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Gabriel Granjeiro

MANUAL DO
FUTURO
SERVIDOR
mensagens motivacionais e dicas
para você mudar a sua vida e fazer
a diferença no serviço público
2ª edição – revista e ampliada

Brasília/2017
9/2017 – GG Educacional Ltda

GRANJEIRO, Gabriel.
Manual do Futuro Servidor – Mensagens Motivacionais e Dicas para Mudar a sua
Vida. 2ª ed. (revista e ampliada). Brasília: GG Educacional Ltda, 2017.

p. 202

ISBN: 978-85-69303-55-8

1. Motivação. 2. Concursos Públicos. 3. Serviço Público. 4. Educação. I Título.

CDD 370

DIRETOR-PRESIDENTE: Gabriel Granjeiro

DIRETOR EXECUTIVO: Rodrigo Teles Calado

GERENTE ADMINISTRATIVO: Magno Coimbra

SUPERVISÃO DE PRODUÇÃO: Emanuelle Alves Melo

DIAGRAMAÇÃO: Hanri Benicio Nunes

REVISÃO: GG Educacional

CAPA: Pedro Wgilson Granjeiro

GG EDUCACIONAL LTDA
Brasília-DF

CONTATOS:
Capitais e Regiões Metropolitanas
4007 2501
Demais Localidades
0800 607 2500

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – De acordo com a Lei n. 9.610, de 19/02/1998, nenhuma parte
deste livro pode ser fotocopiada, gravada, reproduzida ou armazenada em um sistema de recuperação de
informações ou transmitida sob qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico ou mecânico sem o prévio
consentimento do detentor dos direitos autorais e do editor.

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Sumário
Boas-vindas e apresentação................................................................ 6

Informações sobre concursos e a carreira pública


Veja, por A mais B, como prestar concurso é um excelente negócio.......... 9
Concurso público: um pouco do passado, para você se preparar para o futuro.. 15
Verdades e mitos sobre concursos públicos: 15 esclarecimentos que você precisa ler!... 21
Sete coisas que você precisa saber sobre o edital de um concurso......... 28
Qual carreira pública devo escolher?.................................................. 32
Qual carreira pública devo escolher? – Parte II.................................... 38
Qual carreira pública devo escolher? – Parte III................................... 43

Preparação para Concursos


Desmontando a curva do esquecimento.............................................. 49
Desmontando a curva do esquecimento – Parte II................................ 53
É possível trabalhar e estudar – com eficiência – para concurso?............ 56
A matriz de Eisenhower e a produtividade........................................... 61
PDCA para concurseiros.................................................................... 66
A matriz SWOT dos concurseiros....................................................... 69
Cinco erros que os vencedores NUNCA cometem!................................ 72
Os sete pecados capitais do concurseiro............................................. 75
Quanto tempo leva até que se crie o hábito de estudar para concurso?... 79
Como resistir às sete tentações mais comuns entre os concurseiros....... 82
Conheça melhor o seu cérebro e transforme-o em seu aliado................ 86
Por que você está tão ansioso para ver publicado o seu edital?.............. 87
Como traçar objetivos e alcançá-los................................................... 93
Como a EaD está mudando o mundo e pode mudar a sua vida!............. 96

Saúde e bem-estar do concurseiro


O papel da atividade física na preparação para concurso....................... 99
Dicas para conciliar estudos, trabalho e atividade física........................102
A ansiedade é sua inimiga. Aprenda a driblá-la...................................108

4
A importância do autocontrole: aprenda as lições do Teste do Marshmallow!....112
Felicidade se aprende na escola........................................................116

Mensagens Motivacionais
Tenha sempre esperança, do verbo esperançar...................................120
Ao fechar uma porta, a vida abre outras melhores..............................122
O poder do pensamento positivo nos concursos e na vida....................129
Sem sacrifício, não há recompensa...................................................132
“Faça o seu melhor, na condição que você tem, enquanto você não tem
condições melhores para fazer melhor ainda!” (Mário Sérgio Cortella)....134
A alegria como aliada do concurseiro.................................................137
As decepções fazem parte da caminhada. Não desista!........................140
Deseje, mentalize, receba!..............................................................146
Cultive a atitude da gratidão............................................................149
5 conselhos extraídos de histórias de sucesso.....................................154
Resiliência, a qualidade dos fortes....................................................158
Desmotivado(a)? Confira 5 dicas valiosas para você não desistir e
continuar estudando!......................................................................161
Esforçar-se vale a pena...................................................................164
Conversa de jovem para jovem........................................................166
De empreendedor para concurseiro: sete valiosas lições de vida...........169
Lições de Forrest Gump para os concurseiros.....................................172
Filmes motivacionais A que todo concurseiro deve assistir....................177
Lições do fundador da Nike para os concurseiros.................................184
O que o concurseiro e o empreendedor têm em comum?.....................188
Quem sonha grande pensa a longo prazo...........................................192
Você sabe qual é a mentalidade dos vencedores?................................195
Estude, viva feliz e seja aprovado.....................................................199

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Boas-vindas e apresentação

Olá, futuro(a) servidor(a)! Tudo bem?

Você sabe que, quando se entra na fila dos que


querem se tornar servidores ou empregados públicos,
é preciso preparar bem o espírito e a mente, não sabe?
O concurseiro precisa estar devidamente motivado
quando os problemas, as dificuldades e as temidas
reprovações surgirem pelo caminho. E acredite: é só
Autor uma questão de tempo até que isso aconteça. Em ho-
ras de desespero e de tristeza, como as dos inevitáveis
Gabriel Granjeiro
insucessos que antecedem a vitória final, entram em
Fundador do Gran Cursos
cena a família e os amigos, além de nós, seus parcei-
Online e da GG Educacional
ros do Gran Cursos Online. Você pode e deve recorrer
a todos nós quando precisar reerguer o ânimo, o corpo
e o espírito de guerreiro que nunca pode desistir.
Nossa missão, no Gran Cursos Online, é oferecer
um produto de excelência aos candidatos às mais di-
versas carreiras públicas. Aqui, o aluno sabe que conta
com equipe especializada, material de primeira quali-
dade e plataforma de EaD com inúmeras ferramentas
de auxílio. Sabe também que sempre ouvirá de nós
Nossos artigos – membros dessa grande família chamada Gran Cur-
motivacionais renovam sos Online – palavras de incentivo para que continue
a convicção de sempre em frente, até a tão sonhada nomeação.
que o sucesso é É por conta desse sentimento de pertencimento
plenamente viável a uma família que temos publicado mensagens com
e compartilham um
palavras de fé e de força. Nossos artigos motivacio-
pouco da
nais renovam a convicção de que o sucesso é plena-
sabedoria, da
tranquilidade e das mente viável e compartilham um pouco da sabedoria,
experiências que da tranquilidade e das experiências que coletamos em
coletamos em nossa vivência como educadores. Temos, com esses
nossa vivência como textos de publicação periódica, um único intuito: fazer
educadores. você desenvolver o senso de merecimento para, en-
tão, prosperar no certame dos seus sonhos.
Neste livro, agora em 2ª edição (revista e am-
pliada), reunimos todas essas mensagens, tal como
você, amiga e amigo concurseiro, nos pediu e pautou.
Recorra a ele sempre que você se sentir triste e sem
ânimo. Depois, trate de voltar correndo para a “fila”,
de modo a não perder o seu lugar nela.
Ressalto que as informações aqui coligidas não
surgiram do nada. São, na verdade, fruto de muitas

6
conversas com experientes professores e servidores
aprovados nos mais diversos concursos públicos e da
leitura de diversos livros e artigos científicos. Ao to-
mar a iniciativa de compartilhá-las com os alunos que
acompanham minha coluna semanal, estou agindo
como um mero facilitador, cuja única intenção é, de
alguma forma, ajudar os concurseiros em seu projeto
de estudos.
Em breve apresentação, meu nome é Gabriel
Granjeiro e sou Diretor-Presidente e fundador do Gran
Cursos Online e da GG Educacional. Sempre soube que
a minha missão de vida era ser empreendedor. Por for-
ça do destino, ingressei no mercado de concursos mui-
to novo, há mais de 10 anos. Acumulei experiências de
grande valia ao acompanhar as atividades empresa-
riais de meus pais, ambos ex-servidores com quase 3
décadas de experiência no mercado de concursos. Em
2013, decidi que queria montar a minha própria em-
Hoje é possível presa e convidei meu amigo Rodrigo Calado, também
estudar com
muito experiente na área, para ser o meu sócio. Nas-
os melhores
ceu ali a GG Educacional, uma organização totalmente
professores de
dedicada à educação a distância, cujo lema é: “Ensino
qualquer lugar
aliado à tecnologia”. Esse foco, em conjunto com
no mundo, algo
o trabalho de colaboradores e professores dedicados
inimaginável 20
anos atrás. e altamente especializados, resultou em crescimen-
to exponencial ao longo dos últimos 2 anos – o mais
expressivo entre todos os grandes players do ramo.
Atualmente, o Gran Cursos Online, principal marca da
empresa, está entre as maiores do País e é referência
em sua esfera de atuação.
Sou formado em Administração e Marketing pela
New York University Stern School of Business, institui-
ção de grande destaque no mundo corporativo. Nela,
estudaram dezenas de estudantes que, futuramente,
ganharam Prêmios Nobel, além de economistas de re-
nome, como Alan Greenspan, e empreendedores de
sucesso, como Jack Dorsey (fundador do Twitter) e
John Paulson (fundador e presidente de um dos maio-
res fundos de investimento do mundo).
Lá, participei de projetos desafiadores, interagin-
do com alunos do mundo inteiro e de visões muito
diferentes da minha. Essa educação global e empre-
endedora hoje faz parte do meu DNA e da essência da
empresa que lidero, onde busco oferecer aos alunos o
que há de melhor, tudo para ajudá-los a atingir os seus
objetivos e a mudar de vida.

7
Eu me considero um apaixonado pelo empreen-
dedorismo, pela educação a distância e pelo mundo
dos concursos. Acredito que a educação a distância
alterará profundamente o caminho da humanidade e
Essa forma de selecionar se tornará a maior mudança que vivemos desde a Re-
novos servidores volução Industrial. Trata-se da Revolução do Conhe-
públicos é a única a
cimento. Graças à EaD, hoje é possível estudar com
oferecer a possibilidade
os melhores professores, de qualquer lugar no mundo,
para que qualquer
algo inimaginável 20 anos atrás.
pessoa, com muita força
Acredito que o concurso público é o instituto de
de vontade, técnica
e motivação, possa seleção mais isonômico que há em nosso País, embora
melhorar de vida. Isso ainda possa ser aprimorado em alguns aspectos. Essa
é o que nos move e nos forma de selecionar novos servidores e empregados
faz trabalhar 16 horas públicos é a única a oferecer a possibilidade para que
por dia. qualquer um – desde que com muita força de vontade,
técnica e motivação – mude de vida e, tornando-se
um verdadeiro servidor do público, dê sua contribuição
para um Brasil melhor.
Isso é o que nos move e nos faz trabalhar 16 ho-
ras por dia em prol de nossos alunos.
Sou apaixonado pelo que faço e não me imagino
fazendo algo diferente. Agradeço muito a Deus por ter
me proporcionado esta oportunidade e me conduzido
nesta direção.

Lembre-se:
Estamos juntos em seu projeto de entrar para o
serviço público até a vitória da nomeação, que lhe
garantirá estabilidade financeira e a qualidade de
vida com a qual você hoje sonha.

“A persistência é o caminho do êxito.”


Charles Chaplin

@GabrielCGranjeiro

@gabriel.granjeiro

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VEJA, POR A MAIS B, COMO PRESTAR CONCURSO É UM
EXCELENTE NEGÓCIO

Quando se trata de decidir se é melhor empreender, qualificar-se


para conquistar um bom emprego na iniciativa privada ou preparar-
-se para o ingresso na carreira pública, não há consenso. Para dúvi-
das como essas, há tricolores e rubro-negros, colorados e gremistas,
são-paulinos e corintianos, todos esses com argumentos razoáveis
para defender cada um a sua preferência.
Eu, por exemplo, empreendedor por vocação, poderia defender o
empreendedorismo com unhas e dentes, mas, desde que me vi total-
mente inserido no mundo dos concursos, comecei a ver que as coisas
são mais complexas do que parecem. Desde então, tenho procurado
conciliar as duas áreas para transformar os meus conhecimentos em
informação útil aos concurseiros. Neste artigo, vou expor alguns da-
dos que – espero – tornarão você, amigo leitor, mais apto a analisar,
julgar e decidir por si mesmo se vale ou não a pena investir em uma
boa preparação para ingressar na carreira pública.
Imagina-se que quem decide concorrer a um cargo público tenha
descoberto a vocação para servir; tenha enxergado em si atributos,
talentos e valores voltados à satisfação do bem comum, ao interesse
coletivo e ao progresso do País. Em geral, essa pessoa não é alguém
que pretende ficar milionário. Na verdade, é um cidadão que não só
almeja uma vida confortável, uma carreira estável e algum status
e prestígio, mas também almeja o poder para lutar por uma Admi-
nistração Pública baseada em valores éticos e mais efetiva, eficiente
e eficaz. É alguém que sonha com serviços públicos prestados por
profissionais comprometidos com a satisfação das necessidades do
cidadão-cliente.
Os servidores que atuam em órgãos públicos, autarquias ou fun-
dações públicas federais são regidos pelo Regime Jurídico Único dos
Servidores Públicos Civis da União – Lei n. 8.112/1990. Portanto,
quem pretende concorrer a uma dessas vagas sabe que fará jus a
mais de cinquenta direitos, vantagens e benefícios, entre indeniza-
ções (4), gratificações e adicionais (7), férias e afastamentos (11),
licenças (13), ausências remuneradas (3), direito de petição, benefí-
cios para si e seus dependentes (12) e direitos sociais constitucionais
pagos ao trabalhador comum e extensivos aos servidores (16).
O servidor público tem, sim, muitas vantagens e direitos, mas
também muitos deveres, proibições e responsabilidades. Quanto
maior o poder, maior a responsabilidade e a obrigação de prestar

9
contas. Felizmente, tamanha responsabilidade é retribuída à altura.
O ganho dos servidores que estão no topo da pirâmide hierárquica é
quatro vezes maior do que a média paga na iniciativa privada para
profissionais de formação e função semelhantes. A título de exemplo,
um diretor da Ambev, que segue uma rotina intensa e estressante de
trabalho e detém grandes responsabilidades – mas nenhuma estabi-
lidade –, chega a ganhar menos do que um Auditor-Fiscal da Receita
Federal.
Na próxima página, há um comparativo entre o salário de alguns
cargos de gerência em oito gigantes corporações, que tendem a pa-
gar os mais altos salários da iniciativa privada, e a remuneração de
cargos variados no funcionalismo público federal. As informações são
do site da renomada revista Exame.
Observe bem os valores, tendo em mente, ainda, que nenhum
emprego da iniciativa privada é capaz de concorrer com os cargos
públicos quanto ao número de benefícios, como estabilidade e garan-
tia de progressão remuneratória. Ademais, as posições na iniciativa
privada costumam ser altamente concentradas nos centros de negó-
cios e impõem níveis de pressão e carga horária muito maiores do
que o serviço público, além de, como visto, pagarem em média re-
munerações bem inferiores às de diversos cargos na Administração.

10
–– As remunerações do funcionalismo público contemplam alguns be-
nefícios básicos, como auxílio-alimentação e auxílio-saúde.
–– Os vencimentos citados já contemplam os reajustes que foram con-
cedidos a diversas categorias a partir de janeiro de 2017.

11
Veja bem: ao apresentar dados como esses, não pretendo des-
merecer a iniciativa privada; afinal, minha vocação na vida é ser
empreendedor. Acredito mesmo que o empreendedorismo, aliado à
boa educação, pode mudar o Brasil e o mundo. Não obstante essas
convicções, reconheço que o Estado também precisa de empreende-
dores, policiais, juízes, técnicos administrativos, gestores públicos,
fiscais, auditores, entre outros inúmeros profissionais, todos traba-
lhando em conjunto em suas respectivas carreiras, vocacionadas
para construir um Brasil melhor.
O meu real objetivo, ao expor esse comparativo, é revelar a você,
leitor, uma foto panorâmica da realidade, para que você decida sozi-
nho qual caminho trilhar. Não podemos ignorar que a remuneração é
um fator importante a ser considerado nessa decisão. Se o governo
oferece vencimentos interessantes, é porque pretende atrair e reter
os melhores talentos. Aliás, eis aí algo de que nosso País precisa
agora mais do que nunca, se quiser dar os primeiros passos para fora
da crise que se instaurou por aqui nos últimos anos. Acredito que
essas remunerações são justas e mais do que merecidas, desde que
o servidor esteja, de fato, empenhado em sua missão de trabalhar
em prol da sociedade.
Uma pesquisa conduzida pelo professor José Roberto Afonso, do
Ibre/FGV, e publicada também no site da revista Exame, reforça nos-
sa tese de que o serviço público é um excelente negócio. Segundo os
dados ali reunidos, a elite estatal ocupa seis das dez profissões mais
bem remuneradas do País. Em outras palavras, das dez categorias
profissionais mais bem pagas do Brasil, seis compõem a chamada
elite do funcionalismo público, e uma delas é de concessão pública
– ou seja, não é considerada nem pública, nem privada. Em primei-
ro lugar, vêm os titulares de cartórios, concessionários dos serviços
públicos, que recebem em média R$ 1,1 milhão por ano, ou R$ 92
mil por mês. Eles são seguidos dos promotores e procuradores do
Ministério Público, cujos rendimentos somam, em média, R$ 530 mil
anuais, ou R$ 44 mil por mês; dos juízes e integrantes dos Tribunais
de Contas, cuja renda anual é de R$ 521,2 mil, ou R$ 43 mil mês; e
dos diplomatas, que recebem a média anual de R$ 332 mil, ou R$ 28
mil por mês.
Você deve estar se perguntando como são possíveis valores as-
sim, se o teto do funcionalismo público é de R$ 39,2 mil. Eu explico:
a declaração anual contempla décimo terceiro salário, férias e bene-
fícios, como o auxílio-moradia, que não entram no teto. Agora ima-
gine um casal de juízes; marido e mulher com salários desse vulto e
idênticos, já que no serviço público não há discriminação de gênero.
Juntos, eles recebem mais de R$ 1 milhão por ano, algo muito difícil
de conseguir na iniciativa privada, como você deve ter concluído pela
relação de salários que elencamos no quadro.

12
As carreiras públicas não impõem, como requisitos para ingresso
e posse nos cargos, nem experiência, nem boa aparência, nem títu-
los específicos. Tampouco espera-se que os candidatos a uma vaga
no serviço público residam em local próximo ao futuro trabalho, por
exemplo. Nada disso. Por outro lado, exige-se do concursando muita
vontade de ser aprovado e muito sacrifício, o suficiente para que ele
abra mão de alguns prazeres e organize bem o tempo na agenda
para a rotina de operário do estudo. A aprovação é mérito pessoal
do candidato e advém de preparação adequada, de merecimento, de
alguma inspiração e de muita transpiração.
Há outro dado, divulgado pelo Ministério do Planejamento, que
deve fazer você, concurseiro de plantão, pensar bastante na possibili-
dade de se dedicar ainda mais aos estudos: nos próximos cinco anos,
cerca de 40% dos mais de 1 milhão de servidores públicos federais
atualmente na ativa terão condições de se aposentar. Especialmente
agora, a tendência é que mais e mais servidores optem por fazê-lo,
para não serem atingidos pelas significativas mudanças que o gover-
no ameaça implementar nas regras de aposentadoria voluntária.
Quando examinamos o nível estadual, o cenário é ainda mais
desafiador para a Administração: estima-se que, ao longo dos próxi-
mos anos, 48% – quase a metade dos servidores! – terão direito de
pedir aposentadoria. Calcula-se que serão 1,8 milhão de servidores
com direito a reivindicar o benefício, segundo levantamento feito pelo
professor Nelson Marconi, da FGV. E olhe que estamos nos referindo
a cargos estratégicos: policiais, professores, fiscais, auditores, ges-
tores, enfermeiros, médicos etc. O governo pode até não gostar da
ideia de realizar concursos, mas a verdade é que ele não terá opção,
sob pena de paralisar a máquina pública ou de tornar impossível o
atendimento das demandas básicas dos cidadãos, gerando caos ab-
soluto no País.
Outra informação preocupante, fruto de levantamento do Insti-
tuto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), é a de que 26,36% dos
jovens com idades entre 14 e 24 anos estão desempregados, seja
porque não têm experiência, seja porque largaram os estudos, seja,
ainda, porque simplesmente não procuram emprego. São os chama-
dos “nem-nem-nem”: nem trabalham, nem estudam, nem procuram
emprego, por não se sentirem em condições de preencher os requi-
sitos exigidos nos recrutamentos.
Há mais. Outros dados de uma pesquisa do IPEA indicam que, en-
quanto 20% da população com ensino superior completo ganha aci-
ma de R$ 5 mil por mês trabalhando no setor privado, mais de 55%
dos servidores públicos federais com a mesma qualificação ganham

13
salários nessa faixa. No serviço público federal, segundo cartilha pu-
blicada pela ENAP/MPOG, 40% dos atuais servidores têm idade entre
18 e 29 anos e 40% estão acima dos 50 anos. Veja que interessante
mistura de experientes servidores e jovens profissionais combinando
atributos, energia e talentos, tudo em prol do bem comum.
Na minha percepção de empreendedor, não há dúvidas de que
prestar concurso público é um excelente negócio. Se você, amigo
leitor, candidato, concurseiro, também se convenceu disso com base
nos dados que minha equipe e eu levantamos, continue firme em seu
projeto de mudança de vida.
O investimento na preparação representará uma fração mínima
do valor do seu primeiro contracheque, depois que você já estiver
empossado no cargo dos seus sonhos. Em matéria de negócios, sou
bastante experiente. Desde os 12 anos de idade, já fiz vários deles.
No entanto, nunca vi negócio tão rentável quanto garantir uma boa
remuneração para o resto da vida depois de ter feito um investimento
correspondente, em média, a uma mísera fração do salário de um
único mês.
Confie em nossos 27 anos de tradição, ao longo dos quais apro-
vamos mais de 620 mil alunos. Conte conosco e vamos em frente,
rumo à mudança de vida que você tanto deseja.

Fontes:
• Exame.com, Elite estatal ocupa 6 das 10 profissões mais bem
pagas. Disponível em: http://exame.abril.com.br/economia/
elite-estatal-ocupa-6-das-10-profissoes-mais-bem-pagas/
• Exame.com, Os salários que a Ambev paga (de estagiário a
diretor). Disponível em: http://exame.abril.com.br/carreira/
os-salarios-na-ambev-de-estagiario-a-diretor/
• Exame.com, Os salários dos gerentes em 15 grandes empre-
sas no Brasil. Disponível em: http://exame.abril.com.br/carrei-
ra/os-salarios-dos-gerentes-em-15-grandes-empresas-no-bra-
sil/
• Globo.com, Desemprego afeta mais os jovens, diz estudo do
Ipea. Disponível em: http://g1.globo.com/economia/noticia/
2016/06/desemprego-afeta-mais-os-jovens-diz-estudo-do-i-
pea.html
• Ipea.gov.br, Jovens são os mais afetados pelo desemprego.
Disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?op-
tion=com_content&view=article&id=27922
• Cartilha ENAP/MPOG. Disponível em: http://www.youblisher.
com/p/1156374-Servidores-Publicos-Federais-Perfil-2015/

14
CONCURSO PÚBLICO: UM POUCO DO PASSADO, PARA
VOCÊ SE PREPARAR PARA O FUTURO

“Mesmo desacreditado e ignorado por todos, não posso desistir, pois,


para mim, vencer é nunca desistir.”
Albert Einstein

Todos concordamos que o concurso é o meio mais eficiente –


embora ainda não seja perfeito – para selecionar os melhores can-
didatos para o exercício de cargos e empregos na Administração Pú-
blica brasileira. Sabemos muito bem que o concurso público não faz
discriminação de cor, gênero, idade etc., de modo que é também a
forma mais isonômica de seleção. Mas você conhece as origens desse
instituto?
Neste primeiro artigo, tentaremos explicar de forma bem resumi-
da como surgiu essa forma de seleção. Além disso, apresentaremos
em números, imagens e gráficos a evolução do perfil dos servidores
públicos federais brasileiros. Nossa ideia é mostrar um pouco da his-
tória para ajudar na compreensão do passado e, em alguma medida,
acalmar os anseios de quem está preocupado com o futuro. Afinal, o
concurso público vem evoluindo já há quase cem anos, e não tenha
dúvida: ele veio pra ficar.
Nossa primeira Constituição, a Constituição Imperial de 1824,
estabelecia, em seu art. 179, inciso XIV, que todo cidadão podia ser
admitido em cargos públicos civis, políticos ou militares, sem outra
diferença que não fosse “dos seus talentos e virtudes”. Mais tarde,
a primeira Constituição Republicana, promulgada em 1891, previa,
no art. 73, que os cargos públicos civis ou militares seriam acessí-
veis a todos os brasileiros, observadas as condições de capacidade
especial que a lei estatuísse. Como se vê, até então não existia no
ordenamento jurídico nacional a previsão de um processo imparcial
de seleção de servidores.
Foi apenas na Constituição de 1934 que surge, de fato, o vocábu-
lo “concurso” no texto constitucional. Com efeito, no art. 170, § 2º,
a Lei Maior vigente na época prescrevia que a primeira investidura
nos postos de carreira das repartições administrativas e nos demais
que a lei determinasse só deveria ocorrer após concurso de provas ou
títulos. Essa regra, em linhas gerais, foi reproduzida no art. 156, da
Carta Constitucional de 1937, e no art. 186, da Constituição de 1946.
A Constituição de 1967 foi mais restritiva ao estabelecer, em seu
art. 95, §§ 1º e 2º, que a nomeação para cargo público – e não ape-
nas a primeira investidura nele – dependeria de aprovação prévia
em concurso público de provas ou de provas e títulos, excetuados

15
os cargos em comissão, de livre nomeação e exoneração. Por fim, a
Constituição Cidadã de 1988, no capítulo relativo à Administração Pú-
blica, definiu a regra em vigor atualmente: a de que a investidura em
cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso
público de provas ou de provas e títulos, ressalvadas as nomeações
para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exo-
neração (art. 37, inciso II).
Quase cem anos depois da instauração do concurso público como
forma de seleção para cargos na Administração Pública brasileira, o
resultado é que, ano após ano, 12 milhões de brasileiros disputam as
mais diversas carreiras públicas e seis das dez profissões mais bem
pagas do País estão no serviço público1. Os dados são da Associação
Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos – Anpac.
No site da Escola Nacional de Administração Pública – Enap, há
uma cartilha que divulga o perfil dos servidores públicos federais,
com dados atualizados até 2015. Outra ferramenta que concentra
dados sobre os servidores do Poder Executivo Federal é o Painel Esta-
tístico de Pessoal – PEP, disponibilizado recentemente pelo Ministério
do Planejamento2. Analisamos os dois documentos e gostaríamos de
compartilhar com você as nossas conclusões a respeito da evolução
dos quadros de pessoal no serviço público. Vamos lá?
Em 2002, havia, no País, o total de 883 mil servidores ativos da
União, que atendiam a uma população de 180 milhões de brasileiros.
Em junho de 2017, esse número passou para 656.298 servidores de
repartições públicas prontos para servir a um total de 204 milhões de
pessoas. 97,41% por cento dos funcionários eram civis que atuavam
no Poder Executivo, 2,59% eram militares.

1
Leia em Veja, por A mais B, como prestar concurso é um excelente negócio (p. 08) um compa-
rativo entre as carreiras no serviço público e suas equivalentes na esfera privada.
2
Disponível em: https://www.pep.planejamento.gov.br/

16
Em 1998, os servidores federais em atividade no Executivo con-
tavam quase 713 mil, número que diminuiu para menos de 625 mil
em 2017. Entre os aposentados em junho de 2017, 12 mil eram mili-
tares da reserva, 485 mil eram servidores inativos de autarquias, 224
mil da Administração direta e 158.580 de fundações públicas. Além
disso, o governo tinha em sua folha de pagamento o total de 244.875
pensionistas.

Outro dado relevante é que mais de 250 mil servidores civis


ativos do Poder Executivo estão com idade superior a 50 anos, de
modo que já têm tempo suficiente para aposentadoria pelas regras
de transição da Emenda Constitucional n. 20. Portanto, das duas,
uma: ou esses servidores estão em vias de se aposentar, ou optaram
pelo abono, ou seja, completaram as condições para aposentadoria
por tempo de contribuição, mas continuam trabalhando e recebendo
abono de permanência no serviço público.

17
Em outro site, o Contas Abertas, os números são um pouco dife-
rentes, mas estão atualizados até 2017 e não contemplam os empre-
gados públicos e militares vinculados à União. Consta ali, por exem-
plo, que, em 2007, cerca de 527 mil pessoas formavam a força de
trabalho da União, entre servidores do Executivo, do Legislativo e do
Judiciário. Este ano, os servidores em atividade somam 608,4 mil, o
que representa crescimento de 13% em apenas uma década, para
um aumento de 9% da população no mesmo período.
A maior parcela da força de trabalho no serviço público está no
Ministério da Educação, que dispõe de 291 mil servidores espalhados
em administrações, universidades, institutos e fundações federais. O
Ministério da Saúde vem em segundo lugar, com 66,4 mil servidores
ativos. No ranking, o terceiro órgão com mais servidores em ativida-
de é o Ministério da Previdência Social, com 34,7 mil servidores em
seus quadros.

18
Na Presidência da República, trabalham, atualmente, 20,1 mil
servidores. Em 2007, o quantitativo era de apenas 5,7 mil servido-
res. A drástica alteração nos números ocorreu de 2014 para 2015. No
início desse período, a Presidência já somava 9,1 mil servidores, nú-
mero que aumentou ainda mais após a subordinação da Advocacia-
-Geral da União – AGU ao Planalto. Na lista dessa pasta, incluem-se,
ainda, servidores da Vice-Presidência, das Secretarias, da Agência
Brasileira de Inteligência – Abin e do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada – Ipea.
O site Contas Abertas organiza os dados também por unidade da
Federação. Assim, foi possível colher a informação de que a maior
parcela dos servidores da União está lotada no Rio de Janeiro: são
cerca de 98 mil funcionários, sobretudo em cargos ligados à saúde e
à educação. O Distrito Federal, que detém status de capital política
e administrativa do governo federal, conta com 96,2 mil servidores.
Em terceiro lugar, está estado de Minas Gerais, com 55 mil pessoas
trabalhando no nível federal. E você achava que Brasília reunia a
maioria dos servidores públicos federais, não é mesmo?
Outro dado que diz muito sobre a nossa sociedade: a quantidade
de homens no serviço público federal é 17% maior do que o quantita-
tivo de mulheres. Do total da força de trabalho da União (608,4 mil),
332,3 mil são do sexo masculino. As mulheres ocupam 276,1 mil
cargos. Acredito que não vai demorar muito para esse quadro mudar,
pois temos percebido, aqui, no Gran Cursos Online, que as candi-
datas vêm dominando as seleções, tanto em número de inscrições,
quanto em aprovações. Hoje, 60% dos nossos alunos são mulheres!

19
Para concluir, quero que você observe atentamente o quadro a
seguir, publicado no renomado site de finanças Infomoney. Trata-se
de um comparativo que mostra o número de servidores públicos em
relação ao total de trabalhadores em diversos países. O infográfico
nos mostra claramente que esse percentual é muito baixo no Bra-
sil quando comparado aos índices de países desenvolvidos, com ex-
celente qualidade de vida e economia sólida. Diante desses dados,
podemos afirmar que, ao contrário do senso comum, o problema
por aqui não é o grande número de servidores públicos, e sim a má
gestão dos governantes, bem como alguns privilégios – caros e que
beneficiam poucos –, com os quais o País não consegue mais arcar.

Funcionários públicos em relação ao total de trabalhadores (%)

Portanto, caro leitor, continue firme no seu projeto de estudar


para concursos. Trata-se de uma garantia constitucional que veio
para ficar e que só tem se fortalecido desde que surgiu em nosso
ordenamento jurídico. Garanto que, no fim, todo o seu esforço terá
valido a pena.
E lembre-se: estamos juntos nesta empreitada!

“E Deus continua sussurrando: ‘Não desista, o melhor ainda está


por vir’.”
Caio Fernando Abreu

Fonte:
• Estudo ENAP – Servidores Públicos Federais – Perfil 2015

20
VERDADES E MITOS SOBRE CONCURSOS PÚBLICOS: 15
ESCLARECIMENTOS QUE VOCÊ PRECISA LER!

Neste artigo, consolidamos as 15 dúvidas mais recorrentes que


recebemos de concurseiros de todo o Brasil. Nosso objetivo, então, é
desmitificar algumas inverdades que escutamos frequentemente de
amigos e familiares e que podem levar à desistência ou à reprovação
no certame dos sonhos.

Verdade ou mito?

1. Quem trabalha não consegue passar em concurso.

Não é verdade. Em um de nossos levantamentos, constatamos


que trabalhar é a realidade de 65% dos nossos alunos. Eles traba-
lham, estudam e ainda se dedicam aos concursos. São pouquíssimas
as pessoas que não têm outra preocupação senão a de estudar para
concurso público.

2. Quem não tem recursos financeiros não passa em con-


curso.

Mito. Há vários relatos de pessoas que estudaram com material


emprestado, que não puderam pagar por cursos preparatórios ou
que fizeram apenas cursos por matéria e, assim mesmo, passaram
em concursos diversos. Ou seja, é bem comum a aprovação de con-
curseiros que investiram poucos recursos financeiros no projeto de
entrar para o serviço público. Em geral, o sucesso deles é resultado
do esforço em dobro que precisam empregar em condições tão ad-
versas. Não é o dinheiro que faz a diferença nessa situação, mas o
foco, a vontade, a necessidade de melhorar de vida e, acima de tudo,
um bom planejamento de estudo.

3. Quem tem mais de 50 anos não consegue passar em


concurso.

Outro mito. Nos últimos dez anos, 40% dos que tomaram posse
em cargo público tinham mais de 50 anos. São pessoas que, por cer-
to, pela experiência que levam para a carreira pública, são potenciais
candidatos a cargos de direção, de chefia e de assessoramento. A
título de informação, segundo estudo conduzido pela Escola Nacional
de Administração Pública (ENAP), outros 40% dos empossados con-
tavam menos de 30 anos de idade.

21
4. Há pessoas que passam em concurso sem estudar nada.

Mentira. Ouvimos com frequência comentários como: “Meu ami-


go disse que passou em um concurso público sem estudar. Não leu o
edital, não sabia qual era a banca do certame, não olhou nenhuma
linha da apostila que comprou”. Apesar de ser comum ouvir esse tipo
de bobagem, o fato é que não se consegue passar nos concursos ape-
nas chutando, estudando pouco ou nada. O que até pode ocorrer é os
pontos estudados pelo candidato serem os mais cobrados na prova.
Mesmo em casos como esse, seja por sorte, seja como resultado de
um plano ousado e metódico, houve preparação e houve dedicação,
além da sorte de caírem na prova os assuntos aos quais o candidato
mais se dedicou. Para reflexão, cabe ressaltar uma famosa frase de
Coleman Cox: “Eu acredito demais na sorte. E tenho constado que,
quanto mais duro eu trabalho, mais sorte eu tenho”.

5. O governo vai acabar com os concursos por conta da


crise econômica.

É mito, e a história tem demonstrado isso. Crises vêm e vão, mas


o governo continua contratando. Ele pode adiar as autorizações e as
nomeações, mas nunca deixará de contratar. Sabe por quê? Porque
a população brasileira cresce e as demandas por serviço público de
qualidade aumentam. Além disso, os servidores se aposentam, mor-
rem, são demitidos, pedem exoneração ou vacância para tomar pos-
se em outro cargo inacumulável. Surgem, então, novas vagas, além
daquelas que são criadas por lei para preencher o quadro de pessoal
de um novo órgão, de uma nova entidade, de um novo fórum, de uma
nova delegacia da Receita Federal. Em outro exemplo, para manter a
ordem social e a saúde financeira do estado, é necessário contratar
novos Policiais, Auditores-Fiscais, Analistas Tributários, entre outros.
Ademais, a Constituição Federal de 1988 é bem clara: o ingresso em
cargo ou emprego público deve ocorrer mediante aprovação prévia
em concurso público.

6. Quem estuda para concurso não deve perder tempo com


atividades físicas.

Não pode nem deve ser assim. Quem estuda, seja para concurso
público, seja para outro tipo de exame, precisa, sim, encaixar no plano
de estudo um tempo (o ideal é de 30 a 60 minutos diários) para a prá-
tica de uma atividade física, especialmente aeróbica, como caminhar,
correr, nadar, andar de bicicleta. Já há muitos estudos consolidados que
demonstram que esse tipo de atividade aumenta a capacidade cogniti-
va, o humor, a concentração e, por consequência, a memorização dos
conteúdos.

22
No caso dos candidatos que pretendem ingressar na área de se-
gurança pública, a prática de atividades físicas é, ainda, essencial para
a aprovação no Teste de Aptidão Física (TAF). Não adianta nada ser
aprovado na prova objetiva e reprovado no TAF. Então, ignore quem
sugere que os concurseiros devem abrir mão de atividades físicas em
sua trajetória de estudos.

7. Quem começa a estudar apenas quando o edital é publi-


cado passa em concurso, pois não perde tempo estudando o
que não vai cair.

Eis aí um erro gravíssimo! É enganar a si mesmo achar que é


possível passar em um concurso público com concorrência que pode
chegar a 3 mil candidatos por vaga estudando apenas entre o tempo
da publicação do edital e o dia das provas. Acredite: dificilmente você
conseguirá ser aprovado se fizer isso. É improvável, em período tão
curto, vencer o extenso conteúdo do edital e ainda separar tempo
para revisão e solução de exercícios e de simulados, entre outras
ações necessárias à aprovação no concurso dos sonhos.
É claro que existem exceções, mas elas são raras. Em média,
uma preparação adequada para um concurso de alto nível pode levar
vários anos. Tudo vai depender da escolha do método de estudo, da
afinidade com as disciplinas a serem estudadas e da bagagem de
conhecimento trazida dos anos de estudos no ensino médio, na gra-
duação e nos cursos de especialização.
Agora reflita comigo: vale a pena estudar alguns anos para garan-
tir uma remuneração digna para o resto da vida? Acredito fortemente
que sim, principalmente se levarmos em consideração o tempo que
investimos em uma faculdade, sem garantias de que o diploma trará
a remuneração desejada no futuro.

8. Concurso público é um jogo de cartas marcadas.

É mito. Já ouvi muito essa desculpa de pessoas que não têm dis-
ciplina para aguentar a exaustiva preparação até a aprovação. Não
se passa em concurso público apenas se inscrevendo nele e apoiado
em um sobrenome poderoso ou contando com amigos nos mais altos
escalões dos três poderes da República. Obviamente, há relatos de
fraude em alguns concursos, mas temos observado que os órgãos
competentes investigam e punem os criminosos, ao mesmo tempo
que as bancas se profissionalizam cada vez mais para garantir a se-
gurança e a confiabilidade dos certames.

23
Dentro do universo dos concursos, relatos de fraude são uma
fração mínima do total de seleções realizadas. Passará em concur-
so público quem se preparar adequadamente, com os profissionais
certos, na plataforma ou estrutura adequada. Será aprovado quem
cumprir religiosamente um bom plano de estudos e fizer os sacrifícios
necessários.

9. Concurso público é muito concorrido.

Isso é verdade, mas não deve desencorajar a entrada na fila em


busca do governo como patrão. A relação candidato por vaga não
pode ser um desestímulo à dedicação e à busca pela sonhada vaga.
Em primeiro lugar, você precisa de apenas uma vaga para tomar pos-
se. Em segundo, o universo de concorrentes verdadeiramente com-
petitivos é sempre bem inferior ao número divulgado no portal G1,
por exemplo.
Na verdade, o cálculo real da disputa é feito da seguinte forma:
a cada grupo de 100 inscritos, de 25 a 35 se abstêm (não compare-
cem no dia “D”, pelas mais diversas razões). Dos que comparecem às
provas, entre 5 e 10, apenas, são competitivos.
Em outras palavras, você não deve se intimidar pelo número de
inscritos, mas precisa saber que é necessário dedicação incansável,
pois mudar de vida e passar em um concurso não é mesmo fácil.

10. A máquina pública brasileira está inchada: não há mais


margem para contratações.

Falso. O grande problema do Brasil é o grande número de cargos


comissionados. Estes devem existir para casos excepcionais, a fim
de trazer novos talentos para o quadro público, e não servir como
regra para fortalecer a base política de alguém. Quando olhamos as
vagas preenchidas por concursados, percebemos que praticamente
todas as principais carreiras típicas de Estado, como Agente de Polícia
Federal, Auditor da Receita Federal, Auditor-Fiscal do Trabalho, entre
outros, estão com quadros muito defasados de servidores públicos,
bem inferiores ao que a lei do cargo permite. Com isso, deixa-se
de arrecadar impostos, de fiscalizar o contrabando, de recuperar di-
nheiro do tráfico de drogas e da corrupção. Deixa-se de arrecadar
várias vezes o investimento na remuneração do servidor por causa
da simples falta de mão de obra para executar as rotinas necessárias.
É totalmente ilógico. Proporcionalmente, o número de servidores pú-
blicos no Brasil, um País continental com 200 milhões de habitantes,

24
é muito menor do que outros Países desenvolvidos, como Alemanha
e França. Em algum momento, os nossos representantes terão de
reconhecer esse simples fato e aumentar as vagas em concursos e
nomeações. Enquanto isso, quem continuar estudando será benefi-
ciado com sua persistência e ousadia. Siga em frente, pois a máquina
pública continua e continuará sempre contratando.

11. Não se pode abrir concurso em ano eleitoral.

Mito. A Lei Eleitoral (Lei n. 9.504/1997) estabelece as regras para


as eleições. No inciso V do artigo 73, ela determina que é proibido
“nomear, contratar ou, de qualquer forma, admitir ou demitir sem
justa causa, suprimir ou readaptar vantagens ou, por outros meios,
dificultar ou impedir o exercício funcional e ainda, ex officio, remover,
transferir ou exonerar servidor público, na circunstância do pleito,
nos três meses que o antecedem e até a posse dos eleitos, sob pena
de nulidade de pleno direito (…)”. As ressalvas que vêm em seguida
excluem da proibição:
a) nomeação ou exoneração de cargos em comissão e designa-
ção ou dispensa de funções de confiança;
b) nomeação para cargos do Poder Judiciário, do Ministério Públi-
co, dos Tribunais ou Conselhos de Contas e dos órgãos da Presidência
da República;
c) nomeação dos aprovados em concursos públicos homologados
até o início daquele prazo;
d) nomeação ou contratação necessária à instalação ou ao fun-
cionamento inadiável de serviços públicos essenciais, com prévia e
expressa autorização do Chefe do Poder Executivo;
e) transferência ou remoção, ex officio, de militares, policiais ci-
vis e agentes penitenciários.

12. Concurso público é um meio de o governo arrecadar


dinheiro.

Não é verdade. Concurso público é um procedimento que permite


aos órgãos e entidades públicos selecionar, entre os recrutados, os
mais bem-preparados, os mais disciplinados – não necessariamente
os mais brilhantes –, para que venham a servir Sua Excelência o
cidadão, usuário dos serviços públicos. O dinheiro arrecadado com
o pagamento das taxas de inscrição serve para cobrir despesas com
o certame: contratação de examinadores e de fiscais, elaboração de
cadernos de provas, aluguel de salas etc. Na maioria das vezes, tudo

25
que é arrecadado com as taxas fica para a banca examinadora e por
conta da organização e da aplicação das provas. Em alguns estados
e no DF, o percentual dessa arrecadação vai para um fundo que co-
bre a capacitação dos servidores efetivos. Claro, ainda há relatos de
concursos com objetivos suspeitos, mas, hoje, tanto o povo brasileiro
como as instituições estão muito atentos às possíveis ações fraudu-
lentas, a fim de impedir o descumprimento da Constituição brasileira,
que estabeleceu, como regra, que a seleção para os cargos e empre-
gos públicos se dará por meio do concurso público de provas ou de
provas e títulos.
O Ministério Público e a Polícia Federal, particularmente, vêm
agindo com todo o rigor, sem poupar ninguém que esteja envolvido
em irregularidades – sejam administradores públicos, sejam empre-
sários envolvidos na organização das provas –, e pedindo cadeia para
os fraudadores de concursos. Tais crimes, até pouco tempo atrás,
não eram recepcionados em nosso ordenamento jurídico penal. Mais:
recentemente a Justiça Federal decidiu, ainda que em primeira ins-
tância, que concursos apenas para cadastro de reserva são incons-
titucionais. Em outras palavras, estamos testemunhando um forte
processo de moralização dos concursos graças à atuação da Adminis-
tração Pública.

13. É possível passar apenas chutando.

Outro mito. Quando a prova é no sistema certo/errado, em que


uma resposta errada anula uma certa, não há que pensar em chute.
É comum candidatos chutarem e, ao conferirem o gabarito provi-
sório, constatarem que ficaram devendo para banca, obtendo nota
negativa. Um vexame! Por isso, o primeiro mandamento de um con-
curseiro é “Não chutarás”, a não ser que ele tenha alguma margem
de convicção ou que não haja a regra, em edital, de que uma questão
errada anulará uma certa. Se for assim, pode chutar à vontade.

14. Estudar somente provas de certames anteriores não


garante aprovação.

Verdade. É preciso muito mais do que isso. O concurseiro que


tem valor sabe que precisará estudar todos os tópicos do edital (o
anterior ou o publicado), fazer resumos e programar revisões para os
dias que antecedem a prova, além de resolver muitas provas de cer-
tames anteriores. Uma boa técnica é preparar apontamentos a partir
do que a banca tem cobrado nos últimos cinco certames. Não resolva

26
apenas as questões; busque também estudar os temas cobrados nas
provas discursivas, quando houver, e treine muito a redação, que é
o calcanhar de Aquiles de muitos candidatos. Alguns professores
do Gran Cursos Online, após terem sofrido algumas reprovações,
adotaram essa estratégia e conseguiram ser aprovados nos primei-
ros lugares. Se deu certo para eles, pode dar certo para você tam-
bém, amigo concurseiro. É uma dica.

15. Candidato que não preenche os requisitos do edital


não pode se inscrever no concurso.

Mito. Os requisitos básicos exigidos para assumir o cargo, cons-


tantes da lei que criou ou reestruturou a carreira e replicados no edi-
tal, deverão ser comprovados no ato da posse – quando da investi-
dura no cargo – e não no ato da inscrição. Os requisitos passam pela
idade mínima de 18 anos, pela escolaridade compatível, pela quita-
ção das obrigações eleitorais e militares, pela aptidão física e mental,
pelo gozo dos direitos políticos e pela nacionalidade brasileira, entre
outros, conforme a natureza e a complexidade do cargo.

27
SETE COISAS QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE O EDITAL
DE UM CONCURSO

Tenho conversado muito com nossos professores, que, como


você sabe, também atuam como agentes públicos das mais diversas
áreas. São magistrados, diplomatas, delegados, auditores, analistas,
consultores etc., todos ex-concurseiros e hoje, além de colegas, bons
amigos meus. Também tenho acompanhado as gravações do nosso
quadro “Como Passar?”, no qual traduzimos editais de concursos Bra-
sil afora.
Com base no que venho aprendendo nessas conversas e nessas
sessões de gravação, além de pesquisas e exaustivas leituras, con-
cluí que seria bom escrever um artigo sobre a importância da leitura
dos editais de concurso. Digo mais: fazer uma boa e atenta leitura
de todas as regras do concurso escolhido pode ser decisivo para a
aprovação nele. Acredite: pode até parecer algo trivial, mas o fato
é que os candidatos costumam ter dúvidas e cometem erros graves
simplesmente por não conhecerem direito as regras da seleção de
que estão participando.
Minha principal preocupação como Diretor-Presidente e fundador
do Gran Cursos Online é levar aos nossos alunos conteúdo útil e di-
ferenciado, seja ele técnico ou de natureza motivacional. Dito isso,
espero que esta lição lhe seja de singular utilidade e aplicabilidade.
Nela, responderei a sete perguntas recorrentes sobre o edital de con-
curso público. Tais respostas, acredito, guiarão você quando forem
publicadas as regras do concurso dos seus sonhos. Sei que algumas
informações que mencionarei aqui já são do seu conhecimento, mas
é importante relembrá-las. Afinal, até mesmo os concurseiros mais
experientes em algum momento começam a se esquecer da impor-
tância de ler na íntegra as regras do concurso, após terem feito isso
diversas vezes em seleções anteriores.

1. O que é edital?

Edital é o instrumento que define as “regras do jogo”. Contém


todas as informações sobre o concurso: como e quando serão as ins-
crições, que conteúdo será cobrado nas provas e qual será a natureza
delas, como será feita a classificação dos aprovados. É o documento
que traça o caminho das pedras para quem deseja conquistar a esta-
bilidade financeira por meio do concurso público.

28
Trata-se de instrumento de comunicação oficial e de publicidade
obrigatória. Entre a publicação do edital e a realização das provas,
como sabemos, passam-se pelo menos 45 dias. No DF, por exemplo,
esse período é de no mínimo 90 dias. Apesar de a prática já garantir
prazos como esses, existe uma proposta de que a Lei Geral do Con-
curso, quando editada, obrigue os órgãos e entidades a reservar um
prazo mínimo de 120 dias entre a última publicação relativa ao edital
e a aplicação da prova.
O texto do edital é de leitura obrigatória. É como se ele fosse a
Constituição do concurso. De conteúdo extenso, às vezes bastante
repetitivo e nem sempre de fácil compreensão, o edital é, de fato, a
“lei” do concurso em tela. Não minimize a importância dele.

2. O que os candidatos mais inexperientes costumam ler


no edital?

Os ingênuos e os marinheiros de primeira viagem limitam-se a


prestar atenção a dados como quantitativo de vagas, remuneração,
período de inscrição e data da prova. Alguns até chegam a “dar uma
olhada” no que será cobrado nas provas, achando que, como sabem
tudo, não precisam perder tempo com a leitura atenta desses textos
tão extensos. Esse é um erro crasso.

3. Devo ler todo o edital ou somente algumas partes dele?

Você precisa ler todo o edital, e mais de uma vez. Todos os pro-
fissionais da área com quem conversamos ratificam o que todos os
ex-concurseiros de quem recebemos relatos de sucesso afirmam: é
preciso saber tudo e mais um pouco sobre o que rege o edital do
concurso.
É isso aí. Há que ler o edital como se lê um texto a ser interpre-
tado: riscando e rabiscando, assinalando os pontos-chaves. Nada de
preguiça! Quem tem preguiça de ler não passa em concurso; não
passa em nada.

4. Devo fazer um resumo do edital?

Esse é um bom conselho, uma boa dica. Faça um resumo do


edital como você faria o de um documento importante, para ser lido
e relembrado antes de você sair para resolver a prova. Uma leitura
rápida desse pequeno texto, e você pode se lembrar de uma tática
que fará a diferença na conquista de preciosos pontos no dia D. Con-

29
curso é uma guerra, e vence quem conhece bem o inimigo. O começo
desse conhecimento passa por entender a fundo como ele pensa e o
que quer das suas “vítimas”. E a redação de um resumo obriga que o
candidato tenha esse entendimento.

5. Devo analisar se tenho os requisitos para o cargo?

Com certeza! O candidato deve examinar atentamente quais são


as atribuições do cargo para saber se terá condições de desempenhá-
-las bem e, por conseguinte, de ser bem avaliado e progredir na car-
reira com mérito e louvor. Se você perceber que não tem os atributos
exigidos no edital nem o perfil para exercer bem o cargo, então trate
de desenvolvê-los até a posse e a entrada em exercício no cargo.

6. Por onde começo a ler o edital?

Pelo início mesmo, dando especial atenção – nesse primeiro mo-


mento – às informações sobre a remuneração do cargo, sobre os
benefícios oferecidos ao servidor e seus dependentes, se houver, e
sobre a lei que rege a carreira (em seguida, já aproveite para consul-
tar essa lei específica, a fim de saber, por exemplo, como se dará a
progressão e a promoção).
Esse conhecimento preliminar deve produzir em você grande mo-
tivação para começar a estudar com afinco. É comum que o candida-
to que lê o edital se sinta animado para conquistar a vaga o quanto
antes. Um bom salário inicial ainda é um dos maiores atrativos dos
talentos que se submetem às seleções públicas.

