto dos mercados, não sendo possível determinar à partida a adesão do público, “Donde, o
uso de estratégias que tendem a ser mais sofisticadas do que nos outros mercados, com vista a tentar gerir aquela
imprevisibilidade – estratégias tais como a aposta em públicos bem determinados, a promoção do star-system, o re-
curso a gate-keepers, etc.”
38
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
A criação de casas-museu relacionadas com figuras públicas pode ainda pressupor outras ra-
zões. Estas instituições são usadas para veicular ideias e ideais de alguém ou de determinado
regime (CABRAL 2003: 62). A forma como vive e os objectos de que se rodeia, podem identificar
e legitimar um determinado estilo de vida, que ao ser apresentado ao público se vai tornar mais
conhecido e, certamente, mais claro aos olhos de quem toma contacto com uma realidade até
então desconhecida.
Devido ao seu grande valor simbólico, uma vez que podem representar alguém que identifique
uma nação, estas casas foram e continuam a ser usadas pelas ideologias dominantes como
símbolos de identidade nacional e para legitimar ou negar a validade de alguns regimes. Na
Argentina, estas instituições serviram como paradigmas de unidade nacional (GORGAS 2001:
12)28. A Casa de Anne Frank foi usada para mostrar os efeitos devastadores da perseguição ao
povo judeu por parte dos nazis (STAM 2002: 66).
Pode aceitar-se como justificação para a criação de casas-museu o facto de determinado indi-
víduo, que tendo reunido ao longo da sua vida uma significativa colecção de objectos, de arte
ou mesmo etnográficos, não gostaria de ver esse conjunto dividido ou mesmo perdido, usando
a figura da casa-museu como forma de preservar o seu acervo intacto. Não se pode deixar
de referir: entende-se que a casa-museu só o é, se esses objectos mantiverem o seu enqua-
dramento doméstico. Este acto pode resultar de duas situações: o patrono não ter herdeiros e
sentir a necessidade de assegurar a integridade das suas colecções, ou o mesmo não desejar
que os objectos deixem de constituir uma unidade e possam dispersar-se pelos herdeiros.
28 Mónica Risnicoff de Gorgas (GORGAS 2001: 12-13) apresenta alguns exemplos de estruturas museológicas que
pelo seu carácter são utilizadas como forma de legitimação de sistemas ou actos de cariz político. É o caso da Casa
do escritor Argentino Manuel Mujica, a Casa da Inconfidência Mineira ou as Casas da Companhia de Jesus utilizadas
para demonstrar a importância do papel desempenhado pela referida Ordem em território argentino.
39
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Para além das motivações pessoais, identificam-se outras de carácter patriótico ou de identida-
de nacional (BRYANT 2003: 54; FACOS 2003: 66). A apresentação de uma determinada forma de
organização doméstica, numa época, numa sociedade, de um determinado grupo, pode motivar
a criação de uma qualquer casa-museu (LORENTE LORENTE 1998: 30; DIAS 2001: 68).
Mas, independentemente do seu carácter, as populações dos locais onde se insere a casa-mu-
seu sentem por ela um enorme orgulho, uma vez que essa localidade é apresentada como o
local onde determinada figura, que se destacou dos demais, viveu e teve alguma relação com
essa terra (SOUSA 2005: 21).
Por vezes, denominam-se casas-museu inúmeras estruturas que retratam diferentes formas de
quotidiano doméstico sem se relacionarem com alguma vivência concreta, reportando-se an-
tes a formas de vida de determinada localidade ou região. Estas unidades museológicas tanto
poderiam ser no local em que se encontram como noutro, uma vez que não têm a referência a
qualquer indivíduo em concreto. Não se consideram estas estruturas casas-museu, falta-lhes o
factor vivência. Serão museus etnográficos, casas-típicas, museus de história, onde os objectos
organizados de determinada forma contam uma história criada por alguém. Não é uma história
real, apesar de se poder basear em factos concretos (DIAS 1997: 165; Idem 1999: 133).
Para além de celebração individual, as casas-museu podem também funcionar como autênticos ac-
tos celebratórios de um determinado regime político ou social. O enquadramento de um espaço do-
méstico num certo regime, vai fazer reflectir essas mesmas tendências nas suas diversas áreas.
A casa-museu, símbolo que reflecte acontecimentos, épocas e regimes que não podem ser apa-
gados desse espaço (PINNA 2001: 7) transporta o visitante para os tempos retratados no sítio,
levando o público a pensar nas pessoas que outrora viveram e usufruíram esse espaço, e que
estiveram sujeitas a uma determinada organização política vigente num certo momento.
Estes espaços podem também ser instrumentos utilizados pelas classes dominantes com o ob-
jectivo de imporem os seus modelos culturais, a sua visão da história, recorrendo, para o efeito,
a altas personalidades, inquestionáveis face ao seu reconhecimento. Através das suas casas e
das ideias aí implícitas, tentam influenciar o pensamento e a conduta de um grupo de pessoas
que visita uma casa-museu (CABRAL 2003: 62; FACOS 2003: 66). Por exemplo, nos Estados Uni-
dos da América (BUTCHER-YOUNGHANS 1993: fw) a criação deste tipo de museus acelera entre
os anos de 1979 e 1980, face às comemorações do segundo centenário da revolução, sendo,
neste momento, importante relançar os valores e as motivações desse processo revolucionário,
assim como os seus principais heróis.
40
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
A criação de Mont Vermon, em meados do século XIX (1858), não poderá ser esquecida. Este
complexo foi criado, liderado por mulheres que musealizaram a vida doméstica e salientaram o
papel do homem branco na história deste país (WEST 1999: 5), realçando alguns protagonistas
como é o caso de George Washington. Em finais do século XIX e durante o século XX, as mu-
lheres perderam o domínio das casas-museu em favor dos homens, continuando, contudo, estas
instituições a desempenhar um importante papel celebratório, tendo este deixado de ser exclusi-
vamente das classes dominantes, passando estas instituições a reflectir também as classes mais
desfavorecidas da sociedade, tal como os escravos.
Um dos objectivos que motivou o presente trabalho, prende-se com a necessidade sentida em
perceber claramente o que são casas-museu e se é possível estabelecer a diferenciação tipoló-
gica destas unidades museológicas. É imprescindível perceber, de uma forma clara e rápida, o
tipo de instituição que se visita, através da análise da terminologia integrante do seu nome.
Desde o século XIX até aos nossos dias, foram fundadas inúmeras casas-museu dedicadas a
vultos da literatura, da escultura, da pintura, ou a um conjunto de personalidades, preservando
fidedignamente a arquitectura e a decoração original do espaço (LORENTE LORENTE 1998: 31).
Paralelamente, surgem casas-museu de âmbito etnográfico que, por norma, se encontram mais
perto do conceito de museu local ou regional, monográfico ou etnográfico, do que de casa-mu-
seu (MARTINS 1996: 8).
41
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
de casas-museu, será mais fácil definir as suas práticas, modos de acção, missão, actos de
conservação, restauro, estudo e outras actividades, segundo as características específicas de
cada grupo (MEYER 2003: 130).
Pela sua natureza, pode-se considerar que uma casa-museu está relacionada com uma individu-
alidade com determinada relevância; todavia, se isso não acontece, temos de definir uma acção
e um tempo a apresentar. Esta selecção, eminentemente técnica, é responsabilidade do director
e determinará toda a acção da instituição. Noutros casos, a casa-museu está relacionada com a
apresentação de um grupo social, uma estrutura cultural, numa determinada época, designadas
por casas-museu interpretativas, criando ex-novo objectos e estruturas como forma de interpretar
ou representar um período histórico, um estilo artístico, gosto ou forma de vida (PAVONNI 2002:
52), possuindo elementos museológicos precisos: os objectos da colecção, estilos, períodos his-
tóricos em questão devem estar conformes com estilo arquitectónico do edifício. Nesta categoria
podemos incluir quartos e casas dedicadas a artistas, decorados com materiais produzidos com
vista a contextualizar o trabalho de alguém que se notabilizou no mundo da arte, visando recriar
a atmosfera em que este trabalhou ou viveu (PAVONNI 2003: 118; PAVONNI 2002: 52).
Nos Estados Unidos da América, recuperaram-se as casas dos Presidentes da Nação, de auto-
res famosos, de homens ricos. Ao mesmo tempo, surgiu a ideia de preservar as casas de pessoas
simples, incluindo determinadas minorias, como é o caso dos escravos (BUTCHER YOUNGHANS
1993: 5), interpretando-se o modus-vivendi de cada grupo social de forma diferenciada. Quando
a acção da casa-museu se reporta à celebração de uma personalidade, poderá ser encarada
como uma casa-museu biográfica, conferindo uma informação que se aproxima de um estudo
semelhante ao de uma publicação desse género (BURKOM 2003: 32).
Élvio Sousa (2005) apresenta cinco factores, alguns já referidos, para que se possa proceder
à classificação de uma casa-museu: a instalação na casa que o patrono habitou, pelo menos
durante algum tempo; o espaço deverá ser o espelho da vivência do Homem que lhe dá o nome,
sendo suposto entrar no espaço íntimo de alguém, desde que o local assinale e testemunhe a
vivência efectiva do homenageado; a estrutura museológica deve realçar o factor vivência, que
funciona como o motor da acção; tanto quanto possível, deve apresentar a dimensão pessoal
e individualizada, clara e próxima da pessoa que se homenageia; possuir um serviço de cariz
museológico, tal como o horário de funcionamento com abertura ao público, uma equipa técnica
e desenvolvendo actividades de conservação, educação e investigação, entre outras acções
universalmente assumidas por um museu. Ao aceitar estas premissas, estamos, à partida, pe-
rante um quadro que limita a existência deste tipo de estruturas, deixando de fora instituições até
agora aceites como casas-museu.
42
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
No artigo “Les Maisons Historiques et leur Utilization comme Musées”, publicado em 1934, na
revista Museion do Office International des Musées, são indicados 3 grupos de casas-museu,
estabelecidos a partir da análise das suas colecções (S/A 1934:283):
Casas de Interesse Biográfico, nas quais as colecções podem ser constituídas a par-
tir de manuscritos, correspondência, escritos, biografias, desenhos, recortes de publica-
ções, objectos pessoais, espécimes de trabalhos, entre outros objectos com estas carac-
terísticas tipológicas.
George Henry Rivière quando publicou o conjunto de lições de museologia, em 1985, apresen-
tou, com a colaboração de Gilbert Delcroix, uma proposta de classificação dos bens musealiza-
dos (RIVIÈRE 1985: 240-243).
“Por um lado, integrou-as no conjunto dos monumentos/edifícios civis como bem museológico
imóvel cultural ecológico, ou seja, aquele que vive da relação com o meio original da sua produ-
ção e/ou utilização, e cujo tratamento museológico é praticado em função da existência anterior
do edifício (em oposição ao bem museológico imóvel cultural tipológico que vive independente-
mente da relação com o meio original da sua produção e utilização)” (MOREIRA 2006: 17).
43
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
44
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Casas-Museu que combinam categorias anteriores: uma casa-museu pode ser docu-
mentária, uma vez que algumas das salas apresentam a sua decoração original, ao tempo
em que aí habitou o patrono ou a família alvo, mas pode incluir outros espaços organizados
com exposições temáticas sobre assuntos regionais ou de outros tipos de informação;
por vezes, alguns espaços funcionam ainda como sedes de sociedades históricas ou dão
abrigo a museus etnográficos locais. Assim, estamos perante estruturas museológicas que
retratam os seus fundadores (documentárias), apresentando também interiores elegantes
e trabalhos artísticos (estéticas) e explicando fenómenos sociais através de objectos, even-
tualmente, não originais (representativas).
Alguns anos depois, face à necessidade sentida aquando do encontro do DEMHIST já referido, Ro-
sana Pavonni e Ornella Selvafolta, em 1997, tentaram estabelecer tipologias mais pormenorizadas
de casas-museu (PAVONNI e SELVAFOLTA 1997: 35-36), determinando as seguintes categorias:
Palácios Reais: são realidades muito particulares no panorama das casas-museu, com
alto valor representativo, sendo necessário diferenciar, de entre os que ainda mantêm a
função residencial e aqueles que são unicamente museus.
Casas de pessoas eminentes: museus que identificam pessoas ilustres através dos seus
objectos pessoais, da sua vida e da sua carreira, utilizando geralmente as casas onde nas-
ceram e/ou viveram uma parte da sua vida.
Casas criadas por artistas: casas criadas para a promoção de um artista e/ou divulgação
da obra, expondo, por exemplo, materiais ou modelos usados.
Casas dedicadas a um estilo ou época: têm por objectivo contextualizar peças de mobi-
liário ou artes decorativas, de acordo com a interpretação dos museólogos.
45
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Casas onde são conservadas colecções sem ligação particular com a história da
casa.
Em 2006, no 6º Encontro Anual do DEMHIST, Linda Young (YOUNG 2006), docente da Universi-
dade de Deakin, em Melbourne, e investigadora deste tema, apresentou uma nova proposta de
classificação tipológica das casas-museu, baseada na análise de cerca de 600 unidades museo-
lógicas em Inglaterra, Estado Unidos da América e Austrália:
46
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Museologia das casas de campo inglesas: Estas constituem uma tipologia distinta
de casas-museu, com grande influência da musealização de casas no restante mundo
anglo-saxónico. Estes imóveis eram, na sua maioria, residência de famílias nobres, apre-
sentando o seu estilo de vida, o qual encanta as pessoas de hoje.
47
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
É importante referir que se integraram os palácios e os castelos nos dois grupos classificativos,
pois estes podem ter uma actividade diferenciada. Podem representar uma personalidade, mas
de igual forma a sua acção pode direccionar-se no sentido de ilustrar uma determinada época ou
estilo sem ter um homenageado especifico.
Consideraram-se as Casas-Museu Estéticas (S. Butcher Younghans) no mesmo grupo das Casas
de Interesse Biográfico (Museion), Casas de Coleccionadores, casas onde são conservadas co-
lecções (Pavonni – Selvafolta), assim como das Casas de Colecção e as Casas de Design (Linda
Young), uma vez que em todas as situações o mais importante são as colecções, não tendo a
casa importância determinante. Têm um objectivo muito preciso de preservar e expor colecções
pessoais, podendo vir a transformar-se em museus generalistas. A apreciação estética é o ele-
mento mais determinante destas unidades museológicas.
Finalmente relacionaram-se as casas que combinam as três categorias (S. Butcher Younghans),
com as casas com identidade social e cultural especifica (Pavonni – Selvafolta), com as Casas de
Interesse Histórico Local (Museion) e as Casas de Sentimento (Linda Young), unidades com menor
relevância do ponto de vista das casas-museu. Estas podem combinar actividades de diversa
48
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
ordem, tais como centros culturais, espaços para eventos diversos, podendo ser, muitas vezes,
casas vazias onde se apresentam colecções que resultaram de recolhas locais.
Estas classificações abrem portas a tipos de casas-museu que, em nosso entender, não devem
ser consideradas como tal, uma vez que não implicam vivências directas no imóvel ou contacto
com os objectos expostos. Quando for analisada a realidade portuguesa das casas-museu, em
capítulo próximo, tentar-se-á relacionar estas propostas com o panorama museológico nacional,
clarificando o nosso ponto de vista quanto àquilo que deve ser enquadrado no domínio das ca-
sas-museu.
A profusão de casas-museu nos últimos anos permite constatar a existência de estruturas mu-
seológicas sem qualquer carisma, não apresentando mensagens fundamentadas em vivências.
Devido ao seu valor simbólico, as casas-museu passam mensagens de certa forma simplifica-
das, uma vez que o visitante as pode percepcionar directamente, através do contacto visual com
determinado cenário (PAVONNI 2001: 19; BUTCHER YOUNGHANS 1993: 207). Simultaneamente,
despertam memórias e sentimentos devido à atmosfera envolvente: ao visitar uma casa-museu,
o público está a entrar directamente na história do homem (LEONCINI 1997: 9), da família ou de
um determinado grupo. Esta intromissão tão directa faz com que as casas-museu sejam um
instrumento de forte poder evocativo e comunicativo, de pessoas ou acontecimentos (MARTINS
1996: 71; VERBRAAK 2001: 29).
Se se pretende celebrar um pintor, um escritor ou um político, nada melhor que utilizar o seu am-
biente doméstico, no sentido de demonstrar as práticas mais íntimas do Homem que habitou ou
ainda habita essa casa, uma vez que este não aparece transfigurado na sua intimidade. A casa
apresenta a personagem tal qual é, ou a forma como esta quer ser conhecida, permitindo este
segundo factor, também, percepcionar o tipo de personalidade da pessoa em causa (LEONCINI
1997: 10). São evocados hábitos, pessoas, períodos, memórias, todo um património material e
imaterial, através das relíquias de uma vida que se esconde dentro das paredes de um edifício
49
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
(PAVONNI e SELVAFOLTA 1997: 32). É esta memória pessoal que funciona como elemento agluti-
nador do trabalho de uma casa-museu.
Todavia, num mundo globalizado, a comunicação assume-se como factor determinante nestas
instituições museológicas, funcionando como um factor-âncora da sua actividade35. Se a men-
33 Por entender que as casas-museu não devem ser povoadas de tabelas de legendagem e por textos explicativos, Ma-
galy Cabral, uma das maiores investigadoras do processo de comunicação nas casas-museu, apresenta nos seus textos
as razões identificadas para colmatar estas dificuldades: “Como comunicar num museu-casa? Sabemos que em todo
e qualquer museu não podemos transformar suas paredes num livro, colocando grande quantidade de texto nelas. Mas
as dificuldades nos parecem maiores num museu-casa que, em geral, é arrumado como era num determinado período
quando alguém nele morou: quarto de dormir, sala de jantar, quarto de trabalho, etc., arrumados como teriam sido e,
muitas vezes, muitos cômodos cobertos com papel de parede.”( CABRAL 1996: s/p)
34 A apresentação dos estudos efectuados pela equipa, nomeadamente, no que se refere à relação espaço/objecto/
patrono é a forma de comunicação que produzirá mais resultados numa casa-museu: « In a house museum, the
document (object/cultural asset) is the actual space/setting (the building), the collection and the owner […] the relations
established between them favour communication, allow greater interaction with space to be visited and, fundamentally,
enable the possibility of appreciating a determined historic period and the society that it comprised” (CABRAL 2001: 36)
35 A evolução social e tecnológica tem motivado inúmeros avanços no processo de comunicação nas casas-
-museu em particular e nos museus em geral: “In the past five years, many European and, above all, North-American
house-museums have changed their approach, not only toward their public, but also toward education, services and
communication in order to attract more visitors, and to raise founds.” (ZANNI 2002: 86)
50
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
sagem não é credível, o público não só pode questionar, como dificilmente voltará a esse museu.
Por outro lado, se as mensagens são assertivas, objectivas, com valor e bem apresentadas,
podemos ter sucessivas e diferentes visitas de um mesmo visitante a uma mesma casa-museu
(ZANNI 2002: 86).
Nos dias de hoje existem várias formas de concretizar a comunicação na casa-museu36 (CABRAL
2002: 29). Para além da exposição do ambiente doméstico inerente a este tipo de instituição, é
fundamental a produção de exposições temporárias, sobre diferentes assuntos que se relacio-
nem com o âmbito de acção da casa-museu. Para este efeito, a instituição deve possuir espaços
específicos, onde seja possível desenvolver actividades paralelas. A casa-museu deverá dispo-
nibilizar, também, um serviço educativo eficaz (CABRAL 2001: 36), capaz de responder às solicita-
ções de diferentes faixas etárias, culturais, adaptando a forma de transmissão da mensagem ao
tipo de visitantes com que se encontra a trabalhar.
Assim, a casa-museu há-de garantir o funcionamento de três serviços (exposição permanente,
exposições temporárias e serviço educativo), sendo um factor determinante: a necessidade de
formação com qualidade de guias e monitores (PIATT 2002: 241); uma boa preparação, aliada à
motivação, ao prazer e ao gosto pela actividade, são essenciais para o sucesso da comunicação
na casa-museu.
As novas tecnologias são hoje uma preciosa ajuda no sistema de comunicação das casas-mu-
seu: CD-ROMs, DVDs, audioguias, diaporamas, entre outros, são mecanismos que, postos ao
serviço da instituição, podem contribuir para o seu sucesso (BRYANT 2001: 30; ZANNI 2002: 88-89;
CABRAL 2001: 36). O uso das novas tecnologias e de outros instrumentos de comunicação exige
um grande esforço na produção de conteúdos de qualidade, só assim havendo sucesso.
Para transmitir mensagens, pode-se utilizar o acervo existente nas casas-museu, o qual deve
ser entendido no seu conjunto como símbolo de determinada situação (LÓPEZ REDONDO 2002:
41; WILL 1994: 21). A casa-museu vale pelo seu conteúdo, a sua vivência, a personalidade que se
reflecte num espaço. Se se proceder a restauros ou intervenções que alterem o espaço, pode-se
falsear a mensagem (LEONCINI 2001: 49).
36 Marta Rocha de Almeida (MOREIRA 2006: 313) apresenta uma citação de Philippe Dubois que demonstra a im-
portância e o modo de comunicação nos museus: “ “comunicar o museu” é sem dúvida uma dimensão que se pode
considerar, numa hierarquia progressiva [...], das missões fundamentais do museu, como sendo a última. Aquela que
vem no final, depois das outras: após a colecção, a conservação, o restauro, e mesmo após a exposição. Quando se
“faz comunicação”, é porque se tem tudo o resto atrás.”
51
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
No ano de 1999, a Casa de Anne Frank foi alvo de um processo de restauro, nomeadamente
devido ao desgaste do papel de parede do quarto da jovem, e, simultaneamente, para melhorar
as condições ao público visitante. O paradoxo da Casa de Anne Frank é que este espaço, de re-
duzidas dimensões, deveria ficar secreto; todavia, atrai centenas de milhares de visitantes. Estes
tentam perceber o que sentia uma adolescente que viveu sob o medo de um regime opressor
(VERBRAAK 2001: 28). Quando se chegou à conclusão de que o museu deveria sofrer algumas
alterações para melhor comunicar com o público, foi concebido um CD-Rom interactivo, onde os
visitantes podiam obter informações sobre a história da casa e do holocausto. O novo edifício
compreende ainda um espaço para exposições temporárias, onde se relaciona a segunda guerra
mundial com as dificuldades dos dias de hoje (VERBRAAK 2001: 30-31). Esta casa é utilizada para
veicular informações que visam estimular os cidadãos à participação política.
Por outro lado, ao visitar a Casa do Presidente dos Estados Unidos penetra-se num espaço que
pretende mostrar a glória de um país e do seu povo, os seus dirigentes, a forma como estes viviam
o seu quotidiano, entre outras histórias que podem ser apresentadas nesta estrutura museológica.
De entre as muitas especificidades das casas-museu, a ligação entre contentor (casa) e o con-
teúdo (objectos e vivência) é uma das características que marca de forma significativa estas
estruturas (PAVONNI 2001: 17). A casa-museu pode viver só dos seus materiais originais, não
necessitando de uma integração constante de acervo. Os seus objectos não valem pela sua
unidade ou raridade, mas pelo conjunto e pela relação com aqueles que habitam ou habitaram
a casa37 (PINNA 2001: 4), simbiose que se transforma em documento, permitindo que a partir da
37 Mónica Risnicoff Gorgas expressa, na seguinte citação, de que modo o objecto pode ser valorizado, no momento
em que se torna parte integrante na casa-museu e na sua vivência:“We are more interested in processes than in ob-
jects, and we are interested in them not for their capacity to remain pure, always authentic, but because they represent
certain ways of seeing and experiencing the world and life per se…”(GORGAS 2001: 11)
52
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
No sentido de haver coerência e para que a casa-museu transmita uma história verdadeira e con-
sistente, é fundamental uma grande convergência entre o móvel (as colecções), o imóvel (a casa)
e o imaterial (a memória e a personalidade do homenageado). Em paralelo à relação Homem | Es-
paço verifica-se a relação Espaço | Objecto (LEHMBRUCK 2001: 60). Muitas unidades museológicas
apresentam as suas colecções como um mero museu de arte, esquecendo os seus proprietários,
os seus sentimentos e as razões que motivaram determinada colecção (DONNELLY 2002: 2).
Alexandra Araújo (ARAUJO 2004: 18) aponta algumas diferenças essenciais entre um museu ge-
neralista e uma casa-museu apresentando particularidades muito próprias no domínio dos con-
ceitos: “Uma Casa-Museu é antes de mais um museu. Mas uma observação mais atenta permi-
te-nos evidenciar alguns elementos distintivos das Casas-Museus, nomeadamente a memória
pessoal e os seus suportes materiais: o edifício e a sua envolvente (constituindo os bens imó-
veis) e a colecção (os bens móveis), documentos tangíveis da personalidade e do pensamento
do indivíduo. Estes elementos assumem-se como um todo indissociável, onde cada elemento
estabelece um jogo de relações de influência recíproca.” (ARAÚJO 2004: 18)
Também Ana Margarida Martins defende a relação e interacção destes três factores como elemen-
tos distintivos da casa-museu e determinantes para o verdadeiro conhecimento do patrono, onde to-
dos os constituintes têm um papel importante e imprescindível a desempenhar (MARTINS 1996: 67).
O verdadeiro valor da casa-museu, isto é, a sua manutenção o mais próximo possível do original,
está na capacidade de nos revelar a sua organização tal qual era no tempo de vida do patrono,
que serve de motor à sua existência: os objectos e o meio derivam da sua personalidade (GOR-
GAS 2001:11; BANN 2001: 20).
Como anteriormente foi referido, o valor do objecto afere-se precisamente pela relação que este
teve com o espírito de quem o fruiu (GORGAS 2002: 33), a colecção não é o único nem supremo
elemento, mas um elemento igual na interpretação, devendo caminhar-se no sentido de se en-
tender a relação entre o tangível e intangível desses espaços38. As casas-museu devem contar
38 Segundo Marta Rocha Moreira (MOREIRA 2006: 310), é necessário definir “ valores de memória, relativos ao pas-
sado e, valores de contemporaneidade, referentes ao presente, a aplicar ao património móvel, imóvel e ao intangível.
Os primeiros conferem ao lugar valor de antiguidade, valor histórico e valor comemorativo. Os segundos apreciam
esse lugar considerando o seu valor de uso, artístico novo e artístico relativo.”
53
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
histórias da vida doméstica, as quais ligam pessoas, eventos, coisas, problemas e soluções (DON-
NELLY 2002: 4). A colecção é entendida como o conjunto de objectos que transitam para a esfera
do museu e cujo sentido está no facto destes terem pertencido a uma determinada personalidade.
A relação que o acervo estabelece com os seus proprietários permite-nos concluir que os mes-
mos funcionam como uma projecção desses indivíduos.
A busca de conhecimento sobre determinada figura é o motor para a visita à casa-museu, o visi-
tante procura nesta instituição formas de vida de alguém que admira. As peças que vê aparecem
integradas num cenário mais complexo, num todo onde a vivência, a casa e o acervo se relacio-
nam e espelham aquele que habitou esse local. Estabelece-se na casa-museu uma simbiose de
equilíbrio entre objecto, casa e homem.
Utilizando o exemplo da Casa de Pièrre Loti (SCAON 2001: 16), percebe-se que é no conjunto
dos três elementos em estudo que se encontra o encanto e a base da análise destas instituições
museológicas39: a personalidade de Pièrre Loti, tanto no aspecto do viajante como na vontade
de mostrar vários outros momentos da sua vida, através de diversos elementos, tais como as
suas colecções organizadas nas inúmeras viagens que empreendeu, assim como a casa onde
se apresenta toda a história, local para onde todas as memórias confluem e se integram na sua
memória pessoal mais geral40. É esta memória pessoal que funciona como o elemento aglutina-
dor da teoria e prática da casa-museu. É ela que confere coerência e justifica estas instituições
museológicas.
A afirmação de Lázaro Galdiano, “No, por Dios! Mi casa es mi casa, nada más, una casa en la
que he procurado que se vean cosas bellas! Pero un museo, no!...” (LÓPEZ REDONDO 2001: 40),
mostra que a sua casa, no seu conjunto, reflecte um modelo de beleza pessoal, estando este
conceito subjectivo de beleza muito presente em casas deste tipo, onde se misturam, muitas
vezes, obras de arte tão diversas. Estes objectos, com os quais contactamos, estiveram directa-
mente presentes no evoluir da História de alguém, de um grupo ou de um país, tendo interagido
com aqueles que protagonizaram essa mesma História.
39 A casa de Pièrre Loti é a imagem da sua vivência e o reflexo dos seus sonhos. ���������������������������������
Ela apresenta ao visitante a per-
sonalidade de quem a concebeu: “ Loti wanted his house to be a display case, where the treasures gathered during
his exotic adventures could be exhibited, and where his historical fantasies, along with the memories of his childhood,
could be shown.” (SCAON 2001: 16).
40 Ana Margarida Martins defende, também, que é nos diferentes factores em análise, os quais devem ser relacionados
que está o interesse das casas-museu, devendo o seu estudo ser processado desta forma: “O edifício é aqui encarado
como um espaço físico delimitado, onde residiu e trabalhou o indivíduo ou grupo de indivíduos. A colecção é aqui
entendida, como o conjunto do acervo que diz respeito não só aos objectos relativos ao indivíduo ou grupo, mas
também o espaço físico de vivência ou trabalho.” (MARTINS 1996: 67-68).
54
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
- A Casa-Museu de Mané Katz (TARSHISH 1996: 12) que legou os seus bens à municipalida-
de de Haifa, teve por modelo o atelier do artista de Paris conhecido através de fotografias,
sendo reproduzido nesta casa, onde o homenageado habitou, o seu ambiente de trabalho;
- A Casa de Carl e Karin Larson reflecte o carácter, gosto e uso dos seus habitantes, as-
sim como o meio em que se insere. Reflecte as necessidades sentidas por um casal com
muitos filhos, renovando-a e ampliando-a sempre que tal se justificava (FACOS 2003: 66).
Pelo exposto e através dos exemplos referidos demonstra-se o complexo âmbito de estudo das
casas-museu, onde todos os factores devem ser analisados através de um estudo contextualizado.
Todos quantos se dedicam ao trabalho nestas instituições devem reflectir e organizar as suas tare-
fas, procurando sempre estabelecer relações sem anular um factor em favor de qualquer outro.
As casas-museu são lugares especiais. Aqui são apresentadas personalidades e vivências, que
funcionam como pólos de atracção do público, o qual não se limita a procurar as peças numa
determinada lógica e nas condições ideais de exposição, preferindo penetrar na intimidade do
homenageado. O visitante sente o fascínio de se intrometer no espaço íntimo e privado de ou-
trém (ARAÚJO 2004: 18). Amiudadas vezes sente-se grande prazer em visitar uma casa-museu,
por se estar no interior de uma casa, local habitado, e não de um museu clássico (LEHMBRUCK
2001: 60). A observação das colecções processa-se num contexto habitacional que permite o es-
tabelecimento de relações com a actualidade e potencia a forma de observação dos objectos41.
41 Nas casas-museu os objectos podem, em muitos casos, ser apreendidos no seu modo de utilização, contextuali-
zados no espaço doméstico e não expostos em vitrines isolados da realidade: “ In historic houses, however, there is a
tradition not only of living history, but also of displaying decorative arts collections. Visitors to houses come not only to
learn about life style, but also to learn how to look at objects.” (BRYANT 2002: 23)
55
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Todavia, esta proximidade com os espaços de alguém pode criar alguma perplexidade, uma vez
que sentimos uma presença, mesmo que essa personalidade esteja ausente do espaço. O visi-
tante sente-se viajando numa máquina do tempo, onde se depara com um conjunto congelado,
sem transformações ao longo de muitos anos (GORGAS 2001: 10).
Há outros estímulos que motivam a visita a uma casa-museu. A vontade de conhecer mais pro-
fundamente determinada pessoa ou a forma de viver de um certo grupo, num certo espaço
(PALMA 2001: 43). A visita à casa-museu vai permitir aprofundar o conhecimento sobre algo ou
alguém, com base num ambiente familiar, privado e íntimo (BUTCHER-YOUNGHANS 1993: 6). É
possível o sentimento de alguma identidade com o espaço visitado, levando a que seja respeita-
do religiosamente e a considerar-se “sagrado” o palco de vivência de alguém que consideramos
superior e que se destacou dos seus contemporâneos.
Ao entrar na casa-museu, devido ao seu carácter de intimidade, o visitante vai sentir o despertar
de sentimentos e memórias, sobre a vida pessoal do homenageado42. Simultaneamente, esta
privacidade e familiaridade, segundo alguns autores, permite ao público abrandar o seu ritmo
de vida quotidiana, uma vez que se encontra a observar um passado congelado, o qual poderá
transmitir a serenidade de tempos mais ou menos remotos (CABRAL 2002: 28). Ao mesmo tempo,
pode observar a colecção integrada num ambiente, contactar com a música, com a escultura,
pintura, poesia ou política, sendo possível meditar sobre algo que habitualmente lhe escapa.
42 Devido ao facto de as casas-museu estarem tal como as deixaram os seus patronos, verifica-se no visitante uma
sensação de regresso ao passado: “ ... the historic house museum in fact has the power to evoke and create links
between the visitor and the history present in the house itself, or which it seeks to represent.” (PINNA 2001: 7)
43 Podemos observar um exemplo de uma casa-museu utilizada no sentido de valorizar uma reforma social que se
operou e que está a ser promovida pelo Estado para dar a conhecer esse fenómeno : “La maison de Mary Ann et Thomas
M’Cclintock est en cours de restauration, et l’on prévoit d’en faire le symbole de l’importance du travail de réforme des
quakers pour le mouvement féministe avant la guerre civil. Chaque site donne une dimension supplémentaire à la
mission centrale du parc, telle que le Congrès l’a définie dans une loi ; à savoir inspirer les visiteurs et leur apprendre
ce que fut « la lutte des femmes pour obtenir des droits égaux » “ (ROSE 2001: 32).
56
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Quem cria a casa-museu? Qual a missão e objectivos destas instituições? Como se organi-
zam? Como conseguirão apoios? Como se processa a incorporação e tratamento da colec-
ção? Como se preservará a casa para futuras gerações? Como poderá o público perceber
a importância da casa-museu? Que tipo de equipa deverá ser equacionada? (BUTCHER
YOUNGHANS 1993: fw) Qual o suporte financeiro para a instituição? Quem a visita? Que
histórias se vão contar ao público? (BUTCHER YOUNGHANS 1993: 6). A estas questões está
associado um conjunto de problemas que é necessário também equacionar: a exiguidade dos
espaços; como estabelecer a circulação dos visitantes; como solucionar os problemas infra-
estruturais (CAMACHO S/d: 2). Todas estas questões devem ter uma resposta esclarecida, devi-
damente fundamentada, avaliada por profissionais qualificados e apresentada num documento
que será a base do trabalho museológico da instituição no futuro: o plano de acção ou plano mu-
seológico (BUTCHER-YOUNGHANS 1993: 15; SCREVEN 1993: 6; LEVY 2002: 43; BRYK 2002: 157;
44 Segundo Charlotte Smith (SMITH 2002) recriar um interior implica seleccionar o estado de evolução que pretende-
mos mostrar. Devemos seleccionar um determinado período.
