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A natureza do teatro

Capítulo 1

Começar a examinar o teatro como um meio de "adorar" ajuda a lançá-lo em uma jornada para
descobrir e desenvolver o seu próprio potencial. O teatro associa-se à adoração como um
símbolo em ação. Como participante você se torna um instrumento para adorar, o qual tem o
potencial para transcender palavras e movimentos físicos para uma experiência simbólica.
Como expectador, você também se torna um instrumento para adorar quando você se conecta e
se identifica com a experiência.

O teatro tem sido sempre uma exploração do nosso relacionamento com o nosso mundo. Olhe
para qualquer drama e você poderá enxergar qualquer pessoa ou uma combinação de uma
exploração do relacionamento entre um ser humano e a sociedade, caráter, outras pessoas, Deus,
cultura, crenças, valores e egocentrismo. O teatro como um meio de adoração afirma nossa
própria espiritualidade, e quando isto acontece, nós vislumbramos o potencial positivo dentro de
nós mesmos e ao mesmo tempo construímos uma ponte até Deus; entretanto cada um de nós faz
esta definição. Quando isto não acontece, então o evento teatral não é um ato de adoração. Ele
pode ser um entretenimento, mas isto não leva à adoração.

Apesar de não ser verdade, em algumas sociedades, tais como a Austrália e os Estados Unidos,
consideram as Artes como um segmento insignificante, incluindo o teatro. Ao mesmo tempo,
organizações religiosas do oeste têm tradicionalmente condenado o teatro. Conseqüentemente,
os artistas acham necessário justificar constantemente não somente o trabalho deles, mas
também quem são eles como seres humanos produtivos.

Entretanto, a sociedade dos Estados Unidos está em transição. Como se pronunciou Jane
Alexander, membro do Fundo Nacional para as Artes, em uma entrevista para o jornal Sunday
Morning, a sociedade passa por uma "crise espiritual". A violência está impregnada na nossa
sociedade e a compaixão é tratada com desdém. Mas, como disse Jane Alexander, "se você der
um pincel ou uma caneta para uma criança, ela não pegará uma arma”.A razão para isto nos traz
de volta ao tema potencial. Esta faz parte da necessidade humana de explorar e descobrir o seu
íntimo e então, expressar esta descoberta. Quando nós negamos nossa própria espiritualidade, a
descoberta se torna corrupta e nossas vidas ficam presas à ilusão. A arte contra ataca esta
corrupção. A arte como um meio específico atrai a pessoa a uma descoberta positiva e a
expressão do seu interior, o qual freqüentemente inclui espiritualidade.

Como resposta à violência e à falta de compaixão, as organizações da sociedade e organizações


religiosas, está começando a se virar para as artes com o objetivo de nos ajudar a redescobrir a
espiritualidade dentro de nós mesmos.

Todo ser humano tem um senso artístico. Como evidência, observem as crianças saudáveis. Elas
dançam, cantam, pintam, desenham, envolvidas em imaginação ativa. Um artista é uma pessoa
que tem um senso artístico altamente desenvolvido, tem estudo, possui disciplina e técnica
artística bem desenvolvidos e é capaz de transformar o seu trabalho em símbolo universal. Um
artista normalmente também tenta fazer da sua arte, sua subsistência, porque um artista tem uma
irresistível necessidade de oferecer seu trabalho à sociedade. Muitas pessoas leigas na
sociedade americana parecem ver estas características como uma procura pela fama, mas
geralmente isto não é verdade.

Estes ensaios são baseados na premissa de que todo ser humano possui um senso artístico.
Muitas vezes, quando você quer que o teatro seja parte do programa de Adoração, você não
consegue encontrar uma peça teatral apropriada. Existem duas razões para isto. Poucos dramas
são escritos para o serviço de adoração cristã, e os que encontramos parecem ser de pouca
qualidade. A 2ª razão é que quase sempre queremos algo que seja bem específico. Você tem
uma idéia do que você quer, você não consegue encontrar exatamente o que quer, e você não
sabe como escrever o que quer.

O objetivo é apresentar peças teatrais que irão melhorar o programa de Adoração. Isto significa
que o que quer que seja apresentado deve corresponder ao tema, à atmosfera, e o propósito do
restante do programa de Adoração. Entretanto, para se criar uma experiência cheia de adoração,
a peça teatral deve ser tão universal e tão simbólica quanto possível, porque é o símbolo que
leva à experiência. Por causa da ênfase no símbolo, as apresentações teatrais provavelmente não
iriam ajudar um programa de Adoração que inclua os sacramentos. Os dois símbolos não iriam
ajudar, mas iriam divergir, e a peça teatral iria provavelmente se afastar do símbolo e
conseqüentemente a experiência do sacramento. É ao confronto dos símbolos que muitas
pessoas respondem contrariamente durante a Adoração.

Apresentar o teatro como Adoração requer que você prossiga em direção ao seu potencial. Isto
requer que você corra riscos, torne-se vulnerável, envolva-se no compartilhar e investigue o seu
interior. Divirta-se!
Ensaios sobre Teatro

Definições e ortografia
Capítulo 2

TEATRO X DRAMA

Às vezes as pessoas confundem drama com teatro, acreditando que drama e teatro são a mesma
coisa. Existe uma diferença. O drama é a literatura, o roteiro real, e inclui o enredo, o
personagem, a reflexão, a cena e o diálogo. Quando os estudantes estudam o Drama, eles lêem e
analisam roteiros. O Teatro por outro lado, tem um contexto maior que inclui o Drama. O
Teatro é a produção real e contém o Drama, todos os elementos da produção incluindo os
atores, o espaço e a audiência. Nós não "fazemos" Drama, nós "fazemos" Teatro. Também, um
Drama refere-se a um roteiro específico, enquanto um Teatro refere-se a um prédio.

THEATRE X THEATER (TEATRO com TRE no fim X TEATRO com TER no fim)

No livro "Sam Smiley no Teatro" ele diz que a Arte humana nos ajuda a entender a diferença de
ortografia. A maneira certa de soletrar teatro é com TRE no fim, exceto em jornais e revistas
cuja ortografia é com TER. Em outras palavras, o uso educado requer a ortografia francesa, com
TRE e o uso jornalístico requer a ortografia alemã com TER. Também, as pessoas ás vezes
diferem a ortografia para diferenciar um filme ou uma casa de shows. Ir ao teatro (TER)
significa ir assistir a uma filmagem ou ir ao teatro (TRE) significa ir assistir um show ao vivo.
Tudo isto é meio confuso, mas isto são ensaios sobre o teatro.

