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Escorted - Claire Kent
Escorted - Claire Kent
Gênero: Contemporâneo/Adulto
Ela o contratou para tirar sua virgindade... Mas agora ela quer muito mais
Lori podia ser uma romancista famosa, mas nunca foi nada além de um fracasso com
relação a sexo e amor em sua vida pessoal. Ainda virgem aos vinte e seis anos e cada vez mais
frustrada com sua inexperiência, ela decide resolver o assunto com suas próprias mãos e contrata
um talentoso e sexy acompanhante para cuidar de sua inconveniente virgindade.
Ela presume que uma noite com Ander será suficiente, mas nunca imginou quanto prazer
ele poderia fazê-la sentir. Uma noite não foi suficiente. Duas noites não foram suficientes, e logo,
ela se torna uma de suas clientes regulares.
Lori sabe que nada seria tão tolo quanto se apaixonar por seu acompanhante pago, mas ela
nunca foi sábia com seu coração. E, apesar de seu profissionalismo, ele não parece totalmente
imune a ela também.
Envio: Soryu
Tradução: Cartaxo
Inicial: Isaa
Final: Renata Moraes
Leitura e Formatação: Chérie
.Um.
— Não, eu lhe falei. Ele só deve aparecer às três horas, ainda tenho quinze
minutos.
— Porque estou morrendo aqui! Você tem que me ligar assim que acabarem.
— Bem, você vai pagar a ele um monte de dinheiro. Com certeza é melhor
que seja divertido para você.
Para sua mortificação infinita, Lori corou e sentiu seu rosto queimar, mesmo
sentada sozinha na mesa de um café lotado. Ela murmurou algo incoerente e
Sabrina gargalhou.
— Lori...
— Nós temos brigado cada vez mais por causa disso, Sabrina — Lori
interrompeu. — Temos que discutir tudo novamente?
Lori havia passado pela escola e faculdade sem fazer sexo, principalmente
porque foi inutilmente apaixonada por seu melhor amigo – um jogador de futebol
doce e adorável – por todos esses anos. Mas ele nunca se interessara por ela nesse
sentido. Assim como nenhum dos caras, remotamente atraentes, que encontrou
desde então.
Ela teve encontros, claro, mas nunca havia chegado tão longe ao ponto de
irem para um quarto. Nos anos seguintes, mesmo após ter percebido que seu amigo
não era o homem certo para ela, acabou amadurecendo gradualmente, mais e mais
consciente de sua inexperiência sexual. E isso só piorou quando ficou mais velha e
todo mundo achou que ela tinha uma vida social típica. Mas exatamente pelo fato
de ser tão autoconsciente, continuou empurrando os homens para longe. Ela se
sentia presa em um ciclo implacável e não sabia como se libertar.
— Fiquei pensando sobre isso por meses. O que me impediu de ficar perto de
qualquer um, mesmo dos poucos homens que pareciam ligeiramente interessados.
Ele era muito jovem para ser tão completamente sem cabelo, trinta e poucos
anos, no máximo. Talvez tenha raspado a cabeça. Seu corpo, alto e magro,
moldava-se com poder e graça à calça preta e camisa cinza que pareciam caras. Um
empresário, talvez, embora não carregasse uma maleta. Havia algo nele que a atraía
– além de sua aparência física. Seus braços estavam cruzados e os olhos percorriam
o ambiente preguiçosamente enquanto esperava pelo café. Sua expressão era
friamente confiante.
Ele parecia experiente, ela percebeu. Como se tivesse vivido uma vida plena e
complexa antes mesmo de chegar aos 35 anos. Ela se perguntou como seria se
casar com tal tipo de homem – ter o peso daquela experiência na mesa da cozinha
todas as manhãs e em sua cama todas as noites.
Ela decidiu que o herói de seu próximo romance seria carregado desse tipo de
experiência profunda.
E ele seria completamente careca.
Olhando para o relógio, ela percebeu que se passaram apenas alguns minutos
das três horas. Certamente esse cara não se atrasaria para o encontro com um
cliente em potencial.
Ela estava olhando para a entrada com a expressão meio irritada quando uma
voz a tirou de sua impaciência.
— Lori.
— Você é Lori?
— Eu sou Ander.
Ela queria ter uma conversa casual e estava realmente curiosa, desde que
Sabrina colocou esse nome na frente dela como um candidato adequado.
A boca de Ander inclinou-se para um lado.
Parecia uma questão pessoal, neste contexto, mas ela sempre foi muito
curiosa.
— Ander sim, mas meu sobrenome foi alterado. — Ele deu uma risada seca
que ela achou extremamente atraente. — Para proteger os inocentes.
Ela riu silenciosamente, instintivamente agraciada pela agudeza. Sua resposta
foi muito inteligente – ele permaneceu ambíguo quanto a quem, na questão, era o
inocente.
— Então, você foi nomeado assim por causa de Alexandre, o Grande, ou
Alexander Graham Bell?
Ele deu-lhe um olhar curioso, como se estivesse levemente surpreso com suas
perguntas curiosas. Mas antes que ela pudesse começar a se conscientizar de que
aquele comportamento poderia ser inadequado para reuniões como esta, ele disse:
— O Grande. Meu pai nunca chamaria uma criança por causa de alguém tão
inócuo como um inventor, por mais brilhante que o inventor tenha sido.
— Eu suponho que seu pai deve ser especialmente orgulhoso de você, então
— ela disse com ironia, e soube – assim que as palavras saíram – que o comentário
fora muito presunçoso para um primeiro contato. Ela mordeu o lábio e sentiu uma
pontada de culpa e vergonha.
Para seu alívio, Ander não parecia ofendido. Ele apenas olhou ao longe e
murmurou:
— Sim, eu sou capaz de entender os serviços que oferece e o que cobra por
eles — disse ela, seu tom um pouco impertinente.
A boca dele se contraiu, tão levemente que ela quase não percebeu.
— Ótimo. Eu só queria deixar claro que está pagando por toda a noite,
usando ou não. Não cobro por hora.
Por alguma razão, seu tom seco a fez querer rir novamente. Ela sufocou, no
entanto, para o caso de ele confundir com escárnio.
— Entendido.
— Nós podemos fazer o que quiser durante a noite. Eu posso lhe servir de
acompanhante, desempenhar algum papel, caso deseje, ou lhe fazer companhia em
geral. Se você estiver interessada em qualquer coisa sexual vai custar mais.
Lori não podia acreditar que estava sentada ali, no meio de um parque, no
centro de Seattle, tendo uma conversa dessas. Suas bochechas queimaram
involuntariamente, mas ela não estava tão mortificada como esperava. Ander era
tão profissional que ajudou Lori a sentir-se assim também.
— Eu pensei que tinha deixado meus interesses claros quando nos falamos ao
telefone — disse ela.
Ander assentiu.
— É claro. Mas os preços são diferentes para oral em você, oral em mim e
relação sexual completa.
Uma questão que a havia incomodado por alguns dias a levou a perguntar:
— Quem iria pagar tanto dinheiro para que você tivesse um boquete?
Mais uma vez viu uma leve contração em sua boca. Ela não tinha certeza se
isso significava alguma coisa – sua expressão era geralmente tão calma e estoica.
Mas descobriu que sua boca estremecia ocasionalmente; a coisa mais interessante
sobre ele até agora.
— As mulheres têm desejos diferentes quando fazem uso de meus serviços.
Algumas acham que dar é mais emocionante do que receber. Outras querem as
coisas de forma simples e prática.
Lori pensou por um momento. Era algo que ela nunca havia considerado
antes.
— É só uma sugestão.
— Por que é mais caro? — Ela deixou escapar, sua curiosidade mais uma vez
tomando conta.
— É mais íntimo — ele murmurou, pela primeira vez, desviando o olhar. —
De minha parte.
Lori franziu a testa enquanto ponderava sobre aquilo. Quando percebeu que
ele estava à espera de uma resposta à sua sugestão, ela se voltou para o tema em
questão.
— Bem, provavelmente você está certo sobre começar com sexo oral — disse
e acrescentou sombriamente: — Eu gostaria de ter um bom orgasmo pelo menos
uma vez na minha vida. — O dinheiro não era problema para ela. Depois de quatro
romances mais vendidos em três anos, ela tinha mais do que o suficiente.
— Nós vamos fazer o melhor que pudermos — disse Ander com naturalidade.
— Sexta-feira ainda está bom para você?
— Sim.
— A noite começa às sete horas e vai até a meia-noite, a menos que outros
acordos tenham sido feitos com antecedência. Você não quer fazer nada antes?
Jantar talvez?
Para Lori, isso soava absurdo. Ela não estava tentando fazer-se acreditar que
seria um encontro de verdade. Não tinha ilusões sobre o que estava prestes a fazer,
tentar romantizar só deixaria as coisas mais confusas. Mas porque estava
começando a sentir-se realmente nervosa novamente? Ela brincou para quebrar a
tensão:
— Suponho que eu teria que pagar o jantar também.
Ela riu.
— Certo. Eu sei. Desculpe. Isso estava em sua acessível lista de preços e
condições. De qualquer maneira eu não quero perder tempo fazendo nada antes.
— Podemos nos encontrar em sua casa ou em um hotel.
— Um hotel. Posso lhe enviar os detalhes amanhã, depois que tiver feito a
reserva.
— Excelente. — Ander levantou-se e lhe ofertou, mais uma vez, o sorriso
polido e sensual que ele dominava perfeitamente. — Se você tiver qualquer outra
pergunta ou alguma preocupação, sinta-se livre para enviar um e-mail, ou ligar-me.
Lori levantou-se também. Ela teve que olhar para cima, a fim de encontrar
seus olhos.
— Eu acho.
.Dois.
— Boa noite — disse ele com o mesmo sorriso educado e sensual que lhe
endereçara antes. Estava vestido de preto e cinza de novo – esta noite era um
suéter fino cinza carvão com um casaco preto brilhante por cima.
— Oi. Boa noite, obrigada por vir. Entre. — Ela encolheu-se percebendo
como soou estúpida, mas obrigou-se a avançar, mesmo com todo o desconforto.
Afinal, era uma transação comercial, e ela estava pagando muito por esta noite. Não
tinha porque se preocupar se parecia estúpida ou se Ander sabia como estava
nervosa, aquele negócio era seu e ela estava no controle ali.
Foi uma maneira inesperada para começar este encontro, mas ele realmente
deixou Lori mais confortável. Ela sorriu secamente.
— Esta é apenas minha segunda taça, não queria ficar embriagada, mas achei
que um zumbido suave pudesse ajudar.
Ele acenou com outro sorriso, desta vez um pouco menos ensaiado.
— Você quer uma taça? — ela perguntou, sentando-se na borda de uma das
cadeiras ao lado da pequena mesa redonda.
— Obrigado. — Ander sentou-se na outra cadeira e colocou um estojo de
couro preto que carregava no chão a seus pés.
Lori olhou com curiosidade, quando entregou a Ander uma taça de vinho.
Às vezes, quando Lori escrevia suas próprias cenas de amor, ficava excitada.
Estava emocionalmente envolvida com seus personagens e respondia fisicamente
ao prazer que descrevia.
Ander disse que não precisava de nada, mas foi sentar-se no outro lado do
sofá, ele curvou-se um pouco para a frente, esticando suas longas pernas.
— Não pergunte.
Menos de meia hora de filme depois, Lori estava excitada; a essa altura ela
estava realmente gostando desse tipo de filme e pensou que quanto mais excitada
ficasse, melhor. Em certo ponto, Ander olhou para ela e perguntou se ela estava
gostando do filme ou se eles deveriam tentar outra coisa. Ela lhe disse que o filme
era bom, embora estivesse tentada a fazê-lo calar-se pois estava interrompendo uma
cena particularmente boa.
Ele fez um breve som abafado, como se tivesse sufocado uma risada de
surpresa. Então colocou um tubo de lubrificante, dois pacotes de protetores e um
par de preservativos sobre o criado-mudo.
— Eu acho que nós vamos ter que esperar para ver se eu sou presunçoso ou
simplesmente realista.
Sua resposta seca a fez rir um pouco, e foi se juntar a ele ao lado da cama.
Quando olhou de seu sexy e belo homem para a grande cama coberta com um
edredom macio, seu riso mudou para um murmúrio nervoso.
— Você está no controle aqui — Ander disse, segurando seu olhar com uma
expressão fria. — Faremos o que você quiser fazer. Eu posso agir como você
quiser. Diga-me o que quer.
— Eu não quero que você finja ser romântico ou quente para mim ou
qualquer coisa assim. Eu quero que seja... real. Quero dizer, sem fingir que estamos
fazendo algo diferente do que realmente estamos.
— Entendido. Eu posso fazer isso. Você prefere que eu fique com minhas
roupas ou as tire? — Ander falou suavemente, parecendo não notar sua ansiedade.
Ela pensou por um momento, mas sabia que a visão de seu, sem dúvida, lindo
corpo nu, seria o fim de sua coragem.
— Fique com elas.
— E você?
— Luzes?
— Apague.
— Hum.
Ele acenou com a cabeça, como se entendesse o que estava dizendo, apesar de
ela achar que suas palavras soavam um pouco tolas.
— Seria bom — ela acrescentou: — se você pudesse, tipo, me dar algumas
direções.
Quando seu rosto abaixou em direção ao dela, ela colocou a mão para detê-lo.
— Você vai me beijar?
— Sim.
Ele afastou a blusa para expor seus seios, embora estivesse muito escuro no
quarto para vê-los claramente. Em seguida, ele abaixou a boca para capturar um
mamilo.
Lori deu um pequeno gemido quando ele o sugou habilmente e sentiu puxões
correspondentes entre as pernas. Ela se mexeu debaixo dele.
— Deixe-me saber o que você gosta — disse ele, tirando a boca de seu seio
por alguns instantes. — Eu não posso agradar você de outra forma.
— Ah. Eu gosto do que você está fazendo. O que devo fazer com meus
braços? — Parecia que seus braços estavam no caminho e ela não conseguia
descobrir onde colocá-los.
— Agarrar a cabeceira é uma boa solução — disse ele, a nota irônica em sua
voz era reconfortante e familiar. — Ou você é bem-vinda para tocar-me se quiser,
só, por favor, não arranhe minha cabeça.
Ela tentou a cabeceira e meio que gostou da posição, pois levantava seus seios
e não deixava que eles caíssem, estranhamente, para os lados. Se agarrou ainda mais
à madeira quando Ander chupou seu mamilo enquanto acariciava os seios com as
mãos.
Lori se arqueou involuntariamente com o prazer que vibrou daquele toque e
foi se unindo à sua excitação crescente. Percebendo que estava ofegante,
novamente, ela tentou diminuir o ritmo das respirações.
— Está funcionando para você, Lori?
— Sim — admitiu ela com a voz rouca, arqueando-se novamente quando ele
apertou seus mamilos entre os dedos. — É uma sensação muito boa.
Ela tentou fazer o que ele disse e soltar os músculos de seu estômago, mas
não conseguia controlar.
— Vou passar lubrificante na parte posterior da proteção. Ele vai tornar tudo
mais agradável para você — ele explicou. — Mas eu acho que vou usar minha mão
primeiro, se estiver tudo bem para você.
— Sim.
— Ok.
— É muito incômodo?
— Hum. Eu acho que está tudo bem. — Não doeu e não foi desconfortável.
Na verdade, como ele massageou suavemente suas paredes internas, a sensação de
aquecimento e a hábil estimulação causaram ondas de prazer.
— Eu vou usar minha boca agora — explicou Ander, sua voz calma e
confiante na sala escura era absurdamente reconfortante. Ela não podia ver mais
dele do que uma silhueta escura e o tênue brilho de sua pele, além da luz azul do
relógio digital ao lado da cama. — Se eu fizer qualquer coisa que você não goste ou
que faz você se sentir desconfortável, diga-me imediatamente. Eu estou supondo
que você quer fazer o que estamos fazendo até que me diga o contrário. — Ele
deslizou seus dedos para fora de seu canal. — Para começar, eu vou testar para ver
o que você gosta, por isso, se algo parecer particularmente bom, ajuda se você me
disser.
— Tudo bem.
Ela sentiu-o se ajustar mais para baixo – pelo farfalhar do colchão – e ouviu o
que deve ter sido a proteção sendo aberta. Então ela suspirou alto quando sentiu
algo macio e liso tocando-a intimamente.
— Isso é bom — ela engasgou, quando sentiu uma rápida onda de prazer.
Ele brincou com seu clitóris por alguns momentos, até ela se sentir tão bem,
que seus músculos começaram a contrair involuntariamente. Então, ele lambeu sua
entrada e por vários minutos, experimentou diversas técnicas e o efeito geral foi
muito bom. Lori ficou bastante excitada, e logo sua excitação havia se tornado uma
urgência que ela nunca havia experimentado antes.
Então Ander retirou a boca, fazendo com que ela soltasse um miado
decepcionado.
— Sinto muito — disse ele, limpando a garganta quando sua voz saiu um
pouco rouca. — Posso fazer uma sugestão?
— É claro. Eu lhe disse antes que queria algumas direções. Eu pensei que
estava prestes a gozar.
— Eu acho que estava. Mas você está tão rígida que parte do prazer vai ser
engolido pela tensão. Vai ser melhor para você, se conseguir relaxar um pouco
mais.
Ela ouviu um som breve e abafado, mas não podia ver seu rosto, a fim de
interpretá-lo. E quando sentiu os dedos dele, lisos pelo lubrificante e seus por
próprios fluidos, penetrá-la novamente, ela se esqueceu de perguntar sobre o som.
Apesar de suas palavras, ela fez como Ander sugeriu e começou a tomar
respirações lentas e profundas. A pressão erótica voltou com uma velocidade
surpreendente, e então, ele desceu a boca, mais uma vez, para sugar seu clitóris
através da barreira de proteção.
— Continue respirando — ele murmurou mais perto de sua carne.
— Bom — Ander murmurou, esfregando seu clitóris com algo que não eram
seus lábios. Seus dedos mantinham um ritmo constante, acariciando sua passagem
molhada. — Isso é perfeito. Respire mais uma vez.
Ele acendeu a luz do banheiro quando entrou. Ela ouviu a água correndo na
pia. Percebendo que estava deitada meio nua, ela vasculhou ao redor até encontrar
a calcinha e a calça de pijama, puxando-os para si.
Ao voltar, Ander deixou a luz acesa, o que iluminou o suficiente para ela vê-lo
mais claramente quando ele ficou lado da cama. Ao seu olhar interrogativo, ela
admitiu:
— Não acho que estou pronta para o resto ainda.
Ao ver seu perfil, de pé, contra a extensão das janelas, Lori de repente
percebeu o que era. O corte elegante e urbano de sua calça deixava pouco à
imaginação, e ela podia ver, muito claramente, a saliência que havia na frente.
Ele ficou excitado.
Lori piscou e desviou o olhar rapidamente, o rosto queimando com a
percepção. Fazia sentido, supôs. Ele estivera envolvido em uma atividade íntima. E
talvez tivesse algum tipo de programação mental que o preparava para o coito. Não
era assim com todas mulheres a quem dava prazer? Ele tinha que estar ereto, a fim
de fazer esta parte de seu trabalho.
Pela primeira vez, ela foi capaz de segurar a língua rebelde. Não mencionou,
sequer, a piada sarcástica que lhe veio à mente.
Ander sentou-se em uma das cadeiras próximas à mesa e ambos beberam seu
vinho em silêncio por alguns minutos.
— Foi um bom orgasmo — disse ela, finalmente, querendo falar e moldar as
primeiras palavras que lhe vieram à mente.
— Bom.
— Quer dizer, minhas expectativas eram muito baixas. Eu sabia que não ia ser
como uma cena de amor quente de um livro, mas ainda assim foi muito bom. Eu
gostei.
Lori engoliu em seco e olhou para o relógio ao lado da cama, ela havia
acabado de se sentir relaxada com as realizações da noite. E o pensamento de ter
sexo agora fez seu estômago apertar doentiamente.
Ela percebeu que havia feito tudo o que estava emocionalmente pronta para
fazer no momento. Conhecia-se bem o suficiente para saber que se tentasse ter
relações agora iria perder sua determinação e força erótica, e estaria muito assustada
e desconfortável para desfrutar de qualquer coisa.
— Ah. — Ela odiava a ideia de mandá-lo embora quando ainda estava de pé.
— Você pode, uh, tomar um banho ou algo assim, se quiser.
— Pode ir em frente. Eu não vou querer qualquer outra coisa esta noite.
Ela pensou por um momento, levando a oferta a sério. Quantas vezes ela teria
o benefício de um perito?
— Você tem alguma sugestão para eu conseguir gozar de forma mais eficaz?
Ander franziu a testa, mas ela podia dizer que era porque ele estava refletindo
sobre a questão.
— Obrigada — disse ela, sorrindo com surpresa pela oferta. Ela já considerara
essa opção – até encontrou sites discretos através dos quais poderia comprar um –,
mas realmente não tinha certeza de que iria usá-lo. — Com quanto tempo de
antecedência você está reservado?
Obrigando-se a sair da cama ela caminhou até a mesa. Deu o dinheiro para ele
sem encontrar seus olhos e falou:
— Estou ansiosa por isso — disse ela ao vê-lo se dirigir à porta – magro, ereto,
e infinitamente cosmopolita. Calmo e competente. Um empresário de excelência
com um negócio muito particular. Ela se perguntou por que ele era careca. E
também como ele havia chegado a esta linha de trabalho, para começar. Perguntou -
se o que havia acontecendo entre ele e o pai.
Ela não fizera tudo o que tinha intenção de fazer esta noite. Não tinha tido
relações sexuais. Mas tivera um bom orgasmo, o que foi um excelente progresso.
Ela estava bastante satisfeita consigo mesma.
Quando Ander fechou a porta atrás de si, ela percebeu que talvez estivesse,
realmente, ansiosa pelo próximo compromisso.
.Três.
Havia sido uma virgem por 26 anos. E passou muitos desses anos ansiosa
para deixar de ser uma.
E agora, finalmente, ia acontecer.
Quando Ander bateu à porta, ela caminhou até lá para deixá-lo entrar, sem o
mais leve impulso de se esconder no banheiro.
Esta noite, ele usava calças pretas, camisa preta, e um caro sapatos de couro
preto. Ele sorriu para ela, exatamente como ela esperava. Educado, sensual...
Infinitamente prático.
— Olá — ela disse, alegremente, levando-o ao quarto. — Você parece calmo e
furtivo esta noite.
— Furtivo?
Seu tom seco em combinação com a contração atraente da sua boca fizeram
Lori bufar. Quando ele pôs sua maleta de couro na cadeira, ela se moveu para ficar
ao lado dele.
— Que guloseimas que você trouxe hoje?
A primeira coisa que ele tirou de lá foi um vibrador grande e rosa, ainda em
sua embalagem original. Ele o ofereceu a ela.
— Como prometido.
— É claro.
— Ah. — Um pouco surpreendida com a resposta prosaica, ela concluiu: —
Acho que não é estranho, afinal.
— Não é bem assim. É feito para mulheres e não é de mau gosto, mas as
histórias não são tão bem escritas. Foi o melhor que pude encontrar com
empresários mandões. Trabalhadores braçais tendem a ser mais populares, pintores,
carpinteiros, limpadores de piscina, você sabe.
Lori zombou levemente daquele fato inexplicável. Depois, pensou sobre as
implicações do que ele disse.
— Sim. Eu pensei que seria melhor ter um filme curto para esta noite, mas
não tenho nada na minha coleção que iria funcionar.
Olhando para sua expressão, suave e refinada, Lori tentou imaginar Ander
procurando pelas prateleiras ou catálogos on-line para encontrar DVDs eróticos.
— Hoje à noite, você quer fazer as coisas do modo que fizemos da última vez?
Ander se levantou, tirou o filme e foi até a mesa. Ele tirou algumas baterias do
bolso de seu casaco em seguida removeu o vibrador da embalagem. Lori observou-
o deslizar as pilhas no pequeno tubo, e não podia deixar de admirar suas pernas
longas e firmes, a bunda bem delineada. Ela ponderou quantas vezes por semana
ele malhava para esculpir seu impressionante corpo.
— Está tudo bem, se deixar a luz do banheiro acesa? Ainda vai ficar muito
escuro, mas ter um pouco de luz pode ajudar na hora de trabalharmos com o
vibrador.
— Claro. — Ela gostou da profunda escuridão da última vez, mas não estava
disposta a discutir com o que era, obviamente, o bom senso.
Ander pegou o tubo de lubrificante e um par de preservativos em seu estojo
antes de voltar para a cama.
— Você quer se deitar? — Ele perguntou, colocando o vibrador e outras
coisas sobre a mesa de cabeceira e desligando o abajur.
Ander começou a desabotoar sua camisa. Seu movimento era lento, quase
hipnotizante, gradualmente revelando o tórax nu. Quando a tirou de dentro da
calça, deixou-a deslizar com facilidade e sem pressa para o chão. Seu peito era
tonificado e masculino, ela podia ver o contorno dos musculos de seu abdômen e
ombros, mesmo na penumbra da sala.
Ele deslizou seu cinto para fora dos laços vagarosamente. Movia-se de forma
natural, não ostensivamente, mas Lori de repente percebeu que ele estava dando a
ela um pequeno show.
— Oh, não — disse ela, mantendo os olhos arregalados e tentando não olhar
para baixo, para o que se revelava quando a calça se abriu. — Tudo está bem. Você
está fazendo um excelente trabalho.
Ander estreitou os olhos, um pouco desconfiado, antes de deixar a calça cair
no chão, revelando boxers de seda preta e um par de pernas finas.
— Boxers? — Lori perguntou, trabalhando a onda de admiração visceral com
a visão de seu corpo perfeito. — Eu queria saber o que você usava.
Ela fugiu mais para o meio da cama para lhe dar espaço.
— Sim. Obrigada.
Ele lançou-lhe um olhar estranho antes de se posicionar ao lado dela. Em
seguida, pairou sobre ela. Como da última vez, ele começou com alguns beijos na
lateral do pescoço, mas depois começou a roçar os lábios ao longo da linha de sua
mandíbula.
Lori respirou. Logo sua respiração se tornou mais nítida quando ele arrastou a
boca para baixo pousando-a no pulso em sua garganta. Ela sentiu os dentes dele em
sua pele, muito delicadamente.
— Eu vou usar minha mão primeiro, como da última vez — Ander explicou.
Lori deu um aceno de cabeça e, em seguida, olhou para ele, hipnotizada por
seu desejo físico e pela visão do homem praticamente nu tocando sua virilha.
Ander acariciou-a abertamente e não perdeu tempo em deslizar dois dedos em seu
canal molhado e pulsante. Ela arqueou o pescoço e abriu os lábios ante a sensação
da penetração.
— Eu sei — disse Ander em voz baixa. — Mas quando você goza, sua vagina
fica mais estreita. Isso pode tornar a relação mais difícil. Eu sei que todo mundo diz
que no orgasmo você relaxa, no entanto, fica muito mais apertada. Você não
precisa ficar ainda mais apertada. Eu sugiro esperar, mas posso fazer o que você
preferir.
Fazia sentido. Ela certamente não queria tornar a relação mais desconfortável
do que haveria que ser, mas a lógica não ajudava a aliviar a urgência de seu corpo
que agora se contorcia.
Ela deixou Ander assumir o vibrador de novo, e engasgou quando ele o ligou.
As sensações se tornaram tão intensas e tão rapidamente, que ela se arqueou e
agarrou os lençóis.
— Muito? — ele questionou. Ela não podia ver seus olhos, na sala escura.
Assim, não foi possível ler sua expressão.
Ele manteve o vibrador bombeando e pulsando contra seu ponto G até que o
corpo de Lori se contraiu brutalmente e ela ofegou alta e freneticamente.
Lori bufou.
Ela assentiu com a cabeça novamente, engolindo quando ele voltou para a
cama e sentou-se entre suas pernas. Ele era grande. E ela tentou não imaginar
como ele conseguiria se encaixar.
— Acho que é melhor começar com o missionário — disse ele, apoiando-se
em cima dela. — Há uma boa razão para o velho ser o favorito.
— Parece bom — Lori sentiu ondas de calor, que pareciam irradiar de seu
corpo.
— A pressão vai ser desconfortável no início. Não há como evitar, mas você
está muito excitada, de modo que será mais fácil. O desconforto vai ficar muito
melhor uma vez que eu estiver todo dentro de você, tente respirar durante o
processo e não se contraia – faça exatamente como estava fazendo da última vez.
Se estiver muito ruim, me diga e eu vou tirar.
— Tudo bem. — Mais uma vez sentiu que seus braços estavam no meio do
caminho. Acabou colocando as mãos nos ombros de Ander. — Eu estou pronta —
disse ela, respirando profundamente e forçou seus músculos pélvicos a relaxarem.
Ela sentiu a ponta do pênis cutucando sua entrada. Em seguida, cerca de dois
centímetros de penetração. Não foi ruim e ela respirou fundo outra vez. À medida
em que ela relaxava, ele entrava mais alguns centímetros. Mais pressão agora.
— Tudo bem?
— Tudo bem?
— Tudo bem. Eu acho que estou bem. Obrigada por ser tão paciente.
Lori balançou a cabeça, alguns fios de cabelo que se aderindo ao rosto quente.
— Eu me sinto bastante decente, você vai me ajudar, não é? Mostre-me como
fazer isso.
Com um pequeno sorriso, ele disse:
— O que você quiser.
Então tirou o pênis até a metade, em seguida, jogou seus quadris para frente,
num impulso experimental.
— Tudo bem?
— É claro.
Ander ajustou seu peso sobre os joelhos, usando um braço esticado para
pairar acima dela. Ele acelerou o ritmo, sua pélvis bombeamento rapidamente
contra a dela. Em seguida, recolocou sua mão livre no local onde seus corpos se
juntavam.
Lori suspirou de prazer quando sentiu uma pressão firme em seu clitóris.
— Tente manter-se em movimento comigo — Ander disse quando ela
começou a contorcer-se descaradamente em resposta.
Ela ajustou o movimento, certificando-se de conhecer cada uma de suas
sensações. O impulso erótico dentro dela agora aumentava rapidamente. Seu corpo
ficou tenso e sua respiração se desintegrava em incursões urgentes.
A cabeça de Ander tremeu um pouco, os olhos tinham uma expressão
cortante, mas sua voz era baixa e suave quando ele murmurou:
— É isso mesmo. Bom, você está ficando mais apertada, mas lembre-se de
não apertar demais. Você vai se divertir mais se relaxar.
Lori não queria relaxar. Ela queria arrancar aquela pressão e finalmente deixar-
se ir. Seu corpo começou a tremer, ondas de calor e frio caiam sobre ela. Os
impulsos rítmicos de Ander e a pressão hábil sobre seu clitóris a levavam a uma
urgência erótica. Os únicos sons que fazia eram tragadas grossas de ar, mas seus
dedos cravaram nos ombros fortes de Ander.
— Você está quase lá, Lori. — A voz era abafada, como se viesse de algum
lugar distante. — Tente respirar.
Ela puxou o ar, em seguida exalou lentamente. Seu corpo saltou
desesperadamente, suas pernas se dobraram e os pés se plantaram no colchão.
Ele estava certo. No exalar seguinte, toda a sua tensão se quebrou em ondas
de prazer. A boca de Lori se abriu em um grito silencioso enquanto seu corpo
tentava se curvar para trás.
De repente sentiu o pau de Ander muito mais grosso e duro dentro dela.
Então ele diminuiu o ritmo à medida em que os espasmos dela arrefeciam. Ele
penetrou seu canal apertado um pouco mais, até parar de se mover completamente
quando o corpo de Lori começou a relaxar.
Uma risadinha lhe escapou.
Atônita, ela tentou morder o lábio para não parecer boba, mas outra onda de
riso apareceu sem aviso. Ela tirou a mão do ombro de Ander para que pudesse
apertá-la contra a boca, enquanto continuava rindo.
Foi uma coisa absolutamente absurda de se fazer, mas ela foi invadida por
uma vertiginosa onda alívio, orgulho e realização. Ela finalmente havia feito sexo e
tinha sido bom. E ainda conseguiu gozar.
As sobrancelhas de Ander se arquearam.
— Desculpe — ela pediu, conseguindo manter-se sob controle. Havia mais
desconforto entre as pernas agora que o prazer crescente havia desaparecido, e seu
pênis ainda a preenchia.
— Isso é uma coisa boa? — Ander perguntou, os olhos examinando seu rosto.
— Sim — ela admitiu. — É bom. Foi muito bom. Obrigada. — Antes que
Ander pudesse responder, ela acrescentou: — Você não vai gozar?
— Algumas de minhas clientes não gostam e algumas delas querem adiar isso
por tanto tempo quanto possível. As mulheres, muitas vezes, são capazes de chegar
ao clímax mais de uma vez. Se você quiser, podemos tentar...
Percebendo que deixara sua mente vagar num momento inoportuno, ela
piscou para ele.
Ele hesitou, então ela começou a mover seus quadris, tentando chegar ao
ritmo anterior. Isto pareceu convencê-lo, por que começou a empurrar novamente.
Desta vez ela o observou, fascinada pela tensão em seu rosto, o olhar focado em
seus olhos azul-acinzentados, enquanto ele olhava para ela.
Eles se moviam bem juntos, pensou ela e fez seu melhor para sincronizar o
balanço da pélvis com a dele. Ela já podia sentir uma ardência em seu canal, mas
não era ruim. Ander estava facilitando muito para ela.
— Devo fazer mais alguma coisa? — Ela perguntou, sentindo-se um pouco
sem fôlego novamente. Ela sabia que não ia gozar, mas havia algo emocionante em
observar a tensão cada vez mais crescente no rosto e corpo do Ander.
— Você é boa — ele murmurou. — Você é boa.
Ela estava agarrada aos seus ombros, quando sentiu uma cócega muito forte
em seu pulso. Virando o rosto, ela viu um de seus cabelos castanhos enrolados na
mão. Ela a apertou, inconscientemente, em resposta à cócega e mexeu os dedos,
tentando retirar o cabelo.
— Isso é bom — ele grunhiu, sacudindo a cabeça para o lado abruptamente.
— Você pode continuar fazendo isso.
Lori piscou uma vez, mantendo sua expressão em branco. Ela não podia
imaginar como, ao agitar levemente a pequena mão em seu ombro, o havia
agradado. Talvez os homens realmente fossem diferentes das mulheres, ele havia
feito um trabalho notável ao satisfazê-la, então, se ele gostava que ela fizesse isso,
ela faria. Então começou a a dar leves tapinhas com os dedos ao longo de seu
ombro, como havia feito antes.
Ander piscou uma vez, quase exatamente como ela havia feito. Então, ele fez
um som sufocado na garganta. Em seguida, outro.
Ela ofegou em choque e perplexidade, quando seu corpo desabou de repente
em cima dela. Seus cotovelos haviam se dobrado e, abruptamente, ele estava muito
mais perto do que antes. O rosto estava enterrado em seu pescoço, e ele fez mais
desses sons abafados enquanto seu corpo tremia contra o dela.
Nada, nem mesmo o orgasmo dela, havia parecido tão bom quanto este
colapso – inexplicável e desinibido – de seu corpo tremendo contra o dela. Seus
quadris se sacudiram com alguns empurrões desajeitados, sem prática; quando ele
xingou, sentiu o hálito quente contra sua pele.
Por um momento, atordoada, ela pensou que sua manobra com o dedo
mindinho havia tirado seu controle. Mas levou apenas alguns segundos para ela
processar o que estava acontecendo.
— Oh, agora eu entendo. — Ela engasgou com uma risada. — Não admira
que você tenha perdido o controle. — Quanto mais pensava sobre isso, mais
engraçado ficava. Ela riu suavemente, então ofegou: — E eu pensei que você era
um maluco que gostava de um tapinha no ombro para se excitar.
Ander havia conseguido se controlar totalmente agora, mas quando ela riu, ele
sorriu junto.
— Desculpe por isso.
— Não, não peça desculpas — disse ela. — Eu lhe disse que não quero fingir.
Você quer continuar, ou perdeu seu ímpeto? — Ele ainda estava muito duro dentro
dela, mas a interrupção deve tê-lo distraído.
— Eu disse que gostaria que você gozasse, se você achar que pode.
Logicamente, ela teve dificuldade em acreditar nele, pois rir de sua tolice
certamente o tinha desligado um pouco. Mas quando ele voltou a empurrar e ela
tentou acompanhar com os quadris e apertar os músculos internos ao redor de seu
pênis, ele claramente não estava tão controlado como estivera antes. Seus traços
estavam ligeiramente contorcidos e sua respiração tornou-se mais áspera. Seus
impulsos ficaram mais rápidos, e logo, um pouco irregulares.
— Sim — ela disse honestamente. — Um pouco dolorida, mas foi muito bom.