7. O que os futuros servidores leem no edital?

Quem passa em concurso lê absolutamente tudo no edital. Pro-


cura descobrir logo qual é a banca examinadora, avalia como serão o
regime e a jornada de trabalho, identifica os requisitos que serão exi-
gidos dele e se precisará ter habilitação para dirigir. Anota a data e o
local das provas e se debruça pelo tempo que for necessário ao con-
teúdo programático – tópicos e subtópicos –, dando especial atenção
ao peso de cada disciplina, aos critérios de desempate e ao sistema
de contabilização de pontos por disciplina e por grupo de disciplinas
ou provas. Busca indicações de bibliografia ou, na ausência delas,
avalia se é possível, pela leitura atenta das terminologias, identificar
autor(es) a ser(em) consultado(s). Vê se há como obter isenção da
taxa de inscrição e compreende como deverão ser elaborados even-

30
tuais recursos. Avalia se a banca admite chute e se há possibilidade
de zerar a nota de alguma prova. Descobre qual será o provável local
de lotação e se o concurso é somente para cadastro de reserva, e
o que isso significa. Inteira-se sobre objetos que podem ou não ser
levados no dia da prova e sobre o tipo de roupa com que deverá se
apresentar para o fiscal de prova. Não menos importante, descobre,
em seus mínimos detalhes, se o concurso terá prova discursiva e de
quantas fases ou etapas será composto. Em resumo, o candidato que
será aprovado sabe tudo sobre o edital e seria capaz de responder
uma prova sobre ele, se fosse preciso.
Por fim, concluída a leitura atenta e criteriosa do edital, o candi-
dato passa à elaboração do plano de estudo. É hora de verticalizar o
edital (algo que também nos oferecemos para fazer, a fim de ajudar
nossos queridos alunos). Na sequência, o candidato deve baixar as
últimas cinco provas de concursos da mesma banca e resolvê-las,
com o intuito de conhecer bem o pensamento do seu examinador:
se ele é do tipo que se atém à letra da lei, do tipo que aborda mais
jurisprudência ou do tipo que cobra muita doutrina.

31
QUAL CARREIRA PÚBLICA DEVO ESCOLHER?

“Sua tarefa é descobrir o seu trabalho e, então, com todo o coração,


dedicar-se a ele.”
Buda

Nossos alunos sempre vêm até nós em busca de conselhos so-


bre qual carreira devem seguir, sobre qual concurso devem prestar.
São tantas oportunidades, nos três Poderes da República, em todas
as esferas de governo e nos diversos órgãos, entidades e empresas
estatais, que, de fato, a decisão não é nada fácil. Além disso, é pra-
ticamente impossível encontrar uma resposta objetiva sobre qual é o
melhor cargo público no Brasil, já que ela depende muito da vocação
de cada um. Claro que há atrativos bem concretos que devem ser le-
vados em consideração pelo candidato, como o valor da remuneração
e a quantidade e qualidade dos benefícios que cada carreira oferece.
Esses fatores pesam bastante na decisão sobre o melhor caminho a
seguir, mas a decisão não pode ser tomada exclusivamente com base
neles.
Refletindo sobre a dificuldade que muitos têm em decidir por
uma ou por outra carreira pública, decidimos oferecer aos candidatos
indecisos alguns subsídios que podem ajudá-los a escolher o melhor
caminho no funcionalismo público. Com isso em mente, pensamos
que seria bom começar pelos relatos de quem já atua no serviço pú-
blico, em órgãos ou entidades onde nossos alunos estão cogitando
ingressar. Acreditamos que não há nada melhor do que dar ouvidos
a quem já é servidor, para compreender como é a vivência e o dia a
dia de quem tem o cidadão como patrão.
Para nosso orgulho, aqui, no Gran Cursos Online, temos o privi-
légio de contar com um grande – senão o maior – quadro de pro-
fessores-servidores do Brasil. Como você sabe, muitos dos nossos
mestres são também servidores públicos das mais diversas carreiras.
Então, encaminhamos a eles duas perguntas bem básicas, cujas res-
postas podem ser determinantes para quem ainda está indeciso so-
bre qual carreira abraçar. Na primeira pergunta, questionamos o que
levou o entrevistado a decidir pela carreira que seguiu. Na segunda,
perguntamos quais requisitos e atributos o candidato que deseje ser
feliz na carreira escolhida não pode deixar de reunir.
Neste artigo, ouviremos os professores Adriano Barbosa e Mar-
celo Borsio, delegados da Polícia Federal; Marcelo Aragão e Egbert
Buarque, auditores do Tribunal de Contas da União; Karine Waldrich
e Paula Gonçalves, auditoras-fiscais da Receita Federal do Brasil; e
Jean Marcel, diplomata. No próximo artigo, falaremos um pouco so-
bre as carreiras jurídicas, policiais, militares, bancárias, das Forças
Armadas e dos tribunais, também com relatos de professores atuan-
tes nas áreas.

32
Nosso primeiro entrevistado,
o professor Adriano, escolheu a
carreira de delegado da Polícia
Federal por vocação e absoluta
convicção. O fato de o ocupante
do cargo exercer atividades bas-
tante dinâmicas foi determinante
para a decisão de Adriano, que
também já foi militar oficial do
Exército Brasileiro. Além disso, ao
mesmo tempo que ele não nega
que almejava o poder inerente à
carreira, sempre nutriu o desejo
de fazer a diferença na vida das
pessoas e de promover o bem e
a justiça.
Adriano faz uma alerta: para ser delegado de polícia, é preciso,
acima de tudo, estar vocacionado para essa carreira. O candidato
deve ter absoluto respeito pelo interesse público e estar disposto
a sacrificar os interesses pessoais na busca diária pela proteção do
outro e do coletivo. Para ser feliz na profissão, é preciso ser apaixo-
nado pela missão de ajudar o próximo. Trata-se de se dedicar inte-
gralmente para que a “sociedade possa conviver em paz e livre dos
que afrontam a lei e ferem os direitos individuais e coletivos”, conclui.

No caso de Marcelo, outro


delegado do nosso quadro de
professores, seguir a carreira na
Polícia Federal já era um sonho
antes mesmo do seu ingresso na
graduação em Direito. “[Eu] ti-
nha a intenção de ser delegado
da Polícia Federal em virtude de
poucos contatos que tive com o
pai (delegado federal) de um ca-
dete, nosso amigo, na época que
em que eu cursava a Academia
de Polícia Militar do Barro Bran-
co”. O pai desse colega falava
sobre a profissão com muita pai-
xão, o que incentivou o professor
Marcelo a seguir a carreira. Ele não se arrepende nem um pouco de
ter feito tal escolha. “Trabalho no cargo dos meus sonhos e sou ple-
namente realizado. Investigo crimes previdenciários cujo contexto
tenho pleno domínio e me considero bem apto para tal mister”, diz.

33
Se você tem interesse em se tornar delegado de polícia, todos os
anos são abertos vários certames para as diversas carreiras policiais,
uma vez que há delegados de polícia em todos os 26 estados, no Distri-
to Federal e na Polícia Federal.

De início, a nossa professora


Karine decidiu se tornar auditora-
-fiscal por causa da alta remunera-
ção que a Receita Federal oferece.
Entretanto, após pesquisar mais
sobre a carreira, o que passou a
atraí-la foi a amplitude das atribui-
ções do cargo. A então concurseira
descobriu que poderia trabalhar
em várias áreas, desde, por exem-
plo, com o desembaraço de merca-
dorias na alfândega, até com a in-
vestigação de casos de corrupção.
Outro atrativo foi a possibilidade
de trabalhar em qualquer lugar do
Brasil. Para ela, os requisitos indispensáveis para exercer com respon-
sabilidade e integridade o cargo são capricho e honestidade, além de
disposição para aprender e de muita humildade, sobretudo para lidar
com as próprias falhas.

Já Paula nos confidenciou que


quis ser auditora motivada, num
primeiro momento, pelo que co-
nhecia da carreira e pelos atribu-
tos pessoais que identificava em si
mesma. Mas o que foi determinan-
te, mesmo, para sua tomada de
decisão foi a vontade de trabalhar
naquela que considera a melhor
carreira do Executivo federal. Ela
alerta que o principal atributo para
quem deseja ser aprovado para
uma vaga de auditor é a persis-
tência. O candidato deve encarar
a preparação com muita seriedade
e escolher bem o material de estu-
do. Ela se considera feliz na RFB. “Lá é um mundo, e dentro dele você
pode fazer quase tudo: fiscalização, serviço de inteligência, solução de
processos, emissão de pareceres, arrecadação. Até [se tornar] adido
em uma embaixada no exterior é algo que pode acontecer”, diz.

34
Nosso professor Marcelo Aragão optou pela carreira de auditor
federal de Controle Externo do TCU por ter se identificado com a ati-
vidade de controle e auditoria governamental. Segundo ele, “[nesse
cargo] podemos contribuir para a melhoria da qualidade dos serviços
públicos oferecidos aos cidadãos”. A carreira é, de fato, muito valori-
zada, e o TCU é uma instituição de referência no setor público fede-
ral, um centro de excelência e modelo a ser seguido.

Segundo Marcelo, o candida-


to a auditor deve pensar no bem
comum em primeiro lugar e ter
sempre em mente que o papel
do servidor que atua nessa área
é servir à sociedade e zelar pela
boa e regular gestão dos recur-
sos públicos. “Para bem exercer
nossa atividade e ter sucesso na
carreira, um requisito importante
é saber trabalhar em equipe e ter
espírito de colaboração com os
colegas e a instituição. Essa ha-
bilidade pessoal ou interpessoal é
fundamental para um auditor”, diz. Ele destaca, ainda, a necessidade
de atualização contínua e de busca de novos conhecimentos para
estar sempre apto a realizar trabalhos em diversas áreas, e com
qualidade. “Dessa forma, o profissional se sentirá útil e valorizado. O
TCU é uma instituição, um órgão independente – auxiliar do Legisla-
tivo federal – que procura sempre reconhecer e recompensar o bom
desempenho”, resume.

Egbert, outro professor daqui do Gran Cursos Online que esco-


lheu a carreira do TCU, relata que o fez por considerar a Corte de
Contas um excelente local de trabalho e um órgão da maior impor-
tância, na medida em que lida com a fiscalização dos gastos públicos.
Obviamente, a remuneração, uma das mais altas dentro da Adminis-
tração Pública federal, também pesou bastante na decisão, sem con-
tar a possibilidade de estudar no Instituto Serzedello Corrêa. A Escola
Superior do Tribunal de Contas da União, recentemente inaugurada,
é um espetáculo em matéria de instalações para propiciar a aprendi-
zagem organizacional, a capacitação dos servidores, a pesquisa e a
inovação da gestão pública e do conhecimento.

35
Nosso professor lembra a to-
dos os interessados que o concur-
so para auditor do TCU, se não é o
mais difícil de todos, é um dos mais
exigentes. O candidato precisa ter
muita disciplina e vontade de estu-
dar, tanto para passar no concurso,
quanto para, mais tarde, desempe-
nhar satisfatoriamente as atribui-
ções do cargo. Ele ressalta que ser
aprovado no concurso é um proje-
to de médio a longo prazo, mas o
sacrifício vale a pena. O TCU já foi
muitas vezes eleito o melhor órgão
público para trabalhar no Brasil.

Passemos para a última car-


reira a ser abordada neste texto.
O nosso professor Jean, coordena-
dor-científico do projeto do Gran
Cursos Online “Vou Ser Diploma-
ta”, conta ter escolhido a carreira
diplomática com apenas 12 anos de
idade. Ele revela que, ao ler sobre
o que um diplomata fazia, identifi-
cou-se com o cargo de imediato. O
fato é que, desde muito novo, Jean
já estudava inglês e se interessava
por aprender novos idiomas. Viajar
e conhecer pessoas e lugares dife-
rentes também eram ideias que o encantavam. Então, quando desco-
briu que poderia desempenhar várias atribuições em uma única car-
reira e, além de tudo, ter estabilidade nela, não pensou duas vezes.
Claro que, no início, ele não tinha muita noção das dificuldades que
enfrentaria ao optar por essa profissão, em particular na adaptação
da família a outras culturas. Mas, hoje, após 17 anos no Ministério
das Relações Exteriores, ele afirma, sem sombra de dúvida, que os
prós superam os contras da carreira e que sua decisão foi mais do
que acertada.
Segundo ele, o principal requisito para desempenhar bem a di-
plomacia e ser feliz na carreira é a capacidade de se adaptar ao novo.
A cada três anos, em média, um diplomata muda de função e/ou
de local de trabalho. Num dado momento, está cuidando do meio

36
ambiente em Brasília e, dali a pouco, passa a atuar na promoção
comercial em Buenos Aires, para, algum tempo depois, ser alocado
no acompanhamento da política interna de Guiné-Bissau. Ele precisa
saber se adaptar às constantes mudanças de chefia, de cidade, de
clima e de funções. Isso é fundamental para o sucesso na carreira.
Outro requisito importante do candidato a uma vaga no MRE é
inteligência emocional. Como se diz lá dentro, com muita frequência
o diplomata precisa funcionar como um “algodão entre cristais”. Man-
ter a serenidade e o bom senso é conveniente em praticamente todas
as situações que esse profissional vai vivenciar ao longo da carreira.
Ainda há um terceiro requisito que Jean menciona: facilidade de
comunicação, especialmente na modalidade escrita, tanto em língua
portuguesa como em outros idiomas. Boa parte da comunicação di-
plomática é feita por escrito, de modo que é imprescindível saber
expressar-se bem. Afinal, uma única palavra errada pode levar uma
negociação inteira ao fracasso.
Por fim, mas não menos importante, a tolerância. Jean lembra
que o diplomata lida diariamente com culturas e modos de pensar
diferentes do seu, pois seus principais interlocutores são estrangei-
ros. Ele precisa, portanto, compreender as diferenças e respeitá-las.
Querer que o outro pense como ele é fechar portas ao entendimento,
exatamente o contrário do que se busca na diplomacia.
No próximo texto, daremos sequência à nossa tentativa de res-
ponder à pergunta título do nosso artigo. Será mais uma oportuni-
dade de ajudar você, leitor amigo, a ser útil e feliz tendo o cidadão
como patrão.

“Aquele que tem uma profissão tem um bem; aquele que tem uma
vocação tem um cargo de proveito e honra.”
Benjamin Franklin

37
QUAL CARREIRA PÚBLICA DEVO ESCOLHER? – PARTE II

“Escolha um trabalho que você ame e não terá que trabalhar um único
dia em sua vida.”
Confúcio

Dando sequência a nossa tentativa de responder à pergunta tí-


tulo do nosso artigo, vamos apresentar os motivos que levaram mais
alguns dos nossos professores-servidores a decidir pela carreira em
que ingressaram. Discorreremos também sobre quais são os requisi-
tos e atributos obrigatórios do candidato que pretende ser feliz atu-
ando em uma dessas áreas.
Nós até tentamos reunir, neste texto, todas as carreiras sobre as
quais faltava falar; mas, infelizmente, não conseguimos. São muitas
informações! Rs. Então, neste artigo ouviremos os depoimentos dos
professores Gilcimar Fernandes e Wellington Antunes, ambos do Mi-
nistério Público da União (MPU); Hêlbert Borges, Coronel da PMDF;
Flávio Assis, Tenente-Coronel do Exército Brasileiro; Marco André,
Consultor Legislativo do Senado; e Luiz Claudio, Analista Legislativo
da Câmara dos Deputados.

Para nossa análise, a pri-


meira fonte de inspiração foi o
professor Gilcimar Fernandes,
que também trabalha no Conse-
lho Nacional do Ministério Públi-
co (CNMP), órgão vinculado ao
MPU, que é auxiliar do Judiciá-
rio, mas independente deste no
exercício de suas funções. Gilci-
mar é daqueles servidores que
se sentem realizados e felizes
na carreira que decidiram seguir.
Ele nos confidencia que optou
pelo MPU por estar convencido
de que o órgão “presta serviço
de relevância social, como a defesa dos interesses sociais, individuais
indisponíveis, homogêneos”. E ressalta, ainda, que o MPU é uma “ins-
tituição interessantíssima” para quem se interessa pela área jurídica,
mesmo que não tenha formação em Direito.
Segundo ele, para desempenhar bem as atribuições do cargo,
o candidato a uma vaga no Ministério Público deve conhecer bem
a legislação interna e a estrutura do órgão. “Não é nada agradável
um servidor ser nomeado para determinado órgão e não saber as

38
suas funções, suas competências básicas, sua estrutura organizacio-
nal, seu organograma funcional, sua visão, sua missão, seus valores,
chefias, entre outros aspectos. Além disso, o futuro servidor deve
ter resiliência nas relações interpessoais do órgão e ser proativo nas
responsabilidades do cargo”, afirma.

O professor Wellington Antu-


nes também é servidor do MPU,
mas foi seduzido por outra ra-
zão: a possibilidade de ser lota-
do em qualquer um dos estados
brasileiros. De fato, há um mun-
do de oportunidades dentro do
órgão, e é concreta a possibili-
dade de mudança de área ou até
de remoção para outra unidade
da Federação. Ele cita o próprio
exemplo para ilustrar: “Quando
ingressei no órgão, fui lotado na
Procuradoria Regional da Repú-
blica, em Brasília, onde atuava
acompanhando os Procuradores Regionais nas sessões de julgamen-
to no TRF1. Após um tempo nessa função, decidi mudar um pouco
e solicitei a remoção para a Procuradoria-Geral de Justiça Militar, na
qual há mais de 10 anos eu atuo na área de contratações públicas,
conduzindo e analisando importantíssimos projetos para o órgão”, re-
lata.

Agora, vamos falar um pou-


co sobre a carreira militar. Hêl-
bert, um dos nossos professores
que optaram por ela, relata que
decidiu se tornar policial militar
por considerar a profissão “es-
sencial para a sociedade”. Outro
diferencial, segundo ele, é que o
dia a dia nas ruas “proporciona
sensações únicas”. Por exem-
plo, além de ajudar e proteger
as pessoas, o policial militar vi-
vencia momentos gratificantes
sempre que salva uma vida, o
que ocorre com certa frequência.
Para o professor, trata-se de uma
combinação que “realmente nos
realiza profissionalmente”.

39
Mas nem tudo são flores. Para atuar nessa área, é essencial ser
dotado de grande controle emocional e determinação. Também é
imprescindível desenvolver capacidade física acima da média. Aliás,
deixo aqui a minha ressalva: a atividade policial é para quem tem vo-
cação. Se você não se enxerga executando trabalho operacional, não
recomendo seguir essa carreira. Já se é do tipo que vibra sempre que
pensa na possibilidade de ter porte de arma, de andar fardado, de
combater a criminalidade e de ajudar a melhorar a segurança pública
do País, certamente você será um policial feliz.

Nosso outro professor da


área militar, Flávio Assis, buscou
essa carreira pela segurança,
pelo status, pela estabilidade e
pela respeitabilidade que ela tem
junto ao povo brasileiro. Segun-
do ele, seria possível escrever
um livro sobre quais são quali-
dades exigidas do candidato que
sonha com a vida militar. Mas, na
sua opinião, em resumo, o mili-
tar precisa ter disciplina, contro-
le emocional, desprendimento,
vontade de crescer na carreira
e capacidade intelectual e física
acima da média. Além disso, é
imprescindível que ele seja dedicado, respeitoso e camarada. Flávio
não se arrepende da decisão de entrar para a carreira e afirma que
as Forças Armadas são uma excelente opção para mudar de vida,
especialmente para os jovens.

Chegou a vez de falar sobre algumas das carreiras que são o


sonho de muitos concurseiros. O nosso professor e servidor do Se-
nado Federal Marco André lembra que a Consultoria Legislativa desse
órgão “sempre foi reconhecida pela excelência de seus quadros e por
remunerar bem seus servidores, o que são estímulos para quem op-
tou pela carreira pública”.
Ele confirma que, como Consultor Legislativo, é possível contri-
buir de forma ímpar para o desenvolvimento do País. Esse profissio-
nal participa da elaboração de importantes leis, ainda que de forma
indireta. E o melhor é que ele pode trabalhar com o que mais gosta
de fazer. É que são várias as áreas de atuação na Consultoria, e o
consultor tem a possibilidade de escolher o ramo do conhecimento
com o qual tem mais afinidade.

40
Mas André alerta: “O can-
didato deve estar sempre dis-
ponível para aprender e aceitar
desafios; deve dominar não so-
mente a área específica do co-
nhecimento, como também a lín-
gua portuguesa”. Fica a dica: nos
concursos da área legislativa, o
domínio da língua portuguesa é
fundamental!
Nosso outro professor que
também é servidor do Poder Le-
gislativo, Luiz Claudio, relata que
sempre soube muito bem o que
queria. Quando se inscreveu no
concurso para Técnico Legislativo, o fez motivado pela remuneração
que o cargo oferecia, uma das mais altas do país para profissionais
com apenas diploma de nível médio (antigo 2º grau). Quando voltou
a optar pela Câmara dos Deputados, ao prestar o concurso para nível
superior, sabia que a Casa lhe ofereceria muito mais do que exce-
lentes vencimentos e benefícios como um ótimo plano de saúde e
acesso ao Cefor, um centro de treinamento de excelência reconhecida
no País todo. Ele sabia que, na Câmara, disporia de uma grande va-
riedade de áreas para trabalhar; sabia que, ali, sempre seria possível
encontrar novos desafios e oportunidades de colaboração e de apren-
dizagem. “Por fim, o nível intelectual e cultural dos servidores da
Câmara dos Deputados vinha sendo um grande estímulo para investir
ainda mais em meu desenvolvimento pessoal e profissional”, conclui.

E quais são os requisitos para


conquistar uma vaga na carrei-
ra legislativa? Na opinião de Luiz
Claudio, “clareza quanto a seu
objetivo, fé, determinação, per-
severança, disciplina e resiliência
são importantes para garantir a
aprovação”. Ele ainda sugere que
o candidato desenvolva a capaci-
dade de conviver com as diferen-
ças. Isso é muito importante para
que o futuro servidor seja feliz
em seu dia a dia na Câmara, so-
bretudo porque a Casa é o prin-

41
cipal cenário da nossa democracia e o local apropriado para a defesa
das mais variadas opiniões, pensamentos e ideias. “O candidato que
pretende alcançar níveis mais elevados de satisfação, de bem-estar e
de felicidade no trabalho deverá desenvolver sua espiritualidade para
compreender o trabalho como parte de uma grande engrenagem (do
bem). Além disso, precisa ter disposição para superar desafios, resili-
ência, autocontrole, vontade de contribuir com a sociedade e sabedo-
ria para alinhar suas atividades profissionais com sua missão de vida
e com suas forças de caráter”, encerra.
Como você, leitor amigo, deve ter notado, se há algo que fica
bem claro, com esses valiosos relatos e dicas dos nossos profes-
sores-servidores, é que, quando o trabalho é fruto de uma escolha
consciente e autêntica, transforma-se menos em trabalho e mais em
prazer.
Acredito que, de tudo, o principal é amarmos o que fazemos. O
importante é buscarmos o máximo de eficiência em nossa missão de
dar ainda mais sentido a nossa profissão, a nossa carreira, a nosso
cargo e a nossos encargos que têm como objetivo o bem comum.
Nunca se esqueça disso!
Com isso em mente, sugiro que todos os dias você faça muito
bem-feito algo que o deixe mais próximo de um futuro ainda melhor.

“Se você deseja um trabalho bem-feito, escolha um


homem ocupado; os outros não têm tempo.”
Benjamim Franklin

42
QUAL CARREIRA PÚBLICA DEVO ESCOLHER? – PARTE III

“Quase sempre a maior ou menor felicidade depende do grau da


decisão de ser feliz.”
Abraham Lincoln

Este é o último artigo em que atendemos ao desafio de respon-


der à difícil pergunta: “Como escolher a carreira pública e ser feliz
nela?”. Fecharemos a nossa análise, então, com as carreiras jurídicas
de nível superior, dos tribunais, da área bancária e das agências re-
guladoras.
Em todas as decisões importantes que tomamos ao longo da
vida, é fundamental que sejamos o mais honestos possível com nós
mesmos. Quando se trata de decidir por uma carreira profissional,
ser honesto consigo mesmo significa escutar as suas mais íntimas
necessidades, perceber quais são os seus reais talentos e objetivos
e, por fim, descobrir a sua verdadeira vocação. Dar ouvidos ao seu
verdadeiro “eu” na hora de escolher um cargo público ajuda a não es-
morecer e a não falhar nem mesmo quando surgirem os obstáculos,
que – não se engane! – serão muitos.
Um dos maiores poderes que uma pessoa tem é o de decidir,
ou seja, de fazer uma escolha e assumir as consequências dela. Em
outras palavras, o livre arbítrio. Meu conselho é que você faça uso
dessa prerrogativa com cuidado e temperança. E saiba que são suas
decisões, e não suas condições físicas ou materiais, que serão de-
terminantes para você se sentir mais ou menos realizado no futuro.

A decisão por uma ou por


outra carreira pública é um des-
ses momentos divisores de água.
Por isso, ao optar por uma entre
as muitas que existem, é no mí-
nimo prudente considerar todos
os prós e contras dela, sobretudo
se a ideia é permanecer no cargo
até a aposentadoria. Para ajudar
você que está nesse momento
tão importante da sua vida, va-
mos aos relatos dos nossos pro-
fessores que já passaram por
ele, a começar por aqueles que
escolheram a carreira jurídica.

43
Nosso professor Alberto Amaral, defensor público do DF, começa
explicando que trabalhar na defensoria pública vai muito além de
servir ao Estado. Se alguém se torna um defensor público, é porque
escolheu ajudar a população pobre e marginalizada, garantindo seus
direitos básicos e evitando que o sistema a oprima ainda mais. As-
segurar o acesso à justiça para os mais necessitados e para grupos
vulneráveis é uma missão nobre, que no Brasil foi alçada ao nível
institucional, em uma carreira jurídica com reconhecimento e prerro-
gativas essenciais para a sua função.
“Inicialmente, é muito difícil ser defensor público caso você não
exercite sua empatia diariamente. O defensor público normalmente
defende os alijados e socialmente excluídos, devendo ter em mente
a nobreza de sua função na defesa de jovens em conflito com a Lei,
de adultos processados ou de famílias que invadem propriedade para
assegurar sua moradia. O candidato a essa carreira precisa de uma
boa base jurídica, que deve ser articulada com outros ramos da ciên-
cia, especialmente a antropologia, a sociologia e a criminologia, para
desempenhar bem o seu papel, inclusive como órgão protagonista
(incentivador ou desmotivador) de políticas públicas inclusivas e não
elitistas. O estudo das normas, imprescindível, deve acompanhar o
sentimento de querer melhorar a situação dos mais carentes. Com
isso e com uma atuação inteligente e proativa, o servidor certamente
será feliz na sua atuação diária e, mais importante, conseguirá dimi-
nuir muitas mazelas sociais”, explica o nosso mestre.

Luciano Dutra, nosso profes-


sor de Direito Constitucional, é
advogado da União. Ele nos re-
lata que escolheu essa carreira
por identificar uma forte relação
entre as funções do cargo e sua
aptidão profissional. Mas alerta
que, para exercer bem o cargo, o
candidato há que “ser fiel à defe-
sa da legalidade e intransigente
na proteção do erário”. Também
deve ser “estudioso e estar dis-
posto a encarar novos desafios
com os temas mais inovadores
do Direito”.

44
Perguntamos a Gustavo Al-
ves, nosso professor de Pro-
cesso Civil, por que ele quis ser
procurador federal. Ele nos res-
pondeu que um dos motivos foi
o tipo de serviço que esse servi-
dor desempenha. O cargo exige
conhecimento nas mais variadas
áreas jurídicas. Para você ter
uma ideia, todas as agências
reguladoras, em todas as suas
áreas de atuação, contam com
a assessoria jurídica de servi-
dores públicos ocupantes desse
cargo. Aliás, a possibilidade de
mudar de área de atuação é um diferencial da carreira. Outro fator
de atração para ela é a remuneração. É fato que, por muito tempo, a
carreira sofreu certa desvalorização em relação às outras funções es-
senciais da justiça, funcionando como intermediária para os bacharéis
em Direito que se preparavam para a carreira de juiz ou de promotor.
“Todavia, nos últimos anos, observamos grandes mudanças que valo-
rizaram o cargo e trouxeram visibilidade maior para ele”, diz Gustavo.
A principal função do procurador federal é representar a União,
suas autarquias e fundações públicas nas esferas judicial e extrajudi-
cial. Ele também presta serviços de consultoria e de assessoramento
jurídico àqueles mesmos entes, auxiliando no controle interno da le-
galidade dos atos praticados. Portanto, o candidato que pretende in-
gressar na carreira e ser feliz nela deve gostar muito da advocacia, em
todas as suas áreas de atuação.
Para se candidatar a uma
vaga de procurador federal, é
preciso ter diploma de bacharel
em Direito, ser inscrito na Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB) e
comprovar no mínimo três anos
de prática forense. A par disso
tudo, dadas as atividades do car-
go, o profissional deve se manter
atualizado quanto à legislação, à
doutrina e à jurisprudência a res-
peito dos temas jurídicos mais
relevantes.

45
O nosso professor Sérgio Ricardo é servidor do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE). Resumidamente, ele explica que escolheu ser servi-
dor do Judiciário, e, mais especificamente, da Justiça Eleitoral, por se
identificar com a dinâmica do processo eleitoral. De modo geral, os
analistas e técnicos dos tribunais eleitorais examinam os contencio-
sos judiciais nessa matéria e prestam auxílio na administração das
eleições.
Segundo Sérgio, para ser aprovado no concurso, o candidato pre-
cisa estar focado no entendimento jurisprudencial do TSE, sem, no
entanto, desprezar o estudo dos principais institutos do Direito Cons-
titucional, Civil, Administrativo e Processual. Além disso, como ocor-
re em todas as carreiras do serviço público, o candidato precisa ter
consciência do dever de respeitar a todos, de zelar pela coisa pública
e de ter idoneidade moral. Se observar esses requisitos básicos, o
novo servidor terá tudo para ser feliz e realizado profissionalmente.

Outro professor do Gran


Cursos Online que é servidor do
Poder Judiciário, Rodrigo Car-
doso, acrescenta que a carrei-
ra nos tribunais tem atrativos
como boa remuneração, grau
de responsabilidade razoável e
carga horária flexível. Ele, que
é da justiça trabalhista, lembra
outro dado bastante relevante
acerca dos tribunais em geral:
o Judiciário tem tradição de no-
mear centenas de aprovados
em todos os certames que re-
aliza. “Sabemos que é difícil ser
aprovado entre os dez ou mes-
mo entre os vinte primeiros colocados em qualquer concurso. No
entanto, como os tribunais costumam nomear em média trezentos,
quatrocentos candidatos, a possibilidade de nomeação fica mais con-
creta”, afirma.
Ele adverte que o candidato às carreiras do Judiciário tem de ser
proativo, pois os processos precisam ter andamento. “A resolução
dos conflitos da sociedade exige muito trabalho dos servidores e dos
magistrados. Ter afinidade com o direito público e privado é essen-
cial para aprovação na carreira dos tribunais. Se o candidato tiver
intenção de trabalhar na Justiça comum, deve dedicar-se ao estudo
do direito processual civil e penal, bem como do direito material civil,

46
penal, constitucional e administrativo. Se sua intenção for trabalhar
na Justiça especializada, tem de se dedicar ao direito do trabalho,
eleitoral ou militar, disciplinas que fazem a diferença, principalmente
na prova discursiva”, conclui.
Há 24 Tribunais Regionais do Trabalho no Brasil, além do Tribunal
Superior do Trabalho (TST). Dada a grande demanda na justiça tra-
balhista, anualmente são liberados diversos concursos na área.

Para conhecer um pouco


mais sobre a área bancária,
consultamos Cid Roberto, nos-
so professor de Conhecimentos
Bancários. Ele nos confiden-
ciou que não escolheu, de fato,
a carreira no Banco do Brasil
(BB). Na verdade, ele nem pre-
tendia prestar concurso para o
banco. Havia sido funcionário
de um banco particular dos 14
aos 17 anos de idade e, desde
que deixara o emprego, fazia
questão de repetir que jamais
trabalharia em bancos de novo.
Mas a vida prega peças… Em 1975, sua então namorada e atual
esposa o convidou para se inscrever junto com ela no concurso do
BB. A mulher achava que uma vaga no banco seria uma boa opor-
tunidade profissional para ela. E eis que Cid foi aprovado e a mulher
não. Ele assumiu a vaga e foi permanecendo no cargo até se aposen-
tar, em 2005, e reforça que não se arrepende da decisão.
Os requisitos para participar do concurso do BB são poucos. O
candidato precisa ter dezoito anos completos no dia da posse e com-

47
provar a conclusão do ensino médio. Para ser aprovado, como ocorre
em qualquer concurso, é preciso ser determinado e dedicado. Se qui-
ser se preparar bem para a prova, o candidato deve se inteirar dos
detalhes do edital e resolver o maior número possível de questões
aplicadas em concursos anteriores.
Cid afirma que não é preciso muito para ser feliz na carreira de
escriturário do BB. Basta dedicar-se com empenho às atividades que
lhe forem atribuídas e aproveitar todas as oportunidades de aprimo-
ramento que aparecerem. O ideal é que o funcionário do banco faça
todos os cursos internos e externos que lhe forem oferecidos. Há um
lema que nosso professor aprendeu com um dos seus superiores no
banco: “Se você quiser ser promovido, faça tudo o que estiver ao seu
alcance para que o seu chefe seja promovido. Se ele for promovido,
com certeza você também será beneficiado com essa promoção”.
Para concluir nossa conversa sobre a escolha da carreira ideal,
note que cada um dos professores com quem conversamos tem sua
própria história e, no mínimo, um bom motivo para justificar a sua
decisão. Comece você também a pensar nos seus próprios motivos.
Reflita e faça a escolha certa. Será meio caminho andado para você
alcançar a realização profissional e pessoal até a aposentadoria!
Visite nosso blog periodicamente. Nele você sempre encontrará
informações atualizadas sobre todos os concursos e todas as carrei-
ras. E lembre que a remuneração é um fator muito importante, mas
não pode ser o único a ser levado em consideração.
Bons estudos e GRAN sucesso em sua nova carreira!

48
DESMONTANDO A CURVA DO ESQUECIMENTO

“A memória guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim


mais que eu; e ela não perde o que merece ser salvo.”
Eduardo Galeano

Um filósofo alemão chamado Hermann Ebbinghaus foi o primeiro


pesquisador da área de psicologia a desenvolver testes de inteligên-
cia. Foi também pioneiro no uso de técnicas experimentais em pes-
quisas sobre a aprendizagem e o primeiro a estudar a relação entre
capacidade e tempo de memorização e a facilidade de recuperação
das informações retidas. Em 1885, Ebbinghaus apresentou ao mundo
a sua teoria sobre a Curva do Esquecimento (Forgetting Curve), que
demonstrava graficamente a quantidade de informações que nosso
cérebro é capaz de reter ao longo de um dado período de tempo. Até
hoje, a sua teoria é amplamente empregada no campo do estudo da
memória e da aprendizagem por profissionais de todo o mundo.

Neste artigo, tentaremos explicar, de maneira simples e objetiva,


por que a tese da curva do esquecimento pode nos ajudar a melhorar
a retenção dos inúmeros conteúdos das muitas matérias que cons-
tam dos editais de concursos. Analisaremos a fundo o assunto, a fim
de que você, amigo concurseiro, tenha mais um instrumento para
melhorar a sua capacidade de armazenamento das informações que
precisará recuperar no dia D do certame.

49
O primeiro fato que você precisa assimilar é que todos nós so-
mos dotados de boa memória; ela só precisa ser trabalhada de forma
adequada. Do contrário, em condições normais, se, por exemplo,
tivermos assistido a uma aula hoje pela manhã, no fim do dia lem-
braremos, em média, 75% do conteúdo nela ministrado. Cerca de 24
horas mais tarde, seremos capazes de recordar 50% do conteúdo;
muitas vezes até menos, em torno de 35%, a depender da densidade
das informações. Passados 30 dias, nós nos lembraremos de apenas
3% a 5% do que vimos. A grande maioria das pessoas relata essa
limitação, que é absolutamente normal. É a tal curva do esquecimen-
to, que foi objeto do estudo de Hermann ainda no século XIX.
O que devemos fazer, então, para quebrar a regra dessa fatídica
curva do esquecimento e conseguir fixar definitivamente as informa-
ções que estudamos? Devemos produzir resumos comprimidos ou
eficientes (explicaremos do que se trata daqui a pouco)? Devemos
revisar periodicamente e/ou explicar para alguém o conteúdo ime-
diatamente após o termos estudado? Devemos resolver milhares de
questões de provas anteriores?
Sabe-se que nosso cérebro perde muito rapidamente as informa-
ções nele retidas. Isso já é consenso na ciência. Para refrescar a me-
mória, devemos revisar, revisar, revisar e praticar – no nosso caso,
resolvendo milhares de questões de concursos anteriores ao longo
do desenvolvimento do plano de estudo. Sim, estudar para concurso
exige a elaboração de um bom plano de estudos, com objetivos e
metas diários3.
A primeira técnica de memorização que quero compartilhar com
você é uma que conheci ainda no tempo da escola e da faculda-
de e que sempre me rendeu excelentes resultados nas provas. Ela
consiste em assistir à aula ou ler o capítulo do livro, da apostila, do
e-book, do pdf etc. e, ao mesmo tempo, ir preparando o tal resumo
ou assinalando – com rigor, concentração e critério – as passagens
mais relevantes do texto. Tudo isso, claro, sem deixar de registrar
anotações no rodapé e nas bordas do material de estudo. Isso é
muito importante! Eu sempre soube que material de estudo deve ser
riscado e rabiscado. Acredite: não se deve ler com os olhos, mas com
a ponta da caneta, de preferência de várias cores.
Mas o pulo do gato vem agora: revise o conteúdo várias vezes.
Em resumo, nossa sugestão é a seguinte: faça uma revisão logo após
ter estudado o assunto, outra 24 horas mais tarde, mais uma depois
de 7 dias, uma após 30 dias e, por fim, revisões de manutenção a
3
Caso esse assunto lhe interesse, leia o artigo, do professor Wellington Antunes, Como elaborar
um plano de estudos vencedor?, disponível em: https://blog.grancursosonline.com.br/como-e-
laborar-um-plano-de-estudos-vencedor-parte-i/

50
cada 45 dias. E não se esqueça de que, em seu plano de estudo,
precisam ser reservadas duas semanas antes da prova apenas para
a revisão geral de todos os tópicos do edital. Essa técnica é útil para
quem precisa memorizar grande volume de informações, o que é o
seu caso, concurseiro e futuro servidor público.
Quando se faz a revisão do conteúdo no mesmo dia em que ele
foi estudado, a retenção sobe de 75% para 100%. Rever o assunto
um dia mais tarde é necessário porque o nível de lembrança, a essa
altura, já caiu para 50% ou menos. Tanto essa revisão das 24 horas
como as subsequentes devem ser feitas por meio da leitura do resu-
mo que você elaborou cuidadosamente durante as anotações iniciais,
lembra-se? De início, reserve até 10 minutos para lê-lo, mas vá au-
mentando a velocidade da leitura para reduzir o tempo para 9, 8, 7…
até chegar a apenas 1 minuto por resumo. Essa técnica faz a mente
manter a assimilação das informações no nível ideal, de 100%.
Revisão programada não é, como alguns pensam e espalham por
aí, perda de tempo. Perda de tempo é estudar sem fazer resumos e
sem revisar o conteúdo de modo eficaz como o que sugerimos. Quem
age assim fica obrigado a, depois, ler tudo de novo, e de novo, e de
novo… Isso, sim, é perda de tempo e estudo inútil e pronto para ser
esquecido. É inevitável: quem estuda sem revisar vai esquecer o que
estudou; quem não revisa o conteúdo estudado terá de estudar tudo
de novo, e do zero! Obviamente, para esse candidato, faltará tempo
para vencer todo o programa do edital.
A revisão serve para, primeiro, reativar a memória; segundo,
assimilar as informações importantes; terceiro, aumentar a retenção
de 75% (inicial) para 90% e até 100%. Esse método já foi exausti-
vamente testado e aprovado. Minha sugestão é: teste-o apenas uma
vez. Garanto que você vai obter excelentes resultados e não vai mais
querer saber de outro.
Estudo sério pressupõe o máximo de concentração e nada de
distração. Naturalmente, também demanda um mínimo de compre-
ensão de cada assunto do edital, aliada à memorização dos temas
que não têm muita lógica ou sentido prático. Para isso, quanto mais
revisões, melhor, pois o esquecimento será menor. O esquema ideal
é leitura seguida de resumo, de revisões e, por fim, de exercícios.
Não há regras rígidas para aplicação desse método. Você deve
levar em conta as suas características individuais, a quantidade de
matérias previstas no edital do seu concurso, a sua disponibilidade
de tempo para o estudo, a planilha de metas que você elaborou e a
densidade do material de estudo que você adotou. São esses e ou-
tros fatores que, com base na experiência e no bom senso, definirão
quantas revisões serão necessárias até o dia da prova.

51
O maior desafio do concurseiro, portanto, não é tanto a quantida-
de de conteúdo e de disciplinas a serem vencidas, mas a capacidade
de chegar ao fim do plano de estudos com tudo estudado, lido, relido,
treinado e na ponta da língua. Em termos técnicos, com tudo devida-
mente armazenado na memória de longo prazo para ser recuperado
durante a prova.

52
DESMONTANDO A CURVA DO ESQUECIMENTO – PARTE II

Esse assunto, iniciado no artigo anterior, tomou conta dos deba-


tes entre estudantes, em especial aqueles – como os concurseiros e
os candidatos ao ENEM – que precisam estudar e assimilar muitos
conteúdos, às vezes de dezenas de matérias previstas nos editais de
concursos, algumas delas com conteúdos jamais vistos nos bancos
da escola ou da faculdade. Então, vamos oferecer mais informações
e dicas a respeito da teoria do filósofo Ebbinghaus e responderemos
a algumas das perguntas que foram postadas no espaço para comen-
tários do artigo “Desmontando a curva do esquecimento” em nossa
fan page, no espaço do aluno e em mensagens enviadas por e-mails.
Um dos principais questionamentos que recebemos foi: “Como
criar o hábito de estudar?”. Demos algumas orientações a respeito
disso em outros artigos, mas não custa relembrar: a melhor técnica
para desenvolver um hábito é repetir a rotina, sem interrupção, por
21 dias ou três semanas, sempre no mesmo horário, no mesmo lo-
cal e pelo mesmo período de tempo. Obviamente, algumas pessoas
podem precisar de mais tempo: há quem precise de umas quatro se-
manas, há quem só “entre no esquema” depois de uns dois meses de
rotina… Não importa o tempo investido para desenvolver o costume
de estudar; o que importa é obedecer à doída rotina, até consolidar
o hábito. Não pode haver interrupções, preguiça, desobediência à
regra. É sério: três dias de interrupção são suficientes para pôr tudo
a perder.
Há algum tempo eu desenvolvi a (rigorosa) rotina de fazer exer-
cícios físicos todos os dias. Costumo brincar que eu nunca falto, salvo
em caso de guerra, doença grave ou desastre natural. É claro que há
um pouco de exagero nessa afirmação, mas é o tipo de pensamento
que me impede de faltar por qualquer razão – ao primeiro sinal da
preguiça, por exemplo. Já perdi as contas de quantas vezes acordei
exausto e sem nenhuma vontade de treinar, mas, mesmo assim, me
levantei da cama, segui em frente e consegui ter um bom desempe-
nho na malhação. A mesma lógica – e disciplina – deve ser seguida
nos estudos.
Outra pergunta bem comum entre nossos leitores foi: “Devo es-
tudar mais doutrina ou mais lei seca?”. Creio que nós também já
respondemos a essa dúvida, na série de artigos intitulada “Quebran-
do a banca”. Na ocasião, avaliamos exaustivamente provas de con-
cursos para constatar, em resumo, que, no Direito Administrativo,
por exemplo, a banca FCC cobra doutrina e lei seca em proporções
iguais: 50% de cada. Já em provas do CESPE da mesma disciplina,
67% das questões versavam sobre lei seca – texto literal das leis bá-
sicas: 8.112, 9.784, 8.666, 10.520 e 8.429 – e os outros 30% sobre
doutrina.

53
Em síntese, tudo depende da banca e do nível do concurso. Dito
isso, o que os professores e coaches têm aconselhado é o estudo
do texto atualizado da legislação listada no edital. Mas não se trata
de qualquer estudo. Os especialistas recomendam que a preparação
seja baseada na produção de resumos e de notas de rodapé ou de
borda aliada à solução de centenas de exercícios sobre o tema, até
que ele esteja na ponta da língua. De qualquer forma, vale a pena
imprimir os gráficos ilustrativos dos nossos artigos, que resumiram
bem o comportamento de cada banca em cada matéria. Cole-os no
seu caderno de anotações de aulas ou de resumos e os consulte sem-
pre que precisar.
Nossos leitores também foram insistentes em questionar se real-
mente vale a pena “perder tempo” com revisões. No artigo anterior,
tentamos deixar isso claro, mas talvez não tenhamos sido incisivos
o bastante. Amigo leitor, revisar não é perda de tempo. Muito pelo
contrário: revisões programadas e feitas por meio da leitura de re-
sumos comprimidos são indispensáveis para interromper a curva do
esquecimento. Afinal, como já vimos, sem as sucessivas revisões do
assunto, corremos o risco de guardar apenas uma vaga lembrança
do que estudamos. Felizmente, porém, não há regras rígidas sobre
como essas revisões devem ser feitas. As características individuais,
a quantidade de matérias, o tempo disponível para o estudo, a pla-
nilha de metas, a densidade do material a ser estudado e até a ba-
gagem que o candidato já tem internalizada são determinantes para
definir o número e a frequência delas.
Feitas essas ressalvas, a regra geral, segundo recomendam os
gurus no assunto, é a seguinte: a primeira revisão deve ser concluída
em 10 minutos e ser feita no fim do dia da aula ou logo após o estu-
do do assunto; a segunda demandará de 8 a 9 minutos de leitura e
precisa ocorrer 24 horas após a primeira; a terceira deve durar entre
5 e 8 minutos e ser realizada 7 dias depois da aula ou do estudo; e a
última deve ser feita 30 dias depois do primeiro contato com o con-
teúdo. É claro que você pode continuar com revisões mais rápidas,
de poucos minutos de duração, a cada 45 dias, por exemplo, para
manter o assunto ativo no cérebro. A chave é usar a curva do esque-
cimento a seu favor. Faça a primeira e a segunda revisão em espaço
de tempo mais curto e, então, aumente o intervalo progressivamen-
te, diminuindo o tempo de duração de cada releitura.
Ainda não se convenceu da importância desse método? Então,
saiba que todos os nossos ex-alunos que foram aprovados nas pri-
meiras posições de alguns dos principais concursos públicos do país
afirmaram, ao serem entrevistados por nós, terem produzido resu-
mos sobre os conteúdos estudados e feito inúmeras revisões. Aliás,
eles foram unânimes em dizer que reservaram a última semana an-
tes da prova apenas para a revisão final. Além disso – e não menos
importante –, todos eles organizaram planos de estudo em que des-
tinaram parte do tempo para atividades físicas. De 20 a 40 minutos
diários bastam. Dê preferência a atividades aeróbicas, ótimas para
oxigenar o cérebro, melhorar a concentração e turbinar a memória.

54
Segundo Alberto Dell-Isola, o homem-memória brasileiro, autor
das obras “Supermemória: você também pode ter uma” e “Mentes
brilhantes: como desenvolver todo o potencial do seu cérebro”, o
esquecimento é algo normal. Ele sugere um método em três passos
para burlar o famigerado “branco” no dia da prova:
1. Nas primeiras 24 horas após a sessão de estudos, faça uma
revisão de dez minutos de duração para cada uma hora de lei-
tura. Use fichas-resumos.
2. No sétimo dia após a sessão de estudo (uma semana depois),
destine cinco minutos para a revisão do conteúdo.
3. No fim de 30 dias, reveja o conteúdo por cerca de 2 a 4 minu-
tos.
Essas são dicas de quem tem memória de elefante. É bom res-
peitar, concorda? De qualquer forma, o que é certo e cientificamente
comprovado é que, depois de sucessivas revisões, a curva do esque-
cimento cai muito, porque o cérebro já entendeu que aqueles conte-
údos são importantes e devem ser memorizados. Por outro lado, sem
revisão, o aprendizado se perde, e o candidato é obrigado a estudar
tudo de novo, de modo que faltará tempo para vencer todo o pro-
grama do edital. Por isso, precisamos ser metódicos e dar crédito às
pesquisas, à ciência e à experiência dos que já empregaram – com
muito sucesso – tais técnicas. Tenho repetido sempre que um dos
maiores erros dos concurseiros é não fazer revisões.
Os estudiosos da memória garantem que o cérebro faz uma lim-
peza nos arquivos toda noite, enquanto dormimos. Nossa mente sim-
plesmente descarta informações que não usamos regularmente. Para
evitar o descarte dos conteúdos estudados no dia, a recomendação-
-padrão é que, antes de se passarem 24 horas, nós os revisitemos,
seja relendo as anotações, seja ouvindo mais uma vez o conteúdo,
seja conversando com alguém sobre o assunto estudado, seja, ainda,
ministrando uma miniaula sobre o assunto para outro colega. E, de
novo, reitero que é preciso resolver muitas questões sobre o tópico
estudado.
Enfim, fica a lição: a memória diminui se não for exercitada. Nes-
se ponto, ela é como qualquer músculo do corpo: precisa ser treina-
da.
Sabendo disso tudo, vamos juntos, amiga e amigo concurseiro,
derrubar o esquecimento e garantir a nossa vaga no serviço público
e a mudança de vida com que tanto sonhamos!

55
É POSSÍVEL TRABALHAR E ESTUDAR – COM EFICIÊNCIA –
PARA CONCURSO?

“O homem, para ser completo, tem de estudar, trabalhar e lutar.”


Sócrates

Neste artigo, iremos tentar responder a uma dúvida bastante


comum entre os concurseiros: “É possível ser aprovado em concurso
mesmo que o candidato não possa se dedicar exclusivamente aos
estudos e precise trabalhar?”.
Há algum tempo, aqui, no Gran Cursos Online, já tínhamos feito
uma investigação sobre isso, por meio de uma entrevista e de um
questionário que aplicamos entre nossos alunos que alcançaram as
primeiras posições entre os aprovados em alguns dos principais con-
cursos públicos de todo o Brasil. Na época, constatamos que mais de
60% desses candidatos trabalhavam, faziam faculdade ou cursos de
pós-graduação e estudavam para concursos públicos, tudo ao mesmo
tempo.
Obviamente, há que ter muita força de vontade, organização e
planejamento para conciliar tudo isso e, no fim, obter êxito. Em ge-
ral, uma necessidade premente de melhorar de vida é o que motiva
esses concurseiros a perseverar e, por mérito próprio, seguir firme
até serem bem-sucedidos. Cai, assim, o mito de que só passa em
concurso quem se dedica exclusivamente aos estudos. Essa é mais
uma mentira que se conta para desestimular potenciais concorren-
tes. Trata-se, aliás, de um mito muito comum4.
Embora já dispuséssemos dos dados dessa pesquisa anterior, de-
cidimos perguntar a alguns dos nossos mestres que também são
servidores públicos qual foi a receita que eles seguiram para estudar
para concurso, tendo de usar grande parte do tempo para garantir o
pão de cada dia. Afinal, poucos podem contar com outra pessoa para
bancar seus estudos e suas despesas mensais, sobretudo quando se
trata de um projeto de médio ou de longo prazo, como é o de passar
em concurso.
Nosso professor de Direito Civil para as carreiras jurídicas, Carlos
Elias, foi aprovado em primeiro lugar para o cargo de Consultor do
Senado – área de Direito Civil – no concurso de 2012. Nessa época,
exercia o cargo de Advogado da União e trabalhava no mínimo 40
horas por semana em um cargo de muita responsabilidade e pressão
diária. Ele também foi o primeiro a nos responder que “dedicava
todos os momentos livres para o estudo”. Nem o horário de almoço
4
Para saber mais sobre esse mito e outros, leia Verdades e mitos sobre concursos públicos: 15
esclarecimentos que você precisa ler!, p. 20.