45 Amparo Lopez Redondo (LOPEZ REDONDO 2002) refere que devemos conseguir um equilíbrio entre o interesse
por comunicar o conceito, o gosto e o protagonismo que devem ter as peças. Todavia, devemos reconstruir ou criar
um espaço que recrie o modo de vida de uma pessoa ou época. Temos que conseguir mensagens documentais e
estéticas pelo conjunto dos objectos integrados num espaço.
57
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
BROOKS 2002: 128), que deverá nortear a acção de todos os profissionais que estão envolvidos
na casa-museu.
Este documento, por integrar todas as funções museológicas e por apresentar as ideias sobre a
instituição, é absolutamente fundamental para o desenvolvimento futuro das casas-museu, para
definição da sua posição perante o público, para o estudo dos bens móveis, imóveis e imateriais,
assim como para a produção dos conteúdos pela equipa do museu (BROOKS 2002: 128). Deverá
ser desenvolvido com vista a dar resposta a médio prazo, eventualmente para um período de
cinco anos, findo o qual será necessário proceder à sua revisão (BUTCHER YOUNGHANS 1993:
15). Porém, mesmo antes da definição deste plano é essencial que seja efectuado um inventário
detalhado de todos os bens que por qualquer forma legal passam a integrar a instituição. Isto
permitirá conhecer em detalhe a colecção e identificar todos os bens, situação obrigatória do
ponto de vista legal e crucial para o processo de investigação futuro. Simultaneamente, deve
proceder-se à avaliação daqueles que serão os pontos fortes e fracos da instituição.
Antes de se avançar para a análise da instituição e dos seus serviços técnicos e sociais, é
indispensável proceder ao estudo, o mais exaustivo possível, do significado histórico da casa e
dos seus contextos, trabalho que deverá ser transcrito para este documento, pois será a base
58
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
de muitas actividades da instituição e o fundamento de muitas das suas histórias46. Para esta
análise deverão utilizar-se as mais diversas fontes, das documentais às orais. Todas elas permiti-
rão conhecer mais profundamente a casa e as suas histórias. Encontrando-se o estudo histórico
efectuado, a equipa de planificação ou as pessoas que esta indicar têm a importante tarefa de
elaborar uma descrição da casa que deverá ser o mais exaustiva possível, tendo por base o
inventário do acervo, mas também a realidade ao nível de recursos humanos, de conservação
preventiva, segurança, entre outros aspectos que possam ser importantes para que no futuro
se possam tomar decisões que melhorem o funcionamento da casa-museu. Este processo de
investigação deverá transpor as paredes do museu e analisar a sua envolvente, verificar o que é
que os monumentos e o meio ambiente com que se relaciona espacialmente nos podem trans-
mitir acerca da casa em que determinada personalidade habitou ou onde certo acontecimento
teve lugar (LEVY 2002: 47).
46 No âmbito de um museu generalista a “collections management policy is a detailed, written statement that sets
forth the purpose of the museum and its goals, and explains how these goals are interpreted in its collections activity”
(EDSON e DEAN 1994: 67). Todas as diversidades devem ser procuradas em cada objecto. Devemos recolher todas
as informações (ELSNER e CARDINAL 1994: 7), as tangíveis e as intangíveis, fundamentais numa casa-museu, onde
as relações estabelecidas pelo acervo com os patronos e a interacção com o imóvel é absolutamente determinante
para a sua contextualização.
59
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
nas exposições, melhores brochuras e/ou catálogos das colecções, actividades educativas mais
fundamentadas.
Será necessário, idealmente, seleccionar um programa informático que responda aos requisitos
definidos pela coordenação da casa-museu, proceder ao registo fotográfico completo e em várias
dimensões de cada objecto, procurando concentrar a informação com os objectivos apresenta-
dos, a qual pode ainda ter um papel decisivo no apoio às estruturas policiais em caso de furto.
A transformação do privado em público, para além dos pressupostos teóricos expostos, tem
também implicações ao nível da estruturação do próprio espaço. O desafio de reconverter os
espaços é uma tarefa grande e difícil de levar a efeito, exigindo um grande cuidado a quem
processa esta transformação. Se se verifica a necessidade de criar infra-estruturas que facili-
tem a compreensão pelo público dos espaços e das mensagens que se pretendem transmitir48,
a metamorfose dos ambientes e das áreas envolventes devem ser ponderadas por forma a não
47 Verifica-se cada vez mais uma maior inter-relação entre o museu e o público sendo que o primeiro assume um
papel cada vez mais importante na modelação dos gostos e das estruturas mentais dos públicos que os visitam. Fou-
cault defende que a evolução das governações públicas depende cada vez mais da utilização das novas tecnologias,
as quais assumem um papel cada vez maior na regulação da conduta dos indivíduos e das populações. (LEWIS e
MILLER 2003:177-180)
48 Os museus assumem no panorama das novas formas de poder um duplo principio:
- O direito público de ser acessível a todos;
- Deve representar a cultura e valores das diferentes camadas da sociedade.
Os direitos públicos exigem que os museus sejam veículos para a educação popular, demostrando a retórica da
governação democrática, por outro lado devem exercer um papel fundamental na elevação da educação das várias
camadas da sociedade. (LEWIS e MILLER 2003:181)
60
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
adulterar o enquadramento da casa, o que poderá transportar o visitante para espaços comple-
tamente novos (VALENTIEN 1996: 34).
Podem encontrar-se casas degradadas com boas colecções ou excelentes palácios sem acervo.
Porém, os visitantes escolhem as casas-museu com o objectivo de observarem e sentirem am-
bientes e espaços num determinado período histórico, o que implica grande trabalho de inves-
tigação antes de se iniciar qualquer processo de intervenção49 (BUTCHER-YOUNGHANS 1993:
196). Assim, caso se encontre uma estrutura arquitectónica com deficiências, deve procurar-se,
através da análise documental, uma reconstituição da história do edifício50, restituindo-lhe o seu
estado ao tempo de vivência do patrono51.
49 Carin Bergstrom, (BERGSTROM 2001: 36-37) ao referir a intervenção efectuada no Castelo Skokloster sintetiza o
programa do restauro nos seguintes pontos:
- manter em boas condições um edifício frágil;
- preservar a identidade do edifício;
- intervir o mínimo possível, sem acrescentar nem retirar nada;
- realizar intervenções segundo as técnicas construtivas do século XVII.
50 Luca Leoncini (LEONCINI 2001: 48-49) refere que muitas casas-museu necessitam de restauros. Todavia, traçar
a linha das intervenções não é fácil. É necessário ponderar, avaliar os riscos para não destruir o passado. Recompor
um sistema desconexo, coloca problemas que não são fáceis de resolver.
Cada casa tem a sua história de transformações, documentos, restauros, exposições. Devemos identificar perfeitamente
a casa e verificar o que a distingue de outra. É a partir desta identificação perfeita que poderemos avançar para o
verdadeiro projecto da casa.
51 Aqui apresentamos um exemplo de um processo de intervenção numa casa-museu assim como os pressupostos
iniciais para esse processo: “ Paleis Het Loo, built in the late 17th Century, as a hunting lodge and summerpalace in
the eastern part of the country, has been presented as a museum since 1984. […] These historical data were the point
of departure in the restoration work. It was decided to restore the 17th Century geometric only within walls. […] An
essential facet of Het Loo as a museum has been to adhere its original function as closely as possible: on the one hand
this helps to keep alive the relationship with the Royal House which encourages public interest, while on the other hand
it reinforces the historical tie with the royal collections.
In terms of its interior Het Loo presents an impression of an original palace in the form of a series of images from its
inhabited history.
[…] The layout and arrangements were based on contemporary documents including inventories, accounts, diaries of
visitors, and descriptions in letters. There were no illustrations of the interiors from the 17th Century, except for three
engravings by the designer Daniel Marot.” (VLIEGENTHART 1997: 85)
61
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
pretende aceder aos conteúdos da unidade museológica e que não a pode visitar face às suas
limitações (SCAON 2001: 50; BURKOM 2003: 36; VLIEGENTHART 1997: 87).
Se por um lado se criam condições de acesso e de circulação pelo espaço físico, por outro é es-
sencial criar materiais de suporte informativo e de novas técnicas que facilitem a compreensão,
por parte do público, das mensagens que se pretendem veicular52 (SCREVEN 1993: 11). Para tal,
para além daquilo que se aponta quando se analisa as casas-museu e a sua capacidade comu-
nicativa, reitera-se a necessidade de criar desdobráveis e brochuras que apresentem a história
da casa, que os visitantes podem transportar consigo e assim, a todo o momento, recorrer às
informações disponibilizadas; preparar programas multimédia53 que possam integrar o público
na história da casa, dos seus habitantes e dos seus acontecimentos; realizar exposições tempo-
rárias que explorem pormenores das histórias centrais que se contam; organizar visitas guiadas
e/ou audio-guiadas que transmitam um conjunto informativo preciso. As casas-museu são ainda
excelentes palcos para a criação de representações de história ao vivo, onde se recriam as vi-
vências das pessoas que aí habitaram, das suas principiais actividades54.
No âmbito do plano museológico não pode deixar de ponderar-se a integração e planificação es-
pecífica do Serviço Educativo. Sendo o papel fundamental do museu transmitir cultura é crucial
criar mecanismos que facilitem a transmissão dos conceitos envolvidos em cada unidade. Desde
52 Recentes estudos sobre as indústrias culturais dão conta da importância que a forma de transmissão de conheci-
mentos ao público tem nos dias de hoje: “More than other types of production, the cultural industries are involved in
the making and circulating of products- that is, texts – that have na influence on our understanding of the world. [...] So
studying the cultural industries might help us to understand how such texts take the form they do, and hoe these texts
have come to play such a central role in contemporary societies.”(HESMONDHALGH 2005: 3)
53 O sector cultural tem caminhado no sentido de adoptar cada vez mais as novas tecnologias como forma de atracção
do público, nomeadamente das camadas mais jovens da população. “As possibilidades de surgimento e difusão
de iniciativas e projectos culturais utilizando o suporte digital foram, assim, largamente aumentadas pelas novas
tecnologias de informação e comunicação, seja no plano quantitativo (atracção de novos consumidores), seja no
plano qualitativo (novas possibilidades de selecção, participação e interacção. [...] A presença da “cultura de suporte
digital” nos projectos culturais serviu, em especial, para produzir uma nova relação entre a cultura cientifica e a arte
convencional, tendo sido possível, devido a estas circunstancias que promovem a transferência interdisciplinar , criar
novas pontes...” (MATEUS 2005: 107)
54 Farida Simonetti (SIMONETTI 2001: 78) alerta para a necessidade de rigor nos guiões destas recriações históricas
pois podem induzir os visitantes em erro, se as mesmas não retratarem com fidelidade aquilo que se viveu no espaço.
Quando isso não acontece os espectadores deverão ser devidamente alertados daquilo que foi alteração à história real.
62
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
a 2ª Guerra Mundial os museus deixaram de ser estruturas elitistas, fechadas sobre si mesmas,
passando a envolver-se mais com a comunidade, tentando conjugar os seus interesses com os
do meio envolvente. Esta atitude social e educativa, tem por objectivo criar uma estrutura formati-
va e de bem estar para a sociedade, visando, também, o aumento do número de visitantes e con-
sequentemente, aumentar a sua influência comunitária. Tentam-se perceber as necessidades da
sociedade envolvente para, se possível, através das colecções e do trabalho museológico, dar
resposta às questões que são colocadas (EDSON e DEAN 1994: 191). Segundo Eilean Hooper-
Grenhill, nos últimos anos os museus e galerias de arte começaram a preocupar-se mais com
os seus visitantes e com a missão educativa. Para além das preocupações com a conservação
das colecções, que eram as predominantes, passou-se a procurar observar de que forma o seu
acervo poderá ser útil para o público que visita o museu (HOOPER-GREENHILL 1991: 128). A mis-
são educativa dos museus deixa de ser uma actividade complementar passando a constituir-se
como um elemento vital e integral para o sucesso de um museu, assim como a razão da sua
existência. Os museus sentem necessidade de criar um departamento educativo, com recursos
humanos especializados, tendendo a dar resposta a um novo tipo de público, cada vez mais
presente e exigente dos museus: o público escolar. O museu começa a ser considerado como
uma extensão da instituição de ensino, para além de ser utilizado como objecto de cultura, de
enriquecimento espiritual, de conhecimento científico e mesmo de entretenimento (LIRA 2000: 29).
Os museus estão a adoptar uma nova atitude, começando a denotar-se uma nova preocupação
social. Aparecem novas tendências pedagógicas que incidem em ideias como a comunidade
educativa, a educação permanente, a educação a partir do contacto directo com os objectos e
os ambientes. Por seu lado Edson e Dean (EDSON e DEAN 1994: 191), defendem que o museu
deve aproveitar todas as oportunidades para desenvolver o seu papel como fonte educacional
usada por todas as camadas sociais ou grupos especializados a quem se destina o museu. Este
deve atrair a sociedade na sua totalidade com vista a transmitir algum ensinamento. A criação
de um eficiente serviço educativo deve obedecer a um conjunto de critérios e parâmetros esta-
belecidos55.
A política educacional não deve esquecer qualquer franja de público potencial, o que sustenta
a afirmação que o museu não se destina a um público, mas públicos diferenciados, com níveis
culturais distintos. Tal como os museus generalistas, a casa-museu destina-se: ao público local,
para o qual a comunicação deverá ser directa; ao visitante escolar, que vem em grupo, sendo a
sua atenção superficial, importando criar mecanismos de captação; aos turistas que, se forem
55 Os critérios e parâmetros podem ser analisados em (HOOPER-GREENHILL 1991: 242) e (EDSON e DEAN 1994: 200).
63
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
estrangeiros, apresentam ainda a barreira linguística, tanto ao nível da informação escrita como
oral; aos investigadores com um nível cultural mais elevado que vêm em busca de informação
mais aprofundada; às pessoas portadoras de deficiência. O museu deve ter em conta que esta
camada da sociedade é membro de pleno direito, devendo ter acesso a toda a informação que
as instituições museológicas desenvolvem, através da disponibilização de textos em braille, fitas
audio-magnéticas, legendagem das exposições específicas.
A política educativa dos museus deve equacionar, também, critérios de avaliação no sentido de
permitir que os seus responsáveis possam aferir se as estratégias definidas são as mais acerta-
das, ou, então, se é necessário proceder a alterações para aumentar a sua eficiência.
Nas casas-museu, o princípio é o mesmo. Esta atitude social e educativa tem por objectivo criar
uma estrutura formativa e de bem-estar da sociedade envolvente, visando o potencial aumento
dos visitantes e, consequentemente, aumentar a influência comunitária. Tenta-se perceber quais
são as reais necessidades da sociedade e a partir da casa, da colecção, da personalidade do
patrono e dos acontecimentos que aí decorreram, responder às necessidades identificadas. Esta
função educativa deixa de ser complementar na actividade museológica e passa a constituir um
elemento vital do museu, assim como a razão da sua existência (HOOPER-GREENHILL 1991: 128).
56 A criação do plano de conservação é uma das principais obrigações do conservador de museus: “ El conservador
de museos está obligado, en consecuencia, a planificar y aplicar un programa de conservación – y, en su caso, de
restauración – que proteja com los medios técnicos y humanos adecuados el bien cultural contra todo proceso de
destruoción o detrioro.” (ALONSO FERNANDEZ 1993: 227)
64
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Muitas vezes, quando os acervos e os edifícios estão aclimatados a condições ambientais mui-
to diversas, qualquer alteração radical e instantânea pode ditar a sua destruição. Este tipo de
procedimentos levanta uma questão relacionada com alguns materiais que vulgarmente exis-
tem nas casas-museu. Frequentemente, os responsáveis por casas-museu deparam-se com o
seguinte problema: como conservar cortinas e carpetes? Por vezes é difícil impedir que estas
sejam calcadas, uma vez que os espaços de circulação são muito limitados, e evitar a exposição
a radiações solares dos cortinados que causam problemas na conservação destes materiais
(VLIEGENTHART 1997: 87). Quando estas peças são de superior qualidade ou com um significado
relevante, será preferível a produção de uma réplica, que substituirá o original que, por sua vez,
será colocado na reserva em condições de conservação mais favoráveis. No caso das cortinas
uma outra solução passa pela colocação de filtros de radiação em vitrais e vidros.
57 Dineke Stam (STAM 2002), ao apresentar o restauro efectuado na Casa de Anne Frank, refere que a preocupação
foi de não tornar muito perceptível a intervenção. Para o efeito, foi utilizado um processo de envelhecimento do papel
de parede, no sentido de o aproximar do original.
58 A definição dos cuidados de conservação preventiva, por serem absolutamente decisivos no âmbito da instituição
museológica, “ it is imperative that any preventive treatment that impacts directly on collection items be carefully
considered prior to the institution. No process should be considered without consulting a qualified individual for advice
and instructions”. (EDSON e DEAN 1994: 97).
59 Os trabalhos de restauro de uma casa-museu devem obedecer a estudos profundos na fase prévia à intervenção :
“Les travaux de restauration d’une maison historique doivent être confiés à un spécialiste; une personne non qualifiée ne
doit pas être autorisée à les entre prendre. […] Une restauration maladroite peut avoir des conséquences désastreuses.
Il est souvent bien préférable de maintenir une maison en l’état plutôt que d’essayer de la restaurer.
[…]
Les principes généraux que l’on doit observer dans les travaux de restauration peuvent être brièvement formulés :
comme ce genre de travail exige des recherches et des études minutieuses, il est important de ne rien précipiter ; toute
la documentation doit être conservée, car le spécialiste consulté a le devoir de laisser un rapport détaillé des données
sur lorsquelles il est basé” (S/A 1934: 279).
65
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Quando as colecções apresentam sinais evidentes de deterioração (BERGSTROM 2001: 36), al-
guns autores defendem a utilização de réplicas, as quais, devidamente assinaladas, nos permi-
tirão ter uma percepção mais real do espaço primitivo (S/A 1934: 282). Não se devem, contudo,
utilizar desmedidamente as réplicas, sob pena de confundir a apreensão da evolução do espaço.
Na casa-museu devem ver-se coisas históricas. Assim, Julius Bryant (BRYANT 2002: 22) defende
que devemos separar três níveis de reformulação: restituir os objectos ao seu ambiente original;
hierarquizar as substituições de originais por equivalentes de outras casas, solução que deve ser
indicada aos visitantes; utilizar réplicas que devem ter originais por perto para permitir a compa-
ração entre os dois tipos de objectos.
1.9.8. Segurança
A casa-museu, devido à sua estrutura original, que não se encontra adaptada para receber cen-
tenas ou milhares de visitantes em curtos espaços de tempo, a par da colocação de peças em
regime livre, sem barreiras nem vitrines, levanta também grandes problemas de segurança que
devem ser equacionados antes da sua abertura ao público.
A par dos cuidados de conservação e manutenção é fundamental criar uma estrutura de segu-
rança para a casa e suas colecções. Este capítulo deve prever a segurança contra dano, furto
e incêndio. A relação número de visitantes / capacidade da estrutura física deverá ser sempre
considerada e colocada como condicionante ao número limite de público a aceder, em simul-
tâneo, ao interior do imóvel (S/A 1934: 282). Torna-se necessário ponderar uma estrutura que
suporte e controle a afluência desse mesmo público (BURKOM 2003: 36)60, sendo, certamente,
forçoso fazer determinadas adaptações que criem condições de segurança aos visitantes, à
casa e às colecções (MARTINS 1996: 89), as quais podem passar pela introdução de um re-
gime de bilheteira, que poderá limitar o número de visitantes. Certas casas-museu organizam
as visitas com grupos, normalmente acompanhados por guias da instituição. Discretamente,
60 Na obra referida este autor defende que estas casas, muitas vezes de reduzidas dimensões, não estão preparadas
para grandes quantidades de público.
66
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
deve proceder-se a uma vigilância muito atenta, no sentido de ser impedido o furto de objectos.
Algumas instituições dispõem, também, de guias multimédia, audioguias ou brochuras de acom-
panhamento de visitas, instrumentos que poderão ter um desempenho primordial na transmissão
da mensagem da casa-museu (CABRAL 2002: 29), facilitando a realização de visitas individuais.
Para dar resposta à segurança exigida neste tipo de soluções é conveniente a instalação de câ-
maras de vigilância, que devem estar devidamente posicionadas, uma vez que, devido à grande
divisão dos espaços, se torna difícil colocar um guarda em cada sala, algumas delas de dimen-
sões bastante reduzidas, ou então proceder-se discretamente à vigilância feita por pessoal da
casa-museu, visto serem muitos os casos onde não existe vigilância técnica.
A questão da segurança do acervo passa também por não permitir que o público toque nas
peças. Vontade difícil de controlar. As casas-museu devem também dispor de um local onde os
visitantes depositem os sacos, mochilas e outros objectos não essenciais para a visita, pois a
profusão de objectos em espaços de reduzidas dimensões causam transtornos e podem provo-
car acidentes.
É, de igual forma, necessário precaver medidas de segurança contra incêndios, devendo ser
colocado um sistema de detecção, se possível, de intervenção automática em caso de uma de-
flagração. Cada sala deverá ter o número de detectores necessários, que estarão ligados a uma
central que, directamente, deve comunicar com os serviços de bombeiros locais. Caso existam
possibilidades financeiras, deverá ser equacionada a instalação de um sistema de intervenção
automático, na perspectiva de minorar os danos em caso de acidente. Todavia, não devem ser
instalados “springlers” de água, uma vez que estes poderiam contribuir para danificar grave-
mente o acervo, sendo conveniente a utilização de mecanismos, capazes de controlar fogos em
tempo útil.
Todos estes detectores devem estar ligados a uma central que se accionará 30 segundos após
detectar movimento, se antes não for introduzido o código secreto de segurança. A central deste
sistema deverá estar ligada à central de segurança da Polícia de Segurança Pública, a qual po-
derá tomar medidas de imediato, no caso do alarme se activar ao detectar qualquer intrusão.
O sistema de alarme deve abranger duas ou três zonas, permitindo assim a permanência de
funcionários do museu numa determinada área, sem comprometer a segurança de outras.
67
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Estes sistemas só funcionam durante a noite, pois quando o espaço está em funcionamento não
podem ser accionados. Assim, consideramos que se deveria conjugar a segurança humana com
a segurança mecânica. É nossa opinião que, se os dois sistemas forem usados, a segurança con-
tra danos, intrusão e roubo ficaria salvaguardada nos vários elementos constituintes do Museu.
A planificação de todo o tipo de actividades é essencial para que se determine o quadro de pes-
soal necessário para dar resposta às actividades que se prevê desenvolver. A análise da docu-
mentação efectuada, assim como o nosso conhecimento da realidade permite-nos perceber as
grandes carências ao nível das equipas nestas instituições museológicas que estão, em muitas
situações, dependentes de um grupo ou da pessoa que suporta a casa-museu do seu cônjuge,
pai ou ente próximo que se pretende homenagear. Isto deriva, frequentemente, do facto de uma
casa-museu surgir da vontade individual ou de um grupo restrito, geralmente dependente do
trabalho dessa pessoa ou grupo, na maior parte dos casos, em regime de voluntariado, não con-
templando assim uma equipa técnica de qualidade. Esta situação acaba por arrastar as casas-
museu para situações de debilidade ao nível da interpretação, estudo, criação de actividades
para os visitantes bem como do ponto de vista da conservação preventiva. A falta de recursos
humanos associa-se, obviamente, à fragilidade financeira.
Todavia, existem instituições com disponibilidade de recursos humanos que permitem o cumprimen-
to das diversas actividades de cariz museológico. Desde logo se destaca a necessidade de forma-
ção deste pessoal com vista à boa pratica das suas tarefas. Não se pretende valorizar um serviço
sobre outro, porém, devido à sua importância no contacto com o público, os guias devem ser espe-
cialmente bem seleccionados e devidamente formados. São eles a face da casa-museu, são eles
que irão transmitir as mensagens, muitas vezes, fruto de grandes processos de investigação61.
61 Hoje em dia existem estudos que definem as características essenciais a que devem obedecer os guias dos mu-
seus, por forma a dignificarem a sua instituição: “ At an interpreter’s conference in 1991, interpretative specialist Dale
Jones and I identified a list of six qualities that most speakers want in their voice, they are:
1. Vocal expressiveness. Controlled by the use of pitch, volume, and speed, the human voice is capable of
subtle nuances and shades of meaning.
2. Articulate diction. Using the lips, teeth, and tongue to shape words,…
3. Pleasing tone. Effected by the way sound resonates through our nasal and mouth…
4. Personality. This unique quality identifies each of us as individuals…
5. Projection. Both volume and energy are controlles by the release of air from our lungs to create a voice…
6. Sincerity. The most effective voices sound honest and reinforce the meaning of the spoken word.
Interpreter training materials should include books on the care and use of voice including for warm-up, flexibility, and
control.” ( PIATT 2002: 242)
68
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
No momento em que se institui uma casa-museu, de imediato se deve começar a ponderar a sua
sustentabilidade financeira. O criador/fundador deve ter a preocupação de garantir o futuro da
instituição62, preservando da melhor forma possível a estrutura física e acervo. (S/A 1934: 276).
Será que esta instituição terá forma de subsistir? Terá interesse e motivará o público a visitá-la?
Deverá ser elaborado um plano de gestão onde se avalia a instituição, o público, os meios de
gestão, os financiamentos, os recursos existentes, a criação de fontes de receita, o plano de
marketing, enfim, todos os pressupostos que viabilizam o funcionamento da unidade museoló-
gica (BUTCHER-YOUNGHANS 1993: 196).
Pela presente exposição foi apresentada a complexidade da reconversão de uma casa particular
numa organização museológica, na qual se criam condições para transmitir determinada men-
sagem, conteúdo cultural ou outro. Para além das transformações ao nível físico da estrutura da
casa, é absolutamente essencial a criação de um plano de acção que aborde a totalidade dos
serviços de um museu, criando documentos específicos para cada área determinada. Este plano
é crucial para nortear a acção da casa-museu, orientar o seu pessoal e, também, para que quem
possa chegar ao museu num outro período possa perceber as atitudes e métodos utilizados.
A casa-museu, tal como os outros museus, deve ter na sua vocação o serviço público (CREDLE
2002: 270), devendo dar as respostas que este espera de uma estrutura deste género.
O Museu de hoje é um canalizador de cultura e tem de facto, ainda, um importante papel edu-
cativo no que toca à divulgação do seu acervo cultural. Procura fazê-lo de uma forma contextu-
alizada e atractiva, no sentido de suscitar a curiosidade do público que justifica a sua existência
(GUERREIRO e ASCENSÃO 1999: 17).
62 Já se referiu neste trabalho o caso do pintor Diego Rivera que doou os seus bens e de sua mulher através de uma
instituição financeira, como forma de garantir a sua perenidade e funcionamento. (OLMEDO PATIÑO 1996: 21.)
69
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
por último, uma simbólica “emanada, más que construída, de los significados identificadores del
autor relacionados com una suerte de ontologia social o cultural”.
Devem aproveitar-se todas as potencialidades que nos são oferecidas pela personalidade, edi-
fício, acervo e memória da vivência do espaço de alguém a quem pretendemos prestar home-
nagem, para criar estruturas munidas de equipamentos e outros suportes que sejam atraentes
e que permitam a apreensão dos conteúdos que definimos para a casa-museu. Os espaços
originais devem ser conservados no seu formato original, pois só dessa forma estaremos a apre-
sentar o real espaço de vivência, não devendo deixar de equacionar a existência de áreas de
apoio, onde todos os serviços técnicos devem ser instalados até instituições que se dediquem ao
estudo da mesma personalidade que aí é evocada.
Existem neste processo algumas palavras determinantes como seriedade, equilíbrio, investiga-
ção e uma forte planificação da estrutura, para que esta se organize e responda às exigências
de um século XXI cheio de ofertas, provavelmente, mais aliciantes e de fácil captação para um
público globalizado.
70
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
2. AS CASAS-MUSEU EM PORTUGAL
71
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
2. AS CASAS-MUSEU EM PORTUGAL
73
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Relativamente à sua organização interna, uma significativa parte das instituições limita-se a um
núcleo expositivo, em certos casos sem qualquer relação com o patrono, sendo muitas delas
instituições que, numa perspectiva organizacional, nada têm a ver com uma verdadeira casa-mu-
seu, a qual pressupõe a vivência dos homenageados ou a ocorrência de acontecimentos nesse
espaço, permitindo estabelecer uma relação entre espaço, objecto e memória.
A situação neste domínio da museologia portuguesa é pouco animadora. A maioria das insti-
tuições não dignifica a categoria museológica das casas-museu. Neste estudo, foram continu-
amente procuradas soluções para as dúvidas que se iam levantando, constituindo-se, para o
efeito, um fundo documental no sentido de se obterem respostas mais precisas que permitissem
traçar um retrato real da situação das casas-museu. O objectivo não foi desenvolver um trabalho
historicista, mas sim uma dissertação que nos dê uma imagem da realidade, permitindo traçar
metas para o futuro.
Uma acção de valorização tem de ser desenvolvida pelas tutelas e pelos responsáveis como
forma de dignificarem e transformarem as casas-museu em instituições museológicas que se
implantem e ganhem um lugar relevante no panorama museológico nacional.
63 A Casa-Museu Maria da Fontinha foi criada como homenagem de um neto à sua avó. O museu apresenta as colec-
ções reunidas ao longo da vida do fundador da instituição. O patrono, no caso uma senhora, não tem qualquer relação
directa com a casa-museu. (DIAS 1999: 95).
74
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
No momento em que se decidiu iniciar este processo de investigação, para além da bibliografia
específica sobre as casas-museu, pesquisada em diversas bibliotecas e na Internet, foi sentida a
necessidade de compilar dados que permitissem uma análise da realidade das casas-museu em
Portugal. Era fundamental aceder a dados oficiais e precisos que nos prestassem informações
seguras e fiáveis. Foi solicitado à Rede Portuguesa de Museus que facultasse uma lista (anexo
1) de todas as instituições museológicas, onde constasse o termo “Casa”, tendo-se verificado a
existência de 113 unidades museológicas nessas condições. A lista, para além da designação
das instituições, permite a leitura de outros dados, tais como os diferentes tipos de tutela, contac-
tos, distribuição geográfica, assim como a sua situação do ponto de vista da abertura ao público.
De imediato, foi possível perceber que, associado ao termo “casa”, existe uma série de outros
termos que permitirão estabelecer as diferenças entre as instituições.
75
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Paralelamente, também foi possível consultar o inquérito desenvolvido pela Dr.ª Rosana Pavonni,
com vista ao estabelecimento do processo classificativo das casas-museu.
Finalmente, foi decidido elaborar um inquérito (Inquérito AP) que permitisse comparar os dados
com o inquérito OAC/IPM, uma vez que este tinha sido realizado em 1998. Era possível que se
tivessem operado algumas alterações qualitativas. O desenvolvimento do questionário, que teve
por base os dois inquéritos anteriores, acrescentou algumas questões consideradas essenciais
a esta investigação.
2.2. O INQUÉRITO AP
76
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
questões de carácter mais técnico ou legal, em muitos questionários, não se obteve qualquer
resposta.
77
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Após o envio dos questionários, foram contactadas todas as instituições, a fim de ser apresen-
tado o projecto de investigação e explicado o objectivo do inquérito, tendo sido assinalada a
importância da colaboração de cada uma das instituições. Passadas três semanas, encetou-se
novo contacto com as instituições que ainda não tinham respondido. Quando se aproximava a
data estabelecida como limite para a recepção de respostas, contactaram-se, novamente, as
unidades museológicas com respostas em atraso. Apesar de toda a persistência, só foi possível
obter uma resposta a 67,1% dos inquéritos enviados (anexo 8 e 9).
O primeiro ponto do inquérito, para além da identificação da casa-museu, pretendia recolher in-
formações sobre a localização da instituição, os seus contactos, assim como a sua tutela.
78
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Depois dos recursos financeiros, formularam-se questões sobre os recursos humanos. É do conhe-
cimento geral que os museus sofrem de uma grande carência de pessoal, sendo o existente
pouco qualificado técnica e profissionalmente.
O inquérito terminava com uma questão aberta, pretendendo dar aos responsáveis das casas-
museu, constituintes da nossa amostra, a possibilidade de identificar quais as principais carên-
cias da sua unidade museológica.
O panorama das casas-museu em Portugal é muito diversificado, proliferando um pouco por todo
o país, com características diferenciadas e tipos de funcionamento bastante diversificado. A selec-
ção da amostra visa a análise de unidades museológicas de diferentes tutelas, do IPM às Câma-
ras Municipais, das Juntas de Freguesia às associações, passando pelas fundações, entidades
religiosas, empresas, universidades e particulares, assim como a sua distribuição geográfica em
79
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Portugal. Das setenta casas-museu seleccionadas, não foi enviado a duas delas o inquérito,
uma vez que no primeiro contacto telefónico se verificou não corresponderem aos pressupostos
mínimos para serem consideradas casas-museu.
Importa, antes de passar à apresentação dos resultados (anexo 7), salientar o número elevado
de inquéritos não respondidos (anexo 8 e anexo 9). Percebeu-se uma diferença substancial en-
tre a quantidade de respostas dadas a um inquérito oficial (OAC|IPM) e outro solicitado por um
investigador sem relação com nenhuma instituição pública.
Outra nota prévia prende-se com as respostas recebidas e que nada têm a ver com as questões
apresentadas, o que permite concluir que alguns responsáveis pelas instituições museológicas
não têm a formação técnica necessária que lhes permita entender as questões apresentadas.
2.3.1. Tutelas
Para se proceder à análise alargada das tutelas que exercem o seu domínio sobre as casas-
museu portuguesas, trabalhou-se a listagem fornecida pela RPM, uma vez que se trata da fonte
que fornece informações sobre a totalidade das instituições que oficialmente se podem integrar
nesta categoria de museus. As Câmaras Municipais são as instituições políticas dominantes do
ponto de vista tutelar, tal como acontece no âmbito da museologia portuguesa em geral (NEVES
e SANTOS 2006: 7). Das 113 casas-museu indicadas no Doc. RPM, 39 integram as estruturas
municipais, logo seguidas por casas-museu tuteladas por Juntas de Freguesia, Associações e
Fundações. A diversidade de tutelas é perceptível na análise do quadro 4 do anexo 2.