Obrigada.
Ela sabia que teria sido melhor se ela tivesse uma ligação emocional com o
parceiro. Sabia que havia algo faltando ao fazê-lo daquela maneira. Tinha sido bom,
mas ela sabia que não era uma mentira quando diziam que o sexo era melhor com
alguém que você amava. Ela escrevia romances, afinal. Por mais tolos que alguns
deles sejam, os escritores de romance, ao menos, compreendiam a importância do
amor.
Ela tinha feito isso em seus próprios termos, e o peso da ansiedade que
sempre fora parte de seus pensamentos sobre sexo, havia se dissipado
completamente agora.
Ander voltou para o quarto com uma toalha molhada, que usou para limpar
delicadamente entre suas pernas. Quando ela agradeceu-lhe ele levou a toalha para
o banheiro, e ela o convidou para voltar à cama.
Ela o teria até meia-noite e tinha toda a intenção de tirar proveito desse
tempo. Ele se estendeu na cama, rolando de lado e apoiando a cabeça em um braço
dobrado. Ele estava completamente nu, exibindo as linhas longas e onduladas dos
músculos do poderoso corpo para seu deleite.
Lori olhou para ele com admiração por alguns minutos até perceber que ele
estava posando para ela. Como sempre, o ato foi muito sutil e sofisticado – nada
bruto ou berrante sobre isso. Mas ele sabia o que estava fazendo. As mulheres
devem olhar de soslaio para ele o tempo todo
Porque ela queria conversar com ele e não se distrair, inclinou-se, pegou a
cueca do chão, e a jogou para ele.
— Você tem perguntas para mim? — ele indagou, vestindo a cueca. — Acha
que foi tudo bem?
— Sim. Foi muito bom. Muito obrigada por ter sido cuidadoso e tão paciente.
Eu não posso imaginar como poderia ter sido melhor.
Queria. Uma pergunta, tola e irritante que estava bem no fundo de sua mente.
— Pergunte-me.
Ela bufou.
— É, eu acho que sim. — Ainda pensando nos comentários de Ander, ela
juntou mais algumas peças em sua mente e externou: — Sabe, acho que,
intuitivamente, talvez eu soubesse sobre esse negócio de timidez mesmo antes você
mencionar. Em um dos meus livros, havia uma heroína que se sentia realmente
embaraçada por causa de sua aparência. Ela sempre agia... — Lori interrompeu-se,
percebendo uma distinta expressão de curiosidade no rosto do Ander.
Por alguns motivos óbvios, ela não estava planejando contar a Ander sobre
sua identidade alternativa como escritora. Ela era cautelosa e usava um pseudônimo
exatamente para manter sua vida pessoal privada – especialmente de algo como
isto.
— Sim — admitiu ela, pensando que estava tudo bem, desde que ele não
soubesse seu pseudônimo. — Eu escrevo romances. Romances! — Ela riu. —
Muito engraçado, não é?
— Eu não sei. Não acho que é preciso ter uma vasta experiência com sexo
para se escrever uma cena de amor em um romance.
— Hei — disse ela, se eriçando para defender seu gênero. — Não seja
sarcástico sobre romances. Alguns deles são tolos, mas existem romances tolos em
todos os gêneros.
— Eu não estou denegrindo os romances — assegurou a ela com um meio
sorriso. — Já li um monte deles. A maioria das mulheres que me procura quer ter
suas fantasias românticas realizadas. É emocional, tanto quanto sexual para elas.
Romances são uma das melhores expressões dessas fantasias românticas.
— É claro.
— Eu gosto dela também, é claro — disse Lori. — Mas nem todos podem
escrever best-sellers. Alguns, o resto de nós, são muito bons também.
Ander riu.
— Se você me der alguns títulos, vou ficar feliz em ler seus livros. Talvez eu já
os tenha.
— Eu duvido. Mas de quem mais você gosta?
Ander contou a ela sobre alguns dos escritores de romance que ele gostava e
Lori passou um fabuloso tempo interrogando e discutindo com ele sobre suas
opiniões à respeito de seus temas favoritos. Antes que ela percebesse, olhou para o
relógio e viu que eram 23:45.
Ela engasgou.
— Uau. É quase meia-noite.
Ander também olhou, e ela podia jurar que viu um leve flash de surpresa em
seu rosto também.
— Não. Eu definitivamente tive tudo o que podia aguentar para esta noite.
Você pode tomar um banho, se quiser.
Ander agradeceu. Em seguida, pegou suas roupas e foi para o banheiro. Lori
puxou as cobertas sobre si, sentia um pouco de frio agora.
Ela caminhou até a porta, onde eles se olharam por um minuto. Em seguida,
Lori fez sua última pergunta.
— Com quantas virgens você já fez sexo?
Ander desviou o olhar, e ela podia dizer que ele estava tentando compor a
melhor resposta.
— Ah. — Ela engoliu, meio sem jeito. — Você foi o meu primeiro também.
Ela fez o que queria fazer. Não era mais virgem. E agora poderia abordar o
resto de sua vida sem o peso que a havia incomodando por anos.
Pedir para Sabrina pesquisar acompanhantes masculinos para ela havia sido
uma excelente ideia.
***
Sabrina, é claro, achava toda aquela situação hilária. Ela não podia acreditar
que sua virginal prima havia agendado compromissos múltiplos com um
acompanhante. Lori foi obrigada a tolerar uma quantidade significativa de chacotas
sobre sua decisão de estender os serviços de Ander.
Lori levou tudo com naturalidade. Estava meio embaraçada, mas sabia que
não valia a pena ficar tensa por causa disso. O escárnio de Sabrina escondia um
afeto genuíno e Lori pensou que sua prima, provavelmente, estivesse satisfeita por
Lori ter começado a superar seu grilo sobre o sexo – mesmo que tivesse sido dessa
forma atípica.
A empreitada resultou em várias compras, sendo que uma delas Lori colocou
quando saiu do banho na quinta-feira seguinte: uma camisola em cetim cinza-
prateado com um lindo laço preto nas alças e rendas sobrepondo o corpete estilo
princesa. Ela quase atingia os joelhos e não era particularmente reveladora, mas
Lori sentiu-se bonita e elegante quando olhou-se no espelho.
Ela escovou o cabelo, aplicou sua loção favorita e amarrou o robe de cetim
cinza que fazia conjunto. Em seguida, contou o dinheiro enquanto esperava por
Ander.
Ela tinha antecipado esta noite por vários dias e mais intensamente nas
últimas horas. Tinha certeza de que hoje à noite não precisaria da ajuda de um
DVD para entrar no clima.
Ander apareceu cinco minutos mais cedo de novo, vestido com um terno
cinza e camisa preta sem gravata. Quando ela abriu a porta, os olhos dele
percorreram-na desde o recém escovado cabelo até os pés descalços. Então sua
boca lentamente se levantou em um sorriso.
Aquele mesmo sorriso polido e sensual que ele obviamente utilizava como
uma técnica padrão.
Por alguma razão, Lori percebeu que odiava aquele sorriso. Ela sentiu uma
vontade irresistível de tirá-lo de seu rosto.
— Desculpe-me?
— Toda vez que eu vejo você, está vestido de preto e cinza. Eu queria saber se
você possui alguma coisa em outra cor.
Ele ergueu as sobrancelhas ligeiramente e seus olhos pousaram em sua própria
roupa. Preta e cinza.
— Estava?
Confusa por sua expressão levemente divertida, ela se perguntou o que ele
estava querendo dizer. Então, decidiu ficar apenas com prazer de ter se livrado
daquele sorriso irritantemente falso.
— Você teve uma boa semana? — Ela perguntou, seguindo-o para o quarto.
— Sem problemas?
— Não. Quer dizer, uma vez que entrei no clima, consegui fazer um trabalho
muito bom.
Ela estava tão animada sobre o vibrador que tinha tentado usá-lo todos os
dias. Mas descobriu que ainda tinha problemas em atingir o orgasmo, se não
estivesse realmente excitada. Concluindo que não havia nenhuma razão para gozar
se não estava excitada, ela determinou que ele era um sucesso.
— Ótimo. — Ele tirou um DVD, um tubo de lubrificante, e um par de
preservativos de seu estojo. — Então, em termos de parâmetros para esta noite...
Lori franziu as sobrancelhas.
— Parâmetros?
— Você quer continuar como temos feito? Eu sei que originalmente você
tinha planejado simplesmente fazer sexo pela primeira vez. Sua escolha em
continuar com meus serviços significa que você gostaria de tentar algo diferente?
Ficaria feliz em ajudá-la a realizar alguma fantasia. A maioria das clientes que vêm a
mim regularmente, preferem que eu desempenhe um papel mais sedutor e
romântico.
Lori abriu a boca para dizer que não precisava, mas logo foi atingida por uma
inesperada onda de vergonha e timidez. Não havia nenhuma boa razão para isso,
mas ela ficou subitamente mortificada com a ideia de admitir que estava pronta
para pular na cama imediatamente. Então, apenas sorriu, acenou com a cabeça, e
foi sentar-se no sofá.
Eles não iriam transar por cinco horas inteiras, de qualquer maneira. Essa
ainda era sua segunda vez.
O segundo dos curtas eróticos foi realmente melhor do que o primeiro, e Lori
estava extremamente ligada, quando ele terminou 30 minutos depois. Enquanto
Ander foi desligá-lo, ela se levantou e tirou o robe.
Ela achou que estava bem e que tinha todo o direito de vestir o que quisesse,
quando estava pagando um monte de dinheiro pela experiência. Porém, sentiu uma
onda de acanhamento quando Ander virou-se e a viu em sua camisola de renda.
Não houve nenhuma expressão evidente em seus olhos azul-acinzentados. Ela
realmente esperava que ele não achasse que ela parecia boba.
Sem perda de tempo, foi retirar as cobertas e se deitar. Ander levou os
preservativos e lubrificantes para a mesa de cabeceira e apagou todas as luzes,
exceto a do banheiro.
Ela viu quando ele se despiu, sem palavras, e desta vez ela não estava,
remotamente, tentada a rir.
Ele foi para a cama e ela soltou um suspiro quando ele abaixou o rosto em
direção ao dela. Por um momento, ela tinha certeza de que ele iria beijá-la, mas
então, ele traçou uma linha ao longo de sua mandíbula com os lábios.
Nas preliminares ele foi tão lento, atencioso e delicioso quanto tinha sido
antes. Lori ofegava e se contorcia debaixo dele, e, ocasionalmente, teve que engolir
alguns gemidos indefinidos.
Depois do que pareceu uma eternidade, requintada e torturante, Lori
finalmente não podia mais esperar. Suas mãos espalmavam sua cabeça calva, e ela
teve que lutar para não cavar as unhas na pele lisa. Uma das mãos de Ander
segurou seu seio, alternando entre apertar e fazer círculos contra o mamilo e a
outra havia deslizou por uma de suas pernas para que ele pudesse chegar à sola de
seu pé. Ele estava lhe dando a massagem mais deliciosa que ela já teve na vida. O
que, quando combinada com a boca se movendo habilmente entre seu seio e
barriga, levou Lori a uma agonizante urgência erótica.
Ela não conseguia se lembrar de já ter estado tão excitada antes. Ander não
mostrou sinais de que pretendia diminuir ou parar.
Parte dela ficou maravilhada por já não estar mais envergonhada ou
constrangida. A lingerie elegante foi colocada descaradamente acima dos seios. Seu
corpo estava torcido em uma posição indigna, a coluna arqueava e os quadris
balançavam desenfreadamente. Suas mãos agarravam avidamente a cabeça de
Ander, empurrando-lhe a boca com mais firmeza contra sua pele e uma de suas
pernas estava dobrada de forma que o joelho ficasse pressionado contra o próprio
ombro. A posição esticada da virilha e a excitação latejante a deixavam encharcada
e exposta ao ar frio do quarto. Ela não estava fazendo qualquer barulho, mas
mesmo sua respiração frenética soava sem vergonha e muito ansiosa.
Mas ela não estava embaraçada. Nem mesmo quando finalmente suspirou e
falou:
— Chega. Por favor, Ander. Eu preciso que você me foda, por favor!
Não doeu tanto desta vez, mas o desconforto ainda estava lá. Ela arqueou-se
dramaticamente e fechou as mãos no lençol.
— Está tudo bem? — Ander perguntou, a voz um pouco grossa, mantendo-se
perfeitamente imóvel.
Ela conseguiu olhar para ele, notando que em sua pele havia um tênue brilho
de transpiração.
— Sim. Só me dê um minuto.
Ele esperou pacientemente até que ela relaxou e tomou fôlego novamente.
Então, ela se agarrou a seus ombros como havia feito na última vez.
— Ok.
— Você vai querer que eu goze novamente esta noite? — Ander perguntou
antes de começar a se mover.
Lori apenas olhou para ele, tão excitada, que teve dificuldade para entender o
propósito da pergunta.
— É mais fácil se eu souber de antemão, para não levar tanto tempo depois
que você tiver gozado. Mas sou mais do que capaz de retardar isso — Ander,
explicou — se você quiser que eu fique duro, para o caso de querer gozar várias
vezes e....
— Oh — ela o interrompeu. Mais uma vez, achou a ideia um pouco
perturbadora. — Não. Acho que não. É apenas a minha segunda vez e eu não
quero que você me force demais tentando me dar orgasmos múltiplos. Goze como
na última vez, se estiver tudo bem.
— Tudo bem.
Ele resmungou quando ela o fez e deixou sua cabeça cair de um lado. Seu
impulso era firme e acelerado, mas nunca vacilou. Ela, inconscientemente, moveu
as mãos até sua bunda, e podia sentir os músculos firmes contraindo e relaxando a
cada investida dos quadris.
Ela começou a tremer com a pressão erótica cada vez mais firme em seu
centro. Ela se contorcia debaixo dele, desesperada para finalmente se libertar.
— Você está prestes a gozar, Lori. — Ander murmurou com a voz rouca. —
Tente não contrair-se assim.
Ele apoiou seu peso em uma das mãos, e ajustou as pernas de novo, elevando-
se ainda mais. Então se afastou o suficiente para colocar a mão livre entre seus
corpos para que pudesse encontrar e massagear o clitóris dela.
Seu orgasmo se rompeu na primeira pressão do polegar. Seu grito de prazer e
alívio não era mais que uma exalação rouca, mas todo o seu corpo tremeu e
estremeceu debaixo dele enquanto os espasmos a atravessavam.
Ander desacelerou seus impulsos, penetrando-a deliciosamente em meio às
suas contrações até que seu corpo havia envolvido pelo prazer. Então ele
perguntou:
— Sim — ela suspirou e corou satisfeita por seu poderoso clímax. — Sim.
Lori sentiu seu canal incrivelmente apertado enquanto ele bombeava num
ritmo rápido e irregular. Ela comprimiu a vagina em torno do pênis dele o melhor
que pôde e cravou os dedos em seus ombros.
Não demorou muito tempo para ele gozar desta vez, e ela viu como a tensão
deixou seu rosto e uma explosão de prazer se acendeu em seus olhos. Ele soltou
um som abafado e depois um pesado exalar como se seu corpo finalmente
relaxasse.
O corpo de Ander parecia deliciosamente quente e suave depois do orgasmo.
Lori podia sentir debaixo de suas mãos e entre as pernas. Ela teve apenas alguns
segundos para apreciá-lo, no entanto, porque ele se retirou dela quase que
imediatamente.
Quando ele se levantou para descartar o preservativo, ela puxou sua camisola
agora enrugada. Sentiu-se meio estranha. Quente, relaxada e contente consigo
mesma, mas ao mesmo tempo, querendo mais. Ela estava um pouco dolorida, mas
não tanto quanto da última vez. Em uma hora mais ou menos, ela até poderia estar
preparada para outra rodada.
Passava pouco das nove horas. Eles tinham muito tempo antes de meia-noite.
Quando Ander retornou, vestiu sua boxer de seda e se esticou ao lado dela,
obviamente, percebendo que ela não havia acabado com ele ainda.
Ele virou a cabeça e sorriu para ela. Não era um sorriso largo ou desinibido,
mas foi muito melhor do que o que usara antes.
— Como foi?
— Bom — ela admitiu. — Muito bom. O melhor até agora e eu não precisei
de todas as instruções detalhadas, de forma que deve ser um progresso.
— Nada mal, apenas um pouco dolorida. Mas acho que talvez mais tarde, nós
poderíamos... — Ela parou, irritada consigo mesma pelo afluxo de timidez que
sentiu por sua óbvia ânsia de fazer sexo com ele novamente.
— Temos tempo de sobra.
Esta noite, ela não podia dizer se ele estava posando ou não. Ele estava
deitado de costas, com as mãos entrelaçadas atrás da cabeça. Seu corpo estava
relaxado, mas sua posição destacava os músculos dos seus braços e abdômen.
Ela deixou os olhos vagarem por seu peito, pela barriga tensa, e em seguida,
pelas longas pernas e pés descalços. Quando os olhos se voltaram para sua cabeça
careca, ela sentiu a pergunta familiar incitá-la impiedosamente.
Como se tivesse de alguma forma sido capaz de perceber a diferença entre um
olhar malicioso e uma curiosidade intensa, ele olhou para ela.
— O que foi?
— Eu tenho certeza de que perguntam isso o tempo todo, mas eu estou
morrendo de vontade de saber.
— A falta de cabelo?
— Eu não consigo nem dizer se você raspa a cabeça ou não. Nunca senti
qualquer fio.
— Eu não raspo. Comecei a ficar careca quando tinha 17 anos. Aos 23 estava
completamente sem cabelo. É uma coisa hereditária. Veio da família de minha mãe.
Lori estava estranhamente silenciosa, observando seu rosto, tentando
descobrir se era um assunto delicado para ele.
Finalmente, ela perguntou:
— Não havia nenhum tratamento que você pudesse ter feito? — Ele parecia
calmo e natural, assim, ela esperava que não estivesse sendo imperdoavelmente
rude.
Ele hesitou e encontrou os olhos dela, e algo em sua expressão deve tê-lo
encorajado a continuar.
— Não. Meu pai queria que eu fizesse alguma coisa, mas eu não estava
disposto a fazer o que ele queria.
— É. Meu pai não foi sempre gentil com ela. — Ele lançou um rápido olhar
para ela, como se não tivesse tido a intenção de dizer tudo aquilo.
Ela não falou por um minuto, não querendo soar tão intrometida a ponto de
fazê-lo se fechar. Então continuou:
— Ele ficou louco com isso? Sobre você não fazer o tratamento como ele
queria?
— Sim — Ander admitiu suavemente, seus olhos se direcionando para o teto.
— Ele ficou louco. Esse foi o ponto de partida.
Havia algo ali. Algo que Lori queria desesperadamente saber. Uma história.
Havia profundas sombras em Ander, e ela estava morrendo de vontade de
desvendá-las, fazer uma inquisição completa – a despeito do olhar resguardado dele
e da leve tensão em seu rosto.
Mas ela havia crescido muito desde que fora uma criança e deixava escapar
qualquer pergunta que vinha à sua mente. Agora, ocasionalmente, conseguia manter
a boca fechada.
Então ela não o pressionou, percebendo que poderia incomodá-lo ou ferir
seus sentimentos. Em vez disso, apenas disse:
— Eu tenho certeza que você sabe que é absolutamente exuberante e a
calvície só faz você parecer mais fascinante, então, eu acho que você tomou a
decisão certa.
A expressão de Ander relaxou e ele virou-se para ela com um ligeiro tremor
em seus lábios.
— Eu aprecio a sua afirmação, mas onde você estava quando eu tinha
dezessete anos e todas as crianças diziam que eu era uma aberração?
Ela fez uma careta para ele, mas respondeu de boa vontade.
— Isso é muito tempo para se estar apaixonada por alguém que não te amava
de volta.
— Sim — disse ela com um suspiro. — Às vezes você se agarra a algo –
simples assim.
Ander encontrou seus olhos.
— Na minha experiência, raramente é simples assim.
Lori ficou em silêncio por um longo tempo, pensando sobre isso. Pensando
em sua ânsia desesperada por seu amigo. Tantos anos de sua vida.
— É claro. Na verdade, eu tenho certeza de que isso tem sido uma vantagem
em sua profissão, uma vez que o faz tão diferente e interessante. Mas eu me referi a
você como adolescente. Mesmo tendo tido suas razões para não fazer nada à
respeito, essa etapa deve ter sido... difícil.
— Eu posso sentir?
— De novo?
Ela assentiu com a cabeça. Havia notado algum progresso em sua cueca, mas
não sabia se era de seu toque ou por causa da coisa mental que ele fazia para se
preparar.
— Tipo assim?
— Claro.
— Você gosta disso? — Ander perguntou, a voz soando, mais uma vez, um
pouco rouca. Sua boca ainda estava contra um seio, e as vibrações viajaram através
do tecido úmido para estimulá-la ainda mais.
— Mm-hm — ela gemeu, sua voz abafada pelo travesseiro. — Mm-hm. — Ela
teve que se segurar para não se esfregar na barriga dele, já que seu clitóris estava
recebendo algum estímulo indireto e delicioso de seu torso. Ela conseguiu virar a
cabeça e suspirar. — Mais.
Ander beliscou seu mamilo novamente e começou a bombear os dedos
dentro dela. Ela escondeu o rosto no travesseiro grosso, novamente,
desesperadamente feliz por Ander estar deitado longe o suficiente para o
travesseiro estar ao seu alcance. Então deixou sua boca e dedos a levarem em
direção ao seu clímax.
— Eu vou — ele murmurou, o ritmo de seus dedos acelerando ainda mais. Ele
girou o mamilo com a língua com habilidade agonizante, e acrescentou: — Você
está perto agora. Eu posso sentir.
Então, por alguma razão, suas palavras fizeram Lori querer choramingar, por
isso escondeu o rosto no travesseiro novamente. Seus dedos estavam ondulando
contra o ponto G, a pressão aplicada era muito estável, exatamente onde precisava
sentir. Ele não havia tocado seu clitóris ainda, e a pequena porção de carne estava
pulsando e inchada.
O corpo de Lori estava tenso. De repente, ela percebeu que ia gozar sem
qualquer estimulação clitoriana. Ela estremeceu desesperadamente. Então sentiu os
dentes Ander sobre a carne macia de seu seio – e gozou, mordendo o travesseiro e
tentando descaradamente montar os dedos dele para aumentar as sensações.
Quando seu corpo se suavizou, ela foi capaz de reunir energia suficiente para
erguê-lo.
— Uau.
Ela desceu a cueca enquanto Ander estendia a mão para pegar o pacote de
preservativo e lubrificante da mesa de cabeceira. Então ela esperou enquanto ele
rolava o preservativo e alisava seu pau com lubrificante.
— Tudo bem — Ander disse, segurando o pênis ereto com uma mão. — Você
ainda quer fazer desta maneira? — Ela balançou a cabeça, hipnotizada pela visão de
sua ereção à espera. — Levante-se e nós vamos nos alinhar. É preciso um pouco de
prática.
Lori ficou de joelhos e deslizou para a frente até que estava acima de seu
pênis. Então abaixou-se lentamente e, com a ajuda de Ander foi se alinhando, até
deslizar sua buceta sobre a sua ereção.
— Sim — disse ela em uma respiração pesada, sentindo como se seus olhos
fossem rolar para trás devido ao sentimento cru da penetração de seu pênis naquele
ângulo e à massagem firme em seu clitóris.
Ela o montou até que que seu orgasmo veio, em seguida, seu corpo saltou e
sacudiu em resposta aos espasmos de liberação. Ela continuou se movendo sobre
ele, mesmo depois de ter gozado, porque Ander ainda não havia chegado lá.
Ela piscou.
— Pensei que sim. Mas você está sempre tão tranquila. — Ele virou a cabeça
para o lado enquanto seus músculos internos o apertaram involuntariamente. —
Devo?
— Sim. Isso é tudo com que posso lidar esta noite. Goze agora.
Corou, saciada e ridiculamente orgulhosa de si mesma, ela olhou para ele e
intensificou seu movimento, tentando apertá-lo o melhor que pôde, apesar da dor
que ela já podia sentir.
— De nada.
— Eu não sabia que meu corpo era capaz de se sentir dessa forma — admitiu
ela, feliz por ainda estar acalorada para que ele não a visse corar ainda mais com a
lembrança de sua ânsia sem vergonha.
Ele deu um pequeno sorriso.
— Você pode se surpreender com o que o seu corpo é capaz de sentir.
Isso a fez corar ainda mais. Mas, mantendo sua coragem, ela brincou:
— Certo.
Ele agradeceu, pegou sua roupa, e depois foi para o banheiro. Lori estendeu-
se na cama enquanto ele tomava banho, pensando que, realmente, iria dormir bem
esta noite. Ela havia passado a noite no quarto do hotel na última vez em que
Ander a deixou, e ela decidiu fazer isso novamente esta noite. Depois de três
orgasmos, ela estava se sentindo incrivelmente relaxada e não havia nada como
dormir até tarde em um luxuoso quarto de hotel.
Quando Ander voltou completamente vestido, ela se levantou e foi se juntar a
ele, perto da mesa.
— Obrigada — ela disse, dando-lhe o envelope com o dinheiro. — Eu quero
dizer exatamente isso. Obrigada por toda sua ajuda.
Ander arqueou as sobrancelhas para o envelope, e discretamente o enfiou no
bolso.
Sua expressão não deixava dúvidas. Ela havia pago por sua ajuda, não tinha
nada que agradecer.
Lori suspirou, embora não estivesse realmente surpresa ou decepcionada. Eles
estavam bem mais amigáveis e descontraídos agora, mas não era como se fossem
amigos. Lori pagou-lhe por seu tempo e atenção, mas sua interação seria sempre
profissional.
Uma pequena parte da mente de Lori disse a ela que era exatamente por isso
que tinha sido capaz de se sentir confortável com ele.
Enquanto caminhava com Ander para a porta, ela perguntou ao acaso:
— Se recusar os tratamentos de cabelo foi uma coisa de rebelião adolescente,
você já pensou em fazer algo sobre isso agora?
— Eu estarei esperando.
Ela estava ansiosa pelo sexo, é claro, mas também estava tentando encontrar
respostas para o enigma que era Ander.
.Cinco.
Lori lambuzou as pernas com sua loção preferida, antes de colocar um robe
sobre o vestido de seda chinesa de profundos tons vermelhos e dourados que ela
havia comprado em Hong Kong na semana anterior.
Ela retirou um envelope de dinheiro de sua bolsa e colocou-o sobre a mesa no
quarto do hotel, então, ouviu o zumbido de seu telefone celular.
— Oi Sabrina.
— Ei você! Então está finalmente de volta, não é? Não se foi para sempre.
Lori havia ligado para a prima tão logo o avião pousou naquela tarde e
deixado uma mensagem dizendo que tinha chegado com segurança.
— Bem, pareceu como uma eternidade para mim. Eu acho que você passou
tanto tempo pesquisando lugares exóticos que não sentiu nenhuma falta de mim.
Lori riu. Ela passou quatro semanas em Hong Kong fazendo pesquisa para
seu novo livro e participando de uma conferência internacional de ficção, onde
ministrou um workshop sobre como escrever romance. A viagem tinha sido boa e
ela ficou feliz por ter ido.
— Nós vamos ter que fazer isso amanhã — disse Lori, voltando para o
banheiro para passar uma escova no cabelo.
Lori corou um pouco quando olhou para sua imagem no espelho do banheiro.
Seu cabelo estava brilhante, caindo em grandes ondas ao redor de seus ombros.
Suas bochechas estavam rosadas e sua pele lisa intensificava as cores vibrantes da
seda e seus olhos estavam cintilando de emoção.
Ela estava tão impaciente que se sentia contorcer, e ainda faltavam 15 minutos
para as sete.
— Eu tenho planos para esta noite — disse ela vagamente, sabendo que sua
evasão nunca iria funcionar.
Após uma breve pausa, Sabrina exclamou:
— Você continua insistindo que essa coisa não é séria, mas diga-me a verdade.
Você não está tendo devaneios inspirados em Uma Linda Mulher, não é?
— Não! Claro que não. Dê-me um pouco de crédito, eu não sou tola. Eu
gosto dele e gosto do sexo. E vou lhe pagar por seus serviços, não estou fingindo
que é algo romântico. Não é como se estivéssemos juntos. É totalmente
profissional.
— Tudo bem. Acho que acredito em você, e achei essa coisa toda bem legal e
divertida no início, mas fico preocupada de vez em quando. Você não o está
usando como uma muleta, não é?
— Claro que não. — Lori suspirou. Ela sabia que a prima realmente se
importava com ela e que Sabrina não conseguia entender sua relação com Ander só
de ouvir sobre ela de segunda mão. — Estou buscando relacionamentos reais. De
verdade, eu lhe disse que conheci alguém?
Lori riu, contente com a distração e por ter feito essa bomba cair sobre
Sabrina com o máximo impacto.
— Me interrogando como uma repórter verdade. Eu o conheci na
conferência, ele é de Seattle também. É um advogado que virou escritor, você
nunca vai adivinhar quem ele é.
— Não há tempo para isso. — Lori puxou-o para o quarto e empurrou-o para
a cama, se atrapalhando com os botões de sua camisa. Poucos minutos depois, ele
estava nu e seu bonito vestido de seda chinesa, estava vergonhosamente puxado
acima de seus seios já prontos para Ander abrir a boca e tomar sua carne nua.
Lori agarrou sua cabeça, empurrando sua boca contra o mamilo sensibilizado
com mais firmeza. Ela não conseguia parar de puxá-lo, tentando trazê-lo o mais
próximo possível, senti-lo tanto quanto pudesse. Suas coxas se separaram e suas
pernas o rodearam, ela se contorceu para que pudesse esfregar seu clitóris dolorido
contra a barriga firma.
Para seu alívio, Ander não foi tão delicado como de costume. Sua boca estava
dura e faminta, e suas mãos a buscavam exigentes; os anos de experiência devem
ter aperfeiçoado seus instintos fazendo-o capaz de mudar de humor quando
quisesse, porque aquela urgência ardente era exatamente o que ela precisava,
exatamente o que ela sentia.
Ela se contorcia e o arranhava enquanto ele explorava seu desejo mais
profundo, até que ela não podia mais aguentar.
Ele não hesitou. Mal levantando o rosto de seu seio, ele estendeu a mão e
agarrou um preservativo e o lubrificante do criado-mudo. Então finalmente se
levantou.
Seu rosto estava um pouco corado e sua pele úmida de suor quando rolou o
preservativo e o lubrificou.
Lori praticamente gritou de impaciência até que ele abriu-lhe as pernas e
acariciou-a com os dedos. Sem prelúdio, ele afundou dois dedos em seu canal,
massageando o ponto G.
Ela fez um estranho ruído gutural – quase como um ronronar – e arqueou sua
coluna sobre o colchão. Quando ele tirou os dedos de dentro dela, ela tentou se
concentrar o suficiente para decidir que posição queria usar hoje. Eles estavam
experimentando e agora ela tinha várias posições em seu repertório, mas não
conseguiu fazer sua mente funcionar através daquela névoa ardente para entender o
porquê de solicitar Ander esta noite.
Ela fez o que ele sugeriu automaticamente, seu corpo tenso de emoção. Os
dedos dele permaneceram dentro dela, enquanto ficava de barriga para baixo e a
sensação da penetração, enquanto ela mudava de posição, foi deliciosa e lasciva.
Ander ajustou a mão para se acomodar à nova posição e ela quase gemeu de
prazer quando ele a fodeu ainda mais com os dedos. Inconscientemente, ela
levantou a bunda para lhe dar melhor acesso, então sentiu sua mão livre acariciando
e apertando a carne macia dos quadris e nádegas.
— Oh, Deus! Ander! — ela suspirou, sacudindo a cabeça de um lado para o
outro, sentindo o clímax se avolumando dentro dela. — Eu preciso tanto gozar.
Ele continuou penetrando, porém ela foi capaz de virar a cabeça e puxar o ar
quando as sensações finalmente se estabilizaram.
Sem aviso, Ander estava bem atrás dela, em cima dela, em suas costas. Antes
que ela soubesse o que significava, ela sentiu dentes em sua pele quando ele
mordeu seu ombro.
Ela gritou alto – contra o travesseiro para abafar o som – e gozou forte.
Quando seu corpo convulsionou e os espasmos de prazer acabaram, ela estava
consciente da pelve de Ander golpeando contra seu traseiro. Os abafados sons
guturais que ele fez quando chegou ao clímax foram afogados por seu próprio grito
de libertação.
Ela caiu para frente, quando finalmente gozou, seu corpo mole, suado, quente
e deliciosamente saciado. Ela sentiu o peso de Ander em suas costas, sua respiração
quente contra o pescoço e ombro. Por um momento, sentiu-se maravilhada –
como se ele estivesse tão satisfeito quanto ela estava.
Ele resmungou.
Talvez estivesse tendo um dia ruim. Ele parecia estar no sexo, mas ela achou
que ele poderia não estar se sentindo como o mentor paciente e cuidadoso das
outras noites. Além disso, ela estimulou a ambos com urgência esta noite.
Ela esperava que ele não estivesse chateado com alguma coisa. Odiaria ter tido
esse momento maravilhoso se ele estivesse preocupado com outra coisa.
Quando ele finalmente voltou, estendeu a mão para pegar a cueca, como de
costume, antes de se estender na cama ao lado dela.
Ela estudou seu rosto, mas ele não revelava nada além de sua típica
compostura tranquila.
— O sexo foi bom? — Ele perguntou, seus olhos afiados e atentos, como se
estivesse procurando algo em sua expressão.
— Hum, sim. Você não sentiu falta disso? Tudo foi muito além da realidade.
Lori franziu a testa. Certamente ele não estava tão distraído que sequer tinha
prestando atenção à maneira como ela gostou do sexo e seus orgasmos múltiplos.
Ela sabia que a relação deles era profissional, mas não gostaria da ideia de seu foco
estar em outro lugar. Na verdade, isso a incomodaria muito.
— Sim. Três vezes é muito bom, isso não é suficiente para o seu ego?
Ander relaxou ainda mais sua expressão. Até sorriu para ela.
Ele parecia mais natural agora, então ela esperava que tivesse sido apenas uma
distração temporária. Ela certamente não queria Ander desmaiando sobre ela como
um herói trágico de romance, mas odiava a ideia de que ele estivesse passando por
movimentos vazios com ela, eles não estavam apaixonados, não eram nem mesmo
amigos, mas se davam muito bem e ela esperava que talvez ele pudesse desfrutar de
um pouco de sexo com ela.
— Então, como foi a viagem? — Perguntou ele, virando-se de lado do jeito
que ele sempre fazia quando eles conversavam entre as rodadas de sexo.
Mais confortável agora que haviam caído em sua rotina normal, ela falou com
ele por um tempo. Disse a ele sobre sua pesquisa em Hong Kong. Parte dela sabia
que precisava tomar cuidado ou ele descobriria quem ela era quando seu próximo
livro fosse lançado. Ainda assim, ela não podia deixar de compartilhar algumas das
histórias engraçadas e petiscos interessantes que ela descobriu.
Enquanto conversavam, ela percebeu que não tinha sentido falta apenas do
sexo. Tinha sentido falta de suas conversas. De suas irônicas e inteligentes
perspectivas, e de seu discreto humor seco.
Quando ela perguntou a ele sobre seu mês, ele não lhe deu nenhum detalhe.
Ele nunca o fazia, mas citou alguns livros que havia lido e uma viagem que havia
feito a Martha’s Vineyard. Ela assumiu que a viagem foi parte de um trabalho, mas
evitou pedir informações sobre isso. Ela realmente não queria saber quem o havia
contratado para a viagem de fim de semana ou o que fizeram juntos.
— O que você achou desta última posição? — Ander perguntou, depois de
terem caído em silêncio amistoso após uma longa conversa.
— Boa, obviamente. — Lori inclinando-lhe um sorriso irônico. — Ela é a
favorita dos homens?
— A entrada traseira normalmente é.
Ele estava olhando para o teto agora e, com a pergunta, soltou uma risada
ligeiramente amarga.
— Eu tenho certeza que você pode agir como homem das cavernas muito
bem — disse ela casualmente, percebendo que seus olhos estavam descansando
sobre ela e não querendo que ele soubesse o que ela estava pensando.
— Quantas vezes tenho que dizer que eu não quero fingir nada com você?
— Só perguntando.
— Eu sei o que você pode fazer, e faz muito bem. Então, o que você não faz
com suas clientes? — Lori inquiriu aleatoriamente, nem sabia o que impeliu essa
questão.
Erguendo as sobrancelhas, ele perguntou:
Lori riu.
— Não. Estou muito feliz com o que temos. Estava apenas curiosa, existem
coisas que você se recusa a fazer como parte de seus serviços?
