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INTRODUÇÃO AO DIREITO | 41037

Data e hora de realização

30 de janeiro 2024, às 10h de Portugal Continental

Duração da prova

90 minutos mais 60 minutos de tolerância = 2h30h

Temática / Tema / Conteúdos

Introdução ao Direito

Objetivos

• Avaliar as competências e conhecimentos adquiridos no âmbito


da UC de Introdução ao Direito.

Trabalho a desenvolver / Enunciado

Desenvolva, aprofundada e criticamente, os seguintes temas de


acordo com o Manual adotado:

Tema A:

“Princípios fundamentais na ordem jurídica portuguesa”. Indique


quais são e fundamente.

(Resposta: 2/3 páginas de linhas)


Tema B:

“Classificação das Normas Jurídicas”. Defina, caracterize e


fundamente.

(Resposta: 2/3 páginas de linhas)

Recursos

O e-fólio Global é realizado com consulta, com recurso do manual


adotado: Cunha, Paulo Ferreira da. Teoria Geral do Direito (2018); dos
textos legislativos e de outra bibliografia, que deve ser devidamente
referenciada.

Critérios de avaliação e cotação

Na avaliação do trabalho serão tidos em consideração os seguintes


critérios e cotações:

As respostas deverão integrar um conteúdo adequado à pergunta


formulada, de modo que fique claro que o estudante percebeu a
questão e é capaz de responder à temática indicada. Deverá
demonstrar o grau de domínio que o estudante tem sobre o tema, o
que será aferido pelo seu correto enquadramento e pelo adequado
relacionamento com os outros domínios temáticos relevantes,
comprovando a sua capacidade para tratar essa parte da matéria da
disciplina, bem como a sua capacidade de análise crítica.

Na realização da prova deverá ter em conta que o rigor e a correção


técnica e linguística serão apreciados, não sendo consideradas as
respostas que reproduzam "ipsis verbis", na totalidade ou em parte, o
manual ou os textos de apoio.
O e-fólio Global é composto por 2 questões de desenvolvimento,
valendo cada resposta totalmente correta 6 valores. A cotação global
da prova é de 12 valores.

Total: 6+6 = 12 valores

Normas a respeitar

Deve redigir o seu E-fólio na Folha de Resolução disponibilizada na


turma e preencher todos os dados do cabeçalho.

Todas as páginas do documento devem ser numeradas.

O seu E-fólio não deve ultrapassar 6 páginas A4 redigidas em Times


New Roman, tamanho de letra 12. O espaçamento entre linhas deve
corresponder a 1,5 linhas.

Nomeie o ficheiro com o seu número de estudante, seguido da


identificação do E-fólio, segundo o exemplo apresentado:
000000efolioGlobal.

Deve carregar o referido ficheiro em pdf. para a plataforma no


dispositivo E-fólio Global até à data e hora limite de entrega. Evite a
entrega próximo da hora limite para se precaver contra eventuais
problemas.

O ficheiro a enviar não deve exceder 8 MB.

Votos de bom trabalho!

Ângela Montalvão Machado

Luís Almeida Carneiro


UNIDADE CURRICULAR: Introdução ao Direito

CÓDIGO: 41037

DOCENTE: Ângela Montalvão Machado / Luís Almeida Carneiro

A preencher pelo estudante

NOME: TP

N.º DE ESTUDANTE:

CURSO: Ciências Sociais

DATA DE ENTREGA: 30/01/2024

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TRABALHO / RESOLUÇÃO:

Tema A:

A ordem jurídica em Portugal não se resume a um conjunto de leis, mas é moldada por
uma estrutura normativa que incorpora tanto o enquadramento legal quanto os princípios
fundamentais. Esses princípios são a base do sistema jurídico, estabelecendo diretrizes
éticas, morais e normativas para fundamentar a justiça e a equidade. Além de influenciar
a relação entre o Estado e os cidadãos, esses princípios definem as bases para os diversos
ramos do direito. Nesta análise, exploraremos como esses princípios fundamentais são
essenciais na construção de uma sociedade justa, equitativa e alinhada aos valores
democráticos da Constituição Portuguesa.

