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FACULDADE DE TECNOLOGIA DE SOROCABA

DESENHO TÉCNICO MECÂNICO II

RODAS DE TRANSMISSÃO:

ALÍVIO EM RODAS

Prof. M. Sc. Edson Del Mastro


2º. Semestre de 2009
Desenho Técnico Mecânico II – Alívio em Rodas - Prof. M. Sc. Edson Del Mastro 2

ÍNDICE
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 5
1. GENERALIDADES....................................................................................................... 6
1.1. RODA (conceituação): ............................................................................................ 6
1.2. ALIVIO EM RODAS ................................................................................................ 6
1.3 EXCEÇÕES ............................................................................................................ 7
1.4 REDUÇÃO DE CUSTO .......................................................................................... 7
1.5 PROCESSOS DE PRODUÇÃO E MATERIAIS ...................................................... 8
1.6 PROCEDIMENTO, METODOLOGIA e LIMITES .................................................... 8
2. RODA COM ALMA CHEIA ........................................................................................ 10
2.1. APLICAÇÃO ......................................................................................................... 10
2.2. DESENHO TÍPICO (RODAS COM ALMA CHEIA) ............................................... 10
2.3. ORIGEM DAS COTAS ......................................................................................... 11
2.4. da ......................................................................................................................... 11
2.5. a............................................................................................................................ 12
2.6. de ......................................................................................................................... 13
2.7. dc (diâmetro do cubo) .......................................................................................... 13
2.8. Exercício resolvido (polia com alma cheia)........................................................... 14
3. RODA COM ALMA VAZADA – Furos redondos ..................................................... 16
3.1. Aplicação .............................................................................................................. 17
3.2. Desenho típico (Rodas com alma vazada – furos redondos) ............................... 17
3.3. Determinação do alívio ......................................................................................... 18
3.3.1. dm ................................................................................................................. 18
3.3.2. df (diâmetro dos furos de alívio): ................................................................... 18
3.3.3. r ..................................................................................................................... 19
3.3.4. Rf .................................................................................................................. 19
3.3.5. y .................................................................................................................... 19
3.3.6. nf0 .................................................................................................................. 19
3.4. Exercício resolvido – polia alma vazada, furos redondos ..................................... 21
4. RODAS COM ALÍVIOS ALTERNATIVOS ................................................................. 23
4.1. Furos oblongos ..................................................................................................... 23
4.1.1. O que é, quando usar .................................................................................... 23
4.1.2. Procedimento ................................................................................................. 23
4.1.3. Exercício resolvido – alívio com furos oblongos............................................. 24
4.2. Rodas com Braços ou Raios ................................................................................ 26
4.2.1. O que é, vantagens, limites ........................................................................... 26
4.2.2. Procedimento ................................................................................................. 26

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4.3. Rodas de braços com nervuras (seção em “+”).................................................... 29


4.3.1. O que é e quando se aplica............................................................................... 29
4.3.2. Procedimento .................................................................................................... 29
4.3.3. Exercício resolvido – rodas de braços com nervuras (seção em “+”) ................ 30
5. APÊNDICE ................................................................................................................. 32
5.1. Exercícios propostos – ALÍVIO em polias “V” e engrenagens ................................. 32
5.2. Exemplos de desenhos de rodas diversas............................................................... 34
5.3. Tensões admissíveis para aços e aços fundidos – conforme BACH ....................... 37
5.4. Gráfico para a espessura da alma – conforme Del Mastro ...................................... 40
5.5. Rodas muito grandes e/ou largas – conforme NIEMANN e DOBROVOLSKY......... 41

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INDICE DE FIGURAS

FIG 1 Roda de automóvel .................................................................................................... 6


FIG 2 Engrenagem VOLANTE............................................................................................. 6
FIG 3 Roda SEM alívio (polia cheia) .................................................................................... 6
FIG 4 Roda COM alívio (polia com alma cheia)................................................................... 6
Fig. 5 Roda Pequena ........................................................................................................... 7
Fig. 6 Eixo-Pinhão ............................................................................................................... 7
FIG 7 RODA COM ALMA CHEIA. (à esquerda polia “V”; à direita engrenagem). ............. 10
FIG 8 Torque (Mt) e força tangencial ................................................................................ 13
FIG 9 Roda com alma vazada com furos redondos ........................................................... 16
FIG 10 Desenho e cotas do alívio em rodas com alma vazada (furos redondos).............. 17
FIG 11 dfMax ....................................................................................................................... 18
Fig. 12 Determinação de nf0 com dfmáx .............................................................................. 20
Fig. 13 Alívio c/ 4 furos oblongos ....................................................................................... 23
Fig 14 Alívio c/ 3 furos oblongos ........................................................................................ 23
Fig. 15 Roda com braços ou raios ..................................................................................... 26
Fig. 16 Rodas de braços com nervuras (seção em “+”) ..................................................... 29

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INTRODUÇÃO

Falando-se de rodas em geral, há um grande número de alívios especiais que


são executados visando atender um ou mais quesitos que se tornem preponderantes
em cada caso, além do econômico e da resistência. Essas exigências podem ser de
natureza ergonômica, estética, aerodinâmica, resistência ao choque, leveza,
facilidade do usuário ou de montagem, etc. Em alguns casos, rodas são desenhadas
com um alívio para que façam também a função de volante1 (FIG 2), e outras para
funcionarem inclusive como ventilador2. Também devem se adequar aos materiais e
aos processos de produção empregados. Ocorre principalmente em produtos de
consumo como, por exemplo, roda e volante de automóvel (FIG 1), roda de bicicleta,
carrinho de supermercado (v. apêndice ER-56-22) – demandando por vezes,
abordagem multidisciplinar, construção de protótipos, realização de testes e até
pesquisa de opinião pública.
Porém, o objetivo deste capítulo se restringe a rodas (v. 1.1) de máquinas e
equipamentos industriais.

1
Rodas com um razoável momento de inércia em relação ao seu eixo de rotação, com o objetivo de regular
seu movimento (acumuladores de energia cinética de rotação). Um ex..: polia maior de uma prensa
excêntrica em “C” ; outro ex.: polia da ferramenta (caracol), numa geradora de engrenagens tipo RENANIA.
2
ex.: No automóvel, a polia do alternador funciona como ventilador (ventoinha).

