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DECRETO REGULAMENTAR Nº 2/2008 DE 10 DE JANEIRO

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DOS DOCENTES

NOTA DE LEITURA TEMÁTICA

IMPEDIMENTOS

1 – NOÇÃO

A figura dos impedimentos e as situações que nela são integráveis enquanto casos que respeitam à
participação em procedimento administrativo de agentes e titulares de órgãos com interesse pessoal na
decisão do caso constam do Código de Procedimento Administrativo sob a epígrafe de “Secção VI – Das
garantias de imparcialidade”. Também neste Decreto Regulamentar nº 2/2008 de 10 de Janeiro existem
normas relativas, não apenas à tipificação dos impedimentos mas também à forma da sua resolução. Deles
trata esta nota de leitura, onde se procede à análise do articulado do Decreto Regulamentar, convocando as
normas competentes do Código do Procedimento Administrativo e apresentando os exemplos que se espera
sejam suficientemente ilustrativos.

SECÇÃO Vl – Das garantias de imparcialidade

Artigo 44º
Casos de impedimento

1 - Nenhum titular de órgão ou agente da Administração Pública pode intervir em


procedimento administrativo ou em acto ou contrato de direito público ou privado da
Administração Pública nos seguintes casos:

a) Quando nele tenha interesse, por si, como representante ou como gestor de negócios
de outra pessoa;
b) Quando, por si ou como representante de outra pessoa, nele tenha interesse o seu
cônjuge, algum parente ou afim em linha recta ou até ao 2º grau da linha colateral, bem
como qualquer pessoa com quem viva em economia comum;
c) Quando, por si ou como representante de outra pessoa, tenha interesse em questão
semelhante à que deva ser decidida, ou quando tal situação se verifique em relação a
pessoa abrangida pela alínea anterior;
d) Quando tenha intervindo no procedimento como perito ou mandatário ou haja dado
parecer sobre questão a resolver;
e) Quando tenha intervindo no procedimento como perito ou mandatário o seu cônjuge,
parente ou afim em linha recta ou até ao 2º grau da linha colateral, bem como qualquer
pessoa com quem viva em economia comum;
f) Quando contra ele, seu cônjuge ou parente em linha recta esteja intentada acção
judicial proposta por interessado ou pelo respectivo cônjuge;
g) Quando se trate de recurso de decisão preferida por si, ou com a sua intervenção, ou
preferida por qualquer das pessoas referidas na alínea b) ou com intervenção destas.

2 - Excluem-se do disposto no número anterior as intervenções que se traduzam em


actos de mero expediente, designadamente actos certificativos.

Artigo 45º
Arguição e declaração do impedimento

1 - Quando se verifique causa de impedimento em relação a qualquer titular de órgão ou


agente administrativo, deve o mesmo comunicar desde logo o facto ao respectivo
superior hierárquico ou ao presidente do órgão colegial dirigente, consoante os casos.

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2 - Até ser proferida a decisão definitiva ou praticado o acto, qualquer interessado pode
requerer a declaração do impedimento, especificando as circunstâncias de facto que
constituam a sua causa.
3 - Compete ao superior hierárquico ou ao presidente do órgão colegial conhecer da
existência do impedimento e declará-lo, ouvindo, se considerar necessário, o titular do
órgão ou agente.
4 - Tratando-se do impedimento do presidente do órgão colegial, a decisão do incidente
compete ao próprio órgão, sem intervenção do presidente.

Artigo 46º
Efeitos da arguição do impedimento

1 - O titular do órgão ou agente deve suspender a sua actividade no procedimento logo


que faça a comunicação a que se refere o nº 1 do artigo anterior ou tenha conhecimento
do requerimento a que se refere o nº 2 do mesmo preceito, até à decisão do incidente,
salvo ordem em contrário do respectivo superior hierárquico.
2 - Os impedidos nos termos do artigo 44º deverão tomar todas as medidas que forem
inadiáveis em caso de urgência ou de perigo, as quais deverão ser ratificadas pela
entidade que os substituir.

