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SUMÁRIO
Capítulo 1 - INTRODUÇÃO.............................................................................................................................. 5
1.1 - Introdução à Ergonomia ......................................................................................................................... 5
1.2 - Histórico................................................................................................................................................. 5
1.3 - Objetivos da Ergonomia......................................................................................................................... 6
1.4 - Modalidades de intervenção ergonômica ............................................................................................... 7
1.4.1 - Ergonomia de concepção .................................................................................................................... 7
1.4.2 - Ergonomia de correção........................................................................................................................ 7
1.4.3 - Ergonomia de mudança....................................................................................................................... 7
1.5 - Abordagem interdisciplinar da ergonomia ............................................................................................. 7
Capítulo 2 - ANÁLISE ERGONÔMICA DE SISTEMAS............................................................................... 9
2.1 - Introdução ............................................................................................................................................ 9
2.2 - Conceito de Sistema ............................................................................................................................. 9
2.3 - Sistema Homem-Máquina.................................................................................................................. 10
2.4 - Características dos Sistemas............................................................................................................... 11
2.4.3 Considerações sobre a otimização de sistemas.................................................................................... 12
2.4.4 - Confiabilidade de Sistemas ............................................................................................................... 13
2.5 - Homem versus Máquina..................................................................................................................... 14
2.5.1 - O homem se distingue por:............................................................................................................... 14
2.5.2 - A máquina se distingue por:............................................................................................................ 14
2.6 Problemas de automação ........................................................................................................................ 15
Capítulo 3 - BIOMECÂNICA OCUPACIONAL ......................................................................................... 17
3.1 - Introdução .......................................................................................................................................... 17
3.2 - O Trabalho Muscular ......................................................................................................................... 17
3.3 - Posturas .............................................................................................................................................. 18
3.3.1 - Posturas do Corpo ............................................................................................................................. 19
3.3.2 - Registro da postura.......................................................................................................................... 20
3.3.3 - Recomendações para melhorar as tarefas e os postos de trabalho..................................................... 22
3.4 - Movimentos........................................................................................................................................ 23
3.5 - Levantamento e transporte de cargas ................................................................................................... 24
3.5.1 - Recomendações Para o Levantamento de Cargas ............................................................................. 25
Restrinja o número de tarefas que envolvam a carga manual....................................................................... 25
3.5.2 - Equação de NIOSH - National Institute of Occupational Safety and Health .................................. 27
3.5.3 - Recomendações Para o Transporte de Cargas................................................................................... 32
Capítulo 4 - ANTROPOMETRIA.................................................................................................................. 33
4.1 - Introdução ............................................................................................................................................ 33
4.2 - Padrões Internacionais de medidas antropométricas ............................................................................ 34
4.3 - Realização das medidas antropométricas ............................................................................................. 34
4.3.1 - Definição dos objetivos..................................................................................................................... 34
4.3.2 - Definição das medidas ...................................................................................................................... 35
4.3.3 - Escolha dos métodos de medida........................................................................................................ 35
4.3.4 - Seleção da amostra ............................................................................................................................ 35
4.3.5 - Medições ........................................................................................................................................... 36
4.3.6 – Apresentação e análise dos resultados .............................................................................................. 36
4.6 - Antropometria: aplicações................................................................................................................. 38
4.6.1. - Espaço de trabalho ......................................................................................................................... 38
4.6.2. - Superfícies horizontais ................................................................................................................... 39
4.6.3. - Assento............................................................................................................................................ 42
Capítulo 5 - POSTO DE TRABALHO .......................................................................................................... 47
5.1 - Introdução .......................................................................................................................................... 47
5.2 - Enfoque tradicional do posto de trabalho........................................................................................... 47
5.3 - Enfoque ergonômico do posto de trabalho......................................................................................... 48
5.4 - Projeto do posto de trabalho................................................................................................................ 48
5.4.1 - Descrição da tarefa .......................................................................................................................... 49
5.4.2 - Descrição das ações......................................................................................................................... 49
5.5 - Arranjo físico do posto de trabalho .................................................................................................... 50
5.6 - Conceitos Básicos Relacionados ao Ser Humano e ao Arranjo Físico de Seu Local de Trabalho ..... 52
5.7 - Regras Básicas de Ergonomia na Organização do Arranjo Físico (Layout)....................................... 53
5.8 - A importância do espaço pessoal no trabalho .................................................................................... 55
5.9 - Dimensionamento do posto de trabalho ............................................................................................. 56
Capítulo 6 - DISPOSITIVOS DE INTERAÇÃO HOMEM-MÁQUINA: ...................................................... 57
CONTROLES E MOSTRADORES .............................................................................................................. 57
6.1 - Introdução .......................................................................................................................................... 57
6.2 - Movimentos de controle..................................................................................................................... 57
6.3 - Controles ............................................................................................................................................ 59
6.3.1 - Classificação dos controles ............................................................................................................. 60
6.3.2 - Discriminação dos controles ........................................................................................................... 61
6.3.3 - Prevenção de acidentes com controles ............................................................................................ 64
6.4 - Mostradores........................................................................................................................................ 64
6.4.1 - Principais tipos de mostradores....................................................................................................... 64
6.4.2 - Desenho de mostradores.................................................................................................................. 66
6.4.3 - Localização de mostradores ............................................................................................................ 69
6.5 – Associação de controles e mostradores ............................................................................................... 71
6.5.1 - Compatibilidade espacial ................................................................................................................ 71
6.5.2 - Princípios a serem seguidos na associação de controles e mostradores ................................................ 72
6.5.3 - Sensibilidade do deslocamento ....................................................................................................... 73
Capítulo 7 - FATORES AMBIENTAIS......................................................................................................... 75
7.1 - Introdução .......................................................................................................................................... 75
7.2 - Temperatura, umidade e velocidade do vento ..................................................................................... 75
7.2.1 - Trabalho a altas e baixas temperaturas............................................................................................ 75
7.3 - Ruído.................................................................................................................................................. 77
7.3.1 - Surdez provocada pelo ruído........................................................................................................... 77
7.3.2 - Influência do ruído no desempenho ................................................................................................ 78
7.4 - Vibrações ........................................................................................................................................... 79
7.4.1 - Efeito das vibrações sobre o organismo .......................................................................................... 80
7.4.2 - Controle das vibrações .................................................................................................................... 82
7.5 - Iluminação.......................................................................................................................................... 83
7.5.1 - Efeitos fisiológicos da iluminação .................................................................................................. 83
7.5.2 - Planejamento da iluminação............................................................................................................ 85
7.6 - Cores .................................................................................................................................................. 86
7.6.1 - Características das cores.................................................................................................................. 86
7.6.2 - Planejamento das cores ................................................................................................................... 88
Capítulo 8 - ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO............................................................................ 91
8.1 - Introdução ............................................................................................................................................ 91
8.2 – Análise Ergonômica da Demanda ....................................................................................................... 91
8.2.1 - Dados que devem ser coletados pela análise da demanda................................................................. 91
8.3 - Análise Ergonômica da Tarefa ............................................................................................................. 92
8.3.1 - Delimitação do sistema homem-tarefa .............................................................................................. 93
8.3.2 - Descrição das componentes do sistema homem-tarefa ..................................................................... 93
a) Dados a serem levantados referente ao homem............................................................................................ 94
8.3.3 - Avaliação das exigências do trabalho.............................................................................................. 96
8.4 - Identificação e detecção das síndromes ergonômicas .......................................................................... 97
ERGONOMIA.................................................................................................................................................. 99
CAPÍTULO 9 - ARRANJO FÍSICO ................................................................................................................ 99
9.1 - Introdução ............................................................................................................................................ 99
9.2 - Conceito de arranjo físico .................................................................................................................. 100
9.3 - Como surge o problema do arranjo físico ......................................................................................... 101
9.4 - A chave dos Problemas de Arranjo Físico ....................................................................................... 101
9.5 - Objetivos do arranjo físico ................................................................................................................. 102
9.6 - Princípios do arranjo físico .............................................................................................................. 102
9.7 - Recomendações ao estudo do arranjo físico..................................................................................... 103
9.8 - Procedimentos para determinação do arranjo físico......................................................................... 104
9.9 - Estudo do Problema ......................................................................................................................... 105
9.10 - Concepção do Arranjo Físico ......................................................................................................... 107
9.10.1 - Tipos básicos de arranjo físico .................................................................................................... 107
9.10.2 - Estudo do Fluxo .......................................................................................................................... 111
9.10.3 - Inter-relações não baseadas no fluxo de materiais ...................................................................... 116
9.10.4 - Alternativas de arranjo físico ...................................................................................................... 118
9.10.5 - Escolha da concepção do arranjo físico....................................................................................... 118
9.11 - Projeto Detalhado do Arranjo Físico.............................................................................................. 120
9.11.1 - Dimensionamento de Áreas.......................................................................................................... 121
9.12 - Apresentação do estudo.................................................................................................................. 125
Referências Bibliográficas.............................................................................................................................. 128
5
ERGONOMIA
Capítulo 1 - INTRODUÇÃO
1.2 - Histórico
De forma intuitiva, já se pratica a Ergonomia desde que existe o homem. As primeiras
armas e ferramentas conhecidas já eram adaptadas às pessoas. Mas foi a partir deste século que a
ergonomia realmente experimentou seu desenvolvimento.
Depois da primeira guerra mundial criou-se, na Inglaterra, uma comissão para investigar
sinais de fadiga em trabalhadores de indústrias. Esta deve ter sido a primeira pesquisa científica
sobre os problemas do homem no seu trabalho. Durante a segunda guerra mundial, houve um rápido
desenvolvimento técnico na área militar, sendo criados e construídos equipamentos e dispositivos
cada vez mais complexos, exigindo reações rápidas e alto nível de estresse. Com isso, o
desempenho destes sistemas ficou bem abaixo do esperado, os equipamentos e dispositivos foram
sub-utilizados.
A conclusão imediata foi que era necessário conhecer mais sobre o homem, suas
qualidades, habilidades e sobretudo, suas limitações, para poder otimizar o sistema. Pela primeira
vez, houve uma conjugação sistemática de esforços entre a tecnologia e as ciências humanas.
Fisiologistas, psicólogos, antropólogos, médicos e engenheiros trabalharam juntos para resolver os
problemas causados pela operação de equipamentos militares complexos. Os resultados desse
esforço interdisciplinar foram tão gratificantes, que foram aproveitados pela indústria, no pós-
guerra.
O interesse nesse novo ramo de conhecimento cresceu rapidamente, em especial na Europa
e nos Estados Unidos. Assim, em 1949, foi fundada, em Oxford na Inglaterra, a Ergonomics
6
Research Society, uma sociedade de cientistas, cujo objeto de estudos e pesquisa era o homem e seu
trabalho. Criaram então Ergonomia, como ciência do trabalho, de caráter interdisciplinar. O termo
Ergonomia, de origem grega (Ergon - trabalho; nomos - lei, regra, teoria), contudo, já tinha sido
cunhado antes, na Polônia, no século XIX. Em 1961 foi criada a International Ergonomics
Association (IEA). Atualmente, ela representa as associações de ergonomia de quarenta diferentes
países, com um total de 15 mil sócios (No Brasil, a Associação Brasileira de Ergonomia foi fundada
em 1983 e também é filiada a IEA).
- a satisfação;
- o bem estar dos trabalhadores no seu relacionamento com sistemas produtivos.
Diante disso, eficiência não é o objetivo principal da ergonomia, porque ela, isoladamente,
pode significar sacrifício e sofrimento para os trabalhadores, o que é inaceitável do ponto de vista
ergonômico. Deve-se considera isso tanto na concepção de um produto como em um processo,
principais campos de atuação da ergonomia.
- programadores de produção;
- administradores;
- compradores.
ERGONOMIA
2.1 - Introdução
O projeto de qualquer tipo de máquina, equipamento ou produto não é uma atividade
isolada, mas destina-se a desenvolver certas funções e habilidades que complementem aquelas do
ser humano.
Essa atividade de projeto deve ser feita a partir de uma visão ampla, considerando todos os
elementos que influirão no desempenho da máquina, dentro do ambiente em que a mesma deverá
operar. A qualidade desse desempenho estará diretamente relacionada com o grau de adaptação da
mesma ao operador, ao sistema produtivo, à organização da produção, e até à cultura técnica da
região ou do país.
Alguns defensores da moderna tecnologia consideram que as máquinas podem substituir
indiscriminadamente os homens, mas isso nem sempre é possível e muitas vezes não é econômico,
pois, se não forem tomados os devidos cuidados, podem provocar o aparecimento de diversos
problemas.
Neste capítulo, trata-se de forma sucinta de um sistema denominado Homem-Máquina.
Figura 2.1 - Exemplo de um sistema produtivo. Qualquer parte desse sistema constitui um
subsistema.
(Itiro Iida, 1990)
Figura 2.2 - Representação esquemática das interações entre os elementos de um sistema homem-
máquina.
2.4.1 - Sistemas abertos: sistemas em que depois de acionados por um usuário, este não mantém
mais controle sobre os mesmos. Ex: o arremesso de uma bola.
2.4.2 - Sistemas fechados: sistemas que possuem mecanismos de realimentação que permitem
introduzir correções para compensar desvios de origens diversas. São também conhecidos como
servosistemas ( sistemas de controle automático). Ex: um míssil.
Nos sistemas abertos há a necessidade de intervenções externas para se corrigir o
desempenho. Em sistemas fechados há mecanismos de auto-correção.
Os seres vivos geralmente são servosistemas. Os servosistemas possuem uma propriedade
denominada homeóstase, o que lhes permite modificar ou adaptar seu comportamento em vista de
eventos imprevistos. São capazes de manter um certo equilíbrio, eliminando a influência de fatores
estranhos. Ex: o controle da temperatura interno do corpo humano.
Os servosistemas possuem desempenho superior aos sistemas abertos. Suas características
podem ser introduzidas em sistemas organizacionais e em máquinas para a obtenção de melhoria de
desempenho. O que restringe o uso é o custo elevado que, dependendo da situação, pode não ser
viável economicamente.