— É claro.
— O que seriam elas? — Quando Ander hesitou, ela acrescentou: — Pode ser
bom saber, para que eu não peça nenhuma delas.
— Duvido que isso venha a acontecer. Eu sou muito bom em avaliar as
pessoas, você não se encaixa em qualquer uma das coisa que não faço. — Ele falou
facilmente, naturalmente e parecia relaxado e lindo estendido sobre a cama
vestindo apenas uma boxer de seda.
Lori se perguntou se estava ou não desconfortável dele conhecer tanto de seu
íntimo – ou pelo menos, tanto quanto ele acreditava conhecer.
— Então você realmente não vai me dizer?
Lori piscou. Não era o que ela esperava que ele começasse.
— Eles vem a mim — ele explicou, seu olhar vazio. — Não tanto agora, já que
só trabalho através de referências. Mas eu costumava ter um monte de pedidos. —
Ele balançou a cabeça. — É apenas uma preferência pessoal. Eu só trabalho com
mulheres.
Lori assentiu, de alguma forma satisfeita em ter algo assim sobre ele, embora
tenha reconhecido que sua satisfação era irracional.
— O que mais?
— Eu não faço sexo a três, até permito que um terceiro assista, mas não que
participe.
— Por uma série de razões. Requer um monte de tempo e esforço para tornar
o ato confortável, e é mais bem feito com um nível de confiança que não existe
entre mim e um cliente. Eu forneço romance e a logística do anal tende a estragar o
clima. Além disso, é muito problemático com o preservativo.
— É mesmo?
Lori não precisou pedir que ele continuasse. Ele mesmo prosseguiu:
— Eu não faço S&M. Não há uma demanda alta para isso – com minhas
clientes, pelo menos –, esse não é um dos meus talentos. Eu me recuso a fazer
qualquer coisa que cause algum potencial dano físico. Nada de chicotadas,
açoitamento, bondage significativa, inviabilização de vias aéreas.
Lori o olhou. Ele não olhava para ela, mas seu rosto estava perfeitamente
sóbrio.
— Não vale a pena o risco para mim — explicou. — Obviamente, eu seria o
mais cuidadoso possível, mas não posso garantir que não haveria acidentes ou
golpes de sorte. Como eu disse, não há grande procura de qualquer maneira com
minhas clientes. Elas estão procurando por fantasias românticas, em sua maioria.
Então, eu não faço nada além de amarrações com seda por um período de tempo
limitado e uns tapas ocasionais.
— Huh — disse ela, refletindo sobre o que ele lhe disse. Ela honestamente
teve visões dele realizando todos os tipos de atos desprezíveis de depravação e não
tinha certeza do que fazer com a explicação calma e racional de suas escolhas
profissionais.
— Você está decepcionada com minhas maneiras convencionais? — ele
perguntou, com outro tremor nos lábios.
Ela riu.
— Não ria de mim. Eu nunca pensei sobre isso antes. E não o culpo por ser
tão cuidadoso quanto possível. Você está feliz em ser capaz de escolher apenas o
que é confortável para si mesmo.
Lori respirou, embora ela pudesse ver como isso pode acontecer.
Ander assentiu, mas seu rosto estava fechado, então ela não o forçou a
continuar o resto da história. Às vezes, ao longo dos últimos meses, ela o tinha
forçado muito e Ander havia se fechado e já não era genuíno com ela pelo resto da
noite. Ela teve cuidado agora.
— Você já foi preso? — Perguntou ela, propositadamente mudando de
assunto.
— Não.
Todas estas reflexões foram lhe dando ideias definidas, no entanto. Ela rolou
os olhos para o relógio e ficou aliviada ao ver que não eram 10 horas ainda.
Eles tinham um monte de tempo. Ela já teve três orgasmos incríveis esta noite
e teria este homem lindo e talentoso à sua disposição por mais duas horas. Havia
muito tempo para mais.
Ela sorriu para ele, sentindo-se extremamente satisfeita consigo mesma.
Ander riu.
Algo quente encheu seu peito quando eles sorriram um para o outro e ela
inclinou-se, inconscientemente, antes de parar com um suspiro.
Ela não estava totalmente certa, mas pensou que poderia tê-lo beijado. Sem
ter qualquer intenção de o fazer.
Era inevitável, supôs. As linhas em um relacionamento como o deles eram
obrigatoriamente um pouco imprecisas. No geral, ela estava fazendo um bom
trabalho mantendo as coisas em perspectiva. Um novo acordo não era o fim do
mundo, de modo que ela não deixaria isso incomodá-la.
Mas seu coração estava batendo dolorosamente quando olhou para Ander.
Seus lábios se separaram um pouco e a expressão nos olhos azul-acinzentados foi
de quente e profunda para um pouco confusa.
Distraída pela memória do que ele dissera um minuto antes, ela franziu a testa
e perguntou:
Ela podia ver a crescente ereção sob o tecido liso da boxer – definitivamente,
estava mexendo com ele.
A menos que ele estivesse apenas fazendo sua coisa mental e tentando afirmar
sua autoconfiança.
Ela franziu o cenho para esse pensamento, mas enquanto suas mãos tocavam-
no na cintura com uma pergunta silenciosa e ele acenou com a cabeça em silêncio,
ela teve dificuldade em acreditar que tudo era uma encenação. Ele estava suando de
novo e seu corpo estava visivelmente tenso. Quando ela gentilmente puxou a
cueca, seu pênis estava quase totalmente ereto.
— Posso? — Ela perguntou, limpando a garganta quando sua voz se quebrou.
Ela nunca o havia acariciava intimamente antes. E sempre se perguntava se isso
estava ou não fora dos limites, a menos que pagasse um boquete.
Ele acenou com a cabeça novamente, havia algo silencioso e intenso em seu
olhar. Seus olhos estavam focados no rosto dela, mas eles desceram para onde
estavam suas mãos, ao redor de sua ereção.
Ele tomou uma respiração afiada quando ela sentiu e apertou firmemente seu
eixo quente. O pênis endureceu ainda mais sob seu toque.
Suas respostas sutis a foram decompondo com uma velocidade notável, ela se
mexeu um pouco, desconfortavelmente excitada, apesar do sexo que tivera não
havia muito tempo.
Ela acariciou e explorou seu eixo e bolas por vários minutos, até que estava
quase se contorcendo de excitação e Ander estava tendo problemas ali deitado. Ele
continuou se ajustando ao toque, movendo os quadris ou os braços. Seu corpo
havia se apertado como um punho, mas ele não tinha falado nada e não se afastou.
— Pronta? — ele perguntou quando ela soltou as mãos, deixando seu pênis
descansar em seu baixo ventre. Sua voz era grossa.
— Sim.
Ele olhou para ela por um minuto, e ela não conseguiu entender a intensidade
de sua expressão. Então, ele pegou outro preservativo e o lubrificante e ela não
deixou a questão distraí-la do que era mais urgente.
— Você quer tentar uma nova posição? — ele perguntou, com a voz mais
natural do que quando perguntara sobre as preliminares.
— Claro. O que você tem em mente? — Ele nunca a guiou a uma posição
desconfortável ou degradante. No início ela ficou um pouco envergonhada, mas
eventualmente, sempre gostava de cada nova posição.
Ele ficou de joelhos entre suas pernas, as coxas dela se separaram ainda mais,
então, ele ergueu seus quadris levemente, e deslizou lentamente dentro dela.
Ela sentiu-o profundamente nesta posição, e suas pernas estavam um pouco
soltas e desajeitadas, penduradas em cada lado de seu belo corpo. Ela estava feliz
por ainda estar usando seu vestido, porque parecia que o excesso de carne exibido
na barriga não seria atraente. A penetração foi muito boa, embora ela gostasse
quando podia ver claramente o corpo e a expressão de Ander.
Ela respirou fundo e relaxou como Ander havia lhe ensinado e ela sentiu o
prazer em espiral em seu primeiro impulso.
Ele começou devagar, tomando seu tempo. Ela tentou se mover com ele,
apesar dele ter mais controle sobre sua pélvis do que ela. Após vários minutos
agradáveis, ela finalmente sentiu um clímax crescente no seu centro. Sua
movimentaçao cresceu um pouco e ela esticou os braços e empunhou os dedos
dele.
Ander sugou uma respiração audível com o apertar de seus músculos internos
em seu pênis, mas seu ritmo não vacilou. Ele continuou investindo através das
contrações, continuando mesmo depois que seu corpo havia suavizado, então ele
moveu a mão para o local onde seus corpos se juntavam para que ele pudesse
friccionar seu clitóris.
Ele geralmente parecia tão frio e contido. Como poderia gerar tanto calor?
Ele ainda estava se segurando, mas ela queria que ele se soltasse.
Ela pensou que iria apenas desfrutar o orgasmo dele, mas a agitação de seus
corpos e a forma como o seu pau a penetrava levou-a ao clímax mais uma vez.
— Oh, Deus — ela suspirou, arranhando seu pescoço e ombros. Ela não
podia parar, mesmo sabendo que estava deixando arranhões em sua pele.
Ela caiu de costas na cama com Ander em cima dela. Ela estava encharcada de
suor, e instável de fadiga, e sobrecarga de sensações. Seus olhos, garganta e
pulmões estavam queimados e ela se sentia dolorida pela fricção de seu pênis e
alongamento dos músculos de seu estômago.
Sua carne íntima parecia inchada e ainda pulsava com um prazer dolorido.
— Oh, Deus — ela engasgou. Então acariciou a pele do pescoço ombros e
costas de Ander, onde havia arranhado. — Oh Deus.
Ander grunhiu, respirando fundo e muito rápidamente contra a curva de seu
pescoço.
— Oh Deus, isso foi bom — disse ela. Seu corpo ainda estava irradiando
calor, mas havia suavizado deliciosamente com o extravasamento de tanta tensão.
Quando ele não respondeu, ela acrescentou: — Você está bem?
Quando ele finalmente voltou, não foi para a cama. Ela estava um pouco
desapontada, uma vez que ainda tinha mais de meia hora com ele. Não que ainda
pudesse ter sexo hoje à noite, mas eles sempre tiveram suas conversas depois.
Ela conhecia Ander o suficiente para saber que ele estava pronto para sair.
Não que ele tenha dito isso, ela o pagava até a meia-noite, mas entendeu a pergunta
em seus olhos quando ele ficou olhando para ela.
Ela estava, na verdade, um pouco magoada. Eles tinham feito sexo e foi
incrível, mas agora ele não podia esperar para se livrar dela.
Talvez ele estivesse cansado, talvez tenha tido um dia ruim. Ela gostava e
respeitava-o demais para fazê-lo ficar só porque ela, tecnicamente, tinha mais meia
hora de tempo comprado.
Com um sorriso, ela disse:
— Você pode tomar um banho, se quiser. Eu tive tudo o que posso aguentar
por esta noite.
Quando saiu da cama, tropeçou, em choque, pela dor aguda entre as pernas.
— Tudo bem? — Ander perguntou, olhando-a com preocupação.
Ele riu, e ela ficou aliviada ao ver que ele parecia relaxado novamente.
— Tivemos sim.
— Foi muito bom — disse ela, entregando o envelope de dinheiro para ele. —
Eu não sei o que deu em mim.
Seu olhar era cuidadoso e atento, embora ele ainda sorrisse quando colocou o
dinheiro no bolso sem contar.
— Quer dizer, eu era... era como um animal. — Ela corou enquanto pensava
sobre sua falta de vergonha. — Espero que eu não ter arranhado muito você.
— Não arranhou. — Um canto de sua boca se contorceu. — Eu acho que o
animal se adaptou bem.
Seu comentário foi inteligente e irreverente, mas a fez corar novamente. Desta
vez de prazer.
Fungando com desdém, Lori deu-lhe um olhar zombeteiro. Ela e Phil tinham
ido almoçar a alguns dias e se divertiram muito. Até agora o encontro para a
arrecadação de fundos do museu tinha sido um sucesso também, Phil era
inteligente, engraçado e bonito e ela gostava de seu jeito decisivo e humor rápido.
Ela até gostava de seus livros.
Ela riu e fez uma parada no meio do corredor, próximo a um enorme espelho
cercado por uma elaborada moldura dourada. Uma rápida olhada no espelho
mostrou-lhe que ela parecia bastante agradável esta noite, com o cabelo puxado
para cima e um pouco mais maquiada do que normalmente; ela torceu o pescoço
um pouco para ter certeza de que não havia mais qualquer marca no lugar onde
Ander havia mordido na semana anterior.
Ela estava um pouco surpresa por Ander não ter pedido permissão antes de
mordê-la, mas ela não tinha, realmente, se preocupado com a contusão. Ainda
evocava lembranças muito agradáveis, no entanto, estava contente por a marca ter
desaparecido a tempo para esta noite.
Sentindo-se emocionada por sua óbvia atração, Lori deu um passo para trás.
— Eu tinha em mente um certo jovem e presunçoso advogado, que adquiriu
recentemente, uma insígnia de escritor.
Com uma risada baixa, Phil a empurrou suavemente contra a parede do
corredor. A maioria dos convidados ainda estavam no salão de baile, onde o
discurso de boas vindas tinha acabado de ser feito.
Um homem mais velho e uma mulher passeavam pelo salão, dando ao casal
corado, e ainda entrelaçado contra a parede, um olhar muito desaprovador.
Lori sufocou uma risadinha e compartilhou um olhar de culpa com Phil, que
ainda tinha uma mão em sua cintura e a outra na parte de trás de sua cabeça.
Então seus olhos se desviaram para o salão de baile, novamente, para ver
quem mais os tinha visto ela naquela posição tão vergonhosa.
Mas as barreiras entre suas interações com ele e o resto de sua vida haviam
sido abrupta e ferozmente arrancadas.
Ela estava em um encontro com Phil. Um bom encontro. Algo que ela não
experimentava há um longo tempo e tinha fodido com Ander exatamente há uma
semana atrás, em um luxuoso quarto de hotel. Transou com ele duas vezes, ele a
fez gozar uma e outra vez. E ela havia lhe pagado no final da noite.
E os dois homens estavam agora no mesmo corredor.
Suas bochechas queimaram tão furiosamente que ela sabia que sua pele havia
inflamado. Ela ficou inquieta até que Phil deixou os braços cairem e deu um passo
para trás. Ele estava olhando para Ander com curiosidade.
— Um amigo seu?
Sarah deu um piscada. Ela era da altura de Lori, mas cerca de vinte quilos mais
pesada e 10 anos mais velha. Ela não era feia, com cabelos escuros e encaracolados
e um rosto angelical.
— Na verdade, apenas tentando irritar o ex, mantendo a posição no tabuleiro
do museu que ele mexeu os pauzinhos para eu conseguir. Ele pensou que eu iria
apenas escapulir após o divórcio. Homem tolo. Este é a meu acompanhante,
Michael Blakely.
Lori apertou a mão do homem que conhecia como Ander Lourdes. Ela supôs
que ele provavelmente usou o nome que sua companheira queria que ele usasse ao
acompanhá-la em um evento social.
— Talvez você me fale sobre ele algum dia — Phil murmurou, deslizando a
mão ao redor da cintura dela enquanto caminhavam mais lentamente em direção às
galerias.
Porém, a verdade foi avaliada por Lori de forma muito irracional. Seus
encontros com Ander foram isolados e fechados para o resto do mundo. Eles
tinham sido especiais para ela, não porque ela pensasse que compartilhavam um
romance ou uma conexão emocional real, mas porque ela havia aprendido muito
sobre si mesma e sobre a natureza humana a partir de suas interações com ele.
Além disso, ela simplesmente gostou.
E vê-lo fazendo seu trabalho com outra mulher fez a coisa toda parecer... de
mau gosto.
Talvez fosse.
***
Dois dias depois, Lori chegou ao familiar quarto de hotel um pouco mais
tarde do que o normal. Ela tinha o tempo suficiente apenas para tomar banho,
fazer a depilação, aplicar loção e se vestir antes das sete horas.
Ela considerou seriamente o cancelamento. Durante todo o dia de ontem ela
havia começado a compor um e-mail de desculpas para Ander dizendo que não
mais precisava de seus serviços. Ela só não tinha certeza se poderia continuar com
aquilo, depois de ter levado um tapa na cara da realidade na noite de sábado.
Além disso, Phil a chamou pra sair de novo. Obviamente, estava no início –
casuais, sem exclusividade –, mas ela sentiu que havia algum potencial, e pagar por
sexo por fora não seria a melhor maneira de começar um relacionamento.
Lori havia finalmente decidido manter seu compromisso com Ander,
principalmente porque se sentiu mal por recuar no último minuto. Ela realmente
gostava de Ander e se sentiu meio cruel em dispensá-lo por e-mail, depois de terem
tido uma relação profissional tão longa. Ela daria uma chance, se as coisas fossem
estranhas ou desconfortáveis, ela simplesmente não iria agendar outro encontro.
Faltava apenas colocar o cardigã de caxemira de tão poucos fios que era quase
transparente, sobre a camisola de seda azul escuro, quando ouviu a batida na porta.
Quando ela a abriu com um sorriso de saudação, foi recebida com uma visão
que foi como um chute no estômago.
Ander estava parado – frio e lindo como sempre, todo de preto. Em seu rosto
um sorriso ensaiado. Educado, sensual e tão falso que ela queria riscá-lo de sua
pele.
— Oi — disse ela, dando um passo para o lado para deixá -lo entrar no quarto.
Ander murmurou uma saudação e ela o seguiu até a mesa onde ele sempre
deixava seu estojo. O envelope onipresente do dinheiro estava deitado sobre a
mesa, como de costume.
Sentindo que estava sendo mais difícil do que havia achado desde os
primeiros encontros, Lori sentou-se em uma cadeira. Imaginando que eles
poderiam jogar em campo aberto, ela disse:
— Sinto muito se a fez sentir desconfortável. Você lidou com tudo muito
bem.
O queixo Lori caiu um pouco quando olhou para Ander. Ela não achou que o
desconforto tinha sido só do lado dela. Ele definitivamente estava agindo de forma
insuportável hoje, esse não seu estado normal.
— Eu pensei sobre isso. Muito. Pareceu-me um pouco... Eu não sei, teria feito
eu me sentir uma merda.
Ander levantou uma sobrancelha, olhando um pouco divertido, ainda que não
fosse de uma forma calorosa.
— Por que você se sentiria uma merda? Por eu perder uma cliente?
— Não. Quero dizer, não realmente, mas já estamos fazendo isso há algum
tempo agora e parecia rude cancelar seus serviços por e-mail. — Ela olhou para as
mãos. — Eu não sei.
— Eu não sei. Acho que não. Eu não sei. — Cansada de se sentir como uma
tola, ela ergueu os olhos e fez uma careta para ele. — Você não tem que ser
arrogante sobre isso, sabia. Não é tão estranho assim. Eu me sinto mal quando
tenho que encontrar um novo cabeleireiro.
Ander encontrou seus olhos de maneira uniforme.
— Eu acredito em você, mas se você tem alguém em casa que pode fazer seu
cabelo satisfatoriamente, não tem nenhuma razão para pagar um profissional.
Lori sentiu um pequeno lampejo de diversão com a maneira como ele
estendeu a analogia, mas entendeu o que ele estava dizendo.
— É. Eu acho que sim, mas esse não é o meu caso. Ainda não, pelo menos.
— Então você ainda não teve oportunidade de praticar sua nova experiência?
— Apesar da questão, suave e indireta, pela primeira vez ela viu algo que não era
frieza em seus olhos. — Eu havia assumido que sim, pelo que vi.
— Foi um primeiro encontro — explicou ela. — O segundo encontro, na
verdade. Obviamente, se as coisas se tornarem mais sérias, eu vou ter que...
interromper nossos compromissos.
— É claro.
— Não é nada pessoal. Você sabe o quanto eu respeito você e sua... seus
talentos. É só que...
— Não foi um insulto. Eu só quis dizer que, é claro, que você gostaria de
passar para um relacionamento permanente com um homem que poderia amar.
— Ah. Sim.
Ela olhou para ele, perguntando o que havia acontecido, por que ele havia se
transformado neste estranho, subjetivo, em vez do Ander que ela havia conhecido
nos últimos meses. Ele nunca tinha sido emocional, aberto ou vulnerável, mas ele
parecia real. De uma forma que não era esta noite.
— Bem — ele solicitou, erguendo as sobrancelhas novamente. — Eu imaginei
que você não estava de bom humor, mas talvez meus encantos sejam simplesmente
irresistíveis demais.
Então, ele sorriu para ela. Aquele sorriso que ela não poderia suportar.
— O que há de errado com você? — Ela rosnou, quase trincando os dentes de
frustração.
Ander piscou, o sorriso desaparecendo de repente.
— Desculpe-me?
— Por que você está agindo desta forma esta noite? Tão falso.
— Eu não sei do que você está falando, Lori. Nós estávamos tendo uma
conversa. Obviamente, quando converso, eu me comporto de maneira diferente de
quando forneço outro serviço
— Não me venha com essa. Não é isso que eu estou falando, você não está
agindo como você mesmo. Você está todo frio e... e impessoal.
— Eu sou eu. Este sou eu. — Ele encontrou seus olhos, com um olhar que era
quase um desafio.
— Não, não é. Quer dizer, você não foi assim comigo antes e eu não gosto
disso. — Ela levantou o queixo e olhou para ele, desejando que ele tivesse
explodido e ficado bravo com ela como uma pessoa normal.
— Minhas desculpas. — Ele se levantou e pegou o estojo. — Nesse caso, eu
vou...
Lori também se levantou com um suspiro.
— Eu não disse que você deve ir, eu só queria que agisse como você de novo.
— Lori, você está presumindo demais. — Ele não estava olhando para ela
agora, então apertou o botão para o andar térreo e ficou olhando os números
acenderem quando o elevador começou a descer. Sua voz ainda estava controlada,
mas sua mandíbula e ombros estavam tensos. — Nós nunca tivemos uma relação
pessoal.
— Eu não estou dizendo que tivemos! — Sua voz era alta e ela desejava que
ele apenas ficasse com raiva, mostrasse alguma emoção real em vez da máscara
impessoal que colocou. — Eu sei que foi profissional, mas eu pensei que... nós
trabalhamos bem juntos e eu disse que não queria fingir nada, então pensei que
você fosse... bem, ser você mesmo quando conversamos.
— Bem, então por que você está agindo como louco? — Ela exigiu.
— Eu não sou louco. — Sua expressão ainda era controlado, mas um pequeno
músculo estava se mexendo de um lado de sua mandíbula e sua voz soou um
pouco impaciente. — Lori você pode, por favor, sair do caminho?
— Não. — Ela estava começando a entender agora. Ele estava louco, esta
frieza devia ser algum tipo de cobertura instintiva para mascarar seus sentimentos
reais. Ela não tinha ideia de por que ele ficaria bravo com ela, no entanto, a ideia
realmente a incomodava. — Se eu o ofendi de alguma forma, eu gostaria de saber
porque. Eu nunca quis, eu sempre tentei... ser boa.
Finalmente, ele encontrou os olhos dela novamente.
— Lori, você não tem que ser agradável. Você me paga pelos meus serviços.
— Você está agindo como louco — ela retrucou. — Parece que quer arrancar
minha cabeça.
— Lori. — Sua voz era ainda mais grossa do que antes e ridiculamente a fez
pensar em sexo. Ele inclinou o rosto na direção dela e o apertou contra seu ouvido.
— Lori, desiste disso. Se você quiser manter nosso compromisso, nós podemos
voltar lá para cima. Mas meus pensamentos privados não são da sua conta.
Ela estremeceu. Ele nem a estava tocando, mas ela o sentia todo em sua pele.
Ardente com calor e desejo, ela ainda conseguiu segurar o final do argumento.
— Eu disse que não quero que se abra comigo, mantenha seus pensamentos
privados para si mesmo. Apenas me diga o que eu fiz pra você ficar louco.
— Pela quarta vez — Ander rosnou, ainda em seu ouvido. — Eu não sou
louco.
Ela se mexeu inquieta contra a parede, morrendo por algum tipo de atrito
com a pele dele. Ao se contorcer, acabou por encostar-se em Ander. Ela sentiu algo
que a chocou tanto que sua boca abriu. Seu baixo ventre havia se encostado contra
a frente das calças de Ander.
Uma pergunta para casa. Lori não tinha resposta para ele agora.
Sua mão ainda estava plantada ao lado da cabeça dela, prendendo-a contra a
parede. Ele estava duro, excitado, tão excitado quanto ela.
Incapaz de se segurar por mais tempo, ela estendeu a mão e agarrou-o pelos
quadris. Pressionou sua pélvis contra si. Esfregou-se contra a protuberância que
sentia e quase gemeu com as sensações resultantes.
Então ela percebeu o quão descaradamente ela o tateou, quando estava claro
que eles não estavam no meio de uma de suas sessões, e soltou suas mãos
abruptamente com um suspiro.
— Desculpe!
Ander colocou o estojo, que ele segurou em uma das mãos o tempo todo, no
chão. Em seguida, plantou sua segunda mão na parede do outro lado da cabeça
dela.
— Lori?
Ele deve ter despertado por ela. Genuinamente excitado, por ela. Lori. O
conhecimento lhe enviou uma emoção selvagem para a espinha que intensificou as
sensações de seu corpo.
Ela gemeu em seus braços, agarrando suas costas, tentando arrancar sua
camisa de dentro da calça. Antes que ela pudesse ir muito longe, Ander havia se
inclinado e abocanhado um seio e depois o outro através da seda de sua camisola.
Enquanto chupava o seio, uma das mãos mergulhadas em sua cintura deslizou
para entre suas pernas. Ela mordeu o lábio inferior ao sentir os longos dedos
acariciando sua carne íntima.
Ele sentiria o quanto ela já estava molhada e excitada. Tão excitada quanto ele.
Sem esperar a permissão dela, Ander libertou sua mão de entre suas coxas e
depois, com um único movimento, desceu sua calcinha de seda. Enquanto ele fazia
isso, ela se atrapalhava com o cinto e o zíper da calça dele.
Eles estavam em um elevador público. Por um momento detido, mas ambos
sabiam que não havia tempo para flertar.
Ander endireitou-se e largou-a tempo o suficiente apenas para puxar um
pacote de preservativos de seu estojo. Uma vez que o colocou, segurou-a pelo
traseiro com ambas as mãos e puxou-a, ela se apoiou no corrimão de bronze que
atravessava as paredes do elevador.
Não havia muito apoio, mas Ander usou seu corpo para segurá-la no lugar.
Ele abriu suas pernas e se afundou dentro dela, empurrando-a contra a parede em
sua estocada inicial.
Pela primeira vez, ele não havia usado lubrificante. Não precisava de nenhum.
Lori suspirou de prazer quando ele a penetrou, a substância plena de seu pênis
enchendo-a completamente. Instintivamente, ela colocou as pernas em volta de sua
cintura para manter-se mais segura e se agarrou desesperadamente a seus ombros.
— Rápido — disse ela em uma respiração ofegante, sacudindo a cabeça sem
descanso contra a parede enquanto seu corpo gritava por atrito. — Forte. Por
favor.
Ele começou a golpear, seu movimento limitado pela situação precária. Seus
quadris bombeavam contra a carne, seu pênis se enterrando em sua passagem
escorregadia com a velocidade urgente e força que ela precisava sentir.
— É muito bom — ela respirou, as palavras quase inaudíveis, apertando-lhe
com seus músculos íntimos. — Tão bom — ela respirou de novo, em cada uma de
suas investidas dentro dela.
Ander havia se curvado para enterrar o rosto em seu pescoço novamente. Ela
sentiu sua respiração quente na pele. Seus lábios, língua e dentes. Ele moveu a boca
ao longo de seu pescoço, ombro, até a mandíbula.
Sua boca estava tão perto da dela agora, que tudo o que precisaria era de uma
ligeira inclinação no pescoço para que eles se beijassem.
Eles não se beijaram, no entanto. As estocadas de Ander ficaram mais curtas e
rápidas e Lori cavou os dedos na pele abaixo do colarinho dele. Sua posição não era
totalmente confortável, mas tudo parecia tão incrivelmente bom. Ela não achava
que gozaria, não havia estimulação suficiente no clitóris. Mas ela não se importava.
Algo sobre a intensidade de seu acoplamento a fez tão bem quanto qualquer
orgasmo que ela já havia experimentado.
A pélvis de Ander investia contra ela e ele moveu o pescoço novamente,
então, sua boca estava quase no ouvido dele. Suas bochechas estavam quase
pressionadas juntas, a dele tão quente quanto a dela.
Ela não sabia se era uma pergunta ou uma expressão de prazer, assim
respondeu instintivamente:
— É tão bom. Goze? — ela ofegou. — Eu quero que você goze.
A respiração dele acelerou ainda mais quando todo o seu corpo começou a
tremer. Ela nunca havia experimentado nada parecido. Toda a angústia e tremor
que ela havia tentando abafar antes parecia à beira de implodir em seus braços.
Seus olhos nublados e terminações nervosas zumbiam com prazer. Ela não
estava trabalhando para qualquer clímax, mas a coisa toda parecia muito intensa.
Ander arqueou o pescoço para a frente novamente, levando a boca mais uma
vez para a curva de seu pescoço. Ela gritou alto quando sentiu seus dentes
morderem a carne delicada. Em seguida, todo o corpo dele pulsou de êxtase e ele
continuou golpeando enquanto soltava um som gutural e prolongado.
Eles mantiveram a posição por alguns momentos enquanto seu corpo,
lentamente, começava a amolecer. Lori sentiu as pernas rígidas e os pés estavam
perdendo a circulação, mas ela não queria desdobrar as pernas. Ander ainda não
havia levantado a cabeça, ele só ofegava contra sua pele.
Nesta hora uma voz estridente soou no elevador, tranquila, sem aviso prévio.
Lá, eles se deitaram na cama e Ander atendeu Lori com preliminares, lentas e
vagarosas. Ele a levou ao clímax com a mão três vezes antes de colocar outra
camisinha e a penetrar novamente.
Ele descansou a maior parte de seu peso sobre ela, então deslizou ligeiramente
para cima e eles fizeram um movimento delicado, de balanço, que estimulava seu
clitóris com a base de pênis dele. Após a urgência da foda no elevador, ambos
poderiam ir devagar e Lori encontrou a nova posição profundamente agradável.
Seus rostos estavam perto de novo, suas bochechas roçavam uma contra a
outra e a textura mesclada de suas respirações era o único som além da agitação
suave e rítmica da cama.
Mais uma vez, ela teve que dizer-lhe para gozar e ela gozou logo antes dele,
liberando um gemido baixo enquanto seu orgasmo a atravessava.
Quando ele se levantou para cuidar do preservativo, ela puxou as cobertas,
sentindo o frio de sua ausência.
Ela refletiu sobre como era estranho que ele sempre esperasse a permissão
dela para gozar. Ele estava sempre tão no controle
Ela perguntou se era significativo que ele não voltasse para a cama com ela.
— Eu nunca esperei fazer isso num elevador — disse ela, principalmente para
ter algo a dizer.
Ele deu um meio sorriso. Não parecia mais tenso, parecia drenado. Um pouco
pálido e realmente cansado quando disse:
— Tivemos sorte de não sermos pegos. Eu vou ter que verificar com a
segurança para ver se eles gravaram.
Ela não ficaria surpresa se ele tivesse algum tipo de contato em cada hotel
importante em Seattle.
— Obrigada. — Ela fez uma pausa e então, encontrou coragem para
perguntar: — Será que estamos... estamos bem?
Ander sorriu novamente. Não era o sorriso que ela desprezava, mas não era o
irresistível espasmo de seus lábios também. Seu sorriso era leve e meio exausto.
— Sim. É claro.
Isso não fez Lori se sentir exatamente bem. Havia uma tensão estranha no ar,
que não existia antes. Ela não tinha certeza se estava vindo dela ou de Ander ou de
ambos, mas sabia que não estava enganada sobre isso.
Procurando por algo casual para dizer, ela esfregou a mordida no pescoço
com uma mão.
— Agora eu, provavelmente, vou ter um hematoma novamente — queixou-se,
certificando-se de que era claro que ela estava brincando. Ela esticou o pescoço
para ver em um dos espelhos. — Muito obrigada.
— Um pouco de dor pode intensificar o prazer — disse ele, com a voz que
costumava usar ao dar-lhe conselhos ou instruções.
— Pode ser, no entanto, eu não tenho certeza se gostaria de muito mais do
que isso — acrescentou ela, honestamente, remoendo memórias de suas próprias
respostas físicas aos estímulos. Seguindo essa linha de pensamento, ela falou
preguiçosamente: — Eu acho que algumas pessoas gostam. Você perde muitas
clientes por fazer apenas a coisa romântica? — Ao seu olhar interrogatório, ela
explicou: — O que falamos semana passada – sobre você não fazer S&M.
— Ah — ele disse com um brilho no olhar e balançou a cabeça. — Não. Eu
não acho que tenha perdido qualquer coisa.
Aliviada por encontrar um assunto incomum – mas que parecia mais com sua
interação normal – Lori perseguiu:
Ela não se arrependia de suas sessões com Ander, mas finalmente teve que
admitir a si mesma que não poderia durar para sempre. Já estava começando a se
sentir um pouco estranha, como se não fosse tão impessoal e profissional como
deveria ser.
Agora que tinha um potencial relacionamento com Phil, ela realmente queria
continuar essa coisa com Ander?
Quando ela olhou para a frente, viu que ele a estudava fixamente.
Bem no ponto, Lori foi abatida com uma onda de confusão. Ela não tinha
ideia do que queria fazer.
— Hum, eu não sei como está minha agenda. — Isso era verdade. Ela não
sabia se Phil iria convidá-la para sair novamente. — Por que eu não envio e-mail
para que você saiba?
Ander assentiu, sem expressão no rosto.
— Pode ser.
Ele tomou banho e se vestiu depois disso, ela deu-lhe o dinheiro e o levou à
porta como de costume. Seu adeus parecia ser mais definitivo do que de costume e
Lori não podia aguentar o jeito como ele se afastou dela, no corredor.
Mas sabia que precisava enfrentar a realidade. Ela não poderia buscar um
relacionamento sério e ao mesmo tempo foder com um gigolô, talvez alguns
homens façam isso, mas ela não poderia. Ela não faria isso.
Se tivesse a opção, ela preferiria ter um homem para amar a pagar um homem
para transar com ela.
***
Dali há dois dias, Lori enviou um longo e-mail, desconexo e apologético a
Ander, explicando que não iria mais precisar de seus serviços. Phil a havia chamado
pra sair de novo, e ela ia se concentrar naquele momento.
Ander enviou-lhe uma resposta breve e impessoal, dizendo que ele havia
gostado de trabalhar com ela e para mantê-lo em mente para quaisquer referências.
E foi isso, a experiência inexplicável de Lori com um acompanhante havia
chegado ao fim.
Ela tinha outro encontro com Phil na noite de sexta-feira, talvez assim ela
pudesse olhar para a frente.
.Sete.
— Esta é para as não mais idiotas — Sabrina disse, levantando a garrafa meio
bebida de cerveja em um brinde entusiasmado.
Ambas estavam largadas no chão encostadas no sofá da sala de estar de Lori,
uma caixa de pizza vazia entre eles.
— Aqui, aqui! — Lori ecoou, tilintando sua garrafa contra a da prima.
Lori estava em sua terceira cerveja. Estava apenas começando a ficar com um
zumbido agradável, mas franziu a testa quando tomou outro gole.
— Ele era um idiota, não era?
— Ele é o idiota — disse Sabrina em total apoio, mesmo que isso significasse
repetir-se por uma noite inteira. — Não você.
Lori transformou a carranca em um sorriso de escárnio.
— Eu sei. Eu não vou levá-lo adiante, mas na sexta-feira, nós meio que
avançamos e depois eu o parei. Talvez ele tenha pensado...
— Eu não dou a mínima para o que ele pensou. Você não fez nada de errado,
não tem que ceder só porque ele quer, e você tem todo o direito de parar o sexo
em qualquer ponto, sempre que quiser e por qualquer motivo.
— Eu não mudei de ideia no meio do sexo. Nós só estávamos brincando um
pouco no sofá, ainda vestidos e tudo mais, mas ele estava se animando e eu não
estava. Tanto.
A expressão de Sabrina mudou quando largou a garrafa de cerveja vazia.
— Por que você não se animou com ele?
— Eu não sei. — Lori corou um pouco quando se fez admitir: — Estava tudo
indo bem, eu acho. Mas não estava tão bom quanto eu estou acostumada.
Lori se adiantou.
— Eu sei, eu sei. Eu não sou uma idiota, e não estou esperando o mesmo
nível de experiência que tive com um profissional, mas... eu não sei. Parecia que
Phil era uma espécie de egoísta sobre as coisas.
