Você está na página 1de 15

Solução ANPEC 2007 Economia Brasileira Central de Ensino (11) 3063-4019

Central de Ensino (11) 3063-4019

ANPEC – 2007

Prova de Economia Brasileira

QUESTÃO 01
Atribui-se ao Segundo Governo Vargas a intenção de reproduzir as virtudes dos Governos
Campos Salles e Rodrigues Alves. A respeito daqueles dois governos, é correto afirmar:
(0)entre os objetivos de Joaquim Murtinho, no Governo Campos Salles, figurava a valorização
cambial, que levaria à redução da produção de café por meio de um processo de seleção
natural entre os produtores;
Verdadeiro – Nas negociações que se seguiram à moratória de 1898 e que resultaram no funding
loan, ficou acordado que a contrapartida à rolagem da dívida brasileira pelos banqueiros ingleses
seria a adoção de severas medidas monetárias e fiscais visando, especialmente, a redução do
papel moeda em circulação. Resultado dessa política seria, e foi, uma apreciação do mil-réis ao
longo dos anos que se seguiram. Tinha-se em vista, ao interromper o “excesso de emissões”,
eliminar por “seleção natural” tanto “indústrias artificiais” quanto o “desaparecimento dos
lavradores inferiores” e reduzir com isso a “produção exagerada de café”.
(1)a valorização cambial permitiu a Campos Salles reintroduzir a cobrança de direitos
alfandegários em mil-réis, com ganhos expressivos para a arrecadação tributária;
Falso – A reação de política econômica do início do governo Campos Salles esteve voltada à
resolução do grande desequilíbrio externo e, portanto, principalmente ao equilíbrio das contas do
governo em moeda-forte, não em mil-réis. Ademais, um dos motivos pelos quais as crises
externas na República Velha convertiam-se rapidamente em crise fiscal era precisamente por
causa da base fiscal do governo ser fortemente calcada na cobrança de impostos em mil-réis
sobre importação, e ser, portanto, sensível a desvalorizações cambiais.
(2)em um contexto mais favorável, Rodrigues Alves (1903-1906) pôde aumentar a oferta de
moeda e adotar uma política fiscal expansionista, abrindo espaço para taxas de crescimento do
PIB mais elevadas;
Falso – A política monetária apertada (e a valorização cambial) foi mantida no governo
Rodrigues Alves até 1906, quando foi criada a Caixa de Conversão (câmbio fixo). A partir de
então, a oferta de moeda passa a ser passiva e se expande, enquanto o balanço de pagamentos se
mantém positivo (grosso modo, até 1913).
(3)Rodrigues Alves implementou um programa de obras públicas, que incluiu o saneamento e a
urbanização da capital federal e a construção de portos e estradas de ferro;
Verdadeiro – Correto, esta é a alusão ao governo Rodrigues Alves no plano de governo do
segundo governo Vargas. Um fato histórico associado é a Revolta da Vacina, na capital, em
1904, contra a introdução da vacinação contra a febre-amarela, promovida por Osvaldo Cruz.
(4)a interrupção da política de valorização cambial no período 1903-1906, com a estabilização
da taxa de câmbio, não impediu o agravamento da crise do setor cafeeiro, o que acabou
levando ao Convênio de Taubaté.
Falso – Veja item (2). A valorização cambial se manteve até o ano de 1905-06, até a criação da
Caixa de Conversão, cujo estabelecimento esteve associado à política de valorização do café
proposta no Convênio de Taubaté e às pressões do setor cafeeiro.

Solução ANPEC 2007 Economia Brasileira


Central de Ensino (11) 3063-4019

QUESTÃO 02
Segundo a interpretação de Celso Furtado a respeito da recuperação da economia brasileira
depois da Grande Depressão, é correto afirmar que
(0)o programa de defesa do café atrasou a recuperação industrial, por ter aumentado a
rentabilidade agrícola.
Falso – Pelo contrário, o programa de defesa do café, ao sustentar, diante da crise, a renda e o
emprego da economia como um todo, permitiu a recuperação mais rápida da economia brasileira,
recuperação esta liderada pela retomada industrial voltada para o mercado interno.
(1)a recuperação foi favorecida pela “internalização do centro dinâmico”, ou seja, pelo
deslocamento de capitais investidos no café exclusivamente para a produção agrícola voltada
para o mercado interno, como o algodão.
Falso – Não “exclusivamente para a produção agrícola”. Pelo contrário, especialmente para o
setor industrial ainda que também para o setor agrícola.
(2)a política de queima de excedentes de café foi mais favorável à recuperação industrial do que
teria sido a política de estocagem de excedentes, ou simplesmente deixar o café apodrecer no
pé.
Verdadeiro – Certamente foi mais favorável do que deixar o café apodrecer no pé, mas não se
pode dizer que, em princípio, destruir o café tenha sido mais favorável do que teria sido uma
política de estocagem de excedentes. A destruição do café decorreu da incapacidade de absorção
do mercado num prazo razoável para as quantidades então estocadas e para a produção prevista
para os anos seguintes. Uma política de estocagem de excedentes, se realizada da mesma forma
(com base em crédito), promoveria, teoricamente, os mesmos efeitos identificados por Furtado
que a defesa que foi realizada com base em queima de excedentes. O que se pode dizer é que, na
prática, a única forma de defender os preços do café era colhê-lo para destruí-lo.
(3)a depreciação cambial atrasou a recuperação industrial, pois encareceu a importação de
máquinas e equipamentos.
Falso – Segundo Furtado, a princípio, o crescimento da produção industrial esteve condicionado
à existência de capacidade produtiva ociosa, dado o estrangulamento particularmente agudo da
capacidade de importação nos primeiros anos de crise. Mais adiante se pôde contar com a
importação de equipamentos usados a baixo custo de empresas falidas durante a crise. E também
já havia, ainda que incipiente, alguma produção interna de bens de capital, que também se
beneficiava da proteção cambial.
(4)o efeito multiplicador de renda induzido pelo programa de defesa do café foi limitado por ter
sido financiado predominantemente por um imposto sobre exportações de café.
Falso – Esta é a crítica de Peláez à tese de Furtado. Na literatura, as posições sobre a questão
parecem pender para Furtado, na medida em que se demonstrou que uma parcela significativa do
financiamento do programa de defesa do café foi efetivamente realizado com base em crédito.