O sistema homem-máquina pode ter características de um servosistema, desde que a máquina seja
projetada de modo a fornecer, continuamente, informações sobre seu desempenho, ao homem, e
tenha condições de reagir as ações humanas de controle.
Confiabilidade de sistemas com ligações em série: Com ligações em série, o sistema só funciona
se todos os subsistemas funcionarem. A confiabilidade para esses sistemas pode ser expressa como:
Onde: Rss = R1 x R2 x .....x Rn
- Rss - confiabilidade de um sistema com ligações em série
- Rn - confiabilidade do subsistema n - n - número de
subsistemas
Confiabilidade de sistemas com ligações em paralelo - sistemas com ligações em paralelo
possuem mais de um subsistema para realizar a mesma função, ou seja, o sistema pode continuar
funcionando se um desses subsistemas parar. A confiabilidade pode ser expressa como:
Rsp = 1 – [(1 - R1) x (1 - R1) x .... x (1 - Rn)]
Onde:
- Rsp - confiabilidade de um sistema com ligações em paralelo
- Rn - confiabilidade do subsistema n
- n - número de subsistemas
Confiabilidade para sistemas com ligações mistas: esses sistemas apresentam tanto ligações em
série como em paralelo. A confiabilidade pode ser expressa como:
Rsm = Rss x Rsp
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Onde:
- Rsm - confiabilidade de um sistema misto
- Rss - confiabilidade dos subsistemas ligados em série
- Rsp - confiabilidade dos subsistemas ligados em paralelo
j. repetir operações rápidas, contínuas, e precisamente da mesma maneira, sob longo período de
tempo;
l. operar em ambientes hostis ou até mesmo inóspitos ao homem.
Evidentemente a decisão de alocar funções para homens e máquinas não é simples, pois a
máquina ainda não é capaz de executar bem certas funções e, além disso, na empresa deve-se
considerar sempre o aspecto econômico.
Nos casos de operações perigosas em ambientes hostis ao homem, como o excesso de calor,
ruídos, poeiras, radiações, gases tóxicos, perigos de quedas, incêndios e explosões, as considerações
sobre segurança podem suplantar aquelas puramente econômicas e, então, a decisão a favor da
máquina parece ser evidente.
Em outros casos, pode ser que não hajam razões evidentes para se optar pelo homem ou
pela máquina, e, então, pode ser desejável estabelecer alguns critérios para alocação de funções
entre homem e máquina. Não existem critérios rígidos ou que sejam válidos em quaisquer
circunstâncias. O que existe são recomendações gerais de características operacionais em que o
desempenho do homem pode ser melhor que o das máquinas e vice-versa. De qualquer forma, essas
recomendações são válidas apenas como uma primeira aproximação, para uma definição inicial do
pré-projeto do sistema homem-máquina. Na prática muitas adaptações poderão ser necessárias.
Como orientação geral pode-se considerar que o homem tem a característica da
flexibilidade, mas não se pode esperar dele um desempenho de forma consistente (constante,
uniforme) enquanto a máquina tem a característica da consistência, contudo, sem flexibilidade.
de alguns sinais biológicos, como o ritmo cardíaco e as ondas cerebrais do piloto para, depois de um
certo limite, a própria máquina ir assumindo o comando para aliviar a sobrecarga do operador.
Pode-se chamar isso de uma alocação dinâmica em que o poder de decisão estaria com a máquina, e
não com o piloto.
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ERGONOMIA
3.1 - Introdução
No estudo da biomecânica, as leis físicas da mecânica são aplicadas ao corpo humano.
A biomecânica ocupacional estuda as interações entre o trabalho e o homem sob o ponto de
vista dos movimentos músculo-esqueletais envolvidos, e as suas conseqüências. Analisa
basicamente a questão das posturas corporais no trabalho e a aplicação de forças.
Muitos produtos e postos de trabalho inadequados provocam tensões musculares, dores e
fadiga que, em certos casos, podem ser resolvidas com providências simples, como o aumento ou a
redução da altura da mesa ou da cadeira. Há situações em que a solução não é tão simples, por
envolver um conflito fundamental entre as necessidades humanas e as necessidades do trabalho.
Contudo, muitas vezes é possível encontrar soluções de compromisso, que embora não se
configurem em uma situação ideal de trabalho, pelo menos reduzem as exigências humanas ao nível
tolerável.
3.3 - Posturas
Posturas e movimentos têm grande importância na ergonomia. Tanto no trabalho como na
vida cotidiana, eles são determinados pelas tarefas e pelo posto de trabalho.
Para assumir uma postura ou realizar um movimento, são acionados diversos músculos,
ligamentos e articulações do corpo. Os músculos fornecem a força necessária para o corpo adotar
uma postura ou realizar um movimento. Os ligamentos desempenham uma função auxiliar. As
articulações permitem os deslocamentos de partes do corpo em relação as outras.
Posturas ou movimentos inadequados produzem tensões mecânicas nos músculos,
ligamentos e articulações, resultando em dores no pescoço, costas, ombros, punhos e outras partes
do sistema músculo-esquelético.
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d) inclinação da cabeça para frente: muitas vezes é necessário inclinar a cabeça para frente para
se ter uma melhor visão, como nos casos de pequenas montagens, inspeção de peças com pequenos
defeitos ou leitura difícil. Essas necessidades geralmente ocorrem quando: o assento é muito alto; a
mesa é muito baixa; a cadeira está longe do trabalho que deve ser fixado visualmente; há uma
necessidade específica, como no caso do microscópio. Essa postura provoca fadiga rápida nos
músculos do pescoço e do ombro, devido, principalmente, ao momento (no sentido da Física)
provocado pela cabeça, que tem um peso relativamente elevado (4 a 5 kgf).
As dores no pescoço começam a aparecer quando a inclinação da cabeça, em relação à
vertical, for maior que 30° (ver fig. 2.2, IIDA). Nesse caso, deve-se tomar providências para
restabelecer a postura vertical da cabeça, de preferência com até 20° de inclinação, fazendo-se
ajustes na altura da cadeira, mesa ou localização da peça. Se isso não for possível, o trabalho deve
ser programado de modo que a cabeça seja inclinada durante o menor tempo possível e seja
intercalado com pausas para relaxamento, com a cabeça voltando a sua posição vertical.
Figura 2.2 - Tempos médios para aparecimento de dores no pescoço, de acordo com a
inclinação da cabeça para frente (IDA, 1990).
combinações das posições do dorso (4 posições típicas), braços (3 posições típicas) e pernas (7
posições típicas). Foi feita uma avaliação das diversas posturas quanto ao desconforto. Para isso foi
usado um manequim que podia ser colocado nas diversas posturas estudadas. Um grupo de 32
trabalhadores experientes fazia avaliações quanto ao desconforto de cada postura. Com base nas
avaliações as posturas foram classificadas nas seguintes categorias:
Classe 1 - postura normal, que dispensa cuidados, a não ser em casos excepcionais;
Classe 2 - postura que deve ser verificada durante a próxima revisão rotineira;
Classe 3 - postura que deve merecer atenção a curto prazo;
Classe 4 - postura que deve merecer atenção imediata.
A figura 2.3 mostra as posturas típicas do dorso, braços e pernas e um exemplo de como
codificar uma postura pelo sistema OWAS.
Figura 2.3 - Sistema OWAS para o registro da postura, cada postura é descrita por um
código de três dígitos, representando posições do dorso, braços e pernas, respectivamente.
b) Diagrama de Corlett e Manenica (1980): este diagrama divide o corpo humano em diversos
segmentos e com isso facilita a localização de áreas dolorosas após uma jornada de trabalho. O
diagrama está mostrado na figura 2.4:
22
Fig. 2.4 - Diagrama para indicar partes do corpo onde se localizam as dores provocadas por
problemas de postura (Corlett e Manenica, 1980) - retirado do Itiro Iida.
Tendo-se em mãos o diagrama adota-se o seguinte procedimento:
0
1 ) Ao final de um período de trabalho, entrevista-se os trabalhadores pedindo para apontarem as
regiões onde sentem dores;
20) A seguir pede-se para os mesmos avaliarem o grau de desconforto que sentem em cada um dos
segmentos indicados no diagrama. O índice de desconforto é classificado em 8 níveis: nível “0”
para extremamente confortável; nível “7” para extremamente desconfortável.
30) Identificar máquinas, equipamentos e locais de trabalho que apresentam maior gravidade, ou
seja, acima do terceiro nível e que merecem atenção imediata.
40) Dirigir os esforços para os pontos prioritários.
A parte superior do corpo de um adulto, acima da cintura, pesa 40 kgf, em média. Quando
o tronco pende para frente, há contração dos músculos e dos ligamentos das costas para manter essa
posição. A tensão é maior na parte inferior do tronco, onde surgem dores.
d) Evite inclinar a cabeça
Não se deve esquecer que a cabeça de um adulto pesa de 4 a 5 kgf.
3.4 - Movimentos
As forças humanas são resultados de contrações musculares. Algumas forças dependem de
apenas alguns músculos, enquanto outras exigem uma contração coordenada de diversos músculos,
principalmente se envolver combinações complexas de movimentos, como tração e rotação
simultâneas.
Observações:
- A capacidade de carga varia consideravelmente conforme se usem as musculaturas das pernas,
braços ou dorso.
- As mulheres possuem aproximadamente metade da força dos homens para o levantamento de
pesos
- A capacidade de carga é influenciada ainda: pela posição da carga em relação ao corpo;
dimensões da carga; facilidade de manuseio.
No caso de cargas especiais, como gases e líquidos perigosos, é necessário planejar a operação e
tomar cuidados especiais com a segurança. Quando a carga é desconhecida para a pessoa que vai
carregá-la, é necessário colocar uma etiqueta, informando o peso e os cuidados necessários para a
manipulação da mesma.
Figura 2.5 – Medidas utilizadas na determinação dos fatores corretores da Equação de NIOSH
Ela supõe que o trabalhador pode escolher a própria postura e que a carga é segura com as
duas mãos. Assim, a carga máxima de 23 kgf é multiplicada por seis coeficientes, que representam
as variáveis acima:
Carga máxima = 23 kgf x CM x CH x CV x CF x CD x CA
CM – fator corretor da carga devido à dificuldade de manuseio
CH – fator corretor em função da distância horizontal da carga ao corpo
CV – fator corretor em função da distância vertical da carga ao piso
CF – fator corretor da carga em função da freqüência do levantamento
CD – fator corretor da carga para o deslocamento
CA – fator corretor relacionado com a rotação do tronco
Os valores para os coeficientes podem ser obtidos através dos gráficos e tabela a seguir.
29
13 0 0 0 0 0 0,34
14 0 0 0 0 0 0,31
15 0 0 0 0 0 0,28
16 0 0 0 0 0 0
ERGONOMIA
Capítulo 4 - ANTROPOMETRIA
4.1 - Introdução
A antropometria é o estudo das medidas do corpo humano. As medidas humanas são
importantes na determinação dos aspectos relacionados ao ambiente de trabalho e sua influência no
desempenho de atividades. O problema prático com o qual a antropometria mais se defronta
está relacionado às diferentes dimensões das pessoas.
As medidas das pessoas dependem de uma série de fatores:
a) Tempo: Em função do desenvolvimento das populações verifica-se através de levantamentos que
há um crescimento das medidas da população com o tempo. Essas mudanças podem ser
ocasionadas por:
- alterações nos hábitos alimentares;
- alterações nas condições de saúde;
- prática de esportes.
Já se observou crescimento de até 8 cm na estatura média dos homens em apenas uma
década.
b) Idade: Durante as diversas fases da vida, o corpo das pessoas sofre mudanças de forma e
proporções. O crescimento estabiliza para as mulheres aos 18 anos e para os homens aos 20 anos.
Após os 35 anos, as medidas de comprimento tendem a diminuir e proporções tais como entre a
cabeça e o corpo mudam. Essas mudanças resultam dos seguintes aspectos:
- Cada parte do corpo tem uma velocidade diferente de crescimento;
- As diferenças entre as velocidades de crescimento fazem com que as proporções entre as diversas
partes do corpo sejam diferentes;
- Há diferenças individuais pronunciadas nas taxas anuais de crescimento, ou seja, algumas pessoas
crescem mais rapidamente do que outras. Nem sempre as pessoas que crescem mais rapidamente
atingem uma estatura final maior;
- Devido ao processo de envelhecimento, que se inicia de forma pronunciada a partir dos 50 anos,
o organismo vai perdendo gradativamente sua capacidade funcional e a estatura começa a declinar.
Os homens perdem 3 cm até os 80 anos e as mulheres 2,5 cm.
c) Sexo: Homens e mulheres apresentam diferenças antropométricas não apenas em dimensões, mas
também em proporções. Levantamentos estatísticos mostram que os homens de maior estatura são
25% mais altos que as mulheres de menor estatura. As mulheres com a mesma estatura dos homens
costumam ser mais gordas.
d) Etnias: Diversos estudos antropométricos realizados durante várias décadas comprovam a
influência da etnia nas medidas antropométricas.
e) Alimentação: o crescimento da população é mais acentuado quando povos subalimentados
passam a consumir maior quantidade de proteínas.
f) Clima: habitantes de regiões com clima quente em geral possuem o corpo mais fino e membros
superiores e inferiores mais longos; habitantes de regiões de clima frio, têm corpo mais cheio, mais
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volumoso e arredondado. Em outras palavras os povos de clima quente têm corpo onde predomina a
dimensão linear, enquanto os de clima frio tendem para formas esféricas;
Antropometria estática: é aquela que se refere ao corpo parado ou com poucos movimentos; é
aplicada a objetos sem partes móveis ou com pouco movimento;
Antropometria dinâmica: mede os alcances dos movimentos; os movimentos de cada uma das
partes do corpo são medidos mantendo-se o resto do corpo estático;
Antropometria funcional: na prática observa-se que cada parte do corpo não se move
isoladamente, mas há uma conjugação de diversos movimentos para executar uma dada função. A
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antropometria funcional baseia-se em medidas obtidas pela observação do corpo como um todo
executando tarefas específicas.
amostras de 3 a 5 mil sujeitos. Entretanto para a maioria das aplicações em ergonomia, em que não
se exigem graus de confiança superiores a 90 ou 95%, amostras de 30 a 50 sujeitos são suficientes.