Artigo 47º
Efeitos da declaração do impedimento

1 - Declarado o impedimento do titular do órgão ou agente, será o mesmo


imediatamente substituído no procedimento pelo respectivo substituto legal, salvo se o
superior hierárquico daquele resolver avocar a questão.
2 - Tratando-se de órgão colegial, se não houver ou não puder ser designado substituto,
funcionará o órgão sem o membro impedido.

Artigo 48º
Fundamento da escusa e suspeição

1 - O titular de órgão ou agente deve pedir dispensa de intervir no procedimento quando


ocorra circunstância pela qual possa razoavelmente suspeitar-se da sua isenção ou da
rectidão da sua conduta e, designadamente:

a) Quando, por si ou como representante de outra pessoa, nele tenha interesse parente
ou afim em linha recta ou até ao 3° grau de linha colateral, ou tutelado ou curatelado
dele ou do seu cônjuge.
b) Quando o titular do órgão ou agente ou o seu cônjuge, ou algum parente ou afim na
linha recta, for credor ou devedor de pessoa singular ou colectiva com interesse directo
no procedimento, acto ou contrato;
c) Quando tenha havido lugar ao recebimento de dádivas, antes ou depois de instaurado
o procedimento, pelo titular do órgão ou agente, seu cônjuge, parente ou afim na linha
recta;
d) Se houver inimizade grave ou grande intimidade entre o titular do 6rgão ou agente
ou o seu cônjuge e a pessoa com interesse directo no procedimento, acto ou contrato.

2 - Com fundamento semelhante e até ser proferida decisão definitiva, pode qualquer
interessado opor suspeição a titulares de órgãos ou agentes que intervenham no
procedimento, acto ou contrato.

Artigo 49º
Formulação do pedido

1 - Nos casos previstos no artigo anterior, o pedido deve ser dirigido à entidade
competente para dele conhecer, indicando com precisão os factos que o justifiquem.
2 - O pedido do titular do órgão ou agente só será formulado por escrito quando assim
for determinado pela entidade a quem for dirigido.

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3 - Quando o pedido seja formulado por interessados no procedimento, acto ou
contrato, será sempre ouvido o titular do órgão ou o agente visado.

Artigo 50º
Decisão sobre a escusa ou suspeição

1 - A competência para decidir da escusa ou suspeição defere-se nos termos referidos


nos nºs 3 e 4 do artigo 45°.
2 - A decisão será proferida no prazo de oito dias.
3 - Reconhecida procedência ao pedido, observar-se-á o disposto nos artigos 46º e 47º

Artigo 51º
Sanção

1 - Os actos ou contratos em que tiverem intervindo titulares de órgão ou agentes


impedidos são anuláveis nos termos gerais.
2 - A omissão do dever de comunicação a que alude o artigo 45º, nº 1, constitui falta
grave para efeitos disciplinares.

2 – REGRA GERAL – SUBSITUIÇÃO DE AVALIADOR AUSENTE OU IMPEDIDO

Na ausência ou impedimento de qualquer dos avaliadores a que se refere o n.º 1, a avaliação é


assegurada pela CCAD (nº 5 do artº 12º do Decreto Regulamentar nº 2/2008 de 10 de Janeiro).

NOTA

2 - Ver nota nº 1 sobre as competências da comissão na NOTA DE LEITURA sobre a Comissão de


Coordenação de Avaliação do Desempenho.

3 — MEMBROS DA COMISSÃO DE COORDENAÇÃO DA AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO

O membro da CCDA que exerça também funções de avaliador, não pode intervir na emissão do
parecer daquele órgão sobre a proposta de avaliação ou a apreciação da reclamação relativa ao
docente que avaliou (nº 3 do artº 13º do Decreto Regulamentar nº 2/2008 de 10 de Janeiro).

NOTAS:

3A – O impedimento indicado nesta norma insere-se no elenco de situações de impedimento e


incompatibilidades previstas no artº 44º do CPA. Esta norma em concreto determina o impedimento do
membro da CCAD no processo de emissão (elaboração, discussão e aprovação) do parecer sobre a proposta
de avaliação relativa ao docente que avaliou. Por maioria de razão, o mesmo se aplica nos casos de
reclamação. Outro tanto, é evidente, se a proposta de avaliação ou reclamação disserem respeito ao próprio.