— Eu estava com medo disso — Sabrina disse com um suspiro. — A verdade
é que, quando se trata de sexo, o egoísmo é bem típico nos caras.
Lori pensou sobre isso por um minuto. Então levantou a garrafa de cerveja.
— Este é para os idiotas egoístas na cama, que eles fiquem longe de nós.
Lori fez uma careta para a prima, mas não houve tentativa de manter isso o
segredo.
— Eu enviei um e-mail a Ander ontem para ver se ele agendaria um novo
compromisso comigo.
Constrangida pela confissão e irritada pelo óbvio choque de Sabrina, Lori fez
cara feia de novo.
— Bem, por que não? Você acabou de me dizer que a maioria dos caras são
idiotas egoístas. Então, por que eu não deveria tomar as medidas necessárias para
ter certeza que terei boas experiências.
— Não há razão — Sabrina disse, erguendo as mãos em defesa ao tom
veemente de Lori. — Mas há caras bons lá fora, eles são apenas difíceis de
encontrar.
— Contanto que você não o esteja usando como uma muleta ou secretamente
esperando por algum cenário do tipo Uma Linda Mulher.
— Sabrina! — Lori retrucou: — Quer dar um tempo? Eu não sou uma idiota,
só quero fazer as coisas da minha minha maneira por um tempo e esta é a minha
maneira.
Sabrina estudou a expressão de Lori sobriamente por um longo tempo, então
balançou a cabeça, evidentemente satisfeita com o que viu.
— Tudo bem. Eu entendi. Mas eu acho que você está fazendo mais, porque
está chateada.
Outro bing em seu computador alertou-a para um novo e-mail. Desta vez,
quando Lori foi verificar, viu o nome de Ander na coluna.
Ela suspirou profundamente alíviada quando viu sua resposta. Ela havia
escrito a ele ontem num impulso aleatório, mas quando não recebeu resposta tão
rapidamente como de costume, começou a ficar preocupada. Talvez ele estivesse
cansado de aguentar seus caprichos. Ou, pior ainda, talvez estivesse ferido ou
ofendido por ela ter dispensado seus serviços no mês passado.
Ela nunca quis ferir seus sentimentos. Em circunstâncias normais, não teria se
preocupado, pois ele certamente ficaria contente de obter o retorno de um cliente.
Mas as coisas haviam sido tão intensas em sua última sessão e ela ainda estava
confusa sobre isso.
***
Esta noite, ele usava um terno cinza carvão e uma camisa preta sem gravata.
Estava suave, bonito e sofisticado, e, para seu alívio infinito, não estava sorrindo
aquele horrível sorriso falso.
Ele não estava sorrindo de jeito nenhum. Ele só olhou para ela com uma
expressão de escrutínio interrogativo. Estava totalmente composto, no entanto.
Seja qual for a profunda emoção que havia tomado conta dele na última vez em
que se encontraram, agora estava totalmente controlado.
Isso foi muito reconfortante.
Lori deu-lhe um sorriso tímido.
— Oi. Eu mudei de ideia.
O canto da boca de Ander deu um puxão minúsculo. Tão leve que ela quase
não pode pegá-lo.
— Estou vendo.
Ela o deixou entrar e eles caminharam até a mesa redonda ao lado da janela.
— Espero que esteja tudo bem — disse Lori empoleirando-se na borda de
uma das cadeiras.
— Não é um problema para mim. — Os olhos azul-acinzentados ainda
mapeavam seu rosto, como se estivesse tentando captar algo fora de sua expressão.
— Eu me sinto um pouco mal sobre isso. Indo e voltando desse jeito.
— Eu suponho que isso signifique que você terminou com seu namorado.
Ela não pode evitar sentir um tremor de prazer com o franco espanto em sua
voz. Era bom que alguém a achasse capaz de agarrar um homem.
— Ele era um idiota.
— Claramente. Foi muito sábio de sua parte livrar-se dele tão rápido assim.
Simples assim, eles voltaram à sua interação confortável, sociável. Ela estivera
terrivelmente amedrontada de que esta noite seria estranha ou desconfortável ou
tensa e conflituosa como a conversa no elevador. Mas era como se nada tivesse
acontecido entre eles.
Antes que ele pudesse enganá-la com algum tipo de bobagem, ela disse:
— Eu faço um monte de perguntas. Não consigo parar, eu sou assim, mas não
fique todo tenso e fechado se eu perguntar algo que você não quer responder,
apenas diga-me para calar a boca.
— Entendido.
Ela não sabia por que, mas meio que gostava da ideia de Ander não estar
vendo tantas clientes, como ele costumava. Ela se lembrava claramente do quanto a
desagradou de vê-lo com Sarah na arrecadação de fundos.
— Suponho que ser acompanhante não seja uma linha de trabalho que você
pense em seguir indefinidamente. Alguma vez já pensou em mudar de carreira?
— Às vezes.
Não era lá uma resposta e não lhe dizia tanto quanto ela queria saber, mas
pelo menos ele não a havia dito para calar a boca. Ela queria pressioná-lo sobre este
assunto, mas obrigou-se a parar. Em vez disso, foi para a cama com seu vinho e
ficou deitada, fazendo-se confortável já que agora tinha certeza de que queria fazer
sexo mais tarde.
Ela disse pausadamente:
— Desculpe-me?
— Um terapeuta sexual, basta pensar sobre como você foi bom em me ajudar.
As pessoas fariam fila para ter sessões com você.
Por um momento, Lori prendeu a respiração – insegura da reação de Ander.
Poderia ter ido por um mal caminho. Mas então seus lábios se contraíram.
Ela sorriu.
— Ou você poderia seguir o que sugeri antes, fazer seminários e webinários
com instruções sobre como os homens podem melhor agradar as mulheres. — Ao
pensar em Phil, sua expressão se transformou numa amarga carranca. — Eles
definitivamente precisam de conselho.
Sua voz ainda era divertida, mas ela não gostou da nota de amargura que
detectou.
— Não gosto disso. Suponho que sua ex-profissão poderia ser uma jogada de
marketing, mas eu me referia mais a um livro de Como Fazer. Estou falando sério,
você realmente deve escrever sobre toda a sabedoria e discernimento que tem
sobre mulheres e relacionamentos.
— Sabedoria e discernimento? — um fraco ceticismo estava gravado em suas
belas feições.
Lori endireitou-se na cama, franzindo a testa para ele em aborrecimento.
— Como você pode ser tão presunçoso em um minuto e em seguida tão
completamente alheio? Você é uma das pessoas mais inteligentes que eu já conheci
e eu nunca conheci ninguém com o tipo de experiência com a natureza humana
que você teve. Não estou dizendo que é uma bênção ou que não vem com um
preço, mas você tem isso. Por que não usá-lo?
— Eu uso.
Lori quase estalou. Ela não pensara que era isso o que estava fazendo. Tinha
acabado de ter uma ideia e a externou – do jeito que sempre fazia.
— Que tipo de hipócrita eu seria se estivesse fazendo isso, dada a quantidade
de dinheiro que paguei você para foder comigo? Eu espero que você não ache que
eu estava julgando você. Eu não estava. — Ela olhou para sua taça de vinho,
estranhamente tímida, de repente. — Você não acha que eu estava fazendo isso,
não é?
— Lori — Ander começou, sua voz guiando os olhos dela até o seu rosto. —
Às vezes eu não tenho nenhuma ideia sobre o que pensar de você.
Ela não tinha certeza se havia sido elogiada ou insultada e deu-lhe um olhar
frio.
Ela pensou que o lábio dele poderia ter dado uma de suas contrações
deliciosas, mas ele ainda estava sentado na cadeira, muito longe da cama para ter
certeza.
— Você estava realmente pensando em deixar o negócio? — Lori perguntou
por fim.
— Eu nunca disse isso. Você perguntou se eu pensava sobre isso e
naturalmente eu penso sobre isso ocasionalmente.
Ela realmente não queria julgá-lo – não sem saber nada sobre o que havia
moldado suas escolhas –, mas ela não podia imaginar que ele tenha encontrado
uma vida genuinamente satisfatória permitindo que seu corpo e, até mesmo sua
personalidade, fossem usados da maneira que estava sendo.
— Cale-se, Lori.
Lori bufou e deu um safanão de frustração na cama, mas ela não podia
reclamar ou dizer qualquer coisa. Foi ela quem havia dito para Ander calá-la se ela
se tornasse muito intrometida.
Observando-a, Ander riu e terminou seu vinho. Ele parecia muito mais à
vontade agora do que da última vez que o havia visto. Ela se perguntou o que havia
mudado, a que tipo de resoluções pessoais ele havia chegado. O que lhe permitiu
estabilizar a tensão emocional que ela havia testemunhado antes.
Ela ainda não sabia o que toda aquela tensão emocional, no mês passado,
havia mesmo significado.
Havia muitas coisas sobre Ander que ela não sabia e percebeu o quão
profundamente odiava sua ignorância. A curiosidade que ela sempre sentiu sobre
Ander havia, por alguma razão, se intensificado de forma necessária.
Mas Ander claramente não ia dizer a ela – nem mesmo a mais básica das
respostas.
Ele apenas ficou lá, bebendo seu vinho e ainda rindo baixinho.
— Do que você está rindo? — Ela exigiu, decidindo que estava aborrecida
com ele por desfrutar de sua frustração, e mesmo que levemente, ele estava.
— Nada, alguém já te disse não antes, quando você quis se meter em suas
vidas?
— Sim, mas geralmente eu sou capaz de contornar isso. — Ela deu a Ander
um olhar avaliador, tentando descobrir o que seria necessário para levá-lo a abrir
seus segredos, sobre todas as coisas que ele se recusou a dizer a ela.
Ander apenas riu de novo, como se soubesse exatamente o que estava
tramando e sabendo que ela não tinha a menor chance de sucesso.
Lori deu um suspiro de indignação com sua diversão descarada à custa dela e
impulsivamente atirou um travesseiro para ele.
Este bateu-lhe em cheio no peito com uma lufada suficiente.
Em outro momento, seu tom seco poderia ter sufocado seus impulsos
lúdicos, fazendo-a se sentir tola e jovem, mas ela sabia que ele armara sua voz para
ser condescendente com o propósito de ajustar o campo de jogo a seu favor.
Ela ignorou seu comentário, estava ganhando essa partida e não tinha
intenção de perder.
Havia seis travesseiros na cama. Ela jogou outro para ele, mais uma vez,
direcionado ao seu rosto e ele fez um som abafado com o impacto.
— É, sem dúvida, uma tola para começar uma batalha quando você não sabe a
força total de seu adversário — Ander murmurou.
— Eu sei — insistiu Lori, apressando-se de volta para cama um pouco antes
de Ander deslizar ameaçadoramente sobre ela.
Em seguida, ele a traiu. A enganou totalmente. Ele agarrou seu tornozelo e
passou os dedos levemente sobre a sola de seu pé descalço.
Quando ele grunhiu, ela deslizou por ele e correu para os travesseiros.
Ela quase chegou lá, mas sentiu um braço forte em torno de si, levantando-a
até que foi atirada por sobre um ombros como um saco de batatas.
Ela uivou de indignação e agitou braços e pernas. Sem sucesso. Ander foi
inflexível quando a jogou de costas no colchão sem a menor cerimônia.
Ofegante, corada e mais animada do que era perfeitamente razoável, Lori
disse à guisa de explicação:
— Você não é o único que abre mão de golpes baixos para ganhar.
— Evidentemente.
— Isso é o que você merece por me fazer cócegas. — Ela esticou o queixo
para mostrar sua determinação e falta de vontade de ser intimidada por sua bravata.
Ele estava ao lado da cama e olhava para ela. Ele havia ficado mais tenso e a
expressão fatal e perigosa estava ainda mais forte em seus olhos. Cada músculo do
corpo de Lori se apertou, enquanto ela esperava em expectativa.
Ela sabia que ele ia fazer alguma coisa. Mas não tinha ideia do que seria.
Em seguida, ele agiu.
Ele estava inclinado sobre ela agora e Lori estava praticamente gritando, tanto
de prazer quanto de agonia. Suas pernas estavam penduradas para fora da cama, e
ela tentou apoiar os pés no chão para ter alguma vantagem, mas Ander se ajustou
para evitar sua estratégia, usando o peso de seu corpo para segurá-la no lugar.
Suas mãos se moveram para baixo da blusa para que ele pudesse fazer cócegas
em sua pele nua. Lori se contorceu e arqueou debaixo dele. Conseguiu suspirar:
Foi o calor em seus olhos, mais do que a agressividade, que mudou a natureza
de suas sensações físicas. Ela não conseguia parar de se contorcer, de se balançar
sob o peso de seu corpo magro e firme. Não conseguia parar de ofegar sufocando
seu nome.
Ele não perdeu tempo. Só subiu sua blusa ainda mais e se inclinou o suficiente
para levar um de seus seios à boca.
Lori gemeu quando ele sugou seu mamilo e as mãos começaram a acariciar as
laterais de sua barriga, quadris e coxas, em vez de sustentar as cócegas.
Sua boca e as mãos eram muito melhores em seu corpo do que as de Phil e
não era só porque ele era mais habilidoso. Parecia natural sentir Ander em cima
dela, sentir seus lábios no seio, suas mãos sobre a pele nua, acariciando partes
secretas onde ninguém nunca havia tocado.
Suas pernas ainda pairavam sobre o lado de fora da cama, então ela tentou
envolvê-las em torno do corpo de Ander. Ele estava vestindo roupas demais, mas
ela não queria perder tempo tirando-as. Ela esfregou seu centro quente contra a
protuberância que sentia nas calças Ander, apenas algumas camadas de tecido entre
suas carnes.
— Ander — ela murmurou, jogando a cabeça para trás e para frente com um
desejo que rapidamente a estava tirando o controle. — Camisinha. Agora.
Ele puxou a cabeça de seu seio e mirou uma de suas coxas. Então olhou para
ela por um minuto, com os olhos estranhamente ardentes e desfocados. Em
seguida, tirou sua calça de caxemira e afastou-se apenas o tempo suficiente para
pegar um preservativo de seu estojo e abri-lo.
Ele se atrapalhou com a calça e cueca até que libertou seu pênis. Em seguida,
rolou o preservativo e voltou para a posição em que estivera antes, apoiado sobre
ela, metade para fora da cama.
Ela afastou as pernas para acomodá-lo, mas ele abriu ainda mais suas coxas
antes de deslizar dois dedos em seu canal para verificar sua disponibilidade. Ela
estava mais úmida do que pensava ser possível após tão poucas preliminares. Sua
respiração engatou enquanto ele a fodia com os dedos por um minuto, afundando-
os para tocar em seu ponto G.
Ele ainda estava com a maioria de suas roupas; seu rosto corado e tenso
encimando sua camisa e terno caros foi a coisa mais sensual que ela já tinha visto.
Um polegar encontrou seu clitóris e ele massageou até que os tremores de um
orgasmo pulsavam através dela, fazendo-a gemer e estremecer.
Sugando o ar enquanto gozava, ela começou a agarrar a bunda Ander,
tentando puxá-lo para si, faminta por mais. Ele ajustou o corpo para alinhar o pênis
em sua entrada.
Então, com uma arremetida dos quadris, ele enterrou o pênis dentro dela.
Ela arqueou-se novamente quando foi penetrada. Estava apertada por quase
um mês sem sexo.
— Porra — ele murmurou. Segurando-se nos braços com o rosto virado de
lado.
Ela queria que ele olhasse para ela de novo. Queria ver a expressão de seus
olhos.
Ele ajeitou o pescoço e abriu os olhos. Fez um som que poderia ter sido uma
risada abafada.
— Sim. — Quando ele deu o primeiro impulso, ela abriu os lábios e esticou o
pescoço de prazer. — Ah, sim. — Ele investiu de novo e ela enterrou os dedos nos
músculos duros de seu traseiro. — Ahhh.
Eles foderam assim, à meio caminho da cama, e Lori adorou. Seu corpo ficou
mais quente e mais urgente a cada golpe duro de Ander e sua respiração ofegante
foi se transformado em soluços de prazer enquanto acompanhava balanço a cama.
Ela se atrapalhou em sua bunda e costas, tentando trazê-lo para ainda mais
perto. Enrolou as pernas em torno de seus quadris e continuou tentando juntá-los
mais para que ela pudesse sentir ainda mais dele. Metendo fundo e forte.
O corpo dele ficou extremamente quente e suado debaixo de suas roupas, e
sua respiração irregular transformou-se em rítmicos sons guturais, quase como se
fossem grunhidos, a cada vez que ele se introduzia dentro dela.
— Oh, Deus — ela engasgou. — Ander. — Seu corpo inteiro começou a
tremer e ondas de calor a tomaram.
A velocidade das investidas se intensificou e ele estava tão tenso que ela podia
ver os tendões expostos em seu pescoço.
— Vou gozar. Goze também. — Ela arranhou sua bunda, sabendo que o
estava marcando, querendo marcá-lo. Em seguida, todo o seu corpo se arqueou e a
boca se abriu num silencioso grito de prazer.
Suas paredes internas aumentaram o cerco ao redor do pênis Ander e ele caiu
de ritmo também. Com uns grunhidos finais, ele investiu contra seu canal apertado.
Logo, seu pau pulsava, seu corpo inteiro pulsava, quando ele chegou ao clímax com
palavras sufocadas.
Ander ficou no banheiro um pouco mais que o normal, mas não tanto como
naquela noite em que ela voltou de Hong Kong.
Ela percebeu, quando ele voltou para o quarto, totalmente nu, que eles haviam
parado de desligar as luzes em algum ponto não especificado ao longo dos últimos
meses. Ela podia ver o corpo magro e nu de Ander claramente quando ele
caminhou para a lateral da cama e se abaixou para pegar sua cueca.
Ele tinha ombros largos, abdômen firme, pernas longas e uma bunda linda.
Sua bunda estava exposta para ela quando puxou a cueca, então ela teve uma
excelente visão das bochechas firmes e flancos estreitos, e das furiosas marcas
vermelhas de suas unhas cruzando a pele clara.
Ela abafou uma risadinha com esta evidência vívida de como o marcara e
puxou lençol e edredom até as axilas. Ela não estava usando nada além de sua
camisa de caxemira, e seu corpo não era tão perfeitamente cinzelado para a
apreciação como o de Ander.
Ander deu-lhe um olhar interrogativo quando voltou para a cama e ficou
debaixo das cobertas ao lado dela.
— O quê?
— Eu não sabia que tinha te arranhado tanto. Eles não doem, não é?
— Não muito. Não se preocupe com isso, pelo menos não foi minha cabeça.
— Sua boca se curvou num sorriso. — Além disso, você estava bastante
entusiasmada.
Seu tom era leve e provocante, mas as bochechas de Lori queimaram
dolorosamente. Ela havia ficado entusiasmada. Mais do que entusiasmada, ela havia
ficado quase frenética em sua necessidade de tê-lo dentro de si. Ela adorou a
sensação na hora, mas agora estava envergonhada de sua ousadia, sua ansiedade
quase infantil.
— Nada.
— Lori. — A voz de Ander, tinha uma ponta de aviso, da mesma maneira que
Sabrina sempre fazia quando Lori estava sendo tola.
— Tudo bem — Lori cedeu com uma carranca. — Eu só estou envergonhada.
— Por quê?
— Eu não sei. Não é racional. É que o mundo parece pensar que ser calmo e
contido é o certo e eu nunca consegui ser assim, não importa o quanto eu tente. Eu
fico muito animada com as coisas e esta coisa, o sexo, ainda é muito novo para
mim e você fez soar como se eu... como se eu... — Ela parou, sem saber como
articular seu desconforto.
— Como o quê? — Ander virou para o lado e a olhava com uma careta.
— Eu não quis fazer sexo logo com ele, então ele encontrou alguém mais
jovem e disposta.
— O quê? — a voz de Ander não era alta, mas o espanto discreto em sua voz
foi mais uma vez reconfortante.
— Então você acha que é muito ruim, não é? — Lori perguntou, encontrando
seus olhos intensamente. — Quer dizer, você não acha que é aceitável para um cara
me tratar como lixo só porque eu não transei com ele no terceiro encontro, não é?
Por um momento a mandíbula de Ander ficou tensa e um pequeno músculo
cintilou em seu rosto. Em seguida, seu rosto relaxou e ele a encarou sacudindo
ligeiramente a cabeça.
— Parece que você escolheu um idiota para si.
Lori riu, sentindo-se absurdamente melhor sobre isso, agora que Ander tinha,
com naturalidade, condenado Phil ao mesmo nível do inferno que ela e Sabrina.
— É exatamente isso o que eu digo.
Quando ela olhou para Ander, ela o pegou fazendo uma varredura em seu
rosto num óbvio escrutinho.
— O quê? — exigiu.
— Você não tinha se apaixonado pelo idiota, tinha? — Seu tom era casual e
despreocupado, e não totalmente de acordo com a urgente inspeção de seus olhos.
— Não. Não, não tinha. Quer dizer, eu me senti um lixo depois que ele me
deixou. Mas eu estava mais humilhada. Eu realmente pensei que ele tinha potencial,
então me senti estúpida e doeu. Eu sempre me senti... — Ela havia derramado as
palavras sem pensar, mas parou quando percebeu o que estava prestes a dizer.
Lori fechou os olhos. Ela não tinha a intenção de se abrir sobre isso, mas se
ouviu dizer as palavras de qualquer maneira.
— Sempre me senti a segunda melhor. Você sabe, sempre à sombra de
alguém. Isso provavelmente tem muito a ver com o fato de eu ter ficado todo o
ensino médio e universidade apaixonada por um cara que não me amava e essa
coisa com Phil tipo me fez sentir assim novamente. Como eu estava sendo idiota
por esperar que um cara quente se apaixonasse por mim. — Sua voz falhou um
pouco quando ela concluiu: — Acho que eu continuo esperando que alguém me
escolha, me queira, sobre todas as outras mulheres que poderia ter.
O quarto de hotel estava em silêncio quando terminou, e ela disparou os olhos
nervosos sobre a Ander. Sua expressão era calma, reflexiva, e isso fez Lori queimar
com vergonha novamente.
Que diabos ela estava pensando? Expondo suas entranhas assim.
Ele deve pensar que ela era uma menina, carente e tola.
Ander não falou imediatamente e Lori não conseguia pensar em nada para
dizer. Ela se contorcia sem parar, tentando falar algo para trazer de volta a
familiaridade confortável que existiu mais cedo.
Ela percebeu que ele estava respondendo a sua pergunta de mais cedo, sobre
seu primeiro trabalho como acompanhante. Talvez sua confissão vulnerável, tenha
aberto a porta para ele também.
— Depois que meu pai e eu tivemos nossa briga 100.000,00, eu jurei que não
tinha mais nada a ver com ele. E mantive a minha palavra. Estava trabalhando em
um MBA, mas abandonei a escola e já não usava qualquer parte de seu dinheiro ou
recursos. Então fiquei vadiando por quase um ano, vivendo com amigos e sem
fazer nada construtivo, mas esta mulher continuou se insinuando. Mas eu não
estava interessado. Ela não fazia o meu tipo e eu não gostava de suas ligações com
o meu pai, então ela me ofereceu cinco mil dólares para ir a um encontro com ela.
Ander estava com a voz seca, suas feições tão calmas que eram quase estoicas.
— Eu aceitei – não tinha nenhum trabalho e nem dinheiro próprio. Eu a levei
para jantar, em seguida para tomar um coquetel, então, de volta à sua casa, onde
transei com ela. Eu vivi por um mês com essa única noite de trabalho.
O coração de Lori, por algum motivo, estava correndo e ela não conseguia
tomar uma respiração completa, mas manteve a voz natural, não querendo fazer
uma grande coisa sobre o fato dele ter se aberto pela primeira vez.
— Oh, sim. Tenho acerteza de que ele soube. Parecia tão fácil para mim.
Acompanhar mulheres, ganhar dinheiro fazendo isso. Esta mulher tinha um monte
de amigas, então eu tenho referências desde o início. Aos poucos, fiz todo um
negócio independente dela.
— Foi difícil? — Lori perguntou, mantendo sua voz o mais leve possível. —
Esta primeira vez?
— Não. — Ander desviou os olhos até encontrar os dela, embora só os tenha
segurado por alguns segundos. — Realmente não foi. Eu estava com raiva e... e
determinado. Não estou dizendo que não tenha sido difícil... em outras vezes. Mas
a primeira vez que não foi. Nada. — Ele deu uma risada amarga. — Não demorou
muito para o meu pai me negar completamente.
— Sim. Ele finge não reconhecer a minha existência, mas ele sabe.
Quando ela olhou para Ander sob a luz artificial do quarto, pensou por um
momento que ele parecia incrivelmente jovem. O que era ridículo, ele era sete anos
mais velho do que ela e já teve mais do que uma vida inteira de experiência.
Mas ele parecia jovem. Como um menino. Como um menino que ainda queria
que seu pai o amasse.
Ela mexeu-se instintivamente, sem planejar ou pensar em suas ações. Apenas
apoiou-se nos cotovelos e se inclinou na direção onde a cabeça de Ander
descansava sobre um travesseiro.
Em seguida, seus lábios encontraram os dele. Pressionado contra eles um
beijo suave e breve.
Tudo parecia perfeitamente natural, até a respiração Ander sair audível por
sua garganta. Seu corpo estremeceu um pouco e ele olhou para ela com espanto,
seus olhos azul-acinzentados amplos e confusos.
Lori corou ardentemente e se afastou.
Não era verdade, mas era uma boa desculpa, assim Lori não objetou.
— Sim.
Ele deslizou sua língua contra a linha dos lábios dela em uma exploração
interrogatória. Quando ela se abriu para ele, sua língua a invadiu, provocando e
acariciando com fome e confiança.
Então Ander os empurrou contra a cama e ficou em cima dela. Uma das mãos
segurou a parte de trás de sua cabeça, quando o beijo cresceu tornando-se mais
profundo e intenso.
Lori agarrou sua cabeça com as duas mãos, sentindo a pele firme de seu couro
cabeludo com as pontas dos dedos. Todo o seu corpo tremia enquanto seus lábios
e línguas dançavam e duelavam. Ele estava tão quente que parecia como se
estivesse marcando-a – em seus lábios, em todo seu corpo.
Ela gemeu contra sua boca e expirou desesperadamente pelo nariz, até que ele
finalmente se afastou e caiu de costas na cama ao lado dela.
— Hum.
— Se fou falso ou artificial para você, não tem que fazê-lo. Você decide
— Hum.
— Às vezes é bom fazer algo diferente, mas podemos fazer o que você quiser.
— Hum.
Lori seria uma tola, digna de pena, se não tentasse algo tão bom novamente.
Por que diabos ela não o tinha beijado durante todo esse tempo?
Sentindo um desejo profundo e crescente, ela rolou de volta e agarrou sua
cabeça mais uma vez. Em seguida, ela o beijou forte e profundamente.
Seus braços imediatamente a cercaram e ele ajudou a colocá-la posicinada em
cima dele. Ela ficou esparramarda sobre seu corpo quente, e não parava de beijá-lo.
Desta vez, ela usou a língua de forma mais ativa, tentando combinar o
movimento hábil ao seu. Ela acariciou seu couro cabeludo suavemente e sentiu
uma aguda sacudida de prazer quando um gemido baixo saiu do fundo da garganta
de Ander.
Enquanto eles se beijaram, as mãos dele estavam ocupadas; ele acariciou-lhe a
espinha e depois suas coxas e parte inferior, onde acariciou e apalpou com
intimidade – com posse.
Quebrando o beijo por um minuto para que pudesse recuperar o fôlego, ela
deslizou uma de suas mãos para baixo através de seu peito e barriga até que pode
sentir-lhe a ereção através de sua cueca. A seda era fina e escorregadia e ela apertou
seu membro duro através do tecido.
Ela ouviu sua respiração entalar e imaginou ser uma coisa boa. Ainda não
havia igualado sua própria respiração quando Ander tomou sua cabeça com ambas
as mãos e puxou-a para outro beijo. Os dedos se enredaram em seus cabelos
enquanto ele brincava com a língua instigando-a a abrir a boca mais uma vez. Ela
continuou massageando seu pênis enquanto se beijavam, amando como parecia
firme e substancial sob sua mão e como o corpo dele retesava a cada aperto.
Logo, ela se perdeu no abraço. Seu corpo fez o que queria fazer, que era se
esfregar contra o dele e sugar-lhe a língua para dentro de sua boca. Ela sentiu suas
mãos irem para baixo de sua camisa de caxemira. Ela pensou, vagamente, que ele
estava tentando tirá-la, mas não sentiu-se livre o suficiente para deixá-lo fazer.
Quando ela desceu de seu orgasmo, percebeu o que ele estava pedindo.
— Goze também — disse ela com voz rouca. — Goze, Ander, goze.
Seus músculos íntimos estavam tensos e ficaram mais apertados com Ander
investindo, golpeando embaixo dela.
Ela sentiu sua boca quente e úmida na curva do pescoço. Então, sentiu-lhe os
dentes.
Ele mordeu mais forte quando chegou ao clímax, e Lori gritou na súbita
liberação, gozando de novo, inesperadamente, a partir da mistura de prazer e dor.
Seus corpos se contorceram e tremeram, se acalmando quando as ondas do
orgasmo finalmente desapareceram.
Lori estava quente e suada, assim como Ander. Ela arquejou-se
desesperadamente contra seu pescoço, enquanto ele arquejava desesperadamente
contra o dela.
Depois de um minuto, ele a afastou saindo de dentro dela, e se ergueu do
jeito que sempre fazia. Quando seu pênis deslizou para fora do canal apertado, seu
corpo resistiu. Suas paredes internas pareciam agarrar o pênis dele e ela sentiu uma
sensação crua quando ele, finalmente, deslizou para fora.
Quando ele voltou, após descartar o preservativo, ela realmente queria que ele
voltasse para a cama. Ele parecia quente, relaxado e saciado. Quase irresistível. Ela
queria abraçá-lo um pouco. Para ser segurada, abraçada, acarinhada.
Ela não estava completamente delirante, no entanto. Esta era uma das
consequências de fazer aquele tipo de sexo. Sem uma profunda conexão emocional,
haveria sempre algo faltando. Ela achou que poderia reverter ao beijá-lo enquanto
eles fodiam, sem perder seu senso de perspectiva, mas fingir um abraço depois era
ir longe demais.
Então, lhe disse que poderia tomar um banho, se quisesse, e estava se
sentindo mais como si mesma quando ele ressurgiu, composto e totalmente
vestido, em seu terno cinza carvão.
Ele se sentou em uma cadeira e encontrou seus olhos, enquanto ela
descansava na cama.
Ela não esperava a pergunta, então não teve outra escolha senão, responder
honestamente.
— Não. Eu não estava fingindo. Quero dizer, não pareceu falso. Eu gostei.
Senti que era uma parte natural do sexo e que eu estava perdendo antes. Foi
estranho para você?
— Claro que não. — Ele puxou seu smartphone para fora do estojo. — Você
quer agendar alguns outros compromissos neste mês?
— Ah. Sim. Sexta-feira está bom e talvez na próxima semana. Eu vou estar em
Québec no fim de semana depois disso, por isso vamos ter que nos programar em
torno da viagem.
Eles agendaram mais algumas sessões e depois Ander levantou-se para sair.
Lori entregou-lhe o envelope de dinheiro que ele nem sequer olhou. Apenas
deslizou em seu bolso.
Lori vestiu sua calça de caxemira antes de acompanhá-lo até a porta. Sentiu-se
um pouco tímida quando sorriu e disse adeus. Ela não sabia por que, de repente, se
encontrava acanhada, mas sabia que tinha algo a ver com a maneira como ele olhou
para ela, quando abriu a porta. Quase interrogativo, e estranhamente doce.
— Estou feliz por você ter mudado de ideia. Sobre seus compromissos
comigo.
Algo suavizou em seu peito àquelas palavras um pouco nervosas. Talvez fosse
o alívio que sentia. Ela estava tão feliz por ele parecer gostar de seus encontros com
ela. Obviamente, isso não era algum tipo de romance predestinado, mas pelo
menos, ela era um pouco mais para ele do que apenas um trabalho.
Ele parecia gostar dela o suficiente, e não se importava de fazer sexo com ela.
Lori sentiu como se tivesse feito uma grande façanha, dada a sua completa falta de
experiência.
— Eu também.
Ela o viu caminhar pelo corredor até o elevador. Esguio, ereto, elegante e
fino. Infinitamente experiente e, de alguma forma, ferido.
Ela iria vê-lo novamente na sexta-feira. Apenas quatro dias à partir de agora. E
iria beijá-lo novamente.
Mas Ander a pegou e colocou deitada de costas sobre a mesa, empurrou sua
camisa para cima, abriu-lhe as pernas e levou-a ao clímax duas vezes com a mão.
Então, estava ereto novamente, rolou outro preservativo e entrou ela.
Levantando-lhe as pernas, apoiou seus tornozelos nos ombros quando começou a
investir. Era uma posição inteiramente indigna, com as pernas no ar e as mãos
tateando ao redor da mesa à procura de algo suave onde se segurar. Sua coluna se
feriu de ser empurrada para trás e para frente sobre a superfície dura durante o
movimento vigoroso de Ander. O som de carne batendo e a sucção úmida eram
vagamente embaraçosos, como foram os grunhidos suaves que ela fez com o
aumento de seu tesão.
Ela realmente não deveria estar gostando muito.
Porém estava. Ela mordeu o lábio com força enquanto seus músculos
tensionavam e os tremores do sétimo orgasmo da noite começaram a atravessar seu
corpo. Ela sufocou seu grito de libertação e gozou como um som agudo e
estridente.
E pediu para Ander gozar também quando as ondas de satisfação caíram
sobre ela. Ela olhou para ele sem fôlego, enquanto seu rosto corado se contorcia
com suas últimas estocadas dentro dela. Seus dedos estavam enterrados na carne da
bunda dela e ele sufocou uma palavra gutural quando revirou os quadris
lentamente, como se estivesse saboreando sua libertação.
Lori teve que abafar uma risadinha quando ele a puxou e ajudou a sair da
mesa. Ela agarrou-se à borda, as pernas quase incapazes de segurar seu peso. Não
podia acreditar que havia acabado de fazer isso, depois que Ander já tinha tomado
banho e arrumado sua maleta.
Quando ele foi ao banheiro para cuidar do preservativo, ela olhou para o
relógio e piscou no momento.
— Eu ultrapassei 20 minutos — disse ela quando ele voltou para o quarto. —
Sinto muito.
— Não se preocupe com isso. — Os olhos de Ander a escaneavam, do cabelo
bagunçado aos pés descalços, e ela viu seus lábios darem um pequeno puxão.
Sabendo exatamente o que essa expressão significava, ela estreitou os olhos.
— Eu realmente não estava rindo. Eu estava pensando que você não olhou
para a sua aparência.
Com um fungado, Lori se olhou no espelho. Estava pior do que esperava,
então manteve uma mão sobre a mesa de apoio. Ela tinha outro hematoma no
pescoço e tinha certeza de que teria marcas de dedos na sua bunda e coxas. Suas
bochechas estavam vermelhas e ela estava coberta com um brilho de transpiração,
além disso, seu cabelo estava um pouco úmido de todo o esforço que ela havia
dispensado ao sexo hoje à noite, fazendo uma louca e descarada bagunça.
Ela engoliu em seco, com medo de tê-lo ofendido. Ander geralmente era de
muito boa índole, mas ela estava aprendendo mais e mais que ele tinha uma alma
sensível escondida debaixo de todas as camadas de fria sofisticação, e Lori nem
sempre sabia quando ou como poderia, acidentalmente, lhe machucar.
Ela deu um passo para longe da mesa para pegar o roupão, sentindo-se, de
repente, excessivamente exposta em sua camisa de cetim, mas fez uma careta na
primeira etapa quando um choque de dor atingiu-lhe entre as pernas.
— Ferida? — Ander perguntou, aproximando-se para colocar uma mão ao
redor de sua cintura e, em seguida, ajudá-la a sentar-se numa cadeira. — Eu fui
muito rude?
— Oh, não. Eu teria parado se não estivesse bom. — Tranquilizada por sua
consideração, ela sorriu para ele. — Foi muito bom.
Ander puxou seu smartphone e começou a clicar.
— Próxima vez?
Ela estava muito curiosa sobre o quanto ele conseguiu liberar sua
programação recentemente, mas estava muito hesitante em perguntar por que,
exatamente, ele estava cortando clientes. Toda vez que ela tentou sugerir o assunto,
ele havia se fechado como uma ponte levadiça.
Ele olhou para ela suavemente e ela sentiu um pequeno tremor de nervoso
enquanto considerava uma possibilidade. Então, decidiu que não tinha nada a
perder, e disse casualmente:
— Ah. Eu tenho que ir até lá para uma conferência, estou dando uma palestra
na noite de sexta-feira e então, tenho que ir a um banquete na noite de sábado, mas
tenho o sábado inteiro e mais o domingo para sair e fazer alguns passeios turísticos.
