Você está na página 1de 33

Texto2

DOCUMENTAÇÃO MUSEOLÓGICA:
teoria para uma boa prática.

Helena Dodd Ferrez


Documentação museológica - Definição
• Conjunto de informações coletadas sobre cada um dos
objetos/espécimes das coleções – representação de objetos
por meio da palavra ou imagem.

• É um Sistema de recuperação de informação capaz de


transformar as coleções dos museus:
de fontes de informação

em fontes de pesquisa científica


OU

em instrumentos de transmissão de conhecimento.


Matriz informacional: segundo Mensch

1. Propriedades 2. Função e 3. História


físicas dos objetos significado
(descrição física) (interpretação)

Cada objeto pode ser descrito e analisado nesta Matriz


Informacional
Redimensionamento do papel da documentação nos Museus
como suporte de pesquisa científica e de comunicação
Categorias de Informação

1. Propriedades físicas dos 2. Função e significado 3. História


objetos (descrição física) (interpretação)
a) Composição Material
b) Construção técnica
c) Morfologia:
- Forma espacial
- Dimensões
- Estrutura da superfície
- Cor, padrões.
- Imagens.
- Texto (se houver)
Categorias de Informação

1. Propriedades físicas dos 2. Função e significado 3. História


objetos (descrição física) (interpretação)
a) Composição Material a) Significado principal
b) Construção técnica - Significado da função
c) Morfologia: - Significado expressivo
- Forma espacial b) Significado secundário
- Dimensões - Significado simbólico
- Estrutura da superfície - Significado metafísico
- Cor
- Padrões de cor, imagens.
- Texto (se houver)
Categorias de Informação
1. Propriedades físicas dos 2. Função e significado 3. História
objetos (descrição física) (interpretação) a) Gênese – proc. de
a) Composição Material a) Significado principal criação no qual idéia e
matéria-prima se trans
b) Construção técnica - Significado da função formam em um objeto.
c) Morfologia: - Significado expressivo b) Uso
- Forma espacial b) Significado secundário - Uso inicial – de acordo
- Dimensões - Significado simbólico com as intenções do
criador
- Estrutura da superfície - Significado metafísico
- Reutilização –
- Cor
c) Deterioração/Marcas do
- Padrões de cor, imagens. tempo
- Texto (se houver) - Fatores endógenos
- Fatores exógenos
- D) Preservação,
Conservação,
Restauração
Documentação Museológica
Informações Informações
intrínsecas extrínsecas

Informação documental e contextual.


São aquelas obtidas de outras fontes
externas ao objeto.
São aquelas deduzidas
do próprio objeto, Permitem conhecer o contexto nos
através da análise das quais os objetos existiram,
suas propriedades funcionaram e adquiriram significado.
físicas São fornecidas em geral quando o
objeto entra no Museu ou através de
pesquisas em fontes bibliográficas e
documentos existentes.
INFORMAÇÕES SOBRE O OBJETO
Número de acesso: 91.13
Criador: Henri Matisse
Título: ”Odalisque”
Medidas: 18 1/4 (polegadas) x 21 3/4 (polegadas)
Data de criação: 1928
Créditos: Doação de Sr. e Sra. Prentice Bloedel
Tipo/categoria de objeto: pintura
Instituição: Museu de Arte de Seattle
Endereço eletrônico do objeto/URL:
http://www.seattleartmuseum.org/emuseum/code/collection.as
p
Trabalho restituído aos proprietários ou representantes.
Data: Jun-14-1999
Histórico: ver em anexo
INTRÍNSECAS:
deduzidas do
próprio objeto,
INFORMAÇÕES SOBRE O OBJETO através da análise
Número de acesso: 91.13 das suas
Criador: Henri Matisse propriedades físicas
Título: ”Odalisque”
Medidas: 18 1/4 (polegadas) x 21 3/4 (polegadas)
Data de criação: 1928
Créditos: Doação de Sr. e Sra. Prentice Bloedel
Tipo/categoria de objeto: pintura
Instituição: Museu de Arte de Seattle
Endereço eletrônico do objeto/URL:
http://www.seattleartmuseum.org/emuseum/code/collection.asp
Trabalho restituído aos proprietários ou representantes.
Data: Jun-14-1999
Histórico: ver em anexo
EXTRÍNSECAS:
INFORMAÇÕES SOBRE O OBJETO Informação
Número de acesso: 91.13 documental e
Criador: Henri Matisse contextual.
Título: ”Odalisque” Fontes externas ao
Medidas: 18 1/4 (polegadas) x 21 3/4 (polegadas) objeto.
Data de criação: 1928
Contexto nos quais
Créditos: Doação de Sr. e Sra. Prentice Bloedel os objetos
existiram,
Tipo/categoria de objeto: pintura funcionaram e
adquiriram
Instituição: Museu de Arte de Seattle significado.
Endereço eletrônico do objeto/URL:
http://www.seattleartmuseum.org/emuseum/code/collection.asp

Trabalho restituído aos proprietários ou representantes.