56
escapava: enquanto fazia as re-
feições, o então concurseiro tinha
uma apostila de exercícios como
companhia. A cada garfada, lia
uma questão e, enquanto mastiga-
va a comida, usava o cérebro para
decifrar os enigmas das bancas. E
não parava por aí: mesmo quando
tinha de viajar, levava na bagagem
o caderno de exercícios com ques-
tões de provas anteriores.
Carlos conta que também fazia das questões de concurso uma es-
pécie de “jogo” com o qual ao mesmo tempo se divertia, fixava o con-
teúdo e aprendia. A técnica “contribuía para que a tarefa não ficasse
estressante”, relata. Eis aí uma grande verdade: uma das formas de
estudar para concurso, sobretudo se você já tem uma boa bagagem,
é começar pela resolução de questões e, só depois, recorrer à lei e à
doutrina em busca de solução para as charadas. Essa dinâmica torna
o estudante mais atento. Fica a dica!

Outro que respondeu pronta-


mente a nossa consulta foi o pro-
fessor de Direito Constitucional
Wellington Antunes. Servidor do
MPU, Wellington foi aprovado em
diversos concursos, entre os quais
o dificílimo certame para Consul-
tor da Câmara dos Deputados, em
2014. Atualmente, seu nome é o
segundo na lista de futuros nome-
ados para o cargo. Ele nos conta
que, quando começou a estudar
para concursos públicos, teve de se organizar – e muito – para ser
capaz de conciliar os estudos com o trabalho. Na época, ele trabalha-
va em uma loja de shopping e cumpria expediente de aproximada-
mente 10 horas por dia, às vezes até mais do que isso.
“Eu tinha um foco bem definido e, em virtude dele, organizei
um cronograma de estudo por meio do qual eu sabia exatamente
que matéria eu deveria estudar por dia e em que horário ocorreria o
estudo. Normalmente, eu estudava pela manhã, das 8h às 12h; e à
noite, da 0h às 2h ou 3h. Nos domingos em que eu não estava traba-
lhando – apenas dois por mês –, estudava 10 horas por dia”, detalha.

57
Durante o expediente, enquanto aguardava o cliente seguinte, lia –
em pé mesmo – pequenos resumos, com perguntas e respostas, para
absorver melhor o conteúdo. Em síntese, todo segundo disponível era
válido para o estudo.

O Doutor Gervásio Meireles,


nosso mestre de Direito e Processo
do Trabalho e hoje Juiz do Traba-
lho, também aprovado em diver-
sos concursos de alto nível da área
jurídica, foi outro que não deixou
de trabalhar para estudar. Ele faz
um alerta ao concurseiro: “Cons-
cientize-se de que você nunca terá
o tempo de que gostaria. Diante
dessa premissa, crie tempo. Colo-
que no papel todas as atividades
e destaque aquelas que serão im-
possíveis de eliminar. Marque aquelas que poderiam ser reduzidas.
Estabeleça prioridades. Desenvolva uma grade horária de maneira
a concentrar tarefas e a evitar perda de tempo. E, acima de tudo,
tenha um plano B no caso de aparecer um tempo extra para estudar
algo. Carregue consigo um livro pequeno ou mesmo um código ou a
Constituição Federal para ficar lendo na sala de espera do médico, na
fila do banco etc.”.
Também não posso deixar de mencionar a história do meu pai,
mais um exemplo bastante próximo de alguém que foi à luta em bus-
ca da única oportunidade que teve, custasse o que custasse. Traba-
lhando 8 horas por dia e cursando faculdade à noite, ele desenvolveu
sozinho um método de estudo que lhe garantiu a aprovação em 8
concursos públicos, incluindo um primeiro lugar. O método resumia-
-se ao hábito de estudar diariamente uma hora no almoço e da 0h às
3h da manhã. O diferencial é que meu pai teve uma grande sacada:
para não adormecer nas madrugadas de estudo, ele mantinha os pés
mergulhados em uma bacia com água gelada.
Para ele, a necessidade de melhorar de vida era muito maior do
que a dor de dormir pouco e de trabalhar e estudar tanto. Meu pai
vinha de uma família extremamente humilde e morava em um trailer
cedido pelo GDF. Os estudos eram o único meio que ele tinha para
alcançar uma vida digna. Não havia outra opção a não ser estudar
muito e em qualquer horário disponível, ainda que à custa de um es-
forço sobre-humano em algumas situações. É por causa de histórias
como a dele que não me canso de repetir que a qualidade das horas
de estudo é muito mais importante do que a quantidade de horas
reservadas para vencer os conteúdos do edital.

58
Com um exemplo como esse na família, eu mesmo não podia
ficar atrás, de modo que também tenho a minha própria história de
estudo e trabalho. Comecei minha atividade empresarial muito novo,
antes mesmo de concluir a faculdade. Nos últimos dois semestres
da graduação, tive de conciliar as atividades no Gran Cursos Online,
ainda incipientes, com os estudos acadêmicos. Se estes já exigiam
muito de mim, agora a situação se agravara, pois eu precisava divi-
dir meu tempo entre as matérias da faculdade e o início da vida de
empreendedor.
Enquanto a maioria dos meus colegas cursava 5 ou 6 disciplinas
por semestre, eu cursava 11. Minha intenção era me formar o mais
cedo possível – objetivo que, tenho orgulho de poder dizer, consegui
alcançar –, para me dedicar integralmente ao Gran Cursos Online e
à GG Educacional. Um detalhe: na universidade onde estudei, que
reunia alunos do mundo inteiro, as notas não eram baseadas exclu-
sivamente no resultado individual do aluno. O desempenho de cada
estudante era medido de forma comparativa: o seu frente ao dos
demais colegas. Em outras palavras, cada prova funcionava como um
concurso, e não bastava ir bem nela; era necessário ir melhor do que
os colegas, todos altamente competitivos, esforçados e inteligentes.
No fim, acabei me formando com honors, entre os melhores da
turma. Mas não me iludo. Sei que só obtive sucesso nessa empreita-
da porque adotei método parecido com o descrito pelos nossos mes-
tres do Gran Cursos Online. Aproveitei todo minuto que me sobrava
para estudar: no táxi, no metrô, no banheiro, no lanche, no almoço,
no jantar. Eu também organizava muito bem o meu tempo: parte
dele, eu separava para resolver todas as questões da empresa e, em
seguida, destinava outra parte para dar cabo das matérias que tinha
de estudar na faculdade.
Mesmo assim, nem sempre era suficiente. Precisei ir além, parti-
cularmente nos fins de semana. Perdi as contas de quantos convites
recusei e de quantas vezes reduzi as horas de sono para apenas 3 ou
4, a fim de cumprir tudo o que estava previsto em meu cronograma.
Passei inúmeras noites de sexta-feira e de sábado – sem contar os
incontáveis feriados – na biblioteca para compensar uma ou outra
semana muito corrida. Esse, aliás, é um hábito que muitos concur-
seiros que trabalham e estudam precisam adotar. Tirar o atraso nos
fins de semana acaba se tornando necessário quando não se dispõe
de muito tempo nos dias úteis. Resistir a tentações5 é ainda mais
importante para quem precisa conciliar muitas atividades, como em-
prego e estudo.
5
Leia o artigo Como resistir às sete tentações mais comuns entre os concurseiros, p. 81, e veja
formas de driblar as tentações mais comuns que os concurseiros precisam enfrentar.

59
Note, amigo concurseiro, que tudo é uma questão de rotina, de
hábito, de emprego das técnicas mais eficientes, de aplicação ade-
quada da tecnologia, de otimização do tempo, de sacríficos temporá-
rios e de um desejo muito grande de mudar de vida. Há alguns mé-
todos que funcionam bem para quem dispõe de pouco tempo para os
estudos porque não pode deixar de trabalhar para sobreviver. Quem
está nessa situação precisa fazer as escolhas certas e contar com a
ajuda de pessoas experientes em preparação para concurso. Deve
elaborar planilhas e mais planilhas de planejamento, revezar o es-
tudo das disciplinas, focar nos assuntos mais cobrados pela banca e
priorizar os tópicos mais relevantes. Também deve se organizar mui-
to bem para, por exemplo, economizar tempo nos deslocamentos e
estar sempre de posse de material de estudo em qualquer momento
e em qualquer lugar.
O fato é que todos podem passar em concurso público, dispo-
nham de mais ou de menos tempo; tenham ou não um emprego. Só
não podem desistir!

60
A MATRIZ DE EISENHOWER E A PRODUTIVIDADE

“O mundo pertence aos otimistas: os pessimistas são meros


espectadores.”
Dwight D. Eisenhower

Falam que, para alcançarmos o sucesso, nunca devemos perder


de vista o nosso objetivo. Digamos que o seu seja passar em um con-
curso dos mais concorridos. Você deve mantê-lo em mente na hora
de tomar decisões – das mais simples às mais complexas – e dedicar-
-se adequadamente à preparação, até fazer por merecer a conquista
da vaga. Um dos primeiros passos para isso é aprender a administrar
o tempo, tirando dele o melhor proveito possível para os estudos.
Eu sei: falar é fácil, não é? Mas são tantas escolhas a fazer – o
que estudar, como estudar, por quanto tempo estudar, onde estu-
dar, com quem estudar –, que alguns concurseiros preferem “evitar
a fadiga”. Com isso, entram numa rotina nada produtiva, empre-
gando sempre as mesmas técnicas de estudo, inscrevendo-se nos
mesmos cursos com os mesmos professores de sempre, estudando
pelo mesmo material didático que usaram em outras tentativas de
aprovação… Transformam-se, enfim, naquele tipo de pessoa que só
come nos mesmos restaurantes, pedindo sempre os mesmos pratos
e vestindo roupas tão parecidas que chegam a parecer uniformes.
Não importa o quanto tentemos nos livrar do excesso de trabalho
e de escolhas, o fato é que ainda restam muitas decisões a tomar. E,
naturalmente, somos obrigados a tratar das mais relevantes primei-
ro. É, caro(a) leitor(a), não há como fugir. Para nossa sorte, o ex-pre-
sidente americano Dwight Eisenhower desenvolveu um método que
pode nos ajudar a lidar com isso.
Muitos conhecem Eisenhower por ele ter governado os Estados
Unidos entre 1953 e 1961. O que poucos sabem é que, antes de
se tornar o homem mais poderoso do mundo, ele já havia sido um
general de cinco estrelas do Exército Americano, tendo comandado
as Forças Aliadas na Europa durante a Segunda Guerra Mundial. Ele
também foi presidente da Universidade de Columbia e primeiro-co-
mandante supremo da Organização do Tratado do Atlântico Norte
– OTAN, principal aliança militar ocidental. Alguém duvida que uma
pessoa com tais credenciais possa nos ensinar como perseguir, com
disciplina, método e foco, os nossos objetivos?
A produtividade do ex-presidente americano é lendária. Ele era
considerado um mestre na administração do tempo e tinha a habili-
dade de agir no momento exato e oportuno. Um dos seus métodos
mais famosos para atingir desempenho tão notável em tantos papéis
diferentes é conhecido como Matriz de Eisenhower.

61
Na Matriz de Eisenhower, cada tarefa a ser executada é incluída
em uma destas quatro categorias:
1. Urgente e importante;
2. Importante, mas não urgente;
3. Nem importante, nem urgente; e
4. Urgente, mas não importante.
O truque, aqui, caro(a) concurseiro(a), é distinguir entre o que é
urgente e/ou importante e, em seguida, agir de acordo com o que a
circunstância pede.

*Quando não for possível delegar uma tarefa, seja por falta de pessoas disponíveis
ou por simplesmente não ser viável, você precisará se organizar para fazê-la
imediatamente.

62
URGÊNCIA VERSUS IMPORTÂNCIA

A Matriz de Eisenhower baseia-se na premissa de que uma tarefa


importante não é necessariamente urgente, assim como uma tarefa
urgente não é necessariamente importante.

TAREFAS URGENTES

São aquelas que têm prazo para execução. Em outras palavras,


se até uma determinada data ou hora não as tivermos executado,
podemos perder completamente a chance de fazê-lo.
Problemas urgentes devem ser resolvidos no momento em que
surgem. É o caso, por exemplo, de um incêndio em casa, do telefone
que toca, de um bebê chorando. Agora, digamos que você tenha de-
cidido prestar um concurso com edital na praça. Obviamente, precisa
se inscrever nele dentro do prazo definido pelo edital. Se perder esse
prazo, também terá perdido a chance de participar do concurso dos
sonhos. Não haverá o que fazer a respeito.
Acima de tudo, organizar-se para executar as tarefas urgentes
com folga dentro do prazo evita que tenhamos de resolver problemas
com pressa e sob estresse.

TAREFAS IMPORTANTES

Uma tarefa é considerada importante quando contribui para o


atingimento das nossas metas ou dos nossos objetivos. Ela está dire-
tamente relacionada aos nossos sonhos e desejos.
Um concurseiro que almeja ser aprovado no próximo concurso
do MPU, por exemplo, terá de executar diversas tarefas importantes
que o levarão a desenvolver habilidades imprescindíveis para a rea-
lização do seu projeto. Ele terá de aprender a fazer bons resumos, a
estudar lei seca e a redigir uma boa redação, que são requisitos para
se sair bem nas provas. Ações importantes podem nos guiar para
um resultado positivo, como a aprovação com classificação dentro
do número de vagas, e nos afastar de um resultado negativo, como
a reprovação.
Apesar de trabalhosas, essas tarefas podem ser programadas e
devem ser planejadas. Entre as tarefas desse gênero que devem ser
administradas pelos concurseiros, podemos citar a prática de exercí-
cios físicos, a produção periódica de resumos, a revisão das matérias,
a participação no dia de resolução dos grupos de provas do concurso,
a manutenção de uma boa rede de relacionamentos e o cuidado com
a alimentação e com a saúde física e mental (em especial esta, para
evitar o chamado “branco” no dia D).

63
URGENTES, MAS NÃO IMPORTANTES

Este é o tipo de tarefa que mais nos faz perder tempo produtivo.
Reuniões inúteis, interrupções constantes e telefonemas desneces-
sários são alguns dos vilões que comprometem significativamente a
nossa produtividade.
Sabemos bem que o urgente de hoje muitas vezes são assuntos
que postergamos ontem. É o caso, por exemplo, de um e-mail ou de
mensagens nas redes sociais que já deveriam ter sido respondidos.
Note que essas tarefas já tiveram status de importantes, mas foram
deixadas de lado quando deviam ter sido resolvidas. Passado o mo-
mento oportuno para isso, infelizmente a solução delas compromete-
rá nosso rendimento.
O problema não é só ter de correr para cuidar desses assuntos,
mas resolvê-los sob estresse, em circunstâncias que tendem a nos
fazer tomar decisões erradas. Obviamente, isso terá repercussão no
futuro. No caso dos concurseiros, a readequação do plano de es-
tudos, a revisão de metas, a alteração da técnica adotada para a
preparação ou a mudança dos integrantes do grupo de estudos são
ações que consomem tempo e – pior ainda – energia, o que reduz a
produtividade.
Num primeiro momento, pode parecer uma boa ideia cuidar do
que é urgente, mas não importante. No entanto, o melhor, mesmo,
é administrar o tempo para fazer o que, de fato, importa, ainda que
não tenha urgência. Por isso, meus conselhos são:
1. Faça imediatamente o que é urgente e importante;
2. Programe-se para fazer o que é importante, mas não urgente;
3. Postergue o que não é importante nem urgente; e
4. Delegue o que é urgente, mas não importante (Infelizmente,
essa sugestão não se aplica às tarefas de estudar e fazer pro-
vas, impossíveis de delegar).
Acredite, leitor(a) amigo(a): com organização e planejamento, é
possível resolver 80% das atividades em 20% do tempo disponível.
Ou seja: se você dedicar 20% do seu tempo para as tarefas urgentes,
sobram 80% para investir nas importantes.
A aplicação da Matriz de Eisenhower é simples: elabore sema-
nalmente um cronograma com o seu planejamento de estudos, dis-
tribuindo as tarefas no quadro apresentado acima e respeitando a
proporção 80/20. Pode ser difícil no começo; mas, com persistência,
disciplina e organização, a técnica se tornará natural, e, então, você
evitará as indesejadas urgências simplesmente por ter investido mais
tempo no que importa de fato.

64
Pratique desde já. Comece preenchendo a sua matriz com o ob-
jetivo “passar em concurso” e com as tarefas “escolher a carreira
pública”, “escolher os concursos para se inscrever e treinar”, “fazer
resumos dos livros e apostilas”, “montar o quartel-general para es-
tudos diários”, “baixar provas para resolução” (ou “selecionar a fer-
ramenta de provas”), “verticalizar o programa”, “escolher a técnica
de estudo adequada”, “montar o grupo de estudos”, “providenciar os
recursos financeiros para arcar com a preparação”, “participar das
festas organizadas pelos colegas” etc.
Tenho aplicado essa técnica em minhas atividades diárias na em-
presa e já tenho obtido bons resultados. É claro que ainda preciso
melhorar muito, mas quem não precisa, quando se trata de produti-
vidade? É evidente que Eisenhower tinha razão.
É isso, amigo(a). Quis compartilhar com você mais uma poderosa
ferramenta para aumentar a sua produtividade nos estudos e encur-
tar o seu caminho até a aprovação. Espero que ela lhe seja útil.

“Quanto mais envelheço, mais sabedoria encontro no antigo ensina-


mento de fazer primeiro as coisas importantes – um processo que
muitas vezes reduz os problemas humanos mais complexos a
proporções manejáveis.”
Dwight D. Eisenhower

65
PDCA PARA CONCURSEIROS

“Se quiser derrubar uma árvore na metade do tempo, passe o dobro


do tempo amolando o machado.”
Provérbio chinês

Existe uma técnica poderosa que serve para melhorar continua-


mente qualquer tipo de processo. Conhecida como PDCA, essa ferra-
menta de gestão se propõe a controlar os processos por atividades
planejadas e recorrentes. O ciclo tem como objetivo, entre outros,
facilitar a tomada de decisões e o alcance de metas.
A sigla PDCA vem do inglês: Plan (Planejar), Do (Fazer), Check
(Checar) e Act (Agir) ou Adjust (Ajustar). Trata-se de metodologia
largamente empregada pelas organizações que desejam melhorar
seu nível de gestão por meio do controle eficiente de processos e
atividades internas e externas. O ciclo PDCA é um verdadeiro círculo
virtuoso cujo objetivo é a melhoria contínua desses processos e ati-
vidades.
Para compreender melhor o método, confira esta breve explica-
ção sobre cada uma das quatro etapas que o compõem:
• Planejamento (Plan): nesta etapa, a preocupação é com a
dimensão mais ampla, macro do ciclo. É a fase de levanta-
mento e análise das informações. Aqui, o plano é elaborado e
metas e objetivos são definidos, bem como os métodos a se-
rem seguidos. Trata-se do momento mais importante do ciclo,
pois o seu produto – o plano propriamente dito – é requisito
para que todas as outras fases ocorram.
• Execução (Do): é a fase de implementação do plano, de exe-
cução de tudo que foi cuidadosamente planejado, pensado,
elaborado e descrito na etapa anterior. Em resumo, saímos
do planejamento para o fazimento. O erro de muitos gestores
é não avançar nesta fase. Planos maravilhosos podem nunca
sair do papel ou da cabeça dos seus criadores.
• Checagem (Check): nesta fase, fazemos a verificação, o con-
trole do que está sendo executado, comparando os resultados
com o que havia sido planejado. É o momento de identificar
os problemas que eventualmente tenham ocorrido durante o
processo e de pensar em soluções para que eles não se repi-
tam. Neste estágio do ciclo, localizamos as possíveis falhas do
planejamento e tomamos as providências para que os ajustes
e acertos necessários sejam efetivados na fase seguinte.

66
• Ação (Action): é a etapa em que implementamos as ações ne-
cessárias para correção dos erros identificados na fase ante-
rior. Aqui, aplicamos ações corretivas voltadas ao aperfeiçoa-
mento contínuo do processo, plano ou projeto. Podemos dizer
que esta fase é, ao mesmo tempo, o fim e o começo dos ciclos,
já que, após minuciosa apuração do que tenha causado falhas
em estágios anteriores, todo o ciclo PDCA é refeito com novas
diretrizes e novos parâmetros. Tudo para que a melhoria seja,
de fato, contínua como propõe esta metodologia.

Amigo leitor, como você já deve ter notado, o método PDCA é


facilmente aplicável ao contexto de quem está se preparando para
prestar concurso público. Como você bem sabe, é impossível se pre-
parar adequadamente sem método, sem técnica, sem um planeja-
mento bem-feito. Portanto, o ciclo PDCA pode servir de inspiração ou
de base para a elaboração e a execução de plano de estudos eficiente.
Explico. Antes de tudo, você deve decidir qual é o seu objetivo.
Só então o planejamento deve ser iniciado. Reflita sobre como você
conquistará a vitória, sobre qual é o melhor método para isso. A
principal função de um planejamento bem-feito é garantir coerência
entre as atividades desempenhadas e os resultados esperados.
A maioria dos candidatos não se dedica à fase do planejamento
como deve e, por isso, enfrenta seguidas reprovações. Só um pla-
nejamento meticuloso ajuda o concurseiro a vencer quase todas as
dificuldades e impõe o alinhamento entre a sua vontade e a sua ação.
Então, elabore o seu plano e parta para a fase seguinte, que é
a execução imediata do que você planejou. Nada de procrastinação!
Vá cumprindo o plano com inteligência, sabedoria e convicção. Saiba
que, antes de enfrentar o dia D, o planejamento é tudo que importa;
mas, depois que toca o sinal marcando o início da prova, tudo que
você tiver planejado perde a importância. A partir de então, serão só
você e a banca examinadora. Que vença o melhor!
No artigo Como traçar objetivos e alcançá-los6, mostramos que
é importante ter metas e objetivos claros para você e para todos os
que o acompanham em sua missão rumo ao serviço público. Além
disso, é fundamental planejar cuidadosamente cada passo para atin-
gir cada uma dessas metas e desses objetivos. A fórmula para tanto
é: sonhar + agir + planejar + executar + acreditar.
Mas você deve estar se perguntando como, em termos práticos,
podemos aplicar o ciclo PDCA ao projeto de preparação para uma
vaga no serviço público. Para responder a essa dúvida, idealizei um
modelo, que compartilho com você:
6
P. 92.

67
Veja bem: você pode e deve fazer ajustes no seu ciclo PDCA de
estudos. Faça dessa ferramenta de gestão um poderoso aliado em
sua preparação para ser aprovado em certames futuros.
Infelizmente, não é possível esgotar o assunto em apenas uma
mensagem. Apesar disso, acho que consegui despertar em você a
consciência de que não há bons resultados sem um plano de ataque
e de defesa eficiente, que mantenha o candidato prevenido contra
dificuldades que certamente surgirão ao longo da sua caminhada.
Espero ter ajudado você, leitor amigo, com um pouco dos conhe-
cimentos que adquiri ao longo da minha formação acadêmica e da
minha experiência como empreendedor.
GRAN sucesso, e que venham as aprovações! Tenho certeza de
que você estará preparado para elas.

“Boa sorte é o que acontece quando a oportunidade encontra o


planejamento.”
Thomas Edison

68
A MATRIZ SWOT DOS CONCURSEIROS

“Sob a direção de um forte general, não haverá jamais soldados


fracos.”
Sócrates

Dando sequência às dicas que podem ajudar os concurseiros a


elaborar o seu plano de batalha para a conquista de uma vaga no
serviço público, neste artigo vamos sugerir mais uma ferramenta
de gestão que, acreditamos, será útil àqueles que ainda não sabem
como começar a preparação. No artigo anterior, apresentamos o ciclo
PDCA dos concurseiros7. Neste, apresentaremos a Matriz SWOT ou,
em português, FOFA.
A análise SWOT é um método de que as organizações se valem
na formulação de ações para enfrentar a concorrência, conquistar no-
vos clientes e ampliar sua atuação no mercado. Em resumo, trata-se
de uma análise do cenário em que a corporação está inserida, com
o intuito de identificar os pontos positivos da empresa, chamados de
Forças (Strenghts) e Oportunidades (Oportunities), e os seus pontos
fracos, que são suas Fraquezas (Weaknesses) e Ameaças (Threats)
– daí o acrônimo SWOT/FOFA. As Forças e Fraquezas constituem fa-
tores internos à corporação, ao passo que as Oportunidades e as
Ameaças são fatores externos a ela. Os fatores positivos são aqueles
que ajudam a empresa, que a fazem crescer, e os negativos são os
que a atrapalham, são obstáculos que devem ser por ela superados.
A técnica pode ser facilmente empregada por quem está estudan-
do para concurso. Basta que o candidato liste, na sua Matriz SWOT, o
maior número possível de itens que, de um lado, maximizam ou, de
outro, diminuem suas chances de classificação. O concurseiro precisa
refletir bastante antes de indicar em cada quadrante o que colabora
para a sua preparação e o que a atrapalha. Quanto mais completo
for esse levantamento, mais precisa será a análise e melhores serão
as chances de desenvolver um plano eficaz, com soluções eficientes
para a aprovação em qualquer concurso público.
O ideal é usar a ferramenta antes de elaborar o plano de estudos
propriamente dito, já que o primeiro objetivo do emprego da Matriz
SWOT é ter uma visão clara das limitações e das potencialidades do
candidato. Você deve avaliar qual é o tempo de que dispõe para o
estudo, qual é a sua reserva de recursos financeiros, se gosta de es-
tudar, se tem desenvolvido uma boa rotina de estudos, se conta com
a ajuda dos familiares, se se identifica com os conteúdos exigidos no
último edital, se lhe falta controle emocional no dia da prova. Deve,
ainda, mensurar os conhecimentos acumulados ao longo dos anos de
7
Leia PDCA para concurseiros (p. 65) para mais detalhes.

69
educação formal na escola e na faculdade e analisar como é o am-
biente que você reservou e o material que adquiriu para os estudos.
E não se esqueça de levar em conta as atribuições do cargo e os re-
quisitos para investidura nele, entre outras informações que podem
ajudá-lo a perceber qual é o seu cenário real.
Faça esse exercício mental e liste tudo aquilo que você tem, entre
forças e fraquezas, entre o que o ajuda e o que o atrapalha, entre o
que serve de incentivo e o que pode ser uma ameaça, levando você
a desistir ou a enfrentar sucessivas reprovações.
Feito isso, o passo seguinte é reavaliar suas posturas e planejar
ações para resolver ou minimizar os riscos e problemas identificados.
A ideia, aqui, é aumentar o poder dos pontos fortes e diminuir ou
zerar os efeitos dos pontos fracos.
Todo indivíduo deveria saber o que o ajuda e o que o atrapalha a
obter sucesso na vida, a realizar sonhos. Entretanto, muitas pessoas
nunca se preocuparam em identificar os próprios fatores positivos e
negativos, em criar uma vacina para curar as doenças que acabam
com o seu ânimo para lutar e alcançar novas conquistas. O fato é que
todos temos algum talento – uma força, uma potencialidade – que
pode e deve ser potencializado com a ingestão de um “suplemento”
qualquer. É esse “suplemento” que devemos encontrar.
Uma recomendação importante: ao fazer esse levantamento de
forças e fraquezas, você deve ser absolutamente honesto. As infor-
mações colhidas têm de ser verdadeiras. Logo, nada de ser nem
muito condescendente consigo mesmo, nem muito autocrítico. Não
se preocupe: todos nós temos vícios e virtudes; o importante é iden-
tificá-los para, um a um, minimizá-los ou turbiná-los.
Amigo leitor, ainda que você identifique em si mesmo menos for-
ças do que fraquezas, faça daquelas o seu mais sólido porto seguro.
Tenha fé em si próprio. É sabido que pessoas fracas acreditam quase
que exclusivamente na sorte. Já pessoas fortes acreditam na relação
causa-efeito e dão o devido crédito às consequências dos seus atos
e das suas escolhas.
Portanto, crie as oportunidades e não apenas espere que elas
surjam do nada. Seu desafio será aproveitá-las com criatividade e
sabedoria. Só vai mais longe na conquista dos seus objetivos quem
se conhece bem, quem tem a coragem de arriscar e de ousar, quem
sabe aproveitar o momento e as circunstâncias. Quem está empe-
nhado em resolver as dificuldades consegue se antecipar a elas e
resolvê-las antes mesmo que elas se tornem um obstáculo de fato.
Pessoas que agem proativamente colhem os frutos de ser assim.

70
Portanto, lembre-se de que o concurseiro que não tem constância
e paciência gasta mais depressa suas forças e logo desiste do sonho
de conquistar a estabilidade financeira. Para evitar se tornar mais
um desses que ficam pelo caminho, trate de conhecer a si mesmo. A
Matriz SWOT pode ajudá-lo a fazer isso.
Nosso desejo é que você reforce os seus aspectos positivos e
neutralize os fatores negativos que o atrapalham em sua jornada
rumo ao sucesso pessoal e profissional. Estamos de olho e prontos
para ajudá-lo no que for preciso!

“O futuro tem muitos nomes. Para os fracos é o inalcançável. Para os


temerosos, o desconhecido. Para os valentes é a oportunidade.”
Victor Hugo

71
CINCO ERROS QUE OS VENCEDORES NUNCA COMETEM!
“O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem
perder o entusiasmo.”
Winston Churchill

Já falamos sobre como o concurseiro deve agir para ser mais


bem-sucedido em sua empreitada. Neste artigo, trataremos de cin-
co erros que um concurseiro que se leve a sério e esteja determi-
nado em seu objetivo de se tornar servidor nunca deve cometer.
Quando você, caro leitor, tiver posto em prática as lições contidas
neste texto, certamente vai acelerar o seu projeto de aprovação
e, por consequência, atingir mais depressa a realização pessoal e
profissional.
Então, sem demora, vamos às nossas recomendações. Você
verá que elas servem tanto para você se preparar com mais paz de
espírito para os concursos como para levar a vida com mais leveza.
Nunca reclame. Em vez disso, busque soluções e pense em al-
ternativas para resolver seu problema. Apenas reclamar não ajuda em
nada. Geralmente só reclama quem não sabe o que fazer, quem não é
criativo, quem é incapaz de oferecer algo de positivo. A pessoa que não
faz outra coisa a não ser reclamar passa a impressão de que quer ver
o circo pegar fogo, de que só quer criar animosidades. Reclamações
vêm sempre acompanhadas de alguma intenção maldosa, em geral
ligada à ganância e à insensibilidade. O reclamão é, portanto, digno de
compaixão. Quando deparar com pessoas assim, não faça o jogo delas
nem se contamine com sua negatividade. Dirija-lhes apenas palavras
brandas e ações de gentileza, mas mantenha uma distância saudável.
Já testemunhei inúmeros concurseiros que reclamam das reprovações
e do instituto do concurso público em si, mas nada fazem para melho-
rar o próprio desempenho e alcançar a sonhada aprovação. Esses com
certeza não conquistarão nunca uma vaga no funcionalismo público.
Nunca critique outra pessoa e, em especial, o passado
dela. Antes de pensar em disparar uma crítica a alguém, pergunte a
si mesmo se é uma boa ideia fazê-lo. Se não for, tenha ciência de que
você pode ganhar um inimigo se insistir. O que as pessoas mais que-
rem é ter razão. Então, o melhor é ser feliz sem controlar nem criticar
todos e tudo. Todos nós cometemos erros, alguns pequenos, outros
enormes, e isso pode afetar e prejudicar quem está perto de nós,
aqueles a quem nós amamos. Já é cruel demais conviver com isso,
mas ainda ter de aceitar críticas duras de outras pessoas não ajuda
em nada, muito pelo contrário. As pessoas esperam mesmo é com-
preensão. Portanto, deixe o julgamento de lado e resista à tentação

72
de criticar, não somente para não correr o risco de ser injusto, mas
também para evitar que sua atitude se reverta contra você mesmo
no futuro. O silêncio lhe garantirá mais paz interior quando for a sua
vez de receber críticas dos outros, por exemplo, pelo fato de estudar
para concursos. Acredite: essa e outras críticas inevitavelmente virão
em algum momento em sua estrada rumo ao serviço público. Esteja
preparado e em paz para lidar melhor com elas.
Nunca se permita ficar apenas justificando os seus erros.
No lugar disso, extraia lições deles. Os erros e fracassos ocorrem
para lhe ensinar algo que você precisa aprender. É como muito bem
diz a sabedoria popular: “Errar é humano; permanecer no erro é
burrice”. Querer não errar nunca é uma insanidade; afinal, o erro é
uma consequência do viver, da liberdade de fazer escolhas. Por isso,
o importante é aceitar que você também é falível. Não se autocon-
dene por todos os erros que você cometer, e sim aprenda com cada
um deles, buscando não repeti-los. Só não erra quem não faz nada,
e quem não faz nada também não presta para nada. No contexto
do concurso público, aprenda com as reprovações em vez de perder
tempo justificando-as para si próprio. Identifique logo o que você
precisa modificar em sua preparação e siga em frente, adaptando o
seu projeto e melhorando-o até a conquista definitiva.
Nunca se faça de vítima. Seja um vencedor na vida, nos estu-
dos, na profissão, onde quer que você esteja. Uma das maiores pra-
gas da humanidade é o que chamamos de “coitadismo”. Essa mania
de se vitimizar é mais um hábito autodestrutivo e de autossabotagem
que, além de ser um curto e rápido caminho para o fracasso, isola
o “coitadinho” em suas lamentações, em seu pessimismo. Ninguém
gosta de ficar perto de derrotistas, cuja energia é extremamente ne-
gativa e a tudo e todos destrói. Lembre-se: alimentar a autopiedade
é um péssimo negócio. É preciso ter em mente que o êxito vem so-
mente com sacrifício e merecimento. O caminho precisa ser prazero-
so, apaixonado e alegre, ainda que um tanto doloroso e sofrido. Não
há vitória sem sacrifício e merecimento, nem nos concursos, nem em
nenhum outro projeto significativo da vida.
Nunca julgue as pessoas. Você pode até julgar os atos delas,
mas julgar as pessoas em si pode produzir uma coleção de inimigos.
Essa forma de agir só resulta em mágoa, e pessoas magoadas ten-
dem a devolver toda a ira e todo o rancor na primeira oportunidade
que têm. Sem contar que podemos ser bastante injustos em nossos
julgamentos. Como ser capaz de julgar alguém com justiça sem co-
nhecer bem sua intimidade ou o contexto que o levou a agir de tal
forma? Embora seja fácil julgar o outro, não é aconselhável. Opte por
julgar e criticar a atitude, o ato, a ação do outro, e sempre de forma
construtiva.

73
Em resumo, amigo leitor, se tiver de julgar alguma pessoa, que
seja a si próprio. Seja autêntico, criativo e proativo, sem deixar de
ouvir os conselhos dos sábios e dos mestres. E, sempre que possível,
se afaste dos pessimistas e do pessimismo. Permita que a sua garra,
junto com a força divina na qual você acredita, o guie até a vitória
final.

“A diferença entre um homem de sucesso e outro orientado


para o fracasso é que um está aprendendo a errar, enquanto
o outro está procurando aprender com os seus próprios erros.”
Confúcio

74
OS SETE PECADOS CAPITAIS DO CONCURSEIRO

Aludindo aos pecados capitais, que, na esfera religiosa, podem


impedir a entrada no paraíso, neste artigo, relatamos os empecilhos
fatais para quem quer o governo como patrão e uma vida digna pro-
porcionada pela desejada estabilidade financeira. Não evitá-los pode
tornar a estrada da preparação um verdadeiro filme de terror, com
consecutivas reprovações e fracassos.

1. Não avaliar se possui os dons, atributos e requisitos


para o bom exercício do cargo

A remuneração inicial, sem dúvida, pesa muito na hora da deci-


são por um ou outro concurso. A concorrência candidato x vaga tam-
bém é algo que muitos levam em consideração. No entanto, esses
fatores não podem sobressair em relação à avaliação sobre a aptidão
e a vocação para a carreira desejada. Do contrário, o candidato pode
não cumprir devidamente as atribuições do cargo que assumir. A afi-
nidade com a carreira escolhida é decisiva para que o servidor man-
tenha o emprego, tenha um futuro profissional brilhante e seja feliz
no trabalho, mesmo que tenha pretensões futuras de fazer outros
concursos. Às vezes, o candidato deseja muito trabalhar no BACEN,
mas detesta o estudo das matérias exatas como raciocínio lógico,
matemática comercial e financeira. Deseja trabalhar em um Tribu-
nal, mas detesta lidar com atendimento ao público. Complicado isso.
Essa pessoa não exercerá bem o seu mister e não será bem avaliada
pelos colegas, pelos usuários e pelo chefe imediato. Não crescerá na
carreira. Fará um desserviço à nação e a si mesmo.

2. Não “traduzir” o edital

Aqui no Gran Cursos Online nós dizemos que a aprovação em


um concurso começa com uma boa leitura do edital. Um candidato
competitivo lê, pelo menos, três vezes todo o conteúdo da norma
que rege o certame. Conhece a lei da carreira, a forma de progressão
e promoção, bem como os requisitos para o pleno desempenho das
atribuições do cargo. O edital traz os critérios de desempate, critérios
de correção da prova, pesos das disciplinas, se é inteligente chutar
ou não, a forma de ingresso com recursos etc. Resumindo: o edital
traz “as regras do jogo”. Um vencedor entra em uma competição com
pleno conhecimento de todas as regras para usá-las a seu favor. Faça
o mesmo quando estiver disputando vagas nos concursos públicos!

75
3. Desconhecer Sua Excelência a banca examinadora, ini-
miga a ser batida

Conhecer bem o inimigo, o concorrente, é chave para vencer ba-


talhas e a guerra final: a aprovação com a desejada classificação no
concurso. É preciso saber se a banca cobra mais texto legal, doutrina,
jurisprudência ou tudo junto e misturado; se os comandos privile-
giam mais a marcação do certo, do incorreto, da escorreita (a mais
correta), se prestigia a correlação ou outra forma de cobrança. Para
isso, é essencial buscar questões realizadas pela banca em provas
anteriores. Caso a banca tenha realizado poucos concursos, reco-
mendamos buscar questões de bancas com perfil similar.

4. Esquecer de ensaiar para o dia D, ou seja, não estudar


no tempo da prova

O edital informará o prazo da prova e o candidato precisa levar


isso em consideração desde o primeiro dia de preparação. Recomen-
damos fortemente que ao menos algumas vezes o concurseiro simule
as condições do exame. Tal simulação de treino oferece o preparo
da mente para tolerar o esforço exaustivo do dia da prova, sem es-
tranhar ficar 3 ou 4 horas focado em ser uma máquina de respon-
der questões. Recentemente, um aluno do Gran Cursos Online, que
estava se preparando para o INSS, nos informou que simulava todo
domingo a prova em uma pequena escola no interior do Ceará. Sem
surpresa, esse candidato conseguiu mais de 100 pontos líquidos na
prova, conforme gabarito preliminar, pontuação muito competitiva
para garantir uma vaga. Tudo na vida é treino, é simulação, é prepa-
ração do psicológico e do físico. Então, treino é a palavra de ordem.
É assim no esporte, na música, nas artes e não poderia ser diferente
na preparação para passar em concursos públicos.

5. Não ter um planejamento profissional de estudos

A preparação para concursos públicos é uma verdadeira rotina de


operário dos estudos. O candidato precisa planejar cuidadosamente
seu tempo e nunca quebrar o cronograma, salvo em casos de emer-
gências muito importantes. Percebemos a importância de um sólido
planejamento ao ver candidatos que trabalhavam 8 horas por dia,
tinham filhos e, mesmo assim, conseguiram classificações superiores
aos candidatos que poderiam focar o dia inteiro nos estudos. Quem
não conhece uma pessoa que parece viver em outro mundo que tem
mais de 24 horas por dia? O segredo é planejamento.

76
6. Não esgotar o conteúdo programático contido no edital

Já ouvimos relatos de candidatos que disseram estudar apenas


alguns itens do edital, aqueles de que mais gostavam, que mais se
identificavam ou que achavam mais provável cair na prova, igno-
rando itens no programa contido no edital. Trata-se de outro pecado
capital que costuma ser determinante para o mau desempenho nas
provas. O candidato nunca deve achar que este ou aquele item é me-
nos importante e não cairá na prova. Ao contrário, o concurseiro deve
estudar todo o conteúdo exigido pela banca examinadora. Temos um
recente caso emblemático. A prova para Técnico do Seguro Social
do INSS cobrou 15 questões voltadas para a temática de assistência
social. A maioria dos concurseiros esperava no máximo 4 questões
dessa matéria e não deu muita atenção para o assunto. No entanto,
estava no edital, poderia ser cobrado e, de fato, foi. É um absurdo a
banca dar tanta ênfase para tópicos que talvez não pareçam ter tanta
relação com o exercício do cargo? Sim, mas ela pode fazer isso. Se
estiver nas regras do jogo, no edital, você não pode reclamar. A única
exceção que vejo para não estudar todo o conteúdo é caso a publica-
ção do documento venha com muitas novidades em relação ao cer-
tame anterior e haja um prazo curtíssimo para a prova, ao ponto de
ser humanamente impossível fechar o conteúdo. Nessa situação, é
necessário montar uma operação de guerra com base em estatísticas
e autoanálise dos conhecimentos que o candidato já possui. Ressalto
que, para quem estuda de médio a longo prazo, o risco de ter que
encarar tal situação se minimiza consideravelmente, pois o candidato
já estará bastante familiarizado com a maioria das disciplinas quando
o edital for publicado.

7. Fazer experiências nos dias que antecedem a prova

Isso é loucura. Conheço um candidato que, às vésperas de uma


prova, saiu para jantar e experimentou algo que nunca comera na
vida. Uma dor de barriga, no dia seguinte, retirou a concentração e
lhe custou a vaga. Outro candidato, que teria um TAF no dia seguin-
te, resolveu bater uma “pelada” inocente com os amigos e torceu o
pé na brincadeira. Perdeu a prova e a consequente vaga no concurso
dos sonhos. Há, ainda, aqueles que querem fazer milagres na última
semana de estudos e viram noites consecutivas estudando, aumen-
tando as chances de ficarem doentes por causa da natural redução da
imunidade de um corpo cansado. Se o seu corpo não está acostuma-
do a dormir 3 horas por dia, não tente fazer isso na semana da prova.
Faça o que você conhece. Poupe a sua saúde com extremo zelo. Um
corpo cansado e doente, no dia da prova, pode lhe custar preciosos
pontos e, consequentemente, o seu sonho.

77
Se você, amigo (a), não cometer esses pecados capitais e conti-
nuar firme em seu projeto de médio a longo prazos de mudança de
vida, por certo, estará em breve aqui em nossa página, na coluna
Cheguei Lá, relatando a sua felicidade da conquista da carreira pú-
blica.

78
QUANTO TEMPO LEVA ATÉ QUE SE CRIE O HÁBITO DE
ESTUDAR PARA CONCURSO?

“Faça algo todo dia que você não quer fazer; essa é a regra de ouro
para adquirir o hábito de fazer suas obrigações sem sofrimento.”
Mark Twain

Hábitos são padrões de comportamento que acabam se tornan-


do parte da nossa essência, sejamos nós estudantes, professores,
motoristas, atletas, escritores ou concurseiros. À medida que repe-
timos um comportamento no mesmo horário e no mesmo ambiente,
o nosso cérebro vai estabelecendo vias sinápticas mais rápidas, de
tal maneira que uma ação leva a outra de forma quase automática. É
assim que um novo costume é criado, em um processo que demora
algum tempo para ser concluído e que não deve ser interrompido.
Sabe-se que apenas três dias de pausa na rotina bastam para pôr
tudo a perder, mas de quanto tempo precisamos para efetivamente
desenvolver um novo hábito?
Na década de 1960, o cirurgião plástico e psicólogo Maxwell Maltz
notou que seus pacientes só se davam conta das mudanças pelas
quais tinham passado no procedimento cirúrgico – na maioria, am-
putações de membros – 21 dias depois da operação. Suas observa-
ções foram publicadas no livro Psicocibernética. Em 1983, no artigo
Mudando em três semanas (¹), publicado na revista Seleções, regis-
traram-se os esforços de uma mulher que decidiu se tornar menos
crítica em relação ao marido. Por três semanas, ela se dedicou ao
projeto de criar um novo hábito: apontar apenas as qualidades do
companheiro. No best-seller O poder do hábito, lançado em 2012,
Charles Duhigg ratifica que são necessários 21 dias de repetição de
uma ação para que ela se torne um hábito. Na mesma linha de pen-
samento, no livro Mind hacking: como mudar sua mente para melhor
em 21 dias (²), John Hargrave também descreve a importância dos
ciclos de 21 dias para o condicionamento da mente.
Claro que, apesar do aparente consenso entre os especialistas
acerca do ciclo de 21 dias para a formação de um hábito, há uma va-
riação nesse prazo. É o que mostra o estudo de Philippa Lally, pesqui-
sadora da área de psicologia da saúde da University College London.
A pesquisa, Como os hábitos são construídos: modelando a formação
de hábitos no mundo real publicada no Jornal Europeu de Psicologia
Social (³), evidencia que, em ciclos de a partir de 18 dias, é possível
mudar um hábito. Esse período pode variar, a depender da pessoa,
do comportamento e das circunstâncias, mas o tempo médio para um
comportamento se tornar automático é de 60 dias.

79
O psicólogo Jeremy Dean, por seu turno, baseia-se em pesquisas
mais recentes sobre o tema para sugerir alguns critérios que podem
ajudar a definir o tempo necessário à criação de novos hábitos. No
livro Criando h ​ ábitos, q
​ uebrando h
​ ábitos:​ por q
​ ue ​fazemos as ​coisas,​
por ​que ​não ​fazemos e ​como ​fazer ​mudanças​duradouras​ (4), ele ex-
plica como o cérebro funciona quando precisa automatizar escolhas,
por meio da criação de hábitos, e por que é tão difícil se livrar de
hábitos antigos e substituí-los por novos.
De acordo com os estudos do professor, levamos em média 66
dias para começarmos a fazer de maneira automática e inconsciente
algo que antes não era do nosso costume. Esse número é uma média,
variando bastante de indivíduo para indivíduo e de acordo com a na-
tureza do hábito que se procura criar. Em suas observações, tarefas
como beber um copo de água depois do café da manhã demandaram
cerca de 20 dias para se transformarem em hábitos. Já atividades
como exercitar-se, fazer uma caminhada matinal ou dar uma corrida
no fim do expediente exigiram até 84 dias para se tornarem habitu-
ais. A conclusão que fica é a seguinte: no caso de objetivos simples, o
hábito poderá ser desenvolvido antes dos 21 dias; mas, se a intenção
for mudar ou desenvolver um comportamento mais complexo, será
preciso bem mais do que essas 3 semanas iniciais.
Portanto, caro leitor, se você se enquadra no perfil de quem está
“aposentado” dos estudos, “enferrujado”, sem ritmo e com preguiça,
que tal começar agora mesmo a buscar o saudável hábito de estu-
dar? Pare de procrastinar e arrume já um ambiente para as leituras.
Deixe à mão, na mesa de estudos, tudo aquilo de que você possa
precisar e elabore imediatamente o cronograma da sua preparação.
E, ao fazê-lo, seja bem rígido consigo mesmo: não se dê nem um
único dia de descanso, pelo menos nas três primeiras semanas ou
até que você conclua já estar plenamente adaptado à nova rotina.
É muito importante, ainda, que você se organize para que tudo seja
feito no mesmo local, na mesma hora e, no mínimo, pelo mesmo in-
tervalo de tempo. Trate o seu estudo como se fosse um trabalho: com
horário de entrada e de saída e metas rigorosas a serem cumpridas.
Como eu já expus em outras oportunidades, no que diz respeito
à formação do hábito, o estudo para concurso é bem similar à prática
de atividades físicas. No início, é muito difícil. O corpo dói, a mente
reclama, os olhos ardem. Porém, depois de algumas semanas de
ação repetida e consciente, a atividade passa a ser executada com
naturalidade, sem esforço e sem desconforto.
Não se esqueça de que é preciso educar o corpo e a mente sem
falhar um dia sequer. Têm de entrar em cena a senhora autodisciplina
e o senhor esforço. Depois de um tempo, o hábito estará tão conso-

80
lidado, que você sentirá falta da rotina. Nesse estágio, dois dias sem
estudar – ou sem se exercitar – serão suficientes para você se sentir
um bocado insatisfeito. Pode acreditar. Digo isso como alguém que,
ao longo do tempo, criou dois hábitos diários: o de praticar atividades
físicas e o de estudar sempre, em busca de aprimoramento contínuo.
Sabemos que não se trata de uma tarefa simples. Tampouco será
fácil. Mas pense nos frutos desse sacrifício, que serão doces e perma-
nentes. Dê o primeiro passo hoje mesmo!
Bons estudos e GRAN sucesso,

“O início de um hábito é como um fio invisível, mas, a cada vez que o


repetimos, o ato reforça o fio, acrescenta-lhe outro filamento, até que
se torna um enorme cabo e nos prende de forma irremediável, no
pensamento e na ação.”
Orison Swett Marden

Fontes:
• (1) BATEMAN, A. Three weeks to a better m​e, Reader’s Digest,
1983, tradução nossa.
• (2) DUHIG, C. Mind Hacking: How to Change Your Mind for
Good in 21 Days, Gallery Books, 2016, tradução nossa.
• (3) LALLY, P. How are habits formed: Modelling habit formation
in the real world, European Journal of Social Psychology, 2009,
tradução nossa.
• ​
(4) DEAN J. Making Habits, Breaking Habits: Why We Do
Things, Why We Don’t, and How to Make Any Change Stick”​,
Oneworld Publications, 2013, tradução nossa.

81
COMO RESISTIR ÀS SETE TENTAÇÕES MAIS COMUNS
ENTRE OS CONCURSEIROS

O objetivo deste texto, amigo leitor, é sugerir algumas técnicas


que podem ajudar você a não cair em sete armadilhas que o univer-
so conspirador frequentemente coloca em nosso caminho. Tudo que
apresentaremos aqui é fruto de experiências próprias, de observações,
de leituras ou de consultas aos nossos experientes mestres. Para co-
meçar, lembre-se: quanto maiores os louros a colher, mais numerosas
serão as tentações às quais precisaremos resistir. Qualquer jornada é
cheia de obstáculos, de entraves, de problemas, de dificuldades, de
crises, de tentações, de tentativas de boicote aos nossos sonhos. Ig-
norar isso é ingenuidade.
Dito isso, vejamos quais são as sete tentações contra as quais
você provavelmente terá de lutar para realizar o seu sonho de ser
aprovado em um bom concurso. Vamos aprender a driblá-las?

Tentação 1: procrastinação

A tentação de deixar para amanhã o que pode ser feito hoje é


uma das maiores que qualquer profissional pode enfrentar. Com o
candidato a concurso público, não é diferente. Muitos concurseiros
tendem, por exemplo, a deixar o início da preparação para apenas
quando o edital já tiver sido publicado. Não faça isso! Será muito
mais difícil – quase impossível, se o concurso for de alto nível – ven-
cer todo o conteúdo a tempo da prova.
Seja inteligente: para manter o hábito do estudo, dedique-se a
ele diariamente, ainda que avançando o conteúdo só um pouco por
dia. Sabia que três dias de interrupção nos estudos são o suficiente
para dar cabo ao hábito que você demorou pelo menos três semanas
para desenvolver? Há um artigo excelente do meu amigo Wellington
Antunes sobre como vencer a procrastinação8.

Tentação 2: séries de televisão e do Netflix

A segunda tentação vem da tevê paga, com suas séries envol-


ventes e viciantes. A cada episódio, lá se vai uma hora de estudo a
menos por dia. E quem consegue assistir a apenas um, sobretudo no
caso das séries do Netflix, em geral disponibilizadas em bloco? Uma
dica para resistir a mais essa tentação é reservar um tempo específico
na semana, algo em torno de uma ou duas horas, de preferência no
sábado à noite, para assistir aos episódios da sua série favorita. Não
quebre essa regra em hipótese alguma!
8
Disponível em: https://blog.grancursosonline.com.br/como-vencer-procrastinacao/

82
Então, seja dedicado aos estudos como uma “Rainha” é aos seus
súditos. Desenvolva “Punhos de Aço” para registrar tudo que puder nas
aulas. Detone nas matérias do concurso como o “Demolidor” subjuga
seus inimigos. Estude sozinho ou com os “Friends”, durante “24 horas”
seguidas, se for preciso. Procure uma boa biblioteca pública para o es-
tudo diário, ou estude em “The Office” mesmo. Nada de ficar “Lost” em
relação aos conteúdos que você precisa vencer e ao tempo de que dis-
põe até o grande dia. Monte o seu “Arquivo X” com resumos úteis para a
revisão das semanas que antecedem a prova. Inspire-se na bravura dos
“Vikings” para lutar pelo seu tesouro mais precioso: a aprovação. Do
contrário, você corre o risco de se tonar mais um “Walking Dead”, sem
chance de aproveitar a vida como deveria. A saga de um concurseiro é
como um “Game of Thrones”: cheia de conflitos e de reviravoltas, mas
também repleta de exemplos de honradez e de superação. Trabalhe
arduamente agora para mais tarde poder formar uma “Modern Family”
e ficar bem longe de viver uma “American Horror Story”. E, quando
precisar da ajuda de profissionais competentes em sua caminhada, it’s
“Better Call Gran Cursos Online”.
Em tempo: se você conhece todas essas séries, é sinal de que
está assistindo a muita tevê. Naturalmente, você pode se perguntar,
então, como eu posso estar a par do enredo de todas elas se pre-
tendo servir de exemplo de austeridade no consumo desse tipo de
entretenimento. Pois é, caro leitor, a verdade é que, com exceção
daquelas que se tornaram febre mundial, eu precisei pesquisar muito
no Netflix para descobrir quais são as fontes de tentação da atualida-
de. Estou por fora. Rsrs.

