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Aula 6

=> Experiências de Padrão-Ouro no Brasil  


=> Primeira experiência
=> 1846: foi estipulado que o governo ACEITARIA moedas de ouro nas repartições
públicas (estava com uma taxa de câmbio ótima)
 * Brasil tinha necessidade de MUITAS IMPORTAÇÕES – exportações com baixa
elasticidade-renda
=> 1847: o governo é AUTORIZADO a cunhar moedas de ouro e de prata,
GENERALIZANDO o uso de metais para a realização de pagamentos
 * Esse sistema deveria levar a ajustes automáticos no Balanço de Pagamentos,
considerando o movimento de entrada e de saída de divisas
  § Mecanismo de preço-fluxo dinheiro de David Hume
 * Para que isso acontecesse, deveria haver RIGIDEZ NA OFERTA e NA DEMANDA
DOS PRODUTOS
  § Choques externos: poderiam ter seus efeitos compensados pela REALOCAÇÃO
DE FATORES PRODUTIVOS entre setores (e isso poderia ser conseguido pela adoção
de políticas monetárias e de créditos externos)
=> Brasil: NÃO REUNIA TAIS CARACTERÍSTICAS – dificultando sua adesão ou
permanência no sistema – características do Brasil
 * 1 – Elevado coeficiente de importações
 * 2 – Capacidade limitada de substituição de importações
 * 3 – Exportações com baixa elasticidade-renda
 * 4 – As mudanças nos preços de nossos produtos de exportação eram frequentes
=> Segunda experiência
=> 1888: num momento de BOA COTAÇÃO CAMBIAL (27 pence por mil-réis, a
mesma paridade de 1846)
=> Terceira experiência
=> Caixa de Conversão (1906-1914)
=> Governo Rodrigues Alves: era um período MAIS TRANQUILO, pois estava no
período de carência ainda do Funding Loan (economia estava SANEADA e com a
ENTRADA DE CAPITAIS EXTERNOS)
 * Queria-se PROMOVER o crescimento
* Programa de investimentos públicos: infraestrutura de transportes e melhoramento
de materiais na Capital Federal – parte dos investimentos foi financiada com
RECURSOS VINDOS DE EMPRÉSTIMOS EXTERNOS
§ Por causa disso, a política monetária e financeira consegue manter equilíbrio
orçamentário desejado até 1907
=> Obs: períodos
* Ajuste Recessivo (1898-1899)
* Ciclo de Crescimento (1900-1913)
=> O aumento das EXPORTAÇÕES DE BORRACHA e a expansão dos
investimentos europeus nos países periféricos concorreram para o CICLO DE
CRESCIMENTO ECONÔMICO verificado no Brasil durante a Primeira República
 * 1900-1913: houve crescimento médio de 4% ao ano, com RELATIVA
ESTABILIDADE DE PREÇOS
 * Governo Rodrigues Alves (1902-1906): contou com RÁPIDO CRESCIMENTO
DAS EXPORTAÇÕES DE BORRACHA
  § Iniciou-se o grande boom de investimentos europeus na PERIFERIA (que, com
algumas interrupções, seguiram-se até às vésperas da I Guerra Mundial)
=> Caixa de Conversão (1906): instituição de emissão monetária criada pela lei nº
1575, de 6 de dezembro de 1906, para ajudar a combater a crise pela qual passava o
MERCADO DO CAFÉ e manter equilibrado o poder de troca da moeda no Brasil
(no comércio com outras nações)
 * Era autorizada a emitir bilhetes “conversíveis”, garantidos por lastro em moedas de
ouro nacionais e estrangeiras, como a libra e o dólar
  § Encerrou sua atividade emissora em 1913
 * A “Caixa de Conversão” emitiu papel-moeda em valores que variavam de 10 mil
réis a 1 conto de réis – o chamado ‘papel-ouro’ – porque a garantia de poder ser
trocado por moedas de ouro
  § Extinta em 1920 quando, pelo Decreto de 1920, foi INCORPORADA à Caixa de
