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Eletromagnetismo UFPI PDF
Eletromagnetismo UFPI PDF
FFÍÍSSIICCAA IIII
Paulo Henrique Ribeiro Barbosa
Francisco Ferreira Barbosa Filho
Departamento de Física
Universidade Federal do Piauí
Fevereiro de 2010
1
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
MINISTRO DA EDUCAÇÃO
GOVERNADOR DO ESTADO
REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA DO MEC
COORDENADORIA GERAL DA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO PIAUÍ
COORDENADOR GERAL DO CENTRO DE DUCAÇÃO ABERTA À DISTÂNCIA
DA UFPI
SUPERITENDENTE DE EDUCAÇÃO SUPERIOR NO ESTADO
DIRETOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA
COORDENADOR DO CURSO DE FÍSICA
COORDENADORA DE MATERIAL DIDÁTICO DO CEAD/UFPI
DIAGRAMAÇÃO
FICHA CATALOGRÁFICA
Serviço de Processamento Técnico da Universidade Federal do Piauí
Biblioteca Comunitária Jornalista Carlos Castello Branco
2
Apresentação
Este texto é destinado aos estudantes que participam do
programa de Educação à Distância da Universidade Aberta do Piauí
(UAPI) vinculada ao consórcio formado pela Universidade Federal do
Piauí (UFPI), Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e Centro Federal de
Educação Tecnológica (CEFET – PI), com apoio do Governo do Estado do
Piauí, através da Secretaria de Educação.
O texto é composto de duas unidades, constituídas de cinco
capítulos cada uma. Nos cinco capítulos iniciais (primeira unidade),
iremos tratar da eletrostática, e nos cinco capítulos finais (segunda
unidade) trataremos de correntes elétricas, circuitos elétricos, campo
magnético, lei de Ampère e Lei de Faraday.
A bibliografia para leitura complementar é indicada ao final de
cada unidade, bem como exercícios resolvidos e exercícios visando
avaliar o entendimento do leitor serão apresentados ao longo do texto
de cada unidade.
3
Sumário Geral
UNIDADE I
1. A LEI DE COULOMB
1.1 Introdução 10
1.2 A carga elétrica 11
1.3 Condutores, Isolantes e Cargas induzidas 13
1.4 Processos de Eletrização 14
1.5 Lei de Coulomb 16
1.6 Problemas Resolvidos 16
1.7 Problemas Propostos 21
1.8 Referências bibliográficas 23
1.9 Web‐bibliografia 23
2 O CAMPO ELÉTRICO
2.1 Introdução 26
2.2 Ação à Distância e o Campo Elétrico 26
2.3 Dipolo Elétrico 28
2.4 Linhas de Campo Elétrico 29
2.5 Carga Elétrica na Presença de um campo Elétrico 31
2.6 Dipolo Elétrico Sob Ação de um Campo elétrico Externo 32
2.7 Problemas Resolvidos 33
2.8 Problemas Propostos 35
Referências bibliográficas 37
Web‐bibliografia 37
3 LEI DE GAUSS
3.1 O Fluxo de Campo Vetorial 40
3.2 O Fluxo do Campo Elétrico e a Lei de Gauss 42
4
3.4 Usando a Lei de Gauss para Discutir o Campo Elétrico em
Condutores 49
3.5 Problemas Propostos 51
Referências bibliográficas 54
Web‐bibliografia 54
4 POTENCIAL ELÉTRICO
4.1 Definindo Capacitor 57
4.2 Energia Armazenada em um Capacitor 57
4.3 Associação de Capacitores 62
4.4 Capacitores com Dielétricos 64
4.5 Potencial de um dipolo dielétrico 65
4.6 Potencial de uma linha de carga 66
4.7 Diferença de potencial elétrico entre as placas de um
capacitor 67
4.8 O cálculo do campo elétrico a partir do potencial elétrico 68
4.9 Superfícies equipotenciais 69
4.5 Problemas Propostos 71
4.6 Referências bibliográficas 72
4.7 Web‐bibliografia 73
5 CAPACITORES E DIELÉTRICOS
5
UNIDADE II
6 CORRENTE E RESISTÊNCIA ELÉTRICA
6.1 A corrente elétrica 90
6.2 Corrente e velocidade de deriva 92
6.3 Densidade de corrente, lei de Ohm, condutividade,
resistência e resistividade 96
6.4 Resistência e temperatura 102
6.5 Avanços na área: supercondutividade 104
6.6 Potencia elétrica 105
Questões 109
Problemas 110
Bibliografia 111
7 CIRCUITOS ELÉTRICOS
7.1 Elementos e diagramas de circuitos 115
7.2 Força eletromotriz 117
7.3 Associação de resistores 119
7.3.1 Resistores em série 119
7.3.2 Resistores em paralelo 120
7.4 Leis de Kirchoff e circuito básico 122
7.5 Circuitos RC 129
Questões 136
Problemas 137
Bibliografia 139
8 O CAMPO MAGNÉTICO
8.1 Magnetismo 142
8.2 O campo magnético e suas fontes 145
8.3 Movimento de uma partícula carregada em um campo
magnético 148
8.4 Aplicações envolvendo movimento de partículas carregadas
na presença de campo magnético 150
8.5 A força magnética agindo sobre um condutor portando
6
corrente elétrica 152
8.6 Torque 157
Questões 161
Problemas 163
Bibliografia 165
9 A LEI DE AMPÈRE
9.1 Lei de Biot – Savart 168
9.2 Lei de Ampère 173
9.3 A lei de Ampère e os solenóides 176
Questões 178
Problemas 179
Bibliografia 181
10 A LEI DE FARADAY
9.1 Introdução 185
9.2 O fluxo magnético 185
9.3 A lei de Lenz 188
Questões 194
Problemas 196
Bibliografia 200
7
UNIDADE 1
A LEI DE COULOMB
Resumo
8
Sumário
UNIDADE 1: Lei de Coulomb
Paulo Henrique Ribeiro Barbosa
9
1.1 ‐ Introdução
10
Apresentaremos aqui as bases do eletromagnetismo seguindo uma
seqüência que coincide com a construção cronológica do
eletromagnetismo. Neste primeiro capítulo, e nos próximos três
capítulos, iremos discutir os fenômenos elétricos do ponto de vista
eletrostático, onde idealizamos as cargas em repouso. Começaremos
discutindo a natureza da carga elétrica, sua conservação, sua
quantização, e os processos de eletrização. Ainda neste capítulo
veremos como calcular a força elétrica entre cargas a partir da lei de
Coulomb.
1.2 – Carga Elétrica
A carga do elétron, quando tomada em módulo, é chamada de carga
elementar e é representada por e,com valor absoluto de 1,6.10 ‐ 19 C.
• carga do elétron: ‐ 1,6.10 ‐ 19 C
• carga do próton: + 1,6.10 ‐ 19 C
11
Do ponto de vista macroscópico, uma forma de construirmos um
conceito acerca de carga elétrica consiste em realizar um pequeno
número de experimentos, descritos abaixo. Considere (ver Fig. 1.1a) dois
bastões de plástico e esfregue um pedaço de camurça em cada um
deles. Ao tentar aproximar os bastões constatar‐se‐á uma repulsão
Figura 1.1: (a) Eletrização de bastões de plástico com camurça. (b)
Eletrização de bastões de vidro com lã. (c) Atração entre bastões de
plástico e de vidro
entre os mesmos. Ao repetir o mesmo experimento usando dois bastões
de vidro e um pedaço de seda verificará, também, uma repulsão entre
os bastões de vidro (Fig.1.1b). Entretanto, ao aproximar um bastão de
plástico esfregado com camurça de um bastão de vidro esfregado com
seda verifica‐se uma atração entre os mesmos (Fig.1.1c). Experimentos
dessa natureza revelam que existem dois tipos de cargas elétricas: o
tipo de carga elétrica acumulada no bastão de plástico e na seda
(convencionada de carga negativa) e o tipo de carga acumulada no
bastão de vidro e na camurça (carga positiva). Conclusão:
“Cargas elétricas de mesmo sinal se repelem,
enquanto
cargas elétricas de sinais opostos se atraem”.
Há dois princípios importantes acerca das cargas elétricas. Para
apresentar o primeiro princípio consideremos a eletrização do bastão de
12
plástico com camurça. Inicialmente estes corpos estão descarregados, e
depois de atritados ficam carregados. O primeiro princípio, da
“conservação da carga elétrica”, afirma que:
A soma algébrica de todas as cargas elétricas antes da eletrização é
igual a soma das cargas depois da eletrização.
Assim, em qualquer processo de eletrização no qual um corpo é
carregado, a carga elétrica não é nem criada nem destruída, mas
meramente transferida de um corpo a outro. O segundo princípio
importante acerca da carga é o que diz respeito à sua quantização:
O módulo da carga elétrica do elétron ou do próton é uma unidade de
carga natural “e”.
1.3 Condutores, Isolantes e Cargas induzidas
Alguns materiais permitem a migração de cargas elétricas de
uma região para outra, enquanto outros impedem esta movimentação
de cargas dentro do material e entre materiais. Grosso modo podemos
classificar os materiais quanto à mobilidade das cargas elétricas em:
• Condutores elétricos
Meios materiais nos quais as cargas elétricas movimentam‐se
com facilidade. Pertencem a esta categoria os metais, como ouro,
cobre, alumínio e outros. Estes elétrons que podem se mover ao
longo do material geralmente são os periféricos e que estão
fracamente presos aos núcleos de seus átomos. Quando uma
quantidade de carga é colocada no interior de um condutor esta se
distribuirá por toda a sua superfície.
• Isolantes elétricos ou dielétricos
13
Meios materiais nos quais as cargas elétricas não têm facilidade
de movimentação. A borracha, vidro etc. Ao contrário dos
condutores seus elétrons estão fortemente ligados aos seus
respectivos núcleos. Ao colocarmos uma quantidade de carga nestes
materiais isolantes a carga não se espalha por todo o material,
permanecendo localizada na região em que foi colocada.
Existem ainda os semicondutores, que são materiais de propriedades
intermediárias entre os isolantes e condutores.
1.4 ‐ Processos de Eletrização
Um material pode ser eletrizado através de dois processos: (a)
Eletrização por atrito, ocorre quando materiais não condutores são
atritados uns contra os outros. Nesse processo, um dos materiais perde
elétrons e outra ganha, de modo que um tipo de material fica positivo e
outro fica negativo. Uma experiência típica e simples consiste em atritar
a lã no vidro, como mostrado na Figura 1.2. A comprovação de que ele
ficou carregado é obtida atraindo‐se pequenas partículas, por exemplo,
de pó de giz.
Figura 1.2: Após serem eletrizadas por atrito vidro e lã se atraem.
(b) A Eletrização por indução se dá geralmente entre um corpo
carregado e um descarregado (geralmente um condutor). A figura 1.3
ilustra as etapas essenciais do processo de eletrização por indução. Na
ilustração, tem‐se inicialmente (Fig.1.3a) uma esfera condutora
descarregada e isolada por um suporte não condutor. A aproximação do
corpo negativamente carregado atrai as cargas positivas da esfera
14
eletricamente neutra (Fig.1.3b). A extremidade próxima ao corpo
carregado fica positiva, enquanto a extremidade oposta fica negativa.
Mantendo‐se o corpo carregado próximo, liga‐se o corpo eletricamente
neutro a terra (Fig.1.3c). Elétrons descerão pra terra. Cortando‐se a
ligação com terra (Fig.1.3d), obtém‐se um corpo positivamente
carregado (Fig.1.3e).
Figura 1.3: Etapas do processo de eletrização por indução
É bom observar que um corpo carregado pode exercer força de atração
sobre objetos descarregados (neutros). O exemplo ilustrado na Figura
1.3 é uma demonstração desse fato. Entretanto, a atração pode ocorrer
entre um corpo carregado e um isolante, onde as cargas negativas e
positivas do isolante neutro ficam ligeiramente separadas
espacialmente. Este caso pode ser observado quando aproximamos um
pente eletrizado de pequenos pedaços de papel.
15
1.5 – Lei de Coulomb
As principais interações entre partículas devem‐se à sua massa
(interação gravitacional) e a sua carga (interação elétrica). Motivado
pelos estudos de Cavendish da interação gravitacional, Charles Augustin
Coulomb (1736‐1806) estudou a força de interação entre partículas
carregadas. Podemos dizer que dois corpos eletrizados estacionários
exercem predominantemente uma força elétrica entre si, uma vez que a
interação gravitacional é desprezível em comparação a primeira. A
eletrostática é a área do eletromagnetismo que aborda interações entre
cargas estacionárias ou quase estacionárias. Coulomb descobriu,
experimentalmente, que o módulo da força elétrica entre duas cargas
puntiformes q1 e q2, separadas por uma distância r, é dada por:
| |
(lei de Coulomb) (1.1)
(=8,854x10‐12C2/N.m2) é a permissividade do vácuo.
Podemos expressar a Eq.1‐1 na forma vetorial usando a Figura 1.4a,
onde as cargas q1 e q2 de mesmo sinal são ligadas pelo vetor posição ,
que tem origem em q2 e extremidade em q1. O sentido da força , que
a partícula 1 sofre devido a carga da partícula 2, aponta no mesmo
sentido do vetor depende do sinal de suas cargas. Podemos
representar a força como
̂ (1.2)
uma das cargas qi exercem uma força sobre a carga q1. Pode‐se
representar a força total sofrida pela partícula 1 como
∑ (1.3)
16
Figura 1.4 (a) Força entre cargas de mesmo sinal. (b) Força entre
cargas
onde a força é a força que a i‐ésima carga exerce sobre a partícula 1.
No próximo capítulo descreveremos como calcular a força elétrica de
uma distribuição contínua de cargas sobre uma carga pontual, após a
introdução do conceito de campo elétrico.
1.6 – Problemas Resolvidos
Exemplo 1.1 – Para se ter uma idéia da ordem de grandeza da interação
eletrostática comparativamente à força gravitacional entre duas
partículas de cargas q1 e q2, com respectivas massas m1 e m2, considere
o átomo de hidrogênio cuja separação média entre o elétron e o próton
é de 5,3x10‐11m. Calcule a razão entre a sua
interação elétrica e a sua interação
gravitacional.
Solução: Um esquema do átomo de
hidrogênio seguindo o modelo de Bohr é
apresentado na Figura 1.5. Sabendo que o
valor da carga elementar e = 1,602x10‐19C e
‐31
as massas do elétron, me = 9,1x10 kg e a
Figura 1.5: Átomo de hidrogênio
massa do próton mp =1 ,6x10‐27kg podemos
17
Calcular o módulo da forças elétricas, Fe, e da gravitacional, Fg. Assim,
, . / ,
2,3 10 .
, . / , ,
18
Exemplo 1.2 – Duas cargas puntiformes positivas, Q1 e Q2 de módulos
iguais a q, são colocadas ao longo do eixo y nas posições y=‐a e y=+a.
Considere uma terceira carga positiva, Q3=q, posicionada ao longo do
eixo x na posição x. (a) Calcule o módulo da força resultante sobre a
carga Q3. (b) Encontre a posição ao longo do eixo x em que a força
resultante é máxima.
Solução: (a) O problema está esquematizado na Figura 1.6.
Considerando a simetria do
Figura 1.6: Ação das cargas Q1 e Q2 sobre Q3.
problema decorrente do arranjo geométrico (cargas eqüidistantes em
relação ao eixo x) e o fato de que as cargas têm o mesmo módulo q,
vemos que a força resultante aponta ao longo do eixo x. Assim,
cos cos
1
4
1
4
/ ,
/
onde usamos o fato de que cos / .
(b) Para encontrarmos o ponto em que a força resultante atinge um
máximo ao longo do eixo x derivamos a expressão da força obtida no
item (a) e igualamos a derivada à zero, o valor de x encontrado é o que
19
maximiza a força desde que a segunda derivada seja negativa neste
ponto:
/ 0, leva a . Para verificarmos que este valor
maximiza a força calculemos a segunda derivada: / ,
substituindo x=a/2 constata‐se que 0 e portanto a força atinge o
máximo em x=±a/2.
Exemplo 1.3 – Calcule a força de interação entre uma esfera maciça
uniformemente carregada com densidade volumétrica ρ(carga total Q) e
uma carga pontual q0 situada em um ponto (a) no interior da esfera e (b)
no seu exterior.
Figura1.7: (a) Calculo da força para uma carga q0 no interior da
esfera de raio R. (b) Força entre a carga q0 e a esfera para
pontos no exterior.
Solução: Para resolver este problema vamos usar o fato de que o campo
no interior de uma casca esférica uniforme de cargas não exerce força
sobre cargas no seu interior e quando a carga está no seu exterior a
esfera de carga uniforme pode ser tratada como uma carga pontual.
Sendo assim, para um ponto interno à esfera de raio R (Figura 1.7(a)),
podemos considerar que toda a carga q’ na esfera de raio r está
concentrada no seu centro. Os valores da carga total Q e da carga q’ são:
e .
20
Para r>R (Fig. 1.7(b)) a carga se comporta com estivesse concentrada no
centro da esfera: .
1.7 – Problemas Propostos
R.: 900 m/s2; 7x10‐10 C.
Problema 1.2 ‐ Duas cargas pontuais livres, +q e +9q, estão afastadas
por uma distância d. Uma terceira carga é colocada de tal modo que
todo o sistema fica em equilíbrio. (a) Determine a posição, o módulo e o
sinal da terceira carga. (b) Mostre que o equilíbrio é instável.
R.: Carga –9q/16, colocada entre as cargas +q e +9q, a uma distância d/4
a partir da carga +q.
Problema 1.3 ‐ Cargas iguais a +Q são colocadas nos vértices de um
triângulo eqüilátero de lado L. Determine a posição, o módulo e o sinal
de uma carga colocada no interior do triângulo, de modo que o sistema
fique em equilíbrio.
do vértice.
Problema 1.4 ‐ Uma carga Q igual a 2x10‐19 C é dividida em duas, (Q‐q)
e q, de modo que a repulsão coulombiana seja máxima. Calcule a
distância que uma carga deve ficar da outra, para que esta força seja
igual 9x10‐9 N.
R.: 1Å
Problema 1.5 ‐ Duas cargas pontuais idênticas, de massa m e carga q,
estão suspensas por fios não condutores de comprimento L, conforme
ilustra a figura 1.8. Considerando o ângulo q tão pequeno de modo que
seja válida a aproximação tan sin , mostre que
21
/
,
onde x é a separação entre as bolas. (b) Se L=122 cm, m=11,2 g e x=4,70
cm, qual o valor de q?
Figura 1.8
Figura 1.9
Problema 1.6 – Três cargas de q1=‐1.o μC, q2=2.0 μC e q3=4.0μC têm
suas localizações dadas pelos pares ordenados, respectivamente em
metros, (0,0), (0,0.1),(0.2,0). Encontre as forças que atuam em cada uma
das três cargas.
Problema 1.7 – (a) Se a convenção de sinal da carga fosse mudada de
modo que a carga do elétron fosse positiva e a carga do próton fosse
negativa, a lei de Coulomb ainda valeria? (b) Discuta as semelhanças e as
diferenças entre as leis de Coulomb e a lei de gravitação universal.
Problema 1.8 – Quando duas cargas de iguais massas e cargas são
liberadas sobre uma mesa horizontal e sem atrito, cada massa terá uma
22
aceleração inicial a0. Se ao invés disso mantivermos uma das cargas fixas
e a outra livre, qual será sua aceleração inicial: a0, 2a0 ou a0/2? Explique.
1.8 Referências bibliográficas
Livro Texto
HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; KRANE, K. S. Física. V. 3, 4. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 1996.
Bibliografia complementar
HEWITT, Paul G. Física conceitual. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2002.
TIPLER, P. Física 3. 4. ed. Rio da Janeiro: Guanabara Dois, 1999.
NUSSENZVEIG, H. M. Curso de Física Básica 3: mecânica. São Paulo:
Edgard Blücher, 1996.
SERWAY, R. A. Física para cientistas e engenheiros: com Física Moderna.
V. 3. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1997.
1.9 Web‐bibliografia
http://br.geocities.com/saladefisica3/labortório.htm
http://www.adorofisica.com.br/comprove/mecanica/mec_cine_vetor.ht
ml
23
UNIDADE 2
O CAMPO ELÉTRICO
RESUMO
24
Sumário
UNIDADE 2: O campo Elétrico
Paulo Henrique Ribeiro Barbosa
2 O CAMPO ELÉTRICO
2.1 Introdução 26
2.2 Ação à Distância e o Campo Elétrico 26
2.3 Dipolo Elétrico 28
2.4 Linhas de Campo Elétrico 29
2.5 Carga Elétrica na Presença de um campo Elétrico 31
2.6 Dipolo Elétrico Sob Ação de um Campo elétrico Externo 32
2.7 Problemas Resolvidos 33
2.8 Problemas Propostos 35
2.9 Referências bibliográficas 37
2.9 Web‐bibliografia 37
25
2.1 – Introdução
Qual é o mecanismo pelo qual uma partícula consegue exercer
uma força sobre outra atravessando o espaço vazio que as separa?
Supondo que uma partícula em um determinado ponto é subitamente
movida, a força que uma segunda partícula a uma distância r exercia na
primeira é subitamente alterada? Neste capítulo vamos introduzir o
conceito de campo elétrico, importante para o entendimento de como
as interações à distância entre cargas se estabelecem, principalmente se
estas cargas estão em movimento, como poderá ser discutido em um
estudo mais avançado da eletrodinâmica clássica. Neste capítulo
discutiremos somente o campo elétrico estático devido a cargas em
repouso.
