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Dossie Teoria Da História PDF
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Dossiê
Teoria da História
ISSN: 1519-3276
Editorial.................................................................................................. 05
Artigos
11 – Historiografia e identidade urbana no sul de Santa
Catarina (década de 1970)
Dorval do Nascimento........................................................................... 201
12 – Os diferentes 13 de maio: História, memória e festa da
Abolição.
Renata Figueiredo Moraes..................................................................... 215
13 – O endereço da cultura para o Carioca joanino.
Maria Renata da Cruz Duran................................................................ 229
14 – O jesuíta e o historiador: uma reflexão acerca do
conhecimento histórico produzido por Luis Palacín.
Rogério Chaves da Silva......................................................................... 251
15 – Formação de professores de História em um projeto
de articulação com a Escola de Aplicação: relato de uma
experiência.
Claudia Schemes & Inês Caroline Reichert......................................... 269
16 – Formação de professores e ensino privado noturno: uma
breve reflexão sobre cursos superiores de História.
Rejane Penna............................................................................................ 279
17 – Lembranças de mulher: literatura, história e sociedade em
Cora Coralina.
Clovis Carvalho Britto............................................................................ 297
18 – O discurso jesuíta a partir do Brasil.
Karem Fernanda da Silva Bortoloti...................................................... 315
19 – O fazer histórico e a invisibilidade da mulher.
Losandro Antônio Tedeschi.................................................................. 329
20 – Repensando o fazer histórico: a fotografia e o seu papel
didático na sala de aula.
Bárbara Maria Santos Caldeira.............................................................. 341
21 – Assuntos levantados e registrados: informações e imagens
em três jornais de Porto Alegre sobre o primeiro congresso
nacional do negro realizado em 1958.
Arilson dos Santos Gomes.................................................................... 357
Resenha
22 – Memória e mercado: o relato do outro
Emerson Dionísio Gomes de Oliveira................................................ 375
EDITORIAL
Dossiê
Teoria da História
OPSIS, vol. 7, nº 9, jul-dez 2007
Apresentação do tema
1
Professor do Curso de História e do Mestrado em Educação da Universidade de
Passo Fundo (RS). E-mail: cph@upf.br
9
OPSIS, vol. 7, nº 9, jul-dez 2007
4
Ver especialmente CHAUVEAU, A.; TÉTARD, Ph. (1999) e BODEI (2001). Este ques-
tionamento já estava presente nas preocupações de Walter Benjamin em LÖWY (1990),
especialmente o cap. 9 e 10; para a questão historiográfica ver DIEHL(1993; 2004).
5
Ver NISBET (1985).
6
Ver especialmente capítulo 4 do livro de DOSSE (2003).
7
Este aspecto não é privilégio do pensamento histórico, mas abrange os mais diversos
debates nas mais diferentes áreas do conhecimento. A abrangência do debate pode ser
acompanhada em SCHNITMAN (1996). Fizemos uma tentativa em DIEHL (2006).
11
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ra) não consiga mais ser concebida sem profundas fissuras.8 Para isso,
as experiências históricas são poderosas demais. A tendência à crise,
as conseqüências catastróficas da concepção tradicional, concebida
como desenvolvimento histórico para o mundo moderno (especial-
mente nos setores sócio-econômicos a partir da industrialização) já se
tornou experiência coletiva comum.
Cada um de nós que possui sensibilidade suficiente para
perceber contradições estruturais entre o seu mundo e o da geração
passada, leva em consideração os resultados práticos desse desenvol-
vimento como fatos observáveis: na destruição ecológica durante a
exploração da natureza via industrialização; no desmedido e crescen-
te potencial dominador do poder de blocos nos estados modernos;
na profunda ruptura de possibilidades entre o mundo industrializado
com as regiões não industrializadas e, finalmente; na desertificação dos
impulsos inovadores dentro do racionalismo institucionalizado pela
ciência (GIDDENS, 1991).
A ciência histórica não poderá ser excluída da onda crítica ao
progresso, se para o historiador a cons/ciência histórica apreendida
através da experiência do passado significar alguma coisa. A crise da
noção de progresso se configura na confrontação entre intenção e reali-
zação especialmente a partir de três vetores básicos:
a) o progresso moderno foi subsidiado pela esperança de que,
através da unificação de razão filosófica e racionalidade cientí-
fica pudesse ser instituída a ‘paz’ interna das sociedades, bem
como o delineamento da ordem internacional. As pessoas do
século XX viveram desde grandes tensões até guerras mun-
diais, guerras locais, tendo como referencial um potente ar-
senal destruidor cientificamente produzido (WITTROCK,
1989, p. 497-507).
b) o progresso moderno constitui, na forma mais decisiva, a socie-
dade do trabalho, na qual vale o crescimento da produtividade
na base da constante automatização, gerando nas sociedades
industrializadas a crise da própria sociedade do trabalho;
c) a crença no progresso foi um fenômeno formador da identi-
dade no auto-entendimento das sociedades, de seus grupos e
indivíduos. A crise da noção de progresso leva à crise de iden-
8
Em termos de debates recentes sobre a noção cultura sugere-se SEMPRINI
(1999) e CUCHE (1999).
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TOURAINE (1989, p. 43-457) e a discussão realizada no mesmo número da revista
citada, entre referências de vários cientistas, p. 533-584.
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A matriz disciplinar de Rüsen está no livro Razão histórica (2001). Ver esta discussão
no texto de DIEHL (2001b).
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O LOGOS O LOCUS
Relações
possíveis
CAMPOS DE RACIONALIZAÇÃO DO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS
CONHECIMENTO
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Discutimos essa matriz em DIEHL (1993), especialmente p. 26-27.
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BOURDIEU(1996a; 1996b; 1986).
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Fizemos isso em DIEHL (2004).
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Em termos epistemológicos procuramos discutir isso no confronto entre os para-
digmas modernos e pós-modernos em DIEHL e TEDESCO (2001).
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Os dois aspectos apontados não serão discutidos aqui. Entretanto, seria interessan-
te vinculá-los na relação específica com os programas de pós-graduações e a questão
das regionalidades.
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Estas estruturas narrativas da história foram desenvolvidas por Jörn Rüsen. Procu-
ramos operacionalizá-las em DIEHL (2001, p. 17).
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Narratividade na história
O termo narratividade foi introduzido no debate histórico-
historiográfico através da filosofia analítica da história (WHITE, 1965;
DANTO, 1965),17 bem como, paralelamente, através das pesquisas sis-
17
Tradução parcial espanhola 1989.
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des de consciência.
As possibilidades de consciência colocam a narrativa no cen-
tro de questões fundamentais para a história, podendo elas ser apre-
sentadas como origem, como alegoria e como estética.
18
Em termos de um rastreamento de teorias e percursos das línguas e linguagens ver
ECO (2001). Não deveríamos esquecer a possibilidade de outras leituras, ver KUPER
(2002).
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Uma leitura interessante nesse aspecto é a de VERNANT e VIDAL-NAQUET
(1988). Também WARNIER (2000).
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As teorizações sobre o pós-modernismo, vistas a partir de várias facetas do debate
podem ser acompanhadas em HUTCHEON (1991).
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Hermenêutica e representação
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Fizemos essa crítica em DIEHL (1997). Conferir a posição de diversos autores em
LECHTE (2002).
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Um bom exemplo para esse aspecto são as obras de VICO (1999) e DILTHEY
(1958).
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Em nível das preocupações metodológicas ver CORCUFF (2001).
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História e representação
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Um dos fundamentos deste debate está na raiz do conceito de cultura, ver: CUCHE
(1999).
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D’ ÁLESSIO (1992/1993). Uma discussão recente está em KELLNER (2001) e
em MATHEWS (2002).
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Referências Bibliográficas
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e controle da tragicidade na história. História: debates e tendências, Passo
Fundo: Mestrado em História/CPH/RS, v. 02, n. 1, p. 33-52, 2001b.
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Professor Adjunto do Instituto de História da Universidade Federal de Uberlândia.
E-mail: pedro.caldas@gmail.com
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2
Ver CASSIRER (1992) e REILL (1975).
3
Creio que a tipologia de Schulz é abrangente e, ao mesmo tempo, um feixe capaz de
unir as matizes que fazem do historicismo um conceito tão complexo: penso que é
mais útil coordenar tais diferenças do que, como quer Francisco Falcon, ainda apostar
na diferença conceitual entre historicismo e historismo. Embora não a esteja partir de
um pressuposto nominalista, creio que a diferenciação é quase escolástica (claro, não
inventada por Falcon), uma vez que, ao menos no caso alemão, só há uma palavra para
o termo: Historismus. Ver: FALCON (2002).
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Por isso, a poesia criará um mundo paralelo, sem que a ele estejam re-
feridos conceitos ou idéias abstratas. Enfim: uma tempestade (Sturm)
e um assalto (Drang), os quais podemos ver nas palavras “nunca vi um
Garrik”, “vejo paixões”, um mundo em si, que, para sê-lo, não encon-
tra semelhança nem respaldo no “outro” mundo. Diz Herder:
Como um colosso se põe o poeta sobre a superfície do
mundo. Arranca aqui uma história e de lá uma cena de
seus contextos. E assim se torna o historiador um poeta.
Shakespeare criou para os acontecimentos um novo tem-
po de acordo com seu novo mundo, e o quão poderoso
é o sentimento deste novo, se assim posso dizer, tempo
shakespeareano. Como na natureza, o acontecimento en-
tra em cena lenta e silenciosamente e como que penosa-
mente (HERDER, 1984, p. 570).
Esta dualidade do sentido de natureza no pensamento de
Herder nos remete ao que Hans-Georg Gadamer pensou com acui-
dade (GADAMER, 1990, p. 14-15): com Herder há a crítica a uma
idéia de perfeição na história, e, assim, apesar da importância de sua
formação teológica, o rompimento com a tradição metafísica, aqui en-
tendida nos termos de Schulz, a saber, aquela que pensa ser imediato e
certo o acesso à verdade. Nenhuma época pode pretender ter a visão
completa do processo histórico, e, isto, em Herder, fundamenta-se
antropologicamente. A mesma natureza espontânea e criadora com
a qual podemos identificar um Shakespeare é aquela que retirou dos
seres humanos algo que caracteriza os animais: a direção em torno
de um instinto, de um impulso. A própria estrutura da sensibilidade
humana é histórica. O exemplo de Herder é ilustrativo:
O ouvido é o órgão central da linguagem considerando-se
o tempo em que atua, e assim sentido para linguagem. O
tato nos joga tudo de uma vez só; movem intensamente as
nossas cordas, mas brevemente e aos pulos, a visão nos de-
fronta com tudo de uma vez só e intimida o aprendiz atra-
vés de sua desmedida tábua de contigüidades. Através do
ouvido, repara! Como nos poupou a mestra da linguagem.
