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Princípios Gerais
O juiz situa-se entre as partes e acima delas (caráter substitutivo). O juiz imparcial
é pressuposto para uma relação processual válida.
1.3. Contraditório
Resposta: Não, pois o juiz deverá abrir vista à outra parte para se manifestar sobre
a medida antes de dar o provimento final. Nesse caso o contraditório é apenas diferido.
O Estado deve proporcionar a todo acusado a mais completa defesa, seja pessoal
(autodefesa), seja técnica (defensor) (artigo 5.º, LV, da Constituição Federal), inclusive o
de prestar assistência jurídica integral e gratuita aos necessitados (artigo 5.º, LXXIV, da
Constituição Federal).
No processo penal, o juiz nomeia defensor ao réu, caso ele não tenha, mesmo
sendo revel (artigos 261 e 263 do Código de Processo Penal) e caso seja feita uma
defesa abaixo do padrão mínimo tolerável, o réu poderá ser considerado indefeso e o
processo anulado. Se o acusado, citado por edital, não comparece, nem constitui
advogado, suspende-se o processo e o prazo prescricional (artigo 366 do Código de
Processo Penal).
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• O Ministério Público não pode desistir da ação penal (artigo 42 do Código de
Processo Penal), nem do recurso interposto (artigo 576 do Código de Processo
Penal).
O Ministério Público não pode desistir da ação penal, mas pode pedir a absolvição
do réu. Pergunta: tal possibilidade não fere o princípio da indisponibilidade da ação
penal pública? Resposta: não, pois esse pedido não passa de mero parecer que não
vincula o juiz, o qual pode proferir sentença condenatória.
Conforme esse princípio, o juiz pode se contentar com as provas produzidas pelas
partes devendo rejeitar a demanda ou a defesa por falta de elementos de convicção.
É princípio próprio do processo civil, que vem sendo cada vez mais mitigado,
diante de uma tendência publicista no processo, permitindo ao juiz adotar uma posição
mais ativa, impulsionando o andamento da causa, determinando provas, conhecendo
circunstâncias de ofício e reprimindo condutas abusivas e irregulares (artigos 130 e 342
do Código de Processo Civil).
O juiz tem o dever de ir além da iniciativa das partes na colheita das provas,
esgotando todas as possibilidades para alcançar a verdade real dos fatos para
fundamentar a sentença. Somente, excepcionalmente, o juiz deve curvar-se diante da
verdade formal, como no caso da absolvição por insuficiência de provas (artigo 386,
inciso VI, do Código de Processo Penal).
Esse princípio comporta algumas exceções: artigos 406, 475, 206, 207 e 155,
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todos do Código de Processo Penal; a Constituição Federal, no artigo 5.º, inciso LVI,
veda a utilização de provas obtidas por meios ilícitos.
1.8. Publicidade
A publicidade poderá ser restrita nos casos em que o decoro ou o interesse social
aconselharem que eles não sejam divulgados (artigo 155, I e II, do Código de Processo
Civil e artigos 483 e 792, § 1º, do Código de Processo Penal).
Previsto no artigo 5.º, inciso LIII, da Constituição Federal, que dispõe que
“ninguém será sentenciado senão pelo juiz competente”.
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1.11. Da Ação ou Demanda
1.12. Oficialidade
Admite-se, como exceção, a ação penal privada, a ação penal privada subsidiária
da pública – quando da inércia do órgão do Ministério Público – e a ação penal popular
– na hipótese de crime de responsabilidade praticado pelo Procurador-Geral da
República e por Ministros do Supremo Tribunal Federal (artigos 41, 58, 65 e 66 da Lei
n. 1.079/50).
1.13. Oficiosidade
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1.14. Do Impulso Oficial
Exceção: os jurados, no Júri, não precisam fundamentar suas decisões, pois para
eles vigora o princípio da íntima convicção.
As decisões judiciais precisam sempre ser motivadas. Esse princípio tem assento
constitucional no artigo 93, inciso IX.
Hoje, esse princípio é visto em seu aspecto político: garantia da sociedade que
pode aferir a imparcialidade do juiz e a legalidade e justiça das suas decisões.
• instrução processual: inverte-se o ônus da prova, ou seja, o réu não precisa provar
que é inocente, mas sim a acusação precisa fazer prova de que ele é culpado;
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2.2. “Favor rei”
- Alguns recursos são exclusivos da defesa (protesto por novo júri e embargos
infringentes).
É princípio próprio do processo penal, indica que o juiz deve buscar descobrir a
realidade, não se conformando com o que é apresentado nos autos (verdade formal).
Como exemplo, pode ser citado o artigo 156 do Código de Processo Penal, que permite
ao juiz determinar diligências de ofício para dirimir dúvida sobre ponto relevante.
Esse princípio comporta algumas exceções: artigos 406, 475, 206, 207 e 155,
todos do Código de Processo Penal; a Constituição Federal, no artigo 5.º, inciso LVI,
veda a utilização de provas obtidas por meios ilícitos.
2.4. Legalidade
2.5. Oficialidade
2.6. Oficiosidade
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As autoridades públicas incumbidas da persecução penal devem agir de ofício,
sem necessidade do assentimento de outrem.
2.7. Autoritariedade
2.8. Indisponibilidade
2.9. Publicidade
2.10. Contraditório
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2.12. “Ne eat judex ultra petita partium”
Indica que o juiz deve ater-se ao pedido feito na peça inaugural, não podendo
pronunciar-se sobre o que não foi requerido.
O que vincula o juiz criminal são os fatos submetidos à sua apreciação. Exemplo:
se na denúncia o promotor descreve um crime de estupro, mas ao classificá-lo, o faz
como sendo de sedução, pode o juiz condenar por estupro, pois o réu se defende dos
fatos a ele imputados. Nesse caso o juiz não julgou além do que foi pedido, apenas deu
aos fatos classificação diversa (artigo 383 do Código de Processo Penal).
Previsto no artigo 5.º, inciso LIV, da Constituição Federal, o due process of law
assegura à pessoa o direito de não ser privada de sua liberdade e de seus bens sem a
garantia de um processo desenvolvido de acordo com a lei.
Deve ser obedecido não apenas em processos judiciais civis e criminais, mas
também em procedimentos administrativos, inclusive militares.
Entendemos que não é razoável sempre desprezar toda e qualquer prova ilícita,
devendo o juiz admiti-las para evitar uma condenação injusta ou a impunidade de
perigosos marginais. O direito à liberdade e à vida, por exemplo, não podem sofrer
restrição pela prevalência do direito à intimidade. Entra aqui o princípio da
proporcionalidade, segundo o qual não há propriamente um conflito entre as garantias
fundamentais, devendo o princípio de menor relevância se submeter ao princípio de
maior relevância. Por exemplo: uma pessoa acusada injustamente, que tenha na
interceptação telefônica ilegal o único meio de demonstrar a sua inocência. A tendência
da doutrina é a de acolher essa teoria, para favorecer o acusado (prova ilícita pro reo).
O juiz fica vinculado ao processo que presidiu a fase instrutória, devendo decidi-
lo. Atenção: este princípio não vigora no processo penal.
Ninguém será processado senão pelo órgão do Ministério Público com atribuições
previamente fixadas e conhecidas (artigo 5.º, inciso LIII, da Constituição Federal).
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A lei processual penal aplica-se a todas as infrações penais cometidas em território
brasileiro, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de Direito Internacional. No
processo penal vigora o princípio da absoluta territorialidade (artigo 1.º do Código de
Processo Penal).
Ao contrário do que pode parecer, os incisos do artigo 1.º não cuidam de exceções
à territorialidade da lei processual penal brasileira, mas sim de exceções à aplicação do
Código de Processo Penal. O inciso I do artigo 1.º contempla verdadeiras hipóteses
excludentes da jurisdição criminal brasileira.
Toda norma jurídica limita-se no tempo e no espaço. Isso quer dizer que a norma
se aplica em um determinado território durante um determinado lapso de tempo.
O artigo 2.º do Código de Processo Penal dispõe: “A lei processual penal aplicar-
se-á desde logo, sem prejuízo dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.” A
aplicação do dispositivo gera dois efeitos:
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No caso de normas mistas (de natureza processual e material), prevalece o caráter
material, devendo ser aplicada a regra do artigo 2.º do Código Penal, ou seja, retroagirá
para beneficiar o réu.
A lei tem vigência até que outra expressa ou tacitamente a revogue. A revogação
ainda pode ser total (ab-rogação) ou parcial (derrogação).
3. IMUNIDADES
• processual, formal ou relativa: consiste na garantia de não ser preso, salvo por
flagrantes de crime inafiançável. Alcança os Deputados Estaduais, mas não
alcança os Vereadores.
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4.1. Espécies
5. ANALOGIA
Consiste em aplicar a uma hipótese não regulada por lei disposição relativa a um
caso semelhante.
5.1. Fundamento
Ubi eadem ratio, ibi eadem jus (onde há a mesma razão, aplica-se o mesmo
Direito).
5.3. Distinção
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• Interpretação analógica: a norma, após uma enumeração casuística, traz
uma formulação genérica. A norma regula o caso de modo expresso,
embora genericamente (exemplo: artigo 121, § 2.º, inciso III e IV do
Código Penal).
6.1. Conceito
6.2. Espécies
– imediata: lei;
7. DA PERSECUÇÃO PENAL
7.1. Conceito
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É a atividade do Estado que consiste em investigar, processar, comprovar e julgar
o fato punível.
7.3. Investigação
Porém, outras autoridades também podem investigar desde que haja previsão
legal: 1) juiz da falência investiga crime falimentar; 2) agentes fiscais investigam crimes
fiscais.
É exercida por autoridades policiais; visa apurar o fato e sua autoria. É auxiliar da
justiça; investiga crimes (artigo 13 do Código de Processo Penal).
- em razão da matéria;
Artigo 22 do Código Processo Penal: “No Distrito Federal e nas comarcas em que
houver mais de uma circunscrição policial, a autoridade com exercício em uma delas
poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar diligências em circunscrição de
outra, independentemente de precatórias ou requisições, e bem assim providenciará, até
que compareça a autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra em sua presença
noutra circunscrição.”
Inquérito Policial
1. CONCEITO
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É o conjunto de diligências realizadas pela polícia judiciária para a apuração de
uma infração penal e de sua autoria, a fim de que o titular da ação penal possa ingressar
em juízo (artigo 4.º do Código de Processo Penal).
2. NATUREZA JURÍDICA
3. FINALIDADE
4. POLÍCIA JUDICIÁRIA
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A Lei n. 9.043, de 9.5.1995, trocou o termo “jurisdição” por “circunscrição”
(limites territoriais dentro dos quais a polícia realiza suas funções).
A autoridade policial, em regra, não poderá praticar qualquer ato fora dos limites de
sua circunscrição, sendo necessário:
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5. INQUÉRITOS EXTRAPOLICIAIS (artigo 4.º, parágrafo único, do Código de
Processo Penal)
6. VALOR PROBATÓRIO
Tem valor probatório relativo, pois os elementos de informação não são colhidos
sob a égide do contraditório e da ampla defesa, tampouco na presença do Juiz de Direito.
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7. DISPENSABILIDADE
O inquérito policial é uma peça útil, porém não imprescindível. Não é fase
obrigatória da persecução penal. Poderá ser dispensado sempre que o Ministério Público
ou o ofendido (no caso da ação penal privada) tiver elementos suficientes para promover
a ação penal (artigo 12 do Código de Processo Penal).
Atenção: o titular da ação penal pode abrir mão do inquérito policial, mas não
pode eximir-se de demonstrar a verossimilhança da acusação, ou seja, não se concebe
que a acusação careça de um mínimo de elementos de convicção.
8. CARACTERÍSTICAS
• Legalidade: o inquérito policial não pode ser arbitrário, ou seja, deve obedecer
à lei.
9. INCOMUNICABILIDADE
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Entendemos que a incomunicabilidade não foi recepcionada pela nova ordem
constitucional. A Constituição Federal, em seu artigo 136, § 3.º, inciso IV, proíbe a
incomunicabilidade durante o estado de defesa. Assim, se é vedada em situações
excepcionais, com mais razão deve ser vedada em situações de normalidade. Em sentido
contrário, o Professor Damásio de Jesus entende que a proibição está relacionada com
crimes políticos ocorridos durante o estado de defesa.
10.1. Conceito
10.2. Espécies
11. INÍCIO
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11.1. Nos Crimes de Ação Pública Incondicionada
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Nesses casos a instauração do inquérito policial depende de requerimento do
ofendido, de seu representante legal ou sucessores, conforme disposto no artigo 5.º, §
5.º, combinado com os artigos 30 e 31, todos do Código de Processo Penal.
11.4. Observações
A autoridade policial não poderá instaurar o inquérito policial se não houver justa
causa (se o fato for atípico ou se estiver extinta a punibilidade). Porém, o
desconhecimento da autoria ou a possibilidade do sujeito ter agido sob a proteção de
alguma excludente da ilicitude não impede a instauração do inquérito.
Inquérito Policial
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1.2. Apreender os Objetos Relacionados com o Fato
• a convite do morador;
• em caso de desastre.
Durante o dia:
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área interna do balcão, onde é exercida a atividade pelo proprietário ou seu
funcionário, sendo que a parte externa, a freqüentada pelo público, não; quarto
de hotel etc. Automóvel não é domicílio.
A testemunha tem o dever de falar a verdade, sob pena de responder pelo crime de
falso testemunho (artigo 342 do Código Penal). O ofendido que mentir não comete
crime de falso testemunho.
1.4.1. Indiciamento
Por fim, há outra hipótese em que o portador da cédula de identidade civil está
obrigado a submeter-se à identificação criminal: trata-se da identificação criminal de
pessoa envolvida com ação praticada por organização criminosa (artigo 5.º da Lei n.
9.034/95).
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1.4.6. Incidente de insanidade mental
O artigo 7.º do Código de Processo Penal dispõe sobre a reprodução simulada dos
fatos (reconstituição do crime), que não pode contrariar a moralidade e a ordem pública.
1.8. Relatório
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Concluídas as investigações, a autoridade policial deve fazer minucioso relatório
do que tiver apurado no inquérito policial, sem, contudo, expender opiniões,
julgamentos ou qualquer juízo de valor, devendo, ainda, indicar as testemunhas que não
foram ouvidas, bem como as diligências não realizadas.
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No caso de tráfico internacional, aplica-se o prazo da Lei de Tóxicos (vide item
seguinte), adotando-se o princípio da especialidade.
2.1.2. Tóxicos
3. ARQUIVAMENTO
• oferecer a denúncia;
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O juiz, ao remeter os autos ao Procurador-Geral de Justiça, exerce função
anormal, qual seja, a de fiscal do princípio da obrigatoriedade da ação penal.
