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Educação ambiental:
biomas, paisagens e o saber ambiental
Ituiutaba, MG
2017
© Giovanni Seabra (Org.), 2017.
Arte Gráfica e editoração: Alex David Silva de Assis, Claudia Neu, Gabriel de Paiva Cavalcante,
Laciene Karoline Santos de França, Laysa Borba e Silva, Loester Figueirôa de França Filho e Maria
Imaculada de Andrade Morais.
Editor: Anderson Pereira Portuguez
Arte da capa: Gabriel de Paiva Cavalcante
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Editora: Barlavento
Prefixo editorial: 68066
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Caixa postal nº 9. CEP 38.300-970, Centro, Ituiutaba, MG.
Conselho Editorial:
Mical de Melo Marcelino (Editor-chefe)
Anderson Pereira Potuguez (Editor da Obra)
Antônio de Oliveira Junior
Claudia Neu
Giovanni de Farias Seabra
Hélio Carlos Miranda de Oliveira
Leonor Franco de Araújo
Maria Izabel de Carvalho Pereira
Jean Carlos Vieira Santos
ISBN: 978-85-68066-53-9
Giovanni Seabra
Sumário
Biogeografia e Biodiversidade ..............................................................................................15
COMPOSIÇÃO DA MEIOFAUNA NO ESTUÁRIO DO RIO FORMOSO, PE, BRASIL ........ 16
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS VIA PROJETO ―ECO KIDS E ECO TEENS‖
...................................................................................................................................................... 956
Biogeografia e Biodiversidade
© Giovanni Seabra
RESUMO
A meiofauna desempenha um papel importante no fluxo de energia dos sistemas bentônicos. Os
processos físicos comuns aos estuários são seus movimentos de correntes e a mistura entre as
massas de água de origem contrastante: água doce de origem fluvial e a água do mar adjacente, por
isso que os impactos hidrodinâmicos intervém na distribuição da meiofauna nas áreas estuarinas,
portanto objetiva-se avaliar a composição da meiofauna no estuário do rio Formoso, PE, Brasil, a
fim de detectar possíveis poluentes. O estuário do Rio Formoso, com 12 Km de extensão, localiza-
se no Município do Rio Formoso (8o 39‘ 45‘‘ Sul e 35o 06‘ 15‘‘ W), 76 Km ao Sul da cidade do
Recife. As coletas da meiofauna foram realizadas mensalmente durante a baixa- maré diurna, no
período de abril de 2015 a dezembro de 2015. Em campo delimitaram-se três pontos fixos no médio
litoral para coleta do material. Paralelamente os parâmetros abióticos (temperatura, salinidade, pH,e
Oxigênio) foram aferidos. A densidade da meiofauna foi calculada para o número de indivíduos
por 10 cm-2 e, a meiofauna foi separada a nível de táxons pela Abundância Relativa (Ar = N. 100 /
Na ). A meiofauna ao longo do estuário do Rio Formoso, esteve composta por 8 grandes grupos
taxonômicos: Copepoda, Nematoda, Ostracoda, Rotifera, Oligochaeta, Polychaeta, Kinorhyncha,
Gastrotricha, Acari. O grupo taxonômico mais abundante considerando todas as estações foi
Nematoda, em seguida, os Copepoda. Fatores abióticos como salinidade, temperatura, amônia, pH
foram aferidos mostraram que possuem influencia na distribuição da meiofauna. A meiofauna
desempenha um importante papel no sistema estuarino sendo um grupo-chave nas interações
tróficas. A abundância e frequência da diversidade e distribuição da meiofauna dependem de
fatores abióticos como temperatura, salinidade granulometria que são determinantes na estrutura das
comunidades biológicas.
Palavras-Chaves: impacto, meiofauna, estuário, hidrodinâmica.
ABSTRACT
The Meiofauna plays an important role in the energy flow of benthic systems. The physical
processes common to the estuaries are their movements of currents and the mixing between the
masses of water of contrasting origin: fresh water of fluvial origin and the adjacent sea water,
therefore the hydrodynamic impacts intervenes in the meiofauna distribution in the estuarine areas,
Therefore, the objective of this study was to evaluate the composition of meiofauna in the estuary of
the Formoso River, PE, Brazil, in order to detect possible pollutants. The estuary of Rio Formoso,
12 km long, is located in the municipality of Rio Formoso (8o 39 '45' 'South and 35o 06' 15 '' W),
76 km south of the city of Recife. The meiofauna samples were collected monthly during the low-
tide diurnal period from April 2015 to December 2015. In the field three fixed points were
delimited in the mid-coast to collect the material. Parallelly the abiotic parameters (temperature,
salinity, pH , And Oxygen) were measured. Meifauna density was calculated for the number of
individuals per 10 cm -2, and meiofauna was separated at the level of taxa by Relative Abundance
(Ar = N. 100 / Na). The meiofauna along the Rio Formoso estuary was composed of 8 large
taxonomic groups: Copepoda, Nematoda, Ostracoda, Rotifera, Oligochaeta, Polychaeta,
Kinorhyncha, Gastrotricha, Acari. The most abundant taxonomic group considering all the seasons
was Nematoda, then the Copepoda .. Abiotic factors such as salinity, temperature, ammonia, pH
were measured showed to have influence on meiofauna distribution. Meiofauna plays an important
role in the estuarine system being a key group in trophic interactions. The abundance and frequency
of meiofauna diversity and distribution depends on abiotic factors such as temperature, salinity and
granulometry that are determinant in the structure of biological communities.
Keywords: impact, meiofauna, estuary, hydrodynamics.
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
RESULTADOS
A meiofauna ao longo do estuário do Rio Formoso, esteve composta por 8 grandes grupos
taxonômicos: Copepoda, Nematoda, Ostracoda, Rotifera, Oligochaeta, Polychaeta, Kinorhyncha,
Gastrotricha, Acari. Destes, os 5 primeiros grupos estiveram presentes em todas as estações de
coleta. A meiofauna no estuário foi de 4.690 ind.10 cm-2 .. O grupo taxonômico mais abundante
considerando todas as estações foi Nematoda representando 65% do total de indivíduos da
meiofauna com densidade média de 2.720 ind.10cm-2, em seguida, os Copepoda corresponderam a
16% com densidade média de 1.424 ind.10cm-2 . Os outros 7 grupos correspondem com 17%.
A média de salinidade foi de 30.8S com máxima de 38S no período seco (setembro a
dezembro/2014 e setembro a outubro/2015) e mínima de 25S no período chuvoso nas Estações
estudadas. A média da temperatura da água foi de 26.8oC, com máxima de 29ºC no período seco e
mínima de 26oC no período chuvoso. As condições de temperatura apresentaram pequenas
amplitudes de variação. O oxigênio dissolvido foi mensurado o valor de 8,5 mg.L-1 em período
chuvoso e 7,0 mg.L-1 no período seco. Quanto mais fria a água, maior foi à concentração de
oxigênio dissolvido. O potencial hidrogênio (pH) variou entre 7,0 no período chuvoso e 8,5 no
período seco, com média de 8,5. Os menores valores de pH ocorreram na estação de seca,
provavelmente devido à pouca influência das águas fluviais, típicas do período.
DISCUSSÃO
potencializa maior ou menor quantidade de água retida, oxigênio, matéria orgânica e outros fatores
indispensáveis a esses organismos.
A dominância dos Nematoda na maioria das estações é uma característica da meiofauna,
dominando mais de 50% do número total de indivíduos (Coull, 1988), principalmente em
sedimentos correlacionados do sublitoral. Fonsêca-Genevois (1987) ressaltou a importância da
natureza química das argilas na distribuição intermareal da meiofauna estuarina. Em estuários
geralmente com substrato composto por sedimentos silte-argilosos a meiofauna concentra-se nos
primeiros centímetros (Tietjen, 1969; Boucher, 1979; Warwick,1971; Heip et al. 1985; Vanhove,
1993) estando, desta forma, submetida à ação da dinâmica das águas
De acordo com os caracteres morfológicos relacionados com o hábito alimentar os nematoda
ocupam diferentes posições na cadeia trófica do bentos (Heip et al., 1985). Muitas espécies
alimentam-se de bactérias, microalgas, detritos e possivelmente matéria orgânica, além de um
grande número ter hábito predador, ingerindo outros Nematoda, Oligochaeta, Polychaeta e outros
organismos meiofaunísticos (Platt & Warwick, 1983; Heip et al., 1985; Medeiros, 1989, 1998). Em
estuários, onde há grande quantidade de matéria orgânica, os Nematoda habitam os primeiros
centímetros da camada sedimentar, pois a camada oxi-redutora do sedimento é bastante superficial.
Sua importância neste ambiente está ligada sobretudo à facilidade de biomineralização da matéria
orgânica, à sensibilidade aos inputs antropogênicos e ao grande papel na teia trófica bentônica
(Coull, 1999). O sucesso ecológico das comunidades de Nematoda está no grande número de
espécies presentes em qualquer que seja o habitat (Vinx, 1990). Bouwman (1983) aponta razões
para explicar o sucesso adaptativo e a dominância dos Nematoda, como a tolerância do grupo, como
táxon, à uma variedade de estresse ambiental (diversidade de espécies). Heip & Decraemer (1974)
afirmaram que a diversidade é um dos importantes parâmetros usados na descrição de uma
comunidade. A abundância e a estrutura da comunidade de Nematoda é também sensível ao
tamanho dos grãos do sedimento (Van Damme et al. 1980; Li & Vincx, 1993). Sob condições de
estresse ambiental, seja através de perturbações naturais ou artificiais, os Nematoda são capazes de
colonizar os sedimentos e tendem a se localizar nos primeiros centímetros (Palmer, 1988). Em
praias a meiofauna, como resposta às correntes de maior velocidade, tendem a se enterrar (Fegley,
1987). A esse respeito, comenta Palmer (1984) que o deslocamento vertical aparece como um
comportamento para evitar o risco de serem carreados pela erosão. Em estuários, onde geralmente
há ocorrência de sedimentos arenolamosos, senão lamosos e grande quantidade de matéria orgânica,
os Nematoda habitam os primeiros centímetros da camada sedimentar, pois a camada oxi-redutora
do sedimento é bastante superficial.
Os parâmetros ambientais podem afetar a distribuição da fauna marinha e pode estar
relacionado com variações na concentração de salinidade, de nutrientes e sedimento em suspensão
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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Prog. Ser., 18: 97-111
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo registrar a atividade de voo da abelha sem ferrão Frieseomelitta
doederleini nidificada em árvore de jucazeiro (Caesalpinia ferrea), em área de vegetação natural da
caatinga, durante as estações seca e chuvosa, no município de Marcelino Vieira, RN, semiárido
brasileiro. O estudo foi realizado no período de abril, maio e setembro de 2016. As coletas de dados
foram realizadas durante cinco dias não consecutivos nas estações secas e chuvosas do ano, com
observações de dez minutos em intervalos de uma hora, entre 07h20 até às 16h30, próximo à
entrada da colônia. Foram registrados o número de abelhas operárias que entraram e saíram do
ninho com algum material visível ou sem carga. À vista disso, foram registradas durante o período
chuvoso 509 abelhas em atividade externa ao longo dos cinco dias de observação, sendo 265
entrando e 244 saindo do ninho. No período seco, foram contabilizadas 664 campeiras entrando e
616 saindo da colônia, totalizando 1280 abelhas. Observou-se que os valores de todas as atividades
externas exercidas pelas abelhas foram maiores durante o período seco, com exceção do
comportamento para coleta de resina. Contudo, essas diferenças não foram significativas (p > 0,05)
para todas as comparações, exceto para as abelhas que entraram e saíram da colônia sem carga
visível (p < 0,05). Este estudo possibilitou o entendimento sobre as atividades de voo da abelha sem
ferrão F. doederleini em uma área de domínio da caatinga, gerando informações úteis para estudos
científicos, ações de manejo e conservação dessas abelhas em ambientes naturais e agroambientes.
Palavras-chave: abelhas sem ferrão, ecologia de abelhas, padrão de forrageamento, Caatinga.
ABSTRACT
The objective of this work was to record the activity of Frieseomelitta doederleini stingless bees
(Caesalpinia ferrea) nested in an area of natural vegetation of the caatinga during the dry season in
the municipality of Marcelino Vieira, RN, Brazilian semi-arid. The data were collected during five
non-consecutive days in the dry and rainy seasons of the year, with observations of ten minutes at
one-hour intervals, between 07:20 and 16:30, beside the colony entrance. The number of worker
bees that entered and exited the nest with some visible or unloaded material was recorded. In view
of this, 509 bees were recorded during the rainy season during the five days of observation, with
265 entering and 244 coming out of the nest. In the dry period, 664 entered and 616 coming out of
the colony, totaling 1280 bees. It was observed that the values of all external activities performed by
the bees were higher during the dry period, except for the resin collection behavior. However, these
differences were not significant (p > 0.05) for all comparisons, except for the bees that entered and
left the colony without a visible load (p < 0.05). This study allowed the understanding of the flight
activities of the stingless bee F. doederleini in an area of the caatinga domain, generating useful
information for scientific studies, management actions and conservation of these bees in natural
environments and agroenvironment.
Keywords: stingless bees, bee ecology, foraging pattern, Caatinga.
INTRODUÇÃO
As abelhas sem ferrão, também conhecidas como meliponíneos, estão agrupadas na família
Apidae e apresentam comportamento social (SILVEIRA et al., 2002). O tamanho do corpo dessas
abelhas pode variar de muito pequeno a médio (MICHENER, 2000), permitindo grande diversidade
quanto aos hábitos de nidificação e estabelecimento de colônias em ocos de árvores, no solo, fendas
de pedras e associadas à ninhos de formigas e cupins (BATISTA et al., 2003; ROUBIK, 2006;
CARVALHO et al. 2014).
A distribuição geográfica das abelhas sem ferrão é comumente observada em regiões
tropicais e subtropicais do planeta (MICHENER, 2000; MICHENER, 2013), apresentando maior
diversidade na região Neotropical, sendo que o Brasil possui maior riqueza de espécies descritas
(SILVEIRA et al., 2002; CAMARGO e PEDRO, 2008), pouco mais de 300 espécies
(CORTOPASSI-LAURINO e NOGUEIRA-NETO, 2016). Contudo, devido a alterações de seus
habitats naturais causadas por ações antrópicas degradantes, diversas espécies de abelhas sem ferrão
nativas das áreas de domínio das caatingas estão seriamente ameaçadas de extinção (PEREIRA et
al., 2006), denotando, portanto, uma diminuição acentuada do número de espécies de abelhas
presentes nas matas brasileiras (KERR et al., 1996; SILVA e PAZ, 2012).
Em razão das abelhas sem ferrão apresentarem facilidades no manejo, haja vista que
possuem baixa defensividade, possibilidade de uso em casa de vegetação e resistência à doenças
(HEARD, 1999; CRUZ et al., 2004), além de, notoriamente, se configurarem como as principais
responsáveis pelo serviço de polinização realizado em diversas plantas nativas e cultivadas (KERR,
1997; FREITAS e SILVA, 2015), estas se mostram como uma alternativa frente às abelhas
melíferas (Apis mellifera) para utilização em programas de polinização de culturas agrícolas (PICK
e BLOCHTEIN, 2002).
Para tanto, faz-se necessário a realização de estudos sobre as atividades de voo em abelhas
sem ferrão, com o intuito de obter informações para ampliar a compreensão de seus padrões de
forrageamento (NOGUEIRA-NETO, 1997; PICK e BLOCHTEIN, 2002) que, por sua vez, podem
apresentar comportamento influenciados por fatores externos, como temperatura, umidade,
luminosidade, vento e disponibilidade de recursos no ambiente (KLEINERT-GIOVANNINI, 1982;
METODOLOGIA
Área de estudo
O trabalho foi realizado na zona rural do município de Marcelino Vieira (6° 17′ 38″ S e 38°
10′ 4″ W), Rio Grande do Norte. O clima característico do local é o semiárido (Bsh), apresentando
temperaturas médias históricas de 28 ºC, umidade relativa do ar em torno de 66% e volume de
chuvas anual de aproximadamente 700 mm, irregularmente distribuídos, com período chuvoso
concentrado entre os meses de fevereiro a maio. A vegetação é a caatinga hiperxerófila,
caracterizada pela presença de arbustos espinhosos, abundância de cactáceas e plantas de porte
baixo (BELTRÃO et al., 2005; IDEMA, 2008; IBGE, 2017).
As observações foram realizadas durante cinco dias não consecutivos, na estação chuvosa
(março e abril de 2016) e na estação seca (setembro de 2016). Foi utilizado um ninho natural da
abelha sem ferrão Frieseomelitta doederleini, nidificado em árvore de jucazeiro (Caesalpinia
ferrea). As coletas de dados foram realizadas através de observações feitas próximo à entrada da
colônia, durante 10 minutos de cada hora, entre 07h20 e 16h30. Em cada horário de observação foi
contabilizado o número de abelhas operárias que entraram na colônia com carga visível (pólen ou
resina) e não visível (néctar ou água) e as que saíram da colônia removendo algum material (lixo)
ou sem carga
Os dados coletados referentes a cada um dos comportamentos observados nos dois períodos
do ano foram analisados com auxílio do software Microsoft Excel 15.0 (Office 2013), para
obtenção de médias e desvios padrão. Para testar a hipótese de diferença entre o número de
observações de determinado comportamento entre os períodos chuvoso e seco, foi utilizado o teste
de Mann-Whitney, com nível de significância de 5% (ZAR, 1999).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o período chuvoso, foram registradas 509 abelhas em atividade ao longo dos cinco
dias de observação, sendo 265 entrando e 244 saindo do ninho. No período seco, foram
contabilizadas 664 campeiras entrando e 616 saindo da colônia, totalizando 1.280 abelhas
realizando atividades externas ao longo do período de observação. O número total de abelhas com
seus respectivos percentuais e a distribuição destas de acordo com as atividades externas exercidas,
nos períodos chuvoso e seco, são apresentados na Tabela 1.
Tabela 1. Atividade diária de voo, percentual de cargas coletadas pelas abelhas Frieseomelitta doederleini e
valores de probabilidade (Mann-Whitney) entre as coletas nos períodos chuvoso e seco no município de
Marcelino Vieira, Rio Grande do Norte, Brasil.
Período do Ano Mann-Whitney
Entrada Chuvoso (março/2016) Seco (setembro/2016) (n=100)
Pólen 73 (27,5%) 117 (17,6%) p = 0,0565
Néctar/Água 113 (42,7%) 492 (74,1%) p < 0,0001
Resina 79 (29,8%) 55 (8,3%) p = 0,1019
Saída
Lixo 114 (46,7%) 136 (22,1%) p = 0,6892
Sem carga 130 (53,3%) 480 (77,9%) p < 0,0001
Observou-se que os valores de todas as atividades externas exercidas pelas abelhas foram
maiores durante o período seco do que no período chuvoso, exceto para coleta de resina, pois esta
auxilia na impermeabilização da colmeia durante o período chuvoso, principalmente. No entanto,
essas diferenças não foram significativas (p > 0,05) para todas as comparações, exceto para as
abelhas que entraram e saíram da colônia sem carga visível (p < 0,05) (Tabela 1). À vista disso,
pode-se atribuir esses resultados ao fato de que essa região apresenta temperaturas mais intensas no
período seco, o que estimula o maior fluxo de entrada e saída de abelhas para coleta de recursos que
contribuam para a termorregulação de suas colônias e reduzam a produção de calor metabólico nos
ninhos (ROUBIK e PERALTA, 1983; SEELEY, 2006; SUNG et al., 2008).
Durante o período chuvoso, observou-se um grande número de abelhas saindo sem carga da
colônia (53,3%), possivelmente devido à grande oferta de recursos, principalmente néctar,
disponibilizados por uma ou mais plantas nesse período (RIBEIRO et al., 2012). Além disso, ainda
no período chuvoso, pôde-se observar um significativo número de abelhas retornando à colônia com
néctar/água (42,7%), o que poderia justificar essa quantidade de abelhas saindo da colônia em busca
de recursos florais. Foram observadas abelhas entrando com resina (29,8%) e pólen (27,5%) no
ninho e retirando lixo da colônia (46,7%), nesse mesmo período (Tabela 1).
No período sem chuvas, as abelhas F. doederleini também apresentaram maior atividade de
voo para coleta de néctar/água (74,1%), seguido pela coleta de pólen (17,6%) e resina (8,3%)
(Tabela 1). No entanto, o número de operárias realizando tais atividades foi muito maior no período
seco, quando comparado ao período chuvoso, com exceção para a coleta de resina. Observou-se,
ainda, um grande percentual de abelhas saindo do ninho sem carga (77,9%) nesse período (Tabela
1), possivelmente pela necessidade de termorregulação da colônia, tendo em vista que nessa estação
do ano ocorre um aumento gradativo da temperatura do ambiente para a região do semiárido
potiguar (SOUZA et al., 2014).
Contudo, verificou-se que as atividades externas ocorreram durante todo o dia, com as
maiores quantidades de cargas de pólen sendo coletadas no período da manhã para a estação
chuvosa (Tabelas 2 e 3). Alguns autores relatam que as abelhas sem ferrão têm preferência por
coletar pólen nas primeiras horas da manhã, possivelmente por causa da grande oferta desse recurso
pelas plantas que concentram a produção de pólen no período matutino, como também devido a
redução da sua oferta pelo forrageamento de outros visitantes florais ao longo do dia (PIERROT e
SCHLINDWEIN, 2003; BORGES e BLOCHTEIN, 2005; OLIVEIRA et al., 2012). No período
seco, o maior percentual de coleta de pólen ocorreu no período da tarde (Tabela 2 e 4),
possivelmente pelo fato de que algumas flores produtoras de pólen têm seus florescimentos
associados à períodos secos (SOUSA, 2010), ofertando, provavelmente, uma maior quantidade de
pólen no período da tarde, o que induziu as abelhas F. doederleini aproveitarem ao máximo a oferta
desse recurso durante esse momento de escassez de alimento.
Tabela 2. Atividade diária de voo e percentual de cargas coletadas pelas abelhas Frieseomelitta doederleini
nos períodos da manhã e da tarde, durante os períodos chuvoso e seco, no município de Marcelino Vieira,
Rio Grande do Norte, Brasil.
Material Coletado
Período Chuvoso
Entrada Manhã Tarde
Pólen 41 (15,5%) 32 (12,1%)
Néctar/Água 52 (19,6%) 61 (23,0%)
Resina 27 (10,2%) 52 (19,6%)
Saída Manhã Tarde
Lixo 27 (11,1%) 87 (35,7%)
Sem carga 49 (20,1%) 81 (33,2%)
Período Seco
Entrada Manhã Tarde
Pólen 32 (4,8%) 85 (12,8%)
Néctar/Água 153 (23,0%) 339 (51,0%)
Resina 12 (1,8%) 43 (6,4%)
Saída Manhã Tarde
Lixo 16 (2,5%) 120 (19,4%)
Sem carga 174 (28,2%) 306 (49,6%)
Tabela 3. Número médio de abelhas Frieseomelitta doederleini entrando e saindo do ninho ao longo do dia,
durante o período chuvoso, no município de Marcelino Vieira, Rio Grande do Norte, Brasil.
Entrada Saída
Horários Pólen Resina Néctar/Água Lixo Sem carga
7h20-7h30 0,8±0,83 0,4±0,54 2,2±1,30 0,6±0,89 1,8±1,30
8h20-8h30 1±1,41 0,2±0,44 1,2±1,09 0,2±0,44 1±0.70
9h20-9h30 1,4±0,54 1,4±1,34 0,6±0,54 1±1,22 1,8±1,78
10h20-10h30 3±2 1,4±0,54 2,8±1,09 1,4±1,67 2,2±1,92
11h20-11h30 2±1 2±0,70 3,6±3,20 2,2±1,78 3±3,67
12h20-12h30 1,6±2,07 1,8±1,30 1,6±2,07 4,6±3,71 3±3
13h20-13h30 1±1 0,4±0,54 1±1 2±0,70 2,8±0,83
14h20-14h30 1,4±1,14 1±1,41 2±2 0,6±1,34 2±1
15h20-15h30 1,2±0,83 3±1,87 2,4±4,33 4,2±1,30 2±2,7
16h20-16h30 1,2±0,83 4,2±2,16 5,2±2,86 6±3,08 6,4±1,81
Tabela 4. Número médio de abelhas Frieseomelitta doederleini entrando e saindo do ninho ao longo do dia,
durante o período seco, no município de Marcelino Vieira, Rio Grande do Norte, Brasil.
Entrada Saída
Horários Pólen Resina Néctar/Água Lixo Sem carga
7h20-7h30 0,8±0,74 0,8±0,97 3,6±1,35 0,6±0,48 3,6±2,87
8h20-8h30 1±1,26 0,6±1,20 2,4±0,80 0,4±0,48 4,6±3,77
9h20-9h30 1,6±1,01 0,2±0,40 6,2±3,96 0,4±0,80 4,8±2,48
10h20-10h30 1,4±1,49 0,4±0,48 6,4±3,55 0,8±1,16 10±6,41
11h20-11h30 1,6±1,49 0,4±0,48 12±5,09 1±1,54 11,8±6,49
12h20-12h30 1,6±1,49 1,4±1,20 8,8±2,78 2±1,41 13,6±7,86
13h20-13h30 3,2±1,72 1,2±1,46 19,4±9,76 3,6±4,02 15,6±10,70
14h20-14h30 5,2±4,16 2,6±1,62 15,4±2,72 4,8±3,42 11,4±4,63
15h20-15h30 4±2,09 0,8±1,16 11±3,89 6,2±5,03 11,2±2,71
16h20-16h30 3±1,78 2,6±1,20 13,2±12,96 7,4±6,34 9,4±4,92
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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Juliana SIMIAO-FERREIRA
Docente da Universidade Estadual de Goiás
j_simiaoferreira@yahoo.com.br
RESUMO
O ensino de ciências por investigação tem o propósito de desenvolver no aluno a capacidade de
argumentação, bem como suas capacidades cognitivas a partir da apresentação de um problema que
esteja consonante com suas experiências e desenvolvimento intelectual. Portanto, essa abordagem
de ensino pode ser muito útil para tratar de temas ambientais visto que nesse modelo de ensino as
atividades são desenvolvidas a partir de um problema. Portanto, o objetivo deste trabalho foi aplicar
e verificar as contribuições de uma intervenção pelo uso de sequência didática investigativa em
ambientes não formais para construção do conhecimento científico sobre os impactos ambientais e
biodiversidade aquática. Os sujeitos da pesquisa foram 56 alunos matriculados regularmente no 7º
ano do ensino fundamental de uma escola da rede pública do Estado de Goiás no perímetro urbano
da cidade de Teresópolis de Goiás. A atividade de investigação para o entendimento de impactos
ambientais no ambiente aquático e sua relação com a biodiversidade foi desenvolvida em quatro
etapas em dois espaços não formais de educação, o Laboratório de Pesquisas Ecológicas e
Educação Científica da Universidade Estadual de Goiás (LAB-PEEC/UEG) e na trilha ecológica do
Campus. Para verificar a eficácia da atividade foi utilizado questionário aberto e uso de desenhos da
biodiversidade em um ambiente aquático preservado e em um degradado. Foi possível observar que
antes das atividades os alunos representaram principalmente peixes, repteis e animais marinhos,
desenharam poucos invertebrados e após as atividades as crianças mostraram ter compreendido
mais a biodiversidade presente em ambientes aquáticos como rios e riachos, com desenhos mais
realistas e com mais representantes das comunidades aquáticas. A realização das atividades em
ambientes não formais contribuiu para o maior interesse e envolvimento dos alunos que mostraram-
se motivados.
Palavras-chave: Ensino por Investigação, Ensino de ciências, Degradação Ambiental.
ABSTRACT
The inquiry-based learning sciences aims to develop in the student the capacity for argumentation,
as well as their cognitive abilities from the presentation of a problem that is consonant with their
experiences and intellectual development. Therefore, this teaching approach can be very useful to
deal with environmental issues since the activities are developed from a problem in this teaching
model. Therefore, the objective of this study was to verify the contributions of an intervention
through the use of a didactic investigative sequence in non-formal environments for the
construction of scientific knowledge on environmental impacts and aquatic biodiversity. The
research subjects were 56 students enrolled regularly in the 7th grade of a public school in the state
of Goiás, in the urban perimeter of the city of Teresópolis de Goiás. Research activities were carried
out in four =stages, two at non-formal educational spaces, one at The Laboratory of Ecological
Research and Scientific Education of the State University of Goiás (LAB-PEEC / UEG) and at the
ecological trail of the Campus. The research activity for the understanding of environmental
impacts on the aquatic environment and its relation with biodiversity was developed in four
meetings. To verify the effectiveness of the activity on the students knowledge and perception of
these organisms, an open questionnaire and use of biodiversity drawings were used in a preserved
and degraded aquatic environment. It was possible to observe that before the activities the students
represented mainly fish, reptiles and marine animals, they draw only a few invertebrates and after
the activities, the children seemed to have understood much more the biodiversity present in aquatic
environments, like rivers and streams, with more realistic drawings, with more representatives of
aquatic communities. The performance of activities in non-formal environments contributed to the
greater interest and involvement of the students who were motivated.
Keywords: Inquiry-based learning, Science education, environmental degradation.
INTRODUÇÃO
De acordo com Jacobucci (2008) o termo ―espaço não formal‖ é utilizado por pesquisadores
em Educação, professores de diversas áreas do conhecimento e profissionais que trabalham com
divulgação científica para descrever lugares, diferentes da escola, onde é possível desenvolver
atividades educativas. Rink e Neto (2009) observaram em seus estudos que na educação ambiental
existe um forte interesse em questões voltadas para o âmbito formal de ensino, ou seja, a maior
parte dos estudos são direcionados ao contexto escolar. Todavia, as iniciativas de EA em ambientes
não formais remetem a algumas discussões que não são recentes. Ainda de acordo com esses
autores, a organização espaço-tempo flexível das instituições que adotam uma abordagem de ensino
em ambientes não formais permite maior liberdade na escolha de conteúdos, ampliando as
possibilidades de executar estratégias metodológicas não-tradicionais, criando atividades
interdisciplinares e ligadas a problemáticas atuais. Isso confere a tais espaços um potencial
significativo no sentido de motivar e sensibilizar o público visitante para as questões trabalhadas.
Um tema bastante negligenciado é a biodiversidade aquática e o efeito de impactos
ambientais (ANGELINI et al., 2011). No entanto, sabe-se que a popularização de conhecimentos
sobre a biodiversidade possibilita a implementação de estratégias educacionais para fomentar as
atitudes positivas nos alunos em relação à conservação (KILINK et al., 2013). Segundo Angelini et
al., (2011) atividades de campo ou em espaços de ciências possibilitam a compreensão de questões
ambientais e de conservação da biodiversidade, principalmente, por proporcionar uma aproximação
com os objetos estudados e por despertar bastante interesse em alunos da educação básica.
É notável que nos últimos anos as atividades antrópicas tenham exercido grande impacto
ambiental nos ecossistemas aquáticos. Como consequência destas atividades, tem-se observado uma
expressiva queda da qualidade da água e perda de biodiversidade aquática (GOULART e
CALLISTO, 2003). Entretanto, os organismos aquáticos são pouco conhecidos popularmente,
principalmente os insetos que vivem pelo menos uma fase da vida na água. Partindo do princípio de
que a conservação é diretamente proporcional ao conhecimento a cerca do que deve ser preservado,
acreditamos que divulgação do conhecimento científico pode ser uma ferramenta auxiliar na
conservação da biodiversidade pela aproximação de crianças com o conhecimento ecológico e
assim, gerar uma maior compreensão, por exemplo, dos impactos gerados pelas alterações
antrópicas sobre a biodiversidade de ambientes naturais (ANGELINI et al., 2011). Desta forma, este
trabalho objetiva aplicar e verificar as contribuições de uma sequência didática investigativa para
abordar impactos ambientais e biodiversidade aquática em ambientes não formais, de modo a
popularizar conhecimentos ecológicos pouco estudados no ambiente escolar.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
ambiental?‖ Em grupos, os alunos formularam suas hipóteses. Nesse momento o professor atuou
como orientador dos grupos, sem interferir com respostas prontas. Basicamente todos os grupos
propuseram que os organismos que vivem dentro daquele rio morreriam com a degradação de sua
mata ciliar. O desenvolvimento do conhecimento científico requer que o professor proponha
problemas aos estudantes e são estes problemas que irão estimular a ação dos mesmos, pois ―ele
motiva, desafia, desperta interesse e gera discussões‖ (CARVALHO et al., 2007).
A avaliação dos desenhos feitos antes da execução das atividades mostrou que os alunos
possuem uma concepção distorcida da biodiversidade de um ambiente aquático de água doce, pois
foram desenhados cenários com alta predominância de peixes e com a presença de animais
marinhos (Figura 1). Após a intervenção, percebeu-se com maior frequência, a representação por
meio do desenho, de um cenário com mais biodiversidade, os peixes ainda predominaram, mas
houve maior quantidade de representação de macroinvertebrados aquáticos bem como de répteis e
mamíferos em ambiente aquático com mata ciliar preservada (Figura 2).
Figura 1. Frequência de cada táxon representado pelas crianças no desenho antes das atividades
investigativas.
Figura 2. Frequência de cada táxon representado pelas crianças no desenho depois das atividades
investigativas.
Antes das atividades investigativas os alunos propuseram como hipótese para um rio
degradado a morte ou ausência de todos os seres vivos que ali viviam, isso se mostra evidente
também nos desenhos elaborados no questionário respondido anteriormente às atividades. Segundo
Ferreira (1998), a criança desenha para significar seu pensamento, sua imaginação, seu
conhecimento, criando um modo simbólico de objetivação desses pensamentos.
Após as atividades os desenhos foram mais realistas, com mais representantes das
comunidades aquáticas (Figura 3). Para Ferreira e Silva (2004), o desenho que a criança desenvolve
no contexto das atividades escolares é um produto de sua atividade mental e reflete sua cultura e seu
desenvolvimento intelectual, e nesse caso foi por meio deles os alunos representaram a
biodiversidade em um ambiente aquático preservado e em um ambiente aquático degradado.
Figura 3. Desenho mostrando que antes das atividades investigativas (A) as crianças demonstravam pouco
conhecimento sobre a biodiversidade aquática. Depois das atividades (B) desenharam um ambiente com
maior biodiversidade aquática.
Antes das atividades os táxons de animais com maior frequência de representações nos
desenhos foram peixes (91%, n= 52) e répteis (25%, n= 14), além disso alguns alunos antes das
atividades representaram uma biodiversidade menor em ambiente aquático sem mata ciliar (12,5%,
n=7). Cirilo (2016) encontraram resultados semelhantes a esse, com desenhos representando a perda
da diversidade (número de espécies) e o aumento da dominância de uma espécie de peixes nos rios
sem mata ciliar. Poucos alunos (5,3%, n=3) desenharam os ambientes aquáticos (preservado e
degradado) sem nenhum organismo. Alguns alunos representaram os animais mortos no rio sem
mata ciliar (33%, n=19), também representaram atividades antrópicas como causa para a perda da
biodiversidade do ambiente, tanto antes como depois das atividades (12,5%, n= 7).
Os resultados sugerem que as crianças que participaram do presente estudo, além possuírem
previamente uma concepção simplista sobre a biodiversidade aquática, muitos desconheciam a
importância da pecuária como ameaça à biodiversidade do Cerrado. Klink e Machado (2005)
mostram que uma área de aproximadamente 65.874.145 ha (41% da área central do bioma) é
utilizada para plantação de pastagens para o gado, e isso gera um ameaça à biodiversidade. Apesar
disso, as crianças mostram acreditar que a criação de gado não representa um impacto ambiental, e
isso ficou evidente em dois momentos, o primeiro durante a primeira aula sobre ―Impactos
Ambientais em Ambientes Aquáticos‖, em meio as discussões, quando perguntados: ―Quais os
animais típicos do Cerrado vocês conhecem?‖ A resposta da turma foi unanime: ―A vaca‖. Outro
momento em que esse desconhecimento ficou evidente foi durante as análises dos desenhos, em que
a pastagem e as vacas foram representadas em ambientes preservados. Isso se dá, provavelmente,
devido ao fato do tema Cerrado ser negligenciado nos conteúdos escolares (BIZERRIL; FARIA,
2003). Além disso, pode-se associar essa visão a respeito da paisagem com o contexto em que as
crianças desse estudo estão crescendo.
Barbosa-Lima e Carvalho (2008) acreditam que o desenho realizado pelos alunos possa ser
um instrumento precioso de avaliação para o professor perceber quando e porque deve voltar a tocar
naquele assunto para que o aluno possa pensar sobre ele e procurar resolvê-lo construindo soluções
mais adequadas, buscando sanar suas dúvidas e desenvolver mais e melhor seu raciocínio. No
presente trabalho nota-se que as representações em forma de desenho foram eficazes para analisar o
efeito da atividade investigativa na concepção que as crianças traziam sobre biodiversidade aquática
e impactos ambientais e ainda o conjunto dos desenhos mostrou que após a intervenção os alunos
representaram com maior frequência e precisão organismos característicos desse ambiente.
Além de habilidades como escrever e desenhar, o saber comunicar procedimentos de forma
organizada é importante na construção do conhecimento científico, uma vez que existe uma
recapitulação do conteúdo. Segundo Vieira (2012), ao oportunizar esta comunicação, o ensino por
investigação permite que significados adquiridos sejam evidenciados, oportunizando uma
aprendizagem significativa. Os alunos, com auxilio da professora, organizaram suas observações e
registros escritos para a confecção de materiais como cartazes e maquetes, esta etapa foi a
sistematização dos conhecimentos. Nessa etapa, o professor com perguntas do tipo ―como e por
quê‖ busca do aluno o entendimento que eles tiveram do processo, permitindo com isso a passagem
da ação manipulativa à ação intelectual (SASSERON; CARVALHO, 2014). Essa sistematização se
deu na escola na semana após as atividades na trilha e no laboratório. Os materiais produzidos pelas
três turmas sintetizavam o conhecimento científico adquirido/produzido após a realização das
atividades anteriores. A exposição foi realizada para todas as turmas que participaram das
atividades, além dos professores.
Seguem alguns trechos do momento de sistematização: ―A nossa maquete é dividida em
mata galeria e mata seca. Durante nossa visita na UEG vimos os insetos aquáticos, e observamos
eles na lupa. Nós visitamos a mata seca e depois a mata galeria, na mata galeria vimos animais e
várias plantas, no rio não tem peixes, lá no laboratório nós aprendemos sobre a importância da
mata galeria e no rio coletamos muitos insetos como libélula, mas lá estava degradado‖ (Estudante
x)
Diante disso, foi proposta uma discussão a fim de esclarecer esses argumentos e organizá-
los, pode-se entender que o argumento é o esclarecimento intencional de um raciocínio durante ou
após a sua elaboração (COSTA, 2008). Então, foi perguntado: ―Depois de tudo que discutimos
durante as aulas e durante as visitas ao laboratório e trilha, além do o que vocês observaram
durante as coletas dos insetos no córrego Barreiro, o que vocês notaram de diferente nas ideias
que vocês tinham sobre os animais que vivem dentro do rio?‖. Outro aluno do grupo respondeu:
―Ah professora, eu pensava que todos os animais morriam, não sobrava nenhum, mas não é assim
que acontece. O que acontece é que quando desmata na beira do rio o barranco cai porque não
tem raiz, e caiu e virou só lama, aí os animais que vivem lá vão ficando sem alimento porque tem
os insetos que se alimentam de raízes e vivem nelas, então esses vão morrer, os que se alimentam
desses vão morrer, só vão sobrar os resistentes, e você percebe que não são todos que morrem‖.
As atividades desenvolvidas possibilitaram aos alunos o acesso ao conhecimento científico
por meio da investigação, eles próprios construíram as percepções sobre o ambiente que visitaram e
sobre os impactos ambientais que este sofria. O ensino por investigação permite ao aluno participar
do processo de ensino-aprendizagem e com isso ele fixa muito mais o que aprende e pode fazer
relações com os assuntos já estudados anteriormente (SASSERON, 2015).
CONSIDERAÇOES FINAIS
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2009
RESUMO
Na zona entremarés da praia dos Carneiros, a malacofauna presente no recife arenítico sofre
diariamente com diversos fatores que podem influenciar a distribuição e a diversidade. Entre os
fatores, podemos citar as chuvas. Assim, o objetivo do presente trabalho é verificar se a diversidade
da malacofauna no recife arenítico da Praia dos Carneiros (PE: Brasil) é influenciada pela
precipitação pluviométrica (mm). Coletas de moluscos foram realizadas na praia por meio de
transectos (10 x 10m) e quadrantes (25 x 25 cm) em três poças marinhas na área recifal durante dois
meses da estação chuvosa (abril e junho/2016) e dois meses da estação seca (janeiro e
novembro/2016). Na identificação taxonômica utilizou-se a literatura especializada e os dados da
precipitação pluviométrica foram obtidos com a APAC. Paralelamente foi utilizada a Frequência de
Ocorrência (%) para classificar os moluscos e o Coeficiente de correlação de Pearson para
correlacionar a inter-relação dos moluscos com a precipitação pluviométrica. Foram identificadas
dezoito espécies, sendo catorze gastrópodes, três bivalves e um da Classe Polyplacophora. Cinco
espécies foram encontradas em todos os meses amostrados, sendo classificadas como constantes. O
maior número de espécies ocorreu na estação chuvosa. O mês de abril apresentou a maior
diversidade e os meses de janeiro e novembro os menores números de espécies. Em relação a
precipitação pluviométrica, a precipitação mensal caiu na maioria dos meses em relação aos anos
anteriores. Abril teve a maior precipitação e novembro a menor, ocorrendo uma correlação positiva
entre o número de espécies e a precipitação pluviométrica. Assim, os moluscos representaram três
classes e a precipitação pluviométrica influenciou positivamente na diversidade de moluscos. São
necessários mais estudos acompanhando as espécies e aumentar as políticas de preservação do
ecossistema recifal.
Palavras-chaves: Bivalvia; Gastropoda; Polyplacophora; Recife arenítico; Zona entremarés.
ABSTRACT
In the intertidal zone of Carneiros beach, the malacofauna present in the sandy reef suffers daily
with several factors that can influence the distribution and the diversity. Among the factors, we can
mention the rains. Thus, the objective of the present work is to verify if the diversity of the
malacofauna in the sandstone reef of Carneiros beach (PE: Brazil) is influenced by rainfall (mm).
Mollusks collections were carried out on by means of transects (10 x 10 m) and quadrants (25 x 25
cm) in three marine pools in the reef area during two months of the rainy season (April and
June/2016) and two months of dry season (January and November/2016). In the taxonomic
identification the specialized literature was used and the rainfall data were obtained with the APAC.
At the same time, the Frequency of Occurrence (%) was used to classify the molluscs and Pearson's
correlation coefficient to correlate the interrelationship between molluscs and rainfall. Eighteen
species were identified, being fourteen gastropods, three bivalves and one of the Polyplacophora
Class. Five species were found in all the months sampled, being classified as constants. The largest
number of species occurred in the rainy season. The month of April presented the greatest diversity
and the months of January and November had the lowest numbers of species. In relation to rainfall,
the monthly precipitation fell in most months compared to previous years. April had the highest
rainfall and November had the lowest, occurring a positive correlation between the number of
species and rainfall. Thus, molluscs represented three classes and rainfall influenced positively the
diversity of molluscs. More studies are needed to accompany the species and to increase policies for
the preservation of the reef ecosystem.
Keywords: Bivalvia; Gastropoda; Polyplacophora; Sandstone reef; Intertidal zone.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Figura 1: Localização da área recifal da praia dos Carneiros, Tamandaré, Pernambuco, Brasil. Fonte: Pereira
Júnior; Silva; Sônia-Silva (2017).
RESULTADOS
ES EC
Espécie CL JA N A JU FO
Astraea tecta olfersii Philippi, 1846 G X X X X C
Cerithium atratum Born, 1778 G X X X X C
Stramonita haemastoma Linnaeus, 1767 G X X X X C
Pisania pusio Linnaeus, 1758 G X X X X C
Mytilaster solisianus d‘Orbigny, 1842 B X X X X C
Columbella mercatoria Linnaeus, 1758 G X X X F
Ischnochiton hartmeyeri Thiele, 1910 P X X X F
Morula nodulosa C. B. Adams, 1845 G X X X F
Tegula viridula Gmelin, 1791 G X X PF
O maior número de espécies ocorreu na estação chuvosa (n= 17), sendo que Tegula viridula,
Fissurella nimbosa¸ Arca imbricata, Diodora cayenensis¸ Monoplex parthenopeus, Tivela
mactroides, Phrontis polygonata, Conus regius e Cassis tuberosa ocorreram somente nesta estação.
Enquanto que na estação seca ocorreu nove espécies, sendo Hemitoma octoradiata exclusiva dessa
estação. O mês de abril apresentou o maior número de espécies (n = 15) e os meses de janeiro e
novembro apresentaram os menores números, com sete espécies cada. Com relação aos dados de
precipitação pluviométrica, o mês com maior precipitação foi abril com 222,8 mm. Já o mês com
menor precipitação foi novembro com 18,6 (Figura 2). A média da precipitação pluviométrica foi de
108,1 mm e de acordo com o Coeficiente de correlação de Pearson, houve correlação positiva (r =
0,797) entre a precipitação pluviométrica e a diversidade de espécies.
Figura 2: Número de espécies correspondentes à Precipitação pluviométrica (mm) nos meses de coleta.
DISCUSSÃO
Nos últimos anos a malacofauna da Praia dos Carneiros tem sido alvo de diversas pesquisas.
Pereira Júnior; Silva; Sônia-Silva (2016) ―identificaram seis bivalves e doze gastrópodes, incluindo
Stramonita haemastoma, Conus regius, Astraea tecta olfersii, Columbella mercatoria, Pisania
pusio, Tivela mactroides e Mytilaster solisianus‖. Enquanto Pereira Júnior; Silva; Sônia-Silva
(2017) ―encontraram Cerithium atratum, Stramonita haemastoma, Astraea tecta olfersii, Morula
nodulosa, Pisania pusio, Columbella mercatoria, Cassis tuberosa, Tegula viridula, Arca imbricata e
Ischnochiton hartmeyeri‖. Além disso, todas as espécies identificadas no presente estudo já foram
registradas em Pernambuco por outros autores (Rios, 1994; Tenório; Luz; Melo, 2002; Melo-
Ferreira et al., 2016).
Pereira Júnior; Silva; Sônia-Silva (2016) ―registraram Mytilaster solisianus com frequência
de 100%; Astraea tecta olfersii, Stramonita haemastoma e Columbella mercatoria com 70% a 40%
de frequência e Conus regius, Pisania pusio e Tivela mactroides com frequência entre 40% e 10%‖.
Melo-Ferreira et al. (2016) ―encontraram Astraea tecta olfersii, Stramonita haemastoma e
Mytilaster solisianus em todos os prontos amostrados‖. Jesus (2000) ―considerou Fissurella
nimbosa como constante e com frequência acima de 50% no Recife Ponta Verde em Maceió (AL)‖.
Mota (2011) ―registou as espécies Arca imbricata, Tegula viridula, Columbella mercatoria, Pisania
pusio, Stramonita haemastoma e Morula nodulosa como algumas das espécies mais frequentes nos
recifes costeiros do litoral da Paraíba, enquanto a espécie Phrontis polygonata foi pouco frequente‖.
Veras (2011) ―registrou, na Praia da Pedra Rachada (CE), Cerithium atratum com frequência
superior a 80%, Columbella mercatoria com frequência de aproximadamente 10% e as espécies
Arca imbricata e Tegula viridula com frequência de pouco mais de 20%‖. Bezerra (2011)
―estudando a malacofauna associada a uma espécie de alga na praia de Cupe em Ipojuca (PE),
registrou Columbella mercatoria e Arca imbricata como pouco frequentes‖. Almeida (2011)
―pesquisando nos recifes do Cabo Branco em João Pessoa na Paraíba observou Cerithium atratum
com Frequência de Ocorrência de 13,3% e Columbella mercatoria com frequência de 6,67‖.
―Stramonita haemastoma foi considerada uma das espécies mais abundantes na Ilha do Farol no
Paraná e em substratos rochosos da região entremarés no Piauí‖ (Birckolz; Gernet; Santos, 2012;
Cavalcante; Souza; Filho, 2012). Oliveira (2014) ―identificou Cerithium atratum com frequência
acima de 75% em alguns pontos do estuário do Rio Tubarão em Rio Grande do Norte, enquanto
Phrontis polygonata, Tegula viridula e Diodora cayenensis obtiveram frequência de 25%‖.
Pereira Júnior; Silva; Sônia-Silva (2016) ―encontraram na praia dos Carneiros uma maior
frequência de moluscos no período de estiagem‖. Chavez Villegas; Enriquez Diaz; Aldana Aranda
(2014) ―afirmaram que no Caribe Mexicano a época que apresentou a maior diversidade e
abundância de larvas de gastrópodes foi a época de chuvas‖. Dados similares aos de Oliva Rivera e
ISBN: 978-85-68066-53-9 Página 53
Educação ambiental: biomas, paisagens e o saber ambiental
De Jesus Navarrete (2000), ―que encontraram a maior abundância e riqueza de espécies na época de
chuvas‖. Segundo Jesus (2000) ―no período chuvoso ocorreu menor densidade de organismos no
Recife Ponta Verde em Maceió (AL)‖. Sônia da Silva (2003) ―observou que os índices
pluviométricos foram significativos na distribuição das espécies e que a pluviosidade foi um dos
elementos relevantes na distribuição dos bivalves endofaunais no manguezal do rio Formoso (PE)‖.
―A macrofauna bentônica da Praia de Paracurú (CE) mostrou-se mais rica e diversa no período
chuvoso quando comparada ao período de estiagem‖ (Viana; Rocha-Barreira; Grossi Hijo, 2005).
Segundo Almeida (2007) ―a maior densidade dos taxa foi constatada entre os meses do período seco
no Pontal do Cupe, Ipojuca (PE)‖. De acordo com Barroso e Matthews-Cascon (2009) ―não houve
diferença estatisticamente significante em relação ao número de espécies encontradas nos períodos
não-chuvoso e chuvoso no estuário do rio Ceará (CE)‖. Segundo Bezerra (2011) ―os fatores
salinidade e precipitação, na análise dos componentes principais, foram os que tiveram maior
correlação com a variação da fauna no Pontal do Cupe (PE)‖. Cavalcante; Matthews-Cascon; Rocha
(2014) ―constataram que a média de precipitação pode ter influenciado na diferença de composição
e riqueza de espécies encontradas nos meses de coleta em Barra Grande (PI)‖. Souza et al. (2014)
―concluíram que algumas espécies de mexilhões são muito bem-adaptadas à região entremarés e às
variações ambientais e não serão prejudicados pelo aumento de eventos extremos de chuvas‖.
Rebouças et al. (2017) ―evidenciaram que nas épocas chuvosas é menor o número de espécies na
Praia de Baixa Grande (RN)‖.
Segundo Beltrão et al. (2005) ―a precipitação média anual é da região de Tamandaré é
1309,9 mm‖ e os meses de coleta representaram aproximadamente um terço deste valor.
Comparando com os dados de precipitação média mensal de Silva (2015), os meses de janeiro e
junho obtiveram uma precipitação menor em relação a média desse meses no anos 1999 – 2013,
enquanto abril teve uma média superior e novembro um valor similar. Segundo a Apac, ―o mês de
janeiro teve precipitação maior do que a média do mês nos anos de 2014 e 2015, porém em abril,
junho e novembro a precipitação foi menor‖. De acordo com Marengo (2008) ―as projeções do
clima sugerem que no nordeste a chuva pode se reduzir de até 20% nos finais do século XXI, num
cenário de altas emissões‖.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
BELTRÃO, B. A. et al. Projeto cadastro de fontes de abastecimento por água subterrânea, estado
de Pernambuco: relatório diagnóstico do município de Tamandaré. Recife: CPRM/PRODEEM,
2005.
MARENGO, J. A. Água e mudanças climáticas. Estudos Avançados, São Paulo, v. 22, n. 63, p. 83-
96, 2008.
RIOS, E. C. Seashells of Brazil. 2ª ed., Rio Grande do Sul: FURG, 1994. 492 p.
SILVA, V. L.; LIRA, F. L. L.; SÔNIA-SILVA, G. Praia dos Carneiros (PE – Brasil): Equinodermas
e impactos antrópicos. Revista Ceciliana, v. 7, n. 1, p. 24-26, 2015.
SOUZA, S. C. P. et al. Extreme events of rainfall: effects on the phy siology of intertidal organisms.
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OCEANOGRAFIA, 6., 2014, Itajaí. Anais… Itajaí, 2014.
p. 553-554.
WORLD REGISTER FOR MARINE SPECIES - WORMS. Mollusca. 2017. Disponível em:
<http://www.marinespecies.org/aphia.php?p=taxdetails&id=51>. Acesso em: 20 de jun. 2017.
RESUMO
Os biomas Mata Atlântica e Caatinga são os principais ecossistemas terrestres da Região Nordeste
do Brasil. Nesses ambientes encontram-se imensas diversidades e riquezas biológicas. Apesar disso,
eles também sofreram degradação ao longo de séculos causadas por ações humanas predatórias, tais
como: desmatamento, queimadas, agricultura, pecuária, expansão imobiliária e comércio ilegal de
espécies nativas. Neste contexto, acredita-se que a Educação Ambiental pode atuar como um
importante instrumento de sensibilização visando o uso racional e sustentável dos seus recursos
naturais através do respeito às capacidades de suporte desses biomas e à necessidade de
conservação dos mesmos. Sendo as universidades e as escolas, lugares voltados à construção e
disseminação de conhecimento, torna-se pertinente sugerir possíveis ações a serem desenvolvidas
ou incentivadas por essas entidades que estejam relacionadas à propagação de informações sobre a
importância dos biomas, suas competências em termos de prestação de serviços ecossistêmicos e
sua proteção, com base no fortalecimento da educação ambiental. Neste contexto o presente
trabalho foi desenvolvido como uma atividade acadêmica tomada por base o tema da Campanha da
Fraternidade 2017 – Biomas Brasileiros e Defesa da Vida – no âmbito do Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) do Campus Mata Norte da Universidade de Pernambuco.
Palavras-chaves: Biomas, Educação Ambiental, Proteção do Meio Ambiente.
ABSTRACT
The Atlantic Forest and Caatinga biomes are the main terrestrial ecosystems of the Northeast
Region of Brazil. In these environments are immense diversities and biological riches. Despite this,
they have also suffered degradation over the centuries caused by predatory human actions, such as:
deforestation, burning, agriculture, ranching, real estate expansion and illegal trade in native
species. In this context, it is believed that Environmental Education can act as an important
instrument of sensitization aiming at the rational and sustainable use of its natural resources through
respect to the capacities of support of these biomes and the need for conservation of them. As
universities and schools are places dedicated to the construction and dissemination of knowledge, it
is pertinent to suggest possible actions to be developed or encouraged by these entities that are
related to the propagation of information on the importance of biomes, Ecosystem services and their
protection, based on the strengthening of environmental education. In this context, the present work
was developed as an academic activity based on the theme of the Campaign of the Fraternity 2017 -
Brazilian Biomes and Defense of Life - within the scope of the Institutional Program of Initiation to
Teaching Grants (Pibid) of the Campus Mata Norte of the University of Pernambuco.
Keywords: Biomes, Environmental Education, Environmental Protection.
INTRODUÇÃO
Biomas são grandes ecossistemas terrestres delimitados por um clima regional com
diversidades biológicas próprias e também no interior deles em função de condicionantes locais,
como relevo e solo. Representam sistemas ecológicos distintos, apresentam área de transição entre
eles – ecótonos – mais ou menos fácil de constatar ao simples olhar e diferenciadas interações com
os biociclos aquáticos. De acordo com Adriano Figueiró um dos conceitos mais utilizados
Biogeografia é o de Bioma. Para ele ―o termo bioma (do grego bio, vida e oma, grupo) foi proposto
por Clements e Shelford (1935) para designar certo tipo de formação vegetal em associação com a
sua fauna própria, e subordinada a uma determinada condição climática.‖ (FIGUEIRÓ, 2015,
p.269). Todavia, na concepção do mesmo autor, cada Bioma representa:
O Brasil possui cinco biomas típicos: Floresta Pluvial Equatorial (a Mata Amazônia), Mata
Atlântica, Caatinga, Cerrado e Pampa. Cada um desses ambientes possui diferentes características
de fauna e flora e estão sofrendo deterioração com a intensa ação antrópica devido diversos fatores.
Dessa forma, a educação ambiental possui um importante papel no que se refere à sensibilização
quanto ao manejo sustentável dos biomas. Ela nos propicia reflexões críticas sobre as práticas que
levam a um uso irracional dos recursos naturais. As propostas da educação ambiental podem
contribuir para a ampliação da compreensão das características dos diferentes tipos de biomas, pois
o entendimento das funções dos componentes de um sistema ecológico é uma das formas mais
dinâmica de provocar ações com a intenção de proteger o ambiente. Um bioma é formado por todos
os seres vivos de uma determinada região delimitada por um clima regional, onde a fauna e a flora
mais semelhante, podendo variar de acordo com aspectos ecológicos localmente presentes.
O objetivo da intervenção na escola foi apresentar e discutir com os alunos do Ensino Básico
as características dos biomas brasileiros no âmbito do tema da Campanha da Fraternidade de 2017 –
Biomas Brasileiros e Defesa da Vida – como atividade do Pibid (Programa Institucional de Bolsas
de Iniciação à Docência) do Campus Mata Norte da Universidade de Pernambuco, bem como
alertar para degradação dos mesmos por parte dos seres humanos, levando aos discentes uma
sensibilização quanto à necessidade de proteção desses ecossistemas a partir do conhecimento e
compreensão dos mesmos. A Campanha da Fraternidade 2017 teve como tema ―Fraternidade:
biomas brasileiros e defesa da vida, e seu objetivo foi alertar as pessoas para a necessidade de
cuidar dos biomas brasileiros no que for necessário (POLETTO, 2017).
Com o intuito de provocar reflexões acerca dos propósitos da Educação Ambiental, aqui
considera um processo que permite à espécie humana se ver como componente no meio e assim
corresponsável pela sua qualidade, foram trabalhados com maior profundidade os biomas
brasileiros Mata Atlântica e Caatinga, julgou-se também importante discutir ações conflitantes em
função de interesses divergentes relacionadas ao contexto atual dos problemas que associam o ser
humano a esses biomas. Para tanto, foram destacados as características marcantes dos mesmos e os
problemas ambientais que se apresentam para que fossem questionados os desafios atuais de
protegê-los e, assim, beneficiar as pessoas que neles vivem e/ou obtêm neles seus meios de vida.
Este artigo foi construído através de metodologia quantitativa com abordagem descritiva que
permitiu apurar e interpretar os resultados alcançados a partir das referências presentes em livros e
sites que tratam dos assuntos objetos de estudos.
Nesse contexto, Barros (2009) afirma que um bioma pode ser definido como um grande
ecossistema com aspecto geral mais ou menos semelhante em termos de composição de espécies e
aparência da flora e da fauna, e clima próprio. Desta forma, estudar as características dos biomas é
necessário no sentido de perceber a sua importância para a manutenção da vida na Terra. Mas para a
reprodução da vida nos biomas, é indispensável a determinação e implementação de políticas
públicas ambientais, o reconhecimento de interesses para a conservação dos mesmos a partir de uso
sustentável e distribuição de benefícios da biodiversidade que possuem De modo geral, o conceito
de biodiversidade compreende mais do que as espécies de animais, plantas e demais reinos, inclui
também os distintas ecossistemas e variações genéticas que em cada espécie. Segundo Barbieri
(2010, p. 16):
O Nordeste brasileiro possui diversos biomas, a saber: Caatinga (maior parte), Cerrado
(Oeste da Bahia, Piauí e Leste do Maranhão), Mata Atlântica (Litoral Nordestino, até o Rio Grande
do Norte) e Floresta Amazônia (Oeste do Maranhão). No caso deste relato, como já mencionado,
serão enfatizados os biomas Caatinga e Mata Atlântica.
BIOMA CAATINGA
A Caatinga ocupa grande parte da Região Nordeste: Ceará, Bahia, Paraíba, Pernambuco,
Piauí, Rio Grande do Norte, Alagoas e Sergipe. Vale ressaltar que há presença desse tipo de bioma
em pequenas ocorrências nos estados do Maranhão e Minas Gerais. Segundo Almeida; França;
Cuellar (2009) a Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro e é um dos mais alterados
pelas atividades humanas nos últimos anos. É rico em biodiversidade, mesmo com a escassez de
recursos hídricos, o que poderia fazer pensar o contrário.
A vegetação da Caatinga não apresenta a abundância verde das florestas tropicais úmidas e a
aparência seca dominada por cactos e arbustos propõe uma baixa variação da fauna e flora.
Entretanto manifesta grande biodiversidade de espécies e ecossistemas. São variadas as formas de
adaptação dos seres vivos que lá estão aos elementos ecológicos desse sistema – potencial biótico
das espécies. Muitas plantas perdem suas folhas para reduzir a perda de água nos períodos
chamados de estresse hídrico, renovando-as quando as chuvas chegam de forma rápida e fantástica
quando a paisagem muda quase que da noite para o dia.
A Caatinga encontra-se no domínio do clima semiárido, que abrange territórios de oito
estados do Nordeste brasileiro mais o norte de Minas Gerais. Muitas plantas desse bioma, a
exemplo do Umbuzeiro, guardam água em suas raízes para poder se utilizar dela em tempos de
ausência de chuva. Espécies vegetais caducifólias e com caules retorcidos e folhas pequenas, outras
com acúmulo de água no caule e espinhos substituindo folhas, e outras mais desenvolvendo raízes
com reserva de líquidos caracterizam uma comunidade que não apresentam pobreza florística, mas
sim demonstração de vidas que souberam se adaptar ao clima semiárido – que possuem capacidades
biológicas compatíveis com as demais condições ecológicas no meio.
O bioma Caatinga pode ser considerado um dos mais ameaçados do Brasil. Grande parte
dele já foi bastante modificado por utilização indefinida e ocupação humana desordenada. Apesar
de sua grande importância, inclusive porque só ocorre no Brasil, o bioma vem sendo desmatado de
maneira acelerada nos últimos anos, devido ao intenso consumo de lenha nativa que é explorada de
forma ilegal e irracional, para os fins domésticos e industriais. Além disso, outros fatores que levam
ao desmatamento da Caatinga são o sobrepastoreio e a combinação entre a pastagem e a agricultura.
Todos esses fatores acabam gerando impactos ecológicos, sociais e econômicos típicos de áreas
degradadas onde a desertificação, por exemplo, se instala. A Figura 1 proporciona uma visão do que
foi exposto.
Muitos estados são carentes de medidas mais efetivas de conservação da diversidade, como
a criação de unidades de conservação de proteção integral. Para Luz (2009, p.7):
Promover a conservação da biodiversidade da Caatinga não é uma ação simples, uma vez
que grandes obstáculos precisam ser superados, dentre eles, a falta de um sistema regional
eficiente de áreas protegidas e a falta de inclusão do componente ambiental nos planos
regionais de desenvolvimento.
Todavia, apesar de um bioma endêmico, o que lhe devia garantir especial tratamento em
termos de proteção, ainda muito dele precisa ser conhecido e compreendido. Julga-se, assim,
importante desenvolver ações com o objetivo de eliminar as informações erradas que são bastantes
divulgadas por falta de entendimento mais preciso sobre o Semiárido de uma forma geral e mais
especificamente sobre o Bioma Caatinga nos diversos níveis nível e modalidades da educação, seja
ela formal ou não formal. Isto é: realizar uma educação contextualizada às realidades nacional e
local.
A Mata Atlântica ocupa a faixa litorânea de Norte a Sul do Brasil. É uma das superfícies
mais ricas em biodiversidade e mais ameaçadas do Planeta. Segundo o Ministério do Meio
Ambiente restam apenas 8,5% de remanescentes florestais da Mata Atlântica (BRASIL, 2017).
O bioma Mata Atlântica é o mais devastado do Brasil por ter sofrido vários tipos de pressão
e exploração. A devastação desse bioma vem desde o período colonial e algumas das causas foram
a irracional extração do Pau-brasil e os ciclos de cana de açúcar, café, ouro e fumo. Além disso, a
devastação das araucárias no contexto de intensa exploração predatória de madeiras, a
industrialização, a expansão urbana desordenada, a poluição do ar, das águas e a degradação dos
solos contribuem para o estado atual desse bioma. Observando-se a Figura 2 – foto tomada durante
É neste bioma que se encontra, também, lugares de contemplação e lazer para brasileiros e
estrangeiros – sejam eles moradores, visitantes, excursionistas ou turistas. A ameaça a ele deriva-se
da falta de consciência ecológica de grande parte da população brasileira, da omissão do poder
público e do modelo de desenvolvimento econômico dominante que resultou, como já mencionado,
na degradação do meio ambiente e, consequentemente, na expulsão de diversas comunidades
tradicionais que dependiam dos seus recursos ou dos sistemas ecológicos a ele associados. Além
das ameaças anteriormente citadas ainda pode-se incluir a falta ou precariedade de saneamento
básico e a especulação imobiliária.
espécies influem-nas dinâmicas populacionais não apenas das espécies diretamente atingidas, mas
até de outros sistemas ecológicos terrestres ou aquáticos. Essas ameaças, que estão frequentemente
relacionadas à expansão econômica e que trazem consigo usos e ocupações inadequadas
promovendo a necessidade de medidas e políticas públicas de proteção, foram pontos trabalhados
durante a oficina (Figura 3) que buscou provocar momentos de construção coletiva do saber
geográfico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Sérgio Antônio da Silva, FRANÇA, Rosana Silva de; CUELLAR, Miguel Zanic. Uso e
Ocupação do Solo no Bioma Caatinga do Estado do Rio Grande do Norte. In: Anais XIV
Simpósio de Sensoriamento Remoto, Natal – RN: INEP, 2009, P.5555-5561. Disponível em:
<http://marte.sid.inpe.br/col/dpi.inpe.br/sbsr@80/2008/11.17.19.05.29/doc/555-5561.pdf>.
Acesso em: 12 de julho de 2017.
BARBIERI, Edison. Biodiversidade: a variedade da vida no Planeta Terra. In: Instituto de Pesca,
Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Secretaria de Agricultura e Abastecimento do
Estado de São Paulo. a. 2010. p.1-16. Disponível em:
<http//www.pesca.sp.gov.br/biodiversidade.pdf>. Acesso em 27 de julho de 2017.
BARROS, Carlos; PAULINO, Wilson Roberto. Ciências. 4. ed. São Paulo: Ática, 2009.
BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Biomas. Brasília: Site Oficial, 2017. Disponível em:
<www.mma.gov.br/biomas>. Acesso em 05 de Julho de 2017.
LUZ, Cláudia Ferreira da Silva; SOUZA, Marcos Lopes; DUARTE, Ana Cristina Santos; JUCÁ-
CHAGAS, Ricardo. As concepções sobre a Caatinga em um grupo de professores da rede
municipal de Iramala – Bahia. In: 7° Encontro Nacional de Pesquisas em Educação em Ciências.
Belo Horizonte: UFMG, 2009. p.1-12. Disponível em:
http://posgrad.fae.ufmg.br/posgrad/viienpec/pdfs/1435.pdf. Acesso em 27 de julho de 2017.
POLETTO, Ivo. Biomas do Brasil: da exploração à vivência. Brasília: o autor, 2017. Disponívem
em: http://fmclimaticas.org.br/wp-
content/uploads/2017/03/livro_BIOMAS_DO_BRASIL_2017_final.pdf. Acesso em: 10 de maio
de 2015.
RESUMO
O estudo dos equinodermos tem se aprimorado nos últimos anos, pois esses organismos se
relacionam com diferentes grupos e promovem, por exemplo, a predação nos organismos
bentônicos ou uma herbivoria na cobertura algal. O presente trabalho tem como objetivo avaliar a
interação ecológica do Filo Echinodermata e as macroalgas da Praia dos Carneiros, PE, Brasil. As
coletas de Echinodermos foram realizadas no período de 2015/2016 durante a baixa-mar diurna,
utilizando-se a metodologia por meio de transectos (10x10m) e quadrantes (25x25cm)
perpendiculares à costa, em três poças marinhas na zona entremarés da praia dos Carneiros, Litoral
Sul pernambucano. Paralelamente foi utilizado um método de amostragem, a Frequência de
Ocorrência (%), que correspondeu ao número de pontos similares aos equinodermos e algas.
Durante o período de amostragem, foram coletados sete espécies pertencentes a 4 classe de
equinodermos: Aphioderma appressum; Ophiocoma echinata; Echinometra lucunter; Mellita
quinquiesperforata; Chiridota rotífera; Linckia guildingii e Ocnus Suspectus. Os exemplares foram
registrados em sua maioria sob rochas, enterrados no sedimento, como também nos fitais de
Halimeda opuntia; Dictyopteris delicatula; Ulva lactuca; Padina gymnospora; Dictyurus
occidentalis; Sargassum filependula; Dictyota cervicornis; e Caulerpa racemosa. A interação
equinoderma versus algas pode ser tratada como fator de beneficência para as espécies de
equinodermos, visto que, as macroalgas servem como fonte de alimentos para esses herbívoros.
Ressaltamos que, estudos de cunho ecológico devem ser realizados para uma avaliação da
preferência de habitat, da riqueza e da estrutura populacional dos equinodermos na Praia dos
Carneiros (PE, Brasil).
Palavras-chave: importância; entremáres; amostragem; Echinoidea.
ABSTRACT
The study of echinoderms has improved in recent years, since these organisms relate to different
groups and promote, for example, predation in benthic organisms or an herbivory in the algal cover.
The present work aims at an ecological interaction of Phylum Echinodermata and macroalgae of
Carneiros Beach, PE, Brazil. Echinodermos samples were collected during the 2015/2016 period
during the low tide, using the methodology by means of transects (10x10m) and quadrants (25x25
cm) perpendicular to the coast, in three marine pools in the zone between the Carneiros Beach,
south coast of Pernambuco. In parallel, At the same time, a sampling method was used, the
Frequency of Occurrence (%), which corresponds to the number of points similar to echinoderms
and algae. During the sampling period, seven species belonging to 4 classes of echinoderms were
collected: Aphioderma appressum; Ophiocoma echinata; Echinometra lucunter; Mellita
quinquiesperforata; Chiridota rotífera; Linckia guildingii and Ocnus Suspectus. The specimens
were mostly recorded under rocks, buried in the sediment, as well as in the phalanges of Halimeda
opuntia; Dictyopteris delicatula; Ulva lactuca; Padina gymnospora; Dictyurus occidental;
Sargassum filependula; Dictyota cervicornis; And Caulerpa racemosa. Echinoderms versus algae
interaction can be treated as a beneficence factor for echinoderm species, since macroalgae serve as
a food source for these herbivores. We emphasize that ecological studies should be carried out to
evaluate the habitat preference, richness and population structure of echinoderms in Carneiros
Beach (PE, Brazil).
Keywords: Importance; Intertidal zone; Sampling; Echinoidea.
INTRODUÇÃO
Macedo (1993) e Braga et al. (1990) ―registraram que com a implantação do complexo
industrial portuário de SUAPE (PE), ações antrópicas foram preponderantes na escassez de
espécimes marinhas no Estado de Pernambuco; as áreas litorâneas têm sido
sistematicamente destruídas, existindo apenas pequenas áreas remanescentes‖.
Para Koening et al. (2002) ―todas as intervenções no meio ambiente geram impactos,
positivos ou negativos, ocasionando alterações quali-quantitativas nos componentes florísticos e
faunísticos, nas características geomorfológicas, sedimentológicas e hidrológicas‖. Assim, a
proposta apresentada tem uma grande consolidação biológica e ambiental, tornando o trabalho
―Estudo da interação ecológica de Echinodermata e macroalgas da praia dos Carneiros, PE, Brasil‖
extremamente relevante no contexto da conservação das espécies marinhas e no entendimento dos
níveis de impactos existentes na região costeira da praia de Tamandaré. O presente trabalho tem
como objetivo avaliar a interação ecológica do Filo Echinodermata e as macroalgas da Praia dos
Carneiros, PE, Brasil.
MATERIAL E MÉTODOS
Figura 1: Localização da praia dos Carneiros, Tamandaré, Pernambuco, Brasil. Fonte: Pereira Júnior; Silva;
Sônia-Silva (2017).
classificados, seguindo o critério abaixo: > 70%... muito frequentes; 70 % ≥ 40% ... Frequentes;
40% ≥ 10% Pouco Frequentes; ≤ 10% .... Esporádicos.
RESULTADOS
Foram identificadas em três áreas distintas, 7 espécies pertencentes a quatro classes do filo
Echinodermata. Na estação A¹ foram encontradas 6 espécies, Aphioderma appressum; Ophiocoma
echinata; Echinometra lucunter; Mellita quinquiesperforata; Chiridota rotífera e Linckia
guildingii; na A² e A³ foram encontradas 5 espécies, Aphioderma appressum; Ophiocoma echinata;
Echinometra lucunter; Chiridota rotífera e Parathyone suspecta. A classe com a maior número de
espécies foi Ophiuroidea (n = 2), seguida de Echinoidea (n = 2). Holothuroidea (n = 2) e Asteroidea
(n = 1). Os exemplares foram registrados em sua maioria sob rochas, enterrados no sedimento,
como também nos fitais (Algas) (Figura 3), de Halimeda opuntia; Dictyopteris delicatula; Ulva
lactuca; Padina gymnospora; Dictyurus occidentales; Sargassum filependula; Dictyota
cervicornis; e Caulerpa racemosa. As espécies mais encontradas nas áreas onde houve coletas de
materiais foram as dos gêneros Sargassum e Halimeda. As espécies da classe Ophiuroidea
registrados em áreas recifais, entre blocos soltos e submersos ou encontradas em fundos de areia
sob pedras, em sua maioria, juvenis e aparentemente na fase reprodutiva, exclusivamente
representantes por Ophiocoma echinata e Ophioderma appressum. Na classe Echinoidea, a espécie
Echinometra lucunter foi registrada tanto em locas de rochas como sob estas, enquanto Mellita
quinquiesperforata, uma espécie de equinoide irregular comum em praias arenosas, inclusive em
praias urbanas onde sofrem forte impacto antropogênico.
Dentre os indivíduos da classe Holothuroidea, a espécie Parathyone suspecta foi observado
com pouca frequência sob rochas e em fendas. Chiridota rotifera foi tipicamente observada
enterrada em sedimentos finos, sob rochas e vivendo de forma agregada. O indivíduo da classe
DISCUSSÃO
A praia dos Carneiros mostrou uma fauna de equinodermos bem diversificada e tipicamente
tropical, na qual a classe Ophiuroidea foi a mais representativa. ―Este resultado assemelha-se aos
obtidos por Martins e Martins de Queiroz (2006), Alves e Cerqueira (2000) e Lima-Verde (1969),
para alguns estados da região Nordeste‖. De acordo com Tommasi (1966, 1969, 1970a, 1970b) ―as
espécies de Echinodermata registradas no presente estudo são tipicamente litorâneas, ou possuem
ampla distribuição batimétrica‖. ―Dentre da classe Asteroidea, a espécie Linckia guildingii foi
registrada sobre rochas‖ Gondim et al. (2008), no entanto de acordo com Hendler et al. (1995) ―a
espécie Linckia guildingii também pode ser encontrada em bancos de areia‖. ―Com relação aos
Ophiuroidea, a alta diversidade observada pode estar relacionada à capacidade desses animais
viverem em hábitats variados‖ (Gondim et al., 2008). Godim et al. (2008) também afirma que
―Echinometra lucunter vive em locas e principalmente na região do mesolitoral que fica o maior
tempo exposta‖. ―A grande abundância desta espécie no ambiente sugere que não devam existir
muitos predadores ou parasitas que consigam controlar a população do ouriço, como também, que
No estudo feito em Tamandaré (PE) por Pacheco (2008) ―foi observado uma maior
densidade de Echinometra lucunter nos topos rugosos com algas filamentosas, e também
uma maior densidade nos recifes abertos ao turismo e pesca, numa provável resposta a
redução no número de predadores e/ou consequência de um alto assentamento larval‖.
CONCLUSÕES
Sete espécies pertencentes a quatro classes do filo Echinodermata foram encontradas nas três
áreas sob rochas, enterrados no sedimento, como também nos fitais de oitos algas, principalmente
dos gêneros Sargassum e Halimeda. A interação equinoderma versus algas pode ser tratada como
fator de beneficência para as espécies de equinodermos, visto que, as macroalgas servem como
fonte de alimentos para esses herbívoros. Ressaltamos que, estudos de cunho ecológico devem ser
realizados para uma avaliação da preferência de habitat, da riqueza e da estrutura populacional de
equinodermos na Praia dos Carneiros.
REFERÊNCIAS
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Paulo: Manole. 210 p. 2001.
RESUMO
Esta pesquisa está relacionada a análise da dinâmica espacial da cobertura da terra na Serra dos
Cavalos no Estado de Pernambuco a partir da aplicação das geotecnologias. A análise da categoria
de conservação da cobertura vegetal nos anos de 1988 e 2014, foi um dos principais indicadores
utilizados visando à interpretação e compreensão do estado atual de vegetação desse Brejo de
Altitude. O objetivo geral da pesquisa foi a análise temporal do Índice de Vegetação por Diferença
Normalizada (NDVI). Os procedimentos teóricos, metodológicos e operacionais foram baseados
nas técnicas de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento. A importância desse trabalho parte do
princípio de mensuração e geopreservação das áreas remanescentes da Mata Atlântica situadas no
ambiente semiárido, as quais foram e ainda são descaracterizadas pela intensa atividade antrópica.
Verificou-se na área estudada o processo de expansão urbana realizada de forma desordenada por
falta de políticas públicas e de propostas de geoconservação. A ação do homem e as formas de uso e
ocupação do espaço ampliaram a degradação ambiental na Serra dos Cavalos/PE. Assim, se torna
essencial um olhar mais abrangente por parte de inciativas públicas e privadas em relação a
vegetação presente e planejamentos no uso e cobertura da terra. A não utilização de formas
conservacionistas no uso do solo e cobertura da terra podem gerar problemas ambientais
praticamente irreversíveis, colocando em risco a dinâmica do ciclo hidrológico, a capacidade
produtiva dos solos, a cobertura vegetal, o aumento dos processos erosivos, os quais produzem
modificações irreversíveis na paisagem. Sendo assim, é necessário a promoção e cuidados desta
área as gerações futuras.
Palavras chaves: Geoprocessamento; Sensoriamento Remoto, Brejo de altitude, Mata atlântica.
RESUMEN
Esta investigación está relacionada con el análisis de la dinámica espacial de la cobertura de la tierra
en la Sierra de los Caballos en el Estado de Pernambuco a partir de la aplicación de las
geotecnologías. El análisis de la categoría de conservación de la cobertura vegetal en los años 1988
y 2014, fue uno de los principales indicadores utilizados para la interpretación y comprensión del
estado actual de vegetación de ese Brejo de Altitud. El objetivo general de la investigación fue el
análisis temporal del Índice de Vegetación por Diferencia Normalizada (NDVI). Los
INTRODUÇÃO
Analisar e compreender a dinâmica geológica, geomorfológica e ecológica em um
determinado ambiente e as finalidades antrópicas com o mesmo torna-se indispensável os estudos
sobre planejamentos e monitoramento do espaço. O uso excessivo de determinadas áreas pode
acarretar em desequilíbrios ecológicos irreversíveis, gerando vasta degradação do meio natural.
Esta pesquisa parte do princípio de análise e compreensão das áreas remanescentes da Mata
Atlântica situadas no Brejo de Altitude localizado geograficamente no semiárido Pernambucano. A
importância das áreas de remanescentes vegetacionais para estes tipos de ambientes se dá na função
de estes regularem o fluxo dos mananciais hídricos, assegurando a fertilidade do solo, interferindo
no clima, protegendo escarpas e encostas das serras além de preservar um patrimônio natural,
histórico e cultural imenso. Neste contexto, convém destacar a importância desse sistema ambiental
no quadro dinâmico do Nordeste brasileiro (LIMA, 2014).
Essa pesquisa visa, com o auxílio das geotecnologias, demonstrar os níveis de degradação da
Serra dos Cavalos-PE. Para se obter uma melhor resposta sobre os índices de degradação, é
necessário o uso de imagens de satélite na comparação de anos distintos da área de estudo. Os
produtos de sensoriamento remoto bem como os resultados que se obtém deles fornecem
informações sobre a dinâmica e a situação atual da cobertura vegetal.
Sob esta perspectiva, o presente trabalho consistiu na análise da cobertura vegetal da Serra
dos Cavalos por meio do Normalized Difference Vegetation Index (NDVI) ou Índice de Vegetação
por Diferença Normalizada, gerando assim, uma ferramenta indispensável para a compreensão do
processo de degradação ambiental desta área, e acima de tudo, uma contribuição valiosa para os
trabalhos de planejamento ambiental.
ÁREA DE ESTUDO
Geograficamente, o recorte titulado como Serra dos Cavalos se localiza no Agreste
Pernambucano. Está situado entre municípios de Caruaru, São Caetano e Bezerros na porção norte,
Agrestina, São Joaquim do Monte e Altinho na porção sul do mapa (Figura 1). Dentro deste recorte
Figura 1: Mapa de localização da Serra dos Cavalos entre os municípios do Estado de Pernambuco. Fonte: Autores
A área do Brejo dos Cavalos apresenta uma drenagem razoavelmente bem definida, com
dois cursos d'água principais: os riachos do Chuchu e Capoeirão. Ambos nascem fora dos limites da
Reserva, sendo constituintes da sub-bacia do rio Taquara, afluente da margem direita do rio Ipojuca.
Está sub-bacia possui uma área de drenagem de 2.101 ha, ultrapassando os limites do município de
Caruaru, expandindo-se até Altinho, (CABRAL et al., 2004). Podemos encontrar uma variedade de
solos na área de estudo, tais como: Neossolo Flúvicos, Neossolo Regolítico, Argissolos Amarelo,
Argissolos Vermelho- Amarelo, Planossolo e Vertissolo.
A área de estudo localiza-se geologicamente em terrenos de origem pré-cambriana
pertencentes ao complexo cristalino da Borborema, formado por granodioritos com gradação para
granitos e tonolitos de coloração, e granulometria variada (ANDRADE & LINS 1964, CPRH 1994).
Do ponto de vista geomorfológico, a Serra dos Cavalos encontra-se inserida dentro da unidade
morfoestrutural do Planalto da Borborema, que corresponde ao conjunto de terras altas estruturadas
em terrenos cristalinos de diversas idades que se distribuem no nordeste oriental do Brasil, cujos
limites são marcados por uma série de desnivelamentos topográficos, geralmente com amplitude da
ordem de 100m em relação ao entorno, sendo comum não apresentar solução de continuidade
litológica em relação ao relevo rebaixado adjacente (CORRÊA et al., 2010).
MATERIAL E MÉTODOS
Para a elaboração deste trabalho realizou-se uma vasta pesquisa bibliográfica por meio de
livros, artigos e outros meios de informação como periódicos (revistas, boletins, jornais), com
intuito de encontrar trabalhos com temática semelhante. Realizou-se trabalho de campo, que
ocorreu durante o período de agosto de 2016 a janeiro de 2017, que foi realizado por parte dos
bolsistas de Iniciação Cientifica da Universidade Federal de Pernambuco, para reconhecimento da
área e comparação dos dados obtidos.
Foram levados em consideração alguns critérios para a escolha das imagens utilizadas no
mapeamento do Índice de vegetação, cujo o primeiro critério foi a disponibilidade das imagens. O
segundo leva a qualidade das imagens e o terceiro o período da imagem, a partir da semelhança das
quadras climáticas.
O processamento das imagens de satélite foi utilizado o software ERDAS Imagine 9.3
licenciado do laboratório de Geomorfologia do Quaternário (GEQUA) do Departamento de
Ciências Geográficas da UFPE. Para a imagem Landsat 5 foram realizadas as etapas de
empilhamento das bandas, calibração radiométrica, reflectância e geração de índices de vegetação.
Enquanto para a imagem Landsat 8 as etapas realizadas consistiram no empilhamento das bandas,
reprojeção para o hemisfério sul, reflectância espectral e geração dos índices de vegetação.
Na realização do empilhamento das imagens foi utilizada a ferramenta a Layer Stack do
menu Utilites. As bandas empilhadas das imagens Landsat 5 compreendem todas as 7 bandas
espectrais, enquanto para a imagem Landsat 8 foram empilhadas as bandas 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 10, que
correspondem as faixas encontradas nas bandas do Landsat 5. As imagens Landsat 8 possuem
orientação para o hemisfério Norte, sendo necessária a reprojeção para o hemisfério Sul, para tanto
utilizou-se a ferramenta Reproject Images do menu Data Preparetion no software Erdas Imagine
9.3.
Para o processamento da reflectância da imagem Landsat 5 é necessário realizar
anteriormente a calibração radiométrica, que consiste no processo de conversão do Número Digital
- ND de cada pixel da imagem, em radiância espectral monocromática. Para tanto utilizou-se a
Equação (1), proposta por Markham e Baker (1987).
55
(Eq. 1)
Onde, a e b são as radiâncias espectrais mínima e máxima; ND é a intensidade do pixel
(número digital - número inteiro de 0 a 255); e i corresponde as bandas espectrais. Após a obtenção
da radiância foi realizado o cálculo da reflectância espectral, utilizando a Equação (2) proposta por
Bastiaanssen (1995).
(Eq. 2)
Onde rpi é refletância planetária da banda, i corresponde as bandas espectrais, Kλ é a
irradiância solar espectral no topo da atmosfera, cosZ é o ângulo zenital do Sol e dr é o inverso do
quadrado da distância relativa Terra – Sol. Para obtenção da reflectância da imagem Landsat 8 OLI,
foi utilizada a Equação (3).
(Eq. 3)
Onde, Add corresponde ao fator aditivo de reescalonamento para cada banda, disponível no
arquivo metadados da imagem, assim como o Mult que corresponde ao fator multiplicativo de
( )
(Eq. 4)
O Índice de vegetação por diferença normalizada – NDVI é proposto inicialmente por Rouse
et al., (1973), onde aponta a grosso modo a porção e situação da vegetação nas áreas em estudo.
Sendo calculado a partir da seguinte equação (5):
(Eq. 5)
Onde: 4 e 3 são os valores da refletância das bandas 3 e 4 do Landsat 5 TM e Landsat 8
OLI. Visando uma análise da relação dos resultados gerados através do NDVI com a precipitação e
temperatura na área de estudo, foi realizado um levantamento com o total de precipitação
mensal/anual dos anos de 1988 e 2014. Os dados foram obtidos com ajuda da Agência
Pernambucana de Águas e Clima do estado pelo posto meteorológico de Caruaru. Após a obtenção
dos índices de vegetação para as imagens utilizadas foi realizado o recorte para a área e em seguida
a montagem dos layouts utilizando o software ArcGis 9.3 licenciado do laboratório de
Geomorfologia do Quaternário (GEQUA) do Departamento de Ciências Geográficas da UFPE.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Serra dos Cavalos apresenta uma cobertura vegetal que se encontra diretamente
relacionada com as condições climáticas e edáficas da região. Tais condições contribuem
diretamente para a distinção na estrutura destas formações fitogeográficas, como porte e diâmetro
de espécies, o número de estratos que as mesmas desenvolvem, e o grande índice de Biodiversidade
local. Percebe-se então, que os Brejos de Altitude atribuíssem como disjunção de reserva peculiar
(Figura 2 e 3), por apresentar peculiaridades fisionômicas, florísticas e ecológicas de matas úmidas
refugiadas em domínios de Caatinga.
A análise da cobertura vegetal foi estabelecida através do Índice de Vegetação por Diferença
Normalizada (NDVI). A partir da análise, verificaram-se alterações no padrão espacial da
vegetação. Foram analisados dois períodos, dezembro de 1988 e abril 2014.Foram definidos e
classificados sete intervalos de tons de cinza, conforme especificado na Tabela 01.
Os principais problemas oriundos das formas inapropriadas do uso e ocupação da terra, fora
os riscos causados pela própria natureza, causam sérios problemas socioeconômicos às
comunidades no geral. Com base nos estudos e nos trabalhos in loco, constata-se a ação do homem
como principal agente e responsável pelo aumento na degradação do meio.
O recorte de dez/1988 (Figura 2), observa-se uma redução espacial da vegetação,
aumentando as áreas de solo exposto. Sabendo que dezembro é mês de período seco na área
estudada, essa redução da vegetação está associada a redução do índice pluviométrico (Figura 3)
entre os meses de setembro a dezembro do ano que apresentou totais pluviométricos de 30,4 mm
para os quatros meses.
Figura 2: Mapa de NDVI da Serra dos Cavalos no mês de dezembro de 1988. Fonte: Autores
Figura 3: Climograma do Munícipio de Caruaru (1988). Fonte: adaptado por APAC, Posto Meteorológico
Caruaru (IPA), 1988.
Em abril de 2014 (figura 4), a região está no período chuvoso, verificou-se uma expansão da
vegetação tanto da floresta atlântica como também da caatinga que se encontra em todo o entorno.
Isso se deve ao aumento significativo do índice pluviométrico (Figura 5), contribuindo assim, para o
adensamento da vegetação.
Figura 4: Mapa de NDVI da Serra dos Cavalos no mês de dezembro de 2014. Fonte: Autores
Figura 5: Climograma do Munícipio de Caruaru (1988). Fonte: adaptado por APAC, Posto Meteorológico
Caruaru (IPA), 2014.
O NDVI apresentou valores variando entre -0,1 e 0,86, que foram subdivididos em sete
classes (Tabela 1). Os valores entre -1 e 0 fazem referência a corpos hídricos. A classe que abrange
os valores de 0,001 a 0,2 corresponde a solo exposto e/ou perímetros urbanos e no geral apresentou
uma variação nas 2 imagens analisadas. A classificação 0,2001 a 0,3; indica áreas com presença de
solo exposto bastante ativo. Em 1988, foi a classificação que mais se destacou na imagem. Isso
pode ser explicado devido ao período seco do ambiente. Rêgo et al (2012), afirmam que vários
índices podem ser alterados em função de diferentes fatores como posição das folhas, arquitetura do
dossel, substrato, características químicas das folhas e presença da água. Sugerindo que este
fragmento florestal neste referido período observado estava em ascensão da faixa Urbana e
produção agrícola. Assim, a observação dessa dinâmica pode ser obtida de acordo com o ciclo anual
de precipitação e isso gera uma significativa resposta das plantas em relação aos regimes de seca e
chuva.
A quarta classificação corresponde a agropecuária (Agricultura ou Pastagem) de grandeza
familiar. Foi a classe que mais sofreu redução de sua extensão no ano de 1988, com valores que
variam entre 0,3001 e 0,4, são áreas com a presença de vegetação baixa de porte médio ou de
agricultura irrigada. A quinta classificação com valores que vão de 0,4001 a 0,5 é representada pela
Caatinga. Essas áreas apresentava um maior percentual para no ano de 2014, provavelmente em
virtude dos altos índices pluviométricos encontrados para esse ano.
Na sexta classificação, com valores entre 0,5001 e 0,6, são ambientes que apresentam uma
vegetação mais moderada. No ano de 2014, esse intervalo de classe se destacou mais que no outro
ano estudado. A explicação se dá pelas propostas de conservação do Parque nas áreas centrais da
Serra dos Cavalos. É possível analisar (Figura 6) que nos ambientes mais elevados próximos á
resquícios de vegetação fechada, existe áreas de cultivo de porte familiar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O método empregado para o mapeamento da Serra dos Cavalos/PE mostrou-se bastante
eficiente, representando bem as classes previamente identificadas e definidas com o auxílio do
Google Earth Pro, além dos trabalhos in loco para averiguação dos dados. Outro fator muito
importante diz respeito às mudanças observadas nos últimos anos, bem representada diante das
análises. De modo geral, evidenciou-se que maior parte das transformações empreendidas sobre as
coberturas naturais se deram no sentindo de ampliar as áreas de solo exposto na região. Entre as
classes naturais observadas, a que perdeu mais área foi a de caatinga, com uma taxa de
desmatamento bem acentuada durante a última década.
Quanto a classe que corresponde a Mata Atlântica, esta foi menos explorada no campo
devido ao difícil acesso e pelas regulamentações de conservação que o Parque atribui dentro área.
Vale salientar, que apesar de diversos fragmentos da área são voltados para agropecuária familiar e
muitos deles de forma desorganizada e sem controle ambiental. A taxa de degradação da área com
vegetação mais concentrada, foi considerada baixa diante da forte política de preservação, após a
criação do Parque para conservação da Geodiversidade dessa área de refúgio.
As análises mostram também que a metodologia aplicada se mostra bastante robusta e
essencial para verificar se as ferramentas empregadas foram imprescindíveis na formulação desse
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RESUMO
O presente trabalho busca aprofundar o entendimento das questões que envolvem a problemática
ambiental na região do pontal do Paranapanema, no interior do estado de São Paulo, elaborando um
diagnóstico ambiental baseado no levantamento de material bibliográfico e técnico, o ultimo com
base em legislações vigentes, bem como, a revisão teórica baseada nos conceitos da ecodinâmica e
da ecologia da paisagem, somado a posteriores levantamentos de campo, que contribuíram para
uma avaliação prévia das características ambientais gerais das unidades que compõem a estrutura
ecossistêmica desses ambientes amostrais. Tais dados foram correlacionados com informações das
amostras de vetores de moléstias (leishmaniose) no caso do Parque Estadual do Morro do Diabo
(PEMD), e da qualidade dos corpos hídricos do entorno, que forneceram resultados, entre eles
mapas, gráficos e tabelas, tornando-se um material de base para o início das correlações entre as
formas de ocupação da região, visualizada principalmente a partir dos mapas, e das condições
qualitativas dos recursos hídricos. Foi preciso avaliar não somente as condições ambientais mais
gerais, mas também relacionar o papel social com o processo de proteção ou degradação, não
somente dos mananciais locais, mas dos fragmentos vegetais remanescentes, entre eles o PEMD.
Todas essas informações gerais, especificas e teóricas colaboraram com o alcance do objetivo
principal desta pesquisa, que é identificar e mensurar as pressões e impactos das atividades
antrópicas próximas a fragmentos vegetais e cursos d‘aguas importantes da região, e como o
planejamento e a conscientização podem colaborar para a melhoria da qualidade ambiental na
região.
Palavras Chave: Ecossistemas; Biogeografia; Ecologia; Diagnóstico ambiental; Impactos
ambientais.
ABSTRACT
The present work seeks to deepen the understanding of environmental issues in the Pontal do
Paranapanema region, in the interior of the State of São Paulo, elaborating an environmental
diagnosis, without the collection of bibliographical and technical material, the last one based on
current legislation, A theoretical revision in the concepts of ecology and landscape ecology,
together with subsequent field surveys, which contribute to a prior evaluation of the general
environmental technologies of the units that compose an ecosystem structure of the sample
environments. These data correlate with information from disease vector samples (leishmaniasis) in
the case of State Park Morro do Diabo (PEMD), and the quality of bodies for the environment,
which provide results, including maps, charts and tables, Making it a basic material for the
beginning of the correlations between how forms of occupation of the region, seen mainly from the
ISBN: 978-85-68066-53-9 Página 91
Educação ambiental: biomas, paisagens e o saber ambiental
card, and the qualitative conditions of the water resources. Although it is not in environmental
conditions, but also relates the social role to the process of protection or degradation, it is not one of
the local mananciales, but of the remaining vegetal fragments, among them the PEMD. All of this
general, specific, and theoretical information has been instrumental in reaching the main objective
of this research, which is identified and measured as pressures and impacts of anthropogenic
activities near fragments and inland waterways in the region, and how planning and awareness can
collaborate to improve the environmental quality in the region.
Keywords: Ecosystems; Biogeography; Ecology; Environmental diagnosis; Environmental impacts.
INTRODUÇÃO
que englobam aspectos físicos naturais e antrópicos, e que produzem fluxos e relações horizontais
que afetam direta e indiretamente cada unidade de forma diferente‖ (METZGER, 2001).
Para Metzger (2001), a necessidade de entender o funcionamento e as relações que a
paisagem antropizada desenvolve é um fator determinante para avaliar como e em que escala o
homem está alterando o ambiente. Avaliar esses fatores a partir da qualidade da agua e das relações
ecológicas entre os vetores de leishimania e as derivações ambientais são etapas primordiais para a
construção de um panorama ambiental. ―As atividades humanas e sua espacialização, constituem-se
na presente proposição, em importante elemento na análise da degradação ambiental, e deve ser
abordada de um ponto de vista crítico‖ (MENDONÇA, 1999).
Foram realizados trabalhos de campo para uma avaliação prévia do estágio de preservação
ou degradação da área, em um raio de 50 metros de cada um dos 10 pontos de coleta (Figura 1), as
condições ambientais foram avaliadas conforme a resolução CONAMA 01/1994 que dispõem sobre
os estágios de sucessão ecológica, alguns dos critérios avaliados foram as formas de uso
predominantes no entorno, tipo de solo, relevo e impactos e derivações mais perceptíveis, além
dessas informações consideradas primarias também foi realizado levantamento das condições da
vegetação encontrada nos locais, entre alguns dos critérios temos, o produto lenhoso, estrato
lenhoso, DAP médio (diâmetro a altura do peito), a presença ou ausência de epífitas, serrapilheira e
a taxa de diversidade biológica de cada ponto.
Com as fichas de campo, fotografias, coordenadas dos pontos e imagens de satélite deu-se
início a sistematização e tratamento dos dados, posteriormente o mapeamento realizado
prioritariamente no software Quantum GIS 2.16 teve o objetivo de identificar as formas de uso e
ocupação da terra na área da sub-bacia a montante de cada ponto de coleta, os usos identificados
foram pastagens e outros usos, cultura canavieira, assentamentos, fragmentos florestais arbóreos
(incluindo unidades de conservação), malhas urbanas e app e área de várzea.
Posteriormente à produção dos mapas de uso e ocupação da terra das sub-bacias, se calculou
a área total de cada categoria que serviu de base para a produção de tabelas representando as áreas
ocupadas em Km² e em percentuais relativos à totalidade da área da bacia. A partir dessa tabela
foram elaborados gráficos demonstrando as taxas de ocupação de cada categoria em porcentagem.
Esse material está sendo utilizado juntamente com os dados de qualidade da agua avaliados e
fornecidos para o projeto, com o objetivo de estabelecer as correlações necessárias para a
compreensão da influência do impacto dos usos antrópicos na qualidade dos fragmentos, das App‘s
e dos cursos d‘agua e, posteriormente, essa analise se estenderá para a avaliação das relações
ecológicas entre as unidades de paisagem, buscando definir qual o grau de perturbação que as
unidades antrópicas estão gerando dentro do ecossistema natural nas bordas e no interior do PEMD.
As análises do mapeamento que segue sendo realizado, agora busca descobrir em uma
análise mais geral, se as áreas de preservação permanentes (App‘s) estão sendo respeitadas, ou se
ocorrem processos de conflitos de usos dentro do raio estabelecido pela Lei Florestal 12.651/12.
Nesse sentido, será possível relacionar as caracteristicas ambientais e de ocupação da sub-bacia
direta e indiretamente relacionada a manutenção da qualidade ambiental da vegetação
remanescente, e do próprio curso d‘agua.
As correlações que serão realizadas para o estudo dos flebotomíneos são baseadas
principalmente nas relações ecológicas-ambientais da espécie, com a influência das relações
sociais-ambientais do ser humano, as formas de espacialização dessas relações serão os produtos
Os dados produzidos para as correlações com a qualidade da agua são essenciais para
compreender como as formas de uso da terra podem influenciar no equilíbrio ecológico de outras
áreas, como as de recursos naturais. Neste trabalho foi definido como ―unidades antrópicas‖, as
áreas com cana de açúcar e pastagens e outros usos (ex: eucalipto), as terras destinadas a reforma
agraria (assentamentos), e os núcleos ou perímetros urbanos. É importante avaliar que a
caracterização e diagnostico ambiental aqui proposto observa as condições/qualidade ambiental de
cada uma das áreas, portanto, as relações sociais e as formas de produção que ocorrem no ambiente
precisam também ser diagnosticados. As ―unidades naturais‖ seriam portanto, as faixas de App‘s e
fragmentos florestais arbóreos com área significativa.
Na tabela de uso e ocupação da terra nas sub-bacias (tabela 1) podemos destacar alguns
pontos importantes para a análise e diagnostico, os 10 pontos de qualidade estão situados em oito
sub-bacias na região de estudo, vale ressaltar que as áreas das sub-bacias possuem diferenças,
algumas significativas, em suas áreas totais, considerando também que todos os cálculos de áreas
foram realizados em quilômetros quadrados (Km²).
Para ilustrar parte das análises que compõem este trabalho, o ponto 3, localizado na sub-
bacia do Ribeirão Sedema, no município de Teodoro Sampaio-SP e os pontos 8 e 9 ambos na sub-
bacia do Córrego Anhumas, no município de Marabá Paulista, todos parte da Bacia Hidrográfica do
Rio Paranapanema (UGRHI – 22), a escolha dessas duas áreas para algumas correlações, se vale
principalmente da proximidade das áreas totais das mesmas, 77,155 Km² e 75, 136 Km²
respectivamente. Pretende-se assim obter uma análise mais adequada e heterogênea das condições
dos dois ambientes, no caso do ponto 3, é possível observar com mais clareza essa heterogeneidade
entre a maior parte dos usos identificados, onde as áreas de cultura canavieira, pastagens e
fragmentos vegetais possuem valores próximos. No caso dos pontos 8 e 9 é observado o oposto,
considerando que possui 52,898 Km², portanto 71% de sua área ocupada por pastagens e os
fragmentos vegetais representam um valor entorno 0,571 Km², cerca de 1%. Os pontos 8 e 9 estão
separados em determinada distancia no Córrego Anhumas, sendo que o 8 está a montante e o 9 a
jusante, com isso o ponto 8 pode ser analisado isoladamente dentro da sua área de influência.
Cultura 11,207 26,734 100,994 3,273 2,980 304,264 1.016 18,404 - 1,513
canavieira
Pastagens e - 20,994 150,363 19,028 37,827 481,273 3,713 52,898 - 6,899
outros usos
Fragmentos 47,986 15,543 14,487 1,018 - 48,001 0,406 0,571 4,208 0,130
vegetação arbórea
APPs e Áreas de 2,719 0,783 10,018 0,866 2,398 74,537 0,165 3,042 0,198 1,020
várzea
Assentamentos da 15,951 - 4,219 - - 55,024 - - 11,271 -
Reforma Agrária
Área urbana - - - - 5,556 1,925 - - - -
ÁREA TOTAL 77,155 64,038 279,802 24,055 49,008 965,024 5.263 75,136 15,667 9,560
DA SUB-BACIA
Fonte: Autores
Para colaborar com a discussão aqui apresentada a área dos pontos 8 e 9 podem ser
utilizadas como contrapartida à medida que a presença e forma dos fragmentos vegetais
significativos é muito menor que as observadas no mapa anterior, essa tendência a maior ocupação
humana pode ser observada no mapa de uso e ocupação da sub-bacia do Córrego Anhumas (Figura
3), a área é em sua grande parte tomada por pastagens, que inclusive tem colaborado para a
supressão das faixas que deveriam ser destinadas a App‘s em alguns trechos do curso d‘agua, fato
que pode colaborar com a poluição e assoreamento do rio e a consequente diminuição da qualidade
ambiental.
Esta área também apresenta uma forma de relevo mais dissecada em alguns pontos, e foi
possível observar a presença de erosões nos barrancos do curso d‘agua, estas possuem inclusive
certa altura em trechos do leito. Um dos maiores problemas causados pela presença das pastagens
na região, as erosões, carregam sedimentos para o rio desequilibrando sua dinâmica e ecologia,
estas erosões ocorrem com frequência em áreas muito pisoteadas pelo gado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As informações referentes à qualidade da agua, tais como turbidez, pH, oxigênio dissolvido,
materiais orgânicos e inorgânicos e temperatura entre outros, são a base para as correlações,
analises e obtenção dos resultados finais, onde espera-se estabelecer relações de causa-efeito entre
as características ambientais de uso e ocupação das áreas estudadas, com as condições de qualidade
físico-químicas da agua, e da qualidade ambiental dos fragmentos vegetais remanescentes,
apoiando-se também nos mapas, tabelas e gráficos produzidos.
Os dados baseados no mapeamento proporcionaram uma avaliação efetiva das
caracteristicas de uso e ocupação e demonstrou com clareza que a tendência de determinadas áreas
é pelo aumento gradativo da produção agrícola extensiva. Observando os mapas e gráficos
produzidos, um dos principais aspectos destacados está na prevalência de um dos usos sobre os
demais, exemplo da atividade pastoril que é predominante em seis das oito sub-bacias estudadas, e
chegando a níveis de 77,2% e 79,1% nos Ribeirões Vai-e-Vem (ponto 6) e Cuiabá (ponto 4/5)
respectivamente. Nas demais bacias que não possuem a pastagem como cobertura dominante, estão
em destaque as áreas de fragmentos vegetais no ribeirão bonito (ponto 2) e a atividade canavieira no
Córrego do Burrinho (ponto 12).
Como destacado anteriormente, também ocorrem pontos com relativo equilíbrio entre as
formas de usos como no exemplo do Ribeirão Sedema (Figura 2), no entanto, apenas essa
característica não garante que ocorra também um equilíbrio na qualidade ambiental desses
fragmentos e do curso d‘agua, pois, as formas de manejo das atividades econômicas, principalmente
da cana de açúcar, no âmbito da sub-bacia também é um dos principais pontos de análise para
observar-se, devido ao uso descriminado de insumos agrícolas e outros compostos químicos, da
utilização de maquinário pesado e das queimadas que ainda ocorrem em determinados locais da
região.
Algumas correlações prévias e gerais podem ser feitas observando fatores importantes, a
análise é orientada a partir de variáveis que podem ter grandes diferenças, causadas por vezes, meio
a eventos extremos ou pontuais, é preciso então compreender que a variação dos dados em
determinados períodos do tempo, também podem representar pressões mais diretas no sistema da
sub-bacia, essas pressões podem mesclar causas naturais e antrópicas, como uma intensa
precipitação em uma pastagem, causando ravinamentos e voçorocas ou serem exclusivamente
antrópicas, como o periódico impacto de um canavial e o seu manejo, cabe então a caracterização e
ao diagnóstico ambiental da área determinar essas relações e interferências entre as unidades de
paisagem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com isso, será possível estabelecer mais fielmente um panorama da qualidade ambiental do Pontal
do Paranapanema, observando suas formas e taxas de perturbação, e destacar qual o papel da
sociedade nesse processo e os possíveis modos de atenuação dessas pressões antrópicas.
REFERÊNCIAS
METZGER, J. P. O que é ecologia de paisagens. Biota Neotropica, São Paulo, v.1, p. 1-9, 2001.
RESUMO
As plantas medicinais possuem princípios ativos que podem tratar organismos humanos ou até
mesmo de animais de modo geral, no combate de sintomas e cura de diversas patologias. Objetivo
principal da pesquisa foi de realizar um levantamento sobre o uso das plantas medicinais na
Comunidade Titara em Pilões (Paraíba, Nordeste do Brasil). Foram realizas visitas em todas as
residências, sendo aplicado formulários com entrevistas semiestruturadas. Entrevistou-se 13
indivíduos, perfazendo 100% das residências existentes na comunidade, sendo 09 do sexo feminino
e 04 do sexo masculino. A idade dos informantes variou de 32 a 80 anos, tendo como representante
de maior faixa etária o sexo masculino. Foram registradas 124 citações de usos de plantas
medicinais com 53 espécies pertencentes a 31 famílias e para esse total obtive-se 27 indicações
terapêuticas para diferentes usos das plantas medicinais. O Caju-roxo Anacardium humile A. St.
Hil. e o Hortelã da folha miúda Mentha x piperita L. destacaram-se como as espécies mais citadas.
Dentre as partes utilizadas o uso das folhas dos vegetais evidenciou-se com 78 citações. O chá
abafado foi a forma de preparo mais evidenciada entre os entrevistados. Quanto as indicações de
uso terapêuticos as que mais tiveram relevância foram: tosse, inflamação no geral, má digestão,
verme etc. Identificou-se que usos medicinais são direcionados ao tratamento das patologias que
afetam ao sistema respiratório, principalmente gripe e resfriados. Entende-se que, o amplo
conhecimento sobre as plantas medicinais usadas pelos moradoras da comunidade de Titara, dar-se
através da propagação do conhecimento tradicional compartilhado entre os membros de uma mesma
família e as vezes entre vizinhos e os agricultores da mesma comunidade.
Palavras Chaves: Conhecimento tradicional, Etnobotânica, Espécies vegetais.
ABSTRACT
Medicinal plants have active principles that can treat human organisms or even animals in general,
in the combat of symptoms and cure of various pathologies. The main objective of the research was
to carry out a survey about the use of medicinal plants used by community dwellers Titara in Pilões
(Paraíba, Northeast Brazil). Visits were carried out in all residences, and forms with semistructured
interviews were applied. We interviewed 13 individuals, making up 100% of the existing residences
in the community, of which 9 were female and 4 were male. The age of the informants ranged from
32 to 80 years, with the largest age group representing males. There were 124 citations of medicinal
plant uses with 53 species belonging to 31 families and for this total 27 therapeutic indications were
obtained for different uses of medicinal plants. The Purple Castor Anacardium humile A. St. Hil.
and the mint of the small leaf Mentha x piperita L. stood out as the most cited species. Among the
parts used the use of leaves of vegetables was evidenced with 78 citations. The muffled tea was the
most evidenced form of preparation among the interviewees. As for the indications for therapeutic
use, the most relevant were: cough, inflammation in general, poor digestion, worm, etc. It was
identified that medicinal uses are directed to the treatment of pathologies that affect the respiratory
system, mainly influenza and colds. It is understood that the extensive knowledge about medicinal
plants used by the inhabitants of the community of Titara, take place through the spread of
traditional knowledge shared between members of the same family and sometimes between
neighbors and farmers of the same community.Key words: Traditional knowledge, Ethnobotany,
Plant species.
Key words: Traditional knowledge, Ethnobotany, Plant species
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
As informações foram coletadas de junho de 2016 a junho de 2017, com visitas semanais
durante esse período. Com o intuito de apresentar o projeto e explicar o objetivo do estudo,
solicitou-se, em seguida, aos que concordaram participar da pesquisa, assinar o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido exigido pelo Conselho Nacional de Saúde, por meio do Comitê
de Ética em Pesquisa (Resolução CNS 196/96).
Na comunidade estudada foram realizas visitas em todas as residências sendo aplicados
formulários com entrevista semiestruturada (ALBURQUERQUE, et al., 2010) (Figura 1-2). Foram
entrevistados 13 indivíduos, perfazendo 100% das residências existentes na comunidade, sendo a
maioria do sexo feminino 09 e 04 do sexo masculino. A idade entre os informantes variou de 32 a
80 anos, tendo como representante de maior faixa etária o sexo masculino. A profissão dos
informantes varia entre agricultores e agricultores aposentados. Conforme o levantamento realizado
o estado de saúde dos entrevistados, os mesmos possuem algum tipo de doença crônica, como
diabetes, hipertensão arterial.
O material botânico coletado em campo durante o levantamento etnobotânico foram
identificados e incorporados ao Herbário Jaime Coelho de Morais (EAN) da Universidade Federal
da Paraíba (UFPB), Campus II, no Centro de Ciências Agrárias (CCA), Areia- PB.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram registradas 124 citações de usos de plantas medicinais com 53 espécies pertencentes
a 31 famílias e para esse total obtivemos 27 indicações terapêuticas para diferentes usos das plantas
medicinais. O Caju - roxo Anacardium humile A. St. Hil. e o Hortelã da folha miúda Mentha x
piperita L. destacaram-se como as espécies mais citadas, seguidos da Colônia Alpina zerumbet
(Pers.) B.L. Burtt. & R.M.Sm 7, Erva- cidreira Lippia alba (Mill.)N.E.Br. 7, Hortelã da folha grossa
Plectranthus amboinicus (Lour.) Spr. 6, Mastruz Chenopodium ambrosioides Hance 5 (Gráfico 1).
Alpinia zerumbet 7
Mentha x piperita L. 9
0 2 4 6 8 10
Fonte: pesquisa de campo, 2016/2017.
O Caju-roxo Anacardium humile A. St. Hil. Foi citado principalmente no uso do tratamento
de infecções, essa espécie apresenta uma variedade de ação terapêutica. O cozimento da entrecasca
serve como antisséptico em bochechos e gargarejos e como anti-inflamatório em casos de feridas e
úlceras da boca e afecções da garganta. A película que envolve a amêndoa tem ação anti-
inflamatória. O suco é rico em minerais e vitaminas. Como antibiótico, todas as partes da planta
demonstraram ação anti-inflamatória (BARACUHY, et al; 2016).
O uso das folhas dos vegetais destacou-se com 78 citações, 15 entrecascas, 9 frutos,7 raízes,
6 flores e 4 para sementes (Gráfico 02). O tratamento de doenças com base na fitoterapia utiliza-se
de diversas partes das plantas, como: raízes, cascas, folhas, frutos e sementes, de acordo com as
ervas em questão. Há também diferentes formas de elaboração, sendo o chá a mais utilizada, nos
preparos de decocção ou infusão (REZENDE e COCCO, 2002; OLIVEIRA, et al, 2010).
Para o preparo dos medicamentos, as formas mais utilizadas segundo os entrevistados foi o
Chá abafado com 40 citações, seguindo do chá cozido 30, lambedor 23 etc. (Gráfico 03). Dentre os
mais diversos usos, seja através de chás, cataplasmas, tinturas ou na sua forma natural. Os chás
terapêuticos são bebidas amplamente consumidas no mundo, que contribuem para a prevenção e o
tratamento de várias doenças (TREVISANATO; KIM, 2000).
35
30
30
25 23
20
15
10
6
5 2
0
Chá abafado Chá cozido Lambedor Suco Banho
Fonte: pesquisa de campo, 2016/2017
40 38
35
30
25
20
16 16
15
10
6
5 4 4
0
Tosse Inflamações Má digestão Verme Calmante Diabetes
CONSIDERAÇÕES FINAIS
riqueza cultural das práticas utilizada no trato das plantas medicinais, fortalecendo os vínculos entre
os moradores da comunidade e os recursos naturais locais.
REFERÊNCIAS
ALENCAR, Nélson leal; ALBUQUERQUE, Ulysses paulino. Quais os fatores que interferem
sobre a riqueza e compartilhamento de conhecimento botânico tradicional sobre plantas
medicinais?. Recife-PE: Universidade Federal Rural de Pernambuco, 2012. p.109.
ARAUJO, M. M. de. Estudo etnobotânico das plantas utilizadas como medicinais no Assentamento
Santo Antônio, Cajazeiras, PB, Brasil. 2009. 130p. Dissertação (Mestrado em Ciências
Florestais e Ambientais) - Universidade Federal de Campina Grande.
BADKE, M. R.; BUDÓ, M. L. D.; ALVIM, N. A. T.; ZANETTI, G. D.; HEISLER, E. V. Saberes e
práticas populares de cuidado em saúde com o uso de plantas medicinais. Florianópolis: Texto
Contexto Enferm, nº21 vº2, 2012, p 363-70.
BARACUHY, J.G.V.; FURTADO, D.A.; FRANCISCO, P.R.M.; LIMA, J.L.S.; PEREIRA, J.P.G.
Plantas medicinais de uso comum no Nordeste do Brasil. 2ªed. Campina Grande-PB: EDUFCG,
2016, 2015p.
DIEGUES, Antonio Carlos et al. Biodiversidade e comunidades tradicionais no Brasil. São Paulo:
NUPAUB-USP/PROBIO-MMA/CNPq, 2000.
MAIA, E.A.; FRANCISCO, J.; PIRES, T.; MANFREDI-COIMBRA, S. O uso de espécies vegetais
para fins medicinais por duas comunidades da Serra Catarinense, Santa Catarina, Brasil. Rev.
de Biologia e Ciência da Terra. vº 11, nº 1, 2011, p.54-74
MOSCA, V. P.; LOIOLA, M. I. B. Uso de plantas medicinais no Rio Grande do Norte, Nordeste do
Brasil. Mossoró: Revista Caatinga. v° 22, nº 4, 2009, p.225-234.
TREVISANATO, S. I.; KIM, Y. I. Tea and health. Nutrition Reviews, Malden, v. 58, n. 1, p. 1-10,
2000.
RESUMO
Esse trabalho tem como objetivo refletir sobre uma proposta de trabalho de campo biogeográfico a
partir dos princípios da Geografia Humanista. Para isso, buscamos analisar relatos de experiências
de estudantes nos campos de Biogeografia. Observamos suas vivências em campo e como fizeram
correlações com o conteúdo programático ministrado na disciplina. Essa reflexão foi feita a luz de
uma revisão bibliográfica a cerca dos conceitos de vivência e experiência, somando-se a minha
própria vivência como monitora/bolsista e participante dos campos da disciplina. Considera-se que
é preciso exercitar a vivência geográfica por meio de todos os sentidos humanos, na busca de
estreitar a relação entre o sujeito e o objeto, deixar surgir a paisagem, pois é nessa relação que o
fenômeno se revela.
Palavras-chaves: Biogeografia, trabalho de campo, vivência, experiência e Geografia Humanista.
ABSTRACT
This work has witch the aims to reflect on the propose of biogeographic fieldwork from the
principles of humanistic geography. For this, we read field reports of Biogeography students and
reflected about their experiences in the field and how did they make the correlations with the
programmatic subject teaching in the discipline. This reflection was executed based on the
bibliographical review about the concepts lived and experience and with my own experience as a
monitor and fellowship of scientific initiation accompanying and participating in the fields of the
discipline. It is necessary to live the geographical experience through all the human senses,
searching to get in the relation between the subject and the object, let the landscape emerge, in this
relationship the phenomenon is revealed.
Keywords: Biogeography, fieldwork, experience and Humanistic Geography.
INTRODUÇÃO
A Biogeografia como disciplina do curso de Geografia se trata da ciência que estuda a
distribuição dos seres vivos pelo planeta, considerando diferentes escalas espaciais e temporais. Se
a Biogeografia busca compreender as razões e causas de os seres vivos estarem onde estão, e ainda
considerando o homem enquanto ser vivo nas relações que estabelece com os outros seres no
espaço, então, essa ciência tem a paisagem como objeto de estudo. Dessa forma, esse objeto
também a conduz para a compreensão da paisagem. Dardel (2011, p.30) afirma que a paisagem não
1
Bolsista do programa PRONOTURNO da Geografia/UFMG, financiado pela PROGRAD/UFMG.
Logo, a partir da experiência é possível deixar que se revele a geograficidade definida por
Dardel (2011). Ela corresponde a uma relação tangível que liga o homem à Terra, demonstrada pelo
amor ou vontade de desbravar o mundo: ―Conhecer o desconhecido, atingir o inacessível, a
inquietude geográfica precede e sustenta a ciência objetiva‖ (DARDEL, 2011, p.1).
Dessa maneira, o trabalho de campo na Geografia é um recurso pedagógico muito
importante e vai ao encontro do que a visão humanista apresenta, pois ele vai muito além do que
colocar em prática a teoria estudada em sala de aula. Cada trabalho de campo é uma experiência
única, e é por meio dessa vivência que o sujeito compreende a revelação dos fenômenos que, a
princípio, podem estar ocultos na paisagem. Porém, não se trata do outro (um professor ou um
colega) mostrar/ o fenômeno e, sim, permitir maneiras que levem o próprio sujeito a perceber os
fenômenos revelando-se para si, por meio da exposição às sensações.
Assim sendo, esse tipo de abordagem vem nos instigando (a mim e minha orientadora
professora da disciplina) a pensar em uma proposta de campo em Biogeografia na perspectiva
humanista, e como a base da proposta é a experiência, temos a colocado em prática há alguns
semestres. Sabemos que se trata de uma proposta onde nos deparamos com desafios. Nesse sentido,
o presente trabalho tem como objetivo refletir sobre a construção do trabalho de campo
biogeográfico a partir dos princípios e de autores ou influenciadores da geografia humanista tais
como: Sauer, Wright, Tuan, Dardel e Marandola Jr., entre outros. Buscamos analisar relatos de
campo de estudantes sobre suas vivências em campo e suas correlações com o conteúdo
programático proposto na disciplina, na tentativa de se trabalhar a Biogeografia - uma disciplina
considerada de natureza física - na perspectiva dos princípios humanistas.
Para atingir esse objetivo foi necessária uma revisão bibliográfica atrelada aos trabalhos de
campo que acompanhei, como monitora, da disciplina de Biogeografia na UFMG. Foram lidos e
analisados os relatos produzidos pelos alunos sobre suas experiências biogeográficas de campo,
nesses respectivos semestres, sendo que alguns deles contribuem para essa discussão que está sendo
feita, mostrando também que o olhar geográfico pode transitar por várias escalas, correlacionando-
as. Além disso, a experiência de participar do I Workshop sobre ―A experiência geográfica de
mundo: por uma fenomenologia ordinária‖, organizado pelo NPGEOH-UFMG2, acrescentou
bastante nessa reflexão.
METODOLOGIA
Inicialmente, e no decorrer da produção deste trabalho, fiz uma revisão bibliográfica sobre
os princípios da Geografia Humanista, entre eles os conceitos de experiência e vivência. Além
disso, presenciei algumas apresentações de trabalhos abordados com esse olhar e participei de um
2
Núcleo de Pesquisa e Estudo em Geografia Humanista - UFMG.
workshop sobre ―A experiência geográfica de mundo: por uma fenomenologia ordinária‖3. Por meio
dessas vivências, foi possível escavar e aprender muito sobre esse olhar humanista, alcançando
algumas respostas e ao mesmo tempo deixando que outras questões se revelassem.
Como preparação para o campo, foram realizadas visitas à Estação Ecológica da UFMG,
para a realização de atividades dirigidas, tais como uma caminhada dentro da mata com os olhos
fechados, permitindo que os alunos contemplassem a paisagem por alguns instantes, para que todos
os sentidos pudessem ser explorados, dando maior destaque para um ou mais em determinados
momentos. Além disso, foram feitas questões para estimular a reflexão dos alunos sobre o trabalho
de campo, tais como ―O que é vivência?‖ e ―O que é experiência?‖, juntamente com a indicação de
algumas referências bibliográficas que discorrem sobre isso, como ―Humano, Demasiado Humano‖
de Nietzsche, ―A Educação de um Geógrafo‖ de Sauer, entre outros.
Além disso, houve a minha participação e acompanhamento do trabalho de campo da
disciplina de Biogeografia na UFMG, durante 4 semestres consecutivos (segundo semestre de 2015
ao primeiro semestre de 2017). Ele é estruturado em três etapas. A primeira delas é o pré-campo e
que corresponde a produção de um texto, desenho, poesia, ou outro tipo textual, por cada aluno,
refletindo e discutindo sobre as suas expectativas para o trabalho de campo de Biogeografia, após a
leitura de textos pré-definidos como ―A Terra Incognitae: o lugar da imaginação na geografia‖ de
Wright e ―Notas sobre a experiência e o saber da experiência‖ de Bondía.
A segunda etapa consiste em uma travessia através do quadrilátero ferrífero, durante três
dias consecutivos, partindo de Belo Horizonte, passando por Nova Lima e Rio Acima em direção à
Serra da Gandarela em Santa Bárbara/MG (comunidade rural André do Mato Dentro), e retornando
no último dia à capital mineira. A Serra da Gandarela compreende áreas dos municípios de Caeté,
Santa Bárbara, Barão de Cocais, Rio Acima, Itabirito e Raposos na região metropolitana de Belo
Horizonte-MG e faz parte da Reserva da Biosfera do Espinhaço. A serra abriga uma biodiversidade
e mananciais que abastecem a região (Projeto Manuelzão, 2017). Apresenta campos rupestres
sustentados por cangas, ―os mais preservados de toda a região, constituindo a principal área de
recarga do Sinclinal Gandarela, a abastecer vários córregos e ribeirões, de classes Especial e 1, das
bacias dos rios Piracicaba/Doce e Velhas/São Francisco – este último, à montante da principal
captação para o abastecimento público da RMBH‖ (Projeto Manuelzão, 2017). A serra ''forma um
corredor ecológico natural com o Caraça, unindo as duas bacias‖ (Projeto Manuelzão, 2017). Além
disso, ―a Mata Atlântica, no interior e nas vertentes exteriores da serra, é a maior e mais preservada
de toda a região. Juntamente com os campos rupestres e os campos de altitude, guarda uma rica
3
Ministrado pelo professor Eduardo Marandola Jr. da Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de
Campinas, em agosto de 2016.
diversidade de flora e fauna, que abriga espécies endêmicas e em extinção, além de uma das
maiores geodiversidades da região do Quadrilátero Ferrífero‖ (Projeto Manuelzão, 2017).
Ao longo dessa travessia, são realizadas algumas paradas. Em cada uma delas é proposto
que os alunos contemplem a paisagem individualmente, buscando usufruir de seus sentidos (visão,
tato, olfato, audição e paladar), estabelecendo relações com seu entorno da maneira que escolher
para compreendê-la, registrando em suas cadernetas de campo as suas reflexões e vivência. Após
esse momento, os alunos podem compartilhar suas percepções e a professora faz suas
considerações, utilizando diferentes mapas (geológico, pedológico, climatológico, topográfico, etc.)
sobre a área de estudo. Além disso, em uma das paradas os alunos fazem um levantamento
fitofisionômico em um transecto de 50m x 2m e em uma parcela 10m x10m. O propósito de aplicar
essa técnica vai muito além de apresentá-la aos alunos. Ela é uma vivência, pois, como o geógrafo
não tem conhecimento técnico de botânica, ele tem que ter outros critérios para classificar a
vegetação: o uso dos sentidos.
Ao final dessa segunda etapa e do trabalho de campo é de interesse que os alunos se
esforcem em esboçar um transecto que correlacione os aspectos geológicos, geomorfológicos,
vegetacionais e de uso e ocupação do solo da área de estudo, vistos e vivenciados no percurso, tais
como os exemplos que seguem nas figuras 1, 2 e 3 a seguir:
4
Produzido por alunos da Disciplina de Biogeografia – Turma TNA/ Primeiro semestre de 2016.
Por fim, a terceira etapa do trabalho de campo consiste em um relato de cada aluno sobre a
sua experiência biogeográfica. Assim como no pré-campo, nesse momento, os alunos também têm a
5
Produzido por alunos da Disciplina de Biogeografia – Turma TNB/ Primeiro semestre de 2016.
6
Produzido por alunos da Disciplina de Biogeografia – Turma TNA/ Primeiro semestre de 2016.
liberdade de escolherem o tipo textual que irão usar para produzir esse relato, ou seja, pode ser uma
música, uma carta, uma poesia, um desenho, um conto, uma crônica, etc., desde que seja de autoria
deles e que relacione a sua vivência ao programa da disciplina. Esse conteúdo engloba diversos
tópicos entre eles a Introdução à Biogeografia; Noções Básicas de Biologia; Elementos de Ecologia
ligados à Biogeografia; Variação/Distribuição espacial e temporal dos seres vivos;
Paleobiogeografia; Bioreinos e Biomas; Biogeografia e meio-ambiente.
A partir dessa proposta, como monitora e bolsista da disciplina, li todos os relatos
produzidos no segundo semestre de 2015, os elaborados nos semestres de 2016 e os do primeiro
semestre de 2017, buscando alguns relatos para refletir sobre ela, sempre pensando sobre a proposta
em si, entre outras palavras, se a experiência que cada um adquiriu no campo contribuiu de forma
efetiva para o aprendizado deles. Para isso selecionei alguns trechos que demostram algumas
conclusões e numerei os alunos, como forma de preservar as suas identidades. Todavia, não foi
apenas a carga do conhecimento que obtive a partir das leituras e palestras que assisti durante todo o
período de realização do presente trabalho que me permitiu fazer essas considerações. Eu também
vivenciei esse trabalho de campo e, portanto, também tenho a minha experiência sobre ele que, por
sua vez, é muito importante para eu que eu possa fazer essa reflexão.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Apesar da proposta do trabalho de campo ter um trajeto mais ou menos já definido (já que
podem ocorrer imprevistos durante a travessia), em que momento se inicia o campo? Quando se
entra no ônibus? Quando se chega ao primeiro destino? O campo se inicia no momento em que se
começa a esperar algo em relação a ele. Por isso a importância do pré-campo. A seguir, o trecho de
um texto produzido por um aluno nessa etapa reflete isso:
―Lendo o texto proposto é possível perceber também que nem sempre o que
julgamos experiência, assim se constitui: experienciar é fazer acontecer, enxergar
sentido, quase um ato passional com o viver humano. Viver a experiência é ser
capaz de lembra-se, futuramente, daquilo que foi vivido. Não se trata também de um
acúmulo, um quantitativo, mas do sentir, de atribuir qualidade. Ir para o Gandarela
com tantos ruídos, tantos outros relatos, tantas pré-disposições minhas e de outros
colegas, amplia a ansiedade pelo desconhecido e pela vontade em querer conectar
todas estas noções. O compromisso é retornar com novas visões, sentidos e coloca-
los à espera de mais uma nova experiência, longe de somente os valores empíricos
ou do saber acadêmico acumulado‖. Trecho do pré-campo do Aluno 1 – Primeiro
semestre de 2016.
Nesse fragmento percebe-se que o aluno absorveu a noção de experiência abordado por
Bondía (2002, p.21) e está disposto a abrir-se para uma nova vivência capaz de fazê-lo ―retornar
com novas visões, sentidos e coloca-los à espera de mais uma nova experiência, longe de somente
os valores empíricos ou do saber acadêmico acumulado‖.
Além do mais, apesar do aluno ter ouvido relatos de outros colegas sobre esse campo,
quando não se conhece a área de estudo, o ideal é que não se obtenha informações prévias a respeito
dele. Mas e quando já se conhece o lugar, significa que não há expectativas? Pode ser que elas
estejam mais próximas do que a paisagem pode revelar, mas a experiência jamais será igual. Pode-
se ir/visitar várias vezes um mesmo lugar ou fazer um mesmo trajeto mais de uma vez, no entanto,
cada momento é único, o que faz com que as experiências sejam singulares.
Dessa maneira, é necessário um desarmamento, ou seja, abrir mão de quaisquer preconceitos
sobre a disciplina, a área de estudo, e outros, visando uma desconstrução da expectativa e se
permitindo estar aberto para novas experiências a partir dos sentidos. Por mais que a princípio
pareça difícil (ou impossível), é preciso fazer esse esforço de não se deixar influenciar pelo que já
se conhece. As dinâmicas realizadas antes do campo na Estação Ecológica da UFMG, bem como as
reflexões e leituras propostas, subsidiaram essa desconstrução, para que os alunos pudessem colocá-
la em prática no campo.
O trecho seguinte, extraído de um dos relatos analisados, mostra que em um momento da
travessia o aluno soube explorar mais o olfato e o tato, permitindo que ele compreendesse que ele
estava cercado por terra molhada, mesmo que sua visão não colaborasse para isso devido a intensa
neblina no momento:
―Uma parte marcante da viagem, por sinal coincidente com a temática do texto
Vespral de Chuva, foi a ocorrência ou quase ocorrência da chuva no momento que
subíamos a serra. Apesar de paradoxalmente estarmos em um mirante e não
conseguirmos ver nada, podíamos sentir o cheiro de terra molhada e a grande
umidade no ar‖. Trecho do relato do Aluno 2 – Segundo semestre de 2016.
―Fui correndo ver o rio que corria lá em cima, tinha pouco tempo, mas ao menos,
contemplei-o por alguns minutos: água que desce nervosa pelas rochas , detentora de
frescor e vida. Desci em direção á estação de trem, havia uma lojinha para turistas,
fui conversar com a sra. Elenice , responsável pelo local: nascida e criada em Rio
Acima, ela relatou o interesse em se preservar a história daquele lugar, reativando a
Maria Fumaça. Falou sobre o enfoque turístico ambiental, mas com caráter
preservacionista, disponibilizou alguns cartões de visita de pousadas e restaurantes
que atendem aos turistas pelo mato adentro. Falou sobre a família Fernandes e sobre
as terras coloridas extraídas no alto da Serra para comércio e artesanato‖. Trecho do
relato do Aluno 3 - Primeiro semestre de 2016.
O trecho seguinte também corrobora com as reflexões que estão sendo feitas neste trabalho.
O aluno ressalta que aprendeu a ―exercitar‖ a geograficidade - a experiênciá-la - e reconhece que
paisagens comuns ao seu olhar não os tocava da maneira como tocaram durante essa experiência:
―Voltei para casa, na certeza de que o mundo natural, como diria Keith Thomas (que
me recebeu na Academia, tão logo cheguei na UFMG), faz muito mais parte de mim
do que suponho, do que me coloco desconexa por não considerar as experiências e
particularidades do campo diário. A natureza, o cerrado, a biodiversidade, a região
metropolitana, dentre tantos outros fatores deste campo, estão diante de mim, todos
os dias, mas sempre com o olhar de quem passa sem deixar-se passar, sem ser
tocada. A experiência do campo se fez evidente em cada uma destas peculiaridades
tão próximas no dia-a-dia. Repito Manoel de Barros: [...] aprendia melhor no ver, no
ouvir, no pegar, no provar e no cheirar. Aprendi e fiz geografia, como vivência e
como ciência e como geograficidade, diante das imagens dos espaços, dos lugares,
do meu pensamento e da minha imaginação‖. Trecho do relato da Aluno 4 –
Primeiro semestre de 2016.
