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Acompanhante

Gênero: Contemporâneo/Adulto

Ela o contratou para tirar sua virgindade... Mas agora ela quer muito mais

Lori podia ser uma romancista famosa, mas nunca foi nada além de um fracasso com
relação a sexo e amor em sua vida pessoal. Ainda virgem aos vinte e seis anos e cada vez mais
frustrada com sua inexperiência, ela decide resolver o assunto com suas próprias mãos e contrata
um talentoso e sexy acompanhante para cuidar de sua inconveniente virgindade.
Ela presume que uma noite com Ander será suficiente, mas nunca imginou quanto prazer
ele poderia fazê-la sentir. Uma noite não foi suficiente. Duas noites não foram suficientes, e logo,
ela se torna uma de suas clientes regulares.
Lori sabe que nada seria tão tolo quanto se apaixonar por seu acompanhante pago, mas ela
nunca foi sábia com seu coração. E, apesar de seu profissionalismo, ele não parece totalmente
imune a ela também.

Envio: Soryu
Tradução: Cartaxo
Inicial: Isaa
Final: Renata Moraes
Leitura e Formatação: Chérie
.Um.

Lori Addison sentou-se em um lotado café no centro de Seattle, mexeu seu


mocha de caramelo e tentou fingir que não estava nervosa.
Mas ela estava nervosa, tão nervosa que literalmente saltou quando seu celular
vibrou dentro da bolsa. Atrapalhou-se ao puxá-lo para fora e deu uma risadinha
boba de alívio quando ouviu Sabrina no outro lado da linha.

— Ele ainda não chegou? — Sabrina perguntou.

— Não, eu lhe falei. Ele só deve aparecer às três horas, ainda tenho quinze
minutos.

— Achei que ele talvez aparecesse mais cedo.

— Então por que ligou?

— Porque estou morrendo aqui! Você tem que me ligar assim que acabarem.

Lori riu, relaxando um pouco o rosto, era característico de Sabrina ser


impertinente e impaciente.
— Eu vou, já lhe disse. Para quem mais eu poderia ligar?

— Definitivamente não para qualquer um de seus outros conhecidos. Eu não


posso acreditar que você está realmente fazendo isso. Vai começar a ver o que é
diversão.

Lori se moveu inquieta em seu assento e tentou não soar áspera.


— Você chama isso de diversão?

— Bem, você vai pagar a ele um monte de dinheiro. Com certeza é melhor
que seja divertido para você.

Para sua mortificação infinita, Lori corou e sentiu seu rosto queimar, mesmo
sentada sozinha na mesa de um café lotado. Ela murmurou algo incoerente e
Sabrina gargalhou.

— O que foi isso?


— Oh, cale-se. Já estou envergonhada o suficiente, ainda não tenho certeza se
vou conseguir passar por isso.

— Bem, definitivamente não vai passar se ele emitir quaisquer vibrações


assustadoras. Escute Lori, à menor pontada de estranheza, você sai daí. — A voz da
prima havia se alterado. Ela estava falando sério agora.
— Eu sei disso. Tenho vinte e seis anos de idade e não sou tola. Tenho um
bom sensor para homens, mas não consigo imaginar que ele possa ser assustador.
Quero dizer, você tem cerca de quatorze referências dele, não é?
— Dezesseis — Sabrina corrigiu. — O homem deve ser um Deus. Eu nunca
ouvi tantos elogios, algumas dessas mulheres eram harpias frígidas de meia-idade,
mas com esse cara elas começaram...
Lori limpou a garganta e sentiu aqueles tremores nervosos na barriga
novamente.
— Hum, sim. Então isso significa que ele é bom, e se vou mesmo fazer isso
quero ter certeza de que é com o cara certo.

— Você parece nervosa.

— É claro que estou nervosa! — Lori explodiu, quando sua ansiedade


começou a aumentar.
A voz de Sabrina mudou novamente.
— Lori, você não tem que fazer isso, sabe. Não há absolutamente nada de
estranho ou anormal com relação a você.
— Eu sei disso, mas estou doente por ainda ser... — Lori baixou a voz de
modo que os outros clientes não pudessem ouvi-la. — Por ainda ser virgem. Isso é
ridículo, estou cansada de esperar por um homem que vire minha cabeça e que
depois seja tranquilo com esse detalhe inconveniente.

— Lori...

— Nós temos brigado cada vez mais por causa disso, Sabrina — Lori
interrompeu. — Temos que discutir tudo novamente?
Lori havia passado pela escola e faculdade sem fazer sexo, principalmente
porque foi inutilmente apaixonada por seu melhor amigo – um jogador de futebol
doce e adorável – por todos esses anos. Mas ele nunca se interessara por ela nesse
sentido. Assim como nenhum dos caras, remotamente atraentes, que encontrou
desde então.
Ela teve encontros, claro, mas nunca havia chegado tão longe ao ponto de
irem para um quarto. Nos anos seguintes, mesmo após ter percebido que seu amigo
não era o homem certo para ela, acabou amadurecendo gradualmente, mais e mais
consciente de sua inexperiência sexual. E isso só piorou quando ficou mais velha e
todo mundo achou que ela tinha uma vida social típica. Mas exatamente pelo fato
de ser tão autoconsciente, continuou empurrando os homens para longe. Ela se
sentia presa em um ciclo implacável e não sabia como se libertar.
— Fiquei pensando sobre isso por meses. O que me impediu de ficar perto de
qualquer um, mesmo dos poucos homens que pareciam ligeiramente interessados.

Lori balançou a cabeça e tomou outro gole de seu café.


— Além disso, a ironia do destino está se tornando amargamente dolorosa.
Estou louvando à Deusa do Romance pelas notáveis cenas de amor que escrevo. E
ainda não tenho nenhuma experiência.
Pela milésima vez, Lori se perguntou como se tornara romancista de tantos
best-sellers, quando, no amor, havia sido um completo fracasso.
— Bem, é bastante notável o quanto suas cenas de sexo são quentes — Sabrina
se aventurou, uma nota de riso na voz.

Lori deu uma pequena bufada.


— Qualquer um pode escrever cenas de sexo boas. Tudo o que precisa é de
alguns conhecimentos básicos de anatomia, o vocabulário certo e algum material de
leitura bom e criativo, experiência não tem nada a ver com isso.

Sabrina cacarejou novamente na outra extremidade da linha.


— De qualquer forma — disse Lori, notando um homem particularmente
atraente entrar no café, sozinho. — É melhor eu desligar, ele estará aqui em cinco
minutos.
— Ligue-me imediatamente depois. Imediatamente! Você me ouviu?

Depois de tranquilizar a prima de que não perderia tempo em relatar o infame


encontro, Lori voltou a guardar seu telefone na bolsa. Ela percebeu que o homem
atraente que vira entrar tinha ido diretamente para o balcão sem olhar ao redor
como se estivesse procurando alguém.
Ela se curvou um pouco no encosto da cadeira. Teria sido bom se ele fosse o
homem com quem havia combinado de se encontrar, mesmo com a cabeça
absurdamente careca, ele era um dos homens mais bonitos que já vira.
Lori olhou ao redor da loja para ter certeza de que nenhum outro homem
solitário estava olhando para ela. Não vendo ninguém, virou-se para observar
discretamente o careca de novo.

Ele era muito jovem para ser tão completamente sem cabelo, trinta e poucos
anos, no máximo. Talvez tenha raspado a cabeça. Seu corpo, alto e magro,
moldava-se com poder e graça à calça preta e camisa cinza que pareciam caras. Um
empresário, talvez, embora não carregasse uma maleta. Havia algo nele que a atraía
– além de sua aparência física. Seus braços estavam cruzados e os olhos percorriam
o ambiente preguiçosamente enquanto esperava pelo café. Sua expressão era
friamente confiante.

Ele parecia experiente, ela percebeu. Como se tivesse vivido uma vida plena e
complexa antes mesmo de chegar aos 35 anos. Ela se perguntou como seria se
casar com tal tipo de homem – ter o peso daquela experiência na mesa da cozinha
todas as manhãs e em sua cama todas as noites.
Ela decidiu que o herói de seu próximo romance seria carregado desse tipo de
experiência profunda.
E ele seria completamente careca.
Olhando para o relógio, ela percebeu que se passaram apenas alguns minutos
das três horas. Certamente esse cara não se atrasaria para o encontro com um
cliente em potencial.
Ela estava olhando para a entrada com a expressão meio irritada quando uma
voz a tirou de sua impaciência.

— Lori.

Ela virou a cabeça e inexplicavelmente viu o homem careca ao lado de sua


mesa com um copo de café. Ela piscou para ele, perguntando-se vagamente se ele
notara que ela estivera olhando disfarçadamente para ele.

— Você é Lori?

Ela assentiu com a cabeça em silêncio.


O homem sorriu, um sorriso polido e sensual que acendeu até mesmo seus
olhos azul-acinzentados. Ele estendeu a mão para ela numa saudação.

— Eu sou Ander.

Lori ficou olhando para ele, boquiaberta.


Ela era, normalmente, uma pessoa amigável, extrovertida, que lidava
naturalmente com situações sociais, mas estava insegura sobre aquela reunião. O
choque de ver que o homem que ela admirara aleatoriamente era o mesmo que lhe
fora especialmente indicado, a deixou sem palavras e completamente desequilibrada.

As sobrancelhas elegantes de Ander ergueram-se ligeiramente.

— Ander Lourdes. Nós combinamos de nos encontrar, certo?

Ela assumiu que aquele era um nome profissional. Certamente um pai


amoroso não teria batizado um menino com um nome daqueles. O garoto não teria
escolha a não ser optar pela profissão que Ander, obviamente, escolheu.
— Sim — disse afinal, se recompondo. Ela se levantou e apertou a mão
estendida. Seu aperto era mais quente do que ela esperava. Ele parecia tão
controlado e cortês que ela imaginou que sua mão teria uma temperatura mais
baixa. — Desculpe. É bom conhecê-lo.
Ele acenou com a cabeça educadamente e sorriu de novo.

— Você quer conversar aqui?

Lori olhou nervosamente para a outra cadeira em sua mesa. Ela


definitivamente queria se encontrar com ele onde houvesse muitas pessoas, mas o
tipo de conversa que teriam não precisava de dezenas de orelhas ao redor.
— Nós poderíamos caminhar no parque — sugeriu ele com delicadeza. —
Ainda é um lugar público, mas não tão cheio.
Lori concordou e pegou sua bolsa e o mocha. Ela fizera questão de não
“vestir-se” para este encontro, de modo que estava usando seu jeans favorito e uma
jaqueta vintage verde-escuro de veludo amassado, que combinava com seus olhos.
Seu cabelo castanho, que ficava na altura dos ombros, estava puxado para trás em
um rabo de cavalo baixo, e não usava maquiagem, exceto rímel e gloss. Ela
instintivamente sabia que vestir-se para um encontro a deixaria ainda mais nervosa.

Ao atravessarem a rua, Lori perguntou ao seu acompanhante:

— Então, que tipo de nome é Ander?

Ela queria ter uma conversa casual e estava realmente curiosa, desde que
Sabrina colocou esse nome na frente dela como um candidato adequado.
A boca de Ander inclinou-se para um lado.

— É diminutivo para Alexander.


— Então, é o seu verdadeiro nome?

Parecia uma questão pessoal, neste contexto, mas ela sempre foi muito
curiosa.
— Ander sim, mas meu sobrenome foi alterado. — Ele deu uma risada seca
que ela achou extremamente atraente. — Para proteger os inocentes.
Ela riu silenciosamente, instintivamente agraciada pela agudeza. Sua resposta
foi muito inteligente – ele permaneceu ambíguo quanto a quem, na questão, era o
inocente.
— Então, você foi nomeado assim por causa de Alexandre, o Grande, ou
Alexander Graham Bell?

Ele deu-lhe um olhar curioso, como se estivesse levemente surpreso com suas
perguntas curiosas. Mas antes que ela pudesse começar a se conscientizar de que
aquele comportamento poderia ser inadequado para reuniões como esta, ele disse:

— O Grande. Meu pai nunca chamaria uma criança por causa de alguém tão
inócuo como um inventor, por mais brilhante que o inventor tenha sido.

— Ah. Então, seu pai gostava dos guerreiros.

— Exatamente. — De forma natural, Ander colocou a mão em suas costas


para guiá-la até um banco vazio no parque da cidade.
Lori se sentou no banco e olhou para ele, notando que era ridiculamente
bonito sob a luz do sol, com a brisa soprando contra suas roupas escuras.

— Eu suponho que seu pai deve ser especialmente orgulhoso de você, então
— ela disse com ironia, e soube – assim que as palavras saíram – que o comentário
fora muito presunçoso para um primeiro contato. Ela mordeu o lábio e sentiu uma
pontada de culpa e vergonha.

Para seu alívio, Ander não parecia ofendido. Ele apenas olhou ao longe e
murmurou:

— Oh, ele está bem orgulhoso.

A nota de amargura mostrou a Lori algo sobre os sentimentos desse homem


para com seu pai. Havia toda uma história por trás, um mistério a desvendar.
Mas não era de seu interesse e não tinha nada a ver com o que fazia no
momento. Agarrou-se novamente ao propósito daquela reunião, e sentiu uma nova
onda de autoconsciência.
Que diabos ela estava fazendo ali?

Ander sentou-se ao seu lado no banco e tomou um gole de café, sua


expressão se tornando profissional novamente.
— Eu sempre encontro com clientes em potencial para garantir que estamos
na mesma página, antes de agendar um compromisso.

Lori assentiu, desviando o olhar para as mãos em seu colo.


— Você tem alguma dúvida sobre os valores? Sua amiga explicou para você
que estará pagando por uma noite inteira? — Ander perguntou. — Esse é o preço
base. Não aceito nada menor do que o combinado.
Ela olhou para ele, franzindo a testa. Ele não tinha um site, como alguns
acompanhantes, em vez disso, contava com referências pessoais. Mas Sabrina deu
detalhes, começando pelos comentários das mulheres com quem falou e que foram
bastante claras. Ela era uma mulher adulta e inteligente. Não uma idiota.

— Sim, eu sou capaz de entender os serviços que oferece e o que cobra por
eles — disse ela, seu tom um pouco impertinente.

A boca dele se contraiu, tão levemente que ela quase não percebeu.
— Ótimo. Eu só queria deixar claro que está pagando por toda a noite,
usando ou não. Não cobro por hora.
Por alguma razão, seu tom seco a fez querer rir novamente. Ela sufocou, no
entanto, para o caso de ele confundir com escárnio.

— Entendido.

— Nós podemos fazer o que quiser durante a noite. Eu posso lhe servir de
acompanhante, desempenhar algum papel, caso deseje, ou lhe fazer companhia em
geral. Se você estiver interessada em qualquer coisa sexual vai custar mais.
Lori não podia acreditar que estava sentada ali, no meio de um parque, no
centro de Seattle, tendo uma conversa dessas. Suas bochechas queimaram
involuntariamente, mas ela não estava tão mortificada como esperava. Ander era
tão profissional que ajudou Lori a sentir-se assim também.
— Eu pensei que tinha deixado meus interesses claros quando nos falamos ao
telefone — disse ela.

Ander assentiu.
— É claro. Mas os preços são diferentes para oral em você, oral em mim e
relação sexual completa.

Uma questão que a havia incomodado por alguns dias a levou a perguntar:

— Quem iria pagar tanto dinheiro para que você tivesse um boquete?

Mais uma vez viu uma leve contração em sua boca. Ela não tinha certeza se
isso significava alguma coisa – sua expressão era geralmente tão calma e estoica.
Mas descobriu que sua boca estremecia ocasionalmente; a coisa mais interessante
sobre ele até agora.
— As mulheres têm desejos diferentes quando fazem uso de meus serviços.
Algumas acham que dar é mais emocionante do que receber. Outras querem as
coisas de forma simples e prática.
Lori pensou por um momento. Era algo que ela nunca havia considerado
antes.

Ander pigarreou, trazendo sua atenção de volta para ele.


— Talvez você possa me dar um pouco de informação sobre seus anseios para
este compromisso.

Ela assentiu com a cabeça.


— Certo. Bem, eu certamente não pagaria tanto dinheiro só por um encontro.
— Ela respirou profundamente, convocou toda sua força e coragem e disse: — Eu
quero ter sexo.

— Sim, mas o que deseja durante o sexo? Você está procurando um


comportamento em particular ou alguma emoção? Você só quer aliviar a tensão?
Obter algo que não consegue ter com outros parceiros? Eu não estou tentando
saber suas motivações pessoais, mas preciso de um pouco de direção se queremos
fazer deste arranjo um sucesso.

— Certo. — Ela se mexeu no banco. Disse a si mesma que estaria pagando a


este homem um monte de dinheiro dali a alguns dias e não havia nada do que se
envergonhar. E ele, certamente, já encontrou um monte de coisas estranhas em sua
linha de trabalho. — Eu quero ter sexo, porque eu nunca tive. Ainda.

Para seu alívio infinito, Ander nem sequer pestanejou.


— Sei. E você tem todos os detalhes específicos de como vai querer que isso
aconteça? Uma fantasia particular?
— Sem Fantasia. Eu só quero acabar com isso. — Quando ela percebeu como
deve ter soado, lhe lançou um olhar triste. — Isso saiu pior do que eu queria. Eu
gostaria que fosse bom, é claro. Tão bom quanto possível, mas veja bem, não tenho
quaisquer expectativas irrealistas, nada romântico ou qualquer coisa assim.

Ele acenou com a cabeça, juntando as sobrancelhas, como se estivesse


refletindo.

— Você tem experiência oral?

Ela balançou a cabeça soltando um longo suspiro. Parecia ter ido do


constrangimento para um estado inquietante de renúncia.
— Não. Nada realmente. Eu tive alguns encontros, mas eles não foram muito
bons e eu realmente não consegui aprofundar a noite. Eu nem mesmo consigo me
fazer gozar direito.
Ela lançou-lhe um olhar afiado para verificar sua expressão, mas ainda assim,
ele não mostrou sinais de surpresa.
— Nesse caso, pode ser uma boa ideia começar com sexo oral. Há uma
melhor chance de que alcance o orgasmo dessa maneira.

Apesar da situação bizarra, Lori não pode deixar de bufar ligeiramente.


— Eu suponho que isso nada tenha a ver com o fato desse serviço ser mais
caro do que a relação sexual, não é?
Desta vez, não havia dúvidas quanto à leve contração de seus lábios. Seus
olhos brilharam brevemente com diversão.

— É só uma sugestão.

— Por que é mais caro? — Ela deixou escapar, sua curiosidade mais uma vez
tomando conta.
— É mais íntimo — ele murmurou, pela primeira vez, desviando o olhar. —
De minha parte.
Lori franziu a testa enquanto ponderava sobre aquilo. Quando percebeu que
ele estava à espera de uma resposta à sua sugestão, ela se voltou para o tema em
questão.
— Bem, provavelmente você está certo sobre começar com sexo oral — disse
e acrescentou sombriamente: — Eu gostaria de ter um bom orgasmo pelo menos
uma vez na minha vida. — O dinheiro não era problema para ela. Depois de quatro
romances mais vendidos em três anos, ela tinha mais do que o suficiente.

— Nós vamos fazer o melhor que pudermos — disse Ander com naturalidade.
— Sexta-feira ainda está bom para você?

— Sim.

— A noite começa às sete horas e vai até a meia-noite, a menos que outros
acordos tenham sido feitos com antecedência. Você não quer fazer nada antes?
Jantar talvez?
Para Lori, isso soava absurdo. Ela não estava tentando fazer-se acreditar que
seria um encontro de verdade. Não tinha ilusões sobre o que estava prestes a fazer,
tentar romantizar só deixaria as coisas mais confusas. Mas porque estava
começando a sentir-se realmente nervosa novamente? Ela brincou para quebrar a
tensão:
— Suponho que eu teria que pagar o jantar também.

Ander arqueou uma sobrancelha.

Ela riu.
— Certo. Eu sei. Desculpe. Isso estava em sua acessível lista de preços e
condições. De qualquer maneira eu não quero perder tempo fazendo nada antes.
— Podemos nos encontrar em sua casa ou em um hotel.

— Um hotel. Posso lhe enviar os detalhes amanhã, depois que tiver feito a
reserva.
— Excelente. — Ander levantou-se e lhe ofertou, mais uma vez, o sorriso
polido e sensual que ele dominava perfeitamente. — Se você tiver qualquer outra
pergunta ou alguma preocupação, sinta-se livre para enviar um e-mail, ou ligar-me.
Lori levantou-se também. Ela teve que olhar para cima, a fim de encontrar
seus olhos.

— Sim. Tudo bem.

Ele lhe estendeu a mão e ela a apertou. Novamente, estava surpreendentemente


quente.

— Vejo você na sexta-feira às sete.

— Certo. Ótimo. Estou contando os minutos.


Quando ele começou a se afastar ela ficou observando sua figura magra de
costas retas e com um bumbum bem moldado na calça bem cortada.

Ela engoliu em seco.

— Eu acho.
.Dois.

Na sexta-feira Lori chegou em seu quarto, num hotel de luxo em Seattle, às


seis horas da tarde. Quis chegar cedo o suficiente para relaxar e se preparar antes de
Ander chegar.
Ela pensou em mudar de opinião sobre este encontro cerca de 20 vezes nos
últimos três dias. Mas nunca havia feito as coisas da maneira convencional, e estava
determinada a ir em frente com isso. Não importava que essa não fosse a maneira
tradicional – ou mesmo o melhor jeito para uma mulher perder a virgindade.

Fazia sentido para ela. E iria fazê-lo desta forma.


Depois de colocar em cima da mesa um envelope contendo um maço de
dinheiro, devidamente contado, ela tomou um banho de meia hora na banheira de
hidromassagem, certificando-se de raspar as pernas com cuidado, garantindo que
estaria apresentável para o sexo. Mesmo não tendo necessidade de impressionar
Ander ou de tentar atraí-lo, ela não queria embaraçar-se com excesso de pelos. O
banho ajudou a relaxá-la, assim como a segunda taça do vinho branco que havia
pedido ao serviço de quarto. Ela tinha desligado o telefone celular assim que
chegou, sabendo que as chamadas que Sabrina certamente faria, só a deixariam
mais nervosa neste momento do processo.
Ela não tinha certeza do que devia usar. Sentiria-se estúpida em lingerie sexy,
mas suas roupas de rua não pareciam apropriadas. Então trouxe seu pijama favorito
– blusa e calça fluída em macia caxemira cor de lavanda. Era o que tinha de melhor
para se apresentar, além de ser confortável e a favorecer.
No momento estava vestindo um robe comprido, para que não se sentisse tão
tola quando Ander chegasse.
Ela passou um pouco de loção com aroma de melão – sua preferida. Penteou
os cabelos. Escovou os dentes. Decidiu ficar sem maquiagem.
Então pegou sua taça de vinho meio bebida e sentou-se rigidamente em uma
cadeira perto da janela. Recontou o dinheiro.

Esperava não ficar doente.


Antes que pudesse trabalhar os nervos, verdadeiramente debilitados, houve
uma batida na porta. Ander. Cinco minutos adiantado.

— Boa noite — disse ele com o mesmo sorriso educado e sensual que lhe
endereçara antes. Estava vestido de preto e cinza de novo – esta noite era um
suéter fino cinza carvão com um casaco preto brilhante por cima.
— Oi. Boa noite, obrigada por vir. Entre. — Ela encolheu-se percebendo
como soou estúpida, mas obrigou-se a avançar, mesmo com todo o desconforto.
Afinal, era uma transação comercial, e ela estava pagando muito por esta noite. Não
tinha porque se preocupar se parecia estúpida ou se Ander sabia como estava
nervosa, aquele negócio era seu e ela estava no controle ali.

Entretanto, correu de volta à sua taça de vinho.


Ander olhou em torno do quarto quando entrou, evidentemente, notando a
cama king size com edredom branco, as linhas limpas do sofá e o grande centro de
entretenimento contra a parede. Quando virou-se para ela e a viu tomando um
longo gole do vinho, perguntou:
— Quanto disso você já tomou?

Foi uma maneira inesperada para começar este encontro, mas ele realmente
deixou Lori mais confortável. Ela sorriu secamente.
— Esta é apenas minha segunda taça, não queria ficar embriagada, mas achei
que um zumbido suave pudesse ajudar.
Ele acenou com outro sorriso, desta vez um pouco menos ensaiado.
— Você quer uma taça? — ela perguntou, sentando-se na borda de uma das
cadeiras ao lado da pequena mesa redonda.
— Obrigado. — Ander sentou-se na outra cadeira e colocou um estojo de
couro preto que carregava no chão a seus pés.

Lori olhou com curiosidade, quando entregou a Ander uma taça de vinho.

Percebendo seu olhar, ele abriu a maleta e tirou alguns DVDs.


— Como você não estava interessada em qualquer jogo, ou fantasia, ou algum
papel em particular — ele explicou: — eu pensei que poderia ser útil trazer isso. —
Ele deslizou-os sobre a mesa para que ela pudesse ver as capas. — São filmes
eróticos voltados para o público feminino, acho que você não vai achá-los bregas
ou vulgares, e quanto mais excitada você estiver, melhor esta noite vai ser. Esse
tipo de coisa funciona para você?
— Eu não sei. Tudo o que eu já vi de pornografia tinha enormes peitos
saltando da tela, espero que não seja a mesma coisa.

O canto da boca de Ander fez aquela atraente contração.


— Nada de enormes peitos saltando. Por que não tentamos um desses, se
você não tiver outras ideias, claro.
Lori assentiu, ridiculamente aliviada por não ter que ficar imediatamente nua e
abrir as pernas. Ela pegou seu vinho e foi sentar-se no sofá enquanto Ander se
encaminhava até o aparelho de DVD.
— Você prefere empresários ou trabalhadores braçais? — Ander perguntou,
olhando-a sobre o ombro com fria cortesia.

— Empresários. — Ela enrolou as pernas para ficar mais confortável e,


preguiçosamente, começou a imaginar como descreveria isso para Sabrina amanhã
de manhã. Foi certamente melhor do que fingir estar em um encontro romântico
com Ander antes de ter sexo, mas ainda assim... assistir pornô com um
acompanhante era, definitivamente, uma experiência atípica.

Ander colocou o DVD e se dirigiu a ela:


— O filme dura pouco menos de duas horas, podemos assisti-lo todo e ainda
ter tempo de sobra para o que vem depois. Mas deixe-me saber se não estiver
funcionando, e se você decidir que quer seguir em frente antes que o filme acabe, é
só me dizer também.
Lori assentiu, engolindo um grande gole de vinho. Ela não podia imaginar-se
tão sobrecarregada de desejo ao ponto de querer saltar para cima dele e ir para a
cama no meio de um filme erótico. Seu corpo sempre reagiu da maneira que
deveria, quando exposto a estímulos sexuais – principalmente nas partes mais
picantes de romances bem escritos – mas nunca sentiu tamanha urgência em sua
excitação física.
Ela havia lido milhares de cenas de amor, algumas eram quentes e outras
risíveis. Depois de ler uma variedade delas na faculdade, ela jurou que poderia
escrever melhor, mesmo sem qualquer experiência na vida real. Com isso na
cabeça, ela escreveu uma cena de sexo, só para se divertir. Então escreveu um
romance para esta cena, não era um romance muito bom, ela tentou e não
conseguiu publicá-lo, mas foi um começo. Depois, ainda na faculdade, ela escreveu
mais dois romances inéditos, mas somente um ano depois que ela se formou,
enquanto trabalhava como editora de texto em um jornal local, foi que fez reais
progressos. Ela conheceu um agente literário que se interessou em ler o quarto e
melhor romance que Lori havia escrito até então. O livro acabou tornando-se um
best-seller da indústria editorial. Assim como os três romances que se seguiram.

Às vezes, quando Lori escrevia suas próprias cenas de amor, ficava excitada.
Estava emocionalmente envolvida com seus personagens e respondia fisicamente
ao prazer que descrevia.

Mais uma inexplicável ironia na vida dela.


Quando o filme começou a correr, Lori olhou para Ander, que havia tirado o
casaco e se sentado novamente na cadeira ao lado da mesa.
— Está tudo bem por ai? — ela perguntou. — Você precisa de alguma coisa?
Pode sentar no sofá, é mais confortável do que a cadeira.

Ander disse que não precisava de nada, mas foi sentar-se no outro lado do
sofá, ele curvou-se um pouco para a frente, esticando suas longas pernas.

— Quantas vezes você já viu esse filme? — Lori perguntou, dando-lhe um


olhar de soslaio.

— Não pergunte.

Ela riu, sentindo-se mais descontraída do que esperava. Porém, endureceu um


pouco quando o filme pulou para uma cena de amor com pessoas ofegantes e nuas.
Foi diferente de qualquer pedaço de pornografia que já tinha visto antes. Uma
história real logo se desenvolveu, e os atores e o diretor eram bons.
E o sexo... O sexo era muito quente.

Menos de meia hora de filme depois, Lori estava excitada; a essa altura ela
estava realmente gostando desse tipo de filme e pensou que quanto mais excitada
ficasse, melhor. Em certo ponto, Ander olhou para ela e perguntou se ela estava
gostando do filme ou se eles deveriam tentar outra coisa. Ela lhe disse que o filme
era bom, embora estivesse tentada a fazê-lo calar-se pois estava interrompendo uma
cena particularmente boa.

Eles continuaram a assistir ao filme em silêncio. Lori foi absorvida


principalmente pelo enredo e estava satisfeita e aliviada pelas respostas de seu
corpo às atividades eróticas na tela. Ocasionalmente, percebia o olhar de Ander
sobre ela – como se ele a estivesse avaliando. No entanto, toda vez que ela se virava
para verificar, seus olhos estavam focados na televisão. Eventualmente, ela disse a
si mesma que estava imaginando coisas devido ao seu nervosismo e à consciência
do que ocorria em seu corpo. Então, colocou-o para fora de sua mente.
Quando o filme terminou, ela estava extremamente ligada. Seu corpo parecia
inquieto e ela estava molhada e quente entre as pernas.

— Como você se sente? — Ander perguntou, estreitando os olhos para


examinar seu rosto depois de ter desligado o DVD.
— Tudo bem — disse ela, com a voz um pouco rouca. — Acho que podemos,
ir em frente e, uh, começar.

— Você está excitada? — Suas bochechas aqueceram.

— Sim — ela admitiu.

Ele inclinou-se e pegou o estojo. Depois de guardar os DVDs, ele puxou um


pacote que Lori não reconheceu. Ela levantou-se e tirou o roupão, então se
aproximou para espiar o que ele fazia.
Ander se virou, seus olhos verificando automaticamente seu corpo em uma
blusa de caxemira e calças de pijama, mas seu olhar não se demorou. Ele entregou
um pacote fechado à Lori.
— Protetores bucais — explicou. — Para o sexo oral. Eu não faço qualquer
tipo de sexo desprotegido.
— É claro. Eu não estaria usando seus serviços se fosse de outra forma. — Ela
nunca havia visto uma protetor bucal antes, então estudou o pacote com interesse,
uma distração para qualquer tipo de prazer que viria a seguir.
— Entre os que achei, este é o que tem melhor qualidade. É muito fino e a
textura é boa, ainda vai ser muito agradável para você.

Ela engoliu em seco.


— Muito presunçoso sobre suas habilidades, não é?

Ele fez um breve som abafado, como se tivesse sufocado uma risada de
surpresa. Então colocou um tubo de lubrificante, dois pacotes de protetores e um
par de preservativos sobre o criado-mudo.
— Eu acho que nós vamos ter que esperar para ver se eu sou presunçoso ou
simplesmente realista.
Sua resposta seca a fez rir um pouco, e foi se juntar a ele ao lado da cama.
Quando olhou de seu sexy e belo homem para a grande cama coberta com um
edredom macio, seu riso mudou para um murmúrio nervoso.
— Você está no controle aqui — Ander disse, segurando seu olhar com uma
expressão fria. — Faremos o que você quiser fazer. Eu posso agir como você
quiser. Diga-me o que quer.

— Eu não quero que você finja ser romântico ou quente para mim ou
qualquer coisa assim. Eu quero que seja... real. Quero dizer, sem fingir que estamos
fazendo algo diferente do que realmente estamos.
— Entendido. Eu posso fazer isso. Você prefere que eu fique com minhas
roupas ou as tire? — Ander falou suavemente, parecendo não notar sua ansiedade.
Ela pensou por um momento, mas sabia que a visão de seu, sem dúvida, lindo
corpo nu, seria o fim de sua coragem.
— Fique com elas.

— E você?

Ela cruzou os braços na frente do peito, de repente, consciente da forma


como seus seios fartos ficaram delineados sob a blusa que usava e em como seus
mamilos estavam visivelmente tensos de excitação.

— Vou mantê-las por enquanto — disse ela. — Até que...

Ele acenou com a cabeça.

— Luzes?

— Apague.

— Existe alguma coisa que você gostaria? Alguma pergunta ou pedidos?

— Hum.

Ele esperou pacientemente, avaliando-a com um olhar estranhamente calmo.


Quando ela não conseguia dizer nada, ele perguntou em voz baixa:

— O que eu posso fazer para deixá-la menos nervosa?

Apesar do objetivo prático da questão, ela se sentiu um pouco melhor. Como


se ele fosse humano e não apenas uma suave máquina de sexo.
— Eu não sei o que estou fazendo — ela conseguiu dizer. — Obviamente. E
você obviamente sabe. Mas uma das coisas que me atrapalhou quando tentei chegar
mais longe do que beijar um cara, foi a consciência de não saber o que fazer. Quer
dizer, eu sei da logística e do jeito que deveria ser, mas tenho certeza de que a
prática é muito diferente daquilo que é descrito nos livros, e eu fico presa à forma
como me sinto, então não consigo ir em frente.

Ele acenou com a cabeça, como se entendesse o que estava dizendo, apesar de
ela achar que suas palavras soavam um pouco tolas.
— Seria bom — ela acrescentou: — se você pudesse, tipo, me dar algumas
direções.

Seus olhos se estreitaram pensativamente.


— Não estou dizendo para ser algum tipo de idiota dominante. Apenas que
me guie um pouco. — Suas bochechas estavam em chamas e ela olhou para ele
através de cílios semicerrados. Não havia sinais em seu rosto que ele pensasse que
ela era uma aberração ou uma idiota. — Se isso não o fizer se sentir desconfortável.
Ele piscou. Embora ela não pudesse imaginar o que teria o surpreendido em
seu último comentário.

— É claro — disse ele, depois de um momento. — Isso faz sentido, eu vou


fazer o que puder. Por que você não vai para a cama?
Enquanto Lori puxava o lençol e o edredom de plumas, Ander desligou as
luzes do teto e tirou os sapatos e meias. Então ela se estendeu sobre a cama,
respirando profundamente e forçando-se a relaxar.
Ela sorriu para Ander quando ele se sentou na beira da cama ao lado dela. Ele
retribuiu o sorriso e essa foi a última imagem clara que teve de seu rosto antes dele
desligar a luz de cabeceira.
Na sala escura, Lori sentiu-se menos exposta e covarde. Ela estava começando
a pensar que isso não seria tão ruim – que não havia trabalhado à toa – quando a
forma de Ander, de repente, apareceu sobre ela, a silhueta escura de sua cabeça
diretamente acima da dela.
Ela o empurrou violentamente, esperava que ele fosse muito menor.

— O que você está fazendo? — ela engasgou.

Ele cresceu ainda mais.


— Eu estava querendo começar com algumas preliminares, se estiver tudo
bem. Elas vão tornar as coisas mais tranquilas.
— Ah. Okay. Parece bom. — Ela respirou de forma um pouco irregular e
ficou debaixo dele, dizendo a si mesma que era uma mulher inteligente e madura,
que estava no controle deste encontro. Ela não tinha porque estar nervosa.

Quando seu rosto abaixou em direção ao dela, ela colocou a mão para detê-lo.
— Você vai me beijar?

— Eu ia — disse ele, apoiando-se sobre ela em seus braços. Assim como a


mão, todo o seu corpo estava quente, quente demais, para a elegante e indolente
pessoa que ele era. — Minhas clientes normalmente gostam de ser beijadas.
— Ah. Bem, eu não tenho certeza se quero. É que me parece tão... Eu não sei.
Não parece legal. Parece que estou tirando vantagem de você ou algo assim.

Houve uma pausa perceptível antes dele falar:

— Lori, você está me pagando para isso.

— Eu sei. — Ela se encolheu um pouco. — Mas eu me sinto estranha, prefiro


que não me beije.
— É claro. Mas você quer dizer beijar na boca, eu presumo. Posso te beijar
em outros lugares, como parte das preliminares?
— Sim. Em outra parte está bem. — Ela realmente queria estar menos nervosa
e poder desfrutar da natureza bizarra desta conversa.
Ander começou a beijar sua garganta levemente. Ela inclinou a cabeça para
lhe dar melhor acesso, o toque leve e tão gostoso a surpreendeu. Então, antes que
ela percebesse, ele estava acariciando seu corpo sobre a caxemira, a palma da mão
alisando seus quadris, barriga e seios.
Ela tinha ficado muito excitada alguns minutos atrás, e só havia sido
brevemente distraída. Assim, seu corpo respondeu facilmente àquelas carícias. Foi
um alívio. Ela ainda estava respirando irregularmente, mas começou a soltar os
músculos tensos.
— Respire profundamente algumas vezes — Ander murmurou, sua boca
seguindo a trilha ao longo da clavícula.
Lori estava prestes a se aborrecer com sua prepotência quando se lembrou de
que ele estava apenas fazendo o que ela havia pedido. Então, seguiu suas instruções,
tomou uma longa respiração, sem pressa de soltar o ar. Depois de mais algumas, sua
respiração desacelerou e começou a nivelar.
— Posso levantar? — Ander perguntou, os dedos sobre a borda de sua
pequena blusa.

— Sim.

Ele afastou a blusa para expor seus seios, embora estivesse muito escuro no
quarto para vê-los claramente. Em seguida, ele abaixou a boca para capturar um
mamilo.
Lori deu um pequeno gemido quando ele o sugou habilmente e sentiu puxões
correspondentes entre as pernas. Ela se mexeu debaixo dele.
— Deixe-me saber o que você gosta — disse ele, tirando a boca de seu seio
por alguns instantes. — Eu não posso agradar você de outra forma.

— Ah. Eu gosto do que você está fazendo. O que devo fazer com meus
braços? — Parecia que seus braços estavam no caminho e ela não conseguia
descobrir onde colocá-los.

— Agarrar a cabeceira é uma boa solução — disse ele, a nota irônica em sua
voz era reconfortante e familiar. — Ou você é bem-vinda para tocar-me se quiser,
só, por favor, não arranhe minha cabeça.
Ela tentou a cabeceira e meio que gostou da posição, pois levantava seus seios
e não deixava que eles caíssem, estranhamente, para os lados. Se agarrou ainda mais
à madeira quando Ander chupou seu mamilo enquanto acariciava os seios com as
mãos.
Lori se arqueou involuntariamente com o prazer que vibrou daquele toque e
foi se unindo à sua excitação crescente. Percebendo que estava ofegante,
novamente, ela tentou diminuir o ritmo das respirações.
— Está funcionando para você, Lori?

— Sim — admitiu ela com a voz rouca, arqueando-se novamente quando ele
apertou seus mamilos entre os dedos. — É uma sensação muito boa.

Ander continuou as carícias, beijando e acariciando seus seios, e às vezes indo


para a garganta ou para seu estômago.
Agora, ele tocava os seios com as mãos e sua boca beijava a barriga quando as
mãos de Lori voaram para a cabeça dele. Certificando-se de não usar as unhas, ela
acariciou a pele firme de seu couro cabeludo calvo, maravilhada com a suavidade
que sentiu, com as pequenas ondulações e cumes que seu crânio apresentavam. Ele
raspou a cabeça antes de vir ou ele era naturalmente careca? Ela não sentia o menor
indício de crescimento. As sensações suaves em seus dedos intensificaram as outras
sensações crescentes em seu corpo.

Quando ela inconscientemente começou a empurrar a cabeça de Ander,


instintivamente querendo que ele fosse mais para baixo, ele levantou-se.
— Pronta? — ele perguntou, estendendo a mão para o criado-mudo afim de
pegar protetor e lubrificante.
— Sim. — Seu nervosismo foi atenuado pelo desejo físico, e ela começou a
tirar a calça de seu pijama.
Ander ajudou a deslizá-la para fora de seus pés juntamente com a calcinha e,
em seguida, sentou-se entre suas coxas. Sua excitação era quente, molhada, e
dolorosa e ele a fez querer contorcer os quadris. Mas a logística havia lhe dado
tempo para ficar nervosa novamente e ela ficou tensa.
Lori sentiu uma das mãos Ander em sua barriga, acariciando-a suavemente.

— Você pode relaxar aqui?

Ela tentou fazer o que ele disse e soltar os músculos de seu estômago, mas
não conseguia controlar.

Ele continuou acariciando-a.

— Tente respirar de novo.

Ela tomou quatro respirações profundas antes de conseguir relaxar a barriga.


As mãos dele agora acariciaram suas coxas.
— Agora aqui. — Novamente ele massageou seus músculos tensos enquanto
ela respirava até ser capaz de amenizar a tensão. Quando ela se soltou, ele abriu-lhe
ainda mais as pernas.
Ela ouviu-o rasgar um pacote e depois esguichar algum lubrificante.

— Vou passar lubrificante na parte posterior da proteção. Ele vai tornar tudo
mais agradável para você — ele explicou. — Mas eu acho que vou usar minha mão
primeiro, se estiver tudo bem para você.
— Sim.

Ela continuou se concentrando na respiração até que sentiu os dedos dele


separando suas dobras e depois acariciando lentamente ao longo da carne. O toque
era quente e liso – tão quente que ela engasgou.
— Os lubrificantes aquecem — disse ele, aparentemente notando a reação dela
e lendo-a corretamente. — Isso vai tornar mais agradável.

— Ok.

Ela voltou a agarrar a cabeceira da cama, precisando de alguma coisa para


fazer com as mãos, quando ele escorregou, suavemente, um dedo e depois dois
para dentro de seu canal. Ela agarrou-lhe as mãos e seus músculos internos
apertaram os dedos de Ander.

— É muito incômodo?

— Hum. Eu acho que está tudo bem. — Não doeu e não foi desconfortável.
Na verdade, como ele massageou suavemente suas paredes internas, a sensação de
aquecimento e a hábil estimulação causaram ondas de prazer.
— Eu vou usar minha boca agora — explicou Ander, sua voz calma e
confiante na sala escura era absurdamente reconfortante. Ela não podia ver mais
dele do que uma silhueta escura e o tênue brilho de sua pele, além da luz azul do
relógio digital ao lado da cama. — Se eu fizer qualquer coisa que você não goste ou
que faz você se sentir desconfortável, diga-me imediatamente. Eu estou supondo
que você quer fazer o que estamos fazendo até que me diga o contrário. — Ele
deslizou seus dedos para fora de seu canal. — Para começar, eu vou testar para ver
o que você gosta, por isso, se algo parecer particularmente bom, ajuda se você me
disser.

— Tudo bem.

Ela sentiu-o se ajustar mais para baixo – pelo farfalhar do colchão – e ouviu o
que deve ter sido a proteção sendo aberta. Então ela suspirou alto quando sentiu
algo macio e liso tocando-a intimamente.

— Posso começar? — A voz dele veio de entre suas pernas.

— Sim. — Ela apertou as mãos em torno da borda da cabeceira com tanta


força que os nós dos dedos devem ter esbranquecido. Mas conseguiu não apertar
os músculos de sua região pélvica.
Assim que ele começou, ela relaxou um pouco. Foi estranho, mas não era
desconfortável ou terrivelmente embaraçoso. Ele devia estar utilizando a língua,
porque sentiu um leve alisar em sua carne e, em seguida, uma breve agitação em seu
clitóris.

— Isso é bom — ela engasgou, quando sentiu uma rápida onda de prazer.
Ele brincou com seu clitóris por alguns momentos, até ela se sentir tão bem,
que seus músculos começaram a contrair involuntariamente. Então, ele lambeu sua
entrada e por vários minutos, experimentou diversas técnicas e o efeito geral foi
muito bom. Lori ficou bastante excitada, e logo sua excitação havia se tornado uma
urgência que ela nunca havia experimentado antes.

Ela salientou cada movimento de língua que havia particularmente gostado – a


agitação circular apenas na entrada, a pressão repentina de seus lábios em uma de
suas dobras, a cintilação ou sucção em seu clitóris. Enquanto progrediam, ele
deixou de lado as técnicas que ela apreciou menos e se focou nas que mais a
exitaram.

Com o prazer físico intensificado, ela inclinou as pernas involuntariamente


para que pudesse apoiar os pés no colchão, e agarrou a cabeceira da cama tão
desesperadamente que seus dedos estavam doloridos. Ele estava gastando mais e
mais tempo em seu clitóris. E quando deu uma série de sucções rígidas, a coluna de
Lori arqueou-se para fora do colchão.
Ela arquejou desesperadamente, suas inspirações instáveis, rápidas e altas em
contraste com o ambiente tranquilo. Ela sabia que algo estava para acontecer. A
tensão contorcia sua barriga e ela sentia como se estivesse prestes a se romper.

Então Ander retirou a boca, fazendo com que ela soltasse um miado
decepcionado.
— Sinto muito — disse ele, limpando a garganta quando sua voz saiu um
pouco rouca. — Posso fazer uma sugestão?
— É claro. Eu lhe disse antes que queria algumas direções. Eu pensei que
estava prestes a gozar.
— Eu acho que estava. Mas você está tão rígida que parte do prazer vai ser
engolido pela tensão. Vai ser melhor para você, se conseguir relaxar um pouco
mais.

Ela gemeu e esfregou o rosto com uma das mãos.


— Como é que eu vou relaxar quando tudo começa a ficar tão bom e você só
sabe que alguma coisa... — Ela parou sem jeito, não tinha certeza de como
descrever isso. Em um de seus livros, ela usou a frase “ardente e sem fôlego de
expectativa” mas mesmo então, não chegou a capturar a sensação.
— Seu impulso será permanecer tensa, mas se você lutar contra ele, vai poder
aproveitar mais o orgasmo. Eu vou usar meus dedos de novo e minha boca ao
mesmo tempo. Por que você não tenta a respiração de novo?
Lori agarrou a cabeceira da cama mais uma vez. Mas sua ironia profunda a
levou a resmungar:

— Você é obsecado por essa maldita respiração, não é?

Ela ouviu um som breve e abafado, mas não podia ver seu rosto, a fim de
interpretá-lo. E quando sentiu os dedos dele, lisos pelo lubrificante e seus por
próprios fluidos, penetrá-la novamente, ela se esqueceu de perguntar sobre o som.
Apesar de suas palavras, ela fez como Ander sugeriu e começou a tomar
respirações lentas e profundas. A pressão erótica voltou com uma velocidade
surpreendente, e então, ele desceu a boca, mais uma vez, para sugar seu clitóris
através da barreira de proteção.
— Continue respirando — ele murmurou mais perto de sua carne.

Assim que as sensações aumentaram, sua respiração voltou a ficar frenética e


ofegante novamente. Mas agora ela se obrigou a inalar tão lentamente quanto pôde,
indo contra o colchão e apoianda em seus pés. Então respirou fundo, sentindo uma
súbita e intensa onda de prazer, assim como alguns de seus músculos mais
relaxados.

De repente, com a compreensão do propósito da respiração, ela se


concentrou ainda mais, permitindo que as sensações que Ander ministrava, se
tornassem mais e mais crescentes. Ela respirou fundo várias vezes e em cada exalar
o prazer aumentava.

— Bom — Ander murmurou, esfregando seu clitóris com algo que não eram
seus lábios. Seus dedos mantinham um ritmo constante, acariciando sua passagem
molhada. — Isso é perfeito. Respire mais uma vez.

Lori respirou e sentiu toda a tensão carnal em seu ponto de ruptura.

Ela suspirou e a tensão finalmente rompeu.


Não foi um alvoroço – o orgasmo dos romance que faz a terra tremer. Ela
não gritou em êxtase ou sentiu, onda após onda, uma experiência de felicidade sem
fim. Seus olhos estavam borrados e as costas arqueadas, mas ela não fez nenhum
barulho, exceto alguns grossos e irregulares suspiros.
Mas foi muito bom – muito melhor do que qualquer orgasmo que ela havia
tido antes –, o prazer pulsando e, subitamente, liberando a pressão. Ander manteve
os dedos se movimentando contra as contrações do seu canal, e ela, vagamente, o
ouviu murmurar:

— Bom. Deixe vir, só isso. Isso é bom.


Quando ela caiu de volta para o colchão, deixando os braços amolecerem para
os lados, ficou surpresa pela forma como se sentiu imediatamente relaxada. Ela
também se sentiu um pouco envergonhada e excessivamente quente.

— Você precisa de alguns minutos antes de passar para a relação sexual? —


Ander perguntou, endireitando-se. Sua voz soava um pouco diferente, mais grossa
ou algo assim – mas ela não pôde definir o humor que motivou a ligeira alteração.
— Sim — ela disse, ainda ofegante de seu orgasmo e com um pouco de medo
da ideia de ter relações sexuais imediatamente. — Obrigada.
— Eu posso te segurar, se você quiser — Ander ofereceu. Quando ela apenas
olhou fixamente para o contorno escuro de seu rosto, ele acrescentou: — Muitas
das minhas clientes gostam disso depois.
— Ah. — Assim que processou seus sentimentos, ela percebeu que seria bom
ser abraçada. Mas por alguém que realmente se importasse. — Não. Tudo bem,
obrigada. Não quero fingir nada, não estou tentando enganar a mim mesma.
— Entendido. — Ele se levantou da cama. — Eu vou jogar isso fora e me
limpar um pouco, volto em seguida, se estiver tudo bem.

— Sim, tudo bem.

Ele acendeu a luz do banheiro quando entrou. Ela ouviu a água correndo na
pia. Percebendo que estava deitada meio nua, ela vasculhou ao redor até encontrar
a calcinha e a calça de pijama, puxando-os para si.
Ao voltar, Ander deixou a luz acesa, o que iluminou o suficiente para ela vê-lo
mais claramente quando ele ficou lado da cama. Ao seu olhar interrogativo, ela
admitiu:
— Não acho que estou pronta para o resto ainda.

— Você gostaria de mais vinho? — Ele perguntou, sorrindo o seu sorriso


sensual.

Se agarrando a essa sugestão, que podia fornecer-lhe uma maneira de superar


sua repentina vergonha, ela disse:
— Sim, por favor. — Ela estendeu a mão para ligar a luz ao lado da cama para
Ander poder ver mais claramente quando vertesse a bebida. — Fique à vontade
também — acrescentou. — Se quiser.
Ela notou que ele andou de forma um pouco tensa quando voltou para
entregar-lhe o vinho.
— Você é muito bom nisso — disse ela, sorrindo para ele com real
valorização. Apesar de seu desconforto emocional no momento, ela estava
profundamente aliviada ao saber que era capaz de ter um orgasmo assim. Ander e
seu profissionalismo realmente haviam feito com que, todo o processo, fosse o
mais fácil e agradável possível. — O sexo oral, quer dizer, não o vinho. Obrigada.

— De nada — disse ele suavemente. Havia um ligeiro brilho de suor em seu


rosto, e ela se perguntou o quanto de esforço lhe custara. O processo todo deve ter
levado quase 45 minutos, já que agora eram quase dez horas.
Quando ele andou alguns passos para se servir de um pouco de vinho, ela
estudou-o cuidadosamente. Suas roupas estavam enrugadas, mas os tecidos caros e
a boa alfaiataria podiam sobreviver bem, até mesmo para esse tipo de atividade.
Mas ele definitivamente tinha perdido a graça que ela havia admirado antes. Seus
ombros pareciam um pouco tensos.

Ao ver seu perfil, de pé, contra a extensão das janelas, Lori de repente
percebeu o que era. O corte elegante e urbano de sua calça deixava pouco à
imaginação, e ela podia ver, muito claramente, a saliência que havia na frente.
Ele ficou excitado.
Lori piscou e desviou o olhar rapidamente, o rosto queimando com a
percepção. Fazia sentido, supôs. Ele estivera envolvido em uma atividade íntima. E
talvez tivesse algum tipo de programação mental que o preparava para o coito. Não
era assim com todas mulheres a quem dava prazer? Ele tinha que estar ereto, a fim
de fazer esta parte de seu trabalho.

Isso, provavelmente, não tinha nada a ver com ela.


Mas ainda assim... Saber que seu desejo o havia deixado fisicamente excitado a
deixou com uma sensação estranha.

Pela primeira vez, ela foi capaz de segurar a língua rebelde. Não mencionou,
sequer, a piada sarcástica que lhe veio à mente.
Ander sentou-se em uma das cadeiras próximas à mesa e ambos beberam seu
vinho em silêncio por alguns minutos.
— Foi um bom orgasmo — disse ela, finalmente, querendo falar e moldar as
primeiras palavras que lhe vieram à mente.

Levantando as sobrancelhas ligeiramente, Ander disse:

— Bom.
— Quer dizer, minhas expectativas eram muito baixas. Eu sabia que não ia ser
como uma cena de amor quente de um livro, mas ainda assim foi muito bom. Eu
gostei.

— Eu estou contente. — Para sua surpresa, ela viu a pequena contração no


canto de sua boca. Por alguma razão ridícula, ela sentia como se estivesse
cumprimentando um velho amigo.
— Você não acha que eu sou estranha ou anormal, não é? — Ela perguntou:
— Digo, por ter passado tanto tempo sem ter um orgasmo decente?

Ander balançou a cabeça e respondeu com sobriedade:


— Nem um pouco. É mais comum do que você pensa. Algumas mulheres são
tímidas demais para ter um orgasmo e outras apenas têm experiências com homens
que não sabem como agradá-las. Com todo o erotismo da atual cultura popular,
muitas mulheres criam expectativas irreais sobre o que o sexo deveria ser. Então,
quando suas experiências reais não coincidem com as fantasias de ficção, acabam
achando que algo está errado com elas, mas a realidade é que isso não acontece
magicamente, e uma infinidade de homens não sabe como agradar o corpo de uma
mulher – mesmo que realmente queiram. Você iria se surpreender com a
quantidade de mulheres que vem a mim por essa razão.
Lori pensou sobre isso e decidiu que era muito reconfortante. Não saber que
muitas mulheres estavam insatisfeitas, mas que ela não era a única mulher que, de
alguma forma, havia vivido tanto tempo sem o êxtase de um verdadeiro orgasmo.
— Você deveria dar lições — disse ela, por fim, erguendo a cabeça e
surpreendendo-o estudando-a de perto. — Ensine os homens a fazerem um
trabalho melhor.
Pela primeira vez, ouviu-o rir. Foi uma risada baixa e breve, e um pouco
amarga.

— Eu vou considerar isso.

— Talvez um seminário ou workshop — acrescentou ela, sentindo uma


espécie de prazer em ter conseguido divertir um homem tão imperturbável. — Ou
melhor ainda um Webinário. Transmitido internacionalmente.

Isso lhe rendeu uma risada ainda maior.


Sua risada se desvaneceu quando ele terminou seu vinho e olhou para o
relógio.
— Se você quer passar para a relação sexual, talvez devêssemos começar.
Precisamos de tempo para tentar coisas diferentes, se necessário.

Lori engoliu em seco e olhou para o relógio ao lado da cama, ela havia
acabado de se sentir relaxada com as realizações da noite. E o pensamento de ter
sexo agora fez seu estômago apertar doentiamente.
Ela percebeu que havia feito tudo o que estava emocionalmente pronta para
fazer no momento. Conhecia-se bem o suficiente para saber que se tentasse ter
relações agora iria perder sua determinação e força erótica, e estaria muito assustada
e desconfortável para desfrutar de qualquer coisa.

Como se lesse sua mente, Ander disse suavemente:


— Se não acha que está pronta para esta noite, podemos agendar outro
compromisso com foco na relação sexual, então.
Lori exalou com alívio intenso. Era exatamente o que ela queria fazer. E o
alívio misturado com seu agudo senso de ironia a fizeram exclamar:
— Ha! Que forma sorrateira de vender uma segunda noite. Você deveria ter
sido um homem de negócios.

Quando ele arqueou as sobrancelhas, ela mordeu o lábio.


— Desculpe — ela murmurou. — Eu sei que você é um homem de negócios.
Eu só quis dizer em alguma grande corporação multinacional. Mas eu não quis
dizer... Sinto muito.

Ander balançou a cabeça.

— Lori, você não tem que se desculpar.

Apesar de sua calma afirmação, ela se sentiu como uma idiota.


— Eu não tive a intenção de soar como se você não fosse um profissional. E
acho que uma segunda noite seria a melhor ideia.
— Nós vamos organizá-la em seguida. — Ander se levantou. — Você quer
fazer alguma coisa esta noite? Nós ainda temos uma hora e meia.
Já que o sexo estava fora de questão, ela não tinha certeza do que faria com
ele por tanto tempo. Algumas mulheres contratavam acompanhantes simplesmente
como companhia, mas para Lori isso era muito estranho e pouco natural. Ela tinha
amigos. Tudo o que precisava era de sexo.

Ela balançou a cabeça. Então se lembrou de sua condição física.


— Oh — ela começou, se retesando na cama: — Mas você... Quer dizer, se
você precisa... — Ela acenou com a mão para sua virilha e, mais uma vez, corou
profundamente ao se lembrar de que não deveria demonstrar saber que ele estava
excitado.

Ander encontrou seus olhos de maneira uniforme.

— Eu estou bem, Lori. Não é nada para você se preocupar.

— Ah. — Ela odiava a ideia de mandá-lo embora quando ainda estava de pé.
— Você pode, uh, tomar um banho ou algo assim, se quiser.

— Obrigado. Eu poderia fazer isso. — Ele hesitou, como se não tivesse


certeza se ela realmente queria que ele usasse o chuveiro agora ou não.

— Pode ir em frente. Eu não vou querer qualquer outra coisa esta noite.

Ela se deitou de forma mais confortável quando Ander fechou a porta do


banheiro. Ouviu o funcionamento do chuveiro e imaginou que ele iria cuidar de sua
ereção sob o jato d’água. Então se lembrou da pilha de dinheiro no envelope sobre
a mesa. Levantou-se e contou novamente, tirando o valor que havia incluído para a
relação sexual, colocando-o de volta na bolsa.
Ela estava na cama novamente quando Ander ressurgiu, parecendo, suave
relaxado, e compostamente vestido mais uma vez. Para sua surpresa, ele não pegou
o dinheiro e correu. Em vez disso, sentou-se e inclinou-se um pouco, apertando as
mãos.
— Você tem alguma dúvida em que eu possa ajudá-la? Outras preocupações?

Ela pensou por um momento, levando a oferta a sério. Quantas vezes ela teria
o benefício de um perito?

— Você tem alguma sugestão para eu conseguir gozar de forma mais eficaz?

Ander franziu a testa, mas ela podia dizer que era porque ele estava refletindo
sobre a questão.

— O que você já tentou?

— Só a minha mão. Esfregando, principalmente. Eu posso chegar lá, mas


nunca é tão bom. Hoje eu percebi que estava fazendo errado.
Ele deu-lhe algumas sugestões detalhadas sobre técnicas, como um manual de
auto estimulação. Em seguida, acrescentou:
— Você devia ter um vibrador. — Vendo sua expressão, ele deu um meio
sorriso. — Eles não são tão cafonas ou embaraçosos como você pensa. Eu posso
trazer-lhe um bom, se quiser.

— Obrigada — disse ela, sorrindo com surpresa pela oferta. Ela já considerara
essa opção – até encontrou sites discretos através dos quais poderia comprar um –,
mas realmente não tinha certeza de que iria usá-lo. — Com quanto tempo de
antecedência você está reservado?

— Normalmente, no mínimo, três semanas. Além disso, depende do dia.

— Três semanas? — Ela estava esperando se encontrar com ele de novo


muito mais cedo do que isso.
Obviamente percebendo a decepção em sua voz, Ander inclinou o canto da
boca.
— Eu ocasionalmente tenho cancelamentos. Posso lhe avisar, caso contrário,
acho que a minha primeira noite disponível é numa quarta-feira daqui a duas
semanas.
Lori pensou rapidamente e não conseguiu se lembrar de nada que tivesse
marcado para a noite em questão. Achou que era melhor reservar o dia, enquanto
podia, já que, obviamente, Ander era uma mercadoria quente.
— Eu acho que daria certo, vamos agendar então. — Sentindo uma pontada
de curiosidade, ela perguntou: — Você trabalha todas as noites?
Ele balançou a cabeça.
— Eu mantenho alguns dias para mim mesmo.

Obrigando-se a sair da cama ela caminhou até a mesa. Deu o dinheiro para ele
sem encontrar seus olhos e falou:

— Deve ser a quantidade certa para hoje à noite.

Ele não contou. Apenas guardou-o no bolso e pegou o casaco.

— Obrigada por esta noite — disse ela.

— Não há de quê. Vejo você no dia 28.

— Estou ansiosa por isso — disse ela ao vê-lo se dirigir à porta – magro, ereto,
e infinitamente cosmopolita. Calmo e competente. Um empresário de excelência
com um negócio muito particular. Ela se perguntou por que ele era careca. E
também como ele havia chegado a esta linha de trabalho, para começar. Perguntou -
se o que havia acontecendo entre ele e o pai.

Ela não fizera tudo o que tinha intenção de fazer esta noite. Não tinha tido
relações sexuais. Mas tivera um bom orgasmo, o que foi um excelente progresso.
Ela estava bastante satisfeita consigo mesma.
Quando Ander fechou a porta atrás de si, ela percebeu que talvez estivesse,
realmente, ansiosa pelo próximo compromisso.
.Três.

Duas semanas se passaram, já era quarta-feira, e Lori havia trabalhado desde


então, com certa quantidade de excitação.
Depois de um estranho constrangimento, imediatamente após sua primeira
sessão com Ander, Lori concluiu que o encontro foi um verdadeiro sucesso. Ela
não estava à procura de uma fantasia. Estava apenas procurando uma maneira de se
livrar de sua virgindade, de modo que foi fácil e descomplicado. Ander era
talentoso, eficiente, atencioso, e muito atraente. E seu profissionalismo fez o
primeiro encontro ser exatamente o que ela estava procurando.
Ela não podia imaginar nada que pudesse fazer da segunda sessão um
problema. Ela provavelmente seguiria o mesmo caminho, só que com a relação
sexual, em vez de sexo oral. Pelo fato de ter tido uma impressão tão boa de sua
primeira sessão com Ander, ela começou a antecipar a segunda.
Ainda estava nervosa. Mas, com o passar dos dias, sua excitação tornou-se
mais forte do que o medo.
Então, Lori chegou ao hotel às seis horas na quarta-feira programada. Ela
seguiu a mesma rotina de antes: tomou banho, fez a depilação, aplicou uma loção,
contou o dinheiro, bebeu vinho, e se sentou em uma cadeira esperando por Ander.
Sua barriga estava trêmula de nervoso.
Mas ela tinha certeza de que não ia ficar doente.

Havia sido uma virgem por 26 anos. E passou muitos desses anos ansiosa
para deixar de ser uma.
E agora, finalmente, ia acontecer.
Quando Ander bateu à porta, ela caminhou até lá para deixá-lo entrar, sem o
mais leve impulso de se esconder no banheiro.
Esta noite, ele usava calças pretas, camisa preta, e um caro sapatos de couro
preto. Ele sorriu para ela, exatamente como ela esperava. Educado, sensual...
Infinitamente prático.
— Olá — ela disse, alegremente, levando-o ao quarto. — Você parece calmo e
furtivo esta noite.

Ander piscou e olhou para si mesmo.

— Furtivo?

Ela levantou as sobrancelhas em uma expressão que refletia a dele e entregou-


lhe uma taça de vinho.
— Tudo preto. Você tem que se esconder nas sombras muitas vezes?

— Não se eu puder evitar.

Seu tom seco em combinação com a contração atraente da sua boca fizeram
Lori bufar. Quando ele pôs sua maleta de couro na cadeira, ela se moveu para ficar
ao lado dele.
— Que guloseimas que você trouxe hoje?

A primeira coisa que ele tirou de lá foi um vibrador grande e rosa, ainda em
sua embalagem original. Ele o ofereceu a ela.

— Como prometido.

Com os lábios separados, ela aceitou o vibrador e olhou para ele.


— Obrigada. Foi legal de sua parte trazê-lo para mim.

— Podemos usá-lo, esta noite, se você quiser. — Seus olhos pousaram no


rosto dela, como se estivesse verificando sua expressão. — Ele poderá ajudar nas
preliminares e eu posso mostrar-lhe algumas maneiras de usá-lo. — Quando ela
apenas olhou para ele, ele acrescentou: — Mas só se não a fizer sentir
desconfortável.
Receber aulas de como usar um vibrador de um acompanhante a deixava um
pouco desconfortável, mas agiu como se fosse uma ideia prática.

— Não. Isso seria ótimo, um pouco estranho, mas tudo bem.

— Por que é estranho?

Ela estreitou os olhos.

— Você ensinou a outras mulheres como usar vibradores?

— É claro.
— Ah. — Um pouco surpreendida com a resposta prosaica, ela concluiu: —
Acho que não é estranho, afinal.

Ander sorriu e enfiou a mão na caixa, tirando um DVD.


— Este foi o melhor que pude encontrar, se quisermos começar com erotismo
novamente esta noite. Filmes eróticos orientados para o público femininos são
poucos e distantes entre si. Esta é uma série de curta metragens, por isso cada um
tem apenas meia hora. Isso nos deixaria mais tempo, o que pode ser inteligente se
quisermos praticar com o vibrador antes de passar para a relação sexual em si.

Assentindo distraidamente, Lori estudou a capa do DVD.

— Este é tão bom quanto o da outra semana?

— Não é bem assim. É feito para mulheres e não é de mau gosto, mas as
histórias não são tão bem escritas. Foi o melhor que pude encontrar com
empresários mandões. Trabalhadores braçais tendem a ser mais populares, pintores,
carpinteiros, limpadores de piscina, você sabe.
Lori zombou levemente daquele fato inexplicável. Depois, pensou sobre as
implicações do que ele disse.

— Você procurou esse DVD especialmente para mim?

— Sim. Eu pensei que seria melhor ter um filme curto para esta noite, mas
não tenho nada na minha coleção que iria funcionar.
Olhando para sua expressão, suave e refinada, Lori tentou imaginar Ander
procurando pelas prateleiras ou catálogos on-line para encontrar DVDs eróticos.

— Isso foi muito legal de sua parte. Obrigada.

Ander deu de ombros levemente.

— Não é nenhum problema. Eu sempre posso usá-los novamente mais tarde.

— Exatamente o quão grande é a sua coleção de filmes eróticos? — A boca de


Lori vacilou com diversão quando imaginou um quarto secreto cheio de apetrechos
sensuais e DVDs, no indubitavelmente, sexy, calmo e harmonioso apartamento de
Ander.
Ele riu brevemente – com mesma nota fraca de amargura que havia ouvido
em sua risada na última vez.

— Grande o bastante para fazer o meu trabalho.


Ele se moveu para colocar o DVD no leitor e perguntou por sobre o ombro:

— Hoje à noite, você quer fazer as coisas do modo que fizemos da última vez?

Lori franziu as sobrancelhas quando se sentou no sofá.

— Eu quero ter sexo dessa vez. Relação sexual.

Uma minúscula contração no lábio.


— Sim. Eu quis dizer em termos de comportamento, você quer continuar
com a mesma atitude ou talvez se aventurar com alguma fantasia?
— Ah. Eu entendo. — Lori riu quando pensou em como o interpretara mal.
Foi muito legal da parte dele não rir em voz alta. — Não, eu gosto de como
fizemos da última vez. Não finja nada.
— Entendido. — Ele colocou o aparelho para funcionar e foi se sentar ao lado
dela no sofá.
Ander estava certo sobre o filme. Não era tão bom quanto o da última vez,
mas era bem-feito e bastante sexy. Além disso, o curto tempo havia cumprido sua
missão, Lori ficou muito excitada.

— Nós podemos ver outro, se precisar — Ander ofereceu.

— Não. Eu estou bem.

Ander se levantou, tirou o filme e foi até a mesa. Ele tirou algumas baterias do
bolso de seu casaco em seguida removeu o vibrador da embalagem. Lori observou-
o deslizar as pilhas no pequeno tubo, e não podia deixar de admirar suas pernas
longas e firmes, a bunda bem delineada. Ela ponderou quantas vezes por semana
ele malhava para esculpir seu impressionante corpo.

Então, se perguntou como ele deveria ser sem roupa.


Quando Ander foi até o banheiro para lavar o vibrador, Lori se moveu para a
cama. Ela afastou o edredom e lençóis e depois sentou-se na beira do colchão.
Então tirou o cinto do robe que usava – o mesmo que usara da última vez. Sob ele,
no entanto, estava usando uma camisa na mesma caxemira macia de seu conjunto
de pijama favorito. Ela pensou que seria inteligente usar algo que só precisaria ser
empurrado para cima na hora do sexo, além disso, as linhas graciosas e a pequena
gravata sob os seios a fizeram sentir-se meio sexy.
Não era o tipo de lingerie atrevida. Era sexy para ela, no entanto, e hoje ela
queria lançar mão de todo o sexy que pudesse conseguir.
Antes de Ander se juntar a ela, ele apagou as luzes do teto.

