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A RELAÇÃO ENTRE O DIREITO E A ECONOMIA A Economia centra-se na análise da alocação de recursos e no emprego destes

de modo mais eficiente para os indivíduos, para as empresas e à sociedade


Susan Emily Iancoski Soeiro (STIGLITZ; WALSH, 2003, p. 08).

Alguns economistas acreditam que as decisões acerca da alocação de recursos


podem ser mais eficientes conforme a quantidade e amplitude das
Resumo: o Direito e a Economia possuem diferenças que dificultam o diálogo regulamentações do mercado, pois estas normalmente ensejam restrições.
entre profissionais de cada área, entretanto, a relação entre as disciplinas
pode ser visualizada em diversas questões, pois os sistemas jurídicos Além disso, entendem que tais regulamentações quando existentes devem
ocasionam reflexos nos fatores que determinam o desempenho econômico e, deter a maior estabilidade e o menor grau de interferências possíveis, sob o
assim, quanto aos temas que possuem efeitos socioeconômicos, mostra-se argumento de que a instabilidade e a insegurança provenientes de diferentes
oportuna a abordagem multidisciplinar, a qual propicia a eficiência decisões judiciais reduzem a oferta e crédito e aumentam a taxa de juros.
econômica e o desenvolvimento social.
Desta forma, a análise de aspectos legais dissociados dos aspectos dos
Palavras-chave: Direito e Economia. Abordagem multidisciplinar. Análise sistemas econômicos pode não ser suficiente e, em determinados casos, tende
econômica do Direito. a prejudicar a sociedade.

Abstract: Law and Economics have differences that hinder dialogue between Todavia, não se pretende submeter as normas jurídicas à Economia, pois o
professionals in each area, however, the relationship between the disciplines Direito não existe para atender exclusivamente aos anseios econômicos.
can be viewed on many issues because the legal systems cause reflections on Importante destacar que o estudo da Economia e do Direito são
the factors that determine economic performance and thus as to the themes complementares e não excludentes.
that have socioeconomic effects, seems timely multidisciplinary approach,
wich fosters economic efficiency and social development. O conhecimento de institutos econômicos e do funcionamento dos mercados
contribui para a aproximação das normas jurídicas à realidade econômica. Tal
Keywords: Law and Ecomonics. Multidisciplinary approach. Economic assume relevância quando considerado que o ordenamento jurídico exerce
Analysis of Law. influência sobre o comportamento dos agentes econômicos.

Sumário: Introdução. 1. A integração entre Direito e Economia. 2. As 1. A integração entre Direito e Economia
tradições do common law e do civil law. 3. A origem do estudo conjunto das
disciplinas. 4. Conceito de Economia. 5. Análise econômica do Direito. O movimento Direito e Economia surgiu na América do Norte e atinge de
Conclusão. Referências. forma crescente todo o mundo. A correlação entre o Direito e a Economia
tornou-se notória nos Estados Unidos e a disciplina passou a incluir a grade
INTRODUÇÃO curricular do curso de Direito das mais destacadas Universidades (COOTER;
ULEN, 2010).
Decio Zylberstajn e Rachel Sztajn (2005) expõem que o estudo conjunto do A globalização, também caracterizada pelo processo de integração econômica
Direito e da Economia, embora tenha surgido por volta de cinqüenta anos, internacional que envolve contratos e regulamentações, ressalta a
com o objetivo de uma apreciação mais profunda e completa das instituições necessidade de integração entre as disciplinas.
e organizações nacionais é recente no Brasil em vista de outros países,
existindo farta literatura internacional a respeito da análise econômica do Em razão da concorrência no mercado internacional desencadeada pela
Direito. globalização, o Direito, ao regulamentar a produção de bens e a prestação de
serviços, e a Economia, ao buscar formas ou modelos econômicos adequados
Na sua essência o Direito é verbal, hermenêutico, almeja a justiça e analisa a um melhor desempenho diante da competição, encontram-se em
questões sob o enfoque da legalidade. A Economia, por sua vez, embora progressivo intercâmbio.
também verbal, é primordialmente matemática, almeja ser científica e
examina questões tendo em vista o custo (SALAMA, 2008, p. 49). 2. As tradições do common law e do civil law

