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ESCOLA FEDERAL DE ENGENHARIA DE ITAJUBÁ

INSTITUTO DE ENGENHARIA MECÂNICA


DEPARTAMENTO DE PRODUÇÃO

PROJETO OTIMIZADO DE MANCAIS RADIAIS HIDROSTÁTICOS

Everton Cesar Vasconcelos

Orientador: Paulo Fernandes Silva


Co-orientador: Alexandre Ferreira de Pinho
Escola Federal de Engenharia de Itajubá, Departamento de Produção
Cx. P. 50 – 37500-000 – Itajubá, MG, Brasil – psilva@iem.efei.br

Resumo. Este trabalho tem como principal objetivo apresentar um modelo teórico para o
projeto e análise de mancais radiais hidrostáticos, propondo-se uma solução otimizada com
o objetivo de se obter uma mínima perda de potência por atrito. O dimensionamento do
mancal radial hidrostático foi realizado utilizando-se da ferramenta SOLVER, pertencente ao
software Microsoft Excel 7, o qual possibilita a otimização de problemas de engenharia.

Palavras-chave: Mancais Hidrostáticos, Otimização, Mínima Perda de Potência

1. INTRODUÇÃO

Para a especificação de mancais de máquinas ferramentas ultra precisas, deve-se


observar-se os seguintes parâmetros: rigidez, precisão de giro, amortecimento, elevação de
temperatura, confiabilidade e durabilidade. Estes parâmetros apresentados acima apresentam
grande influência na obtenção de uma alta eficiência no processo de usinagem. O controle
apurado destes parâmetros permite a obtenção de uma acuracidade dimensional e de uma
qualidade superficial da peça usinada.
São conhecidos três tipos de mancais que apresentam uma rigidez aceitável para o objeto
deste trabalho: Mancais de Rolamento; Mancais Hidrodinâmicos e Mancais Hidrostáticos.
Os mancais de rolamento estão disponíveis comercialmente e são facilmente montados
podendo-se ajustá-los em qualquer tipo de máquina. Entretanto, os rolamentos não
apresentam movimentos sincronizados com a árvore da máquina-ferramenta e o desgaste e
as irregularidades provocam um comportamento não uniforme da árvore.
Nos mancais hidrodinâmicos, o movimento relativo entre as superfícies metálicas gera a
pressão hidrodinâmica que ira suportar a carga aplicada ao mancal. Uma desvantagem
sempre presente é o fato da rigidez e da localização do eixo (excentricidade) serem
dependentes da velocidade. Outra desvantagem verificada é o contato metal-metal durante a
partida e a parada, o qual provoca um desgaste excessivo no mancal.
O principal objetivo deste trabalho é apresentar um modelo teórico para o projeto
otimizado de mancais radiais hidrostático e determinar as suas dimensões ótimas utilizando-se
da ferramenta Solver, pertencente ao software Microsoft Excel 7, o qual possibilita a
otimização de problemas de engenharia.
2. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DE MANCAIS HIDRÓSTATICOS

2.1 Vantagens do Uso de Mancais Hidrostáticos

Alta capacidade de carga para qualquer rotação. A capacidade de carga é diretamente


proporcional a pressão de alimentação e/ou área efetiva do mancal.

Baixo atrito na partida e na parada. Este baixo atrito é verificado devido as superfícies
estarem sempre separadas pelo filme de óleo.

Altos valores para a rigidez. A rigidez pode atingir valores extremamente altos,
aumentando a pressão de alimentação, a área efetiva ou reduzindo a folga do mancal. Além
disso, a rigidez é máxima a uma excentricidade zero, o que é uma vantagem para a máquina.

Baixas temperaturas de operação. As temperaturas de operação são relativamente


baixas, portanto, os problemas de expansão térmica são minimizados.

Sem ocorrência de trepidação. Não ocorre trepidação a baixas velocidades ou seja não
ocorre “Stick-Slip”.