Solução ANPEC 2007 Economia Brasileira


Central de Ensino (11) 3063-4019

QUESTÃO 03
O ambiente criado pela Segunda Guerra Mundial afetou profundamente a economia brasileira.
Entre as principais mudanças então verificadas, assinalam-se:
(0)A aceleração da taxa de crescimento econômico relativamente ao período 1933-39, em
decorrência, principalmente, do melhor desempenho da produção industrial.
Falso – A taxa de crescimento oscila bastante entre 1933-39. Há, de fato, uma forte aceleração
do produto industrial no período, ainda que ele também sofra uma ruptura em 1937. Além disso,
a Segunda Guerra Mundial inicia-se em 1939 (ainda que haja antecedentes), difícil pensar que
essas oscilações resultem do “ambiente criado” pela Guerra.
(1)A elevação do saldo da balança comercial a despeito da deterioração das relações de troca, em
virtude da expansão das exportações de produtos industrializados.
Falso – A elevação do saldo da balança comercial deveu-se, principalmente, à queda nas
importações em virtude das condições de oferta internacional dos bens que o país importava. As
exportações foram mantidas com base em acordos, a partir de 1941. O câmbio nominal foi
mantido fixo (estável) em condições de inflação, valorizou-se, portanto. A alteração de pauta de
exportação no sentido dos produtos industrializados também pesa no sentido da melhora dos
termos de troca.
(2)O aumento da arrecadação do imposto de importação, por conta da reforma tributária então
implementada, que introduziu a cobrança ad valorem.
Falso – As dificuldades fiscais resultantes das dificuldades de arrecadação do imposto de
importação – em função da queda nas importações derivada das condições de oferta – foram uma
das principais fontes de pressão inflacionária durante a guerra. A inflação foi um traço marcante
da guerra. Ademais, que aumento de arrecadação adviria da introdução de uma cobrança ad
valorem sobre valores fortemente deprimidos? A reforma tributária do período se dirige a um
maior peso conferido ao imposto de renda.
(3)O aumento da formação bruta de capital fixo, inicialmente por conta dos gastos relacionados à
defesa e, nos anos finais da guerra, por investimentos em infra-estrutura.
Verdadeiro – Gastos relacionados à participação do Brasil no esforço de guerra e investimentos
em infra-estrutura houve. Quanto a estes últimos o caso mais importante é a construção da Usina
Siderúrgica de Volta Redonda, da CSN, com base em capitais norte-americanos. Por outro lado,
as dificuldades de importação de bens de capital dificultaram sobremaneira o investimento
industrial no país no período. O saldo disso é mais difícil avaliar, os indicadores de formação de
capital disponíveis não indicam um comportamento inequívoco. O consumo aparente de cimento
tem crescimento significativo no período, mas com oscilações. O consumo aparente de aço oscila
também, mas sem demonstrar tendência a crescer no período.
(4) a estabilidade da taxa de câmbio em um regime de liberdade cambial.
Verdadeiro – Há ressalvas aqui. A reforma cambial de abril de 1939, realizada de acordo com a
Missão Aranha, estabeleceu que 70% das divisas geradas pelas exportações seriam liberados
para o mercado “livre”, os demais 30% deveriam ser vendidas ao Banco do Brasil à taxa oficial.
Não chamaria isso de um “regime de liberdade cambial”. A taxa oficial foi mantida fixa durante
a guerra, a taxa “livre” apresentou relativa estabilidade.