PLAYWRIGHT (dramaturgo) e PLAYWRITING (drama)

Um dramaturgo escreve peças. O termo playwright vem dos escritos de Aristóteles por volta de
325 AC. "Wright" significa arte/ofício escrever, escrito, escritura e “Play” em relação a teatro é
obra, comédia, representar, fazer papel de. Então, um playwright é uma pessoa que escreve uma
peça ou um drama. Entretanto, ele se empenha mais em escrever do que em atuar. Em outras
palavras, ele está mais para escritor. Apesar de toda a confusão, lembre-se que um playwright é
a pessoa e playwriting é o ato de escrever o drama.

APRESENTAÇÕES DRAMÁTICAS

A maioria das apresentações como parte do serviço de Adoração que são chamadas de Drama
são na verdade apresentações dramáticas (mais precisamente apresentações teatrais). As
diferentes categorias de apresentações dramáticas podem ser definidas das seguintes formas:
MONÓLOGO

Este tipo de apresentação dramática não envolve mais do que uma pessoa falando para a
congregação. O ator memoriza a fala e apresenta um personagem (ou personagens) além dele
mesmo. Este tipo de apresentação, como toda a outra deve ser bem ensaiada, e geralmente a
pessoa veste um traje específico.

DIALOGO

O diálogo envolve 2 ou mais pessoas interagindo. Os atores memorizam a cena e os


personagens. É necessário ensaiar para que a peça possa criar uma experiência importante para a
congregação.

MÍMICA

A mímica é o tipo de apresentação em que não são pronunciadas palavras e geralmente não tem
acompanhamento musical. Uma ou mais pessoas podem apresentar este tipo de expressão. O
movimento físico é altamente estilizado e é o centro da experiência. Este tipo deve ser
cuidadosamente ensaiado. Os atores normalmente usam maquiagem e traje específico para
ajudar a focar a mensagem expressa em movimentos. Nesta categoria pode-se utilizar até
mesmo um palhaço.

DANÇA

Como o cinema, a dança pode ser considerada prima do teatro. Ela foi incluída aqui, porque
como no teatro, o principal instrumento de expressão é a pessoa. A dança tem seu foco no
movimento e é acompanhada de música. A experiência vem da interação de música e
movimento e pode envolver uma ou mais pessoas.

LEITURA INTERPRETATIVA

Leitura interpretativa ou dramática pode ser desempenhada por uma ou mais pessoas. O foco é a
expressão vocal. Conseqüentemente, o movimento físico é limitado e o texto não é memorizado.
Cada leitor tem o roteiro na mão e não interpreta um personagem. Os ensaios têm seu foco no
tom da voz, no volume, no ritmo e na inflexão. Uma pessoa pode ler um poema, uma história ou
um texto bíblico. Uma ou mais pessoas podem ler um pequeno diálogo ou uma peça separada
em pequenas partes.

LEITURA TEATRAL

Uma leitura teatral não é um drama. É a compilação de pequenas peças ou "apresentações


dramáticas" girando em torno de um tema comum. A leitura teatral é a combinação de
apresentação física e leitura interpretativa. Este tipo envolve um grupo de pessoas que lêem de
maneira interpretativa com os enredos em mãos, mas este tipo geralmente toma mais tempo do
que a leitura interpretativa. Estas pequenas peças podem incluir diálogo, poesia ou histórias (a
qual é oralmente interpretada e apresentada através da leitura) ou mímica, ou paródias ou uma
combinação dos itens citados, geralmente utilizando música e talvez dança. Pode também
incluir slides ou vídeo. Normalmente, o diálogo não é memorizado, mas é lido. Entretanto, os
leitores teatrais devem ser cuidadosamente ensaiados. As pessoas envolvidas podem ou não
interpretar um personagem.
A experiência do testemunho
Capítulo 3

Muitas pessoas testemunham usando vários métodos. Algumas testemunham para os vizinhos;
outras auxiliando as pessoas em suas ações diárias; ainda outras testemunham através da
pregação de um sermão. Assim como a música é parte significante do serviço de Adoração, o
teatro também é uma forma de arte que tem o poder de testemunhar.

Muitas, se não todas, as igrejas cristãs têm a tarefa de proclamar o evangelho de Jesus Cristo
pelo mundo. Este é um propósito principal. Ao preencher este propósito, a igreja nos ajuda a
descobrir e a entender a nós mesmos e o nosso relacionamento com o nosso mundo, com os
outros e com Deus.

Aqui encontramos um forte vínculo entre o teatro e a religião. Desde o princípio da civilização,
o teatro tem nos ajudado a descobrir e a entender a nós mesmos, nosso relacionamento com o
mundo, com os outros e com Deus. Como tal isto é e sempre tem sido uma força afirmativa no
mundo. Como Ludwig Lewisohn (1882-1995) disse "em todos os tempos, o drama através de
sua interpretação da atuação e do sofrimento humano, tem sido um aliado, mais do que qualquer
outra arte, aos seus pensamentos mais profundos concernentes a sua natureza e seu destino”.Ao
contrário das outras artes, o foco total e intenso do teatro está no ser humano, sua existência e
seu relacionamento com a vida. Isto faz parte da natureza humana que tem necessidade de
examinar quem somos nós em relação com onde nós estamos. Conseqüentemente os elementos
básicos do teatro e do drama existem em toda a sociedade.

Se nós usamos o teatro como uma aproximação do testemunho, então nós dotamos o teatro com
o mesmo propósito da igreja. Entretanto, a natureza primeira do teatro não muda. O teatro é
algo que se cria, e esta criação determina o que ele é e o que ele faz. Nós criamos o teatro de tal
maneira que ele expressa significado, sentimento e espírito, de maneira que o público tenha a
oportunidade de experimentar o que nós quisermos que eles sintam como experiência. Por
exemplo, nós podemos querer que o público passe pela experiência de sentir o que é viver em
um casebre localizado em uma viela, para que o público possa sentir e entender os problemas
urbanos. Ao mesmo tempo, nós queremos afirmar o valor das pessoas. Uma pessoa que mora
em um casebre também tem valor.

Entretanto, a experiência do teatro é mais do que isto. Ele faz parte da natureza humana que nos
separa de pessoas que são diferentes e vivem em situações diferentes. O teatro quebra a barreira
da separação. De alguma maneira, o teatro nos permite experimentar o mundo de outra pessoa e
ao mesmo tempo experimentar nós mesmos em nosso próprio mundo. O teatro nos une ao
nosso mundo e a uma outra pessoa e seu mundo. Nós experimentamos e entendemos
emocionalmente e intelectualmente, que nossas vidas conectam-se à vida de outras pessoas, e o
nosso mundo se une ao mundo de outras pessoas. Desta maneira, o teatro une a nossa própria
humanidade.