2.2 ‐ Ação à Distância e o Campo Elétrico
A força coulombiana, assim como a força gravitacional, é uma interação
à distância e algo mal compreendido até meados do século dezenove
quando Michael Faraday introduziu o conceito de campo que permite‐os
raciocinar como se dá a ação à distância. De acordo com o conceito de
campo, a interação entre duas cargas, q1 e q2, ocorre através da ação do
campo elétrico de uma delas sobre a outra. Definimos então o campo
elétrico , em um ponto, produzido por um conjunto de cargas, como a
força elétrica que atua sobre uma carga q0 neste ponto devido às
outras, dividida pela carga q0,
, (2.1)
onde q0 é a carga de prova, convencionalmente tomada como positiva.
No Sistema internacional (SI) a unidade de campo elétrico é 1 newton
por coulomb (1N/C). Operacionalmente devemos considerar a carga de
prova, q0, tão pequena quanto possível para que esta não perturbe o
arranjo original de cargas do qual se quer medir o campo elétrico. Isto
pode ser resumido na equação abaixo
lim
Assim, para se conhecer o valor do campo elétrico em determinado
ponto, basta colocar uma carga de prova naquele ponto e dividir a força
medida pelo valor da carga de prova q0.
26
Considere q uma carga puntiforme positiva como uma fonte de
campo elétrico. Coloquemos a carga de prova positiva q0 a uma distância
r desta (ver Figura 2.1a). A carga de prova experimentará uma força de
| |
repulsão de módulo . Substituindo F0 no módulo da Eq.
(2.1) temos
| |
(2.2)
Vetorialmente, temos
| |
̂ , (2.3)
Figura 2.1: Campo Elétrico de uma carga pontual q.(a) carga fonte
poisitiva e (b) carga fonte negativa
onde ̂ é o vetor unitário que aponta na direção do ponto P, onde foi
aferido o campo elétrico. Observe que o campo elétrico de uma carga
positiva aponta na mesma direção da força que atua na carga de prova e
é, portanto de afastamento. Se q for negativa (Fig. 2.1b) a força será de
atração sobre a carga de prova e o campo elétrico será de aproximação.
Também se observa que o módulo do campo elétrico de uma carga
pontual para uma mesma distância ao redor da fonte é o mesmo.
Campos elétricos cujo módulo independem da orientação espacial, mas
tão somente da distância da fonte ao ponto de observação são
denominados de radiais.
Considere uma pequena carga de prova q0 em um ponto P
distante ri0 de uma carga qi. A força na carga de prova devido à carga
qi é
̂
e o campo elétrico é, usando Eq.(2‐1)
27
̂ ,
onde ̂ é o vetor unitário apontado da carga qi ao ponto onde se quer
, 2.4
, sendo r a distância do elemento de carga dq ao ponto de
observação.
2.3 ‐ Dipolo Elétrico
Um sistema formado de duas cargas de mesmo módulo e de sinais
opostos separadas por uma pequena distância L é chamado de dipolo
elétrico. Sua amplitude e orientação são descritos pelo vetor dipolo
elétrico , que é um vetor que aponta da carga negativa para a carga
positiva e tem módulo qL (ver Figura 2.2).
Figura 2.2: Dipolo Elétrico
Um sistema pode naturalmente apresentar propriedades polares
(chamados de dipolos permanentes) ou estas podem ser induzidas pela
aplicação de um campo elétrico no sistema (dipolos induzidos). Como
um exemplo de um dipolo permanente podemos citar o caso da
molécula de água (Fig2.3a), onde os elétrons “preferem” passar mais
̂ ̂ ̂.
(b) O comportamento do campo elétrico do dipolo para x>>a é
ou
̂ , (2.5)
29
2.4 ‐ Linhas de Campo Elétrico
Podemos representar o campo elétrico traçando linhas que
indicam a sua direção. As linhas de campo elétrico, introduzidas por
Faraday, são também conhecidas como linhas de força. Em qualquer
Figura 2.6: (a) Cargas iguais e positivas e (b) cargas iguais e opostas
30
carga isoladamente. É muito instrutivo resumir em um conjunto de
regras a serem seguidas na representação do campo elétrico de um
conjunto de cargas elétricas pontuais:
2 As linhas de campo elétrico começam nas cargas positivas (ou no
infinito) e terminam nas cargas negativas (ou no infinito);
3 As linhas de campo são traçadas simetricamente entrando ou saindo
de uma carga isolada;
4 O número de linhas de campo deixando uma carga positiva ou
entrando em uma carga negativa é proporcionais à magnitude da
carga;
5 A densidade de linhas de campo (o número de linhas por unidade de
área perpendicular às linhas) em qualquer ponto é proporcional à
magnitude do campo elétrico naquele ponto;
6 Á grandes distâncias de um conjunto de cargas, as linhas de campo
são igualmente espaçadas e radiais, como se elas se originassem de
uma carga pontual de carga líquida igual à do conjunto;
7 Linhas de campo resultante não se cruzam.
2.5 ‐ Carga Elétrica na Presença de um campo Elétrico
Quando uma carga elétrica pontual q é colocada em um ponto
onde m é a massa partícula com carga q. No caso do elétron a
velocidade envolvida é muito grande e devemos considerar correções
relativísticas. Se o campo elétrico é conhecido a relação q/m pode ser
calculada pela medida da aceleração. Esta foi a base da experiência de J.
J. Thomson em 1897 para a determinação da existência do elétron. Este
experimento é a base de funcionamento de uma série de dispositivos
eletrônicos, como osciloscópios, monitores de computador, monitores
de TV, etc.
Exemplo 2.2: Considere um elétron projetado em um campo elétrico
31
uniforme, 1000 ̂ , com uma velocidade inicial
2 10 ̂ na direção do campo (ver Fig.2.7). Que distância o elétron
viajará na região de campo antes de parar?
Figura 2.7: Elétron na presença de um campo elétrico uniforme.
2. O módulo da aceleração é ,
3. Quando v=0 temos ∆ 1.14 10 .
2.6 – Dipolo Elétrico Sob Ação de um Campo elétrico Externo
Já discutimos o caso do campo elétrico gerado por um dipolo elétrico,
que pode ser uma molécula de água ou uma molécula de ácido
clorídrico, que são moléculas polares. Vamos discutir agora o que
acontece com um dipolo quando este é submetido a um campo elétrico
externo. Para simplificar vamos considerar que este campo é uniforme.
Vamos mostrar que o campo externo não exerce nenhuma força externa
Figura 2.8: Dipolo elétrico sob ação de um campo elétrico externo
no dipolo, mas exerce um torque que fará com que o dipolo gire de um
32
determinando ângulo. Considere a figura 2.8, que mostra o dipolo numa
. 2.7
Quando um dipolo gira de um ângulo dθ, o trabalho realizado
pelo torque é sin . O sinal vem do fato de que
o torque tende a decrescer θ. Como este trabalho é igual ao decréscimo
da energia potencial, temos
sin .
Integrando, obtemos
cos .
Escolhendo U0=0 para θ=π/2, temos
33
Solução: Como o ponto P1 está à direita das duas cargas e as mesmas
são ponto P2 (x=3 m), que está mais próximo da carga q2, o campo
elétrico resultante apontará para a esquerda. Vejamos isto
quantitativamente:
(a) Usando a Eq. (2.4) para o ponto P1 temos
̂ ̂ ̂ ̂,
Usando x=7 m, a=4 m, q1=8 nC e q2=12 nC, temos
13.5 ̂.
(b) Para o ponto P2 temos
100 ̂.
A Figura 2.10 mostra graficamente o comportamento do campo elétrico
para todos os pontos ao longo do eixo x.
Figura 2.10: Gráfico do campo elétrico resultante da configuração de
cargas vista na Fig. 2.9 ao longo do eixo x
Exemplo 2.4: Encontre o campo elétrico no eixo y a y=3 m para as cargas
vistas na Figura 2.9.
Solução: Observe que para um ponto sobre o eixo y o campo elétrico,
, devido à carga q1, aponta ao longo do eixo y, enquanto o campo ,
devido à carga q2, faz um ângulo θ com o eixo y (Figura 2.11a). Para
encontrar o campo resultante procedemos com a decomposição
analítica, encontrando as componentes x e y de cada campo, como
mostrado na figura 2.11b.
34
Observe que o campo da carga q1 tem módulo 7.99 N/C,
10.6 . Dessas componentes obtemos a magnitude do campo
Figura 2.11: Calculo do campo resultante ao longo em um ponto no eixo x.
tan 108°, com o eixo x.
2.8 –Problemas Propostos
Problema 2.1‐ As linhas de campo de
duas esferas condutoras são
mostradas na Figura 2.12. Qual o sinal
relativo das cargas e a magnitude das
cargas das duas esferas?
Problema 2.2‐ Um elétron entra em
uma região de campo elétrico Figura 2.12
35
2000 ̂ com uma velocidade inicial 10 ̂
perpendicular ao campo. (a) Faça uma comparação entre as forças
gravitacional e elétrica que agem no elétron. Qual é a deflexão do
elétron após ele ter percorrido 1 cm na direção x?
Problema 2.3‐ Calcule o campo elétrico no centro do quadrado da
figura 2.13 abaixo.
Figura 2.13: Quadrado de lado a
Problema 2.4‐ Em um particular ponto do espaço, uma carga Q é
posicionada e não sobre nenhuma força elétrica. Analise cada uma das
alternativas abaixo, justificando sua resposta:
(a) Não existem cargas nas proximidades;
(b) Se existem cargas próximas, estas têm sinais opostos ao de Q;
(c) Se existem cargas próximas, a carga total positiva deve ser igual a
carga total negativa;
(d) Nenhuma das alternativas acima precisa ser verdadeira.
Problema 2.5‐ Uma carga de +5.0 μC está localizada em x=‐3.0 cm e uma
segunda carga de ‐8.0 μC está localizada em x=+4.0 cm. Onde devemos
posicionar uma terceira carga de +6.0 μC de modo a termos o campo
elétrico nulo em x=0.0 cm?
Problema 2.6‐ Duas cargas +4q e ‐3q estão separadas por uma pequena
distância. Trace as linhas de campo elétrico para este sistema.
Problema 2.7‐ Três cargas iguais e positivas são posicionadas nos
vértices de um triângulo eqüilátero. Esquematize as linhas de campo
elétrico para este sistema.
Problema 2.8‐ Um elétron, partindo do repouso, é acelerado por um
campo elétrico uniforme de módulo 8 x 104 N/C que se estende por uma
região de 5.0 cm. Encontre a velocidade do elétron depois que ele deixa
a região de campo elétrico uniforme.
36
Problema 2.9‐Duas cargas pontuais, q1=+2.0 pC e q2=‐2.0 pC estão
separadas por uma distância de 4μm. (a) Qual é o momento de dipolo
do par de cargas? (b) Esquematize o dipolo e mostre a direção do
momento de dipolo.
2.8 Referências bibliográficas
Livro Texto
HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; KRANE, K. S. Física. V. 3, 4. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 1996.
Bibliografia complementar
HEWITT, Paul G. Física conceitual. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2002.
TIPLER, P. Física 3. 4. ed. Rio da Janeiro: Guanabara Dois, 1999.
NUSSENZVEIG, H. M. Curso de Física Básica 3: mecânica. São Paulo:
Edgard Blücher, 1996.
SERWAY, R. A. Física para cientistas e engenheiros: com Física Moderna.
V. 3. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1997.
2.9 Web‐bibliografia
http://br.geocities.com/saladefisica3/labortório.htm
http://www.adorofisica.com.br/comprove/mecanica/mec_cine_vetor.ht
ml
37
UNIDADE 3
A LEI DE GAUSS
RESUMO
Nesta unidade discute‐se uma alternativa à lei de Coulomb, chamada de
lei de Gauss, que permite uma abordagem mais prática e instrutiva no
38
Sumário
UNIDADE 3: A Lei de Gauss
Paulo Henrique Ribeiro Barbosa
39
3.1 O Fluxo de Campo Vetorial
Figura 3.1: (a) Fio retangular em um fluido com área normal ao vetor
velocidade. (b) Fio retangular com área formando um ângulo Ф com
o vetor velocidade.
escoa ao longo de um canal. Definindo‐se o fluxo do campo de
velocidades de modo que seu valor absoluto seja dado por
| | , (3.1)
onde v é a intensidade da velocidade no local em que está posicionado o
fio retangular. A unidade do fluxo do fluido é m3/s, que é o mesmo que a
vazão do fluido que passa através da área A delimitada pelo fio
retangular. Em termos do conceito de campo, podemos considerar o
fluxo como uma medida do número de linhas de campo que
40
atravessam a área do fio retangular. Se inclinarmos o fio retangular de
forma que o seu plano não seja mais perpendicular à direção do vetor
velocidade (ver Fig. 3.1b), o número de linhas do campo de velocidade
atravessando a área, A, do retângulo não será mais o mesmo e
diminuirá. Para calcular o fluxo do fluido observemos que o número de
linhas do campo de velocidade que atravessam a área, A, na forma
inclinada é o mesmo número de linhas que atravessam a área projetada,
Acosφ, perpendicularmente às linhas de . Assim, a intensidade do fluxo
correspondente a situação retratada na Fig. 3.1b é
Se o fio retangular for girado de modo que sua área seja paralela ao
vetor velocidade (φ=90°), nenhuma linha de velocidade atravessará a
área e o fluxo de velocidades é nulo (| | 0 . Podemos dar uma
· . 3.3
Observe que esta definição nos coloca diante da possibilidade de um
fluxo de positivo ( 0 90°), bem como um fluxo de
negativo ( 0 90°). Assim, no caso de uma superfície
aberta deve‐se escolher um sentido para a normal à superfície em
questão. No caso de uma superfície fechada, na qual se refere a lei de
Gauss, adota‐se o sentido do vetor área, , como sendo o sentido da
normal saindo da superfície. Dessa forma, o fluxo associado a um campo
vetorial que atravessa a superfície e deixa o volume será um fluxo
positivo (fonte de linhas de campo), caso contrário o fluxo será negativo
(sumidouro de linhas de campo). Podemos estender a definição acima
para uma superfície qualquer considerando que a mesma é formada de
| | tendendo a zero,
41
lim · . .
. , (3.4)
onde é o vetor unitário normal à superfície de área elementar dA no
ponto considerado.
3.2 – O Fluxo do Campo Elétrico e a Lei de Gauss
O fluxo do campo elétrico, , é análogo ao fluxo de , resultando em
. (3.4)
Esta integral indica que a superfície em questão deve ser dividida em
elementos infinitesimais de área , que é atravessado por um campo
Figura 3.2: Linhas de campo atravessando uma
superfície S.
. ,
onde o círculo na integral sinaliza que a mesma é fechada.
42
Dissemos acima que o fluxo de através de uma superfície é
uma medida do número de linhas de campo que atravessam a mesma,
ou que é uma medida da vazão do fluido. Podemos dar uma
interpretação análoga para o caso do campo elétrico, dizendo que o
fluxo elétrico é uma medida do número de linhas que atravessam
uma superfície. Como não existem linhas de campo sem cargas elétricas,
podemos dizer que para uma superfície fechada o fluxo elétrico está
diretamente ligado à carga elétrica envolvida por esta. Imagine uma
superfície fechada, que chamaremos a partir de agora de superfície
gaussiana, contendo uma certa quantidade de carga q (discreta e/ou
contínua). A lei de Gauss afirma que o fluxo elétrico através desta
superfície fechada é proporcional à quantidade de carga q envolvida:
,
ou
. =q. (3.5)
A lei de Gauss e a lei de Coulomb são formas diferentes de abordar o
mesmo problema, e conseqüentemente fornecem a mesma resposta.
Então, quando e por que usar uma ou outra lei? O uso de uma ou outra
lei é determinado pelas seguintes circunstâncias: (a) se a distribuição de
43
cargas apresenta um alta simetria a resposta é obtida mais facilmente
usando a Lei de Gauss, (b) Entretanto se a distribuição de cargas
apresenta um baixa grau de simetria a Lei de Coulomb é a mais
adequada.
3.3 – Aplicações da Lei de Gauss
(a) Carga Puntiforme e a Lei de Coulomb
Por argumentos de simetria conclui‐se que o campo de uma carga
puntiforme tem simetria esférica (campo é o mesmo para qualquer
ponto sobre uma esfera de raio r e é perpendicular a superfície da
esfera). Assim, ao escolhermos como superfície gaussiana uma esfera de
raio r com a carga q em seu centro (Fig.3.3) teremos a possibilidade de
· 4 / , ou
, (3.6)
que é a eq. 2.3, o campo de uma carga puntiforme.
Figura 3.3: Carga pontual Q envolvida por uma superfície
esférica de raio r.
44
No cálculo da integral fechada sobre a superfície esférica tiramos o
módulo do campo de baixo do símbolo da integral porque o mesmo é
constante.
(b) Linha Infinita de Cargas
Considere uma linha infinita de carga com densidade linear, positiva e
constante λ, conforme mostrado na Fig.3.4. Deseja‐se calcular o campo
elétrico a uma distância perpendicular r da linha de carga. Por
considerações de simetria conclui‐se que as linhas de campo são radiais.
Figura 3.4: Linha de carga positiva envolvida por uma superfície
gaussiana cilíndrica de raio r e comprimento l.
superfície gaussiana mais apropriada para o cálculo do campo elétrico é
uma superfície cilíndrica de raio r, comprimento l, com a linha de carga
passando pelo seu eixo. Observe que é constante ao longo de toda a
· · · · / .
Como para as superfícies S1, S2 e S3 o campo elétrico e o elemento de
45
2 /
ou
. (3.7)
(c) Plano Infinito de Cargas
A Fig. 3.5 mostra parte de uma placa fina, não‐condutora e infinita, com
densidade superficial de carga σ (carga por unidade de área) constante e
positiva. Deseja‐se calcular o campo elétrico em pontos próximos à
placa. Devido à simetria retangular da placa o campo é perpendicular a
superfície da mesma. A superfície gaussiana adequada é um pequeno
cilindro de comprimento 2r e área A, como ilustrado na Fig.3.5. Da
simetria, o campo tem a mesma intensidade nas extremidades do
cilindro. Assim, da lei de Gauss temos . , ou
.
Isolando E temos
(3.8)
Figura 3.5: Superfície gaussiana cilíndrica envolvendo uma parte da
carga de um plano infinito de carga uniforme contida na área A.
46
(d) Casca Esférica de Carga
A Fig.3.6 mostra uma casca esférica fina de raio R, com uma carga q
uniformemente distribuída em sua superfície. A casca está envolvida por
uma superfície esférica de raio r. Dos estudos anteriores sabe‐se que o
campo tem somente a componente radial. Deseja‐se encontrar o campo
elétrico para pontos em que r>R e r<R. Aplicando‐se a lei de Gauss à
superfície esférica de raio r>R, obtém‐se
4 ,
ou
(casca esférica, r>R) (3.9)
Figura 3.6: Casca esférica com distribuição uniforme de carga.
Ilustração da superfície gaussiana esférica de raio r>R.
Se considerarmos que a superfície gaussiana tem um raio r <R, ao
aplicarmos a lei de Gauss encontraremos
. 0,
pois não há nenhuma carga interna à superfície. Como a carga está
distribuída uniformemente sobre a superfície esférica conclui‐se que
0 para qualquer ponto interno à casca esférica de raio R.
Resumindo,
0, (casca esférica com σ uniforme e r<R) (3.10)
47
A Fig.3.7 descreve o comportamento gráfico do campo em função do
raio desde r=0 até r infinito.
(e) Distribuição de Carga com Simetria Esférica
Figura 3.8: Esfera carregada uniformemente. Superfície gaussiana
esférica com (a) raio r>R e (b) r<R.
48
. ou (esfera de carga q, r>R).
Ou seja, a carga distribuída uniformemente por todo o volume da esfera
comporta‐se como uma carga pontual localizada no centro da esfera. No
caso da Fig.3.8b a superfície gaussiana envolve somente uma carga q’,
uma fração da carga total q. Assim, da lei de Gauss temos, ·
podemos escrever q’ em termos de q: , de forma que o
campo interno à esfera é
(3.11).
Figura 3.9: Comportamento gráfico do campo elétrico da esfera
uniformemente carregada da figura 3.8.
3.4 – Usando a Lei de Gauss para Discutir o Campo Elétrico em
Condutores
Pode‐se usar a lei de Gauss para discutir as propriedades de condutores
em que circule carga elétrica. Uma das mais interessantes propriedades
é a seguinte:
49
O que acontece quando uma quantidade de carga elétrica é armazenada
em qualquer ponto no interior de um condutor isolado? Quando esta
carga elétrica (elétrons) é depositada em qualquer ponto do condutor,
esta estabelece um campo elétrico no interior do condutor que exerce
uma força elétrica entre as cargas, fazendo‐se com que as mesmas se
empurrem ao máximo e se redistribuam ao longo da superfície externa.
Este processo leva em torno de 10‐9s, levando a um campo interno nulo
e ao estabelecimento do equilíbrio eletrostático. Se houvesse algum
campo no interior do condutor isolado, haveria uma força elétrica
atuando nos elétrons de condução do metal. Um fio transportando uma
corrente elétrica não pode ser considerado um condutor isolado, porque
este está sob influência de uma ação externa (uma bateria, por
exemplo), que estabelece um campo elétrico interno. A lei de Gauss
pode ser usada para mostrar que qualquer excesso de carga em um
condutor em equilíbrio eletrostático deve estar exclusivamente na sua
superfície externa. Para mostrar isso considere a Fig.3.10, onde uma
superfície gaussiana é traçada, internamente, bem próxima à superfície
do condutor. Se o campo elétrico é nulo em todos os lugares no interior
do condutor, este será nulo em todos os pontos da superfície gaussiana,
que se encontra totalmente dentro do condutor. Assim sendo, o fluxo
total através da superfície gaussiana é nulo. Se o fluxo total é nulo, pela
lei de Gauss, conclui‐se que a carga total líquida dentro do condutor é
nula.