Amortização
=> Obs: só que, nesta situação, manter a POLÍTICA MONETÁRIA ESTRITA da
administração anterior significava restringir o crescimento
 * A manutenção da política monetária anterior era OBRIGATÓRIA, graças aos
termos do empréstimo de consolidação inglês – percebeu-se uma APRECIAÇÃO
desde 1898, depois do Funding Loan
  § Funding Loan (1898)
=> Obs: a manutenção da política monetária também tornava a MANUTENÇÃO DA
TAXA DE CÂMBIO IMPOSSÍVEL ao nível de 12 pence por mil réis, estabilizada
desde 1902, depois de uma apreciação de quase 70% desde 1898
 * Isso seria muito complicado para os produtores de café
  § Os produtores de café já se deparavam com PREÇOS INTERNACIONAIS
DEPRIMIDOS graças ao enorme aumento da oferta paulista desde o final do século
– em 1896, o café já havia passado por uma crise de preços (aumento da oferta do
café paulista não ajudaria, muito menos uma taxa de câmbio valorizada para o
Brasil)
=> Ponto crítico (1905): APRECIAÇÃO CAMBIAL – a MOEDA APRECIADA faz
que se dificulte muito as exportações
=> Funding Loan (1898): havia CONSOLIDADO a dívida externa – os pagamentos
de amortizações e juros da dívida consolidada foram SUSPENSOS por 13 anos e o
país recebeu, pelo acordo, mais de 8 milhões de libras esterlinas
 * Nos anos de 1899-1902, as despesas anuais com a DÍVIDA EXTERNA caíram pela
metade
 * Somado a isso
  § 1 – A negociação, pelo Banco do Brasil, de cambiais e de certificados-ouro para
pagamento dos direitos alfandegários (havia sido restituído os direitos em ouro e
em alfandegário)
  § 2 – O grande saldo da balança comercial em 1900 (naquele ano, houve melhora
do preço do café e redução de importações)
  § 3 – A entrada de 16 milhões de libras para encampação de algumas estradas de
ferro (governo dava garantias de juros)
=> Folga no mercado cambial – com isso, o câmbio se VALORIZA até fins de 1906
=> Importante: o debate sobre a REFORMA MONETÁRIA reabria-se
 * Questionamento: como criar um mecanismo que fornecesse os ativos domésticos
líquidos (moeda) em QUANTIDADE SUFICIENTE para absorver a crescente oferta
de divisas
  § Aliviando as PRESSÕES para a apreciação do câmbio?

=> Condições favoráveis do mercado + resolução de problemas


 * Resulta em SUPERPRODUÇÃO – ocorre na safra de 1906/1907
=> Dois problemas: moeda sobrevalorizada + possível superprodução – medo de
queda dos preços e das exportações
=> Convênio de Taubaté (1906): foi uma TENTATIVA BEM-SUCEDIDA de
recuperação dos preços internacionais do café
 * É celebrado entre os estados de SP, MG, ES e RJ – proteger o setor e recuperar os
preços internacionais
 * Previa a Caixa de Conversão, ou seja, a instauração de taxa fixa nominal de
câmbio (evitaria novas flutuações na taxa de câmbio – evitar que se apreciasse
ainda mais)
 * Celso Furtado: “O êxito financeiro da experiência consolida a vitória dos
cafeicultores, que reforçam seu poder até 1930. Conseguem submeter o governo central
dos seus objetivos”
=> Objetivos do Convênio de Taubaté:
 * 1 – Valorizar os preços internacionais do café
 * 2 – Regularizar seu comércio
 * 3 – Promover o aumento de seu consumo
 * 4 – Criar a Caixa de Conversão
  § Que oferecesse taxa de câmbio preferencial para os cafeicultores
 * 5 – Manutenção de estoques de café financiados por empréstimos de
aproximadamente 15 milhões de libras, tomados junto a bancos internacionais
