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Colombo

Casa de Colombo no Porto Santo

Desde os primórdios do século XIV que as principais casas genovesas - Spínola, Doria, Lomellini, Grimaldi e
Cattaneo - tinham familiares residentes em Lisboa, coordenavam as tarefas comerciais com o exterior,
nomeadamente o apoio às rotas de ligação entre o Norte da Europa e o Mediterrâneo, por via marítima.
A intervenção da comunidade genovesa de Lisboa e o permanente apelo, resultado do incremento do
açúcar madeirense e do desenrolar do processo de descobrimento do litoral africano, tornava inevitável que
um homem como Colombo, desde os 14 anos apaixonado pelo mar, correspondesse ao apelo.
A presença de Colombo na Madeira, no período de 1478 a 1485, não pode alhear-se da familiaridade da
comunidade genovesa na ilha. O objectivo era conduzir às mãos de Ludovico Centurione 2.400 arrobas de
açúcar. O pedido fora feito em Lisboa por Paolo di Negro, representante da firma em causa.
Regressado a Lisboa conheceu Filipa Moniz. O encontro deu-se no Mosteiro de Santos em Lisboa, onde
estava recolhida. O casamento teve lugar em data e local que desconhecemos. Os biógrafos falam de Lisboa,
O importante é que o enlace ocorreu, favoreceu o posicionamento de Colombo na sociedade madeirense e
possibilitou-lhe o convívio com os marinheiros solitários da gesta descobridora do Novo Mundo Ocidental.
A ilha da Madeira propiciou-lhe uma escola de aprendizagem do novo mar oceano. Foi a partir da vivência
marítima atlântica que ele penetrou nos segredos insondáveis dos marinheiros que demandavam o Atlântico
Ocidental. O Funchal era um dos principais centros de divergência das rotas descobridoras das plagas
africanas e ocidentais.
Madeirenses e açorianos viveram, desde meados do século XV, nesta obsessão. As cartas antecipadas
daquilo que pensavam vir a descobrir assim o testemunham. O Ocidente exerceu sobre os ilhéus um fascínio
especial, acalentado, ademais, pelas lendas recuperadas da tradição medieval. No extenso rol de aventureiros
anónimos que deram a vida por esta descoberta, saão de referir os madeirenses Diogo de Teive, João Afonso
do Estreito, Afonso Domingues do Arco, entre muitos. Alguns foram convivas e confidentes de Cristóvão
Colombo.
A permanência do navegador no Porto Santo e, depois, na Madeira possibilitou-lhe um conhecimento das
técnicas de navegação usadas pelos portugueses e abriu-lhe as portas aos segredos, guardados na memória dos
marinheiros, sobre a existência de terras a Ocidente. Com estes e demais dados que reuniu junto dos marinheiros
madeirenses ganhou forma o projecto de navegar para Ocidente, desafiando o rumo tomado pelos portugueses.
Refira-se, ainda, que o seu cunhado Pedro Correia, capitão da ilha Graciosa (Açores) dava conta de outras notícias das
terras açoreanas, sem esquecer os estranhos despojos que apareciam com assiduidade nas praias da ilha do Porto Santo,
como a tão celebrizada castanha de Colombo. Por isso o navegador saiu do arquipélago com a firme certeza de que algo
de novo poderia encontrar a Ocidente, capaz de justificar a sua viagem.
A gratidão do navegador para com os madeirenses fê-lo retornar ao arquipélago em 1498, no decurso da terceira
viagem. Aqui teve oportunidade de relatar, aos que com ele acalentaram a ideia da existência de terras a Ocidente, o que
encontrara de novo.
O convívio com as gentes do Porto Santo foi cordial pois em Junho de 1498, aquando da terceira viagem, não resistiu
à tentação de escalar a vila. A sua aproximação foi considerada mau presságio pois os porto-santenses pensavam estar
perante mais uma armada de corsários. Desfeito o equívoco, o navegador foi recebido pelos naturais da terra seguindo
depois para a Madeira.
A 10 de Junho de 1498 a chegada ao Funchal foi apoteoticamente saudada, como nos refere frei Bartolomé de Las
Casas, o que prova mais uma vez, a familiaridade com estas gentes. O cronista remata da seguinte forma o ambiente de
festa que o envolveu: "lhe fizeram uma boa recepção e muita festa por ser ali muito conhecido, foi vizinho dela algum
tempo".
Só a partir das comemorações do quarto centenário do descobrimento da América, se começou a ser valorizada pela
ligação da Madeira ao feito colombino. Na exposição Universal de Chicago de 1893 a parte referente à evocação da
passagem do navegador pela Madeira mereceu algum destaque. Para isso contribuiu o empenho de John F. Healy, cônsul
americano na ilha, e José Leite Monteiro, ilustre professor e advogado.
Foi o último quem em Fevereiro de 1877, aquando da demolição, recolheu parte dos destroços da casa de João
Esmeraldo, que depois vendeu à família Hinton.
No Porto Santo é também referido pela tradição uma outra casa como mais um testemunho da passagem do
navegador pela ilha. Aí teria pernoitado o navegador na casa dos sogros e, para muitos, aí nasceu o único filho legítimo do
casal, Diogo Colombo. Deste edifício restam alguns vestígios que agora albergam um museu.

