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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA DO TRABALHO

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Economia do Trabalho – Aula 2

CONCEITOS BÁSICOS

PEA ou Força de Trabalho – expressa a quantidade de pessoas que


potencialmente colocam sua mão de obra para suprir as necessidades
da empresa. Engloba as pessoas empregadas como as que estão
disponíveis para trabalhar, mas não estão conseguindo emprego
(denominadas desempregadas);

PIA – população em idade ativa;

PINA – população em idade não ativa.

População Total

População em
Idade não Ativa
População em
PINA Idade Ativa
(Crianças/Aposentados) PIA

Não Trabalham
Trabalham

Trabalho com PEA Sem Trabalho


Remuneração mas buscando
Emprego

Empregados
Desempregados

Estudantes, trabalhadores domésticos, inválidos, presos

Não
Trabalho sem PNEA trabalham e
Remuneração não buscam
emprego

Fora da Força de Trabalho

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A FORÇA DE TRABALHO

Para entender o que vem a ser o mercado de trabalho, no que se refere


a indivíduos que o constituem, é necessário, inicialmente, classificar a
população segundo a atividade econômica que cada um exerce.
Para delimitar o mercado de trabalho, deve-se partir da noção de
atividade econômica, um conceito bastante complexo.
PEA ou força de trabalho – representa os elementos que irão constituir
o mercado de trabalho que. O mercado de trabalho, por sua vez,
abastece as firmas no que diz respeito à necessidade de mão-de-obra.
Entende-se por PEA o conjunto de elementos empregados (E) e
desempregados (D), num certo momento, captado por um inquérito
estatístico com base na definição de atividade econômica dos indivíduos.
A PEA é um subconjunto da população em idade ativa (PIA), como
mostra a figura 1 anterior, que fornece, com um maior grau de
detalhes, as categorias da população com relação à atividade
econômica, partindo-se do total da população de um país. Nessa figura
podemos destacar três grandes segmentos de trabalhadores que mais
diretamente dizem respeito ao mercado de trabalho e à própria
dinâmica de formação de salários e empregos na economia:
a) os indivíduos em idade ativa, mas não considerados
economicamente ativos - indivíduos fora da força de trabalho;
b) os indivíduos ocupados (empregados)
c) os indivíduos desocupados (desempregados)

A soma dos indivíduos que estão empregados com os que estão


desempregados forma o conceito de PEA ou força de trabalho à
disposição das firmas.

Importante: PEA = empregados (E) + desempregados (D), sendo


que desempregados são os indivíduos que não trabalham mas estão
procurando emprego. Um indivíduo que não trabalha mas não procura
emprego não é considerado desempregado.
No interior de cada um desses segmentos citados acima, ocorrem
inúmeras outras classificações que permitem enquadrar com maior
precisão os trabalhadores segundo a atividade econômica que exercem.
Um sumário é a seguir apresentado.

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População economicamente ativa (PEA)

Empregados

a) plenamente ocupados:
- em tempo integral
- em tempo parcial

b) subempregados:
- visíveis
- invisíveis

Desempregados

a) buscando trabalho:
- já trabalharam
- nunca trabalharam (1º emprego)

b) não estão procurando trabalho, mas dispostos a trabalhar em


condições específicas:
- já trabalharam
- nunca trabalharam

População não economicamente ativa (PNEA)

Capacitados para o trabalho

a) trabalhadores desalentados ou desencorajados (dispostos a trabalhar,


mas desestimulados a buscar emprego):
- dedicando-se a afazeres domésticos
- estudante
- aposentado
- pensionista

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- rentista e outros

b) inativos (não buscam trabalho nem desejam trabalhar):


- inválidos
- idosos
- réus
- outros

Essa forma de apresentação da PEA é universal, contemplada pelas mais


importantes instituições voltadas para questões do mercado de trabalho
e adotada nos principais inquéritos, visando captar aspectos recativos à
atividade econômica dos indivíduos. A principal polêmica ocorre em
como enquadrar determinada categoria ocupacional com base numa
situação observada. Como exemplo, temos o subemprego que, para
alguns (como o IBGE), é uma categoria entre os empregados, enquanto
para o Dieese é uma forma de desemprego.