— Ela quase fez a sugestão, mas depois se acovardou. Assim, concluiu sem
convicção: — Eu queria saber se você tinha alguma ideia sobre o que eu deveria
ver, se já tivesse estado lá antes.
— Eu não estive lá — Ander repetiu. Ele ainda estava brincando com seu
smartphone. Sem, realmente, olhar para ela. — Ouvi dizer que é uma grande
cidade, está na minha lista de lugares para conhecer.
Ele parecia estar falando distraidamente, como se ele não estivesse realmente
absorvido na conversa, mas deu uma grande oportunidade para que ela se armasse
de coragem de novo.
— Eu imagino que você não queira... — as palavras ficaram presas em sua
garganta com uma onda de ansiedade e a realidade caiu sobre ela.
Ela não tinha ideia de por que estava nervosa sobre perguntar isso a ele. Havia
pagado para ele fodê-la muitas vezes ao longo dos últimos seis meses, mas algo
sobre essa possibilidade a fez sentir-se mais vulnerável do que seus agendamentos
normais com Ander.
Os olhos de Ander se ergueram para o rosto dela.
Seus lábios estavam apertados firmemente. Ela deve tê-lo ofendido de novo, o
que era um pouco estranho – já que sua companhia era uma mercadoria monetária
–, mas este era o seu negócio e ela não tinha certeza de que outra forma abordá-lo.
Era sempre melhor quando podiam resolver tudo silenciosamente, apenas passar o
envelope no final da noite. Não sabia como eles poderiam fazer planos para o final
de semana sem discutir o dinheiro antes.
Ela encolheu os ombros e esqueceu a questão. Apenas disse que enviaria um
e-mail a ele com mais detalhes.
A despeito da ligeira estranheza, ela estava realmente animada sobre ele se
juntar a ela na viagem. Ele seria uma boa companhia, e eles poderiam passear pela
cidade juntos. Ander era tão inteligente, informado e espirituoso que ela tinha
certeza de que ele seria um ótimo companheiro de passeios.
Além disso, eles poderiam ter um fim de semana inteiro de sexo.
***
O céu estava azul e sem nuvens, o sol quente e a brisa do rio fresca e
revigorante. Lori adorava a sensação dos paralelepípedos das ruas sob seus velhos
sapatos e da arquitetura histórica dos edifícios que a cercavam. Gostou até mesmo
de alguns dos entretenimentos turísticos cafonas. Ela e Ander fizeram uma pausa
de dez minutos para assistir a dois artistas vestidos como Wolfe e Montcalm
simulando um divertido duelo sobre a batalha histórica.
Como ela esperava, Ander era bem informado e espirituoso. Ele contou a ela
detalhes sobre confrontos militares ao longo do rio São Lourenço em vários pontos
da história, e não hesitou em, ironicamente, apontar falhas nas diversas recriações
da história projetadas para turistas ingênuos.
Ele riu de novo e balançou a cabeça, mas apontou para um banco vazio.
Com outra onda de alegria, Lori sorriu e começou a puxar a carteira de sua
bolsa.
— Aqui. Deixe-me...
Ela sentia como se eles fossem amigos. Embora seu relacionamento sempre
tenha sido profissional, eles tinham conhecido um ao outro muito bem ao longo
dos últimos meses. Ela realmente gostava dele e tinha certeza que ele gostava dela.
Deveria ver imaginado que o constrangimento seria inevitável sempre que o
assunto comercial de seu relacionamento surgisse.
Encolhendo os ombros para si mesma, ela tirou a preocupação de sua mente.
Estava em muito bom estado de espírito para se preocupar com isso no momento,
e Ander já estava voltando com dois cones de sorvete.
Embora ela não tenha dito nada, ficou ridiculamente satisfeita por ele ter
comprado um sorvete para si mesmo – ainda que fossem apenas 10h45 da manhã.
Sua concisão havia se dissipado quando ele retornou, então eles conversavam
distraidamente sobre Québec e alguns dos turistas ao redor. Em seguida, o assunto
acabou e eles ficaram em silêncio.
— Eu gostaria de não ter que ir ao banquete essa noite — disse Lori,
eventualmente, quebrando o silêncio, e começou a comer seu cone.
— Pensei que você tivesse dito que sua palestra na noite passada havia sido
boa.
— E foi. Mas odeio banquetes como este, sempre tenho que me sentar na
mesa de frente com todos as pessoas importantes e chatas. Parece que estou ali
apenas como parte do show. Sabe? É algo que me faz sentir como se estivesse
sendo usada. Como um objeto ou algo assim. — Ela suspirou. Lori sempre quis ser
famosa, mas foi aprendendo que notoriedade – mesmo a de menor escala como a
de uma romancista de best-seller – não era tudo o que imaginava ser.
Ander fez um zumbido sem palavras, mas que soou afirmativo. E isso a fez
sentir-se um pouco melhor.
— Acho que você pode saber o que eu quero dizer — disse ela sem pensar.
— Eu sei o que você quis dizer — Ander disse baixinho, lambendo um pouco
do sorvete derretido por fora de seu cone. — Eu sei.
Ela soltou uma exalação aliviada e teve coragem de perguntar:
Ele ficou em silêncio por um longo tempo. Tanto tempo que ela assumiu que
o havia perdido, mas então, ele finalmente disse, com os olhos focados no rio.
E isso a machucou.
Inesperadamente, acentuadamente. No meio de um dia delicioso e
resfrescante. Ela soube exatamente o que ele quis dizer. Sempre assumiu que ele
tinha que esconder o seu verdadeiro eu em algum lugar dentro de si, a fim de usar
seu corpo do jeito que faz.
Mas o que ele disse implicava muito mais do que isso. Ele aceitou que isto era
quem ele era. Que este era o seu valor, somente um objeto para ser usado.
E sentada em um banco em frente ao rio St. Lawrence, Lori havia odiado o
pai de Ander com uma paixão que era ao mesmo tempo feroz e irracional. Quem
quer que seja esse homem, ele convenceu o filho de que ele não tinha nenhum
valor intrínseco.
Ela sabia que Ander era um homem adulto que tinha o poder de tomar todas
as decisões sobre sua vida, mas ela ainda odiava seu pai. Desejava saber quem era o
homem.
Ela mastigou o final de sua casquinha de sorvete e tentou evocar de volta a
felicidade daquele dia.
— O banquete deve durar apenas duas horas — disse Ander. — Certo?
— Você tem alguma outra ideia em mente para esta tarde? — O timbre da voz
de Ander deu a entender que ele sabia exatamente no que ela estava pensando.
***
Ele parecia diferente – sem o comportamento suave que usava como se fosse
um terno de grife. Ela viu poucos vincos sobre os cantos de seus olhos e notou
uma cicatriz, muito fraca, logo abaixo da orelha direita. O peito dele subia e descia
com uma respiração estável e seus olhos pousaram por um longo tempo sobre o
modo como os cílios longos se espalhavam contra sua pele.
Parte dela estava fascinada pela humanidade de Ander. Pelo fato dele fazer
algo tão natural como dormir.
Mas também sentiu uma torção ímpar na barriga. Um peso desconfortável em
suas entranhas. Ela não sabia o que era, mas não gostou. Então, cuidadosamente,
saiu da cama e foi até o banheiro, fechando a porta suavemente, de modo que não
o acordasse.
Ela decidiu tomar um banho, pois Ander estava dormindo e o banquete seria
dali há três horas. A água quente encheu a banheira antiga e ela tomou um
maravilhoso banho, usando óleo com perfume de lavanda e mel.
Ela se sentia relaxada e sonolenta quando ouviu a voz de Ander pela porta.
— Lori? Você está bem?
Ela deu um pequeno grito quando a porta se abriu. Ela não percebeu que sua
resposta era um convite para ele entrar, mas, aparentemente, ele achou que era.
Ela sabia que seu tom provocaria uma reação e Ander não a desapontou. Ele
estreitou os olhos e fez um grunhido monossilábico.
Ela riu. Nunca suspeitou que ele poderia ser ranzinza quando acabava de
acordar e achou a ideia estranhamente fascinante.
— Há quanto tempo você está aqui? — Ele perguntou, deixando sua mão
passear pela água. — Está ficando fria.
— Não sei. Uma meia hora eu acho. Está ficando bem fria. Estava prestes a
sair.
Ela esperou, assumindo que ele tomaria suas palavras como um sinal de que
deveria desocupar o local.
Ele não o fez. Apenas encostou-se à parede de azulejos e observou-a em
ociosa letargia.
Ele levantou-se, mas não se moveu para a porta. Em vez disso, pegou a toalha
grande e macia, olhando-a em expectativa. Quando ela não se moveu, suas
sobrancelhas se juntaram.
— Bem?
Lori bufou.
— Você vai ficar aí e assistir?
Ele fez um som gutural que era metade expressão de surpresa e metade risada.
Franzindo a testa, ela deu-lhe um olhar mais frio. Embora ele não fosse
exatamente ranzinza, definitivamente não ficava de bom humor depois de acordar
de um cochilo. Na verdade, estava sendo muito chato.
Ander estendeu a toalha como uma oferenda, mas não estava perto o
suficiente da banheira que pudesse alcançá-la. Em seu rosto estava um irritante e
estranho olhar – como se ele não pudesse acreditar que ela estava sendo tão tola.
Lori tinha certeza de que ele estava fazendo isso de propósito, mas não havia
provas suficientes de suas intenções para ela censurá-lo por isso.
Ela olhou para ele, decidindo que ele não era tão atraente como ela sempre
imaginou. Aparentemente, seu trato com as clientes era tão bom que ele foi capaz
de esconder, principalmente, esta parte desagradável de sua personalidade.
Foi um desafio. Ela sabia disso e ele sabia que ela sabia. E ela estava presa.
Tinha que se levantar nua e pegar a toalha, ou confessar que não estava confortável
com seu corpo.
Tecnicamente, ela poderia exigir que ele desse a toalha para ela. Estava
pagando-lhe para este fim de semana e seu trabalho era agradá-la, mas não podia se
imaginar fazendo isso com ele, tirar proveito do poder desigual da dinâmica desta
situação.
O que a deixou sem escolha. Ela não estava pronta a recuar para Ander.
Lori levantou-se, a água com sabão escorria de sua pele quando se pôs em pé.
Ander nem sequer tornou mais fácil para ela. Seus olhos percorreram sua forma,
nua e curvilínea antes que ela pudesse pegar a toalha e envolvê-la em torno de si.
— Idiota — ela murmurou, saindo do banheiro com o que ela descreveria
como uma ira justa, mas Ander provavelmente descreveria como tola.
Ander a seguiu.
Ela levantou o queixo indignadamente quando vasculhou sua mala, que estava
aberta em um estante. Não conseguia encontrar nada para vestir. Não queria se
vestir para o banquete, e nem mesmo o jeans e o top que usara esta manhã. Mas
tudo o que havia levado para lazer era meio justo.
Ela definitivamente não queria colocar algo sexy no momento. Não quando
Ander estava sentado em uma cadeira, inclinado para trás com suas pernas
esticadas, como se não tivesse nenhuma preocupação no mundo, e, provavelmente,
olhando para ela, só esperando a toalha cair para que ele pudesse se divertir em
toda a sua presunção.
Sem encontrar nada de bom para colocar, ela segurou a grande toalha branca
em torno de si com mais cuidado, firmando-a tanto quanto pôde. Então foi até a
cama, se deitou, e pegou o livro que havia levado.
Fingiria ler.
Depois de alguns minutos, ela espiou por cima da borda e viu que Ander
ainda a estava assistindo, seus lábios se contraindo de forma incontrolável.
— Quero dizer: você está bem? Parecia que você estava fazendo uma careta.
Lori pensou rapidamente e veio com a melhor desculpa que podia em tão
curto prazo.
— Ah. Meus pés estão um pouco doloridos. De toda a caminhada desta
manhã.
— O que eu fiz? — Seu tom era inocente, e seus dedos comprimiam a planta
de seu pé, era delicioso.
— Você sabe muito bem o que você fez. Você tem sido presunçoso e
detestável, desde que acordou de sua soneca. Agora fique quieto ou vai estragar a
minha massagem nos pés.
Ander riu, sua risada, suave e quente flutuando para dela e fazendo-a sorrir
também. Ele era um homem muito estranho e ela não conseguia entendê-lo. Não
podia acreditar que ele zombou dela para que saísse da banheira nua.
— Eu não posso — ele murmurou contra sua pele. — Todas as suas partes
boas estão cobertas pela toalha.
Lori endureceu e respirou pesadamente. Ele ainda estava sendo desagradável.
Ia fazê-la tirar a toalha antes de lhe dar o que ela queria.
Obviamente, ele havia visto várias partes de seu corpo antes, mas ela sempre
manteve algo para que não se sentisse tão exposta ou vulnerável. Ander tinha
apenas que empurrar a toalha, como sempre fazia, ela não se recusaria a
mostrando-lhe um pouco de pele.
Mas aquilo era diferente.
— Ander — ela choramingou, sem ter certeza de quem ganharia, se seria seu
desejo ou sua teimosia.
Mais tarde, concluiria que não tinha, realmente, desabado. Foi apenas o seu
senso comum que saiu vitorioso. Ele vira seu corpo antes. E ela queria fazer sexo.
Lori exalou em profundo prazer com a sensação familiar de sua boca e mãos
em seu corpo e logo a sua timidez foi esquecida quando seu desejo assumiu nova
urgência com a intensificação das preliminares.
Eventualmente, sua boca foi descendo mais, pressionando pequenos beijos ao
longo da lateral de seu corpo e no abdômen. Ele segurou ambos os seios com as
mãos e apertou suavemente enquanto respirava calorosamente contra sua barriga.
Lori havia aberto as pernas e estava tentando conseguir qualquer atrito que
pudesse contra seu clitóris.
Sua boca se demorou ainda mais. Em seguida, sua mandíbula roçou a faixa de
pelos entre as coxas.
Ela engasgou quando ele abriu suas pernas ainda mais e em seguida, acariciou-
a intimamente. Antes que ela pudesse processar o que estava acontecendo, ele usou
a língua para invadir suas dobras íntimas e expor sua excitação quente para o ar frio
do quarto
— Ander — ela ofegou, tentando fazer sua mente trabalhar quando o corpo
foi inundado com a sensação.
Ele chupou seu clitóris, enviando choques de prazer através do toque.
Ela teve que lutar para manter as pernas abertas. Queria apertá-las em volta de
sua cabeça, em volta do prazer. Suas mãos tatearam a cama e ela instintivamente
tentou esfregar seu sexo contra a boca de Ander.
Ele agarrou-lhe as coxas e segurou-a no lugar com mãos fortes, enquanto a
boca trabalhava em sua buceta. Ele acariciou e brandiu com a sua língua,
mergulhando em sua entrada molhada e invadindo suas paredes internas. Ele
esfregou e esfregou sua carne com a mandíbula e ocasionalmente o nariz, até
mesmo seus dentes passararam por lá muito levemente.
Lori gemeu e ofegou enquanto seu corpo retesava mais e mais com as
sensações chegando a um limite insuportável. Suas mãos tatearam passando do
edredom para a cabeceira da cama e então para os próprios seios. Eventualmente,
ela desistiu e apertou a cabeça de Ander, segurando sua boca no lugar sem qualquer
vergonha.
Ele ajustou-se ligeiramente posicionando a mão de modo que pudesse afundar
dois dedos em seu canal e estimulá-los contra o seu ponto G. Em seguida, ele se
concentrou no clitóris, chupando e friccionando até Lori querer uivar.
Ela começou a fazer pequenos sons de soluço quando sentiu seu clímax se
avolumar lá embaixo e balançou-se desesperadamente quando a tensão, finalmente,
quebrou e seus músculos íntimos apertaram-se em torno dos dedos de Ander.
Quando ela ofegou e abandonou-se no orgasmo, Ander continuou
pressionando os dedos contra as contrações, mas virou, ligeiramente, a cabeça para
a carne macia no topo de sua coxa.
E a mordeu.
Lori gritou com a voz rouca, o choque da dor inesperada sustentando seus
espasmos de prazer.
— Oh Deus! — Ela suspirou, quando seu corpo começou a relaxar. — Oh
Deus.
Lori não pode deixar de fungar, seu senso de ironia provocado por suas
palavras secas. Ela deveria ter sabido a razão do comportamento atípico de Ander.
Obviamente, não havia razão para a proteção se sua única experiência sexual foi
com ele.
Ela sentiu-se extremamente íntima, mas Ander era um profissional. Seria uma
tolice imperdoável esquecer isso, nem que fosse por um momento.
— Certo — ela disse com um sorriso relaxado. — Obrigada por isso, à
propósito. — Ela inclinou a cabeça para a pélvis para indicar o sexo oral que ele
acabara de realizar. — Agora, talvez você possa fazer algo com esse preservativo.
Ander rapidamente tirou as roupas, e depois, rolou o preservativo ao longo de
sua ereção. Ele posicionou-se entre suas pernas alinhado o pênis em sua entrada.
Ela gostou de como ele disse seu nome. Ele empurrou-a ainda mais para perto
do clímax. Seu corpo estava começando a tremer incontrolavelmente.
— Lori — Ander rosnou novamente, o bombeamento de seus quadris era
quase selvagem. Desta vez, percebeu que não era uma expressão da paixão. Ele
estava tentando lhe chamar a atenção.
Ela conseguiu abrir os olhos, embora sua visão estivesse turva. Piscou para ele
e viu que suas feições estavam torcidas pelo esforço e concentração.
— Sim, caramba. Goze! — Ela engasgou, cravando as unhas na parte de trás
de seu pescoço, quando a pressão dentro dela atingiu seu ponto de ruptura.
Ela sentiu que algo se desencadeou dentro de Ander. Estava muito
sobrecarregada para identificar os sinais exatos, mas reconheceu a maneira como
ele se deixou ir. Seu tesão tornou-se quase frenético e uma chama ardia em seus
olhos.
Isso foi tudo o que Lori precisou para gozar. Ela arqueou-se e chorou em
suspiros abafados de prazer quando seu corpo convulsionou e seu canal deve ter
apertado e puxado Ander para o clímax também.
Os quadris dele se sacudiram desajeitadamente por um tempo e ele sufocou
uma palavra incoerente. Então, ela sentiu-o pulsar quando encontrou sua libertação
juntamente com ela.
Ele descançou seu peso sobre o dela por alguns momentos e ela sentiu que ele
estava ofegante contra seu pescoço.
Então, impulsivamente, virou a cabeça um pouco até que seus lábios roçassem
os dele.
Ele a beijou de volta. Não foi um beijo profundo ou focado, mas ela gostou
de como seus lábios se abraçaram.
Mas então ele se impulsionou e deslizou o pênis para fora de seu corpo. Ele se
dirigiu ao banheiro, como de costume, e Lori ouviu a água quando ele se lavou.
Ela soltou um longo suspiro, decidiu que esta era uma boa maneira de passar
uma tarde preguiçosa em Québec. Em seguida, percebendo que estava
completamente nua e fora das cobertas, ela olhou ao redor em busca de algo para
vestir.
Seus olhos pousaram sobre a camiseta de Ander e ela realmente se abaixou
para pegá-la do chão, mas quando percebeu isso, desistiu. Seria estranhamente
íntimo para ela vestir sua camisa, não importava o quão acolhedor poderia ser.
Deixou-a cair novamente e então engasgou quando viu que Ander estava de
pé do outro lado do quarto, perto do banheiro, olhando para ela.
— Desculpe — disse ela, sentindo-se corar violentamente. — Tenho que
procurar algo para vestir.
— Você pode usar minha camisa, se quiser — disse ele, o rosto sem expressão.
Ele pegou a blusa de caxemira lavanda, e ela a vestiu enquanto ele colocava a
cueca.
— Isso é um problema?
— Claro que não. Constantes gritos podem fazer você envelhecer muito
rapidamente.
Lori fez uma careta, tentando dissipar a acentuada pontada de desconforto
que sentiu quando pensou em Ander fodendo outras mulheres, fazendo-as gritar de
prazer, fazendo-as sentir tão bem quanto ele a fazia sentir.
— De qualquer forma — Ander continuou, olhando para o teto —, isso a
torna um desafio ainda maior.
Isso não soou tão mau. Ela achou que havia ficado muito vocal ultimamente,
mas talvez os sons que ela fazia não fossem tão altos e claros como pensava.
— Você não faz muito barulho também — disse ela, olhando para seu rosto
impassível. — Então você, dificilmente, é um falador.
— Desculpe-me?
— Quando você goza, parece que você diz alguma coisa. Pelo menos foi assim
nas últimas vezes. O que você fala?
O rosto de Ander ficou perfeitamente imóvel por um momento. Em seguida,
ele deu um sorriso secamente divertido.
— Aqui vai um conselho. Nunca dê qualquer atenção ao que um homem diz
quando ele está gozando. Ele pode deixar escapar qualquer coisa naquele momento
e isso raramente significa algo.
Lori riu, embora tenha percebido que ele não havia respondido à sua
pergunta. Provavelmente não era da sua conta, de qualquer maneira. Por tudo o
que sabia, era o nome de outra mulher.
— Legal.
O silêncio do outro lado da cama lhe disse que ela o havia insultado.
Mas Lori se preocupou. Eles estavam tendo uma conversa perfeitamente legal
e ela disse algo estúpido. Ela sabia agora que ele não gostava de falar sobre o
dinheiro, mas ela continuava a fazer.
Era inevitável. Não importava quão bom fosse o tempo que tinha com ele, ela
nunca poderia fugir de uma realidade básica.
Ele estava com ela porque ela lhe pagou para isso.
— Eles têm um brunch no domingo que deve ser excelente — Ander disse
agradavelmente, obviamente tentando demovê-los do momento difícil. — Se
sairmos hoje à noite, talvez possamos dormir até mais tarde amanhã e descer para
um brunch antes de ver mais alguns pontos turísticos.
— Parece bom — disse ela, virando-se de lado para encará-lo com um sorriso.
— Na verdade, estou ficando com um pouco com fome agora. Eu me pergunto se
eles têm alguma coisa boa neste banquete.
Ander riu, como ela sabia que ele faria e Lori decidiu que, apesar de alguns
momentos difíceis, tudo indicava que seria um fim de semana muito bom.
— Não. Seria meio difícil manter meu pseudônimo em segredo — ela cortou
suas palavras brevemente para sugar algumas respirações profundas — se ele fosse
comigo.
— Verdade. — O longo rabo de cavalo marrom de Sabrina balançou com seus
movimentos. Ela estava em melhor forma do que Lori e não tinha que malhar tão
duro na academia a que ambas frequentavam. — E o resto da viagem foi divertida?
— Sim.
— Você não ficou no quarto do hotel o fim de semana inteiro fazendo sexo,
não é?
— Sabrina! — Lori fez uma carranca para sua prima sorridente, mas teve de se
concentrar muito em manter o ritmo. — Nós fizemos um monte de passeios e
outras coisas.
— Continua de pé?
Lori estava tão confusa com a direção das perguntas que diminuiu sua
velocidade inconscientemente.
Lori entendeia porque Sabrina agia assim. Ela foi incrivelmente sensível em
verificar antes para ter certeza se ela queria ouvir detalhes sobre as experiências de
uma outra mulher com Ander.
A verdade era que Lori não queria ouvir sobre isso. Ela não gostava de pensar
em Ander com suas outras clientes. No início, ela não se sentia estranha sobre sua
promiscuidade profissional, mas ultimamente a ideia dele com tantas outras
mulheres a deixava doente. Ela supunha que era inevitável. Quando começou a
conhecê-lo melhor, viu-o mais como uma pessoa, o que tornou mais difícil para ela,
aceitar a forma como ele se deixou ser usado. Mas Lori estava lutando contra o
instinto de se sentir desgostosa ao imaginá-lo na cama com alguém e tentava
ignorar as imagens que surgiam.
Nem sempre funcionava. Às vezes, ela tinha flashs aleatórios, visões de Ander
fazendo sexo com Sarah Jacoby ou outras mulheres sem nome ou rosto. Ela
imediatamente abafava as imagens sempre que apareciam em sua cabeça, mas isso
estava acontecendo com muito mais frequência.
Ela realmente não devia alimentar sua fixação crescente. Devia dizer não e
Sabrina deveria mudar de assunto. Mas ela se ouviu dizendo:
— O quê?
— Foi isso o que Belinda me disse, que ele estava se aposentando. Não estava
agendando novos compromissos.
Por um momento, a visão de Lori ficou turva e ela sentiu uma súbita explosão
de angústia, suas pernas e braços, de repente, pareciam se movimentar ainda mais
rapida e fortemente no elíptico, mas ela só levou um minuto para descobrir uma
solução sensata para o cenário desconcertante.
A tensão diminuiu no peito quando explicou:
— Ele está cortando algumas clientes.
— É. Ele não disse nada sobre cancelar meus compromissos. Nós temos o
resto do mês programado.
— Hmm.
Rangendo os dentes, Lori resolveu não aceitar a provocação de sua prima com
uma resposta.
— Mas, a sério — Sabrina continuou: — Você se divertiu com ele em Québec?
Não foi estranho ou esquisito?
— Oh, você sabe. Ele fez apenas o papel que lhe competia. Manteve o
controle de toda a atividade sexual para que ela pudesse lhe pagar no final. Pediu
uma suíte dupla para que ele pudesse dormir em seu próprio quarto. Toda a
logística.
— O quê?
Lori não respondeu. Ela apenas olhou cegamente à sua frente e tentou
processar esta nova informação.
— É. Não. Eu não sei. — Não foi possível mais fazer as pernas se moverem,
Lori desceu do aparelho e pegou a toalha para limpar o rosto, vermelho e quente.
— Não é assim — Lori rebateu. — Eu não sou estúpida, mas nos damos bem
e assim, a maioria das coisas de negócios foi apenas deixada de lado e nos
divertimos.
— Não, não pensei. Ele me disse claramente que rompe os negócios quando
uma cliente tenta ir além das fronteiras profissionais.
— Ah. Entendo. — Depois de pensar sobre isso por um momento, Sabrina
acrescentou: — E você não está disposta a correr esse risco.
— O risco? É ponto pacífico. Ele deixou mais do que claro: não há mais
compromissos para uma cliente que tenta quebrar essas fronteiras. Eu sei que essa
coisa não pode durar para sempre, mas estou passando um bom tempo com ele e
não quero que acabe ainda.
Sabrina estudou-a um pouco desconfiada, ela pensou. Mas, por uma vez, sua
prima não disse nada.
Lori deixou escapar um longo suspiro. Suas pernas pareciam fracas do
exercício e seu rosto estava em chamas e corado.
E ela sentia-se estranhamente desconfortável com essa conversa em particular.
***
Lori estava ao lado de Ander na cama de seu quarto de hotel e olhou para o
teto antes de deixar escapar:
— O quê?
Ela encontrou coragem para olhá-lo. E viu sua expressão, quase congelada.
— Eu perguntei se você ia se aposentar — admitiu ela, sentindo uma onda de
mortificação com a pergunta, aleatória e reveladora.
Eram quase sete e meia da noite de sexta. Exatamente na semana passada eles
estiveram em Québec. Exatamente na última segunda-feira Lori havia falado com
Sabrina sobre isso, e o assunto ficara em sua mente durante toda a semana.
Quando Ander chegou, eles conversaram um pouco sobre assuntos casuais e
em seguida, caíram em um silêncio que parecia quase trivial. Eles ainda não haviam
se tocado, e agora, Lori havia sido tola o suficiente para deixar escapar uma
pergunta que ela nunca deveria ter feito.
Ela deu de ombros impotente. Tentando orientar a mente para dar alguma
resposta verdadeira.
— Minha prima estava conversando com uma de suas antigas clientes e ela
disse que você estava se aposentando.
Na verdade, era uma excursão para o lançamento de seu novo livro, mas Lori
cortou a explicação antes de falar isso. Ander não sabia que ela era Claire Kent e
podia tornar-se óbvio demais, se ela dissesse que estava indo em excursão
justamente quando o novo romance, altamente antecipado, de Claire Kent fosse
lançado.
— Sim — ela disse vagamente. — Algo assim.
Eles estavam lado a lado e ambos olharam para o teto por alguns minutos.
— Então, o seu novo livro está saindo no dia primeiro do próximo mês? —
Ander perguntou por fim, falando casualmente e sem qualquer prelúdio.
— Si... — Lori respondeu automaticamente antes de perceber o que ele havia
acabado perguntar. Ela sentou-se com um suspiro e olhou para seu rosto suave. —
Você sabe?
— Culpado.
— Eu imaginei que devia ser você. E então, na semana passada, não demorou
muito para descobrir, em uma pesquisa, que a conferência dos escritores estava
sendo realizada em Quebéc durante aqueles dias, e quem era o orador principal.
Isso apenas afirmou minhas suspeitas.
Lori caiu de costas na cama, soltando um suspiro longo e instável. Ela deveria
saber que Ander era muito inteligente e atento para esconder algo assim.
Uma parte minúscula de seu ser estava contente por ele saber. Ficou feliz de
ele saber que ela era sua romancista favorita.
Ander deitou de costas também, mas se voltou para ela, os olhos descansando
em seu rosto.
— Não — ela admitiu, virando-se para sorrir para ele, quase timidamente. —
Não, eu acho. Quero dizer, agora que conheço você, me sinto muito segura sobre
não haver possibilidade de aparecer nos tabloides uma história sobre como Claire
Kent vem utilizando os serviços de um profissional do sexo pelos últimos seis
meses.
Os olhos de Ander ficaram extraordinariamente sóbrios. E depois de um
momento de silêncio, ele disse:
— A história nunca vai sair através de mim — ele murmurou. Então, seus
lábios tremeram um pouco. — Não vai nem mesmo aparecer no meu best-seller
sobre as confissões da vida real.
— Hei — disse ela, dando-lhe um olhar de censura: — Não zombe da ideia do
livro. Eu estava falando sério sobre isso.
— Eu sei que estava. — Por apenas alguns segundos, seu sorriso parecia quase
feliz. Em seguida, a suavidade deu lugar à sua ironia fácil. — Apesar de ter sido uma
sugestão bombástica, uma vez que você não sabe nem se posso juntar duas frases.
Ander riu.
— Sim. Estou. Por que não deveria? Basta dizer a palavra e eu vou fazer tudo
que puder para ajudar.
Uma candura cintilou em seus olhos novamente, desaparecendo tão depressa
qunato antes.
— Eu aprecio isso, mas não tenho certeza se sou um projeto que vale a pena.
Lori odiava a renúncia que ouviu em suas últimas palavras. Era pior do que a
amargura que ouvia com muito mais frequência. Ela abriu a boca para argumentar,
mas depois mudou de ideia.
Nada que pudesse dizer mudaria a ideia que tinha sobre si mesmo, nada seria
capaz de fazê-lo acreditar que ele tinha um valor verdadeiro.
Ela virou a cabeça e estendeu a mão para ele novamente, mantendo a palma
em seu rosto. Então se inclinou para frente e apertou seus lábios contra os dele.
Ela não tinha ilusões sobre os poderes de seu beijo. Sua atitude em relação a si
mesmo não mudaria. Não era possível reformular todo o seu mundo, mas era a
única coisa que podia pensar em fazer para expressar o que sentia no momento.
Ela queria que ele respondesse a ela como nunca fizera com nenhuma outra
cliente. Ninguém mais, a não ser ela.
— É claro. Eu posso...
— Oh.
— Posso?
— Eu quero.
Por um minuto eles apenas se olharam. Então Ander saiu da cama e foi até
seu casaco, onde pegou um pacote.
— Este preservativo será mais fácil para você usar. Tem um pouco de sabor
de hortelã e vai ter um gosto muito melhor do que o látex.
Lori concordou e observou quando Ander se livrou de sua boxer e voltou
para a cama. Já estava quase totalmente ereto.
Ele entregou-lhe o preservativo e deitou-se de costas na cama. Então, olhou
para o rosto dela e esperou.
Lori realmente queria fazer isso, mas também estava ficando muito nervosa.
— Eu nunca fiz isso antes — disse ela — e não sei o que estou fazendo. Você
vai ter que ajudar.
Ela se moveu na cama até seu rosto se alinhar ao intervalo de sua virilha. Ela
olhou para seu pênis ereto, numa cor mais profunda do que o resto do seu corpo.
Ela imaginou tê-lo visto se contorcer enquanto o encarava.
Seus olhos correram de volta para o rosto dele que lhe deu um pequeno
sorriso. Estranhamente confortada, ela riu nervosamente.
— Eu não vou ser boa nisso, só para avisá-lo. E espero que você não vá
fantasiar algo. Quero dizer, você não vai entrar na minha garganta ou algo assim,
não é?
Ander contraiu os lábios, embora seu olhar ainda fosse tranquilo e intenso.
— Claro que não. Eu vou deitar aqui e deixá-la fazer a sua coisa. Só me diga se
quiser algo diferente.
Lori riu por sua escolha de palavras. E então inalou uma longa respiração,
estremecendo. Ela segurou seu pênis e acariciou-o por um minuto, correndo os
dedos para cima e para baixo do eixo e, em seguida, girando a ponta um pouco.
Ela gostou de como ele prendeu a respiração, muito ligeiramente, ao seu
toque. E de como ela podia sentir sua ereção se contrair e endurecer sob seus
dedos.
Quando ele já estava bem ereto, ela abriu o pacote de preservativo e
cuidadosamente o rolou. Ele sempre havia tido o cuidado de colocar preservativos
antes, então ela estava certa de conseguir fazer aquilo com segurança e sem
machucá-lo com as unhas.
Então, ela ajeitou o corpo, inclinando-se para que o rosto pairasse sobre sua
pélvis. Segurou seu pênis ereto com as mãos e experimentalmente lambeu uma
linha circular no topo de seu eixo.
Parecia que seu pênis estava pulsando, mesmo sob o látex do preservativo e
quanto mais sucção ela aplicava, mais seu corpo ficava tenso.
Ela sabia que havia mais coisas que ela deveria fazer, como parte de um
boquete, e tentou concentrar seus pensamentos dispersos nas cenas que leu nos
livros e achar algo que pudesse acrescentar à sucção. Reunindo algumas ideias,
mesmo através da névoa de emoção em sua mente, ela envolveu uma mão ao redor
da metade inferior do seu eixo e usou a outra para acariciar suas coxas.
Seus olhos encontraram os de Ander. Ela sentiu, mais do que viu, uma tensão
firmemente fixada sob a superfície de sua expressão, de seu corpo. Mas foi tão bom
quanto qualquer palavra. Ele não tinha se movido.
— Você não vai me ajudar? — Ela perguntou com voz rouca. Só então
percebeu que estava excitada também. Seus mamilos estavam duros sob o decote
vermelho de sua camisola e ela já estava molhada entre as pernas.
— É claro — ele murmurou, a voz estranhamente baixa e texturizada. Ele
moveu uma mão para a parte de trás de sua cabeça. — Mas você estava indo muito
bem.
Ela colocou a mão mais firmemente em torno da base de sua ereção e desceu
a boca de novo, tomando o máximo dele que ela sentiu confortável. Começou a
chupar novamente, e desta vez Ander aplicou uma pressão suave, guiando o
sacudir de sua cabeça e ajudando a criar um ritmo agradável.
Sua mão estava curvada na parte de trás do crânio dela, com os dedos
enredados em seu cabelo, e ela sentia uma pressão reconfortante ao invés de
impositiva. Ela esvaziou as bochechas suavemente e seu movimento tornou-se mais
confiante à medida em foi progredindo.
Com a mão livre, ela acariciou-lhe a coxa e depois deslizou-a para que pudesse
encontrar suas bolas. Ela segurou, sentindo-as suavemente. Em seguida, aplicou um
pouco de pressão.
Ander grunhiu e sua pélvis contraiu-se um pouco. Isso a assustou
momentaneamente, mas ela conseguiu não sair do ritmo.
Ela confiava em Ander. Ele era habilidoso e atencioso. Sabia que esta era a
sua primeira vez, e ele nunca a decepcionou antes. Não ia tentar foder sua garganta.
Ela mexeu os quadris inquieta, mais excitada do que nunca, enquanto
processava as reações de Ander às suas ministrações. Ela intensificou o ritmo e
sentiu o corpo dele endurecer ainda mais.
Usando o polegar para acariciar seu saco, apertou a base de seu pênis e
balançou a cabeça. A mão livre de Ander havia começado a apalpar a superfície da
cama e sua cabeça sacudia inquieta sobre o travesseiro.
Ela murmurou em torno de sua carne dura mediante esses sinais de que o
estava agradando.