Da Ação Penal
1. DA AÇÃO PENAL
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1.1. Conceito
1.2. Características
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processual (legitimação extraordinária), pois só possui o direito de acusar (jus
accusationis), sendo que o direito de punir pertence sempre ao Estado.
Ao lado das condições que vinculam a ação civil, também aplicáveis ao processo
penal (explicitadas no item anterior), a doutrina atribui a este algumas condições
específicas, ditas condições específicas de procedibilidade. São elas:
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- condicionada: depende de representação do ofendido ou de requisição do
ministro da Justiça.
• ação penal privada: nos crimes que afetam a esfera íntima do ofendido
A ação penal privada pode ser exclusivamente privada, personalíssima
ou subsidiária da pública.
A ação penal pública tem como titular exclusivo (legitimidade ativa) o Ministério
Público (artigo 129, inciso I, da Constituição Federal). Para identificação da matéria
incluída no rol de legitimidade exclusiva do Ministério Público, deve-se observar a lei
penal. Se o artigo ou as disposições finais do capítulo nada mencionar ou mencionar as
expressões “somente se procede mediante representação” ou “somente se procede
mediante requisição do ministro da Justiça”, apenas o Órgão Ministerial poderá propor a
denúncia (peça inicial de toda a ação penal pública).
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1.6.2. Princípio da obrigatoriedade ou legalidade
Como o Órgão Ministerial tem o dever de ingressar com a ação penal pública, o
pedido de arquivamento deve ser motivado (artigo 28 do Código de Processo Penal).
Esse princípio foi mitigado com a entrada em vigor da Lei n. 9.099/95 (artigos 74
e 76). No caso de infração de pequeno potencial ofensivo, antes de oferecer a denúncia,
o Ministério Público pode oferecer a transação, um acordo com o autor do fato.
Esse princípio também foi mitigado pela Lei n. 9.099/95 (referente a crimes de
menor potencial ofensivo e contravenções penais - artigo 61); o Ministério Público pode
propor ao acusado a suspensão condicional do processo, conforme artigo 89.
A ação penal não pode passar da pessoa do autor e do partícipe. Somente estes
podem ser processados (não pode ser contra os pais ou representante legal do autor ou
partícipe).
Apesar de o Ministério Público ser o titular exclusivo da ação (somente ele pode
oferecer a denúncia), depende de certas condições de procedibilidade para ingressar em
juízo. Sem estas condições, o Ministério Público não pode oferecer a denúncia.
Se a vítima for menor de 18 anos, somente seu representante legal pode oferecer a
representação. Se o ofendido for incapaz e não tiver representante legal o juiz nomeará
um curador especial que decidirá se representará ou não. Se maior de 18 e menor de 21
anos, tanto ele como seu representante legal têm legitimidade, com prazos
independentes (Súmula n. 594 do Supremo Tribunal Federal), podem oferecer a
representação e, caso haja conflito entre os interesses de ambos, prevalece a vontade de
quem quer representar.
• crime cometido por estrangeiro contra brasileiro, fora do Brasil (artigo 7.º, §
3.º, alínea “b”, do Código Penal);
O ministro da Justiça não tem prazo para oferecer a requisição, pode fazê-lo a
qualquer tempo (não se sujeita aos seis meses de prazo como na representação).
• segundo o Prof. Damásio de Jesus, entre outros, deve-se aplicar a analogia com
o instituto da representação (artigo 25 do Código de Processo Penal), sendo,
portanto, possível a retratação;
1.1. Conceito
1.3. Titular
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No caso de ação penal privada personalíssima, o direito de ação é intransferível.
• Ação penal privada personalíssima: é aquela que só pode ser promovida única
e exclusivamente pelo ofendido. Exemplo: adultério (artigo 240 do Código
Penal), induzimento a erro essencial (artigo 236, parágrafo único, do Código
Penal). Assim, falecendo o ofendido, nada há que se fazer a não ser aguardar a
extinção da punibilidade do agente.
1.5. Prazo
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1.6.1. Princípio da conveniência ou oportunidade
O Ministério Público não pode aditar a queixa para nela incluir os outros
ofensores, porque estaria invadindo a legitimação do ofendido. Para Tourinho Filho,
entretanto, o aditamento é possível com base no artigo 46, § 2.º, do Código de Processo
Penal. Mirabete entende que no caso de não-inclusão involuntária de ofensor na queixa-
crime (por desconhecimento da identidade do co-autor, por exemplo), o Ministério
Público deve fazer o aditamento, nos termos do artigo 45 do Código de Processo Penal.
2. DENÚNCIA E QUEIXA
• Assinatura: a falta não invalida a peça se não houver dúvidas quanto a sua
autenticidade.
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Denúncia alternativa é a descrição alternativa de fatos, de maneira que, não
comprovado o primeiro fato, pede-se a condenação do segundo subsidiariamente
(princípio da eventualidade). A denúncia alternativa é inepta, pois inviabiliza o direito de
defesa. Segundo a Súmula n. 1 das mesas de Processo Penal da Universidade de São
Paulo, a denúncia alternativa não deve ser aceita.
2.3. Omissões
Podem ser suprimidas até a sentença (artigo 569 do Código de Processo Penal).
Prazos especiais:
Seis meses, contados do dia em que o ofendido vier a saber quem é o autor do
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crime. No caso de ação penal privada subsidiária, o prazo será de seis meses, a contar do
esgotamento do prazo para o oferecimento da denúncia.
O Ministério Público pode aditar a queixa para nela incluir circunstâncias que
possam influir na caracterização do crime e na sua classificação, ou ainda na fixação da
pena (artigo 45 do Código de Processo Penal).
O prazo para aditamento da queixa pelo Ministério Público é de três dias, a contar
do recebimento dos autos pelo órgão ministerial. Aditando ou não a queixa, o Ministério
Público deverá intervir em todos os termos do processo, sob pena de nulidade.
O juiz rejeitará a denúncia quando concluir que o fato narrado é atípico ou que
está acobertado por causa de exclusão de ilicitude, porque falta uma condição da ação –
uma verdadeira impossibilidade jurídica do pedido. O artigo 43, inciso I, do Código de
Processo Penal faz coisa julgada material (não pode ser oferecida a denúncia
novamente).
Exemplo: apresentar a denúncia sem representação quando esta for exigida por lei
(artigo 43, inciso III, 2.ª parte, do Código de Processo Penal).
2.8. Renúncia
Não se deve confundir renúncia com desistência, tendo em vista que aquela ocorre
antes da propositura da ação e esta depois da propositura da ação. A única situação de
desistência da ação está prevista no artigo 522 do Código de Processo Penal.
Resposta: Não, por expressa previsão do artigo 104, parágrafo único, do Código
Penal. No caso de infração penal de menor potencial ofensivo, contudo, a homologação
judicial do acordo civil, realizada na audiência preliminar, implica renúncia ao direito de
queixa ou representação (artigo 74, parágrafo único, da Lei n. 9.099/95).
2.10. Perempção
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decidido no crime. Trata-se de efeito genérico que não precisa ser declarado na sentença
penal.
Trata-se da ação civil ex delicto, que pode ser proposta pelo ofendido, seu
representante legal ou seus herdeiros, em razão da ocorrência de um delito. Está disposta
nos artigos 63 a 67 do Código de Processo Penal. É proposta no juízo cível contra o
autor do crime ou seu responsável civil.
Se a ação penal, portanto, ainda estiver em curso, a vítima poderá entrar com a
ação civil no juízo cível para requerer a indenização. Como poderá ocorrer, no entanto, o
conflito de decisões, o juiz da ação civil poderá suspender o curso dessa ação até
julgamento final da ação penal.
• a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime;
Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (artigo 32, §§ 1.º e 2.º, do
Código de Processo Penal), a execução da sentença condenatória (artigo 63 do Código
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de Processo Penal) ou a ação civil (artigo 64 do Código de Processo Penal) será
promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público, nos termos do artigo 68 do
Código de Processo Penal.
Jurisdição e Competência
1. JURISDIÇÃO
1.1. Conceito
1.2. Princípios
• Juiz natural: ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente, que é aquela cujo poder jurisdicional vem fixado em regras
predeterminadas (artigo 5.º, inciso LIII, da Constituição Federal); do mesmo
modo, não haverá juízo ou tribunal de exceção (artigo 5.º, inciso XXXVII, da
Constituição Federal).
• Devido processo legal: ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem
o devido processo legal (artigo 5.º, inciso LIV, da Constituição Federal).
• Inércia: a jurisdição não age de ofício; depende de provocação das partes, pois,
caso contrário, sua imparcialidade ficaria abalada; ne procedat iudex ex oficio.
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• Improrrogabilidade: um juiz não pode invadir a competência de outro, mesmo
com concordância das partes. Apenas, excepcionalmente, admite-se a
prorrogação da competência.
2. COMPETÊNCIA
I – o lugar da infração;
IV – a distribuição;
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V – a conexão ou continência;
VI – a prevenção;
3.1. Foro
Foro é o território dentro do qual determinado órgão judicial exerce sua parcela de
jurisdição.
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competente será tanto o do lugar em que ocorreu a ação ou omissão, quanto o
do local onde se produziu ou deveria se produzir o resultado.
a) Fraude no pagamento por meio de cheque (artigo 171, § 2.º, inciso VI, do
Código Penal)
c) Homicídio
e) Crime permanente
A competência será firmada pela prevenção (artigo 70, § 3.º, do Código de Processo
Penal).
Conforme a natureza da infração, a ação será julgada por uma determinada justiça
competente.
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É estruturada em três níveis:
• Civil que pratique crime contra instituição militar federal. Observação: assim
dispõe a Súmula n. 53 do Superior Tribunal de Justiça: “Compete à Justiça
Comum Estadual processar e julgar civil acusado de prática de crime contra
instituições militares estaduais”. Assim, se o civil cometer crime contra
instituição militar federal, será julgado pela justiça militar federal; se o civil
cometer crime contra instituição militar estadual, será julgado pela justiça
comum estadual.
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Serão julgados pela Justiça Militar Estadual (artigo 125, § 4.º, da Constituição
Federal/88):
Crimes Militares:
Os crimes militares próprios são julgados pela justiça militar. Com relação aos
crimes militares impróprios, o Código Penal Militar estabelece em seu artigo 9.º, inciso
II, as situações em que o crime é praticado em situação de serviço. Nesse caso, ou seja,
se o crime for praticado pelo militar em serviço, será crime militar. Se o militar não
estiver em serviço, será julgado pela justiça comum.
Se o militar em serviço pratica crime não definido no Código Penal Militar, será
julgado pela Justiça Comum. Exemplo: crime de abuso de autoridade – Lei n. 4.898/65.
• crimes dolosos contra a vida praticados por militar contra civil, mesmo em
situação de serviço, também passaram a ser da competência da Justiça
Comum, julgados pelo Tribunal do Júri.
a) Crimes políticos
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São de competência da Justiça Comum Estadual os crimes praticados por indígena
ou contra ele (Súmula n. 140 do Superior Tribunal de Justiça).
Jurisdição e Competência
O foro por prerrogativa de função não é privilégio pessoal, mas sim garantia
inerente a cargo ou função. A razão do legislador, ao atribuir o julgamento a um órgão
colegiado, é evitar que um juiz monocrático pudesse ceder a eventuais pressões,
comprometendo sua imparcialidade. Assim, trata-se de uma garantia à sociedade, pois o
que se busca é a imparcialidade do julgador.
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A Lei n. 8.038/90 dispõe sobre o procedimento para os processos perante o
Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal.
• Por quem tem prerrogativa de função (exemplo: prefeito) e uma pessoa sem
prerrogativa, ambos serão julgados pelo Tribunal de Justiça, pela continência.
• Por duas pessoas que têm prerrogativa de função, por exemplo, prefeito
(Tribunal de Justiça) e senador (Supremo Tribunal Federal). São competências
fixadas pela Constituição Federal/88, não podendo ser reunidas para o
julgamento em conjunto, pois a continência prevista no Código de Processo
Penal é infraconstitucional; ocorrerá, portanto, a disjunção.
Há duas posições.
Para uma primeira corrente, o deputado estadual deverá ser julgado pelo júri popular,
ante a falta de previsão expressa de foro especial na Lei Maior, a qual manda aplicar-lhe
apenas suas regras “sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração,
perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas” (artigo 27, §
1.º). É certo que nada impede venham as constituições estaduais a adotar o foro especial,
mas, não o tendo feito a Carta Federal, esta competência não poderia prevalecer sobre a
constitucional do Júri (artigo 5.º, inciso XXXVIII, alínea d).
O entendimento que nos parece mais correto, no entanto, é o de que, tendo a Carta
Magna estabelecido foro especial para os membros do Poder Legislativo da União, os
Estados, ao repetir em suas constituições idêntica garantia para seus parlamentares, estão
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refletindo em seus textos o dispositivo da Lei Maior. Não há qualquer tipo de inovação
porque o foro por prerrogativa de função para deputados estaduais está em perfeita
sincronia com a Constituição Federal. Esse paralelismo significa que o privilégio estadual
consta também da Carta Federal e, por esta razão, sobrepõe-se à competência do Júri.
Importante:
O Supremo Tribunal Federal tem competência para julgar por crimes comuns
(crimes e contravenções) e por crimes eleitorais:
• Ministros de Estado;
• Parlamentares federais;
• Agentes diplomáticos;
• Procurador-Geral da República.
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O Advogado-Geral da União não está relacionado no artigo 102 da Constituição
Federal/88, mas a doutrina entende que seu cargo tem a mesma hierarquia dos Ministros
de Estado, portanto, também deve ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Hoje,
Medida Provisória já decidiu que tem foro especial.
• Governador;
• Juízes do Trabalho;
• Juízes militares;
• Juízes de Direito;
65
• Juízes da Justiça Militar estadual e juízes de Alçada;
• Prefeitos municipais.
Atenção:
Prefeito Municipal:
Juiz federal:
• Vice-Governador;
• Deputado estadual;
• Secretário de Estado;
• Procurador-Geral de Justiça;
• Procurador-Geral do Estado;
66
• Prefeitos municipais;
• Delegado-Geral de Polícia.
Nos termos do artigo 85 do Código de Processo Penal, nos processos por crime
contra a honra, em que o querelante tiver foro especial no Supremo Tribunal Federal ou
no Tribunal de Apelação, a esses caberá o julgamento da exceção da verdade. Não cabe
a oposição de exceção da verdade:
• Na calúnia:
− se o fato imputado a alguém for crime de ação penal privada, e ele não for
condenado;
67
− se, do crime imputado, embora de ação penal pública, o ofendido foi
absolvido por sentença irrecorrível.
Deve ser oposta quando da defesa prévia; mas para alguns esse prazo não é fatal,
pois é questão de mérito, e o prazo fatal caracterizaria o cerceamento de defesa. Há
posicionamentos contrários.