Solução ANPEC 2007 Economia Brasileira


Central de Ensino (11) 3063-4019

QUESTÃO 04
Entre 1947 e 1953 estabeleceu-se um sistema de licenciamento de importações. A respeito de tal
sistema, são corretas as afirmativas:
(0)A taxa de câmbio, a despeito de manter-se fixa no período, revelou-se adequada às condições
de equilíbrio do balanço de pagamentos.
Falso – Por dois motivos, primeiro, o que garantia o equilíbrio das contas externas era o controle
das importações através do sistema de licenças, e não propriamente a taxa de câmbio. Em
segundo lugar, um dos motivos imediatos para a reforma cambial de 1953 foi exatamente uma
crise cambial que ocorreu entre 1952-53. Ainda que o mecanismo que desencadeou a crise
estivesse mais associado ao acúmulo de licenças emitidas previamente e que, por terem um prazo
de validade, impediram a contenção imediata das importações quando a crise se manifestou.
(1)A Carteira de Exportação e Importação do Banco do Brasil (CEXIM) priorizou a importação
de bens de consumo, em vista da importância assumida pelo controle inflacionário no
Governo Dutra.
Falso – No imediato pós-guerra houve uma liberalização mais generalizada das importações
havendo um surto de importação de bens de consumo, mas também de outros bens, de capital em
especial. As preocupações com a contenção da inflação estavam entre os motivos dessa
liberalização. A partir da criação do sistema de licenças, em 1947, a concessão de licenças
priorizava os bens considerados “essenciais”, e penalizava, em geral, a importação de bens de
consumo. Este fato, associado com a possibilidade de importação de bens de capital a uma taxa
favorável, foi responsável por um significativo impulso à industrialização neste período.
(2)A elevação do preço do café no mercado internacional contribuiu para a sustentação da
política de taxa de câmbio fixa naquele período.
Verdadeiro – A despeito do estado complicado que o setor cafeeiro atravessou na década de
1930, ainda nas décadas de 1940 e 1950 o café constituía a mais importante fonte de divisas para
o país. Após a guerra, quando, em 1946, os preços do café deixaram de ser determinados por
acordos internacionais e, especialmente depois de 1949, quando esgotaram-se os estoques
existentes, o preço do café sofreu uma alta acentuada, que se estenderia até 1954. Sem dúvida
este fato facilitou a execução da política cambial no período.
(3)A rigidez com que a CEXIM tratou o licenciamento de importações permaneceu inalterada
mesmo durante a Guerra da Coréia, período em que o Governo Vargas afrouxou as políticas
monetária e fiscal.
Falso – É notório o afrouxamento na concessão de licenças, visando especialmente antecipar
compras de bens de capital, resultante dos temores de que a Guerra da Coréia se tornasse um
conflito mais generalizado e levasse a um estrangulamento dos fluxos internacionais de
comércio. As restrições deste tipo experimentadas pelo país ao longo da Segunda Guerra ainda
estavam vívidas na memória.
(4)A manutenção da taxa de câmbio fixa estimulou o ingresso de investimentos estrangeiros
diretos, devido à maior credibilidade emprestada à política cambial.
Falso – Não me parece razoável assumir que controles cambiais e de importações representem
estímulos ao ingresso de investimentos estrangeiros. Naquele momento, o governo brasileiro,
especialmente com Vargas, vai à procura de empréstimos oficiais: a Comissão Mista Brasil-
Estados Unidos é dessa época.

Solução ANPEC 2007 Economia Brasileira


Central de Ensino (11) 3063-4019

QUESTÃO 05
É correto afirmar que a Instrução 113 da Superintendência de Moeda e Crédito (SUMOC)
(0)favoreceu o investimento externo direto ao permitir a importação de máquinas e
equipamentos sem cobertura cambial.
Verdadeiro – Parte significativa do investimento externo no Brasil ao longo da segunda metade
dos anos 1950 entrou no país ao abrigo desta instrução. A taxa de câmbio implícita para entrada
de capital estrangeiro nos termos da Instrução 113 era, de fato, bastante favorável ao
investimento externo direto.
(1)foi proposta pelo Governo Juscelino Kubitschek, tendo sido fundamental para o Plano de
Metas.
Falso – A Instrução 113 foi de fato fundamental para o Plano de Metas, mas ela foi promulgada
em janeiro de 1955, com Eugênio Gudin na Fazenda, no governo Café Filho.
(2)inaugurou a política de leilões de reservas cambiais, segundo cinco categorias de importações
definidas pelo grau de essencialidade.
Falso – A política de leilão de divisas havia sido criada anteriormente, com a reforma cambial de
1953, a Instrução 70 da Sumoc.
(3)facilitou a importação de máquinas e equipamentos não registrados como investimento
externo direto, ao permitir o pagamento à vista ou a prazo pelo câmbio de custo.
Verdadeiro – As máquinas e equipamentos importados sob o abrigo da Instrução 113 seriam
incorporados aos ativos das empresas sem contrapartida no passivo exigível. A remessa de
rendimentos e amortizações destas inversões diretas seria realizada a câmbio de custo. O registro
do capital, por sua vez, à taxa de câmbio livre. Dessa diferença resultava grande incentivo à
importação de máquinas e equipamentos pela Instrução 113.
(4)instituiu o regime de licenças prévias de importação.
Falso – O regime de licenças prévias teve vigência entre 1947 e 1953, e já havia sido substituído,
com a reforma cambial de 1953, pelo sistema de leilões de divisas.

QUESTÃO 06
O Plano de Metas do Governo Kubitschek foi um dos pontos altos do processo de substituição de
importações, tendo ensejado a constituição de uma estrutura industrial mais complexa e
integrada que aquela até então vigente. As seguintes medidas foram adotadas pelo Plano de
Metas:
(0)criação do Ministério do Planejamento, essencial para a coordenação do Plano, com Celso
Furtado à frente;
Falso – Isso viria a acontecer no governo Goulart, em 1962-63.
(1) direcionamento dos financiamentos do BNDE exclusivamente ao setor privado;
Falso – O BNDE participou também no financiamento ao setor público no Plano de Metas. Era
sua posição estratégica de financiador e de avalizador de empréstimos estrangeiros para todas as
partes envolvidas no plano que o banco foi capaz de exercer alguma função de coordenação
intersetorial na implementação do Plano.

