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COMO OS AVANÇOS DO DIREITO QUE TRATA DOS CRIMES NUMA


PERSPECTIVA GLOBAL INFLUENCIAM AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS?
Leonardo Henrique Fagundes

INTRODUÇÃO

O processo de globalização está em constante evolução, trazendo um enorme repensar


no campo jurídico como agente de mudança. A globalização é um fenômeno único que vem
evoluindo ao longo do tempo, tornando-se uma realidade e tendo um enorme impacto em todos
os campos. O conceito de globalização é complexo porque é um tema muito abrangente e amplo
que não pode ser claramente definido. Para uma melhor compreensão da globalização, o seu
surgimento, evolução e consolidação serão analisados no tempo e no espaço.
A lei brasileira está em constante internacionalização, com tratados e convenções
internacionais formais celebrados com diversos países, porém, em casos excepcionais, previstos
na legislação penal nacional, a lei brasileira é irrevogavelmente aplicada perante a legislação
de outros países, com o objetivo de proteger seus direitos, que foram gravemente violados. Por
exemplo, nos casos de violação da liberdade e da vida do Presidente da República, aplica-se a
jurisdição extraterritorial de direito interno (art. 7º, inciso I, alínea “a” do Código Penal
Brasileiro).
A legislação penal brasileira também está sujeita à influência internacional em seu
ordenamento jurídico por meio de leis, sentenças, tratados e convenções estrangeiras das quais
o Brasil seja parte, desde que não ofendam a soberania nacional, a ordem pública e os bons
costumes brasileiros. (Art. 17 Lei de Introdução de Normas Legais Brasileiras). À luz dessa
licença, procurações são enviadas de outros países ao Brasil para cumprimento de ordens
estrangeiras e sentenças de outros países, que venham a ser homologadas no Brasil, para que as
decisões estrangeiras produzam efeitos em território brasileiro.
A constante internacionalização do direito deu origem a autoridades centrais, cuja
finalidade é mediar e coordenar a cooperação jurídica exigida por tratados internacionais de
forma rápida e eficiente, com o objetivo de não prejudicar as relações internacionais entre os
países envolvidos. Diante do exposto, surgiu a seguinte questão que norteou este trabalho: como
os avanços do direito que trata dos crimes numa perspectiva global influenciam as relações
internacionais?
A pesquisa teve como objetivo geral analisar de que forma os avanços do direito que
trata dos crimes numa perspectiva global influenciam as relações internacionais. Por se tratar
de um tema atual onde ainda há muito a ser pesquisado e explicado, este estudo ganha uma
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importância ainda maior. Esse trabalho também será relevante para a comunidade cientifica
porque disponibilizará mais referenciais bibliográficos para trabalhos futuros acerca de sua
temática principal.
Uma pesquisa pode ser compreendida como um processo formal e sistemático de
desenvolvimento do modo científico na qual são descobertas respostas ou são comprovadas
hipóteses para as quais foram formulados questionamentos e apresentados problemas. A
metodologia deste trabalho teve abordagem qualitativa exploratória. Desse modo, esse estudo
buscou relacionar autores que permeiam seus estudos nessa esfera. Além de livros, foram
examinados sites e artigos que fundamentam a clareza da temática.

DESENVOLVIMENTO

O impacto da globalização, além da vida cultural, política, econômica e social, envolve