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1. GENERALIDADES
1.1. RODA (conceituação):

Em mecânica dá-se o nome genérico de roda às polias, engrenagens, rodas de atrito


(ou fricção), engrenagens de corrente, polias para cabos, volantes, freios, embreagens e
outras peças redondas girantes.
Neste trabalho iremos nos referir principalmente às rodas que transmitam torque.

1.2. ALIVIO EM RODAS

É a redução de peso de uma roda por meio da retirada de material (no projeto) entre o
cubo3 e a coroa4, deixando apenas o suficiente para resistir com segurança às tensões de
trabalho. Neste estudo examinaremos diversos tipos de alívio usados em máquinas e
equipamentos, onde o mais simples é a roda com alma cheia. (FIGs 3 e 4)

FIG 1 Roda de automóvel FIG 2 Engrenagem VOLANTE

FIG 3 Roda SEM alívio (polia cheia) FIG 4 Roda COM alívio (polia com alma cheia)

3
Região próxima (ao redor) do furo onde se encaixa o eixo.
4
Conforme o tipo de roda a coroa (periferia da roda) pode ser lisa, dentada, canaletada, etc.

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1.3 EXCEÇÕES

Rodas com alívio é regra geral. Mas há exceções.


1.3.1 Nas rodas pequenas há pouco espaço entre o cubo e a coroa e fica inviável fazer
alívio. (Fig. 5).
1.3.2 Quando esse espaço é ainda menor podemos fazer o eixo-pinhão (Fig. 6)
1.3.3 Quando a roda é totalmente usinada (a partir de um disco cortado de uma barra
redonda), fazer alívio pode significar um aumento de usinagem (e de custo). Em
geral são rodas pequenas.
1.3.4 Quando a roda faz também a função de volante (rodas não muito grandes).5

Fig. 5 Roda Pequena Fig. 6 Eixo-Pinhão

1.4 REDUÇÃO DE CUSTO

1.4.1 Economia de material: é a primeira redução de custo conseguida com o alívio.


Por exemplo, as rodas com alívio mais comumente usadas são as de ferro fundido
e, na fundição, o preço é por quilo.

1.4.2 Economia na usinagem: há uma redução no custo da usinagem por dois motivos:
a) menor superfície para ser usinada (tempo máquina menor)
b) tempos passivos menores (tempo menor para movimentar e locar uma peça mais
leve)
obs.: uma diferença de peso pode ainda indicar a necessidade da usinagem ser feita
na “usinagem pesada” (custo hora-máquina mais elevado).

1.4.3 Economia no projeto: é muito comum que mesmo uma máquina simples possua
quatro ou mais rodas (por exemplo: um par de polias e um par de engrenagens).
Um peso excessivo das rodas (sem alívio) levaria a necessidade de eixos,
rolamentos e outras peças com dimensões maiores deixando a máquina mais
robusta e até maior para realizar o mesmo trabalho útil, encarecendo-a.

5
Há também rodas médias e grandes que funcionam como volante. Nestes casos faz-se alívio
concentrando maior massa próximo da coroca da roda (da menor).

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1.4.4 Economia de energia: Menor massa das peças girantes (rodas, eixos, rolamentos,
etc.) proporcionam uma menor energia cinética de rotação, consumindo menos
energia. Se a máquina também possuir embreagem e/ou freio, esta menor energia
cinética de rotação, irá interferir no dimensionamento desses subconjuntos ou no
seu desgaste.

1.5 PROCESSOS DE PRODUÇÃO E MATERIAIS

1.5.1 Escolha: diversos fatores devem ser avaliados conjuntamente na escolha do


processo de produção e do material da roda. Em geral, os mais preponderantes
são:

● custo
● quantidade a ser produzida
● tamanho da roda
● características do trabalho (força, velocidade, atrito, choques mecânicos, etc.)

1.5.2 Processos e materiais: O projeto (e o desenho) da roda deverá se adequar ao


processo e material escolhidos. Em seguida relacionamos os mais comuns:

• Fundição por gravidade em areia (ferro fundido, aço fundido, bronze, etc.)6 (Capa,
Figs. 2, 4, 7 e 9)
• Fundição sob pressão (Zamac 2, 3, 5, 610)
• Fundição por gravidade em coquilha metálica (ligas de alumínio e outras com ponto
de fusão baixo a médio)
• Injeção (plásticos7)(ER -56 – 22 e ER – 50 – 01)
• Estamparia (chapas finas de aço laminado). (ER-48-02) (APÊNDICE)
• Grupo soldado (chapas grossas de aço laminado e tubos mecânicos) (ER-48-01)
(APÊNDICE)
• Sinterizados (metalurgia do pó)

1.6 PROCEDIMENTO, METODOLOGIA e LIMITES

Este trabalho é composto de uma série de desenhos e fórmulas empíricas


(decorrentes da prática) e um gráfico. Pretendem capacitar o leitor para resolver os alívios
e desenhos de rodas mais comuns. Também sugere desenhos e fórmulas para rodas e
torques maiores.
Na prática profissional o procedimento é similar - empírico, mas sem fórmulas - para a
grande maioria dos casos. A literatura sobre o assunto é escassa.
O projetista não afeito a este assunto pode recorrer a este trabalho, mas o principal
beneficiado deverá ser o estudante que precisa prover de alívio8 as polias, engrenagens,
etc. nos seus projetos escolares. Não tendo prática e nem dominando ainda as disciplinas
Elementos de Máquinas e Resistência dos Materiais, isto seria uma tarefa ingrata.