  § Garantido pelo Governo Federal
=> Outras questões do Convênio de Taubaté
 * I – O serviço da dívida seria pago com tributo sobre o café exportado
 * II – Havia a intenção de não estimular o PLANTIO de novos cafezais
 * III – Somente seria colocado no mercado internacional o ESTOQUE
NECESSÁRIO
  § O resto seria retido
=> Fatores que contribuíram para o Convênio de Taubaté
 * 1 – Os mesmos fatos que favoreceram a ocorrência de uma crise de
superprodução
 * 2 – Preços crescendo até 1895
 * 3 – Massificação do consumo
 * 4 – Preços crescentes e massificação do consumo estimulando a expansão de
novas plantações
 * 5 – As políticas econômicas adotadas na última década do século XIX,
essencialmente a Reforma Bancária de Rui Barbosa
  § Que gerou o processo de DESVALORIZAÇÃO DO MIL-RÉIS ao longo da década
 * 6 – A desvalorização cambial colabora na superprodução, pois manteve as
receitas em moeda nacional apesar da queda dos preços a partir de 1895
 * 7 – Reivindicações dos produtores de café acerca da concentração das agências
de comercialização
=> Safra de 1906/1907: já é vendida dentro dos parâmetros acordados – “Seria
fixado um preço mínimo de 32$000 por saca para o café tipo 7 (com um aumento
proporcional para os tipos superiores), financiando por uma dívida externa de 15
milhões de libras esterlinas, que deveria ser pagar por um imposto de 3 francos por
saca de café exportado”
 * Quando o plano de valorização é IMPLEMENTADO, percebe-se que NÃO SERIA
POSSÍVEL LEVANTAR o valor financiado inicialmente
  § 15 milhões de libras
 * RJ, MG e ES se DESINTERESSARAM – Coube a São Paulo BUSCAR
EMPRÉSTIMOS POR CONTA PRÓPRIA – em agosto de 1906, conseguiu acordar um
empréstimo de 1 milhão de libras com o Brasilianische Bank Für Deutschland, que
seria pago em um ano
=> Plano Sielcken (1906): Sielcken era um grande negociador de café – o plano era
conseguir dinheiro suficiente junto a comerciantes de café em Nova Iorque para
FINANCIAR 80% da compra de 2 milhões de sacas de café por 7 centavos de dólar
por libra-peso
 * Dezembro de 1906: são negociados MAIS DOIS EMPRÉSTIMOS
  § 2 milhões ao National City Bank
  § 2 milhões com a casa J.H.Schoeder & Co
=> Safra de 1906/1907: tinha sido estimada em 16 milhões de sacas, mas
ALCANÇOU 22 milhões – isso só aconteceria novamente em 1929/1930
 * Mercado mundial – não absorveria mais do que 10 milhões – SP estava com um
passivo de 4 milhões de libras mais o financiamento do Plano Sielcken
  § Isso permitiu que SP formasse estoques de 8,1 milhões de sacas – METADE do
estoque mundial – a maior parte estava armazenada nos países importadores, que
foram os PRINCIPAIS FINANCIADORES da política de valorização
=> Em resumo, a RETENÇÃO DOS ESTOQUES foi financiada
 * 1 – Inicialmente, por créditos bancários de grandes importadores estrangeiros
(que possuíam a maior parte dos estoques existentes e, por isso, tinham grande
interesses na defesa dos preços)
 * 2 – Garantias dadas pelo estado de SP
=> Junho de 1907: São Paulo ENCERRA a compra dos excedentes – para que a
política de valorização desse certo, a dívida deveria ser PAGA EM TEMPO HÁBIL,
evitando pressões sobre o Tesouro Paulista
=> Crise financeira internacional (1907): uma grave crise financeira internacional
IMPEDIU a rolagem desses créditos – CURTA, MAS FORTE
=> Governo Federal: ficou com MEDO de que acontecessem dois problemas ao