À medida que as sensações são percebidas (elas revelam muitas coisas), os alunos deveriam
procurar descrever o seu lugar e o seu lugar-Serra da Gandarela, por exemplo. Ou seja, fazer uma
descrição inicial e outra abarcando intensamente os sentidos, aquilo que vivenciaram. Assumir essa
postura é explorar o olhar geográfico, transformando a relação ―EU-ISSO‖ que é distante, sem
atribuição de sentido, para a relação ―EU-TU‖, ou seja, uma aproximação, seja ela qual for, entre o
sujeito e o lugar. É nela que se destaca a revelação do fenômeno (MARANDOLA JR., 2016, p.9).
Assim sendo, as percepções de cada aluno são capazes de dizer sobre o fenômeno, antes
mesmo que o professor faça suas considerações, à medida que essas percepções podem remeter ao
que já foi estudado e às experiências passadas, correlacionando-as. No entanto, o que essas
sensações podem dizer sobre o que tem sido estudado na disciplina de Biogeografia ou de outras
disciplinas geográficas? Quando ocorre essa transição do ―EU-ISSO‖ para o ―EU-TU‖ o aluno
compreende de fato o que está sendo estudado, de forma mais efetiva do que se simplesmente
estivesse apenas escutado o que o professor (a) falou. No entanto, uma vez que nem todos percebem
as mesmas coisas ou percebem de maneiras diferentes (porque somos diferentes – carregamos
conosco experiências passadas únicas e elas interferem no modo como percebemos o mundo),
convém a troca dessas reflexões e a apresentação de algumas considerações do professor para que,
assim, não restem questões e o conteúdo seja apreendido por completo.
Portanto, os sentidos do geógrafo não devem cessar. Em todos os momentos ele deve
procurar exercitar os sentidos, estreitando o sujeito (EU) daquilo que ele ―vê‖ (ISSO). Essa
aproximação permite que fenômenos sejam revelados, à medida que o sujeito procura descrever a
paisagem na perspectiva de lugar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse trabalho está apenas começando. Pretendemos utilizar outras ferramentas para a nossa
reflexão. Trabalhar a bio-geografia por meio dos princípios humanistas, considerando a vivência em
campo e somada às experiências anteriores, pareceu-nos contribuir no estreitamento da relação do
sujeito com seu objeto, deixando-se revelar a paisagem. Os trechos dos relatos apresentados
caminham na direção desses princípios e mostram que essa abordagem tem colaborado para a
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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RESUMO
Áreas serranas em regiões de Caatinga tem sido indicada como refúgios vegetacionais. Perante esse
pressuposto é de suma importância caracterizar as espécies vegetais desses ambientes em relação a
seus aspectos fenológicos, contribuindo para futuros projetos de manejo da flora nativa, nessa
perspectiva, tivemos como objetivo caracterizar as espécies e os indivíduos arbustivos-arbóreos de
uma região montanhosa do semiárido brasileiro, quanto a suas estratégias fenológicas (síndromes de
dispersão, polinização e tipos de fruto). O estudo foi realizado na Serra da Arara no município de
São João do Cariri, Paraíba. Foram demarcadas 100 parcelas de 100 m² cada ao longo da montanha.
Em cada parcela foram inclusos todos os indivíduos vivos com altura ≥ 1m e diâmetro do caule ao
nível do solo (DNS) ≥ maior 3 cm. Foram amostrados 3.155 indivíduos, distribuídos em 35 espécies
e 12 famílias. Em relação as características fenológicas verificamos que 75% dos indivíduos
possuem vetores abiótico como meios para dispersão de sementes, sendo a síndrome autocoria a
mais predominante entre indivíduos (59,75%) e as espécies (37,9%) corroborando estudos
anteriores, que indicavam a autocoria como principal estratégia de dispersão em condições
semiáridas marcadas pela alta sazonalidade. A maioria dos frutos possuem consistência seca, onde
os principais tipos foram o legume e a cápsula, já entre os indivíduos o esquizocarpo foi o mais
representativo (39,82%). Esses tipos de frutos são comuns a plantas com dispersão por meio de
vetores abióticos. Em relação a polinização foram evidenciadas as seguintes síndromes: melitofilia,
quipterofilia, ornitofilia e esfingofilia. A melitofilia foi a síndrome mais representativa, tanto entre
espécies, sendo evidenciada em 20 espécies, quanto entre os indivíduos (63,41%), conforme
constatado em outros estudos em áreas de Caatinga. Esse grande sucesso das abelhas como vetores
de polinização está estritamente associado a seu desenvolvimento adaptativo que garante uma maior
eficiência na polinização.
Palavras-chave: Caatinga; autocoria; melitofilia; montanhas.
ABSTRACT
Mountain areas in regions of Caatinga vegetation has been indicated as biodiversity refugia. Before
this assumption is of paramount importance to characterize plant species of these environments in
relation to their phenological aspects, contributing to future projects of management of native flora.
We aim to characterize the species and individuals tree of a mountainous region from the Brazilian
semi-arid region, about their phenological strategies (dispersal, pollination syndromes and types of
fruit). The study was conducted in Serra de Arara in the municipality of São João do Cariri, Paraíba.
Were demarcated 100 plots of 100 m ² each along the mountain. In each plot were included all
individuals living with height ≥ 1 m and diameter of the stem at ground level (DNS) ≥ greater than
3 cm. Were sampled 3,155 individuals, distributed in 35 species and 12 families. The phenological
features showed that 75% of individuals have abiotic vectors as a means for seed dispersal, being
autochory syndrome the most prevalent among individuals (59.75%) and species (37.9%)
corroborating previous studies, which indicated the main dispersal strategy autochory in semiarid
conditions marked by high seasonality. Most fruits have dry consistency, where the main types were
the vegetable and the capsule, already among the individuals the schizocarp was the most
representative (39.82%). These types of fruits are common to plants with dispersal through abiotic
vectors. About pollination were highlighted the following: melittophily syndromes, chiropterophily,
bird watching and phalenophily. The melitofilia was the most representative syndrome, both among
species, being shown in 20 species, as between individuals (63.41%), as noted in other studies in
areas of Caatinga. This great success of bees as pollination vectors is strictly associated with your
adaptive development that ensures greater efficiency in pollination.
Keywords: Caatinga; autochory, melittophily; mountain
INTRODUÇÃO
ambiente, sendo possível uma melhor compreensão das interações planta-polinizador e planta-
dispersor (Domingues et al., 2013; Domingues; Gomes; Quirino; 2013).
A dispersão corresponde ao transporte de sementes para diferentes áreas, promovendo a
colonização de uma maior diversidade de ambientes, constituindo uma etapa crucial para o
estabelecimento, desenvolvimento e evolução das formações vegetais, promovendo o intercâmbio
de material genético entre diferentes populações (Rondon-Neto et al., 2001; Herrera, 2002). Por
outro lado, o estudo da ecologia de polinização em comunidades vegetais permite compreender o
fluxo gênico entre as populações, bem como a partilha e competição por polinizadores em um
ecossistema (Quirino, 2006).
Em ecossistemas tropicais tem-se constatado a zoocoria como a principal síndrome de
dispersão e as abelhas como principais vetores para a polinização (Howe e Smallwood, 1982; Reis
et al., 2012; Gomes e Quirino, 2016; Santos-Filho, 2016; Souza e Funch, 2015). Entretanto, as
diferentes condições ambientais presentes em ecossistemas tropicais, tais como variações na
precipitação, podem influenciar diferentes padrões de dispersão e polinização nesses ambientes
(Souza et al., 2014).
Em regiões com baixas precipitações pluviométricas, como na Caatinga, há um predomínio
de vetores abiótico na dispersão de sementes, sendo a autocoria e a anemocoria as principais
síndromes de dispersão (Silva e Rodal, 2009), bem como uma maior predominância de frutos do
tipo seco (Amorim et al., 2009). Em relação as síndromes de polinização, tem-se evidenciado nessas
regiões uma predominância de melitofilia, onde as abelhas representam os principais vetores
(Quirino e Machado, 2014).
Nesse contexto, buscamos por meio do presente estudo caracterizar a vegetação arbustiva-
arbórea de uma região montanhosa do semiárido paraibano, quanto a suas síndromes de dispersão e
polinização, na expectativa de contribuir para o banco de dados a respeito da reprodução de
espécies vegetais da Caatinga, afim de oferecer subsídios para futuros projetos de reflorestamento e
manejo da fauna e flora nativa.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
O presente estudo foi realizado na Serra da Arara município de São João do Cariri (07º 23‘
27‖ S e 36º 31‘ 58‖ O) (Figura 1). O município está localizado na mesorregião da Borborema e
microrregião do Cariri Ocidental no Estado da Paraíba, Brasil.
Figura 1. Mapa de localização da Serra de Arara, município de São João do Cariri, indicando a localização
do estado da Paraíba, Brasil.
Foram demarcadas 100 unidades amostrais de 10 m², com espaçamento de 10 m entre si,
distribuídas em quatro transectos dispostos na serra de forma longitudinal, totalizando uma área de
um hectare. Em cada parcela foram incluídos todos os indivíduos vivos com altura ≥ 1m e diâmetro
do caule ao nível do solo (DNS) ≥ maior 3 cm, por caracterizarem indivíduos adultos para a
vegetação da Caatinga (Amorim; Sampaio; Lima; 2005).
Para as medidas de DNS foram utilizados paquímetros e fita métrica com leitura direta para
diâmetro e perímetro, enquanto as estimativas de altura dos indivíduos amostrados foram feitas com
o auxílio de podão de coleta de 12 metros e acima disso por estimativa visual. Em campo foram
registrados os seguintes dados: altura, nome cientifico, diâmetro ao nível do solo e para aqueles
indivíduos não identificados foram anotadas as principais características morfológicas, e realizada a
coleta do material botânico para futura análise por especialistas ou comparação com coleções de
herbário.
Após a coleta de dados, com o auxílio de literatura, foi efetuada a caracterização ecológica
das síndromes de polinização, dispersão, e tipo de fruto (Barbosa et al., 2002; Barbosa et al., 2003;
Quirino, 2006; Silva et al., 2013a; Quirino e Machado, 2014; Gomes e Quirino, 2016). Com base na
classificação proposta por Van Der Pijl, para a dispersão foram consideradas duas categorias: 1.
Abiótica –quando não há intervenção de animais, subdivida em: anemocóricas e autocóricas; 2.
Zoocóricas – quando são dispersadas por animais (Santos-Filho, 2016). Em relação a polinização
foram verificadas a ocorrência das seguintes síndromes: Cantarofilia (besouros), Miofilia (moscas),
Melitofolia (abelhas), Esfingofilia (mariposas grandes), Falenofilia (mariposas pequenas), Psicofilia
(borboletas), Ornitofilia (aves) ou Quiropterofilia (morcegos).
RESULTADOS
Foram amostrados 3.155 indivíduos vivos distribuídos em 35 espécies, destas seis não foram
identificadas, não sendo possível a caracterização ecológica das mesmas. Os demais indivíduos
estão alocados em 29 espécies e 12 famílias. Fabaceae e Euphorbiaceae, com nove e cinco espécies,
respectivamente, foram as famílias mais representativas (Tabela 1).
Tabela 1. Características ecológicas da vegetação arbustiva-arbórea da serra da Arara, São João do Cariri,
Paraíba. SD = síndrome de dispersão; ane = anemocoria; aut = autocoria; zoo = zoocoria; SP = síndrome de
polinização; esf = esfingofilia; mel = melitofilia; qui =quiropterofilia; orn = ornitofilia; SNI = síndrome não
identificada; dru = drupa; cri = criptosâmara; leg = legume;cap = cápsula; esq = esquizocarpo; nuc = nucula;
sam =sâmara.
Quanto aos tipos de fruto, a maioria das espécies possuem frutos do tipo legume (7
espécies), cápsula (7) e esquizocarpo (5), sendo ainda evidenciadas espécies com frutos do tipo
drupa (4), baga (3) e criptosâmara, núcula e sâmara com uma espécie cada. Frutos esquizocarpos foi
o tipo mais representativo entre os indivíduos, sendo este evidenciado em 39,82% dos indivíduos
(Figura 3).
Figura 3. Tipos de frutos por espécie e indivíduos, da comunidade arbustivo-arbórea da Serra da Arara.
espécies com esfingofilia, e para Allophylos sp. não foram encontrados registros para seu vetor de
pólen. A melitofilia foi a síndrome de polinização mais representativa, tanto entre as espécies,
quanto em relação ao número de indivíduos, de modo que 63,41 %, dos 3061 indivíduos possuem
abelhas como vetores de pólen (Figura 4).
DISCUSSÃO
trabalhos que tem apontado a zoocoria como principal síndromes de dispersão, em áreas de
Caatinga, analisaram apenas a nível de espécies (Freire et al., 2016; Gomes e Quirino, 2016),
havendo uma carência em relação a quantificação dos indivíduos, sendo este um importante
aspecto, sobretudo em meio a comunidades vegetais com uma baixa equitabilidade entre as
espécies. Apesar de no presente estudo o número de espécies autocóricas ter sido similar ao de
zoocóricas, as autocóricas aparentemente possuem um maior sucesso na colonização e
estabelecimento em regiões de Caatinga, o que pode ser comprovado pelo elevado número de
indivíduos descrevendo essa síndrome.
Essas diferenças na expressividade das síndromes dispersivas, entre a mata seca e outras
formações florestais úmidas, podem ser atribuídas a características endógenas da Caatinga,
desenvolvidas em respostas ao estresse hídrico local, de modo que em ambientes com maiores taxas
de precipitação há um predomínio de vegetais zoocóricos e à medida que o grau de sazonalidade é
elevado em ambientes áridos, vetores abióticos, tais como o vento e a gravidade, assumem maior
destaque na dispersão de sementes (Griz et al., 2002; Silva e Rodal, 2009; Vicente et al., 2003).
A maior predominância de frutos secos tem sido evidenciada em fisionomias de Caatinga
(Barbosa et al., 2002; Gomes e Quirino, 2016), sendo essa consistência predominante em vegetais
com síndromes abióticas (Silva et al., 2013a). A maioria das espécies possuem frutos do tipo
legume e cápsula ambos com sete espécies, conforme evidenciado em outras áreas de Caatinga
(Silva et al., 2013a) e em uma floresta ciliar, no Cerrado (Santos-Filho, 2016). Apesar da maioria
das espécies possuírem esse tipo de fruto, vale ressaltar que a nível de indivíduos há uma
predominância de frutos do tipo esquizocarpo, indicando um maior sucesso de colonização na área
de estudo, por espécies com esse tipo de fruto.
As síndromes de polinização desempenham um papel fundamental na estruturação das
comunidades vegetais (Reis et al., 2012). As diferentes síndromes de polinização presentes na
comunidade arbustivo-arbórea da Serra da Arara podem ser explicadas por diferenças nas condições
ambientais entre os estágios sucessionais da comunidade, as quais promovem variações no nicho
ecológico dos polinizadores (Silva et al, 2012). A predominância da melitofilia como síndrome de
polinização também foi evidenciada em um estudo desenvolvido na Fazenda Almas, também
localizada no Cariri, próximo à área estudada (Quirino; Macchado, 2014). A eficiência de abelhas
como vetores de polinização, está diretamente ligada a seu conjunto de adaptações morfológicas
para obtenção de pólen, o qual garante a esse grupo maiores vantagens em relação a outros grupos
quanto a quantidade de flores visitadas e a velocidade da visita (Mascena, 2011). O grande número
de espécies e indivíduos que possuem abelhas como vetores de polén confere as abelhas papel
preponderante na manutenção da comunidade arbustiva-arbórea (Reis et al., 2012), sendo
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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RESUMO
Os brejos de altitudes no Nordeste são considerados ecossistemas prioritários para a manutenção da
biodiversidade brasileira, porém, existem poucas informações sobre a composição florística
existente nestas regiões, especialmente no estado da Paraíba. Desta forma, o trabalho objetiva
realizar levantamentos fitossociológicos em fragmentos de matas de Brejos de altitude localizados
na Serra do Espinho (Pilões, PB), nas comunidades rurais de Veneza e Titara. Foi empregado o
método dos quadrados, onde foram plotadas duas parcelas (10 × 10m) em fragmentos de mata de
cada comunidade. Todos os indivíduos que apresentarem DAP (diâmetro à altura do peito) ≥ 2cm e
altura ≥ 1,30m foram inclusos. No total, foram amostrados 272 indivíduos e 43 espécies. O índice
de diversidade de Shannon H‘ foi de 2,93, enquanto o índice de equabilidade de Pielou (J‘) foi de
0,85, o que sugere a ocorrência de uma alta uniformidade na relação de indivíduos e números de
espécies na comunidade vegetal.
Palavras-chave: Fitossociologia, Conservação, Brejos de altitude.
ABSTRACT
Brejos de altitude in the Northeast are considered priority ecosystems for the conservation of
Brazilian biodiversity, however, there is little information on the floristic composition in these
regions, especially in the state of Paraíba. The purpose of this research was to make a
phytosociological surveys on fragments of forests of the Brejos de altitude located in Serra do
Espinho (Pilões, PB), in the rural communities of Veneza and Titara. The squares method was used,
where two plots (10 × 10m) were plotted in forest fragments of each community. All plants ≥ 1.5m
high and ≥ 2cm of stem diameter were included. In total, 272 individuals and 43 species were
sampled. The Shannon diversity index (H') was 2.93, while the Pielou equability index (J') was
0.85, which suggests the occurrence of a high uniformity in the relation of individuals and species
numbers in the community vegetable.
Keywords: Phytosociology, Conservation, Brejos de altitude.
7
Orientador Profº Dr° Carlos Antônio Belarmino Alves - Professor do Departamento de Geografia - UEPB- Campus III
INTRODUÇÃO
A Mata Atlântica é um dos principais biomas brasileiros que necessitam de prioridades para
a conservação da fauna e flora. Na região Nordeste estima-se que haja apenas 5% dos
remanescentes originais (ANDRADE et al. 2002). Parte da Mata Atlântica nordestina é composta
pelos Brejos de altitude, que formam ―ilhas‖ de floresta úmida ou ―matas serranas‖ em meio à
vegetação de Caatinga (TABARELLI e SANTOS, 2004).
O estado de conservação dos brejos de altitude é crítico em todo o Nordeste, pois a expansão
da agropecuária, em particular da lavoura da cana-de- açúcar, praticamente devastou aquelas
formações, restando apenas pequenas manchas (LINS e MEDEIROS, 1994). As áreas rurais dos
Brejos de Altitude perpassam atualmente por um processo de crescimento imobiliário, acarretando a
criação de condomínios horizontais e loteamentos privados, ocupando, inclusive, áreas de
preservação permanente (MARQUES et al., 2016).
A substituição da vegetação nativa por sistemas de produção, aliada a coleta seletiva de
plantas e caça aos animais silvestres, contribui para a descaracterização de habitats com a
consequente perda de diversidade biológica (SILVA, 2013). Desse modo, é de fundamental
importância que haja um fortalecimento das políticas públicas para que se faça cumprir as ações que
garantam a preservação e manutenção dos ecossistemas naturais, especialmente dos Brejos de
altitude, que estão entre os mais ameaçados (THEULEN, 2004).
A análise dos componentes estruturais de fragmentos florestais é um recurso útil à pesquisa
ecológica, permitindo qualificar a fitodiversidade e desenvolver estudos biogeográficos (FIEDLER
et al., 2004; MEDEIROS & MIRANDA, 2008). Entre os métodos para se estudar a vegetação, a
fitossociologia aparece entre os mais empregados, pois permite estudar as causas e efeitos da
coabitação de plantas de um determinado ambiente, além do surgimento, constituição e estrutura
dos agrupamentos vegetais, assim como os processos que implicam sua continuidade ou sua
mudança ao longo do tempo (PETER, 1991; MARTINS, 2003). A fitossociologia demonstra ainda
com seus valores paramétricos o nível de conservação ou perturbação antrópica em determinado
fragmento florestal, possibilitando subsidiar estratégias conservacionistas em áreas naturais.
O referente trabalho tem como objetivo realizar um levantamento fitossociológicos em
fragmentos de mata de Brejo de altitude, localizados na Serra do Espinho (Pilões, PB), com o
intuito de conhecer sua composição florística e seus parâmetros estruturais, aliando tais informações
para subsidiar a conservação da flora local.
MATERIAL E MÉTODOS
Figura 1. Localização geográfica da área amostral, comunidades de Veneza e Titara, Pilões, PB.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nos fragmentos de mata pesquisados foram amostrados 272 indivíduos e 43 espécies, destas
duas permaneceram indeterminadas (Tabela 1). O índice de diversidade de Shannon H‘ foi de 2,93,
enquanto o índice de equabilidade de Pielou (J‘) foi de 0,85. Entre as espécies, destacam-se pelo
maior número de indivíduos Astronium fraxinifolium (49), Inga ingoides (28), Senegalia polyphylla
(28) e Guazuma ulmifolia (20), compondo juntas 45,95% das espécies registradas.
Tabela 1. Parâmetros fitossociológicos das espécies vegetais encontradas em fragmentos florestais na Serra
do Espinho (Pilões-PB).
Espécies N DA DR FA FR
Astronium fraxinifolium Schott ex Spreng. 49 816,7 17,95 100 8,22
Inga ingoides (Rich.) Wlld. 28 466,7 10,26 33,33 2,74
Senegalia polyphylla (DC.) Britton & Rose 28 466,7 10,26 50 4,11
Guazuma ulmifolia Lam. 20 333,3 7,33 66,67 5,48
Lonchocarpus araripensis Benth. 18 300 6,59 50 4,11
Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke. 17 283,3 6,23 66,67 5,48
Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. ex Steud. 12 200 4,4 33,33 2,74
Cupania revoluta Radlk. 10 166,7 3,66 16,67 1,37
Tabernaemontana cf. catharinensis A.DC. 8 133,3 2,93 33,33 2,74
Miconia albicans (Sw.) Triana 8 133,3 2,93 16,67 1,37
Coccoloba mollis Casar. 7 116,7 2,56 33,33 2,74
Indet. 1 5 83,3 1,83 16,67 1,37
Spondias mombin L. 4 66,7 1,47 16,67 1,37
Manihot carthaginensis subsp. glaziovii (Müll.Arg.) Allem 4 66,7 1,47 16,67 1,37
Amorimia rigida (A.Juss.) W.R.Anderson 4 66,7 1,47 16,67 1,37
Vismia guianensis (Aubl.) Pers. 3 50 1,1 50 4,11
Handroanthus serratifolius (Vahl.) S.O.Grose. 3 50 1,1 16,67 1,37
Talisia esculenta (Cambess.) Radlk. 3 50 1,1 33,33 2,74
Albizia polycephala (Benth.) Killip. ex Record. 3 50 1,1 16,67 1,37
Senna georgica H. S. Irwin & Barneby 3 50 1,1 33,33 2,74
Casearia sylvestris Sw. 3 50 1,1 33,33 2,74
Senegalia tenuifolia (L.) Britton & Rose 3 50 1,1 33,33 2,74
Psidium guineense Sw. 3 50 1,1 16,67 1,37
Samanea inopinata (Harms.) Barneby & J. W. Grimes 2 33,3 0,73 33,33 2,74
Genipa americana L. 2 33,3 0,73 33,33 2,74
Psidium guineense Sw. Sw. 2 33,3 0,73 33,33 2,74
Lantana camara L. 2 33,3 0,73 33,33 2,74
Samanea inopinata (Harms.) Barneby & J. W. Grimes. 2 33,3 0,73 16,67 1,37
Strychnos parvifolia A. DC. 2 33,3 0,73 16,67 1,37
Artocarpus heterophyllus Lam. 1 16,7 0,37 16,67 1,37
Crescentia cujete L. 1 16,7 0,37 16,67 1,37
Ziziphus joazeiro Mart. 1 16,7 0,37 16,67 1,37
Guapira hirsuta (Choisy) Lundell. 1 16,7 0,37 16,67 1,37
Cecropia pachystachya Trécul 1 16,7 0,37 16,67 1,37
Campomanesia aromatica (Aubl.) Griseb. 1 16,7 0,37 16,67 1,37
Schefflera morototoni (Aubl.) Maguire et al. 1 16,7 0,37 16,67 1,37
Handroanthus impetiginosus ( Mart. ex DC.) Mattos 1 16,7 0,37 16,67 1,37
Fridericia pubescens (L.) L.G.Lohmann 1 16,7 0,37 16,67 1,37
Mangifera indica L. 1 16,7 0,37 16,67 1,37
Stenocarpus sinuatus (A. Cunn.) Endl. 1 16,7 0,37 16,67 1,37
Casearia hirsuta Sw. 1 16,7 0,37 16,67 1,37
Cnidoscolus urens (L.) Arthur 1 16,7 0,37 16,67 1,37
Indet. 2 1 16,7 0,37 16,67 1,37
O número de espécies (43) é considerado elevado para uma pequena área amostral (200m 2),
característica esta comumente encontrada em áreas de floresta úmida, seja na Mata Atlântica
litorânea (AMAZONAS & BARBOSA, 2011; CAMPOS et al., 2011) ou em brejos de altitudes de
outras regiões do Nordeste brasileiro (ANDRADE et al., 2006; OLIVEIRA et al., 2006). O registro
de espécies como Inga ingoides entre as que apresentam maiores valores de densidade e frequência
também reforça as características de elevada umidade dos Brejos de altitudes, tendo em vista que a
maioria das espécies deste gênero geralmente ocorre em áreas de matas ciliares (ANDRADE et al.,
2006; GOMES et al., 2014).
A espécie Astronium fraxinifolium apresentou maiores valores de frequência e densidade na
área amostral. A espécie consta na lista da flora brasileira ameaçada de extinção, na categoria de
espécie com deficiência de dados (MMA 2008). Isto reforça a importância da manutenção dos
Brejos de altitude para a conservação da biodiversidade brasileira, pois muitas espécies que ocorrem
nesses ambientes ainda são pouco estudadas ou mesmo desconhecidas pela comunidade científica.
Em contrapartida, a ocorrência de espécies exóticas, como Mangifera indica e Artocarpus
heterophyllus na área amostral demonstra certo nível de interferência antrópica na comunidade
vegetal estudada, tendo em vista que estas espécies estão entre as plantas frutíferas mais cultivadas
nas comunidades rurais do Brasil (LORENZI, 2002).
Comparando as espécies registradas na área amostral com levantamentos florísticos
realizados em Areia, município também inserido nos Brejos de altitude na Paraíba (OLIVEIRA et
al., 2006), verifica-se que 24 espécies (55,8%) ocorrem em ambos os ambientes amostrados, além
de valores aproximados nos índices de diversidade de Shannon (H‘) e de equabilidade de Pielou
(J‘), demonstrando que os fragmentos de matas que formam os Brejos de altitude apresentam
significativa similaridade florística.
O registro das espécies vegetais aliado aos parâmetros estruturais da vegetação nos
fragmentos de matas nas comunidades rurais pesquisadas oferece subsídios para a adoção de
estratégias de conservação na região, tendo em vista que muitas das espécies registradas podem ser
empregadas para diversas finalidades pelos moradores locais. Espécies como Guazuma ulmifolia,
Spondias mombin, Manihot carthaginensis, Handroanthus serratifolius, Talisia esculenta, Albizia
polycephala, entre outras, são comumente citadas em estudos que discutem utilizações de plantas
nativas por comunidades rurais, inclusive para fins não madeireiros (SILVA & ANDRADE, 2005;
SOLDATI et al., 2011; SILVA et al., 2014). Desta forma, diversos usos como espécies forrageiras
para rebanho caprino e bovino, plantas medicinais, plantas usadas na apicultura e espécies de valor
ornamental, podem ser obtidos nas matas da região sem que haja a necessidade da extração
madeireira desordenada e derrubada destas plantas.
Além do uso racional dos recursos naturais existentes na região, outras ações, como a
criação de unidades de conservação, a criação de corredores ecológicos entre os fragmentos de
matas remanescentes, e o desenvolvimento de atividades de educação ambiental junto aos
moradores das comunidades rurais poderiam contribuir para uma maior conservação da diversidade
natural existente na Serra do Espinho, assim como em outras áreas de Brejos de altitude no
Nordeste brasileiro.
CONSIDERAÇOES FINAIS
REFERÊNCIAS
LINS, J.R.P. & MEDEIROS, A.N. 1994. Mapeamento da cobertura florestal nativa lenhosa do
Estado da Paraíba. João Pessoa, PNUD/FAO/IBAMA/Governo da Paraíba.
MARQUES, A.L.; ARAÚJO, D.C.; DINIZ, L.S. Novo rural brasileiro nos brejos do estado da
Paraíba. Geotemas 6(2): 47-58, 2016.
SILVA, N.; LUCENA, R. F. P.; LIMA, J. R. F.; LIMA, G. D. S.; CARVALHO, T. K. N.; SOUSA
JÚNIOR, S. P.; ALVES, C. A. B. Conhecimento e uso da vegetação nativa da Caatinga em uma
comunidade rural da Paraíba, Nordeste do Brasil. Bol. Mus. Biol. Mello leitão (N. sér.) 34: 5-
37, 2014
TABARELLI, Marcelo; SANTOS, André M. Melo. Uma Breve Descrição Sobre a História
Natural dos Brejos Nordestinos. In: PORTO, Kátia C. et al. Brejos de altitude em Pernambuco e
Paraíba: História natural, ecologia e conservação. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2004.
cap. 2, p. 17-24
RESUMO
Estudo do meio faz-se de extrema relevância para compreensão da dinâmica ambiental de diferentes
ecossistemas, promovendo uma concepção da influência mútua existente no meio, vinculando de
forma sistemática a teoria com a prática. Estudo do meio tornaram-se importantes ferramentas
associadas ao ensino de Ciências e Biologia. Nesse sentido, os Diretores da Verde Empresa Jr. de
Ciências Biológicas da Universidade do Estado da Bahia- Campus II- Departamento de Ciências
Exatas e da Terra de Alagoinhas, com uma parceria com o Campus II, promoveram uma vivência
de uma turma de 4º semestre do Curso Técnico de Meio Ambiente da Escola Estadual Polivalente,
com a vegetação situada no referido Campus. Com esta atividade buscou-se incentivar os discentes
a desenvolverem habilidades como observação, analise e reflexão. Assim o objetivo do trabalho foi
de promover a vivência e análise dos aspectos ecológicos de uma mata, por meio da técnica de
estudo do meio. A trilha foi percorrida com 30 alunos e as professoras de biologia da escola
visitante, analisando e discutindo os aspectos ecológicos encontrados no percurso, associando as
aulas teóricas com a observação. Foi possível observar a grande diversidade vegetal da área,
apresentando espécies de portes variados desde ervas a árvores com até 30m de altura. Foram
avaliadas características vegetais como: folhas, flores, frutos e odores das famílias locais, entre elas
Fabaceae, Rubiaceae, Asteraceae, Melastomataceae, Bignoniaceae entre outras. Além disso,
realizou-se uma a reflexão acerca da importância da conservação vegetacional que serve de abrigo
para uma diversidade de artrópodes, aves, répteis e anfíbios. Concluímos que o estudo do meio
contextualizado proporciona uma rica aprendizagem, promovendo o desenvolvimento intelectual e
social dos discentes, sensibilizando-os para o desenvolvimento de uma consciência ambiental.
Palavras-Chave: Ecologia; Botânica; Mata atlântica; Educação Ambiental.
ABSTRACT
The study of the environment is of extreme relevance for understanding the environmental
dynamics of different ecosystems, promoting a conception of mutual influence in the environment,
systematically linking theory with practice. Study of the environment have become important tools
associated with teaching science and biology. In this sense, the Directors of the Green Enterprise Jr.
of Biological Sciences of the State University of Bahia - Campus II - Department of Exact Sciences
and Land of Alagoinhas, in partnership with Campus II, promoted an experience of a group of 4th
semester of the Environmental Technical Course of the State Polyvalent School, with the vegetation
located in said Campus. With this activity, the aim was to encourage students to develop skills such
as observation, analysis and reflection. Thus the objective of the work was to promote the
experience and analysis of the ecological aspects of a forest, through the medium study technique.
The trail was traversed with 30 students and the biology teachers of the visiting school, analyzing
and discussing the ecological aspects found in the course, associating the theoretical classes with
the observation. It was possible to observe the great vegetal diversity of the area, presenting species
of sizes ranging from herbs to trees up to 30m in height. Plant characteristics such as leaves,
flowers, fruits and odors of local families were evaluated, among them Fabaceae, Rubiaceae,
Asteraceae, Melastomataceae, Bignoniaceae and others. In addition, a reflection was made on the
importance of vegetation conservation that shelters a diversity of arthropods, birds, reptiles and
amphibians. We conclude that the study of the contextualised environment provides a rich learning,
promoting the intellectual and social development of the students, sensitizing them to the
development of an environmental conscience.
Key-words: Ecology; Botany; Atlantic forest; environmental education
INTRODUÇÃO
meio qualquer natural ou urbano, que se decida estudar. Concretizada pela imersão orientada na
complexidade de um determinado espaço geográfico, do estabelecimento de um diálogo inteligente
com o mundo, com o intuito de verificar e de produzir novos conhecimentos (LOPES e
PONTUSCHKA, 2009).
Ressalvando ainda o fato, que atualmente só se preserva e conserva aquilo que conhecemos
e conhecer a biodiversidade e a sua importância para a manutenção dos ecossistemas terrestres é
fundamental para gerenciar políticas públicas futuras, de preservação e conservação das espécies
(SILVA, et al.2016, p. 5660). Para tal, os futuros profissionais da área ambiental, necessitam
conhecer as áreas que precisam ser conservadas em seu município, partido do histórico de
degradação da Floresta Atlântica, é indispensável orientar e divulgar quanto aos riscos e problemas
que esta foi e está submetida ao longo da história do Brasil.
Na atualidade, as florestas do Brasil sofreram mudanças que geraram alterações nos
processos ecológicos. Quando os primeiros europeus chegaram ao Brasil, em 1500, a Mata
Atlântica cobria aproximadamente 15% do território brasileiro, área equivalente a 1.306.421 km2,
ainda segundo o último levantamento divulgado pela Fundação SOS Mata Atlântica, (2013), o
percentual de remanescentes bem conservados, é de apenas 8,5%. Deste modo, compreender os
processos ecológicos associados ao histórico de degradação ambiental ao longo do tempo,
possibilita ao aluno abarcar novas ideias e teoria que somem na investigação e criação de técnicas
inovadoras para viabilizar a preservação das florestas.
O estudo ecológico de campo vem proporcionar a observação do ambiente natural, onde as
informações obtidas são analisadas de acordo com o conhecimento prévio adquirido em sala de aula
(FERREIRA E PASA, 2015). Para Cirino et al. (2009) espera-se que o aluno vá além, onde as
transformações das mentalidades exigem diálogo, dúvidas, questionamentos e principalmente o
auto-questionamento, aonde o aluno vai se perguntar o quê é, e como ocorrem os processos e
transformação do espaço em que vive.
Na Universidade do Estado da Bahia/Campus II, situada em Alagoinhas-Bahia, apresenta-se
uma considerável cobertura de vegetação remanescente no domínio da Floresta Ombrófilo Densa
Submontana em estágio de regeneração médio, área de refúgio e abrigo biológico. Essa área
abrange pesquisas diversas no campo da biologia pelos graduandos do curso de Licenciatura em
Ciências Biológicas ofertada pela universidade e, devido à sua importância esta área foi selecionada
para a atividade de campo.
Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo promover a vivência e análise dos
aspectos ecológicos de uma mata, por meio da técnica de estudo do meio caracterizada como
remanescente no domínio da Floresta Ombrófilo Densa Submontana em estágio de regeneração
médio. A partir desta atividade, foi possível observar a grande diversidade vegetal presente na área;
visualizar os métodos e técnicas utilizados em pesquisas botânicas; ponderar sobre a ecologia local;
vivenciar e analisar os aspectos ecológicos desse ambiente, como por exemplo, a interação entre os
seres vivos.
METODOLOGIA
Para isso anterior a data marcada, demarcamos o percurso do passeio, sinalizando com fitas
vermelhas os locais que seriam visitados. Visando a segurança dos visitantes. O passeio ecológico
ocorreu no dia 26 de setembro de 2016, encontramos a delegação às 7h da manhã e verificamos os
requisitos que havíamos repassado para os professores, quanto às roupas leves e confortáveis
prioritariamente calça e blusas ou camisas de marga longa, sapatos preferencialmente tênis ou
botas, utilização de bonés ou chapéu devido à exposição ao sol, utilização de protetores solares e
repelentes devido à grande quantidade de insetos na área, salientamos também quanto a não
utilização de perfumes e desodorantes, pois muitos insetos são atraídos a partir desses odores,
evitando assim ataques desses pequenos animais.
Com todas as informações complementares repassadas, nos apresentamos para a turma e
prosseguimos para os estornos da mata, onde apresentamos algumas das espécies da borda. Em
muitas literaturas torna-se consenso que espécies de bordas de fragmentos possuem composição de
espécies diferente do interior (BROTHERS & SPINGARN, 1992; FRAVER, 1994; MATLACK,
1994). Conceituamos e exemplificamos bordas de um fragmento para a delegação.
Continuamos nosso passeio analisando a fauna e flora do remanescente para instigar alunos
a analisarem as interações bióticas ocorrentes no meio, como adaptabilidade para captação de
alimentos ou apenas abrigo, além da fauna que possibilitar a dispersão de sementes, garantindo a
propagação de determinadas espécies vegetais.
Em campo explicamos as principais formas de identificação de algumas famílias botânicas,
indicando as características marcantes de cada grupo como tipo e coloração das folhas, tipos de
flores e inflorescência, salientando que para analisar as flores é necessário levar o material botânico
para laboratório e avaliar com a ajudar de microscópio óptico, além desses caracteres é de grande
importância verificar se a planta possui algum odor. Evidenciando os métodos e técnicas para coleta
do material botânico, herborização e identificação.
No decorrer do percurso podemos visualizar e discutir sobre uma pesquisa de campo
relacionado à fitossociologia, pesquisa de uma aluna do curso de Ciências Biológica do Campus II,
onde questionamos sobre o processo e procedimentos da pesquisa, como delimitação da área,
plaqueteamento das espécies e importância dessas pesquisas para comunidade. Finalizamos o
passeio ecológico, visitando o laboratório de Zoologia (Museu) da Universidade, onde foi possível a
observação das coleções biológicas de insetos presentes no Campus, além de visualizar algumas
espécies marinhas conservadas.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Exemplificou-se como ocorre a coleta para trabalhos botânicos, para isso mostramos aos
discentes os materiais que usamos durante as coletas entre eles: Prensas provisórias de trabalho com
base de madeira junto com papelão, jornal e cordas para amarração das prensas, ficha de campo
para anotações, sacos plásticos grandes para guardar o material coletado; aparelho de GPS e
máquina fotográfica para o registro, etc.
Quanto às técnicas explicamos que devemos seguir algumas regras para garantir a
viabilidade do material coletado durante a identificação, bem como possibilitando a identificação
segura. Para isso alertamos sobre a contratação de mateiros para compor a equipe de campo, pois,
estas pessoas conhecem a localidade e dominam os nomes populares das espécies. Alertou-se
também que é necessário coletar no mínimo três exemplares de cada espécie observada. O material
botânico deve ser fértil contendo folhas, flores, frutos, dependendo do organismo coletado. Feito
isso todo material coletado será levado pra laboratório para o processo de herborização. A coleta e
herborização são realizadas conforme as técnicas usuais em botânica citadas por Fidalgo & Bononi
(1984).
No laboratório as prensas de madeira são encaminhadas às estufas para secagem através do
calor, para preservar as estruturas vegetais, prosseguindo com a produção de exsicatas de forma que
o ―material seco será fixado em papel cartolina ou similar com dimensões padronizadas pela
instituição‖ (Rotta et al. 2008, p26). Foram avaliadas características vegetais como: folhas, flores,
frutos e odores das famílias locais, entre elas Fabaceae, Rubiaceae, Asteraceae, Melastomataceae,
Bignoniaceae. Características essas que facilitam a identificação das famílias para um bom
pesquisador.
Visitando uma área experimental de Fitossociologia (figura 3) elucidada pela graduanda
Zilvania Martins de Oliveira, onde a mesma discorreu sobre os métodos utilizados na sua pesquisa,
a demarcação de 17 parcelas de 10 x 10, de modo que as plantas do interior das parcelas com DAP
(diâmetro da altura peito) =/> 1.30, foram plaqueteadas e conferindo parâmetros como
circunferência, altura e coletado material botânico e anotado informações importantes em uma ficha
de campo. Levantamento esse essencial para análise da diversidade florística local.
No Museu da universidade, os alunos conheceram alguns insetos da fauna local, entre eles
formigas, escorpiões, besouros, borboletas entre outros. Coletados durante pesquisas zoológicas no
Campus II. Além de visualizar algumas espécies marinhas conservadas no laboratório advindas de
pesquisas fora da Universidade em outras regiões baiana.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIA
BAZARRA, L., CASANOVA, O. e UGARTE, J. G.. Ser professor e dirigir professores em tempos
de mudança. São Paulo: Paulinas, 2006.
BROTHERS, T.S.; SPINGARN, A. Forest fragmentation and alien plant invasion of central
Indiana old growth forest. Conservation Biology 6 (1) 91-100, 1992.
CIRINO, B; DIAS, R; FREITAS, M.; BRASIL, F. A importância dos trabalhos de campo nas aulas
sobre meio ambiente para turmas de ensino fundamental. 10º Ensontro Nacional de Praticas de
Ensino e Geografia, 2009.
FRAVER, S. Vegetation responses along edgeto-interior gradients in the Mixed hardwood Forests
of the Roanoke River Basin, North Carolina. Conservation biology 8 (3): 822- 832, 1994.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1998.
MATLACK, G.R. Microenvironmental variation within and among forest edge sites in the eastern
United States. Biological Conservation 66: 113-123, 1993.
SILVA, S. A. S.; RODRIGUES, S. F. M.; LAGASSI, T.R.; LOVO, A. K. M.; PAIVA, G. M.V.;
ALEXANDRE, F.; PINHEIRO, P. E. P. Aulas na floresta: conhecendo primatas os plantadores
de árvores. Revista da SBEnBio - Número 9 – 2016. 5660-5668p.
- Bibliografia Eletrônica:
https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2013/06/04/restam-85-da-
vegetacao-original-da-mata-atlantica-diz-levantamento.htm
www.sosma.org.br
www.inpe.br
RESUMO
O estudo da diversidade biológica torna-se importante para a conservação das espécies e dos seus
recursos. A Floresta Nacional (FLONA) do Araripe-Apodi localiza-se no Sul do Ceará e é
reconhecida por fazer a manutenção do equilíbrio hidrológico, climático e ecológico regional. O
Parque Estadual Sítio Fundão está localizado na cidade do Crato, é uma das reservas ecológicas
mais importantes da região do Cariri, pois abriga Geossítio Batateiras. O objetivo desta pesquisa foi
comparar a diversidade biológica de duas parcela intencional, uma do Parque Estadual Sitio Fundão
e outra da FLONA do Araripe-Apodi que sofreram diferentes interferências antrópicas. Para isto,
foi realizado o levantamento arbóreo-arbustivo de uma parcela de 200m2, considerando apenas
plantas vivas com altura ≥ 1m, sendo classificadas como arbustos espécies com altura ≤ 2 m e como
árvores espécies com altura > 2 m. No Sitio Fundão (Parcela 1), foram identificados 171 indivíduos,
sendo que 64,33% arbustos e 35,68% árvores, com densidade absoluta estimada em 8.55 ind-1ha.
Na parcela 2 localizada na FLONA foram identificados 345 indivíduos, sendo 58,26 % composto
por árvores e 41,74 % por arbustos, com densidade absoluta estimada em 17.250 ind-1ha. A parcela
1 apresentou média diversidade biológica de espécies vegetais, segundo o índice de Shannon-
Wiener, supõe-se que isto ocorre, pois o parque está localizado próximo a zona urbana. Na parcela
2 apresentou um valor baixo de diversidade biológica, acredita-se que este fato ocorre, pois a
FLONA está localizada próximo a uma rodovia estadual e próximo ao acampamento de coletores de
pequi (Caryocar brasiliensis).
Palavras-chaves: Diversidade biológica, Levantamento florístico, Parcela internacional
ABSTRACT
The study of the biological diversity gets important for the conservating of the species and its
resources. The national forest of Araripe-Apodi (FLONA) is located in the south of Ceara and is
known for making the maintenance of the hydrological, climatic and regional balance. The state
park Sítio Fundão is located in the city of Crato. It's one of the more important ecological reserves
of the Cariri's region, because it houses the Batareira's geosite. This research's objective is
comparing the biological diversity of two international portions, the first one of the state park Sítio
Fundão and the other one the "FLONA"(national forest) of Araripe-Apodi that suffered different
anthropic interferences. For doing so, was realized the surveys of tree and shrub in a portion of
200m², considering just living-trees with a height of more than 1m, being classified as shrubs, only
the species with more than 2m and the trees was considered only those with more than 2m. In the
Fundão site (Portion 1), were identified 171 individuals, of which 64,33% are shrubs and 35,68%
are trees, with absolute density estimated in 8.55 ind-1ha. In the 2nd portion located in the national
ISBN: 978-85-68066-53-9 Página 156
Educação ambiental: biomas, paisagens e o saber ambiental
forest were identified 345 individuals, of which 58,26% are composed of trees and 41,74% from
shrubs, with absolute density estimated in 17.250 ind-1ha. The first portion presented median
biological diversity in what is related to vegetable species, according to the Shannon-Wiener index,
it's supposed it happens because the park is located next to the urban area. The second parcel
presented a low value of biological diversity, it is believed that it occurs because the national florest
is located next to the state highway and next to the acampment of pequi collectors (Caryocar
brasiliensis).
Keyword: Biological diversity; floristic survey; international portion.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
A Parcela 2 localiza-se nas coordenadas 07º 27‘ 07,3‖ Sul e 39º 19‘ 52,4‖ Oeste (Figura 2), a
892 m de altitude, a 2 km de um acampamento de coletores de Pequi (Caryocar brasiliensis) as
margens da rodovia CE 040.
Coleta de Dados
As áreas foram georeferenciadas utilizando-se o GPS Garmin modelo eTrex Vista H. Para o
levantamento arbóreo e arbustivo, foram alocadas vinte parcelas de 1m², totalizando 200m², com
dimensões de 10 x 20m, em cada parcela. Consideraram-se apenas árvores vivas com altura ≥1m.
Os parâmetros coletados foram: Diâmetro a Altura do Solo (DAS) a 3,0 cm, de acordo com a
metodologia de RODAL et al., (1992), Diâmetro a Altura do Peito (DAP) a 1,30 m, o Diâmetro da
Copa (DC) e altura de planta (H), apenas dos arbustos.
Posteriormente as árvores e arbustos foram etiquetados e identificados pelo nome popular,
identificadas por um nativo da região. Para calcular a diversidade de Shannon-Wiener (H‘),
utilizou-se o software DivEs.
RESULTADOS
Na parcela 1 foram identificados 171 indivíduos vivos, sendo que 64,33% arbustos e
35,68% árvores (Figura 3). A densidade absoluta foi estimada em 8.55 ind-1ha. Nesta
parcela 19 indivíduos adultos mortos foram registrados, evidenciando intervenção
antrópica na área nas últimas décadas.
Em relação aos parâmetros coletadas, os arbustos (Ab) apresentaram uma altura média (H)
de 1,15m, diâmetro a altura do solo (DAS) 9,00mm, diâmetro a altura do peito (DAP) 4,2mm e o
diâmetro de copa (DC) 1,42m. Quanto às árvores (Ar) o DAS e o DAP em média, foram maiores do
que os dos arbustos, como esperado. Sendo 8,8cm de DAP e 11,5cm de DAS.
Na parcela 2 foram identificados 345 indivíduos, sendo 58,26 % composto por árvores e
41,74 % por arbustos (Figura 4), com densidade absoluta estimada em 17.250 ind-1ha.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A área estudada do Parque Estadual Sítio Fundão apresentou média diversidade biológica de
espécies vegetais, segundo o índice de Shannon-Wiener, supõe-se que isto ocorre devido ao parque
localizar-se na Zona Urbana da cidade. Por haver predominância de arbustos esta área encontra-se
em fase de sucessão ecológica.
A Floresta Nacional do Araripe-Apodi apresentou baixa diversidade biológica de espécies
vegetais, acredita-se que este fato ocorre, pois próximo a FLONA localiza-se às margens da
Rodovia Estadual O40 e próximo ao acampamento dos coletores de Pequi (Caryocar brasiliensis).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LIMA, M.L.P. Aspectos Vegetacionais do Sítio Fundão. 2003. 63f. Trabalho de Conclusão do
Curso (Graduação em geografia)- Universidade Regional do Cariri- URCA, Crato- Ce 2003.
LOPES, O.F.; SILVA, F.H.B.B. Análise de dados climáticos da Chapada do Araripe, setor
oriental, fazenda Ferreira Lopes. Crato: Informativo da Chapada, p. 6 1998.
OLIVEIRA, A.P. Analises Ambiental do Sítio Fundão e seu Entorno, Crato Ceará. 2009. 59f.
Trabalho de Conclusão do Curso (Graduação em geografia)- Universidade Regional do Cariri-
URCA, Crato- Ce 2009.
SRH/CE – Secretaria de Recursos Hídricos do Ceará. Atlas eletrônico dos recursos hídricos do
Ceará. Disponível em: <http://atlas.srh.ce.gov.br/>. Acesso em: 10 mai. 2011.
RESUMO
O presente trabalho teve por objetivo realizar um levantamento florístico das samambaias da Fonte
das Guaribas, localizada no distrito de Campo Alegre, município de Crato, Ceará. Foram realizadas
coletas mensais no período de novembro/2015 a novembro/2016. A flora da referida Fonte esteve
representada por oito espécies de samambaias, distribuídas em seis famílias e seis gêneros. As
famílias registradas como mais representativas foram Cyatheaceae e Polypodiaceae, ambas com
duas espécies e os gêneros mais representativos foram Cyathea e Polypodium, ambos com duas
espécies também. O baixo número de espécies de samambaias pode ser atribuído ao grande
desmatamento da área, com a consequente fragmentação de habitats e exposição do solo à luz solar.
Por necessitarem de ambientes sombreados e úmidos, as samambaias são sensíveis a qualquer
desmatamento. Assim, mediante os dados de baixa diversidade registrados, sugere-se que haja uma
maior fiscalização e monitoramento das matas da Chapada do Araripe e que se promova uma
campanha de educação ambiental para conscientizar a comunidade local sobre a importância de
conservar esses ambientes.
Palavras-chave: Pteridófitas, Mata Úmida, Chapada do Araripe
ABSTRACT
The present study aimed to carry out a florístic survey of the ferns of the Guaribas Fontain, located
in Campo Alegre district, Municipality of Crato, Ceará. Monthly collections were carried out during
the period from november 2015 to november 2016. The flora of the Fountain of the Guaribas was
representated by eight species, distributed in six families and six genera. The most representative
families were Cyatheaceae and Polypodiaceae, both with two species and the most representative
genera were Cyathea and Polypodium, both with two species too. The low number of species of
ferns can be attributed to the great deforestation of the area, with the consequent fragmentation of
habitats and exposure of the soil to sunlight. Ferns are sensitive to any deforestation, because they
require shaded and humid environments. Thus, it is suggested that there is a greater control and
monitoring of the forests of the Araripe plateau and that an environmental education campaign is
promoted to raise awareness in the local community about the importance of conserving the
Chapada do Araripe.
Key words: Pteridophytes, fountain of the Guaribas, Campo Alegre
INTRODUÇÃO
As plantas vasculares sem sementes são plantas que apresentam uma marcante alternância
de gerações com uma fase gametofítica, haploide (n), efêmera, de tamanho pequeno e que não
possui tecido vascular para condução de água e nutrientes; e uma fase esporofítica, que é mais
conspícua, perene, de porte maior, diploide (2n) e dotada de tecido vascular, formando assim raízes,
caules e folhas (PRADO & SILVESTRE, 2010).
Essas plantas foram durante muito tempo agrupadas sob o nome de pteridófitas, porém, de
acordo com estudos moleculares recentes, estão incluídas em duas divisões: Monilophyta e
Lycophyta (PRYER et al., 2001; PRYER et al., 2004; SMITH et al., 2006; SMITH et al., 2008).
Essas duas divisões juntas compreendem cerca de 13.600 espécies, com 3.500 destas encontradas na
América do Sul (MORAN, 2008), e 1.325 registradas para a flora brasileira (LISTA DE ESPÉCIES
DA FLORA DO BRASIL, 2017).
Esses grupos podem ser encontrados em vários ambientes, desde desertos até florestas
tropicais (ZUQUIM et al., 2008), entretanto, é nas florestas úmidas que são mais comuns por causa
das condições de umidade e sombreamento que esses habitats propiciam, e que assim favorecem a
diversidade e abundância desse grupo de plantas (SENNA & WAECHTER, 1997; XAVIER &
BARROS, 2005).
De acordo com Paula et al. (2007), o grupo das monilófitas, ou samambaias, junto com as
licófitas, desempenham um importante papel na manutenção da umidade no interior da floresta, e
dentre outras importâncias, são utilizadas no controle da erosão do solo, algumas espécies são
utilizadas como alimento e/ou para fins medicinais, como para tratamento de verminose,
reumatismo ou úlceras. Bem como para fins ornamentais, tanto vivas como secas.
No estado do Ceará, ainda são poucos os estudos encontrados sobre esses dois grupos, sendo
estes concentrados apenas em monografias e teses de doutorado (LOPES, 2000; ALVES, 2002;
PAULA-ZÁRATE, 2004; BRITO, 2013). Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi realizar um
levantamento florístico das espécies de samambaias da Fonte das Guaribas, uma importante área de
mata úmida inserida no município de Crato, e assim contribuir para o conhecimento da diversidade
desses vegetais na região do Cariri, Sul do Ceará.
MATERIAL E MÉTODOS
Local de Estudo
A Fonte das Guaribas (Figura 1), é uma zona de mata úmida inserida na Chapada do Araripe
e localizada no distrito de Campo Alegre, município de Crato – CE. Situada a 74,7 km do centro do
município, entre as coordenadas S 07º13‘11.7‖ e W 039º28‘22.4‖ e com uma altitude de 679 m.
A área vem sofrendo grande desmatamento, além de suas fontes serem utilizadas pelos
moradores para lavagem de roupas, contaminando assim, com sabão e outros produtos, as águas da
localidade também.
Figura 1 – Entrada da mata da Fonte das Guaribas, distrito de Campo Alegre, Crato - Ceará.
RESULTADOS
Tabela 1 - Espécies de samambaias registradas na Fonte das Guaribas, distrito de Campo Alegre, Município
de Crato - Ceará.
Família/espécies
Blechnaceae
Blechnum occidentale L.
Cyatheaceae
Cyathea sp1.
Cyathea sp2.
Lygodiaceae
Lygodium venustum Sw.
Polypodiaceae
Polypodium sp1.
Polypodium polypodioides (L.) Watt.
Pteridaceae
Adiantum sp.
Thelypteridaceae
Thelypteris interrupta (Willd.) Iwastls.
com Santiago (2006), essa é uma das famílias que mais se destacam em diversidade nos
levantamentos realizados na região nordeste e em outras áreas do território brasileiro.
Cyathea é um gênero cosmopolita e também foi um dos mais representativos no estudo de
Brito (2013) para áreas também da Chapada do Araripe e áreas adjacentes, com quatro espécies. O
gênero não é comumente encontrado entre os mais representativos nos trabalhos florísticos, porém,
para o Ceará, Paula-Zárate (2004) cita apenas quatro espécies igualmente ao encontrado no trabalho
anteriormente citado. Polypodium também foi o gênero com maior número de espécies (quatro)
registrado por Xavier & Barros (2003) para a serra negra de Bezerros, em Pernambuco.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo foram encontradas apenas oito espécies de samambaias, um número pouco
representativo em relação à flora já registrada em outros estudos na região, o que pode ser atribuído
à vasta degradação da mata, com a consequente fragmentação de habitats e exposição do solo ao
sol.
Assim, mediante os dados de baixa diversidade registrados, sugere-se que haja um maior
monitoramento e fiscalização na localidade, além de educação ambiental para conscientizar a
comunidade local sobre a importância de conservar a Chapada do Araripe.
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RESUMO
Os fungos micorrízicos arbusculares (FMA) são organismos cosmopolitas que formam com as
plantas uma associação simbiótica mutualista, disponibilizando nutrientes do solo para os vegetais.
O objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento das espécies de FMA registradas na região
Nordeste do Brasil, contribuindo para o conhecimento da biogeografia deste grupo. Para isso foi
realizada uma pesquisa bibliográfica da ocorrência dos FMA nos estados nordestinos a partir de
estudos desenvolvidos em áreas naturais e cultivadas. Foi registrado um total de 140 espécies de
FMA, cerca de 50% da diversidade total conhecida. A realização deste estudo permitiu a detecção
de 15 novos registros de espécies de FMA para a região nordestina, possibilitando o aumento do
conhecimento da diversidade de FMA. Estes resultados indicam que esta região abriga elevada
riqueza de táxons, contribuindo inclusive para o conhecimento de novos taxa deste grupo,
reforçando a importância da realização de estudos sobre as comunidades de FMA.
Palavras Chave: Glomeromycotina, Diversidade, Nordeste do Brasil, Distribuição geográfica.
ABSTRACT
Arbuscular mycorrhizal fungi (AMF) are cosmopolitan organisms that do with plants a symbiotic
mutualistic association, providing nutrients from the soil to the plants. The objective of this work
was to perform a survey of FMA species recorded in the Northeast region of Brazil, contributing to
the knowledge of the biogeography of this group. For this, a bibliographical research was carried
out on the occurrence of AMF in the North American states from studies carried out in natural and
cultivated areas. A total of 140 FMA species were recorded, about 50% of the known total
diversity. The realization of this study allowed the detection of 15 new records of AMF species for
the northeastern region, making possible an increase in the knowledge of AMF diversity. These
results indicate that this region is rich in taxa, contributing to the knowledge of new groups of this
group, reinforcing the importance of conducting studies on the communities of AMF.
Keywords: Glomeromycotina, Diversity, Brazilian Northeast, Geographic distribution.
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
O levantamento das espécies de FMA foi realizado através dos estudos registrados na região
Nordeste do Brasil. A bibliografia utilizada inclui Assis et al. (2016), Carneiro et al. (2012), Dantas
et al. (2015), de Souza et al. (2010), Goto et al. (2010), Goto et al. (2011), Goto et al. (2012a), Goto
et al. (2012b), Goto et al. (2013a), Goto et al. (2013b), Jobim; Goto (2016), Maia; Trufem (1990),
Marinho (2014b), Mello et al. (2012a), Melo et al. (1997) Menezes et al.(2016), Mergulhão et al.
(2009), Nobre (2014), Pagano et al. (2013), Pereira et al. (2014), Pereira et al. (2015), Pereira et al.
(2016), Pontes et al. (2013a), Pontes et al. (2013b), Pontes et al. (2017), Santos et al. (2013), Silva
et al. (2005), Silva et al. (2007), Silva (2010), Silva et al. (2012), Silva et al. (2015a), Silva et al.
(2015b), Silva et al. (2017a), Silva et al. (2017b), Souza et al. (2003), Souza et al. (2010), Souza et
al. (2012), Souza et al. (2013), Sousa et al. (2014), Teixeira-Rios et al. (2013).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na região Nordeste do Brasil foram encontradas 140 espécies de FMA, com a realização
deste trabalho foi possível constatar a ocorrência de aproximadamente 50% da riqueza conhecida
para esse grupo de fungo. Anteriormente, através do levantamento realizado por de Souza et al.
(2010) foram registradas 81 espécies, enquanto Silva et al. (2014) registraram 125 espécies de FMA
nessa mesma região. Portanto, a realização deste estudo permitiu um aumento de 14,4% no
conhecimento da diversidade destes fungos para o Nordeste brasileiro.
A maioria dos estudos sobre diversidade de FMA no Nordeste do Brasil tem sido realizada
em Pernambuco, onde há maior número de espécies catalogadas, seguido por Bahia e Paraíba. No
Piauí e Alagoas existem poucos registros de espécies de FMA, e apenas o estado de Sergipe
permanece sem estudos sobre a comunidade desses fungos, formando uma lacuna para a região, que
pode ser explorada para obtenção dos dados de biodiversidade.
Todas as classes, ordens e famílias dos FMA estão representadas nesta região, dos 38
gêneros conhecidos desses fungos foram observados 30 neste inventário (Tabela 1). Houve
predominância do gênero Acaulospora com 30 espécies, seguido por Glomus (21), enquanto os
demais gêneros foram menos representativos: Racocetra (10), Rhizoglomus (9), Gigaspora (6),
Ambispora, Dentiscutata e Scutellospora (5), Claroideoglomus, Entrophospora, Funneliformis,
Fuscutata, Paraglomus e Sclerocystis (5), Diversispora, Cetraspora, Pacispora e Septoglomus (3),
Corymbiglomus, Kuklospora, Paradentiscutata e Orbispora (2), Archaeospora, Redeckera,
Sacculospora, Simiglomus, Dominikia, Quatunica, Intraornatospora e Bulbospora (1).
Acaulospora e Glomus são os gêneros que possuem os maiores números de espécies
descritas (50 e 54 taxa respectivamente), maior riqueza de espécies destes taxa tem sido constatada
frequentemente em estudos realizados nesta região (Silva et al., 2014; Silva et al., 2015; Assis et al.,
2016; Pontes et al., 2017). Acaulospora scrobiculata foi identificada em todos os oito estados que
possuem registros de espécies de FMA. Outros táxons estiveram presentes em sete estados:
Ambispora appendicula, Acaulospora morrowiae, Glomus macrocarpum, Sclerocystis sinuosa e
Fuscutata heterogama. Segundo o levantamento realizado por de Souza et al. (2010) para as
espécies de FMA no Brasil, Acaulospora morrowiae, A. scrobiculata, Ambispora appendicula,
Glomus macrocarpum, Sclerocystis sinuosa são espécies de ampla distribuição geográfica no país,
pois estão presentes na maioria dos Estados. Além disso, as espécies citadas acima, somadas a
Fuscutata heterogama foram identificadas em mais de 70% de ambientes analisados.
Espécies recentemente descritas (a partir de 2014) com material da região representam
novos registros para a ciência: Acaulospora reducta, Acaulospora minuta, Acaulospora papillosa,
Bulbospora minima e Rhizoglomus natalensis. Além destas, Ambispora reticulata,
Claroideoglomus lamellosum, Corymbiglomus tortuosum, Gigaspora rosea, Orbispora
projecturata, Pacispora robigina, P. franciscana, Paraglomus laccatum, Racocetra alborosea e
Rhizoglomus arabicum são novas ocorrências para o Nordeste, totalizando 15 registros inéditos.
Na região Nordeste, alguns gêneros foram representados por 100% das espécies que os
compõe: Bulbospora, Entrophospora, Intraornatospora, Kuklospora, Orbispora, Paradentiscutata,
Quatunica, e Simiglomus, sendo estes formados por uma ou duas espécies apenas. Acaulospora,
Claroideoglomus, Rhizoglomus, Gigaspora, Sclerocystis e Scutellospora foram representados por
60 a 67% das espécies conhecidas, enquanto que para Racocetra e Fuscutata foram encontrados
>80% dos táxons descritos para esses gêneros (Tabela 1).
Quatro gêneros (Bulbospora, Intraornatospora, Orbispora e Paradentiscutata) e 16
espécies foram descritos a partir de material coletado em áreas da região Nordeste: Acaulospora
reducta Oehl et al. (Pereira et al., 2015), A. papillosa C.M.R. Pereira & Oehl (Pereira et al., 2016),
A. endographis B.T. Goto), Bulbospora minima Oehl et al. (Marinho et al., 2014a), Dentiscutata
colliculosa B.T. Goto & Oehl (Goto et al., 2010), Fuscutata aurea Oehl et al. (Mello et al., 2012),
Glomus trufemii Goto et al. (Goto et al., 2012a), Intraornatospora intraornata (B.T. Goto & Oehl)
Goto et al. (Goto et al., 2012b), Orbispora pernambucana Oehl et al. (Oehl et al., 2011),
Paraglomus pernambucanum Oehl et al. (Mello et al., 2013), Paradentiscutata maritima Goto et al.
(Goto et al., 2012b), P. bahiana Goto et al. (Goto et al., 2012b), Racocetra tropicana Oehl et al.
(Goto et al., 2011), Rhizoglomus natalense (Błaszk. et al.) Sieverd. (Sieverding et al., 2014),
Septoglomus titan B.T. Goto & G.A. Silva (Goto et al., 2013b) e Scutellospora alterata Oehl et al.
(Pontes et al., 2013).
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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RESUMO
O Campus de Caicó da UFRN localiza-se na zona urbana de Caicó na microrregião do Seridó
Ocidental do Estado do Rio Grande do Norte. Percebeu-se que boa parte de sua área dispõe de
vegetação da Caatinga, bioma nativo onde a área de estudo em questão está inserida. Sabendo que
em meio a zonas urbanas, existe pouca vegetação nativa de Caatinga por serem poucas as espécies
da mesma usadas na arborização e também da importância de obter-se mais estudos sobre seu
bioma, o presente trabalho teve como objetivo elaborar um levantamento quantitativo de todos os
espécimes de porte arbustivo-arbóreo presentes nas delimitações do campus, quantificando também,
espécies exóticas utilizadas na arborização e outras que estão espontaneamente dentro de seu
território. Foram catalogados 1899 indivíduos, divididos em 34 espécies, 14 famílias, sendo elas:
Euphorbiaceae, Anacardiaceae, Annonaceae, Apocynaceae, Arecaceae, Bignoniaceae, Cactaceae,
Meliaceae, Brassicaceae, Chrysobalanaceae, Combretaceae, Myrtaceae, e a Rhamnaceae. A família
Fabaceae merece destaque, por ter 11 espécies representadas, concretizando como a Família com
mais indivíduos da vegetação no campus. A espécie com mais indivíduos foi a Mimosa tenuiflora
(Willd.) Poir. Fabaceae-Mimosoideae (jurema preta) com 763 indivíduos, equivalendo a 40,2% de
todas as espécies encontradas, e logo em seguida a Jatropha mollissima (Pohl) Baill. Euphorbiaceae
(pião bravo) com 629 espécimes, representando 33,1% das espécies. Constatou-se que o Campus de
Caicó apresenta uma considerável representatividade ecológica das espécies nativas devido ao
elevado números de espécies, podendo ser inserido como uma Área de Preservação Permanente
(APP).
Palavras-Chave: Caatinga; Seridó-Potiguar; CERES-Caicó.
ABSTRACT
The Campus from Caicó of UFRN is placed on urban area of Caicó in a micro area of the state Rio
Grande do Norte that is called Seridó Ocidental. Was seen that a big area from this place have the
vegetation Caatinga, that is the native biome from where the study area is located. Is understanded
that under the urbans areas, there is not so much vegetation native of Caatinga because there are just
a bit species of it used in the afforest and is important too gain more studies about your biome, the
present work had the objective of make a quantitative pool of all species of bushs in campus
perimeter, counting exotic species that has been used to afforest and others that are under them
territory. Was cataloged 1899 types, being 34 sepcies, 14 family's, like: Euphorbiaceae,
INTRODUÇÃO
A região do Seridó, apresenta um solo pouco desenvolvido, segundo Duque (2004) afirma
que o solo do Seridó é muito pedregoso, ou seja, muito erodido, parcialmente coberto de seixos
rolados. É por causa dessas características que o Seridó Potiguar está inserido dentro dos 4 núcleos
de desertificação do Brasil (MMA, 2004).
Com chuva se concentrando no primeiro semestre do ano, sendo mais frequentes nos meses
de fevereiro e março e abril. Em Caicó, a média anual segundo SUDENE (1990) é de
aproximadamente 684 milímetros anuais, com uma altitude de 143 metros ao nível do Mar, com
uma temperatura média anual de 26,7 °C.
Caicó está inserido na mesorregião central potiguar, dentro da microrregião Ocidental do
Seridó, inserido dentro no polígono das secas, com uma vegetação predominantemente de Caatinga.
No CERES de Caicó, é notável a presença das espécies de Caatingas, pois são elas que
predominam por quase toda a área de estudo, sendo utilizada também no reflorestamento
juntamente com as exóticas e invasoras, como por exemplo: Tabebuia aurea (Caibreira), Licania
rigida (Oiticica), Copernícia prunifera (Carnaúba), Miracroduon urundeuva (Aroeira), e a
Caesalpinia ferrea (Jucá).
Visando ampliar os conhecimentos sobre o tema, o estudo teve como objetivo o
conhecimento da vegetação em área de fragmento de caatinga, no Seridó potiguar, inserido na
Universidade federal do rio Grande do Norte, Campus de Caicó, contribuindo para o planejamento
de uma área de preservação permanente.
2- MATERIAIS E MÉTODOS
Primeiramente realizou-se uma revisão bibliográfica, com vista à obtenção de aporte teórico
sobre os procedimentos a serem desenvolvidos e sobre os métodos adotados dentro da temática da
pesquisa.
Em seguida, foram realizadas visitas in loco na área de estudo para catalogar todos os
indivíduos do estrato arbustivo-arbóreo, onde foram utilizadas fitas de isolamento de áreas em
forma de quadrantes, com uma área de aproximadamente 10 metros quadrados para obter controle
da quantificação dos indivíduos de cada espécie.
Na construção dos mapas, foram utilizados arquivos vetoriais referentes aos logradouros do
município disponível no sítio do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Foram
coletados diversos pontos de Coordenadas com o suporte do GPS do tipo Garmim Portátil Montana
650 onde esses dados foram espacializados com os softwares Google Earth Pro 2015 e o ArcGIS
10.3 (ArcMap) versão acadêmica. Utilizou-se também uma Câmera fotográfica da marca NIKON
com a finalidade de obter fotografias para identificação de espécies.
Na parte de gabinete, inicialmente foram tabulados os dados utilizando o Software Excel
2016 da Microsoft, onde foram separados por nome científico da espécie, sua família, e em nome
popular. Em seguida gerou-se uma tabela com todos a tabulação dos dados. Na identificação das
famílias, foram separadas por cada uma espécie, onde gerou um produto do tipo gráfico de pizza,
para que fosse possível encontrar a família dominante. Na escrita do trabalho, utilizamos o
programa da Microsoft, o Word também na versão 2016.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a análise de campo, a flora local é classificada como caatinga Savana-
Estépica hiperxerófila, com solos rasos que cobrem rochas do embasamento cristalino com presença
de solo exposto cuja fisionomia é caracterizada por árvores de pequeno porte, frequentemente com
altura inferior a 6,0 m, apresentando distribuição esparsa e menor número de espécies quando
comparada a outros tipos de caatingas (IBGE, 2012).
Para a identificação das espécies vegetais encontradas no CERES-Caicó, foi adotado uma
altura mínima de 1,6 metro, onde a partir dessa altura foram identificados 1.899 espécimes em toda
a área do CERES. Pôde-se constatar a presença de 34 espécies vegetais dentre das quais podemos
destacar as espécies mais predominante: Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. Fabaceae-Mimosoideae
(Jurema preta) com 763 indivíduos, equivale a mais de 40% de toda as espécies encontrada no
CERES, e logo em seguida a Jatropha mollissima (Pohl) Baill. Euphorbiaceae (Pião bravo) com 629
espécimes, equivale a aproximadamente 33% das espécies (ver tabela 01).
A partir desses dados, foi possível notar que as espécies M. tenuifloea e a J. molíssima são
responsáveis por mais de 73% de todas as espécies. Isso comprova que a vegetação do campus é
dominada basicamente por essas duas espécies. As outras espécies não representam um número
elevado de espécies, apenas a P. juliflora (algaroba) juntamente com as já citadas acima atingiram
ISBN: 978-85-68066-53-9 Página 186
Educação ambiental: biomas, paisagens e o saber ambiental
um número superior a 100 espécies, as demais espécies representam um número bem abaixo das
espécies com o maior número, tendo as espécies M. urundeuva (Aroeira), B. variegata, (Mororó-
roxo), E. contortisiliquum (Timbaúba), C. prunifera (Carnaúba), L. rigida (Oiticica), A. occidentale
(Cajueiro), P. guajava (Goiabeira), A. squamosa (pinheiro), C. pyramidalis (Catingueira)
registradas com apenas 1 indivíduo, representando assim apenas 0,1% do valor total.
A partir dos dados tabulados, dividimos as espécies em suas respectivas famílias, onde
tivemos o valor de 14 famílias, são elas: Euphorbiaceae, Anacardiaceae, Annonaceae,
Apocynaceae, Arecaceae, Bignoniaceae, Cactaceae, Meliaceae, Brassicaceae, Chrysobalanaceae,
Combretaceae, Myrtaceae, e a Rhamnaceae. A família fabaceae merece destaque, pois são mais de
11 espécies dessa família, concretizando como a Família dominante da vegetação no Campus.
As famílias com maiores números de representantes foram as Fabaceae com mais de 31%, a
Euphorbiaceae com aproximadamente 11%, e a Anacardiaceae com 8%, somando essas famílias,
elas representam mais de 50% de toda a família encontrada no Campus. As demais famílias
representam um número menor de espécies, tendo com as famílias Brassicaceae, Chrysobalanaceae,
Combretaceae, Myrtaceae, Rhamnaceae com apenas uma espécie (Ver figura 02).
DISCUSSÃO
Nos levantamentos feitos por Amorim et al (2005) na estação ecológica do Seridó, ele
afirma que há uma ―grande‖ riqueza e diversidade florística com 3. 4247 indivíduos sendo
distribuídos em apenas 16 espécies e 10 famílias no Campus foram constatados que há em torno de
34 espécies distribuídas por todo o seu espaço.
Em uma análise realizado por Andrade et al (2005) no município de São João do Cariri
estado da Paraíba, a flora arbustivo-arbórea estudadas foram registrados 910 indivíduos,
representada por 8 famílias, e 16 espécies.
Em uma análise fitossociológica no agreste Paraibano, dentro de um remanescente florestal
arbustivo-arbóreo, Pereira, et al (2002) de acordo com a sua análise dos dados, foram registrados
um conjunto florístico de 1952, representado por 54 espécies, e 22 famílias. Dessas 22 famílias, 12,
ou seja, mais da metade foram representadas por apenas uma espécie. As famílias com maior
número de espécies foram Mimosaceae e Euphorbiaceae. Isso mostra que em diferentes ambientes,
seja em regiões mais úmidas ou na depressão sertaneja, a família Euphorbiaceae consegue se
adaptar e se proliferar, mantendo entre as famílias mais dominantes da Caatinga.
Araújo et al (2012) em uma área de Caatinga degradada no Seridó paraibano, em uma
fazenda situada no município de Santa Luzia, estado da Paraíba, de acordo com os dados de campo,
foram catalogados 545 indivíduos, distribuídos em 20 espécies vegetais dentro de 12 família. Tendo
a espécie M. tenuiflora como a espécie dominante com cerca de 49, 83% das demais espécie. Nota-
se que a presença da ação antrópica em esses dois ambientes (tanto no Campus como na fazenda)
tornou-se um agente modelador da paisagem, pois a M. tenuiflora é uma espécie pioneira de áreas
degradadas. Podemos notar que mesmo sendo em ambientes diferentes, suas peculiaridades
existem, como por exemplo: o número bastante elevado de uma única espécie, a M. tenuiflora.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ALVES DE ANDRADE, L., MARINHO PEREIRA, I., TIBURTINO LEITE, U., & V BARBOSA,
M. R. Análise da cobertura de duas fitofisionomias de caatinga, com diferentes históricos de uso,
no município de São João do Cariri, Estado da Paraíba. Cerne, v. 11, n. 3, 2005.
DUQUE, JOSÉ G. JOSÉ G. Solo e água do polígono das secas. 6 ed, Fortaleza: Banco do Nordeste
do Brasil, 2004, 334 p.
2004. 242 p.
RESUMO
O conhecimento dos aspectos florísticos e ambientais das espécies nativas dos biomas brasileiros,
pode ser um instrumento eficaz para elaboração de estratégicas ambientais sustentável para
minimizar dos impactos antrópicos nos espaços naturais, principalmente utilizar no melhoramento
dos estudos da Caatinga no semiárido brasileiro. O objetivo principal deste trabalho é realizar o
inventário florístico e estrutural de um fragmento de caatinga no IFCE campus Quixadá, identificar
e classificar, a flora da área de estudo, georeferrênciar espacialmente as espécies da flora, mapear as
espécies da flora. Preliminarmente conclui-se que o inventário florestal estrutural da área do campus
IFCE é um primeiro passo para uma série de benefícios para o ambiente e um bom conhecimento
acadêmico. O levantamento florístico constitui-se um instrumento estratégico para a mitigação dos
impactos antrópicos nas áreas de remanescentes de caatinga.
Palavras-Chave: CO2. Caatinga. Levantamento Florístico.
ABSTRACT
Knowledge of the floristic and environmental aspects of native species of Brazilian biomes can be
an effective tool for the elaboration of sustainable environmental strategies to minimize anthropic
impacts in natural spaces, mainly to improve Caatinga studies in the Brazilian semiarid region. The
main objective of this work is to carry out the floristic and structural inventory of a caatinga
fragment at the IFCE campus Quixadá, to identify and classify the flora of the study area,
georeferrênciar spatially the species of the flora, to map the flora species. It is preliminary to
conclude that the structural forest inventory of the IFCE campus area is a first step towards a
number of environmental benefits and good academic knowledge. The floristic survey constitutes a
strategic instrument for the mitigation of the anthropic impacts in the areas of caatinga remnants.
Keywords: CO2. Caatinga. Floristic Survey.
INTRODUÇÃO
Um dos grandes desafios da humanidade atual é a definição de um modelo de
desenvolvimento sustentável, que possa adelgaçar ações antrópicas causadores de impactos
ambiental do planeta. Tendo em vista, que o desequilíbrio ambiental que está acontecendo, decorre
das ações provocadas por seres humanos, sendo os grandes respondíveis de poluição e
contaminação dos espaços naturais, principalmente, pela queima de combustíveis fósseis para a
produção de energia e extração dos recursos naturais. O reconhecimento de que é importante
preservar o meio ambiente, passando a ser objetivo de interesse de todos, exige de todos, um
comprometimento sustentável ainda maior como condicionantes para sobrevivência do homem.
O início de levantamentos fitossociológicos na caatinga deu-se a partir de uma série de
inventários florestais realizados por Tavares et al. (1969a; 1969b; 1970; 1974a; 1974b; 1975) na
finalidade de determinar o potencial madeireiro (Carvalho, 1971; Girão e Pereira, 1971; Sudene,
1979). Posteriormente as pesquisas tiveram como objetivos estabelecer padrões de vegetação e
florísticos, ou correlacionar fatores ambientais com as características estruturais da vegetação
(Gomes, 1979; Araújo et al., 1995).
Nesse sentido os inventários florestais devem ser executados periodicamente para permitir
ao proprietário ou ao gerente florestal a planificação das atividades em função das mudanças
ocorridas em determinados períodos de tempo considerado. Avaliar o crescimento, as mudanças
ocorridas após a exploração florestal, planejar a produção e os tratamentos silviculturais visando o
equilíbrio e a recuperação das florestas, exigem trabalhos árduos de campo.
Por isso tem-se como objetivo principal realizar o inventário florístico e estrutural de um
fragmento de caatinga no IFCE campus Quixadá, identificar e classificar, a flora da área de estudo,
georeferrênciar espacialmente as espécies da flora, mapear as espécies da flora.
METODOLOGIA
Figura 1– Imagem mostrando o campus IFCE-Quixadá. Fonte: Google Earth, Satélite Quickbird 2016.
Para o levantamento florístico, foram utilizados em clinômetro para medir a altura de todos
os indivíduos maiores de um metro. Todos esses indivíduos foram georeferenciados como GPS.
Para determinação dos parâmetros fitossociológicos foram quantificados, em cada parcela, todos os
indivíduos vivos que com Circunferência à Altura da Base (CAB) > a 9 cm e altura (h) > a 100 cm
(Rodal, 1992).
A estimativa da biomassa foi realizada usando-se o método não destrutivo. Esse método, que
não exige a derrubada das árvores da floresta é, muitas vezes, considerado a alternativa mais precisa
do que o método direto, visto que neste último as informações obtidas costumam vir de parcelas de
pequeno tamanho, em pequeno número e selecionadas de forma intencional, geralmente em áreas
que sejam mais representativas do todo (BROWN et al., 1989, RIBEIRO et al., 2009). A biomassa
será calculada de acordo com a equação alométrica proposta por Chave (2005). O valor de
densidade básica das espécies foi obtido em literatura específica (LORENZI, 1992,1998, 2003;
CHAVE et al., 2009; ZANNE et al., 2009.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram analisados 139 indivíduos de 14 famílias diferentes, constatando uma espécie como
Credrela fissilis da família Miliaceae com 1 indivíduo. E outros em grande quantidade como os da
família Anacardiaceae. Foram consideradas somente as áreas sem edificações perfazendo 35 mil
metros quadrados de parcelas, abrangendo 40% da área total do campus Quixadá.
Tabela 1
Famílias Biomassa (kg) Indivíduos Porcentagem (%) Carbono (kg)
Anacardiaceae 83590,06 35 41795,03
25,36
Arecaceae 50282,46 33 25141,23
23,91
Boraginaceae 5,608941 2 2,80
1,45
Brassicaceae 1993,466 8 996,73
5,80
Caparaceae 11,93127 2 5,96
1,45
Euphorbiaceae 10,23963755 2 5,11
0,72
Fabaceae 1230,97 18 615,48
1,45
Fabaceae -Mimosoideae 39739,39 20 19869,69
13,04
Leguminose 224,50 2 112,25
14,49
Malpighiacea 22,7 2 11,35
1,45
Malvaceae 1372,80 3 686,402
0,72
Miliaceae 6,01 1 3,0078
2,17
Rhamnaceae 24,25 3 12,129
2,17
Rubiaceae 65,87 8 32,9388
5,80
Fonte: Autor, 2017.
Podemos perceber na tabela a distribuição de acordo com as famílias das espécies seguido
da biomassa por família, número de indivíduos, porcentagem e kg de carbono obtidos a partir da
compilação dos dados em planilha do Microsoft Excel® para calcular os dados a partir dos métodos
citados em literatura. Assim, podemos perceber que temos como o maior representante de biomassa
a família Anacardiaceae que tem 21 espécies de Mangifera indica de grande ponte. A segunda
família Arecaceae com quase 24% da biomassa que tem sua principal espécie a Archontonphoenix
(Palmeira real) de grande porte, dessa forma, percebemos que as maiores biomassas do local
estudado são de espécies que não pertencem ao bioma Caatinga, pois as outras espécies são de
pequena significância quando comparado às nativas no quesito estoque de carbono.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos identificar dados importantes para a mensuração estimada das diversas espécies da
Caatinga, Porém a técnica usada não nos permite uma grande exatidão, pois não temos densidades
específicas das árvores do local, tendo em visto a pouca quantidade de indivíduos por hectare. Com
isso, podemos perceber que ainda se carece de estudos específicos de metodologia para mensuração
de biomassa em ambientes antropizados e com espécies invasoras. Assim sendo, o trabalho se trona
relevância estratégica para o aprofundamento de estudos de inventário florístico e estrutural nesse
nicho tão importante das instituições de ensino no nosso país, contribuindo para o avanço da
sustentabilidade em ambientes acadêmicos para servir de modelo de gestão ambiental.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, E. L.; SAMPAIO, E. V. S. B.; RODAL, M. J. N. Composição florística e fitossociológica
de três áreas de caatinga de Pernambuco. Revista Brasileira de Biologia, Rio de Janeiro, v. 55,
n. 4, p. 595- 607, 1995.
BROWN, S.; GILLESPIE, A. J. R.; LUGO, A. E. Biomass estimation methods for tropical forests
with applications to forest inventory data. Forest Science, v.35, p.881-902, 1989.
CHAVE,J.et.al.Tree allometry and improved estimation of carbono stocks and balance in tropical
forests.Oecologia,v.145,p.87-99,2005.
FRANÇA, Júnia Lessa; VASCONCELLOS, Ana Cristina de. Manual para normalização de
publicações técnico-científicas. 8. ed. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 200
TAVARES, S.; PAIVA, F. A. F. LIMA, J. L. S. de. Inventário florestal do Ceará. II. Estudo
preliminar das matas remanescentes de Tauá. SUDENE. Boletim de Recursos Naturais, Recife,
PE, v. 12, n. 2, p. 5- 19, 1974ª.
TAVARES, S.; PAIVA, F. A. F.; TAVARES, E. J. de. S.; CARVALHO, G. H. de. Inventário florestal
do Ceará. Estudo preliminar das matas remanescentes do município de Quixadá. SUDENE.
Boletim de Recursos Naturais, Recife, v. 7; n. 1/4, p. 93-111, 1969b.
TAVARES, S.; PAIVA, F. A. V.; TAVARES, E. J. S.; CARVALHO, G. H.; LIMA, J. L. S. Inventário
florestal do Ceará. l. Estudo preliminar das matas remanescentes do município de Quixadá.
Boletim de Recursos Naturais v. 7. n.1/4. p. 93-111. 1969ª.
TAVARES, S.; PAIVA, F. A.F.; TAVARES, E. J. de. S.; CARVALHO, G. H. de.; LIMA, J. L. S. de.
Inventário florestal de Pernambuco, estudo preliminar das matas remanescentes dos municípios
de Ouricurí, Bodocó, Santa Maria da Boa Vista e Petrolina. SUDENE. Boletim de Recursos
Naturais, Recife, PE, v. 8, p.149-194, 1970.
TAVARES, S.; PAIVA, F. A.F.; TAVARES, E. J. de. S.; CARVALHO, G. H. de. Inventário florestal
na Paraíba e no Rio Grande do Norte. I. Estudo preliminar das matas remanescentes do Vale do
Piranhas. Recife, PE: SUDENE, 31 p. 1975. (SUDENE. Série Recursos Naturais 3
TAVARES, S.; PAIVA, F. A.F.; TAVARES, E. J. de. S.; LIMA, J. L. S. de. Inventário florestal do
Ceará. III. Estudo preliminar das matas remanescentes do município de Barbalha. SUDENE.
Boletim de Recursos Naturais, Recife, PE, v. 13, n. 2, p. 20-46, 1974b.
RESUMO
O estudo avaliou a predação de Euborellia annulipes quando alimentada com pulgões Brevicoryne
brassicae em três temperaturas. Os experimentos foram conduzidos no Laboratório de Entomologia
do Departamento de Fitotecnia e Ciências Ambientais da Universidade Federal da Paraíba,
Areia/PB. Utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado em esquema fatorial.
A pesquisa foi realizada em câmaras climatizadas, nas temperaturas de 25, 30 e 35 ± 1ºC, umidade
relativa de 70 ± 10% e fotofase de 12 horas. A predação foi avaliada para ninfas de 1º e 3º instares
do predador E. annulipes, tendo como presa, ninfas de 1º e 2º instares e adulto de B. brassicae, com
10 repetições por tratamento. O maior consumo de B. brassicae por ninfas de E. annulipes ocorreu
para ninfas de 1º ínstar do pulgão.
Palavras-chave: Consumo, Dermáptero, Inseto-praga.
ABSTRACT
The study evaluated the predation of Euborellia annulipes when fed with aphids Brevicoryne
brassicae in three temperatures. The experiment was conducted in the Laboratory of Entomology,
Department of Plant Science and Environmental Science of the Federal University of Paraíba,
Areia/PB. We used the experimental design completely randomized with factorial scheme. The
search was realized in air-conditioned chambers at temperatures of 25, 30 and 35 ± 1ºC, 70 ± 10%
RH, and photophase of 12 h. Predation was evaluated for nymphs of 1st and 3rd instars of the
predator E. annulipes on the nymphs of 1st and 2nd instars and the adult stage of the prey B.
brassicae with 10 replicates per treatment. The higher consumption of B. brassicae by E. annulipes
nymphs occured to nymphs of 1st instar of the aphid.
Keywords: Consumption, Cabbage aphid, Earwigs.
INTRODUÇÃO
O pulgão das brássicas, Brevicoryne brassicae (Linnaeus, 1758) (Hemiptera: Aphididae), é
considerado praga-chave da couve, Brassica oleracea L. (Salgado 1983), em praticamente todo o
território do Brasil. Este afídeo causa o engruvinhamento e a redução do tamanho das folhas, além
disso, são vetores de vírus (Nunes et al., 1999). Seu controle é realizado principalmente por
aplicações sucessivas com produtos químicos, pois segundo Pinto et al. (2005) causam problemas
ao ambiente, tanto de forma indireta contaminando os alimentos, quanto indiretamente, afetando a
vida silvestre, prejudicando a saúde do homem, além de desencadear problemas de resistência
(Celoto et al., 2008).
O controle biológico natural é responsável por cerca de 95% da supressão de artrópodes-
praga em áreas cultivadas no planeta (Lenteren, 2009). Nesse sentido, esse método pode ser
empregado dentro de um programa de Manejo Integrado de pragas (MIP), pois compreende um
conjunto de ações que visam particularmente a minimização do uso de agrotóxicos no campo (De
Bortoli et al. 2005), considerando os aspectos ecológicos, econômicos, tecnológicos e sociais para a
tomada de decisão de controle (Fernandes e Carneiro 2006).
A ordem Dermaptera possui predadores vorazes que apresentam comportamento agressivo,
tornando-se um promissor agente de controle biológico para pulgões e ovos de diversas espécies de
lepidópteros. Dentre as espécies de dermápteros, a Euborellia annulipes (Lucas, 1847)
(Dermaptera: Anisolabididae) destaca-se por ser um agente controlador de populações de bicudo-
do-algodoeiro Anthonomus grandis (Boheman, 1843) (Coleoptera: Curculionidae) na região
Nordeste, consumindo larvas em diferentes estádios e pupas em cultivos de algodão (Oliveira et al.
2011); de ovos e larvas de Spodoptera frugiperda (J. E. Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae)
(Silva et al. 2009a) e de pulgões Hyadaphis foeniculi (Passerini, 1860) (Hemiptera: Aphididae)
(Silva et al. 2010ab ).
Informações a respeito do desempenho predatório de ninfas E. annulipes em diferentes
temperaturas são significativas para a inserção destes predadores em programa de MIP. De Clercq
& Degheele (1992) ressaltam que o emprego de entomófagos predadores em MIP depende da
compreensão das relações entre temperatura e o desenvolvimento biológico dessas espécies. Lemos
et al. (1998), avaliando o efeito de oito temperaturas no desenvolvimento biológico de E. annulipes,
concluíram que o período de desenvolvimento e sobrevivência está relacionado ao ínstar, estágio e
sexo do predador. Diante do exposto, a pesquisa tem por objetivo avaliar a predação de E. annulipes
quando alimentadas com ninfas e adultos de B. brassicae em três temperaturas.
METODOLOGIA
transparentes (22,5 x 15,0 x 6,0 cm) com tampa escura, apresentando um orifício vedado com
tecido tipo ―filó‖, a fim de fornecer um ambiente sem incidência de luz e com oxigenação. No
recipiente foi colocado papel absorvente como refúgio e substrato para oviposição, umedecido
diariamente, com água destilada. A alimentação dos dermápteros era composta pela dieta artificial
contendo leite em pó (130g), levedo de cerveja (220g), farelo de trigo peneirado (260g), ração
inicial para frango de corte peneirado (350g) e nipagin (40g).
A criação do afídeo B. brassicae foi estabelecida em ambiente ―telado‖, utilizando plantas
de couve B. oleracea var. acephala cultivadas em vasos com capacidade de 10L, contendo em seu
interior terra vegetal, esterco e areia na proporção de 1:2:1 sendo regado diariamente. A infestação
da couve com B. brassicae foi realizada através da transferência dos insetos adultos de plantas já
infestadas para as mudas com três folhas definitivas.
Para avaliar a predação foram individualizaram-se 180 ninfas de 1º e 3º instares de E.
annulipes com 12 horas de idade, correspondendo a 90 indivíduos para cada ínstar. Os instares de
E. annulipes foram separados em três grupos de 30 indivíduos que continha em cada grupo 10
repetições para os pulgões de 1º ínstar, 2º ínstar e adulto nas temperaturas de 25, 30 e 35 ± 1ºC em
câmaras climatizadas com umidade relativa de 70 ± 10% e fotofase de 12 horas. Espécimes de E.
annulipes foram individualizadas em placas de Petri (9,0 x 1,5 cm) contendo no seu interior papel
absorvente umedecido. Os recipientes foram vedados com fita adesiva, para se evitar a fuga dos
insetos. As presas, após sua identificação, foram fornecidas em quantidade superior ao que cada
ínstar ninfal de E. annulipes consumia diariamente definidas em testes preliminares.
O delineamento estatístico adotado foi inteiramente casualizado em esquema fatorial, cujos
valores de predação foram submetidos à análise de variância, sendo as médias comparadas pelo
teste de Tukey a 5% de probabilidade. Os dados obtidos foram analisados pelo software Assistat 7.6
(Silva & Azevedo 2009).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O consumo total de B. brassicae por E. annulipes variou de 23,5 a 149,7 e 42,9 a 540,6
presas para os instares de 1º e 3º do predador nas temperaturas, respectivamente (Tabela 1). A
predação foi maior para o 1º ínstar do pulgão por ninfas de E. annulipes. Contudo, à temperatura de
30ºC não teve diferença significativa para ninfas de 1º ínstar do predador quando consumiram
ninfas de 1º e 2º instares de B. brassicae. Ao analisar o consumo por alimento, verificou-se que a
predação do predador foi maior na temperatura de 25ºC em seu 1º ínstar (ninfas de 1º ínstar) e 3º
ínstar (ninfas de 1º e 2º instares) sobre B. brassicae. Tal comportamento evidencia o efeito desse
fator abiótico sobre o predador quanto a sua capacidade predatória. Lemos et al. (1998) constataram
que o melhor desenvolvimento de E. annulipes acontece no intervalo entre 25 a 28ºC. Estudos
conduzidos por Silva et al. (2009a) inferem que o maior consumo de E. annulipes por ovos de
Spodoptera frugiperda (J.E.Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae) é de acordo com o
desenvolvimento embrionário da praga independentemente do ínstar do predador e, por último,
Silva et al. (2010a) evidenciaram o alto consumo deste dermáptero sobre ninfas do pulgão
Hyadaphis foeniculi (Passerini, 1860) (Hemiptera: Aphididae), consumindo em maior número
ninfas de 1º e 2º instares.
Tabela 1 – Predação total e diária (± EP) de ninfas de Euborellia annulipes quando alimentada com estágios
de Brevicoryne brassicae em três temperaturas1 (Areia, Paraíba, Brasil).
25 30 35 25 30 35
Consumo total
1º ínstar 149,7 ± 5,52 aA 117,1 ± 5,55 aB 125,0 ± 4,06 aB 540,6 ± 15,21 aA 375,3 ± 33,76 aB 241,9 ± 12,93 aC
2º ínstar 70,4 ± 4,49 bB 106,4 ± 7,49 aA 68,4 ± 5,55 bB 302,4 ± 17,01 bA 224,5 ± 11,35 bB 168,4 ± 13,20 bB
Adulto 23,5 ± 1,74 cB 26,4 ± 1,95 bAB 42,5 ± 4,16 cA 163,0 11,02 cA 122,1 ± 7,72 cA 42,9 5 ± 3,55 cB
Consumo diário
1º ínstar 19,1 ± 0,81 aA 12,9 ± 0,80 aB 9,5 ± 0,63 aC 50,7 1 ± 1,59 aA 40,1 ± 2,44 aB 23,9 ± 0,80 aC
2º ínstar 8,8 ± 0,66 bA 8,0 ± 0,46 bA 7,3 ± 0,47 bA 21,7 1 ± 0,84 bB 28,8 ± 0,78 bA 14,5 ± 0,56 bC
Adulto 2,6 ± 0,15 cA 3,1 ± 0,30 cA 2,9 ± 0,16 cA 14,1 ± 0,45 cA 16,0 ± 0,72 cA 3,6 ± 0,10 cB
1
Médias seguidas pela mesma letra, minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas, não diferem entre si pelo
teste de Tukey (P = 0,05); 2Ninfas de E. annulipes em seu 1° e 2° instares foram alimentadas com dieta
artificial.
O consumo diário de B. brassicae por ninfas de E. annulipes foi maior para ninfas de 1º
ínstar da presa nas temperaturas analisadas (Tabela 1), alcançando valores de 19,1; 12,9 e 9,5
afídeos para o 1º ínstar do predador nas temperaturas de 25, 30 e 35ºC, respectivamente.
Similarmente, ocorreu em seu 3º ínstar. Esse comportamento pode esta relacionado a necessidade
de alimento para desenvolvimento do predador em função dos seu ínstar, além disso, estes afídeos
possuem cutícula fina e frágil. O consumo de pulgão por E. annulipes de 1º ínstar, foi influenciado
apenas para o 1º ínstar da presa na temperatura de 25ºC, constatando que houve redução no
consumo do predador em função da elevação da temperatura. No entanto, não houve influência
quando forneceram presas de 2º ínstar e adultos. Desempenho idêntico foi registrado, em seu 3º
ínstar, com exceção quando a predação ocorreu em quantidade maior de ninfas de 2º ínstar na
temperatura de 30ºC e para afídeos adultos. Essa variação da predação à temperatura de 30ºC
certamente ocorre em função do estresse, pois se encontra fora da faixa ótima de desenvolvimento
do predador afetando o seu desempenho predatório. Estudos conduzidos por Silva et al. (2009b)
com os alimentos ovos e larvas de 1º e 2º instares de S. frugiperda para E. annulipes demonstram
que seu consumo, é crescente preferindo a fase de ovo da praga.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
DE CLERCQ, P.; DEGHEELE, D. Development and survival of Podisus maculiventris (Say) and
Podisus sagitta (Fab. ) (Heteroptera: Pentatomidae) at various constant temperatures. Canadian
Entomologist, Ottawa, v. 124, n. 1, p. 125-133, 1992.
NUNES, J. C. S.; SILVA, A. L.; SILVA, N. F.; SANTOS, S. V.; SANTOS, S. P. Controle químico
dos pulgões Mysus persicae e Brevicoryne brassicae na cultura da couve-flor com inseticidas
aplicados na forma de esguicho. Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia, v. 29, n. 2, p. 9-11,
1999.
SILVA, A. B.; BATISTA, J. L.; BRITO, C. H. Aspectos biológicos de Euborellia annulipes sobre
Spodoptera frugiperda. Engenharia Ambiental, Engenharia Ambiental, v. 6, n. 3, p. 482-495,
2009a.
RESUMO
O presente trabalho faz parte de um estudo da fauna urbana que está em andamento no Campus I da
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), estes animais por se adaptarem aos ambientes
urbanos, são denominados animais sinantrópicos. O objetivo geral do estudo é o de reconhecer e
localizar as espécies que transitam ou habitam a área do Campus I. O levantamento da fauna, até o
momento está sendo realizado por observações de campo, através de busca ativa e de sentinela
durante diversos períodos do dia e nas quatro estações do ano, buscando observar os hábitos das
espécies, localizar suas áreas de preferência ou de nidificação. Há uma grande diversidade de
animais silvestres no Campus, dentre eles, podemos citar a presença de muitas aves, como quero-
queros, corujas-buraqueiras, também répteis como o jacaré-de-papo-amarelo, as rãs representando a
classe dos anfíbios, saguis, macacos, gambás e morcegos a classe dos mamíferos. Os resultados
preliminares indicam que existe uma significativa diversidade de fauna na área de estudo, mas que a
mesma não está distribuída de forma homogênea pelo Campus. Os diferentes ambientes naturais,
como mangue, lago, área florestada, gramados e a disponibilidade de alimento são os fatores que
condicionam a presença e a distribuição das espécies.
Palavras Chave: Fauna Urbana; Sinantropismo; UDESC; Florianópolis.
ABSTRACT
The present paper is part of a study of the urban fauna that is in progress in Campus I of the State
University of Santa Catarina (UDESC), these animals for adapting to urban environments are called
synanthropic animals. The general objective of the study is to recognize and locate the species that
transit or inhabit the Campus I area. So far, the survey of the fauna is being carried out by field
observations, through active search and sentinel during various periods of the day and in the four
seasons. The aim of the fieldwork is observe the habits of the species, locate their areas of
preference or nesting. There are a great diversity of wild animals in the Campus, among them, we
can mention the presence of many birds, such as southern lapwing, burrowing owls, also reptiles,
such as the broad-snouted caiman. Frogs representing the amphibian class; marmosets, possums and
bats in the class of mammals. The preliminary results indicate that there is a significant diversity of
fauna in the study area, but it is not homogeneously distributed across the Campus. The different
natural environments, such as mangrove, lake, forested area, lawns and the availability of food are
the factors that provide the presence and the distribution of the species.
Keywords: Urban Fauna; Synanthropism; UDESC; Florianópolis.
INTRODUÇÃO
O crescimento dos centros urbanos é fato que há tempos vem ocorrendo, gerando o aumento
das áreas urbanizadas brasileiras. A grande maioria das áreas ocupadas pela expansão urbana ocorre
em detrimento de áreas vegetadas, com isso, a flora e a fauna são as mais prejudicadas devido à
perda de seus habitats naturais. Com a diminuição das áreas originais ocupadas pela fauna, tendo
como consequência a diminuição de recursos, tanto na alimentação quanto em área para
reprodução, alguns animais encontraram nas áreas urbanas meios de sobreviverem.
A fauna urbana é caracterizada por animais de diversas espécies que fazem uso dos
ambientes urbanos, tanto para alimentação, como também para proteção e nidificação. Estes
ambientes são completamente distintos de seus habitats naturais. As espécies da fauna que ocupam
as áreas urbanas podem ser divididas em três grupos, os animais domésticos (gatos e cães), animais
nocivos (ratos e baratas) e os animais silvestres, os quais se adaptaram a viver nas áreas urbanas, ou
simplesmente as utilizam de maneira transitória (como as aves migratórias) (SÃO PAULO, 2013).
Os ambientes naturais, por terem suas áreas reduzidas, não suportam maiores quantidades de
indivíduos das mesmas espécies por questões de equilíbrio dos ecossistemas. Os habitats que antes
abrigavam as espécies de forma natural, buscando o equilíbrio, quando se adaptaram aos ambientes
urbanos se interpuseram dentro de novos ecossistemas, conhecidos como sistemas urbanos.
Atualmente a fauna urbana se desenvolve em meio aos centros urbanos, criando novas relações
sistêmicas que também buscam atingir o equilíbrio, assim como nos sistemas não interferidos pelo
ser humano.
Os ecossistemas são divididos em quatro componentes básicos, sendo eles os abióticos, os
produtores, os consumidores e os decompositores, cada um desses componentes se inter-relacionam
em diversas escalas de um ecossistema. Este é um sistema aberto e as inter-relações geram fluxos
de energia onde ocorre a ciclagem de materiais (ODUM, 1988 e PETERSEN; SACK; GABLER,
2014). O componente abiótico é considerado o espaço onde ocorre às inter-relações dos demais
componentes dos ecossistemas, sem participar das relações caracterizadas pelas relações inter e
intraespecíficas, mas recebe e também é fonte de energia para o sistema. Estes fluxos de energia que
ocorrem devido às inter-relações num ecossistema, podem ser representados pelos níveis tróficos
(RICKLEFS, 2003).
Este trabalho tem por objetivo reconhecer e localizar as espécies que transitam ou habitam a
área do Campus I da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), para assim estabelecer as
conexões dos motivos pelos quais este espaço foi escolhido por cada espécie, além dos fatores que
se tornam atrativos para elas, seja por questões de proteção, nidificação, alimentação ou apenas
passagem.
Troppmair (2008) afirma que para o desenvolvimento, equilíbrio e dinâmica espacial dos
seres vivos são necessários que haja as relações ecológicas ou também inter-relações, em que, para
cada tipo de relação são necessários dois ou mais organismos. Dentre os mais diversos autores que
estudam questões ligadas aos ecossistemas referem-se às relações ecológicas nas mais diversas
interações, sendo elas de cunho positivo ou negativo para as espécies (DAJOZ, 1983; ODUM, 1988
e RICKLEFS, 2003). As relações interespecíficas são àquelas voltadas as espécies distintas, as
quais podem gerar como, por exemplo, o mutualismo (relação positiva) ou o parasitismo (relação
negativa). Já as relações intraespecíficas são relações que ocorrem entre indivíduos da mesma
espécie, podemos citar as colônias (relação positiva) e o canibalismo (relação negativa).
Segundo Figueiró (2015), as áreas urbanas podem ser consideradas grandes sistemas, os
quais recebem enormes proporções de matéria e energia, estando estas disponíveis aos organismos
que compõe esse sistema. Esta energia é processada e que por fim, seguirá para distintas
localidades dos limites urbanos, onde será acumulada. Um dos maiores problemas dos grandes
centros urbanos é o descarte da matéria orgânica. Matéria essa que poderia ser reciclada de volta ao
sistema, mas que são tratadas como resíduos, atraindo assim, algumas espécies (nativas ou exóticas)
que já se adaptaram a viver nos sistemas urbanos. Além do material descartado, o plantio de árvores
exóticas, algumas frutíferas, e geralmente com intuito paisagístico, acabam atraindo muitas aves e
outros animais, causando assim, a permanência dos mesmos em meios às áreas urbanas
(FIGUEIREDO, 1989).
O descarte incorreto dos resíduos, primeiramente atrai espécies que vão usá-los como fonte
de alimento, mas à medida que a matéria orgânica entra em estágio de decomposição, gera efluente,
trazendo desequilíbrio ao sistema (FIGUEIRÓ, 2015). Isto pode contaminar o lençol freático
através de elementos químicos que serão disseminados por processos distintos. Este fato acaba
afastando ou causando doenças às espécies que ora haviam sido atraídas para a malha urbana. Nos
casos das aves, além de alimento, o material descartado serve principalmente para construção de
seus ninhos, dentre os materiais preferidos por esses animais estão pedaços de tecidos, barbantes,
fios de linhas, entre outros (HÖFLING; CAMARGO, 2002).
Tendo em vista os sistemas urbanos e as inter-relações das espécies que compõe os
ecossistemas, chegamos à definição de sinantropismo. Conceito este atribuído pela Instrução
Normativa 141/2006 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA), definindo que os animais sinantrópicos são todas as populações de animais silvestres,
exóticas ou nativas e que sua relação com as áreas urbanas sejam de, apenas como via de
deslocamento, local de descanso ou que por adaptação fizeram de uma área seu habitat, excluindo-
se desta definição os animais domésticos e aqueles ameaçados de extinção (BRASIL, 2006).
ISBN: 978-85-68066-53-9 Página 205
Educação ambiental: biomas, paisagens e o saber ambiental
MATERIAIS E METÓDOS
Para execução deste trabalho, foram feitos inicialmente levantamentos de espécies que
podem ser encontradas na área onde está localizado o Campus, em documentos oficiais como,
Estudos de Impacto Ambiental/Relatórios de Impacto ao Meio Ambiente (EIA/RIMA)
disponibilizados pela Fundação do Meio Ambiente (FATMA). Buscando averiguar as informações
obtidas estão sendo realizadas observações in loco para coleta de dados das espécies para assim
estabelecer quais os motivos destas estarem ocupando os perímetros do Campus e em qual ambiente
se encontra.
Assim como os animais variam em sua morfologia, o intervalo biológico se faz muito
importante nos estudos de campo da Biogeografia, então o emprego de técnicas para observação
também teve de diferir para cada classe (FURLAN, 2011). Sendo assim, inferiu-se que o
levantamento de dados será realizado durante as quatro estações do ano, tendo duas (verão e
outono) já completas. Além da variação estacional, as espécies comportam-se diferentemente ao
longo do dia, seja por questões meteorológicas como por questões de variação de luz solar, isto
também está sendo levado em consideração. Para as coletas de dados realizadas até o momento,
foram efetuadas inúmeras pesquisas de campo com observações de forma direta e indireta, por meio
de busca ativa e também de sentinela com duração de 1 hora, buscando-se observar espécies de
répteis, anfíbios, mamíferos e aves dentro do perímetro do Campus I.
Para as observações estão sendo utilizadas máquinas fotográficas digitais e gravadores de
áudio e imagem, faz-se o uso também de binóculos para observações à distância e lanternas para
observações noturnas. Os dados de campo são registrados em uma tabela (Figura 2) previamente
testada, bem como caderneta de campo. A localização dos animais observados está sendo assinalada
em uma imagem aérea da área de estudo, para mapeamento direto sobre cartas básicas, delimitando
as áreas aonde foram encontradas as espécies, a fim de obtermos a localização das espécies nas
diferentes estações do ano e assim associar com os ambientes de preferência de cada espécie.
Figura 2 - Tabela para registros de campo durante as observações. Fonte: elaborado pelos autores.
RESULTADOS PARCIAIS
pertencentes à classe dos mamíferos terrestres e anfíbios que possam ser encontrados na área de
estudo, no entanto eles são vistos com frequência.
Os dados do levantamento feito até o momento indicam um grande número de espécies de
aves, destacam-se principalmente no Campus os quero-queros (Vanellus chilensis), a garça-branca-
pequena (Egretta thula) e o íbis-preto (Plegadis falcinellus), estes podem ser observados durante
todo o ano nas mais diversas partes do Campus. Os quero-queros (Figura 3 - A) são vistos quase
sempre nas áreas mais abertas da universidade, geralmente entre quatro a seis indivíduos, ocupam
os campos abertos próximo ao Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas (ESAG),
sendo este o local de preferência para nidificação. Nos estacionamentos e próximo à Academia
Prof. Dr. Ruy Jornada Krebs, além de nidificação, a espécie usa os locais para alimentação.
A garça-branca-pequena (Figura 3 - B) ocupa principalmente as áreas com presença de água,
principalmente onde se encontra um dos afluentes do rio Itacorubi, nos limites da área da
universidade. A espécie usa este ambiente principalmente para alimentação, visto que ali existem
pequenos peixes que fazem parte da dieta da mesma. Pode-se observar geralmente entre um ou dois
indivíduos em pontos distintos, podendo ser encontrada praticamente em todo o período de coleta
de dados do verão e outono.
O íbis-preto (Figura 3 - C) geralmente apresenta-se em grupos de mais de dois indivíduos,
ocupam as mesmas áreas que os quero-queros e a garça-branca-pequena, quanto maior a área, mais
animais podem ser observados. Além destes, num levantamento inicial, também foram registrados
gralhas-azuis (Cyanocorax caeruleus), corujas-buraqueiras (Athene cunicularia), joão-de-barro
(Furnarius rufus), pombas (Columba spp.), periquitos (Melopsttacus spp.), sabiás-do-campo
(Mimus saturninus), chupins (Molothrus bonariensis), entre outros.
Representando os anfíbios, foram observadas até o momento somente as rãs (Ranidae spp.)
(Figura 5). Sua área de ocorrência se restringe apenas a uma pequena área banhada em frente ao
Centro de Ciências Humanas e da Educação (FAED). Dificilmente são vistos indivíduos fora
daquela área, porém podem ser ouvidos sons característicos destes animais ao entardecer e durante
a noite. Apesar de existir uma lagoa nas proximidades da academia, não foi observada ou ouvida
nenhuma sonorização de anfíbios na área. Acredita-se que a ausência de anfíbios neste lago é
devido à entrada de água salina em períodos de maré alta, fazendo, com que o lago não seja
propício ao desenvolvimento destas espécies, visto que sua pele possui características osmóticas.
Figura 5 - Rã observada atravessando a área do estacionamento da FAED para a área úmida do mesmo
centro. Foto: Weslley Luan Soares, maio de 2017.
CONCLUSÃO
Existe uma grande diversidade de espécies animais silvestres que se adaptaram a viver nas
áreas dentro dos limites da UDESC. Nota-se que muitas destas usam os espaços de acordo com suas
necessidades, algumas encontram alimentos com mais facilidade, outras abrigo e/ou apenas um
local de descanso. As inter-relações entre as espécies sinantrópicas necessitam de maior análise para
que possam ser apresentadas, porém inegáveis, visto que cada animal de acordo com suas
necessidades estabelece uma área de dominância, onde pode se alimentar e desenvolver-se.
A preservação desta diversidade faunística é muito importante para que haja o equilíbrio do
ecossistema. Entretanto, não somente a fauna como também a flora presente nas áreas do entorno da
universidade também precisam ser mais bem preservadas, visto a proximidade com o Jardim
Botânico de Florianópolis. Poderia haver um projeto que ligasse estas duas áreas, assim, valorizaria
ambas as localidades, pois facilitariam a passagem dos transeuntes. A criação de corredores
ecológicos também seria de grande importância para a preservação da fauna principalmente para os
animais que usam estes espaços apenas como passagem. Isso evitaria que os mesmos fossem
atropelados em locais onde há transito de automóveis ou mesmo sendo feridos por cercas de casas,
fiação elétrica ou ataques de outros animais domésticos.
Para finalizar, destacamos a importância dos estudos sobre os animais sinantrópicos na
Biogeografia abrangendo também seu potencial atrativo e não somente o grau de perigo que estes
podem oferecer. Sugerimos que estudos sobre a fauna, dentre eles o da fauna urbana, sejam mais
incentivados na Geografia, pois ao realizarmos esta pesquisa sentimos falta de trabalhos nesta área
na biogeografia.
REFERÊNCIAS
DAJOZ, R. Ecologia geral. 4. Ed. Petrópolis: Vozes, 1983. 472p. Tradução: GUIMARÃES, F. M.
HÖFLING, E. CAMARGO, H. F. da A. Aves no campus. 3. ed. São Paulo: Edusp, 2002. 157 p.
RICKLEFS, R. A economia da natureza. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, c2003. 503 p.
TROPPMAIR, H. Biogeografia e meio ambiente. 8. ed. Rio Claro: Divisa, 2008. 227p.
Jairo VALDATI
Professor Doutor em Geografia na Universidade do Estado de Santa Catarina
javaldati@hotmail.com
Willian Sartor PREVE
Graduando em Geografia na Universidade do Estado de Santa Catarina
williansartor@gmail.com
Bruna Cesário PEREIRA
Graduada em Geografia na Universidade do Estado de Santa Catarina
cp.bruninha@hotmail.com
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo aplicar as fichas catalográficas desenvolvidas por Troppmair
(1984), para a fauna, como subsídios para a educação ambiental. A área selecionada para este
estudo foi o Parque Municipal da Lagoinha do Leste (PMLL), localizado em Florianópolis – SC.
Esta Unidade de Conservação foi criada em 1992 e desde então vem sofrendo ameaças à
biodiversidade, algo que se manifesta na quantidade de lixo depositada no parque, na captura de
espécies e na introdução de animais domésticos. Visando atingir nosso escopo, realizou-se
inicialmente uma abordagem acerca da preservação dos animais no PMLL, seguido por uma
apresentação das classificações ecológicas para a fauna. Na sequência há uma breve descrição da
área de estudo e apresenta-se a aplicação das fichas catalográficas para 2 espécies presentes no
Parque. Concluímos que há uma necessidade de se realizar estudos sobre a fauna em Biogeografia,
sobretudo pesquisas que ultrapassem um levantamento geral do número de espécies. Ademais, ao
aplicar as tabelas catalográficas como placas/avisos aos frequentadores do local, disponibiliza-se
informações mais específicas sobre a fauna, alertando sobre os possíveis perigos (veneno,
transmissão de doenças) e informando sobre seu potencial atrativo (a cor, o canto), contribuindo
assim para a preservação.
Palavras-Chave: Fauna Silvestre, Registro de Fauna, Educação Ambiental, Florianópolis.
ABSTRACT
This article aims to apply the cataloging file elaborated by Troppmair (1984), for fauna, as subsidies
for environmental education. The area of study chosen is Lagoinha do Leste Municipal Park
(PMLL), located in Florianópolis - SC. This Conservation Unit was created in 1992 and since then
has been suffering threats to biodiversity, manifested in the amount of garbage deposited in the
park, in the capture of species and with the introduction of domestic animals. Aiming to reach our
scope, it was carried out an approach about the preservation of animals in the PMLL, followed by a
presentation of the ecological classifications for fauna. Following is a brief description of the area
of study and the application of the cataloging file for 2 species present in the Park. We concluded
that there is a need to carry out studies about fauna in Biogeography, especially research that goes
beyond a general survey of the number of species. In addition, when applying the catalog tables as
signs/warnings to local visitors, more specific information about the fauna is made available,
alerting them to possible dangers (poison, disease transmission) and informing about their attractive
potential (color, bird‘s singing), thus facilitating preservation.
Keywords: Sylvan Fauna, Record of Fauna, Environmental Education, Florianópolis.
INTRODUÇÃO
No que diz respeito aos meios de acesso, tem-se a presença de duas trilhas, sendo a trilha
pela praia do Matadeiro a mais extensa, 4 km, e a segunda com 2,3 km, localizada em terreno mais
íngreme, tem início pela praia do Pântano do Sul. Durante o verão há também outra alternativa para
chegar ao parque, pois alguns barcos também fazem o transporte até a praia. Pode-se afirmar que
essa relativa dificuldade de acesso tem servido, ao longo do tempo, como escudo protetor do lugar.
A vegetação predominante na área é a Floresta Ombrófila Densa (Mata Atlântica), sendo,
segundo Coura Neto e Klein (1991), um dos últimos redutos de Mata Atlântica ainda preservados
em Florianópolis. Este tipo de formação florestal apresenta-se em diversos estágios de sucessão,
com fisionomias que vão de capoeirinha a capoeirão. Em menor área, localizada sobre as dunas e
nos cordões arenosos, existe a vegetação de restinga.
O estudo tem por objetivo aplicar as fichas catalográficas desenvolvidas por Troppmair
(1984) como subsídios para a educação ambiental da fauna, presente nesta Unidade de
Conservação. Para tal fim, abordam-se primeiramente as questões concernentes à preservação da
fauna no PMLL, expondo posteriormente as classificações fisionômicas utilizadas para a fauna. Na
sequência apresenta-se a área de estudo, os procedimentos realizados para o estudo da fauna e por
fim, aplica-se as fichas catalográficas para 2 espécies previamente selecionadas.
introduzir animais domésticos no parque, muitos visitantes levam seus animais (principalmente
cães) para visita. Estes animais acabam comprometendo ninhos, matando alguns exemplares e
afugentando animais nativos que circulam nas proximidades da trilha.
O crescente número de visitantes no PMLL resulta em um aumento de barulho, o que
afugenta as espécies e causa muito estresse a esses animais, que tendem a ter baixa na imunidade,
ficando mais vulneráveis às doenças. Além disso, tem-se a prática de camping que vem ocorrendo
de forma desregrada nas áreas do parque, pois alguns visitantes fazem cortes de árvores a fim de
tirar lenha para fogo, abrindo assim clareiras que interferem na vida de muitas espécies animais.
Emerge ainda outras questões em relação aos turistas que frequentam o PMLL e
aproximam-se das espécies animais, adentrando seu hábitat. Há espécies que se constituem como
atrativos e outras como perigos, podendo ser nocivas ao ser humano. Animais nocivos são todos
aqueles que direta ou indiretamente são capazes de atingir a saúde e integridade física do homem ou
lhe causar algum dano, sendo que alguns animais podem ocasionar graves problemas ao homem,
tais como: escorpião, cobra, aranha, anfíbios em geral, entre outros. Outros animais, como
mosquito, mosca, carrapato, pulga, barata e roedores, podem causar ou transmitir doenças.
Por sua vez, os animais atrativos são todos aqueles benéficos ao homem ou que chamam a
sua atenção, seja por sua beleza exuberante, som emitido, como o canto ou por serem muito
diferentes, dificilmente identificados no dia-a-dia, despertando assim a curiosidade de quem os
encontra. São atrativos também aqueles que auxiliam na dispersão de sementes e na polinização.
Na natureza, segundo Furlan (1995), muitos animais podem ser atrativos e nocivos ao
mesmo tempo, algumas espécies de anfíbios e cobras, por exemplo, apresentam coloração viva,
muito bonita e que chama a atenção, especialmente de crianças. No entanto, muitos desses são
venenosos e podem também ser agressivos, atacando o homem, que se aproxima por curiosidade
para fotografar ou até mesmo para tocar nesses animais.
Do número total de espécies vivas conhecidas, cerca de 1.750.000, mais de 90% destas são
animais (TOLEDO, 2013). Segundo Troppmair (2012), para melhor compreensão os cientistas
classificam os seres vivos de duas formas: as classificações artificiais (ou ecológicas) e as naturais
(genéticas). Esta última leva em consideração os aspectos genéticos e do aparato reprodutivo. Por
sua vez, as classificações ecológicas baseiam-se em aspectos externos, fisionomia e ecologia, sendo
muito utilizada pelos geógrafos.
Dentre as duas principais subdivisões da Biogeografia, Fitogeografia e Zoogeografia, existe
um maior número de estudos sobre a flora em detrimento aos estudos sobre a fauna, principalmente
nos que tangem sua classificação. Dentre as principais classificações ecológicas da vegetação
podemos citar as que se referem ao porte (herbáceo, arbustivo e arbóreo), outra a que se refere ao
espectro biológico (ou classificação de Raunkier), que se baseia nas condições de sobrevivência dos
vegetais nos períodos desfavoráveis. Há ainda a classificação proposta por Kuechler (1949), que
leva em consideração a classificação climática de Koeppen.
Já no que diz respeito à fauna, cabe ressaltar a importância em realizar trabalhos sobre a
mesma em Biogeografia (Zoogeografia), pois segundo Troppmair (2012), estes estudos carecem de
fundamentos consistentes e de comprovações, sendo que muitas vezes se limitam ao levantamento
do número de espécies ou indivíduos em uma determinada área. Segundo o autor citado acima, uma
das dificuldades a pontuar é que devido à grande mobilidade dos animais, estes marcam a paisagem
de forma pouco evidente, portanto, as classificações ecológicas são pouco utilizadas, valendo citar
duas: a do tamanho e aquela elaborada por Troppmair (1984).
Há três categorias de tamanho para a fauna, a saber: Macrofauna, Mesofauna e Microfauna.
A primeira abrange os grandes animais (boi e cavalo, por exemplo), a Mesofauna corresponde a
animais de porte mediano (besouros e borboletas, por exemplo) e a última, por sua vez, inclui todos
os animais de tamanho reduzido, que são geralmente visíveis no microscópio, podendo citar os
protozoários. A segunda classificação utilizada para a fauna foi elaborada por Troppmair (1984) e
baseia-se no aspecto fisionômico e no habitat dos animais, sendo que é fundamentada na
classificação desenvolvida originalmente por Stefenelli (1977), que cataloga a flora alpina por meio
de técnicas visuais.
Dessa forma, há uma sistematização para a fauna que pode ser ampliada e adaptada às
exigências da área em estudo e ao grau de detalhe desejado. Para a representação das características
do animal em estudo deve-se colorir o retângulo correspondente ao desenho e ao que é explicado na
legenda abaixo. Esta catalogação ocorre de forma ilustrada e contém as seguintes informações: tipo
do animal, cor, locomoção, cadeia trófica, habitat, hora de atividade, sociabilidade, qual a formação
vegetal em que vive, altitude, tamanho e fenologia. Abaixo encontram-se as figuras condizentes a
tabela de Stefenelli (figura 2) para a flora e a de Troppmair (figura 3) para a fauna.
Com o intuito de aplicar as fichas catalográficas desenvolvidas por Troppmair (1984) como
subsídio para educação ambiental, classificando 2 espécies silvestres presentes no PMLL, foram
realizadas pesquisas bibliográficas sobre o tema (Biblioteca Pública, BU-UDESC, FATMA e sites),
visita de campo e conversas com alguns frequentadores habituais do parque. Foi possível constatar,
in loco, a presença de alguns animais, assim como alguns frequentadores do parque afirmaram ter
visualizado tais espécies.
O levantamento da fauna local, realizado previamente8, foi feito tendo como base livros
sobre o assunto, sites, observações in loco e conversa com sete pessoas que são frequentadores
assíduos. Após esta etapa, foram selecionados vinte exemplares, sendo dez com potencial atrativo
(turístico) e outros dez considerados com potencial perigo. Dentre os vinte animais selecionados,
foram novamente elegidas 2 espécies, sendo um exemplar de réptil e uma espécie de mamífero, as
quais foram apresentadas por breve descrição e pelo preenchimento da ficha catalográfica.
Algumas modificações foram realizadas no modelo de Troppmair (1984): inseriu-se uma
fotografia do animal e alterou-se o layout da legenda, tornando-a de mais fácil visualização. A
legenda foi dividida em duas colunas e os aspectos relativos ao animal em questão foram
8
Consultar o levantamento em Pereira (2015).
sublinhados. Vale ressaltar que a cor vermelha foi utilizada para o preenchimento do animal de
potencial perigo, o réptil, e a cor verde para representar o animal de potencial atrativo, o mamífero.
A coral-verdadeira é uma espécie de cobra de pequeno porte e muito venenosa, sendo uma
das mais venenosas do Brasil. Possui corpo alongado com anéis vermelhos e preto alternados por
distâncias iguais, cabeça arredondada com olhos pequenos e pupila circular, escamas lisas e
brilhantes sobre o corpo. Costuma ficar escondida no solo (subterrâneo), em cupinzeiros, sob as
folhas e em troncos em decomposição. Sua alimentação é baseada principalmente em outras cobras
e lagartos ápodos, mas também pode comer artrópodes, rãs e pequenos mamíferos. Apesar de muito
venenosa, não é agressiva e tende a fugir na presença de intrusos, no entanto, quando cercada se
movimenta freneticamente, podendo morder. Esta cobra tem importante papel na manutenção do
equilíbrio ambiental, pois auxilia no controle populacional de outras espécies, além de servir de
alimento para outros animais.
Canídeo de porte médio, pesando cerca de 7kg, possui hábitos crepusculares e noturno.
Assemelha-se muito com as raposas, apresentando pelagem acinzentada, amarela na base, com as
extremidades das patas mais escuras. Este canídeo alimenta-se de uma grande variedade de itens,
como pequenos mamíferos (roedores), répteis, insetos e frutos, sendo um importante dispersor de
sementes. O cachorro-do-mato costuma fugir na presença do homem. No PMLL, segundo relatos de
alguns visitantes, este animal tem se mostrado manso ao se aproximarem dos acampamentos, sendo
sua docilidade um atrativo aos visitantes que acampam no parque.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Constatamos com este estudo que a catalogação de espécies animais apresentadas por meio
da ficha catalográfica, representa um excelente instrumento para conhecermos mais a espécie e com
isso contribuir para a sua preservação. Contudo, sugerimos que algumas alterações sejam feitas, tais
como introdução dos ecossistemas onde o animal vive, o período que ele é mais visível aos turistas,
o tipo de alimentação e etc.
Ao tratar da necessidade de estudos sobre a fauna em biogeografia, não devemos atentar
somente para a preservação de indivíduos isoladamente. Devemos nos conscientizar de que
determinado representante de uma espécie poderá vir a reproduzir-se, ou poderá ser responsável
pela orientação de um bando durante a atividade migratória para a reprodução. Dessa forma,
devemos estar cientes de que cada exemplar de nossa fauna tem seu papel na manutenção e
reprodutibilidade de sua espécie e consequentemente, na estabilidade dos ecossistemas (SILVA,
2009).
Além dos problemas mencionados anteriormente, e que afeta de forma direta a fauna do
PMLL, gostaríamos de registrar a questão do lixo, que acaba sendo deixado de forma displicente
pelos visitantes. São garrafas plásticas, restos de corda e tecido, restos de cigarros, latas e vidros,
estes últimos podem até causar queimaduras em dias quentes. Muitos animais se cortam ou ficam
presos nesses objetos, vindo a morrer ou virando presa fácil de outros animais e de algumas pessoas
que se aproveitam para se aproximar e capturar estas espécies.
Sugerimos então a implantação de placas informativas/alertas sobre a presença de animais
nocivos e atrativos e sobre cuidados importantes que se deve ter quando na área do PMLL. As
placas devem ser ilustrativas e de fácil entendimento, utilizando-se a ficha catalográfica aplicada
neste estudo, porém com uma maior simplificação para facilitar a compreensão do público usuário.
Recomenda-se elaborar material didático, através de folhetos educativos, sobre a preservação
ambiental da flora e da fauna presente no Parque.
Para concluir, salientamos que, conforme já mencionado no texto, existem poucos trabalhos
em Biogeografia que tratam sobre a fauna, ainda menos se considerarmos a sua forma de
representação, além do nome cientifico e origem. É, portanto, um campo que o Biogeógrafo com
formação em Geografia tem muito a contribuir.
REFERÊNCIAS
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FLORIANÓPOLIS, Instituto de Planejamento Urbano – IPUF. Atlas de Florianópolis.
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<http://agencia.fapesp.br/ao_menos_70_das_especies_da_terra_sao_desconhecidas/16867/>.
Acesso em: 22 jul. 2017.
TROPPMAIR, H. Biogeografia e meio ambiente. 9. ed. Rio de Janeiro: Technical Books, 2012.
luciviar@hotmail.com
RESUMO
A Serra do Espinho é o nome dado às elevações situadas na vertente oriental do Planalto da
Borborema, na área ocupada pelo município de Pilões/PB, em direção ao município de Cuitegi/PB.
Apesar de ser um ambiente ocupado por pequenas comunidades, de proporcionar a produção
agrícola e pecuária, a manutenção de florestas e animais e de forte potencial turístico, essa área
possui muitas limitações e instabilidades por conta do relevo acentuado e impermeabilidade de seus
solos. Atualmente os solos estão sendo muito explorados pela agricultura e pecuária, fatores que
mais contribuem para o processo de degradação. O objetivo dessa pesquisa é avaliar é realizar uma
análise macromorfológica física e química dos solos do Projeto de Assentamento (PA) Veneza,
Pilões/PB. Os métodos utilizados na pesquisa seguiram os escritos de Tricart (1977), Tedesco et al
(1995), Alvarez et al (1999), Lepsch (2010), Santos et al (2013) e Embrapa (2009; 2013). Os
estudos foram divididos em etapas de gabinete, campo e laboratório. Das 4 amostras de solo
coletadas no PA Veneza, três se encontram com pH ideal, (solos 1, 2, 3). O solo 4 é ácido e
necessita de calagem. Todos os solos analisados em Veneza são distróficos, não sendo ideias para
serem utilizados como base para as culturas existentes na comunidade.
Palavras-Chave: Solos, Análises Macromorfológicas, Potencialidades
ABSTRACT
Serra do Espinho is the name given to the elevations located on the eastern slope of the Borborema
Plateau, in the area occupied by the municipality of Pilões / PB, towards the municipality of Cuitegi
/ PB. Despite being an environment occupied by small communities, providing agricultural and
livestock production, maintenance of forests and animals and strong tourism potential, this area has
many limitations and instabilities due to the marked relief and impermeability of its soils. Soils are
currently being extensively exploited by agriculture and livestock, factors that most contribute to
the degradation process. Thus, the objective of this research is to evaluate is to perform a physical
9
Bolsista do PIBIC/CNPq-Membro do Grupo TERRA, CNPq.
10
Bolsista do PIBIC/CNPq -Membro do Grupo TERRA, CNPq.
11
Vice-líder do Grupo TERRA, CNPq.
12
Líder do Grupo TERRA, CNPq.
and chemical macromorphological analysis of the soils of the Venice Settlement, Pilões / PB. The
methods used in the research followed the writings of Tricart (1977), Tedesco et al (1995), Alvarez
et al (1999), Lepsch (2010), Santos et al (2013) and Embrapa (2009; 2013). Following the
hypothetical-deductive method, with the General Theory of Systems as the basis for an integrated
study of the environment. The studies were divided into cabinet, field, and laboratory steps. The
importance of macromo - logical, physical and chemical diagnosis of the soils of the Venice
community in the Serra do Espinho lies in the fact that these soils provide agricultural and livestock
production, the maintenance of forests and animals, and still have relevant tourism potential. Of the
4 soil samples collected in the PA Veneza, three are found at ideal pH, (solos 1, 2, 3). All the soils
analyzed in Veneza are dystrophic, and are not ideas to be used as the basis for the cultures existing
in the community.
Keywords: Solos, Macromorphological Analyzes, Potentialities
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
uma tabela, com as seguintes informações: localização geográfica; coordenadas geográficas e UTM,
altitude (tabela 1), área, nível de declividade, e cultivo atual. As amostras de solo foram coletadas
com o uso do trado de caneco de 4‖, numa profundidade aproximada de 0-40 cm. Em seguida, as
amostras foram armazenadas em sacos plásticos e identificadas com a localização do ponto
(coordenadas UTM), o número e a data da coleta.
Tabela 1. Altitude e coordenadas geográficas dos solos coletados no PA Veneza na Serra do Espinho,
Pilões/PB.
Coleta Altitude local (m) Declividade Área (ha) Coordenadas UTM Cultivo atual
1 305 13% - 25% 0,5 0213176 – 9239992 banana
2 300 13% - 25% 0,2 0212843 – 9240071 banana
3 305 13% - 25% 0,6 0212958 – 9331656 mandioca
4 400 13% - 25% 0,3 0214046 – 9238883 urucum
Fonte: Trabalhos de campo 2017.
Figura 1. Localização da Serra do Espinho, Pilões/PB, identificação do PA Veneza e dos pontos de coleta de
solos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para facilitar a compreensão das características da camada arável dos solos estudados em
Veneza, é importante relembrar os conceitos e a importância dos principais parâmetros
macromorfológicos do solo: cor, textura, estrutura e consistência (Tabela 2). A cor do solo é função
principalmente da presença de óxidos de ferro e matéria orgânica (MO), além das condições de
drenagem e aeração do solo, da lixiviação, do material de origem, da intensidade dos processos de
alteração da rocha e da distribuição do tamanho das partículas (FERNANDEZ e SCHULZE, 1992).