— Está tudo bem, se deixar a luz do banheiro acesa? Ainda vai ficar muito
escuro, mas ter um pouco de luz pode ajudar na hora de trabalharmos com o
vibrador.
— Claro. — Ela gostou da profunda escuridão da última vez, mas não estava
disposta a discutir com o que era, obviamente, o bom senso.
Ander pegou o tubo de lubrificante e um par de preservativos em seu estojo
antes de voltar para a cama.
— Você quer se deitar? — Ele perguntou, colocando o vibrador e outras
coisas sobre a mesa de cabeceira e desligando o abajur.

Com um longo suspiro, Lori puxou as pernas e reclinou-se na cama. Ela


estava indo tão bem – havia se focado na antecipação ao invés da ansiedade –, mas
agora estava começando a ficar nervosa. Ela ainda estava excitada, mas não tanto a
ponto de não pensar sobre o que estava para acontecer.
— Você quer que eu continue com minhas roupas esta noite? — Ander estava,
escuro e ameaçador, ao lado da cama.

Como se sentia mais corajosa esta noite, ela respondeu:


— Ah, não. Acho que não, você pode tirá-las.

Ander começou a desabotoar sua camisa. Seu movimento era lento, quase
hipnotizante, gradualmente revelando o tórax nu. Quando a tirou de dentro da
calça, deixou-a deslizar com facilidade e sem pressa para o chão. Seu peito era
tonificado e masculino, ela podia ver o contorno dos musculos de seu abdômen e
ombros, mesmo na penumbra da sala.
Ele deslizou seu cinto para fora dos laços vagarosamente. Movia-se de forma
natural, não ostensivamente, mas Lori de repente percebeu que ele estava dando a
ela um pequeno show.

Foi eficaz, enquanto o observava seus músculos íntimos apertaram com


emoção e nervosismo e sua barriga contraía, mas ela também se sentiu um pouco
divertida e teve que apertar os lábios para sufocar uma risada.
Quem teria pensado que Lori Addison algum dia estaria na posição de receber
tal strip-tease de um homem elegante e careca?
Ela não deve ter escondido sua reação muito bem porque Ander parou no
meio da descompactação. Ele arqueou as sobrancelhas e perguntou:
— Há algo de errado?

— Oh, não — disse ela, mantendo os olhos arregalados e tentando não olhar
para baixo, para o que se revelava quando a calça se abriu. — Tudo está bem. Você
está fazendo um excelente trabalho.
Ander estreitou os olhos, um pouco desconfiado, antes de deixar a calça cair
no chão, revelando boxers de seda preta e um par de pernas finas.
— Boxers? — Lori perguntou, trabalhando a onda de admiração visceral com
a visão de seu corpo perfeito. — Eu queria saber o que você usava.

Ander tirou o relógio e respondeu:


— Eu não sei o que você prefere. Mas já que é americana, pensei que boxers
seriam uma aposta melhor.

Lori piscou para ele.


— O que você quer dizer?

— As mulheres americanas tendem a preferir homens usando boxers. Se você


fosse estrangeira, eu teria usado cueca. Obviamente, uma vez que sei a preferência
de uma mulher, eu faço de acordo.

— As mulheres americanas preferem boxers?

— Eu só tenho minha própria avaliação informal para passar, mas, sim, eu


diria que três quartos delas preferem. Eu tento prestar atenção.
— Uau — Lori respirava. — Isso é o que eu chamo de atenção aos detalhes.

Ander lhe deu um meio sorriso.


— É parte do meu trabalho. — Suas mãos permaneceram no cós da cueca. —
Eu devo?
Lori engoliu em seco, dividida entre o nervosismo e o interesse carnal. A seda
era fina e escorregadia, e ela podia ver através do tecido, que ele já estava semiereto.
— Por que você não espera um pouco? — Ela finalmente decidiu.

Ander assentiu e foi sentar-se na beirada da cama.

— Como da última vez? Algumas preliminares sem beijo na boca?

Ela fugiu mais para o meio da cama para lhe dar espaço.
— Sim. Obrigada.
Ele lançou-lhe um olhar estranho antes de se posicionar ao lado dela. Em
seguida, pairou sobre ela. Como da última vez, ele começou com alguns beijos na
lateral do pescoço, mas depois começou a roçar os lábios ao longo da linha de sua
mandíbula.

Lori respirou. Logo sua respiração se tornou mais nítida quando ele arrastou a
boca para baixo pousando-a no pulso em sua garganta. Ela sentiu os dentes dele em
sua pele, muito delicadamente.

Sem qualquer pensamento consciente, suas mãos envolveram a cabeça dele,


irresistivelmente atraídas para o couro cabeludo liso. Mais uma vez, não havia sinais
de cerdas.
O quarto estava em silêncio, exceto pelo farfalhar das roupas de cama e pela
respiração acelerada de Lori. Ele estava quente sobre ela, gerando calor que ela
podia sentir, mesmo quando não a estava tocando, e empurrando sua camisa
lentamente para cima, afim de descobrir seu corpo para ele.
Ander tomou seu tempo acariciando o corpo de Lori, beijando os seios,
estimulando pontos que a fizeram ofegar ou contorcer-se, pontos que ela nunca
imaginara antes. Desta vez, ela estava muito distraída com as sensações para
apontar as coisas de que mais gostava, mas encontrou-as de qualquer maneira. De
repente, Lori estava corada e se contorcendo descaradamente com a necessidade de
fricção.
A boca de Ander estava em sua lateral, num ponto sensível logo acima do
quadril. Ele mordiscou e vibrou a língua contra sua pele. Ao mesmo tempo, tocava
a parte de trás de seu joelho numa massagem suave e, ocasionalmente, apertando
um de seus mamilos com a outra mão.
— Ander — ela finalmente falou, asperamente. Quando ele levantou a cabeça,
ela continuou: — Podemos... podemos tentar o vibrador?
Balançando a cabeça sem dizer uma palavra, ele estendeu a mão para pegar o
lubrificante no criado-mudo. Ele ajoelhou-se entre suas pernas abertas e esguichou
lubrificante em sua mão. Ela podia ver tudo muito mais claramente esta noite por
causa da luz do banheiro.

— Eu vou usar minha mão primeiro, como da última vez — Ander explicou.

Lori deu um aceno de cabeça e, em seguida, olhou para ele, hipnotizada por
seu desejo físico e pela visão do homem praticamente nu tocando sua virilha.
Ander acariciou-a abertamente e não perdeu tempo em deslizar dois dedos em seu
canal molhado e pulsante. Ela arqueou o pescoço e abriu os lábios ante a sensação
da penetração.

Ritmicamente, Ander a fodeu com os dedos por alguns minutos, fazendo-a


contorcer-se de prazer e agarrar a cabeceira da cama. Ele parecia estar estirando -a,
empurrando contra suas paredes internas. Mas evitou tocar seu clitóris, que era
onde ela realmente queria.

Finalmente, ela conseguiu soltar:

— Se você esfregar meu clitóris, eu acho que consigo gozar.

— Eu sei — disse Ander em voz baixa. — Mas quando você goza, sua vagina
fica mais estreita. Isso pode tornar a relação mais difícil. Eu sei que todo mundo diz
que no orgasmo você relaxa, no entanto, fica muito mais apertada. Você não
precisa ficar ainda mais apertada. Eu sugiro esperar, mas posso fazer o que você
preferir.
Fazia sentido. Ela certamente não queria tornar a relação mais desconfortável
do que haveria que ser, mas a lógica não ajudava a aliviar a urgência de seu corpo
que agora se contorcia.

— O vibrador? — Ela solicitou.

Ander pegou o vibrador e o untou com lubrificante.


— Você vê como ele é curvo? — Ele limpou a voz antes de continuar: — É
feito para chegar facilmente ao ponto G.
Gentilmente, Ander inseriu o dispositivo fino e rosa em seu canal e ela sentiu
a pressão em sua parede superior. Ele empurrou-o lentamente, e o vibrador moveu-
se com facilidade devido ao lubrificante e à sua própria umidade.

— Você sente o seu ponto G? Lá em cima?

Ela sentiu um formigamento na pressão do vibrador.


— Sim. — Apesar de sua intensa excitação, sentiu curiosidade. — Eu pensei, à
partir da forma como ele é descrito em cenas de amor, que tocar no ponto G
causava um choque enorme de prazer.
Ander balançou a cabeça, ainda bombeando o vibrador lentamente dentro
dela.
— Isso pode acontecer, mas é um efeito cumulativo. A maioria das mulheres
precisa ser despertada antes de poder sentir algo tão forte. Então é preciso alguma
construção antes, para que se possa obter as melhores sensações.

O bombeamento continuou, e ela começou a sentir o prazeroso


formigamento se intensificar.
— Você quer tentar — ele perguntou —, para ter certeza de que pode
encontrá-lo por si mesma?
Lori estendeu a mão entre as pernas para tocar o vibrador, então deslizou-o
para dentro e para fora como Ander havia feito. Foi um pouco embaraçoso, mas
suas lições não teriam nenhum valor se ela não pudesse encontrar prazer por conta
própria. Ela inclinou-o até que sentiu seu ponto G novamente e abriu os lábios
devido ao estímulo renovado.
— Bom? — Ander perguntou, seus olhos se movendo de seu rosto para o
dispositivo que a penetrava intimamente; estava extremamente molhado e começou
a fazer um lânguido e embaraçoso som de sucção quando ela o reposicionou.
— Sim.

Ela deixou Ander assumir o vibrador de novo, e engasgou quando ele o ligou.
As sensações se tornaram tão intensas e tão rapidamente, que ela se arqueou e
agarrou os lençóis.

— Muito? — ele questionou. Ela não podia ver seus olhos, na sala escura.
Assim, não foi possível ler sua expressão.

Ela cerrou os dedos nos lençóis.

— Muito, muito bom.

Ele manteve o vibrador bombeando e pulsando contra seu ponto G até que o
corpo de Lori se contraiu brutalmente e ela ofegou alta e freneticamente.

Em seguida, ele o puxou para fora.


— Desculpe. É melhor eu parar agora ou vai gozar. Você deve ser capaz de
obter um orgasmo muito bom assim. Se não puder chegar lá só com ele, tente
esfregar seu clitóris ao mesmo tempo.
Lori assentiu em reconhecimento a este conselho. Suas bochechas brilhavam,
e ela podia sentir-se transpirar. Sua excitação era uma dor latejante entre as pernas.
— Eu realmente preciso gozar — admitiu ela, a tentação de colocar sua
própria mão entre as pernas era enorme.

— Você está pronta para a relação sexual?

— Sim. Por favor.

Ander devolveu o vibrador ao criado-mudo quando saiu da cama. Ela viu


quando ele deslizou sua boxer de seda para baixo. Sua ereção saltou livre e
balançou algumas vezes. Ele era grande, pelo menos, tanto quanto Lori podia
perceber. Mesmo na baixa luz, ela podia ver que seu eixo tinha uma cor um pouco
mais profunda do que o resto de seu corpo.
Quando ele pegou um pacote de preservativos, uma onda de ansiedade
apertou sua garganta. Para se distrair, Lori perguntou:

— O que acontece se você não ficar ereto?

Ander lançou-lhe outro olhar estranho.


— Não se preocupe. Eu ficarei.

Lori bufou.

— Eu posso ver isso. É muito impressionante, aliás, mas eu estava pensando


no geral. Quero dizer, obviamente, você não fica atraído por todas as suas clientes e
pode, às vezes, achá-las muito pouco atraentes. Você tem algum tipo de preparação
mental para se certificar de que estará pronto para o trabalho?

Houve uma pausa enquanto Ander rolava um preservativo sobre o pênis.


— Sim — disse ele, por fim. — Eu tenho. Quando as pessoas dizem que o
cérebro é o órgão sexual mais importante, não estão inventando. Com alguma
prática, você pode pensar em excitação.
Lori considerou a resposta enquanto Ander alisava seu pênis com uma boa
quantidade de lubrificante. Um estranho impulso a levou a fazer uma piada:
— Mas você não tem que fazer quaisquer acrobacias mentais para deixá-lo
duro para mim, não é?

Seus lábios se contraíram.

— Claro que não.

Ela lutou contra um sorriso e perguntou:

— Você diz isso para todas as meninas, não é?


— O que você acha? — Ele realmente sorriu para ela. Não foi um sorriso
amplo e sim semi-irônico, mas Lori amou como ele mudou todo o seu rosto. —
Está pronta?

Ela assentiu com a cabeça novamente, engolindo quando ele voltou para a
cama e sentou-se entre suas pernas. Ele era grande. E ela tentou não imaginar
como ele conseguiria se encaixar.
— Acho que é melhor começar com o missionário — disse ele, apoiando-se
em cima dela. — Há uma boa razão para o velho ser o favorito.
— Parece bom — Lori sentiu ondas de calor, que pareciam irradiar de seu
corpo.
— A pressão vai ser desconfortável no início. Não há como evitar, mas você
está muito excitada, de modo que será mais fácil. O desconforto vai ficar muito
melhor uma vez que eu estiver todo dentro de você, tente respirar durante o
processo e não se contraia – faça exatamente como estava fazendo da última vez.
Se estiver muito ruim, me diga e eu vou tirar.
— Tudo bem. — Mais uma vez sentiu que seus braços estavam no meio do
caminho. Acabou colocando as mãos nos ombros de Ander. — Eu estou pronta —
disse ela, respirando profundamente e forçou seus músculos pélvicos a relaxarem.
Ela sentiu a ponta do pênis cutucando sua entrada. Em seguida, cerca de dois
centímetros de penetração. Não foi ruim e ela respirou fundo outra vez. À medida
em que ela relaxava, ele entrava mais alguns centímetros. Mais pressão agora.

— Tudo bem?

— Sim — ela suspirou. Os dedos pressionados contra seus ombros.

O olhos de Ander nunca deixaram seu rosto, mesmo quando se afastou um


pouco e se reajustou.
— Tome três respirações bem profundas, quando você deixar escapar a
respiração pela terceira vez, eu entrarei mais profundamente.
Ela assentiu, jogando a cabeça para trás e para frente sobre o travesseiro por
um momento, enquanto lutava contra algumas reações instintivas. Em seguida, se
concentrou na respiração como Ander havia sugerido.
Em sua terceira e longa expiração, ela sentiu um aumento significativo na
pressão. O deslizar em seu canal se tornou mais cuidadoso, e em um ponto ele se
afastou e se arrumou antes de empurrar dentro dela novamente. O desconforto foi
momentaneamente tão intenso que ela sufocou um miado de dor.
Ela ouviu a respiração de Ander acima dela, mas ele ainda mantinha seu pênis
envolto no seu corpo.

— Tudo bem?

Lori assentiu em silêncio. O pior da dor já estava aliviando, mas o desconforto


permaneceu. Ela se sentia muito cheia, muito apertada, muito tudo.
— Só me diga quando estiver pronta. — Sua voz estava um pouco rouca, o
que era incomum o suficiente para fazê-la olhar para ele. Sua expressão, no entanto,
era neutra. Profissional sempre.
Ela ficou só respirando por um minuto ou dois, mexendo-se um pouco
embaixo dele, e tentando se ajustar ao seu tamanho. Finalmente, ela disse:

— Tudo bem. Eu acho que estou bem. Obrigada por ser tão paciente.

Ander olhou para ela, as sobrancelhas se unindo um pouco.


— Você pode levar o tempo que precisar.

Lori balançou a cabeça, alguns fios de cabelo que se aderindo ao rosto quente.
— Eu me sinto bastante decente, você vai me ajudar, não é? Mostre-me como
fazer isso.
Com um pequeno sorriso, ele disse:
— O que você quiser.

Então tirou o pênis até a metade, em seguida, jogou seus quadris para frente,
num impulso experimental.

— Tudo bem?

— Sim. — Ela se sentiu excessivamente estimulada, e seu nervosismo quase


foi embora. No lugar dele, uma onda de excitação a percorreu. Ela estava fazendo
isso. Estava fazendo sexo.
Ander começou a se mover num ritmo lento e suave, seu pau deslizando
dentro dela de uma forma cada vez mais prazerosa.
— Você pode mover os quadris — disse ele depois de um minuto. — Veja se
consegue seguir meu ritmo.
Ela fez como ele instruiu, ainda agarrada aos seus ombros. Isso fez o atrito
dentro dela parecer ainda melhor.
— Como está se sentindo? — Ander perguntou. Era difícil ver através do
quarto escuro, mas ela pensou que ele parecia estar transpirando um pouco.

— É bom — ela admitiu. — Ainda um pouco desconfortável, mas nada


demais.
— Vamos ver se podemos fazê-la gozar. Eu vou tocar seu clitóris, tudo bem?

Ander ajustou a posição, se projetando com a ajuda dos joelhos.


— Sim, isso é bom. — Sua emoção aumentou ainda mais, agora que o pior já
tinha passado, e a excitação que sentira anteriormente estava se construindo de
novo. Ela queria gozar, realmente queria gozar. — Podemos ir um pouco mais
rápido? — ela perguntou, começando a ficar sem fôlego novamente.

— É claro.

Ander ajustou seu peso sobre os joelhos, usando um braço esticado para
pairar acima dela. Ele acelerou o ritmo, sua pélvis bombeamento rapidamente
contra a dela. Em seguida, recolocou sua mão livre no local onde seus corpos se
juntavam.

Lori suspirou de prazer quando sentiu uma pressão firme em seu clitóris.
— Tente manter-se em movimento comigo — Ander disse quando ela
começou a contorcer-se descaradamente em resposta.
Ela ajustou o movimento, certificando-se de conhecer cada uma de suas
sensações. O impulso erótico dentro dela agora aumentava rapidamente. Seu corpo
ficou tenso e sua respiração se desintegrava em incursões urgentes.
A cabeça de Ander tremeu um pouco, os olhos tinham uma expressão
cortante, mas sua voz era baixa e suave quando ele murmurou:

— É isso mesmo. Bom, você está ficando mais apertada, mas lembre-se de
não apertar demais. Você vai se divertir mais se relaxar.
Lori não queria relaxar. Ela queria arrancar aquela pressão e finalmente deixar-
se ir. Seu corpo começou a tremer, ondas de calor e frio caiam sobre ela. Os
impulsos rítmicos de Ander e a pressão hábil sobre seu clitóris a levavam a uma
urgência erótica. Os únicos sons que fazia eram tragadas grossas de ar, mas seus
dedos cravaram nos ombros fortes de Ander.
— Você está quase lá, Lori. — A voz era abafada, como se viesse de algum
lugar distante. — Tente respirar.
Ela puxou o ar, em seguida exalou lentamente. Seu corpo saltou
desesperadamente, suas pernas se dobraram e os pés se plantaram no colchão.

— Quase lá — Ander murmurou. — Só mais uma respiração.

Ele estava certo. No exalar seguinte, toda a sua tensão se quebrou em ondas
de prazer. A boca de Lori se abriu em um grito silencioso enquanto seu corpo
tentava se curvar para trás.
De repente sentiu o pau de Ander muito mais grosso e duro dentro dela.
Então ele diminuiu o ritmo à medida em que os espasmos dela arrefeciam. Ele
penetrou seu canal apertado um pouco mais, até parar de se mover completamente
quando o corpo de Lori começou a relaxar.
Uma risadinha lhe escapou.
Atônita, ela tentou morder o lábio para não parecer boba, mas outra onda de
riso apareceu sem aviso. Ela tirou a mão do ombro de Ander para que pudesse
apertá-la contra a boca, enquanto continuava rindo.
Foi uma coisa absolutamente absurda de se fazer, mas ela foi invadida por
uma vertiginosa onda alívio, orgulho e realização. Ela finalmente havia feito sexo e
tinha sido bom. E ainda conseguiu gozar.
As sobrancelhas de Ander se arquearam.
— Desculpe — ela pediu, conseguindo manter-se sob controle. Havia mais
desconforto entre as pernas agora que o prazer crescente havia desaparecido, e seu
pênis ainda a preenchia.
— Isso é uma coisa boa? — Ander perguntou, os olhos examinando seu rosto.

— Sim — ela admitiu. — É bom. Foi muito bom. Obrigada. — Antes que
Ander pudesse responder, ela acrescentou: — Você não vai gozar?

— Só se você quiser que eu goze.

— Ah. Por que eu não iria querer que você gozasse?

— Algumas de minhas clientes não gostam e algumas delas querem adiar isso
por tanto tempo quanto possível. As mulheres, muitas vezes, são capazes de chegar
ao clímax mais de uma vez. Se você quiser, podemos tentar...

Lori fez uma careta.

— Acho que eu já estou muito sensível. Não há necessidade de brincar com


minha sorte. Por que você não goza agora?
— Isso pode levar alguns minutos — disse ele, seus olhos a esquadrinhando
estranhamente.

Ela encolheu os ombros.

— Tudo bem. Assim posso praticar um pouco mais.

— Diga se eu estiver indo muito forte — Ander mudou de posição, colocando


ambos os braços para baixo e se ajeitando. — Ou, se você mudar de ideia.
Com Ander construído um novo ritmo, rápido e um pouco mais difícil de
acompanhar do que antes, Lori tentou imaginar que tipo de puta, egoísta e
insensível seria capaz de pagar um homem para transar com ela, chegar ao orgasmo
e deixá-lo sem. Como se ele não fosse nada, só uma ferramenta como um vibrador
e mais nada.
Então ela percebeu que era exatamente assim que, há séculos, muitos homens
usavam as mulheres, como objetos concebidos apenas para o prazer masculino.
Lori sabia por que grande parte dessas mulheres acabava na prostituição – as
pesquisas mostravam que a mulher havia sofrido algum tipo de abuso ou
vitimização.

Lori se questionou, com um estranho aperto no peito, se com os homens era


diferentes ou se Ander havia sido física ou emocionalmente comprometido, de
alguma forma, no passado.

— Tudo bem? — Ander perguntou, a voz grossa, em meio a um impulso.

Percebendo que deixara sua mente vagar num momento inoportuno, ela
piscou para ele.

— Sim. Desculpe. Tudo bem. Continue.

Ele hesitou, então ela começou a mover seus quadris, tentando chegar ao
ritmo anterior. Isto pareceu convencê-lo, por que começou a empurrar novamente.
Desta vez ela o observou, fascinada pela tensão em seu rosto, o olhar focado em
seus olhos azul-acinzentados, enquanto ele olhava para ela.
Eles se moviam bem juntos, pensou ela e fez seu melhor para sincronizar o
balanço da pélvis com a dele. Ela já podia sentir uma ardência em seu canal, mas
não era ruim. Ander estava facilitando muito para ela.
— Devo fazer mais alguma coisa? — Ela perguntou, sentindo-se um pouco
sem fôlego novamente. Ela sabia que não ia gozar, mas havia algo emocionante em
observar a tensão cada vez mais crescente no rosto e corpo do Ander.
— Você é boa — ele murmurou. — Você é boa.

Ela estava agarrada aos seus ombros, quando sentiu uma cócega muito forte
em seu pulso. Virando o rosto, ela viu um de seus cabelos castanhos enrolados na
mão. Ela a apertou, inconscientemente, em resposta à cócega e mexeu os dedos,
tentando retirar o cabelo.
— Isso é bom — ele grunhiu, sacudindo a cabeça para o lado abruptamente.
— Você pode continuar fazendo isso.

Lori piscou uma vez, mantendo sua expressão em branco. Ela não podia
imaginar como, ao agitar levemente a pequena mão em seu ombro, o havia
agradado. Talvez os homens realmente fossem diferentes das mulheres, ele havia
feito um trabalho notável ao satisfazê-la, então, se ele gostava que ela fizesse isso,
ela faria. Então começou a a dar leves tapinhas com os dedos ao longo de seu
ombro, como havia feito antes.
Ander piscou uma vez, quase exatamente como ela havia feito. Então, ele fez
um som sufocado na garganta. Em seguida, outro.
Ela ofegou em choque e perplexidade, quando seu corpo desabou de repente
em cima dela. Seus cotovelos haviam se dobrado e, abruptamente, ele estava muito
mais perto do que antes. O rosto estava enterrado em seu pescoço, e ele fez mais
desses sons abafados enquanto seu corpo tremia contra o dela.
Nada, nem mesmo o orgasmo dela, havia parecido tão bom quanto este
colapso – inexplicável e desinibido – de seu corpo tremendo contra o dela. Seus
quadris se sacudiram com alguns empurrões desajeitados, sem prática; quando ele
xingou, sentiu o hálito quente contra sua pele.
Por um momento, atordoada, ela pensou que sua manobra com o dedo
mindinho havia tirado seu controle. Mas levou apenas alguns segundos para ela
processar o que estava acontecendo.

Ele estava rindo. Estava tentando desesperadamente se esconder e abafar o riso,


mas ele, definitivamente, estava rindo.

— O que é tão engraçado? — Ela exigiu.

— Nada. — Com moderação impressionante, ele se sustentou nos braços,


tirando o peso de cima dela. — Eu sinto muito. Nada foi engraçado. — Apenas os
olhos e os lábios, levemente brilhantes, desmentiam a afirmação.

Ela estreitou os olhos.

— Você estava rindo de mim.


— Eu não estava rindo — disse ele, os olhos arregalados e boca relaxada,
agora. — Às vezes, não importa o quanto eu tente me controlar, algo é tão bom
que eu...

Lori soltou um palavrão indignado e o interrompeu:


— Que monte de porcaria! Eu sei o que é rir quando ouço. — Então, de
repente, ela percebeu por que ele estava mentindo. Rir, acidentalmente, de um
cliente durante o sexo, deve ser um cenário de pesadelo para ele. Independente de
qualquer coisa, seu trabalho é agradá-la. Com isso em mente sua voz se amaciou
quando disse: — Eu não vou ficar brava. Sério. Mas se fiz algo estúpido, gostaria de
saber o que foi.

Ander soltou um suspiro, e sua boca deu mais um puxão.


— Eu estava rindo, mas não de você. Você não fez nada estúpido. Foi minha
culpa, meus sentidos não estavam claros. Quando eu disse para continuar fazendo
aquilo, eu não me referia à sua mão. Você tinha acabado de contrair as paredes da
sua vagina, e com isso, meu pênis. Era isso que eu queria que continuasse a fazer.
Lori processou suas palavras.

— Oh, agora eu entendo. — Ela engasgou com uma risada. — Não admira
que você tenha perdido o controle. — Quanto mais pensava sobre isso, mais
engraçado ficava. Ela riu suavemente, então ofegou: — E eu pensei que você era
um maluco que gostava de um tapinha no ombro para se excitar.

Ander havia conseguido se controlar totalmente agora, mas quando ela riu, ele
sorriu junto.
— Desculpe por isso.

— Não, não peça desculpas — disse ela. — Eu lhe disse que não quero fingir.
Você quer continuar, ou perdeu seu ímpeto? — Ele ainda estava muito duro dentro
dela, mas a interrupção deve tê-lo distraído.

— Isso é com você.

— Eu disse que gostaria que você gozasse, se você achar que pode.

— Eu posso. Estou quase lá.

Logicamente, ela teve dificuldade em acreditar nele, pois rir de sua tolice
certamente o tinha desligado um pouco. Mas quando ele voltou a empurrar e ela
tentou acompanhar com os quadris e apertar os músculos internos ao redor de seu
pênis, ele claramente não estava tão controlado como estivera antes. Seus traços
estavam ligeiramente contorcidos e sua respiração tornou-se mais áspera. Seus
impulsos ficaram mais rápidos, e logo, um pouco irregulares.

Ela definitivamente ia ficar dolorida depois, mas havia algo estranhamente


agradável, estranhamente atraente, em ter um homem quente e duro, focado e
prestes a perder-se entre suas pernas.
Por mais bobo que parecesse, ela não podia deixar de se sentir um pouco
orgulhosa de si mesma.
Ander colocou sua cabeça para o lado e congelou de repente, a tensão
transformando seu rosto. Ele tomou algumas respirações irregulares e a penetrou
algumas vezes mais.
Ele se retirou antes que ela pudesse processar completamente as alterações de
seu corpo – o amolecimento dos músculos e o relaxar da tensão. Então,
cuidadosamente, deslizou o preservativo para fora de seu pênis, e o movimento fez
um nítido som de sucção que contraiu suas doloridas paredes internas.
— Você está bem? — Ele perguntou, rolando para colocar as pernas para fora
da cama. Seus olhos a examinaram atentamente.

— Sim — ela disse honestamente. — Um pouco dolorida, mas foi muito bom.
Obrigada.

Ele deu um pequeno sorriso.


— Eu vou cuidar disso aqui, se estiver tudo bem.

À sua afirmação, ele pegou o vibrador e entrou no banheiro para dispor do


preservativo. Ela ouviu a água na pia e percebeu que ele estava limpando o vibrador
enquanto estava lá.
Lori puxou a blusa para baixo e esticou as pernas rígidas. Então deu uma
risadinha particular sobre o sucesso da perda de sua virgindade.

Ela sabia que teria sido melhor se ela tivesse uma ligação emocional com o
parceiro. Sabia que havia algo faltando ao fazê-lo daquela maneira. Tinha sido bom,
mas ela sabia que não era uma mentira quando diziam que o sexo era melhor com
alguém que você amava. Ela escrevia romances, afinal. Por mais tolos que alguns
deles sejam, os escritores de romance, ao menos, compreendiam a importância do
amor.

Ela tinha feito isso em seus próprios termos, e o peso da ansiedade que
sempre fora parte de seus pensamentos sobre sexo, havia se dissipado
completamente agora.
Ander voltou para o quarto com uma toalha molhada, que usou para limpar
delicadamente entre suas pernas. Quando ela agradeceu-lhe ele levou a toalha para
o banheiro, e ela o convidou para voltar à cama.

Ela o teria até meia-noite e tinha toda a intenção de tirar proveito desse
tempo. Ele se estendeu na cama, rolando de lado e apoiando a cabeça em um braço
dobrado. Ele estava completamente nu, exibindo as linhas longas e onduladas dos
músculos do poderoso corpo para seu deleite.

Lori olhou para ele com admiração por alguns minutos até perceber que ele
estava posando para ela. Como sempre, o ato foi muito sutil e sofisticado – nada
bruto ou berrante sobre isso. Mas ele sabia o que estava fazendo. As mulheres
devem olhar de soslaio para ele o tempo todo
Porque ela queria conversar com ele e não se distrair, inclinou-se, pegou a
cueca do chão, e a jogou para ele.
— Você tem perguntas para mim? — ele indagou, vestindo a cueca. — Acha
que foi tudo bem?
— Sim. Foi muito bom. Muito obrigada por ter sido cuidadoso e tão paciente.
Eu não posso imaginar como poderia ter sido melhor.

Os olhos de Ander se estreitaram quando estudou seu rosto.

— Você quer me perguntar algo.

Queria. Uma pergunta, tola e irritante que estava bem no fundo de sua mente.

— Pergunte-me.

Então Lori a soltou:


— Você acha que eu vou ser boa nisso algum dia? Quer dizer, parece que eu
consigo estragar tudo, tire por aquela coisa estúpida com a mão. Se eu não terei
você para me guiar em cada passo, você acha que eu vou conseguir ser boa nisso?
Para seu alívio, Ander não descartou a questão. Ele fez uma pausa, enquanto
considerava a resposta, e então seus olhos encontraram os dela sobriamente.
— Eu penso que nada disso reflete suas capacidades sexuais. Você estava
nervosa no início. E mesmo quando conseguiu relaxar, continuou um pouco
tímida. — Ele a fitou seriamente, como se averiguando sua reação. Talvez para ter
certeza de que não a ofendeu. — Quando as pessoas são muito tímidas, elas
tendem a cair em um papel definido, algo que vai fazê-las sentir-se seguras. Você
assumiu o papel de aluna, talvez por isso tenha mantido quase todos os seus
desejos em segundo plano. Mas, uma vez que esta fase tiver passado, vai ficar tudo
bem.

Ela soltou um suspiro, estranhamente confortada por sua resposta pragmática.


Ele não havia sido lisonjeiro com ela ou tentado iludi-la para fazê-la acreditar que
era uma espécie de deusa do sexo. Ele deu a ela sua opinião sincera.
Esfregando a barriga distraidamente, ponderou suas palavras. Ela pensou
sobre eles por um longo tempo e finalmente disse:
— Sabe, eu acho que você está certo sobre essa coisa de timidez. Eu nunca
pensei sobre isso antes, mas é o que as pessoas fazem. Como você ficou tão
inteligente?
Ander levantou uma sobrancelha para ela.
— Meu trabalho me proporciona uma grande variedade de experiências com a
natureza humana.

Ela bufou.
— É, eu acho que sim. — Ainda pensando nos comentários de Ander, ela
juntou mais algumas peças em sua mente e externou: — Sabe, acho que,
intuitivamente, talvez eu soubesse sobre esse negócio de timidez mesmo antes você
mencionar. Em um dos meus livros, havia uma heroína que se sentia realmente
embaraçada por causa de sua aparência. Ela sempre agia... — Lori interrompeu-se,
percebendo uma distinta expressão de curiosidade no rosto do Ander.
Por alguns motivos óbvios, ela não estava planejando contar a Ander sobre
sua identidade alternativa como escritora. Ela era cautelosa e usava um pseudônimo
exatamente para manter sua vida pessoal privada – especialmente de algo como
isto.

— Você é escritora? — questionou. Ele apareceu genuinamente interessado.

— Sim — admitiu ela, pensando que estava tudo bem, desde que ele não
soubesse seu pseudônimo. — Eu escrevo romances. Romances! — Ela riu. —
Muito engraçado, não é?
— Eu não sei. Não acho que é preciso ter uma vasta experiência com sexo
para se escrever uma cena de amor em um romance.
— Hei — disse ela, se eriçando para defender seu gênero. — Não seja
sarcástico sobre romances. Alguns deles são tolos, mas existem romances tolos em
todos os gêneros.
— Eu não estou denegrindo os romances — assegurou a ela com um meio
sorriso. — Já li um monte deles. A maioria das mulheres que me procura quer ter
suas fantasias românticas realizadas. É emocional, tanto quanto sexual para elas.
Romances são uma das melhores expressões dessas fantasias românticas.

— Uau — ela suspirou, olhando-o com espanto e deleite. — Você realmente


faz sua pesquisa.

Ele deu de ombros.

— É claro.

Irresistivelmente compelida, ela perguntou:

— Então, quem é o seu romancista favorito?

Ander pensou por um momento. Então fez uma careta.


— Eu acho que vai soar clichê, já que esta é favorita de todo mundo também.
Mas Claire Kent é, provavelmente, a melhor que eu já li. Ela dá a seus personagens
uma humanidade que os impulsiona para além da média. Além disso, ela tem um
grande senso de humor.
Com esforço, Lori manteve seu rosto perfeitamente suave. Claire Kent era seu
pseudônimo e ela estava extremamente emocionada pelos casuais elogios que
Ander acabava de fazer à sua escrita. Ele obviamente não sabia que estava falando
sobre ela. Parecia calmo e reflexivo.
O que significava que ele realmente achava aquilo.

— Eu gosto dela também, é claro — disse Lori. — Mas nem todos podem
escrever best-sellers. Alguns, o resto de nós, são muito bons também.
Ander riu.
— Se você me der alguns títulos, vou ficar feliz em ler seus livros. Talvez eu já
os tenha.
— Eu duvido. Mas de quem mais você gosta?

Ander contou a ela sobre alguns dos escritores de romance que ele gostava e
Lori passou um fabuloso tempo interrogando e discutindo com ele sobre suas
opiniões à respeito de seus temas favoritos. Antes que ela percebesse, olhou para o
relógio e viu que eram 23:45.

Ela engasgou.
— Uau. É quase meia-noite.

Ander também olhou, e ela podia jurar que viu um leve flash de surpresa em
seu rosto também.

— Você não quer fazer mais nada nesses últimos 15 minutos?

— Não. Eu definitivamente tive tudo o que podia aguentar para esta noite.
Você pode tomar um banho, se quiser.
Ander agradeceu. Em seguida, pegou suas roupas e foi para o banheiro. Lori
puxou as cobertas sobre si, sentia um pouco de frio agora.

Quando retornou, Ander estava completamente vestido e caracteristicamente


calmo e civilizado novamente, ele pegou o lubrificante, preservativos extras e o
DVD e os devolveu ao seu estojo.

Lori se levantou e juntou-se a ele na mesa.


— Obrigada novamente. Quero dizer, não posso imaginar qualquer outra
pessoa tornando isso mais fácil para mim, como você fez.
— Não há de quê. Espero que tenha se sentido plenamente satisfeita.

— Definitivamente. Você vai ter outra referência brilhante, se alguém me


perguntar sobre você.
Ele lançou-lhe um rápido sorriso e ela entregou-lhe o envelope de dinheiro.
Quando colocou o dinheiro no bolso, ele disse:
— Você sempre pode agendar outro compromisso. Há muito mais coisas que
podemos fazer.
— Não, obrigada — disse ela suavemente, abafando sua vontade de rir devido
à excelente habilidade dele nos negócios. — Eu só queria fazer isso. Estou bem
agora.
— Tudo bem. Apenas avise-me se mudar de ideia.

Ela caminhou até a porta, onde eles se olharam por um minuto. Em seguida,
Lori fez sua última pergunta.
— Com quantas virgens você já fez sexo?

Ander desviou o olhar, e ela podia dizer que ele estava tentando compor a
melhor resposta.

— A verdade — disse ela. — Não minta, com muitas?


Ele soltou um suspiro e encontrou seus olhos.

— Apenas uma. Você foi a minha primeira.

— Ah. — Ela engoliu, meio sem jeito. — Você foi o meu primeiro também.

Eles se despediram, então. Ao observá-lo atravessar o corredor, Lori


reconheceu que ele, provavelmente, era uma das pessoas mais fascinantes que ela já
conhecera.
E muito, muito bom de cama.

Ela fez o que queria fazer. Não era mais virgem. E agora poderia abordar o
resto de sua vida sem o peso que a havia incomodando por anos.
Pedir para Sabrina pesquisar acompanhantes masculinos para ela havia sido
uma excelente ideia.

***

Na semana seguinte, Lori enviou um e-mail a Ander perguntando se ele


poderia agendar outro compromisso.
Ele respondeu na hora, dizendo que tivera um cancelamento para a quinta-
feira seguinte.
Ela decidiu que poderia muito bem desfrutar um pouco mais de sua
experiência, já que ele estava disponível.
.Quatro.

Naquele fim de semana, Lori saiu e comprou lingeries novas.


Ela não tinha muita lingerie, geralmente dormia com tops e calças de pijama.
Lori realmente gostava da blusa de caxemira, mas ela estava desgastada por causa
de sua segunda sessão com Ander, e pensou que seria sábio comprar algumas peças
mais parecidas com roupas de noite.
Não que ela estivesse pensando em impressionar ou atrair Ander, mas sentir-
se bonita e sexy faria a noite mais agradável para ela. Se ia fazer isso, estava
determinada a que fosse bom.
Então no sábado, ela e Sabrina, fizeram uma grande expedição no Shopping,
entrando em boutiques e lojas de departamento de lingerie e se focando nos
modelos simples, elegantes e não abertamente sexies.

Sabrina, é claro, achava toda aquela situação hilária. Ela não podia acreditar
que sua virginal prima havia agendado compromissos múltiplos com um
acompanhante. Lori foi obrigada a tolerar uma quantidade significativa de chacotas
sobre sua decisão de estender os serviços de Ander.
Lori levou tudo com naturalidade. Estava meio embaraçada, mas sabia que
não valia a pena ficar tensa por causa disso. O escárnio de Sabrina escondia um
afeto genuíno e Lori pensou que sua prima, provavelmente, estivesse satisfeita por
Lori ter começado a superar seu grilo sobre o sexo – mesmo que tivesse sido dessa
forma atípica.

A empreitada resultou em várias compras, sendo que uma delas Lori colocou
quando saiu do banho na quinta-feira seguinte: uma camisola em cetim cinza-
prateado com um lindo laço preto nas alças e rendas sobrepondo o corpete estilo
princesa. Ela quase atingia os joelhos e não era particularmente reveladora, mas
Lori sentiu-se bonita e elegante quando olhou-se no espelho.
Ela escovou o cabelo, aplicou sua loção favorita e amarrou o robe de cetim
cinza que fazia conjunto. Em seguida, contou o dinheiro enquanto esperava por
Ander.
Ela tinha antecipado esta noite por vários dias e mais intensamente nas
últimas horas. Tinha certeza de que hoje à noite não precisaria da ajuda de um
DVD para entrar no clima.

Ander apareceu cinco minutos mais cedo de novo, vestido com um terno
cinza e camisa preta sem gravata. Quando ela abriu a porta, os olhos dele
percorreram-na desde o recém escovado cabelo até os pés descalços. Então sua
boca lentamente se levantou em um sorriso.

Aquele mesmo sorriso polido e sensual que ele obviamente utilizava como
uma técnica padrão.
Por alguma razão, Lori percebeu que odiava aquele sorriso. Ela sentiu uma
vontade irresistível de tirá-lo de seu rosto.

Em vez disso, perguntou sem rodeios:


— Você nunca usa nada, além de preto e cinza?

Ander piscou e o sorriso vacilou.

— Desculpe-me?

— Toda vez que eu vejo você, está vestido de preto e cinza. Eu queria saber se
você possui alguma coisa em outra cor.
Ele ergueu as sobrancelhas ligeiramente e seus olhos pousaram em sua própria
roupa. Preta e cinza.

Lori fungou desdenhosamente quando se afastou para deixá-lo entrar


— Não estou dizendo que há algo errado em preto e cinza. Só estava
pensando.

— Estava?

Confusa por sua expressão levemente divertida, ela se perguntou o que ele
estava querendo dizer. Então, decidiu ficar apenas com prazer de ter se livrado
daquele sorriso irritantemente falso.

— Você teve uma boa semana? — Ela perguntou, seguindo-o para o quarto.

Ander colocou o estojo em cima da mesa, como de costume, e se virou para


olhá-la.

— Foi normal. Você?


— Muito boa. — Agora, ela estava dividida entre a diversão irônica da
natureza branda daquela conversa fiada que estavam tendo e o reconhecimento de
que, considerando o contexto de sua relação, eles simplesmente nunca
conseguiriam ter qualquer conversa menos superficial

Os lábios dele se contraíram quando ele abriu seu estojo.

— Você tentou o vibrador?

— Sim — disse ela, sorrindo quando se lembrou de seus progressos. — É


ótimo. Muito obrigada por trazê-lo para mim.

— Sem problemas?

— Não. Quer dizer, uma vez que entrei no clima, consegui fazer um trabalho
muito bom.
Ela estava tão animada sobre o vibrador que tinha tentado usá-lo todos os
dias. Mas descobriu que ainda tinha problemas em atingir o orgasmo, se não
estivesse realmente excitada. Concluindo que não havia nenhuma razão para gozar
se não estava excitada, ela determinou que ele era um sucesso.
— Ótimo. — Ele tirou um DVD, um tubo de lubrificante, e um par de
preservativos de seu estojo. — Então, em termos de parâmetros para esta noite...
Lori franziu as sobrancelhas.
— Parâmetros?

— Você quer continuar como temos feito? Eu sei que originalmente você
tinha planejado simplesmente fazer sexo pela primeira vez. Sua escolha em
continuar com meus serviços significa que você gostaria de tentar algo diferente?
Ficaria feliz em ajudá-la a realizar alguma fantasia. A maioria das clientes que vêm a
mim regularmente, preferem que eu desempenhe um papel mais sedutor e
romântico.

Um pensamento aleatório passou por sua mente, e ela se perguntou se ele


preferia representar papéis, fingir algo que não era, atuar como alguém diferente de
si mesmo quando estava com suas clientes.
Mas não era isso que ela queria, pois faria a coisa toda meio falsa, boba e de
certa forma, desprezível. Então, ela balançou a cabeça.
— Eu prefiro da forma como temos feito, se estiver tudo bem. Sem fingir,
nem nada assim.
— É claro — Ander disse suavemente. — Vamos assistir a mais um dos curta-
metragens?

Lori abriu a boca para dizer que não precisava, mas logo foi atingida por uma
inesperada onda de vergonha e timidez. Não havia nenhuma boa razão para isso,
mas ela ficou subitamente mortificada com a ideia de admitir que estava pronta
para pular na cama imediatamente. Então, apenas sorriu, acenou com a cabeça, e
foi sentar-se no sofá.

Eles não iriam transar por cinco horas inteiras, de qualquer maneira. Essa
ainda era sua segunda vez.
O segundo dos curtas eróticos foi realmente melhor do que o primeiro, e Lori
estava extremamente ligada, quando ele terminou 30 minutos depois. Enquanto
Ander foi desligá-lo, ela se levantou e tirou o robe.
Ela achou que estava bem e que tinha todo o direito de vestir o que quisesse,
quando estava pagando um monte de dinheiro pela experiência. Porém, sentiu uma
onda de acanhamento quando Ander virou-se e a viu em sua camisola de renda.
Não houve nenhuma expressão evidente em seus olhos azul-acinzentados. Ela
realmente esperava que ele não achasse que ela parecia boba.
Sem perda de tempo, foi retirar as cobertas e se deitar. Ander levou os
preservativos e lubrificantes para a mesa de cabeceira e apagou todas as luzes,
exceto a do banheiro.

Ela viu quando ele se despiu, sem palavras, e desta vez ela não estava,
remotamente, tentada a rir.
Ele foi para a cama e ela soltou um suspiro quando ele abaixou o rosto em
direção ao dela. Por um momento, ela tinha certeza de que ele iria beijá-la, mas
então, ele traçou uma linha ao longo de sua mandíbula com os lábios.
Nas preliminares ele foi tão lento, atencioso e delicioso quanto tinha sido
antes. Lori ofegava e se contorcia debaixo dele, e, ocasionalmente, teve que engolir
alguns gemidos indefinidos.
Depois do que pareceu uma eternidade, requintada e torturante, Lori
finalmente não podia mais esperar. Suas mãos espalmavam sua cabeça calva, e ela
teve que lutar para não cavar as unhas na pele lisa. Uma das mãos de Ander
segurou seu seio, alternando entre apertar e fazer círculos contra o mamilo e a
outra havia deslizou por uma de suas pernas para que ele pudesse chegar à sola de
seu pé. Ele estava lhe dando a massagem mais deliciosa que ela já teve na vida. O
que, quando combinada com a boca se movendo habilmente entre seu seio e
barriga, levou Lori a uma agonizante urgência erótica.

Ela não conseguia se lembrar de já ter estado tão excitada antes. Ander não
mostrou sinais de que pretendia diminuir ou parar.
Parte dela ficou maravilhada por já não estar mais envergonhada ou
constrangida. A lingerie elegante foi colocada descaradamente acima dos seios. Seu
corpo estava torcido em uma posição indigna, a coluna arqueava e os quadris
balançavam desenfreadamente. Suas mãos agarravam avidamente a cabeça de
Ander, empurrando-lhe a boca com mais firmeza contra sua pele e uma de suas
pernas estava dobrada de forma que o joelho ficasse pressionado contra o próprio
ombro. A posição esticada da virilha e a excitação latejante a deixavam encharcada
e exposta ao ar frio do quarto. Ela não estava fazendo qualquer barulho, mas
mesmo sua respiração frenética soava sem vergonha e muito ansiosa.

Mas ela não estava embaraçada. Nem mesmo quando finalmente suspirou e
falou:

— Chega. Por favor, Ander. Eu preciso que você me foda, por favor!

Ele endireitou-se imediatamente, liberando o mamilo que estava chupando


com um som suave.
Quando rolou o preservativo em sua ereção, dura e lubrificada, ele murmurou:

— Eu acho melhor tentar missionário novamente desta vez. Ainda é provável


que você esteja muito apertada.
Lori só balançou a cabeça em silêncio e jogou a cabeça no travesseiro, quase
não sendo capaz de aquietar o corpo enquanto esperava.
Então, finalmente, Ander instalou-se entre suas pernas, abrindo-lhe as coxas e
alinhando o pênis em sua entrada. Ele não usou os dedos para testar sua prontidão.
Já devia saber que ela estava quente, molhada, excitada.
— Respire algumas vezes para mim — disse Ander, preparando-se e
observando seu rosto.
Lori fez o que ele disse, e em seu terceiro exalar ela sentiu o grande pau de
Ander sendo empurrado contra ela, esticando seu canal e se afundando lentamente
dentro dela.

Não doeu tanto desta vez, mas o desconforto ainda estava lá. Ela arqueou-se
dramaticamente e fechou as mãos no lençol.
— Está tudo bem? — Ander perguntou, a voz um pouco grossa, mantendo-se
perfeitamente imóvel.

Ela conseguiu olhar para ele, notando que em sua pele havia um tênue brilho
de transpiração.
— Sim. Só me dê um minuto.

Ele esperou pacientemente até que ela relaxou e tomou fôlego novamente.
Então, ela se agarrou a seus ombros como havia feito na última vez.

— Ok.

— Você vai querer que eu goze novamente esta noite? — Ander perguntou
antes de começar a se mover.
Lori apenas olhou para ele, tão excitada, que teve dificuldade para entender o
propósito da pergunta.
— É mais fácil se eu souber de antemão, para não levar tanto tempo depois
que você tiver gozado. Mas sou mais do que capaz de retardar isso — Ander,
explicou — se você quiser que eu fique duro, para o caso de querer gozar várias
vezes e....
— Oh — ela o interrompeu. Mais uma vez, achou a ideia um pouco
perturbadora. — Não. Acho que não. É apenas a minha segunda vez e eu não
quero que você me force demais tentando me dar orgasmos múltiplos. Goze como
na última vez, se estiver tudo bem.

— Tudo bem.

Ele a ajudou a ajustar as pernas, dobrando-as para ambos os lados de seus


quadris. Em seguida, ele se apoiou nos braços, se endireitou e começou a investir.

Ela se concentrou em mover os quadris no ritmo dos dele e até se lembrou


de, ocasionalmente, apertar seus músculos internos em torno de seu pênis. Desta
vez, eles não falaram, e os únicos sons na sala eram de sua respiração acelerada e os
guinchos rítmicos da cama.
Por alguma razão, o ranger da cama – o audível som daquele encontro carnal
– deu-lhe tolos choques de orgulho e prazer.
Depois de alguns minutos, o pulso de Lori começou a acelerar e ela se sentiu
sobrecarregada e acalorada. Seu balanço constante sob Ander tornou-se mais
urgente e desajeitado e a profunda excitação começou a se apertar em um nó
delicioso.
Os olhos de Ander estavam focados e ilegíveis, mas ela percebeu que suas
feições começaram a ficar um pouco tensas. Essa pequena resposta física fez Lori
se contrair ainda mais em torno de seu pênis.

Ele resmungou quando ela o fez e deixou sua cabeça cair de um lado. Seu
impulso era firme e acelerado, mas nunca vacilou. Ela, inconscientemente, moveu
as mãos até sua bunda, e podia sentir os músculos firmes contraindo e relaxando a
cada investida dos quadris.

Ela começou a tremer com a pressão erótica cada vez mais firme em seu
centro. Ela se contorcia debaixo dele, desesperada para finalmente se libertar.
— Você está prestes a gozar, Lori. — Ander murmurou com a voz rouca. —
Tente não contrair-se assim.

Ela deu um suave e mínimo soluço enquanto seu corpo se retorcia.


— Eu não consigo. Ajude-me.

Ele apoiou seu peso em uma das mãos, e ajustou as pernas de novo, elevando-
se ainda mais. Então se afastou o suficiente para colocar a mão livre entre seus
corpos para que pudesse encontrar e massagear o clitóris dela.
Seu orgasmo se rompeu na primeira pressão do polegar. Seu grito de prazer e
alívio não era mais que uma exalação rouca, mas todo o seu corpo tremeu e
estremeceu debaixo dele enquanto os espasmos a atravessavam.
Ander desacelerou seus impulsos, penetrando-a deliciosamente em meio às
suas contrações até que seu corpo havia envolvido pelo prazer. Então ele
perguntou:

— Você está pronta para eu gozar também?

— Sim — ela suspirou e corou satisfeita por seu poderoso clímax. — Sim.

Lori sentiu seu canal incrivelmente apertado enquanto ele bombeava num
ritmo rápido e irregular. Ela comprimiu a vagina em torno do pênis dele o melhor
que pôde e cravou os dedos em seus ombros.
Não demorou muito tempo para ele gozar desta vez, e ela viu como a tensão
deixou seu rosto e uma explosão de prazer se acendeu em seus olhos. Ele soltou
um som abafado e depois um pesado exalar como se seu corpo finalmente
relaxasse.
O corpo de Ander parecia deliciosamente quente e suave depois do orgasmo.
Lori podia sentir debaixo de suas mãos e entre as pernas. Ela teve apenas alguns
segundos para apreciá-lo, no entanto, porque ele se retirou dela quase que
imediatamente.

Quando ele se levantou para descartar o preservativo, ela puxou sua camisola
agora enrugada. Sentiu-se meio estranha. Quente, relaxada e contente consigo
mesma, mas ao mesmo tempo, querendo mais. Ela estava um pouco dolorida, mas
não tanto quanto da última vez. Em uma hora mais ou menos, ela até poderia estar
preparada para outra rodada.

Passava pouco das nove horas. Eles tinham muito tempo antes de meia-noite.
Quando Ander retornou, vestiu sua boxer de seda e se esticou ao lado dela,
obviamente, percebendo que ela não havia acabado com ele ainda.
Ele virou a cabeça e sorriu para ela. Não era um sorriso largo ou desinibido,
mas foi muito melhor do que o que usara antes.
— Como foi?

— Bom — ela admitiu. — Muito bom. O melhor até agora e eu não precisei
de todas as instruções detalhadas, de forma que deve ser um progresso.

— Como você se sente?

— Nada mal, apenas um pouco dolorida. Mas acho que talvez mais tarde, nós
poderíamos... — Ela parou, irritada consigo mesma pelo afluxo de timidez que
sentiu por sua óbvia ânsia de fazer sexo com ele novamente.
— Temos tempo de sobra.

Eles ficaram em silêncio por um tempo, ambos perdidos em seus próprios


pensamentos. Depois de um tempo, Lori virou a cabeça para olhar para Ander ao
lado dela.

Esta noite, ela não podia dizer se ele estava posando ou não. Ele estava
deitado de costas, com as mãos entrelaçadas atrás da cabeça. Seu corpo estava
relaxado, mas sua posição destacava os músculos dos seus braços e abdômen.
Ela deixou os olhos vagarem por seu peito, pela barriga tensa, e em seguida,
pelas longas pernas e pés descalços. Quando os olhos se voltaram para sua cabeça
careca, ela sentiu a pergunta familiar incitá-la impiedosamente.
Como se tivesse de alguma forma sido capaz de perceber a diferença entre um
olhar malicioso e uma curiosidade intensa, ele olhou para ela.

— O que foi?
— Eu tenho certeza de que perguntam isso o tempo todo, mas eu estou
morrendo de vontade de saber.

Sua boca curvou-se ligeiramente.

— A falta de cabelo?

Ela assentiu com a cabeça, envergonhada.

— Eu não consigo nem dizer se você raspa a cabeça ou não. Nunca senti
qualquer fio.

— Eu não raspo. Comecei a ficar careca quando tinha 17 anos. Aos 23 estava
completamente sem cabelo. É uma coisa hereditária. Veio da família de minha mãe.
Lori estava estranhamente silenciosa, observando seu rosto, tentando
descobrir se era um assunto delicado para ele.
Finalmente, ela perguntou:
— Não havia nenhum tratamento que você pudesse ter feito? — Ele parecia
calmo e natural, assim, ela esperava que não estivesse sendo imperdoavelmente
rude.

Não que isso, necessariamente, a tivesse impedido.


— Sim, havia tratamentos médicos e remédios. Eu fui... encorajado a
experimentá-los. — O breve vacilar em sua resposta surpreendeu-a já que nunca o
havia escutado tropeçar nas palavras antes.
— Você não quis experimentá-los?

Ele hesitou e encontrou os olhos dela, e algo em sua expressão deve tê-lo
encorajado a continuar.
— Não. Meu pai queria que eu fizesse alguma coisa, mas eu não estava
disposto a fazer o que ele queria.

— Uma coisa de adolescente rebelde?

Ander deu um leve encolher de ombros.


— Talvez. Há uma longa história e não é bonita. Talvez tenha sido apenas
uma forma de me rebelar, mas minha mãe morreu quando eu era muito jovem e a
perda de cabelo veio de sua família, por isso parecia importante que eu...

Quando ele não terminou, Lori disse baixinho:


— Que você a afirmasse em sua memória dessa maneira?

— É. Meu pai não foi sempre gentil com ela. — Ele lançou um rápido olhar
para ela, como se não tivesse tido a intenção de dizer tudo aquilo.
Ela não falou por um minuto, não querendo soar tão intrometida a ponto de
fazê-lo se fechar. Então continuou:
— Ele ficou louco com isso? Sobre você não fazer o tratamento como ele
queria?
— Sim — Ander admitiu suavemente, seus olhos se direcionando para o teto.
— Ele ficou louco. Esse foi o ponto de partida.

Havia algo ali. Algo que Lori queria desesperadamente saber. Uma história.
Havia profundas sombras em Ander, e ela estava morrendo de vontade de
desvendá-las, fazer uma inquisição completa – a despeito do olhar resguardado dele
e da leve tensão em seu rosto.

Mas ela havia crescido muito desde que fora uma criança e deixava escapar
qualquer pergunta que vinha à sua mente. Agora, ocasionalmente, conseguia manter
a boca fechada.
Então ela não o pressionou, percebendo que poderia incomodá-lo ou ferir
seus sentimentos. Em vez disso, apenas disse:
— Eu tenho certeza que você sabe que é absolutamente exuberante e a
calvície só faz você parecer mais fascinante, então, eu acho que você tomou a
decisão certa.
A expressão de Ander relaxou e ele virou-se para ela com um ligeiro tremor
em seus lábios.
— Eu aprecio a sua afirmação, mas onde você estava quando eu tinha
dezessete anos e todas as crianças diziam que eu era uma aberração?

Ela riu suavemente à sua pergunta seca e respondeu na mesma moeda.


— Eu estava, provavelmente, pulando corda, você não acha? Eu tenho 26
anos.

Seu sorriso se alargou brevemente.


— É. Pode ser. Eu provavelmente não teria levado muito em conta a
admiração de uma criança de 10 anos de idade. Além disso, quando adolescente,
você provavelmente era louca por algum atleta, com uma cabeça cheia de cabelos.
Para absoluto aborrecimento de Lori, ela corou.

Rindo, Ander disse:


— Foi o que pensei.

Ela fez uma careta para ele, mas respondeu de boa vontade.

— Eu era apaixonada pelo meu melhor amigo – que, definitivamente, era um


grande atleta. Ele, é claro, nunca pensou em mim assim, mas eu fiquei apaixonada
por ele durante todo o ensino médio e faculdade.

— Isso é muito tempo para se estar apaixonada por alguém que não te amava
de volta.
— Sim — disse ela com um suspiro. — Às vezes você se agarra a algo –
simples assim.
Ander encontrou seus olhos.
— Na minha experiência, raramente é simples assim.

Lori ficou em silêncio por um longo tempo, pensando sobre isso. Pensando
em sua ânsia desesperada por seu amigo. Tantos anos de sua vida.

Não é à toa que tinha sido um fracasso no amor.


Eventualmente, ela deixou as perguntas e inseguranças se dissolverem em suas
memórias e se virou para olhar para Ander. Seus olhos estavam fechados, e ela não
sabia se ele estava cochilando ou só dando a ela um pouco de privacidade para seus
pensamentos.
Olhando para a sua cabeça lisa agora, ela o achou infinitamente atraente, e
pensou sobre como ele deve ter se sentido aos 17.

— Você deve ter sido tão solitário — ela deixou escapar.

Os olhos de Ander se abriram e ele se virou para ela com um movimento de


surpresa.
— Como?

— Quando adolescente — explicou ela, sentindo-se tola por sua falta de


cuidado. — Eu estava pensando que você deve ter sido tão solitário. As crianças
podem ser cruéis sobre coisas desse tipo.

Ele deu de ombros.


— Eu cresci acostumado a não ter qualquer cabelo.

— É claro. Na verdade, eu tenho certeza de que isso tem sido uma vantagem
em sua profissão, uma vez que o faz tão diferente e interessante. Mas eu me referi a
você como adolescente. Mesmo tendo tido suas razões para não fazer nada à
respeito, essa etapa deve ter sido... difícil.

Ander engoliu em seco e deu outro encolher de ombros.


Obviamente, isso não era algo sobre o que ele gostava de falar. Então Lori
mudou de assunto, dizendo:

— Eu posso sentir?

Ele piscou para ela.


— Sua cabeça. — Ela acenou na direção de seu couro cabeludo, de repente,
desejando não ter perguntado. — Está tudo bem se não quiser que eu...
— É claro que pode — disse Ander. Ele se ajeitou de modo que sua cabeça
ficasse ao alcance dos braços dela.
Então, gentilmente, quase delicadamente, ela acariciou a cabeça lisa com as
pontas dos dedos. Era realmente delicioso sentir a pele esticada sobre as curvas
ondulantes e cumes de seu crânio.
Lori soltou um suspiro enquanto acariciava, e, ridiculamente, sentiu seu
próprio corpo reagir.

Ela realmente não estava mais tão dolorida.


Quando roçou um ponto na lateral de seu crânio, ela ouviu a respiração Ander
dar um ligeiro engate. Tendo sido ou não em resposta ao seu toque, o som feito fez
seus músculos internos se apertarem de emoção
Inconscientemente, as mãos percorriam sua cabeça e pescoço, até,
gentilmente acariciarem seu peito. Ander ficou imóvel e perfeitamente em silêncio
enquanto ela esfregava as superfícies lisas. Em seguida, as mãos desceram sobre os
músculos ondulantes de seu abdômen plano.
Ela sentiu as sensações sob a ponta dos dedos o que aprofundou sua
excitação cada vez mais crescente.
Depois de alguns minutos, durante os quais sua respiração acelerou de forma
audível, Ander murmurou:

— De novo?
Ela assentiu com a cabeça. Havia notado algum progresso em sua cueca, mas
não sabia se era de seu toque ou por causa da coisa mental que ele fazia para se
preparar.

— Está tudo bem se nós tentarmos outra posição desta vez?

— É claro. A escolha é sempre sua.

Sentindo-se muito corajosa, ela passou a perna sobre os quadris dele e o


montou.

— Tipo assim?

— Claro.

Ander levantou as mãos e acariciou a parte superior de seu corpo sobre a


camisola de cetim, seu toque hábil provocando as terminações nervosas e
receptores de prazer e fazendo com que Lori jogasse a cabeça para trás por um
momento. Em seguida, ele puxou seus ombros para baixo para que pudesse tomar
um de seus seios na boca através do tecido fino, acariciando o mamilo duro com a
língua.
Ele sugou e beijou seu seio por alguns minutos enquanto as mãos deslizavam
sob a camisola para acariciar suas costas, coxas e nádegas.
Ela pensou que estar por cima a faria sentir-se mais no controle, mas se sentia
impotente e dominada pela poderosa sensação de estar deitada sobre ele, e respirou
ardente e pesadamente contra o travesseiro.
Ela engasgou quando sentiu uma de suas mãos sobre a carne quente e inchada
entre suas coxas. Em seguida, ele beliscou seu mamilo super sensibilizado e
deslizou dois dedos em seu canal molhado.

Ela mordeu o travesseiro quando um choque de prazer intenso a atravessou.

— Você gosta disso? — Ander perguntou, a voz soando, mais uma vez, um
pouco rouca. Sua boca ainda estava contra um seio, e as vibrações viajaram através
do tecido úmido para estimulá-la ainda mais.
— Mm-hm — ela gemeu, sua voz abafada pelo travesseiro. — Mm-hm. — Ela
teve que se segurar para não se esfregar na barriga dele, já que seu clitóris estava
recebendo algum estímulo indireto e delicioso de seu torso. Ela conseguiu virar a
cabeça e suspirar. — Mais.
Ander beliscou seu mamilo novamente e começou a bombear os dedos
dentro dela. Ela escondeu o rosto no travesseiro grosso, novamente,
desesperadamente feliz por Ander estar deitado longe o suficiente para o
travesseiro estar ao seu alcance. Então deixou sua boca e dedos a levarem em
direção ao seu clímax.

Ela ofegava e gemia baixinho contra o travesseiro, mas depois de alguns


minutos de urgência cada vez maior, ela virou a cabeça e implorou:

— Ander, por favor, me faça gozar.

— Eu vou — ele murmurou, o ritmo de seus dedos acelerando ainda mais. Ele
girou o mamilo com a língua com habilidade agonizante, e acrescentou: — Você
está perto agora. Eu posso sentir.
Então, por alguma razão, suas palavras fizeram Lori querer choramingar, por
isso escondeu o rosto no travesseiro novamente. Seus dedos estavam ondulando
contra o ponto G, a pressão aplicada era muito estável, exatamente onde precisava
sentir. Ele não havia tocado seu clitóris ainda, e a pequena porção de carne estava
pulsando e inchada.
O corpo de Lori estava tenso. De repente, ela percebeu que ia gozar sem
qualquer estimulação clitoriana. Ela estremeceu desesperadamente. Então sentiu os
dentes Ander sobre a carne macia de seu seio – e gozou, mordendo o travesseiro e
tentando descaradamente montar os dedos dele para aumentar as sensações.
Quando seu corpo se suavizou, ela foi capaz de reunir energia suficiente para
erguê-lo.

— Uau.

O rosto de Ander estava ligeiramente corado, provavelmente porque ela o


estava quase sufocando, ao empurrar os seios contra seu rosto.
— Eu vou estar muito apertada agora? — ela perguntou, correndo por seu
corpo até estar sentada sobre suas coxas. Ela podia ver que ele estava totalmente
ereto sob o tecido fino da cueca.

— Acho que você vai ficar bem.

Ela desceu a cueca enquanto Ander estendia a mão para pegar o pacote de
preservativo e lubrificante da mesa de cabeceira. Então ela esperou enquanto ele
rolava o preservativo e alisava seu pau com lubrificante.
— Tudo bem — Ander disse, segurando o pênis ereto com uma mão. — Você
ainda quer fazer desta maneira? — Ela balançou a cabeça, hipnotizada pela visão de
sua ereção à espera. — Levante-se e nós vamos nos alinhar. É preciso um pouco de
prática.
Lori ficou de joelhos e deslizou para a frente até que estava acima de seu
pênis. Então abaixou-se lentamente e, com a ajuda de Ander foi se alinhando, até
deslizar sua buceta sobre a sua ereção.

Estava apertado, e levou um minuto para se ajustar e recuperar o fôlego.


Então Ander a ajudou a montá-lo, mantendo as mãos em seus quadris e guiando
seus movimentos.
Ela balançou sobre ele, tentando construir um ritmo agradável e estável, da
maneira que Ander sempre fazia quando estava por cima. Ela não tinha certeza se
estava fazendo muito bem, mas finalmente encontrou um ângulo e velocidade que
pareciam trazer mais prazer.
Lori estava feliz por ainda estar usando a camisola, mesmo que o tecido
estivesse enrugado e molhado nos seios da boca de Ander. Ela sentiu seus olhos
sobre ela, examinando seu corpo e movimento com a provável intenção de lhe dar
os melhores conselhos sobre como melhorar sua técnica. Mas as mãos se
mantinham firmes em seus quadris, e seu rosto estava cada vez mais úmido de
suor.
Depois de mais alguns minutos, Ander moveu uma das mãos sob o tecido da
camisola até encontrar seu clitóris. Quando começou a massageá-lo, a cabeça de
Lori caiu para trás e ela arqueou a coluna.
— Lá vai você — Ander murmurou. — Consegue gozar de novo?

— Sim — disse ela em uma respiração pesada, sentindo como se seus olhos
fossem rolar para trás devido ao sentimento cru da penetração de seu pênis naquele
ângulo e à massagem firme em seu clitóris.
Ela o montou até que que seu orgasmo veio, em seguida, seu corpo saltou e
sacudiu em resposta aos espasmos de liberação. Ela continuou se movendo sobre
ele, mesmo depois de ter gozado, porque Ander ainda não havia chegado lá.

— Você gozou? — Ander perguntou com voz rouca.

Ela piscou.

— Sim. Você não percebeu?

— Pensei que sim. Mas você está sempre tão tranquila. — Ele virou a cabeça
para o lado enquanto seus músculos internos o apertaram involuntariamente. —
Devo?

— Sim. Isso é tudo com que posso lidar esta noite. Goze agora.
Corou, saciada e ridiculamente orgulhosa de si mesma, ela olhou para ele e
intensificou seu movimento, tentando apertá-lo o melhor que pôde, apesar da dor
que ela já podia sentir.

Ander começou a mover-se embaixo dela – não de forma dura ou áspera,


apenas movimentos ascendentes com seus quadris. Em menos de um minuto, suas
costas arquearam um pouco e o rosto se transformou devido ao clímax.
Completamente esgotada, Lori caiu em cima dele ao sentir os pulsar de sua
libertação. Seu corpo estava quente embaixo dela, e ele estava começando a
amolecer deliciosamente. Ela suspirou e agarrou-se a ele, completamente
inconsciente.
— Deixe-me levantar por um minuto para que eu possa cuidar do
preservativo. — Ander disse. — Então posso te abraçar, se você quiser.
Lori saiu imediatamente, estremecendo quando se separou de seu pênis. Ela
puxou as cobertas para se proteger do frio do quarto, mas balançou a cabeça
quando Ander voltou e deu-lhe um olhar interrogativo.
— Não. Eu não quero qualquer carinho falso. Eu agradeço, no entanto.