6 – doravante usaremos: fofo = ferro fundido; aço fofo = aço fundido


7 - Esta designação genérica é insuficiente para o projeto. Podemos especificar pelo nome científico, pela
sigla, ou pela marca comercial (quando houver). Exs.: policarbonato (PC); poliamida (NYLON); PVC; PET.
8 - Mesmo sendo trabalho escolar, sem alívio o projeto estaria comprometido (ver 1.4)

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As regras empíricas aqui descritas, para determinação do alívio, se aproximam do


que os profissionais de projeto praticam. Só foram feitos ajustes quanto ao mínimo
material entre furos (um dos fundamentos da nossa pesquisa) e uma atenção especial
reforçando o diâmetro do cubo – que é ponto mais solicitado da roda (ver 2.7 e FIG 8) e
onde vimos um maior número de rupturas. Mas a preocupação maior é o desperdício que
normalmente ocorre quanto à espessura da alma.
As rodas em geral estão sujeitas a um estado múltiplo de tensões. Em alguns casos
onde, além da força tangencial, os outros esforços se tornem preponderantes (forças de
compressão em rodas de cabos tensores ou descentradas; forças axiais importantes ou a
combinação desses esforços) há que se calcular determinando antes uma tensão ideal
(ou tensão combinada, ou tensão equivalente) o que foge dos propósitos deste estudo.
Nestes casos e noutros com potências e, principalmente, com torques muito altos, em
geral, o alívio não é a alma vazada e sim, braços ou raios com nervuras em ambos os
lados, cuja seção é uma cruz (+) e calculados como uma viga. Ou alma dupla e nervura
de reforço (seção H) no caso de rodas grandes e/ou largas. (pág. 41)
As situações acima descritas são excepcionais, um tanto raras.
Na maioria das vezes temos rodas de fofo e aço fofo que podem ser resolvidas com
alma vazada simples, com furos redondos (ou alternativos). São estes casos que nossa
pesquisa se propôs resolver. Nela analisou-se espessuras de alma de 6 a 16mm, dentro
de potências normalizadas de 1 a 50 CV. As larguras de rodas foram até 200mm e os
diâmetros externos até 900mm.
Primeiro procurou-se estabelecer os parâmetros de que a espessura da alma era uma
função contínua. Isso foi feito e confirmado9 através de ~ 50 projetos de transmissões por
10 5
correias “V” e engrenagens. Esses parâmetros são N (potência em CV) x φ ( ).
nd
Na pesquisa (~400 projetos de transmissões por correias “V” e por engrenagens)10
levantaram-se os pontos que se constituíram nas isóbaras11 de cada espessura de alma
para cada perfil ou módulo estudado. As curvas referentes a cada espessura variaram
muito pouco (NR 9). Para cada caso tomou-se a curva mínima para a construção do
gráfico.
Foi também determinada a tensão equivalente de cada caso e ela fica (com folga)
abaixo tensão admissível (carga II) se usarmos fofo ABNT FC 30 ou aço fofo ABNT Af 35.
A universalidade dos parâmetros (N e φ) sugere a aplicabilidade deste gráfico para
outros tipos de rodas (de correntes, de atrito, de correia plana, etc) quanto à tensão
tangencial. Mesmo assim não saberíamos como se comportaria a tensão equivalente.
Portanto recomendamos o uso do gráfico somente para polias “V” e engrenagem
cilíndrica reta (ECR até m=8).

9
com uma correlação mínima de 93% (de uma polia “V”, perfil “A”, até uma ECR, m = 8)
10
percorrendo todos os perfis de (exceto o “E”) e os módulos 4,5 e 8, em cada uma das potências
normalizadas de 1 a 50 CV. Respeitou-se as limitações de potências e velocidades dos fabricantes de
correias.
11 2
Linhas de tensão constante (no caso impôs –se τ = 1 Kgf/mm ) na região crítica (mínima distância entre
furos) e na situação mais crítica (só 4 furos e quando nf 0 = 4,000) – que resulta na menor área possivel.
Para que essas condições fossem conseguidas, não foram feitos os arredondamentos convenientes que se
faz num projeto real.

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2. RODA COM ALMA CHEIA


2.1. APLICAÇÃO

Esse tipo de alívio de peso é normalmente aplicado em rodas pequenas onde o diâmetro
dos furos de alívio fique abaixo de 20 mm(fofo ou aço fofo) ou de 12 mm (zamac e
sinterizados) ou ainda quando o uso de furos (alma vazada) implicasse em aumento de
custos (p. ex.: rodas feitas com grupo soldado ER-48-01, V. APÊNDICE).

2.2. DESENHO TÍPICO (RODAS COM ALMA CHEIA)

Em seguida damos o desenho típico de uma roda de alma cheia (de ferro fundido ou
aço fundido) e os símbolos usados neste módulo. Os exemplos usados são de uma polia
“V” e de uma engrenagem cilíndrica.

m, z

âng. de fundição = 3°
raios de fundição = R2

POLIA “V” ENGRENAGEM

FIG 7 – RODA COM ALMA CHEIA. (à esquerda polia “V”; à direita engrenagem).

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De = diâmetro externo da polia " V" ou engrenagem


Di = diâmetro interno da polia " V" ou engrenagem (ou ∅ ext.na polia lisa, etc.)
da = diâmetro do alívio
dc = diâmetro do cubo
de = diâmetro do furo para o eixo
a = espessura da alma
b = largura da coroa da roda (dentada e lisa)
L = largura da coroa da roda (polia " V" )
Lc = largura do cubo
t 2 = profundidade do rasgo de chaveta no cubo
K = mínimo material da coroa (polia " V" )
Ke = mínimo material da coroa (engrenage m)

2.3. ORIGEM DAS COTAS

As demais dimensões da roda são:


função do:
De, Di, L, b, m (módulo), z (n0. de dentes) – dimensionamento da transmissão
t1, t2 – dimensionamento do eixo (V.norma de “chavetas”)
Lc – dimensionamento da chaveta
K, H, X – perfil “V” (v. norma)

Ke = a ou 2m (tomar o maior valor) [F 01]


Determinação do alívio (p/ rodas c/ alma cheia): daremos a seguir regras práticas
para a determinação das cotas da, a, de e dc, justificando-as previamente.

2.4. da

Depende de valores já estabelecidos na norma. É só calcular:

na polia “V”:

da = Di – 2K [F 02]

da = De – 2(H +K) [F 03]

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na engrenagem:

da = Di – 2 Ke [F 04]

da = De – 2(2,25m + Ke) [F 05]


Obs.: valores quebrados de da, arredondar para baixo.

