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A peregrinação

Contextualização histórica
Um dos primeiros livros de viagens conhecido em Portugal foi o Livro de Marco Polo, traduzido em
1502 por Valentim Fernandes. Não tardou muito que, no século XVI, começassem a aparecer obras
originais portuguesas, descrevendo os novos mundos que então demos ao Mundo. Embora os autores
escrevessem despreocupados com louçanias de estilo, os livros ganhavam relativo interesse por
saírem autenticados com o cunho da veracidade e da novidade. A geografia, os costumes de raças
humanas ignoradas, mil peripécias acontecidas em climas tão diferentes do europeu, tudo isto era um
conteúdo novo a atrair a atenção da curiosíssima gente desta culta e velha Europa.

A literatura portuguesa de viagens radica na actividade dos descobrimentos marítimos e na


necessidade pragmática de registar rotas, condições atmosféricas, acidentes da costa e todos os
elementos que pudessem facilitar a repetição e prosseguimento dos percursos entretanto efectuados.
Assim, os roteiros e os diários de bordo, documentos técnicos para orientação náutica, são os
antecedentes desta literatura, que, no entanto, começa já nesses textos a emergir em comentários
que alargam a pura notação descritiva, em apontamentos de pitoresco, em descrições surpreendidas
ou em segmentos narrativos que dão conta de certo empenho na relação entre o sujeito perceptivo e
o mundo que lhe vai sendo revelado. Estão neste caso, no séc. XVI, o Esmeraldo de Situ Orbis , de
Duarte Pacheco Pereira, e o Roteiro do Mar Roxo , de D. João de Castro; mas a primeira obra de
interesse decisivo, e importante, é, neste capítulo, o Roteiro da Primeira Viagem de Vasco da Gama,
atribuído a Álvaro Velho, que permanece como um dos textos fundamentais de toda a literatura de
viagens, seguido da Carta a D. Manuel sobre o Descobrimento do Brasil, de Pero Vaz de Caminha.

Na sequência destas obras, aparecem autênticas relações de itinerários e percursos, por mar ou por
terra, mas matricialmente desencadeados pelas viagens ultramarinas, que aliam por vezes o interesse
documental a procedimentos narrativos que adquirem, sobretudo para o leitor de hoje, efeitos de
ordem literária. Por outro lado, os escritores «canónicos» (escrevendo com uma intenção
determinadamente literária) centraram muitas das suas obras na problemática da viagem dos
descobrimentos, como é o caso de Gil Vicente nomeadamente no Auto da Índia e, sobretudo, de Luís
de Camões que dela faz a trama fundamental em Os Lusíadas . Também os cronistas não podem
deixar de reelaborar essa matéria, por vezes em páginas que são das mais importantes, mesmo sob o
ponto de vista estético, deste capítulo: Gomes Eanes de Zurara na Crónica da Guiné , João de Barros
na Ásia .

Caso particular desta literatura é a proliferação que, durante a segunda metade do séc. XVI, e até
mais tarde, conhece um género específico das nossas letras, o do relato de naufrágios (constituído
por uma narrativa específica e exclusiva de naus que naufragam, com descrição pormenorizada das
reacções humanas a que o naufrágio dá lugar, e do esforço trágico, por vezes baldado, pela
sobrevivência). O mais antigo que se conhece, de 1554, é o do Galeão Grande São João, conhecido por
Naufrágio de Sepúlveda, de autor anónimo; outros, porém, merecem beneficiar igualmente da
atenção da análise literária, pela raríssima capacidade de escrita do patético, pela descrição paralela
do movimento físico e psicológico, pela aliança de uma crença inabalável na missão militar e religiosa
do espírito de conquista com um pendor pessimista e desenganado que neles figuram a contra-
epopeia lusíada. Em toda esta literatura, porém, avulta uma obra excepcional, a Peregrinação de
Fernão Mendes Pinto, publicada em 1614, mas escrita antes de 1580.
DADOS BIOGRÁFICOS

Fernão Mendes Pinto

O Autor da Peregrinação e a sua obra confundem-se à primeira vista: Fernão Mendes