Oposta a exceção, o querelante tem dois dias para contestá-la. Poderá arrolar no
máximo oito testemunhas. Se na queixa já tiver arrolado quatro testemunhas, poderá
arrolar mais quatro na contestação da exceção, até completar o número legal. Isso
porque, embora o crime seja punido com detenção, o rito é ordinário.
Conforme o artigo 85, do Código de Processo Penal, a exceção será julgada pelo
Tribunal competente. Se o Tribunal julga procedente a exceção, o mérito será julgado
improcedente. Se julga improcedente a exceção, o mérito será julgado procedente ou
improcedente. Observação: o Tribunal só faz o julgamento da exceção, as testemunhas
são ouvidas em 1.ª instância. Depois de julgar a exceção, o Tribunal devolve o processo
para ser julgado, em 1.ª instância, o mérito.
2.1. Prevenção
Geram prevenção:
• Concessão de fiança;
68
2.2. Distribuição
Se for constatado que não houve prevenção, a fixação do juízo competente se dará
por distribuição, que é o sorteio para a fixação do juiz para a causa.
a) Conexão
• Intersubjetiva
• Objetiva
69
• Instrumental ou probatória
b) Continência
• Subjetiva: quando duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração,
configurando-se concurso de agentes. Atenção! Na conexão intersubjetiva são
duas ou mais infrações, na continência subjetiva há apenas uma infração.
• Objetiva
– aberratio ictus – erro na execução com resultado duplo (artigo 73, parte
final, do Código Penal);
• prepondera o local da infração mais grave, isto é, à qual for cominada pena
mais grave (a pena de reclusão é mais grave que a de detenção que é mais
grave que a prisão simples). Se a pena máxima for igual, compara-se a pena
mínima;
70
• sendo iguais as penas (máxima e mínima), prevalece o local onde foi praticado
o maior número de crimes;
Não serão reunidos os processos para julgamento em conjunto nos casos do artigo
79 do Código de Processo Penal:
§ 2.º Co-réu revel que não possa ser julgado à revelia (infração inafiançável, não
comparece no Tribunal do Júri, citação por edital) e na cisão do julgamento durante a
sessão plenária do Júri (artigo 461 do Código de Processo Penal).
• se, por outro motivo relevante, o juiz julgar conveniente a separação (o juiz
tem discricionariedade para determinar isso).
71
2.4. Perpetuação da Competência (Perpetuatio Jurisdicionis)
1. INTRODUÇÃO
72
As questões e os processos incidentes são soluções dadas pela lei processual para
as variadas eventualidades que podem ocorrer no processo e que devem ser resolvidas
pelo juiz antes da solução da causa principal.
2. QUESTÕES PREJUDICIAIS
73
Atenção: questão prejudicial não se confunde com questão preliminar. A questão
preliminar versa sobre pressupostos processuais ou condições da ação. Ambas são
espécies do gênero ‘questões prévias’. Apresentam características em comum:
anterioridade lógica e necessariedade. Mas apresentam diferenças importantes: a questão
prejudicial refere-se a direito material e a questão preliminar refere-se a direito
processual. Também se diferem no tocante à autonomia. As questões prejudiciais podem
ser objeto de processo autônomo, as questões preliminares não. Exemplo: falta de
citação é uma questão preliminar – não se ajuíza processo autônomo para discutir.
a) Quanto à influência:
c) Quanto ao efeito:
74
d) Quanto ao juízo competente:
• Questão prejudicial não-devolutiva: deve ser resolvida pelo juízo criminal. São
sempre questões prejudiciais homogêneas.
Observações:
3. EXCEÇÕES
3.1.1. Procedimento
Se o magistrado não se der por suspeito, qualquer das partes poderá fazê-lo em
petição assinada pela própria parte ou por procurador com poderes especiais. A petição
deve ser fundamentada e acompanhada de prova documental e rol de testemunhas
(artigo 98). Tem legitimidade para argüir a exceção de suspeição: o autor, quando do
oferecimento da denúncia ou a queixa, e o réu (ou seu procurador com poderes
76
especiais), no momento da defesa. Como o defensor dativo não tem procuração, para
que ele possa argüir a exceção, o réu também deve assinar a petição. Se a suspeição for
superveniente, a parte tem que se manifestar, nos autos, no primeiro momento em que
puder. Se a parte não argüir no momento oportuno, equivalerá a reconhecer a capacidade
moral do juiz.
Se o juiz reconhece, remete os autos para seu substituto legal. Dessa decisão não
cabe recurso.
No Júri as partes podem recusar os jurados. As partes podem fazer três recusas
peremptórias, isto é, sem justificação. Havendo justificativa, poderão recusar tantos
quanto necessários. A suspeição do jurado deve ser argüida oralmente imediatamente
após a leitura que o juiz faz da correspondente cédula sorteada (artigo 459, § 2.º, do
Código de Processo Penal). Se o juiz não aceitar a recusa, o jurado tomará parte no
Conselho de Sentença. Tudo constará da ata.
3.1.4. Observações
A incompetência absoluta tem um regime jurídico mais severo por versar sobre
questões de interesse público. Exemplo: o lugar da consumação do delito facilita busca
de provas. Não é só interesse da parte. Há também interesse público.
A exceção pode ser oposta pelo réu, querelado e Ministério Público, quando este
atue como fiscal da lei. Todavia, segundo a doutrina, não pode ser argüida pelo autor da
ação.
A argüição deve ser feita no prazo de três dias da defesa prévia, tratando-se de
incompetência relativa (territorial), sob pena de prorrogação. Se a incompetência for
absoluta, poderá ser feita a qualquer tempo.
79
O recebimento da denúncia ou queixa interrompe a prescrição.
Processamento:
• Mesmas partes;
Instaurado inquérito policial com ação já em curso, sem existir requisição do juiz
ou do Ministério Público para realização de diligências complementares, caracteriza-se
constrangimento ilegal sanável por habeas corpus.
Havendo duas ações iguais, uma delas será excluída. Exclui-se a segunda.
Há quem entenda que, se alguém foi absolvido, não pode ser pelo mesmo crime
novamente processado. Leva-se em conta o fato concreto, não importa a conduta
descrita; se foi absolvido pelo fato, não pode novamente ser processado.
81
Processamento:
Funda-se na proibição de uma mesma pessoa ser processada mais de uma vez
pelos mesmos fatos (non bis in idem).
A coisa julgada é uma qualidade dos efeitos da decisão final, marcada pela
imutabilidade e irrecorribilidade. Tratando-se de sentença condenatória, a imutabilidade
é relativa, pois pode haver revisão criminal, indulto, anistia, unificação das penas. A
sentença absolutória, todavia, é imutável, pois não há revisão criminal pro societate.
Assim, se um sujeito foi julgado por um fato, resultando uma decisão irrecorrível,
não poderá ser julgado novamente pelo mesmo fato. Havendo identidade de demanda
(ver item anterior), não poderá haver um segundo julgamento.
Processamento:
82
• Pode ser argüida a qualquer tempo.
• Ouve-se o réu (se foi o Ministério Público que argüiu) ou o Ministério Público
(se foi o réu que argüiu).
4. CONFLITO DE JURISDIÇÃO
O assunto é tratado com este título no Código de Processo Penal, mas o correto
seria dizer conflito de competência, pois todo juiz tem jurisdição.
Regras:
84
• Conflito entre dois Promotores de Justiça do mesmo Estado: é decidido pelo
Procurador-Geral de Justiça.
• defensor;
• curador;
85
Pergunta: No interrogatório o juiz percebe a insanidade mental do acusado. O
defensor alega que seu cliente foi interditado em processo cível; ainda assim deve-se
realizar o incidente de insanidade mental?
• instrumento do crime;
87
• produto direto do crime cujo fabrico, alienação, porte, uso ou detenção
constitua fato ilícito, ressalvado o direito de lesado ou terceiro de boa-fé (artigo
91, inciso II, alínea “b”, do Código Penal).
1. DA PROVA
1.1. Conceito
Prova é todo elemento trazido ao processo, pelo juiz, pelas partes ou por terceiros
(exemplo: peritos), destinado a comprovar a realidade de um fato, a existência de algo
ou a veracidade de uma afirmação. Sua finalidade é fornecer subsídios para a formação
da convicção do julgador.
• O direito não pode ser objeto de prova, pois o juiz o conhece (iura novit curia);
salvo se for direito consuetudinário, estrangeiro, estadual ou municipal.
89
Atenção: no Processo Penal, os fatos incontroversos também são objeto de prova;
não se aplica a regra que incide no Processo Civil.
Meios de prova são os métodos por meio dos quais a prova pode ser levada ao
processo. Os meios de prova podem ser:
inominados: são aqueles meios de prova que não estão previstos expressamente
na legislação. Exemplo: juntar fita de vídeo, contendo imagens de um programa
de TV em que o acusado aparece, a fim de mostrá-lasaos jurados.
1. PERÍCIAS
A perícia pode ser realizada a qualquer momento, desde o Inquérito Policial até
a execução. Quando realizada no inquérito, a perícia é determinada pela autoridade
policial, que pode determinar a realização de qualquer perícia, exceto a perícia de
insanidade mental, que somente pode ser determinada pelo juiz. O juiz pode
determinar a realização de qualquer perícia. Nos termos do artigo 26, inciso I, alínea
“b”, da Lei n. 8.625/93, o promotor pode requisitar perícia dentro de procedimento
presidido por ele, como por exemplo, durante inquérito civil.
As partes não podem interferir na nomeação dos peritos (artigo 276 do Código de
Processo Penal). Não há no Processo Penal a figura do assistente técnico. As partes
podem requerer, particularmente, uma perícia e juntá-la aos autos.
• fundamentação (doutrina);
• conclusão (doutrina).
Sempre a perícia deve ser realizada por dois peritos, sob pena de nulidade relativa.
2. INTERROGATÓRIO
2.1. Introdução
Interrogatório é o ato processual pelo qual o acusado é ouvido pelo juiz sobre a
imputação contra ele formulada. O interrogatório possibilita ao acusado o exercício de
autodefesa.
O artigo 188 do Código de Processo Penal estabelece o roteiro das perguntas que
devem ser feitas no interrogatório.
• Ato processual oral. Exceções: para o surdo, as perguntas serão feitas por
escrito e respondidas oralmente; para o mudo as perguntas serão feitas
oralmente e respondidas por escrito; para o surdo-mudo, as perguntas e as
respostas serão feitas por escrito. Se o réu for estrangeiro ou surdo-mudo e
analfabeto, será nomeado um intérprete que funcionará também como curador.
• Ato individual.
• Ato privativo entre juiz e réu. As partes não podem fazer reperguntas. O
defensor poderá, entretanto, zelar pela regularidade formal do processo. Com
a entrada do Novo Código Civil, não se exige mais a presença de curador para
o menor de 21 anos.
95
No procedimento da Lei n. 9.099/95, o momento do interrogatório é posterior à
oitiva das testemunhas.
96
Será necessária, todavia, a nomeação de curador para o interrogatório do silvícola
não adaptado e do doente mental.
3. CONFISSÃO
3.1. Conceito
Confissão é a admissão pelo réu da autoria dos fatos a ele imputados. A confissão
refere-se à autoria do fato. A materialidade do delito não é objeto da confissão. A
confissão feita perante a autoridade judicial configura atenuante genérica nos termos do
artigo 65, inciso III, alínea “d”, do Código Penal. A confissão não é mais considerada a
rainha das provas; ao magistrado caberá apreciar a confissão em consonância com as
demais provas produzidas.
• Qualificada: quando o réu admite a autoria dos fatos a ele imputados, mas
alega algo em seu benefício, opõe um fato modificativo ou impeditivo, por
exemplo: excludente de antijuridicidade, culpabilidade.
• Implícita: quando o acusado não admite a autoria, mas realiza atos que levam
indiretamente à conclusão de que ele é o autor do delito. Exemplo: quando o
acusado procura ressarcir o ofendido dos prejuízos causados pela infração.
4. PROVA TESTEMUNHAL
4.1. Conceito
4.2. Classificação
• direta ou “de visu”: depõe sobre os fatos que presenciou – teve contato direto;
• indireta ou “de audito”: depõe sobre os fatos que tomou conhecimento por terceiros,
que “ouviu dizer”;
98
• referida: são aquelas citadas no depoimento de outra testemunha; serão ouvidas como
testemunhas do Juízo;
• numerária: testemunha arrolada pela parte de acordo com o número máximo legal e
que são compromissadas (número máximo: 8 no processo comum; 5 no processo
sumário; 5 no plenário do júri; 3 no juizado especial criminal);
4.3. Características
99
• Depor e dizer a verdade: acerca do que souber e sobre o que lhe for perguntado. O
juiz deverá advertir a testemunha das penas do falso testemunho. A testemunha não
pode se recusar a depor. O cônjuge, o ascendente, o descendente e o irmão do réu,
entretanto, são dispensados de depor, exceto se não for possível, por outro modo,
obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. Eles têm a obrigação
de comparecer, mas não de depor. Se vierem a depor, não prestam compromisso de
dizer a verdade (artigo 208 do Código de Processo Penal).
4.5. Informantes
100
Informantes são as pessoas que não prestam compromisso de dizer a verdade.
São os menores de 14 anos e os deficientes mentais.
4.6. Contradita
4.7. Intimação
5. DECLARAÇÕES DO OFENDIDO
Sempre que possível, o juiz deverá ouvir o sujeito passivo da infração (artigo 201
do Código de Processo Penal).
101
A esse meio de prova se aplicam as mesmas regras da prova testemunhal, observado
o seguinte:
· Vítima não responde pelo crime de falso testemunho (observação: se der causa a
investigação policial ou a processo judicial, imputando a alguém crime de que o
sabe inocente, responderá pelo crime de denunciação caluniosa).
· Vítima não precisa ser arrolada pelas partes, devendo ser ouvida de ofício pelo
juiz.
1.1. Juiz
Para desempenhar suas funções, o Estado confere ao juiz poderes que são na
verdade instrumentos para que o juiz possa julgar (artigo 251 do Código de Processo
Penal). Esses poderes são:
Processo Penal);
•Investidura: a jurisdição só pode ser exercida por quem tenha sido regularmente
investido na função de juiz, atualmente pela aprovação em concurso público de
provas e títulos, observando-se nas nomeações a ordem de classificação (artigo
93, inciso I, da Constituição Federal).
103
•Imparcialidade: o juiz deve estar, no processo, acima e eqüidistante das partes,
super et inter partes. O juiz não pode ter qualquer interesse na solução da lide. Se
presentes algumas das causas de suspeição (artigo 254 do Código de Processo
Penal), impedimento (artigo 252 do Código de Processo Penal) ou
incompatibilidade (artigo 253 do Código de Processo Penal), o juiz deverá ser
afastado do processo. Os casos de impedimento são mais graves e acarretam a
inexistência do ato realizado pelo juiz impedido. Na suspeição, o juiz tem
interesse no resultado do processo, assim a suspeição gera a nulidade absoluta do
processo. Para a jurisprudência e parte da doutrina, o rol que trata do impedimento
e da suspeição, por ser restritivo de direitos, é um rol taxativo que não pode ser
ampliado. No processo penal, o juiz também pode declinar de sua atuação por
motivo de foro íntimo.