Figura 3.10: Condutor de forma arbitrária e o seu
campo interno.
Deve ficar claro que o campo elétrico nulo no interior de condutor
isolado não é devido simplesmente ao fato das cargas estarem na
superfície externa, mas também devido à adequada distribuição destas
cargas na parte externa deste. Além disso, se o condutor isolado possui
uma superfície interna (um buraco, por exemplo), não deve haver carga
50
na sua superfície interna. Outra característica do campo elétrico na
superfície externa de um condutor em equilíbrio eletrostático é que o
mesmo é normal a esta superfície. Se existisse uma componente
tangencial na superfície externa haveria uma corrente elétrica nesta.
Uma vez que o excesso de carga de um condutor isolado permaneça na
sua superfície externa deve‐se calcular o campo nas proximidades desta
superfície. Para determinar a amplitude do campo próximo à superfície
de um condutor usaremos a lei de Gauss aplicada à superfície gaussiana
cilíndrica desenhada na Fig. 3.11, cujas superfícies retas são paralelas à
superfície do condutor. Parte do cilindro está dentro do condutor e
parte fora. Da condição de equilíbrio eletrostático, o campo elétrico é
nulo dentro do condutor e perpendicular externamente. O fluxo através
do cilindro vem somente da parte externa de sua superfície. Assim,
· ,
Resolvendo para E temos,
, (3.12)
Figura 3.11: Campo elétrico imediatamente acima de uma superfície
condutora.
Problemas Propostos
Problema 1‐ Uma rede de caçar borboleta está numa região onde existe
um campo elétrico uniforme, como ilustra afigura 3.12. A extremidade
51
aberta é limitada por um aro de área A, perpendicular ao campo. Calcule
o fluxo de E através da rede.
Figura 3.12: Fluxo elétrico que atravessa uma
rede de borboletas.
Problema 2 ‐ A figura 3.13 mostra parte de dois longos e finos cilindros
concêntricos de raios a e b. Os cilindros possuem cargas iguais e opostas,
com densidade linear λ. Use a lei de Gauss para mostrar que: (a) E=0
para r<a e (b) que entre os cilindros
.
Figura 3.13: Cilindros concêntricos com cargas iguais
e opostas,
Problema 3 ‐ Qual é o fluxo elétrico através de cada uma das superfícies
na Fig. 3.14? Dê sua resposta em termos de múltiplos de q/ε0.
52
Problema 4 ‐ A esfera (A) e o elipsóide (B) na Fig. 3. 14 são duas
superfícies gaussianas que envolvem a mesma quantidade de carga q.
Quatro estudantes estão discutindo a situação.
André diz que o fluxo através de A e B é o mesmo porque as
superfícies têm o mesmo raio médio. Luís concorda que os
fluxos são iguais, mas porque A e B envolvem cargas iguais.
Pedro diz que o campo elétrico não é perpendicular à superfície
de B, e por isso o fluxo através de B é menor que através de A.
Paulo acha que a lei de Gauss não é aplicável à situação de B, de
forma que não devemos comparar os fluxos através de A e B.
Você concorda com algum destes estudantes? Explique.
Problema 5 – Um dos vértices de um cubo de lado L é posicionado na
oriem de um sistema de eixos, como mostra a figura 3.16. Suponha que
Problema 8 – Um cilindro infinitamente longo, de raio R, contém uma
carga uniformemente distribuída, com densidade r. Mostre que a uma
distância r do eixo do cilindro (r<R),
3.6.‐Referências bibliográficas
Livro Texto
HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; KRANE, K. S. Física. V. 3, 4. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 1996.
Bibliografia complementar
HEWITT, Paul G. Física conceitual. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2002.
TIPLER, P. Física 3. 4. ed. Rio da Janeiro: Guanabara Dois, 1999.
NUSSENZVEIG, H. M. Curso de Física Básica 3: mecânica. São Paulo:
Edgard Blücher, 1996.
54
SERWAY, R. A. Física para cientistas e engenheiros: com Física Moderna.
V. 3. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1997.
3.7‐Web‐bibliografia
http://br.geocities.com/saladefisica3/labortório.htm
http://www.adorofisica.com.br/comprove/mecanica/mec_cine_vetor.ht
ml
55
UNIDADE 4 POTENCIAL ELÉTRICO
RESUMO
Nesta unidade discutiremos e apresentaremos os conceitos de energia
potencial elétrica e potencial elétrico, importantes no desenvolvimento
do formalismo escalar na solução de problemas eletrostáticos. Veremos
que a mesma pode ser armazenada no campo de forças eletrostáticas
conservativas.
56
Sumário
UNIDADE 4: Potencial Elétrico
Paulo Henrique Ribeiro Barbosa
57
4.1 ‐Introdução
Nas unidades anteriores abordou‐se o problema eletrostático usando‐se
o formalismo vetorial. Naquele momento o interesse básico era a
determinação do campo elétrico em um ponto devido a uma
distribuição de cargas. O campo produzido por esta distribuição de
cargas age em qualquer corpo carregado imprimindo‐lhe uma força que
modifica seu estado de movimento. A realização de trabalho da força
elétrica sobre o corpo carregado mostra que energia pode ser
transferida da distribuição de cargas para o corpo carregado e vice‐
versa.
4.2 ‐ Energia Potencial e a Energia Potencial Elétrica
Uma forma simples de entender a energia associada às forças elétricas,
é explorar as semelhanças entre a interação eletrostática entre cargas e
a gravitacional entre massas:
| || |
eletrostática, (4.1)
gravitacional. (4.2)
Foi visto em cursos anteriores que o trabalho realizado pela força
gravitacional para transportar uma massa m2 na presença do campo
gravitacional da outra massa m1 depende somente das posições inicial e
final da massa m2 relativa à partícula de massa m1 e não do caminho
percorrido por esta. Por causa desta propriedade esta força foi
denominada de força conservativa. E quando uma força é conservativa
podemos associar a esta uma energia potencial, . Assim, a diferença
de energia potencial, , à medida que um corpo se move de sua
posição inicial à sua posição final é igual ao trabalho com sinal negativo
realizado pela força:
58
· , (4.3)
. (4.4)
59
que ̂ e ̂ na Eq.4.3 temos, após integração,
1
̂· ̂ ,
4
ou
. (4.5)
A Eq.4.5determina o valor de para qualquer caminho entre um
ponto P1, que está a uma distância r1 de q1 e um ponto P2, que
está a uma distância r2 de q1. Muitas vezes é conveniente escolher
um ponto de referencia que corresponda a uma separação infinita
entre as cargas e, geralmente escolhe‐se ∞ 0. Logo,
omitindo‐se o índice 2 temos,
. (4.6)
Esta expressão fornece a energia potencial elétrica associada a um
ponto r, armazenada pelo sistema de duas cargas puntiformes, q1
e q2, separadas pela distância r.
Observações:
(a) Para q1 e q2 de mesmo sinal:
• Se r1>r2 temos 0;
• Se r1<r2 temos 0.
(b) Para q1 e q2 de sinais diferentes:
• Se r1>r2 temos 0;
• Se r1<r2 temos 0.
1. Se as duas cargas q1 e q2 têm o mesmo sinal e estão
inicialmente infinitamente afastadas. Um agente externo
realizará um trabalho positivo contra a força de repulsão
das cargas para posicioná‐la a uma distância r entre elas.
Então a energia potencial eletrostática do sistema será
aumentada, 0. O agente externo armazenou energia
60
no sistema. Se for permitido que as cargas fiquem soltas
para se repelirem, a energia armazenada no sistema na
forma de energia potencial elétrica terá uma variação
negativa ( 0) e a sua energia cinética terá uma
variação positiva ( 0). A Fig.4.2 mostra esta situação
para este sistema de duas cargas com mesmo sinal e
energia mecânica Em.Observe que a energia mecânica
delimita a máxima aproximação entre duas cargas de
mesmo sinal.
2. Se as duas cargas q1 e q2 têm sinais opostos estando
inicialmente infinitamente afastadas, um agente externo
realizará um trabalho negativo contra a força de atração
entre as cargas para posicioná‐la a uma distância r entre
elas. Então a energia potencial eletrostática do sistema
diminuirá, 0. O agente externo realizou um trabalho
negativo, que fez diminuir a energia do sistema. Se for
permitido que as cargas fiquem soltas para se atrair, a
energia potencial elétrica diminuirá ( 0) e a sua
61
energia cinética aumentaria indefinidamente até colidirem
( 0). A Fig.4.3 mostra o gráfico da energia potencial e
a separação máxima entre as cargas de sinais opostos para
uma determinada energia mecânica negativa (Em<0).
Figura 4.3
No caso de cargas de sinais opostos separadas inicialmente de uma
distância r, um agente externo deve realizar um trabalho positivo igual a
ΔU para separar as cargas a uma grande distância. Esta energia é
chamada de energia de ligação, ou energia de ionização.
Podemos generalizar a definição de energia potencial
eletrostática para um sistema de N cargas. Conceitualmente esta
energia deve ser interpretada como a energia necessária para reunir o
conjunto de N cargas. Toma‐se uma carga como referência, e inicia‐se o
processo de busca das outras cargas. Por exemplo, para trazer a carga q2
a uma distância r12 da primeira carga realiza‐se um trabalho dado por
. Ao acrescentar a carga q3 ao sistema (q1 + q2) realiza‐se
∑, , (4.7)
62
Onde implicitamente supõe‐se válido o princípio da superposição. Esta
expressão acima permite dizer que:
A energia potencial elétrica de um sistema de cargas pontuais fixas em
repouso é igual ao trabalho que deve ser realizado por um agente
externo para reunir o sistema, trazendo cada carga de uma distância
infinita onde ela também está em repouso.
4.3 Potencial Elétrico
Quando tratamos do sistema massa‐mola, constatamos que a energia
potencial do sistema fica armazenada na mola através de sua
compressão ou distensão. Entretanto, quando consideramos duas
cargas positivas (por exemplo) q e q0 e perguntamos onde está
armazenada a energia potencial do sistema (que eventualmente pode
ser transformada em energia cinética das cargas) não temos nenhum
caráter local, como no sistema massa‐mola. Na Unidade 2, definindo o
campo elétrico, , conseguimos separar a carga q, fonte de campo, da
carga q0 que sofre a força devido ao campo da carga fonte, levando ao
esquema,
Ç
ÇÃ Ç
Raciocinando de forma análoga acerca da energia potencial elétrica
devido à interação entre as cargas q e q0 podemos elaborar um esquema
semelhante,
Ç
ÇÃ .
Em analogia com a definição de campo elétrico, para o conjunto de
cargas q e q0, que armazenam a energia potencial U definimos o
potencial elétrico, V, como
, (4.8)
63
onde a carga q0 é a carga de prova usada para detectar o potencial, V,
criado pela carga fonte q em um ponto P do espaço. Invertendo a eq.4.8
podemos escrever a energia potencial como
, (4.9)
mostrando que, uma vez determinado o potencial V criado pelas cargas
fontes naquele ponto, fica fácil determinar a energia potencial U do
conjunto carga fonte+ carga de prova. A Figura 4.4 mostra esta idéia
esquematicamente. A unidade de potencial é o joule (J) por Coulomb (
Figura 4.4
A unidade de potencial é o joule (J) por Coulomb (C), que chamada de
volt (V), no MKS:
1 1 1 / ,
C), em homenagem a Alessandro Volta, que inventou a bateria em 1800.
Propriedades do Potencial Elétrico V.
Embora seja uma idéia abstrata, a utilidade e praticidade do potencial
elétrico serão evidenciadas ao longo deste capítulo. Duas características
essenciais são:
• O potencial elétrico depende somente das cargas fontes e de
sua geometria. O potencial é a capacidade das cargas fontes
interagirem com uma carga q presente. Esta capacidade, ou
potencial, está presente através do espaço independentemente
da presença ou não da carga q.
64
• Se conhecermos o potencial em todo o espaço, imediatamente
conhecemos a energia potencial de qualquer carga q
naquela região do espaço com aquelas cargas fontes.
A energia de uma partícula carregada é dada por seu potencia
elétrico: . Conseqüentemente, partículas carregadas
aceleram ou desaceleram ao se moverem através de uma região
de potencial variável. Dito de outra forma, o estado de
movimento de uma partícula é alterado quando esta é
submetida a uma diferença de potencial (chamada
comumente de ddp ou voltagem), entre o ponto de partida “i” e
o ponto de chegada “f”.
4.4 Cálculo do Potencial Elétrico A Partir do campo Elétrico.
carga de prova q0, que é deslocada de a para b em um campo elétrico ,
sob a ação da força elétrica . Usando‐se a definição de variação
de potencial elétrico e a Eq.4.3 temos
· ·
,
temos,
· . (4.10)
Para ilustrar é calculada a diferença de potencial entre os pontos a
e b de uma carga fonte pontual e isolada. Como o campo de uma
carga pontual é ̂ , e considerando que os pontos a e b
estejam alinhados, por simplicidade ( ̂ ), temos,
̂. ̂ ,
65
A expressão acima dá o potencial no ponto P, a uma distância r de
uma carga pontual q (fonte do potencial).
Podemos generalizar esta expressão para calcular o potencial no
ponto P devido a um conjunto de N cargas pontuais q1, q2, ..., qN
respectivamente distantes de P de r1, r2, ..., rN,
∑ . (4.12)
Quando temos uma distribuição contínua de carga ao longo de
uma linha, numa superfície ou em um volume, divide‐se a carga
em elementos de carga dq, e a soma acima transforma‐se em uma
integral:
, (4.13)
Figura 4.5
do centro do dipolo e a um ângulo θ do eixo do dipolo (eixo z). As
66
distâncias r+ e r‐ localizam as cargas positiva e negativa em relação ao
ponto P. Da Eq. 4.12 temos,
,
que dá o exato valor do potencial no ponto. Em muitas situações
práticas tem‐se interesse na expressão do dipolo para um ponto P muito
distante do dipolo (r>>d). Nesta situação, valem as seguintes
aproximações:
Substituindo a expressão do potencial acima temos,
, (4.14)
4.6 – Potencial de uma Linha de Carga
Como exemplo ilustrativo de uma distribuição contínua de cargas
considere uma barra uniformemente carregada positivamente com
densidade linear λ por unidade de comprimento e orientada ao longo do
Figura 4.6
eixo z. Deseja‐se calcular o potencial elétrico produzido por esta barra
em um ponto no eixo y, posicionado simetricamente em relação ao eixo
z, conforme mostra a Fig.4.6. Aplicando a Eq.4.13 e utilizando o
elemento de carga
67
dq=λdz, e usando‐se que , tem‐se
/
/
. (4.15)
Usando‐se uma tabela de integrais tem‐se
/ /
ln , (4.16)
/ /
onde pode‐se verificar que no limite de L/y→0, este potencial reduz‐se
ao de uma carga pontual,
.
4.7 A Diferença de Potencial Elétrico entre as placas de um
Capacitor
Calcularemos agora a diferença de potencial entre as placas de um
capacitor de placas paralelas a partir do conhecimento do campo
elétrico no espaço entre elas. Da lei de Gauss é fácil mostrar que o
campo elétrico entre as placas de um capacitor de área A e separação s
é
̂ , (4.17)
onde σ é o módulo da densidade superficial de carga da placa de área A
e carga q (Fig.4.7).
Figura 4.7
68
Substituindo a Eq.4.17 na Eq.4.10 e usando ̂ , temos o potencial
no ponto P
̂· ̂ ,
que dá
. (4.18)
0 4.19
4.8 O Cálculo do Campo Elétrico a Partir do Potencial Elétrico
Já discutimos nas seções acima que podemos calcular o potencial se
· . (4.20)
A igualdade entre estas duas integrais leva à igualdade entre os
integrandos para os limites dados:
· . (4.21)
Escrevendo e
encontramos que
.
Suponha que o deslocamento se dá paralelamente ao eixo x
(dy=dz=0) teremos – ou / , .
Como V=V(x,y,z) devemos tratar as derivadas como derivadas
parciais.
69
que são as componentes de em termos de . Podemos
escrever o campo elétrico como
V, (4.23)
onde dizemos que o campo elétrico é o gradiente do potencial
elétrico. O gradiente do potencial ( V) aponta na direção de maior
crescimento do potencial com a posição. Dessa maneira o sentido
de é oposta ao do gradiente.
4.9 – Superfície Equipotencial
Linha de campo ajuda‐nos na visualização dos campos elétricos.
Semelhantemente, o potencial em vários pontos de um campo elétrico
pode ser visualizado por superfícies equipotenciais. Este conceito é
análogo ao conceito de curva de nível usado em topografia. Em um
mapa topográfico, uma superfície equipotencial é uma superfície
tridimensional em que o potencial elétrico, V, tem o mesmo valor em
qualquer ponto desta. Se uma carga de prova q0 é deslocada de um
ponto para outra desta superfície equipotencial sua energia potencial
permanecerá a mesma, ou seja, a força elétrica que atua em q0 devido
ao campo (fonte do potencial) não realiza trabalho líquido na mesma
superfície equipotencial. Conclui‐se então que o campo eletrostático
é sempre perpendicular à superfície de uma equipotencial. Além
disso, duas superfícies equipotenciais não se cruzam, pois significaria
que podemos associar dois campos elétricos resultantes a este ponto de
cruzamento, situação não física. As linhas de campo são curvas,
enquanto as equipotenciais são superfícies curvadas. No caso especial
do campo elétrico uniforme as linhas de campo são linhas retas,
paralelas igualmente espaçadas, enquanto as equipotenciais são
superfícies planas perpendiculares às linhas de campo.
A Fig.4.8 mostra três arranjos de cargas elétricas. As linhas de
campo possuem setas orientadas no plano. As curvas que interceptam
as linhas de campo são as seções transversais das superfícies
70
Esta conclusão pode ser tirada da relação entre o campo e o potencial:
Figura 4.8 :
equipotencial. Como é sempre perpendicular a uma equipotencial
e nulo dentro do condutor em equilíbrio eletrostático, nós podemos
provar este teorema argumentando que quando todas as cargas estão
em repouso, o campo elétrico fora deve ser perpendicular em cada
ponto da superfície do condutor pois do contrário existiriam cargas se
movendo sobre sua superfície, o que violaria a condição de equilíbrio.
Outro teorema acerca de condutores, que pode ser provado com o uso
da lei de Gauss é: No equilíbrio eletrostático, se um condutor possui
uma cavidade interna e se nenhuma carga está presente dentro do
condutor, então não pode existir carga em nenhum ponto dessa
superfície interna desta cavidade.
71
4.10 – Problemas Propostos
Problema 1‐ No movimento de A para B (figura 4.4) ao longo de uma
linha de campo elétrico, o campo realiza 3,94 x 10‐19 J de trabalho sobre
um elétron. Quais são as diferenças de potencial elétrico: (a) VB ‐ VA; (b)
VC –VA; (c) VC – VB?
R.: 2,46 Volts; 2,46 Volts; zero
Figura 4.9
Problema 2 ‐A densidade de carga de um plano infinito é σ=0,10
mC/m2. Qual é a distância entre as superfícies eqüipotenciais cuja
diferença de potencial é de 50 V?
R.: 8,85 mm
R.: 2,44 x 104 N/C; 2928 Volts
72
Problema 4 ‐ Um anel de raio R, carregado positiva e uniformemente, é
colocado no plano yz, com seu centro na origem do sistema de
coordenadas. (a) Construa um gráfico do potencial V em pontos do eixo
x, em função de x. (b) Construa, no mesmo diagrama, um gráfico da
intensidade do campo elétrico E.
Problema 5 ‐ Uma esfera metálica de raio Ra apóia‐se sobre um
pedestal isolante, no centro de uma esfera metálica oca de raio interno
Rb. Existe uma carga +q sobre a esfera interna e uma carga –q sobre a
externa. (a) Mostre que a ddp entre as esferas é
1 1
4
(c) Mostre que a intensidade do campo elétrico em qualquer ponto
entre as esferas é
1
1 1
Problema 7 – Um campo elétrico uniforme aponta na direção positiva do
eixo y. Considere dois pontos no eixo y, A e B, nas posições y=2 m e y=6
m, respectivamente. (a) A diferença de potencial Vb‐Va é positiva ou
negativa? (b) Se Vb‐Va=2x104V qual é a intensidade do campo elétrico?
4.11.‐Referências bibliográficas
Livro Texto
HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; KRANE, K. S. Física. V. 3, 4. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 1996.
73
Bibliografia complementar
HEWITT, Paul G. Física conceitual. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2002.
TIPLER, P. Física 3. 4. ed. Rio da Janeiro: Guanabara Dois, 1999.
NUSSENZVEIG, H. M. Curso de Física Básica 3: mecânica. São Paulo:
Edgard Blücher, 1996.
SERWAY, R. A. Física para cientistas e engenheiros: com Física Moderna.
V. 3. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1997.
4.12‐Web‐bibliografia
http://br.geocities.com/saladefisica3/labortório.htm
http://www.adorofisica.com.br/comprove/mecanica/mec_cine_vetor.ht
ml
74
UNIDADE 5
CAPACITÂNCIA E CAPACITORES
RESUMO
75
Sumário
5 Capacitância e Capacitores
Paulo Henrique Ribeiro Barbosa
76
5.1‐ Definindo Capacitor
Um capacitor em sua forma mais simples é compreendido de dois
condutores, normalmente chamados de “placas”; quando o capacitor
está carregado, as placas têm carga de mesmo módulo, mas de sinais
opostos como mostrado na Fig. 5.1(a). Esta configuração é facilmente
produzida aterrando uma das placas (potencial zero) e carregando a
outra; isto tem o efeito de induzir uma carga de sinal oposto na placa
aterrada (ver Fig. 5.1(b)). O processo de carregamento também pode ser
realizado ligando cada uma das placas aos terminais de uma bateria e
depois de carregada desconectando‐as, as placas ficarão carregadas com
cargas de sinais opostos, mas de mesmo módulo. Em diagramas de
circuitos representaremos um capacitor pelo símbolo .