4.3.5 - Medições
Para realizar as medidas torna-se conveniente:
- elaborar um roteiro para a tomada de medidas;
- confeccionar formulários e desenhos apropriados para suas anotações;
- realizar um treinamento prévio das pessoas que executarão as medidas, que compreenda:
conhecimentos básicos de anatomia humana; reconhecimento de postura;
identificação dos pontos de medida; uso correto de instrumentos de
medida;
realização de um teste piloto.
O treinamento aplica-se principalmente para grandes amostras, onde muitos medidores
estarão envolvidos durante meses de trabalho.
Exemplo: Considerando uma estatura média da população de 169,7 cm e desvio padrão de 7,5 cm,
qual o intervalo de medidas para a população para os percentis de 5% e 95%?
- Hm = 169,7 cm
- Altura para o percentil de 5%⇒ H5%= 169,7 - 7,5 x 1,645= 157,4 cm
- Altura para o percentil de 95%⇒ H95%= 169,7 + 7,5 x 1,645= 182 cm
- Conclusão: o universo do qual a amostra foi retirada, há uma possibilidade de 5% da população ter
estatura abaixo de 157,4 cm e de 5% acima de 182 cm. Em outras palavras, 90% da população
possui altura entre 157,4 cm e 182 cm.
2o Princípio - Projeto para indivíduos extremos: existem certas circunstâncias nas quais
equipamentos feitos para pessoas médias não são satisfatórios. Por exemplo, se dimensionássemos
uma saída de emergência para a pessoa média, no caso de um acidente, simplesmente 50% na
população não conseguiria sair. Analogamente, construindo um painel de controle a uma distância
tal que o homem médio pudesse alcançar convenientemente, se dificultaria o acesso das pessoas
38
abaixo da média para operar o painel. Da mesma forma construindo uma escrivaninha embaixo da
qual houvesse espaço para uma perna média, estaríamos causando graves incômodos às pessoas
com pernas maiores que a média, se elas conseguissem sentar.
Assim, se existir algum fator limitativo no projeto (no sentido de que as pessoas acima ou
abaixo de uma dada dimensão não estariam bem acomodadas), deve-se empregar como critério de
projeto aquele em que consiste em acomodar os casos extremos, o maior ou o menor, dependendo
do fator limitativo do equipamento. Como, de um modo geral, não sabemos quais são as dimensões
dos usuários, devemos projetar o equipamento para acomodar uma grande porcentagem da
população, geralmente 95% dos casos e sabendo de antemão que não servirá para as poucas pessoas
de um dos extremos.
Para utilizarmos esse princípio, é necessário saber qual será a variável limitadora. Por
exemplo, se considerarmos o painel de controle, a variável limitadora é o comprimento de alcance
do braço. Assim, se quisermos englobar 95% da população, a distância ao painel não pode ser maior
do que 95% do comprimento dos braços.
A maioria dos produtos é dimensionada para acomodar até 95% da população, por uma
questão econômica. Acima disso, teríamos que aumentar muito o tamanho dos objetos, para
acomodar, relativamente, uma pequena faixa adicional da população.
3o Princípio - Projetos para faixas da população − alguns equipamentos podem ter certas medidas
ajustáveis para se acomodar melhor seus usuários. São por exemplo, os casos do assento do
automóvel, cadeiras de secretárias, ou cintos com furos. Esses equipamentos normalmente cobrem a
faixa de 5 a 95% da população, porque, em geral, os problemas técnicos e econômicos envolvidos
para abranger 100% da população, não compensam. Enquadra-se também nesse critério certos
produtos que apresentam tamanhos discretos, como numeração de roupas e calçados.
Embora certos trabalhos exijam muitos deslocamentos de todo o corpo, na maioria das
ocupações da vida moderna as atividades são desempenhadas em espaços relativamente pequenos,
com o trabalhador em pé ou sentado, realizando movimentos maiores com os membros do que com
o corpo.
De uma forma geral, os seguintes fatores deverão ser considerados no dimensionamento do
espaço de trabalho:
a) Postura: fator que mais influi no dimensionamento do espaço de trabalho. Trabalhos que
exijam movimentos corporais mais amplos, deve-se fazer registros de antropometria dinâmica.
b) Tipo de atividade manual: Influencia nos limites do espaço de trabalho. Trabalhos que exijam
ações de agarramento com o centro das mãos, como no caso de alavancas ou registros, devem ficar
mais próximas do operador do que as tarefas que exijam a atuação apenas das pontas dos dedos,
como pressionar um botão.
c) Vestuário: O vestuário pode tanto aumentar o volume ocupado pelas pessoas, como limitar os
seus movimentos, portanto deve ser considerado ao se dimensionar o espaço de trabalho.
Figura 4.1 - Áreas de alcances ótimo e máximo sobre a mesa, para a posição sentada
(Grandjean,1983)
Tabela 4.2 - Recomendações para a altura da superfície de trabalho para três situações de uso dos
olhos, mãos e braços para a posição sentada e em pé
Tipo de tarefa Altura da superfície de trabalho
41
4.6.3. - Assento
Muitas pessoas na vida moderna chegam a passar mais de 20 horas nas posições sentada ou
deitada. Diz-se até que a espécie humana, homo-sapiens, já deixou de ser um animal ereto, homo
erectus, para se transformar no animal sentado, homo sedens.
Daí justifica-se o grande interesse da ergonomia pelos assentos. Análises de posturas são
encontradas desde 1743, quando ANDRY, “pai dos ortopedistas”, fez diversas recomendações para
corrigir posturas, na sua obra Orthopedia. As más posturas causam fadiga, dores lombares e
cãibras que, se não forem corrigidas, podem provocar anormalidades permanentes na coluna.
posturas e servem como apoio na hora de se levantar. Devem ser curtos para permitir que a cadeira
possa aproximar-se da mesa.
Cadeiras com “rodinhas” podem ser úteis quando a atividade, embora sentada, exige
movimentação com freqüência em pequenos espaços. Porém, “rodinhas” não devem ser utilizadas
em atividades que possuem operações com pedais, pois provocam instabilidade.
A altura do assento deve ser estudada em função da altura da mesa, de modo que a
superfície da mesa fique aproximadamente na altura do cotovelo da pessoa sentada. Os braços da
cadeira devem ficar aproximadamente à mesma altura ou pouco abaixo da superfície de trabalho
para dar apoio aos cotovelos. Entre o assento e a mesa deve haver espaço para acomodar os
membros inferiores . Esse espaço é importante para permitir uma postura adequada. A largura
mínima desse espaço é de 60 cm. A profundidade deve ser de, pelo menos 40 cm na parte superior
e 100 cm na parte inferior. A dimensão maior junto aos pés justifica-se pela necessidade de esticar
as pernas para frente, para variar a postura. Para acomodar as coxas é necessária uma altura mínima
de 20 cm entre assento e parte inferior da mesa. Essas dimensões estão mostradas na figura 4.3.
c) Dimensionamento de assentos
A figura a seguir apresenta as dimensões básicas recomendadas para assentos, considerando
as posturas: ereta e relaxada. As dimensões são apresentadas com uma faixa de variação, tanto para
acomodar as diferenças de medidas antropométricas dos usuários, como para se adaptar ao tipo de
tarefa que será executada. Essas duas posturas, ereta e relaxada, não apresentam fronteiras rígidas
pois as pessoas que trabalham em posição ereta, freqüentemente adotam também posturas relaxadas
e vice-versa.
45
Figura 4.4 - Dimensões básicas recomendadas para assentos nas posturas: ereta e relaxada
Grandjean e Hüting (1977) observaram 378 pessoas trabalhando em um escritório e
constataram que em apenas 33% dos casos as pessoas mantêm a postura ereta, ocupando toda a área
do assento. No resto do tempo, as pessoas se sentam na borda do assento, inclinando-se para frente
ou para trás, com contínuas mudanças de postura. Essas mudanças de postura são ainda mais
freqüentes se o assento for desconfortável ou inadequado para o trabalho, chegando a haver 83
mudanças de postura por hora (Grieco, 1986), portanto, mais de uma mudança por minuto.
Figura 4.5 - Diferentes posições no assento em uma amostra de 378 empregados de um escritório
(Grandjean e Hutinger, 1977)
4.7 - Resumo das recomendações sobre antropometria
1 - Na escolha dos dados antropométricos o projetista deve verificar a definição exata das medidas
(especialmente os pontos iniciais e terminais) e as características da população em que a amostra foi
baseada.
46
2 - As dimensões antropométricas podem variar de acordo com as etnias e com a época, tanto pela
evolução da população, como pela mudança das pessoas que exercem certas funções na sociedade.
3. - Há influências econômicas nas medidas antropométricas. Trabalhadores de baixa qualificação
podem ser até 10 cm mais baixos em relação aos de melhor renda.
4. Projetos feitos no exterior nem sempre se adaptam aos brasileiros, e essa diferença tende a ser
maior no caso de projetos baseados em medidas antropométricas de mulheres.
5. No uso de dados antropométricos, o projetista deve verificar qual é a tolerância aceitável para
acomodar as diferentes dimensões encontradas na população de usuários, e providenciar os ajustes
estáticos, dinâmicos e funcionais.
6. Os objetos e os espaços de trabalho podem ser dimensionados para a média da população (50%)
ou um de seus extremos (5% ou 95%).
7. Os objetos e os espaços de trabalho devem permitir uma acomodação de pelo menos 90% da
população de usuários. A acomodação dos extremos, acima desse percentil, pode não ser
economicamente justificável.
8. O dimensionamento do posto de trabalho está intimamente relacionado com a postura e nenhum
deles pode ser considerado separadamente um do outro.
9. Na decisão sobre o trabalho sentado ou de pé, devem ser considerados:
- a localização dos controles, componentes e atividades;
- a intensidade e as direções das forças a serem exercidas;
- a freqüência do trabalho de pé ou sentado;
- o espaço para acomodar as pernas, quando sentado.
10. A altura da superfície de trabalho em pé depende do tipo de trabalho executado. Para a posição
sentada, a altura da mesa deve ser dimensionada de forma integrada com o assento.
11. O projeto do assento deve considerar:
- a relação entre a altura do assento e do trabalho;
- facilidade de sentar-se e levantar-se;
- estabilidade do assento;
- pequenos acolchoamentos do assento e do encosto.
12. O assento confortável permite variações de postura. Dificuldades de movimentar-se
contribuem para aumentar a fadiga. Muitas vezes é possível projetar o posto de trabalho para
permitir o trabalho sentado e de pé, alternadamente.
47
ERGONOMIA
5.1 - Introdução
O posto de trabalho pode ser considerado como a menor unidade produtiva, geralmente
envolvendo um homem e o seu local de trabalho. Uma fábrica ou um escritório, por exemplo,
seriam formados de um conjunto de postos de trabalho. Fazendo uma analogia biológica, um posto
de trabalho seria equivalente a uma célula, onde o homem é o seu núcleo. Um conjunto dessas
células constitui o tecido e o órgão, que são equivalentes a departamentos, fábricas ou escritórios.
O bom funcionamento de uma fábrica depende do bom funcionamento de cada um de seus
postos de trabalho.
Hoje admite-se que os resultados obtidos usando-se o enfoque tradicional nem sempre são
os mais eficazes. Um dos aspectos mais questionados é que seu uso leva a produzir métodos cada
vez mais simples e repetitivos. A curto prazo pode ser eficiente, principalmente para trabalhadores
pouco qualificados. Porém, como tende a concentrar a carga de trabalho sobre determinados
48
movimentos musculares, com o decorrer do uso, produz excessiva fadiga localizada, além da
monotonia. Isso contribui para reduzir a motivação, resultando em absenteísmo, alta rotatividade e
até doenças ocupacionais.
Esses fatores podem ser tão fortes, a ponto de neutralizar as vantagens proporcionadas pela
racionalização do posto de trabalho, usando-se os princípios de economia dos movimentos.
A primeira etapa do projeto de um posto de trabalho é fazer uma análise detalhada da tarefa.
Uma tarefa pode ser definida como sendo um conjunto de ações humanas que torna possível um
sistema atingir o seu objetivo. É o que faz funcionar o sistema para se atingir o objetivo pretendido.
Para questões de projeto, a análise da tarefa deverá iniciar o mais cedo possível, antes que
certos parâmetros do sistema sejam definidos e se torne difícil ou oneroso introduzir modificações
corretivas. Por exemplo, quando as máquinas , acessórios, mesas e cadeiras já foram compradas,
torna-se praticamente impossível modificar esses elementos, e o projeto se restringirá ao arranjo dos
mesmos. Se a análise tivesse partido antes, provavelmente contribuiria para uma seleção mais
adequada desses elementos, adaptando-os às necessidades da tarefa e do operador, o que produziria
um sistema homem-máquina mais integrado.
A análise da tarefa realiza-se em dois níveis. O primeiro, chamado de descrição da tarefa,
em um nível mais global e, o segundo, chamado de descrições das ações, em um nível mais
detalhado.
Freqüência de uso: os componentes usados com maior freqüência são colocados em posição de
destaque ou de mais fácil manipulação.
Agrupamento funcional: os elementos de funções semelhantes entre si formam subgrupos que são
mantidos em blocos. Por exemplo, num painel de comando todos os dispositivos visuais podem ser
colocados na parte central.
Figura 5.1 - Arranjo funcional, com agrupamento de elementos de mesma função ou funções semelhantes
entre si.
Seqüência de uso: quando há uma ordem de operação a ser seguida ou ligações temporais entre os
elementos, a posição relativa dos mesmos no espaço deve seguir a mesma seqüência da operação.
Ou seja, aquele que deve ser acionado primeiro aparece em primeira posição e assim
sucessivamente.
51
Figura 5.2 - Arranjo pela seqüência de uso (relações de natureza temporal entre os elementos).