Ela nos fornece à alma somente um som após o outro, dá e
não satura, dá e sempre tem mais a dar - ela exercita assim
toda a sua habilidade o método: ela ensina progressiva-
mente! (HERDER, 1993, p. 60).
Com Herder demonstra-se um elemento fundamental do his-
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própria noção de objeto. Ora, quando Hegel afirma que não se separa
o saber do objeto do saber-de-si como objeto, ainda que em Hegel em
última instância o si do objeto não seja jamais contingente, fica difícil
imaginar que Droysen não pudesse partir de semelhante pressuposto.
Afinal, toda a sua crítica aos historiadores “eunucos” (alerta aos teste-
munhos de Zaratustra: a expressão não foi inventada por Nietzsche!)
estaria baseada justamente em uma crítica à existência de objetos em
si, que poderiam ser descobertos por qualquer historiador que usasse
um método correto, universalmente válido. Para Droysen, a contin-
gência seria mais do que mero fato porque é um momento em que o
fato de conhecer altera o próprio objeto e o próprio sujeito.
O objetivo do curso teórico ministrado em Jena no ano de
1857 consistia em algo muito simples: despertar em seus alunos a ca-
pacidade de pensar historicamente.
A busca de fundamentação metodológica da história feita por
Droysen não se confunde com insulamento e delimitação de territó-
rio. Conforme se vê na passagem supracitada, para Droysen, a história
tem uma função integradora: será ao perceber a essência histórica da
vida humana que o pesquisador haverá de conciliar os dois métodos
predominantes e rivais durante o século XIX alemão.
Esta totalidade é possível pelo estabelecimento do método
compreensivo. Este é geralmente analisado sob o prisma da idéia de
empatia entre o historiador e o passado, que, na verdade, consistiria
em um movimento no qual o primeiro transpor-se-ia para o segundo,
anulando a distância temporal (e espacial, por vezes) que os separa. A
hermenêutica fenomenológica de Gadamer se constrói a partir (tam-
bém) desta suposta ingenuidade historicista-romântica (GADAMER,
1990, p. 174-175). Não consigo ver tal ingenuidade em Droysen.
Droysen delimita o terreno do método histórico ao dizer que
a ciência histórica não constrói leis que expressam a recorrência de
analogias, tampouco deve ser simplesmente um exercício analítico de
tentar compreender a totalidade histórica através da erudição, ou seja,
pela divisão constante do material em áreas, para que então, pelo do-
mínio cada vez mais rigoroso de pequenas áreas, possa se dominar o
todo. Se a soma das partes não configura plenitude, por outro lado,
não será procurando a origem de um fenômeno em um encadeamento
retrospectivo que poder-se-á compreender o que é história; assim, o
presente não poderá ser assoberbado por uma herança de materiais
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como um museu que não tem galerias e salas suficientes para expor
seus quadros e esculturas, e também não é um lugar indiferente no
qual, de qualquer ponto, conhece-se a ação do mesmo princípio histó-
rico. A busca da “causa das causas” e do “fim dos fins” é justamente
o que o método histórico não deve fazer.
É aí que finda a força de nossa indução – e de qualquer
indução. Afinal, o entendimento do homem capta somen-
te o meio, não o início, não o fim. O nosso método não
descobrirá o último segredo, nem mesmo o seu caminho,
nem mesmo a entrada para o templo. Não entendemos a
totalidade absoluta, o fim dos fins, mas compreendemos
uma de suas expressões que já está compreendida em nós.
A partir da história aprendemos a compreender Deus,
e somente em Deus podemos compreender a história
(DROYSEN, 1977, p. 30).
Há dois elementos importantes nesta passagem: primeiramen-
te, a afirmação do “meio” como lugar de conhecimento da história,
ou, se quisermos, o campo por onde pode ser possível compreender
Deus. E este lugar do conhecimento da história, o ponto “central” da
criação (e não o final), dará o sentido de atividade desejado, ou seja,
a atividade não será utópica, a ser concretizada em um futuro que se
projeta.429O uso da expressão “compreender Deus”, ainda mais em
uma obra cuja importância dada ao termo “Compreensão” é decisiva,
não pode ser descartada. É bastante comum vermos identificadas a
teodicéia com a teleologia. Ao afirmar que através do “meio”, e não
do “fim”, podemos conhecer Deus, Droysen sofistica e complica uma
questão cuja resposta é geralmente dada por conhecida. Mas a palavra
“meio”, e a nossa insistência em falar de mediação encontra aqui sua
justificação mais literal, tem alguns significados possíveis.
Em segundo lugar, o “meio” seria o lugar ocupado pela Historik,
4
Não há espaço aqui para desenvolver os fundamentos teológicos, ou luteranos, da
teoria da história de Droysen. Contento-me, portanto, com a observação que o uso
da expressão “compreender Deus”, ainda mais em uma obra cuja importância dada
ao termo “Compreensão” é decisiva, não pode ser descartada. É bastante comum
vermos identificadas a teodicéia com a teleologia. Ao afirmar que através do “meio”,
e não do “fim”, podemos conhecer Deus, Droysen sofistica e complica uma questão
cuja resposta é geralmente dada por conhecida. Mas a palavra “meio”, e a nossa in-
sistência em falar de mediação encontra aqui sua justificação mais literal, tem alguns
significados possíveis.
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OPSIS, vol. 7, nº 9, jul-dez 2007
traz o selo do Sturm und Drang, que sofre com os limites e acusa como
ilusão qualquer forma de contentamento.
É um outro Goethe que rumará à Itália. Sentindo-se incom-
pleto, ele sai de seu ambiente próprio, dos ritos de Weimar e das gló-
rias literárias que já lhe caíam sobre a cabeça, e, dizendo-se arquiteto,
chega a Bolzano, de onde segue caminho para Trento. Em uma manhã
de setembro, ele vigia seu próprio entusiasmo, sem, todavia, deixar de
manifestá-lo. A espontaneidade e a naturalidade tão buscadas em si,
ele já as encontra nas ruas. Termina o dia anotando:
agora, ao anoitecer, com o vento suave e as montanhas
rodeadas de poucas nuvens, mais fixas do que atravessan-
do o céu, o zumbido agudo das cigarras começando a se
fazer ouvir logo após o pôr-do-sol, sentimo-nos afinal em
casa no mundo, e não qual estivéssemos escondidos ou
no exílio. Desfruto disso tudo como se tivesse nascido e
sido criado aqui, e retornasse agora de uma caça à baleia
na Groenlândia.
Se esse meu entusiasmo fosse ouvido por alguém que
mora ou nasceu no Sul, tal pessoa julgar-me-ia bastante
infantil. Ah, mas aquilo a que dou expressão, eu já o sabia
há tempos, há tanto tempo quanto o que venho suportan-
do viver sob um céu ruim, e me agrada bastante sentir essa
alegria excepcional, da qual deveríamos desfrutar sempre,
na condição de uma eterna necessidade natural (GOE-
THE, 1999, p. 31-32).
O nosso entusiasmado viajante não se ilude quanto ao fato de
estar quase simulando esta naturalidade – tanto que a escreve, a redige,
a registra, como se soubesse que ela haveria de se esvair – mas sempre
a liga com o desejo de comunhão com o mundo. Esta comunhão,
porém, em momento algum se confunde com certo sensualismo, pois,
na verdade, a viagem o tornará sereno e claro. Ao viajar pela Itália,
Goethe parece se perguntar se esta realidade é terrível. Esta alegria na-
tural significará que entre ele e o mundo não se interpõe mais qualquer
biombo que torne nebulosa sua visão. Em Roma, escreverá:
Vivo aqui uma clareza mental que havia muito não sentia.
Minha prática de buscar ver e ler todas as coisas como elas
são, minha fidelidade ao propósito de ter os olhos sempre
límpidos, meu completo despojamento de toda pretensão
mais uma vez são de grande valia para mim, fazendo-me,
em segredo, muito feliz. Todo dia, um novo objeto, digno
61
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uma vez que tal ação, serena e indiferente, não espera recompensas
futuras, tampouco se vê como redentora de uma culpa primordial.
Não quer restaurar, nem edificar, e traduz-se, sobretudo, como con-
templação estética do mundo, que pouco, ou nada tem a ver com a
frieza, o cálculo racional e o pragmatismo; na verdade, esta indiferença
é possível justamente por conta da ausência da racionalidade vigilante
e controladora.
Mas, aí talvez esteja o aspecto mais intrigante de Viagem à
Itália, o elogio da fluidez não esconde a busca pela planta primordial,
pelo elemento unificador que ele tanto anseia encontrar nos jardins
públicos de Palermo:
As muitas plantas que eu, em geral, só estava acostumado
a ver em cubas e vasos, por trás das vidraças a maior parte
do ano, encontram-se aqui felizes e viçosas ao ar livre e,
cumprindo seu destino em sua plenitude, fazem-se mais
compreensíveis a nós. À visão de tantas formas novas e
renovadas, voltou-me à mente a velha fantasia de poder,
talvez, descobrir aqui, em meio a toda essa variedade, a
planta primordial (GOETHE, 1999, p. 314).
Referências Bibliográficas
66
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Resumo: Este artigo procura de- Abstract: This article looks for to
monstrar a importância que a herme- demonstrate the importance that
nêutica e a abordagem compreensiva the hermeneutics and the compre-
tiveram na constituição do método hensive boarding had in the con-
histórico, a partir do final do século stituition of the historical method,
XIX, de maneira decisiva, no histori- from the end of century XIX, as
cismo e na escola histórica alemã. decisive way in the historicism and
Palavras-chave: hermenêutica, teo- the german Historical School.
ria da história, metodologia da histó- Key-words: hermeneutics, theory
ria, compreensão. of history, methodology of his-
tory, understanding.