80
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Câmaras Municipais
35
Associações Culturais e Outras
Juntas de Freguesia
30 Fundações
Particulares
Direcções Regionais
25 Grupos Folclóricos
IPM
Santas Casas da Misericórdia
20 Empresas
Centros Sociais e Paroquiais
Instituições Religiosas
15
Ligas de Amigos
Institutos Públicos
10 10 10
10 9 Empresas Municipais
Universidades
6
5 Comissões Administrativas
5 4 Parques Naturais
3 3
2 2 2 2 2 2
1 1
0
A predominância da tutela autárquica pode relacionar-se com o facto deste tipo de instituições ser
um dos meios utilizados para a valorização de determinada área geográfica, para a salvaguarda
dos valores locais ou para homenagear uma figura que em determinado município se destacou
na vida pública. Não pode deixar de referir-se o inquérito do OAC/IPM, onde foram analisados
39 inquéritos, nos quais são referenciadas 23 casas-museu tuteladas por entidades públicas, 16
das quais por Câmaras Municipais. De entre as casas-museu tuteladas por entidades privadas
destacam-se as dirigidas por Fundações (quadros 6 e 7 do anexo 4).
Ressalta desta análise o baixo número de unidades museológicas deste tipo no universo do Insti-
tuto Português de Museus, registando-se apenas quatro situações: a Casa-Museu Dr. Anastácio
Gonçalves, a Casa-Museu Manuel Mendes, a Casa-Museu Fernando de Castro, a Casa-Museu
Almeida Moreira que recentemente reabriu ao público convertida num museu de arte, onde se
apresentam as colecções do Capitão Almeida Moreira. Destas, apenas a Casa-Museu Dr. Anas-
tácio Gonçalves tem funcionamento autónomo, encontrando-se as outras unidades integradas
em museus generalistas do universo IPM: o Museu do Chiado, o Museu Nacional Soares dos
Reis e o Museu Grão Vasco, respectivamente. A administração central faz, também, sentir a sua
influência através de instituições universitárias. A Universidade do Minho e a Universidade do
Porto, tutelam casas-museu no âmbito das suas actividades académicas.
Quando foi definido o universo da amostra para o Inquérito AP, teve-se por objectivo abranger todas
as tipologias de tutelas. Face à predominância da tutela autárquica sobre o universo das casas-
museu, foram enviados 20 inquéritos a instituições de direcção municipal, para os quais foi possível
obter 15 respostas. O quadro 1 do inquérito AP (anexo 7), permite observar a selecção efectuada
do ponto de vista tutelar para constituir o universo da amostra do inquérito levado a efeito.
81
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Analisando os diferentes núcleos de informação do Doc. RPM, e tentando cruzar estes dados,
pode observar-se que das 113 unidades museológicas referidas, 24 eram intenções ou projectos
para criar casas-museu. Destes, 16 pertenciam às Câmaras Municipais, sendo os restantes 8
distribuídos por Juntas de Freguesia, Associações, Universidades e Direcções Regionais. Mais
uma vez se observa que a dinâmica museológica nacional está muito relacionada com a admi-
nistração local, com factores positivos e negativos que daí advêem.
Conforme se pode verificar, pela análise do quadro que seguidamente se apresenta, da Rede
Portuguesa de Museus só fazem parte casas-museu do IPM, algumas Câmaras Municipais, uma
Associação e uma Direcção Regional Madeirense.
82
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
CM da Ordem Terceira de
IR S. Francisco
CM Padre Belo
A análise deste quadro levantou algumas questões, nomeadamente o porquê de um tão reduzido
número de casas-museu no âmbito da Rede Portuguesa de Museus, sendo que das 13 casas-
museu 4 têm admissão directa por integrarem museus do IPM. Para obter respostas, foram
contactadas as responsáveis da RPM, com as quais se aventaram algumas explicações. Todas
as casas-museu que formularam o seu pedido de adesão foram aceites. Muitas, como empirica-
mente se percebe, não têm qualificações para aderirem à RPM, e algumas delas, provavelmen-
te, não conhecerão a existência desta instituição.
Por outro lado, as casas-museu integradas nas universidades ou em fundações, com estruturas
desenvolvidas, trabalho de qualidade e recursos humanos qualificados, também não integram a
estrutura referida. Levantaram-se algumas hipóteses. Os responsáveis por estas unidades mu-
seológicas não estão interessados em submeter a sua actividade a estruturas externas; as ca-
sas-museu universitárias, pertencendo à administração central, não podem concorrer aos fundos
para requalificação dos museus portugueses; daí o seu desinteresse pela RPM. As Fundações,
em muitos casos, têm capacidade financeira para assegurar o seu funcionamento não necessi-
tando, por isso, de apoios externos para a sua actividade.
83
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Ao relacionar as terminologias com as diferentes tutelas, podem ser observadas algumas situa-
ções. Das quatro casas-museu, integradas no IPM, três67 assumem esta terminologia, resultam
de colecções de personalidades, sendo a sua acção direccionada para a salvaguarda e apre-
sentação de uma colecção directamente relacionada com uma personalidade, estando o home-
nageado, mais ou menos, presente nesse espaço. A sua existência revela-se, no mínimo, pela
selecção de objectos de arte de que se rodeou.
64 Tal como a Casa-Museu Comendador Nunes Correia, a Casa-Museu Mário Botas, entre outras.
65 É o caso da Casa de Bocage, da Casa-Museu Fernando Namora, da Casa de Fernando Pessoa entre outras no
universo analisado.
66 Dentro destas especificidades podemos destacar a Casa-Museu Regional de Oliveira de Azeméis, ou a Casa-Mu-
seu de Glória do Ribatejo, onde se apresentam exposições de carácter etnográfico, sem contexto de vivência.
67 Conforme se referiu anteriormente, a Casa-Museu Almeida Moreira foi convertida num museu de arte com o nome
do doador da colecção.
84
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
As Autarquias, assim como as associações locais, criam casas-museu com diferentes objectivos
e terminologias (casa-museu, casa rural, casa tradicional, casa memorial) pretendendo homena-
gear personalidades locais ou ressalvar aspectos tradicionais das suas áreas de implantação. As
Fundações, por seu lado, estão mais relacionadas com a homenagem a personalidades, onde,
muitas vezes, o patrono da Casa-Museu é o patrono da Fundação, sendo possível observar que,
da amostra seleccionada, todas as unidades se denominam de casa-museu. Ao analisar o Doc.
RPM, constata-se que, na grande maioria, os patronos das Fundações são epónimos das casas-
museu.
Antes da análise das questões funcionais, pretende-se deixar uma imagem da distribuição geo-
gráfica, segundo o Doc. RPM (anexo 2, quadro 2).
85
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Destacam-se, essencialmente, 3 zonas com uma grande concentração deste tipo de museus: a
Região Centro, Lisboa e Vale do Tejo e a Região Norte, com mais casos na zona mais próxima
do litoral do que do interior do país. À semelhança do que acontece no panorama dos museus
generalistas, o Alentejo e o Algarve continuam a manifestar uma baixa concentração de unidades
museológicas no panorama nacional.
Com diferentes tipos de tutela, as casas-museu açorianas, de acordo com o Doc. RPM, destacam-
se pela sua forte componente etnográfica. Por seu lado, nas ilhas do Arquipélago da Madeira, as re-
ferências às casas-museu permitem perceber a sua actividade direccionada para o estudo da vida,
obra e colecções de determinadas personalidades. Destaca-se a Casa de Colombo por se tratar de
um museu de história, onde se apresentam rotas marítimas, a importância da ilha de Porto Santo na
história das navegações, não estando enquadrada naquilo que se considera uma casa-museu.
As casas-museu alentejanas apresentam uma forte componente etnográfica, tal como a Casa-Agríco-
la José Mota Cortes, a Casa-Museu do Mineiro ou a Casa-Museu do Alpalhão, ressaltando algumas
excepções, onde se enquadram a Casa-Museu José Régio de Portalegre ou a Casa-Museu Manuel
Ribeiro de Pavia, podendo aqui observar-se a vida, obra ou colecção do patrono. Por seu lado, no
Algarve, através do Doc. RPM, é possível observar a existência de casas-museu de diferentes tipos:
umas dedicadas a personalidades, outras de carácter etnográfico e ainda outras que se enquadram
mais no âmbito de estruturas culturais generalistas do que no domínio das casas-museu.
Por sua vez, na região centro, Lisboa ,Vale do Tejo e na região Norte, dada a proliferação de
Instituições Museológicas, as Casas-Museu integram-se nas mais diversas tipologias. Umas
dedicadas a personalidades, outras de carácter etnográfico, centros de documentação ou cen-
tros culturais preenchem o mapa nacional das instituições culturais vulgarmente designadas por
casas ou casas-museu.
A análise dos dados relacionados com os principais períodos de fundação e abertura ao público
das casas-museu que, por sua vez, se ligam à evolução histórica do nosso país, mostra que o
86
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
% %
47 resp. 39 resp.
I. AP I. OAC|IPM
N. Responde 10,64
Sem funcionamento 4,26
A inaugurar 4,26
Década de 40 2,13
Década de 50 6,38 0
Década de 60 4,26 14,71
Década de 70 8,51 20,59
Década de 80 23,4 32,35
Década de 90 27,65 32,35
A partir do ano 2000 8,51
Tabela comparativa de dados resultantes dos dois inquéritos estudados, referentes à abertura ao público das casas-
museu que integram as amostras.
87
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
As razões de ordem educacional e cultural70 são aquelas que se seguem na lista de resultados
obtidos, seguindo-se-lhes as motivações que se relacionam com a divulgação do património
local ou regional71. As casas-museu de carácter geográfico ou etnográfico, ao apresentarem
modos de vida de determinado local ou região, pretendem, muitas vezes, ilustrar uma tipologia
de arquitectura regional.
No âmbito do estudo acerca da criação das casas-museu, que integram a amostra, interessa
conhecer quem foi responsável pela respectiva iniciativa de criação.
69 A análise da missão da Casa-Museu Fernando de Castro, localizada na cidade do Porto, apresenta-nos como mis-
são a salvaguarda do património reunido pelo patrono. Com semelhante missão encontrámos a Casa-Museu Manuel
Mendes, ambas as instituições no universo do IPM. Porém, também noutras tutelas encontrámos a mesma missão
para instituições museológicas desta tipologia, tais como a Casa-Museu dos Patudos ou a Casa-Museu de José Régio
em Portalegre, no âmbito da tutela municipal.
70 Missões dentro deste âmbito são apresentadas por diversas unidades museológicas, de entre elas a Casa-Museu
Abel Salazar, a Casa-Museu Leal da Câmara ou a Casa Fernando Pessoa.
71 Tais como a Casa Rural Tradicional da Chamusca, a Casa-Museu do Jarmelo ou a Casa-Museu do Pescador da Nazaré.
88
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
89
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
do patrono, de familiares ou amigos que conjugam os seus interesses com entidades públicas
de diversa ordem. A análise das respostas aos questionários permite perceber que entre as
entidades públicas e os privados são celebrados diferentes tipos de contratos, os quais podem
passar por testamentos, doações, ou outros, através dos quais se pretendem salvaguardar as
casas, as colecções e as memórias, mas, acima de tudo, garantir a sustentabilidade financeira
da instituição museológica.
As casas-museu instituídas por entidades públicas tais como Câmaras Municipais e Juntas de
Freguesia, apresentam uma forte componente etnográfica. Por outro lado, instituições museoló-
gicas onde se homenageia uma personalidade, a qual não esteve presente na sua génese, dão
origem a museus generalistas onde se apresentam colecções diversas, ou museus de personali-
dades, onde se expõem aspectos da vida ou da obra do homenageado sem que se apresentem
aspectos de vivência quotidiana.
Importa, antes de continuar, tentar perceber a importância e relevância dos patronos das casas-
museu portuguesas do ponto de vista Local/Regional, Nacional e Internacional.
Porém, será interessante observar, nestes valores, a relevância que se consegue conferir a cada
uma destas personalidades.
Relevância do Patrono
Relevância Relevância
Sim Relevância
Local / Internacio-
Não Nacional
Regional nal
CM Dr. Anastácio Gonçalves
CM Almeida Moreira
IPM
CM Manuel Mendes
CM Fernando de Castro
CM CM Leal da Câmara
CM Egas Moniz
CM dos Patudos
CM Pintor José Cercas
C da Cultura - Casa da Botica
CM Guerra Junqueiro
Casa Oficina António Carneiro
CM de Camilo
C Rural Tradicional - Museu Etnográfico
CM Marta Ortigão Sampaio
CM Teixeira Lopes
C Roque Gameiro
90
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
CM Fernando Namora
CM José Régio - VC
CM José Régio - P
CM João de Deus
Casa de Bocage
Casa Fernando Pessoa
C Memorial Lopes Graça
CM Ferreira de Castro
CM Soledad Malvar
CM Manuel Ribeiro de Pavia
CM de Ferro
C da Malta
Museu Mineiro
CM de Pechão
JF CM de S. Jorge da Beira
CM de Jarmelo
CM José Antunes Pissarra
CM Palmira Bastos
CM Miguel Torga
CM Abel Salazar
CM Joaquim Ferreira
Ctrad. de Glória do Ribatejo
CM de Penacova
ASS
Casa-Museu Regional de Oliveira de Azeméis
Casa Memorial Humberto Delgado
CM Manuel Luciano da Silva
CM do Paúl
CM Frederico de Freitas
Casa de Colombo
DR
CM Armando C.-Rodrigues
C Derreter Baleias - Lajes
CM S. Rafael
EMP Casa da Malta
CM Ramos Pinto
CM C.dor Nunes Correia
CM de Aljustrel
IR
CM da Ordem Terceira de S. Francisco
CM Padre Belo
C da Cultura António Bentes
Museu do Traje Algarvio
CM Maurício Penha
CM Marieta Solheiro Madureira
CM D.ª Maria Emilia Vasconcelos Cabral
FUND
CM Bissaya Barreto
CM Eng.º António de Almeida
CM Biblioteca Aquilino Ribeiro
CM João Soares
CM Mário Botas
CM Nogueira da Silva
UNIV CM de Monção
CM Marques da Silva
91
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
CM Maria da Fontinha
Casa Agrícola José Mota Cortes
PART CM João da Silva
CM do Pescador da Nazaré
CM Dr. Horácio B. Gouveia
Legenda
Sim
Não
30
23 23
24 Local / Regional
20 Nacional
Internacional
10
5
2.3.8. As Colecções
Após a análise das casas-museu do ponto de vista institucional e da sua abertura ao público,
apresentam-se os resultados verificados sobre as tipologias de colecções e a forma como se
integram nas estruturas museológicas72.
Os resultados recolhidos não são 100% consensuais; porém, permitem determinar as prin-
cipais tipologias de colecções. Se o Doc. RPM (anexo 2, quadro 3) permite verificar que das
72 Os resultados dos dois inquéritos permitiu constatar que a generalidade das instituições que respondeu às questões
apresentadas sobre este assunto assinalou mais do que uma resposta, comprovando-se assim a conjugação de peças
de tipos diferentes nas casas-museu.
92
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
113 unidades museológicas indicadas, 44 não têm colecção definida, situação que advém da
diversidade de objectos que possuem, os inquéritos que sustentam esta dissertação apontam
como colecções dominantes as de arte, seguidas pelas colecções de carácter etnográfico e
etnológico.
A análise dos quadros 6 (anexo 7) e 9 (anexo 4) permite perceber a grande diversidade de co-
lecções identificadas, algumas que conjugando-se, dão origem a instituições de enorme valor
artístico e, muitas vezes, fundamentais na salvaguarda do património nacional. As casas-museu
em Portugal, num número significativo de casos, apresentam peças de coleccionadores, porém,
não integradas em ambientes de vivência. A figura tutelar aparece somente como um meio que
potencia a salvaguarda das colecções. Na Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, podem conhe-
cer-se as colecções do seu patrono organizadas ao longo da sua vida no seu espaço de residên-
cia; a Casa-Museu Fernando de Castro apresenta as colecções do patrono, por ele organizadas
no seu espaço de quotidiano, mas podem encontrar-se muitas outras situações, tais como na
Casa-Museu Guerra Junqueiro, na Casa-Museu Marta Ortigão Sampaio, na Casa-Museu Pintor
José Cercas, na Casa-Museu Frederico Freitas, entre outras que fazem parte do fundo docu-
mental desta dissertação onde os acervos aparecem sem enquadramento doméstico ou com
ambientes de vivência recriados.
Não estando directamente expressa nos questionários e sendo subjectiva a sua avaliação, pro-
cedeu-se ao desenvolvimento de um quadro onde se tentou aferir da relevância das colecções
existentes nas casas-museu estudadas. Desta forma, pretendeu-se, também, avaliar a pertinên-
cia da própria instituição no panorama museológico em geral.
93
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Relevância
Local/ Relevância Relevância
Regional Nacional Internacional
CM Dr. Anastácio Gonçalves
CM Almeida Moreira
IPM
CM Manuel Mendes
CM Fernando de Castro
CM Leal da Câmara
CM Guerra Junqueiro
CM Teixeira Lopes
CM C Roque Gameiro
CM Fernando Namora
CM José Régio - VC
CM José Régio - P
CM João de Deus
CM Ferreira de Castro
CM de Ferro
C da Malta
Museu Mineiro
JF CM de Pechão
CM de Jarmelo
CM Palmira Bastos
CM Abel Salazar
DR CM Frederico de Freitas
CM S. Rafael
CM Ramos Pinto
CM de Aljustrel
IR
CM Padre Belo
C da Cultura António Bentes
Museu do Traje Algarvio
CM Marieta Solheiro Madureira
CM D.ª Maria Emilia
Vasconcelos Cabral
CM Bissaya Barreto
CM João Soares
CM Mário Botas
94
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Este quadro permite constatar que as colecções mais relevantes se encontram sob o domínio do
IPM, de algumas casas-museu tuteladas pelas Câmaras Municipais e por Fundações. As colec-
ções que integram casas-museu de Juntas de Freguesia, Associações e instituições religiosas e
particulares, assumem uma clara relevância de confinidade local e regional.
30
25 26
Local / Regional
20 21
Nacional
15
Internacional
10
5 2
A qualidade e relevância das colecções existentes podem ser reveladoras da qualidade e impor-
tância da própria instituição museológica.
95
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
O modo legal de incorporação das colecções é um elemento importante neste estudo, uma
vez que ao fazer a doação, os doadores destas colecções e outros bens, móveis e imóveis,
estabelecem cláusulas de salvaguarda que obrigam a determinadas condicionantes, situa-
ção que pode desencorajar ou inviabilizar a criação ou desenvolvimento das instituições
museológicas.
Como primeiro exemplo, pode referir-se o Dr. Anastácio Gonçalves que impôs, como condição,
que a colecção com o seu nome não fosse dispersa. Por outro lado, Fernando de Castro esta-
beleceu que os objectos devem ser mantidos em exposição tal como ele os deixou, sendo que
os bens apenas poderiam ser retirados da casa temporariamente e em situações muito espe-
cíficas de exposições temporárias e restauros que, eventualmente, fossem necessários. Pode
observar-se que as cláusulas de salvaguarda impostas na instituição da Casa-Museu Marta
Ortigão Sampaio funcionam como forma de perpetuar a memória da coleccionadora e a não
dispersão das suas colecções. Foi, todavia, no inquérito recebido da Casa dos Patudos, que se
pôde analisar um conjunto de cláusulas mais estruturado, que permitiu perceber o cuidado que
muitas destas pessoas tinham com os seus bens. José Relvas determinou, no momento do seu
legado à Câmara Municipal de Alpiarça, que a casa não devia sofrer alterações sem autorização
do Estado, sendo que, no caso de serem realizadas obras, estas deveriam ser dirigidas por um
arquitecto que fosse fiel à arquitectura tradicional portuguesa; nenhum espécime da colecção
poderia ser alienado, nem deveria existir corrente eléctrica no edifício, devendo os trabalhos de
conservação e restauro ser executados por peritos.
96
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
A aquisição da Casa-Museu José Régio de Portalegre pela respectiva Câmara Municipal, conti-
nha uma cláusula no sentido da não alteração da exposição existente nas salas mais utilizadas
por José Régio. Por seu turno, a Casa-Museu Ferreira de Castro ficou com a obrigação de recriar
o ambiente doméstico da infância do escritor.
A Casa-Museu Regional de Oliveira de Azeméis, que deveria ser considerada um museu etno-
gráfico, uma vez que o seu propósito é a defesa do património da região do Douro e do Vouga,
tem, como cláusula de salvaguarda por parte dos seus fundadores, a obrigatoriedade de ser
designada Casa-Museu.
Inquérito AP
Abertura ao Acolhimento Serviços Divulgação Inventariação
Exposição Investigação Conservação
Público ao público Educativos conhecimento Catalogação
1- CM Dr. Anastácio
3 3 3 3 3 3 3 3
Gonçalves 75
2- CM Almeida Moreira 3 2 3 0 2 0 3 3
IPM
3- CM Manuel Mendes 1 1 2 0 2 0 3 3
4- CM Fernando de
3 2 3 1 2 3 3 3
Castro
CM 5- CM Leal da Câmara 3 3 3 3 2 3 2 3
7- CM dos Patudos 3 3 3 3 3 3 3 3
8- CM Pintor José
3 2 3 0 0 0 2 2
Cercas
9- CM Guerra Junqueiro 3 3 3 3 3 3 3 3
10- Casa Oficina António
1 1 1 1 0 0 2 2
Carneiro
12- C Rural Tradicional
2 2 2 0 0 0 0 0
Museu Etnográfico
13- CM Marta Ortigão
3 3 3 3 3 3 2 2
Sampaio
15- C Roque Gameiro 3 2 2 2 2 2 2 0
16- CM Fernando
3 2 2 0 2 0 2 0
Namora
17- CM José Régio - VC 3 3 3 3 3 3 3 3
18- CM José Régio - P 3 3 3 3 0 0 2 3
19- CM João de Deus 3 2 3 2 2 2 3 0
21- Casa Fernando
3 3 3 2 3 0 3 3
Pessoa
22- C Memorial Lopes
1 1 2 0 0 0 0 0
Graça
23- CM Ferreira de
3 0 3 1 2 3 2 2
Castro
25- CM Manuel Ribeiro
0 2 2 1 1 1 2 1
de Pavia
75 Os números que precedem a identificação de cada casa-museu permitem identificar a unidade museológica na
listagem onde se apresenta uma breve descrição da mesma, com base na entrevista efectuada aos directores das
instituições estudadas, chegando-se nesse momento à conclusão que algumas unidades museológicas se encontram
encerradas, as quais se encontram indicadas na tabela de identificação das Casas-Museu em Portugal.
97
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
CM de Ferro 0 0 0 0 0 0 0 0
26- C da Malta
3 0 2 0 1 1 2 0
JF Museu Mineiro
28- CM de Jarmelo 2 2 2 1 0 0 3 0
29- CM Palmira Bastos 2 2 2 1 1 1 1 1
32- CM Abel Salazar 3 3 3 3 3 3 3 3
30- Ctrad. de Glória do
2 2 2 2 2 2 3 1
ASS Ribatejo
CM de Penacova 1 1 1 1 1 1 1 1
31- CM Reg. Oliveira
3 2 2 1 2 2 2 2
Azeméis
35- CM Frederico de
DR Freitas 3 3 3 3 2 0 3 3
39- CM S. Rafael 2 0 2 0 0 0 0 0
EMP 40- Casa da Malta 3 0 3 1 1 1 3 2
41- CM Ramos Pinto 1 2 3 2 3 3 2 3
42- CM C.dor Nunes
2 2 3 1 1 1 2 1
Correia
43- CM de Aljustrel 3 2 2 2 0 0 2 0
IR 45- CM Padre Belo 3 3 3 3 2 1 3 2
46- C da Cultura António
Bentes 3 1 2 2 2 2 2 1
Museu do Traje Algarvio
48- CM Marieta Solheiro
3 2 3 2 2 2 2 3
Madureira
49- CM D.ª Maria Emilia
3 2 3 1 1 1 2 2
Vasconcelos Cabral
50- CM Bissaya Barreto 3 2 3 1 2 2 2 0
FUND 51- CM Eng.º António de 3 2 3 2 2 3 2 0
Almeida
52- CM Bibl. Aquilino
3 1 2 0 1 0 2 0
Ribeiro
53- CM João Soares 3 3 3 3 2 2 3 3
54- CM Mário Botas 1 1 1 1 1 1 2 0
55- CM Nogueira da
UNIV Silva 3 3 3 3 3 3 3 3
58- Casa Agrícola José
2 2 2 2 1 2 2 2
Mota Cortes
59- CM do pescador da
PART 2 1 2 1 1 1 2 0
Nazaré
60- CM Dr. Horácio B.
Gouveia
2 2 2 1 2 2 1 1
Quadros com as actividades museológicas descritas nos questionários do Inquérito AP.
0- Não Respondeu, 1- Não, 2- Sim, 3- Sim
Uma análise mais detalhada proporcionada pelos dois inquéritos trabalhados, permite observar
a existência de casas-museu a funcionar com horários regulares de abertura ao público; outras,
temporariamente encerradas; ainda algumas com funcionamento sazonal, e mesmo algumas
que só abrem com marcação prévia (anexo 7 quadro 16, anexo 4 quadro 4).
98
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Abertura ao Público
40
31 N. Respondeu
30
Não
20 Sim - 2
Sim - 3
10 9
2 5
0
Gráfico resultante dos dados da coluna “abertura ao Público” do quadro de avaliação das funções museológicas.
À primeira vista, a observação deste gráfico leva a supor que a realidade do ponto de vista da
abertura ao público se encontra, na generalidade, bem programada. Apesar de tudo, foi neces-
sário estabelecer uma graduação das respostas positivas. Assim, ao número 2 correspondem as
respostas que indicam que a unidade museológica se encontra aberta ao público, todavia, sem
horário de funcionamento definido, sendo necessária a marcação prévia. O número 3 refere-se
às instituições com horário mais ou menos alargado, com abertura só nos dias úteis ou incluindo
o fim de semana, com um período de funcionamento diário mais ou menos alargado, porém,
apresentam uma definição do período em que se encontram disponíveis para visita, sem que
seja necessário contacto prévio.
Ao tentar conjugar alguns elementos de avaliação da realidade, utilizando os dados fornecidos pelo
inquérito AP, nomeadamente a tutela com a existência de horário de funcionamento, verifica-se que as
casas-museu tuteladas por Câmaras Municipais mantêm horários de funcionamento regulares, com
diversas formatações, dependentes das decisões das entidades responsáveis, sendo alguns horá-
rios mais adaptados à realidade museológica do que outras. Algumas unidades apresentam horários
coincidentes com o funcionamento administrativo das autarquias, sendo as visitas ao fim-de-semana
possíveis num número considerável de unidades museológicas. A análise das respostas enviadas
pelas casas-museu do IPM permitiram constatar 3 tipos de horários de funcionamento para o público.
A Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves e a Casa-Museu Fernando de Castro apresentam horários de
funcionamento alargados e regulares, a Casa-Museu Almeida Moreira, que se encontrava encerrada
ao público, reabriu no final do ano 2006 com horário regular, e a Casa-Museu Manuel Mendes só
permite visitas mediante marcação prévia, uma vez que não se encontra permanentemente aberta.
Observando os questionários remetidos pelas Juntas de Freguesia, observa-se a prática de diferentes
tipos de abertura ao público, horários regulares de funcionamento museológico, que compreendem o
fim-de-semana, horários de funcionamento que correspondem ao serviço administrativo e unidades
museológicas que só abrem portas mediante marcação prévia. A mesma situação é observada no âm-
bito das casas-museu tuteladas por Associações. O funcionamento de tais unidades museológicas in-
tegradas nestas tutelas manifestam as dificuldades e deficiências gerais do seu funcionamento.
99
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
A análise dos questionários recebidos da Ilha da Madeira permitem constatar horários diferencia-
dos de acordo com a diferença das tutelas. As casas-museu dirigidas pelas Direcções Regionais
apresentam um horário de funcionamento regular, incluindo abertura ao fim-de-semana. A casa-
museu de tutela particular só funciona mediante marcação prévia. As casas-museu tuteladas por
empresas só funcionam nos dias úteis. As de tutela religiosa têm horários de diferentes formatos,
mais ou menos alargados consoante têm mais ou menos disponibilidade de recursos humanos.
Por seu lado, as casas-museu integradas em Fundações são aquelas que, na grande maioria,
têm horários de funcionamento mais adequado à realidade museológica, com abertura nos dias
úteis e fins-de-semana. Por seu lado, a Casa-Museu Nogueira da Silva, de tutela universitária,
apresenta um horário de funcionamento regular com abertura ao fim-de-semana, o que facilita o
acesso dos diferentes públicos.
Esta diversidade de horários deverá ser relacionada, por um lado, com o número de visitantes que
as instituições em questão apresentam e, por outro, com a disponibilidade de recursos humanos
que permitam o seu regular funcionamento. A Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves apresenta
um horário de funcionamento permanente, tendo somente a segunda-feira como dia de descan-
so, com doze funcionários que asseguram as diferentes valências do serviço museológico, tendo
uma média anual de cerca de 8.000 visitantes. A Casa-Museu Guerra Junqueiro, de tutela muni-
cipal, apresenta um serviço museológico global, aparentemente bem estruturado, com um quadro
de pessoal alargado, com horário de funcionamento regular, recebendo cerca de 6000 visitantes
anuais. Por outro lado, a Casa-Museu Fernando Namora, que só abre ao público nos dias úteis,
refere apenas um funcionário, não indicando o número médio anual de visitantes. Por seu turno,
a Casa-Museu do Jarmelo, que só funciona ao fim-de-semana, recebe cerca de 950 visitantes por
ano, não fornecendo qualquer informação do ponto de vista do pessoal. A Casa-Museu de Ferro,
que no inquérito do IPM|OAC aparece como uma estrutura já com alguma organização, no ques-
tionário AP é apresentada como mera intenção de criação de Casa-Museu.
76 Cf. quadros de resultados n.ºs 13 e 32 do anexo 4 e quadros de resultados n.ºs 14, 22, 23 do anexo 7.
100
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Acolhimento ao Público
25
20 21
N. Respondeu
15 Não
13 Sim - 2
10 Sim - 3
8
5 5
Gráfico resultante dos dados da coluna “acolhimento ao Público” do quadro de avaliação das funções museológicas.
Quais são, como se programam, como se desenvolvem, foram algumas questões colocadas,
tendo a análise aos dois inquéritos revelado pouca diversidade. Contrariamente àquilo que numa
percepção imediata do gráfico faria pensar, o acolhimento ao público resume-se, em muitos
casos, à recepção dos visitantes por um funcionário ou guia, assim como a disponibilização de
visitas guiadas pelos trabalhadores da instituição. As principais actividades prendem-se com
a realização de exposições, essencialmente permanentes, algumas temporárias, às quais são
facilitadas visitas guiadas. Porém, em poucos casos, existem referências a conferências ou
espectáculos. É reconhecida, pela análise das respostas, a falta de inovação, o pouco recurso
às novas tecnologias, e à definição de programas interactivos. As casas-museu portuguesas
continuam a limitar as suas publicações ao desdobrável. Mais uma vez é possível pensar que a
falta de recursos humanos qualificados, assim como a falta de recursos financeiros, têm tornado
amorfas estas instituições museológicas e sem capacidade de captar o público. Sobre os meios
de comunicação utilizados para o estabelecimento de relações com o público, verificou-se que
se utilizam essencialmente os instrumentos de comunicação em papel, estando os audio-visuais
limitados a um reduzido número de instituições77.
Ao nível dos espaços de acolhimento, os dois inquéritos indicam a mesma tipologia de espaços,
de onde se destaca a existência de café, loja, espaços de recepção e áreas para exposições
temporárias. Todavia, não convém deixar de observar que estes espaços sociais, que devem
integrar as estruturas museológicas contemporâneas, existem num número muito reduzido de
unidades estudadas.
77 A resposta a esta questão deixou a impressão de que esta não foi entendida por muitas instituições. Um número
significativo de casas-museu entendeu que nós questionávamos acerca dos meios de comunicação social e não sobre
instrumentos de comunicação.
101
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
2.3.10.3. Exposição
Exposição
25
21 22
20 N. Respondeu
15 Não
Sim - 2
10
Sim - 3
5
1 3
0
Gráfico resultante dos dados da coluna “exposição” do quadro de avaliação das funções museológicas.
102
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
103
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Quando se tenta aferir a existência de serviços educativos organizados, com actividades pro-
gramadas, o inquérito OAC|IPM apresenta um número relativamente diferente daquele que se
conseguiu obter no inquérito AP. No primeiro, 69,23% das instituições referem a existência de
serviços educativos79. Mais uma vez, quando se tenta perceber qual a estrutura educacional,
verifica-se que esta se limita à organização de visitas guiadas, sendo as restantes actividades
pouco expressivas. Porém, a análise do inquérito AP é bem menos animadora80: à questão
formulada que pretendia indagar sobre a existência de serviços educativos, 21,28% não davam
qualquer resposta, tendo 31,91% respondido negativamente à questão; pressupõe-se, assim,
que cerca de 53% das unidades museológicas não promovem qualquer actividade educativa no
âmbito dos seus serviços.
104
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Serviços Educativos
15 15
12 N. Respondeu
10 10 10 Não
Sim - 2
5 Sim - 3
Gráfico resultante dos dados da coluna “serviços educativos” do quadro de avaliação das funções museológicas.
O gráfico atrás apresentado revela que a maior parte das unidades museológicas estudadas
não desenvolve qualquer actividade de serviço educativo, e, daquelas que indicam esta activida-
de, poucas casas-museu dispõem de serviços educativos de qualidade, bem estruturados; daí
merecerem ser assinalados pela importância que assumem na transmissão de conhecimentos,
a Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, a Casa-Museu Guerra Junqueiro, a Casa-Museu No-
gueira da Silva, a Casa-Museu Leal da Câmara, a Casa-Museu João Soares e a Casa-Museu
Frederico de Freitas.