Figura 5.1: Conjunto de duas placas condutoras formando um capacitor.
Por causa da interação mútua entre as cargas de sinais opostos das
placas, as cargas se distribuem nas superfícies dos condutores de tal
forma que elas ficam confinadas àquelas regiões dos condutores mais
próximas entre si. Dessa forma o fluxo elétrico da placa positiva para a
placa negativa fica confinado principalmente ao espaço entre as placas.
O campo elétrico entre as placas deve ser tal que cada uma é uma
superfície equipotencial e, portanto, as linhas de campo próximas às
superfícies do condutor são perpendiculares à superfície.
77
Istoé +kQ e –kQ, e que portanto cada elemento de superfície do
condutor tem sua carga aumentada de δq para k(δq). Como o potencial
elétrico em qualquer ponto devido a um elemento de carga é
diretamente proporcional a δq, o potencial elétrico em qualquer ponto
deve aumentar por um fator k também. Isto mostra que a diferença de
potencial entre as placas de um capacitor é diretamente proporcional á
quantidade de carga em cada placa do capacitor, isto é,
ou
A constante de proporcionalidade, que é uma propriedade do capacitor
particular envolvido, é chamada de capacitância do capacitor e é
definida como
. (5.1)
A unidade de capacitância no Sistema Internacional é o coulomb por volt
: 1C/V é chamado de 1 farad=1F.
Figura 5.2: Processo de carga de um capacitor por uma bateria
Vamos agora olhar com mais detalhe o processo de carregamento
do capacitor. A Fig.5.2 mostra as duas placas de um capacitor
conectadas por meio de um fio condutor aos terminais de uma bateria.
Como acontece o processo de carregamento? E como estão
relacionadas a diferença de potencial da bateria, ΔVbat, com a diferença
de potencial, ΔV, entre as placas do condutor? A Fig.5.2(a) mostra o
78
capacitor pouco depois que este é ligado à bateria e antes que o mesmo
esteja totalmente carregado.
A “escada rolante de cargas” da bateria está movendo cargas de
uma placa para outra, e é este trabalho feito pela bateria que carrega o
capacitor. A diferença de potencial entre as placas do capacitor, ΔV, está
constantemente crescendo à medida que ocorre a separação contínua
de cargas.
5.2 ‐ Energia Armazenada em um Capacitor
Se as placas de um capacitor são ligadas por um fio de
determinada resistência, uma corrente é estabelecida e o capacitor é
descarregado. Obviamente, a energia está armazenada no capacitor
carregado – a energia armazenada é liberada e aparece na forma de
calor no fio à medida que o capacitor vai sendo descarregado. A energia
armazenada é igual ao trabalho realizado para carregá‐lo.
, (5.2)
ou, em termos da diferença de potencial entre as placas, ,
. (5.3)
79
O valor de C para um capacitor particular depende da forma geométrica
e da disposição das placas, bem como das propriedades elétricas do
meio isolante em que as placas estão imersas. Quando a geometria das
placas exibe um grau suficiente de simetria é relativamente simples
obter uma expressão para a capacitância do sistema. Vejamos alguns
exemplos.
( a) Capacitor de Placas Paralelas
Os condutores de um capacitor de placas paralelas são placas
planas uniformemente separadas como indicado na Figura 5.3. Seja A a
área de cada placa e d a separação entre elas. Se a área das placas é
suficientemente grande (dimensões da placa >>d), a carga Q será
uniformemente distribuída sobre as superfícies das placas e, portanto, o
campo elétrico entre as mesmas será uniforme (efeitos de bordas
desprezíveis). Se o campo elétrico (constante) entre as placas do
capacitor é E, o módulo da diferença de potencial entre as placas é dado
por
e portanto
5.4
Figura 5.3: Capacitor de placas paralelas de área A e separação d
entre as placas.
Mas o campo elétrico entre as placas de um capacitor de placas
Eq.(5.4) temos,
5.5
80
O capacitor de placas é importante porque a sua análise é direta e
porque este produz um campo elétrico uniforme. Entretanto capacitores
e capacitâncias não estão restritos a condutores planos e paralelos.
Quaisquer dois eletrodos, independente da sua forma, podem formar
um capacitor.
(a) Capacitor Cilíndrico
Capacitores são usados em qualquer circuito eletrônico e a forma
mais comum é a cilíndrica. A Figura 5.4 mostra um capacitor cilíndrico
que consiste de dois cilindros coaxiais, de raios a e b e comprimento L.
Considere que o espaço entre os cilindros é vazio (ε0) e que os cilindros
sejam suficientemente longos de forma que o campo elétrico entre os
mesmos é radial. Suponha que o cilindro interno tem uma carga +Q e o
Figura 5.4: Capacitor cilíndrico.
externo uma carga –Q. Do capítulo anterior temos que o campo elétrico
entre as placas de um capacitor cilíndrico é . A diferença
de potencial entre os cilindros é dada por
· ln .
Portanto a capacitância é dada por
. (5.6).
(b) Capacitor Esférico
81
Uma esfera metálica de raio R1 que está dentro de uma esfera
metálica oca de raio R2 e concêntrica a esta, constitui um
capacitor. Para calcular a capacitância necessitamos da
diferença de potencial entre as esferas, que pode ser obtida
̂ e substituindo na expressão:
̂ · ̂
(5.7)
A capacitância é então dada por
4 , (5.8)
mostrando mais uma vez que a capacitância independe da carga
armazenada no capacitor.
Figura 5.5: Capacitor esférico
5.3–Associação de Capacitores
Em muitas aplicações práticas em virtude da não disponibilidade, dois
ou mais capacitores precisam ser associados (combinados) para produzir
uma determinada capacitância com o fim de atender a uma
determinada especificação ou necessidade. Muitas combinações são
possíveis, mas as combinações mais básicas são a associação em série e
a associação em paralelo, que descreveremos abaixo. Antes disso é
82
importante não confundir os termos distintos “capacitores paralelos” e
“capacitor de placas paralelas”. O primeiro se refere a como dois ou
mais capacitores podem se conectar, enquanto o último se refere a
como um capacito é construído.
(a) Associação em Paralelo
Na Figura 5.6 mostramos um arranjo de dois capacitores em paralelo ( as
duas placas positivas estão conectadas entre si formando uma
equipotencial e as placas negativas formando outra equipotencial).
Dessa forma observa‐se que todos capacitores (ou elementos de um
circuito) estão submetidos a uma mesma diferença de potencial, V,
estes estão associados em paralelo. As cargas Q1 e Q2 nas placas não
precisam ter o mesmo valor e devem seguir para os respectivos
capacitores independentemente umas das outras “bombeadas” por uma
bateria, cujos valores são: . A carga total da
combinação ou a carga equivalente do capacitor é dada por
.
Figura 5.6: Associação de capacitores paralelos
. 5.9
83
. 5.10
(b) Associação em Série
A Figura 5.7 mostra dois capacitores combinados em série (um após o
outro).Se os capacitores estão inicialmente descarregados, observa‐se
que após a aplicação de uma diferença de potencial entre as
extremidades da associação as placas dos mesmos adquirem a carga de
mesmo módulo(ver Fig.5.7). Resumindo: “Capacitores associados em
série têm suas placas carregadas com cargas de mesmo módulo”. Assim
ao atravessar cada par de placas identifica‐se as seguintes diferenças de
1 1
.
Como / , onde C é a capacitância equivalente temos
1 1 1
. 5.11
Figura 5.7: Associação de capacitores em série
Estendendo esta relação para um número N qualquer de capacitores em
série temos,
1 1
. 5.12
Foi visto então que para uma associação de capacitores em série todas
as placas dos capacitores da associação têm o mesmo módulo de carga,
84
porém, a diferença de potencial em cada unidade capacitiva é diferente.
A soma das diferenças de potencial em cada capacitor equivale a
diferença de potencial total, V.
Exemplo:
5.4 – Capacitores com Dielétricos
Materiais não condutores como o ar, vidro, papel ou a madeira, são
chamados de dielétricos ou isolantes. Se o espaço entre as placas de
capacitor é preenchido por um dielétrico, a capacitância do capacitor
aumenta por um fator k, conforme observação de Michael Faraday em
1837. A justificativa para este fenômeno é que o campo elétrico entre as
placas do capacitor é enfraquecido pelo dielétrico, bem como sua
voltagem. Como conseqüência, a capacitância do capacitor, Q/V, é
aumentada pelo fator k. O fator adimensional k é característico do
material dielétrico e é denominada constante dielétrica
A energia armazenada em um capacitor de placas paralelas preenchido
com dielétrico é
. (5.12)
Podemos expressar a capacitância C em termos da área e separação das
placas, e a diferença de potencial V em termos do campo elétrico e
separação entre as placas, para obter
.
A quantidade Ad é o volume entre as placas do capacitor que contém o
campo elétrico. Assim, a energia por unidade de volume entre as placas
do capacitor é
. (5.13)
Exemplo: Dois capacitores de placas paralelas, cada um tendo uma
capacitância C1=C2=2 μF, estão conectados a uma bateria de 12 v.
Encontre (a) a cada em cada capacitor e (b) a energia armazenada em
cada capacitor.
Os dois capacitores são então desconectados da bateria e um
dielétrico de constante κ=2.5 é introduzido entre as placas do capacitor
C2. Nesta nova situação, encontre (c) a diferença de potencial entre as
placas do capacitor, e a energia total entre as placas do capacitor.
85
A carga Q e a energia U podem ser encontradas da capacitância de cada
capacitor C e da voltagem V. Depois que os capacitores são removidos
da bateria, a carga total deve permanecer a mesma. Quando o dielétrico
é introduzido entre as placas sua capacitância deve mudar. O potencial
da combinação deve ser encontrado da carga total e da capacitância
equivalente.
(a) A carga em cada capacitor é encontrada de sua capacitância e
de sua voltagem: Q=CV=(2μF)(12V)=24 μC.
dois capacitores é 288 μJ.
(d) A carga em cada capacitor é Q1=C1V=13.7 μC e Q2=C2V=34.3 μC.
A energia armazenada em cada capacitor é
energia é U=U1+U2=165μJ.
5.5 – Problemas Propostos
Problema 5.1 – Uma esfera condutora de raio r=10 cm é carregada a 2
kV. (a) Qual é a quantidade de carga que tem o condutor? (b) Qual é a
capacitância da esfera? (c) Como a capacitância muda se a esfera é
carregada a 6 kV?
Problema 5.2 –Um capacitor tem uma carga de 30μC. A diferença de
potencial entre os condutores é de 400 V. Qual é a capacitância
equivalente?
Problema 5.3 – (a) Se a separação entre as placas de um capacitor de
placas paralelas é d=0.15 mm, qual deve ser a área das placas de forma a
ter uma capacitância de 1F? (b) Se as placas são quadradas qual é o
comprimento do lado?
Problema 5.4 – Metade da carga de um capacitor é removida sem
mudar sua capacitância. Que fração da energia armazenada também é
removida junto com a carga?
86
Problema 5.5 – Três capacitores são conectados numa rede triangular
como mostrado na figura 5.8 abaixo. Encontre a capacitância
equivalente entre os pontos a e c.
Problema 5.6 – Um capacitor a ar,
consistindo de duas placas paralelas
bastante próximas, tem uma capacitância de
1000 pF. A carga em cada placa é de 1 mC.
(a) Qual é a ddp entre as placas? (b) Se a
carga for mantida constante, qual é a ddp
entre as placas se a separação for
duplicada?
Figura 5.8
Problema 5.7 – Um capacitor de 1 mF e
outro de 2 mF são ligados em série a uma fonte de tensão de 1200 V. (a)
Determine a carga de cada um deles e a diferença de potencial através
de cada um. (b) Os capacitores carregados são desligados da fonte e um
do outro e religados com os terminais de mesmo sinal juntos. Determine
a carga final em cada capacitor e a diferença de potencial através de
cada um.
Problema 5.8 – Um capacitor esférico consiste de uma esfera metálica
interna, de raio Ra, apoiada num pedestal isolante situado no centro de
uma esfera metálica oca de raio interno Rb. Há uma carga +Q na esfera
interna e outra –Q na externa. (a) Qual é a ddp Vab entre as esferas? (b)
Prove que a capacitância é
4 .
Problema 5.9 – Na Figura 5.9 C1=2 μF, C2= 6 μF e C3=3.5 μF. (a) Encontre
a capacitância equivalente desta combinação. (b) se as voltagens em
cada capacitores são respectivamente
Vq=100 V, V2=50 V e V2=400 V, qual é a
máxima voltagem entre os pontos a e b.
Problema 5.10 ‐ Um cabo coaxial consiste
de um cilindro condutor, sólido, interno, de
raio Ra, suportado por discos isolantes, ao
longo do eixo de um tubo condutor de raio Figura 5.9
interno Rb. Os dois cilindros são carregados
com cargas opostas, com densidade linear l. (a) Qual é a ddp entre os
87
dois cilindros? (b) Prove que a capacitância de um comprimento L do
cabo é
.
4.11.‐Referências bibliográficas
Livro Texto
HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; KRANE, K. S. Física. V. 3, 4. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 1996.
Bibliografia complementar
HEWITT, Paul G. Física conceitual. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2002.
TIPLER, P. Física 3. 4. ed. Rio da Janeiro: Guanabara Dois, 1999.
NUSSENZVEIG, H. M. Curso de Física Básica 3: mecânica. São Paulo:
Edgard Blücher, 1996.
SERWAY, R. A. Física para cientistas e engenheiros: com Física Moderna.
V. 3. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1997.
4.12‐Web‐bibliografia
http://br.geocities.com/saladefisica3/labortório.htm
http://www.adorofisica.com.br/comprove/mecanica/mec_cine_vetor.ht
ml
88
CAPÍTULO 6: CORRENTE E RESISTÊNCIA ELÉTRICA
RESUMO
Nesta unidade apresentaremos conceitos e princípios que
permitem o cálculo e entendimento de correntes elétricas e resistências
elétricas. A visão microscópica dos condutores permite interpretar a
mudança de comportamento do regime de condução com a mudança de
materiais e de temperatura. Regras práticas como a lei de Ohm, que
permitem cálculos fáceis da resistência de um material, são
apresentadas.
89
6 CORRENTE E RESISTÊNCIA ELÉTRICA
6.1 A corrente elétrica 90
6.2 Corrente e velocidade de deriva 92
6.3 Densidade de corrente, lei de Ohm, condutividade,
resistência e resistividade 96
6.4 Resistência e temperatura 102
6.5 Avanços na área: supercondutividade 104
6.6 Potencia elétrica 105
Questões 109
Problemas 110
Bibliografia 111
90
Nos capítulos anteriores foram estudadas situações em que as
cargas elétricas estavam em repouso. Neste capítulo estudaremos
situações em que as cargas estão em movimento. Por exemplo, quando
ligamos o interruptor de uma lâmpada, conectamos o filamento da
lâmpada a uma diferença de potencial que leva a um fluxo de cargas
através do mesmo. Esta situação é semelhante ao que se observa em
uma mangueira de jardim: a diferença de pressão entre as extremidades
da mesma faz a água fluir través da mangueira. O fluxo de carga elétrica
constitui uma corrente elétrica.
6.1 A corrente elétrica
Na Figura 6.1 observa‐se o movimento de cargas em uma direção
perpendicular à superfície , que poderia ser a área seccional reta
transversal de um fio. A corrente é a taxa com que as cargas fluem
através desta superfície. Suponha que ∆ é a quantidade de carga que
flui através da área de seção reta no tempo ∆ e que a direção de
fluxo é perpendicular à área. Então a corrente média é definida como
∆
6.1
∆
a quantidade de carga dividido pelo intervalo de tempo.
Se a taxa com que a carga flui varia no tempo, a corrente varia no
tempo. Definimos, então, a corrente instantânea como o limite
diferencial da corrente média
Figura 6.1 Movimento de cargas através da área A. A taxa temporal de fluxo de
carga através da área é definida como a corrente I. A direção da corrente é a
direção do fluxo de cargas positivas
91
6.2
A unidade de corrente no Sistema Internacional de Unidades é o
ampere (A)
1 1 ⁄
Está convencionado que a direção da corrente é a direção do fluxo
de cargas positivas. Experimentalmente, desde o início do século
passado, que está comprovado que os elétrons é que são responsáveis
pelas propriedades de condução de eletricidade e energia térmica nos
metais1. Assim, os elétrons movem‐se na direção oposta à direção da
corrente.
EXEMPLO RESOLVIDO 6.1
A quantidade de carga que passa através do filamento de uma
lâmpada em 2,00 s é 1,67 C. Determine (a) a corrente no filamento da
lâmpada e (b) o número de elétrons que passam através do filamento
em 5,00 s.
SOLUÇÃO
∆ 1,67
0,835
∆ 2,00
(b) Para determinar o número de elétrons que passa através do
filamento no intervalo de 5,00 s tomamos o número de elétrons
1
Para mais detalhes consulte referencias sobre física do estado solido, como
por exemplo, C Kittel, Introduction to Solid State Physics, 8ª edition, Wiley,
2004.
92
multiplicado pela carga eletrônica elementar, que é a carga total, e
igualamos a corrente vezes o tempo, de acordo com a Eq. 6.1, isto é,
∆ ∆ 0,835 5,00
Resolvendo para obtemos
0,835 / 5,00
2,61 10 é
1,60 10
Observe que o número de elétrons, passando através de um ponto de
um circuito típico, é muito grande
Exercício 6.1 Suponha que 6,40 10 elétrons passam através de um
fio em 2,00 min. Determine a corrente.
Figura 6.2 Exercício 6.2
6.2 Corrente e velocidade de deriva
uma aceleração devido à força , e adquire uma velocidade adicional
na direção oposta ao campo. Contudo a energia cinética adquirida é
93
rapidamente dissipada pelas colisões com os íons da rede do fio. O
elétron é então acelerado novamente pelo campo. O resultado final
destas repetidas acelerações e dissipação de energia é que o elétron
adquire uma velocidade média pequena chamada de velocidade de
deriva oposta ao campo elétrico.
Figura 6.3 Uma seção de um condutor uniforme de área seccional reta A.
Os portadores de carga movem‐se com uma velocidade e a distância
que eles percorrem no tempo ∆ é dado por ∆ ∆ . O número de
portadores de carga móveis na secção de comprimento ∆ é dado por
∆ , onde é o número de portadores móveis por unidade de volume
94
∆ ú
∆ 6.3
onde é a carga em cada portador. Se os portadores movem‐se com
velocidade média constante, chamada velocidade de deriva, , a
distância que eles se movem no intervalo de tempo ∆ é ∆ ∆ .
Podemos portanto escrever
∆ ∆ 6.4
Se dividirmos ambos os lados desta equação por ∆ , veremos que a
corrente média no condutor é
∆
. 6.5
∆
Figura 6.4 Uma representação esquemática do movimento em ziguezague
de um portador de carga dentro de um condutor. As mudanças abruptas de
direção se devem as colisões com os átomos do condutor. Observe que a
direção de movimento é contrária ao campo elétrico.
Para entender o significado da velocidade de deriva, considere um
condutor no qual os portadores de carga são elétrons livres. Se o
condutor está isolado, estes elétrons sofrem movimento aleatório
semelhantes ao movimento de moléculas em um gás. A velocidade de
deriva é normalmente muito menor que a velocidade média dos
elétrons livres entre as colisões com os átomos fixos do condutor.
Quando uma diferença de potencial é aplicada entre as extremidades do
condutor (diagmos, com uma bateria), um campoo elétrico é criado no
condutor, criando uma força elétrica sobre os elétrons e daí uma
corrente. Na verdade, os elétrons não se movem simplesmente em linha
reta ao longo do condutor. Em vez disso, eles sofrem repetidas colisões
com os átomos do metal, e o resultado é um movimento de ziguezague
95
complicado com apenas uma velocidade média de deriva muito pequena
ao longo do fio, conforme ilustrado na Figura 6.4. A energia transferida
dos elétrons para os átomos do metal durante uma colisão aumenta a
energia vibracional dos átomos e provoca um correspondente aumento
na temperatura do condutor. A despeito das colisões, contudo, os
elétrons se movem lentamente ao longo do condutor em uma direção
oposta a com uma velocidade de deriva v .
Exemplo Resolvido 6.2
Um fio de cobre de calibre 12, usado em construções residenciais típicas,
possui uma seção reta de área com 3,31 10 . Ele transporta uma
corrente de 10,0 . Qual é a velocidade de deriva dos elétrons no fio?
Suponha que cada átomo de cobre contribua com um elétron livre para
a corrente. A densidade do cobre é de 8,92 / .
Solução
Como a corrente é constante, a corrente média durante qualquer
intervalo de tempo é a mesma que a corrente constante: .
Da tabela periódica dos elementos sabemos que a massa molar do
cobre é 63,5 / . Assim um mol de átomos de cobre (1 mol de
qualquer substância contém 6,02 10 átomos). Assim o volume
ocupado por 1 mol de átomos de cobre é
63,5
7,12
8,92 /
Da suposição que cada átomo de cobre contribui com um elétron livre
para a corrente, determinamos a densidade eletrônica no cobre:
6,02 10 é 1,00 10
7,12 1
8,46 10 /
Da equação (6.4) determinamos que a velocidade de deriva é
96
Usando os valores numéricos dados no problema teremos
10,0
8,46 10 1,60 10 3,31 10
2,23 10 /
Este resultado mostra que velocidade de deriva típicas são muito
pequenas. Por exemplo, eletrons se deslocando com uma velocidade de
2,23 10 ⁄ tomaria aproximadamente 75 min para percorrer um
metro! Pode causar surpresa o fato de ligarmos o interruptor e quase
imediamente a luz acende. Em um condutor, mudanças no campo
elétrico que direcionam os elétrons livres, percorrem o condutor com
velocidade próxima à da luz. Assim, quando ligamos o interruptor de
uma lâmpada, os elétrons que já estão no filamento da mesma
experimentam forças elétricas e começam a se movimentar após um
intervalo de tempo da ordem de nanosegundos.