Este texto procura apontar como as teorias sobre a interpre-
tação de textos e a abordagem compreensiva desenvolvidas na Ale-
manha em meados do século XIX encontram-se na gênese da cons-
tituição de uma metodologia para a história. No momento em que a
ciência histórica fundamentava-se epistemologicamente, ao realizar a
crítica das filosofias da história, do idealismo hegeliano e dos modelos
nomológicos aplicados ao estudo do passado, a hermenêutica surgiu
como a pedra angular na construção do método.
Compreendida como uma arte e técnica de interpretação
correta de textos, a hermenêutica remonta aos gregos, mas conheceu
grandes aperfeiçoamentos na tradição judaico-cristã, com a tradução e
a exegese dos textos bíblicos redigidos em aramaico, hebreu e grego. A
partir do Renascimento sofreu sensíveis transformações se dividindo
em três especialidades: hermenêutica filosófica-filológica, teológica e
jurídica. A meu ver, tanto a hermenêutica filosófica quanto a jurídica
tiveram forte impacto sobre o desenvolvimento da história no século
XIX, visto os documentos assumirem para os historiadores oitocen-
tistas tanto o valor de prova quanto o de evidência (da vida, do ser).
1
Professor Adjunto de Teoria da História e História do Brasil II na UFG – Campus
Catalão. E-mail: juliobentivoglio@gmail.com
67
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2
Na conferência História e hermenêutica, proferida em 16 de fevereiro de 1985, em ho-
menagem ao aniversário de Hans-Georg Gadamer, Reinhart Koselleck se esforça para
demonstrar que a Teoria da História configuraria um terreno não hermenêutico, dis-
tinguindo Historik de Geschichte. Esta última abarcaria as narrativas e estudos sobre o
passado, enquanto a primeira configuraria um domínio das reflexões e descrições das
modalidades possíveis de história, enquanto uma ciência teórica. Semelhantemente a
esta posição, encontram-se as reflexões de Jörn Rüsen (2001), ou ainda a perspectiva
de Gumbrecht em valorizar a pragmática histórica, ou seja, o extra-textual, para se
reencontrar a emergência dos sentidos. Koselleck se empenha na tarefa de definir
um estatuto autônomo para a Historik, visto Gadamer reivindicar para a hermenêu-
tica tarefa que seria objeto da teoria da História, a saber: “tematizar as condições de
possibilidade de histórias (Bedingungen möglicher Geschichten) (KOSELLECK, 1997, p.
68). Para ele, Historik é um campo de estudos sobre as possibilidades de histórias,
inquirindo sobre suas pretensões, tornando inteligível sua concretização, apontando
para a bilateralidade própria de toda história. Ela seria uma doutrina transcendental
sobre as histórias. Nesse sentido, este autor propõe cinco pares antitéticos que po-
deriam expressar aquilo que denomina de estrutura temporal de possíveis histórias: a
ameaça da morte e os limites do uso efetivo da força e os pares: amigo e inimigo, pais
e filhos, público e privado e, por fim, senhor e escravo. Tais pares seriam responsáveis
pela formação, desenvolvimento e eficácia das histórias. Com essas categorias seria
possível vislumbrar um telos específico para o histórico.
69
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3
DROYSEN ( p. 316 apud KOSELLECK; GADAMER, 1997, p.292.)
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Referências Bibliográficas
77
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1
Doutora em História pela UNESP/Franca. É professora do Curso de História do
Campus de Catalão – UFG, desde 1998. Tem desenvolvido e orientado pesquisas nas
áreas de história da cultura, história e memória e história política. E-mail: marciasan-
toss@gmail.com
81
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2
No momento em que esse artigo foi escrito a pesquisa sobre a obra de Carmo
Bernardes estava em desenvolvimento. No momento de sua publicação, a pesquisa já
havia sido finalizada e resultou na tese de doutoramento SANTOS (2007).
82
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Referências Bibliográficas
95
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97
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EM BUSCA DA ESPECIFICIDADE:
CONSIDERAÇÕES SOBRE A HISTÓRIA
35
Márcio Santos de Santana1
Resumo: Este artigo analisa as con- Abstract: This article analyzes the
cepções de história, bem como a es- conceptions of history, as well as
pecificidade atribuída à disciplina, por the specificity attributed to disci-
três autores em particular: Robin G. pline, for three authors in particu-
Collingwood, Oswald Spengler e Ar- lar: Robin G. Collingwood, Oswald
nold Toynbee. Uma preocupação é Spengler and Arnold Toynbee. Both
comum a eles: delimitar o campo da have in common the concern of
história e, por extensão, do historia- delimiting the realm of history and
dor, frente às ciências da natureza. of the historian, within sciences of
Palavras-chave: teoria da história, the nature.
história, filosofia, ciências humanas. Key-words: theory of History, his-
tory, philosophy, human sciences.
1
Doutorando em História Econômica na USP, onde prepara tese sobre o confronto
entre o liberalismo, o comunismo e o conservadorismo pela elaboração e consolida-
ção de um projeto para a juventude brasileira, sendo orientado pela profª Drª Esme-
ralda Blanco Bolsonaro Moura. E-mail: marcio-sant@hotmail.com
99
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Referências Bibliográficas
111
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Resumo: Este artigo discute as simili- Abstract: This paper discuss the
tudes entre a proposta de uma cultura similitudes between the proposal
de presença exposta por Hans Ulrich of a presence culture exposed for
Gumbrecht e a filosofia de Martin Hans Ulrich Gumbrecht and Martin
Heidegger. Gumbrecht sugere que na Heidegger philosophy. Gumbrecht
cultura ocidental existem duas formas suggest that inside the occidental
de lidar com o mundo: a cultura de culture exist two forms of rela-
sentido e a cultura de presença. Nosso tionship with the world: meaning
argumento é que a reflexão de Gum- culture and presence culture. We
brecht pode ser associada a elementos argues that Gumbrecht reflection
de fundamental importância dentro can be associated with elements
da filosofia heideggeriana. of fundamental importance inside
Palavras-chave: Hans Ulrich Gum- Heidegger philosophy.
brecht, cultura de presença, Martin Key-words: Hans Ulrich Gum-
Heidegger. brecht, presence culture, Martin
Heidegger.
Introdução
1
Licenciada pela Universidade Federal de Ouro Preto. E-mail: flavia_varella@hotmail.
com
2
Recentemente foi publicado um dossiê na revista History and theory: studies in philosophy
of history sobre questões que envolvem a cultura de presença.
3
Hans Ulrich Gumbrecht nasceu em 1948, na cidade de Wuerzburg, oeste da Alema-
nha. Foi professor assistente em Konstanz onde fez PhD. Entre 1983 e 1985 foi vice-
presidente da Associação Germana de Filologia Românica. Foi professor visitante no
Rio de Janeiro, Buenos Aires, Berkeley, Princeton, Montreal, Barcelona, Budapeste,
Lisboa, Capetown e Paris (Ecole des Hautes Etudes). Atualmente é professor de Li-
teratura no Departamento de Literatura Comparada da Universidade de Stanford,
Califórnia.
113
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4
Evitamos a grafia de-cisão utilizada na edição brasileira de Ser e tempo para contornar
a obscuridade que esses recursos podem assumir para o leitor não especializado na
filosofia heideggeriana.
5
A palavra alemã Dasein possui inúmeras traduções para língua portuguesa. Tendo em
vista essa dificuldade, optou-se por modificar em todos os textos citados a tradução
da palavra pelo original Dasein, mudando também, quando necessário, a concordância
frasal.
114
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117
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119
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Referências Bibliográficas
126
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Resumo: Este artigo analisa a con- Abstract: This article analyzes the
cepção de linguagem e a interpretação language and the interpretation
da história na obra do jovem Herder. of the history in the youth’s work
Em um primeiro instante, este texto Herder. In a first instant, this text
articula a crítica do autor à filosofia articulates the author’s critic the illu-
iluminista e à legitimação da existên- minist philosophy and the legitima-
cia de uma concepção historicista, em tion of the existence of a historicist
seu texto Também uma filosofia da história conception, in his text Also a phi-
para a formação da humanidade. Em um losophy of the history for the humanity’s
segundo instante, busca-se compreen- formation. In a second instant, it is
der as bases da construção do conhe- looked for to understand the bases
cimento para o autor, construindo o of the construction of the knowl-
diálogo com Hamam e Hume, e, pos- edge for the author, building the
teriormente, com outros textos seus dialogue with Hamam and Hume,
como Ensaio sobre a origem da linguagem and, later, with their other texts as
e seu texto sobre Shakespeare. Essay on the origin of the language and
Palavras-chave: Herder, historicis- his text about Shakespeare.
mo, linguagem, gênio romântico. Key-words: Herder, historicism,
language, romantic genius.
1
Mestre em História Social da Cultura na PUC-Rio. Este texto contou com o apoio
da CAPES. E-mail: eferrazfelippe@oi.com.br
127
OPSIS, vol. 7, nº 9, jul-dez 2007
reza, a análise de um autor que lidou com a história, que “pensava com
a história”, conforme expressão de Carl Schorske, antes dela tornar-se
uma disciplina científica e ser regida por uma metodologia que tentas-
se aproximá-la das ciências naturais.
O percurso escolhido para repensar o fazer histórico será a
interpretação da história na obra do padre pietista Johaan Gottfried
Herder. Neste texto procuro deter-me na produção do “jovem Her-
der”, lendo de forma mais intensa seu texto Também uma filosofia da
história para a formação da humanidade, cotejando com outros dois textos
do mesmo período: Ensaio sobre a origem da linguagem, e seu texto crítico
sobre Shakespeare. Estes textos possuem um mesmo ponto de conexão
que é a potencialidade dada ao sujeito através da sua atividade reflexi-
va, ou seja, um observador de segunda ordem que, através da reflexão,
exerce a sua radical diferença ontológica diante de Deus, mas também
impõe um limite ao discurso sobre a história.
Para isso, no primeiro momento deste texto, a discussão remete
às dimensões da história presentes em seu texto sobre a filosofia da his-
tória. Há uma questão que atravessa todo o texto que é o problema da
comparação e o tema que permeia esta questão é o lugar da interpreta-
ção na história. Em um segundo momento do texto, a intenção é refletir
sobre a sua concepção de conhecimento, mas em diálogo intenso com
a noção de história dispersa em alguns de seus textos. Pensar a questão
da linguagem é fundamental, visto que pensar os limites da linguagem
é pensar os limites do humano, o que deriva a discussão para a constru-
ção do conhecimento nos textos do autor que se encontra de maneira
intimamente associada à sua interpretação da história.