— De nada.

— Eu não sabia que meu corpo era capaz de se sentir dessa forma — admitiu
ela, feliz por ainda estar acalorada para que ele não a visse corar ainda mais com a
lembrança de sua ânsia sem vergonha.
Ele deu um pequeno sorriso.
— Você pode se surpreender com o que o seu corpo é capaz de sentir.

Isso a fez corar ainda mais. Mas, mantendo sua coragem, ela brincou:

— Nós vamos ter que testar essa teoria da próxima vez.

Ele riu quando guardou lubrificante e DVD em seu estojo.


— Então você quer agendar outro compromisso?

— Definitivamente. Quando você tem vaga?

Ander pegou um smartphone para verificar sua agenda.

— Minha primeira é daqui a duas semanas a partir de amanhã.


— Está ótimo. Me agende. — Ela não conseguia se lembrar de sua própria
agenda, mas percebeu que não havia nada importante o suficiente para fazê-la
cancelar o encaixe mais próximo que ele tinha.

— Você pode reservar com antecedência, se quiser. — Ander ofereceu. — Se


desejar manter compromissos regulares.
Era exatamente isso o que ela queria fazer, mas não tinha certeza se estava
emocionalmente pronta para agendar encontros semanais ou bissemanais com um
acompanhante. Isso significaria sucumbir a este estilo de vida, o que ainda a fazia se
sentir um pouco estranha.
Pelo menos desta maneira, ela poderia decidir sobre o próximo compromisso
em uma base ocasional. E poderia mudar de ideia a qualquer momento sem
seriamente incomodar o Ander.
— Eu vou manter isso em mente — disse ela, sorrindo zombeteiramente. —
Mas por que não estou surpresa de você ter me sugerido isso?
Ele piscou e seu rosto ficou estranhamente quieto.

— O que você quer dizer?

Um pouco surpresa com a reação dele, ela explicou:


— Só que você é um ótimo homem negócios, sempre tentando expandir o seu
negócio.
Ander relaxou.

— Certo.

— Você pode tomar um banho de novo, se quiser.

Ele agradeceu, pegou sua roupa, e depois foi para o banheiro. Lori estendeu-
se na cama enquanto ele tomava banho, pensando que, realmente, iria dormir bem
esta noite. Ela havia passado a noite no quarto do hotel na última vez em que
Ander a deixou, e ela decidiu fazer isso novamente esta noite. Depois de três
orgasmos, ela estava se sentindo incrivelmente relaxada e não havia nada como
dormir até tarde em um luxuoso quarto de hotel.
Quando Ander voltou completamente vestido, ela se levantou e foi se juntar a
ele, perto da mesa.
— Obrigada — ela disse, dando-lhe o envelope com o dinheiro. — Eu quero
dizer exatamente isso. Obrigada por toda sua ajuda.
Ander arqueou as sobrancelhas para o envelope, e discretamente o enfiou no
bolso.

Sua expressão não deixava dúvidas. Ela havia pago por sua ajuda, não tinha
nada que agradecer.
Lori suspirou, embora não estivesse realmente surpresa ou decepcionada. Eles
estavam bem mais amigáveis e descontraídos agora, mas não era como se fossem
amigos. Lori pagou-lhe por seu tempo e atenção, mas sua interação seria sempre
profissional.
Uma pequena parte da mente de Lori disse a ela que era exatamente por isso
que tinha sido capaz de se sentir confortável com ele.
Enquanto caminhava com Ander para a porta, ela perguntou ao acaso:
— Se recusar os tratamentos de cabelo foi uma coisa de rebelião adolescente,
você já pensou em fazer algo sobre isso agora?

Ander franziu a testa.

— Eu pensei que havia dito que gostava.

— Eu gosto. Só estava pensando.

Ele pareceu pensar por um minuto. Em seguida, disse:


— Eu ainda não tenho nenhum desejo de conceder os desejos de meu pai —
respondeu e abriu a porta.
Lori tinha mais perguntas do que antes, mas Ander estava saindo e ela não foi
capaz de perguntar. Ele era um homem fascinante, com sombrias camadas que
estavam apenas implorando para serem descobertas e ainda possuia uma sugestão
tentadora de humanidade sob a suave superfície de máquina de sexo.
Da próxima vez, Lori iria forçar ainda mais. Começar a descobrir mais de sua
história e o que o fazia vibrar.
Ela colocou a cabeça para fora da porta e disse:

— Tenha uma boa noite.

— Você também. — Ander respondeu. — Eu te vejo em duas semanas à partir


de amanhã.

— Eu estarei esperando.
Ela estava ansiosa pelo sexo, é claro, mas também estava tentando encontrar
respostas para o enigma que era Ander.
.Cinco.

Lori lambuzou as pernas com sua loção preferida, antes de colocar um robe
sobre o vestido de seda chinesa de profundos tons vermelhos e dourados que ela
havia comprado em Hong Kong na semana anterior.
Ela retirou um envelope de dinheiro de sua bolsa e colocou-o sobre a mesa no
quarto do hotel, então, ouviu o zumbido de seu telefone celular.

Olhando para o identificador de chamadas, ela atendeu e disse:

— Oi Sabrina.

— Ei você! Então está finalmente de volta, não é? Não se foi para sempre.

Lori havia ligado para a prima tão logo o avião pousou naquela tarde e
deixado uma mensagem dizendo que tinha chegado com segurança.

— Eu só fui por um mês. Não para sempre.

— Bem, pareceu como uma eternidade para mim. Eu acho que você passou
tanto tempo pesquisando lugares exóticos que não sentiu nenhuma falta de mim.
Lori riu. Ela passou quatro semanas em Hong Kong fazendo pesquisa para
seu novo livro e participando de uma conferência internacional de ficção, onde
ministrou um workshop sobre como escrever romance. A viagem tinha sido boa e
ela ficou feliz por ter ido.

Mas se sentiu como se tivesse ido para sempre.


— Então você virá hoje à noite? Eu tenho cerveja e podemos pedir pizza.

— Nós vamos ter que fazer isso amanhã — disse Lori, voltando para o
banheiro para passar uma escova no cabelo.

— Por quê? O que você está fazendo hoje?

Lori corou um pouco quando olhou para sua imagem no espelho do banheiro.
Seu cabelo estava brilhante, caindo em grandes ondas ao redor de seus ombros.
Suas bochechas estavam rosadas e sua pele lisa intensificava as cores vibrantes da
seda e seus olhos estavam cintilando de emoção.
Ela estava tão impaciente que se sentia contorcer, e ainda faltavam 15 minutos
para as sete.

— Eu tenho planos para esta noite — disse ela vagamente, sabendo que sua
evasão nunca iria funcionar.
Após uma breve pausa, Sabrina exclamou:

— Você está indo vê-lo esta noite, não é?

— Sabrina — Lori começou, transformando a palavra em um aviso.

Sabrina, é claro, ignorou.


— Você está! Assim que você aterrisou em Seattle, você correu para os braços
dele!
— Eu não corri para os braços dele — Lori disse, um pouco irritada com as
insinuações de sua prima, uma vez que ela sabia de toda a sua interação com Ander.
— Nós apenas havíamos agendado um compromisso para esta noite.

— Uma hora depois de pousar?

— Duas horas — Lori corrigiu. — E apenas deu certo desta maneira.

— Você continua insistindo que essa coisa não é séria, mas diga-me a verdade.
Você não está tendo devaneios inspirados em Uma Linda Mulher, não é?
— Não! Claro que não. Dê-me um pouco de crédito, eu não sou tola. Eu
gosto dele e gosto do sexo. E vou lhe pagar por seus serviços, não estou fingindo
que é algo romântico. Não é como se estivéssemos juntos. É totalmente
profissional.
— Tudo bem. Acho que acredito em você, e achei essa coisa toda bem legal e
divertida no início, mas fico preocupada de vez em quando. Você não o está
usando como uma muleta, não é?
— Claro que não. — Lori suspirou. Ela sabia que a prima realmente se
importava com ela e que Sabrina não conseguia entender sua relação com Ander só
de ouvir sobre ela de segunda mão. — Estou buscando relacionamentos reais. De
verdade, eu lhe disse que conheci alguém?

— O quê! — Sabrina exigiu. — Quem? Quando? Onde?

Lori riu, contente com a distração e por ter feito essa bomba cair sobre
Sabrina com o máximo impacto.
— Me interrogando como uma repórter verdade. Eu o conheci na
conferência, ele é de Seattle também. É um advogado que virou escritor, você
nunca vai adivinhar quem ele é.

Sabrina hesitou por um momento, obviamente procurando em sua mente


todas as possibilidades.
— Como seria incrível se fosse aquele gostoso do Phil Rothe. Eu o vi em um
programa matinal mês passado, ele usava uma deliciosa calça jeans desbotada, uau!

Lori sorriu contra seu telefone.

— É esse mesmo, ele estava usando calças de brim quando o conheci.

Sabrina gritou em emocionado deleite.


— Eu vou ter que lhe dizer os detalhes amanhã, embora ache que ele está
interessado. Nós conversamos muito e já marcamos um almoço para a próxima
semana, ele também me perguntou se no próximo sábado eu iria com ele a uma
festa beneficente do museu. Já tem algum tempo que não fico animada com
alguém.
— Eu estou morrendo por mais informações, mas vou tentar me conter até
amanhã, só me diga uma coisa. Se você tem este homem quente e viril esperando,
por que está correndo para foder com seu gigolô?
Lori encolheu-se, então, deu de ombros na sala vazia.
— É meio constrangedor, mas eu tenho feito sexo com Ander toda semana,
nos últimos três meses. Contudo, estive fora por um mês, acho que é uma espécie
de hábito.

— Eu entendo — Sabrina riu: — Você está com tesão!

Depois de uma resposta adequadamente sarcástica, Lori desligou. Porém,


sabia que Sabrina estava certa.
Ela estava com tesão, mais excitada do que já esteve em sua vida. Ela tinha
levado seu vibrador para Hong Kong e teve que fazer uso dele quase todos os dias.
Não havia sido plenamente satisfatório no entanto, havia ficado na cama mais
noites do que gostaria de admitir, fantasiando sobre o que faria com Ander quando
voltasse para Seattle.
A verdade era que ela correu de volta para se encontrar com ele novamente,
não tinha certeza se podia esperar outra noite.
Lori havia antecipado tanto aquela noite que já estava molhada, apesar de sua
conversa com Sabrina tê-la distraído. Ela se sentou na cadeira e olhou para o
relógio, que lhe mostrou que ainda faltavam nove minutos para Ander chegar.

Depois, houve uma batida inesperada na porta. Ander chegou milagrosamente,


maravilhosamente, mais cedo.

Lori voou para a porta e a abriu.


Ander parou em a frente ela – magro, polido e bonito em uma camisa azul e
calças pretas sob medida. Ele parecia tão delicioso que ela queria lambê-lo.

Ele sorriu, parecendo genuinamente satisfeito ao vê-la.

— Como foi a viagem?

— Não há tempo para isso. — Lori puxou-o para o quarto e empurrou-o para
a cama, se atrapalhando com os botões de sua camisa. Poucos minutos depois, ele
estava nu e seu bonito vestido de seda chinesa, estava vergonhosamente puxado
acima de seus seios já prontos para Ander abrir a boca e tomar sua carne nua.
Lori agarrou sua cabeça, empurrando sua boca contra o mamilo sensibilizado
com mais firmeza. Ela não conseguia parar de puxá-lo, tentando trazê-lo o mais
próximo possível, senti-lo tanto quanto pudesse. Suas coxas se separaram e suas
pernas o rodearam, ela se contorceu para que pudesse esfregar seu clitóris dolorido
contra a barriga firma.
Para seu alívio, Ander não foi tão delicado como de costume. Sua boca estava
dura e faminta, e suas mãos a buscavam exigentes; os anos de experiência devem
ter aperfeiçoado seus instintos fazendo-o capaz de mudar de humor quando
quisesse, porque aquela urgência ardente era exatamente o que ela precisava,
exatamente o que ela sentia.
Ela se contorcia e o arranhava enquanto ele explorava seu desejo mais
profundo, até que ela não podia mais aguentar.

— Chega, Ander — ela engasgou. — Eu preciso que você me foder agora.

Ele não hesitou. Mal levantando o rosto de seu seio, ele estendeu a mão e
agarrou um preservativo e o lubrificante do criado-mudo. Então finalmente se
levantou.
Seu rosto estava um pouco corado e sua pele úmida de suor quando rolou o
preservativo e o lubrificou.
Lori praticamente gritou de impaciência até que ele abriu-lhe as pernas e
acariciou-a com os dedos. Sem prelúdio, ele afundou dois dedos em seu canal,
massageando o ponto G.

Ela fez um estranho ruído gutural – quase como um ronronar – e arqueou sua
coluna sobre o colchão. Quando ele tirou os dedos de dentro dela, ela tentou se
concentrar o suficiente para decidir que posição queria usar hoje. Eles estavam
experimentando e agora ela tinha várias posições em seu repertório, mas não
conseguiu fazer sua mente funcionar através daquela névoa ardente para entender o
porquê de solicitar Ander esta noite.

Em vez de esperar por sua liderança, ele murmurou:

— Por que você não se vira?

Ela fez o que ele sugeriu automaticamente, seu corpo tenso de emoção. Os
dedos dele permaneceram dentro dela, enquanto ficava de barriga para baixo e a
sensação da penetração, enquanto ela mudava de posição, foi deliciosa e lasciva.
Ander ajustou a mão para se acomodar à nova posição e ela quase gemeu de
prazer quando ele a fodeu ainda mais com os dedos. Inconscientemente, ela
levantou a bunda para lhe dar melhor acesso, então sentiu sua mão livre acariciando
e apertando a carne macia dos quadris e nádegas.
— Oh, Deus! Ander! — ela suspirou, sacudindo a cabeça de um lado para o
outro, sentindo o clímax se avolumando dentro dela. — Eu preciso tanto gozar.

Ele fez um som estranho – um grunhido ou algo assim. Então retirou os


dedos de seu canal molhado. Antes que ela pudesse reclamar sobre a perda dessa
penetração, foi invadida por seu pau.
Ele deslizou para dentro dela com um golpe suave e firme, e ela reprimiu um
grito de prazer ao senti-lo apertado e tentador dentro dela.
Ela conseguiu olhar por cima do ombro para Ander. Ele estava abrindo suas
coxas e segurando sua bunda alto o suficiente para permitir seu acesso, mas a parte
superior do corpo de Lori estava sobre a cama e ela se sentia impotente e
profundamente sexy ao mesmo tempo.
Ela agarrou os lencóis e puxou um travesseiro para que pudesse enterrar o
rosto assim que sentisse necessidade de gritar.
Quando ele começou a investir, sua presença quente, dura e poderosa acima
dela, teve certeza de que precisaria do travesseiro. A pressão do orgasmo já estava
no ponto de ruptura e seu corpo se retorcia e tremia sob os golpes rígidos e firmes.
— Oh, Deus — ela murmurou, enterrando o rosto no travesseiro com a
tensão se quebrando em um forte clímax. Ela sufocou seu grito de libertação que
saiu como um miado abafado. Os tremores de seu orgasmo sacudiram todo o seu
corpo e ela ouviu Ander fazer um som gutural quando seus pulsantes músculos
internos apertaram brutalmente ao redor de seu pênis.

Ele continuou penetrando, porém ela foi capaz de virar a cabeça e puxar o ar
quando as sensações finalmente se estabilizaram.

— Mais — ela rosnou, empunhando as mãos nos lençóis e se preparando para


mais prazer. — Por favor, mais.
Ele não disse nada. Ele não teve que dizer nem uma palavra desde que a pediu
para ficar de barriga para baixo. Mas ela podia senti-lo intensamente em suas costas.
Algum tipo de intensa vibração irradiava dele e batia nela como que instigando a
uma necessidade ainda maior.
Seu ritmo constante e os golpes do membro em seu canal apertado eram
difíceis e quase primitivos, mas ela precisava de muito mais daquilo. Ela tentou
bombear os quadris para encontrar o que ansiava, entretanto, sua posição permitia
pouca liberdade de movimentos.
A pélvis dele batia contra a carne macia de seu traseiro a cada investida e o
som sensual se misturava com o tremor da cama e suas respirações altas e
desesperadas.
Então, ele passou um braço ao redor de seus quadris até que a mão encontrou
sua carne íntima e inchada. Ele friccionou seu clitóris de forma urgente, quase
desajeitada, e o estímulo adicional causou a Lori um engasgar com novas ondas de
prazer.
Ela gozou de novo. Desta vez, não estava preparada por isso gemeu e
choramingou quando atingiu o êxtase, não encontrando coordenação para esconder
o rosto no travesseiro. Quando contorceu o rosto e soluçou em seu segundo
orgasmo, ela ouviu Ander fazer um som áspero, sem palavras, por trás dela.
O ritmo dele ficou subitamente áspero e irregular e os quadris batiam contra
sua bunda impiedosamente. Ele continuou estimulando seu clitóris, e seu corpo
ficou preso nas sensações conflitantes entre a foda e a massagem.
Ela se agitou e estremeceu quando a tensão tomou conta dela novamente. Os
impulsos de Ander eram agressivos e urgentes e ela podia sentir o calor do corpo
dele e ouvir o som quase frenético de sua respiração ofegante.
— Oh, Deus — ela engasgou, arqueando a coluna e elevando a cabeça
involuntariamente para fora da cama. — Vou gozar de novo.

Sem aviso, Ander estava bem atrás dela, em cima dela, em suas costas. Antes
que ela soubesse o que significava, ela sentiu dentes em sua pele quando ele
mordeu seu ombro.
Ela gritou alto – contra o travesseiro para abafar o som – e gozou forte.
Quando seu corpo convulsionou e os espasmos de prazer acabaram, ela estava
consciente da pelve de Ander golpeando contra seu traseiro. Os abafados sons
guturais que ele fez quando chegou ao clímax foram afogados por seu próprio grito
de libertação.
Ela caiu para frente, quando finalmente gozou, seu corpo mole, suado, quente
e deliciosamente saciado. Ela sentiu o peso de Ander em suas costas, sua respiração
quente contra o pescoço e ombro. Por um momento, sentiu-se maravilhada –
como se ele estivesse tão satisfeito quanto ela estava.

— Uau — ela resmungou. — Uau.

Ele resmungou.

— Uau. Isso foi... uau.

Ele resmungou novamente.


— Isso foi... foi incrível, Ander. — Ela nunca havia gozado tão forte em seus
encontros anteriores com Ander. Ela nunca havia gozado tão forte em sua vida.
Então, ela sentiu Ander tirar seu peso de cima dela e em seguida, puxar o
pênis de seu canal ainda apertado. Ele tropeçou até o banheiro para cuidar do
preservativo e ela ouviu a água correr. Ele ficou fora por muito mais tempo do que
o normal e ela começou a se perguntar se havia algo de errado com ele.
Ele não parecia muito consigo mesmo hoje, ela percebeu. Não falou muito e
não tinha sido tão lento e atento como normalmente.

Talvez estivesse tendo um dia ruim. Ele parecia estar no sexo, mas ela achou
que ele poderia não estar se sentindo como o mentor paciente e cuidadoso das
outras noites. Além disso, ela estimulou a ambos com urgência esta noite.
Ela esperava que ele não estivesse chateado com alguma coisa. Odiaria ter tido
esse momento maravilhoso se ele estivesse preocupado com outra coisa.
Quando ele finalmente voltou, estendeu a mão para pegar a cueca, como de
costume, antes de se estender na cama ao lado dela.
Ela estudou seu rosto, mas ele não revelava nada além de sua típica
compostura tranquila.

— Você está bem?

Ele piscou, claramente surpreso com a pergunta.


— É claro. Você?

Ela lhe deu um sorriso torto.

— Eu estou muito bem.

— O sexo foi bom? — Ele perguntou, seus olhos afiados e atentos, como se
estivesse procurando algo em sua expressão.

Agora Lori estava incrivelmente confusa.

— Hum, sim. Você não sentiu falta disso? Tudo foi muito além da realidade.

Seu rosto relaxou um pouco.


— E você... você gozou o suficiente?

Lori franziu a testa. Certamente ele não estava tão distraído que sequer tinha
prestando atenção à maneira como ela gostou do sexo e seus orgasmos múltiplos.
Ela sabia que a relação deles era profissional, mas não gostaria da ideia de seu foco
estar em outro lugar. Na verdade, isso a incomodaria muito.

— Sim. Três vezes é muito bom, isso não é suficiente para o seu ego?

Ander relaxou ainda mais sua expressão. Até sorriu para ela.

— Meu ego está ótimo. Obrigado.

Ele parecia mais natural agora, então ela esperava que tivesse sido apenas uma
distração temporária. Ela certamente não queria Ander desmaiando sobre ela como
um herói trágico de romance, mas odiava a ideia de que ele estivesse passando por
movimentos vazios com ela, eles não estavam apaixonados, não eram nem mesmo
amigos, mas se davam muito bem e ela esperava que talvez ele pudesse desfrutar de
um pouco de sexo com ela.
— Então, como foi a viagem? — Perguntou ele, virando-se de lado do jeito
que ele sempre fazia quando eles conversavam entre as rodadas de sexo.
Mais confortável agora que haviam caído em sua rotina normal, ela falou com
ele por um tempo. Disse a ele sobre sua pesquisa em Hong Kong. Parte dela sabia
que precisava tomar cuidado ou ele descobriria quem ela era quando seu próximo
livro fosse lançado. Ainda assim, ela não podia deixar de compartilhar algumas das
histórias engraçadas e petiscos interessantes que ela descobriu.

Enquanto conversavam, ela percebeu que não tinha sentido falta apenas do
sexo. Tinha sentido falta de suas conversas. De suas irônicas e inteligentes
perspectivas, e de seu discreto humor seco.
Quando ela perguntou a ele sobre seu mês, ele não lhe deu nenhum detalhe.
Ele nunca o fazia, mas citou alguns livros que havia lido e uma viagem que havia
feito a Martha’s Vineyard. Ela assumiu que a viagem foi parte de um trabalho, mas
evitou pedir informações sobre isso. Ela realmente não queria saber quem o havia
contratado para a viagem de fim de semana ou o que fizeram juntos.
— O que você achou desta última posição? — Ander perguntou, depois de
terem caído em silêncio amistoso após uma longa conversa.
— Boa, obviamente. — Lori inclinando-lhe um sorriso irônico. — Ela é a
favorita dos homens?
— A entrada traseira normalmente é.

— Eu acho que dá a um homem um entusiasmo estilo homem das cavernas.

Ander arqueou uma sobrancelha para ela.


— Eu imagino que sim.

Genuinamente curiosa, perguntou:

— Você já teve esse entusiasmo homem das cavernas?

Ele estava olhando para o teto agora e, com a pergunta, soltou uma risada
ligeiramente amarga.

— Não acho que há muito de homem das cavernas em mim.

Lori franziu o cenho, se perguntando o que isso significava. Considerando se


ele havia crescido tão cosmopolita, culto e cínico como apresentava sua superfície –
sem possuir uma essência, paixões inatas ou uma causa.

O pensamento a deixou um pouco triste.


Ela nunca falou muito sobre seu passado, além do pouco que havia dito sobre
seus pais e da perda de seu cabelo. Várias coisas que ele disse insinuava que ele
tinha nascido rico. Ela sabia que ele havia feito faculdade e até mesmo pós-
graduação. E sabia também que foi o amargo relacionamento com o pai que o
empurrara para essa profissão.
Ela não sabia se suas escolhas de vida foram atos de vingança ou desespero.
Talvez fosse ambos.

— Eu tenho certeza que você pode agir como homem das cavernas muito
bem — disse ela casualmente, percebendo que seus olhos estavam descansando
sobre ela e não querendo que ele soubesse o que ela estava pensando.

— Claro que posso. Está interessada em quê?

Ela zombou dele.

— Quantas vezes tenho que dizer que eu não quero fingir nada com você?

Ander deu de ombros.

— Só perguntando.

— Eu sei o que você pode fazer, e faz muito bem. Então, o que você não faz
com suas clientes? — Lori inquiriu aleatoriamente, nem sabia o que impeliu essa
questão.
Erguendo as sobrancelhas, ele perguntou:

— Procurando expandir seu repertório?

Lori riu.
— Não. Estou muito feliz com o que temos. Estava apenas curiosa, existem
coisas que você se recusa a fazer como parte de seus serviços?

— É claro.

— O que seriam elas? — Quando Ander hesitou, ela acrescentou: — Pode ser
bom saber, para que eu não peça nenhuma delas.
— Duvido que isso venha a acontecer. Eu sou muito bom em avaliar as
pessoas, você não se encaixa em qualquer uma das coisa que não faço. — Ele falou
facilmente, naturalmente e parecia relaxado e lindo estendido sobre a cama
vestindo apenas uma boxer de seda.
Lori se perguntou se estava ou não desconfortável dele conhecer tanto de seu
íntimo – ou pelo menos, tanto quanto ele acreditava conhecer.
— Então você realmente não vai me dizer?

— Eu não atendo homens — ele começou.

Lori piscou. Não era o que ela esperava que ele começasse.
— Eles vem a mim — ele explicou, seu olhar vazio. — Não tanto agora, já que
só trabalho através de referências. Mas eu costumava ter um monte de pedidos. —
Ele balançou a cabeça. — É apenas uma preferência pessoal. Eu só trabalho com
mulheres.

Lori assentiu, de alguma forma satisfeita em ter algo assim sobre ele, embora
tenha reconhecido que sua satisfação era irracional.

— O que mais?

— Eu não faço sexo a três, até permito que um terceiro assista, mas não que
participe.

— Por que não? E se ambas forem mulheres?

O lábio Ander deu um puxão quase imperceptível. O primeiro desta noite.


Ter visto isso a deixou feliz.

— Honestamente, um trio dá muito trabalho, é muito difícil se concentrar o


suficiente em duas mulheres ao mesmo tempo. Eu invisto um monte de
pensamento e concentração em cada trabalho e não posso trabalhar de forma tão
eficaz se minha atenção está dividida entre duas mulheres.
— Interessante. — Ela estava começando a se sentir um pouco estranha agora.
Ela não pode evitar se perguntou quanto trabalho e foco Ander precisou para fazer
seu trabalho com ela. Ela esqueceu a preocupação tola e instou: — O que mais?
— Não faço sexo anal.

— Por que não?

— Por uma série de razões. Requer um monte de tempo e esforço para tornar
o ato confortável, e é mais bem feito com um nível de confiança que não existe
entre mim e um cliente. Eu forneço romance e a logística do anal tende a estragar o
clima. Além disso, é muito problemático com o preservativo.

— É mesmo?

Ander assentiu e soltou um suspiro.


— A possibilidade de estourar é muito maior com anal. Nem mesmo o preço
mais alto que eu poderia cobrar faz valer a pena o risco.

Lori não precisou pedir que ele continuasse. Ele mesmo prosseguiu:

— Eu não faço S&M. Não há uma demanda alta para isso – com minhas
clientes, pelo menos –, esse não é um dos meus talentos. Eu me recuso a fazer
qualquer coisa que cause algum potencial dano físico. Nada de chicotadas,
açoitamento, bondage significativa, inviabilização de vias aéreas.

Lori o olhou. Ele não olhava para ela, mas seu rosto estava perfeitamente
sóbrio.
— Não vale a pena o risco para mim — explicou. — Obviamente, eu seria o
mais cuidadoso possível, mas não posso garantir que não haveria acidentes ou
golpes de sorte. Como eu disse, não há grande procura de qualquer maneira com
minhas clientes. Elas estão procurando por fantasias românticas, em sua maioria.
Então, eu não faço nada além de amarrações com seda por um período de tempo
limitado e uns tapas ocasionais.
— Huh — disse ela, refletindo sobre o que ele lhe disse. Ela honestamente
teve visões dele realizando todos os tipos de atos desprezíveis de depravação e não
tinha certeza do que fazer com a explicação calma e racional de suas escolhas
profissionais.
— Você está decepcionada com minhas maneiras convencionais? — ele
perguntou, com outro tremor nos lábios.
Ela riu.
— Não ria de mim. Eu nunca pensei sobre isso antes. E não o culpo por ser
tão cuidadoso quanto possível. Você está feliz em ser capaz de escolher apenas o
que é confortável para si mesmo.

— Sim. Nisso, eu sei que tenho sorte.

Uma suavidade entremeou no humor de ambos com o seu comentário, e os


pôs em silêncio por alguns minutos.
Então, ela perguntou:

— Alguma de suas clientes já se apaixonou por você?

Seu rosto ficou estranhamente quieto.

— Por que você pergunta?

— Não sei. Eu só queria saber. Você é um homem muito atraente, e


realmente bom de cama. E costuma representar um papel romântico, se eu entendi
corretamente. Deve ser difícil para algumas de suas clientes separar a fantasia da
realidade. É por isso que eu prefiro assim. — Ela apontou entre seus corpos para
provar seu ponto. — Mantém as coisas claras.
Ander balançou a cabeça lentamente, não encontrando seus olhos.

— Sim. Algumas de minhas clientes têm se apaixonado por mim, ou pelo


menos se apaixonado pela fantasia que eu lhes ofereço.

— O que você faz?

— Nada, a não ser que se aproximem de mim fora de nossos encontros


profissionais. Se elas fizerem isso, eu já não faço negócios com elas.
— Você já foi perseguido por clientes que se recusaram a terminar as coisas?

— Sim. Duas vezes.

Lori respirou, embora ela pudesse ver como isso pode acontecer.

— O que você fez?

— A família da primeira mulher interveio e conseguiu ajuda psicológica. A


segunda mulher foi presa quando tentou me matar.

Ofegante, novamente, ela endireitou-se na cama.


— Ela tentou matá-lo?

Ander assentiu, mas seu rosto estava fechado, então ela não o forçou a
continuar o resto da história. Às vezes, ao longo dos últimos meses, ela o tinha
forçado muito e Ander havia se fechado e já não era genuíno com ela pelo resto da
noite. Ela teve cuidado agora.
— Você já foi preso? — Perguntou ela, propositadamente mudando de
assunto.

— Não.

Lori olhou para ele, seu olhar duvidoso.


— Eu sou extremamente cuidadoso — explicou. — E agora só trabalho
através de referências. Além disso, faço minha pesquisa sobre todas as novas
clientes, antes de discutir termos de qualquer espécie. — Quando Lori concordou,
ele ergueu as sobrancelhas novamente. — Algo mais para esta pequena inquisição?
— Desculpe — disse ela, sorrindo tristemente. — Eu sou apenas curiosa e não
sei nada sobre esse assunto.
— Você realmente não precisa saber tudo a fundo para os nossos encontros
serem bem sucedidos.
— Bem — disse Lori, elevando o queixo por causa do seu tom altivo e frio. —
Eu quero saber.

Os lábios de Ander se contraíram.


Ela fez uma careta para ele, embora não estivesse realmente irritada com sua
diversão óbvia. Ele realmente era irresistível quando reprimia o sorriso assim, e
apenas ocasionalmente, mostrava-lhe o sorriso sensual e polido que ela desprezava.
Seus olhos foram para seu peito nu, demorando-se sobre os músculos tensos
de seu ventre. Sua cueca estava bem baixa em seus quadris magros e ela achou o
cós estranhamente tentador.
Aleatoriamente, ela se perguntou o que ele faria se ela puxasse sua cueca para
baixo sem aviso. Ela foi atingida por um impulso irresistível de fazê-lo.
Mas resistiu. Tal gesto parecia muito presunçoso e íntimo para a natureza de
seu relacionamento. Não era como se eles fossem um casal em que tal ato
brincalhão e de provocação seria natural.
Quando seus olhos se voltaram para o rosto dele, ela pegou seu olhar sobre
seu próprio corpo e rosto. Ele estivera olhando de soslaio para ela do jeito que ela
havia olhando para ele? Seus olhos se ajustaram rapidamente, concentrando-se em
seu rosto com um sorriso casual, mas ela se sentia estranhamente acanhada e olhou
para si mesma. Seu bonito vestido de seda estava enrugado e desarrumado. Seus
seios estavam cobertos mas o vestido justo não lhes dava apoio, como um sutiã
daria. Sua barriga estava em ordem, mas seus quadris e bunda tinham mais curvas
do que ela gostaria.
Era bom pensar que ele a estava admirando com deslumbramento, mas ela
não estava totalmente convencida.

Todas estas reflexões foram lhe dando ideias definidas, no entanto. Ela rolou
os olhos para o relógio e ficou aliviada ao ver que não eram 10 horas ainda.
Eles tinham um monte de tempo. Ela já teve três orgasmos incríveis esta noite
e teria este homem lindo e talentoso à sua disposição por mais duas horas. Havia
muito tempo para mais.
Ela sorriu para ele, sentindo-se extremamente satisfeita consigo mesma.

Ander riu.

— Por que de repente eu me sinto como um pedaço de carne?


Lori também riu e espontaneamente rolou para cima dele, amando a sensação
de seu corpo, duro e magro debaixo dela. Ambos estavam sorrindo agora, e seus
olhares se encontraram e permaneceram.

Algo quente encheu seu peito quando eles sorriram um para o outro e ela
inclinou-se, inconscientemente, antes de parar com um suspiro.
Ela não estava totalmente certa, mas pensou que poderia tê-lo beijado. Sem
ter qualquer intenção de o fazer.
Era inevitável, supôs. As linhas em um relacionamento como o deles eram
obrigatoriamente um pouco imprecisas. No geral, ela estava fazendo um bom
trabalho mantendo as coisas em perspectiva. Um novo acordo não era o fim do
mundo, de modo que ela não deixaria isso incomodá-la.
Mas seu coração estava batendo dolorosamente quando olhou para Ander.
Seus lábios se separaram um pouco e a expressão nos olhos azul-acinzentados foi
de quente e profunda para um pouco confusa.
Distraída pela memória do que ele dissera um minuto antes, ela franziu a testa
e perguntou:

— Eu não vou realmente fazê-lo sentir-se como um pedaço de carne, vou? —


Ela ainda sofria, ocasionalmente, de culpa por tomar parte na prostituição, mesmo
em um contexto como este, e ela realmente não queria individualizar Ander mais
do que sua profissão poderia fazer.

As sobrancelhas dele se juntaram e o sorriso desapareceu de seus lábios.

— Não, você não.

— Bom — Ela só levou um minuto para recuperar seu brilhante humor e


excitação. Então sorriu para ele novamente e acariciou seu peito com as palmas das
mãos. Ela montou seus quadris e passou alguns minutos a explorar seu corpo e
tentar descobrir que tipo de carícias dariam mais prazer a um homem.
Apesar do número de vezes que ela e Ander tiveram sexo, ela geralmente
tinha recebido mais do que dado.
Depois de alguns minutos de afagos e carinhos – e alguns beijos
experimentais em seu peito e abdômen – ela podia sentir Ander tenso embaixo
dela. Os músculos de sua barriga e coxas estavam visivelmente retesados, ela sentiu
uma emoção estranha por ter a capacidade de causar tal resposta em um homem
frio e composto como Ander.
Ele a estava deixando fazer isso, e não estava nem perto de perder o controle.
Mas ainda assim...

Ela podia ver a crescente ereção sob o tecido liso da boxer – definitivamente,
estava mexendo com ele.
A menos que ele estivesse apenas fazendo sua coisa mental e tentando afirmar
sua autoconfiança.
Ela franziu o cenho para esse pensamento, mas enquanto suas mãos tocavam-
no na cintura com uma pergunta silenciosa e ele acenou com a cabeça em silêncio,
ela teve dificuldade em acreditar que tudo era uma encenação. Ele estava suando de
novo e seu corpo estava visivelmente tenso. Quando ela gentilmente puxou a
cueca, seu pênis estava quase totalmente ereto.
— Posso? — Ela perguntou, limpando a garganta quando sua voz se quebrou.
Ela nunca o havia acariciava intimamente antes. E sempre se perguntava se isso
estava ou não fora dos limites, a menos que pagasse um boquete.
Ele acenou com a cabeça novamente, havia algo silencioso e intenso em seu
olhar. Seus olhos estavam focados no rosto dela, mas eles desceram para onde
estavam suas mãos, ao redor de sua ereção.
Ele tomou uma respiração afiada quando ela sentiu e apertou firmemente seu
eixo quente. O pênis endureceu ainda mais sob seu toque.

Suas respostas sutis a foram decompondo com uma velocidade notável, ela se
mexeu um pouco, desconfortavelmente excitada, apesar do sexo que tivera não
havia muito tempo.
Ela acariciou e explorou seu eixo e bolas por vários minutos, até que estava
quase se contorcendo de excitação e Ander estava tendo problemas ali deitado. Ele
continuou se ajustando ao toque, movendo os quadris ou os braços. Seu corpo
havia se apertado como um punho, mas ele não tinha falado nada e não se afastou.
— Pronta? — ele perguntou quando ela soltou as mãos, deixando seu pênis
descansar em seu baixo ventre. Sua voz era grossa.

— Sim.

Ele sentou-se e a posicionou de costas.


— Preliminares? — ele perguntou, suavemente empurrando a seda chinesa
escorregadia até descobrir suas coxas e quadris.

Ela balançou a cabeça contra o travesseiro.


— Isso foi o suficiente para mim. Você pode transar comigo agora.

Ele olhou para ela por um minuto, e ela não conseguiu entender a intensidade
de sua expressão. Então, ele pegou outro preservativo e o lubrificante e ela não
deixou a questão distraí-la do que era mais urgente.
— Você quer tentar uma nova posição? — ele perguntou, com a voz mais
natural do que quando perguntara sobre as preliminares.
— Claro. O que você tem em mente? — Ele nunca a guiou a uma posição
desconfortável ou degradante. No início ela ficou um pouco envergonhada, mas
eventualmente, sempre gostava de cada nova posição.
Ele ficou de joelhos entre suas pernas, as coxas dela se separaram ainda mais,
então, ele ergueu seus quadris levemente, e deslizou lentamente dentro dela.
Ela sentiu-o profundamente nesta posição, e suas pernas estavam um pouco
soltas e desajeitadas, penduradas em cada lado de seu belo corpo. Ela estava feliz
por ainda estar usando seu vestido, porque parecia que o excesso de carne exibido
na barriga não seria atraente. A penetração foi muito boa, embora ela gostasse
quando podia ver claramente o corpo e a expressão de Ander.

Ela respirou fundo e relaxou como Ander havia lhe ensinado e ela sentiu o
prazer em espiral em seu primeiro impulso.
Ele começou devagar, tomando seu tempo. Ela tentou se mover com ele,
apesar dele ter mais controle sobre sua pélvis do que ela. Após vários minutos
agradáveis, ela finalmente sentiu um clímax crescente no seu centro. Sua
movimentaçao cresceu um pouco e ela esticou os braços e empunhou os dedos
dele.

— Como é que está? — Ander perguntou, sua voz grossa novamente.

— Bom — ela murmurou, sacudindo a cabeça um pouco. — Vou gozar.

Seu ritmo acelerou nesse momento e seus quadris trabalharam


incessantemente entre suas coxas. Sua expressão era tensa, quase rígida e seus olhos
nunca deixaram o rosto dela.
O prazer cresceu e Lori tornou os movimentos mais desajeitados e frenéticos,
as mãos se agarraram desesperadamente à cabeceira da cama, a cabeça e os quadris
se moveram inquietos. Depois de mais alguns minutos, ela gozou com um gemido
abafado e um arquear dramático de suas costas.

Ander sugou uma respiração audível com o apertar de seus músculos internos
em seu pênis, mas seu ritmo não vacilou. Ele continuou investindo através das
contrações, continuando mesmo depois que seu corpo havia suavizado, então ele
moveu a mão para o local onde seus corpos se juntavam para que ele pudesse
friccionar seu clitóris.

À medida que os minutos passavam e ele a fodia num ritmo constante e


agradável, o corpo de Lori se manteve respondendo com entusiasmo e sem
vergonha. Ela gozou de novo e então novamente e então novamente. Ela tinha
vontade de gritar depois de um tempo, mas engoliu cada grito de libertação.

Eventualmente, seu corpo estava encharcado de suor e doendo de exaustão,


mas ela ainda queria mais. Ela estava dominada por um desejo profundo por
Ander, por seu corpo e pelo prazer que ele lhe dava. Ele não mostrou sinais de
vacilar ou perder seu controle, estava suando demais – fluxos de suor escorriam
pelas laterais de seu rosto e no meio do peito. Ele ainda estava firme como um
punho.

Mas seus olhos estavam inabaláveis, fixos em seu rosto, e o movimento de


seus quadris era incessante.
— Oh, Deus — ela engasgou após o quarto orgasmo. Seu corpo se contorcia
desesperadamente, mas ele segurou seus quadris firmemente com uma mão forte.
— Você está me matando.

— Está demais? — ele murmurou, as palavras pareciam estar presas em sua


garganta. Ele ainda estava massageando seu clitóris e o pedaço de carne estava tão
sensível agora que era quase doloroso.
— Não. Quero gozar de novo. — O corpo dela estava começando a tremer
com outro clímax surgindo em resposta ao estímulo. — Mais rápido. Por favor.
Ander intensificou seu empurrão e o prazer abriu caminho. Ela fez
involuntários sons quando gozou mais uma vez, mesmo tendo tentado morder o
lábio para contê-los.

Com um irritado murmúrio ofegante, Ander mudou as posições, de repente,


inclinando-se e apoiando os braços de cada lado dela. A mudança mudou o ângulo
da penetração, e o clitóris Lori foi finalmente libertado, mas agora tudo o que podia
sentir era Ander acima dela – o calor de seu corpo trêmulo a sobrecarregando e a
afogando.

Ele geralmente parecia tão frio e contido. Como poderia gerar tanto calor?

Ele ainda estava se segurando, mas ela queria que ele se soltasse.

— Goze agora — ela disse fracamente, seus braços agarrando-lhe o pescoço.


Ele inclinou a cabeça, talvez num aceno, talvez apenas uma contração de seu
pescoço. Sua boca era tão apertada agora que seus lábios estavam brancos e o suor
de seu corpo se espalhava sobre o dela. Ele caiu de ritmo, bombeando duro e
rápido.

Ela pensou que iria apenas desfrutar o orgasmo dele, mas a agitação de seus
corpos e a forma como o seu pau a penetrava levou-a ao clímax mais uma vez.
— Oh, Deus — ela suspirou, arranhando seu pescoço e ombros. Ela não
podia parar, mesmo sabendo que estava deixando arranhões em sua pele.

Ele resmungou e ela percebeu que era uma pergunta.


— Gozando de novo. — Seu corpo apertou-se e ela tentou respirar como ele a
ensinou. Ela não conseguia, sequer, tomar uma respiração completa.
Ela conseguiu envolver as pernas em torno dele, apertando-o com os braços e
as pernas. Seu orgasmo estava muito, muito próximo e o corpo de Ander, quente e
urgente parecia delicioso contra a dela.
Ela gritou sem fôlego, quando a tensão quebrou-se em seu interiore Ander se
deixou ir ao mesmo tempo. Enquanto ela se deixava levar pelas ondas de prazer,
estava consciente de Ander liberando um som alto e gutural em seu ouvido. Seus
quadris se sacudiram e seu corpo parecia pulsar quando seu próprio clímax o
atravessou.

Ela caiu de costas na cama com Ander em cima dela. Ela estava encharcada de
suor, e instável de fadiga, e sobrecarga de sensações. Seus olhos, garganta e
pulmões estavam queimados e ela se sentia dolorida pela fricção de seu pênis e
alongamento dos músculos de seu estômago.

Sua carne íntima parecia inchada e ainda pulsava com um prazer dolorido.
— Oh, Deus — ela engasgou. Então acariciou a pele do pescoço ombros e
costas de Ander, onde havia arranhado. — Oh Deus.
Ander grunhiu, respirando fundo e muito rápidamente contra a curva de seu
pescoço.
— Oh Deus, isso foi bom — disse ela. Seu corpo ainda estava irradiando
calor, mas havia suavizado deliciosamente com o extravasamento de tanta tensão.
Quando ele não respondeu, ela acrescentou: — Você está bem?

— Sim. — Ele ajeitou os braços, levantando de cima dela. Em seguida,


segurou o preservativo no lugar quando tirou seu pênis com um som de lambida.
— Eu já volto.
Mais uma vez, ele foi para banheiro para eliminar o preservativo. E mais uma
vez, ela ouviu a água corrente e pensou que ele permaneceu lá mais que o normal.

Quando ele finalmente voltou, não foi para a cama. Ela estava um pouco
desapontada, uma vez que ainda tinha mais de meia hora com ele. Não que ainda
pudesse ter sexo hoje à noite, mas eles sempre tiveram suas conversas depois.
Ela conhecia Ander o suficiente para saber que ele estava pronto para sair.
Não que ele tenha dito isso, ela o pagava até a meia-noite, mas entendeu a pergunta
em seus olhos quando ele ficou olhando para ela.
Ela estava, na verdade, um pouco magoada. Eles tinham feito sexo e foi
incrível, mas agora ele não podia esperar para se livrar dela.
Talvez ele estivesse cansado, talvez tenha tido um dia ruim. Ela gostava e
respeitava-o demais para fazê-lo ficar só porque ela, tecnicamente, tinha mais meia
hora de tempo comprado.
Com um sorriso, ela disse:
— Você pode tomar um banho, se quiser. Eu tive tudo o que posso aguentar
por esta noite.

Ele agradeceu e retirou-se para o banheiro com suas roupas.


Lori suspirou e disse a si mesma para ser razoável, não havia nenhuma razão
para ficar com seus sentimentos feridos. Este era um negócio para ele, enquanto
estivesse convencida de que ele gostara do sexo, não havia nenhuma razão para ele
ficar depois só porque ela queria refletir sobre o quão bom havia sido.
No momento em que ele saiu de novo, fresco, composto e totalmente vestido,
ela se sentiu bem novamente. Teve duas rodadas de sexo incrível e orgasmos
bastante poderosos. Ela definitivamente precisava de um banho para se refrescar e
lavar-se, mas depois disso, ela seria capaz de apreciar seus climax e ter muito tempo
para uma noite de sono em uma cama confortável.
E amanhã era sábado, ela poderia se instalar novamente em casa e sair com
Sabrina.
Além disso, ela tinha um almoço na quarta-feira e outro encontro no próximo
sábado com um homem bonito e elegível. A arrecadação de fundos deveria ser
divertida com um monte de ricos, pessoas importantes com quem se misturar e se
divertir. Ela teria que ir às compras com Sabrina para encontrar um vestido novo e
sexy. Phil Rothe era realmente lindo; com toda a prática e experiência que havia
tido recentemente, ela não seria tímida ou teria medo de sexo, então, finalmente
existia potencial para levar um homem a sério.

Ela não tinha nada para reclamar.

Quando saiu da cama, tropeçou, em choque, pela dor aguda entre as pernas.
— Tudo bem? — Ander perguntou, olhando-a com preocupação.

— Claro — ela admitiu. — Nós tivemos um monte de sexo esta noite.

Ele riu, e ela ficou aliviada ao ver que ele parecia relaxado novamente.

— Tivemos sim.

— Foi muito bom — disse ela, entregando o envelope de dinheiro para ele. —
Eu não sei o que deu em mim.

Seu olhar era cuidadoso e atento, embora ele ainda sorrisse quando colocou o
dinheiro no bolso sem contar.

— O que quer dizer?

— Quer dizer, eu era... era como um animal. — Ela corou enquanto pensava
sobre sua falta de vergonha. — Espero que eu não ter arranhado muito você.
— Não arranhou. — Um canto de sua boca se contorceu. — Eu acho que o
animal se adaptou bem.
Seu comentário foi inteligente e irreverente, mas a fez corar novamente. Desta
vez de prazer.

— Então, nos vemos em uma semana a partir de segunda-feira?

— Sim — ele disse quando arrumou seu estojo. — Eu já agendei.

— Ótimo. Eu estarei esperando. — Ela caminhou até a porta e encostou-se


nela quando ele saiu do quarto. — Tenha uma boa semana.
— Você também.

Lori assistiu Ander caminhar pelo corredor em direção ao elevador, e teve


que se perguntar pelo que estava mais ansiosa: seu primeiro encontro com um
homem elegível com quem ela poderia ter um futuro ou seu próximo compromisso
com Ander?
.Seis.

— Eu estou dizendo a você — insistiu Lori, tentando bravamente não rir, e


assim, acabar derramando seu champanhe. — Ele não estava olhando
disfarçadamente para o meu decote.
Phil Rothe – magro, moreno, sexy e vigoroso com seu jeans desbotado e
muito bronzeado – deu-lhe um sorriso jovial.
— Negue tudo o que quiser, eu sei onde os olhos dele demoraram e não foi
em seu colar. Ele se animou ainda mais quando eu lhe disse que você escrevia
romances sensuais sob um pseudônimo.
Lori, inconsciente, moveu a mão para seu pingente de jade numa corrente de
ouro que ela havia combinado com seu vestido de noite verde profundo.
— Phil, ele tem cerca de cem anos de idade! É o presidente do conselho do
museu!
— Até mesmo prestigiados museus têm em suas placas homens pervertidos —
Phil murmurou, movendo o braço em volta de sua cintura enquanto caminhavam
para fora do elegante salão de baile, onde as pessoas ricas e bem-vestidas estavam
agrupadas, e indo para o grande corredor que levava às salas que exibiam as obras
de arte que estavam sendo apresentadas hoje à noite. — Ele definitivamente estava
olhando sorrateiramente para seu decote e, já que você escolheu usar esse vestido,
não posso ficar surpreendido.

Fungando com desdém, Lori deu-lhe um olhar zombeteiro. Ela e Phil tinham
ido almoçar a alguns dias e se divertiram muito. Até agora o encontro para a
arrecadação de fundos do museu tinha sido um sucesso também, Phil era
inteligente, engraçado e bonito e ela gostava de seu jeito decisivo e humor rápido.
Ela até gostava de seus livros.

— Este vestido mostra apenas uma quantidade perfeitamente respeitável de


diversão.
Os olhos de Phil demoraram deliberadamente no vinco profundo e na sombra
do decote de seu vestido. Mesmo não sendo tão revelador, era o vestido mais sexy
que ela já possuiu. Ele levantou as sobrancelhas escuras e falou pausadamente:
— É.

Ela riu e fez uma parada no meio do corredor, próximo a um enorme espelho
cercado por uma elaborada moldura dourada. Uma rápida olhada no espelho
mostrou-lhe que ela parecia bastante agradável esta noite, com o cabelo puxado
para cima e um pouco mais maquiada do que normalmente; ela torceu o pescoço
um pouco para ter certeza de que não havia mais qualquer marca no lugar onde
Ander havia mordido na semana anterior.

Ela estava um pouco surpresa por Ander não ter pedido permissão antes de
mordê-la, mas ela não tinha, realmente, se preocupado com a contusão. Ainda
evocava lembranças muito agradáveis, no entanto, estava contente por a marca ter
desaparecido a tempo para esta noite.

Ela lançou um olhar provocante sobre Phil.


— Obviamente, os idosos presidentes de conselho de museus, não possuem
direitos exclusivos para os olhares pervertidos.
Phil deu um passo para mais perto dela.

— Quem exatamente você tem em mente?

Sentindo-se emocionada por sua óbvia atração, Lori deu um passo para trás.
— Eu tinha em mente um certo jovem e presunçoso advogado, que adquiriu
recentemente, uma insígnia de escritor.
Com uma risada baixa, Phil a empurrou suavemente contra a parede do
corredor. A maioria dos convidados ainda estavam no salão de baile, onde o
discurso de boas vindas tinha acabado de ser feito.

— Culpado da acusação — ele disse em uma voz rouca.

Então pegou o rosto dela entre as mãos e a beijou.


Lori não tinha muita experiência, mas suspeitava que Phil era um beijador
muito bom. Sua boca se moveu com facilidade e confiança contra a dela quando ele
suavemente lambeu a linha de seus lábios.
Ele a beijara muito brevemente após seu almoço na quarta-feira, mas este
beijo estava, rapidamente, se tornando algo mais. Ela se abriu para ele,
inconscientemente e colocou os braços ao redor de seu pescoço, enquanto ele
pressionou a linha dura de seu corpo contra o dela.
Eles se beijaram por mais tempo e mais profundamente do que
provavelmente era sábio no meio de um salão em um museu abafado onde estava
havendo uma arrecadação de fundos. Mesmo não sentindo qualquer desejo sexual
urgente, Lori estava nervosa e sem fôlego quando ouviu vozes do outro lado do
corredor e se afastou.

Um homem mais velho e uma mulher passeavam pelo salão, dando ao casal
corado, e ainda entrelaçado contra a parede, um olhar muito desaprovador.

Lori sufocou uma risadinha e compartilhou um olhar de culpa com Phil, que
ainda tinha uma mão em sua cintura e a outra na parte de trás de sua cabeça.
Então seus olhos se desviaram para o salão de baile, novamente, para ver
quem mais os tinha visto ela naquela posição tão vergonhosa.

Sua risadinha teve uma morte súbita.


Ander estava mais ou menos na metade do corredor, congelado no lugar,
olhando para ela com uma intensidade que lhe tirou o fôlego. Ele levava duas taças
de champanhe nas mãos, mas seus olhos estavam fixos no rosto dela.
Lori também congelou, desorientada, como se um choque a tivesse
atravessado. Ela tinha feito um bom trabalho em compartimentar suas sessões com
Ander – permitindo que um não tivesse nada a ver com o resto da vida do outro,
desfrutando-as com uma indulgência inofensiva.

Mas as barreiras entre suas interações com ele e o resto de sua vida haviam
sido abrupta e ferozmente arrancadas.
Ela estava em um encontro com Phil. Um bom encontro. Algo que ela não
experimentava há um longo tempo e tinha fodido com Ander exatamente há uma
semana atrás, em um luxuoso quarto de hotel. Transou com ele duas vezes, ele a
fez gozar uma e outra vez. E ela havia lhe pagado no final da noite.
E os dois homens estavam agora no mesmo corredor.
Suas bochechas queimaram tão furiosamente que ela sabia que sua pele havia
inflamado. Ela ficou inquieta até que Phil deixou os braços cairem e deu um passo
para trás. Ele estava olhando para Ander com curiosidade.

— Um amigo seu?

Lori não tinha absolutamente nenhuma ideia do que dizer.


Ela foi salva de responder à pergunta pela chegada da mulher que deveria ser
o encontro de Ander naquela noite. Lori havia encontrado Sarah Jacoby algumas
vezes no passado. Elas não eram amigas, mas haviam feito alguns trabalhos juntas
em Nova York para uma instituição de caridade que arrecadou dinheiro para
programas de alfabetização locais.

Sarah estava em seus trinta e poucos anos e recentemente havia se divorciado


de um magnata de Nova York. Ela devia estar visitando Seattle neste fim de
semana.
E obviamente encontrou uma maneira indolor de obter um encontro para a
arrecadação de fundos.
— Michael — disse Sarah, correndo para pegar as mãos de Ander. —
Desculpe. Fui parada por Amelia Bernard. — Ela olhou em direção a Lori e Phil. —
Lori! Que bom ver você de novo. Eu a tinha visto antes no salão, mas não pude
dizer oi.

Lori se preparou, pegou a mão de Phil e levou-o até o outro casal.


— Oi, Sarah. Ficou entediada com Nova York?

Sarah deu um piscada. Ela era da altura de Lori, mas cerca de vinte quilos mais
pesada e 10 anos mais velha. Ela não era feia, com cabelos escuros e encaracolados
e um rosto angelical.
— Na verdade, apenas tentando irritar o ex, mantendo a posição no tabuleiro
do museu que ele mexeu os pauzinhos para eu conseguir. Ele pensou que eu iria
apenas escapulir após o divórcio. Homem tolo. Este é a meu acompanhante,
Michael Blakely.
Lori apertou a mão do homem que conhecia como Ander Lourdes. Ela supôs
que ele provavelmente usou o nome que sua companheira queria que ele usasse ao
acompanhá-la em um evento social.

— Lori Addison e este é Phil Rothe.

Embora Ander tivesse sido, obviamente, tomado de surpresa ao vê-la hoje à


noite, tinha recuperado a compostura notável. Sua expressão era fria e neutra
enquanto apertava a mão de Phil e conversava alguma coisa inócua.
Lori estava aliviada por sua voz estar natural e amigável, embora estivesse
horrivelmente distraída pelo braço de Ander, que se mantinha em torno da cintura
de Sarah, seus dedos, ocasionalmente, a acariciando.

Finalmente, Sarah disse:


— Eu acho que deverímos ir conferir algumas das obras de arte. — Ela sorriu
embriagada para Ander. — Você vai ter que explicá-las para mim, eu estou com
medo.

— Eu ficarei feliz em fazer isso — ele murmurou, seus olhos descansando em


seu rosto, de tal forma que Lori poderia jurar que ele estava apaixonado pela
mulher. Em seguida, uma voz que ela mal podia ouvir, acrescentou a Sarah. —
Embora nenhuma peça de arte na parede possa ser tão intensa quanto você.

Lori quase engasgou.


Ele estava fazendo seu trabalho. Desempenhando um papel, era nisso que
implicava os seus serviços. Servir de par romântico, fazer uma mulher se sentir
como se fosse a pessoa mais importante no mundo, terminando, ou não, a noite
com sexo.
Ela conseguiu balbuciar uma despedida para Sarah e Ander. Sabia que era isso
o que Ander fazia. Ele era um garoto de programa que, entre outras coisas, fodia
mulheres por dinheiro. Ela não era sua única cliente, ele tinha uma agenda muito
ocupada.
Só que saber era diferente de ver.

— Ex-namorado? — Phil perguntou, estudando seu rosto.

Lori não podia dizer-lhe a verdade – não em um segundo encontro –, então


aceitou isto como a mais fácil desculpa por sua reação.
— É, algo assim.

— Talvez você me fale sobre ele algum dia — Phil murmurou, deslizando a
mão ao redor da cintura dela enquanto caminhavam mais lentamente em direção às
galerias.

Ela lançou-lhe um olhar penetrante.

— Eu não sou cego, sabe — explicou ele, dando-lhe um pequeno sorriso. —


Dava para cortar a intensidade entre vocês dois com uma faca, mas não há pressa.
Nós temos muito tempo.
Seu sorriso para ele foi genuíno – feito de alívio e carinho. Que grande cara
ele era.
— Talvez eu te diga algum dia.
Ela pensou que havia superado o pior dos obstáculos de seu encontro
acidental com Ander, mas teve que ficar vendo ele e Sarah pelo resto da noite.
Ander sempre parecia estar sussurrando intimamente em seu ouvido ou acariciando
suas costas ou discretamente segurando sua mão.

Porém, a verdade foi avaliada por Lori de forma muito irracional. Seus
encontros com Ander foram isolados e fechados para o resto do mundo. Eles
tinham sido especiais para ela, não porque ela pensasse que compartilhavam um
romance ou uma conexão emocional real, mas porque ela havia aprendido muito
sobre si mesma e sobre a natureza humana a partir de suas interações com ele.
Além disso, ela simplesmente gostou.

E vê-lo fazendo seu trabalho com outra mulher fez a coisa toda parecer... de
mau gosto.

Talvez fosse.

***

Dois dias depois, Lori chegou ao familiar quarto de hotel um pouco mais
tarde do que o normal. Ela tinha o tempo suficiente apenas para tomar banho,
fazer a depilação, aplicar loção e se vestir antes das sete horas.
Ela considerou seriamente o cancelamento. Durante todo o dia de ontem ela
havia começado a compor um e-mail de desculpas para Ander dizendo que não
mais precisava de seus serviços. Ela só não tinha certeza se poderia continuar com
aquilo, depois de ter levado um tapa na cara da realidade na noite de sábado.
Além disso, Phil a chamou pra sair de novo. Obviamente, estava no início –
casuais, sem exclusividade –, mas ela sentiu que havia algum potencial, e pagar por
sexo por fora não seria a melhor maneira de começar um relacionamento.
Lori havia finalmente decidido manter seu compromisso com Ander,
principalmente porque se sentiu mal por recuar no último minuto. Ela realmente
gostava de Ander e se sentiu meio cruel em dispensá-lo por e-mail, depois de terem
tido uma relação profissional tão longa. Ela daria uma chance, se as coisas fossem
estranhas ou desconfortáveis, ela simplesmente não iria agendar outro encontro.
Faltava apenas colocar o cardigã de caxemira de tão poucos fios que era quase
transparente, sobre a camisola de seda azul escuro, quando ouviu a batida na porta.
Quando ela a abriu com um sorriso de saudação, foi recebida com uma visão
que foi como um chute no estômago.

Ander estava parado – frio e lindo como sempre, todo de preto. Em seu rosto
um sorriso ensaiado. Educado, sensual e tão falso que ela queria riscá-lo de sua
pele.

Definitivamente não era um começo propício.

— Oi — disse ela, dando um passo para o lado para deixá -lo entrar no quarto.

Ander murmurou uma saudação e ela o seguiu até a mesa onde ele sempre
deixava seu estojo. O envelope onipresente do dinheiro estava deitado sobre a
mesa, como de costume.

Sentindo que estava sendo mais difícil do que havia achado desde os
primeiros encontros, Lori sentou-se em uma cadeira. Imaginando que eles
poderiam jogar em campo aberto, ela disse:

— Então, foi meio estranho, hein?

Ander sentou-se na outra cadeira e arqueou as sobrancelhas para ela


friamente. Ela não era uma grande fã de expressões.
— Nos vermos no sábado — disse ela em resposta à sua pergunta silenciosa.
— Não foi estranho?

— Sinto muito se a fez sentir desconfortável. Você lidou com tudo muito
bem.

O queixo Lori caiu um pouco quando olhou para Ander. Ela não achou que o
desconforto tinha sido só do lado dela. Ele definitivamente estava agindo de forma
insuportável hoje, esse não seu estado normal.

— Você não achou um pouco estranho também?

Os olhos de Ander eram enfadonhos e não revelavam nada.


— Não. Não de verdade. Mas eu já tenho anos de experiência neste caso.
Posso entender por que foi difícil para você, na verdade, eu fiquei imaginando se
você cancelaria nosso compromisso hoje à noite.
Ela engoliu em seco, sabendo o quão perto esteve de fazer exatamente isso.
Era um pouco irritante saber que seu encontro no museu não chegou a incomodar
Ander. Ela sabia que o havia surpreendido. Pelo menos sua expressão tinha
revelado isso, mas aparentemente não era o que havia acontecido.
Ela estava determinada a não fingir nada, a não adicionar qualquer outra
camada de artificialidade a seu relacionamento com Ander, então falou:

— Eu pensei sobre isso. Muito. Pareceu-me um pouco... Eu não sei, teria feito
eu me sentir uma merda.
Ander levantou uma sobrancelha, olhando um pouco divertido, ainda que não
fosse de uma forma calorosa.

— Por que você se sentiria uma merda? Por eu perder uma cliente?

Ela se mexeu desconfortavelmente, Ander não estava sendo muito legal e


estava distante esta noite. Se ele tivesse sido ele mesmo, poderiam ter concluído
isso com menos constrangimento.

— Não. Quero dizer, não realmente, mas já estamos fazendo isso há algum
tempo agora e parecia rude cancelar seus serviços por e-mail. — Ela olhou para as
mãos. — Eu não sei.

— Você deseja cancelar meus serviços agora? Cara a cara?

— Eu não sei. Acho que não. Eu não sei. — Cansada de se sentir como uma
tola, ela ergueu os olhos e fez uma careta para ele. — Você não tem que ser
arrogante sobre isso, sabia. Não é tão estranho assim. Eu me sinto mal quando
tenho que encontrar um novo cabeleireiro.
Ander encontrou seus olhos de maneira uniforme.
— Eu acredito em você, mas se você tem alguém em casa que pode fazer seu
cabelo satisfatoriamente, não tem nenhuma razão para pagar um profissional.
Lori sentiu um pequeno lampejo de diversão com a maneira como ele
estendeu a analogia, mas entendeu o que ele estava dizendo.

— É. Eu acho que sim, mas esse não é o meu caso. Ainda não, pelo menos.

— Então você ainda não teve oportunidade de praticar sua nova experiência?
— Apesar da questão, suave e indireta, pela primeira vez ela viu algo que não era
frieza em seus olhos. — Eu havia assumido que sim, pelo que vi.
— Foi um primeiro encontro — explicou ela. — O segundo encontro, na
verdade. Obviamente, se as coisas se tornarem mais sérias, eu vou ter que...
interromper nossos compromissos.

— É claro.
— Não é nada pessoal. Você sabe o quanto eu respeito você e sua... seus
talentos. É só que...

— Não há necessidade de uma explicação, Lori. Temos um acordo de


negócios, que pode ser rescindido a qualquer tempo. Eu não esperava que você se
tornasse uma cliente de longo prazo de qualquer maneira.
Ela respirou fundo, sentindo-se estranhamente insultada por suas palavras
impessoais.

— O que significa isso?

— Não foi um insulto. Eu só quis dizer que, é claro, que você gostaria de
passar para um relacionamento permanente com um homem que poderia amar.

Suas palavras eram verdadeiras. Ela queria um relacionamento saudável, se


comprometer com um homem que ela amasse e que a amava. Mas algo sobre a
maneira como Ander fez o comentário causou uma torção em sua barriga.

— Ah. Sim.

Ander ficou em silêncio por um minuto, sentado perfeitamente imóvel em sua


cadeira. Em seguida, ele limpou a garganta.

— Você deseja prosseguir com o nosso compromisso hoje à noite?

Ela olhou para ele, perguntando o que havia acontecido, por que ele havia se
transformado neste estranho, subjetivo, em vez do Ander que ela havia conhecido
nos últimos meses. Ele nunca tinha sido emocional, aberto ou vulnerável, mas ele
parecia real. De uma forma que não era esta noite.
— Bem — ele solicitou, erguendo as sobrancelhas novamente. — Eu imaginei
que você não estava de bom humor, mas talvez meus encantos sejam simplesmente
irresistíveis demais.

Então, ele sorriu para ela. Aquele sorriso que ela não poderia suportar.
— O que há de errado com você? — Ela rosnou, quase trincando os dentes de
frustração.
Ander piscou, o sorriso desaparecendo de repente.

— Desculpe-me?

— Por que você está agindo desta forma esta noite? Tão falso.
— Eu não sei do que você está falando, Lori. Nós estávamos tendo uma
conversa. Obviamente, quando converso, eu me comporto de maneira diferente de
quando forneço outro serviço

— Não me venha com essa. Não é isso que eu estou falando, você não está
agindo como você mesmo. Você está todo frio e... e impessoal.
— Eu sou eu. Este sou eu. — Ele encontrou seus olhos, com um olhar que era
quase um desafio.
— Não, não é. Quer dizer, você não foi assim comigo antes e eu não gosto
disso. — Ela levantou o queixo e olhou para ele, desejando que ele tivesse
explodido e ficado bravo com ela como uma pessoa normal.
— Minhas desculpas. — Ele se levantou e pegou o estojo. — Nesse caso, eu
vou...
Lori também se levantou com um suspiro.

— Eu não disse que você deve ir, eu só queria que agisse como você de novo.

Ander sacudiu a cabeça e começou a andar em direção a porta, ainda


perfeitamente educado, perfeitamente legal.
— Obviamente, não é mais isso que você quer, eu acho que é melhor
pararmos. Desejo-lhe o melhor.
E então o sacana ultrapassou a porta.
Lori estava esperando algum tipo de argumento – desde que, pelo menos,
Ander fosse genuíno. Ela certamente não esperava que ele fosse embora.
De repente, ela percebeu que não queria que ele saísse. Ela não estava pronta
para que isso acabasse ainda. Então foi atrás dele, alcançando-o extamente quando
ele entrou no elevador, ela o agarrou antes das portas se fecharem.
— Por que está indo embora? — Ela exigiu, olhando para ele acaloradamente.
— Você está agindo como um idiota, nós estávamos tendo uma conversa. Não há
nenhuma razão para você fugir de mim.
Ele ergueu as sobrancelhas novamente.
— A conversa não estava indo a lugar nenhum, eu entendo que você tenha se
sentido desconfortável em ver-me quando estava com seu namorado na noite de
sábado. É perfeitamente natural e você não precisa sentir qualquer culpa sobre a
interrupção dos meus serviços.
— Ele não é meu namorado — ela retrucou, começando com a mais
irrelevante de suas objeções. — E esse não é o ponto. Você não está agindo como
você mesmo, isso era tudo o que eu queria.

— Lori, você está presumindo demais. — Ele não estava olhando para ela
agora, então apertou o botão para o andar térreo e ficou olhando os números
acenderem quando o elevador começou a descer. Sua voz ainda estava controlada,
mas sua mandíbula e ombros estavam tensos. — Nós nunca tivemos uma relação
pessoal.
— Eu não estou dizendo que tivemos! — Sua voz era alta e ela desejava que
ele apenas ficasse com raiva, mostrasse alguma emoção real em vez da máscara
impessoal que colocou. — Eu sei que foi profissional, mas eu pensei que... nós
trabalhamos bem juntos e eu disse que não queria fingir nada, então pensei que
você fosse... bem, ser você mesmo quando conversamos.