Solução ANPEC 2007 Economia Brasileira


Central de Ensino (11) 3063-4019

(2)utilização do sistema de mérito na administração pública segundo proposta da Comissão de


Estudos e Planejamento Administrativos;
Falso – O Plano de Metas, ao contrário, foi capaz de instituir mecanismos de atuação de relativa
autonomia fazendo uso de “formas administrativas flexíveis”, trabalhando a partir de agências
burocráticas relativamente insuladas. O DASP foi impedido de realizar concursos públicos por
JK, que realizou grandes números de nomeações políticas.
(3)criação dos “grupos executivos”, que, de forma decisiva, subsidiaram as decisões do Conselho
de Desenvolvimento Econômico;
Verdadeiro – Os grupos executivos foram bastante importantes na execução do Plano de Metas.
O mais conhecido foi o da Indústria Automobilística, o GEIA, mas havia outros grupos voltados
para outros setores. Estes grupos concentravam, inclusive, muito do poder decisório e muitas das
decisões não chegavam ao Conselho de Desenvolvimento Econômico.
(4)reforma cambial, que teve por objetivos a desvalorização da taxa de câmbio e a unificação do
mercado cambial.
Falso – Em 1957 é realizada uma reforma cambial, visando simplificar o sistema de taxas
múltiplas e desvincular receitas fiscais oriundas das operações cambiais, através da tarifação ad
valorem para a importação. A unificação do mercado cambial veio apenas no governo Jânio
Quadros, com a reforma de 1961, que incluiu também desvalorização da taxa de câmbio.

QUESTÃO 07
A política salarial foi um dos pontos fundamentais do Programa de Ação Econômica do Governo
Castello Branco (PAEG). A respeito da política salarial do PAEG são corretas as afirmativas:
(0)Tal política iniciou um processo de redução do salário mínimo real, que até então vinha se
elevando.
Falso – Entre 1961 e 1964, a despeito dos reajustes mais freqüentes, em função da aceleração da
inflação, o salário mínimo real caiu em torno de 20%.
(1) Seus efeitos estenderam-se de imediato aos setores público e privado.
Falso – A regra para o reajuste salarial, o principal mecanismo da política salarial do PAEG, foi
criada em 1965, a princípio para o setor público, e apenas em 1966 foi estendida para o setor
privado.
(2)Não havia mecanismos de correção em caso de subavaliação do “resíduo inflacionário”.
Verdadeiro – De fato, a correção pela inflação era feita pela inflação programada para o ano
seguinte pelo governo. A subestimativa do “resíduo inflacionário” era sistemática e embutida no
mecanismo de reajuste. A diferença entre este índice e a inflação efetiva resultou numa queda
significativa dos salários reais no período em que este mecanismo esteve em vigência.
(3)A despeito da queda do salário mínimo real, a redução da inflação operada a partir do PAEG
permitiu que os salários reais médios da indústria se elevassem.
Falso – Não, os salários reais médios na indústria também caíram. Os dissídios do setor privado
também estiveram sujeitos à regra de reajuste estabelecida.
(4)A política salarial estabeleceu o princípio da anuidade dos reajustes.
Verdadeiro – A informação é correta, a anuidade dos reajustes foi estabelecida pelas normas de
reajuste salarial implementadas pelo PAEG.

Solução ANPEC 2007 Economia Brasileira


Central de Ensino (11) 3063-4019

QUESTÃO 08
A alta taxa de crescimento do PIB entre 1968 e 1973 teve no setor externo uma de suas causas
principais. Entre os fatores que colaboraram para a ausência de restrição externa ao crescimento
acelerado naquele período, destacam-se:
(0)O crescimento do valor das exportações, a despeito da evolução desfavorável dos termos de
troca, devido ao aumento do quantum das exportações.
Falso – O período foi de melhora nos termos de troca. Uma política ativa de estímulo às
exportações – aliada à maior estabilidade proporcionada pela política de minidesvalorizações
cambiais e à conjuntura externa favorável – também foi capaz de produzir diversificação de
pauta, inclusive na direção de manufaturados, e ampliação significativa do quantum exportado.
(1) O crescimento expressivo dos investimentos externos diretos, concentrados sobretudo no
setor industrial.
Verdadeiro – Após a interrupção com a crise que se inicia em 1961 ocorre em 1967 uma
retomada dos investimentos externos diretos, sendo este um dos fatores para o desempenho
positivo da conta de capital no período. O estoque de investimentos e reinvestimentos quase
triplica do fim de 66 a 73.
(2)O crescimento modesto da dívida externa bruta – e, portanto, de seus encargos – devido à
relativa estagnação da liquidez internacional no período.
Falso – A dívida externa cresceu de forma expressiva no período do “milagre”, e um dos
principais motivos para este aumento esteve precisamente nas condições de elevada liquidez
internacional, associadas à crise e ruptura do sistema de Bretton Woods e ao desenvolvimento do
euromercado. Houve também aumento significativo das reservas em paralelo ao aumento da
dívida.
O bom desempenho do setor exportador, atribuído, em parte, à ampliação dos benefícios
(3)
fiscais, creditícios e cambiais implementados a partir de 1967.
Verdadeiro – Correto, veja o comentário do item (0). Os instrumentos da política de incentivo às
exportações foram precisamente benefícios fiscais e creditícios bem como a política de
minidesvalorizações cambiais.
(4)A elevação do saldo comercial, que contou também com a colaboração da queda das
importações, em virtude das elevações de tarifas alfandegárias no período.
Falso – A política ativa de incentivo às exportações visava, explicitamente, ampliar a capacidade
de importação do país, tendo em vista especialmente a manutenção de adequados fluxos de
importações para a industrialização. Com isso, ao lado do aumento das exportações, observou-se
um forte aumento de importações, notadamente de bens de capital, que foi favorecido pela
existência de isenções e incentivos específicos da política industrial. A balança comercial se
mantém positiva entre 1967 e 1970, torna-se negativa em 1971 e 1972, e volta brevemente a um
equilíbrio em 1973.

