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Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 11
Introdução 15
Artes visuais
Ler e escrever em artes visuais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 23
Isabel Petry Kehrwald
iências
Idéias e palavras na/da ciência ou leitura e escrita:
que a ciência tem a ver com isso? 37
"esar V Machado Lopes e Elaine B. Ferreira Dulac
Educação física
Ler e escrever também com o corpo em movimento . . . . . . . . . . . . . .. 47
ílézio J. S. Gonçalves l'
eografia
Leitura e escrita na geografia ontem e hoje. . . . . . . . . . . . . ... . . . . . . .. 67
iuilherme Reichwald Jr.
Ler e escrever a geografia
para dizer a sua palavra e construir o seu espaço. . . . . . . . . . . . . . . . . .. 73
Nestor André Kaercher
I.cr a paisagem, o mapa, o livro ...
Escrever nas linguagens da geografia. . 86
Neiva Otero Schãffer
Ilistória
Leitura e escrita na história .. . 107
l/emando Seflner
Língua estrangeira
Os desafios (?) do ensinar
a ler e a escrever em língua estrangeira, ' ' 123 ('
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Apresentação
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A literatura e o leitor
Diana Maria Marchi
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de todas 'as areas ,,' .' " , ; ,,--, i
veis da vida escolar e das atribuições dos professores. Ler e escrever bem IIn, de forma permanente e autônoma, localizar a nova informação,
forjaram o padrão funcional da escola elitizada do passado, que atendia I'cla leitura do mundo, e expressá-Ia, escrevendo para o mundo.
a parcelas pouco numerosas da população em idade escolar. Ler e es- Ler e escrever são tarefas na escola, em cada sala de aula e na
crever massiva e superficialmente .tem sido a questão dramática da es- hlhlioteca, esta como o espaço convergente de todas as atividades. É
cola recente, sem equipamentos e.estendida a quase toda a população. nela que se estimula a circulação e a transferência da informação, que
A sociedade vê a escola come-e éspaç~vilegiado para o desen- , favorece a convivência dos diferentes segmentos da comunidade
volvimento da leitura e da escrita, já que é nela que se dá o encontro deci- I!Ncolar,pertencendo, portanto, a todos os usuários e, ao mesmo tem-
sivo entre a criança e a leitura/escrita. Todo estudande deve ter acesso a po, não sendo propriedade exclusiva de uns ou de outros. A escola que
ler e a escrever em boas condições, mesmo que nem sempre tenha uma 11110 olha para sua biblioteca, que não a vê como espaço do professor-
caminhada escolar bem traçada. Independente de sua história, merece res- rum livros para seu aperfeiçoamento continuado! e do aluno, descura
peito e atenção quanto a suas vivências ~ expectativas. Daí a importância tlu leitura e da escrita que realiza.jl.er e escrever, portanto, implica re-
da intervenção mediadora do professor e da ação sistematizada da escola rllmensionar nossas práticas e nossos espaços.
na qualificação de habilidades indispensáveis à cidadania e à vida em so- Nossos textos visam provocar uma reflexão sobre a nossa rela-
ciedade, para qualquer estudante, como são o ler e o escrever. çno pessoal com o desenvolvimento da leitura e da escrita em nossas
a professor é aquele que apresenta o que será lido: o livro, o texto, da de aula e, no limite, propõem desencadear novos comportamen-
a paisagem, a imagem, a partitura, o corpo em movimento, o mundo. los em relação ao ler e ao escrever na escola.
É ele quem auxilia a interpretar e a estabelecer significados. Cabe a Esse objetivo ambicioso pressupõe que a leitura deste livro não
ele criar, promover experiências, situações novas e manipulações que ;.ia seletiva. É uma obra que desejamos seja lida, nos seus diversos
I' conduzam à formação de uma geração de leitores cápazes de dominar 111'1 igos, por todos os professores. Que o livro não seja tomado na par-
as múltiplas formas de linguagem e de reconhecer os variados e irio- IIl. na área de cada um, mas que seja uma leitura para a escola, para
vadores recursos tecnológicos, disponíveis para a comunicação humana rodos os professores. Que suscite uma discussão e uma aproximação
presentes no dia-a-dia. '\!llre aqueles que hoje, isoladamente, participam da mesma grande ta-
OS ORGANIZADORES \ ,. ,""",
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de divulgação científica,-'l!:!~_n~~lIl?inhemsua curiosidade e fQIQ~ n-rcsse que se vai formando em cada um, faz sugestões, discute e
uma base Qara dimensionar o mundo em que-vivem, notícias sobre a ci- iprofunda os assuntos, responde perguntas e lê com seus alunos. A
dade,-sõbre o estado.opaís, ensaios sobre história do Brasil, daAilléri- hihlioteca é o lugar de outra magia: lá está o tesouro inesgotável do
ca,o.QmUflQ()-,_sobie"üs problemas do presente, sobre outros {l~~on- I unhecimento construído historicamente pela humanidade. Na bibli-
témporâneos ou antigos, sobre a política, os costumes, os esportes, a tec- III oca, o aluno, explorando o seu acervo, vai expandir seus interes-
nologia, as.cíêncíaa.as.aneaetc.c. -- - 111';:
vai descobrir que existem enciclopédias, mapas, atlas, manuais,
Trata-se fundamentalmente de exercitar a leitura para praticar, u-vlstas, livros de todo o tipo e sobre todos os assuntos, ou vai con-
numa primeira instância, a decodificação da escrita, adestrando o olho 11"ltrar-se numa leitura de aprofundamento de um determinado inte-
para enxergar mais do que uma letra de cada vez, mais do que apenas II'SSU criado na leitura em sala de aula. A sala de aula é lugar da cria-
uma palavra, para entender os processos de construção das palavras \) de um vínculo com a leitura, pela inserção do aluno na tradição
(os radicais, os afixos, as desinências), para enxergar as discrepâncias 11IIconhecimento. A biblioteca é o lugar do cultivo pessoal desse vín-
que caracterizam a ortografia, para atribuir significado a expressões, 11110;lá se processa o amadurecimento intelectual.