2.5. a
A determinação da espessura da alma (a) pelo critério de resistência resultaria num
valor muito baixo em rodas com alma cheia. Nos casos mais freqüentes (rodas de fofo) há
de se levar em conta dados da tecnologia dos materiais.
Dentre os tipos de fofos possíveis, sem um tratamento especial, estão os fofos
brancos, fofos cinzentos, fofos mesclados.
- O fofo branco é muito duro e muito frágil, resistente ao desgaste e de baixa
usinabilidade.
- O fofo cinzento tem boa resistência mecânica e ao desgaste, capacidade de
amortecimento e excelente usinabilidade (devido ao carbono livre, em forma de veios).
- O fofo mesclado é um tipo intermediário.
Para as rodas de transmissão as características mais interessantes são as do fofo
cinzento.
Como os fofos são basicamente uma liga Fe – C – Si, e que a % de carbono não
difere necessariamente entre eles, a formação de fofo branco ou cinzento (ou
mesclado) está em função de dois fatores que atuam conjuntamente:

- a % de Si (que facilita a grafitização)


- a velocidade de resfriamento que depende do material do molde (areia) e da
espessura da peça fundida.

Conclusão: mesmo com % de Silício adequada (para fofo cinzento) e molde de areia,
espessuras de parede 5 mm ou menos (dados da experiência12) possibilitam a formação
de fofo branco ou fofo mesclado – o que é indesejável.
Portanto usaremos a ≥ 6 mm, por segurança. Por outro lado, pelo aspecto da
resistência mecânica, a espessura da alma (para um determinado material) depende
diretamente da potência (N) e inversamente da velocidade (n) (ver 2.6) e do diâmetro (Dn
ou Dp). Para escolher a, determine φ e consulte o gráfico v. apêndice item 5.4.

12
conf. CHIAVERINI, Vicente in TECNOLOGIA MECÂNICA, Vol. III, 2ª. ed., São
Paulo, McGraw-Hill

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10 5 10 5
para polia “V”: φ = [F 06] para engrenagem: φ = [F 07]
n.Dn n.Dp

2.6. de (diâmetro do eixo e do furo para o eixo na roda) - usaremos uma fórmula
simplificada (válida para eixo de aço ABNT 1050), conforme STIPKOVIC:

N
de = 90 3 + 2 t 1 (mm) [F 08]
n

onde: N é a potência em CV
n é a velocidade angular em rpm (rotações por minuto)
t1 é a profundidade do rasgo de chaveta no eixo

2.7. dc (diâmetro do cubo)

Observação inicial: excluem-se deste estudo as chamadas engrenagens


intermediárias, as “polias loucas” e outras rodas que não girem solidariamente ao eixo.
Ele se refere à maioria dos casos em que o cubo é solidário ao eixo (transmitindo ou
recebendo o torque). E principalmente onde essa união eixo-cubo é feito por diferença de
forma (chavetas, entalhados, furos e eixos quadrados).
Para determinar o diâmetro do cubo (dc) deve-se atentar para 2 (dois) aspectos:

1) Que a força que atua no cubo (tangente ao eixo) é superior à que se age na coroa da
roda (lisa, canaletada, dentada), por princípio físico. O torque (Mt) é constante em
de
qualquer parte da roda, portanto quando o braço do momento é menor , a força é
2
maior. N
Mt = 716200 [F 09]
n

Mt = (kgf .mm)
N = potência em cv
n = velocidade âng. em RPM

Mt = F × R [F 10]
Aplicações de [F 10]
Dp ou Dn
Mt = f ×
2
de
Mt = Fe ×
2

FIG 8 – No torque (Mt), a força tangencial é inversamente proporcional ao raio.

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2) Que o rasgo de chaveta, entalhado, estriado, furo quadrado, pinos, parafusos,


promovem uma concentração de tensões nesses pontos do cubo. Esta situação se
agrava se usarmos chavetas com ação de cunha.

dc = 1,6 de + 2 t 2 [F 11]
Observações:
1 ) Caso a largura do cubo (Lc) seja menor ou igual ao diâmetro do furo para o eixo (de),
fazer dc = 2de
2) Caso o cálculo de dc resultar fracionário, arredondar para mais.

2.8. Exercício resolvido (polia com alma cheia)

Numa transmissão com 3 correias “V”, perfil B, com potência de 10 cv, a polia
motora (1) gira a 900 rpm. Determinar e desenhar a polia movida (2) sabendo-se que esta
deve girar a 720 rpm e tem largura do cubo=82. Fazer alívio.

SOLUÇÃO
Dados acima: N=10cv; n1=900 rpm; n2=720 rpm; 3 canais (B); Lc2=82

De1 = 130 (mínimo para perfilB − conforme norma )


Dn1 = De1 − 2x = 130 − 2x6,25 = 117,5
n1Dn1 = n2Dn2
n1Dn1 900x117,5
Dn2 = = = 146,87
n2 720
De2 = Dn2 + 2x = 146,87 + 2x6,25 = 159,37
Di2 = De 2 − 2H = 159,37 − 2x17 = 125,37
da 2 = Di2 − 2K = 125,37 − 2x6,5 = 112,37 → 112
N 10
de 2 = 90.3 + t1(2) = 90.3 + 2x4,7 = 31,035 → 32
n2 720
dc 2 = 1,6.de 2 + 2t 2(2) = 1,6x32 + 2x3,4 = 58
10 5 105
ϕ2 = = ≅ 0,946 → Gráfico da espessura da alma (N = 10) → a = 7mm
n2Dn2 720x146,87
L 2 = 2t + s(n − 1) = 2x11,5 + 19(3 − 1) = 61
ver desenho na próxima página (ER − 48 − 03 )

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Raios canais= R1
Raios de fund.= R2
Ang. Fund.= 3°

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3. RODA COM ALMA VAZADA – Furos redondos

FIG 9 – Roda com alma vazada com furos redondos

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3.1. Aplicação

Em princípio este tipo de alívio pode ser usado para rodas em geral, principalmente
quando df ≥ 20 e 4 ≤ nf ≤ 6. Não se usa para rodas muito pequenas (não é possível ou não
compensa - ver 1.3 e 2.1). Pode ser inadequado para rodas muito grandes, ou muito
largas, ou para potências muito altas,ou quando os esforços radiais e/ou axiais tornem-se
preponderantes ou a conjunção de 2 ou mais dos fatores acima.