Data: 14/06/1999
Histórico: ver em anexo
INTRÍNSECAS: deduzidas do
próprio objeto, através da
análise das suas propriedades
físicas

EXTRÍNSECAS: Informação documental


e contextual. Fontes externas ao
objeto. Contexto nos quais os objetos
existiram, funcionaram e adquiriram
significado
Informação sobre o objeto
• Número de acesso: TP.1017
• Título do objeto: Vaso em miniatura com figuras esculpidas.
• Medidas: 2-5/8 x 2.5 (polegadas)
• Data de criação: -
• Crédito: Legado de Barbara Goldenberg
• Instituição: Iris & Gerald Cantor Center for Visual Arts,
Universidade de Stanford.
• Cultura: Maia
• País de origem: Guatemala
• Tipo de objeto: Vaso
• Materiais / Técnicas: Barro
• Endereço do objeto/URL:
• http://cantorcollections.stanford.edu/Obj47597?sid=275&x=
15966
• Fontes de informação: Joseph e Barbara Goldenberg, Los
Angeles, 2003.
Informação sobre o objeto
Criador: Anônimo. Alemanha, 1578 -
1579
Dimensões: 39 cm
Objeto (Artefato): Cozinha, casa,
recipiente, jarro.
Material: Material inorgânico.
Cerâmica. Grés. Esmalte
Técnica: Técnica cerâmica. Técnicas
decorativas. Relevo aplicado à técnica
cerâmica.
Origem geográfica: Alemanha –
Europa ocidental
Doação: Coll. Van Beuningen-de
Vriese, 1991
Área da Coleção: Artes aplicadas &
Design
N. Inventário: F 3300 (KN&V)
Descrição:
Jarra decorada com um friso
representando os vícios e virtudes
e os braços de Hesse.

Inscrição:
[AST]ROLOGIA.FIDES.SPES.IUSTICIA
.PRVDENTIA.TEMPERANTIA,FO[RTI
TUDO].PELPOMEN[E].TIALIA.EVT[E
RPE.TERPSI]CHORIE.CLIO.POLI.CALI
OPE.[...]ATO.VRANA.NOVEM;BEI.M
EI.MISTER.BALDEM.MENNICKIN.P
OTENBECKER.WONENDE.TOTEN.R
AREN.IN.LEIDEN.EN.GEDOLT.ANNO
.DUSENT 1579; 1578 HESSEN.
A marcação em prata indica:
Aaron Hadfield de Sheffield, Inglaterra, fez esta faca em 1834.
A criação de conexões: objeto e informação

A pedido do Rei Eduardo III da Inglaterra (1312-1377), foi criado um sistema


de marcação de objetos em metal. Permite a criação de links entre os
produtos/objetos e seus possuidores.

As marcas reassociaram objetos e suas origens, conectando o fabricante e o


proprietário através do objeto.

A faca de prata não é anônima. Decodificação da marca: quem a fez, quando


foi feita, como foi feita e que material foi usado.

Incorporando informação (formato de marca) aos objetos = ligação objetos +


dados sobre ele = construção de pontes entre objeto e a informação sobre
ele.

Conexão → objetos atuam no mundo dos dados simbólicos e vice-versa.

http://www.eetimes.com/design/embedded-internet-design/4213124/Smart-things--
Information-shadows---Part-1--Introduction
Contextualização de um objeto
Contexto Primário Contexto Museológico

U PE
P M PR C
P = Produção PR = Preservação
U = Uso PE = Pesquisa
M = Manutenção C = Comunicação

Contexto Arqueológico
Não basta descrever fisicamente os objetos. É preciso reconstituir a sua história, que
pode ocorrer em três diferentes contextos – Primário, Museológico e Arqueológico -
que se inter-relacionam e apresentam funções próprias.
Qualidades da documentação museológica
Consistência dos procedimentos documentais e técnicos →
possibilidade de contato com algo próximo da fontes dos fatos,
da matéria-prima da história e da arte.