6.6
onde é expresso em unidades SI de amperes por metro quadrado. A
expressão (6.6) é válida apenas se a densidade de corrente é uniforme e
apenas se a superfície com área de secção reta A é perpendicular à
direção da corrente.
97
A densidade de corrente e um campo elétrico são estabelecidos
em um condutor se uma diferença de potencial é mantida através do
condutor. Em alguns materiais, a densidade de corrente é proporcional
ao campo elétrico
6.7
Para muitos materiais (incluindo a maioria dos metais), a razão
da densidade de corrente para o campo elétrico é uma constante
que é independente do campo elétrico que produz a corrente.
Figura 6.5 Um condutor com secção reta uniforme. A densidade de corrente é
uniforme através de qualquer seção reta, e o campo elétrico é constante ao
longo do comprimento.
98
criando no mesmo campo elétrico e corrente. Se o campo é suposto
uniforme, a diferença de potencial está relacionada ao campo através da
equação
∆ 6.8
Portanto, podemos expressar a densidade de corrente no fio como
∆
6.9
Como ⁄ , a diferença de potencial através do fio é
∆ 6.10
A quantidade ⁄ é chamada a resistência do condutor. Podemos
definir a resistência como a razão da diferença de potencial, através de
um condutor, e a corrente no condutor:
∆
6.11
1
1Ω
1
O inverso da condutividade é a resistividade :
1
6.12
6.13
Exemplo Resolvido 6.3
Calcule a resistência de um cilindro de alumínio que tem comprimento
de 10,0 cm e área seccional reta de 2,00 10 . Repita o cálculo
para um cilindro com as mesmas dimensões e feita de vidro tendo
resistividade de 3,0 10 Ω · .
99
Solução
Fazendo uso da Equação (6.12) e da tabela 6.1, podemos calcular a
resistência do cilindro de alumínio da seguinte forma:
0,100
2,82 10 Ω· 1,41 10 Ω
2,00 10
De forma análoga para o vidro determinamos que
0,100
3,0 10 Ω · 1,5 10 Ω
2,00 10
Como podemos observar a grande diferença entre estes cálculos se deve
a resistividade. As resistências de cilindros identicamente definidos de
alumínio e vidro diferem muito: a resistência do cilindro vítreo é 18
ordens de grandeza maior em magnitude que aquela do cilindro de
alumínio.
Tabela 6.1 resistividade de alguns materiais
100
Exemplo Resolvido 6.4
(a) Calcule a resistência por unidade de comprimento de um fio de
níquel‐cromo de calibre 22, que possui um raio de 0,321 .
(b) Se uma diferença de potencial de 10 é mantida através do
comprimento de 1,0 do fio de níquel‐cromo, qual é a corrente no fio?
Solução
A área seccional reta deste fio é
0,321 10 3,24 10
A resistividade do níquel‐cromo (veja tabela 6.1) é de 1,5 10 Ω · m.
Assim, podemos usar a Equação (6.13) para determinar a resistência por
unidade de comprimento
1,5 10 Ω · m
4,6 Ω⁄m
3,24 10
Como o comprimento de 1,0 m deste fio possui uma resistência
de 4,6 Ω, a Equação (6.11) resulta em
∆ 10
2,2
4,6 Ω
Observe da tabela 6.1 que a resistividade do fio de níquel‐cromo é
aproximadamente 100 vezes aquela do cobre. Um fio de cobre com o
mesmo raio teria uma resistência por unidade de comprimento de
apenas 0,052 Ω⁄m.
Devido a sua alta resistividade e sua resistência à oxidação, a liga
níquel‐cromo é freqüentemente usada como dispositivo de
aquecimento em torradeira, ferro de engomar e aquecedores elétricos.
Exemplo Resolvido 6.5
101
o vazamento de corrente através do silício, na direção radial, é algo
indesejado. (O cabo é projetado para conduzir corrente ao longo do seu
comprimento – esta não é a corrente que estamos considerando aqui.)
O raio interno do condutor é 0,500 , o raio externo é
1,75 e o comprimento é 15,0 . Calcule a resistência do silício
entre os dois condutores.
Solução
Figura 6.6 Cabo coaxial (a) Com o espaço entre os dois condutores
preenchido com silício (b) Visão das extremidades, mostrando o
vazamento de corrente.
Neste tipo de problema devemos dividir o objeto, cuja
resistência está sendo calculada, em elementos concêntricos de
espessura infinitesimal , veja Figura 6.6 (b). Iniciamos usando a forma
diferencial da Equação (6.13), trocando o comprimento por como a
distância variável: ⁄ , onde é a resistência de um
elemento de silício de espessura e área superficial . Neste exemplo,
consideraremos como nosso elemento concêntrico representativo um
cilindro oco de silício de raio , espessura , e comprimento , como
mostrado na Figura 6.6. Qualquer corrente que passe do condutor
interno para o externo deve passar radialmente através deste elemento
concêntrico, e a área através do qual esta corrente passa é 2 .
(Esta é área superficial curvada – circunferência multiplicada pelo
comprimento – do nosso cilindro oco de silício de espessura .) Daí,
podemos escrever a resistência do cilindro oco de silício como
102
2
b
ln
2 2 a
640 Ω · m 1,75 cm
ln 851 Ω
2 0,150 0,500 cm
Exercício 6.3 Se a diferença de potencial de 12,0 V é aplicada entre os
condutores internos e externos, qual é o valor da corrente total que
passa entre eles?
Resposta 14,1 mA
6.4 Resistência e temperatura
A resistividade elétrica depende da temperatura. A resistividade
de muitos metais aumenta quando a temperatura aumenta. Sobre um
intervalo limitado de temperatura, a resistividade varia de forma
aproximadamente linear com a temperatura de acordo com a expressão
1 6.14
1 ∆
6.15
∆
103
A Figura 6.7 mostra a dependência da resistividade com a
temperatura. Para materiais condutores (Figura 6.7a) a resistividade
mostra uma dependência linear com a temperatura para a região de
altas temperaturas e não linear para baixas temperaturas (Fig. 6.7 (b)).
Já para semicondutores a resistividade tende a diminuir com a
temperatura de uma forma não constante.
Figura 6.7 Curva resistência versus temperatura para (a) materiais
condutores; (b) detalhe para baixas temperaturas e (c) materiais
semicondutores (c).
Os coeficientes de resistividade com a temperatura são dados na
Tabela 6.1 para vários materiais. Observe que a unidade para é
.
1 6.16
Exemplo resolvido 6.6
Solução
104
76,8 Ω 50,0 Ω
∆ 137
3,92 10 50,0 Ω
6.5 Avanços na área: supercondutividade
Figura 6.8: Gráfico da resistência em função da temperatura para um
material supercondutor.
105
substancialmente mais altas do que as que inicialmente se imaginava
possível. Dois tipos de supercondutores são reconhecidos. Os mais
recentemente identificados são essencialmente materiais cerâmicos
com temperaturas críticas altas, enquanto materiais supercondutores
tais como os observados por Kamerlingh‐Onnes são metais. Se um
supercondutor a temperatura ambiente for identificado, seu impacto
tecnológico pode ser enorme.
6.6 Potência elétrica
Figura 6.9 Circuito simples
Em circuitos elétricos típicos, energia é transferida de uma fonte
tal como a bateria, para algum dispositivo, tal como uma lâmpada ou um
receptor de rádio. Determinaremos uma expressão que permita‐nos
calcular a taxa desta transferência de energia. Primeiro, considere um
circuito simples como aquele mostrado na Figura 6.9 onde imaginamos
que energia esteja sendo fornecida a um resistor. Uma vez que os fios
106
que fazem a conexão também possuem resistência, parte da energia é
fornecida aos fios e parte ao resistor. A menos que observado de outra
forma, suponha que a resistência dos fios é tão pequena comparada à
resistência do elemento de circuito que ignoramos a energia fornecida
aos fios.
Imagine que uma quantidade positiva de carga que está se
movendo no sentido horário em torno do circuito da Figura 6.9 desde o
ponto através da bateria e do resistor e de volta ao ponto .
Identificamos o circuito inteiro como nosso sistema. Quando a carga
move‐se de para através da bateria, a energia potencial elétrica do
sistema aumenta por uma quantidade ∆ enquanto a energia
potencial química na bateria diminui pela mesma quantidade. Contudo,
quando a carga move‐se de para através do resistor, o sistema perde
esta energia potencial elétrica durante colisões de elétrons com átomos
no resistor. Neste processo, a energia é transformada para energia
interna correspondendo a um aumento no movimento vibracional dos
átomos no resistor. Uma vez que desprezamos a resistência dos fios
interconectores, nenhuma transformação de energia corre para os
caminhos e . Quando a carga retorna ao ponto , o resultado
líquido é que parte da energia química na bateria foi fornecida ao
resistor e permanece no resistor como energia interna associada com
vibração molecular.
107
número de barbatanas fornece uma grande superfície em contato com o
ar, de modo que se pode transferir energia através da radiação de calor
para o ar, em altas taxas.
A taxa com que a carga ∆ perde energia potencial ao percorrer
o resistor é dada por
∆ ∆
∆ ∆ 6.17
∆ ∆
onde é a corrente no circuito. Em contraste, a carga ganha novamente
esta energia quando passa através da bateria. Por que a taxa com que a
carga perde energia é igual à potência fornecida ao resistor (que
aparece como energia interna), temos
∆ 6.18
Neste caso, a potência é fornecida ao resistor por uma bateria. Contudo,
podemos usar a Equação (6.18) para determinar a potência transferida
para qualquer dispositivo portando uma corrente I e tendo uma
diferença de potencial ∆ entre seus terminais.
Usando a Equação (6.18) e o fato que ∆ para um resistor,
podemos expressar a potência fornecida para o resistor nas formas
alternativas
∆
6.19
108
fornecida pela fonte fem pode ser expressa como , que é igual a
potência liberada para o resistor, .
Exemplo Resolvido 6.7
Solução
(a) Como ∆ , temos
∆ 120
15,0
8,00 Ω
Determinamos a potência usando a expressão :
(b) Como a diferença de potencial aplicada será duas vezes maior que a
diferença de potencial do item (a) a Equação (6.18) nos diz que a
corrente no aquecedor será duas vezes maior e da Equação (6.19)
tiramos que a potência será quatro vezes maior já que temos o fator
quadrático na diferença de potencial.
Exemplo resolvido 6.8
Solução
A potência usada pelo forno é
Como a energia consumida é igual ê , a quantidade de
energia pela qual devemos pagar é
109
4,80 4 19,2
Se a energia é comprada ao preço estimado de 50 centavos por kilowatt
hora, o custo do cozimento será
$ 0,50
19,2 $ 9,60
Exercício Quanto custa manter uma lampada de 100 ligada por 24
horas se a companhia de eletricidade (CEPISA) cobra $ 0,50/ ?
Questões
Q1 Fazendo uma analogia entre corrente elétrica e o fluxo do trafego de
automóveis, o que corresponderia à carga? E o que corresponderia a
corrente?
Q2 Que fatores afetam a resistência de um condutor?
Q3 Qual a diferença entre resistência e resistividade?
Q4 Todos os condutores obedecem à lei de Ohm? Dê exemplos que
justifiquem suas respostas.
Q5 Vimos que um campo elétrico deve existir dentro de um condutor
através do qual flui uma corrente. Como isto é possível, se em
eletrostática, havíamos concluído que o campo elétrico deve ser nulo no
interior de um condutor?
Q7 Explique como a corrente pode persistir em um supercondutor sem a
necessidade de aplicarmos uma voltagem.
Q8 Se as cargas fluem muito lentamente através de um metal, por que
não são exigidas várias horas para que a lâmpada comece a iluminar
após acionar o interruptor?
110
Q9 Duas lâmpadas, ambas operando com tensão de 120 . Uma tem
potência de 25 W e a outra de 100 W. Que filamento tem resistência
mais alta? Através de que filamento flui maior corrente?
Problemas
P1 Um fio de raio 1,6 porta uma corrente de 0,092 . Quantos
elétrons cruzam um ponto fixo no fio em 1 ?
P2 Portadores de cargas em um semicondutor possui densidade de
número 3,5 10 / . Cada portador possui uma
carga cuja magnitude é aquela da carga de um elétron. Se a densidade
de corrente é 7,2 10 / , qual é a velocidade dos portadores de
carga?
P3 A densidade de elétrons portadores de carga no cobre é 8,5
10 / . Se a corrente de 1,2 flui em um fio com raio de
1,8 , qual é a velocidade dos elétrons? Como esta velocidade muda
em um segundo fio, de diâmetro igual a 2,4 , conectado ponta com
ponta com o primeiro fio?
P4 Um fio de alumínio de área igual 50 colocado ao longo do eixo
passa 10.000 em 1 . Suponha que existe um elétron livre por cada
átomo de alumínio. Determine a corrente, a densidade de corrente, e a
velocidade de deriva. A densidade de massa do alumínio é de 2,7 /
.
P5 Ouro possui um elétron por átomo disponível para transportar carga.
Dado que a densidade de massa do ouro é 1,93 10 / e que seu
peso molecular é igual a 197 / , calcule a velocidade de deriva dos
elétrons em um fio de ouro que porta 0,3 e tem uma secção reta
circular de raio igual a 0,5 .
111
P6 Você dispõe de dois cilindros feitos do mesmo material. O pedaço 2
possui metade do comprimento e metade do diâmetro do pedaço 1.
Qual é a razão das resistências dos dois pedaços.
P7 A condutividade da prata é 1,5 vezes aquela do ouro. Qual é a razão
do diâmetro de um fio de prata para aquele de um fio de ouro do
mesmo comprimento se ambos os fios são projetados para ter a mesma
resistência?
P8 Um fio aterrado feito de alumínio tem comprimento de 528 e área
de 0,12 . (a) Qual é a sua resistência? (b) Qual é o raio de um fio de
cobre do mesmo comprimento e resistência?
P9 Qual é a voltagem máxima que pode ser aplicada a um resistor de
1000 Ω com potencia de dissipação de 1,5 ?
P10 Seu irmão menor deixa uma lâmpada de 100 ligada
desnecessariamente por uma hora. Supondo que potencia elétrica
custam 50 centavos por kilowatt‐hora, qual é o custo por seu mau uso?
P11 Um estudante de pós‐graduação em engenharia possui uma coleção
de resistores de 100 Ω com diferentes taxas de dissipação de energia
iguais a 1/8, ¼, ½, 1 e 2W. Qual é a corrente máxima que o estudante
deveria usar em cada resistor?
P12 Qual é a corrente máxima permitida para (a) um resistor de 160 Ω,
5 ? (b) Um resistor de 2,5 Ω, 3 ?
BIBLIOGRAFIA
TIPLER P. A., MOSCA G. Physics for scientists and Engineers, sixth
edition, Freeman, New York, 2008.
HALLIDAY D., Resnick R., Walker J., Física Fundamental, vol 3, Livros
Técnicos Científicos S. A., Rio de Janeiro, 2004
HALLIDAY D., RESNICK R., KRANE S., Física vol. 3, LTC, Rio de Janeiro,
2000
HEWITT P, Física Conceitual, Longman, 9ª edição, Rio Grande do Sul,
200x
112
NUSSENZVEIG, H. M., Física Básica vol. 3, Edgard Blucher, x Ed., Rio de
Janeiro, 200X
CUMMINGS K., LAWS P., REDISH E., COONEY P., Understanding Physics,
John Wiley, New York, 2004.
YOUNG H. D., FREEDMAN, R. A. Física 3: Eletromagnetismo, Pearson,
São Paulo, 2008.
113
CAPÍTULO 7: CIRCUITOS ELÉTRICOS
RESUMO
Neste capítulo apresentaremos a noção de circuitos elétricos e
diagramas de circuitos, bem como, regras de calculo para a
determinação de correntes e resistências em elementos do circuito.
114
7 CIRCUITOS ELÉTRICOS
7.1 Elementos e diagramas de circuitos 115
7.2 Força eletromotriz 117
7.3 Associação de resistores 119
7.3.1 Resistores em série 119
7.3.2 Resistores em paralelo 120
7.4 Leis de Kirchoff e circuito básico 122
7.5 Circuitos RC 129
Questões 136
Problemas 137
Bibliografia 139
115
No interior de aparelhos de TV, de computadores, de aparelhos de
som ou mesmo do teclado de um microcomputador encontramos
circuitos que apresentam grau de complexidade bem maior do que os
circuitos simples que foram mostrados no capítulo anterior. Todos estes
circuitos incluem diversas fontes, resistores e outros elementos, tais
como capacitores, transformadores e motores, interconectados em uma
rede.
7.1. Elementos e diagramas de circuitos
A Figura 7.1 mostra um circuito elétrico no qual um resistor e um
capacitor estão conectados por meios de fios a uma bateria. Para
entender o funcionamento deste circuito precisamos de uma descrição
gráfica mais abstrata chamada diagrama do circuito. O diagrama do
circuito é uma descrição lógica dos elementos que estão conectados
entre i. O circuito real, uma vez construído, pode aparentar
completamente diferente do diagrama do circuito, mas terá a mesma
lógica e conexões.
Figura 7.1 Um circuito elétrico
116
Figura 7.2 Uma mostra de símbolos básicos usados para desenhar circuitos
eletrônicos
Num diagrama de circuitos as imagens dos elementos de circuitos
são trocadas por símbolos. A figura 7.2 mostra os símbolos básicos
necessários para tal descrição. Nesta Figura estão mostradas as
representações para bateria, fios, resistores, filamentos, junções, chaves
e capacitores. No curso Física IV será visto circuitos com elementos
relacionados às propriedades magnéticas do meio, como o indutor.
Exercício: Quais dos diagramas mostrados na Figura 7.4 representam o
mesmo circuito?
Figura 7.4
117
7.2 Força Eletromotriz
Figura 7.5 Circuito elétrico consistindo de um resistor conectado aos
terminais de uma bateria
Figura 7.6 (a) Diagrama de circuito de uma fonte de fem (neste caso, uma
bateria), de resistência , conectada a um resistor externo de resistência .
(b) Representação gráfica mostrando como o potencial elétrico muda
quando o circuito na parte (a) é percorrido no sentido horário.
118
Contudo, porque uma bateria real sempre tem alguma resistência
interna , a voltagem entre os terminais não é igual a fem para uma
bateria em um circuito no qual existe uma corrente. Para entender
porque isto acontece, considere o diagrama de circuito mostrado na
Figura 7.6 (a), onde a bateria da Figura 7.5 é representada pelo
retângulo tracejado contendo uma fem em série com uma resistência
interna . Agora imagine um movimento através da bateria no sentido
horário de para e medindo o potencial elétrico em vários locais.
Quando passamos do terminal negativo para o terminal positivo, o
potencial aumenta pela quantidade . Contudo quando nos movemos
através da resistência o potencial decresce da quantidade , onde é
a corrente no circuito. Assim, a voltagem entre os terminais da bateria
∆ é
∆ 7.1
7.2
Resolvendo para a corrente resulta em
7.3
119
. Se é muito maior que , como é em muitos circuitos do mundo real,
obtemos
7.4
7.3 Associação de resistores
A análise de um circuito pode ser simplificada trocando dois ou
mais resistores por um único resistor equivalente que transporta a
mesma corrente quando é aplicada a mesma diferença de potencial que
é aplicada aos resistores originais. A troca de um conjunto de resistores
por um resistor equivalente é semelhante a troca de um conjunto de
capacitores por um capacitor equivalente, discutido no capítulo 5.
7.3.1 Resistores em série
Figura 7.7 (a) Conexão em série de dois resistores e . A corrente em
é a mesma que em . (b) Diagrama de circuito para o circuito de dois
resistores. (c) Os resistores trocados por um único resistor tendo a
resistência equivalente
ditos estarem conectados em série. A diferença de potencial através do
resistor é e a diferença de potencial através do resistor é
A diferença de potencial através dos dois resistores é igual a soma das
diferenças de potencial individuais:
120
7.5
A resistência equivalente
7.6
7.7
7.3.2 Resistores em paralelo
Dois resistores que estão conectados como na Figura 7.8, tal que
estejam com a mesma diferença de potencial através de suas
extremidades, estão associados em paralelo. Seja a corrente a corrente
que vai do ponto ao ponto . No ponto a corrente divide‐se em
duas partes, flui através do resistor e através do resistor . A
corrente total é a soma das correntes individuais:
7.8
7.9
Figura 7.8 Conexão em paralelo de dois resistores e . A diferença de potencial através
de é a mesma que aquela através de . (b) Diagrama de circuito para o circuito de dois
resistores. (c) Os resistores trocados por um único resistor equivalente tendo resistência
equivalente .
121
7.10
Resolvendo esta equação para e usando o resultado (7.4), obtemos
7.11
1 1 1
7.12
Este resultado pode ser generalizado para combinações, de mais de dois
resistores associados em paralelo:
1 1 1 1
7.13
Exercício Resolvido
Quatro resistores estão conectados como mostrado na Figura 7.7.
Solução
(a) A combinação de resistores pode ser reduzida em
passos, como mostrado na Figura 7.7. Os resistores de
8,0 Ω e 4,0 Ω estão em série; assim a resistência
equivalente entre e é de 12,0 Ω. Os resistores de
6,0 Ω e 3,0 Ω estão em paralelo, de forma que da
Equação (7.8) calculamos que a resistência
Figura 7.7 equivalente de para é de 2,0 Ω Assim a resistência
122
equivalente entre e é , .