1.2. Autor
O Ministério Público atuará sempre no processo penal, seja como autor na ação
penal pública, seja como custus legis, isto é, fiscal da lei, na ação penal privada. Mesmo
enquanto autor da ação penal pública, o Ministério Público não deixa de atuar como
fiscal da lei, em razão dos interesses públicos que representa.
104
O Ministério Público tem natureza jurídica de parte no processo penal, mas não se
trata de uma parte qualquer, pois age motivado por interesses públicos. Por isso, possui
algumas peculiaridades, como a possibilidade de impetrar habeas corpus e de recorrer
em favor do réu.
A atuação do Ministério Público deve ser imparcial, e para que isso seja possível a
Constituição Federal assegura ao órgão como um todo e aos seus membros algumas
garantias. Ao Ministério Público garante: estruturação em carreira, autonomia
administrativa e orçamentária, limitações à liberdade do chefe do executivo para
nomeação e destituição do procurador-geral, vedação de promotores ad hoc etc. Aos
membros a Constituição Federal garante: ingresso na carreira mediante concurso público
de provas e títulos, vitaliciedade, inamovibilidade, irredutibilidade de vencimentos etc.
1.2.2. Querelante
•Contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes (artigo 5.º,
inciso LV, da Constituição Federal). A ampla defesa compreende a defesa técnica,
exercida por profissional habilitado, e a autodefesa, manifestada no interrogatório,
no direito de audiência com o juiz, possibilidade de interpor recurso etc.
Observação: o acusado poderá, sem o defensor: impetrar habeas corpus, interpor
recurso (salvo algumas exceções), promover revisão criminal, pagar fiança
arbitrada pelo juiz e argüir suspeição.
•Direito de estar em juízo, devendo para tanto ser regularmente citado. Sendo
citado, o acusado poderá ou não comparecer em juízo, conforme sua
conveniência. Poderá até utilizar sua ausência como meio de defesa. Há casos,
106
entretanto, em que a presença do acusado é obrigatória, como nos crimes
inafiançáveis da competência do Tribunal do Júri, cujo julgamento não se realiza à
revelia (artigo 451, § 1.º, do Código de Processo Penal). Há também outros atos
que reclamam a presença do acusado. “Se o acusado não atender à intimação para
o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que sem ele não possa ser
realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença” (artigo 260 do
Código de Processo Penal). Quanto ao interrogatório vale a seguinte observação:
o réu pode calar-se quanto aos fatos, mas deve comparecer para ser qualificado.
•Direito à defesa técnica. “O preso será informado de seus direitos, entre os quais
o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de
advogado” (artigo 5.º, inciso LXIII, da Constituição Federal). “Nenhum acusado,
ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor” (artigo
261 do Código de Processo Penal). Se o réu não tiver advogado constituído, o juiz
deverá nomear um. A ausência de defesa técnica gera nulidade absoluta. A defesa
deficiente poderá gerar nulidade, se houver demonstração de prejuízo para o réu.
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal;
107
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por
seu interrogatório policial;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança;
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que
ficar preso além do tempo fixado na sentença;
1.4. Defensor
•defensor: é nomeado pelo juiz e pode ser dativo (para o réu que, podendo, não
constitui procurador) ou público (para o réu necessitado que não tem condições de
constituir procurador);
Se o réu tiver condições de pagar procurador e não constituir um, o juiz nomear-
lhe-á defensor dativo, mas nesse caso ser-lhe-ão cobrados honorários advocatícios,
arbitrados pelo juiz.
O defensor nomeado pelo juiz tem o dever de aceitar a função, só podendo recusá-
la por motivo justificado, sob pena de infração disciplinar.
109
Se existirem vários réus, o juiz deverá nomear um defensor para cada um deles, a
fim de evitar colidência das teses defensivas, o que ensejaria nulidade absoluta.
A falta do defensor, ainda que motivada, não implica adiamento do ato processual,
devendo o juiz nomear ao réu um substituto ad hoc para o ato.
1.5.1. Introdução
Para Tourinho, o Estado não pode intervir, pois o Ministério Público já defende o
interesse público. Não há necessidade de o Estado participar como assistente da
acusação.
•No mesmo sentido, o artigo 26, parágrafo único, da Lei n. 7.492/86 (crimes
contra o sistema financeiro), permite a intervenção da Comissão de Valores
Mobiliários (CVM) e do Banco Central do Brasil em alguns casos.
110
•Artigo 80 do Código de Defesa do Consumidor - Lei n. 8.078/90 - nos crimes
previstos nessa lei.
111
1.5.3. Admissão do Assistente
O assistente pode propor perícias, acareações etc., sendo que sobre a proposta o
juiz decide, ouvido o Ministério Público.
112
O assistente pode arrolar testemunhas?
c) Aditar o libelo
O prazo para aditamento do libelo é de dois dias, por analogia ao artigo 420 do
Código de Processo Penal. O assistente não pode aditar a denúncia, que é peça exclusiva
do Ministério Público.
d) Aditar articulados
113
Apelação interposta pelo Ministério Público deve ser arrazoada no prazo de 3 dias
(artigo 600, § 1.º, do Código de Processo Penal). O recurso em sentido estrito, no
silêncio da lei, deve ser arrazoado em 2 dias, pois é o mesmo conferido ao parquet
(artigo 588 do Código de Processo Penal).
1.1. Conceito
A prisão será efetuada sem o respectivo mandado somente nos casos de prisão em
flagrante, transgressão militar, durante estado de sítio e no caso de recaptura do
evadido.
O Código Eleitoral prevê que, 5 dias antes e 48h depois do dia da eleição, não
podem ser cumpridos mandados judiciais de prisão processual. Tal disposição visa
assegurar o exercício do direito político. Podem, entretanto, ser efetuadas as prisões em
flagrante e as decorrentes de sentença penal condenatória com trânsito em julgado.
1.2. Espécies
− prisão em flagrante;
− prisão preventiva;
− prisão temporária;
• Prisão Civil. A Constituição Federal não permite a prisão civil por dívida, salvo
a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
alimentícia e a do depositário infiel, conforme art. 5.º, inc. LXVII, da
Constituição Federal.
O Código de Processo Penal, nos arts. 285 e ss., trata do mandado (ordem) de
prisão. Conforme dispõe esse diploma, a autoridade judicial que ordenar a prisão
expedirá o respectivo mandado, que será lavrado pelo escrivão e assinado pela
autoridade competente. Além de designar pelo nome ou sinais característicos a pessoa a
ser presa, o mandado mencionará a infração penal que motivou a prisão, declarará o
valor da fiança, se afiançável o delito, e será dirigido a quem tenha qualidade para
executá-lo. O mandado será apresentado em duplicata, e o preso passará recibo em uma
das vias. A execução do mandado será realizada em qualquer dia e horário, guardadas as
disposições sobre inviolabilidade de domicílio. Na prisão em flagrante, não há
inviolabilidade de domicílio. Exemplo: guardar entorpecentes em casa é um crime
permanente, sua consumação se prolonga no tempo. A prisão em flagrante pode ocorrer
a qualquer momento.
117
• Flagrante facultativo: é a faculdade que qualquer um do povo tem de efetuar
ou não a prisão em flagrante, conforme os critérios de conveniência e
oportunidade.
•A primeira entende que o crime habitual exige a reiteração de condutas, logo, não
cabe a prisão em flagrante.
A ação penal privada não impede a prisão em flagrante, desde que o ofendido
autorize a lavratura do auto ou a ratifique no prazo da entrega da nota de culpa, ou seja,
em 24h.
118
Não podem ser presos em flagrante:
• Diplomatas estrangeiros.
• Presidente da República.
• deputados estaduais;
• magistrados;
Se o fato foi praticado contra autoridade ou em sua presença, ela própria, desde
que investida de suas funções, poderá lavrar o auto.
Como o prazo para a entrega da nota de culpa ao preso é de 24 horas, por dedução
lógica, o prazo para lavratura do auto também é de 24 horas.
119
• Comunicação ao preso de seus direitos, dentre eles os de permanecer em
silêncio no interrogatório. Deve-se também comunicar sua família ou seu
advogado sobre a prisão. O direito do preso é o de comunicar e não o de ser
assistido.
• Após 24 horas, deve ser entregue ao preso a nota de culpa, que é o instrumento
que informa ao preso os motivos da prisão. Deve ser assinado pelas
testemunhas. A falta da nota de culpa também acarreta o relaxamento da prisão.
120
Se o Ministério Público, ao invés de oferecer a denúncia, devolver os autos para
diligências complementares, não poderá ser decretada a preventiva, pois não estão
caracterizados os indícios da autoria – falta o fumus boni iuris.
A prisão preventiva não pode ser decretada nas infrações penais em que o réu se
livra solto.
• Periculum in mora:
121
1.8. Prisão Temporária
A prisão temporária não está prevista no Código de Processo Penal, mas na Lei n.
7.960/89. Suas principais características são:
• Tem prazo determinado. Esgotado o prazo, o acusado deve ser solto. Em regra,
o prazo é de 5 dias, prorrogáveis por mais 5 em caso de extrema e comprovada
necessidade. Nos crimes hediondos e assemelhados (Lei n. 8.072/90), o prazo
é de 30 dias prorrogáveis. Apesar de ter prazo predeterminado, pode ser
revogada antes disso.
• É uma prisão de natureza cautelar, só tem razão de ser quando necessária. Após
esgotado o prazo, o acusado pode continuar preso, se houver a conversão da
prisão temporária em prisão preventiva.
• quando houver fundadas razões– provas de o agente ser autor ou ter participado
dos seguintes crimes:
− extorsão;
− estupro;
122
− genocídio;
− homicídio doloso;
− quadrilha ou bando;
− roubo;
− rapto violento;
− tráfico de drogas.
O rol do art. 1.º, inc. III, da Lei n. 7.960/89 é taxativo, mas não se esgota ali; a Lei
n. 8.072/90 o complementa.
Posições:
•Uma primeira corrente, sustentada pelos Profs. TOURINHO e MIRABETE, afirma que
os requisitos são alternativos.
•Uma segunda, sustentada pelo Prof. SCARANCE, estabelece que os requisitos são
cumulativos e que todos devem estar presentes para que seja decretada a
temporária. Inviabiliza, na prática, a aplicação da lei..
•Uma terceira corrente, sustentada pelo Prof. VICENTE GRECO FILHO, entende que os
requisitos são alternativos, porém, o juiz só poderá decretar a prisão temporária se
presentes os fundamentos da preventiva (GOP, GOE, GALP, CIC).
•Uma quarta, sustentada pelos Profs. DAMÁSIO DE JESUS e MAGALHÃES GOMES FILHO,
sustenta que, como em toda prisão cautelar, devem estar presentes o fumus boni
iuris e o periculum in mora. Na temporária, o periculum in mora é o requisito do
art. 1.º, incs. I ou II, da Lei n. 7.960/89; e o fumus boni iuris é o requisito do art.
1.º, inc. III, da Lei 7.960/89. O juiz, portanto, no caso concreto, vai decretar a
temporária se estiverem presentes:
123
Prisão e Liberdade Provisória
O artigo 393, inciso I, do Código de Processo Penal dispõe que um dos efeitos da
sentença condenatória recorrível é ser o réu preso ou conservado na prisão, seja no caso
de infrações inafiançáveis, seja nas afiançáveis – enquanto não prestar fiança. O artigo
594 do Código de Processo Penal dispõe que o réu não poderá apelar sem estar
recolhido à prisão ou prestar fiança, salvo se for primário e de bons antecedentes – assim
reconhecido na sentença condenatória – ou condenado por crime de que se livre solto.
Em virtude desses dispositivos, são requisitos da prisão por sentença condenatória
recorrível:
Ser a infração inafiançável ou, se afiançável, não tiver sido paga a fiança.
124
A Lei n. 6.368/76 (tóxicos), no artigo 35, e a Lei n. 9.034/95 (organizações
criminosas), no artigo 9. º, vedam a possibilidade de o réu apelar em liberdade.
Na visão da doutrina, o réu só poderá ser preso por força de sentença condenatória
recorrível quando o encarceramento se mostrar necessário. Isso ocorre quando presentes
os requisitos da prisão preventiva (fumus boni iuris, que é a sentença condenatória
recorrível; e o periculum in mora, garantia da ordem pública, garantia da ordem
econômica, conveniência da instrução criminal, garantia da aplicação da lei penal).
Deve-se compatibilizar essa prisão com o princípio constitucional do estado de
inocência. Só os requisitos do artigo 594 do Código de Processo Penal não podem
determinar a prisão, pois seria execução antecipada da pena.
Em virtude desses dispositivos, são pressupostos para que o réu seja preso por
sentença de pronúncia:
réu pronunciado;
ser o crime inafiançável ou, se afiançável, o réu não ter pago fiança (nos
crimes dolosos contra a vida, são afiançáveis o infanticídio, artigo 123
do Código Penal, e o aborto provocado pela gestante ou com seu
consentimento, artigo 124 do Código Penal);
Liberdade Provisória
crimes punidos com reclusão, em que a pena mínima for superior a dois anos;
crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade, se o réu for reincidente
doloso;
crimes punidos com reclusão e que provoquem clamor público, ou que tenham
sido cometidos com violência contra a pessoa ou grave ameaça;
127
nos crimes hediondos e assemelhados, salvo em caso de tortura que, apesar de
inafiançável, admite a liberdade provisória;
Resposta: Não, pois a Constituição prevê que “ninguém será levado à prisão ou
nela mantido quando a lei admitir a liberdade provisória com ou sem o pagamento de
fiança”, logo, nos casos em que a lei não admite a liberdade provisória, pode vedá-la.
Fiança
São infrações inafiançáveis, além dos casos previstos nos artigos 323 e 324 do
Código de Processo Penal:
crimes de racismo;
A autoridade policial pode arbitrar a fiança nas infrações punidas com detenção e
prisão simples; nos demais casos, compete ao juiz (artigo 322 do Código de Processo
Penal).
128
obrigação de comunicar ao Juízo qualquer mudança de endereço;
O valor da fiança será fixado pela autoridade, conforme o disposto no artigo 325
do Código de Processo Penal. Será de 1 (um) a 5 (cinco) salários mínimos quando a
pena privativa de liberdade for de até 2 (dois) anos; de 5 (cinco) a 20 (vinte) salários
mínimos quando a pena privativa de liberdade for de, no máximo, 4 (quatro) anos; de 20
(vinte) a 100 (cem) salários mínimos quando a pena privativa de liberdade for superior a
4 (quatro) anos.