Tentação 3: redes sociais

As redes sociais, em especial o Facebook, são vorazes consumi-


doras de horas de estudo. E a caixa de e-mails, então? Felizmente,
um dos nossos professores tem uma dica bem eficiente para o con-
trole do vício que tudo isso representa nos dias de hoje. Ele nos acon-
selha a reservar cerca de meia hora por dia para administrar nossa
vida virtual. Nesse tempo, devemos ler rapidamente as mensagens
de nossa caixa de entrada e responder as mais urgentes ou impor-
tantes e, em seguida, atualizar nossas redes sociais. O importante é
resolvermos tudo isso de uma vez, e não de forma fragmentada ao
longo do dia. Nada de ficar navegando o tempo inteiro em sites de
fofocas, de amenidades, de esportes etc. Olhe tudo de uma vez, e
pronto! Você não tem tempo a perder.

83
Tentação 4: baladas e consumo excessivo de álcool

Os menos focados também podem cair na tentação de exagerar


nas baladas do fim de semana. Alguns candidatos seguem a lógica de
que, como estudaram todos os dias úteis, merecem ir para a balada,
para o bar, para a discoteca, para a festinha do amigo. Mas o que
esses desavisados ignoram é que o consumo excessivo de álcool, tí-
pico de muitas dessas noitadas, é um grande vilão da produtividade.
Uma ressaca no dia seguinte pode pôr a perder todo o planejamento
que o concurseiro havia desenhado para si. Na prática, o tempo que
o jovem se deu de presente para ir a uma festa é irrisório quando
comparado ao tempo que ele perderá nos estudos do dia seguinte.
Conheço pessoas que ficam até dois ou três dias cansadas depois
de uma noite maldormida e regada a álcool. Com isso, perdem quase
metade da semana em estado de concentração muito aquém do que
seria desejável. Por isso, se você for beber, que seja com moderação.
E saiba que tal decisão pode impor um alto custo aos seus projetos.
Tudo é uma questão de escolha: você pode viver o presente sem
pensar no futuro – e sofrer as consequências disso –, ou pode fazer
alguns sacrifícios agora para colher muitas aprovações depois – aí,
sim, com direito a cair em todas ou em quase todas as tentações que
surgirem pela frente, se for da sua vontade.

Tentação 5: convites de amigos

Virar a noite com os amigos, jogando pôquer, competindo em vi-


deogames ou simplesmente batendo papo, é outra tentação comum.
Mas não se engane: ceder a ela fará com que você perca mais do que
apenas uma noite de estudo. O dia seguinte também estará perdido,
para que você ponha o sono em dia. Enquanto isso, os concorrentes
que optaram por sacrificar algum tempo ao estudo sério terão avan-
çado quilômetros em relação a você.
Nosso conselho é que você reserve algumas horas de uma noite
qualquer durante a semana para o lazer com os amigos, para o amor,
para a família, para a Igreja; enfim, para as atividades ditas sociais.
Obviamente, você não deve se afastar totalmente dos amigos ou da
família, mas saiba que não será possível estar com as pessoas queridas
pelo tempo que você gostaria. Por enquanto. Mais tarde, você poderá
até levá-los para uma viagem pela Europa, a depender do concurso no
qual tiver sido aprovado. Tenho certeza de que você sonha alto.

84
Tentação 6: dormir demais

Algo que também atrapalha muito o concurseiro é dormir demais.


Acredite: alguns insistem em dormir nove, dez, onze horas por dia.
Para não ser um deles, disponha de um despertador dos bons. Você
deve dormir bem, é claro, porque é durante o sono que o cérebro ar-
mazena as informações importantes na memória de longo prazo. Mas
saiba que dormir mais do que o necessário é perda de (muito) tempo.

Tentação 7: celular

O celular é um grande inimigo da concentração e, por conseguin-


te, do estudante sério. Esqueça que ele existe pelo menos durante as
horas que você se programou para estudar. Coloque-o em modo avião
e resista à tentação de checá-lo a cada minuto como muitos fazem.
Quem é viciado no aparelho celular não consegue se concentrar
em nada por um período longo de tempo. Pessoas assim têm grande
dificuldade para focar em assuntos mais complexos, e reverter esse
quadro é difícil no início, embora, com o tempo, todos se acostumem.
Voltamos a dizer que, na vida, é tudo uma questão de escolha: ou
você emagrece comendo de maneira adequada e fazendo atividades
saudáveis, ou continua comendo comidas gordurosas e doces e ganha
alguns quilos a mais; ou você é aprovado depois de fazer alguns sa-
crifícios, ou continua se dedicando ao “basicão” e fingindo que estuda.

Como você vê, a fórmula para resistir às tentações não é radicali-


zar em nada. É, sim, fazer quase tudo com temperança. Quando tiver
conquistado a sua vaga no serviço público, você poderá recuperar tudo
que perdeu. Poderá até ir além e fazer muito mais do que deixou de fa-
zer no período de preparação. E o melhor é que, agora, poderá fazê-lo
em condições muito mais agradáveis do que hoje você pode sustentar.

85
CONHEÇA MELHOR O SEU CÉREBRO E TRANSFORME-O EM
SEU ALIADO

“Nosso cérebro é o melhor brinquedo já criado; nele se encontram


todos os segredos, inclusive o da felicidade.”
Charles Chaplin

Todos sabemos que o cérebro guarda grandes mistérios. Não é


de hoje que a ciência tenta explicá-los, tanto que há inúmeras te-
orias a respeito desenvolvidas por pesquisadores do mundo todo,
inclusive do Brasil. Apesar da complexidade do tema, tentaremos,
aqui, derrubar alguns dos mitos sobre o funcionamento dessa mais
intrigante máquina do universo. Para tanto, vamos compartilhar com
você alguns números, informações e curiosidades que podem tornar
o assunto um pouco menos nebuloso.
A partir da leitura deste texto, queremos que você, amigo con-
curseiro, passe a explorar o cérebro com mais eficiência. Esperamos
que as informações aqui reunidas, que elucidam bastante os mis-
térios da nossa máquina de pensar, ajudem você a aumentar, por
exemplo, a capacidade de memorização de conteúdos programáticos
e de assimilação de diversos conhecimentos que são imprescindíveis
quando se pretende gabaritar as provas de concursos e conquistar
uma vaga no serviço público.
Todos os dados deste artigo foram colhidos em revistas e sites
especializados, em matérias e reportagens produzidas por respeita-
dos canais de televisão e em estudos publicados nos mais diversos
veículos de comunicação9.
Primeiro, falaremos dos aspectos fisiológicos do cérebro humano.
Embora represente apenas 2% da nossa massa corporal, o principal
órgão do corpo humano consome de 20% a 25% de todas as calorias
que ingerimos. Fazendo uso de apenas 10 a 20 watts – consumo me-
nor do que o de uma lâmpada comum –, o cérebro tem desempenho
maior do que o de um supercomputador com velocidade de 125 qua-
trilhões de cálculos por segundo. A energia que ele gasta é equivalen-
te à de 3.900 aparelhos de ar-condicionado ligados simultaneamente
na potência máxima. É extraordinário, não é?
Você sabia que, mesmo quando estamos em repouso ou ador-
mecidos – ou sem pensar em absolutamente nada –, o nosso cére-
bro continua queimando energia? O mais intrigante é que, mesmo
nessas circunstâncias, o consumo dele é apenas 1% menor do que
se estivéssemos, por exemplo, fazendo uma prova de concurso ou
resolvendo problemas complexos. Isso quer dizer que, em 100% do
tempo, ele está 100% em funcionamento. Desse modo, a afirmação
de que usamos apenas 10% do cérebro não passa de mito.
9
Todos esses dados complementam o que foi abordado no artigo Desmontando a curva do
esquecimento, p. 48.

86
O cérebro é formado por 85 bilhões de neurônios. Mas poucos
sabem que, além dessas células típicas do sistema nervoso, ele ainda
contém 85 bilhões de outra estrutura celular, conhecida como célula
glial. As células gliais são responsáveis pelo monitoramento da entra-
da de nutrientes no órgão, pelo combate a infecções, pela limpeza do
sistema nervoso e pela proteção da “fiação elétrica” dos neurônios.
Em síntese, cabe a elas o suporte, a faxina e o apoio e estrutura ne-
cessários para os neurônios realizarem o trabalho mais nobre.
Eis outra informação que a ciência revelou: cerca de 95% dos
nossos processos cognitivos são inconscientes, ou seja, ocorrem to-
talmente fora do nosso controle. Isso significa que só conseguimos
gerenciar 5% das nossas decisões! Como você vê, nossa liberdade é
bem mais limitada do que pensávamos.
Diz a sabedoria popular que “Cérebro não usado é cérebro atro-
fiado”. Isso, caro leitor, não é mito. Tal como um músculo qualquer,
se não for adequadamente estimulado, o cérebro atrofia. Para apro-
veitar ao máximo essa máquina de aprendizagem, há que ter motiva-
ção, foco, atenção e muita prática. Não há outro jeito: se quisermos
manter o cérebro em boa forma e extrair dele o melhor desempenho
possível, precisamos direcionar 100% do nosso foco e interesse ao
que estivermos executando no momento, além de treinar muito a
mente, mesmo que isso signifique derramar litros de suor. No seu
caso, concurseiro, um bom começo é desenvolver um interesse ex-
traordinário pelos estudos e pelos exercícios de fixação.
Se, por um lado, o senso comum estava correto quanto à capa-
cidade do cérebro de se atrofiar; por outro, sempre esteve errado
quanto a outro mito bastante difundido por aí. Falava-se que as mu-
lheres têm a capacidade de fazer muitas tarefas ao mesmo tempo,
diferentemente dos homens. Porém a verdade é que (muitas não
vão gostar ou concordar – creio eu –, mas é o que a ciência diz, rs),
independentemente do gênero da pessoa, o cérebro só consegue re-
alizar bem uma tarefa por vez. No entanto, ocorre que as mulheres
aparentam ter uma maior facilidade de fazer transições entre diver-
sas atividades. A dica, então, concurseiro, é: nada de tevê, nada de
celular, nada de internet enquanto você estiver estudando. O foco do
seu cérebro nesses momentos deve ser exclusivamente o estudo em
andamento.
A boa notícia é que, de fato, aprendemos dormindo. Não que
seja suficiente dormir ao lado de um MP3 player reproduzindo noite
adentro o conteúdo que precisamos estudar. O que ocorre é que nos-
so cérebro assimila durante a noite o que vimos durante o dia, daí a
importância de boas noites de sono.

87
Além disso, para que um cérebro saudável funcione em sua ca-
pacidade máxima, há que cuidar da oxigenação dele. Nesse quesito,
as atividades físicas, especialmente as aeróbicas, são nossas maio-
res aliadas. Praticar exercícios físicos, como já mencionamos várias
vezes em artigos anteriores, ajuda a oxigenar o cérebro e a torná-lo
mais eficiente. A alimentação saudável e balanceada também é fun-
damental para isso. Dê preferência ao consumo de peixes, nozes,
ovos, chocolate e tudo mais que contiver – em especial – grandes
doses de vitaminas A, B e E.
Os psicólogos e neurocientistas recomendam, ainda, o resgate
de alguns velhos hábitos, como procurar desenvolver novas e dife-
rentes habilidades, fazer contas de cabeça, diminuir a dependência
da memória do celular e dedicar-se mais à leitura. Essas atividades
estimulam o cérebro na medida em que nos forçam a sair da rotina
e, portanto, da automação de nossas ações.
Em resumo, manter o corpo saudável e levar uma vida ativa, feliz
e equilibrada é a melhor pedida. O cérebro agradecerá, funcionando
de forma mais plena e tornando a memória mais eficiente.
Amigo leitor, espero que você faça bom uso dessas informações.
Tome consciência das suas ações e pense em como pode ajudar o seu
cérebro a funcionar melhor. Fazendo isso, você certamente turbinará
os seus estudos e alcançará a mudança de vida que tanto almeja.
Bons estudos e GRAN sucesso,

“Eu não apenas uso todo o cérebro que tenho, mas todos os que con-
sigo pegar emprestado.”
Woodrow Wilson

Fontes:
• Globo News Ciência e Tecnologia – Os segredos do cérebro
Humano.
• Globo Repórter – Como manter nosso cérebro saudável e fun-
cional.
• History Channel – O cérebro.
• Revista Superinteressante – Cérebro: os grandes mistérios da
mente.
• Experiência do neurocientista John-Dylan Haynes, do Centro
Bernstein de Neurociência de Berlim.
• Discovery na Escola – Tudo sobre o cérebro.
• Jornals.plos.org – Human behavioral complexity peaks at age 25.

88
POR QUE VOCÊ ESTÁ TÃO ANSIOSO PARA VER PUBLICADO
O SEU EDITAL?

“Em todas as coisas, o sucesso depende de uma preparação prévia, e,


sem tal preparação, o falhanço é certo.”
Confúcio

Nós, do Gran Cursos Online, já estamos até acostumados a rece-


ber inúmeras mensagens, comentários e e-mails bastante parecidos
dos concurseiros mais ansiosos. “Quando o edital do concurso tal vai
sair?”, “Qual é a previsão de publicação do edital para o concurso
X?”, perguntam muitos deles. “Estou agoniado porque o edital do
meu concurso ainda não foi publicado”, “O edital do meu concurso
está demorando muito, acho que vou desistir de estudar”, desabafam
outros.
A ansiedade dos concurseiros é tanta, que de vez em quando
interrompo minhas atividades rotineiras para monitorar os diversos
grupos criados na internet sobre os mais iminentes e importantes
concursos públicos. Sempre que faço isso, preciso me conter para
não entrar nesses grupos e perguntar aos membros se eles esta-
riam, de fato, preparados para o concurso na hipótese de o edital ser
publicado no dia seguinte. Faço a mesma pergunta a você, aluno e
leitor: se o edital do concurso dos seus sonhos fosse publicado hoje,
você estaria devidamente preparado para ser aprovado e classifica-
do, mesmo sabendo que a prova, nesse caso, ocorreria dentro de 45
a 60 dias?
Percebe como não dá para brincar com esse assunto e ficar de-
sejando que o edital seja publicado logo? Não ajuda em nada ficar
preocupado com essa e outras questões, como a quantidade de horas
que seus concorrentes têm dedicado aos estudos ou o número de
candidatos por vaga no concurso. Pelo contrário, isso apenas retira o
foco do objetivo imediato, que é conquistar a carreira pública e mu-
dar de vida. De que adianta o edital sair logo se você ainda não tem
condições de ser aprovado? Além da frustração que você sentiria,
ainda teria de aguardar um período bem maior para tentar de novo,
já que é comum um novo certame para um determinado cargo de-
morar até quatro anos para sair.
Caso você esteja começando a estudar agora e o edital do con-
curso que quer prestar esteja demorando para ser publicado, você
deve é AGRADECER, pois esta é a sua chance de alcançar os concor-
rentes mais experientes. Por outro lado, se você já se sentir suficien-
temente preparado para as provas, mas o edital estiver atrasando
demais, saiba que, se reduzir o ritmo dos estudos, você pode vir a
perder todo o valioso conhecimento que reuniu com tanto esforço.

89
É importante lembrar, ainda, que, trabalhando na iniciativa privada,
demora-se muito mais para progredir na carreira do que se demo-
raria no serviço público, de modo que o tempo que se aguarda até a
publicação de um edital é bastante relativo10.
Tenha em mente que é preciso estar pronto para o concurso como
se o edital fosse ser publicado amanhã e a prova aplicada depois de
amanhã. Portanto, concurseiro, se você tem ouvido boatos – de fonte
confiável – de que já existe autorização para a realização do concur-
so, esqueça essa preocupação com a data da publicação do edital e
concentre-se nos estudos. Seja inteligente e baseie sua preparação
no edital anterior e nas cinco últimas provas aplicadas pela banca
organizadora. A probabilidade de conteúdos serem alterados de um
concurso para outro ou de disciplinas serem incluídas ou excluídas
beira os dez a vinte por cento, na maioria dos casos. Então, fique
tranquilo e faça bom proveito desse tempo que antecede o lança-
mento do edital.
Veja bem: não se trata de ser ingênuo e estudar para um concur-
so que não tem NENHUMA chance de sair. Trata-se, sim, de ser um
bom observador e de confiar nas estatísticas: se há certa regularida-
de na abertura de certames para a carreira que você deseja seguir,
se há rumores de fontes que inspiram confiança, se há autorização
para concurso na área, você não deve se preocupar tanto com o dia
da publicação do edital, e sim com a sua preparação.
Aliás, no caso de já haver autorização, você precisa estar estu-
dando em ritmo intenso de verdade. Nada de moleza nem de desâni-
mo, porque o lançamento do concurso é uma mera questão de tempo
que você deve usar a seu favor. Ter de se preparar para um ou outro
conteúdo novo e uma ou outra disciplina inesperada no curto prazo
entre a publicação do edital e a aplicação das provas é bem mais
simples, seguro e inteligente do que vencer todo o conteúdo do edi-
tal tendo começado os estudos apenas quando o edital já estiver na
praça. Esse é um erro crasso, como alertamos em outro artigo (link).
Sabemos que o sucesso em concurso público depende de orga-
nização, planejamento, método e motivação. É fato: quem emprega
as melhores táticas e técnicas na preparação sai na frente dos con-
correntes. Ser bem-sucedido nessa empreitada depende bem menos
de uma inteligência fora do comum e bem mais de outros atributos11.
Também estamos plenamente cientes de que o nosso inimigo é a
banca examinadora, razão pela qual o candidato precisa conhecê-la
10
Leia Veja por A mais B como prestar concurso é um excelente negócio, p. 08, e veja as vanta-
gens do serviço público.
11
Esses atributos podem ser vistos em detalhes no artigo A importância da preparação anteci-
pada: não seja refém do edital!, disponível em: https://blog.grancursosonline.com.br/a-impor-
tancia-da-preparacao-antecipada-nao-seja-refem-do-edital/

90
até mais do que conhece a si próprio. Durma e acorde pensando na
banca e em como fará para se esquivar de suas armadilhas e ven-
cê-la. Saiba direitinho como é o estilo das provas; se cobram mais
doutrina, mais legislação ou mais jurisprudência, por exemplo. Os
artigos da nossa série “Quebrando a Banca” têm tudo para ajudar
você a se preparar melhor para esse impiedoso inimigo.
Tradicionalmente, a banca organizadora de concursos para as
carreiras fiscais federais é a ESAF. No caso dos tribunais federais,
a FCC e o Cespe dominam as seleções. A Polícia Federal e a Polícia
Rodoviária Federal tendem a ter concursos organizados pelo Cespe,
que também costuma ser o escolhido do Tribunal de Contas da União,
do Ministério Público da União, da Defensoria Pública e do Tribunal de
Justiça do Distrito Federal e Territórios, dentre outros órgãos. Além
dos concursos dos tribunais, a FCC costuma organizar os certames
dos fiscos estaduais, e a Vunesp é a organizadora de todos os con-
cursos do Tribunal de Justiça de São Paulo e da Polícia Militar daquele
estado.
Perceba que conseguimos prever com bastante precisão até mes-
mo a banca organizadora de grande parte dos concursos, o que ajuda
muito no direcionamento da preparação antecipada. Ora, se pode-
mos contar com isso e, ainda, com as poucas alterações entre um
edital e outro de uma mesma carreira e com notícias confiáveis de
que o concurso sairá em breve, paremos de nos preocupar com a
publicação do edital e nos concentremos em vencer os conteúdos
cobrados no último concurso, que têm mais probabilidade de cair nas
provas do novo.
Não se esqueça de que saber fazer prova é mais importante do
que ter na ponta da língua todos os pontos das disciplinas do edital.
Foi pensando nisso que, recentemente, lançamos o projeto “Treino
Difícil, Jogo Fácil”. A proposta é simular a prova nos mínimos de-
talhes (é tão esmero que você nota até mesmo na diagramação do
material). Convido você a acompanhar esse projeto em nosso site.
Fique atento, porque pretendemos lançar simulados para todos os
principais concursos nos próximos meses.
Por oportuno, também gostaríamos que você lesse o artigo Sete
coisas que você precisa saber sobre o edital de um concurso, que
se encontra na pág. 27, e assistisse aos vídeos nos quais os nossos
mestres traduzem os últimos editais. Eles estão disponíveis em nossa
tradicional série “Como Passar?”. Além disso, recomendamos que
você reserve um tempinho para ler pelo menos três vezes o edital,
quando ele finalmente tiver saído. Pode parecer perda de tempo, mas
acredite: esse cuidado vai fazer toda a diferença em seu desempe-
nho. Qualquer detalhe extraído dessas criteriosas leituras pode fazer
a diferença entre a aprovação e a reprovação, a classificação e a
desclassificação, a mudança de vida e a manutenção de tudo como

91
está. Tenha consciência disso, por favor! É o meu conselho de amigo,
concurseiro, porque ninguém vence um jogo sem conhecer todas as
regras antes.
Nós, da direção, do quadro de docentes e da equipe de cola-
boradores do Gran Cursos Online, estaremos sempre pesquisando,
analisando e estudando o mundo dos concursos para levar até você,
amigo leitor, com confiabilidade e respeito, o melhor conteúdo e as
informações mais quentes e úteis que podem contribuir para a sua
aprovação. Monitoramos TUDO em tempo real, fazendo um esforço
hercúleo para levar a você, em primeira mão, informações sobre as
novidades dos concursos, artigos motivacionais, dicas de estudos,
editais verticalizados e muito mais. Não perca tempo com os rumores
de pessimistas. Aqui, mantemos você atualizado com o que interessa
de fato.
Uma última vez: ESQUEÇA o dia que o edital vai sair. Como diz o
nosso mestre de Legislações Tributárias e meu amigo Vilson Cortez:
“Edital é prêmio para quem estuda”. Acredito muito nisso!
Por derradeiro, uma máxima: todo mundo passa em concurso
público. Só não passa quem não se inscreve ou quem desiste antes.
Conte sempre com este empreendedor e com a nossa grande
equipe de apoio. Somos todos apaixonados pela EAD e pelo mundo
dos concursos.

“A única forma de se manter à frente em qualquer área é dedicar-se


ao processo de preparação com pelo menos o mesmo entusiasmo do
segundo colocado.”
Bernardinho

92
COMO TRAÇAR OBJETIVOS E ALCANÇÁ-LOS

“Se quiser viver uma vida feliz, amarre-se a uma meta, não às pessoas
nem às coisas.”
Albert Einstein

Antes de entrarmos no tema deste artigo, vamos, primeiro, dife-


renciar o que é objetivo e o que é meta. É importante perceber, desde
logo, que, em linhas gerais, toda meta constitui um objetivo, mas
nem todo objetivo constitui uma meta. A primeira diferença entre os
dois conceitos é que objetivo está para descrição enquanto meta está
para definição, em números e prazos, do que se deseja alcançar.
São exemplos de objetivos: montar um negócio, perder peso,
enriquecer, passar em concurso. São exemplos de metas: ser clas-
sificado entre as dez primeiras posições no próximo concurso para
Analista Judiciário – Área Judiciária do TST, ser aprovado em cinco
concursos públicos nos próximos doze meses, ganhar um milhão de
reais nos próximos três anos, conquistar a liderança do mercado de
cursos online nos próximos cinco anos. Em outras palavras, objetivos
são qualitativos; metas são quantificáveis.
Em artigo publicado no periódico American Psychologist, os pro-
fessores Edwin A. Locke e Gary P. Latham, resumindo 35 anos de
muita pesquisa sobre o assunto, revelaram que, quando as pessoas
definem metas bem específicas e mais dificultosas, tendem a dar o
seu melhor para alcançá-las. Ou seja, metas e objetivos elevados
fazem as pessoas se empenharem mais do que quando elas têm um
propósito mais modesto.
Sabendo disso, nobre concurseiro, procure definir metas especí-
ficas e prazos concretos para atingi-las. O efeito previsível e imediato
disso será maior dedicação, maior esforço e maior persistência de
sua parte. Já os efeitos de médio e de longo prazo serão melhor de-
sempenho e resultados auspiciosos nos concursos que você prestar.
Para exemplificar, imagine que o seu objetivo seja passar no con-
curso para Auditor do TCU, e a meta seja alcançar essa aprovação em
um ano e meio de estudo de no mínimo cinco horas diárias. A com-
plexidade e a dificuldade desse projeto exigirão de você um planeja-
mento muitíssimo bem elaborado e bem executado. Provavelmente,
você terá de fazer um grande investimento financeiro e demonstrar
alto grau de comprometimento e de abnegação. Além disso, preci-
sará ter muita criatividade para superar cada obstáculo que surgir e
dedicar especial atenção aos detalhes do cronograma que você tiver
montado. Em resumo, a energia e o esforço envolvidos no projeto
serão proporcionais à grandeza deste.

93
Quando um candidato impõe a si mesmo metas claras, específi-
cas e detalhadas em números factíveis e prazos razoáveis, tende a
desenvolver a coragem e a disposição necessárias para alcançá-las.
Repito: essas metas traçadas devem ser específicas e mensuráveis,
mas também realistas, passíveis de serem atingidas no decurso de
um determinado tempo.
John Kotter, professor da Universidade de Harvard e autor ame-
ricano de vários best-sellers, não tem dúvida de que a melhor forma
de obter resultados e mudanças significativas é gerar vitórias de cur-
to prazo. Ele afirma que, para que essas vitórias sejam experimen-
tadas com alguma frequência, é necessário estabelecer metas de
curtíssimo prazo, metas de curto prazo e metas de médio prazo. Um
método válido para isso é estabelecer, por exemplo, uma espécie de
progressão: primeiro deve-se melhorar o desempenho nos simulados
de determinadas disciplinas; depois, conclui-se o plano de estudos
do dia e a visualização de um número específico de videoaulas em
um dado período de tempo. É permitido até estabelecer uma espécie
de premiação para si mesmo sempre que uma meta for alcançada.
Reconhecimento, mesmo que venha de nós mesmos, é fundamental
para seguirmos motivados. Aos poucos, devemos aumentar progres-
sivamente o grau de dificuldade das metas de curto prazo, até atin-
girmos o objetivo final.
De minha parte, observando os nossos colaboradores, professo-
res e alunos, percebo que, quando eles definem metas com as quais
se identificam e que têm profundo e relevante significado para eles,
costumam persegui-las com mais paixão e alcançá-las mais depres-
sa. Eles avançam passo a passo em sua trajetória e, a cada conquis-
ta, experimentam o legítimo sentimento de vitória, de alegria, de
felicidade e de viver verdadeiramente a vida.
Há uma frase, expressão da sabedoria popular, que diz mais ou
menos o seguinte: “Se você não falhou ou fracassou em pelo menos
90% das vezes que tentou fazer algo, é porque seus objetivos não fo-
ram suficientemente ambiciosos”. É isso mesmo, leitor amigo. Pense
grande, mas comece pequeno, subindo degrau a degrau, até chegar
ao topo da carreira pública com que você sonha.
Em termos práticos, o que estamos sugerindo é que você primei-
ro elabore mentalmente um plano e, em seguida, o transfira para o
papel ou para um aplicativo de planejamento. É importante passar
as ideias para um formato mais concreto, a fim de que sua mente
seja capaz de visualizá-lo. Só depois disso, o consciente – e o in-
consciente – será capaz de trabalhar 24 horas por dia para realizar o
seu projeto, levando você a alcançar cada um dos objetivos e metas
traçados. Fica o alerta: seu plano precisa ser consistente e completo.
Uma das dificuldades em alcançar grandes objetivos é a pessoa não
saber aonde quer chegar nem como chegar lá. A incerteza torna a
missão impossível.

94
Há um estudo da Statistic Brian que confirma a importância de se
planejar de forma concreta e com clareza para alcançar objetivos e
metas. Nele, os pesquisadores analisaram as resoluções de Ano-No-
vo de norte-americanos e notaram que somente 8% destes tinham,
de fato, alcançado os objetivos estabelecidos. Nada menos do que
92% falharam, não conseguindo efetivar as decisões que haviam to-
mado no fim do ano anterior. Qual seria a fórmula do sucesso dos 8%
bem-sucedidos? Basicamente, nada de procrastinação. Em comum,
eles haviam definido por escrito as metas e estabelecido um plano
detalhado para alcançar cada uma delas com motivação e inspiração.
Façamos outro exercício de criatividade e imaginemos que o seu
plano seja se tornar Delegado da Polícia Federal no prazo de dez
anos. Um projeto como esse pressupõe que você esteja entre os
aprovados para o cargo de Agente já nos próximos três ou quatro
anos, ao mesmo tempo que conclui o curso de Direito, requisito para
ingresso na carreira pretendida. Mas a trajetória não para por aí. Em
cinco anos, você precisará estar empossado no cargo de Agente e
se preparando especificamente para o concurso de Delegado. Obvia-
mente, algumas reprovações serão toleradas no percurso e devem
estar previstas em seu plano. Em compensação, você não pode nem
sequer tolerar a ideia de desistir do cargo que é seu objetivo profis-
sional. Meta traçada, missão a ser cumprida!
Enfim, concurseiro, quem não tem um bom plano não define seus
objetivos do jeito certo. Por consequência, não age concretamente
para que suas metas sejam cumpridas. O resultado: não chega a lu-
gar algum, não prospera, não passa em concurso público.
E então, de que lado você quer ficar?
Volto a aconselhar: conceba seu objetivo e suas metas primeiro
em sua mente, depois passe as ideias para o papel ou outro suporte
mais concreto. Então, siga rigorosamente o plano com perspectivas
de curto, de médio e de longo prazo. Por fim, monitore periodica-
mente sua evolução e os seus resultados. E lembre-se: a mente só
acredita no que ela vê.
Nós, aqui, do Gran Cursos Online, somos bons conselheiros e
torcemos muito pelo sucesso dos nossos alunos e dos nossos colabo-
radores. Acredite nisso e conte sempre conosco!

“As pessoas fracassam por falta de conselhos, mas são bem-sucedidas


quando há muitos conselheiros.”
Provérbios 15:22

95
COMO A EAD ESTÁ MUDANDO O MUNDO E PODE MUDAR A
SUA VIDA!

“Educação é aquilo que a maior parte das pessoas recebe, muitos


transmitem e poucos possuem.”
Karl Kraus

Pouco mais de dez anos atrás, os maiores centros de estudo do


Brasil estavam restritos às grandes cidades. Não era diferente com
as escolas preparatórias para concursos públicos. Se um concurseiro
que morasse numa cidade do interior quisesse ter aulas presenciais
de qualidade, precisaria se deslocar até centros urbanos por exem-
plo, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Os professores mais
requisitados desse mercado estavam concentrados nessas regiões,
por causa da tendência natural de elas também concentrarem as
melhores remunerações, pagas pelas grandes instituições, com as
quais as escolas menores não conseguiam competir nesse quesito.
Nesse contexto, também era mais provável que os alunos com maio-
res chances de aprovação residissem, ainda que temporariamente,
nessas cidades.
Diante disso, não é nenhum absurdo afirmar que havia grande
desequilíbrio e faltava igualdade de oportunidades entre os cidadãos
que decidiam se preparar para concurso. Alunos com melhores con-
dições financeiras migravam para cidades com grandes centros de
preparação, ao passo que aqueles com menos recursos acabavam se
limitando ao estudo por meio de livros e de apostilas, sem acesso a
bons professores que pudessem esclarecer suas dúvidas.
Felizmente, com a popularização da internet e da educação a dis-
tância (EaD), tudo isso mudou. A EaD vem revolucionando a apren-
dizagem no Brasil e no mundo. No caso do mercado de preparação
para concursos, essa modalidade de ensino viabiliza o acesso de pes-
soas humildes, mas talentosas, aos melhores cursos e aos mais ga-
baritados professores, independentemente de onde estes ou aqueles
residam. Tudo isso por um preço equivalente a uma fração do valor
que se desembolsava para frequentar os cursos presenciais há dez
ou quinze anos.
Hoje, não importa se o candidato mora em uma cidade do interior
e com poucos habitantes; ele pode estudar com os mesmos profes-
sores que ensinam o seu concorrente de classe média alta e morador
do centro de São Paulo. Claro que ainda existe alguma desigualdade,
mas hoje ela está mais relacionada à melhor ou pior infraestrutura da
rede elétrica ou de internet de algumas cidades, por exemplo. Para
nossa satisfação, tais discrepâncias têm diminuído significativamente
no Brasil, e a tendência é que ainda reduzam bastante.

96
O ensino nunca foi de acesso tão amplo e democrático como é
hoje. É por isso que costumo dizer que vivemos no melhor momento
de todos os tempos. O fato é que, se você, leitor residente de algu-
ma cidade que não seja sede de centros de ensino, tivesse nascido
dez ou vinte anos mais cedo, talvez não tivesse condições de estar
se preparando com a qualidade de que desfruta hoje. É possível que
não tivesse nem sequer a oportunidade de entrar no jogo com boas
condições de vencê-lo.
Se não é o seu caso e você é residente de um grande centro
urbano, também tem razões para se sentir grato. Só a economia de
tempo e de dinheiro que a EaD lhe proporciona, ao livrá-lo do trânsito
caótico das grandes metrópoles, já representa um grande sacrifício
a menos. E o que dizer da tranquilidade e da paz de espírito que o
estudo pela internet lhe garante ao poupá-lo da violência e de outros
problemas típicos das cidades brasileiras?
O que não falta são motivos para sermos gratos. Então, inter-
nauta, agradeça sempre! Somos todos abençoados por vivermos no
século do acesso à informação e da democratização do ensino.
A EaD está revolucionando o mundo, e não apenas no que diz
respeito à ampliação do acesso à educação e à igualdade de opor-
tunidades. Ela está mudando a forma como as pessoas estudam, ao
exigir delas mais disciplina, mais concentração, mais foco, mais tudo!
E é desse tipo de gente que o Estado brasileiro carece. Nosso Brasil
precisa demais de pessoas que saibam estudar, de cidadãos capazes
de interpretar textos satisfatoriamente, de estudantes que sejam dis-
ciplinados, de servidores que escrevam bem, de brasileiros bons em
traçar objetivos e metas e que sejam determinados o bastante para
persegui-los. A EaD abre portas para que pessoas com esse perfil
cheguem aos cargos públicos e façam a diferença pelo nosso País.
A educação a distância é hoje uma modalidade valiosa na área
dos concursos públicos, porque oferece conteúdo permanentemen-
te atualizado, professores talentosos e competentes e recursos – às
vezes até pouco conhecidos, mas que podem ser explorados a fim
de tornar os candidatos ainda mais competitivos e preparados para
o efetivo exercício da carreira pública. Um dos maiores potenciais
dessa modalidade de ensino são as ferramentas criadas pelas gran-
des instituições para reduzir ainda mais a barreira física que existe
entre o professor e o aluno. Um exemplo desse tipo de ferramenta
inovadora é o fórum de dúvidas oferecido em nossa plataforma do
Gran Cursos Online. A criatividade das equipes que trabalham com a
tecnologia em EaD define até onde as escolas preparatórias podem
avançar para tornar o ensino o mais eficiente possível.

97
Sabemos que o concurso público é o processo de seleção mais
isonômico que existe porque não discrimina ninguém em função de
aparência, renda, sexo, cor, religião. Graças à EaD, ele tornou-se ain-
da mais democrático, pois agora é possível nivelar também o acesso
à preparação de forma inimaginável há poucos anos. Com a educa-
ção a distância, cai por terra um dos últimos fatores de desigualda-
de entre os concurseiros, a distância dos centros de excelência em
preparação para concurso. Hoje, todos os candidatos têm como se
preparar em igualdade de condições, independentemente da dispo-
nibilidade financeira.
Entenda que não estou desmerecendo as outras modalidades de
ensino nem afirmando que apenas os candidatos que estudam online
têm chances de ser aprovados. Estou apenas ressaltando como a re-
volução na educação representada pelo ensino a distância multiplicou
as oportunidades para quem quer mudar de vida. É preciso lembrar
que não há fórmula mágica ou método único para alcançar esse ob-
jetivo, mas existem ferramentas que podem facilitar a vida do can-
didato. No fim, tudo dependerá do seu esforço e da sua dedicação.
Aqui, na GG Educacional e no Gran Cursos Online, somos todos
apaixonados por mudar vidas e pela educação a distância. Eu sempre
soube que esse segmento seria promissor, tanto que ingressei na
faculdade já pensando em empreender nessa área. É isso que nos
move e nos dá energia para trabalhar incessantemente todos os dias.
Sempre estaremos com você, juntos e misturados, até a posse
no cargo dos seus sonhos.

“Educação nunca foi despesa. Sempre foi e será investimento com


retorno garantido.”
Sir Arthur Lewis

98
O PAPEL DA ATIVIDADE FÍSICA NA PREPARAÇÃO PARA
CONCURSO

Não me atrevo a listar todos os benefícios que a ciência já iden-


tificou na prática regular de exercícios físicos. Mas me arrisco a falar
sobre a enorme contribuição que a atividade física oferece para quem
estuda para um exame ou para um concurso público concorrido. Já
é consensual a noção de que praticar trinta minutos de atividades
físicas pelo menos três vezes por semana melhora as habilidades
cognitivas e o desempenho mental, além de produzir bem-estar psi-
cológico e reduzir o estresse, a ansiedade e a depressão. Nada mal
para quem se dedica ao extenuante projeto de passar em concurso,
não é?
Exercícios físicos, como todos sabemos, ajudam a emagrecer.
Mas esse é só um de seus muitos benefícios. A atividade física regular
também é forte aliada do raciocínio lógico e da memória. E não sou
eu quem está dizendo; é a ciência. Pesquisadores irlandeses foram
a fundo para descobrir como os exercícios físicos afetam o cérebro.
Em uma de suas pesquisas, eles submeteram estudantes universi-
tários a testes de memória e, em seguida, separaram os voluntários
em dois grupos. Os do primeiro foram levados à exaustão na prática
de exercícios físicos, enquanto os do segundo ficaram descansando
por alguns minutos. Na sequência, todos foram submetidos a novos
testes de memória. Os cientistas concluíram que o grupo que havia
praticado exercícios físicos teve desempenho significativamente me-
lhor do que os voluntários que haviam apenas descansado após o
primeiro teste.
Aqui, no Gran Cursos Online, já havíamos chegado a conclusão
semelhante. Costumamos entrevistar os ex-alunos aprovados nos pri-
meiros lugares dos mais difíceis concursos públicos do País. Nos da-
dos que coletamos nessas entrevistas e nos questionários respondi-
dos por esses ex-concurseiros, fica claro que, em regra, os candidatos
mais bem-sucedidos são aqueles que não descontinuaram a prática
de atividades físicas durante a preparação para o concurso. Esse é,
aliás, um dos diferenciais entre quem é aprovado no concurso dos
sonhos e quem não é. Fica aí a dica. Exercício físico não é perda de
tempo; é uma tática adotada pelos vencedores.
Mas que tipo de atividade física propicia tudo isso? Qualquer um
que lhe dê prazer, amiga e amigo concurseiro. Você pode optar pela
caminhada, pela corrida, pela natação, pela ginástica, pela dança…
A prática de qualquer uma dessas modalidades, com regularidade
e paixão, é capaz de melhorar a nossa aparência e, de quebra, au-
mentar nossa autoestima e nossa autoconfiança. Mas os benefícios

99
não param por aí. Quem pratica esportes ou qualquer outra atividade
física também vê diferença em seu poder de concentração. De fato,
mover o corpo oxigena o cérebro e, com isso, aumenta a capacidade
de memorização e melhora o desempenho das atividades intelectuais
do dia a dia.
Tenho uma história pessoal para compartilhar em defesa dos be-
nefícios do exercício físico. Em meados de 2014, em virtude de uma
altíssima carga de trabalho, eu tinha reduzido drasticamente as mi-
nhas atividades físicas. Agia como a maioria das pessoas: ia à aca-
demia “quando dava”, de maneira irregular e esporádica. Mas então,
em um dia de muito estresse, me dei conta de que precisava conciliar
as atividades empresariais com as físicas, ou muito provavelmente,
no futuro, teria más notícias ao fazer exames médicos de rotina.
O fato é que eu não queria isso para mim. Muitos tendem a agir
apenas depois da recomendação médica, quando a necessidade de
se precaver contra problemas sérios de saúde já é urgente. Comigo
foi diferente. No mesmo dia do meu insight, decidi me tornar um
adepto dos exercícios físicos.
O resultado dessa decisão é que, se antes, pouco mais de 3 anos
atrás, meu percentual de gordura estava em 24% (observação: é
possível não estar com sobrepeso e ainda assim ter uma alta taxa
de gordura corporal), hoje, graças aos exercícios regulares e à boa
alimentação, esse índice baixou para 8%. Costumo acordar bem cedo
para ir à academia e cumprir com a minha obrigação diária; faça chu-
va, faça sol; estejamos ou não em horário de verão. Só depois de sair
de lá, enfrento minha rotina de 15 a 17 horas na empresa. Percebo
que hoje consigo trabalhar até mais e de maneira mais eficiente do
que antes, apesar de ter de encaixar uma hora para atividades que
eu não exercia. Ou seja, os benefícios transcendem, e muito, a saú-
de, como eu já havia antecipado no início deste texto. Em resumo,
leitor amigo, falta de tempo não vale como desculpa. Reflita: se você
não cuidar do seu corpo agora, como estará no futuro?
Além disso, podemos fazer atividades físicas em qualquer lugar:
no quarto, no quintal, em uma sala de ginástica com aparelhos sim-
ples, na escada do prédio, nas redondezas do apartamento ou de
casa. Basta querer e criar mais esse hábito saudável. Você pode fa-
zê-lo aplicando o método da repetição. Basta repetir a rotina por 21
dias, sempre no mesmo horário e pelo mesmo período de tempo,
sem interrupção. Não nos cansamos de dizer que hábito se cria com
rotina. Isso vale tanto para os estudos como para a prática de uma
atividade física.

100
Se você ainda precisa de incentivo, lembre que os candidatos às
carreiras policiais e militares ainda têm a vantagem de poder conver-
ter a prática de exercícios em treino para o Teste de Aptidão Física
(TAF). O teste, uma das etapas dos concursos para aquelas carreiras,
costuma ser eliminatório e requer a execução de provas difíceis e
sofridas, como barra fixa, salto em distância (impulsão horizontal),
natação, corrida de 12 minutos e longos 2.710 metros, necessários
para obtenção da pontuação máxima. Já escrevemos a respeito12.
Infelizmente, muitos candidatos que enfrentarão o TAF cometem
um erro que costuma pôr tudo a perder: é muito comum eles só ini-
ciarem os treinos após a publicação dos resultados da prova objetiva.
É óbvio que esses concorrentes dificilmente conseguirão alcançar o
condicionamento e a força necessários para cumprir todas as provas
do teste. A reprovação será inevitável. E, então, virão os lamentos,
sobretudo daqueles que ocupavam as primeiras posições na lista de
classificados nas provas objetivas e subjetivas. Não existe nada pior
e mais frustrante para um concurseiro do que passar na prova de co-
nhecimentos com altíssima pontuação e ser reprovado no TAF.
A título de curiosidade – e para assustar mesmo –, no último
concurso para Agente da Polícia Federal, cujo edital foi publicado em
2014, quase 30% dos candidatos foram reprovados no teste de ap-
tidão física. E olhe que estamos falando de concurseiros aprovados
na prova objetiva do mais difícil certame da área policial. Reprovar
no TAF deve ter sido uma notícia desastrosa para esses candidatos.
Em 2016, o concurso da Polícia Militar de Pernambuco foi outro que
reprovou um número surpreendente de candidatos no exame que
avaliava as condições físicas deles. No total, foram eliminados 2.731
convocados. Apesar de triste, esse não é um dado nada incomum em
concursos para corporações militares e policiais Brasil afora.
Se você é um desses concurseiros que escolheram a carreira po-
licial ou militar, anote estes conselhos: conheça bem cada um dos
testes que serão cobrados, prepare-se com bastante antecedência
para eles, ouça os conselhos dos especialistas, treine regularmente,
faça simulações e cuide da alimentação. Dê especial atenção ao teste
de barra fixa e ao de corrida de resistência e reserve a véspera da
prova física para repouso absoluto.
Agora, se a carreira que você escolheu dispensa o TAF, ainda as-
sim, dê o devido valor à atividade física. Ela é uma de suas maiores
aliadas na preparação para as provas. Afinal, como vimos, traz bene-
fícios tanto para o corpo como para a mente.
Sigamos juntos – nós, do Gran Cursos Online, e você, concurseiro –,
preparando a mente e o físico até a aprovação no concurso dos sonhos!
12
Disponível em: http://bit.ly/tafconcursos

101
DICAS PARA CONCILIAR ESTUDOS, TRABALHO E
ATIVIDADE FÍSICA

“Quem quer fazer algo, encontra meios; quem não quer fazer nada,
arranja desculpas.”
Provérbio árabe

Todos nós temos consciência de que é necessário estudar mui-


to para passar em um concurso. Também sabemos que é preciso
trabalhar para pagar as contas e para se sentir útil. Esses são fatos
de conhecimento geral e com os quais todos concordam. Mas o que
muita gente ainda se recusa a admitir é que a prática de atividades
físicas, especialmente de alguma modalidade aeróbica, tem papel
importantíssimo no nosso bem-estar, com reflexos diretos em nosso
desempenho nas atividades diárias. Exercícios físicos colaboram para
a oxigenação do cérebro e melhoram o humor, a aparência, a con-
centração nos estudos e a capacidade cognitiva. Essa tese, aliás, é
plenamente pacificada entre os cientistas.
A dúvida é como conciliar – satisfatória, eficiente e exitosamen-
te – essas três atividades, de modo a termos sucesso em todos os
projetos que requeiram disposição e empenho no trabalho e nos es-
tudos. Reside aí o grande desafio de qualquer um que pense na saú-
de e esteja preocupado em aumentar a longevidade com qualidade
de vida. Estudantes, empreendedores e trabalhadores em geral que
querem ser felizes e aproveitar tudo de bom que a vida pode oferecer
procuram avidamente a solução para esse dilema. Esse foi o tema da
pergunta da aluna Divina Araújo, de Anápolis - GO, enviada para nós
pelo meu Instagram. Achei o questionamento tão interessante, que
decidi converter a resposta em um artigo.
Mais uma vez, tentarei, aqui – com a ousadia de sempre, já que
partirei da minha pouca experiência –, oferecer algumas dicas para
você encontrar a melhor resposta para o desafio de conciliar as ativi-
dades profissionais e o cuidado com a saúde por meio da prática de
atividades físicas.

Dica 1

Trate a atividade física como se ela fosse um compromisso


em sua agenda, em seu cronograma do dia a dia. Em outras pala-
vras, enxergue os momentos destinados aos exercícios físicos como
parte de seu expediente, como um compromisso inadiável, inviolável
e que deve ser cumprido rigorosamente. Faça chuva ou faça sol, não
quebre a rotina. Tenha em mente que precisamos de três semanas

102
de muita dedicação para criarmos um novo hábito, como o de estu-
dar, o de ler, o de caminhar ou o de correr, mas bastam três dias de
interrupção da rotina para pôr tudo a perder. Portanto, persista em
seu objetivo, que, com o passar do tempo, o seu novo compromisso
se tornará tão prazeroso, que você vai sempre dar um jeito de ter
tempo para ele.

Dica 2

Opte, na medida do possível, por praticar a atividade física


bem cedo pela manhã, antes de sair para o trabalho, para a facul-
dade ou para estudar na biblioteca. Como vimos, quando firmamos
um compromisso entre a nossa consciência e o nosso corpo, dimi-
nuem as chances de descumprirmos o trato, mas é melhor garan-
tir, concorda? Quanto antes ficarmos livres de mais essa obrigação,
melhor. Além disso, o exercício físico desperta o cérebro, e você vai
precisar dele bem aceso para a dura rotina de estudos que o aguarda.
Há outra vantagem em reservar o primeiro horário do dia para cuidar
do corpo: logo cedo, estamos com a mente relativamente tranquila,
de modo que é mais fácil focar no que estamos fazendo. Afinal, a
probabilidade de problemas e imprevistos surgirem tão cedo é bem
menor (apesar de muitos editais terem sido publicados nesse ho-
rário, o que, no meu caso, tem produzido grande agitação desde o
início do dia. Rs).

Dica 3

Vá aos poucos. Comece o seu programa de condicionamento


físico treinando duas ou três vezes por semana, depois vá aumen-
tando a frequência para quatro, cinco, seis vezes, até o máximo que
conseguir. O ideal é que cada treino tenha duração de 40 a 50 minu-
tos, mas, no início, você pode dedicar apenas 30 minutos à prática,
até começar a sentir prazer ao executá-la. Em tempo: os 10 primeiro
minutos de qualquer treino ou atividade são torturantes. Passados
esses momentos iniciais, é só alegria, e o difícil é parar. Acredite em
mim!
O fato é que, se deixarmos, o corpo tende a permanecer na zona
de conforto, sem se dispor a muito risco ou muita atividade. É exa-
tamente por isso que precisam entrar em cena atitude, disciplina,
força de vontade, garra e outros atributos que, afinal, também são
exigidos dos concurseiros e futuros servidores.

103
Vou compartilhar com você um pouco da minha rotina, para,
quem sabe, inspirá-lo(a) a se tornar mais ativo(a). Eu me considero
um contumaz praticante de atividades físicas, tanto que vou à aca-
demia “apenas” sete dias por semana. Rs. Como já registrei aqui,
agendo os treinos para bem cedinho, antes das atividades na empre-
sa. Isso me ajuda a ficar concentrado nos exercícios físicos, embora
eu permaneça ligado em relação ao trabalho durante 100% do tempo
em que estou acordado. E NUNCA, mas NUNCA mesmo, falto, salvo
por motivo médico grave (o que nunca ocorreu, graças a Deus!) ou
na hipótese de acontecer um desastre natural ou o País entrar guer-
ra. Fora isso, eu nunca deixo de ir. Nas viagens para os nossos Gran
Dicas, eu treino no hotel. Se no local não houver academia, faço os
exercícios no meu quarto, seguindo uma pequena série emergencial
que criei para situações como essa.
Você pode não acreditar, mas, se deixo de treinar um único dia, é
nítido como meu humor piora e minha disposição baixa. Percebo que
até o meu raciocínio se torna mais lento. Ou seja: no meu caso, não
treinar resulta em perda de produtividade. Além de ser uma prática
saudável e que me traz benefícios do ponto de vista do bem-estar e
da saúde, fazer exercícios é, para mim, economicamente interessan-
te. Sei que pode parecer exagerado, mas é verdade. E tenho certeza
de que isso se aplicaria a você também. Faça o teste e volte para me
contar se a sua produtividade nos estudos aumentou ou não.
Amiga e amigo leitor, tenho convicção de que, ao seguir as dicas
de hoje, você vai desenvolver o gosto e a paixão pelos exercícios fí-
sicos, tal como eu desenvolvi. Mais do que isso, estou certo de que,
se mais tarde você tentar interromper os treinos, o corpo e a mente
vão reclamar. Por isso, não hesite nem mais um dia: insista na prática
de atividades físicas, crie o hábito, que tudo vai se incorporar à sua
rotina diária. Será como escovar os dentes após as refeições. Você
deixa de fazer isso porque o seu dia foi corrido? E de tomar banho?
Não? Com a atividade física também tem de ser assim.
Bom, a única maneira de terminar é começar. Então, comece
hoje mesmo. Agende agora o seu treino para amanhã, de preferência
bem cedo!Dicas para conciliar estudos, trabalho e atividade física  

“Quem quer fazer algo, encontra meios; quem não quer fazer
nada, arranja desculpas.”
Provérbio árabe

Todos nós temos consciência de que é necessário estudar mui-


to para passar em um concurso. Também sabemos que é preciso
trabalhar para pagar as contas e para se sentir útil. Esses são fatos

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de conhecimento geral e com os quais todos concordam. Mas o que
muita gente ainda se recusa a admitir é que a prática de atividades
físicas, especialmente de alguma modalidade aeróbica, tem papel
importantíssimo no nosso bem-estar, com reflexos diretos em nosso
desempenho nas atividades diárias. Exercícios físicos colaboram para
a oxigenação do cérebro e melhoram o humor, a aparência, a con-
centração nos estudos e a capacidade cognitiva. Essa tese, aliás, é
plenamente pacificada entre os cientistas.
A dúvida é como conciliar – satisfatória, eficiente e exitosamen-
te – essas três atividades, de modo a termos sucesso em todos os
projetos que requeiram disposição e empenho no trabalho e nos es-
tudos. Reside aí o grande desafio de qualquer um que pense na saú-
de e esteja preocupado em aumentar a longevidade com qualidade
de vida. Estudantes, empreendedores e trabalhadores em geral que
querem ser felizes e aproveitar tudo de bom que a vida pode oferecer
procuram avidamente a solução para esse dilema. Esse foi o tema da
pergunta da aluna Divina Araújo, de Anápolis - GO, enviada para nós
pelo meu Instagram. Achei o questionamento tão interessante, que
decidi converter a resposta em um artigo.
Mais uma vez, tentarei, aqui – com a ousadia de sempre, já que
partirei da minha pouca experiência –, oferecer algumas dicas para
você encontrar a melhor resposta para o desafio de conciliar as ativi-
dades profissionais e o cuidado com a saúde por meio da prática de
atividades físicas.