3B – Em face da compatibilidade de acumulação de cargos e funções possíveis na administração e gestão dos


agrupamentos e escolas não agrupadas referenciam-se aqui algumas situações que podem ocorrer e que
deverão ser tidos em conta nos termos da “Secção Vi – Das Garantias de Imparcialidade” do Código de
Procedimento Administrativo. Os membros da CCAD estão impedidos de intervir na emissão de parecer sobre
validação e/ou reclamação:

a) Em que tenham intervindo como avaliadores. [alíneas d) e g) do nº 1 do artº 44º do CPA] [d)
Quando tenha intervindo no procedimento como perito ou mandatário ou haja dado parecer
sobre questão a resolver.] [g) Quando se trate de recurso de decisão proferida por si, ou com

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a sua intervenção, ou proferida por qualquer das pessoas referidas na alínea b) ou com
intervenção destas].

Exemplo 01: O presidente do conselho executivo está impedido de intervir, se for presidente
do conselho pedagógico, nos trabalhos da CCAD em todas as situações de
validação/reclamação que incidam sobre processos de avaliação em que participou como
avaliador.

Exemplo 02: O presidente do conselho executivo está impedido de intervir, se for presidente
do conselho pedagógico, nos trabalhos da CCAD em todas as situações de
validação/reclamação que incidam sobre processos de avaliação em que tenha sido
avaliador o seu cônjuge ou aquele com quem viva em união de facto ou algum dos seus:
Linha recta: avô/avó (2º grau ascendente), pai/mãe (1º grau ascendente), filho/filha (1º
grau descendente), neto/neta (2º grau descendente); Linha colateral: irmão/irmã (2º grau
colateral) [O mesmo para os parentes afins correspondentes].

b) Relativas à sua própria avaliação. [alínea a) do nº 1 do artº 44º do CPA] [a) Quando nele
tenha interesse, por si, como representante ou como gestor de negócios de outra pessoa].

c) Em que o avaliado seja seu cônjuge ou aquele com quem viva em união de facto, parente ou afim em
linha recta ou até 2º grau da linha colateral, bem como pessoa com quem viva em economia comum.
[alínea b) do nº 1 do artº 44º do CPA] [b) Quando, por si ou como representante de outra
pessoa, nele tenha interesse o seu cônjuge, algum parente ou afim em linha recta ou até ao 2°
grau da linha colateral, bem como qualquer pessoa com quem viva em economia comum].

Exemplo: Os membros da comissão estão impedidos de intervir nos processos em que os


avaliados sejam seu cônjuge ou aquele com quem viva em união de facto ou algum dos
seus: Linha recta: avô/avó (2º grau ascendente), pai/mãe (1º grau ascendente), filho/filha
(1º grau descendente), neto/neta (2º grau descendente); Linha colateral: irmão/irmã (2º
grau colateral) [O mesmo para os parentes afins correspondentes].

d) Em que o avaliador seja seu cônjuge ou aquele com quem viva em união de facto, parente ou afim em
linha recta ou até 2º grau da linha colateral, bem como pessoa com quem viva em economia comum.
[alínea b) e e) do nº 1 do artº 44º do CPA] [b) Quando, por si ou como representante de outra
pessoa, nele tenha interesse o seu cônjuge, algum parente ou afim em linha recta ou até ao 2°
grau da linha colateral, bem como qualquer pessoa com quem viva em economia comum.] [e)
Quando tenha intervindo no procedimento como perito ou mandatário o seu cônjuge, parente
ou afim em linha recta ou até ao 2° grau da linha colateral, bem como qualquer pessoa com
quem viva em economia comum].

