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O que é a meditação 04
Metta e mindfulness 09
Prática de meditação 15
Meditação do amor-
amor-bondade 28
metta.pt 34
O que é a meditação?
Significado da palavra
“meditação”
meditação”
Para algumas pessoas significa acalmar a mente, para outros significa um período
de tempo fora da realidade quotidiana, para outros significa entrar num estado
mental mágico, dando largas ao imaginário.
Podemos apontar a medicação como uma via de cura para os males do corpo e a
meditação para a cura dos males da mente.
Existem muitas ferramentas e técnicas que nos permitem aprofundar este estado
de presença, mas antes delas é preciso desenvolver uma certa atitude curiosa e
benevolente. Então, os primeiros passos para a meditação são cultivar a bondade no
nosso coração e permanecer alerta para todos os fenómenos do momento, muitas
vezes muito subtis. Fica estabelecida uma ponte para a imensa sabedoria natural
que nos conduz à consciência de que somos feitos de amor. Puro e genuíno. Somos
metta.
Quando a nossa atenção se deposita no momento presente, tudo está bem, tudo é
positivo, vivo... maravilhoso. E quanto mais mergulhamos no presente, maior é a
nossa noção da generosidade da vida, da genialidade da natureza.
Por isso é preciso estar consciente do nosso mundo interior, porque ele condiciona
permanentemente a nossa percepção, transformando a nossa percepção da
realidade em algo diferente do que ela é efetivamente. E é preciso não esquecer
que é com base nesta percepção da realidade que tomamos as nossas decisões,
das quais sofreremos consequências.
Por isso a meditação transforma vidas. Literalmente. Actuando nestes dois eixos. Na
percepção da realidade tal como ela é; e sobre essa observação é possível um
modelo de decisão mais consciente e assertivo que conduz a melhores escolhas.
Melhores escolhas produzem melhores realidades.
metta e mindfulness
metta e mindfulness
O termo metta tem origem na língua pali, a lingua mais próxima da falada por Buda
e significa amor-bondade ou amor compassivo.
Este termo é utilizado para descrever a primeira das quatro qualidades imensuráveis
propostas pelo budismo e constitui uma prática específica instituída desde os seus
primórdios, pelo discurso de Buda intitulado “Metta Bhavana Sutta” e que tem por
objetivo desenvolver nos praticantes sentimentos de amor, bondade e compaixão.
Apesar de nascida no budismo, a metta é hoje amplamente praticada em todo o
mundo por pessoas de todas as orientações religiosas, incluindo aqueles que não
estão vinculados a nenhuma fé.
Num outro sentido, o termo amor pode ser também utilizado para definir a amizade
genuína ou simplesmente a amabilidade.
Esta é uma fórmula de cumprimentar, que muitas vezes utilizamos no nosso dia a
dia tentando ser agradáveis, mas na realidade ficaríamos provavelmente
incomodados se ouvíssemos uma resposta negativa. Não estávamos
verdadeiramente preocupados ou interessados em saber como o outro está, apenas
utilizamos um chavão de interação social.
Treinar a mente
O objetivo da metta é treinar a mente para gerar a sincera e genuína boa vontade
em relação aos outros, o desejo de que estejam bem e felizes.
Todos os seres desejam estar bem, livres e ser felizes. Não há nenhum ser vivo que
não deseje a felicidade para si mesmo, mas muito poucos a desejam para os outros.
Os benefícios
A prática metta é um antídoto para a impulsividade, para a ira, para a raiva, para a
cólera e para o egoísmo. Desenvolvendo desejos bondosos em relação a todas as
pessoas que encontramos no nosso dia a dia, podemos obter resultados positivos
em muitos aspectos, tais como a redução da ansiedade, a melhoria das relações, a
evolução da carreira profissional e vários problemas de saúde.
Nas próprias palavras de Buda, ao praticar metta “você dorme bem, acorda feliz, não
tem pesadelos, aumentará a proximidade com outros seres humanos, ganhará a
associação com seres superiores e celestiais e a proteção das divindades, não ferirá
com fogo, poção ou armas, a sua mente concentrar-se-á rapidamente, as suas
feições faciais são calmas, e morrerá tranquilamente e em paz”.