2
George Iggers (1983), em seu livro sobre a concepção alemã de história, diz que
em Herder (1994) pode ser encontrado o estabelecimento definitivo de uma posição
historicista, visível quando Herder pede que cada época seja vista em seus valores.
Não entraremos em um debate sobre o conceito, mas o utilizaremos para o desenvol-
vimento das questões propostas em nosso trabalho.
128
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3
Em diálogo com esta questão, cabe considerar que o critério de Volkspoesie, em
seu texto “Ossian and the songs of Ancient Peoples”, é descrito como um termo que
expressa muito mais do que simples canções folclóricas, mas aquelas que refletem e
expressam a cultura que as germinou. Escombros que permanecem do passado e que
a linguagem expressa; signos de Deus a serem interpretados (HERDER, 1993b).
138
OPSIS, vol. 7, nº 9, jul-dez 2007
lares estão conectados entre si. Mas não existe a garantia de que eles
acontecerão:
Todo efeito é distinto de sua causa. Portanto não poderia
ser descoberto na causa e deve ser inteiramente arbitrá-
rio conhecê-lo ou imaginá-lo a priori. E mesmo depois
que o efeito tenha sido sugerido, a conjunção do efeito
com a causa deve parecer igualmente arbitrária, visto que
há sempre outros efeitos que para a razão devem parecer
igualmente coerentes e naturais. Em vão, portanto, preten-
deríamos determinar qualquer evento particular ou inferir
alguma causa ou efeito sem a ajuda da observação ou ex-
periência (HUME, 1989, p. 80).
Há uma descontinuidade existente entre o efeito e a causa que
impede que sejam conhecidos unicamente pela abstração: “Daqui po-
demos descobrir porque motivo nenhum filósofo racional e modesto
jamais pretendeu indicar a causa última de qualquer fenômeno natural
ou efeito no universo” (HUME, 1989, p.84). O princípio que valida as
inferências, resolução cética das dúvidas, funda-se em um único prin-
cípio. Este princípio é o costume ou o hábito: “Todas as inferências
tiradas da experiência são efeitos do costume e não do raciocínio”
(HUME, 1989, p. 86). Ao pensar sobre a relação entre as inferências e
a experimentação, o autor observa que o método filosófico adequado
é aquele que permite a contínua reforma de nossas idéias acerca das
operações do entendimento humano. E as idéias são reformadas por
estarem relacionadas com suas impressões correspondentes.
O ataque de Hamann contra as implicações da reflexão me-
tafísica se apóia em sua repetida afirmação de que a revelação ocorre
entre o contato direto entre um espírito e outro e entre Deus e nós
mesmos. O que vemos, compreendemos e entendemos nos é dado
diretamente. A interdependência entre experiência e revelação divina
possui muito da influência de Hume. Em carta a Herder, Hamann
afirmaria: “Hume é o meu preferido, pois pelo menos ele prestou uma
homenagem ao princípio da fé, incorporando-a ao sistema” (HA-
MANN apud BERLIN, 1997, p. 32). Apesar da concepção de fé no
texto de Hume não ser muito clara, ela foi fundamental para a concep-
ção de fé concebida por Hamann. Conforme a observação de Isaiah
Berlin, a crença e o conhecimento da realidade, livre de conceitos a
priori, são as bases da epistemologia para Hume.
O Homem não é um receptáculo passivo que recebe sensa-
139
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4
Johann Peter Sussmlich escreveu, em 1776, também como resposta a um concurso
aberto pela academia de Berlim a obra: Tentativa de uma prova de que a primeira língua não
obteve a sua origem do homem, mas somente do Criador (JUSTO, 1987).
141
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Referências Bibliográficas
149
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150
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1
Professor assistente concursado da Universidade Estadual de Montes Claros - UNI-
MONTES, atuando no campus São Francisco-MG. Graduado em filosofia pela PUC-
MG e especialista em História do Brasil pela UNIMONTES, tem experiência de 12
anos na área de Educação, com ênfase em História. Atualmente é mestrando em His-
tória na linha Política e Imaginário pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU.
E-mail: historia.rmendes@yahoo.com.br
151
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2
A autora defende uma revitalização da história política e não uma crise.
156
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Objetividade / subjetividade
Objetos e fontes
Considerações finais
A história oral
Referências Bibliográficas
165
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1
Doutor em História Social pela Universidade Federal Fluminense e professor de
História nos Cursos de Graduação e Mestrado da Universidade Severino Sombra
(USS) de Vassouras. Autor dos livros O Campo da história (2004), O projeto de pesquisa em
história (2004) e Cidade e história (2007), todos publicados pela Editora Vozes. E-mail:
jose.assun@globo.com
167
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2
Mikhail Bakhtin, aliás, é um autor muito festejado, mas freqüentemente mal compre-
endido. Examinam Cultura popular na Idade Média e no Renascimento como se esta obra
estivesse preocupada essencialmente em delimitar esta dicotomia que opõe “popular”
e “erudito” – quando na verdade o que Bakhtin pretende, de maneira hábil e sutil, é
precisamente lançar luz sobre os limites desta dicotomia. Define estes pólos com clare-
za, mas logo a seguir demonstra como se processa a circularidade através da produção
intelectual de François Rabelais. O contexto de produção da obra de Bakhtin é a Rús-
sia stalinista, que também tenta impor um modelo rígido de ver e de agir no mundo
– e já se aventou que a polêmica obra de Bakhtin sobre Rabelais esconde dentro de
si esta polifonia que ensina que a circularidade cultural existe em qualquer sociedade,
de mil maneiras que estão sempre expressando formas de resistência. Rabelais teria
criticado a sociedade intelectual esclerosada de sua época, e Bakhtin maneira extrema-
mente sutil – a sociedade stalinista em que vivia.
173
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3
Na obra citada, Chalhoub pretende recuperar o processo histórico de abolição da
escravidão na Corte através da análise intensiva das lutas que se desenvolviam em
torno das visões ou definições de liberdade e de cativeiro. Suas fontes são não ape-
nas os já referidos inquéritos sobre sublevações de escravos, mas também toda uma
sorte de outras fontes que incluem, além dos processos criminais e das ações cíveis
de liberdade, também fontes literárias como os Tratados sobre a Escravidão e os re-
latos de viajantes escritos na época. A idéia, portanto, é interconectar fontes diversas,
deixando que elas se iluminem reciprocamente (diferentemente de sua primeira obra
– Trabalho,lar e botequim – na qual o autor procurou se restringir às fontes criminais e
judiciais).
183
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Referências Bibliográficas
184
OPSIS, vol. 7, nº 9, jul-dez 2007
e Terra, 1997.
GINZBURG, Carlo. Indagações sobre Piero. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989.
______. A micro história e outros ensaios. Lisboa: DIFEL, 1990.
______. Os andarilhos do bem. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
______. Sinais: raízes de um paradigma indiciário. In: _____. Mitos,
emblemas, sinais. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. p.143-179.
______. O queijo e os vermes. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Brasília: EdUnB, 1992.
VOLTAIRE. Zadig ou o Destino: história oriental. São Paulo: Vozes, 1994.
185
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OS HISTORIADORES E OS “FAZEDORES DE
HISTÓRIA”: LUGARES E FAZERES NA PRODUÇÃO
DA MEMÓRIA E DO CONHECIMENTO
HISTÓRICO CONTEMPORÂNEO A PARTIR DA
INLFUÊNCIA MIDIÁTICA
51
Sônia Maria de Meneses Silva1
Resumo: Esse artigo analisa a produ- Abstract: This article analyzes the
ção do acontecimento histórico a par- production of the historical event
tir da mídia, destacando a elaboração from the media, detaching the
do conhecimento fora dos domínios elaboration of the knowledge is
dos historiadores por aqueles que cha- of the control of the historians for
mamos “fazedores de história”. Inves- those we call “History Makers “.
tigamos que tipos e formas de história We investigate that types and forms
são colocados em relevo nessa produ- of history are placed in relief in
ção e como ela pode ajudar a construir this production and as it can help
um novo regime de historicidade na to construct to a new regimen of
sociedade contemporânea. historical idea in the contemporary
Palavras-chave: história, midia e con- society.
tecimento histórico. Key-words: history, media and
event historical.
1
Professora de teoria da história da Universidade Regional do Cariri-URCA; mestre
em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ, atualmente cur-
sando doutorado em História pela Universidade Federal Fluminese-UFF. Desenvolve
pesquisas investigando as relações entre História e Mídia a partir da segunda metade
do século XX. E-mail: sonia.meneses@gmail.com
187
OPSIS, vol. 7, nº 9, jul-dez 2007
rogue. Sendo assim, por mais que todas as nossas conclusões possam
ser revistas, há ainda que se considerar que o passado existiu e a im-
possibilidade de apreendê-lo em sua totalidade não deve justificar sua
diluição integral em nosso presente.
Qualquer narrativa histórica representa o olhar de uma so-
ciedade para seu passado em um esforço de compreensão e de cons-
trução de significado a partir de questões ensejadas em seu presente.
Como afirma Mastrogregori (1996, p. 68), os textos de história são
“elementos de um desenvolvimento histórico mais geral, amplo e va-
riado” dentro do qual outras atividades exercem também esse papel,
inserindo-se naquilo que o autor chama de “tradição das lembranças”.
Na obra historiográfica efetivam-se, por assim dizer, relações culturais
e sociais que nos servem para demonstrar ansiedades, expectativas e
formulações efetuadas a partir de um patrimônio intelectual, cognitivo
e pragmático.
Nesse complexo jogo de formulações, a história, entendida
como prática humana de reflexão e ação sobre diversas temporali-
dades pode ser efetivada em vários espaços: escola, família, grupos
religiosos, academias, recursos midiáticos, entre outros. Embora no
século XIX tenha havido um esforço de institucionalização e legitima-
ção de um lugar próprio para a elaboração da história, o final do sécu-
lo XX veio demonstrar, de forma contundente, que tal conhecimento
será sempre um campo em litígio.