Boa propriedade de amortecimento. A viscosidade do óleo e a própria geometria do


mancal podem proporcionar uma boa estabilidade dinâmica ao mancal.

2.2 Desvantagens do Uso de Mancais Hidrostáticos

Alto custo de fabricação. Pois, quando deseja-se uma alta rigidez, as folgas do mancal
devem ser pequenas afim de evitar vazão excessiva.

Necessidade de alto consumo de potência. Apesar de a perda de potência por atrito ser
relativamente baixa, o gasto de potência é alto devido à necessidade de um sistema de
bombeamento de óleo a altas pressões.

A necessidade de uma quantidade maior de equipamentos acessórios tais como: filtros,


reguladores, tubulações, válvulas, reservatório e uma bomba hidráulica que aumenta em
muito o custo de montagem e manutenção;

A necessidade de um sistema de alimentação “Stand-By”. Pois uma falha no sistema de


alimentação significa uma falha no mancal.

Complexidade de projeto. O projeto de mancais hidrostáticos é complicado e não existem


mancais hidrostáticos padronizados disponíveis no mercado.

3. PRINCÍPIO DE OPERAÇÃO

O princípio de operação de um mancal hidrostático qualquer pode ser explicado com


referência ao mancal hidrostático plano com colchões hidrostáticos opostos. Basicamente,
são dois os tipos de mancais hidrostáticos; os com restrição compensadora (tipo tubo capilar e
tipo orifício) e os com compensação própria (inerente a geometria do mancal).
A Fig. 1 mostra esquematicamente um mancal hidrostático com restrição compensadora
do tipo tubo capilar. Onde pode-se observar que o óleo lubrificante é admitido na bolsa do
colchões hidrostáticos através de um restritor com resistência de entrada, Rei , o qual impõe
uma resistência finita ao fluxo de lubrificante. Durante a passagem do lubrificante através do
restritor a pressão de alimentação, Pa, sofre uma redução culminando com uma determinada
pressão no interior da bolsa, Pp. O lubrificante é finalmente forçado para fora do mancal
através das soleiras do colchão hidrostático, o qual oferece uma resistência de saída, Reo, a
qual impõe também uma resistência finita ao fluxo de lubrificante. Nesta passagem, a pressão
interna da bolsa sofre uma diminuição até atingir a pressão ambiente.
O princípio de compensação de pressão nas bolsas de um mancal hidrostático pode ser
explicado através da Fig. 1. Observe que quando um mancal hidrostático é colocado em
operação o elemento central (eixo) esta apoiado sobre as soleiras do colchão hidrostático
inferior, isto faz com a resistência de saída do lubrificante no colchão hidrostático seja maior
que no colchão superior, produzindo assim uma diferença de pressão entre os colchões
inferior e a superior. Esta diferença de pressão resulta em uma força que empurra o elemento
central (eixo) para uma posição de central. Se durante a operação a carga aplicada ao mancal
sofrer alguma variação, as resistências de saída através da soleira dos colchões hidrostáticos
também iram variar, resultando em uma diferença de pressão, a qual tem a função de restaurar
a posição concêntrica do elemento central (eixo).

Figura 1 – Mancal Hidrostático com restrição compensadora do tipo tubo capilar

4. MODELAMENTO TEÓRICO DE UM MANCAL RADIAL HIDROSTÁTICO

A seguir é apresentado de uma forma resumida, o modelamento teórico do projeto de


mancais radiais hidrostáticos; usando as relações que melhor se aplicam ao caso. Um
tratamento teórico mais detalhado do projeto e aplicação de mancais radiais hidrostáticos
pode ser encontrado nas referências (Chen, 1985, Rowe, 1983, Silva 2000, Slocum, 1992,
Stansfield, 1970)