Alguns solos refletem diretamente as cores do material geológico que o originou.
Tabela 2. Características Macromorfológicas da camada arável dos solos coletados no PA Veneza, da Serra
do Espinho Pilões/PB.
Z
Coleta Cor1 Textura Estrutura Consistência
7,5YR 4/4 Marrom Ligeiramente duro,
Franco-
1 2,5y R 2,5/ 2 Granular média friável, plástico,
arenoso
Vermelho muito forte muito pegajoso
10YR 3/3 Bruno escuro Ligeiramente duro,
Franco
2 10YR 2/2 Bruno muito Granular média firme, plástico,
arenosa
escuro pegajoso
5YR 4/6 Vermelho
Duro, firme,
amarelado Franco Granular
3 ligeiramente plástico,
5YR 3/4 Bruno arenoso pequena
ligeiramente pegajoso
avermelhado escuro
5YR 3/2 Bruno avermelh. Franco- Ligeiramente duro,
Granular
4 Escuro Argila firme, plástico,
pequena
5YR 2,5/1 Preto arenosa pegajoso
A textura tem relação direta sobre a fertilização do solo, ou seja, solos arenosos tendem a ser
menos férteis que solos argilosos; também tem relação com o nível de conservação do solo, ou seja,
solos arenosos têm alta permeabilidade à água, mas podem também ser mais susceptíveis à erosão
hídrica (KONDO, 2008). Juntamente com a textura, a estrutura do solo influencia na quantidade de
ar e de água, bem como na penetração e distribuição das raízes, necessárias às plantas para sua
fixação ao solo, absorção de nutrientes, atividade microbiana e na resistência à erosão, entre outros
(SANTOS et al, 2013). A análise da consistência se define com o tato, ou seja, a força imposta à
dureza ou mesmo à facilidade que uma amostra de solo tende a quebrar.
Das quatro amostras de solos coletadas em Veneza, as duas primeiras estão ocupadas com
bananicultura. O relevo regional é ondulado e a declividade local está entre 13 e 25%, apresentam
erosão do tipo laminar e em sulcos de grau moderado ou forte, em área não pedregosa e não
rochosa. O solo 3 está ocupado com plantação de roça e mandioca (Manihot esculenta Crantze), se
dispõe em relevo ondulado e ligeiramente inclinado com declividade entre 13-25%. Apresenta
erosão do tipo laminar e em sulcos, de grau forte, em área não pedregosa e não rochosa. O solo 4
está ocupado com urucum ou urucu (Bixa orellana). O relevo regional é ondulado e o relevo local é
inclinado (13 à 25%), apresenta erosão do tipo laminar e em sulcos de grau moderado, além de não
aparentar pedregosidade e rochosidade. A cobertura vegetal dos quatro solos é composta por mata
secundária.
Com relação à discussão dos parâmetros químicos dos solos do PA Veneza (Tabela 3), estes
seguem as classes de interpretação de fertilidade do solo utilizadas no Estado de Minas Gerais
(ALVAREZ et al., 1999).
Tabela 3. Características Químicas da camada arável dos solos coletados no PA Veneza, Serra do Espinho
Pilões/PB.
pH
Coleta M.O. P K+ Na+ Ca2+ Mg2 Al3+ SB (H+Al) CTC V
(H2O) +
Malavolta (2006) afirma que é essencial conhecer a participação dos elementos minerais na
vida da planta e suas quantidades necessárias, bem como as condições de pH do solo, uma vez que
pH muito baixo ou muito alto implica em condições desfavoráveis no desenvolvimento das plantas.
Os parâmetros químicos analisados no presente trabalho são: Potencial hidrogeniônico (pH),
matéria orgânica (MO), fosforo (P), potássio (K+), sódio (Na+), cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2 +),
alumínio (Al3+), soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions (CTC e saturação de bases
(V%).
O pH define a acidez ou alcalinidade relativa de uma solução e sua escala varia de 0 a 14,
consiste na remoção dos cátions básicos (Ca2+, Mg2 +, K+ e Na+) – do sistema do solo, substituindo-
os por cátions ácidos (Al e H+) (TEDESCO et al, 1995). O valor 7,0 que está no meio, é definido
como neutro; valores abaixo de 7,0 são ácidos e aqueles acima de 7,0 são alcalinos. Solos muito
ácidos ou alcalinos são indesejáveis para a maioria das plantas restringindo seu crescimento, sendo
que a faixa de pH ideal para cultivo é de 5,5 a 6,5 (MALAVOLTA, 2006; PRIMAVESI, 2016).
Quando o pH do solo é ácido (< 5), íons fosfato se combinam com ferro e alumínio
formando compostos de baixa solubilidade, indisponíveis às plantas. Concomitantemente os teores
de Ca2 e Mg2 serão baixos, a CTC efetiva será baixa, assim como a V%. Por outro lado haverá
maior disponibilidade de Fe, Cu, Mn e Zn, podendo até causar toxidez por esses micronutrientes
(TOMÉ Jr., 1997). Nesse caso, aconselha-se corrigir o solo com calagem. Do contrário, se o solo
apresenta alcalinidade, aconselha-se a gessagem (ALVAREZ et al,1999).
Todavia, Luz et al (2002) afirmam que a gessagem elimina o Al3+, aumenta os teores de
bases trocáveis (Ca2+, Mg2+ e K+, principalmente) na subsuperfície e fornece Ca2+e S (enxofre) para
ISBN: 978-85-68066-53-9 Página 232
Educação ambiental: biomas, paisagens e o saber ambiental
as plantas. Nesse contexto, das 4 amostras de solo coletadas na comunidade Veneza, os solos 1, 2 3
se encontra com pH ideal. O solo 4 é ácido e necessita de calagem. A condição de acidez ou
alcalinidade compromete os solos de Veneza, principalmente porque os agricultores não costumam
fazer a correção do solo, indo refletir no desenvolvimento das culturas.
A matéria orgânica do solo (MOS) é indispensável ao solo, pois indica a sua fertilidade.
Segundo Primavesi (2016) a MOS constitui-se em um dos melhores benefícios do solo à planta,
pois influencia nas características físicas, químicas e biológicas do solo; melhora a estrutura do solo
e, consequentemente, a aeração, drenagem e retenção de água; fornece carbono como fonte de
energia para os microorganismos, promovendo a ciclagem de nutrientes; interage, ainda com
metais, óxidos e hidróxidos metálicos, atuando como trocador de íons e na estocagem de nitrogênio,
fósforo e enxofre. A matéria orgânica da camada arável dos solos analisados variou entre 11,4 g/kg
até 23,4g/kg, uma quantidade muito boa (Alvarez et al,1999),
Rolim Neto et al., (2004) definem o P como um macronutriente que, apesar de ser exigido
em menor quantidade pelas plantas, em relação aos outros nutrientes, é um composto de energia que
faz extensa ligação com os colóides e constitui-se em fator limitante na produtividade da maioria
das culturas nos solos fortemente intemperizados, onde predominam formas inorgânicas de P
ligadas à fração mineral (com alta energia) e formas orgânicas estabilizadas física e quimicamente..
Nesse contexto, os solos analisados em Veneza apresentaram altas quantidades de P, sendo
que os solos 2 e 3 estiveram sempre acima de 30 mg/dm3. Em solos ácidos, como é o caso dos
solos 1 e 4, o P encontra-se precipitado com ferro, alumínio e magnésio, ou adsorvido a minerais
argilosos e óxidos e hidróxidos de ferro, alumínio e magnésio (EMBRAPA, 2009), podendo
comprometer as culturas.
No que diz respeito ao K, todos os solos estudados apresentaram altas reservas desse
nutriente, principalmente o solo 2, assegurando seu potencial para culturas frutíferas,
principalmente a bananeira, uma das espécies mais exigentes em potássio (BORGES, 1999) e que é
bastante cultivada nas áreas de serras nordestinas. O K influencia na resistência das plantas a
condições adversas, como baixa disponibilidade de água e altas temperaturas.
O Na+ corresponde ao sódio trocável e seu valor é utilizado na classificação de solos salinos,
sódicos e não salinos. Altas quantidades de Na+ causam dispersão do colóide argiloso no solo
(SALOMÃO e ANTUNES, 1998). Nenhuma das amostras de solos analisadas apresentou excesso
de Na+.
Com relação aos nutrientes Ca2+ e Mg2+, estes tendem a ser baixos em solos ácidos, assim
como a CTC e a V%. Considerando-se as 4 amostras de solos estudados na presente pesquisa, os
solos ácidos ou alcalinos (solo 4), apresentaram os menores teores, confirmando-se o que afirma a
literatura. Para Vale et al (1997) o Ca2+ é um nutriente imóvel que compõe a parede celular da
planta. O seu excesso altera o ritmo da divisão celular do vegetal. A sua falta reduz o crescimento
radicular, muda a coloração das raízes, provoca o curvamento dos ápices, deforma as folhas jovens,
causa clorose marginal podendo evoluir para necrose. Todos esses sintomas costumam apresentar-
se nas partes mais velhas do vegetal. Já o Mg2+ é um nutriente móvel essencial ao funcionamento
dos ribossomas, sendo um constituinte de cofactores enzimáticos, clorofila e proteínas (SALOMÃO
e ANTUNES, 1998). A sua falta nos vegetais provoca morte prematura das folhas, degeneração dos
frutos, cloroses intervenais, necrose foliar, redução do crescimento vegetal e inibição da floração,
iniciando-se, como nos demais casos, nas áreas mais velhas do vegetal. O excesso desse nutriente
altera absorção de K e Ca+ pela planta.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a discussão dos resultados da presente pesquisa e ter constatado que todos os solos
estudados possuem um histórico de uso relacionado à agricultura canavieira e estão sendo utilizados
atualmente para a agricultura de subsistência, pastagem ou culturas permanentes, é possível fazer as
seguintes considerações:
Das 4 amostras de solo coletadas no PA Veneza, três se encontram com pH ideal,
(solos 1, 2, 3). O solo 4 é ácido e necessita de calagem;
O solo 4 é ácido e a V% foi baixa, associando-lhe a condição distrófica e por isso,
esse solo necessita de alguns cuidados para o seu melhor aproveitamento;
Todos os solos analisados em Veneza são distróficos, não sendo ideias para serem
utilizados como base para as culturas existentes na comunidade.
A importância do diagnóstico macromofológico, físico e químico dos solos do PA Veneza
na Serra do Espinho reside no fato desses solos proporcionarem a produção agrícola e pecuária, a
manutenção de florestas e animais e ainda ter relevante potencial turístico. Assim, o estudo dos
solos do PA Veneza permitiu conhecer as potencialidades e as vulnerabilidades desse recurso
natural, que podem servir para orientação de futuros usos desses solos.
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Il.
RESUMO
Há, atualmente, uma grande preocupação com a ocorrência de eventos que estão contribuindo com
as enormes mudanças do clima no planeta, e uma das principais e preocupantes mudanças é com o
aumento da temperatura. O objetivo deste trabalho foi quantificar o efluxo de CO2 do solo em
distintas posições do relevo em uma encosta sob pastagem, com 20 anos de implantação. O
experimento foi realizado na microbacia hidrográfica de Vaca Brava, localizada entre os municípios
de Areia/PB e Remígio/PB. A encosta onde ocorreu o presente estudo, é composta pela posição do
ombro, meia encosta e pedimento, onde foi coletado solo para análises físicas, em cada posição. As
medidas meteorológicas foram registradas durante todos os dias de coleta. Foi utilizado um
esquema fatorial 3x22 que correspondem a três posições do relevo (ombro, meia encosta e
pedimento) e vinte e duas avaliações do efluxo, com três repetições, totalizando 198 amostras. O
efluxo de CO2 foi avaliado semanalmente, até o final do período chuvoso, pela quantidade de CO2
capturado na superfície do solo, através da captura do dióxido de carbono (CO2) dentro de câmaras
estáticas, por 40 mL de uma solução de hidróxido de sódio (NaOH) a 1 Mol L-1 contidos dentro de
um recipiente durante 24 horas. Os valores médios das três repetições foram submetidos à análise
de variância e quando pertinente comparado às médias das posições pelo teste de Tukey (P≤0,05).
Os maiores valores de efluxo de CO2 do solo, encontram-se a partir de 4.46μmolm-2s-1 de emissão,
as maiores emissões ocorreram nos períodos chuvosos, ou com chuvas ocasionais, e as menores
emissões, ocorreram no período seco do ano. Conclui-se que a emissão de CO2 varia ao longo do
ano, de acordo com o período seco ou chuvoso e entre as posições do relevo, de acordo com a
textura do solo.
Palavras chave: Textura do Solo, Precipitação Pluvial, Encosta, Posições do Relevo.
ABSTRACT
Currently there is a great concern about the occurrence of events that are contributing to the
significant changes in the climate of the planet, and one of the major and worrying changes is with
the increase in the temperature of the planet. The aim of this work was to quantify the CO2 efflux of
the soil in different positions of the relief on a slope under pasture, with 20 years of implantation.
The experiment was carried out in the hydrographic basin of Vaca Brava, located among the
municipalities of Areia/PB and Remígio /PB. The slope, where the present study occurred, is
composed by the shoulder position, half slope and pediment, where was collected soil for physical
analysis, in each position. Meteorological data were recorded during all collection days. A factorial
scheme 3x22 was used that corresponded to three relief positions (shoulder, half slope and
pediment) and twenty two efflux evaluations, with three replications, totalizing 198 samples. The
efflux of CO2 was evaluated weekly, until the end of the rainy season, by the amount of CO2
captured at the soil surface by carbon dioxide (CO2) captured inside static chambers, by 40 mL of a
solution of sodium hydroxide (NaOH) to 1 Mol L-1 contained in a vessel for 24 hours. The mean
values of the three replicates were submitted to analysis of variance and, when relevant, compared
to the means of the positions by the Tukey test (P≤0.05). The highest values of CO2 efflux from the
soil are from 4.46μmolm-2s-1 of emission, the highest emissions occurred in the rainy season, or
with occasional rainfall, and the lowest emissions occurred in the dry period of the year. It is
concluded that the CO2 emissions varies during the year, according to the dry or rainy period and
between the positions of the relief, according to the soil texture.
Keywords: Soil texture, Precipitation, Slope, Relief position.
INTRODUÇÃO
Há, atualmente, uma grande preocupação com a ocorrência de eventos que estão
contribuindo com as enormes mudanças do clima no planeta, e uma das principais e preocupantes
mudanças é com o aumento da temperatura. Evento este advindo de uma série de contribuições
antropogênicas, que resulta em um fenômeno denominado de efeito estufa. As principais
contribuições para a ocorrência deste fenômeno são as enormes emissões de gases, principalmente,
o dióxido de carbono (CO2) e outros gases, tais como o óxido nitroso (N2O) e o metano (CH4)
(IPCC, 2007).
A quantidade de carbono armazenado na matéria orgânica dos solos equivale a quase duas
vezes a quantidade de carbono encontrado na atmosfera na forma de CO2, determinando assim um
estoque de 1300 a 1500 Pg (1Pg = 109 toneladas) nos primeiros 100 cm de solo (LAL, 2004) e
outros 600 Pg de Carbono na vegetação, que quando se obtém seu produto equivale a
aproximadamente três vezes a quantidade de Carbono contido na atmosfera (LAL, 2008). O dióxido
de carbono (CO2) é produzido facilmente nos primeiros 10 cm da superfície do solo, por meio de
processos desencadeado por microrganismos, através da decomposição aeróbica da matéria
orgânica e respiração do sistema radicular das plantas (D‘ANDRÉA et al., 2010).
No Brasil, cerca de 75% das emissões de CO2 são contribuídas pelas mudanças no uso da
terra e agricultura (CERRI&CERRI, 2007). As emissões de CO2 é um dos principais parâmetros
que se relaciona com a respiração, processo este que é geralmente estimulado pelo preparo do solo,
umidade do solo, dentre outros. Entre os fatores bióticos e abióticos que controlam o efluxo de CO2
do solo; destaca-se a disponibilidade de água e a temperatura do solo como os principais
controladores (VINCENT et al.,2006).
MATERIAL E MÉTODOS
Classificação da encosta
ombro, meia encosta e pedimento, posições estas onde ocorreram as avaliações (SANTOS et al.,
2002).
Foram coletadas amostras de solo, até uma profundidade de 20 cm, em cada posição da
encosta, para a caracterização física do solo (Tabela 1). As amostras coletadas foram destinadas ao
laboratório de Física do solo do CCA-UFPB, onde foram secas ao ar e peneiradas em peneiras com
malha de 2 mm, para em seguida serem analisadas pela metodologia da Embrapa (1997).
Tabela 1. Atributos físicos do solo, na camada de 0-20 cm de profundidade, nas posições do ombro, meia
encosta e pedimento em uma pastagem plantada há 20 anos.
AT = Areia total; ADA = Argila dispersa em água; Ds = Densidade do solo em campo (Método do anel); Dp=
densidade de partícula; PT = Porosidade total (1-(Ds/Dp)); Caracterização determinada pelo método da Embrapa
(1997).
(°C)***
1 30/04/2016 5,4 23
2 08/05/2016 43,2 22
3 13/05/2016 0 24
4 21/05/2016 0 23
5 27/05/2016 0 23
6 02/06/2016 5 23
7 08/06/2016 0 24
8 20/06/2016 3,8 22
9 02/07/2016 13,8 21
10 15/07/2016 0 22
11 22/07/2016 0 22
12 06/08/2016 0 22
13 12/08/2016 0 22
14 19/08/2016 10 22
15 25/08/2016 0 22
16 03/09/2016 1 23
17 09/09/2016 7,8 23
18 16/09/2016 0 23
19 28/09/2016 0 23
20 13/10/2016 0 24
21 11/11/2016 0 24
22 01/12/2016 0 24
Tabela 2. Dados meteorológicos referentes a cada dia das coletas.
*
Datas referentes aos dias em que foram realizadas as avaliações;
**
Precipitação pluviométrica acumulada referente aos dias em que foram realizadas as avaliações;
***
Temperatura média do ar referente aos dias em que foram realizadas as avaliações.
Efluxo de CO2
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As maiores emissões ocorreram nas sete primeiras coletas, que estão entre as datas amostrais
de 30 de abril à 08 de junho de 2016 (Figura 1), onde se observa que os maiores valores de efluxo
de CO2 do solo, encontram-se a partir de 4.46μmolm-2s-1 de emissão (décima coleta, realizada em 15
de julho de 2016), e que após esses valores há um grande agrupamento das médias de emissões,
entre as demais coletas com pouca ou nenhuma diferença estatística entre elas. Em relação às
menores emissões de CO2 do solo, ocorreram nas duas últimas coletas (coletas 21 e 22, nas datas 11
de novembro e 01 de dezembro de 2016, respectivamente) apresentando valores de 1,86 e 1,11
μmolm-2s-1, respectivamente. Esta variação tendendo a um agrupamento de comportamento está
associada às variações meteorológicas ao longo do ano (Tabela 2), sobretudo à precipitação
pluviométrica, que propicia uma melhor condição para a atividade autotrófica (respiração radicular)
e heterotrófica (macro, meso e microbiana), verificando assim que as maiores emissões ocorreram
nos períodos chuvosos, ou com chuvas ocasionais, e as menores emissões, ocorreram no período
seco do ano.
Este trabalho apresenta resultados semelhantes com o trabalho desenvolvido por Pinto-
Junior et al. (2009), no qual os mesmos encontraram em área de pastagem valores de efluxo de CO 2
mínimo de 1,44 ± 0,38 μmolm-2s-1 (estação seca), e máximo de 8,27 ± 2,70 μmolm-2s-1 (transição
chuvosa-seca), demostrando assim que no período mais seco do ano o solo encontra-se com uma
baixa umidade e consequentemente há uma menor atividade da biota do solo, resultando assim em
menores valores de emissão de CO2 do solo. Nunes (2003) verificou que com a ocorrência de
chuvas, há um aumento do efluxo de CO2 do solo, encontrando em seu trabalho, em área de
pastagem, os maiores valores de efluxo de CO2 do solo no mês de janeiro, devido a ocorrência de
chuvas, contribuindo assim para o aumento da atividade microbiana do solo.
A umidade do solo é um dos fatores primordiais quando se trata em efluxo de CO2 do solo,
pois a mesma tem uma relação direta com o efluxo, quando a umidade do solo encontra-se alta há
uma maior emissão de CO2 e quando a mesma encontra-se baixa há uma menor emissão de CO2
(DIAS, 2006). BUNNELL, et al. (1997) afirmaram que quanto maior a umidade do solo, maior será
a emissão de CO2, mas quando há um excesso de água no solo ocorre problemas nas trocas de CO 2
e O2 do solo com a atmosfera, causando assim uma queda nas emissões de CO2 do solo.
Figura 2: Efluxo de CO2 durante o ano de 2016, em uma encosta, sob pastagem plantada há 20 anos
* As coletas (de 1 a 22) foram realizadas nas datas listadas na tabela 2.
Pode ser observado na figura 2, as grandes diferenças no efluxo de CO2 do solo, entre a
época chuvosa e a época seca do ano, representadas de forma bem clara na figura 2, onde na coleta
ISBN: 978-85-68066-53-9 Página 244
Educação ambiental: biomas, paisagens e o saber ambiental
A tabela 2 mostra as características físicas do solo de cada posição avaliada na encosta, onde
pode-se observar a diferença da textura de cada posição, onde a posição do ombro e meia encosta
apresenta textura franco argilo arenoso e a posição do pedimento apresenta textura franco arenoso, e
que o pedimento apresenta uma maior porosidade total em relação as demais posições avaliadas,
refletindo assim em seus resultados se expressarem no efluxo de CO2 do solo em relação ao ombro
e a meia encosta, dentro de cada grupo de coletas. Pois solos que apresentam textura mais arenosa,
tem uma maior quantidade de macroporos e consequentemente maior aeração, e como no solo tem-
se uma maior quantidade de CO2 em relação ao O2, esses solos apresentam uma maior facilidade na
difusão do gás (CO2). De acordo com LUCHESE, et al. (2001) a maior ou menor quantidade de
microporos e macroporos de um solo, depende de sua textura.
Coletas (1, 3, 5, 6, 8, 10, 11, 12, 14, 20)
Posição Diferenças
Ombro b
M. encosta b
Pedimento a
Coletas (4, 13, 15, 16, 17, 18, 19, 21, 22)
Posição Diferenças
Ombro a
M. encosta a
Pedimento a
Coletas (2, 7, 9)
Posição Diferenças
Ombro c
M. encosta b
Pedimento a
Tabela 3. Agrupamento de coletas na encosta.
*As coletas foram realizadas nas datas listadas na tabela 2.
CONCLUSÕES
A emissão de CO2 varia ao longo do ano, de acordo com o período seco ou chuvoso; porém
os eventos de chuva ao longo do ano, sejam eles regulares ou não, representam um aumento na
emissão de CO2 do solo;
A emissão de CO2 varia ao longo do ano entre as posições do relevo, de acordo com a
textura do solo, sendo que há uma tendência de maior emissão de CO2 na posição do pedimento, em
relação ao ombro e meia encosta.
AGRADECIMENTOS
Ao querido professor PhD. Ignacio Hernan Salcedo (In memorian) pelas valorosas
contribuições a esse trabalho. E a Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade Federal da Paraíba
(PROPESQ-UFPB) pela concessão da bolsa de pesquisa.
REFERÊNCIAS
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VINCENT, G.L. et al. Spatial and seasonal variations in soil respiration in a temperate deciduous
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RESUMO
No Brasil, a grande maioria das cidades surgiram as margens de rios, as atividades econômicas
dependiam desses fluxos de água que os rios ofereciam. Estes ambientes aquáticos proporcionam
diversos benefícios ao homem, sendo denominados serviços ecossistêmicos. O objetivo deste
trabalho foi identificar e classificar os serviços ecossistêmicos que são prestados desde a década de
1930 até atualmente no trecho urbano do rio Espinharas em Serra Negra do Norte/RN. As etapas
metodológicas consistiram em revisão bibliográfica do acervo local, pesquisa semiestruturada com
a comunidade, as visitas in loco e uma lista de checagem, utilizando a metodologia da Common
International Classification of Ecosystem Services – CICES, que classifica os serviços
ecossistêmicos em: 1) Provisão; 2) Regulação e Manutenção; e 3) Cultural. Em 1930, predominava
a criação de gado, abundância de capim, grande quantidade de plantas frutíferas, leques de
coqueirais ou canaviais, pescaria de subsistência, dessedentação animal, abastecimento da cidade,
lazer em contato direto com a água, enquanto que atualmente persistiram alguns desses serviços e
acresceram-se outros, como a criação de bovinos, equinos, ovinos, caprinos, suínos, o uso de
plantas para benzedeiras e rezadeiras. Sendo assim, a metodologia utilizada foi eficaz para
comparar e elencar os serviços ecossistêmicos presentes no trecho urbano do rio Espinharas, tendo
grande significação histórica, socioeconômica e cultural para a população.
Palavras chave: Caatinga; Fluxos de água; Biodiversidade.
ABSTRACT
In Brazil the vast majority of cities have emerged the banks of rivers, the economic activities
depended on these flows of water that the rivers offered. These aquatic environments provide
several benefits to man, being called ecosystem services. The objective of this work was to identify
and classify the ecosystem services that are provided in the 1930s and currently in the urban stretch
of the Espinharas river in Serra Negra do Norte/RN. The methodological steps consisted of a
bibliographical revision of the local collection, Semistructured research with the community, on-site
visits and a checklist, Using the methodology of the Common International Classification of
Ecosystem Services (CICES) which classifies ecosystem services in: 1) Provision; 2) Regulation
and Maintenance; Cultural. In 1930, cattle raising predominated, abundance of grass, large quantity
of fruit plants, fans of coconut trees or sugar cane, subsistence fishery, animal watering, supply of
the city, leisure in direct contact with water, while some of these services have persisted and others
have been added, such as cattle, horses, sheep, goats, pigs, the use of plants for healers and
mourners. Therefore, the methodology used was effective to compare and to list the ecosystem
services present in the urban stretch of the Espinharas river, having great historical, socioeconomic
and cultural significance for the population.
keywords: Caatinga; water flux; Biodiversity.
INTRODUÇÃO
As primeiras civilizações no oriente médio utilizavam os recursos associados aos rios para
sobrevivência. Desde os primórdios os povos procuram se estabelecer as margens dos rios para
usufruir dos fluxos de águas e sedimentos que eram trazidos pelas cheias apresentando solo rico
de nutrientes. O mesmo processo de ocupação das margens do rio ocorreu no Egito, na Inglaterra,
na Itália em outros diversos países e cidades do oriente e ocidente (BOULOS JUNIOR, 2013).
No Brasil, a grande maioria das cidades surgiram as margens de rios, as atividades
econômicas dependiam desses fluxos de água. O Seridó norte-rio-grandense ergueu-se diante da
ocupação das margens dos rios, surgindo assim as cidades que compõem o Seridó oriental e
ocidental (FARIA, 1980). Inicialmente, a principal atividade exercida relacionada a
disponibilidade hídrica foi à agricultura e a pecuária (MONTEIRO, 1984).
O município de Serra Negra do Norte/RN surgiu na margem oeste do rio Espinharas, com
vistas no uso dos recursos hídricos para a produção do algodão e rebanho bovino, sendo estes os
primeiros benefícios obtidos do ecossistema registrados na literatura local (CUNHA, 1971;
MONTEIRO, 1984; FARIA, 1980; LAMARTINE, 2004).
Entende-se atualmente que estes ambientes aquáticos proporcionam diversos serviços
ecossistêmicos ao homem (COSTA et al., 2014, 2015; OLIVEIRA et al., 2016; SOUZA et al.,
2016; MEDEIROS et al., 2017), os quais são entendidos como benefícios tangíveis (fluxos de
recursos naturais) e intangíveis (relacionados a valores e comportamentos humanos), prestados
pelos ecossistemas para o bem estar humano (CICES, 2011; ANRADE; ROMEIRO, 2009).
É necessário analisar o conhecimento e o registro dos benefícios obtidos às margens do rio
no trecho urbano, a fim de realizar uma comparação entre as atividades existentes na década de
1930 e os atuais serviços ecossistêmicos que são prestados, buscando através destas bases
científicas um maior empenho, visando a preservação dos recursos naturais diante de sua
importância nas esferas ambiental, social e econômica.
O objetivo deste trabalho foi identificar e classificar os serviços ecossistêmicos que são
prestados atualmente e na década de 1930 pelo trecho urbano do rio Espinharas em Serra Negra do
Norte/RN.
METODOLOGIA
Área de estudo
Procedimentos metodológicos
Foram utilizados livros, teses, dissertações, monografias e artigos científicos que foram de
fundamental importância teórica sobre a temática de rios urbanos e a história local.
Foi realizado um levantamento in situ utilizando 01 aparelho GNSS para reconhecimento da
área, além de pesquisa semiestruturada com moradores durante o trajeto do curso do rio com o
objetivo de aplicar a técnica de lista de checagem (SÁNCHEZ, 2013) afim de identificar os
principais serviços ecossistêmicos, através da metodologia da Common International Classification
of Ecosystem Services – CICES, que classifica os serviços em: 1) Provisão; 2) Regulação e
Manutenção; e 3) Cultural gerados pelo rio Espinharas, buscando aprimorar uma fiel descrição de
cada um.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pecuária foi à primeira fonte de renda do município as margens deste corpo hídrico,
associado a plantações de capim para alimentar o gado, posteriormente a agricultura de vazante no
período de seca em que eram plantadas batatas, feijão de corda, melancia, jerimum, entre outras, as
margens do rio e em seu leito, utilizando a umidade do lençol freático (LAMARTINE 2004).
Nesta época, é descrita também a presença de grandes quantidades de plantas frutíferas,
coqueirais e plantações de cana-de-açúcar, que durante a época da produção de rapadura no fim do
ano, havia a colheita para as casas de engenho. Além deste, o rio servia como área de lazer e
interação entre os munícipes (figura I), tendo uma grande importância histórica, socioeconômica e
cultural para a população.
tipo
NUTRIÇÃO
PROVISÃO
TIPO DE EXEMPLOS
SEÇÃO DIVISÃO GRUPO CLASSE
CLASSE
Biorremediação por Desintoxicação Bioquímica
RESÍDU
Mediaçã
MEDIÇ
Por quantidade,
ÃO DE
o pela
biota
micro-organismos (Aguapé)
OS
tipo e uso
Filtragem, retenção Filtragem biológica (Aguapé)
Estabilização de
Estabilização dos ecossistemas
Fluxo de massa
massa e controle de Redução do
(Capim elefante, mata ciliar)
taxas de erosão risco, área
Atenuação dos fluxos protegida
Transporte de sedimentos
MEDIAÇÃO DE FLUXOS
de massa
MANUTENÇÃO E REGULAÇÃO
da água volume
Redução do
Proteção contra as enchentes
Proteção de enchentes risco, área
(Barragem Arécio Batista)
protegida
Polinização e Animais (beija-flor, abelha, insetos,
Manutenção do
ciclo de vida,
QUÍMICAS E BIOLÓGICAS
habitat
MANUTENÇÃO DAS
A manutenção de e fonte
Habitats (alevinos)
habitats
Amenidade da temperatura e
Regulação
climática
frequenta este local, obtendo contato com a natureza. O rio também propicia o nicho ecológico de
alevinos, que se refugiam de predadores as margens do rio.
TIPO DE
SEÇÃO DIVISÃO GRUPO CLASSE EXEMPLOS
CLASSE
Espiritual ou
emblemática
Pelo uso, plantas
ESPIRITUAIS E
Crenças populares
INTERAÇÕES
paisagem
as gerações futuras
vivenciais
físicas e
INTERAÇÕES FÍSICAS E
INTELECTUAIS COM O
Registros fotográficos
Registros históricos e
Interações
Nos serviços culturais, são elencadas plantas como vassourinha, carnaubeira, pinhão-roxo,
para interações espirituais, por rezadeiras e benzedeiras, crenças populares para afastar mau olhado
e energias negativas. Assim como oferece práticas de bem-estar ao homem pela existência de aves,
plantas e animais que melhoram a saúde mental e espiritual de quem frequenta a passarela de
caminhada e praças públicas, as margens do rio Espinharas.
A tradição cultural vem sendo preservada ao longo dos anos passando para gerações futuras.
Crendice popular e tradição religiosa ainda se mantém presentes no seio da comunidade, as festas
religiosas e festa do agricultor são regularmente mantidas em datas especificas preservando as
características dos descendentes, valorizando a cultura local.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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LAMARTINE, Pery. Aeoroplano Vaqueiro Velhas Oiticicas. Coleção Mossoroense – série ―C‖-
volume 1381. Mossoró/RN, 2004.
FARIA, Oswaldo Lamartine de. Sertões do Seridó. Brasília : Senado Federal, 1980.
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RESUMO
Demonstram-se os impactos causados pela tectogênese, como a formação de terrenos artificiais ou
tecnogênicos e suas implicações sobre a paisagem natural, a erosão do solo, o comprometimento de
vazão de pequenos corpos hídricos e mazelas relacionadas aos contextos sociais, como a saúde
humana e ambiental. Estes terrenos artificiais, tecnogênicos, ou antropogênicos, são também
denominados de depósitos, sendo estes com paisagens, solos, relevo e qualquer outra configuração
desencadeada direta ou indiretamente pela ação humana. O homem está filosoficamente
caracterizado como um ser que se diferencia espontaneamente da natureza, que sofre com suas
interferências e ação sobre a mesma. A intensidade da ação antrópica com intuito de ocupação de
terras para a fixação de população buscando maior desenvolvimento econômico trouxe consigo um
quadro de degradação ambiental jamais vista antes. Este trabalho aborda como se apresentam os
depósitos tecnogênicos partindo da revisão bibliográfica e posteriormente a ocorrência desses tipos
de configuração geológico-geomorfológicos urbanos na região denominada Grande Cafeteira no
município de Imperatriz, localizada no Sudoeste Maranhense. A área é entrecortada por dois
riachos, o Capivara e o Bacuri. Os depósitos estudados foram classificados de acordo com o tipo de
material constituinte. Certamente nas áreas estudadas há uma grande modificação da paisagem, do
relevo e do solo, alterações que trazem naturalmente situações de risco, principalmente inundações,
nos pontos próximos aos riachos.
Palavras chave: Análise da Paisagem. Depósitos Tecnogênicos. Impactos Socioambientais.
Imperatriz (Maranhão).
ABSTRACT
Impacts caused by tectogenesis, such as the formation of artificial or technogenic terrain and their
implications for the natural landscape, soil erosion, impairment of small water bodies, and hazards
related to social contexts such as human health and environmental. These artificial, technogenic, or
anthropogenic lands are also called deposits, these being landscapes, soil, relief and any other
configuration triggered directly or indirectly by human action. Man is ontologically characterized as
a being that spontaneously differs from nature, which suffers from its interference and action upon
it. The intensity of the anthropic action with the intention of occupying land for the fixation of
population seeking greater economic development brought with it a picture of environmental
degradation never seen before. This paper discusses how technogenic deposits are presented starting
from the bibliographical review and later the occurrence of these types of urban geological-
INTRODUÇÃO
uso do solo (SUERTEGARAY et al., 2008, p. 236). Assim, a presença de vestígios humanos é
claramente um alterador considerável na configuração desse conceito.
Os depósitos tecnogênicos são encontrados em grande escala nas cidades, devido
principalmente às movimentações cotidianas urbanas e a produção de resíduos podem partir tanto
da ação residencial, quanto de grandes obras. Some-se a isso o descarte do consumismo urbano, que
por sua vez apresentam materiais que configuram ambientes tecnogênicos diferenciados. As áreas
que recebem as alterações antropogênicas ora mencionadas passam por perturbações irreversíveis, e
a tentativa de recuperação da natureza que se degradou passa a ser quase impossível.
Machado (2013) afirma que o sistema ambiental submetido a perturbações de ordem natural
ou antropogênica provoca em seus elementos componentes irregularidades nos processos de
transferência de matéria e energia, através dos quais a pesquisa científica pode utilizar-se para
detecção e monitoramento destas anomalias para predizer estados futuros ou passados da dinâmica
de funcionamento de um conjunto.
Podem-se mensurar as taxas de erosão, transporte e sedimentação em uma bacia hidrográfica
resultantes de desmatamento indiscriminado, ou ainda as alterações induzidas nas formas de relevo
fluvial por diferenças de débito e descarga da vazão da água. As consequências estendem-se por
todo sistema, entrelaçadas como elos de uma corrente provocando prejuízos ao ambiente e a
economia de uma região (MACHADO, 2013; DIAS, 2012). Rodrigues (2005), por sua vez, indica
que a ação antrópica deve ser considerada como ação geomorfológica, pois estas ações podem
modificar propriedades e localização dos materiais superficiais; interferir em vetores, taxas e
balanços dos processos e gerar de forma direta e indireta outra morfologia.
Destarte, no município de Imperatriz, mais precisamente em bairros afastados do centro
comercial, encontram-se diversas áreas em que facilmente são identificados depósitos tecnogênicos.
Comerciantes das áreas urbanas depositam em locais mais afastados do convívio da população do
município de Imperatriz materiais inorgânicos e orgânicos, permitindo o acréscimo de novos
terrenos à malha urbana pré-existente, ao passo que reconfigura as paisagens locais, causam
impactos ao solo e modificando a paisagem. Assim, na área da Região denominada grande
Cafeteira, Alto Bonito, Vila Cafeteira, Vila Ipiranga e Vila Zenira é possível encontrar muito dos
que são caracterizados como depósitos tecnogênicos, alguns mais afastados do convívio humanos,
outros até mesmo em seus quintais, trazendo assim riscos à saúde de animais domésticos e seres
humanos
Buscando contribuir no conhecimento sobre o assunto a nível local e melhor compreender a
ação antrópica no município de Imperatriz - MA, mais diretamente na área que compreende os
bairros da Vila Cafeteira, os quais são entrecortados pelos Riachos Bacuri e Capivara, propõe-se
mapear e caracterizar os depósitos tecnogênicos locais, com vistas à identificação dos espaços mais
críticos quanto a problemas ambientais atualmente em curso.
uma rede socioeconômica induzida pela globalização, permitindo a extensão da rede de cidades
globais com suas necessidades de infraestruturas, associadas também as necessidades decorrentes
do crescimento populacional (PELOGGIA, 2005; DIAS, 2015). Estas necessidades estimulam o
desenvolvimento de diversas técnicas que acabam tornando o homem fator geológicos, sendo as
áreas urbanas, principais locais de criação de depósitos tecnogênicos, onde a ocupação e expansão
urbana periférica provocam alterações significativas na paisagem (GOMES, et al., 2012).
MATERIAIS E MÉTODOS
Figura 01: Carta temática de localização da área de trabalho, com os principais depósitos tecnogênicos
identificados. Fonte: Registros da Pesquisa (2016).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foram capturadas imagens das atuais paisagens dos pontos estudados, e nesta feita a
classificação dos materiais constituinte do então denominados depósitos tecnogênicos. Quanto aos
pontos estudados, dois foram no bairro Vila Ipiranga, um no bairro Alto Bonito; um no bairro Vila
Zenira; e dois no bairro Vila Cafeteira. Destarte, dentre todos os materiais encontrados, foi
observada a predominância de materiais úrbicos, com predominância de materiais de construção
civil e plásticos, conforme demonstrado na Figura 02.
No bairro Vila Ipiranga foram caracterizados dois depósitos tecnogênicos: o primeiro,
localizado na Rua C, bairro Vila Ipiranga, segundo moradores da região, foi configurado
espacialmente cerca de cinco anos. Ademais, também foi relatado que os dejetos (sólidos e líquidos)
de casas próximas são lançados no terreno em que se encontra o fato tecnogênicos ora descrito. No
segundo, foi observada predominância de materiais tecnogênicos manufaturados, plásticos, vidros,
materiais de construção civil, assim denominados materiais úrbicos.
Na região estudada, além dos depósitos encontrados nas ruas, foram observados depósitos
irregulares de resíduos sólidos urbanos (RSUs) dispostos às margens do Riacho Capivara. Dentre os
materiais identificados, observou-se em maior quantidade materiais úrbicos e gárbicos. Para Dias
(2012 e 2015), os depósitos tecnogênicos são fatores que contribuem para a alteração do regime
hídrico e do fluxo das águas superficiais e subterrâneas. Isso faz com que haja maior intensidade de
escoamento pelos talvegues, o que provoca alagamento das áreas de baixadas ou áreas que sofrem
com o processo de solapamento presentes em margens de canais onde também verifica-se o
alocamento de detritos humanos formadores depósitos tecnogênicos. Esses processos são
absolutamente comuns entre os meses de dezembro e março, em que as chuvas são mais intensas
nos pontos amostrados por ocasião da presente pesquisa.
Figura 02: Localização e situação espacial da distribuição dos principais depósitos tecnogênicos na área de
pesquisa. Fonte: Registros da Pesquisa (2016).
Numa identificação analítica qualitativa dos materiais sólidos depositados, notou-se uma
maior quantidade de sacolas plásticas. Diferentemente dos depósitos apresentados nos bairros Vila
Ipiranga e Alto Bonito que dispõem apenas de materiais úrbicos, o depósito tecnogênico do bairro
Vila Zenira dispõe também de materiais gárbicos em formação.
No bairro Cafeteira, identificaram-se dois depósitos tecnogênicos: um entre as Ruas Onofre
Correia e Tancredo Neves e outro na Rua Tumalina. O primeiro tem cerca de 1,5 metro de altura em
relação ao nível do solo, com predominância de matérias úrbicos, exclusivamente materiais de
construção. O terreno onde está localizado este depósito é de baldio sem qualquer tipo de estrutura
que impeça a livre disposição dos materiais em sua extensão, o que contribuiu para o lançamento
destes detritos. Já possui mais de 100 m2 de área ocupada, próximo às margens do Riacho Capivara,
mesmo tendo menos de um ano de existência. O segundo depósito encontrado na Vila Cafeteira,
está localizado na Rua Tumalina, próximo aos fundos do cemitério Parque dos Anjos, cuja
classificação não divergiu dos demais pontos estudados e classificados como materiais úrbicos.
De acordo com Silva e Nunes (2014), uma questão importante refere-se à própria maneira
como uma sociedade compreende a natureza, se ela é vista como um bem ou como um recurso a ser
apenas apropriado. Os resultados da interferência humana nos aspectos naturais tem se apresentado
de forma surpreendentemente prejudiciais ao próprio ser humano. O objetivo deste trabalho não se
refere a futuras calamidades, aos eventuais riscos ou potenciais perigos que os processos
tecnogênicos induzem, mas a uma inquietação com o futuro da segurança do habitat humano local
em relação aos problemas ambientais socialmente construídos. Com o estudo das formações dos
estudos tecnogênicos é possível obter uma nova visão da geográfica e geomorfológica dos seus
principais efeitos sobre o meio ambiente. Assim também é possível determinar as condições
socioeconômicas da região da zona urbana de Imperatriz (MA) denominada Grande Cafeteira.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
correlação entre estes e suas concentrações em uma determinada classe social ou determinado uso
de solo.
No que diz respeito aos processos de ocupação e uso do solo na zona urbana do município
de Imperatriz, as mazelas de natureza geológica e geomorfológica ocorrem em terrenos recobertos
por colúvios ou elúvios. No entanto, deve-se dar uma atenção especial as áreas que possuem
materiais classificados como gárbicos, pois estes apresentam maiores riscos à saúde das
comunidades em geral.
Espera-se que novos trabalhos como este sejam realizados em outros bairros do município
de Imperatriz com intuito de orientar e amenizar os efeitos das ações antrópicas sobre os bairros
com vista a manter o equilíbrio da paisagem e identificar áreas apropriadas para a expansão
humana, estabelecimento de loteamento e áreas degradadas a serem recuperadas.
REFERÊNCIAS
DIAS, L. J. B.. Contribuição à análise socioambiental em áreas sob risco de alagamentos: o caso
das obras de ―recuperação da macrodrenagem do Canal do Rio das Bicas/Salinas-Sacavém‖ (São
Luís – MA, Nordeste do Brasil). In: DIAS, Luiz Jorge B. (org.). Recursos hídricos e
desenvolvimento regional: experiências maranhenses. São Luís: EDUEMA, 2015. p. 105-139.
GOMES, T. C.; RIFFEL, E. S.; PITTELKOW, G. C.; PAUL, C. R. Caracterização dos depósitos
tecnogênicos no bairro Camobi: Subsídio ao planejamento urbano do município de Santa Maria
– RS. Revista Geonorte, v. 2, n. 4, p. 276-288, 2012.
PENTEADO, Margarida Maria. Fundamentos de Geomorfologia. Rio de Janeiro: IBGE, 1980. 185
p.
RESUMO
Os corpos hídricos são de fundamental importância para manutenção dos ecossistemas naturais e
atender as necessidades humanas. No entanto, a degradação desses recursos é um agravante global
quando se considerada a crise hídrica instaurada no início do século XXI. Assim, este trabalho tem
por objetivo realizar uma análise preliminar acerca dos aspectos socioambientais do rio Apodi-
Mossoró, no trecho limitado pelo município de Pau dos Ferros/RN. Para tanto, foram realizadas
aplicação de questionários à população alocada nas proximidades do rio e visitas in loco. A partir da
percepção ambiental dos moradores, evidenciou-se a representatividade deste corpo hídrico para a
criação de animais, irrigação e extração de areia. Entretanto, devido às fragilidades dos serviços de
saneamento, associado ao pouco conhecimento ambiental da população, ocorre com muita
frequência o descarte de resíduos sólidos e efluentes domésticos às margens do rio, contribuindo
para a intensificação da degradação da qualidade do curso d‘água. Mediante tais discussões,
percebe-se que existem danos ambientais causados ao rio Apodi-Mossoró, em Pau dos Ferros/RN,
que interagem diretamente com os meios econômico, ambiental e territorial, tendo em vista as
limitações ambientais para execução de atividades antrópicas, a propagação de agentes infecciosos
e contaminantes, além da desvalorização imobiliária da área devido à poluição.
Palavras-chave: percepção ambiental, recursos hídricos, corpos lóticos, qualidade ambiental.
ABSTRACT
The water bodies are of fundamental importance for the maintenance of natural ecosystems and
human needs. However, the degradation of these resources is a global aggravating factor when
considering the water crisis established at the beginning of the 21st century. Thus, this work has the
objective of conducting a preliminary analysis about the socio-environmental aspects of the Apodi-
Mossoró river, in the municipality of Pau dos Ferros / RN. For that, questionnaires were applied to
the population allocated in the vicinity of the river. From the environmental perception of the
residents, the representativeness of this water body for the creation of animals, irrigation and sand
extraction was evidenced. However, due to the weaknesses of the sanitation services, associated
with the population's lack of environmental knowledge, the disposal of solid wastes and domestic
effluents at the river banks is very frequent, contributing to the intensification of the degradation of
the watercourse. Through these discussions, it can be seen that there are environmental damages
caused to the Apodi-Mossoró river, in Pau dos Ferros/RN that interact directly with the economic,
13
Bacharel em Ciência e Tecnologia, Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA
14
Bacharel em Ciência e Tecnologia, Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA
environmental and territorial means, considering the environmental limitations to carry out
anthropic activities, the propagation Of infectious agents and contaminants, besides devaluation of
the area due to pollution.
Keywords: Environmental perception, water resources, lotic bodies, environmental quality.
INTRODUÇÃO
Não distante a tal realidade, o Estado do Rio Grande do Norte também convive com a
estiagem, visto que de acordo com a ANA (2015), apenas três bacias hidrográficas apresentavam
mais de 50% da capacidade volumétrica. Nesse sentido, Freitas, Guedes e Costa (2016) afirmam
que a Região do Alto Oeste Potiguar está inserida no polígono das secas, favorecendo longos
períodos de escassez dos recursos hídricos. Nesse contexto, situa-se o rio Apodi-Mossoró, que em
2015 apresentava 24,1% da capacidade, conforme a Secretaria de Administração e dos Recursos
Humanos – SEARH-RN.
Mediante tais discussões, este trabalho tem por objetivo realizar uma análise socioambiental
do rio Apodi-Mossoró, no trecho do município de Pau dos Ferros/RN. Dessa maneira, buscou-se
identificar as atividades antrópicas desenvolvidas a partir do rio, e, analisar a dinâmica
populacional, com base na percepção ambiental, no trecho correspondente à área de estudo.
METODOLOGIA
Caracterização do estudo
A pesquisa foi conduzida no município de Pau dos Ferros, situado na Mesorregião do Oeste
Potiguar, Estado do Rio Grande do Norte. Conforme dados do IBGE (2016), o município possui
uma população estimada em 30.206 habitantes, dos quais 92,07% estão situados na zona urbana,
enquanto que apenas 7,93% se encontra na zona rural. A densidade demográfica é de 116
habitantes/km², considerando a extensão territorial de 259,959 km².
No tocante à hidrologia, a área de estudo está totalmente inserida na Bacia Hidrográfica do
Rio Apodi-Mossoró, contribuindo com uma área de drenagem de aproximadamente 2.073 km², de
acordo com o Instituto de Gestão de Água do Rio Grande do Norte (IGARN), e, apresentando uma
média histórica de precipitação 801,4 mm, conforme a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio
Grande do Norte (EMPARN).
O trecho do Rio Apodi-Mossoró que passa por Pau dos Ferros apresenta características
distintas em relação ao uso e ocupação de seu entorno, que variam conforme as zonas urbana, rural
e de transição. Assim, foram selecionadas seis seções, considerando estes aspectos, afim de formar
uma amostra representativa.
Desta maneira, as áreas situadas na zona rural compreendem à Barragem de Pau dos Ferros
e à seção da ponte na BR 226; os ambientes de transição estão representados pelos bairros Manoel
Deodato e João XXIII; e, as áreas urbanas foram delimitadas através dos bairros São Benedito e São
Geraldo (Figura 1).
Figura 1 – Localização da área de estudo, com a identificação dos pontos de amostragem no município de
Pau dos Ferros-RN
Métodos empregados
O questionário para análise de percepção ambiental tinha por finalidade compreender como
ocorre a dinâmica entre a população e o rio Apodi-Mossoró, no município de Pau dos Ferros/RN.
Nesse sentido, era constituído por perguntas objetivas de múltiplas escolhas, que seguiam as
seguintes diretrizes: uso e ocupação do ambiente, saneamento ambiental e educação ambiental.
Aplicou-se 60 questionários aos moradores das áreas estudadas, que posteriormente foram tratados
com auxílio do Software Microsoft Excel 2013.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Figura 2 – Tempo de ocupação das proximidades do rio Apodi-Mossoró, em Pau dos Ferros/RN, conforme
percepção ambiental da população
6,67%
6,67%
Até 01 ano
Entre 01 e 03 anos
11,67%
Entre 03 e 05 anos
Há mais de 05 anos
75,00%
A permanência nas localidades por períodos prolongados permitiu aos moradores mais
antigos acompanhar as transformações sofridas pelo rio, desde os períodos em que ocorriam cheias,
práticas agrícolas e a pesca, até a atualidade, marcada pela degradação e esquecimento.
Pelo simples fato de estar inserida no ambiente, a população necessita interagir com este
meio, buscando suprir as necessidades cotidianas. Assim, pode-se afirmar que junto à ocupação das
proximidades do rio Apodi-Mossoró, em Pau dos Ferros, ocorre ainda a integração das principais
atividades sociais com o rio, considerando que conforme a Figura 3, destacam-se aproximadamente
40% dos entrevistados utilizam a área exclusivamente para fins de moradia, 15% praticam
atividades agrícolas, 18,33% instalaram pontos comerciais e 11,67% moram e desempenham
atividades agrícolas.
Além das atividades desenvolvidas pelos entrevistados, buscou-se analisar quais eram
perceptíveis à população local, considerando a atuação dos demais integrantes internos e à ação
externa. Logo, constatou-se que 8,33% da população identificam o uso para irrigação e
dessedentação animal, 26,67% afirmam que ocorre a criação de animais às margens do rio. Há os
casos em que não são identificados qualquer uso para a área, que corresponde a 8,33%, e, uma
considerável fração que aponta mais de um uso para o corpo hídrico. Essas informações reafirmam
a importância desse curso d‘água no contexto de Pau dos Ferros/RN, visto que mesmo em
condições pouco propicias favorece uma série de atividades que direta ou indiretamente beneficiam
a população.
Figura 3 – Atividades desenvolvidas pela população nas proximidades do rio Apodi-Mossoró, em Pau dos
Ferros/RN
1,67% 1,67% 1,67% Moradia
Prestação de serviços
6,67%
Atividades agrícolas
Comércio
11,67%
40,00%
Moradia e Prestação de serviços
1,67%
Moradia e Atividades Agrícolas
Moradia e Comércio
18,33%
Atividades agrícolas e comércio
Moradia, atividades agrícolas e comércio
15,00%
1,67% Prestação de serviços e atividades agrícolas
Figura 4 – Caracterização do abastecimento hídrico nas áreas próximas ao rio Apodi-Mossoró, em Pau dos
Ferros/RN, de acordo com a percepção da população.
35,00% Caern
Poço
Misto
56,67%
8,33%
Como ilustra a Figura 3, percebe-se que 56,67% dos entrevistados tem o abastecimento
direto da CAERN, 35% utilizam fontes mistas, que neste caso configuram o consumo de água
subterrânea e da distribuição realizada pela CAERN, enquanto que 8,33% consomem água advinda
unicamente de poços subterrâneos.
Diante dessa realidade, Araújo et al. (2016) apontam que no Brasil apenas 84% da
população era atendida pelo sistema de abastecimento de água, e na Região Nordeste, percebe-se
que esta problemática alcança maiores proporções em decorrência da escassez hídrica. No entanto,
ao observar o índice de abastecimento total de água do Rio Grande do Norte, os autores afirmam
que o estado se encontra entre os que estão em melhores condições, considerando uma faixa
percentual entre 70% e 80%.
No contexto local, sabe-se que o abastecimento hídrico está comprometido, uma vez que o
reservatório local se encontra inativo. Frente a tal realidade, o abastecimento ocorre mediante uma
adutora de engate rápido, que transporta água da Barragem Santa Cruz em Apodi/RN. Diante dessas
condições, o racionamento se apresenta como uma medida necessária para otimizar o processo de
distribuição. No entanto, induz a população a procurar novas alternativas, configuradas pela
exploração de água subterrânea.
Os outros pontos ligados ao saneamento, analisados ao longo da pesquisa foram os serviços
de esgotamento sanitário e coleta de resíduos sólidos. Nesse sentido, as Figuras 5 e 6 apresentam os
gráficos desses segmentos.
16,67%
3,33%
48,33%
51,67%
80,00%
Devido à destinação inadequada dos efluentes, estes são direcionados às margens do rio
Apodi-Mossoró, comprometendo a preservação do corpo hídrico. Ao discutir a poluição ambiental,
Braga et al. (2005) pontua que os esgotos possuem muitos poluentes orgânicos, inorgânicos e
biológicos, altamente danosos aos corpos hídricos. Como resultado da poluição, tem-se a redução
dos índices de qualidade da água, a eutrofização e a redução ou modificação dos usos dos recursos
hídricos. Face a realidade apresentada, Galvão Júnior (2009) afirma que no Brasil o déficit dos
serviços de água e esgoto é mais acentuado nas populações de baixa renda, as quais apresentam
maiores problemas de saúde pública.
No tocante à coleta dos resíduos sólidos, toda a área de estudo é atendida total ou
parcialmente. Entretanto, os resíduos são destinados ao lixão municipal, que por apresentar uma
estrutura deficiente, permite a contaminação do solo, e, possivelmente do lençol freático e dos
corpos hídricos superficiais situados em suas proximidades.
Conforme Ferreira (2014), entre 2011 e 2012 a produção de resíduos sólidos apresentou um
crescimento de 1,3%, superior ao crescimento populacional, que foi de 0,9% para o mesmo período.
Pereira, Rocha e Teixeira (2014) apontam que a produção de lixo impacta diretamente na saúde
pública, e, esta realidade tende a se agravar devido à ausência de política públicas. Afirma-se que
no Brasil ―tem-se uma produção de 241.614 toneladas de lixo por dia, onde 76% são depositados
em lixões a céu aberto, 13% são depositados em aterros controlados, 10% em usinas de reciclagem
e 1% são incinerados‖ (PEREIRA; ROCHA; TEIXEIRA, 2014, p. 1).
Ao analisar os fatores associados à educação ambiental da população situada próximo ao rio
Apodi-Mossoró, em Pau dos Ferros, enfatizou-se a importância do rio para o meio ambiente. Assim,
constatou-se que a maior fração dos entrevistados reconhecem que o rio apresenta grande
importância ambiental, no entanto, 21,67% afirmam que não há importância e 13,33% o classifica
como pouco importante. Assim, percebe-se uma carência em relação a educação ambiental,
considerando que este curso d‘água favorece o desenvolvimento de muitas atividades, como a
agropecuária e extração mineral.
Ao discorrer sobre as principais fontes poluidoras do ambiente em estudo, de acordo com os
entrevistados, tem-se o descarte de resíduos sólidos, efluentes domésticos, cadáveres de animais e a
extração de areia. Partindo dos pontos já discutidos anteriormente, percebe-se que todas as fontes
poluidoras citadas interagem diretamente com a fragilidade dos serviços de saneamento básico, da
limitação de conhecimentos relacionados à educação ambiental e da aparente irrelevância que o rio
apresenta para uma parcela dos entrevistados
Considerando as condições ambientais do Rio Apodi-Mossoró, em Pau dos Ferros/RN,
48,33% dos entrevistados o classificam como péssimo e 28,33% como ruim, enquanto que 13,33%
afirmam que as condições estão razoáveis, 8,33% indicam que as condições estão boas e 1,67% não
souberam responder.
A Figura 7 elenca as condições ambientais do rio Apodi-Mossoró em Pau dos Ferros/RN,
ressalta-se que esses quantitativos demonstram que uma considerável parcela da população tem
consciência de que as condições de preservação e conservação do rio estão em estado de
precariedade, o que leva ao apontamento de possíveis alternativas capazes de minimizar os danos
causados pelas atividades antrópicas.
Figura 7 – Análise das condições ambientais do Rio Apodi-Mossoró, em Pau dos Ferros, de acordo com a
percepção da população.
1,67%
8,33%
Péssima
13,33% Ruim
48,33%
Razoável
28,33% Boas
Não sabe
Figura 8 – Alternativas para melhorar as condições ambientais do rio Apodi-Mossoró em Pau dos Ferros,
conforme a percepção ambiental dos moradores
Atividades de educação ambiental
1,67%
5,00%5,00%
Melhoramento do saneamento básico
8,33%
18,33% Atividades de educação ambiental,
Melhoramento do saneamento básico e
Adequação dos usos e ocupação do rio
Atividades de educação ambiental e
Melhoramento do saneamento básico
Nenhuma
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O entorno do rio Apodi-Mossoró, em Pau dos Ferros possui uma ocupação muito
diversificada, que compreende a moradia, prestação de serviços, atividades agrícolas e o comércio.
Este fator decorre do fato deste trecho se estender em áreas com usos e ocupações distintas, na quais
o urbano e o rural produzem os maiores contrastes, e, fazem surgir ambientes de transição.
Partindo da percepção ambiental dos moradores, o rio apresenta grande importância para o
município de Pau dos Ferros, uma vez que muitas atividades são desenvolvidas em seu entorno,
onde se destaca a criação de animais, irrigação e extração de areia. Entretanto, evidencia-se um
descaso com a conservação desse corpo hídrico, tendo em vista o descarte de resíduos sólidos e
efluentes domésticos, que limitam os seus usos múltiplos e reflete diretamente na qualidade
ambiental.
Portanto, os efeitos da poluição no trecho do rio Apodi-Mossoró, em Pau dos Ferros/RN,
impactam os meios social e econômico, quando se considera as limitações impostas às atividades
antrópicas. Ressalta-se as perdas em relação à saúde, que decorrem da contaminação do corpo
hídrico e propagação de vetores de doenças, além das perdas territoriais, caracterizadas pela
desvalorização e inutilização das áreas, devido a poluição e contaminação do ambiente. Diante
desta realidade, explicita-se a importância dos serviços de saneamento e a educação ambiental
frente a preservação do corpo hídrico, e, dos ecossistemas inseridos no contexto local.
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FREITAS, Francisca Wigna da Silva; GUEDES, Josiel de Alencar; COSTA, Franklin Roberto da.
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http://dx.doi.org/10.1016/j.watres.2015.03.020.
RESUMO
O estudo da percepção ambiental aplicado em ambientes costeiros, como instrumento de pesquisa
para a Educação Ambiental, ajustam-se como um importante estudo para o entendimento
comportamental, quanto a posturas e sensibilização do indivíduo para com o meio. Diante da
atuação da Oceanografia Socioambiental correlacionadas à percepção ambiental, o presente estudo
teve como objetivo realizar o diagnóstico da percepção dos frequentadores e/ou turistas sobre a
produção e descarte de resíduos na praia do Olho D‘Água, no município de São Luís, Maranhão.
Para isso, foram aplicados 41 questionários semiestruturados utilizando metodologias quali-
quantitativas e entrevistas. O estudo centrou-se em questões, como: informação sobre o
entrevistado, aspectos positivos e negativos observados pelos frequentadores; foi questionado
quanto a origem, consumação e como são descartados no ambiente. Indagaram-se também quais
alimentos eram mais observados e quais medidas poderiam ser tomadas para a preservação do
ambiente. Os resultados mostraram dentre os principais alimentos consumidos: coco, frutas e palitos
(de queijo), em culminância com os resíduos mais observados no ambientes: de caráter orgânico. As
medidas mais apontadas pelos entrevistados foram: a coleta seletiva, a introdução da Educação
Ambiental nas comunidades, políticas públicas, entre outros. Nesse cenário, a abordagem da
Educação Ambiental juntamente com os estudos da percepção é de fundamental importância como
forma de conscientização dos indivíduos com o meio, visando o desenvolvimento sustentável da
área.
Palavras-chave: Educação Ambiental; Produção de resíduos; Sustentabilidade.
ABSTRACT
The study of environmental perception applied in coastal environments, as a research tool for
Environmental Education, fits an important study for the behavioral understanding, based on the
actions and the sensitization of a person towards the environment. Claiming for a new performance
meaning Socioenvironmental Oceanography, The present study aimed to diagnose the perception of
visitors and / or tourists about the production and disposal of residues at Olho D'Água beach, in the
municipality of São Luís, Maranhão. For this purpose, 41 semi-structured questionnaires were used
using qualitative-quantitative methodologies and interviews. The questions focused on issues such
as: information about the interviewees, positive and negative aspects observed by the participants;
the origin, consumption and how the wastes were discarded in the environment. It was also asked
which types of food and disposals were most observed as well what effective actions could be taken
to preserve the environment. The results showed that the main wastes were some type of foods like
coconut shells (bark), other remains of fruits and sticks of baked cheese, leading to the conclusion
that the wastes at that beach were mainly organic ones. The most claimed effective actions for
solving those problems were the selective sanitation, public Environmental Education and
environmental public policies related. In this scenario, the approach of Environmental Education
together with the studies of perception, are of fundamental importance as a way of raising public
awareness on environmental issues, focusing the sustainable development of the area.
Keywords: Environmental education; Waste generation; Sustainability.
INTRODUÇÃO
MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo foi realizado em uma praia urbana do município de São Luís, precisamente na
praia do Olho D‘Água, estado do Maranhão, entre as coordenadas 2° 28‘ 43.25‘‘S e 44° 13‘
45.69‘‘W. Para o estudo, dividiu-se a área em duas zonas, delimitando-se a faixa praial (ponto
EA_1P) e a zona dos bares e restaurantes (ponto EA_2B), conforme demonstra a figura 1.
Figura 1-Área de estudo delimitada na faixa de praia arenosa do bairro do Olho D´Água,
município de São Luís.
Para a realização da atividade, a turma de Educação e Ética Ambiental, elaborou em sala de
aula, um questionário semiestruturado utilizando metodologias quali-quantitativas e entrevistas com
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com Vasco & Zakrzevisk (2010) inúmeras técnicas são utilizadas para análise das
percepções ambientais, tais como: entrevistas, questionários, registros fotográficos e outros, porém,
as ferramentas mais abordadas, são as entrevistas e os questionários. Dessa maneira,a atividade
realizada, obteve no total de 41 questionários, dispondo como alvo: moradores e/ou visitantes
(brasileiros ou estrangeiros), que foram abordados de forma arbitrária, em diferentes extensões de
praia e bares, tendo assim um fluxo de entrevistados mais diversificado e considerável. O conteúdo
do questionário e das entrevistas aplicados (as) e o tipo de questionário (quali-quantitativo
semiestruturado) confeccionado foram determinados a partir do conhecimento acerca dos objetivos
propostos.
Deste modo, do grupo respondente ao questionário, através dos dados levantados, 76% dos
entrevistados residem no município de São Luís no estado do Maranhão, contrapondo aos 2% e 3%
residentes do município de Penalva e Viana respectivamente, também do estado do Maranhão. Já
outros municípios de outras federativas apresentaram 2%, sendo eles Belém, Curitiba e o estado de
Santa Catarina, e 5% para os estado do Piauí e de São Paulo. Além dos 3% para estado do Rio de
Janeiro.
Com bases nos estudos da percepção, quando indagados à origem de alimentos consumidos
na praia, foram observados quatro resultados. Pouco mais da metade optará por levar de casa e
consumir seuspróprios alimentos (52%), já 33% optam por consumir em restaurantes, 10% em
ambos e 5% indicaram não levar seu alimento de suas casa e/ou consumir de bares ou restaurantes,
como constatado no Gráfico 1.
Referente à percepção dos entrevistados com o meio, perguntou-se aos frequentadores quais
aspectos positivos e negativos em ambos os pontos mais lhe chamaram a atenção, o destino final de
resíduos produzidos pelos mesmos, materiais produzidos a partir da consumação e medidas que
podem ser tomadas em relação ao meio.
As áreas litorâneas ao longo dos anos vêm sofrendo severas modificações, sendo muitas
delas ocasionadas por ações antrópicas. De acordo com Sodré & Farias Filho (2010), vêm causando
a degradação ambiental dessas áreas, pela introdução de bares, pela ausência de saneamento e de
planejamento para essas áreas, além da falta de sensibilidade dos frequentadores para com o meio.
Segundo Drew (1998 p. 128),
―... As costas do mundo inteiro são focos de povoamento humano. De toda a população
mundial, vivem junto do mar, metade das cidades do mundo com mais de 1 milhão de
habitantes está a beira-mar. Dessa forma, a pressão sobre a zona litorânea é grande,
enquanto se generalizam as alterações que visam beneficiar o ser humano.‖
Foi questionado, quanto ao destino dos resíduos produzidos pelos frequentadores e outros.
De acordo com a amostra, a metade (50%) afirmou que sabe o destino dos resíduos por eles
consumidos e/ou produzidos. Já outras opções, como a ―coleta seletiva‖ apresentaram 29% e 21%
como destino a própria praia, como mostra a Figura 2.
Quando novamente questionado o destino do lixo produzido pelos entrevistados durante sua
permanência na praia, no estudo de Teles et al. (2009), a maioria das respostas demonstraram
―atitudes ecologicamente corretas‖, porém observou-se ao longo da área uma considerável
quantidade de resíduos sólidos sobre a faixa praial. Segundo o Ministério do Meio Ambiente
(2005), o ―lixo‖ não pode ser considerado como material dispensável, já que o mesmo é um
material rico, sujeito a aproveitamento. Dessa maneira, se o mesmo for tratado de maneira correta,
tomando as devidas providências quanto à aplicação de instrumentos educacionais nessas áreas que
são as mais afetadas, para a disseminação da problemática tendo como base: a redução e/ou
aproveitamento (gestão) de resíduos.
Foram coletados dados referentes aos alimentos mais observados no ambiente, sendo o foco
da investigação como mostra o Gráfico 3. Dentre os mais observados pelos entrevistados, o coco
apresentou-se com 21%, frutas/queijos/água e pet com 14%, camarão e ostra com 13%, latas de
refrigerante com 7%, castanhas/amendoim e moda praia com 6% e descartáveis com 5%.
(2013, p. 6) as interações que novos frequentadores têm com o meio, são bastante diferentes
daquela dos primeiros moradores, já que para os mesmos o ambiente é apenas para o seu lazer e
descanso, sem preocupar-se com os danos que possa estar provocando. Portanto o estudo da
percepção ambiental desenvolvidos nessas zonas baseia-se na tomada de medidas quanto à
consciência do ser e do ambiente.
Também como mencionado em uma das medidas positivas que poderiam ser tomadas, ―a
introdução da educação ambiental nas comunidades‖ é de suma importância, quanto à formação de
condutas mais equilibradas e sensibilizadas dos indivíduos com o ambiente. De acordo com Mochel
(2005) é importante que os profissionais educadores busquem meios para que os indivíduos
―descubram, construam e internalizem valores, princípios e novas técnicas compatíveis com a
sustentabilidade ambiental.‖ Desse modo a EA, é de suma importância quanto aplicados nessas
áreas, podendo-se conhecer a conduta de cada indivíduo acerca das questões ambientais. Mochel
(2005) ainda enfatiza que esses métodos inseridos ―nas atividades de EA, seja na escola ou fora
dela, seja em qualquer faixa etária, credo ou etnia.‖
Desse modo a educação ambiental, de acordo com Cascino (2000) se tornou uma ferramenta
para um mundo limpo e sustentável, orientando o ser quanto à conscientização e preservação, e com
isso contribuindo para que ocorram mudanças positivas e práticas corretas perante o meio. Neste
caminho o estudo da percepção ambiental é de fundamental importância para que possamos
compreender melhor as inter-relações entre o homem e o ambiente, suas expectativas, anseios,
satisfações e insatisfações, julgamentos e condutas. (FERNANDES et al., 2002) Esses assuntos
como comentando por Mochel, Ribeiro e Correa (2014), devem ser assimilados e
desenvolvidas/expressados, para que posteriormente possam ser trabalhados, colocando assim a
Educação Ambiental como uma boa técnina e/ou método de estudo para modificar o
comportamento do ser através de uma base de aprendizado.
Entre outras ações comentadas, contabilizou-se a ―conscientização‖, ―mutirões de limpeza
da própria comunidade‖, ―coleta seletiva‖, entre outras que de certo modo se correlacionam com a
introdução da EA nas comunidades costeiras. À vista disto, como comentado por Mochel (2016), a
idéia/ciência da sustentabilidade deve-se chegar aoseducadores, lideres comunitários e outros, para
que estes possam adequar-se e repara as realidades locais.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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Araçagi, Ilha do Maranhão-MA. XIII Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada. Viçosa-
MG, 2009.
VASCO, A. P.; ZAKRZEVSKI, S. B. B.. O estado da arte das pesquisas sobre percepção
ambiental no Brasil. Perspectiva (Erexim), v. 34, p. 17-28, 2010.
RESUMO
Para minimizar os efeitos adversos das mudanças climáticas, são realizadas pesquisas que visam
identificar os impactos no meio ambiente e as formas de mitigar esses efeitos. Com isso, novas
formas de minimizar os efeitos negativos ao meio ambiente foram criadas, sendo assim, a
agricultura sofreu algumas adaptações, tendo que adotar sistemas produtivos que minimizassem os
impactos ao meio ambiente. A determinação do teor de carbono total é a forma pela qual se
quantifica os teores de carbono que determinados sistemas armazenam no solo, assim esse teor
armazenado pode variar de um sistema para outro, sendo influenciado, principalmente, pelo manejo
adotado nesse sistema. Para melhor compreensão dessa variação, foi desenvolvido um trabalho no
município de Areia-PB, no brejo de altitude paraibano; para avaliação dos teores de carbono de um
Argissolo sob um fragmento de disjunção de Floresta Ombrófila Aberta, e de um Argissolo sob
pastagens de Braquiária (Urochloa Decumbens), vegetações predominantes no Município.
Objetivando, quantificar e comparar as variações nos teores de carbono total que esses dois sistemas
apresentam. Observou-se que os valores médios do teor de carbono no Argissolo sob um fragmento
de disjunção de Floresta Ombrófila Aberta foi de 67,5 g kg-1. Enquanto, o teor médio de carbono
em um Argissolo sob área de pastagem, bem manejada, foi de 23,23 g kg-1. Demonstrando a
elevada capacidade da floresta em estocar carbono em relação a pastagem, no mesmo solo, e nas
mesmas condições climáticas.
Palavras-chave: Estoque de carbono; Disjunção de mata atlântica; Sistemas pastoris; Emissão de
CO2; Efeito estufa;
ABSTRACT
To minimize the adverse effects of climate change, Research is conducted to identify impacts on the
environment and ways to mitigate these effects. With this, new ways of minimizing the negative
effects to the environment were created, thus, agriculture has undergone some adaptations, having
to adopt productive systems that minimize the impacts to the environment. The determination of the
total carbon content is the way in which the carbon contents that certain systems store in the soil are
quantified, so this stored content can vary from one system to another, being influenced, mainly, by
the management adopted in that system. For a better understanding of this variation, a work was
developed in the city of Areia-PB, in the swamp of Paraiba altitude; to evaluate the carbon contents
of an Argisol under an Open Ombrophylate Forest disjunction fragment, And of an Argisol under
pastures of Brachiaria (Urochloa Decumbens), predominant vegetation in the Municipality. Aiming,
quantifying and comparing the variations in the total carbon contents that these two systems
present. It was observed that the average values of the carbon content in the Argisol under an Open
Ombrophylate Forest disjunction fragment was 67.5 g kg -1. Meanwhile, the average carbon
content in an Argisol under well-managed pasture area was 23.23 g kg-1. Demonstrating the high
capacity of the forest to store carbon in relation to pasture, in the same soil, and in the same climatic
conditions.
Keywords: Carbon stock; Disjunction of Atlantic Forest; Pastoral systems; Emission of CO2;
Greenhouse effect;
INTRODUÇÃO
paraibano; e comparado esse teor com valores do teor de carbono em área de pastagem, na mesma
microrregião.
MATERIAL E MÉTODOS
Área da coleta
P1 P2 P3 P4 P5
P6 P7 P8 P9 P10
Ao término da coleta das amostras do solo, as amostras foram transportadas para a sala de
recepção de amostras de solos que fica no departamento de solos e engenharia rural (DSER) da
Universidade Federal da Paraíba, as amostras ficaram expostas durante 24 horas para perder a
umidade, depois desse período o solo foi triturado com um rolo de madeira e em seguida foi
peneirado em uma peneira de malha de 2 mm para obtenção da terra fina seca ao ar (TFSA).
Em cada uma das amostras coletadas nos 5 pontos selecionados (uma amostra em cada
ponto), denominadas amostras simples de solo, ocorreu a retirada de uma subamostra, e em seguida
essas 5 subamostras foram misturadas e homogeneizadas afim de se obter uma amostra de solo
composta, esse método tem o objetivo de evitar a sub e a superestimação dos teores de carbono do
solo. Tornando o resultado da análise mais confiável e com uma representatividade média da área.
Em seguida macerou-se 10 gramas da amostra composta, em almofariz de porcelana e
depois se passou na peneira de 0,5 mm, pesou-se 0,1 grama da amostra do solo em 7 tubos de
ensaio, com volume de 100 ml, foram aquecidas três amostras e três não foram aquecidas, além de
uma testemunha, essa não se adiciona nada, em seguida foi pipetado 5 ml de dicromato de potássio
com molaridade de 0,167 mol L-1em cada amostra (Figura 3).
Em seguida levou-se 3 tubos para o bloco digestor a 170°C por 30 minutos, os 3 tubos que
não são aquecidos, foram mantidos fora do bloco para posterior analises. (Figura 5).
(6,7).(0,4).(0,003).(100)
C - total (%)
0,300 (g)
C - total 2,5%
O carbono orgânico total determinado no solo da disjunção de floresta ombrófila aberta foi
comparado com os teores de carbono orgânico total de pastagens de Braquiária (Urochloa
Decumbens) predominantes na Região, que tem a pecuária como principal atividade agrícola. A
pastagem utilizada para comparação possui mais de 20 anos de implantada, o que representa que o
carbono do solo está estabilizado, além disso, essa pastagem é bem manejada, o que indica maior
capacidade de acumulo de carbono no solo. A metodologia para determinação analítica e a forma de
coleta do solo, foi a mesma utilizada em ambas as determinações. O valor médio, do teor de
carbono em pastagens bem conservadas da região foi de 23,23 g de Carbono kg-1 de solo, como
determinou Pessoa (2015) e Rebequi (2015). Vale salientar que tanto a floresta, como as pastagens
estudadas, estão sobre o mesmo tipo de solo (Argissolo), na mesma microrregião, sob as mesmas
influências climáticas e na mesma cidade (Areia-PB).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
a elevada capacidade da floresta em estocar carbono em relação a pastagem, no mesmo solo, e nas
mesmas condições climáticas.
Essas informações vão ao encontro do que afirmaram (ALVES et al., 2008), de que o não
revolvimento do solo, leva à uma condição de equilíbrio no teor de carbono. Levando em
consideração que o solo dessas pastagens não foi revolvido há pelo menos 20 anos, é possível
afirmar que o carbono dessas áreas estabilizou em baixos teores. Diferindo de outros sistemas de
produção agrícola, principalmente os conservacionistas, onde há um alto teor de carbono no solo,
próximos, aos teores das florestas nativas (ASSIS et al., 2015; LOSS et al., 2011).
Resultados semelhantes foram apresentados por Silva et al. (2011), que constataram maiores
teores de COT em áreas de mata nativa quando comparado a áreas com plantio direto e integração
lavoura pecuária. Outro fator ligado a superioridade da floresta nativa, diz respeito a entrada de
carbono através de resíduos vegetais e a saída por meio da mineralização, que ocorrem de forma
concomitante e equilibrada. Enquanto que em sistemas extrativistas como as pastagens, há grande
mineralização e exportação de nutrientes com perda significativa do carbono do solo.
Por isso, ultimamente, para minimizar as perdas de carbono em áreas de pastagens e
incorporar os benefícios do equilíbrio dos estoques nas florestas naturais, surgiu a integração
lavoura pecuária floresta (ILPF). A introdução desse sistema em áreas agrícolas, com níveis
adequados de fertilidade, evidencia o potencial deste sistema em reduzir não apenas o impacto
ambiental das atividades produtivas, mas também as emissões de gases de efeito estufa, melhorando
o aproveitamento da água e dos nutrientes do solo, aprimorando os índices de qualidade do solo no
sistema ILPF em relação a pastagem convencional (ASSIS et al., 2015).
Tomando-se os valores dos teores de carbono da floresta 67,5 g kg-1 e de uma pastagem bem
manejada 23,23 g kg-1 (PESSOA, 2015; REBEQUI, 2015) e comparando com os teores
classificados na (tabela 1), pode-se observar que houve um teor médio de carbono total (C total) na
pastagem e muito alto teor na floresta, vale ressaltar que esse teor médio de carbono na pastagem,
advém dessa pastagem ser bem manejada, ou seja, uma pastagem conservada; o que levou a
estabilização do carbono no solo. Provavelmente, em uma pastagem degradada os teores de carbono
serão classificados como muito baixo em virtude da não estabilização dos teores de carbono no solo
(MOREIRA e SIQUEIRA, 2006).
Teor de carbono total Unidade Muito Baixo Médio Alto Muito alto
do solo baixo
COT g kg-1 ≤4 4,1 - 11,6 11,7 - 23,2 23,3- 40,6 > 40,6
Tabela 1. Classes de interpretação para o teor de carbono orgânico total do solo (COT)
*Adaptado do procedimento analítico adotado no setor de química e fertilidade do solo-CCA/UFPB.
Esse resultado indica que a floresta estudada tem uma grande eficiência no aporte de
carbono total ao solo. Sendo assim um importante reservatório de carbono e um sistema mais eficaz
em estocar carbono, comparado a outras culturas manejadas no brejo de altitude paraibano, como as
pastagens, que em média apresentam 23,23 g kg-1 de C total. As diferenças no teor de carbono do
solo são reflexos da emissão do carbono do solo, na forma de CO2, para a atmosfera.
Em solos idênticos, como no caso do presente estudo, onde as duas áreas estão sobre o
mesmo tipo de solo, as diferenças de emissões de CO2 não podem ser atribuídas às características
do solo e sim ao tipo de vegetação sobre ele (PINTO-JÚNIOR et al., 2009).
Sendo que a floresta estoca um teor médio de 67,5 g kg-1 o que representa um aporte de
carbono quase três vezes maior, que o aporte de carbono de uma pastagem bem manejada na região.
Isto ocorre devido a maior diversidade de espécies na floresta, com aporte continuo de carbono ao
solo, onde o processo de fixação de CO2 tende a ser maior que a emissão de CO2, o que eleva os
teores de carbono no solo, enquanto na pastagem a emissão de CO2 tende a ser maior que a fixação
de CO2 o que leva a uma diminuição no teor de carbono no solo, até ocorrer o processo de
estabilização.
É importante ressaltar que esse processo de fixação é devido a fotossíntese das plantas, que
capturam CO2 para produzir energia (TAIZ e ZEIGER, 2012), e que o processo de emissão de CO2
é devido a mineralização de nutrientes e de carbono da matéria orgânica, pela atividade dos
microorganismos (ALVES et al., 2008; MOREIRA e SIQUEIRA, 2006), tais processos ocorrem em
ambos os sistemas, tanto em pastagens, quanto em florestas e nos demais sistemas vegetais, porém
em um sistema desequilibrado, como os sistemas agrícolas, predomina a emissão devido as altas
taxas de mineralização para disponibilidade de nutrientes às plantas.
O uso de práticas conservacionistas que estabilizem o carbono (C) do solo através da adição
de resíduos vegetais, que se assemelhem aos efeitos positivos dos sistemas naturais como as
disjunções de floresta ombrófila. Resultam em redução das perdas e da taxa de ciclagem deste
elemento no sistema solo-planta-atmosfera (STEWART et al., 2009). Resultando na mitigação das
emissões de gás carbônico (CO2) diminuindo a influência nas mudanças climáticas globais. Porém,
sabe-se que a conversão de áreas florestais em cultivos agrícolas convencionais, que não prioriza a
entrada de carbono no sistema, representa alterações drásticas no solo que se encontrava em estado
de equilíbrio sob mata nativa. Pois provocam alterações nos atributos morfológicos, físicos,
químicos e biológicos do solo (LIMA et al., 2011).
Salimon (2003) observou, ao longo do tempo, que na pastagem ocorreram os maiores
efluxos de CO2 do solo para atmosfera, quando comparado com a floresta. Esses resultados indicam
que a pastagem convencional é menos eficiente em manter o carbono no solo que a floresta.
Resultados similares foram observados por Fernandes et al. (2002), em que pastagens apresentaram
maior efluxos de carbono que florestas na Amazônia Sul-Ocidental.
Por isso a adoção de práticas agrícolas que minimizem as excessivas perdas de CO 2 do solo
para a atmosfera, pelo estado de desequilíbrio no solo, são fundamentais na região, pois é muito
difícil o sistema pastagem convencional estocar a mesma quantidade de carbono de uma floresta,
porém se o carbono dessa pastagem estiver em equilíbrio (entradas semelhantes as saídas), os
efeitos deletérios ao meio ambiente é minimizado, no entanto, esse equilíbrio deve ser alcançado em
teores elevados de carbono no solo, e não em baixos teores.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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TAIZ, L; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. [Tradução: Armando Molina Divan Junior... et al.];
revisão técnica: Paulo Luiz de Oliveira. 5ª ed., Porto Alegre: Artmend, 2013. 918 p Il.
RESUMO
Neste artigo é mostrada a análise de dois fatores antrópicos que influenciam na distribuição
geográfica da extração de açaí (Euterpe oleracea Mart.) e de castanha-do-pará (Bertholettia
excelsa) na Amazônia Legal entre os anos de 2004 e 2014. Mostrando-se o desmatamento como
fator maléfico e a domesticação dos frutos como fator benéfico. Os resultados demonstram que o
desflorestamento tem relação significativa com a diminuição da distribuição geográfica da extração
das espécies estudadas enquanto que a domesticação proporcionou ao açaí e à castanha-do-pará
chegarem a lugares não-nativos.
Palavras-chaves: Açaí, Castanha-do-pará, Desmatamento, Domesticação.
ABSTRACT
This paper presents an analysis of two factors that have influence in geographic distribution of
extraction of açaí (Euterpe oleracea Mart.) and of castanha-do-pará (Bertholettia excelsa) in the
Amazonia between 2004 and 2014. Showing the desforestation like an evil factor and the
domestication like a beneficial factor. The results show that desforestation has significant
relationship with the geographic distribution of extraction of species studied while the
domestication let the açaí and the castanha-do-pará get in places non-natives.
Keywords: Açaí, Castanha-do-pará, Desforestation, Domestication.
INTRODUÇÃO
Na Amazônia, a extração de recursos naturais tem sido relevante desde os primórdios de sua
ocupação (HOMMA, 2003a). Dentre os principais produtos extrativos vegetais oriundos da floresta
amazônica que foram economicamente importantes, estão o cacau (Theobroma cacao) e a
seringueira (Hevea brasiliensis), hoje cultivados, e outros que ainda são importantes, como a
castanha-do-brasil (Bertholettia excelsa), a madeira e o açaí (Euterpe oleracea Mart.) (HOMMA,
1989, 1993).
O IBGE conceitua o extrativismo vegetal como ―a exploraçăo dos recursos vegetais nativos
através da coleta ou apanha de produtos, que permite a produçăo sustentada ao longo do tempo, ou
de modo primitivo e itinerante, possibilitando, geralmente, apenas uma única produçăo. Os produtos
de extrativismo vegetal, segundo suas formas de aproveitamento, săo classificados em grupos:
borrachas; gomas não-elásticas; ceras; fibras; produtos tanantes; produtos oleaginosos; produtos
alimentícios; produtos aromáticos, medicinais, tóxicos e corantes e madeira‖ (IBGE, 2002).
Os Produtos Florestais Não Madeiráveis (PFNMs), tem sido tema presente em muitas
discussões na região amazônica da atualidade. Devido ao seu potencial econômico, estes produtos
podem significar a geração de renda para as pessoas que vivem da floresta. A obtenção de renda
com a floresta em pé é vista como imprescindível para a conservação das florestas tropicais, e é
importante tanto para a conservação da biodiversidade como para a manutenção dos serviços
ambientais que ela presta. As comunidades que vivem ao longo dos rios em geral se utilizam dos
produtos não madeireiros de forma empírica e não ordenada (IBAMA, 2011).
O IAG (2005) menciona que faltam conhecimentos sobre o manejo e pesquisa básica dos
produtos não madeiráveis. Se estimulada a demanda por determinados produtos, especialmente os
não madeiráveis, na ausência de medidas acompanhamento e controle, a pressão em algumas
espécies poderá afetar sua disponibilidade em longo prazo (PEDROZO, 2011).
Nas áreas de extração de palmito e de fruto de açaizeiro no estuário amazônico, verifica-se
que a viabilidade econômica dessa atividade e a existência dos estoques de açaizais são decorrentes
das transformações da economia extrativa ao longo do tempo. A extração comercial do palmito de
açaí iniciou-se em 1968, quando entrou em operação a primeira fábrica em Barcarena, Pará, devido
à exaustão de estoques de juçara (Euterpe edulis Mart.) no centro-sul do Brasil. A palmeira E.
edulis não apresenta rebrotamento após o corte (HOMMA, 2008).
Segundo Peres (2003) citado por Homma (2008), os estoques de castanheiras, no Pará,
especialmente no sudeste paraense, foram substituídos por pastagens, projetos de assentamentos,
extração madeireira, mineração e expansão urbana. Além da destruição das árvores, o colapso
demográfico das castanheiras é evidenciado pela reduzida quantidade de castanheiras jovens,
decorrente da superextração dos frutos, impedindo a sua reprodução e a alimentação da fauna.
O cenário atual revela que há a consciência dos prejuízos causados pelo homem à
biodiversidade, porém não se buscam outros meios os quais possam beneficiar ambos os lados.
Nesse contexto, percebe-se a grande necessidade de haver pesquisas que analisem a influência da
antropização na natureza e partir delas, elaborar métodos que permitam a diminuição de tantos
danos ao meio ambiente através do desenvolvimento sustentável.
Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é utilizar os dados do censo agropecuário do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento
Agropecuário e da Pesca (SEDAP), além dos de desflorestamento do Projeto PRODES realizado
pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) para analisar a influência da antropização nas
mudanças de distribuição geográfica da produção do açaí e da castanha-do-pará na Amazônia.
METODOLOGIA
DISCUSSÃO
É possível concluir, a partir de dados disponibilizados pelo IBGE, que houve muitas
mudanças na quantidade de açaí e de castanha-do-pará extraídos entre os anos de 2004 e 2014 na
Amazônia Legal.
AÇAÍ
Como resultado da interpretação de dados do PEVS entre os anos de 2004 e 2014 pôde
perceber que ano de menor extração do fruto do açaí, em nível regional, deu-se em 2004 e o de
maior extração foi em 2011.
Em nível estadual, percebe-se algumas mudanças, como no caso do estado de Roraima que
até 2012 não tinha extração de açaí e partir de 2013 o quadro mudou para uma tonelada. Outro caso
é o estado de Rondônia que em 2004 houve extração de 25 toneladas já em 2014 os números
aumentaram para 1606 toneladas. O Amazonas teve um grande aumento na sua produção a partir de
2010, passando a figurar entre os 3 maiores produtores de açaí (Tabela 1, figura 1).
UF 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
AC 741 907 961 1459 1537 1658 1674 1701 1620 3050 4020
AP 1390 1284 1160 1034 1294 1337 1427 1766 1893 2036 2225
AM 1134 1149 1172 1220 1274 1576 3256 89480 71146 71783 66642
MA 7226 9380 9441 10198 9191 9471 10930 12119 12310 12837 13897
MT 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
PA 90512 92088 88547 93783 107028 101375 106562 109345 110937 111073 109759
RO 25 65 56 134 314 347 408 818 1077 1435 1606
RR 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1
TOTAL 101028 104873 101337 107828 120638 115764 124257 215229 198983 202215 198150
Tabela 1 - Quantidade de açaí extraído em toneladas. Fonte:IBGE
120000
100000
AC
80000 AP
AM
60000 MA
MT
40000
PA
RO
20000
RR
0
2004 2006 2008 2010 2012 2014
Comparando a produção dos diferentes estados, percebe-se que estes influenciam nos
resultados em níveis municipais. No ano de 2004 o estado do Pará liderava na extração do açaí por
conta da alta produção em municípios como Ponta de Pedras, Abaetetuba e Limoeiro do Ajuru. No
entanto, no ano de 2014, a extração do fruto aumentou consideravelmente em outros estados sendo
as maiores produções no estado do Pará e do Amazonas – tendo o município de Codajás
responsável por quase 13% do total (figura 2).
Figura 2- Variação na produção de açaí nos municípios da Amazônia Legal entre 2004 e 2014.
CASTANHA-DO-PARÁ
Como resultado da interpretação de dados do PEVS entre os anos de 2004 e 2014 pôde
percebe que ano de menor extração do fruto da castanha-do-pará, em nível regional, deu-se em
2004 e o de maior extração foi em 2007. Entre os Estados da Amazônia, percebe-se que há grandes
mudanças como é o caso do estado do Amapá que teve o ano de maior extração da castanha-do-pará
em 2004, com 1106 toneladas, e no decorrer dos outros anos a extração só diminuiu chegando a 390
toneladas em 2009. Outro caso importante para ser analisado é o estado do Pará que teve o ano de
menor extração em 2006 com 5291 toneladas e os números foram aumentando, até que em 2012 a
extração quase atingiu a maior produção da Amazônia, com 10449 toneladas (Tabela 2, figura 3).
UF 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
AC 5859 11142 10217 12142 11521 10313 12362 14035 14088 13599 13684
AP 1106 440 917 847 519 390 447 401 426 438 466
AM 9150 8985 9165 21486 9111 16012 16039 14661 10478 11785 12901
MA 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
MT 385 373 473 476 1430 1527 1477 2234 1538 1596 1524
PA 7642 6814 5291 7639 6203 7015 8128 7192 10449 9023 6903
RO 2830 2710 2652 2105 1927 2107 1797 3523 1714 1689 1854
RR 88 91 91 90 102 104 106 105 112 171 166
TOTAL 27060 30555 28806 44785 30813 37468 40356 42151 38805 38301 37498
Tabela 2 - Quantidade de castanha-do-pará extraída em toneladas. Fonte: IBGE
18000
16000 UFs
14000 AC
Produção (T)
12000 AP
AM
10000
MA
8000
MT
6000 PA
4000 RO
2000 RR
0
2004 2006 2008 2010 2012 2014
ANOS
Figura 3 – Gráfico da produção anual da castanha-do-pará
Pode se notar também que a produção anual estadual não tem muita relação com a produção
municipal. Prova disso é o município de Porto Velho (RO), que obteve o maior número de extração
em 2004, porém o estado que mais produziu a castanha-do-pará foi o Amazonas (Figura 4).
A partir do mapa abaixo são claras as mudanças, pelo fato de a maioria dos municípios
obterem variações temporais medianas, exceto certos municípios dos estados do Acre, do
Amazonas e de Rondônia.Com variações muito altas, altas e muito baixas respectivamente.
Figura 4 - Variação na produção de castanha-do-pará nos municípios da Amazônia Legal entre 2004 e 2014.
No ano de 2004, a maioria das unidades federativas que compõem a Amazônia sofreu a
maior taxa anual de desmatamento, entre outros motivos por não existir nenhum controle do
Governo para frear o desflorestamento (Tabela 3). O desmatamento estava sendo praticado de
forma desenfreada e por isso, no fim de 2004 foi lançado o Plano de Ação para a Prevenção e
Controle do Desmatamento na Amazônia legal. Em 2005, as taxas anuais de desmatamento
diminuíram drasticamente e isso possibilitou à floresta se recuperar e poucos anos mais tarde houve
aumento na quantidade de açaí e de castanha-do-pará (figuras 5 e 6).
Amazônia
Ano\UFs AC AM AP MA MT PA RO RR Legal
2004 728 1232 46 755 11814 8870 3858 311 27772
2005 592 775 33 922 7145 5899 3244 133 19014
2006 398 788 30 674 4333 5659 2049 231 14286
2007 184 610 39 631 2678 5526 1611 309 11651
2008 254 604 100 1271 3258 5607 1136 574 12911
2009 167 405 70 828 1049 4281 482 121 7464
2010 259 595 53 712 871 3770 435 256 7000
2011 280 502 66 396 1120 3008 865 141 6418
2012 305 523 27 269 757 1741 773 124 4571
2013 221 583 23 403 1139 2346 932 170 5891
2014 309 500 31 257 1075 1887 684 219 5012
Tabela 3 - Taxa de desmatamento anual nos Estados da Amazônia Legal. Fonte: INPE
120,000
100,000
Açaí (T)
80,000
60,000
40,000 UF$
20,000 AM
MA
0 PA
1 2 3 4
Desflorestamento (log)
Figura 5 - Relação entre a produção anual de açaí e o desflorestamento
25,000
Castanha (T)
20,000
15,000
UF$
10,000
AC
AM
5,000 PA
1 2 3 4
Desflorestamento (log)
Figura 6 - Relação entre a produção anual de castanha-do-pará e o desflorestamento
A partir da análise gráfica, é possível concluir que o desflorestamento não influenciou tanto
na produção do açaí. No entanto, houve uma relação significativa estatisticamente entre a produção
da castanha-do-pará e o desmatamento (r²=0,41, p<0,001). Isso demonstra que a produção do fruto
sofreu com o desmatamento, seja direta ou indiretamente. Diretamente pelo fato de muitas das
vezes não haver preocupação com a legislação ambiental a qual institui que as castanheiras não
podem ser derrubadas (lei federal nº 4.771/1965) e indiretamente, pois, mesmo que a legislação seja
respeitada, a derrubada de toda área ao redor da castanheira pode afetar a produção individual por
falta de interações com as outras espécies que lá tinham.
Para o açaí, embora não tenha havido uma relação entre a produção anual estadual e o
desmatamento, a menor extração total ocorreu no ano que teve a maior taxa de desmatamento e o
ano em que teve maior extração total do açaí foi o que teve a menor taxa de desmatamento,
indicando que pode haver também uma influência do desmatamento na produção.
da Amazônia e tem hábito solitário. A E. oleracea Mart. foi levada para outros estados e apresentou
boas taxas de crescimento, como no estado do Acre, no município de Rio Branco atingindo a
produção de 512 toneladas em 2014 (IBGE).
Além disso, municípios que antes nem tinham produção do fruto passaram a ter com o
manejo. O município de Castanhal no Pará, região de terra firme, que nunca teve extração passou a
produzir 3250 toneladas do fruto a partir de 2011, segundo dados da SEDAP.
Quanto à domesticação da castanha, deu-se início aos estudos pela EMBRAPA Amazônia
Oriental de modo a produzir mudas para produção comercial. Atualmente, existem poucos
castanhais com esses objetivos, porém o maior deles fica no Amazonas, no município de Itacoatiara
na fazenda Aruanã com 1,3 milhão de castanheiras, mas só 380 mil são destinadas à produção. O
restante tem como finalidade a reposição florestal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com as análises foi possível concluir que a antropização mudou de várias maneiras a
distribuição geográfica de produção do açaí e da castanha-do-pará. Houve mudanças de teor
prejudicial, como é o caso do desmatamento, principal fator antrópico, que afeta não só a produção
comercial como também todo o ecossistema ao redor das espécies estudadas o que acarreta em
possível perda da biodiversidade amazônica.
Por outro lado, houve mudanças benéficas com a domesticação das espécies de modo a
aumentar a produtividade usando técnicas de manejo e cultivo em áreas de não ocorrência,
aumentando a distribuição geográfica das mesmas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Abelhas polinizadoras importantes para a agricultura brasileira. Abelha. Disponível em: <
http://abelha.org.br/abelhas-polinizadoras-importantes-para-a-agricultura-brasileira/>. Acesso
em: 11 de junho de 2017.
ALMEIDA, Oriana. Potencial para conservação do Açaí: Uma análise da produção de açaí e
desmatamento no estado do Pará. In: 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira
para o Progresso da Ciência. 2010. Rio Grande do Norte. Disponível em:
<http://www.sbpcnet.org.br/livro/62ra/resumos/resumos/5845.htm>. Acesso em: 08 de janeiro
de 2017.
AZEVEDO, James Ribeiro de. Sistema de manejo de açaizais nativos praticados por ribeirinhos.
São Luis/MA: EDUFMA, 2010, 100p. il.
PEDROZO, Eugênio Ávila et al. Produtos Florestais Não Madeiráveis (PFNMs): as filières do
açaí e da castanha da Amazônia. Revista de Administração e Negócios da Amazônia, v. 3, n. 2,
p. 88-112, 2011.
RESUMO
Os manguezais são ecossistemas costeiros, tropicais e subtropicais, tornando-se os mais produtivos
relacionados a zona costeira e suas espécies possuem grande tolerância ambiental, que ajustam seu
crescimento em condições diversificadas (PANNIER et. al., 1980). Conforme Odum (1971), esse
ecossistema altamente produtivo, baseia-se devido à uma grande carga de matéria orgânica gerada e
liberada para as águas, compondo assim não só uma base alimentar para várias espécies; mas
também, fornecem como comentado por Mochel (2011) uma ampla variedade de recursos para
comunidades que os rodeiam. A comunidade do Mangue Seco, localizada no Maranhão entre as
coordenadas 2º 27‘ 06,86‖ e 2º 27‘ 21,81‖ S e 44º 09‘ 20,33‖ e 44º 09‘ 45,76‖ W recebe esse nome
devido a grande vegetação de manguezal que vive ao seu redor, denominado mangue seco. A ampla
riqueza de recursos naturais do mangue seco contribuiu para que a comunidade se tornasse uma
região típica de pescadores; além disso, sua imensa riqueza visual atrai diversos turistas e
investidores em imóveis de veraneio. No entanto, o rápido e desordenado crescimento da
comunidade torna nitidamente perceptível o sofrimento do ecossistema sob tal pressão,
desmatamento, poluição, assoreamento, entre outros são possíveis observar ao longo da região do
manguezal. O presente trabalho teve como propósito, a realização de uma mapeamento da
comunidade do mangue seco no quesito socioambiental por meio da aplicação de questionários aos
moradores e também pela atividade de observação direta das características ambientais.
Palavras-chave: Manguezais, Ecossistemas Costeiros, Mapeamento, Ação Antrópica.
ABSTRACT
Mangroves are coastal, tropical and subtropical ecosystems, becoming the most productive coastal-
related species and their species have great environmental tolerance, which adjust their growth
under diverse conditions (PANNIER et al., 1980). According to Odum (1971), this highly
productive ecosystem is based on a great load of organic matter generated and released into the
waters, thus composing not only a food base for several species; But also, provide as commented by
Mochel (2011) a wide variety of resources for communities that surround them. The community of
the Dry Mangrove, located in Maranhão between coordinates 2º 27 '06,86 "and 2º 27' 21,81" S and
44º 09 '20,33 "and 44º 09' 45,76" W receives this name due to Large mangrove vegetation that lives
around it, called dry mangrove. The rich natural resources of the dry mangrove contributed to the
community becoming a region typical of fishermen; In addition, its immense visual wealth attracts
diverse tourists and investors in real estate of summer. However, the rapid and disorderly growth of
the community makes it clearly noticeable the suffering of the ecosystem under such pressure,
deforestation, pollution, siltation, among others are possible to observe throughout the mangrove
region. The purpose of the present work was the mapping of the dry mangrove community in the
socioenvironmental question through the application of questionnaires to the residents and also the
direct observation of environmental characteristics.
Keywords: Mangroves, Coastal Ecosystems, Mapping, Anthropogenic Action.
INTRODUÇÃO
em uma área de 18.895 hectares, sobre a costa como franjas, atrás das praias, cordões litorâneos e
dunas arenosas, ou margeando rios e igarapés (Silva & Mochel, 1994).
METODOLOGIA
A área selecionada para a aplicação do estudo foi a comunidade do Mangue Seco, que
localiza-se no município de Raposa, ao noroeste da Ilha de São Luís e está inserido entre as
coordenadas: 2º 27‘ 06,86‖ e 2º 27‘ 21,81‖ S e 44º 09‘ 20,33‖ e 44º 09‘ 45,76‖ W. Para o
mapeamento da região foram selecionados quatro polígonos a serem percorridos tendo como
referencial a rua principal da comunidade, com o auxílio do programa Google Earth.
Para a realização da atividade, a turma de Educação e Ética Ambiental formada por 15
alunos, sob orientação da docente responsável, dividiram-se em quatro grupos (delimitando-se
assim os pontos: A1. Entrada da comunidade, A2. Área central da comunidade, A3. Borda e interior
do manguezal e A4. Praia do Mangue Seco). A metodologia proposta para o presente estudo
baseou-se na percepção e no mapeamento da comunidade, perpassando pela aplicação de
questionários semiestruturados utilizando metodologias quali-quantitativas e entrevistas. Tendo
como propósito o mapeamento das condições socioambientais dos moradores e da área, de acordo
com os tipos de residência, presença de energia elétrica, tipos de fonte de água, destino dos resíduos
domésticos, religião, entre outros. Além do propósito de analisar a sensibilidade ambiental e a
qualidade de vida da comunidade, quanto à supressão da região perante a ocupação desordenada e a
degradação ambiental. Posto isto, o mesmo contendo doze perguntas, sendo seis objetivas e seis
subjetivas, foram devidamente aplicados no dia 20 de janeiro de 2017, pelo turno da manhã, de
forma arbitrária.
Após a coleta das informações, os dados foram levados ao Laboratório de Ecologia de
Benthos e Manguezais (LAMA), para análise e tabulação de dados, com o auxílio do programa
Microsoft Office Excel 2010. As imagens de mapeamento foram feitas com o auxílio do programa
Google Earth.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
6
Esgoto encanado
5
Fossa
4
Mangue/rio/rua
3 Outros
2
0
A1 A2 A3 A4
vegetação local (o mangue), devido a baixa de oxigênio disponível causado pelo lançamento do
esgoto nestas áreas.
Com relação a questão voltado para o descarte de resíduos na comunidade, boa parte dos
mesmos estão dispostos em cestos, varais, contêineres ou outros. Como mostra a Figura 4, de
acordo com a visualização direta do entrevistador, dentre os locais apropriados para destino dos
residuos solidos encontrados disposto na zona de estudo,70% destes eram compostos por cestos,
20% em contêineres e 10% em varais. Em contrapartida, na zona A3 concentra-se a maior parte
destes meios (30%), seguido da zona A1 (20%), A4 (20%) e A2 (10%).
Cesto
2
Varal
Containner
1
0
A1 A2 A3 A4
rápida evolução do mesmo passaram a produzir uma grande quantidade de lixo inorgânico
(Almeida et al, 2011). A ligeira urbanização de uma área, seja ela costeira ou não, se não
controlada pode acarretar a curto e longo prazo problemas tanto ao ambiente quanto a saúde,
principalmente quando relacionado a saneamento básico.
A produção em alta quantidade e despejo inadequado de resíduos sólidos como vidros,
plásticos, borrachas acaba se tornando para a comunidade um sério risco a saúde, servindo até de
berço para vetores de doenças, como exemplo a Aedes Aegypti (mosquito transmissor da dengue).
Em relação aos resíduos orgânicos, estes podem tanto se tornar colaboradores para o
desenvolvimento da fauna e flora do manguezal, servindo como alimento e fonte de proteínas.
Porém também podem acarretar na ocorrência e/ou desenvolvimento de doenças. Nas demais áreas
houve a presença dos dois tipos de lixo, com um destaque em maioria para resíduos inorganicos,
como vidros, plasticos, entre outros (Figura 4).
2 Organico
Inorganico
0
A1 A2 A3 A4
proximidade com o pior e/ou com o ponto de chegada dos peixes frescos. Os pequenos mercados
observados (quatro no total) encontravam-se nos pontos A2 e A3, sendo que a maior parte (no total
três), localizam-se no ponto A2, mais próximos da avenida, local de acesso do fornecedor.
Em relação a atuação da espiritualidade sobre comunidade do Mangue Seco, uma variedade
de doutrinas foi citadas nas entrevistas pelos moradores, como: protestatismo com 47%, o
catolicismo com 39%, matrizes africanas com 12% e a opção ―não possui nenhum tipo de crenças‖
com 2%. Em questão da opção ―matrizes africanas‖, observou-se uma generalização por parte da
comunidade ao denominar suas crenças. Quando realizada a comparação entre as Áreas, o numero
de seguidores do catolicismo mostrou-se mais presente na área 4 (30%), seguida da área A3 (25%)
e por ultimo as áreas A1 e A2, mostrado 21%, ambas. Seguidores de ensinamentos protestantistas
foram mais notados na área A3 (35%), em segundo, área A2 (31%) e por último as áreas A1 e A4,
com 17%. Em relação aos seguidores de matrizes africanas, estes foram presentes apenas nas áreas
A1 e A4, anotando três pessoas em cada área. Quanto aos que não seguem nenhuma religião,
apenas uma pessoa foi registrana, na área A4. A presença da espiritualidade como crença nas
comunidades costeiras, pode demonstrar sua influencia diretamente sobre o meio ambiente. Mochel
(2005) enfatiza a necessidade do fortalecimento das questões de espiritualidade na comunidade no
contexto da Educação Ambiental, sem a contação de religiosidade. E ainda destaca a autora ―A
espiritualidade no sentido de percebermos que tudo está ligado a tudo, que nós fazemos parte de um
todo, que somos feitos de partículas, que ao morrermos nossos restos serão incorporados ao solo,
aos animais, às plantas, e todos terão um pouco de nós.‖
Com relação a iniciativas ambientais observadas na comunidade, quando questionado sobre
ações positivas que poderiam ser realizadas, observou-se uma nítida diferença entre cada ponto. Das
iniciativas observadas encontram-se: plantação de hortaliças, placas de conscientização e disposição
de lixeiras improvisadas. O estudo permitiu perceber que no ponto A4 (Praia do Mangue Seco), os
índices de iniciativas ambientais eram notórios em relação aos outros pontos (presença de placas
incitando à conscientização tanto de moradores, como de visitantes/turistas). Já nos pontos A1 A3
foi observado apenas a implantação de lixeiras manufaturadas como ação positiva e plantação de
hortaliças, nenhum tipo de ação positiva foi observada no ponto A2.
A Educação Ambiental em comunidades costeiras representam um fator definitivo para o
equilíbrio desenvolvimento sustentável. A aplicação da percepção ambiental possibilitou a
realização de uma análise descritiva das características estruturais e sociais da comunidades do
mangue seco. Os fatores observados foram, estrutura das casas, presença de locais adequados para
locação de lixos residenciais assim como a presença dos mesmos dispersos no ambiente aberto, foi
observado também a presença de animais e as condições ambientais do manguezal , dunas, apicuns,
igarapés (de acordo com a zona a ser observada), a presença e condições dos bares, restaurantes e
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, D.S.D. & MACIEL, N.C. 1979. Os manguezais do recôncavo da Baía de Guanabara.
Cadernos FEEMA, SerieTécnica 10. 113p.
Mudanças Climáticas,
Natureza e Sociedade
© Claudia Neu
RESUMO
O propósito deste artigo é descrever a ocorrência da passagem de um tornado no município de
Tapejara, no estado do Rio Grande do Sul, no ano de dois mil e quatorze. A descrição metodológica
do trabalho se refere, primeiramente, aos conceitos sobre o clima, tempo meteorológico e a
definição de tornados, sendo medidos através da escala Fujita. Além disso, a passagem do tornado
causou prejuízos e transtornos à população, a qual levou muito tempo para se restabelecer
socialmente e economicamente, desabrigando várias famílias, onde a cidade ficou totalmente
dependente da solidariedade da sociedade e do poder público.
Palavras chave: Clima, tempo meteorológico, tornados, Tapejara/RS.
ABSTRACT
The purpose of this article is to describe the occurrence of the passage of a tornado in the
municipality of Tapejara, in the state of Rio Grande do Sul, in the year two thousand and fourteen.
The methodological description of the work refers, firstly, to the concepts of climate, weather and
the definition of tornadoes, being measured through the Fujita scale. Moreover, the passage of the
tornado caused damage and disruption to the population, which took a long time to recover socially
and economically, displacing several families, where the city was totally dependent on the solidarity
of society and public power.
Keywords: Climate, weather, tornados, Tapejara/RS.
INTRODUÇÃO
Os tornados, começaram ser inicialmente observados nos Estados Unidos, onde o país
apresenta os maiores índices desses fenômenos naturais, mas são evidenciados em outros países
também, porém a América do Norte, tem o clássico corredor dos tornados, quando o mesmo toca ao
solo, sua velocidade e duração de tempo são surpreendentes, porque o mesmo tem uma curta
duração de tempo, mas a diferenciação da velocidade dos ventos, dependendo o caso, pode causar
graves prejuízos à população, principalmente, quando afeta as moradias, em áreas urbanas, são
completamente destruídas, já em áreas rurais, plantações são danificadas, tendo a possibilidade de
também animais mortos, como o gado, por exemplo. Portanto, esses problemas influenciam
diretamente nos fatores econômicos e sociais do município, do estado e do país onde eles ocorrem.
A formação de um tornado, se deve a vários fatores climáticos, como o choque entre a frente
fria e a frente quente, e também com a influência da umidade e as ilhas de calor que se fixam nas
áreas urbanas da cidade. Existem vários tipos de tornados, como por exemplo, as trombas de água,
que ocorre nos mares, e os redemoinhos de pó ou de fogo, que ocorrem quando há muito calor, sem
nuvens e com muito vento e em incêndios florestais.
No Brasil há grandes ocorrências de tornado, principalmente na estação da primavera, tendo
como principais corredores a região sul, que é composta pelos estados de Rio Grande do Sul, Santa
Catarina e Paraná, e a região sudeste que é constituída pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro,
Minas Gerais e Espírito Santo, no entanto, os mais violentos foram vistos nos estados de São Paulo,
Rio Grande do Sul e Santa Catarina, muitas vezes, isso decorre pela frente quente que permanece no
estados colidindo com uma frente fria que vem da Argentina.
Esse foi o caso do município de Tapejara, no estado do Rio Grande do Sul, que se encontra
no bioma da Mata Atlântica, sua hidrografia pertence à Bacia do Rio Uruguai, o clima é classificado
como temperado, mesotérmico e superúmido. A passagem do tornado, que ocorreu no ano de dois
mil e quatorze, atingindo a área urbana, em cinco bairros, deixando-os em situação crítica, causando
graves problemas às famílias que perderam suas moradias, sendo destruídas pelos fortes ventos
levando o município a decretar estado de emergência pela Defesa Civil, sendo comprovado pela
Defesa Civil a passagem do tornado, pelas observações na destruição dos bairros, mexendo assim
com os fatores econômicos do município.
As mudanças climáticas que ocorreram nos últimos anos no Rio Grande do Sul, possibilitou
para que o mesmo, tivesse mais índices de passagens de tempestades, até porque, foi comprovado
em outros municípios esses fenômenos com a velocidade dos ventos nunca vistos antes,
influenciados pelos fenômeno El Niño, responsável por grandes índices pluviométricos no estado,
causando enchentes em algumas cidades prejudicando os móveis das casas.
O objetivo deste trabalho concerne em descrever, contextualizar e analisar as
predominâncias em relação ao tempo e clima, com eixo principal aos tornados, em especial, o que
atingiu o município de Tapejara, no estado do Rio Grande do Sul, assustando a população,
desabrigando várias famílias, onde a cidade ficou totalmente dependente da solidariedade da
sociedade e do poder público.
O MUNICÍPIO DE TAPEJARA
O Município de Tapejara está situado no nordeste do Estado do Rio Grande do Sul (Figura
1), na zona de relevo do Planalto Médio, pertencente à mesorregião nordeste do Estado e
microrregião de Passo Fundo. O município tem uma extensão territorial de 903 km 2,
correspondendo a 0,29% da área do Estado. Sua posição geográfica está determinada pelo paralelo
28o de latitude sul e o meridiano de 52o de longitude oeste. A área atual do município é de 315,10
km2, sendo que 95,95% ou 302,34 km2 na zona rural e 4,5% ou 12,76 km2 na área urbana e de
expansão urbana, dentro do novo perímetro urbano. (BORTOLINI, 2016, p. 23)
Figura 1 – Localização do Município de Tapejara/RS. Fonte: Google Earth, Estado do Rio Grande do Sul,
localização do Município de Tapejara.
A ocupação do município de Tapejara se deu pelos imigrantes italianos que migraram para a
região de Tapejara, por volta de 1893, mas foi em 1940, que ocorreu a alteração do nome de Sede
Teixeira para Tapejara. Esta denominação tem origem indígena que moravam próximo ao Rio
Carreteiro, desta forma ―tape‖ que quer dizer ―Caminho‖ e ―Jará‖ que quer dizer ―Senhor‖, torna-se
o nome que em Tupi-guarani significa Senhor dos Caminhos. (PREFEITURA, 2017)
Através do Decreto-lei nº 720, de 29/12/1944, tomou o nome de Distrito Tapejara. No
quadro fixado para vigorar no período de 1944-1948, o Distrito de Tapejara figura no Município de
Passo Fundo, assim permanecendo em divisão territorial datada de 01/07/1955. (BORTOLINI,
2016, p. 113)
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Censo Demográfico de
1980, o município possuía 21.138 habitantes. Em 1991, a população era de 18.887 e em 2000
haviam 15.115 moradores. Já em 2010 foram constatados 19.250 habitantes, destes 9.858 são
mulheres e 9.392 homens. Em Julho de 2015, o IBGE estimou 21.525 habitantes. O PIB per capita
(estimativa de 2012) é de R$ 32.417,11. O município é constituído de indústrias, com o total de
167, comércio e serviços, somando 1.161, propriedades rurais, em número de 912, residências
urbanas, totalizando 7.634 e estabelecimentos de ensino, num somatório de 19.
Os principais pontos turísticos do município são a Igreja Matriz Nossa Senhora da Saúde, a
Gruta Nossa Senhora de Lourdes, o Parque Municipal Ângelo Eugênio Dametto, a praça central
Sílvio Ughini, a praça Lucélia Poletto e o pinheiro que tem mais de 400 anos.
Portanto, pode ser considerada uma cidade de pequeno porte, com a economia baseada em
comércio e agricultura, com ênfase em plantações de soja, trigo e milho, também, com a criação de
animais, como aves e gado para a produção leiteira e na produção de carne. Tendo um crescimento
maior que a média nacional, sendo conhecida como a Terra do Empreendedorismo.
Para compreender como acontece os tornados, é imprescindível abordar alguns termos como
o clima, o tempo meteorológico e os tipos de tornados existentes, a partir das bibliografias
específicas.
Segundo Ayoade (2003, p. 2), o clima refere-se às características da atmosfera, inferidas de
observações contínuas de um longo período. O clima abrange um grande número de dados das
condições médias do tempo de uma determinada área, por no mínimo 35 anos. Ele inclui
considerações dos desvios em relação as médias (variabilidade), condições extremas e as
probabilidades de frequência de ocorrência de determinadas condições de tempo. Desta forma, o
clima apresenta uma generalização, enquanto o tempo meteorológico trabalha com eventos
específicos.
Tempo meteorológico é a condição de curto prazo, do dia a dia da atmosfera. É uma
―fotografia‖ das condições atmosféricas e a situação do balanço de energia térmica entre a Terra e a
atmosfera. Elementos importantes que contribuem com o tempo são: a temperatura, a pressão
atmosférica, a umidade relativa, a velocidade e a direção do vento e fatores sazonais, como
recebimento de insolação relacionado à duração do dia e ao ângulo solar. (CHRISTOPHERSON,
2012, p. 206).
Em relação aos tornados, o mesmo autor (p. 224), ressalta que as correntes ascendentes
associadas ao desenvolvimento de cumulonimbus aparecem em imagens de satélite como bolhas
pulsantes de nuvens, às vezes como supercélulas de correntes ascendentes rotatórias. O atrito com o
solo reduz a velocidade dos ventos superficiais, mas no alto na troposfera, os ventos sopram com
mais intensidade. Desta forma, um corpo de ar se movimenta mais rapidamente a altitudes mais
altas do que na superfície, criando uma rotação no ar sobre o eixo horizontal paralelo ao solo.
Quando esse ar rotatório encontra as fortes correntes ascendentes associados com atividade frontal,
o eixo de rotação se desloca para um alinhamento vertical perpendicular ao solo, formando o
tornado.
Segundo TORRES e MACHADO (2011, p. 217),
um tornado é visto como uma coluna ondulante de nuvens que aparentemente suspensa de
uma espessa nuvem escura (Cumulonimbus), toca a terra. No seu centro, o ar torna-se
rarefeito sob a influência da força centrífuga e sua pressão cai para quase metade do seu
valor normal. A velocidade dos ventos perto do centro da coluna só pode ser calculada, pois
quaisquer instrumentos próximos são destruídos; provavelmente a velocidade alcance 480
km/h. A área central que produz danos sérios tem apenas 100 metros de largura, mas, na
medida em que o tornado avança, a coluna deixa atrás de si um longo rastro de destruição,
em uma faixa com aproximadamente essa largura. Os tornados ocorrem em frente frias,
quando o ar quente está muito úmido e instável. Aparecem onde há diferenças extremas
entre a direção das massas de ar frio e quente.
Segue a Tabela 1 com a definição da escala Fujita que vai de F0 a F5, com relação a
velocidade dos ventos dos tornados, e os danos.
As diferenças de velocidades vão atuar diretamente nas questões econômicas e sociais, pois
quanto maior a velocidade, maiores são os prejuízos causados pelos tornados. Porém, os mesmos
são fenômenos naturais, mas quando atingem níveis elevados dos ventos, pode acarretar a morte de
uma pessoa, ou seja, o cuidado é muito relevante quando essa tempestade está se aproximando.
Refúgios em baixo das casas, são usados como forma de proteção nos Estados Unidos.
Bianchini, o tornado deixou uma criança e a mãe feridos com a queda de uma parede na casa. O
terceiro e o quarto bairro, respectivamente, Real I e Real II, as famílias, que ali viviam, tiveram que
sair de suas residências, ou seja, os telhados foram arrancados deixando as casas totalmente
danificadas, o que foi agravado pela forte chuva na sequência, ocorrendo a perda de móveis. Já o
quinto o bairro, São Paulo (Figura 3), houve a ocorrência dos postes caídos, quebra de vidros das
moradias, árvores arrancadas do solo, muros das casas caídos, destelhando indústrias com prejuízos
na perca de maquinários. Esse foi o último bairro, no qual, o tornado chegou ao fim se dissipando.
Figura 2 – Bairro Treze de Maio. Fonte: Prefeitura Figura 3 - São Paulo. Fonte: Prefeitura de Tapejara
de Tapejara (2014) (2014)
Na manhã do mesmo dia, os estragos foram grandes, assustando a população, que seguiram
sem energia elétrica nas residências. Apesar do grande prejuízo e do desconsolo das pessoas que
foram prejudicadas, iniciou o trabalho de limpeza, unidos aos Bombeiros voluntários, a Brigada
Militar e a Mux Energia. Também iniciou o serviço de organização, ou seja, os Bombeiros
voluntários junto com a Brigada Militar, foram auxiliar as famílias atingidas, oferecendo abrigo no
CTG Manoel Teixeira, recebendo doações do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS)
do município e de outros voluntários. Já a Mux Energia, se encarregou de retirar os postes das
avenidas, restabelecendo a energia elétrica para a população. A prefeitura decretou estado de
emergência na Defesa Civil, recebendo recursos do Ministério da Integração Nacional, tendo a
liberação emergencial de R$ 700 mil para socorrer os mais necessitados.
É importante entender que os tornados são fenômenos naturais, ou seja, a ocorrência dele é
algo natural e que independe da vontade humana, mas os prejuízos causados por eles, são extremos.
Observa-se que à população mais prejudicada é a de menor poder aquisitivo, o que denota a
fragilidade social, que em situações extremas, depende do poder público e principalmente da
solidariedade da sociedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os tornados dependendo da velocidade dos ventos, são tempestades violentas, quando tocam
o solo, representados pela Escala Fujita, que mede a velocidade dos tornados. Estes, podem sofrer
influencia das mudanças climáticas, pela presença dos fenômenos El Niño e La Niña, que estão
evoluindo e se modificando, ou seja, em determinadas regiões do Brasil, como por exemplo, há
secas na região nordeste do país e nas regiões do sul e sudeste com altos índices pluviométricos.
Também sofrem influência do relevo existente nas diferentes regiões.
Através desse artigo, determina, que essas tempestades são fenômenos naturais, que geram
os prejuízos econômicos e sociais. Contudo, nos últimos anos, esses fenômenos tem ocorrido de
forma irregular nos Estados Unidos, ao qual, se comprova que houve um aumento dessas
tempestades, sendo analisadas por via satélite nos campos meteorológicos.
No entanto, o tornado que atingiu o município de Tapejara, no estado do Rio Grande do Sul,
deixando um rastro de destruição na área urbana, comprova que a velocidade e o tempo de duração
podem causar estados de emergência em apenas minutos.
REFERÊNCIAS
AYOADE, J. O; SANTOS, Maria Juraci Zani dos; BASTOS, Suely; CHRISTOFOLETTI, Antonio.
(Org.) Introdução à climatologia para os trópicos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.
RESUMO
O sensoriamento remoto se caracteriza como uma ferramenta metodológica fundamental quando
utilizada em análises climáticas de temperatura, dado que, à sua funcionalidade e praticidade
possibilita diversas perspectivas de análise e resultados. O presente estudo tem como objetivo
principal analisar o comportamento de temperatura de superfície na malha urbana do município de
Araguari/MG, utilizando-se banda termal do satélite landsat 8. O município de Araguari localiza-se
na Macrorregião do Alto Paranaíba. Seu clima é caracterizado por verões úmidos e invernos secos,
podendo ser classificado como Aw. As análises foram realizadas a partir do processamento de
imagens de satélites das cenas geradas no sensor 10 (infravermelho termal) do satélite landsat 8 no
software ArcGis 10.1. Neste software foram realizados todos os processamentos de correção
radiométrica e conversão de valores de radiância para temperatura. Resultados exibem que no mês
de Junho de 2016 as maiores temperaturas concentraram-se na área central e no setor industrial da
cidade, variando entre 26°C a 29°C e as menores nos bairros residenciais mais afastados, onde as
temperaturas variaram de 22°C a 24°C. Já no mês de Outubro de 2016, as maiores temperaturas
variaram entre 34°C a 38°C e as menores entre 30°C a 34°C. Enfim, a realização deste estudo
possibilitou a indentificação da oscilação das temperaturas em distintos pontos da cidade, assim
como de uma estação para a outra.
Palavras-chave: Análise de temperatura, sensoriamento, Araguarí (MG).
ABSTRACT
Remote sensing is characterized as a basic methodological tool when used in climatic temperature
analysis, since its functionality and practicality enables various perspectives of analysis and results.
This study is meant to examine the surface temperature behavior of the urban area in the city of
Araguari / MG, using thermal band satellite Landsat 8. The city of Araguari is located in the Macro-
region of Alto Paranaíba. Its climate is characterized by wet summers and dry winters and can be
classified as Aw. The results were obtained from the processing of satellite images, with scenes
generated in the sensor 10 (thermal infrared) satellite Landsat 8 in ArcGIS 10.1 software. This
software conducted all processing of radiometric correction and conversion of radiance values for
temperature. Results show that in June 2016 the highest temperatures concentrated in the central
area and in the industrial sector of the city, ranging from 26 ° C to 29 ° C and lower in residential
areas further away, where temperatures ranged from 22 ° C to 24 ° C. Yet in October 2016, higher
temperatures ranged from 34 ° C to 38 ° C and 30 ° C lower from the 34 ° C. Finally, this study
promoted a sense of fluctuation of temperatures in different parts of the city, as well as from one
season to the next.
Keywords: Temperature analysis, sensing, Araguari (MG).
15
Apoio: PROEX/UFU, PROEXT/MEC – Programa: Monitoramento Climático para Prevenção de Desastres Naturais.
INTRODUÇÃO
Nos estudos climáticos de temperatura, a utilização do sensoriamento remoto a partir de
imagens de satélites, tem assumido um papel de destaque devido à sua funcionalidade e praticidade
metodológica e perspectivas de análise, que podem estar voltadas para vários aspectos do cotidiano
das cidades, como, a variação da temperatura em determinados pontos do perímetro urbano. Neste
ambiente a Temperatura da Superfície Terrestre (LST) se torna uma importante variável climática
quando utilizada na constatação de variações térmicas a partir do controle da radiação terrestre e
superfície sensível em conjunto à superfície latente de troca de fluxo de calor com o ambiente.
(AIRES 2001; SUN 2003). Para Jin (1996), o LST está relacionado diretamente ao balanço de
energia da superfície e do comportamento termal integrado da atmosfera presente na camada limite
planetária.
Segundo Paiva (2005), as trocas de energia entre a vegetação e a atmosfera por meio do
balanço de radiação e fluxos de calor sensível e calor latente são fundamentais na modelagem
climática. Isso decorre capacidade que a troca de calor entre os diferentes materiais da superfície
terrestre possui de influenciar levantamentos de LST.
O LST amplia as diretrizes de análise que estão relacionadas à determinação de
comportamentos termais de diferentes materiais na superfície terrestre e consequentemente
possibilita a constatação de possíveis alterações climáticas em determinadas localidades. Cabe
destacar a elaboração de análises utilizando-se de canais termais de satélite se torna viável, quando
relacionada ao levantamento de dados e estudos sobre o comportamento de temperatura de
superfície. Salienta-se ainda que para o processamento e análise de imagens faz-se necessário a
utilização de dados de sensoriamento remoto no infravermelho termal (TIR), pelo fato de que,
imagens de satélite de temperatura de superfície são obtidas a partir da radiação emitida.
MATERIAIS E MÉTODOS
conjunto OLI (operational Land Imager) que integra as bandas de 1 a 8 (região óptica do espectro) e
a banda 9 (pancromática) e o conjunto TIRs (Thermal Infrared Sensor) que opera com as bandas 10
e 11 no infravermelho termal.
As imagens correspondem às cenas geradas no sensor 10 (infravermelho termal) e
processadas no software ArcGis 10.1. No ambiente do software foram realizados todos os
processamentos de correção radiométrica e conversão de valores de radiância para temperatura. A
correção radiométrica toma como referência os valores de radiação obtidos no topo da atmosfera
(TOA), equação 1:
Equação 1
Onde:
Lλ - valor da radiância espectral no topo da atmosfera - TOA, medida em Watts /m2 * srad *
µm.
ML - fator multiplicativo escalonado específico constante no arquivo de metadado
(RADIANCE_MULT_BAND_x, onde x é o número da banda).
AL - fator aditivo escalonado específico constante no arquivo de metadado
(RADIANCE_ADD_BAND_x, onde x é o número da banda).
Qcal - produto padrão quantificado e calibrado por valores de pixel (DN). Este valor é
referente a cada banda da imagen.
Outra conversão realizada foi a transformação de radiância espectral em temperatura de
brilho do satélite em graus Kelvin (k), equação 2:
Equação 3
Onde:
T - temperatura de brilho aparente em graus kelvin (K).
Lλ - reflectância no topo da atmosfera (Watts/( m2 * srad* μm)).
K1 - constante de conversão K1 específica para cada banda, também denominada de
constante térmica, disponível no arquivo de metadato (K1_CONSTANT_BAND_x, onde x
é o número da banda, 10 ou 11).
K2 - constante de conversão K2 específica para cada banda, também denominada de
constante térmica, disponível no arquivo de metadato (K2_CONSTANT_BAND_x, onde x
é o número da banda, 10 ou 11).
Como produto final têm-se o raster em forma de matriz digital, com resolução espacial de 30
m, onde o atributo Z corresponde aos valores de temperatura em graus centigrados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Já nos bairros residências mais afastados dessas regiões conurbadas, foram evidenciadas as
temperaturas mais baixas, variando de 22°C a 25°C, assinadas pelas cores em verde. Estas
temperaturas são reflexos de áreas arborizadas, algumas próximas a rios e córregos, caracterizadas
por áreas de preservação permanente que consequentemente permanecem conservadas, alterando o
sistema de temperaturas altas. Nota-se na parte superior da Figura 2, a proximidade da ocupação
residencial em relação a uma área arborizada e paralela a um curso d‘agua, esta região apresenta o
perfil de temperatura elevada com uma área de temperatura reduzida no centro da quadricula,
circundada pelas construções e ocupações que acumulam temperatura e apresenta variações
abruptas e próximas em escala da totalidade do perímetro urbano visto na imagem do Google Earth.
Imagem 1: Região com zona de frescor envolvida por áreas de calor. Clube Pica-Pau Araguari – Minas
Gerais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo ratifica a importância da utilização das imagens de satélites e dos algoritmos
aplicados como recursos essencialmente metodológicos. A partir dos cálculos processados, foram
obtidos resultados satisfatórios, dado que, os mapas evidenciaram uma espacialização lógica do
comportamento de temperatura em função da distinção variação da cobertura de superfície de
Araguari(MG).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AIRES, F., C. PRIGENT, W.B. ROSSOW, and M. Rothstein, 2001: A new neural network
approach including first-guess for retrieval of atmospheric water vapor, cloud liquid water path,
surface temperature and emissivities over land from satellite microwave observations. J.
Geophys. Res., 106, 14887-14907, doi:10.1029/2001JD900085.
JIN, M; TREADON, R. E., 2003: Correcting the orbit drift effect on AVHRR skin temperature
measurements. Int. J. Remote Sens., 24, 1–16.
SOBRINHO, J. A.; JIMÉNEZ-MUÑOZ, J. C.; SÓRIA, G.; ROMANGUERA, M.; GUANTER, L.;
MORENO, J. PLAZA, A.; MARTÍNEZ, P. Land surface emissivity retrieval from different
VNIR and TIR sensors. IEEE transactions on geoscience and remote sensing, vol. 46, n. 2,
february 2008, 316-317 pp.
DICKINSON, R. E., 1994: Satellite systems and models for future climate change. Future Climates
of the World: A Modelling Perspective, A. Henderson-Sellers, Ed., 16, World Survey of
Climatology, Elsevier, 27.
http://wwwp.coc.ufrj.br/teses/doutorado/inter/2005/Teses/PAIVA_CM_05_t_D_rhs.pdf/>.
Acessado em: Jun de 2017.
RESUMO
O clima tem ação preponderante nas manifestações da fauna, da flora local e em todos os recursos
naturais que nos cercam. Nesse contexto, a classificação climática procura definir os limites
geográficos dos diferentes tipos de clima que ocorrem em todo o mundo, logo, é considerado um
estudo básico para áreas afins. Dessa forma, objetivou-se classificar climaticamente a sub-bacia de
São Lourenço, no município de Campo Verde, MT. Para isso, utilizou-se das metodologias de
Köeppen e de Thornthwaite em dados normais de temperatura do ar e precipitação pluviométrica no
período de 36 anos (1984 a 2014). Houve uma redução contínua dos índices de umidade e efetivo
de umidade enquanto houve um aumento contínuo do índice de aridez no período estudado. Além
disso, houve um decréscimo substancial na precipitação pluviométrica e um aumento da
temperatura em torno de 1,5 ºC no período estudado. Os índices resultaram na fórmula climática
de Thornthwaite de B2 rA‘ a‘. A classificação climática de Köeppen, apresentou a classificação Aw.
Palavras-chave: precipitação, Mato Grosso, balanço hídrico.
