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IGREJAS EVANGÉLICAS NA MIRA DA POLÍCIA FEDERAL

O jornal O Estado de São Paulo, publicou uma matéria alertando para


as áreas, que segundo a Polícia Federal, seriam fontes de dinheiro
ilícito ou de recursos financeiros não contabilizados, o “caixa dois”, no
país, e entre estas estariam as Igrejas Evangélicas, juntamente com
o mercado publicitário e as empresas de informática.

Esta notícia trouxe bastante preocupação no meio da liderança


evangélica brasileira, na medida em que as Igrejas gozam da
imunidade, entretanto, estão submissas as leis dos país, por isso,
obrigadas a pagar outros tributos, que são as taxas, e eventualmente
as contribuições de melhoria, bem como, as contribuições sociais,
estipuladas pelas autoridades fiscais.

Registre-se que alguns, inclusive autoridades públicas, confundem


imunidade com isenção.

A imunidade fiscal é uma prerrogativa constitucional, onde a Igreja,


qualquer seja sua confissão religiosa, não pode ser tributada pelo
poder público com impostos, sejam estes federais, estaduais ou
municipais, e a isenção fiscal é um privilégio tributário concedido pelo
poder público, de qualquer nível, desde que atendidas as condições
impostas, podendo ser a qualquer tempo retirada.

Numa entrevista que concedi ao jornal Valor Econômico, por ocasião


da apreensão de recursos financeiros de uma Igreja Evangélica, pude
asseverar que um cidadão pode transitar pelo país portando qualquer
quantia em moeda nacional, e se, eventualmente a autoridade
questioná-lo, ele deve apresentar a comprovação da origem deste
recurso.

Instado pelo jornalista, expliquei a natureza jurídica do dizimo,


enquanto doação do fiel, e que a Igreja, apesar de estar imune dos
impostos dos valores recebidos, como também estão os Sindicatos de
Empregados e os Partidos Políticos, ela é obrigada a contabilizá-los e
apresentar a Receita Federal a Declaração Anual de Renda da Pessoa
Jurídica, contendo toda sua movimentação financeira.

Destaque-se que a imunidade fiscal se aplica com relação aos


impostos incidentes sobre o templo, que o próprio Supremo Tribunal
Federal já orientou, interpretando o texto constitucional, se estende
ao patrimônio, a renda e os serviços da Igreja, relacionados com as
finalidades essenciais do culto.

Essa asseveração de que as Igrejas Evangélicas podem estar sendo


fonte de recursos ilícitos causa espécie, na medida em que elas são
compostas, em sua grande maioria, de gente simples e humilde, ou
seja, brasileiros e brasileiras, trabalhadores, que com suor de seu
rosto ganham seus rendimentos, e voluntariamente contribuem para
o sustento da propagação do evangelho de Cristo em solo pátrio.

Por outro lado, é vital estarmos atentos para a organização contábil


de nossas Igrejas, inclusive em face do vertiginoso crescimento dos
evangélicos no Brasil, pelo que necessitamos nos precaver através de
profissionais da contabilidade idôneos, que atuem de forma
preventiva, ajudando as Igrejas a evitar erros, ou mesmos falhas por
desconhecimentos relativos a legislação vigente com relação as
Organizações Religiosas.

Há algum tempo atrás um líder de uma grande e histórica


denominação foi obrigado pelo Ministério Público a apresentar os
livros contábeis de sua Igreja, sob a alegação de uma acusação de
“lavagem de dinheiro”, isso foi publicado na capa de um jornal
carioca.

Para a tranqüilidade de todos aquela Igreja contava com um serviço


de contabilidade profissionalissimo e pode disponibilizar todos os seus
livros para o exame do Ministério Público, sem ter qualquer
dificuldade, ficando a denúncia sem qualquer fundamento legal.

Esta atuação do administrador da Igreja, condição que assume o


pastor-presidente, diante da lei, recebeu tratamento bastante
rigoroso no novo Código Civil, como também o contador, que passou
a responder solidariamente pelas situações de ilegalidade a que for
partícipe, juntamente com a administração da entidade.

A Igreja, é pessoa jurídica de direito privado, tendo liberdade


constitucional de professar a sua fé, religiosidade e espiritualidade,
entretanto, para efeitos civis, está legalmente submetida ao poder
público na questões administrativas, associativas, financeiras e
patrimoniais, tendo que prestar contas aos órgãos competentes.
Salmo. 106:3

Gilberto Garcia é advogado, pós-graduado e mestre em


direito. Autor do livro, “O Direito Nosso de Cada Dia.”.

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