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2a edição
1a edição: 2011
2a edição: 2017
FICHA CATALOGRÁFICA
ARAGÃO, Solange de
Ensaio sobre a casa brasileira do século XIX [livro eletrônico]/
Solange de Aragão – São Paulo: Blucher, 2017.
Pós-Doutorado
Solange de Aragão
supervisão
Gilberto Freyre,
Região e tradição, p. 264.
AGRADECIMENTOS 11
REFERÊNCIAS 285
Raquel Glezer1*
21 FREYRE, Gilberto. Casa grande & senzala. 51. ed. São Paulo: Global,
2006. p. 47. (Primeira edição: 1933).
E acrescenta adiante:
atuais da província.”121
269 HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 26 .ed. São Paulo:
Companhia das Letras, 1995. p. 119-20. (Primeira edição: 1936).
270 TAUNAY, Op. cit., p. 292.
271 Idem, ibid., p. 293.
272 ASSIS, Machado de. “O jornal e o livro” (1859). Obra completa. Rio de
Janeiro: Nova Aguilar, 1997, vol. III, p. 946.
“Agora sim!
Agora é que a república vai em maré de rosas. Esta-
belecendo, no Cassino, a sede de suas reuniões, o par-
tido – que tantas adesões públicas e tantas simpatias
conta – dá o mais agigantado dos passos na senda do
progresso.”273
“Se houver alguma casa que tenha boa vista com ter-
raço, jardim ou mesmo chacara, em cima do Castello
ou nas immediações, e que pretendam alugar, podem
dirigir-se á esta typographia com as iniciaes A. F. T.”290
“Vendas
Um sitio no lugar dos Remedios, perto da Praça, e do
porto d’embarque, com algumas arvores de fructo, e
grande plantação de capim; casa de pedra, e cal em
boa altura; e outra de taipa, e tijolo: na rua do Fa-
gundes caza D.14, e se vende a dinheiro, ou com boas
letras.”298
“Aluguel
Um sitio com arvores de fructos, casa nova com seis
quartos, e cosinha fora, na estrada do Pinheiro no
Caldereiro: fallem a’ Manoel Isidoro de Miranda.”300
“Aluga-se
uma excellente casa, sita na campina da Casa Forte;
tendo bastantes commodos para uma grande familia;
jardim na frente, agua, e gaz encanados; a tratar na
rua 1º de Março n.11, loja.”305
“Excellente morada
Aluga-se barato á rua do Hospital Pedro 2º, no lugar
dos Coelhos, uma casa assobradada e outra terrea
com frente de azulejo, ambas com agua e grandes
quintaes murados (...).”307
“Agencia de Casas
Rua das Princezas n.20, 2º andar
Acha-se estabelecida á rua Nova das Princezas n.20,
2º andar, n’esta cidade, uma agencia que tem por fim
servir á população d’esta capital e de fóra, no tocante
a alugueis e arrendamentos de casas e a informações
seguras e circunstanciadas sobre as mesmas, tudo de
conformidade com o prospecto publicado e distribui-
do, e de que ha cópia na mesma agencia para escla-
recimento dos Sr. proprietarios e mais pessoas que
queirão alugar ou arrendar casas, lojas, quartos, ar-
mazens, etc., tanto da capital como de fóra da capital
e da provincia.
Esta agencia incumbe-se tambem de compras e ven-
das de casas.”312
“Vende-se
Uma boa roça com grande casa de morada, á estrada
do Resgate, freguezia de Santo Antonio.
Quem pretendel a dirija-se a Manuel Ezequiel de Al-
meida Galeão, á rua da Soledade n.62, ou a Manuel
Galeão, ao Pelourinho n.72.”316
casas de dois lanços com quintal, casas com quintal mas sem
especificações quanto ao número de pavimentos, e casas de so-
brado na área urbana. Nas proximidades da cidade (que nesse
período correspondiam à Freguesia do Brás, às estradas que le-
vavam a Santo Amaro e a outros bairros e lugares que posterior-
mente foram incorporados ao espaço urbano), anunciavam-se a
venda e o aluguel de chácaras – algumas com “deliciosa vista”,
com casas térreas de três lanços, engenho de mandioca e pilão,
boas aguadas e um grande tanque; outras com “umas casas de
sobrado” com doze sacadas além das janelas comuns e vista da
cidade inteira; outras ainda com bom quintal para planta e arvo-
redos, e cercados para animais. Valorizava-se muito a situação
da chácara – o lugar, as vistas – e ainda não se falava em jardins,
mas em quintais para planta e arvoredo.