3.2. Desenho típico (Rodas com alma vazada – furos redondos)

dm = diâmetro médio (diâmetro da circunferência − centro dos furos )


df = diâmetro dos furos de alívio
nf = quantidade de furos iguais de alívio

FIG 10 – Desenho e cotas do alívio em rodas com alma vazada (furos redondos)

Obs.: demais cotas e significados veja a FIG 7.

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3.3. Determinação do alívio

Daremos a seguir regras práticas para a determinação das cotas dm, df, e nf,
justificando-as previamente.

3.3.1. dm – Os furos de alívio devem ficar no centro da parte com a alma para
podermos usar furos maiores. Então:

da + dc
dm = [F12]
2

obs.: se dm resultar em valor quebrado, arredondar para cima por duas razões:

1) Caso aconteça de Lc ser maior que b, devido aos ângulos de fundição isto levaria
a um diâmetro central um pouco acima de dm do jeito simplificado que foi
calculado.

2) Reforçaria mais o cubo que a coroa, e sabemos que o cubo é mais solicitado. (V.
FIG 8)

3.3.2. df (diâmetro dos furos de alívio):


Aproximadamente metade dos casos df será igual a dfmáx. O maior furo de alívio
possível deverá estar na parte plana da alma, menos um pequeno valor – por segurança.
FIG 11

FIG 11 - dfMax

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3.3.3. r – é o raio de fundição e y, y’ é um pequeno valor

 lc − a 
[ no caso y =  − Rf  × tg 3°]
 2 
Nessas condições,

da − dc
df máx = - 2 (rf +y) [F13] ver valores rf e y nas tabelas 1 e 2
2

Obs.: quando dfmáx. der uma valor quebrado, arredondar para menos.

3.3.4. Rf – raios de fundição para rodas de fofo e aço fundido


Tabela 1
espessura da alma
6e7 8e9 10 11 a 14 15 a 18
a (mm)

Rf (mm) 2 2,5 3 4 5

3.3.5. y (para ângulos de fundição = 3º)


Tabela 2
Largura da roda
Lc, L ou b (mm) Até 70 >70 até 100 > 100 até 150 > 150 até 200 >200 até 25013
(o de maior valor)

8
y (mm) 2 3 4,5 6

3.3.6. nf0
Calcularemos o número de furos de alívio hipotético nf0 (que muito
provavelmente vai resultar fracionário) e arredondaremos para o valor inteiro mais
próximo (por falta ou por excesso).

c = df máx. + 2a [F14]

senα =
(c / 2) → senα =
c
[F15] ou (df máx. + 2a )
(dm / 2) dm
senα =
dm
[F16]
180°
nf 0 = [F17]
α

13
em princípio, não se recomendam larguras acima de 200 mm para alívio com alma simples

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Fig. 12 – Determinação de nf0 com dfmáx

Para isso precisamos calcular α no triângulo da Figura 12.

Se precisar calcular a resistência veja 2.7


dm × cos α
R= [18]
2

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3.4. Exercício resolvido – polia alma vazada, furos redondos

Numa transmissão por 3 correias “v”, perfil “A” e potência de 3 cv, a polia motora (1)
gira a 1160 rpm. Determine e desenhe a polia motora sabendo-se que esta deverá girar a
330 rpm e tem largura do cubo=58. Fazer alívio.

SOLUÇÃO:
Dados acima: N=3; n1=1160; n2=330; Lc2=58; 3 correias “V” (A)

De1 = 75 (mínimo conf. noma)


Dn1 = De1 −2x = 75 − 2x5 = 65
n1Dn1 1160x65
n1Dn1 = n2Dn2 ∴ Dn2 = = ≅ 228,48
n2 330
De2 = Dn2 + 2x = 228,48 + 2x5 = 238,48
Di2 = De2 − 2H = 238,48 − 2x13 = 212,48
da 2 = Di2 − 2K = 212,48 − 2x5 = 202,48 → 202
105 105
ϕ2 = = ≅ 1,326
n2Dn2 330x228,48
ϕ 2 = 1,326 e N = 3 (gráfico de " a" )) → a 2 = 6
N 3
de 2 = 90.3 + 2t1(2) = 90.3 + 2x4,1 = 26,98 → 27
n2 330
dc 2 = 1,6.de 2 + 2t 2(2) = 1,6x27 + 2x3 = 49,2 → 50
da 2 + dc 2 202 + 50
dm2 = = = 126
2 2
da − dc 2 202 − 50
dfmáx 2 = 2 − 2(Rf2 − y 2 ) = − 2(2 + 2) = 68
2 2
dfmáx 2 + 2a 2 68 + 2x6
senα0(2) = = = 0,6349 → α0 = 39,41
dm2 126
180° 180°
nf0(2) = = = 4,5669 → 5furos
α0(2) 39,41
180°
α2 = = 36°
5
df2 = senα2 .dm2 − 2a 2 = sen36° x126 − 2x6 ≅ 62
L = 2t + s(n − 1) = 2x9,5 + 15(3 − 1) = 49
ver desenho na página seguinte (ER − 48 − 04)

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Raios canais= R1
Raios de fund.= R2
Ang. Fund.= 3°

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4. RODAS COM ALÍVIOS ALTERNATIVOS


4.1. Furos oblongos

4.1.1. O que é, quando usar

dc
Quando a relação ≥ 0,342 resultam seis ou mais furos redondos que podem ser
da
substituídos vantajosamente por quatro (ou três) furos oblongos, resultando em maior
alívio de peso. Figs. 13 e 14.

4.1.2. Procedimento

Determine φ, a, da, de, dc, dm e df como se fossem furos redondos (2. e 3.)
dc
Verifique se está satisfeita a relação ≥ 0,342
da
Use os valores calculados e cote a distância entre furos (Lf):
Lf = 2a (para 4 furos oblongos) Fig. 13
Lf = 2,7a (para 3 furos oblongos) Fig 14

Fig. 13 Alívio c/ 4 furos oblongos Fig 14 Alívio c/ 3 furos oblongos

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4.1.3. Exercício resolvido – alívio com furos oblongos

Numa transmissão por engrenagens a potência é de 7,5 cv, o módulo=4 e a


relação de velocidades é ~ 3,412. O pinhão gira a 450 rpm, tem 17 dentes e tem no
dentado largura=76. Determinar e desenhar a coroa sabendo-se que esta tem lagura do
cubo=92.