Solução ANPEC 2007 Economia Brasileira


Central de Ensino (11) 3063-4019

QUESTÃO 09
Depois do primeiro choque do petróleo, a execução do II Plano Nacional de Desenvolvimento (II
PND) foi acompanhada pela quase triplicação da dívida externa bruta entre 1974 e 1979. Sobre
aquele período, é correto afirmar que:
(0)a triplicação das taxas de juros bancárias no euromercado (comparação da média dos seis anos
de vigência do II PND com a do período anterior) foi uma das causas do aumento do
endividamento externo;
Falso – O mercado internacional se manteve, após o primeiro choque do petróleo, em condições
de elevada liquidez (petrodólares), e de juros relativamente baixos. A facilidade de ampliação do
endividamento em função dessa conjuntura esteve mesmo entre os condicionantes da adoção do
programa de investimentos do II PND.
(1)entre as causas do aumento da participação das empresas estatais no endividamento externo
apontam-se os limites impostos a seu endividamento interno e o controle governamental sobre
o reajuste de seus preços e tarifas;
Verdadeiro – Estes foram os principais mecanismos pelos quais o governo induziu as empresas
estatais a tomar empréstimos no exterior. As estatais vieram a tornar-se os principais agentes
captadores de recursos no exterior, enquanto os recursos internos das fontes de financiamento
público foram dirigidas ao setor privado. Este fator foi um dos responsáveis pelo processo de
estatização da dívida externa experimentado no período.
(2)o II PND previa mudanças na estrutura produtiva que economizassem ou gerassem divisas,
não se limitando a uma estratégia de crescimento com endividamento;
Verdadeiro – A concepção do II PND pretendia precisamente efetivar a redução do coeficiente
de importação da economia. Ou seja, através a ampliação dos desequilíbrios externos a curto
prazo almejava-se, a médio e longo prazo, uma reestruturação produtiva que economizasse ou
gerasse divisas.
(3)o aumento do endividamento externo foi superior aos déficits da conta corrente acumulados
pela opção de manter o crescimento interno em condições adversas da economia mundial,
particularmente no biênio 1977-1978;
Verdadeiro – De fato, o aumento do endividamento externo não se deveu apenas aos déficits em
conta corrente. A conta de capitais também se manteve amplamente positiva, composta
especialmente pela tomada de empréstimos no exterior por parte das estatais. Lembrem-se, até
1979 as condições internacionais eram de liquidez.
(4)a participação de empresas privadas no fluxo líquido de endividamento externo no período
caiu, em média, para 60% do total.
Falso – Como comentado no item (1), ao longo do II PND, as principais tomadoras de dívida no
exterior foram as estatais. A partir de 1975 elas já são responsáveis por mais da metade dos
recursos, e superam os três quartos em 1979 e 1980.