— Lori. — Sua cabeça estava um pouco caída para trás, mas seus olhos nunca
deixaram a visão de sua boca em torno do seu pênis.
Murmurando em resposta, ela sentiu seus músculos íntimos apertando
instintivamente, como se estivesse tentando puxá-lo para dentro dela.
— Lori! — Ander murmurou, arqueando as costas um pouco enquanto lutava
visivelmente para se segurar. Ambas as mãos dela tinham retesado com a excitação,
apertando seu pau e suas bolas simultaneamente.
Sua boca trabalhou incessantemente. Ela gerou uma grande quantidade de
saliva, e o sabor do preservativo foi se dissipando. Mas, neste ponto ela estava
ligada demais para se importar. Embora tenha sido um pouco descuidada e
inexperiente, seu trabalho parecia estar tendo um bom efeito.
Ela podia sentir os tremores percorrem o corpo de Ander. Ambos as mãos
empunhavam agora – uma a roupa de cama, a outra, seu cabelo. Os quadris
balançavam muito pouco, involuntariamente. E o rosto estava corado e torcido
com o que parecia vir de esforço e prazer.
— Lori — ele engasgou, sacudindo a cabeça para o lado. — Lori, eu vou gozar.
Se você não parar, eu vou- — Suas palavras se romperam em uma exclamação
gutural enquanto ela apertava suas bolas novamente.
Ela sabia que ele estava tentando avisá-la, que, caso quisesse fazer mais uso de
sua ereção, teria que parar. Mas isso era um absurdo. É claro que ela queria que ele
gozasse. Então chupou-o tão duro quanto podia, acariciando seu saco mais uma
vez.
Seu corpo pulsava quando um som abafado escapou de dos lábios dele.
Preparada com antecedência, ela tentou, atentamente, ouvir as palavras, mas ele
ficou totalmente sufocado com o que quer que pretendia dizer, mordendo o lábio
inferior com tanta força que estava branco.
O preservativo a impediu de engolir seu sêmen, mas parecia que ele o havia
lançado dentro de sua boca do mesmo jeito.
Ela finalmente deixou seu pênis deslizar para fora de seus lábios e se sentou
sobre os joelhos, olhando para seu rosto corado e úmido de suor.
Quando voltou, Ander ainda estava esparramado na cama, mas virou a cabeça
em sua direção enquanto ela se aproximava.
— Obrigado — disse ele com voz rouca — Você não tinha que cuidar do
preservativo.
— Por que não? — Ela perguntou, com um encolher de ombros, subindo de
volta na cama. Ela inclinou-lhe um olhar ansioso. — Eu fiz tudo certo para a minha
primeira vez?
Ander engasgou com uma risada. Em seguida, com outra. Por um minuto,
todo o seu corpo tremia num impotente e irônico riso.
— Lori — Ander engasgou — Você é cega? Você viu a forma que eu gozei.
Você realmente precisa perguntar se fez tudo certo?
— Ah. — Ela se encolheu um pouco, em agradável vergonha. — Bem, eu não
sabia. Quer dizer, talvez eu tenha feito um trabalho ruim, mas você gozou apenas
para aumentar a minha confiança.
— Você não é?
— Não.
Ela não esperava que Ander reagisse daquela maneira com seu boquete. Não
esperava sentir-se do jeito que se sentia devido à reação dele. Ela não esperava ficar
tão ligada depois e não tinha esperado experimentar esta agitação caótica e essas
emoções – confusão, orgulho, prazer, vergonha, desconforto e profundo medo.
De repente, todas aquelas emoções tornaram-se tão intensas que ela não tinha
certeza se podia lidar com elas. Já que olhar para Ander as intensificava, ela se virou
para o outro lado e ficou de costas para ele.
Tentando dissipar sua loucura, respirou fundo procurando se ordenar através
de toda aquela confusão.
Antes que tivesse a chance de descobrir mais alguma coisa, a voz de Ander
veio por trás dela.
Sua voz tinha um leve toque de hesitação e a fez virar a cabeça e olhar para
ele por cima do ombro. Ele se apoiou em um braço, seu olhar estava circunspecto.
— Lori — alertou suavemente. — Você precisa me dizer se houve algo sobre
o que aconteceu que a fez se sentir desconfortável.
— Eu não estou desconfortável — ela começou. Ao seu olhar de óbvio
ceticismo, ela apressou-se: — Quero dizer, eu gostei. Eu realmente gostei. É só que
eu não... eu não esperava... — Ela parou, percebendo que não havia absolutamente
nenhuma maneira de lhe dizer toda a verdade.
— O que você não esperava? — Seu rosto tornou-se estranho, da maneira
inquietante que à vezes acontecia.
— Eu não esperava ficar tão excitada ao fazer isso. — Ela corou um pouco,
apesar de sua admissão não chegar nem perto da verdadeira natureza de suas
reações.
O rosto de Ander relaxou. Ele deu um sorriso que era quase impertinente. Sua
mão se moveu de seu ombro e acariciou-lhe o braço nu.
— Bem, isso definitivamente não é um problema — ele murmurou.
Ela sorriu de volta, sentindo-se melhor agora que o clima entre eles era mais
familiar. Ela ajeitou a cabeça, não mais olhando em direção a Ander, e o deixou
colocar-se atrás dela, pressionando as linhas magra do seu corpo contra as costas
dela e acariciando seus seios, barriga e quadris com uma mão hábil.
Depois de um minuto, ela estava novamente sem fôlego de excitação e se
contorcendo contra Ander enquanto ele, gentilmente, acariciava seus mamilos.
Ela, então, sentiu uma nova sensação contra sua parte inferior. Depois de um
momento, ela percebeu o que era. Ele estava crescendo novamente – muito mais
rapidamente do que ela esperava.
— Já? — perguntou, olhando para ele por cima do ombro novamente e
esfregando a bunda, vergonhosamente, contra a dura ereção.
Ander fez um gemido rouco em resposta a ela se contorceu quando ele
abaixou a boca para a curva de sua garganta, beliscando delicadamente.
Então, com mãos fortes e suaves, ele virou-a de bruços e começou a recolher
sua camisola para que pudesse retirá-la pela cabeça.
Ela o deixou despi-la, amando a sensação de seu peso em cima dela, o jeito
como a empurrou para o colchão. Ela gemia de prazer quando ele apertou a carne
de sua bunda e beijou sua nuca e pescoço.
Ele estendeu a mão para pegar um preservativo da mesinha de cabeceira e
rapidamente o colocou. Em seguida, levantou seus quadris, afundou dois dedos
dentro dela para testar sua prontidão e, encontrando seu sexo encharcado, alinhou
o pênis à sua entrada e em seguida, a penetrou por trás.
Ela soltou um suspiro longo e molhado, apreciando tanto a sensação de seu
corpo quanto o fato de ele não a fazer tomar todas as decisões. Ela abraçou a si
mesma e empurrou a bunda contra sua virilha.
Ele resmungou com o impacto, mas depois, acompanhou seu silêncio e
começou a investir.
Lori ficou extremamente excitada pelo ritmo rapidamente agradável que ele
desenvolveu, enviando choque após choque de sensação, fazendo um orgasmo
rapidamente, se construir em seu centro. Ela bufou em cada um dos seus golpes
profundos o corpo instintivamente seguindo o ritmo, balançando ansiosamente
contra o dele, para intensificar as sensações.
Rapidamente os sentimentos dentro de Lori tornaram-se tão intensos, que ela
não poderia permanecer em silêncio. Ela começou a fazer pequenos grunhidos a
cada penetração, e depois os grunhidos se transformaram em exclamações
ofegantes.
— Bom, Lori. Tão bom — disse Ander entredentes, sua voz grossa provando
que ele já estava muito excitado, apesar de seu clímax anterior. Sua velocidade havia
acelerado, e seus dedos se cravaram na carne da bunda dela, guiando seu
movimento frenético. — Goze para mim.
Ela já estava perto. Tão perto que suava e ondas de calor a inundavam. Suas
exclamações ofegantes eram agora soluços.
Desta vez, não teve tempo de esconder o rosto no travesseiro para abafar seu
grito de libertação, que saiu alto e claro.
— Oh merda! — Ander ofegou, os quadris batendo descontroladamente
contra sua bunda. Então, ele sufocou algo que ela estava muito sobrecarregada para
ouvir bem.
E gozou. Ela sentiu seu corpo tremer, sentiu seu pau pulsando em seu canal
apertado, sentiu seus dedos apertarem seus quadris tão desesperadamente que iria
deixar hematomas.
Lori estava ofegante e sem voz quando seu corpo caiu para frente. Ander caiu
com ela, quente saciado e, por um momento, descansou em cima dela novamente.
Ele arquejou também. A cada expiração, ele fazia um som parecido com um
gemido.
E Lori seria perfeitamente feliz por nunca ter que sair daquela posição,
daquela satisfação visceral.
Mas aí ele se moveu. Sem falar, Ander aliviou o pênis amolecido de sua
passagem molhada e se ergueu da cama.
Ele caminhou em silêncio até o banheiro. Ela ouviu a água correr na pia. E
não o ouviu sair.
Depois de um minuto, com a curiosidade acentuada, Lori saíra de seu estupor
saciado. Ela desceu da cama e correu para o banheiro, determinada a descobrir o
que Ander estava fazendo lá que levou tanto tempo extra.
A porta estava meio aberta, para que ela pudesse olhar dentro. Ander estava
em frente à pia cheia de água, apoiado com ambas as mãos sobre o balcão. Seus
ombros estavam caídos, os olhos fechados e a cabeça inclinada. Seu rosto e cabeça
estavam molhados, da água que ele, evidentemente, jogou no rosto.
E ele parecia estar respirando profundamente.
Lori ficou boquiaberta por um minuto. Ele parecia exausto. Sobrecarregado.
E estranhamente dolorido.
— Eu sei. — Ele lhe deu um sorriso meio triste. — Desculpe por isso. Você
provavelmente poderia ter gozado mais algumas vezes se eu tivesse conseguido
aguentar.
— Não se desculpe. Eu prefiro que você goze quando quiser. De verdade. —
Ela olhou para ele e viu que ele estava genuinamente perturbados por seu clímax
involuntário. Mantendo sua voz leve, ela acrescentou: — Fico impressionada com o
controle que você normalmente tem. É bastante notável. Em todos estes meses, é a
primeira vez que você goza sem me perguntar primeiro.
Suas palavras a inundaram de cálido prazer. Ela não tinha certeza se deveria
acreditar nele. Afinal, seu trabalho consistia em agradar as mulheres de qualquer
maneira que pudesse. Ele passou anos dizendo às suas clientes exatamente o que
elas queriam ouvir. Talvez fosse o que estava acontecendo agora.
Mas o instinto lhe disse algo diferente e suas palavras fizeram-na sentir-se
muito bem.
***
Mas ali estava ela de qualquer maneira. Ela começou a escrever uma série de
termos de busca, várias combinações de palavras: “Ander”, “Alexander”, “careca”,
“cabelo”, “filho”, “homem de negócios” e “deserdados”.
Levou menos de dez minutos para encontrar a informação que procurava. Ela
puxou um breve artigo de uma publicação local que concentrava-se,
principalmente, em notícias de negócios. O artigo, de 12 anos atrás, mencionou
como Alexander Milton de 22 anos de idade – filho de um homem muito rico e
famoso – havia sido legalmente deserdado por ter-se recusado a juntar-se a seu pai
nos negócios.
Lori olhou para a história no monitor. Olhou para a foto de um Ander muito
jovem, tão careca quanto agora. Olhou para o nome ali impresso.
Tudo fazia sentido. Tudo o que Ander havia lhe dito sobre seu pai e sua
infância. E tudo o que ela tinha percebido sobre o modo como ele havia sido
emocionalmente vitimado quando criança. A verdade sobre sua identidade fechou a
lacuna que ainda existia em sua compreensão.
Nos últimos seis meses, ela esteve fodendo com o hostilizado filho de Pedro
Milton – CEO de uma das maiores empresas de Seattle e muito provavelmente um
criminoso do colarinho branco.
.Dez.
Mas, naquela tarde, ao pensar sobre o que queria fazer com Ander, a ideia de
patinar no gelo, cruzou-lhe mente de forma muito casual. Assim, ela não conseguiu
pensar em outra coisa que quisesse fazer, então, mencionou meio de brincadeira em
sua resposta ao e-mail de Ander, que perguntava onde eles deveriam se encontrar.
E lá estavam eles. Não em uma das grandes pistas, mas em uma mais nova,
menor, que Ander disse ser menos cheia e com horários mais convenientes para
patinação pública. Ela não queria pensar nisso, mas se perguntou com quantas
outras clientes ele havia feito patinação no gelo no passado.
Na primeira noite que ela sugeriu a mudança, eles haviam ido a uma exposição
sobre antigos abanadores asiáticos, que o Museu de Artes estava mostrando esse
mês. Ander a havia impressionado com seu conhecimento sobre abanadores
asiáticos até que ela o fez admitir que havia passado o dia anterior fazendo pesquisa
sobre elas.
Em seu próximo compromisso, eles saíram para comer e em seguida, a uma
livraria recém-inaugurada, especializada em livros usados e raros. Haviam passado
quase duas horas procurando nas prateleiras e conversando sobre os livros antes de
voltarem para o hotel para ter relações sexuais.
E hoje eles estavam indo patinar no gelo. Lori ia fazer algo que sempre quis.
Saber quem o pai de Ander era, a fez se sentir esquisita e estranha de uma
maneira que ela não esperava.
A mudança em sua rotina ajudou a abafar o conhecimento sobre a identidade
de Ander de sua consciência e isso ajudou um pouco também, mas uma pequena
parte do espírito de Lori continuou insinuando que ela não ia ser capaz de arrastar-
se nesse ato de equilíbrio emocional por muito tempo.
Determinada a se divertir tanto quanto pudesse – e enquanto pudesse –, Lori
tentou dar mais uma volta ao redor da pista. Ela fez um pouco melhor desta vez.
Seus tornozelos cambalearam um pouco, mas manteve-se de pé e fez vários metros
antes de perder o equilíbrio.
Ela estendeu a mão para se agarrar em Ander, que estava patinando
lentamente ao seu lado e tentando dar-lhe alguns conselhos.
Ander parou a tempo de pegá-la. Ela choramingou de frustração e enterrou o
rosto em sua camisa por um momento. Então, olhou para ele e falou entredentes:
— Droga!
— Não, não estou. Todo mundo está fazendo melhor que eu. Eu geralmente sou
boa em coisas. Isso é ridículo.
Os braços de Ander estavam relaxadamente em volta de sua cintura, e os
olhos estavam momentaneamente tão quentes que lhe tirou o fôlego. Então ele
disse, com sua típica compostura:
— Você está muito tensa agora. Isso a está deixando mais desajeitada do que o
normal.
E o resto era causado por sentimentos intensos que Lori estava com muito
medo de explorar mais profundamente.
Ander soltou uma breve gargalhada, e Lori sentiu uma pequena onda de
prazer em tê-lo divertido assim. Era sempre assim para ela agora, balançando de
um extremo emocional a outro.
— Na verdade, isso pode não ser uma má ideia. — Antes de Lori poder fazer
mais do que xingar, ele continuou: — Pense em respirar do jeito que você fez nas
primeiras vezes em que estivemos juntos.
Por mais incongruente que parecesse, ela confiava nele. Então, com um último
revirar de seus olhos, ela começou a respirar lenta e uniformemente.
Mas funcionou.
Ander teve que ajudá-la a coordenar seu movimento no início, mas logo Lori
fez como ele disse. Respirando e deslizando. Respirando e deslizando.
Ela fez isso por metade do ringue antes de começar a balançar. E depois nem
sequer caiu. Após um tempo, ela pode fazê-lo ao redor da pista inteira sozinha. E
logo conseguiu realmente apreciar.
Eles patinaram por pouco mais de uma hora, mas aí, a pista começou a ficar
mais cheia. Era uma noite de sexta-feira e este era, aparentemente, um local
favorito para encontros do ensino médio. Lori podia sentir que suas bochechas
estavam vermelhas e brilhantes pelo esforço, e suas pernas já estavam ficando um
pouco cansadas.
Então, quando Ander sugeriu darem apenas mais uma volta na pista antes de
saírem, ela estava em pleno acordo.
Ela ficou encantada consigo mesma, quando fez todo o trajeto sem uma
oscilação. Ela se agarrou à mão de Ander e decidiu que entendia por que sempre
sonhara que a patinação no gelo seria uma atividade divertida e romântica.
Lori estava transbordando de alegria por sua realização e com entusiasmo
vertiginoso quando eles finalmente pararam e saíram do gelo.
Ela tirou os patins, sorrindo para si mesma, pensando no quão divertido teria
sido patinar com seu melhor amigo e paixão do colégio. Ela meio que se sentia
como uma adolescente de novo agora, então, só podia imaginar como teria se
sentido naquela época.
— Divertiu-se? — Ander perguntou, endireitando-se depois de calçar seus
sapatos. Seu rosto estava relaxado e ela podia jurar que ele estava estava se
divertindo muito. Certamente ele não estava apenas fingindo para seu benefício.
Ele parecia tão adorável em sua obscura camisa roxa, com as bochechas
coradas, os olhos e a boca ligeiramente suaves, que ela queria beijá-lo.
Ela sentiu Ander endurecer em seus braços por um momento, antes de relaxar
e a abraçar de volta.
Supôs que deve tê-lo surpreendido. Deve ser bastante óbvio que, abraçar um
gigolô por puro prazer de viver, não era uma atividade normal.
Mas ele retornou o abraço rápida e calorosamente o suficiente para impedi-la
de ficar muito acanhada. Ele cheirava maravilhosamente e Lori inalou longamente
quando se apertou a ele.
Quando se afastou, pegou uma cintilação em seus olhos de uma emoção que
ela não conseguiu nomear. Sua boca se abriu de surpresa quando olhou para ele,
tentando ainda pegar um vislumbre daquele brilho.
Lori bufou.
— É. Nem me diga, mas ninguém teria sido um professor tão bom quanto
você. — Ela inclinou-lhe um olhar interrogativo. — Você tem que ser bom em
tudo?
Ander apenas riu quando começaram a sair da pista. Ele sugeriu um pequeno
lugar de comida italiana, a poucos quarteirões para o jantar – comentando que era
um de seus favoritos – e Lori concordou. Foi uma noite suave, Lori adorou
caminhar e estava genuinamente interessada na história que Ander contava a ela
sobre o arquiteto que projetou o prédio na esquina.
Ela estava, evidentemente, muito relaxada, no entanto, porque, de tempos em
tempos, falava o que vinha à sua mente. O que raramente era uma boa ideia.
— Sabe, Ander, às vezes é um pouco irritante estar perto de você. Quero
dizer, você é tão bom em tudo. Você sabe tudo.
Ander deu-lhe um olhar de esguera.
— Eu te disse no outro dia que só conhecia sobre os abanadores asiáticos
porque fiz meu dever de casa.
— Eu sei. — Por algum motivo sentiu-se tímida. — Eu não estou dizendo que
é algo em que eu acredito. Mas me sinto assim às vezes. E às vezes eu queria... Eu
queria que você não tivesse que ser sempre o professor. Eu gostaria que houvesse
algo que eu pudesse lhe ensinar.
Sua voz se desvaneceu nas últimas palavras, quando estava falando mais para
si mesma. Ela olhou para o chão e processou o que havia acabado de dizer.
Mas Ander, de repente ficou tenso e moveu a mão para o seu rosto,
levantando-o de modo que ela olhasse em seus olhos.
— Lori — disse ele, sua voz inesperadamente espessa. — Você tem alguma
ideia do que me ensinou?
Por um momento, ela pensou que iria se afogar em seus olhos. Eles pareciam
mais cinza do que azul na luz diminuta, e mostravam tamanha profundidade que
ela não poderia começar a entendê-los.
Então sua boca se curvou com o familiar humor seco. Ela normalmente
amava seu senso irônico, mas a visão dele agora a fez querer gritar – já que
significava que seu humor havia mudado e dissipado a tensão deliciosa de um
momento atrás.
Ander murmurou algo que poderia ter sido a verdade, mas que, obviamente,
não era o que ele havia inicialmente pensado.
— Você me ensinou a pesquisar sobre abanadores asiáticos.
***
— O que você fez para ganhar tal tratamento — ela murmurou, tolamente
desfrutando da sensação de tê-lo tão perto dela em um lugar público.
Ander sorriu, seus olhos demorando-se em seu rosto de uma forma que a fez
estremecer de prazer.
Quando o anfitrião passou por ela para espiar a disponibilidade da mesa, Lori
se achegou ainda mais a Ander, instintivamente colocando uma mão na curva suave
de sua cintura, logo abaixo das costelas.
Ela não tinha ideia de onde ele morava e estava morrendo de vontade de
saber onde era sua casa, mas fez a pergunta distraidamente, sem nenhum motivo
secreto por trás.
— Não muito perto. — Ander não parecia particularmente fechado, embora
sua resposta não tenha explicado nada. Ele não se afastou dela. Na verdade, se
mexeu um pouco, inclinando-se contra a parede e, de alguma forma, o movimento
os colocou mais perto.
Seus quadris, peitos, braços roçavam contra o outro, e Lori ainda não havia
tirado a mão de sua lateral.
Ela gostou do jeito que ele a estava olhando. Gostou do modo como sentia
seu corpo sob a palma da mão – a carne quente e firme que sentia debaixo de sua
camisa de um jeito não sexual, parecia mais íntimo.
E ela percebeu que isso era algo que estava faltando – a sensação de estar com
um homem em público, fazer com que todos ao seu redor soubessem que eles
estavam juntos. Ela estava pagando Ander por seu tempo e atenção esta noite, mas
todos que os vissem iriam assumir que eles eram um casal.
Parecia que eles estavam juntos. E a pequena, e irritante, voz interior que
sempre insistiu em estragar o ingênuo divertimento de Lori, dizia que ela estava
pisando em águas muito perigosas ali.
Ela não era uma tola total e estava com muito medo de estar se tornando uma
daquelas mulheres bobas e desesperadas que começavam a acreditar em uma
fantasia. Que convenceu a si mesma de que o que ela tinha com Ander era real.
Ela ficou aliviada quando o anfitrião voltou trazendo-lhes suas bebidas. Lori
tomou um gole do vinho tinto e assistiu, estranhamente fascinada, como Ander
tomou um gole de seu uísque.
Para alívio de Lori, era verdade. O anfitrião voltou correndo, apontou uma
aconchegante mesa no canto do restaurante e tomou suas bebidas para levá-las ele
mesmo.
Ander colocou a mão na parte inferior das costas de Lori enquanto
caminhavam e o gesto soou protetor, assim como de apoio.
Olhando para ele rapidamente, sentiu sua pontada no coração quando viu
uma expressão congelada em seu rosto. Suas feições eram rígidas. Completamente
vagas. E tão imóveis, que a aterrorizavam.
Ela seguiu seu olhar fixo até o outro lado do restaurante, onde um casal estava
sentado, seus jantares semiacabados e uma garrafa de vinho quase vazia. A mulher
era bonita – fina, elegante, com cabelos vermelhos e, provavelmente, em seus trinta
e poucos anos.
O homem era muito mais velho, com membros longos e uma aparência
contida, que mostrava uma vida de poder e estratégia. Ele tinha um rosto enrugado
que era estranhamente fascinante e um cabelo de espessura distinta, comprido e
grisalho.
Lori sabia quem era e sabia por que Ander tornou-se uma estátua de pedra ao
lado dela.
Os olhos de Peter Milton examinaram o restaurante casualmente. Ele não
poderia ter deixado de ver seu filho em pé no meio do restaurante. Do seu ponto
de vista, ele poderia até mesmo ter visto Ander e Lori logo que eles entraram.
Certamente viu quando eles ficaram parados em íntima proximidade, à espera de
sua mesa.
Mas os olhos de Peter passaram por Ander, como se o seu filho não existisse
no mundo.
— Vamos para outro lugar — disse Lori, tentando manter sua voz natural e
absolutamente tranquila. — Eu não tenho certeza se vou gostar de comida italiana,
afinal.
Foi uma desculpa plausível, e tudo no que conseguiu pensar no momento. Ela
não podia deixar de raciocinar que a coisa mais importante do universo era tirar
Ander daquele restaurante.
Os olhos de Ander voltaram-se para olhá-la fixamente, mas ela tinha certeza
de que ele não podia realmente vê-la.
— O que você quer dizer? — Ele era melhor do que ela em compor a voz,
mas seus olhos estavam tão vazios que quebrou seu coração.
Lori lançou um olhar nervoso de volta para Peter, que estava olhando mais
uma vez para sua companheira mas sorrindo de uma maneira presunçosa que ela
sabia que era para Ander.
— Vamos para outro lugar — disse ela novamente, sua voz suave e suas mãos
agarradas às de Ander, como se ela pudesse, de alguma forma, mantê-lo juntos.
Ander engoliu em seco, seu rosto limpo, toda a angústia controlada por trás
da superfície polida que ela agora sabia que ele usava para esconder-se do mundo.
— Eu não quero ir para outro lugar. Vamos comer aqui.
Sair seria uma derrota. Seria uma rendição e isso era algo Ander nunca faria ao
confrontar o pai.
Lori ficou impressionada com a força de vontade que lhe permitiu superar seu
choque tão rapidamente, mas ela também queria chorar por ele e sabia que quanto
mais Ander estivesse na presença de seu pai, mais doloroso seria para ele.
Ela não tinha escolha, no entanto. Ander não estava disposto a desistir. Então,
ela foi com ele até a mesa, mantendo a mão sobre seu braço.
Pouco antes de eles se sentaram, algo finalmente deve ter se processado no
cérebro de Ander. Com uma respiração afiada, ele virou-se e agarrou-lhe os ombros
com mãos fortes e inflexíveis.
Lori foi atingida por uma onda de terror quando olhou para seu rosto raivoso.
Ander apertou os dedos em seus ombros e falou com uma voz que ela nunca
havia ouvido vir dele antes.
— Você sabe.
Algo primitivo retorceu seu rosto. Ela nunca o havia visto com raiva antes,
mas ele, claramente, estava agora.
— Não! — Sua voz era mais estridente do que esperava, então ela pigarreou
antes de continuar: — Eu só descobri. Eu não tinha ideia antes. Eu juro. Há
algumas semanas atrás, fiquei curiosa e quis saber mais sobre você. Então pesquisei
através de alguns jornais antigos e descobri. Eu não tinha certeza de como lhe
dizer. Eu sei que você não queria que eu me intrometesse em sua vida pessoal.
Posso entender por que você está louco. Sinto muito. Eu realmente sinto.
Ela não queria Ander bravo com ela, mas esse não era o motivo de sua súbita
onda de desespero. Por um momento, ele parecia quase traído. Como se ela o
tivesse traído, e ela não poderia suportar que ele pensasse que isso era verdade.
Algum tempo depois a tensão no rosto de Ander diminuiu, embora seus olhos
fossem duros e cautelosos.
— E o que você vai fazer com essa informação?
Ela quase começou a relaxar, mas depois sua respiração entalou bruscamente
com suas palavras resignadas.
— É sim. Quero dizer, você merece um pedido de desculpas de mim. E nós
podemos falar mais sobre isso, mas eu não acho que este é o melhor momento ou
lugar para a discussão. — Ela lançou um olhar sobre Peter Milton, cujos olhos
haviam ociosamente passado por onde Lori e Ander estavam, de pé, em frente a
mesa, tendo uma conversa privada em público.
— Você está certa — Ander murmurou, puxando o assento de Lori para ela.
— Vamos nos sentar e seguir em frente.
Nenhum deles realmente seguiu em frente. Lori estava aliviada por Ander ter,
pelo menos no momento, esquecido sua raiva e ressentimento contra ela, mas ela
estava com medo de como essa sucessão de eventos afetariam sua relação no
futuro.
Eles fingiram uma conversa casual, fizeram seus pedidos e aceitaram uma
segunda bebida de seu, obviamente, preocupado anfitrião. Lori ficou mais e mais
estressada enquanto o jantar progredia. A tensão que Ander escondia era cada vez
mais urgente – ela sentiu mesmo sem sinais visíveis –, e logo ficou com medo dele
simplesmente desabar quando se sentou em frente a ela na mesa.
Peter e sua companheira haviam terminado sua sobremesa, mas ainda não
tinham feito mensão de se levantar e sair. Lori não tinha que olhar para trás para
estar ciente da presença, silenciosamente provocativa de Peter na sala. Tudo o que
tinha que fazer era olhar para o rosto vazio de Ander.
Sua comida chegou, o que foi um alívio para Lori. Ela planejava devorar toda
sua massa e tirá-los de lá o mais rápido possível. A comida estava deliciosa, mas ela
não estava com muita fome, então engolir cada mordida era um desafio.
Quando ela viu os ombros de Ander endurecerem, soube que algo estava para
acontecer. Um desvio de sua cabeça foi o que a alertou.
A companheira de Peter devia ter ido ao banheiro quando se levantaram para
sair e o próprio Peter, elegante e sofisticado em um terno cinza claro, estava agora
se aproximando da mesa deles.
A boca de Lori caiu em doloroso choque. Seu pulso batia freneticamente no
peito, na cabeça e nas pontas dos dedos. Peter Milton havia repudiado o próprio
filho. Certamente não iria, agora, fazer uma cena, torcendo a faca na ferida.
Ander levantou-se, claramente, para que o pai não pudesse olhá-lo de cima.
Os lábios de Peter se curvaram num sorriso arrogante e satisfeito.
Lori deveria esperar que Peter iria se desviar sem piedade, sem hesitação ou
senso do que é jogar limpo. Ele se afastou de Ander com indiferença cruel e
estendeu a mão para Lori.
— Peter Milton — ele murmurou. — Você já é cliente de Ander há muito
tempo? Ele sempre foi o tipo de menino que gostava de brincar de faz de conta. Eu
sempre esperei que ele fosse crescer e se tornar um homem. Mas, ai de mim...
Seu tom levemente superficial atravessou Lori como um chicote. Suas
palavras a magoaram fisicamente – principalmente porque sabia que o elas
causariam, profundamente, na natureza sensível de Ander.
Respondendo automaticamente, sem qualquer pensamento mais sábio ou
estratégia, ela estendeu a mão e pegou a de Peter. Era fria e seca. Nada como o
aperto sempre quente do Ander.
Ela usou a mão oferecida para se pôr de pé. Com um sorriso brilhante e
inocência intencional, ela disse:
— Eu nunca ouvi ninguém usar 'ai de mim' numa conversa informal antes.
***
Lori sabia que a coisa com o vinho fora mesquinha e um pouco infantil, mas
ela gostou muito e conseguiu o que queria.
Peter ficou claramente assustado e perturbado com o dilúvio de vinho
vermelho escuro. Ele não se demorou entre os espectadores divertidos e não fez
mais ataques verbais ao filho.
Uma vez que Peter deixou o restaurante, Ander e Lori puderam voltar para
suas refeições. Ander ainda estava tenso, ainda pulsando de angústia, mas não
pareceu à beira da implosão.
Lori estendeu a mão para tomar-lhe o braço com preocupação. Ele parecia
abalado, exausto, e mais maltratado do que ela já havia visto. Ela não tinha ideia do
tipo de tumulto emocional que ele havia sofrido esta noite, mas o sentimento dela
por ele era doloroso.
Ander estava escondendo tudo muito bem, mas parecia traumatizado. E Lori
seria uma condenada se o deixasse pior.
— Ander, por que você não vai para casa? Nós não precisamos voltar para o
hotel esta noite.
Esfregando os olhos, Ander fez outro esforço óbvio para se recompor e
olhou para o relógio.
— Eu não me importo. Realmente. Eu sei que isso não foi divertido para
você. — Ela não usou o eufemismo de propósito, intuitivamente sabia que ele
ficaria desconfortável se ela fizesse comentários sobre o que havia acontecido. —
Você parece cansado. Entra. Vou pegar um táxi para casa.
Ele olhou fixamente para um ponto vazio no ar, sua respiração rápida e
irregular. Parecia que ele estava tremendo de novo, sob a superfície de sua
compostura, e a tensão foi tão brutal que ela temia que ele fosse se esfacelar.
Seu apartamento não era nada como ela imaginava. Não era elegante e
repousante, minimalista, com mobiliário contemporâneo, arte moderna abstrata, e
arestas duras. O loft era todo aberto e bem iluminado, com tetos altos, janelas
enormes, dutos expostos, e pisos de madeira envelhecida. Ele era decorado com
belas peças antigas que pareciam antiquadas, mas não delicadas e ornamentadas
com arabescos. As linhas das mesas, cadeiras e baús eram fortes e sólidas, com
silhuetas rígidas e história embutida em cada detalhe. Ele tinha tapetes asiáticos no
chão, pinturas a óleo sobre as paredes, e livros empilhados por toda parte.
Lori amou imediatamente. E percebeu que o lugar se parecia mais com Ander
– o real e não a imagem que ele mantinha – do que suas expectativas iniciais.
Ela estava muito chateada e preocupada com ele para saciar sua curiosidade
natural e vasculhar todos os cantos. Então ficou no meio da sala e esperou
enquanto ele puxava uma garrafa de Merlot de sua estante completa de vinhos,
abriu-a e serviu duas taças.
Ele levou o vinho para o sofá baixo e fez um gesto para ela se sentar. Em
seguida, colocou as taças e a garrafa sobre a mesa de café e foi colocar alguma
música clássica.
Ambos se sentaram e tomaram um gole do seu vinho em silêncio. Lori não
tinha ideia do que dizer, não sabia o que fazer. Ela queria muito ajudar e confortar
Ander, mas se sentia impotente, incapaz e tão jovem.
Ele se sentou e meditou, tomou duas taças de vinho e começou a terceira,
antes de desviar os olhos para descansá-los em seu rosto.
Lori engoliu.
Ela não tinha ideia do que fazer. Queria puxá-lo para seus braços, confortá-lo
com o seu corpo, mas temia que ele fugisse de seu toque. Suas defesas estavam
levantadas, e ela era apenas uma cliente. Nada no seu relacionamento deu-lhe o
privilégio de consolá-lo dessa forma.
Então, ela apenas ficou em silêncio e deixou o rico vinho deslizar em sua
garganta, e o concerto de piano flutuar sobre eles.
Depois de vários minutos se silêncio, Ander colocou para fora:
— Eu o odeio. — Ele estava olhando para o chão agora, obviamente, vendo o
rosto do pai.
— Eu sei. Você tem todos os motivos para isso. Eu o odeio também. — Lori
só conhecia Peter Milton de reputação. Não importava. Ela odiava o homem mais
do que podia lembrar de odiar alguém. — Por você.
Isto fez com que Ander olhasse de volta para ela. Seus olhares se seguraram
por muito tempo – sua angustia era de cortar o coração. Em seguida, ele sussurrou:
Ficaram assim por um longo tempo, seus braços segurando firmemente e Lori
envolta em seu colo, com o rosto enterrado em seu ombro. Suas emoções muito
exarcebadas, fluíram, involuntariamente, de seus olhos. Ela chorou em silêncio por
uns minutos, dolorida por ele e dolorida por sua incapacidade de mudar as coisas.
O corpo de Ander era tão quente e duro como sempre. Ele cheirava a esforço
e intensidade – um odor familiar que falou com Lori profundamente. Seus braços
apertados ao redor dela com uma força nua que ameaçou quebrar suas costelas. Ela
não se importava. Ela adorou. E o abraçou de volta tão desesperadamente quanto.
Depois de um longo tempo, ele finalmente começou a mexer debaixo dela.
Seu rosto foi pressionado contra o pescoço e cabelo dela, mas ele o levantou e
soltou os braços.
Relutantemente, Lori pulou para trás, olhando para ele com os lábios trêmulos
e os olhos ardendo.
Algo no vazio do seu olhar assombrado mudou quando viu o rosto dela. Ele
ergueu a mão e passou os dedos ao longo de uma de suas bochechas. Em seguida,
olhou para a umidade de suas lágrimas.
— É por mim? — Ele respirou, soando surpreso ou admirado.
Ela sufocou um outro pequeno soluço pela incapacidade dele de acreditar que
ela se importava o suficiente para chorar.
— Ander — ela implorou, tendo seu rosto em ambas as mãos trêmulas. — Por
favor, deixe-me ajudar.
Com um som gutural, ele a apertou em seus braços novamente, mas desta vez
ele encontrou seus lábios em um beijo, desesperado e faminto.
Lori se sentia tão desesperada e faminta quanto, e retribuiu o beijo com igual
ardor. Ela manteve seu rosto nas mãos quando se abriu para o avanço urgente de
sua língua e gemeu em sua boca quando suas mãos começaram a passear sobre o
corpo dela.