SOLUÇÃO
Dados acima: N= 7,5; n1= 450; z1= 17; m=4; i ≅ 3,412; Lc2=92
z2
i= ∴ z 2 = i z1 = 3,412x17 = 58,004 → 58
z1
De 2 = m(z 2 + 2) = 4(58 + 2) = 240
h = 2,25m = 2,25x4 = 9
Dp 2 = m.z 2 = 4x58 = 232
n1z1 450x17
n1z1 = n 2 z 2 ∴ n 2 = = ≅ 131,9rpm
z2 58
5 5
10 10
ϕ2 = = ≅ 3,268 → a = 11 (gráfico)
n 2Dp 2 131,9x232
ke 2 = a 2 ou 2m (adotar o maior valor) = 11
da 2 = De 2 − 2(h + Ke 2 ) = 240 − 2(9 + 11) = 200
N 7,5
de 2 = 90.3 + 2t1(2) = 90.3 + 2x5,5 ≅ 45,61 → 46
n2 131,9
dc 2 = 1,6.de 2 + 2t 2(2) = 1,6x46 + 2x3,6 = 80,8 → 81
da 2 + dc 2 200 + 81
dm2 = = = 140,5 → 141
2 2
b 2 = b1 − 2 = 76 − 2 = 74
da 2 − dc 2 200 − 81
dfmáx 2 = − 2(Rf2 + y 2 ) = − 2(4 + 3) = 45,5 → 45
2 2
dc 81
verificar a relação = = 0,405 > 0,342 ∴isto quer dizer que teremos 6 ou + furos redondos.
da 200
Podemos fazer então 4 furos oblongos (v. 4)
Lf2 = 2a 2 = 2x11 = 22
Usar também dm2 = 141e dfmáx 2 = 45

ver desenho na página seguinte (ER − 48 − 05)

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Raios de fund.= R4
Ang. Fund.= 3°

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4.2. Rodas com Braços ou Raios

4.2.1. O que é e vantagens, limites

É um alívio com furos especiais (fig 15) que pode substituir com vantagem o alívio
com furos redondos por dois motivos:
• Resulta em maior alívio de peso
• Conforme nossa análise comparativa, reforça mais o ponto crítico da alma, o cubo e
a coroa da roda

4.2.2. Procedimento

Determine φ, a, da, de, dc, dm, α e nf como se fossem furos redondos.


dc
Use um número de braços = nf (até 6 braços). Se a relação ≥ 0,4 pode-se usar
da
só 4 (ou 3) braços (mesmo assim o alívio estará superdimensionado).
Use a Fig 15 para as outras dimensões.

2
L≅ de (mín 20)
3
de
R≅
4
Fig. 15 – Roda com braços ou raios

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4.2.3. Exercício resolvido – rodas de braços ou raios

Numa transmissão por engrenagens para potência 7,5 cv, o módulo é=3 e a
relação de transmissão é ~3,42. O pinhão gira a 1100 rpm,tem 19 dentes e largura no
dentado de 63 mm.
Determinar e desenhar a coroa sabendo-se que esta tem a largura do cubo=102.

SOLUÇÃO:
Dados acima: N=7,5; m=3; n1=1100 rpm; z1=19; i~3,425; b1=63; Lc2=102

z2
i= ∴ z 2 = i.z1 = 3,425x19 = 65,075 → 65
z1
De2 = m(z 2 + 2) = 3(65 + 2) = 201
h = 2,25m = 2,25x3 = 6,75
Dp2 = m.z 2 = 3x65 = 195
n1z1 1100x19
n1z1 = n2 z 2 ∴ n2 = = ≅ 321,54rpm
z2 65
10 5 105
ϕ2 = = ≅ 1,595 → a 2 = 8 (gráfico)
n2Dp2 321,54x195
Ke 2 = a 2 ou 2m (adotar o maior valor ) = 8
da 2 = De 2 − 2(h + Ke 2 ) = 201 − 2(6,75 + 8) = 171,5 → 171
N 7,5
de 2 = 90.3 + 2t1(2) = 90.3 + 2x4,7 = 35,11 → 36
n2 321,54
dc 2 = 1,6.de 2 + 2t 2(2) = 1,6x36 + 2x3,4 = 64,4 → 65
dc 2 + da 2 65 + 171
dm2 = = = 118
2 2
dc 65
= = 0,38
da 171
b 2 = b1 − 2 = 63 − 2 = 61
da 2 − dc 2 171 − 65
dfmáx 2 = − 2(Rf2 + y 2 ) = − 2(2,5 + 4,5) = 39
2 2
dfmáx 2 + 2a 2 39 + 2x8
senα0(2) = = ≅ 0,466 → α0(2) = 27,78°
dm2 118
180° 180°
nf0(2) = = ≅ 6,48 furos! → 6
α0(2) 27,78°
Faremos Roda com 6 braços (ou raios)
de 2 36
R2 = =9
4 4
2 2
L = de 2 = x36 = 24
3 3
Ver desenho na página seguinte (ER − 48 − 06)

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4.3. Rodas de braços com nervuras (seção em “+”)

4.3.1. O que é e quando se aplica

É um tipo de alívio que se aplica quando uma alma simples (todos os casos que já
examinamos) estaria sujeita à flexão e/ou flambagem. Pode ser usado quando uma ou
mais das seguintes condições se encontram presentes:

• Rodas muito grandes


• Rodas muito largas
• Esforços radiais e/ou axiais importantes
• Esforços radiais descentrados

4.3.2. Procedimento

Detemine o alívio como no caso anterior (4.2 – rodas com braços ou raios) e
adicione as nervuras conforme Fig. 16

R fund.=R2

Fig. 16 Rodas de braços com nervuras (seção em “+”)

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4.3.3. Exercício resolvido – rodas de braços com nervuras (seção em “+”)

Numa transmissão por engrenagens com potência 15 cv, o módulo é 8 e a relação


de transmissão é ~2,39.
O pinhão gira a 450 rpm, tem 23 dentes e largura do dentado de 200.
Determinar e desenhar a coroa (com alívio) sabendo-se que esta tem largura de
cubo= 182