ABSTRACT
The climate has a preponderant action in the manifestations of the fauna, of the local flora and in
all the natural resources that surround us. In this context, a climatic classification seeks to define
the geographical limits of the different types of climate that occur all over the world, so it is
considered a basic study for related areas. Thus, it was aimed to classify a sub-basin of São
Lourenço, in the municipality of Campo Verde, MT, climatically. For this, the Köeppen and
Thornthwaite methodologies were used for normal temperature and rainfall data over a period of
36 years (1984 to 2014). There was a continuous reduction of humidity and effective humidity,
continued in the dryness index in the period studied. In addition, there was a substantial decrease
in rainfall and an increase in temperature around 1.5 ° C without study period. The indices
resulted in the Thornthwaite climatic formula of B2 rA 'a'. A climatic classification of Köppen
presented an Aw rating.
Keywords: precipitation, Mato Grosso, water balance.
INTRODUÇÃO
A classificação climática tem como objetivo a definição dos limites geográficos dos
diferentes tipos de clima que ocorrem em todo o mundo, sendo considerado um estudo básico
para áreas afins (Cunha and Martins, 2009). Além disso, fornece subsídio científico para
posteriores inferências científicas na medida em que ordena um grande número de informações,
facilitando a rápida recuperação e comunicação.
A classificação é um ato com fins a simplificar, esclarecer e compreender os complexos
padrões climáticos do mundo (Ayoade, 2010). Nesse contexto, os sistemas de classificações
climáticas (SCC) são de grande importância, pois analisam e definem os climas das diferentes
regiões levando em consideração parâmetros ao mesmo tempo, facilitando a troca de informações
e análises posteriores para diferentes objetivos (Rolim et al., 2007).
Um dos SCC mais abrangentes é o de Köeppen (Köeppen, 1931), os quais, partindo do
pressuposto que a vegetação natural é a melhor expressão do clima de uma região, desenvolveu um
SCC ainda hoje largamente utilizado, em sua forma original ou com modificações. Já no SCC de
Thornthwaite (Thornthwaite, 1948), a planta não é vista como um instrumento de integração dos
elementos climáticos, e sim, como simplesmente um meio físico pelo qual é possível transportar
água do solo para a atmosfera. Dessa forma, um tipo de clima é definido como seco ou úmido
relacionado às necessidades hídricas das plantas, ou seja, dependente de um balanço hídrico.
A agricultura do Mato Grosso é importante no cenário nacional, pois o estado é o primeiro
na produção de grãos no país (Conab, 2015), no entanto, as medidas de rotina em estações
meteorológicas no estado de Mato Grosso, ainda são escassas e, sobretudo, apresentam grande
variabilidade espacial. Pela rede de estações do INMET (2014), existem 12 estações
meteorológicas convencionais, sendo que destas, apenas cinco apresentam bases de dados
superiores a 30 anos (normal climatológica) dentre as quais destaca-se a estação climatológica de
São Vicente da Serra.
O objetivo deste trabalho foi complementar e atualizar a classificação feita por Oliveira et
al. (2004) para a região sul do estado do Mato Grosso, analisando as alterações das variáveis
climáticas ocorridas) decorrente do histórico de 30 anos de dados fornecidos pela estação
climatológica da região, segundo os métodos de Thorthwaite (1948) e de Köeppen (1931).
MATERIAL E MÉTODOS
A área de estudo está localizada no sul do estado de Mato Grosso, Centro-Oeste do Brasil,
compreendendo cerca de 10.000 km2. A área é caracterizada pela vegetação de Cerrado e suas
tipificações (Radambrasil, 1982a,b). A área de coleta dos dados climáticos localiza-se no município
de Campo Verde, MT, local em que está situado o Instituto Federal de Mato Grosso Campus São
Vicente, com coordenadas geográficas 15º 49‘ S e 55º 25‘ W com 790 m de altitude.
O material analisado neste trabalho e que o norteou no seu contexto final foram os dados
de observações do período compreendido entre 1984 a 2014, oriundos da estação climática de
Campo Verde, Mato Grosso, Brasil, vinculada à 9ª estação meteorológica localizada na cidade de
Cuiabá e ao Ministério da Agricultura.
Para avaliarmos esta análise de comportamento dos elementos climáticos da região, os
dados avaliados compreenderam o período de 1984 a 2014. De forma a verificar a influência do
tempo na classificação climatológica de Campo Verde lançou-se mão da construção de tabelas
que pudessem descrever a classificação climatológica entre os períodos de 1984 até 2014.
Método de Thornthwaite
Equação (1)
100
Equação (2)
6 Equação (3)
em que:
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1. Temperaturas (ºC) média, máxima e mínima e precipitações pluviométricas (mm) mensais e
acumuladas para o período de 1979 a 2014. IFMT núcleo avançado de Campo Verde, MT, 2015.
Temperatura (ºC) Precipitação
Mês (1) Pluviométrica Pluviométrica
Média Máxima Mínima
(mm) acumulada
Janeiro 23,9 27,81 20,23 288,00 288
Fevereiro 23,9 28,08 19,93 298,7 586,7
Março 23,9 28,16 17,68 276,8 863,5
Abril 23,8 28,38 19,92 188,2 1051,7
Tabela 2. Balanço hídrico para capacidade de água disponível (CAD) igual a 100 mm considerando dados
médios do período de 1984 a 2014. IFMT núcleo avançado de Campo Verde, MT, 2014.
Pp (mm) ARM CAD
MÊS ETP P-ETP NEG-AC ALT ER DEF EXC
(normal) 100 mm
Janeiro 268,65 115 154 0 100 0 114,8 0 154
Fevereiro 266,4 99 168 0 100 0 98,5 0 168
Março 270,2 104 166 0 100 0 104,4 0 166
Abril 180,2 99 81 0 100 0 99,1 0 81
Maio 42,5 82 -40 -40 60 -40 82,1 0 0
Junho 10,8 77 -67 -106 0 -60 71,2 6 0
Julho 4,3 78 -73 -180 0 0 4,3 73 0
Agosto 20,4 98 -77 -257 0 0 20,4 77 0
Setembro 62,8 111 -48 -305 0 0 62,8 48 0
Outubro 165,45 123 42 0 42 42 123,2 0 0
Novembro 211,5 112 99 0 100 58 112,3 0 41
Dezembro 211,4 117 94 0 100 0 116,9 0 94
Ano 1714,6 1214,8 499,8 -886,9 702,6 0,0 1010,1 205 704
Em que NEG-AC refere-se ao negativo acumulado durante o período de déficit hídrico; ARM CAD, ALT, ER, DEF,
EXC referem-se à capacidade de armazenamento para máxima de 100 mm, alteração na CAD, evapotranspiração
real, deficiência hídrica e excesso de água respectivamente.
Verificou-se que os meses de junho, julho, agosto e setembro são aqueles com relevante
período de déficit hídrico, havendo, por conseguinte, necessidade de suplementação d‘água para
os cultivos. Simulando a capacidade de água disponível no solo (CAD) para algumas opções de
profundidade, observa-se a mesma tendência de comportamento conforme mostrado na Tabela 2.
Para os períodos compreendidos entre 1984 - 1989, 1984 – 1994, 1984 – 1999, 1984 –
2004, 1984 – 2009 e 1984 - 2014, os índices Iu, Ia e Im; calculados para as condições de São
Vicente da Serra foram estimados em: 82,87%, 8,62% e 77,70%; 74,24%, 8,63% e 69,06%;
64,65%, 12,32% e 57,26%; 63,55%, 13,55% e 55,42%; 62,5%, 14,51% e 53,79%; 57,95%,
16,87% e 47,82%, respectivamente. Ou seja, houve uma redução contínua dos índices de umidade
e efetivo de umidade enquanto houve um aumento contínuo do índice de aridez.
Supondo o balanço hídrico para CAD igual a 100 mm, segundo os critérios propostos por
Thornthwaite (1948), em Campo Verde, o clima é e foi do tipo úmido com pequena ou nenhuma
deficiência de água, megatérmico, variante a‘ (B4 r A‘ a‘) no período de 1984 - 1989; úmido com
pequena ou nenhuma deficiência de água, megatérmica, variante a‘ (B3 r A‘ a‘) no período de
1984 – 1994; úmido com pequena ou nenhum deficiência de água, megatérmico, variante a‘ (B3 r
A‘ a‘) no período de 1984 – 1999; úmido com pequena ou nenhuma deficiência de água,
megatérmico, variante a‘ (B3 r A‘ a‘) no período de 1984 – 2004; úmido com pequena ou
nenhuma deficiência de água, megatérmico, variante a‘ (B3 r A‘ a‘) no período de 1984 – 2009;
úmido com pequena ou nenhuma deficiência de água, mesotérmico, variante a‘ (B2 r A‘ a‘)
atualmente, ou seja, para o período de 30 anos compreendido entre 1984 - 2014.
Dessa forma, notou-se alteração na classificação climática em função do tempo. Ou seja,
iniciando-se em 1984, o clima era classificado como da classe úmida B4. No período de 1984 –
1994 essa classe úmida foi reduzida para B3. Nos últimos cinco anos, compreendido entre 2009 a
2014 verificou-se novamente uma alteração na qual o índice de umidade foi alterado de B3 para
B2, ou seja, o índice efetivo de umidade foi sendo modificado em função dos anos com uma
tendência a reduzir sua umidade mais ainda nos próximos anos sugerindo mudanças climáticas
relevantes nessa região mato-grossense.
Segundo critérios propostos por Köeppen (1931), em São Vicente da Serra no período
compreendido entre 1984 a 2014 passando-se ainda pelos intervalos de estudo de aumentativo de
cinco anos, o clima classifica-se como da zona climática A, variedade específica w, clima tipo
tropical chuvoso com estação seca no inverno e chuvosa no outono, com a seguinte descrição:
Aw.
Notou-se que com o passar dos anos, houve grandes alterações no balanço hídrico da
região e, consequentemente, na classificação climática (sobretudo na classificação climática de
Thorthwaite (1948)), pois verificou-se que de 1984 até o ano de 2014, o clima sofreu um processo
rápido de alteração e essas alterações têm feito com que os períodos de seca na região sejam mais
severos (observado pelo aumento dos valores de NEG-AC e redução dos valores de EXC) ao
longo dos anos.
Figura 1. Variação da precipitação pluviométrica (Pp) (mm ano -1), temperaturas máximas (Tmax) (ºC) e
mínimas (Tmin) (ºC) na região de São Vicente da Serra entre os períodos entre 1984-2014. IFMT Campus
São Vicente da Serra. Fonte: Estação climatológica de São Vicente da Serra.
Os resultados deste trabalho concordam com aqueles apresentados por Griggs et al. (2002)
e Hansen et al. (2005), os quais, observaram que durante os últimos 100 anos, o clima da Terra tem
experimentado um aquecimento médio de aprox. 0,8 ° C, com um aumento de 0,6 ° C somente nas
últimas três décadas. Além disso, de acordo com os autores, a década de 1990 foi à década de
maiores alterações. Assim, as mudanças climáticas são agora aceitas como as principais ameaças à
biodiversidade global (Sala et al., 2000).
CONCLUSÕES
Supondo o balanço hídrico para CAD igual a 100 mm, segundo os critérios propostos por
Thornthwaite (1948), em São Vicente da Serra, o clima é do tipo úmido com pequena ou
nenhuma deficiência de água, mesotérmico, variante a‘ com a seguinte fórmula: B2 r A‘ a‘.
De acordo com os critérios propostos por Koeppen (1931), em Campo Verde, no período
compreendido entre 1979 a 2014 passando-se ainda pelos intervalos de estudo quinquenais o
clima é classificado como da zona climática A, variedade específica w, clima tipo tropical
chuvoso com estação seca no inverno e chuvosa no outono, com a seguinte descrição: Aw.
REFERÊNCIAS
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RESUMO
A precipitação proporciona um papel fundamental para o desenvolvimento de regiões semiárida do
Nordeste brasileiro, se destacando com ampla relevância no abastecimento populacional, na
agricultura, pecuária e no desenvolvimento socioeconômico da região. Assim, o presente trabalho
tem como objetivo principal analisar a variabilidade climática do município de Patos-PB através da
climatologia espaço-temporal da precipitação. O município de Patos, localizado no Estado da
Paraíba, fica compreendido na mesorregião do Sertão Paraibano e microrregião de Patos. Para a
avaliação temporal da precipitação do município, utilizou-se dados fornecidos pela Agência
Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (AESA), no qual foi calculada as médias
mensais e anuais de precipitação do município. Para a espacialização utilizou-se o software surfer,
aonde foram utilizados 7 pontos meteorológicos que foram as cidades vizinhas a Guarabira. O
comportamento pluviométrico temporal do município de Patos se dá em dois períodos distintos, um
período de cinco meses úmidos e outro com sete meses secos.
Palavras-chaves: Chuva, Variabilidade, Nordeste, Planejamento, Agricultura.
ABSTRACT
Rainfall plays a key role in the development of semi-arid regions of the Brazilian Northeast,
highlighting with great importance the population supply, agriculture, livestock and socioeconomic
development of the region. Thus, the present work has as main objective to analyze the climatic
variability of the municipality of Patos-PB through the space-time precipitation climatology. The
municipality of Patos, located in the State of Paraíba, is comprised in the meso-region of Sertão
Paraibano and the micro-region of Patos. For the temporal evaluation of the precipitation of the
municipality, we used data provided by the Executive Agency of Water Management of the State of
Paraíba (AESA), in which the monthly and annual precipitation averages of the municipality were
calculated. For the spatialisation, the surfer software was used, where 7 meteorological points were
used, which were the neighboring cities of Guarabira. The temporal pluviometric behavior of the
municipality of Patos occurs in two distinct periods, one period of five humid months and the other
with seven dry months.
Keywords: Rain, Variability, Northeast, Planning, Agriculture.
INTRODUÇÃO
Assim, o presente trabalho tem como objetivo principal analisar a variabilidade climática do
município de Patos-PB através da climatologia espaço-temporal da precipitação.
MATERIAIS E METODOS
O município de Patos (Figura 2), localizado no Estado da Paraíba (Figura 1), fica
compreendido na mesorregião do Sertão Paraibano e microrregião de Patos, localiza-se no centro do
estado com vetores viários interligando-o com toda a Paraíba a uma distância de 307 km de João
pessoa que é a capital do Estado, e viabilizando o acesso aos Estados do Rio Grande do Norte,
Pernambuco e Ceará. Abrange uma área de 512,791 km2 de extensão territorial e de acordo com o
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no ano de 2016 sua população foi estimada
em 107.067 habitantes. Patos é a 3ª cidade polo do estado da Paraíba, considerando sua importância
socioeconômica, o clima de Patos é semiárido quente e seco.
-6.5 -6.95
Latitude(°)
-7
Latitude(°)
-7
-7.5 -7.05
-8 -7.1
Foi obtido dados de 01 (um) posto pluviométrico, localizado no município de Patos, do qual,
foi disponibilizada uma série histórica de 21 anos, vale ressaltar que ao longo da série histórica de
dados foram encontradas algumas lacunas, porém, as mesmas não representaram alterações
significativas nos resultados. Para a climatologia, uma série como esta é considerada curta, contudo,
segundo Santos et al. (2011), ―embora curta, ela nos permite formular hipóteses sobre tendências de
aumento ou redução das chuvas‖.
Para a espacialização foram utilizados 7 pontos meteorológicos que foram as cidades
vizinhas a Patos, sendo elas São José de Espinharas e São Mamede ao NORTE, Santa Teresinha e
Cacimba de Areia ao SUL, Quixaba ao LESTE e Malta ao OESTE onde foram feitas a média de
cada cidade e depois foram plotados no software surfer para gerar a figura de espacialização da
cidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O comportamento temporal da precipitação do município de Patos se deu em dois períodos
distintos, um período de cinco meses úmidos e outro com sete meses secos. A estação chuvosa se
inicia de Janeiro a Maio, apresentando o mês de março como o mais representativo atingindo uma
média de 199,3 mm de precipitação, ―isto ocorre por causa da Zona de Convergência Intertropical
(ZCIT) que atua de fevereiro a maio ocasionando uma maior precipitação nos meses de março‖
(UVO, 1989). Em contrapartida a estação seca vai de Junho a Dezembro, com o mês de setembro o
menor em termos de precipitação com valores médios em 1,9 mm (Figura 3).
250,0
200,0
Precipitação (mm)
150,0
100,0
50,0
0,0
Ago
Out
Nov
Mar
Abr
Mai
Jul
Jun
Fev
Dez
Jan
Set
Meses
16%
84%
850
830
-6.95 810
790
770
Latitude(°)
-7
750
730
-7.05 710
690
-7.1 670
650
630
-7.15 610
-37.5 -37.45 -37.4 -37.35 -37.3 -37.25 -37.2
Longitude(°)
CONCLUSÕES
REFERENCIAS.
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Planejamento e Gestão de
Áreas Protegidas
© Giovanni Seabra
RESUMO
A caatinga, apesar de ser o único bioma exclusivamente brasileiro, é um dos menos protegidos por
Unidades de Conservação (UC), com apenas 7,8% do seu território nessa condição. O presente
trabalho tem a finalidade de analisar o potencial da Serra do Torreão em se tornar uma nova UC
baseado nos dados florísticos. Além disso, esse trabalho pretende indicar em quais categorias de UC
a serra poderia ser enquadrada. A Serra do Torreão está localizada na Comunidade do Corte, no
município de João Câmara/RN (5º 32‘ 3,55‖ lat S e 35º 50‘ 43,08‖ long W). Foram realizadas
quatro expedições para colher material botânico, o qual, depois de preparado e identificado, foi
depositado no Herbário UFRN. O enquadramento da área em uma das categorias se deu a partir da
análise da legislação nacional pertinente. O levantamento florístico apontou um total de 36 espécies,
31 gênero de 23 famílias. A família mais representativa foi Euphorbiaceae com 6 espécies. Embora
o levantamento não tenha indicado a presença de espécies em risco de extinção, mas registraram
espécies com distribuição restrita e/ou presentes em vegetação de caatinga bem conservada, como
por exemplo, Bromelia laciniosa Mart. ex Schult. & Schult.f, Pilosocereus chrysostele (Vaupel)
Byles & G.D.Rouwley, Neocalyptrocalyx longifolium (Mart.) Cornejo & Iltis e Sida galheirensis
Ulbr. As categorias de UC mais adequadas para a realidade da serra são Refúgio de Vida Silvestre,
Monumento Natural ou Área de Relevante Interesse Ecológico, cuja criação deverá ser de
responsabilidade municipal. É recomendado ampliar o conhecimento sobre a serra para destacar sua
importância ambiental e avaliar os anseios da população local quanto à criação de uma UC na área.
Palavras-chave: João Câmara, conservação, levantamento florístico.
ABSTRACT
The Caatinga, is the only exclusively biome Brazilian, is one of the least protected by Conservation
Units, with less than 7,8% of its territory in that condition. The present work has the purpose of
analyzing the potential of Serra do Torreão to become in becoming a new conservation unit based
on floristic data. Besides that, this job this paper is intended to indicate in which categories of
conservation units of saw can be framed. The Serra do Torreão is located in the Corte, in the
municipality of João Câmara/RN (5º 32‘ 3,55‖ lat S e 35º 50‘ 43,08‖ long W). Were realized four
expeditions to harvest botanical material, which after being prepared and identified was deposited in
the Herbário UFRN. The framing of the area in one of the categories of conservation units was
based on the analysis of the relevant national legislation. The floristic survey pointed out a total of
36 species, 31 genus of the 23 family. Most representative family was Euphorbiaceae with 6
16
Doutor em Ecologia e Recursos Naturais pela UFSCar.
species. Although the floristic survey did no indicate the presence of species in danger of extinction,
but recorded species with restricted distribution and/or present in well conserved Caatinga
vegetation, for example Bromelia laciniosa Mart. ex Schult. & Schult.f, Pilosocereus chrysostele
(Vaupel) Byles & G.D.Rouwley, Neocalyptrocalyx longifolium (Mart.) Cornejo & Iltis e Sida
galheirensis Ulbr. The categories of protected areas more suitable for reality of the saw are Wildlife
Refuge, Natural Monument, Area of Relevant Ecological Inte whose creation should be of
municipal responsibility. It is recommended to Knowledge about the saw to highlight its
environmental importance and assess the wishes of the local population creation of a conservation
unit in the area.
Keywords: João Câmara municipality, conservation, floristic survey.
INTRODUÇÃO
A Caatinga se destaca por ser o único bioma exclusivamente brasileiro, se estendendo por
todo o nordeste do país e ocupando uma área de aproximadamente 734.478 km2 (MMA, 2002). Esse
bioma é caracterizado pelos baixos índices pluviométricos, temperaturas elevadas em função da alta
incidência solar e solos cristalinos (LAIOLA; ROQUE; OLIVEIRA, 2012).
Casteleti et al. (2000) afirmam que a Caatinga é um dos biomas mais negligenciados em
termos de estudos sobre biodiversidade e conservação. De acordo com o MMA (2004) é o menos
protegido por Unidades de Conservação (UC), com apenas 7,8% do seu território sob tal condição.
O bioma Caatinga possui uma enorme vulnerabilidade ambiental e é susceptível à desertificação
devido às características climáticas, geomorfológicas e ações antrópicas (GARDA, 1996). Casteleti
et al.(2000) colocam-no na lista de biomas que mais tiveram interferência humana nos últimos anos.
A proteção à biodiversidade e o uso racional dos recursos naturais são temas de grande
relevância, isso porque o empenho para preservar tais recursos conflita muitas vezes com os
interesses sociais e econômicos. No entanto, o desenvolvimento sustentável, em linhas gerais, pode
ser uma alternativa viável, pois reúne e satisfaz os interesses das partes envolvidas, diminuindo os
impactos sobre a biodiversidade, sem esquecer as necessidades humanas (PRIMARCK;
RODRIGUES, 2001). Nessa perspectiva, a conservação de recursos naturais em áreas protegidas
torna-se importante, seja pela preservação da biodiversidade, seja para assegurar a oferta desses
recursos às futuras gerações.
Para Diegues (2001), a relação homem-natureza precisa ser considerada, conhecer as
necessidades básicas, ouvir os moradores, os conflitos sociais, econômicos e ambientais permite
uma melhor articulação para planejamento das políticas públicas, isso garante uma ação conjunta
para elaboração de planos de desenvolvimento sustentável. Diegues (2001) ressalta ainda a
necessidade da aceitação por parte da população local, ou seja, só criar UC não garante a
efetividade dos objetivos, é necessário o envolvimento das pessoas para garantir a proteção das
espécies.
MATERIAIS E MÉTODOS
Área de estudo
Figura 1. a) Mapa de localização; b) Área de estudo: Serra do Torreão, Comunidade do Corte no Município
de João Câmara/RN.
A serra tem 147 m de altura e que se estende por aproximadamente 100 ha, é formada por
rochas graníticas e gnaisses. A vegetação dominante é a Savana-Estépica Arborizada (SALGADO
et al., 1981; IBGE, 2012) e abriga espécies de flora e fauna típicas do bioma Caatinga.
Coleta de material e análise dos critérios para o enquadramento da área em uma das Categorias
de Unidade de Conservação:
foram depositadas no acervo do Herbário UFRN (THIERS, 2016). As informações, tais como,
família e espécie e nomes dos autores foram agrupadas em uma tabela em ordem alfabética
(BRUMMITT; POWELL, 1999).
A lista de espécies serviu para caracterizar a composição florística da área e para indicar as
espécies com maior interesse para conservação local. Informações sobre a distribuição geográfica
das espécies, para indicar espécies raras e aquelas com distribuição geográfica restrita, foram
obtidas nos sites http://floradobrasil.jbrj.gov.br e http://splink.cria.org.br. Para verificar a existência
local de espécies ameaçadas ou em perigo, foi consultado Martinelli e Moraes (2013).
O enquadramento da Serra do Torreão em uma das categorias de UC seguiu os critérios
estabelecidos na Lei nº 9.985 de 2000, que trata do Sistema Nacional de Unidades de Conservação
no país (BRASIL, 2000).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Diversidade florística
17
Em função do pouco material fértil disponível nos dias de coleta, só foi possível apresentar uma lista preliminar neste
trabalho. No entanto, o levantamento da diversidade florística ainda está em andamento.
Análise dos critérios para o enquadramento da área em uma das Categorias de Unidade de
Conservação:
enquadramento nesta categoria, portanto, pode trazer restrições às visitações, interferindo nos
aspectos religiosos da comunidade. E de acordo com a Constituinte de 1988, mesmo sendo o país
laico, deve-se respeitar a liberdade religiosa dos cidadãos (BRASIL, 1988).
A Reserva Biológica não permite a interferência humana direta, e pelo uso religioso e
turístico já indicado acima, não se poderia enquadrar a serra nesta categoria de UC. A categoria
Parque geralmente implica em áreas mais extensas do que aquela da serra. Já Monumento Natural,
por preservar sítios naturais raros ou de grande beleza cênica, poderia atender aos interesses de
preservação local, visto que a serra se destaca na paisagem local e faz parte da cultura do município.
Torquato et al. (2009; 2012) falam de lendas que envolvem a serra no imaginário popular,
destacando-a como ponto turístico do município, e influenciando, inclusive, na elaboração da
bandeira de João Câmara, sendo, portanto, um símbolo da cidade.
A categoria Refúgio de Vida Silvestre coloca como preceito básico assegurar a reprodução
de espécies locais, sejam elas da fauna e flora, bem como assegurar a vivência e reprodução de
espécies migratórias, corroborando com o argumento apresentado por Silva et al. (2004), por se
tratar de uma área de reprodução de avoantes. Áreas como essa ajudam na reprodução e
desenvolvimento de inúmeros táxons (ARAÚJO, 2009). Por outro lado, garante a proteção de
espécies vegetais (LEITE; GEISELER; PINTO, 2011) que caracterizam bem o ambiente de
Caatinga, que já é um ambiente frágil devido à ação do homem (GARDA, 1996). O Art. 13 da Lei
n° 9.985/2000 em seu parágrafo 3° deixa aberta as restrições aos dispositivos estabelecidos no
Plano de Manejo da Unidade, cabendo ao órgão responsável definir os dispositivos regulatórios
(BRASIL, 2000).
Portanto, dentro dos critérios analisados e discutidos, Monumento Natural ou Refúgio de
Vida Silvestre são mais adequados para a realidade da área.
As categorias das Unidades de Uso Sustentável são: Áreas de Proteção Ambiental, Área de
Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva de Fauna, Reserva
de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular do Patrimônio Natural (BRASIL, 2000). A
Área de Proteção Ambiental envolve espaços territoriais de grande extensão não sendo uma
categoria de UC adequada para a serra.
A Área de Relevante Interesse Ecológico é em geral de pequena extensão, com pouca ou até
mesmo nenhuma ocupação antrópica, com biodiversidade regional único (BRASIL, 2000). Esta é
uma categoria apropriada para a Serra do Torreão, pois a área total da serra é de cerca de 100 ha. A
principal ameaça à integridade física e biológica da área é a atividade mineradora. Além disso, essa
categoria resguardaria os interesses da proteção à diversidade vegetal e animal, bem como o uso
religioso, inibindo a ação ilegal de mineradoras.
Com relação à categoria Floresta Nacional, a conservação está ligada à proteção de espécies
nativas, à exploração sustentável dos recursos florestais e à pesquisa científica (BRASIL, 2000),
portanto, esse não é um bom critério para enquadramento da área de estudo. A Reserva Extrativista
está ligada à proteção de áreas onde há o uso direto das populações tradicionais, no entanto, por se
tratar de uma área de serra e por possuir muitos afloramentos rochosos, o uso da agricultura não é
tão utilizado, com exceção das famílias que possuem terrenos próximos a serra. Essa categoria
proíbe inclusive, as atividades mineradoras.
Outra categoria inadequada é a Reserva de Fauna que está atrelada as atividades de manejo
sustentável de espécies de animais, o que não corresponde com as características da área. E com
relação à categoria de Reserva de Desenvolvimento Sustentável, só seria um bom critério se fosse
possível desenvolver projetos que envolvam as poucas famílias que compõem a população
tradicional do entorno, com as atividades de visitação e ecoturismo, atrelado aos aspectos
agroecológicos, o que não é bem esclarecido nos dispositivos que trata sobre essa categoria. Por se
tratar de uma área de domínio público em grande parte da sua extensão territorial, restam ainda
algumas porções de domínio privado, a categoria Reserva Particular do Patrimônio Natural não é
relevante neste caso.
Portanto, dentro dos critérios analisados, a Serra do Torreão pode ser enquadrada em uma
das seguintes categorias de UC, para assegurar sua proteção. Com Unidade de Proteção Integral
pode tornar-se um Monumento Natural ou um Refúgio da Vida Silvestre, e como Unidade de
Desenvolvimento Sustentável pode ser considerada como Área de Relevante Interesse Ecológico.
Salienta-se que, pela área relativamente pequena da serra e pela identidade que apresenta ligada à
população local, a UC melhor se adequará se for criada em nível municipal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O levantamento florístico apontou uma lista de espécies variadas, formada em sua grande
maioria por espécies comuns ao bioma Caatinga, sendo algumas, entretanto, restritas a esse bioma.
Ocorrem na área algumas espécies plantas exóticas, o que mostra o certo nível perturbação de
origem antrópica na área de estudo.
Com relação ao enquadramento da Serra do Torreão enquanto UC, a mesma pode ser
atendida nas duas categorias. Uma está ligada a maior restrição ao acesso para garantir uma maior
proteção às espécies nativas e às migratórias, sendo denominadas de Refúgio da Vida Silvestre.
Monumento Natural é outro tipo possível. Ambas, segundo o SNUC , pertencem à categoria das
Unidades de Proteção Integral. Outra categoria está dentro das Unidades de Uso Sustentável, que
permite o acesso da população aos recursos naturais da área, de acordo com que está previsto em
lei, garantindo a relação sustentável entre os agentes antrópicos e seus interesses, bem como a
proteção natural da área, sendo denominado de Área de Relevante Interesse Ecológico.
Os resultados aqui apresentados, de maneira nenhuma esgotam as informações necessárias
para o reconhecimento de importância ainda maior que a Serra do Torreão pode ter, seja no aspecto
natural seja na abordagem cultural para a população do município de João Câmara. São necessários,
portanto, estudos mais detalhados com relação a esses temas. Recomenda-se ainda, uma pesquisa de
cunho quali-quantitativo sobre a percepção da população do município quanto à importância da
serra e de sua potencialidade para se tornar uma UC, aumentar o esforço amostral, pois a área está
subamostrada do ponto de vista florístico, além disso, se faz necessário o levantamento da fauna
local. Depois de colhidas essas informações, será possível junto com a população e o poder público,
de forma clara e democrática, indicar a categoria mais adequada de UC a se criar, sintonizada com a
realidade socioambiental local.
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RESUMO
Neste artigo, o que se propõe é compreender o processo de criação do Parque Ecológico Municipal
da Serra do Lenheiro, no município de São João del-Rei (MG), na perspectiva dos moradores dos
seus bairros vizinhos: Tejuco e Senhor dos Montes. O desenvolvimento deste estudo se sustenta
através de um viés teórico-prático, de modo que nos permita compreender as contradições e
conflitos existentes no âmbito das iniciativas ambientais e preservacionistas – em conformidade
com a lei – tendo em vista a presença dos atores sociais situados às margens de tais projetos, frente
ao processo de expansão urbana. O eixo de análise se inscreve na perspectiva do planejamento,
gerenciamento e uso do território, a considerar os aspectos físico-naturais da paisagem, os impactos
sociais, a percepção dos sujeitos acerca do lugar e suas táticas de sobrevivência.
Palavras-chave: Planejamento; gestão territorial; contradições; percepção.
ABSTRACT
The proposed article aims is to understand the processo of criation of Ecological and Municipal
Park of Serra do Lenheiro, in the city of São João del-Rei (MG), through of people perspective that
inhabit the neighborhood: Tejuco and Senhor dos montes. The development of this article is
supported throught a theoretical and practical bias, in a way that allow us to understand the
contradictions and conflict in the context of environmental and preservationists initiatives – In
accordance with the Law – taking into account the presence of social actors that inhabit the margins
of such projects, according to the processo of urban growth. The axis of analysis is part of the
planning, management and use of territory, to consider the physical-natural aspects of landscape,
social impacts, the subjects perception about the place and their survivability tactics.
Keywords: Planning; territorial management; contradictions; perception.
INTRODUÇÃO
No caso do SNUC, existe uma definição por categorias, que regula a criação, a gestão e de
modo geral explicita a preocupação governamental para a necessidade de delimitar e conservar
áreas com especificidades naturais que justifiquem seu tratamento diferenciado. Ressalta-se que a
proteção de áreas naturais, por meio da criação de Unidades de Conservação é considerada uma
estratégia para a conservação a longo prazo. Elas são elementos vitais para qualquer tática de
conservação da biodiversidade, frente à crise socioambiental. Além disso, são áreas onde os
processos ecológicos podem acontecer sem maiores intervenções antrópicas.
Apesar do médio ou longo prazo de execução, o fato de resgatar e preservar os espaços
destinados a conservação da biodiversidade por meio da criação das UCs pode significar uma
atividade econômica positiva para um município. Ou seja, a efetivação de um parque ecológico, por
exemplo, na condição de um atrativo turístico, pode ser uma iniciativa rentável, além da
possibilidade de arrecadação do ICMS ecológico, perante as medidas proteção e planejamento
adotados pelo mesmo.
As leis ambientais, de caráter preservacionista, se entrelaçam aos conflitos sociais
decorrentes das medidas de preservação, tendo como foco a consequência de um planejamento
fragmentado e descontínuo, pautado na falta de participação e envolvimento dos sujeitos situados
no entorno dos eventos. O distanciamento entre as leis e a sociedade se acentuam nesse processo,
fazendo com que as melhorias estruturais atendam mais aos interesses políticos e econômicos, em
detrimento da população.
O território ganha centralidade nessa discussão, mediante as suas diferentes formas de uso e
apropriação. Ferramenta do geógrafo, esta categoria de análise nos permite reconhecer as
contradições e conflitos que se estabelecem ao logo de sua formação (SANTOS, 1997). Nesse caso,
cabe ressaltar as territorialidades, que se constroem entre os moradores e seus bairros, na dimensão
do espaço vivido e praticado, concebido como ―[...] a base da reprodução da vida e pode ser
analisado pela tríade habitante - identidade - lugar ‖, conforme apresentado por Carlos (1997, p.
17).
Portanto, este estudo se constrói a partir de uma contradição, que se materializa através de
um conflito, decorrente do distanciamento entre as leis ambientais e a sociedade. Partindo deste
pressuposto é que apresentamos este artigo, através de uma escala local, afim de demonstrar os
(possíveis) impactos decorrentes da efetivação do Parque Ecológico Municipal da Serra do
Lenheiro (PEMSL), no município mineiro de São João del-Rei, para os moradores do seu entorno.
Criar e consolidar uma Unidade de Conservação (UC), como é o caso do PEMSL, implica
de modo geral, na execução de projetos de recuperação da vegetação, dos aquíferos, mananciais e
da fauna endêmica. Por outro lado, deve-se considerar os impactos sociais – que podem ser
positivos ou negativos – sobre a qualidade de vida dos seres humanos, que em alguns casos
usufruem desses recursos para a sua subsistência.
Nesse contexto, a principal questão está em conciliar a preservação de áreas naturais sujeitas
a degradação e as diferentes formas de uso ocupação do solo. No mesmo sentido, se faz necessário
compreender a dinâmica da transformação ambiental decorrentes do processo de urbanização, no
entorno do parque ecológico, situado no município em questão. Sendo assim, este trabalho tem
como objetivo compreender o processo de criação do Parque Ecológico Municipal da Serra do
Lenheiro, na perspectiva dos moradores dos bairros Tejuco e Senhor dos Montes em São João del-
Rei/MG.
Nos vemos diante de um desafio, que se inicia no âmbito normativo, em vista da efetivação
de um Parque Ecológico e os impactos locais associados à sua implantação. O ponto de partida está
de um lado, voltado para o planejamento e gerenciamento do território, a considerar os aspectos
físico-naturais da paisagem; e de outro nos impactos sociais, a percepção dos sujeitos acerca do
lugar e suas táticas de sobrevivência.
METODOLOGIA
modo que nos permita articular as relações entre sujeito e lugar aos processos de territorialização a
eles associados (SANTOS, 1997); (CARLOS, 1996). Nesse sentido, a análise do território, também
compreendido como o palco das transformações sociais, nos permite pensá-lo como um campo de
luta e de resistência.
Associar a percepção dos moradores a realidade do seu entorno, nos propõe pensar em um
viver e saber cotidiano, responsável por aprofundar as raízes do sujeito ao lugar, de tal forma que os
processos de territorialização se entrelaçam, por meio das identidades e da relação de
pertencimento. Nesse sentido ―[...] o lugar pode ser compreendido como uma construção social,
fundamentado nas relações espaciais diretas, no cotidiano e na articulação entre a cooperação e o
conflito‖ (MOREIRA e HESPANHOL, 2008, p. 48).
A percepção ambiental, na perspectiva do geografo sino-brasileiro Yi-fu-Tuan (2012) está
associada ao que ele chamou de topofilia e diz respeito a carga identitária criada através da relação
afetiva entre sujeito e lugar. Daí a importância de analisar como ocorre a apreensão do espaço, na
perspectiva dos moradores, situados no entorno da Serra do Lenheiro, perante aos discursos e leis
de caráter preservacionista, propostas para uma nova organização daquele meio.
Afim de alcançar o objetivo desta pesquisa, nossa metodologia apresenta um caráter quali-
quantitativo, pois consistirá principalmente de entrevistas semiestruturadas e em profundidade, com
os moradores dos bairros Tejuco e Senhor dos Montes, ambos situados nas bordas da Serra em
questão. Esta abordagem também possibilita o ―contato direto e prolongado do pesquisador com
ambiente e a situação que está sendo investigada, através de trabalho intenso de campo‖ (LÜDKE e
ANDRÉ, 1986, p. 11).
Os demais procedimentos metodológicos adotados no decorrer do estudo envolveram,
análises bibliográficas, consultas de leis em âmbito municipal, estadual e federal e informações
disponíveis através da Base de Dados do IBGE (2010) por setores, para obter o número de
moradores dos bairros analisados, situados nas proximidades da serra.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
No decorrer das atividades de campo, que evolveram a aplicação dos questionários e demais
momentos de aproximação entre pesquisador e o recorte de estudo, foi possível levantar duas
questões centrais: a primeira diz respeito ao perfil socioeconômico dos moradores situados no
entorno do PEMSL; a segunda, está voltada para o grau de conhecimento desses indivíduos, quanto
a criação e efetivação do parque propriamente dito. Esses dois elementos se mostram relevantes
para a análise do nosso estudo de caso, por se tratar de uma consequência da falta de planejamento
urbano, responsável, na maioria dos casos, por segregar e omitir pessoas e culturas.
Quanto ao perfil socioeconômico desses moradores, foi possível observar que, na medida
em que as residências convergiam, sentido a serra, maiores eram os casos de vulnerabilidade. No
local de estudo, também foi possível presenciar a falta (ou precarização) das infraestruturas urbanas,
tais como a ausência de bocas de lobo em áreas de terreno declivoso, a falta de manutenção da
pavimentação nas ruas, esgotos a céu aberto e a ausência de iluminação pública em alguns trechos.
No ponto de vista das políticas públicas, que envolve o plano das ideias e das ações,
voltadas para o urbanismo brasileiro, Ermínia Maricato (2000, p. 122, grifo nosso) faz a seguinte
crítica:
A citação mencionada acima não se distancia do nosso estudo de caso, pois, nas
considerações apresentadas pelos moradores participantes da pesquisa, a falta de recursos públicos
básicos, direcionados para alguns setores do bairro, além ser um descaso, do ponto de vista do
saneamento, também contribui para o aumento da criminalidade, mediante o isolamento de tais
áreas ou, devido a ―omissão de uma realidade concreta‖ (MARICATO, 2000). Vale ressaltar, que a
maioria das casas que foram visitadas tem como área de fundo o sopé da serra, espaço também
reservado para o plantio de pequenas hortas e criação de animais destinados a subsistência, que no
ponto de vista do planejamento pode configurar um conflito ambiental.
O fator associado ao grau de conhecimento dos moradores dos bairros Tejuco e Senhor dos
Montes, no que diz respeito aos projetos voltados para a criação e efetivação do Parque também
chamou a atenção do pesquisador, haja vista que em ambos os casos a maioria dos entrevistados
não tinham conhecimento de tal iniciativa, conforme apresentado nos gráficos 01 e 02, que seguem
abaixo.
Gráfico 01- Bairro Tejuco: grau de conhecimento dos entrevistados quanto a criação do Parque Ecológico
Municipal da Serra do Lenheiro. Fonte: Gráfico elaborado por Filipe César Pereira. Diário de Campo, 2016.
Gráfico 02: Bairro Sr. Dos Montes: grau de conhecimento dos entrevistados quanto a criação do Parque
Ecológico Municipal da Serra do Lenheiro. Fonte: Gráfico elaborado por Filipe César Pereira. Diário de
Campo, 2016.
No sentido desta análise, cabe ressaltar que a discussão sobre o tombamento, da Serra do
Lenheiro, bem como a criação de leis e decretos nas instâncias municipal e estadual, para fins de
preservação, não é um assunto recente. Conforme apontado por Ferreira (2017, p. 55), as propostas
conservacionistas, direcionadas para a serra, entraram em discussão no final da década de 70 e
início da década de 80, tendo como o documento mais atual o Decreto nº 6.408, de 14 de janeiro de
2016, que estabelece normas regulamentares para a gestão do PEMSL e sua zona de amortecimento.
Assim, observou-se que, apesar da proximidade da serra, os moradores se mostraram
distantes e preocupados, quanto as possíveis medidas e restrições a serem implementadas para a
efetivação do parque ecológico. Ou seja, a falta de conhecimento das causas e medidas de
conservação adotadas para o meio nos leva a considerar a falta de diálogo entre poder público e a
população, situada em ambos os bairros.
No sentido da percepção e afetividade dos moradores com os bairros, observou-se que a sua
relação com o lugar – principalmente os mais idosos – se fortaleceram por meio de lutas e
conquistas para o seu uso e manutenção. A serra, na maioria das vezes foi contemplada pelos
entrevistados como um ―presente‖ para a população, tanto em termos paisagísticos ou como uma
―farmácia a céu aberto‖, devido à variedade de frutos e ―ervas curandeiras‖ ali presentes. Por outro
lado, do ponto de vista ambiental, esta área também passou a ser vista como um patrimônio, em
constante degradação.
Na percepção dos moradores dos bairros envolvidos no estudo, o valor atribuído ao território
em sua dimensão simbólica e afetiva se entrelaça ao seu contexto de formação, ocorrido no século
XX. Conforme mencionado acima, através dos moradores mais antigos foi possível compreender a
relação que se estabelecia entre a serra e os bairros, onde se nota sobretudo as experiências e as
formas distintas de se relacionar com a natureza (TUAN, 2012).
Alguns entrevistados, também relataram que antigamente existia no local uma relação vital
(de fidelidade) com a serra, o que tem se perdido nas atuais gerações. Naquele tempo, o cuidado
com a natureza funcionava como uma moeda de troca, pois, esta fornecia água potável para o
consumo e lazer, além de contribuir com a renda, gerada através da lavagem de roupas, nos campos
abertos, em que a água corria por entre as pedras; ou através da relação espiritual, visto que o local
também é visitado por peregrinos de várias religiões. Em contrapartida, a população era mais
comprometida com a preservação do lugar.
Retomando Tuan (2012), é através dos elementos subjetivos (sentidos) e das relações
humanas, com a sociedade e o meio ambiente (natureza) que se cria o sentimento de pertencimento
e consequentemente os lugares. O meio físico, se agrega a base constituinte da vida, que ali se
instaurou e produziu uma história, memória e cultura. Paralelamente, constrói-se uma visão de
mundo – individual ou coletiva – onde enfim, são partilhadas as experiências comuns, em um
território comum. O impasse maior é que a percepção muda, na medida em que as pessoas mudam.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
gerenciamento do território e os reais impactos voltados para as populações situadas a margem dos
seus recursos.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BRASIL. Lei Federal no 9.985. Regulamenta o art. 225, parágrafo 1, incisos I, II, III e IV da
Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá
outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Poder Executivo, Brasília,
2000. 14p.
CARLOS, Ana Fani Alessandri. O lugar no/do mundo. São Paulo: Hucitec, 1996.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Sinopse por setores. 2010. Disponível em:
<http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopseporsetores/?nivel=st>. Acesso em: 07 mar. 2017.
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Sinopse Censo 2010. Disponível em:
<http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.php?uf=31&dados=8>. Acesso em: 20 mar.
2017.
LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São
Paulo: EPU, 1986.
MARICATO, Ermínia. As ideias fora do lugar e o lugar fora das ideias: Planejamento urbano no
Brasil. In: ARANTES, Otília; VAINER, Carlos; MARICATO, Ermínia. A cidade do
pensamento único: Desmanchando consensos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. p. 121-192.
MINAS GERAIS. Lei nº 18.030, de 12 de janeiro de 2009. Dispõe sobre a distribuição da parcela
da receita do produto da Arrecadação do ICMS pertencente aos municípios. Secretaria de Estado
de Fazenda. Belo Horizonte. Disponível em:
<http://www.fazenda.mg.gov.br/empresas/legislacao_tributaria/leis/2009/l18030_2009.htm>
Acesso em: 18 jun. 2017.
MOREIRA, Erika Vanessa; HESPANHOL. Rosângela Aparecida de Medeiros. O lugar como uma
construção social. Formação (Presidente Prudente), v. 2, p. 48-60, 2008.
SÃO JOÃO DEL-REI (Município). Decreto nº 6.408, de 14 de janeiro de 2016. Estabelece normas
regulamentares para a gestão do Parque Ecológico Municipal da Serra do Lenheiro e sua zona de
amortecimento e, dá outras providências. Decreto. São João del-Rei, MG, 14 jan. 2016.
TUAN, Yi-Fu. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. Londrina:
Eduel, 2012.
RESUMO
A crise societária promove relações conflitantes para a dinâmica socioambiental, visto que seu
modelo de desenvolvimento é constituído por crises. Por isso, coloca-se como plano de ação,
projeto societário, (re)pensar nas práticas educativas ambientais, que vistas de forma ampla em sua
complexidade podem promover transformações paradigmáticas no atual modelo de sociedade. A
Educação Ambiental (EA) crítica é parte integrante desse processo complexo, principalmente
quando atrelado ao trabalho de campo, metodologia de ensino-aprendizagem capaz de promover a
observação, experimentação, análise e o desenvolvimento pleno dos sentidos. O presente artigo
busca pensar nas relações entre a EA nos espaços não formais através da realização de um trabalho
de campo com a intenção de promover a reflexão e crítica acerca das problemáticas socioambientais
no Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu-RJ (e no seu entorno) com os educandos da Escola
Municipal Ondina Couto (Mesquita-RJ), situada bem próxima à Unidade de Conservação (UC). A
metodologia de investigação consistiu na busca bibliográfica para consolidação do arcabouço
teórico, somado à análise do plano de ação da escola para averiguação da contemplação do trabalho
de campo e da EA; além de entrevistas com três docentes da instituição. As UCs são detentoras de
atributos que contemplam valores ecológicos, culturais e históricos, o Parque é constituído de
grande potencial para inúmeras temáticas que podem ser abordadas de forma interdisciplinar.
Apesar de tal importância, a metodologia de ensino anunciada não é muito explorada e/ou utilizada.
A pesquisa evidenciou a importância metodológica do trabalho de campo, e como tal atividade tem
caráter elucidativo, dinâmico e lúdico para a EA quando fomentado em uma UC, facilitando o
processo da interação teoria-prática, além de promover a valorização do lugar, Parque, em seus
aspectos histórico-ecológicos por meio do cotidiano dos educandos.
Palavras-chave: Educação Ambiental Crítica; Trabalho de campo; Espaços não formais.
ABSTRACT
The crisis of society promotes conflicting relationships in the socio-environmental aspects, since its
development model is constituted by crises. Therefore, is put as a plan of action, society project,
(re) thinking about environmental education practices, which seen in a wide way in its complexity
can promote paradigmatic transformations in the current model of society. Critical Environmental
Education (EA) is an integral part of this complex process, especially when linked to fieldwork, a
teaching-learning methodology capable of promoting observation, experimentation, analysis and
full development of the senses. This article tries to think about the relationships between EA in non-
formal spaces through the accomplishment of a field work with the intention of promoting
reflection and criticism about social and environmental problems in the Municipal Natural Park of
Nova Iguaçu-RJ (and its surroundings) with the students of the Municipal School Ondina Couto
18
Orientadora - Doutoranda em Geografia pela Universidade Federal Fluminense.
(Mesquita-RJ), located very close to the Conservation Unit (UC). The research methodology
consisted of a bibliographical search for consolidation of the theoretical framework, together with
the analysis of the school's action plan to investigate the field work and the EA; Besides interviews
with three teachers of the institution. Conservation Units are holders of attributes that include
ecological, cultural and historical values, the Park is constituted of great potential for numerous
themes that can be approached in an interdisciplinary way. Despite such importance, the teaching
methodology announced is not much explored and / or used. The research evidenced the
methodological importance of the field work, and as such activity has an enlightening, dynamic and
playful character for the EA when fostered in a Conservation Units, facilitating the process of
theory-practice interaction, besides promoting the valorization of the place, Park, In its historical-
ecological aspects through the daily life of the students.
Keywords: Critical Environmental Education; Fieldwork; non-formal spaces
INTRODUÇÃO
Coloca-se como plano de ação, projeto societário, (re)pensar nas práticas educativas
ambientais, que vistas de forma ampla em sua complexidade, refletem nas relações sociais,
culturais, econômicas e histórico-geográficas (baseadas na dialética plena entre tais fatores). Assim,
a educação ambiental (EA) crítica é importante aliada para fomentar concepções renovadas de
estruturas de pensamentos, que tendem a influenciar nas práticas cotidianas mais simples e
complexas dos sujeitos, seja em casa com a família, na rua com os amigos, na escola, no bairro.
Para tal, o trabalho de campo é analisado como uma metodologia de ensino viável para
consolidar uma EA crítica fundamentada nas relações prático-teóricas para estruturar quebras
paradigmáticas (GUIMARÃES, 2004). A importância dada à metodologia de ensino anunciada se
faz por conta do seu poder de atu(ação), por meio do trabalho de campo crítico, algumas aquisições
são contempladas para a efetividade das atividades didático-pedagógicas em EA, como a
observação, a análise, a experimentação.
Encontramos na EA um aporte teórico-metodológico para o ensino de Geografia em uma
perspectiva de vivência do aluno em sua realidade. Entendemos que a EA crítica representa um
componente essencial no processo de formação e educação permanente, como uma abordagem
direcionada para a reflexão crítica e intervenção participativa na realidade em que se insere,
contribuindo para o envolvimento ativo dos diversos atores sociais. A EA crítica deve ser
consolidada e deve se afirmar diante da sociedade. Ela é capaz de nos levar a uma compreensão
educacional de mundo diferente da educação que se tem dominantemente hoje, ou seja, diferente de
uma educação ―[...] subsidiada por um referencial paradigmático e compromissos ideológicos, que
se manifestam hegemonicamente na constituição da sociedade atual‖ (GUIMARÃES, 2004, p. 25).
Com uma visão de formação do sujeito como um ―todo‖, Carvalho (2008) considera que a
EA tem essa vocação e a define como ―[...] aquela capaz de transitar entre os múltiplos saberes:
científicos, populares e tradicionais, alargando nossa visão do ambiente e captando os múltiplos
sentidos que os grupos sociais atribuem a ele‖ (CARVALHO, 2008, p. 125). Assim, observamos
que há no ensino de Geografia a possibilidade de fazermos um caminho para compreender e intervir
na realidade em que se vive e seus problemas socioambientais existentes, uma vez que esta ciência
tem na relação homem-natureza um de seus mais clássicos temas de reflexão, e se mostra como
uma das ciências com condições de trabalhos interconectados com a EA.
Refletindo sobre novas metodologias que aliem a EA à Geografia, encontramos no trabalho
de campo um forte aliado, pois a sua utilização é uma forma de despertar no aluno um interesse
maior pela disciplina e de aproximá-lo da sua própria realidade, fazendo com que ele possa manter
relações e interpretar diferentes realidades, especialmente a realidade mais próxima da sua vivência
cotidiana. Com uma abordagem local, por exemplo, seria mais fácil, posteriormente, compreender
fenômenos que ocorrem em uma escala mais ampla, abrir horizontes e perceber o que acontece ao
seu redor. Tomita (1999, p.13) entende o trabalho de campo como instrumento de ensino em
Geografia, destacando que, ―[…] dentre várias técnicas utilizadas no ensino de Geografia,
considera-se o trabalho de campo, uma atividade de grande importância para a compreensão e
leitura do espaço, possibilitando o estreitamento da relação entre a teoria e a prática‖.
Temos a certeza da necessidade de vincular teoria e prática como possibilidades de práticas
emancipadoras. Temos, assim, um grande desafio, de fazer do fazer do trabalho de campo uma das
possibilidades para que a teoria e a prática sejam articuladas na e articuladoras da pesquisa e da
reflexão necessárias à construção/reconstrução de (novos) saberes sobre a realidade geográfica.
Apesar da enorme importância atribuída ao trabalho de campo, é uma atividade pouco
utilizada nas redes básicas de ensino, e quando feito, geralmente não o é condizente com as
demandas das realidades escolares. Aparece como atividade extracurricular sempre chamado de
―passeio‖, o que denota a desvalorização do mesmo, como metodologia de ensino para extensão
entre os conteúdos aplicados em sala de aula para a prática. Nesse ensejo, salientamos como outra
problemática a desvalorização do Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu (PNMNI) como espaço
pensado para a concretização dos saberes ambientais, visto que há poucas escolas que fomentam
atividades educativas envolvendo o mesmo, e quando feitas, em tempo esporádico. As UCs podem
ter ―papel‖ de destaque no processo formativo em EA crítica, sendo espaços considerados não
formais, mas com forte potencial para a educação formal.
Ressaltamos a importância da vivência in loco, pois esta, segundo Guimarães e Queiroz
(2013, p. 58), ―[...] colabora com o despertar do aluno para a pesquisa, para o sentido investigativo
do processo de ensino-aprendizagem, o que é fundamental para a formação de um profissional
pesquisador dinâmico e criativo [...]‖. Assim, acreditamos que a formação ancorada na vivência, no
contato direto com a realidade socioambiental, possibilita uma ―nova forma‖ de fazer ciência, uma
vez que o objeto estudado está sendo visto, sentido, vivido.
Um dos argumentos que podem ser levantados para expressar o potencial do Parque é dado
pela importância de uma UC para as dinâmicas ambientais, sendo fator para a preservação da
biodiversidade local e global, envolvendo a manutenção ecológica e cultural atribuída ao espaço
(VALENTI, et. al., 2012; VALLEJO, 2013). O PNMNI está situado na Serra do Maciço Gericinó-
Mendanha no município de Nova Iguaçu-RJ, sendo de suma importância para a preservação da
Mata Atlântica e para a prática cultural dos moradores do entorno e de municípios vizinhos, que o
veem como ponto de encontro para o lazer de baixo custo financeiro (MARTINS, et al, 2016). É
uma UC que pode ser considerada ilha verde em meio à grande densidade urbana em seu entorno.
Apenas a criação de uma UC não é o suficiente para uma efetiva manutenção e conservação
do ambiente (SANTOS, et. al., 2013), reque-se táticas que envolvam a comunidade para
estabelecimento de ações prático-reflexivas em prol do meio ambiente. Por isso, a EA crítica tem
papel de destaque para o envolvimento de todos os sujeitos no fomento dos ideais da equidade
socioambiental, pois oferece subsídios para a construção de novos conceitos, percepções e práticas,
fomentando mudanças paradigmáticas na relação com o lugar (GUIMARÃES, 2004; VALENTI,
2012). Há necessidade de inserções de projetos no PNMNI que o tornem mais ―atraente‖, onde a
comunidade crie laços de identidade, valorizando-o e dando-lhe maior visibilidade. Mas essas ações
também podem (e devem) partir das escolas e outras instituições, como as associações de
moradores e as universidades.
Outra estratégia para integrar a comunidade com as UCs e consolidar as premissas da EA se
dá por meio dos Planos de Manejos (PMa), pensados e elaborados visando o uso público
(VALLEJO, 2012). Para um uso público efetivo e coerente com o ambiente é de importância que o
PMa aborde ações para tal, pois é um documento técnico muito importante para gestão das UCs.
Sem um plano adequado, haverá falhas no uso público.
19
Embora o Parque pertença ao município de Nova Iguaçu, sua entrada principal é feita através de Mesquita.
20
Essa afirmação foi baseada pela reação da diretora e da coordenadora pedagógica ao ouvirem as nossas propostas a
serem desenvolvidas na escola. Ambas foram muito solícitas e abertas a tudo. Agradecemos imensamente à Denise
Fernandes Aluizio (diretora da escola durante a realização da pesquisa) pelo apoio.
21
Companhia de Concessões Rodoviárias.
22
Somos convidados a refletir sobre as problemáticas entre o envolvimento das empresas com a educação escolar,
fomentando cartilhas e livros educativos, que são distribuídas nas escolas com convênios entre as secretarias de
educação. Roberto Leher, em uma palestra na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro no dia 18 de outubro de
2016, nos relatou sobre quem está pensando a educação no Brasil: representantes comerciais de movimentos
empresariais. Grupos que estruturam a educação neoliberal com a ideologia minimalista de cidadania. O grupo CCR
distribuiu pela secretaria de educação de Mesquita o livro “Educação ambiental: caminhos para a cidadania”, que
pode ser acessado em: < http://www.caminhosparaacidadania.com.br/content/pdfs/Livro-professor-MA.pdf> (acesso:
20/10/2016).
tempo que não ocorria nenhuma atividade diretamente relacionada ao PNMNI, apesar da sua
proximidade e forte relação com o cotidiano dos educandos.
Após o período da análise documental e das entrevistas, foi realizado no mês de junho de
2016 o trabalho de campo com os alunos do 4º e 5º ano do ensino fundamental no PNMNI,
atividade que contou com dois momentos. O primeiro, em sala de aula para explanação teórica
acerca de uma temática específica, realizado por um projeto que se baseou na relação da
comunidade com o rio Dona Eugênia (utilizado para banho de cachoeira no Parque e se apresenta
poluído logo em frente à escola). O segundo momento com consolidação da abordagem teórica na
prática em campo.
O momento em sala de aula foi importante para uma primeira aproximação com os
educandos, onde foram feitas as apresentações. Iniciamos fazendo um debate crítico-reflexivo sobre
a percepção ambiental de cada um, onde foi exposto e construído com os mesmos um conceito de
ambiente e de natureza mais complexo (diferente do qual eles afirmaram em debate) não os
definindo somente com o verde, a natureza intocável, o que não pertence ao cotidiano do homem.
A intenção foi complexificar o conceito acerca de meio ambiente, com a construção de um
que não fortaleça a dicotomização entre sociedade-natureza. A discussão se ampliou para
identificação das problemáticas socioambientais instauradas no local, como a degradação do rio
Dona Eugênia, que passa em frente à escola. Debatemos sobre determinadas práticas (queimadas,
lixos no leito, programa de saneamento da prefeitura que direcionou o esgoto para o rio) e as
possíveis ações para a transformação da realidade vigente.
O que mais foi citado convergiu para mudanças de hábitos particulares/individuais, mas
após algumas perguntas instigadoras sobre o efeito dessas possibilidades minimalistas outras ações
emergiram como alternativas mais concretas: conversas com amigos e familiares para terem outra
relação com o meio; ideia da elaboração de uma carta ao prefeito. Os educandos se mostraram
bastante interessados e participaram de forma plena da discussão. Esse momento inicial foi
anunciado para a percepção sobre lugar cotidiano dos educandos, esse
[...] onde os elementos naturais e sociais estão em relações dinâmicas e em interação. Essas
relações implicam processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e
sociais de transformação do meio natural e construído (REIGOTA, 2007, p.14).
Após dois dias, foi realizado o segundo momento. Após a discussão em sala de aula, outros
temas puderam ser abordados, que possuem estreita relação com o rio. A análise das problemáticas
socioambientais foram tratadas desde a saída da escola, já que fizemos o trajeto da escola até o
Parque a pé (uma caminhada com duração de aproximadamente 40 minutos). Todo o campo foi
bem participativo, com amplo diálogo dos educandos e apontamentos pelos mesmos dos equívocos
instaurados no ambiente pelos diversos agentes (poder público – que canalizou o esgoto para o rio -,
moradores – que jogam lixo).
Muitas temáticas foram abordadas: importância, história e atual estado do rio; aspectos
gerais e sucintos da Mata Atlântica, fauna e flora; importância da vegetação para a dinâmica do rio
e dos microclimas, onde foi percebido por eles as ilhas de calor e de frescor; breve relato da
geologia do Parque; discussão acerca do conceito de meio ambiente, em perspectiva ampla e
integrada com as relações antrópicas; associação de que o rio usado para o lazer é o mesmo rio que
apresenta estado de degradação quando passa na zona mais urbanizada.
Aparentemente, são muitos os conteúdos que foram abordados, mas a apreensão por parte
dos educandos foi facilitado justamente por estarem na prática em campo, observando, tocando,
experimentando.
Ainda dentro do planejamento em campo, os educandos participaram de uma atividade
didático-pedagógica para melhor apreensão da proposta do campo voltado à EA: uma Corrida de
Orientação (DORNELES, 2010; FIGUEIREDO, 2003).
Para além da avaliação fornecida através da observação da participação durante o campo,
após, foi realizada uma atividade que consistiu no relato e desenho de uma futura perspectiva para o
ambiente local. No geral, os desenhos mostram uma realidade transformada, com o rio limpo e
pessoas convivendo harmoniosamente ali. A diretora da escola afirmou que alguns alunos pediram
para os pais e amigos mudarem a relação com o rio. Isto representa um pequeno ensaio para a
transformação da realidade vigente que o trabalho de campo proporcionou.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim, emergem novas perspectivas, como a práxis promovida pela relação da prática e da
teoria fomentada no trabalho de campo e o olhar mais íntimo com o lugar e seus atributos
socioambientais (a comunidade, o rio, o Parque). Antes da atividade promovida na escola, havia
tempo que os educandos não visitavam o PNMNI, algo extremamente ruim, visto a importância
anunciada acima sobre a relação entre processos formativos em EA, trabalho de campo, ensino de
geografia e UCs, pois podem promover a valorização, manutenção, preservação e estudo dos
aspectos histórico-culturais do local.
Ressalte-se a necessidade de refletir acerca de diretrizes e procedimentos metodológicos
para projetos de EA em UCs, sobretudo, as localizadas em grandes centros urbanos.
REFERÊNCIAS
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Cortez, 2008.
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VALLEJO, L.R. Uso público em áreas protegidas: atores, impactos, diretrizes de planejamento e
gestão. Anais Uso público em unidades de conservação, n. 1 v. 1, 2013. Niterói-RJ.
RESUMO
O município de Quixadá apresenta grandes conflitos ambientais de uso e ocupação do solo,
principalmente envolvendo a Unidade de Conservação de Proteção Integral Monumento Natural
dos Monólitos de Quixadá e o complexo do Açude Cedro, pois ambas as áreas de proteção vem
sofrendo impactos devido essa expansão urbana. A mitigação e compreensão desses conflitos
dependem notoriamente da adoção de um novo paradigma e de novos conhecimentos teóricos e
práticos e para alcançar um novo olhar sobre os recursos naturais, a educação ambiental apresenta-
se como a ferramenta mais eficaz. Á vista disso o presente trabalho teve como objetivo discutir a
importância da educação ambiental com estratégia na solução dos conflitos ambientais urbanos do
município de Quixadá. A partir do reconhecimento e discussão dos conflitos existentes, foi possível
identificar os programas e ações de educação ambiental mais apropriados para a solução desses
conflitos, considerando que existem instrumentos capazes de promover o diálogo entre os diferentes
atores sociais e instituições comprometidas em realizar campanhas de educação ambiental nas áreas
de conflito.
Palavras Chave: Áreas Protegidas, Gestão Integrada, Meio Ambiente.
ABSTRACT
The municipality of Quixadá presents environmental conflicts of use and occupation of the land,
with emphasis on the Integral Protection Conservation Unit of Natural Monument of the monoliths
of Quixadá and the complex of cedar, because both areas of protection has been suffering impacts
due to urban sprawl. Mitigation and understanding of conflicts depend on the notoriety of adopting
a new paradigm and new theoretical and practical knowledge and to achieve a new look at natural
resources, an environmental education presents itself as the most effective tool. The objective of
this study is to discuss the issue of environmental education in the solution of urban environmental
conflicts in the municipality of Quixadá. Based on the recognition and discussion of existing
conflicts, it was possible to identify the programs and actions of environmental education, more
suitable for a solution, conflicts, considering that there are instruments capable of promoting
dialogue between different social actors and institutions committed to carrying out Environmental
education in conflict areas.
Keywords: Protected Areas, Integrated Management, Environment
INTRODUÇÃO
O açude Cedro compreende cinco barragens fechando o vale do rio Sitiá, situado a seis
quilômetros da montante da cidade de Quixadá e é administrado atualmente pelo Departamento
Nacional de Obras Contra a Seca - DNOCS. O reservatório se insere num inconfundível quadro
paisagístico, devido à beleza de seu relevo associada à intervenção humana, pois a obra de sua
construção possui relevante importância histórica, técnica e artística (IPHAN, 1983).
O primeiro projeto de construção da barragem do Cedro teve início ainda no período
Imperial brasileiro (1882), mas a obra só iniciou no ano 1890, e sua conclusão se deu após várias
interrupções, no ano de 1906. Sua construção contou em grande parte com o emprego de
trabalhadores vitimados das secas. A partir de sua barragem é possível ver um dos mais conhecidos
monólitos existentes no município de Quixadá, a Pedra da Galinha Choca.
No ano de 1984 o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN tombou o
açude Cedro sob a justificativa de sua excepcional beleza paisagística e principalmente por seu
arcabouço histórico.
Na época da construção do açude, sua principal função social era garantir a população água
suficiente para o abastecimento e o serviço da lavoura, caracterizando-se como a primeira rede de
canais de irrigação no Brasil. O açude perdeu sua importância para o abastecimento, devido à
construção de outros reservatórios que atualmente abastecem a cidade de Quixadá.
Enquanto isso, a importância histórica e o patrimônio paisagístico foram cada vez mais
valorizados. Cordeiro & Bastos (2014) caracterizam a área como um importante polo geoturistico
com paisagens tipicamente sertanejas.
No ano 2002 foi criada a Unidade de Conservação Monumento Natural dos Monólitos de
Quixadá, da qual faz parte o açude Cedro. Alegando o grande valor ecológico e turístico da área.
A partir da criação da Unidade de Conservação, o uso dos recursos do complexo do açude
Cedro tornou-se mais restritivo, com incentivo a atividades que provoquem baixo impacto
ambiental e preservem a paisagem, com destaque para o turismo ecológico.
E nesse sentindo, vale destacar a organização da sociedade civil em prol da proteção do
patrimônio histórico e ambiental do açude Cedro, representada principalmente pela ONG Instituto
de Convivência com o Semiárido – IC.
Contudo, no ano de 2008 o DNOCS doa terreno dentro do complexo do açude Cedro para a
implantação dos campi da Universidade Federal do Ceará - UFC e do Instituto Federal do Ceará –
IFCE. Sob o pretexto da razão social dos empreendimentos, por se tratarem de instituições de
ensino capazes de promover pesquisas e atividades extensionistas em prol da preservação da área
apesar do significativo impacto da sua construção e operação.
ISBN: 978-85-68066-53-9 Página 394
Educação ambiental: biomas, paisagens e o saber ambiental
À medida que a cidade foi se expandindo e principalmente após a instalação dos campi
universitários, a área do açude Cedro tornou-se alvo de especulação imobiliária, e atualmente possui
diversos loteamentos em seus arredores. Nesse sentido a situação tende a ser agravada à medida que
os lotes vão sendo ocupados e novos loteamentos inaugurados.
Outra situação de impacto ambiental identificada na área foi à exploração de seus recursos
hídricos subterrâneos. Diante da situação de seca que a região vem enfrentando nos últimos cinco
anos, houve um aumento significativo na exploração da água subterrânea como alternativa para o
abastecimento, mas isso tem provocado á diminuição do nível do lençol freático e causado
alterações na paisagem.
Atualmente os principais conflitos ambientais sobre o uso e ocupação do complexo do
Cedro referem-se à preservação da área por parte das organizações públicas e privadas de interesse
ambiental, tais como o IC, a SEMA, o DNOCS, o IPHAM e as próprias instituições de ensino
superior (IFCE e UFC), frente ao avanço da especulação imobiliária e extração de seus recursos
naturais, em especial a água subterrânea, conforme ilustra a figura 1.
05° 02‘ e Longitude Oeste entre 38° 53‘ e 39° 06‘. Com uma área total de 16.635ha. Localiza-se no
Município de Quixadá a aproximadamente, 158 Km de Fortaleza, como mostra a Figura 2.
A apropriação da natureza através do uso e ocupação do solo é uma derivação das atividades
econômicas e vão refletir em última análise, o grau de desenvolvimento do sistema técnico-
científico e as relações estabelecidas entre sociedade e natureza. Também se pode notabilizar,
através das formas de uso e ocupação do solo, o grau de conservação, preservação e degradação dos
recursos naturais, diante da ocupação histórica e dos processos produtivos (Sousa, 2010).
Para o entendimento das atuais formas de uso e ocupação do Município de Quixadá se
pressupõe uma análise histórica do processo de ocupação e de formação territorial prevalente nos
Sertões do Nordeste Brasileiro, tendo em conta que desde os primórdios da colonização brasileira, o
semiárido vem sendo explorado de modo inadequado, sobretudo pelas práticas agrícolas
rudimentares e pela retirada da vegetação nativa (Sousa, 2010).
Acerca dos conflitos ambientais urbanos relacionados à Unidade de Conservação, observa-
se que estes estão relacionados diretamente com o aumento da demanda por novas áreas
residenciais. Sob o ponto de vista social, essa crescente demanda precariza as condições de
moradia, gerando diversos conflitos sociais urbanos. Já no quesito ambiental, observa-se que devido
ao crescimento da malha urbana de Quixadá, seus limites urbanos hoje já conflitam com o limite da
Unidade de Conservação, se apresentando assim como uma das principais pressões externas à
Unidade.
Esse conflito surgiu principalmente pela gestão inadequada e individualizada do território,
pois o atual Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) do município incorpora com área
urbana parte da área da Unidade de Conservação definida pela SEMACE.
A expansão urbana da cidade de Quixadá apresenta-se principalmente em direção ao açude
Cedro, como já mencionado neste trabalho, e também nas áreas próximas a CE-060. Observa-se que
se mantidos os padrões de expansão urbana do município logo outras áreas urbanas entraram em
conflito com as áreas protegidas pela Unidade de Conservação
gestão democrática do ambiente, por meio da probematizaçao dos conflitos, acordos e diálogos e
pela apropriação e uso do patrimônio natural. (Loureiro, 2002).
Santos (2016) evidencia claramente que a mitigação desses conflitos só pode ser obtida se
forem ou estiverem atreladas a programas de educação ambiental, devendo este estar vinculado à
identificação dos conflitos ambientais, representados por todas as atividades exercidas pelos
diversos atores sociais.
O principal ambiente de problematização e identificação dos conflitos dos quais trata o
presente trabalho são as reuniões do Conselho Gestor da Unidade de Conservação Monumento
Natural dos Monólitos de Quixadá, da qual faz parte o complexo do Açude Cedro e as reuniões da
Comissão Gestora do Sistema Hídrico Cedro, integrante do Comitê da Sub-Bacia do Rio Banabuiú.
Ambos os espaços contam com a participação de representações dos diversos atores sociais,
como: Secretaria do Meio Ambiente - SEMA, Superintendência Estadual do Meio Ambiente -
SEMACE, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA,
Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará - COGERH, Departamento Nacional de
Obras Contra a Seca – DNOCS, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN,
Instituto Federal do Ceará - IFCE, Universidade Federal do Ceará -UFC, Instituto de Convivência
com o Semiárido - IC, prefeitura municipal de Quixadá e associações das comunidades que
integram as áreas protegidas do município.
Esses espaços são ideais para promover a conscientização da sociedade civil e setor público
sobre o uso dos recursos das áreas protegidas, pois através de negociações e da busca por um
consenso, os conflitos ambientais podem ser resolvidos. Portanto é preciso que haja a gestão
integrada e participativa dessas áreas. E para isso todos os envolvidos nos conflitos ambientais
identificados devem fazer parte do diálogo.
E preciso que toda a sociedade compreenda a importância da preservação do patrimônio histórico e
ambiental do açude Cedro e da Unidade de Conservação. Para atingir de forma mais ampla a
população, as campanhas de educação ambiental são os instrumentos mais eficazes. E nesse sentido
vale destacar as ações da SEMA, do IFCE e da Prefeitura Municipal, principalmente por meio de
eventos periódicos como a Festa Anual das Arvores e a Semana do Meio Ambiente.
No caso do complexo do Açude Cedro, onde estão as universidades, em especial o IFCE, que conta
com o curso de Engenharia Ambiental e Sanitária e Técnico e meio ambiente. Observa-se forte
incentivo a pesquisa e as atividades extensinistas que visem à preservação e recuperação ambiental.
Por meio dessas ações também é possível promover a conscientização dos diferentes atores
envolvidos nos conflitos ambientais e compensar os impactos de sua instalação em uma área
protegida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ARCE, P.A. et al. Conflitos sócioambientais em unidades de conservação em áreas urbanas: o caso
do Parque Tizo em São Paulo. HOLOS. São Paulo, ano. 30, v.1, 2014.
IPHAN. SPHAN: pró – memória (Boletim informativo nº 25). Ministério da Educação e Cultura,
Brasília – DF, 1983.
MORITZ, T.; GURGEL, T. S.; COSTA, S. P. Trilhas interpretativas como meio de conscientização
e sensibilização: um estudo com participantes das trilhas da unidade de conservação Parque
Estadual das Dunas de Natal-RN. INTERFACE. Natal, RN, v. 2, p. 130-150, jan/jun. 2014.
n. 32, 2016.
RESUMO
Este artigo tem como objetivo contribuir para discussões acerca da relação homem-natureza na
contemporaneidade, para isso, traz a educação ambiental como argumento principal. A educação
ambiental, ignorada por muitas vezes em função do desenvolvimento capitalista, é de extrema
relevância para a compreensão da harmonia possível entra o homem e o pouco do ambiente natural
que ainda nos resta. A respeito de tal harmonia, as unidades de preservação são fragmentos
remanescentes de espaços naturais já consumidos e explorados por atividades antropogênicas,
portanto, são exemplares de uma biodiversidade que precisa ser preservada. Nesse sentido, será
relatada algumas considerações sobre o Parque Florestal de Sinop, como um fragmento florestal
amazônico natural no norte de Mato Grosso.
Palavras-chave: Geografia, Educação Ambiental, Parque Florestal de Sinop.
ABSTRACT
This article aims to contribute to discussions about the relationship between man and nature in
contemporary times, for which environmental education is the main argument. Environmental
education, often ignored by capitalist development, is of extreme relevance in understanding the
possible harmony between man and what little of the natural environment we have left. In regard to
such harmony, the preservation units are remnants fragments of natural spaces already consumed
and exploited by anthropogenic activities, therefore, they are exemplary of a biodiversity that needs
to be preserved. In this sense, some considerations will be reported on the Sinop Forest Park, as a
natural Amazonian forest fragment in the north of Mato Grosso.
Keywords: Geography, Environmental Education, Sinop Forest Park.
INTRODUÇÃO
natureza, fauna e flora, biodiversidade, elementos geográficos, foram e ainda são essenciais para o
desenvolvimento e a sobrevivência da espécie humana.
A contemporaneidade na abordagem da educação ambiental é marcada pela degradação do
ambiente natural, a relação homem-natureza desde o pretérito vem sendo conturbada pela
exploração exagerada e inadequada da nossa espécie, principalmente, por tratar o meio natural
como possível fonte relacionada a algum desenvolvimento de economia, levando esse motivo como
fator principal, e não o bem-estar do nosso planeta. Portanto, a exploração do espaço geográfico
com fins de produção de culturas capitalistas acaba sendo motor para a devastação das florestas no
Brasil e no mundo. ―O progresso equivale por vezes ao controle da natureza e do mundo natural que
se julga consistir de ‗fatores de produção‘ ou meios pelos quais o homem pode se beneficiar
materialmente‖ (DREW, 1998).
O cenário ambiental nos dias atuais é preocupante, apesar de tratados internacionais e
atividades de instituições voltadas para a proteção dos ambientes naturais e sua respectiva
biodiversidade, como mostra a figura abaixo (figura 1), a cada dia, torna-se mais comum notícias
relacionadas a extinção de espécies vegetais e animais, e principalmente, o desmatamento.
Na sociedade moderna, a expansão do agronegócio com as lavouras de grãos, com fins de
produção de alimentos, a construção de represas de usinas hidrelétricas, com fins de solucionar
problemas energéticos, são vistos como progresso para uma região, e que de fato são, se
relacionadas à economia, em contrapartida, por traz dessa visão, está a destruição sem preocupação
com os aspectos naturais dessas regiões afetadas diretamente por suas consequências.
Como uma concepção social e ao mesmo tempo natural, o meio ambiente na observação
ambiental tem na sustentabilidade uma alternativa de harmonizar a construção da sociedade com a
preservação dos ambientes naturais. Nesse sentido, salienta-se duas racionalidades, ―a primeira é a
construção do princípio de preservação social [...]. A segunda questiona a transformação social que
supera a insustentabilidade do modelo de desenvolvimento atual‖ (ACSERALD, 2001. p. 27).
A região norte do estado de Mato Grosso possui algumas áreas que fazem parte da
Amazônia Legal, termo adotado pelo governo brasileiro para regionalizar a Amazônia, que se
estende num espaço interestadual, e dessa forma, ―institui, em 1966, a Amazônia Legal,
compreendida pelos Estados do Acre, Pará e Amazonas, Amapá, Roraima e Rondônia, e ainda por
áreas de Mato Grosso, Goiás e Maranhão‖ (TORRES, 2005, p. 35).
Portanto, a vegetação dessa área é predominantemente composta originalmente pela floresta
subtropical. Nesse sentido, as floretas do norte mato-grossense fazem parte da região da Amazônia,
essa região brasileira que ainda possui uma grande área rica em biodiversidade atribuída a sua
posição geográfica no globo. Ao destacar a Amazônia como floresta úmida tropical, o Drew (1998)
explica que:
destaca datas importantes relacionadas ao meio ambiente natural, a fim de auxiliar, principalmente
às escolas a desenvolverem atividades com os alunos dentro da área do parque.
Em relatório divulgando às atividades realizadas no Parque Florestal de Sinop durante o ano
de 2012, é destacado a Educação Ambiental como ferramenta para a educação infantil e consciência
cidadã. Durante o ano citado, atividades como palestras, fóruns, seminários, mutirão de limpeza
foram realizados a fim de proporcionar a interação da sociedade com o ambiente natural do parque.
De acordo com o relatório de 2012 a ―Educação Ambiental prepara o indivíduo para a vida
enquanto membro da biosfera, fazendo-o compreender, saber lidar com sistemas ambientais de
maneira global gerenciando melhor as relações sociais e ambientais‖ (PREFEITURA DE SINOP,
2012). O documento ainda argumenta a respeito da importância de uma formação educacional com
atividades ligadas ao Meio Ambiente.
A teoria da Educação Ambiental aliada à prática em campo traz o Parque Florestal de Sinop
como um espaço propício ao estudo da biodiversidade regional, principalmente, da fauna e flora.
São inúmeras as espécies encontradas nesta unidade de preservação, entre elas o Macaco Prego,
espécie encontrada em três biomas brasileiros, Amazônia brasileira, caatinga e cerrado.
De acordo com Barreto (2016), em cartilha específica para a descrição das espécies
encontradas no Parque, o macaco prego se alimenta de frutas e invertebrados, formam grandes
grupos sociais contendo cerca de 20 macacos cada grupo. A organização dessa espécie em grupos,
facilitam a observação da mesma, pois, geralmente, vários animais se aproximam dos observadores.
Outras duas espécies de macacos também fazem parte da fauna do Parque, Macaco Aranha e
o Macaco Sauá.
A divisão do parque pode ser feita em três partes. Para fins de compreensão de Biogeografia,
separa-se nesta produção o espaço do Parque em três partes, na sequência numérica de 1,2, e 3. Na
parte 1, está a entrada do parque, nessa área está a primeira parte da vegetação, no entanto, a flora
será destacada com maior ênfase na parte 3.
Na primeira visão, encontra-se a maioria da fauna visível, como a arara verde, arara
vermelha, arara de Canindé, capivaras, tatu, tracajá, jabuti, garças, o macaco prego citado
anteriormente, entre outros. Portanto, é no Parte 1 onde se encontra como mais visibilidade aspectos
faunísticos. Nesta parte, encontramos também a Arara Vermelha, que de acordo com Barreto (2016)
é a mascote do Parque, escolhido por votação em escolas públicas e privadas da cidade de Sinop.
Figura 3. Imagem de satélite com a divisão do parque. Adaptado de Google Earth (2017).
A segunda parte, a Parte 2 do Parque, compreende a área do lago. Esta parte possui um
tamanho suficientemente grande para garantir a sobrevivência de espécies como, tucunaré, pacu,
sardinha de água doce, cará, jacaré, outros.
O lago presente no centro parque, necessita de uma preocupação exclusiva quanto a limpeza
do lixo jogado pelos visitantes, pois as espécies que ali vivem podem acabar se ser vitimadas com
algum dano causado por embalagens plásticas ou produtos químicos.
Figura 4. Lado no centro do Parque (Parte 2). Foto: Figura 5. Parte 3 – Área de Coleta de Sementes.
COSTA, 2016. Foto: COSTA, 2016.
A terceira e última parte é mais voltada para espécies florísticas. Nesta parte encontra-se
uma área destinada à coleta de sementes de árvores, lá estão distribuídas espécies como o Guarantã,
Seringueira, Açaí, Champanhe, Itaúba, Jatobá, entre outras. Esta parte é usada para coleta de
semente de árvores, e na nossa divisão possui mais aspectos fitogeográficos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A relação homem-natureza sempre foi de dependência por parte do homem, é evidente que
nós precisamos do meio natural e seus recursos para o nosso desenvolvimento e para nossa
sobrevivência, entretanto, a natureza sobrevive e se regenera sem a presença de nossa espécie.
Afinal, somos nós quem precisamos dela, e não ela de nós, assim como nos afirma Boff (2013) ela
pode continuar coberta de cadáveres, sem nós e até mesmo melhor que nós.
A Educação Ambiental tem o papel de trazer essa compreensão para os cidadãos desde os
primeiros anos da aprendizagem escolar e social, uma educação formal e informal, dentro e fora dos
muros escolares. Nas áreas urbanas a presença de unidades de preservação como os parques
florestais são de significativa importância para o desenvolvimento de atividades voltadas para este
âmbito.
A prática da vivencia sustentável com o ambiente natural e social, tende a ser ferramenta
para a formação de mentes com percepção clara da existência harmônica e sustentável da sociedade
com o a natureza. Políticas públicas e projetos de incentivo às instituições de ensino na pesquisa e
exploração desses ambientes de preservação, contribuem para o desenvolvimento científico e,
principalmente, para a formação cidadã.
REFERÊNCIAS
DREW, D. Processos interativos homem-meio ambiente. Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 1998.
RESUMO
A relação homem-natureza tem-se tornado cada vez mais discutidas em âmbito global, pois a
interferência antrôpica de impactos negativos tem destruídos diversos habitats naturais e trazendo
sérios problemas de equilíbrio natural. O objetivo desse trabalho é analisar o ambiente da Unidade
de Conversação do Parque estadual dois Irmãos, tornando possível o contato humano com o meio
ambiente, buscando ferramentas adequadas para a conscientização ambiental e a sensibilidade
social, verificando a importância trazida através da conservação, além de apontar o
desenvolvimento social, cultural e econômico da área de estudo.
Palavras-chave: Análise Ambiental, Conservação, Meio Ambiente.
RESUMEN
La relación hombre-naturaleza se ha vuelto cada vez más discutida a nivel global, pues la
interferencia antrópica de impactos negativos ha destruido diversos hábitats naturales y trae serios
problemas de equilibrio natural. El objetivo de este trabajo es analizar el ambiente de la Unidad de
Conversación del Parque estadual dos Hermanos, haciendo posible el contacto humano con el
medio ambiente, buscando herramientas adecuadas para la concientización ambiental y la
sensibilidad social, verificando la importancia traída a través de la conservación, además de Señalar
el desarrollo social, cultural y económico del área de estudio.
Palabras clave: Análisis Ambiental, Conservación, Medio Ambiente.
INTRODUÇÃO
Para Santos (2006), a interação do homem com a natureza, trouxe mudanças do meio natural
para um meio cada dia mais artificializado, ou seja, trazendo mudanças e transformações por essa
mesma sociedade. Essas mudanças levaram a grandes impactos ao meio ambiente desde períodos
remotos até os dias atuais.
As áreas naturais tem sido tema de diversos debates que fundamentam a conservação de
ecossistemas, aliado a um desenvolvimento econômico e social. Iniciados, sobretudo, por volta da
ISBN: 978-85-68066-53-9 Página 409
Educação ambiental: biomas, paisagens e o saber ambiental
O Parque Estadual Dois Irmãos, também conhecido popularmente como Horto Florestal de
Dois Irmãos, foi fundado no ano de 1916 no Engenho Dois Irmãos, que pertencia aos irmãos
Antônio e Tomás Lins Caldas. (GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO, 2016). O Parque
está localizado na Região Metropolitana do Recife, no Estado de Pernambuco, na Praça Faria
Neves, entre os bairros de Dois Irmãos, Apipucos, Sítio dos Pintos, Macaxeira e Córrego do
Jenipapo, encontra-se delimitada pelas coordenadas 7º59‘30‖ e 8º01‘00‖S e 34º56‘30‖ e
34º57‘30‖W, com a área aproximadamente de 384,42 hectares de Mata Atlântica, sendo reservados
14 hectares ocupados para o Parque.
Uso e Ocupação do Solo da Cidade do Recife, nº16. 176/96, como a Zepa 2 – Zona Especial de
Proteção Ambiental 2, tornando uma Unidade de Conservação1 Municipal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
LEIS MUNICIPAIS – RECIFE, PERNAMBUCO. Plano Diretor. 2008. Disponível a partir de:
<https://leismunicipais.com.br/plano-diretor-recife-pe> Acesso em: 04 out. de 2016.
LIMA, Maria Goretti C; CORRÊA, Antonio Carlos de Barros. Propriação de uma unidade de
conservação de mata atlântica no espaço urbano de recife – pe: o caso da reserva de dois
irmãos. Disponível a partir de: <http://www.revista.ufpe.br/revistageografia/index.
SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006.
WEBER, Ângela; REZENDE, Sérgio M. Reserva ecológica e Parque Dois Irmãos: histórico e
situação atual. In: MACHADO, Isabel Cristina; LOPES, Ariadna Valentina; PÔRTO, Kátia
Cavalcanti (Org.). Reserva ecológica de Dois Irmãos: estudos em um remanescente de Mata
Atlântica em área urbana (Recife – Pernambuco – Brasil). Recife: UFPE, Ed. Universitária,
1998. p. 9-19.
RESUMO
Objetivou-se com este estudo analisar os efeitos das atividades de educação ambiental associados às
práticas do ecoturismo no Parque Estadual de Dois Irmãos- PEDI, Recife – PE, com o intuito de
promover um maior conhecimento da associação da prática da educação ambiental no ecoturismo,
dentro de uma unidade de conservação. Além de fornecer informações pertinentes que auxilie na
tomada de decisões em melhorias no parque. A área de estudo está localizada em um dos maiores
remanescentes de mata atlântica de Pernambuco. Para obtenção dos dados do estudo foram feitas
entrevistas pessoais, aplicação de questionário semi-estruturado, realização de trilhas e pesquisa
bibliográfica. As entrevistas ocorreram com os funcionários do parque e os questionários aplicados
aos visitantes. A pesquisa é de caráter quantitativo e qualitativo. As atividades de educação
ambiental no PEDI são realizadas durante o ano todo por meio do Centro de Educação Ambiental
(CEA), que existe dentro do parque. Para os visitantes, das atividades ecoturistas oferecidas, as
trilhas possui a menor procura. A maior demanda dos visitantes é o contato com os animais. As
atividades educativas no parque surgem efeito, mas as questões de infraestrutura e orçamento
dificultam a eficácia da sensibilização ambiental. O potencial turístico no parque deve ser
fortalecido com ações de educação ambiental em conjunto com a população ao entorno do parque e
com os visitantes, para a promoção de valores ambientais e manutenção da conservação da
natureza.
Palavras-chave: ecoturismo; educação ambiental; instalações ecoturísticas.
ABSTRACT
The purpose of this study is to analyze the results of some environmental education activities
related to ecotourism practices in the Dois Irmãos State Park, situated in Recife – PE, in order to
promote a better knowledge of the association of environmental education practice in ecotourism, in
a conservation unit, and to provide relevant information to help in making decisions on
improvements in the park. The investigation area is located in one of the largest remnants of
Atlantic forest in Pernambuco. The data obtained from the study were personal interviews, semi-
structured questionnaire application, hikes and bibliographical search. The interviews happened
with park staff and questionnaires applied to its visitors. The search is quantitative and qualitative.
Environmental Education activities in the park were performed throughout the year through the
Environmental Education Center (CEA) that exists in the park. For visitors, from the ecotourism
activities offered, the trails have the lowest request. The biggest demand of the visitors is the
contact with the animals. Educational activities in the park take effect but infrastructure and budget
issues complicate the effectiveness of environmental awareness. The tourist potential in the park
should be consolidated with environmental education actions in conjunction with the population
surrounding the park and with visitors, to promote environmental values and maintenance of nature
conservation.
Keywords: ecotourism; environmental education; ecotourism facilities.
INTRODUÇÃO
O ecoturismo é o segmento turístico que mais cresce no mundo. A atividade tem como ideia
interagir em áreas naturais que conservem a natureza, visando atentar as pessoas para a importância
de desenvolver uma consciência socioambiental mais ampla, no que tange a utilização e
preservação do meio ambiente e dos recursos naturais.
Para o ministério do turismo o ecoturismo é conceituado como ―o segmento da atividade
turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação
e busca a formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente,
promovendo o bem-estar das populações.‖ (BRASIL, 1994, p.19).
No ecoturismo é muito normal serem observadas atividades como: observação da fauna,
flora, de formações geológicas, astronômica, espeleoturismo, de caminhadas, safáris fotográficos,
trilhas interpretativas, mergulho livre etc. (BRASIL, 2010).
É habitual perceber a prática do ecoturismo em Unidades de Conservação (UCs), que
permitem o uso de atividades recreativas, educativas e de lazer. Quando esse segmento do turismo é
praticado de forma sustentável nas UCs, trazem grandes benefícios, pois promove uma interação
ambiental e se torna um grande potencial para a conservação da natureza. O Parque Estadual de
Dois Irmãos, Recife – PE é um exemplo de UC que associa suas atividades a prática do ecoturismo.
Essas práticas permitem que o turista vivencie experiências e sensações junto à natureza e
possui um grande potencial educativo e de conservação do meio ambiente.
Em virtude disso, a educação ambiental também é uma importante ferramenta nesse elo
(ecoturismo – unidade de conservação), pois promove a cidadania ambiental, demonstrando novos
modelos de valores e práticas que contribui para a sensibilização ambiental, influenciando nas
mudanças de comportamento e proteção do ambiente natural.
A educação ambiental (EA) constitui uma possibilidade de conter os impactos negativos da
atividade ecoturista. Quando as ações são trabalhadas em conjunto formam grandes ideais
ambientalistas e promove experiências privilegiadas de educação, por meio de um processo
educativo, tendo a configuração de um sujeito ecológico (BUENO; PIRES, 2016).
O propósito desse trabalho em face das características de interação da educação ambiental e
o ecoturismo foram analisar os efeitos das atividades de educação ambiental associadas às práticas
do ecoturismo no Parque Estadual de Dois Irmãos (PEDI), Recife-Pernambuco, nos visitantes. Com
o intuito de compreender como funcionam as atividades de educação ambiental e como são
realizadas as práticas de EA com o público e os benefícios que são trazidos para o público e o
PEDI.
METODOLOGIA
O estudo foi desenvolvido no Parque Estadual de Dois Irmãos - PEDI, localizado na região
Noroeste do Recife. O seu território está inserido nos municípios de Recife e Camaragibe, Estado
de Pernambuco. Sua menor porção está situada na cidade do Recife que dispõe de uma área de
219,493 km2 (RECIFE, 2014).
O PEDI foi criado em 1998 e possui uma área de aproximadamente 1,158 ha, que está
incluso o fragmento florestal Mata de Dois Irmãos, zoológico, o fragmento florestal da antiga
Fazenda Brejo dos Macacos (RECIFE, 2014) e ainda conta com os açudes do Prata, do Meio, de
Dentro e o de Dois Irmãos. Nessa área encontram-se um dos maiores remanescentes de Mata
Atlântica de Pernambuco. No seu entorno estão situadas várias comunidades residenciais, como
Córrego da Fortuna e Sítio dos Macacos que fazem limite direto com a área do Parque.
A nível municipal, o PEDI está categorizado como Zona Especial de Proteção Ambiental II
(ZEPA II) (RECIFE, 1996). No contexto mundial, está definida como Zona Núcleo da Reserva da
Biosfera da Mata Atlântica em Pernambuco (LIMA, 1998).
MATERIAIS E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÕES
16:00 horas. Só podem ser realizadas com no máximo vinte pessoas, acompanhadas de um técnico
ou monitor.
A engenheira florestal do parque confirmou que em média o número de visitantes nas trilhas
é de no mínimo dez pessoas. Caso atinja o número máximo de vinte pessoas são solicitados mais
técnicos ou monitores para acompanhar. Essa equipe é responsável em desenvolver a atividade da
trilha promovendo a mudança de hábito do ecoturista por meio da educação ambiental.
Para os que fazem usem uso da trilha é necessário pagar a entrada do Parque e um valor
acrescido para realizar a atividade. Sabendo que todo o valor arrecadado nas trilhas é para reparo e
manutenção do Parque. O Gerente Executivo do Parque informou que toda renda adquirida na
venda dos ingressos é destinada a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Estado de
Pernambuco – SEMAS.
Para se estimar o grau de funcionamento das instalações ecoturísticas do PEDI, foram feitas
três das sete trilhas ecológicas interpretativas (Macaco, Tigre e Caminho do Prata), sob supervisão
de um monitor responsável pela atividade. Durante a realização das trilhas observou-se a presença
de espécies endêmicas da Mata Atlântica animais como saguis, jaguatiricas e diversas espécies
diferentes de insetos, importantes a manutenção do ecossistema.
Na trilha do Caminho do Prata foi encontrado resquícios de práticas religiosas. A falta de
infraestrutura e segurança impede o seu funcionamento, apesar de sua beleza. Em entrevista com o
gestor existe um projeto para revitalização da área e reforma dessa trilha, além de colocar grade
para delimitar área do parque.
No decorrer das trilhas realizadas foram observada a falta de placas de sinalização, placas
informativas e estruturas voltadas a acessibilidades e a minimização dos impactos gerados durante a
visita. A dificuldade de locomoção, dentro dos espaços naturais de visitação, também foi vista como
um problema em virtude do tombamento de árvores nativas no decorrer de sua extensão, e de
intervenções inacabadas no local que acabam por descaracterizar o ambiente natural. É de extrema
importância que as áreas naturais disponham de instalações físicas adequadas, além de boas
condições em suas proximidades para um desenvolvimento eficaz do ecoturismo. A falta de
instalações acaba por fomentar a entrada de pessoas e visitantes das comunidades do entorno,
facilitando a abertura de trilhas clandestinas, desmatamento da remanescente de Mata Atlântica, e
disposição irregular de resíduos, como observado na trilha do Caminho do Prata.
Planejamento, projeto e critérios de instalações adequados devem ser aplicados a fim de
minimizar o impacto sobre o meio natural, fornecer certo grau de autossuficiência funcional e
contribuir para a melhoria da qualidade da experiência dos visitantes. (LINDBERG HAWKINS,
1999 apud HANAI et al, 2015)
As instalações são meios para que os ecoturistas tenham uma compreensão do local e o
conheçam de forma detalhada, permitindo perceber que a visita é algo fora do usual, uma
oportunidade preciosa de aprender a valorizar e sentir a natureza. (HANAI; NETO 2006).
Para os gestores das áreas ecoturísticas é um desafio que exige cuidados específicos frente a
sua criação. Essas ferramentas auxiliam no desenvolvimento do ecoturista para uma interpretação
mais fácil do meio natural, bem como um maior nível de segurança e o desempenho da função de
referenciamento do local.
O emprego dessas instalações deve visar promover aos visitantes mecanismos que facilitem
desenvolver o proposto pela atividade, que tem por objetivo a experiência interpretativa do
ambiente, por meio da prática da educação ambiental – EA, que contribui para a formação de uma
consciência ambientalista.
Considerando os dados encontrados é provável que os impactos constatados nas trilhas,
estejam relacionados à ausência de planejamento, de manutenção, fiscalização e de questões
financeiras. O parque não possui um trabalho de fiscalização contínuo. A unidade conta com o
apoio da polícia militar (CIPOMA).
Em meio a tantos pontos negativos as trilhas que ainda permanecem ativas dentro do parque
desempenham um papel de extrema importância voltado à preservação da natureza. Mesmo com os
respectivos problemas apontados as atividades desenvolvidas nos espaços ainda se aproximam do
proposto pelo ecoturismo.
A presença de monitores na área de educação ambiental, responsáveis por executar os
projetos desenvolvidos por meio do CEA, é essencial. Esses colaboradores facilitam a
conscientização dos visitantes em relação à conservação da natureza.
A entrevista com os visitantes apontou as seguintes questões. Quando perguntadas se sabiam
o que é educação ambiental 70 % responderam que sabiam e 30% desconheciam. Nas perguntas
relacionadas ao que é preservação ambiental 90% desconhecem o assunto e 10% conheciam. Sobre
o que é ecoturismo 53% afirmaram conhecer e 47% desconhecem. Ao perguntar sobre o que é uma
unidade de conservação 50% responderam que sim e 50% que não. Por qual motivo você vem ao
PEDI, 50% responderam para ver os animais, 33% lazer, 14% pela área verde e 3% para a
realização das trilhas. Sobre a finalidade da unidade de conservação 50% conseguiu responder e
outros 50% deixaram em branco ou não soube responder.
Esses resultados esclarecem a importância de se manter presente às atividades de educação
ambiental. Pois a mesma promove experiências privilegiadas de educação, que estimulam a elucidar
valores, incentivar, informar e esclarecer em prol da conservação da natureza e da consolidação de
um novo comportamento social (BUENO; PIRES,2006).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BRASIL, MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA). Diretrizes para uma política nacional de
ecoturismo. Brasília: MMA, 1994. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/estruturas/sedr_proecotur/_publicacao/140_publicacao20082009043710
.pdf. Acesso em julho 2017.
RESUMO
Este estudo se baseou em 11 unidades de conservação (UC) do estado do Maranhão, entre elas,
reservas extrativistas, reservas biológicas e parques. A pesquisa estrutura-se a partir do
processamento digital de imagens dos satélites LANDSAT 5 e LANDSAT 8, com uma resolução
espacial de 30 metros. Foram analisadas imagens no período antes da criação das UC‘s e no ano de
2016. Com base nas características de uso e cobertura da terra, a análise desenvolve-se a partir das
métricas de paisagem referentes a área, forma, densidade e tamanho, relativo a região intra unidade
e suas respectivas zonas de amortecimento. Os resultados evidenciam, inicialmente, que as métricas
obtidas na zona de amortecimento tendem a variar de forma similar aos resultados obtidos na área
interna das UC's e que a um aumento no grau de fragmentação da cobertura florestal dentro das
unidades de conservação é um dado em 82% dos casos, assim como a diminuição da cobertura
florestal em 63% casos. O estudo permitiu analisar a dinâmica territorial na qual as UC's estão
inseridas e destacar os dados que indicam aspectos positivos no manejo das UC's.
Palavras-chaves: Conservação, Maranhão, Socioambiental, Efetividade, Vulnerabilidade.
ABSTRACT
This study was based on 11 protected areas (PA) in the state of Maranhão, among them extractive
reserves, biological reserves and parks. The research is based on the digital processing of images of
the LANDSAT 5 and LANDSAT 8 satellites, with a spatial resolution of 30 meters. The analyzed
images were from the in the period before the creation of the PAs and in the year 2016. Based on
the characteristics of land use and coverage, the analysis is developed from the landscape metrics
referring to area, shape, density and size, relative to the internal area of the PAs and their respective
damping zones. The results show, initially, that the metrics obtained in the damping zone tend to
vary in a similarly to the metrics obtained in the internal area of the PAs and that an increase in the
degree of fragmentation of the forest coverage within the protected areas is a fact in 82% of the
cases, as well as the decrease of forest coverage in 63% of cases. The study allowed an analysis of
the territorial dynamics in which PAs are inserted and highlighted the data that indicate positive
aspects in the management of PAs
Keywords: Conservation, Maranhão, Socio-environmental, Effectivity, Vulnerability.
23
Co-orientador.
24
Orientadora.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
analisados dois períodos: o período anterior à criação da UC e no ano de 2016. Para análise e
fotointerpretação das imagens, foi produzido uma combinação de bandas para elucidação dos alvos
em estudo: área urbana, mosaico de ocupações, floresta, vegetação aberta, corpos hídricos, área
não-observada e área natural não vegetada.
Para o processamento e classificação das imagens empregou-se a técnica de classificação
supervisionada. Assim, foram utilizadas as ferramentas digitais de balanceamento de cores,
alteração dos efeitos de background, e o classificador Máxima Verossimilhança no software
ArcGIS, a partir de um sistema de amostragem por classe, utilizando a informação espectral de cada
"pixel". Com as imagens classificadas, utilizou-se a extensão Patch Analyst do software ArcGIS
para o cálculo das métricas da paisagem. As métricas da paisagem selecionadas estão relacionadas a
área, forma, densidade e tamanho do fragmento, possibilitando retratar as dimensões, configuração
e nível de alteração da paisagem.
As áreas das classes (CA) foram calculadas com a finalidade de quantificar e mensurar o
percentual da área Urbanizada / Mosaico de Ocupações, Floresta, Vegetação Aberta e a Área
Natural Não Vegetada. Quanto ao tamanho dos fragmentos das classes foi selecionada a métrica
MPS (tamanho médio da classe) e para o número de fragmentos NUMP (número de fragmentos).
Por último, utilizou-se a métrica MSI (índice de forma médio), que representa a relação
perímetro/área do fragmento florestal, esta métrica mostra o índice igual a 1 (um) quando todas as
manchas forem circulares e aumenta com a crescente irregularidade da forma da mancha.
A pesquisa documental foi realizada através de consultas na Secretaria de Meio Ambiente
Estadual - SEMA, Ministério do Meio Ambiente e Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade - ICMBIO. Para a análise bibliográfica, estruturou-se a pesquisa acerca das
publicações por meio do portal de periódicos da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior), SCIELO e Google Acadêmico, a partir das palavras chaves: Métricas da
paisagem - Efetividade de Áreas Protegidas - Unidades de Conservação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Métrica: MPS (m²) NUMP MPS (m²) NUMP MPS (m²) NUMP
Observa-se nos dados acima (tabela 2), referentes a cobertura florestal e área natural não
vegetada, que existe uma tendência de diminuição do tamanho médio do fragmento e um aumento
número de fragmentos. Ou seja, amplia-se o grau de fragmentação da paisagem, com considerada
antropização das áreas naturais. Um fragmento é uma mancha originada por fragmentação, isto é,
por subdivisão promovida pelo homem, de uma unidade que inicialmente apresentava-se sob forma
contínua, como uma matriz, segundo Metzger (2001) (apud SILVA, 2012).
No entanto, estes dados, por si só, não significam que houve uma redução da cobertura
florestal e áreas naturais, inclusive poderiam indicar o contrário, com a expansão da cobertura
florestal, porém com fragmentos menores, por isso diminui a média de tamanho e aumenta o
número de fragmentos. Quando compara-se com a métrica CA (área de classe), que nota-se que, de
fato, só houve um aumento da cobertura florestal e área natural na área interna em apenas 4 UC's.
Assim pode-se concluir que houve uma redução dessa classe, de modo geral. Essas quatro UC's
mencionadas, são a RESEX do Ciriacó, PN das Chapadas das Mesas, PN dos Lençóis Maranhenses
e PE do Rangedor.
Compara-se com os dados da métrica CA, da zona de amortecimento, identifica-se que duas,
das 4 UC's mencionadas anteriormente, tiveram um decrescimento da mesma classe na ZA, que
foram a PN da Chapada das Mesas e PE do Rangedor. Ao apresentar a figura 2, serão abordadas
mais questões acerca da ZA.
Relativo a classe vegetação aberta, na tabela 1 é possível perceber uma redução do número
de fragmentos e do seu tamanho médio. Quanto a métrica CA, 7 UC's sinalizam uma expansão da
classe de vegetação aberta, entre estás, 4 também apresentaram um crescimento da área urbana e
ocupada. E, no total, 6 UC's apresentaram expansão da área urbana e ocupações, o que também
pode ter contribuído para o aumento da fragmentação da cobertura florestal, assim como o tamanho
médio dos fragmentos. De acordo com os dados obtidos com o ICMBIO e SEMA, essa ampliação
ocorre principalmente por avanço de áreas agrícolas e agropecuárias, somado a reduzida
abrangência da regularização fundiária e mecanismo de fiscalização e monitoramento que existem
atualmente nessas UC‘s.
Figura 2: gráfico representando a variação percentual das métricas MPS em m2 e NUMP em suas devidas
zonas de amortecimento.
A figura 2 mostra que, das zonas de amortecimento das unidades de conservação, referente à
classe de floresta e área natural não-vegetada, 7 delas tiveram sua métrica de tamanho médio (MPS
em m2) aumentado e 6 delas tiveram seu NUMP reduzido. Referente a classe de área urbana ou
mosaico de ocupações, 10 ZAs de UC's tiveram seu MPS em m2 reduzido e 7 delas tiveram seu
NUMP aumentado. Em relação à classe vegetação aberta, 8 ZAs registraram MPS em m2 reduzido e
em 8 UC‘s, observou-se ampliação número de fragmentos.
Portanto, observa-se que apenas 4 UC's obtiveram uma expansão da classe de cobertura
florestal e a área natural não vegetada quanto à métrica CA. Analisando os dados, conclui-se que, de
forma geral, houve uma diminuição da cobertura florestal e uma maior fragmentação, porém essa
ocorreu de tal forma que os tamanhos médios dos fragmentos também aumentaram. Pode ter
ocorrido, por exemplo, um desmatamento dos fragmentos menores, preservando os fragmentos
maiores.
Quanto a questão da área urbana e ocupações, percebe-se, que em geral, ocorreu um
aumento de seus fragmentos, pelo seu NUMP e seu tamanho médio reduzido. Comparando com as
métricas CA, foi perceptível o aumento da área urbana. Já a vegetação aberta foi vista redução em 8
ZAs e quanto as métricas de NUMP e MPS está ocorrendo uma fragmentação e redução do
tamanho médio, de fato indicando um recuo da vegetação aberta.
Ao se tratar da redução de cobertura florestal e o ganho de área urbana na zona de
amortecimento, pode-se associar este fenômeno ao aumento da pressão intra-UC e consequente
perda de biodiversidade na UC, com efeitos perceptíveis a curto, médio e longo prazo. Uma
ISBN: 978-85-68066-53-9 Página 428
Educação ambiental: biomas, paisagens e o saber ambiental
vegetadas, e o mesmo aconteceu com suas zonas de amortecimento. No entanto, na Chapada das
Mesas apresentou uma tendência de crescimento quanto à classe de vegetação aberta.
Provavelmente, fruto da questão já apresentada da expansão da fronteira agrícola em territórios
ilegais.
Nos Lençóis Maranhenses, na zona intra-UC, isto indicou um processo de desfragmentação
da cobertura florestal e aumento do tamanho médio dos fragmentos, assim como uma diminuição
dos fragmentos da classe de área urbana e ocupações. Já na Chapada das Mesas, na zona intra-UC,
mesmo com a expansão da cobertura florestal, houve uma maior fragmentação, e diminuição do
tamanho médio desses fragmentos. Os resultados demonstraram alterações no território com
ampliação de 220% do tamanho médio da cobertura de vegetação aberta e diminuição da
fragmentação em 60%.
A PE do Rangedor apresentou uma drástica redução da cobertura urbana e ocupações
passando de 22% da cobertura do solo da UC para 2.2%. Além de ter expandido sua cobertura
florestal e área natural não vegetada de 56% para 72%. Quanto às 5 RESEX analisadas: a da Mata
Grande apresentou grande crescimento da classe de área urbana e mosaico de ocupações, passando
a representar 41% da UC, quando antes era cerca de 9%. Isto representou um recuo da área de
vegetação aberta e cobertura florestal. O melhor resultado foi a RESEX do Ciriacó, registrando o
melhor resultado, com uma expansão da cobertura florestal com indo de 36% para 49%, redução da
área de vegetação aberta 61% e 43% e uma expansão maneirada da cobertura de ocupações e
urbana: de 3% até 8%.
O pior resultado de conservação da cobertura florestal e área de natural não-vegetada
(redução de 72% para 22%) foi observado na RESEX do Quilombo do Frechal, onde houve
aumento da cobertura de vegetação de 17% para 47% e da cobertura urbana e ocupações de 10%
para 23%.
CONCLUSÃO
APOIO:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII
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dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF. Disponível em:
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sócioambientais-e-áreas-protegidas-no-Brasil.pdf>. Acesso em: 18 maio 2017.
Guilherme FERREIRA
Aluno do curso Técnico em Meio Ambiente no SENAC
ferreira.guilherme2014@gmail.com
Charles da Silva FRANÇA
Aluno do curso Técnico em Meio Ambiente no SENAC
tharlessf@aasp.org.br
Josiane Blasioli da SILVA
Aluno do curso Técnico em Meio Ambiente no SENAC
blasiolijo@outlook.com.br
Breila Pessoa DIAS
Docente do curso Técnico em Meio Ambiente no SENAC
breiloca@hotmail.com
RESUMO
O presente trabalho relata uma prática de Educação Ambiental vivenciada entre alunos do curso
Técnico em Meio Ambiente da Instituição SENAC, unidade de Birigui - SP, com um grupo de
crianças de uma escola municipal de Araçatuba, como atividade integradora e participativa ao dia
mundial da água no Parque Ecológico Baguaçu (PEBA). O objetivo foi apresentar as crianças
conceitos importantes sobre a preservação e sustentabilidade de ambientes classificados como
Áreas de Preservação Permanente dentro de espaços urbanos, além de proporcionar aos autores do
trabalho vivências necessárias para o melhoramento profissional neste contexto educacional. O
PEBA proporciona estas vivências através de trilhas interpretativas seguidas por monitores
ambientais, que no trabalho presente, foi executada pelos próprios alunos do SENAC. Por ser um
relato de experiência não houve uma metodologia cientificamente detalhada para levantamento de
dados, sendo o método utilizado para os registros das atividades a observação direta através de
arquivo de fotos, breve descrição das atividades e análises dos possíveis feedbacks apresentados
pelas crianças. Este trabalho considera-se, primeiramente, valorativo, no sentido de acrescentar
conhecimento e experiência profissional necessários aos alunos do curso de Meio Ambiente do
SENAC de Birigui para a conclusão do módulo II em Educação Ambiental dentro da formação
Técnica oferecida. Em segunda instância, mas não menos importante, as práticas realizadas com
crianças são fundamentais para o despertar da consciência sustentável e pode, possivelmente,
dinamizar este objetivo da sensibilização e da chamada de atenção sobre a necessidade das práticas
sustentáveis, tão emergenciais para elas e também para o nosso futuro comum.
Palavra – chave: Educação Ambiental, Relato de Experiência, Meio Ambiente
ABSTRACT
The present work reports an Environmental Education practice experienced among students of the
Environmental Technical course of the SENAC Institution, Birigui - SP unit, with a group of
children from a municipal school in Araçatuba, as an integrative and participative activity to World
Water Day In the Baguaçu Ecological Park (PEBA). The objective was to present children with
important concepts about the preservation and sustainability of environments classified as
Permanent Preservation Areas within urban spaces, as well as providing the authors with the
necessary experiences for professional improvement in this educational context. The PEBA
provides these experiences through interpretive tracks followed by environmental monitors, which
in the present work was carried out by SENAC students themselves. As an experience report there
was no scientifically detailed methodology for data collection, the method used to record the
activities was direct observation through a photo archive, brief description of the activities and
analysis of the possible feedbacks presented by the children. This work is considered, first of all,
valuable, in the sense of adding the necessary knowledge and professional experience to the
students of the Environment course of Birigui SENAC for the completion of module II in
Environmental Education within the offered technical training. In the second instance, but not least,
the practices carried out with children are fundamental for the awakening of sustainable awareness
and can possibly boost this objective of raising awareness and attention to the need for sustainable
practices, which are so urgent for them and also For our common future.
Keywords: Environmental Education, Experience Report, Environment
INTRODUÇÃO
JUSTIFICATIVA
OBJETIVO GERAL
Objetivos Específicos
METODOLOGIA
As atividades foram realizadas no Parque Ecológico Baguaçu – PEBA pelos alunos do curso
Técnico em Meio Ambiente do SENAC de Birigui-SP, com crianças do ensino fundamental II de
uma escola municipal da cidade de Araçatuba. As mesmas integraram, através de um convite, o
cronograma proposto pelo Departamento de Meio Ambiente e Sustentabilidade da cidade de
Araçatuba-SP como reflexão a Semana da água e ao ―Dia Mundial Da Água‖, enfatizando a
importância do Parque Ecológico e do Ribeirão Baguaçu (que abastece 70% da cidade de
Araçatuba-SP) para a população local.
De acordo com os objetivos propostos segue abaixo a descrição das atividades:
uniflora) e Camu-camu (Myrciaria dúbia) onde as crianças procuraram por estas mudas e quando
encontradas puderam levá-las para casa e orientadas a plantarem em seus bairros. Também foram
escondidos diversos objetos não pertencentes ao ambiente natural estudado estimulando a criança a
procurá-los e apontá-los como resíduos de ações antrópicas.
RESULTADOS
Figura 1
ambientais e comentários feitos por parte das crianças quanto à necessidade da preservação de áreas
naturais.
Figura 2 Figura 3
A caminhada pela trilha teve por objetivo despertar a observação das crianças na percepção
das diferentes espécies de plantas e animais existentes no parque, conhecer a classificação
sistemática destes e sua importância ecológica, despertar o olhar para a biodiversidade local e a
preservação destas matas inseridas em ambientes urbanos. Atentarem para o principal rio que
abastece a cidade e a situação atual da qualidade de suas águas, sobre as Leis Ambientais vigentes
do código Florestal, dentre outras. Muitas perguntas por parte das crianças foram realizadas, num
sentimento de euforia e alegria, por estarem em um ambiente diferente de seu cotidiano escolar,
misturados a atenção naturalmente dada aos monitores que iriam oferecer atividades interessantes,
possivelmente pode ter havido uma reflexão sincera destas crianças sobre as ações do homem, sobre
a necessidade da postura sustentável e permanente e sobre a preservação destes ambientes já tão
fragilizados (Figura 4 e 5).
Figura 4 Figura 5
Figura 6
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA
CORNELL, Joseph. Vivências com a natureza 1: guia de atividades para pais e educadores. 3 ed.
São Paulo: Aquariana, 2008a
_________. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 6.938,
de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.html
_________. Constituição Federal. Brasília – DF, 1988. Política Nacional de Educação Ambiental,
Lei 9795. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 27 abr. 1999.
Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9795.htm>
RESUMO
O Parque Parreão I é uma das áreas verdes existentes em Fortaleza. Buscando divulgar a
biodiversidade deste local e envolver a sociedade em sua conservação, o projeto Pró-Parreão tem
promovido ações de educação ambiental. O objetivo deste artigo foi apresentar o roteiro guiado de
visitação do Parque Parreão I abordando sua produção e importância para a realização da
caminhada ecológica e discorrer acerca da aplicar deste roteiro junto a alunos de escolas públicas e
instituições não formais de ensino. Para elaboração do roteiro guiado, foram realizados estudos
bibliográficos sobre o local e um prévio trabalho de campo para registros, identificações e
observações das principais espécies da flora e da fauna encontradas no parque. O percurso da
caminhada ecológica foi construído para ter uma hora de duração. Os pontos determinados para o
roteiro foram sistematizados de forma a possibilitar explanações e discussões sobre a importância
de áreas verdes para a cidade, histórico do local, a diversidade e riqueza do parque, os impactos
ambientais locais existentes e outros assuntos relevantes, enfatizando a importância da preservação
desta e de outras áreas verdes da cidade. Os animais observados durante o trajeto foram
identificados indicando a relevância do Parque Parreão I na manutenção da vida desses animais,
dialogando assim com diversas áreas do conhecimento. Além da caminhada propriamente dita, o
projeto Pró-Parreão convidou integrantes de outra instituição e de outro projeto da UFC para
promover atividades lúdicas educativas que abordaram a temática de combate ao mosquito Aedes
aegypti como desfecho da atividade. Após a conclusão do roteiro foram convidados integrantes de
duas instituições para participar da caminhada ecológica. Constatou-se a importância dos dois
métodos para a promoção da educação ambiental contribuindo assim para a preservação e
valorização da biodiversidade do Parque Parreão I.
Palavras-chaves: Educação Ambiental, Caminhada Ecológica, Conservação, Parque Parreão I
ABSTRACT
The Parque Parreão I is one of the green areas in Fortaleza. Seeking to disseminate a biodiversity of
this place and to involve a society in its conservation, the Pro-Parreão project has promoted actions
of environmental education. The objective of this article was to present the guided tour of the
Parque Parreão I discussing its production and conditions for a collective learning course and
discussing the script together with students from public schools and non - formal teaching
institutions. The guided tour was based on bibliographical researches carried out about the Parque
Parreão I and previous field work for records, identifications and observations of the main species
of flora and fauna found in the area. The ecological walking path was built for an hour long. The
points established for the itinerary were systematized in order to make possible explanations and
discussions about the importance of green areas for a city, the site's history, park biodiversity,
environmental impacts and other relevant aspects, emphasizing the importance of preserving others
green areas of the city. The animals observed during the journey were identified indicating a
relevance of the Parque Parreão I in the maintenance of animal life, thus dialoguing with several
areas of knowledge. In addition to the walk itself, the Pró-Parreão project invited members of
another projects to promote educational recreational activities that address the issue of combating
the Aedes aegypti mosquito as an outcome of the activity. After the completion of the script with
integrated guests of two institutions to participate in the ecological walk. It was verified the
importance of the two methods for a promotion of environmental education for a preservation and
valorization of the biodiversity of the Parque Parreão I.
Keywords: Environmental Education, Ecological Walk, Conservation, Parque Parreão I
INTRODUÇÃO
sensibilização ambiental (GURGEL, 2011). Tais ações são de grande importância para a melhoria
do uso e preservação do meio ambiente.
Em Fortaleza, O Parque Parreão constitui uma área verde da cidade, considerada Zona de
Proteção Ambiental 1(ZPA1) pela Lei Complementar 0202, de 13 de maio de 2015, ou seja
constitui faixa permanente de preservação de seus recursos hídricos, apresentando grande
importância ecológica na manutenção dos ecossistemas aos quais elas pertencem, abrigando
espécies da fauna e da flora e proporcionando conforto térmico em meio ao deserto urbano da
cidade (LIMA, AMORIM, 2006). Localizado entre as avenidas Borges de Melo e Eduardo Girão,
no Bairro de Fátima, o parque possui uma área de 31.582 , é bastante utilizado pela população
local como equipamento de lazer e prática de atividades físicas junto à natureza. Possui também um
riacho que leva o mesmo nome e corre por toda sua extensão (ALVES, 2013).
Devido a essa importância ecológica buscou-se envolver a sociedade ativamente na
conservação, preservação e valorização do Parque Parreão. Para isso, o projeto Pró-Parreão
produziu um roteiro guiado com o objetivo de realizar caminhadas ecológicas no local,
desenvolvendo a educação ambiental junto a alunos de escolas públicas e de outras instituições de
educação não formal possibilitando o conhecimento e divulgação da riqueza natural e cultural do
parque de forma interdisciplinar. Através da educação ambiental é possível sensibilizar a população
em geral acerca dos problemas ambientais, facilitando o processo de tomada de consciência sobre a
gravidade dos impactos ambientais e a necessidade urgente de ações de gestão sustentável do
patrimônio natural.
Assim, o objetivo do presente artigo é apresentar o roteiro guiado de visitação do Parque
Parreão I abordando sua produção e importância para a realização da caminhada ecológica e aplicar
este roteiro junto a alunos de escolas públicas e instituições não formais de ensino.
MÉTODOS
Para elaboração do roteiro guiado, foram realizados estudos bibliográficos sobre o local e
um prévio trabalho de campo para registros, identificações e observações das principais espécies da
flora e da fauna encontradas no parque.
O percurso não abrangeu a área total do parque, de 31.582 m², pois foi necessário adaptar-se
ao tempo de permanência das instituições no local. Assim, o percurso da caminhada ecológica foi
construído para ter uma hora de duração.
Os pontos determinados para o roteiro foram sistematizados de forma a possibilitar
explanações e discussões sobre a importância de áreas verdes para a cidade, histórico do local, a
diversidade e riqueza do parque, os impactos ambientais locais existentes e outros assuntos
relevantes, enfatizando a importância da preservação desta e de outras áreas verdes da cidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Roteiro
frutos, conhecidos como bolas de canhão por se assemelharem a elas, e flores, que lembram
espécies de plantas carnívoras.
A quarta parada localizou-se nas proximidades das margens do riacho Parreão, onde os
participantes puderam ouvir um pouco da história do riacho e realizar uma análise das águas do
riacho Parreão, através do projeto Observando os rios da ONG SOS Mata Atlântica, que com a
ajuda de voluntários, vem realizando o monitoramento da qualidade da água do riacho Parreão.
A quinta parada foi diante de um Juazeiro (Ziziphus joazeiro), uma espécie nativa da
Caatinga adaptada ao clima semiárido. Neste ponto foram apresentadas as características da espécie
e da Caatinga bem como aspectos históricos relacionados a origem da cidade de Juazeiro do Norte
no estado do Ceará.
A sexta e última parada foi definida diante do Pau-Brasil (Paubrasilia echinata). Além da
explanação acerca das principais características da espécie também foram ressaltados aspectos
históricos levando em conta tratar-se da espécie da qual se originou o nome de nosso país e que foi
durante muito tempo extraída de forma predatória.
Durante o trajeto também foram apresentados, através de fotos, alguns animais da fauna
local como iguana, socó-boi, sabiá, bico-de-lacre, garça, soin, gavião carijó, dentre outros. Alguns
destes animais puderam ser avistados durante o percurso.
Outro assunto abordado durante a caminhada ecológica foi a presença de gatos no local e o
impacto causado por eles ao ambiente uma vez que se alimentam de aves e répteis causando
desequilíbrio ambiental.
A Caminhada Ecológica
Foram realizadas duas visitações, ocorridas nos dias 6 e 8 de junho de 2017, no período da
tarde. No dia 6 de junho, participaram cerca de 40 crianças e jovens do Lar Fabiano de Cristo,
instituição que realiza ações sociais e educativas com famílias carentes. Os alunos chegaram ao
local às 14h30 e foram recebidos no anfiteatro do Parque Parreão I, onde foi realizada a
apresentação da equipe do Pró-Parreão e abordado aspectos históricos do local. Em seguida,
iniciou-se a caminhada ecológica, que seguiu o roteiro planejado. Após a caminhada, os alunos
participaram de uma ″Caça ao tesouro″, atividade educativa relacionada ao combate do mosquito
Aedes aegypti, desenvolvida pelo PROSA, Programa de Promoção à Saúde do Departamento de
Fisioterapia da Universidade Federal do Ceará. A atividade consistiu em recolher o lixo que foi
colocado em pontos estratégicos, a fim de combater os focos do mosquito. Ao fim da atividade,
houve um momento para o lanche e um momento livre. Os jovens permaneceram no parque até as
17h.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ALVES, T. C. V. A. Parques urbanos de Fortaleza: espaço vivido e qualidade de vida. 2013. 198f.
Tese (Doutorado) – Universidade Estadual Paulista, Instituto de Geociências e Ciências Exatas.
Rio Claro, 2013. Disponível em
˂http://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/104416/alves_tcva_dr_rcla.pdf˃. Acesso em
10 jul 2017.
FOFONKA, L. Inclusão social e educação ambiental: uma relação possível. Revista EA.
Disponível em ˂http://www.revistaea.org/pf.php?idartigo=2052˃. Acesso em 10 jul 2017.
LIMA, V.; AMORIM, M. C. C. T. A importância das áreas verdes para a qualidade ambiental das
cidades. Revista Formação, n.13, p. 139 -165. 2006. Disponível em
˂http://revista.fct.unesp.br/index.php/formacao/article/viewFile/835/849˃. Acesso em 10 jul.
2017.
PÁDUA, S.; TABANEZ, M. (orgs.). Educação ambiental: caminhos trilhados no Brasil. São
Paulo: Ipê, 1998.
RESUMO
O geoturismo surge como um seguimento que evidencia os notáveis atributos de caráter abióticos
no sentido de proporcionar às pessoas o contato e o aprofundamento do conhecimento acerca dos
geossítios/geomorfossítios, conscientizando-os para a importância de conservá-los. Este trabalho
tem como objetivo caracterizar o geossítio Gruta do Urubu Rei enfatizando a necessidade de
conservação por meio do geoturismo. A metodologia utilizada consistiu em classificar segundo
critérios não matemáticos, os elementos intrínsecos, o uso potencial e a necessidade de
geoconservação do geomorfossítio. Os resultados do estudo demonstraram que o geossítio Gruta do
Urubu Rei apresenta aspectos intrínsecos de caráter local, evidenciado pelo Rio que abastece as
famílias do entorno, uso potencial para atividades didáticas, científicas e de lazer, apresenta-se
vulnerável a degradação devido à falta de sensibilização ambiental acerca das peculiaridades locais
e a falta de uma legislação protetiva específica que assegure a geoconservação do geossítio e sua
área de influência, conferindo a necessidade de ações de planejamento ambiental.
Palavras Chave: Geoturismo, Planejamento, Gruta do Urubu Rei.
RESUMÉN
El geoturismo surge como un seguimiento que evidencia los notables atributos de carácter
abióticos, sin sentido de intercambio a las personas y contacto con la profundización del
conocimiento sobre los geosítios / geomorfosítios, concientizándolos para la importancia de
conservados. Este trabajo tiene como objetivo caracterizar el geosítio Gruta del Urubu Rei
enfatizando la necesidad de conservación por medio del geoturismo. Una metodología utilizada
para la enseñanza superior y la necesidad de conservación de la geosítio. Los resultados del estudio
demostraron que el geomorfosítio Gruta del Urubu Rey presenta objetos intrínsecos de carácter
local, evidenciado por el Río que abastece como familias del entorno, uso potencial para actividades
didácticas, científicas y de ocio, se presenta vulnerable la degradación debido a la falta de
sensibilización ambiental sobre las peculiaridades locales y falta de una legislación protectora
específica que asegure una conservación de geosítio y su área de influencia, dando una necesidad de
acciones de planificación ambiental.
Palabras Clave: Geoturismo, Planificación, Gruta del Urubu Rei.
INTRODUÇÃO
natural, são exemplos de feições naturais contendo variedades e inusitadas feições resultantes da
dissolução da rocha, ambientes que desde os primórdios trazem histórias com significância cultural,
principalmente para as comunidades mais próximas.
No Brasil, as cavidades naturais subterrâneas de acordo com o decreto 6.640/2008 devem
ser protegidas de modo a permitir estudos e pesquisas de ordem técnico-científica, bem como
atividades de cunho espeleológico, étnico-cultural, turístico, recreativo e educativo. Por outro lado,
o mesmo decreto dispõe sobre graus de relevância classificando as cavidades naturais subterrâneas,
sob enfoque regional ou local, como sendo de baixo, médio ou alta relevância de modo que
dependendo de sua classificação e mediante licenciamento ambiental estas poderão ser impactadas
irreversivelmente.
Nesse sentido o planejamento ambiental visando diagnosticar as condições ambientais
peculiares de um dado território, de forma a definir estratégias que cheguem à melhor forma de
aproveitamento dos recursos naturais disponíveis, é indispensável para a minimização dos impactos
negativos promovendo a preservação e conservação dos ambientes naturais. As áreas cársticas,
essencialmente de rochas carbonáticas, são visadas para a extração do calcário com finalidades,
dentre outras, à fabricação de cimentos e produção de cal, muitas vezes comprometendo as
estruturas dos ambientes cavernícolas.
Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo analisar as potencialidades e fragilidades
do geossítio gruta do Urubu Rei localizado no município de Lagoa dos Patos norte de Minas Gerais.
As potencialidades são relativas ao aproveitamento para o geoturismo local, utilizando das
peculiaridades da gruta para a disseminação do conhecimento da mesma com a finalidade de
conscientização dos geoturistas e ações conservacionistas. Levantando as fragilidades será possível
prever riscos que possam surgir como empecilhos aos geoturistas nas visitações.
Para a realização desse estudo realizou-se revisão bibliográfica, leituras cartográficas e
reconhecimento in loco através de três campanhas de campo realizadas entre os anos 2013 a 2015.
A carta geológica da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais - CODEMIG e a
carta topográfica 1:100.00 do Serviço Geográfico do Exército Brasileiro foram essenciais para as
análises e desenvolvimento do estudo.
pertencentes ao grupo paraopeba indiviso, sobrepostas em contato gradacional (Costa & Branco
1961 apud Iglésias e Uhlein, 2009), no topo destas unidades são encontradas por discordância
erosiva rochas pertencentes ao Grupo Areado (CODEMIG, 2013).
Na localidade é possível verificar dois conjuntos de morfologias: as chapadas
correspondentes às rochas relacionadas ao Cretácio do Grupo Areado e os terrenos dissecados
correspondente às rochas sedimentares do Grupo Bambuí (CODEMIG, 2013). As cotas altimétricas
variam entre 660 a 765 metros.
A forma tabular das chapadas favorece o predomínio da infiltração da água pluvial
recarregando os aquíferos. Nas bordas das chapadas onde as formações carbonáticas são expostas
apresentam certo grau de dissecação do relevo, expondo os maciços calcários da formação Lagoa
do Jacaré, esse fator é mais favorável ao intemperismo devido ao ataque dos agentes atmosféricos
causando a dissolução, esse fator favorece a formação das diversas dolinas captando as drenagens
para o ambiente subterrâneo.
A partir das análises efetuadas na carta topográfica Ibiaí 1:100.000 do Ministério do
Exército e processamento dos dados a partir do software Arc gis versão 10.1 disponibilizado no
laboratório de Geoprocessamento da Universidade Federal de Uberlândia, foi possível concluir que
as águas que drenam a área cárstica são pertencentes à microbacia do Riacho do Barro (Figura 1),
afluente do lado esquerdo do Rio São Francisco.
O Riacho do Barro compõe a unidade de planejamento de gestão das águas do São Francisco
centro, sob jurisdição do Comitê de Bacia Hidrográfica dos Rios Jequitaí e Pacuí.
O curso d‘água que atravessa a Gruta do Urubu Rei acompanhando o seu desenvolvimento é
o Rio Sumidouro, este foi descrito por Rubbioli (1991) com possibilidades de ser o Rio subterrâneo
de maior vazão do estado de Minas Gerais. A água do Rio Sumidouro é utilizada por cerca de treze
famílias o que corresponde ao abastecimento de aproximadamente setenta pessoas. Segundo
informações dos moradores que captam água, durante análises de vazão para o requerimento de
outorga junto ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas - IGAM, o referido Rio demonstrou vazão
de cerca de 550 l/s.
O bioma Cerrado é o maior de Minas Gerais, ocupando cerca de 57% do estado, é
caracterizado como uma formação do tipo Savana tropical. Os Cerrados ―Também chamados
campos cerrados, são conjunto de arboretas da mesma composição dos cerradões, porém não
escondem a superfície do solo que lhe serve de suporte ecológico‖ (AB‘SÁBER, 2003 p.2).
A cobertura vegetal exerce a função de proteger a superfície do solo de duas maneiras: pela
intercepção das precipitações e pelo papel amortecedor dos detritos vegetais. A diminuição da força
do impacto da precipitação favorece um fluxo lento e facilita a infiltração da água pluvial no solo.
Em contrapartida, com o solo desnudo e com a diminuição da infiltração da água no solo, ocorre a
erosão pluvial que consiste na ―destruição dos agregados do solo pelo impacto das gotas da chuva‖
(TRICART, 1977, p. 26).
Dada a importância do recobrimento florístico, é oportuno analisar algumas atividades
exercidas pelo homem e que necessita a retirada da vegetação ou conseqüentemente a partir dela se
extingue a vegetação natural, diminuindo a resistência do solo provocando ou intensificando os
processos erosivos.