O ódio não pode ser vencido pelo ódio; o ódio apenas e somente poderá ser
vencido pelo amor. Lamentavelmente, o homem moderno, ávido em buscar fontes
de energia, ignora e despreza a potência do amor, de que a humanidade tanto
precisa e que faria renascer a vontade de partilhar e o sentimento de compaixão,
que por sua vez nasce quando queremos que os outros seres estejam livres do
sofrimento. Assim, quando a metta estiver enraizada nos nossos corações,
estaremos mais disponíveis para ajudar os outros e encontraremos meios e
sabedoria para o fazer.
A razão pela qual não conseguimos muitas vezes aceder a essa fonte de amor é
que ele se encontra bloqueado por várias camadas de ressentimentos, feridas
passadas, vergonhas, culpas e medos. Por outro lado, tentamos muitas vezes
encontrar o amor fora de nós, o que é de todo impossível; o amor só pode ser
encontrado olhando primariamente para dentro.
A “cura” metta
Prática de meditação
Estabelecendo uma prática
meditativa
A primeira coisa importante é definir um momentos (ou vários) do seu dia a dia mais
propício à meditação, em que não seja interrompido. A maioria das pessoas escolhe
meditar de manhã, porque habitualmente é um período mais tranquilo. Outras
decidem meditar à noite, depois das famílias se deitarem.
O que é realmente importante é que seja estabelecida uma rotina realista e regular,
em que se possa comprometer a meditar sem ser interrompido, durante um
período de tempo variável em função da sua experiência. Produzem-se melhores
resultados com a regularidade do que com longos períodos.
Isto quer dizer que meditar 10 minutos todos os dias produzirá resultados mais
efectivos do que meditar 60 minutos uma vez semana. A regularidade é essencial.
Aconselhamos a que comece por meditar 5 ou 10 minutos e que vá aumentando
esse período gradualmente consoante a sua experiência.
Embora não seja essencial, pode criar um pequeno altar com uma vela, fotografias
inspiradoras, estátuas, flores, pedras ou qualquer coisa que desperte o sentido de
beleza e contemplação e estimule a regularidade da prática.
Porém, a intenção não pode nem deve ser perseguida; antes abandonada logo após
os primeiros momentos da prática. Perseguir um objectivo ou propósito é uma
forma de condicionamento que perturbará o desenvolvimento da atenção ao
momento presente que se pretende com a prática meditativa. O objetivo maior da
meditação é a meditação em si mesma.
Para ultrapassar este desafio que ocorre durante a prática meditativa, podemos
colocar uma espécie de etiqueta nas nossas observações, pensando numa palavra
que descreva sumariamente a experiência daquele momento e utilizá-la quase
como se fosse um mantra, até que surja uma nova sensação.
Por exemplo se está a sentir alguma dor física podemos dizer “dor, dor”. Se está a
chegar algum sentimento de raiva dizemos “raiva, raiva”. Fazemos assim para
projetos, medos, culpas, ressentimentos, saudade, alegria, paz ou qualquer
sentimento/emoção. Com isto focamos a atenção na sensação de cada momento,
sem nos apegarmos a ela, ficando sempre atentos à próxima sensação que surgir.
Este acolhimento amigável das sensações desagradáveis é a via para que elas se
libertem e desapareçam, para que finalmente deixem de nos condicionar e
incomodar. Além disso, este processo é uma enorme oportunidade de
aprendizagem sobre nós próprios, sobre a forma como funcionamos e sobre o que
condiciona os nossos pensamentos, ações e comportamentos.
Esta prática decorre sem a mínima interferência sobre o que está a acontecer,
simplesmente notando o que passa (pensamentos, sentimentos, sons, emoções,
sensações...), permitindo que se manifeste tal como é.
Meditação do amor-bondade
metta
A palavra metta significa amor-bondade ou amor compassivo e refere-se ao desejo
de que todos os seres sejam felizes, um amor universal, ilimitado, que transcenda
todo o tipo de barreiras.
Depois de interiorizado este sentimento de bem estar, desejamos que nós próprios
possamos ficar bem, ser felizes e permanecer livres de perigos e sofrimentos.