No final do século 19, Richard Wagner afirmou ser o teatro como uma síntese das artes -
pintura, escultura, arquitetura, música, livros, etc. Entretanto, as escolas de teatro atualmente
vêem o teatro como uma forma de arte com seus direitos próprios. Para praticar o teatro, nós
utilizamos outras formas de arte, mas o teatro é mais do que a soma das partes. O teatro não é
um mero arranjo de formas artísticas ou de elementos dramáticos. Como Susanne Langer (quem
é?) diz: "um trabalho de arte é mais do que a organização de elementos - mesmo de elementos
de qualidade. Alguma coisa emerge da organização de tons ou cores, as quais não estavam lá
antes”. O teatro (no seu desempenho) expressa-se de tal maneira que nós experimentamos algo
que nos verdadeiramente não podemos explicar.

TEATRO COMO EXPERIÊNCIA

Através dos tempos, as pessoas têm tentado descobrir o que é o teatro. Estudiosos têm abordado
o teatro de três formas diferentes. Uma forma é de estudar o relacionamento entre o artista e o
trabalho de arte, com foco no artista. Por exemplo, em Íon, Plato examina o que acontece ao
artista quando ele realiza um trabalho de arte. Também, a premissa de que um roteiro reflete a
sociedade na qual o dramaturgo escreveu, segue esta abordagem e leva aos métodos históricos,
sociológicos e biográficos de cepticismo.

A segunda forma de abordagem, é de estudar o trabalho da arte. Aristóteles foi o primeiro a


usar esta abordagem em "Poética". Descobriu o valor da análise empírica para ajudar a entender
um trabalho de arte literária. Por um lado esta abordagem ajuda a entender o texto dramático
escrito, por outro lado ela não ajuda a entender completamente o teatro como desempenho.

A terceira forma de abordagem é estudar o relacionamento entre o trabalho de arte e o público


(ou expectador ou leitor) com ênfase no público. Em "A República", Platô foi o primeiro a usar
este recurso. Mais tarde, Horácio em "Ars Poética", criou princípios e preceitos sobre o
relacionamento entre arte e público o qual dominou a arte como forma artística por séculos.
Hoje, muitos estudiosos estão preocupados com o relacionamento entre o trabalho de arte e o
público. Num todo, eles vêem o relacionamento em termos de experiência.

O SIGNIFICADO DO TEATRO

Então, porque ter o teatro como arte? De uma maneira ou de outra, o teatro faz parte da
sociedade. Porquê? De que maneira o teatro é importante?

O teatro é importante exatamente porque somos seres humanos. E como tal, nós necessitamos
mais do que comida, segurança, estima e amor. Nós necessitamos criar; nós fomos feitos para
criar. E o ponto alto da criação é a experiência. Ao contrário de todas as outras formas de arte,
o teatro é a criação da experiência do viver humano.

Teatro é expressão. Os artistas criam uma experiência acerca do nosso relacionamento com o
nosso mundo. Nós expressamos quem somos ao explorar o relacionamento entre nós mesmos e
Deus, entre nós e as outras pessoas, entre nós e a natureza, entre nós e nossa sociedade. Esta
exploração leva a uma experiência literal tanto para o público como também para os artistas.
Desta maneira, o público compartilha esta expressão.

Ao compartilhar esta experiência, o público também se torna expressivo. Os atores reconhecem


este fenômeno como "eletricidade" ou "estar conectado" durante a apresentação. Como seres
humanos, nós somos levados a explorar, entender, sentir e expressar a nós próprios no nosso
mundo.

Teatro é criação; Ao contrário de outras artes, o teatro cria um mundo. Como seres humanos,
nós precisamos atualizar a nós mesmos através da criação. O teatro, como uma forma de arte é
o ponto alto da criação, onde nós literalmente criamos um mundo completo e vivo o qual
focaliza a nós mesmos como seres humanos. A experiência própria, para o artista e para o
público, dá vida ao mundo criado. A situação (escrever o roteiro, a atuação dos atores, assentar
na platéia), pode ser uma situação fabricada, artificial, mas a experiência é completamente real.
Pelo fato da experiência ser real e vital, o teatro literalmente cria o mundo no qual vivemos,
pelo menos durante a experiência real. O teatro, então, tem o potencial para mudar
significativamente as vidas e ajudar a criar o mundo fora do teatro.
O teatro como um método para o louvor
Capítulo 4

A maneira mais eficiente de impactar a vida das pessoas é através da experiência. As pessoas
conhecem a Deus e crescem em relacionamento pessoal com ele somente através da
experiência. Mas a experiência com Deus geralmente não acontece sozinha. Ela é alcançada
através da interação das pessoas da comunidade. Roy Cheville disse em seu livro: "Recursos
Espirituais Disponíveis Hoje", as pessoas vivem através de relacionamentos. Esta conexão pode
ser encontrada na ação ou inação de outras pessoas. Os exemplos de ação são vários: cantar,
falar, escrever, trabalhar. Exemplos de inação são indiferença e não-envolvimento.
Nós somos chamados a ser membros do corpo de Cristo. Isto é, nós nos dedicamos ativamente
ao ministério de acordo com os nossos talentos e as circunstâncias da vida. A natureza do ser
inclui interação com outras pessoas. Assim, como membros do corpo de Cristo, as pessoas que
não conhecem a Cristo, podem ver a nós, porque somos tangíveis. Com todas as nossas
inibições e faltas, Cristo continua a trabalhar através do melhor de cada um de nós, se eu assim
escolhermos, de maneira que outros possam vir para ele. Nossas ações em discipulado têm o
potencial de trazer pessoas para momentos na presença de Deus. As pessoas então, têm a
oportunidade de experimentar, escolher e desenvolver de acordo com estas escolhas.

Todas as formas de arte são ações específicas realizadas pelas pessoas. Quando o teatro
combina com o discipulado ativo, a expressão tem o potencial de ajudar pessoas a experimentar
momentos na presença de Deus. Por causa da sua natureza, o teatro pode funcionar como uma
aproximação do testemunho. É uma forma de arte que conecta as pessoas a uma experiência
comum. Ele nos atrai para relacionamentos interpessoais de maneira que nossa identidade possa
ser desenvolvida.

Para usar o teatro como uma aproximação do testemunho não significa que nós devemos tentar
mudar ou reestruturar a natureza do teatro. Por exemplo, o conflito é necessário, porque o teatro
se relaciona com a vida e a vida inclui conflito. Revelar os aspectos menos desejáveis da vida
também é necessário de maneira a ser verdadeiro em relação às circunstâncias da vida. Excluir o
conflito e os aspectos menos desejáveis da vida não nos ajuda a examinar nosso relacionamento
com o nosso mundo. Mas, tomado como um todo, a experiência do teatro transcende o seu
limites e tem o potencial de tocar uma corda interna e profunda nas pessoas que então podem
obter sua experiência com Deus. O teatro tem potencial para curar, sarar e adorar a Deus.