Na área de estudo podem ser observadas três classes de usos do solo. Nas áreas que
circundam a gruta do Urubu Rei predominam atividades pecuárias, essa área se relaciona aos locais
de afloramentos calcários da Fm. Lagoa do Jacaré de composição carbonática e, portanto, mais
propensa a dissolução.
O solo sem cobertura vegetal necessária para a atividade pecuarista, aliado ao pisoteio do
gado, causa a alteração da dinâmica morfológica da área intensificando os processos erosivos.
As áreas com maiores coberturas vegetais aparecem nas áreas de chapadas coincidindo com
as rochas areníticas do Grupo Areado.
Inúmeras feições destacam-se nas paisagens naturais apresentando notoriedade, seja pela
beleza, história ou significado para o local em que se insere, porém as informações relacionadas à
sua formação, evolução e formas de conservação, nem sempre são divulgadas. O Geoturismo tem se
destacado no sentido de transmitir as informações de natureza abiótica com a finalidade de
proporcionar aos visitantes a contemplação, o lazer e o conhecimento daquilo que é visualizado.
O geossítio cárstico, foco desse estudo, surpreende aos que o visitam desde os metros
iniciais da trilha de acesso, onde é possível ouvir o barulho das águas do Rio Sumidouro em atrito
com os blocos rochosos. O Rio acompanha o desenvolvimento da cavidade pelos condutos
subterrâneos em sua extensão de 2.250 metros de projeção horizontal. Esse número a coloca na
posição de décima quarta maior caverna de Minas Gerais. A Gruta do Urubu Rei ainda não foi
totalmente mapeada, os últimos registros sobre a topografia, espeleometria e mapeamentos que se
obtiveram informações constam de 1991 (Figura 2), o que indica que a sua extensão supera os
números divulgados.
A gênese da dolina pode ser representada pelo abatimento do terreno, seguido de erosão
fluvial. São 40 metros de desnível, e a sua entrada principal apresenta cerca de 16 metros de altura
(Figura 3). A presença de blocos soltos no seu interior afirma para a gênese por abatimento, os
depósitos clásticos de origem alóctone são diversos, composto por matacões, calhaus, cascalhos e
sedimentos finos. O amplo salão conforme figura 4 se situa nos primeiros 50 metros da gruta com
fácil acesso de visitantes.
GEOTURISMO E PLANEJAMENTO
conceitua valorização como ―o conjunto de acções de informação e interpretação que vão ajudar o
público a reconhecer o valor dos geossítios‖ (BRILHA, 2005 p. 108). O planejamento desde a
produção de materiais de divulgação, audiências e a ação junto ao público escolar deve visar a
sensibilização, pois essa quando é alcançada ocorre uma mudança de paradigmas, não sendo uma
conscientização momentânea, mas o saber, o praticar e o replicar das informações para além do seu
convívio mais próximo.
A Gruta do Urubu Rei é pouco conhecida, até mesmo entre os munícipes, onde alguns dos
que a conhece a vê como local de riscos, associando muitas vezes, com histórias fictícias obscuras,
no entanto essas formações são peculiaridades da região e da localidade, necessitando que se
permita conhecer a realidade e em que estão inseridos e as razões existentes que possibilitam o
surgimento dessas feições na localidade.
Após a devida valorização do geossítio e assegurada à sensibilização em favor da
geoconservação, é necessário que oriente os geoturistas na rota que seguirá para a contemplação e
atividades relacionadas ao geoturismo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto n° 6.640, de 7 de Novembro de 2008. Dá nova redação aos arts. 1º, 2º, 3º,
4º e 5º e acrescenta os arts. 5-A e 5-B ao Decreto nº 99.556, de 1º de outubro de 1990, que
dispõe sobre a proteção das cavidades naturais subterrâneas existentes no território
nacional. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 10 de Nov. 2008.
RUBBIOLI, Ezio Luiz. Gruta do Urubu Rei. O Carste. ano 3, n. 7, p. 41-42, jul. 1991.
RESUMO
O Brasil tem enfrentado, nos últimos anos, uma das maiores crises hídricas de sua história, e apesar
da crescente necessidade por água, os ecossistemas produtores deste bem não são preservados.
Neste contexto, objetivou-se com o presente trabalho avaliar as concepções dos moradores da
comunidade Piroás após atividades de conscientização ambiental no que se refere à importância da
conservação das nascentes e a preservação do meio ambiente. Este estudo configura-se como sendo
de caráter qualitativo e para a coleta de dados utilizou-se a técnica de entrevistas semiestruturadas.
A pesquisa foi realizada somente após a realização de todas as atividades com a comunidade
(palestras, capacitações, visitas in loco aos olhos d‘água e plantio de mudas), sendo realizada no
período de 05 de junho a 05 de agosto de 2017, onde, na ocasião foi aplicado um questionário
abordando a temática para um universo de 20 pessoas. Os resultados demonstraram que os
moradores participantes acharam muito importante as ações de conscientização feitas na
comunidade e quando indagados sobre a importância de preservar os olhos d‘água, todos
responderam que acham importante haver essa preservação. Contudo, ao serem questionados a
respeito da qualidade atual da água desses mananciais, alguns acreditam que esta é de má qualidade
por conta da poluição. As atividades de conscientização ambiental contribuíram para sensibilizar e
motivar os participantes a trabalharem em grupo e possibilitaram a construção de um pensamento
crítico voltado à preservação dos recursos naturais, de forma a ampliar a visão da comunidade em
relação à atual situação hídrica da região.
Palavras-Chave: Conscientização; Educação ambiental; Recursos naturais.
ABSTRACT
The Brazil has faced one of the largest water crises in its history in recent years, and despite the
growing need for water, the ecosystems that produce this well are not preserved. In this context, the
objective of this work was to evaluate the concepts of the residents of the Piroás community after
environmental awareness activities regarding the importance of the conservation of the springs and
the preservation of the environment. This study is configured as a qualitative one and the data
collection technique was used semi-structured interviews. The research was carried out only after
all activities with the community (lectures, trainings, on-site visits in the eyes of water and planting
of seedlings), being carried out in the period from June 5 to August 5, 2017,
where, at the time, a questionnaire was applied addressing the theme for a universe of 20 people.
The results showed that the participating inhabitants found the community awareness actions very
important and when asked about the importance of preserving the water eyes, all of them answered
that they consider it important to have this preservation. However, when asked about the current
water quality of these sources, some believe that it is of poor quality because of pollution. The
environmental awareness activities contributed to sensitize and motivate participants to work in
groups and enabled the construction of a critical thinking focused on the preservation of natural
resources, in order to broaden the community's view of the current water situation in the region.
Keywords: Awareness; Environmental education; Natural resources.
INTRODUÇÃO
O Brasil tem enfrentado nos últimos anos uma das maiores crises hídricas de sua história, e
muitos são os fatores atribuídos a este problema, tais como diminuição no regime de chuvas,
poluição dos corpos de água e aumento populacional. Barreto (2010), afirma que no Brasil existem
grandes cidades nas regiões de cabeceiras, perto das nascentes. Ou seja, a demanda é maior onde a
oferta de água é menor e a poluição é mais intensa onde mais deveria ocorrer a preservação.
Apesar da crescente necessidade por água, os ecossistemas produtores deste bem não são
preservados e os mananciais e as nascentes são constantemente destruídos, bem como as matas
ciliares que protegem essas fontes de água. Entende-se por nascente o afloramento do lençol
freático na superfície do solo, o que vai dar origem a uma fonte de água de acúmulo (represa) ou
cursos d‘água, como por exemplo rios (CALHEIROS et al., 2004). Por se tratar de uma fonte
natural e que oferta água de boa qualidade, possui valor inestimável dentro de uma propriedade
agrícola, necessitando de especial proteção para sua preservação.
Entretanto, apesar de sua enorme importância, nos últimos tempos as nascentes vêm
sofrendo grande devastação, o que leva o seu desaparecimento, em virtude da exploração
desordenada e a retirada da mata ciliar para ocupação agropecuária. Esse fato evidencia a relação
direta entre a vegetação e a manutenção dos corpos de água, uma vez que existência de áreas
preservadas implica em fontes e nascentes com água de melhor qualidade (BARRETO, 2010).
Desta forma, para que se garanta o fornecimento de água para o atendimento das
necessidades humanas básicas é necessária a promoção de ações que visem a preservação das
nascentes e dos ecossistemas nos quais estão inseridas. Contudo, ações deste tipo esbarram na falta
de consciência ambiental de grande parte da população, deixando claro que o caminho para a
proteção das fontes de água está em educar além de conservar, pois mais do que preservar é
necessário conscientizar.
Educar e sensibilizar a sociedade para o convívio com o meio ambiente de forma sinérgica e
respeitosa é um dos grandes desafios para profissionais de diversas áreas de estudo. Utilizar a
educação ambiental como instrumento transmissor de conhecimentos acerca do ambiente e do
desenvolvimento sustentável é uma forma de contribuir para a mudança de concepção das pessoas,
principalmente dos agricultores que lidam diariamente com a terra, levando-os a refletir sobre o
local onde vivem e que se sintam capazes de modificar sua realidade (OLIVEIRA et al., 2016).
Neste contexto, a educação ambiental é uma das ferramentas existentes para a sensibilização
e capacitação da população em geral sobre os problemas ambientais. É um processo de formação
dinâmico, permanente e participativo, no qual as pessoas envolvidas passam a ser agentes
transformadores, participando ativamente da busca de alternativas para a redução de impactos
ambientais e para o controle social do uso dos recursos naturais (MARCATTO, 2002).
Deste modo, educadores e alunos do curso de Agronomia da Universidade da Integração
Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), preocupados com as questões referentes à
intensa degradação ambiental na comunidade Piroás que está culminando no desaparecimento das
nascentes da região, proporcionaram capacitações e palestras para membros da comunidade, como
produtores rurais, adolescentes e donas de casa, com o intuito de educá-los ambientalmente, alertá-
los sobre os efeitos negativos de práticas realizadas por eles e instigá-los a produzir de forma
sustentável, reduzindo os danos à natureza e seus recursos.
Neste contexto, objetivou-se com o presente trabalho avaliar as concepções dos moradores
da comunidade Piroás após atividades de conscientização ambiental, promovidas pelo corpo
discente e docente da universidade, no que se refere à importância da conservação das nascentes e a
preservação do meio ambiente.
METODOLOGIA
serem realizadas as atividades de conscientização, com o intuito de analisar a percepção por parte
da comunidade no que diz respeito às mudanças de hábitos e atitudes.
Quanto às atividades, estas foram divididas nas seguintes etapas: realização de palestras e
capacitações junto à comunidade para conscientização acerca da preservação das nascentes de
Piroás (realizadas nas dependências da Fazenda Experimental da Unilab), visitas in loco aos olhos
d‘água para caracterização do ambiente e plantio de mudas nativas da Caatinga no entorno das
fontes.
No tocante às palestras e às capacitações, estas tinham como temas: ―Ciclo hidrológico:
aspectos relacionados às nascentes‖; ―Legislação e Conservação das Nascentes‖; ―Uso do fogo na
agricultura‖ e ―Implantação de Agroflorestas‖. Nestas temáticas discutiu-se sobre o conceito de
ciclo hidrológico e suas respectivas fases, o papel deste na formação das nascentes, as principais
causas de degradação e técnicas de preservação e recuperação das fontes de água. Foram
apresentados também as principais leis e os principais decretos sobre conservação dos olhos d‘água,
as implicações geradas pelas queimadas, formas de realizar a queima controlada e meios
alternativos à utilização do fogo como a implantação de agroflorestas. Em paralelo a isso, nos dias
de encontro, foram distribuídas à comunidade mudas nativas da Caatinga com potencial medicinal,
alimentício e paisagístico.
Por meio da realização de turnês guiadas com a presença de agricultores, foram feitas visitas
às nascentes da comunidade Piroás, afim de identificá-las e caracterizá-las quanto ao ambiente onde
estão inseridas, observando-se a composição da flora ao entorno, a presença ou a ausência de lixos e
água e o seu estado de conservação. Ao todo, foram visitados quatro olhos d‘água.
Para auxiliar e ajudar na recuperação das nascentes, foram realizados o plantio de 31 mudas
de duas espécies nativas da Caatinga, tiririca (Mimosa arenosa) e jurema branca (Piptadenia
stipulacea). A ação contou com a participação dos agricultores da comunidade e com a colaboração
do grupo de pesquisa em Biologia Vegetal da Unilab, o qual foi responsável pela disponibilização
das mudas e apoio técnico.
A pesquisa foi realizada somente após a realização de todas as atividades com a comunidade
no período de 05 de junho a 05 de agosto de 2017, sendo aplicada a um universo de 20 (vinte)
pessoas. O questionário possuía 11 (onze) perguntas que tinham como foco analisar o conhecimento
dos participantes acerca da temática abordada e verificar o avanço destes em relação ao grau de
instrução sobre a preservação das nascentes e sua importância para a manutenção do ciclo
hidrológico (Quadro 1).
Quadro 1 – PERGUNTAS
1) Na sua opinião qual a importância das nascentes para a Comunidade Piroás?
( ) muito importante;
( ) importante;
( ) pouco importante;
( ) não é importante.
2) Qual a importância das chuvas para as nascentes?
3) Você acha importante preservar os olhos d‘água?
( ) Sim ( ) Não
4) Você utiliza a área ao entorno das nascentes para praticar alguma atividade? Se sim, qual?
5) Você joga lixo na área das nascentes?
( ) Sim ( ) Não
6) Em seus plantios, realiza a queima da vegetação nativa?
( ) Sim ( ) Não
7) A área ao entorno dos olhos d‘água possui a presença de animal pastando?
( ) Sim ( ) Não
8) O (a) senhor (a) acredita que a água das nascentes seja de qualidade?
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
10) O (a) senhor (a) acha que a preservação dos olhos d‘água irá melhorar a problemática da água na
Comunidade?
( ) Sim ( ) Não
11) Você achou que as ações de conscientização da preservação das nascentes foi:
( ) muito importante;
( ) importante;
( ) pouco importante;
( ) não é importante.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As nascentes nas quais foram realizados os plantios estão localizadas em terreno declivoso e
estavam sem a presença de água no momento do plantio. A área ao entorno destas era utilizada para
agricultura, sendo efetuado todos os anos a prática da queimada para a implantação do plantio. Este
fato evidencia a necessidade de ações que conscientizem os moradores da comunidade quanto à
conservação das áreas de preservação permanente.
As Áreas de Preservação Permanente (APPs) são espaços especialmente protegidos nos
termos dos artigos 2º e 3º do Código Florestal. O conceito legal de APP relaciona tais áreas,
independente da cobertura vegetal, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o
solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. Para as nascentes a lei estabelece um raio
mínimo de 50 metros no seu entorno independentemente da localização. Tal faixa é o mínimo
necessário para garantir a proteção e integridade do local onde nasce a água e para manter a sua
quantidade e qualidade (SCHÄFFER et al., 2011).
Com a realização de palestras para a educação ambiental e conscientização dos moradores,
foi possível apresentar à comunidade os mais variados temas, desde como as nascentes se formam,
até a legislação que define como estas devem ser preservadas, além de se ter exposto a respeito dos
problemas ocasionados pelas queimadas e as técnicas de uso controlado do fogo, bem como formas
alternativas a esse uso.
Deste modo, pode-se dizer que a Educação Ambiental é um dos fundamentos de
recuperação do meio ambiente, seja por meio da Escola e de seus currículos, das ações da
comunidade, do cooperativismo, da solidariedade ou de atitudes individuais. Para tal recuperação, é
necessário ter a clareza que a natureza não é fonte inesgotável de recursos, suas reservas são finitas
e devem ser usadas de maneira racional, evitando o desperdício (SILVA, 2013).
Diante das ações de conscientização para preservação das fontes de água, os moradores
participantes da capacitação foram indagados a respeito da importância das nascentes para a
Comunidade Piroás, e todos responderam que estas são muito importantes. O que demonstra o
entendimento por parte destes, quanto a importância dos olhos d‘água para a comunidade.
Quanto à importância da chuva para as nascentes, segundo os entrevistados, esta é
importante para que a água penetre no solo e assim abasteça os lençóis freáticos. Segundo Baggio et
al. (2013), as nascentes existem graças ao acúmulo da água da chuva no solo, nos chamados lençóis.
O funcionamento destes lençóis depende de sua capacidade de armazenamento e do uso da terra no
seu entorno. Os lençóis freáticos dependem do regime anual de chuvas e das condições físicas para
que a água penetre no solo. Deste modo, as práticas para melhorar o abastecimento dos lençóis,
como a proteção do entorno das nascentes, são necessárias para manutenção das fontes de água.
Quando indagados sobre a importância de preservar os olhos d‘água, todos os participantes
da capacitação responderam que acham importante haver essa preservação. Todavia, a maioria
destes respondeu que antes da capacitação utilizava a área ao entorno das nascentes para a prática
de agricultura.
A Comunidade Piroás não é assistida regularmente pela coleta de lixo, sendo tal serviço
ofertado à comunidade apenas a cada quinze dias. Desta forma, os seus moradores fazem o descarte
do lixo no meio ambiente e ao serem questionados se o descarte é realizado no entorno das
nascentes, a maioria respondeu que não, porém alguns indivíduos realizam tal atividade nessas
áreas. Ao serem perguntados sobre a preparação do terreno para o plantio, a maioria respondeu que
realiza a queima da vegetação nativa (Figura 1).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da realização deste trabalho pôde-se perceber que um grande agravante que
culminou na degradação em áreas de nascentes foi a falta de informação dos participantes no
tocante à legislação e às práticas conservacionistas. Daí a importância de se levar ações como as
aqui mencionadas ao meio rural, onde o interesse é alertar a comunidade sobre os problemas ao seu
redor e sugerir formas alternativas e menos danosas para manter a conservação das fontes de água e
meio ambiente no geral.
A importância da preservação das nascentes de Piroás é notória, uma vez que essas estão
tornando-se temporárias, diminuindo o tempo de utilização da água pela comunidade e interferindo
em vários processos naturais, tais como o ciclo hidrológico.
As atividades de conscientização ambiental contribuíram para sensibilizar e motivar os
participantes a trabalharem em grupo e possibilitaram a construção de um pensamento crítico
voltado à preservação dos recursos naturais, de forma a ampliar a visão da comunidade em relação à
atual situação hídrica da região, a qual vem se tornando cada vez mais escassa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOGDAN, R. S.; BIKEN, S. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos
métodos. 12.ed. Porto: Porto, 2003.
OLIVEIRA, L. K. B.; COSTA, R. S.; TORRES FILHO, J. Educação Ambiental: Capacitação para
produção orgânica no Maciço de Baturité, Ceará. In: SEABRA G. (Org.) Educação Ambiental
& Biogeografia. Ituiutaba: Barlavento, 2016. p. 1660-1669.
RESUMO
Esta pesquisa consistiu em expor como uma unidade de conservação pode ser utilizada para fins de
educação ambiental inclusiva. Através da mesma foram expostas as atividades realizadas no Parque
Natural Municipal das Nascentes do Mundaú, o qual é uma unidade de conservação situada no
município de Garanhuns/PE. Que através de suas ações visa desenvolver a consciência ambiental na
população do município, e de forma especial, nas pessoas detentoras de necessidades especiais.
Palavras-chave: Educação ambiental inclusiva. Unidades de conservação. Parques municipais.
ABSTRACT
This research consisted of exposing how a conservation unit can be used for inclusive
environmental education purposes. Through the same were exposed the activities carried out in the
municipal natural park of Mundaú springs, which is conservation unit located in municipality of
Garanhuns/PE-Brazil. That through their actions aimed at developing environmental awareness in
the municipality's population, and in a special way the persons who have special needs.
Key words: Inclusive environmental education. Conservation unit. Municipal parks
INTRODUÇÃO
A consciência ambiental veio sendo propagada com maior intensidade a partir do século
XX, após serem notados os efeitos degradatórios que o crescente consumismo e a industrialização
estavam ocasionando sobre os recursos naturais. Uma forma de alerta para a comunidade mundial,
quanto às consequências das ações antrópicas sobre o meio, foi à catástrofe ambiental, smog, que
ocorreu na Inglaterra no ano de 1952, e que provocou a morte de 1.600 pessoas (DREW, 2005).
Posteriormente a esse e outros fatos, houve-se um maior interesse mundial quanto às
questões ambientais. Isso pôde ser expresso através de eventos como, a Conferência de Estocolmo
(1972), a criação, pela ONU, de um organismo denominado Programa das Nações Unidas para o
25
ONG Econordeste.
26
Colaborador voluntário nos projetos da ONG Econordeste.
A primeira grande inovação da Agenda 21 é que o objetivo comum a ser atingido não está
restrito à preservação do meio ambiente, mas ao desenvolvimento sustentável ampliado e
progressivo que introduz, na discussão, a busca do equilíbrio entre crescimento econômico,
equidade social e preservação ambiental. Trata-se, portanto, da procura por uma nova
racionalidade que garanta a solidariedade e a cooperação, tanto quanto a continuidade do
desenvolvimento e da própria vida para as gerações futuras, ameaçadas pelo consumismo
perdulário e pela exploração predatória dos recursos naturais.
MATERIAIS E MÉTODOS
O Parque Natural Municipal das Nascentes do Mundaú, criado por Decreto Municipal de Nº
023/2011 (GARANHUNS, 2011), é uma unidade de conservação pública situada no Município de
Garanhuns/PE, caracterizada como resquício de Mata Atlântica de Brejo de Altitude em
regeneração e algumas minações difusas contribuintes da Bacia Hidrográfica do Rio Mundaú. Esta
UC possui 34 ha, havendo-se a pretensão de incorporar a mesma uma área de 7,19 ha da antiga
Rede Ferroviária Federal (RFFSA), de forma que será necessário atualizar e corrigir seus limites.
Seu plano de manejo está em processo de elaboração pela ONG Econordeste, através do projeto
"Parque Natural Municipal das Nascentes do Mundaú: plano de manejo e educação ambiental
inclusiva", projeto este patrocinado pela Fundação SOS Pró-Mata Atlântica. Mesmo sem a
implantação do referido Plano, o PNMNM recebeu constantes visitas de escolas e do público em
geral de forma organizada, controladas pela então Secretaria Municipal de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos em parceria com a ONG Econordeste, com destaque para as atividades de
Educação Ambiental Inclusiva, proporcionando o acesso a pessoas com ou sem deficiência ao
Parque (ECONORDESTE, 2015).
A experiência adquirida com as visitações de estudantes, de pessoas com deficiência, de
educadores, dentre outros, resultou em conhecimentos que culminaram com a ideia de
desenvolvimento de um espaço mais especializado para educação ambiental inclusiva, assim existe
hoje, como estrutura facilitadora do desenvolvimento da educação ambiental na área da UC, um
jardim sensorial em fase de implantação, que se localiza na sua futura zona de amortecimento
(Figura 1). Este jardim está incluso no plano de execução do projeto "Parque Natural Municipal das
Nascentes do Mundaú: plano de manejo e educação ambiental inclusiva". A escolha da área do
jardim se deu pelo fato da mesma ser contemplada pela passagem de um riacho, apresentar
diferentes extratos vegetais, ser de fácil acesso, além de ter sido descaracterizada e degradada no
passado, necessitando de recomposição (Figura 2). Importante destacar que o Jardim Sensorial está
sendo implantado com o uso de materiais inertes ao meio ambiente e aproveitando os espaços já
existentes e abertos, sem qualquer supressão vegetal e aproveitando-se dos atributos naturais
disponíveis, os quais podem contribuir para o desenvolvimento das atividades sensoriais. Também
nas proximidades desta área, dentro da mesma propriedade pública, há uma sementeira (viveiro), a
qual através da produção de mudas das mais variadas espécies, para fins de embelezamento urbano
e recuperação de áreas degradadas, também é um instrumento capaz de conscientizar os seus
visitantes, no que se refere a importância da vegetação para os ecossistemas, além de ser um meio à
participação efetiva de visitantes guiados no conhecimento e mesmo nas atividades de produção de
mudas por eles próprios. Ademais, a vegetação nativa existente na localidade, é um elemento
sensorial e paisagístico crucial às atividades de trilhas, visitações e oficinas.
ISBN: 978-85-68066-53-9 Página 468
Educação ambiental: biomas, paisagens e o saber ambiental
Figura 3 – Trilha sensorial realizada junto ao CAP. Figura 4 – Apresentação da sementeira aos
Econordeste (2015). componentes do Centro de Reabilitação e Educação
Especial Lions Clube. Econordeste (2015).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como fruto das seguintes ações, notou-se que ao apresentar o cenário da Unidade de
Conservação aos componentes do CAP, através da participação nas atividades de produção de
mudas e acesso aos espécimes jovens, recém-plantados e espécimes da mesma planta com mais de
cem anos, os participantes puderam compreender a evolução natural e desenvolver o pertencimento
ao ambiente. Os resultados foram expressos nas feições dos que não falavam e nos comentários dos
que falavam (MATTOS; SOUZA; DIAS, 2016). Também através do contato direto com o meio,
houve uma senhora com deficiência visual, necessidade especial adquirida aproximadamente aos 7
anos, que ao tatear uma arbórea, pau-ferro (Caesalpinia ferrea) centenária, relembrou da localidade
onde estava, com isso se sentiu emocionada ao estar naquele ambiente. A mesma até então não
sabia que estava no mesmo lugar em que frequentava quando ainda era criança e foi capaz de
reconhecer o lugar apenas pela sensação de tato sobre o exemplar arbóreo. O PNMNM fica em uma
área que no passado foi cedida ao Estado de Pernambuco para produção de mudas, através da
SEMENP, sendo popularmente chamada à época de sementeira do Estado. Ao tatear a árvore, já no
final da atividade lúdica e prestes a ir embora, a senhora, de mais de 70 anos de idade se emocionou
e expressou: ―eu já sei onde estou! Estou na sementeira do estado! Meu pai trabalhou aqui. Eu vinha
brincar aqui! Eu conheço essa árvore!
Já os membros do Centro de Reabilitação e Educação Especial Lions Clube, expressaram
interesse quanto à importância da preservação dos recursos naturais e produção de mudas para fins
de reflorestamento. Notou-se que ao terem o contato direto com o meio, exteriorizaram a
responsabilidade que possuíam quanto à preservação do meio ambiente, deste modo, sendo
colocados em posição igualitária quanto a temática ambiental
À vista disso, verificou-se a necessidade de apresentar às pessoas com necessidades
especiais o ―Homem‖ como parte integrante, indissociável e modificadora desta ―Natureza‖. Ou
seja, que depende do ambiente e das diversas relações ecológicas que nele ocorrem, incorporando as
dimensões sociais, econômicas, políticas, culturais e históricas que levaram e levam ao atual
contexto ambiental. Dentro desta perspectiva, vê-se EA como uma ação interdisciplinar para ser
trabalhada por todas as idades, comunidades e realidades, considerando-se o meio ambiente em sua
totalidade: o resgate e o surgimento de novos valores sociais que conduzam a um modo de vida
mais consciente e sustentável. Essa educação deveria preparar o indivíduo, mediante a compreensão
dos principais problemas do mundo contemporâneo, proporcionando-lhe conhecimentos técnicos e
as qualidades necessárias para desempenhar uma função produtiva, com vistas a melhorar a
qualidade de vida e proteger o meio ambiente, prestando a devida atenção aos valores éticos
(MACIEL et al., 2010)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através deste trabalho pôde ser notado que o uso das Unidades de Conservação vai além da
preservação dos recursos naturais, também englobando a educação ambiental. A qual deve ser posta
como meio fundamental para que haja a criação/manutenção das UCs. Além disso, é observado o
potencial que uma unidade de conservação possui para o desenvolvimento da educação ambiental
inclusiva, deve haver, neste tipo de área, o melhor aproveitamento dos seus recursos naturais à
educação.
A educação ambiental deve ser desenvolvida de forma inclusiva, para que as pessoas com
necessidades especiais possam compreender, dentro de suas limitações, como podem contribuir à
criação/preservação dos diferentes tipos de unidades de conservação e divulgação do conceito de
sustentabilidade, assim, passam a ser multiplicadores das temáticas ambientais.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 9.795 de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política
Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 28 abr. 1999. Disponível em: <
http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=321>. Acesso em: 29 ago. 2017.
DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. 9. ed. São Paulo: Gaia, 2004.
DREW, D. Processos interativos homem-meio ambiente. 6ªed. Rio de Janeiro: Bertrand, 2005.
MACIEL, J. L. et al. Metodologias de uma Educação Ambiental Inclusiva. Revista virtual EGP.
Porto Alegre. v.1, n. 1, 2010.
MATTOS, M.R.F.; SOUZA, A.P.S.; DIAS, V.C. Educação ambiental inclusiva – jardim sensorial.
In: Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Federal Rural de Pernambuco -
JEPEX, 16, 2016, Garanhuns, PE. Anais (online). Garanhuns: JEPEX, 2016. Disponível em:
<http://www.eventosufrpe.com.br/2016/anais/resumos/R2354-1.html>. Acesso: 31 ago. 2017.
RESUMO
Tendo em vista a intrínseca necessidade de práticas de contato com a natureza para a sensibilização
da sociedade com questões ambientais, a presente pesquisa tem como objetivo analisar a utilização
das trilhas como um mecanismo de educação ambiental. Anteposto, abre-se o debate acerca da
importância da educação ambiental no processo de construção de valores ecológicos e de uma
relação saudável entre homem e natureza apresentando, como estudo de caso, o manguezal do Rio
Cocó. A degradação dos manguezais é uma problemática que cresce vertiginosamente e, visto isso,
a necessidade de ações voltadas a preservação e manutenção desse ecossistema torna-se
indispensável. Enquadra-se, neste cenário, as trilhas como uma estratégia de conscientização
ambiental e preservação de ambientes.
Palavras-chave: Educação Ambiental; Trilha; Manguezal.
ABSTRACT
Considering the intrinsic need for contact with nature practices to raise awareness of environmental
issues, the present research aims to analyze the use of trails as an environmental education
mechanism. In the foreground, the debate about the importance of environmental education in the
process of constructing ecological values and a healthy relationship between man and nature is
presented, presenting, as a case study, the mangrove of the Cocó River. The degradation of
mangroves is a problem that grows vertiginously and, given this, the need for actions aimed at the
preservation and maintenance of this ecosystem becomes indispensable. It fits, in this scenario, the
tracks as a strategy of environmental awareness and preservation of environments.
Keywords: Environmental Education; Trail; Mangrove.
INTRODUÇÃO
Compreende-se Educação Ambiental, citado também como EA, como uma prática social
fundada no conhecimento interdisciplinar, envolvendo uma diversidade de elementos social,
cultural, político, econômico e ambiental. Essa compreensão também é ratificada pela Política
Nacional de Educação Ambiental, que entende por este tipo de educação
[...] os processos por meio dos quais os indivíduos e a coletividade constroem valores
sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a preservação do
meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade (BRASIL, 1999).
[...] alguns órgãos estaduais brasileiros voltados ao meio ambiente iniciaram os primeiros
programas de educação ambiental em parceria com as Secretarias de Estado da Educação.
Ao mesmo tempo, incentivados por instituições internacionais disseminava-se no país o
ecologismo, deformação de abordagem que circunscrevia a importância da educação
ambiental à flora e à fauna, à apologia do ―verde pelo verde‖, sem que nossas mazelas
socioeconômicas fossem consideradas nas análises. (DIAS, 1992, p. 81).
No cerne da Educação Ambiental autores como Leff (1999) e Dias (1992) foram de extrema
importância para a construção do conhecimento acerca dos princípios da EA, e da necessidade da
mesma no cenário atual. Acerca do ecossistema manguezal, sua caracterização geoambiental e a
degradação que o mesmo vem sofrendo, Andrade e Romeiro (2009) foram demasiadamente
importantes na bibliografia e, no que diz respeito do estado do Ceará, Meireles (2007) foi de intensa
contribuição para o entendimento das dinâmicas estuarinas.
Dias (1992, p. 121) afirma que
um dos principais objetivos da educação ambiental consiste em permitir que o ser humano
compreenda a natureza complexa do meio ambiente, resultante das interrelações dos seus
aspectos biológicos, físicos, sociais e culturais. Ela deveria facilitar os meios de
interpretação da inter dependência desses diversos elementos, no espaço e no tempo, a fim
de promover uma utilização mais reflexiva e prudente dos recursos naturais para satisfazer
as necessidades da humanidade.
PROCEDIMENTOS TÉCNICO-OPERACIONAIS
Na busca de alcançar os objetivos, foi realizada uma pesquisa teórica preliminar de modo a
embasar o estudo aqui proposto. A metodologia aplicada no trabalho iniciou-se com levantamento
bibliográfico (artigos, monografias, dissertações e teses), no qual abordou-se temas relacionados à
educação ambiental, ao ecossistema manguezal e seus processos de degradação, e a utilização de
instrumentos e práticas voltados para a EA.
Nesta perspectiva, a prática de pesquisa bibliográfica foi fundamental, visto que o
conhecimento deve ser continuamente renovado e reconstruído quando se trata de estudos
ambientais e sociais. No atual momento de intensas transformações na sociedade e no meio, a
rigidez dos planos de pesquisa podem se transformar em obstáculos para as descobertas de novas
relações com o objeto pesquisado. Visto isto, a pesquisa deu-se de forma contínua no decorrer da
elaboração do trabalho, utilizando e comparando outros recortes espaciais para o desenvolvimento
analítico do tema abordado.
A posteriori, o campo na pesquisa em Geografia é essencialmente um instrumento
metodológico que envolve e motiva, agregando teoria e prática tornando possível avaliar se as
atividades desenvolvidas proporcionaram mudanças nos que participam desse processo. É através
desse contato real no campo, que se estabelecem relações com o que é observado, possibilitando
uma maior aproximação com a realidade.
Para a realização deste projeto foram realizados no Ecomunam 12 (doze) trabalhos de
campos ocorridos aos sábados durante aproximadamente 3 (três) meses. Para isso, foi necessária a
oficialização da pessoa física como voluntariado do Ecomuseu na qual, tornou possível uma maior
interação entre pesquisador, membro comunitário e educando.
Para a análise da utilização das trilhas como instrumento de EA, foram acompanhadas 4
(quatro) trilhas executadas pelo Ecomunam, em diferentes dias, com itinerário de aproximadamente
1,5 km de distância com percursos um pouco distintos, mas ambas passando pela sede do Ecomuseu
e pelo acervo de itens naturais (Figura 1). Dentre estas, 2 (duas) foram com educandos de ensino
fundamental e médio, e outras 2 (duas) foram com educandos de ensino superior e técnico. Esta
informação torna-se importante, pois, ao analisar cada trilha, o comportamento e a forma de
absorção do conhecimento que era repassado pelo guia deu-se de forma diferenciada nos grupos.
Figura 1: mapa de localização da sede do Ecomunam e do Acervo. Fonte: elaborado pelos autores.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como já visto no decorrer deste trabalho, a trilha, como uma atividade educacional, busca
uma intensa mudança de ideias e valores, atitudes e responsabilidades com o ambiente. Essa
27
Esta, não citada no decorrer do trabalho, pois caracterizou-se como uma trilha atípica, devido ao meio percurso
percorrido, ao teor das informações que foram discutidas e a quantidade de indivíduos que estavam envolvidos na
atividade.
Figura 3: [A]: início da trilha, onde o guia faz as primeiras falas; [B]: trecho da trilha onde é apresentado o
mangue branco. Fonte: elaborado pelos autores.
Ao tratar das trilhas realizadas com educandos de escolaridade diferente, estes sendo de
universidades e alguns de escolas técnicas, é possível destacar, inicialmente, que houve uma maior
liberdade por parte do guia e dos pesquisadores, ou melhor, por serem de maior faixa etária, estes
alunos, não necessitavam de uma maior rigidez comportamental, o que permitiu uma maior
autonomia do guia, tanto na fala quanto na conduta ao decorrer da trilha.
As trilhas que envolveram esse grupo de indivíduos são caracterizadas por serem uma
constante troca de ideias, de pontos de vista e de conhecimentos. Esses educandos por terem, em
sua grande maioria, uma consciência crítica construída são mais susceptíveis a discussões mais
profundas, a exemplo da produção do espaço urbano pela especulação imobiliária, que caracteriza-
se por ser umas das problemáticas vinculadas à Sabiaguaba.
No decorrer da trilha percebe-se que os educandos ultrapassam mais facilmente os limites da
ansiedade e do medo adentrando corajosamente o mangue vermelho e atravessando o terreno
lamoso, característico dos ambientes estuarinos, com o mínimo ou nenhum receio. Este percurso,
intitulado ―trilha dos pés pretos‖, foi seguido pelas duas turmas dessa escolaridade na qual, todos os
alunos optaram por entrar no solo lamacento do manguezal, fato que mostra a disposição dos
educandos em se aventurarem na trilha. No entanto, é de fato importante salientar que essa
característica envolve mais fortemente a faixa etária, e não a escolaridade
Nesse mesmo momento, em que os alunos penetram nas matas fechadas do manguezal, a
proximidade com o ambiente aumenta drasticamente. A principal dinâmica realizada pelo guia
nesta etapa é vinculada à utilização perceptiva dos sentidos. Ou seja, o guia incentiva os alunos a
ouvirem, verem e sentirem (utilizando o olfato e o tato) o ambiente, tornando mais tênue a linha
entre o indivíduo e o meio ao seu redor.
O trabalho de conscientização ambiental na trilha com esses grupos de alunos torna-se mais
natural, como em uma simples conversa. Como já dito, o processo de construção de uma
consciência crítica sobre o ambiente e a EA já está quase que amplamente desenvolvido. Essa
característica não apenas simplifica a atividade da trilha, mas a inova. Isto porque, os próprios
educandos estimulam a continuidade das atividades, e afirmam a veracidade da trilha como uma
prática importante na educação ambiental.
Figura 4: [A]: trecho da trilha em que o guia expõe o mangue vermelho; [B]: entrada dos educandos no
terreno lamoso do mangue. Fonte: elaborado pelos autores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a
Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Diário Oficial da União,
Brasília, 28 abr. 1999.
RESUMO
O presente artigo trata do Córrego do Óleo, importante afluente do Rio Uberabinha o qual abastece
a cidade de Uberlândia. O Córrego é objeto de vários estudos para manter preservadas suas
nascentes. Entretanto, não há uma preocupação consciente da população para preservação do
mesmo, e sua importância para o equilíbrio ambiental local não é reconhecida. Com o
desenvolvimento urbano, verifica-se que ao passar do tempo, a cidade invade as áreas verdes nas
proximidades do córrego e com a expansão da construção de casas na área, ocorre o agravamento
da situação de acúmulos de uma grande quantidade de lixo tais como: restos de materiais em
decomposição, lixo doméstico, sacolas plásticas, lixo hospitalar, entulho de construção civil, entre
outros. É possível perceber que grande parte do lixo que degrada essa área são ali depositados pelos
próprios moradores da região, o que evidencia a falta de conscientização ecológica.
Palavras Chave: Educação Ambiental, Preservação, Planejamento e Gestão.
ABSTRACT
This article deals with the Córrego do Óleo, an important tributary of the Uberabinha River, which
supplies the city of Uberlândia. The Stream is the object of several studies to keep its springs
preserved. However, there is no conscious concern of the population to preserve it, and its
importance for local environmental balance is not recognized. With the urban development, it is
verified that over time, the city invades the green areas in the vicinity of the stream and with the
expansion of the construction of houses in the area, the aggravation of the accumulation situation of
a large amount of garbage such as: Debris from decomposing materials, household waste, plastic
bags, hospital waste, building rubble, among others. It is possible to see that much of the waste that
degrades this area is deposited there by the inhabitants of the region, which shows the lack of
ecological awareness.
Key-words: Environmental Education, Preservation, Planning and Management
INTRODUÇÃO
Fonte: Google Earth (2015) Figura 2 - Mapa da microbacia do Córrego do Óleo, 2015.
MATERIAIS E MÉTODOS
Para realizar a análise da situação atual em se encontra o Córrego do Óleo, foi realizado um
prévio levantamento bibliográfico acerca da importância deste córrego para a população dos bairros
por onde passa e também estudos sobre as características geográficas, fisiográficas e
socioeconômicas do município de Uberlândia MG, com ênfase no Córrego do Óleo.
Este estudo foi desenvolvido com a utilização da Folha Cartográfica SE. 22-Z-B-VI-S-
SE/MI – 2451/3-SE, na escala: 25.000 onde foram elaborados mapas temáticos sobre aspectos
ambientais e socioeconômicos compreendendo toda a bacia hidrográfica. Além das informações
cartográficas e bibliográficas, foram realizadas atividades de campo, onde foi possível realizar
registros fotográficos, bem como, avaliar a atual condição ambiental na qual o Córrego do Óleo está
inserido e os efeitos da urbanização sobre o mesmo.
A informação das áreas de conflitos requer a adoção de etapas metodológicas que auxiliem a
população a compreender a necessidade de participação na preservação do córrego como um todo,
tais como:
Caracterizar a área da bacia considerando seus componentes ambientais e socioeconômicos;
Levar a reflexão para a mudança de atitude que minimizem os impactos ambientais nas áreas
urbanas, assim como reduzir os prejuízos causados por eventos climáticos proporcionando
uma boa qualidade de vida para os moradores;
Que as escolas da Região Oeste, que visem conscientizar os alunos para a importância da
preservação do Córrego do Óleo e sua biodiversidade;
Que a população conscientize da importância da coleta seletiva, e descartá-los nos locais
corretos mostrando a importância do córrego para a região e para a cidade.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL.
As ocupações nas áreas de Preservação Permanente - APPs, estão causando grandes danos
aos córregos que abastecem o rio Uberabinha, situação que não é diferente no Córrego do Óleo, a
oeste de Uberlândia. Nele pode-se observar que há presença de muito lixo, a mata ciliar está
bastante degradada, há presença de esgotos clandestinos e também se identifica a presença de
cupinzeiros e das Imbaúbas, planta presente em lugares onde já ocorreram alterações antrópicas. De
maneira geral, como ressalta Baccaro (1991), ―a instabilidade das vertentes são mais pronunciadas
onde a cobertura natural do Cerrado é retirada e os processos de erosão são acelerados, causando
assoreamento nas margens‖.
O córrego do Óleo percorre vários bairros da Cidade, de modo que ele é considerado um dos
maiores e mais importantes de Uberlândia, por extensão e por quantidade de água. No entanto, com
o desenvolvimento urbano, verifica-se que com o passar do tempo cada vez mais, a Cidade invade
as áreas verdes nas proximidades do córrego a expansão da construção de casas na região, só vem
agravando essa situação atual.
Normalmente estas áreas são utilizadas pela população mais carente da cidade e sem
recurso, assim utilizam desses espaços para ocupação, estando então irregulares e sujeitas a todos os
riscos ambientais imagináveis. Lixo e esgoto têm como destino estas áreas que se tornam, com o
tempo, insalubres e repletas de vetores de doenças, sendo então, desprezadas pelos moradores e
pelos entes da gestão pública.
No local há rede de esgoto lançada diretamente nas águas, sem nenhum tratamento.
Provavelmente trata-se de um esgoto ligado de forma errada ou clandestina na rede fluvial.
Também é possível observar a criação de animais nas proximidades da APP do Córrego do Óleo.
Outro fator de degradação diz respeito aos entulhos nas proximidades do Córrego. É muito grave
pela quantidade e quando chove todo o entulho vai pra dentro do Córrego, contaminando-o. O
descaso do poder público local sobre a questão ambiental faz com que só agrave a situação.
Diversos fatores que dificultam a conservação da Bacia Hidrográfica do Córrego do Óleo
apresentam-se todos os dias ao longo de sua extensão. Desde as áreas de nascente até a foz no rio
Uberabinha multiplicam-se os exemplos de descaso com a preservação deste curso d‘água tão
importante para a cidade de Uberlândia. Em campo, foi possível visualizar o despejo de lixo
diretamente no Córrego. Entre manilhas e esgoto, tudo é despejado nas nascentes e no leito do
Córrego. A população ainda não se conscientizou que dela depende a preservação do espaço natural
em que vive. O poder público, por sua vez, também não se mostra preocupado com a questão
ambiental. Importância é dada apenas ao crescimento econômico da cidade.
Uma das soluções para salvar estes cursos d‘água remanescentes nas áreas urbanas de
maneira sustentável é a implantação de parques lineares. Estes parques podem solucionar o
problema a partir de uma nova maneira de ver a ocupação dessas áreas, um espaço onde a água é
uma aliada de destaque na solução integrada com os aspectos ambientais, sociais, econômicas e
culturais. Se a população juntamente com o poder público local não se conscientizar sobre a
importância da preservação do Córrego para a região, em pouco tempo teremos mais um córrego
extinto na cidade e os prejuízos serão incalculáveis num futuro muito próximo.
PREJUIZOS AMBIENTAIS
O presente artigo mostra o grande impacto ambiental presente nas proximidades do Córrego
do Óleo. São processos erosivos acelerados pelo desmatamento, lixos de todas as espécies e até
despejo clandestino de esgoto. Isso tudo compromete seriamente a qualidade e a quantidade da água
desse manancial, que é um dos principais afluente do Uberabinha, principal rio da cidade de
Uberlândia.
Há grande evidência, no decorrer do estudo, do agravamento de problemas na região com a
ocupação desordenada do território. Além dos problemas de degradação ambientais visíveis, temos
ainda a ameaça constante por parte do setor imobiliário às áreas relativamente preservadas. Por esse
motivo, surge à necessidade de pensar em um modelo de desenvolvimento para Uberlândia com
bases sustentáveis que englobe os aspectos econômicos sociais e culturais.
Negligenciar estes fatos pode trazer sérias conseqüências para toda a sociedade. Desse
modo, torna-se imprescindível que sejam tomadas medidas mitigadoras visando amenizar tais
impactos e solucionar, pelo menos em grande parte, os problemas apresentados. Propomos então,
elaborar planos de educação ambiental para a população circunvizinha do córrego, com organização
SUGESTÕES DE INTERVENÇÕES
pensar em um modelo de desenvolvimento para Uberlândia com bases sustentáveis que englobe os
aspectos econômicos sociais e culturais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este Artigo abordou a importância das áreas de preservação permanente em meio urbano e
sugeriu medidas de recuperação e ações mitigadoras. É preciso repensar os espaços urbanos, no
sentido de reinventar a cidade, de criar novos paradigmas de intervenção urbana.
Fica evidente que o espaço urbano deve ser repensado, levando em consideração a variável
ambiental, pois, se continuar nesta perspectiva, além de degradar de forma irreversível os recursos
naturais, coloca muitas vezes em risco a população da cidade e principalmente que vive no seu
entorno.
Neste sentido, novas soluções devem ser pensadas para resolver o conflito entre conservação
das APPs e urbanização, isto é, a preocupação ambiental, por um lado, e do outro a urbanidade da
cidade. As APPs constituem-se em elementos fundamentais para um novo desenho urbano, mais
sustentável, com maior vitalidade. O entorno do Córrego do Óleo apresenta grande potencial
paisagístico através do qual possamos resgatar a função central da vida urbana, do convívio, das
trocas, da fruição do espaço. Enfim, uma cidade voltada para as pessoas.
Figura 3 – Foto de uma das nascentes do Córrego do Óleo, Bairro São Lucas. Fonte: SILVA, M. E. (2017).
REFERÊNCIAS
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em Uberlândia: Caracterização e Condições de Conservação Ambiental. Revista da Católica,
Uberlândia, v. 1, n. 2, p. 105-118, 2009.
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Córregos do Óleo e do Cavalo.
SOUZA, Marcus Vinicius Mariano de. Cidades médias e novas centralidade: análise dos subcentros
e eixos comerciais em Uberlândia (MG). Dissertação (Mestrado em Geografia). Universidade
Federal de Uberlândia. Uberlândia. 2009.
RESUMO
A relação de diversidade das espécies está diretamente relacionada com o tamanho da área
disponível para suporta-las. Se tratando de ilhas, o isolamento influência diretamente nas dinâmicas
biológicas, devido a formação e desenvolvimento geograficamente isolada, as ilhas tendem a
apresentar certa sensibilidade ambiental e possuir biodiversidade característica. Todavia, as espécies
insulares são consideradas mais sensíveis devido a sua evolução restrita, o que reduz sua capacidade
de competição. A alta vulnerabilidade a invasão nas porções insulares ameaça diretamente a
diversidade do local, a ação humana se destaca entre os principais fatores de alteração direta no
equilíbrio da biota vegetal. Sendo assim, esse trabalho testou a relação entres as espécies de plantas
vasculares, listadas no banco de dados da IUCN, tentando responder se o aumento da área e
isolamento das ilhas do Caribe Insular interfere no número de espécies em risco de extinção
segundo a IUCN. Foi utilizado dados do continente Mesoamerico e as Ilhas do Caribe, somando um
total de 27 ilhas banhadas pelo Oceano Atlântico. Foi realizado teste de qui-quadrado para testar a
variação das espécies em cada categoria de ameaça, como também, o teste de Modelo Linear
Generalizado (GLM) utilizando as variáveis explicativas de área da ilha e distância ao continente e
o número de espécies por categoria como variável resposta. Houve variação na diversidade de
espécies entre as Ilhas Caribenhas e os continentes. Foi observado uma tendência no aumento da
proporção de espécies criticamente ameaçadas e vulneráveis proporcionalmente ao aumento da
superfície terrestre.
Palavras-chave: Biogeografia de Ilhas, IUCN, Categorias de ameaça, Ilhas do Caribe e Continente
Mesoamericano.
ABSTRACT
The relationship of species diversity is related to the size of the area available to support them. If
islands are concerned, the isolation directly influences the biological dynamics, due to
geographically isolated formation and development, as there is a tendency to a certain certainty and
to possess biodiversity. However, as island species are considered more sensitive due to their
restricted evolution, which reduces their ability to compete. The high vulnerability to invasion in the
island portions directly threatens the diversity of the site, human action stands out among the factors
factors of direct non-equilibrium change of plant biota. Thus, this work tested a relation as vascular
plant species, listed without IUCN database, trying to answer if the increase of the area and
isolation of the islands of the Insular Caribbean does not interfere in the number of species in
danger of extinction according to the IUCN. It was given data from the Mesoamerican continent
and as Islands of the Caribbean, adding a total of 27 islands bathed by the Atlantic Ocean. It was
developed as an explanatory variable of area of the island and distance to the continent and number
of species by category as response variable. There was variation in the diversity of species such as
the Caribbean Islands and the continents. A trend has been observed in increasing the proportion of
critically endangered and vulnerable species in proportion to the increase in land area.
Key-words: Island Biogeography, IUCN, Threat categories, Caribbean island and Mesoamerica
mainland.
INTRODUÇÃO
Na teoria da Biogeografia de Ilhas proposta por MacArthur & Wilson (1963, 1967), é
relacionado a riqueza de espécies com o tamanho da ilha. Os autores sugerem que a diversidade de
espécies está diretamente relacionada com a superfície da ilha, quanto maior a área maior o número
de espécies que ela suporta. De outro modo a diversidade é inversamente proporcional ao
isolamento, a quantidade de espécies deveria diminuir conforme o grau de distanciamento da ilha
aumentasse. Além disso, o equilíbrio dinâmico dos ambientes insulares é controlado pelo equilíbrio
entre a taxa de extinção versus a de colonização (Bordignon et al, 2007; Diegues, 1999; Santos,
2009).
Nas Ciências Naturais estuda-se o papel do espaço reduzido na diversidade de espécies, ou
seja, do isolamento geográfico nos processos ecológicos (Ângelo, 1989). O isolamento insular tem
grande influência sobre os mecanismos biológicos, sendo a repartição das espécies vegetais ou
animais, terrestres ou marinhas diretamente ligado a distância da ilha em relação ao continente.
Devido a sua formação e desenvolvimento geográfico isolado, as ilha apresentam alta sensibilidade
ambiental e possuem uma biodiversidade peculiar (Borges et al., 2009). As espécies insulares são
consideradas mais sensíveis devido a sua evolução em isolamento, reduzindo sua capacidade de
competição, principalmente em relação a introdução espécies exóticas (Diegues, 1999; Polleto &
Batista, 2008).
Por ser uma região de alta vulnerabilidade a invasão, essa diversidade é cada vez mais
ameaçada com a ocupação antrópica, principalmente nas ilhas que apresentam diversas espécies
endêmicas (Mello, 2013). A espécie humana é a principal responsável pela perda dessa diversidade,
seja pela destruição direta de habitas ou pela introdução de espécies, onde, de forma direta ou
acidental, leva consigo espécies exóticas de plantas e animais para os ambientes insulares
(Bordignon et al, 2007; Diegues, 1999; Ziller, 2001). Essas invasões biológicas afetam os processos
ecológicos, o meio físico, a biota e consequentemente desequilibram o ambiente. Plantas invasoras
podem produzir alterações em propriedades ecológicas essenciais tais como ciclagem de nutrientes
MATERIAIS E MÉTODOS
ecossistemas, a falta de apoio político aliado a legislação fraca e ineficaz, estruturas institucionais
ineficientes, conhecimento técnico-científico limitado, pouca disponibilidade de informações
necessárias para tomada de decisões efetivas, bem como a participação pública inadequada nos
processos de tomada de decisão.
Os dados sobre a distribuição das espécies de plantas vasculares foram obtidos através da
plataforma IUCN Red List™ (Lista Vermelha da IUCN) versão 2017-1. A base de dados da IUCN
se apresenta como uma excelente fonte de informação sobre o estado de conservação global das
espécies e seus respectivos dados de ocorrência. Foi utilizado o recurso de pesquisa e geração de
listas para as ilhas e para o continente separadamente, para cada local duas listas foram geradas,
uma abrangendo as espécies nativas e outra as espécies introduzidas das plantas vasculares.
A medição da distância das ilhas para os continentes foi obtida com auxílio do Google Earth
Pro™ (versão 6.0). Foram projetadas linhas retas das ilhas até o litoral continental mais próximo,
assumindo que a maior proximidade ilha-continente será a que maior influenciará o fluxo e
dispersão de espécies. Os dados geográficos (e.g. área total das ilhas) foram obtidos a partir da
plataforma The World Factbook 2013-14, disponível na base de dados da Central Intelligence
Agency (CIA).
Em relação as análises, foi realizado um Modelo Linear Generalizado (GLM) com a
utilização de duas variáveis explicativas, sendo a área da ilha e sua distância para o continente,
convertidas em log10 para melhor ajuste na curva de variação; e uma variável resposta, sendo o
número de espécies por categoria. A segunda análise realizada consistiu em um teste qui-quadrado
com o objetivo de testar se havia variação significativa de espécies em cada categoria entre as ilhas
e os continentes. O teste foi realizado de duas formas, com os dados em forma absoluta, ou seja, os
números totais das espécies em cada categoria em comparação ao total de espécies por categoria
nos continentes e na forma de valores proporcionais, onde o número de espécie por categoria foi
divido pelo total de espécies, como uma forma de melhor analisar os dados. Os testes foram
realizados utilizando o software R.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A diversidade de espécies nativas apresentou variação entre ilhas e das ilhas para o
continente. Foram registradas 123 famílias, 395 gêneros e 731 espécies nativas distribuídas nas 27
ilhas Caribenhas estudadas, como listado na tabela 1. Em relação aos táxons continentais, foram
registradas 129 famílias, 477 gêneros e 1455 espécies nativas, mostrando uma maior diversidade
biológica em relação as ilhas Caribenhas.
NATIVAS INTRODUZIDAS
ILHAS DISTÂNCIA (km) ÁREA (km²) F G E F G E
Anguilla 834 91 19 29 31 4 4 4
Antígua e Barbuda 700 442.6 27 55 60 3 3 3
Aruba 29.6 180 12 26 30 3 3 3
Bahamas 205.61 13880 35 76 102 5 7 7
Barbados 357.58 430 23 42 49 7 7 7
Bermudas 1048.7 54 24 34 41 3 5 5
Bonaire, Sint Eustatius and
89.83 322 20 47 57 3 3 3
Saba
Cayman 505.85 264 40 81 95 5 6 6
Cuba 212.2 110860 91 241 384 11 16 16
Curaçao 65.8 444 17 41 49 3 3 3
Dominica 506 751 31 74 90 5 6 6
Dominican Republic + Haiti 581.8 76420 56 146 216 7 15 15
Grenada 154.73 344 24 49 55 6 7 7
Guadeloupe 582 1705 32 68 76 6 8 8
Jamaica 637 10991 88 221 433 10 17 17
Martinique 430 1128 33 61 69 5 8 8
Montserrat 660 102 22 45 51 3 3 3
Puerto Rico 778.04 13791 60 139 195 10 18 20
Saint Barthélemy 800 25 10 17 17 2 2 2
Saint Kitts and Nevis 746 261 20 37 41 3 3 3
Saint Lucia 353 616 29 56 63 6 6 6
Saint Mantin (French +
817 88.4 20 45 51 3 3 3
Dutch part)
Saint Vincent and the
283 389 27 52 59 3 3 3
Grenadines
Trinidad and Tobago 13.6 5128 37 90 113 7 7 7
Turks and Caicos 905 948 24 48 56 1 1 1
Virgin Islands - British 860 151 28 50 62 5 5 5
Virgin Islands - U. S. 856 1910 27 55 64 3 3 3
América Central
Continental - 507966 129 477 1455 10 25 29
Tabela 1 Dados das ilhas Caribenhas com respectivas áreas, distâncias para o continente mais próximo e
número das espécies registradas, bem como os dados continentais – América Central. (F = Famílias, G =
Gêneros, E = Espécies).
Figura 2 Gráficos relacionando a proporção das espécies nas categorias de ameaças com a respectiva área: a)
criticamente ameaçadas, c) vulneráveis e e) pouco preocupante; e distância: b) criticamente ameaçadas, d)
ameaçadas e f) pouco preocupante; das mesmas para o continente.
Umas das prováveis causas da relação direta entre o aumento da área e o grau de ameaça
sofrida pelas espécies é a pressão antrópica, visto que, as ilhas com uma maior superfície terrestre,
consequentemente, possuem um maior número de habitantes que ocasionam pressão em cima das
espécies vegetais, sofrendo constantemente com perda e fragmentação de habitats, desmatamentos,
queimadas e outras influências provenientes da ocupação humana, a predação e competição por
espécies exóticas invasoras, até mesmo as mudanças climáticas (Kairo & Ali, 2003; Brown et al,
2007; CEPG, 2011).
Na figura 2 está representado os dados da proporção e os valores absolutos das espécies,
comparando as categorias de ameaça entre os dois hábitats (ilha e continente). As categorias
criticamente ameaçadas (CR), em risco (EN), pouco preocupante (NT) e vulneráveis (VU)
apresentaram maiores valores na porção continental, justificado pela maior superfície terrestre. Essa
maior extensão de área favorece uma melhor estabilidade da biota vegetal, pois este tende a
apresentar heterogeneidade ambiental, propiciando diversidade de hábitats e micro-hábitats para o
estabelecimento das espécies. Isto também pode justificar a ausência de espécies em extinção (EX)
registrada, a dinâmica ambiental apresentada pelo continente oferece as espécies maiores chances
de sobrevivência.
Figure 2 Gráficos com dados de proporção e valores absolutos das espécies, comparando as categorias de
ameaça entre os dois hábitats (Ilha e Continente).
Para os valores absolutos, em algumas categorias os dados das ilhas superam o dos
continentes, podendo ser justificado pelo maior número de registro para os ambientes insulares
disponíveis na plataforma da IUCN.
A tabela 3 exibe a comparação do número de espécies e a proporção de espécies em cada
categoria nas ilhas e continente, porém, nota-se que as ilhas e continentes não explicam as
diferenças no número de espécies em cada categoria de ameaças.
CONCLUSÃO
Em termos biológicos, o isolamento das ilhas dificulta a manutenção dos fluxos genéticos e
a dispersão das espécies vegetais, assim como ilhas com menores dimensões tendem suportar
menores populações, seja devido a menor disponibilidade de hábitats ou mesmo fatores ambientais
característicos das mesmas, o que dá suporte aos resultados observados. Metodologicamente, isso
pode ser justificado pelo viés de amostragem, em que as ilhas maiores dispõe de dados mais
completos e, as ilhas menores e mais distantes, possuem dados menos abundantes. A limitação da
pesquisa se dá pela falta da padronização na amostragem dos dados, que embora seja bem
documentado para algumas regiões ainda carecem da atenção dos pesquisadores em outras.
Em geral, foi observado que existe uma relação significativa entre o número das espécies
ameaçadas com a área e grau de isolamento das ilhas. Ou seja, as espécies registradas pela Lista
Vermelha da IUCN como vulneráveis, ameaçadas e criticamente ameaçadas apresentaram
correlação com o tamanho das ilhas (áreas) e a distância das mesmas para o continente
(isolamento), aumentando o número de registros conforme as medidas aumentaram.
Os resultados demonstram de certa forma uma fragilidade maior dos ambientes insulares,
principalmente entre as menores e mais isoladas ilhas.
REFERÊNCIAS
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BORGES, P. A. V.; AZEVEDO, E.B.; BORBA, A.; DINIS, F.O.; GABRIEL, R. & SILVA, E.
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Educação ambiental: biomas, paisagens e o saber ambiental
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GIVONI, B. Passive and Low Energy Cooling of Buildings. New York: John Wiley & Sons. 1994.
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MORRONE, J. J. Biogeographic areas and transition zones of Latin America and the Caribbean
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junho de 2017.
Ziller, S.R. 2001. Plantas exóticas invasoras: a ameaça da contaminação biológica. Ciência Hoje
30(178): 77-79
RESUMO
O objetivo deste trabalho é evidenciar a importância da preservação da diversidade vegetal
encontrada na Unidade de Conservação do Parque Municipal da Lagoa do Peri. Esta unidade de
conservação está localizada no sul da Ilha de Santa Catarina – Florianópolis. O presente trabalho se
deu a partir de pesquisas bibliográficas e atividade de campo. Primeiramente é abordado o tema
sobre a diversidade das formações vegetais presentes no Estado de Santa Catarina, e em seguida a
diversidade presente na ilha e de consequência da unidade de conservação. Apresenta-se o
zoneamento do parque como um importante instrumento para a gestão. A partir dele é possível
analisar o uso atual do parque, tanto como área de estudos quanto como área de lazer e sua
importância na conservação da vegetação nativa.
Palavras chaves: Formações Vegetais, diversidade vegetal, Lagoa do Peri, Florianópolis.
ABSTRACT
The objective of this paper is to highlight the importance of preserving plant diversity found in the
conservation unit ―Parque Municipal da Lagoa do Peri‖. This conservation area is located in the
south of Santa Catarina Island –Florianopolis. This work took place from bibliographic researches
and field activity. Firstly, the topic approached is diversity of plant formations present in Santa
Catarina State, secondly the diversity present on the island and then as a result of the conservation
unit. It is presented the zoning of the Park as an important tool for management. From that it is
possible to analyze the current use of the park, not only as an area where studies are placed
but as a recreational area and its importance concerning the conservation of native vegetation.
Key words: plant formations, plant diversity, Lagoa do Peri, Florianopolis.
INTRODUÇÃO
é o bioma que cobre todo o território de Santa Catarina incluindo as ilhas costeiras, tal como
Florianópolis.
O Parque Municipal da Lagoa do Peri é uma das áreas da Ilha de santa Catarina que possui
exemplares de Mata Atlântica primária, e grandes áreas de vegetação secundária em estágio
avançado de sucessão vegetal. Zoneado pelo IPUF em três grandes áreas, o parque é dividido em
espaço de lazer, reserva biológica e paisagem cultural. Atualmente o parque é administrado e
fiscalizado pela Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis (FLORAM) que cuidam
das unidades de conservação e áreas protegidas do município de Florianópolis. Dentro do parque
promovem à conscientização e proteção do meio ambiente, através da educação ambiental, e
auxiliam nas atividades de pesquisas e turismo nas diferentes trilhas.
em que ocorrem as marés mais altas. O mangue-vermelho, árvore que caracteriza os mangues em
outras regiões, no Estado de Santa Catarina é encontrado em menor densidade.
A vegetação de praia encontra-se na faixa logo após a zona das marés, a mesma que é
constituída por elementos pioneiros: as plantas psamófitas-halôfitas, seguidas de plantas psamófitas
à medida que se avança para o interior. As primeiras estão sujeitas a ação da salinidade e das ondas
do mar; as segundas, adaptadas à excessiva exposição aos raios solares, à sequidão e à pobreza do
solo arenoso. Na Ilha, como todo o litoral do Estado, a capotiraguá é a espécie dominante da
vegetação herbácea e pioneira das praias. Esta espécie ocupa uma estreita faixa do litoral arenoso,
geralmente bastante úmida. Ela tem uma dispersão irregular e descontínua em determinadas praias
da Ilha de Santa Catarina. É na praia da Lagoinha do Leste e na praia de Jurerê que se encontram os
agrupamentos mais característicos (BISHEIMER, 2013).
Nas dunas a vegetação se distribui entre a faixa de transição da praia e dos cordões arenosos.
Elas são formadas pelos depósitos de areias transportadas pelo vento, podendo ser móveis ou
semifixas. Entre a Lagoa da Conceição e as praias da Joaquina e do Campeche, por exemplo, as
dunas são móveis e mudam sua forma com a ação dos ventos, o que acarreta grande escassez de
vegetação. As outras praias com presença de dunas são Ingleses, Santinho, Moçambique, Lagoinha
do Leste e Pântano do Sul, onde são semifixas. A vegetação das dunas procura se adaptar as
condições adversas do ambiente, como o sol intenso, a escassez de água, o solo pobre em nutrientes
e com alta salinidade. As raízes são extensas e ramificadas, importante para as plantas, na busca de
água . A espécie mais comum nessa região é a Spartina Ciliata, é uma gramínea que é capaz de se
fixar na areia das dunas. Na maioria das plantas as folhas podem ser pequenas ou estreitas e duras
para resistir ao vento e a insolação. Para diminuir os efeitos da ação do sol e reduzir a perda de
água, as folhas costumam apresentar alguns pelos (BISHEIMER, 2013).
A vegetação de restinga típica é aquela que cobre as dunas fixas e as áreas arenosas planas.
Também pode ocorrer após a vegetação de mangue, formando uma faixa de transição. A vegetação
próxima ao mar, presente em algumas praias, também é chamada de restinga. Esta estreita faixa
apresenta extrema limitação de diversidade de espécies, normalmente rasteiras, resultado das
condições adversas. Nessa zona, as condições ecológicas são muito diferentes das da zona de praia
e daquelas das dunas móveis ou semifixas. O solo é mais compacto, por ser constituído de areias
mais finas e ter um teor maior de argila, bem como por apresentar uma leve camada de humos. O ar
é mais úmido, devido à maior quantidade de plantas que protegem o solo de uma exposição direta
por conta da própria evaporação e transpiração das plantas (CARUSO 1990).
A Floresta Pluvial da Encosta Atlântica ou Floresta ombrófila Densa estende-se desde o
Estado do Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul, ela é encontrada na Ilha de Santa Catarina,
cobrindo os maciços cristalinos antigos, de topografia acidentada e partes das planícies quaternárias,
Apesar de ser a vegetação mais abundante da Ilha, ela não se encontra no seu estado
original. Após intensos desflorestamentos durante o período de colonização, o que se observe hoje é
uma floresta em diferentes estágios de sucessão. Alguns locais, como o noroeste e o sudeste da
Lagoa do Peri, Ponta dos Naufragados, noroeste e centro da Lagoa da Conceição e a arte sul do
Morro da Costa da Lagoa, representam os melhores trechos de mata secundária existente. Dentre as
diversas formas biológicas que constituem a vegetação da Floresta Pluvial da Ilha, destacam-se as
fanerófitas, as lianas e as epífitas, entre outras com menos destaques (BISHEIMER, 2013).
O Parque Municipal da Lagoa do Peri encontra-se na porção sul da Ilha de Santa Catarina,
possuindo 20,3 km² de área. A lagoa propriamente dita apresenta uma área superficial de 5,2 km², é
considerado o maior corpo de água doce do litoral catarinense e o maior manancial de água potável
da Ilha de Santa Catarina (CECCA, 1997). A Unidade de Conservação (UC) possui, também,
importante remanescente florestal de Mata Atlântica primária. Por conta desses fatores a UC foi
tombada como Patrimônio Natural do Município. O Parque Municipal da Lagoa do Peri ocupa 5%
da Ilha de Santa Catarina, a qual tem aproximadamente 42% de sua área constituída por Unidades
de Conservação, instituídas em legislação federal, estadual ou municipal (CECCA, 1997).
O parque é um dos principais ecossistemas em estágio de regeneração da Mata Atlântica
original, além de abrigar diversas espécies da fauna local. Com 2.030 hectares de unidade de
conservação é possível observar mais de 340 espécies diferentes de árvores. Além disto, é o maior
manancial de Florianópolis, a lagoa abastece mais de 100 mil pessoas no leste e sul da ilha,
somando a isto, atualmente possui a bandeira azul de qualidade. (BATISTA, 2004)
A partir do tombamento como patrimônio natural a Unidade de Conservação do Parque da
Lagoa do Peri teve o seu Plano Diretor de Ocupação e Uso do Solo desenvolvido pelo Instituto de
Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF) que teve apoio da Fundação de Amparo à Tecnologia
e Meio Ambiente (FATMA) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e se deu pelo
decreto municipal nº 091, de 1982. Mas anteriormente no ano de 1978 o IPUF já havia realizado o
zoneamento dessa área do parque e o dividiu em três grandes áreas (figura II): Área de Reserva
Biológica, Área de Paisagem Cultural e Área de Lazer (IPUF, 1978).
A criação do Parque Municipal da Lagoa do Peri ―não teve a pretensão de ser algo
intocável, inacessível‖ (IPUF, 1978, p. 11), constituindo um benefício social comum
através da preservação do patrimônio natural, com o propósito de oferecer alternativas de
lazer, sem estimular as atividades e o turismo intenso, o que causaria uso demasiado dos
recursos naturais. Esse Parque é um dos que contém populações habitando no seu interior e
uma das propostas contidas no Plano Diretor de Ocupação e Uso do Solo é propiciar o
desenvolvimento social crescente da comunidade nativa, adequando o ser humano à
natureza, compatibilizando as atividades humanas com os recursos naturais. (BATISTA,
2004)
28
O Programa Bandeira Azul tem como objetivo elevar o grau de conscientização dos cidadãos e dos tomadores de
decisão para a necessidade de se proteger o ambiente marinho e costeiro e incentivar a realização de ações que
conduzam à resolução dos conflitos existentes. O Programa Bandeira Azul é uma iniciativa da FEE (Foundation for
Environmental Education – Fundação para Educação Ambiental). No Brasil é operado pelo Instituto Ambientes em
Rede, com sede em Florianópolis/SC. O Programa Bandeira Azul baseia-se em princípios de sistema de gestão
ambiental, ou seja, ao cumprir uma série de critérios a praia ou marina que participa do Programa solicita a certificação
internacional: a Bandeira Azul. Fonte: http://www.bandeiraazul.org.br/ Acesso em: agosto de 2017.
principalmente se estiverem relacionadas com a flora local, pois a diversidade vegetal da região é
extensa e da grande subsidio para as pesquisas feitas.
A lagoa por estar situada acima do nível do mar não é afetada pelas oscilações da maré, o
que deixa sua água doce. Nas localidades norte, oeste e sul, a lagoa é envolta por encostas com até
300 metros, composta por embasamento cristalino e coberta pela Mata atlântica ou também
denominada Floresta Ombrófila Densa (figura 3).
Na porção leste separada do Oceano Atlântico por uma faixa de superfície plana, composta
por depósitos sedimentares quaternários e coberta pela vegetação de restinga (figura 4), que faz
parte da nossa vegetação litorânea. Encontra-se sobre forte influência de ações antrópicas, devido à
intensa ocupação do entorno (SBROGLIA; BELTRAME, 2012).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
procurada para estudos e pesquisas, e até mesmo pela comunidade que frequentemente visita a área.
Hoje, o parque conta apenas com algumas poucas placas que informam o perigo do aparecimento de
algumas espécies animais no decorrer das trilhas e na área da lagoa.
Para finalizar, gostaríamos de parabenizar a gestão do parque e dos poucos funcionários, que
com todas as dificuldades encontradas, não medem esforços para preservar e restaurar a vegetação
nativa da Lagoa do Peri.
REFERÊNCIAS
BATISTA, Karina Romariz. Sertão do peri: um olhar etnográfico. Revista do centro de ciências
humanas e da educação, Florianópolis, SC, v.5, n.2, 2004.
BRASIL. Lei Federal nº. 9.985, de 18 de julho de 2000. Institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza - SNUC, estabelece critérios e normas para a criação, implantação e
gestão das unidades de conservação. Brasília, 2000. Disponível em: Acesso em: 24 de julho de
2017.
BISHEIMER, Maria Victória. A Mata Atlântica na Ilha de Santa Catarina, Florianópolis: Editora
Lagoa, 2ªed. 2013
CARUSO, Mariléia Martins Leal. O Desmatamento da Ilha de Santa Catarina de 1500 aos Dias
Atuais. Florianópolis: Editora da UFSC, 2ed. 1990
CECCA. Uma cidade numa ilha: relatório sobre os problemas sócio-ambientais da Ilha de Santa
Catarina. 2º ed. Florianópolis: Insular, 1997.
KLEIN, Roberto Miguel. Mapa Fitogeográfico do Estado de Santa Catarina. Itajaí - SC: UFSC,
1978.
RESUMO
Esse trabalho foi realizado no município de Mineiros-GO, com alunos de 9 a 13 anos de idade
participantes do projeto Polícia Militar Mirim no município de Mineiros - GO, onde é aplicado uma
disciplina de educação ambiental. Num primeiro momento, instigou-lhes sobre as concepções
ambientais em que as crianças registrassem por meio de um desenho, posteriormente realizou-se
uma visita ao Parque Nacional das Emas - PNE e novamente repetido o pedido do desenho. A partir
desses registros pictóricos analisou-se a percepção ambiental dos alunos usando as categorias
estabelecidas por Rodrigues e Malafaia (2009), sendo que a visita no PNE teve como objetivo
verificar o impacto da paisagem preservada na mudança ou não de percepção. Ao final do trabalho
observou que a paisagem em si não é capaz de produzir mudanças de percepção positivas, quando o
que produz essas mudanças são o processo didático envolvido no desenvolvimento da atividade de
educação ambiental. Apontando, assim, que a educação ambiental está para além do processo de
visitação em unidades de conservação.
Palavras Chaves: Percepção Ambiental, Educação, Meio Ambiente.
ABSTRACT
This work was carried out in the municipality of Mineiros-GO, with students from 9 to 13 years of
age participants in the Mirim Military Police project in the municipality of Mineiros - GO, where an
environmental education discipline is applied. At first, instigated them about the environmental
conceptions which the children to register by means of a drawing, later a visit was made to the
National Park of the Emas - PNE and again repeated the request of the drawing. From these
pictorial records the students' environmental perception was analyzed using the categories
established by Rodrigues and Malafaia (2009), and the PNE visit had as objective to verify the
impact of the preserved landscape on the change or not of perception. At the end of the study It was
observed that the landscape itself is not capable of producing positive perceptual changes, when
what produces these changes are the didactic process involved in the development of the
environmental education activity. Pointing, thus, that the environmental education is beyond the
process of visitation in units of conservation.
Keywords: Environmental Perception, Education, Environment.
INTRODUÇÃO
Com o advento da crise ambiental vivida pela sociedade contemporânea, que promovem
mudanças muito rápidas nos ecossistemas colocando muitas espécies e a estrutura do próprio
ecossistema em risco e toda conjuntura social de exclusão ambiental cria um ambiente desfavorável
para a vida. Todo esse arcabouço aponta para a necessidade de uma mobilização da sociedade, para
reformule seus hábitos e comportamentos para a preservação e conservação do meio ambiente,
Porto-Gonçalves (2005) ressalta para a necessidade de uma mudança na forma de pensar, sentir e
produzir da sociedade para que possa ter uma melhor relação com o meio.
A educação é uma das possibilidades para que haja a mudança na forma da sociedade se
relacionar com meio ambiente, para Brandão (1981). Para Souza (2015) a ausência da educação
crítica é capaz de se relacionar com a realidade, abriu lacunas para que educações surgissem. Neste
sentido, a educação ambiental se inscreve, como uma educação mais ligada as questões ambientais,
porém deve se destacar que o conceito de meio ambiente vai mudando ao longo do processo, pois
Carvalho (2011) aponta para o nascimento do movimento ambiental dentro do movimento
ecológico, porém Carvalho (2011) e Souza (2015) aponta para a necessidade de avançar com o
discurso ambiental para além do naturalismo como iniciou o movimento ambientalista.
Esse processo temporal da mudança do conceito de meio ambiente produz várias correntes
para trabalhar com a educação ambiental, sendo destacadas por Suavé (2005). As existências destas
correntes estão muito ligadas a origem e o contexto do processo de educação ambiental, sendo
assim não há nada de errado nas correntes, por outro lado reforça a ideia de uma educação
ambiental plural.
No Brasil a Educação Ambiental é direcionada pela Lei nº 9.795, foi decretada em 27 de
1999, trata-se da Educação Ambiental, nela se encontra o conceito de EA e a metodologia de como
a mesma deve ser trabalhada na sociedade. E que a integração da Educação Ambiental deve estar
em todos níveis de ensino forma permanente e assídua, para que seja disseminada conhecimentos
para produção de uma sociedade sustentável.
O presente estudo retrata a análise dos registros pictóricos de uma turma com 36 alunos,
entre 09 e 13 anos de idade, do Projeto Policia Militar Mirim na cidade de Mineiros, localizado no
Sudoeste do Estado de Goiás. A análise tem como base compreender a relação entre a criança e o
meio ambiente e entender a visão diante do mesmo. As atividades foram feitas por meio de
questionários que deviam ser respondidos com desenhos, ao final de cada questionário foram
realizadas conversas com intuito de instigar cada vez mais a percepção dos alunos, para então
elaborar atividades contínuas que os fizessem se sentir parte do meio e assim contribuir como
aperfeiçoamento da percepção de um meio socioambiental.
Sendo assim, este trabalho assume uma perspectiva de analisar a percepção de alunos
envolvidos usando as categorias de Rodrigues e Malafaia (2009). Usando Carvalho (2005) como
referência em que os conceitos são como lentes para a leitura de mundo estabelecida pelos sujeitos.
Foi realizado uma visita no Parque Nacional das Emas, que é uma reserva de preservação
integral, que é aberta à visitação, sendo uma importante área de preservação do cerrado. Onde foi
feito uma visita com os alunos sem que houvesse uma interferência teórica afim de analisar a
influência da paisagem preservada percepção ambiental dos sujeitos envolvidos.
Após a realização da visitação ao Parque Nacional das Emas percebeu-se que o processo de
visitação não foi suficiente para a melhoria da percepção dos alunos, pois como o processo foi
conduzido de modo comercial, observou-se que muito sujeitos migraram da percepção romântica
apresentada inicialmente para a percepção utilitarista, demonstrando que é preciso ter mais que a
visitação.
METODOLOGIA
Este estudo parte de um contexto de analises representativas do meio ambiente na visão das
crianças do Projeto Policia Militar Mirim. Foram produzidos 72 registros pictóricos pelos 36 alunos
participantes da pesquisa dos quais 20 eram meninos e 16 eram meninas. A análise deles nos
permitiu integraliza-los através das concepções de Malafaia e Rodrigues (2009), que traz cinco
categorias de percepção ambiental, de acordo com os elementos presentes relacionados ao tema
meio ambiente sendo as seguintes concepções: romântica, utilitarista, abrangente, reducionista e
socioambiental.
Foram realizados vários encontros ao longo do primeiro semestre de 2017 sendo que no
primeiro encontro com a turma foi solicitado que fizesse uns registros pictóricos representando o
que significava meio ambiente para os alunos.
Em outro momento realizamos uma atividade de campo no Parque Nacional Das Emas,
local que poucos conheciam, posterior a aula de campo solicitamos que cada aluno desenhasse o
que lhes chamou mais atenção no Parque Nacional das Emas. Sendo que a visita foi realizada
somente acompanhando o roteiro estabelecido pelo Guia, sem interferência teórica dos
pesquisadores.
RESULTADOS E DISCURSÕES
Para esse trabalho entende-se que a percepção dos alunos sobre meio ambiente é algo
importante para pautar o desenvolvimento da educação ambiental, assim buscou-se em Tuan (2012
p. 18) o conceito de percepção que para o autor é:
Percepção é tanto a resposta dos sentidos aos estímulos externos como a atividade
proposital, na qual certos fenômenos são claramente registrados, enquanto outros
retrocedem para a sombra ou são bloqueados. Muito do que percebemos tem valor para nós,
para a sobrevivência biológica, e para propiciar algumas satisfações que estão enraizadas na
cultura.
Assim percebe-se que as representações são importantes para a leitura de mundo que se
estabelece para com o mundo, para Reigota (2010 p. 70), "as representações, ou modos de pensar,
atravessam a sociedade exteriormente aos indivíduos isolados e formam um complexo de ideias e
motivações que se apresentam a eles já consolidados. ‖
Neste sentido as percepções e a representação são formas no qual o sujeito vai ler o mundo,
para Freire (1994) aponta que a leitura de mundo precede a leitura da escrita, assim Carvalho (2011)
traz que para o processo de educação ambiental é importante permitir da troca de lentes dos
sujeitos, sendo que os conceitos são como lentes que permite outras leituras da realidade.
Na realização do trabalho foi feito analise dos registros pictóricos para poder compreender a
forma no qual os alunos representavam a leitura que tinham de meio ambiente, assim foi feito a
avaliação dos registros produzidos no primeiro encontro com a turma foi solicitado que fizesse um
desenho representando o que significava meio ambiente. Estes foram classificados de acordo com
Rodrigues e Malafaia (2009). Sendo apresentadas no Gráfico 1, em que 77,14% apresentou uma
percepção romântica de meio ambiente.
0%
8,57%
8,57% Romantica
5,72% Utilitarista
Abrangente
Reducionista
77,14% Socioambiental
0% 0,00%
9,38%
Romantica
43,74% Utilitarista
Abrangente
Reducionista
46,88% Socioambiental
Como o objeto de trabalho na visita ao Parque Nacional das Emas foi à paisagem, e foi
perguntado aos alunos o que mais chamou atenção na visita muitos deles retrataram a ponte sobre o
Rio Formoso que é uma paisagem muito bela pelo estado de preservação que se encontra. Porém o
fato de muito retratarem a ponte também pode estar ligado ao fato da paisagem trabalhada durante a
visita, pois houve muitas atividades próximas a ponte e, portanto, isso pode ter chamado a atenção
de muitos dos sujeitos que participaram da vista.
Assim a paisagem que é um conceito que tem grande potencial para educação ambiental
como aponta Souza (2015), deve-se ressaltar que não só a paisagem, mas os conceitos que
conduzem à leitura da paisagem, que dará sentido a leitura de mundo do sujeito conforme Carvalho
(2011). Assim o processo de educação ambiental deve ser conduzido de modo a oferecer esses
elementos de leitura de mundo aos envolvidos.
Boa parte dos sujeitos percebe o meio ambiente como a natureza perfeita no primeiro
momento, e no segundo momento outros já entendem que a como meio de uso para a vida da
espécie humana. Os alunos que enxergam o meio ambiente como algo perfeito, precisam
aprofundar e compreender todos os conceitos sobre o meio que os cerca, assim sendo preciso
descontruir a ideia utilitarista que reproduz parte dos alunos. A análise nos possibilitou conhecer a
percepção de cada aluno, e foi essencial para a execução das aulas posteriores a análise dos
registros pictóricos. Contribuindo assim para o processo de auto reflexão do processo educacional
no qual o grupo está envolvido.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa pesquisa permitiu perceber que o processo de educação ambiental não ocorre apenas
com o conhecimento de novas paisagens, mas pela forma no qual é conduzido esse processo, assim
é preciso dar uma importância maior para o processo didático envolvida na educação ambiental,
pois há uma linha muito tênue entre a educação ambiental e o turismo ecológico sem processo de
educação ambiental.
Pois ao analisar o processo no qual foi desenvolvida as atividades percebeu-se erros no
processo de condução em que a paisagem não teve o sentido em que se espera para o
desenvolvimento critico dos sujeitos, pois no processo de visitação que foi desenvolvido aos moldes
comerciais não trouxe o resultado em que se espera. Neste sentido Leff (2012) aponta para a
preocupação da educação ambiental ser captada pelo capital de modo que não contribua para o
processo emancipatório do sujeito.
Desta forma observa que a educação ambiental não acontece apenas pela visitação, mas sim
pelos conceitos inseridos dentro do processo didático da visitação de um lugar, assim a educação
ambiental precisa ser o que Carvalho (2011) apresenta os conceitos como lentes para fazer novas
leituras da realidade.
Assim o trabalho apresenta a necessidade de aprofundar em pesquisas sobre o método de
realização de educação em unidades de conservação, pois apenas o processo de visitação não se
mostrou eficaz para a formulação ou mudança de percepção na direção de sustentabilidade.
REFERÊNCIAS
PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. Os (des) caminhos do meio ambiente. 5. ed. São Paulo:
Contexto, 2005.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Educação. São Paulo: Brasiliense, 1981. (Coleção
Primeiros Passos).
REIGOTA, Marcos. Meio Ambiente e Representação Social. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2010. 93 p.
(Questões de Nossa Época).
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 29. ed. São Paulo:
Cortez, 1994. (Questões de Nossa Época).
SAUVÉ, Lucie. Uma cartografia das correntes em educação ambiental. In: SATO, Michèle;
CARVALHO, Isabel Cristina Moura (Org.). Educação Ambiental. Porto Alegre: Artmed, 2005.
Cap. 1. p. 17-46. Tradução de Ernani Rosa.
TUAN, Yi-fu. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. Londrina:
Eduel, 2012. Tradução de Lívia de Oliveira.
Riscos, Impactos e
Desastres Naturais
© Giovanni Seabra
RESUMO
Objetivou-se determinar os impactos socioeconômicos e ambientais da exploração do Caulim no
município de Junco do Seridó – PB. Para a realização desse estudo, adotou-se uma metodologia
quanti-qualitativa, através de dados secundários de artigos científicos, bem como entrevistas
semiestruturadas junto com empresas e, a população do entorno. Constatou-se a existência de
amplas as reservas de caulim sendo exploradas em uma infraestrutura razoável, com um forte poder
de exportação e reconhecimento de mercado externo. Entretanto, verificou-se impactos ambientais
relacionados com retirada da vegetação, alteração das características do solo, modificação dos
regimes hídricos, geração de resíduos, efluentes e emissões, pressão na infraestrutura e, nas
comunidades locais. Ainda é possível mencionar que a pressão da referida atividade econômica
junto à comunidade refere-se à geração de poeira, tráfego de veículos. Diante dessa problemática
sugerem-se as ações atenuantes: melhorias no transporte do Caulim, certificação ambiental das
empresas, reaproveitamento de rejeitos, fechamento de galerias desativadas e, programas de
educação ambiental.
Palavras-chave: Atividade de Mineração. Impactos Ambientais. Ambiente e Sociedade. Gestão
ambiental.
ABSTRACT
The objective was to determine the socioeconomic and environmental impacts of the kaolin
exploration in the municipality of Junco do Seridó - PB. For a study, a quantitative-qualitative
methodology was adopted, through secondary data from scientific articles, as well as semi-
structured interviews with companies and a surrounding population. It was verified the existence of
ample reserves of kaolin being exploited in a reasonable infrastructure, with a strong power of
export and recognition of external market. Changes in water regimes, waste generation, effluents
and emissions, pressure on infrastructure and local communities. It is still possible to mention that
the pressure of economic activity together with a reference community, a generation of dust, vehicle
traffic. In response to this problem, mitigating actions are suggested: improvements in kaolin
transportation, environmental certification of Companies, reuse of tailings, closure of disabled
galleries and environmental education programs.
Keywords: Mining Activity. Environmental impacts. Environment and Society. Environmental
management.
1. INTRODUÇÃO
O caulim, ou ―Chinese Kauling‖ (colina alta em chinês), é uma rocha formada por um
grupo de silicatos hidratados de alumínio, com sua principal composição sendo caulinita
(Al2O3.SiO2.H2O), o que caracteriza sua coloração branca devido ao baixo teor de ferro.
Geralmente encontrado a uma profundida de dez metros, torna-se um dos seis minerais mais
abundantes da crosta terrestre, com uma significativa importância mineralógica devido a seus
múltiplos empregos na indústria29.
Em território nacional, a atividade mineraria do caulim tem grande importância em questões
socioeconômicas com suas várias aplicações industriais, aos quais está ganhando destaque
constantemente em pesquisas e aplicações da construção civil. Sua indústria e mercado circundam
na produção de cerâmica, porcelanas, pesticidas, produtos alimentícios e farmacêuticos e em
especial na industrialização de papel para fixação de tintas e alvura do componente, assim como
tantos outros produtos.
A região Nordeste faz parte de apenas 1% das reservas nacionais. A extração e prospecção
de minério causam impactos nas condições ambientais em termos físicos e bióticos. Essa
problemática atravessa limites de áreas refletindo na contaminação, atingindo a topografia do lugar,
sistema hidrológico e morfofisiológico do solo, fauna e flora; e conseqüentemente a vida ali
presente. A retirada de um volume expressivo do material rochoso do subsolo através da prática do
minério, técnicas de extração e beneficiamento, requer diferentes medidas para a recuperação
ambiental30.
No estado da Paraíba, a extração do minério se concentra na Mesorregião da Borborema.
Nesse sentido, esta pesquisa traz uma abordagem específica da extração do caulim no município do
Junco do Seridó-PB, onde se observa um grande potencial mineral fazendo dessa riqueza fonte
principal de geração de renda para a comunidade. Assim, adotou-se esse cenário como perspectivo
de estudo socioeconômico com reflexos ambientais abordados uma análise do processo de extração
até sua comercialização, levantando questionamentos como: Quais os impactos ambientais
decorrentes da exploração e seus possíveis reflexos na população local?
Dessa forma, a pesquisa objetiva determinar os impactos socioeconômicos e ambientais da
exploração do Caulim no município de Junco do Seridó – PB, bem como identificar os possíveis
efeitos na população do entorno das empresas da área de estudo.
29
Fonte: MME- Ministério de Minas e Energia, 2009.
30
Fonte: MME- Ministério de Minas e Energia, 2009.
2. METODOLOGIA
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
orientação de profissionais de mineração. Neste caso, a lavra geralmente é feita sem critérios
técnicos, tendo como resultado baixa produtividade das jazidas, deixando a mina sujeita os
constantes desmoronamentos chegando algumas vezes a fazer vítimas fatais.
Outro modelo utilizado no município de Junco do Seridó é da exploração realizada em lavra
a céu aberto que apesar de ser mais produtiva e segura que as subterrâneas, não é utilizada com
frequência, em virtude do alto investimento para aquisição de um trator que execute a decapagem
do material estéril. As galerias de exploração são abertas racionalmente, existe boa organização nas
operações de extração e transporte, empregam-se equipamentos mecanizados apesar de não haver
nenhuma orientação técnica de profissionais da área como geólogos, por exemplo.
O tipo de beneficiamento utilizados nas minas de exploração de caulim do Junco do Seridó
se dá através da forma úmida, que é realizado por etapas de dispersão, desareamento, separação
granulométrica em hidrociclone ou centrífuga, separação magnética, floculação seletiva,
alvejamento químico, filtração e secagem (MONTE et al., 2001). O processo de beneficiamento
inicia-se com a adição de água ao caulim bruto, através de batedores que é seqüenciada por um
pequeno tanque, no qual está acoplado a peneiras de malha de Nº100 para separação do material
não desejado (mica, quartzo, entre outros).
Esse material é removido manualmente, através de pás perfuradas, e depositados em
terrenos da empresa. Em seguida o caulim é transportado juntamente com água, através de
tubulações, para etapa de peneiramento, onde ocorre a classificação das partículas da mistura
através das peneiras de malha número 200 (0,074 mm) e 325 (0,044 mm), que estão empilhadas em
ordem crescente da abertura da malha. O material retido nas peneiras de número 200 é rejeitado e
seu passante consiste no resíduo fino da cadeia produtiva do caulim. Logo após passar por essas
peneiras, o caulim é novamente transportado com a água, através de tubulações, para uma bateria de
tanques de decantação.
O primeiro tanque recebe a mistura é preenchido completamente com água, nele ocorre à
separação da fração de maior granulometria através da sedimentação. A fração mais fina, que se
posiciona na região superficial, passa por transbordamento para o segundo tanque, que apresenta
um desnível de altura em relação ao primeiro, onde acontece a sedimentação da fração mais grossa.
A parcela mais fina é transbordada para o terceiro tanque. Esse procedimento se sucede até o ultimo
tanque do sistema. Depois de decantado, a água é retirada dos tanques e o caulim é bombeado por
um motor elétrico e depositado num filtro-prensa para retirar uma boa quantidade de água que ainda
está misturada ao caulim.
Na etapa de filtração retira-se a água do material proveniente do tanque de vazamento. Este
processo é realizado através do método da prensagem, em que a mistura é recalcada para dentro de
filtros prensa, por meio de uma bomba de recalque, obtendo-se assim uma torta com
aproximadamente 65% de sólidos, nesse estágio a goma de caulim é prensada formando tortas, em
seguida o material passa pelo processo de secagem realizada, geralmente, por secagem ao sol para
ser comercializado. Em dias chuvosos, essa secagem é feita de forma forçada através de fornos à
lenha, onde o caulim é empilhado e a água em seu interior é evaporada de forma mais rápida pelo
processo de aquecimento. Depois da calcinação o produto é triturado, ensacado e destinado à
comercialização. O resultado é um pó de granulometria extremamente fino e de alvura característica
das argilas brancas, um produto de excelente qualidade e de vasta aplicabilidade. Esse processo
pode ser observado na Figura 03.
Nos diálogos e pesquisas das comunidades circunvizinhas das minas de caulim foi
entrevistado um público de oitenta e uma pessoas, onde 53% compreendem o sexo masculino e
47% de sexo feminino, que tem uma faixa etária variando de 18 a 77 anos de idade. Uma fração de
73% dos entrevistados trabalha; 4% são aposentados e 23% desempregados, concluindo assim uma
significativa parcela de pessoas ao qual não tem renda e/ou ofertas de emprego mesmo morando nas
intermediações de um grande setor econômico, onde 42% dessa população têm outras fontes de
renda que não se deriva da mineração, que se destaca a agricultura. Como pode ser observado no
Quadro 01, onde têm-se também uma parcela de 10% que prestam serviços públicos; 6% de
pedreiros; 4% de atendentes entre outros tipos de empregos que sustentam a qualidade de vida da
sociedade em geral.
moradores nos diálogos, segundo eles não se podem utilizar revestimentos e forros de gesso em
suas residências, pois são frágeis a altos ruídos e vibrações, tendo como resultado, trincas e
aberturas que acarretam riscos aos moradores.
Os restantes 56% relataram não possuir nenhum incomodo frente a mineração. Em termos
de dispersão de material pelos caminhões caçambas os autores Andrade e Azevedo (2015), fizeram
a mesma analogia, onde relatam que existem grandes quantidades dessas partículas em suspensão
durante a extração como também no seu transporte, no qual é realizado sem nenhuma proteção.
A atuação do poder público para 48% dos entrevistados é tida como de nível ruim, seguida
de 22% de uma perspectiva fraca; 19% razoável; 6% constam como uma ótima atuação e 5%
desconhecem tal desempenho (Figura 04). O desenvolvimento das indústrias e de setores como o da
mineração faz necessário um equilíbrio entre exploração dos recursos naturais e investimentos
financeiros e para que haja isso é indispensável a atuação do poder público em investimentos para
reflexos positivos e crescimentos econômicos assim como relata Dalanhol (2002), onde segundo
ele, para que haver um desenvolvimento é necessário que haja crescimento econômico.
outros tipos de ações que reflita em resultados positivos em questões sociais, ambientais e
econômicas. Através dos diálogos e dos resultados obtidos em questionários, foram listadas
algumas atividades que a população juga como necessárias para serem desenvolvidas nas áreas
degradadas pela ação das mineradoras, como mostra a Figura 05.
Como observado na figura acima uma das principais ações propostas pela população é o
reflorestamento das áreas degradadas com 34% dos entrevistados, seguido da remoção total ou
parcial, transporte e disposição dos resíduos com 32%; 22% supõe a captação e condução das águas
superficiais promovendo assim um aproveitamento de um que é tão escasso na região; e 12%
referem-se à estabilização de taludes e blocos para prevenção contra desmoronamentos e até mesmo
a causa de mortes. Segundo Silva (2008), a restauração de áreas é algo impossível de acontecer,
pois restaurar implica na reprodução exata das condições do local antes da alteração sofrida. Ele
ainda salienta que a melhor forma seria a reabilitação, pois implica em colocar no local alterado
condições ambientais as mais próximas possíveis das condições anteriores. A reabilitação de
galerias através de seu preenchimento possibilita um ganho estético e uma melhor reabilitação
ambiental da área degradada, em termos de conformação topográfica e habitat potencial para as
espécies vivas.
Concluindo assim, que para melhor conformação das ações em primeiro momento é
necessária uma reabilitação com planejamentos e técnicas que façam do ambiente o mais adequado
possível em questões ambientais, topográficas, geológicas e morfológicas. Através do
reflorestamento de mudas nativas; remoção dos rejeitos que poluem não só o ambiente como a
visão; fechamento de galerias entre tantas outras ações de caráter inicial de reabilitação.
4. CONCLUSÃO
5. REFERÊNCIAS
BACCI, Denise De La Corte; LANDIM, Paulo Milton Barbosa; ESTON, Sérgio Médici De, 2006.
Aspectos e Impactos Ambientais de Pedreira em Área Urbana. REM - Revista Escola de Minas,
n. ISSN 1807-0353, v.59, n.1, p.47-54.
MACHI, M. A., SANCHES, D. L., 2010. Impactos Ambientais da Mineração no Estado de São
Paulo. In: Revista Estudos Avançados. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/ea/v24n68/16.pdf>, acesso em: 18 de abril de 17. Ás 00:45hr
NETO, Silvana Fernandes; SILVA, Tainara T. Santiago; SANTOS, Joelma Sales Dos. 2015.
Impactos Ambientais causados pela disposição final de rejeitos provindos da mineração de
Quartzito na Paraíba. Apresentado no Congresso Técnico Científico da Engenharia e da
Agronomia – CONTECC‘2015- Fortaleza-CE, Brasil.
OLIVEIRA & SILVA, Egmar Rocha de. Caulim no Nordeste. Recife. SUDENE – Divisão de
Geologia, 1974.
RESUMO
O Rio Capibaribe Mirim que tem sua nascente no sítio Quatis, no município de São Vicente Ferrer,
possui historicamente enorme valor social e cultural para as populações que as suas margens
permeiam. Memoravelmente seu uso sempre esteve atrelado a atividades domésticas, agregando
com o tempo funções industriais que nortearam a degradação fracionada do rio, principalmente no
município de Timbaúba. De acordo com a classificação de Horton, o rio Capibaribe Mirim consiste
num afluente da bacia do rio Goiana, que é a principal fonte de estudo do grupo de pesquisa
Hidrocampus, analisando dessa forma a configuração hierárquica da bacia, seus canais de
drenagem, reportando também a um estudo socioambiental do análogo tema. Com isso, o trabalho
tem por objetivo dissertar sobre a configuração hierárquica de drenagem do rio Capibaribe Mirim, e
sua degradação fluvial proveniente de ações sociais que desencadearam em problemas ambientais,
reforçando a atuação do grupo de pesquisa Hidrocampus e a sua importância enquanto
entendimento e desenvoltura científica de tal comitê de bacia pernambucana, visando mudanças
contextuais e complementares a ciência física e exata.
Palavras-chave: Rio Capibaribe Mirim, Degradação, Horton, Hidrocampus, ciência.
ABSTRACT
The Rio Capibaribe Mirim, which has its source on the Quatis site in the municipality of São
Vicente Ferrer, has historically had enormous social and cultural value for the populations that its
margins permeate. Historically, its use has always been linked to domestic activities, adding with
time industrial functions that guided the fractional degradation of the river, mainly in the
municipality of Timbaúba. According to the classification of Horton, the river Capibaribe Mirim
consists of a tributary of the Goiana river basin, which is the main study source of the Hidrocampus
research group, analyzing in this way the hierarchical configuration of the basin, its drainage
channels, also reporting To a socio-environmental study of the analogous theme. The aim of this
work is to discuss the hierarchical configuration of the Capibaribe Mirim river drainage and its river
degradation resulting from social actions that triggered environmental problems, reinforcing the
performance of the Hidrocampus research group and its importance as an understanding and
resourcefulness Scientific study of such a Pernambuco basin committee, aiming at contextual and
complementary changes to physical and exact science.
Keywords: Rio Capibaribe Mirim, Degradation, Horton, Hidrocampus, science.
31
Coordenador do projeto de pesquisa intitulado HIDROCAMPUS.
INTRODUÇÃO
indo de encontro com a atual configuração do rio e do diálogo estabelecido durante o trabalho com
as populações ribeirinhas e mais antigas do município de Timbaúba, no qual o rio corta a cidade.
Dessa forma, tal trabalho apresentado, tem como objetivo de análise a configuração
hierárquica do rio Capibaribe Mirim na Bacia do Goiana, assim como também sua atual conjuntura
degradada proveniente de ações antrópicas históricas e sociais, tendo como resultados a tabulação
estabelecidas pelo grupo de pesquisa Hidrocampus, visando mudanças de pensamentos e conceitos
socioambientais, sendo então um auxílio durante toda pesquisa bibliográfica e de campo conceitual.
Os recursos hídricos emergem no âmbito social como fundamentais para o contexto vital,
tendo então suas funções atreladas as primeiras idealizações de vida na Terra como bases que
nortearam no desenvolvimento humano e de sociedades que de predeterminações hídricas viviam.
Dessa forma, historicamente, a vida em sociedade sempre esteve atrelada a junções com
configurações hierárquicas, levando-se em consideração a isso a formação dos primeiros povos
bárbaros, egípcios, incas e maias, que utilizavam desse recurso para melhorar suas condições de
vida, chegando em momentos da história a ser fonte de riqueza e poder.
A compreensão dessa formação hídrica sempre foi um desafio, atingindo então seus mais
valiosos estudos no século XX, com grandes nomes que carregaram a responsabilidade de
caracterizar a configuração de hierarquias fluviais. Sendo então esses nomes: Horton, Strahler,
Scheidegger e Shreve; que objetivaram estudar os canais de drenagem, seus tributários e ordem dos
cursos d‘água. A Bacia do Rio Goiana, localizada no estado de Pernambuco, possui mais de 2 mil
quilômetros de extensão, cortando necessariamente 26 municípios, e se limitando ao Norte com o
estado da Paraíba. Seu potencial hídrico é considerável, tendo com isso cinco reservatórios em toda
a sua extensão, fato proveniente de conter bons afluentes, sendo eles o Rio Capibaribe Mirim, Siriji
e Tracunhaém, como aponta em variadas bibliografias, contrastando com a hierarquia proposta por
Horton, quanto a ordem dos tributários pertencentes a Bacia.
Como aponta Ross (2010) toda causa tem seu efeito correspondente, todo benefício que o
homem extrai da natureza terá a consequência em seus malefícios. Desse modo, parte-se do
princípio de que toda ação humana no ambiente natural ou alterado causa algum impacto em
diferentes níveis, gerando alterações com graus diversos de agressão, levando às vezes as condições
ambientais a processos até mesmo irreversíveis.
Outro enorme problema social decorre de alguns ribeirinhos, que residem em moradias
irregulares às margens do rio realizarem a criação de animais, sendo então uma grande variedade
deles como gados suínos, bovinos e caprinos, quqe bebem das águas do Capibaribe e contaminam
todo rio com as suas fezes e demais atividades realizadas por esses animais; repondo organicamente
de forma incorreta doenças que podem levar a mortalidade censitária humana, como:
Esquistossomose, leptospirose, ciguatera, balantidiose, giardíase.
O índice de casos nas unidades de pronto atendimento e atendimento a saúde da família das
localidades próximas a esse rio, demonstram os problemas a saúde da população provenientes desse
contato com as águas poluídas do Capibaribe, norteando numa cadeia desumana de patologias
desatinadas.
Presentemente, o rio Capibaribe Mirim se encontra em avançado grau de degradação,
resultante de tais ocorrências históricas e da atual configuração urbano-social instalada nos
municípios no qual ele corta. Além de uma poluição visível, a perda da biodiversidade do rio
também é outro fator alarmante. Animais estão chegando a óbito devido a pouca oxigenação da
água, que não permite a existência da diversidade que por anos foi endêmica do rio.
O assoreamento também é notório na sua atual configuração, permeando desde áreas rurais,
até centros urbanos; o rio se mostra invadido pela ação antrópica, que consiste na construção de
residências domiciliares e comerciais em suas margens e terraços fluviais. Com a retirada da mata
ciliar pertencente unicamente ao determinado rio, o processo de assoreamento se acelerou, fato
decorrente do avanço humano em suas áreas, e da retirada da mata ciliar para produção agrícola,
utilizando como drenagem o seguinte recurso hídrico, sendo então mais um meio de proliferação de
doenças.
Dessa forma, se acentua um contexto de poluição hídrica iniciada em meados dos anos 50, a
má gestão e o uso exaustivo de suas águas enquanto depósito de esgotos e efluentes industriais
aceleraram todo o processo de degradação fluvial do Capibaribe Mirim. Sua atual configuração é
notória em todos os municípios que são banhados por esse rio, poluição, esgoto domésticos e
industriais, lixos, assoreamento e o grande risco de doenças, contrapondo a ideologia
contemporânea de restaurar rios e conservá-los enquanto biodiversidade única e pertencente a
sociedade humana.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A água sempre foi a objetividade presente na vida humana, desde as primeiras formações de
sociedades até o tempo atual. Toda a sua configuração hídrica sempre foi desejo de estudo de
muitos pensadores, se destacando as principais e mais seguidas teorias no século XX. Com isso, o
estabelecido na hierarquia fluvial dos canais de drenagem de Pernambuco, colocam o Rio
Capibaribe Mirim como um dos mais importantes afluentes da Bacia do Rio Goiana, onde foi
bastante degradado durante décadas, resultados provenientes de ações antrópicas e industriais,
permitindo então que o grupo de pesquisa Hidrocampus se estabeleça de tal configuração, e a
análise, pautando também conceitos socioambientais e geográficos.
Com isso, o presente trabalho infere que a determinação hierárquica do rio Capibaribe
Mirim está atrelada a grandes estudiosos, como Horton, e que a atual configuração de degradação
do rio é proveniente de ações históricas e contextos sociais, que possibilitaram então o estudo do
grupo, e aperfeiçoamento de suas análises, e de propostas de novos conceitos, desmembrando então
preceitos já estabelecidos.
REREFÊNCIAS
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RESUMO
Os bioindicadores consistem em princípios orgânicos que têm o intuito de verificar a presença de
determinados poluentes, entre eles verificou se a eficiência dos liquens que apesar de se adaptar a
qualquer escassez de recursos são sensíveis a variações atmosféricas. O objetivo do trabalho foi
comparar através do uso dos liquens, as condições da poluição atmosférica e o tipo de degradação,
que podem ser extremamente prejudiciais à saúde humana. A queima de combustíveis fósseis, a
principal fonte de energia da atualidade, pelos automóveis contribui para o agravamento da poluição
e da saúde. Durante o trabalho realizou-se a verificação de qualidade do ar no bairro nobre Alto dos
Pinheiros, situado na Zona Oeste da cidade de São Paulo, especificamente na área do Parque Villa-
Lobos. Utilizou-se o método de Helmut Troppmair (1977), que consiste na: coleta de dados através
do auxílio de uma tela quadriculada, cálculo de correção da porcentagem de cobertura liquênica e
contagem dos carros presentes na área. No total foram analisadas setenta e cinco árvores de espécies
variadas, tendo apenas catalogada na metodologia a espécie Syagrus romanzoffianum (coqueiro). O
estudo foi efetuado em 2016 e 2017, constatou-se que a qualidade do ar na área do Parque Villa-
Lobos piorou de um ano para o outro. No ano de 2016, havia altos índices de Classe V, zona não
poluída ou normal e Classe IV, zona fracamente poluída ou contestada externa. Contudo, no
segundo ano foi notória a mudança em todas as Classes, onde, a Classe I, deserto de liquens teve o
maior aumento entre elas, 14,67% e a Classe V, zona não poluída passou de 58,67% para 30,67%
no ano de 2017. Provavelmente, um dos principais motivos para a queda na qualidade do ar é a
quantidade de veículos em circulação no bairro, que aumentou 31% de um ano para outro.
Palavras-chaves: Poluição atmosférica. Combustíveis fósseis. Organismos bioindicadores.
ABSTRACT
Bioindicators consist in organic principles that have intention to verify the presence of certain
pollutants among them it was verified the efficiency of the lichens that despite adapting to any
scarcity of resources and are sensible to atmospheric variations. The study was made to compare the
use of lichens, atmospheric pollution conditions and the type of degradation, which can be
extremely harmful to human health. The burning of fossil fuels, it is the main source of energy
today, by automobiles contributes to the worsening of pollution and health. During the work the air
quality it was verified in the area of Alto dos Pinheiros neighborhood and it was located in the
West Zone in the city of São Paulo, specifically in the Villa-Lobos Park area. It was used the
method of Helmut Troppmair (1977) which consists of: data collection through the help of a
checkerboard, it was calculated the percentage of lichen cover percentage and the number of cars
present in these area. In total, seventy-five trees of different species were analyzed, and only
Syagrus romanzoffianum (coconut) was cataloged in the methodology. The study was conducted in
2016 and 2017, it was found that the air quality in the Villa-Lobos Park area worsened from year to
year. In the year 2016, there were high Class V rates and unpolluted zone or normal and Class IV,
weakly polluted zone or external contested zone. However, in the second year the change was
noticeable in all Classes, where Class I, desert of lichens had the highest increase among them,
14.67% and Class V, unpolluted zone went from 58.67% to 30 , 67% in 2017. Probably one of the
main reasons for the drop in air quality is the number of vehicles in circulation in the neighborhood,
which increased 31% from year to year.
Key-words: Atmospheric pollution. Fossil fuels. Organismos bioindicadores.
INTRODUÇÃO
poluição atmosférica, portanto são utilizados como bioindicadores da qualidade do ar. ―Entretanto
alguns liquens são sensíveis a determinados poluentes, como a Usnea trichoderma e a Erwinia
amarela que são sensíveis ao excesso de dióxido de enxofre‖ (MILLER JR, 2015).
O objetivo do trabalho foi comparar as condições da qualidade do ar entre os anos de 2016 e
2017, de uma região da grande Metrópole do estado de São Paulo, densamente povoada e
demasiadamente afetada pela poluição do ar, como a sua capital.
MATERIAIS E MÉTODO
Área de Estudo
O local escolhido para o estudo foi o Parque Villa-Lobos (Figura 1), localizado no bairro de
Alto dos Pinheiros, na região Oeste da Capital, e próximo ao rio Pinheiros. Inaugurado em 1994, o
parque abrange uma área verde de 732 mil m², tornando-se uma das melhores opções de lazer ao ar
livre da metrópole.
A área onde o parque está situado, antes de 1989, era um deposito de lixo da Companhia de
Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (CEAGESP), onde também eram
depositados materiais dragados do Rio Pinheiros e entulhos da construção civil.
Em 1989, começou a ser implantado o parque, onde 500 mil m³ de entulho foram retirados e
o córrego Boaçava, que passava pela área, foi canalizado. Somente em 2004 criou-se o Conselho de
Orientação do Parque Villa-Lobos, que assegura o gerenciamento participativo e integrado da
sociedade civil no mesmo, e passou a solucionar os problemas de manutenção existentes no local,
decorrentes de seu histórico.
Contagem dos liquens
Esse estudo foi embasado na metodologia de Helmut Troppmair (1977) (Tabela 1).
Tabela 1. Classes de poluição do ar, segundo o grau de cobertura de liquens sobre os troncos das árvores.
Classe Grau de cobertura (%) Zona
V 50 a 100 Não poluída ou normal
IV 25 a 50 Fracamente poluída ou contestada externa
III 12 a 25 Poluição média ou contestada mediana
II 6 a 12 Poluição alta ou contestada interna
I <6 Deserto de liquens
Sendo:
%Y = Grau de cobertura corrigido, conforme a rugosidade da casca;
%X = Grau de cobertura lida na casca;
(i) = Índice de correção da espécie em estudo.
E a tabela utilizada como referencia para esse cálculo foi:
Superfície Índice
Casca lisa 90
Casca pouco rugosa 110
Casca com rugosidade média 155
Casca rugosa 250
Casca muito rugosa 300
Coquinho (Syagrus romanzoffianum) 148
Figura 4. Tela quadriculada, utilizada na contagem de liquens, a um metro do chão. (Foto: Mattos, 2016)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A árvore rugosa Chorisia speciosa, cujo nome popular é Paineira (Figura 3), foi a mais
encontrada no parque e consequentemente a mais analisada, tendo seu índice de correção da espécie
de 250 (casca rugosa), o grau de cobertura corrigido médio de 36,54% em 2016 e de 36,46% em
2017, e um grau de cobertura lida médio de 91,35% em 2016 e de 91,15% em 2017. Obteve-se
também analises de Coqueiros e de outras espécies desconhecidas. Os resultados gerais das espécies
e seus índices podem ser vistos com mais clareza na Tabela 3 presente na pagina 7.
O georreferenciamento das árvores está presentes na Tabela 3 e Figura 4.
Figura 5. Árvore paineira, espécie mais encontrada no local de estudo. (Foto: Mattos, 2016)
A média da quantidade de carros que passaram em frente ao parque Villa-Lobos por dia em
2016 foi de 52.306, e a média da quantidade de carros que passam em frente ao parque Villa-Lobos
por dia no atual ano (2017) é de 68.750 (Tabela 4).
Tabela 3. Índice e georreferenciamento das árvores mais influentes na análise da área no ano de 2016 e no
ano de 2017, respectivamente.
Árvore Espécie Latitude Longitude Índice %Y %X Classe %Y %X Classe
Figura 6. Georreferenciamento do Parque Villa-Lobos e das árvores nele analisadas por satélite do Google
Earth. (Vieira, 2016) Nota: Cada ponto laranja na imagem equivale a 7,5 árvores analisadas.
Tabela 4. Quantidade de carros circulando nos anos de 2016 e 2017 em frente ao parque nos períodos de 15
minutos, 1 hora e 1 dia.
Período 2016 2017
Semana 15 minutos 550 807
1 hora 2 200 3 228
1 dia 52 800 77 472
Final de semana 15 minutos 532 489
1 hora 2 128 1 956
1 dia 51 072 46 944
Média total 15 minutos 545 716
1 hora 2 179 2 865
1 dia 52 306 68 750
Classe IV – Zona fracamente poluída ou contestada externa teve um aumento de 5,33% e por fim a
Classe V – Zona não poluída ou normal foi a única que teve queda nos valor de 28% (Gráfico 1).
Com relação à quantidade de carros que passam em frente à área de estudo por dia houve um
aumento de 31% de um ano para o outro (Tabela 4).
Um dos motivos para ocorrer este aumento seria a construção de novos empreendimentos
imobiliários na região, aliados com a tendência no aumento da frota de automóveis em território
nacional, principalmente em grandes centros urbanos. Além disso, o aumento no número de carros
nesta região seria devido à busca de uma rota alternativa. O grande número de automóveis na
capital e aos inúmeros trechos que sofrem problemas de congestionamento faz com que muitos
mudem a rota para economizar e diminuir o tempo gasto no trânsito.
Gráfico 1. Frequência da análise das classes de poluição do ar nos anos de 2016 e 2017 no Parque Villa-
Lobos.
50
40
30
2016
20
2017
10
0
Classe I Classe II Classe III Classe IV Classe V
Comparando-se com trabalhos já publicados na área, Troppmair (1977), Piqué et al. (2005),
Fioreze e Santos (2013), nota-se que os resultados obtidos no presente trabalho são esperados, uma
vez que, ―a atmosfera urbana é constituída por uma complexa mistura de gases e materiais
particulados, dentre os quais se encontram vários agentes poluentes‖ (FIOREZE E SANTOS,
2013), devendo tornar a presença de líquens menor em ambientes urbanos.
Levando-se em consideração que diversos estudos indicam os líquens como um dos
melhores indicadores da qualidade, os dados obtidos por estes indicadores são confiáveis devido a
sua morfologia, que não sofre significativas modificações ao longo das estações, sua longevidade e
a rápida absorção e acumulação de íons metálicos, como os citados por Fioreze e Santos (2013). No
entanto, temos que considerar que, ambas as contagens foram realizadas em épocas distintas do ano,
ou seja, em 2016 a coleta de dados foi concretizada durante o começo do outono e no ano de 2017
foi realizado no inverno.
―A qualidade do ar piora durante os meses de inverno, quando as condições meteorológicas
são mais desfavoráveis à dispersão dos poluentes‖ (COCCARO, 2001).
CONCLUSÃO
Pode-se concluir que em relação a 2016 a poluição atmosférica no ano de 2017 aumentou na
região estudada, esta inferência pode ser sustentada analisando-se a diminuição da cobertura
liquênica.
Outro fator extremamente importante para o aumento da poluição é o número médio de
carros que circulam pela região diariamente, uma vez que houve um aumento significativo neste
dado, observando se o impacto direto na diminuição da presença de liquens.
REFERÊNCIAS
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RESUMO
O contexto mundial de degradação ambiental é evidente e complexo, principalmente com o
aumento populacional e industrial. O crescimento econômico traz consequências diretas na
paisagem seja pela retirada de recurso, por produção de resíduos ou pelo descarte de material
utilizado pela população. Algumas práticas humanas provocam contaminações de corpos d‘água,
assoreamento, enchentes, proliferação de vetores transmissores de doenças. Geralmente os hábitos
dos moradores colaboram para que estes não reflitam sobre suas próprias atitudes. A Educação
Ambiental – EA é uma estratégia de formação que pode alcançar forte nível de sensibilização
humana, com repercussão positiva na conservação ambiental e em mudanças de atitudes que
contribuam com a qualidade de vida no local onde se reside. Este estudo teve como objetivo
analisar situações problemas associadas aos cenários ambientais de degradação numa comunidade
urbana gerando indicadores e demandas de intervenções em Educação Ambiental. O local da
pesquisa foi a Comunidade São Rafael, situada às margens do Rio Jaguaribe, no bairro Castelo
Branco na cidade de João Pessoa – PB. A investigação foi orientada pela abordagem da pesquisa
qualitativa, a partir de estratégias como observação e leitura do meio por imagens. Cenários de
degradação sinalizam contextos socioambientais de risco à saúde; hábitos da comunidade refletem
relação de desequilíbrio com o meio ambiente; Serviços sociais se caracterizam precários, seja no
campo da gestão ambiental, ou em processos educativos. Entendemos tais sinais como indicadores
da necessidade de implementação de processos de educação ambiental para o exercício da cidadania
e para o desenvolvimento de melhores relações com o meio ambiente, na perspectiva da melhoria
da qualidade de vida local.
Palavras-chave: Impactos ambientais; Educação Ambiental; Cidadania.
ABSTRACT
The global context of environmental degradation is complex and evident, mainly with the increase
in population and industry. Economic growth brings direct consequences in nature, by either the
removal of natural resources, or the production of waste or even the disposal of material after
population‘s use. Some human habits lead to contamination of waterbodies, silting, flooding, and
proliferation of disease vectors. Usually people habits cause them to not reflect on their own
actions. Environmental Education – EA, is a strategy of formation able to achieve high levels of
human awareness, with positive impact on environmental conservation and changes in people habits
in order to contribute to life quality wherever they live. This study aimed to analyze the problems
associated with the environmental degradation in an urban community and in consequence
indicators and demands of interventions in Environmental Education were generated. The research
site was the community of São Rafael, located on the banks of Jaguaribe River, at Castelo Branco
neighborhood in the city of João Pessoa - PB. The research was guided by the approach of
qualitative research, including strategies such as observation and understanding of the environment
from images. Degradation environments indicate socio-environmental contexts of health risk;
Community habits reflect a relationship of imbalance with the environment; Social services could
be detected as precarious, whether in the field of environmental management or in educational
formation. We understand these signs as indicators of the need for implementing environmental
education processes for the exercise of citizenship and also for the development of better relations
with the environment, with a view to improving local quality of life.
Keywords: Environmental impacts; Environmental education; Citizenship.
INTRODUÇÃO
Comunidade São Rafael, localizada no Castelo Branco JP-PB tem essa característica de ocupação e
deposição direta de resíduos pela sendo agravada pela ausência de saneamento básico, ou seja, um
dos maiores problemas para a poluição do rio é o lixo (PARAÍBA AGORA, 2012).
A ocupação humana, em áreas urbanas se dá alterando ambientes físicos e biológicos,
comprometendo os recursos e serviços naturais. A população urbana, seja em qual classe social se
situe, tem expectativas de viver em ambiente saudável, que lhe ofereça qualidade de vida
assegurada por: um ar puro, sem poluição, água potável e abundante. Contudo, esta realidade não se
registra na maioria das comunidades, em especial às que ocupam áreas urbanas periféricas. As
práticas inadequadas no tratamento aos resíduos provocam contaminações de corpos d‘água,
assoreamento, enchentes, proliferação de vetores transmissores de doenças. Acrescenta-se a isto, a
alteração na paisagem além do mau cheiro.
Aos arredores do rio Jaguaribe pode-se ver grandes quantidades de oficinas em atuação, um
exemplo curioso é o caso da existência de uma oficina dentro do vale, construída em uma área
próxima ao leito do rio, que tem localização nas imediações do Conjunto Residencial Castelo
Branco, próxima a principal via de circulação que dá acesso ao bairro de Miramar. Por estar quase
que totalmente dentro da localização urbana, o rio sofre muito com a poluição dos bairros que o
cercam. Embora haja obras de revitalização de seu curso, ainda existe grande carga de esgotos que
finalizam suas trajetórias no rio, onde tanto nos bairros populares como nos mais nobres é
descarregado lixo e esgoto em seu leito (ALVES, FARIAS e ARAUJO, 2009).
O cotidiano vivido encobre situações que apesar de visíveis, não são percebidos. Os
moradores, embora enxerguem casos de degradação ambiental, seus hábitos colaboram para que
estes não reflitam sobre suas atitudes, mesmo alertados por informações a esse respeito. Estudos
anteriores (PEREIRA, et all, 2012; RAMOS, 2016) apontam o alto nível de degradação deste curso
hídrico envolvendo todas as comunidades a ele circundante.
O Rio Jaguaribe é uma vitima desse problema com grandes indícios de degradação por
ocupações irregulares e deposição direta de resíduos das comunidades em seu percurso. Esse
problema de saneamento precário no Brasil é existente quase que em todo território, sendo mais
exposto em áreas mais pobres, sendo a fonte principal de proliferação de doenças entre jovens e
crianças. As gestões públicas possui grande parcela de culpa por essa ausência e descaso com a
população em suas obras lentas e inacabadas (PORTAL SANEAMENTO BÁSICO, 2016).
Com isso, a Educação Ambiental possui uma influência direta na formação humana e nas
atitudes da população em meio aos problemas decorrentes. Numa perspectiva crítica a EA tem suas
origens nos ideais democráticos e emancipatórios do pensamento crítico aplicado à educação. O
grande objetivo da EA crítica é levar a contribuição que gere a transformação de realidades que se
apresentam em uma grave crise socioambiental.
METODOLOGIA
A pesquisa foi desenvolvida no período entre janeiro – julho/2017. O estudo foi orientado
pela abordagem qualitativa, por meio do qual se buscou a compreensão de realidades, seus
significados e situações-problemas (MINAYO, 2009). Como estratégias metodológicas, adotou-se o
estudo de caso, para investigar um fenômeno dentro do seu contexto real (GODOI, 2006;
MARTINS, 2008).
O local da investigação foi a Comunidade São Rafael, situada às margens do Rio Jaguaribe
no Bairro Castelo Branco em João Pessoa – PB. A referida comunidade possui 60 anos de
existência, chegando acerca de 500 residências ao todo com 29 estabelecimentos comerciais
(CENTRO POPULAR DE CULTURA E COMUNICAÇÃO).
O primeiro momento da pesquisa pautou-se no levantamento socioambiental da comunidade
partir de estudos em fontes bibliográficas e publicações acadêmicas bem como aproximação à
comunidade por meio de representantes vinculados ao Centro Popular Comunitário.
No momento posterior, conversas informais e visitas periódicas à comunidade foram
realizadas com a finalidade de registrar cenários ambientais do cotidiano para visibilizar e entender
os impactos socioambientais associados. Foi utilizado o recurso da fotografia para captura das áreas
em volta da comunidade (cenários ambientais, aspectos do saneamento, infraestrutura, inundações e
resíduos sólidos), como também foram registrados alguns focos de degradação ambiental
(esgotamento a céu aberto, descartes de resíduos, áreas de risco).
RESULTADOS
A comunidade estudada conta com 1500 habitantes, tem uma Escola Estadual de Ensino
Fundamental, Posto de Saúde, Posto de Distribuição de Pão e Leite, Praça, igrejas, Centro Popular
de Cultura e Comunicação e Rádios de Comunicação. Parte das ruas apresenta calçamento mais
ainda existem ruas não asfaltadas. No que diz respeito a instituições com ações diretas na
comunidade são Rafael, destacam-se a Associação de Prevenção à AIDS (AMAZONA),
Universidade Federal da Paraíba (UFPB), de forma pontual por parte de vários setores, e, de forma
mais prolongada, por meio da Incubadora de Empreendimentos Solidários (INCUBES), Association
de Solidarité Internationale (ESSOR), Prefeitura Municipal de João Pessoa e a Universidade
Federal da Bahia (UFBA), especificamente a Incubadora Tecnológica de Economia Solidária e
Gestão do Desenvolvimento Territorial - ITES (LUCENA, 2013).
Se tratando de aspectos ambientais da comunidade, há inúmeros problemas constantemente
agravados pela população, onde os mais frequentes são o desmatamento e a poluição, já havendo
reconhecimento dos próprios moradores sobre a necessidade de intervenção socioeducativa sobre
impactos antrópicos na natureza (LUCENA, 2013).
Na observância à oferta de serviços à comunidade, ações voltadas às políticas que visam à
sustentabilidade, onde todos, governos, empresas e cada cidadão, se constituem responsáveis pela
preservação do meio ambiente (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE). Às margens do Rio
Jaguaribe, a comunidade São Rafael enfrenta os desafios vinculados às demandas de
preservação/conservação e qualidade ambiental. Desafios perceptíveis na sua infraestrutura (ruas
estreitas) e na proximidade das residências ao leito do rio, resultando em inundações e uso
inadequado deste recurso hídrico, são um dos fatores que geram preocupações e interesses de
solução.
A coleta de lixo é realizada três vezes por semana coletando o lixo até a área na qual o
caminhão consegue chegar, a partir desse ponto há um morador que coleta o lixo das residências
com um carro de mão, no qual esse lixo é levado até a área de alcance do caminhão de coleta maior.
Os demais depósitos de lixo são praticamente depositados em locais indevidos (morro, mata, rua,
proximidade do rio) ou diretamente no rio.
A comunidade São Rafael apesar de ser considerada como uma área pequena apresenta uma
grande proporção de moradias e moradores, o que representa boa parte das moradias próximas ao
rio. Com as cheias do rio, o arraste de resíduos descartados indevidamente é maior; já que muitas
moradias têm seus encanamentos de esgoto direcionados ao leito.
Com o aumento do consumo de produtos junto com seu descarte é decisivo para a qualidade
do ambiente que nos cerca, e a poluição do rio pode ser vista através da aparição de macrófitas
aquáticas que são bioindicadoras de resíduos tóxicos e poluentes causadas pelo descarte indevido de
resíduos da área populacional como também de grandes empresas que circundam o leito do rio.
Um agrave se da pela inatividade da estação de tratamento que é um fator que acarreta a
construção de saneamento inadequado, como também leva a população a descartar indevidamente
os resíduos sólidos, que por sua vez causa poluição da área. Essa poluição causada pelo
transbordamento de esgotos é um dos fatores causadores da poluição do Rio Jaguaribe, que com as
cheias causa o contato do esgoto das residências e das ruas com o leito do rio.
Por existirem moradias próximas ao rio a comunidade São Rafael apresenta problemas
sérios de inundações em dias de chuva e com as cheias. O descarte de resíduos sólidos frequente
nos quintais das casas próximas ao rio, mesmo havendo coleta de lixo; esse lixo é facilmente levado
pela corrente da água, principalmente em épocas de chuva quando o rio ultrapassa seu limite
causando as enchentes e carregando o lixo para si consequentemente, poluindo ainda mais o rio
causando grandes prejuízos ambientais.
O saneamento é um dos fatores mais importantes e almejados pela comunidade, pois o
mesmo é escasso, e as formas de escoamento de resíduos líquidos são adaptadas de forma irregular
por moradores, gerando uma poluição notória do ambiente. O escoamento indevido é
sobrecarregado de tal maneira que há o transbordamento do esgoto, que deveria ter um destino
apropriado, onde pode alagar as ruas ou até mesmo chegar dentro das residências afetando assim os
moradores.
A comunidade São Rafael possui uma infraestrutura com características e modelagem
pequenas, com diversidades de estabelecimentos como: padaria, igrejas, borracharias, centro
cultural e posto de saúde. Com o crescimento da população da região junto com o fato dos
moradores serem de classe media baixa, a construção de casas aumentou e trouxe construções sem
planejamento. Consequentemente houve um afunilamento das ruas, tornando-as estreitas
dificultando até a passagem de carros maiores, obrigando apenas o uso de motocicletas ou
bicicletas.
Os riscos das construções indevidas têm aumentado com essa deficiência de suporte das
cidades com o crescimento populacional e na comunidade São Rafael, a casas são construídas
próximas às outras; outras são construídas em áreas que excedem a segurança dos moradores,
aumentando a área de risco para os moradores.
Os transbordamentos do Rio Jaguaribe chegam facilmente entre ruas e principalmente
dentro das casas, causando até a perda completa de imóveis. Por não ter outro lugar para
alojamento, a evacuação não é feita e os moradores acabam indo para casa de vizinhos até que
providências sejam tomadas aos que tiveram prejuízos.
Aos moradores mais antigos, a Educação Ambiental contribuiria para formar agentes mais
conscientes por meio de processos educativos, e palestras ministradas sobre os problemas de
degradação da própria comunidade, apontando as causas e suas soluções traz um leque de
informações nas quais são simples de executar em suas residências, que é a fonte de dispersão de
atitudes cabíveis e exemplares, e nas ruas que só tende a ganhar com um ambiente mais agradável e
limpo.
Propor aos moradores que haja uma cobrança aos lideres e aos órgãos responsáveis pelos
cuidados básicos de uma cidade também faz parte dessa rede de soluções da degradação ambiental,
a começar pelo saneamento básico e manutenção dos encanamentos já existentes nos quais
necessitam de troca para o retorno de utilização, pois é constante o entupimento e transbordamento
das bocas de lobo encontradas nas ruas. Isso é necessário, pois, nem todas as residências possuem a
fossa séptica e o escoamento dos esgotos é direcionado ao rio ou a estação de tratamento que está
inativa causando sempre seu transbordamento.
DISCUSSÃO
Alves, Farias e Araújo (2009) põem o aumento de construções e vias como uma das
principais causas do desequilíbrio ecológico, e não é diferente nos bairros que cercam o Rio
Jaguaribe, no caso, a Comunidade São Rafael que também foi vista em uma crescente com o passar
dos anos, proporcionando construções sem o mínimo de planejamento necessário para condições de
vivencia.
O saneamento básico é o inicio de toda a luta contra a degradação ambiental, pois é uma
fonte de poluição e doenças causadas pelas más condições da falta de tratamento de água e esgoto
como é tratado no Portal Saneamento Básico 2016 retratando a suscetibilidade da população a esse
tipo problema que é comum em áreas mais pobres.
As áreas consideradas mais pobres sofrem com a necessidade de moradias que
consequentemente são desprovidas de planejamento de acordo com a capacidade de suporte da
região, o que sujeita a ocorrência de inundações, pois pela falta de espaço essas moradias são
construídas próximas ao Rio, causando inundações durante as cheias. Barbosa 2006 diz que os
resultados dos problemas causados por inundações dependem do grau de ocupação da área pela
população e da frequência com a qual ocorrem as inundações, o que ocorre na São Rafael, a área de
ocupação proporciona inundações frequentes.
A população da área é consciente dos problemas ambientais e suas causas, o que facilita a
sensibilização com o estudo aplicado. Bonifácio e Abílio (2010) retratam em seu estudo com alunos
do ensino fundamental que os mesmos possuem facilidades de exemplificação desses problemas e
suas causas, como também têm a facilidade de propor soluções, tendo ações já encaminhadas para
solucionar os problemas pontuados.
Bonifácio e Abílio (2010) ainda relatam o fator da necessidade de se trabalhar mais ainda a
Educação Ambiental para aplicação das ações de sustentabilidade e preservação do ambiente, o que
é proposto no trabalho de Borges e Tachibana (2005), uma potencialização de ações como redução
de custos através de uma utilização eficiente dos recursos com mais eficiência e procura de
mercados mais cuidadosos com relação às questões ambientalistas, ou seja, empresas que se
preocupam com o meio ambiente.
Borges e Tachibana 2005 mostram em sua pesquisa que com o passar dos anos que ao
mesmo tempo em que o meio ambiente é uma fonte de recursos também passa a ser um recipiente
aberto de resíduos descartados de forma indevida. Propor, com a Educação Ambiental, maneiras de
regulamentações coerentes e éticas tendem a controlar de forma positiva as interferências das
atividades humanas, num pensamento de preservação e conservação do meio ambiente.