Intensidade de fluxo: os elementos entre os quais ocorre maior intensidade de fluxo, são colocados
próximos entre si. O fluxo é representado por uma determinada variável que deve ser escolhida em
cada caso, podendo ser de materiais, movimentos ou informações.
Figura 5.3 - Arranjo proposto para a localização dos instrumentos de controle de um avião,
baseado nas intensidade de fluxo dos movimentos visuais entre eles. Os números e as larguras dos
traços indicam intensidade de fluxo (McCormick, 1970)
Ligações preferenciais: os elementos entre os quais ocorrem determinados tipos de ligações são
colocados próximos entre si. Ao contrário do critério anterior, que se baseava na intensidade de um
único tipo de fluxo, aqui pode haver diferenças qualitativas no fluxo, por exemplo, movimentos de
controle, informações visuais e informações auditivas.
52
Figura 5.4 - Arranjo proposto para os elementos de um painel de controle, pela análise das
ligações preferenciais entre os mesmos.
Uso dos critérios: observa-se que os três primeiros critérios apresentados (importância, freqüência
de uso e agrupamento funcional) referem-se à natureza dos elementos, enquanto os demais
(seqüência de uso, intensidade de fluxo e ligações preferenciais) referem-se às interações entre os
mesmos. Esses critérios não são mutuamente exclusivos entre si, podendo ser aplicados de forma
conjugada. No caso, por exemplo, de elementos numerosos (acima de dez) pode-se fazer uma
análise inicial pelas ligações preferenciais ou pela intensidade de fluxo, para se obter uma idéia
inicial do arranjo, que pode ser posteriormente melhorado pelo uso de outros critérios, como o da
importância ou da freqüência de uso.
5.6 - Conceitos Básicos Relacionados ao Ser Humano e ao Arranjo Físico de Seu Local de
Trabalho
a) O ser humano necessita de espaço para trabalhar. O espaço mínimo necessário é determinado
por diversos fatores:
- Pela área necessária para a movimentação do próprio corpo;
- Pela área necessária para movimentação em volta da máquina/equipamento;
- Pela necessidade de segurança, para se evitar o choque do corpo contra partes do
equipamento ou do mobiliário;
- Para não se sentir constrito; é bem conhecido que todo o ser humano tem o seu espaço
pessoal, uma área em torno da qual não se deve ter ninguém.
b) No entanto, o ser humano necessita de uma certa proximidade com outras pessoas. Estudos
psicofísicos indicam que, se por um lado a excessiva proximidade com outras pessoas traz
desconforto, a distância excessiva também é desconfortável. É claro, existem pessoas que preferem
trabalhar sozinhas, que se concentram melhor nestas circunstâncias, mas para trabalhos de pouca
exigência intelectual beneficia-se com a presença de outras pessoas num raio além da área pessoal,
mas próxima o suficiente para que se converse em altura normal.
c) Trabalho mental não combina com ruído alto, nem com calor, nem com odores. As pessoas têm
grandes prejuízos em atividades intelectuais quando o ruído ambiente está acima do nível de
conforto.
53
d) Trabalho com empenho visual não combina com ambiente escuro e nem com reflexos nos olhos.
Nestas circunstâncias serão acionados os mecanismos de adaptação visual, que resultarão em
fadiga.
e) É desejável que exista uma certa flexibilidade na postura, porém movimentação excessiva gera
fadiga. Grandes distâncias cansam. Mesmo pequenas distâncias, mas percorridas muitas vezes
durante o dia, podem cansar e levar à fadiga.
g) As pessoas não se adaptam bem a trabalharem sendo observadas pelas costas. A supervisão
pelas costas costuma ser acompanhada de ansiedade e tensão; o mesmo se aplica à supervisão
oculta (escuta de telefonemas). Estudos psicofísicos costumam evidenciar que nesses casos, além
da ansiedade, o pessoal costuma criar códigos próprios de sinalização uns para os outros quanto aos
movimentos da supervisão.
h) Trabalhos com empenho intelectual são prejudicados por movimentação excessiva em frente à
pessoa, ou por conversa excessiva. Muitas pessoas têm dificuldade de concentração quando há
movimento de pessoas próximas de si. O mesmo se aplica ao ruído, especialmente o da
conversação. Este é um problema que se verifica muito em escritórios projetados de acordo com
uma concepção baseada em espaços abertos. Deve-se garantir um mínimo de privacidade para que
essas pessoas possam se concentrar adequadamente.
b) Deve-se evitar grandes distâncias entre as pessoas, mesmo que exista espaço sobrando. A
interação entre as pessoas é importante, para finalidades sociais, de comunicação e eventualmente
até de segurança. Isso não quer dizer que as pessoas não possam trabalhar isoladas, mas nesses
casos deve-se prever formas de quebra do isolamento como, por exemplo, pela utilização de meios
eletrônicos de comunicação.
c) Deve-se reduzir ao mínimo a movimentação das pessoas. Embora seja desejável a flexibilidade
na postura, movimentação em excesso equivale a desperdício de energia em atividades que não
incorporam valor ao produto e que cansam. as áreas utilizadas por diversas pessoas devem ser
localizadas em posição central na oficina, no galpão ou na área de escritório.
d) Deve-se ajustar ao máximo o posicionamento das pessoas de acordo com o seu grau de
interdependência no trabalho. É especialmente importante avaliar a necessidade de comunicação
entre as diversas operações para, em função disto, situá-las em posição que facilite esta condição.
e) A área de trabalho deve ser organizada de tal forma que o produto tenha um fluxo crescente ao
longo da mesma, em uma direção, evitando-se ao máximo o retorno do mesmo no contrafluxo. As
linhas de produção, conforme planejadas e desenvolvidas ao longo de décadas, têm esta premissa de
funcionamento. O layout do tipo célula de produção, mais recente, geralmente tem essa
característica como básica, funcionando sob a forma de “U”, de tal forma que os trabalhadores
percebam a peça a ser trabalhada no interior da célula.
f) Ao planejar o layout, onde irão trabalhar pessoas, deve-se ter em mente as dimensões mínimas
necessárias para caber adequadamente as pessoas. Trata-se de uma recomendação óbvia, mas
freqüentemente desconsiderada. Na dúvida quanto o valor a considerar, a regra é considerar um
valor compatível com os indivíduos extremos; deve-se atentar para a posição de colocação dos
comandos e para as áreas de alcance, bem como as alturas de superfícies horizontais e assentos.
g) Deve-se tomar todos os cuidados para evitar que o corpo humano atinja partes de máquinas ao se
movimentar, ou que partes móveis de máquinas atinjam o ser humano ao se movimentarem. Cabe
aqui um estudo detalhado de segurança de cada máquina e suas partes móveis, bem como de suas
partes salientes, deve-se chamar a atenção para o fato de que as partes que se projetam para próximo
do trabalhador devem ser arredondadas e de preferencia de materiais não muito duros.
h) Garantir que o trabalho intelectual seja feito longe de ruas movimentadas e de máquinas
produtoras de ruído. Deve-se tomar cuidado especial com as oficinas mecânicas próximas de
escritórios de projetos, e no caso de ruas movimentadas deve-se providenciar vidros duplos a vácuo
para garantir o isolamento acústico.
i) Garantir que atividades intelectuais estejam bem afastadas de fontes de calor e odor. Na
inexistência de ar condicionado, garantir que esta atividade seja feita em áreas bem ventiladas,
evitando por exemplo, escritórios imediatamente abaixo de telhados, especialmente se a telha for de
amianto; na existência de ar condicionado, garantir que o nível de ruído do mesmo seja adequado,
devendo-se dar preferência a aparelhos em que a unidade condensadora (a mais ruidosa) esteja
afastada do ambiente de trabalho.
j) Posicionar os postos de trabalho com alto empenho visual mais próximos da luz natural. Visa
atender à maior demanda de iluminação nestas circunstâncias.
55
k) Estudar a posição do sol e sua variação ao longo do dia, de tal forma que a luz direta não atinja
nenhum posto de trabalho. Todo o local onde trabalhem pessoas deve ser preservado da luz direta
do sol. No caso de impossibilidade de se evitar a entrada do sol, devem ser providenciadas
persianas.
l) Manter sempre as áreas industriais bem demarcadas, de forma a preservar a organização e
respeitar os limites estabelecidos. Essa medida contribui para o desenvolvimento de um senso de
organização e limpeza na área.
m) Situar a mesa da supervisão em posição tal que os subordinados possam ver o supervisor. Visa
fundamentalmente evitar a supervisão pelas costas.
Possibilitar arranjos especiais em seu local de trabalho, a seu gosto, evitando a padronização
extrema;
Evitar a discussão do método de trabalho (exceto quando isso é necessário), atentando-se mais à
cobrança do resultado;
Evitar a criação de formulários para toda e qualquer função;
Prever as situações em que a chefia deverá ser consultada para a decisão, deixando o trabalhador
já treinado com a liberdade para adotar as demais soluções;
Evitar a colocação da sala da gerência num ponto alto do galpão, de onde o mesmo pode ver
todos os postos de trabalho.
Para determinadas pessoas e em algumas culturas, essas atitudes poderão ser consideradas
um exagero, mas certamente isso faz uma diferença importante no estado emocional das pessoas.
Tomando-se essas ações dentro de um ambiente de conscientização das pessoas, ou seja, desde que
não sejam usadas como estímulo à anarquia e ao desrespeito hierárquico, certamente contribuirão
para a melhoria do ambiente de trabalho.
ERGONOMIA
6.1 - Introdução
No mundo moderno, um número cada vez maior de pessoas usa produtos e sistemas
complexos. Isso exige interações que consistem em receber informações, processá-las e agir em
função dessas e outras informações. Essas interações estão esquematicamente representadas na
figura 6.1. Nesse modelo, o homem recebe informações da máquina e atua sobre ela, acionando
algum dispositivo de controle
Este capítulo apresenta as características necessárias que as máquinas devem ter para que
possam ser mais facilmente operadas. Assim se reduzem os erros, a fadiga e os acidentes durante a
operação das mesmas.
De acordo com o princípio ergonômico que as máquinas devem ser um “prolongamento” do
homem, serão estudadas as características humanas para a transmissão de movimentos,
especialmente com o uso das mãos e braços.
pés e podem ser desde um simples aperto de botão até movimentos mais complexos de perseguição
(como de vídeo games), alimentados continuamente por uma cadeia de ação-informação.
Destros e canhotos Os canhotos representam 10% da população. Apesar desse número não ser
desprezível, o que se verifica na prática é que todos os produtos são projetados supondo as pessoas
59
destras. As pesquisas sobre os movimentos dos controles quase sempre são realizadas supondo
também que as pessoas são destras.
Dada a hipótese de que os estereótipos teriam causas naturais, anatômicas, os estereótipos
para os canhotos deveriam ser opostos em relação aos destros, ou seja, o movimento esperado para
“ligar” e “aumentar” seria no sentido anti-horário. Mas as experiências realizadas com canhotos
não comprovaram esta hipótese, ou seja, eles apresentaram os mesmos estereótipos dos destros.
Para um uso forçado da mão não-preferida, ou seja, a mão direita para os canhotos e mão
esquerda para os destros, verificou-se que os canhotos apresentam melhor desempenho. Isso é
explicado porque as pessoas canhotas são obrigadas a conviver no mundo dos destros e, de certa
forma, são forçadas a desenvolver habilidades para usar a mão direita, que não é o caso dos destros.
6.3 - Controles
As pessoas podem transmitir suas idéias ou decisões à máquina, por meio de controles.
Controle é a ação transmitida pelo homem à máquina pelos movimentos musculares. Também se
denomina “controle” o elemento ou objeto pelo qual se materializa esta ação.
Os controles podem ser de diversos tipos, como:
- teclados, alavancas, botões, volantes, manivelas, entre outros.
Ao projetar controles deve-se considerar que os movimentos musculares têm características
diferentes de velocidade, precisão e força.
A ação de pega ou engate efetuada pelo homem sobre a máquina costuma-se designar por
manejo. Um controle que exige maior força deve ser acionado com a musculatura da perna ou dos
braços. Neste caso os dedos têm a função de prender o objeto, ficando relativamente estáticos
enquanto os movimentos estão sendo realizados pelo punho e braço. Esta situação caracteriza um
manejo grosseiro (ver fig. 6.7). Exemplos: serrar, martelar, capinar.
Já um controle que exige maior precisão, deve ser acionado com a ponta dos dedos.
Designa-se esta ação por manejo fino. No manejo fino os movimentos são transmitidos com a
ponta dos dedos, enquanto a palma da mão e o punho permanecem relativamente estáticos. Como
exemplos destes manejos tem-se: escrever com lápis ou caneta, enfiar a linha na agulha, ligar o
rádio (ver figura 6.7).
Força dos movimentos os movimentos de pega com a ponta dos dedos, tendo o dedo polegar
em oposição aos demais, permite transmitir uma força máxima de 10 Kg. Já para as pegas
60
grosseiras do tipo empunhadura, com todos os dedos fechando-se em torno do objeto, a força pode
chegar a 40 Kg. Para levantar e abaixar peso com um braço, sem usar o peso do tronco, a força
máxima é de 27 Kg e para movimentos de empurrar e puxar (para frente e para trás) é de 55 Kg.
Para girar o antebraço, conseguem-se torques máximos de 66 Kg x cm para a direita e de 100 Kg x
cm para a esquerda, usando a mão direita. Entretanto, para fins operacionais, os valores
recomendados são de 14 Kg x cm e de 13 Kg x cm, respectivamente.
Movimento dos pés o movimento dos pés só serve para controles grosseiros. Embora a força
transmitida pelos pés possa alcançar valores elevados, especialmente para o operador sentado, ela
está restrita a poucas combinações de direção e sentido, e os movimentos são pouco precisos. Se o
mesmo for realizado com o operador de pé, tendem a desequilibrar o corpo. De qualquer forma,
tem a grande vantagem de liberar as mãos para outras tarefas que exijam mais precisão.
Tipicamente, são realizadas com os pés operações do tipo liga-desliga ou operações de fixação e
liberação de peças, no começo e fim das operações.