Sua boca e seu toque não eram hábeis e considerados, como sempre tinham
sido antes. Suas carícias eram desastradas, quase desajeitadas, e seu beijo era
abertamente carente. Mas, se era possível, o corpo de Lori reagiu ainda mais
rapidamente. As mãos ávidas em seus seios, quadris e coxas brincavam com ela
formando uma excitação dolorosa e ela tinha medo de se afogar naquele beijo.
Finalmente, teve que liberar seus lábios para que pudesse ofegar desesperadamente
contra o pescoço dele.
Ela descobriu que suas próprias mãos estavam tão agarradas como as dele,
segurando sua cabeça e tentando sentir cada centímetro de sua superfície lisa. A
textura sob seus dedos era esmagadora, e a tensão cingida no corpo de Ander era
tão diferente do que ela já havia sentido antes. A tensão não era só excitação. Não
era desejo ou impaciência.
Era emoção. Ele não podia expressar em palavras, mas ela podia sentir pulsando
através dele e a emocionava e aterrorizava ao mesmo tempo.
Ander a empurrou o suficiente para dar a seus lábios acesso ao peito dela. Ele
avidamente abriu caminho até os seios e sugou-os através do tecido de sua blusa.
Lori deixou a cabeça cair para trás e gemeu impotente, com uma necessidade
ainda maior.
À beira de perder o controle, Lori puxou e, então, pegou sua cabeça de novo
para capturar sua boca em outro beijo. Desta vez, ambos gemeram profundamente
em suas gargantas quando eles tatearam e freneticamente esfregaram seus corpos
um contra o outro.
— Ander — Lori engasgou por fim, com medo de que Ander ou sua própria
necessidade por ele fossem capazes de devorá-la. — Você quer ir para a cama?
Uma das mãos de Ander havia aberto suas coxas e agora tocava-lhe a virilha
através de sua calça.
— Ah, porra, Lori. — Ele retesou-se quando ela moveu-se contra sua mão.
— Ander? — Ela agarrou a parte de trás do seu pescoço, mas tentou controlar
seus desejos para que pudesse estar lá de qualquer maneira que Ander necessitasse.
— Lori — Ander murmurou, olhando em seus olhos por um momento com
indefeso anseio e ela não conseguia respirar. Então, ele reivindicou seus lábios
novamente com um gemido baixo.
Ela choramingou quando seu beijo cresceu, mais profundo e mais voraz.
Quando um surto de terror surgiu através dela, ela se afastou. Momentaneamente,
não teve certeza se era forte o suficiente para lidar com a profundidade e
intensidade da necessidade de Ander.
Perdendo seus lábios, ele enterrou o rosto em seu cabelo. Ela ouviu-o
inalando profundamente. Como se estivesse cheirando seu cabelo. Cheirando ela.
O som dissipou a onda de medo e ela tomou seu rosto nas mãos mais uma
vez.
Ela estava tão acostumada a ele sempre perguntando o que ela queria,
deixando-a guiar todo o processo de decisão, que esta nova dinâmica foi difícil. Mas
ela esperou até Ander conseguir se recompor o suficiente para responder.
— Sim. Eu quero.
Antes que Lori pudesse responder, Ander ajustou o corpo dela, levantou-se, e,
em seguida, levantou-a em seus braços. Ela se agarrou ao pescoço dele, assustada,
insegura e um pouco alegre.
Ele levou-a para a cama, deitou-a, e imediatamente se pôs sobre ela,
separando-lhe as pernas para se dar espaço e abaixando o rosto para outro beijo.
Ela se agarrou a ele, envolvendo as pernas ao redor de seus quadris e
segurando-o tão firmemente quanto pôde. Eles se beijaram freneticamente por
alguns minutos. Então Ander começou a tirar a roupa de Lori.
Ele não perdeu tempo com as preliminares. Ele tirou sua camisa rapidamente
pela cabeça. Então, desceu sua calça juntamente com a calcinha. Se atrapalhou com
o sutiã, até que conseguiu arrancá-lo.
Ela nunca o havia visto descontrolado. Esta falta de habilidade e
consideração, não diminuiram em nada seu desejo por ele, no entanto. Em vez
disso, alimentou a sua própria necessidade.
Ela agarrou suas roupas, inutilmente, tentando despi-lo, enquanto ele
trabalhava nas dela. Quando ela estava nua, Ander ajudou Lori com seus botões,
cinto e zíper. Juntos, eles despiram-no da camisa, calça e boxer – jogando tudo de
forma descuidada no chão junto à roupa de Lori.
Ele já havia começado a penetrá-la quando puxou sua pélvis para trás com um
som estrangulado.
— Merda! Preservativo.
Lori não podia acreditar que havia quase esquecido. Não podia acreditar que
Ander havia esquecido.
Ander manteve-se perfeitamente imóvel e tomou algumas respirações
agonizantes. Vendo sua condição, Lori rolou de debaixo dele.
Ander passou seus braços por baixo dos ombros dela, segurando-a em um
abraço enquanto encontrava sua boca mais uma vez. O beijo foi profundo e
desleixado enquanto Ander bombeava os quadris.
Lori apertou-o com seus braços, suas pernas e sua buceta. Segurou tão
firmemente quanto pôde. Não conseguia manter-se quieta quando emoção, prazer
e requintada tensão eram construídos dentro dela – tão irremediavelmente
entrelaçados, que ela nunca seria capaz de separá-los.
Ander continuou tentando beijá-la, mas seus movimentos se intensificaram
mantendo os lábios separados. Ele resmungou, muito mais alto e de forma mais
primitiva do que o habitual. Cada vez que investia nela, batendo suas virilhas, ele
lançava outro som, áspero e gutural.
O som da sua falta de controle fez o prazer de Lori crescer ainda mais. A
sensação de seus corpos balançando urgentemente, seu pênis metendo contra suas
paredes internas, sua língua e boca gulosas se movendo contra a dela, tudo aquilo
junto, aumentou intensamente a profunda pressão no seu centro.
Ela estava perto do orgasmo e a cada toque do corpo retesado de Ander, a
cada balanço da cama, e dela, ela chegava mais e mais perto.
Seu calor, sua necessidade e sua tensão a afligiram, obscurecendo sua visão e
latejando em suas veias. Ela nunca o havia visto assim. Nunca o sentira assim.
Ander engasgou.
— Oh porra! Oh Lori! — Enquanto seus quadris empurravam com força
contra o fecho apertado de seu canal. Na nebulosa realização de sua libertação, Lori
estava consciente da torção do rosto de Ander, numa batalha perdida para o
controle.
Então ele gritou também, rude e diretamente no ouvido dela, enquanto
descarregava o resto de sua tensão há muito contida.
Ela nunca o tinha ouvido tão alto, tão completamente fora de controle. Não
achou que ele disse alguma coisa em sua exclamação, mas o fez momentos depois,
quando todo o corpo pulsava de gozo e seus quadris se torciam desenfreadamente,
movendo sua virilha contra a dela. Ela ouviu o arranhar de sua voz, suave e muito
baixo para distinguir. E sentiu sua respiração contra o ouvido, mas não ouviu as
palavras enquanto ele caía de seu clímax.
Ander não saiu de imediato. Ele ficou deitado em cima dela até que não pode
mais ignorá-la cutucando-o. Em seguida, segurou o preservativo e puxou seu pênis
saciado fora dela com um gemido. Ele estava prestes a se levantar da cama quando
Lori o parou.
— Eu levo.
Ela precisava ficar longe dele por um minuto, então correu para o banheiro.
Depois de jogar a camisinha fora, ela ligou a água na pia, lavou as mãos e, em
seguida, espirrou água no rosto, vermelho e quente.
Ela tentou respirar profundamente enquanto olhava-se no espelho, seu
coração se agitação em confusão e medo, relutância e algo parecido com alegria.
Uma estranha com os cabelos despenteados, as bochechas brilhantes, a pele úmida
e selvagens olhos verdes olhou de volta para ela.
Ela queria fugir da intimidade do apartamento de Ander e ir para casa,
engatinhar sob suas próprias cobertas onde era seguro. Mas Ander estava
esperando por ela na cama. E ele havia sido emocionalmente despedaçado esta
noite. Ele disse que queria que ela ficasse.
Lori perguntou-se se parte dele queria que ela fosse. Não importava. Ela sabia
que não era o que ele precisava. Então, ela apagou as luzes, rastejou sob o lençol e
apertou seu corpo contra o dele.
— Eu estou cansada.
— Eu também.
Isso foi tudo o que disse. Ela descansou a cabeça em seu peito e acariciou sua
barriga, preguiçosamente, até seus olhos cederem.
Ander não estava dormindo. Ele estava relaxado, mas ainda consciente.
Mesmo à beira do sono, ela gostou do jeito como ele a abraçou, como se ela fosse
apreciada, como se não fosse deixá-la ir.
Ela pegou suas roupas e correu para o banheiro. Olhou para a estranha de
olhos arregalados, com cabelos selvagens no espelho novamente.
Lori Addison. Seis meses atrás, ela havia sido uma virgem e agora estava louca
por um gigolô.
Ela resistiu à verdade desde que sentiu sua presença – uma vez que significaria
que tudo teria que mudar –, mas ela não podia mais fingir.
Por muito tempo, ficou se lembrando de seu tempo com Ander, desfrutando
do prazer, intimidade, companheirismo e satisfação, enquanto ignorava todo o
resto.
Mas ela havia sido deliberadamente ignorante, tanto quanto pode.
Lori estava ao lado da recepção do hotel em que ela e Ander haviam passado
tantas noites, esperando o gerente assistente voltar com sua bolsa de noite.
Ela a havia deixado lá há três noites. Depois de verificar dentro do quarto, ela
havia deixado suas coisas – sua lingerie e produtos de higiene pessoal – no
pressuposto de que ela e Ander voltariam para o quarto depois da patinação no
gelo. Ela pensou que estava sendo muito prática e eficiente, evitando a necessidade
de carregar a bolsa com ela, mas eles nunca retornaram ao hotel, e ela se esquecera
completamente até que um membro da equipe do hotel a ligou para avisá-la que
eles haviam guardado a bolsa até que ela pudesse reclamá-la.
Parecia estranho – estar no hotel novamente. Cada detalhe do piso de
mármore da entrada e a decoração elegante do lobby era familiar. Mas duvidava
que fosse reservar um quarto neste hotel novamente. Ele a lembrava de Ander.
— Está tudo bagunçado — ela o interrompeu, com medo do que ele poderia
dizer. Ela não estava preparada para ouvir qualquer coisa que pudesse sair de sua
boca. — Não há como não ser confuso entre nós agora. Eu não me sinto do jeito
que deveria.
— Eu não me sinto...
O rosto de Ander havia congelado numa expressão calma e vazia, e ela sabia
que ele não iria mais tentar argumentar.
— Eu gostaria que pudéssemos ser amigos. — Ela acrescentou, mesmo
sabendo que sua expressão pressagiava o pior. — Se... se você achar que é possível.
Sei que as coisas não têm sido muito boas entre nós, mas você significa muito para
mim. E eu gostaria... eu gostaria de ser sua amiga.
Quando ele não respondeu, ela disse sem convicção:
Ander estava sentado quase nu em sua cama, o lençol caído sobre seu colo. E
tinha sido a coisa mais difícil do mundo para ela colocar seus sapatos e preparar-se
para deixá-lo.
Ela estava certa sobre sua decisão. Não tinha certeza sobre a natureza dos
sentimentos de Ander, mas tinha certeza que ele a via como mais do que uma
cliente. Ela e Ander, no entanto, só haviam se relacionado de forma artificial,
porque ela sempre esteve pagando. Mesmo tendo conseguido forjar um vínculo,
apesar das circunstâncias, ela não conseguia vê-los num relacionamento saudável.
Eles tiveram que dar um passo atrás antes de poder dar qualquer passo à
frente, e agora, qualquer passo à frente parecia impossível.
Um assistente foi-lhe devolver a bolsa, e depois que Lori agradeceu, ele disse:
Lori piscou.
— Meu amigo?
— Sim. Seu amigo. Ele está no bar. Perdão, senhora, eu pensei que você
estivesse aqui para encontrá-lo.
Ela resmungou um obrigada e caminhou pelo saguão em direção ao bar do
hotel. Eram quase sete da noite, mas o bar não estava muito lotado.
Lori estava na entrada e olhou para um homem sentado sozinho de costas
para a porta em uma das mesas.
Ele parecia magro e civilizado nas bem modeladas calças e caros sapatos de
couro. Havia ainda um bom gole de uísque em seu copo. E ele era completamente
careca.
Sem questionar o instinto, Lori caminhou até ele. Ela puxou uma cadeira ao
seu lado na mesa e se sentou-se na borda.
Ander se contraiu surpreso por sua chegada, mas foi sua única reação. Ele
tomou um gole de uísque e olhou firmemente para ela, sem falar ou sorrir.
— Oi. — Deu-lhe um sorriso hesitante.
— Oi.
— Sinto muito sobre o outro dia — disse Lori, tentando mais uma vez fazer-se
clara. — Eu fiz tudo errado. Me desculpe se te machuquei ou... ou se eu te tratei
desconsideradamente.
Ander soltou um pequeno suspiro.
— Está tudo bem. Eu entendo por que você tomou a decisão. Só acho que
havia outras opções para você escolher.
— Havia — admitiu Lori, sua barriga torcendo de nervoso. Ela não poderia –
simplesmente não poderia – deixar Ander oferecer-lhe outra opção. Se fosse algo
pelo menos próximo do que ela queria tão desesperadamente, não seria capaz de
resistir a ele.
— Mas esta é a única opção que pode funcionar. Você não vê? — Sua voz
falhou em sua seriedade. — Eu tenho lhe pagado para me foder por meses e não
sou a única mulher que faz isso. Você é um garoto de programa. Eu não posso
suportar a ideia de você com suas outras clientes. Eu as odeio. Odeio. Eu não vou
ser capaz de superar e mesmo se você largasse isso futuramente, ainda há essa
dinâmica estranha entre nós. Tirar o dinheiro não vai, magicamente, consertar as
coisas. Eu não sei o que você... o que você quer de mim, mas tudo o que pode ter
agora, é amizade.
Ander olhou para ela por um longo tempo. Mas ela poderia dizer que ele
estava realmente pensando sobre o que ela disse. Finalmente, ele acenou com a
cabeça.
Lori soltou uma rajada de ar. Pela primeira vez, sentiu uma silvo de esperança.
— Por favor, Ander, não me afaste. Eu acho que... Eu acho que poderíamos
realmente ajudar um ao outro. Eu ainda quero você na minha vida. Eu preciso de
você na minha vida.
Ele terminou o último gole de seu uísque e olhou para a mesa por um tempo
agonizantemente longo. Até que, finalmente, murmurou.
***
— Ok! — Lori disse da cozinha de Ander. Com muito cuidado, ela levou o
bolo de chocolate com glacê de caramelo e 10 velas acesas em direção à sala de
estar. Como tudo o que separava a cozinha da sala de estar era um balcão com
tampo de granito, ela fez isso sem nenhum incidente. — Está pronto.
Ander estava lendo no sofá enquanto Lori preparava seu bolo. Quando ela se
aproximou, viu-o fechar o livro e guardá-lo discretamente em seu estojo de couro,
que estava no chão, perto do sofá.
Ele vinha fazendo muito isso ultimamente – tirando qualquer livro que
estivesse lendo das vistas dela. Ela nada comentou sobre isso, no entanto. Apenas
sorriu enquanto apoiava o bolo na mesa.
Ander fez uma careta quando ela começou, mas quando ela terminou a
canção e bateu palmas, ele estava rindo. Em seguida, ela o observou com
expectativa quando ele inclinou-se para soprar as velas.
— Você fez um desejo primeiro? — ela exigiu.
Ele deu-lhe um olhar frio por entre os cílios que fez Lori rir. Em seguida, ele
admitiu:
Ela entregou-lhe a faca para que ele pudesse cortar as fatias e colocá-las nos
pratos que ela havia posto na mesa de café, mais cedo.
— Eu sei. Mas você foi o idiota que agendou um compromisso em seu
aniversário. Então, eu tive que mudar a celebração para hoje à noite.
Lori nunca iria admitir isso, mas estava um pouco magoada por Ander ter
feito uma coisa dessas.
Eles nunca falaram sobre o seu trabalho. Ela sabia que ele saía à noite, às
vezes. Ele pegava seu estojo e nunca dizia uma palavra sobre o que ia fazer. Deve
ter cortado suas clientes de forma significativa, como dissera a ela, pois não saía
mais do que duas ou três noites por semana agora.
Fazia dois meses que ela tinha deixado de ser cliente de Ander. Depois de ir
até ele no bar do hotel, eles lentamente teceram uma amizade. À princípio, tinha
sido um pouco estranho. Lori ficava nervosa em torno de Ander e ele se mostrava
bastante distante. Mas eles progrediram gradualmente, ficando mais confortáveis
um com o outro, e agora, Lori via ou falava com ele quase todos os dias.
Mas ela odiava que ele não tivesse se aposentado do negócio de
acompanhante. Ela ainda odiava pensar em cada uma de suas clientes e em tudo o
que ele fazia com elas. Odiava que ele não parasse de objetivar e desvalorizar a si
mesmo – que não pudesse ser parte da experiência de todos, como acompanhante,
quando isso certamente era parte dele. Ela não o julgava, sabia que as razões que o
levaram à prostituição eram complexas demais para ela compreender
verdadeiramente.
Mas queria que Ander parasse. E ele não tinha feito isso.
De certa forma, era mais seguro desse jeito. Enquanto ele continuasse em sua
profissão, não haveria a mais remota possibilidade de um romance se desenvolver
entre eles. E essa barreira tornou mais fácil, para Lori, superar um monte de
confusão e auto-ilusão que ela sofrera antes.
Contudo, ela ainda odiava isso. A cada vez que Ander pegava sua maleta e saía
para atender uma cliente.
Até marcou um encontro em seu aniversário, quando devia saber que ela
queria comemorar com ele.
Lori jogou seus pesados pensamentos para longe. Era bobagem pensar nisso.
Sua amizade com Ander estava prosperando e era muito melhor do que o que
tiveram antes. Sim, ela sentia falta do sexo. Às vezes tanto, que pensava que iria
explodir, mas parecia que estavam construindo algo real entre eles – mesmo em tão
incongruentes circunstâncias –, de maneira que ela não ia se queixar por isso não
estar funcionando como um conto de fadas ou um filme bobo.
Lori bufou.
— Não seja assim, Ander. Você sabe que eu quero que você venha comigo.
— Bem, seus planos são ridículos. Que tipo de cliente de merda iria contratá-
lo por um mês inteiro? Quer dizer, isso é egoísta e assustador. — Lori estava tão
irritada que os dentes praticamente quebraram. Ela não tinha acreditado em Ander
quando ele lhe dissera que estaria fora do país no próximo mês – todo o mês – à
trabalho. Mas evidentemente era verdade.
O pensamento de outra mulher ter Ander à sua disposição por um mês inteiro
deixava Lori doente. E não era apenas ciúmes – embora certamente houvesse
muito disso. Era o pensamento de Ander ser chamado por todo esse tempo, a
expectativa dele estar realizando os desejos de alguma mulher por tanto tempo.
Não poderia ser bom para ele.
Ander sorriu para ela e ela reconheceu o gesto como uma oferta de paz e
sorriu de volta.
Não havia nenhuma razão para ela ficar obcecada com isso. Ander era um
homem crescido e tinha que tomar suas próprias decisões. Tudo o que ela podia era
ser sua amiga. Enquanto ele não a afastasse, ela seria uma boa amiga.
Quando raspou o restinho da cobertura do prato, Lori não pode deixar de
voltar a sua preocupação anterior.
— Mas você não pode ir ao casamento comigo mesmo assim? Eu tenho que
ir. Você sabe que ele era meu melhor amigo na escola. Não posso perder seu
casamento.
— Eu não espero que você perca o casamento — Ander disse, imperturbável.
— Não há nenhuma razão para você não ir sozinha.
Seu gesto mostrou que ele entendera que ela não tinha a intenção de insinuar
que ele estaria a seu serviço, mas ele não mudou de ideia.
— Eu não vou voltar, Lori. Você não precisa de mim para acompanhá-la
nesse casamento.
— Sim, eu preciso!
— Não, você não precisa. — Seu tom e seus olhos estavam inflexíveis. —
Você quer que eu vá para que não se sinta insegura, mas não tem nada para se
sentir insegura sobre isso. Você já fez coisas extraordinárias desde que deixou a
escola. Não precisa arrastar um homem junto com você como suporte para se
valorizar aos olhos deles.
Lori fez cara feia, seu rubor de raiva intensificado por suas suspeitas de que
ele estava completamente certo sobre suas motivações inconscientes.
— Isso é arrogante e detestável — ela retrucou: — Não há nada de incomum
em querer levar um acompanhante a um casamento. Qualquer pessoa pode se
sentir estranha em ir sozinha.
— Qualquer um pode — Ander permitiu, ainda afetado por sua indignação. —
Mas você quer que eu vá porque ainda se sente a segunda melhor. Eu não vou
encorajar esses sentimentos. Nunca. Vá sozinha e prove que ter um homem não é
sinal de sucesso.
Uma parte de Lori quase derreteu com as palavras brandas – era como se ele
tivesse enxergado sua alma e soubesse exatamente que feridas ainda precisavam de
cura. Mas outra parte dela estava frustrada e irritada.
Por muito tempo, Ander havia feito só o que ela queria. Seu papel em sua vida
havia sido a favor dela porque ela lhe pagava para fazer isso. E se desacostumar a
isso era, por vezes, uma transição difícil. Foi difícil reconhecer que a vontade de
Ander era tão forte como a dela e que ele poderia ser ainda mais teimoso.
Quando não fazia diferença para ele, ele ainda era acessível e atencioso, mas
ela nunca seria capaz de forçá-lo.
O fato de que ela só estava aprendendo isso agora era mais um sinal de como
suas interações tinham sido antinaturais antes.
Lori fungou.
— Phil Rothe está disponível novamente. — Para sua alegria, conseguiu dizer
as palavras sem rachar num sorriso.
Ander estrangulou uma risada. Mas então, não conseguiu mais sufocá-la. Lori
observou com uma cálida dor quando ele riu abertamente, o rosto transformado
pelo calor e seu corpo balançando com os tremores de divertimento.
— Vá em frente e leve Rothe para o casamento — disse Ander, a última risada
ainda evidente em sua voz. — Isso prova... alguma coisa.
Desistindo de seu mau humor, Lori encostou-se na almofada do sofá e sorriu
para o rosto do Ander.
— Eu acho que vou ter que ir sozinha. — Para atestar sua frustração, ela
murmurou, não tão baixinho. — Idiota.
Ela estava olhando inexpressivamente para o papel quando ele, de repente, foi
puxado de suas mãos. Com o queixo e os lábios firmemente cinzelados, Ander a
olhou cruelmente quando puxou o livro de seu aperto também.
— O que é isso? — Ela perguntou asperamente. — Você está tendo aulas de
arqueologia?
— Eu coloquei o livro no meu estojo porque não queria que você visse — ele
ladrou. — Será que você não vai acabar com essa mania infantil de espionagem?
— Não — ela disse, rebatendo seu tom frio. — Isso é o que eu faço. Ander,
me diga o que está acontecendo. Você está frequentando essa turma? Às quartas-
feiras?
Apesar de sua confusão e uma pequena pontada de dor que por ele ter
mantido algo assim escondido dela, um outro sentimento estava começando a
inchar em seu coração.
Esperança.
Ander a encarou friamente por um minuto, mas aos poucos seu rosto relaxou
numa resignação cansada.
— Sim. Eu estou frequentando essa turma.
— Não há clientes.
Encontrando seus olhos, Ander disse simplesmente, como se ele não estivesse
derrubando todo o seu mundo.
— Um doutoramento em Arqueologia.
— Oh, Deus, Ander — Lori disse com voz rouca. — Por que você não me
contou? Nós deveríamos ser amigos. Você tem mentido para mim todo esse
tempo.
Ander inclinou-se e puxou-a novamente colocando-a sentada. Ele manteve as
mãos, quentes e fortes, em seus ombros.
— Sinto muito, Lori. Mas, sim. Eu estive mentindo para você.
— Há muito tempo.
Levou um longo tempo antes de Ander responder. Então, ele disse, sem
nenhum traço de sua eloquência normal.
— Oh.
— Espero que isso não destrua a nossa amizade — Ander disse, pela primeira
vez soando chateado. — Eu espero que você possa me perdoar.
Talvez ela ainda estivesse em choque. Talvez ela ainda não tivesse processado
completamente tudo o que ele lhe contou e tudo o que isso implicava. Mas Lori
estava realmente começando a sentir uma espécie de vertigem.
— Oh, Ander — ela murmurou, estendendo a mão para puxá-lo para um
abraço — Depois de todos os segredos que mantivemos um do outro, você
realmente acha que um desses nos destruiria?
Ander devolveu o abraço imediatamente, envolvendo-a em seus braços com
uma urgência que ela não sentia nele há dois meses. Ela apertou seu corpo firme,
pressionando o rosto em sua camisa limpa e cheirosa, adorando o calor delicioso de
sua presença.
— Você não tem quaisquer outros segredos que eu não conheça, não é? —
Lori perguntou, a voz abafada pelo seu ombro.
Ander levantou a cabeça de seus cabelos, onde ele a havia enterrado, e disse,
um pouco timidamente.
O que implicava que tudo o que ele ainda não lhe disse eram coisas que ela já
deveria saber.
Lori riu.
— Eu não suspeitei de nada. Nunca teria imaginado que você gostava de
arqueologia. Eu ainda acho que você deve ser terapeuta sexual ou escrever aquele
livro. Você sabe muito.
— É. Mas eu quero... eu quero fazer algo completamente diferente. Já tenho
bagagem suficiente. Não quero levá-la sempre comigo para o trabalho.
Ander bufou.
— Talvez. Mas isso é coisa do meu pai e é um outro tipo de bagagem que eu
não queria levar comigo para o trabalho.
1
Fedora, também chamado Borsalino, é um tipo de chapéu, geralmente em feltro, fabricado no formato do chapéu Panamá, e que
fez grande sucesso no século XX, a partir dos anos 20, embora diga-se que tenha sido inventado em meados da década anterior.
Sentindo uma onda de ternura, proteção e afeto, Lori inclinou-se e deu-lhe um
beijo suave na bochecha.
— Isso é por ser tão inteligente — disse ela com outro sorriso. — Você
decididamente fez a escolha certa sobre sua carreira. E eu estou muito feliz por que
você vai ser capaz de fazer sua própria coisa.
***
Lori havia retirado taças de vinho de seu armário e estava vasculhando uma
gaveta atrás de um saca-rolhas.
— É. Foi, na verdade, muito divertido. Todos estavam falando dos meus
livros. E ninguém pensou nada sobre eu não ter um acompanhante.
Ela reconheceu a qualidade do silêncio na outra sala, então acrescentou
rapidamente:
Ela encontrou o saca-rolhas e levou-o com as taças para a outra sala, onde
Ander estava colocando um DVD.
— Eu não sonharia com isso — ele murmurou.
Lori estava sorrindo como uma maníaca, mas não conseguia evitar.
— Mas Uma Linda Mulher? — A voz Ander foi afiando com ceticismo e
relutância.
— Basta assistir — disse ela, franzindo o cenho para ele.
Ander riu de novo, mas colocou seu braço ao redor dela para lhe dar um
aperto.
— Eu também.
Pressionada contra ele, com as pernas enroscadas no sofá, Lori olhou para ele.
Lori bufou.
— Eu tenho uma questão aqui.
— Agora eu já esqueci.
— Ele tinha algo a ver com assistir a um filme juntos. Boas recordações
daquele filme erótico?
— Foi muito bom — disse ela honestamente. — Eu não me importaria de vê-
lo novamente. — Então se lembrou de sua questão e acrescentou, quase
timidamente — O que você pensou de mim naquela época? Quero dizer, no
primeiro lugar.
Quando Ander não respondeu, ela disparou os olhos para o seu rosto. Ele não
a olhava, e seu rosto indicava uma séria consideração.
— Você não tem que me dizer, se não quiser — disse ela depois de um
minuto, com o que ela achava ser uma generosidade notável, dado o seu desejo
desesperado de saber.
— Você me assustou.
— O quê?
Suas únicas vezes foram com Ander. Ele foi o único homem com quem ela já
havia feito sexo. No momento, ela não tinha desejo de ter fazer sexo com ninguém,
a não ser ele.
Ela tentou não pensar muito sobre isso, já que não sabia o que fazer com esse
conhecimento. As coisas iriam mudar, eventualmente, de uma forma ou de outra, e
ela estava tentando deixá-las fluir sem se inquietar. Era a única maneira de poder
lidar com o tumulto de suas emoções.
Uma onda de emoção atingiu seu peito, de maneira tão poderosa, que ela não
pode contê-la. Ela a inundou, consumiu, afligiu.
Uma das mãos de Ander se curvou ao redor da parte de trás de sua cabeça e a
outra deslizou ao longo de sua coluna vertebral. Arrepios seguiram o rastro de seu
toque. Ela choramingou novamente e passou os dedos ao longo da curva suave de
seu couro cabeludo, ajustando-se no sofá para que pudesse pressionar seu corpo
contra o dele mais plenamente.
Ela estava quente e sem fôlego quando finalmente saiu do abraço. Ander
estava corado também, seu peito subia e descia rapidamente em sua ofegante
respiração.
Lori engoliu em seco. Havia outras coisas em que eram bons. Coisas em que
eles eram bons em conjunto. Tantas outras coisas pelo que poderiam esperar nos
dias e semanas que virão, desvanescendo numa trilha difusa rumo ao futuro.
Mas as coisas nem sempre têm que ser complicadas, e nem tudo tinha que
acontecer ao mesmo tempo.
Então ela sorriu para ele, estendendo a mão para puxá-lo para outro beijo.
— É. Isso é verdade. Mas vamos ficar com o beijo... por enquanto.
.Doze.
A cabeça de Lori já estava girando, e ela não havia feito nada mais do que
beijar Ander.
Mais cedo, naquela noite, eles tinham ido ao jantar e depois à uma sinfonia, e
ela ofereceu uma bebida a Ander quando ele a acompanhou até seu apartamento.
Eles acabaram dando uns amassos no sofá dela, e Lori já estava tão excitada
que queria explodir.
Para começar, as mãos de Ander se mantiveram apenas em posições seguras:
em suas costas, seu cabelo, ou segurando seu rosto, mas agora suas carícias foram
se tornando mais presunçosas. Quando sua língua mergulhou entre os lábios dela e
vasculhou sua boca, uma das mãos escorregou até a parte inferior de seu corpo...
Lori gemeu contra a boca dele e agarrou-lhe a parte de trás da camisa. Ela se
ajustou até que estava praticamente em seu colo, pressionando os seios contra o
peito dele e tentando obter algum atrito na virilha.
Ainda beijando-a profundamente, Ander enfiou a mão por baixo da bainha de
seu vestido e acariciou-lhe a coxa nua. Ela estremeceu ao contato íntimo e apartou
os lábios dos seus para que pudesse ofegar.
Ander aproveitou a oportunidade colocando a boca primeiro em sua
mandíbula depois na garganta. Ele demorou-se em seu ponto pulsante até que Lori
gemeu de prazer.
Sua buceta estava quente, molhada e latejando agora, ela moveu-se de novo,
colocando as pernas ao lado de ambas as coxas dele para que pudesse cavalgar seu
colo. Ela precisava de pressão contra seu clitóris e precisava agora.
Ele segurou seus quadris com as duas mãos para se apoiar nela enquanto seus
lábios se moviam para ainda mais abaixo. Ele tomou um seio na boca através da
seda de seu colado vestido e chupou seu mamilo, tão habilmente, que os quadris de
Lori começaram a se mexer descaradamente contra o dele.
Ander estava duro agora. Ela podia sentir a protuberância de sua ereção sob a
calça. Ela esfregou sua excitação urgentemente contra a dele e sentiu espirais
pulsantes de prazer com o contato.
A saia estava amontoada em torno de sua cintura, e as mãos de Ander
deslizaram para baixo para segurar e apertar a carne macia de sua bunda. Ela usava
uma tanga, porque a seda de seu vestido era muito fina, e a tira de tecido em torno
de sua boceta molhada era um delicioso tormento.
— Ander — ela suspirou, quando uma de suas mãos postou-se entre suas
coxas para pressionar o lugar mais quente e úmido. Suas costas arquearam quando
tentou montar sua mão com embaraçoso abandono.
Ander levantou o rosto para olhar para ela por um momento, seus olhos
ardentes, famintos e quase primitivos. Em seguida, ele gemeu e inclinou a boca
para sua garganta.
Ela sabia que ele a queria. E não estava nem perto de estar saciada.
— Ander — ela murmurou, acariciando a cabeça lisa e beijando todo o rosto.
— Você-
Ele deu um abafado riso irônico. Estava suando um pouco, e teve que dispor
de tanta força que mal conseguia se mover.
— Sinto muito, Lori. Eu definitivamente tenho que ir.
— Mas-
Mas ela pensou que havia deixado claro que estava mais do que pronta para o
sexo agora, Ander, porém, ainda não tinha dado o passo final.
Se ele ainda não estivesse pronto, ela seria paciente. Ele tinha sido mais do
que paciente com ela.
Mas ela sabia que ele queria isso. Sabia que ele a queria. Não demorava muito
para Ander ficar excitado quando estava com ela, e os homens não têm a vantagem
de serem capazes de esconder sua excitação muito bem.
Não era um problema físico. Ela sabia disso. Mas não entendia o que ele
poderia estar esperando.
Ela pensou que eles estavam no mesmo nível emocional. Os dois foram muito
profundos quando Lori ainda era sua cliente. Eles haviam dado um passo para trás
ao se tornarem amigos durante três meses para que pudessem entrar em acordo
com o que queriam e definir as bases para uma afeição mais saudável. E desde o
mês passado começaram a investir num relacionamento romântico. Eles não
tinham falado palavras de amor, mas ela sabia o quanto Ander se importava com
ela. Sabia o quão importante ela era para ele. E sabia o quanto ele a desejava.
Então, por que ele não queria fazer sexo com ela?
***
Lori deu-lhe uma carranca, embora por dentro estivesse cheia de felicidade.
— Você não gosta de noticiar muita coisa. — Ela ainda não conseguia manter
o equilíbrio enquanto estava parada, então se agarrou aos ombros de Ander.
Os olhos azul-acinzentado de Ander se suavizaram, um olhar familiar se
acendeu quando ele olhou para ela.
— Acredito que eu já tenha noticiado como você é incrivelmente linda.
Ela sentia-se derreter, mesmo estando no meio de uma pista de gelo. Mas isso
não a faria desmoronar feito uma boba, então levantou as sobrancelhas
ceticamente.
— Você está jorrando credibilidade no momento. Meu cabelo está uma
bagunça, minhas bochechas estão vermelho-beterraba e eu estou um pouco
desconfiada do meu nariz.
Lori lançou uma injúria indignada com esta observação horrível e tentou se
afastar. Mas Ander não a deixaria ir. Ele riu e deu-lhe um beijo no canto da boca.
— Eu nunca vi nada mais lindo na minha vida.
Lori não pode deixar de rir também. Ela deu-lhe um abraço, reservadamente
desmaiando pelo afeto vertiginoso e confiança dele. A parte ferida de sua psique,
que sempre havia sido insegura, não pode evitar florescer com suas palavras.
Mas ela não estava se sentindo totalmente estável sobre patins de gelo, apesar
das melhorias que havia feito desde a primeira vez, há quase cinco meses.
Além disso, ela tinha um plano para aquele dia e não podia deixar a doçura
irresistível de Ander distraí-la de seu esquema.
Então, ela se afastou e começou a patinar novamente. Ander facilmente a
ultrapassou. Ele circulou a pista algumas vezes enquanto ela ia mais lentamente.
Lori não se importava. Tinha certeza de que deveria ser frustrante para um
patinador tão bom como ele manter o ritmo lento dela. E de qualquer maneira, ela
suspeitava que ele talvez estivesse se mostrando um pouco.
Ele merecia. Ela não podia deixar de admirar a confiança, velocidade e força
com que ele cruzava o gelo. Ander poderia ser o homem mais inteligente e
experiente que ela já o conheceu, mas ele ainda era um homem.
— Lori?
— Não rosne para mim — disse ela, esquecendo do plano com sua irritação.
— E não me diga para parar, como se fosse meu chefe.
Ander fez um movimento repentino, tão rápido que ela não pode prever.
Uma hora eles estavam patinando de mãos dada e no outro Ander a havia
pressionado contra a parede da pista, seu corpo segurando o dela no lugar e seus
olhos intensos, quase ferozes.