Ademais, o Direito muitas vezes preocupa-se com o retorno ao status quo A aproximação entre o Direito e a Economia pode ainda ser verificada a partir
ante, ao passo que a Economia focaliza o futuro para se antecipar. dos debates acerca das tradições de direito e da eficiência econômica,
considerando que as normas jurídicas são formuladas de acordo com a
“[...] a justiça olha mais para trás na tentativa de reconstituir um estado tradição jurídica de cada país, as quais são classificadas em common law e civil
anterior das artes, enquanto a economia olha essencialmente para frente, law.
tentando prever e ‘precificar’, para usar um anglicismo hoje parte do
economês nacional, o futuro” (PINHEIRO, 2008, p. 21). Numa análise microeconômica, Armando Castelar Pinheiro (2008, p. 20)
expõe que demandas judiciais como o despejo de um inquilino e a cobrança
Referidas diferenças normalmente acarretam dificuldades no diálogo entre de um cheque, embora sobremodo semelhantes, são tratadas de maneira
operadores do Direito e economistas. consideravelmente destoante em diversos países tanto quanto à
regulamentação quanto ao trâmite no Judiciário.
Todavia, consoante Bruno Meyerhof Salama, o Direito e a Economia
apresentam pontos comuns, pois ambos procuram solucionar problemas de O autor relata que estudos demonstram a diferente relação entre o Direito e a
coordenação, estabilidade e eficiência na sociedade (2008, p. 49). Economia nos sistemas de civil e common law, bem como as repercussões de
cada sistema para o crescimento econômico (PINHEIRO, 2008, p. 20).
Preceitos jurídicos relativos aos custos do processo litigioso, normas legais e
constitucionais acerca da responsabilidade civil, direitos de propriedade e Cita como exemplo a medição do risco país pelas agências de rating, as quais
direitos contratuais, influenciam o crescimento econômico e constituem avaliam instituições jurídicas e a proteção destas aos direitos de propriedade
apenas alguns exemplos da relação entre o Direito e a Economia. privados. Essa medida do risco influencia o custo de captação externa e as
taxas de juros dos países.
“Mesmo quando o risco introduzido pela incerteza na interpretação de “[...] sugerem alguns que a criação de legislação via processo legislativo pode
contratos não fora alto suficiente para inviabilizar um determinado mercado, ser a solução para os casos de ineficiência da evolução do direito
ele será repassado para os preços. O banco cobrará um spread mais alto pelo consuetudinário, o que automaticamente nos remete ao tema da eficiência da
maior risco de inadimplência, o investidor exigirá um retorno mais alto para tradição de direito romano-germânica” (SZTAJN; GORGA, 2005, p. 168).
compensar o risco de expropriação, o empregador exigirá pagar um salário
mais baixo para cobrir o risco de ser acionado na Justiça do Trabalho” Por outro lado, nos países de tradição de direito romano-germânico ou civil
(PINHEIRO, 2008, p. 44). law, paulatinamente confere-se força vinculante a decisões judiciais nos
ordenamentos jurídicos, como ocorreu em 2004 no Brasil com a reforma do
Os sistemas jurídicos repercutem nos fatores que determinam o desempenho Judiciário.
econômico. Ocorre a diminuição da eficiência alocativa da economia, quando
os preços, no mercado de bens e serviços, sofrem distorção diante da Assim, na prática verifica-se um aumento da convergência entre as tradições
existência de risco jurídico (PINHEIRO, 2008, p. 29). da civil e da common law, o que possibilita a adaptação de preceitos
econômicos e jurídicos entre diferentes países.
Pesquisas já assinalaram que os países com sistemas jurídicos decorrentes da
civil law (tradição de direito romano-germânico) possuem baixo desempenho Isto porque mediante análise das diferenças e semelhanças entre institutos,
econômico, pois são países que oferecem menor proteção jurídica aos conceitos e regras, é possível auferir que em determinados casos os
investidores em razão do conteúdo das normas jurídicas (direito material) e ordenamentos jurídicos possuem elementos comuns e constantes embora
da forma de cumprimento destas (direito processual), o que resulta em provenientes de sistemas diversos, mormente em relação aos direitos
mercados de crédito e de capitais com menor desenvolvimento (SZTAJN; fundamentais.
GORGA, 2005, p. 145).
No contexto atual, caracterizado pela globalização e pela evolução
Desta forma, conforme referidos estudos, as regras jurídicas das nações de tecnológica, os países exercem influências recíprocas nas suas relações
tradição da common law, também denominado direito consuetudinário, econômicas e também nos seus ordenamentos jurídicos, aproximando a civil
concedem maior proteção a acionistas e credores, pois “o resultado apontou law e a common law.
que as normas jurídicas dos países de direito consuetudinário são mais
apropriadas para a maximização de riqueza total da economia, isto é, são Nesse aspecto, as eficiências e as ineficiências econômicas decorrentes de
regras mais eficientes” (SZTAJN; GORGA, 2005, p. 146). cada sistema jurídico podem ser compartilhadas e adaptadas, com a expansão
do entendimento do Direito mediante a adoção de um ponto de vista externo
Porém, não obstante a conseqüência acima apontada decorrente da adoção da e a utilização de um raciocínio econômico (SZTAJN; GORGA, 2005).
tradição da civil law ou da common law, observa-se uma crescente posição
doutrinária a qual defende a ineficiência da tradição da common law, de modo Relevante, assim, a pesquisa acerca da literatura internacional decorrente do
que o direito consuetudinário inclusive encontra-se em processo de movimento Direito e Economia, a respeito da análise econômica do Direito.
progressiva codificação e de elaboração de leis (SZTAJN; GORGA, 2005, p.
146).
3. A origem do estudo conjunto das disciplinas
Ainda no que se refere à interação entre o Direito e a Economia, afirma-se que responsabilidade civil, inserindo pontos de vista econômicos em matéria
a análise conjunta destas especialidades detém como importante marco a jurídica. O segundo, ao adequar ao direito continental europeu as normas
obra de Roland Coase. O advogado norte-americano ganhou o Prêmio Nobel estabelecidas para o sistema do direito consuetudinário, demonstrou a
de Economia no ano de 1991 (VASCONCELLOS; GARCIA, 2012, p. 41). possibilidade da adoção de critérios que provoquem nos indivíduos a procura
por eficiências alocativas (apud ZYLBERSZTAJN; SZTAJN, 2005, p. 1).
Propiciou relevante crítica em relação à ortodoxa análise econômica ao
evidenciar que, “ao contrário do que inferem os neoclássicos tradicionais, as Referidos estudos demonstram que um apropriado tratamento jurídico
instituições legais impactam significativamente o comportamento dos agentes também pode derivar da análise de questões econômicas.
econômicos” (ZYLBERSZTAJN; SZTAJN, 2005, p. 2).
Por outro lado, um tratamento econômico adequado do mesmo modo requer
Roland Coase tratou das externalidades – impactos econômicos – positivas e sejam ponderadas as questões jurídicas, “para não correr o risco de chegar a
negativas acerca do consumo e produção, indagando se determinado conclusões equivocadas ou imprecisas, por desconsiderar os constrangimentos
indivíduo teria o direito de prejudicar outro e como refrear sua ação quando impostos pelo Direito ao comportamento dos agentes econômicos”
prejudicial. Assim, para evitar o dano, poderia ser infligido um custo, isto é, (ZYLBERSZTAJN; SZTAJN, 2005, p. 3).
poderia ser atribuída uma responsabilidade (apud PINHEIRO; SADDI, 2005, p.
102). 4. Conceito de Economia