Exemplo: Os membros da comissão estão impedidos de intervir nos processos em que tenha
sido avaliador o seu cônjuge ou aquele com quem viva em união de facto ou algum dos
seus: Linha recta: avô/avó (2º grau ascendente), pai/mãe (1º grau ascendente), filho/filha
(1º grau descendente), neto/neta (2º grau descendente); Linha colateral: irmão/irmã (2º
grau colateral) [O mesmo para os parentes afins correspondentes].

e) Em que o avaliado ou o seu cônjuge ou aquele com quem viva em união de facto contra ele, seu
cônjuge ou aquele com quem viva em união de facto ou parente em linha recta, tenham intentado acção
judicial. [alínea f) do nº 1 do artº 44º do CPA] [f) Quando contra ele, seu cônjuge ou parente
em linha recta esteja intentada acção judicial proposta por interessado ou pelo respectivo
cônjuge].

Exemplo: Os membros da comissão estão impedidos de intervir nos processos daqueles


avaliados que contra eles, seus cônjuges ou aqueles com quem vivam em união de facto, ou
parentes em linha recta, o próprio avaliado ou respectivo cônjuge ou aquele com quem viva
em união de facto tenham intentado acção judicial.

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4 — AVALIADORES

4A – Importa referir que os impedimentos referidos nas notas anteriores para os membros da CCAD se
aplicam igualmente aos professores avaliadores. Assim, os avaliadores estão impedidos de participar no
processo de avaliação:

a) De um seu cônjuge ou aquele com quem viva em união de facto, parente ou afim em linha recta ou
até 2º grau da linha colateral, ou de pessoa com quem viva em economia comum. [alínea b) do nº 1
do artº 44º do CPA] [b) Quando, por si ou como representante de outra pessoa, nele tenha
interesse o seu cônjuge, algum parente ou afim em linha recta ou até ao 2° grau da linha
colateral, bem como qualquer pessoa com quem viva em economia comum].

Exemplo: O avaliador está impedido de intervir na avaliação do seu cônjuge ou aquele com
quem viva em união de facto ou qualquer dos seus: Linha recta: avô/avó (2º grau
ascendente), pai/mãe (1º grau ascendente), filho/filha (1º grau descendente), neto/neta
(2º grau descendente); Linha colateral: irmão/irmã (2º grau colateral). [O mesmo para os
parentes afins correspondentes].

b) Em que o avaliado ou o seu cônjuge ou aquele com quem viva em união de facto contra ele,
seu cônjuge ou aquele com quem viva em união de facto ou parente em linha recta, tenham intentado
acção judicial. [alínea f) do nº 1 do artº 44º do CPA] [f) Quando contra ele, seu cônjuge ou
parente em linha recta esteja intentada acção judicial proposta por interessado ou pelo
respectivo cônjuge].

Exemplo: O avaliador está impedido de participar na avaliação daqueles avaliandos que


contra ele, seu cônjuge ou aquele com quem viva em união de facto ou parente em linha
recta, o próprio avaliando ou respectivo cônjuge ou aquele com quem viva em união de
facto tenham intentado acção judicial.

4B – Face à previsível importância que podem vir a assumir as situações de impedimento nos processos de
avaliação regulados pelo Decreto Regulamentar nº 2/2008 de 10 de Janeiro, e não dispensando a consulta do
Código do Procedimento Administrativo, referem-se aqui algumas normas e procedimentos comuns de maior
importância para o cumprimento das garantias de imparcialidade.

a) Verificando-se uma causa de impedimento o próprio potencial impedido deve comunicar o facto ao
superior hierárquico ou ao presidente do órgão colegial. No caso de se tratar do presidente do órgão
colegial a decisão sobre a declaração de impedimento cabe ao órgão colegial sem intervenção do
presidente. [nº 1 do artº 45 do CPA] [Quando se verifique causa de impedimento em relação a
qualquer titular de órgão ou agente administrativo, deve o mesmo comunicar desde logo o
facto ao respectivo superior hierárquico ou ao presidente do órgão colegial dirigente,
consoante os casos.] [nº 4 do artº 45º do CPA] [Tratando-se do impedimento do presidente
do órgão colegial, a decisão do incidente compete ao próprio órgão, sem intervenção do
presidente.] {a comunicação deverá ser feita por escrito, tendo em atenção a necessidade de prova
face à sanção prevista no artº 51º do CPA}.