Como foi dito antes, a experiência é uma palavra chave para descrever o valor do teatro. O
teatro ajuda as pessoas a experimentar algo de uma maneira que nenhum outro método
consegue. As pessoas experimentam a vida mostrada no palco sem na verdade realizar o que
viu. Entretanto, esta experiência é real e segura. Por exemplo, as pessoas podem passar pela
experiência de morar em um beco sem a necessidade de deixar sua casa para viver isto. Desta
maneira, elas podem entender, sentir e ainda podem ir para casa e responder a esta experiência
em seus próprios termos. Através da experiência, o teatro tem o potencial de levar as pessoas a
Deus.

O teatro como um método de testemunho é um ministério de cura. O teatro baseado na vida


humana e seu viver podem profundamente tocar aquelas pessoas que estão machucadas e com o
coração partido. Uma pessoa se identifica com os personagens e suas situações. A experiência
toca em uma corda interna, profunda e por vezes dolorida em nós. De várias maneiras, a pessoa
se torna vulnerável, emocionalmente e espiritualmente aberta. Com o elemento de Cristo de
alguma maneira revelada como parte da experiência, a cura pode ser estimulada.

Uma das razões para este fenômeno está relacionada à experiência real do teatro. Um grupo de
pessoas se ajunta e reparte a experiência e ainda assim a experiência é também muito particular.
No âmbito do teatro mais do que em qualquer outro setor pode-se sentir e demonstrar a
emoção. Normalmente as pessoas não questionam quando isto acontece. Entretanto, ninguém
sabe as maneiras pelas quais a experiência especificamente toca a pessoa exceto a própria
pessoa. Este aspecto é bastante seguro e é o principal catalisador para uma pessoa ser capaz de
se abrir e receber esta ministração.

O teatro é um ministério de louvor. Quando nós louvamos, nós honramos, celebramos e


reverenciamos a Deus. Também consideramos nosso relacionamento com Deus e com os
outros em termos de compromisso, reconciliação, compaixão e redenção. Outra vez, a criação
principal do teatro determina o que ele é e o que ele realiza. O teatro tem o potencial de ajudar a
louvar através da celebração, como também para curar e ao mesmo tempo honrar e reverenciar a
Deus.

Finalmente, o teatro é um ministério de poder. O teatro dá oportunidade para abrirmos os


corações e mentes das pessoas para ganhar maior entendimento, compaixão e força espiritual.
Ao examinar nosso relacionamento com o nosso mundo neste contexto, nós podemos receber
poder para revelar Cristo ao mundo. Mas isto depende do tipo de teatro que for apresentado
como também do compromisso e do estado espiritual das pessoas que dividem esta experiência.

O objetivo de se usar o teatro como louvor é o mesmo de qualquer outra expressão de


discipulado. O objetivo é ajudar uma pessoa a desenvolver o seu maior potencial. E este
potencial somente pode ser realizado através de contínuo relacionamento com Deus.

Roy Cheville disse que: "A pessoa total deve antever-se alcançando e continuando a expandir
seu relacionamento com a grandeza de Deus na totalidade do universo. Menos do que isto é
cortar os recursos disponíveis para o desenvolvimento da pessoa. Uma pessoa criativa e
pesquisadora prosseguirá neste caminho tentando um relacionamento enriquecedor com
recursos espirituais. A pessoa honesta verá sua concepção acerca de Deus levando-o ao
crescimento. Ela verá que sua linguagem necessitará de expansão. Ela verá que os caminhos
convencionais para conhecer a Deus não são suficientes. Ela verá que aqueles que se relacionam
com Deus têm noções limitadas. Mas a pessoa de espírito pioneira irá vibrar, irá se emocionar
com a grande aventura de se relacionar mais e mais. E o Espírito Santo irá ministrar esta
exploração. A pessoa verá como o Espírito chama para o relacionamento certo”.

Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832), um dramaturgo alemão que escreveu Fausto, poeta,
novelista, cientista, disse que a arte possui três funções: entretenimento, edificação e exaltação
do espírito humano.

A palavra entretenimento vem do latim, que significa segurar, conter, prender, e uma definição
completa da palavra é prender a atenção de maneira agradável. Enquanto algumas pessoas
acreditam que louvor, ministração e vida com Deus significam estoicismo, asceticismo, outras
acreditam que significam descoberta ativa, intensa e vívida celebração. Por causa da sua
natureza, o teatro nos permite realizar isto.

A edificação ou instrução/informação também é uma função da arte e do teatro. Está dentro da


natureza humana a necessidade do conhecimento. O teatro nos permite uma maneira de
aprender algo sob o ponto de vista de outra pessoa, através da experiência. Também a edificação
leva ao conhecimento através da emoção. O conhecimento real pode aumentar o entendimento.
Mas a edificação emocional através da experiência teatral também contribui freqüentemente
para a qualidade de vida. A essência da edificação apóia-se mais no emocional do que no
entendimento.

A terceira função da arte segundo Goethe, a exaltação, possui um vínculo com a vida espiritual
das pessoas. Ao lado do entretenimento e da edificação, a natureza humana também requer
exaltação. Nós não somente precisamos encarar nossa existência, mas precisamos também ter
uma vasta visão da humanidade e das lutas da humanidade no mundo. O teatro é uma procura
da verdade entre os esforços humanos. Como tal, o teatro tem o potencial de ajudar as pessoas a
melhorar suas vidas através da experiência.

Entretanto, nós mesmos não podemos fazer a experiência acontecer. Isto é, não podemos criar
um tipo específico de experiência para as pessoas e esperar que o nosso trabalho sempre toque o
interior das pessoas de maneira profunda. Às vezes, não importa o que nós fazemos nem o quão
bem nós o fazemos, a experiência não acontece. Quando ela acontece, muito deste fenômeno
acontece em um nível subconsciente. Ao invés de tentar criar uma experiência específica, nós
tentamos responder às necessidades das pessoas da melhor maneira que nós sabemos. Usar o
teatro é uma das maneiras de realizar isto. Mas quando a experiência acontece, ela é realmente
maravilhosa.
O teatro como parte do serviço de louvor
Capítulo 5

Quando as pessoas pensam no teatro, elas quase sempre pensam em um drama completo no
palco. Entretanto, o teatro em uma forma menor, pode completar o Serviço de Louvor de
maneiras valiosas. Uma maneira pela qual estas apresentações podem significantemente
contribuir para o Serviço de Louvor é ajudar a aproximar a mensagem da vida das pessoas. Algo
falado no estilo de diálogo está mais próximo da maneira que nós normalmente falamos e
pensamos do que algo escrito e lido em estilo de "ensaio". Conseqüentemente, o diálogo falado
tem o potencial de tocar diretamente uma pessoa de maneira profunda. Também, a apresentação
do diálogo é percebida como um tipo de testemunho. Se o desempenho se dissolve no ser, então
a pessoa falando está realmente se comunicando com a congregação. Outra maneira envolve a
expressão. Formas menores de teatro têm o potencial de serem altamente emocionantes e
espiritualmente expressivas e profundas para tocar o interior das pessoas. A extensão de tempo
não é necessariamente um fator para criar uma experiência de sucesso. E finalmente, usar uma
forma menor de teatro para ajudar no Serviço de Louvor oferece um ponto de vista único na
mensagem. A ilustração é alcançada através de vários e diferentes métodos tais como a
expressão vocal, movimento físico com diálogo, mímica ou dança. Apresentar uma mensagem
de maneiras diferentes ajuda na comunicação com as pessoas. Todos estes fatores ajudam a
enriquecer a experiência do Louvor.