2.3.10.5. Investigação
A análise desta função museológica suscita algumas dúvidas, quando se observam os resulta-
dos às diferentes questões apresentadas sobre este tema nos dois inquéritos recolhidos. No que
concerne à existência de um programa de investigação, 55,32% das instituições não respondeu,
no inquérito AP, levando a crer que não desenvolvem qualquer acção de investigação81, número
que vem confirmar os dados compilados na análise do inquérito OAC|IPM82. Porém, a quan-
tidade de instituições que assinalam contactos entre comunidades científicas é relativamente
diferente83. Depreende-se, assim, que as acções de investigação podem ser esporádicas e,
essencialmente, motivadas por interesses externos às instituições museológicas em causa.
105
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Investigação
20
18 N. Respondeu
15 Não
10 11 Sim - 2
9 9
5 Sim - 3
Gráfico resultante dos dados da coluna “investigação” do quadro de avaliação das funções museológicas.
A observação dos resultados dos inquéritos analisados (anexo 4, quadro 37 e anexo 7, quadros
23 e 27) demonstra a forma como estas instituições museológicas transmitem e apresentam ao
público os resultados das suas acções de investigação. Exposições, folhetos, catálogos, desdo-
bráveis e textos fotocopiados estão como os meios mais usados. Denota-se um grande défice de
inovação e de recurso às novas tecnologias.
Divulgação do Conhecimento
15 15
12
N. Respondeu
10 10 10
Não
Sim - 2
5 Sim - 3
Gráfico resultante dos dados da coluna “divulgação do conhecimento” do quadro de avaliação das funções museológicas.
106
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Apesar da maioria dos questionários não responder ou assumirem que não têm iniciativas ao
nível da divulgação de conhecimentos, as que existem são, como se referiu, em muitos casos,
de qualidade duvidosa. As casas-museu necessitam de, rapidamente, dar o salto da inovação,
no sentido da captação de novos públicos. Numa sociedade mediatizada, onde cada vez mais
as novas gerações se sentem atraídas por novos tipos de técnicas e programas interactivos, as
casas-museu devem desenvolver acções que atraiam os públicos jovens, programas culturais
mais adaptados a gerações mais idosas, rentabilizando mais as suas acções de investigação.
Inventariação / Catalogação
25 23 N. Respondeu
20 17 Não
15 Sim - 2
10 Sim - 3
6 1
5
0
Gráfico resultante dos dados da coluna “inventariação/catalogação” do quadro de avaliação das funções museológicas.
107
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
alguma diversidade: as casas-museu afectas ao IPM utilizam o Programa Matriz; algumas ins-
tituições de outras tutelas servem-se do Programa IN Arte; outras instituições desenvolvem as
suas bases de dados em sistema Access.
2.3.10.7. Conservação
Para que se cumpram os objectivos, as missões e algumas cláusulas de salvaguarda das ins-
tituições museológicas, é fundamental que se desenvolvam acções de conservação sobre os
acervos, assim como nos edifícios. Em visitas efectuadas a algumas unidades museológicas
constatou-se que neste domínio se sentem grandes carências, observando-se peças pouco cui-
dadas e a necessitarem de cuidados de conservação e tratamentos de restauro, tendo sido
possível observar, pelo inquérito que desenvolvemos, que 59,57% dos inquiridos nos referiu a
existência de beneficiações nos imóveis85, algumas das quais significativas, sendo outras meras
operações de cosmética. Todavia, os inquéritos revelam que são sinalizadas e diagnosticadas
pelos responsáveis situações de necessidade premente de intervenção, sendo, precisamente,
esta a área em que muitas unidades museológicas apresentam o seu principal problema86 que
não é resolvido pela falta de capacidade técnica e financeira da instituição.
Quando questionadas sobre as áreas da casa afectas a outras funções, verifica-se que no inqué-
rito desenvolvido pelo OAC/IPM (anexo 4), nos quadros 10 e 11, só um caso apresenta uma res-
posta indicando a existência de áreas afectas a depósitos. Quando o mesmo inquérito questiona
sobre a existência de serviços, a maioria das instituições responde não possuir nenhum tipo de
acção identificada pelos promotores do estudo, tendo sido registada uma única existência de la-
boratório de conservação e restauro, na Casa-Museu Teixeira Lopes, em Vila Nova de Gaia87.
108
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Conservação
16 16
15
14
12
N. Respondeu
10 Não
9
8 Sim - 2
7
6 Sim - 3
4
2
0
Gráfico resultante dos dados da coluna “conservação” do quadro de avaliação das funções museológicas.
O resultado deste vector, em específico, resulta da análise das respostas ao inquérito AP; todavia, é,
também, consubstanciado no conhecimento que se tem do tipo de actividade que é desenvolvida em
algumas instituições ao nível da conservação preventiva e dos cuidados no restauro do acervo.
O cruzamento dos dados fornecidos pelos inquéritos com os recolhidos nas visitas permitem
concluir que são muito débeis os serviços relacionados com a conservação preventiva e o apoio
aos visitantes. A casa-museu é geralmente encarada como um espaço de exposição, o local
onde, nas maioria dos casos, se apresentam peças aos visitantes sem condições de conserva-
ção e salvaguarda. A análise dos diferentes quadros de resultados, nomeadamente o quadro 15
do anexo 7 e o quadro 31 do anexo 4, permitem concluir acerca das grandes carências que se
verificam, em Portugal, neste âmbito. Percepcionou-se que a realidade não é muito favorável à
conservação das colecções e dos edifícios. No inquérito AP, a maioria das instituições não referiu
qualquer tipo de restauro, donde se considera que o facto de um número considerável não res-
ponder à questão leva a supor que não efectuam acções do género.
Ainda através do cruzamento de dados efectuado, verifica-se que a maior parte das casas-museu
não se revela estruturalmente organizada para o desenvolvimento da actividade museológica,
não dispondo de estruturas de conservação, segurança ou outras áreas técnicas exigidas a um
museu na actualidade. Os dados recolhidos e que reportam à adaptação destas casas ou à sua
conjugação com outras estruturas museológicas permitem perceber a carência de laboratórios ,
reservas, centros de documentação, áreas sociais, entre outras.
Já anteriormente foram referidas as enormes carências que se foram sentindo ao nível dos re-
cursos humanos. Importa referir que os dados revelados pelos dois inquéritos não são coinciden-
109
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
tes. Não deve esquecer-se que o primeiro inquérito (OAC|IPM) foi realizado por uma entidade
estatal, situação que poderá ter condicionado algumas respostas. No que concerne à existência
de quadro de pessoal, no inquérito OAC|IPM, 53,8% das instituições responderam afirmativa-
mente à questão89; porém, no inquérito AP, à mesma questão, cerca de 85% dos inquéritos
não apresentam qualquer resposta ou respondem negativamente90. Aquando da planificação
do novo questionário, pretendeu-se saber algo mais, nomeadamente o número de funcionários
das instituições e a sua formação. No que respeita ao primeiro assunto, ou seja, ao número de
funcionários, este varia desde a existência de um único funcionário, como ocorre na Casa-Museu
Fernando Namora e na Casa da Malta-Museu Mineiro, entre muitas outras, até uma instituição
que refere 23 colaboradores, a Casa-Museu Frederico Freitas, no Funchal91. Porém, a situação
mais comum situa-se entre os dois e os quatro funcionários por instituição.
Quanto às categorias profissionais dos funcionários, convém referir que somente 17 unidades
museológicas referem a existência de técnicos superiores, seguindo-se as referências a pessoal
auxiliar, funcionários administrativos, vigilantes, recepcionistas e guias. Curiosa é a referência
que uma instituição faz à existência de um colaborador para apoio científico, concretamente a
Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, instituição museológica devidamente organizada no âm-
bito do serviço museológico 92.
Derivando esta análise para as questões financeiras e orçamentais, observa-se que em ambos
os inquéritos a maioria das instituições reconhece não ter orçamento anual próprio93, encon-
trando-se muitas vezes inscrito na rubrica orçamental da tutela, como é caso das casas-museu
das Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia e Fundações. Esta situação torna-se ainda mais
clara quando se tenta saber de onde provêm os fundos com os quais é possível as casas-museu
desenvolverem os seus trabalhos, sendo que a maioria provém da tutela94. Não se conseguiu
percepcionar actividades que resultem em lucros claros para apoiarem o funcionamento destas
unidades museológicas.
110
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
texto da museologia portuguesa, no sentido de serem traçadas metas e caminhos a seguir por
estas unidades museológicas. Não se deve permitir que a todo o momento se criem instituições
com este nome, devendo exigir-se rigor na acção para, desta forma, ser melhor aplicado o finan-
ciamento público. A valorização técnica e financeira levará a uma valorização da instituição por
parte do público que dará, certamente, um voto de confiança às unidades museológicas capazes
de dar resposta às exigências dos dias de hoje. Exposições com acervos cuidados, casas que
apresentem boas condições de conservação e circulação, actividades bem planeadas, iniciativas
que estimulem o aumento dos recursos financeiros são absolutamente necessárias para que
todo este universo se altere e no futuro se possa ter uma imagem da realidade bem diferente da
de hoje, onde as carências sentidas condicionam toda a acção das casas-museu.
Depois de se ter traçado um perfil das casas-museu portuguesas, do ponto de vista do seu
funcionamento museológico, importa, neste momento, definir, afinal, quais são de facto casas-
museu e em que outras tipologias de museus se integram as unidades museológicas que fazem
parte da amostra da presente dissertação, compiladas e retiradas da lista enviada pela Rede
Portuguesa de Museus. Para o efeito apresenta-se uma tabela, com os requisitos considerados
essenciais para que uma instituição museológica integre a categoria das casas-museu, proce-
dendo-se, posteriormente, à sua integração no âmbito das propostas de classificação internacio-
nal e, finalmente, a proposta para classificação das casas-museu em Portugal.
Porém, para tentar conhecer-se o entendimento da comunidade museal portuguesa, foi solicitado a
um conjunto de museólogos, bem como aos colegas de mestrado, a colaboração, através da apre-
111
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
sentação de uma definição do que cada um entendia ser uma casa-museu e o que esperavam ver
quando visitavam uma instituição museológica deste género. As respostas obtidas a este convite
apresentam-se na integra no anexo 10. Expõe-se, neste momento, as ideias-chave, comuns à
generalidade das respostas recebidas. A globalidade vai no sentido de identificar a casa-museu
como o espaço onde viveu uma personalidade que se distinguiu numa determinada área e que
se rodeou de objectos de acordo com os seus gostos. Nas respostas enviadas, apresentam-se-
nos sempre os seguintes conceitos: casa, bens móveis, personalidade e vivência. Estas casas
permitirão conhecer o modo de vida de alguém, são evocativas da actividade de uma certa pes-
soa, devendo, por isso, ser preservadas fielmente como no tempo do seu patrono. A vontade de
contactar com determinada realidade específica é o motor que determina a visita a estas unidades
museológicas, procurando-se o intimismo que só uma unidade museológica deste tipo pode dar.
Face à diferença de conteúdo, deve destacar-se a resposta recebida de uma colega, que apre-
sentou a noção de casa-museu como uma instituição ultrapassada, parada e sem interesse. Este
texto apresenta ainda uma outra especificidade ao referir que a casa-museu, assim como outro
qualquer museu, é aquilo que o seu director fizer dela, o seu sucesso depende da capacidade de
empreendimento de quem a dirige.
É um pressuposto fundamental deste trabalho concluir sobre o que são verdadeiramente ca-
sas-museu, o que permitirá a não contabilização das unidades museológicas que, assumindo
esta terminologia, não cumprem os indispensáveis requisitos, relegando-as para categorias de
museus diferenciados. É essencial definir quais as estruturas museológicas que são verdadeiras
casas-museu e investir no seu modo de funcionamento, a fim de não mais serem consideradas
amorfas e passadistas, não respondendo às questões que se levantam sobre o seu campo de
acção. Exige-se a uma estrutura museológica organização, respostas, dinamismo, novas tecno-
logias de informação.
Têm-se apresentado instituições criadas ao longo do tempo e às quais foi atribuída a terminologia
de casa-museu, por as mesmas serem dedicadas a uma personalidade que se destacou numa
área da vida pública, tanto no domínio cultural, político como científico, de âmbito internacional,
nacional, regional ou local, e noutros casos, por serem representações de quotidianos de um de-
terminado período ou região, com objectivos de perpetuação da memória, de uma obra ou de uma
colecção. Todavia, muitas delas não apresentam marcas de vivência efectiva, pelo que deverão
dar origem a uma instituição museológica de outra ordem, algo que também é demonstrado pelo
seu modo de funcionamento, as suas valências de trabalho, os seus objectivos. No sentido de
identificar as unidades museológicas, efectivamente no âmbito das casas-museu, foi desenvolvi-
do o quadro seguinte:
112
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
No anexo n.º 12 poderá observar-se a relação entre o número e a unidade museológica correspondente. Optou-se por esta solução
no sentido de apresentar a tabela numa única página.
Legenda afirmativo negativo ambas alterada 113
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
35
34
35 35
30 30
25 21 25
19
20 20
15 15
10 10 5
4
1 5 1
5
0 0
Original/Patrono Alterada Mista Não Aplicável Original/Patrono Alterada Mista Não Aplicável
Os dados apresentados são claros, vão ter influência e revelar-se essenciais, quando se esta-
belecerem as tipologias das casas-museu e das outras unidades museológicas. A maioria das
respostas, em ambas as questões, indicam que as decorações e os edifícios foram alterados,
verificando-se ainda um significativo número de realidades que mantêm espaços originais ao
lado de outros que sofreram alterações, no sentido de, eventualmente, ser prestado um melhor
serviço ao visitante.
Outro vector determinante para análise e classificação destas instituições museológicas como
casas-museu é o facto de apresentarem espaços domésticos, originais ou recriados, que docu-
mentam o tipo de vida doméstica do patrono. É através da observação dos espaços por onde
circula que se tenta apreender a sua personalidade, os gostos e o modo de pensar de quem
habitou naquele lugar e desta forma responder aos desejos do “voyeur” de uma parte do público
que visita a casa-museu.
40 40
36 37
30 30
23
20 20
17
10 10
1 1
0 0
114
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
A análise dos dois quadros atrás apresentados permite aferir que nem todas as unidades mu-
seológicas apresentam espaços domésticos, íntimos ou sociais nas suas estruturas organiza-
cionais e expositivas, não se enquadrando, desta forma, no âmbito das casas-museu segundo
ele é entendido nesta dissertação. Para além do exposto, não se deve deixar de equacionar
que algumas das unidades museológicas que apresentam estes espaços, os mesmos não se
relacionam com nenhuma personalidade em concreto, sendo antes recriações dos responsáveis
pela criação dos museus, para desta forma apresentarem ao publico espaços representativos de
determinada época ou região. A maior predominância de instituições onde se verifica a presença
de espaços quotidianos, domésticos e sociais, com um relacionamento directo entre o patrono e
a casa, assim como com a colecção é no âmbito das casas-museu tuteladas pelo IPM, Câmaras
Municipais e Fundações, as quais apresentam uma actividade museológica mais desenvolvida.
40
37
sim
30 não
não aplicável
20
17 ambas
alterada
10
1 4 1
0
As alterações aos espaços de base, vieram, como se referiu, criando uma significativa adapta-
ção das áreas a novas funcionalidades, no sentido de ampliar as áreas de exposição, criar outros
serviços ou actividades. Estes novos espaços, segundo se pode determinar pelos dados recolhi-
dos situam-se, em algumas unidades museológicas, nas áreas domésticas originais, ou seja, no
seio da casa-museu. Noutras situações, segundo se entende, mais correctamente, em edifícios
que se anexam ao primeiro no sentido de ampliar a área e a capacidade de dar novas respostas
às exigências do trabalho museológico contemporâneo.
115
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Novos Espaços
50 50
40 sim
não
30
não aplicável
20 ambas
10 8
1 1
0
A análise dos inquéritos em estudo, assim como de outras fontes de informação e as entrevis-
tas realizadas permitem verificar que algumas das denominadas casas-museu não passam de
meras salas de exposição sobre variadas temáticas, podendo outras ser consideradas estrutu-
ras museológicas generalistas e, outras ainda podem ser classificadas como museus de arte,
etnográficos ou de personalidade. Mesmo utilizando as classificações tipológicas descritas de
S. Butcher Younghans, Rosana Pavonni e Ornela Selvafolta, assim como G. H. Rivière e Linda
Young, ou a apresentada na revista Museion conclui-se que em Portugal as referidas casas-mu-
seu devem ser classificadas sem se utilizar a palavra casa95, porque estas estruturas nada têm
a ver com os sistemas de vida doméstica quotidiana.
95 Segundo Ana Margarida Martins, “ [...] a casa revela-nos nas suas formas diferentes de ocupação, como um produto
que depende e reflecte os valores sócio-culturais, políticos e religiosos da comunidade local onde está inserida. [...] os
interiores da casa vão poder revelar aspectos da personalidade, não só pelas funções utilitárias conferidas a cada espa-
ço, mas também noutros aspectos mais simbólicos, inerentes à própria forma de habitar a casa.” (MARTINS 1996: 88)
116
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
117
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
118
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Quadro de relação das Casas-Museu Portuguesas com a classificação proposta por Sherry
Butcher Younghans (BUTCHER YOUNGHANS 1993: 184-186).
Casas-Museu Portuguesas que se podem integrar
Tipologia Características
nestas tipologias
1- Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves
- Apresentam a vida de uma 3- Casa-Museu Manuel Mendes
personagem famosa, rica 4- Casa-Museu Fernando de Castro
- Objectivo: apresentar a 7- Casa-Museu dos Patudos
personagem com os objectos 8- Casa-Museu Pintor José Cercas
- Casas-Museu
e casa, se possível, no lugar 17- Casa-Museu José Régio de Vila do Conde
Documentárias
original 18- Casa-Museu José Régio de Portalegre
- Podem apresentar uma 45- Casa-Museu Padre Belo
sociedade elitista 48- Casa-Museu Marieta Solheiro Madureira
51- Casa-Museu Eng.º António de Almeida
60- Casa-Museu Dr. Horácio Bentes Gouveia
119
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
120
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Quadro de relação das Casas-Museu Portuguesas com a classificação proposta por Linda Young
(YOUNG 2006).
121
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
122
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
38- Casa de Derreter Baleias das Lajes das Flores – Museu Etnográfico
46- Casa da Cultura António Bentes – Museu do Trajo do Algarve - Museu Etnográfico
58- Casa Agrícola José Mota Cortes – Museu Etnográfico
A proposta apresentada no artigo da revista Museion, apesar de pioneira, e por isso merecer aten-
ção, do ponto de vista operacional e face à realidade portuguesa não parece muito aplicável, pois,
se fosse esse o entender deste estudo, muitas das instituições que se colocaram fora das suas
categorias poderiam ser ainda consideradas no âmbito dos diferentes tipos de casas-museu.
Apesar da validade da proposta apresentada por Rivière, e da importância que esta assume,
apresenta-se de certo modo redutora, uma vez que não integra as casas-museu e respectivas
colecções, que se dedicam ao estudo de personalidades menos notáveis da sociedade. Por
outro lado, esta classificação integra casas-museu que, segundo a análise apresentada nesta
dissertação, se situam no âmbito dos museus de etnografia, uma vez que na sua génese não
existem vivências específicas.
123
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Assim, embora todas as propostas sejam válidas, pelo seu esforço organizacional, todas ne-
cessitam de ajustes para a realidade portuguesa. Apesar disso, aquela que, de acordo com os
pressupostos preconizados nesta dissertação, mais se adequa à realidade nacional é a de Bu-
tcher Younghans.
Relativamente às restantes três propostas classificativas, todas elas permitem enquadrar aque-
las unidades consideradas casas-museu, à luz do entendimento apresentado nesta dissertação,
deixando de fora as instituições museológicas que se enquadram no âmbito de museus com
especificidades diferenciadas.
96 No anexo 11 apresenta-se uma descrição de cada unidade museológica que enquadra a opção de classificação tomada.
124
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
1. Casa-Museu97
É uma unidade museológica localizada num edifício onde residiu, por um determinado período
de tempo, mais ou menos longo, a personalidade que se pretende homenagear, preservando, o
mais fielmente possível, não só o seu aspecto arquitectónico original, mas a decoração dos es-
paços, onde os objectos devem ser conservados, sem prejuízo da sua conservação, nos locais
onde foram deixados pelo patrono, documentando assim uma forma de vida, uma personalidade,
um certo gosto, permitindo um contacto directo entre o visitante, a figura que habitou esse lugar
e as colecções que o integram.
Casas-Museu Originais
Câmaras Municipais
7
IPM
Associações
Empresas
3 3
Instituições Religiosas
1 1 1 1 Fundações
Particulares
97 Ao analisar as definições de museus apresentadas no Relatório ao Inquérito dos Museus em Portugal, nomeada-
mente as definições apresentadas para os diferentes tipos de unidades museológicas existentes, entende-se enqua-
drar as casas-museu no âmbito dos museus especializados, pois das definições apresentadas, é nesta que melhor se
enquadram estas instituições museológicas. A definição criada pelos autores deste estudo para museus especializa-
dos contempla: “museus preocupados com a pesquisa e exposição de todos os aspectos relativos ao tema ou sujeito
particular...”. A UNESCO entende que estes museus são: “museus preocupados com a pesquisa e exposição de todos
os aspectos relativos a um tema ou sujeito particular...”. (SILVA e SANTOS 2000: 171).
125
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Estas casas-museu podem localizar-se num edifício onde a personalidade homenageada tenha
vivido, ou num outro onde se reconstituem os ambientes e a decoração original, recorrendo-se,
para isso, a colecções e objectos dessa personalidade, ou outros que lhes sejam semelhantes,
sendo esta montagem baseada em indicações fornecidas pelo patrono, ou fruto de um processo
de investigação que permita conhecer de que forma se organizavam os espaços domésticos da
figura tutelar, que se pretendem reconstituir.
Casas-Museu Reconstituídas
5 5
4
Câmaras Municipais
3
Fundações
2
1 1
São casas-museu que se localizam nos espaços de vivência do homenageado, sendo, todavia,
o seu principal objectivo apresentar as colecções que este reuniu ao longo da sua vida, não
sendo a tónica essencial colocada no conhecimento da personalidade do patrono, mas nas suas
colecções. Assim, em muitos casos, a decoração pode ser alterada com vista a uma melhor per-
cepção do acervo exposto, mantendo, porém, a organização ao longo dos diferentes espaços
domésticos.
126
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Estas unidades museológicas dão um contributo essencial na divulgação, conservação das co-
lecções e na preservação da unidade das mesmas, evitando que estas se dispersem entre her-
deiros ou em vendas diversas, quando não existam sucessores.
1 1 1 1
Câmaras Municipais
Fundações
Universidades
Direcções Regionais
Casas-Museu de Época
1 1
Câmaras Municipais
Universidades
127
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Casas-Museu / Tutelas
IPM
15 Câmaras Municipais
Associações
Direcções Regionais
Empresas
Instituições Religiosas
5 Fundações
3 Universidades
1 1 2
1 1 1 Particulares
As casas-museu reconstituídas, mais uma vez, gravitam em torno das autarquias municipais e
das Fundações, reconstituindo espaços de vivência quotidiana de uma figura ilustre da terra ou
do Epónimo da Fundação, sendo os objectivos semelhantes exibidos nas casas-museu origi-
nais. As casas-museu que apresentam colecções situam-se no âmbito de quatro tipos de tutelas
que, promovem um trabalho museológico de qualidade, visando preservar a memória, mas, so-
bretudo, os acervos legados pelos homenageados, conservando objectos artísticos de grande
qualidade. As casas-museu que recriam épocas, salvaguardam colecções que, para além da sua
importância intrínseca, originam instituições museológicas organizadas pelos homenageados ou
por sua indicação, recriando períodos cronológicos, podendo dar origem a um conjunto diversi-
ficado de “period rooms” no mesmo espaço físico, distribuindo-se, nesta amostra, do ponto de
vista da tutela de Câmaras Municipais e de Universidades.
128
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Fundações. Podem ainda constatar-se outras tutelas, públicas e privadas, todavia, pouco ex-
pressivas.
Apesar do grande número com que inicialmente se iniciou o presente estudo, esta dissertação
pretende dar um contributo para a clarificação desta realidade museológica, aferindo as ver-
dadeiras casas-museu, separando-as por categorias, e das outras unidades museológicas de
tipologia diversa, como de seguida se refere.
Museus Etnográficos
98 No relatório do Inquérito aos Museus em Portugal é apresentada a definição de Museu Etnográfico e Antropológico
no âmbito do estudo em causa e ainda a definição da mesma realidade para a UNESCO.
No primeiro caso “Museus de Etnografia e de Antropologia: museus que expõem materiais que se relacionam com a
cultura, com as estruturas sociais, com as crenças, com os costumes, com as artes tradicionais, etc.”. A UNESCO,
considera Museus de Etnografia e Antrologia: “museus que expõem materiais que se relacionam com a cultura, com
as estruturas sociais, com as crenças, com as artes tradicionais, etc.”. (SILVA e SANTOS 2000: 170).
129
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Museus Etnográficos
3 3
Câmaras Municipais
2 2 2 Juntas de Freguesia
Associações
Instituições Religiosas
Particulares
Museu de Arte
Integram-se nesta categoria as unidades museológicas que têm como objectivo a apresentação de
colecções, que compreendem o conjunto ou um único tipo de manifestações artísticas, que vão desde
a pintura à escultura, da fotografia à cerâmica. Não obedecem a qualquer tipo de organização de tipo-
logia doméstica, tendo, porém, o grande mérito de ter preservado a unidade de algumas colecções.
Apesar de se poderem localizar em espaços de vivência quotidiana, estes foram de tal forma altera-
dos, que perderam o seu carácter intimista e demonstrativo de quem aí habitou. É frequente estas
instituições assumirem a denominação de casa-museu, funcionando esta terminologia como uma
forma de garantir a unidade da colecção e exclusividade da acção da entidade museológica.99
Museus de Arte
2 2
IPM
Instituições Religiosas
1 1 Fundações
Particulares
99 O relatório do Inquérito aos Museus Portugueses apresenta duas definições para esta tipologia de Museus. O
presente estudo define como Museu de Arte: “museus consagrados às belas-artes, às artes plásticas e às artes per-
formativas. Neste grupo estão incluídos os museus de escultura, pinacotecas, os museus de fotografia, de cinema, de
teatro, de arquitectura e as galerias de exposição dependentes de bibliotecas e de arquivos.”. Por seu lado, a UNESCO
define estas estruturas como “museus consagrados às belas-artes e às artes aplicadas. Neste grupo estão incluídos os
museus de escultura, as galerias de pintura, os museus de fotografia e de cinema, os museus de arquitectura e as
galerias de exposição dependentes das bibliotecas e dos centros de arquivo.”. (SILVA e SANTOS 2000: 170).
130
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Museu de Empresa
São instituições museológicas cuja acção visa apresentar ao público a história da empresa, a
evolução dos materiais produzidos ou das técnicas utilizadas. Podem localizar-se em espaços
específicos das entidades tutelares ou ocupar antigas instalações da empresa, sendo este tam-
bém um meio de demonstrar a evolução e o crescimento empresarial.100
Museu de Personalidade
São unidades museológicas que desenvolvem a sua acção em torno da investigação da vida e/ou
obra de determinada figura que se destacou em alguma área da vida pública. Como se pode obser-
var pelo quadro apresentado, estão basicamente associadas a autarquias e associações locais.
A sua exposição não tem qualquer carácter doméstico, podem nem estar localizadas em casas
habitadas pelos patronos, apresentando documentos e objectos que ilustram a vida e obra do
homenageado, tais como livros, documentos fotográficos, objectos de arte ou outros. O seu ob-
jectivo não é representar o quotidiano doméstico mas a vida de uma forma alargada.101
100 De acordo com as definições do Relatório ao Inquérito dos Museus em Portugal, estas unidades museológicas
podem enquadrar-se no âmbito dos museus e ciência e tecnologias que “... consagram-se a uma ou mais ciências
exactas ou técnicas tais como a astronomia, as matemáticas, a física, a química, as ciências médicas, a construção
e as indústrias da construção, os artigos manufacturados, etc. ...” . Por seu lado, a UNESCO define-os como museus
que “consagram-se a uma ou mais ciências exactas ou técnicas tais como a astronomia, as matemáticas, a física, a
química, as ciências médicas, a construção e as indústrias da construção, os artigos manufacturados, etc.”. (SILVA e
SANTOS 2000: 170).
101 Estes museus podem enquadrar-se no âmbito dos Museus de História, cujas definições apresentadas no Relatório
do Inquérito aos Museus em Portugal contemplam as instituições que: “ ... ilustram um determinado tema, personali-
dade, ou momento histórico e nos quais as colecções reflectem predominantemente essa leitura. Neste grupo estão
incluídos os museus comemorativos, militares, escolares, dedicados a personalidades históricas.”. A definição da
UNESCO para estas instituições apresenta-as como as que “... têm como objectivo apresentar a evolução histórica de
uma região, de um país ou de uma província em períodos limitados de tempo ou ao longo dos séculos. [...] Este grupo
engloba os museus de colecções de objectos históricos ou vestígios, museus comemorativos, museus de arquivos,
museus militares, museus de personalidades históricas, museus de arqueologia, museus de antiguidades.”. (SILVA e
SANTOS 2000: 170).
131
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Museus de Personalidade
Câmaras Municipais
Juntas de Freguesia
Associações
1 1
Museu de História
Categoria integrada por museus que consagram a sua actividade à investigação e apresentação
de determinados períodos da história de uma localidade, região, país ou tema específico. Po-
dem localizar-se no local onde decorreu um acontecimento histórico, todavia, sem envolvência
doméstica.102
Através da observação das actividades que desenvolvem, conclui-se que estão vocacionados
para a realização de actividades culturais diversificadas, tais como exposições de temática diver-
sa, actividades culturais, tais como concertos, conferências, congressos ou outras, relacionadas
com a figura tutelar ou não, não apresentando sinais de vivência quotidiana.
132
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
2
2
Câmaras Municipais
1.5
Direcções Regionais
1 1
1 Fundações
0.5
São instituições culturais de grande importância nos espaços onde se inserem, podendo de
alguma forma integrar-se naquilo que o ICOM considera museus, ao referir “As instituições de
conservação e galerias de exposição dependentes de bibliotecas e centros de arquivo.” (SILVA e
SANTOS 2000: 169).
Os quadros e gráficos apresentados permitem observar uma grande diversidade ao nível dos
diferentes tipos de instituições museológicas, desde casas-museu até unidades museológicas
específicas, e também analisar os diferentes tipos de tutelas que se destacam em cada tipo
de classificação museológica. No que concerne às casas-museu originais e às reconstituídas,
estas encontram-se, predominantemente, sob a tutela autárquica; por outro lado, as casas-mu-
seu estéticas/colecção e as casas-museu de época distribuem-se por diferentes tutelas públicas
(Câmaras Municipais, Universidades e Direcções Regionais) e por Fundações. Estão aqui mui-
to presentes razões de valorização de patrimónios e personalidades que possam, de alguma
forma, aglutinar vontades e valorizar determinadas localidades, razões que podem fazer com
que ao nível dos museus de personalidade as Câmaras Municipais sejam, também, as tutelas
predominantes.
133
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
4 2 1
17
8
6 4
12 2 4
Quadro que apresenta o número de unidades museológicas/tipologia, na amostra seleccionada para o inquérito AP.
Unidades encerradas
Casa-Museu João da Silva Particular
Casa-Museu de Penacova Sociedade Propaganda e Progresso de Penacova
Casa-Museu Pechão Junta de Freguesia de Pechão
Casa-Museu de Ferro Junta de Freguesia de Ferro
Casa-Museu Arq.º Marques da Silva Universidade do Porto
Os dados coligidos deixaram também perceber que se estava perante museus de diferentes
tipos, todos sob a capa das casas-museu. Neste sentido, estabeleceu-se uma definição de ca-
sas-museu, recorrendo a outras classificações internacionais, a testemunhos de museólogos
que deram a sua perspectiva de uma instituição deste género e aos resultados dos inquéritos
realizados. Na sequência desse trabalho, foi possível propor uma nova ordenação do universo
das unidades tradicionalmente designadas como casas-museu, concluindo-se que, com a adop-
ção destes critérios, o número de casas-museu será muito reduzido. Porém, só com esta espe-
134
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Os responsáveis institucionais devem criar mecanismos de regulamentação que inibam este tipo
de atitude, sendo recomendável a realização de uma análise local das carências ao nível cultu-
ral. Uma personalidade poderá ser o motivo para a criação de uma unidade de investigação, de
um centro de estudos nas áreas em que se destacou, originando instituições, eventualmente,
mais dinâmicas e com maior interesse.
Por seu lado as casas-museu existentes actualmente, assim como aquelas que possam vir a
ser criadas devem ser repensadas quanto à sua missão e objectivos, ao seu modo de funciona-
mento. É fundamental que se tornem estruturas dinâmicas, apelativas, que usem as suas mais
valias como forma de atrair o público, desenvolvendo actividades de interacção com os públicos
que as frequentam, com recurso a novas tecnologias. O espaço deve ser pensado com vista à
realização de eventos múltiplos de divulgação do patrono e acervo. Poderá, para o efeito, ser
necessário recorrer a edifícios anexos, ou quando as áreas da casa não são essenciais para a
compreensão do discurso expositivo, a espaços dentro da própria unidade museológica.
Claramente, pode-se afirmar que do ponto de vista educativo e cultural, será muitas vezes pre-
ferível criar museus de personalidade, de arte ou etnográficos, sob a denominação de determi-
nado patrono, onde as colecções podem ser apresentadas de acordo com determinado discurso
museológico o que facilitará a sua percepção e fruição. As casas-museu não podem ser consi-
deradas como as instituições que salvaguardarão unidades de colecção ou memórias indiferen-
ciadas, devendo antes ser unidades museológicas com referências especiais, para preservar a
memória de pessoas especiais. Só assim se poderão afirmar num mundo globalizado e com
tanta falta de memória colectiva.
135
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
137
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
A Casa de José Régio de Vila do Conde onde, desde 1994, desenvolvemos a nossa actividade
profissional é considerada um exemplo paradigmático de uma casa-museu, uma vez que, segun-
do se entende, preenche todos os requisitos de uma instituição museológica deste género. É um
espaço de vivência efectiva, onde se contacta com o quotidiano doméstico de um dos maiores
escritores do século XX português, preservado como se encontrava no momento do falecimento
do poeta, ao qual foi associado um novo edifício onde se desenvolverão actividades complemen-
tares de recepção e enquadramento do público na instituição que se prepararam para visitar. Foi
criada através da conjugação de esforços da família, amigos do poeta e da Câmara Municipal de
Vila do Conde, contando com a colaboração da Fundação Calouste Gulbenkian na aquisição do
imóvel e acervo aos herdeiros de José Régio.