mesmo tempo
 * 1 – Que a retração de mercados financeiros gerasse queda dos influxos de capital
 * 2 – Que houvesse um colapso nos preços do café, que provocasse
  § Uma brusca reversão da posição externa
  § Um possível esgotamento das reservas da Caixa de Conversão
  § A desmoralização da experiência do padrão-ouro
=> Governo Federal: fica com medo e resolve AJUDAR – decide avalizar, junto aos
banqueiros londrinos, um empréstimo que PERMITISSE FINANCIAR A DESOVA
DOS ESTOQUES DE CAFÉ em prazo mais longo
 * De modo a garantir a ESTABILIDADE DE PREÇOS no curto prazo
=> Imposto: firma-se então um IMPOSTO AD VALOREM de 20% sobre as
exportações de café que, em 1908-1909 superassem 9 milhões de sacas, 9,5 milhões
em 1909/1910 e 10 milhões em 1910/1911
 * E o imposto sobre cada saca exportada SOBE de 3 para 5 francos
=> Importante: com as PREVISÕES DE EXCESSO das quantidades demandadas
sobre as ofertadas, houve INVERSÃO NAS EXPECTATIVAS
 * Winston Fristch: “A decisão de apoiar a valorização do café como forma de garantir
a estabilidade macroeconômica foi coroada de sucesso”
=> Melhoras: 
 * 1 – Em 1908, as condições de crédito nos mercados internacionais se normalizam
 * 2 – Os influxos de capital retornam
 * 3 – Os preços da borracha aumentam bastante
 * 4 – Preços começam a se recuperar no segundo semestre de 1910
  § Isso possibilita que as DÍVIDAS CONTRAÍDAS fossem pagas
=> Importante: a economia entra em uma FASE DE ACELERADO CRESCIMENTO
que dura até 1913
 * Boom
=> Importante: uma das propostas do Convênio NÃO TEM EFEITO – as restrições e
desestímulos ao plantio de novos cafezais foram quase totalmente ignoradas
 * Celso Furtado: o plano de defesa elaborado pelos cafeicultores FOI BEM-
SUCEDIDO, mas deixava um dos lados do problema SEM RESOLVER
  § Preços e, portanto, lucros, mantiveram-se FIRMES – os negócios do café
permaneciam atrativos
=> Pressão: as INVERSÕES nesse setor se manteriam em nível elevado, pressionando
CADA VEZ MAIS sobre a oferta
=> Celso Furtado: a REDUÇÃO ARTIFICIAL DA OFERTA engendrava a expansão
dessa mesma oferta e CRIAVA um problema maior para o futuro
 * Isso foi percebido, mas era difícil mudar
 * Deveria se evitar que a capacidade produtiva continuasse crescendo – as medidas
tomadas foram INFRUTÍFERAS
  § Teria sido necessário oferecer aos empresários OUTRAS OPORTUNIDADES
igualmente lucrativas onde eles pudessem investir
=> Celso Furtado: a defesa do café tornava sua CULTURA PRIVILEGIADA em
comparação com os outros produtos de exportação primários – o setor trazia LUCROS
ELEVADOS
 * O empresário precisava REINVESTIR esses lucros – inevitavelmente, o dinheiro
era reinvestido no café
  § “Dessa forma, o mecanismo de defesa da economia cafeeira era, em última
instância, um processo de transferência para o futuro da SOLUÇÃO DE UM
PROBLEMA que se tornaria cada vez mais GRAVE”
=> Caixa de Conversão: a criação da Caixa de Conversão pela União foi resultado das
condições macroeconômicas impostas por Joaquim Murtinho, que levaram à
VALORIZAÇÃO DA TAXA NOMINAL DE CÂMBIO entre 1898 e 1906 –
MECANISMO DE PADRÃO OURO 
=> Condições externas melhoram
 * 1 – Funding Loan
 * 2 – Exportações de borracha
 * 3 – Ingresso dos fluxos de financiamento do Convênio
=> Qual era a razão para o governo ter aderido à Caixa de Conversão? Por que um
mecanismo automático de padrão-ouro?