Fidelidade – em Documentalidade - Testemunhalidade - Pressupõe


Museologia. Pressupõe documento, testemunho, atestar algo sobre
Não pressupõe cuja raiz é a mesma de alguém, algum fato ou coisa.
autenticidade no docere = ensinar.
sentido tradicional e Testemunho testifica algo de
restrito. Documento não apenas alguém a outrem.
diz, mas ensina algo a
Veracidade, a alguém. Testemunho tem o sentido de
fidedignidade do presença, de estar ali por
documento ou ocasião do ato, ou do fato
testemunho. testemunhado.
Qualidades da documentação museológica

DOCUMENTAÇÃO
Para que a documentação Fonte primária, matéria-
museológica manter prima. Uso por críticos,
qualidades necessárias à historiadores, historiadores da
existência da relação arte, museólogos e outros
museológica - profissionais para formulação
investimento no método. de conceitos.

Manter rigor metodológico → documentação museológica como


sistema - canal de acesso e referência.
Documentação – gestão de acervos

1. Identificação e registro do objeto – atribuição de código individual. Não há


norma. Registro no próprio objeto (submetido a critérios definidos pela área
de Conservação).

2. Classificação - Baseada na função, entendida como original utilitária e


primária, de significado funcional. Fonte: Thesaurus para acervos
museológicos. FERREZ, BIANCHINI, 1987.
Exemplos: Classe – Artes visuais
Subclasse - Pintura
Desenho
Escultura
Gravura
Documentação – gestão de acervos

3. Definição de categorias de acervo – Objeto museológico sai do circuito


material para o qual foi concebido e é incorporado a um museu = retirado do
contexto original e transferido para um local de domínio público, preparado
para a sua guarda e exibição.
Perde seu valor de uso/função imediato e assume o papel de bem museal =
carga documental e simbólica que o distingue da condição anterior.
Esta etapa do processamento técnico permite a elaboração de outros
instrumentos de pesquisa.

Categorias de acervo:
Achados arqueológicos
Armaria
Arte sacra
Objeto em seu contexto original

Objeto extraído de
seu contexto
devocional

Uso/Função: objeto de devoção


Objeto extraído de seu contexto original –
uso público – objeto museal. Uso/Função:
exibição.

Objeto extraído de seu


contexto original – uso
privado – objeto de
decoração.
Uso/Função:
decoração
Museu Campos Gerais da UEPG. Coleção de
Entomologia Felipe Justus Jr.

4. Arranjo das Coleções


Procedência – recuperar a
história da formação de um
acervo.
Tipologias específicas –
recuperar conjuntos de
objetos pertencentes a uma
mesma classe funcional ou
categoria – não precisa do
instrumento arranjo porque
o acervo já está organizado
desta forma.

Museu de História Natural e Jardim


Botânico da UFMG
Acervo Indígena Farmácia Galeno

Acervo Imigrantes
Tropeirismo
Museu Campos Gerais.
Univ. Federal de Ponta
Grossa.
Acervo Dr. Cândido de Melo Neto

Acervo Dilma Ozório Arquivo Som e Imagem


5. Pesquisa arquivística e bibliográfica
Desenvolvimento de pesquisa sobre ao acervo, a partir de uma
abordagem individual de cada objeto.
O bolsista de IC Helder Bruno Palheta
Ângelo, do Museu Goeldi, realizou
pesquisa denominada “A Cultura
Material dos Senhores de Engenhos de
Igarapé-Miri e Abaetetuba no século
XIX”, orientado pelo arqueólogo
Fernando Marques.

Combinou a análise de fontes históricas


e pesquisa bibliográfica sobre a cultura
material em outras regiões do País a
trabalhos relacionados aos engenhos
amazônicos, para identificar mudanças
nas práticas cotidianas, reflexo de um
contexto socioeconômico em
transformação.

Após 1850 cada vez mais, itens de sofisticação e refinamento em uso nas
residências passaram a compor o patrimônio: louças, prataria e mobílias de
luxo expressam padrão de consumo advindo da Belle Époque.
Testamentos e inventários de
senhores de engenhos sob a guarda
do Arquivo Público do Pará e Centro
de Memória da Amazônia da UFPA
serviram de fontes históricas
(primárias).

Os jornais do século XIX (fontes


secundárias) da coleção da
Biblioteca Pública do Estado do Pará
“Arthur Vianna” também permitiram
a identificação da dinâmica da
circulação de produtos na região.
6. Registro fotográfico individual – informação iconográfica e
formação de bancos de imagens. Controle de reprodução.

Espécime paleontológico acondicionado. National Park Museum, EUA


7. Informatização.

Você também pode gostar