A Constituição da República Portuguesa, no seu Preâmbulo, consagra a defesa da


independência nacional, a garantia dos direitos fundamentais dos cidadãos, a
consolidação dos princípios democráticos e a promoção do Estado de Direito democrático
como fundamentos essenciais da sociedade. Estes elementos programáticos e
prospectivos evidenciam a relevância dos princípios fundamentais na construção da
estrutura jurídica portuguesa (Cunha, 2018, p. 228).

Além disso, no Código Civil de Portugal, são integrados princípios fundamentais, tais
como “o princípio geral de Justiça e o princípio geral positivo-regulador do abuso do
direito” (Cunha, 2018, p. 184). O princípio geral de Justiça é fundamental para as
decisões judiciais, pois está diretamente ligado à imparcialidade e equidade. Ele guia os
juízes por forma a encontrar um equilíbrio entre interesses opostos, garantindo que as
decisões reflitam não apenas a legalidade, mas também a justiça específica de cada caso.
Já o princípio geral positivo-regulador do abuso do direito age como uma proteção diante
da complexidade das relações jurídicas, evitando o uso indevido dos direitos concedidos
pela lei. Além de focar na legalidade, ele considera a equidade e a razoabilidade, visando
resguardar os interesses legítimos das partes envolvidas. Estes princípios, embora não
sejam explicitamente referidos em cada disposição legal, atravessam a ordem jurídica
portuguesa, exercendo influência na interpretação e aplicação das normas.

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Assim, “atente-se na profusão de princípios fundamentais que afloram sob a forma de
cláusulas gerais e conceitos indeterminados — casos como “bons costumes", "ordem
pública", "dever de justiça", "boa fé', "causa justificativa", "justa causa”, "interesse
público" (Cunha, 2018, p. 184).

A ordem jurídica portuguesa é sustentada por diversos princípios que permeiam


diferentes ramos do direito. No Direito Constitucional, destaca-se o respeito pela
dignidade da Pessoa Humana e os princípios do Estado Constitucional, incluindo os
constitucionais liberais como direitos fundamentais, separação e equilíbrio dos poderes,
e o princípio do Estado Social. No Direito Administrativo e Fiscal, a legalidade dos atos
da administração, atuação no interesse público, e a contenciosidade dos atos são preceitos
fundamentais. O Direito Penal enfatiza a legalidade e tipicidade da incriminação,
enquanto os Direitos Processuais baseiam-se em princípios como jurisdição, audiência
das partes, recurso, caso julgado, e independência do poder judicial. No campo do Direito
Social e do Trabalho, princípios como isonomia, caráter coletivo, participação dos
trabalhadores, liberdade sindical e humanização do trabalho são fundamentais. No Direito
Privado, os princípios envolvem desde a proteção dos direitos de personalidade até a
autonomia da vontade, responsabilidade civil, boa-fé, cumprimento de obrigações,
equilíbrio contratual, entre outros. Esses princípios abrangem aspetos cruciais como
igualdade entre cônjuges, sucessão por morte e reconhecimento da propriedade privada
(Cunha, 2018, p. 184,186).

Desde o respeito pela dignidade humana até à prevenção do abuso de direitos, cada um
destes princípios desempenha um papel crucial na busca por justiça, equidade e equilíbrio
nas interações sociais e no panorama jurídico. Ao incorporar valores como a legalidade,
imparcialidade e proporcionalidade, estes princípios não só influenciam as decisões
judiciais, mas também protegem os direitos individuais, promovem a transparência na
administração pública e estabelecem uma base ética para as relações sociais. Em suma,
são estes princípios que sustentam e fortalecem o sistema jurídico em Portugal,
contribuindo para uma sociedade onde a justiça e o respeito pelos direitos fundamentais
de cada cidadão são pilares essenciais.

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Tema B:

Uma sociedade só existe com a implementação de regras de conduta social, as quais


constituem a essência do Direito. Apesar de o Direito não ser exclusivamente composto
por normas, a sua aplicação origina o cumprimento do seu propósito enquanto regulador
da sociedade. Estas normas representam as diretrizes fundamentais do sistema jurídico
que serve de base à sociedade. Mas, face aos ataques à legalidade que acontecem, é crucial
defender a sua preservação, pois “o respeito pelas leis é ainda o grau zero do Estado de
Direito” (Cunha, 2018, p. 303), ou seja, o respeito pelas leis é o ponto de partida
indispensável para garantir a ordem, a justiça e a estabilidade numa sociedade governada
pelo Estado de Direito.