CONCLUSÃO
Estudos em áreas de risco e com problemas ambientais precisam ter mais atividade e vigor,
já que há uma crescente populacional e consequentemente um aumento de degradação do ambiente.
E em áreas consideradas mais pobres carecem desse tipo de informação e acabam no comodismo. A
sensibilização da população precisa ser constante para lembrar que cuidar do ambiente não é apenas
em dias de encontros ambientais e seus ambientalistas, e sim uma luta diária que começa dentro de
casa e alcança toda a paisagem e seus participantes.
REFERÊNCIAS
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PARAÍBA AGORA. Defesa Civil de JP faz vistorias para evitar danos causados pelas chuvas .
Disponível em:<
http://www.pbagora.com.br/conteudo.php?id=20120104160138&cat=paraiba&keys=defesa-
civil-jp-faz-vistorias-evitar-danos-causados-pelas-chuvas>. Acesso em: 07/07/2017.
<http://www.saneamentobasico.com.br/portal/index.php/meioambiente/faltadesaneamentobasicono
brasilegrandeameacaasaudepublica>. Acesso em: 31/01/2017.
RESUMO
A atividade humana é uma das grandes responsáveis pelos efeitos associados ao uso de
combustíveis fósseis, como o efeito estufa. Diante disto, tornou-se necessário investir em estudos
para quantificar e atenuar impactos ambientais associados ao uso de equipamentos fundamentais à
atividade humana. A Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) tornou-se uma ferramenta potencial para
quantificar impactos ambientais associados à fabricação e uso de um determinado produto, desde a
extração de suas matérias-primas, seu funcionamento e até o seu descarte. Neste trabalho foi
realizada uma análise ambiental de um protótipo de bomba de calor, na qual a metodologia da ACV
foi aplicada a dois cenários distintos, com o objetivo de quantificar os impactos ambientais
associados a configuração experimental, sua construção e descarte. Comprovou-se que a quantidade
de CO2-eq reduziu significativamente no cenário em que parte do protótipo foi levada a reciclagem,
devido a grande quantidade de alumínio em sua estrutura, quando comparada ao descarte total em
um aterro sanitário local. As informações fornecidas pelo presente trabalho tem fundamental
importância para estudos de mitigação dos possíveis impactos ambientais associados a configuração
e funcionamento de equipamentos utilizados em processos industriais.
Palavras-chave: Avaliação de Ciclo de Vida, Impactos Ambientais, Cargas Ambientais, Bomba de
calor.
ABSTRACT
Human activity is one of the main responsible for the effects associated with the use of fossil fuels,
such as the greenhouse effect. In view of this, it became necessary to invest in studies to quantify
and mitigate environmental impacts associated with the use of essentials equipments to human
activity. Life Cycle Assessment (LCA) has become a potential tool for quantifying environmental
impacts associated with the manufacture and use of a particular product, from the extraction of its
raw materials, its operation and even its disposal. In this work an environmental analysis of a heat
pump prototype was carried out, in which the LCA methodology was applied to two different
scenarios, with the objective of quantifying the environmental impacts associated to the
experimental configuration, its construction and disposal. It was verified that the amount of CO2-eq
reduced significantly in the scenario where part of the prototype was taken to recycling, due to the
large amount of aluminum in its structure, when compared to the total disposal in a local landfill.
The information provided by the present study is of fundamental importance for studies to mitigate
the possible environmental impacts associated with the configuration and operation of equipments
used in industrial processes.
Keywords: Life Cycle Assessment, Environmental Impacts, Environmental Loads, Heat Pump
32
Monica Carvalho, Orientadora, Professora do Curso de Engenharia de Energias Renováveis da UFPB.
monica@cear.ufpb.br
INTRODUÇÃO
Meio ambiente e energia já estão interligados na percepção do cidadão comum, devido aos
efeitos associados ao uso de combustíveis fósseis, como o efeito estufa. Esse cenário passa por uma
mudança radical, em que o aumento da participação das fontes renováveis de energia no total
gerado é inevitável (VICHI, MANSOR, 2009). Aumentar o conhecimento acerca do meio ambiente
e sobre os efeitos que a atividade humana causa é de fundamental importância para o progresso
futuro da humanidade, ao tempo em que dispor da quantidade de informações suficientes faz com
que o homem tome as melhores decisões, destacando-se a compreensão de que a solução dos
problemas ambientais em largo prazo consiste em analisar o caráter global do entorno, e não apenas
questões específicas (CHEHEBE, 1998). A Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) é uma metodologia
internacionalmente validada e consolidada para a quantificação de impactos ambientais associados
a um produto, processo ou serviço ao longo de todo o seu ciclo de vida (extração da matéria prima,
manufatura/fabricação/transformação, embalagem, transporte, distribuição, uso, manutenção e
descarte final) (GUINÉE, 2001; GUINÉE, 2002). Em outras palavras, a ACV é um procedimento
que analisa a interação de um sistema com o ambiente, partindo da premissa que os estágios do
ciclo geram impactos ambientais (SILVA, 2003). A ABNT (2014a; ABNT, 2014b) e as ISO 14040
(2006) e 14044 (2006) caracterizam a ACV como metodologia fundamental para estudar os
aspectos ambientais e os impactos significativos durante a vida útil de um produto, partindo da
extração da matéria-prima, passando pelos processos de produção, chegando a utilização e destino
final. A ACV é uma metodologia capaz de facilitar a análise dos impactos ambientais gerados pelas
atividades de uma empresa. Segundo HINZ et al. (2006), com a ACV é possível determinar uma
sistemática confiável a fim de se obter decisões plausíveis, visando gerar o menor impacto
ambiental possível, bem como verificar a poluição em si.
A bomba de calor é um dispositivo de alta eficiência térmica, com pouca dependência em
relação as condições climáticas, permitindo que alguns processos ocorram em baixas temperaturas
(PERERA; RAHMAN, 1997), e que, segundo Strommen (2000), apresenta reduzido impacto
ambiental devido ao seu baixo consumo de energia. Deve-se destacar a associação deste
equipamento a sistemas de aquecimento de água por coletores solares como fonte de energia
auxiliar, tornando-se alternativa aos sistemas convencionais, compostos por coletores solares e
aquecimento via resistência elétrica, que apresenta altos gastos energéticos. Além disso, as bombas
de calor são utilizadas nos processos de secagem da indústria alimentícia, que segundo Chou &
Chua (2001), tem por finalidade aumentar a vida útil, reduzir o custo de armazenamento e
transporte e garantir uma boa aparência, mantendo o conteúdo nutritivo dos produtos alimentícios.
Este trabalho tem como objetivo aplicar a metodologia da Avaliação de Ciclo de Vida
(ACV) para quantificar os impactos ambientais associados a configuração experimental de um
ISBN: 978-85-68066-53-9 Página 572
Educação ambiental: biomas, paisagens e o saber ambiental
MATERIAIS E MÉTODOS
de dados Ecoinvent (ECOINVENT, 2015) contém mais de 10.000 conjuntos de dados interligados,
cada um dos quais descreve um inventário de ciclo de vida em um nível do processo.
São vários os métodos para avaliação de impacto ambiental, o adotado para este projeto foi
o IPCC 2013 GWP33 100 a, o qual contabiliza o total de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE),
expressando o resultado em termos de carbono equivalente de dióxido de carbono (CO2-eq) para um
sistema definido ou atividade (INTERNATIONAL PANEL ON CLIMATE CHANGE - IPCC, 2014).
Protótipo de bomba de calor
O sistema consiste numa bomba de calor (Figura 1), construída no Centro de Energias
Alternativas e Renováveis da Universidade Federal da Paraíba.
Esta bomba de calor foi amplamente estudada desde perspectivas termodinâmicas desde
2007, sofrendo várias alterações ao longo do tempo, explanadas por Toscano (2017). Os estudos
anteriores compreendem a análise de montagem e instrumentação feitas por Luiz (2007), que
posteriormente também realizou um estudo sobre a transferência de calor e massa na secagem de
tomate utilizando a bomba de calor. Baseado na Lei da Conservação da Massa e Primeira e Segunda
Leis da Termodinâmica, Maia (2014) desenvolveu uma modelagem termodinâmica cuja finalidade
foi a desumidificação e o aquecimento do ar a temperaturas moderadas para a secagem de produtos
biológicos utilizando a bomba de calor. Um estudo teórico e experimental com a finalidade de
desumidificação e aquecimento do ar para a secagem de produtos termossensíveis também foi
realizado por Leite (2015), e para isso desenvolveu um modelamento termodinâmico baseado na
Primeira e na Segunda Lei da Termodinâmica e na Lei da Conservação da Massa, que foi simulado
33
(Global Warming Potential)
na plataforma EES (Engineering Equation Solver). Fortes et al. (2016) deu sua contribuição através
da discussão da configuração experimental, cujo trabalho foi incorporado ao estudos de Grilo
(2017), o qual realizou uma revisão bibliográfica detalhada sobre bombas de calor aplicadas a
secagem de alimentos e desenvolveu análises termodinâmica, econômica e ambiental para o
equipamento experimental localizado no Centro de Energias Alternativas e Renováveis da
Universidade Federal da Paraíba.
A bomba de calor é uma máquina térmica cuja função é extrair calor de uma fonte quente e
rejeitar ao ar ou água a uma temperatura superior à desta fonte, apresentando os mesmos
componentes de uma unidade de condicionamento de ar. Há dois tipos de bomba de calor: o de
ciclo por absorção e o ciclo de compressão de vapor. Este último é o utilizado no protótipo do
trabalho.
O sistema em estudo é constituído por quatro componentes principais: um compressor, que
funciona como o elemento mecânico do sistema, elevando a pressão e promovendo a circulação do
fluido refrigerante, um condensador e um evaporador, que promovem as trocas térmicas entre o
fluido refrigerante e o ar atmosférico, e uma válvula de expansão, cuja função é de controle, criando
uma resistência à circulação do fluído refrigerante.
A composição material da bomba de calor está mostrada na Tabela 1.
Tabela 1 - Composição material do protótipo de bomba de calor.
Peso
Item Equipamento Composição material
(kg)
01 Suporte 35,04 Aço Galvanizado
02 Caixa externa 5,86 Madeira
03 Chapa Inox e ventilador 3,15 Aço inoxidável
04 Tubulação para gás 7,03 Cobre
refrigerante
05 Compressor 11,30 Aço
06 Fluido R-22 0,98 Diclorofluorometano
07 Condensadores 38,60 Alumínio
08 Válvula de expansão 1,00 Aço inoxidável
09 Motor elétrico 1,00 Aço
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 2 apresenta as emissões de CO2 equivalente por material que compõe o protótipo
utilizado. Verifica-se que os componentes que mais contribuem, apresentando emissão maior que
100 kg, são os condensadores, devido ao alumínio, somados ao suporte metálico, composto por aço
galvanizado.
01 Suporte 131,00
02 Caixa externa 0,92
03 Chapa Inox e Ventilador 15,40
04 Tubulação para gás refrigerante 55,00
05 Compressor 37,10
06 Fluido R-22 65,50
07 Condensadores 224,00
08 Válvula de expansão 4,62
09 Motor elétrico 5,84
TOTAL 539,38
Para interpretação dos resultados, foi necessário considerar dois cenários de destino final
para os materiais, após sua vida útil.
Cenário Primário
Não foram encontrados trabalhos na literatura brasileira que contabilizem cargas ambientais
associadas a bombas de calor para que fossem feitas comparações, fato que ressalta a relevância do
presente trabalho e o destaca enquanto pioneiro.
Análise de Sensibilidade
COMENTÁRIOS FINAIS
Este trabalho aplicou a metodologia da Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) para quantificar
os impactos ambientais associados a configuração experimental de um protótipo de bomba de calor,
sua construção e descarte final. Trabalhos futuros dos autores incluirão a informação ambiental
proporcionada pela ACV em um modelo termoeconômico, para distribuir os impactos ambientais
associados a bomba de calor (construção e operação) aos seus produtos (ar quente e seco, e água).
As informações fornecidas pelo presente trabalho tem fundamental importância para estudos de
mitigação dos possíveis impactos ambientais associados a configuração e funcionamento de
equipamentos utilizados em processos industriais.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHEHEBE, José Ribamar B. Análise do ciclo de vida de produtos - ferramenta gerencial da ISO
CHOU, S. K.; CHUA, K. J. New hybrid drying technologies for heat sensitive foodstuffs. Trends in
Food Science & Technology, v. 12, n. 10, p. 359-369, 2001.
SILVA, E. A.; MOITA NETO, J. M. Avaliação do Ciclo de Vida como Ferramenta de Gestão -
São Bernardo do Campo, SP. 2014.
GRILLO, M. M. S., Análises termodinâmica, ambiental e econômica de uma bomba de calor para
secagem de alimentos. Dissertação (Mestrado), UFPB, João Pessoa, PB, Brasil, 2017.
GUINÉE, J.B. (ed) Life Cycle Assessment: An operational guide to the ISO Standards; LCA in
Perspective; Guide; Operational Annex to Guide. The Netherlands: Centre for Environmental
Science, Leiden University, 2001.
GUINÉE, J.B. Handbook on life cycle assessment: operational guide to the ISO standards. Boston:
Kluwer academic Publishers, 2002.
HINZ, Roberta Tomasi Pires; VALENTINA Luiz V. Dalla; FRANCO, Ana Claudia.
Sustentabilidade ambiental das organizações através da produção mais limpa ou pela Avaliação
do Ciclo de Vida. Disponível em:
<http://revistas.unisinos.br/index.php/estudos_tecnologicos/article/view/6078>. Acesso em: 09
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IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change. Revised supplementary methods and good
practice guidance arising from the kyoto protocol, 2013. Disponível em: <http://www.ipcc-
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LUIZ, M. R., Bomba de calor para desumidificação e aquecimento do ar. Dissertação (Mestrado),
UFPB, João Pessoa, PB, Brasil, 2007.
LUIZ, M. R., Estudo teórico e experimental de secagem de tomate (Lycopersicon esculentum). Tese
(Doutorado) UFPB, João Pessoa, PB, Brasil, 2012.
MAIA N. L., Análise energética e exergética de uma bomba de calor para desumidificação e
aquecimento do ar. Dissertação (Mestrado), UFPB, João Pessoa, PB, Brasil, 2014.
STRØMMEN, I. et al. Refrigeration, air conditioning and heat pump systems for the 21st century.
Bulletin of the International Institute of Refrigeration, v. 2, n. 2000, p. 3-18, 2000.
RESUMO
A atividade salineira intervém na economia do país, bem como nos fatores sociais, uma vez que é
significativa fonte de emprego e renda. Por outro lado, provocam diversos impactos ao meio
ambiente. Diante de tal contexto, tem-se como objetivo identificar os impactos ambientais oriundos
da atividade salineira em Mossoró/RN, mediante a elaboração de uma matriz de avaliação de
impactos ambientais, tal como propor medidas mitigadoras frente ao cenário identificado. Por meio
de um fluxograma identificou-se cada etapa da atividade, bem como elencou-se os aspectos e
impactos oriundos do empreendimento. Adotando-se como metodologia a mensuração da
magnitude e significância dos impactos ao meio ambiente, tal como elaboração de listagem com
proposição de medidas mitigadoras por compartimento do ambiente. Dentre os impactos
identificados tem-se às modificações do regime, como, alteração do habitat, transformação da
cobertura do solo e emissão de gases. Além disso, a alteração no tráfego como a utilização de
automóveis e máquinas pesadas são os que mais afetam de forma negativa as características físicas
e químicas, bem como as condições biológicas do meio. Em contra partida, há também os impactos
positivos provenientes desta atividade, como a geração de emprego e renda e a dinamização do
setor comercial. Diante do exposto, a extração do sal ocasiona a degradação ambiental, devido às
alterações provocadas, sendo que podem comprometer o bem estar socioambiental. A partir dessas
análises, propõe-se a adoção de medidas mitigadoras e compensatórias, de caráter estrutural e não-
estrutural, de modo a atenuar os impactos adversos provocados em decorrência do funcionamento
do empreendimento.
Palavras-chaves: Planejamento ambiental. Matriz de interação. Gestão ambiental.
ABSTRACT
The saline industry intervenes in the country's economy, as well as in social factors, since it is a
significant source of employment and income. On the other hand, they cause several impacts to the
environment. In view of this context, the objective is to identify the environmental impacts of the
salt activity in Mossoró/RN, through the elaboration of an environmental impact assessment matrix,
such as proposing mitigating measures against the identified scenario. Through a flowchart each
step of the activity was identified, as well as the aspects and impacts from the project were listed.
Adopting as a methodology the measurement of the magnitude and significance of the impacts to
the environment, such as the preparation of a listing with proposition of mitigating measures per
environment compartment. Among the identified impacts are the modifications of the regime, such
ISBN: 978-85-68066-53-9 Página 580
Educação ambiental: biomas, paisagens e o saber ambiental
as habitat change, soil cover transformation and gas emission. In addition, the change in traffic such
as the use of cars and heavy machinery are the ones that most negatively affect the physical and
chemical characteristics as well as the biological conditions of the medium. On the other hand, there
are also positive impacts from this activity, such as the generation of employment and income and
the dynamism of the commercial sector. In view of the above, the extraction of the salt causes
environmental degradation, due to the alterations provoked, and can compromise the socio-
environmental well-being. Based on these analyzes, it is proposed to adopt mitigating and
compensatory measures, of a structural and non-structural nature, in order to mitigate the adverse
impacts caused as a result of the operation of the enterprise.
Keywords: Environmental planning. Interaction matrix. Environmental management.
INTRODUÇÃO
Diversas modificações são provenientes devido às ações destas empresas, tendo em vista
que causam significativas ameaças ao desenvolvimento local sustentável. Portanto, objetivando um
auxilio quanto ao desenvolvimento das atividades práticas necessita-se avaliar os impactos
ambientais destas ações como forma de promover um manejo adequado dos recursos naturais
(RODRIGUES e CAMPANHOLA, 2003).
De acordo com Tinoco e Kraemer (2011), a carência de informação das empresas sobre os
impactos de suas atividades no meio ambiente ou mesmo a busca por interesses próprios, vem
acarretando diversos efeitos à sociedade, por exemplo: o esgotamento dos recursos naturais e as
mudanças climáticas, cada vez mais aceleradas, ocasionando consigo um desequilíbrio ambiental, e
consequentemente, altamente danoso para a economia.
Por outro lado, ainda conforme os mesmos autores, quando se observa as empresas com
maior consciência ambiental, verifica-se que suas atividades são realizadas de modo diferenciado,
seguindo os padrões que o mercado exige tanto do ponto de vista econômico como ambiental,
visando a promoção do desenvolvimento sustentável.
De acordo com Macedo (2002) o desenvolvimento não deve ser entendido apenas pela
eficiência econômica e proteção ambiental, porém este cenário deu origem ao conceito de
desenvolvimento sustentável, de modo a levar em consideração a igualdade social. Logo,
relacionou-se a proteção do meio ambiente com o crescimento econômico e melhoria do bem-estar
social.
Com isso, na tentativa em minimizar e até mesmo anular possíveis danos significativos à
qualidade ambiental, Seiffert (2009) expõe que a qualidade de vida do homem é uma consequência
direta da qualidade ambiental. Ambas são interdependentes e relacionam-se diretamente com a
questão econômica.
Entre as inúmeras metodologias que vislumbram avaliar a magnitude e significância dos
impactos ambientais temos a matriz de interação, a qual vem sendo utilizada amplamente em
distintos estudos e atividades impactantes. De acordo com Mota e Aquino (2002), a Matriz tem sido
utilizada procurando associar os impactos de uma determinada ação de um empreendimento com as
diversas características ambientais de sua área de influência. Ainda segundo os mesmos autores, o
procedimento concede um breve diagnóstico, ainda que preliminar, das questões ambientais
envolvidas num dado projeto. É amplo, pois envolve aspectos físicos, biológicos e
socioeconômicos.
Deve-se considerar que a proposição de medidas voltadas a redução dos efeitos indesejáveis
faz parte do processo de avaliação dos impactos ambientais, uma vez que a aplicação das mesmas
irá interferir na avaliação das reais alterações ambientais a serem observadas na área de influência
da atividade, devendo ser considerado o princípio da precaução.
Em relação à extração de Sal, Mossoró possui todos os fatores naturais propícios para a
produção de sal marinho, dentre as quais estão: ventos fortes e constantes, clima, salinidade da água
do mar, e, além disso, a região está estrategicamente entre áreas propícias, tendo um porto a
disposição para escoamento de parte da produção (ALBUQUERQUE, 2016).
Diante do exposto, objetiva-se identificar os impactos ambientais oriundos da atividade
salineira em Mossoró/RN, mediante a elaboração de uma matriz de avaliação de impactos
ambientais, tal como propor medidas mitigadoras frente ao cenário identificado.
METODOLOGIA
Área de Estudo
Figura 7: Localização da zona Salineira do Rio Grande do Norte, tal como da Salina São Camilo, Mossoró-
RN. Fonte: Adaptado de Costa et al., 2013.
Segundo o Sindicato da Indústria e Extração de Sal (SIESAL, 2013) as indústrias salineiras
situadas na região de Mossoró-RN possuem uma importância significativa no mercado nacional.
Com isso, a produção industrial do setor sofre uma forte intervenção humana o que,
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
flexíveis, adaptando-se às diversas situações, em que devem ser contemplados os aspectos do meio
físico, biótico e socioeconômico dos projetos a serem avaliados.
Neste sentido, o processo de AIA pode ser definido como um conjunto de procedimentos
concatenados de maneira lógica, com a finalidade de analisar a viabilidade ambiental de planos e
programas e fundamentar uma decisão a respeito (SANCHEZ, 2006).
Diante dos tipos de atividades existentes no empreendimento optou-se por realizar
levantamento prévio, estabelecendo relação de causa e efeito, identificando atividade, aspecto e
impacto ambiental.
Portanto, observa-se que nesta etapa do estudo ambiental são atribuídos mensuração dos
impactos, na qual para a classificação dos impactos da Matriz de Leopold utiliza-se a equação (1), a
qual foi utilizada para determinar o impacto total, juntamente com os valores como indica a de
valorização de impactos (Quadro 1):
IT = Ca x (I + Co + D + R) (1)
Diante do prognóstico dos impactos significativos identificados pela matriz foram propostas
medidas mitigadoras ou compensatórias para os impactos adversos ou significativos, sendo
proposto um plano de ação ambiental.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Fatores
Características Físicas e Quinicas Condições Biológicas Relações
Culturais
Ecológica
Terra Água Atmosfera Processos Flora Fauna “Status” Cultura s
Densidade populacional
Características Físicas
Usurpação de matas
Saúde e segurança
Cadeia alimentar
Superficial
Empregos
Qualidade
Arbustos
Recarga
Árvores
Erosão
Solos
Aves
Modificação de Habitat -7 -9 -11 -7 0 -4 0 -10 -4 -6 -8 -5 0 0 0 -6 -6
Alteração da Cobertura do
-10 -5 -10 -8 0 -8 0 -10 -5 -5 -4 -4 0 0 0 0 0
Modificações de Regime
Solo
Alteração do balanço
0 0 0 -9 0 -9 0 0 -4 -4 -4 -4 0 0 0 -4 0
hidrológico
Alteração da drenagem 0 -9 0 -9 0 -9 0 -8 -6 -6 0 0 0 0 0 0 0
Pavimentação de
0 -10 0 -10 0 -10 0 -8 -4 -4 0 -4 0 5 0 0 0
superfícies
Ruídos ou vibração 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -4 -5 -4 0 0 0 0
Transformação do Espaço e
Aterro 0 0 -5 -5 0 -10 0 6 0 0 0 -4 0 5 0 -4 0
Rede de esgoto 0 0 -6 -6 0 -8 0 0 0 0 0 0 8 5 0 0 0
Construção
Núcleos urbanos 0 0 -7 -7 -8 -8 -9 0 0 0 0 -8 -6 5 -8 0 0
Energia 0 0 -8 0 0 0 0 0 0 0 0 -4 0 5 0 0 0
Escavações de superfície 0 -5 -9 -7 0 -5 0 -9 -5 -6 0 -4 0 5 0 -4 -4
Automóveis 0 0 0 -5 -5 0 -8 0 0 0 0 -4 0 0 6 0 0
Alteração no
Tráfego
Pirâmides de sal 0 -5 -6 -6 -6 -8 0 0 0 0 0 -5 0 0 0 -5 0
Segundo Bezerra et al. (2012) existem alguns impactos ambientais diretamente negativos,
que podem ser oriundos da produção do sal, em que destacam-se: a remoção da cobertura vegetal e
alteração das camadas de solo, além dos impactos sobre a fauna silvestre regional, decorrentes da
destruição do seu habitat, bem como a degradação do solo e águas, em virtude da disposição
inadequada dos rejeitos da produção do sal.
Além disso, observou-se por meio da matriz de interação que o meio abiótico foi o mais
afetado em que as características físicas e químicas sofreram interferência mediante todas as ações
de projeto (modificações do regime, transformação do espaço e construção, alteração no tráfego).
Em virtude do crescimento e a modernização do setor tecnológico e esse avanço provocou e
provoca até hoje impactos ambientais (IDEMA, 2014). Os principais fatores são: comprometimento
do ar, alterações dos solos, alterações em cursos d‘água e comprometimento da flora.
Segundo Bacci (2006), as consequências ambientais estão ligadas às diversas etapas de
exploração dos bens minerais, como: retirada da vegetação e o transporte e beneficiamento do
minério (geração de poeira e ruído), e assim, afeta direta ou indiretamente os meios físico, biótico e
antrópico.
Outros impactos que podem ser relacionados a esta atividade são: o desmatamento da
vegetação de nativa de Caatinga; fragmentação da paisagem; alteração da topografia local; emissão
de gases (oriundo dos tanques de decomposição de matéria orgânica e saprófitos) e particulados,
dentre outros.
De acordo com Ferreira, Miranda e Gomes (2015) a partir de um estudo dos impactos
ambientais provocados pela indústria salineira que, na verdade, são pouco citados, mas provocam
riscos à saúde de trabalhadores/moradores e grandes danos ao meio ambiente, entre outros:
interrupção de cursos d‘água, devastação de manguezais, salinização de áreas produtivas e férteis,
alteração da umidade da região pelo incremento da evaporação das salinas, alteração do ecossistema
marinho e terrestre com redução da fauna.
Diante dos impactos ambientais identificados tem-se a proposição de medidas mitigadoras e
compensatórias, conforme a Tabela 2, sendo estas distribuídas em compartimentos do ambiente,
visando compreender os aspectos identificados, os quais apresentaram impactos mais relevantes.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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do Rio Grande do Norte (Brasil). Soc. nat. [online]. 2013, vol.25, n.1, pp.21-34. Disponível em:
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TINOCO, J. E. P.; KRAEMER, M. E. P. Contabilidade e gestão ambiental. 3. ed. São Paulo: Atlas,
2011. 278p.
RESUMO
A atividade agrícola tradicional requer quantidade considerável de agrotóxicos, dentre os quais se
destaca a utilização dos herbicidas. O tebuthiuron é um herbicida residual amplamente utilizado na
cana-de-açúcar cultivada no sistema tradicional, em aplicações pré e pós-emergência das plantas
daninhas, para controle das principais espécies anuais infestantes à cultura. Todavia o
comportamento do herbicida tebuthiuron em solos com diferentes teores de matéria orgânica ainda
é pouco conhecido e estudado. Neste trabalho, foram estimadas a sorção do tebuthiuron em cinco
substratos de latossolo vermelho-amarelo, com diferentes teores de matéria orgânica (MO), que
variaram de 0,0 a 1,0 kg de MO/kg de solo. A partir do bioensaio, foram obtidos valores para a C50,
que variaram de 0,2932 a 0,9257 para a fitotoxicidade e de 1,0466 a 2,3926 para a massa seca
relativa, e para a razão de sorção, que variaram de 0,1390 a 2,5963 para a fitotoxicidade e de 0,4185
a 2,2428 para a massa seca relativa, sendo os valores mais altos apresentados pelo substrato com
maior teor de matéria orgânica. Desta forma, a partir dos resultados obtidos, observou-se que,
quanto maior o teor de matéria orgânica no solo, maior é a sorção no herbicida aos coloides do solo.
Palavras-chave: adsorção, controle químico, impacto ambiental.
ABSTRACT
Traditional agricultural activity requires a considerable amount of agrochemicals, among which the
use of herbicides stands out. Tebuthiuron is a residual herbicide widely used in sugarcane grown in
the traditional system, in pre and post emergence applications of weeds, to control the main annual
weed species. However, the behavior of the herbicide tebuthiuron in soils with different organic
matter contents is still little known and studied. In this work, sorption of tebuthiuron in five
substrates of red-yellow latosol, with different organic matter (OM), ranging from 0.0 to 1.0 kg of
MO / kg of soil was estimated. From the bioassay, values for C50 were obtained, ranging from
0.2932 to 0.9257 for phytotoxicity and from 1.0466 to 2.3926 for the relative dry mass, and for the
sorption ratio, ranging from 0.1379 to 2.5963 for phytotoxicity and from 0.4185 to 2.2428 for the
relative dry mass, the highest values being presented by the substrate with the highest organic
matter content. Thus, from the results obtained, it is seen that the higher the organic matter content
in the soil, the higher the herbicide sorption to the soil colloids.
Keywords: adsorption, chemical control, environmental impact.
INTRODUÇÃO
Nos últimos dez anos, o mercado mundial de defensivos agrícolas cresceu cerca de 93%,
enquanto que o mercado brasileiro teve um crescimento de 190%. No segundo semestre de 2010 e o
primeiro semestre de 2011, o mercado nacional de agrotóxicos movimentou 936 mil toneladas de
produtos, de modo que os herbicidas representaram cerca de 45% do total de agrotóxicos
comercializados. Os fungicidas responderam por 14% do mercado nacional, os inseticidas 12% e as
demais categorias de agrotóxicos por 29% (ANVISA; UFPR, 2014).
O destino mais provável dos agroquímicos após sua inserção no ambiente é o solo, onde
podem sofrer processos físicos e químicos tais como retenção, lixiviação, volatilização,
fotodegradação, degradação (química e microbiológica), escoamento superficial e absorção pelas
plantas, os quais são responsáveis pelo destino destas moléculas no ambiente (OLIVEIRA e
BRIGHENTI, 2011).
O herbicida tebuthiuron, (N −[5 − (1,1 − dimetiletil) − , 1,3,4 − tiadiazole − 2 − il]− N, ' N −
dimetilureia) (BONATO et al., 1999), pertence à classe dos compostos derivados da uréia.
Apresenta solubilidade em água de 2500 µg mL-1 (WILLIAM, 1998), prolongada meia-vida no
solo, 360 dias em média, e baixo coeficiente de sorção (PESSOA et al., 1999). Apesar dos
herbicidas à base de uréia terem sido introduzidos a mais de seis décadas atrás, os compostos desta
classe ainda são amplamente aplicados em tratamentos pré e pós-emergência para controle de
plantas daninhas (MOLINS et al., 2000).
Uma vez que estes herbicidas são relativamente polares, eles podem lixiviar no perfil do
solo e acumular em baixas concentrações em águas superficiais e subterrâneas (GOGER et al.,
2001). Devido à capacidade da matéria orgânica do solo associar-se a outros compostos orgânicos,
muitos pesquisadores têm estudado a possibilidade de utilizar esse fenômeno para melhorar as
condições do solo, notadamente, no que diz respeito à sua capacidade de reter compostos orgânicos,
como pode ser observado nos trabalhos de Khandelwal e Rabideau (2000).
A resistência e magnitude com que moléculas de herbicidas são adsorvidas à matéria
orgânica presente no solo sofrem influência das características químicas e físicas dos adsorventes,
da natureza dos herbicidas, das propriedades do "sistema do solo" como quantidade e tipo de argila
mineral, pH, quantidade e carga dos cátions trocáveis, temperatura e umidade (STEVENSON,
1972).
A sorção é um importante parâmetro que pode ser utilizado para avaliar o potencial risco de
contaminação de águas superficiais e subterrâneas (SILVA et al., 2010). A compreensão dos
processos de sorção de um herbicida no solo possibilita identificar a natureza das forças que retêm
as moléculas do herbicida no solo e da ligação herbicida-coloide do solo. (KOSKINEN &
HARPER, 1990; OLIVEIRA & BRIGHENTI, 2011).
MATERIAL E MÉTODOS
Tabela 1 - Dados das análises químicas de cada substrato. Universidade Federal de Viçosa, 2017.
pH P K Ca Mg Al H+ Al
Substrato -3 -3
(H2O) ------(mg dm )-------- ---------------------(cmolc dm )----------------------
1 5,4 1,2 30 0,3 0,3 0 3,1
2 5,73 1,9 44 0,8 1,8 0 4
3 5,14 2,8 42 0,8 1,99 0 3,9
4 4,78 2,6 43 0,7 2,3 0 4,7
5 5,65 2,6 48 0,9 2,45 0 4,3
SB (t) (T) V m MO p-rem
Substrato
------------(cmolc dm-3)----------- ----------(%)-------- (dag.kg-1) (mg L-1)
1 3,14 0,68 17,64 18 0 1,55 23,9
2 5,8 15,8 19,8 79,8 0 2,84 36,7
3 6,52 16,52 20,32 80,8 0,06 3,97 32
4 6,22 15,22 22,82 76,3 0,07 6,35 38,4
5 7,74 14,74 25,04 77,4 0 7,28 38,4
Tabela 2 - Dados das análises físicas de cada substrato. Universidade Federal de Viçosa, 2017.
Argila Silte Areia
Substrato Classe textural
------------------------------------(%)-------------------------
----------
1 39 12 49 Argiloso
2 41 13 46 Argiloso
3 41 12 47 Argiloso
4 43 15 42 Argiloso
5 45 15 40 Argiloso
valores obtidos foram ajustados ao modelo log-logístico não-linear proposto por Seefeldt et al.
(1995):
(1)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
120 120
100 100
Fitotoxicidade (%)
Fitotoxicidade (%)
80 80
60 60
3 7 8994 6 5 5
𝑦 8994 𝑅 99 𝑦 9 𝑥 𝑅 99
40 𝑥 40 ^ 3 99
93 ^ 58 3 76
20 20
0 0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4
-1
Doses tebuthiuron (kg ha ) Doses tebuthiuron (kg ha-1)
A B
120 120
100 100
Fitotoxicidade (%)
Fitotoxicidade (%)
80 80
60 60
40 8 5 35 4589 40
𝑦 3 36 8 𝑥 𝑅 98 7 8 56 4589
𝑦 4589 𝑅 98
5 3 ^ 78 5 𝑥 6545
20 20 748
0 0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4
C D
120 120
4 84 8 489
𝑦 8 484 𝑥 𝑅 98
9 57 ^8 7 9
100 100
Fitotoxicidade (%)
80
Fitotoxicidade (%)
80
60
60
40 8 3 4 38
40 𝑦 4 38 𝑥 𝑅 99
20
574 ^ 795
20
0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4
Doses tebuthiuron (kg ha-1)
Doses tebuthiuron (kg ha-1)
E F
Figura 1 - Gráficos de porcentagem de fitotoxicidade aos 21 dias após a aplicação do tebuthiuron na planta
bioindicadora em função das doses de tebuthiuron aplicadas. (A) Substrato 1; (B) Substrato 2; (C) Substrato
3; (D) Substrato 4; (E) Substrato 5; (F) Areia.
Na Tabela 3 são apresentados os valores de C50 e da razão de sorção (RS) para cada
substrato baseadas na avaliação da fitotoxicidade.
Tabela 3 -Valores de C50 e da Razão de sorção (RS) para cada substrato baseadas na avaliação da
fitotoxicidade. Universidade Federal de Viçosa, 2017.
Substratos C50 RS
1 0,2932 0,1390
2 0,3076 0,1950
3 0,5230 1,0318
4 0,6545 1,5442
5 0,9257 2,5963
Areia 0,2574 0,0000
Observou-se que o valor da C50 para a areia foi o menor valor encontrado, o que era
esperado, visto que, neste substrato o herbicida encontra-se totalmente disponível para a planta
bioindicadora, necessitando de uma menor concentração do herbicida para gerar uma porcentagem
de fitotoxicidade de 50% (Figura 1; Tabela 3). Notou-se também que à medida que o teor de
matéria orgânica aumenta, a C50 também aumenta, pois, o herbicida vai ficando mais sorvido no
solo, ou seja, ficando menos disponível para a planta bioindicadora.
Foi realizada, também, a avaliação da massa seca da parte aérea relativa da planta
bioindicadora. Na Figura 2 são apresentados os gráficos de porcentagem de massa seca relativa em
função das doses de tebuthiuron aplicadas.
97 89 3 36 9
120 𝑦 73 36 9 𝑥 𝑅 98 120
^ 4
466
95 833 7 65
𝑦 7 65 𝑅 99
100 100
𝑥 464 ^ 6 5
Massa seca relativa (%)
60 60
40 40
20 20
0 0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4
A B
98 58 66 8
99 4 63 86 𝑦 66 8 𝑅 98
120 𝑦 63 86 𝑅 97 120 𝑥
4 4 ^ 3
𝑥 7 43 ^ 5 3 3
100 100
80
80
60
60
40
40
20
20
0
0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 Doses tebuthiuron (kg ha-1)
Doses tebuthiuron (kg ha -1)
D
C
120 120
97 5949 55 88 4
𝑦 55 88 4 𝑥 𝑅 98
100 100 7378 ^ 574
Massa seca relativa (%)
Massa seca relativa (%)
80
80
60
60
40
40
20
20
0
0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4
Doses tebuthiuron (kg ha -1)
Doses tebuthiuron (kg ha -1)
E F
Figura 2 - Gráficos de porcentagem de massa seca relativa aos 21 dias após a aplicação do tebuthiuron na
planta bioindicadora em função das doses de tebuthiuron aplicadas. (A) Substrato 1; (B) Substrato 2; (C)
Substrato 3; (D) Substrato 4; (E) Substrato 5; (F) Areia.
Na Tabela 4 são apresentados os valores de C50 e da razão de sorção (RS) para cada
substrato baseadas na avaliação da massa seca relativa.
Tabela 4-Valores de C50 e da Razão de sorção (RS) para cada substrato baseadas na avaliação da
massa seca relativa. Universidade Federal de Viçosa, 2017.
Substratos C50 RS
1 1,0466 0,4185
2 1,2464 0,6893
3 1,7143 0,9765
4 2,1424 1,9037
5 2,3926 2,2428
Areia 0,7378 0,0000
Verificou-se que o valor da C50 para a areia foi o menor valor encontrado, o que era
esperado, visto que neste substrato, o herbicida encontra-se totalmente disponível para a planta
bioindicadora, necessitando de uma menor concentração do herbicida para gerar uma redução de
50% na massa seca (Figura 2; Tabela 4). Observou-se também que à medida que o teor de matéria
orgânica aumenta, a C50 também aumenta, pois, o herbicida vai ficando mais sorvido no solo, ou
seja, ficando menos disponível para a planta bioindicadora. Isso ocorre porque, para a grande
maioria dos solos brasileiros, a sorção de herbicidas básicos e não iônicos está relacionada à CTC
do solo e ao teor de carbono orgânico.
A maior sorção do tebuthiuron está relacionada ao maior teor de matéria orgânica, pela
maior superfície específica e sítios de adsorção disponíveis no solo (KEARNS et al. 2014). De uma
forma geral, a interação do herbicida pelos colóides do solo ocorre por meio das interações de
superfície, como ligações de hidrogênio e interações de Van der Waals (CLAUSEN et al. 2001;
KOVAIOS et al., 2006 e VIVIAN et al. 2007), podendo ligar-se a grupos hidroxílicos e
carboxílicos disponíveis (LIAO et al. 2014).
CONCLUSÃO
Analisando os valores de C50 encontrados para o tebuthiuron nos substratos com baixo e alto
teor de matéria orgânica, pode-se dizer que este herbicida adsorve preferencialmente na matéria
orgânica, o que nos levam a crer que em solos com baixo teor de matéria orgânica, este herbicida
pode ser lixiviado para outras camadas do solo e até mesmo para o lençol freático
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CARNEIRO, P. M.; SILVA, A. A. Persistência e lixiviação de ametryn e trifloxysulfuron-
sodium em solo cultivado com cana de açúcar. PlantaDaninha, v. 25, p. 111-124, 2007.
RESUMO
O processo erosivo no litoral do município de Maceió vem sendo desencadeado desde a década de
80. Santos (2004) verificou que a Pajuçara era o trecho mais crítico do ponto de vista da erosão
costeira no município de Maceió havendo assim, processo de destruição de muros de contenção
localizados na orla. Esse trabalho tem como objetivo apresentar a caracterização morfodinâmica da
praia da Pajuçara e parte da praia da Ponta Verde, através da análise de perfis de praia, assim, será
identificado áreas de erosão, deposição e bem como quantificar o volume de sedimentos
transportados, considerando a dinâmica natural e as características das praias. Também serão
levantados os impactos produzidos pelo homem, e a determinação do grau de vulnerabilidade das
praias, considerando-se o uso e ocupação. Assim foi um plano de continuidade dos estudos sobre a
evolução da linha de costa associada ao grau de desenvolvimento urbano das praias de Maceió,
desenvolvido por Santos (2004). Onde foi verificado que as ondas que ali chegam sofrem difração
no recife de franja, que foi intensificada pela retirada da linha de recifes e pela construção do clube
Alagoinha, apresentando assim estágio de erosão, agravada pela ausência da pós-praia. Para isso
foram realizados perfis morfológicos e com base nos levantamentos destes perfis atuais e
comparados com o trabalho realizado anteriormente por Santos (2004). A praia da Pajuçara
apresenta uma tendência erosiva nos pontos P1 e P3, influenciada pela construção como calçadas,
muros e bares sobre o pós-praia, que além de agredir a paisagem, contribuem para aumentar o
déficit de sedimentos. No ponto P2 observou-se uma deposição de sedimentos, provavelmente
provocada pela retida da ponte do Clube Alagoinha em 2005.
Palavras-chave: Erosão, Sedimentologia, Dinâmica costeira, Vulnerabilidade.
ABSTRACT
The erosion process in Maceió‘s coastline has been happening since the 1980‘s. Santos (2004) saw
that Pajuçara had the most critical erosion spot in the county, resulting in the destruction of
beaches‘ retaining walls. This study aims to present the morphodynamic characterization of
Pajuçara‘s beach and part of Ponta Verde‘s beach through analysis of the beaches‘ profiles so
erosion and deposition areas can be identified as the volume of transported sediments, whereas
natural dynamic and beaches‘ characteristics. Anthropic impacts were also considered to determine
beaches‘ vulnerability, whereas the area use and occupation. This study is a complement of the
studies realized by Santos (2004) relating the coastline evolution with the urban development rate in
Maceió‘s beaches. It was verified that waves that get there undergo diffraction in fringing reef
which was intensified by the withdrawal of reef e by the construction of Alagoinha club, presenting
an erosion state aggravated by the absence of the backshore. To do that, nowadays morphological
profiles were compared to the ones previously studied by Santos (2004). Pajuçara‘s beach presents
an erosion tendency in spots P1 and P3, influenced by the construction of sidewalks, retaining walls
and bars on the backshore that contributes to the rise of sediments‘ deficit besides the environment
aggression. In spot P2, it was observed a sediment deposition, probably caused by the withdrawal of
Alagoinha club‘s bridge in 2005.
Keywords: Erosion, Sedimentology, Coastal Dynamic, Vulnerability.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Com base na diversidade de informações coletadas durante esse trabalho, decidiu-se por
subdividir a metodologia em levantamento bibliográfico e cartográfico, trabalho de campo e
laboratório, de maneira a organizar e demonstrar com maior clareza as etapas desenvolvidas e por
fim, a classificação do grau de vulnerabilidade.
- Trabalho de campo
- Levantamento topográfico
Com a base cartográfica montada, admitimos para realização dos perfis praiais 3 (três)
pontos, perpendiculares à linha de costa, estes já utilizados em trabalhos anteriores, possibilitando a
comparação dos dados antigos com os atuais. As etapas de campo foram realizadas sempre durante
as marés de sizígia, segundo a metodologia de Emery (1961), utilizando-se um nível topográfico,
mira, GPS, trena e bússola. Cada perfil teve seu nível de referência (RN), fixados em locais
protegidos da ação das ondas, como próximos à postes, muros e calçadas, todos localizados na
região da pós-praia e altitude absoluta, referida ao zero hidrográfico, determinada através do
programa ―Per-Mare‖. As cotas, nos perfis, foram determinadas por visadas horizontais, efetuadas
com mira vertical. Estas referências foram utilizadas como pontos de partida para o
desenvolvimento dos perfis topográficos.
Foram fotografados pontos da praia durante os trabalhos de campos para que se fizesse
possível o acompanhamento da alteração morfológica do perfil em um curto espaço de tempo.
A Figura 1 apresenta a localização dos perfis em campo, e o desenvolvimento dos
monitoramentos realizados trimestralmente (agosto de 2015 a outubro de 2016), nas praias de
Pajuçara e parte da Ponta Verde, pontos P1 (localizado em frente ao Hotel Solara), P2 (restaurante
Lopana) e P3 (próximo ao antigo clube Alagoinha), abrangendo as estações de inverno e verão, e
que a distância horizontal, em direção ao mar, teria seu início no nível de referência.
- Etapa laboratorial
Cascalho – Parcela que fica retida na peneira de 2mm, constituída por grãos de quartzo e
fragmentos de conchas.
Areia – Parcela que fica entre as peneiras de 0,063mm e 2mm. A areia pode ser ainda classificada
em fina, média ou grossa.
Areia fina - Areia com grãos de diâmetros compreendidos entre 0,06 mm e 0,2 mm;
Areia média - Areia com grãos de diâmetros compreendidos entre 0,20 mm e 0,60 mm;
Areia grossa - Areia com grãos de diâmetros compreendidos entre 0,60 mm e 2,0 mm.
Finos – Parcela que passa pela peneira de 0,063mm. É composta por silte e argila. Neste trabalho,
silte e argila não foram separados, apenas quantificados como fração fina.
- Vulnerabilidade
Para melhor visualização dos parâmetros estudados, foram estabelecidas cinco bandas
(adaptado de Esteves & Finlk, 1998), figura 2, ressaltando na banda 4 a vulnerabilidade, onde foi
considera de ALTA vulnerabilidade o setor em frente ao restaurante LOPANA, onde pode ser
verificado um muro de contenção construído desde 2004 (figura 4).Foram considerados setores de
MÉDIA vulnerabilidade toda a parte norte da área em estudo, ou seja, do LOPANA até o antigo
Alagoinhas (figura 5).E o setor considerado como de BAIXA vulnerabilidade o extremo sul da área
em frente ao hotel Solara, que se encontra protegido pelas várias ampliações do porto de
Maceió/AL.
DISCUSSÕES
Os processos de erosão e deposição que ocorrem em uma praia são resultados de fatores
oceanográficos/hidrológicos, meteorológicos/climáticos, geológicos e antrópicos (Souza, 2005 apud
Souza, 1997). Os fatores oceanográficos/hidrológicos envolvem a ação dos ventos, ondas e marés,
bem como as correntes geradas por cada um desses agentes. Quando aos fatores
climáticos/meteorológicos tem mais influência em sua variação temporal e na atuação dos ventos,
modificam o comportamento do clima de ondas e nas correntes costeiras. Aos fatores geológicos
atuantes no litoral, os mais importantes são os processos sedimentares (erosão e deposição), além
destes, o homem também pode interferir diretamente nesses processos.
De acordo com Villwock (2005), as ondas chegam a praia gerando uma série de correntes
capazes de movimentar grandes quantidades de sedimentos. Esse movimento de areia é denominado
deriva litorânea e constitui um dos processos mais significativos de transporte de sedimentos ao
longo das costas arenosas. Segundo Suguio (2005) a erosão praial é o fenômeno dos mais
interessantes entre os processos costeiros e este se transformou em problema emergencial na
maioria das áreas costeiras do mundo.
Para o conhecimento das características textuais dos sedimentos, ao longo dos perfis, foram
coletadas amostras em cada setor praial (antepraia, praia e pós praia) para a análise granulométrica.
Com isso foi possível classificar as amostras coletadas, nos três pontos de monitoramento. No
Ponto (P1) Solara Praia Hotel, observamos uma tendência de sedimentos com textura variando de
média a muito fina. O segundo perfil, Ponto (P2) no Lopana, foi constatado sedimentos de
granulometria média. Já no terceiro perfil Ponto (P3) no Alagoinha em sua maioria houve uma
variação de granulometria fina a média e em março de 2016 o setor de praia apresentou uma
granulometria grossa.
3
Cota (m)
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Distância (m)
prevaleceu a deposição com volume médio de 45,24 m3/m. Na área estudada foi considera de alta
vulnerabilidade o setor em frente ao restaurante Lopana, onde pode ser verificado um muro de
contenção construído desde 2004 (figura 4).
1
Cota (m)
0
0 10 20 30 40 50
-1
-2
Distância (m)
A B
Figuras 4: Localização P2, (A) agosto 2015, (B) agosto 2006. Fonte: Autor, 2017.
Cota (m)
0
0 10 20 30 40 50 60
-1
-2
Distância (m)
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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RESUMO
O meio ambiente vem sendo cada dia mais alterado pelos seres humanos devido a necessidade de
consumir mais que o necessário nesse modelo capitalista. A rocha é sem dúvida um desses minerais
que vem sendo extraídos cada vez mais e de forma inadequada na cidade de Bom Jardim-PE. Essas
extrações irregulares vêm aumentando no Brasil devido a sua matéria prima poder ser usada desde a
fabricação de eletrodomésticos a construção civil, além dos avanços tecnológicos que colaboram
para executar novas formas e cores, atribuindo maior valor e uso a esses recursos. Dessa forma, esse
artigo tem por objetivo mostrar os impactos ambientais causados pelas extrações de granito no
município e mostrar a importância de um ambiente equilibrado através da conservação.
Fundamenta-se em pesquisas bibliográficas, livros, artigos e observações realizadas in loco. Como
resultado, tem-se os impactos causados por essas atividade, a falta de fiscalização, planejamento e
qualificação por parte do trabalhadores. Diante disto, é mostrado toda essa problemática e a
importância da educação ambiental na sociedade.
Palavras-chave: Pedreira, extrações, impactos ambientais, Bom Jardim – PE
ABSTRACT
The environment has been increasingly altered by humans due to the need to consume more than
necessary in this capitalist model. Rock is undoubtedly one of these minerals that has been extracted
more and more and inadequately in the city of Bom Jardim-PE. These irregular extractions are
increasing in Brazil due to its raw material can be used from the manufacture of home appliances to
civil construction, in addition to the technological advances that collaborate to execute new forms
and colors, attributing greater value and use to these resources. Thus, this article aims to show the
environmental impacts caused by the extraction of granite in the municipality and show the
importance of a balanced environment through conservation. It is based on bibliographical research,
books, articles and observations made in loco. As a result, one has the impacts caused by these
activities, the lack of supervision, planning and qualification by the workers. In view of this, all this
problematic and the importance of environmental education in society is shown.
Keywords: Quarry, extractions, environmental impacts, Bom Jardim - PE
INTRODUÇÃO
ao consumo desses bens de serviços. Segundo Mauro (2011), o granito tem variadas cores e é
extraído da natureza, afim de ser submetido a processos de industrialização e ser aplicado a vários
segmentos de construções civis.
Os produtos da mineração brasileira vêm se destacando em nível mundial, e em Bom
Jardim-PE, há muitas extrações de granitos, sendo em sua maioria, extrações clandestinas, e as
pessoas utilizam esse recurso natural para bens lucrativos, levando a destruição do ambiente e
causando grandes impactos ambientais sem que haja fiscalizações e monitoramentos. Mediante a
isto, paisagem, a vegetação, o solo e o ar, vem sendo modificados, e os afloramentos rochosos vem
diminuindo, causando diversos impactos ao ambiente.
De acordo Medeiros (1998), apud Mendes (2002), o Estado de Pernambuco está inserido na
Província Borborema, cuja evolução é marcada por uma grande mobilidade tectônica, com
alternância de regimes compressivos e distensivos, responsáveis pela geração de abundantes jazidas
de rochas não orientadas (granitóide) e movimentadas (ortognaisses e migmatitos), sendo essas
rochas dominantes em toda a região Agreste e na Zona da Mata do Estado de Pernambuco.
A sociedade precisa exigir que os órgãos públicos e as leis comecem a agir, afim de buscar
melhores soluções, pois cuidar do ambiente é dever de todos, e os recursos naturais são bens finitos
que merecem ser conservados. Dessa forma, essa pesquisa teve como objetivo, descrever esses
impactos ambientais, causados pela extração inadequada de granito no município e mostrar a
importância da conservação desses ambientes, para as presentes e futuras gerações.
A metodologia aplicada foi a exploratória, de caráter descritivo e qualitativo, pautada nas
observações in loco na cidade de Bom Jardim/Pernambuco, onde ocorreu o contato direto com o
objeto de estudo, através de fotos e conversas com os trabalhadores das pedreiras. Todo o resultado
foi contabilizado a partir da visita ao local, onde foi constatado que essas atividades ocorrem de
formas irregulares, os materiais que são utilizados na extração e também se os trabalhadores estão
com equipamentos necessários para poder executar tais atividades.
As pesquisas bibliográficas, foram realizadas em livros e artigos científicos que possuem
embasamento e proficiência no que é dissertado. Além de pesquisas em sites como o Departamento
Nacional de Produção Mineral – DNPM, como subsidio e maior aprofundamento nos estudos.
Localização da cidade de Bom Jardim e a importância da mineração no Brasil
Bom Jardim está localizado no Estado de Pernambuco e inserido na mesorregião Agreste e
na microrregião Médio do Capibaribe do Estado de Pernambuco, faz limite ao Norte com Orobó e
Machados, a Sul com João Alfredo, a Leste com Vicência e Limoeiro, e a Oeste com Surubim e
Casinhas. Essa cidade é conhecida como a terra do Granito Marrom Imperial por ter-se nela uma
empresa de Minério Marrom Imperial. Bom Jardim é rodeado por muitos afloramentos rochosos, o
que facilita ainda mais a prática essas atividades. E existem alguns áreas de afloramentos que ainda
não foram exploradas como a Pedra de Nossa Senhora de Lourdes, Pedra do Caboclo e Pedra do
Navio, por serem locais considerados turísticos e até mesmo religiosos.
Segundo o DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) (2007), mineração é uma
palavra que deriva do latim medieval – mineralis – relativo a mina e a minerais. Dessa forma, a
ação de cavar criou-se o verbo ―minar‖ no séc. XVI, como consequência da prática de escavar
fossos em torno das fortalezas, surge a palavra ―mina‖ para designar explosivos militares. Com a
junção das duas atividades deu origem ao termo mineração, visto que a escavação das minas
geralmente se faz com auxílio de explosivos.
Desde o passado que ocorrem extrações de minerais, contudo só aumentou com o passar dos
anos, conforme Vasconcelos, et al., (2016), a mineração é uma atividade indispensável ao homem
moderno, visto que, os bens minerais estão em praticamente todas as atividades humanas, tais como
habitação, construção, saneamento básico, transporte, agricultura, além das tecnologias de ponta nas
áreas de comunicação e medicina. Dessa maneira fica difícil adotar práticas sustentáveis, quando o
meio ambiente é explorado cada dia mais, incentivando o consumo para a população.
De acordo com Farias (2002), mineração faz parte dos setores básicos da economia no país,
e contribui de forma decisiva para o bem estar e a melhoria da qualidade de vida das presentes e
futuras gerações. Conforme Wagner (2002), o setor mineral, em 2000, representou 8,5% do Produto
Interno Bruto (PIB) do Brasil, ou seja: US$ 50,5 bilhões de dólares, gerou 500.000 empregos
diretos e um saldo na balança comercial de US$ 7,7 bilhões de dólares, além de ter tido um
crescimento médio anual de 8,2% no período 1995/2000. Dessa forma, fica nítido o quanto essas
atividades interferem na economia brasileira, e seu crescimento durante os anos.
Marrom Imperial, onde é vendido para todo o Brasil, e resto do mundo. Contudo, vale ressaltar que,
existe no municípios áreas de extrações de granitos irregulares, na zona rural, onde os moradores
em suas residências extraem esses minerais afim de comercializa-los, e sem o licenciamento que
permite essas atividades.
Os trabalhadores não são qualificados, ficam expostos às más condições de trabalhos,
podendo sofrer graves acidentes, prejudicando a sua saúde, e recebendo baixos salários. Para
extração do granito é utilizado materiais como martelo de fundo de furo, para o desmonte da rocha,
é utilizado explosivos, tais como, dinamites, sem nenhum equipamento e planejamento.
Essas atividades causam grandes impactos ao meio ambiente e com relação a alguns deles,
Souza (2007, p. 12) destaca:
1. Impacto Visual;
2. Disposição inadequada de resíduos;
3. Perda da vegetação nativa;
4. Movimento de solo (erosão e assoreamento).
Machado (1995), alega que os principais impactos ambientais causados pela mineração são:
desmatamentos e queimadas; alteração nos aspectos qualitativos e no regime hidrológico dos cursos
de água; queima de mercúrio metálico ao ar livre; desencadeamento dos processos erosivos;
mortalidade da ictiofauna; fuga de animais silvestres; poluição química provocada pelo mercúrio
metálico na hidrosfera, biosfera e na atmosfera.
Kopezinski (2000), diz que impactos ambientais seriam processos que perturbam,
descaracterizam, destroem características, condições ou processos no ambiente natural; ou que
causam modificações nos usos instalados, tradicionais, históricos do solo e nos modos de vida ou na
saúde de segmentos da população humana; ou que modificam, de forma significativa, opções
ambientais.
Ainda sobre impactos ambientais a CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais)
(2002) apud Silva (2007), nos traz que esses problemas causados pela mineração podem ser
classificados em cinco categorias. Sendo eles, Poluição da água, poluição do ar, poluição sonora,
subsidência do terreno, incêndio caudados pelo carvão e rejeito radioativos.
Dessa maneira, é notável esses impactos ambientais causados nas extrações de granito da
cidade de Bom Jardim (figura 2), essas atividades irregulares levam a alterações no ambiente, nos
ecossistemas, desequilibrando e causando a perda de algumas espécies.
Figura 2 - Áreas ativas de extração de granito na cidade de Bom Jardim-PE. Foto: Vasconcelos, Viviane
(2017).
Para que ocorra uma organização e mais planejamentos os empreendimentos precisam estar
de acordo com as legislações. As leis Federais, Estaduais e Municipais precisam atuarem para que a
sociedade e o meio ambiente consigam entrar em equilíbrio. De acordo com o artigo 225 da
Constituição Federal (1988), todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, para
o bem comum do povo, mas que o Poder Público e à sociedade devem defender e preservar para as
presentes e futuras gerações. E de acordo com 2° parágrafo, aquele que explorar esses recursos
naturais deverá recuperar o ambiente degradado, exigido pelo órgão público, na forma da lei. Dessa
forma, fica evidente que todos devem agir de forma consciente com o meio ambiente, e aquele que
o degradar, deverá recuperar de acordo com a lei. Contudo, nem sempre é possível recuperar o
ambiente da mesma forma que foi encontrado anteriormente.
Segundo o artigo 218 da Constituição do Estado de Pernambuco (2012), os Estados e os
Municípios, de acordo com a União, deverão zelar pelos recursos naturais, fiscalizando as jazidas e
minas, e estimular pesquisas geológicas e de tecnologia mineral. Vale ressaltar, no segundo
parágrafo deste artigo, que o funcionamento destas atividades dependerá do ambiente em que ela
esteja inserida, respeitando as legislações específicas vigentes. Desta forma, fica evidente a
importância do uso correto dos recursos naturais, pois sua conservação leva a estudos e pesquisas
científicas.
As leis responsáveis pela fiscalização das atividades ocorridas nos municípios é a Lei
Orgânica e o Plano Diretor, cada município elabora suas respectivas normas, respeitando a
Constituição e as Leis Federais e Estaduais.
A cidade de Bom Jardim-PE não possui o Plano Diretor, em contato com os representantes
legais, eles relataram que este estaria em construção, sendo obtida assim, apenas a Lei Orgânica. No
que tange ao Meio Ambiente, o 1° Parágrafo da Lei Orgânica da Cidade de Bom Jardim (1990) diz
que, deve-se realizar estudos prévios de impacto ambiental, para que haja implantação de alguma
atividade que venha causar degradações ao meio ambiente.
Dessa maneira, dever-se-ia haver fiscalizações, monitoramentos, punições para esses
agentes que não atuam de forma correta com o meio, e como foi verificado não ocorre uma
fiscalização e preocupação com o ambiente na cidade onde as extrações ocorrem de forma irregular,
em vários recordes espaciais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dessa maneira, é ressaltado que se deve atenuar os impactos causados ao ambiente com
práticas e atitudes positivas, quando constatadas as diversas agressões por parte das extrações ou
ISBN: 978-85-68066-53-9 Página 618
Educação ambiental: biomas, paisagens e o saber ambiental
outra atividade que cause dano ambiental. Além, da necessidade, de serem colocadas em práticas as
Leis, já que temos uma constituição tão bem estruturada afim de minimizar essas atividades
inadequadas.
REFERÊNCIAS
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Disponível em <http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/minera.pdf> Acesso em:
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N° 08 – NOVEMBRO/2007 – MENSAL – ANO I. Disponível em: www.registro.unesp.br.
Acesso em: 12 de jun. 2017
RESUMO
O presente trabalho objetivou realizar um levantamento da macroflora aquática, avaliando a sua
ocorrência como bioindicadoras de poluição no Reservatório Thomaz Osterne de Alencar, Crato-
Ceará. As macrófitas aquáticas são importantes à estabilização dos ecossistemas aquáticos, sendo
relevantes ferramentas à caracterização do estado trófico desses ambientes. As coletas foram
realizadas mensalmente, no período de agosto/2011 a julho/2012, em cinco pontos de amostragem.
Posteriormente as amostras foram transportadas ao Laboratório de Botânica da Universidade
Regional do Cariri-URCA, onde se realizou a montagem de exsicatas, análise e envio do material
botânico a especialistas para confirmação na identificação das espécies. Foram identificados quatro
grupos ecológicos de macrófitas aquáticas (submersa enraizada, flutuante livre, enraizada com
folhas emersas e enraizada com folhas flutuantes), representadas por cinco espécies: Chara
rusbyana M. A. Howe, Apalanthe granatensis (Bonpl.) Planch., Polygonum hispidum Kunth,
Nymphoides indica (Linaeus.) Kuntze e Salvinia oblongifolia Mart. Quanto a Frequência de
ocorrência, as espécies Chara rusbyana (Macroalga), Apalanthe granatensis e Polygonum hispidum
(Angiospermas) foram classificadas como muito frequentes, com registros de ocorrência > 70%. As
macrófitas mostraram-se como importantes bioindicadoras das condições de trofia do ambiente
aquático, a partir de suas características ecológicas e sanitárias, constatou-se que a qualidade da
água do reservatório pode estar comprometida. Por isso, a relevância de analisar as espécies de
macrófitas aquáticas, a fim de, zelar por tais ambientes aquáticos, que são essenciais a
sobrevivência nas regiões semiáridas do país.
Palavras-chave: Macroflora Aquática; Indicador Biológico, Ecossistema Aquático.
ABSTRACT
The present study aimed to survey the aquatic macroflora, assessing their occurrence as pollution
bioindicators in Reservatório Thomaz Osterne de Alencar in Crato, Ceará. The macrophytes are
important for the stabilization of aquatic ecosystems and relevant tools for the characterization of
the trophic state of these environments. Samples were collected monthly from August/2011 to
July/2012 in five sampling points. Subsequently the samples were transported to the Laboratório de
Botânica from Universidade Regional do Cariri-URCA, where the exsiccatae was assembled and
the plant material analysed and sent to specialists for confirmation in species identification. Four
34
Severidora Pública em EMATERCE/Brejo Santo.
environmental groups of macrophytes were identified (rooted submerged, free floating, rooted
emergent and rooted with floating leaves), represented by five species: Chara rusbyana MA Howe,
Apalanthe granatensis (Bonpl.) Planch, Polygonum hispidum Kunth, Nymphoides indica (Linaeus.)
Kuntze and Salvinia oblongifolia Mart. As for the occurrence frequency, the species Chara
rusbyana (macroalgae), Apalanthe granatensis and Polygonum hispidum (Angiosperms) were
classified as very common, occurring records of > 70%. The macrophytes were important
bioindicators of trophic conditions of the aquatic environmens. From its ecological and health
characteristics, it was found that the quality of the reservoir water might be compromised.
Therefore, the relevance of analyzing the species of aquatic weeds in order to ensure such aquatic
environments, which are essential to survival in the semiarid regions of the country.
Keywords: Aquatic Macroflora; Biological Indicator; Aquatic Ecosystem.
INTRODUÇÃO
MATERIAL E METÓDOS
Figura 1 - Vista parcial do Reservatório Thomaz Osterne de Alencar, Crato-CE. Em destaque, bancos de
Macrófitas Aquáticas as suas margens.
exemplares das macrófitas foram obtidos manualmente, com exceção das espécies enraizadas que
foram coletadas com auxilio de tesoura de poda. As informações sobre os hábitos dos vegetais
coletados foram devidamente anotadas em cadernetas de campo (MOURA-JÚNIOR et al., 2010).
Posteriormente, as amostras foram depositadas no Laboratório de Botânica da Universidade
Regional do Cariri – URCA, quando foi realizada a montagem de exsicatas e análise do material
botânico. A identificação foi feita por meio de bibliografia especializada, como: Bicudo e Bueno
(2004), Pompêo et al. (2008), Esteves (2011), Rodrigues (2011), Lima et al. (2011) e envio do
material botânico a taxonomistas, que após identificado foi incorporado ao acervo do Herbário
Prisco Bezerra da Universidade Federal do Ceará (EAC – UFC) em Fortaleza.
A frequência de ocorrência se fez de acordo com a metodologia de Mateucci e Colma
(1982), sendo expressa levando em consideração o número de amostras em que cada espécie
ocorreu, e classificado nas seguintes categorias: muito frequente – ocorrência maior que 70%;
frequente ≤ 70% > 40%; pouco frequente ≤ 40% > 10% e esporádica ≤ 10%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
2013; LOURENÇO; BOVE, 2016). A mesma pode se comportar como invasora potencial de
reservatórios (POTT; POTT*, 2003).
Polygonum hispidum consiste em uma erva ou subarbusto com até 1m de altura. Planta
vascular sem tecido lenhoso, podendo ser anual, bienal ou perene. A espécie ocorre nas margens de
lagos e lagoas das regiões Norte e Nordeste do Brasil, muito comum no semiárido baiano, às
margens de lagoas e de rios, como também em locais inundáveis. (MARQUES, 1996; MELO 1999,
2000, 2008; USDA, 2016). As Polygonaceae formam significativos bancos próximos às margens
dos corpos hídricos, onde seus ramos mais distais se elevam bem acima da lâmina d‘água,
desenvolvendo muitas vezes ramos flutuantes de vários metros (FRANÇA et al., 2010).
Pedralli (2003) afirma que as espécies pertencentes ao gênero Polygonum, indica, em geral,
que a qualidade das águas não é boa e que os usos destas podem estar comprometidos. Os mesmos
relatam ainda, que a ocorrência dessas espécies, entre outras, está diretamente relacionada à
progressiva eutrofização de reservatórios, como ocorre em várias regiões do país.
Quanto ao gênero Nymphoides, no Brasil ocorre uma única espécie, sendo esta: Nymphoides
indica, erva aquática com folhas cordiformes flutuantes e flores delicadas. A espécie incide ao
longo das margens de corpos de água doce, podendo estar presente também em ambientes aquáticos
de baixa salinidade. A mesma oferece proteção para pequenos peixes e invertebrados no ambiente
natural. No entanto, pode se comportar como invasora de culturas de arroz ou se alastrar em canais
de irrigação. Portanto pode se tornar infestante e cobrir áreas, impedindo a entrada de luz abaixo da
superfície da água, limitando e prejudicando outras plantas (GOTTFRIED, 1997; POMPÊO, 2008;
TRINDADE et al, 2010).
Em estudo realizado em um lago raso subtropical no Rio Grande do Sul, Palma-Silva et al.
(2008), observaram que os indivíduos pertencentes à N. indica podem utilizar diferentes fontes de
nutrientes, tanto do sedimento como dissolvidos na coluna de água, e concentrá-los no tecido
vegetal. Os autores indicam a grande importância desta espécie para o ambiente, visto sua variação
da biomassa total e capacidade de participarem dos ciclos de nutrientes, e sugerem que esta
apresenta uma alta taxa de produtividade primária durante seu período de crescimento, e o seu
padrão sazonal de crescimento e mortalidade apresenta o potencial de influenciar as características
de trofia do corpo de água.
Das cinco espécies de macrófitas identificadas no Reservatório Thomaz Osterne de Alencar,
durante o período de amostragem, três se destacaram como Muito Frequentes, ou seja, com
registros de ocorrência maior que 70%, como: Chara rusbyana (Macroalga), Apalanthe granatensis
e Polygonum hispidum (Angiospermas) (Figura 3).
Apalanthe granatensis
Polygonum hispidum
Chara rusbyana
Salvinia oblongifolia
Nymphoides indica
0 20 40 60 80 100
maus hábitos de higiene tem contribuído para a degradação dos recursos hídricos (SANTANA,
2008).
Para Moura-Júnior et al., (2010), a interferência antrópica nos ecossistemas aquáticos vem
causando prejuízos no equilíbrio ambiental, em virtude do lançamento de uma grande quantidade de
produtos industriais e agrícolas ricos em nutrientes. Onde, o crescimento populacional tem
influência direta na qualidade de vida humana, podendo causar prejuízos em alguns setores de
desenvolvimento, como na irrigação, abastecimento de cidades, recreação, entre outros.
No contexto climatológico, embora a convivência com o semiárido seja um desafio para
subsistência das mais variadas formas de vida, as macrófitas apresentam diferentes estratégias de
sobrevivência, até mesmo diante de secas prolongadas, ao mesmo tempo em que contribuem ao
equilíbrio e manutenção do ambiente aquático - que tendem a perder a qualidade com a redução dos
níveis de água-, bem como são excelentes bioindicadoras das condições de trofia desses corpos
hídricos.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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RESUMO
De acordo com o relatório emitido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) (2015) estima-se
que, anualmente, mais de 2 milhões de pessoas em todo o mundo tenham sua saúde e seu bem-estar
prejudicados e corram o risco de vir a óbito em consequência de problemas respiratórios
ocasionados pela poluição atmosférica. É possível encontrar pesquisas relacionando a temática a
fontes geradas principalmente nos centros urbanos. No entanto, a presente pesquisa buscou
analisar a poluição atmosférica tendo como autor as queimadas advindas dos canaviais existentes no
entorno urbano. O objetivo teve como propósito utilizar a Educação Ambiental como instrumento
para alertar a população a respeito dos perigos da contaminação atmosférica gerada pela queima da
palha da cana-de-açúcar. A prática pedagógica desenvolvida buscou estimular os estudantes do 9º
ano do ensino Fundamental II da Rede municipal de ensino de Nazaré da Mata – PE a compreender
a dinâmica dos processos geográficos a partir de uma análise local. As atividades foram
fundamentadas em exercícios práticos e dinâmicos, onde foi realizada uma oficina, sendo esta
dividida em três momentos, o primeiro composto pela introdução, o segundo por uma explanação
com base em fotografias e o terceiro por um jogo de tabuleiro denominado por Quiz Ambiental. A
partir dos resultados obtidos com as práticas desenvolvidas foi possível perceber que os jovens
conhecem a realidade de forma superficial e que não se preocupam com as consequências. No
entanto, boa parte dos estudantes ao longo da oficina mostraram estar sensibilizados com as
observações e com os esclarecimentos realizados, no qual passaram a entender que os mesmos
também são atores e difusores na busca por uma sociedade mais justa e sustentável.
Palavras-chaves: Meio Ambiente; Saúde; Sustentabilidade.
ABSTRACT
According to the report issued by the World Health Organization (WHO) (2015), it‘s estimated that,
annually, over 2 million people worldwide are affected by their health and well-being and are at risk
of death because of respiratory problems caused by atmospheric pollution. Therefore, it is possible
to find research relating the theme to sources generated mainly in urban centers. However, the
present research sought to analyze the atmospheric pollution having as an author the fires from the
sugarcane plantations existing in the urban surroundings. The objective was to use Environmental
Education as an instrument to alert the population about the dangers of atmospheric contamination
generated by the practice of burning sugarcane straw. The developed pedagogical practice sought to
stimulate students of the 9th grade of Elementary School II of the Municipal School Network of
INTRODUÇÃO
Conforme estudos realizados por Dias (1949) em uma escala histórica as primeiras
preocupações a respeito das questões ambientais surgiram em meados de do século XVIII. Entre os
primeiros precursores estão Geddes, Huxley, Marsh, Darwin, Bates, Warning e Haeckel. Na época,
as discussões eram baseadas em abordagens descritivas, e então, a partir do século XIX, as
concepções passaram a discorrer sobre as consequências da aceleração urbana e da perda da
qualidade ambiental devido às grandes explorações que se iniciavam. Desde o final da Idade
Moderna, as questões mais debatidas até os dias atuais, referem-se principalmente ao
desmatamento, ao desenvolvimento acelerado da indústria e do meio urbano, aos altos padrões de
consumo, às queimadas, que mesmo sendo proibidas, ainda ocorrem de maneira frequente; e a
imposição dos países desenvolvidos sobre os países que se encontram ainda em desenvolvimento.
No Brasil, o assunto começou a receber atenção apenas no final do século XIX, onde houve a
promulgação de decreto 8.843 de 1891, dando origem a Reserva Florestal do Acre.
Dias (1949) aponta que um dos primeiros desastres ambientais aconteceu em Londres, no
ano de 1952, quando um nevoeiro causado pela queima de combustíveis fosseis encobriu a cidade
provocando a morte de mais de 1.600 pessoas e deixando uma grande parcela da população com
sequelas. Assim, logo após alguns acontecimentos e inquietações, diversos eventos foram
desenvolvidos no intuito de abordar a problemática, tendo sido a Conferência de Estocolmo
considerada como um dos eventos mais importantes para a abordagem ambiental.
Desde os primeiros debates, muitas temáticas já foram discutidas com foco no meio
ambiente. Nos dias atuais, encontramos diversas pessoas que se preocupam com questões
ambientais, ou que pelo menos possuam interesse no assunto. No entanto, em meio às discussões, é
perceptível que certas temáticas recebem mais atenção do que outras. Não por serem mais
importantes que as demais, mas sim por estarem embasadas pela ação midiática. A contaminação
atmosférica é uma delas, pois seus efeitos não dispõem de fácil percepção, logo, tanto a população
como as autoridades governamentais não oferecem a devida atenção para o problema.
―A queima para a colheita é uma prática historicamente usada nos canaviais para elevar a
produtividade dos trabalhadores, diminuindo lesões ocasionadas pelas folhas cortantes das plantas e
ataques de animais peçonhentos‖ (SAIANI; PEROSA, 2015). No entanto, ―a queima desta matéria
orgânica libera para a atmosfera gases tóxicos primários, como, monóxido de carbono, dióxido de
carbono, metanos e hidrocarbonetos‖ (CRUZ, 2000). ―Em contato com o sol, muitos desses gases –
como o monóxido de carbono, o metano e os hidrocarbonetos – podem produzir ozônio (O3), por
meio de reação fotoquímica‖ (RIBEIRO; ASSUNÇÃO, 2002 citado por PARAISO, 2014). O
interessante é que ―o potencial de contribuição da cana-de-açúcar para os impactos ambientais não
inclui o gás carbônico emitido pelas queimadas, pois a absorção durante o crescimento da planta
através da fotossíntese é superior às emissões‖ (MANGABEIRA; HOTT; OMETTO, 2005). Já os
outros gases mencionados são altamente prejudiciais ao meio ambiente e consequentemente a saúde
humana, pois ―provocam e agravam doenças respiratórias e cardiovasculares‖ (CRUZ, 2000). De
acordo com Saiani e Perosa (2015):
Pesquisas sinalizam consequências distintas de acordo com faixas etárias, sendo as crianças
e os idosos os maiores prejudicados, já que estes possuem sistemas respiratórios mais
frágeis que os demais. As crianças são lesadas em função do menor volume pulmonar e do
desenvolvimento parcial do seu sistema imunológico, e os idosos por conta da debilitação
natural dos sistemas respiratórios e imunológicos.
gastos com consultas e remédios, mas não chegam a ser internados, o que indica que os efeitos são
ainda mais alarmantes‖ (DELFINE, 2006 citado por FERREIRA; SIQUEIRA, BERGONSO, 2009).
Assim, ―justifica-se a necessidade de redução ou eliminação de importantes e persistentes fatores de
risco para a ocorrência de doenças respiratórias‖ (PARAISO, 2014). Por esse motivo, é importante
desenvolver práticas que tenham como objetivo alertar a população a respeito dos riscos
ocasionados pelas queimadas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Introdução da Oficina
levantamento das doenças respiratórias que são agravadas ou ocasionadas pela exposição às
substâncias liberadas pela queima da palha da cana-de-açúcar.
Quiz Ambiental
Um dos objetivos da oficina era realizar uma explanação que proporcionasse, além de
conhecimento, momentos descontraídos para os estudantes. Para finalizar as atividades foi
desenvolvido um jogo de tabuleiro denominado Quiz Ambiental, no intuito de reforçar o que foi
discutindo durante a exposição. Assim, as perguntas abordaram questões relacionadas desde o
plantio até os impactos gerados pelas queimadas ao meio ambiente e a saúde respiratória da
população que reside próxima aos canaviais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Diante dos resultados obtidos com a pesquisa foi possível deduzir que a saúde da população
está bastante vulnerável aos efeitos desta prática, que, infelizmente, persiste há décadas na região da
Mata Norte do estado de Pernambuco. Portanto, é preciso que haja engajamento por parte da
comunidade acadêmica em desenvolver estudos que detalhem as consequências ambientais e as
CONSIDERAÇÕES FINAIS
ocasionada, principalmente, pelas queimadas. Porém, é importante que também haja preocupação e
engajamento em debater todas as temáticas ambientais, na tentativa de tornar a população cada vez
mais crítica e sustentável.
REFERÊNCIAS
DIAS, G. F., 1949 – Educação ambiental: princípios e práticas / Genebaldo Freire Dias – 9. Ed. –
São Paulo: Gaia, 2004.
FERREIRA, J. C.; SIQUEIRA, S. S.; BERGONSO, V. R. Impactos causados pela fuligem da cana-
de-açúcar. Lins – SP, 2009. Disponível em: <www.unisalesiano.edu.br/encontro2009/trabalho
/aceitos/CC29554518862A.pdf> Acesso em: 04. Mar. 2017.
PARAISO, M. L. S. Avaliação do impacto à saúde causado pela queima prévia de palha de cana-
de-açúcar no Estado de São Paulo. São Paulo: USP, 2014. Disponível em: <http://
www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-20022014-145043/pt-br.php> Acesso em: 14
mar. 2017.
ISBN: 978-85-68066-53-9 Página 641
Educação ambiental: biomas, paisagens e o saber ambiental
RESUMO
O processo de quelação ocasionado pela ação das substâncias liquênicas possibilita a liberação de
minerais consolidados no substrato, principalmente, rochas e solo. Neste sentido, visando
alternativas sustentáveis para recuperação de solos degradados pela salinização no Nordeste
brasileiro, objetivou-se avaliar a capacidade de Cladonia substellata de biorremediar solos
degradados pela salinização no município de Cabrobó (PE) a partir da incorporação de matéria
orgânica e seus subprodutos ao solo. Amostras de solo (9 kg), material liquênico (54 g) e matéria
orgânica (1,8 kg) foram utilizadas para montagem dos experimentos. O experimento foi subdividido
em dois tratamentos com uso de resíduos líquidos da decomposição da matéria orgânica nas
concentrações de 10% e 20%, e, um controle de laboratório, onde se fez uso de água deionizada.
Todos os grupos amostrais foram compostos por três réplicas. Realizou-se, mensalmente, coleta do
líquen (1 g) e de solo (10 g) para análise fenólica, bem como de fertilidade do solo aos três.
Observou-se bloqueio na síntese metabólica de C. substellata nos dois experimentos. É possível que
variáveis como matéria orgânica e seus resíduos e umidade ambiental podem ter interferido na
biossíntese da espécie. Constatou-se linearidade na produção de fenóis dos tratamentos e do
controle. Verificou-se que, mesmo, com níveis mais baixos de úsnico no talo houve a percolação
das substâncias para o solo em quantidades superiores, fato que favoreceu a quelação com os
elementos do solo. Portanto, C. substellata se mostra mais eficiente, quando em associação com a
matéria orgânica e seus subprodutos na recuperação de fertilidade de solos salinizados.
Palavras Chaves: Salinização, Biorremediação, Matéria orgânica, Líquen.
ABSTRACT
The process of chelation caused by the action of lichen substances allows the release of
consolidated minerals in the substrate, mainly rocks and soil. In this sense, aiming at sustainable
alternatives for the recovery of soils degraded by salinization in the Brazilian Northeast, the
objective was to evaluate the ability of Cladonia substellata of bioremediate soils degraded by
salinization in the municipality of Cabrobó (PE) from the incorporation of organic matter and its
byproducts to the ground. Soil samples (9 kg), lichen material (54 g) and organic matter (1.8 kg)
were used to assemble the experiments. The experiment was subdivided into two treatments with
the use of liquid residues from the organic matter decomposition at concentrations of 10% and 20%,
and a laboratory control, where deionized water was used. All sample groups were composed of
three replicates. Lichen (1 g) and soil (10 g) were collected monthly for phenolic analysis, as well
as soil fertility at three. Blocking was observed in the metabolic synthesis of C. substellata in the
two experiments. It is possible that variables such as organic matter and its residues and
environmental humidity may have interfered in the biosynthesis of the species. Linearity was
observed in the phenols production of the treatments and control. It was verified that even with
lower levels of sole in the stem there was the percolation of the substances to the soil in higher
amounts, fact that favored the chelation with the elements of the soil. Therefore, C. substellata is
shown to be more efficient when in association with organic matter and its byproducts in fertility
recovery of salinized soils.
Key words: Salinization, Bioremediation, Organic matter, Lichen.
INTRODUÇÃO
ferro e alumínio (ISKANDAR e SYERS, 1972), sendo essa solubilidade facilitada pela presença de
grupos polares, como ―OH, ―CHO e ―COOH (RUNDEL, 1978).
Neste contexto, enquadram-se os liquens como possíveis agentes no processo de remediação
de solos degradados pela salinização no semiárido pernambucano, devido ao manejo inadequado e a
utilização de técnicas de irrigação mal supervisionadas, que tornam extensas áreas impróprias para
o cultivo agrícola. Deste modo, as substâncias orgânicas produzidas pelos liquens em associação
com os condicionadores orgânicos (matéria orgânica) podem interferir de maneira positiva nos
atributos físicos do solo, aumentando a condutividade hidráulica, a infiltração da água e
promovendo maior agregação às partículas do solo, com diminuição da dispersão promovida pelo
sódio (MIRANDA et al., 2011). Portanto, a presente pesquisa buscou avaliar a capacidade de
Cladinia substellata (líquen) de biorremediar solos degradados pela salinização no município de
Cabrobó (PE) a partir da incorporação de matéria orgânica ao solo.
METODOLOGIA
Figura 1 – Amostras de Neossolo flúvico (A), líquen Cladonia verticillaris (B) e matéria orgânica (C).
Figura 2 – Montagem de experimento com Cladonia substellata e Neossolo flúvico com a incorporação de
matéria orgânica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Solos do tipo Neossolo flúvico tem grande capacidade de reter substâncias pela grande
quantidade de argila expansiva (2:1), fazendo com que o solo tenha baixa capacidade de infiltração
de água e, consequentemente, dificuldades de drenagem o que facilitará a processos de salinização
(CHAVES et al., 2004; SILVA, 2014).
Constatou-se no experimento em que houve a incorporação de matéria orgânica ao solo os
tratamentos apresentaram redução de sódio aos três meses de experimento, quando comparado ao
controle de campo (Tabelas 1 e 2). Destaca-se, que devido à utilização de matéria orgânica se
evidenciou um incremento de fósforo ao solo no tratamento com uso de chorume a 20%, sendo de
aproximadamente 517%. Souza e Alcântara (2008) salientam os compostos orgânicos atuam como
condicionador e melhoram as propriedades físicas, físico-químicas e biológicas do solo, fornecendo
nutrientes, enraizamento e aumenta a resistência das plantas.
O enriquecimento de fósforo (P) nos três tratamentos: água, água acrescida de chorume a
10% e água acrescida de chorume a 20%, pode ser devido à utilização de matéria orgânica e do seu
subproduto líquido, pois de acordo com Costa e Sangakkara (2006), o teor de matéria orgânica -
MO pode ser identificado como determinante chave da fertilidade do solo. O aumento nos estoques
de MO constitui a principal base para todas as medidas agronômicas relacionadas a melhoria da
fertilidade do solo. A MO executa a função crucial de fornecer um número significativo de sítios de
ligação para elementos essenciais presentes no solo, contribuindo para o aumento da CTC e melhor
eficiência de utilização dos nutrientes.
Tabela 1 - Análise química da amostra de controle de campo de Neossolo flúvico antes da montagem do
experimento.
cmolc/dm3 %
2+ 2+ +
Análise P pH Ca Mg Na K+ A13-
H+ S(1) CTC V
química (mg/dm³) (H2O)
do solo
Controle 24 6,90 27,75 9,00 16,00 0,39 0,00 0,16 53,1 53,3 -
de campo
(1)
Soma de cátions
trocáveis
Fonte: IPA (Instituto Agronômico de Pernambuco), 2016.
Tabela 2 - Análise química da amostra de Neossolo flúvico aos três meses de experimento com a
incorporação de matéria orgânica e talos de Cladonia substellata subjacente ao solo em diferentes
tratamentos.
cmolc/dm3 %
Amostras P pH Ca2+ Mg2+ Na+ K+ A13- H+ S CTC V
(mg/dm3) (H2O)
Análise da fertilidade do solo aos três meses de experimento
Solo/MO/Talo/ 86 7 13.0 6.65 14.0 2.4 0.0 0.57 36.1 36.6 98
Água
Solo/MO/Talo/ 123 6.9 13.9 8.1 14.0 3.0 0.0 0.90 39.0 39.9 98
Chorume 10%
Solo/MO/Talo/ 148 6.9 12.25 6.95 14.0 2.9 0.0 0.90 36.1 37.0 98
Chorume 20%
Fonte: IPA (Instituto Agronômico de Pernambuco), 2017.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ADAMO, P.; VIOLANTE, P. Weathering of rocks and neogenesis of minerals associated with
lichen activity. In: Applied Clay Science. V. 16. 229–256. 2000.
AGUIAR NETTO, A. O.; GOMES, C. C. S.; LINS, C. C. V.; BARROS, A. C.; CAMPECHEN, L.
F. S. M.; BLANCO, F. F. Características químicas e salino-sodicidade dos solos do Perímetro
Irrigado Califórnia, SE, Brasil. In: Revista de Ciência Rural, Santa Maria, v. 37, n.6, p. 1640-
1645, nov-dez. 2007.
CHAVES, L. H. G.; TITO, G. A.; CHAVES, I. B.; LUNA, J. G.; SILVA, P. C. M. Propriedades
químicas do solo aluvial da Ilha de Assunção – Cabrobó (Pernambuco), Rev. Bras. Ciênc. Solo
vol.28 no. 3, 2004.
CHEN, J.; BLUME, H. P.; BEYER, L. Weathering of rocks induced by lichen colonization — a
review. In: Catena. 39. 121–146. 2000.
FAGEIRA, N.K.; STONE, L.F. Qualidade do Solo e Meio Ambiente. Embrapa Arroz e Feijão,
2006.
ISKANDER, I. K.; SYERS, J. K. Soil. In: J. Soil, Sci. v. 23. 255. 1972.
NASH III, T. H. Lichen Biology. Cambridge: Cambridge University Press/USA, 2003. 303 p.
RUNDEL, P. W. The Ecological Role of Secondary Lichen Substanc. In: Biochemical Systematics
and Ecology, Vol. 6, 1978. pp. 157-170.
UNEP. Status of desertification and implementation of the United Nations Plan of Action to Combat
Desertification. Nairobi, 1991.
RESUMO
A disposição incorreta de resíduos no meio ambiente está cada vez mais em pauta nos meios
políticos e acadêmicos, ganhando espaço nas politicas publicas e nos tópicos de pesquisas voltadas
para o desenvolvimento de novas alternativas de utilização dos resíduos em diversos setores de
mercado. Diante dos impactos ambientais gerados pelas indústrias que produzem resíduos como
consequência do seu processo produtivo, o estudo de uma destinação eficaz para esses resíduos é
crucial para diminuir os efeitos de degradação do meio ambiente e aumentar a qualidade de vida da
sociedade. A indústria petrolífera, por exemplo, é responsável por gerar um volume considerável de
resíduos diariamente, e tem sido feito estudos de alternativas no intuito de minimizar essa
problemática. Uma dessas alternativas é a utilização do resíduo oleoso na construção civil, mais
especificamente no setor de pavimentação asfáltica. Esse trabalho tem o propósito analisar a
incorporação de resíduo oleoso nos teores de 3,5, 4 e 4,5%, moldando três corpos de prova para
cada teor de CAP, seguindo o método de Dosagem Marshall, e realizando o ensaio de resistência à
tração por compressão diametral, para verificar as tensões de compressão média de acordo com o
teor de resíduo oleoso. Observou-se que o traço desenvolvido para mistura de agregados e a tensão
de compressão média satisfizeram os valores limites estabelecidos pelo DNIT, sendo cabível a
utilização do resíduo no pavimento asfáltico de maneira a diminuir os impactos ambientais gerados
pela disposição incorreta desse resíduo no meio ambiente, além de contribuir com a diminuição de
custos de produção.
Palavras Chave: Construção Civil, Impacto Ambiental, Resíduo, Pavimentação, Petróleo.
RESUMÉN
La disposición incorrecta de residuos en el medio ambiente está cada vez más en pauta en los
medios políticos y académicos, ganando espacio en las implementaciones de políticas públicas y en
los tópicos de investigaciones dirigidas al desarrollo de nuevas alternativas de utilización de los
residuos en diversos sectores de mercado. Ante los impactos ambientales generados por las
industrias que producen residuos como consecuencia de su proceso productivo, el estudio de un
destino eficaz para esos residuos es crucial para disminuir los efectos de degradación del medio
ambiente y aumentar la calidad de vida de la sociedad. La industria petrolera, por ejemplo, es
responsable de generar un volumen considerable de residuos diariamente, y se han hecho estudios
de alternativas para minimizar esta problemática. Una de estas alternativas es la utilización del
residuo oleoso en la construcción civil, más específicamente en el sector de pavimentación asfáltica.
Este trabajo tiene el propósito de analizar la incorporación de residuo oleoso en los niveles de 3,5, 4
y 4,5%, moldeando tres cuerpos de prueba para cada tenor de CAP, siguiendo el método de
Dosificación Marshall, y realizando el ensayo de resistencia A la tracción por compresión
diametral, para verificar las tensiones de compresión media de acuerdo con el contenido de residuo
oleoso. Se observó que el trazado desarrollado para mezcla de agregados y la tensión de compresión
media cumplieron los valores límites establecidos por e, DNIT, siendo adecuado la utilización del
residuo en el pavimento asfáltico de manera a disminuir los impactos ambientales generados por la
disposición incorrecta de ese residuo en el medio ambiente Además de contribuir a la disminución
de los costes de producción.
Palabras Clave: Construcción Civil, Impacto Ambiental, Residuos, Pavimentación, Petróleo.
INTRODUÇÃO
A utilização do petróleo na sociedade atual tem um papel cada vez mais predominante,
como uma das principais fontes de energia, e também através do aproveitamento de seus derivados
como matéria prima para produção de diversos bens de consumo. Temos então o petróleo como um
combustível fóssil de grande significado para a economia mundial, que também apresenta um
problema devido à sua frequente introdução no meio ambiente, não apenas pelas atividades de
transporte deste combustível como também pela sua larga utilização industrial (NASCIMENTO,
2003).
O petróleo, do latim petroleum, petrus = pedra e oleum=óleo, ―óleo de pedra‖, trata-se de
um conjunto de substâncias oleosas, sendo inflamável, com densidade inferior a da água, com
cheiro característico e coloração podendo variar de incolor ou castanho claro até o preto. Sua
composição é na sua maioria de hidrocarbonetos alifáticos, alicíclicos e aromáticos, podendo
apresentar quantidades menores de nitrogênio, oxigênio, compostos de enxofre e íons metálicos,
como níquel e vanádio. Devido à falta de alternativas viáveis que substituam a utilização do
petróleo e seus derivados em grande escala, é necessário que se atente aos impactos e as ameaças
ambientais provenientes do processo de produção de gás, óleo e água, que ocorrem nas indústrias de
petróleo durante a separação de seus diversos componentes, na etapa de refino. As preocupações em
relação aos impactos ambientais recaem na quantidade produzida de resíduos líquidos, gasosos e
sólidos, de difícil tratamento e acomodação. Em decorrência de tais fatos, a indústria de refino de
petróleo, pode ser, e muitas vezes é, uma grande degradadora do meio ambiente, pois tem potencial
para afetá-lo em todos os níveis: ar, água, solo e, consequentemente, a todos os seres vivos que
habitam nosso planeta (MARIANO, 2001).
Os resíduos industriais, principalmente os gerados nas indústrias petroquímicas, constituem-
se em um dos graves problemas socioambientais não só do Brasil como do mundo, e são apontados
como um dos grandes desafios para as áreas responsáveis pelas pesquisas em planejamento e
operação do sistema de destino final de resíduos sólidos (PIRES et al., 2004). No intuito de
contornar esse problema e diminuir os efeitos produtivos das refinarias de petróleo, diversas
pesquisas e estudos de alternativas estão sendo realizados. A incorporação desses resíduos na
construção civil é uma alternativa, pois esse é um dos setores responsáveis por grande parte da
exploração dos recursos naturais, incluindo a utilização abundante de derivados do petróleo, como o
cimento asfáltico de petróleo (CAP), na construção de vias urbanas e rodoviárias e manutenção de
pavimentos.
A relevância do estudo de destinação desses resíduos para a pavimentação asfáltica é ainda
mais significante ao se considerar a magnitude do território brasileiro, onde segundo a Associação
Brasileira das Empresas Distribuidoras de Asfalto (ABEDA) mais de 90% das estradas
pavimentadas nacionais são de revestimento asfáltico, e o número de vias e rodovias não
pavimentadas é considerável, além do percentual de manutenções anuais com as vias já
pavimentadas.
As questões ambientais estão ganhando cada vez mais enfoque, devido à escassez dos
recursos naturais e a preocupação com o meio ambiente, a sociedade tem buscado alternativas que
possibilitem a sustentabilidade das atividades econômicas, através de medidas que proporcionem
um crescimento sustentável com o mínimo de degradação ambiental. O manejo racional de resíduos
se encontra entre as questões mais importantes para a manutenção da qualidade do meio ambiente,
visando o alcance de um desenvolvimento sustentável e ambientalmente saudável em todo o mundo
(CNUMAD, 2001).
A gestão ambiental dos resíduos sólidos é embasada na prevenção e minimização dos
resíduos sólidos, promovendo o consumo sustentável, a reciclagem e reutilização, propondo
destinação adequada aos rejeitos, que não podem ser reciclados ou reutilizados. A minimização
consiste em, através da redução na fonte, reutilização e reciclagem, diminuir a quantidade de
resíduos e/ou seu potencial de contaminação, minimizando a sua toxicidade e/ou periculosidade
(TEIXEIRA, 2000).
As indústrias petrolíferas estão buscando soluções alternativas e ecologicamente
sustentáveis para destinação dos resíduos gerados, no intuito de minimizar ao máximo os danos
causados ao meio ambiente, pois embora tenha ocorrido uma progressão na tecnologia no ultimo
século, os equipamentos e técnicas utilizados no refino do petróleo ainda são relativamente
primários, sendo necessária então a integração da variável ambiental no processo produtivo, desde o
planejamento até a operação da refinaria para minimização dos impactos gerados na produção. Uma
das maneiras de incorporar soluções sustentáveis é estabelecer na indústria a politica dos 3R‘s:
Oleosa, que são resultantes desse processo é um desafio para a produção de petróleo, uma vez que
contém metais, óleo pesado e outros poluentes (PAULINO, 2011).
Os resíduos oleosos ou cascalhos de perfuração são misturas de pequenos fragmentos de
rochas impregnados com o fluido usado para lubrificar e resfriar a broca durante a perfuração. Estes
podem conter contaminantes que dependem da composição química utilizada no fluido de
perfuração e da composição da formação rochosa, podendo apresentar hidrocarbonetos e metais
pesados como arsênio, bário, cádmio, chumbo, cromo, mercúrio, prata e selênio, e altos índices de
cloretos, óleos e graxas (MENDONÇA, 2015). Costuma-se adotar o termo borra oleosa para
designar materiais sólidos oleosos da indústria de petróleo, devido as suas características físico-
químicas. Segundo a NBR 10004 (ABNT, 2004), são classificados como resíduos de classe I –
perigosos.
Segundo Mendonça (2015), a destinação dos resíduos sólidos provenientes da indústria de
petróleo consiste uma problemática, adotando comumente o lançamento no subsolo, a recarga das
camadas profundas por bombeamento ou armazenagem em lagoas para evaporação e infiltração. O
impacto ambiental na indústria petrolífera se deve em grande parte, a disposição inadequada desses
resíduos, que pode ocasionar em poluição do solo, derrames acidentais e obras de terraplenagem
ocasionadas pelo setor petrolífero.
O tratamento e a disposição da borra oleosa representam os maiores desafios para as
indústrias de petróleo, onde diversas tecnologias convencionais têm sido executadas, tais como o
tratamento biológico, incineração, entre outros. Porém, nenhuma tecnologia tem alcançado
atualmente uma solução altamente satisfatória e eficaz do ponto de vista ambiental.
Consequentemente, existe uma necessidade de tecnologias ambientais capazes de neutralizar
eficazmente a borra oleosa e de reduzirem seus impactos adversos no ambiente (COSTA, 2010).
A determinação do método de tratamento vai depender das características físico-químicas do
resíduo, e do suporte financeiro para execução do método. Os tratamentos que já foram testados até
então não foram capaz de solucionar integralmente o problema, sendo necessário descobrir uma
solução para cada caso em particular. No entanto, ao analisar a amplitude do impacto ambiental
causado pelo despejo das borras oleosas no solo e os números crescentes de produção de petróleo
no Brasil, segundo a PETROBRAS (2017) alcançou a produção média no país de 2,2 milhões de
barris por dia no mês de julho, 0,6% superior ao mês de maio, é crucial que se considere medidas
alternativas para destinação desse resíduo, tais como a reciclagem na área da construção civil.
emprego e rendas de uma nação. O crescimento da área da construção civil resultou no aumento no
consumo de recursos naturais, de modo a promover a manutenção do equilíbrio e sustentabilidade
ambiental, por meio de medidas alternativas, tais como a reciclagem de resíduos sólidos
provenientes de outra atividade para substituir ou ser adicionado na produção de novos produtos, e
assim evitar um colapso devido ao esgotamento de um recurso natural não renovável.
O setor de pavimentação asfáltica, que é um dos maiores setores da construção civil, vem
demandando uma quantidade considerável de recursos naturais oriundos do petróleo, gerando assim
impactos ambientais na produção do asfalto utilizado. O uso de resíduo oleoso de petróleo na
composição do Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP) mostra-se uma solução viável e sustentável,
de maneira a diminuir os gastos e os impactos envolvidos na comercialização do asfalto, e oferecer
uma destinação adequada para um material anteriormente descartado, muitas vezes
inadequadamente.
METODOLOGIA
Foram moldados três corpos de prova para cada teor de CAP, seguindo o método de
Dosagem Marshall descrito na norma do DNIT – ME 043/95, e compactados em uma única camada
com 75 golpes por face para determinação da resistência a tração por compressão diametral.
Resistência à tração por compressão diametral: O ensaio de resistência à tração por
compressão diametral (RT) é um ensaio de ruptura, onde o corpo de prova é posicionado
horizontalmente e a carga é aplicada diametralmente a uma velocidade de 0,8 ± 0,1mm/s. Os
ensaios foram conduzidos à temperatura de 25ºC e realizados segundo a norma DNIT 136/2010-
ME. Foram utilizados os teores de resíduo oleoso de petróleo de 3,5%, 4% e 4,5%. O teor ótimo de
ligante obtido pelo ensaio Marshall para Concreto Betuminoso Usinado à Quente – CBUQ foi de
5,3%.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Figura 2 – Tensão média de compressão (MPa) versus Porcentagem de resíduo oleoso de petróleo (%).
Fonte: Autoria Própria.
Obseva-se que os melhores resultados obtidos para a tensão média de compressão de 0,939
MPa foi obtida para a mistura com adição do teor de 4,5% de resíduo oleoso de petróleo. Porém
para todos os percentuais analisados os valores obtidos foram superiores ao limite mínimo de
0,65MPa estabelecido pelo DNIT.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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techniques of tank bottom petroleum sludge in Oman. Journal of Hazardous Materials, v.141,
p.557-564, 2007.
ALVES, M. R. F. V. Reciclagem de borra oleosa: uma contribuição para a gestão sustentável dos
resíduos da indústria de petróleo em Sergipe. 2003. 191f. Dissertação (Mestrado em
Desenvolvimento e Meio Ambiente). Núcleo de Estudos do Semiárido da Universidade Federal
de Sergipe, Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Universidade
Federal de Sergipe, São Cristóvão.
CNUMAD – Conferência das nações unidas sobre meio ambiente e Desenvolvimento. AGENDA
21. 3. Ed. Brasília: Senado Federal, subsecretária de Edições Técnicas, 2001. 598p.
MENDONÇA DUARTE, A.M.G.; CHAGAS FILHO, M. B.; COSTA, D. B.; CANDIDO, T.G.;
COUTINHO, Y. Caracterização física e químico-mineralógica do resíduo oleoso de petróleo.
In: I Congresso Nacional de Engenharia de Petróleo, Gás natural e Biocombustíveis – I
CONEPETRO, 2015, Campina Grande-PB. Anais do I Congresso Nacional de Engenharia de
Petróleo, Gás natural e Biocombustíveis – I CONEPETRO, 2015.
RESUMO
O presente trabalho abre discussão sobre os impactos ambientais causados na implantação dos
parques eólicos no litoral cearense, com ênfase nos distritos de Mundaú e Flecheiras, que
respectivamente localizam-se no litoral oeste do Ceará, no município de Trairi à aproximadamente
150 km de Fortaleza. A instalação dos aerogeradores na área foi feita sob o discurso que a chegada
desse tipo de empreendimento na região haveria um ―desenvolvimento sustentável‖, propiciando
muitas vantagens socioeconômicas à população local, sem alterar consideravelmente a dinâmica
paisagística, além de ser considerada uma energia ―limpa‖. Porém, no presente estudo percebeu-se
que esse discurso não condiz com a realidade encontrada na região após a implantação dos parques
eólicos. Observou-se que os parques eólicos estão localizados na APA do Rio Mundaú e em área de
APP, no qual, uns dos impactos mais evidenciados foram que as formações de dunas móveis,
sofreram modificação pela ação antrópica, tornando-as fixas para evitar danos às torres, entre outros
impactos. O levantamento de dados em campo propiciou que se chegasse a conclusão que os
impactos não se limitaram apenas ao ecossistema, mas houveram impactos socioeconômicos, como
por exemplo, o aumento da criminalidade no local, que sempre foi conhecida por ser uma área
pacata.
Palavras-chaves: Parque eólico, Trairi, Impactos Socioambientais.
ABSTRACT
This work opens discussion on the impacts on the implementation of wind farms in Ceará, with an
emphasis on Mundaú and Flecheiras district which is located on the west coast of Ceará, in the
municipality of Trairi at 150 km from Fortaleza. The installation of wind turbines in the area, was
made in the speech that the arrival of this type of development in the town there would be a
"sustainable development", providing many socio-economic benefits to the local population,
without significantly change the dynamics landscaping as well as being considered a clean energy".
However, in this study it was realized that this speech does not match the reality found in the region
after implanting the wind farms. It was observed that wind farms are located in the APA Mundaú
River and in APP area , where one of the most evident impacts were the formations of mobile dunes
were changed by anthropic action, making them fixed to prevent damage to the towers, among other
impacts. Data collection in the field, led to arrive at the conclusion that the impacts are not limited
only to the ecosystem but there were socioeconomic impacts, such as increased crime on site, which
has always been known for being a quiet area.
Keywords: Wind farm, Trairi, Social and Environmental Impacts.
INTRODUÇÃO
O litoral nordestino é repleto por belezas singulares com um elevado valor paisagístico e
cultural. Historicamente são as áreas mais ocupadas em todo o território do estado. Configuram-se
por seus sistemas ambientais dinâmicos e frágeis, com um alto nível de vulnerabilidade frente às
atividades antrópicas, portanto gerando impactos negativos por grandes empreendimentos. Dentre
eles um dos que causam impactos no litoral, principalmente na zona costeira cearense, são os
parques eólicos. Tendo em vista que a energia eólica destaca-se devido ao enorme potencial do país,
à constante redução do preço MW/hora negociado nos leilões e ao interesse crescente de
investidores‖ (MELO, 2013).
No Brasil, o primeiro projeto foi instalado na Ilha de Fernando de Noronha, em 1992, para
substituir a produção a diesel. Atualmente, existem no Brasil, segundo dados da Agência Nacional
de Energia Elétrica (ANEEL, 2015), 36 empreendimentos de produção de energia eólica em
operação, com produção de 602.284 kW, ou 0,57% dos 105.853.740 kW pelos 2.138
empreendimentos em operação.
O presente artigo faz um recorte para análise dos impactos ambientais causados pela
implantação dos parques eólicos no município de Trairi, especificamente nos distritos de Mundaú e
Flecheiras (Mapa 1), que fica localizado aproximadamente à 150 km da capital Fortaleza, no litoral
oeste do estado.
Primeiro foi identificado que há na região estudada uma Área de Proteção Ambiental (APA)
do Estuário do Rio Mundaú, no qual, evidencia-se que não há o cumprimento da legislação
ambiental vigente. De acordo com Jatobá Lins (2008), ―[...] os estuários sofrem influencias de
diversos agentes, como os ventos, descargas fluviais, ondas e marés; são áreas que se configuram
como de transição entre o continente e o oceano‖. Desta forma, demonstra-se a fragilidade dos
ecossistemas litorâneos cearense.
Foi observado que na área do distrito de Flecheiras, o parque eólico foi instalado em uma
Área de Preservação Permanente (APP). Cabe salientar que as APPs possuem papel fundamental na
perpetuação da biodiversidade e de abastecimento hídrico, além de apresentar-se como um
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Educação ambiental: biomas, paisagens e o saber ambiental
importante mecanismo na melhoria da qualidade do ar, de regulação das médias dentre outros
serviços ambientais.
No projeto da obra, a empreiteira alega que a Lei Federal 4771/64 no Art° 4, estabelece que
possa existir a intervenção e supressão da vegetação em área de preservação permanente, para
realizar obras ou atividades de caráter de utilidade pública, quando inexistir alternativas técnica ou
locacionais. Porém, como cita Meireles (2011):
Essa região foi de forma gradativa ocupada por grandes empreendimentos (Mapa 2), onde os
investidores alegaram que tais empreendimentos servirão como geradores de emprego, melhoria na
qualidade de vida das comunidades tradicionais e fomento para economia local.
A medida que foi implementado a noção que a comunidade não possuía acesso a
informação, baixa escolaridade e pouca qualificação profissional, ocorria o aproveitamento do
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Educação ambiental: biomas, paisagens e o saber ambiental
poder público, o qual sobrepõe-se ao poder de permuta das empresas, assim, evidenciou-se uma
facilidade para a instalação de atividades sócio econômicas impactantes a unidade ambiental.
Desta forma, os habitantes dos distritos acreditam que este tipo de empreendimento é
importante para a região, propiciando empregos para comunidade e construindo expectativas
positivas para economia local.
Em contraponto, o que percebe-se são empregos de baixa remuneração que distanciam os
jovens das atividades tradicionais herdadas dos pais, além de impactar negativamente o ambiente
natural, prejudicando a dinâmica do turismo regional, uma vez que ocorre a perda das belezas
cênicas do litoral e, dessa forma, retirando as expectativas positivas construídas diante do cenário de
melhorias planejadas.
METODOLOGIA
O trabalho foi embasado a partir da concepção metodológica geossistêmica, que objetiva a
compreensão das unidades de paisagem da área de estudo, no qual, enfatiza a realização de uma
análise integrada dos elementos estudados, dessa forma, auxiliando o entendimento das relações que
ocorrem entre os meios físico-naturais e os antrópicos.
Destaca-se que para elaboração de tal estudo foi necessário realizar uma etapa de
identificação e caracterização das unidades que fazem parte da paisagem costeira do Ceará, assim,
embasando a análise dos impactos ambientais.
Associado a identificação e caracterização da região, foi realizado um levantamento
bibliográfico a respeito do tema, por meio de livros e principalmente artigos eletrônicos, além de
visitas programadas a campo, com o objetivo de conhecer a realidade socioambiental da região
onde ocorreu a implantação dos parques eólicos e a APA do Estuário do rio Mundaú, incluindo as
comunidades do entorno e que adquirem dela os seus recursos naturais. Por fim, a análise dos dados
ambientais e sociais seguiu uma linha sistêmica e integrada.
RESULTADOS E DISCUSSÂO
Observar-se que a distribuição dos parques eólicos não foi feita sobre o solo de maneira
igual, constante e equilibrada. Geralmente para a instalação de tais empreendimentos há uma
influência da ocupação humana e suas construções, pelas características da cobertura vegetal, pela
variação do relevo, dos fenômenos térmicos como os ventos e chuvas, etc.
Apesar do grande potencial eólico do Brasil em números absolutos, da ordem de 145 GW
(equivalente a 10 usinas de Itaipu), em contrapartida não é em qualquer local que as instalações de
parques eólicos são viáveis economicamente.
Percebe-se que é necessário um conjunto de vários fatores, os quais variam de ordem
técnica, ambiental, jurídica, estrutural e econômico-financeira. Em primeiro lugar para ser
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Educação ambiental: biomas, paisagens e o saber ambiental
considerado viável, é fundamental que o projeto de um parque eólico busque sua implantação em
locais com abundância em vento, com velocidades médias, fato que ocorre em quase todo o litoral
do Ceará.
Um parque eólico apresenta uma baixa taxa de ocupação em relação às propriedades que
ocupam, permitindo, assim, a utilização partilhada da área com outros usos, tais como: agricultura,
agropecuária, piscicultura, carcinicultura, dentre outros. Porém, boa parte das obras civis dizem
respeito basicamente às fundações da torre, sendo essa etapa de instalação, a qual ocasiona maior
impacto ambiental do ambiente físico natural. Esse impacto ambiental é tido como ―alteração
significativa de parte ou da totalidade do ambiente‖ (ESPINOZA, 2001).
Verifica-se que para assegurar o acesso às turbinas e cabines de controle, estradas foram
construídas sobre o sistema ambiental litorâneo onde encontra-se a formação de dunas. Portanto,
por sua fragilidade e instabilidade ocorreua compactação das dunas, afetando assim,a infiltração da
água pluvial advinda da precipitação e reduzindo a recarga do lençol freático.
Ressalta-se, que este sistema ambiental, o solo é arenoso, propiciando a infiltração,
fundamental para recarga hídrica do lençol freático, diferente do que predomina no interior do
Estado do Ceará, que é constituído de terreno cristalino, onde praticamente não ocorre recarga
subterrânea.
Outro fato elencado, foi que para evitar que as dunas móveis avançassem, soterrando as
bases das torres e as estradas foram fixadas com técnicas artificiais. Portanto, ocorre assim
incremento no transporte de areia para o rio, produzindo o impacto ambiental negativo do
assoreamento do recurso hídrico, consequentemente comprometendo a vazão da calha do rio.
Com isso, podemos nos referir à capacidade de suporte da região, no qual, denomina-se ao
nível de utilização dos recursos naturais e da intervenção que um sistema ambiental pode suportar
sem ocorrer impacto ambiental, esta capacidade de suporte torna-se ultrapassada, quando o
consumo sobressai a reposição, ou seja, ocorrem, principalmente, quando este, torna-se irreparável
pelo alto grau de degradação do sistema ambiental.
Assim, partindo do princípio que a degradação segundo Pires e Santos apud Oliveira
Machado (1999) tem as funções comprometidas, a qualidade ambiental diminui. "Considera-se,
então, que houve um desequilíbrio ambiental, ou seja, que foi ultrapassado o limite regulador do
ambiente, por uma sobrecarga em sua capacidade suporte‖. Vale ressaltar, a maleabilidade deste
conceito de avaliação, pois se concentra em variáveis e não absolutas.
Além disso, a capacidade de suporte estabelece uma relação entre as potencialidades e as
limitações. De acordo com Souza et al(2009):
Dessa forma, a princípio a capacidade de suporte para FILET apud Oliveira Machado
(1999) apresenta-se como a eficiência dos ambientes em acomodar, assimilar e incorporar um
conjunto de atividades antrópicas sem que suas funções naturais sejam fundamentalmente alteradas
em termos de produtividade primária. Estas advêm como, conceito de avaliação do sistema
ambiental à frente das intervenções e uso.
Além dos impactos físicos ao ambiente, a implantação de um parque eólico também acarreta
conflitos internos na comunidade. Isso ocorre, pois há uma divergência de opiniões: de um lado
população está a favor do empreendimento, entendido como fomentador de emprego e renda, e de
outra contra, entendendo a instalação e a manutenção do negócio como causadoras de problemas
ambientais e sociais.
A priori, sabe-se que a absorção de trabalhadores locais para as obras gerou uma alteração
que pode ser significativa no perfil da população local. O aspecto positivo associado é que é
previsível a mitigação de problemas de adaptação às condições locais, bem como a redução nos
custos com deslocamento e moradias para os trabalhadores, além de trazer um ―desenvolvimento‖
mais real à região.
Por outro lado, trabalhadores de outras regiões eram atraídos. Assim, tem-se um aumento
populacional, o que requer novas demandas em diversos setores do serviço público, por exemplo,
consumo de energia elétrica e a utilização de postos de saúde.
Assim, tal incremento populacional pode diminuir a qualidade de serviços que são essenciais
ao bem-estar das pessoas e que nem sempre apresentam qualidade satisfatória. Algo relatado pelos
moradores era que na medida em que o empreendimento começou a ser implantado e
consequentemente houve a atração de novos habitantes, o índice de criminalidade aumentou.
Muitos atrelam isso ao fato da região depois da instalação dos parques eólicos ficarem muito visada
por outros investimentos, ou pelo motivo que com o termino das etapas de construção do parque
eólico, o serviço de parte dos empregados já não era necessário, assim, a oferta de emprego fixo e
consequentemente melhores condições de vida transformou-se em desemprego e falta de
perspectiva entre alguns membros da comunidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
funcionamento de 69 usinas eólicas, sendo em sua maioria situada na sua zona costeira, resultando
em uma potência de 1.818,0 MW até o final do ano de 2016‖.
Assim, é notório que o potencial instalado de energia eólica no Ceará continua a crescer e tal
ampliação precisa ser cautelosa para que não existam problemas irremediáveis(figura 1). Em suma,
como cita Meireles (2011),
[...] os impactos físicos causados pela implantação dos parques eólicos destacam-se:
alterações topográficas e morfológicas; aterramento de dunas fixas e eliminação de sua
vegetação; alteração do nível hidrostático do lençol freático, o que pode influenciar no
fluxo de água subterrânea e na composição e abrangência espacial das lagoas interdunares;
secção das dunas, lagoas e planície de aspersão eólica; mudança na dinâmica eólica,
acelerando o processo erosivo; impermeabilização do solo, que pode alterar o nível de água
doce nos aquíferos.
Figura 1: Processo de compactação das dunas na praia de Mundaú para a instalação das torres eólicas em
2013.
Com relação aos impactos sociais, faz-se necessário atentar-se para o fato que os mais
beneficiados foram aqueles moradores que já haviam uma boa renda familiar, causando o efeito
reverso pelo que foi proposto, ao invés de contribuírem para uma maior distribuição de renda,
colaboraram para uma maior concentração de renda na comunidade.
Na tentativa do alcance ao ―desenvolvimento sustentável‖ e na mudança da matriz
energética para uma ―energia limpa‖, observou-se que todo isso gera uma desigualdade de custos e
benefícios entre grupos sociais da localidade de Flecheiras e Mundaú.
REFERÊNCIAS
MEIRELES, A. J. A. Danos socioambientais originados pelas usinas eólicas nos campos de dunas
do Nordeste brasileiro e critérios para definição de alternativas locacionais. Confins [Online],
v. 11, 2011. Posto online em 03 Setembro 2011. Disponível em:
<http://confins.revues.org/6970> Acesso em: 15 dez. 2015.
MELO, E. Fonte eólica de energia: aspectos de inserção, tecnologia e competitividade. In: Estudos
Avançados, 2013.
RESUMO
O meio ambiente vem sofrendo diversos impactos nas últimas décadas e a preservação de áreas
naturais, cada vez mais, vem sendo objeto de preocupação de pesquisadores, assim se encaixa o
horto florestal que tem uma grande importância ecológica para a manutenção da biodiversidade
regional. Diante disso, a pesquisa teve como objetivo realizar levantamento quantitativo e
qualitativo dos resíduos sólidos e análises físico-químicas da água e do solo no horto florestal
localizado no município de Mamanguape – PB. Para o estudo, foi realizado dois transectos de 100
metros e subdivididos em quadrantes. Os resíduos sólidos foram quantificados e qualificados de
acordo com o tipo. Os parâmetros analisados da água foram pH, cloreto, alcalinidade, dureza,
condutividade elétrica e salinidade e do solo foram alumínio, pH e fósforo. O levantamento dos
resíduos sólidos mostrou que a maior quantidade foi encontrada nos quadrantes próximos ao leito
do rio. Os parâmetros físico-químicos analisados da água apenas a condutividade elétrica se
apresentou alterado provavelmente devido ao lançamento de esgoto doméstico no rio, e todos
demais parâmetros estão dentro do limite previsto na legislação. Os valores dos parâmetros
analisados das amostras de solo apresentaram compatíveis com os encontrados na literatura para
esse ambiente.
Palavras Chave: Meio Ambiente, Biodiversidade, Preservação, Contaminação.
RESUMÉN
El ambiente viene sufriendo diversos impactos en las últimas décadas y la preservación de áreas
naturales, cada vez más, viene siendo objeto de preocupación de investigadores, así se encaja el
huerto forestal que tiene una gran importancia ecológica para el mantenimiento de la biodiversidad
regional. La investigación tuvo como objetivo realizar elevación cuantitativa y cualitativa de los
residuos sólidos y análisis físico-químicos del agua y del suelo en el huerto forestal localizado en el
ayuntamiento de Mamanguape - PB. Para el estudio, fue realizado dos transectos y subdivididos en
cuadrantes. Los residuos sólidos fueron cuantificados y calificados según el tipo de los residuos
sólidos. Los parámetros analizados del agua fueron pH, cloruro, alcalinidad, dureza, conductividad
eléctrica y salinidad y del suelo fueron aluminio, pH y fósforo. El levantamiento de los residuos
sólidos mostró que la mayor cantidad fue encontrada en los cuadrantes cercanos al lecho del río.
Los parámetros físico-químicos analizados del agua sólo la conductividad eléctrica se presentó
alterada probablemente debido al lanzamiento de desagüe doméstico en el río, y todos los demás
parámetros están dentro del límite previsto en la legislación. Los valores de los parámetros
analizados de las muestras de suelo presentaron compatibles con los encontrados en la literatura
para ese ambiente.
Palabras clave: Ambiente, Biodiversidad, Preservación, Contaminación.
INTRODUÇÃO
Hortos Florestais são constituídos por áreas de domínio público ou privado, caracterizadas
pela existência de culturas florestais nativas ou exóticas, passíveis de exploração racional por meio
de manejo sustentado. Constituem-se em centros de pesquisa e bancos genéticos onde são altamente
recomendados, sob zoneamento, o cultivo, a conservação e a recomposição de populações nativas
vegetais ou animais, bem como o ensino, a educação ambiental e o lazer (BUDKE, 2012). Com o
crescimento da população urbana aumenta os impactos ambientais causados nesses ambientes,
principalmente pela excessiva geração de resíduos sólidos e sua destinação inadequada. Assim, os
ambientes naturais próximos a centros urbanos são os que mais sofrem com o mau gerenciamento
dos resíduos sólidos produzidos pelas cidades.
A destinação inadequada dos resíduos sólidos urbanos (RSU) tem várias consequências
negativas, entre elas o tempo de persistência de seus componentes no ambiente, ocasionando
impactos ambientais associados a poluição ou contaminação química por substâncias perigosas
presentes nos resíduos, carreadas pela infiltração de lixiviados no solo e nos aquíferos subterrâneos,
ou quando este atinge, por escoamento superficial, corpos d‘água (CASTILHO JÚNIOR, 2006).
Lanza (2009) destaca também que a decomposição dos resíduos sólidos libera gases que
intensificam o efeito estufa; causa a geração do chorume que contamina o solo, as águas
subterrâneas e superficiais; gera a poluição visual, a poluição olfativa e a proliferação de vetores de
doenças. Marques (2001) ressalta que os principais efeitos nos parâmetros físico, químico e
biológicos dos corpos hídricos mediante a presença dos RSU são: elevação da demanda bioquímica
de oxigênio (DBO), redução dos níveis de oxigênio dissolvido, formação de correntes ácidas, maior
carga de sedimentos, elevada presença de coliformes, aumento da turbidez, intoxicação de
organismos presentes naquele ecossistema. Mucelin e Bellini (2008) relatam que no ambiente
urbano determinados impactos ambientais ocasionado pela destinação inadequada do lixo como
poluição do solo, da água e do ar, além da ocupação desordenada e crescimento de favelas nas
periferias, edificação de moradias em locais inapropriados ou nas áreas de preservação tais como
encostas, margens de rios, mananciais e até regiões de mangue precisam ser repensados e novos
hábitos estimulados.
Para que haja um controle da problemática do lixo que gera poluição para a água e solo local
é necessária à implementação de ações que devem ser planejadas de forma racional e integradas,
levando a um gerenciamento adequado do lixo e dos efluentes que são lançados no corpo d‘água,
além de vir ao encontro de um desejo maior que é a melhoria da qualidade de vida e da conservação
do meio ambiente. Assim, o presente trabalho teve como objetivo realizar o levantamento
qualitativo e quantitativo dos RSU e análises físico-químicas da água e do solo afim de conhecer os
possíveis impactos gerados pela disposição inadequada dos resíduos sólidos no horto florestal do
município de Mamanguape – PB.
MATERIAL E MÉTODOS
definidos 10 quadrantes de 1m² (1m x 1m). Após a definição dos quadrantes foram sorteados cinco
quadrantes para cada transecto e dentro de cada quadrante sorteado foram retirados todos os
resíduos, acondicionados em sacos plásticos, devidamente identificados com o número do
quadrante e pesados. Por fim, todos os resíduos foram separados por tipo (papel, plástico, vidro,
material de construção civil, isopor e tecido) e novamente pesados (FLOR & LEITE, 2001).
Foram realizadas três coletas de água ao longo do rio Gurguri que corta o horto. A primeira
coleta foi feita no limite oeste do horto, e as outras duas foram feitas a jusante do primeiro ponto, na
parte central do Horto (Figura 3). Para coletar as amostras foram utilizadas três garrafas pet de 500
mL (providas de tampa), previamente esterilizadas em solução ácida para eliminação de materiais
interferentes. As amostras foram acondicionadas nos recipientes hermeticamente fechados,
etiquetados e identificados de acordo com o ponto de coleta, e em seguida, levadas para o
Laboratório de Ecologia Química (LEQ) da UFPB, onde foram armazenadas na geladeira para
posteriormente realizar as análises de pH, cloreto, alcalinidade, dureza, condutividade e salinidade
com três réplicas cada ponto amostral, utilizando metodologia de Baird & Clesceri (2012).
As amostras de solo foram coletas em uma profundidade de 0 a 20 cm ao longo dos 2
transectos subdivididos em 10 quadrantes (Figura 3). O número de amostras foi definido de acordo
com a metodologia de Machado (1999 apud GALVANI & FERNANDES 2005). Foram realizados
sorteios para definir 5 quadrantes (Figura 2) em cada transecto para realizar as coletas de solos. Em
seguida, foram coletadas 5 amostras simples por transecto combinando uma amostra composta do
transecto A e do B. Após realizar as coletas, as amostras de solo foram colocadas em sacos
plásticos, identificadas e levadas para o LEQ para serem secas ao ar (TFSA), destorroadas e
passadas em peneira de 2 mm, onde foram feitas as análises com três réplicas de cada ponto
amostral. Para análise de pH e de alumínio trocável foi utilizada a metodologia da EMBRAPA
(1997).
Figura 2: Pontos de coletas dos Resíduos Sólidos do Figura 3: Pontos de coletas de Solo e Àgua do
Horto Florestal de Mamanguape – PB Horto Florestal de Mamanguape - PB
A partir dos dados encontrados, calculou-se a mediana, desvio padrão, valor mínimo e
máximo de ocorrência dos parâmetros físico-químicos da água e do solo, considerando-se todas as
amostragens realizadas, além dos valores máximos permissíveis em água (V.M.P.) estabelecidos na
Resolução CONAMA Nº 357/2005.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No transecto B foram feitas coletas nos quadrantes 1, 2, 4, 8 e 10. Na análise dos resíduos,
os quadrantes 2, 4, 8 e 10 apresentaram resíduos sólidos, exceto o quadrante 1 (Tabela 1).
Verificamos que a quantidade de resíduos sólidos coletados no transecto B é considerável, mas
inferior ao quantificado no transecto A. Mesmo assim mostra que a distribuição dos resíduos
sólidos está presente em grande parte da área do horto. O ser humano ainda não consegue
compreender os malefícios que podem acarretar com o mau gerenciamento dos resíduos, causando
alterações ambientais físicas e biológicas ao longo do tempo, modificando a paisagem e
comprometendo o ecossistema (MUCELIN & BELLINI, 2008).
A maioria dos resíduos sólidos encontrados no horto foi transportado pelo rio e pelas águas
da chuva e depositado na área de inundação do rio, gerando um grande acúmulo desses materiais
nas encostas do rio (Figuras 4). Resíduos gerados e descartados inadequadamente pelo homem,
além de causarem a poluição visual e olfativa, poluem a água, o solo e colocam a fauna em risco,
através de ferimentos com materiais cortantes ou ingerindo os materiais inapropriados para sua
alimentação. Esses aspectos do cenário atual necessita de mudança da percepção da sociedade sobre
a realidade ambiental e comprova a intensidade da ação antrópica destrutiva sobre o meio ambiente
(OLIVA JÚNIOR & FREIRE, 2013).
A B C
Figuras 4 A, B e C: Resíduos sólidos depositados no leito do rio Gurguri no Horto Florestal de Mamanguape
– PB.
Com relação à quantificação total dos resíduos sólidos, constatamos que o quadrante 7 do
transecto A apresentou maior quantidade de resíduos com 73% do total encontrado (Gráfico 1) isso
pode ser explicado devido ao quadrante ter proximidade com curso do rio. No transecto B,
constatamos que o quadrante 4 evidência uma maior quantidade de material com 47% do total dos
resíduos (Gráfico 2), reforçando o resultado encontrado no transecto A, que os quadrantes próximos
ao leito do rio, recebem o maior aporte de resíduos, mostrando que os materiais encontrados no
horto é de origem exógena, ou seja, são transportado pelas águas da chuva que escoam para o curso
do rio que corta o interior do horto florestal.
0% 2% 3% 0%
Gráfico 1: Valores em porcentagem (%) dos Gráfico 2: Valores em porcentagem (%) dos
resíduos sólidos no transecto A. resíduos Sólidos do transecto B.
10%
11%
1%
6% Plastico
Tecido
70% 2% Esponja
Vidro
Isopo
Construção Civil
Para a revitalização do horto florestal serão necessários planos de mitigação que visam
reverter danos parciais e minimizar os descartes inadequados nesta área de grande importância
ecológica para a manutenção da biodiversidade regional. Entre as formas de reduzir esses impactos
deve-se: retirar todo lixo existente na área; implementar equipamentos que inibam a entrada desses
materiais carreados pelo rio para o interior do horto; estimular e promover projetos que visem à
redução da geração de resíduos; aprimorar a fiscalização dos descartes irregulares; promover e
implantar processos de reutilização e reciclagem de resíduos pela comunidade circunvizinha.
Nas amostras das águas do rio Gurguri, as médias obtidas nos três pontos de coletas com
relação aos parâmetros analisados se mostraram com valores muito próximos (Tabela 3), indicando
que provavelmente os pontos selecionados estão sob influência dos mesmos fatores ambientais, não
tendo grande diferença ao longo do curso do rio analisado. Esses valores semelhantes podem ser
explicados também devido à proximidade dos pontos de coleta e também devido as coletas serem
realizadas no período chuvoso.
As médias de cloreto variaram de 139 a 143,6 mg/L de Cl. Esses valores estão abaixo do
valor máximo estabelecido pelo CONAMA (2005). Lima et al (2015) ressalta que a água que
contém menos de 150 mg/L de Cl é satisfatória para diversos fins. A dureza variou de 237 a 250,5
mg/L de CaCO3, sendo classificada como dura, ou seja, apresentando muito cálcio e/ou magnésio,
mas se enquadrando nos valores permitidos pela legislação do CONAMA (2005).
Tabela 3: Valores das análises de água do rio Gurguri no horto florestal de Mamanguape - PB
Alcalinidade Alcalinidade Alcalinidade
Cloreto Dureza Salinidade Condutividade pH de de de
bicarbonato hidróxido carbonato
Amostra 1* 139 250,5 0,1 616 6 210 0 0
Amostra 2* 142,6 237 0,1 628,2 6,5 190 0 0
Amostra 3* 143,2 248 0,1 632,2 6,7 202 0 0
Mediana 142,6 248 0,1 628,2 6,5 202 0 0
Desvio
1,9 5,9 0,0 6,9 0,3 8,2 0 0
Padrão
A condutividade elétrica variou de 616 a 632,2 µS/cm apresentando valores elevados para
água doce. As águas naturais apresentam teores de condutividade na faixa de 10 a 100 µS/cm, em
ambientes poluídos por esgotos domésticos ou industriais os valores podem chegar a 1.000 µS/cm
(BRASIL, 2014). Lima e Garcia (2008) acrescentam que esse parâmetro não determina
especificamente quais íons que estão presentes na água, mas pode contribuir para possíveis
reconhecimentos de impactos ambientais que ocorram na bacia de drenagem, ocasionados por
lançamentos de resíduos industriais, mineração, esgotos, etc.
Os valores de pH apresentaram pequena variação entre 6,0 a 6,7 e estando dentro dos
valores de referência (6,0 - 9,0) para água doce classe 1 (CONAMA, 2005). As salinidades de todas
as amostras apresentaram valores de 0,1‰. De acordo com a Resolução CONAMA Nº 357, de 17
de março de 2005, que destina o uso correto da água através da qualidade exigida para diferentes
fins, são adotadas definições de ―águas‖ que podem ser doces (águas com salinidade igual ou
inferior a 0,5‰), salobras (águas com salinidade superior a 0,5‰ inferior a 30‰) e salinas (águas
com salinidade igual ou superior a 30‰).
A alcalinidade de bicarbonato apresentou valores entre 190 a 210 mg/L de CaCO3. Com
relação a alcalinidade de hidróxido e de carbonato todas as amostras apresentaram valor igual a 0
mg/L de CaCO3, estando de acordo com os valores previsto no CONAMA (2005).
Para os parâmetros das amostras de solos analisados nas duas amostras composta (Tabela 4)
apresentaram valores próximos por se tratar de uma área relativamente homogênea.
Os valores de pH foram de 6,5 e 6,6 se apresentando próxima a neutralidade. De uma
maneira geral, a variação do pH do solo na faixa entre 5,0 a 6,5 é favorável ao crescimento da
maioria das plantas, pois há um maior equilíbrio e disponibilidade dos nutrientes na solução do solo
(MEURER, 2007).
O alumínio trocável (Al) apresentou valores de 0,2 e 0,3 cmol.dm-3. Fageria (1999) ressalta
que valores elevados de alumínio ocorre geralmente em pH abaixo de 5,5, corroborando com os
valores quantificados do nosso trabalho que apresentou valores baixos de alumínio numa faixa de
pH acima de 6,0. Camargo (1984) concluiu que as concentrações de alumínio são
significativamente dependentes do pH do solo.
Os valores de fósforo, 4,9 e 5,2 mg.dm-3, esses foram classificados como baixo CFSEMG
(1999). Os baixos valores de fósforo disponível no ambiente de mata sugerem a pobreza natural
desses solos com a relação a esse nutriente (JAQUELATIS et al 2008).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Integrada doi Alto Uruguai e das Missões – campus de Erechim, 2012.
BAIRD, R. B. & CLESCERI, L. Standard Methods for examination of water and wastewater., Ed.