4.1 Modelo Físico

Pode-se observar na Fig. 2 que o mancal radial hidrostático a ser projetado possui quatro
colchões hidrostáticos idênticos e simetricamente distribuídos, intercalados por rasgos de
Figura 2 - Mancal hidrostático radial

drenagem ao longo de toda a direção axial e que os seus principais parâmetros geométricos
são: Rj - raio do eixo do mancal radial; Lj - largura axial do mancal radial; hj -folga radial
do mancal; hpj - profundidade da bolsa; φ p -comprimento angular da bolsa; φ s -comprimento
angular da soleira; φ r - comprimento angular do rasgo axial.
Optou-se por quatro colchões hidrostáticos porque, é o número de colchões que
aparentemente apresenta um melhor balanço entre as dificuldades de fabricação e
uniformidade da capacidade de carga e da rigidez na direção radial.
Conforme Slocum (1992) , os rasgos axiais tem o objetivo de diminuir a vazão entre os
colchões hidrostáticos diminuindo consequentemente o efeito hidrodinâmico, o qual tende a
deslocar o eixo para uma posição excêntrica, prejudicando a rigidez e a precisão de giro da
árvore da máquina-ferramenta.
Como as folgas no mancal radial hidrostático são bem menores que o raio deste, pode-se
desprezar os efeitos de curvatura e realizar o equacionamento como se fosse um mancal
hidrostático plano. A Fig. 3 mostra o mancal radial hidrostático desenvolvido sob sua direção
circunferencial.

Asj
dm

Apj

Figura 3 - Mancal radial hidrostático desenvolvido.


Onde: l cj = R j φ p -comprimento circunferencial da bolsa; l s = R j φ s - largura da
soleira; l ra = R j φ r - largura do rasgo axial

4.2 Desenvolvimento Teórico

O fluido de trabalho, normalmente um óleo, é admitido através de um dispositivo externo


chamado restritor, o qual garante a pressão no interior da bolsa. O presente trabalho optou por
um restritor do tipo capilar por ser este um método mais simples de restrição. De uma forma
geral, o restritor capilar nada mais é do que um simples tubo capilar linear de secção
transversal circular, o qual oferece uma resistência à entrada do fluido. Sendo o fluxo laminar
e totalmente desenvolvido e fazendo-se uma analogia com a lei de Ohm's, obtém-se:

Pa − P p
Re i = (1)
Qp

Onde: Re i -resistência de entrada do fluido através do capilar; Pa -pressão de


alimentação; Pp - pressão no interior da bolsa; Q p - vazão para a bolsa através do tubo capilar.
A vazão através do tubo capilar é dada pela equação de Hagen-Poiseuille;

Qp =
(Pa )
− Pp πd c 4
. (2)
128 µ l ct

Onde: d c - diâmetro do tubo capilar; l c t - comprimento do tubo capilar.


Esta equação é aplicada em tubos que possuem um valor alto para a relação, lct/dc (da
ordem de 100), de modo que os efeitos de entrada e saída sejam desprezíveis.
Da mesma forma, a resistência à passagem do fluido através da soleira do colchão
hidrostático é definida através de uma analogia com a lei de Ohm's, a qual resulta na seguinte
equação:

P p − Pr
Re o = . (3)
Q sj

Onde: Reo - resistência de saída do fluido através da soleira; Pr- pressão de retorno
(ambiente); Qsj - vazão através da soleira do colchão hidrostático
A vazão através da soleira do colchão hidrostático do mancal pode ser definida por:

Q sj =
(
d m h j 3 P p − Pr )
. (4)
12 µ l s

Onde o perímetro do contorno médio da soleira, dm ( veja Fig. 2), é definido através da
seguinte equação, veja Slocum;

dm = 2 (l cj ) (
+ L j 2 − 4 l s l cj + L j − 2 l s ) . (5)

Substituindo-se a eq. (4) para uma única soleira do mancal hidrostático e para Pr=0,
em (7), obtém-se:
12 µ l s
Re o = . (6)
dmh j3