Pinto é para nós o herói da Peregrinação. Mas não deve esquecer-se que o Fernão
Mendes da Peregrinação é uma criação literária do Autor do livro. Se não houvesse
documentos a autenticar a existência de Fernão Mendes Pinto nada nos garantiria que
este não fosse uma pura personagem de romance.
Fernão Mendes Pinto foi, durante a primeira parte da vida, um andarilho incansável.
Os principais dados desses dias de aventura deixou-os exarados numa obra que o
tornou célebre — Peregrinação.
Nasceu em Montemor-o-Velho entre 1509 e 1511, de família pobre, e foi muito novo
para Lisboa (em 1521) servir uma fidalga. Ano e meio depois de estar ao serviço desta
dama, aconteceu qualquer coisa que o obrigou a fugir apressadamente de casa para
salvar a vida. Crê-se que este perigo teria a ver com ser confidente das traições
amorosas da senhora. Correu sem parar até ao Cais da Pedra e meteu-se numa nau,
que ia com um carregamento de cavalos para Setúbal. Por alturas de Sesimbra, a nau
foi assaltada por piratas franceses, tendo os seus ocupantes sido desembarcados, bem
chicoteados e nus, na praia alentejana de Melides. Mendes Pinto conseguiu, pouco
depois, chegar a Setúbal, onde entrou ao serviço do fidalgo Francisco de Faria.
Em 1537, embarcou para a índia à cata de fortuna e onde vive diversas aventuras.
Correu Diu, Meca, Etiópia, Ormuz, Goa, Malaca, Nanquim, Cochinchina, Japão, Sião,
Samatra, etc. Na Índia encontra-se com S. Francisco Xavier, Jesuíta com o que
colaboraria no Japão. Ingressa na ordem Jesuíta e entrega todos os seus bens à ordem
e aos pobres, mas finalmente abandona a ordem. Que fez durante estas longas
peregrinações? Que ofícios desempenhou? De tudo um pouco: criado de servir e
soldado, comerciante e embaixador, escravo e corsário e até jesuíta. Algo do muito que
sofreu ouçamo-lo da sua própria boca: foi «treze vezes cativo, e dezassete vendido nas
partes da índia, Etiópia, Arábia Feliz, China, Tartáría, Massacar, Samatra...»
(Peregrinação, Cap. 1). Passados vinte anos no Oriente, resolveu regressar a Portugal,
onde chegou em 1558. Casou e foi viver para o Pragal, perto de Almada. Requereu uma
tença como prémio dos seus serviços no Oriente. Esta foi-lhe concedida em carta de
Janeiro de 1583. A morte, que tantas vezes vira diante dos olhos, aí o foi buscar em
1583.
Titulo

Doze anos depois do regresso ao Reino (em 1569), no seu retiro do Pragal, começou
Fernão Mendes Pinto a redigir uma obra, onde se misturam elementos de
autobiografia, de memórias e de ficção. Deu-lhe o sugestivo título de Peregrinação. Só
foi publicada em 1614, trinta anos após a morte do autor. Quando foi publicada a obra
torna-se um sucesso em toda a Europa, pelos conhecimentos amplos sobre o Oriente,
tendo dezanove edições em seis línguas nos anos seguintes.

