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O Assunto do bailarino

Afinal a ideia sempre a mesmao bailarino a pr o p


no stio uma coisa muito forte na cabea no corao nos intestinos
no nosso prprio p
pode imaginar-se a ventania quer dizero que acontece ao ar a dana
pois vejam o que est a fazer o bailarino que desata por a fora
(por a dentro seria melhor) ele varre o espao
se me permitem varre-o com muita evidncia
somos obrigados a ver isso
que faz o p forte no stio forte o p leve no stio leve
o stio rtmico no p rtmico? edigo assim porque se trata
do princpio de cima para baixo de baixo para cima
que faz? Que fazem? Oh apenas um pouco de geometria
em termos de tempo um pouco de velocidadeem termos de espao
dentro do tempovamos l encher o tempo com rapidez de espao
pensam os ps dele quando o ar est pronto
o problema do bailarino coisa que no interessa por a alm
mas so chegados os tempos de agonia
estamos exaltados com este pensamento de morte
preciso pensar no ritmo uma das nossas congeminaes exaltadas
na realidade algo se transformou desde que ele comeou a danar
sem qualquer auxlio exceptono haver ainda nomes para isso
e haver os ingredientesdo espectculo i.e. a qualidade forte do stio
e ps
esperem pela abertura de negociaes entre no e sim
ho-de ver como coisas dessas se passam
no vai ser fcil os recursos de designao as acomodaes vrias
j se no encontram s ordens de vossncias
comecem a aperceber-se da energia como instrumento
de criar situaes cheias de novidade
vai haver muito nevoeiro nessas cabeas
e ainda o corao caiu-lhe aos ps o banala contas com o inesperado
talvez ento se tenha a ideia de murmurar
os ps subiram-lhe ao corao
pois vo dizendo que exagero logo se ver
tambm Jorge Lus Borges escreveu esta coisa um nadinha espantosa
a lua da qual tinha cado um leo nunca se pode saber
mas caem Newton cai na armadilha
quedas no faltam umas por causa das outras
os imprios caem etc. o assunto do bailarino cai
mas sempre em cima da cabea e estamos para ver
Cristo a andar sobre as guas ainda o caso do bailarinoo estilo
claro que isto apavora
a dana faz parte do medo se assim me posso exprimir

Herberto Hlder, (2004),Ou o poema contnuo.

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