Conforme Slocum (1992), a vazão através da soleira de um colchão hidrostático deve ser
de no mínimo duas vezes maior que a vazão devido ao movimento relativo das superfícies do
mancal. Com base nesta consideração obtém-se;

h j 2 Pp
w max = . (7)
12 µl s R j

Onde, wmax, é a velocidade de rotação do eixo a partir da qual os efeitos hidrodinâmicos


não são mais desprezíveis.
Como a rotação do eixo é um parâmetro prefixado durante o projeto do mancal, pode-se
estabelecer através da eq. (7) a seguinte condição:

µR j l s 1
≤ . (8)
2 12 w
Pp h j

A pressão no interior da bolsa é determinada admitindo-se a condição de regime


permanente, onde a vazão para o interior do mancal através do tubo capilar, Qp , é igual a
vazão para fora do mancal através da soleira, Qs . Assim, das eqs. (1), (3) e sendo que Pr = 0 ,
obtém-se:

Pa − Pp Pp
= . (9)
Re i Re o

Definindo-se o parâmetro adimensional, β=Rei/Reo e rescrevendo-se a eq. (9), obtém-se;

Pa
Pp = . (10)
1+ β

A capacidade de carga, W, de um colchão hidrostático é dado pela equação a seguir;

 p 
W = A e P p = A e  a  (11)
1 + β 

Onde, a área efetiva, Ae , é um valor representativo e está entre o valor da áreas projetadas
pelas fronteiras interna e externa da soleira. Isto ocorre porque a distribuição de pressão
possui um valor constante no interior da bolsa e na soleira esta decresce linearmente de Pp a
Pr. A área efetiva de um colchão hidrostático pode ser calculada pela equação a seguir:

 φp 

( 4
) ( )
Ae =  2R j L j − l s + l s 2 + L j − 2 l s l s  sin  
 (12)
 3   2 
Conhecida a expressão da capacidade de carga, pode-se então determinar a rigidez do
mancal, a qual é dada pela taxa de variação da capacidade de carga com relação a variação da
folga radial, h j , ou seja:

dW
S=− (13)
dh j

O sinal negativo na equação (13) denota que um aumento na carga aplicada no mancal
produz um decréscimo na folga e vice-versa.
Sabe-se que a rigidez líquida de um par de colchões hidrostáticos opostos é a soma
numérica da rigidez dos colchões individuais. Levando-se em conta essa consideração e
utilizando-se das eqs. (11) e (13); obtém-se expressão da rigidez:

6 Ae Pa β
S= . (14)
h j (1 + β )2
Mantendo-se a folga radial, hj , constante, a rigidez torna-se função somente de β, e
atingirá um valor máximo quando o mesmo tender a 1, ou seja;

3 Ae Pa
S jmax = Lim S = . (15)
β →1 2h j

Como a rigidez máxima, Sjmax , é um parâmetro prefixado durante o projeto, pode-se


estabelecer através da equação (15) a seguinte condição:

A ej Pa 2
= S j max . (16)
hj 3

Na condição de rigidez máxima o parâmetro adimensional β tende a 1, ou seja, as


resistências de entrada e saída são iguais, resultando na expressão para o calculo do diâmetro
e do comprimento do restritor do tubo capilar:

l ct 3π ls
4 = . (17)
dc 64 d m h j 3

A perda de potência devido o bombeamento, Hp j , em um mancal radial hidrostático está


relacionada com a potência gasta para bombear o óleo para os colchões hidrostáticos e esta é
dada por:

Hp j = Q p Pa (18)

Da Lei da continuidade têm-se que; Q p = Qsj , e da Eq. (3) e (18) resultam em:
Pp
Hp j = Pa . (19)
Re o
Substituindo-se a equação (10) em (19) e lembrando que o mancal radial hidrostático
possui quatro colchões, a perda de potência total no bombeamento resulta em:

4 Pa 2
Hpt j = (20)
(1 + β )Re o

A perda de potência por atrito viscoso, Hfj, é dada por:

Hf j = Fa j wR j . (21)

A força de atrito fluido, Fa j , devido o movimento relativo entre a superfície do eixo e a


superfície do mancal, a qual é composta pelas áreas das soleiras, A sj , e das bolsas, A p j , é
deduzida através da Lei de Newton para escoamento viscoso:

 A sj A pj 
Fa = µ wR j  +  (22)
j  h h pj 
 j 

Substituindo-se a eq. (22) em (21), obtém-se:

 A sj A pj 
Hf = µw 2 R
2
 +  . (23)
j j  h h pj 
 j 

As áreas das soleiras e das bolsas, mostradas na Fig. 3, são calculadas conforme as
equações a seguir:

A sj = 8 L j l s + 8 (l cj − 2 l s )l s ; (24)

A pj = 2 L j (π R j − 2 l r ) − A sj . (25)

Conforme Shinke e Hornung (1965) a eq. (23) subestima a perda de potência por atrito,
por não considerar os efeitos da recirculação no interior das bolsas. Por isso recomenda-se que
o segundo termo da equação seja multiplicado pelo fator quatro e também , que a
profundidade da bolsa seja especificada de forma que proporcione uma pequena variação de
pressão em seu interior, evite um escoamento turbulento e facilite a sua manufatura, ou seja,
que esta seja especificada entre os seguintes limites: 20hj<hpj<178hj. O presente trabalho
adotou como conveniente a relação, hpj=60hj, assim, a eq. (23) resulta em:

µw 2 R j 
2
4 
Hf j =  Asj + A pj  . (26)
hj  60 

Portanto, a perda de potência total no mancal radial hidrostático é a soma da potência


gasta no bombeamento e da perda de potência por atrito, ou seja:

H j = Hp j + Hf j (27)
ou

H j = Hp j (1 + k ) . (28)

A elevação de temperatura, ∆T j , no mancal radial hidrostático pode ser obtida fazendo-se


um balanço de energia no mancal, resultando em:

H j
∆T j = (29)
Q p ρ Cp
ou
Pa (1 + k )
∆T j = . (30)
ρ Cp

Finalmente, para garantir que o escoamento através das soleiras do mancal é


completamente desenvolvido e laminar, deve-se calcular o número de Reynolds, o qual é dado
pela seguinte expressão:

ρω R j h j
Re = . (31)
µ

4.3 Especificação dos Parâmetros Independentes

Como se pode-se observar durante o desenvolvimento teórico, os mancais hidrostáticos


possuem um grande número de parâmetros independentes, os quais são previamente
especificados pelo projetista. Estes parâmetros influenciam no comportamento operacional do
mancal, o qual deverá satisfazer uma dada necessidade. Os parâmetros independentes de
projeto de um mancal radial hidrostático são constituídos de sete parâmetros geométricos e
dois parâmetros físicos. Sendo estes parâmetros independentes especificados em função do
comportamento desejado para os seguintes parâmetros resultantes: rigidez radial, S; perda de
potência total Hpj; vazão através da soleira, Qsj.
A especificação destes parâmetros geométricos e físicos de um mancal radial hidrostático
será discutida a seguir:

Número de colchões hidrostático ( N j ): O número mínimo de colchões hidrostático para


suportar uma carga radial é três colchões. Mas, quando se usa três colchões hidrostático a
rigidez do mancal, com relação as cargas radiais, varia consideravelmente com a direção da
carga radial. Por outro lado, um mancal hidrostático com um grande número de colchões é
obviamente de fabricação mais difícil e acarreta um grande aumento na perda de potência por
atrito nas soleiras. Analisando-se estas considerações conclui-se que o emprego de quatro
colchões hidrostático igualmente espaçados apresenta o melhor balanço entre as dificuldades
de fabricação e a uniformidade da rigidez do mancal em todas as direções.