Esta casa-museu é dedicada a uma personalidade que nasceu, viveu e faleceu em Vila do Con-
de, tendo este último acontecimento ocorrido neste imóvel, verificando-se uma relação directa
entre o homenageado e o espaço que documenta o seu modo de vida e de pensar. Encontram-
se aqui expostos livros de diferentes géneros, o escritório do poeta, outros espaços utilizados
para a actividade da escrita, um jardim que documenta o seu gosto pelas flores, entre outros.
Ao nível da actividade cientifica, directamente ou em colaboração com outras instituições, são
desenvolvidas acções de investigação sobre a vida e obra de José Régio, assim como das dife-
rentes colecções que compõem esta unidade museológica.
Ao nível da relação imóvel/objecto pode afirmar-se que há uma verdadeira relação entre ambos.
A organização e disposição do acervo respeita a vontade da personagem que aqui viveu. Cada
espaço mantém as peças colocadas por Régio, numa lógica que se descobre através da obser-
vação de alguns pormenores temáticos dos objectos de arte e os espaços onde os mesmos se
encontram. O visitante da Casa de José Régio contactará com uma exposição de objectos de
arte de grande qualidade, passando pelos espaços íntimos e sociais da casa que, como se re-
feriu, se mantém o mais fiel possível de acordo com a vontade do patrono.
A Casa de José Régio adquirida e aberta ao público no ano de 1975, no dia do aniversário do poeta,
17 de Setembro, sofreu ao longo de largos anos da falta de cuidados técnicos específicos, sendo
preservada à custa da acção de algumas pessoas que aí foram trabalhando. Se por um lado isto po-
derá ter acentuado a degradação de algum acervo, por outro fez com que não se tomassem ati-
139
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
tudes precipitadas que poderiam ter alterado a casa de forma irreversível. Assim, depois do con-
tacto com a realidade, do diagnóstico do imóvel e das colecções, da definição do tipo de serviço
que se pretendia prestar ao público, foi desenvolvido um projecto de intervenção e ampliação da
unidade museológica que acentua a sua vertente de casa-museu através do cumprimento dos
requisitos definidos para uma instituição museológica com este carácter, onde todas as funções
museológicas podem ser desenvolvidas. Manteve-se o imóvel de referência do homenageado,
tendo a este sido anexado um outro edifício onde se receberão os visitantes, desenvolverão es-
tudos sobre a sua vida, obra e colecções e onde estão criadas as condições para se introduzir o
público nas histórias que se pretendem veicular.
O poeta e professor, ao longo da sua vida, dedicou-se à recolha de objectos de arte, os quais
foi comprando e trocando, alimentando um gosto que resultou, numa primeira fase, na venda à
Câmara Municipal de Portalegre de um significativo acervo que se encontra na casa onde sem-
pre habitou nessa cidade. Depois de ter vivido cerca de 35 anos em Portalegre onde leccionou,
quando se aposentou José Régio regressou a Vila do Conde, sua terra natal, onde recuperou a
casa da “Madrinha” Libânia, que entretanto tinha herdado de seu pai. Concluído esse primeiro
momento, recheou-a, também, com inúmeras peças do seu valioso acervo, transformando-a
num memorial ao seu modo de vida e de pensar103.
Depois da morte do poeta, a 22 de Dezembro de 1969, surge um movimento que visa a aquisi-
ção da casa pela autarquia vilacondense e posterior abertura desta ao público. Amigos, intelec-
tuais e jornalistas começam a publicar textos onde se expõem as razões para que o espaço de
residência do poeta se transforme num equipamento público104. Negociações começam a ser
desenvolvidas entre a Câmara Municipal de Vila do Conde e os herdeiros no sentido de aferir do
valor a pagar sobre todo este património.
103 “ A futura Casa-Museu de José Régio de Vila do Conde está recheada de colecções de objectos de arte e peças
de mobiliário de grande importância.
[...] Evidentemente que a colecção mais importante do poeta encontra-se em Portalegre, na casa onde viveu dezenas de
anos. No entanto, já quase nos finais da sua vida, Régio quis restaurar a casa onde tinha sido criado. [...] Entretanto foi
recheando a sua casa com peças que trouxera de Portalegre e outras que foi comprando em antiquários do norte.”
(MOUTINHO 1972: última página)
104 Nos anos que se seguiram à morte do poeta, foram surgindo nos jornais reportagens que motivaram a aquisição
da casa por parte da Câmara Municipal de Vila do Conde.
140
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Até hoje, esta estrutura museológica foi considerada, pela família de José Régio e pela Autarquia,
como a Casa de José Régio, não a denominando de casa-museu. Isto deriva do facto deste
imóvel se encontrar no estado em que o poeta o deixou, ser a sua própria residência aberta ao
público e não um museu criado para apresentar e divulgar uma personalidade. João Maria Reis
Pereira, irmão de José Régio, um acérrimo defensor desta terminologia, escreveu vários artigos
sobre esta problemática, considerando que, uma vez que José Régio se destacou em diversas
facetas, esta casa é uma forma de retratar a sua personalidade105. Por seu lado, a Autarquia
Vilacondense tenta de alguma forma diferenciar a Casa de Vila do Conde de todo um conjunto de
instituições que assumem a terminologia Casa-Museu, e que, por não preencherem os requisitos
de uma verdadeira casa-museu defraudam as expectativas do público desmotivando a visita a
instituições congéneres.
“ Da parte da Câmara de Vila do Conde nada mudou. O Presidente do Município aguarda apenas que lhe sejam forne-
cidos números, condições. Este disse-nos:
Sim, apenas espero que a comissão de amigos de José Régio, que tão amavelmente se prontificou a colaborar, forne-
ça indicações finais sobre a operação de compra da casa.” (GARCIA 1971: s/p)
“ A casa de Régio tem de ser defendida – escrevia, não há muito, Joaquim Pacheco Neves n’O Comércio do Porto
[...] A casa de Régio, em Vila do Conde, tem de ser defendida – e isso para interesse não apenas de Vila do Conde,
que aí tem o seu património como poucas localidades têm a “sorte” de ter, mas para interesse também da cultura em
Portugal.” (ROCHA 1973: 20)
“ Um grupo de amigos de Régio, os Drs. Joaquim Pacheco Neves, António de Sousa Pereira e Orlando Taipa lutaram
desde o desaparecimento do escritor para que a casa de Régio pertencesse ao património de Vila do Conde. Ela seria
uma casa-museu e simultaneamente um Centro de Estudos Regianos. Foram anos de um trabalho difícil, que estão
agora a produzir os seus frutos. Com o auxilio da Câmara, da Gulbenkian, dos amigos e da família de Régio, foi pos-
sível o acordo.
[...] O edifício e o recheio custarão 2125 contos, oferecendo a família do escritor tanto os preciosos manuscritos como
a correspondência, que estão avaliados em cerca de 690 contos.” (GARCIA 1975: 26)
105 “Como se verifica, Casa é a palavra de ordem, e, na verdade, está correcto. Em outros patrimónios deparamos
com a palavra composta Casa-Museu, solução que se justifica quando se trata de um património que pertenceu a de-
terminada individualidade, que se salientou apenas como coleccionador, e assim, criou um Museu na sua própria casa.
Mas, sempre que se tratar de uma individualidade, que – embora sendo coleccionador – se salientou em outros cam-
pos de forma relevante (na literatura, na ciência, etc.) deve de ser, então, usada apenas Casa, pois deste modo me-
lhor se retrata ou evoca, quer a totalidade do mundo habitacional, quer a complexidade da própria personalidade.”
(PEREIRA 1986: 39)
141
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Escritura de aquisição da Casa de José Régio pela Câmara Municipal de Vila do Conde à família do poeta
142
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
A Casa de José Régio, aberta ao público a 17 de Setembro de 1975, dia em que se assinala o
nascimento de José Régio, foi adquirida pela Câmara Municipal aos seus familiares, com dois
objectivos prioritários: se por um lado era fundamental para Vila do Conde perpetuar a memória
deste ilustre poeta, por outro, era também muito importante não destruir a unidade e harmonia
da casa, colecção e personalidade.
Entre os objectivos principais da Casa de José Régio encontra-se a promoção do estudo da vida
e obra do poeta. Para além de apoiar e disponibilizar os materiais a investigadores, a Câmara
Municipal de Vila do Conde é sócia-fundadora e principal impulsionadora do Centro de Estudos
Regianos, associação que se dedica ao estudo da vida e obra do poeta vilacondense.
Depois dos objectivos gerais, definiram-se objectivos específicos que se inumeram a seguir:
- Perceber, através da sua obra, qual a importância de José Régio na âmbito da História da Li-
teratura portuguesa;
- Realizar estudos da Colecção de Arte Contemporânea no âmbito da Arte Portuguesa do Século
XX;
- Estudar a História da Família Reis Pereira – uma família de artistas vilacondenses;
- Promover, junto das comunidades locais, a figura de José Régio, um ilustre vilacondense, cujo
valor deve ser reconhecido por todos;
- Percepcionar a religiosidade de Régio pela sua escrita e pelas suas colecções;
- Reconstituir o jardim da casa, um dos espaços mais apreciados por Régio;
- Promover colóquios, conferências e encontros sobre o poeta ou sobre outros poetas, a literatu-
ra portuguesa, a arte popular, temas relacionados com este espaço.
A Casa de José Régio de Vila do Conde insere-se no panorama arquitectónico urbano do século
XIX. Desde a sua construção até à posse por parte de José Régio, a casa foi sempre pertença
do ramo familiar paterno.
143
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Por morte da “Madrinha” Libânia106, no ano de 1928, o imóvel, por herança, veio para a posse
do pai de José Régio, originando um novo ciclo quanto à utilização da Casa. Esta fase terminaria
com a morte do pai do poeta, que lhe sucede como único proprietário do imóvel. Verificam-se três
fases de utilização de um espaço que vai sendo ajustado às necessidades e aos gostos de cada
um dos principais intervenientes.
Hoje, quando visitamos a Casa de José Régio, deparamos com uma estrutura de habitação que
foi evoluindo, tendo, nos anos 60 do século XX, sofrido a última grande alteração, fruto da inter-
venção levada a cabo por José Régio, altura em que, definitivamente, adapta a casa aos seus
gostos e de acordo com a funcionalidade desejada. Neste momento, a casa ostenta uma grande
variedade de peças de mobiliário e obras de arte, testemunho da inestimável valia do acervo
regiano. Algumas destas peças, propriedade da “Madrinha” Libânia, foram unicamente recoloca-
das em novos espaços por José Régio; outras são peças que o poeta, ao longo da sua vida, foi
adquirindo e transferindo de Portalegre para a sua casa de Vila do Conde.
A Sala de Pintura Contemporânea, apesar de não concluída, foi toda ela programada por José
Régio. As obras expostas foram por ele deixadas no local onde hoje podem ser observadas.
A loja foi, até à época de ocupação de José Régio, um local de armazenamento de produtos
necessário para o funcionamento da casa (lenhas, mantimentos e outros). Neste espaço, onde a
rocha do monte do Mosteiro, se encontra a descoberto, podemos admirar alguns exemplares de
arte sacra, destacando-se a Pietá e o Santo António do Saco, a escultura de S. Pedro, para além
de uma excelente colecção de almofarizes e ferros tradicionais.
Chegados ao 1º andar, encontramo-nos no escritório de José Régio, espaço que hoje se apre-
senta como um dos lugares de trabalho do poeta, mas que teve, em tempos, outras funcionali-
dades. José Régio adopta para seu escritório o aposento de morte da “Madrinha” Libânia. Este
era o quarto de sua tia, composto por duas partes: a alcova, local onde se dormia, separado do
restante espaço de convívio social e oração por duas portas que o poeta retirou.
Após a morte da tia, e sendo a casa propriedade de seu pai, José Régio elegeu este espaço para
funcionar como o seu quarto. Foi após as obras efectuadas pelo poeta na casa que aqui instalou
106 Maria Libânia da Conceição, a Madrinha Libânia, tia-avó de José Régio, nasceu a 3 de Setembro de 1834 e fale-
ceu a 6 de Abril de 1928. Exercia sobre a família uma espécie de matriarcado. O seu feitio autoritátio fazia–se sentir,
motivando o respeito de todos.
(NOVAIS 2002: 27)
144
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
a sua biblioteca e preparou o seu escritório. A biblioteca de José Régio é composta por cente-
nas de títulos, com alguns exemplares de grande interesse, destacando-se a primeira edição da
“Mensagem” autografada por Fernando Pessoa, “Rampa” de Miguel Torga, primeiras edições de
Natália Correia, bem como de vários clássicos da literatura europeia e portuguesa. No escritório,
para além da forte presença de imagética de temática Mariana, destacamos uma cruz de madre
pérola, adquirida pelo poeta e as peças de mobiliário de altíssima qualidade, tal como um ca-
deirão indo-português e uma papeleira em estilo D. João V em pau preto, que tem merecido os
melhores comentários dos peritos que passam pela casa-museu, entre outras.
Penetrando no edifício até entrar no quarto de José Régio, temos necessariamente de referir a
magnífica colecção de ex-votos existente no corredor do primeiro andar. A este propósito refira-
se a citação do Dr. Flávio Gonçalves que salienta a boa qualidade da colecção de Ex-Votos, a
qual, segundo ele, foi por sua insistência que Régio a transferiu para Vila do Conde107. Eis-nos
chegados ao aposento onde faleceu o escritor. Foi neste espaço que, no dia 22 de Dezembro de
1969, José Régio deixou a vida terrena, tendo por leito uma belíssima cama do século XVII, a
qual já teria pertencido à “Madrinha” Libânia.
Ao aceder ao segundo andar, depara-se com um conjunto de peças em barro, para além de
um interessante retábulo pintado com o tema da Anunciação. O segundo andar é composto por
diversos compartimentos, destacando-se a sala de jantar. Este espaço é, também, testemunha
das diferentes fases de ocupação da casa. No tempo da “Madrinha” Libânia, era o local onde se
tomavam as refeições, e a ela pertenceu a mesa de jantar. Na posse de seu pai, era o local onde
se faziam as consoadas, até à fase de ocupação por José Régio. O poeta utilizou muito pouco
esta sala, pois em virtude de viver só, tomava a generalidade das refeições no restaurante. To-
davia, convém destacar algumas peças:
107 “Julgo ter responsabilidades na presença da colecção de tábuas votivas – cerca de 30 – na casa de Vila do Conde.
Insisti com Régio para que a trouxesse para cá. A colecção é bastante boa” (MOUTINHO 1972:24)
145
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
- as quatro gravuras do Filho Pródigo, que pertenceram à “Madrinha” Libânia e que Régio trouxe
do seu aposento para a sala de jantar;
- a banca de ourives da família;
- o Cristo, de marfim, colocado no oratório, o qual foi pertença do ramo familiar Pereira;
- a colecção de pratos ratinho.
Os quartos do segundo andar eram do tempo da “Madrinha” Libânia para alguns dos irmãos, não
tendo tido no tempo de José Régio qualquer ocupação.
O edifício onde hoje se encontra a sala das alminhas e a sala dos jugos já existia no tempo da
“Madrinha” Libânia, seria um edifício adquirido pelo “Mano Brasileiro”, e acoplado ao edifício
principal. Refira-se a propósito que foi neste edifício que o pintor Júlio teve o seu primeiro atelier.
Segundo Flávio Gonçalves, “aqui poderemos ainda encontrar a única, pelo tamanho e qualidade,
colecção de painéis de alminhas e caixas de esmolas para as almas do purgatório que existe
no nosso país.” (MOUTINHO 1972: 24). No piso inferior guardava a colecção de jugos e barros de
Barcelos. Saídos da sala dos jugos encontramo-nos no jardim. Este foi construído em 1913 pelo
pai do poeta.
“Nos meses de Primavera, princípios de Verão, o meu quintal era um grande açafate de flores!
A geometria fora aí completamente desprezada; as várias espécies cresciam, reverdeciam,
floresciam na mais completa liberdade, misturando-se em caprichosas e espontâneas
combinações” (RÉGIO 2000: 390).
Situado no jardim, encontra-se o mirante, local onde Régio escreveu algumas das suas
criações.
Através dos espaços e da história da Casa de José Régio, com informações recolhidas junto do
único irmão vivo do poeta, o Dr. João Maria Reis Pereira, podem-se percepcionar os diferentes
momentos de ocupação da casa, que se foi transformando ao sabor dos diferentes proprietários
do imóvel.
Pertencente a uma família, com hábitos profundamente religiosos, a casa foi sofrendo significativas
mudanças, transformando-se na sua fase final, pela acção directa de José Régio, no seu refúgio
de final de vida e, simultaneamente, no contentor para uma vasta colecção de obras de arte,
muitas delas de cariz religioso e popular.
Se esta versão da história da Casa de José Régio tem um profundo lado sentimental, devido à
proximidade do Dr. João Maria Reis Pereira a seu irmão, outras fontes nos têm ao longo dos anos
servido de suporte, tais como os testemunhos de alguns dos seus amigos, a correspondência do
poeta, assim como alguns dos seus principais textos biográficos; todavia, será, certamente, o Dr.
João Maria Reis Pereira quem melhor nos pode informar acerca deste imóvel.
146
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Fachada
3.4.1. A Casa
Conforme se referiu, este edifício, um imóvel do século XIX, apresenta uma traça simples e
com espaços muito exíguos. Dispõe de um grande número de compartimentos, na generalidade
de reduzidas dimensões, sendo de destacar três áreas fundamentais: o escritório, o quarto de
dormir de José Régio e a sala de jantar. O jardim, pela sua relação com o poeta, não deve ser
esquecido.
Fachada
De linhas rectas e sóbrias, a fachada permite perceber a existência de duas áreas distintas. As
interiores, no edifício principal e a zona exterior observada através do muro lateral.
147
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
R/Chão
O R/c é composto por duas salas e o corredor. A Sala de Pintura Contemporânea, na qual estão
expostos trabalhos de Régio, Júlio, Alvarez, Barrias, entre outros. A loja ou antro, de acordo com
a terminologia adoptada por Régio, confina directamente com a rocha do monte do Mosteiro,
encontrando-se neste local a colecção de almofarizes, para além de valiosa escultura e pintura
dos séculos XVI e XVII.
O Acesso aos pisos superiores é possível através de uma escada de madeira, localizada no
centro da casa.
1º andar
No 1º andar existem duas áreas essenciais na casa. O Escritório, onde se encontra a Biblioteca
de José Régio, uma rica colecção de esculturas dos séculos XVI, XVII e XVIII, e o quarto de Ré-
gio, onde este veio a falecer a 22 de Dezembro de 1969.
2º andar
No 2º andar encontra-se a sala de jantar, com uma bela colecção de cerâmica e faiança, para
além de pintura, escultura e mobiliário; dois quartos, que seriam para hóspedes e que nunca
terão sido utilizados por José Régio; o Corredor que está também decorado com pintura e escul-
tura religiosa.
Saindo do corpo central da Casa de José Régio, e, num edifício anexo, a Casa das Alminhas ou
purgatório, local onde, de acordo com referências do Dr. Flávio Gonçalves, está reunida a maior
colecção de objectos sobre a temática de almas em Portugal. É pela tipologia da colecção que se dá
o nome a esta área da casa, assim como aquela que se encontra no R/c deste mesmo espaço.
No piso inferior, a sala dos Jugos reúne e apresenta a colecção de etnografia, onde se encon-
tram jugos e utensílios do quotidiano agrícola da região. Também neste espaço se pode observar
a presença da rocha do monte do Mosteiro.
148
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Jardim
Elemento significativo deste imóvel é o seu jardim, pelo qual Régio nutria um carinho muito es-
pecial. A sua construção, datada de 1913, foi obra de seu pai, apresentando-se como um típico
jardim romântico. Aqui encontra-se o mirante, local onde Régio guardou as suas primeiras anti-
guidades.
3.4.2. As Colecções
“Na verdade, nos últimos anos da sua vida, o notável poeta d’As Encruzilhadas de Deus con-
seguiu reunir em Vila do Conde, na casa onde nascera, e que lhe pertencia, uma importante
colecção de obras de arte, de ampla gama cronológica e dos géneros mais variados. Destacam-
se do conjunto, as peças relativas à arte popular antiga – matéria em que José Régio foi, como
coleccionador108, pioneiro no nosso país, e um admirador apaixonado.”109,110
As peças que escolheu para a sua residência de Vila do Conde, constituem, sem dúvida, partes
significativas das colecções reunidas111, tendo Régio decidido guardar, na casa da sua terra
natal, certas colecções específicas112. Estão neste caso, por exemplo, a série de vinte e sete
108 A propósito da sua faceta de coleccionador de obras de arte, na introdução ao trabalho “Correspondência Familiar
– Cartas a seus Pais”, coordenada por António Ventura este refere que:
“Algumas abordam questões familiares, contratempos que surgiam, problemas pontuais, financeiros, com os quais
José Régio se debatia por causa da compra de antiguidades. [...] Quantas vezes o aparecimento de uma peça única
lhe comprometia o vencimento mensal e o obrigava a recorrer ao pai ou a alguns amigos mais próximos.” (VENTURA
1997:16)
109 Relatório efectuado pelo Prof. Flávio Gonçalves aquando da aquisição desta casa pela Câmara Municipal de Vila
do Conde, o qual se anexa a este trabalho, a 25 de Fevereiro de 1975.
110 “Se as preferências de Régio iam também para as cerâmicas populares, ferros, vidros e obras de pastores, não
deixavam de contemplar, quando a bolsa lhe não minguava ou podia obtê-las por troca, trabalhos de gosto erudito
desde esculturas a pinturas. A propósito, deve atribuir-se o seu interesse pelas peças de arte popular ao amor pelo
povo, essa gente humilde com quem, em terras do Alentejo e em Vila do Conde, lidava com alegria e estimava, sendo
de igual forma correspondido. [...] Havia também razões psicológicas, dado que sempre consagrara a maior estima ao
povo – à sua vida, linguagem e costumes.” (MARQUES 2000: 48)
111 “Nesta procura de antiguidades percorreu sem descanso os arredores de Portalegre, andou por aldeias e vilas
alentejanas a pé, de carro ou de burro [...] Tais negócios e andanças levou-o obviamente a relacionar-se com antiquários
[...] Foi desta forma que povoou a sua casa de Portalegre de Cristos, de barros da região com dezenas e dezenas de
Senhores da paciência [...] E muito trouxe ainda para a sua casa de Vila do Conde.” (MARQUES 2000: 50 – 52)
112 “ A futura Casa-Museu de José Régio de Vila do Conde está recheada de colecções de objectos de arte e peças
de mobiliário de grande importância.
[...] Evidentemente que a colecção mais importante do poeta encontra-se em Portalegre, na casa onde viveu dezenas
de anos. No entanto, já quase nos finais da sua vida, Régio quis restaurar a casa onde tinha sido criado. [...] Entretanto
foi recheando a sua casa com peças que trouxera de Portalegre e outras que foi comprando em antiquários do norte.”
(MOUTINHO 1972: última página)
149
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
tábuas votivas, dos séculos XVII, XVIII e XIX, o salão, único em Portugal, de painéis e esculturas
com o tema do Purgatório e as caixas de esmolas das Confrarias das Almas, a colecção de jugos
provenientes do concelho de Vila do Conde. No campo da arte popular antiga contam-se, ainda,
alguns exemplares de imaginária religiosa, em pintura, mobiliário e cerâmica.
Merecem particular menção diversas esculturas religiosas – góticas, maneiristas e barrocas – ora
de madeira, ora de pedra ou barro. São igualmente de apontar várias pinturas dos séculos XVI e
XVII (das escolas regionais) e bem assim numerosos móveis dos séculos XVII e XVIII (dos quais
se salienta a bela cama setecentista em que José Régio morreu). Acrescentem-se as gravuras,
os estanhos, os vidros, as rendas, os bronzes, os ferros, as peças lapidares, entre outros, para
além das pinturas e desenhos de artistas contemporâneos como Mário Eloy, Dominguez Alvarez,
Diogo de Macedo, Júlio e do próprio Régio113.
Não se pode deixar de referir a excelente biblioteca, onde, além de volumes dos séculos XVII e
XVIII, e de valiosas obras históricas e literárias, se encontra uma rara série de primeiras edições
dos mais notáveis escritores portugueses da primeira metade do século XX, que, na maior parte
dos casos, enriqueceram os seus livros com dedicatórias autógrafas. De valor incalculável é
todo o arquivo de José Régio, com seus manuscritos, provas tipográficas, primeiras edições e os
milhares de cartas que recebeu.
O ano de 1994 marcou o inicio da nossa actividade profissional na Câmara Municipal de Vila do
Conde, tendo esta sido direccionada para a coordenação do Museu de Vila do Conde, concelho
com grande História e riqueza patrimonial. O conceito do Museu Municipal, designado Museu de
Vila do Conde, era o de uma estrutura polinucleada constituída por núcleos temáticos consagra-
dos a aspectos específicos da historiografia, etnografia e antropologia local.
O Museu de Vila do Conde, na sua globalidade, tem como objectivo principal o estudo, valo-
rização da história e salvaguarda do património do concelho de Vila do Conde. Dentro destes
objectivos gerais enquadram-se os objectivos da Casa de José Régio, os quais, genericamente,
visam a salvaguarda da casa e acervo de José Régio como forma de valorizar e homenagear
este ilustre vilacondense, figura maior das letras portuguesas do século XX, apresentando o seu
espaço de vivência como forma de transmitir conhecimentos sobre a vida e a obra deste poeta.
113 Diversos jornais diários, em Setembro de 1975 fazem a descrição da casa e das colecções de José Régio, aquan-
do da inauguração da casa do poeta.
150
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
O edifício da Av. José Régio, a principal artéria de Vila do Conde, foi a casa que o poeta escolheu
para passar os últimos anos da sua vida, após a sua aposentação do ensino, em 1962, hoje um
núcleo museológico do Museu de Vila do Conde.
Os primeiros contactos com a Casa de José Régio, permitiram percepcionar as carências e difi-
culdades desta unidade museológica. Soalhos e tectos com infestações, madeiras com fendas,
janelas e portas sem isolamento, estrutura eléctrica deficiente, enfim, todo um conjunto de pro-
blemas elencados e comunicados aos responsáveis da Câmara Municipal de Vila do Conde.
A equipa de pessoal era limitada e sem preparação para o serviço que efectuava. Três pessoas
asseguravam a totalidade das tarefas a realizar. O Guarda era porteiro e assegurava as visitas
guiadas, um guarda nocturno, assegurava a vigilância da casa entre as 22h00 e as 08h00, uma
funcionária de limpeza cumpria as suas tarefas de manutenção da casa.
Não se conhecia a quantidade exacta das peças que integravam a colecção. Recebemos inven-
tários parcelares, elaborados por pessoas sem formação, com números colados nos móveis e
molduras para se identificarem as peças num roteiro de visita, que não continha mais do que a
indicação do nome de algumas pinturas e esculturas.
Face ao cenário traçado, tanto do ponto de vista da conservação, da equipa de pessoal, bem
como da administração da unidade museológica podemos perceber que o visitante, bem como
a própria estrutura, não estavam a receber o tratamento adequado. Era necessário travar o
processo de deterioração, interromper métodos e práticas inadequados e enraizados ao longo
de anos. Aconselhamo-nos com algumas pessoas, visitámos locais semelhantes para perceber
como se processava o serviço nessas instituições, e só depois começámos a intervir neste es-
paço.
151
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
À medida que se foi conhecendo melhor a colecção, nomeadamente, os materiais, assim como o
estado de conservação, foram definidas acções de conservação e metodologias de limpeza para
cada tipo de acervo e material existente. Na primeira intervenção efectuada após esta análise, foram
removidas grandes camadas de sujidade em objectos de diferentes tipos, provando-se à equipa que
um serviço planeado e bem pensado dará resultados mais positivos e duradouros e, desta forma,
foram-se motivando os recursos humanos para as vantagens de uma orientação especializada.
Outro aspecto a equacionar era a segurança do edifício e dos materiais existentes, sendo neces-
sário garantir a detecção de incêndio, pois a existência de qualquer acidente colocava em risco
toda a estrutura. Conseguiu-se instalar um sistema de detecção de intrusão, um de detecção de
incêndio com a ligação dos sistemas às autoridades policiais e à corporação dos bombeiros para
garantir eficácia.
Foram traçados ainda objectivos a diferentes prazos. Prioritária era a necessidade de estagnar o pro-
cesso de deterioração do edifício e colecções; criar métodos de trabalho na equipa existente e, logo
que possível, alargar o grupo de agentes profissionais da Casa de José Régio; dignificar a estrutura,
nomeadamente criando um percurso e história de visita estruturado e fundamentado; estudar a casa
por forma a iniciar a planificação de uma intervenção profunda em toda a Casa de José Régio.
152
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Depois de um estudo profundo da casa e da colecção, após se definir que tipo de instituição
museológica se pretendia promover, definir objectivos estratégicos para o novo equipamento,
de como seria possível ampliar as áreas de serviço ao público, planificou-se a intervenção sobre
o imóvel e o acervo existente, solucionando os problemas estruturais, sem contudo alterar a
morfologia e o aspecto do casa. O projecto foi apresentado ao Instituto de Turismo de Portugal
– Programa PIQTUR, através do qual foi avaliada a potencialidade turística desta unidade museo-
lógica, merecendo a aprovação deste organismo da Administração Central.
Tendo sido iniciada a obra no ano de 2005, esta terminou em 2006. Todavia, é necessário perce-
ber a alteração que o serviço sofreu com esta nova intervenção. Se por um lado se preservou a
casa onde viveu e morreu José Régio, imagem da sua personalidade e vivência, por outro, cons-
truiu-se uma estrutura onde se podem receber os visitantes, enquadrar o público e desenvolver
acções de investigação sobre a história e a vida do poeta.
153
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Para o efeito, a autarquia adquiriu a casa da criada da família de José Régio, a qual foi transfor-
mada num edifício onde é possível criar um conjunto de actividades complementares, sobre a
vida e obra de José Régio, valorizando a visita à casa do poeta. Dispõe-se de um espaço para
recepção e loja, onde se vendem produtos e livros relacionados com José Régio. Criou-se uma
sala de exposições temporárias, onde se apresentarão exposições sobre diversos temas regia-
nos. Esta sala é determinante no cumprimento de um dos objectivos desta unidade museológica:
apoiar a Casa-Museu no enquadramento da figura de José Régio. Só com um conhecimento da
personalidade e obra do poeta se poderá perceber o seu espaço de habitação. Foram criadas
instalações para o Centro de Estudos Regianos, associação que, em parceria com a casa-mu-
seu, se dedica ao estudo do escritor. No último piso, localiza-se a sala polivalente, local onde to-
dos os visitantes, mesmas as pessoas portadoras de deficiência, podem assistir a um audiovisual
sobre a Vida de José Régio, sendo ainda possível aí organizar conferências, leituras de poesia,
entre outras actividades. É fundamental o conhecimento do homem antes de se visitar o espaço
do seu quotidiano. Sem contextualização, aquilo que poderá ficar na memória do visitante é um
conjunto de peças dispostas num espaço.
R/c
- Recepção e loja da Casa-Museu
- Instalações sanitárias, que respondem às necessidades dos diferentes tipos de público.
1º Andar
- Sala de exposições temporárias, destinada a mostras sobre a vida e/ou obra de José Régio, as
suas colecções, acções de intercâmbio com instituições.
2º Andar
- Instalações do Centro de Estudos Regianos.
3º Andar
- Sala polivalente, equipada com um audiovisual sobre a vida e obra de José Régio, onde tam-
bém se poderão organizar conferências, leituras de poesia entre outras actividades.
Face à nova estrutura física disponível, onde se aliam os espaços domésticos da casa-museu
aos novos espaços que conferem uma nova funcionalidade ao equipamento cultural, foi ela-
borado um programa museológico que responderá às diferentes valências desta actividade. O
objectivo é proporcionar melhores condições de visita, criar motivos de atracção permanente e
154
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
corresponder aos desejos dos diferentes tipos de público, continuar os trabalhos de investiga-
ção e conservação, essenciais para a manutenção desta unidade museológica ao longo dos
tempos. É uma programação mais cuidada a todos os níveis, desde as visitas, às actividades
paralelas até à formação e motivação do pessoal, passando pelas actividades científicas a
desenvolver.
Para definir as acções que se pretende levar a efeito na Casa-Museu de José Régio e no Centro
de Documentação, e estando os objectivos previamente definidos e apresentados, foi necessá-
rio identificar claramente a história que se pretende contar na Casa-Museu, e quais as histórias
secundárias merecedoras de serem tratadas.
Desta forma, definiu-se como história principal A VIDA E A OBRA DE JOSÉ RÉGIO NO SEU
ESPAÇO DE VIVÊNCIA. Quem era este homem que se distinguiu no mundo das letras, no sé-
culo XX, qual a sua obra, que inovações trouxe para a cultura portuguesa e de que forma orga-
nizava José Régio o seu quotidiano, quais os seus gostos, como preenchia os seus espaços e
os seus tempos.
Definiram-se ainda duas histórias secundárias possíveis de serem apresentadas nesta casa:
A FAMÍLA REIS PEREIRA, a qual se destacou no campo das artes em Vila do Conde, pela figura
do pai do Poeta, mas também pela obra de seu irmão Júlio / Saúl Dias, pintor e poeta de grande
importância no século XX português.
O FACTOR RELIGIOSO NUMA FAMÍLIA DE CLASSE MÉDIA NOS INÍCIOS DO SÉCULO XX,
é a segunda história secundária que se pode propor aos visitantes, demonstrando de que forma
a educação profundamente religiosa pode interferir na personalidade de uma pessoa, tanto pelo
lado positivo como pelo negativo, e de que forma esta casa era usada no tempo da “Madrinha”
Libânia, uma fervorosa devota da religião cristã e determinante na formação da família Reis
Pereira.
155
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Neste espaço, estará ainda colocado um ponto de venda de produtos especialmente concebidos
para este núcleo museológico. Por questões de segurança e de conservação, na recepção serão
colocados cacifos, onde os visitantes terão de deixar todos os sacos, mochilas e outros pertences.
É fundamental a criação deste espaço de forma a que o público se sinta bem acolhido e envolvi-
do numa visita que se pretende enriquecedora, não só do ponto de vista do conhecimento, mas
também na ocupação de tempos livres. O visitante deve sair do museu com um sentimento de
bom acolhimento, de um serviço organizado para bem servir o público.
Uma das funções essenciais dos museus do século XXI é serem veículos de conhecimentos, os
quais devem ser transmitidos utilizando meios de comunicação que se adaptem aos diferentes tipos
de público que o museu pretende atingir. Assim, a planificação de um serviço educativo é fundamen-
tal para que a Casa-Museu José Régio se afirme como uma âncora no processo de conhecimento
do poeta. Conhecendo os diferentes tipos de público que procuram este serviço, serão criados me-
canismos específicos para as diferentes faixas etárias e diferentes graus de ensino, por forma a ser
possível transmitir os conhecimentos que pretendemos a cada tipo de público específico.