Forma: a discriminação pela forma é aquela que ocorre apenas pelo tato. A seleção é feita
apresentando-se os controles aos pares a sujeitos com os olhos vendados, que devem dizer se os
mesmos são iguais ou diferentes, apenas pelo uso do tato. Nesses casos consegue-se chegar a 15
“botões”, que não são confundidos, uns com os outros.
Tamanho: a discriminação pelo tamanho (com a mesma forma) já é mais difícil do que pela forma.
Ela só funciona bem se os controles estiverem próximos entre si, para que possam ser comparados
visualmente. Nesse caso, as diferenças entre eles devem seguir uma progressão geométrica, com
incrementos mínimos de 20% em relação à anterior, para que possam ser discriminados. Exemplo:
diâmetros seguindo uma seqüência tal como 20 - 24 - 28,8 - 34,6 - 41,4.
Cores: o uso de cores pode ser um elemento importante para a discriminação de controles. Embora
o olho humano seja capaz de discriminar um grande número de cores, recomenda-se usar apenas
cinco cores para aplicação em controles: verde, vermelho, azul, amarelo e laranja. As cores ainda
podem ser associadas a determinados significados, como a verde para ligar a máquina e a vermelha
para desligar. A desvantagem é que exige acompanhamento visual e não funciona bem em locais
mal iluminados ou quando sujam facilmente, em elementos ou locais sujeitos a corrosão. Também
não teria efeito se fosse operado por pessoa daltônica.
Textura: a textura refere-se ao tipo de acabamento visual do controle. Experiências realizadas com
controles cilíndricos construídos de mesmo material demonstraram que é possível discriminar três
tipos de texturas: a superfície lisa, a superfície rugosa (recartilhada ou com pequenas estrias) e
aquelas com pequenos sulcos no sentido axial. A discriminação das mesmas, naturalmente, é
prejudicada quando o operador usa luvas, perante a sujeira e ao desgaste.
Modo operacional: cada tipo de controle pode ter um modo operacional diferente. Por exemplo,
alguns podem ser do tipo alavanca, outros do tipo puxar/empurrar e outros, ainda, do tipo
rotacional. Cada um só pode operar com determinados tipos de movimentos. No uso desse tipo de
controle, deve-se verificar a compatibilidade de seus movimentos com os estereótipos.
Localização: a localização dos controles supõe a sua identificação pelo senso cinestésico, sem
acompanhamento visual. É o que ocorre, por exemplo, com o motorista manejando o câmbio, com
a sua visão fixada no trânsito. Essa identificação exige um certo distanciamento entre os controles.
Testes realizados demonstraram que essa distância deve ser pelo menos 6,3 cm, para distâncias
verticais e de 10,2 cm, no mínimo, para aquelas horizontais, para que não sejam confundidas entre
si.
63
Além disso os controles não devem ser localizados fora da área de alcance normal dos
trabalhadores. Também não devem obstruir outros controles.
Convém lembrar que na localização de controles devem ser considerados aspectos tais
como:
- a importância do controle;
- a freqüência de uso;
- a seqüência da operação.
Para que o letreiro tenha legibilidade suficiente devem ser satisfeitas as seguintes
condições:
- espaço suficiente para colocação do letreiro; - luz suficiente para a leitura;
- tamanho adequado das letras; - uso de palavras com significados
conhecidos;
- uso de símbolos facilmente compreensíveis; - informação restrita ao significado do
controle;
6.4 - Mostradores
Mostradores são dispositivos de máquinas que fornecem informações ao operador humano,
para que este possa tomar decisões.
Para uso de cores em mostradores qualitativos deve-se tomar cuidado com a iluminação
local do ambiente, que pode provocar distorções. Quando essa ocorrência for previsível, o código
de cores pode ser substituído por figuras geométricas.
b) Associação com controles em situações onde ocorre a associação de mostradores com
controles deve-se seguir os princípios de compatibilidade dos movimentos e a sensibilidade dos
deslocamentos.
- Os mostradores circulares são mais compactos e são recomendados principalmente para leituras
qualitativas.
- Ponteiros associados com o sentido de aumento de alguma variável devem deslocar-se para a
direita, para cima ou no sentido horário.
b) Marcação de escalas
Marcações são os traços que indicam as unidades das escalas. O menor intervalo entre
duas marcações sucessivas não deve ser inferior a 0,5 mm e o traço deve ter espessura de 0,1 mm,
no mínimo. Para que não seja necessário graduar todas as marcações, recomenda-se usar 3
tamanhos de marcações diferentes: maior, intermediária e menor. É recomendável que só as
marcações maiores sejam graduadas com números. Em alguns casos, as marcações intermediárias
também podem ser numeradas, mas desde que não prejudiquem a leitura.
c) Desenho de ponteiros
O desenho mais adequado para o ponteiro é o reto, com um pequeno chanfro de 30o nas
pontas, de modo que a largura da ponta seja semelhante à largura da marcação da escala. Deve
haver um pequeno vão entre o ponteiro e a marcação, para que não haja confusão entre eles.
Existem dois erros bastante comuns no desenho de escalas, que dentro do possível devem
ser evitados. O primeiro é a marcação que fica dentro da área de varredura do ponteiro, e este pode
esconder a graduação, dificultando a sua leitura. De preferência, a graduação deve ficar do lado
oposto ao do ponteiro. O outro erro é o de paralaxe, que aparece quando o ponteiro e a escala se
situam em planos diferentes. Nesse caso, a leitura deve ser feita na vertical. Para se evitar esse
problema a melhor solução é fazer um rebaixo na área de varredura do ponteiro ou um ressalto na
escala, de modo que o ponteiro e a escala fiquem no mesmo plano.
exemplo, se a distância de leitura for de 1 metro, a altura da letra deveria ser de 5 mm. Mais
especificamente, são recomendadas as seguintes dimensões para diferentes distâncias de leitura:
• Tipos devem ser usados, de preferência, as letras maiúsculas, de traços simples e uniformes,
e algarismos de formas semelhantes
• Símbolos o desenho de símbolos deve atender aos seguintes requisitos, sempre que possível:
a) contornos fortes - a figura deve ter contornos bem definidos, para atrair a atenção.
b) simplicidade - formas mais simples, despojadas de detalhes, são mais facilmente
percebidas.
c) figura fechada - as figuras “inteiras”, completas, são mais facilmente percebidas.
d) estabilidade de forma - a figura não deve permitir interpretações dúbias, como
acontece quando há confusão entre figura e o fundo.
• tipos e funções - em painéis mais complexos, com diversos tipos de mostradores, eles podem ser
agrupados por tipos ou funções que exercem.
Áreas de visão
Para a localização dos mostradores podem ser definidas três áreas preferenciais de acordo
com o campo de visão do ser humano:
Área 1: Visão estática. Os objetos situados dentro dessa área podem ser vistos continuamente,
praticamente sem nenhum movimento dos olhos. Situa-se na faixa abaixo da linha horizontal de
visão, até um ângulo de 30o e para os lados, com abertura lateral de 30o, conforme pode ser visto na
figura 6.8. Esse cone com 30o de abertura é conhecido como área ótima de visão.
Área 2: Movimento dos olhos. É a visão que se consegue, movimentando-se somente os olhos,
sem movimentar a cabeça. Situa-se até 25o acima da linha horizontal da visão e 35o abaixo da
mesma e, lateralmente, faz uma abertura de 80o portanto, 25o de cada lado, além da área de visão
ótima.
Área 3: Movimento da cabeça. No nível 3 situa-se o campo visual que se consegue atingir com o
movimento da cabeça. A cabeça consegue girar até 55o para a esquerda ou para a direita, inclinar-se
até 40o para frente e 50o para trás e inclinar-se 40o para a esquerda ou a direita, pendendo para um
dos ombros.
Na área 1 as inspeções visuais pedem ser feitas mais rapidamente e com pouco esforço. O
tempo necessário e o esforço crescem quando se passa da área 1 para a 2 e desta para a 3. Na área 1
podem ser feitas 2 inspeções simultaneamente, apenas com uma olhada. Isso significa que aí
podem ser colocados dois dispositivos visuais que requerem um acompanhamento contínuo. Na
71
área 2, os dispositivos ficam num campo de visão periférica. Nessa área, os olhos detectam os
movimentos grosseiros ou qualquer tipo de anormalidade, mas exige fixação visual posterior para a
percepção dos detalhes. Finalmente, na área 3, os objetos só podem ser percebidos quando houver
um movimento consciente da cabeça.
Em tarefas que exigem atenção contínua por um tempo prolongado, quando aparece a
fadiga, o operador tende a simplificar o seu trabalho. Ou seja, aqueles situados na área 3 passam a
ser menos observados e depois os da área 2, sendo que os da área 1 serão os últimos a serem
afetados.
Essa classificação em três áreas leva a recomendar que os dispositivos visuais também
sejam classificados em três categorias, de modo que aqueles de maior importância se situem na área
1, os de média importância na área 2 e aqueles de uso eventual, como os de emergência, na área 3.
Quando a correspondência espacial entre mostradores e controles não fica evidente, há dois
artifícios que podem ser usados para se reduzir os erros. O primeiro é desenhar linhas no painel
ligando os controles aos respectivos mostradores e o segundo é o uso de um código de cores. Esses
dois artifícios para o caso onde há compatibilidade espacial não demonstraram eficiência, nem na
redução de erros e nem na redução dos tempos de reação. Entretanto, em arranjos incompatíveis
verificou-se que o uso de linhas reduziu os erros em até 95% e, os tempos de reação, em 40 %, com
o uso de cores.
modo que o movimento de um deles “arrastasse” o outro. Esse princípio se aplica também a
controles e mostradores situados em planos diferentes (fig. 6.12).
A escolha do tipo de sensibilidade a ser utilizada vai depender naturalmente do tipo de medida a ser
controlada. Há casos em que se usam deliberadamente baixas ou altas sensibilidades, conforme a
necessidade. Em outros casos pode-se buscar uma sensibilidade ótima, onde tanto o tempo de ajuste
grosso como o de ajuste fino sejam mínimos.
A facilidade ou dificuldade desses ajustes está relacionada também com a resistência e a
inércia dos movimentos envolvidos. Tanto a resistência como a inércia podem dificultar a
realização de movimentos, mas têm uma vantagem importante, pois evitam os acionamentos
acidentais e conservam os controles na posição desejada, principalmente nos casos em que os
mesmos estejam sujeitos a vibrações, como em rádios instalados em carros.
75
ERGONOMIA
Capítulo 7 - FATORES AMBIENTAIS
7.1 - Introdução
Uma grande fonte de tensão no trabalho são as condições ambientais desfavoráveis, como o
excesso de calor, ruídos e vibrações. Esses fatores causam desconforto, aumentam o risco de
acidentes e podem provocar danos consideráveis a saúde.
Para cada uma das variáveis ambientais há certas características que são mais prejudicais ao
trabalho. Cabe ao projetista conhecer essas limitações e, na medida do possível, devem ser
avaliados os possíveis danos ao desempenho e à saúde dos trabalhadores, para que seja adotada
aquela alternativa menos prejudicial, tomando-se todas as medidas preventivas cabíveis em cada
caso.
Neste capítulo pretende-se discutir os aspectos de temperatura, ruídos, vibrações,
iluminação e cores nos locais de trabalho.
extremos, muitos trabalhadores, principalmente aqueles ao ar livre, são obrigados a conviver como
ambientes térmicos desfavoráveis.
b) Trabalho a baixas temperaturas as baixas temperaturas, pelo menos nos níveis que
ocorrem no país, não causam nenhum inconveniente ao trabalho pesado, pois nesse caso, o
organismo estará atuando a favor do balanço térmico, produzindo mais calor pelo metabolismo.
Entretanto se a temperatura for muito baixa (abaixo de 15 oC) ou na presença de ventos fortes, o
trabalhador deverá usar uma vestimenta para proteger-se.
Um problema adicional ocorre quando a baixa temperatura é acompanhada de chuva.
Nesse caso, pode-se usar uma capa protetora, mas esta, por ser impermeável, também impede a
evaporação do suor, que já se processa lentamente devido ao ar saturado. Nestas condições, não
resta outra alternativa se não a de diminuir o ritmo de trabalho para controlar a produção de calor e,
assim, manter o equilíbrio térmico do organismo.
O frio abaixo de 15 oC diminui a concentração e reduz as capacidades para pensar e julgar.
Afeta também o controle muscular, reduzindo algumas habilidades motoras como a destreza e a
força. Se o frio afetar todo o corpo, o desempenho geral pode ser prejudicado, devido aos tremores.
77
Da mesma forma que no caso do trabalho sob calor intenso, o corpo também se adapta ao
frio intenso e, nesse caso, as mulheres e as pessoas obesas podem levar vantagem por terem
camadas isolantes de gordura sob a pele.
7.3 - Ruído
Existem diversas conceituações de ruído. Aquela mais usual é a que considera o ruído
como um “som indesejável”. Este é um conceito um tanto quanto subjetivo, pois um som pode ser
indesejável para uns mas pode não sê-lo para outros, ou mesmo para a mesma pessoa, em ocasiões
diferentes.
Uma outra definição, de natureza mais operacional, considera o ruído um “estímulo
auditivo que não contém informações úteis para a tarefa em execução”. Assim, o “bip” intencional
de uma máquina, ao final de um ciclo de operação, pode ser considerado útil ao operador, porque é
um aviso para ele iniciar um novo ciclo, mas o mesmo pode ser considerado um ruído pelo seu
vizinho, cuja atenção está concentrada em outra tarefa.
Fisicamente, o ruído é uma mistura complexa de diversas vibrações, medido em uma escala
logarítmica, em uma unidade chamada decibel (dB). O ouvido humano é capaz de perceber uma
grande faixa de intensidades sonoras, desde aquelas próximas de zero, até potências
10.000.000.000.000 (1013), equivalentes a 130 dB. Esse é o ruído correspondente ao do avião a
jato, e é praticamente o máximo que o ouvido humano pode suportar. Acima disso, situa-se o limiar
da percepção dolorosa, que pode produzir danos ao aparelho auditivo.
