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Anarquia e Cristianismo
Anarquia e Cristianismo
anarquia e
cristianismo
Apresentao 5
Captulo 1
A anarquia do ponto de vista de um cristo 15
I. Que anarquia? 15
II. O desgosto do anarquismo com o
cristianismo 27
Captulo 2
A Bblia, fonte de anarquia 51
I. A Bblia hebraica 52
II. Jesus 62
III. O Apocalipse 78
IV. Uma ocorrncia: a Epstola de Pedro 82
V. Paulo 85
anexos
A interpretao de Romanos 13.1-2
segundo K. Barth e A. Maillot 95
I. Karl Barth 95
II. Alphonse Maillot 98
Os que praticam a objeo de conscincia 101
Testemunho
Ser padre catlico e anarquista 107
Concluso 117
notas 121
4 | Anarquia e Cristianismo
A p r e s e n t a o
. . .
Dessa forma, aos olhos de quem est de fora, essas pessoas sequer
existem, j que s vemos e conhecemos os faustos da Grande Igreja,
as encclicas papais e as posies polticas de determinadas autori-
dades protestantes... Vivi bastante concretamente esse fato: o pai de
minha esposa, um no cristo convicto, sempre me respondia quan-
do eu tentava explicar a ele a verdadeira mensagem do Evangelho:
Mas voc que est dizendo isso, eu s ouo isso de voc; tudo o
que ouo nas igrejas exatamente o oposto! Ora, em primeiro lugar,
no clamo ser o nico! Sempre houve uma corrente subterrnea fiel
(e, quanto mais invisvel, mais fiel!), e isto se d conforme a Bblia.
O resto o fausto, o espetculo, as declaraes oficiais, a simples
existncia de uma hierarquia (enquanto evidente que Jesus no
criou uma hierarquia!), o poder institudo (enquanto os profetas
nunca tiveram poder institudo), o sistema jurdico (enquanto os
verdadeiros representantes de Deus jamais recorreram ao Direito)
, tudo isso que vemos, o carter sociolgico e institucional da
Igreja, s isso, mas no a Igreja! Porm, para os de fora, evidente
que isso tudo a Igreja, e assim no podemos julg-los quando
eles mesmos julgam essa Igreja.
Dito de outra forma, os anarquistas tinham razo ao rejeitar o
cristianismo, que um legtimo cristo como Kierkegaard atacava
ainda mais violentamente que eles. Eu queria somente, aqui, apre-
sentar outro soar de sinos e dissipar alguns mal-entendidos sem
pretender justificar o que dizem e o que fazem a Igreja oficial e a
maioria dos que chamamos cristos sociolgicos, ou seja, os que
se declaram cristos (em nmero cada vez menor, felizmente, j
que saem da igreja nesses tempos de crise!) e se conduzem de um
modo totalmente anticristo; ou ento, como os grandes do sculo
19, utilizam alguns aspectos do cristianismo para assegurar ainda
mais seu poder sobre os outros.