Solução ANPEC 2007 Economia Brasileira


Central de Ensino (11) 3063-4019

QUESTÃO 10
A respeito das políticas de ajuste à crise do endividamento externo entre 1980 e 1985, é correto
afirmar que
(0)o impacto da crise financeira externa foi atenuado pela melhora dos termos de intercâmbio do
comércio exterior brasileiro, particularmente no biênio 1982-83.
Falso – Com o segundo choque do petróleo, os termos de intercâmbio do comércio exterior
brasileiro sofrem acentuada piora, especialmente de 1979 a 1981, mas que se prolonga ainda no
biênio 1982-83.
(1)as desvalorizações cambiais favoreceram o ajuste exportador, mas aumentaram o custo fiscal
da dívida externa e tiveram impacto inflacionário.
Verdadeiro – A política cambial variou ao longo do período e não constituiu o centro da política
de ajuste à crise. A maxidesvalorização de 1979, teve elevados impactos inflacionários mas
pouco favoreceu o ajuste exportador. Entre 1979 e 1983 o câmbio foi mantido aproximadamente
indexado ao índice de preços, numa tentativa de manutenção do câmbio real. A
maxidesvalorização de 1983 foi acompanhada de mecanismos que impediram o repasse da
variação no câmbio aos preços e especialmente aos salários. Esta, por resultar numa
desvalorização real, contribuiu para o ajuste exportador, aumentou o custo fiscal da dívida
externa, mas teve um impacto inflacionário relativamente menor.
(2)a maioria das grandes empresas privadas nacionais conseguiu sobreviver ao impacto recessivo
das políticas de ajuste, em parte porque venderam títulos da dívida pública para financiar
investimentos crescentes.
Falso – A formação bruta de capital fixo cai continuamente de 1979 a 1984, capitaneada pelo
setor público, mas acompanhada pelo setor privado. Entre 1981 e 1983 a produção de bens de
capital cai 55%. O setor privado, além disso, foi no período comprador líquido de dívida pública.
(3)o impacto recessivo das políticas de ajuste foi agravado pela redução do investimento das
empresas estatais, muito endividadas em moeda estrangeira.
Verdadeiro – As políticas de ajuste tinham importante componente fiscal, com implicações
diretas para os gastos das estatais, com cortes significativos nas despesas de capital. As estatais
tinham, naquele momento, um papel dinâmico particularmente marcado. A redução em suas
despesas de capital foi fator importante para a redução da taxa de investimento da economia, e
nesse sentido agravou o impacto recessivo das políticas de ajuste.
(4) a reação defensiva dos bancos comerciais brasileiros atenuou o impacto recessivo das
políticas de ajuste, pois eles fugiram do risco maior dos títulos da dívida pública e ampliaram
o crédito ao setor privado.
Falso – As preocupações com o controle da base monetária induziram uma política de
financiamento das necessidades do setor público através de vendas cada vez mais volumosas de
títulos do governo ao setor privado, comportando taxas de juros elevadas. É razoável assumir
que o risco dos títulos da dívida pública é maior que o das dívidas do setor privado? A política
creditícia acordada com o FMI previa, além disso, expressiva restrição de crédito ao setor
privado.

Solução ANPEC 2007 Economia Brasileira


Central de Ensino (11) 3063-4019

QUESTÃO 11
A partir do início da década de 1980 ganhou adeptos no Brasil a hipótese da “inflação inercial”.
A respeito dessa hipótese e das proposições para combater a inflação inercial, são corretas as
afirmativas:
(0) As expectativas desempenham papel fundamental para explicar a autonomia da inflação.
Anulada – Desconheço o motivo preciso da anulação. No meu entender a alternativa seria falsa,
na medida em que a explicação proposta para a inércia inflacionária está fundamentalmente
calcada nos mecanismos de indexação. Pode-se, é claro, assumir que as expectativas
intermediam esse processo, mas isso seria uma imputação ad hoc: o conceito de expectativas não
tem papel particularmente importante nas teorias inerciais da inflação da década de 1980.
(1)A proposta de Francisco Lopes – denominada choque heterodoxo – é de que as políticas
monetária e fiscal sejam passivas.
Verdadeiro – A proposta de Francisco Lopes, de desindexação por um “choque heterodoxo”,
tinha como elemento central o congelamento de preços e salários, e, de fato, previa políticas
monetária e fiscal passivas para sua implementação.
(2)Na visão de Nakano e Bresser Pereira, o déficit público só seria inflacionário se a economia
operasse a pleno emprego.
Verdadeiro – Bresser e Nakano possuem uma visão estruturalista da inflação, enfatizando
aspectos de conflito distributivo. Os autores separam entre fatores aceleradores, mantenedores e
sancionadores da inflação. O déficit fiscal operaria principalmente como fator sancionador da
inflação, como inflação “corretiva” ou “compensatória”. Poderia também operar como fator
acelerador da inflação no caso teórico de pleno emprego, no entanto a idéia de um desemprego
estrutural na economia brasileira é uma idéia cara ao estruturalismo.
(3)Na proposta de André Lara Resende e Pérsio Arida, uma nova moeda indexada à inflação do
mês imediatamente anterior deveria, obrigatoriamente, manter a paridade fixa com o dólar.
Falso – A nova moeda indexada deveria ser corrigida diariamente, não mensalmente, e
teoricamente de acordo com interpolações geométricas dos valores disponíveis da ORTN mas,
na prática, uma das possíveis referências para correção da nova moeda seria precisamente o
dólar, que operaria como possível âncora para a nova moeda. Essa âncora cambial é descartada
na proposta original por questões conjunturais, mas viria a ser importante na implementação do
Plano Real. A velha moeda sofreria também minidesvalorizações diárias de forma que a taxa de
câmbio na nova moeda fosse mantida constante.
(4)Choques de oferta ou de demanda explicariam as mudanças de patamar da inflação, seja no
sentido ascendente, seja no sentido descendente.
Falso – Não, apenas no sentido ascendente. Esse é um dos elementos centrais contidos no
conceito de inércia inflacionária: a inflação não precisa de “choques” para se manter no patamar
em que está, choques provocam aceleração inflacionária, que, na seqüência são incorporados à
tendência.