— Você presume demais. — Seus olhos nunca deixaram os números


iluminados, mas ela notou que sua mão estava apertada em torno do estojo.
— Pare de dizer isso — ela exclamou. O hotel foi construído nos anos
quarenta, e o elevador era um dos mais antigo com um trilho de bronze grosso
correndo pelo meio das paredes e uma parada de emergência que não requeria uma
chave. Com medo de que o elevador chegasse ao térreo antes que pudessem
terminar esta conversa, Lori apertou o botão de parada de emergência, aliviada
quando nenhum alarme disparou. — Eu não estou presumindo isso. Eu não estou
imaginando coisas. Eu sei como você normalmente age comigo e eu sei que não é
como está agindo agora. O que há de errado com você? Eu o ofendi de alguma
forma?

— Você não me ofendeu. — Ele olhou o botão de emergência, mas ela se


plantou na frente dele para impedi-lo de iniciar o elevador de novo.

— Bem, então por que você está agindo como louco? — Ela exigiu.

— Eu não sou louco. — Sua expressão ainda era controlado, mas um pequeno
músculo estava se mexendo de um lado de sua mandíbula e sua voz soou um
pouco impaciente. — Lori você pode, por favor, sair do caminho?
— Não. — Ela estava começando a entender agora. Ele estava louco, esta
frieza devia ser algum tipo de cobertura instintiva para mascarar seus sentimentos
reais. Ela não tinha ideia de por que ele ficaria bravo com ela, no entanto, a ideia
realmente a incomodava. — Se eu o ofendi de alguma forma, eu gostaria de saber
porque. Eu nunca quis, eu sempre tentei... ser boa.
Finalmente, ele encontrou os olhos dela novamente.

— Lori, você não tem que ser agradável. Você me paga pelos meus serviços.

Ela quase cuspiu de indignação.


— Que diabos significa isso? É claro, eu tenho que ser boa. Você é um ser
humano, não é? Que porra o seu pai fez com você para fazê-lo pensar que não
merece ser tratado com dignidade e humanidade?
Ela realmente não tivera intenção de expressar essa última questão. Seus
sentimentos voláteis e a confusão levaram a melhor sobre ela, mas ela tinha falado.
Quase cuspiu no rosto dele.
Ele finalmente quebrou o controle de ferro que estava usando para dominar
seus sentimentos.
Ele se voltou para ela de forma abrupta, com um passo à frente, pressionou-a
contra a parede com sua presença intensa ao invés da força.
— Lori — ele começou, sua voz grossa e baixa. Ele plantou uma mão na
parede ao lado de sua cabeça. — Eu te fodo, você me paga, essa é a nossa
disposição. Isso não lhe dá o direito de invadir minha privacidade, exigir ver o
“verdadeiro eu” ou se intrometer nas motivações que eu poderia ter para fazer o
que eu faço.
Ela engoliu em seco. Nunca o tinha visto assim antes, seus olhos azul-
acinzentados estavam presos aos dela. Ele estava quase pulsando com algum tipo
de emoção intensa e a força daquilo a deixou trêmula e desossada.
— Eu não quis dizer... — Ela teve que começar de novo quando sua voz
falhou. — Eu não quis dizer que queria que você se abrisse comigo. Eu só não
quero que você a aja de forma tão dura e fria. Você está louco comigo e eu não sei
por quê.
— Eu não sou louco — disse ele de novo, apesar de todo o seu corpo
desmentir suas palavras. Ele estava tão tenso que praticamente tremia. Suas
bochechas estavam levemente coradas, e seus olhos já estavam em chamas.
Absurdamente, Lori sentiu seu corpo reagir. Ela sabia que era totalmente
inadequado. Eles estavam no meio de uma discussão muito bizarra e sexo devia ser
a última coisa em sua mente, mas ele parecia tão intenso, quase apaixonado. Pela
primeira vez, ele parecia estar expressando algo real – com sua linguagem corporal,
se não com suas palavras.
Seus músculos internos contraíram e ela sentiu seus mamilos retesarem.
Esperava que não fosse visível através da seda colante de sua camisola.

— Você está agindo como louco — ela retrucou. — Parece que quer arrancar
minha cabeça.
— Lori. — Sua voz era ainda mais grossa do que antes e ridiculamente a fez
pensar em sexo. Ele inclinou o rosto na direção dela e o apertou contra seu ouvido.
— Lori, desiste disso. Se você quiser manter nosso compromisso, nós podemos
voltar lá para cima. Mas meus pensamentos privados não são da sua conta.
Ela estremeceu. Ele nem a estava tocando, mas ela o sentia todo em sua pele.
Ardente com calor e desejo, ela ainda conseguiu segurar o final do argumento.
— Eu disse que não quero que se abra comigo, mantenha seus pensamentos
privados para si mesmo. Apenas me diga o que eu fiz pra você ficar louco.
— Pela quarta vez — Ander rosnou, ainda em seu ouvido. — Eu não sou
louco.
Ela se mexeu inquieta contra a parede, morrendo por algum tipo de atrito
com a pele dele. Ao se contorcer, acabou por encostar-se em Ander. Ela sentiu algo
que a chocou tanto que sua boca abriu. Seu baixo ventre havia se encostado contra
a frente das calças de Ander.

Ele estava duro.


Ele deve ter visto a reação dela. Devia saber que ela havia percebido que ele
estava excitado. Ele não reconheceu, no entanto. Apenas se afastou o suficiente
para olhá-la nos olhos e perguntar com voz rouca:

— Diga-me por que você continuou a agendar compromissos comigo?

Ela estava muito confusa, sobrecarregada e instável demais para sequer


começar a inventar uma mentira. Então, ela murmurou a verdade.

— Porque eu gosto de fazer sexo com você.

Ele balançou a cabeça, como se soubesse que ela diria isso.


— Então por que você continua fazendo isso mais complicado do que é?

Uma pergunta para casa. Lori não tinha resposta para ele agora.
Sua mão ainda estava plantada ao lado da cabeça dela, prendendo-a contra a
parede. Ele estava duro, excitado, tão excitado quanto ela.
Incapaz de se segurar por mais tempo, ela estendeu a mão e agarrou-o pelos
quadris. Pressionou sua pélvis contra si. Esfregou-se contra a protuberância que
sentia e quase gemeu com as sensações resultantes.

Então ela percebeu o quão descaradamente ela o tateou, quando estava claro
que eles não estavam no meio de uma de suas sessões, e soltou suas mãos
abruptamente com um suspiro.

— Desculpe!

Ander colocou o estojo, que ele segurou em uma das mãos o tempo todo, no
chão. Em seguida, plantou sua segunda mão na parede do outro lado da cabeça
dela.
— Lori?

— Eu não deveria... — ela começou, as bochechas em chamas. — Quero


dizer, se você não quiser manter o encontro desta noite, eu não deveria ter...

— Podemos manter o compromisso — ele murmurou, os olhos


esquadrinhando seu rosto. — Você quer fazer isso aqui?

No elevador. Entre os andares 10 e 11 num caro e antiquado hotel de Seattle?


— Sim — ela respirou, arqueando-se contra a parede para que pudesse
esfregar os mamilos doloridos contra o peito dele.
Sem outra palavra, ele enterrou o rosto em seu pescoço, a boca mordiscando e
beijando em um padrão urgente que ela não conseguiu acompanhar. Os braços a
rodearam, pressionando o corpo com força contra o dela, então ele começou a dar
pequenos golpes ritmados, roçando sua ereção contra o centro dela.
Ela sabia que ele estava realmente ligado, não poderia ter feito qualquer tipo
de coisa mental para ele se preparar, já que havia assumido que não haveria sexo
hoje.

Ele deve ter despertado por ela. Genuinamente excitado, por ela. Lori. O
conhecimento lhe enviou uma emoção selvagem para a espinha que intensificou as
sensações de seu corpo.
Ela gemeu em seus braços, agarrando suas costas, tentando arrancar sua
camisa de dentro da calça. Antes que ela pudesse ir muito longe, Ander havia se
inclinado e abocanhado um seio e depois o outro através da seda de sua camisola.
Enquanto chupava o seio, uma das mãos mergulhadas em sua cintura deslizou
para entre suas pernas. Ela mordeu o lábio inferior ao sentir os longos dedos
acariciando sua carne íntima.

Ele sentiria o quanto ela já estava molhada e excitada. Tão excitada quanto ele.
Sem esperar a permissão dela, Ander libertou sua mão de entre suas coxas e
depois, com um único movimento, desceu sua calcinha de seda. Enquanto ele fazia
isso, ela se atrapalhava com o cinto e o zíper da calça dele.
Eles estavam em um elevador público. Por um momento detido, mas ambos
sabiam que não havia tempo para flertar.
Ander endireitou-se e largou-a tempo o suficiente apenas para puxar um
pacote de preservativos de seu estojo. Uma vez que o colocou, segurou-a pelo
traseiro com ambas as mãos e puxou-a, ela se apoiou no corrimão de bronze que
atravessava as paredes do elevador.
Não havia muito apoio, mas Ander usou seu corpo para segurá-la no lugar.
Ele abriu suas pernas e se afundou dentro dela, empurrando-a contra a parede em
sua estocada inicial.

Pela primeira vez, ele não havia usado lubrificante. Não precisava de nenhum.
Lori suspirou de prazer quando ele a penetrou, a substância plena de seu pênis
enchendo-a completamente. Instintivamente, ela colocou as pernas em volta de sua
cintura para manter-se mais segura e se agarrou desesperadamente a seus ombros.
— Rápido — disse ela em uma respiração ofegante, sacudindo a cabeça sem
descanso contra a parede enquanto seu corpo gritava por atrito. — Forte. Por
favor.
Ele começou a golpear, seu movimento limitado pela situação precária. Seus
quadris bombeavam contra a carne, seu pênis se enterrando em sua passagem
escorregadia com a velocidade urgente e força que ela precisava sentir.
— É muito bom — ela respirou, as palavras quase inaudíveis, apertando-lhe
com seus músculos íntimos. — Tão bom — ela respirou de novo, em cada uma de
suas investidas dentro dela.
Ander havia se curvado para enterrar o rosto em seu pescoço novamente. Ela
sentiu sua respiração quente na pele. Seus lábios, língua e dentes. Ele moveu a boca
ao longo de seu pescoço, ombro, até a mandíbula.

Sua boca estava tão perto da dela agora, que tudo o que precisaria era de uma
ligeira inclinação no pescoço para que eles se beijassem.
Eles não se beijaram, no entanto. As estocadas de Ander ficaram mais curtas e
rápidas e Lori cavou os dedos na pele abaixo do colarinho dele. Sua posição não era
totalmente confortável, mas tudo parecia tão incrivelmente bom. Ela não achava
que gozaria, não havia estimulação suficiente no clitóris. Mas ela não se importava.

Algo sobre a intensidade de seu acoplamento a fez tão bem quanto qualquer
orgasmo que ela já havia experimentado.
A pélvis de Ander investia contra ela e ele moveu o pescoço novamente,
então, sua boca estava quase no ouvido dele. Suas bochechas estavam quase
pressionadas juntas, a dele tão quente quanto a dela.

— Lori — falou asperamente.

Ela não sabia se era uma pergunta ou uma expressão de prazer, assim
respondeu instintivamente:
— É tão bom. Goze? — ela ofegou. — Eu quero que você goze.

A respiração dele acelerou ainda mais quando todo o seu corpo começou a
tremer. Ela nunca havia experimentado nada parecido. Toda a angústia e tremor
que ela havia tentando abafar antes parecia à beira de implodir em seus braços.
Seus olhos nublados e terminações nervosas zumbiam com prazer. Ela não
estava trabalhando para qualquer clímax, mas a coisa toda parecia muito intensa.
Ander arqueou o pescoço para a frente novamente, levando a boca mais uma
vez para a curva de seu pescoço. Ela gritou alto quando sentiu seus dentes
morderem a carne delicada. Em seguida, todo o corpo dele pulsou de êxtase e ele
continuou golpeando enquanto soltava um som gutural e prolongado.
Eles mantiveram a posição por alguns momentos enquanto seu corpo,
lentamente, começava a amolecer. Lori sentiu as pernas rígidas e os pés estavam
perdendo a circulação, mas ela não queria desdobrar as pernas. Ander ainda não
havia levantado a cabeça, ele só ofegava contra sua pele.

Nesta hora uma voz estridente soou no elevador, tranquila, sem aviso prévio.

— A parada de emergência foi puxada. Está tudo bem?

Lori quase pulou em espanto e Ander, agora desperto, gentilmente se


desvencilhou das pernas de Lori e puxou seu pênis para fora dela, tomando
cuidado com o preservativo. Quando foi colocada de volta no chão, ela começou a
puxar a calcinha, e ele encontrou o botão de chamada e falou para o microfone:

— Está tudo bem.


Ele puxou o travão de emergência, e o elevador se movimentou. Eles saíram
no nono andar para que não tivessem de enfrentar a segurança ou a manutenção ou
quem quer que fosse que, provavelmente, estaria à espera do elevador no térreo.
Em vez disso, eles tomaram o segundo elevador de volta para o quarto de Lori.

Lá, eles se deitaram na cama e Ander atendeu Lori com preliminares, lentas e
vagarosas. Ele a levou ao clímax com a mão três vezes antes de colocar outra
camisinha e a penetrar novamente.

Ele descansou a maior parte de seu peso sobre ela, então deslizou ligeiramente
para cima e eles fizeram um movimento delicado, de balanço, que estimulava seu
clitóris com a base de pênis dele. Após a urgência da foda no elevador, ambos
poderiam ir devagar e Lori encontrou a nova posição profundamente agradável.
Seus rostos estavam perto de novo, suas bochechas roçavam uma contra a
outra e a textura mesclada de suas respirações era o único som além da agitação
suave e rítmica da cama.
Mais uma vez, ela teve que dizer-lhe para gozar e ela gozou logo antes dele,
liberando um gemido baixo enquanto seu orgasmo a atravessava.
Quando ele se levantou para cuidar do preservativo, ela puxou as cobertas,
sentindo o frio de sua ausência.
Ela refletiu sobre como era estranho que ele sempre esperasse a permissão
dela para gozar. Ele estava sempre tão no controle

Embora ele não tenha realmente se controlado no elevador essa noite.


Ela se mexeu inquieta debaixo das cobertas, sentindo uma torção estranha na
barriga. O profissionalismo de seus encontros parecia mais tão confortável.
Ander voltou do banheiro vestindo a cueca e foi servir duas taças do vinho
que havia encomendado ao serviço de quarto.
Ele entregou-lhe uma e, em seguida, sentou-se em uma das cadeiras para
saborear o seu.

Ela perguntou se era significativo que ele não voltasse para a cama com ela.
— Eu nunca esperei fazer isso num elevador — disse ela, principalmente para
ter algo a dizer.
Ele deu um meio sorriso. Não parecia mais tenso, parecia drenado. Um pouco
pálido e realmente cansado quando disse:
— Tivemos sorte de não sermos pegos. Eu vou ter que verificar com a
segurança para ver se eles gravaram.

Lori engoliu em seco e cobriu a boca com uma mão.

— Não se preocupe com isso. Eu vou cuidar disso.

Ela não ficaria surpresa se ele tivesse algum tipo de contato em cada hotel
importante em Seattle.
— Obrigada. — Ela fez uma pausa e então, encontrou coragem para
perguntar: — Será que estamos... estamos bem?

Ander sorriu novamente. Não era o sorriso que ela desprezava, mas não era o
irresistível espasmo de seus lábios também. Seu sorriso era leve e meio exausto.

— Sim. É claro.

— Eu não queria me intrometer em sua privacidade ou qualquer coisa — ela


começou, lembrando o que ele disse no elevador. — Eu só...
— Não se preocupe com isso — disse ele de novo, com um gesto de
desprezo. — Nós estamos bem.

Isso não fez Lori se sentir exatamente bem. Havia uma tensão estranha no ar,
que não existia antes. Ela não tinha certeza se estava vindo dela ou de Ander ou de
ambos, mas sabia que não estava enganada sobre isso.
Procurando por algo casual para dizer, ela esfregou a mordida no pescoço
com uma mão.
— Agora eu, provavelmente, vou ter um hematoma novamente — queixou-se,
certificando-se de que era claro que ela estava brincando. Ela esticou o pescoço
para ver em um dos espelhos. — Muito obrigada.

O canto da boca de Ander arqueou-se.


— Desculpe por isso.

Sua expressão aliviou um pouco o desconforto em seu peito. Então, ela


sustentou o humor.
— Não se desculpe, estava muito quente. Eu não pensei que gostaria.

— Um pouco de dor pode intensificar o prazer — disse ele, com a voz que
costumava usar ao dar-lhe conselhos ou instruções.
— Pode ser, no entanto, eu não tenho certeza se gostaria de muito mais do
que isso — acrescentou ela, honestamente, remoendo memórias de suas próprias
respostas físicas aos estímulos. Seguindo essa linha de pensamento, ela falou
preguiçosamente: — Eu acho que algumas pessoas gostam. Você perde muitas
clientes por fazer apenas a coisa romântica? — Ao seu olhar interrogatório, ela
explicou: — O que falamos semana passada – sobre você não fazer S&M.
— Ah — ele disse com um brilho no olhar e balançou a cabeça. — Não. Eu
não acho que tenha perdido qualquer coisa.
Aliviada por encontrar um assunto incomum – mas que parecia mais com sua
interação normal – Lori perseguiu:

— Então, não é tão popular?

— Depende do que você entende por popular. Há uma pequena porcentagem


da população que gosta desse estilo de vida, e há toda uma indústria construída em
torno dele. Em geral, aqueles que participam disso preferem se envolver na cultura
como um todo, em vez de usar os serviços ocasionais de alguém como eu.
— Huh — Lori pensou sobre isso por um minuto. — Se os últimos romances
eróticos estão certos, a maioria das mulheres está entrando nessa.

Ander riu e balançou a cabeça.


— Mas isso é coisa de fantasias. A maioria das mulheres que leu sobre isso
não conseguiria viver isso de verdade. Elas podem ligá-los à fantasias, mas não à
vida real. Diga-me a verdade. O que você faria se eu te amarrasse, amordaçasse e
chicoteasse?
Lori pensou em todas as cenas de sexo quente que ela havia lido com tais
atividades. Então honestamente examinou sua própria natureza. Ela riu.

— Mandaria prendê-lo por agressão.

Ele devolveu-lhe o sorriso.

— Exatamente. Eu sei que estou generalizando e cada pessoa é única e tem


suas próprias necessidades, desejos e forma de expressar seus sentimentos, mas na
minha experiência, a maioria das mulheres ainda prefere ser realmente amada a
fodida.
Por alguma razão, em suas últimas palavras – por mais práticas que fossem –,
ela sentiu uma pontada de dor e reconhecimento atravessar seu coração.
Ela não sabia nada sobre o resto das mulheres em todo o mundo, mas para
ela, pelo menos, suas palavras eram verdadeiras. Ela preferiria ter um homem a
quem poderia amar e que realmente a amasse a ser apenas fodida, não importava o
quão habilidoso fosse o homem que a estivesse fodendo.

Ela não se arrependia de suas sessões com Ander, mas finalmente teve que
admitir a si mesma que não poderia durar para sempre. Já estava começando a se
sentir um pouco estranha, como se não fosse tão impessoal e profissional como
deveria ser.
Agora que tinha um potencial relacionamento com Phil, ela realmente queria
continuar essa coisa com Ander?

Quando ela olhou para a frente, viu que ele a estudava fixamente.

— Vamos definir outro compromisso? — questionou.

Bem no ponto, Lori foi abatida com uma onda de confusão. Ela não tinha
ideia do que queria fazer.
— Hum, eu não sei como está minha agenda. — Isso era verdade. Ela não
sabia se Phil iria convidá-la para sair novamente. — Por que eu não envio e-mail
para que você saiba?
Ander assentiu, sem expressão no rosto.
— Pode ser.

Ele tomou banho e se vestiu depois disso, ela deu-lhe o dinheiro e o levou à
porta como de costume. Seu adeus parecia ser mais definitivo do que de costume e
Lori não podia aguentar o jeito como ele se afastou dela, no corredor.

Ela se sentiu estranha, perturbada, chateada e um pouco triste.

Mas sabia que precisava enfrentar a realidade. Ela não poderia buscar um
relacionamento sério e ao mesmo tempo foder com um gigolô, talvez alguns
homens façam isso, mas ela não poderia. Ela não faria isso.
Se tivesse a opção, ela preferiria ter um homem para amar a pagar um homem
para transar com ela.

***
Dali há dois dias, Lori enviou um longo e-mail, desconexo e apologético a
Ander, explicando que não iria mais precisar de seus serviços. Phil a havia chamado
pra sair de novo, e ela ia se concentrar naquele momento.

Ander enviou-lhe uma resposta breve e impessoal, dizendo que ele havia
gostado de trabalhar com ela e para mantê-lo em mente para quaisquer referências.
E foi isso, a experiência inexplicável de Lori com um acompanhante havia
chegado ao fim.
Ela tinha outro encontro com Phil na noite de sexta-feira, talvez assim ela
pudesse olhar para a frente.
.Sete.

— Esta é para as não mais idiotas — Sabrina disse, levantando a garrafa meio
bebida de cerveja em um brinde entusiasmado.
Ambas estavam largadas no chão encostadas no sofá da sala de estar de Lori,
uma caixa de pizza vazia entre eles.
— Aqui, aqui! — Lori ecoou, tilintando sua garrafa contra a da prima.

Lori estava em sua terceira cerveja. Estava apenas começando a ficar com um
zumbido agradável, mas franziu a testa quando tomou outro gole.
— Ele era um idiota, não era?

— É claro — Sabrina disse, pegando o queijo caído no papelão gorduroso e


colocando-o distraidamente na boca. — Não seja estúpida. Phil Rothe pode ser um
pouquinho quente, mas ele é um idiota de marca mundial e precisa fazer a barba.
— Certo. Quer dizer, nós só saímos cinco vezes. Não era como se eu fosse me
segurar a ele indefinidamente, eu não sou uma vadia frígida.
— Claro que não. Ele é, claramente, o problemático aqui. E por falar em
idiotas. Ele não conseguiu o que queria logo, então seguiu em frente, não vale a
pena se preocupar.
— Eu sei — Lori assentiu, acreditando firmemente nas palavras da prima. Mas
sua carranca se aprofundou do mesmo jeito. — Eu ia fazer sexo com ele, eu
realmente ia. Só não queria me apressar, não é como se o tivesse deixado na seca
por meses ou algo assim.

— Ele é o idiota — disse Sabrina em total apoio, mesmo que isso significasse
repetir-se por uma noite inteira. — Não você.
Lori transformou a carranca em um sorriso de escárnio.

— Idiota — ela murmurou, imaginando o rosto moreno e forte de Phil.

Há poucos dias, Phil havia terminado abruptamente e de forma bastante rude


para que ele pudesse foder uma modelo de 20 anos de idade. Já que ela e Phil não
haviam namorado por tempo suficiente para seu coração estar envolvido, foi só
humilhante, frustrante e irritante.

Com um suspiro, ela disse

— Talvez ele pensasse que eu era uma provocadora.

— Lori — Sabrina começou, uma ponta de advertência em sua voz.

— Eu sei. Eu não vou levá-lo adiante, mas na sexta-feira, nós meio que
avançamos e depois eu o parei. Talvez ele tenha pensado...

— Eu não dou a mínima para o que ele pensou. Você não fez nada de errado,
não tem que ceder só porque ele quer, e você tem todo o direito de parar o sexo
em qualquer ponto, sempre que quiser e por qualquer motivo.
— Eu não mudei de ideia no meio do sexo. Nós só estávamos brincando um
pouco no sofá, ainda vestidos e tudo mais, mas ele estava se animando e eu não
estava. Tanto.
A expressão de Sabrina mudou quando largou a garrafa de cerveja vazia.
— Por que você não se animou com ele?

Lori deu de ombros e tentou articular seus sentimentos um pouco caóticos.


— Eu não sei. Eu gostava dele – eu achava que sim. Mas quando fomos
avançando, simplesmente não parecia certo.
— Porque não pareceria certo?

— Eu não sei. — Lori corou um pouco quando se fez admitir: — Estava tudo
indo bem, eu acho. Mas não estava tão bom quanto eu estou acostumada.

Sabrina bufou e abriu a boca para responder.

Lori se adiantou.
— Eu sei, eu sei. Eu não sou uma idiota, e não estou esperando o mesmo
nível de experiência que tive com um profissional, mas... eu não sei. Parecia que
Phil era uma espécie de egoísta sobre as coisas.
— Eu estava com medo disso — Sabrina disse com um suspiro. — A verdade
é que, quando se trata de sexo, o egoísmo é bem típico nos caras.

— Ótimo. Infinitamente reconfortante.


— Eu não estou lhe dizendo que eles são todos uns idiotas. Só estou
querendo dizer que é mais comum para eles se focarem no que eles querem na hora
do sexo em vez de garantir que você obtenha o que deseja. — Sabrina balançou a
cabeça e estalou a língua. — É um triste fato no mundo.

Lori pensou sobre isso por um minuto. Então levantou a garrafa de cerveja.

— Este é para os idiotas egoístas na cama, que eles fiquem longe de nós.

Sabrina sorriu e brindou com sua garrafa vazia.

— Eu vou beber a isso ou beberia, se tivesse restado alguma cerveja.

— Eu tenho mais na geladeira. — Lori se levantou para pegar um novo pack


de 6 em sua geladeira, e quando voltou, ouviu um bing familiar que sinalizava que
ela havia recebido um novo e-mail.
Ela correu e olhou para a tela de seu computador. Exalando de decepção
quando viu um anúncio de Viagra com cada palavra escrita incorretamente.
Ela enviou a mensagem para seu lixo eletrônico e voltou à Sabrina com a
cerveja.
— De quem você está esperando mensagem? — Sabrina perguntou. — Um
cara novo?

— Não. Não há nenhuma cara novo. E não estou esperando nada.

Sabrina estreitou os olhos.


— Lori?

Lori fez uma careta para a prima, mas não houve tentativa de manter isso o
segredo.
— Eu enviei um e-mail a Ander ontem para ver se ele agendaria um novo
compromisso comigo.

— O quê? O quê? O quê?

Constrangida pela confissão e irritada pelo óbvio choque de Sabrina, Lori fez
cara feia de novo.
— Bem, por que não? Você acabou de me dizer que a maioria dos caras são
idiotas egoístas. Então, por que eu não deveria tomar as medidas necessárias para
ter certeza que terei boas experiências.
— Não há razão — Sabrina disse, erguendo as mãos em defesa ao tom
veemente de Lori. — Mas há caras bons lá fora, eles são apenas difíceis de
encontrar.

— Eu sei. E, eventualmente, quero encontrar um, mas agora estou irritada e


frustrada e não quero saber de namorar de novo ainda. Não existem caras que me
interessam no momento. Dê-me uma razão de por que eu não deveria marcar uma
nova sessão com Ander!

— Contanto que você não o esteja usando como uma muleta ou secretamente
esperando por algum cenário do tipo Uma Linda Mulher.
— Sabrina! — Lori retrucou: — Quer dar um tempo? Eu não sou uma idiota,
só quero fazer as coisas da minha minha maneira por um tempo e esta é a minha
maneira.
Sabrina estudou a expressão de Lori sobriamente por um longo tempo, então
balançou a cabeça, evidentemente satisfeita com o que viu.
— Tudo bem. Eu entendi. Mas eu acho que você está fazendo mais, porque
está chateada.

Lori estava chateada, com Phil em particular e com os homens em geral, e se


não estesse tão chateada, não teria tido coragem de voltar para Ander, depois da
maneira como eles terminaram coisas.

Outro bing em seu computador alertou-a para um novo e-mail. Desta vez,
quando Lori foi verificar, viu o nome de Ander na coluna.
Ela suspirou profundamente alíviada quando viu sua resposta. Ela havia
escrito a ele ontem num impulso aleatório, mas quando não recebeu resposta tão
rapidamente como de costume, começou a ficar preocupada. Talvez ele estivesse
cansado de aguentar seus caprichos. Ou, pior ainda, talvez estivesse ferido ou
ofendido por ela ter dispensado seus serviços no mês passado.
Ela nunca quis ferir seus sentimentos. Em circunstâncias normais, não teria se
preocupado, pois ele certamente ficaria contente de obter o retorno de um cliente.
Mas as coisas haviam sido tão intensas em sua última sessão e ela ainda estava
confusa sobre isso.

— Ele diz que está livre na segunda-feira.

— Esta segunda-feira? — Sabrina perguntou. — Eu pensei que ele estava


sempre reservado com semanas de antecedência.
— Ele está. — As sobrancelhas de Lori se juntaram quando voltou para o
chão ao lado de Sabrina. Era muito estranho que ele tivesse uma noite disponível
tão rapidamente. — Ele deve ter tido um cancelamento.

Quando abriu outra cerveja, planejando estar significativamente bêbada até o


final da noite, Lori sentiu um frio na barriga.
Ela estava animada em ver Ander novamente. Sentira sua falta mais do que
esperava e sentira uma enorme vontade de dizer-lhe coisas e ouvir suas respostas,
mas também estava nervosa.
Por um tempo, ela pensou que havia chegado a conhecer Ander muito bem,
pensou que havia distinguido sua personalidade.
Seu último encontro lhe ensinou que havia profundezas em Ander onde ela
nunca mergulhou, que havia verdades escondidas em sua alma que ela ainda não
tinha nem começado a explorar.
E ela não tinha ideia do que esperar dele, na noite de segunda-feira.

***

Lori colocou o conjunto de caxemira lavanda após o banho na segunda-feira,


o mesmo que havia usado em seu primeiro compromisso com Ander há vários
meses. A roupa era familiar, aconchegante e confortável.
Mas não aliviava o nervosismo em sua barriga.
Ela estava em sua segunda taça de vinho quando ouviu a batida na porta do
quarto. Ela tomou três respirações profundas antes de abrir a porta, mas então,
quando a abriu, sentiu um surto inesperado de calor com a visão de Ander ali, em
pé. Como ele sempre fazia.

Esta noite, ele usava um terno cinza carvão e uma camisa preta sem gravata.
Estava suave, bonito e sofisticado, e, para seu alívio infinito, não estava sorrindo
aquele horrível sorriso falso.
Ele não estava sorrindo de jeito nenhum. Ele só olhou para ela com uma
expressão de escrutínio interrogativo. Estava totalmente composto, no entanto.
Seja qual for a profunda emoção que havia tomado conta dele na última vez em
que se encontraram, agora estava totalmente controlado.
Isso foi muito reconfortante.
Lori deu-lhe um sorriso tímido.
— Oi. Eu mudei de ideia.

O canto da boca de Ander deu um puxão minúsculo. Tão leve que ela quase
não pode pegá-lo.
— Estou vendo.

Ela o deixou entrar e eles caminharam até a mesa redonda ao lado da janela.
— Espero que esteja tudo bem — disse Lori empoleirando-se na borda de
uma das cadeiras.
— Não é um problema para mim. — Os olhos azul-acinzentados ainda
mapeavam seu rosto, como se estivesse tentando captar algo fora de sua expressão.
— Eu me sinto um pouco mal sobre isso. Indo e voltando desse jeito.

Ander balançou a cabeça, seus lábios dando outra contração.


— Você realmente acha que eu espero um compromisso de minhas clientes?
É esse o sentido de usar meus serviços.
Ele parecia sincero. Não havia nenhum sinal de angústia em seus olhos ou
expressão. Na verdade, ela pensou ter visto um brilho de diversão, isso era algo que
nunca tinha esperado.
Ela franziu o cenho.
— Você está rindo de mim?

— Claro que não.

— Estou muito sem graça — explicou ela —, minhas circunstâncias mudaram.

— Eu suponho que isso signifique que você terminou com seu namorado.

Lori deu um pequeno fungar.


— Ele não era meu namorado, mas eu o teria deixado, com certeza.

Os olhos Ander se arregalaram.


— Ele terminou com você?

Ela não pode evitar sentir um tremor de prazer com o franco espanto em sua
voz. Era bom que alguém a achasse capaz de agarrar um homem.
— Ele era um idiota.

— Claramente. Foi muito sábio de sua parte livrar-se dele tão rápido assim.

— Exatamente — disse Lori com um aceno de cabeça decidido.

A boca de Ander se contraiu de novo. Assim como a de Lori.

Simples assim, eles voltaram à sua interação confortável, sociável. Ela estivera
terrivelmente amedrontada de que esta noite seria estranha ou desconfortável ou
tensa e conflituosa como a conversa no elevador. Mas era como se nada tivesse
acontecido entre eles.

Contrariamente, uma pequena parte de Lori sentiu falta da intensidade que


exalava de Ander no último encontro no mês passado. Sentiu falta da urgência com
que ele olhou para ela, a tocou, a pegou.
Mas isso era um absurdo. Esta sociabilidade descontraída era muito mais fácil
de lidar e ela tinha certeza de que teria se acovardado se tivesse sido confrontada
com qualquer urgência desconfortável ou angústia desconcertante esta noite.
Lembrando de suas maneiras, ela levantou-se e serviu Ander de uma taça de
vinho. Ele aceitou com um agradecimento e sentou-se na cadeira.
— Eu não estava esperando que você tivesse uma abertura em sua agenda tão
cedo — disse Lori, interessada em sua disponibilidade e também querendo apenas
manter uma conversa.
Ander hesitou quando tomou um gole de vinho. Então finalmente disse:

— Eu fiz alguns cortes.

Os olhos de Lori se arregalaram.

— Em suas clientes, você quer dizer? Por que isso?

Os lábios de Ander se apertaram e Lori reconheceu a expressão fechada. Ela


reconheceu muito bem.

Antes que ele pudesse enganá-la com algum tipo de bobagem, ela disse:
— Eu faço um monte de perguntas. Não consigo parar, eu sou assim, mas não
fique todo tenso e fechado se eu perguntar algo que você não quer responder,
apenas diga-me para calar a boca.

Para seu alívio, a expressão Ander relaxou.

— Entendido.
Ela não sabia por que, mas meio que gostava da ideia de Ander não estar
vendo tantas clientes, como ele costumava. Ela se lembrava claramente do quanto a
desagradou de vê-lo com Sarah na arrecadação de fundos.

— Suponho que ser acompanhante não seja uma linha de trabalho que você
pense em seguir indefinidamente. Alguma vez já pensou em mudar de carreira?

Ele balançou a cabeça lentamente, seus olhos descansando na cama.

— Às vezes.

Não era lá uma resposta e não lhe dizia tanto quanto ela queria saber, mas
pelo menos ele não a havia dito para calar a boca. Ela queria pressioná-lo sobre este
assunto, mas obrigou-se a parar. Em vez disso, foi para a cama com seu vinho e
ficou deitada, fazendo-se confortável já que agora tinha certeza de que queria fazer
sexo mais tarde.
Ela disse pausadamente:

— Você sabe o que devia ser? Um terapeuta sexual.

Obviamente pego de surpresa, Ander deu um bufo deselegante sobre a borda


de sua taça de vinho.

— Desculpe-me?

— Um terapeuta sexual, basta pensar sobre como você foi bom em me ajudar.
As pessoas fariam fila para ter sessões com você.
Por um momento, Lori prendeu a respiração – insegura da reação de Ander.
Poderia ter ido por um mal caminho. Mas então seus lábios se contraíram.

— Não seria uma espécie de ironia terrível essa escolha da carreira.

Ela sorriu.
— Ou você poderia seguir o que sugeri antes, fazer seminários e webinários
com instruções sobre como os homens podem melhor agradar as mulheres. — Ao
pensar em Phil, sua expressão se transformou numa amarga carranca. — Eles
definitivamente precisam de conselho.

Ander arqueou uma sobrancelha.


— Qualquer experiência particular decepcionante que gostaria de
compartilhar?
— Cale a boca. — Embora tenha fixado sua carranca em Ander agora, por
causa de seu sorriso presunçoso, ela não estava muito irritada com ele. Sentiu foi
um desejo ridículo de rir. — Oh, eu já sei! Você deve escrever um livro.

Ander balançou a cabeça com diversão irônica.


— Se você está sugerindo que eu escreva novelas e romances...

— Não, não — ela o interrompeu. — Embora eu tenha certeza de que você


provavelmente escreveria bons romances. Quero dizer que você deveria escrever
um livro de não-ficção sobre tudo o que aprendeu sobre as mulheres. Seria um
best-seller.

— As Confissões de um Garoto de Prograna?

Sua voz ainda era divertida, mas ela não gostou da nota de amargura que
detectou.

— Não gosto disso. Suponho que sua ex-profissão poderia ser uma jogada de
marketing, mas eu me referia mais a um livro de Como Fazer. Estou falando sério,
você realmente deve escrever sobre toda a sabedoria e discernimento que tem
sobre mulheres e relacionamentos.
— Sabedoria e discernimento? — um fraco ceticismo estava gravado em suas
belas feições.
Lori endireitou-se na cama, franzindo a testa para ele em aborrecimento.
— Como você pode ser tão presunçoso em um minuto e em seguida tão
completamente alheio? Você é uma das pessoas mais inteligentes que eu já conheci
e eu nunca conheci ninguém com o tipo de experiência com a natureza humana
que você teve. Não estou dizendo que é uma bênção ou que não vem com um
preço, mas você tem isso. Por que não usá-lo?

Seu olhar ainda era estranho. Quieto.

— Eu uso.

Ela fez um barulho frustrado na garganta.


— Eu quis dizer usá-lo para escrever um livro. Canalizar de uma maneira
diferente, eu tenho um monte de contatos na indústria editorial. Quase posso
garantir que poderia encontrar, pelo menos, alguns editores que estariam
interessados em dar uma lida.
Ander apenas olhou para ela por um minuto inteiro, sua expressão tão
agudamente observadora que Lori queria se contorcer.

— Você está tentando me converter a sair da minha vida de depravação?

Lori quase estalou. Ela não pensara que era isso o que estava fazendo. Tinha
acabado de ter uma ideia e a externou – do jeito que sempre fazia.
— Que tipo de hipócrita eu seria se estivesse fazendo isso, dada a quantidade
de dinheiro que paguei você para foder comigo? Eu espero que você não ache que
eu estava julgando você. Eu não estava. — Ela olhou para sua taça de vinho,
estranhamente tímida, de repente. — Você não acha que eu estava fazendo isso,
não é?
— Lori — Ander começou, sua voz guiando os olhos dela até o seu rosto. —
Às vezes eu não tenho nenhuma ideia sobre o que pensar de você.
Ela não tinha certeza se havia sido elogiada ou insultada e deu-lhe um olhar
frio.

— Bem, eu lhe garanto que o sentimento é mútuo.

Ela pensou que o lábio dele poderia ter dado uma de suas contrações
deliciosas, mas ele ainda estava sentado na cadeira, muito longe da cama para ter
certeza.
— Você estava realmente pensando em deixar o negócio? — Lori perguntou
por fim.
— Eu nunca disse isso. Você perguntou se eu pensava sobre isso e
naturalmente eu penso sobre isso ocasionalmente.

— Você realmente acha essa linha de trabalho... satisfatória?

Ander deu de ombros.


— Eu sou bom no que faço. Faço um monte de dinheiro, posso definir meus
próprios termos, sou bem sucedido.

Quando ele parou, Lori solicitou:


— Bem sucedido em quê? — Não pela primeira vez, ela se perguntou se
Ander estava feliz, se ele estava pelo menos perto de ser feliz com a vida que havia
feito para si mesmo.

Ela realmente não queria julgá-lo – não sem saber nada sobre o que havia
moldado suas escolhas –, mas ela não podia imaginar que ele tenha encontrado
uma vida genuinamente satisfatória permitindo que seu corpo e, até mesmo sua
personalidade, fossem usados da maneira que estava sendo.

Ele balançou a cabeça e não respondeu.


— Foi difícil? — Lori perguntou, deixando a questão se derramar agora que
havia começado sobre o assunto que tivera muito medo de perguntar antes. — A
primeira vez, eu quero dizer. Foi difícil quando você começou a servir de
acompanhante?
Ander ficou em silêncio por um longo tempo, enquanto olhava para um lugar
vazio no ar. Então ele disse:

— Cale-se, Lori.

Lori bufou e deu um safanão de frustração na cama, mas ela não podia
reclamar ou dizer qualquer coisa. Foi ela quem havia dito para Ander calá-la se ela
se tornasse muito intrometida.

Observando-a, Ander riu e terminou seu vinho. Ele parecia muito mais à
vontade agora do que da última vez que o havia visto. Ela se perguntou o que havia
mudado, a que tipo de resoluções pessoais ele havia chegado. O que lhe permitiu
estabilizar a tensão emocional que ela havia testemunhado antes.
Ela ainda não sabia o que toda aquela tensão emocional, no mês passado,
havia mesmo significado.
Havia muitas coisas sobre Ander que ela não sabia e percebeu o quão
profundamente odiava sua ignorância. A curiosidade que ela sempre sentiu sobre
Ander havia, por alguma razão, se intensificado de forma necessária.
Mas Ander claramente não ia dizer a ela – nem mesmo a mais básica das
respostas.

Ele apenas ficou lá, bebendo seu vinho e ainda rindo baixinho.

— Do que você está rindo? — Ela exigiu, decidindo que estava aborrecida
com ele por desfrutar de sua frustração, e mesmo que levemente, ele estava.
— Nada, alguém já te disse não antes, quando você quis se meter em suas
vidas?
— Sim, mas geralmente eu sou capaz de contornar isso. — Ela deu a Ander
um olhar avaliador, tentando descobrir o que seria necessário para levá-lo a abrir
seus segredos, sobre todas as coisas que ele se recusou a dizer a ela.
Ander apenas riu de novo, como se soubesse exatamente o que estava
tramando e sabendo que ela não tinha a menor chance de sucesso.

Lori deu um suspiro de indignação com sua diversão descarada à custa dela e
impulsivamente atirou um travesseiro para ele.
Este bateu-lhe em cheio no peito com uma lufada suficiente.

Ander piscou para ela.


Satisfeita por tê-lo apanhado de surpresa, ela lançou outro travesseiro para ele.
Este teve um destino ainda melhor, dando-lhe um tapa no rosto antes de baquear
em seu colo.
Ander fez um som sem fôlego e deixou cair o travesseiro no chão junto ao
primeiro.

— Uma brincadeira infantil, você não acha?

Em outro momento, seu tom seco poderia ter sufocado seus impulsos
lúdicos, fazendo-a se sentir tola e jovem, mas ela sabia que ele armara sua voz para
ser condescendente com o propósito de ajustar o campo de jogo a seu favor.
Ela ignorou seu comentário, estava ganhando essa partida e não tinha
intenção de perder.
Havia seis travesseiros na cama. Ela jogou outro para ele, mais uma vez,
direcionado ao seu rosto e ele fez um som abafado com o impacto.

Então, ele ficou de pé.


Sentindo um arrepio de emoção, Lori pegou os outros três travesseiros em
preparação.
Ela lançou outro quando ele avançou em direção à cama. Ele bateu em Ander
com mais força do que nas outras tentativas, mas seu objetivo não era tão
cuidadoso. O travesseiro atingiu sua virilha, fazendo-o grunhir.
Lori não pôde conter uma risadinha enquanto se preparava para mais um
ataque.
Para seu espanto, Ander pegou o míssil seguinte e deixou-o cair suavemente
na pilha com os outros antes de chegar ao lado da cama.
Ele estava sorrindo agora. Um novo sorriso, um sorriso perigoso, quase
predatório. Ela sentiu um arrepio de emoção ao longo de sua coluna vertebral e
perdeu o fôlego.
Ela agarrou seu travesseiro, desesperadamente, enquanto resistia às tentativas
de Ander de retirá-lo de suas mãos.

— É, sem dúvida, uma tola para começar uma batalha quando você não sabe a
força total de seu adversário — Ander murmurou.
— Eu sei — insistiu Lori, apressando-se de volta para cama um pouco antes
de Ander deslizar ameaçadoramente sobre ela.
Em seguida, ele a traiu. A enganou totalmente. Ele agarrou seu tornozelo e
passou os dedos levemente sobre a sola de seu pé descalço.

Seu instinto de cócegas foi disparado, ela gritou e puxou o pé.


Enquanto estava distraída, Ander suavemente puxou o travesseiro de sua
mão.
— Hei! — Ela olhou afrontada quando Ander, acrescentou o travesseiro final
em seu esconderijo por cima da mesa.
Agora, ele tinha todos os travesseiros. E ela não tinha nenhum.
— Isso foi um golpe baixo — ela disse entre dentes, avaliando sua posição e a
distância até a pilha de travesseiros.
— Eu disse a você. Sem o pleno conhecimento do seu adversário, você
invariavelmente perde a batalha. — Ele sorriu novamente aquele sorriso predatório
que parecia quase mais natural para ele do que sua veia irônica. Até agora, ela nunca
havia conhecido esse lado de Ander, não sabia sequer que existia. — Você não tem
ideia do quão baixo eu posso ir para vencer um desafio.

Lori só teve um momento para descobrir o que fazer.


— Você está certo. Bem jogado. — Ela sorriu para ele, usando seu sorriso
largo e ensolarado na esperança de que ele abaixasse a guarda.
Ele não baixou, e, quando olhou para ela, ela viu uma breve expressão em
seus olhos, que era apenas um pouco mais suave do que o habitual.

Então, ela agiu.


Estendeu a mão e agarrou sua virilha, ficando surpresa ao sentir que estava
um pouco duro demais. Empurrando a distração para o lado, ela apertou-o ali –
tomando cuidado para não machucá-lo verdadeiramente.

Quando ele grunhiu, ela deslizou por ele e correu para os travesseiros.
Ela quase chegou lá, mas sentiu um braço forte em torno de si, levantando-a
até que foi atirada por sobre um ombros como um saco de batatas.

Ela uivou de indignação e agitou braços e pernas. Sem sucesso. Ander foi
inflexível quando a jogou de costas no colchão sem a menor cerimônia.
Ofegante, corada e mais animada do que era perfeitamente razoável, Lori
disse à guisa de explicação:

— Você não é o único que abre mão de golpes baixos para ganhar.

— Evidentemente.

— Isso é o que você merece por me fazer cócegas. — Ela esticou o queixo
para mostrar sua determinação e falta de vontade de ser intimidada por sua bravata.
Ele estava ao lado da cama e olhava para ela. Ele havia ficado mais tenso e a
expressão fatal e perigosa estava ainda mais forte em seus olhos. Cada músculo do
corpo de Lori se apertou, enquanto ela esperava em expectativa.
Ela sabia que ele ia fazer alguma coisa. Mas não tinha ideia do que seria.
Em seguida, ele agiu.

Agarrou-lhe o tornozelo de novo e começou a fazer cócegas em seu pé. Lori


gritou e contorceu-se, mas não conseguia se libertar. Ander foi implacável, com
suas mãos fortes e hábeis trabalhou sobre um pé e depois o outro. Então começou
a subir pelas panturrilhas até os pontos sensíveis na parte de trás dos joelhos,
empurrando sua calça de caxemira para cima.

Lori se contorcia na cama, subjugada pelo riso ofegante e tormento


implacável. Ela tentou resistir, tentou afastar-se e lutar contra suas mãos, mas
Ander era tão bom em fazer cócegas quanto era em todo o resto. Ela estava
indefesa, então suas suas mãos se moveram para fazer cócegas em sua barriga e
laterais.

Ele estava inclinado sobre ela agora e Lori estava praticamente gritando, tanto
de prazer quanto de agonia. Suas pernas estavam penduradas para fora da cama, e
ela tentou apoiar os pés no chão para ter alguma vantagem, mas Ander se ajustou
para evitar sua estratégia, usando o peso de seu corpo para segurá-la no lugar.
Suas mãos se moveram para baixo da blusa para que ele pudesse fazer cócegas
em sua pele nua. Lori se contorceu e arqueou debaixo dele. Conseguiu suspirar:

— Oh Deus, Ander!, Oh Deus!


Ander estava quente e forte e notável acima dela e no borrão daquela névoa
de risos induzidos, ela teve um vislumbre de uma expressão em seu rosto que
estava entre belicosa e ardente.

Foi o calor em seus olhos, mais do que a agressividade, que mudou a natureza
de suas sensações físicas. Ela não conseguia parar de se contorcer, de se balançar
sob o peso de seu corpo magro e firme. Não conseguia parar de ofegar sufocando
seu nome.

Mas o estímulo de alguma forma se transformou em algo imensamente


delicioso e torturante, mas que não a fazia rir.
Ela arqueou sua coluna, descaradamente tentando esfregar os seios contra o
peito dele. Seus braços voaram por cima de sua cabeça para que ela pudesse agarrar
os lençóis da cama.

— Ander — ela suspirou, um choque de excitação profunda a atravessando.

Ele não perdeu tempo. Só subiu sua blusa ainda mais e se inclinou o suficiente
para levar um de seus seios à boca.
Lori gemeu quando ele sugou seu mamilo e as mãos começaram a acariciar as
laterais de sua barriga, quadris e coxas, em vez de sustentar as cócegas.
Sua boca e as mãos eram muito melhores em seu corpo do que as de Phil e
não era só porque ele era mais habilidoso. Parecia natural sentir Ander em cima
dela, sentir seus lábios no seio, suas mãos sobre a pele nua, acariciando partes
secretas onde ninguém nunca havia tocado.
Suas pernas ainda pairavam sobre o lado de fora da cama, então ela tentou
envolvê-las em torno do corpo de Ander. Ele estava vestindo roupas demais, mas
ela não queria perder tempo tirando-as. Ela esfregou seu centro quente contra a
protuberância que sentia nas calças Ander, apenas algumas camadas de tecido entre
suas carnes.
— Ander — ela murmurou, jogando a cabeça para trás e para frente com um
desejo que rapidamente a estava tirando o controle. — Camisinha. Agora.
Ele puxou a cabeça de seu seio e mirou uma de suas coxas. Então olhou para
ela por um minuto, com os olhos estranhamente ardentes e desfocados. Em
seguida, tirou sua calça de caxemira e afastou-se apenas o tempo suficiente para
pegar um preservativo de seu estojo e abri-lo.
Ele se atrapalhou com a calça e cueca até que libertou seu pênis. Em seguida,
rolou o preservativo e voltou para a posição em que estivera antes, apoiado sobre
ela, metade para fora da cama.

Ela afastou as pernas para acomodá-lo, mas ele abriu ainda mais suas coxas
antes de deslizar dois dedos em seu canal para verificar sua disponibilidade. Ela
estava mais úmida do que pensava ser possível após tão poucas preliminares. Sua
respiração engatou enquanto ele a fodia com os dedos por um minuto, afundando-
os para tocar em seu ponto G.

— Ander — ela implorou, segurando na cama. — Por favor.

Ele ainda estava com a maioria de suas roupas; seu rosto corado e tenso
encimando sua camisa e terno caros foi a coisa mais sensual que ela já tinha visto.
Um polegar encontrou seu clitóris e ele massageou até que os tremores de um
orgasmo pulsavam através dela, fazendo-a gemer e estremecer.
Sugando o ar enquanto gozava, ela começou a agarrar a bunda Ander,
tentando puxá-lo para si, faminta por mais. Ele ajustou o corpo para alinhar o pênis
em sua entrada.

Então, com uma arremetida dos quadris, ele enterrou o pênis dentro dela.
Ela arqueou-se novamente quando foi penetrada. Estava apertada por quase
um mês sem sexo.
— Porra — ele murmurou. Segurando-se nos braços com o rosto virado de
lado.
Ela queria que ele olhasse para ela de novo. Queria ver a expressão de seus
olhos.

— Tudo bem? — ela conseguiu perguntar.

Ele ajeitou o pescoço e abriu os olhos. Fez um som que poderia ter sido uma
risada abafada.

— É. Você está pronta?

— Sim. — Quando ele deu o primeiro impulso, ela abriu os lábios e esticou o
pescoço de prazer. — Ah, sim. — Ele investiu de novo e ela enterrou os dedos nos
músculos duros de seu traseiro. — Ahhh.
Eles foderam assim, à meio caminho da cama, e Lori adorou. Seu corpo ficou
mais quente e mais urgente a cada golpe duro de Ander e sua respiração ofegante
foi se transformado em soluços de prazer enquanto acompanhava balanço a cama.

Ela se atrapalhou em sua bunda e costas, tentando trazê-lo para ainda mais
perto. Enrolou as pernas em torno de seus quadris e continuou tentando juntá-los
mais para que ela pudesse sentir ainda mais dele. Metendo fundo e forte.
O corpo dele ficou extremamente quente e suado debaixo de suas roupas, e
sua respiração irregular transformou-se em rítmicos sons guturais, quase como se
fossem grunhidos, a cada vez que ele se introduzia dentro dela.
— Oh, Deus — ela engasgou. — Ander. — Seu corpo inteiro começou a
tremer e ondas de calor a tomaram.
A velocidade das investidas se intensificou e ele estava tão tenso que ela podia
ver os tendões expostos em seu pescoço.
— Vou gozar. Goze também. — Ela arranhou sua bunda, sabendo que o
estava marcando, querendo marcá-lo. Em seguida, todo o seu corpo se arqueou e a
boca se abriu num silencioso grito de prazer.

Suas paredes internas aumentaram o cerco ao redor do pênis Ander e ele caiu
de ritmo também. Com uns grunhidos finais, ele investiu contra seu canal apertado.
Logo, seu pau pulsava, seu corpo inteiro pulsava, quando ele chegou ao clímax com
palavras sufocadas.

Sua respiração era rápida e superficial quando os cotovelos cederam e seu


corpo entrou em colapso, brevemente, sobre o dela.
Ela se agarrou a ele pelos poucos momentos que permaneceu em cima dela,
segurando-o com os braços e as pernas.

Então ele se ergueu com um gemido.


— Tenho que tirar o preservativo — ele murmurou, saindo dela antes de seu
pênis estar plenamente amolecido.
Lori estava dolorida e seus músculos pareciam excessivamente esticados, mas
quando se ajeitou na cama e ficou debaixo das cobertas, sentindo-se ridiculamente
satisfeita.
Ander estava certo sobre o que disse no elevador no mês passado. Por que ela
deveria tentar complicar isso? Ela pagava a Ander um bom dinheiro e ele lhe dava
um bom sexo. Eles se davam muito bem, e ela gostava de passar esse tempo com
ele.
Seu único arrependimento foi que Ander havia vencido a luta de travesseiros.

Ander ficou no banheiro um pouco mais que o normal, mas não tanto como
naquela noite em que ela voltou de Hong Kong.
Ela percebeu, quando ele voltou para o quarto, totalmente nu, que eles haviam
parado de desligar as luzes em algum ponto não especificado ao longo dos últimos
meses. Ela podia ver o corpo magro e nu de Ander claramente quando ele
caminhou para a lateral da cama e se abaixou para pegar sua cueca.
Ele tinha ombros largos, abdômen firme, pernas longas e uma bunda linda.
Sua bunda estava exposta para ela quando puxou a cueca, então ela teve uma
excelente visão das bochechas firmes e flancos estreitos, e das furiosas marcas
vermelhas de suas unhas cruzando a pele clara.
Ela abafou uma risadinha com esta evidência vívida de como o marcara e
puxou lençol e edredom até as axilas. Ela não estava usando nada além de sua
camisa de caxemira, e seu corpo não era tão perfeitamente cinzelado para a
apreciação como o de Ander.
Ander deu-lhe um olhar interrogativo quando voltou para a cama e ficou
debaixo das cobertas ao lado dela.

— O quê?

Ela não deve ter escondido o riso muito bem.


— Nada.

Ele estreitou os olhos.

— Por que você está rindo de mim?

— Eu não estou. Não de verdade, estava apenas olhando para os arranhões


que fiz na sua bunda. Desculpe por isso.

Com um encolher de ombros, ele respondeu:


— Não é nada de mais.

— Eu não sabia que tinha te arranhado tanto. Eles não doem, não é?

— Não muito. Não se preocupe com isso, pelo menos não foi minha cabeça.
— Sua boca se curvou num sorriso. — Além disso, você estava bastante
entusiasmada.
Seu tom era leve e provocante, mas as bochechas de Lori queimaram
dolorosamente. Ela havia ficado entusiasmada. Mais do que entusiasmada, ela havia
ficado quase frenética em sua necessidade de tê-lo dentro de si. Ela adorou a
sensação na hora, mas agora estava envergonhada de sua ousadia, sua ansiedade
quase infantil.

— Qual é o problema? — Ander perguntou, estudando seu rosto. Ele tentou


encontrar seus olhos, mas ela evitou o olhar.

— Nada.

— Lori. — A voz de Ander, tinha uma ponta de aviso, da mesma maneira que
Sabrina sempre fazia quando Lori estava sendo tola.
— Tudo bem — Lori cedeu com uma carranca. — Eu só estou envergonhada.

— Por quê?

— Eu não sei. Não é racional. É que o mundo parece pensar que ser calmo e
contido é o certo e eu nunca consegui ser assim, não importa o quanto eu tente. Eu
fico muito animada com as coisas e esta coisa, o sexo, ainda é muito novo para
mim e você fez soar como se eu... como se eu... — Ela parou, sem saber como
articular seu desconforto.
— Como o quê? — Ander virou para o lado e a olhava com uma careta.

— Como se eu estivesse ansiosa demais ou algo assim. — O rubor em suas


bochechas aprofundadou e ela não conseguia olhar nos olhos dele. Ela desejou
nunca ter tocado nesse assunto ridículo. — Não importa, é apenas um sentimento
estúpido. Eu sei que é bobagem.

— Sim — Ander disse lentamente. — É.

Ela engasgou e se voltou para encará-lo.

Ele apenas levantou as sobrancelhas.


— Certamente você sabe melhor do que eu que ser entusiástica na cama é uma
coisa boa.
Quando ele colocou dessa maneira, seu embaraço soou muito bobo. Mas
ainda assim...

— Não há necessidade de ser arrogante sobre isso — ela bufou.

Ander apenas riu e mudou de assunto.


— Então, você está praticando com seu vibrador?

Parecia uma transição perfeitamente natural para Lori, então respondeu


facilmente.
— Sim. Eu tenho feito muito bem, eu acho. Obrigada por isso, por tê-lo
trazido para mim e me ajudando.
— Não por isso. — Ander esticou o corpo longo, como se estivesse tentando
se fazer mais confortável. — Então, seu namorado foi uma decepção na cama?
Tendo pensado sobre isso, Lori deveria ter notado que não havia uma
transição real para esta pergunta. Mas ela estava se sentindo relaxada e satisfeita
novamente e não viu nada de estranho nisso.
— Ele não era meu namorado. Nós não chegamos tão longe. — Ante o olhar
perplexo de Ander, ela esclareceu: — Nunca tivemos o suficiente para ele ser meu
namorado e, na verdade, nunca chegamos longe a ponto de ir para a cama.
— Entendo. Ele era um daqueles tipos “sexo desleixado no banco de trás de
um carro”? — Ander perguntou, sua voz seca e provocante.
— Não! — O tom de Lori ficou indignado, mas ela estava mais divertida do
que qualquer outra coisa. — Nós nunca fizemos sexo. — Seu sorriso trêmulo
desapareceu quando pensou em Phil e em como ele a fazia se sentir. Ela sacudiu a
cabeça pesarosamente. — Evidentemente, esse foi o problema.
— O que você quer dizer?

— Eu não quis fazer sexo logo com ele, então ele encontrou alguém mais
jovem e disposta.
— O quê? — a voz de Ander não era alta, mas o espanto discreto em sua voz
foi mais uma vez reconfortante.
— Então você acha que é muito ruim, não é? — Lori perguntou, encontrando
seus olhos intensamente. — Quer dizer, você não acha que é aceitável para um cara
me tratar como lixo só porque eu não transei com ele no terceiro encontro, não é?
Por um momento a mandíbula de Ander ficou tensa e um pequeno músculo
cintilou em seu rosto. Em seguida, seu rosto relaxou e ele a encarou sacudindo
ligeiramente a cabeça.
— Parece que você escolheu um idiota para si.

Lori riu, sentindo-se absurdamente melhor sobre isso, agora que Ander tinha,
com naturalidade, condenado Phil ao mesmo nível do inferno que ela e Sabrina.
— É exatamente isso o que eu digo.

Quando ela olhou para Ander, ela o pegou fazendo uma varredura em seu
rosto num óbvio escrutinho.

— O quê? — exigiu.

— Você não tinha se apaixonado pelo idiota, tinha? — Seu tom era casual e
despreocupado, e não totalmente de acordo com a urgente inspeção de seus olhos.
— Não. Não, não tinha. Quer dizer, eu me senti um lixo depois que ele me
deixou. Mas eu estava mais humilhada. Eu realmente pensei que ele tinha potencial,
então me senti estúpida e doeu. Eu sempre me senti... — Ela havia derramado as
palavras sem pensar, mas parou quando percebeu o que estava prestes a dizer.

— Você sempre sentiu o quê?

Lori fechou os olhos. Ela não tinha a intenção de se abrir sobre isso, mas se
ouviu dizer as palavras de qualquer maneira.
— Sempre me senti a segunda melhor. Você sabe, sempre à sombra de
alguém. Isso provavelmente tem muito a ver com o fato de eu ter ficado todo o
ensino médio e universidade apaixonada por um cara que não me amava e essa
coisa com Phil tipo me fez sentir assim novamente. Como eu estava sendo idiota
por esperar que um cara quente se apaixonasse por mim. — Sua voz falhou um
pouco quando ela concluiu: — Acho que eu continuo esperando que alguém me
escolha, me queira, sobre todas as outras mulheres que poderia ter.
O quarto de hotel estava em silêncio quando terminou, e ela disparou os olhos
nervosos sobre a Ander. Sua expressão era calma, reflexiva, e isso fez Lori queimar
com vergonha novamente.
Que diabos ela estava pensando? Expondo suas entranhas assim.

Ele deve pensar que ela era uma menina, carente e tola.

Ander não falou imediatamente e Lori não conseguia pensar em nada para
dizer. Ela se contorcia sem parar, tentando falar algo para trazer de volta a
familiaridade confortável que existiu mais cedo.

Ela estava à beira de voltar a tentar quando Ander finalmente falou:


— Havia uma mulher que era sócia do meu pai. Ela tinha cerca de dez anos a
mais que eu, mas sempre se insinuou para mim desde que eu havia 18 anos.
Lori piscou, desorientada no início, com a mudança de assunto. Ander estava
deitado na cama ao lado dela, com as mãos cruzadas atrás da cabeça. Seus olhos
estavam fixos no teto e não havia nenhum traço de emoção em seu rosto.

Ela percebeu que ele estava respondendo a sua pergunta de mais cedo, sobre
seu primeiro trabalho como acompanhante. Talvez sua confissão vulnerável, tenha
aberto a porta para ele também.
— Depois que meu pai e eu tivemos nossa briga 100.000,00, eu jurei que não
tinha mais nada a ver com ele. E mantive a minha palavra. Estava trabalhando em
um MBA, mas abandonei a escola e já não usava qualquer parte de seu dinheiro ou
recursos. Então fiquei vadiando por quase um ano, vivendo com amigos e sem
fazer nada construtivo, mas esta mulher continuou se insinuando. Mas eu não
estava interessado. Ela não fazia o meu tipo e eu não gostava de suas ligações com
o meu pai, então ela me ofereceu cinco mil dólares para ir a um encontro com ela.

Ander estava com a voz seca, suas feições tão calmas que eram quase estoicas.
— Eu aceitei – não tinha nenhum trabalho e nem dinheiro próprio. Eu a levei
para jantar, em seguida para tomar um coquetel, então, de volta à sua casa, onde
transei com ela. Eu vivi por um mês com essa única noite de trabalho.
O coração de Lori, por algum motivo, estava correndo e ela não conseguia
tomar uma respiração completa, mas manteve a voz natural, não querendo fazer
uma grande coisa sobre o fato dele ter se aberto pela primeira vez.

— Seu pai sabe sobre isso?

— Oh, sim. Tenho acerteza de que ele soube. Parecia tão fácil para mim.
Acompanhar mulheres, ganhar dinheiro fazendo isso. Esta mulher tinha um monte
de amigas, então eu tenho referências desde o início. Aos poucos, fiz todo um
negócio independente dela.

— Foi difícil? — Lori perguntou, mantendo sua voz o mais leve possível. —
Esta primeira vez?
— Não. — Ander desviou os olhos até encontrar os dela, embora só os tenha
segurado por alguns segundos. — Realmente não foi. Eu estava com raiva e... e
determinado. Não estou dizendo que não tenha sido difícil... em outras vezes. Mas
a primeira vez que não foi. Nada. — Ele deu uma risada amarga. — Não demorou
muito para o meu pai me negar completamente.

— Ele sabe que você ainda faz isso?

— Sim. Ele finge não reconhecer a minha existência, mas ele sabe.
Quando ela olhou para Ander sob a luz artificial do quarto, pensou por um
momento que ele parecia incrivelmente jovem. O que era ridículo, ele era sete anos
mais velho do que ela e já teve mais do que uma vida inteira de experiência.

Mas ele parecia jovem. Como um menino. Como um menino que ainda queria
que seu pai o amasse.
Ela mexeu-se instintivamente, sem planejar ou pensar em suas ações. Apenas
apoiou-se nos cotovelos e se inclinou na direção onde a cabeça de Ander
descansava sobre um travesseiro.
Em seguida, seus lábios encontraram os dele. Pressionado contra eles um
beijo suave e breve.
Tudo parecia perfeitamente natural, até a respiração Ander sair audível por
sua garganta. Seu corpo estremeceu um pouco e ele olhou para ela com espanto,
seus olhos azul-acinzentados amplos e confusos.
Lori corou ardentemente e se afastou.

— O que está acontecendo? — Ander perguntou, sua voz um pouco ofegante.

Lori sentiu falta de ar também.


— Eu não sei — ela admitiu timidamente. — Eu só... só senti vontade de
beijar você. Sinto muito.
— Você não tem que se desculpar. — O choque de Ander havia passado e ele
estava parecendo mais com ele, os olhos percorrendo o rosto dela com calma. —
Eu lhe disse desde o início que poderia me beijar se quisesse. Eu só pensei que
você não queria fingir.
— E não quero. Ainda não quero fingir nada, não sei por que fiz isso. — Lori
ainda estava encostada ao lado dele, olhando para ele, mas desejava nunca ter
começado essa coisa toda. Ela estava nervosa, confusa e envergonhada, e não
gostava de se sentir assim.

Os olhos de Ander nunca deixaram seu rosto.


— Nós nunca fizemos isso antes, então talvez você esteja apenas curiosa.

Não era verdade, mas era uma boa desculpa, assim Lori não objetou.

— Sim.

— Você quer tentar beijar? — Ander perguntou. — Se não se sentir à vontade,


não temos de fazer isso. A escolha é inteiramente sua.
Lori olhou para seu rosto sóbrio, olhos profundos e lábios graciosamente
curvados. Ela queria tentar, só para ver como era, mas estava tão nervosa de
repente, ela não conseguia se mover.

— Lori? — Ander solicitou. Ele não se moveu. Nem um músculo. Estava


perfeitamente imóvel e observador. Esperando.
Seu corpo se moveu por vontade própria e ela foi para perto dele. Inclinou-se,
sua boca ficando há apenas um sussurro de distância da de Ander. Seu coração
estava batendo tão alto que ela podia ouvi-lo, senti-lo em sua cabeça, na ponta dos
dedos, em seus lábios.
Não havia nenhuma razão racional para ela estar tão hesitante e ansiosa com
um beijo, mas se sentiu congelada no lugar, respirando de forma instável e um
pouco trêmula.
— Apenas tente, Lori — Ander disse, sua voz um pouco grossa. Ela podia
sentir-lhe a respiração na própria pele. — Beije-me.
Então, de repente, o estava beijando. Ela não percebeu que havia fechado a
distância entre suas bocas. Não lembrava de ter se movido, mas os lábios de Ander
estavam, de repente, pressionados contra o dela.
Com um som abafado, agarrou sua cabeça careca, com uma das mãos.
Emoção e excitação atravessaram-na quando sua boca se moveu ansiosamente
contra a dela.

Ele deslizou sua língua contra a linha dos lábios dela em uma exploração
interrogatória. Quando ela se abriu para ele, sua língua a invadiu, provocando e
acariciando com fome e confiança.
Então Ander os empurrou contra a cama e ficou em cima dela. Uma das mãos
segurou a parte de trás de sua cabeça, quando o beijo cresceu tornando-se mais
profundo e intenso.
Lori agarrou sua cabeça com as duas mãos, sentindo a pele firme de seu couro
cabeludo com as pontas dos dedos. Todo o seu corpo tremia enquanto seus lábios
e línguas dançavam e duelavam. Ele estava tão quente que parecia como se
estivesse marcando-a – em seus lábios, em todo seu corpo.
Ela gemeu contra sua boca e expirou desesperadamente pelo nariz, até que ele
finalmente se afastou e caiu de costas na cama ao lado dela.

Lori ofegou acaloradamente – excitada, eufórica e aterrorizada.


— Como foi para você? — Ander perguntou. Ela estava feliz em saber que ele
também parecia bastante ofegante e que sua voz estava um pouco rouca.

— Hum.

— Se fou falso ou artificial para você, não tem que fazê-lo. Você decide

— Hum.

— Às vezes é bom fazer algo diferente, mas podemos fazer o que você quiser.

— Hum.

Finalmente os olhos de Ander encontraram os dela.

— Bem? O que você achou?

Lori engoliu em seco.

— Uau. Você é muito bom nisso.

Algo quase imperceptível se suavizou no rosto de Ander.