Dica 1

Trate a atividade física como se ela fosse um compromisso


em sua agenda, em seu cronograma do dia a dia. Em outras pala-
vras, enxergue os momentos destinados aos exercícios físicos como
parte de seu expediente, como um compromisso inadiável, inviolável
e que deve ser cumprido rigorosamente. Faça chuva ou faça sol, não
quebre a rotina. Tenha em mente que precisamos de três semanas
de muita dedicação para criarmos um novo hábito, como o de estu-
dar, o de ler, o de caminhar ou o de correr, mas bastam três dias de
interrupção da rotina para pôr tudo a perder. Portanto, persista em
seu objetivo, que, com o passar do tempo, o seu novo compromisso
se tornará tão prazeroso, que você vai sempre dar um jeito de ter
tempo para ele.

Dica 2

Opte, na medida do possível, por praticar a atividade física


bem cedo pela manhã, antes de sair para o trabalho, para a facul-
dade ou para estudar na biblioteca. Como vimos, quando firmamos

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um compromisso entre a nossa consciência e o nosso corpo, dimi-
nuem as chances de descumprirmos o trato, mas é melhor garan-
tir, concorda? Quanto antes ficarmos livres de mais essa obrigação,
melhor. Além disso, o exercício físico desperta o cérebro, e você vai
precisar dele bem aceso para a dura rotina de estudos que o aguarda.
Há outra vantagem em reservar o primeiro horário do dia para cuidar
do corpo: logo cedo, estamos com a mente relativamente tranquila,
de modo que é mais fácil focar no que estamos fazendo. Afinal, a
probabilidade de problemas e imprevistos surgirem tão cedo é bem
menor (apesar de muitos editais terem sido publicados nesse ho-
rário, o que, no meu caso, tem produzido grande agitação desde o
início do dia. Rs).

Dica 3

Vá aos poucos. Comece o seu programa de condicionamento


físico treinando duas ou três vezes por semana, depois vá aumen-
tando a frequência para quatro, cinco, seis vezes, até o máximo que
conseguir. O ideal é que cada treino tenha duração de 40 a 50 minu-
tos, mas, no início, você pode dedicar apenas 30 minutos à prática,
até começar a sentir prazer ao executá-la. Em tempo: os 10 primeiro
minutos de qualquer treino ou atividade são torturantes. Passados
esses momentos iniciais, é só alegria, e o difícil é parar. Acredite em
mim!
O fato é que, se deixarmos, o corpo tende a permanecer na zona
de conforto, sem se dispor a muito risco ou muita atividade. É exa-
tamente por isso que precisam entrar em cena atitude, disciplina,
força de vontade, garra e outros atributos que, afinal, também são
exigidos dos concurseiros e futuros servidores.
Vou compartilhar com você um pouco da minha rotina, para,
quem sabe, inspirá-lo(a) a se tornar mais ativo(a). Eu me considero
um contumaz praticante de atividades físicas, tanto que vou à aca-
demia “apenas” sete dias por semana. Rs. Como já registrei aqui,
agendo os treinos para bem cedinho, antes das atividades na empre-
sa. Isso me ajuda a ficar concentrado nos exercícios físicos, embora
eu permaneça ligado em relação ao trabalho durante 100% do tempo
em que estou acordado. E NUNCA, mas NUNCA mesmo, falto, salvo
por motivo médico grave (o que nunca ocorreu, graças a Deus!) ou
na hipótese de acontecer um desastre natural ou o País entrar guer-
ra. Fora isso, eu nunca deixo de ir. Nas viagens para os nossos Gran
Dicas, eu treino no hotel. Se no local não houver academia, faço os
exercícios no meu quarto, seguindo uma pequena série emergencial
que criei para situações como essa.

106
Você pode não acreditar, mas, se deixo de treinar um único dia, é
nítido como meu humor piora e minha disposição baixa. Percebo que
até o meu raciocínio se torna mais lento. Ou seja: no meu caso, não
treinar resulta em perda de produtividade. Além de ser uma prática
saudável e que me traz benefícios do ponto de vista do bem-estar e
da saúde, fazer exercícios é, para mim, economicamente interessan-
te. Sei que pode parecer exagerado, mas é verdade. E tenho certeza
de que isso se aplicaria a você também. Faça o teste e volte para me
contar se a sua produtividade nos estudos aumentou ou não.
Amiga e amigo leitor, tenho convicção de que, ao seguir as dicas
de hoje, você vai desenvolver o gosto e a paixão pelos exercícios fí-
sicos, tal como eu desenvolvi. Mais do que isso, estou certo de que,
se mais tarde você tentar interromper os treinos, o corpo e a mente
vão reclamar. Por isso, não hesite nem mais um dia: insista na prática
de atividades físicas, crie o hábito, que tudo vai se incorporar à sua
rotina diária. Será como escovar os dentes após as refeições. Você
deixa de fazer isso porque o seu dia foi corrido? E de tomar banho?
Não? Com a atividade física também tem de ser assim.
Bom, a única maneira de terminar é começar. Então, comece
hoje mesmo. Agende agora o seu treino para amanhã, de preferência
bem cedo!

107
A ANSIEDADE É SUA INIMIGA. APRENDA A DRIBLÁ-LA

Muitos candidatos a uma carreira no serviço público já acordam


ansiosos, agitados, com os pensamentos a mil. Afinal, além de terem
de resolver uma porção de coisas ao longo do dia – como qualquer
outra pessoa –, eles ainda precisam vencer uma grande quantidade
de conteúdos em pouquíssimo tempo até o dia da prova. Sem contar
que precisam estar atentos e manter a mente preparada para regis-
trar na memória de longo prazo toda nova informação, para que seja
acessada no dia da prova.
O psiquiatra mais lido do Brasil, Dr. Augusto Cury, advoga que
a ansiedade é o mal do século. A doença atinge 90% da população
em algum momento da vida, da infância à idade adulta, e apresenta
sintomas como fadiga excessiva ao acordar, dor de cabeça, sensação
de nó na garganta, queda de cabelo, dificuldade de lidar com pes-
soas mais lentas, sofrimento por antecipação e deficit de concentra-
ção e de memória, sem mencionar a hoje tão comentada Síndrome
do Pensamento Acelerado (SPA). Pessoas que sofrem de ansiedade
costumam, ainda, ter dificuldade de lidar com perdas e não reagem
bem a estímulos que provoquem estresse. Muitas delas precisam de
medicamentos e de terapia para controlar a doença e acalmar o cor-
po e o espírito de forma que consigam se concentrar nos estudos, no
trabalho ou em atividades simples como provar roupas que precisam
comprar. Outras recorrem à meditação ou à atividade física, como ca-
minhada de alta intensidade, corrida ou outra modalidade aeróbica,
que propicia a oxigenação do cérebro, acalma a alma e aumenta a
concentração e a capacidade cognitiva.
No caso específico do concurseiro que sofre de ansiedade, o que
já seria desafiante ganha contornos ainda mais dramáticos. Ele não
tem opção a não ser aprender a controlar a mente com maestria,
seja para assimilar os conteúdos que precisa vencer, seja para ter
domínio sobre as emoções e não ser acometido pelo temido “branco”
no dia D. Um bom começo para alcançar esse autocontrole é focar
menos na chegada e mais na caminhada. O candidato precisa saber
desfrutar do processo de preparação, vivendo – e curtindo – um dia
depois do outro. Afinal, o sucesso ainda está por vir, e viver da ante-
cipação sobre como ele será só produz mais e mais ansiedade.
Para ajudar a quebrar o nocivo padrão mental que leva a esse
mal, selecionamos algumas dicas de comportamento que você, ami-
go concurseiro e leitor, deve adotar a partir de hoje. As mudanças
comportamentais que vamos sugerir o ajudarão a focar mais no pre-
sente – que é o que interessa de fato – em vez de continuar a des-
perdiçar dias, meses e anos sofrendo por antecipação por problemas
que podem nunca vir a ocorrer. Vamos a elas?

108
1. Evite más notícias ao acordar

Fuja delas pelo menos até você estar pronto para sair de casa.
Nada de acordar conectado, em especial ao trabalho, a desgraças,
a catástrofes, a chacinas, a atentados terroristas. O choque de se
deparar logo cedo com notícias desagradáveis “gera uma descarga
de adrenalina intensa no organismo logo pela manhã. Com ela lá no
alto, o corpo inicia um ciclo ansioso que fica difícil cessar”, explica a
Dra. Fernanda Ramallo, psiquiatra do Hospital Adventista Silvestre,
no Rio de Janeiro.

2. Evite despertadores excessivamente barulhentos

Acordar assustado com o barulho do celular ou do relógio, pro-


gramados para tocar tão alto – a ponto de serem capazes de acor-
dar até o vizinho mais distante da rua –, pode comprometer o seu
bem-estar. “Despertar com um barulho estrondoso desencadeia um
estresse que pode perdurar por todo o dia”, alerta a especialista.
Se você é daqueles que só acordam com o celular gritando, expe-
rimente dormir com a cortina aberta, para que a luz do dia entre no
quarto e ajude a despertá-lo com mais naturalidade. Alternativamen-
te, programe seu despertador para tocar uma música clássica barro-
ca. Esse gênero musical cria sintonia com a aprendizagem, ajuda na
concentração e prepara a mente para os estudos, contribuindo para
a realização de projetos pessoais e profissionais.

3. Evite pular o café da manhã

Sair de casa sem ter tomado o desjejum deixa o seu aporte ener-
gético em deficit antes mesmo do começo do dia. Sem energia sufi-
ciente para executar as tarefas diárias, o corpo passa a realizá-las de
modo mais lento. O resultado? Sonolência, falta de ânimo para exe-
cutar até mesmo as tarefas mais triviais, menos produtividade. Como
explicam os psiquiatras, esses sintomas são o combustível perfeito
para as crises de ansiedade.

4. Pratique a tolerância e a compreensão

Abílio Diniz, um dos maiores empreendedores brasileiros, já foi


um cara durão, estressado, ansioso, impaciente. No livro Novos ca-
minhos, novas escolhas, ele relata que, com o tempo, passou a en-
tender melhor seu universo emocional, suas fraquezas e seus medos.
Hoje, compreende a própria maneira de ser e se coloca mais no lugar
do outro, tendo desenvolvido mais tolerância e compreensão.

109
Quando uma pessoa desenvolve sua capacidade de empatia, o
jogo se torna uma partida de ganha-ganha: ela se torna apta a per-
ceber nos outros o melhor que eles têm a lhe oferecer. Isso faz toda a
diferença quando se está buscando a aprovação em concurso público,
já que o trabalho em equipe, o estudo em grupo e a ajuda e o apoio
dos amigos, colegas e mestres podem ser o grande diferencial entre
a reprovação e uma boa classificação. Pense nisso. Pratique isso.

5. Organize e planeje bem o seu tempo

A falta de habilidade em administrar o tempo é a causa da maio-


ria dos problemas que geram estresse entre os candidatos a concurso
público, o que tende a aumentar consideravelmente a ansiedade.
Seja diferente e programe suas atividades de leitura e de estudo com
a maior antecedência possível. Se já não houver tanto tempo assim,
lembre-se de que mesmo uma semana pode ser o suficiente para um
bom planejamento, desde que você a aproveite bem.
Um dos bons hábitos de executivos bem-sucedidos diz respeito
direta ou indiretamente ao controle do tempo e à organização da
agenda. Trata-se de eleger prioridades e de definir com precisão as
tarefas importantes que devem ser executadas dia a dia.
Beba dessa fonte. Não agende mais tarefas do que você é capaz
de executar, pois isso só vai resultar em maior frustação no fim do
dia. E tenha sempre em mente que muito do que você faz nas 18
horas diárias em que está acordado é inútil. Daí a importância de
discernir o que é, de fato, importante e de eleger prioridades. Se a
aprovação em um concurso for uma das suas, os estudos precisarão
vir em primeiro lugar, em detrimento de outras tarefas e de outros
compromissos menos relevantes. Essa é mais uma dica do empresá-
rio Abílio Diniz. Se funciona para ele, tenho certeza de que também
funcionará para você, concurseiro.

6. Pergunte a si mesmo se o que você julga ser uma tragé-


dia é de fato uma

Reflita sobre o que são tragédias de verdade. Quando você pensa


sobre isso, percebe que pouquíssimos eventos na vida podem real-
mente ser considerados trágicos o bastante para nos deixar ansiosos
ou estressados. Para mim, algo trágico para valer seria uma guerra,
um desastre natural, um ataque terrorista, o acometimento por uma
doença incurável ou a morte de uma pessoa próxima. O resto das
situações ruins são problemas que têm solução.

110
Quando se enxerga a vida dessa forma, desenvolve-se mais sere-
nidade para resolver os problemas do dia a dia e conclui-se que não
há razão para se aborrecer com coisas sem importância. Fica mais
fácil direcionar as energias para projetos mais auspiciosos, como a
mudança de vida que será alcançada por meio da aprovação em um
excelente concurso público.

7. Evite o convívio com pessoas pessimistas

Pessoas derrotistas tendem a falar apenas sobre desgraças: do-


enças, mortes, fracassos etc. Poucos minutos de conversa com gente
desse tipo têm o poder de minar nossas energias e de acabar com
nossa paz e com nossa concentração. Pessoas que veem o lado mau
em tudo são treinadas para difundir apenas ideias ruins que nada
agregam aos planos de estudo e às táticas de aprovação adotadas
por quem estuda para concurso. Portanto, fuja delas como o diabo
foge da cruz13.
Um último conselho: muito cuidado. Quanto maior a pressa em
atingir os seus objetivos, maior a ansiedade. Mente acelerada é men-
te desequilibrada. Vá com calma e leve o tempo que precisar para
ser aprovado. Lembre-se do lema: “Não estudamos para passar, mas
estudamos até passar”.
Para se livrar da ansiedade, respire fundo – lenta e compassa-
damente – e concentre-se nas soluções dos problemas concretos,
aceitando a real possibilidade de fracassar, de errar, de perder. Não
tenha pressa e saiba conviver com a insegurança. É preciso entregar
uma parte da nossa vida a Deus, ao destino, à sorte; mas, quando
fazemos a nossa parte com maestria, nossas chances de sucesso au-
mentam exponencialmente.
Vamos juntos, com equilíbrio, até a posse no cargo dos sonhos!

13
Veja, em detalhes, sobre a importância do pensamento positivo em O poder pensamento posi-
tivo nos concursos e na vida, p. 128.

111
A IMPORTÂNCIA DO AUTOCONTROLE: APRENDA AS
LIÇÕES DO TESTE DO MARSHMALLOW!

Por que alguns de nós conseguem persistir mesmo depois de su-


cessivos insucessos? Por que alguns concurseiros conseguem voltar
para a “fila” depois de uma reprovação? Por que alguns candidatos se
mantêm firmes na busca dos seus sonhos enquanto outros desistem
logo que surge a primeira tentação ou a primeira dificuldade? Como
algumas pessoas conseguem resistir a todas as distrações e estudar
por longas horas mesmo em condições às vezes menos favoráveis
do que as dos concorrentes? Seria o autocontrole um poder superior
herdado ou algo que pode ser aprendido?
Gostaria de tentar responder a essas perguntas tendo por base as
conclusões do estudo conduzido pelo renomado psicólogo Walter Mischel,
86 anos, pesquisador da Universidade Colúmbia, em Nova York, EUA.
Ele começou a sua pesquisa sobre o autocontrole há mais de 50 anos,
em casa, observando o comportamento das próprias filhas, quando as
três tinham entre 2 e 5 anos de idade. Mischel percebeu que, quando
ia ao mercado, uma delas, a de 4 anos, costumava fazer um verdadeiro
escândalo sempre que queria alguma coisa, e em geral ela queria “para
já”. Walter começou a retardar a satisfação do desejo dela, prometendo
que, quando chegassem a casa, a filha poderia escolher algo melhor do
que o que tinha visto no mercado. Funcionou. E assim começou o maior
estudo de que se tem conhecimento sobre o autocontrole.
Com o propósito de aplicar a metodologia científica para confirmar
suas observações, o Dr. Walter desenvolveu o “Teste do Marshmallow”.
Trata-se de um dos experimentos mais importantes realizados até
hoje para identificar o que leva algumas pessoas a driblar as tentações
melhor do que outras e qual o tipo de estratégia que é mais eficaz para
ajudá-las a controlar os impulsos.
No teste, o professor Mischel recrutou um grupo de crianças (16
meninos e 16 meninas) na faixa dos 4 aos 6 anos de idade e as colo-
cou em uma sala, sentadas de frente para uma mesa onde havia um
prato com um marshmallow. O cientista explicou que sairia da sala
por alguns minutos e que as crianças podiam comer imediatamente
o marshmallow que estava no prato ou aguardar que o homem re-
tornasse à sala para ganharem o dobro do doce. As crianças foram,
então, deixadas sozinhas, mas uma câmera oculta registrou a reação
de cada uma delas.

112
Assista em: http://bit.ly/marshteste

O resultado foi pura agonia. Só de ver o comportamento daque-


les meninos e meninas, podia-se sentir a enorme ansiedade deles.
Para alguns, foi uma verdadeira tortura mental. E o experimento le-
vou a várias conclusões. Constatou-se, por exemplo, que, a partir
de 4 anos de idade, as crianças têm mais autocontrole: do grupo
observado, os meninos e meninas que tinham 4 anos ou mais foram
os que optaram por não comer o doce imediatamente. Mas o mais in-
teressante é que as crianças que participaram do experimento foram
acompanhadas ao longo dos anos seguintes, e justamente aquelas
que aguardaram mais tempo antes de comer o doce foram as que
no futuro ingressaram nas melhores escolas e, depois, nas melhores
universidades. Concluiu-se que elas tinham autoestima mais alta, o
que garantiu que se tornassem adultos mais bem-sucedidos profis-
sionalmente. Em contraposição, os meninos e meninas que consegui-
ram segurar o desejo por menos tempo em geral eram classificados
pelos pais como crianças problemáticas e se comportavam mal na es-
cola. Além disso, se caracterizavam por ter índice de massa corporal
mais alto e autoestima mais baixa. Ao longo dos anos, alguns deles
tiveram envolvimento com drogas e passagens pela polícia.
Durante o teste do marshmallow, o que pareceu fazer a diferença
entre o grupo de crianças que preferiram esperar a recompensa maior
e o grupo de meninos e meninas mais afoitos foi que aquelas encon-
traram uma estratégia para se distrair: ora viravam as costas para
a mesa, ora falavam sozinhas, ora cantavam, ora brincavam com o
doce de alguma forma. Esses garotos e garotas simplesmente desen-
volveram uma estratégia melhor para lidar com a situação. Pode-se
concluir, portanto, que o autocontrole pode ser aprendido, adquirido.

113
O psicólogo Mischel explica que a área do nosso cérebro denomi-
nada sistema límbico é a responsável por regular impulsos básicos e
emoções essenciais para a sobrevivência humana, como medo, raiva,
fome e desejo sexual. É esse sistema que diz: ”Vá, vá!”. Trata-se de
algo inconsciente. Precisamos controlar esses impulsos se desejarmos,
por exemplo, parar de beber álcool ou de assistir a televisão, se quiser-
mos seguir uma dieta até o fim ou voltar a estudar. Esse autocontrole
é determinante, por exemplo, para a decisão de desistir de passar em
um concurso público ou de perseverar, seguindo em frente, resoluto.
Ainda segundo o pesquisador, o autocontrole se baseia na intera-
ção entre duas partes do nosso cérebro, que ele chama de “quente”
e de “fria”. A parte quente é impulsiva, simples e de acionamento
automático. A fria é mais ponderada, complexa e de ativação lenta.
O autocontrole nos permite refletir: “Penso, logo posso mudar o que
sou”. Para desenvolver essa habilidade, se hoje penso em desistir de
estudar para concurso público, devo me lembrar, por exemplo, das
vantagens que a carreira pública me propiciará ou, por outro lado, da
tristeza que é testemunhar as condições de vida dos meus colegas
que têm um subemprego na iniciativa privada.
O Dr. Mischel dá um exemplo prático de estratégia para um estu-
dante se manter firme nos estudos: ele deve pensar com determinação
que, quando for, por exemplo, 10 horas da manhã, pegará um livro ou
uma videoaula e começará a estudar. Deve visualizar bem essa ima-
gem e, quando o relógio marcar 10 horas, precisa efetivamente pegar
o livro e começar a estudar. Quanto mais repetir isso, melhor.
O fato é que tudo aquilo que treinamos bastante tem grande capa-
cidade de estimular a parte fria do cérebro e, por consequência, neutra-
lizar nossos impulsos mais quentes. Quanto mais ensaiarmos algo, mais
os planos se tornarão automáticos e, ao mesmo tempo, menos penosos.
No nosso contexto, se um concurseiro está firme na meta de passar em
concurso e tem treinado bem o autocontrole, sempre que for convidado,
por exemplo, para ir a uma festa, já terá a resposta pronta: “Não posso
sair, pois estou me preparando para conseguir uma vida melhor”.
Quando se trata de estudar para concurso público, podemos fazer
a seguinte analogia inspirados pelo teste do marshmallow: em vez de
receber uma gratificação instantânea (no teste, um marshmallow; na
vida, sair para se divertir, por exemplo), é preferível estudar e abdicar
do lazer por um tempo, para no futuro garantir prêmio em dobro (no
teste, dois marshmallows; na vida, tempo, tranquilidade e dinheiro
para fazer tudo de que se gosta). De maneira figurativa, o doce re-
presenta uma remuneração maior, uma melhoria expressiva na qua-
lidade de vida e a estabilidade, entre outros benefícios e vantagens
que só encontramos na carreira pública. Gosto muito deste provérbio

114
japonês, que tem tudo a ver com a nossa conversa de hoje: “Treine
enquanto eles dormem, estude enquanto eles se divertem, persista
enquanto eles descansam e, então, viva o que eles sonham”.
É bom saber, com base nas conclusões da pesquisa do Dr. Mischel,
que as habilidades de autocontrole podem ser aprendidas, aprimora-
das, treinadas e exploradas, independentemente da nossa capacidade
nata ou da situação enfrentada. Isso vale especialmente para os con-
curseiros que se sentem mais “enferrujados”, aqueles que estão reto-
mando os estudos depois de alguns anos “fora da fila”. Se é o seu caso,
saiba que você tem, sim, o poder de criar mecanismos de autocontrole
para persistir em seu projeto de estudos e de mudança de vida.
Por isso, quando estiver de cabeça quente e com vontade de desis-
tir dos seus sonhos, quando for tentado pelos convites que o afastam
da concretização dos planos ou quando for confrontado com notícias
ruins que podem desestabilizá-lo, respire fundo, imagine a raiva flu-
tuando para longe em balões de gás, conte até cem e ative o sistema
frio do cérebro para controlar os seus impulsos mais agonizantes.
Lembre-se do motivo pelo qual você embarcou nesta missão e foque
nas vantagens de ser nomeado para um cargo público.
Paixão e entusiasmo, apoiados em bom senso e em persistên-
cia, são as qualidades que mais conduzem ao sucesso. Identifica-
mos sempre esses atributos nos alunos que deixam depoimentos em
nossa coluna “Cheguei Lá”.

115
FELICIDADE SE APRENDE NA ESCOLA

“Não procure por felicidades, graças, bem-aventuranças distantes e


desconhecidas, mas por aquilo que você gostaria de viver de novo e
por toda a eternidade.”
Nietzsche

O israelense Tal Ben-Shahar é um dos professores mais requi-


sitados de Harvard. O curioso é que ele não é tão popular assim
por lecionar disciplinas como economia, administração, medicina ou
direito, mas, sim, por ensinar felicidade. O personagem que inspira
este artigo é especialista em psicologia positiva e ciência da felicida-
de, e garante que o sentimento pode ser aprendido da mesma forma
que se aprende a esquiar e a jogar basquete ou golfe.
Dez anos atrás, quando o professor organizou sua primeira tur-
ma, apenas oito alunos se matricularam nela. No entanto, a fama
dele foi crescendo dia após dia, até que, no último ano, mais de mil
alunos assistiram às suas aulas, a fim de entenderem o que interfere
em nossa vida quando se trata de felicidade.
Em entrevista à revista Exame, Ben-Shahar revelou que come-
çou a estudar psicologia positiva e a ciência da felicidade porque se
sentia infeliz. Quando estava em seu segundo ano como estudante
de ciência da computação em Harvard, ele percebeu que, embora se
considerasse bem-sucedido, não estava feliz. As boas notas e a dis-
ponibilidade de tempo para atividades que lhe davam prazer, como
jogar squash, não lhe pareciam o bastante. “Então, para entender
o porquê dessa infelicidade, mudei de área e fui cursar filosofia e
psicologia. Meu objetivo era responder a duas perguntas: por que
estou triste e como posso ficar feliz? Estudar isso me ajudou, e decidi
compartilhar o que aprendi”, relata.
Segundo ele, o que mudou sua vida desde então foi perceber
que, de tudo que traz felicidade, o principal é o tempo que passamos
com pessoas importantes para nós, como amigos e familiares. Infe-
lizmente, porém, muita gente prioriza o trabalho em detrimento dos
relacionamentos e, para piorar, mesmo quando está com seus entes
queridos, costuma não estar ali por inteiro. De fato, uma das cenas
mais corriqueiras hoje em dia é o celular na mão de pelo menos me-
tade das pessoas em um almoço de família ou em uma mesa de bar.
Desse modo, trago a você, caro leitor, algumas chaves para a fe-
licidade extraídas dos livros e das experiências do professor Shahar.
Mas, antes, tentaremos diferenciar, à luz da filosofia, os conceitos de
felicidade e de alegria.

116
A vida só pode ser considerada boa mesmo quando torcemos
para ela não acabar nem passar rápido, quando a nossa vontade é de
que os dias, os meses e os anos sejam prolongados. Podemos definir
felicidade como o momento que você quer que dure um pouco mais.
É claro que cada pessoa sente felicidade a seu próprio modo, mas a
verdadeira felicidade é simples, episódica e não perene.
Outro dado relevante: não é possível ser feliz quando se vive só.
As chances de alcançar a felicidade vivendo sozinho, isolado, são nu-
las. Não há precedentes em outro sentido. Para sermos felizes, pre-
cisamos nos perceber como úteis e importantes para alguém. Temos
de sentir que fazemos falta para outras pessoas. Há certo consenso,
entre filósofos, psicólogos, pesquisadores e estudiosos do assunto,
de que não existe uma fórmula, uma receita, um roteiro para a con-
quista de uma vida feliz. A felicidade é simples e tem de ser simples.
Trata-se de aprender a viver não o ideal, nem a vida dos outros, nem
o que esses outros são, além de não buscar o que eles têm. Trata-se
de estar satisfeito com a própria vida, com os próprios atributos, com
os próprios bens.
Felicidade é contentar-se de tal maneira com o momento, que o
desejo é vivenciá-lo infinitas vezes. A vontade é eternizar o instante
em que estamos com alguém que amamos ou em que executamos
um trabalho que nos traz satisfação. Enfim, ser feliz é não querer dei-
xar para trás um momento tido como especial. É querer estendê-lo,
prolongá-lo ao máximo.
Aristóteles dizia que “felicidade é o maior desejo dos seres huma-
nos. É um estilo de vida. É o cultivo das boas virtudes”. Já o filósofo
grego Epicuro ensinava que só há um caminho para a felicidade: não
nos preocuparmos com coisas que ultrapassam o poder da nossa
vontade. Alegria, por sua vez, é o sentimento que nos deixa ener-
gizados, animados, poderosos, autoconfiantes, contentes, com bom
astral. Geralmente, o estado de contentamento surge de gestos po-
sitivos, como o agradecimento de um aluno que foi aprovado em um
disputado concurso público ou um elogio a um trabalho bem-feito. Às
vezes, a alegria surge de boas notícias, como a de que foi publicado o
edital do concurso para Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF)
ou a de que saiu a nossa nomeação para um cargo público. Outro
dado relevante é que algo que me alegra hoje pode não me alegrar
amanhã; aliás, o que me deixa alegre num primeiro momento pode
até levar à minha morte, em caso de excesso. É o caso das drogas ou
da bebida, por exemplo.

117
Perceba, então, que uma pessoa pode estar alegre e ao mesmo
tempo infeliz. Ela pode se sentir energizada, mas não estar plena-
mente feliz, simplesmente porque é incapaz de sentir vontade de que
aquele instante se eternize. Pelo contrário, ela pode até mesmo tor-
cer para que os minutos passem logo. O professor Ben-Shahar atesta
que nem mesmo o sucesso absoluto traz felicidade. Em suas pala-
vras, “ter dinheiro ou ser famoso só nos faz ter faíscas de alegria”.
Pessoas felizes lembram o passado com gratidão, alegram-se
com o presente e encaram o amanhã sem medo. Elas têm consciên-
cia de que o mundo as afeta e o testam a todo instante e sabem que
é necessário aprender a viver sempre, todos os dias, com equilíbrio
e temperança.
Quem é feliz entende, por exemplo, que não deve trabalhar ape-
nas para adquirir bens materiais, mas, sim, por amor, por vocação e
pela utilidade do seu trabalho. A felicidade faz que o indivíduo fique
em paz com o fato de que não é possível ter controle sobre tudo que
acontece. Uma pessoa assim tem plena consciência de que seus atos
e suas escolhas trazem consequências. E o mais importante: sabe
lidar com elas.
O poeta, historiador e músico Nicolau Maquiavel dizia que as pes-
soas bem-sucedidas “são aquelas que sabem lidar com os acasos da
vida, combinando afetos com o pensamento racional, visando obter o
melhor resultado possível dos desafios”. Enfim, saber como agir – e
reagir – em uma dada situação e não se perder remoendo o que não
deu certo é o que nos ensina o mestre Maquiavel.
Desnecessário dizer que o ideal é estarmos alegres e felizes ao
mesmo tempo, não é mesmo? Então, vamos às imperdíveis chaves
para a felicidade ensinadas pelo doutor Tal Ben-Shahar:

1. Não pense que as coisas boas são permanentes. Elas


não estão garantidas, então seja grato por elas, não importa a di-
mensão que têm. “Essa mania que temos de achar que as coisas são
garantidas e sempre estarão aqui tem pouco de realista”, adverte o
professor.
Tão importante como dar o devido valor às coisas boas é parar de
enxergar só o que vai mal. Sem deixar de ser realista e de levar em
conta os seus pontos fracos, trate de notar o que está dando certo.
Isso vale especialmente para o concurseiro, que costuma focar tanto
nas reprovações e nas dificuldades, que tende a desmerecer todo o
seu crescimento ao longo da jornada14.

2. Pratique atividades físicas. Basta se dedicar a um exercício


suave, como caminhar em passo rápido por 30 minutos diários, para
que o cérebro secrete substâncias que nos fazem sentir inundados
14
Sobre esse assunto, leia sobre a arte da gratidão em Cultive a atitude da gratidão, p. 148.

118
de felicidade. Na realidade, essas substâncias são opiáceos naturais
produzidos por nosso próprio cérebro. Como qualquer droga, elas
mitigam a dor e geram prazer15.

3. Simplifique as coisas, seja no trabalho, seja nas horas


de lazer. “Precisamos identificar o que é verdadeiramente impor-
tante e nos concentrar nisso”, propõe Tal Ben-Shahar. Já se sabe que
quem tenta fazer demais acaba conseguindo realizar pouco, por isso
o melhor é se concentrar em algo e não tentar fazer tudo ao mesmo
tempo.

4. Respeite a sua natureza humana. Todos nós eventualmen-


te sentimos emoções dolorosas, como tristeza e raiva. Isso é natural.
Como bem lembrado pelo doutor Ben-Shahar, apenas os psicopatas
e os mortos não experimentam emoções como essas. Deixar de ad-
mitir nossa humanidade leva à frustração e à infelicidade. “Aceitando
as emoções negativas, nos abrimos para desfrutar a positividade e a
alegria”, diz o especialista16.

5. Seja resiliente: cultive a percepção do fracasso como opor-


tunidade. O conceito de resiliência foi emprestado da física e da en-
genharia e descreve a capacidade que os materiais têm de recuperar
a forma original depois de submetidos a pressão deformadora. Nas
pessoas, a resiliência expressa a capacidade de enfrentar circunstân-
cias adversas, condições de vida difíceis e situações potencialmente
traumáticas e recuperar-se, saindo delas fortalecidas e com mais re-
cursos17.

Então é isso, leitor amigo. Saiba o que quer, procure ser útil,
acredite em suas convicções… e seja feliz! Lembre-se deste artigo
durante a sua caminhada rumo à aprovação em concurso e saiba
desfrutar da oportunidade de estudar para mudar de vida. Mais tar-
de, quando você já tiver sido aprovado e nomeado, dedique-se a ser
um servidor do público, tratando o próximo e o cidadão-cliente com
felicidade, alegria e eficiência.

“Pouco se pode esperar de alguém que só se esforça quando tem a


certeza de vir a ser recompensado.”
José Ortega y Gasset
15
Para saber mais sobre a importância da prática de atividade física, leia O papel da atividade
física na preparação para concurso, p. 98.
16
Confira, em detalhes, As decepções fazem parte da caminhada! Não desista! (p. 139) e perceba
o quanto as decepções fazem parte de nossa jornada.
17
Acerca da resiliência, leia Resiliência, a qualidade dos fortes, p. 157.

119
TENHA SEMPRE ESPERANÇA, DO VERBO ESPERANÇAR

“Não ache um culpado; ache uma solução.”


Henry Ford

Eu esperanço, ele esperança, eles esperançam. E você, esperança?


Há algo que quem que não tem nada ou quase nada na vida não
pode perder jamais: é a esperança. Refiro-me ao substantivo cog-
nato do verbo esperançar, que, por sua vez, significa “levantar-se
e ir atrás; agir; construir alternativas e soluções; levar adiante uma
ideia, um projeto; nunca desistir”. Esperançar é almejar, sonhar, agir,
buscar. É o contrário de esperar, apesar de muitos associarem espe-
rança a esse verbo.
Mário Sérgio Cortella, teólogo, filósofo e professor, nos ensina
que “é preciso esperançar, olhar e reagir a tudo aquilo que não tem
saída”. Ele sempre nos incentiva a “deixar a zona de conforto para
nos lançar em novas perspectivas e provocar as mudanças que se
fizerem necessárias”.
É claro que nunca é fácil fazer isso, e é natural ter medo. Mas
quem tem esperança, mesmo que esteja embebido em receio e em
insegurança, não se deixa dominar por esses sentimentos. Ao contrá-
rio, enfrenta com coragem os entraves, os problemas, os obstáculos,
os inimigos. Encara de frente o que quer que esteja atrapalhando o
caminho em direção à realização dos seus projetos. Pessoas assim
têm consciência de que, em uma cabeça cheia de medos, não há es-
paço para sonhos.
Uma pessoa que tem esperança está longe de se julgar invul-
nerável. Ela nunca baixa a guarda, mesmo em momentos de mar
manso e de plenitude. Quem tem esperança – do verbo esperançar
– compreende a dificuldade que é mudar, mas também entende que,
em certos momentos, precisa alterar o que deve ser alterado. É fle-
xível sem ser inconsequente. Em outras palavras, muda quando tem
de mudar, seja os seus pensamentos, seja os seus projetos, seja os
seus métodos, seja as suas técnicas de estudo, seja as suas metas.
Mas algumas coisas não devem ser mudadas, e o esperanço-
so – do verbo esperançar – sabe disso. No meu caso, por exemplo,
mesmo que eu tenha sido acometido pelo medo e que ainda esteja
enfrentando inúmeros problemas, não vou me acovardar e deixar de
ousar e de criar produtos. Faça chuva ou faça sol, não vou abrir mão
da minha prática diária de atividades físicas, não vou mudar minha
rotina de leitura, não vou parar de escrever minhas mensagens se-
manais. Não importa a circunstância, continuarei firme em minhas
orações e sempre estarei presente para curtir a minha família e o
meu lar.
Ninguém ignora que o nosso País vive um mau momento e que
muitas brasileiras e muitos brasileiros já praticamente perderam a
esperança – do verbo esperançar. O otimismo dessas pessoas “apo-

120
dreceu”. Elas acreditam que não há mais jeito, que não há mais so-
lução, e, letárgicas, aguardam que alguém faça algo para que a crise
termine.
Infelizmente, há muitos concurseiros entre essas pessoas sem
esperança – do verbo esperançar –, e o problema é que eles estão tão
desanimados com os problemas pelos quais passamos no Brasil, que
só pretendem retomar os estudos quando alguém tiver combatido a
corrupção que paralisou a Administração Pública. Somente quando
eles tiverem certeza de que há mais recursos para investimentos e
contratação de pessoal no serviço público, sentir-se-ão encorajados
a retomar a jornada da preparação para concurso. Enquanto isso,
apenas aguardam, apenas esperam que os outros resolvam tudo.
Lavam as mãos, bem como fez Pôncio Pilatos. Note que isso não é
esperança; é espera!
Amiga leitora e amigo leitor, já houve quem dissesse que toda ca-
minhada de cem quilômetros começa com o primeiro passo. Não es-
pere que os problemas se resolvam sozinhos para você começar algo
novo; não fique inerte enquanto aguarda ter tempo ou condições
financeiras para iniciar o seu projeto de conquista da carreira pública.
Não fique esperando. Comece a esperançar, a agir com esperança.
E lembre que ninguém nasce pronto. Somos capazes de nos rein-
ventar a todo o tempo, mesmo quando não conseguimos, num pri-
meiro momento, enxergar a luz no fim do túnel. Então, movimente-
-se! Levante-se, sacuda a poeira e avance! Não importa se você terá
de começar agora ou se é o caso de apenas continuar o que já havia
iniciado; o que importa é não desistir. E não pense em parar enquan-
to não tiver alcançado o seu propósito. Não descanse enquanto não
chegar o dia da posse no cargo público dos seus sonhos. Aconteça o
que acontecer no caminho, não pare! Você é capaz. Você é confiante.
Você consegue.
Veja bem: sou um jovem empreendedor brasileiro que prefere a
esperança dos tímidos, mas passos diários, à vergonha de ficar espe-
rando, esperando, esperando… Sei que você também é assim.
Entendida a mensagem, vamos todos, movidos pela esperança
– do verbo esperançar – e com muita atitude e confiança, em busca
dos nossos sonhos.

“Lembremo-nos de que o homem interior se renova sempre. A luta


enriquece-o de experiência, a dor aprimora-lhe as emoções e o sacrifí-
cio tempera-lhe o caráter.”
Chico Xavier

121
AO FECHAR UMA PORTA, A VIDA ABRE OUTRAS MELHORES

“Lutar sempre; vencer às vezes; desistir jamais.”

O dito popular que inspira o título do artigo desta semana cos-


tuma ser reproduzido com algumas variações. Para alguns, a frase
original é: “Quando Deus fecha uma porta, abre uma janela”. Para
outros, é: “Quando o mundo fecha uma porta, Deus abre outra”. Uma
terceira versão ensina: “Quando o mundo fecha as portas e as jane-
las, Deus derruba as paredes”.
Não importa muito qual é a frase correta; o que importa, de fato,
é que às vezes ficamos tão frustrados pela oportunidade perdida e
tão preocupados em amaldiçoar o mundo inteiro por isso, que só
temos olhos para observar, cheios de autopiedade, a porta que se
fechou. Quando isso acontece, ficamos tão cegos que não consegui-
mos enxergar a nova porta – ou janela – que se abriu ali ao lado.
Simplesmente, somos incapazes de ver as novas oportunidades que
surgem após as muitas decepções normais da vida.
Já publicamos inúmeros artigos sobre superação e resiliência.
Não nos cansamos de trazer exemplos18 de pessoas, entre alunos,
professores e celebridades, que aproveitaram um limão que rece-
beram do mundo para fazer uma bela limonada. Essas pessoas, tão
inspiradoras para nós, souberam extrair as lições de um momento
de fracasso e corrigiram seus planos e objetivos para chegar aonde
nunca – nem em sonho – haviam se imaginado antes.

Lembremo-nos, por exemplo, da


história de Chris Gardner. O homem
que foi fonte de inspiração do filme
“À Procura da Felicidade” é hoje um
empresário famoso e respeitado. Mas
não foi sempre assim. Depois de ser
abandonado pela esposa, ele se viu
desempregado e despejado. Para
piorar, a mulher o deixara com o filho
de seis anos de idade, que teve de se
submeter a morar na rua com o pai.
Diante de tantas adversidades, Gard-
ner podia ter simplesmente desistido.
Mas perseverou.
18
Leia os artigos Resiliência, a qualidade dos fortes (p. 157) e Guia de sobrevivência (e de supe-
ração) num mundo altamente competitivo, disponível em https://blog.grancursosonline.com.
br/guia-de-sobrevivencia-e-de-superacao-num-mundo-altamente-competitivo/, para saber em
detalhes sobre superação e resiliência.

122
Ele enxergou uma nova porta ao travar um rápido diálogo com o
funcionário de uma grande corretora. A empresa estava em busca de
um novo estagiário, e nosso personagem decidiu entrar na disputa e
ir à procura da felicidade. No fim, Chris conseguiu migrar da condição
de morador de rua para a de milionário. Perceba que a vida fechou
várias portas para ele, mas toda essa frustração foi transformada em
motivação para que ele lutasse por uma vida melhor de verdade. Se
ele não tivesse atingido o fundo do poço, talvez nunca perseguisse –
e alcançasse – o patamar a que chegou. Se a mulher não o tivesse
deixado com um filho pequeno para criar, talvez tudo continuasse
como antes: Chris Gardner como mais um vendedor de equipamen-
tos médicos e preso a um matrimônio infeliz.

A história de Walt Disney foi ou-


tra que tinha tudo para dar errado. O
homem que revolucionou a indústria
do entretenimento era filho de um pai
pobre e agressivo. Com isso, a família
saiu de casa na primeira oportunidade
que surgiu. Walt viveu parte de sua
infância em uma fazenda, no meio
de animais que mais tarde serviram
de inspiração para a criação dos seus
personagens e animações. Cursou
arte por correspondência, mas, con-
siderado sem talento, não conseguiu
emprego nenhum como ilustrador. As primeiras portas haviam se
fechado para ele.
Desempregado, Walt não teve alternativa senão abrir uma em-
presa na qual pudesse fazer carreira. Foi um início de muitos fracas-
sos. Disney não tinha dinheiro nem para comprar comida. O resto
da história nós conhecemos bem. Assim como ocorreu com Chris
Gardner, também para Walt Disney a vida foi bem dura e o obrigou
a empreender. Se ele tivesse conseguido um bom emprego logo no
início da carreira, talvez não existisse hoje o império Disney.
As histórias de superação não param por aí. Não podemos deixar
de citar a de Oprah Winfrey, a apresentadora cuja fama transcende
as fronteiras do seu país. Para se tornar bilionária e a todo-poderosa
da tevê norte-americana, Oprah precisou superar a infância marcada
pela pobreza e pelo pesadelo de ter sido abusada sexualmente por
membros da própria família.

123
A história da apresentadora é se-
melhante à dos outros dois homens
mencionados aqui. Oprah chegou a
ser demitida do primeiro emprego por
ser considerada muito emotiva para os
padrões da televisão. No entanto, em
vez de desistir da carreira, ela notou
as outras portas que se abriram em
sua vida, até se tornar a celebridade
de televisão mais bem remunerada do
mundo.
A esta altura, você deve estar
pensando que casos como esses estão
muito distantes da sua realidade de trabalhador brasileiro. Bom, en-
tão vejamos alguns exemplos bem mais próximos de nós, como os
dos professores Weslei Machado, Felipe Leal e Aragonê Fernandes.
Hoje, eles são ocupantes de cargos cobiçadíssimos: Weslei é Promo-
tor de Justiça; Felipe, Delegado da Polícia Federal; e Aragonê, Juiz
de Direito. Em comum, além de contribuírem com seu conhecimento
aqui, no Gran Cursos Online, todos eles enfrentaram portas fechadas
ao longo da vida e da carreira.

Weslei Machado, especialista do


Gran Cursos Online em Direito Elei-
toral e Regimentos, tinha certeza de
que havia sido aprovado no concurso
para o Banco Central em 2006, pois
acertara mais de 90% das questões
da prova. Contudo, quando o resul-
tado do concorrido certame saiu, ele
soube que ficara fora do número de
vagas. Pensou em desistir de estudar
para concurso, mas, por causa da fa-
mília, tentou de novo. Pouco depois,
ainda em 2006, se viu aprovado no
concurso para o Tribunal Superior
Eleitoral (TSE). Ali, exerceu o cargo de analista judiciário por quase dez anos.
Um detalhe digno de nota: se o professor Weslei tivesse ingres-
sado no Banco Central, teria se mudado para Belém do Pará. Assim,
ao mesmo tempo teria ficado longe da família e dificilmente teria
construído a sólida carreira como professor de Direito Eleitoral para
concursos, já que foi o cargo no TSE que lhe abriu excelentes opor-
tunidades na esfera profissional. Recentemente, o professor foi além
e conquistou a aprovação no concurso de Promotor de Justiça do

124
estado do Amazonas, cargo que exerce atualmente. Perceba: o des-
tino fechou uma porta com a reprovação no Bacen, mas abriu outra
MUITO melhor com a aprovação no concurso do TSE.

O professor Felipe Leal, nosso


mestre de Direito Penal e de Direi-
to Ambiental, também sofreu uma
grande decepção que acabou pro-
duzindo um resultado positivo mais
tarde. Em 2004, apesar de toda a de-
dicação que dispensou à preparação
para o concurso da Polícia Rodoviária
Federal (PRF), ele foi reprovado. Na-
turalmente, veio a tristeza, mas ela
não o paralisou. No dia seguinte ao
da notícia da reprovação, Felipe re-
tomou os estudos. Dois anos depois,
foi um dos aprovados no concurso
para Delegado da Polícia Federal, cargo que era, de fato, o dos seus
sonhos.
Ele confessa que, caso tivesse sido nomeado para a PRF, dificil-
mente teria mantido o ritmo de estudos adequado para ser aprovado
no concurso de delegado federal, pois trabalharia em horário integral
e na fronteira do Brasil. Com certeza, ele não poderia contar com o
suporte familiar, algo que foi essencial para o bom desempenho no
concurso para delegado. Como se vê, o caso dele é mais um em que
a vida surpreendeu com boas notícias, a despeito de uma grande
frustração momentânea.

Por sua vez, o professor Arago-


nê, unanimidade em Direito Consti-
tucional e Juiz de Direito do TJDFT,
já relatou sua incrível história de su-
peração em nosso blog19. Mesmo as-
sim, vou resumir uma passagem da
vida dele que, em especial, sempre
me chamou a atenção. Em 2007,
após um ano de estudo intenso, o
então concurseiro foi eliminado no
certame para analista judiciário do
TST. O motivo que o levou a isso foi
bem bobo: ele havia esquecido no
19
Confira a história do professor Aragonê em a Saga de um Concurseiro, disponível em: https://
blog.grancursosonline.com.br/saga-de-um-concurseiro/

125
bolso a chave do carro (com o controle remoto do alarme embutido).
Quando o fiscal passou o detector de metais, o candidato foi flagra-
do e, em obediência às regras estabelecidas no edital, eliminado do
concurso.
É claro que esse infortúnio o abalou por algum tempo, mas o nos-
so mestre logo retomou os estudos. Pouco depois, participou de con-
curso para o mesmo cargo, desta vez para o Supremo Tribunal Federal
(STF). Aprovado e nomeado, logo na primeira semana de exercício
foi convidado para ser assessor de ministro do Superior Tribunal de
Justiça, o que dobrou a sua remuneração. Se tivesse sido aprovado
no concurso do TST, certamente Aragonê não teria se inscrito para o
concurso do STF, já que os vencimentos nos dois tribunais são idênti-
cos, e, como era impossível adivinhar que receberia o convite para se
tornar assessor de ministro, talvez nunca tivesse tido a oportunidade
de exercer um dos mais altos cargos em comissão do Judiciário.
Se os casos narrados até aqui ainda não foram suficientes para
convencer o meu leitor de como as oportunidades surgem quando
menos esperamos, vou contar duas últimas histórias. Elas são meu
próprio testemunho e reforçam a ideia de como uma decepção, uma
porta fechada, pode ser convertida no início de caminhos muito me-
lhores.
Pouco antes de inaugurar o Gran Cursos Online, eu cogitei seguir
carreira na área financeira. Como você sabe, sempre estive envolvido
no mundo dos concursos, e minha vocação é mesmo o empreen-
dedorismo. Apesar disso, naquela época pensei em mudar o rumo,
almejando me tornar Investment Banker em uma grande instituição
financeira, como a Goldman Sachs ou a J.P Morgan. Esse era o sonho
de grande parte dos meus colegas da faculdade e acabei entrando
nessa onda por certo tempo.
Para fortalecer o meu currículo na área, fiz alguns estágios nos
Estados Unidos e, como queria estar perto da minha família, nas fé-
rias de 2012 tentei um estágio no Banco Central do Brasil. O estágio
não seria remunerado, e eu estava de acordo com isso, pois o meu
objetivo era apenas obter experiência. Surpreendentemente, o Banco
Central negou a minha inscrição sem nem mesmo avaliar o meu cur-
rículo. Disseram apenas que só aceitavam candidatos de faculdades
brasileiras.
Fiquei bem triste na época. Eu estava disposto a trabalhar de gra-
ça, por isso não entendia como podia ter sido rejeitado. Foi mesmo
decepcionante. Decidi, então, me dedicar às atividades no mundo dos
concursos. Algumas semanas mais tarde, conversando com meu ami-
go e hoje sócio Rodrigo Calado, surgiu o embrião do Gran Cursos Onli-
ne. No ano seguinte, demos início à oferta de cursos a distância com a

126
marca, e nasceu a GG Educacional, empresa matriz que hoje emprega
mais de 95 funcionários diretos, conta com mais de 230 professores
e ajuda dezenas de milhares de alunos em todo o País a mudar de
vida. Perceba que nada disso seria realidade hoje, se eu tivesse sido
aceito para o estágio não remunerado no Banco Central, com vistas a
ingressar numa carreira que nem era o meu objetivo de fato.
A má experiência com a tentativa de estágio no Banco Central não
foi a única decepção em minha trajetória de empreendedor que aca-
bou por gerar um resultado bem melhor no futuro. No fim de 2014,
um grande grupo educacional estava interessado em investir no Gran
Cursos Online. O investimento, na minha percepção e na do Rodrigo,
permitiria que a empresa atingisse o patamar que almejávamos. No
entanto, uma das condições da proposta era a de que o Rodrigo e eu
abríssemos mão do controle da companhia. Nós nos tornaríamos efe-
tivamente funcionários desse grande grupo educacional. Como achá-
vamos que aquele era o melhor caminho para a empresa, aceitamos.
Tudo estava certo para o fechamento do negócio, mas, na última
hora, o grupo interessado desistiu. Tinham sido meses de conversas e
de muito trabalho, de modo que, naturalmente, ficamos bastante cha-
teados. Interpretamos aquilo como a morte dos nossos planos e pro-
jetos. Mas, passada a ressaca inicial, nós nos reerguemos e seguimos
em frente. Convertemos o sentimento de frustração em combustível
para nos esforçarmos de maneira sobre-humana até concretizarmos
todas as nossas projeções.
Resultado: a empresa cresceu mais de 250% em dois anos, e
continuamos como os únicos sócios, detendo 100% do controle de
decisão, algo fundamental para empregar os nossos valores e a nossa
visão e para garantir o dinamismo necessário à tomada de decisões.
Realizamos diversos sonhos e efetivamos várias conquistas, como a
mudança de sede (na minha visão, a mais bonita do Brasil no ramo),
a construção de um moderno complexo de estúdios, a viabilização
de aulões presenciais em todo o Brasil, o lançamento de cursos de
qualidade nas mais diversas áreas de atuação e – o mais importante
– milhares de aprovações em concursos de todo o País. Em poucas
palavras, o que parecia uma grande decepção era, na verdade, a nos-
sa salvação. Deus estava e está sempre no comando!
É por tudo isso que eu digo, amigo concurseiro: se a vida não
está fácil – e não está para ninguém –, trate logo de se fortalecer
para enfrentar as frustrações, as traições, os insucessos, os fracassos,
as reprovações, as dificuldades financeiras, os dissabores amorosos.
Permita que os seus sonhos sejam maiores do que os seus medos, do
que as suas dificuldades, do que os seus erros. Superar-se dia a dia
não pode ser uma escolha; tem de ser a sua realidade.