Classificação

No fundo, trata-se de um conjunto de memórias autobiográficas. Na obra, o autor


narra a sua vida de aventuras e desventuras e as suas viagens pelo Oriente, ao longo
de 21 anos, em relatos de enorme riqueza, com descrições muito pormenorizadas dos
povos, das línguas e das terras por onde passou. Estas descrições revelam uma enorme
admiração e fascínio pela grandiosidade dessas civilizações. Chegando mesmo a pôr na
boca de personagens orientais críticas à cobiça e ambição dos mercadores e militares
ocidentais. Por outro lado, no Ocidente da época ninguém acreditava que o Oriente
fosse assim tão rico e tão diferente quanto a tradições culturais. Por estes factos, o
autor é acusado por muitos de exagero, tendo ficado célebre o dito popular «Fernão,
Mentes? Minto!» Mas hoje é consensual o valor histórico e literário da sua obra, feita
de elementos verídicos e de ficção. Suspeita-se que algumas partes dos seus escritos
tenham sido destruídas pelos Jesuítas através da Inquisição.
Torna-se, porém, bastante difícil distinguir nesta obra o que é produto da imaginação
daquilo que é pura história. Mendes Pinto consegue dar às narrações uma roupagem
tão concreta e tão cheia de vida que tudo nos parece natural e verídico. Durante muito
tempo, pensou-se que a maioria das peripécias narradas no livro não passariam de
deslavada mentira. No entanto, com o descobrir do mundo oriental, sobretudo nos
nossos dias, chegou-se a opinião contrária. Hoje pode-se verificar a exatidão de muitas
afirmações feitas pelo escritor acerca da China e do Japão, nas quais ninguém cria.
Todavia, muitos diálogos moralizantes, cartas de várias individualidades que
transcrevem, discursos de personagens, etc., são pura invencionice. Hiperboliza
também bastante os números, quando nos diz, por exemplo, que, «em menos de um
credo», se juntaram 50000 pessoas, numa praça, para assistirem ao fim de Diogo
Soares (Peregrinação, cap. 192).

Mensagem da obra

Costumam os críticos ver nas entrelinhas da Peregrinação uma sátira contundente ao


modo como os Portugueses se relacionavam e comerciavam com os povos orientais, e
à pouca ou nenhuma coerência que havia entre as suas acções e a sua condição de
cristãos. É claro que esta crítica existe. Pretendeu-a directamente o autor? No capítulo
primeiro, depois de enumerar os trabalhos por que passou, só nos diz que fez «esta
rude e tosca escritura, que por herança deixo a meus filhos (porque só para eles é
minha tenção escrevê-la), para que eles vejam nela estes meus trabalhos e perigos da
vida que passei no discurso de vinte e um anos [...]; e daqui, por uma parte, tomem os
homens motivo de se não desanimarem c'os trabalhos da vida, [...] e, por outra, me
ajudem a dar graças ao Senhor Omnipotente, por usar comigo de sua infinita
misericórdia.»
Três são, pois, os fins explícitos que o levaram a compor o livro:
 1. dar a conhecer aos filhos os seus trabalhos
 2. encorajar os desesperados e os que se vêem em dificuldades;
 3. ter quem o ajude a dar graças a Deus.

Mas, por detrás destes fins explícitos, não podemos deixar de perceber um
contínuo e nem sempre dissimulado tom de sátira às andanças de muitos
Portugueses por terras e mares do Oriente.

Critica à ação dos portugueses

Temos de concordar que os indivíduos com quem andou Fernão Mendes Pinto lá no
Oriente não eram do que melhor se criava em Portugal. Geralmente, passou os dias ao
lado de mercadores que pouca diferença faziam dos piratas profissionais, homens sem
escrúpulos a quem só interessava ganhar dinheiro. Ora o que esses praticavam está
um pouco longe de ser um reflexo perfeito da acção de todos os Portugueses. Daí o
não devermos cair no exagero de generalizar o que diz Mendes Pinto acerca de si e de
seus companheiros, julgando por eles os restantes civilizadores do Sol Nascente.
Mesmo assim, Mendes Pinto ficava radiante, se, no meio das torturas a que os
Orientais o submetiam com frequência, deparava com meia dúzia de compatriotas.
Veja-se, por exemplo, o que lhe sucedeu entre os indígenas de Samatra e como o
trataram depois os nossos em Malaca (Peregrinação, Caps. 23, 24 e 25). Foi como se
saísse dum inferno e entrasse num céu. Isto quer dizer que, em Mendes Pinto, nem
todos os Orientais são anjos nem todos os Portugueses procedem como selvagens.