Conforme a situação econômica do réu, o valor da fiança pode ser reduzido até o
máximo de dois terços ou aumentada até o décuplo (artigo 325, § 1.º, incisos I e II, do
Código de Processo Penal).
natureza da infração;
Poderá ser necessário o reforço da fiança, nos casos previstos pelo artigo 340 do
Código de Processo Penal; não sendo reforçada, a fiança será cassada e o réu será
recolhido à prisão. Será exigido o reforço quando:
A fiança será cassada quando se verificar, posteriormente, que não era cabível
(artigos 338, 339 e 340, parágrafo único, do Código de Processo Penal). Se a fiança foi
concedida por autoridade policial, compete ao juiz cassá-la; se foi concedida por juiz,
será cassada por tribunal mediante recurso da acusação.
Quando o réu deixar de recolher-se à prisão, sendo isso necessário, perderá todo o
valor depositado a título de fiança.
130
O recurso adequado para as decisões sobre fiança será o recurso em sentido estrito
(artigo 581, incisos V e VII), da decisão que concede, cassa, julga inidônea, decreta o
seu quebramento, nega, arbitra e declara perdido o seu valor.
O Ministério Público não precisa ser ouvido para concessão de fiança; deverá,
contudo, ser intimado da decisão, para interpor recurso se achar necessário.
Se o réu não for condenado, o valor da fiança lhe será restituído, deduzido
eventual montante declarado perdido.
Se o réu for condenado, o valor da fiança será destinado ao pagamento das custas
processuais (no Estado de São Paulo não há custas processuais no processo penal), ao
pagamento de multa criminal e ainda pode ser revertido no pagamento de indenização
civil ex delicto.
1. CITAÇÃO
1.1. Conceito
A falta de citação no processo penal causa nulidade absoluta do processo (art. 564,
III e IV, do CPP), pois contraria os princípios constitucionais do contraditório e da ampla
defesa. Exceção: o art. 570 do Código de Processo Penal dispõe que se o réu comparece
em juízo antes de consumado o ato, ainda que para argüir a ausência de citação, sana a
sua falta ou a nulidade. Nesse caso, o juiz ordenará a suspensão ou o adiamento do ato.
131
A citação pode ser de duas espécies:
citação pessoal;
No processo penal não há citação ficta por hora certa. A citação ficta é somente a
editalícia.
Citação é o ato processual por meio do qual se chama a juízo o réu para
comparecer e defender-se.
Somente o acusado pode ser citado, ainda que seja mentalmente enfermo, a
citação não poderá ser feita na pessoa do representante legal. Exceção: se já houver sido
instaurado incidente de insanidade mental e a perturbação for conhecida do juízo, a
citação se fará na pessoa do curador do acusado.
Se a perturbação mental ainda não for conhecida do juízo, mas o Oficial de Justiça
a constata por ser aparente, deverá certificar a ocorrência no verso do mandado, a fim de
que o juiz possa determinar a instauração do incidente de insanidade mental.
132
O efeito da contumácia é a revelia. O processo prosseguirá sem a presença do
acusado que, citado ou intimado, deixou de comparecer ou, no caso de mudança de
endereço, não comunicou o novo endereço ao juízo (art. 367 do CPP).
A citação válida no processo penal não torna prevento o juízo, não interrompe a
prescrição e não induz à litispendência.
133
1.6. Citação Real ou Pessoal (espécies e comentários)
A citação por mandado (prevista nos arts. 352 ao 357 do CPP) é cumprida por
Oficial de Justiça. Destina-se à citação do réu em local certo e sabido dentro do território
do juiz processante. O mandado de citação indicará o nome do juiz, do qual emanou a
ordem; o nome do réu ou querelante; sua residência, se for conhecida; o fim para que é
feita a citação; o juízo; o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer; a
subscrição do escrivão e a rubrica do juiz.
A citação pode ser realizada em qualquer tempo, dia e hora, inclusive domingos e
feriados, durante o dia ou à noite. Não se deve, todavia, proceder à citação: de doente,
enquanto grave o seu estado; de noivos, nos três primeiros dias de bodas; de quem
estiver assistindo ato de culto religioso; de cônjuge ou outro parente de morto
(consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, em segundo grau) no dia do
falecimento e nos sete dias seguintes.
A citação por precatória destina-se à citação do réu que está em lugar certo e
sabido, porém fora da jurisdição do juiz processante (art. 353 do CPP). A precatória
indicará o juiz deprecante e o deprecado, suas respectivas sedes, o fim da citação e o
juízo do lugar, dia e hora em que o réu deverá comparecer.
A citação por carta rogatória destina-se à citação do réu que se encontra em lugar
certo e sabido, mas no estrangeiro ou em legações estrangeiras (embaixadas).
Anteriormente, o réu que estava no estrangeiro era citado por edital. Hoje, com a
Lei n. 9.271/96, a citação é pessoal, através de rogatória. Exceção: se o Estado
estrangeiro se recusar a cumprir a rogatória do Brasil, o réu será citado por edital. Nesse
caso, considera-se que ele está em local inacessível (art. 363, I, do CPP).
A citação por carta de ordem tem disciplina idêntica à da citação por precatória. É
expedida por um órgão superior para ser cumprida por órgão inferior. Em geral são
determinadas pelos tribunais nos processos de sua competência originária. Ex.: o TJ
pede para o juiz de primeira instância cumprir um mandado citatório de um réu residente
em sua comarca e que goze de prerrogativa de foro.
O funcionário público será citado por mandado (atenção: somente são citados por
requisição o preso e o militar), mas é necessária a expedição de um ofício ao chefe da
repartição onde o citando trabalha, notificando-o do dia, hora e lugar em que o
funcionário deverá comparecer (art. 359 do CPP). Visa possibilitar a continuidade do
135
serviço público, providenciando-se a substituição do funcionário. A falta da expedição
desse ofício não invalida a citação. Se o citando for magistrado, deverá ser comunicado
ao Presidente do Tribunal de Justiça; se for membro do Ministério Público, deverá ser
comunicado ao Procurador-Geral de Justiça.
quando réu está em lugar incerto e não sabido (“LINS”), o prazo será de
15 dias;
quando for incerta a pessoa do réu a ser citada, o prazo será de 30 dias
(art. 363, inc. II, do CPP);
quando o réu estiver se ocultando para não ser citado, o prazo será de 5
dias (art. 362 do CPP);
O edital será afixado na porta do juízo e será publicado na imprensa, onde houver.
Essa regra do art. 366 do Código de Processo Penal é híbrida, isto é, tem
dispositivos de direito processual (quando trata da suspensão do processo) e dispositivos
de direito penal (quando trata da suspensão do prazo prescricional). Em normas híbridas,
a parte que trata de direito material comanda a retroatividade ou não da norma, pois
afeta o direito do Estado de punir. Nesse caso, como a norma estabelece uma situação
pior para o réu, ela não se aplica aos processos existentes antes de sua publicação, pela
proibição da reformatio in pejus.
Da decisão que aplica o art. 366 do Código de Processo Penal cabe recurso em
sentido estrito por analogia ao art. 581, inc. XVI, do Código de Processo Penal. Há
acórdãos entendendo que interposta a apelação, essa poderá ser recebida em razão do
princípio da fungibilidade.
1.8. Intimação
Conforme o art. 370 do Código de Processo Penal, nas intimações dos acusados,
testemunhas e demais pessoas que devam tomar conhecimento de qualquer ato, serão
observadas as regras previstas para as citações. A intimação também pode ser feita pelo
escrivão – o que não é permitido nas citações – por despacho em petição que servirá de
mandado, por termos nos autos, pela publicação no órgão oficial e pelo correio.
As intimações poderão ser realizadas no curso das férias forenses, pois os prazos
correm da data da intimação. Conforme a Súmula n. 310 do Supremo Tribunal Federal,
quando a intimação tiver lugar na sexta-feira ou a publicação com efeito de intimação
for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não
houver expediente, caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir.
137
1. SENTENÇA
Conceito
Despachos: são os atos judiciais sem carga decisória, incapazes de trazer prejuízo
às partes e que determinam a marcha do processo. Os despachos, em regra, são
irrecorríveis; excepcionalmente admite-se correição parcial ou mesmo habeas
corpus.
b) Decisões interlocutórias:
mistas:
não-terminativas: encerram uma fase, uma etapa processual, sem pôr fim ao
processo. Ex.: decisão de pronúncia.
c) Sentenças:
138
terminativa de mérito: é a decisão que julga o mérito sem condenar ou
absolver o réu, como, por exemplo, extinção da punibilidade. É
recorrível via recurso em sentido estrito, ou apelação;
absolutória:
a inexistência do fato;
139
Chama-se sentença suicida aquela cuja fundamentação conflita com o dispositivo.
Requisitos intrínsecos:
140
A publicação da sentença é uma formalidade de suma importância; enquanto não
for publicada, a sentença não pode ser considerada como um ato processual. A
publicação da sentença ocorre:
A regra trazida no art. 370, §§ 1.º e 2.º, do Código de Processo Penal (intimação
do defensor constituído pela imprensa) não é verificada para a sentença, que possui
disposição específica no art. 392 do Código de Processo Penal.
Exige que, entre a sentença e o pedido, haja uma correlação, não admitindo
decisões de modo diverso, além ou aquém (extra, ultra ou citra petita) do que consta na
denúncia ou queixa.
Tal princípio decorre da inércia da jurisdição, que limita o julgador aos termos da
provocação. Se desbordar essa restrição, o juiz estará violando a imparcialidade.
141
1.5. Emendatio Libelli e Mutatio Libelli
A mutatio libelli, art. 384 do Código de Processo Penal, ocorre quando o juiz, na
sentença, reconhece a possibilidade de dar ao fato descrito na inicial nova caracterização
– não se trata de classificação jurídica diversa, mas sim de modificação (mutatio) dos
fatos narrados na acusação, em virtude de:
A nova classificação do fato pode ensejar uma pena menor, igual ou maior que a
anteriormente prevista.
Se a pena for menor ou idêntica à anterior deve-se observar o disposto no art. 384,
caput, do Código de Processo Penal. O juiz deve baixar os autos para a manifestação da
defesa, que no prazo de 8 dias deverá produzir provas, podendo arrolar até 3
testemunhas.
Se a pena for maior que a anterior, deve ser observado o art. 384, par. ún., do
Código de Processo Penal. O juiz deve baixar os autos para o Ministério Público aditar a
denúncia no prazo de 3 dias (usa-se por analogia o prazo do art. 46, § 2.º, do CPP). Em
seguida, abre-se o prazo de 3 dias para a defesa se manifestar, arrolar até 3 testemunhas,
e requerer a produção de provas.
142
O juiz, ao baixar os autos para o Ministério Público aditar a denúncia e a defesa se
manifestar, deve ser cauteloso para não antecipar o julgamento. Ex.: não pode
afirmar “não foi furto, foi roubo”. O juiz também não pode ser lacônico a
ponto de não indicar às partes a razão pela qual aplica o art. 384, par. ún., do
Código de Processo Penal, devendo, por exemplo, dizer: “... baixem-se os
autos nos termos do art. 384, par. ún., do CPP, em virtude das declarações
prestadas a fls...”
Se o Ministério Público recusa-se a aditar a denúncia, deve ser usado por analogia
o art. 28 do Código de Processo Penal (que determina a remessa dos autos ao
Procurador-Geral).
P.: O art. 384, par. ún., do Código de Processo Penal aplica-se também à ação
penal privada?
R.: O art. 384, caput, do Código de Processo Penal é aplicável à ação penal
privada. O parágrafo único do Código de Processo Penal aplica-se à queixa na ação
penal privada subsidiária da pública; quanto à ação penal privada propriamente dita, a
doutrina diverge:
Não, não se aplica porque a lei exclui essa possibilidade. Não foi esquecimento
do legislador, foi omissão proposital. Se fosse possível a aplicação do
parágrafo único do art. 384 do Código de Processo Penal à ação penal
privada, estar-se-ia admitindo a possibilidade de o juiz obrigar o querelante
a aditar a queixa, ampliando a acusação, o que seria incompatível com o
princípio da disponibilidade da ação penal privada. O juiz não pode obrigar
o ofendido a iniciar a ação, nem a aditar a queixa. O querelante, por
iniciativa própria, pode fazê-lo, mas não pela aplicação do art. 384, par. ún.,
do Código de Processo Penal.
143
1.5.2. Súmulas
não pode aplicar o art. 384 do Código de Processo Penal, pois violaria o duplo
grau de jurisdição;
não pode anular a sentença porque não pode reconhecer de ofício nulidade
prejudicial à defesa que não foi argüida pela acusação.
Se, por exemplo, o réu foi processado por dano simples (ação penal privada) e
durante a instrução verifica-se que o bem não era particular, e sim público o dano torna-
se qualificado e a ação penal pública incondicionada. Pela modificação da natureza da
ação penal, o processo não deveria ter sido instaurado por queixa, mas sim por denúncia.
A solução é anular a ação penal desde o início pela ilegitimidade ad causae.
144
1.6.2. Sentença condenatória (art. 393 do CPP)
1. DO PROCESSO E DO PROCEDIMENTO
Comum: constituído de regras gerais aplicáveis sempre que não houver disposição
em contrário, abarca os procedimentos ordinário e sumário.
Procedimento Ordinário
Visão geral:
citação do réu;
145
interrogatório do réu;
qualificação do acusado;
classificação do crime;
rol de testemunhas.
146
A Lei de Imprensa (Lei n. 5.250/67), no entanto, prevê que do recebimento da
denúncia ou da queixa cabe o recurso em sentido estrito. Do despacho que rejeita a
denúncia cabe apelação no prazo de 5 dias. A Lei n. 9.099/95 prevê que do despacho que
rejeita a denúncia cabe apelação no prazo de 10 dias.
1.1.2. Citação
1.1.3. Interrogatório
147
Início do prazo da defesa prévia:
requerer diligências;
formular pedidos;
juntar documentos (de acordo com o art. 400 do CPP, é possível juntar
documentos em qualquer fase do processo).
testemunhas de acusação;
testemunhas de defesa.
148
juiz comunique às partes a expedição da carta; não será preciso comunicar a data
marcada para a oitiva da testemunha; à parte incumbe acompanhar seu trâmite.
1.1.6. Diligências
O art. 499 do Código de Processo Penal impõe o prazo de 24 horas para que a
acusação e depois a defesa requeiram as diligências. As partes podem nessa fase reiterar
o pedido de diligência não-realizada ou não-concedida.
O Código de Processo Penal determina que o prazo do art. 499 corre para a defesa
em cartório, independente de intimação. A jurisprudência, todavia, não aplica essa regra
por considerar que viola o princípio do contraditório, da ampla defesa e da isonomia
entre as partes.