Como exemplo, o autor examina o caso de uma fábrica que polui um rio. A economia centraliza-se na alocação de recursos produtivos limitados para
Primeiramente perquire se o bem produzido pelo empreendimento, apesar satisfazer as necessidades ilimitadas da sociedade. É conceituada como a
da poluição ocasionada, é mais eficiente para a comunidade na medida em ciência social que observa de que forma a sociedade decide aplicar recursos
que gera empregos e impostos do que a cessação das atividades da fábrica. produtivos escassos na produção de bens e serviços, para distribuí-los entre
as várias pessoas e grupos da sociedade, com o objetivo de atender as
Através da aplicação do Teorema de Coase buscam-se quais medidas podem necessidades humanas (VASCONCELLOS; GARCIA, 2012, p. 2).
ser adotadas para impedir que a existência dos danos e seus custos
prejudiquem a eficiência econômica com o encerramento da empresa (apud De um modo mais claro, pode-se asseverar que esta disciplina estuda “como
PINHEIRO; SADDI, 2005, p. 106). pessoas, empresas, governos e outras organizações de nossa sociedade fazem
escolhas e como essas escolhas determinam a forma como a sociedade utiliza
Assim, a lei pode conceder o direito de poluir e permitir o dano causado, seus recursos” (STIGLITZ; WALSH, 2003, p. 8).
todavia, impondo condições como a instalação de filtros para atenuar os
efeitos da poluição. Observa-se desse modo uma conexão entre o Direito com Desta forma, considerando que a economia fundamenta-se na alocação de
os fundamentos da Economia dos custos de transação. recursos, como problemas econômicos principais são formuladas as seguintes
questões: o que e quanto produzir, como produzir e para quem produzir
As obras de Guido Calabresi e Trimarcchi também fomentaram importantes (VASCONCELLOS; GARCIA, 2012, p. 2).
discussões acerca da relação entre Direito e Economia. O primeiro examinou
a relação entre as repercussões econômicas da alocação de recursos e a
A primeira questão decorre da escassez de recursos, já que estes são 5. Análise econômica do Direito
limitados. Cabe a sociedade escolher quais produtos e em que quantidade
serão produzidos dentro das possibilidades existentes. Consoante exposto por Robert Cooter e Thomas Ulen, “a análise econômica do
direito é um assunto interdisciplinar que reúne dois grandes campos de estudo e
O segundo problema econômico refere-se à utilização dos recursos de facilita uma maior compreensão de ambos” (COOTER; ULEN, 2010, p. 33).
produção. A concorrência entre as empresas normalmente estimula a escolha
por modos eficientes que detenham o menor custo possível. Aqui se encontra A convergência dos fundamentos da Economia e dos fundamentos do Direito
a decisão quanto ao grau de uso da tecnologia e da força de trabalho humano. oportuniza a compreensão do real sentido e da razão de ser da norma
jurídica, pois a empresa, como agente econômico e como sujeito de relações
O terceiro diz respeito à distribuição dos resultados da produção. Trata-se da jurídicas, assume importante papel social. A regulamentação jurídica pode
distribuição de renda que depende não apenas da oferta e da demanda no influenciar empreendimentos econômicos ao fim de promover o
mercado, mas também dos salários, dos juros, dos benefícios do capital e da desenvolvimento e a mudança social.
repartição e transmissão da propriedade.
A almejada justiça social, cuja busca encontra-se constitucionalmente traçada,
A busca pela solução dos problemas econômicos fundamentais ocorre insere-se na ordem econômica e na ordem social, de modo que sua realização
conforme o sistema econômico adotado por cada país. Sistema econômico necessariamente detém implicações econômicas e sociais.
corresponde a forma de organização econômica para a produção, distribuição
e consumo, podendo ser classificado em: sistema capitalista, também É o que dispõe a Constituição Federal de 1988 em seu artigo 170 ao estatuir
chamado de economia de mercado, ou sistema socialista, por vezes que a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
denominado de economia centralizada. Algumas nações se organizaram iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
adotando uma forma intermediária entre estes dois sistemas da justiça social, e no artigo 193 ao estabelecer que a ordem social tem como
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2012, p. 4). base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais.