“Que eu possa estar bem, que eu possa ser feliz, que eu possa estar livre
de perigos e sofrimentos…”
“Que XXX possa estar bem, que possa ser feliz, que possa estar livre de
perigos e sofrimentos…”
Depois disto, chame à sua presença imaginária uma pessoa que lhe seja indiferente
ou distante. Pode ser um vizinho que encontrou ao chegar a casa ou alguém com
que se cruzou no autocarro. Visualize essa pessoa, sinta-a presente junto de si e
envie-lhe metta.
“Que XXX possa estar bem, que possa ser feliz, que possa estar livre de
perigos e de sofrimentos…”
Depois, sinta-se presente e feliz pelo bem estar da pessoa. Permaneça alguns
momentos a desfrutar destes sentimentos.
Num quarto momento da meditação metta, traga à sua visualização alguém que
não seja tão amigável. Pode ser um inimigo ou simplesmente alguma pessoa com
quem tenha tido alguma discussão ou mal entendido e essa pessoa pode ser seu
familiar, seu amigo ou inimigo, colega de trabalho ou de escola.
Evite, nas primeiras práticas, pessoas que lhe tenham sido hostis ou que
representem uma ameaça para si.
“Que XXX possa estar bem, que possa ser feliz, que possa estar livre de
perigos e sofrimentos…”
Depois, sinta-se presente e feliz pelo bem estar desta pessoa. Explore esses
sentimentos buscando resistências na sua psique ou manifestações no seu corpo.
Explore essas sensações durante alguns segundos e se sentir dificuldade em
interiorizar um sentimento de bondade em relação a esta pessoa, repita a frase
“possa estar bem e feliz, possa estar livre da raiva e da inimizade” no máximo 3
vezes. Poderá sentir uma reminiscência de remorso, aversão ou de ressentimento,
mas avance. Voltará a esta pessoa quando sentir oportuno.
“Que possam estar bem, que possam ser felizes, que possam estar livres
de perigos e sofrimentos…”
“Que todos os seres possam estar bem, que possam ser felizes, que
possam estar livres de perigos e sofrimentos…”
Repita este exercício todos os dias, durante 10 ou15 minutos por dia. Se for
efectuado com muita sinceridade deverá sentir efeitos no seu quotidiano logo ao
fim da primeira semana. Pode tardar um pouco mais se o seu coração estiver
demasiado magoado, ferido ou ressentido, mas os resultados positivos virão.
O amor-bondade começará pouco a pouco a fazer parte de si, até se tornar sempre
presente. Ao desejar bem estar e felicidade aos outros, a metta fluirá no seu
coração, purificando-o e esvaziando-o de sentimentos como a ganância, o ódio e a
ilusão. Isto conduzirá a um verdadeiro e profundo despertar.
metta.pt
O projecto metta.pt
Metta é um termo pali que significa algo próximo de amor Nos dias de hoje somos confrontados com múltiplas
incondicional ou bondade universal e é um princípio propostas de desenvolvimento pessoal com as mais
utilizado na prática da meditação e desenvolvimento variadas origens e os mais variados fins. Todas parecem
mental do indivíduo que já existe há cerca de 2500 anos. prometer um caminho para a realização pessoal. A nossa
proposta é a de dar a conhecer estas diferentes
metodologias, discutindo a sua viabilidade na construção
No momento de criar e desenvolver um conceito de
de uma via de desenvolvimento pessoal efetiva que
desenvolvimento do potencial humano, achamos que
resulte na construção de comunidades mais conscientes,
este princípio de fraternidade faz todo o sentido, pelo que
mais tolerantes e mais eficientes na busca pelo bem estar.
resolvemos utilizar este termo como denominação; o
amor universal é entendido como um pilar fundamental.
Queremos ser o mais práticos possível e por isso
escolhemos à partida duas ferramentas de eficácia
Todos sabemos que o homem é um ser social e que a sua comprovada e que podem ser utilizadas desde já, que são
felicidade está intimamente ligada e condicionada pela a meditação e o coaching, conceitos que queremos
convivência com outros semelhantes. Se esta convivência relacionar e complementar com outras metodologias, das
for norteada por um sentimento de pura bondade quais destacamos a programação neurolinguística e a
universal e de amor incondicional, o espírito de partilha inteligência emocional.
emergirá como pilar da socialização com resultados
proveitosos para todos.
1ª ed. – julho´16
Emanuel Almeida
metta.pt © 2016