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ANDA - Associação Nacional para Difusão de Adubos São Paulo – SP. 3° edição Dezembro de
1998
LIMA, Y. F.; COSTA, V.; MARTENDAL, A.; TEIXEIRAS, A. C. F. Análise de Cloreto nas
Águas Subterrâneas do Instituto Federal Catarinense - Campus Camboriú - VIII Mostra
nacional de iniciação cientifica e tecnológica interdisciplinar 11 e 12 de novembro de 2015.
Santa Rosa do Sul – SC, 2014.
RESUMO
O Brasil configura-se como um dos maiores consumidores de cosméticos labiais. Estes
compreendem uma área da cosmetologia com taxa de consumo elevada, principalmente pelo
público feminino, e apresenta perigos para saúde dos usuários a longo prazo, devido a presença de
substâncias potencialmente tóxicas, como alguns metais nas formulações cosméticas. Estes metais
apresentam-se em proporções mínimas na composição e produção industrial desses produtos de
embelezamento facial e podem acarretar em riscos à saúde humana, como o desenvolvimento de
doenças, por exemplo, efeitos neurológicos, anemia, intoxicação e alergias e degradação ambiental
com a contaminação do solo e águas, além de contribuir para o desequilíbrio do ecossistema. O
conhecimento de efeitos indesejáveis e toxicidade de produtos cosméticos, a nível populacional, são
limitados. Na presente pesquisa, foi verificado que via de regra os centros de distribuição e vendas
de cosméticos labiais não transmitem as informações sobre os componentes químicos presentes
nesse tipo de produto para os consumidores e, na maioria das vezes, não possuem pontos de coleta
para as embalagens e resíduos da bala, parte pigmentada do batom remanescente nos tubos, sejam
por não uso ou prazo de validade, ocasionando o descarte em locais inapropriados, como os lixos
domiciliares. Neste contexto, este trabalho objetiva discutir os impactos que os metais tóxicos
causam ao meio ambiente e a saúde através de uma pesquisa realizada no centro de uma cidade do
estado da Paraíba (PB) com uma amostragem de 102 indivíduos do sexo feminino. Ademais, os
impactos que cosméticos como batons de diferentes marcas comerciais, constituídos de espécies
potencialmente tóxicas em concentrações expressivas, causam ao meio ambiente e a saúde, são
informações que a maioria dos consumidores desconhece. Os resultados obtidos revelaram a falta
de conhecimento dos usuários referente a informações básicas sobre a temática abordada.
Palavras-chaves: cosméticos; batons; metais tóxicos; meio ambiente; saúde.
ABSTRACT
Brazil is among the greatest lip cosmetic product consumers. Those products are in a cosmetology
area with high consumption rate, mainly because of female consumers, and shows long term health
threats for users due to potentially toxic substances, such as metals in their cosmetic formulations.
35
Orientadora
The cosmetic composition has low amount of those metals and the industrial manufacturing of
facial beautification products can lead to human health risks and development of diseases such as
neurological effects, anemia, intoxication and allergies and also ecological imbalance and
environmental degradation as a result of soil and water contamination. The population knowledge
of products‘ side effects and toxicity are often limited. In this research project, it was verified that
distribution and selling centers for lip cosmetic products, as a rule, do not offer information for
consumers about chemical compounds existent in this kind of product; most often they also do not
offer collecting points for lipstick bullet packing and residues, pigment residues in the cup (either
for its non-use or expiration date), causing discarding in inappropriate areas, such as household
garbage. Given the background, this work aims to debate the toxic effects of metals on the
environment and health through a research made in downtown of a city in the state of Paraíba (PB)
with statistical population of 102 female individuals. Moreover, the impacts on the environment and
health that cosmetic products like lipsticks from different brands can cause are often unknown from
the consumers. The obtained results show consumers‘ lack of knowledge of basic information about
the theme addressed.
Keywords: Cosmetics; lipsticks; toxic metals; environment; health.
INTRODUÇÃO
vernizes em um substrato metálico tal como o óxido de alumínio. Os batons podem ser pigmentados
com (acabamento mate), gelados (brilho perolado) ou transparentes (brilhantes), a combinação e
quantidade dos componentes dependerão da aparência, cobertura e durabilidade (fixação) desejada
(DRAELOS, 1991). Os pigmentos são definidos como qualquer substância que dá cor, tingimento a
uma superfície (pele, mucosas, cabelos), sendo divididos em naturais e sintéticos. Os naturais como
carotenoides e a clorofila são utilizados em alimentos e o carmim em cosméticos, e os sintéticos são
substâncias orgânicas cíclicas aromáticas. Os pigmentos também podem ser inorgânicos, como os
óxidos metálicos de titânio, cobre, ferro ou cromo, os metais em forma de pó (alumínio ou ferro), e
cromatos de chumbo. Já os orgânicos podem ter as seguintes origens: animal (melanina), mineral
(negro de fumo) e vegetal (carotenos) (REBELLO, 2004).
Neste contexto devido à presença de substâncias potencialmente tóxicas presentes nos
batons e à exposição a que os consumidores estão sujeitos, tais parâmetros devem ser avaliados,
entretanto pesquisas conduzidas nesse aspecto não são frequentes.
A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) N° 44 (2012) incorpora limites permissíveis
para impurezas de elementos em corantes orgânicos, não podendo ser superiores a 3 ppm para As
(expresso como As2O3), 20 ppm para Pb (expresso como Pb total) e 100 ppm de outros metais.
Contata-se que os parâmetros brasileiros normativos atuais e relevantes para limites permissíveis
relativos à presença de metais/ametais tóxicos são amplos e confusos para assegurar os níveis dos
contaminantes inorgânicos dos produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos. São
encontrados metais caracterizados como tóxicos, tais como chumbo (Pb), mercúrio (Hg), níquel
(Ni), cromo (Cr), cádmio (Cd) e arsênio (As), (ATZ, 2008) que conferem perigos diretos no
desenvolvimento de doenças através de bioacumulação no corpo humano, isto é, o uso excessivo e
facilidade de armazenamento nos organismos vivos, como também na poluição ambiental,
ocasionando desequilíbrio em locais sensíveis, como a água e solo, visto que ambos já possuem
quantidades expressivas destes elementos metálicos e um aumento na concentração destas
substâncias remete a condições para a insalubridade do meio, elevando o ciclo de contaminação
entre o homem e o ambiente como um todo (MAEHATA, 2016).
Por exemplo, no organismo humano, o chumbo não é metabolizado, e sim, complexado por
macromoléculas, sendo diretamente absorvido, distribuído e excretado. Os compostos orgânicos de
chumbo são capazes de penetrar através da pele íntegra e a intoxicação por este grupo ocorre
principalmente por compostos de chumbo tetraetila e tetrametila, os quais são absorvidos
rapidamente pelos pulmões, trato gastrointestinal e também pela pele (TSALEV; ZAPRIANOV,
1985; SADAO, 2002). O organismo acumula chumbo durante toda a vida e o libera de forma muito
lenta, devido à sua grande afinidade pelo sistema ósseo. Após uma única exposição, o nível de
chumbo no sangue de uma pessoa pode retornar ao normal e, no entanto, o conteúdo corpóreo total
pode ainda ser elevado. Mesmo doses pequenas, por um tempo determinado, podem causar
intoxicação. Assim, grandes exposições agudas não precisam ocorrer para que uma intoxicação por
chumbo se desenvolva. A concentração total do chumbo no corpo é que está relacionado com o
risco de efeitos adversos (ATSDR, 2007). Além dos efeitos neurológicos, o chumbo provoca
desvios hematológicos que levam à anemia e são considerados como resultado de sua ação tóxica
sobre as células vermelhas e eritropoiéticas na medula óssea. Entretanto, a anemia não é uma
manifestação precoce do envenenamento por chumbo, ela só é evidente quando o nível de chumbo
no sangue é significativamente elevado por períodos prolongados (MINOZZO; WAGNER;
SANTOS; DEIMLING; MELLO, 2009).
O descarte de cosméticos como batons, normalmente, é realizado de forma inadequada, em
locais inapropriados, como lixos domiciliares. Essa prática favorece a contaminação do meio
ambiente por metais tóxicos, visto que na maioria das vezes não existem locais destinados ao
descarte correto destes materiais e não há locais de recolhimento com o propósito de reciclá-los. Por
outro lado, as lojas que vendem estes produtos não dispõem de suportes de devolução quando estes
materiais acabam ou ultrapassam o período de validade.
Outro fator que favorece para a ausência de conhecimento da população em relação ao
descarte indevido destes materiais é a falta de campanhas publicitárias produzidas pela mídia que
mostrem os impactos que o consumo em grandes quantidades destas espécies potencialmente
tóxicas, através de produtos labiais, pode causar ao meio ambiente e à saúde dos indivíduos. Além
disto, as lojas deveriam informatizar a população como um todo, principalmente o público que
consome a maior quantidade destes produtos, as mulheres, dos malefícios do consumo exagerado e
prolongado, pois, isso pode ser fruto da falta de informações dos próprios vendedores quanto à
problemática exposta.
É fundamental conscientizar a população sobre o consumismo exacerbado, o qual está
acarretando o aumento considerável de resíduos destinados a aterros sanitários, lixões e locais
inadequados, muitas vezes sem o monitoramento correto. Fazem parte desse conjunto, todos
aqueles resíduos perniciosos que integram diversos bens de consumo: metais tóxicos, fogo-
retardantes e mais de 8 mil de substâncias químicas (LEONARD, 2011).
A conscientização ambiental a respeito destes metais se faz necessário, visto que pode ser
definida como, simplesmente, a tendência ou voluntariedade de uma pessoa de tratar os assuntos
relativos ao meio ambiente de maneira a favor ou contra. Assim, indivíduos com maiores níveis de
consciência ambiental tenderiam a tomar decisões levando em consideração o impacto ambiental
das mesmas (BEDANTE; SLONGO, 2004).
A maior problemática está ligada a tendência que os metais se acumulam em plantas e
animais aquáticos, penetrando nesses organismos através da superfície do corpo e de estruturas
respiratórias, e também pela ingestão que fazem de material particulado e água, criando uma
condição de toxicidade (MELVILLE; BURCHETT, 2002). A toxicidade manifesta-se como
distúrbios na função metabólica, implicando em possíveis mudanças na distribuição e na
abundância de populações (ELDER, 1988). Efeitos subletais podem incluir mudanças morfológicas,
fisiológicas, bioquímicas, comportamentais e na reprodução (CONNELL; MILLER, 1984). A
extensão da absorção de metal, a toxicidade e a bioacumulação variam dependendo do organismo, e
podem ser alteradas pelos efeitos da temperatura, do pH do meio reacional, da turbidez, do oxigênio
dissolvido e das concentrações de outros metais em solução, de tal forma que a acumulação de
metais em organismos aquáticos pode ser um indicador útil da presença de espécies potencialmente
tóxicas em formas biologicamente disponíveis (MORTIMER, 2000). Pouco se conhece, no entanto,
sobre os efeitos tóxicos de substâncias contaminantes em espécies animais tropicais, sendo, pois, de
interesse e importância sua determinação para a avaliação de impactos ambientais nos ecossistemas
aquáticos, visando esforços de preservação ambiental (DAMATO; SOBRINHO; MORITA, 1998).
Desse modo, haja vista os diversos impactos que os metais tóxicos, como os já citados,
ocasionam à saúde e ao meio ambiente, fica evidente a importância de desenvolvimento de projetos
no âmbito escolar e nas instituições acadêmicas, bem como a prática de ações que promovam a
educação ambiental para os discentes e à população em geral, visto que ela não é
compartimentalizada, pois necessita de todas as áreas do conhecimento científico e da escola, e
exige um trabalho conjunto entre a comunidade escolar e local para a construção de conhecimentos
significativos e ações participativas do meio em que vivem. Desenvolvem ainda, relações solidárias
de respeito e comprometimento com o meio ambiente em sua totalidade (QUADRO, 2007).
Portanto, o objetivo deste trabalho é discutir os impactos causados ao meio ambiente e à
saúde da população pelos metais tóxicos presentes em batons, através de uma pesquisa realizada em
uma cidade, localizada no estado da Paraíba (PB).
METODOLOGIA
Ademais, essa pesquisa também pode ser caracterizada como quali-quantitativa, isto é, na
pesquisa qualitativa há uma preocupação em entender acontecimentos sociais específicos, sendo
ressaltadas as concepções dos sujeitos pertencente a amostra utilizada (Firestone 1987 apud
MOREIRA, 2009). Já a pesquisa quantitativa está relacionada com técnicas estatísticas para a
quantificação nas modalidades de coleta de informações e no tratamento dos dados obtidos através
da amostra escolhida (RICHARDSON, 1999).
A pesquisa foi realizada no centro da cidade, localizada no estado da Paraíba. No total, 102
(cento e duas) mulheres de diferentes idades e escolaridades foram entrevistadas. Os dados
coletados foram adquiridos através de um questionário estruturado constituído por 5 (cinco)
questões objetivas que tinham como finalidade principal sondar o nível de escolaridade dos
indivíduos participantes da pesquisa, bem como, a frequência com a qual os mesmos utilizavam
batons, onde esses produtos eram descartados e se elas possuíam algum conhecimento sobre os
perigos do descarte incorreto e o uso excessivo desses cosméticos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
14% 4%
16%
8%
24% 34%
Os resultados apresentados no Gráfico 1 mostraram que a maioria das mulheres que foram
submetidas ao questionário possui Ensino Médio completo, o que remete e é esperado, que
enquanto na escola o assunto sobre os perigos dos metais tóxicos tenha sido abordado em algumas
disciplinas como Biologia e/ou Química, uma vez que o papel da escola e dessas disciplinas é
exatamente proporcionar a edificação de um conhecimento científico com total relação entre os
conteúdos abordados e suas implicações ambientais, sociais, políticos e econômicos (BRASIL,
1999).
Mesmo que a quantidade de consumidores com nível superior completo, ou usuárias que
ainda estavam cursando não seja tão alto como desejado, também é esperado que as mesmas
tivessem adquirido durante a sua vida acadêmica conhecimentos relacionados a temática abordada,
uma vez que é de extrema importância para a vida como um todo.
No segundo questionamento buscou-se identificar dentre as 102 mulheres entrevistadas
aquelas que usam ou não os cosméticos labiais. O Gráfico 2 apresenta os resultados obtidos.
3%
97%
Sim Não
30%
37%
33%
O terceiro Gráfico deixa claro que a maioria das mulheres não se satisfaz em usar o batom
uma vez por dia, por exemplo. A maioria das mulheres quando questionadas afirmaram: ―não viver
sem o batom‖ ou ―é impossível sair de casa sem‖, o que é preocupante, pois, segundo Maehata
(2016), o uso exagerado de cosméticos, principalmente o batom que é fixado diretamente nos
lábios, pode causar grandes danos à saúde, vindo a desenvolver doenças graves como dermatite de
contato, disfunções renais, entre outras.
Esses resultados deixam bem explícito o quanto a sociedade é desinformada acerca dos
produtos que utilizam, as empresas ou até mesmo a mídia não se preocupam em repassar
informações que podem prevenir tais doenças.
1%
99%
O Gráfico 4 apresenta um dos resultados mais preocupantes da pesquisa, pois todas aquelas
mulheres que afirmaram usar batons, com exceção de uma, relataram descartar os batons no lixo
residencial, isto é, os batons que possuem metais tóxicos são descartados como se fossem resíduo
inofensivo e acabam indo parar em solos, contaminando todo o ambiente ao redor. Além desse
ponto, outro que chamou a atenção foi o questionamento que muitas das entrevistadas lançaram:
―Existe algum local de coleta para os batons que não são mais usados?‖ Na cidade em que a
pesquisa foi realizada, não é divulgado nenhum local ou nenhuma loja que preste esse serviço de
coleta. Entretanto, uma das entrevistadas afirmou levar os batons e embalagens para uma loja
especializada na venda de cosméticos, provando ainda mais que a divulgação para coleta realmente
não existe, pois estas informações são repassadas por e-mail e nem todos tem acesso à internet,
entretanto, tem acesso a cosméticos labiais baratos.
Por ser tão inesperada a resposta dessa última entrevistada, uma pesquisa foi feita na loja
citada e a partir disso, foi informado pela gerente comercial que a loja realmente resgata as
embalagens e os restos de batons de qualquer marca e estes são levados para um local de reciclagem
administrado pela própria empresa.
O quinto questionamento gerou muitas perguntas vindas das próprias entrevistadas, foi
questionado se elas já tinham ouvido falar sobre os impactos negativos que o uso dos batons pode
causar ao meio ambiente e à saúde. As respostas obtidas, estão apresentadas no Gráfico 5.
15%
85%
Sim Não
O quinto gráfico mostra que realmente a escola, quando se trata de educação ambiental, não
está cumprindo com seu papel, pois em concordância com Silva (2013) o nível de consciência e
educação ambiental ainda é considerado baixo. Os conteúdos que envolvem os metais tóxicos
devem ser tratados como prioridade além de ser trabalhados de forma contextualizada e
interdisciplinar, pois a prevenção do meio ambiente deve ser pauta importante em todas as
disciplinas escolares.
Infelizmente, é notório que isso não ocorre e a forma como as entrevistadas agiram quando
questionadas comprovou ainda mais, pois elas devolviam o questionamento, com outras diversas
perguntas: ―Quais os danos que causam?‖. Como resultado disso, a pesquisa passou a ser
praticamente um seminário informativo, onde os pesquisadores se sentiram responsáveis em
repassar as informações que deveriam ser recebidas na escola ou pelas empresas e mídia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É evidente perceber com esta pesquisa a ausência de conhecimentos que a população possui
em relação aos impactos causados à saúde e ao meio ambiente oriunda do descarte indevido e do
uso excessivo de batons contendo espécies potencialmente tóxicas, como chumbo (Pb) e mercúrio
(Hg). Dessa maneira, é necessário que órgãos públicos, locais de vendas e distribuição, escolas,
instituições de ensino superior, utilizem estratégias de conscientização ambiental e humana para a
população, principalmente para o público que consome o maior número de cosméticos labiais: as
mulheres. Com isso, estas práticas educativas funcionarão como suporte para conscientizar estes
indivíduos a diminuírem o consumo exagerado destes produtos e passarem a ler os rótulos dos
batons, onde é verificada a composição do material e, consequentemente, as quantidades e quais
metais apresentam na sua formulação.
Portanto, a preservação ambiental é uma tarefa que toda a humanidade deve lutar para
proteger e diminuir os impactos oriundos de atividades inadequadas e incorretas, muitas das vezes
provenientes da falta de conhecimento, como evidenciado nos resultados desta pesquisa.
REFERÊNCIAS
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Sul, Porto Alegre, 60f., 2008.
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Regulamento Técnico Mercosul sobre lista de substâncias corantes permitidas para produtos de
higiene pessoal, cosméticos e perfumes‖ e dá outras providências. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 2012. Disponível em: < http://portal.anvisa.gov.br/ > Acesso em: 11 set. 2016.
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DRAELOS, Zoe D. Cosméticos em Dermatologia. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991. 209p.
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MINOZZO R.; WAGNER, Sandrine C.; SANTOS, Carolina H.; DEIMLING, Luiz I.; MELLO,
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REBELLO, T. Guia de Produtos Cosméticos. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2004.
RICHARDSON, R.J. e org. Pesquisa social - métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999.
SILVA, Valéria Paraguaia. Consciência ambiental e atitudes em prol do meio ambiente: um estudo
na cidade de Goiânia. 2013. 57 f. Dissertação (Mestrado em Gestão estratégia de
empreendimentos) - Faculdade Alves de Farias, Goiânia, 2013.
RESUMO
O Artigo trata das ferramentas necessárias que são utilizados na obtenção da interdisciplinaridade
no estudo sobre o meio ambiente, ferramentas essas tais como, a utilização de sensoriamento
remoto para a geração de dados, que possuem a funcionalidade de auxiliar a maximização dos
estudos realizados com finalidade de ter um maior aproveitamento e uma maior gama de
informações e detalhamento. Estudos na área da vegetação, agricultura, cartografia, recursos
hídricos, geologia, solos e nas forças antrópicas que influenciam o ambiente físico pois acabam se
destacando e corroboram para o entendimento e preservação dos processos naturais que podem ser
fundamentais para a existência do homem moderno.
Palavras-chave: Sensoriamento Remoto, Estudos Ambientais, Mudanças Climáticas.
ABSTRACT
The article is about the necessary tools used to obtain interdisciplinarity in studies on the
environment, tools such as the use of remote sensing and geoprocessing of images for the
generation of data, which have the function of assisting in the maximization of studies performed
with the purpose of having a greater use and a greater range of information and detailing. Studies on
the vegetation, agriculture, cartography, water resources, geology, soils and anthropic forces that
influence the physical environment are highlighted and corroborated for the understanding and
preservation of the natural processes that may be fundamental to the existence for modern man.
keywords: Remote sensing, Environmental Studies, Climate Changes.
INTRODUÇÃO
36
Orientador – Professor Drº. Antonio Geraldo Ferreira
―Utilização conjunta de sensores, processamento de dados, transmissão de dados colocados a bordo de aeronaves,
espaçonaves, com objetivo de estudar eventos, fenômenos e processos que ocorrem na superfície da Terra a partir do
registro e análise das interações entre a radiação eletromagnética e as substâncias que compõem em suas mais diversas
manifestações.‖ (Evelyn, 2010, p.28)
No ano de 1858 Gaspard Felix Tournachon acaba tirando uma fotografia aérea a partir de
um balão, já no início do século XX, mais precisamente no ano de 1903, Alfred Maul acaba
patenteando câmeras que capturam imagens a partir de um foguete, câmeras fotográficas essas bem
leve, que possuía um disparador automático que eram fixados sobre os ombros dos conhecidos e
chamados pombos correios, e tinham a finalidade de ficarem sobrevoando grandes áreas
estratégicas, pois o objeto instalado sobre seu peito servia para observar e fotografar o local, sendo
assim se poderia localizar a posição inimiga e conhecer suas bases militares. Ainda no mesmo ano,
de 1903, foram captadas as primeiras fotografias de um aeroplano, criado pelos irmãos Wright,
onde nessa época se deu um notável passo para a obtenção de imagens de uma altura considerável.
Os anos que se viriam, a seguir, seriam de extrema importância para a consolidação do que
conhecemos atualmente como sensoriamento remoto.
Na década de cinquenta ocorreu o lançamento dos primeiros satélites, o Sputnik
representando a União Soviética, que foi a primeiro satélite lançado na história da humanidade;
após 3 meses, os estadunidenses responderam com o lançamento do Explorer I, que obteve um
enorme sucesso ao revelar o cinturão de Van Allen, área que ocorrem fenômenos atmosféricos
devido o campo magnético terrestre.
Em 1960 se deu um outro avanço para a evolução do sensoriamento remoto, pela ocorrência
de vários projetos e pesquisas de desenvolvimentos na área espacial; ainda na mesma década
ocorreria um marco histórico que ficaria conhecido como a corrida espacial, entre os Estados
Unidos e a antiga União Soviética, que procuravam demonstrar poder com seus lançamentos ao
espaço e entender mais a fundo como era o planeta visto de um outro ângulo , o que resultou em
um grande avanço nos lançamentos de foguetes e lançadores de satélites, pois através desse
processo, pode se colocar no espaço satélites artificiais que possuem diversas finalidades de
pesquisa.
Após todo o avanço tecnológico que o sensoriamento remoto obteve, principalmente na área
bélica, chegamos finalmente ao final do século XX onde alguns impactos ambientais, mais
drásticos, já começariam a recair com mais intensidade sobre a sociedade, tais como o aumento e a
diminuição da temperatura em certas localidades, a invasão do mar sobre certas regiões, a extinção
de fauna e flora, a poluição atmosférica eram e ainda continuam sendo os principais pontos críticos
e os problemas mais comuns, que com o tempo só tendem a piorar caso o homem não mude sua
cultura anti ecológica, e com a necessidade de se entender os novos acontecimentos no planeta o
sensoriamento passou então a ser um dos principais aliados em estudos, pesquisas e análises sobre o
meio ambiente.
E se engana quem acha que não exista sensores remotos naturais. Grande parte de nossa
população possui a visão humana uns dos principais sentidos que possuímos, e com isso detemos de
um sensor natural capaz de reconhecer e analisar o objeto em estudo, segundo (Bernardo,2008)
justamente pelo fato de nossos olhos que captam as ondas eletromagnéticas, advindas do reflexo do
objeto, conseguimos enxergar mesmo a uma distância considerável o objeto que queremos analisar,
e assim tiramos conclusões finais sobre o mesmo.
É notório destacar que tudo isso se deu aos avanços dos estudos da ciência que ajudaram na
confecção de foguetes e satélites, que serão tratados aqui como exemplos para conhecimento e
explicação dos estudos ambientais, entre os destaques temos Isaac Newton e suas leis sobre a
mecânica, James Clerk Maxwell com a teoria aditiva das cores e também desenvolveu a teoria
eletromagnética ondulatória, assim como Galileu Galilei e Albert Einstein com seus estudos sobre o
espaço.
No caso do satélite CBERS (Satélite Sino Brasileiro de Recursos Terrestres), que possui
como foco de missão o fornecimento de imagens de altíssimo padrão de qualidade para o
levantamento de dados ambientais na superfície terrestre.
Podemos citar também o satélite CALYPSO (Cloud-Aerosol Lidar e Infravermelho
Pathfinder de Observação), que seu objetivo científico geral da missão é o perfilamento da
distribuição vertical de nuvens e aerossóis e seu papel no aquecimento e resfriamento da terra, além
de quantificar as melhoria e estimativas para o forçamento radiativo direto e indireto, e melhoria na
precisão dos fluxos radiativos de ondas longas na terra e na superfície e dentro da atmosfera.
Já o satélite NOAA (National oceanic and atmospheric administration), irá coletar
informações sobre atmosfera e o meio ambiente da Terra, para melhorar a previsão do clima e as
pesquisas climáticas em todo o mundo, o que influencia diretamente nos oceanos.
E por último podemos destacar a importância do satélite VIIRS (Visible Infrared Imaging
Radiometer Suite), que possui um conjunto de radiômetro de Imagem de Infravermelhos Visíveis e
fornece dados únicos para monitorar com precisão os padrões climáticos globais e outras
informações para indústrias tão diversas como agricultura e transporte, seguros e energia.
As aplicações desse satélite no monitoramento ambiental são de total relevância como
podemos observar logo abaixo.
Figura 01 - Tempestade tropical captada pelo canal do infravermelho (11,45 µm), no leste do Havaí. (Crédito
da Imagem CIMSS SATELLITE)
Na Figura 01, observamos uma Tempestade Tropical que começou como uma depressão
tropical a cerca de 900 milhas a leste do Havaí por volta de 03 UTC em 08 de julho de 2015, onde
correram ventos de até 110 km/h, com velocidades de até 23 km/h, os meteorologistas categorizam
o furacão na categoria 4, o que resultou em enormes impactos e prejuízos ao meio ambiente e as
cidades mais próximas de onde ocorreu a tempestade tropical. O que leva mais uma vez a notificar a
importância do sensoriamento remoto no controle e monitoramento dos fenômenos climáticos, pois
através do satélite VIIRS se pode acompanhar como essa tempestade se comportava e através do
monitoramento foi possível levantar hipóteses por quais regiões ocorreria a trajetória do furacão, o
que resultou em ações de mitigação para regiões próximas do furacão , e alertas geral para a
população que estocavam alimentos e reforçaram suas casas com madeira e estruturas de aço para
evitar ao máximo os danos que seriam causados pelo o mesmo.
Na figura 02 mostra o grande iceberg chamado A-68, que se separou da plataforma de gelo
Larsen-C na Antártida, isso se deve ao fato das grandes consequências climáticas causados pelo
aquecimento global, essa massa de gelo flutuante um iceberg gigante, contém cerca de 5 mil
quilômetros quadrados e possui uma espessura de 200 a 600 metros , esse iceberg é um dos maiores já
registrado, espera-se que ele se divida em fragmentos ou que permaneça em uma unidade só, o que
se nota em questão é o fato de que esse iceberg já está flutuando e impedindo o fluxo de geleiras
que a alimentam, segundos os cientistas e especialistas da área o seu derretimento não irá alterar
imediatamente o nível dos oceanos mais que é certeza ele causar uma alteração no nível das águas,
segundo alguns pesquisadores e cientistas relataram, que caso a plataforma continue perdendo
blocos de gelo, irá resultar na separação das geleiras rumo ao oceano, o que poderia elevar a uma
altura de até 10 centímetros no nível do mar, quanto a plataforma Larsen-C é provável que continue
flutuando até o norte em águas mais quentes onde facilitará ainda mais o processo de derretimento
do bloco e corroborar para o processo de aumento do nível das águas no oceano. O que podemos
destacar é a destruição de alguns habitats devido ao derretimento e a invasão de águas devido ao
aumento ocorrido do nível das águas.
este muito superior tecnologicamente aos seus antecessores, com Câmera Pancromática
Multiespectral (PAN), Câmera Multiespectral Regular (MUX), Imageador Multiespectral e Termal
(IRS), Câmera de Campo Largo (WFI), Dois Transmissores de Dados de Imagem ( MWT e PIT),
Gravador de Dados Digitais(DDR), Sistema de Coleta de Dados(DCS) e Monitor do Ambiente
Espacial (SEM); todos esses sistemas seriam eficazes para fazer com que o CBERS entrasse na
história espacial brasileira, porém por um erro fatídico de desligamento de propulsores antes da
hora o satélite não atingiu a órbita desejada e acabou entrando novamente na órbita terrestre onde
foi desintegrado. Com isso foi dado o adiamento do CBERS 4.
Atualmente o CBERS 4 ainda está em órbita fornecendo imagens de alto padrão de
qualidade para compreensão dos fenômenos ambientais, na figura abaixo nota-se a importância do
mesmo para estudos meteorológicos nas regiões nordestinas, com a formação de nuvens
Nimbostratus Praecipitatio, que impedem a passagem de radiação solar e vem acompanhada de
uma intensa precipitação, estas que por sua vez podem ocasionar transtornos aos grandes centros
urbanos, tais como, enchentes, deslizamento de terra, etc.
Figura 3 - Imagens, cortadas, do satélite CBERS - 4 no litoral nordestino, dia 21 de julho de 2017 às 12:55,
horário de Brasília, mostrando grande concentração de massas de nuvens com grande probabilidade de
ocorrer um evento meteorológico, deixando em alerta grande parte do litoral nordestino para grandes
precipitações.
Figura 4 - Imagem sensorial, do dia 27/07/2017 às 14:26, pelo satélite CBERS 4-IRS, no estado do
Amazonas, podemos perceber através da imagem, que se passa diversos cursos de rios ou seja faz parte de
uma bacia hidrográfica, onde esses cursos de rios passam pelas cidades de Manacapuru, Anamã.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
São nítidas a importância e a difusão que o sensoriamento remoto, teve e tem até os dias de
hoje nos estudos de como a natureza se modifica, pelos seus processos naturais, e como
modificamos nosso espaço físico, por forças antrópicas, conforme o passar do tempo. A
humanidade conseguiu chegar a um ponto muito elevado de conhecimento e assim pode se produzir
ferramentas tecnológicas que auxiliaram a evolução e o saber científico de nossa sociedade, no que
tange ao planejamento urbano e ambiental.
Tanto CBERS, CALYPSO, NOAA e VIIRS, satélites com tecnologias avançadas, são
responsáveis por diferentes aspectos dentro dos estudos de cunho ambiental, aspectos esses como o
ar, pelo CALYPSO, terra, com o CBERS, água e calor com o NOAA, e o VIIRS que apresenta um
aspecto mais geral, reunindo todos os 4 elementos que são pilares para uma sustentabilidade
pensada na geração futura do nosso planeta.
Cabe ainda ressaltar o quanto o Brasil cresceu nessa área, através do CBERS, porém depois
de muito sucesso em suas missões o futuro do nosso satélite ainda é obscuro, devido aos cortes de
gasto que governo brasileiro vem fazendo nos últimos anos, com isso podemos dizer que acarretará
um grande retrocesso a pesquisa prejudicando a toda sociedade no geral, já que em tempos de
mudanças climáticas e um maior entendimento dos processos do meio ambiente, e como esses vão
influenciar em nossa sociedade, se faz necessário a fomentação da pesquisa através do nosso aliado,
que é o sensoriamento remoto.
REFERÊNCIAS
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AF). Disponível em:<http://www.ssd.noaa.gov/PS/FIRE/Layers/VIIRS/viirs.html>. Acesso em:
28 jul. 2017.
RESUMO
A salinização e desertificação são impactos ambientais que precisam ser avaliados através de
práticas que visem a sustentabilidade das atividades rurais nas regiões áridas e semiáridas que
apresentam tendências para esses processos. O sertão central Cearense composto por 19 municípios
e uma população de 618.000 habitantes tem vivido esta situação que tem se intensificado nas
últimas décadas com o avanço da salinização sobre as áreas agricultáveis da região. O objetivo
deste trabalho foi de avaliar as condições necessárias para o desenvolvimento da espécie Atriplex
nummularia e também sua capacidade de combater a salinização do solo da região associada a
inserção da mesma nos arranjos produtivos locais. Notou-se que a região detém as condições
climáticas necessárias para o cultivo da espécie e que a mesma tem apresentado em outras
experiências relevantes resultados na recuperação de áreas degradadas, na produção animal de
ovinos e caprinos, sob a forma de feno, no aproveitamento energético de seu poder calorífero e mais
recentemente no suporte a produção de alimentos com baixos teores de sódio. Estes fatores fazem
do cultivo da Atripex nummularia na região do Sertão Central Cearense uma importe ação de
combate ao avanço da salinização relevante no processo de convivência com o semiárido e na busca
pelo alcance do desenvolvimento sustentável da região.
Palavras-chave: biotratamento, degradação, sustentabilidade
ABSTRACT
Salinization and desertification are environmental impacts that need to be evaluated through
practices that aim at the sustainability of rural activities in the arid and semi-arid regions that
present trends for these processes. The central sertão Cearense, made up of 19 municipalities and a
population of 618,000 inhabitants, has experienced this situation that has intensified in the last
decades with the advance of the salinization on the agricultável areas of the region. The objective of
this work was to evaluate the conditions necessary for the development of the species Atriplex
nummularia and also its ability to combat the salinization of the soil associated with the insertion of
the same in the local productive arrangements. It was noted that the region has the climatic
conditions necessary for the cultivation of the species and that it has presented in other relevant
experiments results in the recovery of degraded areas, in the animal production of sheep and goats,
in the form of hay, in the energy utilization of its calorific power and more recently in the support to
the production of foods with low sodium contents. These factors make the cultivation of Atripex
nummularia in the region of Central Sertão Cearense an important action to combat the advance of
relevant salinization in the process of coexistence with the semi-arid region and in the search for the
sustainable development of the region.
Keywords: biotreatment, degradation, sustainability
INTRODUÇÃO
A Região Nordeste ocupa 18,27% do território brasileiro, com uma área de 1.561.177,8 km²;
desse total, 962.857,3 km² se situam no Polígono das Secas, delimitado em 1936 por meio da Lei
175 e revisado em 1951. O Polígono, que compreende as áreas sujeitas repetidamente aos efeitos
das secas, abrange oito Estados nordestinos: o Maranhão é a única exceção, além de parte
(121.490,9 km²) de Minas Gerais, na Região Sudeste; já o Semiárido ocupa 841.260,9 km² de área
no Nordeste e outros 54.670,4 km² em Minas Gerais e se caracteriza por apresentar reservas
insuficientes de água em seus mananciais (SUDENE, 2004). Nessa região do Brasil a irrigação é
uma ferramenta fundamental para o progresso da agricultura, no entanto, a prática da irrigação
aumenta as concentrações de sais na superfície do solo (DANTAS et al., 2002). Estima-se,
atualmente, que, no mundo, 25% dos solos irrigados estão afetados por diferentes níveis de
salinidade (RHOADS et al., 2003). O Nordeste brasileiro possui de 20 a 25% da área irrigada com
solos afetados por sais (HOLANDA & AMORIM,1997). Com essas práticas, os solos salinos e
sódicos são encontrados com mais frequência nessas regiões áridas e semiáridas, e nesses solos há
diferentes proporções de cátions de sódio, cálcio e magnésio, além de quantidades menores de ânios
de bicarbonato, carbonato e nitrato (CORDEIRO, 2001). Portanto, práticas de recuperação e manejo
eficientes devem ser elaboradas e adotadas, partindo do princípio que o solo é um importante
recurso natural para agricultara.
A Atriplez nammularia é uma espécie que tem se destacado no semiárido pela facilidade de
adaptação a fatores abióticos e capacidade de fitoextração de sais solo (SILVA 2010). É uma planta
forrageira da família Chenopodiacea nativa da região desértica da Austrália, que apresentou bom
desenvolvimento nas regiões áridas e semiáridas da América do Sul, em particular da Argentina,
Chile e Brasil (SILVEIRA et al, 2009). Foi introduzida no nordeste brasileiro através de Inspetoria
Federal de Obras contra a Seca (OBRAS. . ., 1938).
Desta forma, o presente artigo busca estudar a capacidade da Atriplex nammularia de se
adaptar a regiões áridas e semiáridas e as condições necessárias para seu desenvolvimento no Sertão
Central – Ceará.
CONTEXTO DA SALINIZAÇÃO
salinidade. É uma problemática que vem aumentando de forma constante na maioria das partes do
mundo devido a irrigações pobres em práticas de drenagem (Drevo et al 2001).
Na região do Nordeste brasileiro a prática da irrigação aumenta as concentrações de sais na
superfície do solo (Dantas et al., 2002). A intensa evaporação superficial dessa região auxilia para
que parte dos sais fiquem retidos na camada externa do solo (Cordeiro, 2001).
Segundo Silva (2010) 55% das terras do mundo correspondem a regiões áridas e semiáridas
representam, isso equivale a 2/3 da superfície total de 150 países, com uma população ao redor de
700 milhões de pessoas. No Brasil o Nordeste ocupa 18,27% de território, grande parte dessa região
está situado sobre rochas cristalinas e com contato direto, no subsolo, a água proveniente desse tipo
de rocha, eleva o processo de salinização (Silva, 2010).
Estes problemas são intensificados em regiões que tem como a base de sua economia a
chamada agricultura de subsistência como os 19 municípios que compões a região do Sertão Central
Cearense, com uma área de 29.683,5 Km2 e uma população estimada em 617.840 habitantes, com
48% da população residente na zona rural e um IDH médio de 0,60 associado a países da África
como a República Popular do Congo e a Namíbia (IPECE, 2014). A região do Sertão Central já
sofre com a escassez hídrica e seu relevo acidentado, tem encontrado na rápida salinização de seu
solo um outro fator de depreciação e perdas significativas na eficiência da agricultura e pecuária.
Estes aspectos fazem de ações como o combate a salinização e o incremento de tecnologias de
convivência com a seca se tornem essencial para o desenvolvimento local.
ATRIPLEX NAMMULARIA
eficiência dos usos das terras agricultáveis em regiões áridas. Outra vertente para o uso da Atriplex
numulária para fitoextração é a remoção de contaminantes, em particular metais, do solo através da
absorção de raiz e translocação para os brotos. A fitoextração eficiente requer plantas de alta
biomassa com propriedades de translocação eficientes e que acumulam de forma característica
grandes quantidades de sais em material de tecido acima do solo e podem produzir alta produção de
biomassa (JORDAN, 2002).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Segundo os estudos de MIYAMOTO (1996) a planta vegeta bem em altitudes que variam
desde o nível do mar até 2800 metros de altitude, como em alguns países andinos como o Peru e
Chile, suportando temperaturas que podem variar de 18 a 35°C de média. Condições favoráveis as
estas podem ser observadas no Sertão Central Cearense com altitude média de 250 metros acima do
nível do mar e uma temperatura média variando de 25 a 32 °C. (IPECE, 2014). Ainda de acordo
com este, a região apresenta uma pluviosidade média anual de 813mm/ano concentradas nos meses
de Fevereiro a Maio e uma evapotranspiração média anual de 1200mm, possuindo solos em geral,
rasos ou moderadamente profundos, com grande frequência de chãos pedregosos e afloramentos
rochosos, sendo as associações mais comuns de Luvissolos Crômicos, Neossolos Litólicos,
Planossolos, Vertissolos, Neossolos Flúvicos e Argissolos Vermelho Amarelos (BRASIL, 2010).
Aganga et al., (2013) registraram em seu trabalho de investigação sobre o potencial
forrageiro da Atriplex numulária valores de tolerância da planta a temperaturas variando entre -8 e
35 °C, com a ressalva de que temperaturas invernais próximas ao limite podem causar a sua morte,
e valores de precipitação anual entre 49 e 1.000 mm, não registrando inconvenientes em
desenvolver-se em solos rasos. Estas informações coadunam com as condições encontradas na
região do Sertão Central Cearense possuindo um grande potencial para o fornecimento das
condições ideais de cultivo da espécie arbórea.
A região conta com 4.123 hectares de área plantadas e passou mais recentemente a ser alvo
da preocupação do uso de espécies mais resistentes a salinização em decorrência do avanço das
áreas em processo de salinização e desertificadas o que fez com que a região fosse enquadrada no
rol de áreas de grave suscetibilidade a salinização e desertificação pelo Ministério do
Desenvolvimento Agrário em seus estudos já no ano de 2010. Este fator é atribuído não só por
conta das características naturais do solo e clima, mas também é atrelado a práticas rudimentares de
agricultura e utilização de águas superficiais e subterrâneas que trazem em sua constituição
elevadas concentrações de sais (Brasil, 2010).
A estimativa de Singh (2015) é que 25% dos solos que receberam irrigação com águas
salobras apresentem elevados estágios de erosão e salinidade, trazendo como reflexo a diminuição e
até a inviabilização da prática da agricultura nestas regiões, estes valores representa no Sertão
Central Cearense uma área de 1025 hectares de área agricultável. Zucca et al., (2014) afirmam que
em termos ambientais o cultivo da espécie Atriplex nummularia possui o potencial de contribuir de
forma significativa com a estabilização e recuperação de solos degradados trazendo como
consequência o aumento e posterior restabelecimento da diversidade de invertebrados endêmicos
dos solos da região, Contribuindo também para redução de vazamento e posterior recarga do lençol
freático da região, estabilização de áreas salinas para que outras culturas possam ser plantadas. Os
mesmos autores destacaram a importante contribuição para a recuperação de diversas parcelas de
solo tratados com Atriplex nummularia, com vários espaçamentos diferentes, na região do
Marrocos.
Em termos econômicos a espécie possui um relevante potencial forrageiro constituindo-se
como fonte alternativa de alimentos podendo ser incorporado à alimentação animal na forma de
feno (PEQUENO et al., 2014). Seus valores nutricionais são descritos na tabela 01 sendo as
experiências mais exitosas ocorrendo quando misturada a alimentação dos processos de criação de
ovinos e caprinos. Souto et al., (2002), trabalhando com engorda de ovinos da raça Santa Inês, com
dietas tendo como fonte proteica o feno da erva-sal, encontraram resultados de 138g de peso vivo
por dia, utilizando 64,57% de feno de Atriplex nummularia misturado com energéticos e
volumosos, tais como raspa de mandioca, capins, palma ou melancia forrageira.
Estes valores foram sendo confirmados com estudos posteriores como registrados por
Mattos (2009) onde se observou o uso de Atriplex nummularia sob a forma de feno proporcionando
ganhos de até 300 g/animal/dia para ovinos confinados em rações com 75,5% de Atriplex
nummularia e 24,5% de capim elefante, e por Ahmed et al., (2014) na observação da digestibilidade
da planta em ovinos.
Estes resultados conferem a Atriplex nummularia um significativo potencial de sua
utilização no Sertão Central tendo em vista o porte do rebanho de ovinos e caprinos da ordem de
24.640 cabeça de ovinos e 6700 cabeças de caprinos (IPECE, 2014).
Na 69,7
K 20,3
Ca 5,5
Mg 4,6
P 2
Cinza 230
Proteína 103
Fibra 445
Lignina 9
Gordura 21,5
Já Gleen et al., (2013) descrevem, em seus estudos sobre bioenergia, o produto da poda da
Atriplex nummularia com um importante recurso energético, tendo os rendimentos por hectare de
lenha da planta variando de acordo com as condições com que a espécie é cultivada. Para citar um
exemplo na Tunísia, em localidades com precipitações de 280 mm/ano, cultivou-se Atripex
nummularia, durante o 1° ano, obteve-se 3.700 kg/ha de lenha fresca, equivalente a 1.900 kg depois
de secas. No segundo ano, os valores por hectare se elevaram a 5.800 kg de lenha fresca e 3.000 kg
em estado seco (Franclet & Le Houérou, 1971). Esses mesmos autores indicam que a densidade de
lenha de A. nummularia é relativamente elevada (0,75 g/cm3) e que desse arbusto pode-se obter
carvão de boa qualidade, estando seu poder calorífico em torno de 4.540 kcal/kg (Garcia, 1993).
Esse valor é aceitável quando comparado com o poder calorífico de algumas madeiras nativas da
África e América do Sul, que oscila em torno de 4.770 kcal/ kg, bem como da algaroba (Prosopis
sp.) que obtiveram média de 4.935 kcal/kg na madeira de seis espécies de algaroba (Pereira &
Lima, 2002) e de 4.088,55 kcal/kg para nim indidano (Azadirachta indica) (Araújo et al., 2000).
CONCLUSÕES
Por meio desse artigo é possível perceber que o Sertão Central Cearense apresenta
características para o desenvolvimento da Atriplex nummularia de forma a colaborar para a redução
de impactos do avanço das áreas salinizadas sobre a região, além da possibilidade do incremento de
produtos agropecuários importantes na fixação da população rural e a sustentabilidade da produção
rural. E além, que a utilização planejada da espécie Atriplex nummularia reflexos econômicos como
a possibilidade de participação nos processos produção de Ovinos e Caprinos, na produção de lenha
e no estudo de suas propriedades como tempero para alimentação humana, se constituindo como
uma importante variável nas questões que envolvem a convivência com o semiárido Cearense,
possibilitando impactos sociais diretos a aproximadamente 296.594 habitantes residentes da zona
rural da região do Sertão Central Cearense.
REFERÊNCIAS
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RESUMO
A Barragem Jaime Umbelino está localizada no rio Poxim-Açu em São Cristóvão Sergipe, na
região metropolitana de Aracaju e de acordo com a DESO (companhia de saneamento de Sergipe)
armazena cerca de 32 milhões de metros cúbicos de água, quantidade acumulada em pouco mais de
quatro meses, durantes os meses de chuva na região. Ainda segundo a DESO, a estrutura física da
barragem possui uma extensão de 1.125 metros, com uma área de inundação de 5,2 km² e uma
lamina d‘água de 15m. A construção de barramentos em rios para represar água, afeta diversos
fatores do corpo d‘água e dos ecossistemas que os circundam. Fatores físico-químicos, hidrológicos
e geomorfológicos do rio, uma vez alterados, podem causar transtornos à biota do ecossistema
aquático e alterar a qualidade da água a montante e a jusante da barragem, prejudicando o uso da
água para certas atividades. Em função dessas alterações, torna-se importante um estudo e gestão
dos impactos e risco, ambientais e sociais, que surgiram após a construção da barragem. Para
realizar essa avaliação foi aplicada um modelo de análise de riscos denominada Árvore de Eventos
(AAR), também chamada de Série de Riscos (SR). Neste sentido, com os dados obtidos a partir de
uma visita à área, foi elaborado um fluxograma que evidencia os acontecimentos movidos por um
evento, que geralmente ocasionam perigos.
Palavras Chaves: Barragem. Impactos. Gestão.
ABSTRACT
The Jaime Umbelino Dam is located on the Poxim-Açu River in São Cristóvão Sergipe, in the
metropolitan region of Aracaju, and according to DESO (Sergipe sanitation company) it stores
about 32 million cubic meters of water, amount accumulated in a few months, during the months of
rain in the region. Also according to DESO, the physical structure of the dam has an extension of
1,125 meters, with a flood area of 5.2 km² and a water slide of 15m. The construction of riverbeds
to dam water affects several factors of the body of water and the ecosystems that surround them.
Physico-chemical, hydrological and geomorphological factors of the river, once altered, can cause
disruption to the biota of the aquatic ecosystem and alter the quality of the water upstream and
downstream of the dam, damaging the use of water for certain activities. Due to these changes, it
becomes important to study and manage the environmental and social impacts and risks that arose
after the construction of the dam. To carry out this evaluation, a risk analysis model called the
Event Tree (AAR), also called the Risk Series (SR), was applied. In this sense, with the data
obtained from a visit to the area, a flow chart was elaborated that shows the events driven by an
event, which generally cause hazards.
Keywords: Dam. Impacts. Managements.
INTRODUÇÃO
ÁREA DE ESTUDO
Figura 01: Em vermelho á área alagada gerada pelo barramento da água, e em azul, a localização da estrutura
da barragem. Fonte: Google Earth.
METODOLOGIA
perigos e análise de riscos que averiguar sequências de eventos que podem ocasionar um Evento
Iniciador (VASCONCELOS, 1984).
Neste sentido, com os dados obtidos foi elaborado um fluxograma que evidencia os
acontecimentos motivos por um evento, que geralmente ocasionam perigos. Com base na realização
completa da análise de riscos, é permito a visualização dos possíveis contratempos que possuem
ímpetos maiores de ocorrerem, danificando o ambiente local.
RESULTADOS
OCUPAÇÃO
PRÓXIMO DO RIO
POXIM
CONSTRUÇÃO DA
BARRAGEM
ALAGAMENTO DE
ÁREAS DE
VEGETAÇÃO
MORTE DE
HABITAT
NATURAL
FALTA DE
FALTA DE REDE FALTA DE COLETA SUPRESÃO DA
ABASTECIMENTO
COLETORA DE RESÍDUOS VEGETAÇÃO
DE ÁGUA
POLUIÇÃO DE
POLUIÇÃO DO AUMENTO DE
RECURSOS
SOLO VETORES
HÍDRICOS
Nesta conjunta, foi registrado no local, o depósito irregular de lixo e resíduos sólidos de
origem doméstica. O povoado Timbó sofre com a falta de coleta de lixo, por parte dos órgãos
públicos, assim, o lixo produzido pela população, é jogada em locais próximos do rio Poxim ou é
queimado.
Estes atos, possivelmente originam perigos em razão de proporcionarem agravantes na
poluição do solo e da água, além de provocar um odor desagradável e propiciar o alastramento de
vetores de doenças, comprometendo assim, a saúde pública da área. Os resíduos possuem atributos
específicos, características que colocam em risco a sociedade, o que torna obrigatória a necessidade
de diversas maneiras de coleta, tratamento e disposição. Já a queima dos resíduos, em épocas de
forte calor durante o verão, pode dá início a incêndios que por sua vez acabam degradando ainda
mais a situação do local e pondo em risco a vida dos moradores.
O povoado Timbó e adjacências vive atualmente sérios problemas em relação ao
alastramento de mosquitos e pernilongos, possivelmente, este fato, pode ter se agravado com a
irregular destinação de lixo na área, que propicia condições para o alastramento de vetores.
O local também não possui rede coletora de esgoto, então, em diversas partes da área ocorre
esgotos a céu aberto, acarretando mais perigos com transmissões de doenças, além de poluição do
Rio Poxim e outros corpos d´agua. Além disto, a área carece de um sistema de abastecimento de
água, com isso, a população é obrigada a construir e utilizar poços, ou em alguns casos, os
moradores coletam água na barragem para a realização de atividades domésticas.
Outra problemática encontrada no local, é verificada com relação à retirada da vegetação.
Com a remoção da mata ciliar, grande parte do equilíbrio ecológico é modificado, a biodiversidade,
os cursos d‘agua, tornando assim, os rios mais vulneráveis a uma degradação acelerada.Com isso,
as matas ciliares possuem uma função fundamental para a manutenção ambiental da área, pois
promove proteção para os recursos hídricos e para o solo, controlando o assoreamento e erosão,
mantendo a qualidade da água e impedindo a entrada de poluentes para o meio aquático, servindo
como uma forma de barreira natural.
Os processos de cunho sócio-espaciais, interagem sinergicamente de certa maneira, com as
características biogeofísicas regionais da área, e proporcionam um contexto complexo e vulnerável
de problemas socioambientais decorrentes da ocupação irregular e da construção da barragem no
local em estudo. Perante esta análise, os perigos envolvendo a destinação irregular de resíduos
sólidos, a falta de coleta de efluentes e a supressão da vegetação, são frequentes e possuem
severidade que carecem de atenção. Além disto, possivelmente tendem a gerar mais transtornos
com o passar do tempo para a população da área. Estes riscos, que são decorrentes da falta de gestão
e planejamento para moradias ocasionam a população poucas alternativas para realização de
atividades. Pode ser visto na Figura 03, moradores utilizando a barragem para lavar roupas. Na
figura 04, podemos ver uma imagem com acumulo de lixo nas proximidades da barragem, e
vestígios de queimada deste material. Já na figura 05 pode-se ver a piscina de uma propriedade
particular que foi desapropriada pelo governo para a realização da obra, pode-se notar o descaso do
poder público em relação essa área uma vez que a situação dessa piscina abandonada serve de área
de reprodução de vetores de doenças.
Figura 03: Moradores que utilizam o rio Poxim para lavagem de roupas. Fonte: O autor.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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MCCULLY, Patrick. Silenced Rivers: the ecology and politics of large dams. London: Zed Books,
1996, p.350.
RESUMO
A pesquisa avalia o perfil do IED no estado de Pernambuco à luz de hipóteses sobre a interface
desse investimento com o meio ambiente e sobre o comportamento inovador de empresas
estrangeiras no país recipiente, levantadas em literatura da Economia Internacional e da Economia
do Meio Ambiente. Utilizaram-se dados dos Censos BACEN Anos-base 1995, 2000, 2005, 2010 e
de uma tabulação especial obtida com o IBGE das edições 2000 e 2008 da PINTEC. Avaliaram-se
as seguintes variáveis: país de origem do IED, atividade econômica, principal mercado, pessoal
ocupado, salários, valor da transformação industrial, dispêndios com atividades inovadoras,
estrutura de financiamento desses dispêndios, natureza e importância do impacto causado pela
inovação (consumo de energia, de água, segurança etc.). Como principais resultados pode-se
destacar que a maior parte do estoque de IED em Pernambuco é originário de economias
desenvolvidas, porém alocada, principalmente, em atividades intensivas em recursos naturais e em
escala, o que sugere risco ambiental relevante. Ainda, houve queda importante nos dispêndios com
atividades inovadoras, apesar de um crescimento do investimento em treinamento e aquisição de
conhecimentos externos. Chamou a atenção o fato de que as empresas declararam obtenção de
impacto relevante com suas inovações para elevar a capacidade produtiva, porém impacto baixo ou
sem relevância sobre o consumo de água e energia. Concluiu-se que, no caso do estado de
Pernambuco, o IED parece contribuir principalmente com aspectos da dimensão socioeconômica do
desenvolvimento sustentável. No caso da dimensão ambiental, o estado tem o desafio de monitorar
o comportamento das empresas principalmente em termos de emissão de poluentes e utilização de
recursos naturais. Em especial, não apenas o estado de Pernambuco, mas a Região Nordeste deve
adotar estratégias seletivas de atração do investimento estrangeiro e de controle ambiental tendo em
vista que, como ressaltou o estudo, a simples presença de IED originário de economias
desenvolvidas não garante contribuição para o desenvolvimento sustentável.
Palavras-chave: Investimentos estrangeiros. Inovações. Desenvolvimento sustentável. Pernambuco,
Brasil.
ABSTRACT
The paper evaluates the stock of foreign direct investment (FDI) in the state of Pernambuco
under hypotheses from the literature of International Economics and Environmental Economics
on the interface of this investment with the environment and the innovative behavior of foreign
companies in the recipient country. Data from the Brazilian Central Bank Census (BACEN) from
base-years 1995, 2000, 2005, and a special tabulation obtained with IBGE from 2000 and 2008
editions of PINTEC were used. The following variables were evaluated: country of origin of FDI,
economic activity, main market, people occupied, salaries, value of industrial transformation,
expenditures with innovative activities, financing structure of these expenditures, nature and
importance of the impact caused by innovation (energyconsumption, water consumption, safety
etc.). As main results, it can be emphasized that most of the stock of FDI in
Pernambuco originated in developed economies, but it is mainly destined to natural resource or
scale intensive activities, suggesting a significant environmental risk. Also, there was a significant
drop in expenses with innovative activities, despite the increase in investment in training and
acquisition of external knowledge. The fact that companies declare to have a relevant impact with
their innovations to increase productive capacity, despite the low or insignificant impact on the
consumption of water and energy also called attention. It was concluded that, in the case of the state
of Pernambuco, FDI seems to contribute mainly to the socioeconomic dimension of sustainable
development. In the case of the environmental dimension, the state has the challenge of monitoring
the behavior of companies, mainly in terms of emission of pollutants and use of natural resources.
In particular, not only the state of Pernambuco, but the Northeast Region should adopt selective
strategies for attractiveness of foreign investment and for environmental control, since, as the study
pointed out, a simple presence of FDI from developed economies does not guarantee a contribution
to the sustainable development.
Keywords: Foreign investments. Sustainable development. Innovations. Pernambuco, Brazil.
INTRODUÇÃO
37
Ver, por exemplo, UNCTAD (2011, 2013, 2015a, 2015b).
38
Considera-se oportuno mencionar que este estudo foi motivado exatamente pelo interesse em aprofundar a análise
empreendida em tese de doutorado voltada para a Região Nordeste, a qual recebeu a segunda colocação do Prêmio
Celso Furtado de Desenvolvimento Regional 2014, concedido pelo Ministério da Integração Nacional, e conta com
publicações derivadas em revistas nacionais e em uma internacional.
MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo faz uma avaliação descritiva-comparativa e tem como principais fontes de dados e
informações: a) o Banco Central do Brasil (BACEN) - são utilizados dados dos Censos de Capitais
Estrangeiros realizados no País (denotados aqui simplesmente como ―Censos BACEN‖) e
referentes aos Anos-base 1995, 2000, 2005 e 2010; b) o Instituto Brasileiro de Geografia e
39
Paixão (2014) apresenta uma extensa revisão de literatura teórica e empírica que corrobora essa afirmação.
Estatística (IBGE) – obteve-se tabulação especial com dados de empresas estrangeiras derivados da
primeira e de recentes edições publicadas da Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC), as
edições 2000, 2008 cuja referência temporal é 1998-2000, 2006-2008, respectivamente.
Reconhece-se a limitação de parte dos dados utilizados: o IBGE disponibilizou, sob
demanda específica, um número reduzido de observações sobre o comportamento inovador das
empresas de IED no estado. Ao mesmo tempo, tem-se em vista que essa restrição é parcialmente
compensada pelo fato de que a avaliação empreendida somente foi possível em razão da obtenção,
após sete meses da apresentação da demanda, de uma tabulação especial com dados de empresas
com capital controlador ―estrangeiro‖ ou ―nacional e estrangeiro‖.
Ainda, deve-se ter em vista especificidades da PINTEC e a limitação da tabulação especial
obtida que podem afetar a inferência dos dados aqui apresentados, a saber: a) apoiada na hipótese
de que a inovação é um fenômeno raro, a seleção amostral da PINTEC é propositadamente
desbalanceada, sendo as empresas de grande porte (mais de 500 empregados) pesquisadas de forma
censitária, isto é, incluídas com probabilidade um na amostra, e as pequenas e médias selecionadas
com probabilidade proporcional ao número de pessoas ocupadas, além de serem divididas em dois
estratos de acordo com a chance de serem inovadoras; b) a chance da empresa ser inovadora é
afetada por diferenças setoriais na indústria, como o grau de conteúdo tecnológico; c) em especial, a
tabulação obtida para a Região Nordeste contém poucas observações porque o universo de
empresas ―estrangeiras‖ ou ―nacionais e estrangeiras‖ é muito reduzido40.
Em suma, o leitor deverá ter em vista que a comparação entre edições da PINTEC fica
prejudicada tanto porque a variabilidade da amostra afeta a inferência dos resultados como pelo
número reduzido de observações, especialmente no caso nordestino. Por fim, os dados utilizados no
estudo são indicadores das variáveis de interesse relacionadas no Quadro 1.
O estudo também conta com o auxílio de taxonomias que classificam os setores das
indústrias extrativa e de transformação segundo o potencial poluidor (mais poluentes,
40
Pela PINTEC 2008, respondiam por apenas 4% do total dessas empresas no país contra 14% do Sudeste exclusive
São Paulo (Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo) e 60% de São Paulo isoladamente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
41
Até o fechamento deste trabalho, o BACEN não tinha divulgado resultados do Censo Ano-base 2010 combinando as
dimensões país de origem dos recursos e unidade da federação.
42
Inclusive, para minimizar esse problema, o BACEN adotou novos critérios no Censo Ano-base 2010: levantou o dado
por país investidor imediato (da empresa que participa diretamente do capital da empresa investida) e por país
investidor final (da empresa que ocupa o topo da cadeia de controle da empresa investidora imediata).
Diante desses primeiros dados de estoque de IED em Pernambuco em 2005, pode-se afirmar
que o perfil do IED atraído pelo estado seria favorável quanto ao potencial de comportamento
ambiental sustentável.
Economias desenvolvidas 46 75 82
Canadá 0 0 50
Países Baixos (Holanda) 30 67 17
Espanha 1 0 11
Japão 7 1 2
Bermudas 0 0 1
Luxemburgo 0 0 1
Estados Unidos 7 4 0
França 0 2 0
Itália 1 1 0
Economias em desenvolvimento 43 13 13
Ilhas Cayman 0 3 11
Ilhas Virgens Britânicas 8 9 1
Uruguai 5 0 1
Argentina 30 1 0
Diversos estrangeiros 10 11 7
Fonte: BACEN (2016). Censo de Capitais Estrangeiros. Elaboração das autoras.
Pode-se afirmar que essas características do IED em Pernambuco são favoráveis na medida
em que, conforme mostrou o estudo de Paixão (2014), o dado agregado para o Nordeste como um
todo mostra o dobro dessa concentração (22%) em atividades de alto potencial poluidor.
A Tabela 3 reapresenta o perfil setorial do IED no estado de Pernambuco e classifica os
setores segundo a tecnologia de produção. Novamente, observe-se que 15% do estoque não pode ser
avaliado em razão do critério de confidencialidade do BACEN.
Tabela 2 - Pernambuco: estoque de IED por setores da indústria de transformação e potencial poluidor, 2010
Setores da ind. de transformação US$ milhões1 Participação (%)
Setores mais poluentes 9
Produtos químicos 170 5
Produtos de minerais não metálicos 73 2
Metalurgia 88 2
Setores intermediários 64
Bebidas 1.923 53
Produtos alimentícios 328 9
Produtos de metal 87 2
Setores relativamente mais limpos 8
Produtos de borracha e material plástico 295 8
Demais setores declarados2 97 3
Outros3 626 15
Total 3.590 100
Fonte: BACEN (2016). Censo de Capitais Estrangeiros. Elaboração dos autores.
1
Participação estrangeira no capital. Desconsidera empréstimos intercompanhias. 2 Demais setores da
indústria de transformação declarados pelas empresas. O dado inclui dois setores não pertencentes à essa
indústria (impressão e reprodução de gravações). 3 Inclui setores não declarados pelas empresas e
informações que não atenderam ao critério de confidencialidade da divulgação dos dados.
Tabela 3 - Pernambuco: estoque de IED por setores da indústria de transformação e tipo de tecnologia, 2010
Setores da ind. de transformação US$ milhões¹ Participação (%)
Intensivos em recursos naturais 65
Bebidas 1.923 54
Produtos alimentícios 328 9
Produtos minerais não metálicos 73 2
Intensivos em trabalho 2
Produtos de metal 87 2
Intensivos em escala 15
Produtos de borracha e material plástico 295 8
Produtos químicos 170 5
Metalurgia 88 2
Demais setores declarados² 97 3
Outros³ 626 15
Total 3.590 100
Fonte: BACEN (2016). Censo de Capitais Estrangeiros. Elaboração das autoras.
1
Participação estrangeira no capital. Desconsidera empréstimos intercompanhias. 2 Demais setores
declarados pelas empresas. Inclui setores não pertencentes à indústria de transformação: impressão e
reprodução de gravações. 3 Inclui itens não elencados e informações que não atendem ao critério de
confidencialidade.
Tabela 4 – Empresas estrangeiras industriais, total e inovadoras, segundo a origem do capital controlador –
Brasil, Nordeste, Pernambuco - 1998-2008
1998-2000 2006-2008
Empresas Brasil NE PE Brasil NE PE
Total 2.113 97 29 2.300 102 24
Origem do capital controlador (número de empresas)
Mercosul 105 1 1 142 4 1
Estados Unidos 520 33 10 505 27 3
Ásia 212 13 4 160 16 2
Europa 1.123 40 14 1.317 43 18
Canadá e México¹ - - - 80 9 -
Empresas inovadoras (%)
Mercosul 60 - - 52 25 -
Estados Unidos 76 73 74 60 67 68
Ásia 59 100 100 56 50 50
Europa 57 42 57 54 46 53
Canadá e México - - - 59 78 -
Tabela 5 – Empresas estrangeiras industriais, total e inovadoras, segundo o potencial poluidor – Brasil,
Nordeste, Pernambuco - 1998/2008
Potencial 1998-2000 2006-2008
poluidor Brasil NE PE Brasil NE PE
Total (número de empresas)
Alto 611 50 7 577 39 4
Médio 919 32 18 1175 36 11
Baixo 582 14 3 548 27 8
Inovadoras (%)
Alto 71 74 100 54 53 23
Médio 61 50 48 56 66 72
Baixo 52 91 100 58 44 41
Fonte: PINTEC/IBGE. Elaboração das autoras.
Regional 65 38 14 56 50 33
Nacional 67 66 82 57 57 56
Mercosul 63 100 100 33 100 -
Estados Unidos 68 57 - 44 - -
Europa 34 - - 31 37 -
Ásia 33 100 100 55 50 -
Fonte: PINTEC/IBGE. Elaboração das autoras.
Tabela 7 – Empresas estrangeiras industriais, segundo o valor dos dispêndios com atividades inovadoras,
com indicação das atividades desenvolvidas – Brasil, Nordeste, Pernambuco - 1998/2008
1998-2000 2006-2008
Atividades inovadoras
Brasil NE PE Brasil NE PE
Aquisição de máquinas e 47 58 42 39 23 5
equipamentos
Treinamento 2 1 0 2 1 11
Outras atividades 26 31 48 16 17 54
Tabela 8 – Empresas estrangeiras industriais inovadoras, segundo a estrutura de financiamento das atividades
de P&D e demais atividades inovadoras – Brasil, Nordeste, Pernambuco - 1998/2008
1998-2000 2006-2008
Fontes de financiamento
Brasil NE PE Brasil NE PE
Dispêndios com inovações (em milhões de reais)
Tabela 10 – Empresas estrangeiras industriais, total e inovadoras, variáveis selecionadas – Brasil, Nordeste,
Pernambuco – 1998-2000
Variável 1998-2000 2006-2008
Brasil NE PE Brasil NE PE
Variáveis selecionadas (número de observações e 1.000 R$)
PO total 827.157 29.251 11.144 1.176.847 40.762 10.733
Salários 18.393.038 393.242 147.589 45.965.895 1.166.035 253.672
VTI 84.132.364 2.205.536 824.603 22.7420.002 5.977.324 1.399.535
Empresas inovadoras (%)
PO total 85 62 75 82 74 66
Salários 86 74 78 84 71 67
VTI 87 74 73 87 60 69
Fonte: PINTEC/IBGE. Elaboração das autoras.
A Tabela 11, por sua vez, apresenta um indicador de produtividade da mão de obra
(VTI/PO). Constata-se o mesmo desempenho mais elevado para o Brasil e o estado de Pernambuco.
Quando se trata da Região Nordeste, a produtividade das inovadoras é inferior, o que pode derivar
da menor participação de IED alocado em atividades de capacidade tecnológica superior ou
intensivas em ciência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Quadro 2 apresenta um resumo das inferências feitas no trabalho com base nos dados
observados. A ilustração permite identificar que de dez características do IED presente no estado do
Pernambuco avaliadas como possíveis fontes de impacto potencial relevante sobre o meio ambiente,
apenas quatro contribuiriam para o desenvolvimento sustentável porque seus impactos seriam
positivos.
Ambiental Socioeconômico
(+)
País de origem do IED (Tabela 1) (+)
via spillover
Setores de atuação do IED classificados segundo o (-) n.a.
potencial poluidor (Tabela 2)
Setores de atuação do IED classificados segundo o (-) inconclusivo
tipo de tecnologia da produção (Tabela 3)
País de origem e o comportamento inovador segundo (+)
o país de origem (Tabela 4) (+)
via spillover
O potencial poluidor e o comportamento inovador (+)
das empresas (Tabela 5) (+)
via spillover
Mercado destino da produção (Tabela 6) (-) (-)
Dispêndios com inovações (Tabela 7) inconclusivo inconclusivo
Estrutura de financiamento dos dispêndios com (+)
inovações (Tabela 8) (+)
via spillover
Impacto das inovações em termos de aumento da
capacidade produtiva e de redução do consumo de (-) n.a.
matéria prima (Tabela 9)
Impacto das inovações em termos de redução do
consumo de energia, água e impacto ambiental e/ou (-) n.a.
aspectos ligados a segurança (Tabela 9)
PO, Salários, VTI e comportamento inovador das n.a. (+)
empresas (Tabela 10)
Produtividade do trabalho (VTI/PO) e n.a. (+)
comportamento inovador das empresas (Tabela 11)
Fonte: elaboração dos autores a partir de dados da pesquisa.
Nota: n.a. = não aplicável. A conclusão obtida não seria aplicável à dimensão em questão.
econométricas possíveis para testar estatisticamente os resultados aqui obtidos. Ainda, estudos
complementares são necessários para contemplar o efetivo comportamento individual das empresas
e detectar, por exemplo, o nível de eficácia ou eficiência de seus sistemas de controle ambiental, sua
reação econômica e socioambiental a instituições formais e informais etc.
REFERÊNCIAS
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UNCTAD. United Nations Conference on Trade and Development. World Investment Report 1999:
FDI and the Challenge of Development. New York e Geneva/Suíça: United Nations, 1999.
Disponível em: <www.unctad.org/wir>. Acesso em: mar. 2012.
______. ______. World Investment Report 2011: Non-Equity Modes of International Production
and Development. New York e Geneva/Suíça: United Nations, 2011. Disponível em:
<www.unctad.org/wir>. Acesso em: maio 2015.
______. ______. World Investment Report 2013: Global Value Chains: Investment and Trade for
Development. New York e Geneva/Suíça: United Nations, 2013. Disponível em:
<www.unctad.org/wir>. Acesso em: maio 2015.
______. ______. World Investment Report 2015: Reforming International Investment Governance.
New York e Geneva/Suíça: United Nations, 2015a. Disponível em: <www.unctad.org/wir>.
Acesso em: maio 2015.
______. ______. World Investment Report 2015: Annex Tables. Geneva/Suíça: UNCTAD, 2015b.
Disponível em:
<http://unctad.org/en/Pages/DIAE/World%20Investment%20Report/Annex-Tables.aspx>.
ZARSKY, L. Havens, Halos and Spaghetti: Untangling the Evidence about Foreign Direct
Investment and the Environment. In: OECD (ed.). Foreign Direct Investment and the
Environment. Paris: OECD, 1999. p. 47-73.
RESUMO
O presente artigo aborda de forma preliminar as ocorrências de enchentes e inundações no alto
curso da bacia hidrográfica do Anil. O objetivo da pesquisa foi analisar a situação das áreas com
enchentes e inundações, mapear áreas com esses fenômenos e identificar a população atingida.
Nesse sentido, tem-se uma revisão teórica sobre os conceitos de enchentes e inundações, sobre a
problemática de áreas urbanas e o contexto geográfico da área para entender os fenômenos.
Adotaram-se os procedimentos técnico-operacionais alicerçados em Minayo (2000) da pesquisa
quantitativa, e para o alcance dos objetivos, foram executados os seguintes procedimentos:
levantamento bibliográfico e cartográfico, organização do ambiente de trabalho, mapeamento das
áreas atingidas por enchentes e inundações, realização de trabalhos de campo e entrevistas.
Palavras chave: Enchente, Inundações, Anil.
ABSTRACT
The present article addressed preliminarily the occurrences of floods and floods in the upper course
of the river basin of Indigo. The objective of this research was to analyze the situation of areas with
floods and floods, map areas with these phenomena and identify the population concerned. In this
sense, there is a theoretical review on the concepts of flooding and flooding, on the problems of
urban areas and the geographical context of the area to understand the phenomena. The adopted
technical-operational procedures grounded in Minayo (2000) quantitative research, and to the
achievement of the goals, the following procedures were performed: bibliographic survey and
mapping, organization of the work environment, mapping of areas hit by floods and floods,
conducting field work and interviews.
Keywords: Flood, Floods, Anil.
INTRODUÇÃO
inundações são decorrentes de alterações no uso do solo e podem provocar danos de grandes
proporções.
A ocorrência de enchentes e inundações está diretamente ligada à impermeabilização do
solo, o acumulo inadequado de resíduos sólidos, à ocupação das margens dos cursos d‘água e
retirada da cobertura vegetal. A inundação representa o transbordamento das águas de um curso
d‘água, atingindo a planície de inundação, também conhecida como área de várzea. Este é o
fenômeno natural mais comum em todo o mundo, as inundações também podem se caracterizar
tanto pela elevação de alguns centímetros, com podem, também, cobrir o telhado de uma casa.
Quando esses eventos ocorrem de maneira súbita são denominados de inundações relâmpagos ou
inundações bruscas.
Vale lembrar que somente as casas instaladas nas margens dos cursos d‘água estão sujeitas à
inundação isso nem sempre. As grandes inundações atingem toda a planície fluvial. Neste caso,
moradias distantes alguns metros do rio podem ser atingidas também.
Já as enchentes ou cheias são definidas pela elevação do nível d‘água do rio, devido ao
aumento da vazão, atingindo a cota máxima do canal, porém, sem extravasar. Quando extravasam,
as enchentes passam a ser chamadas de inundações e podem atingir as moradias construídas sobre
as margens do rio e se transformar em um desastre natural. Ressalta-se que os eventos supracitados
apresentam-se com um grande poder de destruição.
A exposição aos perigos ambientais coloca uma população em situação / condição de
vulnerabilidade frente aos efeitos de eventos catastróficos. Vulnerabilidade envolve um conjunto de
fatores que pode diminuir ou aumentar os efeitos do contato com os perigos a que o ser humano,
individualmente ou em grupo, está exposto nas diversas situações da sua vida como, por exemplo,
uma enchente, um assalto, a perda do emprego, uma doença, entre outras.
Para Galderisi et al., (2010) vulnerabilidade seria a combinação do estado de um sistema
com outros fatores, como capacidade para enfrentar e se recuperar de um evento catastrófico, o que
introduz os conceitos de resiliência e resistência.
METODOLOGIA DE TRABALHO
Esta pesquisa utiliza o método empírico43, sendo descritiva quanto aos objetivos e
quantitativos quanto à relação sujeito/pesquisador/sujeito sendo alicerçada em Minayo (2000). A
partir do objetivo geral e dos específicos adotados para este trabalho, foram realizadas diversas
etapas para o desenvolvimento da pesquisa, as quais estão descritas a seguir.
43
Conforme Fernandes et al.(2001) e Savage et al., (2004), apud Tominaga (2009).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A área de estudo está localizada no município de São Luís, na porção oeste da Ilha do
Maranhão, apresentando uma área de 5,26 km². A área apresenta grande impermeabilização do solo
em virtude do uso e ocupação urbana nos bairros Anil, Pirapora, Residencial João Alberto, Vila
Lobão, Vila Conceição, Tirirical, João de Deus e Jardim Alvorada. A dinâmica dos cursos fluviais
foi alterada em virtude da pressão da ocupação urbana, em que parcelas significativas da população
ocupam as áreas protegidas ilegalmente das planícies de inundação, acarretando problemas
ambientais relacionados à enchentes e inundações.
De acordo com lideranças da comunidade e os próprios afetados, mais de 100 famílias são
afetadas pelos eventos em questão com danos materiais, correspondentes à perda de móveis
domésticos devido à subida da água no interior das residências no período chuvoso, e imateriais,
como os de ordem psicológica.
A área apresenta uma urbanização bem consolidada, com residências e comércios com
empresas diversas, ocupando a planície de inundação. A vegetação característica é a secundária e há
grande deposição de resíduos sólidos nos canais, o que pode contribuir e intensificar estes
fenômenos nos períodos chuvosos. Entre os bairros afetados os mais atingidos são o Pirapora, Vila
Lobão e Vila Conceição. Nas demais comunidades, foram identificados somente pontos atingidos,
sem ocorrências de danos aos moradores.
No Anil (Área 1 da figura 1), o canal encontra-se retificado o que gera alterações dos cursos
d´água aumentando ainda mais sua magnitude, sendo no período de cheias as vias de acesso
interditadas onde o nível da água chega a 80 centímetro. No bairro Pirapora, representado pela Área
2 (Figura 1), cerca de 18 famílias já foram afetadas com as cheias do rio. Este bairro possui uma
grande ocupação irregular próxima ao rio e os residentes são famílias de baixa renda. Durante a
pesquisa também foi possível observar aterros na planície de inundação para construção de um
condomínio o que pode vir a agravar a situação de enchentes e inundações afetando moradores e
áreas adjacentes.
No residencial João Alberto (Área 3), várias famílias ocupam a planície de inundação;
durante os trabalhos de campo foram identificadas 22 casas em área de risco às enchentes e
inundações. Esta área caracteriza-se pela retirada da vegetação que acompanha o rio e depósito de
entulho para tentar reduzir o risco às cheias.
Na Vila Lobão (Área 4), os entrevistados relataram que já sofreram com as cheias e para
reduzir os impactos, os próprios moradores construíram um muro para contenção da água, podendo
gerar problemas ainda maiores aos moradores da comunidade. Mais de 60 casas estão instaladas
próximas ao rio; o último registro de cheia foi em 2004 que causou prejuízo e danos às famílias.
No bairro Vila Conceição que está localizado a Área 4 (Figura 1), o canal fluvial apresenta
em suas margens, vegetação secundária; as residências distam cerca de 30 metros do rio, porém,
alguns moradores constroem suas residências próximas ao canal fluvial. O representante do bairro
relatou que as cheias eram frequentes nas empresas e acredita-se que com o aterro construído, as
cheias não acontecem mais no bairro. Aproximadamente oito (8) casas já foram atingidas por
enchentes e inundações. Na Área 5 foram identificados somente pontos de enchente e inundações,
sem danos ao moradores da área.
No bairro Jardim Alvorada (Área 6), o rio está totalmente descaracterizado e tem-se apenas
a ocorrência de gramíneas nas margens do canal. Hoje, o rio é apenas um córrego com resíduos
sólidos e durante fortes chuvas, os moradores instalados às margens dele não conseguem sair de
suas residências. A figura 1 apresenta as enchentes e áreas em que ocorreram inundações nos
últimos anos, como os bairros Anil, Pirapora, Residencial João Alberto, Vila Lobão, Vila
Conceição, Tirirical, João de Deus e Jardim Alvorada. Acredita-se que a pesquisa contribuirá para o
planejamento integrado da área em questão, tendo um banco de dados atual e georreferenciado onde
foram mapeadas áreas de risco de inundações. Esse banco de dados pode ser utilizado na prevenção
de desastres e melhoria da qualidade de vida da população.
Figura 1- Mapa com áreas de enchentes e inundações no alto curso da bacia hidrográfica do Anil
Fonte: própria pesquisa, 2016.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
apresentar grande densidade populacional. Durante a pesquisa foi possível identificar 108 famílias
que sofreram e sofrem com as enchentes e inundações durante o período chuvoso.
REFERÊNCIAS
CARVALHO, C. S.; MACEDO, E. S.; OGURA, A. T. (Org.). Mapeamento de Risco sem Encostas
e Margem de Rios. Brasil: IPT, 2007.
MINAYO, M. C. S. Pesquisa social: teoria método e criatividade. 16 ed. Petrópolis: Vozes, 2000.
TUCCI, C. M. Controle de enchentes. In: TUCCI, C.M. (Org.) Hidrologia: ciência a aplicação.
Porto Alegre: Editora da Universidade/Edusp; ABRH, 1993.
RESUMO
Este artigo apresenta um estudo sobre os problemas ambientais decorrentes da construção e
operação de usina eólica. Para tanto, foram realizadas pesquisas em publicações nacionais e
internacionais, visitas técnicas a empreendimentos eólicos na região Costa Branca. O litoral da
Costa Branca é um território delimitado entre os municípios de Galinhos e Grossos e recebe este
nome devido ao seu grande potencial salino, sendo localizado no litoral setentrional do estado. O
litoral Costa Branca dispõe de um total de 24 (vinte e quatro) parques eólicos em operação,
evidenciando assim, um crescimento na geração eólica no estado. O setor de ―energias limpas‖ tem
criado um solavanco na exploração e produção energética, uma vez que a fonte energética é
abundante. A produção de energia eólica no Brasil tem ganhado destaque principalmente no
Nordeste, afim de diversificar a matriz energética atual, trazendo menos problemas ambientais
comparada a geração de energia por fontes poluidoras, porém deve-se promover o debate afim de
melhoria do sistema. O presente artigo aborda fatores relacionados aos problemas ambientais
ocasionados na implementação de parques eólicos no estado do Rio Grande do Norte,
especificamente no litoral da Costa Branca, demonstrando e evidenciando o desenvolvimento da
tecnologia eólica e identificando possíveis problemas ocorridos no processo de instalação e
operação das unidades eólicas na região.
Palavras-chave: eólica, problemas ambientais, energia, costa branca.
ABSTRACT
This article presents a study on the environmental problems arising from the construction and
operation of the Wind mill. For this reason, surveys were conducted in national and international
publications, technical visits to wind farms in the Costa Branca region. The coastline of the Costa
Branca is a delimited territory between the municipalities of Galinhos and Grosso and receives this
name due to its large saline potential, being located on the northern coastline of the state. The Costa
Branca's coastline has a total of 24 (twenty-four) wind farms in operation, thus demonstrating a
growth in the wind generation in the state. The "clean energy" sector has created a jolt in the
exploration and energy production, since the energy source is abundant. The production of wind
energy in Brazil has gained prominence mainly in the Northeast, in order to diversify the current
energy matrix, bringing less environmental problems compared to generating energy by polluting
sources, but it should promote the debate to improve the System. This article addresses factors
related to the environmental problems caused by the implementation of wind farms in the state of
Rio Grande do Norte, specifically on the coast of the Costa Branca, demonstrating and highlighting
the development of wind technology and Identifying possible problems occurring in the process of
installing and operating the wind units in the region.
Keywords: Wind, environmental problems, energy, Costa Branca.
INTRODUÇÃO
A produção de energia por meio da força dos ventos vem trazendo grandes investimentos e
preocupações, por se tratar de uma nova fonte de produção não se tem estudos amplos sobre os
problemas que podem ser gerados.
Segundo Terciote (2002) a energia eólica é uma fonte mais vantajosa economicamente e
socialmente devido as suas principais características, por ser inesgotável, renovável, não emite
gases poluentes e gerar incentivos para economia do local. Em relação a economia traz uma série de
benefícios para a comunidade onde será feito investimento para implantação do parque eólico,
geração de empregos no processo de instalação, funcionamento e manutenção, além disso a
empresa paga um valor referente ao uso do solo para o proprietário das áreas que será utilizada.
No processo de geração da energia eólica que ocorre pela força dos ventos que movimenta
as hélices, no qual aciona um rotor que se movimenta, e este está ligado a um gerador a qual produz
energia. Conforme Terciote (2002) a tecnologia utilizada pelas eólicas contribui fortemente com o
balanço energético, pois não emite gases como o Dióxido de carbono (CO²), não esgota as fontes de
combustíveis fosseis, assim como ocupam pouco espaço e esse mesmo espaço podem ser realizados
outras atividades produtivas como a agricultura e o pastoril.
Segundo o Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia - CERNE (2014), a
capacidade de produção de energia eólica no mundo cresceu 12,39 % em 2013 (TORINO, 2014.
pag.1). O Brasil dispõe de uma grande capacidade na geração de energias renováveis do tipo eólico,
sendo o 5º país na posição de ranking mundial de expansão da capacidade energética de geração
eólica em 2016 (MME, 2017). Os dados são da Global Wind Energy Council (GWEC), entidade
internacional especializada em energia eólica, que apontou acréscimo de 2.014 Megawatts de
energia entre janeiro e dezembro de 2016 (BRASIL, 2017).
Em 2015, o Brasil assinou o compromisso internacional na Conferência das Partes (COP) 21
de aumentar para 33 % o uso de fontes renováveis no país, neste período o estado do Rio Grande do
Norte ganhou destaque nacionalmente como liderança em produção de energia eólica na matriz
energética brasileira (BRASIL, 2015).
Ao longo dos últimos sete anos, o Rio Grande do Norte ganhou destaque nacional e
internacional ao conquistar o primeiro lugar geral em novos projetos eólicos licitados na
série de leilões federais anuais envolvendo esta fonte renovável de energia, iniciada em
2009. Guardadas as devidas proporções, a indústria dos ventos representa, para o Rio
Grande do Norte, um passaporte para o futuro tão relevante quanto o petróleo do pré-sal
para o Brasil. Entre 2009 e 2014, aportaram no RN mais de 10 bilhões de reais em
investimento direto, equipamentos, serviços e obras. Em 2014 o RN quebrou a barreira de 1
GW eólico em capacidade instalada, sendo o primeiro estado brasileiro a alcançar esta
marca. Por isso, é dever de todos nós, cidadãos norte-riograndenses, tratar bem desta
indústria e fazê-la crescer de forma sustentável, benéfica e produtiva para todos (CERNE,
2014, p. 4).
Além do grande potencial salineiro, o litoral Costa Branca vem se destacando na produção
de energias renováveis, a eólica (aerogeradores) e a solar (placas fotovoltaicas). Com o acentuado
crescimento nos setores de ―energias sustentáveis45‖ principalmente no setor eólico nos últimos
anos, encontra-se franco o elo de desenvolvimento tecnológico e uso sustentável. Segundo a
COSERN46 (2003), a geração de energia eólica se inicia com velocidades de vento da ordem de 2,5
– 3,0 m/s. O litoral Costa Branca possui uma área bastante promissora para o aproveitamento
eólico, com velocidade média anuais acima de 8,0 m/s (a 50m de altura) nas melhores áreas.
Nessa perspectiva, o objetivo do estudo visa evidenciar o desenvolvimento da tecnologia e
potencial eólico no Litoral Costa Branca do estado do Rio Grande do Norte, identificando possíveis
problemas ocorridos no processo de instalação e operação das unidades eólicas na região.
44
De acordo com a Secretaria de Estado do Turismo, o litoral Costa Branca está localizado no Rio Grande do Norte e é
composto pelos municípios de Areia Branca, Grossos, Tibau, Porto do Mangue, Macau, Guamaré, Galinhos, Caiçara do
Norte e São bento do Norte
45
De acordo com a ONU (2012) Energia sustentável - a energia que é acessível, barata, limpa e mais eficiente - é
essencial para o desenvolvimento sustentável. Ela permite que as empresas cresçam, gerem empregos e criem novos
mercados.
46
COSERN – Companhia Energética do Rio Grande do Norte.
MATERIAIS E MÉTODOS
O Litoral Setentrional é limitado a este pelo Cabo Calcanhar, município de Touros e a oeste
pela praia de Tibau, município de Tibau (divisa entre os estrados do RN e CE). Este setor
apresenta-se com 244 km de extensão, e representa 59% do litoral do RN, assim
distribuídos: 194 km (80%) de praias arenosas, 10 km (4%) de praias lamosas, restritas as
desembocaduras dos rios Piranhas-Açu, e 40 km (16%) de falésias ativas (VITALL, 2003).
Figura 01 - Mapa de localização de cidades com empreendimentos eólicos na Costa Branca, 2017.
Metodologia
47
A direção do vento representada pela letra ―E‖ tem significado ―Cardeal Este‖.
48
A direção do vento representada pela letra ―NE‖ tem significado ―Colaterais Nordeste‖.
RESULTADOS E DISCURSÕES
Assim como as demais fontes de energias renováveis e não renováveis, a fonte de energia
eólica, apresentam vantagens e desvantagens de uso de sua aplicação no meio ambiente. Dentre as
vantagens advindas da implementação de empreendimentos eólicos, pode- se destacar a necessidade
de mão de obra por parte da empresa, gerando emprego e renda no município.
Como afirma Rocha e Rossi (2003), uma das mais importantes vantagens do uso da energia
eólica dar-se-á fato desta ser absolutamente renovável, abundante, inesgotável e limpa.
Outros pontos positivos que podem ser observados são: suprir a demanda energética do país;
e trazer investimento para a comunidade em geral. Logo, a relevância do uso de energias eólicas
está relacionada ao recurso natural utilizado, em particular o vento, uma vez que é abundante na
atmosfera.
A utilização da energia eólica apresenta ainda mais vantagens se comparada ao modo de
produção energética tradicional. Fonte inesgotável movida pelo vento sem emissão de gases
poluentes e resíduos, que apresenta baixo impacto ambiental comparada a outras fontes de energia.
Dentro deste contexto, no Brasil a primeira turbina foi instalada em junho de 1992 e
incorporada na matriz energética brasileira no século XXI, ganhando espaço principalmente no
nordeste brasileiro (BRASIL, 2008). Segundo a ANEEL (2017) o litoral Costa Branca apresenta um
percentual energético outorgado de aproximadamente 758.570 kW49. O quadro 01 a seguir demostra
a distribuição do potencial eólico no litoral setentrional (Costa Branca) no estado do Rio grande do
Norte.
49
Dados ANEEL retirados da plataforma BIG (Banco de Informação de Geração) estruturado em 3 módulos iniciais de
consulta: Capacidade de Geração do Brasil, Resumo Estadual e Agente de Geração
Caiçara 45.000
Galinhos 118.570
Guamaré 284.450
Macau 70.270
Quando há pessoas que vivem perto de uma usina eólica, os cuidados devem ser tomados
para garantir que o som das turbinas de vento seja em um nível razoável em relação ao
50
Autorização para exploração de usinas termelétricas e outras fontes alternativas de energia e registro de centrais
geradoras com capacidade instalada reduzida (com potência igual ou inferior a 5.000 kW) (ANEEL, 2009).
nível de som ambiente na área. Devido à grande variação dos níveis de tolerância individual
ao ruído, não há nenhuma maneira completamente satisfatória para se medir os seus efeitos
subjetivos, ou as reações correspondentes de aborrecimento e insatisfação (NOISE
ASSOCIATION, 2002).
No âmbito ambiental, foi possível observar em algumas cidades a extração irregular mineral
de areia para uso de fabricação das bases de apoio do aerogerador, bem como o uso indiscriminado
de Áreas de Proteção Ambientais - APA tendo como exemplos a Reserva de Desenvolvimento
Sustentável Estadual Ponta do Tubarão - RDSEPT, localizada na cidade de Macau e a APA Dunas
do Rosado - APADR em processo de criação localizada nos municípios de Areia Branca e Porto do
Mangue (MAMERI, 2011; MELLO, 2014).
Assim como, é possível observar desvantagens relacionadas ao uso da fonte de energia
eólica, utiliza-se de uma grande área para a sua implementação, provocando desmatamento na área,
podendo vir a gerar perturbação das espécies daquela região.
Com relação à vegetação, a mesma pode ser suprimida no período de consolidação do
empreendimento, originando problemas como a degradação ambiental na região da Costa Branca,
podendo vim a modificar os habitats dos animais desta localidade.
Contudo, como toda atividade que utiliza recursos naturais os empreendimentos eólicos
geram problemas no meio ambiente. Nesse sentido, os pássaros, podem vir a colidir com as
estruturas (torres de alta tensão, mastros, janelas de edifícios) e com as turbinas eólicas, devido à
dificuldade de visualização (TERCIOTE, 2002. p. 30). Esse fator é bastante preocupante, pois altera
a rota dos pássaros e poderá causar a migração e extinção desses animais.
[...] Turbina eólica pode causar IEM por reflexão de sinais das pás de modo que um
receptor próximo recebe um sinal direto e um refletido. A interferência ocorre porque o
sinal refletido é atrasado devido à diferença entre o comprimento das ondas alterado por
causa do movimento das pás. A IEM é a maior em materiais metálicos, que são refletores e
mínimos para pás de madeira, que absorvem.
Dessa forma, é notório os problemas que podem vim a ser gerados pela implementação de
parques eólicos em Áreas de Proteção Ambiental, uma vez que, interfere nos âmbitos social,
ambiental e econômico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O setor de energia eólica tem crescido cada vez no país, e o nordeste brasileiro se destaca na
geração da mesma, porém, sua implementação vem gerando inúmeras discussões mediante suas
vantagens e desvantagens. No qual, podem gerar modificações ambientais, sociais e econômicas no
local inserido.
As desvantagens não podem ser sanadas, porém para cada problema existe medidas capazes
de minimizar e controlar causa e efeito. No entanto para dar continuidade ao segmento de energia
eólica cabe ressaltar a melhoria do planejamento e adoção de políticas no intuito de buscar medidas
de remediação tanto para a seguridade do meio ambiente, quanto das populações tradicionais.
REFERÊNCIAS
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ANEEL, 2002. Disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/arquivos/pdf/atlas3ed.pdf> Acesso
em: 11 ago. 2017.
ROCHA, A. et al. Análise da Viabilidade de Implantação da Energia Eólica no Brasil. 2001, 150f.
Trabalho de conclusão de curso (Lacto Sensu) - Faculdade de Saúde Pública. Universidade de
São Paulo, São Paulo, 2001.
ROCHA, A.; ROSSI, L. A. (2003). Geração de energia elétrica por fonte eolica- um estudo de
cinco dimensões da sustentabilidade. Disponivel em:
http://seeds.usp.br/pir/arquivos/congressos/CLAGTEE2003/Papers/RNCSEP%20B-191.pdf .
Acesso em: 16/05/2017.
SOUZA, L. L.; CUNHA, R. B.; SILVA, A. V.; SANTOS, M. H. P. Análise do impacto ambiental
causado pela geração de energia eólica. Engenharia e energia, 2015.
TABOSA, W.F.T.; LIMA, Z.M.C.; VITAL, H.; GUEDES, I.M.G. Monitoramento costeiro das
praias de São Bendo do Norte e Caiçcara do Norte – NE/ Brasil. Revista Pesquisas em
Geociências, Ed. UFRGS, RS 28 (2). 2001. p. 383-392.
TERCIOT, R. A energia eólica e o meio ambiente. In: Encontro de Energia e Meio Rural, 4.
Campinas, 2002. Anais... AGRENER, 2002. Disponível em
<http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000022002000100002&script=sci_
arttext >. Acesso em: 14/05/2017.
THOMAS, Jerry R.; NELSON, Jack K. (1996) Research methods in physical activity. 3.ed.
Champaign: Human Kinetics.
VITAL, H. (org). Erosão e Progradação Costeira No Estado do Rio Grande do Norte, NE Brasil.
In: II Congresso sobre Planejamento e Gestão das Zonas Costeiras dos Países de Expressão
Portuguesa, IX Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário e II Congresso do
Quaternário dos Países de Língua Ibéricas. Anais... Universidade Federal do Rio Grande do
Norte – UFRN. Recife, 2003.
RESUMO
Este trabalho traz as discussões sobre os impactos ambientais, sociais e psicológicos ocasionado na
maioria das vezes, pelas ações antrópicas no meio ambiente. Em virtude da busca exagerada do
TER e do SER por este mundo capitalista, que surgiu no século XXI, durante a Revolução
Industrial. Refletir sobre os possíveis impactos da construção da barragem do Engenho Pereira
sobre a vida das famílias transpostas para outras áreas é um grande desafio, mas ao mesmo tempo
uma oportunidade de estudar aquele ambiente. Para validação desse trabalho, foi adotada a pesquisa
exploratório-bibliográfica, em artigos, livros e reportagens relevantes ao tema, bem como visitas
exploratórias no Engenho Pinto. A contemporaneidade parece passar por uma inversão de valores, e
aos poucos emerge um ser humano da incompletude (LACAN, 1995), onde indica faltar quase tudo,
principalmente, educação, espiritualidade, amor, respeito, empatia, entre tantas outras virtudes
humanas. Implica em viver tempos de desequilíbrios, em particular, na relação homem-natureza. A
degradação ambiental é outro ponto de interrogação, considerando que não afeta só as pessoas,
prejudica todos os seres vivos de modo geral. Apresenta biologicamente falando, distúrbios para o
ecossistema, e consequentemente, surge o desequilíbrio das relações ser humano-natureza. Dessa
maneira inteiramo-nos da Educação Ambiental promovida pela Psicologia Ambiental como ponto
de apoio e resolução da problemática. A análise teórica da Psicologia Ambiental sobre o referido
impacto sofrido pelos moradores retirados do Engenho Pereira, é de fato elucidativa no que diz
respeito aos cuidados não só com o ser humano, mas também com o meio ambiente ao qual está
inserido e suas relações.
Palavras-chave: Educação ambiental; Psicologia ambiental; Barragem Engenho Pereira;
Degradação; Relações ser humano-natureza.
ABSTRACT
This work brings the discussions about the environmental, social and psychological impacts caused
in the majority of the times, by the anthropic actions in the environment. By virtue of the
exaggerated search to HAVE and BE for this capitalist world, which emerged in the XXI century,
during the Industrial Revolution. Reflecting on the possible impacts of the construction of the
Engenho Pereira dam on the lives of families transposed to other areas is a great challenge, but at
the same time an opportunity to study that environment. In order to validate this work, exploratory-
bibliographic research was used in articles, books and reports relevant to the topic, as well as
exploratory visits at Engenho Pinto. Contemporaneousness seems to undergo a reversal of values,
and gradually a human being emerges from incompleteness (LACAN, 1995), where he indicates
that almost everything, especially education, spirituality, love, respect, empathy, among many other
human virtues, is lacking. It implies living in times of imbalances, in particular, in the relation
between man and nature. Environmental degradation is another question mark, considering that it
does not affect only people, it harms all living beings in general. It presents biologically speaking,
disturbances to the ecosystem, and consequently, the imbalance of human-nature relations arises. In
this way, we become aware of Environmental Education promoted by Environmental Psychology as
a point of support and resolution of the problem. The theoretical analysis of Environmental
Psychology about the impact suffered by the residents of Engenho Pereira, is in fact elucidative
with regard to care not only with the human being, but also with the environment to which it is
inserted and their relationships.
Keywords: Environmental Education; Environmental psychology; Barrage Engenho Pereira;
Degradation; Human-nature relations.
INTRODUÇÃO
A contemporaneidade parece passar por uma inversão de valores, e aos poucos emerge um
ser humano da incompletude (LACAN, 1995), onde indica faltar quase tudo, principalmente,
educação, espiritualidade, amor, respeito, empatia, entre tantas outras virtudes humanas. Implica em
viver tempos de desequilíbrios, em particular, na relação homem-natureza. Ou o que Boff (2014)
intitulou de tempos das utopias mínimas viáveis.
As alterações climáticas, o aquecimento global, a escassez de água, a seca no semiárido
brasileiro, as enchentes desastrosas são indícios que o planeta está adoecido, assim como, a vida de
todas as espécies está ameaçada, inclusive o homem sapiens. Esse que por sua vez, destrói o próprio
habitat.
É nesse contexto que este trabalho busca estudar áreas degradadas pelo homem, em
comunidades de perca total, ou seja, pessoas /que perderam ―tudo‖, devido a intervenção humana
direta ou indireta. Quais impactos essas intervenções causam/causaram na vida das pessoas e no
próprio ambiente? É com base nessa questão que elegeu a Barragem Engenho Pereira, localizada no
Assentamento Herbert de Souza em Moreno – PE para aprofundar os estudos acerca da Psicologia
Ambiental, considerando o estudo do comportamento humano em seu contexto de inter-relação com
o meio ambiente.
Dessa forma, este trabalho introduz de modo geral o tema gerador desse estudo que é
Psicologia e Educação Ambiental. Enquanto a fundamentação teórica aprofunda os conceitos de
forma sistematizada, no sentido de estabelecer conexão com os conteúdos trabalhados em sala de
aula, e extraclasse. A metodologia referencia os passos dados para produção do trabalho. Ao passo
que as considerações finais fazem um fechamento sobre a percepção do grupo, e aponta
possibilidades de diminuir os impactos ambientais na comunidade estudada.
METODOLOGIA
Para validação desse trabalho, foi adotada a pesquisa exploratório-bibliográfica (GIL, 2008),
visando proporcionar maior conhecimento sobre a Psicologia Ambiental aplicada em áreas degradas
pelo homem. Além de visita in lócus no Assentamento Herbert de Souza, para o levantamento de
informações que reforcem a importância desta discussão tanto no âmbito individual quanto coletivo.
Como também a coleta de dados relevantes para fomentação de projetos que visem contribuir com o
desenvolvimento local.
A PSICOLOGIA AMBIENTAL
De acordo com Moser (1998) a Psicologia Ambiental uma área muito recente da Psicologia,
as discussões surgem por volta de 1960, tendo como um dos relevantes nomes o psicólogo Kurt
Lewin. Os primeiros livros publicados foram na década de 70, onde uma boa parte dos textos
emergiam a importância na constatação da problemática ambiental, assim como a poluição na vida
da sociedade.
Tem como objetivo estudar o indivíduo em seu contexto, a partir das inter-relações entre ser
e ambiente. Em função disso, a Psicologia Ambiental tem conceitos próprios para explicar os
impactos ambientais, como por exemplo: cognição ambiental, mapeamento mental, história
residencial, identidade ambiental, (percepção de) aglomeração, saúde pública, educação ambiental e
bem-estar social (MOSER, 1998).
Conforme Hess (2011) a Psicologia Ambiental procura assimilar como se dá a conduta
humana no meio ao qual está inserido, de modo que seja possível entender como o ser humano
reage as diferentes interações para com o meio. Estudando-o em seu contexto tanto social quanto
físico. Assim é analisada qual a compreensão da sua função no ambiente inclusive em condições
alteradas do ambiente ou Condições Ambientais Extremas (CAE). Evidenciando dessa maneira a
relevância das atitudes e avaliações levando-se em conta a produção de comportamentos
relacionados ao ambiente.
Destarte, a Psicologia Ambiental ocupa-se na compreensão dos efeitos dos fatores
ambientais nos comportamentos humanos, e como os sujeitos percebem essas ações e atuam em
retorno, tanto no campo individual quanto no campo coletivo. Todavia ao se tratar de ambiente
deve-se levar em consideração não só o espaço físico, o natural (ecossistema) e o construído
(comunidades), mas também a dimensão social e suas interpelações com esses espaços. É nesse
contexto de indivíduo-espaço-lugar que se tem o mastro central de compreensão não só da relação
homem-ambiente, mas da sua atuação com relação ao meio, favorecendo ou não o desenvolvimento
de ambos, conforme completa Hess (2011).
Silvia Lane (2006, p. 6) escreve que ―cada organismo humano tem suas características
peculiares; assim como não existem duas árvores iguais, também não existem dois organismos
iguais‖. Ela chama a atenção para a singularidade do indivíduo que convive com a pluralidade da
esfera social. Esse indivíduo representa o ―eu‖, e também o ―nós‖, a depender do lugar que esteja
analisando. Com isso, o sujeito e sociedade sofrem influências mútuas, visto que, ambos, são
agentes modificadores e agentes modificados.
Em Psicologia Ambiental as dimensões sociais, políticas, econômicas, culturais estão
sempre presentes na definição e constituição dos ambientes, considerando que cada sujeito percebe
e tem comportamentos individuais e coletivos em relação ao seu ambiente físico e social. Ele é
responsável e corresponsável pelos efeitos positivos e negativos desse espaço. O que Lane (2006)
citou de influências mútuas, principalmente, pela intervenção humana, ou seja, reciprocidade entre
indivíduo e ambiente.
A Psicologia Ambiental dialoga com a estrutura psíquica dos indivíduos, que por algum
motivo recebeu forte influência do meio ambiente, como por exemplo, o rompimento da barragem
em Mariana, o incêndio da Boate Kiss, a instalação do Complexo Industrial de Suape, a destruição
dos Manguezais no Pina, e a construção da Barragem Engenho Pereira, cujo é objeto de estudo
bibliográfico nesse trabalho. Isso é só uma amostragem de alguns impactos, entre o indivíduo e o
ambiente físico, tanto o ambiente natural quanto o construído.
As teorias sistêmicas dizem que ―é preciso reunir para compreender‖. Talvez essa questão
seja um dilema da contemporaneidade, principalmente, por vivermos em uma sociedade líquida,
onde muitas vezes, os indivíduos são vistos como coisas, ferindo os pressupostos constitucionais
básicos, o meio ambiente, e a humanização entre as pessoas (CAPRA, 1997).
É nessa conjuntura de juntar para compreender que a Psicologia Ambiental busca estudar as
inter-relações. Ao mesmo tempo, visa construir uma nova visão sobre o ser humano e o ambiente. A
emancipação, o diminuir os impactos, o fazer parte do ambiente requer mudança de cultura, e
certamente, novos comportamentos. O homem não é só, ele é apenas um, entre tantas outras
espécies. Entender e conviver harmonicamente com o ambiente humano, assim como, os demais
ambientes passa a ser uma pauta pública.
Por isso, importante saber que o conceito de ambiente é uma complexa
multidisciplinariedade das relações homem-ambiente, onde tudo pode ser construído e reconstruído,
desde que a vida do planeta seja respeitada e tratada em sua totalidade. Aqui considera todas as
espécies. Não basta só abrir barragens, necessário elaborar soluções sustentáveis tanto para a
população, quanto para os demais habitantes daquela comunidade. Inclui gente, insetos, plantas,
animais e todos os demais seres da natureza.
Para Gliessman (2000, pág. 234) ambiente:
Pode ser definido como a soma de todas as forças e fatores externos, tanto bióticos quanto
abióticos, que afetam seu crescimento, sua estrutura e reprodução (...) o ambiente no qual o
organismo ocorre precisa ser compreendido como um conjunto dinâmico, em constante
mudança, de todos os fatores ambientais em interação, ou seja, como um complexo
ambiental.
Nesse sentido, emerge a discussão da interdisciplinaridade do ambiente, onde tudo foi feito
para se conectar. Remete pensar que o comportamento humano é o principal responsável pelas
modificações do ecossistema. Isso de maneira tão ignorante, irresponsável e perversa que os
elementos naturais são perdidos de tal modo, que o próprio indivíduo desconhece os demais seres
vivos, e a si mesmo.
Por consequente, há necessidade de nova intervenção humana para reversão da circunstância
presente, ou seja, um processo de busca pelo equilíbrio. Não sabendo o homem que isso pode ser
compreendido como autodestruição. Cuidar do ambiente é um compromisso pessoal e social.
Nesse contexto, vale ressaltar o conceito de meio ambiente:
Toda relação, é multiplicidade de relações. É relação entre coisas, como a que se verifica
nas reações químicas e físico-químicas dos elementos presentes na Terra e entre esses
elementos e as espécies vegetais e animais; é a relação de relação, como a que se dá nas
manifestações do mundo inanimado com a do mundo animado (...) ...é especialmente, a
relação entre os homens e os elementos naturais (o ar, a água, o solo, a flora e a fauna);
entre homens e as relações que se dão entre as coisas; entre os homens e as relações de
relações, pois é essa multiplicidade de relações que permite, abriga e rege a vida, em todas
as suas formas. Os seres e as coisas, isoladas, não formariam meio ambiente, porque não se
relacionariam (TOSTES, 1994, p. 345).
Notório saber que o ser humano é um ser de múltiplas relações. É um ser de características
peculiares, onde tudo pode ser mudado, desde que, se tenha uma consciência mais crítica sobre o
ambiente, e educação ambiental, onde o desenvolvimento de habilidades e competências sejam
instrumentos didáticos para diminuir os impactos ambientais, uma vez que, o planeta vive uma
intensa degradação devido as intervenções humanas.
A degradação ambiental é hoje agenda mundial. Compõe a pauta estratégica dos Objetivos
de Desenvolvimento do Milênio (ODS). Garantir qualidade de vida e respeito ao meio ambiente é
responsabilidade de todos os habitantes do planeta. Desenvolver uma consciência crítica sobre o
homem e o meio ambiente pode ser uma discussão muito profunda e complexa, sendo sobretudo,
necessária.
Por área degradada compreende ―os efeitos ambientais considerados negativos ou adversos e
que decorrem principalmente de atividades ou intervenções humanas. Raramente o termo se aplica
Desapropriado em 1983 para fins da Reforma Agrária pelo INCRA, o Engenho Pinto
tornou-se oficialmente Projeto de Assentamento do INCRA, o qual recebeu o nome de
Assentamento Herbert de Souza, cujo, é localizado na zona rural de Moreno – PE, às margens da
BR 232.
O assentamento compreende 147 lotes, e atualmente acolhe 400 famílias que conquistaram o
direito de permanecer e produzir na terra, em virtude da Política da Reforma Agrária, heranças e
verbas rescisórias por meio do Estado.
Para a surpresa da população, em 2012, o Governo de Pernambuco através da Companhia
Pernambucana de Saneamento (COMPESA), anunciou a construção da Barragem Engenho Pereira,
que tinha como objetivo o controle das enchentes do Rio Jaboatão que afetavam o município de
Moreno e cidades vizinhas: Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife, e Vitória de Santo Antão,
além de aumento o fluxo de abastecimento de água de Moreno e Jaboatão dos Guararapes.
A partir daí foi montado uma comissão com representantes da população local, e esferas
governamentais para que juntos pudessem encontrar soluções de amenizar os impactos ambientais
naquela região. Mas isso, pouco foi considerado. E, aos poucos a população ia ficando sem vez, e as
obras continuavam. Greves, fechamento da BR, mas muito pouco adiantou. O que prevalecia era o
interesse de pessoas estranhas, de fora, os assentados não podiam ter seus interesses, nada mais, de
permanecer nos lotes, conforme divisão da União.
A COMPESA por sua vez, tenta amenizar a situação e oferece uma recompensa as famílias
pela destruição de suas casas. Consistiu que cada família assentada teria o direito de escolher as
verbas indenizatórias ou reassentado (em outro local). E, assim foi feito, todavia, ainda tem muito a
fazer, até porque a barragem foi iniciada, sem previsão para conclusão.
Enquanto isso, as famílias vivem o dilema da incerteza, ou seja, até quando podem ficar no
assentamento. Se serão removidas, se receberão todas as verbas prometidas. E, se realmente a
COMPESA fará o replantio das espécies nativas daquele ambiente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CAPRA, F. A Teia da vida. Uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São Paulo,
Cultrix, 1997.
LACAN, J. O Seminário, livro 4: A relação de objeto. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1995.
MOSER, G. (1997). Psicologia Ambiental. Estudos de Psicologia, Natal, vol.3, n.1, p. 121-
130. Jan/Jun 1998. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-294X1998000100008.
Acesso em 26 de março de 2017.
RESUMO
As áreas costeiras são zonas constantemente afetadas pelo crescimento desordenado das cidades
acarretando diversos impactos ambientais. O objetivo desta pesquisa foi avaliar os impactos
ambientais na comunidade da Ilha de Deus localizada no Bairro do Pina, Cidade do Recife-PE.
Realizou-se levantamentos bibliográficos; aulas de campo, visita técnica na área; uso de mapas e
imagens disponíveis; fotografias in loco; e um check-list adaptado para áreas estuarinas baseado em
três fatores: meio físico, meio biótico, e ambiente antrópico. Os dados quantitativos foram expostos
em uma tabela e classificados os indicadores de impactos na área. Diversos são os impactos
identificados na área: poluição da água, perda da Biodiversidade local e consequentemente o
empobrecimento do solo. Percebe-se que se faz necessário à realização de projetos socioeducativos
voltados em educação ambiental para a comunidade, além de ações mitigatórias para os impactos
ambientais e participação do governo, setor privado em parceria com a comunidade.
Palavras chave: Impactos ambientais; Meio biótico; Biodiversidade.
ABSTRACT
Coastal areas are areas constantly affected by the disorderly growth of cities, leading to several
environmental impacts. The objective of this research was to evaluate the environmental impacts in
the Ilha de Deus community located in Bairro do Pina, City of Recife-PE. Bibliographical surveys
were carried out; Field lessons, technical visits in the area; Use of available maps and images;
Photographs in loco; And a checklist adapted to estuarine areas based on three factors: physical
environment, biotic environment, and anthropic environment. The quantitative data were presented
in a table and the indicators of impacts in the area were classified. There are several impacts
identified in the area: water pollution, loss of local biodiversity and consequently soil
impoverishment. It is noticed that it is necessary to carry out socio-educational projects focused on
environmental education for the community, as well as mitigating actions for environmental
impacts and participation of the government, private sector in partnership with the community.
Keywords: Environmental impacts; Biotic medium; Biodiversity.
INTRODUÇÃO
Figura 1: O Manguezal do Pina e a Comunidade da Ilha de Deus (Pernambuco). Fonte: Adaptado do Google
Earth Pro (2017).
comunidade Ilha de Deus para terem seu modo de sobrevivência através da pescaria e atualmente
por cultivo de crustáceos por assim dizer.
Nativos, escravos, pobres livres recorreram aos manguezais brasileiros como fonte de
subsistência (SOFFIATI, 2004) sendo cada vez mais apropriados pelas camadas populares.
Na cidade do Recife, que teve sua urbe erguida sobre uma planície flúvio-marinha estuarina,
comportava inicialmente extensos manguezais. Com o processo histórico de exclusão social
e construção do espaço citadino que se inicia no período holandês em Pernambuco, as terras
alagadas foram ocupadas por populações pobres (ALVES, 2009) que construíram seus
mocambos ―casebres de palha, taboa ou pau-a-pique, e mesmo palafitas‖ (LEITE, 1977, p.
16), e se nutriram dos manguezais, evidenciando um ciclo biossocial, que Castro (1968)
denominou de ―O Ciclo do Caranguejo‖.
A comunidade está inserida na atividade de produção de alimentos que se encontra com uma
alta de produção no mercado do cultivo de crustáceos. Os moradores fazem vários tipos de cultivo
para obterem sua renda mensal e se manterem.
Através da produção de alimento que mais cresce no mundo (HERNÁNDEZ, 2000). São
desenvolvidas atividades de subsistência nos manguezais do recife como a aquicultura, ou
seja, o cultivo de qualquer organismo aquático, seja ele de água doce, salgada ou estuarina
(PILLAY, 1990).
Schaeffer-Novelli (1995) explica que as renovações da água dos estuários são controladas
pelos regimes das marés, que são oscilações verticais e periódicas das águas dos oceanos,
resultantes das forças de atração da lua e do sol sobre a terra. No Recife, a circulação
hidrodinâmica de inundação do Rio Capibaribe em situação de maré enchente e vazante
executa essa tarefa - fenômeno descrito no estudo de Consulplan (2009) - e que é
responsável por carrear água limpa por entre as áreas estuarinas recifenses, além de auxiliar
na eliminação de poluentes e transporte de material particulado (ARAUJO; PIRES, 1998).
Verifica-se que dentre o ecossistema e a relação com o homem que ocorre na Ilha de Deus,
se pode chegar a um consenso que se pode propor um modelo de conservação da área que venha de
encontro com as práticas que são realizadas no ambiente estuarino pelas populações tradicionais.
Diegues (2000), critica o modelo de conservação dominante, que tem na sua base conceitual
a ideia de que para haver conservação é preciso separar as sociedades humanas e a natureza,
desconsiderando o conhecimento acumulado por populações tradicionais aos longos dos anos sobre
o seu ambiente e uso dos recursos.
Para a etnoconservação, esse modelo dominante de conservação se rompe, valorizando o
conhecimento dessas populações e de como ele pode ser importante ou utilizado para a manutenção
da sustentabilidade local. A sociodiversidade é vasta e interferem-nos diversos modos de inter-
relação entre povos e o seu ambiente, que apesar de haver homogeneidade nas características de um
ecossistema, a exemplo dos aspectos bióticos e abióticos, a forma de interação entre o homem e um
determinado ecossistema será variável nos diversos locais onde ele existir (SOUTO, 2008).
A comunidade Ilha de Deus, faz parte do Parque dos Manguezais, na reserva estuarina da
bacia do Pina, e cercada por três rios – O Pina, Tejipió e Jordão. Situada no Bairro da Imbiribeira,
um bairro da zona sul da cidade do Recife, integra a 6ª Região Político-Administrativa da cidade,
faz limite com os bairros do Pina, Boa Viagem, Ipsep, Jiquiá e Afogados.
Está inserida nas áreas de Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) - instituídas a partir
da Lei de Uso e Ocupação do Solo da Cidade do Recife de 1983 (Lei n° 14.511/83) e conceituadas
como assentamentos habitacionais populares, surgidos espontaneamente a partir de ocupações em
áreas públicas e privadas, não dispondo de infraestrutura urbana básica de urbanização e sem ter sua
situação fundiária regularizada SEPLAG/FADE, (2007).
De acordo com a Fade (2007), estima-se uma população de 2.000 moradores, com cerca de
400 famílias, em uma área habitada de 3,65 ha. A área de estudo tem uma extensão total de 15,3 ha,
está inserida no estuário do rio Tejipió e no Parque dos Manguezais que possui aproximadamente
215 ha, é considerado um dos maiores manguezais urbanos do mundo e está inserido na Zona
Especial de Proteção Ambiental – ZEIS (Figura 1). Começou a ser ocupada durante o processo de
migração e ocupação dos grandes centros urbanos ocorridos durante o crescimento econômico do
século XX.
Em 2007 , quando o então governador Eduardo Campos escolheu a comunidade para
receber o primeiro projeto de urbanização de sua gestão, os moradores da ilha, em sua maioria
pescadores e catadores, viviam em barracos sobre estacas no mangue e atualmente as residências
são de tijolos, muitas construções possuem dois andares, e algumas casas existentes foram
construídas para atender os moradores mais antigos que possuíam um comércio na comunidade
(PPPS, 2017).
A priori, o estudo na comunidade foi realizado com intuito de agregar mais informações
sobre a população tradicional que reside nesta área, assim como dados referentes aos impactos
ambientais que o ambiente estuarino tem adquirido com a vivência desta população que lá reside e
assim propor mediadas mitigadoras para que ocorra um equilíbrio entre o ambiente e a população
que reside na mesmo.
METODOLOGIA
Tabela 1: Tabela de ―check-list‖ para área estuarina. Fonte: Adaptada por Tommasi (1994).
Pesos dos impactos (Pi) Notas dos efeitos (Ne) Classificação (PixNe)
5 = extremo -5 = extremo -1 a -3 = pequeno
3 = moderado -3 moderado -5 a -9 = moderado
1 = pequeno -1 = pequeno -15 a -25 = extremo
0 = ausente
Assim como a utilização de fotografias retiradas in loco para compor os métodos de análises
a serem abordados durante a visita técnica na comunidade Ilha de Deus, e a utilização de mapa para
localizar a área.
As figuras expostas abaixo fazem referência a Ilha de Deus, onde foi realizado um estudo de
campo para se descrever algumas identificações e classificações de três fatores que fazem referência
aos impactos ambientais ocorridos no meio físico, meio biótico, meio antrópico, demonstrados em
fotografias e classificados, mais adiante em tabelas. Tendo em vista o conceito de impacto
ambiental abordado por Wathern apud Sánchez (2008), que define este conceito como sendo: ―A
mudança em um parâmetro ambiental, num determinado período e numa determinada área, que
resulta de uma atividade, comparada com a situação que ocorreria se essa atividade não tivesse sido
iniciada‖.
A partir dessa análise podemos verificar os impactos presentes nos meios físicos (geologia,
relevo, ar, recursos hídricos, clima entre outros); meio biótico (vegetação, fauna terrestre, fauna
aquática etc.) e por fim o meio antrópico (elementos socioeconômicos, saúde pública, entre outros).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com alicerce no que foi visto e analisado na comunidade Ilha de Deus, referente aos seus
aspectos biótico, físico e antrópico, alicerçado com o check list da área onde se propôs a analisar os
níveis de impactos que estão ocorrendo na mesma, se vem a concluir que referente ao nível de
poluições que há no local como: poluição do ar; poluição das aguas; poluição do solo. Pode se dizer
com alicerce na valoração que foi feita, quanto a poluição do ar que está exposto na tabela 1, que há
uma classificação moderada de -3. Quanto a poluição das águas que se encontra na tabela 2, tem
classificação entre moderado -3 e extremo -5, a qual não é uma boa classificação para um estuário,
pois o ideal seria entre 1 a 2, chegando-se a conclusão que a área não está praticamente apta para
manter as produções que realizam.
Quanto à poluição do solo que está na tabela 3, tem-se uma variação referente quanto ao
local, que vai de pequeno -1 a extremo -5, pois dependendo de onde o mesmo é utilizado a poluição
é muito alta. Portanto, com alicerce na análise e na valoração se vem a propor que a comunidade
pode vir a utilizar os demais dados da pesquisa para assim chegar a elaborar medidas mitigadoras
para minimizar os demais problemas da área em que vivem, onde uma vez que executarem as
medidas, como projetos sociais para conhecimento do local em que vivem, junto com a
disponibilização de oficinas de educação ambiental, pode-se chegar a um equilíbrio para o
ambiente, assim como para a comunidade.
Durante o processo de ocupação, a vegetação vem sendo suprimida para ceder espaço às
moradias cada vez mais invasivas, como podemos observar na (Figura 2) e os impactos ao meio
ambiente, segundo o método de análise Check list, são considerados de grande relevância a biota
local.
Figura 2- Supressão das vegetações para ceder espaço áreas residenciais. Fonte: Autores
A figura acima expõe como vem se dando o modo de supressão da vegetação e com alicerce
na tabela, se observa que os impactos causados nestas áreas variam do moderado ao extremo e de
porte pequeno, chegando-se a concluir que se deve rever o modo como vem sendo ocupadas as
áreas de estuários.
estão tornando-se cada vez mais escassos, comprometendo a renda familiar das pessoas que
dependesse meio de subsistência para se manter.
Tabela 3. Expansão Urbana (Meio Antrópico) Aterro nos manguezais. Fonte: Autores
Impacto Tipo Área Temporalidade Reversibilidade Prazo Peso Efeito Classificação
Figura 5- Palafitas margeando o Rio Capibaribe no centro da Cidade do Recife. Fonte: Sérgio Bernardo
Figura 6- moradias nas margens do Rio Capibaribe no centro do Recife. Fonte: Autores
Essa disputa por espaço que antes ocorria apenas com o mangue, anos mais tarde torna-se
feroz e passa a ser disputada com o próprio homem, devido ao inchaço urbano, valorização da área
e investimentos governamentais findou na ocupação das áreas alagadiças. Segundo (BEZERRA,
1965 p 38-39):
―Valeram-se, por isso da sua condição social e financeira e aforaram ou ocuparam grandes
áreas‖. Algumas ordens religiosas também obtiveram este privilégio. Crescia então a
cidade. Abriam-se ruas e avenidas e estradas. ―Fazia-se aterro, invadindo-se os mangues e
disputando até com sangue as terras afogadas do Recife‖.
Durante a visita técnica, observou-se que há uma coleta regular dos resíduos, porém alguns
moradores ainda descartam os materiais no mangue ou nos pontos de coleta fora dos dias indicados
pelo serviço de limpeza urbana (Figura 8).
CONCLUSÃO
Ao termino deste trabalho podemos ter outra perspectiva da cidade do Recife, em especial a
comunidade da Ilha de Deus. Realizando percurso por meio do Rio Capibaribe, percebemos o
quanto é significativo à relação do homem com o rio, de como os resquícios de uma colonização
ainda estão presentes na história recifense. Uma cidade que despertou interesse devido a sua
localização geográfica e características naturais traz consigo um relato de lutas não só as dos
colonizadores, mas do povo que aqui chegaram fugindo da seca ou em busca de uma melhor
qualidade de vida, e se instalaram em áreas que na época eram bem valorizadas, mas devido ao
crescimento econômico, expandiu-se e expulsou aqueles que ali residiam para áreas mais distante e
não apropriadas para moradia, eis a disputa territorial do homem x natureza e posteriormente do
homem x homem.
Vale frisar que a análise foi satisfatória, devido aos resultados obtidos onde se encontrou
impactos de níveis pequeno, moderado e extremo na localidade que foi estudada os quais servirão
para propor medidas mitigadoras para minimizar e até vir a solucionar os mesmos, na comunidade
Ilha de Deus.
Com o presente estudo podemos compreender como os processos impactantes nos meios
físicos, biótico e antrópico são decorrentes de um tempo cronológico e não de algo tão recente
quanto se parece. Durante as análises realizadas podemos observar e compreender quais os fatores
determinantes para a ocorrência do impacto constatado, quais as ações impactantes para a
comunidade se relaciona com o meio, quais as medidas preventivas e adequadas para solucionar tais
problemas.
Sendo assim, vale salientar que é de suma importância que venha a ser criado um
mecanismo de conservação ambiental na localidade assim como uma unidade de conservação, para
que essa comunidade venha a expor seus etnoconhecimentos e tecnologias patrimoniais inerentes,
que deveriam ser considerados. A permanência desses pescadores no Parque dos Manguezais com o
exercício de suas atividades tradicionais é possível, para isso, havendo a necessidade de diálogo e
consenso em torno da escolha da unidade de conservação que considere a realidade socioambiental
local, a delimitação de áreas de uso sustentável e de proteção integral, uma cogestão entre poder
público e comunidade, voltados para a conservação ambiental e o desenvolvimento local endógeno.
No que se trata das ONGs, se faz necessário desenvolver não só um trabalho de educação
ambiental, mas um trabalho social por parte do governo e instituições privadas para uma melhor
qualidade de vida da comunidade e ao seu entorno. Sendo assim, chega-se à conclusão de que a
partir dos impactos constatados na área estuarina, há como propor medidas mitigadoras para
minimiza-los para chegar-se a um equilíbrio para o ambiente de ambas as partes, como a antrópica,
física e biótica, através de trabalhos de educação ambiental para a comunidade onde a mesma
compreenderá a importância do meio em que vivem. Diante de tal assertiva fica aberto a demais
propostas.
REFERÊNCIAS
Blog das PPP‘s , Ilha de Deus entra 2017 de cara nova no Recife. Disponível em http/:
http://www.blogdasppps.com/2017/01/ilha-de-deus-entra-2017-de-cara-nova-no-recife.html
http/:<revistas.ufpr.br/vernaculo/article/viewFile/18489/12029>Acessado em 24 de maio as
13:00.
RESUMO
A qualidade dos recursos hídricos tem sido comprometida devido à contaminação por atividades
antrópicas e industriais ao longo das ultimas décadas. O consumo de água com qualidade é de
extrema importância para a promoção da saúde e prevenção de riscos e agravos, sobretudo aqueles
relacionados à transmissão hídrica decorrentes de fatores ambientais. O atual trabalho foi realizado
em um trecho do Rio São Francisco localizado no município de Piaçabuçu – AL. Após a
identificação da área, as amostras foram coletadas manualmente ao longo das margens do rio São
Francisco, totalizando 5 amostras, utilizando garrafas pets tri-lavadas com água destilada,
dispositivos portáteis e GPS para demarcação das coordenadas geográficas. Foi realizado análises in
loco de temperatura, pH, condutividade e salinidade. Para a determinação da dureza total, os
materiais coletados foram encaminhados para o Laboratório de Ecologia Química da Universidade
Federal da Paraíba – Campus IV. Com os resultados obtidos de temperatura observa-se que ouve
uma pequena variação, cujos valores alteravam se entre 27,2 °C a 36 °C nos pontos amostrais. A
condutividade elétrica apresentou uma variação considerável entre os pontos amostrais,
apresentando maior valor de 726,9 µS/cm e o menor 8,69 µS/cm. O pH apresentou valores de
ligeiramente alcalinos à ligeiramente ácidos, revelando uma ótima capacidade de equilíbrio do
ecossistema. Em relação à dureza total, as amostras foram classificadas com muito duras de acordo
com o manual da FUNASA (BRASIL, 2014). Mediante os resultados das amostras, fica evidente
que a qualidade da água da foz do rio São Francisco não apresentou variações anormais para um
ambiente de estuário e essas alterações na quantidade de materiais dissolvidos podem ser
provocadas, tanto pelo despejo de esgotos e sedimentos, como pelo baixo nível de água que se
encontra no corpo hídrico que facilita o avanço do mar.
Palavras Chaves: análise, contaminação, parâmetros, recursos hídricos.
ABSTRACT
The quality of water resources has been compromised due to contamination by anthropic and
industrial activities in the last decades. Consumption of quality water is extremely important for
health promotion and prevention of risks and aggravations, especially those related to water
transmission due to environmental factors. The current work was carried out on a stretch of the São
Francisco River in the municipality of Piaçabuçu - AL. After the identification of the area, samples
were collected manually along the banks of the São Francisco river, totaling 5 samples, using
plastic bottles tri-washed with distilled water, portable devices and GPS for demarcation of the
geographical coordinates. In Loco analyzes of temperature, pH, conductivity and salinity were
carried out. In addition to forwarding the collected materials to the Laboratory of Chemical Ecology
of the Federal University of Paraiba - Campus IV. With the obtained results of temperature it is
observed that he hears a small variation, whose values changed between 27,2 ° C to 36 ° C in the
points of the samples. The electrical conductivity showed a considerable variation between the
sample points, presenting a value superior to 726,9 μS / cm and inferior to 8,69 μS / cm. The pH
presented values from slightly alkaline to slightly acidic, revealing an excellent ability to balance
the ecosystem. Regarding total hardness, the samples were classified as very hard according to the
FUNASA (BRAZIL, 2014). Based on the results of the samples, it is evident that the water quality
of the mouth of the São Francisco River did not show abnormal variations for an estuary
environment and these alterations in the quantity of dissolved materials can be caused by both the
discharge of sewage and sediments, low level of water that is found in the water body that facilitates
the advancement of the sea.
Keywords: analysis, contamination, parameters, water resources
INTRODUÇÃO
A água é o único recurso natural que tem a ver com todos os aspectos da civilização
humana, desde o desenvolvimento agrícola e industrial aos valores culturais e religiosos
aprofundados na sociedade. De acordo com levantamentos geo-ambientais, cerca de 70% da
superfície do planeta são constituídos por água, sendo que somente 3% são de água doce e, desse
total, 98% estão na condição de água subterrânea (GOMES, 2011).
A qualidade dos recursos hídricos tem sido comprometida devido à contaminação por
atividades antrópicas ao longo das últimas décadas. O consumo de água com qualidade é de
extrema importância para a promoção da saúde e prevenção de riscos e agravos, sobretudo aqueles
relacionados à transmissão hídrica decorrentes de fatores ambientais (JESUS & SOUZA, 2013).
Segundo as Resoluções CONAMA No 357/05, 396/08 e 430/2011 e Portaria N.º 2914, do
Ministério da Saúde, a qualidade das águas é representada por um conjunto de características,
geralmente mensuráveis, de natureza química, física e biológica, as quais devem ser mantidas
dentro de certos limites estabelecidos. Arcova e Cicco (1999) relatam que a qualidade da água dos
mananciais de áreas naturais é resultado de influencias climáticas, geológicas, ―fisiográficas‖, como
também do solo e da vegetação da bacia hidrográfica. Portanto, águas de bacias hidrográficas
superficiais possuem seus parâmetros de qualidades diretamente relacionados com os fatores
supracitados.
A bacia do São Francisco faz parte das doze regiões hidrográficas estabelecidas na
Resolução nº 32, de 15 de outubro de 2003, do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH),
que, ao definir a Divisão Hidrográfica Nacional, tem a finalidade de orientar, fundamentar e
implementar o Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH).
O rio São Francisco é um dos mais importantes cursos d‘água do Brasil e da América do
Sul. Passando por 5 estados e 521 municípios, tem sua nascente geográfica no município de
Medeiros e sua nascente histórica na serra da Canastra, no município de São Roque de Minas,
centro-oeste de Minas Gerais. Seu percurso atravessa o estado da Bahia, fazendo sua divisa ao norte
com Pernambuco, faz divisa natural dos estados de Sergipe e Alagoas e deságua no oceano
Atlântico, drenando uma área de aproximadamente 641.000 km² (UPB, 2017).
Portanto, o atual trabalho teve como objetivo analisar a qualidade ambiental da água da foz
do baixo curso do Rio São Francisco, a fim de verificar uma possível mudança no funcionamento
do ecossistema.
METODOLOGIA
O atual trabalho foi realizado em um trecho da foz do Rio São Francisco localizado no
município de Piaçabuçu – AL. O município de Piaçabuçu está localizado na região sul do estado de
Alagoas, limitando-se a norte com os municípios de Penedo e Feliz Deserto, a sul com o rio São
Francisco, a leste com o oceano Atlântico e a oeste com Penedo. Situado na mesorregião de leste
Alagoano e microrregião Penedo, apresentando uma área territorial de 240,014 km2, com estimativa
de 18.043 habitantes e localização geográfica 10°25'24" Sul de latitude e a 36°26'03‖ Oeste de
longitude (IBGE, 2010) (Figura 1). O município está inserido na bacia hidrográfica do Rio São
Francisco, que banha sua sede e o limita a SSW. No limite Sul do município, encontra-se o estuário
do Rio São Francisco (CPRM, 2005).
O rio São Francisco nasce na Serra da Canastra (MG), e chega a sua foz, no oceano
Atlântico, entre Alagoas e Sergipe, percorrendo cerca de 2.800 km. A bacia hidrográfica engloba
parte do Semiárido brasileiro, que corresponde a aproximadamente 58% dessa região hidrográfica, e
está dividida em quatro unidades: Alto, Médio, Submédio e Baixo São Francisco (ANA, 2017).