A chave para aproximar qualquer peça teatral menor do público, baseia-se em usar as mesmas
técnicas gerais usadas para aproximar um drama completo, porque os elementos do drama
devem ser similares. A pessoa que apresentará a peça deve estudar e analisar o roteiro, seja
longo ou curto, para obter entendimento acerca do personagem. O tema deve estar claro para o
ator, assim como também a estrutura da peça. Se um diálogo ou um monólogo for apresentado,
então o ator ou atores deve dispor de mais tempo para memorizar e ensaiar a peça. Os princípios
de direção também se aplicam, não importa quão pequena seja a apresentação. Aspectos
técnicos tais como: vestuário, iluminação e cenários devem ser adaptados para que possam ser
bem utilizados. O objetivo é apresentar algo significativo em que se possa acreditar, não algo
"dramático".

As possibilidade de usar o teatro para dar suporte ao Serviço de Louvor, são infinitas. O
potencial de uma peça de 5 minutos dentro do louvor pode tocar as pessoas de maneira
inspiradora.

A qualidade é sempre um fator. Para que possamos criar uma experiência para os outros, é
preciso conectar as pessoas ao significado, à emoção e ao espírito, pois uma qualidade pobre
inibe a experiência. Isto requer disciplina e tempo. Nós aprendemos a fazer teatro, fazendo, e
para fazer precisamos entender bastante sobre como e porquê esta forma artística se conecta ao
nosso profundo interior. Três fatores chave estão envolvidos no esforço da busca da qualidade:

1) Entender o objetivo e o foco.


2) Ter tempo para ensaiar e explorar as diferentes maneiras de expressar durante o processo
de ensaio.
3) Ter concentração e comprometimento.

Arrisque-se em utilizar diferentes tipos de teatro como complementação do serviço de louvor e


descubra o que toca as pessoas da congregação. Primeiro cresça em expressão vocal, e depois
em expressão física. A qualidade aumenta com o tempo. Além disto, arrisque-se a usar
caminhos que você ache desafiadores e que as pessoas acharão inspiradoras.
A qualidade do teatro como louvor não significa necessariamente que a apresentação expresse
sentimento ou poesia. Também não significa que os personagens irão se assentar e falar sobre
Cristo. Entretanto, os elementos do evangelho são forças não vistas permeando a peça, não
importa se ela seja grande ou pequena. Esforçar-se para falar ao povo de hoje sobre Cristo, tem
um grande valor, mas muitas vezes nós escolhemos peças que falham neste sentido. Uma
apresentação dramática de qualidade é aquela que tem seu foco na compaixão e no
entendimento dentro da difícil situação da vida diária de cada um de nós.

A propriedade do momento é importante quando se usa o teatro suplementar como parte do


Serviço de Louvor. A equipe deve sempre estar sensível com relação ao louvor. Por exemplo,
usar o teatro durante o serviço cujo foco é o sacramento não deve ser apropriado. Porquê? Por
que a natureza do teatro deve coincidir com o objetivo de um serviço de louvor e vice-versa. O
teatro é principalmente uma ferramenta de testemunho que dá ênfase ao nosso relacionamento
com o nosso mundo. Um serviço de comunhão dá ênfase ao nosso comprometimento pessoal e
espiritual com Jesus Cristo. O foco deve ser mantido não somente no comprometimento, mas
também no próprio sacramento.

O principal meio de expressão, nas peças de teatro complementar assim como no próprio teatro,
é a própria pessoa. A pessoa é o principal instrumento de expressão. Por causa deste foco a
expressão ajuda a melhorar a personalidade. Por causa da sua própria natureza, a expressão
conecta uma pessoa à outra pessoa. Ambos, o ator e a congregação participam da experiência
com o objetivo singular de adorar a Deus. Com todos estes fatores em mente, você pode
começar a escrever uma pequena apresentação dramática para complementar o serviço de
louvor.

Introduzindo o Teatro como Louvor


Capítulo 6

Parece que cada congregação tem suas características próprias. Para introduzir o teatro como
um método de louvor, é importante que seja implementada uma aproximação sensível de
maneira que o povo possa experimentar algo significativo. Algumas congregações terão
dificuldade com aceitar o teatro enquanto outras, acostumadas com uma variedade de programas
de louvor, irão facilmente se adaptar a esta experiência. Somente você conhece os desejos e as
necessidades da sua congregação, assim você terá que encontrar uma estratégia para introduzir o
teatro como método de louvor dentro da sua congregação.

A congregação de mente mais tradicional terá mais dificuldade em experimentar o louvor


através de um programa ou de uma apresentação teatral como um complemento ao programa
principal de louvor. Há muitas razões para isto, incluindo anos de atitudes negativas acerca do
teatro dentro da comunidade cristã. Não há nada realmente de errado em ter dificuldade de
aceitar a experiência do louvor através do teatro. Mas através de estratégia e sensibilidade, nós
podemos tentar ajudar a expandir os horizontes do louvor. Uma vez que a congregação
experimente o louvor através do teatro, ela começará a mudar.

Para começar a trabalhar uma estratégia, especifique a característica da sua congregação. Por
exemplo, a uma congregação altamente tradicional pode ter o culto de louvor das 11 horas como
sagrado. Usar o teatro como método de louvor durante este período provavelmente não
agradaria ao povo, e quando isto acontece, a experiência do louvor diminui. Talvez uma
maneira melhor não seria introduzir o teatro neste horário, mas durante uma outra reunião
marcada especificamente para este evento. Outra consideração a se fazer é quanto ao local. Se a
congregação não gostar de utilizar o santuário para o teatro, então use o local de festas da igreja.