Os anúncios de meados do século apresentavam pratica-
mente os mesmos tipos de residência urbana e semiurbana: ca-
sas térreas (casas térreas de um lanço, casas térreas de dois
lanços), casas com quintal (sem definição do número de pavi-
mentos), casas de sobrado e chácaras. Em alguns anúncios era
possível encontrar um detalhamento maior dos compartimentos
internos da casa. Havia casas térreas com sala, varanda de jan-
tar, alcova, quartos (um quarto na varanda e mais um quarto no
centro), cozinha muito boa e quintal muito grande; casas de um
lanço com boa sala de duas janelas, alcova grande, dois quartos
(um grande e um pequeno), varanda, boa cozinha e quintal; ca-
sas com bons cômodos e grande quintal; casas de dois lanços,
com grande frente para a rua e quintal com arvoredos; casas
de sobrado com grades de ferro nas janelas, três portas na fa-
chada, “baixos” e cômodos para uma família; casas de sobrado
com cômodos em cima para moradia e embaixo para negócio, e
grande quintal. Havia ainda chácaras muito próximas da cida-
de, perto da Consolação, no Pary, na Luz, no Brás, no largo da
Igreja dos Pinheiros, no Arouche, na rua de Santa Efigênia e na
estrada para Santo Amaro. Eram chácaras com grande casa de
“Casa
Aluga-se a da rua Aurora, 70, tendo commodos para fa-
milia numerosa, tendo jardim na frente e ao redor da
casa. Aluguel 450$000. Para tratar á rua Aurora, 66.”318
“Casas
Palacetes á venda
Em número de 238 e bem assim chacaras, terrenos,
sitios e fazendas. Escriptorio de Augusto Freitas á
travessa do Commercio, 18.”319
“Casas á venda
no Escriptorio Commercial 10.
Travessa do Commercio 10.
Vendem-se casas na
Rua da Consolação
Avenida Intendencia
Rua da Graça
- Pirapitinguy
- de São Paulo
- José Bonifácio
- Santo Amaro (perto do Piques)
- Tabatinguera
- São João
- Helvetia
- Prudente de Moraes
- Martim Francisco
- General Osorio
(...)
Terrenos
Barra Funda – Rua Lopes de Oliveira
Liberdade – Rua Pedroso
Rua Victoria.
319 Correio Paulistano. 02.08.1900. (Acervo do Arquivo do Estado).
“Esplendido palacete
á venda
No florescente bairro da Lapa, servido pelos trens dos
suburbios da Estrada de Ferro Ingleza, e brevemente
pelo bond electrico.
Vende-se
Com ou sem mobilia, um excellente palacete de luxo,
completamente novo, para familia de tratamento,
com 11 commodos, latrina ‘Unitas’ e banheiro, com
agua encanada em todos os quartos, gaz acetyleno,
jardim, horta, galinheiro e estrebaria.
Vende-se
com um abatimento de 50% do preço de custo, tendo o
seu dono de retirar-se deste Estado.
Para mais informações na administração deste jor-
nal – onde se encontram a planta e a photographia
do edificio.”321
“Sobrado
Aluga-se um com 3 quartos. Rua Brigadeiro Tobias
n.66.”322
“Casa
Vende-se a casa n.26 da rua da Assembléia. Para tra-
tar na rua José Bonifacio n.10.”323
“Cazinhas
Vende-se trez, de porta e janella, de ns. 66, 68 e 70, na
estrada Vergueiro, em frente ao principio do Morro
Vermelho, tendo as tres cinco braças de frente e 25 de
fundo, com muito boa agua de poço, arvores fructife-
ras, etc. Para tratar na rua do Senador Feijó n.34.”324
“Chacara
Vende-se uma na rua do Vergueiro, n.114 com bonds
a porta com casa de morada, quartos, para camarada
ou carro, grande cocheira, immenso capinzal, mui-
tas hortaliças, immenso pomar, agua de poço muito
boa, a preço razoavel.