— Devemos tentar de novo?

Lori seria uma tola, digna de pena, se não tentasse algo tão bom novamente.
Por que diabos ela não o tinha beijado durante todo esse tempo?
Sentindo um desejo profundo e crescente, ela rolou de volta e agarrou sua
cabeça mais uma vez. Em seguida, ela o beijou forte e profundamente.
Seus braços imediatamente a cercaram e ele ajudou a colocá-la posicinada em
cima dele. Ela ficou esparramarda sobre seu corpo quente, e não parava de beijá-lo.
Desta vez, ela usou a língua de forma mais ativa, tentando combinar o
movimento hábil ao seu. Ela acariciou seu couro cabeludo suavemente e sentiu
uma aguda sacudida de prazer quando um gemido baixo saiu do fundo da garganta
de Ander.
Enquanto eles se beijaram, as mãos dele estavam ocupadas; ele acariciou-lhe a
espinha e depois suas coxas e parte inferior, onde acariciou e apalpou com
intimidade – com posse.

Quebrando o beijo por um minuto para que pudesse recuperar o fôlego, ela
deslizou uma de suas mãos para baixo através de seu peito e barriga até que pode
sentir-lhe a ereção através de sua cueca. A seda era fina e escorregadia e ela apertou
seu membro duro através do tecido.
Ela ouviu sua respiração entalar e imaginou ser uma coisa boa. Ainda não
havia igualado sua própria respiração quando Ander tomou sua cabeça com ambas
as mãos e puxou-a para outro beijo. Os dedos se enredaram em seus cabelos
enquanto ele brincava com a língua instigando-a a abrir a boca mais uma vez. Ela
continuou massageando seu pênis enquanto se beijavam, amando como parecia
firme e substancial sob sua mão e como o corpo dele retesava a cada aperto.
Logo, ela se perdeu no abraço. Seu corpo fez o que queria fazer, que era se
esfregar contra o dele e sugar-lhe a língua para dentro de sua boca. Ela sentiu suas
mãos irem para baixo de sua camisa de caxemira. Ela pensou, vagamente, que ele
estava tentando tirá-la, mas não sentiu-se livre o suficiente para deixá-lo fazer.

Eventualmente, ele desistiu e, em vez disso, levantou os quadris para que


pudesse libertar seu pênis. Os lábios se separaram quando ele pegou um
preservativo. Então, ele a ajudou a ficar em posição de montar sua pélvis e se
afundou, embainhando sua ereção com seu calor úmido.
Ela começou a montá-lo da maneira que sabia, mas depois de alguns minutos,
ele guiou a parte superior de seu corpo para baixo e exigiu outro beijo.
Ela não fez objeções. Não havia muita liberdade de movimentos nesta
posição, mas ela não se importava. Ele estava cheio e duro dentro dela e o ligeiro
atrito do balanço simultâneo foi delicioso. Ela conseguia estimular seu clitóris no
osso pélvico dele e começou a gemer e bufar contra sua boca ao sentir a pressão de
um orgasmo se desenvolvendo entre as pernas.
Sua cabeça estava girando. O mundo inteiro estava girando e parecia que
Ander iria comê-la viva, engoli-la inteira.
Ela virou a cabeça para o lado quando seu corpo pareceu à beira da ruptura.
Ela gemeu e ofegou, torcendo seus quadris para obter mais estímulo na penetração
de Ander contra suas paredes internas.
Então ela gozou, seu corpo se contorcendo desajeitadamente em cima do dele
quando os espasmos de prazer a atravessaram.
Ander grunhiu contraindo os quadris em curtas incursões contra os dela, os
dedos se enterrando na carne de seu traseiro.

— Lori — ele murmurou, torcendo brevemente o rosto.

Quando ela desceu de seu orgasmo, percebeu o que ele estava pedindo.

— Goze também — disse ela com voz rouca. — Goze, Ander, goze.
Seus músculos íntimos estavam tensos e ficaram mais apertados com Ander
investindo, golpeando embaixo dela.

Ela sentiu sua boca quente e úmida na curva do pescoço. Então, sentiu-lhe os
dentes.
Ele mordeu mais forte quando chegou ao clímax, e Lori gritou na súbita
liberação, gozando de novo, inesperadamente, a partir da mistura de prazer e dor.
Seus corpos se contorceram e tremeram, se acalmando quando as ondas do
orgasmo finalmente desapareceram.
Lori estava quente e suada, assim como Ander. Ela arquejou-se
desesperadamente contra seu pescoço, enquanto ele arquejava desesperadamente
contra o dela.
Depois de um minuto, ele a afastou saindo de dentro dela, e se ergueu do
jeito que sempre fazia. Quando seu pênis deslizou para fora do canal apertado, seu
corpo resistiu. Suas paredes internas pareciam agarrar o pênis dele e ela sentiu uma
sensação crua quando ele, finalmente, deslizou para fora.
Quando ele voltou, após descartar o preservativo, ela realmente queria que ele
voltasse para a cama. Ele parecia quente, relaxado e saciado. Quase irresistível. Ela
queria abraçá-lo um pouco. Para ser segurada, abraçada, acarinhada.
Ela não estava completamente delirante, no entanto. Esta era uma das
consequências de fazer aquele tipo de sexo. Sem uma profunda conexão emocional,
haveria sempre algo faltando. Ela achou que poderia reverter ao beijá-lo enquanto
eles fodiam, sem perder seu senso de perspectiva, mas fingir um abraço depois era
ir longe demais.
Então, lhe disse que poderia tomar um banho, se quisesse, e estava se
sentindo mais como si mesma quando ele ressurgiu, composto e totalmente
vestido, em seu terno cinza carvão.
Ele se sentou em uma cadeira e encontrou seus olhos, enquanto ela
descansava na cama.

— Então o que você achou? Achou anormal, como se estivesse fingindo?

Ela não esperava a pergunta, então não teve outra escolha senão, responder
honestamente.

— Não. Eu não estava fingindo. Quero dizer, não pareceu falso. Eu gostei.
Senti que era uma parte natural do sexo e que eu estava perdendo antes. Foi
estranho para você?
— Claro que não. — Ele puxou seu smartphone para fora do estojo. — Você
quer agendar alguns outros compromissos neste mês?

— É. Por que não? Quando você tem disponível?

— Quando você estava pensando?

Lori piscou em confusão.

— Eu geralmente aproveito uma brecha. Quando é sua próxima lacuna?

— Eu tenho a sexta-feira disponível. — Ander foi clicando em seu


smartphone, como se estivesse olhando seus compromissos.
— Esta sexta-feira? — Voz de Lori guinchou um pouco. — Tão cedo? Você
não está reservado?
O rosto de Ander pareceu estranho por um momento.

— Eu disse a você, fiz alguns cortes.

— Ah. Sim. Sexta-feira está bom e talvez na próxima semana. Eu vou estar em
Québec no fim de semana depois disso, por isso vamos ter que nos programar em
torno da viagem.
Eles agendaram mais algumas sessões e depois Ander levantou-se para sair.
Lori entregou-lhe o envelope de dinheiro que ele nem sequer olhou. Apenas
deslizou em seu bolso.
Lori vestiu sua calça de caxemira antes de acompanhá-lo até a porta. Sentiu-se
um pouco tímida quando sorriu e disse adeus. Ela não sabia por que, de repente, se
encontrava acanhada, mas sabia que tinha algo a ver com a maneira como ele olhou
para ela, quando abriu a porta. Quase interrogativo, e estranhamente doce.

— Vejo você na sexta-feira — disse ele, detendo-se do lado de fora da porta.

Ela sorriu de novo, ainda ridiculamente tímida.

— É. Eu estarei esperando por você.

— Estou feliz por você ter mudado de ideia. Sobre seus compromissos
comigo.
Algo suavizou em seu peito àquelas palavras um pouco nervosas. Talvez fosse
o alívio que sentia. Ela estava tão feliz por ele parecer gostar de seus encontros com
ela. Obviamente, isso não era algum tipo de romance predestinado, mas pelo
menos, ela era um pouco mais para ele do que apenas um trabalho.
Ele parecia gostar dela o suficiente, e não se importava de fazer sexo com ela.
Lori sentiu como se tivesse feito uma grande façanha, dada a sua completa falta de
experiência.

— Eu também.

Ela o viu caminhar pelo corredor até o elevador. Esguio, ereto, elegante e
fino. Infinitamente experiente e, de alguma forma, ferido.
Ela iria vê-lo novamente na sexta-feira. Apenas quatro dias à partir de agora. E
iria beijá-lo novamente.

Ela mal podia esperar.


.Oito.

Lori não estava totalmente confortável.


Sua vagina estava em carne viva, suas costas pareciam feridas, os músculos de
suas coxas e estômago doíam e seus pés estavam sem circulação.

E ela estava prestes a gozar. Novamente.

Um pouco antes da meia-noite de quinta-feira, Ander estava se arrumando


para sair quando Lori, inocentemente, comentou que só havia gozado quatro vezes
naquela noite, quando na sexta-feira anterior, ele a havia feito gozar seis vezes. Era
só provocação, já que estava perfeitamente satisfeita com as atividades da noite.

Mas Ander a pegou e colocou deitada de costas sobre a mesa, empurrou sua
camisa para cima, abriu-lhe as pernas e levou-a ao clímax duas vezes com a mão.
Então, estava ereto novamente, rolou outro preservativo e entrou ela.
Levantando-lhe as pernas, apoiou seus tornozelos nos ombros quando começou a
investir. Era uma posição inteiramente indigna, com as pernas no ar e as mãos
tateando ao redor da mesa à procura de algo suave onde se segurar. Sua coluna se
feriu de ser empurrada para trás e para frente sobre a superfície dura durante o
movimento vigoroso de Ander. O som de carne batendo e a sucção úmida eram
vagamente embaraçosos, como foram os grunhidos suaves que ela fez com o
aumento de seu tesão.
Ela realmente não deveria estar gostando muito.
Porém estava. Ela mordeu o lábio com força enquanto seus músculos
tensionavam e os tremores do sétimo orgasmo da noite começaram a atravessar seu
corpo. Ela sufocou seu grito de libertação e gozou como um som agudo e
estridente.
E pediu para Ander gozar também quando as ondas de satisfação caíram
sobre ela. Ela olhou para ele sem fôlego, enquanto seu rosto corado se contorcia
com suas últimas estocadas dentro dela. Seus dedos estavam enterrados na carne da
bunda dela e ele sufocou uma palavra gutural quando revirou os quadris
lentamente, como se estivesse saboreando sua libertação.
Lori teve que abafar uma risadinha quando ele a puxou e ajudou a sair da
mesa. Ela agarrou-se à borda, as pernas quase incapazes de segurar seu peso. Não
podia acreditar que havia acabado de fazer isso, depois que Ander já tinha tomado
banho e arrumado sua maleta.

Quando ele foi ao banheiro para cuidar do preservativo, ela olhou para o
relógio e piscou no momento.
— Eu ultrapassei 20 minutos — disse ela quando ele voltou para o quarto. —
Sinto muito.
— Não se preocupe com isso. — Os olhos de Ander a escaneavam, do cabelo
bagunçado aos pés descalços, e ela viu seus lábios darem um pequeno puxão.
Sabendo exatamente o que essa expressão significava, ela estreitou os olhos.

— O que é tão engraçado?

— Eu não estava rindo.

— Sim, você estava.

Sua boca suavizou quando ele fechou o estojo novamente.

— Eu realmente não estava rindo. Eu estava pensando que você não olhou
para a sua aparência.
Com um fungado, Lori se olhou no espelho. Estava pior do que esperava,
então manteve uma mão sobre a mesa de apoio. Ela tinha outro hematoma no
pescoço e tinha certeza de que teria marcas de dedos na sua bunda e coxas. Suas
bochechas estavam vermelhas e ela estava coberta com um brilho de transpiração,
além disso, seu cabelo estava um pouco úmido de todo o esforço que ela havia
dispensado ao sexo hoje à noite, fazendo uma louca e descarada bagunça.

Com uma carranca para Ander, ela disse:


— A culpa é sua, então não tem motivos para rir. Se você tivesse cabelo,
também pareceria caótico.
O sorriso que era apenas espasmos nas extremidades de sua boca se abriu
completamente.

— Nenhum argumento aqui.

Olhando de novo para o relógio, Lori sentiu uma pontada de preocupação.

— Eu sinto muito, foram vários minutos extra. Devo dar-lhe-


— Não — Ander interrompeu, um pouco bruscamente. — Não se preocupe
com isso.

Ela engoliu em seco, com medo de tê-lo ofendido. Ander geralmente era de
muito boa índole, mas ela estava aprendendo mais e mais que ele tinha uma alma
sensível escondida debaixo de todas as camadas de fria sofisticação, e Lori nem
sempre sabia quando ou como poderia, acidentalmente, lhe machucar.
Ela deu um passo para longe da mesa para pegar o roupão, sentindo-se, de
repente, excessivamente exposta em sua camisa de cetim, mas fez uma careta na
primeira etapa quando um choque de dor atingiu-lhe entre as pernas.
— Ferida? — Ander perguntou, aproximando-se para colocar uma mão ao
redor de sua cintura e, em seguida, ajudá-la a sentar-se numa cadeira. — Eu fui
muito rude?
— Oh, não. Eu teria parado se não estivesse bom. — Tranquilizada por sua
consideração, ela sorriu para ele. — Foi muito bom.
Ander puxou seu smartphone e começou a clicar.

— Próxima vez?

— É. Estamos certos em uma semana à partir de segunda-feira, certo?

— Você não quer nada antes?

Ela estava muito curiosa sobre o quanto ele conseguiu liberar sua
programação recentemente, mas estava muito hesitante em perguntar por que,
exatamente, ele estava cortando clientes. Toda vez que ela tentou sugerir o assunto,
ele havia se fechado como uma ponte levadiça.

— Eu tenho a viagem para Québec.

Ele olhou para ela suavemente e ela sentiu um pequeno tremor de nervoso
enquanto considerava uma possibilidade. Então, decidiu que não tinha nada a
perder, e disse casualmente:

— Você já foi à Québec?

— Cidade de Québec? — À sua afirmação, ele continuou: — Não, não fui.

— Ah. Eu tenho que ir até lá para uma conferência, estou dando uma palestra
na noite de sexta-feira e então, tenho que ir a um banquete na noite de sábado, mas
tenho o sábado inteiro e mais o domingo para sair e fazer alguns passeios turísticos.
— Ela quase fez a sugestão, mas depois se acovardou. Assim, concluiu sem
convicção: — Eu queria saber se você tinha alguma ideia sobre o que eu deveria
ver, se já tivesse estado lá antes.

— Eu não estive lá — Ander repetiu. Ele ainda estava brincando com seu
smartphone. Sem, realmente, olhar para ela. — Ouvi dizer que é uma grande
cidade, está na minha lista de lugares para conhecer.
Ele parecia estar falando distraidamente, como se ele não estivesse realmente
absorvido na conversa, mas deu uma grande oportunidade para que ela se armasse
de coragem de novo.
— Eu imagino que você não queira... — as palavras ficaram presas em sua
garganta com uma onda de ansiedade e a realidade caiu sobre ela.
Ela não tinha ideia de por que estava nervosa sobre perguntar isso a ele. Havia
pagado para ele fodê-la muitas vezes ao longo dos últimos seis meses, mas algo
sobre essa possibilidade a fez sentir-se mais vulnerável do que seus agendamentos
normais com Ander.
Os olhos de Ander se ergueram para o rosto dela.

— Você imaginou que eu não quisesse o quê?

Ela engoliu em seco.


— Venha comigo. — Agora que conseguiu dizer, apressou-se em concluir: —
Quer dizer, eu sei que você trabalha nos fins de semana. Estava em sua lista de
serviços, mas, provavelmente, seja um prazo muito curto – eu deveria ter planejado
antes. Mas acabei pensando que poderia ser divertido. Digo, se você estiver
disponível. Você provavelmente não está, não é grande coisa. Esqueça que eu disse
qualquer coisa.
— Que fim de semana é mesmo? — Ander perguntou. Ele estava clicando em
seu smartphone novamente. Sua distração estava ficando um pouco chata – ela só
podia imaginar os tipos de compromissos que estavam agendados para esta data –,
mas pelo menos parecia estar levando sua sugestão a sério. — Eu tenho planos para
os dias 10 e 11.
— Não — ela disse, sentindo um pouco de esperança. — É na próxima
semana. Eu sei que o prazo é curto, por isso seria realmente bom se você...
— Eu não tenho quaisquer compromissos agendados nessas datas — Ander
disse, abaixando seu smartphone. — Eu acho que poderia ir.

Lori sentiu uma ridícula onda de prazer.


— Sério? Você tem certeza? Eu pagaria a passagem aérea, o hotel e tudo,
como está em sua lista de preços; e eu sei que você tem a taxa de base para um fim
de semana, então eu acho que nós poderíamos somar todo o sexo...

— Lori — Ander a interrompeu novamente —, vamos descobrir isso lá.

Seus lábios estavam apertados firmemente. Ela deve tê-lo ofendido de novo, o
que era um pouco estranho – já que sua companhia era uma mercadoria monetária
–, mas este era o seu negócio e ela não tinha certeza de que outra forma abordá-lo.
Era sempre melhor quando podiam resolver tudo silenciosamente, apenas passar o
envelope no final da noite. Não sabia como eles poderiam fazer planos para o final
de semana sem discutir o dinheiro antes.
Ela encolheu os ombros e esqueceu a questão. Apenas disse que enviaria um
e-mail a ele com mais detalhes.
A despeito da ligeira estranheza, ela estava realmente animada sobre ele se
juntar a ela na viagem. Ele seria uma boa companhia, e eles poderiam passear pela
cidade juntos. Ander era tão inteligente, informado e espirituoso que ela tinha
certeza de que ele seria um ótimo companheiro de passeios.
Além disso, eles poderiam ter um fim de semana inteiro de sexo.

***

Terrasse Dufferin estava lotado no final da manhã de sábado – Lori e Ander


estavam esmagados entre os turistas, artistas de rua e vendedores, enquanto
caminhavam ao longo da avenida.
Eles se levantaram esta manhã para visitar os locais mais populares antes das
multidões, mas agora estavam apenas passseando na Vieux Québec, a velha cidade,
sem nenhum destino ou plano em particular.

O céu estava azul e sem nuvens, o sol quente e a brisa do rio fresca e
revigorante. Lori adorava a sensação dos paralelepípedos das ruas sob seus velhos
sapatos e da arquitetura histórica dos edifícios que a cercavam. Gostou até mesmo
de alguns dos entretenimentos turísticos cafonas. Ela e Ander fizeram uma pausa
de dez minutos para assistir a dois artistas vestidos como Wolfe e Montcalm
simulando um divertido duelo sobre a batalha histórica.

Como ela esperava, Ander era bem informado e espirituoso. Ele contou a ela
detalhes sobre confrontos militares ao longo do rio São Lourenço em vários pontos
da história, e não hesitou em, ironicamente, apontar falhas nas diversas recriações
da história projetadas para turistas ingênuos.

Ela se deleitava com seu sarcasmo, mas não conseguia sentir-se


particularmente irônica. Estava se divertindo muito. Quando terminaram de
passear em Terrasse Dufferin, começaram a descer as escadas que levavam à Cidade
Baixa e ao rio.
As escadas eram muito longas, bastante irregulares e incrivelmente íngremes.
Lori foi cuidadosa quando desceu, não querendo se sentir ridícula por cair de
cabeça sobre os saltos. Ela bateu palmas de alegria quando chegou ao chão e não se
importou quando Ander riu de sua infantilidade.
Foi um daqueles dias perfeitos, o tempo estava delicioso, seus arredores eram
inspiradores, o vento ao longo do rio São Lourenço revigorante e ela tinha o resto
do dia de hoje e a maior parte do dia de amanhã, para aproveitar.
Ela teria se divertido ali sozinha, mas foi muito melhor com um companheiro
como Ander.
— Olhe — ela disse, quando eles começaram a caminhada ao longo do rio,
apontando para um carrinho. — Sorvete.

Ander levantou uma sobrancelha.

— Não são nem mesmo onze horas da manhã.

— Qual o problema? — Lori perguntou, franzindo a testa para ele.

Ele riu de novo e balançou a cabeça, mas apontou para um banco vazio.

— Pegue um lugar, enquanto pode. Vou pegar um sorvete.

Com outra onda de alegria, Lori sorriu e começou a puxar a carteira de sua
bolsa.

— Aqui. Deixe-me...

— Não — Ander interrompeu bruscamente e se dirigiu ao vendedor de


sorvetes.
Lori franziu a testa ao se sentar no banco vazio em frente ao rio. Ele não tinha
o direito de ser mal-humorado com ela por tentar pagar o sorvete, aqueles eram
termos dele mesmo: a cliente paga hospedagem, alimentação e tudo o que for
adquirido ao longo do acordo. Ele trocou algumas moedas quando desceram no
aeroporto, mas ela assumiu que ele gastaria seu dinheiro consigo mesmo. Sua
reação a deixou muito desconfortável, embora ela não pudesse especificar
exatamente o porquê.

Ela sentia como se eles fossem amigos. Embora seu relacionamento sempre
tenha sido profissional, eles tinham conhecido um ao outro muito bem ao longo
dos últimos meses. Ela realmente gostava dele e tinha certeza que ele gostava dela.
Deveria ver imaginado que o constrangimento seria inevitável sempre que o
assunto comercial de seu relacionamento surgisse.
Encolhendo os ombros para si mesma, ela tirou a preocupação de sua mente.
Estava em muito bom estado de espírito para se preocupar com isso no momento,
e Ander já estava voltando com dois cones de sorvete.
Embora ela não tenha dito nada, ficou ridiculamente satisfeita por ele ter
comprado um sorvete para si mesmo – ainda que fossem apenas 10h45 da manhã.
Sua concisão havia se dissipado quando ele retornou, então eles conversavam
distraidamente sobre Québec e alguns dos turistas ao redor. Em seguida, o assunto
acabou e eles ficaram em silêncio.
— Eu gostaria de não ter que ir ao banquete essa noite — disse Lori,
eventualmente, quebrando o silêncio, e começou a comer seu cone.
— Pensei que você tivesse dito que sua palestra na noite passada havia sido
boa.
— E foi. Mas odeio banquetes como este, sempre tenho que me sentar na
mesa de frente com todos as pessoas importantes e chatas. Parece que estou ali
apenas como parte do show. Sabe? É algo que me faz sentir como se estivesse
sendo usada. Como um objeto ou algo assim. — Ela suspirou. Lori sempre quis ser
famosa, mas foi aprendendo que notoriedade – mesmo a de menor escala como a
de uma romancista de best-seller – não era tudo o que imaginava ser.
Ander fez um zumbido sem palavras, mas que soou afirmativo. E isso a fez
sentir-se um pouco melhor.
— Acho que você pode saber o que eu quero dizer — disse ela sem pensar.

Ele ergueu as sobrancelhas, intrigado.


Lori engoliu em seco, sentindo um nó de ansiedade quando percebeu sua
referência. Ele já havia se mostrado um pouco sensível hoje e ela realmente não
queria insultá-lo.
— Quero dizer... Eu só quis dizer que, talvez, você saiba como é nojento
quando as pessoas só veem você como um objeto. Eu não quis dizer...

— Eu sei o que você quis dizer — Ander disse baixinho, lambendo um pouco
do sorvete derretido por fora de seu cone. — Eu sei.
Ela soltou uma exalação aliviada e teve coragem de perguntar:

— Como você lida com isso?

Ele ficou em silêncio por um longo tempo. Tanto tempo que ela assumiu que
o havia perdido, mas então, ele finalmente disse, com os olhos focados no rio.

— Você apenas aceita.

E isso a machucou.
Inesperadamente, acentuadamente. No meio de um dia delicioso e
resfrescante. Ela soube exatamente o que ele quis dizer. Sempre assumiu que ele
tinha que esconder o seu verdadeiro eu em algum lugar dentro de si, a fim de usar
seu corpo do jeito que faz.
Mas o que ele disse implicava muito mais do que isso. Ele aceitou que isto era
quem ele era. Que este era o seu valor, somente um objeto para ser usado.
E sentada em um banco em frente ao rio St. Lawrence, Lori havia odiado o
pai de Ander com uma paixão que era ao mesmo tempo feroz e irracional. Quem
quer que seja esse homem, ele convenceu o filho de que ele não tinha nenhum
valor intrínseco.

Ela estava consciente da pequena centelha de consciência que acusou a


hipocrisia de seu ódio. Afinal, Lori havia passado os últimos seis meses pagando
Ander por seu corpo, mas não se sentia dessa forma sobre ele – não mesmo –, e
não podia permitir-se pensar muito profundamente sobre isso de qualquer maneira.

Ela sabia que Ander era um homem adulto que tinha o poder de tomar todas
as decisões sobre sua vida, mas ela ainda odiava seu pai. Desejava saber quem era o
homem.
Ela mastigou o final de sua casquinha de sorvete e tentou evocar de volta a
felicidade daquele dia.
— O banquete deve durar apenas duas horas — disse Ander. — Certo?

Lori se animou um pouco.


— Certo. Eles disseram que deveria ser por volta das oito ou oito e meia. E
nós temos todo o dia de amanhã, antes de voar de volta. — Eles ainda tinham a
maior parte do fim de semana e tudo o que ela tinha que fazer era aguentar um
banquete chato.

— Nós podemos sair após o banquete, se quiser — Ander sugeriu. — Tenho


certeza de que consiguiremos encontrar algo interessante para fazer. O que você
quer fazer esta tarde?

— Eu não tenho certeza — ela admitiu. — Vou precisar de almoço em pouco


tempo.
A boca de Ander se contraiu um pouco e ela sabia que ele estava pensando
sobre o sorvete que haviam acabado de tomar. Ele ainda estava terminando seu
cone e ela viu como ele colocou o último pedaço na boca e depois lambeu os restos
de sorvete derretido dos lábios.
Impulsivamente, ela se inclinou e apertou seus lábios contra os dele, e os
lambeu, absurdamente emocionada de ainda poder saborear um pouco do sorvete
dele.
Puxando-a para mais perto, Ander passou os braços em volta dela e
aprofundou o beijo. Sua língua encontrou a dela e brincou um pouco antes de
penetrar ainda mais sua boca.
Ela gemia baixinho enquanto acariciava a parte de trás de sua cabeça, amando
a textura suave do couro cabeludo sob seus dedos.
O beijo foi adorável, mas ela não o sentiu particularmente urgente. Sentira-se
esgotada na noite passada após o voo e a palestra, assim, quando eles transaram
antes de dormir, havia sido gentil, sem pressa e debaixo das cobertas. Ela pensou
que se passasse um fim de semana com Ander, iria queria rasgar suas roupas
constantemente, mas sentia-se mais relaxada do que qualquer outra coisa.
Enquanto ela tivesse certeza de que fariam sexo pelo menos uma vez hoje, ela não
ficaria desesperada para correr de volta para o quarto de hotel.
Não tinha certeza do porquê. Ela não achava que era porque estava
finalmente se saciando dos serviços de Ander, mas não tinha certeza de como
explicar isso.
Ander havia movido uma mão até a curva de sua cabeça e com a outra
segurou seu rosto. Estava quente contra sua pele. Às vezes, o calor de suas mãos,
de todo o seu corpo, ainda a surpreendia – por vir de um homem que parecia
sempre tão frio.
— Você tem alguma ideia para o almoço? — Ander murmurou contra sua
boca.

Parecia perfeitamente natural continuar a conversa no meio do beijo, assim,


Lori não tentou se afastar.
— Eu não sei. Talvez possamos ir a algum lugar por aqui, já que o nosso hotel
está por perto. — Eles estavam hospedados no Chateou Frontenac, é claro. Lori
não ficaria em outro lugar numa visita a Québec.
— E esta tarde? Ainda há vários locais na nossa lista que ainda não vimos. —
A mão de Ander foi acariciar seu cabelo enquanto apertava beijinhos em seus
lábios.
Ela sorriu contra sua boca.

— É. Talvez possamos visitá-los amanhã.

— Você tem alguma outra ideia em mente para esta tarde? — O timbre da voz
de Ander deu a entender que ele sabia exatamente no que ela estava pensando.

Lori riu, sentindo um friozinho no estômago de novo.


— Sim, tenho. — Ela soltou suas mãos e se afastou do abraço. — Acho que
vou precisar de uma soneca.

***

Lori realmente tirou uma soneca.


Ela ainda estava cansada da viagem, da palestra e de uma manhã de caminhada
em Québec, e precisava descansar para mais à noite, ela queria estar com energia
suficiente para passar pelo banquete batendo o papo necessário e sorrindo. Então,
depois que ela e Ander almoçaram no terraço de um restaurante elegante, eles
voltaram para o hotel e ela tirou uma soneca.
Ander pegou um livro e parecia perfeitamente contente em ler enquanto ela
dormia, mas quando ela acordou cerca de uma hora mais tarde e olhou para o seu
lado da cama, viu que ele havia adormecido também.
Ela observou-o por um minuto. O livro estava ao lado dele na cama e uma de
suas mãos estava descansando sobre a barriga. Ele ainda usava a calça preta e
camiseta cinza de todos os dias, embora tivesse tirado os sapatos e as meias. Ela
nunca o tinha visto dormir. Assumiu que ele dormiu na noite anterior, mas já estava
de pé quando ela acordou. Por alguma razão, sentiu-se estranha em vê-lo dormir
agora.

Ele parecia diferente – sem o comportamento suave que usava como se fosse
um terno de grife. Ela viu poucos vincos sobre os cantos de seus olhos e notou
uma cicatriz, muito fraca, logo abaixo da orelha direita. O peito dele subia e descia
com uma respiração estável e seus olhos pousaram por um longo tempo sobre o
modo como os cílios longos se espalhavam contra sua pele.
Parte dela estava fascinada pela humanidade de Ander. Pelo fato dele fazer
algo tão natural como dormir.
Mas também sentiu uma torção ímpar na barriga. Um peso desconfortável em
suas entranhas. Ela não sabia o que era, mas não gostou. Então, cuidadosamente,
saiu da cama e foi até o banheiro, fechando a porta suavemente, de modo que não
o acordasse.
Ela decidiu tomar um banho, pois Ander estava dormindo e o banquete seria
dali há três horas. A água quente encheu a banheira antiga e ela tomou um
maravilhoso banho, usando óleo com perfume de lavanda e mel.

Ela se sentia relaxada e sonolenta quando ouviu a voz de Ander pela porta.
— Lori? Você está bem?

— Sim — gritou. — Só tomando um banho.

Ela deu um pequeno grito quando a porta se abriu. Ela não percebeu que sua
resposta era um convite para ele entrar, mas, aparentemente, ele achou que era.

Ander entrou no banheiro, descalço e esfregando o rosto.


Lori ficou imediatamente tímida, até que se assegurou de que havia bolhas
suficientes na água para manter seu corpo nu coberto aos olhos de Ander. Quando
ele se sentou ao lado da banheira e preguiçosamente mergulhou a mão na água, ela
disse com um sorriso maroto:

— Você tirou um bom cochilo.

Ela sabia que seu tom provocaria uma reação e Ander não a desapontou. Ele
estreitou os olhos e fez um grunhido monossilábico.
Ela riu. Nunca suspeitou que ele poderia ser ranzinza quando acabava de
acordar e achou a ideia estranhamente fascinante.
— Há quanto tempo você está aqui? — Ele perguntou, deixando sua mão
passear pela água. — Está ficando fria.

— Não sei. Uma meia hora eu acho. Está ficando bem fria. Estava prestes a
sair.
Ela esperou, assumindo que ele tomaria suas palavras como um sinal de que
deveria desocupar o local.
Ele não o fez. Apenas encostou-se à parede de azulejos e observou-a em
ociosa letargia.

Depois de um minuto, perguntou:

— Eu pensei que você estivesse saindo.

— Estou. — Ela esperou que agora ele fosse sair.

Ele levantou-se, mas não se moveu para a porta. Em vez disso, pegou a toalha
grande e macia, olhando-a em expectativa. Quando ela não se moveu, suas
sobrancelhas se juntaram.
— Bem?

Lori bufou.
— Você vai ficar aí e assistir?

Ele fez um som gutural que era metade expressão de surpresa e metade risada.

— Já vi seu corpo antes.

Franzindo a testa, ela deu-lhe um olhar mais frio. Embora ele não fosse
exatamente ranzinza, definitivamente não ficava de bom humor depois de acordar
de um cochilo. Na verdade, estava sendo muito chato.

— Esse não é o ponto.

— Então, qual é o ponto?

Ela não tinha certeza de qual era, na verdade. Então, falou:

— Se não vai sair, você pode, por favor, me passar a toalha?

Ander estendeu a toalha como uma oferenda, mas não estava perto o
suficiente da banheira que pudesse alcançá-la. Em seu rosto estava um irritante e
estranho olhar – como se ele não pudesse acreditar que ela estava sendo tão tola.
Lori tinha certeza de que ele estava fazendo isso de propósito, mas não havia
provas suficientes de suas intenções para ela censurá-lo por isso.

Ela olhou para ele, decidindo que ele não era tão atraente como ela sempre
imaginou. Aparentemente, seu trato com as clientes era tão bom que ele foi capaz
de esconder, principalmente, esta parte desagradável de sua personalidade.

Ele arqueou as sobrancelhas.

— Você não quer a toalha?

Foi um desafio. Ela sabia disso e ele sabia que ela sabia. E ela estava presa.
Tinha que se levantar nua e pegar a toalha, ou confessar que não estava confortável
com seu corpo.

Tecnicamente, ela poderia exigir que ele desse a toalha para ela. Estava
pagando-lhe para este fim de semana e seu trabalho era agradá-la, mas não podia se
imaginar fazendo isso com ele, tirar proveito do poder desigual da dinâmica desta
situação.

O que a deixou sem escolha. Ela não estava pronta a recuar para Ander.
Lori levantou-se, a água com sabão escorria de sua pele quando se pôs em pé.
Ander nem sequer tornou mais fácil para ela. Seus olhos percorreram sua forma,
nua e curvilínea antes que ela pudesse pegar a toalha e envolvê-la em torno de si.
— Idiota — ela murmurou, saindo do banheiro com o que ela descreveria
como uma ira justa, mas Ander provavelmente descreveria como tola.

Ander a seguiu.

— Você acabou de me chamar de idiota?

Ela levantou o queixo indignadamente quando vasculhou sua mala, que estava
aberta em um estante. Não conseguia encontrar nada para vestir. Não queria se
vestir para o banquete, e nem mesmo o jeans e o top que usara esta manhã. Mas
tudo o que havia levado para lazer era meio justo.
Ela definitivamente não queria colocar algo sexy no momento. Não quando
Ander estava sentado em uma cadeira, inclinado para trás com suas pernas
esticadas, como se não tivesse nenhuma preocupação no mundo, e, provavelmente,
olhando para ela, só esperando a toalha cair para que ele pudesse se divertir em
toda a sua presunção.
Sem encontrar nada de bom para colocar, ela segurou a grande toalha branca
em torno de si com mais cuidado, firmando-a tanto quanto pôde. Então foi até a
cama, se deitou, e pegou o livro que havia levado.

Fingiria ler.
Depois de alguns minutos, ela espiou por cima da borda e viu que Ander
ainda a estava assistindo, seus lábios se contraindo de forma incontrolável.

O desgraçado estava ali, sentado, rindo escondido às suas custas.


Seu próprio senso de humor ressurgiu com a visão de seu rosto, quente e
bonito. Ela teve que se esconder atrás do livro porque não queria que ele à visse rir
de si mesma.

Não havia sentido em deixá-lo ganhar tão facilmente.

Depois de um minuto, Ander perguntou:


— Você está bem?

Ela compôs o rosto e abaixou o seu livro.

— O que você quer dizer com isso?

— Quero dizer: você está bem? Parecia que você estava fazendo uma careta.

Lori pensou rapidamente e veio com a melhor desculpa que podia em tão
curto prazo.
— Ah. Meus pés estão um pouco doloridos. De toda a caminhada desta
manhã.

Parecia bastante convincente e Ander não a questionou, apesar de seus olhos


se estreitarem um pouco. Então, ela levantou o livro novamente e tentou não rir
em silêncio de sua expressão desconfiada.
Estava se concentrando em manter uma cara de pôquer, assim Ander não
acharia que a vencera com suas táticas presunçosas. Então, ficou chocada quando
sentiu uma mão quente em seu tornozelo nu.

Ela guinchou e empurrou seu pé.


Ander se sentara na ponta da cama e olhava para ela como se fosse louca.
— Você me assustou — disse ela, explicando sua reação dramática. — O que
você está fazendo?
Ela, na verdade, não se oporia ao sexo agora, se Ander não fosse agir
ofensivamente sobre isso.

— Você disse que seus pés estavam doloridos. Eu iria massageá-los.

— Ah. — Ela esticou as pernas novamente e observou-o com cautela quando


ele colocou um de seus pés no colo. — Eu pensei que você ia tentar me fazer
cócegas.

Ander deu uma risada seca e abafada.

— Eu não ousaria quando você está neste estado de espírito.

— Que estado seria esse?

— Acredito que espinhoso poderia ser a palavra. — O canto da boca estava


irresistivelmente inclinado para cima quando ele começou a fazer-lhe uma
massagem bem firme no pé.
Lori não pode segurar um longo suspiro ao sentir como era bom o que suas
mãos faziam. Mas ainda não estava pronta para admitir a derrota.
— Bem, a palavra para você é detestável.

— O que eu fiz? — Seu tom era inocente, e seus dedos comprimiam a planta
de seu pé, era delicioso.
— Você sabe muito bem o que você fez. Você tem sido presunçoso e
detestável, desde que acordou de sua soneca. Agora fique quieto ou vai estragar a
minha massagem nos pés.
Ander riu, sua risada, suave e quente flutuando para dela e fazendo-a sorrir
também. Ele era um homem muito estranho e ela não conseguia entendê-lo. Não
podia acreditar que ele zombou dela para que saísse da banheira nua.

Ela se perguntou se ele a achava bonita.


Ele massageou bem seus pés. Trabalhou profundamente sobre um pé
massageando dos dedos ao calcanhar. Então, puxou o outro para seu colo e lhe deu
o mesmo tratamento. Não demorou muito para ela largar o livro e se acomodar de
forma mais confortável para que pudesse apreciá-lo, certificando-se de puxar a
toalha para baixo, sobre as coxas.
Ela fechou os olhos e respirou fundo, mas quando suas mãos se moveram do
pé para a perna, ela suspirou e fez suaves gemidos. Suas mãos eram incríveis e
eventualmente, ele a estava acariciando, em vez de fazer massagem.
Então ele começou a usar a boca, pequenos beijos e mordiscadas ao longo
dos pés, tornozelos, panturrilhas e todo o caminho até a parte de trás de seus
joelhos.

Após vários minutos assim, Lori ficou totalmente excitada e começou a se


mexer inquieta na cama e ele não tinha ido além dos joelhos.
— Ander — ela suspirou, finalmente, quando a boca habilidosa, sobre o ponto
sensível na parte de trás de seu joelho, ameaçou levá-la à loucura. — Eu estou
achando você menos detestável agora. Pode prosseguir para além dos meus pés.
Ele fez um som de zumbido contra sua pele que enviou vibrações deliciosas
diretamente para seu centro ardente. Com um sorriso, ele avançou na cama e pegou
uma de suas mãos entre as dele.
Ele deu-lhe um beijo na palma da mão, com uma gentileza que a pegou de
surpresa, mas antes que pudesse registrar totalmente o gesto, ele arrastou a boca até
seu pulso e mais acima no braço, alternando entre a língua e os dentes.
Então, acariciou seus braços enquanto beijava sua garganta. Cada centímetro
de sua pele, que ele tocou, ficou formigando. Seu corpo inteiro estava pronto e
todas as partes que ele ainda não havia alcançado estavam doendo por seu toque.
Ele beijou-lhe todo o pescoço e, em seguida, ao longo da linha de sua
mandíbula. Então, passeou pelas bordas de sua boca até que Lori não aguentava
mais e virou a cabeça o suficiente para reivindicar a boca dele.

Seus lábios se seguraram por vários minutos e em seguida o beijo se


aprofundou. Lori estava apenas começando, agarrou-lhe a cabeça e tentou esfregar
seus quadris contra os dele, quando ele se afastou.
Ela gemeu em frustração quando seu rosto abaixou novamente para o
pescoço dela. Ela estava morrendo por ele. Estava ensopada, com dor entre as
pernas, e não conseguia parar de contorcer os quadris.

Mas ele nem sequer chegou aos seios.


Finalmente, ela decidiu que ele devia estar fazendo isso de propósito.
— Ander — disse ela com a voz rouca, puxando sua cabeça de um ponto em
seu ombro onde ele estava chupando. — Pare de enrolar. Venha para as partes
boas.

Ele encontrou-lhe os olhos. Seu rosto estava ligeiramente corado e o corpo


parecia um pouco tenso. Isso lhe deu esperanças de que ele estava começando a
ficar excitado, mas ele baixou o rosto novamente trilhando os lábios até seu braço,
indo em direção ao cotovelo.

— Eu não posso — ele murmurou contra sua pele. — Todas as suas partes
boas estão cobertas pela toalha.
Lori endureceu e respirou pesadamente. Ele ainda estava sendo desagradável.
Ia fazê-la tirar a toalha antes de lhe dar o que ela queria.
Obviamente, ele havia visto várias partes de seu corpo antes, mas ela sempre
manteve algo para que não se sentisse tão exposta ou vulnerável. Ander tinha
apenas que empurrar a toalha, como sempre fazia, ela não se recusaria a
mostrando-lhe um pouco de pele.
Mas aquilo era diferente.
— Ander — ela choramingou, sem ter certeza de quem ganharia, se seria seu
desejo ou sua teimosia.

Mais tarde, concluiria que não tinha, realmente, desabado. Foi apenas o seu
senso comum que saiu vitorioso. Ele vira seu corpo antes. E ela queria fazer sexo.

Por que diabos se agarrava à toalha?


Ander esperou, apoiado em um braço, ao lado dela, enquanto ela levava
lentamente a mão para a dobra da toalha. Ela se sentiu-se ridiculamente nervosa
quando começou a soltá-la. Ander a olhava e o sol fluía através das cortinas.
Seu corpo parecia perfeitamente bem em roupas, mas ela nunca seria uma
modelo de maiô.
Não importava que estivesse pagando Ander para estar ali, ela queria que ele a
achasse atraente.

Quase delicadamente, ela puxou a parte enrolada da toalha, expondo seu


corpo. Não conseguiria mesmo fazê-lo por etapas. Não, ela revelaria os seios, mas
também a barriga, quadris, coxas e seu sexo.
O ar frio sobre a pele ainda úmida foi quase chocante. Seus mamilos haviam
endurecido com sua excitação e cresceram ainda mais com a mudança de
temperatura.
Ela viu um lampejo na expressão de Ander – uma que ela não conseguia
identificar. Mas que fez com que seu pulso acelerasse ainda mais.
Para seu alívio, Ander não ficou apenas sentado lá, olhando sua carne nua.
Quase imediatamente, ele abaixou a boca para um de seus seios e as mãos se
moveram para acariciar seus quadris e coxas.

Lori exalou em profundo prazer com a sensação familiar de sua boca e mãos
em seu corpo e logo a sua timidez foi esquecida quando seu desejo assumiu nova
urgência com a intensificação das preliminares.
Eventualmente, sua boca foi descendo mais, pressionando pequenos beijos ao
longo da lateral de seu corpo e no abdômen. Ele segurou ambos os seios com as
mãos e apertou suavemente enquanto respirava calorosamente contra sua barriga.
Lori havia aberto as pernas e estava tentando conseguir qualquer atrito que
pudesse contra seu clitóris.

— Ander — ela implorou: — Por favor.

Sua boca se demorou ainda mais. Em seguida, sua mandíbula roçou a faixa de
pelos entre as coxas.
Ela engasgou quando ele abriu suas pernas ainda mais e em seguida, acariciou-
a intimamente. Antes que ela pudesse processar o que estava acontecendo, ele usou
a língua para invadir suas dobras íntimas e expor sua excitação quente para o ar frio
do quarto
— Ander — ela ofegou, tentando fazer sua mente trabalhar quando o corpo
foi inundado com a sensação.
Ele chupou seu clitóris, enviando choques de prazer através do toque.
Ela teve que lutar para manter as pernas abertas. Queria apertá-las em volta de
sua cabeça, em volta do prazer. Suas mãos tatearam a cama e ela instintivamente
tentou esfregar seu sexo contra a boca de Ander.
Ele agarrou-lhe as coxas e segurou-a no lugar com mãos fortes, enquanto a
boca trabalhava em sua buceta. Ele acariciou e brandiu com a sua língua,
mergulhando em sua entrada molhada e invadindo suas paredes internas. Ele
esfregou e esfregou sua carne com a mandíbula e ocasionalmente o nariz, até
mesmo seus dentes passararam por lá muito levemente.
Lori gemeu e ofegou enquanto seu corpo retesava mais e mais com as
sensações chegando a um limite insuportável. Suas mãos tatearam passando do
edredom para a cabeceira da cama e então para os próprios seios. Eventualmente,
ela desistiu e apertou a cabeça de Ander, segurando sua boca no lugar sem qualquer
vergonha.
Ele ajustou-se ligeiramente posicionando a mão de modo que pudesse afundar
dois dedos em seu canal e estimulá-los contra o seu ponto G. Em seguida, ele se
concentrou no clitóris, chupando e friccionando até Lori querer uivar.

Ela começou a fazer pequenos sons de soluço quando sentiu seu clímax se
avolumar lá embaixo e balançou-se desesperadamente quando a tensão, finalmente,
quebrou e seus músculos íntimos apertaram-se em torno dos dedos de Ander.
Quando ela ofegou e abandonou-se no orgasmo, Ander continuou
pressionando os dedos contra as contrações, mas virou, ligeiramente, a cabeça para
a carne macia no topo de sua coxa.

E a mordeu.
Lori gritou com a voz rouca, o choque da dor inesperada sustentando seus
espasmos de prazer.
— Oh Deus! — Ela suspirou, quando seu corpo começou a relaxar. — Oh
Deus.

Ander suavemente retirou os dedos, e levantou a cabeça de entre suas pernas.


Lori olhou para ele vagamente, sentindo um rubor de vergonha pelo quanto a
parte inferior de seu rosto estava molhada.
Ele pegou um tecido para enxugar o rosto, e Lori lembrou do que se passou
em sua mente mais cedo.
— Você não usou uma das proteções.

Ander deu de ombros.

— Não é grande coisa.

— Mas você disse...

Levantando as sobrancelhas, Ander pegou um preservativo da mesa de


cabeceira.

— Você não fez sexo com ninguém além de mim, não é?

— Não — ela disse lentamente, considerando se ele achava aquilo estranho.

— Qual a chance de eu pegar uma doença de você se só esteve comigo?

Lori não pode deixar de fungar, seu senso de ironia provocado por suas
palavras secas. Ela deveria ter sabido a razão do comportamento atípico de Ander.
Obviamente, não havia razão para a proteção se sua única experiência sexual foi
com ele.

Ela sentiu-se extremamente íntima, mas Ander era um profissional. Seria uma
tolice imperdoável esquecer isso, nem que fosse por um momento.
— Certo — ela disse com um sorriso relaxado. — Obrigada por isso, à
propósito. — Ela inclinou a cabeça para a pélvis para indicar o sexo oral que ele
acabara de realizar. — Agora, talvez você possa fazer algo com esse preservativo.
Ander rapidamente tirou as roupas, e depois, rolou o preservativo ao longo de
sua ereção. Ele posicionou-se entre suas pernas alinhado o pênis em sua entrada.

Mas então hesitou, escrutinhando seu rosto.

— Você quer usar uma posição diferente?

— Assim está bom — ela interrompeu, contraindo os quadris numa tentativa


inútil de trazê-lo para dentro de si. Ela nem sempre gostava de tomar todas as
decisões. — Apresse-se.
Ele afundou-se dentro dela, e então, baixou a parte superior do corpo para
que pudesse beijá-la.
Ela ainda podia sentir seu sabor e empurrou os quadris contra a penetração de
seu pênis.
Depois de um beijo prolongado, Ander empinou-se em seus braços e
começou a investir. Ela sempre gostava quando eles se deixavam levar e ele fazia as
coisas por conta própria, sem estar sempre recebendo seu aval primeiro. Dessa
forma, ela podia desfrutar da experiência sem toda a responsabilidade da tomar as
decisões.
Uma vez que ele havia construído um ritmo agradável, Ander se ajustou para
colocar mais peso sobre os joelhos. Então ele empurrou as pernas dela para junto
do peito, e se dobrou. A mudança permitiu que ele afundasse ainda mais em seu
corpo e ambos gemeram com as sensações resultantes disso.
O corpo de Lori estava tão sensibilizado que ela tinha certeza de que poderia
gozar sem estímulo clitoriano. Ela tentou balançar o corpo no ritmo de Ander e
soltava sons bobos e abafados, algo como “Mm hmm, mm hmm”.
O rosto de Ander estava vermelho e tenso acima dela, e seus olhos pareciam
devorá-la enquanto a fodia rápido e duro.
Ela virou a cabeça para o lado quando gozou, se contorcendo enquanto o
prazer a atravessava.

Ander grunhiu e continuou impelindo em seu canal apertado. Ele se


endireitou nos braços e a pele úmida do rosto e ombros brilhavam na sala repleta
de sol.
Ela manteve a cabeça virada e os olhos fechados com força quando a
penetração de seu pênis pareceu ainda mais crua e intensa após o orgasmo. Ela
ofegou contra a cama e sentiu outro orgasmo começar.
— Lori — Ander falou, a voz grossa, não muito longe de sua orelha. Ele ainda
estava bombeando dentro dela, seus golpes mais curto e mais rápido.
— Hmm mm — ela choramingou, tateando às cegas até encontrar seus
ombros para agarrar.
— Lori

Ela gostou de como ele disse seu nome. Ele empurrou-a ainda mais para perto
do clímax. Seu corpo estava começando a tremer incontrolavelmente.
— Lori — Ander rosnou novamente, o bombeamento de seus quadris era
quase selvagem. Desta vez, percebeu que não era uma expressão da paixão. Ele
estava tentando lhe chamar a atenção.
Ela conseguiu abrir os olhos, embora sua visão estivesse turva. Piscou para ele
e viu que suas feições estavam torcidas pelo esforço e concentração.
— Sim, caramba. Goze! — Ela engasgou, cravando as unhas na parte de trás
de seu pescoço, quando a pressão dentro dela atingiu seu ponto de ruptura.
Ela sentiu que algo se desencadeou dentro de Ander. Estava muito
sobrecarregada para identificar os sinais exatos, mas reconheceu a maneira como
ele se deixou ir. Seu tesão tornou-se quase frenético e uma chama ardia em seus
olhos.

Isso foi tudo o que Lori precisou para gozar. Ela arqueou-se e chorou em
suspiros abafados de prazer quando seu corpo convulsionou e seu canal deve ter
apertado e puxado Ander para o clímax também.
Os quadris dele se sacudiram desajeitadamente por um tempo e ele sufocou
uma palavra incoerente. Então, ela sentiu-o pulsar quando encontrou sua libertação
juntamente com ela.
Ele descançou seu peso sobre o dela por alguns momentos e ela sentiu que ele
estava ofegante contra seu pescoço.

Então, impulsivamente, virou a cabeça um pouco até que seus lábios roçassem
os dele.
Ele a beijou de volta. Não foi um beijo profundo ou focado, mas ela gostou
de como seus lábios se abraçaram.
Mas então ele se impulsionou e deslizou o pênis para fora de seu corpo. Ele se
dirigiu ao banheiro, como de costume, e Lori ouviu a água quando ele se lavou.
Ela soltou um longo suspiro, decidiu que esta era uma boa maneira de passar
uma tarde preguiçosa em Québec. Em seguida, percebendo que estava
completamente nua e fora das cobertas, ela olhou ao redor em busca de algo para
vestir.
Seus olhos pousaram sobre a camiseta de Ander e ela realmente se abaixou
para pegá-la do chão, mas quando percebeu isso, desistiu. Seria estranhamente
íntimo para ela vestir sua camisa, não importava o quão acolhedor poderia ser.
Deixou-a cair novamente e então engasgou quando viu que Ander estava de
pé do outro lado do quarto, perto do banheiro, olhando para ela.
— Desculpe — disse ela, sentindo-se corar violentamente. — Tenho que
procurar algo para vestir.
— Você pode usar minha camisa, se quiser — disse ele, o rosto sem expressão.

— Não. Apenas me traga algo de minha mala, se puder?

Ele pegou a blusa de caxemira lavanda, e ela a vestiu enquanto ele colocava a
cueca.

Então ele foi para a cama e se esticou ao lado dela.

— Você gozou, não foi? — Ele perguntou, quase com timidez.

Lori escancarou a boca.

— Uh, sim. Duas vezes. Você não percebeu?

— Foi o que pensei. Queria ter certeza.

Ela franziu o cenho.

— Eu não estou mais tão tranquila como costumava ser.


Com a contração de um sorriso, ele disse:

— Eu sei, mas ainda é muito quieta.

Por alguma razão, ela endureceu.

— Isso é um problema?

— Claro que não. Constantes gritos podem fazer você envelhecer muito
rapidamente.
Lori fez uma careta, tentando dissipar a acentuada pontada de desconforto
que sentiu quando pensou em Ander fodendo outras mulheres, fazendo-as gritar de
prazer, fazendo-as sentir tão bem quanto ele a fazia sentir.
— De qualquer forma — Ander continuou, olhando para o teto —, isso a
torna um desafio ainda maior.
Isso não soou tão mau. Ela achou que havia ficado muito vocal ultimamente,
mas talvez os sons que ela fazia não fossem tão altos e claros como pensava.
— Você não faz muito barulho também — disse ela, olhando para seu rosto
impassível. — Então você, dificilmente, é um falador.

Ander deu um sorriso que era um pouco amargo.


— Ninguém quer me ouvir.

A carranca de Lori se aprofundou.


— O que significa isso? Eu não me importo quando faz ruídos. — Ela pensou
novamente no grunhindo ofegante e nas exclamações que Ander fazia no meio do
sexo. — O que você diz quando goza? — Perguntou ela, virando-se para ele com
sua curiosidade característica.

Ele piscou para ela.

— Desculpe-me?

— Quando você goza, parece que você diz alguma coisa. Pelo menos foi assim
nas últimas vezes. O que você fala?
O rosto de Ander ficou perfeitamente imóvel por um momento. Em seguida,
ele deu um sorriso secamente divertido.
— Aqui vai um conselho. Nunca dê qualquer atenção ao que um homem diz
quando ele está gozando. Ele pode deixar escapar qualquer coisa naquele momento
e isso raramente significa algo.
Lori riu, embora tenha percebido que ele não havia respondido à sua
pergunta. Provavelmente não era da sua conta, de qualquer maneira. Por tudo o
que sabia, era o nome de outra mulher.

— Legal.

— É verdade — disse Ander. — Quem saber o que eu posso dizer? Eu


poderia lhe pedir em casamento. Não preste atenção.
Ela bufou quando imaginou a cena. Seu gigolô deixando escapar uma
proposta no momento antes do clímax.
— Eu me pergunto o quanto você iria me cobrar por isso — ela disse com
uma risada.

O silêncio do outro lado da cama lhe disse que ela o havia insultado.

Gemendo, ela disse:


— Eu sinto muito. Eu não quis dizer nada com isso. Sério.

— Eu sei. Não se preocupe com isso.

Mas Lori se preocupou. Eles estavam tendo uma conversa perfeitamente legal
e ela disse algo estúpido. Ela sabia agora que ele não gostava de falar sobre o
dinheiro, mas ela continuava a fazer.
Era inevitável. Não importava quão bom fosse o tempo que tinha com ele, ela
nunca poderia fugir de uma realidade básica.
Ele estava com ela porque ela lhe pagou para isso.
— Eles têm um brunch no domingo que deve ser excelente — Ander disse
agradavelmente, obviamente tentando demovê-los do momento difícil. — Se
sairmos hoje à noite, talvez possamos dormir até mais tarde amanhã e descer para
um brunch antes de ver mais alguns pontos turísticos.
— Parece bom — disse ela, virando-se de lado para encará-lo com um sorriso.
— Na verdade, estou ficando com um pouco com fome agora. Eu me pergunto se
eles têm alguma coisa boa neste banquete.
Ander riu, como ela sabia que ele faria e Lori decidiu que, apesar de alguns
momentos difíceis, tudo indicava que seria um fim de semana muito bom.

E ela ainda tinha todo o dia de amanhã para curtir.


.Nove.

— Então, foi tudo bem no Jantar? — Sabrina perguntou, bufando quando


aumentou seu nível na esteira e acelerou a velocidade.
— Sim. — Lori fez uma pausa para equilibrar sua própria respiração. Ela se
exercitava no elíptico ao lado de Sabrina há quase meia hora e estava quente,
cansada, suada e ofegante. — Nada excitante, mas não muito doloroso.

— O Ander não foi?

Lori limpou um fluxo de suor da parte de trás do seu pescoço e se fortaleceu


ao ver que só restavam 15 minutos mais para acabar.

— Não. Seria meio difícil manter meu pseudônimo em segredo — ela cortou
suas palavras brevemente para sugar algumas respirações profundas — se ele fosse
comigo.
— Verdade. — O longo rabo de cavalo marrom de Sabrina balançou com seus
movimentos. Ela estava em melhor forma do que Lori e não tinha que malhar tão
duro na academia a que ambas frequentavam. — E o resto da viagem foi divertida?

— Sim.

— Você não ficou no quarto do hotel o fim de semana inteiro fazendo sexo,
não é?

— Sabrina! — Lori fez uma carranca para sua prima sorridente, mas teve de se
concentrar muito em manter o ritmo. — Nós fizemos um monte de passeios e
outras coisas.

— Que tipo de coisas?

— Não seja grosseira. Vimos vários locais de interesse histórico e um museu


de arte. Ele é muito inteligente sobre arte e sabe muitas coisas sobre a história
militar.

— Sério? Ele era um grande fã de história ou algo assim?

Lori deu de ombros.


— Não sei. — Depois de uma pausa para recuperar o fôlego novamente, ela
continuou: — Eu acho que talvez seu pai o tenha ensinado história militar.
Nomeou-o de Alexandre, o Grande, e tudo mais. — Ela zombou enquanto pensava
sobre o homem sem nome que ela absolutamente desprezava.

— Huh. Interessante. — Sabrina lançou um olhar estranho e cheio de intenção


sobre Lori. — Você já ouviu falar dele desde que voltou?
— O que você quer dizer? Nós temos um compromisso agendado este fim de
semana.

— Continua de pé?

Lori estava tão confusa com a direção das perguntas que diminuiu sua
velocidade inconscientemente.

— Por que não estaria? Aonde você quer chegar?

Sabrina deu-lhe um olhar envergonhado.


— Eu tive uma conversa com Belinda Forsythe a uns dias atrás. Foi ela quem
me deu nome de Ander, lembra?
— C-claro que sim — respondeu Lori, sentindo uma vibração nervosa se
desenvolver na barriga, apesar de seu cansaço físico.

— Você quer ouvir o que ela disse?

Lori entendeia porque Sabrina agia assim. Ela foi incrivelmente sensível em
verificar antes para ter certeza se ela queria ouvir detalhes sobre as experiências de
uma outra mulher com Ander.
A verdade era que Lori não queria ouvir sobre isso. Ela não gostava de pensar
em Ander com suas outras clientes. No início, ela não se sentia estranha sobre sua
promiscuidade profissional, mas ultimamente a ideia dele com tantas outras
mulheres a deixava doente. Ela supunha que era inevitável. Quando começou a
conhecê-lo melhor, viu-o mais como uma pessoa, o que tornou mais difícil para ela,
aceitar a forma como ele se deixou ser usado. Mas Lori estava lutando contra o
instinto de se sentir desgostosa ao imaginá-lo na cama com alguém e tentava
ignorar as imagens que surgiam.
Nem sempre funcionava. Às vezes, ela tinha flashs aleatórios, visões de Ander
fazendo sexo com Sarah Jacoby ou outras mulheres sem nome ou rosto. Ela
imediatamente abafava as imagens sempre que apareciam em sua cabeça, mas isso
estava acontecendo com muito mais frequência.
Ela realmente não devia alimentar sua fixação crescente. Devia dizer não e
Sabrina deveria mudar de assunto. Mas ela se ouviu dizendo:

— O que ela disse?

— Ela disse que Ander estava se aposentando.

Lori sentiu um chute afiado no estômago.

— O quê?

— Foi isso o que Belinda me disse, que ele estava se aposentando. Não estava
agendando novos compromissos.
Por um momento, a visão de Lori ficou turva e ela sentiu uma súbita explosão
de angústia, suas pernas e braços, de repente, pareciam se movimentar ainda mais
rapida e fortemente no elíptico, mas ela só levou um minuto para descobrir uma
solução sensata para o cenário desconcertante.
A tensão diminuiu no peito quando explicou:
— Ele está cortando algumas clientes.

As sobrancelhas bem cuidadas de Sabrina se juntaram.

— Belinda disse que ele estava se aposentando.

Com um encolher de ombros, Lori explicou:


— Ele provavelmente não queria chateá-la e usou essa desculpa para declinar
seus compromissos.
— E qual é seu critério para manter algumas clientes e dispensar outras? —
Sabrina franziu a testa como se não estivesse convencida.
— Quem sabe? Talvez ele esteja mantendo as que pagam mais dinheiro ou as
que não dão tanto trabalho.

— E ele está mantendo você como cliente?

— É. Ele não disse nada sobre cancelar meus compromissos. Nós temos o
resto do mês programado.

— Hmm.

Lori virou a cabeça para olhar fixamente para a prima.

— O que significa isso?


— Nada — disse Sabrina, fingindo inocência. — Eu só estava pensando.

Rangendo os dentes, Lori resolveu não aceitar a provocação de sua prima com
uma resposta.
— Mas, a sério — Sabrina continuou: — Você se divertiu com ele em Québec?
Não foi estranho ou esquisito?

— Por que seria esquisito ou estranho?

— Eu não sei. Belinda me disse que o levou para um fim de semana em


Londres e os “negócios” acabaram ficando no caminho, atrapalhando a excitação
sensual.
Lori engoliu, tentando canalizar suas emoções, irracionalmente, em conflito.
Seria muito mais sensato se ela apenas deixasse o assunto morrer completamente.

— Como assim, os negócios?

— Oh, você sabe. Ele fez apenas o papel que lhe competia. Manteve o
controle de toda a atividade sexual para que ela pudesse lhe pagar no final. Pediu
uma suíte dupla para que ele pudesse dormir em seu próprio quarto. Toda a
logística.

Lori parou de se mover, suas pernas deslizando lenta e pesadamente.

— O quê?

Sabrina dimunuiu seu ritmo também.


— O quê? Porque parece que seu estômago afundou?

Lori não respondeu. Ela apenas olhou cegamente à sua frente e tentou
processar esta nova informação.

Aparentemente, Sabrina poderia juntar os pedaços por si mesma.

— Ele não fez isso tudo com você?

— É. Não. Eu não sei. — Não foi possível mais fazer as pernas se moverem,
Lori desceu do aparelho e pegou a toalha para limpar o rosto, vermelho e quente.

— Lori? — Sabrina também saiu. — Me fala.

— Nós ficamos em um quarto — Lori admitiu. — E não gastamos muito


tempo falando sobre dinheiro.

— Por que não?


Lori sentiu-se envergonhada de repente, sem nenhuma boa razão. Ela não
conseguia nem olhar Sabrina nos olhos.

— Eu não sei. Tudo foi apenas muito... natural.

— Natural? Num fim de semana com um acompanhante? — A voz de Sabrina


transmitia um ceticismo irônico.
— Eu sei que soa estranho, mas foi assim. Nós gostamos um do outro. Eu
acho. Quero dizer, nós começamos a conhecer e assim não parece tanto como...
como uma transação comercial impessoal.

— Oh, Deus! — Sabrina gemeu em sua toalha. — Uma Linda Mulher.

— Não é assim — Lori rebateu. — Eu não sou estúpida, mas nos damos bem
e assim, a maioria das coisas de negócios foi apenas deixada de lado e nos
divertimos.

— Ele se divertiu também?

— Eu não sei — Lori tentou não se contorcer de vergonha. — Às vezes eu


acho que sim. É difícil dizer, porque ele tem esses bons instintos sobre o que um
cliente quer dele, mas eu tenho certeza que ele passou um tempo decente comigo.
— Isso não soa como um cenário normal, com um acompanhante e sua
cliente.
Lori fez uma careta.
— Como diabos você sabe o que é normal com um garoto de programa? Eu
mesma não sei. Nunca estive com outro.
— Bem — disse Sabrina, seu rosto suavizando com humor —, eu acho que
isso é verdade. Quem pode saber o que é um comportamento normal quando se
trata de acompanhantes masculinos? Mas parece um pouco suspeito para mim.
Como se as coisas não tivessem sido inteiramente profissionais.
— Elas são profissionais — insistiu Lori —, eu continuo a lhe pagar todas as
noites. Ele é muito bom em seu trabalho. E dá às mulheres o que elas querem.
— Talvez. Mas talvez você deva cavar um pouco para ter certeza. Você já
pensou em falar com ele sobre como vocês são, juntos quero dizer?

Enrijecendo, Lori disse um pouco sem jeito.

— Não, não pensei. Ele me disse claramente que rompe os negócios quando
uma cliente tenta ir além das fronteiras profissionais.
— Ah. Entendo. — Depois de pensar sobre isso por um momento, Sabrina
acrescentou: — E você não está disposta a correr esse risco.

— O risco? É ponto pacífico. Ele deixou mais do que claro: não há mais
compromissos para uma cliente que tenta quebrar essas fronteiras. Eu sei que essa
coisa não pode durar para sempre, mas estou passando um bom tempo com ele e
não quero que acabe ainda.
Sabrina estudou-a um pouco desconfiada, ela pensou. Mas, por uma vez, sua
prima não disse nada.
Lori deixou escapar um longo suspiro. Suas pernas pareciam fracas do
exercício e seu rosto estava em chamas e corado.
E ela sentia-se estranhamente desconfortável com essa conversa em particular.

***

Lori estava ao lado de Ander na cama de seu quarto de hotel e olhou para o
teto antes de deixar escapar:

— Você vai se aposentar?

O pescoço de Ander se contraiu espasmodicamente, e ele se virou para olhá-


la.

— O quê?

Ela encontrou coragem para olhá-lo. E viu sua expressão, quase congelada.
— Eu perguntei se você ia se aposentar — admitiu ela, sentindo uma onda de
mortificação com a pergunta, aleatória e reveladora.
Eram quase sete e meia da noite de sexta. Exatamente na semana passada eles
estiveram em Québec. Exatamente na última segunda-feira Lori havia falado com
Sabrina sobre isso, e o assunto ficara em sua mente durante toda a semana.
Quando Ander chegou, eles conversaram um pouco sobre assuntos casuais e
em seguida, caíram em um silêncio que parecia quase trivial. Eles ainda não haviam
se tocado, e agora, Lori havia sido tola o suficiente para deixar escapar uma
pergunta que ela nunca deveria ter feito.

Ander respondeu com uma lenta e cuidadosa sentença.


— Eu suponho que vou me aposentar um dia.

— É. Eu imagino eu sim. Mas eu quis dizer se o fará em breve.

— Por que você pergunta?

Ela deu de ombros impotente. Tentando orientar a mente para dar alguma
resposta verdadeira.

— Minha prima estava conversando com uma de suas antigas clientes e ela
disse que você estava se aposentando.

Os lábios de Ander se separaram um pouco, como se agora estivesse


entendendo de onde viera a questão, mas ele não respondeu imediatamente.
Lori sentiu seu pulso começar a bater, enquanto observava a sutil fagulha de
emoção em seu rosto – o tremor de um músculo da mandíbula, o aperto de sua
boca, o piscar de seus cílios. Inconscientemente, prendeu a respiração enquanto
esperava.
Ela não tinha certeza de qual resposta queria ouvir. Parte dela queria que ele
dissesse sim, queria que ele desistisse dessa linha de trabalho e encontrasse algo
para fazer que realmente o satisfizesse, que o fizesse sentir como algo mais valioso
do que um pedaço de carne.
Talvez fazer esse trabalho não fosse prejudicial para algumas pessoas, mas ela
estava preocupada que não fosse saudável para Ander, então, provavelmente, seria
melhor se ele não continuasse com isso.
Mas a parte egoísta dela estava com medo de que ele a estivesse deixando
como cliente, e que ela nunca fosse vê-lo novamente.
De qualquer maneira, ela estava mais interessada nesta resposta, do que no
que era inteiramente saudável.

Finalmente, Ander disse.


— Eu teria dito a você se não a quisesse como cliente.

Lori engoliu em seco. Em seguida, soltou a respiração.


— É. Eu assumi que sim, mas é que essa ex-cliente parecia tão segura de sua
aposentadoria.
Ander limpou a garganta. Seus olhos azul-acinzentados estavam
estranhamente hesitantes. Ele abriu a boca para falar, mas em seguida, fechou-a
novamente sem formar uma palavra.
— O que é isso? — Ela perguntou sem fôlego, inclinando a cabeça para ele
instintivamente.

Ele balançou a cabeça e desviou o olhar.