SOLUÇÃO:
Dados acima: N=15; m=8; n1=450rpm; z1=23; i~2,39; b1=200; Lc2=182
z
i = 2 ∴ z 2 = iz 1 = 2,39x23 = 54,97 → 55
z1
De 2 = m(z 2 +2) = 8x(55 + 2) = 456
h = 2,25m = 2,25x8 = 18
Dp 2 = m.z 2 = 8x55 = 440
n1z 1 450x23
n 1z 1 = n 2 z 2 ∴ n 2 = = ≅ 188,18rpm
z2 55
10 5 10 5
ϕ2 = = ≅ 1,208 → a 2 = 10 (gráfico)
n 2Dn 2 188,2x440
Ke = a 2 ou 2m (adotar o maior valor) = 16
da 2 = De 2 − 2(h + Ke 2 ) = 456 − 2(18 + 16) = 388
N 15
de 2 = 90.3 + 2t 1(2) = 90 + 2x6,2 = 51,62 → 52
n2 181,2
dc 2 = 1,6.de 2 + 2t 2(2) = 1,6x52 + 2x3,9 = 91
da 2 + dc 2 388 + 91
dm 2 = = = 239,5 → 240
2 2
b 2 = b1 − 2 = 200 − 2 = 198
da 2 − dc 2 388 − 91
dfmáx 2 = − 2(Rf 2 + y 2 ) = − 2(3 + 6) = 130,5 → 130
2 2
dfmáx 2 + 2a 2 130 + 2x10
senα 0(2) = = = 0,625 → α 0(2) ≅ 38,68°
dm 2 240
180° 180°
nf 0(2) = = ≅ 4,65 furos → 5
α 0(2) 38,68°
É uma roda de média para grande (De = 456) mas larga (~ 200)
Aplicaremos um alívio c/ 5 braços com nervuras
de 2 53
R2 = = = 13
4 4
2 2
L 2 = de 2 = x52 ≅ 35
3 3
Ver desenho ER − 48 − 07 na página seguinte

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5. APÊNDICE

5.1. Exercícios propostos – ALÍVIO em polias “V” e engrenagens

EP – 48 – 01
Numa transmissão com 2 correias “V”, perfil “A”, a potência é de 2 CV. A polia motora (1)
tem diâmetro externo igual a 80mm e gira a 1160 rpm. Determinar e desenhar (com alìvio)
a polia movida (2) sabendo-se que esta tem velocidade de 330 rpm e 47 mm na largura
do cubo.

EP – 48 – 02
Num par engrenado a potência é 3 CV, o módulo 4,5 e a relação de velocidades ~ 4,76. O
pinhão tem 17 dentes, gira 600 rpm e tem 86 mm de largura (no dentado). Determinar e
desenhar a coroa (com alívio) cuja largura do cubo é 102 mm.

EP – 48 – 03
Numa transmissão com 3 correias “V”, perfil “A”, a potência é de 3 CV. A polia motora (1)
gira a 1160 rpm. Determinar e desenhar (com alìvio) a polia movida (2) sabendo-se que
esta tem velocidade de 330 rpm e a largura do cubo é 58 mm.

EP – 48 – 04
Numa transmissão por engrenagens a potência é 6 CV, o módulo 4 e a relação de
transmissão ~ 3,06. O pinhão tem 17 dentes, gira a 850 rpm e tem largura do dentado
igual a 76 mm. Determinar e desenhar a coroa (com alívio) a qual tem a largura do cubo
igual a 92 mm.

EP – 48 – 05
Num sistema com 3 correias “V”, perfil “B”, a potência é de 5 CV e a relação de
transmissão é ~ 1,286. A polia motora (1) tem diâmetro externo igual a 140 mm e gira a
450 rpm. Determinar e desenhar (com alìvio) a polia movida (2) sabendo-se que esta tem
largura do cubo igual 72.

EP – 48 – 06
Num par engrenado a potência é 10 CV, o módulo 6 e a relação de velocidades ~ 2,76. O
pinhão tem 17 dentes, gira 900 rpm e tem 114 mm de largura (no dentado). Determinar e
desenhar a coroa (com alívio) cuja largura do cubo é 127 mm.

EP – 48 – 07
Numa transmissão com 3 correias “V”, perfil “B”, a potência é de 7,5 CV. A polia motora
(1) tem diâmetro externo igual a 135 mm e gira a 800 rpm. Determinar e desenhar (com
alìvio) a polia movida (2) sabendo-se que esta tem velocidade de 390 rpm e 82 mm na
largura do cubo.

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EP – 48 – 08
Num par engrenado a potência é 15 CV, o módulo 7 e a relação de transmissão ~ 2,63. O
pinhão tem 19 dentes, gira 1040 rpm e tem 130 mm de largura (no dentado). Determinar
e desenhar a coroa (com alívio) cuja largura do cubo é 142 mm.

EP – 48 – 09
Numa transmissão com 4 correias “V”, perfil “C”, a potência é de 30 CV. Sabendo-se que
a polia motora (1) gira a 1160 rpm, determinar e desenhar (com alìvio) a polia movida (2)
a qual tem velocidade de 620 rpm e 142 mm na largura do cubo.

EP – 48 – 10
Num par de rodas dentadas à evolvente a potência é 20 CV, o módulo 8 e a relação de
velocidades ~ 2,23. O pinhão tem 17 dentes, gira 580 rpm e tem 152 mm de largura (no
dentado). Determinar e desenhar a coroa (com alívio) cuja largura do cubo é 182 mm.

EP – 48 – 11
Numa transmissão com 3 correias “V”, perfil “B”, a potência é de 4 CV. Sabendo-se que a
polia motora (1) gira a 400 rpm, determinar e desenhar (com alìvio) a polia movida (2) a
qual tem velocidade de 100 rpm e 82 mm na largura do cubo (com 2 rasgos de chaveta à
180 0 ).

EP – 48 – 12
Num par engrenado a potência é 7,5 CV, o módulo 5 e a relação de transmissão ~ 3,8. O
pinhão tem 17 dentes, gira 900 rpm e tem 95 mm de largura (no dentado). Determinar e
desenhar a coroa (com alívio) cuja largura do cubo é 112 mm.