A partir das questões concernentes aos problemas econômicos fundamentais, Desta forma, o Direito e a Economia detêm importantes papéis a serem
observa-se que as decisões econômicas se relacionam a um juízo de valor, cumpridos e constituem partes integrantes do processo de desenvolvimento
pois decorrem de decisões humanas admitindo diversos modos de nacional.
interpretação e diferentes correntes de entendimentos econômicos
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2012, p. 3). Segundo Marco Antonio Sandoval de Vasconcellos e Manoel Enriquez Garcia
(2012, p. 42),
Sob este prisma destaca-se também a congruência entre o Direito e a
Economia, competindo ao ordenamento jurídico nortear a aplicação das “[...] as normas jurídicas buscam, em última análise, regular as atividades
ferramentas da política econômica, pois constitui dever do Estado a econômicas, no sentido de tornar os mercados eficientes (função alocativa) e
promoção do bem-estar e da justiça sociais tanto sob o aspecto econômico buscar melhor qualidade de vida para a população como um todo (função
como sob o aspecto jurídico. distributiva)”.
Assim, importantes concepções da teoria econômica podem ser relacionadas “[...] recomendo que o enfoque dominante da Análise Econômica do Direito
ou molduradas em conformidade com as normas jurídicas, sendo ainda possa beneficiar-se com a incorporação das lições e de alguns métodos da
possível que para a solução de relevantes e determinados problemas Análise Econômica do Direito e das organizações – naquilo que tem a oferecer
econômicos ocorram alterações no ordenamento jurídico. para a formulação de políticas públicas e para o currículo das faculdades de
Direito”.
Portanto, a busca pela justiça social necessariamente perpassa pelas
perspectivas da Economia e do Direito para tratar de modo adequado Desta forma, relativamente a diversos temas que geram efeitos
diversos problemas sociais, pois a divisão entre estas antigas disciplinas pode socioeconômicos mostra-se oportuno estimular uma análise crítica à luz dos
não ser benéfica à sociedade. fundamentos doutrinários que permeiam a Economia e o Direito, o que pode
melhor adequar a robusta literatura existente em cada área à realidade
Para tanto, a análise econômica do Direito, a qual oportuniza a abordagem nacional, pois configuram disciplinas congruentes.
multidisciplinar destas específicas disciplinas, a princípio antagônicas, deve
expressar uma contínua evolução apta a propiciar o desenvolvimento social e CONCLUSÃO
a eficiência econômica. “Ainda que não seja unanimidade, a Análise Econômica
do Direito é largamente reconhecida como um caso de sucesso” (WILLIAMSON, Apesar das conhecidas diferenças entre as disciplinas, o Direito e a Economia
2005, p. 16). relacionam-se em diversos pontos, como, por exemplo, quanto aos custos do
processo litigioso, responsabilidade civil, direitos de propriedade e direitos
O interesse no estudo conjugado decorre do tradicional isolamento entre as contratuais. Além disso, diante da globalização e da conseqüente
áreas de conhecimento da Economia e do Direito e das respectivas concorrência no mercado internacional, as disciplinas encontram-se em
instituições acadêmicas brasileiras. Normalmente, aqueles que atuam em crescente interação.
cada um destes campos desconhecem as contribuições que poderiam advir da
área diversa, o que conduz as inevitáveis alterações para repensar a As discussões a respeito das diferenças entre os sistemas jurídicos da
abordagem separada, promovendo o estabelecimento de liames conceituais e common law e da civil law, com seus respectivos reflexos para o
originando modos de comunicação entre as disciplinas (ZYLBERSZTAJN; desenvolvimento econômico, também ressaltam a importância da análise
SZTAJN, 2005). conjunta do Direito e da Economia, assim como os estudos promovidos pelos
autores Roland Coase, Guido Calabresi e Trimarcchi.
Marcos Nobre expôs que o Direito, como disciplina acadêmica, não
acompanhou o qualitativo crescimento da pesquisa científica das outras Consoante exposto nos artigos 170 e 193 da Constituição da República, a
disciplinas das ciências humanas. Ainda em relação ao Direito, destacou a justiça social insere-se na ordem econômica e na ordem social, de modo que o
desconformidade da situação existente entre a prática, a teoria e o ensino Direito e a Economia detêm importantes papéis a serem cumpridos e se
nacional (apud ARIDA, 2005, p. 60). complementam para a concretização do desenvolvimento nacional.