156
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
que se transformou num escritor tão conhecido que haveria de conquistar um lugar ao nível dos
mais notáveis artífices da literatura portuguesa, coleccionador de coisas antigas e que nutria um
prazer muito especial pela jardinagem. Estas visitas não terão de passar, obrigatoriamente, pelo
edifício da Casa-Museu, pois só com a colaboração dos educadores e professores poderemos
aferir da real eficácia desta visita.
Um segundo nível passa pelos jovens em idade escolar entre o 2º e 3º Ciclo do Ensino Básico.
Estes, depois de recebidos e após a visita às exposições temporárias e ao diaporama, passarão
à Casa-Museu José Régio. Após um conhecimento prévio da sua personalidade, do seu trabalho,
farão uma visita que se pretende estimulante aos sentidos, criando actividades que direccionem
os jovens para a descoberta dos espaços, das suas funções no tempo de vivência do José Régio
nesta casa; para algumas peças da colecção; para o jardim e os seus diferentes componentes.
Alunos universitários e investigadores têm questões sempre muito próprias, pelo que a Casa-
Museu colaborará no desenvolvimento de trabalhos curriculares e projectos de investigação.
Ao visitante individual à Casa-Museu José Régio será proporcionada uma visita que privilegie o
conhecimento da vida e da obra do poeta, integrada num espaço que reflicta os seus gostos, a
sua personalidade e a sua forma de vida. Toda a organização do serviço educativo visa, como
se pode observar, estimular o interesse pela vida e obra de José Régio através do seu espaço
quotidiano, complementado com um conjunto de informação fundamental para um melhor co-
nhecimento desta individualidade.
Para a preparação destas visitas organizadas de acordo com as idades dos visitantes, procurou-se
a cooperação de educadores e professores com motivação para colaborar nestas estruturas cultu-
rais, visto as considerarem fundamentais para o desenvolvimento integral de todos os cidadãos.
Para além do serviço educativo programado pela Casa-Museu José Régio de Vila do Conde,
esta tem, também, uma importante missão na divulgação da vida e da obra de José Régio, que
não se esgota no espaço confinado à Casa-Museu.
157
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Assim, é intenção organizar conferências e seminários sobre a vida e obra de José Régio, em
colaboração com o Centro de Estudos Regianos, Universidades, ou com a comunidade escolar
local, abordando temas que possam ser do interesse dos diferentes tipos de público. Estas inicia-
tivas poderão realizar-se na sala polivalente localizada no Centro de Documentação associado
à Casa-Museu, no Auditório Municipal, ou em qualquer outro local onde se manifeste pertinente.
Pretende-se, ainda, levar a efeito leituras de poesia extraída da obra de Régio ou de contempo-
râneos seus, de outros escritores de quem tenha sofrido influência ou tenha influenciado, bem
como a encenação de peças de teatro, entre outras iniciativas.
Paralelamente, foram criados materiais impressos que suportam a informação da visita. Um des-
dobrável com um resumo da biografia de José Régio, assim como um breve historial da casa e
158
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
das colecções serão oferecidos a todos os visitantes, para que estes possam levar a informação
mínima sobre esta Instituição Museológica e dos seus serviços.
Foi editada uma brochura, colocada à venda com a seguinte informação: a biografia de José
Régio, a sua bibliografia activa, o historial e descrição da casa e das colecções, bem como al-
guns testemunhos de quem nela viveu, nomeadamente de familiares e amigos de José Régio, o
cineasta Manoel de Oliveira, a escritora Luisa Dacosta, o professor universitário João Marques e
o irmão do Poeta, João Maria dos Reis Pereira. Este trabalho é entendido como muito importan-
te, pois contém em si a síntese de muito do trabalho realizado pela equipa do museu, com rigor
científico, aliado ao factor sentimental dos testemunhos apresentados.
Face às exigências dos dias de hoje, aos gostos que a generalidade dos jovens e de outras faixas
etárias do nosso público manifestam pelas novas tecnologias, neste novo momento da progra-
mação não foram esquecidos alguns meios tecnológicos. Após a recepção dos visitantes, estes
serão conduzidos à vida e obra de José Régio através de um diaporama em suporte multimédia
com recurso a imagens da época e contemporâneas. Apresentar-se-ão os principais momentos
da vida do poeta, da sua obra e, sempre que possível, confrontar-se-á o espaço com imagens
desses locais na actualidade. Ao entrar no Museu o visitante já está desperto para pormenores
que irá descobrir ao longo da visita. Face aos diferentes tipos de público, este audiovisual é pas-
sível de ser apresentado em Português, Inglês e Francês.
Os visitantes poderão ainda realizar a visita ao espaço, recorrendo a audio-guias, os quais es-
tarão preparados para apresentar os diferentes espaços, a sua ocupação funcional ao tempo
de José Régio, as colecções aí expostas. Estes materiais estarão também disponíveis em três
línguas, com um discurso claro e acessível que permite a compreensão do espaço e o conheci-
mento do homem que habitou esta casa.
Quando se pensa em conservação preventiva ou curativa numa Casa-Museu, tem sempre de consi-
derar-se dois factores: o edifício e as colecções. Ambas as componentes são determinantes para o
estudo das personalidades que aí habitaram. De acordo com o referido no presente estudo, é o con-
junto do edifício, no qual está instalado o acervo, que reflecte aspectos vivenciais de determinada
personalidade, que constituem os elementos do estudo das unidades museológicas em questão.
Para que o processo de conservação possa ser bem estruturado é essencial conhecer o edifício,
tanto do ponto de vista histórico como dos materiais que o constitui. Para que isso se tornasse
159
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
No que concerne à dotação de condições ambientais favoráveis aos materiais, com o objectivo
de garantir a sua conservação, é importante referir que, na presente colecção, se encontram
objectos compostos por materiais de diferentes naturezas, existindo, inclusive, uma grande mul-
tiplicidade de objectos compósitos. Estabeleceu-se um equilíbrio ambiental ao nível da tempera-
tura e humidade relativa que não causasse danos irrecuperáveis no acervo existente. Procura-
se manter a temperatura na ordem dos 19 – 20º e a humidade relativa média entre 50 – 55%.
Saliente-se o facto de muitos dos objectos terem estado sujeitos a condições ambientais muito
diferentes das actualmente criadas, todavia, o período de obras permitiu a respectiva climatiza-
ção progressiva a novas condições ambientais. Durante a intervenção, foi instalado um sistema
mecânico de insuflação de ar, que permitirá criar as condições estáveis à conservação dos ma-
teriais. A monitorização ambiental, será assegurada por um sistema informático, relacionado com
uma rede de “Data Logger”, distribuído por todo o edifício.
Os objectos encontram-se expostos em regime livre, sem recurso a vitrines ou outros equipa-
mentos. Assim, o processo de limpeza tem de ser contínuo, mas, simultaneamente, cuidado,
de modo a que as técnicas e os produtos utilizados não causem danos irreversíveis aos
materiais. Elaborou-se um documento que não só determina o tipo de procedimentos a efec-
tuar, tendo em conta a especificidade dos materiais, mas também selecciona os produtos a
utilizar.
160
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Relativamente aos meios mecânicos, a Casa-Museu José Régio dispõe de um sistema de detec-
ção de intrusão, o qual será activado sempre que a instituição se encontre encerrada, estando
devidamente conectado à Polícia de Segurança Pública de Vila do Conde e à Polícia Municipal.
3.6.3.6. A Investigação
A parceria com o Centro de Estudos Regianos, associação com vocação eminentemente cien-
tífica, e que estuda, diariamente, a vida e obra de José Régio é essencial. O Centro de Estudos
dirigido por especialistas na obra regiana, será instalado no Centro de Documentação, anexo à
Casa-Museu, disponibilizando o vasto arquivo e biblioteca do poeta. Os resultados são apresen-
tados na Revista do CER – REGIANA, mas, também, em exposições e colóquios promovidos em
parceria com a Câmara Municipal e a Casa-Museu.
Porém, existe disponibilidade para responder a outras solicitações, que se apresentem como
sérias e valorizadoras de José Régio. A Casa-Museu participa, aliás, como vem sendo hábito,
em colóquios, seminários ou conferências, acções que implicam investigação sobre os temas
específicos que apresentamos.
161
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Para além disto, é objectivo estabelecer uma parceria com uma Universidade, com vista ao
estudo da colecção artística de José Régio, como forma de melhor se conhecer os diferentes
espécimes da nossa colecção.
Muitas acções têm vindo a ser realizadas; no entanto pretende-se orientar a acção para a sistematiza-
ção e desenvolvimento da vertente da investigação na Casa-Museu José Régio de Vila do Conde.
A equipa de pessoal da Casa-Museu José Régio de Vila do Conde é bastante reduzida, factor
que obriga a um grande empenhamento de todos os funcionários para que todos os serviços
sejam prestados com a qualidade que se exige a uma estrutura deste género.
A Casa-Museu José Régio de Vila do Conde conta, localmente, com dois funcionários responsá-
veis pelas visitas guiadas, recebendo a calendarização das visitas a partir da estrutura central.
Concomitantemente, acumulam funções de vigilância e acolhimento, desenvolvendo as activida-
des programadas para o efeito.
3.6.5. A Divulgação
Fundamental para o sucesso futuro da instituição é a sua divulgação junto dos diferentes tipos
de público, isto é, de investigadores, visitas escolares ou do visitante individual. Como núcleo do
162
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Museu de Vila do Conde, a Casa-Museu José Régio será divulgada em todo o material promo-
cional elaborado para o Museu de Vila do Conde, nomeadamente o “site” na Internet como um
veículo de comunicação e divulgação do Museu.
Serão criados cartazes e desdobráveis promocionais, a enviar para diferentes instituições de en-
sino e agências de viagens, como forma de promover a unidade museológica em questão. Uma
parte considerável do nosso público é escolar; Assim, uma boa divulgação junto das escolas e
universidades poderá fomentar o aumento do número de visitantes. Por outro lado, as agências
de viagens, promotoras de muitas visitas, sentindo-se atraídas pelo projecto, poderão criar pro-
gramas, nomeadamente de turismo cultural, nos quais se integram a Casa-Museu José Régio
de Vila do Conde.
Ao mesmo tempo, procura-se-á integrar a Casa-Museu de José Régio de Vila do Conde em ro-
tas de turismo cultural, especificamente nas de casas de escritores ou outras que possam surgir
como forma de divulgar o presente núcleo museológico em estruturas mais alargadas, potencia-
doras do seu desenvolvimento e divulgação.
Existe ainda a possibilidade de se recorrer ao mecenato cultural, algo que em Portugal não está
muito implantado, mas que é um meio a explorar e não difícil de conseguir, se as acções e o
papel do museu estiverem verdadeiramente implantadas no seio da comunidade.
163
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
O financiamento da Casa de José Régio será, ainda, complementado pela venda de materiais
na loja do museu e pelo resultado das cobranças nas bilheteiras.
A Casa de José Régio, aberta ao público em 1975, evoluiu no último ano no sentido de se assu-
mir como uma verdadeira Casa-Museu, desenvolvendo acções sustentadas com vista à valori-
zação e divulgação da vida e obra de uma das maiores figuras das letras portuguesas do século
XX, com o apoio do seu espaço de quotidiano que se preserva inalterado.
Este projecto arrastou-se por muitos anos, sujeitando a instituição museológica a um profundo
marasmo; porém, o arranque do processo de renovação verificou-se após uma discussão madu-
ra, uma análise cuidada e com objectivos muito precisos.
A Casa-Museu está, agora, melhor apetrechada para desenvolver um trabalho consciente, sus-
tentado e seguro do ponto de vista científico, por José Régio, pela sua obra e por Vila do Conde.
164
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
CONCLUSÃO
165
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
CONCLUSÃO
As razões da criação deste tipo de instituições podem ser de vária ordem, das quais se destacam
a homenagem a uma personalidade e a necessidade de preservação e conservação das colec-
ções existentes. Os seus fundadores, sejam eles os patronos ou outros, tais como amigos e/ou
familiares, apresentam uma preocupação básica, a sustentabilidade da casa-museu, assistindo-
se a uma preocupação para que a tutela privada seja transferida para a esfera pública no sentido
da instituição se manter para além da vida da personalidade instituidora da entidade museológi-
ca. As inúmeras casas-museu existentes ao nível internacional, a sua diversidade e acção, têm
dado origem a uma preocupação de classificação e clarificação desta realidade. Assim, surgiram
diversas propostas de classificação destas unidades museológicas que foram comparadas no
sentido de aferir a sua compatibilidade à realidade portuguesa, concluindo-se que muitas das
casas-museu portuguesas não se integram em nenhuma das tipologias propostas.
167
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
168
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
169
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
BIBLIOGRAFIA
171
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
ABRANTES, Júlia, 2000, Vila do Conde A Construção da Política Cultural ao Nível Local, Dissertação de
Mestrado em Geografia apresentado à Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Porto, Exemplar
policopiado.
ACKERMANN, Hans Christoph, 2003, “The Abegg Villa in Riggisberg”, Historic House Museums as
Witnesses of National and Local Identities, Actas da 3ª Conferência Anual Demhist – Amsterdão, Demhist
– ICOM, pp. 43–49.
ALONSO FERNANDEZ, Luis, 1993, Museologia – Introducción à la Teoría e Práctica del Museo, Madrid,
Istmo.
AMBROSE, Timothy e PAINE, Crispin, 1993, Museum Basics, Londres e Nova Iorque, Routledge e
ICOM.
ARAÚJO, Alexandra, Junho de 2004, “Casas-Museu Em Reflexão”, Boletim Trimestral da Rede Portuguesa
de Museus, n.º 12, Lisboa, Rede Portuguesa de Museus, pp. 18–19.
BANN, Stephan, 2001, “A Way of Life: Thoughts on the Identity of the House Museum”, Historic House
Museums Speack to the Public: Spectacular Exhibits versus a Philological Interpretation of History, Actas
da Conferência Anual – Demhist – Génova, Demhist – ICOM, pp. 19–27.
BENITO, Maria Filomena, Março de 1973, “A Casa de Um Homem Religioso”, Stella, n.º 423, Fátima, pp. 4–5.
BENNET, Tony, 1995, The Birth of the Museum, Londres e Nova Iorque, Routledge.
- 2003, “The Political Rationality of the Museum”, Critical Cultural Policy Studies A Reader, Cornwall,
Blackwell Publishing.
BERGSTROM, Carin M., 2001, “Skokloster Castle – One of the World’s Foremost Baroque Museums”,
Museum International, Vol, 55, n.º 2, Paris, UNESCO, pp. 36–40.
BOGAARD, Conny, 2002, “New Challenges for Dutch Collector’s Houses”, New Forms of Management for
Historic House Museums?, Actas da 2ª Conferencia Anual Demhist – Barcelona, Demhist – ICOM, pp. 13–18.
173
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
BRYANT, Julius, 2001, “An Englishman’s Home in his Castle: Re-Presenting English Heritage Houses”, Historic
House Museums Speack to the Public: Spectacular Exhibits versus a Philological Interpretation of History, Actas
da Conferência Anual – Demhist – Génova, Demhist – ICOM, pp. 29–33.
- 2002, “How to use Fakes Honestly in Historic House Museums”, New Forms of Management for
Historic House Museums?, Actas da 2ª Conferencia Anual Demhist – Barcelona, Demhist – ICOM, 2002,
pp. 19–23.
- 2003, “Homes for Heroes: The Rise of the Personality Museums in Britains 1840 – 2002”, Historic
House Museums as Witnesses of National and Local Identities, Actas da 3ª Conferência Anual Demhist
– Amsterdão, Demhist – ICOM, pp. 51–57.
BRYK, Nancy E. Villa, 2002, “I Wish You Could Take a Peek at us at the Present Moment: Infusing The
Historic House with Characters and activity”, Interpreting Historic House Museums, Walnut Creek, Altamira
Press, pp. 144–167.
BROOKS, Nradley C., 2002, “The Historic House Furnishing Plan: Process and Product”, Interpreting
Historic House Museums, Walnut Creek, Altamira Press, 128–143.
BURKOM, Frans Van, 2003, “A House in Holland … Identity in the Future”, Historic House Museums as
Witnesses of National and Local Identities, Actas da 3ª Conferência Anual Demhist – Amsterdão, Demhist
– ICOM, pp. 31–39.
BUTCHER-YOUNGHANS, Sherry, 1993, Historic House Museums: a practical handbook for their care,
preservation and management, Nova Iorque, Oxford University Press.
BUTLER III, Patrick H., 2002 , “Past, Present and Future: The Place of the House Museum in Museum
Community”, Interpreting Historic House Museums, Walnut Creek, Altamira Press, pp. 18–42.
CABRAL, Magaly, 2001, “Exhibiting and Communicating History and Society in Historic House Museums”,
Historic House Museums Speack to the Public: Spectacular Exhibits versus a Philological Interpretation of
History, Actas da Conferência Anual – Demhist – Génova, Demhist – ICOM, pp. 35–40.
- 2001, “Exhibiting and Communicating History and Society in Historic House Museums”, Museum
International, Vol. 53, n.º 2, Paris, UNESCO, pp. 41–46.
- 2002, “New Ways of Managing Brazilian Historic House Museums?”, New Forms of Management
for Historic House Museums?, Actas da 2ª Conferencia Anual Demhist – Barcelona, Demhist – ICOM, pp.
25–30.
- 2003, “How May the House Museum of Rui Barbosa Museum Play its Role in Local and National
Identities?”, Historic House Museums as Witnesses of National and Local Identities, Actas da 3ª Conferência
Anual Demhist – Amsterdão, Demhist – ICOM, pp. 59–63.
CADETE, Isabel, Junho – Dezembro de 2000, “Os Escritos de José Régio – Uma Memória Preservada”, Boletim
Centro de Estudos Regianos, n.º 6 –7, Vila do Conde, Câmara Municipal de Vila do Conde, pp. 67–97.
174
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
CAMACHO, Clara Fayão e FIGUEIREDO, Cláudia, coord., 2004, Roteiro de Museus, Lisboa, Instituto
Português de Museus | Rede Portuguesa de Museus.
CARITA, Alexandra, Setembro-2001, “José Régio Filho de Deus e do Diabo”, Revista Expresso, n.º 1507,
Lisboa, Expresso, pp. 41–53.
COSTA, António Firmino, 1997, Políticas Culturais: Conceitos e Perspectivas, Versão electrónica do artigo
da publicação periódica do Observatório das Actividades Culturais, OBS n.º 2, Lisboa, OAC, pp. 10 – 14
(impressa dia 2007-03-19).
CREDLE, Jamie, 2002, “Endless Possibilities: Historic House Museum Programs that Make Educators Sing”,
Interpreting Historic House Museums, Walnut Creek, Altamira Press, pp. 269–292.
CRUZ, António, 1963, Casa-Museu de Guerra Junqueiro – Guia do Visitante, Porto, Câmara Municipal do Porto.
CSICSERY-RÓNAY, István, Setembro 1996, “Voir l’Océan dans une goutte d’eau: le Musée-Mémorial
Mihály-Zichy”, Museum International, n.º 3, Paris, UNESCO, pp. 14–20.
DACOSTA, Luísa, Dezembro de 1998, “A Última Visita”, Boletim Centro de Estudos Regianos, n.º 3, Vila
do Conde, Câmara Municipal de Vila do Conde, pp. 93–96.
- Junho – Dezembro de 1999, “O Jardim do Poeta”, Boletim Centro de Estudos Regianos, n.º 4- 5,
Vila do Conde, Câmara Municipal de Vila do Conde, pp. 165–166.
D’ÁIX, Ajmone Di Seyssel, 1997, “Dimora Privata: Museo o non museo?”, Abitare La Storia - Le Dimore
Storiche-Museo – Restauro Sicurezza Didattica Comunicazione, Génova, Ministero Per i Beni e le Attivitá
Culturali, pp. 47–49.
DAVIS, Terry L., 2003, “Historic House Museums in América – A National Perspective”, Historic House
Museums as Witnesses of National and Local Identities, Actas da 3ª Conferência Anual Demhist –
Amsterdão, Demhist – ICOM, pp. 123–127.
DIAS, Nélia, coord., 1997, Roteiro de Museus (colecções etnográficas) – Lisboa e Vale do Tejo, Vol. 1,
Lisboa, Olhapim.
- 1999, Roteiro de Museus (colecções etnográficas) – Região Centro, Vol. 3, Lisboa, Olhapim.
- 2000, Roteiro de Museus (colecções etnográficas) – Açores e Madeira, Vol. 5, Lisboa, Olhapim.
- 2001, Roteiro de Museus (colecções etnográficas) – Região Norte, Vol. 4, Lisboa, Olhapim.
DONNELLY, Jessica Foy, ed, 2002, Interpreting Historic House Museums, Walnut Creek, Altamira Press.
DUDLEY, D.H. & Wilkinson, 1979, Museum Registration Methods, Washington, Americam Association of
Museums.
EDSON, Gary e DEAN, David, 1994, The Handbook for Museums, Londres e Nova Iorque, Routledge.
175
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
ELLIS, Rex M., 2002 , “Interpreting The Whole House”, Interpreting Historic House Museums, Walnut
Creek, Altamira Press, pp. 61–80.
FACOS, Michelle, 2003, “The Sundborn Home of Carl and Karin Larson as a Model os Local and National
Identities”, Historic House Museums as Witnesses of National and Local Identities, Actas da 3ª Conferência
Anual Demhist – Amsterdão, Demhist – ICOM, pp. 65–68.
GALHOZ, Aliete, 1996, Catorze Ensaios sobre José Régio Seguidos de uma Biobiografia Essencial,
Lisboa, Edições Cosmos.
GARCIA, Pinto, 24 de Dezembro de 1971, “Casa de José Régio – Lugar de Todas as Homenagens”,
Flama, n.º 1242, Lisboa, O Século, pp. 3.
- 3 de Janeiro de 1975, “Casa de José Régio – Vai Ser de Vila do Conde”, Flama, n.º 1400, Lisboa,
O Século, pp. 24–27.
GONÇALVES, António Manuel, 1968, Casa-Museu Egas Muniz em Avanca, Aveiro, Arquivo Distrital de
Aveiro.
GORGAS, Mónica Risnicoff de, Abril – Junho 2001, “Reality as Illusion, the Historic Houses that Become
Museums”, Museum International, Vol. 53, n.º 2, Paris, UNESCO, pp. 10–15.
- 2002, “Casas Museo. El Desafío de ir más allá de la Gestion”, New Forms of Management for
Historic House Museums?, Actas da 2ª Conferencia Anual Demhist – Barcelona, Demhist – ICOM, pp.
31–35.
GRIJZENHOUT, Frans, 2003, “Empty Places: Historic House and National Memory”, Historic House
Museums as Witnesses of National and Local Identities, Actas da 3ª Conferência Anual Demhist –
Amsterdão, Demhist – ICOM, pp. 17–30.
GUERREIRO, Alberto, ASCENSÂO, Eduardo e NUNES, Vítor, 1999, “Casa Fernando Pessoa e Casa-
Museu João Soares: dois casos distintos de intervenção num espaço de meméria”, Boletim da Associação
Portuguesa de Museologia, III Série, n.ºs 1/2, pp. 16–30.
HEIN, Hilde, 1990, The Exploratorium – The Museum as Laboratory, Washington e Londres, Smithsonian
Institution Press.
HIRSH, Sharon, 2003, “The House as a Sanctuary: Belgian Symbolist Interiors”, Historic House Museums
as Witnesses of National and Local Identities, Actas da 3ª Conferência Anual Demhist – Amsterdão, Demhist
– ICOM, pp.69–76.
- 1994, The Educational Role of the Museum, Londres e Nova Iorque, Routledge.
176
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
JERVIS, Simon, 1997, “The National Trust, a House of Many Mansions”, Abitare La Storia - Le Dimore
Storiche-Museo – Restauro Sicurezza Didattica Comunicazione, Génova, Ministero Per i Beni e le Attivitá
Culturali, pp. 42 – 46.
KAUSHIK, Raj, 1999, “Accès refusé : Pouvons-nous Surmonter nos Attitudes Handicapantes?”, Museum
International, Vol. 51, n.º3, Paris, UNESCO, pp. 48 – 52.
LAVIN, Meggett B., 2002 , “Building a Tool Kit for Your Interpreters: Methods of Success from Drayton Hall”,
Interpreting Historic House Museums, Walnut Creek, Altamira Press, pp. 251 – 268.
LEONCINI, Luca e SIMONETTI, Farida, 1997, Abitare La Storia - Le Dimore Storiche-Museo – Restauro
Sicurezza Didattica Comunicazione, Génova, Ministero Per i Beni e le Attivitá Culturali.
LEONCINI, Luca, 1997, “Perché “Abitare la Storia””, Abitare La Storia - Le Dimore Storiche-Museo –
Restauro Sicurezza Didattica Comunicazione, Génova, Ministero Per i Beni e le Attivitá Culturali, pp. 9
– 14.
- 2001, “Stately Home Museums: Striking a Balance, Turning Them into a Spectacle, and the
Philological Reconstruction of their History”, Historic House Museums Speack to the Public: Spectacular
Exhibits versus a Philological Interpretation of History, Actas da Conferência Anual – Demhist – Génova,
Demhist – ICOM, pp. 47 – 53.
LETRIA, José Jorge, 2001, As Casas-Museu no Contexto da Museologia Europeia, Texto apresentado
numa reunião da Associação Nacional dos Municípios Portugueses, 10 pp., texto não publicado.
LEVY, Barbara Abramoff, 2002, “Interpretation Planning: Why and How”, Interpreting Historic House
Museums, Walnut Creek, Altamira Press, pp. 43 – 60.
LEWIS, Justin e MILLER, Toby, 2003, Critical Cultural Policy Studies A Reader, Cornwall, Blackwell
Publishing.
LIRA, Sérgio, 2000, “Do museu de elite ao museu de todos: público e acessibilidades em alguns museus
portugueses”, Museus: a Arquitectura e o Público, Actas de Seminário com o mesmo nome, Porto, APOM
– Delegação do Norte, pp. 25 - 38.
LISBOA, Eugénio, 1978, José Régio – Uma Literatura Viva, Lisboa, Instituto da Cultura Portuguesa.
- Setembro-2001, “O Fogo de Camões”, Revista Expresso, n.º 1507, Lisboa, Expresso, pp.54
– 56.
LLOYD, Sandra Mackenzie, 2002 , “Creating Memorable Visits: How to Develop and Implement Theme-
Based Tours”, Interpreting Historic House Museums, Walnut Creek, Altamira Press, pp. 210 – 230.
177
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
LOPEZ REDONDO, Amparo, 2002, “La Recreación como Fórmula e Comunicación del Gusto del
Coleccionista”, New Forms of Management for Historic House Museums?, Actas da 2ª Conferencia Anual
Demhist – Barcelona, Demhist – ICOM, pp. 38–43.
LORENTE LORENTE, Jesús Pedro, 1998, “Qué és una Casa-Museo? Por qué hay tantas Casas-Museo
Decimonónicas?”, Revista de Museológia, n.º 14, Madrid, AEM, pp. 30–32.
MACHADO, José Pedro, coord., 1981, Grande Dicionário de Língua Portuguesa, Lisboa, Sociedade de
Língua Portuguesa e Amigos do Livro Editores.
MAGNIFICO, Marco, 1997, “ Il Ruolo della Famiglia”, Abitare La Storia - Le Dimore Storiche-Museo – Restauro
Sicurezza Didattica Comunicazione, Génova, Ministero Per i Beni e le Attivitá Culturali, pp. 50–51.
MARQUES, João Francisco, 1989, “José Régio e Flávio Gonçalves – Os Caminhos de uma Amizade”,
Boletim Cultural Póvoa de Varzim, Vol. XXVI, n.º 1, Póvoa de Varzim, Câmara Municipal da Póvoa de
Varzim, pp. 153–335.
- 2001, Raízes e Percurso de José Régio (1901 – 1969), Vila do Conde, Centro de Estudos
Regianos.
MATIAS, Maria Margarida L. Garrido Marques, Junho-1980, Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, Lisboa,
IPPC.
MARTINS, Ana Margarida de Castro Lopes, 1996, Casas-Museu em Portugal: Modelos de Organização e
Conceito, Dissertação de Mestrado em Museologia e Património, Lisboa, Universidade Nova de Lisboa.
MENESES, Ulpiano Bezerra de, 2005.12.09, O Museu e o Problema do Conhecimento, Rio de Janeiro,
Casa de Rui Barbosa, www.museucasaruibarbosa.gov.br.
MEYER, Starleen K., 2003, “ The Demhist Categorization Project: Collaborator’s Note”, Historic House
Museums as Witnesses of National and Local Identities, Actas da 3ª Conferência Anual Demhist –
Amsterdão, Demhist – ICOM, pp.129–132.
MOREIRA, Marta Rocha, 2006 , Da Casa ao Museu – adaptações arquitectónicas nas casas-museu em
Portugal, Dissertação de Mestrado apresentada na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto,
Porto, FAUP.
MOUTINHO, Viale, 15 de Junho de 1972, “O Pioneirismo do Poeta num Sector artístico”, Jornal de Noticias,
Porto.
178
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
- 4 de Janeiro de 1987, “A Outra Casa de José Régio”, Diário de Noticias – Magazine, Porto, pp.
41–43.
MONGE, Maria de Jesus, 2006, “The Identity of House-Museum in Portugal”, Case-Museo a Milano:
Esperienze europee per un Pregetto di Rete, Actas de Congresso com a mesma designação, Milão,
Regione Lombardia e Fondazione Cariplo, pp. 64–73.
NEVES, Joaquim Pacheco, 1978, Evocação de José Régio – Doença e Morte, Vila do Conde, Ed. Ser.
NEVES, José Soares e SANTOS, Jorge Alves dos, 2001, “Museus Portugueses: evolução recente do
seu levantamento (1999-2001), Boletim Trimestral da Rede Portuguesa de Museus, n.º 1, Lisboa, Rede
Portuguesa de Museus.
- 2006, “Aspectos da Evolução dos Museus em Portugal no período 2000-2005”, Boletim Trimestral
da Rede Portuguesa de Museus, n.º 21, Lisboa, Rede Portuguesa de Museus.
NOVAIS, Isabel Cadete, 2002, José Régio – Itinerário Fotobiográfico, Lisboa, Imprensa Nacional Casa da
Moeda – Câmara Municipal de Vila do Conde.
OGANDO, Araujo, Junho de 1984, “Antologia”, Norte Revista, n.º 5, Porto, pp. 67–69.
OLMEDO-PATIÑO, Dolores, Setembro 1996, “Un Lieu de Légende: le Musée Frida-Kahlo”, Museum
International, n.º 3, Paris, UNESCO, pp. 21–24.
PALMA, Maria Camilla de, 2001, “Castello D’Albertis, Genoa”, Historic House Museums Speack to the
Public: Spectacular Exhibits versus a Philological Interpretation of History, Actas da Conferência Anual
– Demhist – Génova, Demhist – ICOM, pp. 41–46.
PASTOR HONS, Maria Inmaculada, 1992, El Museo y la Educación en la Comunidad, Barcelona, Ed.
Ceac.
PAVONI, Rosanna e SELVAFOLTA, Ornella, 1997, “La Diversitá delle Dimore-Museo: Opportunitá di una
Reflessione”, Abitare La Storia - Le Dimore Storiche-Museo – Restauro Sicurezza Didattica Comunicazione,
Génova, Ministero Per i Beni e le Attivitá Culturali, pp. 32–36.
PAVONI, Rosanna, Abril – Junho 2001, “Towards a Definition and Typology of Historic House Museums”,
Museum International, vol. 53, n.º 2, Paris, UNESCO, pp. 16–21.
- 2001, Historic House Museums Speack to the Public: Spectacular Exhibits versus a Philological
Interpretation of History, Actas da Conferência Anual – Demhist – Génova, Demhist – ICOM.
- 2001, “Order Out of Chaos: The Historic House Museums Categorization Project”, Historic House
Museums Speack to the Public: Spectacular Exhibits versus a Philological Interpretation of History, Actas
da Conferência Anual – Demhist – Génova, Demhist – ICOM, pp. 63–70.
179
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
- 2002, New Forms of Management for Historic House Museums?, Actas da 2ª Conferencia Anual
Demhist – Barcelona, Demhist – ICOM.
- 2002, “The Second Phase of the Categorization Project: Sub-Categories”, New Forms of
Management for Historic House Museums?, Actas da 2ª Conferencia Anual Demhist – Barcelona, Demhist
– ICOM, pp. 51–57.
- Julho-2002, “Visiting a Historic House Museum”, Interpreting Historiuc House Museum, Open
Museum Journal, Vol. 5, s/l, 5 pp.
- 2003, Historic House Museums as Witnesses of National and Local Identities, Actas da 3ª
Conferência Anual Demhist – Amsterdão, Demhist – ICOM.
- 2003, “The Second Phase of the Categorization Project: Understanding Your House Through
Sub-Categories”, Historic House Museums as Witnesses of National and Local Identities, Actas da 3ª
Conferência Anual Demhist – Amsterdão, Demhist – ICOM, pp. 117–122.
PAVONI, Rosanna e ZANNI, Annalisa, Coord, 2006, Case-Museo a Milano: Esperienze europee per un
Pregetto di Rete, Actas de Congresso com a mesma designação, Milão, Regione Lombardia e Fondazione
Cariplo.
PEARCE, Susan M., 1989, Museum Studies in Material Culture, Leicester, University Press.
- 1992, Museums, Objects and Collections: a Cultural Study, Leicester, University Press.
- 1995, On Collecting: An Investigation Into Collecting the European Tradition, Londres e Nova
Iorque, Routledge.
PEREIRA, João Reis, 2 de Maio de 1986, “A Casa de José Régio em Vila do Conde”, Terras da Nossa
Terra, Vila do Conde, pp. 39–41.
- Dezembro – 1990, “Amar as Flores e Ser Jardineiro foi também “Fado””, Boletim Cultural da
Câmara Municipal de Vila do Conde, Nova Série, n.º 6, Vila do Conde, Câmara Municipal de Vila do Conde,
pp. 7–15.
PIATT, Margaret, 2002 , “Engaging Visitors Through Effective Communication”, Interpreting Historic House
Museums, Walnut Creek, Altamira Press, pp. 231–249.
PINNA, Giovanni, Abril – Junho 2001, “Introduction to Historic House Museums”, Museum International,
Vol. N.º 53, n.º 2, Paris, UNESCO, pp. 4–9.