Para ver e tratar na mesma.”325
“Esplendida vivenda
Nas immediações da rua Aurora, vende-se uma con-
fortavel casa com grande chacara, com todas as acco-
modações necessarias, pelo preço unico de 55 contos.
Mede de frente 20 e tantos metros por cerca de 70 de
fundos.
Para tratar com Antonio C. da Rocha
41, Rua do Commercio.”326
por toda parte, nas vestes, nas casas, no céu, nas matas,
na terra e tudo cintilando à luz forte do sol dos trópicos”354.
O Rio de Janeiro era ainda a cidade das casas térreas e
dos sobrados de dois, três e até quatro pavimentos (como se
observa nas imagens da rua Direita e do Campo do Comér-
cio). Cidade das construções com telhados de duas ou de
quatro águas com cumeeira e estreitos beirais; algumas com
janelas de vidro, outras com janelas de rótula ou muxara-
bis, mas todas em estilo tradicional, sem a influência do ne-
oclássico, e sempre em cores claras (um bege, um creme),
tendendo ao branco. Na fachada dessas construções, era co-
mum encontrar apenas duas ou três janelas – as casas tér-
reas eram simplesmente de porta e janela ou possuíam uma
porta e duas janelas dando para a rua. Esta era parcialmente
iluminada por lampiões pregados à parede dos edifícios; na
maioria das vezes não tinha calçamento, nem mesmo de pedra,
e não apresentava qualquer indício de arborização urbana.
Em determinadas imagens, como na da “Praça do mercado
da praia atrás da Alfândega”, aparecem estruturas de madeira
acopladas às edificações, formando varandas cobertas por toda
a extensão da fachada. Essa “varanda adicional” foi muito cri-
ticada pelos viajantes e abolida da paisagem do Rio de Janeiro
depois da chegada da Corte. O pintor provavelmente documen-
ta a existência de um exemplar remanescente dessa forma de
ocupação do espaço público pelos proprietários de residências
urbanas, que proporcionava aos moradores um contato maior
com a rua.
Thomas Ender vai do Rio de Janeiro a São Paulo pelo Vale
do Paraíba, onde elabora outros desenhos e aquarelas. Retrata
os sobrados de taipa, quase sempre de dois pavimentos, da ca-
pital paulista, com seus tons claros que ora tendiam ao branco,
ora ao creme, ao cinza, ao rosa. Mas a maior parte de suas paisa-
355 MORAIS, Rubens Borba de. “João Maurício Rugendas”. In: RUGENDAS,
Johnn Moritz. Viagem pitoresca através do Brasil. São Paulo: Martins:
Edusp, 1972, (sem numeração de página).
356 DIENER, Pablo. “O catálogo fundamentado da obra de J. M. Rugendas”.
Revista USP (Dossiê 30 – Brasil dos Viajantes): jun/jul/ago 1996. p.
53-4.
357 Idem, ibid., p. 53-4.
A casa na fotografia
Em maio de 1839, o Jornal do Comércio do Rio de Ja-
neiro noticiou a descoberta de Daguerre em Paris. No ano se-
guinte, em 1840, o largo do Paço do Rio de Janeiro foi regis-
trado em um daguerreótipo do abade Louis Compte360. Ainda
na década de 1840 os jornais começaram a publicar anúncios
de artistas que ofereciam serviços de daguerreotipia. Mas dos
trabalhos dos primeiros fotógrafos instalados no Brasil restaram
antes retratos de pessoas que imagens de paisagens361. Foi prin-
cipalmente a partir da segunda metade do século XIX que sur-
giram os fotógrafos paisagistas, efetuando retratos de edifícios
públicos, igrejas e paisagens de cidades brasileiras – como Marc
Ferrez, Augusto Stahl, Guilherme Gaensly e Militão Augusto de
Azevedo.
Marc Ferrez foi um dos poucos fotógrafos que se dedica-
ram quase exclusivamente à paisagem, em uma época em que
a atividade mais lucrativa era o retrato362. Pode-se dizer que foi
o fotógrafo do Rio de Janeiro por excelência, tendo fotografado
vistas, panoramas, ruas e casas, os arredores da cidade, as cons-
truções junto à orla.