Solução ANPEC 2007 Economia Brasileira


Central de Ensino (11) 3063-4019

QUESTÃO 12
A respeito dos objetivos e da execução dos planos de combate à inflação da segunda metade da
década de 1980, é correto afirmar que:
(0)ao contrário do Plano Cruzado, o Plano Bresser autorizou diversos aumentos de preços
públicos e de preços administrados antes de decretar o congelamento.
Verdadeiro – Esta foi, efetivamente, uma das formas pelas quais Bresser tentou contornar os
problemas fiscais enfrentados ao longo do Plano Cruzado. O aumento prévio de preços precavia
contra a defasagem nos preços públicos e administrados que inevitavelmente ocorrem ao longo
do congelamento.
(1)o aumento do superávit comercial foi uma das causas do fracasso do Plano Cruzado, em
virtude do impacto monetário da acumulação de reservas cambiais.
Falso – A estabilização, somada a políticas monetária e fiscal folgadas, promoveu um
superaquecimento da economia. O excesso de demanda e a conseqüente escassez de produtos
que marcou o plano depois dos meses iniciais de sucesso, associados ao câmbio defasado,
redirecionaram a demanda interna para importados, causando, a partir de setembro/outubro a
reversão da balança comercial, com expressivos déficits comerciais. A crise externa resultante
foi um dos golpes de misericórdia no Plano.
(2)a proposta de moeda indexada foi inicialmente implementada pelo Plano Verão, embora
tivesse êxito apenas durante o Plano Real.
Falso – O Plano Verão, pelo contrário, tentou debelar a inflação brasileira através de um “choque
de desindexação” simplesmente eliminando os indexadores formais existentes. O extremo
oposto, portanto, àquilo que propunha a tentativa de desindexação por uma moeda indexada.
(3)o Plano Bresser foi o primeiro plano heterodoxo a rejeitar o recurso ao congelamento de
preços, preferindo recorrer à criação de uma moeda indexada.
Falso – O Plano Bresser foi estruturalmente parecido como o Cruzado, mas tentou evitar as
dificuldades do plano anterior. Ainda que o Plano Bresser não pretendesse zerar imediatamente a
inflação, houve sim um congelamento, mas que era previsto para ser temporário, e foram
propostas de antemão regras e datas para o descongelamento.
(4)uma das causas do fracasso do Plano Cruzado foi o impacto inflacionário do regime de
flutuação livre do câmbio ao longo de sua implementação.
Falso – O câmbio também foi congelado, o que inclusive teve sua responsabilidade, mais tarde,
nos graves desequilíbrios comerciais no segundo semestre de vigência do Plano.

Solução ANPEC 2007 Economia Brasileira


Central de Ensino (11) 3063-4019

QUESTÃO 13
A respeito da abertura comercial e financeira e dos esforços de combate à inflação da década de
1990, é correto afirmar que:
(0)a redução das tarifas alfandegárias, conjugada à apreciação cambial, foi fundamental para o
êxito do Plano Real.
Verdadeiro – A apreciação cambial conjugada com a abertura comercial constituíram os
elementos centrais da chamada “âncora cambial” do Plano Real. Ambos têm como efeito
imediato o aumento da competitividade do bem importado no mercado nacional e a capacidade
de contenção da inflação que possui a âncora cambial reside exatamente nesta competição.
(1)a apreciação cambial que acompanhou o plano Collor II prejudicou o combate à inflação, pois
levou as empresas a aumentar preços domésticos para compensar a perda de mercados
externos.
Falso – O plano Collor II marcou um retorno às tentativas de combate gradual à inflação, seu
foco principal era fiscal mas também previa a aceleração da modernização do parque industrial,
para o que contribuiria uma apreciação cambial. De qualquer forma o plano teve vida curta em
função, principalmente, da perda de credibilidade do governo em torno do processo de
impeachment.
(2)a redução da taxa de juros provocada pela abertura financeira foi fundamental para o êxito do
Plano Real, pois propiciou um superávit nominal nas contas públicas depois de 1994.
Falso – Um dos elementos chave da política econômica ao longo dos primeiros anos do Plano
Real foi a política monetária de juros altos. Essa política teve significativo peso na deterioração
das contas públicas ao longo do primeiro mandato de FHC.
(3)a abertura comercial facilitou o êxito do Plano Real, pois limitou a distorção gerada pelo
congelamento de preços e salários sobre a estrutura de preços relativos.
Falso – O Plano Real não contou com congelamento de preços. A forma pela qual a abertura
comercial deu sua contribuição ao êxito do Plano Real foi comentada no item (0).
(4)a redução do passivo externo verificada depois de 1994 foi fundamental para o êxito do Plano
Real, graças ao impacto monetário da redução do nível de reservas cambiais.
Falso – O passivo externo teve aumento expressivo ao longo do primeiro mandato de FHC. A
política de juros altos e a âncora cambial, as bases de sustentação da estabilidade do Real, tinham
como efeitos diretos déficits comerciais e déficits públicos, que foram expressivos e cumulativos
ao longo do período, ainda que contrabalançados parcialmente pelo processo de privatização das
estatais.

