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Naquela noite Carlos estava em sua casa, entediado, o que existe de tão
especial no dia 24? Ele não podia entender. Ele não podia entender ninguém,
ninguém podia entender ele.
This is my december
this is my time of the year
this is my december
this is all so clear - Ele escutava.
Ele estava na dele. As pessoas tinham com o que se importar, com quem se
importar. Ele se importava por não ter com o que se importar.
Fevereiro, tem carnaval. Tem carnaval. Acho que vocês ja conhecem Carlos.
Ele queria ter algum bom filme pra assistir, mas depois de dois
mesestrnacado em casa ja não existe muita coisa pra se assistir. Ele quase
fica feliz quando volta pra escola. Ele odeia aquele lugar, ele odeia os
professores, ele odeia o que querem que ele aprenda, ele odeia os sorrisos
falsos, ele odeia as conversas sem sentido, ele odeia o sistema. Mas ele ama
ter o que odiar, ele ama fazer nada porque ele quer, ele ama sentir que está
escolhendo aquilo. Ele ama que falem mal dele, ele se sente superior. Ele é o
cara mais inteligente da sala, ele se sente superior. Ele se encontra, ele sabe
o que ele quer ser, ele ve o que ele é. Mas quando ele percebe, ele vê que é
um lixo. Confuso. Ele quer mudar, ele quer ser mimesis. Ele quer amores
platonicos, ele quer a vida que ele vê na TV. Mas ele não é isso. Ele quer ser
o que ele é. Ele não é o tipo de pessoa que muda de opnião fácil. Confusão,
nada melhor que isso para matar o tédio. Carlos feliz. Carlos lixo. Carlos rei.
Felicidade é ter no que pensar, isso faz ele escapar da vida que ele leva, isso
faz ele esquecer como as pessoas vêm ele, lixo, ele nunca vai conseguir
mudar, é da natureza dele. Carlos pode ser definido pela sua racionalidade,
mas tem uma coisa que é maior que isso que está dentro dele, com a qual
ele convive, que o corrompe, seu ego, rei.
Eu sou um rei, eu sou rei - Ele dizia pra ele mesmo. O ego falava mais alto
que a razão. O ego controlava a razão. Ele não podia controlar. Se seu ego
tivesse um nome, esse nome seria Tyler.
Egoísta à ponto de querer mudar o mundo, só pra ele poder andar tranquilo.
Policial do BOPE. Ele quer que o mundo seja uma favela limpinha.
Seu ego alimenta a razão, a razão contem o ego. Ciclo vicioso.
No inicio está tudo bem, mas o tempo passa, e ele ve que apesar do carnaval
, fevereiro pode ser um ótimo mês.
Março. Suas tentativas de parecer um cara normal vão por agua abaixo. Não
demora muito até todos perceberem que ele é um cara estranho, ele tenta
disfarçar em vão. Você pode sentir quando alguém é egoista até pelo olhar.
Você sente isso. Gênio. Egocentrico. Anti social. Orgulhoso. Todos nós temos
o hábito de rotular, coisas, pessoas, é natural do ser humano. Mas ele não
conseguia se rotular, ele não conseguia se encaixar na sociedade, ele não
queria ser nada. Ser nada é pior do que ser lixo. Ser você mesmo é ótimo.
Ser nada não é algo legal. Você é nada. Carlos já esta cansado de pensar,
pensar de novo... É involuntário, ele não ve saída. Por um momento ele
queria ser o cara feliz da novela. Ele queria gostar da música verão, e
conversar sobre a última rodada do futebol, mas isso não seria ele. Ele é
mais fiel ao ego do que aos seus sentimentos. Ele é mais fiel ao ego do que à
razão? Ele não sabe.