Raio do mancal(Rj): Pode-se observar através da eq. (26) que a perda de potência por
atrito aumenta com o quadrado do raio do mancal. Portanto, o raio de um mancal hidrostático
não deve ser maior que o compatível com a rigidez adequada à aplicação.

Largura axial do mancal (Lj): A largura axial é determinada em função do raio do


mancal. Para uma mesma rigidez desejada, um mancal curto é preferível já que a perda de
potência por atrito diminui com a relação, Lj/Rj. Para uma capacidade de carga particular, um
mancal longo é preferível pois, a vazão axial de óleo diminui com o aumento da relação, Lj/Rj.

Largura axial da soleira e comprimento circunferencial da soleira (ls): Devem ser


suficiente para evitar uma vazão excessiva, pois um aumento de vazão causa um decréscimo
na rigidez do mancal . Porém, não deve ser muito grande, pois isto diminui a capacidade de
carga e aumenta a perda de potência por atrito do mancal.

Folga radial das soleiras do mancal (hj): Para especificar a folga radial das soleiras,
deve-se levar em consideração vários fatores. No caso específico de uma árvore de uma
máquina-ferramenta ultra precisa a rigidez é um fator muito importante, e esta é inversamente
proporcional à folga. Porém, pequenos valores de folga aumentam as dificuldades de
fabricação e exigem maiores cuidados com as deformações térmicas. Desprezando-se a perda
de potência por atrito no interior do colchão hidrostático, a folga pode ser determinada
otimizando-se a perda de potência, e o seu valor ótimo ocorre quando a perda de potência por
atrito for três vezes maior que a perda de potência por vazamento. É importante observar que
esse critério foi usado no presente trabalho durante o processo de otimização.

Profundidade da bolsa (hpj): Para que a pressão seja igualmente distribuída e o


escoamento não seja turbulento no interior da bolsa, a profundidade desta deve estar dentro
dos seguintes limites, 20hj<hpj<178hj. Conforme, Shinkle e Horniug (1965), o critério de
Taylor estabelece que a profundidade da bolsa pode ser determinada através da equação a
seguir:

ρ Rj
2π R j wh pj = 41 ,1 . (32)
µ h pj

Pressão do Óleo de Alimentação (Pa):A pressão do óleo de alimentação deve ser a mais
alta possível. Pois, para uma mesma área do mancal, um aumento na pressão de alimentação
aumenta a rigidez do mancal e para uma mesma rigidez ou capacidade de carga desejada, um
aumento na pressão de alimentação requer um mancal menor, o que é preferível. Porém, deve-
se levar em consideração que a elevação de temperatura é proporcional a pressão de
alimentação, conforme pode ser visto através das eqs. (18) e (28).

Viscosidade do Óleo (µ): A perda de potência total é dada pela perda por vazamento, a
qual é inversamente proporcional à viscosidade mais a perda por atrito, a qual é proporcional
à viscosidade. O valor ótimo da viscosidade do óleo pode ser determinado otimizando-se a
perda de potência total com relação a viscosidade.

5 PROCESSO DE OTIMIZAÇÃO

Neste problema de otimização foi utilizado a ferramenta SOLVER, pertencente ao


software Microsoft Excel 7. A escolha desde software foi baseada na sua capacidade de
resolução de problemas não lineares, já que este trabalho apresenta um problema desta
natureza. Para a resolução deste modelo foi adotado como função objetivo, o cálculo da
mínima perda de potência. A equação (27) será minimizada determinado-se assim todos os
parâmetros de operação do mancal hidrostático (independentes e dependentes).
A tabela 1 apresenta as variáveis de decisão, as quais envolvem os seguintes parâmetros
geométrico e físicos do mancal: Pa- Pressão de Alimentação; hj- Folga Radial das soleiras do
Mancal; hpj- Profundidade da bolsa; ls- Largura Axial da Soleira; lra- Largura do Rasgo Axial;
os limites das variáveis de decisão foram definidos com base em critérios de projeto,
fabricação e custos. Os outros parâmetros independentes são fixados pelo projetista com base
em condições de operação de usinagem (rigidez e rotação) e propriedades físicas do óleo
lubrificantes (viscosidade, calor específico e densidade).