No meio desse embate, os lugares de história e de memória
tornaram-se cada vez mais heterogêneos, sobretudo, a luta pelo con-
trole desses lugares, a começar pelos próprios processos de governa-
bilidade contemporâneos. Não que a instrumentalização da história
ou da memória pelo poder seja artifício recente, mas o que se percebe
é que há uma mudança considerável nesses usos, porque a própria
idéia de futuro foi alterada, como nos chama atenção Brossat (2006),
sobretudo, pelo desenvolvimento de uma sensibilidade pós-catástrofe,
caracterizada por uma profunda melancolia.
Tal circunstância se deu, em grande parte, influenciada pelos
chamados acontecimentos emblemáticos no século XX como guer-
ras, genocídios e ditaduras, além do abandono de milhões de pessoas
entregues à miséria nos continentes afro-asiáticos. Eventos no quais
existem, inicialmente, dois elementos importantes a serem considera-
dos: primeiro são acontecimentos midiáticos de “primeira grandeza”.
189
OPSIS, vol. 7, nº 9, jul-dez 2007
sobre o seu passado uma vez que é preciso termos clareza que a pro-
dução científica da História é, tão somente, uma parte da “formação
histórica” de uma sociedade.
Devemos considerar, portanto, o conjunto de “todos os pro-
cessos de aprendizagem em que a história é assunto e que não se des-
tinam, em primeiro lugar, à obtenção da competência profissional”
(RÜSEN, 2001, p. 48). Existem, por conseguinte, diferentes narrativas
que explicam e evidenciam formas de pensamento histórico que se
manifestam em variados fenômenos de aprendizagem, desde o ensino
formal até os meios de comunicação. Levar em contar o trabalho dos
fazedores de história como um conhecimento socialmente válido nos
possibilita compreender os elementos constitutivos da maneira que
uma sociedade pensa historicamente a si própria.
Referências Bibliográficas
197
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198
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Artigos
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1
Doutor em História (UFRGS), professor do curso de história da UNESC, realizou
aperfeiçoamento na École des Hautes Etudes en Sciences Sociales - EHESS (2005-
2006). É líder do grupo de pesquisa Cidade, Espaço e Cultura (UNESC) e membro do
grupo de pesquisa Cidade e Cultura (UFRGS). É autor do livro As Curvas do Trem - A
Presença da Estrada de Ferro no Sul de Santa Catarina (Criciúma: UNESC, 2004), além de
artigos e capítulos de livros. E-mail: dna@unesc.net
201
OPSIS, vol. 7, nº 9, jul-dez 2007
2
PIMENTEL, José. Monumento ao Imigrante. Tribuna Criciumense, Criciúma,
01/08/1955, p. 1 e 4. Neste texto, os imigrantes estão identificados como sendo “vá-
rios contingentes de imigrantes, italianos em sua grande maioria, de poloneses e de
alemães”.
209
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Referências Bibliográficas
213
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54
Renata Figueiredo Moraes1
Resumo: Esse texto lança uma dis- Abstract: This text introduces a
cussão em torno da escrita da história discussion on the writing of the
da Abolição através de uma historio- History of Abolition by research-
grafia mais contemporânea e dos jor- ing a more contemporaneous bibli-
nais de 1888. Além disso, tratamos ography and newspapers published
da sistematização dessa história logo in 1888. In addition, this article ap-
após 1888 através do texto de Barão proaches the systematization of this
de Loreto, publicado na Revista do history after 1888 by using the text
IHGB, em 1900, e do livro Abolição, by Barão de Loreto published in
um esboço histórico de Osório Du- Revista do IHGB (IHGB magazine
que-Estrada, de 1918. / IHGB: “Brazilian Geographical
Palavras-chaves: historiografia, abo- and Historical Institute”) in 1900,
lição, escravidão. and also the book Abolição, um Es-
boço Histórico, by Osório Duque
Estrada, published in 1918.
Key-words: historiography, aboli-
tion, slavery.
1
Mestre em História Social pela Universidade Federal Fluminense. E-mail: renata-
fm2003@yahoo.com.br
2
Zenit.org, de 13/05/2007
3
Essa é uma versão modificada da primeira metade do capítulo “Em torno do 13
de maio: combates da história e da memória”, da dissertação de mestrado defendida
em 2007 no programa de pós-graduação em História Social da Universidade Federal
Fluminense, sob orientação da Profª Drª Martha Campos Abreu.
215
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4
Segundo a autora, a militância abolicionista também abrigou idéias mais amplas que
iam além do trabalho escravo (MACHADO, 1994, p. 163).
216
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5
Um dos objetivos de Duque-Estrada em seu livro foi o de retirar os “falsificadores”
da história da Abolição. Para isso, indicou nomes que compôs o seu Panteão Aboli-
cionista.
217
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6
Segundo a autora esse discurso de proteção dos parlamentares aos escravos e a idéia
de uma recusa ao trabalho livre foi reproduzido por uma historiografia que via no ex-
escravo um “baixo envolvimento mental” e sem afinidades ao trabalho livre.
7
A autora lembra que não só de lutas forenses se fazia a luta abolicionista de São
Paulo. Nas ruas aconteciam manifestações com participação de escravos e da arraia-
miúda.
8
A autora dá o exemplo de Nabuco que ao apresentar a proposta teve sua fala inter-
rompida inúmeras vezes por aplausos e aclamações.
218
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9
Esse deputado, segundo a autora, não estava só. Durante seu discurso contou com
alguns “apoiado”, além de não ficar sozinho na votação do projeto pela Abolição.
219
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10
Além dos populares, a causa abolicionista na primeira semana de maio ganhava
a adesão do comércio e da lavoura, vista como prova de patriotismo. A euforia dos
jornais demonstra o quanto a causa ganhava uma adesão momentânea, sendo classifi-
cado esse momento pelos jornais como “fase triunfal do movimento abolicionista”.
220
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11
No entanto, nem todos foram às ruas. O autor cita que Silvio Romero deixou isso
registrado no prólogo que escrevia para a primeira edição da sua História da Literatura
Brasileira enquanto ouvia os ruídos dos festejos das festas da abolição. Esse texto de
Romero foi assinado entre 18 e 19 de maio de 1888.
12
Esse livro possui apresentação e nota de José Américo Miranda, além de textos de
Thais Pimentel, Regina Helena da Silva e Luiz Arnaut sobre as festas de maio de 1888.
Essas poesias foram escritas por Machado de Assis, Artur Azevedo, Oscar Pedernei-
ras, Rodrigo Octávio, Soares de Sousa Júnior, B. Lopes, Guimarães Passos, Baronesa
de Mamanguape (Cármen Freire), Lúcio de Mendonça, Oliveira e Silva, Virgílio Gen-
til, Mário Pederneiras, Gastão Briggs, A. Cardoso de Meneses, Afonso Celso Júnior,
Valentim Magalhães, Osório Duque-Estrada, Adelina Lopes Vieira, Bernardino Quei-
rós, A. Peres Júnior, Henrique de Magalhães, e os que assinaram seus poemas como
B. de M., Guil Mar. e Pedro Malasarte.
13
O Instituto Histórico foi criado em 1839 e os objetivos da produção de seus membros
estavam fortemente ligados ao traçado da gênese da Nação brasileira. Duas obras clássicas
sobre esse tema e ligadas à produção do Instituto são a de Karl Von Martius, Como se deve
escrever a História do Brasil, de 1845, e a de Francisco Adolfo Varnhagen, História Geral do
Brasil, de 1854. Essa última ofereceu uma esquematização de interpretação da História do
Brasil largamente reproduzida nos livros didáticos. Cf. GUIMARÃES, 2001, p. 83.
221
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14
Perdigão Malheiros produziu uma análise que resultou no livro Abolição, ensaio his-
tórico e jurídico. A leitura que fez dessa obra no Instituto em 1867, com a presença do
Imperador Pedro II, fez com que fosse homenageado em 1888 como o grande incen-
tivador, através da sua obra, para a solução do elemento servil.
15
No texto “A extinção da escravidão no Brasil: o jubileu do Instituto Histórico”,
publicado nesse mesmo volume da revista, vimos que além desses, seriam homenage-
ados todos que contribuíram para o triunfo da causa da Abolição.
222
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16
Os dois textos sobre Palmares são: “Condições ajustadas com o governador dos
Paulistas, Domingos Jorge Velho, em 14 de agosto de 1693 para a conquistar e des-
truir os negros de Palmares”, 1884; “Memória dos feitos que se deram durante os
primeiros anos de guerra com os negros quilombolas dos Palmares: seu destroço e
paz aceita em junho de 1678.”, 1876. (RIHGB, v.159, n. 400, jul/set. 1998).
223
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17
A fim de facilitar a consulta ao livro utilizo a última edição de 2005, ao invés da
edição de 1918.
225
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18
Foram esses os indicados por Duque-Estrada para o Panteão: Luís Gama, André
Rebouças, Ferreira de Menezes, José do Patrocínio, Sizenando Nabuco, José Boni-
fácio (O Patriarca), José Bonifácio (o moço), Joaquim Nabuco, Ferreira de Araújo,
Joaquim Serra, João Clapp e Antonio Bento.
226
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Referfências Bibliográficas
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Os textos árcades possuíam conflito de paixões e motes diferentes, mas consegui-
ram certa uniformidade nos temas e formas. Voltado para um diálogo com o outro,
o arcadismo propôs uma linguagem universal, entretanto, destinada às elites - neste
sentido, as citações e referências serviam como uma amostra estilística ou um guia de
leituras por meio do qual o beletrista se vinculava a uma corrente de pensamento. O
estabelecimento por academias ou agremiações como a Junta da Providência Literária,
criada por José Bonifácio em 1770, ou a Academia dos Esquecidos, fundada na Bahia em
1724, a Academia dos Felizes, fundada no Rio de Janeiro em 1736, a Academia dos Seletos,
também do Rio desde 1752 e a dos Renascidos, Bahia, 1759. Como parâmetros para o
entendimento do arcadismo brasileiro, que os críticos literários situam até 1836, cos-
tuma-se citar Tomás Antonio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa ou Basílio da Gama.
Todavia as condições que lhes forneceram temas, entre elas o ciclo do ouro em Minas
Gerais, não compõe um quadro uniforme se comparados com a realidade vivida no
Rio de Janeiro a partir de 1808. De qualquer maneira, o arcadismo nos importa como
uma das expressões que o movimento de ilustração teve no Brasil.