A norma jurídica, na sua estrutura pode ser completa ou incompleta. No caso de ser
completa, é composta por dois elementos: a previsão e a estatuição. A previsão diz
respeito à descrição de uma situação de vida típica, na qual a ocorrência de algo específico
resultará em uma consequência jurídica determinada pela regulamentação, ou seja, a
estatuição. Podemos esquematizar isso de forma simplificada, indicando que se A, então
B, ou será B se A. Nesse contexto, A passa a ser a hipótese e B representa a estatuição,
assim, consideremos um exemplo em que um cidadão está a ser julgado por um crime, se
demonstrar um comportamento exemplar e cumprir cerca de dois terços da pena, pode
eventualmente beneficiar de liberdade condicional. Neste caso, a previsão engloba o
comportamento positivo e o cumprimento da maior parte da pena, enquanto a estatuição
se refere à possibilidade de obter a liberdade condicional. Quanto às normas jurídicas
incompletas são as definições, cláusulas gerais, normas interpretativas e normas de
devolução. Estas normas podem demandar o acesso a outras regras para a sua resolução,
quando necessário.

A classificação das normas e a sua contextualização podem revelar-se desafiantes.


Primeiramente, é necessário avaliar se uma norma é efetivamente jurídica ou se pertence
a outro domínio de classificação, pois frequentemente pode haver confusão com normas
não jurídicas, como as éticas, religiosas ou morais. Estas últimas não têm ligação direta
com a lei e, consequentemente, não estão sujeitas a sanções judiciais. Por exemplo, a
sociedade pode reprovar uma mulher que opte por vestuário mais ousado, em contraste

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com os princípios de discrição e recato defendidos pela religião ou moral, mas essa
conduta não acarreta qualquer punição judicial.

Partimos das características das normas jurídicas como elementos indicadores do Direito,
com uma riqueza de características diversas, sendo divididas em dois planos: o plano
externo e o plano interno. No plano externo, as normas jurídicas costumam ser
mencionadas na doutrina, abordando a sua análise e fundamentação, e para tal, são
considerados os seguintes elementos: a Imperatividade (que exprime uma diretiva ou
ordem, com obrigatoriedade de cumprimento), a Generalidade (devem ser genéricas, ou
seja, criadas para o geral, podendo ser aplicáveis a todos os que se encontrem numa
mesma suposta situação – “se qualquer A faz X, a reação jurídica é y” (Cunha, 2018, p.
306)), a Abstração (é a situação em que a norma não se efetiva perante um caso concreto
ou situação especial, tratando de forma igual um conjunto de casos incluídos na sua
previsão (hipótese)), a Coercibilidade (que prevê que violador das normas tenha uma
sanção jurídica) e a Violabilidade (que admite a possibilidade da violação da norma
jurídica mas sujeitando-se a uma sanção). No que diz respeito às normas jurídicas do
plano interno, é nesta esfera que o Direito se manifesta de forma predominante, “é o
Direito Natural (…) que domina o plano interno através dos júris praecepta, e da ideia
de Justiça” (Cunha, 2018, p. 307). Este âmbito proíbe o abuso do Direito, o que significa
evitar a utilização indevida dos seus poderes, limitando o uso do Direito de forma a não
prejudicar ninguém. Em última análise, reforça a imposição do respeito pelos direitos
dos outros, ou seja, atribuir a cada um o que é devido.

Cada um desses planos incorpora, nas suas características principais, critérios que são
usados para classificação. Dessa forma, a Generalidade e Abstração envolvem critérios
referentes ao alcance espacial de vigência, aos interesses predominantemente tutelados,
de frequência e normalidade. A Imperatividade abrange critérios relacionados à força
vinculativa no contexto da ordem jurídica. Já a Coercibilidade e Violabilidade abrangem
critérios relacionados com as consequências da violação. No âmbito do plano interno, são
incluídos critérios referentes à fonte causante, à ética ou juridicidade imediata das normas
e à inovação resultante das mesmas (Cunha, 2018, p. 316).