 * O objetivo por trás era LEVANTAR EMPRÉSTIMOS EXTERNOS para a
manutenção da política de valorização de café 
  § O café era um produto de exportação e o objetivo das políticas cafeeiras era
manter a renda dos produtores
  § Era fundamental ter o CÂMBIO CONTROLADO – a caixa era necessária – a partir
desse momento, tinha-se um CURRENCY BOARD – SISTEMA RÍGIDO DE
CÂMBIO – ERA UM MECANISMO PARCIAL (existiam duas notas que andavam –
a nota emitida pela Caixa de Conversão e nota emitida pelo tesouro)
=> Depois de muita discussão, a Caixa foi APROVADA no Congresso – foi
sancionada pelo presidente Afonso Pena em 1906
 * Estabeleceu-se a taxa de 15 dinheiros/mil-réis – a Caixa funcionava com um limite
inicial de 320 mil contos
  § Caso o limite fosse atingido, haveria VALORIZAÇÃO do mil-réis e novo limite
seria estabelecido
 * Os ortodoxos (ou ultraortodoxos) PROTESTARAM, mas os interesses do setor
produtivo falaram mais alto
=> Obs: influenciada pela recente e bem-sucedida experiência argentina, adota-se um
MECANISMO AUTOMÁTICO DO PADRÃO-OURO
=> Caixa de Conversão (1906): é criada com PODERES de emitir notas plenamente
conversíveis em OURO e VICE-VERSA, a uma taxa fixa de câmbio
 * A adoção do padrão-ouro foi PARCIAL – ao lado das moedas conversíveis da
Caixa, rodavam MOEDAS INCONVERSÍVEIS do Tesouro (não podiam ser
convertidas em ouro)
=> Arbitragem: a situação da Caixa de Conversão vai se tornando insustentável
 * O câmbio no mercado livre era 16
  § O câmbio da Caixa era 15 – só nessa operação, havia lucro
 * Assim, era possível e interessante fazer operações de arbitragem – as divisas
entravam pela Caixa e SAÍAM pelo mercado livre
  § Dessa forma, garantia-se um AFLUXO DE DIVISAS para a Caixa sem movimento
contrário de saída – em maio de 1910, o limite de 320 mil contas é atingido
=> Enquanto a taxa mercado livre era MAIOR que a taxa da Caixa, o SISTEMA
FUNCIONOU
 * Mas quando a situação SE INVERTE no início da I Guerra Mundial, há uma
CORRIDA AOS DEPÓSITOS por causa da queda das exportações
  § A Caixa de Conversão FECHA
=> Redução das receitas do governo (1908): motivo – QUEDA NAS
IMPORTAÇÕES causadas pela crise no comércio exterior – 1907 havia ocorrido
breve crise internacional
 * Por outro lado, as despesas, principalmente os investimentos públicos, se MANTÊM
  § Resultado foi GRANDE DÉFICIT ORÇAMENTÁRIO
=> 1908-1911: os DÉFICITS ORÇAMENTÁRIOS voltam com força – são
FINANCIADOS com grandes empréstimos associados a PROGRAMAS DE OBRAS
PÚBLICAS
 * Mas o crescimento das despesas PREOCUPOU os credores, tornando a realização
de NOVOS EMPRÉSTIMOS cada vez mais difícil
 * Os investimentos governamentais continuam aumentando a partir de 1910,
chegando a representar 24% do total da despesa pública federal em 1912
  § A estabilidade monetária é AFROUXADA, com a manutenção de controle da
oferta de moeda
 * As emissões da Caixa de Conversão chegaram a REPRESENTAR, em 1912,
aproximadamente, 40% do saldo do papel-moeda emitido
=> Política recessiva (1899-1902): foi EFICAZ por 3 motivos
 * 1 – Porque reduziu o saldo do papel-moeda emitido
 * 2 – Porque eliminou os déficits orçamentários
 * 3 – Porque provocou elevada deflação
=> A partir de 1903, os OBJETIVOS CONTENCIONISTAS ainda prevaleciam, mas
inicia-se o período denominado REERGUIMENTO ECONÔMICO
 * Esse reerguimento estava ligado ao PROGRAMA DE INVESTIMENTOS
PÚBLICOS
  § Os investimentos foram financiados, inicialmente, por CRÉDITOS EXTERNOS –
mas depois, geraram GRANDES DÉFICITS ORÇAMENTÁRIOS
=> Cacau e borracha
=> Celso Furtado: trabalha o PROBLEMA da mão de obra e a transumância
amazônica – no último quartel do século XIX e o primeiro do século XX, houve
GRANDE MOVIMENTAÇÃO DA POPULAÇÃO da região nordestina para a
AMAZÔNICA