Mas o que não podemos negar é a realidade feia e vergonhosa desses portugueses que
ele nos mostra afundando barcos indefesos para os roubar, raptando noivas e violando
mulheres, chacinando e queimando povoações inteiras, saqueando sarcófagos e
templos, servindo com despudor corsários muçulmanos, se calhava. O processo de que
Mendes Pinto se serve para verberar os abusos cometidos pela nossa gente é
engenhoso. Não faz ele as críticas em nome próprio: geralmente coloca-as, por artifício
literário, na boca de nativos.
Uma destas figuras típicas é o menino-prodígio, a cujo pai António de Faria roubou, na
ilha dos Ladrões, tudo quanto tinha. Feito prisioneiro, o menino viu-se amimado pelo
pirata português, que prometeu criá-lo como filho. Perante esta atitude incoerente,
disse-lhe a criança: «Não cuides de mim, inda que me vejas menino, que sou tão parvo
que possa cuidar de ti que, roubando-me meu pai, me hajas a mim de tratar como filho.
E, se és esse que dizes, eu te peço muito, muito, muito que me deixes botar a nado a
essa triste terra onde fica quem me gerou, porque esse é o meu verdadeiro pai, com o
qual quero antes morrer ali naquele mato, onde o vejo estar-me chorando, como viver
entre gente má como vós outros sois.» Como alguém o repreendesse pelo que dizia,
continuou: «Sabeis porque vo-lo digo? Porque vos vi a louvar a Deus, depois de fartos,
com as mãos levantadas e com os beiços untados, como homens que lhes parece que
basta arreganhar os dentes ao céu, sem satisfazer o que têm roubado. Pois entendei
que o Senhor da Mão Poderosa não nos obriga tanto a bulir com os beiços, quanto nos
defende tomar o alheio, quanto mais roubar e matar, que são dois pecados tão graves,
quanto depois de mortos conhecereis, no rigoroso castigo da sua divina justiça.» Este
menino não pode deixar de ser uma criação literária, até porque, nas expressões que
usa, se assemelha a um profeta bíblico.

Conceção clássica do homem

O século XVI caracteriza-se pela exaltação do homem. Se não fica mal o emprego de
uma locução pleonástica e o de um paradoxo, digamos até que o século XVI começou
por humanizar o homem e depois divinizou-o. Valorizadas então as faculdades
humanas, o Rei da Criação erguia-se e dominava a Natureza; desafiava os próprios
deuses; de nada tinha medo; transformava-se automaticamente em herói. O
Classicismo só conheceu este homem. O aleijado, o medroso, o fora da lei, estes
ignorou-os. Pois o homem da Peregrinação em nada se parece com o homem clássico:
nem em virtudes morais nem em força física. Algumas dessas personagens nativas são
mero produto de ficção. Quem sabe até se as criou para não arranjar problemas com
quaisquer pessoas? As palavras ásperas que por intermédio delas profere, como suas,
dificilmente passariam impunes; mas, como dos aborígenes, ficavam sob a
responsabilidade dos mesmos.
As traições e os crimes de toda a espécie sucedem-se e são narrados com um cinismo
de espantar. Por outro lado, de heroicidades, muito pouco ou nada. Que longe estão
dos homens de Barros e de Camões, por exemplo, os dois náufragos portugueses que,
em Lugor, no Sião, «em joelhos e com as mãos levantadas», pediram «com muitas
lágrimas» a uns barqueiros que os «não deixassem morrer ali!» (Peregrinação, Cap.
37). O próprio autor, longe de bazofiar, arrasta-se pela obra adiante como um «pobre
de mim» e considera-se quase sempre um desses «pobres estrangeiros», designação
compassiva com que os naturais de coração bondoso tantas vezes se referiram aos
portugueses da Peregrinação, vergastados pela má sorte. Cheia de humanismo pela
simpatia com que olha todas as raças, a Peregrinação põe-nos diante dos olhos o anti-
herói, o homem que tem mais medo do que coragem, o homem que, em vez de
dominar a Natureza, é por ela desfeiteado a cada passo, o homem que, vencidos, sem
saber como, milhentos perigos, pouco mais tem a fazer do que dar graças ao Deus que
o salvou.