As seguintes observações merecem também destaque:


a) alguns indivíduos que não trabalham fazem parte do mercado
informal, que é composto também por indivíduos que trabalham;
b) o nível de participação na PEA pode alterar-se sem modificações
originadas por aspectos demográficos;
c) o critério para definir idade ativa é arbitrário, variando entre países,
mas, em geral, contido no intervalo entre 10 e 15 anos de idade. No
Brasil, adota-se o critério de 10 anos como limite mínimo para idade
ativa;
d) os desempregados autênticos representam um patamar mínimo de
subutilização da mão-de-obra, desde que entre os empregados existam
os subempregados;
e) o fato de o indivíduo estar em idade ativa não o caracteriza como
economicamente ativo;
f) possuir capacidade para trabalhar também não assegura que o
indivíduo seja economicamente ativo;
g) desemprego não significa inatividade.

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Finalmente, devemos notar que as categorias classificadas como


economicamente ativas da forma mencionada, ainda que
representativas do volume de trabalho apto e imediatamente disponível,
não revelam a total potencialidade da força de trabalho.
A força de trabalho não leva em consideração aspectos como nível
educacional dos trabalhadores, experiência no trabalho, qualidade do
trabalho, horas trabalhadas, entre outras variáveis que são
determinantes do trabalho potencial dos indivíduos componentes do
mercado de trabalho.
Dessa forma, a PEA deve ser interpretada como um conceito parcial no
que diz respeito à oferta do trabalho imediatamente utilizável no país.

INDICADORES DO MERCADO DE TRABALHO

Vimos a composição da População Economicamente Ativa (PEA). Para


avaliar o comportamento desse mercado, uma série de indicadores é
construída: alguns diretamente das definições apresentadas, e outros -
com o índice de salário real – que não emergem diretamente do que foi
descrito, mas sim por meio de variáveis que se formam no mercado.
Tais indicadores possibilitam tanto refletir sobre o desempenho quanto
avaliar o comportamento da economia. Podem também ser utilizados
como importantes fatores de orientação no processo de tomada de
decisões (seja pelo governo ou pelas firmas), visando proporcionar
melhorias no padrão de vida, nas condições de emprego e trabalho e,
principalmente, na harmonização das relações entre capitalistas e
trabalhadores. Servem ainda para refletir estados de pobreza ou
miséria, além de contribuir para a avaliação do nível de absorção de
mão-de-obra e de seu grau de subutilização.

Indicadores

1 – Taxa de participação na força de trabalho (tP)


Reflete o nível de engajamento da população ativa nas atividades
produtivas, pela mensuração do tamanho relativo da força de trabalho,
fornecendo uma aproximação do volume de oferta de emprego
imediatamente disponível na economia.
Desde que o tamanho da população e da própria PEA tendem a diferir de
país para país, ou entre regiões de um mesmo país, é necessário
expressar percentualmente o volume de indivíduos em atividades

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voltadas para a produção social de bens e serviços em relação à


População em Idade Ativa (PIA). Define-se, então, taxa de participação
(tP) como:

tP = PEA / PIA

Regra geral, para qualquer país, observa-se que:


a) a taxa de participação masculina é maior que a feminina, pois os
afazeres domésticos não são considerados ocupações
economicamente ativas e são exercidos majoritariamente pelas
mulheres;
b) a participação adulta é maior que a participação jovem ou idosa. A
necessidade de educar e a aposentadoria são as explicações
tradicionais para a menor participação desses dois últimos grupos;
c) a participação feminina tende a crescer com o desenvolvimento
econômico, seja porque aumentam as oportunidades de emprego
para as mulheres, seja porque o próprio papel delas com relação
ao trabalho é visto de forma diferente.

2) Taxa de desemprego (tD)


Figurando entre os mais conhecidos indicadores, esse índice tende a
refletir desequilíbrios no mercado de trabalho. Representa a falta de
capacidade do sistema econômico em prover ocupação produtiva para
todos aqueles que a desejam.
A taxa de desemprego contabiliza aqueles indivíduos que estão aptos,
saudáveis e buscando trabalho, mas que não encontram ocupação à
taxa de salários vigente no sistema econômico.
Essa taxa inclui o que se denomina desemprego aberto, o qual expressa
um patamar mínimo de subutilização de mão-de-obra, já que o
subemprego existe no mercado de trabalho.
Estatisticamente, a taxa de desemprego é a relação entre o número de
desempregados (D) e o total da força de trabalho (PEA), ou seja:

tD = D / PEA => tD = D / (E + D)