também outros aspectos da cidadania, do povo, do poder e do Estado, que se modificam com a
formação e expansão da sociedade mundial, cujos fenômenos afetam diretamente as relações
políticas e o papel do Estado e da lei. No contexto da globalização, torna-se um desafio conciliar
instituições tradicionais ao longo da história da humanidade, algo rígidas e destinadas a
assegurar relações jurídicas, com novas formas de objetivos econômicos, políticos e sociais. o
mercado mundial.
Nesse novo contexto, a soberania não aparece mais como um poder independente,
supremo e exclusivo dentro de um território. Com isso, perderam-se as condições efetivas para
o país implementar políticas monetárias, fiscais, cambiais e outras. O Estado não é mais o
senhor do que acontece em seu território.
Os países têm a obrigação de desenvolver normas relacionadas à estabilidade monetária,
equilíbrio financeiro, abertura comercial e financeira e crescimento econômico, dados todos os
aspectos de suas economias interconectadas no mundo. Ou seja, a elaboração do direito ocorre
em um contexto econômico e financeiro em nível internacional, não apenas em nível nacional.
Portanto, diante da complexidade da globalização, podemos observar que o sistema político e
econômico imposto à economia nacional do país deve ser adaptado às exigências da economia
internacional, e que essa necessidade e imposição ocorre em cada estado antes da legalização
sistema, alterando o direito positivo.
Instrumentos jurídicos exigem inovação, e um mundo globalizado exige mudanças nas
estruturas jurídicas. As complexidades da globalização impõem ao direito questões específicas
e diferenciadas, o que fragiliza a capacidade do Estado de colocar o interesse público acima do
interesse privado. O direito é entendido como um conjunto de normas e normas de controle
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social, pois onde há sociedade, há direito. A reestruturação económica, financeira e política