— Eu vou dizer-lhe para parar. Vou dizer-lhe para parar a cada vez que ouvir
você dizer algo que a deprecie. Sendo assim, acostume-se com isso. Porque é a
única maneira de podermos ficar juntos.
A boca de Lori se abriu. Ela ficou boquiaberta, ofegante e assustada e
(absurdamente) um pouco emocionada.
Depois de um momento de silêncio a expressão feroz Ander se suavizou um
pouco.
— Tudo bem. Eu entendo isso. Mas eu só vou aceitar se for nos dois sentidos.
— Quero dizer que você sempre fica reservado quando tento encorajá -lo a
não ficar angustiado ou meditando... sobre seu passado. Se você for certificar-se de
que eu estou me valorizando, é justo que eu possa fazer o mesmo com você.
O rosto de Ander ficou inexpressivo por um momento. Mas então ele relaxou
em um sorriso irônico.
— Eu não sei por que pensei que namorar você era uma boa ideia. É certo
que você vai me deixar louco antes do fim do ano.
Lori riu, como resultado da tensão e de diversão genuína, mas estava aliviada.
Eles começaram a patinar novamente, e Lori tentou superar sua ansia por
ternura e carinho para que pudesse finalmente realizar seu plano.
Não era um plano em grande escala ou dramático. Ela só queria descobrir
porque Ander não queria fazer sexo com ela ainda. E uma vez que ele nunca havia
sido um homem próximo, ela estava com medo de que num confronto direto o tiro
saísse pela culatra. Então ela tinha sugerido irem patinar no gelo para dar a ela a
oportunidade de fazer-lhe perguntas simples e dar a ele a chance de partilharem em
pequenas doses.
E então talvez ela pudesse descobrir o que estava acontecendo.
Eles patinaram em um silêncio por um tempo até que Lori perguntou com
naturalidade impressionante.
— Você acha que foi estranho quando eu lhe pedi para ir patinar no gelo pela
primeira vez?
Ander lançou-lhe um olhar rápido e afiado, mas respondeu com bastante
facilidade.
— Eu fiquei um pouco surpreso, mas a essa altura você já tinha me pedido
para fazer outras coisas com você, então eu não fiquei espantado.
— Não — ela suspirou, percebendo que ele havia entendido mal. — Estar com
você não me fazia sentir assim. Era que eu estava pagando por sexo. Parecia que eu
estava te usando como todo mundo sempre usou você, e eu me odiava por isso.
Mas não o suficiente para parar. Eu não queria desistir de você. Assim, os
encontros foram a única forma de eu poder continuar com isso.
— Entendo.
Quando ele não continuou, Lori o cutucou.
— Mas e aí, você queria ir a esses encontros comigo ou estava mais feliz
quando era apenas sexo?
Ele parou abruptamente, levando-a a parar também. Então estendeu os braços
para mantê-la equilibrada e lançou-lhe um olhar firme.
— Eu fiquei emocionado quando você mudou a rotina. Você já sabe disso,
naquele momento, eu estava... Eu já era louco por você. Você era minha cliente e
eu só desejava acabar com o lado profissional do nosso relacionamento. Mas não
sabia como, e tive esperança de que os encontros eram um sinal de que você estava
tentando mudar o nosso relacionamento também.
Lori fez questão de não mostrar qualquer reação dramática às suas palavras,
embora seu pulso e o coração batessem acelerados. Ele não abria-se facilmente e
ela não poderia deixá-lo desconfortável, agora que o tinha feito. Então lhe deu
apenas um pequeno sorriso.
— Eles eram. Eu queria mudar isso também. Estava com muito medo de
admitir para mim mesma, porque achava que era uma coisa impossível.
Até agora, as coisas estavam indo maravilhosamente bem, e ela esperava que
até o final da noite, estaria na cama com Ander novamente.
E, melhor ainda, finalmente, ouvindo-o colocar todos os seus sentimentos em
palavras.
***
— Eu sei — disse Lori, franzindo a testa. — Existe alguma regra sobre eu ter
que fazer perguntas em ordem cronológica?
Ela riu.
— Mesmo agindo como se não se lembrasse em qual fim de semana eu estava
planejando ir?
Ander teve a gentileza de parecer um pouco envergonhado.
— Bem — ele falou lentamente —, eu não podia me mostar muito ansioso. —
Ao riso encantado dela, ele acrescentou: — Poderia assustar você.
— E teria. Eu estava gostando de você mais e mais, mas ainda estava
obcecada com o fato de o relacionamento ser profissional.
— E você não parava de oferecer o dinheiro. Toda vez que você fez isso, foi
como um tapa na minha cara.
Lori não podia deixar de ficar mal – agora que sabia como Ander estava se
sentindo. Mas não aceitaria assumir toda a culpa.
— Bem, eu ainda estava pagando. O que eu deveria fazer? Jogar o dinheiro
pela janela e assumir que íamos cair nos braços um do outro?
— Claro que não — Ander admitiu, olhando à frente com olhos irônicos e
sábios. — Você só estava fazendo o que era suposto. Era eu o náufrago que tinha
deixado seus sentimentos serem pisoteados porque estava muito apegado para se
retirar como deveria.
***
Lori e Ander haviam ido ao restaurante muitas vezes no último mês e ela
sempre se divertia lá.
Eles falaram sobre os planos de Ander para o próximo verão – outro projeto
de campo em uma ilha grega – e sobre o próximo livro de Lori. Então receberam
seus pedidos e começaram a comer quando Lori aproveitou uma pausa na conversa
para lançar sua próxima pergunta.
— Por que Don nos olhava tão surpreso, na primeira vez em que me trouxe
aqui?
— Suas clientes?
— Eu nunca as trouxe aqui. Eu sempre gostei deste lugar. É... é especial para
mim. Não queria estragar isso, ao trazer meu trabalho comigo.
A respiração de Lori ficou engatada.
— Mas você me trouxe?
Ela teve que esconder as faces coradas de prazer atrás de sua taça de vinho
por um momento para mascarar sua reação. Houve muitas sugestões minúsculas e
pistas para os sentimentos de Ander – tudo junto, por tanto tempo – e tantos deles,
que ela havia se perdido.
Isso a deixava sem fôlego às vezes. O conhecimento de que significava tanto
para ele quando deveria ser apenas sua cliente.
Quando ela recuperou seu equilíbrio, perguntou, não como parte de seu
plano, mas porque ela sempre quis saber:
— Você sabe o que o seu pai estava fazendo aqui aquela noite?
Ander olhou duro novamente. Mas respondeu:
— Eu não sei. Só posso supor que ele ficou sabendo que eu passo muito
tempo aqui.
— Então, ele veio aqui de propósito? — Ela ofegou, seus olhos arregalados de
ultraje. Ela odiava Peter Milton mais do que jamais odiou a alguém, e nada do que
aprendeu sobre ele a fez odiá-lo menos.
— Talvez... — Sua voz falhou com uma súbita pontada de medo e ela não
conseguiu expressar a ideia.
— Talvez o quê?
***
Ander riu.
— Você fez tudo certo. Mas eu a conheço muito bem, Lori. — Quando ela
apenas olhou para ele, ele solicitou: — Você vai me dizer?
Já que ele havia pedido, ela apenas deixou escapar.
— Por que você não faz sexo comigo?
— Estou falando sério, Ander — insistiu, com medo de que ele fosse descartar
a questão com sua ironia característica. — Estou feliz em esperar o tempo que você
precisar, se não está pronto, mas não pode me dizer o que está acontecendo?
A coluna de Ander ficou rígida, de forma quase imperceptível. E ele lambeu
os lábios no que ela entendeu como hesitação. Mas quando falou, sua voz era
natural, quase casual.
— Nós podemos fazer sexo, Lori. É claro que podemos ter relações sexuais.
— Mas.
— Eu não tinha certeza se você estava pronta. Mas, se quiser, podemos ter
sexo esta noite.
Lori ficou congelada no lugar, confusa e desorientada. Ele já devia saber que
ela estava pronta antes de hoje à noite. Não havia nenhuma evidência de
dissimulação em sua forma ou o tom, mas algo em sua resposta não soou
verdadeiro.
— Ander?
E agora Lori tinha certeza de que sabia o que estava acontecendo, por que
Ander havia protelado, por que ele estava agindo como se tudo estivesse normal,
quando claramente algo o estava incomodando. Sem saber como resolver isso, ela
lidou com o outro problema primeiro.
Colocando uma mão macia em seu peito, ela murmurou:
— Ander, eu não acho que precisamos usar camisinha.
— Eu sei como foi vigilante sobre sua saúde. Você é saudável. Eu sou
saudável. Nenhum de nós está fazendo sexo com outra pessoa. Não precisamos do
preservativo.
— Mas eu fiz sexo com todas essas outras mulheres-
Ele engoliu tão forte que ela viu o movimento. Mas desta vez ele não fugiu da
resposta.
— Eu quero. Desesperadamente. Eu só estou... Eu só estou apavorado.
— Porque era isso o que seria. — Ander engoliu em seco novamente. Parecia
terrivelmente desconfortável. Mas conseguiu se forçar a falar: — Eu nunca fiz isso
antes.
Uma emoção subiu do coração de Lori para sua garganta, tão profundamente
que ela quase não conseguia respirar. Com um soluço breve, ela se jogou contra ele
e abraçou-o com urgência, enterrando o rosto em seu ombro para esconder sua
súbita tempestade sentimental.
Ander a abraçou de volta com uma paixão feroz, e ficaram abraçados na
entrada do quarto por um longo tempo.
Finalmente, Lori se afastou e conseguiu dizer.
— Eu nunca fiz amor também. Não de verdade. É a primeira vez para nós
dois. Mas você não quer tentar?
Ele riu inesperadamente, meio afetuoso e meio irônico e disse:
— Sim. Eu quero tentar.
***
Lori estava tão aliviada com a resposta de Ander, que ela não pode impedir-se
de beijá-lo. E acabou por ser uma boa ideia.
Ander a beijou de volta com um fervor que a pegou de surpresa. E, depois de
alguns minutos de beijos na porta do quarto, tropeçaram até a cama sem qualquer
reflexão ou discussão. Com algumas maldições murmuradas por Ander e alguns
risinhos de Lori, eles conseguiram arrancar todas as roupas enquanto ainda
beijavam e acariciavam um ao outro.
Então, finalmente, eles estavam nus e juntos na cama, com Ander entre as
coxas e os braços dela entrelaçados em seu pescoço. Ficaram assim por muito
tempo, e parecia tão familiar. Mas o olhar de Ander não era familiar. Ele nunca a
olhou desta forma quando fizeram sexo antes.
Não era apenas quente, faminto, ou necessitado. Ele era suave e possessivo ao
mesmo tempo. Como se ela fosse tudo para ele, tudo que ele sempre quis. Ela
ocasionalmente ainda pegou um lampejo de ansiedade, mas isso não ficou no
caminho. Ela estava com um pouco de medo também, suas mãos tremiam
enquanto lhe acariciava as costas e a curva da cabeça, mas o nervosismo não
importava.
O coração de Lori parecia que estava voando com uma alegria que dava
tontura, e seu corpo estava respondendo rapidamente. Ela não fazia sexo há meses.
E, mesmo tendo feito bom uso do vibrador que Ander havia lhe dado há quase um
ano, não era a mesma coisa.
Mas agora Ander estava ali. Seu corpo estava quente e pesado sobre o dela, e
sua carne era sólida e deliciosamente tensa.
— Oh, Lori — Ander disse, sua voz grossa já cheia de desejo. Ele saiu do
beijo profundo e foi arrastando a boca pelo pescoço em direção aos seios. — Porra,
você é incrível. Você não tem ideia de como é bom.
Ela choramingou em resposta às suas palavras, e em seguida, arqueou-se
quando a boca dele se fechou em torno de um de seus mamilos. Ele chupou e
lambeu até choques de prazer serem enviados à sua excitação ardente.
Quando ela arranhou seu pescoço, ele finalmente puxou os lábios para longe e
desceu até a barriga e então, de volta para o outro seio. Logo, Lori estava ofegante
e miando e tentando esfregar o sexo contra sua coxa.
Ander passou um longo tempo nas preliminares. Enquanto se via
desesperadamente ansiosa para tê-lo dentro dela, ela entendeu sua lentidão.
Então deixou-o beijá-la e acariciá-la até que ela ficou encharcada,
contorcendo-se e corada da cabeça aos pés. Ela agarrou freneticamente a cabeça de
Ander, que estava pressionada contra sua barriga. Uma das mãos dele apertava seu
mamilo sensibilizado, enquanto a outra estava massageando as costas de seu joelho.
— Ander — ela implorou por fim, tão excitada que estava com medo de gozar
apenas com as preliminares. — Ander, por favor, eu não posso esperar mais.
Ele resmungou contra seu abdômen e depois, lentamente, levantou a cabeça,
como se ela fosse muito pesada para aguentar. Seus olhos estavam vidrados, e seu
rosto profundamente corado. Ele respirou um pouco asperamene e olhou para ela,
esparramada desenfreadamente debaixo dele.
— Sim — disse ele com voz rouca. — Nem eu.
Com mãos ansiosas, ela o ajudou a posicionar-se entre suas pernas. Seu pênis
estava totalmente ereto, tão duro que ela estava com medo de tocá-lo. Então ela o
deixou alinhar-se em sua entrada e empurrar a ponta do seu pênis para dentro.
Seus olhos se encontraram. Eles estavam ainda um pouco vidrados, mas ela
podia ver o brilho de emoção e a chama de medo misturados em suas profundezas.
— Eu também — ela respirou, apertando os braços em volta dele. — Ander,
eu também.
Ele entendeu. Então lançou seus quadris para frente.
Nada entre eles agora. Nada.
Lori gritou em alta voz à penetração inicial. Seu canal expandindo com a
intrusão íntima, mas ela estava muito apertada e sentiu-o de forma substancial. Não
doeu. Era apenas tudo tão esmagador.
Após o primeiro surto de sensação, sua luxúria há tanto contida assumiu.
Gemendo de prazer e necessidade, ela mexeu os quadris, involuntariamente,
sob ele, excitada demais para esperar que ele a bombeasse.
— Lori — A voz de Ander era sufocada, seus braços curvados, a boca em seu
ouvido direito. — Porra, Lori. Você é... Você é... Oh, Deus. — Seus quadris
começaram a se mover com os dela, seu movimento rápido, desajeitado e selvagem.
Lori estava praticamente chorando de prazer, necessidade e emoção. Eles
estavam fora de controle e não durariam muito tempo, mas foi muito melhor do
que jamais tinha sido antes.
Ela sabia que Ander se importava com ela. Ele sabia que ela se importava com
ele. E eles estavam compartilhando muito mais do que seus corpos.
— Ander — ela suspirou, suas costas arqueando-se, a pelvis contraindo-se
descaradamente debaixo dele. Ela estava tão molhada que podia ouvir o barulho
úmido de sucção, sob o tapa entre suas peles e o tremor da cama. — Ander, vou
gozar. Oh, Deus! Faça-me gozar.
Ander soltou um gemido tão alto que era quase um grito. Seus quadris
bateram contra os dela, seu pau deslizava dentro do canal apertado em fortes e
primitivos impulsos.
— Lori. Eu não posso... Porra, Lori. Goze, querida. Goze para mim.
Suas palavras roucas, irregulares foram a coisa mais erótica que ela já havia
ouvido. A pressão em seu centro cresceu tão firmemente que não podia ficar
quieta. Ela fez indefesos e rítmicos sons – algo entre suspiros, gemidos e gritos.
E então ela gritou, quando a tensão finalmente se quebrou.
Ander gozou com ela, suas paredes internas apertando, prendendo-o dentro
de si e puxando-o para o clímax também. Ela gritou o nome de Ander com um
monte de sons sem palavras com seu corpo inclinado para trás como um arco e sua
pélvis recebendo os espasmos de seu prazer.
Como Ander gozou ao mesmo tempo que ela, tudo o que ela teve consciente
foi da torção de seu rosto, dos tremores que corriam por seu corpo e do olhar de
tirar o fôlego em seus olhos. Os sons abafados que ele fez quando gozou foram
abafados em sua carne, uma vez que ele inclinou a cabeça para a frente e mordeu a
curva de seu ombro.
Eles se abraçaram, ofegantes e deram beijos com desleixado ardor, quando ela
se deu conta de algo que nunca havia experimentado antes. O sêmen de Ander
dentro dela.
Ele caiu em cima dela, não se retirou, como sempre fizera. Ele enterrou o
rosto em seus cabelos e pescoço, murmurando palavras carinhosas e incoerentes
quando ambos tentaram recompor-se.
Lori não conseguia se lembrar de algo que fosse tão bom quanto o seu corpo
quente, pesado e saciado amolecido sobre o dela. Ela nunca chegou a senti-lo desta
forma. Nunca chegou a experimentar qualquer coisa após o orgasmo.
Quando ele finalmente soltou o seu peso de cima dela e encontrou seus olhos,
sua expressão não era o que ela esperava. Suas feições eram de um relaxado
delicioso, mas ela viu um lampejo de decepção em seus olhos.
— Lamento que não tenha sido melhor — disse ele, soando estranho e rouco.
Por um momento o peito de Lori doeu tão brutalmente que não podia
respirar.
— Você não achou que foi bom?
— Eu disse para parar com isso. — Ela tomou seu rosto nas mãos, na
tentativa de fazê-lo entender. — O seu papel aqui não é o de me agradar. Apenas
tire isso da sua cabeça. O seu papel é o de estar comigo. Nós agradarmos um ao
outro. E nunca mais aja como se eu estivesse esperando um certo tipo de
performance. Você não é mais aquele homem. Não é desta maneira que estamos
juntos agora. Então, pare.
Ander olhou para ela por um longo tempo, e ela viu algo rasgar em sua
expressão. Então, sua boca começou a se contorcer na expressão que ela tanto
amava.
— Certo — ele murmurou. — Eu acho que você se fez clara.
— Não — ela admitiu com uma risada. — Mas isso parece realmente rápido.
Oba pra mim!
O corpo de Ander tremeu com o riso abafado e ele se inclinou para beijá-la
novamente, sua língua acariciando profunda e avidamente.
Até o momento que ele acabou o beijo, já havia endurecido e preenchido todo
o seu canal molhado e sensível. Ele a ajudou a ajustar as pernas para que elas
ficassem dobradas com os calcanhares pressionandos contra sua bunda.
A posição o afundava ainda mais profundamente dentro dela e ambos gemiam
a cada penetração.
Ander endireitou os braços, desencostando seu peito do dela. E começou a
empurrar com um ritmo agradável e lento. Cada traço de seu corpo enviou arrepios
de sensação de um orgasmo crescendo em seu núcleo.
Enquanto se moviam juntos, seus olhares se seguraram e ela viu tudo o que
precisava saber em seus olhos. Ela não tinha ideia de como tinha ido tão longe sem
ver, sem saber, sem perceber o tipo de homem que Ander realmente era.
Ele não era um homem frio, apesar da pretensão de o ser. Ele era um homem
apaixonado que havia aprendido a não ser.
Mas agora ela via verdadeira paixão em seus olhos, em sua expressão. E
combinava com a profundidade da paixão em seu próprio coração.
Ele movou-se sobre ela ritmadamente até que ela gozou, arqueando-se e
ofegando seu nome, e então ele continuou empurrando com uma ternura profunda,
nua, até que ela sentiu seu corpo apertar-se mais uma vez.
Afogada em sentimento – tanto emocional quanto físico – a ironia de Lori
veio para salvá-la. Uma faísca de memória a inspirou a ajustar suas mãos para que
se agarrassem aos seus ombros.
Então ela começou a deslizar os dedos de uma das mãos em seu ombro, numa
rápida sucessão de leves tapas.
O ritmo de Ander vacilou e ele piscou atordoado. Ela poderia dizer a partir da
tensão em suas feições que ele estava perdendo o controle.
Isso só melhorou a situação.
— Você vai deixar essa passar? — ela perguntou, sem fôlego, mas com a
acidez característica. — Eu pensei que isso tinha sido o que você mais gostou.
Ela bateu os dedos um pouco mais, embora tivesse certeza de que gozaria
com apenas um pouco mais estimulação.
O rosto de Ander se transformou com a realização do que ela estava fazendo
e os cotovelos dobraram. Ele balançou contra ela, ofegando em sua diversão
enquanto seus quadris se moviam em deliciosos impulsos involuntários.
Foi tão bom – tão cheio de memórias – que Lori choramingou de prazer, o
orgasmo começando a apertar.
— Porra, Lori. — Ander ofegou, seu corpo ainda tremendo, impotente. Ele
parecia estar rindo e fazendo amor com ela ao mesmo tempo. — Você é incrível.
— Você tamb... — A espinha de Lori foi arqueando quando o clímax atingiu
seu auge, espasmos de sensação pulsavam em ricos tremores através de seu corpo.
— Oh Ander! Ah, sim!
— O quê?
— É isso que você diz? — Ela exigiu, agarrando seu rosto para olhá-lo nos
olhos.
Depois de uma pausa tensa a expressão Ander relaxou.
Sua boca torceu mas ele não desviou o olhar neste momento.
— Sim. Você não sabe disso?
— Bem, eu pensei que era provável... — Ela engoliu. — Mas você não havia
dito isso antes. Você realmente deflagra palavras quando goza?
Ela riu.
— Certamente que não. Eu só não achava que você fosse tão clichê. — Antes
que ele pudesse se eriçar, ela disse: — Eu também te amo. Você sabe disso, né?
— Você me amou? — Ela respirou, levada por uma onda de temor. — Mesmo
naquela época? Antes que houvesse qualquer... qualquer esperança?
Ander olhou para ela por alguns instantes. Então, se inclinou para murmurar
em seu ouvido.
— Tente lutar contra isso, Lori. Não devemos nos tornar melosos.
Era tudo novo. Para os dois. Não importava que experiências esse amor
trouxesse para eles.
Lori podia ver agora um caminho que conduzia para fora deste momento –
repleto de dia após dia de novas experiências e antecipações, que eles poderiam
viver juntos.
— Quando eu o demiti.
.Epílogo.
— Sim, você ia. Eu posso ver você transbordando com o desejo de fazer
comentários sarcásticos sobre Uma Linda Mulher ou Muito bem Acompanhada.
Com um longo suspiro e um olhar cintilante, Sabrina murmurou:
— Ele não estava tateando — ela insistiu com indignação, mas não totalmente
honesta. — Nós apenas não nos vimos muito ultimamente.
— Vocês vivem juntos.
— Não meses. Algumas semanas. Mas ele fez, tipo, três anos de pós-
graduação em menos de dois, e está obcecado com estudar. Então, nesses últimos
meses, antes dos exames, não passamos tanto tempo juntos como normalmente.
Quanto mais se aproximou de Ander, mais ela aprendeu sobre a raia obsessiva
em sua natureza. Ela sabia que ele era meticuloso, determinado e assíduo no seu
compromisso com o trabalho. Mas agora que ele estava fazendo algo em que
poderia derramar todo o seu coração, ele era extraordinariamente regido. Às vezes,
ela tinha dificuldade em fazer com que ele comesse, dormisse e relaxasse. Ela havia
decidido que cuidar dele era seu dever e prerrogativa especial, e tinha encontrado
várias estratégias para distraí-lo de seu trabalho.
Ele estava. Fazia dois meses que ele havia voltado de seu mais recente projeto
de campo, mas ainda não tinha perdido todo o bronzeado. Esta noite, ele estava
vestido de preto, e Lori pensou que ele era o homem mais bonito que ela já tinha
visto em sua vida.
Para evitar ficar separada dele por dois meses durante o verão, enquanto
Ander estava em outra escavação, Lori havia alugado uma casa na ilha. Embora ele
tivesse ficado ocupado durante os dias, foram capazes de passar muitas noites
juntos. Lori havia começado um novo romance na ilha e Ander havia, alegremente,
ignorado todas as provocações que recebeu de seus colegas sobre suas condições
luxuosas de vida.
— Que decadente — disse Becka, voltando seus olhos para Lori com óbvia
curiosidade. — Eu ouvi dizer que você estava aposentado.
— Eu estou. — Ander reposicionou sua mão para o final das costas de Lori.
— Esta é a minha namorada, Lori.
Suas palavras não ajudaram Lori a se sentir melhor. Ela agora estava
imaginando como Ander deve ter se sentido, pecisando satisfazer sexualmente uma
mulher mimada e detestável como Becka.
***
Ander estava abençoadamente tranquilo no táxi que os levou para casa. Lori
fez o seu melhor para livrar sua mente das imagens horripilantes, Ander era o
namorado dela agora. Eles estavam totalmente comprometidos, apaixonados e
viviam juntos e ele estava se dando bem em sua trajetória para se tornar
arqueólogo. Se suas palavras e as provas de seu comportamento eram uma
indicação, ele estava mais feliz agora do que jamais esteve em sua vida.
Mas às vezes ela ainda odiava o que ele costumava fazer. Odiava todos as suas
outras clientes. Odiava com cada lampejo de paixão em sua alma.
Não importava o fato de que nunca teria conhecido Ander se ele não tivesse
ido para a sua antiga profissão. Ela ainda odiava porque ele a havia usado para ferir
a si mesmo.
Quando eles voltaram para o loft, Lori pegou uma garrafa de água na
geladeira, tirou os sapatos e enrolou-se no sofá. Ela estava prestes a ligar a televisão
quando Ander sentou-se na mesa em frente a ela e a olhou com reserva.
Às vezes era realmente irritante não ser capaz de manter segredos de Ander.
— Não.
— Lori.
— Eu disse que estou bem — ela disse entre dentes: — Eu não gostei de
encontrar aquela cadela, mas não é nada de mais.
Ela estava realmente prestes a fazer as duas coisas, então mordeu o lábio e
tomou algumas respirações profundas pelo nariz.
— Lori.
Porque estava distraída, ela perdeu seu alvo e acabou batendo na garrafa que
caiu no chão, derramando uma pequena piscina de água sobre o piso de madeira e
tapete asiático, antes de Lori a agarrar e colocá-la de pé.
— Eu vou limpar.
Ela voltou com uma toalha e ajoelhou-se no chão para limpar a água.
Por alguma razão, sua gentileza foi o que fez Lori finalmente quebrar. Ela se
endireitou, sentando sobre os joelhos com a toalha molhada em seu colo e explodiu
em lágrimas.
Ela lançou um olhar desconfiado para ele, mas não havia nenhum traço de
humor em seu rosto. Ele parecia mais cansado do que qualquer outra coisa.
— Ex-cliente.
— Não te incomoda?
— Sim — disse Ander. Sua voz era calma e sua expressão natural. Apenas seus
olhos eram urgentes, enquanto tentavam cavar a alma de Lori. — Algumas vezes.
Mas eu estava mais preocupado com sua reação. Com razão, ao que parece.
— Eu não tenho nenhuma razão para ficar chateada com isso — insistiu ela,
desejando que pudesse fazer as palavras verdadeiras. — Eu sempre soube o que
você fazia. Eu participei disso. Sabia que você tinha um monte de clientes.
— Tudo isso é verdade — disse Ander lentamente. — Mas elas ainda podem
incomodá-la. — Ele não estava sendo doce e gentil, realmente. Apenas brando e
pragmático.
— Uh-huh.
Atirando-lhe um olhar feroz, ela murmurou:
— Bem, você não tem que ser arrogante sobre isso. Quantas outras mulheres
estão na minha situação? É... é estranho conhecer as mulheres com quem seu
namorado fodeu por dinheiro.
Ela suspirou e colocou a mão sobre a boca quando percebeu o que havia dito.
Desde que começaram a ficar juntos, ela tinha sido extremamente determinada a
não repreender ou censurar Ander por seu passado. Era pequeno e fútil.
— Como você disse, você sabia o tempo todo sobre mim. E entrou nesta
relação sabendo em que estava se metendo.
— Eu vejo aquela... aquela puta! — Mesmo Lori ficou vagamente chocada com
a veemência de suas palavras ásperas. — Aquela puta – olhando-o como se você
fosse um pedaço de carne. Como se você fosse dela para olhar lascivamente e tocar
e... e foder. Isso me deixa doente.
— Eu sei disso. — Sua voz falhou por sua forma prática que falar, como se ele
não tivesse nenhuma dúvida. — Mas ela costumava... usar você para...
— Eu sei — ela borbulhava. — Eu estou bem. Você sabe que não é como se
eu estivesse culpando ou julgando você, não é?
— Eu não sei o que deu em mim esta noite. — Ela limpou o rosto mais uma
vez, sentindo-se muito melhor e convencida de que seu choro histérico estava
finalmente sob controle. — Deve ser essa época do mês. Hormônios.
— Pode ser. — Ander inclinou-se na cadeira, olhando fixamente para onde ela
estava ainda caída, seu bonito vestido atrelado ao redor de seus quadris. — Mas eu
sei que às vezes tudo isso ainda a incomoda.
Lori sentiu uma onda de ternura com a ardente defensiva em seu tom e
expressão. Ela sabia que era tudo em defesa dela. Mas balançou a cabeça e
concluiu:
— Sim, mas nunca foi como com as outras clientes — Ander repetiu,
parecendo irritado e estranhamente rígido. — Nós não éramos assim.
— Eu sei o que você quer dizer. Mas, ainda assim, Ander. Você levou o meu
dinheiro. Eu usei o seu corpo. E eu não posso deixar de desejar que tivesse...
tivesse... — Ela parou. Não tinha como colocar em palavras o que sentia.
Ela não poderia desejar ter feito escolhas diferentes, porque suas escolhas a
levaram a Ander, mas ela sempre estava em conflito sobre como haviam chegado
até ali.
Respirando fundo, ela usou a toalha úmida para esfregar os olhos e o nariz,
tentando limpar a última de suas lágrimas.
Ela saltou quando sentiu uma lufada de ar e ouviu um impacto bem ao lado
de seu quadril.
— O quê...
Ander, seu rosto ilegível, estendeu a mão para uma gaveta da escrivaninha,
uma que ele mantinha sempre trancada. Tirou outro envelope e jogou na direção de
Lori.
Algumas notas de cem dólares saíram do pacote quando ele voou, batendo
nas pernas de Lori quando o envelope caiu perto do primeiro.
Ele jogou outro envelope para ela. Em seguida, outro. Em seguida, outro.
Alguns caíram ainda cheios, enquanto outros se abriram. Envelope após envelope
pousou ao seu redor. Até que o chão estava coberto e ela estava regada com notas
perdidas.
Lori olhou como uma idiota, tonta e desnorteada e encantada no meio de uma
pequena fortuna em dinheiro.
— Mas... Você não... — Suas mãos estavam tremendo e não podia recuperar o
fôlego.
— Eu não cai de amor por você naquela primeira vez. Mas algo sobre o
dinheiro me deixou desconfortável. Então, eu não o gastei. Apenas guardei na
gaveta. E então enfiei os outros lá também. Eu não posso te dizer o quanto os
odiava. Às vezes eu me sentava e os encarava. Quando você decidiu sair com
Rothe, cheguei tão perto de queimar os envelopes na minha lareira... Mas, na hora
certa, você me chamou para um novo trabalho. E eu comecei a ter esperanças. Eu
nunca quis o dinheiro, Lori. O sexo nunca foi sobre o dinheiro. Não com você.
— Oh.
Ander estava falando com serenidade admirável, mas agora a boca se torcia
com desconforto.
— Eu estou feliz.
O primeiro beijo foi mais sobre extravasar seus sentimentos do que qualquer
outra coisa. Mas, eventualmente, tornou-se mais profundo, com Ander acariciando
sua boca com a língua e Lori esfregando os seios ansiosamente contra seu peito.
E antes que ela percebesse estava deitada de costas no chão, sobre a madeira
abençoadamente suavizada pelo tapete asiático, os envelopes dispersos e as pilhas
de dinheiro ao seu redor.
Ander estava sobre dela, estimulando seu centro com a protuberância de sua
ereção crescente. Sua boca passeou ao longo do pescoço elegante, enquanto suas
mãos acariciavam seu corpo com indecente direito de posse.
Lori gemeu quando a excitação a invadiu, mais rápido do que ela teria
esperado, depois de sua recente enxurrada de emoções. Mas haviam se passado
duas semanas desde que ela tinha feito amor com Ander e seu corpo ansiava pelo
toque dele.
Seu rosto se direcionou para baixo e ele mosdiscou seu colo em torno do
decote de seu vestido, ajustando o mamilo ereto com o indicador e o polegar
através do tecido fino.
Enquanto ele provocava seus seios, ela acariciava seu couro cabeludo
suavemente, sabendo o quanto isso o excitava.
— Eu também — ela ofegou, já tinham ido longe demais para uma conversa
prolongada. Seu corpo se contorcia embaixo dele, desesperada por fricção, por
libertação. — Ander, eu também.
— Você está pronta para mim, baby? — Perguntou ele, deslizando a mão sob
a saia e entre as pernas dela. Ele encontrou sua entrada quente e inchada com
bastante facilidade.
Sorrindo para ele com carinho sensual, Lori sentou-se e estendeu a mão para
sentir-lhe a virilha. Esfregou a protuberância dura até Ander deixar cair a cabeça
para trás e gemer.
Encantada com essa reação, Lori teria continuado, mas Ander se recuperou o
suficiente para levá-la pelos ombros com facilidade até o chão, e gentilmente virá-la
de bruços.
Ander amava essa posição, e Lori também era muito apaixonada por ela.
Olhando-o para com tanto amor e desejo por sobre o ombro, ela viu quando
ele desabotoou a calça e libertou seu pênis.
Lori se apoiou nos braços e soltou um suspiro de alívio quando ele empurrou
sua ereção no canal molhado e flexível.
Pega de surpresa, Lori caiu na gargalhada ondulando seu corpo que tremia sob
as vibrações que eram deliciosamente espalhadas por seu corpo.
Como estava olhando para trás enquanto ria, ela viu seu olhar assumir uma
nova intensidade, uma profundidade que a deixou sem fôlego.
— Oh, Deus — ela ofegou — Oh, Ander. — Seu corpo começou a tremer
com o orgasmo iminente.
Cada um de seus nervos tensos conectados com seu ponto G e ele começou a
grunhir, liberando sua própria necessidade.
Assim, quando seu canal apertou o cerco em torno dele, Ander soltou uma
rouca explosão de murmúrios. Seu movimento tornou-se irregular, desajeitado,
descontrolado, quando empurrou dura e rapidamente.
Ela encontrou energia para virar a cabeça para trás e assim poder vê-lo de
novo, amava a visão de sua mal contida paixão, o rosto torcido pelo esforço, os
olhos cheios de ardor. Seu amor óbvio e necessário por ela a afetava tanto que
outro clímax se formou sem aviso prévio.
Eles vibraram juntos até que, finalmente, caíram e ficaram recolhidos no chão.
O corpo de Ander era quente e pesado em cima dela, a barriga de Lori estava
pressionada contra o tapete, algumas notas de cem dólares que aderiram à sua pele
úmida. Mas ela não queria se mover.
— Você está bem, querida? — Ele perguntou baixinho, inalando contra seu
cabelo, como se a estivesse cheirando.
— É. — Ela sabia do que ele estava falando. — Nós não dissipamos todos os
nossos problemas, mas estamos indo bem.
— Não peça.
— Pelo menos, ela levou à descoberta de todo esse dinheiro que você vinha
escondendo. — Lori riu, sentindo-se absurdamente atordoada. — O que devemos
fazer com tudo isso?
Lori respirou um pouco, mas conseguiu não endurecer. Seu coração batendo
descontroladamente quando murmurou:
Ander riu.
— Lori?
— Sim.
— Pode ter sido indireta, mas foi uma proposta.
— Foi? — Ela ainda tentou manter um tom leve, mas seu sorriso explodiu em
uma chama de alegria.
Ela o abraçou e levou apenas alguns segundos para ele estar abraçando-a de
volta. Em seguida, eles ficaram por um longo tempo, meio vestidos e emaranhados
no chão, em meio a uma felicidade embaraçosa que não se desvaneceu mesmo uma
hora depois.
— Será que fui eu? Bem, eu tenho que admitir. Você me ensinou a ter relações
sexuais, a como ter um orgasmo, como usar meu vibrador de forma eficaz, como
usar dezenas de posições sexuais, como fazer um boquete e como patinar no gelo.
— Lori, você está falando sério? Você me ensinou a estar genuinamente com
alguém, a gostar de sexo, a expressar emoção, a como valorizar a mim mesmo,
como sentir, como amar, como confiar. Como viver. Você nunca vai ganhar este
jogo.
A boca dela se separou quando olhou para o rosto dele, a poucos centímetros
de distância. Quando ela finalmente conseguiu engolir o nó que estava preso na
garganta, ela sussurrou:
— Talvez.
Era um sinal claro de que ela havia sofrido uma sobrecarga de sexo, quando
ela nem sequer pensava que soava estúpida.
— Eu acho.
.Fim.