Ao tratar a respeito das organizações sob os aspectos econômicos e jurídicos, Assim, espera-se o contínuo aprimoramento da análise econômica do Direito,
Oliver Williamson sugere a interação entre as disciplinas no ensino do Direito com a assimilação de conceitos econômicos pela teoria jurídica, bem como
(2005, p. 53):
incentivando o movimento que integra o Direito e a Economia em prol do
crescimento econômico e do desenvolvimento social.

Referências
ARIDA, Pérsio. A pesquisa em direito e em economia: em torno da
historicidade da norma. In: ZYLBERSZTAJN, Décio; SZTAJN, Rachel (Org.).
Direito e economia – Análise econômica do direito e das organizações. São
Paulo: Campus, 2005
BRASIL. Constituição, 1988.
COOTER, Robert; ULLEN, Thomas. Direito & economia. Porto Alegre:
Bookman, 2010.
PINHEIRO, Armando Castelar. Direito e economia num mundo globalizado:
cooperação ou confronto? In: TIM, Luciano Benetti (Org.). Direito &
economia. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008.
PINHEIRO, Armando Castelar; SADDI, Jairo. Direito, economia e mercados.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
SALAMA, Bruno Meyerhof. O que é “direito e economia”. In: TIM, Luciano
Benetti (Org.). Direito & economia. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2008.
STIGLITZ, Joseph E.; WALSH, Carl E. Introdução à microeconomia. trad. de
Helga Hoffmann. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
SZTAJN, Rachel; GORGA Érica. Tradições do direito. In: ZYLBERSZTAJN, Décio;
SZTAJN, Rachel. Direito e economia – Análise econômica do direito e das
organizações. São Paulo: Campus, 2005.
VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de; GARCIA, Manuel Enriquez.
Fundamentos de economia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
WILLIAMSON, Oliver. Porque Direito, economia e organizações? Trad. de
Decio Zylberstajn. In: ZYLBERSZTAJN, Décio; SZTAJN, Rachel. Direito e
economia – Análise econômica do direito e das organizações. São Paulo:
Campus, 2005.
ZYLBERSZTAJN, Décio; SZTAJN, Rachel. Direito e economia – Análise
econômica do direito e das organizações. São Paulo: Campus, 2005.

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