180
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
REIS, Claudia Barbosa, 2005.12.09, A Pesquisa sobre o Acervo, Anais do IV Seminário sobre Casas-
Museu, Rio de Janeiro, Casa Rui Barbosa, www.casaruibarbosa.gov.br.
- 2005.12.09, A Pesquisa Museológica no Museu Casa de Rui Barbosa, Rio de Janeiro, Casa Rui
Barbosa, www.casaruibarbosa.gov.br.
RIBEIRO, Paula e VILHENA, João Francisco, 1997, Casas Descritas, Lisboa, Circulo de Leitores.
RÉGIO, José, 1983, Confissão Dum Homem Religioso, 2ª ed., Porto, Brasília Editora.
ROBERTS, D. Andrew, 1988, The Collections Management for Museums, Cambridge, The Museum
Documentation Association.
ROCHA, Luís de Miranda, 14 de Dezembro de 1973, “A Casa de Régio”, Observador, n.º 148, Lisboa, pp. 18–20.
ROSE, Vivien Ellen, Janeiro – Março 2001, “Le Parc Historique National des Droits de la Femme: oú les
« droits » sont notre Maison”, Museum International, n.º 1, Paris, UNESCO, pp. 32 – 36.
S/a, 1934, “Les Maisons Historiques et Leur Utilisation comme Musées”, Museion, n.º III-IV, Vol. 27-28,
Paris, Office International des Musées, pp. 276–286.
S/a, 25 de Setembro de 1970, “José Régio”, Vida Mundial, n.º 1633, Lisboa.
S/a, 18 de Setembro de 1975, “Casa de José Régio – O Mundo do Poeta ao Alcance do Povo”, O Primeiro
de Janeiro, Porto, p. 8.
SANTOS, Maria de Lurdes Lima dos, 1999, Indústrias Culturais: Especificidades e Precaridades, Versão
electrónica do artigo da publicação periódica do Observatório das Actividades Culturais, OBS n.º 5, Lisboa,
OAC, pp. 2 - 6 (impressa dia 2007-03-19).
SCAON, Gaby, Abril – Junho 2001, “Pierre Loti’s House : The Balancing Act Between Exhibition and
Conservation”, Museum International, Vol. 53, n.º 2, Paris, UNESCO, pp. 49–55.
SCREVEN, C. G., 1993, “Estudios sobre Visitantes”, Museum International, n.º 2, Paris, UNESCO, Vol.
XLV, n.º 2, pp. 4–5.
- 1993, “En los Estados Unidos, una Ciencia en Formación”, Museum International, Vol. XLV , n.º
2, Paris, UNESCO, pp. 6–12.
SILVA, Raquel Henriques da e SANTOS, Maria de Lourdes Lima dos, coord., 2000, Inquérito aos Museus
de Portugal, Lisboa, Instituto Português de Museus – Observatório das Actividades Culturais.
SIMONETTI, Farida, 2001, “La Galerie Nationale de Palazzo Spinola à Gênes: Activités pour l’Education
Intellectuelle et Activités pour une Visite Émotionnelle», Historic House Museums Speack to the Public:
Spectacular Exhibits versus a Philological Interpretation of History, Actas da Conferência Anual – Demhist
– Génova, Demhist – ICOM, pp. 75–78.
181
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
SMITH, Charlotte H. F., 2002, “ Evolving Notions of Authenticity and Interpretation at House Museums in
the United States”, New Forms of Management for Historic House Museums?, Actas da 2ª Conferencia
Anual Demhist – Barcelona, Demhist – ICOM, pp. 60–63.
SMITH, Susanna, Janeiro – Março 2001, “La Maison du Travail Revistée : L’ècho de la Pauvreté Passée
sur le Present”, Museum International, n.º 1, Paris, UNESCO, pp. 21–24.
SOARES, Maria de Jesus Barroso, Junho – Dezembro de 1999, “Depoimento de Quem Conheceu José
Régio”, Boletim Centro de Estudos Regianos, n.º 4- 5, Vila do Conde, Câmara Municipal de Vila do Conde,
pp. 159–164.
SOUSA, Élvio Merlim de Sousa, 2005, De Residência Privada a Casa-Museu de Leal da Câmara – Um
Percurso Singular, Sintra, Câmara Municipal de Sintra / Rede Portuguesa de Museus.
STAM, Dineke, 2002, “ Feeling the Authenticity of Anne Frank’s Wallpaper”, New Forms of Management
for Historic House Museums?, Actas da 2ª Conferencia Anual Demhist – Barcelona, Demhist – ICOM, pp.
65–68.
TARSHISH, Noa, Setembro 1996, “Recherche d’Une Identité : Le Musée Mané-Katz”, Museum International,
n.º 3, Paris, UNESCO, pp. 9–13.
THOMPSON, John M. A., 1992, Manual of Curatorship – A Guide to Museum Practice, Oxford, Butterworth-
Heinemann.
THROSBY, David, 2001, Economics and Culture, Cambridge, Cambridge University Press.
TURIBIO, Ana Isabel e NOVAIS, Isabel Cadete, 2005, Espelhamentos – Herança Literária de José Régio,
Vila do Conde, Centro de Estudos Regianos.
VALENTIEN, Imke K., Setembro 1996, “L’Atelier, Source d’Inspiration ”, Museum International, n.º 3, Paris,
UNESCO, pp. 31–35.
Vários, Abril-1989, Casa-Museu Francisco Ernesto de Oliveira Martins, Angra do Heroísmo, Secretaria
Regional de Educação e Cultura – Direcção Regional dos Assuntos Culturais.
VENTURA, António, Apres., 1994, José Régio / António Sérgio – Correspondência (1933 – 1958),
Portalegre, Câmara Municipal de Portalegre / Centro de Estudos José Régio.
- 1997, José Régio – Correspondência Familiar – Cartas a seus Pais, Portalegre, Câmara Municipal
de Portalegre / Centro de Estudos José Régio.
- 2001, José Régio e a Arte Popular, Portalegre, Câmara Municipal de Portalegre / Câmara
Municipal de Vila dom Conde.
VERBRAAK, Marja, Janeiro – Março 2001, “Le Paradoxe de la Maison d’Anne Frank”, Museum International,
n.º 1, Paris, UNESCO, pp.28–31.
VERGO, Peter, 1989, The New Museology, Grã Bretanha, Reaktion Books.
182
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
VLIEGENTHART, Adriaan W., 1997, “Transformation of a Palace into a Museum”, Abitare La Storia - Le
Dimore Storiche-Museo – Restauro Sicurezza Didattica Comunicazione, Génova, Ministero Per i Beni e le
Attivitá Culturali, pp. 85–88.
VOS, Rik, 2003, “Historic House Museums”, Historic House Museums as Witnesses of National and Local
Identities, Actas da 3ª Conferência Anual Demhist – Amsterdão, Demhist – ICOM, pp. 9–10.
WATERFIELD, Giles, 1997, “The Modern Visitor and the Historic Palace: Is Understanding Possible?”,
Abitare La Storia - Le Dimore Storiche-Museo – Restauro Sicurezza Didattica Comunicazione, Génova,
Ministero Per i Beni e le Attivitá Culturali, pp. 136–139.
WEILL, Stephen, 1999, “The Museum and the Public”, Museum Management and Curatorship, Vol. 16, n.º
3, Abingdon, Pergamon, Setembro 1997, pp. 257–271.
WEST, Patricia, 1999, Domesticating History – The Political Origins of America’s House Museums,
Washington | Londres, Smithsonian Institution Press.
WHITTINGHAM, Selby, Setembro 1996, “Poésie des Musées”, Museum International, n.º 3, Paris,
UNESCO, pp. 4–8.
WILL, Leonard, Março 1994, “Les Musées, Centres d’Information”, Museum International, Vol. XLVI, n.º 1,
pp. 20–25.
WILLIAMS, Ridgeley e RUBENSTEIN, Rosalyn, 1993, “En el Canadá, una Sola opción: Continuar”, Museum
International, Vol. XLV , n.º 2, Paris, UNESCO, pp. 20–25.
YOUNG, Linda, Outubro 2006, House Museologie: Houses as Museums in the Age of Heritage, Texto
apresentado no 6º Encontro Anual do Demhisto, Malta, 12 pp, texto não publicado.
ZANNI, Annalisa, 1997, “Dalla Casa al museo: il caso Poldi Pezzolli”, Abitare La Storia - Le Dimore Storiche-
Museo – Restauro Sicurezza Didattica Comunicazione, Génova, Ministero Per i Beni e le Attivitá Culturali,
pp. 55–57.
ZANNI, Annalisa, 2002, “New Forms of Communication and Reception and New Languages in House-
Museums in Europe and the United States”, New Forms of Management for Historic House Museums?,
Actas da 2ª Conferencia Anual Demhist – Barcelona, Demhist – ICOM, pp. 85–91
ZUKOWSKI, Karen, Outubro 2006, Towards a Definition of Historic House Musems in América, Texto
apresentado no Historic House Museum Professional Interest Council, da American Association of
Museums, 3 pp., não publicado.
www.ip-museus.pt.
www.rp-museus-pt.org.
http://portal.unesco.org.
www.europeanmuseumforum.org.
183
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
www.oac.pt.
www.dn.sapo.pt.
www.geira.pt.
www.casaruibarbosa.gov.br.
www.museobagattivalsecchi.org.
www.northwestmuseum.org.
www.cmag.ipmuseus.pt.
www.mnsr.ipmuseus.pt.
www.cm-portalegre.pt.
www.cm-viladoconde.pt.
www.aveiro-norte.ua.pt.
www.cm-sintra.pt.
www.cm-estarreja.pt.
www.cm-vn.famalicao.
www.fbb.pt.
www.rotadaluz.pt.
www.ivv.min-agricultura.pt.
www.cm-porto.pt.
www.cm-chamusca.pt.
http://radiz.cultalg.pt.
www.cm-salvaterrademagos.pt.
www.urbi.ubi.pt.
www.santuario-fatima.pt.
www.cm-nazare.pt.
184
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
www.jarmelo.com.
www.cm-covilha.pt.
www.jornaldaguarda.com.
www.cm-penacova.pt.
www.rotadaluz.pt.
www.portugal-live.net.
www.ramospinto.pt.
www.prof2000.pt.
www.joaodeus.com.
www.farmacia-pavia.com.
www.gaianima.pt.
www.mun-setubal.pt.
www.minhaterra.com.pt.
www.madeiratourism.com
http://torresnovas.no.sapo.pt.
www.casafernandopessoa.com.
www.mundo.iol.pt.
www.fmsoares.pt.
www.apol.net.
www.cm-condeixa.pt.
www.jornalfontenova.com.
www.cm-ovar.pt.
www.oliveiradohospital.com.
www.apagian.pt.
www.feaa.pt.
185
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
www.cm-aljezur.pt.
www.cm-alpiarca.pt.
http://lazer.publico.pt.
186
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
ANEXOS
187
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Anexo 1
Lista das Casas-Museu remetida pela Rede Portuguesa de Museus
Anexo 2
Resultados da Lista RPM
Anexo 3
Lista das Casas-Museu no inquérito OAC|IPM
Anexo 4
Resultados da análise do Inquérito OAC|IPM
Anexo 5
Lista das Casas-Museu seleccionadas para o envio do inquérito AP
Anexo 6
Inquérito AP
Anexo 7
Resultados do Inquérito AP
Anexo 8
Lista das Casas-Museu que responderam ao Inquérito AP
Anexo 9
Lista das Casas-Museu que não responderam ao Inquérito AP
Anexo 10
Definições de casa-museu por Museólogos portugueses
Anexo 11
Descrição das Unidades Museológicas de acordo com a proposta de classificação
Anexo n.º 12
Lista de correspondência de n.º à Casa-Museu na tabela de análise dos requisitos para ser con-
siderada Casa-Museu
189
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
ANEXO 1
191
IPM/RPM
Listagem de Casas-Museu
Total de registos: 113
Fonte: OAC/ IPM-RPM
Museu Entidade que tutela Concelho Tipo Região Situação de
(Nut II) Funcionamento
Casa “Carpintaria Antiga” Centro Social e Paroquial da Ribeira Chã LAGOA Por definir AÇORES A Funcionar
Casa Cultural do Grupo Folclórico das Doze Ribeiras ANGRA DO HEROÍSMO Etnografia e AÇORES A Funcionar
Grupo Folclórico das Doze Ribeiras Antropologia
Casa da Freira do Arcano (Presépio) Câmara Municipal da Ribeira Grande RIBEIRA GRANDE Por definir AÇORES Em Projecto
Casa das Debulhadoras Direcção Regional da Cultura dos Açores SANTA CRUZ DA GRA- Por definir AÇORES A Funcionar
CIOSA
Casa de Derreter Baleias das Câmara Municipal de Lajes das Flores LAJES DAS FLORES Por definir AÇORES Intenção
Lages das Flores
Casa Típica - Museu Dr. Marcelino Associação Cultural das Cinco Ribeiras ANGRA DO HEROÍSMO Etnografia e AÇORES A Funcionar
Moules Antropologia
Casa Tradicional / Centro Social e Paroquial da Ribeira Chã LAGOA Por definir AÇORES A Funcionar
Casa-Museu de Maria dos Anjos Re-
belo
Casa-Museu Armando Cortês-Rodrigues Direcção Regional dos Assuntos Culturais da PONTA DELGADA História AÇORES Em Projecto
Madeira
Casa-Museu de Francisco Ernesto Francisco Ernesto ANGRA DO HEROÍSMO Pluridisciplinares AÇORES A Funcionar
de Oliveira Martins
Casa Agrícola José Mota Cortes Maria Domingas Cortes ESTREMOZ Etnografia e ALENTEJO A Funcionar
Antropologia
Casa Escritor Fialho de Almeida Câmara Municipal de Cuba CUBA Por definir ALENTEJO Em Projecto
Casa-Museu de Alpalhão Junta de Freguesia Alpalhão NISA Por definir ALENTEJO A Funcionar
Casa-Museu do Mineiro Câmara Municipal de Mértola MÉRTOLA Por definir ALENTEJO Em Projecto
Casa-Museu dos Bonecos de Emílio Câmara Municipal de Portalegre PORTALEGRE Por definir ALENTEJO Em Projecto
Relvas
Casa-Museu José Régio Câmara Municipal de Portalegre PORTALEGRE Etnografia e ALENTEJO A Funcionar
Antropologia
193
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
194
Casa-Museu Manuel Ribeiro de Pavia Câmara Municipal de Mora MORA Arte ALENTEJO A Funcionar
Casa-Museu Padre Belo Santa Casa da Misericórdia do Crato CRATO História ALENTEJO A Funcionar
Casa da Cultura António Bentes Santa Casa da Misericórdia de S. Brás de SÃO BRÁS DE ALPOR- Etnografia e ALGARVE A Funcionar
Museu do Trajo Algarvio Alportel TEL Antropologia
Casa-Museu de Pechão Junta de Freguesia Pechão OLHÃO Etnografia e ALGARVE A Funcionar
Antropologia
Casa-Museu João de Deus Câmara Municipal de Silves SILVES Especializados ALGARVE A Funcionar
Casa-Museu Pintor José Cercas Câmara Municipal de Aljezur ALJEZUR Arte ALGARVE A Funcionar
Casa da Cultura - Museu Municipal Câmara Municipal de São Pedro do Sul SÃO PEDRO DO SUL Por definir CENTRO Em Projecto
Casa da Cultura Visconde da Corujeira Câmara Municipal de Mira MIRA Pluridisciplinares CENTRO Em Projecto
Casa da Madalena Rancho Folclórico Rosas do Lena BATALHA Etnografia e CENTRO A Funcionar
Museu Etnográfico da Alta Estremadura Antropologia
Casa do Monte Câmara Municipal de Penacova PENACOVA Por definir CENTRO Em Projecto
Casa Gafanhoa Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré ÍLHAVO Etnografia e CENTRO A Funcionar
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Antropologia
Casa-Museu Afonso Lopes Vieira Câmara Municipal da Marinha Grande MARINHA GRANDE História CENTRO A Funcionar
Casa-Museu António Pinto Peixoto Comissão de Instalação do Casa-Museu ALMEIDA Por definir CENTRO Em Projecto
José Pinto Peixoto
Casa-Museu Bissaya Barreto Fundação Bissaya Barreto COIMBRA História CENTRO A Funcionar
Casa-Museu Comendador Nunes Cor- Santa Casa da Misericórdia de Pedrogão PEDRÓGÃO GRANDE Arte CENTRO A Funcionar
reia Grande
Casa-Museu Custódio Prato Rancho Folclórico “Os Camponeses da Beira MURTOSA Etnografia e CENTRO A Funcionar
Ria” Antropologia
Casa-Museu D. Maria Emília Fundação D. Maria Emília Vasconcellos OLIVEIRA DO HOSPI- Pluridisciplinares CENTRO A Funcionar
Vasconcellos Cabral Cabral TAL
Casa-Museu da Ordem Terceira de Ordem Terceira de São Francisco de Assis OVAR Arte CENTRO A Funcionar
São Francisco de Ovar
Casa-Museu de Almeida Moreira IPM - Instituto Português de Museus VISEU Arte CENTRO A Funcionar
Casa-Museu de Alvoco da Serra Liga dos Amigos da Freguesia de Alvoco da SEIA Etnografia e CENTRO A Funcionar
Serra Antropologia
Casa-Museu de Carlos e João Reis Câmara Municipal da Lousã LOUSÃ Por definir CENTRO Em Projecto
Casa-Museu do Ferro Junta de Freguesia do Ferro COVILHÃ Pluridisciplinares CENTRO A Funcionar
Casa-Museu de Penacova - Casa da Sociedade de Propaganda e Progresso de PENACOVA Etnografia e CENTRO A Funcionar
Freira Penacova Antropologia
Casa-Museu de São Jorge da Beira Junta de Freguesia São Jorge da Beira COVILHÃ Por definir CENTRO A Funcionar
Casa-Museu do Carvalho Liga de Melhoramentos de Carvalho PAMPILHOSA DA Etnografia e CENTRO A Funcionar
SERRA Antropologia
Casa-Museu do Castelejo Junta de Freguesia Castelejo FUNDÃO Etnografia e CENTRO A Funcionar
Antropologia
Casa-Museu do Jarmelo Junta de Freguesia São Pedro do Jarmelo GUARDA Por definir CENTRO A Funcionar
Casa-Museu do Paúl Casa do Povo do Paúl COVILHÃ Etnografia e CENTRO A Funcionar
Antropologia
Casa-Museu do Rancho Folclórico do Rancho Folclórico do Juncal do Campo CASTELO BRANCO Etnografia e CENTRO A Funcionar
Juncal Antropologia
Casa-Museu Egas Moniz Câmara Municipal de Estarreja ESTARREJA História CENTRO A Funcionar
Casa-Museu Fernando Namora Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova CONDEIXA-A-NOVA História CENTRO A Funcionar
Casa-Museu João Soares Fundação Mário Soares LEIRIA História CENTRO A Funcionar
Casa-Museu João Tomás Nunes (Particular) ÁGUEDA Etnografia e CENTRO A Funcionar
Antropologia
Casa-Museu José Antunes Pissarra Junta de Freguesia de Arrifana GUARDA Especializados CENTRO A Funcionar
Casa-Museu Maria da Fontaínha Arménio de Vasconcelos CASTRO DAIRE Pluridisciplinares CENTRO A Funcionar
Casa-Museu Marieta Solheiro Madureira Fundação Solheiro Madureira ESTARREJA História CENTRO A Funcionar
Casa-Museu Pires de Campos Câmara Municipal de Idanha-a-Nova IDANHA-A-NOVA Por definir CENTRO Em Projecto
Casa da Malta Instituto da Vinha e do Vinho ALCOBAÇA Por definir LISBOA E A Funcionar
VALE DO
TEJO
Casa da Música - Museu Jorge Peixinho Câmara Municipal do Montijo MONTIJO Por definir LISBOA E Em Projecto
VALE DO
TEJO
Casa de Bocage Câmara Municipal de Setúbal SETÚBAL Por definir LISBOA E A Funcionar
VALE DO
TEJO
Casa do Corpo Santo -Museu do Bar- Câmara Municipal de Setúbal SETÚBAL Por definir LISBOA E A Funcionar
roco VALE DO
195
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
TEJO
Casa do Fado e da Guitarra Portuguesa EBAHL - Equipamentos dos Bairros Históri- LISBOA Especializados LISBOA E A Funcionar
196
cos de Lisboa, E.M. VALE DO
TEJO
Casa Fernando Pessoa Câmara Municipal de Lisboa LISBOA Arte LISBOA E A Funcionar
VALE DO
TEJO
Casa Memorial Humberto Delgado Associação Casa Memorial TORRES NOVAS História LISBOA E A Funcionar
VALE DO
TEJO
Casa Memorial Lopes Graça Câmara Municipal de Tomar TOMAR Por definir LISBOA E Em Projecto
VALE DO
TEJO
Casa Rainha D. Catarina de Bragança Fundação Histórico Cultural Oureana VILA NOVA DE OURÉM Por definir LISBOA E A Funcionar
VALE DO
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
TEJO
Casa Roque Gameiro Câmara Municipal da Amadora AMADORA Arte LISBOA E A Funcionar
VALE DO
TEJO
Casa Rural Tradicional Câmara Municipal da Chamusca CHAMUSCA Etnografia e LISBOA E A Funcionar
Antropologia VALE DO
TEJO
Casa Típica Avieira Câmara Municipal de Salvaterra de Magos SALVATERRA DE MA- Etnografia e LISBOA E A Funcionar
Núcleo Museológico de Escaroupim GOS Antropologia VALE DO
TEJO
Casa Tradicional de Glória do Ribatejo - Associação para a Defesa do Património SALVATERRA DE MA- Etnografia e LISBOA E A Funcionar
Museu Etnográfico Etnográfico e Cultural de Glória do Ribatejo GOS Antropologia VALE DO
TEJO
Casa-Memória de Camões Associação da Casa Memorial de Camões CONSTÂNCIA Por definir LISBOA E A Funcionar
VALE DO
TEJO
Casa-Museu de Aljustrel Santuário de Fátima VILA NOVA DE OURÉM Etnografia e LISBOA E A Funcionar
Antropologia VALE DO
TEJO
Casa-Museu de José Maria da Fonseca José Maria da Fonseca, SA SETÚBAL Especializados LISBOA E A Funcionar
VALE DO
TEJO
Casa-Museu do Pescador da Nazaré Manuel Limpinho Águeda NAZARÉ Etnografia e LISBOA E A Funcionar
Antropologia VALE DO
TEJO
Casa-Museu dos Patudos Câmara Municipal de Alpiarça ALPIARÇA Arte LISBOA E A Funcionar
VALE DO
TEJO
Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves IPM - Instituto Português de Museus LISBOA Arte LISBOA E A Funcionar
VALE DO
TEJO
Casa-Museu Joaquim Ferreira Grupo Cultural Recreativo e Desportivo de SINTRA Etnografia e LISBOA E A Funcionar
Belas Antropologia VALE DO
TEJO
Casa-Museu Leal da Câmara Câmara Municipal de Sintra SINTRA Arte LISBOA E A Funcionar
VALE DO
TEJO
Casa-Museu Manuel Mendes IPM - Instituto Português de Museus LISBOA Por definir LISBOA E A Funcionar
VALE DO
TEJO
Casa-Museu Maria de Lourdes Melo e Câmara Municipal de Tomar TOMAR Por definir LISBOA E Intenção
Castro VALE DO
TEJO
Casa-Museu Mário Botas Fundação Casa-Museu Mário Botas NAZARÉ Por definir LISBOA E Em Projecto
VALE DO
TEJO
Casa-Museu Mário Coelho Mário Coelho VILA FRANCA DE XIRA Por definir LISBOA E A Funcionar
VALE DO
TEJO
Casa-Museu Mestre João da Silva (Particular) LISBOA Arte LISBOA E A Funcionar
VALE DO
TEJO
197
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Casa-Museu Palmira Bastos Junta de Freguesia Aldeia Gavinha ALENQUER Por definir LISBOA E A Funcionar
198
VALE DO
TEJO
Casa-Museu San Rafael Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro, Lda CALDAS DA RAINHA Arte LISBOA E A Funcionar
VALE DO
TEJO
Casa-Museu Vasco de Lima Couto José Ramoa Ferreira CONSTÂNCIA Arte LISBOA E A Funcionar
VALE DO
TEJO
Casa-Museu Vieira Natividade IPPAR - Instituto Português do Património ALCOBAÇA Por definir LISBOA E Em Projecto
Arquitectónico VALE DO
TEJO
Casa Colombo Direcção Regional dos Assuntos Culturais da PORTO SANTO História MADEIRA A Funcionar
Madeira
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Casa-Museu Dr. Horácio Bento de Américo de Miranda Soares SÃO VICENTE Por definir MADEIRA A Funcionar
Gouveia
Casa-Museu Frederico de Freitas Direcção Regional dos Assuntos Culturais da FUNCHAL Arte MADEIRA A Funcionar
Madeira
Casa-Museu Pimentel de Mesquita Direcção Regional da Cultura dos Açores SANTA CRUZ DAS Por definir MADEIRA A Funcionar
FLORES(MADEIRA)
Casa da Cultura/Casa Botica Câmara Municipal de Póvoa de Lanhoso PÓVOA DE LANHOSO Pluridisciplinares NORTE A Funcionar
Casa da Justiça Câmara Municipal de Felgueiras FELGUEIRAS Por definir NORTE Intenção
Casa da Malta / Museu Mineiro Junta de Freguesia São Pedro da Cova GONDOMAR Ciência e NORTE A Funcionar
História Natural
Casa de José Régio Câmara Municipal de Vila do Conde VILA DO CONDE Por definir NORTE A Funcionar
Casa do Aldeão Fundação Aquilino Ribeiro MOIMENTA DA BEIRA Por definir NORTE A Funcionar
Casa do Forno Adriano Ramos Pinto (Vinhos) SA VILA NOVA DE FOZ Por definir NORTE A Funcionar
COA
Casa do Linho Parque Natural do Alvão VILA REAL Por definir NORTE Em Projecto
Casa-Museu Abel Salazar Associação Divulgadora da MATOSINHOS Arte NORTE A Funcionar
Casa-Museu Abel Salazar
Casa-Museu Biblioteca da Fundação Aquilino Ribeiro MOIMENTA DA BEIRA História NORTE A Funcionar
Fundação Aquilino Ribeiro
Casa-Museu da Cooperativa Câmara Municipal de Vila Verde VILA VERDE Por definir NORTE Em Projecto
“Aliança Artesanal”
Casa-Museu de Camilo Câmara Municipal de Vila Nova de Famal- VILA NOVA DE FAMAL- História NORTE A Funcionar
icão ICÃO
Casa-Museu de Fernando de Castro IPM - Instituto Português de Museus PORTO Por definir NORTE A Funcionar
Casa-Museu de Monção Universidade do Minho MONÇÃO Por definir NORTE Em Projecto
Casa-Museu dos Nichos Câmara Municipal de Viana do Castelo VIANA DO CASTELO Arqueologia NORTE Em Projecto
Casa-Museu Eng. António de Almeida Fundação Eng. António de Almeida PORTO Arte NORTE A Funcionar
Casa-Museu Ferreira de Castro Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis OLIVEIRA DE AZEMÉIS História NORTE A Funcionar
Casa-Museu Guerra Junqueiro Câmara Municipal do Porto PORTO Arte NORTE A Funcionar
Casa-Museu Manuel Luciano da Silva Associação Dr. Manuel Luciano da Silva VALE DE CAMBRA Por definir NORTE A Funcionar
Casa-Museu Marques da Silva Instituto Marques da Silva (Universidade do PORTO Por definir NORTE Em Projecto
Porto)
Casa-Museu Marta Ortigão Sampaio Câmara Municipal do Porto PORTO Arte NORTE A Funcionar
Casa-Museu Mártir São Sebastião Comissão Admin. de Mártir S. Sebastião MATOSINHOS Por definir NORTE A Funcionar
Casa-Museu Maurício Penha Fundação da Casa-Museu Maurício Penha ALIJÓ Pluridisciplinares NORTE A Funcionar
Casa-Museu Miguel Torga Junta de Freguesia Sabrosa SABROSA Por definir NORTE Em Projecto
Casa-Museu Regional de Associação de Defesa e Conhecimento do OLIVEIRA DE AZEMÉIS Etnografia e NORTE A Funcionar
Oliveira de Azeméis Património Cultural Oliveirense Antropologia
Casa-Museu Soledad Malvar Câmara Municipal de Vila Nova de Famal- VILA NOVA DE FAMAL- Por definir NORTE A Funcionar
icão ICÃO
Casa-Museu Teixeira Lopes / Gaia Nima - Equipamentos Municipais, EM VILA NOVA DE GAIA Arte NORTE A Funcionar
Galerias Diogo de Macedo
Casa-Oficina António Carneiro Câmara Municipal do Porto PORTO Arte NORTE A Funcionar
199
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
ANEXO 2
201
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
DOCUMENTO RPM
RESULTADOS
Quadro 1
MODO DE FUNCIONAMENTO
A Funcionar 89
Em Projecto 21
Intenção 3
Total 113
Quadro 2
DISTRIBUIÇÃO REGIONAL
Região Centro 31
Lisboa e Vale do Tejo 30
Região Norte 27
Arq. Açores 9
Alentejo 8
Algarve 4
Arq. Madeira 4
Total 113
Quadro 3
TIPO DE COLECÇÃO
Por definir 44
Etnografia e Antropologia 23
Arte 20
História 13
Pluridisciplinares 7
Especializados 4
Arqueologia 1
Ciência e História Natural 1
Total 113
Quadro 4
ENTIDADES DE TUTELA
Câmaras Municipais 39
Associações Culturais e Outras 10
Juntas de Freguesia 10
Fundações 10
Particulares 9
Direcções Regionais 6
Grupos Folclóricos 5
IPM 4
203
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Quadro 5
TIPOLOGIAS DE DESIGNAÇÃO
Casa-Museu 75
Casa, Casa de/o/a 24
Casa da Cultura 4
Casa Tradicional 2
Casa Memorial 2
Casa Tipica 2
Casa Oficina 1
Casa Memória 1
Casa Rural 1
Casa Agrícola 1
Total 113
204
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
ANEXO 3
205
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Nome Tutela
IPM
Câmaras Municipais
Juntas de Freguesia
Associações
Direcções Regionais
207
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Empresas
Fundações
Universidades
Particulares
208
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
ANEXO 4
209
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
INQUÉRITO OAC|IPM
RESULTADOS
Quadro 1
Patrono/Dedicatória
%
Homem 25 64.1
Mulher 4 10.25
Actividade Profissional 2 5.13
Localidade 6 15.39
Santos 1 2.56
Outros 1 2.56
39 99.99
Quadro 2
Abertura ao público
%
1900-1950 4 10.26
1951-1998 34 87.18
S/data 1 2.56
39 100
Quadro 3
Décadas
%
Década de 50 0 0
Década de 60 5 14.71
Década de 70 7 20.59
Década de 80 11 32.35
Década de 90 11 32.35
34 100
Quadro 4
Possibilidade de visita
%
Aberto 4 10.26
Temporariamente aberto 34 87.18
Temporariamente Fechado 1 2.56
Fechado 0 0
39 100
Quadro 5
Funcionamento
%
Permanente 31 79.49
Sazonal 2 5.13
Esporádico 6 15.38
39 100
211
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Quadro 6
Tutela
%
Pública 23 58.97
Privada 16 41.03
39 100
Quadro 7
Pública
%
Câmara Municipal 16 69.57
Junta de Freguesia 1 4.35
Regiões Autónomas 2 8.7
MC | IPM 2 8.7
Universidade 1 4.35
Casa do Povo 1 4.35
23 100.02
Quadro 8
Privada
%
Fundação 6 37.5
Misericórdias | I. Católica 2 12.5
Particular 3 18.75
Associação 4 25
Empresa 1 6.25
16 100
Quadro 9
Colecções
%
Arte 28 23.33
Etnologia | Antropologia 14 11.66
Fotografia 10 8.33
Literatura 9 7.5
Arqueologia 7 5.83
Arte Sacra 7 5.83
Numismática 7 5.83
História 6 5
Traje 6 5
Porcelanas | Faianças 4 3.38
Outras 4 3.38
Indústria 2 1.66
Mobiliário 2 1.66
Espécies Não Vivas 2 1.66
Brinquedos 1 0.83
Artesanato 1 0.83
212
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Pratas 1 0.83
Prémio Nobel 1 0.83
Ciência | Técnica 1 0.83
Acervo Documental 1 0.83
Filatelia 1 0.83
Borboletas 1 0.83
Barros Negros 1 0.83
Pedras 1 0.83
Objectos Pessoais 1 0.83
Casa-Museu 1 0.83
120 100.01
Quadro 10
Edifício
%
Ocupado na Totalidade 27 69.23
Ocupado Parcialmente 12 30.77
39 100
Quadro 11
Outras Ocupações do Espaço
%
Habitação 5 29,41
Biblioteca 2 11,76
Centro de Estudos 1 5,88
Galeria de Exposições 1 5,88
Actividades Culturais 1 5,88
Associação de Reformados 1 5,88
Depósito 1 5,88
Atelier 1 5,88
Serviços Administrativos 1 5,88
Ourivesaria 1 5,88
Posto Médico 1 5,88
Sede de Associação 1 5,88
17 100
Quadro 12
Tipo de Construção
%
De Raiz 3 7.69
Adaptada a Casa-Museu 28 71.8
Ambas as situações 7 17.95
Não respondeu 1 2.56
39 100
213
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Quadro 13
Serviços de Acolhimento ao Público
%
Espaços Exteriores 27 29.35
Biblioteca | C. Documentação 24 26.09
Auditório 9 9.78
Loja 9 9.78
Cafetaria | Restaurante 8 8.7
Serviços Educativos 6 6.52
Sala Multimédia | Audiovisuais 4 4.35
Nenhum 3 3.26
Outros 1 1.09
Não Respondeu 1 1.09
92 100.01
Quadro 14
Serviços Técnicos
%
Nenhum 18 46.15
Biblioteca | C. Documentação 16 41.03
Não Respondeu 4 10.26
Laboratório de Restauro 1 2.56
39 100
Quadro 15
Barreiras Arquitectónicas
%
Na Entrada 21 36.84
No Percurso de Visita 18 31.58
Acesso para Deficientes 7 12.28
Elevadores 6 10.52
Não Respondeu 5 8.96
57 100.18
Quadro 16
Sinalética
%
Não 30 76.92
Sim 8 20.51
Não Respondeu 1 2.56
39 99.99
Quadro 17
Segurança
%
Ambos 15 36.59
Sistema Anti-Roubo 11 26.83
214
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Quadro 18
Sistema Anti-Roubo
%
Electrónico 18 40,91
Guardaria Própria 9 20,45
Empresa de Segurança 9 20,45
Ligação à Policia 8 18,18
44 100
Quadro 19
Sistema Anti-Incêndio
%
Sem ligação aos Bombeiros 10 25,64
Ligado aos Bombeiros 7 17,95
Não Respondeu 22 56,41
39 100
Quadro 20
Recursos Humanos - Quadro de Pessoal
%
Sim 21 53.85
Não 14 35.9
Não Respondeu 4 10.26
39 100.01
Quadro 21
Recursos Humanos - Formação
%
Sim 20 51.28
Não 15 38.46
Não Respondeu 4 10.26
39 100
Quadro 22
Recursos Financeiros - Orçamento Anual
%
Sim 11 28.21
Não 23 58.97
Não Respondeu 5 12.82
39 100
215
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Quadro 23
Recursos Financeiros - Receitas
%
Não Respondeu 13 16.66
Dotação da Tutela 11 14.1
Bilheteira 11 14.1
Loja | Publicações 11 14.1
Subsidio da Adm.Local 8 10.26
Aluguer de Espaços 5 6.41
Patrocínios Particulares 5 6.41
Fundos Comunitários 4 5.13
Prestação de Serviços 2 2.57
Rendas de Imóveis 2 2.57
Subsidio da Adm. Central 2 2.57
Direitos Fotográficos 1 1.28
Quotas de Sócios 1 1.28
Mecenato em Espécie 1 1.28
Outros 1 1.28
78 100
Quadro 24
Modo de Incorporação
%
Doação 27 31.4
Aquisição 22 25.58
Legado 14 16.28
Recolha 13 15.12
Achado 5 5.81
Outros 5 5.81
Transferência 0 0
86 100
Quadro 25
Continua a Incorporar
%
Sim 14 35.9