A presença de ruídos elevados no ambiente de trabalho pode perturbar e, com o tempo,
acaba atrapalhando a audição. O primeiro sintoma é a dificuldade cada vez maior para entender a
fala em ambientes barulhentos (festas, bares). Isso provoca interferência nas comunicações e
redução da concentração, que podem ocorrer com ruídos relativamente baixos.
Figura 7.1 - Curvas de exposição máximas permitidas (em minutos) a ruídos contínuos, sem riscos
de surdez. A faixa mais prejudicial encontra-se entre 2000 e 4000 hertz.
a) Ruídos de curta duração em ruídos de curta duração (um ou dois minutos) observa-se uma
queda no rendimento, tanto no início como no final do período ruidoso. Isso significa que, logo no
início do ruído, o desempenho cai, mas se o ruído for mantido, o desempenho retorna ao nível que
estava antes de começar o ruído. Quando o ruído cessa, há novamente uma queda no desempenho,
que retorna ao nível normal após alguns segundos. Portanto, dentro de certos limites, parece que
não é propriamente o ruído, mas intermitência do mesmo que provoca alterações do desempenho.
b) Ruídos de longa duração para ruídos de longa duração (horas), na faixa de 70 a 90 dB, não
se observam mudanças significativas em experimentos realizados em laboratório, tanto em tarefas
intelectuais como aquelas manuais. Para ruídos acima de 90 dB, o desempenho começa a cair. Em
tarefas que exigem atenção, o número de erros aumenta significativamente. Contudo, o organismo
tem o poder de se adaptar a ambientes ruidosos.
Um experimento feito com dois grupos, submetidos, respectivamente, a ruídos de 70 e 100
dB, mostrou-se que o segundo grupo apresentava um desempenho significativamente menor no
primeiro dia. Entretanto, no segundo dia, essa diferença já não era significativa, comprovando o
efeito de adaptação ao ruído, do segundo grupo. A partir de 90 a 100 dB começam a haver reações
fisiológicas prejudiciais do organismo, que aumentam o stress e a fadiga. Notam-se diferenças
individuais aos efeitos do ruído, e as pessoas treinadas em uma tarefa sofrem menos influência em
relação aquelas sem treinamento.
c) Música ambiental a música de fundo tem sido recomendada com um meio de quebrar a
monotonia e reduzir a fadiga, principalmente em situações de trabalho altamente repetitivo. Os
defensores da mesma dizem que ela melhora a atenção e a vigilância, e produzem sensações de bem
estar, que melhoram o rendimento do trabalho e reduzem os índices de acidentes e de absenteísmo.
Os trabalhadores em geral apreciam a música e a consideram agradável, principalmente se não
houver mascaramento pelo ruído de fundo.
Contudo, alguns estudos demonstraram que a música tocada continuamente não produz
esses efeitos desejados, perdendo efeito estimulador. Ela deve ser tocada, então, durante uma parte
da jornada de trabalho, preferencialmente nos horários em que a fadiga manifesta-se com maior
intensidade. Esses estudos indicam que não é a música em si, mas é a mudança que ela provoca no
ambiente, quebrando a monotonia, que influi no desempenho. Notou-se também que o tipo de
música, popular ou erudita, não faz diferença.
7.4 - Vibrações
Vibração é qualquer movimento que o corpo executa em torno de um ponto fixo. Esse
movimento pode ser regular, do tipo senoidal ou irregular, quando não segue nenhum padrão
determinado, como no sacolejar de um carro andando em uma estrada de terra.
A vibração é definida por três variáveis: a freqüência, medida em ciclos por segundo (Hz);
a intensidade do deslocamento (em cm ou mm) ou aceleração máxima sofrida pelo corpo, medida
em g (1g = 9,81 m x s-2). A terceira variável é a direção do movimento, definida por três eixos
triortogonais (x,y,z).
80
a visão for fixada na paisagem distante ou na linha do horizonte, que permanecem relativamente
estáticos.
b) Isolar a fonte quando não for possível eliminar a fonte, esta pode ser isolada, para que o
trabalhador não entre em contato direto com ela. Esse isolamento pode ser feito pela distância,
afastando-se a fonte ou usando-se algum tipo de material isolante para enclausurar a fonte de
vibrações. Uma forma parcial de isolar é conseguida evitando-se as pegas muito apertadas, sempre
que não for necessário transmitir força para as ferramentas manuais.
d) Conceder pausas quando a vibração for contínua, devem ser programadas pausas (p. ex.,
10 minutos de descanso para cada hora de trabalho) para evitar a exposição contínua do trabalhador.
A freqüência e a duração dessas pausas vai depender naturalmente das características da vibração e
demais condições de trabalho. Essas pausas, se tiverem duração adequada, permitem uma
recuperação pelo menos parcial do organismo durante a jornada de trabalho, reduzindo o efeito
cumulativo das vibrações no organismo. Naturalmente, a recuperação maior vai se processar
durante o período normal de descanso, após a jornada de trabalho.
83
7.5 - Iluminação
Na vida moderna, pode-se dizer que o homem está praticamente “cercado” de luzes e cores
produzidas artificialmente, tanto no ambiente profissional, como no lar.
A lâmpada incandescente, inventada em 1878 por Thomas Edison (1847 - 1931), em pouco
mais de um século de existência, contribuiu como poucos inventos para aumentar a produtividade
humana, tendo acrescentado mais quatro horas diárias de vida ativa para a população mundial.
O correto planejamento da iluminação e das cores contribui para aumentar a satisfação no
trabalho, melhorar a produtividade e reduzir a fadiga e os acidentes.
ILUMINAMENTO EXEMPLOS DE
TIPO RECOMENDADO APLICAÇÃO
(lux)
20 - 50 Iluminação mínima para corredores e almoxarifados e
ILUMINAÇÃO GERAL estacionamentos
(LOCAIS DE POUCO 100 - 150 Escadas, corredores, banheiros, zonas de circulação,
USO) depósitos e almoxarifados
200 - 300 Iluminação mínima de serviço. Fábricas com maquinaria
pesada. Iluminação geral de escritórios, hospitais,
ILUMINAÇÃO GERAL restaurantes.
400 - 600 Trabalhos manuais médios; oficinas em geral; montagem
EM LOCAIS DE de automóveis; indústria de confecções; leitura ocasional e
arquivo; sala de primeiros socorros
TRABALHO 1000* - 1500* Trabalhos manuais precisos; montagem de pequenas peças,
instrumentos de precisão e componentes eletrônicos;
trabalhos com revisão e desenhos detalhados.
ILUMINAÇÃO 1500 - 2000 Trabalhos minuciosos e muito detalhados; manipulação de
LOCALIZADA peças pequenas e complicadas; trabalhos de relojoaria.
84
Tempo de exposição o tempo de exposição para que um objeto possa ser discriminado depende
do seu tamanho, contraste e nível de iluminação. Na maioria dos casos é suficiente o tempo de 1
segundo para que haja uma boa discriminação. Se os objetos forem pequenos e o contraste for
baixo, o tempo necessário poderá crescer sensivelmente. Por exemplo, para objetos pequenos, se o
contraste for reduzido de 70 % para 50%, o tempo necessário aumentará em 4 vezes.
Contraste entre figura e fundo a diferença de brilho entre a figura e fundo é chamada de
contraste. Se não houver esse contraste, a figura ficará camuflada e não será visível, como
acontece, por exemplo, com o urso polar na neve ártica.
Ofuscamento quando um objeto é mais brilhante que o fundo, ele é facilmente percebido, mas
se ocorrer o inverso, haverá uma redução da eficiência visual devido ao ofuscamento. O
ofuscamento é produzido pela presença de luzes, janelas ou áreas excessivamente brilhantes em
relação ao nível geral do ambiente, ao qual o olho foi acostumado. Para acabar com o ofuscamento,
a medida mais eficiente é eliminar a fonte de brilho do campo visual. Quando isso não for possível,
como, por exemplo, se a fonte for uma janela, pode-se mudar a posição do trabalhador de forma que
essa janela fique de lado ou de costas para ele. Outras medidas possíveis são as seguintes:
- reduzir a fonte de brilho substituindo-se, por exemplo, uma lâmpada por um conjunto de
lâmpadas de intensidades menores, ou colocando-as longe dos olhos;
- atuar sobre o ambiente, aumentando a luminosidade geral ou colocando anteparos entre a fonte de
brilho e os olhos;
- reduzir o brilho refletido usando-se lâmpadas de luz difusa ou eliminando-se superfícies refletoras
no campo visual.
B) Fadiga visual
A fadiga visual é causada principalmente pelo esgotamento dos pequenos músculos ligados
ao globo ocular, responsáveis pela movimentação, fixação e focalização dos olhos. Raramente
refere-se à dificuldade de percepção. A fadiga visual provoca tensão e desconforto. Os olhos ficam
avermelhados, começam a lacrimejar, e a freqüência de piscar vai aumentando. Em grau mais
avançado a fadiga visual provoca dores de cabeça, náuseas, depressão e irritabilidade emocional.
A fadiga visual é decorrente das seguintes causas:
a) fixação de detalhes - objetos muito pequenos exigem grande esforço dos músculos dos olhos
para acomodação e convergência;
b) iluminação inadequada - a intensidade luminosa insuficiente ou errada, provoca brilhos e
ofuscamentos;
c) pouco contraste - quando há pouca diferença entre a figura e o fundo, porque ambos apresentam
cores ou formas semelhantes;
d) pouca definição - objetos e figuras com traços ou contornos confusos, como cópias mal feitas ou
manuscritos pouco legíveis;
e) objetos em movimento - os objetos em movimento exigem maior ação muscular para serem
focalizados, principalmente se forem pequenos, de baixo contraste e mal iluminados.
85
A) Sistemas de iluminação
O sistema de iluminação, assim como a escolha do tipo de lâmpadas, luminárias e a
distribuição das mesmas depende das características do trabalho a ser executado. Existem
basicamente três tipos de sistemas de iluminação:
a) iluminação geral a iluminação geral se obtém pela colocação regular de luminárias em toda
a área, garantindo-se, assim, um nível uniforme de iluminamento sobre o plano horizontal.
b) iluminação localizada a iluminação localizada concentra maior intensidade de iluminamento
sobre a tarefa, enquanto o ambiente geral recebe menos luz, da ordem de 50% da primeira.
c) iluminação combinada - a iluminação geral é complementada com focos de luz localizados
sobre a tarefa, com intensidade de 3 a 10 vezes superior ao do ambiente geral, principalmente nos
seguintes casos:
- a tarefa exige iluminamento local acima de 1.000 lux;
- a tarefa exige luz dirigida para discriminar certas formas, texturas ou defeitos.
- existem obstáculos físicos que dificultam a propagação da iluminação geral.
2. As janelas devem ficar na altura das mesas e aquelas, de formatos mais altos na vertical, são
mais eficazes para uma penetração mais profunda da luz.
3. A distância da janela ao posto de trabalho não deve ser superior ao dobro da altura da janela,
para o aproveitamento da luz natural.
4. Para reduzir ofuscamentos:
- usar vários focos de luz, ao invés de um único;
- proteger os focos com luminárias ou anteparos, colocando um obstáculo entre a fonte e os olhos;
- aumentar o nível de iluminamento ambiental em torno da fonte de ofuscamento, para diminuir o
brilho;
- colocar as fontes de luz o mais longe possível da linha de visão;
- evitar superfícies refletoras, substituindo-as pelas superfícies difusoras.
5. Para postos de trabalhos onde se exigem maiores precisões, providenciar um foco de luz
adicional, que pode ter um brilho de 3 a 10 vezes superior ao do ambiente geral.
6. Usar cores claras nas paredes, tetos e outras superfícies, para reduzir a absorção da luz.
7. A luz da lâmpada fluorescente é intermitente e pode causar o efeito estroboscópio em motores
ou peças em movimento (se houver coincidência com a ciclagem de 60 hertz podem produzir
uma imagem estática), havendo riscos de provocar acidentes.
7.6 - Cores
A cor é uma resposta subjetiva a um estímulo luminoso que penetra nos olhos. O olho é um
instrumento integrador de estímulos. Ele nunca percebe um estímulo isolado, mas um conjunto de
estímulos simultâneos e complexos, que interagem entre si, formando uma imagem, que pode ter
características diferentes daqueles estímulos, quando considerados isoladamente.
As denominadas cores primárias são aquelas que não podem ser produzidas a partir da
mistura de outras cores e, se elas forem misturadas entre si em proporções variáveis, produzem
todas as demais cores do espetro. Existem dois tipos de cores primárias: as da luz e as de corantes.
Cores primárias da luz: são o vermelho, o verde e o azul. As outras cores são obtidas
aditivamente. Cores primárias de corantes: são o amarelo, o magenta e o verde-azul. As outras
cores são obtidas subtrativamente. Cores complementares: além das cores primárias, cujas
misturas produzem as outras cores, existem também as cores complementares (de luzes) que se
anulam mutuamente, ou seja, cujas misturas produzem a branca. São representadas pelos seguintes
pares: vermelha verde-azul; amarela azul; verde magenta.
A legibilidade de cores depende do contraste e tende a aumentar com a adição de preto. Em
letreiros, só se deve usar cores puras nos títulos principais, com fundo mais claro. Os letreiros
longos podem ter a mesma cor do fundo, porém mais escuro, de modo que, quanto menor a letra,
maior deverá ser o conteúdo de preto. Em letreiros curtos pode-se usar uma cor complementar no
fundo, como a vermelha sobre o verde-azul e vice-versa. Diversos estudos experimentais realizados
sobre a visibilidade das cores apresentaram os seguintes resultados, em ordem decrescente:
1) azul sobre o branco; 2) preto sobre o amarelo;
3) verde sobre o branco; 4) preto sobre o branco;
5) verde sobre o vermelho; 6) vermelho sobre o amarelo;
7) vermelho sobre o branco; 8) laranja sobre o preto;
9) preto sobre o magenta; 10) laranja sobre o branco;
Por exemplo, em placas para carro, que deveriam ter uma boa legibilidade, a cor
recomendada seria o azul sobre fundo branco. A legibilidade depende ainda do tipo de letra e de
suas proporções. Outros fatores que influenciam a legibilidade é o nível de iluminação e o
movimento relativo entre a imagem e o espectador sendo, naturalmente, mais fácil identificar
objetos parados.