(b) As correntes nos resistores 8,0 Ω e 4,0 Ω são as mesmas por que
eles estão em série. Além disso, é a mesma corrente que existiria no
resistor equivalente submetido à diferença de potencial de 42 .
Portanto, usando que / e o resultado da parte (a), obtemos
42,0
3,0
14,0 Ω
Esta é a corrente nos resistores de 8,0 Ω e 4,0 Ω. Quando esta corrente
entra na junção em , contudo, ela divide‐se, com uma parte fluindo
através do resistor de 6,0 Ω ( ) e a outra parte através do resistor de
3,0 Ω ( ). Como a diferença de potencial é através destes resistores
(uma vez que eles estão associados em paralelo), vemos que
6,0 Ω 3,0 Ω , ou seja, 2 . Usando este resultado e o fato
que 3,0 , determinamos que 1.0 e 2,0
7.4 Leis de Kirchoff e circuito básico
Existem muitos circuitos simples, tais como o mostrado na Figura
7.8, que não podem ser analisados meramente trocando combinações
Figura 7.8 Um exemplo de circuito simples que não pode ser analisado
trocando combinação de resistores em série ou paralelo por suas
resistências equivalentes. A queda de potencial através de e não são
iguais devido a fonte fem , assim estes resistores não estão em paralelo.
(resistores em paralelo deveriam está conectados aos mesmos pontos –
mesma diferença de potencial.) Os resistores não transportam a mesma
corrente, de modo que não estão em série.
123
de resistores por uma resistência equivalente. As duas resistências e
neste circuito parecem estar em paralelo, mas não estão. A diferença
de potencial não é a mesma através de ambos os resistores devido a
presença da fem em série com . Nem e estão em série ,
porque eles não transportam a mesma corrente.
1. Quando qualquer circulação em circuito fechado é executada,
a soma algébrica das variações no potencial deve ser igual a
zero.
2. Em qualquer junção (nó) de um circuito onde a corrente pode
ser dividida, a soma das correntes entrando na junção deve
ser igual a soma das correntes saindo da junção.
A primeira regra de Kirchoff, chamada de regra das malhas, segue
diretamente da conservação da energia. Se tivermos uma carga em
algum ponto onde o potencial é , a energia potencial da carga é .
Quando a carga percorre uma malha em um circuito, ele perde ou ganha
energia ao passar através de resistores, baterias, ou outros dispositivos,
mas quando chega de volta ao ponto de onde partiu, sua energia deve
Figura 7.9 (a) Regra do nó de kirchoff. Conservação da carga exige que toda
corrente entrando em uma junção deve deixar esta junção. Portanto
. (b) O análogo mecânico da regra do nó: a quantidade de água
fluindo para fora através dos ramos à direita deve ser igual a quantidade
fluindo para dentro através do único ramo à esquerda.
ser novamente . Isto é, a variação total no potencial deve zero.
A segunda regra de Kirchoff, chamada regra do nó, segue da
conservação da carga. A Figura 7.9 (a) mostra a junção de três fios
portando correntes , e . Como cargas não estão sendo criadas e,
124
tampouco, sendo acumuladas neste ponto, a conservação implica a
regra da junção, que para este caso resulta em
7.14
Exemplo Resolvido
Como um exemplo do uso da regra da malha de Kirchoff,
considere o circuito mostrado na Figura 7.10 contendo duas baterias
com resistências internas e e três resistores externos. Desejamos
determinar a corrente em função das forças eletromotrizes (fem’s).
Solução
Figura 7.10 Circuito contendo duas baterias e três resistores externos. Os
sinais mais e menos sobre os resistores existem para nos ajudar a
relembrar que lado de cada resistor está no potencial mais alto em relação
a direção de corrente que nos convencionamos.
125
na figura. Observe que encontramos queda de potencial quando
atravessamos a fonte de fem entre os pontos e e um aumento
quando atravessamos a fonte de fem entre os pontos e . Iniciando no
ponto , obtemos da regra das malhas de Kirchoff que
0 7.15
Resolvendo para a corrente , obtemos
7.16
Exemplo Resolvido
Para analisar circuitos contendo mais de uma malha, precisamos usar as
duas regras de Kirchoff, com a regra dos nós (junção) aplicada a pontos
onde corre divisão de corrente em duas ou mais partes.
(a) Determine a corrente em cada parte do circuito mostrado na Figura
7.11
(b) Determine a energia dissipada no resistor de 4 Ω em 3 .
Figura 7.11 Circuito dom duas malhas
Solução
126
exatamente a mesma informação. As outras duas condições são obtidas
aplicando a regra da malha. Existem três malhas no circuito: as duas
malhas interiores, e , e a malha externa .
Podemos usar quaisquer duas destas malhas – a terceira dará
informação redundante. A direção da corrente de para não é
conhecida antes de o circuito ser analisado. Os sinais mais e menos
sobre o resistor 4 Ω são para a direção convencionada de de para .
(a) Para determinar as correntes em cada malha seguiremos os passos
abaixo.
Aplicando a regra dos nós ao ponto :
. 7.17
Aplicando a regra das malhas a malha mais externa,
Dividindo a equação acima por 1 Ω, relembrando que 1 / 1 1 ,
então simplificando
7 3 5 0 7.19
Para obter a terceira condição, aplicamos a regra das malhas à malha da
esquerda, , obtemos
12 4Ω 3Ω 0 7.20
Ou após a simplificação ao dividir por 1 ficamos com
Subtraindo (7.22) de (7.23) ficamos então com
Substituindo o valor de na (7.15) obtemos
7 3
1,5 0,5
5 5
127
Determinado e , usando a Equação (7.17) pode‐se calcular
(b) A potencia dissipada no resistor de 4Ω é
1,5 4Ω 9 W
A energia total dissipada no intervalo de tempo é
9 3 27
Exemplo resolvido
Determine a corrente em cada parte do circuito mostrado na Figura
7.12. Desenhe o diagrama circuito com os módulos e direções corretas
da corrente em cada parte. (b) Atribua 0 ao ponto e então
determine o potencial nos outros pontos de a até .
Solução
Figura 7.12
Assim vamos seguir por etapas na solução deste problema.
128
Vamos inicialmente determinar a resistência equivalente para os
resistores em paralelo de 3 Ω e 6 Ω mostrados na Figura 7.12 entre os
pontos e . Usando a Equação 7.13 obtemos que
2 Ω 7.24
7.25
2 3 7.27
Aplicando a regra das malhas a malha , obteremos
que após aplicarmos o resultado (7.25) e fazer as simplificações devidas
resulta em
Figura 7.13 o mesmo circuito que na Figura 7.12 indicando as
correntes circulando que circulam em cada malha do circuito.
129
Resolvendo as equações (7.27) e (7.29) para as correntes e
obteremos que 2 e 1 . Assim da (7.25) tiramos que
3 .
Assim poderemos fazer um mapa do circuito indicando o valor do
potencial em cada um dos pontos indicados no circuito da Figura 7.12,
tomando o ponto como tendo potencial nulo.
21 21
3 2 21 6 15
15
Agora o leitor pode fazer diversos testes. Por exemplo, entre os pontos
e , circula a corrente 3 atraves do resistor de 3 . Assim a
queda de potencial ou diferença de potencial Δ 9 .
Portanto o potencial no ponto é de 9 .
7.6 Circuitos RC
Um circuito contendo resistor e capacitor é chamado um circuito RC. A
corrente em um circuito RC flui em uma unida direção, como em todos
os circuitos de corrente contínua, mas o valor da corrente varia com o
tempo. Um exemplo prático de um circuito RC é o circuito no flash
acoplado a uma câmera. Antes que um flash fotográfico seja disparado,
uma bateria acoplada ao flash carrega o capacitor através de um
resistor. Quando o processo de carga está completo, o flash está pronto.
Quando a imagem é capturada, o capacitor descarrega atravavés do
filamento da lâmpada. O capacitor é então recarregado pela bateria, e
num curto intervalo de tempo o flash está pronto para uma outra
fotografia. Usando as regras de Kirchoff, podemos obter equações para
130
carga e a corrente como funções do tempo para ambos os processos
de carga e descarga do capacitor através do resistor.
Figura 7.14 (a) Um capacitor em série com um resistor, chave e bateria. (b)
Diagrama de circuito representando este sistema no instante 0, antes a
chave seja fechada. (c) Diagrama de circuito num instante 0, após a
chave ter sido fechada.
0 7.30
131
onde / é a diferença de potencial através do capacitor e é a
diferença de potencial através do resistor. Observe que e são valores
instantâneos que dependem do tempo (contrario aos valores
estacionários) enquanto o capacitor está sendo carregado.
7.31
Neste instante a diferença de potencial entre os terminais da bateria
aparece inteiramente através do resistor. Mais tarde quando capacitor
está carregado com seu valor máximo , a carga deixa de fluir, a
corrente no circuito é zero, e a diferença de potencial entre os terminais
da bateria aparece totalmente através do capacitor. Dessa forma 0 e
carga no capacitor, usando a Equação (7.30) será
7.32
7.33
Após a separação de variáveis a Equação (7.33) pode ser escrita como
1
7.34
Integrando (7.34) e observando que 0 0, obtemos
1
ou ainda,
1
ln
RC
Daí segue que
132
/ /
1 1 7.35
Usando a definição de corrente / , determinamos que
7.36
Os gráficos da carga e da corrente no capacitor em função do
tempo estão mostrados nas Figuras 7.15(a) e 7.15(b). Observe da Figura
7.15 (a) que a carga é zero no instante 0 e aproxima‐se do valor
máximo quando ∞. A quantidade , que aparece nos
expoentes das Equações (7.35) e (7.36), é chamada a constante do
tempo de relaxação do circuito. Representa o tempo que a corrente
leva para atingir o valor / 0,368 . De forma semelhante
representa o tempo para a carga passar do valor zero em 0 para o
valor 1 1/ 0,632 .
Figura 7.15 (a). Gráfico da carga do capacitor em função do tempo para o
circuito exibido na Figura 7.14. A carga aproxima‐se do seu valor máximo
quando t ∞. Atinge o valor de 63,2 % da carga máxima quando . (b)
Gráfico da corrente em função do tempo para o circuito da Figura 7.14. A
corrente é máxima em 0, / e decai para zero quando t ∞.
Atinge o valor 36,8 % do valor inicial quando .
133
Figura 7.16 Um capacitor carregado conectado a um resistor e uma chave,
que está aberta em 0. (b) Após a chave ser fechada, uma corrente que
decresce em modulo com o tempo é estabelecida na direção mostrada, e a
carga no capacitor decresce exponencialmente com o tempo.
pertencem ao circuito mostrado na Figura 7.16, que consiste também de
uma chave. A carga inicial é e a diferença de potencial através do
capacitor é igual a / e zero através do resistor uma vez que 0.
Quando a chave é fechada em 0, o capacitor começa a descarregar
através do resistor. Em algum instante durante a descarga, a corrente
no circuito é e carga no capacitor é .
A aplicação das regras de Kirchoff ao circuito da Figura 7.16, após
fechar a chave, fornece a seguinte relação
0 7.37
/
7.38
Diferenciando a expressão (7.38) com respeito ao tempo obtemos
a corrente instantânea como função do tempo
/
7.39
/ é a corrente inicial. O sinal negativo indica que a direção da
corrente agora que o capacitor está descarregando é oposta a direção
de quando o capacitor está sendo carregado. Tanto a carga no capacitor
quanto a corrente no circuito decai exponencialmente a uma taxa
caracterizada pela constante de tempo .
Exemplo resolvido
Um capacitor descarregado e um resistor
estão conectados em série a uma bateria,
como mostrado na Figura 7.17. Se
12,0 , 5,00 , e 8,00
10 Ω, determine a constante de tempo
do circuito, a carga máxima no capacitor, Figura 7.17
a corrente máxima no circuito, e a carga e
134
corrente como função do tempo.
Solução
/ ,
60,0 1
/ ,
15,0
Graficos destas funções são mostrados nas Figuras 7.18
Figura 7.18
Resposta: 37,9 e 5,52
Exemplo resolvido
(a) Após quantas constantes de tempo a carga no capacitor estará
reduzida a 1/4 do seu valor inicial?
135
(b) A energia armazenada no capacitor decresce com o tempo quando o
capacitor descarrega. Após quantas constantes de tempo esta energia
Figura 7.19
armazenada será um quarto do seu valor inicial?
Solução
(a) A carga sobre o capacitor varia com o tempo de acordo com a
Equação (7.38). Para determinar o tempo que ela toma para ser
reduzida a um quarto do seu valor inicial, isto é, /4 pode ser
obtido resolvendo (7.38) para :
/
4
O que resulta, após simplificações em
1 /
ln 4 4 1,39
4
/
/ /
2 2 2
/ /
ln 4 0,693
136
Exercício Após quantas constangte de tempo a corrente no circuito
estará reduzida a metade do seu valor inicial
Resposta:0,693 0,693
QUESTÕES
Q2 Sob que condições a diferença de potencial através dos terminais de
uma bateria é igual a sua fem? Pode a voltagem entre os terminais
exceder a fem? Explique.
Q3 A direção da corrente através dos terminais de uma bateria é sempre
do terminal negativo para o terminal positivo? Explique.
Q7 Qual a vantagem que pode existir em usar dois resistores idênticos
em paralelo conectados em série com outro par idêntico em
paralelo, em vez de usar exatamente um único resistor?
Q8 Uma lâmpada incandescente conectada a uma fonte de 120 V com
um fio de extensão curto fornece mais iluminação que a mesma
lâmpada conectada a mesma fonte com um fio de extensão mais
longo. Explique por que.
Q9 Quando a diferença de potencial através de um resistor pode ser
positiva?
Q10 Qual a vantagem que a operação em 120 oferece em relação a
240 ?
137
Q11 Quando eletricistas trabalham com fios que estão energizados (fio
fase), freqüentemente eles usam as costas das suas mãos ou dedos
para mover os fios. Por que será que eles empregam esta técnica?
Q12 Que procedimento você usaria para tentar salvar uma pessoa que
está “grudado” a um fio energizado de alta voltagem sem colocar
em risco sua própria vida?
PROBLEMAS
P1 (a) Qual é a corrente em um resistor de 5,60 Ω conectado a uma
bateria que possui uma resistência interna de 0,200 Ω se a voltag em
entre os terminais da bateria é 10,0 ? (b) Qual é a fem da bateria?
P2 Duas baterias de 1,50 – com seus terminais positivos na mesma
direção – estão inseridas em série no tambor de uma luz de flash. Uma
bateria tem resistência interna de 0,255 Ω, a outra uma resistência
interna de 0,153 Ω. Quando a chave é fechada, uma corrente de 600 mA
aparece na lâmpada. (a) Qual é a resistência da lâmpada? (b) Qual é a
porcentagem da potencia das baterias que é
consumida nas próprias baterias, quando
observamos um aumento de temperatura?
138
P6 Usando as regras de Kirchhoff determine a corrente em cada resistor
mostrado na Figura 7.22 e (b) determine a diferença de potencial entre
os pontos e . Que ponto está no potencial
mais alto?
139
BIBLIOGRAFIA
TIPLER P. A., MOSCA G. Physics for scientists and Engineers, sixth
edition, Freeman, New York, 2008.
HALLIDAY D., Resnick R., Walker J., Física Fundamental, vol 3, Livros
Técnicos Científicos S. A., Rio de Janeiro, 2004
HALLIDAY D., RESNICK R., KRANE S., Física vol. 3, LTC, Rio de Janeiro,
2000
HEWITT P, Física Conceitual, Longman, 9ª edição, Rio Grande do Sul,
200x
NUSSENZVEIG, H. M., Física Básica vol. 3, Edgard Blucher, x Ed., Rio de
Janeiro, 200X
CUMMINGS K., LAWS P., REDISH E., COONEY P., Understanding Physics,
John Wiley, New York, 2004.
YOUNG H. D., FREEDMAN, R. A. Física 3: Eletromagnetismo, Pearson,
São Paulo, 2008.
140
CAPÍTULO 8: O CAMPO MAGNÉTICO
RESUMO
Neste capítulo apresentaremos os conceitos de campo
magnético e sua detecção. Para entender a dinâmica de cargas e
correntes colocados na presença de campo magnético discutiremos
conceitos como o de torque, energia potencial magnética e de momento
magnético. O conceito de momento magnético tem um papel especial
dada sua relação com o conceito de spin em mecânica quântica.
141
8 O CAMPO MAGNÉTICO
8.1 Magnetismo 142
8.2 O campo magnético e suas fontes 145
8.3 Movimento de uma partícula carregada em um campo
magnético 148
8.4 Aplicações envolvendo movimento de partículas carregadas
na presença de campo magnético 150
8.5 A força magnética agindo sobre um condutor portando
corrente elétrica 152
8.6 Torque 157
Questões 161
Problemas 163
Bibliografia 165
142
8.1 Magnetismo
O Frances Pierre de Maricourt observou que as direções que uma
agulha colocada em vários pontos sobre a superfície de uma esfera feita
de material magnético formava linhas que se iniciavam em um ponto e
finalizavam em outro ponto diametralmente oposto ao primeiro. A estes
pontos ele chamou de pólos do magneto. Estudos posteriores
mostraram que qualquer material magnético independente da forma
possui estes dois pólos, que exercem forças sobre outros pólos
magnéticos, de forma análoga as cargas elétricas que exercem forças
umas sobre as outras.
143
Os nomes dados aos pólos, pólo sul e pólo norte, receberam estes
nomes devido ao modo como se comportam na presença do campo
magnético terrestre. Se uma barra magnética é suspensa pelo seu ponto
médio e pode oscilar livremente em um plano horizontal, ele sofrerá
uma rotação até que seu pólo norte aponte para o Pólo Norte geográfico
da Terra e o seu pólo sul aponte para o Pólo sul da Terra. Esta é a idéia
básica usada na construção das bússolas.
Figura 8.1 Linhas do campo magnético da Terra desenhadas por limalha de
ferro em torno de uma esfera uniformemente magnetizada. As linhas de
campo saem do pólo magnético norte, que está próximo ao pólo sul
geográfico, e entram no pólo sul magnético, que está próximo ao pólo
norte geográfico.
Em 1600 William Gilbert (1540 – 1603) estendeu os experimentos
de Maricourt a uma variedade de materiais. Usando o fato que a agulha
da bussola orienta‐se em direções privilegiadas, ele sugeriu que a Terra
em si é uma grande magneto permanente. Em 1750 experiencias usando
uma balança de torção mostraram que os polos magneticos exercem
forças, atrativas ou repulsivas, uns sobre os outros e que estas forças
variam com o inverso do quadrado da distância. A Figura 8.2 ilustra estes
resultados.
144
Figura 8.2 Dois pólos iguais se repelem, mas dois pólos
diferentes são atraídos.
Embora a força entre dois polos magneticos tenha caráter similar
a força entre cargas elétricas, existe uma diferença importante. Cargas
elétricas podem ser isoladas (exemplo do elétron e proton), enquanto
um único polo magnetico isolado nunca foi observado. Isto é, polos
magnéticos são sempre encontrado em pares.
A relação entre magnetismo e eletricidade foi descoberta em 1819
pelo cientista Hans Christian Oersted, que durante uma demonstração
para seus alunos observou que a passagem de corrente através de um
fio era capaz de desviar a agulha de uma bussola que estava proxima ao
fio. Em pouco tempo André Ampère (1755 ‐1836) formulou leis
quantitativas que permitiam o calculo da força magnética exercida por
um condutor portando corrente eletrica sobre um outro condutor no
qual flui uma corrente.
145
eletromagnéticos e a ótica sob um mesmo corpo teórico. Luz e
fenômenos eletromagnético são aspectos diferentes de um mesmo
fenomeno. A Luz é uma onda eletromagnética.
8.2 O Campo magnético
Figura 8.3 A regra da mão direita para determinar a direção de uma força
exercida sobre uma carga movendo‐se em um campo magnético (a) A força é
perpendicular a ambas e e na direção de avanço da rosca do parafuso se
girado na mesma direção que giramos para . (b) Se os dedos da mão direita
estão na direção de tal que eles podem entrar em então o dedão aponta na
direção da força
8.1
A Figura 8.3 ilustra estas determinações.
A expressão escalar da Equação 8.1 é
modulo do campo magnético .
146
A Equação (8.1) define o campo magnético em termos da força
exercida sobre a carga em movimento. A unidade SI de campo
magnético é o tesla (T). Uma carga de um coulomb movendo‐se com
uma velocidade de um metro por segundo perpendicular a um campo
magnetico de um tesla experimenta uma força de um mewton:
/
1 1 1 / · 8.3
/
Esta unidade é grande. O campo magnético terrestre possui um modulo
de 10 . Campos normalmente trabalhados em laboratorio variam
netre 0,1 e 0,5 . Assim é comum usar uma outra unidade, derivada do
sistema cgs, que é o gauss (G), e está relacionada ao tesla como segue:
1 10 8.4
Como os campos costumam ser dados em gauss, que não é uma unidade
SI, devemos lembrar para converter de gauss para teslas quando
fazemos os calculos.
EXERCÍCIO RESOLVIDO
Um elétron em tubo de imagem de televisão move‐se para frente do
tubo com velocidade de 8,0 10 / ao longo do eixo . Rodeando o
pescoço do tubo estão fios enrolados como espiras que criam um campo
magnético de modulo 0,025 , dirigido fazendo um ângulo de 60 com
o eixo , estando no plano . Calcule a força magnética sobre o elétron
e calcule a sua aceleração decorrente da ação desta força.