Não 1 2.56
Não Respondeu 24 61.54
39 100
Quadro 26
Inventário - Estado de desenvolvimento
%
Inv. Sumário 21 43.75
Registo | Cadastro 14 29.17
Inv. Desenvolvido 7 14.58
Não Respondeu 6 12.5
48 100
216
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Quadro 27
Inventário - Informatização
%
Iniciada 12 30.77
Prevista 12 30.77
Não Prevista 10 25.64
Não Respondeu 3 7.69
Concluída 2 5.13
39 100
Quadro 28
Inventário - Com Imagens
%
Com 14 35.9
Sem 1 2.56
Não Respondeu 24 61.54
39 100
Quadro 29
Conservação - Tipo de Conservação
%
Preventiva 16 41.03
Activa 5 12.82
Ambas 5 12.82
Não Existe 9 23.08
Não Respondeu 4 10.26
39 100.01
Quadro 30
Conservação - Condições Ambientais
%
Razoáveis 22 56.41
Boas 8 20.51
Más 4 10.26
Relativamente Más 3 7.69
Não Respondeu 2 5.13
39 100
Quadro 31
Conservação - Restauros
%
Sim, mas insuficientes 12 30.77
Não 12 30.77
Sim 11 28.21
Não, mas sem necessidade 4 10.26
39 100.01
217
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Quadro 32
Actividades para os Visitantes
%
Renovação da Expo Permanente 14 18.18
Expo. Temporária P/ Museu 14 18.18
Conferências 12 15.58
Espectáculos 12 15.58
Outros 12 15.58
Expo Temporária para o exterior 10 12.99
Não Respondeu 3 3.9
77 99.99
Quadro 33
Projectos de Investigação
%
Não 22 56.41
Sim 14 35.9
Não Respondeu 3 7.69
39 100
Quadro 34
Projectos de Investigação - Por Quem
%
Ambos 9 64,29
Só por Técnicos do Museu 3 21,43
Investigadores Externos 2 14,29
Não Respondeu 25
14 100
Quadro 35
Serviços Educativos
%
Sim 27 69.23
Não 10 25.64
Não Respondeu 2 5.13
39 100
Quadro 36
Serviços Educativos - Sim
%
Visitas Guiadas a Estudantes 25 75,76
Outros 4 12,12
Actividades de Exterior 3 9,09
Ateliers 1 3,03
Não Respondeu 6
33 100
218
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Quadro 37
Publicações para o Público
%
Folheto | Desdobrável 18 21.43
Texto Fotocopiado 14 16.67
Catálogo 10 11.9
Estudos Científicos 10 11.9
Outros 10 11.9
Roteiro | Guia 9 10.72
Publicações Periódicas 5 5.95
Não Respondeu 3 3.57
Diapositivos 2 2.38
Vídeo 2 2.38
Cd-Rom 1 1.19
84 99.99
Quadro 38
Controlo de Visitantes
%
Sim 28 71.8
Não 8 20.51
Não Respondeu 3 7.69
39 100
Quadro 39
Controlo de Visitantes Com Bilheteira
%
Não 19 48.72
Sim 16 41.03
Não Respondeu 4 10.26
39 100.01
Quadro 40
Principais Carências
%
Pessoal 21 12
Restauros 20 11.43
Recursos Financeiros 20 11.43
Formação 18 10.29
Conservação 18 10.29
Promoção | Divulgação 15 8.57
Equipamento Informático 14 8
Instalações | Espaço 13 7.43
Manutenção do Edifício 13 7.43
Segurança 13 7.43
Equipamento | Mobiliário 6 3.43
Não Respondeu 4 2.29
175 100.02
219
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
ANEXO 5
221
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
CÂMARAS MUNICIPAIS
Nome Tutela
Casa-Museu Leal da Câmara Câmara Municipal de Sintra
Casa de José Régio Câmara Municipal de Vila do Conde
Casa-Museu Egas Moniz Câmara Municipal de Estarreja
Casa-Museu dos Patudos Câmara Municipal de Alpiarça
Casa-Museu Pintor José Cercas Câmara Municipal de Aljezur
Casa da Cultura – Casa da Botica Câmara Municipal Póvoa de Lanhoso
Casa-Museu Guerra Junqueiro Câmara Municipal do Porto
Casa Oficina António Carneiro Câmara Municipal do Porto
Câmara Municipal de Vila Nova de
Casa-Museu de Camilo
Famalicão
Casa Rural Tradicional – Museu Etnográfico Câmara Municipal da Chamusca
Casa-Museu Marta Ortigão Sampaio Câmara Municipal do Porto
Casa-Museu Teixeira Lopes – Galerias Diogo de
Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia
Macedo
Casa Roque Gameiro Câmara Municipal da Amadora
Casa-Museu Fernando Namora Câmara Municipal Condeixa-A-Nova
Casa-Museu José Régio Câmara Municipal de Portalegre
Casa-Museu João de Deus Câmara Municipal de Silves
Casa de Bocage Câmara Municipal de Setúbal
Casa Fernando Pessoa Câmara Municipal de Lisboa
Casa Memorial Lopes Graça Câmara Municipal de Tomar
Câmara Municipal de Oliveira de
Casa-Museu Ferreira de Castro
Azemeis
Câmara Municipal de Vila Nova de
Casa-Museu Soledad Malvar
Famalicão
JUNTAS DE FREGUESIA
Nome Tutela
Casa-Museu de Ferro Junta de Freguesia de Ferro
Casa-Museu Manuel Ribeiro de Pavia Junta de Freguesia de Pavia
Casa de Malta – Museu Mineiro Junta de F. de S. Pedro da Cova
Casa-Museu de Pechão Junta de Freguesia de Pechão
Casa-Museu de São Jorge da Beira Junta de Freguesia de S. Jorge da Beira
Junta de Freguesia de S. Pedro do
Casa-Museu do Jarmelo
Jarmelo
Casa-Museu José Antunes Pissarra Junta de Freguesia de Arrifana
Junta de Freguesia Aldeia Gavinha
Casa-Museu Palmira Bastos
Prof. Guapo
Casa-Museu Miguel Torga Junta de Freguesia de Sabrosa
223
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
ASSOCIAÇÕES
Nome Tutela
Casa-Museu Joaquim Ferreira Centro Cultural e Desportivo de Belas
Casa Tradicional Glória do Ribatejo – Museu Assoc. Defesa do Património Etnog. e
Etnográfico Cultural de Glória do Ribatejo
Sociedade de Propaganda e Progresso
Casa-Museu de Penacova ou Casa da Freira
de Penacova
Associação Casa Museu Oliveira de
Casa-Museu Regional de Oliveira de Azeméis
Azeméis
Casa Memorial Humberto Delgado Associação Casa Memorial
Casa-Museu Manuel Luciano da Silva Associação Dr. Manuel Luciano da Silva
Casa-Museu do Paúl Casa do Povo do Paúl
Associação Divulgadora da Casa Museu
Casa-Museu Abel Salazar
Abel Salazar
EMPRESAS
Nome Tutela
Casa-Museu S. Rafael Faianças artísticas Bordalo Pinheiro
Casa da Malta Instituto da Vinha e do Vinho
Museu Ramos Pinto Adriano Ramos Pinto
FUNDAÇÕES
Nome Tutela
Casa-Museu Maurício Penha Fundação Casa Museu M. Penha
Fundação D.ª Maria Emilia Vasconcellos
Casa-Museu D.ª Maria Emilia Vasconcellos Cabral
Cabral
Casa-Museu Marieta Solheiro Madureira Fundação Solheiro Madureira
Casa-Museu Bissaya Barreto Fundação Bissaya Barreto
Casa-Museu Eng.º António de Almeida Fundação Eng.º António de Almeida
Casa-Museu Biblioteca de Aquilino Ribeiro Fundação Aquilino Ribeiro
Casa-Museu João Soares Fundação Mário Soares
Casa-Museu Mário Botas Fundação Casa Museu Mário Botas
224
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
UNIVERSIDADES
Nome Tutela
Casa-Museu Nogueira da Silva Universidade do Porto
Casa-Museu de Monção Universidade do Minho
Casa-Museu Marques da Silva Universidade do Porto
PARTICULARES
Nome Tutela
Casa-Museu Maria da Fontinha Dr. Arménio S. Vasconcelos
Casa Agrícola José Mota Cortes M.ª Domingas R. M. Cortes
Casa-Museu João da Silva
Casa-Museu do Pescador da Nazaré Manuel Limpinho Águeda
Casa-Museu Dr. Horácio Bento de Gouveia Américo de Miranda Soares
68 inquéritos enviados
225
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
ANEXO 6
227
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Casa Museu
Endereço:
Director/Responsável:
Tutela:
Fundação
Missão
Objectivos gerais:
Património
Tipologia da Colecção:
Modo de incorporação:
Tipo de registo/inventário/catalogação:
229
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Imóvel
Edificío Não Sim
Todo
Parte
Móvel
Decoração Móvel Não Sim
Todo
Parte
Área da Casa:
230
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Público
Horário de Funcionamento:
Website:
Público habitual:
Investigação
Acções de investigação desenvolvidas: Relacionadas com o patrono, com a colecção, com o edifício.
Meios Financeiros
231
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Recursos Humanos
Quadro de Pessoal:
232
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
ANEXO 7
233
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
INQUÉRITO AP
(Desenvolvido para esta Dissertação)
RESULTADOS
Selecção de casas-museu 70
Inqúeritos enviados 68
Inqúeritos Recebidos 47
Quadro 1
Inquéritos por tipologia de tutela
Tutela Enviados Recebidos % de recebidos
IPM 4 4 100
Câmaras Municipais 20 15 75
Juntas de Freguesia 8 5 62.5
Associações 7 3 42.9
Dir. Reg. (Ilhas) 4 1 25
Empresas 3 3 100
Insts. Religiosas 5 4 80
Fundações 8 7 87.5
Universidades 4 2 50
Particulares 5 3 60
68 47 69.12
Quadro 2
Data de Fundação
%
N. Responde 11 23.4
Década de 40 1 2.13
Década de 50 3 6.38
Década de 60 5 10.64
Década de 70 7 14.89
Década de 80 8 17.02
Década de 90 8 17.02
A partir do ano 2000 4 8.51
47 100
Quadro 3
Data de Abertura ao público
%
N. Responde 5 10.64
Sem funcionamento 2 4.26
A inaugurar 2 4.26
Década de 40 1 2.13
Década de 50 3 6.38
Década de 60 2 4.26
235
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Década de 70 4 8.51
Década de 80 11 23.4
Década de 90 13 27.65
A partir do ano 2000 4 8.51
47 100
Quadro 4
Fundador / Patrono
%
N. Responde 6 10.71
O mesmo 14 25
Outro 36 64.29
Ad. Central 2
C. Mun. 11
Fam. 12
J. Freg. 1
CM+JF 1
Individual 1
Empresa 2
Assoc. 2
Amigos 3
Grupo cid. 1
56 100
Quadro 5
Missão e Objectivos
%
Não responde 4 5.06
Conservar e Divulgar a Colecção 17 21.52
Valorizar vida cultural da região 4 5.06
Divulgar a vida e obra do patrono 21 26.58
Educação e Cultura 16 20.25
Divulgação do património local 7 8.86
Turismo 1 1.27
Divulgar a região 3 3.8
Manter a memória da empresa 2 2.53
Divulgar acontecimentos 1 1.27
Religiosos 1 1.27
Solidariedade social 2 2.53
79 100
Quadro 6
Tipologia de Colecção
%
Não Responde 5 7.35
Mista 3 4.41
Artes Plásticas e Decorativa 25 36.76
236
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Quadro 7
Modo de Incorporação
%
Não responde 13 25
N. Identifica (Fala do dono 6 11.54
sem ident. a forma de Inc.)
Legado 4 7.69
Doação 14 26.92
Oferta 5 9.62
Compra 9 17.31
Empréstimo 1 1.92
52 100
Quadro 8
Colecção aberta ou fechada
%
N. Responde 9 19.15
Aberta 24 51.06
Fechada 14 29.79
47 100
Quadro 9
Tipo de Registo da colecção
%
N. Responde 7 13.46
Inventário 22 42.31
Inventário Manual 5 9.62
Inventário Informático 16 30.77
Catalogo 2 3.84
52 100
237
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Quadro 10
Relacionamento do Patrono com a colecção
%
N. Responde 31 65.96
Do próprio 16 34.04
47 100
Quadro 11
Património
%
Imóvel Original Sim 40 85.1
todo 10
em parte 19
Não 0 0
todo
em parte
N. Responde 7 14.9
47 100
Móvel Original
Sim 30 63.83
Todo 12
em parte 9
Não 7 14.89
todo
em parte
N. Responde 10 21.28
47 100
Quadro 12
Área da Casa
%
N. Responde 14 29.79
até 50 m2 2 4.25
até 100m2 5 10.64
até 150m2 1 2.13
até 200m2 2 4.25
até 250m2 2 4.25
até 300m2 2 4.25
mais de 300m2 19 40.43
47 100
238
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Quadro 13
Alterações ou intervenções na casa
%
N. Responde 18 38.3
Sim 28 59.57
Não 1 2.13
47 100
Quadro 14
Áreas da casa afectas a serviços museológicos
%
N. Responde 22 28.95
Serv. Adm. 10 13.16
Reserva 8 10.53
Loja 3 3.95
Recepção 6 7.89
Exposições temporárias 11 14.47
Serv. Técnicos 3 3.95
Cafetaria 1 1.32
Serv. Educativo 1 1.32
Biblioteca 3 3.95
Não 8 10.53
76 100
Quadro 15
Restauros na Colecção
%
N. Responde 17 36.17
Sim 23 48.94
Não 7 14.89
47 100
Quadro 16
Horário de Funcionamento
%
N. Responde 2 4.25
Regular 34 72.35
Esporádico 2 4.25
Encerrado 5 10.64
Por marcação 4 8.51
47 100
Quadro 17
Ingresso
%
N. Responde 8 17.02
Bilhete 20 42.55
Grátis 19 40.43
47 100
239
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Quadro 18
Website
%
N. Responde 22 46.81
Sim 21 44.68
Não 4 8.51
47 100
Quadro 19
Público Alvo Preferencial
%
N. Responde 14 24.56
Todos 26 45.61
Pub. Escolar 11 19.3
População local 6 10.53
57 100
Quadro 20
Público habitual
%
N.Responde 14 22.58
Associações 1 1.61
Púb. Escolar 19 30.64
Púb. Em Geral 21 33.88
Turistas 7 11.29
62 100
Quadro 21
Números médios anuais
%
N. Responde 11 23.41
Fechado 1 2.13
Até 1000 9 19.15
1001-2000 3 6.38
2001-3000 7 14.89
3001-4000 3 6.38
4001-5000 1 2.13
5001-6000 4 8.51
6001-7000 2 4.25
7001-8000 1 2.13
(+) 10000 5 10.64
47 100
Quadro 22
Actividades com o público
%
N. Responde 18 37.5
240
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Visitas guiadas 12 25
Ateliers 5 10.42
jogos 1 2.08
Folha de trabalho 1 2.08
workshop 1 2.08
acts. Culturais 2 4.17
folheto 5 10.42
Exposições temporárias 2 4.17
Nada 1 2.08
48 100
Quadro 23
Meios de Comunicação utilizados
%
N. Responde 26 55.32
Desdobráveis 2 4.26
Brochuras 2 4.26
Computador 1 2.13
Audiovisuais 4 8.51
Catálogo 2 4.26
Posto de iNternet 1 2.13
Sim 3 6.38
Não 6 12.77
47 100
Quadro 24
Serviço Educativo
%
N. Responde 10 21.28
Sim 22 46.81
Não 15 31.91
47 100
Quadro 25
Acções de Investigação
%
N. Responde 9 19.15
Sim 27 57.45
Não 11 23.4
47 100
Quadro 26
Contactos com a comunidade cientifica
%
N. Responde 14 29.79
Sim 24 51.06
Não 9 19.15
47 100
241
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Quadro 27
Como difundem resultados da investigação
%
N. Responde 23 28.4
Catálogo 12 14.81
Exposições 14 17.28
Conferências 4 4.94
Internet 6 7.41
Visitas guiadas 1 1.24
Boletins 3 3.7
Cd 1 1.24
Publicações 7 8.64
Periódicos 7 8.64
Folheto 1 1.24
Não 2 2.47
81 100
Quadro 28
Existe programa de investigação
%
N. Responde 26 55.32
Não 13 27.66
Sim 8 17.02
47 100
Quadro 29
Orçamento anual
%
N. Responde 11 23.4
Sim 17 36.17
Não 19 40.43
47 100
Quadro 30
De onde provêm os fundos
%
N. Responde 17 32.08
Câmaras Municipais 11 20.75
Juntas de Freguesia 1 1.89
Igreja 3 5.66
Orçamento de Estado 4 7.55
Mecenato 2 3.77
Vendas de Produtos 1 1.89
Visitas 1 1.89
Empresa 1 1.89
Fundação 5 9.43
Universidades 2 3.77
242
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Ofertas 2 3.77
Várias Fontes 3 5.66
53 100
Quadro 31
Quadro de Pessoal
%
N. Responde 18 38.3
Sim 7 14.89
Não 22 46.81
47 100
Quadro 32
N.º Funcionários
%
Não responde 21 44.67
1 5 10.64
002-004 13 27.66
005-009 6 12.77
0010-0014 1 2.13
(+) de 15 1 2.13
47 100
Quadro 33
Tipologia de funcionários
%
Técnico Superior 17 29.31
Pessoal Auxiliar 8 13.79
Técnico Profissional 8 13.79
Pessoal Administrativo 7 12.07
Vigilantes 7 12.07
Recepcionistas 3 5.17
Serviço Educativo 5 8.62
Guias 2 3.45
Apoio Ciêntifico 1 1.72
58 100
Quadro 34
Pricipais carências
%
N. Responde 20 28.57
Orçamento 13 18.57
Pessoal 13 18.57
Espaço 5 7.14
Necessidade de Obras 3 4.29
Material Informático 3 4.29
Falta de Apoio 3 4.29
243
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Estudos 2 2.86
Conservação e Restauro 2 2.86
Meios Técnicos 1 1.43
Equipamentos 1 1.43
Bibliografia 1 1.43
Falta de interesse da tutela 1 1.43
Falta de Segurança 1 1.43
Pouco Público 1 1.43
70 100
244
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
ANEXO 8
245
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
CÂMARAS MUNICIPAIS
Nome Tutela
Casa-Museu Leal da Câmara Câmara Municipal de Sintra
Casa de José Régio Câmara Municipal de Vila do Conde
Casa-Museu dos Patudos Câmara Municipal de Alpiarça
Casa-Museu Pintor José Cercas Câmara Municipal de Aljezur
Casa-Museu Guerra Junqueiro Câmara Municipal do Porto
Casa Oficina António Carneiro Câmara Municipal do Porto
Casa Rural Tradicional – Museu Etnográfico Câmara Municipal da Chamusca
Casa-Museu Marta Ortigão Sampaio Câmara Municipal do Porto
Casa Roque Gameiro Câmara Municipal da Amadora
Casa-Museu Fernando Namora Câmara Municipal Condeixa-A-Nova
Casa-Museu José Régio Câmara Municipal de Portalegre
Casa-Museu João de Deus Câmara Municipal de Silves
Casa-Fernando Pessoa Câmara Municipal de Lisboa
Casa Memorial Lopes Graça Câmara Municipal de Tomar
Câmara Municipal de Oliveira de
Casa-Museu Ferreira de Castro
Azeméis
JUNTAS DE FREGUESIA
Nome Tutela
Casa-Museu Manuel Ribeiro de Pavia Junta de Freguesia de Pavia
Casa de Malta – Museu Mineiro Junta de F. de S. Pedro da Cova
Junta de Freguesia de S. Pedro do
Casa-Museu do Jarmelo
Jarmelo
Casa-Museu Palmira Bastos Junta de Freguesia Aldeia Gavinha
Casa-Museu de Ferro Casa do povo de Ferro
ASSOCIAÇÕES
Nome Tutela
Casa Tradicional Glória do Ribatejo – Museu Assoc. Defesa do Património Etnog. e
Etnográfico Cultural de Glória do Ribatejo
Sociedade de Propaganda e Progresso
Casa-Museu de Penacova ou Casa da Freira
de Penacova
Associação Casa Museu Oliveira de
Casa-Museu Regional de Oliveira de Azeméis
Azeméis
Associação Divulgadora da Casa Museu
Casa-Museu Abel Salazar
Abel Salazar
247
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
DIRECÇÕES REGIONAIS
Nome Tutela
Direc. Reg. Assuntos Culturais da
Casa-Museu Frederico de Freitas
Madeira
EMPRESAS
Nome Tutela
Casa-Museu S. Rafael Faianças artísticas Bordalo Pinheiro
Casa da Malta Instituto da Vinha e do Vinho
Museu Ramos Pinto Adriano Ramos Pinto
FUNDAÇÕES
Nome Tutela
Fundação D.ª Maria Emilia Vasconcellos
Casa-Museu D.ª Maria Emilia Vasconcellos Cabral
Cabral
Casa-Museu Marieta Solheiro Madureira Fundação Solheiro Madureira
Casa-Museu Bissaya Barreto Fundação Bissaya Barreto
Casa-Museu Eng.º António de Almeida Fundação Eng.º António de Almeida
Casa-Museu Biblioteca de Aquilino Ribeiro Fundação Aquilino Ribeiro
Casa-Museu João Soares Fundação Mário Soares
Casa-Museu Mário Botas Fundação Casa Museu Mário Botas
UNIVERSIDADES
Nome Tutela
Casa-Museu Nogueira da Silva Universidade do Minho
PARTICULARES
Nome Tutela
Casa Agrícola José Mota Cortes M.ª Domingas R. M. Cortes
Casa-Museu do Pescador da Nazaré Manuel Limpinho Águeda
Casa-Museu Dr. Horácio Bento de Gouveia Américo de Miranda Soares
248
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
ANEXO 9
249
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Casa da Botica
Casa-Museu Miguel Torga
No contacto telefónico inicial verificou-se que não eram instituições de carácter museológico que
cumprissem os requisitos enunciados.
251
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
ANEXO 10
253
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Documento 1
Caro António,
Em primeiro lugar peço desculpa pelo atraso na minha “colaboração”, mas a mensagem foi para a pasta dos endereços “em
massa” e só hoje vi a mensagem.
Quanto à questão das casa-museu...
Creio que o interesse, ou relevância, destes espaços museológicos, depende, em grande parte, do conceito de museu que têm os
seus directores (da dinâmica que conseguem imprimir a esse espaço, das histórias que conseguem contar, das “provocações” que
conseguem fazer aos seus visitantes).
Grande parte destes equipamentos são verdadeiros “contentores” de memorabilia relacionada com personalidades relevantes, que
os aproxima dos gabinetes de curiosidades Oitocentistas. Pelo menos, são assim algumas das casas-museu que tive oportuni-
dade de conhecer: È a cadeira onde se sentou, o caderno onde escreveu, a biblioteca que leu, as peças que coleccionou, o jardim
que o inspirou... Estas casas, as peças que nelas se expoem, permitem-nos, não há dúvida, reconhecer a personalidade das
personagens que se pretendem retratar (gostos, estilos de vida, evolução...), mas não passa[ar]m disso: de homenagem a determi-
nado momento ou personalidade histórica (artística, científica...).
A ideia que tenho das casa-museu È de serem espaços museológicos [ainda] amorfos, parados no tempo, com conceitos exposi-
tivos passadistas e ultrapassados.
Talvez tenha tido azar!
Espero ter sido útil e desculpa a falta de inspiração.
Bom trabalho!
Sofia Lage
A diversidade
Caro(a)s Colegas,
Na sequência do meu pedido, venho pelo presente solicitar-vos a resposta à
minha pergunta até ao dia 15 de Abril. Era importante para mim que
conseguissem dar a vossa opinião até esta data.
Cumprimentos
António Ponte
Técnico Superior de Museologia
Câmara Municipal de Vila do Conde
Tel. 252248400 * Fax. 252248470
-----Mensagem original-----
Caro(a) Colega
No âmbito do trabalho da minha tese, gostaria de poder contar com a tua colaboração.
Um dos objectivos deste trabalho é chegar a uma definiço de Casa Museu paraa realidade portuguesa.
A maior parte da bibliografia em análise é estrangeira. Assim, gostaria de poder ter uma resposta à seguinte questão, a
qual poderia contribuir para a definição de casa museu no âmbito nacional.
“O que é para mim uma casa-museu? O que È que espero quando visito um museu deste tipo?
Agradecia a colaboração escrita, em cerca de meia página A4
Grato pela Colaboração
Um abraço,
António Ponte
255
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Documento 2
António:
Em sequência do pedido que me fez à algum tempo atrás, venho por este meio responder.
1. O que é para mim uma casa-museu?
R: Uma casa-museu é para mim um espaço de excelência que me é possivel “entrar” no universo de
alguém, seja ele um pintor, um escritor outra personalidade pública, permitindo um conhecimento mais
alargado da sua vida e obra.
2. O que é que espero quando visito um museu deste tipo?
R: Espero ter a possibilidade de ver e de compreender a vida de uma personalidade.
Votos de um bom trabalho,
Patrícia Carla Rodrigues Mota da Costa
Museu Parada Leitão (Isep)
Rua Drº António Bernardino de Almeida, nº 431
4200-072 Porto
Telefones: 228340500 (geral) ou 228340508 (directo)
Extensão: 1308
E-mail museu : isep.museu@ipp.pt ou museu@ipp.pt
E-mail pessoal: pcmc@isep.ipp.pt
256
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Documento 3
257
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Documento 4
Caro António
Não me sendo o tema da casa-museu familiar, em termos de trabalho, a opinião que posso dar
é como visitante/ utente.
Isabel Silva
258
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Documento 5
O que é para mim uma Casa Museu? O que é que espero ver quando visito um
museu deste tipo?
Para além de alguma ambiguidade que o termo Casa Museu me suscita, provavelmente mais
pelo referente “Casa” do que propriamente “Museu”, o conceito remete-me para um lugar
onde deveriam coexistir necessariamente outros elementos significantes, como “habitantes” e
“vivências”, os quais por vezes, se encontram excluídos do discurso físico e algo redutor dos
objectos e das cronologias, que as Casas Museu, na grande maioria dos casos, apresentam e
no qual se encerram.
Geralmente sou remetido para um local quase sempre confinado ao edifício (a Casa), sem
qualquer possibilidade de um outro espaço mediador da percepção, da exibição, da confrontação
ou mesmo de interpretação dessas outras dimensões imateriais e articulações culturais, entre a
memória, o tempo e a história dos seus antigos moradores e as comunidades da actualidade (o
Museu).
Faltarão talvez elos e gestos de ligação com o presente, a incorporar com urgência na
programação da gestão das Casas Museu, para dessa forma dar sentido e sequência, mais
ao legado incorpóreo dos que a viveram, valorizando o seu trabalho e o seu contributo cívico,
independentemente e apesar das heranças e dos imóveis.
Gostarias pois, de ver nas Casas Museu, uma área de interpretação da vida, da obra e do
tempo, dos seus habitantes, de ser convocado regularmente por um programa que me dirigisse
a reflexão para outras propostas de percepção dos contextos e condições de desenvolvimentos
dos seus percursos, através de um novo olhar e uma nova dinâmica na apreensão da dimensão
ética e estética e da importância do seu pensamento e da sua obra, para a com a sociedade.
Seria importante que a esta programação das Casas Museu, estivessem associadas criativa e
museologicamente todas as áreas da expressão cultural e artística, centrando as suas actividades
na divulgação dos aspectos mais decisivos do pensamento e da acção do patrono/habitante da
“casa”, no reforço dos actos de ligação e socialização às comunidades e ao encontro dos seus
diferentes públicos e níveis etários,
José Gameiro
259
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Documento 6
Caro António
Aproveitando o interregno de trabalho proporcionado pelo fim-de-semana da Páscoa, finalmente
abordei o assunto que me propuseste e pediste. Não será uma matéria em que já tenha
reflectido muito mas creio que, sobre alguns princípios gerais, tu próprio pretendesses alguma
espontaneidade de resposta(s).
Então, cá vão, literalmente, as respostas às tuas perguntas:
«O que é para mim uma casa-museu? O que é que espero quando visito um museu deste
tipo?»
Uma casa-museu é uma entidade permanente e acessível ao público, com as diversas funções
em princípio atribuídas a qualquer entidade museal. É um museu de categoria especial, resultante
da musealização de um conjunto patrimonial constituído por um espaço construído, um imóvel, e
por um acervo complementar, que deverão ser conservados com a maior autenticidade possível
em relação ao contexto original que justificou a sua incorporação museal. Esse conjunto será
possuidor de um significado e de um valor histórico particular, ou evocativo de um contexto
histórico, social e cultural, no qual desempenhou um papel marcante alguém cuja vida ou
actividade se ligou a esse espaço (de habitação ou de trabalho) e respectivo acervo.
Quando visito uma casa-museu espero, portanto, em primeiro lugar, conhecer um acervo
original bem conservado, apresentado de forma acessível e de modo que possa proporcionar
aos visitantes a interpretação do ambiente original, cuja importância histórica, social, artística ou
cultural, ou cujo valor simbólico ou identitário fundamenta e legitima a musealização.
O que espero ao visitar um museu do tipo específico de uma casa-museu, para além de poder
interpretar o significado dos objectos no espaço, e deste, como documento complexo, num
ambiente ou envolvente mais abrangente, é poder explorar e tentar apropriar-me das narrativas
complexas do lugar, outrora pleno de vivências. Visitando uma casa-museu é minha expectativa
conhecer a vida, o pensamento ou a obra de uma dada personagem, no seu tempo e num
espaço… porventura comparável a um “teatro de memórias” (usando uma expressão, creio, de
Mónica Risnicoff de Gorgas, museóloga argentina).
Um abraço. Até uma próxima ocasião, continuando disponível (mesmo que não seja sempre
rápida na colaboração – desculpa!)
Graça Filipe
260
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Documento 7
Casas Museu
Fevereiro de 2006
261
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
ANEXO 11
263
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
CASAS-MUSEU
265
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
266
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
267
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Foi neste espaço que Abel Salazar residiu com a sua esposa
durante cerca de 30 anos.
A visita permite o contacto com espaços do quotidiano doméstico
do homenageado, sendo possível passar por áreas íntimas e
sociais que se preservam, praticamente intactas, podendo sentir-
se em alguns espaços os perfumes usados pelos habitantes
da casa, percebendo-se uma relação entre os objectos e os
espaços que estes ocupam, resultando daí um contacto com a
Casa-Museu Abel figura do homenageado.
32
Salazar Simultaneamente, pode ser visitada uma exposição onde
se observa a actividade médica e artística do patrono, sendo
promovidos estudos, directamente ou em conjunto, sobre as
diferentes vertentes da personalidade de Abel Salazar.
A iniciativa de criação ficou a dever-se a um grupo de amigos,
que apesar das dificuldades, conseguiu preservar um património
essencial, o qual, actualmente, é dirigido pela Associação
Divulgadora de Abel Salazar e propriedade da Universidade do
Porto.
Este espaço mantém as características dos inicio do século,
designando-se desta forma, por ser aqui que viviam os
trabalhadores oriundos de outras regiões e que se deslocavam
em rancho para as vindimas. Mantendo ainda as duas grandes
tarimbas que serviam de dormitório com palha e um considerável
Casa da Malta – MN do
40 conjunto de objectos do quotidiano, este espaço conta, também,
Vinho
com diversas alfaias agrícolas que acompanhavam estes
imigrantes sazonais.
Apesar de não se reportar a uma personalidade especifica, de
acordo com a informação disponível, mantém-se o espaço de
quotidiano original.
268
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
269
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
270
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
271
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
272
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
273
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
274
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Museu Etnográfico
275
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Museu de Arte
Museu de Empresa
Museu de Personalidade
276
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Museu de História
277
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
278
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
ANEXO 12
279
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
Lista de correspondência de n.º à Casa-Museu na tabela de análise dos requisitos para ser
considerada Casa-Museu
281
CASAS-MUSEU EM PORTUGAL TEORIAS E PRÁTICAS
47 CM Maurício Penha
48 CM Marieta Solheiro Madureira
49 CM D.ª Maria Emilia Vasconcelos Cabral
50 CM Bissaya Barreto
FUND
51 CM Eng.º António de Almeida
52 CM Biblioteca Aquilino Ribeiro
53 CM João Soares
54 CM Mário Botas
55 CM Nogueira da Silva
UNIV
56 CM de Monção
57 CM Maria da Fontinha
58 Casa Agrícola José Mota Cortes
PART
59 CM do Pescador da Nazaré
60 CM Dr. Horácio B. Gouveia
282