3
“A Independência importa de maneira decisiva no desenvolvimento da idéia român-
tica, para a qual contribuiu pelo menos com três elementos que se podem considerar
como redefinição de posições análogas do Arcadismo: (a) o desejo de exprimir uma
nova ordem de sentimentos, agora reputados em 1o plano, como o orgulho patriótico,
extensão do antigo nativismo; (b) desejo de criar uma literatura independente, diversa,
não apenas uma literatura, de vez que, aparecendo o classicismo como manifestação
do passado colonial, o nacionalismo literário e a busca de modelos novos, nem clássi-
cos nem portugueses, davam um sentimento de libertação relativamente à mãe-pátria;
finalmente (c) a noção já referida de atividade intelectual não mais apenas como prova
de valor do brasileiro e esclarecimento do mental do país, mas tarefa patriótica na
construção nacional” (CANDIDO, 1969, p. 11).
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4
“O mais freqüente? Posição semelhante à que externa Pierre Plancher em O espelho
diamantino. Tratava-se de tentar, em alguma medida, sugerir as deficiências de instru-
ção de um público que “não se tendo podido educar em país estrangeiro achava es-
tabelecimentos de instrução incompletos”. Tratava-se, pois, de resolver, na literatura,
a falta de uma viagem de formação e as deficiências do ensino no país. Daí o papel
de enciclopédia de pequeno porte assumido pela literatura de ficção brasileira nesse
período de formação” (SÜSSEKIND, 1990, p. 90).
5
A idéia de uma literatura que tinha uma tarefa é de Antonio Candido e a de uma du-
pla influência, cujo resultado foi uma literatura de conhecimento que depois adquiriu
senso estético é de Afrânio Coutinho.
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ção, de um espaço para as belas letras. Mas, que espaço era esse? Que
elementos ele incluía? Como ele contribuiu para a formação de um
público e, assim, de uma literatura brasileira?
A literatura e a educação no Brasil, pelo menos até a primeira
metade do século XIX, estiveram relacionadas ao poder da Igreja, à
ação do Estado e às posses de seus interessados. A Companhia de Jesus
foi responsável, até a segunda metade do século XVIII, pela educa-
ção daqueles que residiam no país; sua colaboração foi enfática na
homogeneização de uma língua falada no Brasil. O Estado contribuiu
sustentando parte das atividades da Igreja no país e, após a expulsão
dos jesuítas, criando as aulas régias e fomentando a transição de es-
trangeiros no país. E se, no sentido da formação de uma intelligentsia
brasileira, esses subsídios foram exíguos, foram praticamente os únicos
até meados de 1808.
Em 1760, havia três instituições destinadas ao ensino no Rio
de Janeiro: os seminários São José, São Joaquim e da Lapa, que aten-
diam a um conjunto de 95 seminaristas. Além dessas instituições, ha-
via 12 mestres particulares que atendiam 309 alunos leigos. Alguns
professores atendiam ainda em suas casas, a quantidade de alunos
desses professores não pode ser calculada por falta de referências aos
mesmos. Entre seminaristas e leigos, o Rio de Janeiro possuía 404
dos 700 alunos do Brasil, o que representa mais de 50% do total de
alunos matriculados nas aulas régias e instituições religiosas de ensino
do Brasil.
Desde a emissão do alvará de 30 de junho de 1759, as aulas
régias foram instituídas para substituir o sistema de ensino criado pe-
los jesuítas, pois a Companhia seria expulsa por D. José I, com o alvará
de 3 de setembro de 1759. A finalidade dessa expulsão era justificada
pela necessidade de libertação do ensino nos domínios portugueses.
Tal libertação estava cunhada pelos ideais iluministas que ocupavam
os pensamentos dos europeus no século XVIII. Em 1772, eram 479
os mestres régios nos domínios lusitanos, 440 deles em Portugal e
24 nos domínios ultramarinos, dos quais 15 nas ilhas e 7 no Rio de
Janeiro. Deste número de 7, 2 destinavam-se ao ensino básico, 2 à gra-
mática latina, 1 ao grego, 1 à retórica e 1 à filosofia. O salário desses
professores era de 450 réis anuais, e equivalia a 20 vezes menos que
o salário mais alto da capitania, o que fazia desta a última profissão
escolhida pelos instruídos da cidade ou a transformava numa atividade
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“Observava (Suzannet), por exemplo, que, entre os poucos brasileiros que freqüen-
tavam os colégios, a maior parte não ia além do curso primário; que, segundo os
dados, que colhera, numa população de 400 mil almas apenas pouco mais de mil fre-
qüentavam essas escolas na corte; ou, passando pela Bahia, que a Escola de Medicina
de Salvador estava em estado deplorável” (SÜSSEKIND, 1990, p. 86).
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Entre eles estavam Gonçalves de Magalhães, Araújo Porto Alegre e Salles Torres
Homem, que seriam responsáveis, em 1836 pela Revista Niterói, um dos trabalhos que
marcou mais acentuadamente a idéia de pátria desenvolvida pelas belas letras oitocen-
tistas (PRADO, 1999).
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“Dos treze (censores da Mesa do Desembrago) nomeados entre 1808 e 1819, sete
exerciam o sacerdócio, cinco dos quais regulares. Dois acabaram nomeados bispos:
frei Antonio d’Arrábida, preceptor dos príncipes d. Pedro e d. Miguel, confessor do
primeiro e futuro reitor do Imperial Colégio de Pedro II; e frei Antonio de Santa
Úrsula Rodoalho, pregador régio da Capela Real e Ministro Provincial do Convento
da Corte, mas que, indicado para bispo de Angola, renunciou antes de sua sagração.
Outros dois foram abades, um da Ordem de São Bento e outro de São Bernardo. O
último regular, Frei Inocêncio Antonio das Neves Portugal, foi lente das Faculdades
de Teologia de Coimbra e confessor régio. Entre os dois seculares, destaca-se João
Manzoni, padre mestre e confessor da Infanta D. Mariana. Em relação aos censores
leigos, todos tinham sido formados pela Universidade de Coimbra e exerceram fun-
239
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ções administrativas , judiciais ou militares; um era tenente geral dos Reais Exércitos;
dois, médicos, um dos quais acabou em 1820 lente da Faculdade de Medicina da
Universidade de Coimbra, desembargador do Paço, autor de inúmeras obras ligadas
à situação política do Brasil, às vésperas da Independência, e Mariano José Pereira da
Fonseca, enobrecido em 1825, apesar de ter sido preso por estar implicado na suposta
Conjuração Carioca de 1794. Outros dois também receberam título de nobreza e to-
dos foram agraciados com honras e grandezas, como as mercês das ordens militares.
Do conjunto, três censores foram sócios da Academia real de ciências de Lisboa, e
um do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, deixando mais de dois terços deles
escritos no mundo das letras”(NEVES, 1999, p. 674).
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Embora o trabalho de Hallewell (1985) ateste que Garnier enviava seus livros para
serem editados em Paris porque o custo desta impressão ficava mais barato, pequenos
folhetos de material muitas vezes “repreensível” aos olhos do governo tinham um
custo menor se fossem impressos em terras brasileiras.
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Para a leitura, havia, nos idos de 1820, além de alguns títulos como:
Assunção, de Frei São Carlos (1819), Salmos de Davi (1820), Poesias, de
José da Natividade Saldanha (1822), Poesias Avulsas de Américo Elísio, de
José Bonifácio de Andrada e Silva (1825), Poesias Oferecidas às Senhoras
brasileiras por um bahiano, de Domingos Borges de Barros (1825), entre
outros1081; folhas volantes com notícias avulsas, algumas delas suspen-
sas em 15 de janeiro de 1822, quando se proibiu a publicação de textos
anônimos1182.
Havia também os jornais: A Gazeta do Rio de Janeiro (1808-
1822), A idade do ouro no Brasil (1811- 1823), As variedades ou Ensaios
de literatura – nossa primeira revista literária (ARAÚJO: 1999), com
apenas dois números (1812), O Patriota (1813- 1814), Correio Brazi-
liense (1808 – 1822), Aurora Pernambucana (1821), O Paraense (1822), O
conciliador do Maranhão (1821 – 1823), Conciliador do Reino Unido (1821),
O Seminário Cívico (1821 – 1823), Diário Constitucional Fluminense (1821
– 1822), Despertador Fluminense (1821), O Marimbondo (1822), O Correio
do Rio de Janeiro (1822 – 1823), O Tamoio (1823), A sentinela da liberdade
na guarita de Pernambuco (1823 – 1824), Typhis Pernambuco (1823- 1824),
Diário de Pernambuco (1825) e Aurora Fluminense (1827 – 1835). E ainda, o
Despertador Brasiliense, de Francisco de França Miranda; o Bem da Ordem,
de Francisco Vieira Goulart; o Revérbero Constitucional, de Joaquim Gon-
çalves Ledo e Januário da Cunha Barbosa; a Sabatina Familiar, de José da
Silva Lisboa; A Malagueta, de Luís Augusto May; O amigo do rei e da nação,
de Custódio Saraiva de C. e Silva; o Diário do Rio de Janeiro, de Zeferino
Vito de Meirelles; o Regulador Brasílico-Luso, de Antonio José da Silva
Loureiro; o Compilador Constitucional, de José Joaquim G. do Nascimento
e João Batista Queiroz; O papagaio, de José Moutinho Lima A. e Silva ; e,
por fim, O macaco brasileiro, de Manuel Inácio Ramos Zuzarte.
10
Neves dispõe, no Quadro intitulado Obras impressas no Rio de Janeiro: 1808 –
1822, as quantidades: jurisprudência,50; ciências e artes, 127; belas letras, 397; história,
206; teologia, 35; periódicos, 38; documentos oficiais, 347. O total era de 1.200 obras.
(NEVES, 2003, p. 35).
11
Gladys Ribeiro (2002) informou que estes folhetos eram responsáveis por uma
disputa entre portugueses e brasileiros. A depreciação dos brasileiros, por meio das
ofensas de que o Brasil era uma “Terra de macacos, pretos e serpentes” e, em contra-
partida, de que Portugal era “uma terra de lobos, galegos e raposas” começou com
o decreto de 28 de agosto de 1821, que abolia a censura prévia e cessou com o de 15
de janeiro de 1822.