Outra consideração é: quem iria apresentar o programa teatral. Uma estratégia é utilizar uma
pessoa de confiança da congregação para apresentar o teatro como louvor. Ou ainda usar os
jovens para apresentar o programa para a congregação.
Talvez uma estratégia seja incluir o teatro considerando a época do ano a ser aproveitada. Uma
das épocas mais aceitáveis para se usar o teatro é durante o Natal. As congregações já estão
acostumadas a ver os eventos do nascimento de Cristo encenados durante este período. Outra
época a ser utilizada pode ser a páscoa para apresentar o teatro como louvor. O foco passa a ser
a ocasião e isto pode ser a chave para introduzir o teatro na sua congregação.

Ao identificar a estratégia a ser utilizada, é importante que você leve em consideração outro
tópico. As congregações mais tradicionais provavelmente irão dar preferência às histórias
tiradas das Escrituras em detrimento de outras histórias. Eles provavelmente verão, enxergarão
somente as histórias das Escrituras como religiosas, mas você deve trabalhar a espiritualidade
contida nas outras histórias que incluem as situações da vida diária. O propósito do teatro
religioso é ajudar as pessoas a experimentarem a presença de Deus nas suas vidas.

Uma estratégia para aceitação do teatro como louvor é colocar o assunto em discussão/debate.
Escolha um outro horário que não seja o do culto, pois em uma comunidade altamente
tradicional a discussão pode se prolongar. A seguir, veja alguns conceitos sobre o teatro como
método de louvor para que você possa apresentar como argumento:

· Pela sua natureza, o teatro cria experiência para as pessoas.


· Através da experiência, o teatro pode impactar positivamente a vida das pessoas.
· Teatro pode tocar uma corda interna e profunda dentro de nós.
· Teatro pode nos ajudar a experimentar a presença de Deus.
· Teatro surgiu da religião.
· Foco do teatro é a espiritualidade.
· Outro foco do teatro é o relacionamento.
· Teatro é outra maneira de apresentar o nosso testemunho pessoal.
· Teatro nos mostra nossa humanidade.

Outra estratégia pode ser a de introduzir o teatro exatamente durante o serviço de Louvor, no
horário do culto principal. Ao fazer isto, leve em consideração o tema do culto. Seria uma boa
idéia se você falar com a pessoa que está encarregada de dirigir o culto e ficar a par do que será
dito. Talvez você possa introduzir o teatro utilizando uma passagem bíblica, reescrevendo-a em
forma de diálogo e apresentá-la. Ou talvez você possa ler a passagem bíblica primeiro, e depois
apresentar a mesma passagem em cenas ou através de mímica.

Um dos aspectos mais difíceis ao apresentar o teatro, é o uso do humor. As congregações mais
tradicionais podem se aborrecer, porque elas podem não associar o humor ao louvor. Uma
maneira de evitar isto é não usar nenhum tipo de humor. Mas o humor pode verdadeiramente
ajudar as pessoas as experimentarem a presença de Deus porque a alegria faz parte da nossa
realidade, especialmente se os jovens estiverem participando do programa.

Enfim, lembre-se que o seu motivo for verdadeiro e você se esforçar para prepará-lo
cuidadosamente, o seu esforço terá o potencial de ajudar as pessoas a experimentarem a
presença de Deus. Se uma só pessoa se sentir tocada pela apresentação, terá valido a pena.

Conflito
Capítulo 7

Se o teatro cria um mundo vivo e completo centrado nos seres humanos, então o conflito deve
fazer parte do drama, porque a vida inclui conflito. O dicionário americano define conflito
como:

1. Uma batalha prolongada; uma luta; choque.


2. Uma controvérsia; discordância; oposição.
3. Oposição ou funcionamento simultâneo de impulsos, desejos ou tendências exclusivas.
4. Choque; colisão.

O conflito é a oposição em formas e magnitudes variadas. O conflito não é uma ação ou força
isoladas. O conflito acontece quando duas ou mais ações se inter-relacionam. No nosso esforço
para entender a paz, muitas vezes nós assumimos que a paz é alcançada quando o conflito se
dissipa.

As pessoas às vezes pensam na paz em termos de estática. Uma pessoa está em paz quando ele
ou ela experimenta quietude na vida, quando as coisas não mudam ou não requerem mudança.
Mas paz não é necessariamente estática. Para muitos, a paz se conecta a palavra equilíbrio e
equilíbrio conecta-se à palavra ação. O objetivo de duas forças inter-relacionadas é procurar
algum tipo de equilíbrio. Nos relacionamentos humanos, atingir o equilíbrio é atingir a justiça.
A chave para atingir o equilíbrio é a reconciliação, pois as forças conflitantes necessariamente
têm que encontrar um caminho para existirem juntas sem dissipação. Os antigos filósofos
gregos viam o equilíbrio ou harmonia como uma oscilação de opostos alternados. A paz pode
então ser vista como um processo de reconciliação entre forças conflitantes ativas as quais
resultam em justiça ativa ou equilíbrio.

A estática não é um objetivo realista na vida, porque a vida é um processo no tempo. Uma
piscina que parece estagnada é um processo de evaporação e formas de vida florescem dentro
dela. As células do nosso corpo continuam a morrer e a regenerar, nosso coração continua a
contrair e a relaxar, o sol se levanta e se põe, as marés enchem e se esvaziam. Em um nível
social, a economia sobe e desce, nós nos comunicamos bem e às vezes às vezes mal. Em um
nível emocional, nós temos tristezas e alegrias, dor e prazer, necessidades e preenchimento das
necessidades.

Deve haver oposição em todas as coisas. Oposição de todo tipo significa conflito. Até mesmo
fazer uma escolha envolve conflito. No nível físico, não podemos sobreviver sem enfrentar o
conflito. Temos que comer e dormir. Em um nível mais abstrato, não podemos viver em
sociedade sem lidar com o conflito. A nossa tarefa na vida é como lidar com o conflito.

O ideal humano em lidar com o conflito é criar a paz. Em vários lugares as escrituras tentam
nos ajudar, a saber, como lidar com o conflito e criar paz em nós mesmos e na nossa vida diária.
Mas o conflito não vai embora; ele não pode ir. A paz, então, deve ser vista como um processo
de obter equilíbrio na vida. Quando o conflito cria a injustiça, ser um pacificador significa se
enganjar ativamente em corrigir o equilíbrio daquela injustiça.

Entretanto, para ser um pacificador, como corrigir o equilíbrio da injustiça é muito importante.
Algumas pessoas acreditam que para corrigir o equilíbrio precisamos eliminar o inimigo. Isto é,
para lidar com o conflito, precisamos encontrá-lo com a mesma magnitude daquele conflito. É
importante entender que para existir a paz, equilíbrio significa afirmação e reconciliação.

O conflito deve existir para que nós possamos viver. Mas para viver em paz, o conflito deve de
alguma maneira ser transformado em uma afirmação de personalidade. O conflito deve ser
transformado. A paz deve ser um processo contínuo de reconciliação. A paz é ativa.