ocorrida através do processo de globalização conduziu à criação de novas realidades jurídicas.
Em um momento em que as sociedades se desintegram, os crimes violentos se
multiplicam e inúmeras pessoas, principalmente em países do terceiro mundo, têm cada vez
mais dificuldades para exercer seus direitos inerentes, a própria lei ganha novas proporções,
entre elas a flexibilização do processo produtivo. necessariamente A supressão dos direitos
sociais, da democracia e da cidadania, reduzidos a aspectos puramente formais, não tem
absolutamente vida e conteúdo na globalização, por isso é necessário reconsiderar essas
questões no mercado real (KLAES, 2006).
Por exemplo, deve-se notar que o modelo de produção legal na América do século XIX
foi criado com ênfase na esfera comercial. Os campos social e jurídico possuem grande inter-
relação, pois a legislação é desenvolvida com foco no comércio e suas relações econômicas.
Desse modelo norte-americano, surgiu recentemente uma nova classe de juristas que encontra
no direito uma dimensão técnica que reduz o exercício da advocacia a um negócio, mais
próximo da realidade econômico-financeira (OLIVEIRA, 1999).
O monopólio jurídico não é apenas resolver conflitos, mas tornar-se um mercado, onde
o direito e seus profissionais não são regulações que estabelecem relações sociais, mas novas
formas de produção jurídica, serviços em que os produtos jurídicos competem com outras
formas. As relações internacionais atuais estão ligadas por direitos, enfatizando aspectos
jurídicos envolvendo corporações multinacionais. Essas relações são analisadas pela forma
como entidades jurídicas ou não jurídicas estabelecem acordos ou administram debates em
torno de questões jurídicas (OLIVEIRA, 1999). Ao analisar a relação entre a globalização e o
mundo jurídico, percebe-se que houve uma “americanização” da cultura jurídica, pois as leis
americanas trazem consequências para as leis ao redor do mundo.
Os mercados globais se adaptaram às expectativas de uma cultura legalizada. O processo
de globalização criou novas realidades administrativas, financeiras e trabalhistas e deu origem
a novas estruturas jurídicas, levando ao surgimento de novos atores no campo jurídico
(OLIVEIRA, 1999). Novas figuras jurídicas surgiram, novos modelos contratuais foram criados
e, principalmente, o direito concorrencial surgiu no processo de globalização econômica.
A sociedade global está mudando rapidamente e de várias formas. Em comparação com
a sociedade industrial, a globalização da economia mundial e a internacionalização do mercado
formaram uma nova sociedade e produziram uma nova ordem econômica e política. Essas
mudanças trazem novas leis e práticas jurídicas específicas, pois as realidades do mercado
exigem novos modelos no campo jurídico. Os fatores econômicos exercem forte influência
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sobre o direito e têm grandes reflexos nas relações sociais e jurídicas. Uma economia
globalizada faz com que o sistema jurídico deixe de ser um sistema jurídico central, pois
algumas normas passam a ser delineadas por grandes corporações internacionais, criando uma
nova versão para o pluralismo jurídico e suas necessidades jurídicas.
Marianna Isabel Medeiros Klaes (2006) trata do direito como mecanismo, afirmando: o
direito pode ser visto mais como um mecanismo de criação de estruturas econômicas e
comerciais do que propriamente como uma ferramenta de justiça social. A prática jurídica é
cada vez mais definida em termos de mercado e, ao instrumentalizar as maneiras pelas quais as
elites econômicas podem usar estruturas legais taticamente, isso empobrece as democracias
nacionais, transforma as sociedades em massas controladas pela lei e torna os estados
superpotências econômicas transnacionais por trás das organizações políticas.
Na mesma linha, Faria demonstra que com o advento do capitalismo surgiram novas
formas político-jurídicas, acrescentando que a dogmática jurídica, por seu conhecido rigor
analítico, racionalidade das formas básicas, analíticas se destacam por seu rigor. Sua linguagem
e seu purismo metódico confrontam as forças inerentes à produção normativa como instâncias
de autonomia relevantes para a economia e a política (FARIA, 2004).
Faria apresenta um panorama dos institutos jurídicos que surgiram no processo de
globalização por meio de um sistema de três dimensões: estrutural (ao qual pertencem os órgãos
legislativo e judiciário); outra substantiva (às quais correspondem os regulamentos e leis
existentes); e terceira natureza cultural (traduzindo as atitudes, hábitos, normas, valores e
opiniões que fazem do ordenamento jurídico uma unidade e determinam seu lugar normativo e
burocrático na sociedade) (FARIA, 1999).
A cultura jurídica está sendo modificada pelo processo de globalização, e a soberania e
a democracia nos espaços nacionais têm sido formuladas e utilizadas para examinar o impacto
da transição econômica para o sistema mundial (FARIA, 2004). O perfil do sistema legal que
emerge da sociedade capitalista através da economia globalizada tem uma configuração política
feita de padrões de produção de poder rastreáveis a formas específicas. Para Faria (2004), a
mistura de ordens jurídicas é desequilibrada, envolvendo várias concepções de legitimidade em
diferentes momentos e regras, pois são ordens autônomas influenciadas pelas relações
internacionais.
Com a transformação da economia em relação ao mundo, principalmente o fenômeno
da globalização, o que se desenha é que o direito se torna instável em sua fonte e estrutura
normativa ad hoc. O estado começa a perder seu poder de fazer regras porque está
constantemente sujeito a influências externas. Ou seja, as instituições políticas e econômicas
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são, em última instância, impostas às instituições jurídicas, modificando o direito positivo e as