127
Quando você estiver desanimado por ainda não ter conquistado a
tão almejada vaga na carreira pública, pense que, embora ainda não
tenha chegado lá, está no caminho correto e bem mais perto do que
estava ontem. E não perca a oportunidade de sentir enorme prazer
fazendo exatamente o que pessoas dizem que você não é capaz de
fazer.
Estamos juntos em sua trajetória e vamos em frente, em direção
à realização dos seus sonhos, sempre prestando bastante atenção aos
sinais que a vida apresenta no caminho.

“Primeiro ignoram-te, depois riem de ti, depois atacam-te e no fim tu


vences.”
Gandhi

128
O PODER DO PENSAMENTO POSITIVO NOS CONCURSOS E
NA VIDA

“O poder que me criou me deu poder para eu criar minha nova vida,
que será numa carreira pública. Então, peça, acredite e receba.”

Sabe qual é uma das aulas mais requisitadas na Universidade de


Harvard? Psicologia positiva. E em Stanford? Psicologia positiva. Em
Berkeley? Psicologia positiva. Esse tema da ciência está em alta em
muitas outras universidades além dessas, no mundo todo. É que está
comprovado que, se mudamos nossos padrões de pensamento e nos
tornamos indivíduos com visão mais positiva das coisas, podemos
ser mais bem-sucedidos e mais felizes tanto na vida pessoal quanto
mo na profissional. Quando estamos na frequência positiva do pensa-
mento, tendemos a atrair tudo que é bom: saúde, sucesso, riqueza.
Enfim: pensar positivo transforma nossa vida e a direciona para a
realização de tudo que nos agrada ou nos é caro.
O corpo é um campo de energia que precisa estar em equilíbrio.
Por isso, são tão importantes pequenos gestos diários que o façam
sorrir por inteiro. Além disso, precisamos estar atentos ao fato de
que todo pensamento que temos e toda palavra que proferimos são
capazes de moldar o nosso futuro. Querendo ou não, nós nos tor-
namos aquilo que pensamos, aquilo que projetamos. A força está
dentro de nós, onde tudo começa. Já diz a sabedoria popular que a
mente move montanhas. De fato: tenha consciência de que você é
um ímã que atrai tudo o que deseja – seja para si, seja para o outro.
Faz um bem danado manter uma atitude positiva diante de uma do-
ença, de um problema e até durante momentos de sofrimento como
os que se vive ao longo da preparação para concurso. Como costu-
mamos relatar em nossas mensagens, essa atitude positiva frente às
dificuldades da vida funciona mesmo.
Antes de demonstrarmos como o pensamento positivo pode aju-
dar você a ser aprovado e classificado em concurso, vamos a alguns
números impressionantes sobre o assunto. Os dados a seguir fo-
ram compilados em pesquisas diversas conduzidas por algumas das
maiores universidades do mundo. Eles indicam, por exemplo, que os
otimistas têm 55% menos risco de desenvolver doenças cardíacas.
Mostram também que a turma do bom humor é mais resistente a
doenças pulmonares quando comparada a dos estressadinhos. Além
disso, apontam que pensamentos negativos e desagradáveis podem
matar até 25% dos neurônios do hipocampo, a parte do cérebro res-
ponsável pela memória e pelo aprendizado. Isso explica o porquê de
ficarmos confusos e esquecidos quando estamos muito estressados
e irritados.

129
Os números comprovam, ainda, que a máxima de que o feitiço
pode virar contra o feiticeiro está correta. Alimentar o desejo de vin-
gança ou direcionar pensamentos negativos a outras pessoas pode
nos levar à depressão, à ansiedade e, em casos extremos, a um
enfarte ou a um derrame. Por outro lado, um cérebro com foco em
ideias positivas é 31% mais produtivo. Profissionais de vendas que
têm atitude positiva frente à vida, por exemplo, chegam a mostrar
desempenho 37% melhor do que os colegas mais pessimistas, e mé-
dicos otimistas chegam a ser 19% mais precisos e rápidos na forma-
ção de diagnósticos corretos.
Tal regra se aplica ao nosso contexto. Ao nos mantermos otimis-
tas durante os estudos, nosso cérebro funciona com mais sucesso.
Nossa capacidade de assimilar os conteúdos estudados aumenta, e
nossa mente passa a funcionar com mais rapidez. Consequentemen-
te, a memória se abre e armazena melhor as informações que pre-
cisaremos acessar no dia “D”. Em resumo, nossa inteligência, nossa
criatividade e nossos níveis de energia e de entusiasmo aumentam
quando nosso cérebro atua com foco no positivo.
Psicanalistas e psicoterapeutas defendem que uma boa dose de
pensamento positivo em seus pacientes – conquistada, por exemplo,
durante a leitura de um livro ou em atividades lúdicas – pode ajudar
bastante. O fato é que, quando as pessoas brincam ou dançam, libe-
ram endorfina, um medidor da sensação de dor. Quanto mais relaxa-
das estiverem, menos dor sentirão.
Todas essas teorias e pesquisas baseiam-se em argumentos
científicos para afirmar que é possível, sim, fazer o cérebro funcionar
a nosso favor e gerar resultados surpreendentes. Norman Vincent
Peale, o pai das teorias sobre o poder do pensamento positivo, já
dizia: “Mude seus pensamentos e você mudará seu mundo”. Para ele
e para outros cientistas, a realidade que vivenciamos é resultado dos
pensamentos que formulamos, e é quando ignoramos a filosofia do
pensamento positivo ou quando nos distanciamos da energia positiva
que surgem os problemas, os medos, as carências e as doenças.
Agora, se estudarmos com pensamento positivo e nos dirigirmos
para a prova com esse mesmo tipo de energia, tudo nos favorecerá:
não haverá nenhum problema para acessar o local de prova, o tempo
para resolver as questões será mais do que suficiente, e só cairá na
prova o que tivermos estudado. Enfim, tudo conspirará a nosso favor,
porque teremos dado nossa parcela de sacrifício sem perder a capa-
cidade de pensar positivo. Teremos estudado com afinco, adotado
técnicas e desenvolvido estratégias e táticas para enfrentar o inimigo
(que, em nosso caso, é a banca examinadora). Teremos plena cons-
ciência das nossas fraquezas e de todo o nosso potencial. Tudo isso
nos levará a vencer a guerra.

130
De acordo com as pesquisas na área da psicologia positiva, o
cérebro pode e deve ser treinado para se tornar mais otimista. Não é
preciso muito esforço; bastam dois minutos diários durante cerca de
três semanas. Eis a recomendação dos pesquisadores:
1. Reconheça três motivos para se sentir grato por dia.
2. Escreva sobre experiências positivas que você tenha vivencia-
do nas últimas 24 horas.
3. Pratique exercícios físicos, em especial os do tipo aeróbico (ca-
minhada, corrida, natação, ciclismo etc.). Eles ensinam ao cé-
rebro que o comportamento ativo é importante.
4. Medite ou ouça música clássica. Isso ajuda o cérebro a superar
transtornos como o do deficit de atenção, a hiperatividade e a
ansiedade, levando-o a se concentrar em uma tarefa de cada
vez.
5. Aja de forma gentil em momentos aleatórios. Refiro-me a atos
conscientes de gentileza. Pode ser, por exemplo, o envio de um
e-mail para uma colega do grupo de estudos ou para um amigo
das redes sociais. Teça elogios, palavras de agradecimento ou
simples comentários acerca de algo interessante e bacana.
Lembre-se de que o ciclo do sucesso se forma da seguinte manei-
ra: o pensamento positivo influencia sentimentos, que resultam em
ações condizentes com ele; tais ações geram resultados positivos, os
quais, por sua vez, criam o hábito, moldam o caráter e direcionam o
destino das pessoas.
Concurseiras e concurseiros, vamos treinar o cérebro como trei-
namos o corpo físico. Fazendo isso, criaremos condições favoráveis
para a sonhada aprovação e nomeação!

“As pessoas realmente se tornam completamente extraordinárias quando come-


çam a pensar que conseguem fazer coisas. Quando elas acreditam em si mesmas,
adquirem o primeiro segredo do sucesso”
Norman Vincent Peale

Referências

Pesquisa do Instituto Delfland de Saúde Mental da Holanda.


Centro de Memória da PUC de Porto Alegre.
“Pensar Positivamente”, Pesquisa da Universidade de Harvard,
nos EUA.

131
SEM SACRIFÍCIO, NÃO HÁ RECOMPENSA

“Os três grandes fundamentos para se conseguir


qualquer coisa são: primeiro, trabalho árduo;
segundo, perseverança; terceiro, senso comum.”
Thomas Edison

Que atire a primeira pedra quem nunca precisou fazer algum


tipo de sacrifício para realizar um desejo. Quem, por exemplo, nunca
passou fome para perder peso e emagrecer? E quem nunca se doou
de corpo e alma para conquistar um grande amor? E quem nunca deu
o sangue para ser selecionado para uma vaga de emprego? E quem
nunca perdeu noites de sono para conseguir concluir a faculdade ou
a pós-graduação? Ora, se todos nós precisamos fazer sacrifícios para
quase tudo na vida pessoal e profissional, por que seria diferente
para atingir a meta de passar em concurso público e começar a des-
frutar de uma vida com estabilidade financeira, prestígio e muitos
benefícios?
Seja na esfera pessoal, seja na profissional, quanto mais sucesso
se pretende conquistar – ou quanto mais sucesso já se conquistou –,
mais adversidades, mais obstáculos, mais problemas surgem no ca-
minho, e em algum momento todos eles precisam ser enfrentados
e resolvidos. Com certeza, o esforço fará parte dessa jornada; por-
tanto, não é exagero dizer que a persistência de quem quer ser mais
bem-sucedido em algum projeto há que ser bem maior do que a força
de vontade das pessoas que se contentam com pouco.
Quando se estuda a biografia de grandes líderes, de empreende-
dores bem-sucedidos, de governantes eficientes ou de atletas ven-
cedores; ou seja, quando se descobre como os maiores exemplos
de sucesso nas respectivas áreas de atuação conduzem a vida e ad-
ministram seus projetos, nota-se que o êxito que eles alcançaram
é diretamente proporcional à persistência que empregaram durante
o processo. Veja o exemplo de Thomas Edison: ele descobriu 999
formas de como não inventar a lâmpada antes de desenvolver o pri-
meiro protótipo que deu certo. Percebe como o vencedor costuma ser
aquele que primeiro desenvolveu grande paciência antes de atingir
seu objetivo principal?
No caso do concurseiro, fazer sacrifícios pode significar, por
exemplo, recusar um convite da galera para ir a uma balada porque
é preciso vencer o plano de estudo. Pode significar, ainda, deixar de
comprar um calçado, uma roupa ou outro bem qualquer porque é
necessário renovar a assinatura do curso ou fazer uma reserva finan-
ceira para o pagamento de material de estudo ou de taxas de inscri-
ção. E olhe que muitas vezes o candidato terá esse tipo de despesa
apenas para treinar e avaliar a eficiência da estratégia de preparação
que adotou. Em outras palavras, o sacrifício nem sempre trará resul-
tados imediatos.

132
Quando penso em alguém se sujeitando a esse tipo de sacrifício,
logo imagino que esse herói deve agir motivado por enormes neces-
sidades e dificuldades. Naturalmente, a soma explosiva entre priva-
ção e provação faz qualquer um aprender mais rápido e se dedicar
mais do que a média. A título de exemplo, cito a escritora britânica,
J.K. Rowling, criadora do personagem Harry Potter. Ela, que era mãe
solteira e estava desempregada, começou a escrever para passar o
tempo enquanto enfrentava uma severa depressão e grandes dificul-
dades financeiras.
É bom você ter consciência de que nenhum plano de estudos de
qualidade será exitoso sem esforço e sem sacrifício da parte do con-
curseiro. Do contrário, o candidato não será digno das recompensas
de que mais tarde desfrutará. É por isso que eu ressalto: quem es-
tuda para concurso não tem o direito de manifestar tristeza na hora
de se render aos sacrifícios que lhe forem impostos. É simples assim:
toda grande realização pressupõe esforço em igual proporção. É da
rotina de fazer pequenos e diários sacrifícios que advêm as grandes
conquistas e as grandes recompensas.
Apesar da minha pouca idade, tenho aprendido muito acompa-
nhando o relato de alunos e professores que, para serem aprovados
em concurso público, precisaram se doar integralmente e renunciar a
muita coisa. Uma das principais lições que esses ex-concurseiros me
ensinaram é que qualquer coisa de valor ou de grande importância só
será conquistada depois de muito sofrimento, depois de muita peni-
tência, depois de muita dificuldade.
É claro que, ao perseguir algo relevante, que exija a realização de
tarefas difíceis, o mínimo que se espera é uma compensação à altura.
É tudo uma questão de troca: um grande sacrifício produz em nós
a sensação de merecimento. Esse sentimento aumenta nossa auto-
estima e, principalmente, nossa autoconfiança, o que deixa nossos
oponentes atordoados e confusos. O resultado? Nós nos tornamos os
candidatos mais fortes na concorrência em relação aos demais. De-
pois da aprovação, a recompensa é ainda maior. Você já conhece bem
todos os benefícios e as vantagens que a carreira no serviço público
oferece, não é mesmo?
Então, entenda de uma vez que o conhecimento é difícil, mas não
impossível de obter. Ele impõe muito estudo e muita prática, o que
obviamente nos leva a sacrifícios. Mas essa fase passa, e a recom-
pensa vale o esforço.

“Quantas coisas perdemos por medo de perder?”


Paulo Coelho

133
“FAÇA O SEU MELHOR, NA CONDIÇÃO QUE VOCÊ TEM,
ENQUANTO VOCÊ NÃO TEM CONDIÇÕES MELHORES PARA
FAZER MELHOR AINDA!” (Mário Sérgio Cortella)

Tive a oportunidade de assistir a uma palestra do filósofo Mário


Sérgio Cortella que me impactou bastante. Nela, o professor comen-
tava um pouco sobre a importância de fazer o melhor – e não apenas
o possível – para viver a vida da forma que ela merece ser vivida. “A
vida é curta, mas não precisa ser pequena”, defendia o palestrante
para uma plateia composta de servidores públicos.
No evento, acertada e insistentemente, o professor ensinava que
devemos sempre “fazer o nosso melhor, com as condições que te-
mos, enquanto não tivermos condições melhores para fazer o nosso
trabalho melhor ainda”. Gostei muito desse pensamento, que, aliás,
busco aplicar sempre em minhas atividades. Então, aproveitarei este
artigo para encaixar em nosso contexto o resumo de algumas das
ideias que extraí das palavras tão inspiradoras, provocantes e moti-
vadoras do professor Cortella. Não posso deixar de dividir com meus
leitores as lições que aprendi com esse que é tido como um dos maio-
res filósofos brasileiros da atualidade.
É notório – e, infelizmente, também muito triste – que, na grande
maioria dos órgãos e entidades públicas, quem ocupa cargos, funções
ou empregos públicos nem sempre conta com as melhores condições
para desempenhar bem as suas funções e empregar da melhor forma
os seus dons e os seus talentos. Mas isso não deve servir de muleta
ou de justificativa para que o servidor nem sequer tente fazer o seu
melhor com o que está disponível na repartição. Ele deve, sim, de-
senvolver o seu melhor projeto, prestar o seu melhor atendimento,
emitir o seu melhor parecer, ministrar a sua melhor aula, dar a sua
melhor consulta, conduzir a sua melhor investigação. Em outras pa-
lavras, deve pautar suas ações sempre de modo a superar a expec-
tativa do colega, do superior e, principalmente, do usuário do serviço
público. O cidadão-cliente tem o direito de sair do encontro com o
agente público com a sensação de que foi respeitado e bem atendido.
Todos nós, sejamos servidores, agentes públicos ou ainda con-
curseiros, precisamos fazer sempre o nosso melhor, seja qual for a
nossa condição financeira, física ou psicológica, quando estamos em
busca de realizar um sonho. Devemos dar o nosso melhor enquanto
ainda não dispomos das condições ideais para fazermos melhor ainda
o que já costumamos fazer muito bem. Quem apenas faz o possível,
o básico, cai na mediocridade e vive uma vida morna, apequenada.

134
Mediocridade é falta de capricho, de zelo, de qualidade. É optar
por fazer tudo mais ou menos, embora se pudesse fazer o melhor.
Capricho, ao contrário, é fazer o melhor nas circunstâncias em que o
indivíduo se encontra, ainda que esse melhor não seja o melhor do
mundo. Insistimos da mesma forma que o professor Cortella: é fazer
esse melhor enquanto não estão presentes as condições ideais para
fazer melhor ainda. Pode ser que você não tenha, hoje, a mínima
condição de estudar para a magistratura federal, por exemplo; mas,
quem sabe, com muito esforço, talvez até estudando no ônibus de
madrugada, você possa se preparar para um concurso de Técnico
Judiciário. Faça isso, que, depois de nomeado, você estará em me-
lhores condições para alçar voos mais altos.
Algum tempo atrás, nós, do Gran Cursos Online, preparamos
uma série de artigos intitulada “Histórias de Superação”. Cada um
dos textos que a compõem retrata o exemplo concreto de pessoas
vencedoras que deram o seu melhor, mesmo quando tudo conspi-
rava contra elas. Essas pessoas fizeram tudo que era possível – e
até o que parecia ser impossível, na visão de alguns – e hoje são
servidoras públicas e levam uma vida muito mais digna. Vimos, ali,
o exemplo da simpática Marilene Conceição Lopes20, antes catadora
de latinha e hoje servidora do TJDFT; conhecemos a história de Ma-
ria Odete Silva21, vendedora de churros que conseguiu se formar em
Direito; acompanhamos a saga da Dra. Antonia Faleiros22, ex-empre-
gada doméstica e atual Juíza de Direito, a quem tive o prazer de co-
nhecer pessoalmente; e lemos o depoimento para lá de emocionante
e inspirador do nosso professor de Direito Constitucional e Juiz de
Direito Aragonê Fernandes, cujo título é bastante sugestivo: “A saga
de um concurseiro”23.
O nosso propósito é, foi e sempre será garantir que nossos alu-
nos tenham acesso a depoimentos, biografias e histórias inspirado-
ras, bem como às melhores palestras, pesquisas e técnicas de estu-
do. Sabemos muito bem que o mundo inteiro conspira contra quem
decidiu estudar para concurso. Não se engane: notícias ruins sempre
surgirão pelo caminho, e alguns dos seus “amigos” vez ou outra apa-
recerão para desanimar você. Quando isso acontecer, saiba que nós,
do Gran Cursos Online, estaremos sempre aqui para neutralizar tudo
isso e ajudar na sua sonhada mudança de vida.
20 Assista em: http://bit.ly/marilenelop
21 Assista em: http://bit.ly/mariaod
22 Assista em: http://bit.ly/antoniaf
23 Leia mais em: http://bit.ly/aragonef

135
Fique à vontade para buscar, tanto neste livro, como em nosso
blog, a inspiração de que você estiver precisando. Um e outro contêm
informações e mensagens de grande valia para os concurseiros. Se
você tiver a humildade de saber absorvê-las, aprenderá muito. No
fim, conquistará a vaga dos seus sonhos no serviço público brasilei-
ro e se tornará uma pessoa útil à sua cidade, ao seu estado, ao seu
País. E poderá cumprir, então, o seu relevante papel em socorro dos
nossos sofridos cidadãos-usuários, que, infelizmente, deparam todos
os dias com escândalos de má gestão e de corrupção em todos os
poderes e em todas as esferas do governo.
Desejamos que você, amiga e amigo leitor, tenha sucesso o quan-
to antes em seu projeto de passar em concurso público. Quando isso
acontecer, conte em nosso blog a sua saga de concurseiro. Quando
chegar a hora, queremos ver você partilhar conosco um pouco da sua
vida como servidor público, em nossa coluna “Cheguei Lá”.
Para começar, aplique a mensagem deste artigo desde já. Dê o
seu melhor hoje!

“Pessoa humilde é aquela que sabe que não sabe nada; que sabe
que a outra pessoa sabe coisas que ela não sabe; que juntas saberão
muitas coisas, mas que nunca saberão tudo que precisa ser sabido.”
Mário Sérgio Cortella

136
A ALEGRIA COMO ALIADA DO CONCURSEIRO

A alegria como aliada do concurseiro

Sou da opinião de que devemos semear com alegria e paixão


tudo que nos dispomos a fazer. A alegria deve, sim, estar presente
em todas as dimensões de nossa existência: na vida em família, no
trabalho, no esporte, nas viagens, nas aventuras com os amigos. Ela
é componente indispensável também na formação profissional, na
medida em que restaura continuamente nossas energias durante a
faculdade ou o curso de pós-graduação. Cumprir cada etapa da vida
com esse sentimento de satisfação impede que nossa caminhada se
torne cansativa, mesmo diante dos inúmeros obstáculos que inevita-
velmente enfrentaremos.
Não poderia ser diferente em relação aos estudos para o ingres-
so em uma carreira pública. A alegria é um dos principais aliados da
pessoa que resolve se dedicar a um projeto de alto grau de exigência
como esse. É ela que confere leveza aos momentos mais difíceis da
preparação; é ela que renova a motivação do candidato a cada dia.
Não dá para simplesmente ignorar o relevante papel da alegria na
preparação para concursos públicos.
Em virtude da profissão que escolhi para mim, venho acompa-
nhando de perto os candidatos a vagas no serviço público. Vejo como
é a rotina deles no ambiente virtual de aprendizagem da nossa esco-
la, nos Gran Dicas (aulões de véspera presenciais) e em outros even-
tos da nossa marca. Nesses meus anos de vida empreendedora, já
conheci muitos jovens e adultos felizes e apaixonados pelos estudos.
O que observo é que eles estão plenos de satisfação por se sentirem
sujeitos no processo de busca da estabilidade financeira, apesar dos
problemas e preocupações que, naturalmente, vez ou outra os aco-
metem.
Recentemente, o exemplo de um desses alunos me marcou. Mo-
rador de uma pequena cidade do interior do estado, o jovem estava
matriculado em uma de nossas revisões de véspera. Como nos re-

137
latou, no dia do evento ele havia acordado às 4 horas da manhã e
percorrido mais de 300 quilômetros para chegar a tempo do início da
aula. Surpreendentemente, esse aluno, que tinha todos os motivos
do mundo para se sentir cansado, estava visivelmente alegre. Irra-
diava felicidade por estar presente ali naquele momento, trabalhando
ativamente no projeto de mudança de vida pela qual tanto ansiava.
Essa alegria, em conjunto com sua determinação, o manteve focado
e atento até o fim do evento. Notamos que ele tinha até mais vigor
e energia do que alguns de seus colegas que não haviam começado
o dia de forma tão cansativa. Graças a essa postura, certamente ele
absorveu muito conteúdo útil – provavelmente mais do que vários
dos seus concorrentes –, o que deve ter garantido a ele preciosos
pontos na prova do dia seguinte.
Confesso que minha maior satisfação, como empreendedor que
sou, é essa de proporcionar alegria e esperança de dias melhores para
os outros. Para mim, não há realização maior do que a que alcanço
ao ofertar uma excelente estrutura de aprendizagem e ao garantir o
acesso aos melhores professores e à melhor equipe de gestão. Aqui,
no Gran Cursos Online, somos – todos e cada um – apaixonados pela
arte de realizar sonhos. É o que nos motiva e o que nos alimenta.
Em meu dia a dia na empresa, converso muito com nossos alu-
nos. Eles me confidenciam que não têm muitas opções para con-
quistar o sucesso profissional. A maioria veio de escolas públicas e
não tem nem experiência, nem diploma de pós-graduação ou outras
certificações. A falta de qualificação e de experiência, como vocês
sabem, é um grande empecilho para se concorrer a uma vaga em
empresas privadas. Já o concurso público, modalidade de seleção
altamente democrática, graças às suas regras bastante objetivas,
oferece a profissionais como esses a oportunidade de concorrer em
condições de igualdade com os outros, sem depender de favores, de
sobrenome, de indicação. O concurseiro depende única e exclusiva-
mente da própria dedicação, da capacidade de se entregar inteira-
mente ao processo de preparação.
Os alunos também costumam me contar o que pretendem fazer
quando receberem o primeiro contracheque como servidores públi-
cos. Os desejos e sonhos não são nada complexos; tampouco guar-
dam surpresas: em geral, se resumem a comprar um carro ou uma
casa, fazer uma viagem, investir na carreira, proporcionar mais con-
forto à família. Eu, claro, os incentivo a levar para o dia da prova a
imagem da concretização desses sonhos. Trata-se de uma técnica
que a ciência já demonstrou que funciona: desejar, mentalizar, con-
cretizar. É assim que as coisas acontecem.
Particularmente, não gosto de estar ao lado de pessoas pessi-
mistas, que enxergam apenas o lado ruim de tudo e veem exclusiva-
mente o que quem as cerca tem de pior. Evito gente desse tipo por
uma razão muito simples: pensamentos ruins atraem coisas ruins. Já

138
a alegria funciona como um ímã para atrair tudo de bom, inclusive
boa saúde, tão necessária para enfrentarmos os grandes problemas
e as enormes dificuldades que vez ou outra podem atravessar nosso
caminho.
Penso que não existe nada mais contagiante do que a alegria.
Talvez o amor… Sim, alegria e amor, juntos, formam os pilares que
darão sustentação para as grandes realizações e para os grandes
feitos que experimentaremos ao longo da vida. Sem dúvida, estudo
e trabalho são mais produtivos quando cumprimos nossas tarefas
com um quê de felicidade e de paixão. Esses sentimentos nos fazem
adotar uma visão mais positiva e otimista da vida. O resultado é mais
energia e saúde para avançarmos sempre.
Confesso que, quando marco presença em algum evento do Gran
Cursos Online e tenho a oportunidade de ouvir relatos sobre os avan-
ços e as conquistas dos nossos alunos, fico muito feliz. Ao mesmo
tempo, sou tomado pela percepção de que nossa responsabilidade
também aumentou. Afinal, nosso negócio, baseado nos resultados,
se mantém graças ao sucesso dessas pessoas, nossos clientes. Quan-
do o evento termina, volto ao trabalho recarregado de boas energias
e ainda mais disposto a me dedicar à criação das condições ideais –
as melhores possíveis – para concretizar o sonho de todos que nos
confiaram a sua adequada preparação para concursos.
Torno a insistir: aproveite cada momento desta sua caminhada
para aprender mais do que os assuntos necessários para você ser
aprovado no concurso dos seus sonhos. Extraia desta longa e com-
plexa experiência lições para sua vida. A de hoje é esta: cultive a
paz no seu coração e distribua alegria entre todos os seus colegas
de jornada. Isso transformará as dores das horas de estudo em força
para você enfrentar os obstáculos que surgirem ao longo do tempo
em que permanecerá na “fila” para o ingresso em um cargo ou em-
prego público. Já nos ensinava Gandhi que “não existe caminho para
a felicidade; a felicidade é o caminho”.
Vamos em frente, sempre! Sigamos alegres, felizes, confiantes e
otimistas até atingirmos os nossos objetivos!

139
AS DECEPÇÕES FAZEM PARTE DA CAMINHADA. NÃO
DESISTA!

“Faliu no comércio aos 31 anos;


Perdeu uma eleição estadual aos 32
anos;
Perdeu a esposa aos 35 anos;
Teve colapso nervoso aos 36 anos;
Perdeu uma eleição para prefeito
aos 38 anos;
Perdeu outra eleição estadual aos
46 anos;
Perdeu uma eleição federal aos 48
anos;
Perdeu a eleição para o Senado aos
58 anos;
Aos 60 anos, foi eleito presidente dos EUA.
Esse homem foi Abraham Lincoln, considerado um dos maiores
líderes de todos os tempos”.

Jack Ma, hoje com 52 anos, é


um dos homens mais ricos do mun-
do e o mais rico da China. Sua for-
tuna está avaliada pela Forbes em
US$ 20,4 bilhões. No entanto, o
caminho para chegar até aí não foi
nada fácil. Na verdade, ele teve de
lidar com sucessivas frustrações.
Jack levou sete anos para com-
pletar o ensino fundamental. Na es-
cola onde estudava, em sua cidade
natal, Hangzhou, o ensino médio
tinha duração de apenas um ano, metade do recomendado. Diante
disso, ele tentou estudar em outras cidades, mas nenhuma aceitou
sua matrícula, pelo fato de sua educação já ser bastante falha. Ele
também tentou três vezes entrar em uma universidade chinesa. Ins-
creveu-se em Harvard dez vezes, mas foi rejeitado em todas elas. No
fim, pensou: “Quem sabe, talvez um dia eu dê aula aí”. Ele estava
certo: desde que alcançou sucesso com sua plataforma de comércio
eletrônico, Ma já deu várias palestras na renomada universidade.

140
Depois de se formar, o jovem concorreu a mais de trinta vagas de
emprego. Não foi aceito em nenhuma delas – nem para trabalhar no
KFC, uma rede de fast-food americana que, na ocasião, contratou to-
dos os outros trabalhadores que se candidataram às vagas com Ma. A
rejeição nesse período da vida o blindou contra as dificuldades como
empreendedor, diz ele, que também sofreu descrédito ao fundar o
Alibaba, um dos maiores sites de vendas do mundo, com faturamen-
to estrondoso e crescente.
Mas vamos sair do contexto do empreendedorismo e entrar no
mundo dos concursos públicos, para listar alguns exemplos de pro-
fissionais e suas histórias de insucessos até, finalmente, a merecida
aprovação. Talvez você até já conheça algumas delas. Vejamos.

O nosso professor de Direito


Eleitoral e Regimento Interno de
tribunais, Weslei Machado, foi Ana-
lista Judiciário da área judiciária do
TSE. O cargo é dos mais cobiçados
por concurseiros de todo o País. E
Weslei podia ter se dado por satis-
feito ao conquistá-lo, mas ele não
parou por aí. Atualmente, ele é Pro-
motor de Justiça Subs­tituto do Mi-
nistério Público do estado do Ama-
zonas (MPE/AM). Ainda se incluem em sua coleção de aprovações o
concurso público do TJDFT/2007 e o do MPU/2007.
São tantas aprovações que chega a parecer fácil, não é mesmo?
Mas não foi. Não para Weslei. Até ser aprovado nesses difíceis cer-
tames, ele teve de enfrentar mais de vinte reprovações. E, a cada
insucesso que enfrentava ao longo de sua jornada, ele pensava em
desistir. Foram tantas horas de estudo, tamanha abdicação da convi-
vência familiar e social e tão alto investimento em taxas de inscrição
e em livros, tudo sem sucesso, que ele já começava a acreditar que
não seria capaz de atingir o objetivo de se tornar servidor público.
Quando deu início à preparação, Weslei já era casado e pai de
família. Portanto, para garantir o sustento dos seus entes, precisa-
va trabalhar durante o dia. Só lhe sobravam as noites para estudar.
Além disso, havia um complicador que lhe tirava o sono: a filha esta-
va doente e precisava de remédios caros e de alimentação específica.

141
Apesar de todas essas – e outras – dificuldades, ele não desistiu.
Manteve-se firme em seu projeto. E aqui abro parênteses: creio que
a persistência e a dedicação são os mais indispensáveis atributos do
concurseiro durante a preparação. O candidato a concurso sempre
enfrentará obstáculos, mas não pode ficar paralisado ou simplesmen-
te renunciar ao seu sonho de conquistar uma vaga no serviço público.
Em vez disso, precisa adaptar seus métodos para corrigir falhas em
sua forma de estudar.
No processo de estudo árduo que o projeto de passar em concur-
so exige, o esforço e a perseverança ajudam – e muito – a atingir os
resultados esperados. No caso de Weslei, ele converteu sua enorme
força de vontade em ações práticas. Foi assim que criou um método
próprio de preparação. A base da sua técnica era um cronograma de
estudos que contemplava as disciplinas recorrentes nos concursos
dos quais participava, sobretudo para a carreira dos tribunais. “Iden-
tifiquei, em editais anteriores, quais eram as principais disciplinas e
as organizei em um cronograma. Cada dia da semana, estudava duas
disciplinas, duas horas para cada uma delas”, explica.
Seria ótimo se estudar com todo esse afinco já fosse o suficien-
te para a aprovação, mas sabemos que só o estudo tradicional não
basta. Como Weslei logo percebeu, há algo tão importante quanto
debruçar-se sobre novos conteúdos, embora esse algo não receba a
devida atenção. Estamos nos referindo à revisão das matérias.
O ideal é que, a cada semana, o concurseiro destine um dia para
rever os conteúdos estudados até ali. A revisão é sempre cumulativa,
e é indispensável que toda a matéria até então estudada seja revista
antes do prosseguimento do estudo pelo candidato. Trata-se de um
mecanismo de reforço do armazenamento na memória e de organi-
zação das informações em nosso cérebro.
Além disso, a experiência de Weslei atesta que, no processo de
revisão, é prudente e proveitoso resolver questões de concursos an-
teriores da carreira escolhida. O concurseiro precisa se familiarizar
com a forma de abordagem dos temas e com os principais tópicos
cobrados pelos examinadores. Esse conhecimento é capaz de au­
mentar o rendimento no dia da prova. O candidato não terá surpre-
sas, já que terá conhecido com antecedência o modelo de questões
do examinador.
Foi graças a esses pequenos segredos que Weslei conseguiu co-
lecionar todas as suas aprovações e alcançar os resultados dos quais
hoje tanto se orgulha.

142
Outro professor do Gran Cursos
Online que tem muito a nos ensi-
nar é o Dr. Aragonê Nunes Fernan-
des. Antes de ser aprovado para a
magistratura, o hoje Juiz do TJDFT
foi Promotor do MPDFT, além de
ter passado para Defensor Públi-
co na DPE/RS, também foi Analis-
ta do STF, Técnico do STJ e Agente
Comercial da CAESB. Assim como
Weslei, o Dr. Aragonê também en-
frentou muitas decepções e sofreu
inúmeras reprovações antes de alcançar o cargo com o qual sonhava.
Quando decidiu estudar para “os concursos grandes” (magistra-
tura, Ministério Público e Defensoria Pública), Aragonê colocou na
cabeça que seria um projeto de médio ou longo prazo. Além disso,
sabia que teria de fazer provas fora de Brasília, pois aqui seria difícil
demais passar.
Começou pelo concurso da Defensoria Pública da União. Foi re-
provado. Veio depois o de Promotor em Sergipe. Nova reprovação.
Fez prova para Promotor de Rondônia, mesmo sem ter certeza de
que se aceitaria se mudar para lá. Apesar dos menos de 600 can-
didatos inscritos no certame, o professor acabou reprovado logo na
primeira fase!
Somaram-se ao “rol das reprovações”, ainda, os concursos de
Juiz na Paraíba, de Promotor em Goiás e de Promotor em São Paulo.
“Ah”, você poderia concluir, “mas a partir daí nosso personagem
finalmente começou a passar e não parou mais.” Ou, então, poderia
deduzir que o Dr. Aragonê só foi reprovado em concursos grandes…
Nada disso! Nosso mestre ainda foi reprovado nos concursos para
o cargo de Analista de tribunais como TST e STJ e do MPU e para o
cargo de Técnico Judiciário do TJDFT, dentre outros.
Em resumo, depois de tantos anos na luta, Aragonê colecionou
muito mais reprovações do que sucessos, mas em nenhum momento
se arrependeu de ter optado pela carreira pública. Hoje, “pendurou
as chuteiras”, depois de descobrir algo bem interessante em sua tra-
jetória: todas as reprovações “transitam em julgado” na hora em que
se é aprovado em um bom concurso.

Gustavo Scatolino, nosso professor de Direito Administrativo e


hoje Procurador da Fazenda Nacional, um dos cargos mais cobiçados
da área jurídica, é outro com uma história de muitas decepções até
o sucesso final.

143
O professor reprovou nos se-
guintes concursos: Agente da Po-
lícia Federal/2002, Analista do TJ-
DFT/2003, Procurador Federal,
Advogado da União, PGFN/2006,
Técnico e Analista do TST/2003,
Técnico e Analista do MPU/2004,
Detran/2004, PRF/2003 e Delegado
do estado de Goiás/2004.
Foi, contudo, aprovado nos se-
guintes: Técnico do TJDFT/2003,
Analista Judiciário do STJ/2004,
Procurador do estado do Espírito Santo/2008 e Procurador da Fazen-
da Nacional/2008. Esse último, aliás, foi o mesmo concurso em que
Gustavo havia sido reprovado em 2006. Note que, em apenas dois
anos, ele inverteu sua condição.

Nossa última inspiração é


Emerson Douglas. Nosso professor
das disciplinas Regimento Interno
do Senado e Controle Externo do
TCU não queria saber de concur-
sos no início de carreira. Ele estava
convicto de que seu caminho era a
iniciativa privada. Queria construir
uma profissão como jornalista.
Mas eis que nosso mestre foi con-
vencido a estudar para apenas um
concurso específico. O cargo para o
qual, na época, decidiu concorrer se tornou o dos seus sonhos: Analista
da Câmara dos Deputados, área de Comunicação Social.
Emerson estudou por um ano e arrebentou. Ficou em segundo
lugar na prova objetiva. Só que ainda haveria a prova prática… Nes-
ta, ele não foi nada bem. Caiu muito e soube que dificilmente seria
nomeado. A decepção foi gigante.
Na verdade, ir mal no teste de aptidão física é muito comum; que
o digam os candidatos às vagas nas carreiras policiais… O candidato
tem um desempenho excepcional na prova objetiva, mas é eliminado
no TAF. Vem a fúria, o luto e o recomeço.
Douglas não desistiu. “Vou estudar para todos os concursos de
agora em diante”, pensou. Cerca de um ano mais tarde, ele foi apro-
vado na Polícia Federal (5º lugar, nacional). Não parou mais. Vie-

144
ram as aprovações para Analista do MPU, para Analista da ABIN (6º
lugar), Consultor da CLDF (1º lugar) e Auditor do TCU (1º lugar).
Fixou-se no TCU, mas isso não impediu que ele ainda passasse para
Analista do Senado (cargo que até chegou a assumir) e de novo para
outro cargo na ABIN (mais um 1º lugar).
O que quero demonstrar com todos esses relatos, amigo leitor,
é que, às vezes, uma decepção profunda pode abrir novos e mara-
vilhosos horizontes. As reprovações servem para nos ensinar lições
importantes. A nós, cabe extrair esses ensinamentos e assimilá-los,
para em seguida corrigir os rumos de nossos planos e continuar na
“fila” até a aprovação – ou, melhor ainda, até as aprovações.
Se há uma certeza, é esta: muitos reprovarão, mas você, que
nos acompanha aqui, vai passar – e passar bem. Só não pode desis-
tir. Afinal, quem desiste com facilidade não tem, mesmo, perfil para
ser aprovado em concurso público.
Então vamos juntos: você fazendo a sua parte, seguindo as
orientações de nossa equipe do Gran Cursos Online, e nós, aqui, pes-
quisando e descobrindo novas formas e fórmulas de ajudá-lo a ter o
governo como patrão.

145
DESEJE, MENTALIZE, RECEBA!

“Muitas das falhas da vida ocorrem quando não percebemos o quão


próximos estávamos do sucesso na hora em que desistimos.”
Thomas Edison

O pontapé inicial para qualquer conquista é o desejo. Quando


uma pessoa deseja muito e intensamente algo, vai moldando a re-
alidade e a direciona rumo à concretização desse desejo. De fato,
a mente tem o poder extraordinário de fabricar realidade, mas não
sozinha. Quem quer muito algo precisa agir e se fazer merecedor do
objeto de desejo. Há que desenvolver inteligência emocional24, há
que pensar positivo25, há que se esforçar26 e há que fazer sacrifí-
cios27. Não basta querer muito um cargo público e esperar que o ato
de nomeação chegue em casa, como num passe de mágica, sem que
o candidato tenha feito sua parte para isso. O desejo é apenas o início
da conquista, e não o seu fim.
A universidade americana de Yale desenvolveu uma pesquisa em
que ficou demonstrado o poder da mente. Os pesquisadores selecio-
naram trinta indivíduos que, em comum, nunca haviam disparado
uma arma de fogo antes e, submetidos a uma prova de tiro, obtive-
ram a mesma média de acertos. Esses indivíduos foram divididos em
três grupos. O primeiro praticou tiro por vinte minutos, cinco dias por
semana, durante seis semanas. O segundo grupo, durante o mesmo
período de tempo e no mesmo ambiente, apenas se imaginou acer-
tando o alvo, reproduzindo na mente os gestos de atirar. Já o terceiro
grupo, na mesma situação e no mesmo período, ficou à toa, sim-
plesmente brincando com a arma. Depois de seis semanas, os testes
de proficiência foram repetidos. Os dados foram surpreendentes: o
primeiro grupo teve índice de acertos de 83%; o segundo grupo,
de 82%; e o terceiro manteve a média de antes, sem alteração. A
grande lição que esse experimento nos ensina é que os exercícios
mentais são tão eficientes quanto o treino prático quando se trata de
se preparar para um desafio. O indivíduo pode simplesmente simular
na mente a situação que enfrentará ou visualizar a si mesmo con-
quistando o objeto de desejo, que suas chances de tornar a imagem
concreta são tão altas quanto seriam se ele estivesse pondo a mão
na massa.
24
Saiba como desenvolver a inteligência emocional no artigo Inteligência emocional e as conquis-
tas na vida e nos concursos, disponível em: https://blog.grancursosonline.com.br/inteligen-
cia-emocional-e-as-conquistas-na-vida-e-nos-concursos/
25
Para mais detalhes acerca do pensamento positivo, leia O poder do pensamento positivo nos
concursos e na vida, p. 128.
26
Acerca do esforço, leia Esforçar-se vale a pena, p. 163.
27
Sobre os sacrifícios, não deixe de ler Sem sacrifício, não há recompensa, p. 131.

146
Quando um concurseiro visualiza bem o seu propósito, a tendên-
cia é que ele tenha um aproveitamento muito bom em relação ao
que visualizou. Entretanto, não basta projetar o sonho na mente nos
mínimos detalhes; é preciso carregar essas imagens com sentimen-
tos e emoções positivas. Vejamos uma situação concreta. Imagine
que amanhã você, amigo concurseiro, fará a prova do concurso dos
seus sonhos, para uma vaga de policial federal. Hoje, você não pode
ficar projetando pensamentos negativos como: E se der branco? E se
todos os inscritos comparecerem? E se eu me atrasar? E se as provas
vierem muito fora do que eu estudei ou do que domino? Em vez de
ceder a esse tipo de pensamento pessimista, você deve é imaginar-
-se feliz durante a prova, tranquilo ao constatar que tudo que está
sendo cobrado nela constava do seu plano de estudos e dos milha-
res de questões que você resolveu como treino. Em seguida, com
os olhos fechados e controlando a respiração, você deve conseguir
imaginar-se de arma na mão, vestindo o uniforme e já com o brasão
pendurado no pescoço, acompanhando presos de colarinho branco
levados à delegacia da Polícia Federal.
Uma imagem boa de visualizar é o seu pai, a sua mãe, a sua es-
posa, namorada ou noiva, assistindo a você na tevê escoltando pre-
sos da operação “Lava-jato”. Mentalize cada detalhe dessa imagem e
sinta-se merecedor de estar presente nela. Pensamento e sentimento
certos dão forma ao desejo. O resultado será o universo trabalhando
para a concretização dele. Como tudo na vida, essa simulação requer
treino e mais treino. Cabe repetir: você se torna aquilo que pensa e
projeta na maior parte do tempo.
Agradeça, agradeça sempre e todo dia, especialmente pelo que
você já tiver conquistado e por tudo que já tem. A gratidão nos faz
ter mais felicidade e maior motivação para buscar novos desafios.
Outra dica é a de que todo concurseiro deve criar o seu “mural
dos sonhos”. Nele, deve pendurar fotos do órgão ou entidade onde
pretende trabalhar, imagens de servidores em operação e cópia do
contracheque do cargo, entre outros objetos que ilustrem o que ele
poderá conquistar graças à estabilidade financeira garantida pelo
cargo público. Outra boa dica é carregar no bolso um cartão plastifi-
cado com a frase “Eu sou muito feliz, grato e desejo ser [por exem-
plo] policial federal”. Acrescentamos a tudo isso, ainda, o atributo da
gratidão. Agradeça, agradeça sempre e todo dia, especialmente pelo
que você já tiver conquistado e por tudo que já tem. A gratidão nos
faz ter mais felicidade e maior motivação para buscar novos desafios.
Você sabia que o que nos move em direção ao nossos objetivos,
desejos, sonhos e necessidades é a dopamina? Conhecida como mo-
lécula da motivação, é ela que nos proporciona aquela ótima sensa-
ção de empoderamento que experimentamos quando atingimos uma

147
meta. A falta de entusiasmo, de motivação, está diretamente ligada
a baixos níveis de dopamina. Estudos conduzidos com hamsters mos-
tram que as cobaias com deficiência desse neurotransmissor costu-
mam optar pelo caminho mais fácil, ainda que a recompensa, no fim,
seja menos alimento. Já os ratinhos com maiores níveis de dopamina
se esforçam mais quando sabem que o resultado será o dobro de
comida. Interessante, não?
Sabendo disso, o que recomendamos é a divisão dos grandes
objetivos em várias pequenas metas. Cada conquista, por menor que
seja, liberará dopamina, o que produzirá em você a sensação de fe-
licidade e de prazer que o motivará a seguir em frente. Isso ocorre
porque cada realização significa um passo adiante na conquista do
objetivo maior, o que permite que você visualize a vitória como algo
mais próximo e concreto. Em outras palavras, experimentamos uma
boa “ressaca” de dopamina a cada pequena conquista, no nosso caso
cada nova aprovação com melhor classificação do que a anterior.
Deseje, mentalize, trabalhe muito, comemore as suas pequenas
conquistas, pois, com certeza, a aprovação no concurso de seus so-
nhos chegará. E, quando chegar, não se esqueça de me convidar para
o churrasco da posse.

“Na maioria das vezes, a diferença entre ganhar e perder é não


desistir.”
Walt Disney

148
CULTIVE A ATITUDE DA GRATIDÃO

“A gratidão é a virtude das almas nobres.”


Esopo

Certo dia, postei nas minhas redes sociais uma mensagem so-
bre gratidão que me rendeu recorde de curtidas e de comentários.
Ela falava da importância de reconhecermos motivos para agrade-
cer, ainda que estejamos passando por momentos de dificuldades, e
aconselhava meu leitor a demonstrar gratidão, renovar suas energias
e planejar sua rotina para enfrentar e vencer todos os entraves da
semana que começava.

O que é gratidão?

A palavra “gratidão” é um substantivo feminino. Traduz a quali-


dade de ser grato, a vontade de retribuir um momento maravilhoso.
Trata-se de reconhecer quando uma pessoa praticou uma boa ação
ou nos fez algum favor, nos prestou algum tipo de auxílio ou nos be-
neficiou de alguma forma. É querer agradecer a alguém por ter feito
algo bom ou a Ele por nos ter permitido alcançar uma graça. Grati-
dão se complementa com outros sentimentos, como amor, lealdade,
nobreza. Para mim, ser grato é uma das maiores virtudes que o ser
humano pode cultivar.

O que a ciência tem a dizer sobre a gratidão?

Pesquisadores da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos,


chegaram à conclusão de que ser grato pelas pequenas coisas da vida
tem potencial para efetuar grandes transformações em um indivíduo
– inclusive em seu cérebro. Eles constataram que, depois de poucos
meses manifestando por escrito a gratidão, uma pessoa condiciona
o cérebro a replicar essa atitude, o que lhe traz enormes benefícios.
Participaram da experiência 43 voluntários que passavam por te-
rapia para tratar depressão e problemas relacionados à ansiedade.
No experimento, todos eles foram recrutados para uma terapia em
grupo, porém apenas 22 foram chamados para o que se chamou
de “sessão semanal de gratidão”. Nos 3 primeiros encontros, os 22
participantes passaram 20 minutos escrevendo cartas em que ex-
primiam sua gratidão ao destinatário. O outro grupo não participou
desse exercício.

149
O resultado foi bastante claro: nos sujeitos que haviam se dedi-
cado a redigir as cartas três meses antes da avaliação, identificou-se
mais atividade cerebral nas áreas relacionadas ao sentimento de gra-
tidão. Vale ressaltar que essas áreas responderam especificamente
ao sentimento gratidão: ações como se colocar no lugar do outro,
demonstrando empatia, não tiveram o mesmo efeito sobre o cérebro.
A gratidão demonstrou ser, portanto, um sentimento ímpar.
O mais empolgante é que o efeito de exercitar a gratidão se mos-
trou realmente duradouro. Não interessava se haviam se passado
duas semanas ou três meses desde a experiência de redigir as car-
tas; era como se a massa cinzenta se lembrasse do comportamento
carinhoso e passasse a fazer o indivíduo a agir mais dessa forma. A
comparação entre o treinamento do cérebro e o exercício físico que
condiciona um músculo foi inevitável: aparentemente, quanto mais
se pratica a gratidão, mais propenso se está a senti-la – espontanea-
mente – no futuro. Isso ajuda a diminuir a depressão e a passar mais
tempo com aquele calorzinho bom de se sentir feliz com a ajuda de
alguém.
As pesquisadoras Sara Algoe, Laura Kurtz e Nicole Hilaire, da
University of North Carolina, foram além e distinguiram duas formas
de expressar a gratidão. Na primeira delas, um indivíduo elogia o
outro, reconhecendo e validando as ações de quem ajuda. Na outra,
descreve para o interlocutor os benefícios que ele – quem foi ajudado
– colheu graças à ação do outro.
Para chegar a essa conclusão, as cientistas observaram casais no
momento em que expressavam gratidão por algo que o parceiro fize-
ra recentemente. As formas de exprimir o sentimento foram, então,
classificadas pelo grau em que representavam um elogio ao outro
ou eram focadas no benefício próprio. Para ficar mais claro, vamos a
alguns exemplos dos dois tipos de expressão:

Elogio ao outro

• “Isso mostra como você é responsável…”;


• “Você realmente se esforçou para ajudar…”;
• “Eu acho que você é realmente bom em…”.

Benefício próprio

• “Isso permitiu que eu relaxasse…”;


• “Isso me deu a possibilidade de barganhar no trabalho…”;
• “Isso me faz feliz…”.