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Sua evolução demonstra as flutuações da atividade econômica, sendo


extremamente útil ao governo como indicador do impacto das políticas
econômicas de curto prazo.
Do ponto de vista social, é inegavelmente o principal indicador da
ocorrência de recessão, pois incorpora tanto movimentos da força de
trabalho quanto flutuações no plano das atividades produtivas.
NOTA - A taxa de desemprego pode aumentar sem que tenha havido
demissão.
Exemplos:
1) Supondo que o número de desempregados de um país é de 20
(D=20) e que o número de empregados seja 60 (E= 60) . Neste caso, a
taxa de desemprego será:
tD = 20 / (20 + 60) = 0,25 ou 25 %

2) Se um inativo se incorpora à PEA, porém não obtém emprego (fica


desempregado), temos a seguinte composição:
tD = 21 / 81 = 0,259
Pode-se perceber que a taxa de desemprego aumentou, apesar de não
ter havido novas demissões.

A taxa de desemprego capta aqueles indivíduos classificados como


desempregados por diversas razões, que vão desde a total
involuntariedade do trabalhador em se colocar nessa situação até a
incapacidade do sistema em absorver o contingente de indivíduos que
afluem às forças de trabalho periodicamente. Em outras palavras,
existem diversas classificações de desemprego, segundo sua origem,
todas ocorrendo ao mesmo tempo e, dessa forma, captadas pela taxa
de desemprego, tradicionalmente calculada por pesquisas primárias. As
principais são:

Desemprego involuntário
Ocorre quando o indivíduo deseja trabalhar à taxa de salários vigentes
no sistema econômico, mas não encontra colocação. É também
denominado desemprego cíclico ou desemprego conjuntural.
Ocorre devido à insuficiência de demanda agregada na economia
(falaremos desse assunto mais adiante). Desde que Keynes se destacou
como formalizador das idéias sobre o impacto da insuficiência de
demanda sobre a economia e o mercado de trabalho, esse tipo de
desemprego é também conhecido como Keynesiano. Representa, sem
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dúvida, aquele tipo de desocupação dos indivíduos que deve merecer


maior atenção das autoridades governamentais.

Desemprego estrutural
Acontece quando o padrão de desenvolvimento econômico exclui uma
parcela dos trabalhadores do mercado de trabalho. Denomina-se
também desemprego tecnológico e ocorre devido ao desequilíbrio entre
a oferta e a demanda por mão-de-obra de determinada qualificação.

Desemprego friccional
Surge em decorrência do processo dinâmico que caracteriza o mercado
de trabalho, no qual o sistema de informações sobre a oferta de vagas
disponíveis no sistema produtivo é imperfeito. Existe um lapso de tempo
entre a saída do indivíduo de um emprego e a obtenção de uma nova
ocupação de acordo com suas características. Nesse ínterim, ele é
classificado como desempregado.

Desemprego sazonal
Ocorre devido à sazonalidade de determinados tipos de atividade
econômica. Como é possível prever esse tipo de flutuações, pode-se
atribuir uma dose de voluntariedade dos indivíduos engajados em
ocupações dessa natureza.

3) Índice de emprego (tE)


É usado para medir a proporção da população economicamente ativa
que, após certa idade, é empregada. Busca refletir aqueles indivíduos
absorvidos no mercado de trabalho na condição de empregados. Em
outras palavras, indica o contingente de trabalhadores disponíveis e
utilizados pelas firmas.

tE = E / PEA = E / (E + D)

Em última instância, o índice de emprego busca refletir o número de


indivíduos que estão realmente exercendo atividades econômicas,
relativamente a todos aqueles que potencialmente poderiam exercê-la.
Fornece também uma avaliação de capacidade da economia em
absorver o crescimento da população, num ambiente de constantes

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transformações tecnológicas que afetam o comportamento das firmas


quanto ao nível de emprego por elas desejado.