O prazo para a apresentação das alegações finais é de 3 dias – art. 500 do Código
de Processo Penal. Cabe aqui um alerta: não confundir com as alegações do Júri, cujo
prazo é de 5 dias (art. 406 do CPP).
149
O querelante não é obrigado a apresentar alegações finais, mas a sua não-
interposição traz conseqüências, quais sejam:
1.1.8. Sentença
Sentença é o ato processual pelo qual o juiz põe fim ao processo, decidindo ou
não o mérito da causa.
O prazo para a sentença é de 10 dias, mas é prazo impróprio. O juiz pode, antes da
sentença, determinar diligências adicionais.
1.1.9. Prazos
150
PROCEDIMENTO SUMÁRIO
O procedimento sumário previsto nos arts. 531 e ss. do Código de Processo Penal
aplica-se a todos os crimes apenados com detenção, excluindo-se aqueles que possuem
procedimento especial e as infrações penais de menor potencial ofensivo.
Uma importante alteração trazida pela lei foi a de que as ações penais, nos crimes
de lesão corporal leve e culposa, passam a depender de representação no prazo
decadencial de 6 meses.
A Lei n. 9.099/95 traz normas mistas ou híbridas, ou seja, que possuem ao mesmo
tempo natureza processual e material. Nesses casos deve prevalecer o cunho penal da
norma, retroagindo quando for mais favorável ao acusado. São normas mistas :
151
renúncia tácita ao direito de queixa ou representação, na hipótese de composição
dos danos civis (quando a ação penal for pública condicionada à
representação, ou privada);
O art. 90 da Lei dos Juizados Especiais traz a seguinte redação: “As disposições
desta Lei não se aplicam aos processos penais cuja instrução já estiver iniciada.”
Observe-se que a Lei n. 9.099/95 fixa a pena máxima cominada aos crimes em
quantidade não superior a um ano e a Lei n. 10.259/01 determina que a pena máxima
não pode ser superior a dois anos.
3.1.1.Audiência preliminar
se, por qualquer razão, não for possível a realização da audiência, designa-se
uma determinada data, da qual saem cientes as partes.
o juiz;
154
Se o autor da infração não honrar sua parte no acordo, o procedimento criminal
não pode ser reaberto (porque houve extinção da punibilidade), restando à vítima
execução civil do acordo homologado (que é título executivo judicial - art. 584, inc. III,
do CPC).
Pelo texto legal, não cabe transação na ação penal privada; entretanto, a
jurisprudência vem admitindo essa possibilidade.
O art. 104, par. ún., do Código Penal, dispõe que a reparação civil do dano não
obsta a ação penal, mas no Juizado é diferente: havendo acordo, a conseqüência
automática é a renúncia ao direito de queixa.
R.: Como regra, não; porém existe exceção: quando em abstrato for prevista
apenas multa para aquela infração penal, o juiz pode reduzir o valor pela metade (art. 76,
§ 1.º).
R.: Quando não estão presentes os requisitos para transação; quando o autor do
delito recusa a proposta de transação; quando o autor da infração, intimado para
audiência preliminar, não comparece nem justifica sua ausência.
que o autor da infração não tenha sido condenado pela prática de crime à pena
privativa de liberdade (portanto, em caso de contravenção, qualquer que seja a
pena, cabe transação se preenchidos também os demais requisitos);
que o acusado não tenha sido beneficiado por outra transação penal, no prazo de 5
anos;
Havendo homologação ou não, passa-se para fase de transação, porque, por ser
ação pública incondicionada, mesmo ocorrendo acordo, a punibilidade não se extingue.
156
3.1.2. Disposições comuns
Se não for encontrado para citação pessoal, os autos serão remetidos para a Justiça
Comum para citação por edital, que não é prevista pela Lei dos Juizados.
oitiva da vítima;
interrogatório do réu;
sentença.
157
3.1.4. Recursos
Os recursos são julgados por Turmas Recursais compostas por juízes de primeiro
grau, na forma estabelecida na legislação estadual.
A lei trata apenas da apelação e dos embargos de declaração. Porém, não é por
esse motivo que só cabem esses dois recursos: os demais também são aplicados (recurso
em sentido estrito, recurso especial, mandado de segurança, habeas corpus etc.). A lei
apenas citou os dois para trazer regras específicas para eles.
Não cabe recurso especial porque esse é cabível de decisão de tribunal (art. 105,
inc. III, da CF), e o recurso no Juizado é julgado por Turma Recursal (art. 82 da Lei dos
Juizados Especiais). Esse é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça
consubstanciado na súmula 203.
P.: Aplicada pena de multa na transação penal, se o autor da infração não pagar, o
que deve ser feito?
executa-se a multa;
P.: A lesão leve passou a ser delito de ação penal pública condicionada. Como
ficam as vias de fato – contravenção cuja ação penal é pública incondicionada?
R.: As vias de fato constituem infração menos grave do que a lesão leve; logo, a
ação passou a ser também pública condicionada à representação. Fundamento, analogia
in bonam partem.
a vítima não pode ser prejudicada; cabe a representação, e o prazo de 6 meses tem
início com a intimação da vítima da desclassificação do delito.
Procedimentos Especiais
Para tanto, o acusado é notificado com prazo de 15 dias para se defender (art. 514
do CPP). Se não for encontrado, ser-lhe-á nomeado defensor dativo para exibir a
resposta preliminar.
159
O próprio acusado pode apresentar a defesa preliminar, mesmo não sendo
advogado.
R.: Sim, pela correição parcial, caso o juiz não conceda a oportunidade para a sua
apresentação.
160
Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, o recebimento da denúncia
ou da queixa deve ser fundamentado. Isso porque os crimes funcionais têm o
contraditório antecipado na defesa preliminar. Trata-se de exceção, pois, em regra, no
despacho que recebe ou rejeita a denúncia ou a queixa não há fundamentação.
Apesar do Título II, Capítulo III, do Código de Processo Penal, referir-se somente
à calunia e à injúria, esse procedimento também é aplicável à difamação pela utilização
da analogia (art. 3.º do CPP).
a ação penal será pública incondicionada se da injúria real resultar lesão corporal.
R: Não é a renúncia, porque essa ocorre quando o querelante não exerce seu
direito de oferecer a queixa, e no caso em estudo já houve o oferecimento da exordial.
Também não é a perempção, pois a ação penal ainda não se iniciou. Portanto, a causa
extintiva da punibilidade é a desistência – que não está prevista no rol do art. 107 do
Código Penal, mas esse é exemplificativo e não taxativo (art. 522 do CPP).
se, constituindo o fato crime de ação penal privada, o ofendido não foi condenado
por sentença irrecorrível;
162
Também é cabível nos crimes de difamação, quando a vítima for funcionário
público, por fato relativo a suas funções (art. 139, par. ún., do CP).
O querelante tem dois dias para contestar, podendo arrolar testemunhas, desde que
com esse novo rol não se ultrapasse o número legal. Ex.: na queixa foram arroladas
quatro testemunhas; poderá o querelante na contestação da exceção da verdade oferecer
mais quatro testemunhas.
Obs.: parte da doutrina sustenta que o prazo da exceção da verdade não é fatal em
nome da ampla defesa. Ainda que apresentada após o lapso previsto no art. 395 do
Código de Processo Penal, poderá ser aceita e julgada na sentença.
Conforme a regra do art. 132, §1.º, da Lei n. 7.661/45, a falência deve encerrar-se
em dois anos, a contar da data de sua declaração.
Os autos, então, serão remetidos ao Juízo criminal, onde a ação penal prosseguirá
pelo rito ordinário, independentemente de ser o crime de reclusão ou de detenção. No
Estado de São Paulo, por força da Lei Estadual n. 3.947/83, o Juízo da falência tem
competência universal, inclusive para o julgamento dos crimes falimentares. O
recebimento da denúncia impede a concessão da concordata suspensiva.
São, em regra, crimes de ação penal privada, pois processam-se mediante queixa;
porém, também há previsão de ação penal pública, de acordo com o art. 186 do Código
Penal.
O autor deve comprovar seu direito à ação (art. 526 do CPP). Para tal deve
requerer, antes da queixa ou da denúncia, a busca e apreensão e perícia, apresentando os
quesitos.
165
A diligência será realizada por dois peritos do Juízo, que farão a vistoria e
apreensão de objetos suficientes para a prova da infração. Caso o laudo seja contrário
aos interesses do autor, este poderá impugná-lo.
Se o crime não deixar vestígios, crime transeunte, o rito será o ordinário, ainda
que a pena seja a de detenção.
O relator do tribunal pedirá dia para que o tribunal decida sobre o recebimento ou
não da denúncia ou da queixa, ou ainda sobre a improcedência da acusação (art. 6.º da
lei).
Obs.: para maior aprofundamento sobre esse tema é interessante rever o módulo
VIII, que trata da competência.
166
Do Procedimento do Júri
1. HISTÓRICO
O Júri tem a sua origem na Magna Carta de 1215. No Brasil, surgiu na Lei de
18.6.1822, que criava o julgamento pelo Júri para os crimes de imprensa. Depois, a
Constituição Imperial de 1824 passou a prevê-lo como um órgão do Poder Judiciário e
ampliou sua competência para julgar causas cíveis e criminais (quanto às causas cíveis
não houve regulamentação). A Constituição de 1891 manteve o Júri como instituição
soberana. A Constituição de 1934 disciplinou o Júri no capítulo do Poder Judiciário.
A Constituição Federal prevê o Júri em seu artigo 5.º, inciso XXXVIII. Esse
dispositivo traça os quatro princípios fundamentais da instituição do Júri, quais sejam:
plenitude de defesa; sigilo nas votações; soberania dos veredictos; competência mínima
para julgamento dos crimes dolosos contra a vida, tentados ou consumados.
167
a) Plenitude de defesa
A defesa plena é mais abrangente do que a ampla defesa, pois além da autodefesa,
o réu terá direito à defesa técnica, podendo fazer uso de argumentos jurídicos e
extrajurídicos.
O advogado tem liberdade para elaborar a defesa do réu, podendo alegar o que
melhor lhe aprouver, ainda que sem amparo jurídico. Exemplo: na tréplica, o advogado
alega que o crime foi praticado há 11 anos; depois disso, o réu arrumou um emprego,
teve sete filhos, tornou-se líder comunitário etc.
O juiz deve quesitar, além das alegações desenvolvidas pela defesa técnica,
aquelas alegadas pelo réu em sua autodefesa, mesmo que incompatíveis. Exemplo: o
réu, no seu interrogatório em plenário, alega que agiu em legítima defesa. O defensor
considera que é difícil convencer os jurados da legítima defesa e então sustenta outra
tese; alega que o réu não conhece o instituto da legítima defesa, argumenta que as
qualificadoras não existiram e que há um privilégio. O juiz irá quesitar as duas defesas
alegadas: legítima defesa e privilégio. Esse entendimento nos parece ser o melhor, pois
garante efetivamente a defesa plena, mas há decisão do Supremo Tribunal Federal no
sentido de que só deve ser quesitada a tese apresentada pela defesa técnica.
O julgamento é feito em sala secreta: isso evita que uma das pessoas que esteja no
plenário perceba qual foi o voto dos jurados e, também, qualquer tipo de
constrangimento.
168
O julgamento feito pelos jurados tem por base a íntima convicção: assim, não há
fundamentação da decisão. É exceção à regra do livre convencimento
motivado.
O artigo 593, inciso III, alínea “d”, do Código de Processo Penal, permite a
apelação das decisões do Júri quando consideradas manifestamente contrárias às provas
dos autos. A apelação é julgada pelo tribunal. Se o tribunal der provimento à apelação,
anula o julgamento e determina a realização de outro. O tribunal não decide o mérito. A
apelação com esse fundamento só pode ser interposta uma vez.
“Na revisão criminal, a mitigação desse princípio é ainda maior, porque o réu,
condenado definitivamente pode ser até absolvido pelo tribunal revisor, caso a decisão
seja arbitrária. Não há anulação nesse caso, mas absolvição, isto é, modificação direta do
mérito da decisão dos jurados.”1
aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento e aborto provocado por
terceiro (artigos 124 a 126 do Código Penal).
Esses são os crimes de competência do Júri; todavia, sua competência pode ser
ampliada por lei ordinária. Já existe uma lei ordinária ampliando: o artigo 78, inciso I,
do Código de Processo Penal prevê que também é da competência do Júri o julgamento
dos crimes conexos com os crimes dolosos contra a vida.
Atenção:
3. O policial militar, que pratica crime doloso contra a vida de civil, ainda que em
serviço, será julgado pelo Júri.
4. Pessoas que têm prerrogativa de foro em razão da função não são julgadas pelo
Júri (exemplo: promotor de justiça).
3. ORGANIZAÇÃO DO JÚRI
170
crimes dolosos contra a vida de funcionários públicos federais, em razão de suas
funções;
Trata-se de órgão:
Observação: o Júri não se confunde com o escabinado, pois neste não há divisão
de competência. No Brasil, exemplo de escabinado é encontrado na justiça militar; nas
auditorias há um juiz togado e cinco oficiais, sendo que seus votos têm o mesmo valor.
No mês de novembro de cada ano, o juiz publica uma lista provisória com o nome
dos jurados que irão atuar no próximo ano. Na segunda quinzena de dezembro, o juiz
publica a lista definitiva (artigo 439, parágrafo único, do Código de Processo Penal).
Enquanto a lista não é definitiva, qualquer pessoa pode impugná-la. O juiz decide
sobre aquele pedido de exclusão de nome da lista. Se o juiz indefere o pedido e inclui o
nome, aquele que argüiu a exclusão pode interpor recurso em sentido estrito no prazo de
20 dias (em outras hipóteses o recurso em sentido estrito tem prazo de cinco dias),
conforme o artigo 581, inciso XIV, e artigo 586, parágrafo único, ambos do Código de
Processo Penal. Quem julga o recurso é o Presidente do Tribunal de Justiça.
ser alfabetizado.
A lei prevê expressamente nos artigos 434 e 436, parágrafo único, do Código de
Processo Penal aqueles que são isentos do serviço do Júri. Entre eles estão os maiores de
60 anos, os que já exerceram a função de jurado por um ano, ministros de confissão
religiosa, parteiras, entre outros.
Um cidadão convocado a prestar o serviço do Júri, não estando no rol dos isentos,
não pode recusar-se a essa obrigação. Poderá, todavia, por razões de convicção
filosófica, política ou de crença religiosa, invocar em seu favor a denominada escusa de
consciência. O artigo 435 do Código de Processo Penal (determina que aquele que alega
escusa de consciência para não prestar o serviço do Júri perde os direitos políticos) não
foi recepcionado pela Constituição Federal, estando, portanto, revogado.