Exemplo 01: O presidente do conselho executivo conhecendo causa de seu impedimento


enquanto avaliador (enquanto membro da CCAD) deve comunicá-la ao conselho executivo
(à CCAD).

Exemplo 02: O professor avaliador conhecendo causa de seu impedimento deve comunicá-la
ao presidente do conselho executivo/director.

Exemplo 03: O membro da CCAD conhecendo causa de seu impedimento deve comunicá-la
ao coordenador da CCAD (presidente do conselho pedagógico).

b) A omissão do dever de comunicação da causa de impedimento pelo próprio potencial impedido


constitui falta grave para efeitos disciplinares. [nº 2 do artº 51 do CPA] [A omissão do dever de
comunicação a que alude o artigo 45°, nº 1, constitui falta grave para efeitos disciplinares].

c) Até ser proferida a decisão final sobre a avaliação qualquer interessado pode requerer a declaração de
impedimento, especificando os factos que constituem a sua causa. [nº 2 do artº 45º do CPA] [Até ser
proferida a decisão definitiva ou praticado o acto, qualquer interessado pode requerer a

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declaração do impedimento, especificando as circunstâncias de facto que constituam a sua
causa].

d) Imediatamente após ter feito a comunicação ou ter conhecimento do requerimento declaração de


impedimento feito por terceiro interessado o avaliador deve suspender a sua actividade no processo até
decisão competente. [nº 1 do artº 46 do CPA] [O titular do órgão ou agente deve suspender a
sua actividade no procedimento logo que faça a comunicação a que se refere o n° 1 do artigo
anterior ou tenha conhecimento do requerimento a que se refere o n° 2 do mesmo preceito,
até à decisão do incidente, salvo ordem em contrário do respectivo superior hierárquico].

e) A declaração de existência impedimento compete ao presidente do conselho executivo/director


(relativamente a todos os avaliadores), ao conselho executivo (relativamente ao seu presidente
enquanto avaliador), ao Director Regional de Educação (relativamente ao Director enquanto avaliador),
ao presidente do conselho pedagógico (enquanto coordenador da CCAD e relativamente aos membros da
CCAD) e à CCAD (relativamente ao presidente do conselho pedagógico enquanto coordenador da CCAD).
[nº 3 do artº 45º do CPA] [Compete ao superior hierárquico ou ao presidente do órgão
colegial conhecer da existência do impedimento e declará-lo, ouvindo, se considerar
necessário, o titular do órgão ou agente.] {tal como a comunicação e o requerimento de declaração
também a declaração de impedimento deverá ser feita por escrito, tendo em atenção os seus efeitos na
ordem interna do serviço e da comunidade administrativa}.

f) A declaração de existência de impedimento determina a imediato substituição do impedido pelo seu


substituto legal. [nº 1 do artº 47º do CPA] [Declarado o impedimento do titular do órgão ou
agente, será o mesmo imediatamente substituído no procedimento pelo respectivo substituto
legal, salvo se o superior hierárquico daquele resolver avocar a questão.] {Apesar do CPA
indicar a possibilidade de avocação pelo superior hierárquico, não parece razoável essa solução
prevalecer sobre o que se encontra disposto no Decreto Regulamentar nº 2/2008 de 10 de Janeiro, isto é
a substituição dos impedidos pela Comissão de coordenação – ver notas 4.1A a 4.1F.

g) Os actos em que tiverem intervindo avaliadores impedidos são anuláveis nos termos gerais [nº 1 do
artº 51 do CPA] [Os actos ou contratos em que tiverem intervindo titulares de órgão ou
agentes impedidos são anuláveis nos termos gerais].

5 — IMPEDIMENTO DECORRENTE DE INCOMPATIBILIDADE DE FUNÇÕES

Em face das competências de instaurar processo disciplinar e nomear instrutor atribuídas ao órgão de
administração e gestão do estabelecimento de ensino ou educação pelo artº 115 do Estatuto da Carreira
Docente podem ocorrer os seguintes incidentes procedimentais configurando situações de impedimento:

a) O avaliador ou membro da CCAD que tenha sido designado instrutor ou tenha proferido decisão de
instaurar processo disciplinar encontra-se impedido de intervir no processo de avaliação de avaliando sobre o
qual aquele processo tenha instaurado ou a decisão proferida.

b) O avaliador ou membro da CCAD a quem tinha sido instaurado processo disciplinar encontra-se impedido
de participar na avaliação do autor da instauração do processo e do instrutor do mesmo processo.