150
Além de perceber os dois padrões de manifestação do sentimen-
to, a ciência descobriu que a gratidão na forma de elogio ao outro
desencadeia neste mais emoções positivas. Ele tende a se sentir mais
reconhecido e a notar mais carinho da parte de quem lhe é grato.
Por outro lado, a gratidão manifestada com foco no benefício próprio
produz menos sentimentos desse tipo.
Você que me lê há de concordar comigo que vale a pena parar e
pensar um pouco sobre isso, porque a maioria das pessoas entende a
gratidão de forma completamente errada. Por natureza, os seres hu-
manos são um tanto egocêntricos. Temos tendência de falar de nós
mesmos até quando deveríamos estar pensando nos outros ou falan-
do sobre eles. Por isso, é natural, quando recebemos ajuda e apoio
de alguém, manifestarmos como isso nos fez sentir bem. O foco cos-
tuma ser no “eu” em vez de no “outro”. Na realidade, partimos do
pressuposto de que a pessoa que nos ajudou gostaria de ouvir ex-
pressamente de nós como a conduta dela foi importante para nós.
Afinal, ela estava nos ajudando com a intenção de nos fazer felizes,
logo deve querer ouvir sobre o quanto ficamos, de fato, contentes.
Todavia, tal suposição não é lá muito correta. Sim, a pessoa que
nos ajuda quer que sejamos felizes, mas a motivação real dela, mui-
tas vezes, está diretamente ligada à sua autoestima. Na prática, aju-
damos os outros porque queremos ser boas pessoas e viver em con-
sonância com os nossos objetivos e valores, mas também – temos de
admitir – para sermos admirados.
Lembre-se disso da próxima vez que você receber o apoio de um
amigo, de um membro da família, de um colega de trabalho ou de
estudos. A pessoa que ajuda quer ver a si mesma de forma positiva
e se sentir compreendida e cuidada – o que, convenhamos, é difícil
quando você não para de falar sobre si mesmo.
Diante disso, fica a dúvida: como ativar o poder da gratidão?
Esse sentimento passa por três estágios, cada um mais eficaz do
que o anterior. São eles:
1. Sentir-se grato pelas coisas boas da vida;
2. Expressar gratidão às pessoas que contribuíram para melhorar
a sua vida;
3. Adotar um comportamento novo como resultado da interação
com aqueles que o ajudaram.
Todos nós já vivenciamos a primeira fase. Afinal, cada um de
nós tem algo para o qual somos gratos. Quem nunca agradeceu por
ter se livrado de uma ameaça, como o diagnóstico de uma doença
séria que não passou de alarme falso, por exemplo? Para transfor-
mar esse sentimento em algo maior, é preciso torná-lo recorrente.

151
Sugiro manter um pequeno diário (pode ser só mental) que contenha
apenas manifestações de gratidão. Isso basta para desencadear os
benefícios que o sentimento oferece para a saúde e representa um
bom começo para qualquer um.
O segundo estágio é mais desafiador. É difícil se expressar para
outra pessoa, sobretudo porque muitos pensam que se abrir e ma-
nifestar apreço por alguém pode resultar em maior vulnerabilidade.
De fato, é mais fácil se fechar dentro da própria concha. Entretanto,
quando se expressa gratidão a outra pessoa, firma-se com ela um
vínculo emocional, e a presença de vínculos emocionais é uma das
principais características das pessoas verdadeiramente felizes. Al-
guns dos primeiros estudos sobre a relação corpo-mente mostraram
como a solidão e o isolamento – o oposto da conexão com outros –
conduziram a uma piora na saúde e a um risco maior de mortalidade.
Se for o seu caso, é hora de reverter o foco e enfatizar o lado positivo
da equação, colocando conexões emocionais no topo da sua lista de
cuidados pessoais.
O terceiro e último estágio é o mais poderoso, porque tem o po-
tencial de efetivamente mudar o futuro das pessoas, e para melhor.
Quando a gratidão leva alguém a nutrir mais compaixão, a ser menos
crítica em relação aos outros e a valorizar mais a própria vida, está
sendo preparado o palco para anos de reforço positivo.
Ao adotar a gratidão como padrão, por assim dizer, essa pessoa
sinaliza para o cérebro que, ao longo da vida, o retorno positivo supe-
rará o negativo. E agir assim de forma consistente e reiterada leva a
transformações no cérebro que resultam em inúmeros benefícios no
longo prazo. Está claro que o caminho da gratidão é um dos mais na-
turais para se alcançar a inteireza. O corpo, a mente e o espírito são
afetados em todos os níveis, tudo praticamente sem esforço algum.
Não custa lembrar que as escrituras sagradas vêm ao encontro
do que estou dizendo e pregam o poder da gratidão. O apóstolo Paulo
escreveu: “Mostrem-se gratos”. Jesus ensinou: “Deus não é injusto
para se esquecer da sua obra e do amor que vocês mostraram ao
nome dele”. Nosso Salvador disse ainda: “Pratiquem o dar, e lhes
será dado”. Para Deus, a falta de gratidão é uma forma de injustiça.
Ele aconselha: “Estejam sempre alegres. Deem graças por todas as
coisas e em todas as circunstâncias”. Extraímos da Bíblia, ainda, este
outro poderoso conselho: “Tudo que é verdadeiro, tudo que é amá-
vel, tudo de que se fala bem, tudo que é virtuoso e tudo que é digno
de louvor, continuem a pensar nessas coisas”.
É isto: a gratidão nos faz felizes. Ela cura ressentimentos e faz
surgir o perdão. A ingratidão, por outro lado, define grande parte da
natureza dos infelizes. Nesse sentido, a gratidão é a maior medida

152
do caráter de uma pessoa. Expresse – sem pudor e sem limites – a
gratidão com palavras e, acima de tudo, com atitudes, e você verá
como sua vida melhorará.
Se a gratidão é de extrema importância para qualquer ser hu-
mano, é mais ainda, em particular, para o concurseiro, que passa
por inúmeros momentos de angústia e de dificuldade até alcançar a
aprovação dos sonhos. Para ele, pode ser especialmente difícil en-
contrar razões para se sentir grato, já que o reforço é quase sempre
negativo, na forma de sucessivas reprovações.
Sei que a realidade de concurseiro é dura, mas lembre-se: em-
bora não pareça, você pode ter muito a pedir, mas tem ainda mais
para agradecer. Agradeça pelo fato de você poder estudar, mesmo
que não seja da forma ideal. Agradeça por você ter o que comer,
em um mundo onde bilhões de pessoas passam fome todos os dias.
Agradeça por ter onde morar, mesmo que a sua não seja a casa dos
sonhos. Agradeça por ter algum meio de transporte, público ou pri-
vado, mesmo que ele não seja tão confortável como você gostaria.
Saiba agradecer o que você tem hoje para fazer jus ao que pretende
conquistar amanhã, como a nomeação para o cargo desejado. Esfor-
ce-se para sempre nutrir o sentimento de gratidão como forma de
desenvolver uma atitude mais otimista na vida.
Dito isso, aproveito a oportunidade para externar minha mais
profunda gratidão pela dica do tema da nossa mensagem de hoje.
Também agradeço pela companhia; pelas palavras de incentivo ao
nosso empreendedorismo; pelos mais de 2 mil comentários que já
recebi em aproximadamente 70 artigos que escrevi nos últimos 18
meses; pela confiança dos alunos que contribuíram para o cresci-
mento exponencial do Gran Cursos Online nos últimos 2 anos; pelo
esforço e pela dedicação diária dos nossos colaboradores, dos nos-
sos professores e do meu sócio Rodrigo; pela minha família, que me
apoia em qualquer circunstância. Acima de tudo, sou grato a Deus,
que me guia e ajuda todos os dias.

“Não há no mundo exagero mais belo que a gratidão.”


Jean de la Bruyere

153
5 CONSELHOS EXTRAÍDOS DE HISTÓRIAS DE SUCESSO

“As oportunidades são como alvoradas: se a gente espera muito,


perde-as.”
Wilson Ward

Como você já deve ter notado, gosto de partilhar histórias de


sucesso com os meus leitores. De fato, tenho enorme apreço pelos
relatos felizes de gente exitosa, como os de nossos professores-ser-
vidores e de nossos alunos que realizaram o sonho de ingressar no
serviço público. Isso sem falar nas lições que nos ensinam os grandes
líderes e empreendedores – especialmente os que mais inovam e
ousam. Enfim, considero uma fonte inesgotável de inspiração exem-
plos de pessoas obstinadas, que sempre souberam o que queriam e
alcançaram seus objetivos com muito trabalho e dedicação.
Por isso, sempre que posso, assisto a palestras, leio livros e ouço
depoimentos dos quais possam ser extraídas lições úteis para meus
seguidores nas redes sociais e para os leitores do nosso blog na pági-
na do Gran Cursos Online. Minha intenção, ao redigir textos fundados
nesses ensinamentos, não é oferecer nenhuma receita de bolo, mas
apenas difundir bons exemplos e boas práticas. Acredito que, assim,
incentivo quem também é batalhador, mas que esteja precisando de
referências ou de conselhos de um amigo que se preocupa com o seu
futuro.
Neste texto, pretendo difundir alguns comportamentos que tenho
observado em pessoas bem-sucedidas, cujas histórias acompanho.
Naturalmente, eles serão adaptados ao nosso contexto, que é o do
concurso público; e à nossa missão, que é a conquista da carreira
pública.

1. Não desista nunca

É claro que, na busca pela realização dos nossos sonhos, vez ou


outra nos depararemos com pessoas negativas – inclusive no seio da
nossa própria família. Isso acontece com todo mundo, e o testemu-
nho das pessoas de sucesso que estudei ratifica esse fato. Todas elas
já cruzaram, em seu caminho, com alguém que taxou seus sonhos
“de malucos, de absurdos, de delirantes”. Elas, porém, não deram
ouvidos aos insultos e persistiram em seus objetivos.
Para vencer, é preciso, antes de tudo, acreditar nas próprias ideias
e na própria capacidade. Não se deve parar por nada. Ao contrário, é
preciso tentar, tentar e tentar, quantas vezes forem necessárias, até
alcançar o objetivo.

154
Em termos bem práticos, se até agora você ainda não conquistou
nenhuma aprovação, talvez seja o caso de mudar completamente
seus métodos. É preciso deixar o passado no passado e mirar o fu-
turo. O candidato sagaz não deixa passar a oportunidade de alterar
o percurso quando necessário. Ele sabe que tem de estar sempre
preparado para inovar e disposto a mudar o que for preciso para se
tornar mais competitivo e começar a vencer.
Nossos mestres, por exemplo, experimentaram a reprovação em
dezenas de concursos antes de se tornarem as autoridades públicas
que são hoje. A trajetória de cada um deles ilustra bem como é válido
o conselho de persistir sempre28.

2. Seja curioso e flexível

Tenha humildade para buscar conselhos com os seus pais, com


os seus professores, com os seus colegas de classe ou de trabalho,
com os seus amigos e com quem já é servidor público. Aprender com
a experiência dessas pessoas pode evitar que você cometa erros gra-
ves na jornada em direção à carreira pública.
Particularmente, tenho o hábito de ouvir duas ou três opiniões
antes de tomar decisões importantes. Posso até não aceitar um con-
selho ou outro, mas sempre me obrigo a ouvi-los.
Decidir é fazer escolhas e renúncias. Tente ser diferente, singu-
lar e competitivo ao fazer as suas, mas sempre com a humildade de
antes escutar quem quer ajudá-lo. Somente quem é inovador vence.
Qualquer pessoa que não cultive mentalidade de longo prazo, limi-
tando-se a apenas reproduzir o que lhe garantiu algum sucesso no
passado, está condenada ao fracasso.

3. Cerque-se de pessoas de confiança

Procure se aproximar de pessoas que estão no mesmo barco que


você, ou seja, de outros concurseiros que estejam buscando sonho
igual ao seu. Eles podem e devem ser vistos não como meros concor-
rentes, mas como seus grandes parceiros rumo ao sucesso.
Sempre almeje por mais conhecimento, por bons relacionamen-
tos e por experiências enriquecedoras. Não deixe de experimentar
técnicas sugeridas pelos professores ou pelos colegas de classe nem
de ouvir dicas e conselhos úteis dos amigos e dos familiares. Com
base neles, crie o seu próprio repertório de métodos, técnicas e con-
dutas que o guiarão até o sucesso mais rapidamente. Sem um plano
bem definido, não haverá aprovação nem vitória.
28
Veja, em detalhes, a história de alguns de nossos mestres em As decepções fazem parte da
caminhada! Não desista!, p. 139.

155
4. Procure deixar um legado para a Administração Pública
e para o nosso País

Antes de desejar a aprovação propriamente dita, você precisa


carregar no coração o desejo insaciável de não deixar a sua vida pas-
sar despercebida. Sua vontade de ter status de autoridade pública
e de fazer a diferença quando chegar lá deve motivar cada escolha,
cada decisão que você tomar ao longo da sua preparação.
O candidato que quer passar em concurso tem de se fazer me-
recedor da aprovação e dos benefícios que o cargo público lhe ofe-
recerá. Deve ser teimoso e aspirar por deixar um legado relevante
para a sua cidade, para o seu estado, para o seu País. Precisa ser, de
fato, útil para a sociedade. Esse é o primeiro passo para se tornar um
servidor exemplar e digno de reconhecimento.

5. Tenha prazer pela função de servir ao público

A paixão pelos estudos, pela capacitação, pela qualificação e pelo


bem comum tem de ser o combustível que nos movimenta em di-
reção às conquistas. O amor pelo trabalho é fator importante para
alcançarmos o sucesso em qualquer atividade, projeto, carreira ou
área de atuação profissional.
Se você pretende crescer na carreira que abraçou, seja como
técnico, seja como líder, precisará encontrar maneiras e formas de
energizar as pessoas que estão à sua volta, a fim de que elas não
exerçam as próprias atribuições e competências com mediocridade,
entregando apenas o mínimo que se espera delas. Sirva de exemplo
e de modelo para os seus colegas de trabalho, atuando sempre com
paixão e dedicação.
Cabe lembrar que o Estado não contrata apenas os gênios; tam-
pouco os mais necessitados. Contrata, sim, os mais preparados, os
mais esforçados, os que souberam empregar o conhecimento cien-
tífico para desenvolver uma preparação bem pensada e planejada
passo a passo.
Caro leitor, considero-me um amigo seu. Por isso, sinto-me no
dever e no direito de lhe oferecer alguns conselhos. Minhas dicas são
sempre fruto de muitas observações, de muita leitura, de experiên-
cias no âmbito pessoal e no profissional, de relatos que li ou ouvi.
Desejo que elas lhe sejam úteis, mas sei bem que cada candidato
pode adotá-las ou não, na totalidade ou apenas parcialmente. E com-
preendo que seja assim.

156
Então, siga em frente, seja feliz, pratique o bem, ouça o seu es-
pírito e a sua consciência. E saiba que estamos juntos e misturados
na missão de servir ao nosso País.

“Não arriscar nada é arriscar tudo.”


Al Gore

157
RESILIÊNCIA, A QUALIDADE DOS FORTES

“No meio da confusão, encontre a simplicidade. A partir da discórdia,


encontre a harmonia. No meio da dificuldade reside a oportunidade.”
Albert Einstein

Resiliência é uma combinação de fatores que dão ao ser humano


condições para enfrentar – e superar – problemas e adversidades
sem perder o equilíbrio físico e mental. É a capacidade de se recu-
perar de situações de crise e de aprender com elas. É ser flexível e
otimista, perseguir metas claras e ter a certeza de que tudo passa.
Quem é resiliente consegue se adaptar a mudanças e seguir sua
jornada sem perder o controle diante da primeira dificuldade que sur-
gir no caminho. Alguém assim assimila as dificuldades, compreende
os próprios fracassos e enfrenta o caos com os pés no chão, sem ser
nem otimista nem derrotista em excesso. Uma pessoa com resiliência
é capaz de definir para si mesma metas claras e relevantes e de per-
segui-las e conquistá-las, ainda que em plena turbulência. Para ela,
é muito fácil sair de uma crise: basta enxergar algo pelo que valha a
pena resistir, lutar e sonhar.
O psiquiatra austríaco Viktor Franckl, considerado o pai dos estu-
dos sobre resiliência, identificava no ser humano o desejo de trans-
cender a sua individualidade e encontrar sentido em algo que esteja
fora de si mesmo. Em outras palavras, o indivíduo precisa ter metas e
propósitos externos à própria existência. Segundo essa teoria, todos
nós precisamos nos envolver com projetos e metas. Seja reencontrar
a família depois de algum período afastados dela, seja retomar as
corridas com os amigos nos fins de semana, seja buscar a aprovação
em um bom concurso que propicie mais conforto a nós e às pesso-
as que amamos, seja, ainda, nos envolvermos com uma causa que
nos seja cara, no fundo, o que confere sentido à vida é ter objetivos
claros.
O ser humano tem capacidade de adaptação maior do que imagi-
na. Porém, o mais comum é ele só descobrir isso quando atinge uma
situação extrema, em que sua única opção é adaptar-se, acostumar-
-se a sua realidade e sobreviver a ela, superando cada uma das ad-
versidades. É quando, por exemplo, o concurseiro mais determinado
se dá conta de que tem mesmo de abrir mão do lazer para estudar
até ser aprovado no concurso dos seus sonhos.
Se há uma grande verdade sobre o momento que vivemos atu-
almente, é que o mundo pertence aos fortes. Ele é dos que aprende-
ram a recomeçar sempre ou a acelerar quando os outros abrem mão
dos seus sonhos e quedam prostrados. É o nível de resiliência de um
indivíduo que determinará se ele terá sucesso ou se ficará perdido
pelo caminho, se será aprovado no concurso para o qual vem se

158
preparando ou se desistirá, saindo da “fila”. É fato que aqueles que
suportam melhor o sofrimento nunca perdem a esperança, o otimis-
mo, a fé e a coragem, virtudes que os mantêm saudáveis mental e
emocionalmente.
A ciência mostra que, quanto mais resiliente o indivíduo, mais
longe ele chega, tanto no campo pessoal, como no profissional. Isso
faz todo sentido, na medida em que sucesso só ocorre depois de inú-
meras quedas e derrotas. A diferença entre os fracassados e os exito-
sos é que estes encaram essas quedas e derrotas como oportunida-
des de aprendizado, como verdadeiras lições de vida, absolutamente
necessárias para o seu crescimento, ao passo que aqueles entregam
os pontos quando não atingem logo o esperado.
As pessoas mais interessantes que conheci e que hoje me servem
de inspiração são aquelas que passaram por adversidades enormes,
às vezes aparentemente impossíveis de superar, e tiveram força para
se reerguer ainda mais fortes, mais competitivas, mais produtivas,
mais criativas e ousadas. Elas são, para mim, exemplos de resiliência,
porque, em vez de evitar o estresse a qualquer custo, aprenderam a
controlá-lo e a transformá-lo em força motriz para seguir tentando.
O resiliente é como o bambu: entorta nas grandes tempestades, mas
não quebra. Ele acredita de verdade que não é vítima do seu passa-
do, mas protagonista do seu presente e do seu futuro.
Todos os grandes líderes sobre os quais li têm a resiliência como
terceiro maior atributo. Nesses homens e mulheres que tanto ad-
miro, essa qualidade fica atrás apenas da clareza de visão acerca
do mundo corporativo e do seu próprio negócio e da grande reserva
de energia para tocar projetos e perseguir metas e objetivos. Todos
esses são predicados valiosíssimos, mas eu ainda acrescentaria a
inteligência emocional como outra habilidade importante para quem
quer alcançar sucesso na vida e na carreira. E bom humor perante os
percalços também nunca é demais.
Compreendido o poder da resiliência em nossa vida, que tal ver-
mos se há algo que podemos fazer para desenvolvê-la ou, se for o
caso, aumentá-la? Os cientistas Steven Southwick e Dennis Charney,
da Yale University School of Medicine, recomendam quatro táticas
para isso. A ciência já comprovou que elas funcionam. Vejamos:
1. Trabalhe o seu físico. Atividade física moderada promove a
liberação de endorfina e dos neurotransmissores dopamina e
serotonina, os quais reduzem os sintomas da depressão e me-
lhoram o humor. Um experimento com animais mostrou que
corridas frequentes podem diminuir a incidência de diversas
fobias ao mesmo tempo que aumentam a coragem para a ex-
ploração de novos ambientes.

159
2. Aceite desafios e saia da zona de conforto. Dar um passo
para além do limite aonde você costuma chegar tem o poten-
cial de aumentar sua segurança e autoconfiança. Não importa
se você está de férias ou curtindo o fim de semana, se está no
trabalho ou se preparando para concurso público, faça mais do
que você está acostumado a fazer. Todos nós nos conhecemos
bem o bastante para saber qual é o limite que podemos – e
devemos – ultrapassar. Pode ser o enfrentamento de algo que
nos causa medo, a tentativa de ministrar uma aula para os
colegas de estudo, o estudo de uma disciplina nova, a prepa-
ração para um concurso mesmo com falta de recursos e de
infraestrutura ou a decisão de dar um basta ao ciclo de sempre
moldar a si mesmo para agradar os outros em vez de dizer um
simples “não”.
3. Medite e desenvolva uma visão positiva do mundo. Me-
ditar com frequência propicia mais clareza e foco, ajudando
a identificar para onde devemos direcionar a nossa energia.
A meditação nos conecta com o presente, evitando aqueles
lamentos contínuos sobre o passado e a preocupações excessi-
vas com o futuro. É comprovado que a prática reduz o estresse
e garante maior controle sobre a vida, sobre os estudos e so-
bre as escolhas, tornando as pessoas mais seguras e determi-
nadas. Confesso que ainda não medito com regularidade, mas
estou trabalhando para mudar essa realidade no curto prazo.
4. Estreite os laços afetivos. Indivíduos resilientes têm ótima
relação com a família e com os amigos. Sempre que você pu-
der, passe mais tempo com as pessoas que você respeita e
admira. Se o respeito e a admiração forem mútuos, melhor
ainda! Mas atenção: você precisa estar realmente conecta-
do com essas pessoas para que esse relacionamento produza
bons frutos. Você tem de se sentir à vontade para contar com
elas para conselhos, dicas ou apenas um ombro amigo. Ajuda
bastante se sua network for cheia de indivíduos que são exem-
plos de resiliência, pois você terá muitos modelos para obser-
var e seguir. A imitação de comportamentos e de práticas que
fazem dos outros pessoas fortes também pode ser algo muito
proveitoso. Por exemplo, quando você se sentir desanimado e
pronto para desistir, vale lembrar daquele seu amigo guerreiro
e que não cede jamais às dificuldades da vida. Tente imaginar
o que ele faria em sua situação e não hesite em imitá-lo.
Em síntese, amigo leitor, seja resiliente e tenha algo pelo que
resistir! Acredite: você tem uma capacidade de ser muito mais forte
do que imagina.

160
DESMOTIVADO(A)? CONFIRA 5 DICAS VALIOSAS PARA
VOCÊ NÃO DESISTIR E CONTINUAR ESTUDANDO!

Um dos maiores desafios que o concurseiro pode enfrentar é


manter-se motivado e persistente nos estudos mesmo em períodos
de turbulência e de incertezas como o que vivemos atualmente no
Brasil. Para piorar, muitas vezes ele ainda tem de fazer isso sem con-
tar com o apoio financeiro ou psicológico, seja da família, seja dos
amigos.
Para alcançar a sonhada aprovação, não basta dominar boas téc-
nicas de estudo ou contar com inteligência fora do comum. Na gran-
de maioria dos casos, quem é mais dedicado e organizado é quem
passa e se classifica. E isso se aplica inclusive aos concursos de mais
alto nível, que costumam ser bastante exigentes, tanto em relação à
quantidade e à variedade do conhecimento cobrado, como em rela-
ção à profundidade deles.
Com isso em mente, pensei em apresentar 5 dicas para você se
manter focado em seu projeto de aprovação. Leia e releia sempre
que pensar em desistir ou em sair da “fila”.

1. Seja otimista. Já dizia o maior empreendedor brasileiro de


todos os tempos, Jorge Paulo Lemann: “Prefiro ser otimista. Não co-
nheço muitos pessimistas bem-sucedidos”. Ignore os “matadores de
sonhos”, aqueles sujeitos com alto grau de negatividade e que sempre
nos fazem desanimar. Estou me referindo àquele tipo de gente que
repete que não adianta estudar, porque concurso público é “uma fura-
da”, “um jogo de cartas marcadas”; porque “apenas gênios passam”;
porque “os concursos públicos vão acabar”. Nós do Gran Cursos Online
sabemos bem que todas essas afirmações são mentirosas. Afinal, já
testemunhamos centenas de milhares de aprovações de ex-alunos
nossos, e até hoje não conhecemos nenhum que pudesse ser con-
siderado gênio. Quanto à possibilidade de extinção dos concursos
públicos, só tenho a dizer que eles são uma garantia constitucional,
prevista no art. 37, inciso II, de nossa Carta Magna.
Pela mesma razão que devemos fugir da negatividade típica dos
pessimistas, é importante evitarmos perder muito tempo em grupos
de WhatsApp e Facebook. Os membros das redes sociais costumam
especular demais, sem contar que parecem se dedicar de corpo e
alma à missão de provocar desespero nos concurseiros. Preferem
agir assim a trocar informações relevantes sobre os concursos e a
oferecer boas dicas de estudo. Por isso, inspire-se no herói grego
Ulisses, que tapou os ouvidos para ignorar o canto hipnótico das se-
reias – que o levaria ao fracasso. Simplesmente não dê ouvidos ao
que se diz nas redes sociais.

161
2. Lembre-se sempre do motivo pelo qual você começou a
estudar. Nunca esqueça o que o levou a estudar para concurso pú-
blico. Na maioria das vezes, foi a busca por melhoria de vida – tanto
para você como para sua família. Lembre-se de que a dor da prepa-
ração é passageira, ao passo que o cargo público é para sempre.
Quando vislumbramos o nosso objetivo maior, conseguimos fazer
enormes sacrifícios para alcançá-lo logo. Uma ação que pode ajudar
a manter o objetivo bem claro para você é criar um “mural dos so-
nhos”, que deve ser instalado em local visível, de preferência na área
onde você estuda. Cole nele fotos do prédio onde você quer trabalhar,
anote os benefícios e as vantagens da carreira pública que você es-
colheu e, se for possível, anexe um contracheque atualizado do cargo
pretendido. Se o concurso estiver demorando para sair, lembre-se de
que essa demora ainda é muito inferior ao tempo necessário para pro-
gredir na iniciativa privada ou para concluir uma segunda graduação.

3. Estabeleça metas de curto prazo. Muitas vezes nos sentimos


frustrados ou julgamos que nosso desempenho está muito fraco, quan-
do, na verdade, apenas cometemos o erro de estipular metas nada
razoáveis. O autor americano e professor da Universidade de Harvard
John Kotter costuma dizer que, “para liderar mudanças significativas
em uma organização, é necessário gerar vitórias de curto prazo”.
O mesmo vale para o mundo dos concursos. Você precisa definir
metas que sejam viáveis. Aos poucos, vá aumentando progressiva-
mente o grau de dificuldade delas, até atingir o seu objetivo final. Se
você sabe que, para se tornar competitivo a ponto de ser aprovado,
por exemplo, no próximo concurso de Auditor-Fiscal da Receita Fe-
deral, é necessário acertar, em média, 85% das questões sobre Con-
tabilidade nos simulados, mas atualmente você só consegue acertar
cerca de 40%, estabeleça metas graduais. Esforce-se para acertar
50%, depois 60%, até chegar ao objetivo de 85%. E comemore cada
uma dessas vitórias, celebrando o seu progresso. Agindo assim, você
se mantém motivado para seguir em frente.

4. Pratique atividades físicas. Existem inúmeros estudos de


universidades de renome que comprovam que a atividade física faz
bem à concentração, aumentando a capacidade cognitiva, reduzindo
o estresse e aumentando a sensação de felicidade e a capacidade de
estudar por mais tempo. Praticar atividades físicas, especialmente
as aeróbicas (caminhar, correr, nadar, pedalar etc.), no mínimo três
vezes por semana, aumentará o seu rendimento, a sua sensação de
bem-estar e o seu progresso nos estudos, além da sua capacidade
de reter informações.

162
Não pense que a prática de atividades físicas é perda de tempo.
O ganho em aumento da produtividade nos estudos compensará – e
muito – essas poucas horas gastas na academia, nas ruas ou nos
parques. Sem contar que você ainda tem a possibilidade de conciliar
exercício físico com estudo, salvando audioaulas em seu dispositivo
móvel para ouvi-las enquanto se exercita.

5. Crie uma rotina profissional de estudos. Costumo reco-


mendar aos nossos alunos uma técnica de base científica para de-
senvolver o hábito de estudar diariamente. Ela consiste em repetir
a rotina (no caso, a rotina de estudar) durante vinte e um dias se-
guidos, sempre no mesmo horário e pelo mesmo período de tempo.
Não importa se é dia útil, feriado ou fim de semana; sente-se, inicie
o cronômetro e só se levante depois de ter passado o tempo que você
determinou para os estudos. Pronto! Ao cabo das três semanas, o
hábito terá sido desenvolvido.
Aprendemos com Aristóteles que “somos o que fazemos repe-
tidamente. A excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito”.
Esse hábito contínuo ajudará você a manter a motivação em estudar
sempre. Como um atleta que pratica todos os dias, você sentirá falta
de exercitar o cérebro. Esse tipo de “vício” saudável – no caso, o vício
de estudar – fará parte de sua vida até você atingir o objetivo traçado
para si mesmo.

Acredito que essas 5 dicas são de grande utilidade para qualquer


concurseiro, do mais graduado ao que está iniciando hoje o projeto
de estudar para concurso. Fique de olho em nosso blog. Nele, di-
vulgamos com frequência artigos como este, motivacionais e com
informações diversas que vão ajudá-lo a seguir em frente em seu
projeto de mudança de vida. Lembre que existem somente dois tipos
de candidatos: os que passam e os que desistem.

163
ESFORÇAR-SE VALE A PENA

Todo ser humano tem sonhos, certo? Na verdade, passamos a


vida tentando torná-los reais, não é mesmo? Muitas vezes, eles pa-
recem distantes e inatingíveis, tanto que pensamos em desistir por
não nos sentirmos capazes de concretizá-los. Então, por que algumas
pessoas conseguem realizá-los com relativa tranquilidade ou chegam
bem perto disso enquanto outras desistem logo na primeira dificul-
dade? O que diferencia as pessoas em relação a sua capacidade de
persistir?
Creio que a resposta está na necessidade – que em algumas
pessoas é gigante; muito, muito forte – e no esforço que cada um
emprega – em maior ou menor grau, a depender do tamanho da
sua necessidade – para alcançar seus objetivos. O fato é que nada –
nada mesmo! – pode ser obtido sem esforço, e tudo é possível com
ele. Sou da opinião de que todo esforço terá, ao fim e a cabo, sua
devida recompensa. Por isso, acredito muito na força deste conselho:
mesmo que tudo nos leve a concluir que um alvo é impossível de
alcançar, não podemos desistir do nosso sonho. Precisamos buscar
força dentro de nós, pedir ajuda divina e trabalhar muito duro, mas
nunca desistir.
Se você quer ser bem-sucedido, deseja mesmo o sucesso profis-
sional em uma carreira com estabilidade financeira e muitas outras
vantagens, precisa se dedicar nada menos do que 100% a tornar
esse projeto realidade. Deve estar preparado para atingir o seu limite
máximo de dor física e emocional e entregar o melhor de si para fazer
com que as coisas aconteçam. Acredite na beleza dos seus sonhos e
na possibilidade de realizá-los.
Atribui-se a Thomas Edison a frase: “Gênio é 1% inspiração e
99% transpiração”. Podemos adaptar essa ideia à nossa realidade de
preparação para a conquista da carreira pública. Ficaria algo assim:
“Bem-sucedidos são 10% genialidade e 90% esforço, muito esforço”.
Em nosso contexto, não existe possibilidade de vitória sem sacrifí-
cios. Se eu desejo muito algo, eu preciso me dedicar continuamente
até conquistar esse algo. Os amadores se limitam a sonhar e sonhar;
nós, verdadeiros profissionais dos estudos, trabalhamos duro para
fazer de nossos sonhos realidade, com a aprovação no concurso pú-
blico.
Mas há um detalhe. Quando alguém decide ir em busca de seus
sonhos, precisa ter em mente que em vários momentos precisará
tomar decisões difíceis, mas inadiáveis. Chegará a hora de optar pelo
estudo em vez do lazer, e por mais estudo ainda no lugar do convívio
com a família. E agora eu lhe pergunto: Você tem a coragem neces-

164
sária para abraçar o seu sonho e fazer sacrifícios em nome dele? A
resposta a essa pergunta é o divisor de águas entre os exitosos e os
fracassados; os felizes e os infelizes. Ouça o seu coração para saber
a resposta e em hipótese alguma dê ouvidos a pessoas pessimistas
ou menos persistentes do que você.
Os candidatos esforçados sabem que diariamente enfrentarão
adversidades. Sorte e azar os acompanharão por toda a estrada. O
que eles fazem com a sorte é o que os torna vitoriosos. Lembre-se de
que o fracassado é aquele que cai e não se levanta mais. Até a queda
final, ainda é possível se recuperar e se tornar bem-sucedido. Afinal,
errar é humano: é a vida ensinando algo que se precisa aprender.
Em síntese, é o esforço contínuo e determinado que quebra a
resistência e vence todos os obstáculos. E sabe quando você será
recompensado de fato por todo o empenho que tiver destinado a seu
projeto? Só quando bater aquele cansaço típico de quando se está
exaurido. Acredite: é nesse momento que você será tomado pela
conquista arrebatadora. Quanto mais a pessoa se dedica e intensifica
seu esforço físico, intelectual ou moral para a realização de algum
projeto ou tarefa, mais sorte e sucesso terá. A fórmula é simples
assim!
Veja bem: mesmo que você se esforce e acredite, pode ser que
as coisas não aconteçam de fato, que elas não saiam como você es-
perava, ou pelo menos com a rapidez que você imaginava. Todavia,
se há uma certeza, é esta: enquanto você não se esforçar nem acre-
ditar de verdade, nada vai acontecer mesmo. Não custa repetir: o
sucesso nada mais é do que fruto de esforço, muito esforço.
Portanto, motive-se e continue caminhando, alimentando seus
sonhos e se esforçando. Siga sempre em frente, amigo concurseiro,
que você conquistará a tão sonhada vaga no serviço público. Você é
capaz, e nós do Gran Cursos Online estamos juntos com você nessa
missão.

165
CONVERSA DE JOVEM PARA JOVEM

“Nem sempre podemos construir o futuro para nossa juventude, mas


podemos construir a nossa juventude para o futuro.”
Franklin Roosevelt

Segundo dados recentemente divulgados pelo Ministério do Pla-


nejamento, Orçamento e Gestão – MPOG, 40% dos candidatos que
tomaram posse em cargos e empregos públicos na última década
contavam menos de 30 anos de idade. Aqui, no Gran Cursos Online,
também já constatamos que os mais jovens são maioria: 50% dos
nossos alunos estão na faixa etária abaixo dos 35.
A pergunta é: o que explica o grande número de jovens em busca
da carreira pública? Talvez seja o fato de concurso público não exigir
experiência prévia. Talvez seja porque essa forma de seleção não faz
discriminação por sexo, o que acaba por atrair mais mulheres, sobre-
tudo as mais novas, interessadas nas igualdades de condições que a
seleção por meio de concurso proporciona. Tanto é assim que, hoje,
elas representam cerca de 60% dos que se inscrevem para concorrer
a uma vaga no serviço público.
Especulações à parte, é bom deixar claro, desde logo, que nos
dias de hoje o parâmetro para ser considerado jovem é bem mais
relativo do que há alguns anos, em razão do expressivo aumento da
expectativa de vida dos seres humanos. Para mim, ser jovem, nos
padrões de hoje, é ter menos de 40 anos de idade, 10 anos mais do
que considera o MPOG para efeito das estatísticas que o órgão divul-
ga. Então, caro leitor, atente-se para isso antes de concluir que este
texto não é para você.
Sabe-se que o Brasil precisa gerar mais de 26 milhões de empre-
gos para dar oportunidade a toda a sua gente. Mais da metade dos
cidadãos que precisam dessas vagas é composta de jovens. Se con-
tássemos com uma gestão pública eficiente e séria, esses talentos
poderiam ter alguma chance, tanto em empresas estatais, como em
órgãos públicos diversos, o que certamente ajudaria a nossa gigante
nação a sair desse caos que se instalou por aqui nos últimos anos.
Todos sabem que, como empreendedor, fico encantado quando
vejo um jovem empreender. Mas fico igualmente fascinado quando
acompanho a dedicação de um rapaz ou de uma moça que estuda
dia e noite para conquistar uma vaga na carreira pública. É muito
gratificante, para mim, testemunhar um desses guerreiros fazendo
sacrifícios, assumindo responsabilidades e desejando amor, dinheiro
e saúde – nessa ordem – para que, um dia, por certo, venha a dese-
jar saúde, dinheiro e amor. Enfim, fico muito, muito contente com os
jovens que se prestam a abrir mão de parte da juventude para lutar
por um futuro melhor. Esse é e deve ser o espírito da nossa geração.

166
É isso mesmo, leitor amigo. Seja forte e jamais se acovarde dian-
te dos problemas que a vida lhe impuser. Tenha em mente que o mais
nobre dos diamantes precisou sofrer a ação faiscante do buril para se
tornar uma pedra preciosa e de grande valor. Aspirando sempre um
amanhã melhor, confie na sua própria capacidade de alcançá-lo e,
então, descruze os braços e parta para cima dos obstáculos, dos pro-
blemas, dos entraves que aparecerem no caminho. Cuidado apenas
para não passar por cima de pessoas na busca por seus objetivos.
Passe por cima de coisas e obstáculos; nunca de pessoas.
Ao caminhar em direção à conquista da carreira pública, com
ações planejadas, organizadas e bem controladas e o emprego de to-
dos os recursos disponíveis, você poderá dar falta de algo ou identifi-
car uma falha qualquer que esteja atrapalhando consideravelmente o
seu avanço. Quando isso acontecer, pare um pouco – sem retroceder
–, resolva a pendência e, em seguida, retome o ritmo, firme e forte.
Aproveite esses momentos para aprender o que não sabe, ouvindo
com humildade os conselhos das pessoas que cruzarem o seu cami-
nho e tiverem a intenção de ajudar você de alguma forma.
Como já escrevemos em outro artigo, cultive o sentimento da
gratidão29. Seja grato aos seus pais, aos seus mestres e a todos
aqueles que, de uma forma ou de outra, tenham contribuído para o
a seu crescimento. Esse sentimento, além de fazer bem a quem é
alvo dele, nos torna dignos de arquitetar a nossa própria felicidade.
A gratidão é alimento para a alma e ajuda a construir. Essa é uma
das primeiras lições que aprendemos à medida que amadurecemos.
Se nós, jovens, ainda não temos tanta vivência e sabedoria, te-
mos a nosso favor a coragem. Jovem que é jovem não foge dos de-
safios, não tem medo deles. Tem receio, sim, mas de viver uma vida
sem sentido, sem valor. A fase da juventude é um belo momento para
plantar as sementes certas, no lugar certo e na hora certa, para que
elas, tratadas com zelo, sejam capazes de crescer e de se multiplicar,
a ponto de se transformarem numa maravilhosa colheita.
Então, plante, faça as escolhas certas, tome decisões e semeie
o bem em todas as oportunidades. Se eventualmente aparecer uma
erva daninha em seu canteiro, não se desespere. Pense no que você
pode fazer com ela, avalie se há como transformar em algo bom o
simples fato de ela ter surgido ali. No fim, você verá que sempre é
possível salvar o canteiro como um todo. A cada situação difícil, man-
tenha a calma e reflita, procurando tirar algum proveito do momento.
Assim, você conseguirá fazer com que toda pedra em seu caminho
sirva de degrau para subir.
29
Veja, com mais detalhes, em Cultive a atitude da gratidão, p. 148.

167
Nós, aqui, do Gran Cursos Online, estaremos sempre, em qual-
quer situação, prontos para lhe oferecer conselhos, dicas, informa-
ções, dados e o que mais você, amigo leitor e concurseiro, precisar
para chegar ao mais alto degrau do sucesso pessoal e profissional.

“Lembre-se do seu Criador nos dias da sua juventude, antes que


venham os dias difíceis e se aproximem os anos em que você dirá:
‘Não tenho satisfação neles’.”
Eclesiastes 12:1

168
DE EMPREENDEDOR PARA CONCURSEIRO: SETE VALIOSAS
LIÇÕES DE VIDA

“Quando há uma tormenta, os passarinhos escondem-se; as águias,


porém, voam mais alto.”
Indira Gandhi

A profissão de empreendedor
tem algumas peculiaridades. Quem
a abraça logo descobre, por exem-
plo, que precisa saber um pouco
de tudo. Para começar, tem de en-
tender sobre o mercado e as par-
ticularidades do seu negócio como
ninguém. Além disso, precisa ser
um exímio administrador, ter o dom
de escolher as pessoas certas para
os postos certos na empresa e es-
tar apto a liderar pessoas de perfis
muito diferentes, ciente de que vez
ou outra será chamado a atuar quase como psicólogo dos seus cola-
boradores. Deve, ainda, ter noções de matérias tão diferentes como
contabilidade e direito, estar antenado às novas tecnologias e ser
hábil em acompanhar a contínua evolução do marketing.
Todas essas qualidades e competências são importantes, mas
o principal requisito exigido de um empreendedor talvez seja tran-
quilidade ao lidar com suas emoções, tanto na fartura, como – em
especial – na adversidade. Aliás, reside aí o ponto em comum entre
o empreendedor e o concurseiro. Ambos encontrarão em sua traje-
tória grande quantidade de desafios a serem superados. Precisam,
portanto, ser capazes de administrar muito bem as angústias e a an-
siedade que vão sentir mais cedo ou mais tarde. O sucesso em suas
empreitadas depende diretamente da capacidade deles de encarar a
vida em sua plenitude e de lidar bem com as inevitáveis dificuldades.
Como você sabe, apesar de jovem, eu já trabalho como empre-
endedor há algum tempo. Desde que comecei, tive a felicidade de
conhecer inúmeras pessoas que me ensinaram lições seculares. As
dicas e os conselhos que recebi desses seres iluminados vão muito
além de lições aplicáveis exclusivamente à carreira de empresário, de
modo que gostaria de compartilhá-las com meus leitores, que valo-
rizam bastante palavras que os motivem a seguir adiante no projeto
de se tornarem servidores públicos.

169
Até o momento, são sete valiosas lições de vida que aprendi des-
de o início da minha carreira. Como gosto muito de aprender, geral-
mente extraio com facilidade os ensinamentos contidos nas mara-
vilhosas mensagens que chegam a mim pelos mais diversos meios.
Peço que você interprete as palavras desta nossa conversa como su-
gestões, conselhos, dicas, ensinamentos ou palavras motivacionais,
como preferir.
O primeiro conselho que quero compartilhar com você diz respei-
to às companhias que escolhemos: mantenha-se longe daquele tipo
de pessoa que não sabe fazer outra coisa senão empurrar os outros
para baixo, que só emana energia negativa, que vê dificuldades em
tudo, que acredita ser impossível resolver os problemas da vida. Seja
diferente desse tipo de gente e aja mais como as águias, que, ao vis-
lumbrarem tempestades com nuvens ameaçadoras à frente, abrem
largamente as asas e decolam para bem alto; que voam sozinhas,
com confiança, porque sabem que, quanto mais alto for o voo, mais
tranquilo e brilhante será o céu.
Outra recomendação, também baseada no comportamento des-
sas belas e fortes aves: assim como ela usam a visão aguçada para
encontrar novas presas, acerte na escolha do seu foco. Concentre-se
em seus objetivos, em suas metas, em seus mais valorosos sonhos,
e não em suas dificuldades. Quem fica paralisado diante de todo
obstáculo que surge não encontra tempo nem energia para realizar
projetos e fazer novas conquistas. Problemas existem para serem
resolvidos, nunca vivenciados e tornados permanentes. Se eles se
interpõem em seu caminho, é porque você é a pessoa mais recomen-
dada para atacá-los e solucioná-los.
Talvez você não saiba, mas as águias fêmeas testam a fidelidade
dos machos. Da observação desse comportamento, vem a terceira
lição de vida – de vida mesmo, leitor amigo! – que quero dividir com
você: devemos nos cercar exclusivamente de pessoas honestas, leais
e – o mais importante – gratas. Quando expressamos gratidão a ou-
tra pessoa, firmamos com ela um vínculo emocional. E não podemos
nos esquecer de que a presença de vínculos emocionais é uma das
principais características das pessoas verdadeiramente felizes30.
Também aprendi que temos de parar de arrastar conosco tudo
aquilo de que não precisamos. É necessário descartar o inútil, o irre-
cuperável, o que não tem mais valor. É necessário deixar o passado
no passado. Tudo tem a sua hora, e cada hora tem o seu caminho.
Não é demais repetir que o ontem já passou, o amanhã é uma incóg-
nita e o hoje é quando tudo acontece. Portanto, faça, realize, arris-
que, saia do ócio, seja feliz, agora.
30
Leia mais sobre a gratidão em Cultive a atitude da gratidão, p. 148.

170
Outra lição das mais valiosas que aprendi foi para não contar os
meus planos a ninguém até vê-los realizados. As únicas pessoas que
devem conhecer nossos projetos são aquelas que vão participar deles
de alguma forma. Não se trata de acreditar em “olho gordo”, mas não
custa evitar atrair para si olhares às vezes não tão solidários, não tão
benevolentes… Tampouco devemos compartilhar detalhes de nossa
vida pessoal com quem não seja de nossa absoluta confiança.
Sexta dica: nunca fale dos seus atos heroicos nem se gabe de
sua sabedoria. Dizem que a modéstia só é verdadeira quando contro-
lamos as nossas palavras – “Controle os seus pensamentos e a sua
língua”. Tenha em mente que a língua é uma arma mortífera que, se
não for controlada, pode nos causar muitos problemas e atrair muita
ira e inveja. Além disso, todos passamos por momentos de fraqueza,
assim como eventualmente vivemos fases ruins e difíceis. O proble-
ma é que nem todas as pessoas conseguem ser solidárias conosco
ao vislumbrar os tombos que sofremos e os obstáculos que supera-
mos até alcançarmos o nosso objetivo ou uma grande meta. Afinal,
o maior suplício para um egoísta invejoso é ter de aplaudir a vitória
retumbante do concorrente.
Por fim, evite repassar histórias ruins das quais você tenha to-
mado conhecimento. Em outras palavras, fuja de fofocas e não as
alimente. Quem repassa histórias assim não é diferente de quem
pratica o mal. Seja uma pessoa melhor, do tipo que não tem curio-
sidade pela desgraça alheia. Afinal, coisas ruins atraem coisas ruins,
e pensamentos negativos resultam em ações negativas. É a lei da
vida. Desconfie de pessoas que adoram “uma boa fofoca maldosa”.
Mantenha distância delas.
De minha parte, costumo pôr em prática cada um desses conse-
lhos. Confesso que nem sempre é fácil, mas procuro sempre me ater
à certeza de que agir assim é a melhor forma de ter uma vida mais
produtiva. Não importa se você é um empreendedor ou um concur-
seiro (e futuro concursado), aja como um bom cidadão para ser um
bom cidadão.
Na esperança de que esta nossa conversa lhe tenha sido útil em
todas as esferas de sua vida, mas sobretudo na de dedicado concur-
seiro, desejo-lhe GRAN sucesso e muitas aprovações!

171
LIÇÕES DE FORREST GUMP PARA OS CONCURSEIROS

“A minha mãe sempre disse que você tem que colocar o passado para
trás antes que possa seguir em frente.”
Forrest Gump

Neste artigo, falaremos de mais


um filme inspirador que chegou até
nós. Trata-se de extrair, de “Forrest
Gump: o Contador de Histórias”, li-
ções capazes de balizar a vida dos
que estão na fila por uma vaga no
setor público. “Forrest Gump”, ven-
cedor do Oscar de 1994, foi um su-
cesso de público e de crítica. Conta
a história de vida de um homem
muito especial. O personagem, de
rara sensibilidade e de pura inocên-
cia, é, ainda, muito inteligente e
tem um jeito especial de encarar a
vida e as dificuldades. Não importa a circunstância em que se encon-
tre, ele não se deixa abalar por nada.
A película traz dezenas de lições, frases, diálogos, imagens –
muitas delas fruto de edição de computador, é bem verdade – que
nos ensinam a encarar os problemas com simplicidade e alegria. Nes-
te artigo, vamos nos ater a cinco dessas mensagens, que podem ser
úteis em diversos momentos da jornada do concurseiro, do cidadão,
do empregado público, do servidor. São elas:

1. Procure sempre ver o lado bom de cada situação.

172
Imagine que você levou um fora do grande amor da sua vida.
Para algumas pessoas, isso pode se tornar um drama com consequên-
cias como depressão e paralisia. Para outras, pode se transformar na
oportunidade de concentrar as energias nos estudos, na preparação
intensa, no sonho maior que é a conquista da vaga no serviço públi-
co. Já vi isso acontecer. Já vi, aliás, um momento de crise como esse
ser convertido em força e garra para ir à luta até garantir condições
melhores de vida, boas o bastante para formar uma nova família, ob-
jetivo final da pessoa cuja guinada testemunhei.
O fim de um amor é apenas um exemplo, entre muitos outros,
em que um revés na vida pode ser enxergado por um filtro que nos
impulsione para a realização de um projeto auspicioso. No início, cer-
tamente será difícil e sofrido. Mas, depois de pouco tempo, o novo
hábito estará formado. No caso do concurseiro, o novo hábito do
estudo. Será, então, questão de tempo até que as aprovações come-
cem a ocorrer, umas atrás das outras

2. Faça sempre o seu melhor.

Em dado momento do filme, a mãe de Forrest ensina ao filho:


“Você deve fazer o melhor do que Deus deu para você.” Ouvir uma
mãe falando isso para o filho, uma criança, é muito marcante.
Ser o melhor significa estar atento aos próprios limites e descobrir
como superá-los. Significa reconhecer os seus talentos e empregá-los
na realização de sonhos. Todos nós temos talentos que se revelam
quando somos testados nos nossos limites, quando a única alternati-
va que temos é externá-los com a força da alma e do coração.

173
3. Nunca subestime os outros.

A certa altura, o filme mostra como Forrest era perseguido pelos


valentões da escola por causa do problema que tinha nas pernas. Ele
é obrigado a correr deles mesmo usando próteses. Além do proble-
ma físico, Gump também tinha dificuldades de aprendizagem. Quem
diria que o jovem, tão menosprezado pelos outros, se tornaria, mais
tarde, o fundador de uma empresa de sucesso e um dos acionistas
da Apple? Com certeza, não os valentões da escola, que perderam a
grande oportunidade de aprender com o jovem.
Ao longo da preparação para concurso público, o candidato en-
contrará inúmeros mestres. E não estamos nos referindo apenas aos
professores. Estamos falando também dos inúmeros colegas de luta
e de missão que o concurseiro conhecerá em sua caminhada. Ele não
pode desprezar a bagagem, as histórias de vida, os conhecimentos
de cada um que aparecer em sua estrada. Pelo contrário, deve tirar
bastante proveito de cada momento de prosa que tiver. Estudos em
grupo, intervalos entre as aulas, um lanche rápido no restaurante do
curso… São todos momentos que podem propiciar enorme aprendi-
zado, para além do conhecimento formal sobre as matérias do con-
curso.

174
4. Faça o que você ama de verdade.

Nosso personagem gostava tanto de cortar grama que, mesmo


quando se tornou milionário, ele continuou aparando o gramado da
vizinhança. De graça.
A lição que extraímos disso é: nunca deixe de fazer as coisas
simples – mesmo as braçais e repetitivas – que lhe dão prazer e o
deixam feliz. O estudo para concurso precisa ser uma dessas coisas;
logo, você deve transformá-lo em algo apaixonante e prazeroso. O
primeiro passo para isso é escolher o cargo ao qual você esteja voca-
cionado. Faça uma autoanálise e avalie se você se sente fortemente
motivado a ser útil ao contribuinte, à sua cidade e ao seu País exer-
cendo o cargo que escolheu. Este não pode servir de mero trampo-
lim, muito menos se tornar um emprego em que você passe horas
ociosas, sem nenhuma iniciativa ou dedicação.
A verdadeira felicidade está em fazermos algo em que nos senti-
mos úteis. Claro que, até conquistarmos o nosso sonho, talvez preci-
semos passar por outros cargos. Afinal, temos contas para pagar, não
é mesmo? Mas isso não é desculpa para exercer sem prazer e afinco
essa função intermediária. Não podemos esquecer que estamos ali
cumprindo um papel importante para a sociedade. Temos um com-
promisso a honrar; compromisso firmado com o contribuinte, que é
quem paga os impostos, e com muito suor.

175
5. Mantenha sua palavra e cumpra suas promessas.

