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D iretrizes em foco

ser utilizada nos casos em que a estimu- mente formuladas e extensivamente revisa- idosos no pós-operatório de cirurgia geral,
lação ovariana foi exagerada, com o objeti- das na literatura: 1) A idade é um marcador são amplamente desconhecidos no trauma.
vo de evitar o cancelamento do ciclo. Pa- de morbidade/mortalidade aumentada? Se Comentário
cientes com SOP parecem ter maior risco sim, qual idade deveria ser utilizada? 2) A Apesar da falta de estudos prospec-
de abortamento após FIV. idade é um marcador de doenças preexiste- tivos e das limitações apresentadas nos
Comentário tes? Se sim, quais as condições particular- estudos de idosos traumatizados, esta re-
A mudança de hábito de vida, por meio mente preditivas de má evolução? 3) Deve- visão muito extensa permite ao médico
da reeducação alimentar e exercício físico, ria ser a idade um critério para triagem e generalista compreender melhor o trau-
consiste no tratamento de primeira linha. A encaminhamento direto para um centro ter- ma geriátrico e permite a formulação de
perda de peso resultante favorecerá a que- ciário de trauma independente das diversas diretrizes bastante úteis, principalmente
da dos androgênios circulantes, melhoran- escalas de trauma? Se sim, qual a idade a ser com relação a triagem do idoso trau-
do o perfil lipídico e diminuindo a resistên- usada? 4) Os centros especializados em trau- matizado e diretrizes para a ressuscitação.
cia periférica à insulina; dessa forma, contri- ma têm melhores resultados no trauma O trauma continua sendo neglicenciado
buirá para o decréscimo no risco de ateros- geriátrico do que hospitais gerais? 5) Há le- como uma doença epidêmica, mortal, evi-
clerose, diabetes e regularização da função sões específicas ou escores ou combinações tável e que carece de financiamento e
ovulatória. A prescrição de contraceptivos de doenças preexistentes e idades específi- pesquisa de qualidade para a prevenção e
hormonais orais de baixa dose, por sua vez, cas de alta mortalidade que resultariam na tratamento.
propiciarão o controle da irregularidade conduta conservadora, não agressiva destes LUIZ FRANCISCO POLI DE FIGUEIREDO
menstrual e redução do risco de câncer pacientes? 6) Quais as metas da resuscitação
Referência
endometrial. deveriam ser usadas no trauma geriátrico?
Jacobs DG et al. Practice management guide-
7) Deveriam todos os idosos traumatizados
PAULO AUGUSTO DE ALMEIDA JUNQUEIRA lines for geriatric trauma: the East practice
receberem monitorização hemodinâmica
ANGELA MAGGIO DA FONSECA management guidelines work group. J Trauma
invasiva? Se sim, quais os tipos de moni-
JOSÉ MENDES ALDRIGHI 2003; 54(2):391-416.
torização? Se não, quais os pacientes que se
Referência beneficiariam da monitorização invasiva?
Projeto Diretrizes. Associação Médica Brasi- Como quase toda a literatura disponível Pediatria
leira (AMB), Conselho Federal de Medicina
(CFM). Síndrome dos ovários policísticos. São
do trauma, respostas a estas perguntas ba-
seadas em evidências são muito difíceis de
DISRITMIASCARDÍACAS
Paulo: AMB/CFM; 2002. Disponível em: URL:
http://www:amb.org.br/projeto_diretrizes/
obter, com raríssimos estudos prospec- E DISFUNÇÃO TIREOIDEANA –
tivos e controlados. Ainda, a falta de unifor-
100-diretrizes/SINDROME.pdf. midade, tanto na definição de idoso quanto AMEAÇA OCUL
OCULTTA?
nos critérios de inclusão, compromete so- A tireotoxicose tem sido vista como um
Medicina Baseada em Evidências bremaneira que haja resposta adequada aos distúrbio reversível, sem conseqüências a
questionamentos.
DIRETRIZESPARA O Esta revisão indica que o choque, a in-
longo prazo, talvez devido à disponibilidade
de tratamentos eficazes, mas evidências re-
TRAUMA GERIÁTRICO suficiência respiratória, o menor escore de centes sugerem que pode haver problemas
trauma (TS) , o maior escore de gravidade a longo prazo. Tem chamado a atenção no
O grupo da Eastern Association for the de lesão (ISS), maior déficit de base e com- seguimento a longo prazo, o aumento de
Surgery of Trauma (EAST) apresenta uma plicações infecciosas comprometem so- mortalidade por doença cardiovascular e
extensa revisão da literatura como base para bremaneira o idoso quando comparado aos cerebrovascular tanto nos pacientes com
a formulação de diretrizes para o manejo do pacientes mais jovens. O idoso politrauma- hipertireoidismo evidente, tratados com
idoso traumatizado. A idade avançada é um tizado aparentemente estável freqüente- iodo radioativo, como nas formas sub-
fator de risco para maior morbidade e mor- mente apresenta déficits de perfusão pro- clínicas, com baixos níveis de TSH. Os
talidade pós-traumática. Não se sabe, entre- fundos por baixo débito cardíaco. O uso de hormônios tireoideanos exercem efeitos
tanto, se isso ocorre por uma reserva fisioló- monitorização invasiva mais precocemente diretos no miocárdio e no sistema vascular,
gica mais limitada, melhores condições mé- e o tratamento baseado em dados fisiológi- predispondo a disritmias, especialmente
dicas preexistentes ou outros fatores ainda cos, incluindo o déficit de base poderia supraventriculares. Os efeitos no sistema
não determinados. melhorar a sobrevida. Ainda, o tratamento nervoso autônomo também são arritmo-
A EAST desenvolveu estas diretrizes para agressivo do idoso, pode muitas vezes res- gênicos. Fibrilação atrial é uma complicação
fornecer algumas recomendações baseadas gatar a independência funcional pré-trau- conhecida do hipertireoidismo, predispon-
em evidências que poderiam auxiliar o idoso ma. Os efeitos de drogas como beta-blo- do a fenômenos embólicos. O desenvolvi-
traumatizado. Sete perguntas foram inicial- queadores, que melhoram a sobrevida de mento de fibrilação atrial, juntamente com

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outras disritmias supraventriculares (detec- Comentário nos esquecemos da monitorização cardíaca


tadas pela clínica ou por monitoração com A “ameaça oculta” a que se referem e este item deve ser acrescentado ao segui-
Holter) pode responder pela elevada mor- Osman e col. deve ser encarada como um mento ambulatorial desses pacientes.
talidade. A melhora na detecção de disrit- sinal de alerta para o qual, muitas vezes, não DURVAL DAMIANI
mias supraventriculares e intervenção tera- se está dando a devida atenção. Apesar das
pêutica (anticoagulantes, antiarrítmicos, dificuldades terapêuticas do hipertireoi- Referência
dentre outras) pode melhorar o prognósti- dismo (drogas com muitos efeitos cola- Osman F, Gammage MD, Sheppard MC,
co vascular a longo prazo, mas a sua efeti- terais, opção de radioiodoterapia pu cirur- Franklyn JÁ. Cardiac dysthythmias and thy-
vidade ainda aguarda estudos terapêuticos gia) e seu caráter prolongado, principal- roid dysfundtion: the hidden menace?
com grande número de pacientes. mente no pré-adolescente, muitas vezes J Clin Endocrinol Metab 2002;87: 963-7.

Rev Assoc Med Bras 2003; 49(1): 1-23 15

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