— Eu lhe disse que estava cortando algumas clientes. E tinha que dar alguma
desculpa.
— É. Foi isso que eu disse à Sabrina. Achei que era apenas uma desculpa.
Quer dizer, seria rude de sua parte se aposentar sem me dizer, não é? — Ela sorriu
para ele, tentando parecer provocativa e irônica, embora ainda se sentisse
estranhamente nervosa e envergonhada.
Ele lhe voltou seu sorriso fácil e Lori relaxou um pouco. Tudo estava como
sempre esteve entre eles. Não havia nenhuma razão para ela ficar tão nervosa sobre
o que Sabrina havia lhe dito na segunda-feira.
— Oh, eu tenho que lhe dizer! — exclamou ela. — Vou estar fora da cidade
por duas semanas no início do próximo mês.

— Viagem de trabalho? — Ele perguntou, arqueando as sobrancelhas.

Na verdade, era uma excursão para o lançamento de seu novo livro, mas Lori
cortou a explicação antes de falar isso. Ander não sabia que ela era Claire Kent e
podia tornar-se óbvio demais, se ela dissesse que estava indo em excursão
justamente quando o novo romance, altamente antecipado, de Claire Kent fosse
lançado.
— Sim — ela disse vagamente. — Algo assim.

Ander assentiu e não prosseguiu o assunto.

Eles estavam lado a lado e ambos olharam para o teto por alguns minutos.

— Então, o seu novo livro está saindo no dia primeiro do próximo mês? —
Ander perguntou por fim, falando casualmente e sem qualquer prelúdio.
— Si... — Lori respondeu automaticamente antes de perceber o que ele havia
acabado perguntar. Ela sentou-se com um suspiro e olhou para seu rosto suave. —
Você sabe?

Ander deu um sorriso leve e acanhado.

— Culpado.

O coração de Lori martelou e sua barriga torceu – numa coleção de emoções


que ela não conseguia combinar inteiramente.
— Você sabia o tempo todo? — Ela ficou chocada ao ouvir a sugestão de
traição em suas palavras.

Balançando a cabeça, Ander sentou-se também.


— Não. Quando nós conversamos sobre isso no começo, eu não tinha ideia,
mas reli alguns de seus livros nos últimos meses, e percebi... percebi você neles.

— Oh. — Lori sentiu-se corar por algum motivo.

— Eu imaginei que devia ser você. E então, na semana passada, não demorou
muito para descobrir, em uma pesquisa, que a conferência dos escritores estava
sendo realizada em Quebéc durante aqueles dias, e quem era o orador principal.
Isso apenas afirmou minhas suspeitas.

Lori caiu de costas na cama, soltando um suspiro longo e instável. Ela deveria
saber que Ander era muito inteligente e atento para esconder algo assim.

Uma parte minúscula de seu ser estava contente por ele saber. Ficou feliz de
ele saber que ela era sua romancista favorita.
Ander deitou de costas também, mas se voltou para ela, os olhos descansando
em seu rosto.

— Você está chateada?

— Não — ela admitiu, virando-se para sorrir para ele, quase timidamente. —
Não, eu acho. Quero dizer, agora que conheço você, me sinto muito segura sobre
não haver possibilidade de aparecer nos tabloides uma história sobre como Claire
Kent vem utilizando os serviços de um profissional do sexo pelos últimos seis
meses.
Os olhos de Ander ficaram extraordinariamente sóbrios. E depois de um
momento de silêncio, ele disse:

— Eu espero que você acredite nisso.

— Eu acredito. Eu sei que você não irá à imprensa com a história.

— A história nunca vai sair através de mim — ele murmurou. Então, seus
lábios tremeram um pouco. — Não vai nem mesmo aparecer no meu best-seller
sobre as confissões da vida real.
— Hei — disse ela, dando-lhe um olhar de censura: — Não zombe da ideia do
livro. Eu estava falando sério sobre isso.
— Eu sei que estava. — Por apenas alguns segundos, seu sorriso parecia quase
feliz. Em seguida, a suavidade deu lugar à sua ironia fácil. — Apesar de ter sido uma
sugestão bombástica, uma vez que você não sabe nem se posso juntar duas frases.

Lori fungou desdenhosamente.


— Por favor. Alguém tão inteligente e articulado como você? Claro, que você
pode escrever. Além disso, você não tem que ser um escritor brilhante. Apenas
interessante e basicamente coerente. Você teria um editor para limpar as coisas.

Ander riu.

— Você está falando sério sobre isso.

— Sim. Estou. Por que não deveria? Basta dizer a palavra e eu vou fazer tudo
que puder para ajudar.
Uma candura cintilou em seus olhos novamente, desaparecendo tão depressa
qunato antes.
— Eu aprecio isso, mas não tenho certeza se sou um projeto que vale a pena.

Lori odiava a renúncia que ouviu em suas últimas palavras. Era pior do que a
amargura que ouvia com muito mais frequência. Ela abriu a boca para argumentar,
mas depois mudou de ideia.
Nada que pudesse dizer mudaria a ideia que tinha sobre si mesmo, nada seria
capaz de fazê-lo acreditar que ele tinha um valor verdadeiro.
Ela virou a cabeça e estendeu a mão para ele novamente, mantendo a palma
em seu rosto. Então se inclinou para frente e apertou seus lábios contra os dele.
Ela não tinha ilusões sobre os poderes de seu beijo. Sua atitude em relação a si
mesmo não mudaria. Não era possível reformular todo o seu mundo, mas era a
única coisa que podia pensar em fazer para expressar o que sentia no momento.

E ela precisava fazer alguma coisa.


Ander respondeu imediatamente ao seu beijo, mas deixou-a assumir
totalmente o controle. Ele abriu a boca e sua língua se movia insistentemente, mas
ele não rolou sobre ela ou chegou a tocá-la.
Eles se beijaram por um longo tempo, apenas com suas bocas juntas e as
mãos de Lori em sua bochecha. Aquilo era estranhamente doce e inocente e Lori
sentiu o corpo responder àquelas emoções. Mas, eventualmente, quis ela mais,
então deslizou sua mão até o peito dele e depois desceu até o abdome. Ander usava
uma camisa azul e ela acariciou sua barriga através do tecido caro.

Ela adorava a sensação da dureza dos músculos firmes, subindo e descendo


com a respiração acelerada.
Então deslizou sua mão ainda mais indo parar na frente de sua calça. Percebeu
que ele já estava ficando duro.
Lori se perguntou por que ele não estava fazendo nenhum movimento, por
que ele só estava lá, deitado na cama, deixando-a beijá-lo e acariciá-lo.

Às vezes Ander era tão intrigante que queria gritar.


Ela queria saber como ele estava se sentindo. Queria que ele se sentisse tão
profundo e esmagado como ela estava no momento. Ela queria que ele reagisse a
ela com prazer genuíno e carinho.

Ela queria que ele respondesse a ela como nunca fizera com nenhuma outra
cliente. Ninguém mais, a não ser ela.

E de repente ela sabia o que queria fazer.


Suas mãos se moveram até seu cinto e ela começou a soltar a fivela. Então,
desabotoou a calça e tirou a camisa para fora. Começou a desabotoá-la lentamente,
expondo seu peito. Ela deslizou a camisa sobre os ombros. E então começou a
retirar-lhe a calça.
Só então Ander ajudou levantando seus quadris. Seus olhos não tinham
deixado seu rosto; ela despiu-o e seu olhar era calmo e questionador, com uma
profundidade que ela não entendia.
— Ander — disse ela, finalmente, surpreendida por sua voz sair tão insegura.
— Posso...?

Ander encontrou e segurou seu olhar tímido.


— Lori, você pode fazer o que quiser.

As palavras a arrepiaram, ao mesmo tempo em que a encorajaram.


— Eu queria... eu vou ter de adicionar um pouco de dinheiro no envelope,
mas eu...

— Lori, apenas me diga o que você quer.


— Sexo oral — ela conseguiu sufocar, as bochechas queimando ardentemente.
Depois de todo esse tempo, era bobagem ainda se envergonhar, mas ela não
conseguiu evitar. Não tanto pelo ato, mas pela vulnerabilidade de dizer o que queria.

As sobrancelhas de Ander se juntaram e ele começou a se virar para o lado e


se levantar.

— É claro. Eu posso...

— Não — ela o interrompeu, percebendo que ele havia entendido mal. — Eu


quero fazer isso. — Ela engoliu em seco. — Em você.

— Oh.

— Posso?

Ander congelou por um momento.


— Sim — ele disse suavemente. — Se você quiser.

— Eu quero.

Por um minuto eles apenas se olharam. Então Ander saiu da cama e foi até
seu casaco, onde pegou um pacote.
— Este preservativo será mais fácil para você usar. Tem um pouco de sabor
de hortelã e vai ter um gosto muito melhor do que o látex.
Lori concordou e observou quando Ander se livrou de sua boxer e voltou
para a cama. Já estava quase totalmente ereto.
Ele entregou-lhe o preservativo e deitou-se de costas na cama. Então, olhou
para o rosto dela e esperou.

Lori realmente queria fazer isso, mas também estava ficando muito nervosa.
— Eu nunca fiz isso antes — disse ela — e não sei o que estou fazendo. Você
vai ter que ajudar.

— É claro. Qualquer coisa que você quiser.

Ela se moveu na cama até seu rosto se alinhar ao intervalo de sua virilha. Ela
olhou para seu pênis ereto, numa cor mais profunda do que o resto do seu corpo.
Ela imaginou tê-lo visto se contorcer enquanto o encarava.
Seus olhos correram de volta para o rosto dele que lhe deu um pequeno
sorriso. Estranhamente confortada, ela riu nervosamente.
— Eu não vou ser boa nisso, só para avisá-lo. E espero que você não vá
fantasiar algo. Quero dizer, você não vai entrar na minha garganta ou algo assim,
não é?

Ander contraiu os lábios, embora seu olhar ainda fosse tranquilo e intenso.
— Claro que não. Eu vou deitar aqui e deixá-la fazer a sua coisa. Só me diga se
quiser algo diferente.
Lori riu por sua escolha de palavras. E então inalou uma longa respiração,
estremecendo. Ela segurou seu pênis e acariciou-o por um minuto, correndo os
dedos para cima e para baixo do eixo e, em seguida, girando a ponta um pouco.
Ela gostou de como ele prendeu a respiração, muito ligeiramente, ao seu
toque. E de como ela podia sentir sua ereção se contrair e endurecer sob seus
dedos.
Quando ele já estava bem ereto, ela abriu o pacote de preservativo e
cuidadosamente o rolou. Ele sempre havia tido o cuidado de colocar preservativos
antes, então ela estava certa de conseguir fazer aquilo com segurança e sem
machucá-lo com as unhas.

Então, ela ajeitou o corpo, inclinando-se para que o rosto pairasse sobre sua
pélvis. Segurou seu pênis ereto com as mãos e experimentalmente lambeu uma
linha circular no topo de seu eixo.

Ela ouviu o engate da respiração de Ander e experimentou o gosto do


preservativo. Não era ótimo, mas não foi terrivelmente desagradável. Ela imaginou
que seria melhor sem preservativo, mas isso estava fora de questão, é claro.
Olhando para o rosto de Ander, ela viu suas belas feições tensas e ilegíveis.
Mais uma vez, ela se perguntava o que ele estava pensando. Se ele realmente queria
que ela fizesse isso com ele.
Considerou se iria agradá-lo. Ela queria agradá-lo. Da maneira que ele sempre
lhe agradou.
Ela respirou fundo e depois lambeu seu pau de novo, desta vez indo de baixo
para cima. Então tomou a cabeça na boca e começou a chupar.
No primeiro esvaziamento de suas bochechas, Ander engasgou e suas mãos se
deslocaram um pouco na cama. Assumindo que isso significava que ele gostara, ela
tomou mais dele na boca e chupou novamente.

Parecia que seu pênis estava pulsando, mesmo sob o látex do preservativo e
quanto mais sucção ela aplicava, mais seu corpo ficava tenso.
Ela sabia que havia mais coisas que ela deveria fazer, como parte de um
boquete, e tentou concentrar seus pensamentos dispersos nas cenas que leu nos
livros e achar algo que pudesse acrescentar à sucção. Reunindo algumas ideias,
mesmo através da névoa de emoção em sua mente, ela envolveu uma mão ao redor
da metade inferior do seu eixo e usou a outra para acariciar suas coxas.

Teve um pouco de dificuldade em coordenar a sucção com o aperto. Ela o


apalpou por um minuto antes de deixar o pênis deslizar de sua boca.

Seus olhos encontraram os de Ander. Ela sentiu, mais do que viu, uma tensão
firmemente fixada sob a superfície de sua expressão, de seu corpo. Mas foi tão bom
quanto qualquer palavra. Ele não tinha se movido.
— Você não vai me ajudar? — Ela perguntou com voz rouca. Só então
percebeu que estava excitada também. Seus mamilos estavam duros sob o decote
vermelho de sua camisola e ela já estava molhada entre as pernas.
— É claro — ele murmurou, a voz estranhamente baixa e texturizada. Ele
moveu uma mão para a parte de trás de sua cabeça. — Mas você estava indo muito
bem.
Ela colocou a mão mais firmemente em torno da base de sua ereção e desceu
a boca de novo, tomando o máximo dele que ela sentiu confortável. Começou a
chupar novamente, e desta vez Ander aplicou uma pressão suave, guiando o
sacudir de sua cabeça e ajudando a criar um ritmo agradável.
Sua mão estava curvada na parte de trás do crânio dela, com os dedos
enredados em seu cabelo, e ela sentia uma pressão reconfortante ao invés de
impositiva. Ela esvaziou as bochechas suavemente e seu movimento tornou-se mais
confiante à medida em foi progredindo.
Com a mão livre, ela acariciou-lhe a coxa e depois deslizou-a para que pudesse
encontrar suas bolas. Ela segurou, sentindo-as suavemente. Em seguida, aplicou um
pouco de pressão.
Ander grunhiu e sua pélvis contraiu-se um pouco. Isso a assustou
momentaneamente, mas ela conseguiu não sair do ritmo.

Ela confiava em Ander. Ele era habilidoso e atencioso. Sabia que esta era a
sua primeira vez, e ele nunca a decepcionou antes. Não ia tentar foder sua garganta.
Ela mexeu os quadris inquieta, mais excitada do que nunca, enquanto
processava as reações de Ander às suas ministrações. Ela intensificou o ritmo e
sentiu o corpo dele endurecer ainda mais.
Usando o polegar para acariciar seu saco, apertou a base de seu pênis e
balançou a cabeça. A mão livre de Ander havia começado a apalpar a superfície da
cama e sua cabeça sacudia inquieta sobre o travesseiro.

Ela murmurou em torno de sua carne dura mediante esses sinais de que o
estava agradando.

Foi tão bom agradá-lo. Melhor do que qualquer coisa.


— Lori — disse Ander, a voz grossa, o corpo tão tenso agora, que ele estava
quase tremendo.
Ela sussurrou novamente enquanto trabalhava sobre seu pênis da melhor
maneira possível, ajustando o corpo para obter um melhor ângulo.

A mão de Ander apertou a parte de trás de sua cabeça, empunhando mais


cabelo até se obrigar a soltá-lo novamente.

— Lori. — Sua cabeça estava um pouco caída para trás, mas seus olhos nunca
deixaram a visão de sua boca em torno do seu pênis.
Murmurando em resposta, ela sentiu seus músculos íntimos apertando
instintivamente, como se estivesse tentando puxá-lo para dentro dela.
— Lori! — Ander murmurou, arqueando as costas um pouco enquanto lutava
visivelmente para se segurar. Ambas as mãos dela tinham retesado com a excitação,
apertando seu pau e suas bolas simultaneamente.
Sua boca trabalhou incessantemente. Ela gerou uma grande quantidade de
saliva, e o sabor do preservativo foi se dissipando. Mas, neste ponto ela estava
ligada demais para se importar. Embora tenha sido um pouco descuidada e
inexperiente, seu trabalho parecia estar tendo um bom efeito.
Ela podia sentir os tremores percorrem o corpo de Ander. Ambos as mãos
empunhavam agora – uma a roupa de cama, a outra, seu cabelo. Os quadris
balançavam muito pouco, involuntariamente. E o rosto estava corado e torcido
com o que parecia vir de esforço e prazer.
— Lori — ele engasgou, sacudindo a cabeça para o lado. — Lori, eu vou gozar.
Se você não parar, eu vou- — Suas palavras se romperam em uma exclamação
gutural enquanto ela apertava suas bolas novamente.
Ela sabia que ele estava tentando avisá-la, que, caso quisesse fazer mais uso de
sua ereção, teria que parar. Mas isso era um absurdo. É claro que ela queria que ele
gozasse. Então chupou-o tão duro quanto podia, acariciando seu saco mais uma
vez.
Seu corpo pulsava quando um som abafado escapou de dos lábios dele.
Preparada com antecedência, ela tentou, atentamente, ouvir as palavras, mas ele
ficou totalmente sufocado com o que quer que pretendia dizer, mordendo o lábio
inferior com tanta força que estava branco.

Em seguida, a tensão em seu corpo foi se despedaçando embaixo dela. Seus


quadris empurraram, desajeitados, contra sua boca e a mão livre tateou
freneticamente o colchão ao lado dele. Com uma série de suspiros grossos e
exalações, se agarrou aos espasmos de seu clímax. Ela podia sentir o pulso do pênis
na boca.

O preservativo a impediu de engolir seu sêmen, mas parecia que ele o havia
lançado dentro de sua boca do mesmo jeito.
Ela finalmente deixou seu pênis deslizar para fora de seus lábios e se sentou
sobre os joelhos, olhando para seu rosto corado e úmido de suor.

Lori arfava tão desesperadamente quanto Ander.


Seu clímax parecia tê-la atingido. O corpo dele havia suavizado tão
completamente que ele parecia desossado. Sentindo uma onda de orgulho e
ternura, ela cuidadosamente retirou o preservativo e amarrou-o para que ele não
tivesse que se levantar imediatamente.
Ela conseguiu ficar de pé e caminhar até o banheiro para joga -lo fora. Olhou-
se no espelho por um momento e processou sua aparência. Suas bochechas
estavam tão vermelhas quanto as de Ander. Seus mamilos estavam visivelmente
duros através da camisola rendada. E, cada vez que se movia, ela estava consciente
de sua excitação, quente e úmida.
Mas agora ela queria mais que Ander gozasse do que ela mesma.

Quando voltou, Ander ainda estava esparramado na cama, mas virou a cabeça
em sua direção enquanto ela se aproximava.
— Obrigado — disse ele com voz rouca — Você não tinha que cuidar do
preservativo.
— Por que não? — Ela perguntou, com um encolher de ombros, subindo de
volta na cama. Ela inclinou-lhe um olhar ansioso. — Eu fiz tudo certo para a minha
primeira vez?
Ander engasgou com uma risada. Em seguida, com outra. Por um minuto,
todo o seu corpo tremia num impotente e irônico riso.

Lori franziu o cenho.


— Eu sei que eu não fui tão mal assim.

— Lori — Ander engasgou — Você é cega? Você viu a forma que eu gozei.
Você realmente precisa perguntar se fez tudo certo?
— Ah. — Ela se encolheu um pouco, em agradável vergonha. — Bem, eu não
sabia. Quer dizer, talvez eu tenha feito um trabalho ruim, mas você gozou apenas
para aumentar a minha confiança.

Ele balançou a cabeça, parecendo estranhamente cansado.

— Você realmente acha que eu sou tão bom ator?

— Você não é?

— Não.

A barriga de Lori torceu novamente com de emoção, e mesmo nervosa,


deitou-se ao lado de Ander, virando de lado para que pudesse olhar para ele.
Ela não sabia o que dizer, então só permaneceu quieta. A respiração de Ander
estava nivelando agora, mas seu corpo parecia solto e descontraído. Absolutamente
satisfeito. Ela havia feito isso com ele.

Ela não esperava que Ander reagisse daquela maneira com seu boquete. Não
esperava sentir-se do jeito que se sentia devido à reação dele. Ela não esperava ficar
tão ligada depois e não tinha esperado experimentar esta agitação caótica e essas
emoções – confusão, orgulho, prazer, vergonha, desconforto e profundo medo.
De repente, todas aquelas emoções tornaram-se tão intensas que ela não tinha
certeza se podia lidar com elas. Já que olhar para Ander as intensificava, ela se virou
para o outro lado e ficou de costas para ele.
Tentando dissipar sua loucura, respirou fundo procurando se ordenar através
de toda aquela confusão.
Antes que tivesse a chance de descobrir mais alguma coisa, a voz de Ander
veio por trás dela.

— Lori? Qual é o problema?

— Nada. — Ela ficou contente quando sua voz soou natural.

Evidentemente, Ander não acreditou nela. Ela ouviu um farfalhar de roupas


de cama quando ele se aproximou. Então, ela sentiu a mão quente sobre o ombro
nu.
— Lori? Será que você não gostou, afinal?

Sua voz tinha um leve toque de hesitação e a fez virar a cabeça e olhar para
ele por cima do ombro. Ele se apoiou em um braço, seu olhar estava circunspecto.
— Lori — alertou suavemente. — Você precisa me dizer se houve algo sobre
o que aconteceu que a fez se sentir desconfortável.
— Eu não estou desconfortável — ela começou. Ao seu olhar de óbvio
ceticismo, ela apressou-se: — Quero dizer, eu gostei. Eu realmente gostei. É só que
eu não... eu não esperava... — Ela parou, percebendo que não havia absolutamente
nenhuma maneira de lhe dizer toda a verdade.
— O que você não esperava? — Seu rosto tornou-se estranho, da maneira
inquietante que à vezes acontecia.

Ela encontrou a parte menos preocupante de seus sentimentos e admitiu:

— Eu não esperava ficar tão excitada ao fazer isso. — Ela corou um pouco,
apesar de sua admissão não chegar nem perto da verdadeira natureza de suas
reações.
O rosto de Ander relaxou. Ele deu um sorriso que era quase impertinente. Sua
mão se moveu de seu ombro e acariciou-lhe o braço nu.
— Bem, isso definitivamente não é um problema — ele murmurou.

Ela sorriu de volta, sentindo-se melhor agora que o clima entre eles era mais
familiar. Ela ajeitou a cabeça, não mais olhando em direção a Ander, e o deixou
colocar-se atrás dela, pressionando as linhas magra do seu corpo contra as costas
dela e acariciando seus seios, barriga e quadris com uma mão hábil.
Depois de um minuto, ela estava novamente sem fôlego de excitação e se
contorcendo contra Ander enquanto ele, gentilmente, acariciava seus mamilos.

— Oh, Deus, Ander — ela suspirou — Eu o quero tanto.

Ela, então, sentiu uma nova sensação contra sua parte inferior. Depois de um
momento, ela percebeu o que era. Ele estava crescendo novamente – muito mais
rapidamente do que ela esperava.
— Já? — perguntou, olhando para ele por cima do ombro novamente e
esfregando a bunda, vergonhosamente, contra a dura ereção.
Ander fez um gemido rouco em resposta a ela se contorceu quando ele
abaixou a boca para a curva de sua garganta, beliscando delicadamente.
Então, com mãos fortes e suaves, ele virou-a de bruços e começou a recolher
sua camisola para que pudesse retirá-la pela cabeça.

Ela o deixou despi-la, amando a sensação de seu peso em cima dela, o jeito
como a empurrou para o colchão. Ela gemia de prazer quando ele apertou a carne
de sua bunda e beijou sua nuca e pescoço.
Ele estendeu a mão para pegar um preservativo da mesinha de cabeceira e
rapidamente o colocou. Em seguida, levantou seus quadris, afundou dois dedos
dentro dela para testar sua prontidão e, encontrando seu sexo encharcado, alinhou
o pênis à sua entrada e em seguida, a penetrou por trás.
Ela soltou um suspiro longo e molhado, apreciando tanto a sensação de seu
corpo quanto o fato de ele não a fazer tomar todas as decisões. Ela abraçou a si
mesma e empurrou a bunda contra sua virilha.
Ele resmungou com o impacto, mas depois, acompanhou seu silêncio e
começou a investir.
Lori ficou extremamente excitada pelo ritmo rapidamente agradável que ele
desenvolveu, enviando choque após choque de sensação, fazendo um orgasmo
rapidamente, se construir em seu centro. Ela bufou em cada um dos seus golpes
profundos o corpo instintivamente seguindo o ritmo, balançando ansiosamente
contra o dele, para intensificar as sensações.
Rapidamente os sentimentos dentro de Lori tornaram-se tão intensos, que ela
não poderia permanecer em silêncio. Ela começou a fazer pequenos grunhidos a
cada penetração, e depois os grunhidos se transformaram em exclamações
ofegantes.
— Bom, Lori. Tão bom — disse Ander entredentes, sua voz grossa provando
que ele já estava muito excitado, apesar de seu clímax anterior. Sua velocidade havia
acelerado, e seus dedos se cravaram na carne da bunda dela, guiando seu
movimento frenético. — Goze para mim.
Ela já estava perto. Tão perto que suava e ondas de calor a inundavam. Suas
exclamações ofegantes eram agora soluços.

— Eu vou- — ela engasgou — Sim, Ander! Eu vou gozar.

Então ela gozou, escondendo o rosto no travesseiro enquanto externava os


intensos espasmos de prazer. Ander fez um som estrangulado enquanto continuava
empurrando contra seu canal apertado.
Quando Lori achou que o primeiro orgasmo estava se dissipando, ela sentiu
outro se avolumar. Seu corpo inteiro sacudiu freneticamente, seus seios e a carne de
sua bunda e coxas, sacudindo com seu movimento descarado. E ela gozou de
novo. Fortemente.

Desta vez, não teve tempo de esconder o rosto no travesseiro para abafar seu
grito de libertação, que saiu alto e claro.
— Oh merda! — Ander ofegou, os quadris batendo descontroladamente
contra sua bunda. Então, ele sufocou algo que ela estava muito sobrecarregada para
ouvir bem.
E gozou. Ela sentiu seu corpo tremer, sentiu seu pau pulsando em seu canal
apertado, sentiu seus dedos apertarem seus quadris tão desesperadamente que iria
deixar hematomas.
Lori estava ofegante e sem voz quando seu corpo caiu para frente. Ander caiu
com ela, quente saciado e, por um momento, descansou em cima dela novamente.
Ele arquejou também. A cada expiração, ele fazia um som parecido com um
gemido.
E Lori seria perfeitamente feliz por nunca ter que sair daquela posição,
daquela satisfação visceral.
Mas aí ele se moveu. Sem falar, Ander aliviou o pênis amolecido de sua
passagem molhada e se ergueu da cama.

Ele caminhou em silêncio até o banheiro. Ela ouviu a água correr na pia. E
não o ouviu sair.
Depois de um minuto, com a curiosidade acentuada, Lori saíra de seu estupor
saciado. Ela desceu da cama e correu para o banheiro, determinada a descobrir o
que Ander estava fazendo lá que levou tanto tempo extra.
A porta estava meio aberta, para que ela pudesse olhar dentro. Ander estava
em frente à pia cheia de água, apoiado com ambas as mãos sobre o balcão. Seus
ombros estavam caídos, os olhos fechados e a cabeça inclinada. Seu rosto e cabeça
estavam molhados, da água que ele, evidentemente, jogou no rosto.
E ele parecia estar respirando profundamente.
Lori ficou boquiaberta por um minuto. Ele parecia exausto. Sobrecarregado.
E estranhamente dolorido.

— Está tudo bem? — ela perguntou sem pensar, a voz quebrando de


preocupação. Seu coração começou a bater de ansiedade e apreensão.
Todo o corpo de Ander tremeu desajeitadamente quando ele se virou em
direção a ela.

— Sim — disse ele com voz rouca, recuperando-se rapidamente. — Só


respirando um pouco.
Parecia que ele estava fazendo mais do que isso. Nesse momento, ela o tinha
visto vulnerável, ele aparecia quase... derrotado.
Seus olhos começaram a queimar quando ela se perguntou se utilizar-se dele
deste modo lhe custava mais, emocionalmente, do que ela imaginava. Talvez ter
relações sexuais com ela o fizesse em pedaços.
— Você não gostou? — Ela perguntou em voz vacilante, e encolheu-se ao se
dar conta de seu tom, carente e infantil.
Ander fez um som abafado e colocou um braço ao redor dela impedindo-a de
voltar para a cama.

— Não seja ridícula, Lori. É claro que eu gostei.

Ela gostava da sensação de seu braço em torno de si e seu coração se abriu


com a resposta dele. Quando eles se arrastaram de volta para a cama e debaixo das
cobertas, ela disse timidamente:
— Você não esperou eu dizer para você gozar.

— Eu sei. — Ele lhe deu um sorriso meio triste. — Desculpe por isso. Você
provavelmente poderia ter gozado mais algumas vezes se eu tivesse conseguido
aguentar.
— Não se desculpe. Eu prefiro que você goze quando quiser. De verdade. —
Ela olhou para ele e viu que ele estava genuinamente perturbados por seu clímax
involuntário. Mantendo sua voz leve, ela acrescentou: — Fico impressionada com o
controle que você normalmente tem. É bastante notável. Em todos estes meses, é a
primeira vez que você goza sem me perguntar primeiro.

Um lampejo na expressão de Ander a lembrou de algo.


— Não foi a primeira vez — disse ela lentamente.

— Não. Não foi.

— Quando eu voltei de Hong Kong.

Ander assentiu mal-humorado.


— Duas vezes agora. Não é um registro muito bom. Eu não sou tão fraco
normalmente.

Ela fez um gesto de desprezo.


— Agora você está sendo ridículo. Quero que você goze quando quiser. —
Apesar de suas palavras confiantes, ela lançou um olhar nervoso para ele. — Então
você realmente tem certeza? Não é porque você não gosta?

Ander torceu sua boca e olhou para o teto.

— Eu já lhe disse que não. Eu gosto. Esse é o problema.

Suas palavras a inundaram de cálido prazer. Ela não tinha certeza se deveria
acreditar nele. Afinal, seu trabalho consistia em agradar as mulheres de qualquer
maneira que pudesse. Ele passou anos dizendo às suas clientes exatamente o que
elas queriam ouvir. Talvez fosse o que estava acontecendo agora.

Mas o instinto lhe disse algo diferente e suas palavras fizeram-na sentir-se
muito bem.

***

No dia seguinte, Lori estava sentada em frente ao computador pesquisando


em um banco de dados onde estavam reunidos os artigos de grandes jornais de
Seattle, das últimas três décadas.
Ela não deveria estar fazendo isso. A ideia cruzou sua mente mais de uma vez
ao longo dos últimos meses, mas ela sempre ignorou sabendo que a vida pessoal de
Ander era privada e que era muito mais saudável para ela manter seu
relacionamento com ele puramente profissional.

Mas ali estava ela de qualquer maneira. Ela começou a escrever uma série de
termos de busca, várias combinações de palavras: “Ander”, “Alexander”, “careca”,
“cabelo”, “filho”, “homem de negócios” e “deserdados”.
Levou menos de dez minutos para encontrar a informação que procurava. Ela
puxou um breve artigo de uma publicação local que concentrava-se,
principalmente, em notícias de negócios. O artigo, de 12 anos atrás, mencionou
como Alexander Milton de 22 anos de idade – filho de um homem muito rico e
famoso – havia sido legalmente deserdado por ter-se recusado a juntar-se a seu pai
nos negócios.
Lori olhou para a história no monitor. Olhou para a foto de um Ander muito
jovem, tão careca quanto agora. Olhou para o nome ali impresso.

Tudo fazia sentido. Tudo o que Ander havia lhe dito sobre seu pai e sua
infância. E tudo o que ela tinha percebido sobre o modo como ele havia sido
emocionalmente vitimado quando criança. A verdade sobre sua identidade fechou a
lacuna que ainda existia em sua compreensão.

E ela não tinha ideia do que fazer sobre isso.


Não fazia ideia se deveria dizer a ele. Como deveria dizer a ele. O que iria
dizer. Que diferença isso faria.
Ela não tinha mais ideia do que estava fazendo com Ander. Embora ainda
tentasse ignorar a confusão de seus sentimentos, foi honesta o suficiente para
admitir a si mesma que havia ido muito além do profissional com ele.
Mas uma coisa ela já sabia.

Nos últimos seis meses, ela esteve fodendo com o hostilizado filho de Pedro
Milton – CEO de uma das maiores empresas de Seattle e muito provavelmente um
criminoso do colarinho branco.
.Dez.

Naturalmente, Ander podia patinar no gelo.


Ele podia fazer tudo direito – desde cunilíngua à história militar passando pela
guerra de travesseiros. Ela deveria ter sabido que ele era um patinador exemplar
também.
Aparentemente, ele havia jogado um monte de hóquei no gelo quando era
mais jovem, então, deslizou pela pista com tanta facilidade e confiança que Lori não
podia deixar de olhar para ele com aborrecimento.
Ela nunca havia patinado no gelo antes. Sempre quis, mas não tinha tido
chance ainda. No colégio, ela e seu melhor amigo combinaram de ir a uma pista de
gelo para que ela pudesse aprender, mas algo havia acontecido e eles nunca
remarcaram. E, uma vez que ela crescera, o interesse havia, basicamente,
desaparecido de seu radar.

Mas, naquela tarde, ao pensar sobre o que queria fazer com Ander, a ideia de
patinar no gelo, cruzou-lhe mente de forma muito casual. Assim, ela não conseguiu
pensar em outra coisa que quisesse fazer, então, mencionou meio de brincadeira em
sua resposta ao e-mail de Ander, que perguntava onde eles deveriam se encontrar.
E lá estavam eles. Não em uma das grandes pistas, mas em uma mais nova,
menor, que Ander disse ser menos cheia e com horários mais convenientes para
patinação pública. Ela não queria pensar nisso, mas se perguntou com quantas
outras clientes ele havia feito patinação no gelo no passado.

Nas últimas semanas, desde que descobriu a verdadeira identidade de Ander,


ela se sentiu estranha em encontrá-lo apenas em seu hotel regular para o sexo. Não
que ela não quisesse fazer sexo com ele. Ela queria. E eles sempre transavam nas
últimas duas horas de seus compromissos agendados. Mas, especialmente sabendo
quem ele realmente era e do tipo de monstro sofisticado que ele tinha como pai,
Lori começou a se sentir culpada e barata por seus encontros com ele serem
puramente sexuais.
Isso a fez sentir-se como se estivesse apenas usando Ander – da mesma forma
que todos os outros sempre fizeram.
Ela sabia que ainda estava. Sabia que sua mudança de rotina era um gesto
vazio, mas isso a fazia sentir-se melhor, como se suas ligações não fossem tão
superficiais e objetivas, e ela se divertia com Ander – mesmo fora do quarto.

Na primeira noite que ela sugeriu a mudança, eles haviam ido a uma exposição
sobre antigos abanadores asiáticos, que o Museu de Artes estava mostrando esse
mês. Ander a havia impressionado com seu conhecimento sobre abanadores
asiáticos até que ela o fez admitir que havia passado o dia anterior fazendo pesquisa
sobre elas.
Em seu próximo compromisso, eles saíram para comer e em seguida, a uma
livraria recém-inaugurada, especializada em livros usados e raros. Haviam passado
quase duas horas procurando nas prateleiras e conversando sobre os livros antes de
voltarem para o hotel para ter relações sexuais.

E hoje eles estavam indo patinar no gelo. Lori ia fazer algo que sempre quis.

Agora, ela não sabia por quê.


Ela era horrível. Sabia como andar de patins e havia dado alguns passos na
faculdade. De alguma forma, ela assumiu que a experiência iria ajudá-la no gelo.

Não ajudou. Ela cambaleou ao redor, agarrando-se à parede ou ao braço de


Ander, e caindo tantas vezes que foi humilhante. As crianças de seis anos de idade
estavam patinando melhor do que ela e Ander se mostrou o mais paciente,
atencioso e imaginativo dos professores.

Ela se sentiria melhor se ele simplesmente começasse a rir dela.


Lori não havia dito uma palavra a ele sobre saber quem ele realmente era. Ela
se sentia culpada por bisbilhotar sua privacidade – quando ele havia sido tão claro
antes que sua vida pessoal não era da conta dela. Além disso, ela não sabia o que
dizer. Obviamente, ele tinha razões para manter sua identidade em segredo e,
provavelmente, ficaria louco se ela deixasse escapar que agora sabia a verdade.
Ela disse a si mesma que não importava. Ele ainda era o mesmo Ander que
havia conhecido durante os últimos seis meses.
Mas importava. Isso o fez parecer-se ainda mais com uma pessoa inteira. Uma
pessoa com uma história traumática, conflituosa e um pai a quem os jornais
constantemente, caracterizavam como sendo insensível e ganancioso. Um homem
que nunca hesitou em acabar com qualquer um que atravessasse seu caminho.
Se Lori tivesse esse conhecimento quando conheceu Ander Milton, ela
provavelmente teria ficado imediatamente desconfiada e o considerado um playboy
mimado e egoísta, mas conhecia Ander agora. Sabia que ele, provavelmente, havia
sido uma das vítimas mais danificadas de seu pai.

Saber quem o pai de Ander era, a fez se sentir esquisita e estranha de uma
maneira que ela não esperava.
A mudança em sua rotina ajudou a abafar o conhecimento sobre a identidade
de Ander de sua consciência e isso ajudou um pouco também, mas uma pequena
parte do espírito de Lori continuou insinuando que ela não ia ser capaz de arrastar-
se nesse ato de equilíbrio emocional por muito tempo.
Determinada a se divertir tanto quanto pudesse – e enquanto pudesse –, Lori
tentou dar mais uma volta ao redor da pista. Ela fez um pouco melhor desta vez.
Seus tornozelos cambalearam um pouco, mas manteve-se de pé e fez vários metros
antes de perder o equilíbrio.
Ela estendeu a mão para se agarrar em Ander, que estava patinando
lentamente ao seu lado e tentando dar-lhe alguns conselhos.
Ander parou a tempo de pegá-la. Ela choramingou de frustração e enterrou o
rosto em sua camisa por um momento. Então, olhou para ele e falou entredentes:

— Droga!

Os lábios de Ander tremeram um pouco.


— Você está indo bem.

— Não, não estou. Todo mundo está fazendo melhor que eu. Eu geralmente sou
boa em coisas. Isso é ridículo.
Os braços de Ander estavam relaxadamente em volta de sua cintura, e os
olhos estavam momentaneamente tão quentes que lhe tirou o fôlego. Então ele
disse, com sua típica compostura:

— Você está muito tensa agora. Isso a está deixando mais desajeitada do que o
normal.

Lori engasgou indignada.


— Desajeitada!

— Só um pouco — ele se desculpou, com outra contração na boca. — Tente


relaxar e se divertir com isso. Você está em boa forma e é coordenada. Vai ajudar
se conseguir relaxar um pouco.
Ela nunca teria coragem de admitir isso, mas muita da tensão de Lori era
causada por algo que não tinha a ver com a nova habilidade que estava tentando
aprender. Estar com Ander, agora, a fazia se sentir nervosa, tensa e confusa. Parte
disso tinha a ver com a noção de sua identidade.

E o resto era causado por sentimentos intensos que Lori estava com muito
medo de explorar mais profundamente.

Para encobrir o nervoso, ela olhou para ele.

— Se você ousar me dizer que eu preciso respirar...

Ander soltou uma breve gargalhada, e Lori sentiu uma pequena onda de
prazer em tê-lo divertido assim. Era sempre assim para ela agora, balançando de
um extremo emocional a outro.

Mas, então, Ander deu-lhe um olhar pensativo.

— Na verdade, isso pode não ser uma má ideia. — Antes de Lori poder fazer
mais do que xingar, ele continuou: — Pense em respirar do jeito que você fez nas
primeiras vezes em que estivemos juntos.

Ela olhou para ele com desconfiança.

— Basta fazê-lo — ele disse com um sorriso irônico. — Confie em mim.

Por mais incongruente que parecesse, ela confiava nele. Então, com um último
revirar de seus olhos, ela começou a respirar lenta e uniformemente.

Depois de um minuto, Ander a cutucou pra frente.


— Vamos. E mova as pernas junto com a respiração.

Parecia absolutamente ridículo, e realmente não devia ter funcionado.

Mas funcionou.
Ander teve que ajudá-la a coordenar seu movimento no início, mas logo Lori
fez como ele disse. Respirando e deslizando. Respirando e deslizando.
Ela fez isso por metade do ringue antes de começar a balançar. E depois nem
sequer caiu. Após um tempo, ela pode fazê-lo ao redor da pista inteira sozinha. E
logo conseguiu realmente apreciar.
Eles patinaram por pouco mais de uma hora, mas aí, a pista começou a ficar
mais cheia. Era uma noite de sexta-feira e este era, aparentemente, um local
favorito para encontros do ensino médio. Lori podia sentir que suas bochechas
estavam vermelhas e brilhantes pelo esforço, e suas pernas já estavam ficando um
pouco cansadas.

Então, quando Ander sugeriu darem apenas mais uma volta na pista antes de
saírem, ela estava em pleno acordo.
Ela ficou encantada consigo mesma, quando fez todo o trajeto sem uma
oscilação. Ela se agarrou à mão de Ander e decidiu que entendia por que sempre
sonhara que a patinação no gelo seria uma atividade divertida e romântica.
Lori estava transbordando de alegria por sua realização e com entusiasmo
vertiginoso quando eles finalmente pararam e saíram do gelo.
Ela tirou os patins, sorrindo para si mesma, pensando no quão divertido teria
sido patinar com seu melhor amigo e paixão do colégio. Ela meio que se sentia
como uma adolescente de novo agora, então, só podia imaginar como teria se
sentido naquela época.
— Divertiu-se? — Ander perguntou, endireitando-se depois de calçar seus
sapatos. Seu rosto estava relaxado e ela podia jurar que ele estava estava se
divertindo muito. Certamente ele não estava apenas fingindo para seu benefício.

Lori levantou-se e sorriu.


— Sim.

Ele parecia tão adorável em sua obscura camisa roxa, com as bochechas
coradas, os olhos e a boca ligeiramente suaves, que ela queria beijá-lo.

Então, não conseguia pensar em nenhuma razão para não fazê-lo.


Sem deixar-se questionar a ação, ela colocou os braços ao redor de seu
pescoço, pressionou o corpo contra o dele, e apertou com força.

— Foi maravilhoso! Obrigada por me trazer.

Ela sentiu Ander endurecer em seus braços por um momento, antes de relaxar
e a abraçar de volta.
Supôs que deve tê-lo surpreendido. Deve ser bastante óbvio que, abraçar um
gigolô por puro prazer de viver, não era uma atividade normal.
Mas ele retornou o abraço rápida e calorosamente o suficiente para impedi-la
de ficar muito acanhada. Ele cheirava maravilhosamente e Lori inalou longamente
quando se apertou a ele.
Quando se afastou, pegou uma cintilação em seus olhos de uma emoção que
ela não conseguiu nomear. Sua boca se abriu de surpresa quando olhou para ele,
tentando ainda pegar um vislumbre daquele brilho.

A boca dele contorceu-se com o familiar humor seco.


— Alguém realmente deveria tê-la levado para patinar no gelo antes de hoje.

Lori bufou.
— É. Nem me diga, mas ninguém teria sido um professor tão bom quanto
você. — Ela inclinou-lhe um olhar interrogativo. — Você tem que ser bom em
tudo?
Ander apenas riu quando começaram a sair da pista. Ele sugeriu um pequeno
lugar de comida italiana, a poucos quarteirões para o jantar – comentando que era
um de seus favoritos – e Lori concordou. Foi uma noite suave, Lori adorou
caminhar e estava genuinamente interessada na história que Ander contava a ela
sobre o arquiteto que projetou o prédio na esquina.
Ela estava, evidentemente, muito relaxada, no entanto, porque, de tempos em
tempos, falava o que vinha à sua mente. O que raramente era uma boa ideia.
— Sabe, Ander, às vezes é um pouco irritante estar perto de você. Quero
dizer, você é tão bom em tudo. Você sabe tudo.
Ander deu-lhe um olhar de esguera.
— Eu te disse no outro dia que só conhecia sobre os abanadores asiáticos
porque fiz meu dever de casa.

Lori não podia deixar de rir.


— Eu sei. Mas, falando sério, você é incrivelmente experiente e competente.
Eu costumava me considerava uma pessoa inteligente e talentosa. Mas às vezes me
sinto como um ignorante inexperiente quando estou perto de você.
Seu tom era leve, mas Ander chegou a parar na calçada, fazendo com que o
casal que vinha atrás tivesse que desviar amplamente deles com um resmungar.
— Lori, isso é um absurdo.

— Eu sei. — Por algum motivo sentiu-se tímida. — Eu não estou dizendo que
é algo em que eu acredito. Mas me sinto assim às vezes. E às vezes eu queria... Eu
queria que você não tivesse que ser sempre o professor. Eu gostaria que houvesse
algo que eu pudesse lhe ensinar.
Sua voz se desvaneceu nas últimas palavras, quando estava falando mais para
si mesma. Ela olhou para o chão e processou o que havia acabado de dizer.

Mas Ander, de repente ficou tenso e moveu a mão para o seu rosto,
levantando-o de modo que ela olhasse em seus olhos.
— Lori — disse ele, sua voz inesperadamente espessa. — Você tem alguma
ideia do que me ensinou?

A boca de Lori se abriu novamente.

— O quê? — Ela respirou, seu pulso começando a bater freneticamente.

Por um momento, ela pensou que iria se afogar em seus olhos. Eles pareciam
mais cinza do que azul na luz diminuta, e mostravam tamanha profundidade que
ela não poderia começar a entendê-los.
Então sua boca se curvou com o familiar humor seco. Ela normalmente
amava seu senso irônico, mas a visão dele agora a fez querer gritar – já que
significava que seu humor havia mudado e dissipado a tensão deliciosa de um
momento atrás.
Ander murmurou algo que poderia ter sido a verdade, mas que, obviamente,
não era o que ele havia inicialmente pensado.
— Você me ensinou a pesquisar sobre abanadores asiáticos.

***

Enquanto percorriam os dois últimos blocos até o restaurante, o alto astral de


Lori voltou completamente, o que parecia definir seu tempo gasto com Ander ao
longo dos últimas semanas.
Ela estava realmente rindo quando chegaram ao pequeno restaurante à luz de
velas. O ar cheirava a alho e havia uma agradável música de fundo. Um cordial
homem de aparência mediterrânea cumprimentou Ander pelo nome e virou-se para
Lori com um sorriso intermitente que parecia vagamente surpreso.

Lori amou o lugar imediatamente.


Não havia muitas mesas e, evidentemente, todas elas estavam ocupadas. O
anfitrião foi extremamente atencioso e ofereceu-lhes uma bebida de cortesia
enquanto esperavam alguns minutos para uma das mesas desocupar.
Esse tratamento não era comum numa série restaurantes, a menos que ela
estivesse usando o nome de Claire Kent, Lori inclinou-se para Ander quando eles
estavam perto da parede, na agradável entrada.

— O que você fez para ganhar tal tratamento — ela murmurou, tolamente
desfrutando da sensação de tê-lo tão perto dela em um lugar público.
Ander sorriu, seus olhos demorando-se em seu rosto de uma forma que a fez
estremecer de prazer.

— Eu venho muito aqui.

Quando o anfitrião passou por ela para espiar a disponibilidade da mesa, Lori
se achegou ainda mais a Ander, instintivamente colocando uma mão na curva suave
de sua cintura, logo abaixo das costelas.

— Você mora por aqui?

Ela não tinha ideia de onde ele morava e estava morrendo de vontade de
saber onde era sua casa, mas fez a pergunta distraidamente, sem nenhum motivo
secreto por trás.
— Não muito perto. — Ander não parecia particularmente fechado, embora
sua resposta não tenha explicado nada. Ele não se afastou dela. Na verdade, se
mexeu um pouco, inclinando-se contra a parede e, de alguma forma, o movimento
os colocou mais perto.
Seus quadris, peitos, braços roçavam contra o outro, e Lori ainda não havia
tirado a mão de sua lateral.
Ela gostou do jeito que ele a estava olhando. Gostou do modo como sentia
seu corpo sob a palma da mão – a carne quente e firme que sentia debaixo de sua
camisa de um jeito não sexual, parecia mais íntimo.
E ela percebeu que isso era algo que estava faltando – a sensação de estar com
um homem em público, fazer com que todos ao seu redor soubessem que eles
estavam juntos. Ela estava pagando Ander por seu tempo e atenção esta noite, mas
todos que os vissem iriam assumir que eles eram um casal.
Parecia que eles estavam juntos. E a pequena, e irritante, voz interior que
sempre insistiu em estragar o ingênuo divertimento de Lori, dizia que ela estava
pisando em águas muito perigosas ali.

Ela não era uma tola total e estava com muito medo de estar se tornando uma
daquelas mulheres bobas e desesperadas que começavam a acreditar em uma
fantasia. Que convenceu a si mesma de que o que ela tinha com Ander era real.
Ela ficou aliviada quando o anfitrião voltou trazendo-lhes suas bebidas. Lori
tomou um gole do vinho tinto e assistiu, estranhamente fascinada, como Ander
tomou um gole de seu uísque.

— Desculpe sobre a espera — Ander murmurou, apenas ajustando o braço


que estava ao redor dela para que se encostasse na parede com ele. — Nós
podemos ir para outro lugar se quiser.
— Aqui é ótimo — afirmou, dizendo a si mesma que iria desfrutar esta noite e,
amanhã, classificaria através de alguns reconhecimentos inquietantes, que ela
simplesmente não podia se abalar.
Ela apoiou a cabeça no ombro de Ander e tomou outro gole de vinho. Então
viu o anfitrião conversando com uma garçonete. Eles estavam, obviamente
preparando uma mesa para eles. Quando o anfitrião olhou para Ander e Lori, ele
sorriu com um carinho inesperado em seu olhar.
Ele parecia quase como um pai orgulhoso e Lori se perguntou vagamente o
que havia motivado aquele olhar.
Ela inclinou os olhos para Ander e surpreendeu outra expressão inquietante
em seu rosto. Ele olhou para ela com os olhos suaves e, por um momento, ela
perdeu o fôlego.
Então lembrou-se do jeito que ele olhou para Sarah Jacoby. A maneira como
ele provavelmente olhava para todos as suas clientes.

Esse era o seu trabalho. Fazê-las sentirem-se especiais. Representar o papel de


um obcecado par romântico.
Ela abaixou a cabeça abruptamente e disse a si mesma para não imaginá-lo
com mais ninguém. Mas ela ficava vendo Ander com Sarah. Flertando com ela.
Seduzindo-a, beijando-a. Tendo relações sexuais com ela. Fodendo com intensidade
pulsante e quente, com os olhos famintos.

Exatamente como fazia com Lori.


— Qual é o problema? — Ander perguntou, inclinando a cabeça para que
pudesse analisar seu rosto.
Ela balançou a cabeça e soltou um suspiro que saiu mais como um riso triste,
já que a única outra opção era chorar.

— Lori — ele perguntou, inclinando a cabeça ainda mais e franzindo a testa.


Ela não podia dizer se ele estava preocupado ou chateado e não tinha certeza do
que preferiria.
Lori tomou um gole de vinho e tentou esconder o rosto com a borda do
copo. Então sorriu para ele, apenas um pouco trêmula.

— Parece que eles aprontaram nossa mesa.

Para alívio de Lori, era verdade. O anfitrião voltou correndo, apontou uma
aconchegante mesa no canto do restaurante e tomou suas bebidas para levá-las ele
mesmo.
Ander colocou a mão na parte inferior das costas de Lori enquanto
caminhavam e o gesto soou protetor, assim como de apoio.

Ela gostou. Demais.


Eles estavam no meio do restaurante quando sentiu Ander endurecer
dramaticamente ao seu lado. Ele na verdade não se moveu, não fez um som, mas
ela sentiu – como se ela tivesse tensa.

Olhando para ele rapidamente, sentiu sua pontada no coração quando viu
uma expressão congelada em seu rosto. Suas feições eram rígidas. Completamente
vagas. E tão imóveis, que a aterrorizavam.
Ela seguiu seu olhar fixo até o outro lado do restaurante, onde um casal estava
sentado, seus jantares semiacabados e uma garrafa de vinho quase vazia. A mulher
era bonita – fina, elegante, com cabelos vermelhos e, provavelmente, em seus trinta
e poucos anos.
O homem era muito mais velho, com membros longos e uma aparência
contida, que mostrava uma vida de poder e estratégia. Ele tinha um rosto enrugado
que era estranhamente fascinante e um cabelo de espessura distinta, comprido e
grisalho.
Lori sabia quem era e sabia por que Ander tornou-se uma estátua de pedra ao
lado dela.
Os olhos de Peter Milton examinaram o restaurante casualmente. Ele não
poderia ter deixado de ver seu filho em pé no meio do restaurante. Do seu ponto
de vista, ele poderia até mesmo ter visto Ander e Lori logo que eles entraram.
Certamente viu quando eles ficaram parados em íntima proximidade, à espera de
sua mesa.
Mas os olhos de Peter passaram por Ander, como se o seu filho não existisse
no mundo.

Lori engasgou dolorosamente. Ander não se moveu e sua completa falta de


reação foi, talvez, a coisa mais assustadora de todas.
Ela agarrou seu braço, apertando-se ao seu lado com um instinto protetor que
ela não poderia controlar. Enquanto se moviam, a mão Ander caiu de suas costas
para se pendurar frouxamente ao lado do corpo.

— Vamos para outro lugar — disse Lori, tentando manter sua voz natural e
absolutamente tranquila. — Eu não tenho certeza se vou gostar de comida italiana,
afinal.
Foi uma desculpa plausível, e tudo no que conseguiu pensar no momento. Ela
não podia deixar de raciocinar que a coisa mais importante do universo era tirar
Ander daquele restaurante.
Os olhos de Ander voltaram-se para olhá-la fixamente, mas ela tinha certeza
de que ele não podia realmente vê-la.
— O que você quer dizer? — Ele era melhor do que ela em compor a voz,
mas seus olhos estavam tão vazios que quebrou seu coração.
Lori lançou um olhar nervoso de volta para Peter, que estava olhando mais
uma vez para sua companheira mas sorrindo de uma maneira presunçosa que ela
sabia que era para Ander.

— Vamos para outro lugar — disse ela novamente, sua voz suave e suas mãos
agarradas às de Ander, como se ela pudesse, de alguma forma, mantê-lo juntos.
Ander engoliu em seco, seu rosto limpo, toda a angústia controlada por trás
da superfície polida que ela agora sabia que ele usava para esconder-se do mundo.
— Eu não quero ir para outro lugar. Vamos comer aqui.

Sair seria uma derrota. Seria uma rendição e isso era algo Ander nunca faria ao
confrontar o pai.
Lori ficou impressionada com a força de vontade que lhe permitiu superar seu
choque tão rapidamente, mas ela também queria chorar por ele e sabia que quanto
mais Ander estivesse na presença de seu pai, mais doloroso seria para ele.

Ela não tinha escolha, no entanto. Ander não estava disposto a desistir. Então,
ela foi com ele até a mesa, mantendo a mão sobre seu braço.
Pouco antes de eles se sentaram, algo finalmente deve ter se processado no
cérebro de Ander. Com uma respiração afiada, ele virou-se e agarrou-lhe os ombros
com mãos fortes e inflexíveis.

Lori foi atingida por uma onda de terror quando olhou para seu rosto raivoso.
Ander apertou os dedos em seus ombros e falou com uma voz que ela nunca
havia ouvido vir dele antes.

— Você sabe.

Lori engoliu em seco. Os ombros sob as mãos de Ander estavam dolorosos e


sua respiração saía em frenéticos e pequenos ofegos, mas ela conseguiu se
recompor o suficiente para responder:

— Sim. Eu sei quem você é. Sinto muito.

Algo primitivo retorceu seu rosto. Ela nunca o havia visto com raiva antes,
mas ele, claramente, estava agora.

— Você sabia o tempo todo?

— Não! — Sua voz era mais estridente do que esperava, então ela pigarreou
antes de continuar: — Eu só descobri. Eu não tinha ideia antes. Eu juro. Há
algumas semanas atrás, fiquei curiosa e quis saber mais sobre você. Então pesquisei
através de alguns jornais antigos e descobri. Eu não tinha certeza de como lhe
dizer. Eu sei que você não queria que eu me intrometesse em sua vida pessoal.
Posso entender por que você está louco. Sinto muito. Eu realmente sinto.
Ela não queria Ander bravo com ela, mas esse não era o motivo de sua súbita
onda de desespero. Por um momento, ele parecia quase traído. Como se ela o
tivesse traído, e ela não poderia suportar que ele pensasse que isso era verdade.
Algum tempo depois a tensão no rosto de Ander diminuiu, embora seus olhos
fossem duros e cautelosos.
— E o que você vai fazer com essa informação?

— Nada! — Instintivamente, Lori estendeu a mão para agarrar camisa de


Ander. — Eu nunca faria nada para machucá-lo. Como você pode pensar isso?

Ander soltou um suspiro, a raiva desvanecendo em seu rosto e deixando


apenas uma amarga exaustão. Então, como se estivesse, de repente, ciente de como
estava ferozmente agarrado a ela, soltou-lhe os ombros abruptamente e deixou as
mãos caírem.

— Não é nada de mais.

Ela quase começou a relaxar, mas depois sua respiração entalou bruscamente
com suas palavras resignadas.
— É sim. Quero dizer, você merece um pedido de desculpas de mim. E nós
podemos falar mais sobre isso, mas eu não acho que este é o melhor momento ou
lugar para a discussão. — Ela lançou um olhar sobre Peter Milton, cujos olhos
haviam ociosamente passado por onde Lori e Ander estavam, de pé, em frente a
mesa, tendo uma conversa privada em público.

— Você está certa — Ander murmurou, puxando o assento de Lori para ela.
— Vamos nos sentar e seguir em frente.

Nenhum deles realmente seguiu em frente. Lori estava aliviada por Ander ter,
pelo menos no momento, esquecido sua raiva e ressentimento contra ela, mas ela
estava com medo de como essa sucessão de eventos afetariam sua relação no
futuro.

Isso poderia mudar tudo.

Já devia ter mudado.


O pai de Ander – um homem que por tudo o que se sabe, carecia de senso de
humanidade para lidar com a maioria das pessoas – ainda estava sentado no outro
lado do restaurante conversando tranquilamente com sua companheira de cabelos
vermelhos.
Ander, é claro, tinha ocupado um lugar onde estaria diretamente à vista de seu
Peter. Ele nem mesmo recuou um passo para se autopreservar sentando-se de costas
para a mesa do pai. Suas feições eram compostas agora e suas mãos e ombros
relaxados quando deixou cair o guardanapo no colo e tomou um gole de uísque.
Mas Lori não se deixou enganar por um instante. Ander praticamente
estremeceu com uma angústia que foi brutalmente controlada. Ela podia percebê-la
no ligeiro brilho em sua testa. No aperto de seus lábios. No vazio de seus olhos.

Eles fingiram uma conversa casual, fizeram seus pedidos e aceitaram uma
segunda bebida de seu, obviamente, preocupado anfitrião. Lori ficou mais e mais
estressada enquanto o jantar progredia. A tensão que Ander escondia era cada vez
mais urgente – ela sentiu mesmo sem sinais visíveis –, e logo ficou com medo dele
simplesmente desabar quando se sentou em frente a ela na mesa.

Peter e sua companheira haviam terminado sua sobremesa, mas ainda não
tinham feito mensão de se levantar e sair. Lori não tinha que olhar para trás para
estar ciente da presença, silenciosamente provocativa de Peter na sala. Tudo o que
tinha que fazer era olhar para o rosto vazio de Ander.
Sua comida chegou, o que foi um alívio para Lori. Ela planejava devorar toda
sua massa e tirá-los de lá o mais rápido possível. A comida estava deliciosa, mas ela
não estava com muita fome, então engolir cada mordida era um desafio.

Quando ela viu os ombros de Ander endurecerem, soube que algo estava para
acontecer. Um desvio de sua cabeça foi o que a alertou.
A companheira de Peter devia ter ido ao banheiro quando se levantaram para
sair e o próprio Peter, elegante e sofisticado em um terno cinza claro, estava agora
se aproximando da mesa deles.
A boca de Lori caiu em doloroso choque. Seu pulso batia freneticamente no
peito, na cabeça e nas pontas dos dedos. Peter Milton havia repudiado o próprio
filho. Certamente não iria, agora, fazer uma cena, torcendo a faca na ferida.

Ander levantou-se, claramente, para que o pai não pudesse olhá-lo de cima.
Os lábios de Peter se curvaram num sorriso arrogante e satisfeito.

— Ander — disse ele — Trabalhando, eu vejo. — Seus olhos castanhos e frios


foram para Lori, rejeitando-a com não mais do que um pestanejar. — Eu admito
que fiquei surpreendido pela alteração na natureza de sua clientela. Eu entendi que
você aceitava clientes dos mais altos escalões de gosto, inteligência e posição social.
Lori piscou surpresa. Ela tinha assumido, num primeiro instante, que Peter
começaria uma ofensiva verbal, numa tentativa de atacar Ander onde ele era mais
vulnerável. Em vez disso, ele insultou a ela, quando – embora irritante – não
poderia causar danos permanentes.
Ela não podia acreditar que um homem com pratica em estratégia de negócios
e política como Peter, tinha falhado, mas ela não compreendeu seu objetivo.
Evidentemente, o golpe atingiu o alvo. A coluna de Ander ficou rígida e seus
lábios ficaram momentaneamente brancos.
— Você tem um propósito ao vir falar comigo?

— Você não vai me apresentar sua companheira? — Pedro enfatizou a última


palavra, como se fosse algo sujo e degradante.
— Não — Ander disse, sua voz tão venenosa quanto a do pai. — E eu tenho
certeza que você vai entender, já que obviamente se sentiu obrigado a esconder a
sua. Não é surpreendente, se considerar.
Deve ter sido um tiro no escuro – ao menos Ander sabia algo sobre o
encontro de Peter naquela noite – mas funcionou. Pela primeira vez, um flash de
raiva fria passou pelo rosto enrugado de Peter.

Lori deveria esperar que Peter iria se desviar sem piedade, sem hesitação ou
senso do que é jogar limpo. Ele se afastou de Ander com indiferença cruel e
estendeu a mão para Lori.
— Peter Milton — ele murmurou. — Você já é cliente de Ander há muito
tempo? Ele sempre foi o tipo de menino que gostava de brincar de faz de conta. Eu
sempre esperei que ele fosse crescer e se tornar um homem. Mas, ai de mim...
Seu tom levemente superficial atravessou Lori como um chicote. Suas
palavras a magoaram fisicamente – principalmente porque sabia que o elas
causariam, profundamente, na natureza sensível de Ander.
Respondendo automaticamente, sem qualquer pensamento mais sábio ou
estratégia, ela estendeu a mão e pegou a de Peter. Era fria e seca. Nada como o
aperto sempre quente do Ander.
Ela usou a mão oferecida para se pôr de pé. Com um sorriso brilhante e
inocência intencional, ela disse:

— Eu nunca ouvi ninguém usar 'ai de mim' numa conversa informal antes.

Lori havia segurado seu vinho enquanto se levantava. Quando se aproximou,


levantou a taça.
Derramou um copo quase cheio de vinho tinto por toda a frente do terno
claro de Peter.

***

Lori sabia que a coisa com o vinho fora mesquinha e um pouco infantil, mas
ela gostou muito e conseguiu o que queria.
Peter ficou claramente assustado e perturbado com o dilúvio de vinho
vermelho escuro. Ele não se demorou entre os espectadores divertidos e não fez
mais ataques verbais ao filho.
Uma vez que Peter deixou o restaurante, Ander e Lori puderam voltar para
suas refeições. Ander ainda estava tenso, ainda pulsando de angústia, mas não
pareceu à beira da implosão.

Eles deixaram o restaurante 20 minutos depois. Lori se sentia trêmula e


emotiva e, silenciosamente, seguiu Ander. Ela não tinha ideia de para onde eles
estavam indo, mas Ander começou a andar, claramente absorto em seus próprios
pensamentos.

Eles caminharam alguns quarteirões até chegarem em frente a um edifício


histórico todo de pedra, com linhas limpas e grandes janelas.
Ele piscou quando olhou para uma porta sem identificação que claramente
levava ao piso superior.
— O que estou fazendo aqui? — Ele murmurou, como se tivesse acabado de
se conscientizar de seu entorno.
— Eu não sei — disse Lori, sentindo-se nervosa e confusa. — Você estava
apenas andando então eu andei com você. É aqui a sua casa?
— Sim . — Ander limpou a garganta e deu uma pequena sacudida na cabeça.
— Desculpe. Eu estava longe. Nós estávamos indo para o hotel, não estávamos?

Lori estendeu a mão para tomar-lhe o braço com preocupação. Ele parecia
abalado, exausto, e mais maltratado do que ela já havia visto. Ela não tinha ideia do
tipo de tumulto emocional que ele havia sofrido esta noite, mas o sentimento dela
por ele era doloroso.
Ander estava escondendo tudo muito bem, mas parecia traumatizado. E Lori
seria uma condenada se o deixasse pior.
— Ander, por que você não vai para casa? Nós não precisamos voltar para o
hotel esta noite.
Esfregando os olhos, Ander fez outro esforço óbvio para se recompor e
olhou para o relógio.

— São apenas 10 horas.

— Eu não me importo. Realmente. Eu sei que isso não foi divertido para
você. — Ela não usou o eufemismo de propósito, intuitivamente sabia que ele
ficaria desconfortável se ela fizesse comentários sobre o que havia acontecido. —
Você parece cansado. Entra. Vou pegar um táxi para casa.

Ander balançou a cabeça.


— Não. Eu estou bem.

— Eu insisto — disse Lori. — Vou me sentir como um monstro sem coração


se fizer você transar comigo hoje à noite.

— Você não me faz...

— Você sabe o que eu quero dizer. Eu quero... eu quero ajudar você.

Ele olhou fixamente para um ponto vazio no ar, sua respiração rápida e
irregular. Parecia que ele estava tremendo de novo, sob a superfície de sua
compostura, e a tensão foi tão brutal que ela temia que ele fosse se esfacelar.

— Ander — ela perguntou em voz baixa, a mão em concha acariciando seu


rosto. — Você está bem?
Por um momento, ele pareceu se inclinar sob sua palma. Então, sacudiu a
cabeça. Ele ainda não havia encontrado seus olhos.
— Estou bem.

A crescente preocupação de Lori se intensificou até que um nó se formou em


sua garganta. Ander estava à beira da ruptura e ela não tinha ideia do que poderia
fazer para ajudar. Uma dolorida onda de ternura a afligiu. Ela desejou poder abraçá-
lo e segurá-lo em seus braços.
— Eu não acho que você esteja. — Sua voz falhou na última palavra. —
Ander, o que posso fazer? O que você precisa?
— Eu estou bem. — Ela percebeu que suas mãos começaram a tremer. Mas
em seguida, ele apertou os punhos na lateral do corpo.
— Não está — ela engasgou. — Você não está! Diga-me a verdade. Diga-me o
que você quer. Você quer ficar sozinho? Você quer que eu saia com você por um
tempo? Nós podemos ir para o hotel ou para outro lugar. Qualquer coisa, Ander.
Apenas me diga o que você quer.
Suas roucas, súplicas apaixonadas devem ter finalmente chegado até ele. Por
fim, ele olhou para ela lentamente, como se seus olhos estivessem muito pesados
para se erguerem. Um músculo cintilou em sua testa e seus lábios estavam
mortalmente brancos.
— Eu quero... — Ele limpou a garganta, mas suas palavras ainda eram grossas
e relutantes. — Fica comigo esta noite.
***

Eles subiram até o loft de Ander.


Lori nunca tinha esperado que ele a levasse para casa com ele. Obviamente,
seu apartamento era seu santuário privado com limites que suas clientes nunca
foram autorizadas a atravessar.
Mas ele queria companhia esta noite. Sem falar, ele simplesmente abriu a porta
da rua e subiu as escadas. Então, Lori foi com ele.

Seu apartamento não era nada como ela imaginava. Não era elegante e
repousante, minimalista, com mobiliário contemporâneo, arte moderna abstrata, e
arestas duras. O loft era todo aberto e bem iluminado, com tetos altos, janelas
enormes, dutos expostos, e pisos de madeira envelhecida. Ele era decorado com
belas peças antigas que pareciam antiquadas, mas não delicadas e ornamentadas
com arabescos. As linhas das mesas, cadeiras e baús eram fortes e sólidas, com
silhuetas rígidas e história embutida em cada detalhe. Ele tinha tapetes asiáticos no
chão, pinturas a óleo sobre as paredes, e livros empilhados por toda parte.

Lori amou imediatamente. E percebeu que o lugar se parecia mais com Ander
– o real e não a imagem que ele mantinha – do que suas expectativas iniciais.
Ela estava muito chateada e preocupada com ele para saciar sua curiosidade
natural e vasculhar todos os cantos. Então ficou no meio da sala e esperou
enquanto ele puxava uma garrafa de Merlot de sua estante completa de vinhos,
abriu-a e serviu duas taças.
Ele levou o vinho para o sofá baixo e fez um gesto para ela se sentar. Em
seguida, colocou as taças e a garrafa sobre a mesa de café e foi colocar alguma
música clássica.
Ambos se sentaram e tomaram um gole do seu vinho em silêncio. Lori não
tinha ideia do que dizer, não sabia o que fazer. Ela queria muito ajudar e confortar
Ander, mas se sentia impotente, incapaz e tão jovem.
Ele se sentou e meditou, tomou duas taças de vinho e começou a terceira,
antes de desviar os olhos para descansá-los em seu rosto.