6 — INCIDENTES DE ESCUSA E SUSPEIÇÃO

Para além das situações de impedimento devem ainda, sobre as garantias de imparcialidade, ser
consideradas as categorias da “escusa” e a “suspeição” constantes do artº 48º do Código do Procedimento
Administrativo. A “escusa” ou “dispensa” é desencadeado pelo próprio, que formalmente solicita a dispensa
de intervir no procedimento, enquanto que na “suspeição” o incidente é suscitado por terceiro interessado
no procedimento.
Enquanto que as circunstâncias de facto que determinam o impedimento são taxativas – tipologicamente
fixadas e delimitadas – as que justificam, ou podem justificar, a “escusa” ou a “suspeição” devem ser

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procuradas, não apenas nas alíneas do 1º do artº 48º do CPA, mas no texto do seu corpo, de acordo com o
qual o “titular do órgão ou agente deve pedir dispensa (nº 1) ou o interessado suscitar “suspeição” (nº 2)
quando se verifique situação “pela qual possa razoavelmente suspeitar-se da sua isenção ou rectidão da sua
conduta” no processo.

Exemplo 01: O presidente do conselho executivo enquanto avaliador (O avaliando ou


terceiro interessado) pode entender ter razões para pedir escusa (para suscitar suspeição)
em intervir (da intervenção) no processo de avaliação dos vice-presidentes apresentando a
grande intimidade na relação pessoal/profissional como circunstância prejudicial à sua
isenção e rectidão no que houver que decidir no decurso do processo de avaliação.

Exemplo 02: O avaliador (O avaliando) pode pedir escusa (suscitar suspeição) em intervir
(da intervenção) no processo de avaliação de determinado avaliando apresentando a
existência de grande inimizade/conflito grave como circunstância prejudicial à sua isenção
e rectidão no que houver que decidir no decurso do processo de avaliação.

Exemplo 03: O membro da CCAD (O avaliando ou terceiro interessado) pode pedir escusa
(suscitar suspeição) em intervir (da intervenção) no processo de validação/reclamação de
determinado avaliando apresentando a existência de contenda/disputa efectiva (não
judicial, porque esta é contemplada como causa de impedimento) como circunstância
prejudicial à sua isenção e rectidão no que houver que decidir no decurso do processo de
avaliação.

7 — NORMAS E PROCEDIMENTOS COMUNS

Importa também no contexto destas categorias referir, não isentando a consulta do CPA, as seguintes
normas e procedimentos:

a) Os pedidos de escusa ou suspeição devem ser dirigidos, por escrito se tal for exigido, à entidade com
competência para dele conhecer (presidente do conselho executivo, conselho executivo, presidente do
conselho pedagógico, comissão de coordenação – ver alínea f) da nota 5.2D anterior) com a indicação precisa
dos factos justificativos. [nº1 e 2º do artº 49º do CPA] [Nos casos previstos no artigo anterior, o
pedido deve ser dirigido à entidade competente para dele conhecer, indicando com precisão os
factos que o justifiquem.] [O pedido do titular do órgão ou agente só será formulado por escrito
quando assim for determinado pela entidade a quem for dirigido].

b) Haverá obrigatoriamente audição da entidade visada quando se tratar de pedido (suspeição) de terceiro
interessado. E neste caso o pedido deverá ser apresentado por escrito. [nº 3º do artº 49º do CPA]
[Quando o pedido seja formulado por interessados no procedimento, acto ou contrato, será
sempre ouvido o titular do órgão ou o agente visado].

c) A decisão sobre os pedidos de escusa e suspeição é proferida no prazo de oito dias.

Lisboa, 04 de Março de 2008

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