Tabela1 – Restrições geradas e Resultados

Observe que antes de executar a otimização as colunas de escolha da tabela 1 devem estar
zeradas e que após o processo de otimização as variáveis de decisão assumem os valores
estabelecidos pelo processo de otimização, estes valores estão mostrados na tabela 1 tanto em
unidades do sistema internacional como em outras unidades usuais.
A tabela 2 apresenta algumas restrições impostas pelo projetista em função da aplicação
do mancal hidrostático, as quais estão relacionadas com a profundidade da bolsa, a condição
de escoamento laminar, a vazão da bomba hidráulica, a relação entre as perdas por atrito e
bombeamento e a elevação de temperatura.

Tabela 2 – Restrições
A tabela 3 apresenta os valores dos parâmetros dependentes em unidades do sistema
internacional, obtidos pelo processo de otimização em função da mínima perda potência e
atendendo também as restrições estabelecidas na tabela 2.
Outra observação importante esta relacionada a mensagem emitida pelo solver, ou seja,
"o SOVER encontrou uma solução e todas as restrições foram atendidas".

Tabela 3 – Parâmetros Resultantes e Mínima Perda de Potência

6 CONCLUSÃO

O modelamento teórico do mancal radial hidrostático apresentado foi obtido com suporte
técnico das referências (Chen,1985, Rowe, 1983, Silva 2000, Slocum, 1992, Stansfield,
1970).
As respostas obtidas no processo de otimização obedeceram as condições de
funcionamento idealizadas no inicio do projeto, ou seja, mínima perda de potência e máxima
rigidez fixada pelo projetista. Com relação as variáveis de decisão, os seus limites foram
estabelecidos em função de critérios de projeto, aplicação e custos.
Ao se comparar os resultados obtidos para os parâmetros dependentes e independentes
com os obtidos por Chen (1985), observa-se que os resultados gerados pelo processo de
otimização estão dentro de uma faixa aceitável para a concepção de um mancal radial
hidrostático.
O processo de otimização foi realizado utilizando-se a ferramenta SOLVER do Microsoft
Excel 7. Optou-se por está ferramenta após uma analise da formulação demostrada no
modelamento teórico, onde constatou-se que o problema apresenta características não
lineares. A não linearidade do problema limitou a utilização de outros softwares, pois os
disponíveis para a utilização no projeto não possuíam característica de resolução para
problemas não lineares. Outro aspecto que levou a escolha do SOLVER foi a sua
disponibilidade e a sua boa interface entre programador e software, com relação a outros
softwares de otimização capazes de resolver problemas não lineares.

REFERÊNCIAS

Chen, C. J. , 1985, Laminar Flow Motor Drive Machine Tool Spindle, Doctor Thesis,
Stanford University, California, USA, pp. 70-101
Rowe, W. B. , 1983, Hydrostatic and Hybrid Bearing Design, Butter Worths and Co.
Shinkle, J. N., and Horniug, K. G., 1965, Frictional Characteristics of Liquid Hydrostatic
Journal Bearings, Journal of Basic Engineering ASME, pp. 163-169.
Silva, P. S., 2000, Notas de Aula, Tribologia, Pós-Graduação Mecânica- EFEI, pp. 1-33.
Slocum, A. H. , 1992, Precision Machine Design, Prentice Hall, New Jersey, USA, Second
Edition.
Stansfield, F. M., 1970, Hydrostatic Bearings For Machine Tools, The Machine Publishing
Co. ltd , London, England

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