CONFLITO NO DRAMA

Porque o conflito é um processo vital da vida, ele deve ser uma parte do teatro. De outra forma,
o teatro não seria capaz de criar uma experiência de existência humana. Explorando o
relacionamento entre nós mesmos e Deus, entre nós mesmos e outras pessoas, entre nós mesmos
e a natureza, entre nós mesmos e a sociedade, e entre nós mesmos e nós mesmos deve ser uma
descoberta de como nós lidamos com o conflito.
O drama nos ajuda a examinar na nossa própria vida-conflito. E a maior parte dos dramas
procura um equilíbrio. O drama retrata o conflito e então de alguma maneira resolve este
conflito. Também, o drama constantemente procura a justiça. Eu não posso pensar em nenhum
drama que termine com o antagonista destruindo o protagonista e o público gostando disto.

Mas o drama é também muito humano e muito pessoal. Através da experiência da produção, se
identifica com os personagens e as situações. No Teatro, Robert Cohen escreve acerca do
conflito no drama:
A conspiração envolve suspense somente quando envolve alternativas e escolhas: Macbeth tem
fortes razões para matar o rei Duncan e fortes razões para não matar; se ele tivesse somente a
primeira ou a segunda opção, ele não iria projetar um conflito real e nós não o consideraríamos
um personagem interessante. Nós estamos fascinados por ações do personagem à luz de ações
que ele rejeita e o stress que ele tem de passar para tomar suas decisões. Em outras palavras, a
trama compõe-se não somente de ações, mas também pela falta delas. As coisas que são
rejeitadas não acontecem. A decisão de um personagem deve proceder das poderosas
alternativas conflitantes se nós olharmos seu comportamento com empatia ao invés de com
mera curiosidade. Ao olhar a ação de um personagem, a audiência deve também olhá-lo pensar;
um escritor deve colocá-lo para pensar ao inseri-lo no conflito.

O conflito pode ser gerado entre os personagens como também dentro deles; ele pode ser
reduzido a uma situação central ou pode envolver muitas outras. Qualquer que seja o caso, o
conflito concede aos personagens um alívio que permite ao público ver profundamente dentro
da realidade humana. Para ver um personagem em guerra consigo ou em confronto com outro
personagem, é ver como aquele personagem trabalha, e esta é a chave.

O drama contém o conflito dos personagens, situações e/ou forças. O drama é estruturado para
intensificar o conflito até que ele alcance um clímax quando o conflito necessariamente tem que
resolvê-lo de alguma maneira.
O reino dos peixes que podiam fazer tudo
Capítulo 8

Era uma vez um reino de peixes que existia bem lá no fundo do oceano. Mas eles não eram
qualquer tipo de peixe. Eles sabiam falar, rir, trabalhar, brincar, argumentar, discutir. Assim eles
se denominavam de os "peixes que podiam fazer tudo" e moravam em seu próprio reino.

Eles eram muito felizes. Eles tinham muito alimento disponível para comer. Os filhotes de peixe
freqüentavam a escola e aprendiam muita coisa acerca do mundo ao seu redor. Suas casas
eram aconchegantes, confortáveis e iluminadas. Era muito bom viver no reino dos PQPFT (O
reino dos peixes que podiam fazer tudo).

O Peixe-Rei era feliz também. Seus inimigos, os tubarões, saíram para procurar a cidade
perdida de Atlântida e também se perderam. Sua sogra saiu de férias para o Triângulo das
Bermudas e não foi vista nunca mais. Nada ameaçava o reino. O Peixe-Rei nadava ao redor do
seu palácio sem nada para fazer e sem ninguém para aborrecê-lo.

Então, o Peixe-Rei teve um pensamento. "Vou sair do meu palácio para ver o meu reino" ele
disse.

Ele ficou surpreso com o que viu! Todos os súditos estavam trabalhando ou brincando ou
nadando. E que barulho faziam! Ele nunca havia ouvido tanto barulho! Peixes discutindo o
tempo todo! Ele olhou em volta e viu alguns peixinhos no recreio da escola e escutou eles
falando:
"Caiu dentro!" gritou um peixinho.
"Não, caiu fora!" gritou outro.
"Dentro"
"Fora"
"O que está acontecendo?" Perguntou o Peixe-Rei.

Todos os peixinhos nadaram em direção a ele. Eles olharam uns para os outros até que
finalmente, um peixinho mais corajoso disse para ele: "Nós estávamos jogando e este peixe
aqui chamado Scot jogou a bola para fora da linha. Então, a bola é nossa agora”.

"Nada disto, gritou o pequeno Scot. A bola caiu dentro da linha”.

"Hummm. murmorou o Peixe-Rei. É melhor que vocês anulem este ponto. Ninguém marca
vantagem desta vez”.

Os peixinhos olharam para o Peixe-Rei. Então, olharam uns para os outros. Eles concordaram e
nadaram de volta para o jogo. O Peixe-Rei pensou consigo mesmo que ele era bastante
inteligente por ter resolvido aquele assunto.

Neste momento passou nadando outro grupo de estudantes. O Peixe-Rei escutou que eles
estavam discutindo também.

"O que está acontecendo? Perguntou o Peixe-Rei”.

Um jovem peixe que usava óculos respondeu. "Nós estamos discutindo sobre a cor do mar.
Nós dizemos que é verde e eles dizem que é azul”.

O Peixe-Rei estava atônito. "Porque vocês estão discutindo isto?”.

O jovem peixe que usava óculos, respondeu ao Peixe-Rei. "Porque nós fazemos parte da
equipe de debates”.E eles saíram nadando e discutindo pelo caminho.

Durante todo o dia o Peixe-Rei nadou pelo seu reino. E durante todo o dia ele escutou seus
súditos discutindo sobre isto ou aquilo. Cada peixe parecia ter um ponto de vista que parecia
ser diferente do ponto de vista de todos os outros peixes. Cada peixe parecia pensar que o
ponto de vista dele ou dela era o certo. "Não há paz aqui” pensou o Peixe-Rei. “Tudo o que eu
escuto é conflito. Tudo o que eu vejo é conflito. Isto não está certo. Deveria haver paz e
quietude no meu reino. Eu preciso fazer algo acerca disto”.

E assim ele fez. Divulgou uma lei: "QUE NÃO HAJA CONFLITO NO REINO DOS PQPFT.
Nenhum peixe poderá discutir ou debater. Nenhum peixe poderá lutar durante os jogos.
Qualquer coisa que envolver conflito será banida. Todos os peixes viverão sem conflito. Todos
os peixes viverão em paz e tranqüilidade”. O Peixe-Rei pensou que ele era inteligente. Muito
inteligente.

Os professores-peixes foram os primeiros a aparecer no palácio para reclamar da lei: "O que
significa não ter conflito?" Eles perguntaram. "E quanto ao drama? O conflito é o coração do
drama. E quanto à literatura? A nossa literatura é cheia de conflitos”.