RELAÇÃO IMPORTANTE ENTRE TAXA DE DESEMPREGO E DE


EMPREGO

Como tD = D / PEA e tE = E / PEA, temos que:


tD + tE = D/PEA + E/PEA = (D + E) / PEA = PEA / PEA = 1 =>

tD + tE = 1 (ou 100%)

4) Subemprego
É a própria subutilização da mão-de-obra. As causas e os efeitos do
subemprego são múltiplos, mas invariavelmente ele está relacionado
com o desenvolvimento econômico insuficiente ou atrasado. De modo
geral, tal conceito é associado à questão de emprego na América Latina,
Ásia e África.
Historicamente, o subemprego tende a representar a parcela da
população subutilizada em decorrência do padrão de crescimento
adotado, o qual exclui inúmeros segmentos da população de
desempenho de atividades econômicas produtivas.
Além disso, o subemprego tem grande aceitação como conceito
referente ao problema ocupacional no meio rural, onde reflete a
porcentagem de ocupados em atividades de baixa produtividade
agrícola.
Igual conceito também se aplica ao meio urbano, mas recentemente a
definição de subemprego ganhou nova roupagem, sob o título de
mercado ou setor informal de trabalho. Neste setor informal de trabalho,
muito mais um problema conceitual ou de mensuração, se discute a
importância do núcleo capitalista de produção no surgimento e no
desenvolvimento de atividades econômicas marginais e/ou informais.

Subemprego visível (tSH)– é definido como a diferença entre o volume


real de horas trabalhadas pelo indivíduo e o volume de horas que ele
poderia, de fato, trabalhar.Na economia, esse subemprego seria medido
como:

tSH = ( Sh / PEA ) x100

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em que Sh = número de indivíduos ocupados trabalhando menos que


um determinado números de horas.

Esse indicador merece algumas considerações.


O subemprego deve-se dar por razões econômicas, caracterizando uma
involuntariedade do indivíduo, que não está trabalhando mais por
insuficiência de demanda. O trabalho em tempo parcial não é uma
aspiração do indivíduo. Ademais, o número de horas pode ser fixado em
termos de dias, semanas, mês ou ano e varia de acordo com as
características do país ou região em que se pretende medir o
subemprego.

Subemprego encoberto (tsp)– representa a quantidade de mão-de-


obra que seria possível liberar melhorando-se a organização e a
distribuição das tarefas de trabalho, mantendo-se o nível de produção
sem necessidade de novos investimentos em capital fixo e sem
modificação das formas de utilização do trabalho assalariado ou
estrutura social de produção.

tsp = ( Sp / PEA ) x 100


em que Sp = número de indivíduos em produtividade igual ou inferior a
certo valor prefixado.

Subemprego potencial (tSV) – é definido como a quantidade da mão-


de-obra que pode ser liberada, dado um nível de produção, por meio de
mudanças nas condições de exploração dos recursos ou transformações
nas indústrias ou agricultura. Implica reduzir gradualmente a proporção
de mão-de-obra ocupada em atividades de baixa produtividade,
elevando-a simultaneamente.

tSV = N / (d + 1) x100 , onde:


PEA
onde N = número de pessoas pobres (população abaixo de uma linha de
pobreza);
d = (N – n) / N, razão de dependência;
n = número de indivíduos ativos incluídos na população pobre.

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5) Taxa de rotatividade da mão-de-obra (tr)


Os movimentos referentes às demissões e rescisões de contrato de
trabalho (sejam por iniciativa das firmas ou de empregados), tanto
podem representar desemprego da força de trabalho como também
rotatividade da mão-de-obra. O que diferencia essas duas situações é
que, do ponto de vista das firmas, a rotatividade implica idéia de que a
mão-de-obra dispensada, ou que voluntariamente se demite, será
substituída. Por sua vez, a dispensa do empregado por parte da firma ou
seu pedido de rescisão do contrato de trabalho, sem que ocorra
reposição, caracteriza um desemprego na forma tradicional do termo.
O princípio da substituição de mão-de-obra é de fácil compreensão, mas
a mensuração da rotatividade é algo complexo.A medida mais usual que
preserva a idéia de substituição é a seguinte:

tr = _min (A, D) x 100___, em que:


0,5(Fi + (Fi +A –D))

A = admissões da firma ou setor no período;


