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UNESP – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

FACUDADE DE ENGENHARIA

LABORATÓRIO DE MECÂNICA DOS FLUÍDOS

FORÇA HIDROSTÁTICA SOBRE SUPERFÍCIE


PLANA SUBMERSA

TURMA 2230B
AULA PRÁTICA Nº 03
ALUNOS:

Leonardo Ken Inoue Yamamoto 612511


Matheus Luiz de M. Barbosa 811815
Eduardo Henrique Salermo de Lima 711624
Rodrigo Rizzi Langerhorst 811521
1. Objetivos

Este experimento tem como objetivo principal a determinação de forças hidrostáticas que atuam sobre
superfícies planas submersas. Serão mostradas as maneiras de se calcular o módulo da força resultante da
distribuição uniforme de pressão atuante na superfície.
Além disso, será demonstrado que o módulo da força resultante de uma distribuição uniforme de
pressões em uma superfície plana submersa é igual ao produto da pressão que age no centro de gravidade da
superfície pela área da mesma, que está em contato com o fluido.
Será também obtido o ponto de aplicação da força resultante, além da elaboração do perfil de pressão
atuante na placa submersa.

2. Introdução

2.1 Força hidrostática

Um fluido, por definição, deforma-se continuamente sob a ação de uma tensão tangencial,
independentemente da intensidade da tensão. Desta forma, nos fluidos classificados como estáticos, devido
à inexistência de movimento relativo, não existe ação de tensões tangenciais. Nesta condição só é possível a
ação de tensões normais de compressão, denominadas normalmente como pressão.
A ação de um fluido estático sobre uma superfície sólida gera uma força, denominada de Força
Hidrostática. As forças hidrostáticas, por serem geradas pela ação da pressão, só dependem da altura da
lâmina de fluido e de seu peso específico, atuando sempre perpendicularmente à superfície em contato com
o fluido.
Para estudá-la, considera-se a situação descrita pela Figura 2.1, de uma superfície inclinada, o caso
mais geral, onde a única restrição é a existência de uma superfície livre, ou seja, o líquido estar em contato
com o ar atmosférico.

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Fig. 2.1: Superfície plana submersa.

A superfície plana submersa encontra-se no eixo Oy , e foi projetada no plano xOy , sendo:

• A : Área da superfície plana submersa;


• θ : Ângulo qualquer;
• CG : Centro de gravidade da figura.

2.2 Princípio dos vasos comunicantes

No âmbito deste experimento, em seu inicio, será utilizado o principio de vasos comunicantes. O
sistema de vasos comunicantes deriva do Teorema de Stevin, que diz que em um recipiente com um fluido a
uma profundidade h, Figura 2.2, a pressão no fundo do recipiente é dada por PF = Patm + ρ .g .h .

Fig 2.2: Recipiente de profundidade h preenchido por um fluido

Nota-se que não influencia no cálculo da pressão a forma do recipiente. Assim, uma conseqüência de
Stevin é que o nível de um liquido, em recipientes devidamente interconectados, é o mesmo,
independentemente da forma de cada um, se configurando o principio de vasos comunicantes, que a Figura
2.3 mostra.

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Fig 2.3: Água é colocada dentro de um arranjo de vasos de diferentes formas que estão conectados
entre si. O nível é o mesmo em todos eles.

Um exemplo muito simples de um sistema desse tipo é a mangueira transparente, com água dentro,
que os pedreiros usam nas construções, para nivelar, por exemplo, duas paredes ou uma fileira de azulejos
(veja a Figura 2.4).

Figura 2.4: Nivelamento de paredes.

A praticidade dos vasos comunicantes é enorme. Em uma maquina de café, por exemplo, um tubo
lateral mostra a quantidade de café existente ainda na maquina. Como o café está em equilíbrio e sujeito
apenas à pressão atmosférica, a altura nos dois vasos é a mesma. Assim, é possível saber qual a quantidade
de café existente no interior da máquina, sem precisar olhar lá dentro (Figura 2.5).

Fig 2.5: Vistas de uma maquina de café

3. Materiais e Métodos

3.1 Materiais utilizados

• Piezômetro;
• Mangueiras de Silicone;
• Água;
• Placa com Orifícios de 1mm de diâmetro;
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• Túnel de Água;
• Bomba de Água.

3.2 Métodos experimentais

Inicialmente, a placa é colocada dentro do túnel de água, perpendicular à superfície do fundo do túnel,
conforme a Figura 3.1. A placa deve ser de mesma secção transversal do túnel, impossibilitando, assim, que
a água possa escoar pelas suas laterais.

Figura 3.1: Placa com orifícios, posicionada no túnel de água.

Posteriormente, as mangueiras são ligadas nos orifícios da placa, e aciona-se a bomba de água, que
enche o túnel. Controla-se com uma válvula o nível de água para que esta fique superior a todos os orifícios
da placa, como mostrado na Figura 3.2.

Fig. 3.2: Vista do túnel preenchido com água.