políticas neoliberais.
Por esta e outras razões, o resultado deste processo implica flexibilidade jurídica. No
entanto, os problemas sociais de cada país não devem ser negligenciados. A lei deve manter
seu papel na redução de conflitos na sociedade sem prejudicar o desenvolvimento de outras
instituições e da própria sociedade. O direito não é independente de outros sistemas, pelo
contrário, está completamente relacionado a outros sistemas, mas em seu próprio contexto. A
globalização utiliza espaços virtuais sem uma projeção geográfica específica. As tecnologias
do futuro – apoiando a primazia econômica e os atuais participantes do mercado (corporações
multinacionais) – causam o declínio do estado e a reconfiguração política.
Nota-se que o direito moderno é moldado pela política, e que a história do direito
moderno é marcada por uma escolha inovadora: a estabilidade do direito, pois a burguesia
tomou o poder e colocou seu monopólio nas mãos do Estado, tornando-o o único Criador
correto: É só a lei que o Estado quer que seja lei: a fonte, o costume, tudo relegado. O direito,
justamente por ser desejado de cima e baseado em um projeto de cima para baixo desenhado
por quem está no poder, está inevitavelmente fadado a se formalizar, desvinculando-se da
transformação contínua dos fatos sociais e econômicos (GROSSI, 2010).
O direito começa a ser afetado pelos fatores da globalização e não apenas pelo que o
Estado quer que seja, não é “puro”: compila novos e eficientes meios de utilidade imediata para
os operadores económicos: prevalece a eficácia. Não são os Estados que concebem ou aceitam
novas formas de organização jurídica, mas o que acontece fora (ou mesmo contra) Estados.
Forças privadas e econômicas começam a produzir leis: hoje o jurista vive um tempo fértil e
difícil - fértil porque seu papel é muito ativo e estimulante; difícil não apenas pelas pesadas
responsabilidades que carregam, mas também pelo amplo quociente da incerteza no
comportamento cognitivo-aplicado (GROSSI, 2010).
Para os juristas, a globalização tem dois lados: uma grande oportunidade de
amadurecimento e abertura, mas também um grande risco. O risco é que o poder econômico se
sobreponha ao sistema legal, não menos que a ameaça do poder público. A globalização
pressiona a lei, pois as constituições são muitas vezes anuladas e as leis são influenciadas por
fatores como políticos e econômicos. É preciso entender que a legitimidade constitucional
deriva de um dos elementos políticos mais relevantes, sendo impossível justificar a supremacia
da força estrutural do poder constitucional e da normatividade constitucional.
Trata-se do conteúdo social e cultural da opinião pública e das formas como estes são
interpretados e traduzidos em estruturas normativas. Muitas das dificuldades teóricas
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levantadas pelo direito constitucional hoje decorrem de abordagens jurídicas dos fenômenos
constitucionais. Uma constituição deve, portanto, ser analisada segundo metodologia própria,
capaz de demonstrar fatores jurídicos, políticos, econômicos, etc., e o lugar que ocupa no
sistema normativo adotado pela advocacia. Ou, em outras palavras: entenda o "fator de potência
real".
A globalização vem impondo no discurso constitucional uma racionalidade alheia à
noção de soberania da vontade popular, baseada no critério de eficiência de um sistema
econômico que age segundo as decisões do mercado. Na economia mundial, emergiu um
processo segundo o qual as constituições são administradas segundo uma perspectiva
econômica muitas vezes incompatível com seus pressupostos. Afinal, a globalização representa
uma forma racional de alcançar o progresso, transformando elementos de livre concorrência em
base para estabelecer e legitimar sistemas normativos.
Todas essas tendências parecem estar desorganizando o sistema jurídico como resultado
do espaço político criado ou afetado pela integração da economia mundial. Algumas
perspectivas sobre a globalização tendem a negar a possibilidade de intervenção e gestão do
processo. A globalização surge como uma forma de dominação econômica que existe
independentemente do comportamento social e deve ser aceita como "inevitável".
Visto por esse prisma, a esfera política tende a se deslocar em termos de sua
responsabilidade sobre o curso atual do processo de globalização e a possibilidade de regulá-lo
ou modificá-lo. No entanto, o ordenamento jurídico não está sujeito à globalização, não pode
ser confundido com procedimentos financeiros ou práticas comerciais internacionais, ou seja,
não pode ser reduzido a econômico ou apolítico. O sistema jurídico, diferentemente de seu
ambiente, pode ajustar-se autonomamente a novas situações, e na verdade estas são substitutos
funcionais da lei, não pluralismo jurídico.
Em casos de crimes transnacionais, onde sua prática atravessa as fronteiras de um país,
no tráfico de entorpecentes, de pessoas e armas, e lavagem de dinheiro, é necessária e comum
a cooperação internacional em matéria penal para efetivar a resolução desses crimes (TROTTA,
2013). Em casos como esses, poderá ser utilizado o princípio penal da territorialidade
temperada, o qual disciplina que o direito nacional é observado em regra no nosso ordenamento,
porém, excepcionalmente, é aplicada a lei estrangeira no Brasil, de forma total ou parcial,
quando assim for disposto em acordos e convenções internacionais. (arts. 5º e 6º do Código
Penal brasileiro). Quando aplicada de maneira incondicionada à outras nações,a lei brasileira
se torna extraterritorial obedecendo o disposto no art. 7º do Código Penal:
São regidos pela lei brasileira os seguintes atos, embora praticados no exterior: I -
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Crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; b) contra a Federação,