242
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12
Thomas Ewbank deixou Nova Iorque em destino ao Brasil em 02 de dezembro de
1845 e, para ele, o mais importante detalhe da vida pública e privada que aí temos foi
assim anotado: “No Brasil, por toda parte encontra-se a religião ou o que receba tal
nome” (EWBANK, 1976, p. 18).
13
“No entanto, o mais afortunado dos editores brasileiros no primeiro quartel do
século XIX, aquele que combina os ofícios de impresso, livreiro e divulgador do livro,
é mesmo Manuel Antonio da Silva Serva, português de Vila Real de Trás-os-Montes,
instalado na Bahia desde 1797, vendendo móveis e posteriormente livros importados
da Europa. Em 1809, Silva Serva consegue licença para trazer uma impressora de
Londres, graças aos esforços do Conde dos Arcos. Começa a editar em 1811, com o
Plano para o estabelecimento de uma biblioteca pública na cidade de S. Salvador, em
4p., mais um prospecto para jornal e uma Oração gratulatória do Príncipe Regente,
por Inácio José de Macedo, em 11 páginas. Daí Silva serva salta para o jornalismo
periódico com A Idade d’Ouro do Brasil e As Variedades ou Ensaios de Literatura, desen-
volvendo, em termos particulares, a mais produtiva trincheira de popularização da
leitura no Brasil Oitocentista” (SOUZA ARAÚJO, 1999, p. 194).
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Referências Bibliográficas
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O JESUÍTA E O HISTORIADOR:
UMA REFLEXÃO ACERCA DO CONHECIMENTO
HISTÓRICO PRODUZIDO POR LUIS PALACÍN
85
Rogério Chaves da Silva1
1
Mestre em História pela Universidade Federal de Goiás. E-mail: rcmc26@bol.com.br
251
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2
Nascido em Valladolid, aos 21 dias do mês de junho de 1927, Luis Palacín Gómez
ingressou, com 17 anos, na Companhia de Jesus, mais precisamente no Noviciado de
San Estanislau, em Salamanca. Durante os anos de 1948 e 1951, cursou licenciatura
em Filosofia pela Universidade Pontifícia de Comillas; entre 1951 e 1954, dedicou-se ao
curso de História nas Universidades de Salamanca e de Santiago de Compostela, sendo que,
de 1954 a 1958, diplomou-se em Teologia pela Universidade de Comillas. Em 15 de julho
de 1957, foi ordenado sacerdote na cidade de Comillas e pouco depois, já em 1958,
foi transferido por seus superiores ao Brasil, onde realizou sua Terceira Provação. No
início da década de 1960, veio para Goiás, evangelizar e ministrar aulas pela Univer-
sidade Católica de Goiás. Posteriormente, também ingressou na Universidade Federal de
Goiás, onde foi um dos responsáveis pela consolidação do curso de pós-graduação
em História. Entre os anos de 1965 e 1967, fez seu doutoramento pela Universidade
Complutense de Madri. Desde que chegou à cidade de Goiânia, Palacín adotou-a como
um novo lar, permanecendo até sua morte em 1998.
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O realce dado por Palacín não se destina, per si, ao ano de che-
gada dos jesuítas no Brasil, dirige-se, igualmente, ao ambiente de total
“imoralidade”, do ponto de vista cristão, que os missionários encon-
traram em 1549. Há uma clara distinção da realidade brasileira em dois
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4
Segundo Goldmann (1974), o historiador e o sociólogo devem levar em conta o má-
ximo de consciência possível das classes que constituem a sociedade a ser analisada,
ou seja, o limite extremo de percepção da realidade que os condicionamentos sociais
impõem a um indivíduo ou a uma classe.
261
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5
Esse “analfabeto” a que Palacín (1998) se refere trata-se de “O Bandarra” (1534-
1545), um sapateiro da Vila de Troncoso, na Beira. Vivia entre cristãos-novos e tirava
seus vaticínios do Antigo Testamento. Autor de diversas profecias sobre a Redenção
Portuguesa, as Coplas de Bandarra serviu de base para a elaboração da obra Esperan-
ças de Portugal, pelo Padre Antônio Vieira.
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Referências Bibliográficas
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Claudia Schemes1
90
91
Inês Caroline Reichert2
Resumo: Este artigo relata uma ex- Abstract: This report describes a
periência de prática pedagógica desen- teaching internship project con-
volvida pelos alunos do curso de His- ducted by students of the History
tória do Centro Universitário Feevale, Course of Centro Universitário Fe-
com os professores das etapas iniciais evale with schoolteachers working
da Escola de Aplicação Feevale. Essa with the first grades of the Feevale-
prática procurou construir um progra- operated elementary school. The
ma de estudos com metodologias es- purpose of this project was to de-
pecíficas da ciência histórica para ser velop a study program to prepare
aplicado pelos professores da escola, schoolteachers to use the specific
buscando criar um diálogo entre os methods of history studies in their
níveis de ensino e aproximar a licen- classes, as well as to establish a dia-
ciatura da realidade escolar. log between these different educa-
Palavras-chave: escola de aplicação, tional levels and bring together
história, formação de professores. teacher education programs and
elementary school reality.
KEY WORDS: university-operated
school, history, teacher education.
1
Graduada em História (UNISINOS/RS), mestre em História Social (USP/SP) e
doutora em História (PUC/RS). É professora do Centro Universitário Feevale (Novo
Hamburgo-RS) nos cursos de História e Design de Moda e Tecnologia; leciona as
disciplinas de Metodologia do Ensino de História e Estágio de Ensino Fundamental,
entre outras. É pesquisadora do grupo de pesquisa Cultura e Memória da Comunida-
de do Centro Universitário Feevale. E-mail: ClaudiaS@feevale.br
2
Graduada em História (UNISINOS/RS), mestre em Educação (UNISINOS/RS). É
professora do Centro Universitário Feevale, no curso de História. Coordena, também
na instituição, o projeto de extensão PROEJA, com foco na formação de docentes e
a Educação de Jovens e Adultos. É coordenadora pedagógica da Secretaria de Munici-
pal de Educação e Desporto de Novo Hamburgo. E-mail: InesRei@feevale.br
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O desenvolvimento do projeto
Considerações finais
Referências Bibliográficas
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MENDONÇA, Nadir Domingues. O uso dos conceitos. Petrópolis: Vo-
zes, 1985.
278
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1
Doutora em História (PUCRS). Professora do Programa de Pós-Graduação em
Educação e do Curso de História do Centro Universitário La Salle (Canoas/RS). His-
toriógrafa do Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul. E-mail: rejanepenna@uol.
com.br
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2
Ver artigo de Nanci Oliveira ((2001, p. 254-263): “História e Antropologia: encon-
tros e desencontros”.
3
Não existe consenso entre os historiadores do que significa Nova História. Para o
presente trabalho, admite-se a classificação de Rogério Forastieri da Silva, o qual ana-
lisou esta tendência em sua tese de Doutoramento. Segundo Silva (1999): “Em parte
significativa da bibliografia corrente, faz-se uma associação direta entre a chamada Es-
cola dos Annales e a Nova História; assim, para alguns autores, a Nova História teria
nascido com a fundação da revista Annales (1929) e seriam, neste sentido, sinônimos.
Existem, entretanto, aqueles que cunharam a expressão no contexto da historiografia
francesa contemporânea, especificamente Jacques Le Goff e Pierre Nora, além de
parte significativa de autores que se debruçaram sobre a Nova História. Afirmam
que este nome corresponde à chamada terceira geração de historiadores associados à
revista”. Logo, quando ocorrerem referências à Nova História, considera-se historia-
dores da terceira geração dos Annales.
As dificuldades de classificar este movimento são analisadas também por Peter Burke
(1992) – “Overture: the New History, its Past and its Future”, onde aponta que a
tendência se define mais em relação ao que não é.
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4
Idéia desenvolvida por Françoise Hildesheimer (1994).
281
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dos novos professores com seus próprios alunos, a partir de sua for-
matura e inserção no mercado de trabalho.
Referências Bibliográficas
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1
Doutorando em Sociologia pela Universidade de Brasília (UnB). Linha de pesquisa:
Arte, Cultura e Pensamento Social. Mestre em Sociologia pela Universidade Federal
de Goiás (UFG). Estuda as interconexões entre literatura e sociedade, com destaque
para a lírica brasileira de autoria feminina. E-mail: clovisbritto5@hotmail.com
297
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Costume estabelecido:
Levar buquê de flores.
Dar lembrança, dar recado.
Visitas com aviso prévio.
Mulheres entrarem pelo portão.
Saírem pelo portão.
Darem voltas, passarem por detrás.
Evitarem as ruas do centro,
serem vistas de todo o mundo (CORALINA, 2001a, p.
105).
As mulheres não deveriam “andar pelas ruas, atravessar pon-
tes e largos” e nem serem “vistas de todo o mundo”. Em Becos de Goiás,
a autora acenou as características gerais dos becos e sua função de
repositório dos marginalizados na primeira metade do século XX.
A imagem do beco evidencia a consciência crítica da poetisa.
É o relicário da história e, por isso, os sentimentos provocados para
intitular seu primeiro livro Poemas dos becos de Goiás e estórias mais. A
partir dos becos, Coralina construiu as outras estórias e histórias re-
velando Goiás – cidade e Estado – para além da Serra Dourada e dos
limites do Paranaíba.
Mais do que matéria para poesias, os becos sempre estiveram
presentes no cotidiano dos moradores da cidade de Goiás. A cidade
foi reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Mundial por repre-
sentar um testemunho da ocupação e da colonização do interior do
Brasil. Nos critérios apresentados na Proposta de inscrição da cidade de
304
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Considerações finais
Referências Bibliográficas
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312
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313
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1
Bacharel e Licenciada em História pela Universidade Estadual Paulista UNESP –
Franca, mestre em História pela mesma instituição. Atualmente é membro do Grupo
de Estudos em História e Filosofia da Educação (USP Ribeirão Preto) e Professora
da UNICOC Ribeirão Preto – SP. E-mail: bortoloti@hotmail.com
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2
Assim, a modificação apresentada pelo modo de pensar e agir aqui analisada é jus-
tificável, daí podermos afirmar que nosso trabalho tem como objetivo verificar como
a não aceitação da fé católica por parte dos nativos brasileiros fez com que a posição
dos jesuítas fosse mudando, cedendo lugar ao desânimo com o trabalho de conversão
e a detração da natureza desses homens.