 * A economia amazônica entra em DECADÊNCIA desde final do século XVII – com
toda a desorganização do sistema de mão de obra indígena desenvolvido pelos
jesuítas, toda a REGIÃO REGRIDE para um estado de letargia econômica
 * A base principal da economia eram as especiarias extraídas da floresta, sendo o
CACAU a mais importante
  § A forma como o cacau era produzido NÃO PERMITIA que se alcançasse MAIOR
SIGNIFICAÇÃO ECONÔMICA
=> A produção a partir de OUTROS PRODUTOS DA FLORESTA contava sempre
com os mesmos obstáculos
 * I – Quase inexistência da população
 * II – Dificuldade de organizar a produção apenas contando com os poucos índios
no local
=> Borracha: as exportações já INICIAM em 1820
 * 1840s = 460 ton
 * 1850s = 1900
 * 1860s = 3700
 * 1880s = 7000
 * A partir daí, começa a REGISTRAR-SE o aumento dos preços de 45 libras/ton nos
anos 40, para 118 em 1850s; 125 nos 1860s e 182 nos 1870s
=> Borracha: vai se TRANSFORMAR, nos fins do século XIX e início de século XX,
na MATÉRIA-PRIMA DE PROCURA em mais rápida expansão no mercado
mundial
 * Foi a LARGA DIFUSÃO DO AUTOMÓVEL que transforma a borracha em uma
das PRINCIPAIS MATÉRIAS-PRIMAS INDUSTRIAIS
  § A indústria de veículos terrestres a motor de combustão interna será o
PRINCIPAL FATOR DINÂMICO das economias industrializadas durante o último
decênio do século XIX e nos três primeiros do século XX
=> Brasil: era detentor da MAIOR RESERVA MUNDIAL DE SERINGUEIRAS
ATIVAS – a borracha é um produto extrativo e o estoque de árvores estava concentrado
na bacia amazônica
 * Aumentar a PRODUÇÃO para atender a demanda seria muito difícil, sendo
necessária uma SOLUÇÃO DE LONGO PRAZO
=> As seringueiras podiam adaptar-se a outras regiões de clima similar – por isso, a
produção de borracha teria que se DESENVOLVER onde existisse suprimento de mão
de obra e recursos para FINANCIAR SEU LONGO PERÍODO DE GESTAÇÃO –
mas o que fazer no curto prazo?
=> Duas etapas na oferta mundial de borracha
 * 1 – Solução de emergência para oferta do produto extrativo
 * 2 – Produção organizada em bases racionais para aumento da produção
=> Os preços da borracha CONTINUAM SUBINDO – em 1909-1911 – alcançam 512
libras por toneladas (+ de 10x mais do que em meados do século XIX), evidenciando a
INADEQUAÇÃO DA OFERTA
 * Amazônia: o problema era a MÃO DE OBRA – o que se consegue aumentar a
produção (6 mil toneladas 1870s para 11 mil 1880s e 35 mil nos 1900s) é
exclusivamente por causa do INFLUXO DE MÃO DE OBRA
  § Pois os métodos de produção em NADA MUDARAM
  § Migração nordestina para Amazônia
=> Grande seca de 1877-1880 no nordeste
=> Promoção da emigração para outras regiões do país, principalmente a
Amazônica
 * Governos dos estados amazônicos interessados ORGANIZAM SERVIÇOS DE
PROPAGANDA e concedem subsídios para gastos com transporte
  § Furtado: “Formou-se, assim, a grande corrente migratória que fez possível a
expansão da produção de borracha na região amazônica, permitindo à economia
mundial preparar-se para uma solução definitiva do problema”
=> A corrente migratória resulta no AUMENTO DAS EXPORTAÇÕES que, em 1887,
já está em mais de 17 mil toneladas
 * Este crescimento continuará por mais de 20 anos
=> Decênio 1901-1910: a EXPORTAÇÃO BRASILEIRA será de 34500 toneladas
(média anual), representando aproximadamente 28% do total
=> Era IMPORTANTE para o dono da propriedade impedir que o trabalhador
ACUMULASSE RESERVAS e FIZESSE ECONOMIAS que o tornassem
independente
 * Como mão de obra escassa, região semi-deserta, como o dono do negócio poderia
GARANTIR a estabilidade do trabalho? ENDIVIDANDO os empregados
=> Furtado: “Começava a trabalhar endividado, pois era obrigado a reembolsar os
gastos com parte ou toda a viagem, instrumentos de trabalho e despesas de instalação.