Solução ANPEC 2007 Economia Brasileira


Central de Ensino (11) 3063-4019

QUESTÃO 14
Grande parte do desenvolvimento econômico brasileiro no século XX é atribuída à participação
do estado na economia. A respeito desse tema, são corretas as afirmativas:
(0)Durante a Segunda Guerra Mundial, ampliou-se de forma significativa a participação dos
investimentos de infra-estrutura no orçamento público.
Verdadeiro – O primeiro governo de Getúlio Vargas marca os primórdios de uma maior
conscientização do país no sentido de responsabilizar o Estado por determinadas atividades
econômicas, entre elas especialmente a infra-estrutura. Marco histórico disto é a construção da
usina siderúrgica de Volta Redonda, durante a Segunda Guerra Mundial.
(1)O BNDE, surgido por recomendação da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos, foi
impedido, de seu início à década de 1970, de financiar empresas públicas, servindo como
instrumento privilegiado para o financiamento das empresas privadas.
Falso – O BNDE podia sim financiar empresas públicas e o fez em larga medida ao longo de sua
existência. Os setores previstos para financiamento pelo BNDE correspondiam em grande
medida, aliás, ao escopo de atuação tradicionalmente aceito das estatais. O Plano de Metas é um
caso histórico mais evidente onde o BNDE atuou financiando os setores público e privado. Até
onde me lembro, o único momento em que as estatais foram impedidas de recorrer ao BNDE foi
no II PND.
(2)Controles de preços, embora existentes desde os anos 1950, foram pouco importantes na
maior parte da segunda metade do século passado, tendo sido abandonados nos anos 1990.
Falso – Controles de preços foram sistematicamente aplicados desde a época em que foram
criados, ainda que tenham sido mais importantes em determinados momentos. Esses controles
foram importantes elementos de política econômica no Plano de Metas, e ocuparam posição
central na política anti-inflacionária ao longo do “milagre”, de 1968-73.
(3)Durante o período militar, arrefeceu-se o processo de expansão das empresas estatais, que se
haviam expandido de forma expressiva nas décadas anteriores a 1964.
Falso – O período no qual as estatais mais se expandiram mais na história da industrialização
brasileira talvez tenha sido o II PND, no qual elas foram acionadas como agentes centrais do
processo e como principal elemento dinâmico da reestruturação da estrutura produtiva
programada pelo governo. O período da ditadura, em geral, foi período de expansão das estatais,
o que aliás condiz com o processo de centralização de poder no regime militar.
(4)Durante a crise da dívida externa, as empresas estatais foram fortemente prejudicadas pelas
políticas de ajuste econômico, em particular pela desvalorização cambial.
Verdadeiro – Ao longo do II PND as estatais foram convertidas no principal agente captador de
recursos no exterior. Elas foram utilizadas como instrumento de política macroeconômica neste
sentido. No final da década de 1970 elas estavam, portanto, fortemente endividadas no exterior.
Esta vulnerabilidade a oscilações cambiais, que ocorreram nas tentativas de ajuste durante a crise
da dívida externa, foi fator importante, ainda que não o único, da deterioração do desempenho
das estatais ao longo da década de 1980.

Solução ANPEC 2007 Economia Brasileira


Central de Ensino (11) 3063-4019

QUESTÃO 15
A despeito de divergências, os principais pesquisadores dos problemas da pobreza e da
distribuição de renda no Brasil, em sua vasta maioria, concordam com as seguintes proposições:
(0)o crescimento econômico constitui a principal forma de combate à pobreza, pois a
insuficiência de renda ainda está por ser resolvida.
Falso – Essa é só uma versão mais amena da “teoria do bolo”, de que ele tem que crescer para
depois distribuir, tentando tornar a distribuição dependente de um crescimento (prévio).
Crescimento e distribuição de renda são problemas que, ainda que relacionados, são distintos e
guardam certo grau de independência. De qualquer forma, não parece mais possível sustentar
hoje que o crescimento constitua condição suficiente para resolver problemas de distribuição de
renda e para o combate à pobreza.
(1)sem uma ampla reforma agrária é impossível reduzir de forma significativa, tanto a pobreza
crônica, quanto a concentração da renda.
Verdadeiro – Suponho que se julgue que esta é a única forma de absorver o excedente de mão-
de-obra que o setor urbano tem sido incapaz de empregar, em função da utilização de tecnologias
poupadoras de mão-de-obra. Mas não sei afirmar se isso é tão consensual assim.
(2)a proporção de pobres e indigentes diminuiu de forma intensa e temporária no início do Plano
Cruzado e de forma mais modesta, mas sustentada, a partir do Plano Real.
Verdadeiro – Esta é uma afirmação factual correta, mas não tira ainda o Brasil de um dos lugares
no topo da lista dos piores índices de distribuição de renda do mundo. Avanços têm sido obtidos,
mas os índices de pobreza são ainda elevados comparativamente a países de perfil semelhante ao
brasileiro.
(3)índices de distribuição da renda revelam que a concentração diminuiu na década de 1990
relativamente à de 1970, sendo a melhora atribuída à redução da taxa de inflação.
Falso – A concentração de renda aumentou entre 1970 a 1990 de acordo com a medida de
distribuição do índice de Gini, que aumentou de 0,568 para 0,615.
(4)a diminuição das desigualdades educacionais, embora contribua para a redução da
concentração da renda, se tem mostrado menos importante que a redução da discriminação
por gênero no mercado de trabalho.
Falso – As desigualdades educacionais são tidas, em geral, como um fator central na explicação
da concentração de renda e a educação como uma das principais formas de reduzir a
concentração. As questões de gênero, por relevantes que sejam, diante das educacionais são
menos importantes.

Solução ANPEC 2007 Economia Brasileira

Você também pode gostar