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Os escritos jesuíticos
cuidam que são Deus, mas nem por isso lhes fazem honra
alguma, nem comumente têm ídolos nem sortes, nem co-
municação com o demônio (ANCHIETA, 1933, p. 331).
As semelhanças encontradas e apropriadas foram: a crença na
imortalidade da alma, a oposição entre o bem e o mal e o medo que
tinham os índios de certas entidades tidas como demoníacas, a vene-
ração de Zomé, que os religiosos acreditavam ser São Tomé, santidade
que teria deixado marcas de sua passagem pela Bahia e histórias que
falavam de um dilúvio que, obviamente, foi associado ao Dilúvio de
Noé.
Todos os esforços na tentativa de uma aproximação cultural,
entretanto, não surtiram as reações esperadas, pois mesmo quando
pareciam aceitar a fé católica, os indígenas seguiam praticando seus
antigos costumes, julgados altamente pecaminosos pelos jesuítas. A
procura de semelhanças culturais foi uma tentativa de contornar os
primeiros fracassos e mascarar o desânimo presente desde o momen-
to em que perceberam que o trabalho tomava um rumo distinto do
planejado. Perceberam que nenhum dos outros povos com os quais
mantinham contato serviria como parâmetro para classificar o indíge-
na brasileiro – povos mais desenvolvidos, com maior aparato institu-
cional, que eram assimilados mais facilmente.
Diante de todos esses entraves, gradualmente, os jesuítas
perceberam a dificuldade de se ver efetivados a adoção do modo de
vida cristão e a inserção dos indígenas na sociedade colonial ainda em
construção. A constatação da impossibilidade em enquadrar o nativo
foi acompanhada de uma modificação do discurso catequético: gra-
dativamente, os escritos começaram a revelar um novo plano para a
conversão, centrado na sujeição física do nativo.
Os missionários, tomados por angústia, viram-se em uma
encruzilhada onde uma das alternativas era a desistência e a outra, a
mudança de estratégia. Apesar de todos os esforços e dos métodos
empregados no processo catequizador, os jesuítas sentiram necessi-
dade de uma ajuda externa e mais poderosa. Antes de demonstrarem
em seu discurso o desânimo em relação ao trabalho missionário e a
degradação da humanidade dos indígenas, os membros da Companhia
de Jesus buscaram nos aldeamentos mais uma alternativa para seu tra-
balho. Desejavam, como não conseguiram de outra forma, sujeitar
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“O plano idealizado por Nóbrega marca uma série de alterações na política jesuítica,
sendo a primeira delas representada pela criação dos aldeamentos” (ABREU, 1976, p. 114).
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Mansos, como eram chamados os ameríndios, quer dizer “domesticados”.
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“Assim, o índio é inicialmente, um gentio, passadas algumas décadas do primeiro
contato, o índio é um pecador arrependido, em seguida, ele é representa Lúcifer, ser
demoníaco” (NAVARRO, 1988, p. 154).
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Referências Bibliográficas
NÓBREGA, M. da. Cartas do Brasil e mais escritos: 1549- 1560. São Pau-
lo: EdUSP, 1988.
PAIVA, J.M. de. Colonização e catequese. São Paulo: Cortez, 1982.
RAMINELLI, R. Imagens da colonização: a representação do índio de
Caminha a Viera. São Paulo: EdUSP, 1996.
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1
Doutor em História pela UNISINOS, membro da REPEM (Red Educación popular
entre Mujeres en la América Latina) e coordenador do NAEI (Núcleo de Assessoria
e Estudos Interculturais) pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das
Missões – URI , campus de Santo Ângelo – RS. E-mail: naei@urisan.tche.br
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tudo tentar escapar da fácil interpretação daquilo que estaria por trás
dos documentos, procurando explorar ao máximo os materiais, na
medida em que eles são uma produção histórica, política; na medida
em que as palavras são também construções; na medida em que a lin-
guagem também é constitutiva de práticas.
É nessa perspectiva que os discursos (no sentido Foucaultia-
no) e as representações (no sentido de Chartier) situam-se num campo
estratégico de poder no fazer histórico. Os discursos estão localizados
entre relações de poder que definem o que eles dizem e como dizem
e, de outro, efeitos de poder que eles põem em movimento.
Para reverter essa situação, é preciso considerar-se seriamente
formas de introduzir o ponto de vista e a experiência feminina na es-
cola e no currículo. Dada a rigidez e conservadorismo dos currículos
de história existentes é difícil ver como isso funciona. Certamente isso
deveria começar pela formação fornecida nas faculdades de educação
e nos cursos de magistério. Um exame do currículo dessas instituições
certamente mostraria a pouca ou nula atenção dada à questão do gê-
nero e do patriarcado e suas implicações para o ensino.
Isso permitirá uma visualização do problema que constituiria
um elemento provocador de debate do elemento público. Desde os
docentes em sala de aula, a homens e mulheres dedicados à inves-
tigação histórica, percebemos que é possível achar as vertentes para
visibilizar as mulheres na história. Percebemos uma preocupação para
a igualdade, mas esse reconhecer dados esquecidos, partem do pres-
suposto que a experiência histórica das mulheres seja igual necessaria-
mente a dos homens. Não se questiona sequer a possibilidade de uma
experiência diferente. Constitui um caminho de visibilidade que não
compartilhamos por entender insuficiente.
Além disso, é preciso inventar formas de intervir diretamente
no próprio currículo das escolas de 1ª e 2ª graus para criticar seu an-
drocentrismo e construir um conhecimento menos sexista. É preciso
examinar os currículos existentes para ver não apenas em que exten-
são a experiência e a perspectiva feminina estão excluídas, mas para
criticá-los naquilo que expressam, de forma privilegiada, a experiência
e o ponto de vista masculino. Temos que perguntar: a qual ponto de
vista e experiência está o ensino de história concedendo autoridade
e legitimidade? Quais as posições de poder – em termos de gênero
– estão sendo reforçadas com as experiências proporcionadas pelo
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Referências Bibliográficas
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Considerações iniciais
1
Doutoranda em História pela Universidade de Burgos – Espanha. Coordenadora de
Projetos, Programas e Conselhos - Secretaria Municipal de Assistência Social de Ala-
goinhas - BA. Integrante do NPEJI – Núcleo de Pesquisa e Estudos sobre Juventude,
Identidade, Cidadania e Cultura. Mestrado em Família na Sociedade Contemporânea/
Universidade Católica do Salvador (UCSAL). Licenciada em História pelas Faculda-
des Jorge Amado. E-mail: barbaracaldeira@yahoo.com.br
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2
A construção social procurada pela teoria pós-estruturalista está centrada na lingua-
gem, ou seja, uma discussão produzida pela interação e resultante, pois, dos pressu-
postos lingüísticos, discursivos e textuais. Nesse caso, a análise da fonte visual estaria
preocupada com a “fala” da imagem, ou melhor, as formas da prática e das ações
dos elementos textuais. Apesar de se propor uma interpretação mais abrangente do
processo social, esses pressupostos teóricos minimizam e radicalizam os “Estudos
Culturais” e os elementos da análise social clássica que consideram não somente a
estrutura social, mas, sobretudo, a importância de aspectos como as mentalidades,
dos formatos da sensibilidade e das configurações dos sentidos e significados dos
indícios culturais. Michel Foucault discute a teoria pós-estruturalista acerca da “fala”
da sexualidade contemporânea em História e sexualidade I: a vontade de saber. Rio de
Janeiro: Graal, 1988.
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Apesar dos Parâmetros Curriculares Nacionais já apresentarem sensibilidade às
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Considerações finais
Referências Bibliográficas
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Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em História da PUCRS sob orientação
da Prof. Dra. Margaret Marchiori Bakos. Bolsista CAPES e membro do GT Negros/
ANPUH-RS. E-mail: arilsondsg@yahoo.com.br
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A Sociedade Beneficente Floresta Aurora foi fundada em 1872 a partir de dissidentes da
Irmandade do Rosário de Porto Alegre. É a sociedade negra em atividade mais antiga do
Brasil. Para saber mais da Floresta Aurora ver Muller (1999).
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Para saber mais ver Gomes (2006).
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Imagens, da esquerda para a direita, de Valter Santos e Eurico Souza: fonte MCSHJC, F22 E1
B3, jornal Folha da Tarde de 19/09/1958 p.35. Imagem de Armando Temperani Arquivo de
Dep. da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul.
4
As datas referentes à legislatura de cada presidente são localizadas na atual sede da
Sociedade Floresta Aurora, situada na Av. Cel. Marcos nº527, na cidade de Porto Alegre.
Na entidade existe uma galeria de fotos com os respectivos presidentes e os anos dos
mandatos, a partir de 1932 até os dias atuais. Já as informações sobre o Deputado
Armando Temperani são localizadas no Arquivo da Assembléia Legislativa do Rio
Grande do Sul.
5
Para saber mais ver Gomes (2006).
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Localizam-se essas entidades devido à relação de correspondencias que deveriam
ser enviadas, em forma de agradecimentos, as sociedades presentes ao Congresso de
Porto Alegre.
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Para saber mais dos organizadores, participantes e locais de realizações dos Con-
gressos e Encontros que antecederam o Primeiro Congresso do Negro de Porto Alegre,
ver Gomes (2007).
8
Para Santos (2003) o jornal A Alvorada, provavelmente, seja o periódico de maior longevidade
desta fase denominada de imprensa negra. Para saber mais ler Santos ( 2003).
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9
As informações no jornal Correio do Povo são localizadas na folha do dia 16 de setem-
bro de 1958, página 13 e no dia 20 de setembro de 1958, página 07. Ambos localiza-
dos no MCSHJC, F1 E2 B2. Já as informações diárias do Congresso são localizadas no
jornal Folha da Tarde dos dias 11, 13, 15, 17, 18 e 19 de setembro de 1958. Localizados
no MCSHJC, F6 E1 B4 até B8.
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Arquivos pesquisados
Periódicos
Referências Bibliográficas
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Resenha
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Emerson Dionisio Gomes de Oliveira1
1
Doutorando em História pela Universidade de Brasília (UnB). Mestre em Histó-
ria da Arte e da Cultura pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp. E-
mail:emerson_dionisio@hotmail.com
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