SOLUÇÃO
| | sen
Substituindo valores numéricos para as quantidades à direita teremos
2,8 10
147
Como é a direção de positivo (seguindo a regra da mão direita) e
A massa do elétron é 9,11 10 , e assim sua aceleração é
2,8 10
3,1 10 /
9,11 10
na direção de negativo
Linhas do campo magnético
As linhas de campo enétrico dão uma descrição visual de um
campo elétrico. Os padroões formados em torno de uma barra
imantada, como mostra a Figura sugerem que a ideia de linhas de
campo pode ser estendida para o magnetismo. A direção de uma linha
ponto. O espaçamento das linhas de campo inidica o módulo de – isto
é, quanto mais unidas estão as linhas, mais forte é o campo magnético
naquela região. A Figura 8.4 mostra as linhas de campo magnetico
desenhadas usando limalhas de ferro, colocadas próximas a uma barra
imantada. Diferente das linhas de campo elétrico que iniciam em cargas
positivas e terminam em cargas negativas, as linhas de campo magnético
formam caminhos fechados.
Figura 8.4 Linhas de campo magnético de uma barra imantada, uma
forma de dipolo magnético, como revelado pelo alinhamento dos
pequenos pedaços de ferro
148
Fluxo Magnético
O fato das linhas de campo magnetico se iniciarem ou sairem do
polo norte e entrarem no polo sul do magneto, e dentro do magneto,
seguirem do polo sul para o polo norte, formando um caminho fechado,
resultará em fluxo de campo magnético nulo através de uma superfície
fechada que envolva o magneto. Formalmente podemos anunciar este
resultado como
, · 0 8.5
Esta é a lei de Gauss para o magnetismo. É o enunciado matemático que
não existem pontos no espaço dos quais linhas de campo magnético
divergem ou saem, ou para os quais convergem ou entram. Isto é, não
existem polos magnéticos isolados. A unidade fundamental do
magnetismo é o dipolo magnético.
8.3 Movimento de uma partícula carregada em um campo magnético
uniforme
No caso especial onde a velocidade da partícula é perpendicular a
um campo uniforme, como mostra a Figura 8.5, a partícula move‐se em
uma orbita circular. A força magnética fornece a força centripeta
necessária para a aceleração centripeta / no movimento circular.
Podemos usar a segunda lei de Newton para relacionar o raio do circulo
ao campo magnético e o módulo da velocidade da partícula. Se a
149
Figura 8.5 Quando a velocidade de uma partícula carregada é
perpendicular a um campo magnético uniforme, a partícula move‐se
em um caminho circular em um plano perpendicular a . A força
magnética agindo sobre a carga é sempre dirigida para o centro
do circulo.
8.6
8.7
ou
8.8
O período do movimento circular é o tempo que a partícula toma
percorrer uma única vez a trajetoria circular. O período está relacionado
à velocidade pela expressão
2
8.9
Exemplo resolvido
150
Solução
(a) Das Equações (8.8) e (8.9) segue que o período do movimento é dado
por
2
2 1,67 10
1,64 10
1,6 10 0,4
(b) Calculamos a velocidade da Equação (8.8)
8.10
151
Figura 8.6 (a) Um seletor de velocidades. Quando uma partícula carregada
positivamente está presença de um campo magnético dirigido para dentro
da página e um campo elétrico dirigido para baixo, ela experimenta uma
força elétrica para baixo e uma força magnética para cima . (b)
Quando estas forças se igualam, a partícula move‐se em uma linha reta
horizontal através dos campos.
8.11
Um espectrometro de massa separa os íons de acordo com as suas
razões massa‐carga. A partícula entra numa região onde ocorre a
seleção da velocidade da partícula, onde se move em linha reta. Em
seguida, passando através de uma fenda escavada num anteparo,
penetra numa região com a presença apenas de um campo magnético
, passando a descrever uma orbita circular. Da Equação (8.8) tiramos
que
8.12
Usando (8.11) tiramos que
152
8.13
Quando um fio porta uma corrente na presença de um campo
magnético, existe uma força sobre o fio que é igual à soma das forças
magnéticas sobre as partículas carregadas cujo movimento produz a
corrente. A Figura 8.7 mostra um curto segmento do fio de secção reta
e comprimento portando uma corrente . Se o fio está em um campo
Figura 8.7 Um segmento de fio portando corrente está localizado em
um campo magnético . A força magnética exercida sobre cada carga
formando a corrente é , e a força total sobre o segmento de
comprimento será .
8.14
8.15
153
onde é um vetor que aponta na direção da corrente e possui módulo
igual ao comprimento do segmento. Observe que esta expressão
aplica‐se apenas a um segmento reto de fio em um campo magnético
uniforme.
Agora considere um segmento de fio de forma arbitrária e seção
reta uniforme estando na presença de um campo magnético, como
mostrado na Figura 8.8. Segue da Equação (8.15) que a força magnética
exercida sobre um pequeno segmento de fio na presença do campo
é
8.16
onde está dirigida para fora da página considerando as direções
assumidas na Figura 8.8. Podemos considerar a Equação (8.16) como
uma equação alternativa para definir .
Figura 8.8 Um segmento de fio de forma arbitraria portando uma
corrente I em um campo magnético experimenta uma força
magnética. A força sobre qualquer segmento é e está
direcionado para fora da página. Use a regra da mão direita para
confirmar esta direção de força.
8.17
154
Agora considere dois casos importantes em que o campo
magnético na Equação (8.17) é constante.
No primeiro caso temos um fio curvo portando uma corrente e
localizado em um campo , como mostrado na Figura 8.9 (a). Neste caso
a Equação (8.17) pode ser escrita como
8.18
8.19
Figura 8.9 (a) Um fio curvo portando corrente em campo magnético uniforme. A
força magnética total sobre o fio é equivalente à força sobre um fio reto de
comprimento ligando as extremidades do fio. (b) Uma espira de corrente de
forma arbitrária em um campo magnético uniforme. A força magnética total
sobre a espira é zero.
No segundo caso temos uma espira fechada, de forma arbitrária,
8.20
Como os elementos de comprimento que compõem a espira formam um
polígono fechado a soma vetorial destes na Equação (8.20) é nula. Assim
155
0. A força magnética total agindo sobre qualquer espira de
corrente fechada em um campo uniforme é zero.
EXEMPLO RESOLVIDO
Um fio curvado como um semicírculo de raio forma um circuito
fechado e porta uma corrente . O fio está no plano , e um campo
magnético está dirigido ao longo do eixo positivo , como mostra a
Figura 8.10. Determine o modulo e direção da força magnética agindo
sobre uma porção reta do fio e sobre a porção curva.
Figura 8.10 A força total agindo sobre uma espira de corrente fechada
em um campo magnético uniforme é zero. Na montagem mostrada
acima, a força sobre a porção reta da espira é 2 e dirigida para fora
da página, e a força sobre a porção curva é 2 dirigida para dentro
da página
SOLUÇÃO
eixo positivo. (Isto é, está apontando para a direita, na direção da
156
comprimento mostrado na Figura 8.10. Se é o ângulo entre e ,
então o módulo de é
sen
Para integrar esta expressão, devemos expressar em termos de
. Porque , temos , e podemos fazer esta substituição
para :
sen
Para obter a força total agindo sobre a porção curva, podemos
integrar esta expressão para levar em consideração as contribuições de
todos os elementos . A direção da força sobre qualquer elemento é a
sen – cos
porque , com modulo de 2IRB, está dirigido para fora da pagina, a
força resultante sobre a espira fechada é zero. Este resultado está
consistente com o caso discutido anteriormente.
Exercício Os quatro fios mostrados na Figura 8.11 todos portam a
mesma corrente do ponto ao ponto através do mesmo campo
magnético. Ordene os fios de acordo com o modulo da força magnética
exercida sobre eles, do maior para o menor.
Figura 8.11 Qual dos fios experimenta a maior força magnética?
157
8.5 Torque sobre uma espira de corrente em um campo magnético
uniforme
Figura 8.12 (a) A orientação de uma espira é descrita pelo vetor unitário
perpendicular ao plano da espira (b) A regra da mão direita para determinar
o sentido de . Quando os dedos da mão direita são encurvados em torno
da espira na direção da corrente, o polegar aponta na direção de . (c)
Espira de corrente retangular cujo vetor unitário normal faz um ângulo
com um campo magnético uniforme . O torque sobre a espira tem módulo
sen e está na direção tal que tende a rotacionar em direção a .
8.21
Estas forças formam um binário de modo que o torque é o mesmo em
torno de qualquer ponto. O ponto P na Figura 12 (c) é um ponto
conveniente em torno do qual calcular o torque. O modulo do torque é
158
onde é a área da espira. Para uma espira com voltas o torque
tem modulo igual a
Este torque tende a girar a espira desde que seu plano esteja
perpendicular a
Definindo
8.24
como o momento de dipolo magnético (também referido simplesmente
como momento magnético)o torque pode ser escrito como
8.25
A unidade SI de momento magnético é o ( ).
e o campo magnético , onde o momento magnético é definido para ser
um vetor que é perpendicular à área da espira e tem modulo igual a
.
Exemplo resolvido
Solução
O modulo do torque é dado pela Equação (8.25)
sen sen 30
Agora o módulo do momento magnético da bobina é
10 3 0,02 3,77 10
Assim o modulo do torque é
159
1,51 10 ·
Exemplo resolvido
Uma espira circular de raio , massa e corrente está sobre uma
superfície rugosa. Veja a Figura 8.13 (a). Existe um campo magnético
Solução
O torque magnético agindo sobre a espira:
Figura 8.13
O torque gravitacional exercido sobre a espira é
Igualando os torques e resolvendo para , a corrente, obtemos
160
O sinal menos aparece porque o torque tende a diminuir . Igualando
este trabalho ao decrescimo da energia potencial, teremos
Integrando, obtemos
Esta é a expressão da energia potencial de um dipolo magnético fazendo
um ângulo com um campo magnético .
Exemplo Resolvido
Um espira quadrada com 12 com lados de 40 porta
uma corrente de 3 . Ela está no plano , como mostrado na Figura
Figura 8.14
Solução
Da Figura 8.14 vemos que o momento magnetico da espira está
apontando na direção de positivo.
(a) O cálculo do momento magnéticoda espira, usando a Equação (8.24),
fornece
12 3 0,40
5,76 ·
161
(b) O calculo do torque sobre a espira de corrente, usando a Equação
(8.25) fornece
(c) A energia potencial, de acordo com a Equação (8.28) é o negativo do
produto interno de e :
com .
Quando um pequeno magneto permanente tal como a agulha de uma
de um campo . A barra do magneto é caracterizada por um momento
magnético que aponta do polo sul para o polo norte. Uma barra
magnetica pequena assim comporta‐se como uma espira de corrente. A
origem do momento magnético de uma barra magnética é, de fato,
espiras microscópicas de correntes que resultam do movimento de
elétrons nos átomos do magneto.
QUESTÕES
Q1 Em um dado instante, um próton move‐se na direção positiva em
uma região onde um campo magnético está dirigido na direção de
negativo. Qual é a direção da força magnética? O próton continua a se
mover na direção de positivo? Explique.
Q2 Duas partículas carregadas são projetadas em uma região onde um
campo magnético é dirigido perpendicular às suas velocidades. Se as
162
cargas são defletidas em direções opostas, o que pode ser dito sobre
elas?
Q3 Se uma partícula carregada move‐se em linha reta através de alguma
região do espaço, podemos dizer que o campo magnético naquela
região é zero?
Q4 Suponha que um elétron está perseguindo um próton acima da
pagina quando subitamente um campo magnético perpendicular
entrando na pagina é ligado. O que acontece às partículas?
Q5 Como pode o movimento de uma partícula carregada em movimento
ser usado para distinguir entre um campo magnético e um campo
elétrico? Dê um exemplo específico para justificar seu argumento.
Q8 Em vista da afirmativa anterior (Q7), qual é o papel de um campo
magnético em um cíclotron?
Q10 É possível orientar uma espira de corrente em um campo
magnético uniforme tal que a espira não tenha a tendencia de girar?
Explique.
Q11 Como pode uma espira de corrente ser usada para determinar a
presença de um campo magnético em uma dada região do espaço?
Q12 Qual é a força resultante agindo sobre a agulha de uma bussola em
um campo magnetico uniforme?
Q13 Que tipo de campo magnético é exigido para exercer uma força
resultante sobre um dipolo magnético? Qual é a direção da força
resultante?
163
Q14 Um proton movendo‐se
horizontalmente entra em uma região
onde um campo magnético uniforme
está dirigido perpendicularmente à
velocidade do proton, como mostrado
na Figura 8.15. Descreva o movimento
subsequente do proton. Como um
Figura 8.15
elétron se comportaria sob as mesmas
circunstancias?
Q15 Em uma garrafa magnética, o que leva a direção da velocidade das
partículas confinadas a inverterem‐se (Sugestão: Determine a direção da
força magnética agindo sobre as partículas em uma região onde as
linhas de campo convergem.)
PROBLEMAS
P3 Considere um elétron próximo a superfície do equador Terrestre. Em
que direção ele tende a ser defletido se sua velocidade está dirigida (a)
para baixo, (b) para o norte, (c) para o oeste, ou (d) para o sudeste?
P4 Um elétron movendo‐se ao longo do eixo positivo perpendicular a
um campo magnético experimenta uma deflexão magnética na direção
de negativo. Qual é a direção do campo magnético?
164
0,300 na direção . Quais são (a) o modulo da força magnética sobre
o próton e (b) sua aceleração?
P6 Um próton move‐se em uma direção perpendicular a um campo
P7 Um próton move‐se com uma velocidade 2̂ 4̂ / em
uma região em que o campo magnético é ̂ 2̂ 3 . Qual é o
modulo da força magnética que esta carga experimenta?
P9 Um fio tendo uma massa por unidade de comprimento de 0,500 /
porta uma corrente de 2,00 horizontalmente para o sul. Quais são
a direção e módulo do campo magnético minimo necessario para
levantar este fio verticalmente para cima?
P10 Um fio porta uma corrente estacionária de 2,40 . Uma porção reta
do fio tem comprimento de 0,750 e está ao longo do eixo dentro de
um campo magnetico uniforme 1,60 na direção positiva. Se a
corrente está na direção , qual é a força magnética sobre esta porção
do fio?
P11 Um fio de 2,80 de comprimento porta uma corrente de 5,00
em uma região onde um campo magnético uniforme possui módulo de
0,390 . Calcule o modulo da força magnética sobre o fio se o ângulo
entre o campo magnético e a corrente é (a) é 60,0 , (b) 90,0 , (c) 120 .
P12 Uma pequena barra magnética está suspensa em um campo
magnético uniforme de 0,250 . O torque máximo experimentado pela
barra magnética é 4,60 10 · . Calcule o momento magnético da
barra.
165
P13 Uma espira retangular consiste de 100
voltas densamente empacotadas com dimensões
0,400 e 0,300 . A espira está
alinhada ao longo do eixo , e seu plano faz um
ângulo 30 com o eixo , como mostrado na
Figura 8.17. Qual é o modulo do torque exercido
sobre a espira por um campo magnético uniforme
BIBLIOGRAFIA
TIPLER P. A., MOSCA G. Physics for scientists and Engineers, sixth
edition, Freeman, New York, 2008.
HALLIDAY D., Resnick R., Walker J., Física Fundamental, vol 3, Livros
Técnicos Científicos S. A., Rio de Janeiro, 2004
HALLIDAY D., RESNICK R., KRANE S., Física vol. 3, LTC, Rio de Janeiro,
2000
HEWITT P, Física Conceitual, Longman, 9ª edição, Rio Grande do Sul,
200x
NUSSENZVEIG, H. M., Física Básica vol. 3, Edgard Blucher, x Ed., Rio de
Janeiro, 200X
CUMMINGS K., LAWS P., REDISH E., COONEY P., Understanding Physics,
John Wiley, New York, 2004.
YOUNG H. D., FREEDMAN, R. A. Física 3: Eletromagnetismo, Pearson,
São Paulo, 2008.
166
CAPÍTULO 9 A LEI DE AMPÈRE
RESUMO
Nesta unidade apresentaremos o análogo do lei de Coulomb e
da lei de Gauss para o magnetismo que são as leis de Biot – Savart e Leis
de Ampère, enfatizando as dificuldades e facilidades de cálculo do
campo magnético quando o sistema apresenta um maior ou menor
simetria na sua geometria.
167
9 A LEI DE AMPÈRE
9.1 Lei de Biot – Savart 168
9.2 Lei de Ampère 173
9.3 A lei de Ampère e os solenóides 176
Questões 178
Problemas 179
Bibliografia 181
168
Em situações em que as distribuições de carga são altamente
simétricas, o calculo do campo elétrico torna‐se muito mais facil usando
a lei de Gauss do que a lei de Coulomb. Uma situação similar existe em
magnetismo. Vamos calcular o campo magnetico gerado na vizinhança
de um fio condutor longo e reto portando uma corrente , através de
integração direta (lei de Biot – Savart) e explorando a simetria da
distribuição de corrente (lei de Ampère)
9.1 Lei de Biot – Savart
produz um campo magnético no espaço dado por
̂
9.1
4
̂ é um vetor unitário que aponta da carga para o ponto P onde
estamos medindo o campo e é uma constante de poporcionalidade
chamada a permeabilidade do espaço livre2, que tem o valor
4 10 / 4 10 / 9.2
As unidades de são tais que está em Tesla quando está em
Coulombs, em metros por segundo, e está em metros. A unidade
/ vem do fato que 1 1 / · . A constante 1/4 é
arbitrariamente incluida na Equação (9.2) de modo que o fator 4 não
aparecerá na lei de Ampère, a ser discutida na próxima seção.
̂
9.3
4
2
Devemos tomar cuidado para não confundir a constante com o momento
magnético .
169
Veja Figura 9.1 para detalhes sobre a geometria do problema. A
Equação (9.3) é conhecida como a lei de Biot – Savart que é para o
magnetismo, o mesmo que a lei de Coulomb é para a eletrostática.
Figura 9.1 (a) O campo magnético no ponto devido a corrente fluindo
através do elemento de comprimento é dado pela lei de Biot – Savart. A
direção do campo está saindo da página em e entrando na página em ’. (b) O
produto vetorial ̂ aponta para fora da página quando ̂ aponta em direção
a . (c) O produto vetorial ̂ aponta para dentro da página quando ̂ aponta
em direção .
̂
9.4
4
com a integração sendo realizada sobre toda a distribuição de corrente.
Para ilustrar os cuidados no manuseio da integral na Equação
(9.4), uma vez que o seu integrando envolve um produto vetorial, vamos
apresentar o Exemplo resolvido abaixo.
Exemplo resolvido
Considere um fio fino, reto portando uma corrente constante e
colocado ao longo do eixo como mostrado na Figura 9.2. Determine o
módulo e direção do campo magnético no ponto devido a esta
corrente.
170
Figura 9.2 (a) Fio fino, reto, transportando uma corrente . O campo
magnético no ponto devido à corrente em cada elemento do fio aponta
para fora da pagina, de modo que o campo total no ponto está também
apontando para fora da pagina. (b) Os angulos e , são usados para
determinar o campo total. Quando o fio é infinitamente longo, 0 e
180 .
Solução
porque ̂ aponta para fora da página. De fato, uma vez que todos
os elementos de corrente estão no plano da página, eles todos
produzem um campo magnético dirigido para fora da pagina no ponto P.
Assim, temos a direção do campo magnético no ponto , precisamos
agora apenas determinar o módulo do campo.
̂ ̂ sen
unitario, a unidade do produto vetorial é simplesmente a unidade de ,
que é o comprimento. A substituição da expressão acima na Equação
(9.4) resulta em
sen
9.5
4
171
csc 9.6
sen
Porque tan / para o triangulo da direita na Figura 9.2 (a) (o
Tomando a derivada desta expressão obtemos
Substituindo os resultados (9.6) e (9.8) na Equação (9.5) ficamos com
csc sin
sin
4 csc 4
Para o caso especial em que tomamos um fio infinitamente longo (veja a
Figura 9.2 (b) para um melhor entendimento), temos que 0 e
para a soma de elementos de comprimento entre as posições
∞ e ∞. Como cos cos cos 0 cos 2, a
Equação (9.9) torna‐se
9.10
2
Vemos deste resultado que o módulo de é proporcional ao módulo da
corrente e decresce com o aumento da distância ao fio
Exercício Calcule o módulo do
campo magnético a 4,0
de um fio infinitamente
longo, reto e portando uma
corrente de 4,0 .
Resposta 2,5 10
Exercício Calcule o campo Figura 9.3 O campo magnético em devido a
magnético no ponto para o corrente no segmento curvo está entrando na
pagina. A contribuição para o campo em devido à
segmento de fio portando corrente nos dois segmentos retos é zero.
172
corrente mostrado na Figura 9.3. O fio coniste de duas porções retas e
um arco circular de raio , que subtende um ângulo . As setas sobre o
fio indicam a direção da corrente
Resposta / 4 é entra na página
Exercício Uma espira circular de raio formada por um fio porta uma
corrente . Qual é o módulo do campo magnético no seu centro?
Resposta /2
Exercício Considere um espira circular de raio formada por um fio,
localizada no plano e portando uma corrente estacionária , como
mostrado na Figura 9.4. Calcule o campo magnético em um ponto axial P
a uma distância x do centro da espira
O sentido do campo em torno do fio é indicado pela direção da
ponta dos dedos da mão direita envolvendo o fio, com o polegar
173
apontado no sentido da corrente. Vamos agora apresentar um método
que explora a simetria apresentada na Figura 9.5.
Figura 9.5 A regra da mão direita para determinar a direção do campo
magnético em torno de um fio longo, reto e portando uma corrente . As
linhas do campo magnético formam círculos em torno do fio.