Existem também estudos que comprovam a influência das cores sobre o estado emocional,
sobre a produtividade e sobre a qualidade do trabalho.
O ser humano apresenta diversas reações a cores, que o podem deixar triste ou alegre,
calmo ou irritado. O vermelho, o laranja e o amarelo sugerem calor, enquanto o verde, o azul e o
verde-azul sugerem frio. Cores avermelhadas sugerem alegria e satisfação. O preto, quando usado
só, é depressivo e sugere melancolia. Essas características são muito utilizadas em marketing.
Assim, já houve casos em que uma simples mudança da cor em uma embalagem provocou aumento
de vendas em 1.000 %.
As cores possuem também diferentes simbologias, associações e superstições, que variam
de acordo com a região e a cultura. Por exemplo, a cor do luto no ocidente é preta, mas na china é
branca. Isso sugere que os fabricantes de produtos para exportação devem atentar para esses
detalhes.
Entre as associações normalmente feitas com as diversas cores, podemos destacar as
seguintes, a título de exemplos:
88
- vermelho: é cor quente, saliente, agressiva, estimulante e dinâmica até o enervamento. Sendo a
cor do fogo e sangue, é a cor mais importante para muitos povos, figurando quase sempre nas cores
das bandeiras. Associada ao verde, forma o par de cores complementares mais vibrante. Quando
aplicado em pequenas porções sobre o fundo verde, chega a produzir vibrações desagradáveis.
- Amarelo: cor luminosa e digna, evoca dominação, riqueza material e espiritual. Representando o
calor, energia e claridade, opõe-se à passividade e à frigidez do azul. Junto com o vermelho é
considerada cor “masculina”, enquanto o verde, o azul e o vileta são “femininas”.
- Verde: a cor verde é passiva, sugere imobilidade, alivia tensões e equilibra o sistema nervoso.
Não deixa acompanhar nem de alegria, nem de tristeza e nem de paixão. Medidas de tensões
nervosas e pressões sangüíneas comprovam a qualidade calmante do verde, justificando seu uso em
locais de repouso e mesas de jogo.
- Azul: é cor fria por excelência. É calmo, repousante e até mesmo um pouco sonífero. Sugere
indiferença, imprudência e passividade. Exerce apelo intelectual, simbolizando inteligência e
raciocínio, opondo-se ao apelo emocional do vermelho.
_ Laranja: cor muito quente, viva, acolhedora, saliente. Evoca o fogo, o sol, a luz e o calor.
Associa-se a propriedades do vermelho e amarelo que lhe dão origem. É cor psicologicamente ativa
e capaz de facilitar a digestão.
- Branco: cor da pureza, simbolizando a paz, nascimento e morte.
- Preto: é deprimente, evoca a sombra e o frio, o caos, o nada, o céu noturno, o mal, a angústia, a
tristeza, o inconsciente e a morte.
PAREDES MÁQUINAS
Cinza claro verde claro
bege creme verde azulado claro
89
Eventualmente, poderão ser utilizados dois ou mais graus de claridade para criar um
conjunto alegre e dinâmico.
O uso de cores deve ser cuidadosamente planejado, junto com a arquitetura e a iluminação,
de modo que o conjunto seja harmônico. As paredes, máquinas, equipamentos de transporte e até
utensílios e ferramentas individuais deverão seguir as cores planejadas. Nos pontos em que há
necessidade de maior visibilidade, pode-se aumentar o contraste de cores e o nível de iluminação.
Cores nos equipamentos naturalmente não convém pintar todo o equipamento de uma única
cor. Existem normas para pintar as partes móveis e perigosas de equipamentos e das tubulações. O
corpo principal deve ser pintado de uma cor clara, que descanse a vista, sendo recomendadas as
seguintes: verde claro, azul claro, verde-azulado claro, cinza claro. Cores foscas são melhores
que as cores brilhantes, pois as últimas produzem reflexos que prejudicam a visão e distraem o
trabalhador. Uma combinação adequada de cores, usada harmoniosamente, quebra a monotonia e
ajuda a obter concentração do trabalhador sobre determinadas partes do equipamento, ajudando a
reduzir acidentes. As cores bem dosadas também estimulam a manter o equipamento limpo.
A norma brasileira NB - 76/59 fixa as cores dos locais de trabalho para prevenção de
acidentes. Recomenda o uso de 8 cores de acordo com as seguintes aplicações:
- Vermelho: em equipamentos de combate a incêndio, como extintores, hidrantes, caixas de
alarme. Excepcionalmente pode indicar advertência e perigo, sob forma de luzes ou botões
interruptores de circuitos elétricos.
- Alaranjado: identifica as partes móveis e perigosas de máquinas e equipamentos, como polias,
engrenagens e tampas de caixas protetoras (pintar no lado interno, par ficar visível na posição
aberta).
- Amarelo: indica “cuidado” em escadas, vigas, partes salientes de estruturas, bordas perigosas,
equipamentos de transporte e de manipulação de material. Pode ser combinado com faixas ou
quadrados pretos quando houver necessidade de melhorar a visibilidade, como em pára-choques, ou
para delimitar locais de trabalho perigosos.
- Verde: cor usada pela segurança industrial para identificar equipamentos de primeiros socorros,
macas chuveiros de segurança, e quadros para exposição de cartazes sobre segurança.
- Azul: indica equipamentos fora de serviço, pontos de comando e partidas ou fontes de energia.
- Púrpura: é usado para indicar os perigos provenientes de radiações eletromagnéticas penetrantes
e de partículas nucleares.
- Branco: é usado para demarcar áreas de corredores e locais de armazenagem, localizações de
equipamentos de primeiros socorros, combate ao incêndio, coletores de resíduos e bebedouros.
- Preto: indica os coletores de resíduos.
Uma outra norma, a NB-54/57 fixa as cores para tubulações:
- Vermelho: combate ao incêndio. - Verde: água.
- Azul: ar comprimido. - Laranja: ácidos.
90
Existem diversos outros códigos de cores usados na indústria, por exemplo, para identificar
botijões de gás ou resistividades elétricas, mas não serão apresentados aqui por se tratarem de
aplicações específicas.
91
ERGONOMIA
Capítulo 8 - ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO
8.1 - Introdução
A ergonomia fornece um conjunto de conhecimentos científicos sobre o homem e a
aplicação destes conhecimentos na concepção de ferramentas, máquinas e dispositivos que o
homem utiliza na atividade de trabalho.
Entretanto, as situações de trabalho não são determinadas unicamente por critérios
ergonômicos. A organização do trabalho, a concepção de ferramentas e máquinas, a implantação de
sistemas de produção são, também, determinados por outros fatores, tanto técnicos como
econômicos e sociais. Em virtude desses outros fatores e até mesmo pela falta de conhecimento da
maioria da população sobre ergonomia, encontra-se, com freqüência, postos de trabalhos
Tarefa prescrita
Trata-se do conjunto de objetivos, procedimentos, métodos e meios de trabalho, fixados
pela organização para os trabalhos. É o aspecto formal e oficial do trabalho, isto é, o que deve ser
feito e os meios colocados à disposição para a sua realização.
Após estas fases, o sistema homem-tarefa estará delimitado e o posto de trabalho e suas
inter-relações definido.
Por outro lado, não se pode abordar de imediato todas as variáveis do sistema delimitado. É
preciso definir também, quais as variáveis que serão analisadas ou, ao menos, fixar uma prioridade
entre as diversas variáveis do sistema. Neste caso, deve-se procurar compreender como funciona o
sistema de produção delimitado.
2o) Definição das diferentes componentes do sistema (materiais, organizacionais e ambientais) que
são pertinentes às funções do operador (ou operadores) do sistema.
- Identificar os grandes processos que serão analisados de forma aprofundada na análise das
atividades;
- Preparar planos de enquête (questionários, entrevistas, levantamento de posturas,
deslocamentos);
- Prognosticar disfunções evidentes.
Visão
- Campo visual do operador e localização dos sinais - Tempo disponível para acomodação
visual
- Riscos de ofuscamento - Acuidade visual exigida pela tomada de
informação
- Sensibilidade às diferenças de luminâncias - Rapidez de percepção de sinais visuais
- Sensibilidade às diferenças de cores - Duração da solicitação do sistema visual
Audição
- Acuidade auditiva exigida - Riscos de problemas de audição devido a ruídos elevados
- Sensibilidade às comunicações verbais em meio ruidoso
- Sensibilidade às diferenças de caracteres de sons(freqüência, timbre, tempo de exposição)
posturas movimentos
gastos energéticos as reações cardiovasculares (freqüência
cardíaca, pulsação)
Exigências ambientais
- Avaliações referentes ao ambiente luminoso
- Avaliações referentes ao ambiente térmico
- Avaliações referentes ao ambiente sonoro
Alguns tipos de erros que podem ser detectados em diversas situações de trabalho:
- Manipulação de uma ferramenta de uma forma não prescrita
- Acionamento de um comando de forma intempestiva
- Modo operativo proibido pelas normas de segurança
- Omissão de uma operação prevista no processo
- Dosagem de produtos mas-formulados
- Leitura de aparelhos de medida de forma equivocada
- Leitura de desenho técnico de forma errônea
- Montagem de peças diversas de maneira não conforme
- Estabelecimento de uma trajetória de forma equivocada
O erro permite identificar o desvio em relação a norma, ou ao comportamento que leva a um
resultado negativo.
Duas condições são necessárias:
- Conhecer a norma
- Dispor de meios para acompanhar a execução do trabalho, ao menos nos seus aspectos
fundamentais
2) Incidentes Críticos - todo evento observável, numa situação de trabalho, que apresenta um
caráter anômalo em relação a um desenvolvimento habitual conhecido
Alguns tipos de incidentes críticos que podem ser detectados:
- Material - Ambiental
98
- Tarefa - Pessoal
3) Acidentes de Trabalho - todo evento observável, numa situação de trabalho, que afeta a
componente humano dos sistemas
4) Panes do sistema - todo evento observável que afeta a componente material do sistema
homem-tarefa. A pane se manifesta por uma interrupção do sistema
ERGONOMIA
CAPÍTULO 9 - ARRANJO FÍSICO
9.1 - Introdução
O arranjo físico é, portanto, uma das etapas finais, e só pode ser elaborado depois de
definida uma série de outros itens, entre os quais:
- tipo de produto; - volume de produção; - tipo de produção;
Logo, antes de se definir por determinada combinação, deve-se realizar um bom estudo,
pois embora inicialmente seus custos sejam mais elevados, na maioria das vezes rapidamente há o
retorno do investimento.
do arranjo físico deve ser considerado como uma unidade composta de uma série de elementos que
devem estar devidamente entrosados, visando a eficiência de produção do conjunto.
Princípio da Flexibilidade
Nas condições atuais, onde as mudanças de caráter tecnológico são cada vez mais
freqüentes, este princípio deve ser atentamente considerado pelas pessoas encarregadas do
planejamento do arranjo físico. São freqüentes e rápidas as necessidades de mudança do projeto do
produto, mudanças de métodos e sistemas de trabalho. A falta de atenção a essas mudanças pode
levar uma fábrica ao obsoletismo. No projeto do layout há de se considerar que as condições vão
mudar e que o mesmo deve ser fácil de mudar e de se adaptar as novas condições.
4a Fase IMPLANTAÇÃO
trabalham com essa atividade, fazer uso de check lists ou listas de verificação, para assegurar que
detalhes importantes para o funcionamento do arranjo físico tenham sido considerados.
PRODUTO
COMPONENTES PRINCIPAIS
Ferramentas Peças
Operário Equipamento
SE SE TO TO FR FR RE RE
SE SE TO TO FR FR RE RE
SE SE TO TO FR FR RE RE
SE RE TO TO RE
FR
TO RE TO FR FU RE
TO FU FU FU FU FR
Matéria TO TO TO TO Produto
Prima Acabado
Figura 9.5 - Modelo esquemático de um Arranjo Linear ou por Produto
Em geral a escolha do tipo básico de arranjo físico a adotar não é direta até porque existem
as alternativas de escolha de arranjos mistos. A escolha da(s) alternativa(s) é fortemente
influenciada pelas características da relação volume e variedade da operação. O entendimento
correto das vantagens e desvantagens de cada um dos arranjos auxilia bastante a decisão da escolha.
Na tabela 9.1 estão apresentadas de forma resumida as vantagens e desvantagens de cada
um dos 4 tipos de arranjos básicos.
111
variam, o arranjo da biblioteca, quando muito, poderá satisfazer a maioria de seus clientes, ficando
uma minoria prejudicada nesse aspecto.
Se a variedade de produtos e serviços é menor, embora ainda alta, de forma que um grupo
de clientes com necessidades similares possa ser identificado, um arranjo celular torna-se mais
adequado, como na célula de artigos esportivos (exemplo 4 dos anexos). Já quando a variedade de
produtos e serviços é relativamente pequena, o fluxo de materiais, informações e clientes pode ser
regularizado através de um arranjo físico por produto, como no caso de uma montadora de veículos.
Esses exemplos mostram a influência da relação volume-variedade na escolha do tipo
básico de arranjo físico. A medida que a variedade de produtos e serviços se reduz aumenta a
possibilidade de se arranjar os recursos transformadores de acordo com o processamento, e
conforme o volume a ser produzido aumenta, também aumenta a decisão de se controlar o fluxo das
operações.
Em outras palavras, uma variedade muito alta de produtos com baixo volume de produção,
inviabiliza a organização de um fluxo regular e contínuo dos recursos transformadores. Reduzindo
a variedade de produtos e aumentando-se o volume de produção de cada produto a importância de
se considerar o fluxo aumenta, assim como aumenta a possibilidade de se organizar um arranjo
físico tendo um fluxo regular e contínuo. A figura 9.6 apresenta de forma gráfica a relação entre o
volume e variedade com o tipo de arranjo físico.