172
presunção de idoneidade moral;
4. JUDICIUM ACCUSATIONIS
citação do acusado;
interrogatório;
Após as alegações, os autos vão conclusos ao juiz, que ordenará diligências para
sanar nulidades ou suprir falhas. Em seguida, os autos vão conclusos para a sentença. O
juiz pode tomar as seguintes decisões:
- decisão de pronúncia;
- decisão de impronúncia;
- desclassificação;
Todas essas decisões podem ser impugnadas por meio do recurso em sentido
estrito (artigo 581, incisos II, IV e VI, do Código de Processo Penal).
4.1. Pronúncia
“Na fase da pronúncia vigora o princípio in dúbio pro societate, uma vez que há
mero juízo de suspeita, não de certeza. O juiz verifica apenas se a acusação é viável,
deixando o exame mais acurado para os jurados. Somente não serão admitidas acusações
manifestamente infundadas, pois há juízo de mera prelibação”.2
2
CAPEZ, Fernando. Op. cit.
174
Essa decisão, na verdade, não é uma sentença, pois não julga o mérito. Tem a
natureza jurídica de decisão interlocutória mista não-terminativa. O Código de Processo
Penal fala em sentença porque a decisão de pronúncia deve seguir os mesmos requisitos
da sentença (relatório, fundamentação e dispositivo).
175
Supremo Tribunal Federal, no entanto, é perfeitamente possível a prisão
provisória obrigatória nos casos dos artigos 594 e 408, § 2.º, do Código de
Processo Penal.
Não há mais o lançamento do nome do réu no rol dos culpados. O dispositivo que
determinava essa providência não foi recepcionado pela Constituição Federal em razão
do princípio da presunção de inocência.
circunstâncias agravantes;
176
circunstâncias atenuantes.
Se o réu está solto, será intimado pessoalmente. Caso não seja encontrado, a
intimação será feita por edital, dependendo da natureza da infração:
4.2. Impronúncia
Essa decisão só faz coisa julgada formal. Surgindo novas provas, o processo
poderá ser reaberto se não estiver extinta a punibilidade (exemplo: se o crime ainda não
prescreveu).
177
No que se refere à competência para o julgamento dos crimes conexos em caso de
desclassificação, há dois entendimentos na doutrina. Entendemos que todos os delitos
passarão para a esfera do juiz togado, pois, se o Júri reconhece que não tem competência
para julgar o crime principal, seria um contra-senso que decidisse os demais. Alguns
afirmam que, mesmo ocorrendo a desclassificação, o Júri continuaria competente para
julgar os crimes conexos ante o disposto no artigo 81, caput, do Código de Processo
Penal.
4.2.1. Despronúncia
É a decisão judicial que revoga uma decisão de pronúncia. Pode ocorrer se houver
interposição de recurso e o tribunal revogar a decisão ou se o próprio juiz da causa, no
juízo de retratação, voltar atrás e impronunciar o réu.
4.3. Desclassificação
Contra essa decisão cabe recurso em sentido estrito com fundamento no artigo
581, inciso II, do Código de Processo Penal, embora alguns doutrinadores prefiram a
hipótese no inciso IV (o argumento é o de que a desclassificação contém embutida uma
impronúncia).
É uma sentença, pois nela há o julgamento do mérito. Faz coisa julgada material.
Para ter eficácia deve ter o reexame necessário.
A Súmula n. 423 do Supremo Tribunal Federal dispõe que, enquanto não houver o
recurso de ofício, a sentença não transita em julgado.
1. JUDICIUM CAUSAE
1.1. Desaforamento
Durante essa fase é possível que ocorra o pedido de desaforamento (artigo 424 do
Código de Processo Penal). Desaforamento é o deslocamento da competência territorial
do Júri. Somente a sessão de julgamento é que se desafora. Os demais atos são
praticados na comarca onde corre o processo.
O desaforamento deve ser sempre para a comarca mais próxima, desde que nela
não existam os mesmos motivos que ensejaram o desaforamento. Assim, por exemplo,
um crime que causou revolta em toda uma região, não adianta desaforar para uma cidade
vizinha.
180
Tem legitimidade para pleitear o desaforamento:
o juiz, por representação; salvo no último caso (d), em que só as partes podem
requerer.
O desaforamento pode ser pedido até um dia antes da sessão do julgamento. Por
não ter efeito suspensivo, deve ser requerido o quanto antes.
1.2. Libelo
O libelo é oferecido pela acusação (Ministério Público) somente contra o réu que
foi intimado da decisão de pronúncia. A pronúncia só transita em julgado após a
intimação do réu.
O libelo é uma peça articulada, ou seja, deve ser escrita na forma de artigos. Se
houver mais de um crime na pronúncia, deverá ser elaborada uma série de artigos para
cada crime. Se houver mais de um réu, deve ser realizado um libelo para cada réu.
3
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 7.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 580
182
As testemunhas podem ser arroladas em caráter de imprescindibilidade. A parte
que arrolou a testemunha com esse caráter pode se recusar à realização do julgamento se
essa não comparecer. O julgamento será adiado. Para desistir de testemunha
imprescindível no julgamento, deve haver anuência da parte contrária, bem como dos
jurados, se já formado o conselho de sentença.
Se o Ministério Público não oferece o libelo, o juiz não pode mais nomear
promotor ad hoc para apresentá-lo, já que essa figura viola o artigo 129, § 2.º, da
Constituição Federal de 1988. Hoje, o juiz aplica o artigo 28 do Código de Processo
Penal, por analogia. Também não há que se falar em aplicação de multa pelo juiz, pois
isso violaria a autonomia do Ministério Público (artigo 127, § 2.º, da Constituição
Federal).
Oferecido o libelo, esse será examinado pelo juiz, que poderá ou não recebê-lo.
Caso não o receba, o juiz deverá notificar o Ministério Público para que apresente outro
em 48 horas (artigo 418 do Código de Processo Penal).
O contra libelo segue as mesmas regras do libelo. Deve ser apresentado no prazo
de cinco dias. A defesa pode requerer a juntada de documentos, a realização de
diligências e apresentar o rol de testemunhas, em número máximo de cinco, que irão
depor em plenário. As testemunhas da defesa também podem ser arroladas em caráter de
imprescindibilidade.
1.4. Saneador
JULGAMENTO EM PLENÁRIO
instalação da sessão;
4
Op. cit. p. 583.
184
formação do Conselho de Sentença;
atos instrutórios;
debates;
julgamento.
2.1.1. Ausências
Ausência injustificada:
186
O juiz, após verificar que se encontram na urna as cédulas relativas aos jurados
presentes, realiza o sorteio de sete deles para formarem o conselho de sentença (artigo
457 do Código de Processo Penal).
Se o jurado, aceito por um defensor e recusado por outro, também for rejeitado
pelo Ministério Público, será excluído, e não haverá cisão do julgamento.
Escolhidos os sete jurados, o juiz faz a seguinte exortação: “Em nome da lei,
concito-vos a examinar com imparcialidade essa causa e a proferir a vossa decisão,
conforme a vossa consciência e os ditames da Justiça.” Os jurados prometem e estarão
compromissados. A partir desse momento, passa a vigorar a incomunicabilidade dos
jurados.
187
O juiz-presidente inicia os trabalhos com o interrogatório do réu. Nesse
interrogatório, além do juiz-presidente, os jurados também podem fazer perguntas ao
réu.
2.4. Debates
A defesa não pode inovar sua tese no momento da tréplica devido ao princípio do
contraditório. Se inovar, essa tese não será quesitada.
Apartes são as intervenções que uma parte faz na fala da outra. Não estão
previstos em lei. Segundo a jurisprudência, são possíveis desde que exista concordância
do orador, e devem ser feitos de forma cordial e que não visem atrapalhar o orador.
188
2.5. Julgamento
Após os debates, o juiz pergunta aos jurados se eles estão habilitados a julgar ou
se precisam de mais esclarecimentos (artigo 478 do Código de Processo Penal). Esses
esclarecimentos devem relacionar-se somente com matéria de fato.
2.6. Quesitação
Quesitação é o questionário; são as perguntas feitas pelo juiz aos jurados, que
deverão responder sim ou não. É elaborado com base no libelo, no contra libelo, no
interrogatório e nos debates. Como no Júri vige a defesa plena, todas as teses devem ser
quesitadas, ainda que incompatíveis. Haverá um questionário para cada réu, e uma série
de quesitos para cada crime.
189
homicídio que só não se consumou por circunstâncias alheias à sua
vontade?”).
teses relativas às excludentes de ilicitude (nesse caso, deve haver quesito sobre
a existência ou não do excesso doloso ou culposo); se alegada a legítima
defesa, cada requisito deve ser quesitado, como, por exemplo, "O réu
defendia direito próprio? Defendia-se de agressão injusta? Utilizou-se dos
meios necessários?".
Observações:
Se os jurados reconhecerem que o réu agiu em legítima defesa, o juiz deve fazer
os quesitos sobre o excesso. Se os jurados reconhecerem a existência do
excesso, surgem dois caminhos:
190
reconhecem o excesso culposo: desclassificam o delito para homicídio
culposo;
Pergunta: Se o Júri absolve o réu de crime doloso contra a vida, a quem compete
julgar os crimes conexos?
191
presidente em razão de aplicação analógica do artigo 492, § 2.º, do Código de Processo
Penal.
Exemplo: no Júri, o advogado, sem negar a autoria, sustenta que não houve dolo
eventual, mas sim culpa imprópria. O crime de homicídio culposo praticado por militar
em serviço é da competência da justiça militar. A justiça comum é incompetente para
julgar esse delito. Deve o juiz aguardar o trânsito em julgado da desclassificação e
remeter o caso para a justiça militar, sob pena de violar regra constitucional de
competência.
2.8. Sentença
Regular os debates. Para isso o Código de Processo Penal lhe concede o poder de
polícia.
5
CAPEZ, Fernando. Op. cit. p. 590
192
Interromper a sessão de julgamento, por tempo razoável, para repouso ou refeição
dos jurados.
1. DAS NULIDADES
Conceito
O Código de Processo Penal, em seus artigos 563 a 573, trata das nulidades.
(Atenção: é obrigatória a leitura desses artigos antes da realização das provas.)
O artigo 564 do Código de Processo Penal apresenta o rol das nulidades; todavia,
algumas nulidades relativas constantes desse rol, em razão da Constituição Federal de
1988, estão desatualizadas – deveriam ser nulidades absolutas. Além disso, as hipóteses
de nulidades deveriam ser verificadas, no caso concreto, pelo juiz.
A nulidade absoluta ocorre quando a regra violada houver sido instituída para
resguardar, predominantemente, o interesse público.
193
A nulidade relativa ocorre quando a regra violada houver sido instituída para
resguardar, predominantemente, o interesse das partes.
194
Inexistência e Irregularidade
Inexistência é a sanção mais grave que pode ser cominada a um ato processual.
Para a doutrina, não se trata de ato processual inexistente, mas sim de um não-ato ou ato
processual atípico por não se enquadrar no modelo legal.
Ocorre quando o ato não reúne elementos essenciais para existir. É a violação
frontal da regra constitucional que gera a inexistência. Ex.: um processo por crime
eleitoral que tramitou na Justiça Militar.
Na nulidade absoluta o ato produz efeitos até que seja declarado nulo. Enquanto
isso não ocorrer, produz efeitos.
Exemplos:
sentença proferida por juiz em férias ou aposentado: inexistente, por não ter
jurisdição;
195
2. PRINCÍPIOS DAS NULIDADES
2.1. Prejuízo
Não há nulidade se não houver prejuízo (artigo 563 do CPP). Esse princípio
aplica-se à nulidade relativa, na qual precisa ser demonstrado o prejuízo, pois, na
nulidade absoluta, esse é presumido.
2.2. Interesse
Ninguém pode alegar nulidade que só interesse à parte contrária (artigo 565 do
CPP). Esse princípio só se aplica à nulidade relativa, pois a absoluta pode ser alegada
por qualquer pessoa.
Ninguém pode argüir nulidade para a qual tenha concorrido ou dado causa. Como
exceção o Ministério Público pode argüir nulidades que interessem somente à defesa.
Não se declara a nulidade de ato que não influiu na apuração da verdade real e na
decisão da causa (artigo 566 do CPP) e também de ato que, apesar de praticado de forma
diversa da prevista, atingiu sua finalidade (artigo 572, inciso II, do CPP).
196
A Professora Ada Pellegrini Grinover estabelece duas regras úteis para saber se há
contaminação dos atos subseqüentes:
A nulidade dos atos da fase postulatória, como regra, anula todo o processo.
Exemplo: nulidade na denúncia, citação.
A nulidade de atos da fase instrutória, via de regra, não contamina os demais atos
da mesma fase processual. Exemplo: laudo elaborado por um só perito.
Observação: tribunal reconhecer a nulidade relativa, ela deve ser apresentada nas
alegações finais (artigo 500 do CPP). Apenas será anulada a sentença; a inquirição de
testemunhas não precisa ser anulada.
2.5. Convalidação
197
antes da sentença final.” É a maneira de se convalidar possíveis omissões
constantes na denúncia ou na queixa.
3. NULIDADES EM ESPÉCIE
Incompetência
Ad Causam: o autor não é o titular da ação ajuizada, ou o réu não pode integrar
a relação jurídica processual (por ser inimputável, ou por não ter
evidentemente concorrido para a prática do fato típico e ilícito). O vício jamais
se convalida nesse caso; trata-se de nulidade absoluta e insanável.
Falta de exame de corpo de delito nos delitos não-transeuntes, isto é, aqueles que
deixam vestígios. “A jurisprudência não tem pronunciado essa nulidade ante a
falta do exame de corpo de delito, direto ou indireto, optando por absolver o
réu, por insuficiência de provas. Entendemos, contudo, que, mesmo não tendo
sido realizado o exame pericial, caso sua elaboração ainda seja possível, deve
o juiz determiná-la, nos termos dos artigos 156, parte final, e 502 do Código
de Processo Penal, ao invés de simplesmente proferir a decisão absolutória,
sob pena de ser nula a sentença, nos termos do artigo 564, III, “b”. Nesse
sentido: STF, RT 672/388”7.
6
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 7.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 624.
7
CAPEZ, Fernando. Op. cit. p. 632.
199
Falta de nomeação de defensor ao réu presente, que não o tiver, ou ao ausente. A
alínea c, que também cuidava do curador do réu menor de 21 anos foi
derrogada, pois a hipótese não subsiste em face do artigo 5.º do novo Código
Civil. O entendimento dominante era o de que a falta de nomeação de curador
causava nulidade relativa; no entanto, o Superior Tribunal de Justiça já havia
se manifestado em sentido contrário (com o novo Código Civil, esta questão
está superada). Por fim, a falta de nomeação de defensor configura nulidade
absoluta.
Falta de sentença.
Formalidade essencial é aquela sem a qual o ato não atinge a sua finalidade.