Outros fotógrafos que merecem destaque quando se con-
sidera o registro do espaço urbano do Rio são Revert Henrique
Klumb e Juan Gutierrez. O primeiro, alemão, tendo chegado ao
Brasil na década de 1850, tornou-se fotógrafo de Suas Majes-
tades Imperiais e da Academia Imperial de Belas-Artes. Klumb
fotografou vários aspectos do Rio de Janeiro e de Petrópolis,
onde se instalou definitivamente em 1859363. São de sua autoria
as imagens do Passeio Público anteriores às modificações pro-
Rio de Janeiro
Segundo as imagens fotográficas, no Rio de Janeiro de me-
ados do século XIX eram comuns os sobrados de dois e três pa-
vimentos, havendo um ou outro sobrado de quatro pavimentos
e casas térreas. Diferentemente de outras cidades brasileiras
onde predominavam os telhados de duas águas, no Rio de Janei-
ro havia também muito telhado de quatro águas com cumeeira.
Recife
Nas imagens fotográficas do Recife de meados do século
XIX (até por volta de 1870), aparecem muitos sobrados de qua-
tro pavimentos, vários de três e de cinco andares, alguns de dois
pavimentos e algumas casas térreas. Embora mais raros, foram
localizados também os sobrados de seis pavimentos menciona-
dos por Gilberto Freyre, com o sexto andar formando um bloco
um pouco recuado em relação à fachada principal.
O predomínio no Recife era de telhados de duas águas
com beirais – não obstante a existência de algumas construções
com platibanda nesse período. A maior parte das janelas era en-
vidraçada, sendo possível no entanto encontrar exemplares dos
antigos muxarabis em algumas das fachadas principais. Estas
se apresentavam, em sua maioria, no estilo tradicional, sendo
poucas as construções com detalhes neoclássicos.
Nos sobrados, predominavam entre duas e três janelas no
pavimento superior e entre duas e três portas no térreo, existin-
do exemplares desses edifícios com número maior de portas e
janelas – estas últimas podendo chegar ao número de sete.
Salvador
Em Salvador, havia muito sobrado de três e de quatro
pavimentos em meados do século XIX e alguns locais eram
São Paulo
A análise das imagens produzidas por Militão Augusto de
Azevedo em 1862 demonstra que a paisagem urbana da cidade
de São Paulo em meados do século era composta, predominan-
366 LAGO, Pedro Corrêa do. Militão Augusto de Azevedo. São Paulo nos
anos 1860. Rio de Janeiro: Marca d’Água, 2001. p. 66.
– O sobrado
O sobrado da paisagem recifense era diferente do sobrado
de Salvador, que por sua vez diferia dos sobrados implantados
no Rio de Janeiro ou em São Paulo. Mas era sempre o sobrado
– O mucambo
413 FREYRE (1937), Op. cit., p. 20. O termo é de origem africana (“mu” +
“kambo”) e significa “esconderijo”. (Idem, ibid., p. 20)
414 FREYRE (1936), Op. cit., p. 298.
415 Idem, ibid., p. 347.
– O sobrado e o mucambo
Do sobrado, Gilberto Freyre afirma que, de início, foi um
pouco mucambo:
– Casas Térreas
– O sobrado de esquina
São poucas as anotações feitas por Gilberto Freyre refe-
rentes ao sobrado de esquina. Assinala apenas que representa-
va “o máximo de aproximação entre o patriarcalismo em
declínio e a rua já triunfal”; representava o “fim da fase de
grande distância” entre a rua e o sobrado432.
Nestor Goulart Reis Filho acrescenta pouco a essas obser-
vações:
428 Diário de Pernambuco. 08.06.1827. (Microfilme da Fundação Bibliote-
ca Nacional. Acervo do IEB-USP)
429 FREYRE (1936), Op. cit., p. 297-8.
430 Idem, ibid., p. 327.
431 Idem, ibid., p. 555.
432 Idem, ibid., p. 36.
– O chalé
– O cortiço
Além de analisar o mucambo, Gilberto Freyre talvez seja
um dos primeiros estudiosos a dar atenção aos cortiços do pon-
to de vista do tipo de habitação. Uma das observações mais im-
portantes que faz diz respeito à preferência do proletariado eu-
ropeu ao cortiço em detrimento do mucambo:
444 v. LEMOS, Carlos. “Os primeiros cortiços paulistanos”. In: SAMPAIO, Ma-
ria Ruth Amaral de (coord.). Habitação e cidade. São Paulo: FAUUSP:
FAPESP, 1998. p. 24-6.