D = demissões;
Fi = estoques de trabalhadores no início do período

Uma explicação simples para o numerador da fração min (A,D) seria:


a) Recessão na economia – ocorrendo uma recessão, o número de
demissões é bem maior que o número de admissões. Se tomássemos o
maior valor entre admissões e demissões, este seria o número de
demissões. Logo, o numerador seria grande, induzindo ao erro de se
pensar que estaria havendo rotatividade na economia, o que não é
verdade (D>A). Dessa forma, ou seja, tomando o valor mínimo do
numerador, estaríamos , certamente, mais próximos da realidade.
b) Crescimento econômico – num período de crescimento o número de
admissões é bem maior que o número de demissões. Logo, se
tomássemos o número de admissões (A), que é maior que o número de
demissões (D), estaríamos superestimando o índice de rotatividade, já
que este valor seria grande. Ao tomarmos o mínimo entre demissões e

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admissões, tomaríamos o valor correspondente ao número de demissões


(que é menor). Com isso o índice seria menor, retratando melhor a
momento econômico, ou seja: não há grande rotatividade e sim
crescimento econômico.
MERCADO DE TRABALHO FORMAL E INFORMAL

Mercado Formal
Neste tipo de mercado de trabalho as empresas cumprem a legislação
vigente nos âmbitos fiscal, sanitário, de segurança, trabalhista,
ambiental etc. Produz-se mercadorias tendo como objeto o lucro.
Mercado Informal
Existem empresas que não cumprem os itens citados no caso do
mercado formal. Outras cumprem parcialmente os aspectos legais, seja
por não ter condições de manter a empresa com o cumprimento da
própria lei, seja porque são atividades condenadas, como por exemplo,
a venda de CDs piratas ou tráfico de drogas. Nestes casos, não
cumprem a legislação porque a própria continuidade da empresa seria
colocada em xeque. São empresas do setor informal da economia e seus
trabalhadores, por conseqüência, fazem parte do mercado de trabalho
informal. Não há registro em carteira, e, logo, não há direitos sociais
garantidos em lei.
Observe que muitos trabalhadores podem estar, em dado momento, no
setor informal e, num momento posterior, podem retornar ao setor
formal de trabalho.
Atualmente, o setor informal funciona na linha limítrofe da economia
formal. Eis algumas características do setor informal:
- facilidades à entrada de novas empresas;
- recursos de origem doméstica;
- a propriedade é individual ou familiar;
- operam em escala reduzida;
- o processo produtivo é intensivo em trabalho e a eventual tecnologia é
adaptada;
- os mercados em que atuam são competitivos.

SALÁRIO REAL E NOMINAL – CLÁSSICOS X KEYNESIANOS

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A economia chamada clássica, baseada nos postulados de Adam Smith,


Ricardo, Malthus e outros pensadores econômicos dos séculos XVII,
XVIII, XIX e parte do século XX acreditava que, se a economia de um
país estivesse em equilíbrio, este se daria no denominado PLENO-
EMPREGO. Ou seja, eles não admitiam a existência do desemprego
como temos hoje. Para os clássicos, o equilíbrio se daria com pleno
emprego (dos fatores de produção).
Mas, mesmo no pleno emprego, eles admitiam um só tipo de
desemprego: o chamado DESEMPREGO FRICCIONAL ou TAXA NATURAL
DE DESEMPREGO, que é, antes de qualquer coisa, um tipo de
desemprego nada preocupante em relação a uma economia. É aquele
desemprego que ocorre em qualquer momento e em qualquer
economia, mesmo nas mais desenvolvidas. A razão desta crença, ou
seja, a de não haver desemprego em grande número, estava apoiada
em algumas hipóteses. Vejamos algumas:
- Num período de retração econômica (recessão), acreditavam os
clássicos que os empresários, em vez de demitir, abaixariam os salários
nominais dos trabalhadores, de forma que não fosse necessário demitir
os empregados. E isso era um motivo para não haver demissões;
- Era válida a chamada “Lei de Say”, economista de renome francês,
que afirmava, em palavras resumidas, que: “A OFERTA CRIA A SUA
PRÓPRIA DEMANDA”. Isto é, para os clássicos, os empresários
ofertariam os diversos bens e estes seriam consumidos pelos
empregados. Primeiro haveria a oferta dos bens e depois, acreditavam
eles, os bens seriam consumidos.
- Uma outra concepção clássica era a de que o governo não deveria
interferir na economia. As forças do mercado seriam suficientes para
tornar o mercado eficiente. Aos governos caberia a função de fornecer
os bens públicos. Isto é, o governo forneceria para a sociedade os
serviços de segurança, defesa nacional, justiça, saúde pública etc. E
faria isso com recursos advindos da tributação.