Seja honesto e íntegro em relação aos seus compromissos. Se


você prometeu aos seus pais, aos seus amigos, aos seus colegas que
será uma autoridade de status e de poder no serviço público brasilei-
ro, honre isso. Persista até realizar o que prometeu.
Naturalmente, nesse processo, você estabelecerá metas e obje-
tivos audaciosos, muitas vezes inexequíveis, e em algum momento
a vida vai lhe mostrar isso. Caberá a você manter a mente aberta e
encarar o inesperado com flexibilidade e boa vontade. Assim como
fazia Forrest Gump, que sempre cumpria suas promessas, custasse
o que custasse.
Amigo leitor, o filme “Forrest Gump” é uma preciosidade. Além
das lições que extraímos dele para nossa conversa, a história do per-
sonagem contém muitas outras mensagens interessantes. Por isso,
sugerimos que você não deixe de assistir. Considere-o como parte da
sua preparação.

Não sei se cada um tem um destino ou se só flutuamos sem rumo,


como uma brisa… Mas acho que talvez sejam ambas as coisas. Talvez
as duas coisas aconteçam ao mesmo tempo.

176
FILMES MOTIVACIONAIS A QUE TODO CONCURSEIRO
DEVE ASSISTIR

Sabe quando estamos sem nenhuma energia, sem vontade de fa-


zer nada, muito menos de estudar para concurso? Em momentos as-
sim, tudo que queremos é ficar deitados em frente à tevê descansan-
do, não é mesmo? Saiba que mesmo esses períodos de pausa podem
ser revertidos em períodos de ócio criativo. Você pode, sim, assistir a
vários filmes, mas dê preferência àqueles de conteúdo motivacional.
Particularmente, recomendo os que contam a história de pessoas tidas
como extraordinárias por causa da inteligência, do talento, da simpli-
cidade ou da sabedoria. É no mínimo edificante dar ouvidos a lições de
garra, de fé, de superação, de humildade, de luta heroica e obstinada
por um sonho, por um amor, por uma vida feliz. Busque inspiração em
histórias assim. Você não vai se arrepender.
Sempre dediquei muito do meu tempo a filmes dessa nature-
za. Dois deles se tornaram meus favoritos. Refiro-me aos ótimos
“Homens de Honra” e “À Procura da Felicidade”. Eles nos ensi-
nam grandes lições de caráter e de perseverança e contêm intensos
e emocionantes ensinamentos que podem ser úteis ao concurseiro
de plantão. Mas há muitos outros filmes do gênero que podemos
recomendar. Os que apresentaremos neste artigo trazem exemplos
de pessoas dotadas de incrível capacidade de superação. Prepare-se
para cenas de fazer até o mais durão dos gladiadores do império ro-
mano se emocionar.
Nossa intenção é compartilhar com você, amiga e amigo leitor,
histórias de homens e mulheres que, no caminho para o sucesso, ex-
perimentaram provações e sacrifícios, superaram obstáculos e passa-
ram por momentos de sofrimento. Falaremos de pessoas que foram
testadas em sua fé, em seus princípios e em seus valores morais e
éticos, mas resistiram à tentação de um dia desistir de seus sonhos.
Elas nos ensinam que não existe sucesso sem renúncia nem vitória
sem algumas derrotas. Mais do que isso: mostram que um indivíduo
sozinho é incapaz de grandes realizações. Carecemos de fé, da ajuda
do próximo, de uma oportunidade e, às vezes, até da intervenção
divina. Vamos à lista de filmes:

177
1. A TEORIA DE TUDO

Baseado na biografia de
Stephen Hawking, o filme
retrata a trajetória do jovem
astrofísico (interpretado por
Eddie Redmayne), que faz
importantes descobertas so-
bre o tempo enquanto vive
um belo romance com a alu-
na de Cambridge Jane Wide (Felicity Jones).
O diferencial da história é que, aos 21 anos de idade, Hawking
recebe a notícia de que sofre de uma doença motora degenerativa.
O maior ensinamento do filme reside na percepção de que o corpo
pode até padecer, mas a mente é capaz de perseverar. A do brilhante
astrofísico continua trabalhando e formulando hipóteses precisas so-
bre a origem da vida, a despeito de todas as limitações físicas que a
doença lhe impõe. É paixão, ciência e inteligência em ação.

2. MEU NOME É RÁDIO

A história se passa em
1976, em Anderson, Caro-
lina do Sul, mais precisa-
mente na escola secundária
T. L. Hanna. Harold Jones
(Ed Harris) é um treinador
de futebol americano que
fica tão envolvido em prepa-
rar seu time que raramente reserva tempo para a filha, Mary Helen
(Sarah Drew), ou para a esposa, Linda (Debra Winger). Jones conhe-
ce James Robert Kennedy (Cuba Gooding Jr.), um garoto que não fala
e é considerado “lento” pela comunidade local.
Ninguém na cidade sabe nem o nome do rapaz, que sempre pe-
rambula em volta do campo de treinamento. Quando alguns dos atle-
tas fazem uma brincadeira de péssimo gosto com ele, o treinador,
na tentativa de compensar, torna-se seu protetor. Como ele não tem
nome conhecido e gosta de rádios, Jones passa a chamá-lo, simples-
mente, Rádio. Os dois desenvolvem uma grande amizade, mas o que
ninguém sabe é que, pelo menos em parte, a verdadeira motivação
do cuidado de Jones para com Rádio tem origem em um episódio do
passado do treinador.

178
Jones aprende muito com a simplicidade de Rádio. E este se mos-
tra capaz de desenvolver novas habilidades graças ao apoio de seu
tutor. A lição do filme para nosso contexto de concurseiros? Todo e
qualquer relacionamento pode nos propiciar grandes ensinamentos
quando estamos prontos para assimilá-los.

3. PATCH ADAMS – O AMOR É CONTAGIOSO

Em 1969, depois de uma


tentativa de suicídio, Hunter
Adams (Robin Williams) se
interna voluntariamente em
um sanatório. Lá, descobre
a vocação para ser médico.
Ele quer ajudar as pessoas,
então sai da instituição e en-
tra para a faculdade de me-
dicina. No início, seus méto-
dos poucos convencionais causam espanto, mas, aos poucos, vão
conquistando a todos. A exceção é o reitor da universidade, que a
todo custo tenta encontrar um motivo para expulsar Adams, apesar
de o estudante ser o primeiro colocado da turma.
O amor ao próximo, a ousadia e a paixão pela profissão são os
fatores que movem o médico Adams. Filme de pura magia e emoção.

4. QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO

Jamal K. Malik (Dev Pa-


tel) é um jovem que traba-
lha servindo chá em uma
empresa de telemarketing.
Sua infância foi bem difícil,
com ele sempre precisando
fugir da miséria e da violên-
cia até conquistar o empre-
go que ocupa no momento
da narrativa. Um dia, Jamal
se inscreve no popular programa de tevê “Quem quer ser um milio-
nário?”. No início desacreditado, o rapaz encontra em fatos de sua
vida as respostas para as perguntas que lhe são feitas no concurso.
Eis aí uma situação possível de acontecer com você que estuda
para concurso. É bem comum ouvirmos relatos de candidatos que
acertaram várias questões de prova não por terem lido a respeito do

179
assunto, mas por terem visto a informação em algum documentário,
artigo ou revista, ou por terem discutido o tema com um colega, um
amigo, um parente. E olhe que os pontos garantidos dessa forma
podem fazer a diferença entre a aprovação e a reprovação.

5. MEU NOME É KHAN

Khan é um autista funcio-


nal, portador da Síndrome de
Asperger. Muçulmano, apaixo-
na-se por uma indiana em São
Francisco, nos Estados Unidos,
antes dos eventos do Onze
de Setembro. O personagem
é encantador por essência e
por definição. Sua inabilidade
em compreender figuras de
linguagem nos rende momentos deliciosamente engraçados, e sua
persistência mesmo diante das maiores adversidades nos oferece
grandes lições. A principal delas vem de sua mãe: ela ensina que as
pessoas se dividem em apenas dois grupos: o dos bons, que fazem
coisas boas; e o dos maus, que fazem coisas más. Tudo mais – na-
cionalidade, credo, cor da pele, posicionamento político, preferência
sexual, ou seja lá o que for – simplesmente não importa. É esse en-
sinamento que guia Khan da primeira à última cena do filme.
Para o protagonista, a palavra dada é mais do que sagrada. No
leito de morte da mãe, Khan lhe promete que será feliz. Por isso,
quando ele encontra a felicidade plena, mais ou menos na metade do
filme, o sentimento de redenção que isso nos provoca é arrebatador.
Nós torcemos por ele. Nós vibramos por ele. Nós nos alegramos por
ele. Muitas emoções e lágrimas correrão durante a exibição desse
belo filme do cinema de Bollywood.

6. UMA LIÇÃO DE VIDA (título oficial em Português)/O ALUNO


(título no Netflix)

Na juventude, Maruge
lutou pela liberdade de seu
País, tendo sido preso e tor-
turado no processo. Agora,
aos 83 anos, valendo-se de
um discurso em que o pre-
sidente do Quênia garante
educação para todos, ele de-
cide se matricular numa es-

180
cola primária. Como a escola tem mais crianças do que sua estrutura
precária comporta, a matrícula do homem é negada, e ele precisa
insistir muito até ser aceito. Entretanto, quando efetivamente inicia os
estudos, torna-se motivo de muita indignação na comunidade, o que
coloca em risco sua segurança.
O filme é baseado em fatos reais. Maruge foi a pessoa mais velha
a ingressar na escola primária. Sua perseverança e determinação em
aprender a ler beiram o desespero. Porém, essa pequena atitude em
busca de um sonho se converte em uma provocação política e social
na pequena comunidade, gerando revolta entre os moradores. O fil-
me é um drama tenso, mas belíssimo e inspirador. Ensina que nunca
é tarde para aprender.

7. TREINO PARA UMA VIDA – COACH CARTER

Mais um filme que


conta uma história real e
inspiradora de outro per-
sonagem exemplo de vida
e de superação. Aqui,
acompanhamos a saga
de um técnico de basque-
te extremamente preocu-
pado com o desempenho
escolar dos jogadores. O treinador apresenta aos jovens um futuro
longe das gangues e da prisão, única realidade que eles conhecem
até então. O time dos garotos coleciona apenas derrotas, de modo
que eles não acreditam nem na capacidade individual nem na da
equipe. São indisciplinados, briguentos, desrespeitosos, confusos e
amedrontados. Convivem com perdas e com a separação de pessoas
que amam. A verdade é que não têm sonhos para realizar. A vida
de cada um deles é um verdadeiro caos. Como podem ter visão de
futuro se nunca pensaram em ser alguém diferente daqueles com os
quais convivem?
Em meio ao desânimo e à descrença dos demais professores,
dos pais e dos próprios alunos, o técnico desafia os jovens a buscar
algo que vá além do que eles aprenderiam na quadra. Seu objetivo é
transformar aqueles meninos pobres e desmotivados em vencedores
não apenas no esporte, mas também na vida.

181
8. MÃOS TALENTOSAS

O filme conta a história


real do menino pobre que se
tornou neurocirurgião de fama
mundial. Ben Carson (Cuba
Gooding Jr.) era um garoto po-
bre de Detroit. Desmotivado,
só tirava notas baixas na esco-
la. Tudo levava a crer que ele
seria mais um fracassado na
vida. Mas eis que, aos 33 anos de idade, ele se torna o diretor do
Centro de Neurologia Pediátrica do hospital.
Ben Carson fez cirurgias inovadoras nos primeiros sete anos de
sua carreira. Ficou famoso por concluir com sucesso intervenções
como hemisferectomias e separação de gêmeos siameses. No passa-
do, poucos gêmeos sobreviviam ao procedimento.
O neurocirurgião é membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia e
relata em seu livro “Mãos Dotadas” que a religião o ajudou em várias
fases da sua vida. Segundo seu testemunho, Deus e a fé foram os
grandes responsáveis por ele atingir os bons resultados que lhe são
atribuídos. Em suas próprias palavras: “Nunca se torne demasiado
grande para Deus. Nunca exclua Deus da sua vida”.

9. UM SONHO POSSÍVEL

Big Mike (Aaron Quinton)


é filho de uma mãe viciada em
drogas e não tem nem mesmo
um lugar seguro onde dormir.
Embora leve jeito para os
esportes, falta a ele algo mais
do que dinheiro; faltam-lhe
amor e ódio. Por mais confuso
que isso possa parecer, o
menino que aprendera a fechar
os olhos para esconder as coisas ruins (ou para se esconder delas),
tornou-se um poço de ternura, não deixando que a amargura tomasse
conta de sua vida. Ele apenas sobrevive e só passa a “existir” de fato
quando encontra o amor de verdade no seio de uma família de brancos
livres de preconceitos.
“Um Sonho Possível” revela uma bondade assustadora, de tão
bonita. Abrindo o coração e ignorando preconceitos, os Tuohy fazem

182
um brinde a Lavoisier quando acreditam que Michael Oher não é um
caso perdido. Eles o transformam. E transformam a si próprios. Para
sempre. O filme tem, entre outros méritos, o de demonstrar que ain-
da existe gente boa no mundo.

10. A VIRADA

Jay Austin (Alex Kendrick)


está disposto a fazer qualquer
negócio para vender carros
usados em sua concessionária.
Manipula todos ao seu redor
e promete muito mais do que
pode cumprir. Essa sua carac-
terística afeta todos os seus re-
lacionamentos; nem a esposa
e o filho confiam nele. Todavia,
enquanto Jay trabalha em restaurar um clássico conversível, ele per-
cebe que Deus também está trabalhando em uma restauração: a sua.
Enfrentando a dura realidade de como ele verdadeiramente con-
duz a si próprio, Jay Austin começa uma nova jornada quando aprende
a honrar a Deus com seus negócios, suas relações e sua vida. O ven-
dedor de carros só percebe as coisas mudarem quando põe os joelhos
no chão e entrega o destino da empresa à vontade de Deus. É uma
bela história de como a fé provoca mudanças de conduta e no destino.
É isso, leitor amigo. Eis aí a nossa lista de filmes que, acreditamos,
podem provocar em você sentimentos imprevisíveis e mudar a sua for-
ma de encarar as dificuldades e os problemas do dia a dia. Cada uma
dessas histórias, a seu tempo e em seu contexto, é capaz de estimular
você a perseverar no sonho da carreira pública, da estabilidade finan-
ceira, de uma vida confortável e mais feliz.
Esperamos ter sucesso em nossa pretensão de ajudá-lo com essas
lições inspiradoras de vida.

183
LIÇÕES DO FUNDADOR DA NIKE PARA OS CONCURSEIROS

“A melhor maneira de começar é parar de falar e começar a fazer.”


Walt Disney

Há muitos paralelos que podem ser feitos entre a atividade em-


preendedora e o estudo para concurso público. Um deles diz respeito
aos enfrentamentos típicos que tanto o empreendedor como o con-
curseiro experimentam31. Qualquer um que tenha um objetivo gran-
de ou queira realizar algo significativo na vida, seja na esfera pública,
seja na iniciativa privada, encara sucessivas angústias e dificuldades.
Partindo dessa premissa, decidi compartilhar com meus leitores
algumas lições que apreendi em uma de minhas leituras. O livro A
Marca da Vitória conta a história do hoje bilionário Phil Knight, cria-
dor da marca Nike, a mais conhecida, admirada e valiosa no mundo
esportivo. Organizada em capítulos que contam ano a ano, de 1962
a 1980, a história de Phil, além de alguns episódios mais atuais da
família Knight, a autobiografia é o relato de uma trajetória de su-
perações, de desafios, de fracassos e de aprendizados. A saga do
fundador da Nike pode e deve inspirar os jovens empreendedores – a
mim, com certeza já inspirou! – e todos aqueles que lutam de manei-
ra simples, objetiva, prática e nada convencional por algum sonho,
como o de ser aprovado em um bom concurso público.
Li o livro e posso afirmar com tranquilidade que as mensagens e
lições nele contidas têm tudo para ajudar quem quer acelerar o passo
rumo à realização de um grande sonho. Como em outras oportunida-
des, farei o possível para adaptá-las ao nosso contexto, extraindo o
que é aplicável à conquista da carreira pública ou, no mínimo, o que
pode ser útil para aqueles momentos mais difíceis e frustrantes que
todo candidato atravessa quando está na fila em busca de um cargo
público. E nós sabemos bem que esses desafios não são poucos.
Para Phil, tudo começou em 1962, quando ele, com apenas 24
anos de idade e 50 dólares emprestados pelo pai, teve a ideia maluca
de importar tênis japoneses para vender no mercado americano. O
caminho que ele escolheu não foi nada fácil, mas tudo na vida é as-
sim, não é mesmo? Vieram muitos fracassos, muitos triunfos, muitos
golpes de sorte de um sujeito introvertido, sincero ao extremo e inse-
guro, mas que sabia bem o que queria, tal como alguns concurseiros
que, no início da preparação, sentem dificuldade para se misturar
com os colegas, têm medo ou vergonha de estudar em grupo e não
conseguem nem sequer formular perguntas para os professores, mas
persistem por terem certeza de que abraçaram o objetivo certo.
31
Para mais detalhes, leia O que o concurseiro e o empreendedor têm em comum?, p. 187.

184
Ninguém nasce pronto para nada. Não existem super-heróis. Se
alguém é vencedor, é porque acreditou mais e por mais tempo nos
seus propósitos do que os outros. Há que aprender com o grande
mestre que é o tempo, com os momentos difíceis que a vida impõe,
com a concorrência, com quem está disposto a transmitir suas ex-
periências. Assim fez Knight em sua trajetória, revisitada nessa obra
que se transformou numa espécie de bíblia dos obstinados.
Antes de criar a Nike, o nosso personagem viajou o mundo, sem-
pre atento aos valores, à cultura, às necessidades e às crenças, entre
outras características de toda gente que teve a oportunidade singular
de conhecer. Eis aí nossa primeira bela lição: antes de se inscrever no
concurso dos seus sonhos, que tal se inscrever em vários outros para
conhecer as bancas, ir ganhando confiança e avaliar o conhecimento
já assimilado? Acredite: explorar o território em que você caminhará
pelos próximos meses ou, talvez, anos pode fazer toda a diferença.
Phil repete várias vezes ao longo do livro uma frase instigadora
que serviu como uma espécie de mantra em diversos momentos da
sua história e épocas da sua vida: “Os fracassados nunca começa-
ram, os fracos morreram pelo caminho e nós aqui estamos”. Acho,
até, que se trata de uma adaptação da mais famosa frase do autor da
teoria do pensamento positivo, Norman Vincent: “Os covardes nunca
começam (ou nunca tentam), os fracassados nunca terminam, os
vencedores nunca desistem”.
Como você vê, ideias fortes como essa ecoam entre indivíduos
destinados a fazer a diferença no mundo. No caso de quem se prepa-
ra para concurso público, a obstinação a que o pensamento se refere
pode ser posta em prática com a elaboração de um detalhado plano
de estudo e o cuidado para que ele não fique apenas no papel. Siga
à risca o cronograma, ajustando-o apenas quando for absolutamente
necessário, por razões que tenham fugido ao seu controle. Nada de
agir de forma estabanada e sem critério.
O nosso protagonista, falível como qualquer ser humano, tinha
alguns defeitos que trabalhavam contra o seu sucesso. Era um su-
jeito tímido, medroso e inseguro. Não gostava de conversar com as
pessoas, tinha pouca paciência e era franco demais. Calcule as difi-
culdades que um temperamento como esse pode produzir quando se
almeja criar um modelo de negócios cujo objeto é a venda de merca-
dorias. É difícil imaginar que alguém com essas características possa
se superar e se tornar bem-sucedido em seus projetos, não é?
Da mesma forma, o concurseiro, sobretudo no início da prepa-
ração, vai ter medo, vai se sentir inseguro e despreparado para lidar
com as frustrações – as temidas reprovações – e vai esbarrar em
matérias e conteúdos dos quais não gosta ou que não consegue assi-
milar direito. Não importa o quanto esses sentimentos sejam parali-
santes, o candidato terá de superar todos eles para fazer por merecer
a carreira pública e a estabilidade financeira que persegue.

185
O fundador da Nike compartilha com o leitor da sua história al-
guns lemas, conselhos e filosofias que costumavam orientar as suas
decisões. Eles são facilmente aplicáveis à nossa realidade de candi-
datos em busca da aprovação em concurso, por isso cito alguns: “(…)
nem todas as pessoas do mundo gostarão de nós, ou nos aceitarão,
e (…) muitas vezes somos deixados de lado justo quando mais pre-
cisamos sentir que fazemos parte de algo”, “Tenha um propósito,
seja criativo e, acima de tudo, seja diferente”, “(…) apenas continue.
Não pare. Nem pense em parar enquanto não chegar lá e não pense
muito sobre onde fica esse ‘lá’. O que quer que aconteça, não pare”,
“(…) diga para você mesmo, a todo momento, que está correndo em
direção a um objetivo (…) e que a alternativa ‘parar’ o faz tremer de
medo”. Imagino que você tenha se identificado com pelo menos um
desses ensinamentos. Sugiro que você o anote e o mantenha sempre
por perto. Releia-o sempre que tiver necessidade de se fortalecer.
É importante dizer que esse grande empresário teve todos os
motivos do mundo para desistir. E ele pensou em fazer isso nas inú-
meras vezes em que as coisas não iam bem. Logo no início, teve de
ignorar a resistência do seu pai, que não aprovava a ideia do filho de
abrir um negócio nos moldes que o jovem empreendedor pensou –
como vimos, ele a considerava “maluca”. Mais tarde, precisou supor-
tar o sofrimento psicológico da esposa, consequência dos inúmeros
problemas que o casal enfrentava, o que incluía falta de dinheiro
para pagar o aluguel do mês. Depois, houve a ameaça do fornecedor
japonês de deixar de entregar a mercadoria e a sabotagem dos con-
correntes, que tramavam deliberadamente contra a sua organização,
na época em processo de ampliação e crescimento. Nem mesmo o
fisco americano, que deveria prezar pela objetividade, colaborou; ao
contrário, cobrou injustamente da empresa dezenas de milhões de
dólares em impostos, valor que correspondia a quase o faturamento
de um ano inteiro de vendas. Não bastassem todos esses percalços, o
principal garoto-propaganda da Nike morreu em um grave acidente.
Nosso protagonista enfrentou esses e muitos outros problemas
que levariam uma pessoa comum a desistir. Mas com Phil foi diferen-
te. Ele seguiu em frente, superando tudo que se interpunha em seu
caminho. Passados aqueles primeiros anos, ele se tornou o empreen-
dedor de sucesso que conhecemos. Estamos falando do empresário
que é hoje o principal acionista de uma empresa que vale 283 bilhões
de reais. E não esqueça que tudo começou com apenas 50 dólares…
Portanto, não desanime se a sua condição financeira, hoje, não
for das mais favoráveis. Comece com o que tem e vá em frente,
como fez nosso protagonista.

186
Note, concurseiro, que, guardadas as devidas proporções, cada
um de nós também atravessou, atravessa ou atravessará momentos
ruins, aos quais apenas os fortes sobreviverão. Afinal, desistir é para
os fracos.
Então, sigamos enfrentando – e vencendo – tudo e todos que ten-
tarem nos atrapalhar na conquista dos nossos sonhos. Combinado?

“Os covardes nunca começaram, os fracos morreram pelo caminho –


e nós estamos aqui.”

187
O QUE O CONCURSEIRO E O EMPREENDEDOR TÊM EM
COMUM?

Pode parecer estranho, mas o empreendedor e o concurseiro mo-


derno têm muito em comum. Apesar de um lidar com o risco cons-
tante (e até gostar disso) e o outro buscar sobretudo estabilidade
financeira e uma vida mais segura, os atributos para que tanto um
como o outro sejam bem-sucedidos em seus propósitos são idênti-
cos. Quer ver?
Como todos sabem, um empreendedor moderno – categoria em
que me incluo – deve reunir habilidades como organização e boa co-
municação. Além disso, ele precisa saber trabalhar em equipe e ser
um bom ouvinte, para captar das pessoas informações muitas ve-
zes preciosíssimas. Todas essas são características que o concurseiro
também precisa desenvolver se quiser ser aprovado.
Outra importante habilidade que o empreendedor precisa ter é
disciplina financeira, que, em geral, ele adquire com a prática, apren-
de com pais empreendedores ou extrai de grandes exemplos de su-
cesso no mundo do business. Um bom planejamento financeiro é es-
sencial para o controle do capital de giro, dos gastos e dos resultados
dos negócios. Para se manter no rumo certo em relação às finanças,
o empreendedor precisa estar sempre se renovando, se reinventando
e estabelecendo metas de curto, médio e longo prazo.
Sim, esses atributos também devem estar presentes no concur-
seiro de sucesso. Afinal, ninguém passa em concurso público sem an-
tes ter elaborado um bom planejamento, com metas e métodos bem
definidos. Além disso, hoje em dia ninguém consegue ser aprovado
para um bom cargo se não tiver um controle eficaz dos recursos que
precisará empregar em sua preparação. Tampouco, sem ter pensado
bem antes de escolher uma carreira e se não tiver a capacidade de se
ajustar a qualquer situação ou ambiente, com tranquilidade e sempre
em busca de soluções para os problemas que surgirem.
Outras características exigidas dos empreendedores – em parti-
cular dos que atuam no Brasil – são ousadia e coragem para assumir
riscos. Trata-se de embarcar em novos projetos, em novos desafios,
com a consciência de que não será nada fácil. Estamos falando de
mergulhar em um novo empreendimento, buscando os melhores ca-
minhos para atingir os melhores resultados, tanto para si como para
os colaboradores e para os clientes da empresa. É preciso, ainda, ser
muito determinado, para lidar bem com os insucessos e para apren-
der rápido com os erros.

188
O concurseiro também deve reunir esses atributos. Eventualmen-
te, ele precisará arriscar todas as suas fichas em um concurso em vez
de em outro. Pior: pode ser que ele tenha de abrir mão até mesmo do
emprego na iniciativa privada, a fim de ter mais tempo para estudar.
Nesse caso, precisará, ainda, lidar com as duras críticas dos amigos e
familiares, que certamente virão. Para piorar, enfrentará reprovações
ao longo do caminho e, quando isso acontecer, ainda escutará muito
desaforo dos outros, que não conseguem compreender as decisões
que um concurseiro costuma tomar.
A maior parte desses críticos nem imagina que, apesar dos ris-
cos inerentes a qualquer projeto, o de se dedicar exclusivamente
para concurso público costuma ser muito bem pensado. O concurso
público abre uma janela para novos horizontes, os quais muito pro-
vavelmente a iniciativa privada não viabilizaria nunca. Estudar para
concurso é um excelente negócio, um investimento sem igual.
Por último, mas não menos importante, tanto o empreendedor
como o concurseiro precisam ser otimistas e ter visão de longo prazo.
É inevitável: obstáculos surgirão no caminho e sacrifícios terão de ser
feitos. O que vai fazer a diferença entre o sucesso e o insucesso, no
fim, será a capacidade de manter a alegria para seguir em frente e
superar cada dificuldade.
Amigo leitor, fiz essa aproximação entre empreendedorismo e es-
tudo para concurso público como introdução para compartilhar com
você um resumo do que costumo chamar de “os dez mandamentos
do concurseiro”. São conselhos que elaborei com base em minha ex-
periência empreendedora, adaptando-os ao contexto dos concursos.
Na minha prática – e pelo que observo ao meu redor –, seguir esses
mandamentos é fundamental para levar até o fim um projeto como o
de passar em concurso público. Vejamos cada um deles:

1. Planejarás e organizarás metas.

O concurseiro em busca da aprovação precisa ter uma rotina e


um cronograma de estudos bem definido. Essa é uma maneira de
evitar a perda de tempo frente a uma grande quantidade de conteúdo
a vencer.

2. Cuidarás da saúde.

Quem estuda para concurso não pode descuidar nem da saúde


física nem da mental. Fazer exercícios físicos, assim como seguir uma
dieta saudável e não descuidar de boas noites de sono, é importan-
tíssimo para a oxigenação do cérebro e para a melhora da capacidade
cognitiva. Lembre-se: corpo são, mente sã.

189
3. Assumirás os próprios erros.

O estudante que não obteve sucesso em seleções passadas pre-


cisa ter humildade para reavaliar seus métodos e analisar o que fez
de errado ou onde se omitiu. Reconhecer as próprias falhas é o pri-
meiro passo para acertar o caminho rumo à aprovação.

4. Buscarás a ajuda de professores, colegas, parentes e


mentores.

Um dos erros do candidato é pensar que seu concorrente é o


colega do curso preparatório, quando, na realidade, é a banca exa-
minadora. Colegas de curso costumam ter muito a compartilhar, seja
com técnicas de estudo, seja com novas estratégias de preparação.
Já os professores, obviamente, têm muito a contribuir, graças a todo
o conhecimento que acumularam ao longo de anos de experiência.
Quanto aos parentes e mentores, não hesite em recorrer a eles quan-
do precisar de motivação.

5. Evitarás perder muito tempo nas redes sociais.

Se você ainda não tinha percebido, aí vai uma grande verdade:


as redes sociais são as grandes vilãs do aproveitamento de tempo.
Duas, três horas diárias na internet poderiam ser muito mais bem
empregadas na solução de exercícios e na revisão dos conteúdos.
Moderação é a palavra-chave em tempos de tantas e variadas fontes
de distração.

6. Afastar-te-ás de pessoas preguiçosas e pessimistas.

Pessoas assim são extremamente prejudiciais ao concurseiro.


Negatividade e pessimismo são contagiosos e só produzem desmoti-
vação. Fuja de pessoas desse tipo!

7. Conhecerás o teu inimigo.

Essa é a principal lição contida no clássico livro que todo empre-


endedor deve ler: “A Arte da Guerra”, de Sun Tzu. Já que a banca é
considerada uma das principais concorrentes do concurseiro, conhe-
cer os pontos fortes e fracos dela e o seu estilo representará uma
enorme vantagem para o candidato.

190
8. Revisarás os teus conhecimentos.

Resumos, mapas mentais e esquemas são excelentes meios de


organizar os estudos e de memorizar o conteúdo.

9. Serás fiel ao teu objetivo.

O concurseiro que estuda para muitos concursos de carreiras di-


ferentes acaba tendo de estudar matérias demais, sem, no entanto,
de fato dominá-las. Seguir um grupo específico de concursos é a
forma mais eficiente de acumular conhecimento para oportunidades
cada vez melhores.

10. Manter-te-ás motivado sempre.

Não basta conhecer bem a remuneração, as vantagens e os be-


nefícios de se tornar servidor público. O candidato precisa ser conti-
nuamente encorajado a seguir em frente e a manter o foco, mesmo
quando resultados demoram a aparecer.

“As oportunidades são como as alvoradas: se a gente espera muito, as


perde.”
Wilson Ward

191
QUEM SONHA GRANDE PENSA A LONGO PRAZO

“Não há sentido para não pensar a longo prazo, salvo se você es-
tiver morrendo.” Só recentemente ouvi essa frase, de autoria de um
grande empreendedor americano chamado Gary Vaynerchuk.
Apesar de tê-la achado um pouco exagerada – bem de acordo
com o estilo do empresário, diga-se de passagem –, o conteúdo me
chamou a atenção para o contexto dos concursos públicos.
Explico. Nós, brasileiros, em particular, somos bastante imedia-
tistas. Queremos alcançar os nossos objetivos, concretizar os nossos
sonhos e realizar os nossos projetos sempre em curtíssimo prazo. O
mesmo se aplica ao concurseiro, que, salvo raras exceções, quer ser
aprovado o quanto antes, a despeito do nível da concorrência e do
grau de dificuldade do concurso que escolheu. Infelizmente, porém,
na grande maioria das vezes a aprovação em concurso público requer
um esforço de médio a longo prazo. E olhe que eu nem consideraria
esse prazo muito longo, se comparado ao que demandam outras em-
preitadas e outros projetos significativos da vida.
Para começar, registre aí: é no longo prazo que desenhamos o
nosso destino. Veja o caso dos empreendedores, por exemplo. Eles
dificilmente conseguem firmar um produto ou uma marca em poucos
meses. Na realidade, como já ouvi de alguns deles, muitas vezes são
anos “vendendo o almoço para pagar o jantar”. É preciso ter perse-
verança, persistência… paciência de Jó. Há que abrir mão do convívio
com a família e com os amigos; há que deixar de namorar, de viajar,
de tirar férias. No mais das vezes, há mesmo é que aumentar a rotina
de trabalho, chegando a 17, 18 horas por dia de muita tensão, que,
aliás, precisa ser controlada para que o empresário resolva incontá-
veis problemas, conflitos e obstáculos que todos os dias tentam pa-
ralisá-lo ou até fazê-lo retroceder. Mas esse é o processo do sucesso,
o preço a ser pago pela profissão que se abraçou.
Mesmo os empreendedores que optam por montar franquias pre-
cisam aguardar anos para terem retorno financeiro. E olhe que um
franqueado precisa apenas copiar fielmente o projeto da empresa
franqueada, que já foi amplamente testado, tendo reconhecidamente
dado certo. Deve apenas fazer o aporte, dedicar-se profundamente
e aguardar o tempo necessário para que o negócio comece a lhe re-
tornar o investimento e, enfim, liberá-lo para o lazer, para a família,
para as viagens, para algum descanso. Veja que nada é fácil, mesmo
quando se aproveita o que já está pronto.
Não é diferente com os atletas. O argentino Lionel Messi, por
exemplo, é um dos melhores atacantes em atividade do futebol mun-
dial, dono de uma das maiores galerias de títulos do esporte. É ine-
gavelmente um talento, um cara diferenciado pelas habilidades ex-

192
cepcionais que tem. Messi começou a treinar com rigor a partir dos 6
anos de idade, mas somente aos 17 se tornou o craque do Barcelona
e principal responsável pelos títulos do time catalão. Quem conhece
a história do jogador sabe que ele tinha tudo para dar errado devido
a problemas hormonais que retardavam o desenvolvimento ósseo e,
consequentemente, o seu crescimento. Em situações como a dele,
sem desconsiderar a força do destino e a ajuda dos anjos, entram
em ação o papel da família e o intenso trabalho que é preciso desen-
volver para conquistar bons contratos e se destacar nesse mundo tão
competitivo.
Os atletas olímpicos treinam no mínimo quatro anos para chegar
às competições em condições de disputar as medalhas. São anos de
muita privação, de sacrifícios, de lesões, de dor, de choro, de solidão.
Atletas de alta performance se dedicam integralmente ao projeto de
subir ao pódio e de conquistar o maior número de medalhas possível.
Entretanto, não importam o elevado nível das orientações que rece-
bem dos treinadores, nem os cuidados de que se cercam em relação
à alimentação, nem, tampouco, toda a disciplina que desenvolvem
para se manter firmes nos treinos: eles podem alcançar os resultados
esperados ou não.
Desses heróis são exigidos talentos extraordinários, uma rigoro-
sa rotina de treinos e muitos, muitos sacrifícios. E eles se submetem
a tudo isso cientes de que o farão por muito tempo. Michael Phelps
que o diga. O maior atleta olímpico de todos os tempos nunca perdeu
um treino entre os 12 e os 18 anos. Note que o projeto dele de prepa-
ração de longo prazo beirava a obsessão, e é por isso que ele mostra
aquele resultado incrível nas piscinas de todo o mundo.
Ora, se para todos esses seres humanos a recompensa só vem
depois de muita preparação, por que com os concurseiros essa re-
gra seria diferente? Precisamos entender que é no longo prazo que
ganhamos robustez, moldamos a nossa vida e firmamos as nossas
raízes no chão. Tudo para sustentar o sucesso que um dia conquis-
taremos e que será capaz de sobreviver a qualquer tempestade ou
turbulência.
Hoje, a expectativa de vida é muito maior do que era 50 anos
atrás. A média de longevidade, no Brasil, já está se aproximando dos
80 anos e deve aumentar ainda mais com os avanços da medicina. É
possível viver uma vida plena mesmo na idade avançada, algo que há
algumas décadas era impensável. Trabalhar, empreender e estudar
com essa visão de longo prazo faz ainda mais sentido se considerar-
mos que o ser humano simplesmente vai viver muito mais, de modo
que terá muito mais tempo para aproveitar o seu período na Terra.
Então, tenha paciência, concurseiro. Sei que o caminho até a
aprovação não é fácil, que em alguns momentos você pensará em
desistir. Quando isso acontecer, será hora de se lembrar por que você

193
iniciou esse projeto de mudança de vida. Para isso, sempre recomen-
do a tática da mentalização do sucesso. Mentalizar os seus sonhos
sendo concretizados constantemente funciona como combustível
para seguir adiante. Imagine como será a sua vida quando você já
estiver exercendo a sua vocação como autoridade pública, podendo
contar com um contracheque justo todos os meses, além de estabili-
dade e de melhores condições de vida para você e a sua família.
Bob Bowman, eterno técnico de Michael Phelps, costuma incenti-
var o atleta a visualizar na mente um filme de suas competições. Nas
imagens projetadas, ele deve nadar do jeito que precisa para vencer.
É orientado, ainda, a até mesmo sentir o cheiro do cloro da piscina.
Essa projeção serve de gatilho para as horas de treinos exaustivos do
nadador. Podemos adaptar tal ideia ao nosso contexto do concurso
público. A técnica pode ajudar você, candidato, a estudar durante o
tempo que for necessário, não importa o quão exaustivo seja, para a
aprovação em um concurso de alto nível32.
Neste e em todos os outros momentos de sua preparação, conte
sempre com a equipe do Gran Cursos Online. Estamos juntos nesta
empreitada, de médio a longo prazo, rumo à mudança de vida defini-
tiva que você tanto deseja para si e sua família.

“Acredite no melhor… Tenha um objetivo para o melhor, nunca fique


satisfeito com menos que o teu melhor, e no longo prazo as coisas
correrão pelo melhor.”
Henry Ford

32
Leia Desmontando a curva do esquecimento, p. 48.

194
VOCÊ SABE QUAL É A MENTALIDADE DOS VENCEDORES?

“Não divido o mundo entre os fracos e os fortes, ou entre os sucessos


e os fracassos (…). Divido o mundo entre os que aprendem e os que
não aprendem.”
Benjamin Barber

O homem mais rico e maior filantropo do mundo, Bill Gates, cos-


tuma recomendar livros que ele julga capazes de impactar a vida
de qualquer pessoa, seja ela empreendedora, estudante, educadora,
pai, mãe, funcionária de empresa etc. Eu mesmo sou um contumaz
leitor das obras que ele indica. Uma delas, em especial, mexeu muito
comigo, pelas ideias inovadoras que contém. Trata-se do livro Mind-
set – A Nova Psicologia do Sucesso, de autoria de Carol Dweck, psi-
cóloga, PhD e professora da Universidade de Stanford.
Em síntese, o livro fala de como a nossa atitude mental em re-
lação à vida é determinante para o nosso sucesso. Especialmente a
maneira como lidamos com nossos fracassos é o que nos leva a ser
mais ou menos bem-sucedidos, e quem acredita que as habilidades
podem ser desenvolvidas por meio de muito trabalho, do esforço
pessoal e da obstinação é mais propenso a realizar todos os seus
projetos.
Neste artigo, tentaremos resumir essa e outras verdades que o li-
vro aborda. A missão é quase impossível, já que ele tem mais de 270
páginas de muitos exemplos que explicam e ilustram como a menta-
lidade das pessoas pode trabalhar a favor delas ou não. Os conceitos,
as lições e as dicas contidas na obra são resultado de mais de duas
décadas de estudo. A pesquisa da Dra. Carol envolveu milhares de
alunos dela, entre adultos, adolescentes e crianças.
Primeiro, eu gostaria de explicar que mindset significa “forma” ou
“modo de pensar”. É o que costumamos chamar de “mentalidade”,
“modelo mental” de uma pessoa, e, segundo Dweck, ele pode ser de
dois tipos: fixo ou de crescimento.
Alguém com mindset do tipo fixo costuma se conformar com o
que considera nato em relação à sua inteligência e às suas habilida-
des. Pessoas assim se sentem obrigadas a demonstrar o tempo todo
que são inteligentes e, por receio de fracassar e de não corresponder
a essa autoimagem, tendem a evitar desafios, a se manter na defen-
siva e a desistir facilmente dos projetos. Enxergam o esforço como
algo infrutífero e ignoram as críticas positivas que recebem – o tal
do feedback de desenvolvimento –, como se elas fossem algo inútil.
Para piorar, encaram o sucesso dos outros como ameaça e não como
inspiração. O resultado de tudo isso é que elas se acomodam mais
cedo e conquistam menos do que o seu potencial permitiria.

195
Em contraposição, as pessoas com mindset de crescimento en-
tendem que sua inteligência e suas habilidades podem ser desenvol-
vidas continuamente, se elas praticarem e se esforçarem bastante.
A consequência de perseguir a evolução contínua é que elas passam
a nutrir verdadeira paixão pelo aprendizado. Quem tem esse tipo de
atitude mental tende a abraçar desafios e a persistir mesmo quan-
do enfrenta sérias dificuldades. Vê o esforço como caminho para a
excelência, absorve as críticas e aprende com elas, extrai lições dos
próprios fracassos e encontra inspiração no sucesso dos outros. São
essas pessoas que acabam alcançando as maiores conquistas.
Pessoas de mindset fixo partem do pressuposto de que ou somos
inteligentes, ou somos burros. Para elas, não existe meio-termo. Ou
você é um Michael Jordan talentoso, ou você não é. Elas ignoram o
fato de que Jordan se tornou o melhor jogador de basquete de todos
os tempos à base de muito trabalho duro. É tudo uma questão de
esforço; a família Polgar que o diga: três das mais bem-sucedidas
enxadristas de todos os tempos são irmãs. Quem dá a receita é o pai
delas: “Talento nato não é nada. Sucesso é 99% trabalho duro”.
Já quem tem o modelo mental de crescimento, quando recebe
uma nota ruim em uma prova, seja da escola, seja da faculdade;
ou quando é aprovado fora do número de vagas em um concurso
público, por exemplo, pensa assim: “Vou me esforçar mais nesta ou
naquela matéria. Vou pedir a ajuda de um professor. E vou fazer isso
agora. Não vou adiar mais”. Em outras palavras, quem encara a vida
de forma proativa ataca os fracassos diretamente e muda logo o que
deve ser mudado para conquistar melhores resultados.
Quem adota a mentalidade do tipo fixo, por outro lado, evita de-
safios e experiências novas, com medo de parecer menos inteligente.
Não ousa, não arrisca, tudo por medo de fracassar. Afinal, ele precisa
sustentar a aparência de inteligente, e o fracasso causa desestímulo,
desinteresse, derrotismo, humilhação, vergonha. O sentimento típico
de um concurseiro com esse tipo de modelo mental é: “Se eu não
passar no concurso tal, significa que não sou inteligente. O que as
pessoas vão falar de mim?”.
Quem é assim nem sequer acredita no estudo; acredita apenas
na inteligência com que nasceu e pensa que já veio ao mundo com
todas as cartas para jogar, que tudo é predeterminado. Tende a com-
parar seus resultados medíocres com outros inferiores, para se sentir
melhor. Por isso, costuma se cercar de pessoas que estão em con-
dições piores que as dele. O mais triste é que esse tipo de pessoa
costuma projetar sua culpa no outro, perdendo excelentes oportu-
nidades de se desenvolver depois de se submeter a uma dura, mas
edificante, autocrítica.

196
Já indivíduos com mentalidade de crescimento acreditam mui-
to no treino, no esforço pessoal, no progresso. Cultivam crenças e
qualidades e procuram se cercar de quem sabe mais, de quem pode
ajudá-los a crescer em vez de mantê-los na zona de conforto. Têm
convicção de que são as derrotas, as reprovações, os fracassos, os
insucessos, as falhas e os erros que promovem o crescimento indi-
vidual. “Errar faz parte do processo”, pensam. Sabem que nasceram
com algumas cartas para o jogo, mas que precisarão conquistar ou-
tras com muito esforço e empenho, e que o sucesso vai para aqueles
que fazem o melhor possível para se aperfeiçoarem. Transformam
tudo em novos desafios, em degraus de uma escada que conduz ao
sucesso.
Para esse tipo de gente, derrotas motivam a procura por mais co-
nhecimento técnico, por novos métodos e por boas práticas. São jus-
tamente os tropeços que estimulam essas pessoas a trabalhar ardua-
mente em busca de melhores processos, que as levem ao sucesso, ao
topo da carreira, às boas notas, à aprovação em concurso. Para elas,
a responsabilidade pelo sucesso ou pelo insucesso é sempre pessoal.
A pesquisa da Dra. Carol demonstrou que a inteligência não é
predeterminada; muito menos imutável. Ao contrário: pode perfei-
tamente ser desenvolvida, desde que a pessoa adote a atitude men-
tal correta, dedicando-se ao seu objetivo e mantendo o foco nele.
Habilidades intelectuais podem, sim, ser cultivadas, ainda que seja
necessário se esforçar para isso. O caminho passa pela instrução e
pela prática. O treinamento com método é capaz de aperfeiçoar a
atenção, a memória e a capacidade de julgamento, o que acaba por
se traduzir em aumento da inteligência propriamente dita.
A pesquisadora também percebeu, em suas observações, que a
opinião que as pessoas têm a respeito de si mesmas afeta profunda-
mente a maneira como elas conduzem a vida. Ao acompanhar as im-
plicações disso no longo prazo, ela concluiu que crenças poderosas,
como a de que somos mais ou menos inteligentes, pode transformar,
mesmo, a nossa vida, de modo que é impossível prever o que somos
capazes de realizar depois de anos de paixão, esforço e treinamento.
Há inúmeros exemplos disso na história. Darwin e Tolstói chega-
ram a ser considerados alunos medianos; Ben Hogan, um dos maio-
res jogadores de golfe de todos os tempos, era completamente des-
coordenado e desajeitado quando criança; Geraldine Page, uma das
maiores atrizes que já pisou nossos palcos, foi aconselhada a aban-
donar a profissão por falta de talento. As primeiras pinturas de Paul
Cézanne foram avaliadas como medíocres, e ele levou muito tempo
para se tornar “O Cézanne”, tal como o conhecemos hoje. Muitas ou-
tras personalidades passaram pela frustração de serem consideradas
sem talento ou sem futuro antes de mostrarem ao mundo do que
eram capazes. O que elas pareciam ter em comum era uma atitude
mental que as fazia acreditar no próprio desenvolvimento.

197
É, pois, perfeitamente possível cultivar qualidades e competên-
cias. Para que isso ocorra, precisamos nos aproximar de pessoas
que nos estimulem a crescer e a vencer nossas deficiências. Mas o
primeiro passo é mesmo desenvolver um modelo mental que nos
leve a desejar aprender sempre mais, a assumir riscos e a enfrentar
desafios. Isso é crucial para o sucesso. Adotar uma atitude mental
proativa pode ser decisivo para que todo o nosso potencial seja bem
explorado.
Assimile isso, concurseiro. E, quando surgirem pelo seu cami-
nho as temidas reprovações, repita para si mesmo: “Vou recomeçar
com mais empenho”, “Devo me dedicar mais às aulas”, “Vou praticar
mais”, “Vou alterar o meu método de estudo”, “Estou chegando lá”,
“Ainda não estava pronto para conquistar a vaga, mas estou no pá-
reo”, “Vamos que vamos!”. Verbalizar ou simplesmente mentalizar
frases como essas o ajudará a desenvolver o mindset de crescimento
sobre o qual conversamos.
Por fim, mais um dado da pesquisa da Dra. Carol digno de nota:
no modelo mental de crescimento, nem sempre é necessário ter au-
toconfiança. Mesmo quando você não acredita ser capaz de fazer
bem algo, é possível mergulhar de cabeça na tarefa e perseverar. O
essencial é crer na possibilidade de mudar e de melhorar sempre.
E saiba que, ainda que hoje o seu modelo mental seja do tipo fixo,
você pode alterá-lo para o de crescimento. Nossa atitude mental não
é algo permanente, e o livro de Dweck é repleto de exemplos que
demonstram isso. Você não deve se conformar com o que tem. Vá à
luta e mude!
Para concluir, conte sempre com este empreendedor que lhe es-
creve e com os colaboradores e professores do Gran Cursos Online.
Não se esqueça de que estamos juntos na caminhada para a con-
quista do seu cargo novo e para a mudança de vida que você almeja.

“Errei mais de 9 mil arremessos na carreira. Perdi quase 300 jogos.


Vinte e seis vezes fui escolhido para fazer o arremesso final e falhei.
Falhei vezes e vezes na minha carreira. E foi por causa disso que me
tornei um vencedor.”
Michael Jordan

198
ESTUDE, VIVA FELIZ E SEJA APROVADO

“A vontade de se preparar tem que ser maior do que a vontade


de vencer. Vencer será consequência da boa preparação.”
Bernadinho

Para trazer ao nosso contexto a frase do senhor Bernardo Rocha


de Rezende, grande técnico, mestre, guru, líder e vencedor, eu a re-
escreveria assim: “A paixão pelos estudos tem de ser maior do que a
vontade de passar no concurso”. Tudo tende a ser favorável a quem
trabalha de maneira apaixonada, com fé e convicção. Quando alguém
se dedica a algo com amor, alegria e entrega total, o universo cons-
pira para a realização e concretização de qualquer sonho. No nosso
caso, o sonho é ser aprovado e classificado em concurso público.
Você que me lê, tome nota disto: antes mesmo de criar o hábito
de estudar, desenvolva o de manter o contentamento em qualquer
situação. Demonstre felicidade com o que tem em vez de inveja pelo
que os outros têm e você não. As pessoas felizes entendem que as
graças e dádivas vêm do senso de merecimento, do sacrifício e das
escolhas acertadas. Importante ressaltar que estar feliz com o que
se tem não significa estar acomodado. Uma coisa não tem nada a ver
com a outra: uma é a fonte para o sucesso profissional e pessoal;
a outra é a receita para uma vida aquém da ideal, bem abaixo das
possibilidades e provavelmente medíocre e fracassada.
Alegria atrai alegria. Felicidade dá margem a boas ideias. Mais
do que isso, desarma as pessoas, abrindo a mente delas para o re-
cebimento de informações. Não se engane: adotar postura otimista
frente à vida é muito importante para a aprendizagem e a assimila-
ção, por exemplo, dos conteúdos dos editais de concurso. A atitude
do candidato enquanto está na “fila” da preparação para concurso é
o que determina, desde logo, como será o futuro dele. Afinal, amigo,
quem é o único responsável por sua felicidade e sucesso senão você
mesmo?

199
Pode estar certo de que milhões de pessoas espalhadas pelo
mundo gostariam de estar no seu lugar, tendo a opção de estudar
e de aprender enquanto buscam por uma vida mais confortável. No
entanto, essa multidão não tem escolha: está apenas sobrevivendo
dia após dia, seja lutando por comida, seja fugindo de guerras, da
seca, da morte.
Hoje, vivemos a maior crise de refugiados desde a Segunda
Guerra Mundial, com episódios de violência similares aos que conhe-
cíamos apenas pelos livros de história medieval. Todavia, não é você
que está passando por isso. Você está – talvez com até muito sacrifí-
cio, sim – pagando por cursos, assistindo aos nossos eventos gratui-
tos e acompanhando as nossas mensagens no conforto do seu lar, na
casa de um parente ou em uma biblioteca. Você tem a oportunidade
de estudar com os melhores para realizar um projeto que ainda lhe
permitirá fazer a diferença na vida do outro, servindo-o bem, no pa-
pel de autoridade pública. O fato é que você tem o poder de mudar
sua própria vida, ao passo que milhões de pessoas em todo o mundo
não podem nem sonhar com essa possibilidade. Portanto, alegre-se
e demonstre gratidão.
Pesquisas revelam que poucas pessoas têm bem claro o seu ob-
jetivo de vida. Um número menor ainda sabe que quer mesmo é
trabalhar para o governo. Você faz parte da pequena parcela da po-
pulação que está convencida de que a carreira pública é o melhor
lugar para levar uma vida confortável, servindo ao próximo. Assimile
isso, por favor!
Felicidade é um estado de espírito, de bem-estar, de sorte. Fixe
em sua mente que somente você – exclusivamente você – é o res-
ponsável pelos rumos da sua vida e não deixe o medo ou o mundo
impedi-lo de realizar os seus sonhos. Saiba que ninguém muda nin-
guém sem antes mudar a si mesmo. Por isso, altere a sua forma de
se dedicar aos estudos e entregue-se a eles com alegria. Você só terá
bons frutos para colher: muitas e sucessivas aprovações.

200
Estamos aqui, todos do Gran Cursos Online, contentes e felizes
porque você, amigo concurseiro, confiou a nós o seu projeto de vida,
de preparação e de felicidade. Seguiremos juntos até a vitória final.
Saber encontrar a alegria e a razão naquilo que se faz é a mais
autêntica forma de felicidade.

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