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A ROTA DOS ENGENHOS.

SÉCULO XIX-XX
Dos engenhos dos séculos XV e XVI não temos referência no terreno sabemos apenas
por documentos e descrições da sua existência. A cidade do Funchal era local de grande
concentração destas estruturas, mas hoje tudo desapareceu. Hoje o que existe em termos
de vestígios dos engenhos açucareiros resulta do segundo momento de afirmação da
cultura para fabrico de aguardente e açúcar. O pouco que hoje persiste resume-se a
algumas chaminés, a infraestruturas degradas ou em ruínas e apenas três se mantêm
activos

A cultura da cana de açúcar expandiu-se no século XIX à encosta norte ganhando


alguma importância no concelho de S. Vicente. O testemunho disso está ainda presente
em vestígios materiais dos lugares de Ponta Delgada e Boaventura. Em S. Vicente dos
dois engenhos de aguardente -1860 de Caetano António de Freitas e 1897 de Daniel
Brazão Machado - que existiram já não sobra nada. Em Ponta Delgada temos notícia de
dois engenhos para o fabrico de aguardente: o de 1858 fundado pelo conde de Carvalhal
e o de 1861 por Cândido Lusitano de França Andrade. Horácio Bento de Gouveia
descreve-nos a vida deste engenhos em "A Canga" e "Águas Mansas". Em Boaventura,
na Ribeira do Porco, Francisco António Abreu Cardoso construiu em 1899 um engenho
movido a água para fabrico de aguardente. Em S. Vicente desapareceram os vestígios
mas em Ponta Delgada ainda estão presentes.

No espaço compreendido pelo actual município do Porto Moniz só temos notícia da


presença de engenhos desde meados do século XIX. A cultura da cana sacarina e de
modo especial o sorgo expandiram-se até aqui. No Seixal tivemos dois engenhos
movidos a água para o fabrico de aguardente: 1857- José Homem de Gouveia; 1890-
Manuel Luísio da Costa Lira. No Porto Moniz a única fabrica de moer cana doce e
fabrico de aguardente surgiu em 1907 da sociedade "Gouveia Lima e Cª" entre Manuel
de França Dória, António Domingos de Gouveia, Padre João Correia e Manuel de Lima
Júnior. A fabrica laborou até 1923 mas o edifício e chaminé mantiveram-se de pé até
1990.

Na freguesia de S. Jorge temos noticia de dois engenhos para o fabrico de aguardente:


1858: Manuel Fernandes de Nóbrega, 1859: Manuel José Catanho, 1896: João
Francisco Jardim, 1896: Luzia Augusta, 1899: Francisco da Cunha. No Arco de São
Jorge referem-se 1859: Maurício Castelo Branco & Cª, 1896: António Joaquim França,
1896: Francisco José Brito Figueiroa, 1905: José Oliveira Jardim Junior.

No Arco da Calheta temos noticia de vários engenhos: 1857: Diogo de Ornelas Frazão,
1882: Francisco Luís Pereira e João de Andrade, movido por bois, 1901: D. Juliana
Lopes Jardim. A Calheta foi no século XVI terra de muito açúcar havendo notícia de
dois engenhos na Estrela. Na vila da Calheta temos dois engenhos: 1894: Vicente
Lopes, 1901: Lopes & Duarte, 1908: António Rodrigues Brás. Do primeiro não ficou
memória e do último só resta a chaminé num jardim da marginal. Apenas o de 1901 é
um dos poucos que persistem em acção a testemunhar da industria da destilação de
aguardente. No Estreito da Calheta temos os seguintes engenhos: 1895: Luís Agostinho
Henriques, 1901: Tibúrcio Justino Henriques & Cª.
No Paul do Mar referem-se dois engenhos:1858: conde de Carvalhal, 1905: José Gomes
Henriques. No Jardim do Mar temos apenas noticia de uma fábrica de aguardente
movida a água que foi construída em 1900 por Francisco João Vasconcelos. Na
Madalena do Mar temos dois engenhos para o fabrico de aguardente movidos a água:
1858: Freitas Abreu & Cº, 1899: António da Silva Gaspar

Na Ponta de Sol situava-se um dos maiores proprietários de canaviais. João Esmeraldo,


flamengo foi detentor desde finais do século XV de um importante engenho de açúcar
na sua casa da Lombada. No século XVII referem-se dois engenhos E no século XIX
tivemos um novo incremento destas industrias: 1853: Nuno de Freitas Pestana, fábrica
de aguardente movida por uma junta de bois, 1869: Nuno de Freitas Pestana, 1884:
Guilherme Wilgraham, 1905: Manuel da Silva Jardim, 1906: Francisco da Silva Gaspar.
Nos Canhas referem-se os seguintes engenhos para fabrico de aguardente: 1855: Luís
Betencourt Esmeraldo, 1904: Francisco Cabral de Noronha, João Nepomuceno, 1907:
José Pestana dos Reis

A Ribeira Brava foi terra de açúcar, tendo instalado no leito da Ribeira um engenho. Em
1853 a sociedade entre José Maria Barreto e Jorge de Oliveira. O engenho era movido
por tracção animal e destinava-se ao fabrico de aguardente Em 1863 a firma José Maria
Barreto e Cº procedeu a grandes reformas passando o engenho a ser movido a água,
tendo anexo dois moinhos de cereais. Foi demolido em 1941 e hoje alberga o Museu
Etnográfico da Madeira. Na Tabua assinala-se o engenho de Valério Rodriguez da Cova
e José da Silva de que existem ainda vestígios

No Funchal concentrava-se o grupo mais importante de engenhos de fabrico de açúcar e


aguardente. Engenhos para o fabrico de açúcar e aguardente: 1856: Severiano de Freitas
Ferraz, William Hinton & cª, Joaquim da Silva, Victoriano Ferreira Nogueira, António
da Silva Manique; 1861: Joaquim Ferreira Nogueira; 1870: Companhia Madeirense do
Açúcar. Engenhos para fabrico de aguardente: 1860: Ferraz de Carvalho e Cristóvão
Sousa, 1862: Hdos de Vicente Cândido Machado, 1861: João Nunes, 1862: Manuel
Faria & Cª, 1883: Manuel Rodrigues de Jesus, 1887: Pedro Pires, 1862: Manuel
Francisco Pereira

Em Santa Cruz assinalam-se dois engenhos na vila: 1858: Bartolomeu de Ornelas


Frazão, 1902: Joaquim José de Gouveia.

Machico

Porto da Cruz.

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