Para alimentar-se, dependia do empresário que o contratava. As grandes distâncias e a
precariedade de sua situação financeira reduziam-no a um regime de servidão”
 * Caio Prado Júnior: “Estas dívidas iniciais nunca se saldarão porque sempre haverá
meios de fazer as despesas do trabalhador ultrapassem seus magros salários. Gêneros
caros (somente os proprietários podem fornecê-los porque os centros urbanos estão
longe), a aguardente...E quando isto ainda não basta, um hábil jogo de contas que a
ignorância do seringueiro analfabeto não pode perceber, completará a manobra”
  § Quando o imigrante nordestino ia para Amazônia, ele era SEDUZIDO PELA
PROPAGANDA FANTASIOSA dos agentes pagos pelos interesses da borracha –
ainda, observavam uns poucos que retornavam com dinheiro, possível graças aos picos
dos preços do produto, nas etapas mais prósperas
=> Questão do Acre: a busca de SERINGAIS leva os brasileiros a penetrar o território
fronteiriço da Bolívia, cujos limites com o Brasil e Peru ainda não estavam
PLENAMENTE DEFINIDOS
 * A consequência da INVASÃO foi a criação do território do Acre, ANEXADO ao
Brasil via indenização de 2 milhões de libras à Bolívia e a OBRIGAÇÃO do Brasil de
construir uma estrada de ferro que proporcionasse à Bolívia o ACESSO ao rio
madeira
 * O território do Acre começa a CONTRIBUIR de forma mais substancial para a
produção brasileira a partir de 1904
  § Em 1907, torna-se a PRIMEIRA REGIÃO PRODUTORA DO PAÍS (seguidas do
Pará e do Amazonas) – o restante das regiões, como o MT, produzirá relativamente
pouco
=> Extração da borracha: métodos rudimentares – a extração do produto era feita sem
cuidado com a proteção e conservação das plantas – embora as árvores fossem
abundantes, seu acesso fica cada vez mais DIFÍCIL
 * 1912: a EXPORTAÇÃO DA BORRACHA atinge seu ápice – depois disso, cai
  § O auge dos preços data de 1910
  § Em 1910, as EXPORTAÇÕES já ultrapassam os 24,5 milhões de libras e representa
aproximadamente 40% da exportação do país (neste ano, o CAFÉ também responde
por cerca de 40% da pauta de exportação) – depois disso, só cai
=> Razões para a queda da exportação da borracha
 * 1 – Concorrência oriental
  § Praticamente substituiu a brasileira nos mercados mundiais
 * 2 – Entre 1873 e 1876, sementes de hevea são levadas para Londres e
transportada para Ceilão e Singapura
  § Ali originam-se imensas plantações racionalmente conduzidas e selecionadas do
Ceilão e da Malásia, que desbancariam completamente a produção extrativa na América
 * 3 – Em 1919, a produção mundial era de 423 mil toneladas, sendo que o que
vinha do Oriente era cerca de 382 mil e do Brasil, apenas 34 mil
 * 4 – Depois da IGM, introduziu-se no mercado, de forma regular, a borracha
oriental 
  § Os preços se reduzem de forma permanente a um nível menor que 100 libras por
tonelada
=> Miséria entre os nordestinos na Amazônia – “Sem meios para retornar e
ignorantes quanto ao que acontecia no mundo, iam ficando, sendo obrigados a
completar seu orçamento com recursos da caça e da pesca. Foram regredindo à forma
mais primitiva de economia de subsistência”
=> Cacau: se difundiu largamente pelo mundo – desde o século XVIII encontrava-se
em boa parte da América, da África, da Ásia e no Brasil (no sul da Bahia)
 * Vantagens da Bahia para produção – clima e solo; acesso fácil; terras virgens – a
produção baiana chegou a contribuir com 90% da produção total do Brasil
 * A principal diferença em relação à borracha é a QUANTIDADE DE
CONCORRENTES, elevada desde o início – apesar disso, a produção do Brasil
AUMENTOU, já que o consumo mundial era crescente e muito expressivo, havendo
LUGAR PARA TODOS
  § No início do século XX, mais de 20% das rendas públicas do Estado baiano
vinham do IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO DE CACAU
