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RESUMO
O diálogo estabelecido entre a filosofia de H. Bergson e a fenomenologia de E. Husserl já é bem
conhecido na literatura filosófica. No entanto, uma possível relação entre Bergson e o professor
de Husserl, Franz Brentano, não é tão recorrente quanto ao que já foi escrito acerca de seu
aluno. Deste modo, nossa exposição tentará mostrar alguns aspectos da filosofia dos dois
autores a fim de aproximá-los, porém sem borrar ou omitir suas respectivas diferenças. Minha
apresentação, então, será dividida em três momentos: 1º a descrição do contexto filosófico-
científico da virada do sec. XIX ao XX, notadamente ao que diz respeito à Psicologia: o
positivismo científico e a crítica à noção de alma e a suposta impossibilidade da psicologia como
ciência que trata de fenômenos, as psico-físicas (Fechner) e psico-fisiologias (Wundt) nascentes
como decorrência do critério da filosofia positiva; 2º discussão do problema da constituição da
ciência psicológica: conceito, método e objeto, segundo nossos dois autores e segundo os
problemas específicos das obras a serem tomadas como suporte teórico: Psicologia de um
ponto de vista empírico, F.Brentano, e os dois primeiros ensaios de H. Bergson, Ensaio sobre os
dados imediatos da consciência e Matéria e Memória; e, 3º, destacaremos uma conseqüência
em particular relativa à noção que cada um dos dois autores concebe da natureza do
psicológico, a saber, o conceito de inconsciente, desta vez para revelar certa divergência entre
ambos.
A pergunta feita no título desta comunicação expressa já a dúvida que o autor tentará
compartilhar com vocês: é possível encontrar uma semelhança entres estes dois autores? Ou,
em que medida é possível ver uma influência de um no outro? Compará-los pode não ser
mesmo evidente; Bergson, pelo o que conheço de seus escritos, não cita Brentano e tão pouco
o inverso acontece. Se tão forte é, por exemplo, a relação entre Bergson e Willian James, com
conceitos quase equivalentes, como a durée ou o stream of consciousness, ou mesmo a partir
da teoria pragmática do conhecimento, o mesmo não ocorre exatamente, digamos, entre
Bergson e Brentano. Contudo, por mais que seja contraditório com o que acabo de dizer, minha
∗
Mestrando em filosofia - UFSCar. E-mail: asvogais@hotmail.com.
1
Estudos neokantianos, PORTA, Mario A. G.,
5
Psychologie, pg. 21-23.
6
Existe toda uma discussão sobre o uso do termo “alma”. Brentano mesmo não compartilha da tese que não há
substância. Quem procurou fundar uma psicologia “sem alma” foi Lange. Mas não será o caso de discuti-los agora.
O que importa para nós é a definição mesma como sendo ciência dos fenômenos psíquicos.
7
Psychologie, pg. 15.
8
Idem, pg. 14.
9
Idem, livroII, cap.1,pg. 92.
10
Estas relações entre ato e conteúdo do ato serão desdobradas energicamente pelos discipulos de Bretano, mas
que para o nosso inuito nesta comunicação não possui consequências relevantes.
11
Curso de Filo. Positiva, pg. 14, Ed.Pensadores.
12
Bergson, Philippe Soulez e Frédéric Worms, nota 84, pg. 335.
13
Estudos neokantianos, pg.20,PORTA, Mario A. G.
14
EDIC, pg.104, ed. puf, 2011.
15
EDIC, pg.7,Ed.puf, 2011
16
Idem, pg. 86.
17
Idem, pg.85.
18
Idem, pg. 89.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Psychologie du point de vue empirique, Franz C. Brentano, trad. Maurice de Gandillac, 1944.
Matière et Mémoire, Henri Bergson, ed. PUF, 2010.
Essai sur les donées immédiates de la conscience, Henri Bergson, ed. PUF, 2010.
Curso de Filosofia Positiva, Auguste Comte, trad. José A. Giannotti, ed. Abril, 1983.
Histoire du Materialisme, Alfred F. Lange, 1940
Bergson, Philippe Soulez e Frédéric Worms, PUF,2002
Introduction à Matière et Mémoire de Bergson, Fréderic Worms, PUF, 1997
Estudos Neokantianos, Mario A. G. Porta, ed. Loyola, 2011
19
Psicologie, Brentano, pg. 94.
20
Matière et Mémoire, pg. 87.