O portosantense Diogo Colombo

Diogo Colombo é o filho varão de Cistóvão Colombo, Maria de Toledo, filha de D. Fradique de Toledo, duque de Alba e
fruto do seu enlace com Filipa de Moniz, filha do capitão do muito próximo do monarca, permitiu que em 29 de Outubro de
donatário da ilha do Porto Santo. De acordo com Frei 1508 fosse nomeado governador das Índias. O título de Vice-rei só
Bartolomé de Las Casas, que escreve com base nas o conseguiu com Carlos V em 1519. Deste enlace nasceram quatro
declarações que lhe prestou o próprio Diogo em 1519, filhas e três filhos, que se juntaram outros dois fruto de relações
nasceu no Porto Santo em data aproximada a 1482, outros antes do casamento.
há que apontam a Madeira.
Restituídos os poderes e títulos era necessário tomar posse do
Diogo, ainda criança, acompanhou o pai na primeira Caribe e fazê-lo colonizar. Assim sucedeu em 3 de Abril de 1509,
viagem a Castela, a Huelva, que o deixou à guarda da saindo Diogo de San Lucar de Barrameda, com uma imponente
cunhada Violante Moniz. Já crescido com cerca de seis anos, frota, rumo às Índias.
acompanhou as prolongadas negociações do pai com os reis
católicos. Em 1492, com dez anos, não estava ainda capaz de Morreu a 24 de Fevereiro de 1523 sem que se lhe tivesse feito
acompanhar de perto o sonho do pai e por isso ficou em justiça e os seus descendentes não mais recuperaram os títulos
Cordova à guarda de Martyn Sanchez. No ano seguinte atribuídos em Santa Fé, ficando apenas de posse do de almirante.
apenas teve permissão para presenciar a partida da segunda Diogo Colombo deu continuidade ao projecto de colonização do
expedição de Cádis, mantendo-se como pagem da corte do Caribe, através de uma política de fixação de casais e de vinculação
príncipe João, nunca acompanhando o pai, como fez o seu dos índios às explorações agrícolas. O maior destaque vai para a
irmão Fernando em 1502, nas suas viagens ao Caribe. cultura da cana-de-açúcar que teve em Cuba, São Domingos e
Por testamento foram-lhe legados todos os cargos e Jamaica terreno ideal para medrar. As primeiras socas de canas
privilégios que as capitulações de Santa Fé (17 de Abril de foram plantadas na Hispaníola em 1493, mas foi em 1514, com o
1492) haviam atribuído a seu pai. O casamento com bacharel Gonçalo Velosa, casado com a madeirense Luísa de
Betencourt, que começou o fabrico de açúcar.
CASA MUSEU CRISTÓVÃO COLOMBO

O museu foi inaugurado em


1988 na casa que segundo a
tradição terá pertencido aos
familiares da mulher de Cristóvão
Colombo, Filipa de Moniz. Aí terá
vivido Cristóvão Colombo na
década de oitenta do século XV e
também nascido, segundo
Bartolomé de las Casas, o único
filho deste enlace, Diogo Colombo.
A memória da passagem do
navegador pela ilha está expressa
neste espaço museológico que
apresenta retratos e gravuras
alusivos, bem como réplicas das
embarcações. No rés-do-chão
temos uma cova, conhecida como
matamorra. Estas seram
construções feitas pelos
portossantenses no solo das casas
para guarda dos cereais e dos
haveres em momentos de assalto de
piratas.

LOCALIZAÇÃO: Trav. da
Sacristia, 4, Porto Santo

Aspecto da Praça de Colombo


Praça Cristóvão Colombo. Esta praça foi construída em 1992 na área onde existiu a Casa de João Esmeraldo. Em 1989 o
espaço foi alvo de uma prospecção arqueológica de que resultou a recuperação do poço, que domina uma das salas do
Núcleo Museológico do Açúcar e algumas peças de cerâmica dos séculos XVI e XVII

NÚCLEO MUSEOLÓGICO – A CIDADE DO AÇÚCAR

Este núcleo museológico, inaugurado em


1996, pretende ser à memória viva da época áurea
do açúcar na Madeira, isto é, os séculos XV e XVI.
A sua concretização resultou da recuperação dos
vestígios da chamada casa de Colombo no
Funchal, construída no século XV pelo fidalgo
flamengo João de Esmeraldo.
A sua casa de residência no Funchal foi
construída a partir de 1495 e a ela associa-se o
convívio de Cristóvão Colombo, o navegador
italiano que aportou à ilha em 1476 e 1482.
A passagem do navegador pelo Funchal em
1498, aquando da sua terceira viagem, é um
testemunho da sua profunda ligação à ilha. Nesta
data teria privado com João Esmeraldo neste
imponente palácio.
A casa dita de Colombo foi demolida em
1876 para dar lugar a um novo arruamento com o
nome de Cristóvão Colombo. Do palácio
perdurou apenas uma das principais janelas que se
encontra na Quinta da Palmeira.
Em 1989 o espaço foi alvo de uma
prospecção arqueológica de que resultou a
recuperação do poço, que domina uma das salas
do museu, algumas peças de cerâmica dos séculos
XVI e XVII e outros vestígios.
O museu alberga, para além da exposição do
espólio resultante das escavações arqueológicas de
1989, objectos da economia açucareira e da sua
influência artística.

LOCALIZAÇÃO: Praça Colombo, 5,


Funchal

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