A classificação das normas acabará por recair, em particular, nos elementos contidos no
plano externo, nas características relacionadas com o lado interno das normas jurídicas e

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nas características da completude das mesmas, passo a citar: as normas do âmbito espacial
e de vigência, onde se inserem as normas universais, gerais e locais, que são todas
aquelas que se aplicam em todo o território do Estado e em locais circunscritos no espaço
(sob a forma de deliberações municipais), as normas de interesses predominantemente
tutelados, designadas por normas de interesse de ordem público ou privado, que atuam
de acordo com o tipo de interesse onde pretendem agir ou regular. As normas de
frequência e normalidade no conjunto da ordem jurídica, que constituem as normas
gerais, especiais e excecionais, sendo classificadas como gerais as normas que dispõe
para diversas situações numa área de maior abrangência, consideradas o direito-regra,
direito comum ou normal. As normas especiais surgem quando é necessária uma
adaptação, ou complementação simples e específica da norma geral, para casos diversos
dos normalmente tuteláveis. As normas excecionais são aquelas, que conforme da
designação se depreende, são necessárias para casos de exceção absoluta e oposto ao
geral, para os quais as já existentes são inadequadas, pois “se de normas gerais e
especiais, para casos análogos, é possível a aplicação analógica, já tal não é
comportável pelas normas excecionais” (Cunha, 2018, p. 324).

Seguem-se as normas de força vinculativa, onde se enquadram as normas imperativas


(ou injuntivas) e as normas facultativas (dispositivas - hoc sensu). Isso significa que a
característica da imperatividade, enquanto presente nas normas jurídicas, não é uma
constante, sendo que as normas imperativas, determinam um sentido e certos
comportamentos, implicitamente proibindo comportamentos contrários. Estas normas
encontram-se divididas em normas percetíveis, proibitivas e permissivas. Já as normas
facultativas não impõem nem apelam, não atribuindo sanções proibitivas, no entanto, nem
todas as normas que não aplicam sanções proibitivas são também facultativas (exemplo
de normas facultativas é a opção de se fazer, ou não, um testamento). Estas normas podem
ser consideradas dispositivas, interpretativas e supletivas (Cunha, 2018).

No que diz respeito às consequências resultantes de sua violação, é possível classificar as


normas em "plus quam perfectae"(as mais gravosas para quem as viola), "perfectae"
(impõem a nulidade do ato, mas não existe imposição de pena), "minus quam perfectae"
(traduzem-se em penas, multas em vez de sanções) e "imperfectae" (normas cuja
violação não traz qualquer sanção) (Cunha, 2018, p. 330).

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As normas jurídicas também apresentam diferenças quanto à origem da fonte de direito
que as gerou, sendo assim classificadas como Normas Consuetudinárias (têm origem no
costume), Jurisprudenciais (derivam do conjunto de decisões e interpretações dos
tribunais sobre casos específicos ao longo do tempo), Doutrinais (derivam das
interpretações desenvolvidas por juristas) , Legais e Negociais (que emanam dos órgãos
legislativos, e são expressas em leis, códigos, decretos, regulamentos, entre outros
instrumentos normativos). Podemos identificar também as normas éticas (todo o
profissional deve agir de forma ética) e normas técnicas (está vinculada à norma jurídica
por meio da imposição de sanções em caso de não cumprimento), formando, assim, as
normas de estatuição material e jurídica. Existem também as normas interpretativas
(esclarecem o sentido de outras normas, podendo ter uma interpretação implícita) e
normas inovadoras (introduzem algo que vai além do já existente). Podemos referir as
Normas primárias e secundárias, onde as primeiras estabelecem a regra principal e as
segundas derivam novas regras a partir desta. Por último, mas não menos relevantes, as
normas autónomas (completas ou diretas) e não autónomas (incompletas e indiretas).
As normas autónomas, são aquelas das quais se pode retirar um sentido válido e completo,
sem recorrer explicitamente e diretamente a outras normas, caso contrário estaremos
perante uma norma não autónoma.

Em jeito de conclusão, sublinha-se a importância crucial de entender a diversidade e


organização destas normas no âmbito do sistema legal. A análise pormenorizada das
várias categorias, evidencia a complexidade e riqueza do ordenamento jurídico. Ao
compreender as subtilezas da classificação das normas, torna-se possível uma aplicação
mais eficaz do direito, fomentando a justiça e a ordem social. Esta compreensão profunda
revela-se essencial para juristas, profissionais do direito e académicos na construção de
um sistema jurídico coeso e equitativo.

Bibliografia

Cunha, P. F. (2018). Teoria Geral do Direito - Uma Sintese Critica. A Causa das Regras.

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