EP – 48 – 13
Numa transmissão com 4 correias “V”, perfil “C”, a potência é de 40 CV. Sabendo-se que
a polia motora (1) tem diâmetro externo de 240 mm e gira a 870 rpm, determinar e
desenhar (com alìvio) a polia movida (2) a qual tem velocidade de 360 rpm e 127 mm na
largura do cubo(com 2 rasgos de chaveta à 180 0 ).
.

EP – 48 – 14
Numa transmissão por engrenagens a potência é 12,5 CV, o módulo 6,5 e a relação de
velocidades ~ 2,65. O pinhão tem 23 dentes, gira 900 rpm e tem 130 mm de largura (no
dentado). Determinar e desenhar a coroa (com alívio) cuja largura do cubo é 142 mm.

EP – 48 – 15
Numa transmissão com 8 correias “V”, perfil “B”, a potência é de 50 CV. Sabendo-se que
a polia motora (1) gira a 1750 rpm, determinar e desenhar (com alìvio) a polia movida (2)
a qual tem velocidade de 400 rpm e 142 mm na largura do cubo (com 2 rasgos de
chaveta à 180 0 ).

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5.2. Exemplos de desenhos de rodas diversas

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2 2
AÇOS (tensões em kgf/mm ) AÇOS FUNDIDOS (kgf/mm )

ABNT 1010 ABNT 1020 ABNT 1030 ABNT 1040 ABNT 1050
CARACTER. ABNT ABNT ABNT ABNT ABNT
MECÂNICAS Lamin. 3525Af 4524Af 6015Af 7010Af 5020Af
Estir . Estir. Lamin. Estir. . Estir. Lamin. Estir.
à
à frio quent à frio quente à frio quent à frio quente à frio
quente
σr 33 37 39 43 48 53 53 60 63 70 35 45 60 70 60

σe 18 31 21 36 26 45 29 50 35 59 22 42

alongamento
28 20 25 15 20 12 18 12 15 10 25 24 15 10 20
% (100mm)

H 95 105 111 121 137 149 149 170 179 197 130 170 200 180

2
SOLICITAÇÃO TENSÕES ADMISSÍVEIS EM kgf/mm – segundo BACH

6,5 a 10,0 a 12,5 a 14,0 a 12,5 a


I 8,0 10,0 10,0 14,0 13,5 15,5 15,0 21,0 20,0 22,0
10 15,0 19,0 21,0 9,0
TRAÇÃO 4,5 a 6,5 a 8,0 a 9,6 a 8,0 a
II 5,0 6,5 6,5 9,0 8,5 10,0 9,5 13,5 12,5 14,5

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σt 6,5 9,5 12,0 13,0 12,0
3,0 a 4,5 a 5,5 a 6,0 a 5,5 a
III 3,5 4,5 4,5 6,5 6,0 7,5 7,0 9,0 8,0 10,0
4,5 7,0 8,5 9,5 8,5
7,5 a 11,0 a 14,0 a 15,0 a 14,0 a
I 8,0 10,0 10,0 14,0 13,5 15,5 15,0 21,0 20,0 22,0
11 16,5 20,5 23,0 20,5
COMPRE
4,5 a 7,0 a 8,5 a 9,5 a 8,5
S. II 5,0 6,5 6,5 9,0 8,5 10,0 9,5 13,5 12,5 14,5
7,0 10,5 13,0 14,5 13,0
σc
3,0 a 4,5 a 5,5 a 6,0 a 5,5 a
III 3,5 4,5 4,5 6,5 6,0 7,5 7,0 9,0 8,0 10,0
4,5 7,0 8,5 9,5 8,5
7,5 a 11,0 a 14,0 a 15,5 a 14,0 a
I 8,5 11,0 11,0 15,0 14,0 17,0 16,5 23,0 22,0 24,0
11,0 16,5 20,5 23,0 20,5
FLEXÃO 4,5 a 7,0 a 8,5 a 7,5 a 8,5 a
II 5,5 7,0 7,0 10,0 9,5 11,0 10,5 15,0 14,0 16,0
σf 7,0 10,5 13,5 14,5 13,0
3,5 a 5,0 a 6,0 a 7,0 a 6,0 a
III 4,0 5,0 5,0 7,0 6,5 8,0 7,5 10,5 9,5 11,5
5,0 7,5 9,0 10,5 9,0
4,5 a 6,5 a 8,0 a 9,0 a 8,0 a
5.3 Tensões admissíveis para aços e aços fundidos – conforme BACH

I 5,0 6,5 6,5 8,5 8,0 10,0 9,5 12,5 11,5 13,5
6,5 9,5 12,0 13,0 12,0
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TORÇÃO 2,5 a 4,0 a 4,5 a 5,5 a 4,5 a


II 3,0 4,0 4,0 5,5 5,0 6,5 6,0 8,0 7,0 9,0
δ 4,0 6,0 7,5 8,4 7,5
2,0 a 3,0 a 3,5 a 4,0 a 3,0 a
III 2,0 3,0 3,0 4,0 3,5 5,0 4,5 6,0 5,0 7,0
3,0 4,5 5,5 6,0 5,5

39
39
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5.3. Gráfico para a espessura da alma – conforme Del Mastro

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5.4. Rodas muito grandes e/ou largas – conforme NIEMANN e DOBROVOLSKY

Conforme NIEMANN

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Fórmulas empíricas para determinar as dimensões dos elementos das rodas

d1 = 1,6d
D0 − d 1
D0 ≈ De − 10mm d2 ≈
Forjadas e
soldadas

5
c ≈ 0,3B d ≈ 0,3 A
n = 0,5m l ≈ 1,1d
D + d1 s ≈ 0,8c
D1 = 0
2

d1 = 16d D0 ≈ De − 10m
n = 0,5m s = 0,8c e = 0,2d
De fundição d = 0,3 A h = 0,8d h1 = 0,8h
k = 0,8e r = 10mm R ≥ 0,5h
c = 0,2h (mas∠10mm
Segundo Dobrovolsky in Elementos de Maquinas; Editora MIR - 1970

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