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Conectam-se então as extremidades livres das mangueiras ao piezômetro, conforme é mostrado na
Figura 3.3. Toma-se o cuidado de retirar, durante a conexão das mangueiras, todo o ar interior das
mangueiras, pois estas bolhas provocam desvios no nível correto da água no piezômetro.

Fig. 3.3: Piezômetro conectado ao túnel de água

Com o sistema de água ligado, após o preenchimento de todos os orifícios da placa, verifica-se a altura
i
inicial de água ( ho ) nas colunas do piezômetro. As medidas devem ser, teoricamente, as mesmas, devido
ao princípio dos vasos comunicantes, mostrado na Introdução. No entanto, pequenas diferenças ocorrem,
possivelmente, devido a não retirada completa do ar nas mangueiras e a outros fatores de causa de erro.
Posteriormente, desliga-se a bomba, o que cessa o fluxo de água pelo túnel, e o que faz com que os
orifícios fiquem expostos à pressão atmosférica. Assim, a água dos piezômetros começa a diminuir seu
nível, até alcançarem uma altura final ( h f ), de tal forma que esta diferença de altura ( ho − h f ) representa a
i i i

altura de cada orifício em relação à superfície livre da água. Os níveis alcançados nos tubos do Piezômetro.

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3.2.1 Perfil de pressão
i
Tendo-se então os valores de hoi e h f , para i =1,2,..., 8 , isto é, para os oitos orifícios, pode-se
calcular a pressão relativa (isto é, considerando Patm = 0 ) atuante em cada nível de água no túnel, através
da Eq. 3.1.

Pi = γ H 2O .( hoi − h if ) , i =1,2,..., 8. Eq. 3.1

Tendo-se então o valor da pressão em cada um dos oito níveis, é possível obter o perfil de pressão ao
longo da placa, conforme exposto na Figura 3.5.

P1

P2
P3

P4

P5

P6

P7

P8

Fig. 3.5: Perfil de pressão ao longo da placa.

3.2.2 Força resultante ( FR )

Pode-se também, a partir dos dados coletados, calcular o módulo da força resultante ( FR ) atuante na
placa, partindo-se da equação 3.2.

dF = P.dA Eq. 3.2

Sendo: dF : Diferencial de força;


P : Pressão;
dA : Diferencial de área.

Considerando P =γ.h , então,

dF =γ.h.dA Eq. 3.3


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Figura 3.6: Dimensões.

De acordo com a Figura 3.6, sabe-se que h = y. sen θ . Desta maneira, a equação 3.2 toma a seguinte
forma:

dF = γ. y. sen θ.dA Eq. 3.4

Integrando-se a Eq. 3.4, para se obter o módulo resultante da força, tem-se:

∫dF = ∫γ. y. sen θ.dA ⇒FR = y. sen θ.∫ y.dA Eq. 3.5

E como ∫ y.dA = y. A , sendo y a posição do centro de gravidade da placa, e A a área da placa,


obtém-se:

FR = γ . sen θ. y. A Eq. 3.6

Observando-se que o valor de sen θ. y é equivalente ao de h , que é a altura vertical do centro de


gravidade até a superfície livre do líquido, obtém-se a equação final para o módulo da força resultante
atuante na placa:

FR = γ .h . A Eq. 3.7

Que também pode ser escrita por:

FR = PCG . A Eq. 3.8


Sendo PCG a pressão atuante no centro de gravidade da placa.

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3.2.3 Ponto de aplicação da força ( y CP )

O ponto de aplicação da força pode ser obtido através da seguinte somatória de momentos atuantes:

FR . y CP = ∫γ. y. sen θ.dA . y Eq. 3.9

Substituindo-se FR por γ. sen θ. y. A , obtém-se:

γ. sen θ. y. A. y CP =γ. sen θ. ∫ y 2 .dA ⇒ y. A. y CP = ∫ y 2 .dA Eq. 3.10

∫y
2
Sabe-se que a expressão .dA quantifica o valor da inércia da placa ( I ), que pode também ser
3
bh
descrita por I b + y 2 . A , sendo I b = , e sendo b e h os valores da base e da altura da placa, mostrados
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na Figura 3.7.

Fig. 3.7: Dimensões da placa

Substituindo-se então o valor da inércia ( I = I b + y 2 . A ) na Eq. 3.10, obtém-se a expressão para o


cálculo do ponto de aplicação da força:

Ib
y CP = y + Eq. 3.11
y. A

4. Resultados

4.1 Perfil de pressão


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Os valores das alturas encontradas são mostrados na Tabela 4.1.

i hoi ( m ) h if ( m ) ∆h i ( m )
1,000 0,345 0,294 0,051
2,000 0,345 0,245 0,100
3,000 0,344 0,194 0,150
4,000 0,395 0,144 0,251
5,000 0,944 0,684 0,260
6,000 0,945 0,647 0,298
7,000 0,945 0,626 0,319
8,000 0,947 0,592 0,355

Tab. 4.1: Valores das alturas medidas no experimento.