Lori engoliu.

— Há algo que eu possa fazer? — ela perguntou, um pouco hesitante.

Ele balançou a cabeça de leve e apenas olhou.


— Eu sinto muito que você tenha que ter visto isso. Com o meu pai.

O caroço que havia se apresentado em sua garganta desde quando estava na


calçada ameaçou estrangulá-la com a visão de sua aquiescência à dor, de sua crença
de que não valia a pena se preocupar com ele.
— Eu não me importo com o que ele falou sobre mim — disse ela,
inclinando-se em direção a ele em sua urgência. Seu rosto se contorceu, enquanto
tentava controlar suas emoções. — Ander, você está bem? Você quer falar sobre
isso?
— Não. — Então, ele suavizou a palavra seca e a expressão fechada com um
rouco: — Obrigado.
— Ok.

Ela não tinha ideia do que fazer. Queria puxá-lo para seus braços, confortá-lo
com o seu corpo, mas temia que ele fugisse de seu toque. Suas defesas estavam
levantadas, e ela era apenas uma cliente. Nada no seu relacionamento deu-lhe o
privilégio de consolá-lo dessa forma.
Então, ela apenas ficou em silêncio e deixou o rico vinho deslizar em sua
garganta, e o concerto de piano flutuar sobre eles.
Depois de vários minutos se silêncio, Ander colocou para fora:
— Eu o odeio. — Ele estava olhando para o chão agora, obviamente, vendo o
rosto do pai.
— Eu sei. Você tem todos os motivos para isso. Eu o odeio também. — Lori
só conhecia Peter Milton de reputação. Não importava. Ela odiava o homem mais
do que podia lembrar de odiar alguém. — Por você.
Isto fez com que Ander olhasse de volta para ela. Seus olhares se seguraram
por muito tempo – sua angustia era de cortar o coração. Em seguida, ele sussurrou:

— Eu nunca consigo odiá-lo o suficiente.

Um pequeno soluço saiu da garganta de Lori enquanto ela processava as


implicações de suas palavras. Ele não podia odiar seu pai completamente. Apesar
de tudo. Parte dele ainda queria o amor dele.
Com um som estrangulado, Lori largou seu vinho e atirou-se em direção a ele
no outro lado do sofá. Ela não podia segurar mais. Colocou os braços ao redor
dele. O abraçou. Desejava que seu toque tivesse o poder de curar.
Ander fez um grunhido abafado – como se acidentalmente tivesse deixado
algo partir – e então se ajustou no sofá para colocar Lori em seu colo, segurando-a
tão firmemente quanto ela se segurava a ele.

Ficaram assim por um longo tempo, seus braços segurando firmemente e Lori
envolta em seu colo, com o rosto enterrado em seu ombro. Suas emoções muito
exarcebadas, fluíram, involuntariamente, de seus olhos. Ela chorou em silêncio por
uns minutos, dolorida por ele e dolorida por sua incapacidade de mudar as coisas.

O corpo de Ander era tão quente e duro como sempre. Ele cheirava a esforço
e intensidade – um odor familiar que falou com Lori profundamente. Seus braços
apertados ao redor dela com uma força nua que ameaçou quebrar suas costelas. Ela
não se importava. Ela adorou. E o abraçou de volta tão desesperadamente quanto.
Depois de um longo tempo, ele finalmente começou a mexer debaixo dela.
Seu rosto foi pressionado contra o pescoço e cabelo dela, mas ele o levantou e
soltou os braços.
Relutantemente, Lori pulou para trás, olhando para ele com os lábios trêmulos
e os olhos ardendo.
Algo no vazio do seu olhar assombrado mudou quando viu o rosto dela. Ele
ergueu a mão e passou os dedos ao longo de uma de suas bochechas. Em seguida,
olhou para a umidade de suas lágrimas.
— É por mim? — Ele respirou, soando surpreso ou admirado.

Ela sufocou um outro pequeno soluço pela incapacidade dele de acreditar que
ela se importava o suficiente para chorar.
— Ander — ela implorou, tendo seu rosto em ambas as mãos trêmulas. — Por
favor, deixe-me ajudar.
Com um som gutural, ele a apertou em seus braços novamente, mas desta vez
ele encontrou seus lábios em um beijo, desesperado e faminto.
Lori se sentia tão desesperada e faminta quanto, e retribuiu o beijo com igual
ardor. Ela manteve seu rosto nas mãos quando se abriu para o avanço urgente de
sua língua e gemeu em sua boca quando suas mãos começaram a passear sobre o
corpo dela.
Sua boca e seu toque não eram hábeis e considerados, como sempre tinham
sido antes. Suas carícias eram desastradas, quase desajeitadas, e seu beijo era
abertamente carente. Mas, se era possível, o corpo de Lori reagiu ainda mais
rapidamente. As mãos ávidas em seus seios, quadris e coxas brincavam com ela
formando uma excitação dolorosa e ela tinha medo de se afogar naquele beijo.
Finalmente, teve que liberar seus lábios para que pudesse ofegar desesperadamente
contra o pescoço dele.

Ela descobriu que suas próprias mãos estavam tão agarradas como as dele,
segurando sua cabeça e tentando sentir cada centímetro de sua superfície lisa. A
textura sob seus dedos era esmagadora, e a tensão cingida no corpo de Ander era
tão diferente do que ela já havia sentido antes. A tensão não era só excitação. Não
era desejo ou impaciência.
Era emoção. Ele não podia expressar em palavras, mas ela podia sentir pulsando
através dele e a emocionava e aterrorizava ao mesmo tempo.
Ander a empurrou o suficiente para dar a seus lábios acesso ao peito dela. Ele
avidamente abriu caminho até os seios e sugou-os através do tecido de sua blusa.
Lori deixou a cabeça cair para trás e gemeu impotente, com uma necessidade
ainda maior.
À beira de perder o controle, Lori puxou e, então, pegou sua cabeça de novo
para capturar sua boca em outro beijo. Desta vez, ambos gemeram profundamente
em suas gargantas quando eles tatearam e freneticamente esfregaram seus corpos
um contra o outro.
— Ander — Lori engasgou por fim, com medo de que Ander ou sua própria
necessidade por ele fossem capazes de devorá-la. — Você quer ir para a cama?

Uma das mãos de Ander havia aberto suas coxas e agora tocava-lhe a virilha
através de sua calça.
— Ah, porra, Lori. — Ele retesou-se quando ela moveu-se contra sua mão.

— Ander? — Ela agarrou a parte de trás do seu pescoço, mas tentou controlar
seus desejos para que pudesse estar lá de qualquer maneira que Ander necessitasse.
— Lori — Ander murmurou, olhando em seus olhos por um momento com
indefeso anseio e ela não conseguia respirar. Então, ele reivindicou seus lábios
novamente com um gemido baixo.
Ela choramingou quando seu beijo cresceu, mais profundo e mais voraz.
Quando um surto de terror surgiu através dela, ela se afastou. Momentaneamente,
não teve certeza se era forte o suficiente para lidar com a profundidade e
intensidade da necessidade de Ander.

Perdendo seus lábios, ele enterrou o rosto em seu cabelo. Ela ouviu-o
inalando profundamente. Como se estivesse cheirando seu cabelo. Cheirando ela.
O som dissipou a onda de medo e ela tomou seu rosto nas mãos mais uma
vez.

— Ander, você quer ir para a cama?

Ela estava tão acostumada a ele sempre perguntando o que ela queria,
deixando-a guiar todo o processo de decisão, que esta nova dinâmica foi difícil. Mas
ela esperou até Ander conseguir se recompor o suficiente para responder.

Ele disse rispidamente:

— Sim. Eu quero.

Antes que Lori pudesse responder, Ander ajustou o corpo dela, levantou-se, e,
em seguida, levantou-a em seus braços. Ela se agarrou ao pescoço dele, assustada,
insegura e um pouco alegre.
Ele levou-a para a cama, deitou-a, e imediatamente se pôs sobre ela,
separando-lhe as pernas para se dar espaço e abaixando o rosto para outro beijo.
Ela se agarrou a ele, envolvendo as pernas ao redor de seus quadris e
segurando-o tão firmemente quanto pôde. Eles se beijaram freneticamente por
alguns minutos. Então Ander começou a tirar a roupa de Lori.
Ele não perdeu tempo com as preliminares. Ele tirou sua camisa rapidamente
pela cabeça. Então, desceu sua calça juntamente com a calcinha. Se atrapalhou com
o sutiã, até que conseguiu arrancá-lo.
Ela nunca o havia visto descontrolado. Esta falta de habilidade e
consideração, não diminuiram em nada seu desejo por ele, no entanto. Em vez
disso, alimentou a sua própria necessidade.
Ela agarrou suas roupas, inutilmente, tentando despi-lo, enquanto ele
trabalhava nas dela. Quando ela estava nua, Ander ajudou Lori com seus botões,
cinto e zíper. Juntos, eles despiram-no da camisa, calça e boxer – jogando tudo de
forma descuidada no chão junto à roupa de Lori.

Ander estava totalmente ereto, e Lori estendeu o braço avidamente para


apertá-lo com as duas mãos. Ele resmungou e impeliu seus quadris contra o toque
dela.
Enquanto ela acariciava seu pênis, ele deslizou a mão para entre suas coxas e a
penetrou com dois dedos. Sua passagem estava molhada e dolorida e vibrou um
pouco em torno dos dedos de Ander. Lori gemeu com embaraçoso abandono.
Algo nos olhos Ander se acendeu, mesmo que seu corpo tenha permanecido
entrelaçado àquela tensão agonizante. Ele afastou suas coxas colocando seus
quadris entre elas. Lori esperava em antecipação, sem fôlego, enquanto ele alinhava
o pênis em sua entrada.

Ele já havia começado a penetrá-la quando puxou sua pélvis para trás com um
som estrangulado.

— Merda! Preservativo.

Lori não podia acreditar que havia quase esquecido. Não podia acreditar que
Ander havia esquecido.
Ander manteve-se perfeitamente imóvel e tomou algumas respirações
agonizantes. Vendo sua condição, Lori rolou de debaixo dele.

— Eu pego. Estão na mesinha de cabeceira?

— Não. Meu estojo. — Suando e com a expressão um pouco vidrada, Ander


apontou para o caixa de couro familiar que foi deixada no chão, perto do armário.
Vagamente surpresa por ele não manter preservativos na gaveta de sua mesa
de cabeceira, Lori saiu da cama e correu para pegar um pacote em seu estojo.
Quando ela voltou para a cama, Ander ainda estava segurando -se com
controle rígido. Então ela abriu o pacote e estendeu a mão para seu pênis duro. Ele
prendeu a respiração quando seus dedos roçaram na carne estendida. Em seguida,
ela cuidadosamente rolou o preservativo sobre o seu comprimento.
Ander lançou outro gemido quando acomodou-se mais uma vez entre suas
pernas. Desta vez, ele não hesitou. Só alinhou seu pênis e o enfiou em casa com um
longo impulso.
Lori gritou e arqueou-se à súbita penetração de sua espessura. Ela se sentiu
tão bem, tão completa, e tão intensa que gemeu e envolveu as pernas ao redor de
seus quadris, tentando ligar os tornozelos para mantê-lo cercado e seguro.

Ander passou seus braços por baixo dos ombros dela, segurando-a em um
abraço enquanto encontrava sua boca mais uma vez. O beijo foi profundo e
desleixado enquanto Ander bombeava os quadris.
Lori apertou-o com seus braços, suas pernas e sua buceta. Segurou tão
firmemente quanto pôde. Não conseguia manter-se quieta quando emoção, prazer
e requintada tensão eram construídos dentro dela – tão irremediavelmente
entrelaçados, que ela nunca seria capaz de separá-los.
Ander continuou tentando beijá-la, mas seus movimentos se intensificaram
mantendo os lábios separados. Ele resmungou, muito mais alto e de forma mais
primitiva do que o habitual. Cada vez que investia nela, batendo suas virilhas, ele
lançava outro som, áspero e gutural.

O som da sua falta de controle fez o prazer de Lori crescer ainda mais. A
sensação de seus corpos balançando urgentemente, seu pênis metendo contra suas
paredes internas, sua língua e boca gulosas se movendo contra a dela, tudo aquilo
junto, aumentou intensamente a profunda pressão no seu centro.
Ela estava perto do orgasmo e a cada toque do corpo retesado de Ander, a
cada balanço da cama, e dela, ela chegava mais e mais perto.
Seu calor, sua necessidade e sua tensão a afligiram, obscurecendo sua visão e
latejando em suas veias. Ela nunca o havia visto assim. Nunca o sentira assim.

Nunca se sentiu assim em sua vida.


Ela arqueou a coluna quando seu prazer ultrapassou a euforia. Em vez de
fechá-los no processo, seus olhos se abriram depois de tomar uma respiração.
E, nesse momento mais cru, ela viu tudo nos olhos de Ander. Calor,
necessidade e impotência, raiva e desejo, perda e força primitiva. Tudo isso, ali, em
seus olhos.
E ela soube – ela soube – que ele precisava disso ainda mais do que ela. Ela
sabia que este era o seu único canal, a sua única saída, sua única salvação contra a
turbulência desesperada de sua dor. Ele não estava apenas encontrando prazer ou
fuga em seu corpo. Ele estava encontrando algo perdido em si mesmo.
Ela gozou com o conhecimento, gritando impotente em seu prazer, em sua
necessidade.

Ander engasgou.
— Oh porra! Oh Lori! — Enquanto seus quadris empurravam com força
contra o fecho apertado de seu canal. Na nebulosa realização de sua libertação, Lori
estava consciente da torção do rosto de Ander, numa batalha perdida para o
controle.
Então ele gritou também, rude e diretamente no ouvido dela, enquanto
descarregava o resto de sua tensão há muito contida.

Ela nunca o tinha ouvido tão alto, tão completamente fora de controle. Não
achou que ele disse alguma coisa em sua exclamação, mas o fez momentos depois,
quando todo o corpo pulsava de gozo e seus quadris se torciam desenfreadamente,
movendo sua virilha contra a dela. Ela ouviu o arranhar de sua voz, suave e muito
baixo para distinguir. E sentiu sua respiração contra o ouvido, mas não ouviu as
palavras enquanto ele caía de seu clímax.

Foi apenas um momento de frustração e então seu corpo tornou a amolecer


sob o dele. Ela se agarrou, tão firmemente quanto antes, já odiando o momento em
que ele se afastaria dela.
Ele não se moveu imediatamente. Sua cabeça ficou inclinada para baixo para
que ele pudesse pressionar beijos contra sua garganta. Lori se arqueou para eles, se
arqueou para o calor quente e úmido de seu peso.
Ela sabia que essa noite de sexo havia sido diferente de qualquer coisa que eles
haviam compartilhado antes. Ela adorou a sensação da diferença, adorou a maneira
como Ander havia chegado a ela numa necessidade indefesa.
Mas ela não sabia o que significava, ou mesmo se deveria pagar-lhe por esta
noite.
A vibração de medo despertou em seu peito quando ela começou a processar
a realidade de seus sentimentos e a armadilha sem esperança em que havia se
metido por se deixar envolver afetivamente por um homem a quem ela pagava para
transar com ela.
— O preservativo — disse ela com a voz rouca, empurrando seus ombros
suavemente para levá-lo a sair.

Ander não saiu de imediato. Ele ficou deitado em cima dela até que não pode
mais ignorá-la cutucando-o. Em seguida, segurou o preservativo e puxou seu pênis
saciado fora dela com um gemido. Ele estava prestes a se levantar da cama quando
Lori o parou.

— Eu levo.

Ela precisava ficar longe dele por um minuto, então correu para o banheiro.
Depois de jogar a camisinha fora, ela ligou a água na pia, lavou as mãos e, em
seguida, espirrou água no rosto, vermelho e quente.
Ela tentou respirar profundamente enquanto olhava-se no espelho, seu
coração se agitação em confusão e medo, relutância e algo parecido com alegria.
Uma estranha com os cabelos despenteados, as bochechas brilhantes, a pele úmida
e selvagens olhos verdes olhou de volta para ela.
Ela queria fugir da intimidade do apartamento de Ander e ir para casa,
engatinhar sob suas próprias cobertas onde era seguro. Mas Ander estava
esperando por ela na cama. E ele havia sido emocionalmente despedaçado esta
noite. Ele disse que queria que ela ficasse.

Ela não podia deixá-lo sozinho.


Então, ela se armou de coragem e voltou para a cama, onde Ander estava
esparramado, metade do corpo debaixo de um lençol. Seu corpo estava relaxado e
seu rosto parecia morno e um pouco grogue. Mas seus olhos azul-acinzentados
estavam abertos e atentos, enquanto observava sua aproximação.

— Passa da meia noite — disse ele. — Você pode sair se quiser.

Lori perguntou-se se parte dele queria que ela fosse. Não importava. Ela sabia
que não era o que ele precisava. Então, ela apagou as luzes, rastejou sob o lençol e
apertou seu corpo contra o dele.

— Eu estou cansada.

Com um longo suspiro, Ander envolveu um braço ao redor dela e se ajeitou


mais confortavelmente ao seu lado.

— Eu também.

Isso foi tudo o que disse. Ela descansou a cabeça em seu peito e acariciou sua
barriga, preguiçosamente, até seus olhos cederem.
Ander não estava dormindo. Ele estava relaxado, mas ainda consciente.
Mesmo à beira do sono, ela gostou do jeito como ele a abraçou, como se ela fosse
apreciada, como se não fosse deixá-la ir.

Ela adormeceu assim, e não acordaria até de manhã.


Ela ainda estava aconchegada contra Ander, sua bochecha quente no local
onde ficara pressionada contra a pele dele e os braços rígidos da incômoda posição
em que haviam dormido, não obstante, ela se sentiu confortável. Protegida.
Totalmente segura.
Quando sua mente começou a clarear, ela se lembrou do que havia acontecido
na noite anterior. Levantou a cabeça e viu que Ander estava dormindo, os olhos
fechados, os traços suaves, e a respiração lenta e uniforme.
Ela observou-o por um minuto e ficou tentada a pressionar um beijo contra
sua boca.
Mas já era de manhã. O sol estava entrando pelas janelas. E ela não podia se
esconder atrás de ilusões ou desculpas.
Então ela gentilmente livrou-se do abraço de Ander. Toda vez que ela se
afastava, ele murmurava alguma coisa e inconscientemente, tentava puxá-la de
volta. Ela estava nervosa quando, finalmente, conseguiu sair da cama, grande e
antiga.

Ela pegou suas roupas e correu para o banheiro. Olhou para a estranha de
olhos arregalados, com cabelos selvagens no espelho novamente.
Lori Addison. Seis meses atrás, ela havia sido uma virgem e agora estava louca
por um gigolô.
Ela resistiu à verdade desde que sentiu sua presença – uma vez que significaria
que tudo teria que mudar –, mas ela não podia mais fingir.
Por muito tempo, ficou se lembrando de seu tempo com Ander, desfrutando
do prazer, intimidade, companheirismo e satisfação, enquanto ignorava todo o
resto.
Mas ela havia sido deliberadamente ignorante, tanto quanto pode.

Ela não podia mais ser cliente de Ander.


.Onze.

Lori estava ao lado da recepção do hotel em que ela e Ander haviam passado
tantas noites, esperando o gerente assistente voltar com sua bolsa de noite.
Ela a havia deixado lá há três noites. Depois de verificar dentro do quarto, ela
havia deixado suas coisas – sua lingerie e produtos de higiene pessoal – no
pressuposto de que ela e Ander voltariam para o quarto depois da patinação no
gelo. Ela pensou que estava sendo muito prática e eficiente, evitando a necessidade
de carregar a bolsa com ela, mas eles nunca retornaram ao hotel, e ela se esquecera
completamente até que um membro da equipe do hotel a ligou para avisá-la que
eles haviam guardado a bolsa até que ela pudesse reclamá-la.
Parecia estranho – estar no hotel novamente. Cada detalhe do piso de
mármore da entrada e a decoração elegante do lobby era familiar. Mas duvidava
que fosse reservar um quarto neste hotel novamente. Ele a lembrava de Ander.

Que não respondeu a seu e-mail.


Dizer-lhe que ela não poderia mais contratar seus serviços, havia sido
doloroso. Ele estava acordado e sentado na cama quando ela voltou do banheiro
naquela manhã e seus olhos já sabiam.
Ander tinha mais experiência com o mundo do que qualquer homem que ela
já conhecera. Ele devia estar esperado que algo acontecesse.
Ela balbuciou algum tipo de explicação, concluindo que não poderia ser mais
sua cliente. Enquanto falava, a expressão Ander havia ficado mais e mais fechada.
— Eu sinto muito — Ela havia dito com voz trêmula, tentando combater a
maneira como Ander estava se fechando enquanto ela assistia. — Eu só não sinto
que mais que é profissional para mim. E eu não posso mais.

— Lori, não tem de ser...

— Está tudo bagunçado — ela o interrompeu, com medo do que ele poderia
dizer. Ela não estava preparada para ouvir qualquer coisa que pudesse sair de sua
boca. — Não há como não ser confuso entre nós agora. Eu não me sinto do jeito
que deveria.
— Eu não me sinto...

— Ander, por favor. Eu sinto muito. — Suas tentativas de falar e a expressão


de seus olhos a estavam deixando em pânico.
Ela não sabia o que ele queria dizer, mas vinha captando pequenos sinais e
pistas dele há meses. E finalmente, depois da intensidade da noite anterior, as peças
foram se juntando. Ela não sabia exatamente o que sentia por ele, mas sabia que
não era a única com fortes sentimentos. Porém, não podia deixá-lo dizer nada, nem
mesmo o que ela ansiava por ouvi-lo dizer.
— Qualquer coisa que disser vai confundir ainda mais as coisas. Eu não posso
mais ficar com você.
Em seguida, ela acrescentou em um murmúrio fraco, já que não podia
suportar o som de suas últimas palavras.
— Não agora, ou de qualquer maneira.

O rosto de Ander havia congelado numa expressão calma e vazia, e ela sabia
que ele não iria mais tentar argumentar.
— Eu gostaria que pudéssemos ser amigos. — Ela acrescentou, mesmo
sabendo que sua expressão pressagiava o pior. — Se... se você achar que é possível.
Sei que as coisas não têm sido muito boas entre nós, mas você significa muito para
mim. E eu gostaria... eu gostaria de ser sua amiga.
Quando ele não respondeu, ela disse sem convicção:

— Eu vou enviar um e-mail a você. Nós podemos só... só nos ver.

Ander estava sentado quase nu em sua cama, o lençol caído sobre seu colo. E
tinha sido a coisa mais difícil do mundo para ela colocar seus sapatos e preparar-se
para deixá-lo.

Ela hesitou antes de sair, o mundo se desequilibrando sob seus pés.


— Eu... eu sinto muito. Eu não sei se preciso pagar pela noite passada.

E isso havia apagado qualquer pequena possibilidade de um adeus afetuoso.


Naquela manhã, Lori esteve trabalhando no medo, na autopreservação, na
necessidade de recuperar qualquer parte de sua segurança. Mas ela estragou tudo.
Lidou com isso terrivelmente. Ela tentou falar com Ander mais tarde naquele dia
para pedir desculpas e tentar explicar-se melhor, mas ele ainda não havia
respondido ao seu e-mail.
E tinha certeza agora de que ele não o faria.

Ela estava certa sobre sua decisão. Não tinha certeza sobre a natureza dos
sentimentos de Ander, mas tinha certeza que ele a via como mais do que uma
cliente. Ela e Ander, no entanto, só haviam se relacionado de forma artificial,
porque ela sempre esteve pagando. Mesmo tendo conseguido forjar um vínculo,
apesar das circunstâncias, ela não conseguia vê-los num relacionamento saudável.
Eles tiveram que dar um passo atrás antes de poder dar qualquer passo à
frente, e agora, qualquer passo à frente parecia impossível.

Um assistente foi-lhe devolver a bolsa, e depois que Lori agradeceu, ele disse:

— Seu amigo está no bar, se estiver procurando por ele.

Lori piscou.

— Meu amigo?

— Sim. Seu amigo. Ele está no bar. Perdão, senhora, eu pensei que você
estivesse aqui para encontrá-lo.
Ela resmungou um obrigada e caminhou pelo saguão em direção ao bar do
hotel. Eram quase sete da noite, mas o bar não estava muito lotado.
Lori estava na entrada e olhou para um homem sentado sozinho de costas
para a porta em uma das mesas.
Ele parecia magro e civilizado nas bem modeladas calças e caros sapatos de
couro. Havia ainda um bom gole de uísque em seu copo. E ele era completamente
careca.
Sem questionar o instinto, Lori caminhou até ele. Ela puxou uma cadeira ao
seu lado na mesa e se sentou-se na borda.
Ander se contraiu surpreso por sua chegada, mas foi sua única reação. Ele
tomou um gole de uísque e olhou firmemente para ela, sem falar ou sorrir.
— Oi. — Deu-lhe um sorriso hesitante.

— Oi.

— Você não respondeu ao meu e-mail.

Ele hesitou, passando a língua ao longo da linha entre os lábios.


— Você ia responder? — perguntou, certificando-se de não parecer irritada ou
agressiva.
— Eu não sei.

— Sinto muito sobre o outro dia — disse Lori, tentando mais uma vez fazer-se
clara. — Eu fiz tudo errado. Me desculpe se te machuquei ou... ou se eu te tratei
desconsideradamente.
Ander soltou um pequeno suspiro.
— Está tudo bem. Eu entendo por que você tomou a decisão. Só acho que
havia outras opções para você escolher.
— Havia — admitiu Lori, sua barriga torcendo de nervoso. Ela não poderia –
simplesmente não poderia – deixar Ander oferecer-lhe outra opção. Se fosse algo
pelo menos próximo do que ela queria tão desesperadamente, não seria capaz de
resistir a ele.

E sua relação confusa só iria ficar ainda mais confusa.

— Mas esta é a única opção que pode funcionar. Você não vê? — Sua voz
falhou em sua seriedade. — Eu tenho lhe pagado para me foder por meses e não
sou a única mulher que faz isso. Você é um garoto de programa. Eu não posso
suportar a ideia de você com suas outras clientes. Eu as odeio. Odeio. Eu não vou
ser capaz de superar e mesmo se você largasse isso futuramente, ainda há essa
dinâmica estranha entre nós. Tirar o dinheiro não vai, magicamente, consertar as
coisas. Eu não sei o que você... o que você quer de mim, mas tudo o que pode ter
agora, é amizade.

Ander olhou para ela por um longo tempo. Mas ela poderia dizer que ele
estava realmente pensando sobre o que ela disse. Finalmente, ele acenou com a
cabeça.

Lori soltou uma rajada de ar. Pela primeira vez, sentiu uma silvo de esperança.
— Por favor, Ander, não me afaste. Eu acho que... Eu acho que poderíamos
realmente ajudar um ao outro. Eu ainda quero você na minha vida. Eu preciso de
você na minha vida.
Ele terminou o último gole de seu uísque e olhou para a mesa por um tempo
agonizantemente longo. Até que, finalmente, murmurou.

— Eu preciso de você também.

***
— Ok! — Lori disse da cozinha de Ander. Com muito cuidado, ela levou o
bolo de chocolate com glacê de caramelo e 10 velas acesas em direção à sala de
estar. Como tudo o que separava a cozinha da sala de estar era um balcão com
tampo de granito, ela fez isso sem nenhum incidente. — Está pronto.

Ander estava lendo no sofá enquanto Lori preparava seu bolo. Quando ela se
aproximou, viu-o fechar o livro e guardá-lo discretamente em seu estojo de couro,
que estava no chão, perto do sofá.

Ele vinha fazendo muito isso ultimamente – tirando qualquer livro que
estivesse lendo das vistas dela. Ela nada comentou sobre isso, no entanto. Apenas
sorriu enquanto apoiava o bolo na mesa.

— Parabéns a você... — ela começou a cantar, com alegria exagerada.

Ander fez uma careta quando ela começou, mas quando ela terminou a
canção e bateu palmas, ele estava rindo. Em seguida, ela o observou com
expectativa quando ele inclinou-se para soprar as velas.
— Você fez um desejo primeiro? — ela exigiu.

— É claro. — A boca Ander se contraiu enquanto ele examinava o bolo cuja


preparação havia tomado horas de sua manhã. — Você fez este bolo sozinha?
— Sim. E não se atreva a rir. Cozinhar não é um dos meus talentos, mas eu fiz
o melhor que podia.
— Parece ótimo. Você não deveria ter tido todo esse trabalho.

Ela inclinou-lhe um olhar indignado.

— Por que diabos eu não deveria ter tido esse trabalho?

Os lábios de Ander tremeram novamente.


Sentindo uma onda de calor com a visão familiar de seu bonito e divertido
rosto, Lori explicou:
— Eu não consegui colocar todas as 34 velas em um bolo pequeno.

Ele deu-lhe um olhar frio por entre os cílios que fez Lori rir. Em seguida, ele
admitiu:

— Meu aniversário foi ontem, você sabe. Não hoje.

Ela entregou-lhe a faca para que ele pudesse cortar as fatias e colocá-las nos
pratos que ela havia posto na mesa de café, mais cedo.
— Eu sei. Mas você foi o idiota que agendou um compromisso em seu
aniversário. Então, eu tive que mudar a celebração para hoje à noite.

Lori nunca iria admitir isso, mas estava um pouco magoada por Ander ter
feito uma coisa dessas.
Eles nunca falaram sobre o seu trabalho. Ela sabia que ele saía à noite, às
vezes. Ele pegava seu estojo e nunca dizia uma palavra sobre o que ia fazer. Deve
ter cortado suas clientes de forma significativa, como dissera a ela, pois não saía
mais do que duas ou três noites por semana agora.
Fazia dois meses que ela tinha deixado de ser cliente de Ander. Depois de ir
até ele no bar do hotel, eles lentamente teceram uma amizade. À princípio, tinha
sido um pouco estranho. Lori ficava nervosa em torno de Ander e ele se mostrava
bastante distante. Mas eles progrediram gradualmente, ficando mais confortáveis
um com o outro, e agora, Lori via ou falava com ele quase todos os dias.
Mas ela odiava que ele não tivesse se aposentado do negócio de
acompanhante. Ela ainda odiava pensar em cada uma de suas clientes e em tudo o
que ele fazia com elas. Odiava que ele não parasse de objetivar e desvalorizar a si
mesmo – que não pudesse ser parte da experiência de todos, como acompanhante,
quando isso certamente era parte dele. Ela não o julgava, sabia que as razões que o
levaram à prostituição eram complexas demais para ela compreender
verdadeiramente.
Mas queria que Ander parasse. E ele não tinha feito isso.
De certa forma, era mais seguro desse jeito. Enquanto ele continuasse em sua
profissão, não haveria a mais remota possibilidade de um romance se desenvolver
entre eles. E essa barreira tornou mais fácil, para Lori, superar um monte de
confusão e auto-ilusão que ela sofrera antes.
Contudo, ela ainda odiava isso. A cada vez que Ander pegava sua maleta e saía
para atender uma cliente.
Até marcou um encontro em seu aniversário, quando devia saber que ela
queria comemorar com ele.

No último mês, ele teve um compromisso a cada quarta-feira. Foi


preocupante, porque ela estava com medo de que pudesse ser uma cliente regular e
as clientes regulares eram, de alguma forma, mais ameaçadoras do que as
ocasionais.
Depois de tudo, viu o quão profundamente havia caído quando se tornara
uma cliente regular dele.
— Me desculpe, eu estava ocupado ontem à noite — Ander disse suavemente,
como se tivesse lido pelo menos algumas de suas ponderações.

Lori jogou seus pesados pensamentos para longe. Era bobagem pensar nisso.
Sua amizade com Ander estava prosperando e era muito melhor do que o que
tiveram antes. Sim, ela sentia falta do sexo. Às vezes tanto, que pensava que iria
explodir, mas parecia que estavam construindo algo real entre eles – mesmo em tão
incongruentes circunstâncias –, de maneira que ela não ia se queixar por isso não
estar funcionando como um conto de fadas ou um filme bobo.

Sorrindo para ele, ela disse:

— Está tudo bem. Vamos fingir que seu aniversário é hoje.

Eles comeram o bolo e beberam Borgonha, que Ander insistiu ser um


complemento perfeito para o bolo de chocolate. Eles conversaram com facilidade
até que Lori trouxe um assunto que vinha discutindo com Ander há quase um mês.
— Eu preciso enviar o cartão de confirmação de que vou assistir ao
casamento — disse ela, tentando um tom casual. — Eu deveria dizer que sou eu e
um convidado, certo?

Ander olhou-a de forma suave mas firmemente.


— Só se você encontrar um acompanhante para si.

Lori bufou.
— Não seja assim, Ander. Você sabe que eu quero que você venha comigo.

— E você sabe que eu não posso. Eu tenho outros planos.

— Bem, seus planos são ridículos. Que tipo de cliente de merda iria contratá-
lo por um mês inteiro? Quer dizer, isso é egoísta e assustador. — Lori estava tão
irritada que os dentes praticamente quebraram. Ela não tinha acreditado em Ander
quando ele lhe dissera que estaria fora do país no próximo mês – todo o mês – à
trabalho. Mas evidentemente era verdade.
O pensamento de outra mulher ter Ander à sua disposição por um mês inteiro
deixava Lori doente. E não era apenas ciúmes – embora certamente houvesse
muito disso. Era o pensamento de Ander ser chamado por todo esse tempo, a
expectativa dele estar realizando os desejos de alguma mulher por tanto tempo.
Não poderia ser bom para ele.

— Lori — Ander disse, uma ponta de advertência em seu tom.


— É isso mesmo — insistiu ela, sua voz espessa assim como suas emoções. —
Ander, cancele o trabalho – seja ele qual for. Eu não me importo com o tipo de
fortuna ela está pagando a você. Não vale a pena. Isso... isso me preocupa.

Os olhos de Ander fizeram uma varredura em seu rosto, primeiro


interrogativamente e depois quase com ternura. Ele estendeu e colocou a mão
suavemente no rosto dela por um momento, antes de retirá-la.

— Eu vou ficar bem, Lori. Você não precisa se preocupar comigo.

— Bem, eu me preocupo com você — ela murmurou, desapontada por ele


não ter mudado de ideia sobre esse trabalho. Mas ele vinha fazendo isso há anos,
certamente conhecia suas limitações e não era seu papel interferir. Para aliviar o
clima, ela acrescentou: — Você é, por muitas vezes, um idiota, sabe.

Às suas sobrancelhas arqueadas, ela riu.


— Eu não estou dizendo que você é o único.

Ander sorriu para ela e ela reconheceu o gesto como uma oferta de paz e
sorriu de volta.
Não havia nenhuma razão para ela ficar obcecada com isso. Ander era um
homem crescido e tinha que tomar suas próprias decisões. Tudo o que ela podia era
ser sua amiga. Enquanto ele não a afastasse, ela seria uma boa amiga.
Quando raspou o restinho da cobertura do prato, Lori não pode deixar de
voltar a sua preocupação anterior.
— Mas você não pode ir ao casamento comigo mesmo assim? Eu tenho que
ir. Você sabe que ele era meu melhor amigo na escola. Não posso perder seu
casamento.
— Eu não espero que você perca o casamento — Ander disse, imperturbável.
— Não há nenhuma razão para você não ir sozinha.

Lori gemeu e esfregou o rosto.


— Eu não quero ir sozinha. Vai ser tão estranho. Quer dizer, eu fiquei
apaixonada por ele por muito tempo e ele sabia disso. Você não pode tirar um dia
ou dois durante seu compromisso e voar de volta para ir comigo? Eu vou pagar por
sua passagem aérea e tudo.
Ander lançou a ela um olhar penetrante.
— Não gosto disso — ela suspirou. — Eu não quis dizer... Obviamente eu não
queria dizer que o trataria como acompanhante. Só quis dizer que, se você seria
legal o bastante para voltar, não deveria ter de gastar esse dinheiro extra.

Seu gesto mostrou que ele entendera que ela não tinha a intenção de insinuar
que ele estaria a seu serviço, mas ele não mudou de ideia.
— Eu não vou voltar, Lori. Você não precisa de mim para acompanhá-la
nesse casamento.

— Sim, eu preciso!

— Não, você não precisa. — Seu tom e seus olhos estavam inflexíveis. —
Você quer que eu vá para que não se sinta insegura, mas não tem nada para se
sentir insegura sobre isso. Você já fez coisas extraordinárias desde que deixou a
escola. Não precisa arrastar um homem junto com você como suporte para se
valorizar aos olhos deles.
Lori fez cara feia, seu rubor de raiva intensificado por suas suspeitas de que
ele estava completamente certo sobre suas motivações inconscientes.
— Isso é arrogante e detestável — ela retrucou: — Não há nada de incomum
em querer levar um acompanhante a um casamento. Qualquer pessoa pode se
sentir estranha em ir sozinha.
— Qualquer um pode — Ander permitiu, ainda afetado por sua indignação. —
Mas você quer que eu vá porque ainda se sente a segunda melhor. Eu não vou
encorajar esses sentimentos. Nunca. Vá sozinha e prove que ter um homem não é
sinal de sucesso.
Uma parte de Lori quase derreteu com as palavras brandas – era como se ele
tivesse enxergado sua alma e soubesse exatamente que feridas ainda precisavam de
cura. Mas outra parte dela estava frustrada e irritada.
Por muito tempo, Ander havia feito só o que ela queria. Seu papel em sua vida
havia sido a favor dela porque ela lhe pagava para fazer isso. E se desacostumar a
isso era, por vezes, uma transição difícil. Foi difícil reconhecer que a vontade de
Ander era tão forte como a dela e que ele poderia ser ainda mais teimoso.
Quando não fazia diferença para ele, ele ainda era acessível e atencioso, mas
ela nunca seria capaz de forçá-lo.
O fato de que ela só estava aprendendo isso agora era mais um sinal de como
suas interações tinham sido antinaturais antes.

Ela franziu os lábios para mostrar-lhe que não estava satisfeita.


— Eu poderia levar alguém além de você.

Ele ergueu as sobrancelhas.


— Você é mais que bem-vinda a fazê-lo. Alguém em vista?

Lori fungou.

— Phil Rothe está disponível novamente. — Para sua alegria, conseguiu dizer
as palavras sem rachar num sorriso.
Ander estrangulou uma risada. Mas então, não conseguiu mais sufocá-la. Lori
observou com uma cálida dor quando ele riu abertamente, o rosto transformado
pelo calor e seu corpo balançando com os tremores de divertimento.
— Vá em frente e leve Rothe para o casamento — disse Ander, a última risada
ainda evidente em sua voz. — Isso prova... alguma coisa.
Desistindo de seu mau humor, Lori encostou-se na almofada do sofá e sorriu
para o rosto do Ander.
— Eu acho que vou ter que ir sozinha. — Para atestar sua frustração, ela
murmurou, não tão baixinho. — Idiota.

Os lábios de Ander tremeram.


— Você acabou de me chamar de idiota? — Ele se levantou e pegou as pratos
para levá-los à cozinha. — Quer mais vinho?
— Claro — respondeu ela, distraída. Seus olhos descançaram no estojo de
couro de Ander no chão, e ela experimentou um aumento repentino e muito
familiar de sua curiosidade.
Impulsivamente, se inclinou, abriu o estojo, e tirou o livro que Ander estivera
lendo. E que ele não queria que ela visse por algum motivo.
Ela olhou para a capa. Não parecia particularmente secreto ou emocionante.
Algum tipo de livro de história sobre a arte e arquitetura do início do Mar Egeu.
Olhando para a lombada, viu um adesivo de uma livraria universitária. Ela folheou
as páginas e observou que a maioria delas foi marcada nas margens como se Ander
tivesse feito um pequeno roteiro.
Vagamente confusa sobre o por que dele querer esconder um livro tão chato,
ela tirou algumas folhas de papel que estavam dobradas e ficou estarrecida.
Era uma grade currucular para uma turma de pós-graduação em arqueologia
do Antigo Mediterrâneo. Uma turma que, de acordo com o horário impresso sob o
título, reunia-se às quartas-feiras à noite.

Ela estava olhando inexpressivamente para o papel quando ele, de repente, foi
puxado de suas mãos. Com o queixo e os lábios firmemente cinzelados, Ander a
olhou cruelmente quando puxou o livro de seu aperto também.
— O que é isso? — Ela perguntou asperamente. — Você está tendo aulas de
arqueologia?
— Eu coloquei o livro no meu estojo porque não queria que você visse — ele
ladrou. — Será que você não vai acabar com essa mania infantil de espionagem?
— Não — ela disse, rebatendo seu tom frio. — Isso é o que eu faço. Ander,
me diga o que está acontecendo. Você está frequentando essa turma? Às quartas-
feiras?
Apesar de sua confusão e uma pequena pontada de dor que por ele ter
mantido algo assim escondido dela, um outro sentimento estava começando a
inchar em seu coração.

Esperança.
Ander a encarou friamente por um minuto, mas aos poucos seu rosto relaxou
numa resignação cansada.
— Sim. Eu estou frequentando essa turma.

— E elas acontecem às quartas-feiras? Era lá que você estava na noite


passada?

— Sim. É onde eu estava.

— E as suas clientes? Seus compromissos?

Ander esfregou a mão sobre sua cabeça lisa, e parecia um pouco


desconfortável quando admitiu:

— Não há clientes.

— O quê? — Seu corpo todo tremia de espanto, choque e expectativa.

Encontrando seus olhos, Ander disse simplesmente, como se ele não estivesse
derrubando todo o seu mundo.

— Não tenho mais clientes. Eu... me aposentei.


— Mas e todas as noites que você saiu – com seu estojo?

Relutantemente, Ander puxou o estojo e o pôs entre eles no sofá. Abriu-o e


inclinou-o para que Lori pudesse olhar dentro. Sem preservativos, DVDs,
vibradores, ou adereços. Apenas livros, canetas e lápis, um caderno e um pequeno
laptop.
— Eu não saio para atender clientes. Tenho aulas, seminários, ou vou até a
biblioteca para estudar.

Lori, muito emocionada, deitou-se no sofá, estava mole e fraca.

— Eu não posso acreditar nisso. Você está trabalhando em uma graduação?

Ander assentiu e parecia um pouco envergonhado

— Um doutoramento em Arqueologia.

— E todo o trabalho do próximo mês?

— Um projeto de campo em Santorini.

— Oh, Deus, Ander — Lori disse com voz rouca. — Por que você não me
contou? Nós deveríamos ser amigos. Você tem mentido para mim todo esse
tempo.
Ander inclinou-se e puxou-a novamente colocando-a sentada. Ele manteve as
mãos, quentes e fortes, em seus ombros.
— Sinto muito, Lori. Mas, sim. Eu estive mentindo para você.

— Por quanto tempo?

— Há muito tempo.

De repente, o coração de Lori começou a martelar, e seu sangue começou a


latejar nas veias.

— Quando você parou de ver suas clientes, Ander? — ela sussurrou.

Ander respirou fundo e umedeceu os lábios. Em seguida, admitiu numa voz


rouca:

— Você foi minha última cliente.

De alguma forma, ela sabia que havia mais.


— E quando você parou de ver todas as outras, Ander? Você me disse que as
estava excluindo.
— Eu estava. Cortei todas elas, menos você. Sarah Jacoby foi a última.

— Oh Deus! — Lori sentiu como se o mundo estivesse girando em torno


dela. Ela soltou as mãos de Ander e saiu do sofá. Andou pela sala sem parar, nem
mesmo vendo a grande extensão de janelas ensolaradas, a sólida mobília histórica,
ou os livros de arte que estavam espalhados ao redor.
Quando sentiu que podia respirar e falar normalmente, voltou-se para Ander
no sofá.

— Mas por quê?

Levou um longo tempo antes de Ander responder. Então, ele disse, sem
nenhum traço de sua eloquência normal.

— Eu... Eu não queria fazer isso... comigo mesmo. Não mais.

E isso foi o suficiente. Lori havia compreendido. Não precisava de mais


nenhuma explicação – na verdade, ela sabia que deveria ter mais, já que ele não
parou de vê-la como cliente –, mas Lori não precisava disso. Não até Ander estar
pronto para lhe dizer.
Ele havia entendido tudo o que ela achava, sobre como esse trabalho lhe fazia
mal. Entendeu muito antes do que Lori esperava. Meses atrás.
Sua aposentadoria não foi um gesto dramático feito na esperança de realizar
uma fantasia romântica. Ele havia feito por si mesmo, porque o homem que havia
sido nos últimos dez anos, não era o que ele queria ser.
Havia outra questão que precisava saber, mas ela ainda não estava pronta para
perguntar. Ainda não estava pronta para ouvir a resposta.
— Por que você não me disse antes? — ela perguntou em vez disso, chegando
mais perto para colocar a mão em seu joelho para ele saber que ela não estava
brava.

Ander exalando frondosamente e balançou a cabeça.


— Um monte de razões. Você ser minha cliente tornou mais difícil uma
confissão completa.
— Eu não sou sua cliente há dois meses e ainda assim você continuou
mentindo para mim. — Ela falou suavemente, não querendo que as palavras o
alfinetassem.
Aparentemente elas o fizeram do mesmo jeito. Ander virou a cabeça com uma
sacudida.

— Eu sei. Eu sinto muito. Se ajuda, eu me senti como um idiota sobre isso,


mas era uma situação delicada e eu me enterrei em um buraco, deixando o esquema
continuar por tanto tempo. E, também, pensei que talvez, se você soubesse que eu
não estava mais vendo as clientes, pudesse não querer ficar tão perto de mim.
Ele parecia quase envergonhado na última admissão, mas a encarou para
verificar sua expressão.
As palavras eram presunçosas, talvez, mas também eram inteiramente
verdadeiras. Ela teria tido muito medo de ficar tão perto de Ander, se soubesse que
ele havia desistido de sua vida como gigolô.

— Oh.

— Espero que isso não destrua a nossa amizade — Ander disse, pela primeira
vez soando chateado. — Eu espero que você possa me perdoar.
Talvez ela ainda estivesse em choque. Talvez ela ainda não tivesse processado
completamente tudo o que ele lhe contou e tudo o que isso implicava. Mas Lori
estava realmente começando a sentir uma espécie de vertigem.
— Oh, Ander — ela murmurou, estendendo a mão para puxá-lo para um
abraço — Depois de todos os segredos que mantivemos um do outro, você
realmente acha que um desses nos destruiria?
Ander devolveu o abraço imediatamente, envolvendo-a em seus braços com
uma urgência que ela não sentia nele há dois meses. Ela apertou seu corpo firme,
pressionando o rosto em sua camisa limpa e cheirosa, adorando o calor delicioso de
sua presença.
— Você não tem quaisquer outros segredos que eu não conheça, não é? —
Lori perguntou, a voz abafada pelo seu ombro.
Ander levantou a cabeça de seus cabelos, onde ele a havia enterrado, e disse,
um pouco timidamente.

— Eu... Eu acho que não.

O que implicava que tudo o que ele ainda não lhe disse eram coisas que ela já
deveria saber.

Quando se afastaram, ambos estavam sorrindo.


Então os dois se recostaram no sofá, como se esta revelação os tivesse
esgotado.

— Graças a Deus acabou — Ander gemeu, esticando as pernas e olhando para


ela. — Eu não posso te dizer o quão estressante estava sendo tentar esconder as
evidências.

Lori riu.
— Eu não suspeitei de nada. Nunca teria imaginado que você gostava de
arqueologia. Eu ainda acho que você deve ser terapeuta sexual ou escrever aquele
livro. Você sabe muito.
— É. Mas eu quero... eu quero fazer algo completamente diferente. Já tenho
bagagem suficiente. Não quero levá-la sempre comigo para o trabalho.

Lori pensei sobre isso. Em seguida, balançou a cabeça

— Acho que faz sentido. Mas por que arqueologia?

Ele deu de ombros.


— Eu sempre amei história, arte, línguas e cultura. Você sabe disso. Na
verdade, eu assisti a algumas aulas no ano passado, apenas por curiosidade. Então,
quando estava tentando pensar no que eu gostaria de fazer, foi isso que surgiu.
— Eu acho que é uma boa ideia. Combina todas as suas áreas de interesse. —
Ela sorriu para ele. — Você vai usar calça cáqui amassada agora? Ou talvez um
Fedora1 como Indiana Jones?

Ander bufou.

— Eu vou fazer o meu melhor para evitá-lo.

— Você não pensou em entrar no mundo dos negócio? — Lori perguntou. —


Eu aposto que você poderia ser o CEO de alguma empresa em menos de uma
década.
A boca de Ander se transformou em um sorriso que era ligeiramente amargo.

— Talvez. Mas isso é coisa do meu pai e é um outro tipo de bagagem que eu
não queria levar comigo para o trabalho.

1
Fedora, também chamado Borsalino, é um tipo de chapéu, geralmente em feltro, fabricado no formato do chapéu Panamá, e que
fez grande sucesso no século XX, a partir dos anos 20, embora diga-se que tenha sido inventado em meados da década anterior.
Sentindo uma onda de ternura, proteção e afeto, Lori inclinou-se e deu-lhe um
beijo suave na bochecha.

Arqueando as sobrancelhas, Ander perguntou:

— O que foi isso?

— Isso é por ser tão inteligente — disse ela com outro sorriso. — Você
decididamente fez a escolha certa sobre sua carreira. E eu estou muito feliz por que
você vai ser capaz de fazer sua própria coisa.

***

— Então, foi tudo bem no casamento?

Lori havia retirado taças de vinho de seu armário e estava vasculhando uma
gaveta atrás de um saca-rolhas.
— É. Foi, na verdade, muito divertido. Todos estavam falando dos meus
livros. E ninguém pensou nada sobre eu não ter um acompanhante.
Ela reconheceu a qualidade do silêncio na outra sala, então acrescentou
rapidamente:

— Mas não se atreva a dizer que havia me dito isso.

Ela encontrou o saca-rolhas e levou-o com as taças para a outra sala, onde
Ander estava colocando um DVD.
— Eu não sonharia com isso — ele murmurou.

Lori estava sorrindo como uma maníaca, mas não conseguia evitar.

O mês que Ander esteve em seu projeto de campo arqueológico em Santorini


pareceu interminável. Ela sentiu uma terrível falta dele, tanto que era quase
embaraçoso.

Mas agora ele estava, finalmente, de volta.


— Nós realmente temos que assistir a este filme? — Ander perguntou com
uma expressão sofrida. Ele usava uma camiseta branca e calça cinza, sem sapatos
ou meias, e parecia tão delicioso que ela queria engoli-lo inteiro.
— Sim — disse ela, erguendo o queixo para mostrar sua teimosia. — Vai ser
divertido. Você pode zombar do conteúdo de seu coração.

— Mas Uma Linda Mulher? — A voz Ander foi afiando com ceticismo e
relutância.
— Basta assistir — disse ela, franzindo o cenho para ele.

Ele riu quando pegou o vinho e o controle remoto.


— Seu bom humor não dura muito tempo, não é?

Ela deixou-se cair ao lado dele.


— Você não tem ninguém para culpar além de si mesmo. — Mas ela deu-lhe
um olhar de soslaio, bebendo da visão de seu rosto relaxado e sua pele bronzeada
das horas sob o sol do Mediterrâneo. Ele aparentemente fez uma boa viagem, o
projeto de campo selou sua determinação em fazer arqueologia. Ela estava tão feliz
por ele ter encontrado algo que poderia ajudá-lo a se sentir realizado, apesar do
buraco que ele havia deixado em sua vida durante a longa ausência.

Ela suspirou, presa entre angustia e alegria.

— Estou tão feliz que você esteja em casa.

Ander riu de novo, mas colocou seu braço ao redor dela para lhe dar um
aperto.

— Eu também.

Eles assistiram ao filme. Lori conseguiu, basicamente, apreciar da essência


fofa e implasível, apesar de uma sucessão de comentários sarcásticos de Ander. Ela
não reclamou, já que lhe dissera que ele estava autorizado a zombar. Mas ela se
vingou ao ir aconchegando-se contra ele.
Ele não era, normalmente, uma pessoa melosa. Desde que haviam cancelado
seu arranjo comercial, Ander raramente iniciava algo além de breves e casuais
toques. Mas foi ele quem colocou seu braço ao redor dela, então ela achou que
poderia considerar que ele deu o primeiro passo.
Ela se inclinou contra ele feliz enquanto assistia, e deixou-se desfrutar do
simples prazer de estar perto dele.
Haviam chegado a cena final do filme – a feliz reconciliação numa onda de
sentimentos românticos sem o menor sinal de realismo ou verdades humanas
básicas. Lori tentou entrar no espírito de fantasia, mas o bufado irônico de Ander
manteve-se no caminho.

Pressionada contra ele, com as pernas enroscadas no sofá, Lori olhou para ele.

— Você não se divertiu?

Ander tentou dar-lhe um olhar de calma desaprovação, mas os adoráveis


espasmos de sua boca revelaram seu verdadeiro humor.
— Você sabe o que eu estava pensando? — Lori perguntou, endireitando-se,
embora não conseguisse se afastar de seu corpo acolhedor.

Ander não retirou o braço.

— Que você gostaria de fugir com Richard Gere?

Ela abafou uma risadinha.


— Não. Eu estava pensando sobre como a primeira coisa que fizemos juntos
foi assistir a um filme.

— Na verdade, a primeira coisa que fizemos juntos, foi tomar um café e ir ao


parque.

Lori bufou.
— Eu tenho uma questão aqui.

— Sei. E pequenos detalhes como a precisão insistem em ficar no caminho.


Muito chato.
Ela o conhecia bem o suficiente para saber que ele estava em alto astral nesta
noite. Ele não revelou uma onda de vertigem como Lori sempre faz, mas sua
brincadeira irreprimível e olhos quentes mostraram. Ela sentiu um outro impulso
de abraçá-lo, mas conseguiu reprimi-lo neste momento.

— Você quer ouvir qual o meu ponto ou não?

— Sim — disse ele. — Eu realmente quero. O que é?

Lori fez uma pausa. Então bufou novamente.

— Agora eu já esqueci.

— Ele tinha algo a ver com assistir a um filme juntos. Boas recordações
daquele filme erótico?
— Foi muito bom — disse ela honestamente. — Eu não me importaria de vê-
lo novamente. — Então se lembrou de sua questão e acrescentou, quase
timidamente — O que você pensou de mim naquela época? Quero dizer, no
primeiro lugar.

Quando Ander não respondeu, ela disparou os olhos para o seu rosto. Ele não
a olhava, e seu rosto indicava uma séria consideração.
— Você não tem que me dizer, se não quiser — disse ela depois de um
minuto, com o que ela achava ser uma generosidade notável, dado o seu desejo
desesperado de saber.

— Você me assustou.

— O quê?

Ander encontrou seu olhar.

— Você me assustou — repetiu ele suavemente. — Eu nunca tinha estado


com uma virgem antes. Eu poderia dizer desde o início que você era inteligente,
generosa e compassiva, e, obviamente, sabia que você era linda. Eu fiquei
estressado durante toda aquela semana pensando que iria arruinar sua primeira
experiência com o sexo.
— Não é verdade! — Lori olhou para ele, sem fôlego. — Você estava frio e
imperturbável.
— Você já sabe que eu sou um bom ator. Não sei por que isso importava
tanto para mim, já que eu nunca tinha dado muita importância ao sexo antes. Mas
algo sobre ser sua primeira vez – e confiar a mim esse tipo de responsabilidade –,
realmente me apanhou. Me atingiu.
— Oh.

Eles se olharam por um minuto. Em seguida, Lori disse quase em um


sussurro:

— Eu estou contente que minha primeira tenha sido com você.

Suas únicas vezes foram com Ander. Ele foi o único homem com quem ela já
havia feito sexo. No momento, ela não tinha desejo de ter fazer sexo com ninguém,
a não ser ele.
Ela tentou não pensar muito sobre isso, já que não sabia o que fazer com esse
conhecimento. As coisas iriam mudar, eventualmente, de uma forma ou de outra, e
ela estava tentando deixá-las fluir sem se inquietar. Era a única maneira de poder
lidar com o tumulto de suas emoções.

Então Ander a surpreendeu, já que ele não era, frequentemente, dado a


confissões desse tipo. Ele disse:
— Eu também.

Uma onda de emoção atingiu seu peito, de maneira tão poderosa, que ela não
pode contê-la. Ela a inundou, consumiu, afligiu.

E Lori fez a única coisa que podia pensar em fazer.

Inclinando-se para a frente, ela apertou os lábios contra a boca de Ander.


Depois de um momento, ele relaxou e abriu-se para ela. Sua língua passeou ao
longo da linha dos lábios dele suavemente, o que enviou-lhe minúsculos pulsos de
prazer até as pontas dos dedos.

Ela se afastou, acalorada e um pouco ofegante.


— O que está acontecendo? — Ander perguntou roucamente, subitamente
congelado no sofá ao lado dela.
— Eu não sei — admitiu, contorcendo-se um pouco tanto de constrangimento
quanto de persistente prazer. — Eu só queria te beijar. Sinto muito.
Ander não respondeu com palavras. Ele só olhou para ela por um momento,
até que ela viu algo quente inflamar em seus olhos. Então ele pegou seu rosto entre
as mãos e a beijou.

Lori choramingou de surpresa e crescente sentimento. Quando os lábios e a


língua de Ander ordenaram um assalto apaixonado. Com os braços entrelaçados
em seu pescoço, todo o corpo dela pulsava com emoção.

Uma das mãos de Ander se curvou ao redor da parte de trás de sua cabeça e a
outra deslizou ao longo de sua coluna vertebral. Arrepios seguiram o rastro de seu
toque. Ela choramingou novamente e passou os dedos ao longo da curva suave de
seu couro cabeludo, ajustando-se no sofá para que pudesse pressionar seu corpo
contra o dele mais plenamente.
Ela estava quente e sem fôlego quando finalmente saiu do abraço. Ander
estava corado também, seu peito subia e descia rapidamente em sua ofegante
respiração.

— Uau — ela suspirou. — Isso foi... foi bom.


Ander soltou um riso atordoado.

— Sim . — Então se virou, os olhos sempre atentos em seu rosto. — Você


acha que pode querer fazer isso de novo?
Ela sabia o que ele estava pedindo. O que quis perguntar nos últimos três
meses. Ele só estava esperando o momento certo.

Lori não podia dizer nada além da verdade.


— É. Definitivamente. — Uma enorme alegria percorreu-a quando ela viu a
breve chama de alívio em seus olhos. — Quero dizer, seria uma vergonha não fazê-
lo. Nós realmente somos bons nisso.

Ander estendeu a mão novamente para tocar seu rosto.

— Há outras coisas em que somos bons — disse ele, um pouco timidamente.

Lori engoliu em seco. Havia outras coisas em que eram bons. Coisas em que
eles eram bons em conjunto. Tantas outras coisas pelo que poderiam esperar nos
dias e semanas que virão, desvanescendo numa trilha difusa rumo ao futuro.
Mas as coisas nem sempre têm que ser complicadas, e nem tudo tinha que
acontecer ao mesmo tempo.

Então ela sorriu para ele, estendendo a mão para puxá-lo para outro beijo.
— É. Isso é verdade. Mas vamos ficar com o beijo... por enquanto.
.Doze.

A cabeça de Lori já estava girando, e ela não havia feito nada mais do que
beijar Ander.
Mais cedo, naquela noite, eles tinham ido ao jantar e depois à uma sinfonia, e
ela ofereceu uma bebida a Ander quando ele a acompanhou até seu apartamento.
Eles acabaram dando uns amassos no sofá dela, e Lori já estava tão excitada
que queria explodir.
Para começar, as mãos de Ander se mantiveram apenas em posições seguras:
em suas costas, seu cabelo, ou segurando seu rosto, mas agora suas carícias foram
se tornando mais presunçosas. Quando sua língua mergulhou entre os lábios dela e
vasculhou sua boca, uma das mãos escorregou até a parte inferior de seu corpo...
Lori gemeu contra a boca dele e agarrou-lhe a parte de trás da camisa. Ela se
ajustou até que estava praticamente em seu colo, pressionando os seios contra o
peito dele e tentando obter algum atrito na virilha.
Ainda beijando-a profundamente, Ander enfiou a mão por baixo da bainha de
seu vestido e acariciou-lhe a coxa nua. Ela estremeceu ao contato íntimo e apartou
os lábios dos seus para que pudesse ofegar.
Ander aproveitou a oportunidade colocando a boca primeiro em sua
mandíbula depois na garganta. Ele demorou-se em seu ponto pulsante até que Lori
gemeu de prazer.
Sua buceta estava quente, molhada e latejando agora, ela moveu-se de novo,
colocando as pernas ao lado de ambas as coxas dele para que pudesse cavalgar seu
colo. Ela precisava de pressão contra seu clitóris e precisava agora.
Ele segurou seus quadris com as duas mãos para se apoiar nela enquanto seus
lábios se moviam para ainda mais abaixo. Ele tomou um seio na boca através da
seda de seu colado vestido e chupou seu mamilo, tão habilmente, que os quadris de
Lori começaram a se mexer descaradamente contra o dele.
Ander estava duro agora. Ela podia sentir a protuberância de sua ereção sob a
calça. Ela esfregou sua excitação urgentemente contra a dele e sentiu espirais
pulsantes de prazer com o contato.
A saia estava amontoada em torno de sua cintura, e as mãos de Ander
deslizaram para baixo para segurar e apertar a carne macia de sua bunda. Ela usava
uma tanga, porque a seda de seu vestido era muito fina, e a tira de tecido em torno
de sua boceta molhada era um delicioso tormento.

— Ander — ela suspirou, quando uma de suas mãos postou-se entre suas
coxas para pressionar o lugar mais quente e úmido. Suas costas arquearam quando
tentou montar sua mão com embaraçoso abandono.

Ander levantou o rosto para olhar para ela por um momento, seus olhos
ardentes, famintos e quase primitivos. Em seguida, ele gemeu e inclinou a boca
para sua garganta.

Sem aviso, ele a mordeu com força.

Lori gozou contra sua mão com um grito sufocado.


Ela estava consciente de Ander endireitando-se para que pudesse vê-la
durante os espasmos de prazer. Quando acabou, ela caiu contra seu peito, ofegante
e pressionando beijos preguiçosos contra seu rosto e lateral da cabeça.
Ander segurou-a firmemente por alguns minutos, até que ela começou a se
mover contra ele novamente. Ela se esfregou contra seu sexo, sentindo-se
emocionada em ver quão duro e tenso ele estava.

Ela sabia que ele a queria. E não estava nem perto de estar saciada.
— Ander — ela murmurou, acariciando a cabeça lisa e beijando todo o rosto.
— Você-

— Porra, querida — ele murmurou, as mãos fortes de repente em seus ombros


quando ele manobrou seu corpo para fora do dele. — É melhor eu ir.
— Oh — disse ela, olhando quando ele se levantou com dificuldade, ainda
meio que tonta de seu orgasmo. — Você tem que ir?

Ele deu um abafado riso irônico. Estava suando um pouco, e teve que dispor
de tanta força que mal conseguia se mover.
— Sinto muito, Lori. Eu definitivamente tenho que ir.

— Mas-

— Eu tenho aula no início da manhã. Ligo para você amanhã. — Ele se


inclinou para lhe dar um beijo rápido na boca, e então saiu, antes que ela pudesse
dizer outra palavra.
Lori caiu no sofá com um pequeno gemido. Seu corpo estava gelado e ela
sentia-se brutalmente desapontada. Não realmente surpresa, no entanto. Ele já
havia feito isso com ela antes.

Ela e Ander estavam namorando já há um mês agora. Eles saíram e


conversaram todos os dias, deram um monte de beijos, e às vezes foram ainda mais
longe como esta noite, mas Ander sempre dava um fim antes de chegar ao sexo.
Lori tinha verdadeiramente apreciado a forma como ele estava disposto a ir
devagar. Sair da amizade para algo mais profundo era obviamente o que ambos
queriam, mas ela tinha estado preocupada de acabarem indo rápido demais, devido
à maneira como sua relação havia começado.

Mas ela pensou que havia deixado claro que estava mais do que pronta para o
sexo agora, Ander, porém, ainda não tinha dado o passo final.

Se ele ainda não estivesse pronto, ela seria paciente. Ele tinha sido mais do
que paciente com ela.
Mas ela sabia que ele queria isso. Sabia que ele a queria. Não demorava muito
para Ander ficar excitado quando estava com ela, e os homens não têm a vantagem
de serem capazes de esconder sua excitação muito bem.
Não era um problema físico. Ela sabia disso. Mas não entendia o que ele
poderia estar esperando.
Ela pensou que eles estavam no mesmo nível emocional. Os dois foram muito
profundos quando Lori ainda era sua cliente. Eles haviam dado um passo para trás
ao se tornarem amigos durante três meses para que pudessem entrar em acordo
com o que queriam e definir as bases para uma afeição mais saudável. E desde o
mês passado começaram a investir num relacionamento romântico. Eles não
tinham falado palavras de amor, mas ela sabia o quanto Ander se importava com
ela. Sabia o quão importante ela era para ele. E sabia o quanto ele a desejava.

Então, por que ele não queria fazer sexo com ela?

***

— Êêê! — Lori exclamou de alegria pura, deslizando sobre o gelo em direção a


Ander. — Você viu? Eu não caí nem uma vez! Estou muito melhor desta vez.

Ander riu e puxou-a suavemente para o seu lado.


— Muito melhor. Eu disse que você seria boa na patinação, se apenas
relaxasse um pouco.

Lori deu-lhe uma carranca, embora por dentro estivesse cheia de felicidade.

— Apenas uma vez, eu gostaria de vê-lo errar sobre alguma coisa.

— Oh, eu já estive errado sobre muitas coisas — Ander murmurou, puxando-a


para si e cingindo-lhe ambos os braços ao redor da cintura. — Eu só não gosto de
noticiar o fato.

Com um suspiro, Lori disse:

— Você não gosta de noticiar muita coisa. — Ela ainda não conseguia manter
o equilíbrio enquanto estava parada, então se agarrou aos ombros de Ander.
Os olhos azul-acinzentado de Ander se suavizaram, um olhar familiar se
acendeu quando ele olhou para ela.
— Acredito que eu já tenha noticiado como você é incrivelmente linda.

Ela sentia-se derreter, mesmo estando no meio de uma pista de gelo. Mas isso
não a faria desmoronar feito uma boba, então levantou as sobrancelhas
ceticamente.
— Você está jorrando credibilidade no momento. Meu cabelo está uma
bagunça, minhas bochechas estão vermelho-beterraba e eu estou um pouco
desconfiada do meu nariz.

Seus lábios se contraíram.


— Seu nariz está vermelho também.

Lori lançou uma injúria indignada com esta observação horrível e tentou se
afastar. Mas Ander não a deixaria ir. Ele riu e deu-lhe um beijo no canto da boca.
— Eu nunca vi nada mais lindo na minha vida.

Lori não pode deixar de rir também. Ela deu-lhe um abraço, reservadamente
desmaiando pelo afeto vertiginoso e confiança dele. A parte ferida de sua psique,
que sempre havia sido insegura, não pode evitar florescer com suas palavras.
Mas ela não estava se sentindo totalmente estável sobre patins de gelo, apesar
das melhorias que havia feito desde a primeira vez, há quase cinco meses.
Além disso, ela tinha um plano para aquele dia e não podia deixar a doçura
irresistível de Ander distraí-la de seu esquema.
Então, ela se afastou e começou a patinar novamente. Ander facilmente a
ultrapassou. Ele circulou a pista algumas vezes enquanto ela ia mais lentamente.
Lori não se importava. Tinha certeza de que deveria ser frustrante para um
patinador tão bom como ele manter o ritmo lento dela. E de qualquer maneira, ela
suspeitava que ele talvez estivesse se mostrando um pouco.

Ele merecia. Ela não podia deixar de admirar a confiança, velocidade e força
com que ele cruzava o gelo. Ander poderia ser o homem mais inteligente e
experiente que ela já o conheceu, mas ele ainda era um homem.

E os homens gostavam de se exibir.


Ela estava rindo para si mesma sobre isso quando Ander apareceu ao seu lado.
Ele olhou-a com cautela.

— Por que você está rindo?

— Eu não estava rindo. — A mentira teria sido mais convincente se seus


lábios não tivessem tremido.

Ander estreitou os olhos.

— Lori?

— Você é um patinador maravilhoso — disse Lori, com os olhos um pouco


exageradamete arregalados. — É de tirar o fôlego ver você. Se ao menos eu pudesse
patinar tão bem assim como você.
Ele não foi enganado nem por um minuto.

— Tudo bem. Eu entendi. Se você quer zombar da minha exibição, nós


podemos discutir a sua insistência em jogarmos um certo jogo de tabuleiro na outra
noite, só para que você pudesse me vencer e tripudiar sobre isso por horas depois.

— Isso foi diferente — disse Lori, distraidamente estendendo a mão para


pegar a mão dele, apesar de seu tom de indignação: — É uma das poucas coisas que
posso fazer melhor que você. Então, não pode se chatear por eu me vangloriar um
pouco, quando faz tudo melhor do que os pobres seres inferiores como eu.
— Pare com isso. — Ander deu-lhe um impaciente olhar de lado.

— Não rosne para mim — disse ela, esquecendo do plano com sua irritação.
— E não me diga para parar, como se fosse meu chefe.