Em 1929 houve a quebra da bolsa de Nova York e a crise econômica nos


EUA causou uma alta taxa de desemprego. A Inglaterra, e o mundo
como um todo, passaram por um período de forte recessão. As teorias
clássicas da economia não conseguiam explicar, a contento, o que
estava realmente acontecendo. Neste período (de 1929 até 1936), John
M.Keynes, economista inglês, colocou o pensamento clássico em xeque.
Aqueles três pilares do pensamento clássico foram reformulados por
Keynes, que criou , com a edição de seu livro “A teoria do Emprego, dos
Juros e da Moeda”, de 1936, as bases da moderna macroeconomia. Seu
pensamento se chocava diretamente com os pensamentos clássicos no
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tocante ao papel do governo, da “Lei de Say” e da flexibilidade dos


salários nominais.
Basicamente, Keynes enunciou:

- Ao contrário do que afirmavam os clássicos, para Keynes os salários


eram rígidos, inflexíveis. Ou seja, o trabalhador não aceita corte no
seu salário nominal (aquele que consta do nosso contra-cheque). Isso
seria um dos motivos do desemprego.
- Keynes inverteu os termos da “Lei de Say”, dizendo, em resumo, que
“A DEMANDA AGREGADA CRIA A SUA OFERTA”. Esse é o princípio
da demanda efetiva. Isto é, ao contrário do que acreditavam os
clássicos, os empresários só ofertariam os bens se houvesse procura
pelos mesmos. Demanda agregada é um termo que se usa para
expressar a riqueza ou renda de um país. É a soma de todas as
demandas da sociedade. Eis sua equação:

Demanda Agregada (DA) = C + I + G + X – M , onde:


C = consumo das famílias
I = investimento privado (produtivo, em empresas)
G = gastos do governo (gastos com funcionalismo, compra de bens para
escolas públicas, saúde pública, estradas, hidrelétricas, indústrias de
base etc)
X = exportações do país
M = importações do país

Essa Demanda Agregada (DA) representou uma revolução no que se


refere às funções do estado numa economia. Isto porque os termos da
DA dependem do governo, senão vejamos:
- o consumo de uma sociedade pode ser estimulado ou desestimulado
(para conter a inflação, por exemplo) através de um instrumento que o
governo tem em seu poder: A TRIBUTAÇÃO. Ou seja, se o governo
pretende o crescimento econômico, ele deveria diminuir a carga
tributária. Caso contrário, isto é, se o governo pretende diminuir o
consumo das famílias, ele poderia aumentar a carga tributária (para
conter um processo inflacionário, como aconteceu no passado recente
no Brasil - Plano Real).
- o termo investimento (I), que representa o investimento em empresas
(não em títulos, no mercado financeiro), é o investimento que gera
riqueza e emprego para o país. Um dos fatores determinantes do
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investimento é a taxa de juros. Se esta estiver alta, haverá um grande