Exemplo: a denúncia que não descreve o fato com todas as suas circunstâncias.
Pelo princípio da instrumentalidade das formas, não se anula o processo por falta
de formalidade irrelevante.
200
Observação: contra a decisão que anula o processo no todo ou em parte, em
virtude de nulidade relativa ou absoluta, cabe recurso em sentido estrito (artigo 581,
inciso XIII, do CPP).
Recursos
1. RECURSOS
1.1. Introdução
1.2. Características
8
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 7.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 384.
201
II – da que absolver desde logo o réu com fundamento na existência de
circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena, nos termos do artigo 411."
indeferimento in limine da revisão pelo relator que dará recurso para as câmaras
reunidas ou para o tribunal (artigo 625, § 3.º, do Código de Processo Penal);
Pressupostos Recursais
a) Cabimento
b) Adequação
Não basta que o recurso esteja previsto em lei; é necessário que seja adequado à
decisão que se deseja impugnar. Esse pressuposto confere lógica ao sistema recursal.
R.: O recurso, ainda que inadequado, pode ser recebido e conhecido pelo princípio
da fungibilidade. É exceção ao princípio da adequação (artigo 579 do Código de
Processo Penal). Portanto, o recurso, mesmo equivocado, deve ser oferecido dentro do
prazo correto e que não esteja de má-fé o recorrente.
c) Regularidade formal
O Código de Processo Penal estabelece a forma segundo a qual o recurso deve ser
interposto. São formalidades legais para o recurso ser recebido. Ex.: a apelação pode ser
interposta por petição ou por termo nos autos.
d) Tempestividade
O recurso deve ser interposto no prazo legal. Os prazos começam a correr a partir
do primeiro dia útil após a intimação, e, conforme prevê a Súmula n. 310 do Supremo
Tribunal Federal: “quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com
efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira
203
imediata, salvo se não houver expediente, caso em que começará no primeiro dia útil
que se seguir”.
Não recolhimento à prisão nos casos previstos em lei (artigo 594 do Código de
Processo Penal).
Deserção: ato de abandonar o recurso. Pode ocorrer pelo não pagamento das
custas processuais (artigo 806, § 2.º, do Código de Processo Penal).; ou pela
fuga do réu no caso de apelação, sempre quando for negada a possibilidade de
apelar em liberdade.
a) Legitimidade
204
A legitimidade refere-se às partes legítimas para interposição do recurso (artigo
577 do Código de Processo Penal).
b) Interesse jurídico
2. APELAÇÃO
2.1. Conceito
2.2. Classificação
O que fixa a extensão da apelação é o ato de interposição. Caso isso não ocorra
entende-se que a apelação foi total.
Ordinária: ocorre nos casos de apelação de crimes punidos com reclusão (artigo
613 do Código de Processo Penal).
9
Op. cit. p. 403.
205
2.3. Hipóteses de Cabimento da Apelação
decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos
casos não previstos no artigo 581 do Código de Processo Penal, pois a
apelação tem caráter subsidiário;
2.3.2. Decisões proferidas pelo júri (artigo 593, inciso III, §§ 1.º a 3.º, do Código de
Processo Penal)
Nas decisões proferidas pelo júri, a apelação é cabível se prevista em uma das
hipóteses do inciso III do artigo 593 do Código de Processo Penal:
Hipóteses de cabimento:
Suspensivo: efeito que impede que a decisão proferida produza efeitos, que seja
eficaz. Obsta os efeitos da sentença.
Extensivo: todos os recursos nos processos penais têm esse efeito (artigo 580 do
Código de Processo Penal). A decisão proferida no recurso interposto por um
co-réu beneficia os demais que não recorreram, salvo se o recurso for fundado
em motivos de ordem pessoal.
207
defesa recorre pedindo a absolvição. O tribunal nega a absolvição e coloca uma
agravante.
(...)
A lei que proíbe a reformatio in pejus (artigo 617 do Código de Processo Penal)
não pode prevalecer sobre o princípio constitucional da soberania dos veredictos.
10
Op. cit. p. 419.
208
A reformatio in mellius ocorre quando o tribunal melhora a situação do réu em
recurso exclusivo da acusação.
A apelação é interposta por termo ou petição, no juízo que proferiu a decisão. Ele
fará o exame do preenchimento dos pressupostos recursais. Se o juiz denegar a apelação
ou a julgar deserta, caberá recurso em sentido estrito (artigo 581, inciso XV, do Código
de Processo Penal).
Se a ação penal for movida pelo ofendido, o Ministério Público oferecerá suas
razões, em seguida, pelo prazo de três dias.
O § 6.º do artigo 600 do Código de Processo Penal estabelece que: “Se o apelante
declarar, na petição ou no termo, ao interpor a apelação, que deseja arrazoar na superior
209
instância serão os autos remetidos ao tribunal ad quem onde será aberta vista às partes,
observados os prazos legais, notificadas as partes pela publicação oficial”.
O artigo 581 traz o rol de cabimento do recurso em sentido estrito. Esse rol é
taxativo?
210
Rejeitada denúncia de crime previsto na Lei n. 9099/95 cabe apelação no prazo de
dez dias.
O Código de Processo Penal não exige essa providência. Houve quem sustentasse
a aplicação do Código de Processo Civil subsidiariamente, pois, antes da reforma do
Código de Processo Civil em 1994, o acusado era intimado para contra-razoar. Hoje,
com a reforma do Código de Processo Civil, não se aplica mais essa regra.
Esse inciso trata de recurso em sentido estrito secundum eventum litis. Só são
recorríveis as decisões que julgarem procedentes as exceções.
Atenção: lembre-se que em 90% dos casos referentes à fiança o recurso cabível é
o recurso em sentido estrito. E, nos casos de prisão e liberdade provisória, lembre-se que
só cabe o recurso em sentido estrito quando a acusação for sucumbente; se a defesa for
sucumbente não cabe.
11
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 7.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
211
VI) Que absolver o réu sumariamente
A perda do valor se dá quando o réu condenado não se recolhe à prisão (art. 344
do CPP).
VIII) Que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade
Exceção: durante a fase de execução, o recurso cabível será o agravo (art. 197 da
LEP).
XXIV) Esse inciso já estava revogado pela Lei de Execução Penal. Atualmente, em
virtude da Lei n. 9.268/96, nem o juiz das execuções pode proferir decisão convertendo
a multa em prisão.
213
20 dias, contra a decisão que inclui ou exclui jurado da lista-geral (art. 586, par.
ún., do CPP).
Se o recurso em sentido estrito não for recebido, contra essa decisão é cabível a
carta testemunhal.
O juiz vai então reexaminar sua decisão podendo mantê-la ou se retratar. Caso ele
mantenha a sua decisão, o recurso sobe para o tribunal competente; caso ele se retrate,
intima as partes da nova decisão.
O prejudicado com a retração pode interpor recurso cabível no prazo de cinco dias
e o recurso subirá diretamente ao tribunal, independentemente de razões ou contra-
razões (art. 589, par. ún., do CPP).
A nova decisão pode não ser impugnada por recurso em sentido estrito.
O recurso em sentido estrito sobe nos próprios autos nos seguintes casos (art. 583
do CPP):
214
O protesto por novo júri possui as seguintes características:
Hipótese de cabimento: o protesto por novo júri será cabível sempre que houver
condenação a uma pena de reclusão igual ou superior a 20 anos por um só crime,
segundo entendimento da doutrina e da jurisprudência .
Obs. : cabe protesto por novo júri quando a pena imposta for em grau de
apelação? Está em vigor o artigo 607, § 1.º, do Código de Processo Penal?
Pelo artigo 607, § 1.º, do Código de Processo Penal não cabe o protesto por novo
júri quando a pena imposta for em grau de apelação. Esse artigo faz, todavia, uma
remição expressa ao artigo 606 do mesmo diploma, artigo esse revogado desde 1948.
Em razão disso, a posição dominante entende que a revogação expressa do artigo 606 do
Código de Processo Penal produziu a revogação tácita do artigo 607, § 1.º. A posição
minoritária (Professor Tourinho) afirma que o artigo 607, § 1.º, está em vigor, pois sua
regra é compatível com os demais dispositivos do Código de Processo Penal: quando da
revogação do artigo 606 do Código de Processo Penal a regra nele contida foi deslocada
para o artigo 593 do Código de Processo Penal; logo, onde está escrito artigo 606, leia-
se artigo 593 e parágrafos do Código de Processo Penal. Para tal corrente não se trata de
revogação, mas sim de uma remição não atualizada.
2.2. Processamento
215
O prazo de interposição é de cinco dias.
Se o juiz admite o protesto, desde logo marca novo júri. Não há apresentação de
razões ou contra-razões.
O pedido de protesto por novo júri provocará a revisão da decisão. Dessa forma
ele invalida qualquer outro recurso interposto, mesmo que seja recurso da acusação.
O protesto suspende a apelação até que haja o segundo julgamento. Isso acontece
se o réu for condenado por outro crime que não caiba protesto. Após a decisão do
segundo julgamento, julga-se a apelação.
Atenção: nesse caso, a defesa poderia apenas interpor o protesto, aguardar o novo
julgamento e depois apelar de tudo?
Não, porque se assim fizer, o crime em que não cabe o protesto transitará em
julgado; por isso a necessidade de se interpor o protesto e a apelação.
216
3. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
R.: Sim, desde que o segundo embargo vise suprir omissão da decisão do primeiro
embargo.
Processamento:
interposição em 10 dias;
parecer do relator;
parecer do revisor.
acórdão denegatório de recurso criminal ordinário (art. 102, inc. II, da CF).
5. CARTA TESTEMUNHÁVEL
Tem caráter residual. Só será cabível se não existir nenhuma outra medida
expressamente prevista para isso.
Exemplos:
Decisão denega protesto por novo júri: para alguns, cabe a carta testemunhável;
para outros o habeas corpus;
219
5.1. Processamento
Obs.: fim dos recursos no processo penal. A seguir estão algumas ações
impugnativas de decisão.
6. REVISÃO CRIMINAL
É ação rescisória de coisa julgada penal, mas difere da ação rescisória civil.
Ação rescisória:
pode ser ajuizada pelo autor, pelo réu ou por terceiros prejudicados.
Revisão Criminal:
é sempre pró-réu.
220
Se houve erro judicial que beneficiou o réu e transitou em julgado, essa decisão
não pode ser rescindida.
P.: Se, no curso da revisão criminal, o réu morre quem assume a ação?
221
a) Quando a decisão for contrária à letra expressa da lei ou contrária à evidência
dos autos. Nesse caso, a contrariedade precisa ser marcante, facilmente perceptível.
Não cabe revisão criminal quando houver uma mudança na interpretação dos
tribunais. A contrariedade é somente a texto expresso de lei.
R.: É possível que o autor dos crimes (do falso testemunho) tenha sido
condenado. Junta-se a cópia da decisão, da condenação ou por meio de justificação
criminal. Segue o rito do Código de Processo Civil. É com base nele que no Juízo Penal
a justificação é ajuizada.
222
P.: E a reformatio in pejus?
R.: A nova sentença não pode ser mais gravosa para o réu do que a sentença
rescindida. É a proibição da reformatio in pejus indireta.
R.: Em alguns casos não. O autor da revisão precisa pedir expressamente. Não é
um efeito da revisão. Não é possível o pedido de indenização nos seguintes casos:
Obs.: não cabe revisão criminal de decisão de pronúncia. Não há coisa julgada
material.
6.1. Competência
223
6.2. Procedimento
A revisão é julgada.
6.3. Recursos
224
P.: Cabe revisão criminal para rescindir sentença absolutória?
P.: A revisão criminal tem efeito extensivo? Por exemplo: três indivíduos são
condenados por homicídio. Um deles prova que o fato não ocorreu. Estende-se para os
demais?
Essa teoria que vigorou até 1926, quando uma emenda constitucional passou a
limitar o habeas corpus.
226
se o ato censurado é ou não ligado à função militar;
O habeas corpus não é recurso; não tem prazo para a sua interposição; não é
obrigatório sua existência em um processo. É ação constitucional de caráter penal e
procedimento especial.
habeas corpus preventivo ou salvo conduto: não houve dano consumado, havendo
risco futuro de se sofrer uma coação.
7.3. Partes
Impetrante: pessoa que pede a ordem. Pode ser qualquer pessoa (física ou jurídica,
com ou sem capacidade civil plena). Não precisa ser advogado, em razão da
importância do direito a ser tutelado.
R.: Sim, a teor dos artigos 127 da Constituição Federal e 654 do Código de
Processo Penal.
O Juiz de Direito não pode impetrar habeas corpus nos processos de sua
competência.
227
Paciente: pessoa em nome de quem se pede a ordem.
R.: Posição dominante admite a impetração contra ato de particular. Ex.: contra
diretor de hospital que se recusa a liberar o paciente que não tem recursos para pagar a
conta.
A impetração do habeas corpus se faz por meio de petição inicial, que deverá
conter os seguintes requisitos mínimos:
nome do paciente;
228
R: Discussão sem razão de ser, pois o rol do artigo 647 do Código de Processo
Penal é suficientemente amplo para abranger várias situações.
Quando não houver justa causa: haverá justa causa sempre que a persecução
penal possuir fundamentos fáticos e jurídicos.
Sempre que alguém estiver preso por mais tempo que a lei permita: dispositivo
que vale para prisão penal e para prisão processual.
Quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a
autoriza.
R.: Sim. O tribunal pode até conceder habeas corpus de ofício, não estando
vinculado à alegação.
7.6. Competência
229
Quando a autoridade coatora for Tribunal Superior.
230
Quando forem pacientes ou coator: prefeito municipal; vice-governador;
secretários de Estado; deputados estaduais; membros do Ministério Público
Estadual; Juiz de Direito (nos casos de sua competência recursal); Delegado-
Geral de Polícia; Procurador- Geral do Estado; Comandante-Geral da Polícia
Militar; Juiz de Alçada, Auditor da Justiça Militar.
Sentença que concede habeas corpus em primeiro grau: recurso de ofício (art.
574, inc. I, do CPP) e recurso em sentido estrito (art. 581, inc. X, do CPP).
231
Não. Essa restrição não é aplicada. Prevalece o entendimento de que o mandado
de segurança poderá ser impetrado contra ato jurisdicional que admita recurso, sempre
que o recurso não possuir efeito suspensivo, pois, nesse caso, a interposição do recurso
não impede que a decisão produza seus efeitos, de tal forma que não obsta a consumação
da lesão a direito líquido e certo em virtude de ilegalidade ou abuso de poder.
8.2. Partes
232
8.3. Competência
8.4. Procedimento
A petição inicial deve atender aos requisitos dos artigos 282 e 283 do Código de
Processo Civil e estar munida da prova pré-constituída do direito do
impetrante.
8.5. Liminar
234