  § Mais um forte concorrente se levanta – a Costa do Ouro – os ingleses repetiram a
proeza que realizaram com a borracha
  § O Brasil se mantém em SEGUNDO LUGAR, mas distante do primeiro

=> 1913: é um ano de DETERIORAÇÃO DA POSIÇÃO EXTERNA do Brasil – esse


ano marca o INÍCIO de um período de crise permanente de liquidez
 * Motivo – operação do PADRÃO-OURO após a reversão da situação do BP
 * A situação do BP continua até a Guerra – o governo mantém o padrão-ouro –
achava que conseguiria empréstimos
=> Mas com a crise cambial resultante do DESAPARECIMENTO BRUSCO do saldo
do BC, o mercado passa a ser sustentado pela atuação da Caixa de Conversão
 * A troca de fundos da Caixa, no entanto, significava REDUÇÃO DO PAPEL-
MOEDA EM CIRCULAÇÃO
  § A queda dos depósitos da Caixa de Conversão CAUSA ARROCHO MONETÁRIO
 * A economia entra em RECESSÃO PROFUNDA já em 1913 – a crise seria ainda
AGRAVADA pela Guerra
=> Obs: os EFEITOS da crise internacional de 1913 e da I Guerra Mundial
IMPEDEM que este surto continue
 * 1 – Comércio exterior foi fortemente afetado
 * 2 – Queda repentina da relação de trocas e da capacidade de importar
 * 3 – A formação de capital na indústria é reduzida a 1/5 dos níveis pré-guerra
=> Obs: houve AUMENTO DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL durante a guerra, mas é
POUCO PROVÁVEL que tenha havido continuação da industrialização
=> Produção industrial: vários autores (Roberto Simonsen, Caio Prado Jr) afirmam
que durantes os anos de 1914-1918 que se observou o PRIMEIRO GRANDE SURTO
INDUSTRIAL no país (principalmente no setor fabril) – Warren Dean e Villela e
Suzigan mostram, com dados empíricos, que NÃO – seria, na verdade, um maior uso da
capacidade instalada
 * Em média, durante 1914-1918, a CAPACIDADE DE IMPORTAR CAIU 44% em
relação a 1911-1913
  § As importações que MAIS CAÍRAM foram as de bens de capital para indústria,
seguidos de MATÉRIAS-PRIMAS, BENS DE CONSUMO e COMBUSTÍVEIS (áreas
supridas principalmente por importações)
  § Com a indústria de produtos alimentícios, a história foi outra – recebeu
IMPORTANTE IMPULSO POSITIVO durante a IGM
=> Produção industrial: houve um SURTO DE EXPORTAÇÃO DE ALIMENTOS
por causa de uma modificação na estrutura das importações dos países aliados, que
REDUZIRAM suas compras de produtos menos essenciais e aumentaram as de cereais
e de proteínas
 * Produtos cuja EXPORTAÇÃO AUMENTOU – carnes frigorificadas, açúcar
refinado, banha
 * A indústria têxtil do algodão, até a IGM, nunca tinha exportado – mas, a partir de
1917, passará a SUPRIR a África do Sul e a Argentina – mas, em relação ao total, estas
exportações eram INSIGNIFICANTES
=> Os dados sugerem que, durante a IGM, o CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO
INDUSTRIAL deve ter acontecido mais pela via da expansão do mercado externo
para os itens de alimentos do que por meio da expansão da capacidade produtiva
para ATENDER a uma demanda interna por produtos cuja importação tinha sido
drasticamente reduzida
 * Villela e Suzigan: defendem que tenha havido MAIOR UTILIZAÇÃO da
capacidade existente por meio do uso de 2 ou 3 turnos de produção industrial e
substituição intensa de certos produtos intermediários, cujo consumo aparente sofre
queda forte (ferro-gusa importado por nacional, carvão de pedra importado por
nacional)

=> Quarta experiência


=> Caixa de Estabilização (1926): através da reforma monetária de Washington Luís
(1926-1930), houve RETORNO ao padrão-ouro
 * Adotou-se a CONVERSÃO a uma taxa fixa e criação da CAIXA DE
ESTABILIZAÇÃO
 * A Caixa tinha poderes para emitir notas nos moldes da Caixa de Conversão – o
objetivo era equilibrar a taxa cambial
  § Propunha TROCAR BILHETES do Tesouro Nacional e cédulas próprias por barras
ou por moedas de ouro, para FORMAR ESTOQUE VALORIZADOR da moeda
brasileira
  

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