445 Idem, ibid., p. 24-5.
446 FREYRE (1936), Op. cit., p. 351.
447 Idem, ibid., p. 351.
– Ainda o chalé
Em Ordem e Progresso, ao tratar das mudanças sociais
que ocorreram nas três últimas décadas do século XIX e nas
primeiras décadas do século XX, Gilberto Freyre retoma a ques-
tão dos chalés, cita o palacete e, embora não mencione as vilas
operárias, escreve sobre Luís Tarquínio e sua ação humanitária
na Bahia.
Freyre faz as seguintes observações em relação ao chalé
erguido no período que vai de 1870 à passagem do século:
455 DEBRET, Op. cit., p. 200-1.
456 FREYRE (1936), Op. cit., p. 324.
– O palacete
Em Ordem e progresso, Gilberto Freyre chega a citar o
palacete em passagens como esta:
– Vilas Operárias
As primeiras vilas operárias, denominadas “Vilas Modelo”,
decorreram de experiências realizadas na Inglaterra e Escócia
durante o século XVIII. Seus construtores foram proprietários,
agricultores e industriais que fixaram seus trabalhadores junto
ao local de trabalho, oferecendo a eles todos os recursos neces-
sários à sua sobrevivência – moradia, escolas, farmácias, hos-
pitais e institutos para a “formação de seu caráter”481. Esse
modelo de habitação do trabalhador foi importado para o Brasil
498 A casa brasileira urbana do século XIX na maioria das vezes não teve
porão que atemorizasse ou incitasse a imaginação; era uma casa erguida
acima do solo, que assumia um sentido vertical ao mesmo tempo em
que se estendia ao longo de lotes estreitos e compridos. A ideia do po-
rão tornou-se comum somente em fins do século (seja por questões de
higiene e de salubridade, seja por influência estrangeira), no momento
em que o antigo sobrado deu lugar ao palacete e o mucambo deu lugar
ao cortiço e às casas e vilas operárias – com porão, mas sem sótão.
VILA RICA
Vila Rica é a cidade setecentista por excelência. Tendo
sua origem no arraial fundado por Antônio Dias de Oliveira em
16981, passa por um período de esplendor e decadência ao lon-
go do século XVIII – o século do ouro, sendo este aliás o minério
que impulsiona seu desenvolvimento econômico e urbano.
A topografia da vila é composta em sua quase totalidade
por terrenos extremamente inclinados, com as ruas conforman-
do ladeiras íngremes e as casas dispostas em lotes ora em aclive,
ora em declive. Essa característica do sítio interfere sobrema-
neira na constituição da casa (ou na arquitetura de uso resi-
dencial), inviabilizando o emprego da taipa (utilizada apenas
em suas primeiras construções) e condicionando a criação de
plantas e fachadas antes quadrangulares que retangulares e de
lotes com traçado irregular que nem sempre compõem quadras
como nas demais cidades brasileiras2.
As ruas de Vila Rica já estavam quase todas calçadas com
pedras no setecentos – outra consequência de sua topografia,
favorável às grandes enxurradas, tornando necessária e indis-
1 VASCONCELLOS, Sylvio de. Vila Rica: formação e desenvolvimen-
to, residências. São Paulo: Perspectiva, 1977. p. 15-6. (Primeira edição:
1956)
2 Idem, ibid., p. 66-8.
***
FREYRE, Gilberto. Casa grande & senzala. 51. ed. São Paulo:
Global, 2006. [1933]
______________________________________________________
__. Viagem pelo Brasil: 1817-1820. Trad. Lúcia Furquim
Lahmeyer. São Paulo: Edusp, 1981. [1824-1832]
TURAZZI, Maria Inez. Marc Ferrez. São Paulo: Cosac & Naify,
2000.
Periódicos