estímulo para os detentores de capital a aplicarem seu dinheiro no
mercado financeiro e não em empresas, já que o risco de se abrir uma
empresa é maior e os rendimentos das aplicações financeiras são
maiores. Mas isso não gera renda para o país. Não gera emprego. Se as
taxas de juros diminuírem o contrário acontecerá. Se o mercado
financeiro não estiver remunerando bem, os detentores de capital irão
aplicar seu dinheiro em empresas, gerando riquezas e um Produto
Interno Bruto (PIB) maior. Isso vai acarretar numa queda do
desemprego. Finalmente, a taxa de juros básica de uma economia é
estabelecida pelo governo. Daí a importância do mesmo na economia.
- o termo G (gastos do governo) é uma variável que depende somente
do próprio governo. É política econômica do governo.
- os termos exportações (X) e importações (M) são variáveis que
dependem, dentre outros fatores, da taxa de câmbio. Desta forma, se
um país, em determinado momento, deseja estimular as exportações,
ele deveria desvalorizar a taxa de câmbio. Assim, o preço da moeda
estrangeira ficaria mais caro e exportar seria mais fácil do que importar.
Exemplo:
Dia 10/ 03/ 2006 – taxa de câmbio => 1 US$ = R$ 2,24. Isso significa
que, se um exportador brasileiro exportar uma mercadoria de 100.000
dólares, ele receberá o montante, em reais, de R$224.000,00.
Supondo que no dia 10/04/2006, a taxa de câmbio seja: 1US$ = R$
2,35; se o mesmo exportador exportasse a mesma mercadoria acima,
ele receberia, em reais, R$235.000,00.
Note que quando a taxa de câmbio é desvalorizada, há incentivo maior
para se exportar. E quando acontecer uma valorização da taxa de
câmbio acontecerá o contrário. Exportar não será mais tão estimulante
como no caso acima e a valorização da taxa de câmbio estimulará as
importações, pois a moeda estrangeira ficará mais barata em reais.
Foi o que aconteceu em 1994/95, quando a taxa de câmbio estava
valorizada na faixa de 1US$ = R$1,00. Isso favoreceu as importações,
pois o dólar estava barato. Para comprar um carro americano de
US$12.000,00 (doze mil dólares) seria preciso ter R$12.000,00 (doze
mil reais). Daí o crescimento forte das importações naquele período em
que a taxa de câmbio estava valorizada, ou seja, nossa moeda estava
valorizada.
Mas o regime cambial de um país é definido pela Autoridade Monetária
do próprio país. Ou seja, é política cambial do governo.
Essas variáveis da Demanda Agregada refletem as chamadas políticas
fiscal, monetária e cambial, assunto dos domínios da Macroeconomia.
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Dentro do nosso programa de Economia de Trabalho veremos apenas


noções das mesmas.

EXERCÍCIOS

1) A população em Idade Ativa:


I) é a população economicamente ativa.
II) não abrange as crianças recém-nascidas.
III) abrange os aposentados.
IV) a população cuja idade a capacita a exercer o trabalho.
a) II e IV são corretas
b) I é correta
c) II, III e IV são corretas
d) I e II corretas

2) O trabalhador desencorajado expressa situação:


I - da pessoa que não pretende trabalhar porque não quer.
II - da pessoa que pretende trabalhar só em futuro próximo.
III - de pessoa desempregada.
IV - de pessoa que, procurando trabalho, não achou e acabou desistindo
de procurá-lo.
a) II, III e IV são corretas
b) I, II e III são corretas
c) III é correta c) III é correta
d) II, IV são corretas
e) todas são corretas

3) A PIA é formada:
a) pelos que têm trabalho remunerado, pelos os que não trabalham,
mas buscam emprego e pelos que efetuam trabalho não remunerado.
b) pela PEA, PNEA e PINA.
c) somente pelos que têm trabalho remunerado e os desempregados.

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d) pelos que têm trabalho sem remuneração e os que não trabalham e


nem buscam emprego.
e)pela PEA e PNEA

4) Dado que a PNEA é igual a 15% da PIA, qual a taxa de


participação?
a) 0,15 b) 0,425 c) 1,5 d) 0,75 e) 0,85

5) A idéia de rotatividade implica:


a) demissão do trabalhador.
b) pedido de demissão pelo trabalhador.
c) em manter a vaga do trabalhador.
d) reposição do trabalhador.
e) posição do trabalhador.

6) (Fiscal do Trabalho/98) Com relação aos conceitos básicos


envolvendo o mercado de trabalho, podemos firmar que:
a) não se incluem no conceito de desemprego aquelas pessoas que, não
estando empregadas, abandonaram a busca de emprego.
b) é considerado desempregado todo o membro da população residente
que não possui emprego.
c) é considerado desempregado todo o membro da população residente
que não possua carteira de trabalho assinada.
d) não são computadas no desemprego aquelas pessoas que nunca
trabalharam.
e) o fato de um indivíduo estar em idade ativa caracteriza-o como sendo
membro da PEA (População Economicamente Ativa).

7) (Fiscal do Trabalho/98) Considerando a abordagem


Keynesiana em relação ao mercado de trabalho, podemos
afirmar que:
a) os trabalhadores não aceitam perdas nos salários reais, mas estão
dispostos a experimentar variações nos salários nominais.
b) por esta teoria temos que os salários nominais são rígidos, mas não
os salários reais, devido à flexibilidade dos preços dos produtos finais na
economia.