Distrito Federal, Estado, Território, município, empresa pública, governo -empresa controlada,
bens ou crenças públicas de fundações instituídas por ditaduras ou autoridades públicas; c)
oposição à administração pública por pessoas que a ela servem; d) genocídio, quando o agente
for brasileiro ou residente no Brasil. A lei brasileira também pode ser aplicada
incondicionalmente no disposto no parágrafo 3º do artigo anterior, onde: a) Extradição não
solicitada ou recusada; b) Solicitada pelo Ministro da Justiça (BRASIL, 1984).
De acordo com os critérios de ordem pública e adequação da forma, os poderes
executivos são outorgados pelo STF. Quanto às cartas rogatórias que sairão do Brasil, deverão
ser encaminhadas pelo juiz brasileiro competente ao Ministro da Justiça, que as encaminhará
às autoridades diplomáticas estrangeiras (art. 783). Com relação à Procuração do STJ: Dado o
crescimento do crime organizado no mundo e seu impacto em vários países, o STJ iniciou
pedidos de concessão que incluem medidas executórias no campo criminal. Neste âmbito, são
frequentemente utilizadas convenções internacionais multilaterais, como a Convenção das
Nações Unidas contra o Crime Organizado, e mesmo outras convenções de natureza bilateral,
como as implementadas com Portugal e Itália. Da mesma forma, na esfera cível, são concedidas
decisões de apreensão de bens e pensão alimentícia provisória (BRASIL, 2008).
É também através da cooperação legal penal internacional que se transferem prisioneiros
para outros países para cumprirem as suas penas. No caso de pedido de extradição de país
estrangeiro, o artigo 102, inciso I, g, da Constituição Federal dispõe sobre a competência do
Supremo Tribunal Federal para tais julgamentos e a competência para executar a ordem que
compete ao poder judiciário do Federação Brasileira. A Lei de Estrangeiros (Lei 6.815/80)
também abrange os procedimentos de extradição. Outra forma de realizar a cooperação
internacional é por meio da certificação de sentenças estrangeiras, que também é uma
ferramenta para promover e aprimorar as relações internacionais entre os países. No entanto, é
difícil formular um tratado internacional que atenda a todas as necessidades das partes
contratantes, e a cooperação internacional é difícil de ser efetiva. Respeitar as especificidades
legais, sociais e culturais de todos os países ao desenvolver tratados multinacionais é uma tarefa
delicada, principalmente quando se trata de responsabilização por crimes (TROTTA, 2013).
Ao ratificar tratados internacionais, o Brasil busca respeitar os aspectos formais e
substantivos presentes na doutrina do internacionalismo, que promove a formalização de
tratados nos termos do artigo 17 da Lei Preâmbulo do Código Civil Brasileiro, em que o
interesse nacional deve ser presentes no momento da assinatura do tratado. Em 2006, o
Congresso aprovou o texto da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção: Decreto nº
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5.687/2006, o Brasil sempre se preocupou em proteger o território nacional de crimes


internacionais. Assinada pelo Brasil em Mérida, México, em 9 de dezembro de 2003, a
Convenção prevê a devolução integral aos requerentes nacionais de bens relacionados com
delitos de peculato ou peculato ou lavagem de dinheiro, aguardando decisão final e inapelável.
(Artigo 57 da Convenção).
O Brasil também assinou com o Peru a Convenção Anticorrupção no âmbito da
Organização dos Estados Americanos, promulgada pelo Decreto nº 4.410 de 2002, e o Acordo
sobre Assistência Jurídica em Matéria Penal com o Peru, promulgado pelo Decreto nº 3.988 de
2001 Entre os tratados mencionados, também foi assinado o Acordo de Cooperação Judicial e
Assistência Mútua em Matéria Penal com a Colômbia, promulgado pelo Decreto nº 3.810 de
2001 e foi promulgado o Protocolo de São Luís sobre Assistência Jurídica Mútua em Matéria
Penal.