Através da Eq. 3.1, calcularam-se as pressões nos oito níveis superficiais da água, considerando o peso
específico da água ( γ H 2O ) equivalente a 9800 .19 N / m 3 .

P1 = 9800 ,19 x (0,345 − 0,294 ) = 499 ,810 Pa


P2 = 9800 ,19 x (0,345 − 0,245 ) = 980 ,019 Pa
P3 = 9800 ,19 x(0,344 − 0,194 ) = 1470 ,028 Pa
P4 = 9800 ,19 x(0,395 − 0,144 ) = 2459 ,848 Pa
P5 = 9800 ,19 x (0,944 − 0,684 ) = 2548 ,049 Pa
P6 = 9800 ,19 x(0,945 − 0,647 ) = 2920 ,457 Pa
P7 = 9800 ,19 x (0,945 − 0,626 ) = 3126 ,261 Pa
P8 = 9800 ,19 x(0,947 − 0,592 ) = 3479 ,068 Pa

Com esses dados das pressões, é possível obter uma aproximação da curva do perfil de pressão atuante
na placa, conforme mostrado no Gráfico 4.1. Para fazê-lo, foram utilizados os recursos de geração de
gráficos do software Microsoft Excel®.

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Gráfico 4.1: Perfil de Pressões

4.2 Força resultante ( FR )

Considerando a Eq. 3.7 ( FR = γ .h . A ), é preciso encontrar o valor de h , isto é, a distância vertical


entre a superfície livre de água e o centro de gravidade da placa, que, neste caso, encontra-se ao “meio” da
altura. Então:

h
h = Eq. 4.1
2

A altura h da placa é equivalente a altura h8 = ho − h f = 94 ,7 − 59 ,2 = 35 ,5cm


8 8

35 .50
Logo, h = = 17 .75 cm
2

A área da placa ( A ), por sua vez, é calculada pela seguinte equação:

A = h.b Eq. 4.2

A largura ( b ) da placa é dada: b = 20 cm

Desta forma, pela Eq. 4.2, tem-se:

A = 0.355 ⋅ 0.20 = 0.071 m 2

E pela Eq. 3.7, finalmente, tem-se o módulo da força resultante:

FR = γ .h . A = 9800 ,19 x0.1775 x 0.071 =123 ,507 N

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4.3 Ponto de aplicação da força ( y CP )

 Ib 
Com base na Eq. 3.11  y CP = y +  , é preciso determinar o valor de y e de I b .
 y. A 

Devido ao fato da placa encontrar-se na posição vertical, então y ≡ h =17 ,75 cm .

I b , por sua vez, é equivalente a


bh 3
. Então, tem-se:
12

0,2 x(0,355 ) 3
Ib = = 7,456 ⋅10 −4 m 4
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E assim,

Ib  7,456 x10 −4 
y CP = y + = 0,1775 + 
 0,1775 x0,07 
 =0,2375 m = 23 .75 cm (em relação à superfície livre do
y. A  
fluido. Ver Figura 4.1)

Fig. 4.1: Ponto de aplicação da força resultante.

A teoria diz, que, numa situação como esta, o ponto de aplicação da força resultante está exatamente a
dois terços da altura da placa, em relação à superfície livre do fluido. Neste caso, então,

2.h 2 ⋅ 35 .5
y CP (teórico ) = = = 23 .67 cm .
3 3

Como se pode observar, o valor de y CP (teórico ) demonstra-se significantemente próximo do valor


obtido de y CP experimentalmente. De forma surpreendente, o erro encontrado entre os valores teórico e
experimental, foi de zero.

5. Conclusões
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Fora constatado no item 4.3 que o desvio entre os valore teórico e experimental do ponto de aplicação
da força resultante foi nulo. É claro esta é uma situação ideal, e um erro pertinente existe, de fato, mas está
numa ordem de grandeza menor do que a utilizada nos cálculos.
Devido a este pequeno erro, não mensurado, pode-se concluir de antemão que o experimento fora
realizado em ótimas condições. Os desvios de nível dos equipamentos em relação ao solo, o valor da
gravidade utilizado, o valor obtido do peso específico da água em função da temperatura ambiente, a
existência de bolhas no interior dos tubos do piezômetro, a dificuldade de leitura dos dados por causa da
existência do menisco no fluido, entre outros, se demonstraram insignificantes de acordo com o resultado
final obtido para o ponto de aplicação da força.
Neste caso, tendo-se um desvio muito baixo no valor do ponto de aplicação, é certo que todas as outras
análises anteriores, referentes aos itens 4.1 e 4.2, também tiveram seu procedimento experimental muito
bem conduzindo, não devendo apresentar, claramente, distorções em relação ao que acontece realmente na
placa.

6. Bibliografia

http://www.unb.br

http://escoladavida.eng.br/mecflubasica/Apostila

http://www.bibvirt.futuro.usp.br/textos/exatas/fisica/tc2000/20fis.pdf

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