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c) não há como comprimir os salários reais já que os trabalhadores não


têm ilusão monetária.
d) os salários nominais são determinados pelo mercado de trabalho, não
tendo sentido a existência de sindicatos.
e) os salários nominais são flutuantes de acordo com os movimentos no
mercado de trabalho, ao passo que os salários reais são relativamente
estáveis em decorrência da estabilidade dos preços relativos na
economia.

8) (Fiscal do Trabalho/98) Quanto aos conceitos de pleno


emprego e de desemprego, é correto afirmar que:
a) o pleno emprego é o nível de emprego consistente com a taxa natural
de desemprego, que reflete fatores basicamente friccionais.
b) a taxa natural de desemprego reflete um desemprego cíclico devido a
situações recessivas no mundo dos negócios.
c) o pleno emprego pode ser compatível com desemprego não friccional,
desde que este seja cíclico.
d) abaixo do pleno emprego, pode ser possível a existência apenas de
desemprego friccional, desde que a taxa natural de desemprego seja
zero.
e) o desemprego friccional é aquele decorrente de um ciclo recessivo na
economia de caráter conjuntural.

9) (ESAF) A teoria Keynesiana supõe salários nominais:


a) flexíveis e salários reais flexíveis.
b) rígidos e salários reais rígidos.
c) rígidos e salários reais flexíveis.
d) flexíveis e salários reais rígidos.

GABARITOS COMENTADOS

1)
- A proposição I é FALSA. O conceito de População em Idade Ativa (PIA)
é diferente do conceito de População Economicamente Ativa (PEA). O
conceito de PIA abrange os indivíduos que trabalham sem remuneração

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e os que não trabalham e não procuram emprego, além dos que


trabalham e os que estão desempregados. Já o conceito de PEA engloba
apenas os que trabalham e os que estão desempregados (mas procuram
emprego).
- A proposição II é VERDADEIRA. As crianças recém–nascidas, bem
como os idosos, não estão no contexto da PIA e sim da População em
Idade Não Ativa (PINA).
- A proposição III é FALSA. Vide proposição II.
- A proposição IV é VERDADEIRA. É o próprio conceito de PIA.
GABARITO: letra “A”

2)
– A proposição I é FALSA. O desencorajado é o indivíduo que, depois de
procurar emprego, não o encontra. Temporariamente ele pára de
procurar emprego e sai da PEA
- A proposição II é VERDADEIRA. O desencorajado volta a procurar
emprego quando o que lhe é oferecido é satisfatório.
- A proposição III é FALSA. O desencorajado não está procurando
emprego num certo momento, enquanto o desempregado está.
- A proposição IV é VERDADEIRA.
GABARITO: letra “D”

3) O conceito de PIA é composto da PEA e da PNEA.


GABARITO: letra “E”

4) Como foi dada a PNEA = 15% da PIA, temos que a taxa de


participação = PEA/PIA; se PNEA =15% => PEA = 85%
Logo, taxa de participação = 85/100 = 0,85
GABARITO: letra “E”

5) Rotatividade significa reposição. A quantidade de demissões seria


aproximadamente igual ao número de admissões.
GABARITO: letra “D”

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6) o item “A” está correto. Se o indivíduo não está empregado e não


está procurando emprego ele não está desempregado, devido ao fato de
estar procurando emprego.
GABARITO: letra “A”

7) Segundo a teoria keynesiana, os salários nominais são rígidos


(inflexíveis) e os salários reais são flexíveis.
Salário Real = Salário Nominal / inflação.
Se existir inflação (ou deflação) os salários reais serão variáveis ou
flexíveis.
GABARITO: letra “B”

8) Vimos que no pleno emprego existe um tipo de desemprego: o


desemprego friccional ou taxa natural de desemprego, que é inerente a
qualquer economia. Tanto na teoria clássica quanto na teoria keynesiana
existe, no pleno emprego, este desemprego friccional. Atente para o
fato de que ele também existe numa situação diferente do pleno
emprego, além do desemprego keynesiano, estrutural, sazonal etc.
GABARITO: letra “A”

9) Como foi visto, a teoria keynesiana supõe salários nominais rígidos e


salários reais flexíveis.
GABARITO: letra “C”

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