CONCLUSÃO

Hoje a cooperação internacional é primordial, tornando as fronteiras menores para


atender aos interesses dos Estados soberanos, permitindo que o direito internacional exista para
facilitar as relações entre os Estados, permitindo que a ordem jurídica de cada Estado entre no
outro, tornando realidade a vontade de cada Estado. são específicos, com base em regras
jurídicas previamente definidas em lei e em tratados e convenções internacionais firmados por
ambas as partes. Mesmo tendo o direito penal como último recurso e tendo que intervir
minimamente na esfera jurídica, existem situações inevitáveis no direito internacional em que
interfere ativamente em uma pessoa que não está consigo, devido a sua alta capacidade de
mudar e intervir no mundo. do direito dos fatos. O ordenamento jurídico brasileiro prevê essa
situação no artigo 7º do Código Penal. Essa internacionalização das leis é ativa, a interação das
leis nacionais com outros países com o objetivo de facilitar a vida dos nacionais de todos os
países envolvidos na relação que se pretende alcançar.
Para concretizar seus anseios, os direitos nacionais utilizam os mais diversos
instrumentos para atender suas necessidades, como cartas rogatórias, ratificação de sentenças
internacionais e assistência direta. No entanto, o desenvolvimento dessa cooperação jurídica
internacional, especialmente em matéria penal, é dificultado pela complexidade das relações
entre os Estados, uma vez que as credenciais legais de cada Estado nem sempre são
interpretadas corretamente e é impossível concluir tratados ou convenções que respeitem
integralmente os regulamentos de cada país participante. Como existem obstáculos legais em
todos os países cooperantes, os interesses de todos os países são prejudicados quando ocorre a
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cooperação internacional.
A criação de uma autoridade central destinada a agilizar a cooperação judiciária
internacional é apenas mais uma tentativa de simplificar os procedimentos pertinentes, o que é
difícil e burocrático, enquanto a retirada de julgamentos de mérito de cartas rogatórias também
parece promover a inclusão de direito estrangeiro na a lei interna do país receptor. A autoridade
central, então, desde o seu início deverá utilizar os meios necessários para interpretar
corretamente as leis dos demais países solicitantes, com o objetivo de atender da melhor forma
possível os anseios daqueles países solicitantes que buscam atender suas necessidades no direito
brasileiro.

REFERÊNCIAS

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produzida no exterior. 2009. 197 f. Tese (Doutorado) – Curso de Direito, Universidade de São
Paulo, São Paulo.

Brasil (1984). Lei nº 7.209, de 11 de julho de 1984: altera dispositivos do Decreto-Lei nº 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, e dá outras providências. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm>. Acesso em: 05 de
março de 2023.

Campos, L.; Canavezes, S. (2007). Introdução à globalização. Instituto Bento Jesus Caraça.

Faria, J. E. (2004). O direito na economia globalizada. 1ª Ed. São Paulo: Malheiros Editora
LTDA, 2004.

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Klaes, M. I. M. (2006). O fenômeno da globalização e seus reflexos no campo jurídico. Revista


Jus Navigandi, Teresina, ano 11, no. 968.

Oliveira, O. M. de (coordenadora) (1999). Relações internacionais e globalização: grandes


desafios. 2ª ed. Ijuí: Ed. Ijuí.

Trotta, S. B. (2013). Os limites da cooperação jurídica internacional em matéria penal. Sistema


Penal e Violência, Faculdade de Direito-Programa de pós graduação em Ciências Criminais,
Porto Alegre, v. 5, n. 1, p. 15-55.

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