Ander fez um movimento repentino, tão rápido que ela não pode prever.
Uma hora eles estavam patinando de mãos dada e no outro Ander a havia
pressionado contra a parede da pista, seu corpo segurando o dela no lugar e seus
olhos intensos, quase ferozes.

— Eu vou dizer-lhe para parar. Vou dizer-lhe para parar a cada vez que ouvir
você dizer algo que a deprecie. Sendo assim, acostume-se com isso. Porque é a
única maneira de podermos ficar juntos.
A boca de Lori se abriu. Ela ficou boquiaberta, ofegante e assustada e
(absurdamente) um pouco emocionada.
Depois de um momento de silêncio a expressão feroz Ander se suavizou um
pouco.

— Lori — ele falou.

Ela engoliu em seco e conseguiu falar:

— Tudo bem. Eu entendo isso. Mas eu só vou aceitar se for nos dois sentidos.

Ander apertou os lábios ligeiramente.


— O que você quer dizer?

— Quero dizer que você sempre fica reservado quando tento encorajá -lo a
não ficar angustiado ou meditando... sobre seu passado. Se você for certificar-se de
que eu estou me valorizando, é justo que eu possa fazer o mesmo com você.
O rosto de Ander ficou inexpressivo por um momento. Mas então ele relaxou
em um sorriso irônico.
— Eu não sei por que pensei que namorar você era uma boa ideia. É certo
que você vai me deixar louco antes do fim do ano.
Lori riu, como resultado da tensão e de diversão genuína, mas estava aliviada.

— Eu lhe asseguro de que isso acontecerá nos dois sentidos.

Eles começaram a patinar novamente, e Lori tentou superar sua ansia por
ternura e carinho para que pudesse finalmente realizar seu plano.
Não era um plano em grande escala ou dramático. Ela só queria descobrir
porque Ander não queria fazer sexo com ela ainda. E uma vez que ele nunca havia
sido um homem próximo, ela estava com medo de que num confronto direto o tiro
saísse pela culatra. Então ela tinha sugerido irem patinar no gelo para dar a ela a
oportunidade de fazer-lhe perguntas simples e dar a ele a chance de partilharem em
pequenas doses.
E então talvez ela pudesse descobrir o que estava acontecendo.

Eles patinaram em um silêncio por um tempo até que Lori perguntou com
naturalidade impressionante.
— Você acha que foi estranho quando eu lhe pedi para ir patinar no gelo pela
primeira vez?
Ander lançou-lhe um olhar rápido e afiado, mas respondeu com bastante
facilidade.
— Eu fiquei um pouco surpreso, mas a essa altura você já tinha me pedido
para fazer outras coisas com você, então eu não fiquei espantado.

Ela riu de sua escolha de palavras, mas foi rápida em acompanhar.


— Ficou espantado quando lhe pedi pela primeira vez para ir a algum lugar,
em vez de ir direto para o hotel?
Com um leve encolher de ombros, Ander admitiu:
— Sim. Você tinha dito o tempo todo que não queria fingir comigo, que não
queria fazer nada que a fizesse sentir como se estivesse em um encontro. Eu achava
que você não mudaria nisso. Por que mudou de ideia?
Como não era justo esperar que ele compartilhasse sem compartilhar de si
mesma, ela respondeu honestamente:
— Eu fiquei uma bagunça quando descobri sua verdadeira identidade. Você
estava se tornado mais e mais real para mim quando nossas sessões continuaram e
aquilo foi a última gota. Pareceu tão barato e sujo ficarmos juntos apenas por sexo.
Porque estava olhando para ele, ela pegou um lampejo de algo que lhe pareceu
dor em seu rosto.

— Foi barato e sujo para você?

— Não — ela suspirou, percebendo que ele havia entendido mal. — Estar com
você não me fazia sentir assim. Era que eu estava pagando por sexo. Parecia que eu
estava te usando como todo mundo sempre usou você, e eu me odiava por isso.
Mas não o suficiente para parar. Eu não queria desistir de você. Assim, os
encontros foram a única forma de eu poder continuar com isso.

Ander soltou um pequeno suspiro.

— Entendo.
Quando ele não continuou, Lori o cutucou.

— Mas e aí, você queria ir a esses encontros comigo ou estava mais feliz
quando era apenas sexo?
Ele parou abruptamente, levando-a a parar também. Então estendeu os braços
para mantê-la equilibrada e lançou-lhe um olhar firme.
— Eu fiquei emocionado quando você mudou a rotina. Você já sabe disso,
naquele momento, eu estava... Eu já era louco por você. Você era minha cliente e
eu só desejava acabar com o lado profissional do nosso relacionamento. Mas não
sabia como, e tive esperança de que os encontros eram um sinal de que você estava
tentando mudar o nosso relacionamento também.
Lori fez questão de não mostrar qualquer reação dramática às suas palavras,
embora seu pulso e o coração batessem acelerados. Ele não abria-se facilmente e
ela não poderia deixá-lo desconfortável, agora que o tinha feito. Então lhe deu
apenas um pequeno sorriso.
— Eles eram. Eu queria mudar isso também. Estava com muito medo de
admitir para mim mesma, porque achava que era uma coisa impossível.

Ele devolveu o sorriso e sugeriu que encerrassem a patinação. Lori


concordou, já que suas pernas estavam ficando cansadas e havia mais estágios de
seu plano para realizar.

Até agora, as coisas estavam indo maravilhosamente bem, e ela esperava que
até o final da noite, estaria na cama com Ander novamente.
E, melhor ainda, finalmente, ouvindo-o colocar todos os seus sentimentos em
palavras.

***

Eles estavam indo à pé da pista de gelo para restaurante italiano favorito de


Ander, quando Lori disse, em meio ao pacífico silêncio que se instalou entre eles:

— O que você pensou quando eu lhe pedi para ir à Québec comigo?

— O quê? — Ander tinha a mão na parte de baixa de suas costas, enquanto


caminhavam, e se voltou para baixo com um olhar interrogativo.
— Você me ouviu — ela insistiu. — Eu estava pensando no que você me falou
quando lhe pedi para patinar no gelo, e queria saber o que você pensou quando eu
lhe pedi para ir comigo à Québec.

Ander estreitou os olhos cautelosamente.


— Mas isso foi antes de todos os encontros.

— Eu sei — disse Lori, franzindo a testa. — Existe alguma regra sobre eu ter
que fazer perguntas em ordem cronológica?

Com uma risada, Ander cedeu.

— Eu fiquei... Eu fiquei feliz quando me pediu, mas você já sabe disso.

Sua carranca se aprofundou.


— Eu tenho alguma noção, com base no que sei agora. Mas não tinha ideia na
época, e voltando agora, penso que você talvez estivesse... — Ela limpou a garganta
e concluiu um pouco timidamente. — Que talvez você tenha se oferecido para o
convite.
— É verdade — admitiu ele, sua voz seca, em vez de sentimental. — Assim
como eu tenho indícios de que você estava tentando avançar aos poucos até fazer a
proposta, eu só fiz tudo que podia para me tornar disponível.

Ela riu.
— Mesmo agindo como se não se lembrasse em qual fim de semana eu estava
planejando ir?
Ander teve a gentileza de parecer um pouco envergonhado.
— Bem — ele falou lentamente —, eu não podia me mostar muito ansioso. —
Ao riso encantado dela, ele acrescentou: — Poderia assustar você.
— E teria. Eu estava gostando de você mais e mais, mas ainda estava
obcecada com o fato de o relacionamento ser profissional.

— E você não parava de oferecer o dinheiro. Toda vez que você fez isso, foi
como um tapa na minha cara.
Lori não podia deixar de ficar mal – agora que sabia como Ander estava se
sentindo. Mas não aceitaria assumir toda a culpa.
— Bem, eu ainda estava pagando. O que eu deveria fazer? Jogar o dinheiro
pela janela e assumir que íamos cair nos braços um do outro?
— Claro que não — Ander admitiu, olhando à frente com olhos irônicos e
sábios. — Você só estava fazendo o que era suposto. Era eu o náufrago que tinha
deixado seus sentimentos serem pisoteados porque estava muito apegado para se
retirar como deveria.

— Você não foi um náufrado — insistiu ela, defendendo Ander de si mesmo,


ainda que sem muitas provas do seu lado. — O que mais existia para você fazer?
— Nada. — Ander suspirou e deslizou a mão por suas costas para que
pudesse puxá-la para si e envolvê-la em seus braços. — Eu estava
irremediavelmente preso. Nunca havia me sentido assim antes. Não podia te
perder. Mas não podia seguir em frente por causa da natureza do nosso acordo.
Não admira que eu estava um caco.

Lori lhe deu uma cotovelada e mostrou-lhe uma carranca.

— Você não estava um caco.

Os lábios de Ander tremeram.

— Você diz isso porque nunca viu nem um dos pensamentos.

Ela parou de andar e envolveu os braços em volta de seu pescoço. Olhando


para ele de perto, ela perguntou:
— Você não está pensando mais, está?

Seus olhos assumiram o calor mais delicioso.

— Não. Eu não estou pensando mais.

***

O anfitrião do restaurante, cujo nome Lori sabia agora ser Don,


cumprimentou-os em êxtase e os acomodou imediatamente.

Lori e Ander haviam ido ao restaurante muitas vezes no último mês e ela
sempre se divertia lá.
Eles falaram sobre os planos de Ander para o próximo verão – outro projeto
de campo em uma ilha grega – e sobre o próximo livro de Lori. Então receberam
seus pedidos e começaram a comer quando Lori aproveitou uma pausa na conversa
para lançar sua próxima pergunta.
— Por que Don nos olhava tão surpreso, na primeira vez em que me trouxe
aqui?

Os ombros de Ander endureceram um pouco e ele parecia desconfortável. Ela


sentiu uma pontada de decepção com a reação dele, já que ele estava muito mais
aberto do que o normal esta noite.
— Não é nada de mais — disse ela rapidamente, não querendo colocá-lo
contra a parede. Antes, ela teria insistido sem piedade, mas cuidou dele demais para
agora rasgar seu coração assim. Se ele ainda não podia compartilhar, não teria que o
fazer.

O canto da boca de Ander estremeceu na familiar expressão irônica.


— Muito generoso de sua parte me dar o fora.

Ela não podia deixar de rir.

— Sério, Ander, eu sei que estou sendo intrometida.

Ander limpou a garganta. Tomou um longo gole de vinho e em seguida, disse:


— Ele ficou surpreso porque eu nunca tinha trazido uma mulher aqui antes.

— Suas clientes?

— Eu nunca as trouxe aqui. Eu sempre gostei deste lugar. É... é especial para
mim. Não queria estragar isso, ao trazer meu trabalho comigo.
A respiração de Lori ficou engatada.
— Mas você me trouxe?

— Sim — Ander disse suavemente, segurando seu olhar em óbvio significado.


— Eu trouxe você.

Ela teve que esconder as faces coradas de prazer atrás de sua taça de vinho
por um momento para mascarar sua reação. Houve muitas sugestões minúsculas e
pistas para os sentimentos de Ander – tudo junto, por tanto tempo – e tantos deles,
que ela havia se perdido.
Isso a deixava sem fôlego às vezes. O conhecimento de que significava tanto
para ele quando deveria ser apenas sua cliente.
Quando ela recuperou seu equilíbrio, perguntou, não como parte de seu
plano, mas porque ela sempre quis saber:

— Você sabe o que o seu pai estava fazendo aqui aquela noite?
Ander olhou duro novamente. Mas respondeu:

— Eu não sei. Só posso supor que ele ficou sabendo que eu passo muito
tempo aqui.
— Então, ele veio aqui de propósito? — Ela ofegou, seus olhos arregalados de
ultraje. Ela odiava Peter Milton mais do que jamais odiou a alguém, e nada do que
aprendeu sobre ele a fez odiá-lo menos.

Com um encolher de ombros estranho, Ander disse:

— Pode ser. Eu não sei.

— Talvez... — Sua voz falhou com uma súbita pontada de medo e ela não
conseguiu expressar a ideia.

— Talvez o quê?

Ela respirou fundo para criar coragem.


— Talvez ele não tenha vindo aqui só para ser cruel. Talvez ele realmente
quisesse... quisesse ver você.
Ander jogou a cabeça para o lado, quebrando o olhar que partilhavam. E uma
variedade de emoções atravessaram seu rosto antes de ele ser capaz de responder.
— Eu duvido. Mas isso não importa. Não existe reconciliação possível para
nós. Eu espero que você não esteja pensando que exista.
— Não estou. Eu apenas pensei que poderia ser bom para você ver que não é
o único que pode... — Ela parou, repentinamente com medo de estar presumindo
demais. Os olhos de Ander eram frios e cautelosos em seu rosto. Mas ela
continuou: — Que pode querer que as coisas fossem diferentes.
Depois de um momento tenso, sua expressão mudou e ele soltou um suspiro
rouco.
— Sim.

Lori tentou esconder seu alívio, determinada a não transformar em uma


grande coisa qualquer tipo de partilha que Ander estivesse disposto a fazer.
— Você ficou com raiva de mim? — ela perguntou em voz baixa, olhando
para sua massa. Ela sentiu Ander dar-lhe um olhar penetrante, então explicou: —
Quando descobriu que eu sabia quem você era?
— Não. — Só então ela se atreveu a olhar para ele. Ele apareceu
estranhamente cansado de repente. — A verdade é que eu fiquei muito feliz por
que você sabia.

***

Eles voltaram para o apartamento de Ander, já que era há apenas alguns


quarteirões do restaurante. Lori não tinha certeza se ele iria sugerir, então
simplesmente agiu como se isso fosse o presumido e dirigiu-se para lá depois que
eles se despediram de Don.
Ao longo dos tempos ela havia ficado cada vez mais no apartamento dele.
Não deveria ser uma coisa significativa ela ir para lá hoje à noite.
Mas o silêncio de Ander duranyte a caminhada revelou que ele sabia que não
era assim.
Eles haviam entrado e Ander trancou a porta antes de finalmente falar. Eles se
encararam no hall de entrada e ele perguntou:
— Então, você vai me dizer qual é a intenção final de sua pequena noite de
inquisição?
Lori tomou uma respiração afiada.
— Não foi uma inquisição! De verdade. Eu não queria ser...

— Eu não tive a intenção de insinuar que havia sido rude ou invasivo —


Ander interrompeu, o rosto calmo, assim como a voz. — Mas há algo por trás.
Você vai me dizer o que é?
Gemendo, ela esfregou o couro cabeludo em frustração.
— Eu pensei que estava sendo inteligente e sutil.

Ander riu.
— Você fez tudo certo. Mas eu a conheço muito bem, Lori. — Quando ela
apenas olhou para ele, ele solicitou: — Você vai me dizer?
Já que ele havia pedido, ela apenas deixou escapar.
— Por que você não faz sexo comigo?

Ele balançou a cabeça com um sorriso triste.


— Eu pensei que poderia ser sobre isso este passeio pela estrada da memória.

— Estou falando sério, Ander — insistiu, com medo de que ele fosse descartar
a questão com sua ironia característica. — Estou feliz em esperar o tempo que você
precisar, se não está pronto, mas não pode me dizer o que está acontecendo?
A coluna de Ander ficou rígida, de forma quase imperceptível. E ele lambeu
os lábios no que ela entendeu como hesitação. Mas quando falou, sua voz era
natural, quase casual.
— Nós podemos fazer sexo, Lori. É claro que podemos ter relações sexuais.

— Mas.

— Eu não tinha certeza se você estava pronta. Mas, se quiser, podemos ter
sexo esta noite.
Lori ficou congelada no lugar, confusa e desorientada. Ele já devia saber que
ela estava pronta antes de hoje à noite. Não havia nenhuma evidência de
dissimulação em sua forma ou o tom, mas algo em sua resposta não soou
verdadeiro.
— Ander?

Ele sorriu para ela enquanto avançava para dentro do loft.


— Certamente, você sabe o quanto me excita. Você não estava preocupada
com isso, não é?
— Não — ela disse, tentando se conter. — Mas eu pensei que... Eu quero
dizer, você estava... — Ela parou e olhou para o chão para que pudesse se
concentrar. Forçando sua mente para trabalhar com clareza.
Ander atravessou a sala em direção ao seu quarto. Quando sua mente estava
limpa o suficiente, ela o seguiu e encontrou-o de pé na entrada para o quarto com
um olhar concentrado no rosto.
— O que há de errado? — Perguntou ela, agarrando-o pelo braço. Algo não
estava bem aqli, e ela ainda não sabia o que era.
Mas estava começando a ter uma ideia.
Ander olhou para ela distraidamente.
— Desculpe. Eu estava tentando me lembrar onde coloquei os preservativos
quando os tirei de meu estojo. Eu sei que havia um monte de extras.
Lori piscou, momentaneamente distraída da questão maior.
— Você não tem algum em seu apartamento?
— Não. — Com um praguejamento triste, ele admitiu: — Eu nunca fiz sexo
aqui antes.
Apesar de tudo o que ela aprendeu sobre Ander ao longo dos últimos meses,
ainda se sentia espantada.
— O quê?

— Eu nunca fiz sexo no meu apartamento antes.

— Mas você mora aqui há 10 anos.

— Sim. Qual é o seu ponto?

— Mas... — Lori engoliu em seco, processando esta revelação. — Você só fex


sexo com suas clientes?
Ander desviou o olhar.
— Desde que comecei a trabalhar... sim.

E agora Lori tinha certeza de que sabia o que estava acontecendo, por que
Ander havia protelado, por que ele estava agindo como se tudo estivesse normal,
quando claramente algo o estava incomodando. Sem saber como resolver isso, ela
lidou com o outro problema primeiro.
Colocando uma mão macia em seu peito, ela murmurou:
— Ander, eu não acho que precisamos usar camisinha.

Ela sentiu que ele se sacudiu muito ligeiramente.


— O que você quer dizer? — Ele cerrou os dentes. E não encontrou seus
olhos.
— Quero dizer que você é o único homem com quem tive relações sexuais e
você não teve sexo com ninguém além de mim em mais de sete meses. Certo?
— Certo

— Eu sei como foi vigilante sobre sua saúde. Você é saudável. Eu sou
saudável. Nenhum de nós está fazendo sexo com outra pessoa. Não precisamos do
preservativo.
— Mas eu fiz sexo com todas essas outras mulheres-

Lori sentiu uma pontada aguda de dor com o pensamento – com o


pensamento de Ander fodendo todas essas mulheres por todos esses anos. Mas
empurrou a dor e se focou no que ela sabia que era verdade.
— Elas estão no passado, Ander. E você não pegou nenhuma doença a partir
de qualquer uma delas. Nós não precisamos do preservativo.
O rosto de Ander mudou, se suavizou. Ele estendeu o braço para tocar seu
rosto com a mão que sempre fora tão quente.
— Lori, a menos que você esteja pronta para começar a ter bebês, ainda
precisamos do preservativo.
Apesar da gravidade do que eles estavam lidando, Lori não pôde conter uma
risadinha.
— Eu não esqueci isso Ander, mas conheço o controle de natalidade há anos.
Assim que decidi ver você regularmente, fui ao médico. Sei que sempre foi
cuidadoso sobre os preservativos, mas acidentes acontecem e eu realmente não
queria engravidar.
Ander fez um som estranho e gutural. Um que ela não conhecia. Então, ele
olhou para longe dela novamente.
Seu coração correu freneticamente e seus dedos tremeram um pouco, Lori
chegou até a tomar seu rosto com as mãos para fazê-lo encontrar seus olhos.
— Ander, diga-me a verdade. Por que você continua enrolando?

Ele engoliu tão forte que ela viu o movimento. Mas desta vez ele não fugiu da
resposta.
— Eu quero. Desesperadamente. Eu só estou... Eu só estou apavorado.

Os lábios de Lori se separaram, atônita, embora ela tenha suspeitado de algo


como isso. Só não de forma tão extrema.
— Por que você está com medo de fazer amor comigo?

— Porque era isso o que seria. — Ander engoliu em seco novamente. Parecia
terrivelmente desconfortável. Mas conseguiu se forçar a falar: — Eu nunca fiz isso
antes.
Uma emoção subiu do coração de Lori para sua garganta, tão profundamente
que ela quase não conseguia respirar. Com um soluço breve, ela se jogou contra ele
e abraçou-o com urgência, enterrando o rosto em seu ombro para esconder sua
súbita tempestade sentimental.
Ander a abraçou de volta com uma paixão feroz, e ficaram abraçados na
entrada do quarto por um longo tempo.
Finalmente, Lori se afastou e conseguiu dizer.
— Eu nunca fiz amor também. Não de verdade. É a primeira vez para nós
dois. Mas você não quer tentar?
Ele riu inesperadamente, meio afetuoso e meio irônico e disse:
— Sim. Eu quero tentar.

***

Lori estava tão aliviada com a resposta de Ander, que ela não pode impedir-se
de beijá-lo. E acabou por ser uma boa ideia.
Ander a beijou de volta com um fervor que a pegou de surpresa. E, depois de
alguns minutos de beijos na porta do quarto, tropeçaram até a cama sem qualquer
reflexão ou discussão. Com algumas maldições murmuradas por Ander e alguns
risinhos de Lori, eles conseguiram arrancar todas as roupas enquanto ainda
beijavam e acariciavam um ao outro.
Então, finalmente, eles estavam nus e juntos na cama, com Ander entre as
coxas e os braços dela entrelaçados em seu pescoço. Ficaram assim por muito
tempo, e parecia tão familiar. Mas o olhar de Ander não era familiar. Ele nunca a
olhou desta forma quando fizeram sexo antes.
Não era apenas quente, faminto, ou necessitado. Ele era suave e possessivo ao
mesmo tempo. Como se ela fosse tudo para ele, tudo que ele sempre quis. Ela
ocasionalmente ainda pegou um lampejo de ansiedade, mas isso não ficou no
caminho. Ela estava com um pouco de medo também, suas mãos tremiam
enquanto lhe acariciava as costas e a curva da cabeça, mas o nervosismo não
importava.
O coração de Lori parecia que estava voando com uma alegria que dava
tontura, e seu corpo estava respondendo rapidamente. Ela não fazia sexo há meses.
E, mesmo tendo feito bom uso do vibrador que Ander havia lhe dado há quase um
ano, não era a mesma coisa.
Mas agora Ander estava ali. Seu corpo estava quente e pesado sobre o dela, e
sua carne era sólida e deliciosamente tensa.
— Oh, Lori — Ander disse, sua voz grossa já cheia de desejo. Ele saiu do
beijo profundo e foi arrastando a boca pelo pescoço em direção aos seios. — Porra,
você é incrível. Você não tem ideia de como é bom.
Ela choramingou em resposta às suas palavras, e em seguida, arqueou-se
quando a boca dele se fechou em torno de um de seus mamilos. Ele chupou e
lambeu até choques de prazer serem enviados à sua excitação ardente.
Quando ela arranhou seu pescoço, ele finalmente puxou os lábios para longe e
desceu até a barriga e então, de volta para o outro seio. Logo, Lori estava ofegante
e miando e tentando esfregar o sexo contra sua coxa.
Ander passou um longo tempo nas preliminares. Enquanto se via
desesperadamente ansiosa para tê-lo dentro dela, ela entendeu sua lentidão.
Então deixou-o beijá-la e acariciá-la até que ela ficou encharcada,
contorcendo-se e corada da cabeça aos pés. Ela agarrou freneticamente a cabeça de
Ander, que estava pressionada contra sua barriga. Uma das mãos dele apertava seu
mamilo sensibilizado, enquanto a outra estava massageando as costas de seu joelho.
— Ander — ela implorou por fim, tão excitada que estava com medo de gozar
apenas com as preliminares. — Ander, por favor, eu não posso esperar mais.
Ele resmungou contra seu abdômen e depois, lentamente, levantou a cabeça,
como se ela fosse muito pesada para aguentar. Seus olhos estavam vidrados, e seu
rosto profundamente corado. Ele respirou um pouco asperamene e olhou para ela,
esparramada desenfreadamente debaixo dele.
— Sim — disse ele com voz rouca. — Nem eu.

Com mãos ansiosas, ela o ajudou a posicionar-se entre suas pernas. Seu pênis
estava totalmente ereto, tão duro que ela estava com medo de tocá-lo. Então ela o
deixou alinhar-se em sua entrada e empurrar a ponta do seu pênis para dentro.
Seus olhos se encontraram. Eles estavam ainda um pouco vidrados, mas ela
podia ver o brilho de emoção e a chama de medo misturados em suas profundezas.
— Eu também — ela respirou, apertando os braços em volta dele. — Ander,
eu também.
Ele entendeu. Então lançou seus quadris para frente.
Nada entre eles agora. Nada.
Lori gritou em alta voz à penetração inicial. Seu canal expandindo com a
intrusão íntima, mas ela estava muito apertada e sentiu-o de forma substancial. Não
doeu. Era apenas tudo tão esmagador.
Após o primeiro surto de sensação, sua luxúria há tanto contida assumiu.
Gemendo de prazer e necessidade, ela mexeu os quadris, involuntariamente,
sob ele, excitada demais para esperar que ele a bombeasse.
— Lori — A voz de Ander era sufocada, seus braços curvados, a boca em seu
ouvido direito. — Porra, Lori. Você é... Você é... Oh, Deus. — Seus quadris
começaram a se mover com os dela, seu movimento rápido, desajeitado e selvagem.
Lori estava praticamente chorando de prazer, necessidade e emoção. Eles
estavam fora de controle e não durariam muito tempo, mas foi muito melhor do
que jamais tinha sido antes.
Ela sabia que Ander se importava com ela. Ele sabia que ela se importava com
ele. E eles estavam compartilhando muito mais do que seus corpos.
— Ander — ela suspirou, suas costas arqueando-se, a pelvis contraindo-se
descaradamente debaixo dele. Ela estava tão molhada que podia ouvir o barulho
úmido de sucção, sob o tapa entre suas peles e o tremor da cama. — Ander, vou
gozar. Oh, Deus! Faça-me gozar.
Ander soltou um gemido tão alto que era quase um grito. Seus quadris
bateram contra os dela, seu pau deslizava dentro do canal apertado em fortes e
primitivos impulsos.
— Lori. Eu não posso... Porra, Lori. Goze, querida. Goze para mim.

Suas palavras roucas, irregulares foram a coisa mais erótica que ela já havia
ouvido. A pressão em seu centro cresceu tão firmemente que não podia ficar
quieta. Ela fez indefesos e rítmicos sons – algo entre suspiros, gemidos e gritos.
E então ela gritou, quando a tensão finalmente se quebrou.
Ander gozou com ela, suas paredes internas apertando, prendendo-o dentro
de si e puxando-o para o clímax também. Ela gritou o nome de Ander com um
monte de sons sem palavras com seu corpo inclinado para trás como um arco e sua
pélvis recebendo os espasmos de seu prazer.
Como Ander gozou ao mesmo tempo que ela, tudo o que ela teve consciente
foi da torção de seu rosto, dos tremores que corriam por seu corpo e do olhar de
tirar o fôlego em seus olhos. Os sons abafados que ele fez quando gozou foram
abafados em sua carne, uma vez que ele inclinou a cabeça para a frente e mordeu a
curva de seu ombro.
Eles se abraçaram, ofegantes e deram beijos com desleixado ardor, quando ela
se deu conta de algo que nunca havia experimentado antes. O sêmen de Ander
dentro dela.
Ele caiu em cima dela, não se retirou, como sempre fizera. Ele enterrou o
rosto em seus cabelos e pescoço, murmurando palavras carinhosas e incoerentes
quando ambos tentaram recompor-se.
Lori não conseguia se lembrar de algo que fosse tão bom quanto o seu corpo
quente, pesado e saciado amolecido sobre o dela. Ela nunca chegou a senti-lo desta
forma. Nunca chegou a experimentar qualquer coisa após o orgasmo.
Quando ele finalmente soltou o seu peso de cima dela e encontrou seus olhos,
sua expressão não era o que ela esperava. Suas feições eram de um relaxado
delicioso, mas ela viu um lampejo de decepção em seus olhos.
— Lamento que não tenha sido melhor — disse ele, soando estranho e rouco.

Por um momento o peito de Lori doeu tão brutalmente que não podia
respirar.
— Você não achou que foi bom?

Ele a olhou, piscando várias vezes.


— Claro que foi bom para mim. Foi – eu não tenho palavras para descrevê-lo.
Mas eu mal consegui esperar você gozar. — Seu rosto se contorceu, dolorosamente
envergonhado. — Patético.
— Oh — Lori rosnou, de repente tão louca que poderia arranhá-lo. — Pare
com isso.
Ander piscou novamente. Ele ainda estava apoiado sobre ela. Seu pênis
saciado ainda não havia deslizado totalmente de dentro dela, e ela sentiu um jorro
de líquido onde se juntavam.
— O quê?

— Eu disse para parar com isso. — Ela tomou seu rosto nas mãos, na
tentativa de fazê-lo entender. — O seu papel aqui não é o de me agradar. Apenas
tire isso da sua cabeça. O seu papel é o de estar comigo. Nós agradarmos um ao
outro. E nunca mais aja como se eu estivesse esperando um certo tipo de
performance. Você não é mais aquele homem. Não é desta maneira que estamos
juntos agora. Então, pare.
Ander olhou para ela por um longo tempo, e ela viu algo rasgar em sua
expressão. Então, sua boca começou a se contorcer na expressão que ela tanto
amava.
— Certo — ele murmurou. — Eu acho que você se fez clara.

Ela o puxou para um abraço.


— Foi incrível, Ander. Verdadeiramente incrível. Melhor do que... do que
qualquer coisa.
— Sim — ele respirou, pressionando beijos em seu cabelo. — Para mim
também.
Eles ficaram entrelaçados e beijando-se por vários minutos, até que Lori
sentiu uma sensação inexplicável entre suas pernas.
— Oh — ela suspirou, empurrando os lábios para longe dos dele e tentando se
concentrar no que sentia.
Ander murmurou:
— Hmm? — Quando colocou uma mão entre seus corpos para apertar-lhe o
seio.
— Você está ficando duro novamente. Isto foi rápido!

Com os olhos apertados, ele falou com voz arrastada:


— Eu já lhe dei razão para duvidar de meus poderes de recuperação antes.

— Não — ela admitiu com uma risada. — Mas isso parece realmente rápido.
Oba pra mim!
O corpo de Ander tremeu com o riso abafado e ele se inclinou para beijá-la
novamente, sua língua acariciando profunda e avidamente.
Até o momento que ele acabou o beijo, já havia endurecido e preenchido todo
o seu canal molhado e sensível. Ele a ajudou a ajustar as pernas para que elas
ficassem dobradas com os calcanhares pressionandos contra sua bunda.
A posição o afundava ainda mais profundamente dentro dela e ambos gemiam
a cada penetração.
Ander endireitou os braços, desencostando seu peito do dela. E começou a
empurrar com um ritmo agradável e lento. Cada traço de seu corpo enviou arrepios
de sensação de um orgasmo crescendo em seu núcleo.
Enquanto se moviam juntos, seus olhares se seguraram e ela viu tudo o que
precisava saber em seus olhos. Ela não tinha ideia de como tinha ido tão longe sem
ver, sem saber, sem perceber o tipo de homem que Ander realmente era.
Ele não era um homem frio, apesar da pretensão de o ser. Ele era um homem
apaixonado que havia aprendido a não ser.
Mas agora ela via verdadeira paixão em seus olhos, em sua expressão. E
combinava com a profundidade da paixão em seu próprio coração.
Ele movou-se sobre ela ritmadamente até que ela gozou, arqueando-se e
ofegando seu nome, e então ele continuou empurrando com uma ternura profunda,
nua, até que ela sentiu seu corpo apertar-se mais uma vez.
Afogada em sentimento – tanto emocional quanto físico – a ironia de Lori
veio para salvá-la. Uma faísca de memória a inspirou a ajustar suas mãos para que
se agarrassem aos seus ombros.
Então ela começou a deslizar os dedos de uma das mãos em seu ombro, numa
rápida sucessão de leves tapas.
O ritmo de Ander vacilou e ele piscou atordoado. Ela poderia dizer a partir da
tensão em suas feições que ele estava perdendo o controle.
Isso só melhorou a situação.
— Você vai deixar essa passar? — ela perguntou, sem fôlego, mas com a
acidez característica. — Eu pensei que isso tinha sido o que você mais gostou.
Ela bateu os dedos um pouco mais, embora tivesse certeza de que gozaria
com apenas um pouco mais estimulação.
O rosto de Ander se transformou com a realização do que ela estava fazendo
e os cotovelos dobraram. Ele balançou contra ela, ofegando em sua diversão
enquanto seus quadris se moviam em deliciosos impulsos involuntários.
Foi tão bom – tão cheio de memórias – que Lori choramingou de prazer, o
orgasmo começando a apertar.
— Porra, Lori. — Ander ofegou, seu corpo ainda tremendo, impotente. Ele
parecia estar rindo e fazendo amor com ela ao mesmo tempo. — Você é incrível.
— Você tamb... — A espinha de Lori foi arqueando quando o clímax atingiu
seu auge, espasmos de sensação pulsavam em ricos tremores através de seu corpo.
— Oh Ander! Ah, sim!

Ander soltou uma exclamação, seu tesão descontrolado agora, e investiu


contra as contrações do orgasmo dela enquanto construia sua própria libertação.
— Lori — ele grunhiu, soando primitivo quando abaixou a cabeça, claramente
no limite de seu controle. — Lori, querida.
Lori engasgou freneticamente enquanto descia, amando a sensação de seu
abandono selvagem.
— Ander — ela respirou, cedendo ao irresistível desejo de cravar suas unhas
na parte de trás de sua cabeça.
Ander soltou uma explosão de ruídos quando congelou no limite de seu
clímax, seus traços retorcidos em prazer controlável.

Em seguida, sua pélvis bateu e se contorceu contra a dela e ele revirou os


quadris com a avalanche de sensações. Ele abaixou a cabeça enquanto seu pau
pulsava dentro dela.

— Eu te amo, te amo, te amo, te amo, te amo.

As palavras foram murmuradas, arrancadas dele sem pensamento consciente,


e liberadas com sua última respiração. Elas lavaram Lori, enchendo-a com uma
satisfação que nunca havia experimentado antes.
Tudo parecia tão natural, até mesmo a repetição, fazendo com que parecesse
muito mais real – tanto que ela levou um minuto para processar o que ele havia
dito. Seu corpo foi amolecendo acima dela e ela quase deixou de respirar quando a
percepção se prendeu a ela.
Ela endureceu debaixo dele.

— O quê?

— Isso é o que você chama de sexo — Ander murmurou com carinho,


beijando o lugar em seu ombro onde ele havia mordido anteriormente. — Eu
pensei que tivesse te ensinado isso há um ano.
Lori sufocou o impulso de rir de sua sagacidade. Ele não deve ter percebido
que ela o ouvira dessa vez. Mas ela ouvira. Ele não tinha sido capaz de se conter,
como sempre fazia, e ela havia se recuperado o suficiente para registrar as palavras.
— É isso que você diz quando goza? — Ela perguntou, ansiosa. — Eu te amo?

Agora Ander enrijeceu.

— É isso que você diz? — Ela exigiu, agarrando seu rosto para olhá-lo nos
olhos.
Depois de uma pausa tensa a expressão Ander relaxou.

— Foi isso o que eu disse dessa vez.

Ela olhou para ele com desconfiança.

— E em todas as outras vezes que você não me contou?

— Só bobagem — ele disse, com veracidade impressionante. — Eu disse para


você não prestar atenção.
Com as batidas de seu coração tão selvagens quanto os sentimentos dentro
dele, Lori implorou:

— Ander, me diga a verdade. Você me ama?

Sua boca torceu mas ele não desviou o olhar neste momento.
— Sim. Você não sabe disso?

— Bem, eu pensei que era provável... — Ela engoliu. — Mas você não havia
dito isso antes. Você realmente deflagra palavras quando goza?

— Há algo de errado com isso?

Ela riu.
— Certamente que não. Eu só não achava que você fosse tão clichê. — Antes
que ele pudesse se eriçar, ela disse: — Eu também te amo. Você sabe disso, né?

Algo profundo e quente se acendeu em seus olhos.


— Eu pensei que provavelmente amava. Por que mais você namoraria com
seu gigolô?
Rindo, ela o puxou para um abraço. Ela só se divertiu com o sentimento
pateta por um minuto antes de uma faísca de curiosidade a levar a perguntar:
— Mas sério, Ander. É isso o que você diz quando goza? O tempo todo? —
Sua voz se quebrou com a possibilidade.
— Obviamente, eu não disse isso no começo. — Quando ela olhou para ele,
Ander admitiu: — Sim, foi o que eu disse. Por muito tempo.

— Você me amou? — Ela respirou, levada por uma onda de temor. — Mesmo
naquela época? Antes que houvesse qualquer... qualquer esperança?

Ander engoliu em seco.


— Eu sabia que sentia por você de uma maneira que nunca havia sentido por
ninguém antes. Sexo nunca significou nada para mim – exceto para negócios –
antes de você. Eu nunca tive relações sexuais que envolvessem qualquer
sentimento. Nunca tive relações sexuais sem preservativo antes de hoje. Nem uma
única vez em toda a minha vida. E você foi o despertar de emoções que eu nunca
havia experimentado. Eu queria estar com você, te proteger, cuidar de você. Eu não
sei se era amor na época, mas não sei do que mais poderia chamar.
Para sua mortificação, os olhos de Lori queimaram com lágrimas. Ela fungou
um pouco e tentou suprimir o desejo ridículo de chorar.

Ander olhou para ela por alguns instantes. Então, se inclinou para murmurar
em seu ouvido.
— Tente lutar contra isso, Lori. Não devemos nos tornar melosos.

Então ela riu em vez de chorar, apertando-o em seus braços e se perguntando


como podia ter escrito romances sem realmente entender o que era o amor.
Eles ficaram na cama toda noite e todo o dia seguinte, cochilando um pouco e
acordando para fazer amor ou para conversar ou apenas para se manterem em um
abraço íntimo.

Era tudo novo. Para os dois. Não importava que experiências esse amor
trouxesse para eles.

Em um momento, no dia seguinte, Ander inquiriu, seu tom um pouco tímido:


— Quando você soube que me amava?

Lori podia ver agora um caminho que conduzia para fora deste momento –
repleto de dia após dia de novas experiências e antecipações, que eles poderiam
viver juntos.

Então, ela sorriu e disse-lhe a verdade.

— Quando eu o demiti.
.Epílogo.

— Não se atreva — Lori disse entredentes enquanto arrumava seu cabelo em


frente ao espelho do banheiro das mulheres em um elegante restaurante.
Sabrina deu-lhe uma piscadela antes de aplicar uma nova camada de batom
em seus lábios carnudos.
— Eu não ia dizer uma palavra.

— Sim, você ia. Eu posso ver você transbordando com o desejo de fazer
comentários sarcásticos sobre Uma Linda Mulher ou Muito bem Acompanhada.
Com um longo suspiro e um olhar cintilante, Sabrina murmurou:

— Dermot Mulroney é quente.

Lori não pode deixar de rir.

Vendo que a prima estava desprevenida, Sabrina atacou para matar.


— Mas tem que se admitir que vocês dois são a coisa mais doce — ela
declarou com doçura exagerada. — Você deve escrever um romance sobre isso. A
Virgem e o Gigolô.
Suas bochechas aqueceram a despeito de seus melhores esforços, Lori
silenciou Sabrina e abaixou-se para verificar sob as portas e se certificar de que
ninguém as estava ouvindo.
— Pare com isso. Nós não somos assim. Eu não sou mais virgem. E ele não é
um gigolô.
— Eu sei. Mas é engraçado. E isso prova que eu estava certa o tempo todo. —
Antes que Lori pudesse fazer nada mais do que rosnar, Sabrina continuou: — E
não pense que eu não percebi como vocês dois não conseguem manter suas mãos
longe um do outro. Ele estava tateando sua coxa sob a mesa.

O rubor de Lori se aprofundou e ela fingiu procurar o gloss em sua bolsa.

— Ele não estava tateando — ela insistiu com indignação, mas não totalmente
honesta. — Nós apenas não nos vimos muito ultimamente.
— Vocês vivem juntos.

— Eu sei. — Seis meses atrás, Lori havia se mudado para o apartamento de


Ander. Apesar de seu antigo apartamento ser maior, Ander era realmente ligado ao
dele. Lori havia aprendido a amá-lo também. Além disso, ele estava a uma curta
distância da universidade, o que tornava mais fácil para ele chegar às aulas. E Lori
poderia escrever em qualquer lugar.

Lori passou a explicar:


— Mas ele se enterrou nos estudos para passar nos exames de qualificação por
meses e nas duas últimas semanas ele esteve na biblioteca quase constantemente.
Agora que acabou, ele pode realmente relaxar e podemos passar mais tempo juntos.
Sabrina deu-lhe um olhar dúbio.
— Você está tentando me convencer de que vocês dois não transavam há
meses?

— Não meses. Algumas semanas. Mas ele fez, tipo, três anos de pós-
graduação em menos de dois, e está obcecado com estudar. Então, nesses últimos
meses, antes dos exames, não passamos tanto tempo juntos como normalmente.
Quanto mais se aproximou de Ander, mais ela aprendeu sobre a raia obsessiva
em sua natureza. Ela sabia que ele era meticuloso, determinado e assíduo no seu
compromisso com o trabalho. Mas agora que ele estava fazendo algo em que
poderia derramar todo o seu coração, ele era extraordinariamente regido. Às vezes,
ela tinha dificuldade em fazer com que ele comesse, dormisse e relaxasse. Ela havia
decidido que cuidar dele era seu dever e prerrogativa especial, e tinha encontrado
várias estratégias para distraí-lo de seu trabalho.

Somente nas duas últimas semanas estas estratégias haviam falhado.


Ela sabia agora que ele tinha passado com sucesso nos exames de qualificação
para a graduação e agora que estava começando sua tese ele voltaria para um
horário mais normal.
— Portanto, esta noite é a grande noite? — Sabrina perguntou com um sorriso
azedo. — Noite de sexo em pauta?
— Eu não vou dar detalhes — disse Lori, encontrando os olhos de sua prima,
sem vacilar. Depois de tanto tempo desse tipo de coisa, ela não era mais acanhada.
— Portanto, nem sequer tente pescar nossos planos.

Sabrina resmungou baixinho quando fechou sua bolsa.


***

Lori e Ander estavam deixando o restaurante depois de terem se despedido de


Sabrina e seu acompanhante quando uma mulher, esperando por uma mesa,
chamou o nome do Ander.
O rosto dele não mostrou nenhuma reação quando a mulher – de uns 30
anos, cabelo escuro e um expressão direta – veio correndo sobre seus saltos
altíssimos. A mão dele estava em volta de Lori, e eles estavam andando bem juntos.
Ela sentiu quando Ander enrijeceu.
— Ander — a mulher disse com um largo sorriso. — Como tem passado? Já
fazem séculos!
— Eu estou bem, Becka. — Ander disse educadamente. Então, ele sorriu para
a mulher.

Lori prendeu a respiração.


Ela conhecia o sorriso. Não o havia visto em quase dois anos. Polido. Sensual.
Infinitamente ensaiado. O sorriso habitual de Ander para suas clientes.
O que significava que essa mulher havia sido uma das clientes de Ander.
— Você está muito bem — disse Becka, os olhos rastejando sobre o corpo de
Ander de uma forma que fez Lori querer arrancar seus olhos fora. — Você está
muito mais bronzeado do que costumava ser.

Ele estava. Fazia dois meses que ele havia voltado de seu mais recente projeto
de campo, mas ainda não tinha perdido todo o bronzeado. Esta noite, ele estava
vestido de preto, e Lori pensou que ele era o homem mais bonito que ela já tinha
visto em sua vida.

— Eu passei parte do verão em uma ilha grega.

Para evitar ficar separada dele por dois meses durante o verão, enquanto
Ander estava em outra escavação, Lori havia alugado uma casa na ilha. Embora ele
tivesse ficado ocupado durante os dias, foram capazes de passar muitas noites
juntos. Lori havia começado um novo romance na ilha e Ander havia, alegremente,
ignorado todas as provocações que recebeu de seus colegas sobre suas condições
luxuosas de vida.
— Que decadente — disse Becka, voltando seus olhos para Lori com óbvia
curiosidade. — Eu ouvi dizer que você estava aposentado.

— Eu estou. — Ander reposicionou sua mão para o final das costas de Lori.
— Esta é a minha namorada, Lori.

— Prazer em conhecê-la — disse Becka distraidamente, os olhos voltando


para Ander, percorrendo seu rosto e corpo, como se ainda tivesse o direito de olhar
lubricamente para ele. — É muito ruim que tenha se aposentado. Você era o
melhor.
Lori havia permanecido firme desde a saudação inicial, mas agora estava tão
tensa que quase tremia. Ela fechou suas mãos em punhos para não esmagar a
mulher e livrar seu rosto daquela expressão presunçosa. Estava sendo bombardeada
com imagens de Ander fodendo Becka até ela gozar e gozar, e gozar novamente.
Ander murmurou palavras de despedida e depois guiou Lori fora do
restaurante, usando a mão em suas costas, tanto para força quanto para apoio.
— Ela sempre foi detestável — Ander disse quando eles saíram do edifício e
começaram a descer a calçada movimentada.

Suas palavras não ajudaram Lori a se sentir melhor. Ela agora estava
imaginando como Ander deve ter se sentido, pecisando satisfazer sexualmente uma
mulher mimada e detestável como Becka.

— Você está bem? — Ele murmurou, os olhos observadores estudando seu


rosto.
— É. — Ela deu-lhe um sorriso tão largo quanto conseguiu. — O jantar foi
divertido.
— Você se sente bem fazendo qualquer outra coisa hoje à noite?

— Claro — ela disse — Se você quiser.

Com um escrutínio final, Ander concluiu:

— Vamos voltar para casa.

***
Ander estava abençoadamente tranquilo no táxi que os levou para casa. Lori
fez o seu melhor para livrar sua mente das imagens horripilantes, Ander era o
namorado dela agora. Eles estavam totalmente comprometidos, apaixonados e
viviam juntos e ele estava se dando bem em sua trajetória para se tornar
arqueólogo. Se suas palavras e as provas de seu comportamento eram uma
indicação, ele estava mais feliz agora do que jamais esteve em sua vida.

Assim como Lori.

Mas às vezes ela ainda odiava o que ele costumava fazer. Odiava todos as suas
outras clientes. Odiava com cada lampejo de paixão em sua alma.

Não importava o fato de que nunca teria conhecido Ander se ele não tivesse
ido para a sua antiga profissão. Ela ainda odiava porque ele a havia usado para ferir
a si mesmo.

Quando eles voltaram para o loft, Lori pegou uma garrafa de água na
geladeira, tirou os sapatos e enrolou-se no sofá. Ela estava prestes a ligar a televisão
quando Ander sentou-se na mesa em frente a ela e a olhou com reserva.

— O quê? — Ela exigiu, sentindo um pequeno aperto nos nervos.

Às vezes era realmente irritante não ser capaz de manter segredos de Ander.

— Você quer falar sobre isso? — ele perguntou suavemente.

— Não.

— Lori.

— Eu disse que estou bem — ela disse entre dentes: — Eu não gostei de
encontrar aquela cadela, mas não é nada de mais.

Ander levantou as sobrancelhas.

— Eu acho que é sim. Você está prestes a gritar ou chorar.

Ela estava realmente prestes a fazer as duas coisas, então mordeu o lábio e
tomou algumas respirações profundas pelo nariz.

— Lori.

— Pare de tentar mandar em mim — ela retrucou, perdendo a paciência,


quando perdeu o controle de suas emoções. — Eu disse que não queria falar sobre
isso.
— Tudo bem. — Ander se levantou, pegou um livro e começou a ler em
silêncio na mesa.

Dividida entre o alívio e o sentimento irracional e doloroso de ser ignorada,


Lori pensou por alguns minutos, olhando para o aparelho de televisão em branco,
então pegou a garrafa de água.

Porque estava distraída, ela perdeu seu alvo e acabou batendo na garrafa que
caiu no chão, derramando uma pequena piscina de água sobre o piso de madeira e
tapete asiático, antes de Lori a agarrar e colocá-la de pé.

— Merda! — Numa explosão de frustração, ela se levantou para pegar uma


toalha da cozinha.

Ander havia se levantado no primeiro impacto.

— Eu vou limpar.

— Basta sentar-se. — Seu tom era injustamente mal-humorado e parte dela


imediatamente se arrependeu, mas encontrava-se em tal estado agora que seu
arrependimento foi rapidamente reprimido.

Ela voltou com uma toalha e ajoelhou-se no chão para limpar a água.

Ela limpou e limpou e limpou e limpou, a tensão em seu corpo crescendo a


cada esfregar da toalha.

— Lori — Ander começou, muito suavemente, enquanto a observava da mesa.

Por alguma razão, sua gentileza foi o que fez Lori finalmente quebrar. Ela se
endireitou, sentando sobre os joelhos com a toalha molhada em seu colo e explodiu
em lágrimas.

— Oh, Lori — Ander murmurou intensamente, levantando-se e indo em sua


direção.

— Não me toque! — Ela chorou. — Eu não posso... eu não posso...

Ander sentou-se imediatamente ao ouvir suas palavras descontroladas.

— Você não pode o quê? — Perguntou ele com cuidado.

Ela chorou um pouco mais, esfregando o rosto com a toalha. Quando


finalmente conseguiu se controlar, sufocou:

— Eu não quero que você me abrace ou me mime.


— Mimar você?

Com um suspiro e outro confuso limpar de seu rosto, ela disse:

— Eu estou me sentindo espinhosa.

— Eu posso ver isso.

Ela lançou um olhar desconfiado para ele, mas não havia nenhum traço de
humor em seu rosto. Ele parecia mais cansado do que qualquer outra coisa.

— Você quer falar sobre isso agora? — questionou.

— Não há nada para falar. Nós encontramos uma de suas clientes.

— Ex-cliente.

— Ex-cliente. — ela emendou com um revirar de seus olhos. — Você sabe o


que eu quero dizer. Não é nada de mais. Eu vi você com Sarah Jacoby antes.
Lembra-se? Eu mesma era sua cliente.

— Mas, obviamente, ver Becka hoje a incomodou.

A emoção ainda ameaçou transbordar através de soluços. Para tentar desviar


do assunto que a feria e desviar a direção de seu interrogatório, ela perguntou:

— Não te incomoda?

— Sim — disse Ander. Sua voz era calma e sua expressão natural. Apenas seus
olhos eram urgentes, enquanto tentavam cavar a alma de Lori. — Algumas vezes.
Mas eu estava mais preocupado com sua reação. Com razão, ao que parece.

— Eu não tenho nenhuma razão para ficar chateada com isso — insistiu ela,
desejando que pudesse fazer as palavras verdadeiras. — Eu sempre soube o que
você fazia. Eu participei disso. Sabia que você tinha um monte de clientes.

— Tudo isso é verdade — disse Ander lentamente. — Mas elas ainda podem
incomodá-la. — Ele não estava sendo doce e gentil, realmente. Apenas brando e
pragmático.

Lori fungou, tentando dissipar uma súbita e violenta onda de lágrimas.

— Bem, não podem.

— Uh-huh.
Atirando-lhe um olhar feroz, ela murmurou:

— Bem, você não tem que ser arrogante sobre isso. Quantas outras mulheres
estão na minha situação? É... é estranho conhecer as mulheres com quem seu
namorado fodeu por dinheiro.

Ela suspirou e colocou a mão sobre a boca quando percebeu o que havia dito.
Desde que começaram a ficar juntos, ela tinha sido extremamente determinada a
não repreender ou censurar Ander por seu passado. Era pequeno e fútil.

Ander ergueu as sobrancelhas ligeiramente.

— Como você disse, você sabia o tempo todo sobre mim. E entrou nesta
relação sabendo em que estava se metendo.

— Eu sei. Mas saber é diferente de ver.

— E o que você vê?

— Eu vejo aquela... aquela puta! — Mesmo Lori ficou vagamente chocada com
a veemência de suas palavras ásperas. — Aquela puta – olhando-o como se você
fosse um pedaço de carne. Como se você fosse dela para olhar lascivamente e tocar
e... e foder. Isso me deixa doente.

— Eu não sou dela — disse ele. — Eu sou meu. E seu.

— Eu sei disso. — Sua voz falhou por sua forma prática que falar, como se ele
não tivesse nenhuma dúvida. — Mas ela costumava... usar você para...

— Mas não usa mais.

Lori se sentiu como um idiota absoluta, uma bagunça, especialmente em


contraste com a compostura fria de Ander.

— Mas isso... não te incomoda?

— É claro que me incomoda às vezes, mas me recuso a me deixar abater por


causa disso. Eu tenho tomado decisões diferentes. Estou fazendo algo de valor e
cumprindo com o quero de minha vida agora. E vou passar o resto dela com você.
Não tenho nada para reclamar e não vou me flagelar pelo que eu costumava fazer.

Obviamente, as emoções de Lori estavam tumultuadas demais para reagir


adequadamente. Suas palavras a fizeram tão feliz, aliviando algo tão cru e dolorido
em seu coração, que ela começou a chorar novamente.
— Oh, Deus, Lori — Ander murmurou rispidamente, pela primeira vez seu
rosto se contorcendo em preocupação. — Eu sei que é difícil para você pensar
sobre como eu era com as outras mulheres. Mas você sabe que é a primeira mulher
com quem eu realmente estava. Somos iguais nisso. Fui o primeiro para você
também.

— Eu sei — ela borbulhava. — Eu estou bem. Você sabe que não é como se
eu estivesse culpando ou julgando você, não é?

— Eu sei. Claro que eu sei.

— Eu não sei o que deu em mim esta noite. — Ela limpou o rosto mais uma
vez, sentindo-se muito melhor e convencida de que seu choro histérico estava
finalmente sob controle. — Deve ser essa época do mês. Hormônios.

— Pode ser. — Ander inclinou-se na cadeira, olhando fixamente para onde ela
estava ainda caída, seu bonito vestido atrelado ao redor de seus quadris. — Mas eu
sei que às vezes tudo isso ainda a incomoda.

— Sim. E não é só ciúme ou possessividade. Eu simplesmente não consigo


suportar que elas... elas tenham usado você. Que eu tenha usado você.

Ander enrijeceu na cadeira.

— Você nunca me usou ou se aproveitou de mim. Nunca foi assim com a


gente.

Lori sentiu uma onda de ternura com a ardente defensiva em seu tom e
expressão. Ela sabia que era tudo em defesa dela. Mas balançou a cabeça e
concluiu:

— Obviamente os sentimentos se desenvolveram. Mas, Ander, eu te paguei


para fazer sexo comigo.

— Sim, mas nunca foi como com as outras clientes — Ander repetiu,
parecendo irritado e estranhamente rígido. — Nós não éramos assim.

— Eu sei o que você quer dizer. Mas, ainda assim, Ander. Você levou o meu
dinheiro. Eu usei o seu corpo. E eu não posso deixar de desejar que tivesse...
tivesse... — Ela parou. Não tinha como colocar em palavras o que sentia.

Ela não poderia desejar ter feito escolhas diferentes, porque suas escolhas a
levaram a Ander, mas ela sempre estava em conflito sobre como haviam chegado
até ali.
Respirando fundo, ela usou a toalha úmida para esfregar os olhos e o nariz,
tentando limpar a última de suas lágrimas.

Ela saltou quando sentiu uma lufada de ar e ouviu um impacto bem ao lado
de seu quadril.

Então piscou ao avistar um envelope no chão, cheio do que era, obviamente,


dinheiro.

Ofegante, ela se virou para olhar para Ander.

— O quê...

Ander, seu rosto ilegível, estendeu a mão para uma gaveta da escrivaninha,
uma que ele mantinha sempre trancada. Tirou outro envelope e jogou na direção de
Lori.

Algumas notas de cem dólares saíram do pacote quando ele voou, batendo
nas pernas de Lori quando o envelope caiu perto do primeiro.

— Ander — ela suspirou.

Ele jogou outro envelope para ela. Em seguida, outro. Em seguida, outro.
Alguns caíram ainda cheios, enquanto outros se abriram. Envelope após envelope
pousou ao seu redor. Até que o chão estava coberto e ela estava regada com notas
perdidas.

Lori olhou como uma idiota, tonta e desnorteada e encantada no meio de uma
pequena fortuna em dinheiro.

Finalmente, Ander retirou o envelope final. Quando ele pousou, estourando e


derramando dinheiro, ele arqueou as sobrancelhas para Lori significativamente.

— Mas — Lori resmungou, seus olhos e seu coração explodindo de emoção.


— Mas... quantos?

— Todos eles. Desde o início.

— Mas... Você não... — Suas mãos estavam tremendo e não podia recuperar o
fôlego.

— Eu não cai de amor por você naquela primeira vez. Mas algo sobre o
dinheiro me deixou desconfortável. Então, eu não o gastei. Apenas guardei na
gaveta. E então enfiei os outros lá também. Eu não posso te dizer o quanto os
odiava. Às vezes eu me sentava e os encarava. Quando você decidiu sair com
Rothe, cheguei tão perto de queimar os envelopes na minha lareira... Mas, na hora
certa, você me chamou para um novo trabalho. E eu comecei a ter esperanças. Eu
nunca quis o dinheiro, Lori. O sexo nunca foi sobre o dinheiro. Não com você.

— Oh.

Ander estava falando com serenidade admirável, mas agora a boca se torcia
com desconforto.

— Eu abro meu coração e tudo que você diz é 'oh'?

Lori engoliu em seco.

— Eu estou feliz.

Sua boca se contraiu.

E, para o momento, tudo estava bem.

Ela estendeu os braços para ele.

— Você pode, por favor, me beijar agora?

Com uma exclamação gutural, Ander moveu-se rapidamente para o chão ao


lado dela. Ele tomou-a em seus braços, e seus lábios se encontraram com paixão,
necessidade e ternura.

O primeiro beijo foi mais sobre extravasar seus sentimentos do que qualquer
outra coisa. Mas, eventualmente, tornou-se mais profundo, com Ander acariciando
sua boca com a língua e Lori esfregando os seios ansiosamente contra seu peito.

E antes que ela percebesse estava deitada de costas no chão, sobre a madeira
abençoadamente suavizada pelo tapete asiático, os envelopes dispersos e as pilhas
de dinheiro ao seu redor.

Ander estava sobre dela, estimulando seu centro com a protuberância de sua
ereção crescente. Sua boca passeou ao longo do pescoço elegante, enquanto suas
mãos acariciavam seu corpo com indecente direito de posse.

Lori gemeu quando a excitação a invadiu, mais rápido do que ela teria
esperado, depois de sua recente enxurrada de emoções. Mas haviam se passado
duas semanas desde que ela tinha feito amor com Ander e seu corpo ansiava pelo
toque dele.
Seu rosto se direcionou para baixo e ele mosdiscou seu colo em torno do
decote de seu vestido, ajustando o mamilo ereto com o indicador e o polegar
através do tecido fino.

Ela suspirou e se moveu agitadamente devido ao choque de prazer. Então, ele


fez de novo e ela gemeu. Ele agarrou o seio na boca e vibrou a língua ao redor de
seu mamilo sensibilizado fazendo-a miar, impotente.

Enquanto ele provocava seus seios, ela acariciava seu couro cabeludo
suavemente, sabendo o quanto isso o excitava.

— Oh, Lori, eu te amo — Ander murmurou contra seu peito, deslizando as


mãos para acariciar a linha de seus braços nus. — Tão bonita. Tão doce. Eu sempre
quero muito você.

— Eu também — ela ofegou, já tinham ido longe demais para uma conversa
prolongada. Seu corpo se contorcia embaixo dele, desesperada por fricção, por
libertação. — Ander, eu também.

— Você está pronta para mim, baby? — Perguntou ele, deslizando a mão sob
a saia e entre as pernas dela. Ele encontrou sua entrada quente e inchada com
bastante facilidade.

Ela não estava usando calcinha.

— Oh, porra — ele rosnou, seus olhos inflamandos com possessividade


ardente. Ele penetrou com dois dedos, espalhando sua umidade e metendo
deliciosamente contra suas paredes internas.

Lori estava esticada como um gato e gemeu novamente, os olhos meio


fechados com as sensações que sentia com sua massagem íntima.

Ela miou de decepção quando ele retirou os dedos.

— Desculpe. Já faz um tempo e não sei o quanto vou aguentar.

Sorrindo para ele com carinho sensual, Lori sentou-se e estendeu a mão para
sentir-lhe a virilha. Esfregou a protuberância dura até Ander deixar cair a cabeça
para trás e gemer.

Encantada com essa reação, Lori teria continuado, mas Ander se recuperou o
suficiente para levá-la pelos ombros com facilidade até o chão, e gentilmente virá-la
de bruços.

Ander amava essa posição, e Lori também era muito apaixonada por ela.
Olhando-o para com tanto amor e desejo por sobre o ombro, ela viu quando
ele desabotoou a calça e libertou seu pênis.

— Sentindo-se como um homem das cavernas hoje à noite? Ou você ainda


insiste que é imune a tais impulsos primitivos?

Ele atirou-lhe um olhar quente, divertido, apesar da tensão em seu rosto.


Então montou sobre suas pernas, empurrou a saia para descobrir seu traseiro e
levantou seus quadris, até sua entrada estar exposta.

Lori se apoiou nos braços e soltou um suspiro de alívio quando ele empurrou
sua ereção no canal molhado e flexível.

Ander exalou também, sua respiração quase enrouquecida enquanto eles


ajustavam o ritmo da penetração. Então, ele se inclinou e disse em seu ouvido:

— Mim homem grande e forte. Mim tomar mulher por trás.

Pega de surpresa, Lori caiu na gargalhada ondulando seu corpo que tremia sob
as vibrações que eram deliciosamente espalhadas por seu corpo.

— Eu sabia que havia um homem das cavernas em algum lugar.

Como estava olhando para trás enquanto ria, ela viu seu olhar assumir uma
nova intensidade, uma profundidade que a deixou sem fôlego.

— Eu te amo, Ander — ela sussurrou, esticando o pescoço para trás para um


beijo.

Seus lábios encontraram os dela e eles se beijaram profundamente em meio à


frenéticas investidas.

Então, eles fizeram amor em um chão repleto de envelopes descartados e


milhares de dólares em dinheiro.

Eles se beijaram por um longo tempo, os quadris Ander movendo-se com


curtas e rítmicas penetrações. Mas logo o estímulo e as emoções se uniram
poderosamente, e era tão bom que ela teve que se conter para não gritar.

— Oh, Deus — ela ofegou — Oh, Ander. — Seu corpo começou a tremer
com o orgasmo iminente.

O ritmo dele se intensificou, como se em resposta a prazer atrelado. Ele bateu


a pélvis contra seu traseiro com velocidade acelerada, seu pau deslizando
fluentemente em seu interior apertado e aquecido.
— Porra, Lori. Eu te amo. Goze para mim, amor.

Suaves e soluçantes sons saiam de sua garganta enquanto ele trabalhava em


direção ao clímax. Ela foi lavada com ondas alternadas de calor e de frio quando
sua visão começou a desfocar.

Cada um de seus nervos tensos conectados com seu ponto G e ele começou a
grunhir, liberando sua própria necessidade.

Ele abaixou a cabeça novamente e jogou-lhe o cabelo para baixo. Em seguida,


mordeu o espaço entre seu ombro e pescoço.

— Ander — ela engasgou, seu corpo apertando-se brutalmente antes de ser


lançado em ondas de sensação. Ela cavalgava ansiosamente em torno de seu pênis
durante o clímax, prolongando a duração dos espasmos.

Assim, quando seu canal apertou o cerco em torno dele, Ander soltou uma
rouca explosão de murmúrios. Seu movimento tornou-se irregular, desajeitado,
descontrolado, quando empurrou dura e rapidamente.

Ela encontrou energia para virar a cabeça para trás e assim poder vê-lo de
novo, amava a visão de sua mal contida paixão, o rosto torcido pelo esforço, os
olhos cheios de ardor. Seu amor óbvio e necessário por ela a afetava tanto que
outro clímax se formou sem aviso prévio.

Ela brandiu, impotente e Ander congelou por um momento em seu interior.


Então, ele gozou em uma série de contrações musculares e torções, murmurando
uma exalação longa e espessa de:

— Eu te amo, te amo, te amo, te amo, te amo.

Ouvindo as palavras Lori também gozou. Seu corpo convulsionando com


outra rodada de espasmos, e desta vez ela gritou seu prazer.

Eles vibraram juntos até que, finalmente, caíram e ficaram recolhidos no chão.

O corpo de Ander era quente e pesado em cima dela, a barriga de Lori estava
pressionada contra o tapete, algumas notas de cem dólares que aderiram à sua pele
úmida. Mas ela não queria se mover.

Ele pressionou beijos ocasionais no local onde havia mordido, murmurando


palavras carinhosas.

Seu corpo foi relaxando deliciosamente, e ela podia sentir o amolecimento de


Ander também. E, finalmente, o desconforto a venceu.
Ela o cutucou até que ele aliviou o peso. Mas, em vez de se levantar, ele
apenas rolou os dois de lado de forma que ele pudesse encaixar-se atrás dela.

— Você está bem, querida? — Ele perguntou baixinho, inalando contra seu
cabelo, como se a estivesse cheirando.

— É. — Ela sabia do que ele estava falando. — Nós não dissipamos todos os
nossos problemas, mas estamos indo bem.

Distraidamente acariciando sua barriga sobre o tecido do vestido, ele disse.

— Eu também penso assim.

— Desculpe a crise de mais cedo.

— Não peça.

— Pelo menos, ela levou à descoberta de todo esse dinheiro que você vinha
escondendo. — Lori riu, sentindo-se absurdamente atordoada. — O que devemos
fazer com tudo isso?

— Gastá-lo, eu acho. — Beijou seu cabelo algumas vezes. Em seguida,


acrescentou, quase com timidez: — Talvez devemos usá-lo para comprar um anel
de noivado.

Lori respirou um pouco, mas conseguiu não endurecer. Seu coração batendo
descontroladamente quando murmurou:

— Você tem alguma ideia de quanto dinheiro há aqui? Se gastar tudo em um


anel, eu não seria capaz de levantar a minha mão.

Ander riu.

— Então, um anel de noivado, anéis de casamento, uma cerimônia e uma lua


de mel.

Tentando conter o sorriso, Lori disse:

— Isso provavelmente pode cobrir tudo.

A mão dele pressionou-lhe um pouco a pele da barriga.

— Lori?

— Sim.
— Pode ter sido indireta, mas foi uma proposta.

— Foi? — Ela ainda tentou manter um tom leve, mas seu sorriso explodiu em
uma chama de alegria.

— Sim — ele disse, parecendo irritado. — Foi.

Os risos se propagaram quando ela virou-se de frente para ele.

— Sim, eu vou casar com você, seu bobo.

— Oh. — Ander piscou. — Bom.

Ela o abraçou e levou apenas alguns segundos para ele estar abraçando-a de
volta. Em seguida, eles ficaram por um longo tempo, meio vestidos e emaranhados
no chão, em meio a uma felicidade embaraçosa que não se desvaneceu mesmo uma
hora depois.

Lori havia acabado de fazer a sua pequena e irresistível rotina tapinha-no-


ombro – sentindo que agora era o momento apropriado – e Ander havia rido com
delicioso calor, quando ela se ouviu murmurando tolamente:

— Eu adoro a forma como você ri.

Os olhos azul-acinzentado de Ander ficaram mais brandos do que ela teria


acreditado ser possível quando ela o conheceu no café e pensou que ele fosse o
homem o mais bonito que ela havia visto, sobrecarregado com o peso de sua
experiência.

— Você deveria. Foi você quem me ensinou.

Sentindo-se esmagadoramente sentimental, Lori tentou temperar a conversa


com um sotaque irônico.

— Será que fui eu? Bem, eu tenho que admitir. Você me ensinou a ter relações
sexuais, a como ter um orgasmo, como usar meu vibrador de forma eficaz, como
usar dezenas de posições sexuais, como fazer um boquete e como patinar no gelo.

Ander balançou a cabeça, seus lábios se contraindo um pouco.

— Lori, você está falando sério? Você me ensinou a estar genuinamente com
alguém, a gostar de sexo, a expressar emoção, a como valorizar a mim mesmo,
como sentir, como amar, como confiar. Como viver. Você nunca vai ganhar este
jogo.
A boca dela se separou quando olhou para o rosto dele, a poucos centímetros
de distância. Quando ela finalmente conseguiu engolir o nó que estava preso na
garganta, ela sussurrou:

— Bem, talvez nós tenhamos ensinado um ao outro.

— Talvez.

Eles se beijaram novamente até que Lori começou a se sentir sonolenta. Em


seguida, ela aconchegou-se contra ele e acariciou a parte de trás de sua cabeça.

— Agora nós começaremos a ensinar um ao outro como se casar.

Era um sinal claro de que ela havia sofrido uma sobrecarga de sexo, quando
ela nem sequer pensava que soava estúpida.

— Hmm — Ander concordou, acariciando seu cabelo. — E então, mais tarde,


talvez possamos ensinar um ao outro como ser pais.

— Sim — ela murmurou. — Todos os tipos de coisas para aprender. Estou


contando os minutos para isso.

Então, ela processou exatamente o que Ander havia acabado de dizer.

Lori engoliu em seco.

— Eu acho.

.Fim.

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