Figura 9.6 V
a Por processo
Relacionamento entre volume e
r
variedade com o tipo de arranjo i
físico e Celular
d
a
d Por produto
e
Baixa
Fluxo
Regular
113
Espera
Operação
Transporte
Inspeção
Armazenagem
C) Carta De-Para
Quando os produtos componentes ou materiais em estudo são muito numerosos, a seleção
ou grupamento das atividades abre caminho para a Carta De-Para.
Nesta carta as operações, atividades e os centros de trabalho são listados na primeira linha e
na primeira coluna, obedecendo à mesma seqüência. Cada retângulo de interseção mostra o
movimento de uma operação para outra. Por exemplo partindo do gráfico de processos múltiplos
mostrado na figura 9.8 obtêm-se a carta De-Para da figura 9.9
115
Operação Peça ou
Produto A B C D E F
Cortar 1
1 1 1 1
Entalhar 2
2 2 1
Estirar 3 4 2 3 3
Furar 3 2
3 2
Dobrar 4 3 4
4 4
Aplainar 5 5 4 5
Qualquer que seja o projeto, as razões básicas para a determinação de grau de proximidade
são:
1. Fluxo de material 2. Necessidade de contato pessoal
3. Utilização de equipamentos comuns 4. Utilização de registros
semelhantes
5. Pessoal em comum 6. Supervisão ou controle
7. Freqüência de contatos 8. Urgência de serviço
9. Custo de distribuição de suprimentos 10. Utilização dos mesmos
suprimentos
11. Grau de utilização de formulários de comunicação
12. Desejos específicos da administração ou conveniências pessoais.
Na prática, poderão surgir outras razões além das citadas.
O registro das classificações pode ser feito a lápis ou outro recurso de escrita qualquer.
Mas como letras e símbolos se tornam confusos quando usados em grande quantidade, será
interessante utilizarmos um código de cores para a classificação.
Cada losango da carta será colorido segundo a convenção estabelecida. As convenções de
cores utilizadas são:
A - absolutamente necessário vermelho
E - especialmente importante amarelo
I - importante verde
O - pouco importante azul
U - desprezível em branco
X - indesejável marrom
Para facilitar a visualização, as cores são colocadas apenas na metade superior de cada
losango, já que cada cor representa um determinado grau de proximidade e não as razões.
118
Cada plano ou alternativa deve ter um título ou uma breve descrição, suficientemente curta
para ser escrita no próprio plano e nas folhas de avaliação, o que ajuda a eliminar qualquer dúvida
durante e após a avaliação.
Mesmo nesta fase, ainda é possível realizar mudanças nos planos ou alternativas. É natural
durante a avaliação de alternativas de arranjos físicos surgir novas idéias. Em conseqüência,
freqüentemente termina-se com uma nova combinação de duas (ou até mais) alternativas ou com
uma ulterior modificação de uma delas, que muitas vezes é a que acaba sendo selecionada. Mas
quando isso acontecer, deve-se redesenhar ou preparar uma nova cópia do plano de arranjo físico de
modo que ele possa ser avaliado.
Conforme já dito, a avaliação das alternativas pode ser feita através dos métodos descritos a
seguir:
A) Balanceamento das vantagens e desvantagens
É o mais simples, consequentemente o mais utilizado, porém, o menos preciso. Lista-se as
vantagens e desvantagens de cada alternativas, avaliando-as segundo determinados critérios
julgados relevantes para o problema.
B) Avaliação da análise de fatores
Esse processo segue o procedimento, muito utilizado em engenharia, de dividir o problema
em seus elementos e analisar cada um deles separadamente. Basicamente o processo segue o
seguinte:
1 - Listar todos os fatores que são considerados importantes ou significativos na seleção do melhor
plano;
2 - Ponderar a importância relativa de cada um desses fatores em relação a cada um dos outros;
3 - Avaliar os planos alternativos seguindo um fator de cada vez;
4 - Reunir esses fatores avaliados e ponderados, e comparar o valor total dos diversos planos.
No estabelecimento dos fatores, um cuidado que se deve tomar é que eles sejam claramente
definidos e de fácil compreensão. Inconsistência e dúvidas neste ponto pode acarretar sérios
problemas mais tarde.
Uma lista de fatores ou considerações que aparecem mais comumente é apresentada a
seguir (não estão em ordem de importância):
- Facilidade para futuras expansões; - Adaptabilidade e versatilidade;
- Flexibilidade do arranjo físico; - Eficiência do fluxo de materiais;
- Eficiência no manuseio de materiais; - Eficiência da estocagem;
- Utilização do equipamento; - Segurança da fábrica;
- Qualidade do produto ou material; - Problemas de manutenção;
- Utilização de espaços; - Eficiência na integração dos serviços de suporte;
- Higiene e segurança; - Condições de trabalho e satisfação dos
trabalhadores;
- Relações com a comunidade e o público; valor promocional e imagem da organização;
- Utilização das condições naturais, construções e arredores;
- Compatibilidade com os planos a longo prazo da empresa.
120
Conforto da equipe de trabalho - a equipe de trabalho deve ser alocada para locais distantes de
partes barulhentas ou desagradáveis da operação. O arranjo físico deve prover um ambiente de
trabalho bem ventilado, iluminado e, quando possível, agradável.
Coordenação gerencial - supervisão e coordenação devem ser facilitadas pela localização dos
trabalhadores e dispositivos de comunicação.
Acesso - todas as máquinas, equipamentos e instalações devem estar acessíveis para permitir
adequada limpeza e manutenção.
Uso do espaço - todos os arranjos físicos devem permitir uso adequado do espaço disponível da
operação (incluindo o espaço cúbico, assim como o espaço do piso). Isso em geral implica
minimizar o espaço utilizado para determinado propósito, mas às vezes pode significar criar uma
impressão de espaço luxuoso, como no lobby de entrada de hotéis de luxo.
Flexibilidade de longo prazo - o arranjo físico deve mudar periodicamente à medida que
houver mudanças nas necessidades operacionais da empresa. Um bom arranjo físico terá sido
concebido com as potenciais necessidades das futuras operações. Por exemplo, se é possível que a
demanda cresça para determinado produto ou serviço, será que o arranjo físico foi projetado de
modo a poder acomodar a futura expansão?
Tendo-se em conta tais objetivos, acrescidos ainda daqueles específicos ou particulares do
processo de cada empresa, as ações seguintes devem ser conduzidas no sentido de operacionalizar o
arranjo físico concebido.
Área para o equipamento - é a projeção estática do equipamento, o espaço necessário para o seu
posicionamento na fábrica. Compreende as dimensões volumétricas máxima do equipamento. Essas
dimensões podem ser obtidas através de:
- desenhos que acompanham o equipamento; - catálogos de fabricantes;
- medidas de máquinas semelhantes ou idêntica. - medidas diretas na máquina;
Área para o processo - é toda a área indispensável ao equipamento para que esse possa executar
perfeitamente e sem limitações as suas operações de processamento. Devem ser previstos espaços
para:
- alimentação das máquinas; - deslocamento de componentes;
- retirada de peças processadas; - colocação e retirada de dispositivos;
- preparação das máquinas;
O dimensionamento desta área deverá ser obtido a partir de:
- catálogos de fabricantes; - especificações técnicas;
- análise do processo; - análise da movimentação do material;
- análise da preparação da máquina;
As áreas para o equipamento e para o processo são registradas em planta, sendo a primeira
em linha cheia e a segunda em pontilhado. Esse registro denomina-se diagrama ou carta do
equipamento.
Área para o operador - área necessária para os deslocamentos e a movimentação do operador terá
para que, em conjunto com o equipamento, seja possível a execução das tarefas da operação. Há
três tipos de áreas para serem consideradas:
a) deslocamento do operador relativamente á máquina
Onde são consideradas as diferentes posições de trabalho do operador na operação e os
deslocamentos necessários para atingir essas diferentes posições. Essa área é obtida por:
- análise de movimentos dos membros envolvidos;
- tabelas de medidas antropométricas;
O registro desta área é efetuado sobrepondo-a sobre a carta do equipamento
b) movimento para realização do trabalho
Em cada posição deve-se estudar todos os movimentos efetuados pelo operador na
realização do trabalho, através da determinação dos deslocamentos dos membros envolvidos na
atividade. As áreas são obtidas então por análise de movimentos dos membros envolvidos e por
tabelas de medidas antropométricas.
123
Uma técnica que pode ser utilizada é o gráfico mão esquerda - mão direita. O registro desta
área é feito sobrepondo-a sobre à carta do operador e do equipamento.
c) outras
Tanto nos deslocamentos do operador como nos movimentos de seus membros devem ser
considerados os aspectos de segurança, plena liberdade de movimentação, necessidade e
dimensionamentos de assentos para operários, e alguns aspectos psicológicos envolvidos como
sensação de enclausuramento, de falta de segurança ou semelhantes. Esta área é obtida através de
análise de movimentos, de tabelas de medidas antropométricos, de observação e bom senso.
Pode se registrar essa área sobrepondo-a sobre as anteriores.
Área para acesso dos operadores - deve-se estudar como será feita a entrada e saída do operador
no posto de trabalho. Basicamente essa área deve permitir livre movimentação com segurança e
rapidez. Auxiliam na determinação desta área o estudo do deslocamento do operador e as tabelas de
medidas antropométricas. Esta área pode ser adicionada às áreas do operador e do equipamento.
Área para acesso da manutenção - a manutenção é uma atividade imprescindível em quase todos
os processos industriais. Logo, deve-se prever áreas para que os encarregados de executar essas
atividade possam acessá-la livremente. Deve-se prever as seguintes áreas para serviços regulares de
manutenção preventiva e para serviços de manutenção corretiva. Não se deve esquecer que os
componentes principais da máquina podem também exigir manutenção. Portanto, devem ser
analisadas as dimensões de mesas, dos eixos principais e as áreas principais para sua remoção.
Outro fato que também deve ser considerado é que a manutenção, freqüentemente, deve
agir com os equipamentos próximos em pleno funcionamento, e que esse trabalho não deve
interromper o ciclo normal dos equipamentos vizinhos, e nem a pessoa que estiver executando os
serviços estar sujeita a acidentes provocados pelo seu mau funcionamento. Esta área deve ser
sobreposta á carta do operador e do equipamento.
Área para matérias primas não processadas e para peças processadas - freqüentemente, a peça
é transportada em lotes e fica ao lado da máquina à espera do processamento. Deve-se, portanto,
reservar área para essa demora, e cuidar para que não haja interferência de áreas, o que iria
prejudicar o bom desempenho da operação. Este dimensionamento está estritamente relacionado
com a programação da produção. Sendo assim, deve-se prever as condições mais desfavoráveis para
124
que, se esta vier a ocorrer, não ocorra prejuízos ao posto de trabalho. Para realizar esse
dimensionamento, deve-se conhecer:
- o sistema de programação e entrega de materiais; - dimensão da matéria prima a ser
processada;
- método de armazenamento; - método de transporte;
Esta área deve ser superposta ás anteriores.
Área para refugos, cavacos, resíduos - os processos de usinagem com remoção de cavacos, bem
como determinadas operações industriais, produzem sobras de materiais que, muitas vezes, são de
volume significativo. Há necessidade, então, de se prever área específica destinada para tal fim. A
usinagem em tornos automáticos, as operações de prensa, plaina ou fresadora, o processamento do
vidro, as injetoras de plástico, alumínio ou latão, as fundições de ferro e aço, só para citar alguns
exemplos, produzem refugos, cavacos, tiras, aparas, sobras, canais, maçalotes, simultaneamente
com a produção de peças boas, e muitas vezes, o volume daqueles supera, em muito, o resultado
líquido da operação industrial. Para dimensionar esta área é necessário conhecer:
- sua forma física; - como é feita a coleta;
- como é feito o depósito; - dimensão do depósito;
- a liberação de sobras por período de tempo; - freqüência da coleta;
- a necessidade de processamento de um ou vários materiais diferentes e de sua separação;
- características especiais do material liberado, como por exemplo: temperatura, impregnação de
óleo, arestas cortantes, dimensões máximas e mínimas, fragilidade, etc.
Área para serviços de fábrica - o posto de trabalho pode exigir alguns serviços de fábrica como,
por exemplo, água, iluminação, aquecimento e ar comprimido. Essas áreas devem ser posicionadas
de forma que não prejudique o bom desempenho do posto de trabalho. Convém lembrar que esses
serviços estão em posição fixa em relação ao equipamento e que não podem ocupar áreas vitais para
o processamento e movimentação. Deve-se então:
- definir os serviços de fábrica que são necessários; - levantar suas dimensões;
- verificar como esses serviços são conduzidos ao posto de trabalho;
- verificar seu relacionamento com o posto de trabalho (iluminação por exemplo, como e onde
colocar).
125
A) Desenho
Por ser o método mais prático de arranjar e distribuir os espaços no planejamento do layout,
o desenho é a técnica de representação mais utilizada, mesmo em empresas que já estejam
plenamente equipadas para utilizar tamplates, maquetes ou softwares.
Apresentam a vantagem de ser um instrumento de fácil manuseio podendo ser usado, para
avaliações, no próprio local da instalação. Normalmente é utilizado para auxiliar nas análises de
possibilidades, antes da utilização ou alteração dos tamplates ou maquetes.
feitos em diversos graus de detalhamento. Diversos materiais podem ser utilizados para sua
confecção sendo os mais comuns a cartolina e o plástico.
Referências Bibliográficas
[1] MUTHER, R. Planejamento do layout: sistema SLP. São Paulo: Editora Edgard Blücher,
1978.
[2] OLIVERIO, J. L. Produtos processos e instalações industriais. São Bernardo do Campo:
Editora Ivan Rossi.
[3] PAHL, G AND BEITZ, W. Engineering Design: a systematic approach; Springer-Verlag;
London, 1992.
[4} SLACK N. et alli Administração da Produção. São Paulo: Editora Atlas S.A , 1997.