"Chega” gritou o Peixe-Rei. "Eu quero paz e quietude no reino! Se a falta de conflito
significa falta de drama e de literatura, que assim seja!”.

"Mas as nossas crianças-peixes aprendem muito através da leitura”, disse um professor-peixe.

"Este é o problema" retrucou o Peixe-Rei. "As nossas crianças-peixes aprendem os conflitos e


dramas nos livros, e isto não é bom”.
"Não, grande rei!" Disse um professor-peixe. "O drama reflete a vida e o conflito é uma parte
da vida!”.

"Não!" Gritou o Peixe-Rei. "Não deve haver NENHUM conflito no reino. Escreva dramas sem
incluir conflito”.

"Mas então não será um drama”.

"Que seja assim! Lacre os livros! Não deve haver conflito no reino! Todo drama será banido.
Toda literatura será banida “. Assim, todos os que compareceram aquela audiência saiu de lá
muito tristes”.

Os professores-peixes passaram o dia seguinte inteiro lacrando os livros. As peças do grande


Shakespeare-peixe foram lacradas
Como também as obras de outros grandes escritores-peixes. Este foi um dia muito triste para
todos, mas a lei dizia que não podia haver conflito e todos os peixes tinham que seguir a lei.

O Peixe-Rei pensou que sua nova lei era ótima. "Agora verdadeiramente podemos ter paz no
reino" ele sorriu. No dia seguinte, o Peixe-Rei saiu nadando pelo reino. Mas os peixes haviam
mudado. Todos pareciam tristes.

"Qual é o problema?" Perguntou o Peixe-Rei.

Ninguém respondeu. Finalmente um peixinho nadou vagarosamente até ele.

"Eu estava lendo a história da Família Robson e gostaria de saber como ela termina. Mas eu
não posso porque o livro foi lacrado”.

O Peixe-Rei deu um tapinha na cabeça do peixinho e disse "É para o seu bem”.

Outro peixinho se aproximou dizendo: "Nós sempre jogamos bola, mas agora não podemos,
porque ficou proibido discutir”.

"Discutir é ruim! Nós devemos viver em paz no reino”. E antes que alguém pudesse dizer
qualquer coisa, o Peixe-Rei nadou de volta para o seu castelo.

"Puxa vida, não podemos fazer nada" disse um peixinho.

Outros escutaram o peixinho e sabiam que ele estava certo. E assim eles passaram a se
denominar de os “peixes que não podiam fazer nada e que moravam no reino dos peixes que
nada podiam fazer"

Mas a lei não acabou com as discussões. Na verdade, as coisas pioraram. Logo, o Peixe-Rei
teve que formar o batalhão de Polícia-Peixes para reforçar a lei. Algo tinha que ser feito.

O Peixe-Rei se instituiu juiz para julgar os casos dos peixes que eram trazidos pela polícia-
peixe, quando eles trouxeram um padeiro e sua esposa.

"Qual é a reclamação?" Perguntou o Peixe-Rei sentindo bastante orgulho de si mesmo.

Um policial-peixe disse "o padeiro e sua esposa foram surpreendidos discutindo”.

"Sobre qual assunto?”.

"Sobre quantidade de farinha"


"Como? Explique melhor”.

"Sua alteza, eu tenho algo a falar” ouviu-se uma voz no fundo do salão.

“O que é isto? Perguntou o Peixe-Rei”.

"É uma testemunha, senhor”.Respondeu o policial-peixe.

"Aproxime-se" disse o Peixe-Rei.

O peixe nadou meio hesitante para frente. "Eu conheço este casal. Eles sempre discutem sobre
a quantidade de farinha a ser colocada na massa do pão”.

"Então eles sempre quebram a lei?”.

"Bem, eles se divertem com isto. E eles têm um acordo. Se eles colocam a quantidade sugerida
por ele, significa que há excesso de farinha. Se eles colocam a quantidade sugerida por ela,
significa que não há quantidade suficiente de farinha para fazer o pão”.

O peixe continuou. "Assim, eles colocam uma quantidade entre o que ele quer e o que ela quer.
E esta é a quantidade correta para se fazer o pão”.

O Peixe-Rei perguntou. "Então porque eles desde o início não colocam a quantidade certa sem
discutir?”.

"Para dizer a verdade, nós não sabemos qual é a quantidade certa" respondeu o padeiro-peixe.
“E eu estou preocupado com minha esposa, senhor. Se ela não tiver uma boa discussão, ela
tem dores de estômago. A discussão faz ela melhorar”.

O Peixe-Rei estava atônito! Ele resmungava, nadando para lá e para cá. De repente ele gritou:
"Vão embora, saiam daqui, já!”.

E eles se foram.

Assim, vários casos começaram a aparecer para que fossem julgados pelo Peixe-Rei. Ele foi
ficando sobrecarregado. Nem conseguia dormir de noite. Até que finalmente ele não agüentou
mais.

"Chega! Não agüento mais! Daqui em diante fica sem valor a lei do nenhum conflito!”.

A notícia se espalhou rapidamente. Todos ficaram felizes e resolveram celebrar com uma festa.

"Oba, podemos jogar bola outra vez" disseram os peixinhos.

"Oba, podemos abrir os livros novamente para que os alunos possam aprender sobre drama e
literatura. Nossas crianças poderão aprender sobre a vida e como viver juntos sem machucar
uns aos outros" disseram os professores-peixes.

O Peixe-Rei escutou o que disseram os professores-peixes. E perguntou: "Mas o conflito não


os machuca?”.

Responderam os professores: "Não, se eles aprenderem a ter disciplina, o conflito os ajuda a


aprender como viver uma vida feliz”.
O Peixe-Rei disse: "Eu fiquei confuso nas semanas que se passaram. E agora, estou mais
confuso ainda”.

Neste momento, os pensamentos do Peixe-Rei foram interrompidos por um barulho bastante


alto. Um grupo de crianças-peixes estava discutindo sobre um jogo e o Peixe-Rei ficou
bastante preocupado. Por um momento, ele pensou que as coisas haviam ficado piores do que
antes.

Mas então, algo maravilhoso aconteceu! Os peixinhos resolveram anular aquele ponto. E
eles sorriram novamente e voltaram ao jogo alegremente.

O Peixe-Rei viu aquilo e pensou: "Ora, ora, talvez eu tenha feito alguma diferença no meu
reino”.
Naquela noite, todos os peixes fizeram uma festa para celebrar a liberdade no Reino dos Peixes
que podiam fazer tudo. E todos eles viveram em paz e felicidade para sempre, convivendo com
a quantidade de conflito suficiente para fazer a vida melhor.
Equipe
Teatro Evangélico.com.br

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