9.2 Lei de Ampère
174
longo com seu centro no fio. Considerando que estamos longe das
extremidades do fio, podemos usar a simetria para rejeitar a
·
Colocamos fora da integral porque ele possui o mesmo valor em
qualquer ponto sobre o circulo. A integral de em torno do circulo
iguala a 2 , a circunferencia do circulo. A corrente é a corrente no
fio. Assim obtem‐se, fazendo ,
2
Ou seja, resolvendo para
2
9.12
2 4
Exemplo Resolvido
Um fio longo, reto de raio portando uma corrente que está
uniformemente distribuída sobre a área seccional reta do fio. Determine
o campo tanto fora ( ) quanto dentro ( ) do fio.
Figura 9.6 Um fio longo de raio portando uma corrente estacionária
distribuída uniformemente através da seção reta do fio. O campo magnético
em qualquer ponto pode ser calculado usando a lei de Ampère traçando um
caminho circular de raio , concêntrico com o fio.
175
Solução
Podemos usar a lei de Ampère para calcular devido o alto grau de
Aplicando a lei de Ampère a um circulo de raio obtemos
· 2
Resolvendo para obtemos
9.13
2
Fora do fio, , a corrente que flui através da área seccional do
circulo é a corrente total, isto é, . Assim o valor do campo é
9.14
2
9.15
Assim o campo magnético de (9.15) e (.13) possui módulo igual a
1
9.16
2 2 2
,
2
9.17
,
2
Observamos da Equação (9.17) que dentro do fio o campo aumenta com
a distância ao centro do fio e que fora do mesmo, como já observado
176
anteriormente, decresce com a distância ao centro do fio. Estas
conclusões estão ilustradas graficamente na Figura 9.7.
Figura 9.7. Módulo do Campo magnético em função do raio para o fio
mostrado na Figura 9.6. O campo é proporcional a dentro do fio e varia
como 1/ fora do fio.
9.3 A lei de Ampère e os solenóides
Figura 9.8 Desenho esquemático de um solenóide formado por espira
densamente empacotadas em torno de um núcleo, mostrando as linhas de
campo magnético
177
toróide. Por simetria, é tangente a este circulo e constante em módulo
em qualquer ponto sobre o circulo. Observamos da Figura 9.8 que o
campo, devido a cada volta, é reforçado no interior do solenóide à
medida que aumenta o número de espiras e estas vão se tornando cada
vez mais unidas. Os campos apontam cada vez mais na mesma direção.
No exterior acontece o inverso, o campo vai enfraquecendo à medida
que aumenta o número de voltas e as espiras vão se adensando. O
campo devido a uma espira aponta em sentido contrário ao campo
Figura 9.9 Visão da seção reta de um solenóide ideal, onde o
campo magnético no seu interior é uniforme e o campo magnético
externo é nulo. A lei de Ampère aplicada ao caminho tracejado
1234 pode ser usada para calcular o módulo do campo no interior.
Vamos então aplicar a lei de Ampère ao caminho tracejado 1234
mostrado na Figura 9.9.
· · · · ·
9.19
178
Assim de (9.18) e (9.19) segue que o campo produzido pelo solenóide é
nulo para pontos fora do solenoide e igual a
é a densidade de espira por unidade de comprimento.
linha ao longo do caminho , · é igual a 0
. Embora a lei de
Ampère seja válida para esta
curva, o campo magnético
não é constante ao longo de
qualquer curva que circunde
a corrente, nem é tangente a
quaisquer de tais curvas.
Figura 9.10 A lei de Ampère vale para a curva fechada
englobando a corrente na espira circular, mas não é útil Assim, não existe simetria
para determinar , uma vez que não é constante ao
longo da curva e também não é tangente. suficiente nesta situação que
permita‐nos calcular
usando a lei de Ampère.
Questões
Q1 O Campo magnético é criado por uma espira de corrente uniforme?
Explique.
Q2 Uma corrente em um condutor produz um campo magnético que
pode ser calculado usando a lei de Biot – Savart. Porque corrente é
definida como a taxa de fluxo de carga, o que você pode concluir a
respeito do campo magnético produzido por cargas estacionárias?
Q3 Dois fios paralelos portam correntes em direções opostas. Descreva a
natureza do campo magnético criado pelos dois fios em pontos (a) entre
os fios e (b) foras dos fios, em um plano contendo‐os.
179
Q4 A lei de Ampère é valida para todos os caminhos fechados rodeando
um condutor? Por que não é util para calcular para todos de tais
caminhos?
Q5 Compare a lei de Ampère com a lei de Biot‐Savart. Qual é, de forma
geral, a mais util para cálculo de para um condutor portando
corrente?
Q6 Descreva as semelhanças entre a lei de Ampère em magnetismo e a
lei de Gaus em eletrostática.
Q7 Um tubo de cobre oco porta uma corrente ao longo do seu
um toroide? (Lembre‐se que as linhas de devem formar caminhos
fechados.)
Q9 Descreva a variação no campo magnético no interior de um
solenóide portando uma corrente estacionaria (a) se o comprimento
do solenóide é duplicado, mas o número de voltas permanece o mesmo
e (b) se o numero de voltas é duplicado, mas o comprimento permanece
o mesmo.
Problemas
P1 Uma curva fechada abarca vários condutores. A integral de linha
· em torno desta curva é 3,83 10 · . (a) Qual é a corrente
total nos condutores? (b) Se você fosse integrar em torno da curva na
direção oposta, qual seria o valor da integral de linha? Explique.
180
P2 Um condutor solido com raio é suportado
por discos isolantes sobre o eixo de um tubo
condutor com raio interno e raio externo ,
como mostrado na Figura 9.11. O condutor
central e tubo portam correntes iguais em
direções opostas. As correntes são distribuídas
uniformemente sobre as seções retas de cada
Figura 9.11
condutor. Deduza a expressão para o modulo do
campo magnético (a) em pontos fora do
condutor solido central, mas dentro do tubo ( ) e (b) em
pontos fora do tubo ( )
P3 Um fio longo, reto, cilíndrico de raio porta uma corrente
uniformemente distribuída sobre sua seção reta. Em que local é o
campo magnético produzido por estas correntes igual a metade do seu
maior valor? Considere pontos dentro e fora do fio.
P4 A lei de Biot – Savart é semelhantes a lei de Coulomb em que ambas
(a) São leis do inverso do quadrado.
(b) Tratam com forças sobre partículas carregadas.
(c) Tratam com excesso de cargas.
(d) Incluem a permeabilidade do espaço livre.
(e) Não são de natureza elétrica.
P6 Para o elemento de corrente no problema P5 determine o modulo e
P7 Uma espira de corrente circular de raio portando corrente está
centrada na origem com seu eixo ao longo do eixo . Sua corrente é tal
que ela produz um campo magnético na direção positivo. (a)
Esquematize o gráfico de versus para pontos sobre o eixo . Inclua
tanto valores positivos quanto negativos de . Compare este Gráfico
181
com aquele para devido a um anel carregado do mesmo tamanho. (b)
Uma segunda espira de corrente idêntica portando uma corrente igual
no mesmo sentido, está em um plano paralelo ao plano com seu
centro em . Esquematize gráficos do campo magnético sobre o
eixo devido a cada espira separadamente e o campo resultante devido
as duas espirar. Mostre de seus esquemas que / é zero na
metade entre as duas espiras.
P8 Calcule o modulo do campo magnético em um ponto a 100 de
um condutor longo, fino portando uma corrente de 1,00 .
P10 Um fio longo, reto está sobre uma mesa horizontal e porta uma
corrente de 1,20 . No vácuo, um próton move‐se paralelo ao fio
(oposto à corrente) com velocidade constante de 2,30 10 m/s a uma
distancia acima do fio. Determine o valor de . Você pode ignorar o
campo magnético devido a Terra.
BIBLIOGRAFIA
182
TIPLER P. A., MOSCA G. Physics for scientists and Engineers, sixth
edition, Freeman, New York, 2008.
HALLIDAY D., Resnick R., Walker J., Física Fundamental, vol 3, Livros
Técnicos Científicos S. A., Rio de Janeiro, 2004
HALLIDAY D., RESNICK R., KRANE S., Física vol. 3, LTC, Rio de Janeiro,
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John Wiley, New York, 2004.
YOUNG H. D., FREEDMAN, R. A. Física 3: Eletromagnetismo, Pearson,
São Paulo, 2008.
183
CAPÍTULO 10 A LEI DE FARADAY
RESUMO
Nesta unidade apresentaremos um resultado importante para o
estudo do eletromagnetismo, que é a lei de Faraday. Esta lei explica o
funcionamento de diversos dispositivos eletrônicos do nosso uso diário,
tais como os motores elétricos, disco rígido de micro‐computadores. O
funcionamento de uma usina de geração de eletricidade, algo muito
fundamental na nossa sociedade, é baseado na lei de Faraday.
184
10 A LEI DE FARADAY
10.1 Introdução 185
10.2 O fluxo magnético 185
10.3 A lei de Lenz 188
Questões 194
Problemas 196
Bibliografia 200
185
9.1 Introdução
A indução eletromagnética é um tópico sofisticado, de modo que
vamos desenvolvê‐lo gradualmente. Primeiro, examinaremos os
diferentes aspectos da indução e nos familiarizaremos com suas
características básicas.
No final dos anos 1830, Michael Faraday na Inglaterra e Joseph
Henry na América descobriram independentemente que um campo
magnético variável induz uma corrente em um fio. A fem e correntes
criadas com a variação do campo magnético são chamadas fem’s
induzidas e correntes induzidas. O processo em si é conhecido como
indução magnética.
10.2 O fluxo magnético
O fluxo do campo magnético através de uma superfície é definido
de forma semelhante ao fluxo de um campo elétrico. Seja um
elemento de área sobre a superfície e o vetor unitário perpendicular
186
ao elemento. Veja Figura 10.1 para detalhes da geometria do problema.
O fluxo magnético é definido como
· 10.1
1 1 1 10.2
Como é proporcional ao número de linhas de campo por unidade de
área, o fluxo magnético é proporcional ao numero de linhas através da
área.
Figura 10.1
Figura 10.1 Uma espira condutora que engloba uma área A na presença
de um campo magnético uniforme . O ângulo entre e a normal à
espira é .
Exercício Mostre que um weber por segundo é um volt.
187
O fluxo através de uma bobina contendo várias voltas de fio, digamos
voltas, é N vezes o fluxo através de cada volta, isto é,
Exercício resolvido
Determine o fluxo magnético através de um solenóide com 40 de
comprimento, de raio igual a 2,5 , tendo 600 voltas, portando uma
corrente de 7,5 .
Solução
O campo magnético dentro do solenóide é uniforme e está ao longo do
eixo do solenóide. É, portanto, perpendicular ao plano da bobina. Assim
precisamos determinar o campo dentro do solenóide e então
multiplicado por .
10.5
10.6
A área de uma bobina de raio é
10.7
Substituindo (10.7) em (10.6) obtemos que o fluxo magnético através do
solenóide é
1,6610
188
10.3 Correntes induzidas e lei de Faraday
Figura 10.2 (a) Quando um magneto é aproximado de uma espira de fio conectado a
um galvanômetro, o galvanômetro deflete como mostrado, indicando que uma
corrente é induzida na espira. (b) Quando o magneto está parado, não existe corrente
induzida na espira, mesmo quando o magneto está dentro da espira. (c) Quando o
magneto é afastado da espira, o galvanômetro deflete na direção oposta, indicando
que a corrente induzida é oposta aquela mostrada na parte (a). Mudando a direção do
movimento do magneto muda a direção da corrente induzida por aquele movimento.
O fluxo magnético através de um circuito pode ser alterado de
muitos modos diferentes. A corrente produzindo o campo magnético
pode ser aumentada ou diminuída, magnetos permanentes podem ser
movidos em direção ao circuito ou afastados dele, o circuito em si pode
ser movido para perto ou para longe da fonte do fluxo, a orientação do
circuito pode alterada, ou a área do circuito em um campo magnético
189
fixo pode ser aumentada ou diminuída. Em qualquer caso, uma fem é
induzida no circuito que é igual em modulo a taxa de variação do fluxo
magnético.
A Figura 10.2 mostra uma bobina simples de uma volta em um
campo magnético gerado por um magneto que ora é aproximado (Figura
10.2 (a)), ora permanece constante (Figura 10.2 (b)), ou ora é afastado
(Figura 10.2 (c)). Como mencionado acima, se o fluxo está variando, uma
fem é induzida na espira. Uma vez que a fem é o trabalho feito por
unidade de carga, deve existir uma força exercida sobre a carga
associada com a fem. A força por unidade de carga é o campo elétrico ,
que neste caso é induzida pela variação do fluxo. A integral de linha do
campo elétrico em torno do circuito completo é igual ao trabalho feito
por unidade de carga, que, por definição, é a fem no circuito
· 10.8
· 10.8
Este resultado é conhecido como a lei de Faraday. O sinal negativo
na lei de Faraday tem a ver com a direção da fem induzida, a ser
discutida mais a frente.
Exemplo resolvido
Um campo magnetico uniforme faz um angulo de 30 com o eixo de
uma espira circular de 300 voltas e um raio de 4 . O campo varia a
uma taxa de 85 / . Determine o modulo da fem induzida na espira.
190
Solução A fem induzida é igual a vezes a taxa de variação do fluxo
através de cada volta. Uma vez que B é uniforme, o fluxo através de
cada volta é simplesmente cos , onde é a área da
bobina.
O modulo da fem induzida é dada pela lei de Faraday
| |
Para um campo uniforme, o fluxo é
cos
Substituindo a expressão para o fluxo na expressão para
| | obtemos
Resposta 0.555
Exemplo resolvido
Uma bobina com 80 voltas possui um raio de 5,0 cm e uma resistência
de 30 Ω. A que taxa deve um campo magnético perpendicular variar
para produzir uma corrente de 4,0 A na bobina?
Solução
A taxa de variação do campo magnético está relacionada à taxa de
variação do fluxo, que está relacionada à fem induzida pela lei de
Faraday. A fem na bobina é igual a .
Que resolvendo para B fornece o seguinte resultado
191
1
120
191 /
80 3,14 5,0 10
Exemplo resolvido
Um campo magnético B é perpendicular ao plano da página e uniforme
em uma região circular de raio R como mostrado na Figura 10.3. Fora da
Figura 10.3 Uma espira condutora de raio colocada em um campo
magnético uniforme perpendicular ao plano da espira. Se varia no tempo,
um campo elétrico é induzido em uma direção tangente à circunferência da
espira.
192
Solução
desprezaremos o sinal menos e usaremos · / .
(a) Aplicando a integral de linha para um circulo de raio ,
· 2 10.10
Por outro da lei de Faraday sabemos que a integral de linha está
relacionada à variação do fluxo magnético como
· 10.11
De onde segue que
10.12
De (10.10), (10.11) e (10.12) segue que
193
2
A expressão do campo elétrico em função de r e da variação do fluxo do
campo magnético é
( b ) Para o circulo de raio , onde o campo magnético é nulo,
a integral de linha é a mesma que antes:
· 2
2
Resolvendo para teremos
produzido o campo , teriamos de partir de cargas positivas e finalizar
em cargas negativas. Uma vez que cargas não estão presentes, contudo,
forma circulos que não tem inicio e não tem fim. Observe também que
a fem existe em qualquer curva fechada limitando a área através da qual
o fluxo magnético está variando na presença ou não de um fio ou
circuito ao longo da curva.
Exercício Uma bobina de 40 voltas move‐se de forma brusca. Esta
bobina possui raio de 3 e resistência de 16 Ω. Se a bobina é girada
194
por um ângulo de 180 em um campo magnético de 5000 , quanta
carga passa através dela?
Resposta 7,07
10.4 A lei de Lenz
O sinal negativo na lei de Faraday tem a ver com a direção da fem
induzida, que pode ser determinada de um princípio físico geral
conhecido como lei de Lenz:
Observe que não foi especificado que tipo de variação provoca a fem e
corrente induzida. Propositalmente deixamos a afirmativa vaga para
cobrir uma variedade de condições, que ilustraremos a seguir.
Figura 10.4 Quando a o magneto em forma de barra está se movendo
em direção a espira, a fem induzida na espira produz uma corrente na
direção mostrada. O campo magnético devido a corrente induzida na
espira (indicada por linhas pontilhadas) produz um fluxo que se opõe ao
aumento no fluxo através da espira devido ao movimento da barra
magnética.
magnético da barra magnética é para a direita, saindo do pólo norte
do magneto, o movimento do magneto em direção à espira tende a
aumentar o fluxo através da espira para a direita. (O campo magnético
na espira é mais forte quando o magneto está mais próximo.) A corrente
induzida na espira produz um campo magnético próprio. Esta corrente
195
induzida está na direção mostrada, de forma que o fluxo magnético que
ela produz é oposto aquele do magneto. O campo magnético induzido
tende a diminuir o fluxo através da espira. Se o magneto fosse movido
para longe da espira, isto decresceria o fluxo através da espira devido ao
magneto, a corrente induzida estaria na direção oposta daquela
mostrada na Figura 10.4. Neste caso, a corrente produzirá um campo
magnético para a direita, que tenderá a aumentar o fluxo através da
espira. Podemos esperar, portanto, que o movimento da espira se
aproximando ou se afastado magneto tenha o mesmo efeito que o de
mover o magneto. Apenas o movimento relativo é importante.
Exemplo resolvido
Uma bobina retangular de 80 , 20 de largura e 30 de
comprimento, está localizada em um campo magnético 0,8
dirigido para dentro da página, como mostrado na Figura 10.5, com
apenas metade da bobina na região do campo magnético. A resistência
da bobina é de 30 Ω. Determine o modulo e direção da corrente
induzida se a bobina é movida com uma velocidade de 2 / (a) para a
direita, (b) para cima, e (c) para baixo.
Solução
(a) O modulo da corrente induzida é igual a
fem dividida pela resistência
Figura 10.5
O modulo da fem induzida é dado pela lei de Faraday
196
Quando a bobina está se movendo para a direita (ou para a esquerda), o
fluxo não varia (até que a bobina deixe a região do campo magnético). A
corrente é, portanto nula, 0.
20
Calculando a taxa de variação do fluxo magnético quando a bobina está
movendo‐se para cima obtemos a expressão
Daí é possível calcular a corrente na bobina
25,6
0,853
30 Ω
QUESTÕES
Q1 Uma chapa de cobre é colocada entre os pólos de
um eletromagneto com o campo magnético
perpendicular à chapa. Quando a chapa é retirada,
uma força considerável é exigida, e a força exigida
aumenta com a velocidade. Explique.
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Q3 Duas espiras circulares estão lado a lado no mesmo plano. Uma está
conectada a uma fonte que alimenta uma corrente em crescimento; a
outra é um anel simples fechado. A corrente induzida no anel está na
mesma direção que a corrente na espira conectada a fonte ou oposta? O
que acontece se na primeira espira a corrente é diminuída? Explique.
Q4 Um condutor reto, longo passa através do centro de um anel
metálico, perpendicular ao seu plano. Se a corrente no condutor
aumenta, é induzido corrente no anel? Explique.
Q5 Um retangulo metalico esta proximo a um fio longo, reto, portando
corrente, com dois de deus lados paralelos ao fio. Se a corrente no fio
longo está diminuindo, o retangulo será repelido por ou atraido para o
fio? Explique por que este resultado é consistente com a lei de Lenz.
PROBLEMAS
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face sombreada. (b) Qual é o fluxo total através das seis faces?
P2 Um campo magnético uniforme de modulo 2000 está paralelo ao
eixo . Uma bobina quadrada de lado 5 tem uma volta simples e faz
um ângulo com o eixo z como mostrado na Figura 10.8. Determine o
fluxo magnético através da bobina quando (a) 0 , (b) 30 , (c)
60 , e (d) 90 .
P3 Uma bobina circular possui 25 e um raio de 5 . Está no
equador, onde o campo magnético da Terra é 0,7 G apontando para o
norte. Determine o fluxo magnetico através da bobina quando seu plano
está (a) na horizontal, (b) na vertical com seu eixo apontando para o
norte, (c) vertical com seu eixo apontando para leste, e (d) vertical com
seu eixo afzendo um ângulo de 30 com o norte.
P4 Um campo magnético de 1,2 é perpendicular a bobina quadrada de
14 . O comprimento de cada lado da bobina é 5 . (a)
Determine o fluxo magnético através da bobina. (b) Determine o fluxo
magnético através da bobina se o campo magnético forma um ângulo de
60 com a normal ao plano da bobina.
P5 Um campo magnético uniforme é perpendicular a
base de um hemisfério de raio . Calcule o fluxo
magnético através da superfície esférica do hemisfério.
P7 Uma espira condutora está no plano desta pagina e porta uma
corrente induzida circulando no sentido horário. Quais das seguintes
afirmativas podem ser verdadeiras?
199
a ) Um campo magnético constante está dirigido para dentro da pagina.
b) Um campo magnético constante está dirigido para fora da pagina.
c) campo magnético crescente está dirigido para dentro da pagina.
d) campo magnético decrescente está dirigido para dentro da pagina.
e) campo magnético decrescente está dirigido para fora da pagina.
P11 As duas espiras circulares na Figura
10.11 possuem seus planos paralelos entre si. Quando visto de em
direção a , existe uma corrente circulando no sentido anti‐horário na
espira . Forneça a direção da corrente na espira B e afirme se as espiras
atraem‐se ou se repelem se a corrente na espira A está (a) aumentando
e (b) decrecendo.
P12 Uma espira circular de fio com um raio de 12,0 cm e orientado no
plano horizontal está localizado em uma região de campo magnético
200
uniforme. Um campo de 1,5 está dirigido ao longo da direção
positivo, que aponta para cima (a) Se a espira é removida da região de
campo no intervalo de tempo de 2,0 , determine a fem media que
será induzida na espira de fio durante o processo de extração. (b) Se a
bobina é vista olhando para baixo de cima, a corrente induzida na espira
no sentido horário ou anti‐horario?
BIBLIOGRAFIA
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