Exotismo da obra

1.Descreve bem os exteriores geográficos da índia, China e Japão: terras, cidades,


templos, palácios, choupanas, estuários e cursos de rios, enseadas, litorais lamacentos,
florestas, campinas.
2. Desenha com perfeição curiosos quadros de etnografia: leis, costumes tradicionais,
moral, assistência, administração de justiça, impostos em vigor, guerras, festas, bodas,
funerais, o comércio e outras actividades de trabalho.
3. Não se olvida de, ou em curtas digressões ou em narrações de casos concretos, nos
pintar o carácter dessas longínquas populações do Oriente: sua docilidade e crueldade,
sua hospitalidade ou venalidade e interesse, sua religiosidade, etc.
Graças a este exotismo com que nos surpreende do princípio ao fim, a Peregrinação
ainda hoje se lê com deleitação e curiosidade.

Linguagem e estilo

Fernão Mendes Pinto não é o que positivamente se pode chamar um homem culto.
Curioso, isso sim. Ouviu ler histórias chinesas, viu com olhos de lince, reteve bem na
memória e lançou-se à escrita com a única preocupação de comunicar o seu
pensamento. A sua linguagem, por isso, é despreocupada como a de quem fala, de
cunho oral. O estilo afasta-se dos moldes clássicos na arquitectura da narração, que é
desproporcionada nos quadros e deixa algumas histórias sem remate. Fere-nos os
olhos da imaginação com berrante cor local, graças à acumulação de pormenores
realistas, às vezes até fastidiosos. Uma vez por outra, vemo-lo usar singela linguagem
figurada.

Principais caraterísticas da obra

Problema da veracidade: durante muito tempo considerou-se que o que Mendes Pinto
contava não era real. Porém, na actualidade sabemos que muitas das coisas que conta
sobre as suas viagens são certas, embora estejam adornadas com motivos literários.
Sátira contra os ocidentais, desenvolvendo o mito do bom sauvage , já que apresenta
os povos orientais como sábios e bons (algo muito pouco frequente no século XVI).
Esta crítica da sociedade ocidental faz-se de duas maneiras:
1. Põe-se a crítica na voz do selvagem, pelo que o autor não se implica.
2. Expõem-se as barbaridades que fazem os portugueses e os cristãos em geral de
forma subtil, já não devemos esquecer que a obra tinha de passar a censura da
Inquisição.

O autor é uma paródia do homem patriota, já que se apresenta como bobo, ingénuo e
aproveitado. Deste modo, fala de Portugal para elogiá-lo, mas outras vezes prefere
calar para não ter de falar mal da sua pátria.
Exotismo oriental, do que Mendes Pinto se considera o introdutor em Portugal.
Ademais, como já vimos, não trata os orientais como seres inferiores (como era
frequente naquela altura).

Em síntese

Fernão Mendes Pinto qualifica a sua obra como autobiográfica, mas os seus contemporâneos não
acreditaram nisso. Escreve-a em 1558, quando está de volta para Lisboa, mas é publicada após a sua
morte por petição dele, que lhe diz aos filhos que a entreguem aos religiosos e são os Jesuítas quem
permitem a sua publicação. Ademais, seria traduzida para o castelhano.
Blocos :
 Feitos vividos pelo autor.
 Feitos testemunhados.
 Feitos sabidos, que alguém lhe contou.

Funções :
 Autobiográfica: dar a conhecer os seus trabalhos aos seus filhos (no primeiro capítulo
confunde-se o narrador com o autor da obra).
 Moral: encorajar os desesperados.
 Religiosa: ter quem dar graças a Deus.

 Obra picaresca ?: tem certos elementos do género da picaresca:


 Biografia do pícaro, anti-herói que se quer enriquecer, que tem de comer por não ser comido.
 Crítica à Igreja.
 Filosofia da vida.
 A sátira da conquista : não é nada épico, apresenta os portugueses como piratas que vão
roubar.
 A crítica religiosa : satirizam-se as conversões, o milagre da incorruptibilidade de Francisco
Xavier.

 Outros aspectos :
 Verosimilhança: conseguida com o uso e abuso do realismo.
 Exotismo, precursor do género exótico do século XVIII.
 Apresenta-se Oriente como algo misterioso, mitificado, utópico, mas não afastado.
 Há acordo em que pertence ao género da literatura de viagens.

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