a metáforas, para familiarizar-se com a sintaxe da língua escrita (a con- Ao lado dessa atividade de leitura orientada pelo gosto, pelo pra-
cordância verbal e nominal, as formas e os tempos verbais, o uso das 1'1'de atribuir sentido a um texto, cada professor, na aula de sua respec-
preposições, as conjunções e outros nexos), para entender o significa- IIVII6rea (ou dois ou mais professores em trabalho multidisciplinar), vai
do dos sinais de pontuação, o das letras maiúsculas e o das minúscu- 1\lIImovera leitura de textos que valem a pena ser aprofundados: agora
las, o das margens do texto, para construir um repertório de enredos, 111111 lS vão viver o encantamento da descoberta dos muitos sentidos em
de personagens, de raciocínios, de argumentos, de linhas de tempo, de 1IIIIIextodecisivo para o conhecimento produzido pela humanidade. Esta
conceitos que caracterizam as áreas de conhecimento, para, enfim, I11IIII'ade inserção do aluno no universo da cultura letrada desenvolve a
movimentar-se com desenvoltura no mundo da escrita. Esta leitura de 11111111 idade de dialogar com os textos lidos, através da capacidade de ler
formação de leitor visa desenvolver no aluno a familiaridade com a 1111profundidade e interpretar textos significativos para a formação de
língua escrita através da leitura de todo o tipo de texto, numa quanti- 1111cidadania, cultura e sensibilidade.
dade tal que o faça gostar de ler e de perceber a importância da leitura O mesmo para a escrita: se nós, professores de todas as áreas, pro-
para sua vida pessoal e social, transformando-a num hábito capaz de I""l'ionarmos a nossos alunos oportunidades para que escrevam muito
satisfazer esse gosto e essa necessidade. I111111 dizer coisas significativas para leitores a quem querem informar,
E como os professores trabalhariam com esses livros? Ensinan- , 1111 vencer, persuadir, comover, eles acabarão descobrindo que escrever
do a ler, começando por colocar o aluno na mais adequada postura para 110116 aquela trabalheira inútil de preencher 25 linhas, de copiar livro
ler: sentados em silêncio - administrando a retirada dos livros, conver- ,IIIII11ico e pedaços de enciclopédia. Nossos alunos descobrirão que são
sando com o aluno que solicitar orientação a respeito do assunto do I "Iulzesde escrever para dizer a sua palavra, para falar deles, de sua gente,
livro, incentivando-o a olhar no dicionário alguma palavra-chave para 1""11contar a sua história, para falar de suas necessidades, de seus an-
o entendimento do texto, ajudando o aluno a usar o dicionário, forne- , 11IS, de seus projetos e acabarão por descobrir que são gente, que têm
cendo-lhe indicações bibliográficas nas quais poderá procurar mais 'I qlle dizer, que têm história, que têm necessidades, anseios, que têm
informações a respeito de um assunto que lhe despertou interesse mais "I,,-Iro a satisfazer suas necessidades, a fazer projetos, que podem aspi-
forte, estimulando esse interesse, incentivando-o a falar aos colegas ti 1,11/I lima vida melhor, enfim.
respeito do que está lendo, a trocar impressões com os colegas a res- Por isso, cada professor em sua sala de aula vai vincular - atra-
peito de leituras comuns. I'" ela produção escrita - conteúdos específicos das áreas com a vida
E por que em sala de aula e não na biblioteca? Porque a sala de 01, IH.:US alunos, solicitando-Ihes que escrevam sobre aspectos de
aula é o lugar onde o professor ensina, onde ele mostra, por sua pre- IIIIH vidas, propondo que esses textos sejam lidos para os colegas
sença e sua atuação, a importância da leitura: ele traz os livros, apre- rllxcutidos em sala de aula. Cada professor lerá esses textos com
senta-os, quer que todos escolham o que vão ler, fica sabendo do in un-rcsse pelo que dizem e não apenas para corrigir o português ou
)
verificar o acerto de suas respostas. Orientará a reescrita desses tex-
tos para que digam com mais clareza e mais precisão o que querem
dizer. E mandará ler um poema, uma notícia, um conto, uma repor-
tagem, um artigo, um livro que diga coisas interessantes a respeito
de um tema suscitado nas discussões desses textos, aprofundando
essa leitura com os alunos e pedindo que voltem ao assunto para
incorporar os dados novos trazidos por essa leitura, dando conti-
nuidade à discussão.
20 Ler e escrever