Para a realização das coletas de dados foram utilizadas garrafas pets tri-lavadas com água
destilada e GPS para a demarcação das coordenadas geográficas. Após a identificação da área, as
amostras foram coletadas manualmente ao longo das margens do rio São Francisco, totalizando
cinco amostras, com quatro repetições, totalizando 20 dados amostrais, utilizando garrafas pets tri-
lavadas com água destilada, dispositivos portáteis e GPS para demarcação das coordenadas
geográficas (Tabela 1). Foi realizado análises in situ de temperatura, pH, condutividade e salinidade
com auxilio de aparelhos portáteis. As amostras coletadas também foram encaminhadas para o
Laboratório de Ecologia Química da Universidade Federal da Paraíba – Campus IV, a fim de
realizar as análises químicas do parâmetro de dureza total da água seguindo a metodologia de
Standard Methods (2012).
Identificação Caracterização
Localizado em uma ilha fluvial, as margens do Rio São Francisco, onde
atualmente apresentando pouca vegetação, estando presentes algumas
Amostra 1
espécies de mangues, samambaias, coqueiros e alguns animais como
(A1)
caranguejos chama maré da família Ocypodidae. Sendo realizada às 10 horas
da manhã, apresentando maré baixa (Figura 2A).
Amostra 2 Também localizado em ilha fluvial, um pouco mais afastado da margem do
(A2) Rio São Francisco, formação de uma pequena lagoa, presença de mangue
A partir dos dados encontrados, calculou-se a mediana, desvio padrão, valor mínimo e
máximo de ocorrência dos parâmetros químicos da água, considerando-se todas as amostragens
realizadas, além dos valores máximos permissíveis em água (V.M.P.) estabelecidos na Resolução
CONAMA Nº 357 (BRASIL, 2005) e informações do Manual da Fundação Nacional de Saúde -
FUNASA (BRASIL, 2014).
B
A
C D
Figuras 2 (A-E): Registro fotográficos dos pontos de coletas na foz do rio São Francisco
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com os resultados obtidos de temperatura, observa-se que ouve uma pequena variação, cujo
os valores alteravam se entre 27,2 °C à 36 °C nos pontos amostrais (Tabela 2). Podemos observar
que a temperatura diminui ao chegar próximo a foz do rio São Francisco (Figura 1 e Tabela 2). A
temperatura mais elevada identificada foi amostra 1, estando a 4,8 km de distância da amostra 5,
mostrando uma variação de temperatura decrescente entre as demais amostras. Baggio (2016)
também observou uma variação média de temperatura de 4,1°C ao longo do rio São Francisco: a
montante estabeleceu-se zonas térmicas com variações de temperatura entre 20,50ºC e 21,00ºC;
entre Várzea da Palma e o distrito de Buritis, a temperatura da água ficou posicionada entre 21,0°C
e 22,0ºC; e entre o distrito de Buritis, até a foz com o rio São Francisco, a zonas térmicas de
temperaturas da água situar-se entre 22,0°C a 24,5°C, apresentando os maiores valores, fato este
relacionado à morfologia do canal (profundidade do leito fluvial, fluxo laminar e velocidade da
água) e ao restrito sombreamento natural exercido pela vegetação ciliar.
Vale ressaltar que o parâmetro temperatura é uma variável constante, onde está sempre em
variação, estando dependente também de alguns fatores, sendo eles químicos, físicos ou biológicos.
Zumach (2003) afirma que a temperatura da água é influenciada por fatores tais como radiação
disponível, latitude, altitude, estação do ano, período do dia, taxa de fluxo e profundidade. No
entanto a temperatura é um importante fator modificador da qualidade da água, onde exerce uma
influência direta sobre o metabolismo dos organismos aquáticos e pela relação com os gases
dissolvidos existentes nos corpos hídricos. Para Tucci (2004) a temperatura pode ser considerada a
característica mais importante do meio aquático, a variação térmica, influencia grande parte dos
outros parâmetros físico-químicos da água tais como: a densidade, viscosidade, pressão de vapor e
solubilidade dos gases dissolvidos.
Como foi observado nas análises realizadas, a condutividade elétrica apresentou uma
variação considerável entre os pontos amostrais, apresentando maior valor de 726,9 µS/cm e o
menor 8,69 µS/cm nas amostras 2 e 4 (Tabela 2). Vale advertir que ambas as amostras foram
coletadas próximas a uma área de mangues, estando a 3,18 km de distância entre elas, sendo que em
uma das áreas de coleta (amostra 2) existia um acúmulo de água (pequena lagoa) e espécies de
mangue mortos provavelmente pela maior concentração de íons dissolvidos oriundos do processo
de evaporação da água do rio. A resolução nº 357 do CONAMA (BRASIL, 2005) não preconiza
limites aceitáveis de condutividade, mas no manual de controle da qualidade da água para técnicos
que trabalham em ETAS (BRASIL, 2014) contém a informação que as águas naturais apresentam
teores de condutividade na faixa de 10 a 100 µS/cm, em ambientes poluídos por esgotos domésticos
ou industriais os valores podem chegar a 1.000 µS/cm.
De acordo com a CETESB (2009), a condutividade elétrica é caracterizada pela expressão
numérica da capacidade da água conduzir corrente elétrica, sendo uma função entre a temperatura e
a concentração iônica, indicativo de quantidade de sais na amostra, e é uma medida indireta da
concentração de poluentes, em geral, valores de condutividade elétrica superiores a 100 μS/cm
indicam ambientes impactados. Ternus et al (2011) e Pedrosa e Rezende (1999) diz que valores de
condutividade elétrica são mais influenciados por meios físicos (clima, hidrologia) e fatores
químicos (geologia local, solubilidade mineral) e por impactos humanos (por exemplo, o uso de
fertilizantes, as mudanças na vegetação) do que eles por fatores biológicos.
A condutividade e salinidade são de fundamental importância, pois indica possíveis
alterações na qualidade de corpos hídricos, principalmente quando está relacionada à concentração
mineral. Para Libânio (2008) a condutividade elétrica da água depende diretamente da temperatura,
pois a condolência elétrica propaga-se em função da presença de substâncias dissolvidas na água,
em que se dissociam em ânions e cátions, sendo diretamente proporcional à concentração de íons.
O pH é uma variável ambiental muito importante, onde indica a condição de acidez,
neutralidade ou alcalinidade de uma amostra, representando a concentração de íons de hidrogênio.
Com os dados obtidos foi observado que as amostras apresentaram valores de ligeiramente alcalinos
à ligeiramente ácidos (Tabela 2), revelando uma ótima capacidade de equilíbrio do ecossistema. A
resolução Nº 357 do CONAMA (BRASIL, 2005) define para águas salobras uma faixa de pH
variando de 6,5 a 8,5. Segundo Peres et al. 2009, as águas naturais de superfícies apresentam pH
variando de 6,0 a 8,5, intervalo adequado a manutenção da vida aquática, além de influi no grau de
solubilidade de diversas substâncias, na distribuição das formas livres e ionizadas de diversos
compostos químicos, definindo inclusive o potencial de toxicidade de vários elementos. Gonçalves
(2013) afirma que o pH não sofre muita variação com alta concentração de sólidos dissolvidos
totais e de íons carbonatos após a oxidação.
CONCLUSÃO
Mediante os resultados das amostras, fica evidente que a qualidade da água da foz do rio São
Francisco não apresentou variações anormais para um ambiente de estuário e essas alterações na
quantidade de materiais dissolvidos podem ser provocadas, tanto pelo despejo de esgotos e
sedimentos, como pelo baixo nível de água que se encontra no corpo hídrico que facilita o avanço
do mar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Francisco. Disponível em: <
http://www2.ana.gov.br/Paginas/imprensa/noticia.aspx?List=ccb75a86-bd5a-4853-8c76-
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ARCOVA, F. C. S.; CiCCO, V. Qualidade da água de microbacias com diferentes usos do solo na
região de Cunha, Estado de São Paulo. ScientiaForestalis (IPEF), PIRACICABA, n.56, p. 125-
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CETESB - Companhia Ambiental Do Estado De São Paulo. Variáveis de qualidade de águas. 2001.
Disponível em: < http://cetesb.sp.gov.br/aguas-interiores/wp-
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Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico. 2003.
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo diagnosticar a situação socioeconômica e ambiental do entorno da
Lagoa do Apodi-RN, bem como identificar as implicações na qualidade de vida das populações
ribeirinhas, situadas no bairro Malvinas, do referido município. Como procedimento metodológico
foi utilizado um questionário semiestruturado com questões sobre o perfil socioeconômico do
entrevistado e componentes de percepção ambiental. Foram realizadas 185 entrevistas, durante os
meses de fevereiro a maio de 2017. No tocante aos resultados coletados, os resíduos e efluentes de
esgotos residenciais causam diversos impactos ao ambiente, acarretando problemas ligados a saúde
da população e a degradação dos recursos naturais. Além disso, verificou-se que grande parte dos
indivíduos estão inseridos em um meio de vulnerabilidade socioeconômica e ambiental. A
realização de eventos culturais foi apontada pela população como um dos principais agentes da
poluição da lagoa. Apesar de tais poluições, a água desse ambiente aquático ainda é utilizada para
diversas as atividades, incluindo a pesca e agricultura. Assim, a Lagoa de Apodi, está com sua
condição ambiental comprometida e faz-se necessário a adoção de medidas mitigadoras, com o
intuito de promover o desenvolvimento sustentável e reverter o atual nível de degradação ambiental.
Palavras-chave: Degradação dos recursos hídricos; percepção ambiental; vulnerabilidade
socioeconômica.
ABSTRACT
The objective of this study was to diagnose a socioeconomic and environmental situation in the
surroundings of the Apodi-RN Lagoon, as well as to identify the municipal communiqué as an
implication in the quality of life of the riverside populations located in the Malvinas neighborhood.
As a methodological procedure, a semi-structured questionnaire was used with questions about the
socioeconomic profile of the interviewee, components of environmental sanitation resources and
environmental perception. A total of 185 interviews were completed during the months of February
to May 2017. Residues collected were not met and residential sewage effluents cause several
impacts to the environment, leading to serious problems related to population health and the
degradation of natural resources. In addition, it was verified that much of the case is inserted in a
medium of socioeconomic and environmental vulnerability. An accomplishment of cultural events
in the time of the population as agents of pollution of the lagoon. Despite such pollution, water from
this aquatic environment is still used for various activities, including fishing and agriculture. Thus,
an Apodi Lagoon has its environmental condition compromised and it is necessary to adopt
mitigating measures in order to promote sustainable development and reverse the current level of
environmental degradation.
Keywords: Degradation of water resources; Environmental perception; Socioeconomic
vulnerability.
INTRODUÇÃO
A água é apontada como um recurso renovável e inesgotável na natureza, com isso passa a
ser fator de preocupação em relação a sua disponibilidade e qualidade, necessitando de uma atenção
prioritária do poder público e da sociedade, para que seja possível promover a utilização sustentável
desse recurso (NEUTZLING, 2004).
Nesse sentido, observa-se que a água pode ser utilizada para diversos fins: consumo
humano; atividades agrícolas e pecuárias; geração de energia; transporte; abastecimento industrial;
pesca e aquicultura e turismo e lazer (DERÍSIO, 2012). Ainda é possível acrescentar os usos
múltiplos da água para: preservação da flora e fauna; harmonia paisagística e diluição de efluentes
(VON SPERLING, 2005).
Desta maneira, esses diversos tipos de usos corroboram para processos de poluição hídrica
(VON SPERLING, 2005). Nesse caso, a poluição hídrica classifica-se em: poluição térmica,
poluição química e poluição biológica (BENN; MCAULIFFE, 1981).
Ainda é possível apontar que os efeitos dos diferentes tipos de poluição da água são
complexos e, em muitos casos, ainda não compreendidos totalmente. Sendo assim, a contaminação
da água é um dos maiores agentes vinculados a patologias que comprometem à saúde humana, pois
é bastante afetada pelos vários tipos de poluentes (RIBEIRO; ROOKE, 2010).
Visto isso, é possível totalizar que os impactos ambientais dos recursos hídricos e sua
contaminação têm incontáveis consequências econômicas, sociais e ambientais, além de produzir
problemas de saúde pública e a deterioração dos recursos (MARTINELLI, 2009).
Diante desse contexto, tornam-se fundamentais investigações sobre a qualidade ambiental
dos recursos hídricos com influência antrópica, especialmente em áreas urbanas, já que nessas
localidades existe o eminente risco de ocorrer efeitos na saúde humana com maior frequência, já
que ocorre maior aglomerado humano.
No Semiárido, essa discussão precisa ser mais enfatizada, principalmente devido as
limitações climáticas dessa região, com isso no Oeste Potiguar, localiza-se o município de Apodi,
que teve seu crescimento associado ao uso e ocupação da Lagoa do Apodi-RN. Esse ambiente
aquático faz parte da Bacia Hidrográfica do Rio Apodi-Mossoró – BHRAM/RN, sendo considerado
de suma importância econômica para agricultura e pesca, assim como um local de uso paisagístico,
preservação das espécies aquáticas, recarga do lençol freático e, atuando para manutenção do
equilíbrio ambiental.
Dessa forma, tem-se como objetivo diagnosticar a situação socioeconômica e ambiental do
entorno da Lagoa do Apodi-RN, bem como identificar as implicações na qualidade de vida das
populações ribeirinhas, situadas no bairro Malvinas, do referido município.
METODOLOGIA
Esta pesquisa é classificada quanto à finalidade como exploratória, permite que a
problemática da Lagoa do Apodi-RN em questões socioambientais e econômicos seja mais
explicita. Quanto aos meios aplicados, é ordenada como pesquisa de campo, pela utilização do
método de Check List que abordou aspectos socioambientais e econômicos relacionado à lagoa, tal
como pesquisa bibliográfica, com a sondagem bibliográfica sobre os recursos hídricos, verificação
da vulnerabilidade socioambiental e econômica, percepção ambiental e gestão ambiental (GIL,
2008).
Portanto, utilizou o conceito de percepção ambiental para compreender as condições
socioeconômicas e ambientais da área em estudo, além de identificar a qualidade de vida da
população que reside as margens da Lagoa do Apodi-RN, no bairro Malvinas.
Processo de amostragem
N 358
n 2
2
185 (Eq. 1)
E 0, 05
4(n 1) 1 4(358 1) 1
Z z 1,96
Em que:
N = tamanho da população;
Z 2 = é o valor crítico da distribuição de probabilidade normal;
E = margem de erro.
Pesquisa de campo
A pesquisa foi realizada com as famílias do bairro Malvinas, localizado ao entorno da Lagoa
do Apodi-RN, entre os meses de fevereiro a maio de 2017. A escolha do bairro foi decorrente de
serem considerados os mais sensíveis aos impactos ambientais ocorridos neste ecossistema.
No primeiro momento realizou-se um pré-teste com 10% da amostragem (19 questionários)
com a finalidade de adequar as variáveis, otimizar o tempo e, planejar a execução da aplicação do
survey. No segundo momento ocorreu o survey, com aplicação dos questionários semiestruturados
com os moradores do bairro, que abordaram os aspectos socioeconômicos e a percepção ambiental.
Tratamento de dados
Após a pesquisa de campo, o software Excel foi utilizado para a obtenção de gráficos e
efetuação de cálculos estatísticos, para a melhor visualização e interpretação dos dados coletados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com as informações obtidas 62,40% dos entrevistados eram do sexo feminino e
37,60% do sexo masculino, evidenciando uma discordância de dados quando confrontado com o
cenário brasileiro, visto que a população brasileira se depara com 51,0% de mulheres e 49,0% de
homens (IBGE, 2010).
Para uma melhor abordagem estatística dos dados coletados, a idade dos entrevistados foi
agrupada em alguns intervalos. O percentual da faixa etária dos moradores do bairro Malvinas varia
de 19 anos a 78 anos de idade, sendo que a faixa etária com maior representatividade foi a de 43 a
52 anos (27,15%). O menor percentual encontrado corresponde aos indivíduos que possuem de 19 a
25 anos e mais de 64 anos, ambos com a mesma porcentagem de 13,25%. Outros estudos também
obtiveram dados semelhantes, já que Pereira, Pereira e Castro (2014) em seu estudo acerca da
percepção ambiental dos moradores sobre a poluição do rio Cariús no município de Farias Brito –
CE encontraram uma faixa etária majoritária entre 40 e 49 anos de idade em 29% da população.
Quando sondados se suas condições de trabalho são formais, 42,80% dos moradores
mencionam que sim, enquanto 57,20% apontam o contrário. Pode-se afirmar que o baixo nível de
Figura 2: Tipo de trabalho dos moradores do Bairro Figura 3: Estabelecimento comercial e pescador na
Malvinas localizado nas margens da Lagoa do Lagoa do Apodi-RN.
Apodi – RN. Fonte: Autor, 2017.
Fonte: Autor, 2017.
Percepção Ambiental
Os moradores locais passaram e passam suas vidas com esse contato diário com a lagoa,
fazendo parte de suas histórias e para muitos como forma de sustento, por isso respeitam e seguem
preocupados sobre sua situação atual.
É possível observar que a maioria dos moradores entrevistados percebem a lagoa como
ambiente natural para ser preservado e apreciado (55,56%), demonstrando que possuem um vínculo
afetivo com a lagoa do Apodi-RN. Enquanto uma parcela de 10,46% considera um local sem
significância.
Foi investigado se os moradores faziam ou já fizeram algum tipo de uso da lagoa do Apodi –
RN. A menor parcela (35,95%) respondeu que sim, e em uma porcentagem significativa (64,05%)
responderam que não. Isso evidencia a pequena relação estabelecida entre esta população e esses
recursos hídricos. Em seguida, foi solicitado que especificassem para que fins utilizaram a lagoa,
sendo o principal tipo de uso destes ecossistemas aquáticos foi o banho (81,36%), seguido pela
pesca (11,86%).
Ao se questionar se alguém da família fazia ou já fizeram algum tipo de uso da lagoa do
Apodi – RN, constatou-se que uma parcela de 51,63% respondeu que sim, seguida de 48,37% que
responderam que não. Apesar da maioria da população afirmar não usar a água para nenhuma
atividade direta, é perceptível que os familiares desses ribeirinhos já fizeram ou fazem o uso da
lagoa, demonstrando relações e valorização do ambiente. Ao especificarem para que fins os
familiares utilizavam a lagoa, as utilizações mencionadas foram o banho (25,05%), pesca (25,04%),
lavagem de roupas (23,03%), plantação (14,95%) e pôr fim a pastagem (12,93%). As Figuras 4 e 5
demostra algumas das utilizações citadas pela população entrevistada.
Figura 4: Morador fazendo uso da pastagem na Figura 5: Banhistas na Lagoa do Apodi – RN.
Lagoa do Apodi – RN. Foto: Autor, 2017.
Fonte: Autor, 2017.
Série1; Navegação; 2%
Série1; Diluição de
efluentes; 3%
Série1; Harmonia
paisagística; 4,50%
Série1; Abastecimento
animal; 5,50%
Série1; Recreação; 6%
Série1; Abastecimento
de água humano;
23,25%
Série1; Agricultura;
24,25%
Figura 6: Principais tipos de uso da Lagoa do Apodi – RN no passado. Fonte: Autor, 2017.
É notório que o principal uso da lagoa no passado ser a pesca por fatores que tinha um maior
volume de água e também por questões de poluição ser bem menores, visto que afetam a qualidade
da água e consequentemente os animais que seriam pescados no presente estarem possivelmente
contaminados.
Já na Figura 8 está ilustrado sobre quais principais tipos de usos da Lagoa do Apodi – RN no
presente. O principal uso apontado foi à recreação (37,71%), conforme a Figura 9 é possível
perceber atividades recreativas com uso de jet-skis. A construção do calçadão da lagoa acarretou o
desenvolvimento de comércios naquela região e a realização de eventos, tornando o ambiente mais
atrativo para o lazer.
Série1;
Abastecimento
Animal; 4%
Série1; Harmonia
paisagística; 4,77%
Série1; Navegação;
5,57%
Série1; Diluição de
efluentes; 8%
Série1; Agricultura;
14,66%
Série1; Pesca;
25,89%
Série1; Recreação;
37,71%
pescadores que tem um contato diário com a água da lagoa, classificando a lagoa como pouco
poluída.
A poluição urbana foi apontada por 56,25% dos entrevistados no passado, e se tratando do
presente os moradores questionados novamente indicaram que o principal tipo de poluição é a
urbana (63,50%). Diante dos resultados obtidos, pode-se afirmar que, apesar dos anos decorridos os
principais tipos de poluição da lagoa permanecem idênticos pela percepção dos moradores.
Como a maioria dos moradores do bairro Malvinas, afirmaram que, a lagoa está muito
poluída, para verificar esta relação perguntou-se aos entrevistados quais os principais agentes de
poluição da Lagoa do Apodi –RN. Sendo os 3 principais agentes apontados pela população como os
que mais contribuem para poluição da lagoa: despejos de esgotos (25,35%), descarte de resíduos
(20,21%) e a realização de eventos (18,59%).
A Figura 10 retrata a realização de um evento de grande porte realizado as margens da lagoa
do Apodi-RN. Sendo este tipo de ação um dos principais agentes da poluição da lagoa, o qual pode
desencadear os mais variados impactos ambientais. Visto que foliões que participam desse tipo de
evento, não são naturais do município e assim não tendo aquela preocupação com o ambiente
estudado, corroborando para descarte de resíduos sólidos (Figura 11).
É importante lembrar que uma das principais causas da poluição em lagoas, rios e riachos, é
o descarte de resíduos sólidos, que provoca a morte de peixes, mau cheiro, a propagação de
patógenos e contaminação dos recursos hídricos (PEREIRA, 2008).
Figura 10: Principais agentes da poluição da Figura 11: Carnaval de Apodi realizado no
lagoa do Apodi -RN. calçadão da lagoa, 2017.
Fonte: Autor,2017. Foto: Jânio Duarte.
Finalmente, foi solicitado que os entrevistados fizessem alguma sugestão para o que poderia
ser feito para que as condições de vida das pessoas que vivem da lagoa do Apodi-RN melhorassem,
permitindo que outros assuntos fossem abordados, inclusive de forma crítica.
O maior percentual de colocações se ateve à providência de serviços pela prefeitura do
município, sendo os recursos mais apontados pelos entrevistados: saneamento básico, estação de
tratamento de água e esgotos, fiscalização da poluição sonora no calçadão da lagoa e
CONCLUSÃO
Por meio da abordagem multidisciplinar, constatou que a lagoa do Apodi sofre com
alterações ambientais principalmente devido às deficiências dos componentes de saneamento
ambiental, com destaque para a problemática dos resíduos sólidos e esgotos domésticos.
Constatou-se que a população do entorno da lagoa do Apodi apresenta baixo nível de
escolaridade, o que contribui para o grande número de trabalho informal, os quais geralmente
podem estar associados a regimes ocupacionais insalubres e perigosos, sendo um reflexo dos
rendimentos familiares que é de até 1 salário mínimo por mês. Ainda sobre o perfil socioeconômico
dos entrevistados foi possível constatar que a maioria é natural de Apodi – RN e residem há mais de
20 anos nessa área, tornando-se uma relação estreita com a problemática socioambiental
investigada.
Na percepção ambiental dos moradores do entorno da lagoa os principais tipos de poluição
desse ambiente aquático no passado e no presente permanecem idênticos, tendo maior ênfase a
poluição urbana. Os moradores do bairro reconhecem a poluição da lagoa, porém ainda é um
ambiente em que as atividades pesqueiras e agrícolas são predominantes, além de ser utilizada para
outros fins como banho, abastecimento animal e recreação. A realização de eventos no calçadão as
margens da lagoa, é apontado como um dos principais agentes da poluição da lagoa, corroborando
com o descarte de resíduos.
Diante da situação, ações precisam ser realizadas o quanto antes, no intuito de controlar os
efeitos de uma degradação de grande dimensão. É preciso que a população adquira conhecimentos,
tendo uma participação nas ações desenvolvidas pelos gestores municipais de Apodi para amenizar
a problemática da lagoa. É importante mencionar que se faz necessário atender os desejos da
população para solução dos problemas locais, principalmente relacionados com: a efetividade dos
componentes de saneamento ambiental, fiscalização da poluição sonora no calçadão da lagoa,
implementação de programas de educação ambiental e, restauração das matas ciliares deste
ambiente.
Portanto, é necessário que novos estudos ambientais sejam realizados, com ênfase no
diagnóstico da degradação ambiental a partir da memória viva, determinação da poluição sonora no
calçadão, qualidade de água da lagoa do Apodi-RN, qualidade do solo das margens deste ambiente,
recuperação de matas ciliares, planejamento e gestão ambiental dos usos deste ecossistema e, gestão
ambiental empresarial dos empreendimentos locais.
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Federal de Juiz de Fora, 2010.
RESUMO
Buscou-se, neste estudo, averiguar as possíveis vulnerabilidades de aguaceiros, enxurradas e
alagamentos na cidade de Vitória da Conquista-BA. Para tal, teve-se como base estudos das
precipitações e dias com chuvas entre os anos de 2012 a 2016, assim como análise da topografia e
do processo de urbanização da cidade. Para realização da pesquisa, debruçou-se na teoria do
Sistema Clima Urbano e Subsistema Hidrometeórico proposto por Monteiro. A pesquisa é de
grande relevância para os citadinos, haja vista que os resultados trouxeram elucidações
contundentes a respeito da variabilidade dos índices pluviométricos, podendo, assim, fomentar
possíveis subsídios para planejamentos ambientais e urbanos. Diante das análises, comprovou-se
que, no período estudado, o volume pluviométrico se estabeleceu de forma irregular, com variações
extremas de alta concentração das chuvas nos meses de janeiro, fevereiro, sobretudo, novembro e
dezembro. Constatou-se, ainda, que os problemas de aguaceiros, enxurradas e alagamentos podem
ser potencializados devido à impermeabilização do solo pela extensão da malha urbana nas áreas
mais altas da cidade, e, consequentemente, o escoamento superficial. Esse problema ainda pode ser
intensificado pelas falhas do sistema de drenagem da cidade. Assim, fica claro que políticas
públicas devem considerar as condições climáticas das precipitações em seus planejamentos
ambientais e urbanos.
Palavras-Chave: Clima urbano. Volume Pluviométrico. Enxurradas. Alagamentos.
ABSTRACT
This study aimed to investigate possible vulnerabilities of downpours, flash floods and floods in the
city of Vitória da Conquista - BA. It was based on studies of rainfall and rainy days between the
years 2012 to 2016, as well as analysis of the topography and urbanization process of the city. The
research was based on the theory of the Urban Climate System and Hydrometer Subsystem
proposed by Monteiro. The research has a very important relevance for city dwellers, since the
results have provided conclusive elucidations regarding the variability of the rainfall indices, and
can thus foment possible subsystems for environmental and urban planning. Considering the
analysis, it was verified that, in the studied period, the rainfall volume was irregular, with extreme
high rainfall variations in the months of January, February, especially November and December. It
was also observed that the problems of downpours, flash floods and floods can be potentiated due to
the waterproofing of the soil by the extension of the urban network in the higher areas of the city,
and, consequently, the surface runoff. This problem can still be intensified by the failures of the
city's drainage system. Thus, it is clear that public policies must consider the precipitation climatic
conditions in their environmental and urban planning.
Keywords: Urban Climate. Pluviometric Volume. Flash Floods. Floods.
INTRODUÇÃO
Estudar o clima urbano é uma tarefa que exige muita cautela nas pesquisas, uma vez que os
espaços urbanos ganham complexidades à medida que o tempo avança, isto é, as cidades se mantêm
em dinâmicas contínuas em sua arquitetura com as construções civis e na própria conjuntura de
organização das edificações, assim como, no crescimento ou na perda da população. Por
consequência, os climas das cidades se configuram conforme a estrutura deste espaço construído e
se subdividindo em topoclimas com variabilidades distintas para cada área urbana, formando um
microclima para cada um destes territórios.
Diante de toda essa situação, são significativos estudos que abrangem o clima urbano para
cada cidade. Essas pesquisas são de vital importância para conhecimento dos citadinos acerca da
dinâmica do microclima local, haja vista que os resultados poderão elucidar problemas ambientais,
possíveis alertas à população e, também, subsidiar planejamentos para possíveis intervenções. Em
anuência com Mendonça (2009) o clima urbano institui numa das dimensões destes ambientes, de
tal maneira que seu estudo oferece contribuições significativas ao equacionamento da questão
ambiental das cidades. E, ainda, que as condições climáticas destas áreas são constituídas a partir da
paisagem natural e da sua substituição por um ambiente construído, se transformando em palco de
intensas atividades humanas.
Como os espaços urbanos se constituem nesta relação de primeira natureza, transformada
numa segunda, com ambientes quase ou totalmente modificados pela sociedade, é de vital
importância que cada cidade tenha planejamentos ambientais que visem a manutenção e o
crescimento dessas áreas, respeitando as condições ambientais, sobretudo topográficas e climáticas,
para que futuros problemas socioambientais sejam evitados. Todavia, na maioria dos casos, esses
planejamentos são inexistentes e, quando se tem, não são respeitados, principalmente, devido ao
crescimento populacional e industrial de cada cidade. Como consequência, a natureza responde a
essas mudanças de diversas formas, seja nas chuvas torrenciais irregulares e com grande volume
pluviométrico, ocasionando enchentes, fortes enxurradas, alagamentos, movimentos de massa; seja
nas mudanças abruptas da temperatura do ar, entre outros eventos. Isto é, mesmo com o avanço de
É preciso salientar que a natureza possui suas dinâmicas e que alguns eventos e impactos à
sociedade são inevitáveis, todavia, a ação humana, num ambiente local, pode acelerar esses eventos.
Em concordância com Lima e Veloso Filho (2016), as alterações realizadas pelo ser humano
associadas às características físicas do espaço da cidade podem gerar diversos impactos que, em sua
maioria, apesar de serem eventos naturais, são potencializados pelo processo de urbanização, que
ocasiona o aumento da taxa de ocupação de terra com a compactação, por superfícies impermeáveis
e construção de edificações, aumentando a velocidade de escoamento superficial e alterando o ciclo
hidrológico, já que diminui a capacidade de infiltração e, portanto, de alimentação dos mananciais.
É possível observar que, no Brasil, são muitas as cidades, principalmente as grandes
capitais, que sofrem eventualmente por diversos eventos naturais. Cotidianamente, vê-se, nos
telejornais e em outras redes de notícias, reportagens sobre cidades que estão sofrendo algum
evento fora do habitual. Estes eventos ainda se diferenciam em cada região, conforme as condições
específicas para determinada área, ou seja, ao mesmo tempo em que algumas cidades estão
passando por eventos de chuvas concentradas, ocasionando grandes transtornos de aguaceiros,
enxurradas, dentre outros, outras estão passando por escassez de chuvas, tendo que enfrentar a falta
d‘água.
Diante disso, pretende-se, com este processo analítico, averiguar as possíveis
vulnerabilidades de impactos hidrometeóricos na cidade de Vitória da Conquista-BA, tendo como
base um estudo da precipitação pluvial e dias com chuvas entre os anos de 2012 a 2016. Para a
realização do estudo, baseou-se na teoria do sistema clima urbano (S.C.U), proposta por Monteiro
(2009), sobretudo a respeito do Subsistema Hidrometeórico. Para Monteiro, um impacto
hidrometeórico:
Esse espaço urbano fragmentado com ocupações sem planejamentos e discriminadas pode
acarretar sérios problemas ambientais para os citadinos de Vitória da Conquista, isto porque o sítio
urbano está localizado numa área de significativa amplitude altimétrica, o que também a caracteriza
com um Clima Tropical de Altitude. Essa relação da topografia de áreas mais baixas e outras mais
elevadas, em períodos chuvosos, podem ocasionar enxurradas, aguaceiros e inundações.
Nos estudos referentes às inundações nas áreas centrais de Vitória da Conquista, Soares,et
al. (2016) ratificam que o centro-sul da cidade se caracteriza por uma topografia mais aplainada, o
trecho norte é marcado pela vertente da Serra do Periperi, cuja área possui altitudes superiores a
1.100m em uma distância de 2,8km. A região central se situa a uma altitude em torno de 850m,
aproximando-se do nível topográfico do fundo do vale do Rio Verruga.
Vitória da Conquista (Figura 2) está numa área de transição entre o clima subúmido a seco e
semiárido, define-se com um clima Tropical de Altitude e Subúmido. Neste mesmo aspecto,
Conceição, Pereira e Veiga (2016), nos estudos sobre o clima do município de Vitória da Conquista,
comprovaram que as temperaturas do ar são amenas com médias mensais/anuais variando de 17,8 a
21,8ºC, com pluviometria média anual de 733,9 mm, e concentração das chuvas no regime
primavera/verão, sobretudo nos meses de novembro e dezembro.
Ainda nos estudos de Conceição, Pereira e Veiga (2016) é esclarecido que o município passa
por períodos de vulnerabilidades e riscos ambientais, apontando que em certas épocas ocorre as
baixas temperaturas do ar e, consequentemente, a região vive temporadas com pouca
disponibilidade hídrica; e na primavera e verão com as altas temperaturas do ar, presencia um
pequeno excedente hídrico e chuvas intensas com riscos de inundações e catástrofes ambientais,
sobretudo nas áreas urbanas onde possui um déficit no sistema de drenagem pluvial.
Desta forma, é possível observar que este estudo será de grande relevância para os citadinos
de Vitória da Conquista e que os resultados poderão trazer elucidações contundentes a respeito da
variabilidade dos índices pluviométricos, topografia e sua relação com os possíveis eventos de
aguaceiros, enxurradas e alagamentos na cidade. Além disso, também fomentar possíveis
planejamentos para o espaço urbano, assim como conscientizar a população local de possíveis
problemas e alertas de vulnerabilidades e riscos socioambientais.
PROCEDIMENTOS EXECUTADOS
Para a realização desta pesquisa, foi necessária uma profunda revisão da literatura com
diversos estudos sobre teorias dos climas urbanos, sobretudo do subsistema hidrometeórico
proposto por Monteiro, bem como estudos referentes ao espaço urbano e processo de urbanização
de Vitória da Conquista, além de pesquisas sobre o clima local, assim como os possíveis impactos
hidrometeóricos nos anos em estudo.
Utilizaram-se dados meteorológicos de precipitação e dias com chuvas entre os anos de
2012 a 2016, sendo que os dados foram coletados na plataforma digital do Instituto Nacional de
Meteorologia (INMET). Adiante, esses dados foram tabulados com o auxílio do Software Excel,
para transformação dos totais de precipitação diárias em mensais e, em seguida, em anuais para
geração de gráficos e correlação dos dias com chuvas.
Por conseguinte, analisou-se a altimetria do terreno urbano da cidade, com a estratégia de
averiguar a possível relação da topografia do sítio urbano e possibilidades de aguaceiros, enxurradas
e alagamentos. Para isso, teve-se também, como base, a relação do volume pluviométrico e dias
com chuva, uma vez que a dinâmica de distribuição de chuvas e a topografia pode ocasionar uma
saturação do solo, acelerando o escoamento superficial.
Para interpretação dos resultados, o trabalho seguiu com ilustração, interpretação e descrição
textual de mapas físicos, gráficos dos dados meteorológicos e de imagens a respeito dos impactos
hidrometeóricos, com a estratégia de tornar a pesquisa com resultados mais coesos e abrangentes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para adentrar nos estudos dos totais pluviométricos anuais de Vitória da Conquista, é preciso
ressaltar que o município está inserido no polígono das secas, sendo assim, passa por longos
períodos de estiagem. Segundo o IBGE (2016), a Região Semiárida do país possui uma extensão
total de 982.563,3 km². Dessa área, o Nordeste concentra em torno de 89,5%, abrangendo a maioria
dos estados. Ainda conforme os dados do IBGE, a região Semiárida é delimitada com base na
isoieta de 800 mm, no índice de aridez de Thorntwaite de 1941 apresentando risco de seca superior
a 60%.
Por conseguinte, a normal climatológica estimada para o município é de 733,9, porém pode
ser observado (Figura 3) que, entre o período estudado, 2012 a 2016, só o ano de 2013 apresentou
um total anual acima da normal, os demais anos sempre abaixo, sobretudo 2015 que chama a
atenção por um alerta à estiagem com uma pluviometria anual de 490,4mm.
Verificou-se que o ano de 2015 apresentou menor pluviometria anual entre os anos em
pesquisa, todavia é preciso enfatizar que, de todo o período estudado, este foi o ano em que menos
apresentou irregularidades na distribuição mensal das chuvas, no qual o mês de fevereiro se
desponta com a pluviometria mais alta, 93mm, porém todos os demais meses apresentaram
precipitações superiores a 7mm. Entretanto, as irregularidades extremas de distribuição mensal das
precipitações voltam a chamar a atenção em 2016, o ano exibiu uma pluviometria de 633mm, com
concentração em três meses: janeiro com 215,2mm, novembro 114,8mm e dezembro 112,5mm; a
soma desses três meses equivale a 70% do total anual. Ainda, é necessário enfatizar que, em todo
período estuado, as precipitações pluviais seguiram um regime de baixos índices nos totais mensais
de março a outubro, e elevação significativa da pluviometria em novembro, dezembro e janeiro,
mesmo que se tenham diferenças sazonais dos índices mensais para cada ano dentro desse regime
mensal.
Na Figura 5, investiga-se os dias com chuvas mensais para cada ano em estudo, com isso,
verificou-se que no mês de novembro de 2012 choveu 358mm em apenas 18 dias; fevereiro de 2013
choveu 232, 7mm em apenas 9 dias e dezembro 235,7 em 20 dias; em 2014 as irregularidades na
distribuição temporal das chuvas permanecem, porém para o mês de novembro com um total
mensal de 167mm em apenas 14 dias de chuvas. O ano de 2015 não apresentou irregularidades
significativas, sendo que, conforme visto anteriormente, este foi o ano com menor precipitação total
anual, no entanto com melhor distribuição mensal das chuvas. Diferentemente, em 2016, as
oscilações extremas temporal das chuvas se exibem novamente com 215,2 mm em 19 dias de
chuvas em janeiro, novembro com 114,8 em 14 dias e dezembro 112,5 em 9 dias com chuvas.
Figura 5 - Número de dias com chuvas mensais entre 2012 a 2016, Vitória da Conquista, 2017.
Fonte: Inmet (2017). Elaborado pelos autores (2017).
Diante das análises dos dias com chuvas mensais, correlacionando-os com as irregularidades
e oscilação temporal das chuvas, conclui-se que as precipitações em Vitória da Conquista se
apresentam com desvios extremos de alta concentração nos meses de janeiro, fevereiro, sobretudo,
novembro e dezembro dos anos em estudo. Destarte, é possível observar que Vitória da Conquista
está vulnerável a possíveis impactos hidrometeóricos de aguaceiros, enxurradas e alagamentos nas
áreas urbanas devido às concentrações temporais das chuvas.
É importante reiterar que, esses impactos ainda podem ser ocasionados pela topografia da
área urbana, como pode ser analisado na Figura 6, a cidade está situada numa alta amplitude
altimétrica entre 850 a 1100 metros, sendo que as áreas mais altas também passaram/passam pelo
processo de urbanização, construção civil e asfaltamento do solo. As áreas em questão estão
susceptíveis a enxurradas e alagamentos nos dias e meses com alta concentração pluviométrica,
uma vez que os solos urbanos dificultam a infiltração das águas pluviais, acelerando o escoamento
superficial. Se essas áreas não possuem um sistema de drenagem eficiente, como é o caso de Vitória
da Conquista que apresenta falhas, as irregularidades dessas chuvas, com concentração em alguns
meses: janeiro, fevereiro, novembro e dezembro, a cidade fica vulnerável a enxurradas nas áreas
mais altas e, consequentemente, alagamentos nas áreas mais baixas.
Figura 7 - Relação dos anos e meses com alta concentração pluviométrica e os problemas das enxurradas e
alagamentos em Vitória da Conquista nos anos de 2012, 2013, 2014 e 2016.
Fonte: Blog do Anderson.
Assim, é possível verificar que a cidade de Vitória da Conquista está vulnerável a impactos
hidrometeóricos de aguaceiros, enxurradas e alagamentos nas áreas urbanas, e ainda que este
problema se exibe devido às oscilações extremas das precipitações nos meses de janeiro, fevereiro,
sobretudo em novembro e dezembro. Todavia, pode ser potencializado com a impermeabilização do
solo pela extensão da malha urbana nas áreas mais altas, uma vez que dificulta a infiltração das
águas pluviais, acelerando o escoamento superficial e, também, pelas falhas do sistema de
drenagem da cidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos resultados alcançados nos estudos sobre a precipitação pluvial de Vitória da
Conquista e dos dias com chuvas no período entre 2012 e 2016, comprovou-se que o índice
pluviométrico mensal se estabelece de forma irregular com oscilações temporal extremas das
precipitações, concentradas nos meses de Janeiro, Fevereiro, Novembro e Dezembro. Nas análises,
verificou-se que o ano de 2012 teve um total anual de 598,8mm, porém no mês de novembro
choveu 358mm, correspondendo a 60% do volume anual em apenas 18 dias, em 2013, o mês de
fevereiro choveu 232, 7mm em apenas 9 dias e dezembro 235,7 em 20 dias; estes dois meses
somam 55% do total anual de 850,9mm. Em 2014, as irregularidades na distribuição das chuvas
permanecem, porém para o mês de novembro com um total mensal de 167mm em apenas 14 dias de
chuvas; em 2016 o mês de janeiro apresentou 215,2 mm em 19 dias de chuvas, novembro com
114,8 em 14 dias e dezembro 112,5 em 9 dias com chuvas, a soma do volume pluviométrico desses
três meses totaliza 70% do total anual de 633mm.
Ainda, com a correlação das oscilações temporal extremas das precipitações e dias com
chuvas mensais, a topografia do sítio urbano, que possui uma amplitude altimétrica significativa,
com extensão da malha urbana nas áreas mais elevadas, verifica-se que a urbanização dessas áreas e
impermeabilização do solo pode acelerar o processo de escoamento superficial das águas pluviais e,
portanto, todos esses fatores associados podem ocasionar e acelerar os impactos hidrometeóricos de
aguaceiros, enxurradas e alagamentos, uma vez que o sistema de drenagem pluvial da cidade
apresenta falhas.
Diante disso e também com as imagens comprovando a existência de enxurradas e
alagamentos na cidade, é possível afirmar que medidas mitigadoras e planejamentos ambientais
urbanos precisam ser adotados, principalmente, no que tange ao sistema de drenagem pluvial, para
tentar resolver ou amenizar este problema. Reitera-se que a continuação do crescimento da malha
urbana, para as áreas mais altas da cidade, poderá acelerar ainda mais esse problema. Fica claro,
também, que as políticas públicas devem considerar as condições climáticas das precipitações para
REFERÊNCIAS
em:
<http://www.posgeo.ufba.br/disserta%C3%A7oes/disserta%C3%A7%C3%A3o_Julia_Gabriela.
pdf>. Acesso em: 16 set. 2016.
SOARES, E. P. Caracterização da precipitação na região de Angra dos Reis e a sua relação com a
ocorrência de deslizamentos de encostas. 2006. 163f. Dissertação [Mestrado em Engenharia
Civil] – COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
RESUMO
O presente trabalho visa uma análise do processo de ocupação urbana dos biomas costeiros
articulada aos impactos ambientais causados e, consequentemente, os impactos urbanísticos. Dessa
forma, toma-se o distrito de Atafona, em São João da Barra/RJ e a Zona Sul da cidade do Rio de
Janeiro, como foco desta pesquisa afim de que, através da análise dos autores, compreenda-se que o
avanço da linha do continente em direção e sua ocupação, pode ser afetada pela dinâmica costeira
não regular.
Palavras-chaves: Urbanização; Biomas Costeiros;
RESUMEN
El presente trabajo busca en análisis del proceso de ocupación urbana de los biomas costeros
articulado a los impactos ambientales causados y, consecuentemente, los impactos urbanísticos. De
esta forma, se toma el distrito de Atafona, en São João da Barra / RJ y la Zona Sur de la ciudad de
Rio de Janeiro, como foco de esta investigación a fin de que, a través del análisis de los autores, se
comprenda que el avance de la investigación La línea del continente en dirección y su ocupación,
puede ser afectada por la dinámica costera no regular.
Palabras-claves: Urbanización; Biomas Costeros;
INTRODUÇÃO
demográfico dessas áreas, causando assim, uma intensa apropriação dos espaços costeiros e sua
modificação, modelando-os à dinâmica daqueles que ali usufruem e que, por vezes, não enxergam
as consequências diretas e indiretas que causam em tais espaços. De uma forma geral,
compreendemos, assim como Kunst (2011) que:
processo de ocupação dos biomas costeiros. Assim, o presente trabalho segue metodologicamente
por um estudo de gabinete, sendo arcabouçado em obras de autores renomados acerca de tal
temática, seguido da análise daqueles que compõem esta obra, sob a tutela de seu orientador e
culminando da compreensão através do diagnóstico de imagens providas pelo software Google
Earth.
O homem é um agente ativo que tanto sofre influências do meio como atua construindo e
modificando o espaço em que vive (MORAIS, 2009). O Brasil possui uma área costeira de mais de
8.500 km, segundo o Ministério do Meio Ambiente, banhada pelo Oceano Atlântico e rica em uma
biodiversidade e relevos característicos responsáveis por uma dinâmica de construção e preservação
desta área. A zona costeira abrange uma interação de ecossistemas dos mais variados possíveis e é
considerada uma área de transição do ambiente terrestre para o marinho.
O ambiente costeiro é de grande valia para o país, e abriga além das atividades econômicas,
de acordo com o IBGE (2010), cerca de 23,58% da população brasileira vivendo em área costeira, e
assim, desempenhando papel de urbanização nesta área, que em sua grande maioria, visa um
processo urbanístico que depreda os biomas costeiros.
Assim, compreendemos que, segundo Morais:
A Zona Costeira pode ser definida como a interface ou espaço de transição entre a terra e o
mar, entendidos como grandes domínios ambientais que são influenciados tanto por
processos continentais como oceânicos. Ela se caracteriza pela tridimensionalidade dos seus
componentes, ou seja, é formada na área de interação direta, entre os componentes da
Geosfera (continente), Hidrosfera (águas doces e salgadas) e Atmosfera (MORAIS, 2009).
Dessa forma, grandes marcas dessa área são as dunas e restingas, ambas arremetidas à sua
beleza natural, sendo vistas como grandes símbolos desses ambientes e alvo desta pesquisa. Assim,
veremos que com o passar do tempo, esses dois biomas costeiros foram centro de profundas
transformações ocasionadas pelo homem em busca de uma ocupação destes locais.
Observamos que com a intensificação da ocupação das áreas costeiras, o processo de
urbanização também foi atenuado, dessa forma, compreendemos que as dunas tornam-se
fornecedoras de areia para aterros, a extração da vegetação das restingas e o relevo costeiro é
modificado a fim de ser ocupado por construções, pavimentação, dentre outros.
Talvez como resultado de tudo, a zona costeira é caracterizada pela competição intensa por
recursos e espaços terrestres e marinhos, por vários grupos de interesse, o que frequentemente
resulta em conflitos severos e destruição da integridade funcional do sistema de recursos
(ANDRIGUETTO FILHO, 2004, p. 190).
Ao compararmos tal fato, sob uma pequena e rápida análise da obra de Taunay (1817), como
consta na Figura 1, teremos uma pequena visão da ocupação primária desta região, tendo a linha do
mar atingindo uma parte mais para o interior do continente.
Figura 2: Localização por software do crescimento urbano desde a obra de Taunay, na qual vê-se a marca da
Igreja do Outeiro
Assim, com a ocupação dos biomas costeiros, fez-se necessário prolongar a linha do
continente, tendo assim, a sociedade ocupando e reformulando esta área sob sua contextualização,
tornando-a uma região bem valorizada, caracterizada por suas praias ao longo de toda a Zona Sul,
com quase a inexistência de dunas e restingas.
Essa situação não predominou somente na capital, vemos que as ocupações de outros locais
foram bem marcadas como Atafona, distrito pertencente ao município de São João da Barra – RJ.
O caso de Atafona, no município de São João da Barra, tornou-se expressivamente
característico do efeito da ocupação destes ambientes, tendo até a presente data o poder público
enfrentando graves problemas com o referido distrito.
Através da análise de imagens disponibilizadas pelo software Google Earth, podemos
perceber que a área da praia não é estável, sofrendo o processo de transgressão e regressão marinha,
e assim, vemos que cada transgressão marinha, ocorre a progradação continental, o avanço da linha
continental em direção ao oceano, e neste caso, em um desses determinados períodos ocorreram a
simples ocupação desta área sem que ocorra um devido planejamento e análise desta ocupação.
Veremos de acordo com Noronha (s/d. apud Gomes, 2012) que a partir da década de 1940 do século
XX, Atafona vai presenciar um desenvolvimento urbano aliado ao processo intensivo do turismo na
localidade.
Por mais que os locais aqui analisados possuam uma dinâmica diferente entre si, podemos
perceber através de relatos e análises as graves consequências causadas por esta urbanização
imposta às áreas que antes se caracterizavam pelo domínio de biomas. Seja sua ocupação feita pelo
aumento da busca pelo lazer ou pelo simples aumento da população da localidade, enxerga-se que
tal urbanização visou somente o benefício humano, o querer social. E que mesmo quando procurou
atentes a necessidades básicas do ser humano – como o direito a moradia – foi realizado de forma
inadequada.
Dessa forma, a ampliação do tecido urbano pelo bioma costeiro no Pontal de Atafona,
causou perdas irreparáveis, tanto imobiliárias daqueles que ali habitavam, quanto também de
equipamentos do poder público.
À medida que se multiplicam os discursos sobre a erosão, sobre o cenário resultante e sobre
seus impactos sobre a vida dos moradores, Atafona torna-se um lócus privilegiado para
refletir sobre a diversidade presente na forma como os grupos sociais constroem sua relação
com o ambiente. Para além dos aspectos valorizados nas reportagens, nas quais a leitura
sobre as mudanças ambientais em Atafona são demasiadamente marcadas pelas perdas
patrimoniais[...] (GOMES, 2012).
Foi observado que no de 2016, o conglomerado de bairros costeiros da Zona Sul da cidade
do Rio de Janeiro foi marcado pela ocorrência de ressacas na zona praial que deixaram sua marca: a
orla sofreu graves prejuízos na área do Leblon, a ocorrência de ondas fortes e grandiosas
interditaram determinados trechos da Avenida Atlântica (avenida paralela à linha costeira), além de
em alguns casos, como em Ipanema e Copacabana, pode-se perceber que as ondas chegaram a
atingir a portaria de alguns prédios, como noticiou a mídia jornalística da época. Assim,
perceberemos que a ocupação da zona costeira na Zona Sul do Rio de Janeiro sofre com impactos
cada vez mais eventuais, causando a esta área impactos bem menores se comparados a outros
locais, como se comparado ao caso de Atafona.
Figura 9: Areia tomou conta da Avenida Delfim Moreira (Foto: Marcello Cavalcanti / Arquivo pessoal).
Disponibilizado por G1.com em 29/10/2016
Em Atafona, percebemos que a processo que ali atua ainda é algo em discussão para a
comunidade científica, que ainda não conseguiu estabelecer uma compreensão específica sobre a
dinâmica que ali ocorre. Porém, veremos que o impacto nesta localidade é mais agressivo e latente,
sendo a perda do imobiliário urbano presente no Pontal do Atafona. Percebe-se que a cada processo
de progradação continental, avança-se a expansão do tecido urbano em direção à zona costeira,
sendo construído em áreas de dunas e restingas diversos tipos de construções como hotéis, casas,
etc. Dessa forma, como dito anteriormente, a zona costeira de Atafona não é bem definida, e a cada
processo de transgressão marinha e avanço das dunas, veremos chocar-se ambos os fenômenos com
o tecido urbano que ali foi estabelecido, causando para a localidade uma perda do imobiliário
urbano.
Diversas famílias tiveram que abandonar suas casas, empresários perderam seus
empreendimentos e até mesmo construções religiosas foram perdidas, como um templo católico que
existia na localidade.
O chamado processo de retrogradação levou à destruição de 183 construções, distribuídas
em 14 quadras, dentre as quais se contam casas de veraneio, uma colônia de pescadores,
dois faróis de sinalização, uma capela, um posto de gasolina e uma igreja, a de Nossa
Senhora dos Navegantes. (RIBERIO, 2004 apud GOMES, 2012)
Alguns estudos tratam a perda que ocorre em Atafona como algo relacionado somente a
questão física, algo que coloca essa área como variável, porém não enxerga a ampliação do tecido
urbano sob esta mesma instável área como um problema e tem assim, as perdas urbanas como grave
consequência, bem como os impactos causados em sua população.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
LEITE, J. Dano ambiental: do individual ao coletivo extrapatrimonial. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2003.
SILVA, J. F. da; LIMA, C. dos S. Expansão urbana na zona costeira de São Luis – MA: a gestão
ambiental inserida no gerenciamento costeiro. IV Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental.
Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais e de Saneamento - IBEAS. Salvador/Bahia, 2013.
RESUMO
A disponibilidade de água é um papel essencial para a sobrevivência humana e para o
desenvolvimento das sociedades, porém, a quantidade de água armazenada em cada um dos seus
grandes reservatórios na Terra, sofrem diariamente com a poluição que são decorrentes do
lançamento de efluentes domésticos em seus cursos d‘água. Os motivos que justificam a elaboração
dessa pesquisa, se consiste no fato do lançamento de efluentes sem devido tratamento no Rio
Piancó. O objetivo geral dessa pesquisa, é fazer uma análise descritiva dos impactos
socioambientais causados pelo lançamento de efluentes no trecho do canal fluvial no Rio Piancó na
cidade de Pombal-PB. Realizou-se estudos de referenciais bibliográficos através de documentos,
que possibilitou analisar, avaliar e diagnosticar os impactos socioambientais da área estudado. Os
resultados obtidos permitiram concluir que a poluição ocasionada pelo lançamento de efluentes no
trecho do canal fluvial do Rio Piancó, ocasiona impactos socioambientais, de forma direta ou
indireta, na área estudada.
Palavras chave: cursos d‘águas, efluentes domésticos, impactos socioambientais.
SUMMARY
Water availability is an essential part of human survival and the development of societies. However,
the quantities of water stored in each of its large reservoirs of water on Earth suffer daily from the
pollution that results from the discharge of effluents In their waterways. The reasons that justify the
elaboration of this research, is due to the fact of the discharge of effluents without due treatment in
Rio Piancó. The general objective of this research is to make a descriptive analysis of the social and
environmental impacts caused by the discharge of effluents in the stretch of the river channel in the
Piancó River in the city of Pombal-PB. Studies of bibliographic references were carried out through
documents, which made it possible to analyze, evaluate and diagnose socio-environmental impacts
in the studied area. The obtained results allowed to conclude that the pollution caused by the
discharge of effluents in the section of the fluvial channel of the Rio Piancó, causes
socioenvironmental impacts, directly or indirectly, in the studied area.
Keywords: water courses, domestic effluents, social and environmental impacts.
INTRODUÇÃO
REFERENCIAL TEÓRICO
A região do semiárido brasileiro está situado na maior parte do Nordeste brasileiro, sendo
constituído por um conjunto de espaços caracterizados pelo balanço hídrico negativo, resultante das
precipitações médias anuais inferiores a 800mm (BRITO, et al., 2007, p. 37). A natureza no
semiárido brasileiro traz, em si, a marca da escassez hídrica, que em tem sua história diversos
eventos severos de secas (SOUZA FILHO, 2011, p. 3).
As reservas hídricas no Semiárido, apresentam déficit de água em seus mananciais, com
temperaturas elevadas durante todo o ano e altas taxas de evapotranspiração. Os totais
pluviométricos são inferiores a 900 mm/anuais, sendo estes superados pelos altos índices de
evapotranspiração, o que resulta em taxas negativas em seu balanço hídrico. Trata-se, portanto, de
um território em que a irregularidade de chuvas pode representar longos períodos de estiagem
(ANA, 2010, p. 21).
A partir de análises realizadas na qualidade da água dos mananciais, foi proposta uma
implantação de redes coletoras de esgotos e de estações de tratamento de esgotos para os
municípios que fazem a captação de águas próximos a sua área de drenagem, o que oferece diversos
impactos em termos de poluição, devido as ocupações urbanas sobre os mananciais de
abastecimento público (ANA, 2010, p. 60).
A Lei Ordinária N.º 11.445 de 05 de janeiro de 2007, definiu o saneamento básico como o
conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais que atendem o abastecimento de
água potável, o esgotamento sanitário, a limpeza urbana e o manejo dos resíduos sólidos, assim
como a drenagem e manejo das águas pluviais (BRASIL, 2007).
De acordo com os dados do IBGE referentes a 2008, o saneamento básico no Brasil,
apresenta em sua realidade um imenso déficit, principalmente em relação à coleta e ao tratamento
efluentes. Cerca de 55% dos municípios brasileiros apresentam baixos índices na coleta de esgoto
sanitário, e cerca de 28% dos municípios recebem o tratamento de esgoto sanitário (IBGE, 2010).
No que tange o esgotamento sanitário, a Lei Ordinária nº 11.445 de 05 de janeiro de 2007,
define que o serviço de esgotamento sanitário são constituídos pelas instalações operacionais de
coleta, transporte, tratamento e disposição final dos esgotos sanitários, desde as suas ligações até o
seu lançamento final no meio ambiente (BRASIL, 2007).
Porém esse é um serviço pouco disseminado na maior parte do território brasileiro,
principalmente na região Nordeste, no que se refere à coleta e ao tratamento do esgoto sanitário,
provocando diversas consequências ao meio ambiente e à saúde pública.
O decorrer do crescimento das cidades e das populações, os corpos d´água passaram a
receber maiores cargas poluidoras do que ás suas capacidades de autodepuração, tornando as águas
poluídas. Isso fez com que a sociedade buscasse uma nova de paradigma para a administração dos
recursos hídricos e meio ambiente (CAMPOS e STUDART, 2003, pp. 113-114).
As últimas décadas foram retratadas por um crescimento bastante acelerado em busca pela
demanda de água, e vários países encararam o problema da degradação da qualidade das águas,
onde é praticado hoje, taxas pelo uso dos recursos hídricos, e em que os consumidores poluidores
devem ser os pagadores (CAMPOS e STUDART, 2003, p. 117).
De acordo com Campos e Studart (2003), a cobrança de água encontra-se inserida na
legislação brasileira desde os anos 70, e a Lei nº 9.433/1997, estabelece as situações onde a retirada
de água estão passiveis à outorga e cobrança. A cobrança é fundamentada nos princípios do usuário-
pagador e do poluidor-pagador, que variam de acordo com as particularidades socioeconômicas e
geográficas de cada bacia (FACHIN e SILVA, 2014, p.170).
Dessa forma, o poluidor assume com os custos da manutenção, reparação dos danos
causados pela poluição e pela preservação dos bens ambientais utilizados, e o consumidor assume
com os encargos de sua prevenção (FACHIN e SILVA, 2014, p.171). A cobrança feita pelos
serviços públicos de saneamento, que envolve o tratamento de água e esgoto, são realizadas
mensalmente, por meio da emissão de uma fatura (TUCCI, 2001, p.131).
Em relação aos esgotos, a NBR 7.229 define como ―líquido que contém resíduos da
atividade humana‖, que podem ser de origem doméstica ou industrial. Essas as água residuárias que
constituem o esgoto de uma cidade, devem ser controlados por um sistema de tratamento adequado
antes do seu lançamento em um corpo receptor (SANTOS, 2007, p. 13-14).
No que tange aos esgotos domésticos, estes contêm aproximadamente 99,9% de água, e a
fração restante de 0,1%, são compostas por sólidos orgânicos e inorgânicos, suspensos e
dissolvidos, bem como microrganismos, por isso que há necessidade de se tratar os esgotos, pela
ocorrência dos impactos que a poluição possa causar as águas (VON SPERLING, 1996, p. 59).
As características dos esgotos gerados são em função dos usos à qual a água foi submetida,
que variam com o clima, a situação social e econômica, e os hábitos da população. Desta forma,
entende-se que a qualidade dos esgotos gerados são provenientes das impurezas incorporadas à
água em decorrência do uso à qual a água foi submetida, variando com o clima, a situação
socioeconômica e hábitos da população (VON SPERLING, 1996, p. 59).
O nível de tratamento e a eficácia do seu tratamento nas Estações de Tratamento de Esgotos
(ETE), objetiva a remoção dos poluentes no tratamento, adequando o lançamento a um padrão de
qualidade, de acordo com a legislação vigente que prevê os padrões de qualidade para o efluente e
para o corpo receptor (VON SPERLING, 1996, p. 169).
De acordo com Von Sperling (1996, p. 169), o tratamento dos esgotos é usualmente
classificado através dos seguintes níveis: preliminar, primário e secundário.
O tratamento preliminar constitui-se pela à remoção de sólidos grosseiros e areia. Essa
remoção dos sólidos grosseiros é realizada por meio de grades, de forma que o material de
dimensões maiores do que o espaçamento entre as barras fiquem retidos, que tem como finalidade a
proteção dos dispositivos de transporte dos esgotos e a proteção das unidades de tratamento
subsequentes. Já a remoção da areia é realizada através de desarenadores (VON SPERLING, 1996,
p. 182).
O tratamento primário tem por finalidade à remoção de sólidos em suspensão sedimentáveis
e sólidos flutuantes. Esse tratamento é feito por tanques de decantação, onde os esgotos fluem
vagarosamente, o que permite que os sólidos em suspensão, sedimentem-se gradualmente no fundo
(VON SPERLING, 1996, p. 184).
O tratamento secundário tem como principal propósito a remoção da matéria orgânica, que
pode ser a matéria orgânica dissolvida, que não é removida pelos processos de sedimentação, como
ocorre no tratamento primário e a matéria orgânica em suspensão, cujos os sólidos dos tanques de
decantação persistem na massa líquida, apesar de que boa parte é removida no tratamento primário
(VON SPERLING, 1996, p. 185).
De acordo com Santos (2007, p. 57), o sistema mais utilizado no tratamento de esgoto
sanitário no Brasil, é o de lagoa anaeróbica facultativa, que transforma o material orgânico em
produtos mineralizados na água residuária a ser tratada. Esse sistema de esgoto é bastante utilizado
na região Nordeste, devido aos baixos custos com a operação e a sua manutenção (SANTOS, 2007,
p. 164).
A lagoa anaeróbica facultativa (Figura 01) recebe o esgoto bruto que entra em uma lagoa de
dimensão menor e mais profunda, onde predomina-se as condições anaeróbias, tendo o seu período
de permanência na lagoa anaeróbica de 3 a 5 dias, aonde a decomposição da matéria orgânica é
parcial, porém essa remoção contribui aliviando a carga para a lagoa facultativa (VON SPERLING,
1996, p. 189).
O processo seguinte na lagoa facultativa depende, unicamente, de fenômenos naturais, sem a
necessidade alguma de equipamentos. Porém, a estabilização da matéria orgânica se processa em
um período superior a 20 dias (VON SPERLING, 1996, p. 186).
Esse método é empregado no tratamento da fase líquida do esgoto, que corresponde ao fluxo
principal do líquido na estação de tratamento de esgotos, enquanto a fase sólida corresponde aos
subprodutos sólidos produzidos no tratamento, que correspondem ao lodo (VON SPERLING, 1996,
p. 173).
Porém nesse sistema de lagoa anaeróbica facultativa, o lodo permanece retido no sistema,
por isso leva essa média de 10 a 20 anos para ser removido e tratado, tendo a sua disposição final,
os aterros sanitários (VON SPERLING, 1996, p. 208).
A falta do esgotamento sanitário nas cidades e o acondicionamento inadequado dos
efluentes em corpos hídricos acabam ocasionando impactos socioambientais, o que provoca riscos à
saúde humana, por meio de doenças de veiculação hídrica e impactos diretos ou indiretos ao meio
ambiente.
Segundo a resolução Conama nº 001 de janeiro de 1986, o impacto ambiental é qualquer
modificação de propriedade física, química e biológica do meio ambiente, causada por qualquer
forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente,
prejudique a saúde, a segurança, o bem-estar da população, as atividades sociais, econômicas, a
biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais
(CONAMA, 1986).
De acordo com Sánchez (2008, p. 31), o impacto ambiental se trata de uma alteração do
meio ambiente provocada por ações antrópicas, que podem ser benéfica ou adversa, e isso deve ser
considerado quando se realiza um estudo de impacto ambiental.
Percebe-se desta forma, que o impacto ambiental é resultado de qualquer ação exercida pela
relação da sociedade com o meio ambiente, e que possa afetar a saúde, a segurança, o bem-estar da
população, as atividades socioeconômicas, fauna, flora, as condições sanitárias do meio ambiente e
a qualidade dos recursos ambientais.
Dessa forma, o termo utilizado neste trabalho é de impacto socioambiental, pois essa
expressão salienta a perspectiva das relações humanas e sociais com o meio ambiente e os impactos
ambientais que esse processo possa ocasionar.
Segundo Von Sperling (2017, p. 45), a poluição das águas se dar pela adição de substâncias
ou de formas de energia que altere de forma indireta ou direta, a natureza do corpo d'água,
prejudicando os legítimos usos que dela são feitos.
O lançamento de efluentes de origem doméstica, através de fontes de conexões irregulares
na rede de drenagem pluvial, é um dos principais fatores de degradação da qualidade da água nos
corpos d‘água, o que pode produzir substâncias tóxicas e patogênicas. Ressalta-se ainda, que o
lançamento de resíduos sólidos sobre os sistemas de drenagem, contribui para o aumento da
degradação ambiental dos sistemas hídricos (RIGHETTO; MOREIRA; SALES, 2009, p. 36).
Sánchez (2008, pp. 196-197), destaca que se o lançamento de esgotos domésticos forem
lançados em grande quantidade em um corpo d‘água sem o seu devido tratamento, isso acarretara
em um impacto cumulativo ou acumulativo no tempo ou no espaço, resultando na degradação da
qualidade das águas dos corpos d‘água.
Vale ressaltar, que o lançamento de efluentes sem tratamento em corpos d‘água, permite a
proliferação de inúmeras doenças, o que acaba refletindo no aumento da demanda pela busca de
serviços de saúde (TERA, 2017, p. 18). Von Sperling (2017, p. 99-100), ressalta que os
microrganismos presentes nos esgotos são capazes de causar doenças nos seres humanos e animais,
e a presença desse organismo são indicadores da eficiência da remoção dos patógenos no processo
de tratamento de esgotos (VON SPERLING, 2017, pp. 106-107).
METODOLOGIA
A área de estudo compreende o trecho do canal fluvial do Rio Piancó, que é utilizado para o
abastecimento urbano do município (Mapa 02). Esse trecho também compreende a área de despejo
final das águas residuárias, que são lançadas a céu aberto ou interligadas às galerias de drenagem
pluvial, o que ocasiona sérios impactos socioambientais no corpo hídrico receptor.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foto 03. Zona de mistura dos efluentes com o afluente Foto 04. Curso dos efluentes
Fonte: Elaborado pelos autores.
Foto 05. Coleta de efluente para irrigação Foto 06. Dessedentação animal no curso do efluente
Fonte: Elaborado pelos autores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio deste artigo, verificou-se que o sistema de tratamento de esgotos, que tem como
principais objetivos a remoção de material sólido, e a exterminação de microrganismos patogênicos
que possa causar algum dano a saúde pública e ao meio ambiente.
Dessa forma, analisando os impactos socioambientais através das informações obtidas sobre
a área de interesse para o estudo, observou-se a poluição ocasionada pelo lançamento de efluentes
no trecho do canal fluvial do Rio Piancó, pode ser entendida como a ação ou efeito de degradação
da qualidade ambiental, o que ocasiona impactos socioambientais, de forma direta ou indireta,
prejudicando a qualidade ambiental da área estudada.
Faz-se necessário o funcionamento do sistema de tratamento de efluentes, desde que seja
adequado o funcionamento com as normas vigentes, para que a qualidade do corpo hídrico possa
receber a menor carga possível de poluentes. Faz-se necessário também, uma análise laboratorial da
água próximo as áreas que recebem os efluentes domésticos para se obter com exatidão, o nível de
poluição que o corpo hídrico recebe e, planejar uma possível recuperação dessa área.
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von Sperling. - 4. ed. - Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental;
Universidade Federal de Minas Gerais; 2014. 472 p. 2017, 1. reimpr.
RESUMO
Os cemitérios são empreendimentos presentes na sociedade desde muito tempo atrás. Na atualidade,
com o crescimento da população e a necessidade de mais áreas para acondicionar corpos, os
serviços funerários expandiram, contudo, a consideração e o estudo dos impactos socioambientais
dos cemitérios têm ficado à margem do mercado e das políticas públicas. No Brasil o Conselho
Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, desde 2003, através da resolução 335 dispõe sobre o
licenciamento ambiental de cemitérios, apresentando exigências para instalação e funcionamento
destes locais. Entretanto, o Brasil é um país que ainda possui muitos sepulcros antigos e que não
estão de acordo com a legislação. Tendo em vista a necessidade obter mais informações acerca dos
impactos ambientais causados pelos cemitérios, este trabalho tem como objetivo analisar a
percepção ambiental dos funcionários do cemitério São Sebastião quanto aos problemas
socioambientais do local. Verificou-se de acordo com as respostas dos entrevistados que eles não
costumam adquirir doenças com frequência. Com relação a utilização de EPI‘s, todos responderam
de forma positiva. Em campo, observou-se que vários túmulos não possuem um piso que impeça
que efluente gerado na decomposição entre em contato com o solo, podendo o necrochorume atingir
camadas mais profundas, e ocasionar a contaminação do solo e do lençol freático. Portanto, os
principais problemas observados afetam o meio físico. Foram identificados os principais impactos
ambientais do cemitério, bem como suas respectivas medidas mitigadoras, onde conclui-se que o
mesmo não se encontra dentro dos padrões exigidos pela legislação ambiental vigente.
Palavras-chave: Problemas ambientais, necrochorume, medidas mitigadoras.
ABSTRACT
Cemeteries are undertakings present in society for a long time. At present, with the growth of the
population and the need for more areas to accommodate bodies, funeral services have expanded,
however, the consideration and study of social and environmental impacts of cemeteries have been
marginalized market and public policies. In Brazil, the Conselho Nacional de Meio Ambiente -
CONAMA, since 2003, through resolution 335, has provided for the environmental licensing of
cemeteries, presenting requirements for the installation and operation of these sites. However,
Brazil is a country that still has many ancient tombs that do not conform to the law. Considering the
need to obtain more information about the environmental impacts caused by cemeteries, this work
aims to analyze the environmental perception of the employees of the São Sebastião cemetery
regarding the socio-environmental problems of the place. It was found according to respondents'
responses that they do not often get diseases. Regarding the use of EPI‘s, all respond positively. In
the field, it was observed that several graves do not have a floor that prevents that effluent generated
in the decomposition comes into contact with the ground, the necrochorume can reach deeper
layers, and cause contamination of the soil and the water table. Therefore, the main problems
observed affect the physical environment. The main environmental impacts of the cemetery were
identified, as well as their respective mitigating measures, where it is concluded that it is not within
the standards required by current environmental legislation.
Keywords: Environmental problems, necrochorume, mitigating measures
INTRODUÇÃO
fiscalizadores não estão preparados para enfrentar tais problemas, de consequências sociais e
ambientais.
Em Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte, o Cemitério São Sebastião desperta
indagações quanto ao seu atendimento a Resolução CONAMA 335, por se tratar de um cemitério
antigo, em atuação desde a criação do município em 1842, e cuja localização é o centro da cidade
(área intensamente urbanizada), surgem questionamentos sobre sua adequação ambiental, sobre a
segurança e saúde dos funcionários, sobre a salubridade, e a conservação do ambiente.
Nesta perspectiva, este trabalho visou obter informações para responder as indagações
propostas. O objetivo geral foi analisar a percepção ambiental dos funcionários do cemitério São
Sebastião quanto aos problemas socioambientais do local, confrontando as evidências coletadas
com a Resolução 335 do CONAMA.
MATERIAL E MÉTODOS
Etapas da pesquisa
O diário de campo foi essencial para registrar as observações in loco, além disso, foram
realizados registros fotográficos mostrando as condições dos túmulos e suas edificações. Os dados
RESULTADOS E DISCUSSÃO
que: ―olha os materiais é a farda, às vezes luva, algumas vezes vem máscara, mas é difícil, a
maioria das vezes a gente só ganha a farda e só!‖ (COVEIRO C) (CATIVO; WEIL, 2017,
p.11).
Um cenário que se repete também em Mossoró, tendo em vista que o trabalho dos mesmos
não é priorizado pela gestão pública. A pergunta 3 (As vestes de trabalho são lavadas em casa?),
foi sobre o local de lavagem das roupas dos funcionários, tendo em vista que ao findar o dia, estes
profissionais deve evitar de ir vestido com as vestes de trabalho para sua residência, pois os EPIs
podem estar contaminados com vírus e bactérias, estendendo o risco a saúde da família. É
aconselhável que estes equipamentos sejam higienizados e lavados em um local diferente das
demais roupas. Entretanto, os entrevistados relataram que os uniformes são lavados em casa,
juntamente com outras roupas. Não há um cuidado ou atenção quanto a isso.
A pergunta posterior, de número 4 (Os corpos entram diretamente em contato com o solo?),
buscou levantar possíveis evidências de contaminação do solo, considerando que o efluente
produzido na decomposição dos corpos é tóxico e potencial degradador da saúde humana e da
qualidade ambiental.
Em campo e através das respostas foi possível identificar que no cemitério de Mossoró nem
todos os jazigos são do tipo túmulo, ou seja, tem um piso que impeça do efluente gerado na
decomposição ter contato com o solo, além disso, não existe uma canalização que armazene todo o
líquido em um recipiente adequado. O necrochorume pode atingir as camadas do solo, tornando-o
infértil e do subsolo, poluindo, caso exista, o lençol freático.
Na figura 2 é possível visualizar um tipo de sepultura no cemitério São Sebastião, na qual o
cadáver entra diretamente em contato com o solo podendo assim trazer malefícios para o meio
ambiente, confirmando as respostas dos funcionários de que ―não são todos os túmulos que estão
adequados‖.
Figura 2 - Tipo de sepultura que o corpo entra diretamente em contato com o solo.
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.
O cemitério não exige a solicitação de reformas tumulares da parte dos usuários, pois são
muitos túmulos e não tem como identificar quem é o dono de cada um, muitos túmulos estão
abandonado e destruídos como mostra a figura 3, esses túmulos servem de habitat para insetos.
De acordo com a Resolução CONAMA nº 335/2003 cujos dispositivos foram alterados pela
Resolução CONAMA nº 368/2006, todo cemitério seja ele vertical ou horizontal é necessário
passar por licenciamento. No caso do cemitério São Sebastião, não foi investigado junto aos órgãos
municipais o atendimento as normas ambientais, contudo os funcionários relataram que acreditam
que o cemitério não passou por nenhuma fase de licenciamento ambiental, tendo em vista que o
mesmo foi criado antes mesmo da exigência legal, porém há de se cogitar a possibilidade do local
ter sido regulamentado pelas normas uma vez que este está em contínua operação. Com tudo, os
funcionários confirmaram não presenciar fiscalização ou monitoramento promovido pelos órgãos
responsáveis.
Outro requisito contido na resolução 335 diz respeito à estrutura de contenção para o
necrochorume, de acordo com a norma os cemitérios devem apresentar estrutura para que o
necrochorume não penetre o solo. Observou-se in loco que os corpos são muitas vezes colocados
diretamente em contato com o solo, visto que existem as covas que são estabelecidas diretamente
no solo, e há também túmulos que estão comprometidos em suas adequações, favorecendo o
vazamento do efluente.
Sobre o resíduo produzido pelo cemitério os entrevistados informaram que este é
Evitar o contato do
Contaminação do solo-
Biótico/físico/Antrópico necrochorume diretamente
necrochorume
no solo.
Evitar o contato do
Contaminação do lençol
Biótico/Físico/Antrópico necrochorume diretamente
freático
no solo.
Tratar o necrochorume e os
Físico/Antrópico Geração de gases
gases por ele gerados.
Contaminação por material
Físico/Biótico/Antrópico radioativo presente nos Incineração de cadáveres.
cadáveres
Contaminação de solo e
Físico/Biótico/Antrópico Fitorremediação.
águas
Utilização de EPIs, controle
Acidentes de trabalho,
de transmissores de
Antrópico contaminação por patógenos
patógenos, realização de
e danos a saúde
exames frequentes.
Manutenção das covas,
Físico/Antrópico Mau cheiro
evitar vazamentos.
Programa de gerenciamento
de resíduos sólidos,
Físico/Biótico/Antrópico Resíduos sólidos
armazenamento temporário
em local adequado.
Programas de educação
Falta de sensibilização dos
Antrópico ambiental, saúde e
trabalhadores
segurança no trabalho
Tabela 2: Principais impactos ambientais recorrentes nos cemitérios brasileiros e proposição de medidas
mitigadoras: uma reflexão a partir de evidências identificadas no cemitério São Sebastião, Mossoró/RN.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do que foi apresentado constata-se que o Cemitério São Sebastião não está em total
acordo com a resolução Conama n° 335/2003, encontrando-se o mesmo com várias irregularidades.
Cabendo ao poder público municipal o dever de se adequar, e aos órgãos ambientais competentes a
atribuição de promover o monitoramento e a fiscalização da atividade.
Os principais problemas do cemitério São Sebastião afetam o meio físico, destacando-se
para as evidencias identificáveis de possível contaminação do solo e águas subterrâneas, sendo
necessária para aferição, a elaboração de estudo de monitoramento da qualidade das águas
subterrâneas e do solo. O relato dos funcionários e a visita in loco, apesar de não constituírem
fundamentos exatos sobre o nível de degradação do local, chama atenção por apontarem evidências
não desejáveis para a segurança no trabalho e salubridade ambiental. Para traçar um caminho
ambientalmente adequado é fundamental a iniciativa de práticas que mitiguem e controlem os
problemas ambientais, visando à execução da atividade em conformidade com a legislação e com o
não comprometimento dos recursos naturais e da saúde humana.
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RESUMO
Em diversas cidades, um planejamento ineficiente do sistema de drenagem gera inundações,
deterioração das vias locais e aumento do risco de perdas humanas e bens materiais. No município
de Quixadá, localizado no interior do Ceará, ocorrem constantes alagamentos durante o período
chuvoso da região, o que se torna um grande problema para os moradores de determinados locais. O
presente artigo tem como objetivo realizar um estudo de caso em um bairro do município em
questão de forma a caracterizar as vias quanto a problemas de escoamento de águas pluviais,
verificando a existência de fontes para escoamento de águas. Na região localizada próximo ao
terminal rodoviário da cidade, um eficiente sistema de drenagem serviria para capturar e conduzir
as águas pluviais. Para a realização do estudo, caracterizou-se a área de acordo com índices de
fragilidade do sistema, divididos em natureza tecnológica, ambiental e institucional, ao qual
determinou-se o nível de cada rua localizada na área delimitada. Foi constatada a necessidade da
realização de melhorias no local, como a elaboração de projetos executivos, implantação de obras
de microdrenagem e macrodrenagem, desobstrução de dispositivos hidráulicos e a Recuperação de
dispositivos existentes, campanhas de educação pública ambiental.
Palavras-chave: Alagamento, Pluviosidade, Educação ambiental.
ABSTRCT
In several cities, inefficient planning of the drainage system, floods, deterioration of local roads and
increased risk of human losses and material assets. No municipality of Quixadá, located in the
interior of Ceará, there is constant flooding during the rainy season of the region, which is more of a
problem for residents of local departments. The objective of this article is to carry out a case study
in a neighborhood of the municipality in question in order to characterize as ways of rainwater
runoff problems, verifying the existence of sources for water drainage. In the region located near
the city's bus station, an efficient drainage system to capture and drive like rainwater. For an
accomplishment of the study, an area according to fragility indices of the system, divided in
technological, environmental and institutional nature was characterized, to which the level of each
street located in the delimited area is determined. There was a need to make improvements in the
area, such as drafting executive projects, implementing micro drainage and macro drainage works,
clearing hydraulic devices and recovering existing devices, public environmental education
campaigns.
Keywords: flooding, rainfall, environmental education.
INTRODUÇÃO
As primeiras cidades surgiram a partir de uma série de transformações ocorridas, sejam elas
em escala social, econômica, tecnológica, política ou cultural. A medida que foram ocorrendo essas
transformações, tornou-se necessária a organização interna da cidade (DE SOUZA, 2005).
As cidades começaram a se desenvolver cada vez mais e sem um planejamento
adequado, ocorreu um inchamento populacional, o qual passou a comprometer as condições de vida
da população, pois a medida que a população crescia, maior a infraestrutura necessária à população
residente. A partir disso, percebe-se a necessidade de planejar o crescimento urbano de determinado
local, tornando possível o crescimento de uma cidade atrelado a melhoria de vida da população (DE
SOUZA, 2005).
No Brasil, o planejamento das cidades deve ser realizado pela gestão municipal,
representada pelo chefe do poder executivo municipal, o prefeito, e o poder legislativo do
município, os vereadores, que respondem por uma séria de medidas importantes a serem tomadas,
como a delimitação oficial da zona urbana, rural e demais territórios para onde são direcionados os
instrumentos de planejamento ambiental (MAGALHÃES, 2015).
Alguns problemas nas cidades são desencadeados principalmente pela forma como as
cidades se desenvolvem: falta de planejamento, controle do uso do solo, ocupação de áreas de risco
e sistemas de drenagem inadequados, a partir disso, torna-se necessário o planejamento adequado,
de forma a diminuir e controlar os problemas encontrados. Uma das razões para as inundações
urbanas, deve-se aos impactos das mudanças climáticas, atrelados a uma urbanização ocorrida de
forma acelerada e inadequada, assim como problemas ocorridos na infraestrutura da cidade,
causados por sua deterioração (PHILLIP; ANTON; STEEN, 2011).
Numa tentativa de solucionar o problema, a drenagem urbana do município deve ser
eficiente para capturar e conduzir as águas pluviais. Como resultado de um sistema ineficiente,
observa-se na área, inundações, deterioração das vias locais, agravamento das doenças transmitidas
de veiculação hídrica e aumento do risco de perdas humanas e bens materiais (SABOIA, 2017).
O objetivo desse artigo é realizar um estudo de caso em um bairro da cidade de
Quixadá, de forma a caracterizar as vias quanto a problemas de escoamento de águas pluviais,
verificando a existência de fontes para escoar as águas.
METODOLOGIA
Ao entorno da mesma, encontra-se comércios, sendo uma grande parte dele de uso misto, ou seja,
no térreo são pequenos comércios e no pavimento superior residências. Ao lado da rodoviária,
encontra-se ainda grandes empreendimentos, como dois postos de combustíveis e juntamente com
um desses postos, no sentido do centro da Cidade, encontra-se um hotel.
Após a observação quanto ao problema e empreendimentos existentes na área, analisou-se a
legislação vigente na cidade, de forma a determinar do que a mesma tratava-se com relação ao
sistema de drenagem, e de acordo com a Lei Orgânica do município de Quixadá, atualizada no ano
de 2009, compete ao município de acordo com o artigo 6° organizar e prestar, de forma direta ou a
partir de concessão, alguns serviços, dentre eles o de abastecimento de água e esgotos sanitários,
bem como limpeza pública, coleta domiciliar e destinação final do lixo e executar o Plano diretor e
obras de drenagem pluvial.
Conforme o art. 194, na Lei de Códigos e Posturas de Quixadá, não é licito a quem quer que
seja, sob qualquer pretexto, impedir ou dificultar o livre escoamento das águas pelas canalizações,
valas, sarjetas ou canais dos logradouros públicos, danificando ou obstruindo tais servidores. E, a
partir da referida lei, o art. 308 determina a proibição de obstrução direta ou indiretamente para a
obstrução de valas, calhas, bueiros, ou bocas-de-lobo, ou impedir, por qualquer forma, o
escoamento das águas.
Além disso, realizou-se entrevistas na área, onde foi possível observar a preocupação dos
moradores, que têm suas casas constantemente alagadas, além de problemas de alagamentos de
empreendimentos, podendo chegar a causar danos as mercadorias e a dificuldade em locomover-se
nessas áreas no período chuvoso. Eles relataram que o problema é bem antigo, que desde que
começaram a viver na área, esse problema já existe, quando questionados sobre alguma reforma por
conta da Prefeitura, eles disseram ser apenas promessas, e que nada do que era prometido era feito.
Eles relataram ainda que, quando chove, os colchões de casas vizinhas ficam boiando na rua, até
que o alagamento acabe.
Para determinar os problemas existentes nas vias do local, baseou-se no estudo
desenvolvido por Bruno Jardim da Silva e outros (UFBA) na Elaboração do Componente de
Drenagem do Plano Municipal de Saneamento Ambiental do Município de Alagoinhas. Esta
metodologia é apoiada em Indicadores de Fragilidade do Sistema – IFS e caracteriza as áreas
quanto ao seu nível de fragilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os efeitos do escoamento das águas pluviais não controlados podem converter em ônus
econômico cada vez maior e representam uma ameaça para a saúde, segurança e bem-estar da
comunidade. A rede de drenagem não cobre toda a extensão de ruas pavimentadas, e na região a
pavimentação é de má qualidade. Na região já foram feitas duas obras de drenagem para tentar
diminuir os incidentes com alagamentos, uma delas feita no ano de 2012, na Avenida José Caetano,
mas não houve nenhuma melhora. Outra obra está sendo realizada, neste ano de 2017, na Rua
Tabelião Enéas que está localizada na área selecionada. A obra está sendo feita para aumentar a
velocidade do escoamento, pois a região é rebaixada e chega a atingir 30 centímetros de lamina
d‘agua. Há um desnível na região, identificado através da obtenção das curvas de nível, com uma
diferença de 10m, indicando que o sentido da água é uma descida justamente na área de estudo. Na
Figura 2, é possível observar as ruas localizadas e estuadas na área.
indicador que caracteriza o somatório das relevâncias dos IFS. Este somatório é designado por
Índice Geral de Fragilidade-IGF. Este sistema de pontuação permitiu estabelecer a hierarquização
dos principais problemas a serem destacados. Contém 26 pontos, o qual, se a somatória a partir dos
problemas avaliados contiver número igual ou aproximado de 26, representará uma área com
diversos problemas, e, se a área conter 0, significa que não apresenta problema algum. A partir dos
indicadores, foi possível caracterizar as ruas através de seu índice de fragilidade.
Os índices de fragilidade, classificam-se em indicadores de três naturezas, tecnológico, que
apresenta os seguintes indicadores: ineficiência do escoamento nas vias, ineficiência dos
dispositivos de coleta, ineficiência da capacidade de transporte dos condutos, demanda de soluções
de maior custo, redução da vida útil dos equipamentos, redução da vida útil dos pavimentos.
Os indicadores de natureza ambiental, que são: degradação física dos terrenos, instabilidade
estrutural dos terrenos adjacentes às galerias, favorecimento da produção de sedimentos, diminuição
da recorrência das cheias mais significativas, restrição à implantação de áreas de inundação,
interferência inadequada no trânsito de veículos, interferência inadequada no movimento de
pedestres, ocorrência de alagamentos, contaminação do corpo receptor, potencialização do aumento
dos índices de insalubridade da população marginal ao corpo receptor, deposição de sedimentos nas
vias públicas e assoreamento do corpo receptor. Já os de natureza Institucional são: elevação dos
gastos com manutenção dos equipamentos, elevação dos gastos com conservação, aumento da
demanda de recursos financeiros para implantação de obras, perda de credibilidade da
administração pública, desgaste das relações interinstitucionais, ineficiência operacional, perda de
oportunidade de arrecadação financeira e deterioração da possibilidade de aplicação de recursos
legais e normativos
Na Rua Tabelião Enéas, encontrou-se, de acordo com o quadro acima, quatro problemas
relacionados à área tecnológica (T4), três problemas de natureza ambiental (A3) e cinco problemas
de natureza institucional (I5), somando-se no total 12 pontos. A Rua Francisco Eneas de Lima
apresentou T5, A10 e I5, somando 20 pontos. Travessa Aristides Gonçalves da Silva apresentou T6,
A12 e I8 totalizando 26 pontos. A Rua Rui Maia obteve T6, A7 e I2, totalizando 15 pontos. A
Travessa José Viana Souza obteve T5, A8 e I2, com 15 pontos. Na Rua Frazão Cravo encontrou-se
T5, A8 e I2, com 15 pontos. Rua José Cardoso somou 15 pontos, com T5, A8e I2. A Avenida José
Caetano, obteve 22 pontos, com T6, A11 e I5. A Avenida Plácido Castelo apresentou somatório de
10 pontos, com T6, A1 e I3. A Rua Rui Barbosa apresentou T5, A5 e I2, somando 12 e a Travessa
Estudante Antônio Brito contabilizou 26 pontos, provenientes de T6, A12 e I8.
Com esses resultados, observa-se que duas ruas encontraram maiores problemas, são elas a
Travessa Aristides Gonçalves da Silva e a Travessa Antônio Brito, ambas com 26 pontos e, como
rua que apresenta menores problemas, encontra-se a avenida Plácido Castelo, com apenas 10
pontos.
Listadas as ruas e estabelecido o IGF de cada uma, é necessário conhecer a elevação, para
entender um pouco mais o motivo do alagamento nas vias, portanto, a seguir, apresenta-se a análise
do perfil de elevação de algumas ruas citadas, assim como imagens que mostram a real situação da
área.
O desnível presente em toda extensão da Avenida José Caetano, equivalente a
aproximadamente 185m. Há um acentuado rebaixamento da via de aproximadamente 2 metros em
relação ao seu nível correto. O rebaixamento da área aliado a ineficiência do sistema de drenagem,
o qual há a presença em locais errados de bocas de lobo, ou mesmo em números menores do que o
necessário, as quais em suma maioria apresentam entupidas por lixo (Figura 3A), sendo assim faz
com que o sistema seja insuficiente para suprir toda água que escoa, contribuindo assim para o
alagamento do local, como pode-se observar na figura 3B, uma área completamente afetada pelas
águas da chuva, alcançando níveis superiores ao das calçadas que normalmente já passaram por
uma adaptação na tentativa de evitar a entrada da água nas residências.
A rua Estudante Antônio Brito, apresenta dois principais desníveis, sendo o maior com
aproximadamente 3 metros de diferença do nível da rua sendo este de aproximadamente 185,3m A
via apresenta entulhos e materiais aptos para uso em construção dispostos em locais inadequados
(Figura 4A), a forma acidentada da rua por si mesmo dificulta o fluxo correto da água, além do
tamanho mínimo e posição incorreta da boca de lobo (Figura 4B), que se encontra posicionada de
frente para a calçada, ao invés de estar direcionada para a rua. Assim percebe-se que não ocorre
nenhum tipo de fiscalização perante a prefeitura, pois não é permitido a disposição de resíduos de
construção civil ou mesmo materiais propícios para uso, em vias públicas, sobe pena de multa,
como previsto em lei municipal.
Figura 4: Material de construção presente na via (A); Boca de lobo virada para a calçada (B).
Fonte: Autores.
A rua Rui Barbosa, apresenta, na Figura 5A, a boca de lobo reformada, estando essa com um
tamanho maior que as demais, não possui nenhum gradil para proteção contra entupimento com
resíduos, ou mesmo proteção para a população, podendo evitar acidentes posteriores, além de
encontrar-se na esquina, sendo esse local inadequado.
A rua Rui Maia apresenta um desnível, sendo este de aproximadamente 2 metros em relação
ao nível da rua, de aproximadamente 185m A via apresenta um ineficiente sistema de drenagem,
bocas de lobo inadequadas, localizadas em locais mais elevados, impossibilitando a chegada da
água, ou mesmo diminuindo a quantidade que podia ser absorvida. A Figura 5B mostra uma das
bocas de lobo localizadas no decorrer da via, a mesma é feita a partir de canos, a qual é diminuída
sua eficiência por não apresentar uma correta construção.
De acordoo com o perfil de elevação da Travessa Aristides Gonçalves da Silva, a via tem
um rebaixamento em torno de 2 metros em relação ao nível da rua. As bocas de lobo apresentam-se
em locais mais elevados, e menores que o necessário dificultando assim a chegada da água. Assim
como em toda área de estudo, as casas passam por uma adaptação na tentativa de minimizar a
entrada de água nas residências. São construídas calçadas mais altas, além da construção de batentes
nas soleiras das portas, como se pode ver na figura 6.
A Figura 7A, mostra alagamentos localizados na Rua Tabelião Enéas, localizada por trás da
rodoviária de Quixadá. A área sofre com elevados problemas de alagamentos, em toda sua
extensão, ocorre a existência de apenas uma boca de lobo, localizado próximo ao muro do
perímetro rodoviário, sento esta, constantemente entupida por lixo (Figura 7B), nessa mesma
imagem, próximo a boca de lobo, há um grande buraco presente, que pode provocar acidentes,
principalmente quando está submerso na água. Assim a falta de fiscalização, de limpeza das bocas
de lobo e o subdimensionamento do sistema de drenagem contribuem para o alagamento da área.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Diário do Nordeste. Chuvas voltam a causar transtornos em Quixadá alagando ruas e avenidas.
Disponível em: < http://blogs.diariodonordeste.com.br/sertaocentral/meteorologia/chuvas-
voltam-a-causar-transtornos-alagando-ruas-e-avenidas-de-quixada/>. Acesso em: 13 abr. 2017.
Diário do Nordeste. Chuva em Quixadá transforma ruas em rios, isola bairros e alaga casas.
Disponível em: < http://blogs.diariodonordeste.com.br/sertaocentral/meteorologia/chuva-de-
100mm-causa-alagamentos-e-transtornos-em-varios-bairros-de-quixada/>. Acesso em: 12 abr.
2017
HILLIP, R.; ANTON, B.; STEEN, P. V. D. Kit de Treinamento SWITCH: gestão integrada das
águas na cidade do futuro. Módulo 1. Planejamento estratégico: preparando-se para o futuro. 1.
ed. São Paulo: ICLEI Brasil, 2011. 53 p.
SABOIA, M. A. M. [et. al] Climate changes impact estimation on urban drainage system located in
low latitudes districts: a study case in Fortaleza-CE. Revista Brasileira de Recursos Hídricos,
vol 22. Porto Alegre, 2017
SOUZA, M. L.;. ABC do Desenvolvimento Urbano. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.
RESUMO
O presente artigo teve como objetivo avaliar a qualidade da água da Barra de Gramame, avaliando
seus parâmetros: Oxigênio Dissolvido e Demanda Bioquímica de Oxigênio. O campo de estudo se
fez em um ponto na parte baixa do rio Gramame na divisa das cidades de João Pessoa e Conde, no
Estado da Paraíba. Foram utilizados dados de monitoramento da qualidade da água fornecido pela
Fundação SOS Mata Atlântica e pelo projeto Observando os Rios, consistindo de visitas e análises
de campo por meio de kits com instrumentos para coleta e medições. Em relação à análise dos
dados quantitativos foram utilizados gráficos para interpretação e observação do comportamento de
cada um dos parâmetros pesquisados. Após a análise dos dados pode-se concluir que o ponto
estudado do rio Gramame oferece um nível abaixo do aceitável e preocupante em relação aos
parâmetros da qualidade da água ali apresentados.
Palavras-chave: Qualidade da Água, Oxigênio Dissolvido, Demanda Bioquímica de Oxigênio.
ABSTRACT
The present article aimed to evaluate the water quality the Barra of Gramame, evaluating its
parameters: Dissolved Oxygen and Biochemical Oxygen Demand. The study field was a point in
the lower Gramame River on the border of the cities of João Pessoa and Conde in the State of
Paraíba. Water quality monitoring data provided by the SOS Mata Atlântica Foundation and the
Observando os Rios (Observing the Rivers Project) were used, consisting of visits and field
analyzes kits with instruments for collection and measurements. In regard to the quantitative data
analysis, graphs were used to interpret and observe the behavior of each parameter studied to obtain
the WQI. After data analysis, it was brought to conclusion that the studied point in the Gramame
River presents a precarious and worrying level regarding the quality of the water presented.
Keywords: Water Quality, Dissolved Oxygen, Biochemical Oxygen Demand.
INTRODUÇÃO
O Brasil se faz um país muito extenso, nele o controle da qualidade da água é algo que passa
longe da simplicidade, exigindo sempre um planejamento bem estudado a fim de monitorar todo o
processo de sua qualidade, pois, qualquer problema ambiental por menor que seja poderá alterar
toda a finalidade de determinada água que possui inúmeras características físico-químicas e
biológicas, essas se mantidas dentro de certos limites, viabilizam a água para determinado uso.
Esses limites por sua vez, constituem critérios (recomendações) ou padrões (regras aplicadas por
leis) da qualidade da água. (TUNDISI, 2011)
Inúmeras são as razões que se justificam a realização de pesquisas em se tratando da
avaliação de qualidade da água. Uma delas tem a ver com o interesse em constatar a observância ou
violação dos padrões de qualidade da água. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já prevê isso e
sugere algumas formas básicas de obtenção de dados de qualidade da água. Outro motivo que
parece passar despercebido por grande parte da população é a relação qualidade da água/saúde
pública. A água poluída apresenta inúmeros riscos à saúde humana podendo provocar doenças
como Cólera, Febre Tifoide, Hepatites, entre outras.
Ao contrário do que muitos pensam, matérias orgânicas biodegradáveis jogadas no meio
aquático podem causar a destruição da fauna ictiológica e de outras espécies aeróbias em razão de
consumo de oxigênio dissolvido pelos organismos decompositores. Um exemplo disso é o despejo
de esgotos domésticos em rios, podendo o prejuízo ocorrer não pela presença de substancias tóxicas
nesses despejos, mas pela diminuição da concentração de oxigênio dissolvido disponível na água.
(BRAGA, 2005)
A poluição pode ter origem química, física ou biológica, sendo que em geral a adição de um
tipo destes poluentes altera também as outras características da água. Desta forma, o conhecimento
das interações entre estas interações é de extrema importância para que se possa lidar da melhor
forma possível com as fontes de poluição.
Este artigo teve como objetivo estudar a qualidade da água da Barra de Gramame, localizada
no baixo curso do Rio Gramame, próximo à desembocadura com o mar localizado no município de
João Pessoa, no Estado da Paraíba-Brasil. Para a realização desse estudo foram analisados os
parâmetros de qualidade Oxigênio Dissolvido (OD) e Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO).
QUALIDADE DA ÁGUA
diretamente ligada à água, já que ela é utilizada para o funcionamento adequado de seu organismo,
o preparo de alimento, higiene pessoal, entre outros. (BRAGA, 2005)
Usada para abastecimento doméstico, a água deve apresentar características sanitárias e
toxicológicas adequadas, tais como estar livre de organismos patogênicos e substancias tóxicas que
provocam danos à saúde e ao bem estar. No ano de 2015 a Organização Mundial de Saúde (OMS)
estimaram por meio de pesquisas e estudos um número elevado de pessoas que morrem por dia por
causa de doenças transmitidas pela água e por falta de saneamento adequado, sendo mais da metade
de crianças com menos de cinco anos de idade.
A água para uso humano deve atender a critérios rigorosos de qualidade, e para isso, não
deve conter elementos nocivos à saúde, ou seja, substâncias tóxicas e organismos patogênicos, nem
conter sabor, odor ou aparência desagradável. Podemos considerar água potável uma água própria
para este fim, e ela deve atender os padrões de potabilidade pré-estabelecidos. (TSUTIYA, 2006)
Padrões de qualidade são determinados por meio de portarias, resoluções e leis a fim de
aferir e controlar procedimentos e estabelecer responsabilidades relativas a todo esse meio que
envolve a qualidade da água.
Atualmente a Agência Nacional das Águas (ANA) desenvolve, juntamente com os Estados,
o Programa Nacional de Avaliação de Qualidade das Águas, que tem como objetivo ampliar as
redes de monitoramento e padronizar seus procedimentos.
De acordo com a ANA, utilizando o Índice de Qualidade das Águas (IQA), foram
monitorados 1.988 pontos no país em 2010, tanto em áreas urbanas como rurais, foi constatado a
condição ―ótima‖ em apenas 6% dos pontos monitorados, ―boa‖ em 75%, ―regular‖ em 11%,
―ruim‖ ou ―péssima‖ em 7%. Quando analisado apenas os corpos d‘água em áreas urbanas,
constatou-se que, no mesmo ano, 47% dos pontos monitorados apresentaram condição ―péssima‖
ou ―ruim‖, no qual podemos atribuir a uma alta taxa de urbanização observada no País e dos baixos
níveis de coleta e tratamento de esgotos domésticos. (ANA, 2012)
Para a ANA (2012) esses rios localizados em áreas urbanas geralmente apresentam suas
bacias em grande parte impermeabilizadas, poluídas pelos esgotos domésticos, efluentes industriais,
resíduos sólidos e cargas difusas, que impactam a qualidade de vida nas cidades brasileiras, pois
assim degradam a paisagem urbana, diminuem as oportunidades de lazer e admitem a veiculação de
doenças.
Partindo da macro para a micro região em estudo, temos a cidade de João Pessoa – PB. A
cidade é atravessada por diversos rios, riachos e córregos, dentre quais nove se destacam por
possuírem seu trajeto totalmente inserido na zona urbana ou de cidades vizinhas, que englobam a
grande João Pessoa. Esses cursos d‘água são de vazão perene, parcialmente degradados, porém, em
determinadas trechos possuem qualidade de água suficiente para consumo humano após um
tratamento adequado descrito pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). (REIS,
2016)
Os rios que cortam a cidade tiveram seus trajetos alterados quase que por completo, em
função do processo de urbanização, gerando um aumento na rede de microdrenagem das águas
pluviais e alterando o regime da rede de macrodrenagem de João Pessoa. A consequência disso é a
saturação do volume de água que degradam sua qualidade, causando transtornos socioeconômicos
em algumas áreas da cidade, principalmente para aqueles que residem próximo aos rios.
CAMPO DE PESQUISA
Figura 1: Campo de pesquisa. Fonte: Elaboração própria via Google Earth Pro (2017)
OXIGÊNIO DISSOLVIDO
O Oxigênio dissolvido (OD) é importante para que haja as condições necessárias para a
existência de vida aquática, se tornando um parâmetro bastante importante para a análise da
poluição de um rio.
A quantidade de oxigênio dissolvido na água é um índice expressivo em relação a sua
qualidade sanitária, pois, águas superficiais de boa qualidade devem estar saturadas de oxigênio.
Uma vez saturada, a água pode ou não estar poluída, mas a saturação indicará que a mesma não está
contaminada por matéria oxidável. (TUCCI, 2014)
Quanto maior for à temperatura, a concentração de oxigênio dissolvido irá diminuir. O OD
tem uma concentração máxima para dadas condições de temperatura e salinidade da água,
conhecida como concentração de saturação. (COLLISCHONN E DORNELLES, 2013)
Exemplificando em uma água de boa qualidade, apenas usando a variável temperatura como
diferencial, temos em números uma diferença aproximada de 8 ppm (partes por milhão) entre 0° a
40° (Tabela 1).
A Agência Nacional de Águas (ANA) destaca que as águas poluídas por esgotos apresentam
uma baixa concentração de oxigênio dissolvido, já que ele é consumido no processo de
decomposição da matéria orgânica. Então, já as águas limpas apresentam concentrações altas de
OD, consideradas maiores que 5mg/l ou 5ppm.
Existem meios em que ocorre a introdução do oxigênio na água, um delas é através da
fotossíntese das algas durante o dia, elevando assim os valores de oxigênio durante o dia e
diminuindo durante a noite devido à ausência de luz. Outra maneira de inserção do oxigênio é
através do processo físico, por meio dos movimentos da água e sua velocidade.
Traçando as quantidades de oxigênio dissolvido medido por mais de um ano de intervalo
(Gráfico 1), percebemos que o ponto de estudo do Rio Gramame apresentou níveis baixos desse
parâmetro de qualidade.
Gráfico 1: Relação entre Oxigênio Dissolvido da água para seus respectivos períodos de coletas.
Fonte: Elaboração própria (2017).
Aplicando os limites indicados na resolução do CONAMA para cada classe das condições e
padrões, percebemos que em sua maioria os níveis estão iguais ou abaixo de 2ppm, levando a
enquadrar esse trecho na classe 4, se tratando apenas de oxigênio dissolvido.
Isso nos remete a um fato preocupante, pois segundo a resolução do CONAMA, a classe 4 é
destinada apenas para à navegação e harmonia paisagística. Determinados fins como abastecimento
humano, irrigação e pesca, por exemplo, não são citados. Levando a conclusão que essa água tem
um déficit de OD e que esse trecho do rio está prejudicado. A situação se agrava se levarmos em
conta que todas as medições foram realizadas no período matutino, onde os valores de OD são
maiores.
O oxigênio também é produzido por plantas aquáticas, algas, e fitoplâncton como um
produto da fotossíntese. Cada espécie necessita de uma certa quantidade de oxigênio para
sobreviver. Geralmente, níveis de oxigênio abaixo de 3ppm são inadequados para alguns
organismos aquáticos. Águas com níveis abaixo de 2 ou 1ppm, como foi apresentado acima, não
possuem peixes, caso real que foi confirmado pela equipe do Observando os Rios que quantificaram
a quantidade de peixes durante esse período de coleta igual a zero. Diferente da realidade
apresentada, um rio para ser considerado limpo, em condições normais deve apresentar valores
maiores ou iguais a 6ppm de OD. Caso isolado que aconteceu apenas na medição de setembro de
2016, não podendo assim ser considerado importante.
2,00
1,50
1,00
0,50
0,00
Um fator importante a ser observado é que nas reações que ocorrem na DBO, o pH tem
como faixa ideal de 6,5 a 8,5 para garantir a sobrevivência dos microrganismos.
Outro fator importante que pode variar a DBO é a temperatura que pode aumentar ou
diminuir a velocidade da reação de oxidação.
Como podemos perceber os níveis de DBO sofreram uma pequena variação no período de
coletas, variando apenas de 0 a 2 ppm. Existindo meses onde a diferença subia ou despencava
bruscamente.
Para os termos da resolução do CONAMA os níveis de DBO apresentados estão todos
enquadrados nos mesmos da classe 1, menores que 3 ppm. O que torna a Barra de Gramame bem
conceituada para esse parâmetro.
Podemos associar esses baixos níveis de DBO a pouca existência, proporcionalmente
falando, de matérias orgânicas como folhas de árvores, cadáveres de animais, restos de comida,
madeira, entre outras coisas. Pois, quanto menor for à quantidade de material proveniente dos seres
vivos na água, menor será a quantidade de oxigênio necessária para depurá-la.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Barra de Gramame encontra-se com suas águas poluídas. Nesse estudo, todos os objetivos
traçados foram pensados a partir de problemas causados por eventos ocasionados pelo homem que
geram a poluição hídrica. Através de analises dos parâmetros conseguimos identificar e investigar
algumas possíveis causas reais desses potenciais poluentes lançados diariamente em nossos rios,
pois cada parâmetro tem características próprias podendo acusar suas possíveis origens.
O prejuízo com essas ações antrópicas desenvolvidas dentro de bacias hidrográficas dos rios
são problemas socioeconômicos que merecem e devem ser tratadas com medidas de gestão
ambiental aplicadas nas áreas afetadas visando garantir não somente o acesso humano a recursos
hídricos de qualidade, mas também a conservação ambiental.
REFERÊNCIAS
ANA, Agência Nacional de Águas. Panorama da qualidade das águas superficiais do Brasil.
Brasília: ANA, 2012.
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n° 357 de 2005. Classificação dos
corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento.
PORTO, R. La L. Hidrologia ambiental. São Paulo: EDUSP, 1991, 411 p. (Coleção ABRH de
Recursos Hídricos, v. 3)
REIS, André Luiz Queiroga. Índice de sustentabilidade em uma bacia ambiental: Uma abordagem
para a gestão e planejamento da conservação e preservação dos rios urbanos de João Pessoa
(PB). 2016. 264 f. Tese (Doutorado) - Curso de Desenvolvimento e Meio Ambiente,
Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2016.
TUCCI, Carlos E. M. et al. Hidrologia: Ciência e Aplicação. 4. ed. Porto Alegre: UFRGS/ABRH,
2014. 943 p.
TUNDISI, José Galizia; MATSUMURA-TUNDISI, Takako. Recusos Hídricos no século XXI. São
Carlos: Oficina de Textos, 2011. 328 p.
RESUMO
Esse trabalho trata sobre a Zona de Proteção Ambiental de número 8, como sendo uma das áreas de
extrema importância para a conservação da natureza dentro da cidade de Natal, capital do Rio
Grande do Norte. Apresenta os recorrentes impactos ambientais sofridos pelo manguezal do
estuário do Rio Potengi, situado na ZPA 8, oriundos da falta de conscientização humana: Prática da
Carcinicultura, pescas em desconformidade com a legislação, lançamento de lixo e esgoto.
Evidencia a eficácia das medidas legais tomadas para a proteção deste ambiente. Sendo o
manguezal um ecossistema de grande biodiversidade, mas também muito frágil, está inserida nos
limites resguardados pelo Plano Diretor de Natal, instrumento utilizado pelo poder público do
município. O macrozoneamento será exposto como o meio aderido para melhor gerência da
ocupação territorial.
Palavras chave: Zoneamento ambiental, Manguezal, Plano diretor, Rio Potengi, Natal/RN.
ABSTRACT
This paper is about Environmental Protection Zone number 8, as being one of the most important to
the nature‘s conservation amongst the city of Natal, capital of Rio Grande do Norte. This article
shows recurring environmental impacts suffered by the mangrove along the Potengi River, situated
on ―ZPA‖ (Environmental Protection Zone) 8, resulting from the lack of human consciousness:
Shrimp farming, fisheries not according to the law, irregular waste disposal, all that is evidence of
the inefficacy from the legal measures taken to protect this environment. Being the mangrove an
ecosystem of great biodiversity, as well as fragile, it is inserted on the boundaries of the Natal‘s
Director Plan, instrument utilized by the city‘s governors. The macrozoning will be shown as the
means to the best occupancy territorial management.
Keywords: Environmental zoning, Mangrove, Master Plan, Rio Potengi, Natal / RN.
INTRODUÇÃO
O Espaço geográfico é produto dos indivíduos que vivem nele e de suas relações sociais e
econômicas. Áreas consideradas como campo e cidade são bons casos para exemplificar tal ligação.
No campo, imagina-se uma população pouco numerosa. Existem poucas pessoas, as casas são
menores e em menos quantidade. A necessidade de locomoção é baixa e quando ocorre, é
facilmente realizada utilizando animais em estradas de terra. Apesar do crescente uso de
tecnologias, ainda pode-se perceber características de uma população que desenvolve atividades
primárias, sem grandes alterações no ambiente – Toda a infra-estrutura é sintetizada, tendo em vista
as circunstancias citadas. Na cidade observa-se outra realidade: O contingente populacional é por
vezes triplicado e para atender as necessidades de todos e mais habitações são edificadas. Mais
hospitais e escolas são instalados, ruas são alargadas e asfaltadas para se adequarem aos carros –
sendo estes cada vez maiores e mais numerosos. Todavia, o crescimento raramente é acompanhado
pelo planejamento urbano. Depara-se comumente com grandes áreas urbanas sempre favoráveis a
obtenção de lucro rápido e uma sociedade disposta a transpor qualquer barreira para otimização
econômica, inclusive as barreiras postas pela natureza, em sua própria existência.
Foi em um passado recente que se iniciou a discussão para o melhor planejamento urbano no
Brasil, refletindo assim na criação de Políticas Públicas e leis que potencializassem minimamente a
gestão territorial devida. Entendeu-se, ainda que lentamente, a indispensabilidade de resguardar o
que de fato é essencial para a existência humana e que isso não pode ser oferecido por máquinas
construídas, mas sim, pelo ambiente natural.
A cidade de Natal é capital do estado do Rio grande do Norte e está situada no nordeste
brasileiro. Possui área de 167,264 km² e uma estimativa de 877.662 pessoas, para o ano de 2016
(IBGE). Trata-se de um município em crescente urbanização e não diferente de outras cidades
atentou há pouco às discussões sobre ordenamento territorial, com a inserção dos interesses
ambientais. Em decorrência dos debates, instituiu-se na cidade o instrumento denominado Plano
Diretor e em suas diretrizes, define o macrozoneamento como um dos métodos para beneficiamento
da gestão territorial. O macrozoneamento ambiental, contido no Plano, estabelece Zonas de
Proteção Ambiental em Natal e somam um total de dez áreas definidas e resguardadas.
Apesar dos aparatos criados legalmente para a segurança do ambiente em toda área
municipal, percebe-se que estes não foram suficientes para inibir totalmente os meios de impactos
sofridos. A Zona de Proteção Ambiental de número 8 está localizada nas margens do Rio Potengi,
corpo hídrico que divide a cidade e tem padecido em função da fragilidade detectada em seu
regulamento e tentativas de preservação.
OBJETIVOS
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para atingir os objetivos desta pesquisa foi necessária a adoção de alguns procedimentos
metodológicos, como a realização de uma revisão bibliográfica relacionada aos temas abordados:
História da formação da cidade de Natal, Ecossistemas de manguezais e impactos sofridos por eles,
Plano Diretor e Zoneamento Ambiental. Também foi realizada uma análise cartográfica da área que
corresponde a Zona de Proteção Ambiental 8, localizada em Natal-RN, através de imagens de
satélite obtidas através do software Google Earth. Elas possibilitaram uma melhor visualização e
interpretação dos processos sucedidos na área de manguezal da ZPA 08. Realizou-se um
levantamento de dados de origem pública, trabalhos já realizados sobre a área de estudo, como
relatórios do Ministério Público e da Prefeitura Municipal de Natal.
dessas discussões trouxeram também reflexos jurídicos com a criação de leis e regulamentos para
resguardar e incentivar o uso responsável da natureza.
A legislação brasileira tem seu arcabouço legal e jurídico fundamentado por uma série de
instrumentos. A Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000 institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da natureza. O SNUC, segundo o Ministério do Meio Ambiente, é o conjunto de
unidades de conservação a nível federal, estadual e municipal. São "espaços territoriais e seus
recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes,
legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob
regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção da lei"
(art.1º, I). Ou seja, áreas com características naturais que necessitam de proteção.
O Plano Diretor de ordenamento territorial, por sua vez, regula o uso da área municipal e
proporciona diretrizes para seu crescimento, gestão, beneficiando a melhor destinação de recursos
para este fim. O artigo 2 do PDDU de Natal (2007) define como objetivo de sua existência ―o pleno
desenvolvimento das funções sociais, e ambientais da cidade e da propriedade, garantindo um uso
socialmente justo e ecologicamente equilibrado do seu território, de forma a assegurar a todos os
seus habitantes, condições de qualidade de vida, bem-estar e segurança. ‖ Ele é elaborado por uma
equipe com profissionais de diferentes áreas da ciência (SOUZA, 2013) e obrigatório para
municípios com população acima de 20.00 habitantes, integrantes de regiões metropolitanas ou
onde o Poder Público local queira desenvolver atividades que tragam algum impacto ambiental
(SOUZA, 2010). Sua revisão é obrigatória em um período de dez em dez anos, tendo em vista o
surgimento de novas necessidades da cidade que aparecem no decorrer do tempo.
Natal atende a todas as características que fazem necessária a existência desse instrumento.
Como mostra Marise Costa (2010) em sua tese, havia antes preocupação com a preservação de
áreas verdes, mas sem a preocupação social e nem grandes aprofundamentos sobre impactos
ambientais. O Plano Serete, uma das primeiras tentativas registradas de ordenar o uso do espaço na
capital do estado, elaborado de forma privada pela empresa de mesmo nome, surge em 1968. O
primeiro Plano Diretor foi devidamente aprovado e instaurado em 1974, possuía grande influência
daquele criado em 68 e repetiu os mesmos erros: Pouca democracia, reflexo do contexto histórico
da época. Em sua tese ―Espaços Especiais Em Natal: Moradia E Meio Ambiente‖, Marisa aponta a
percepção de uma tímida preocupação com determinados fragmentos da cidade que mais tarde
seriam reconhecidas como Zonas de Proteção Ambiental, todavia visando a conservação
paisagística.
Em 1984, o Plano Diretor foi revisado pela segunda vez – um reflexo dos interesses
políticos do governo vigente na época, excluindo a participação social em sua fase de construção,
apesar de seus singelos avanços (SOUZA, 2010). A versão de 1994 se difere das outras por sua
maior preocupação com a garantia de direitos, preservação ambiental e função social de áreas,
contando ainda com a população para a coleta de informações para o planejamento. Foram
identificadas áreas de fragilidade ambiental que necessitavam da proteção do poder público – aí de
fato iniciou-se a discussão sobre as ZPA‘s. Houve falha na implementação do que fora posto e em
1999, iniciou-se outra revisão do plano que significou retrocesso e em 2000, novas modificações
foram feitas. Como exemplo, tem-se a Lei Complementar nº 27/2000 que tem por objetivo incitar o
crescimento do Bairro de Ponta Negra, mudando-a de Área de Adensamento Básico para Zona
Adensável.
Assegurado pela lei complementar nº 082, de 21 de junho de 2007, o plano mais recente é
do mesmo ano, mas teve seu processo de formação iniciado em 2004. Assim como esperado,
esclarece inicialmente os objetivos a serem alcançados e termos utilizados. Aborda a política
urbana, a gestão territorial e administrativa, como também aspectos paisagísticos da cidade,
arborização, mobilidade. Trata sobre os empreendimentos e impactos ambientais gerados por eles.
Define o zoneamento a partir de características ambientais, econômicas, de vulnerabilidade e
interesse social, entre outros. Traz mapas para representação destas separações ao final do
documento.
No Processo Nº 001.07.216313-6, em uma ação civil pública, considerou-se os seguintes
pontos: A Zona norte de Natal como adensável, sendo permitida a construção de prédios com até 33
pavimentos, regulando as construções até que os problemas que envolvem esgotamento sanitário
sejam resolvidos; concluiu a insuficiência da autorização da construção de estações de tratamento
de esgoto particulares, afetando o abastecimento hídrico para a população e sua saúde; apontou e
julgou as negatividades causadas pelo não cumprimento de exigências feitas legalmente sobre as
construções no entorno do Parque das Dunas de Natal.
Atualmente, todo território de Natal é tido como Zona Urbana e nela está posta o
Macrozoneamento. Ele direciona o uso da área municipal, definida no Plano Diretor da cidade
(2007). Está dividida em: Zona de adensamento básico, Zona Adensável e Zona de Proteção
Ambiental. Conforme citado em arquivo publicado pela Secretária de Meio Ambiente e Urbanismo
(SEMURB), José Afonso da Silva, jurista atuante na área do direito ambiental, define como ZPA
―as áreas nas quais as características do meio físico restringem o uso e ocupação do solo urbano,
visando à proteção, manutenção e recuperação dos aspectos paisagísticos, históricos, arqueológicos
e científicos.‖ A inserção do Zoneamento Ambiental no documento ameniza as problemáticas de
destruição das áreas mais frágeis em cidades e municípios. Contam-se dez Zonas de Proteção
Ambiental na cidade, correspondendo a 34% da área do município. Parte delas conta com leis
Figura 01: Mapa de localização das ZPA‘s de Natal/RN. Fonte: SEMURB, 2008.
parte do estuário do Rio Potengi, corpo hídrico de extrema importância para a cidade de Natal,
apesar de seu estado de poluição.
Natal/RN utilizam o local como fonte de sobrevivência. Pescadores que são moradores da
comunidade do Passo da Pátria (Figura 03-B) tiram do manguezal seu sustento, coletando mariscos
e realizando práticas de pesca como a tapagem (Figura 03-A). Importância econômica, pois, é na
área de manguezal que está localizado os viveiros de camarão. A carcinicultura que produz camarão
em cativeiro, sendo responsável por boa parcela das exportações do estado.
Além de abrigar uma avifauna que utiliza o manguezal como área de alimentação,
reprodução, desenvolvimento e refúgio. A capacidade de reciclar e reter nutrientes, gerando mais
energia do que podem consumir e a presença de todos os tipos de produtores faz do manguezal um
ambiente de grande importância econômico-ambiental (NANNI, 2005).
Figura 03: A: Prática da pesca de Tapagem no Manguezal do Estuário do Potengi. B: Comunidade do Passo
da Pátria – Natal/RN. Fonte: FRANÇA, 2016.
IMPACTOS AO MANGUEZAL
Figura 04: A: Viveiros para o cultivo de camarão no manguezal da ZPA 8, Natal/RN. Fonte: (NORTE, 2017)
B: Geladeira depositada na área de manguezal. Fonte: FRANÇA, 2016.
Nota-se que apesar da proteção dada aos fragmentos naturais da cidade, há insuficiência de
ações para alcance êxito total. Uma das razões para isto é a necessidade de trabalho junto à
população sobre a importância do ecossistema e de sua conservação, encucando nela a
responsabilidade que é cabível não apenas ao poder público tendo em vista o interesse comum à
todos. Sendo assim, desde o ano de 2006, está em funcionamento o Projeto de Educação Ambiental
Chama-Maré. Este é de responsabilidade do Governo do Estado, representado pelo Instituto de
Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (IDEMA) e operacionalizado pelo Fundo de
Desenvolvimento Sustentável para a Terra Potiguar (FUNDEP). Trata-se da realização de aulas
passeio no estuário do Rio Potengi, à bordo de uma embarcação do tipo Catamarã. São dirigidas por
uma equipe de educadores ambientais junto ao público que é, em sua maioria, formado por
estudantes do ensino básico. Nelas podem ser contemplados e discutidos diversos aspectos da
cidade: história, monumentos importantes, cultura e meio ambiente. O ultimo ponto é representado
também pelas Zonas de Proteção Ambiental 7 e 8. Sendo assim, tais áreas ainda servem como
instrumento de conscientização e aproximação entre os indivíduos e a natureza a partir da
possibilidade da percepção dos impactos ocasionados por eles mesmos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebe-se que o homem pautou sua relação com a natureza a partir do que poderia extrair
dela, sem ponderar sobre os resultados desse tipo de uso. A sociedade está despertando lentamente
para a urgência da regulação justa do uso e ocupação do ambiente, através da criação de
instrumentos como o Plano Diretor. Entretanto, mesmo com a definição de parâmetros, a
conscientização é ínfima em diversos atores sociais – Poder público, empresas e cidadãos - e isto
ainda repercute de maneira drástica, diminuindo a expectativa de sobrevivência não só de plantas e
animais, mas também do ser humano.
REFERÊNCIAS
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SOUZA, Demetrius Coelho. Questoes Pontuais Sobre O Meio Ambiente Das Cidades. In: SOUZA,
Demetrius Coelho. O Meio Ambiente Das Cidades. Rs: Atlas, 2010. p. 1-57.
RESUMO
As regiões costeiras urbanas são influenciadas diretamente pelas ações antrópicas, por meio de
esgotos residências e industriais, pela rede de drenagem, entre outras formas. Toda essa
problemática ambiental pode causar sérios impactos na população que utiliza a região como uma
forma de lazer, visto que uma água que possui um elevado índice de poluição é um grande
transmissor de doenças de veiculação hídrica. O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo
fazer uma análise da qualitativa e quantitativa das características água do mar nas praias de Manaíra
e do Bessa na cidade de João Pessoa/PB, a partir de dados coletados no órgão responsável pelo
monitoramento e saber se as praias citadas estão com uma qualidade suficiente para o seu uso para
balneabilidade.
ABSTRACT
The urban coastal regions are directly impacted by the anthropic actions, by means of residential
and industrial sewage system, by the drainage network, among other means. This entire
environmental problem can cause serious impacts on the population that uses the region for leisure,
since water there that has a high pollution index and it is a great transmitter of waterborne diseases.
The present work was developed with the objective of analyzing the qualitative and quantitative
characteristics of the seawater characteristics in the Manaira and Bessa beaches in the city of João
Pessoa / PB, from data collected in the responsible entity for monitoring and knowing if the beaches
are with sufficient quality for their use for bathing.
INTRODUÇÃO
A pressão urbana nas regiões litorâneas está problematizando a qualidade da água dos mares
em todo mundo, segundo Calheiros e Oliveira (2005) 80% dos esgotos no Brasil são lançados em
corpos d‘água sem o devido tratamento, destes, 85% são provenientes de esgotos domésticos e 15%
esgotos industriais. Em todo mundo cerca de 60% da população vive numa distância de menos de
100 km do mar, isso acarreta uma grande pressão de degradação de ecossistemas costeiros e
marinhos. Observamos que o Brasil segue essa tendência mundial em seus aproximados 7.500 km
de costa, que sofrem diariamente essa sobrecarga ambiental (RODRIGUES & MAIA, 2003). De
acordo com dados coletados no Portal do Saneamento básico 25% das internações por doenças
infecciosas e parasitárias estão ligadas a deficiência no sistema de saneamento básico, 2016, na
cidade de João Pessoa/PB. O problema do saneamento atinge diretamente a qualidade da água do
mar, visto que, muitos desses corpos hídricos das áreas urbanas que recebem esgotos vão em
direção das praias.
Outra forma de poluição dos recursos hídricos costeiros é por meio de problemas nas redes
de drenagens nas cidades. Na cidade de João Pessoa é possível observar que alguns pontos das
praias estudadas existem redes de drenagem que estão desaguando no mar, mesmo em períodos de
seca, e aparentam características de água de esgoto. Além disso, de acordo com informações
coletados na SEINFRA (Secretaria Municipal de Infraestrutura) não existe um mapeamento da rede
pluvial da cidade, nem um conhecimento total de todos os dados, isso acaba dificultando o controle
de interferência de esgotos nesse tipo de redes. O presente trabalho objetivo informar sobre como
está à qualidade para balneabilidade das praias de Manaíra e Bessa na cidade de João Pessoa/PB.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a Resolução CONAMA n° 357/2005, a qual dispõe sobre a classificação dos
corpos hídricos e seu enquadramento, as águas salinas podem ser classificadas por meio da
salinidade da água compreendida entre 0,5%o e 30%o;
Outra legislação ambiental é a Resolução CONAMA n° 274/2000 que define os critérios de
balneabilidade em águas brasileiras mediante o contato primário e prolongamento com a água, cuja
possua maior probabilidade do banhista ingerir água em atividades como a natação, mergulho ou
esqui-aquático.
As águas são subdivididas em categorias como ―excelente‖ quando em 80% das amostras
conterem, no máximo, 250 coliformes totais (termotolerantes) ou 200 Escherichia coli; ―muito boa‖
quando 80% das amostras conterem, no máximo, 500 coliformes totais (termotolerantes) ou 400
Escherichia coli; ―satisfatória‖ quando em 80% das amostras conterem, no máximo, 1000
coliformes totais (termotolerantes) ou 800 Escherichia coli; ―imprópria‖ quando a última
amostragem for superior a 2400 coliformes totais (termotolerantes) ou 2000 Escherichia coli
(CONAMA, 2000).
Com base no Relatório Parcial de Balneabilidade entre janeiro de 2016 a março de 2017,
fornecido pela SUDEMA, pode-se constatar que no total de 253 amostras, entre os locais das praias
do Bessa I, Bessa II, Caribessa (esse ponto a partir de setembro de 2016 que começou a ser
coletadas amostras), Quadra de Manaíra e o outro ponto ―Manaíra Bahamas‖, foram constatados os
seguintes resultados: 101 resultados considerados Impróprios, 42-Satisfatórios, 46-Muito Boa e 64-
Excelentes.
Figura 1. Classificação entre excelente, muito boa, satisfatória ou imprópria das praias de João Pessoa entre
jan/2016 a março/2017.
120
101
100
80
64
60
46
42
40
20
0
excelente muito boa satisfatória impropria
Fonte: Autor
A Figura 2, denota uma melhor qualidade nas praias do Bessa II e Caribessa com 8 amostras
excelentes, em contra partida no ponto de 4 Manaíra Quadra, 2 Manaíra Bahamas e 1 Bessa I foram
impróprias. Totalizando 42% de amostras excelentes, corroborando com uma boa qualidade da água
para lazer e bem-estar.
Novembro/2016
5
4
1
3
2 4 4 4 2
3
1
1
0
BESSA I BESSA II CARIBESSA MANAÍRA MANAÍRA
QUADRA BAHAMAS
Fonte: Autor.
A Figura 3, foi totalizado 56% das amostras como imprópria, sendo 5 Bessa I, 4 no Manaíra
Quadra e 5 no ponto do Manaíra Bahamas. Preconizando com alto potencial de impacto ambiental,
podendo colocar em risco os banhistas que frequentarem essas praias.
Março/2017
6
4 1
4 1 4
2 5 5
3
0 1 1
BESSA I BESSA II CARIBESSA MANAÍRA MANAÍRA
QUADRA BAHAMAS
Fonte: Autor
CONCLUSÕES
Torna-se mais do que importante saber não apenas onde praticar atividades de lazer, mas
também a boa qualidade do recurso hídrico que iremos nos expor que seja por contato primário, seja
por contato secundário. Os dados discutidos foram apresentados entre o máximo e o mínimo de
cada mês a fim de elucidar a disparidade das amostragens. Um fato preocupante nessa análise é que
39,93% das amostras totais coletadas estão classificadas como Impróprias para balneabilidade,
comprova o grande risco que a população está correndo ao utilizar a área para lazer. Ações
mitigadoras devem ser tomadas de imediato para que não haja nenhum problema mais grave para o
bioma marinho e para as pessoas.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
CALHEIROS, D.F; OLIVEIRA, M.D. Contaminação de Corpos D‘água nas Áreas Urbanas de
Corumbá e Ladário. ADM – Artigo de Divulgação na Mídia, Embrapa Pantanal, Corumbá-MS,
n. 89, p.1-4. nov. 2005.
RODRIGUES, R.A.; MAIA, L. P. Impactos ambientais na zona costeira e a qualidade de vida das
comunidades. In: IX Congresso da ABEQUA, 2003, Recife. CD-Anais do IX Congresso da
Associação Brasileira de Estudos do Quaternário, 2003.
RESUMO
A degradação ambiental pode ser originária por diversos fatores, seja natural ou antrópica, afetam
diretamente o ecossistema. Uma das alternativas para verificar as degradações é através do
diagnóstico ambiental em visitas no local identificando e registrando a situação atual,
principalmente em regiões semiáridas, que estão mais propicias a degradação ambiental, devido as
condições edafoclimáticas. Nesse contexto, a presente pesquisa foi realizada objetivando-se
executar o diagnostico ambiental em zona rural do município de Campina Grande-PB. O
diagnóstico ambiental ocorreu através da identificação das fontes de degradação na área em estudo
sendo observadas a partir de visitas in loco. Foram identificados 4 corpos hídricos na área estudada,
assim como a criação de animais e cultivo de milho em grandes áreas de plantio. A área foi
detectada com uma bacia hidrográfica devido as características identificadas por meio de imagens
de satélites. A área está degradada em alguns locais, com indícios de desmatamentos, deposição de
lixos, erosão avançada, sendo recomendado um planejamento de recuperação ambiental e ações
governamentais de incentivo nesse local.
Palavras-chave: impactos ambientais; degradação; desmatamento
ABSTRACT
Environmental degradation can be sourced by several factors, whether natural or anthropogenic,
directly affect the ecosystem. One of the alternatives to check the degradation is through on-site
visits environmental assessment identifying and registering the current situation, especially in semi-
arid regions, that are more propitious environmental degradation, because the soil and climate
conditions. In this context, the present research was carried out aiming to perform the
environmental diagnosis in a rural area of the city of Campina Grande-PB. The environmental
diagnosis occurred through the identification of the sources of degradation in the area under study
being observed from on-the-spot visits. 4 water bodies were identified in the study area, as well as
the breeding and cultivation of corn in large planting areas. The area was detected with a watershed
because the characteristics identified through satellite images. The area is degraded in some places,
with evidence of deforestation, waste deposition, erosion, being recommended an environmental
recovery planning and governmental actions of encouragement in that location.
Keywords: environmental impacts; degradation; deforestation
INTRODUÇÃO
A degradação ambiental pode ocorrer por diversos fatores, como por exemplo os resultados
ocasionados pelo desmatamento indiscriminado de enormes áreas sem planejamento para restituir
as áreas perdidas, ou por desastres naturais, como enchentes, furações, entre outros. Wanderley &
Silva (2015) afirmam que as ações antrópicas são responsáveis por diversas modificações afetando
toda a humanidade. Conforme Silva et al. (2015) relatam que a degradação antrópica resultando em
desequilíbrio, com redução de biodiversidade assim como mudanças no processo hidrológico.
De acordo com Santos (2010) a posse de área de forma inadequada contribuindo para a
degradação do solo através de processo erosivos, com perdas de solo e nutrientes por meio da
desagregação, transporte e deposição de sedimentos para cotas de menores elevação, como em
reservatórios hídricos, reduzindo a capacidade de armazenamento e comprometendo a qualidade da
água. O processo erosivo pode ser reduzido com a presença de cobertura vegetal, servindo como
proteção do solo contra os agentes erosivos, entre outras técnicas conservacionistas.
Na região semiárida, a degradação ambiental é um aspecto relevante nesta região devido
suas características edafoclimáticas e vegetativas, com épocas de seca prolongada, solo raso e
pedregoso, e em épocas de estiagens a vegetação perde as folhagens e a paisagem fica com
tonalidade acinzentada, peculiaridade da vegetação caatinga. A seca ocasiona diminuição da
vegetação, da biodiversidade e o esgotamento do solo, afirmam Silva et al. (2015). O
desmatamento, as práticas agrícolas exploratórias e incorretas afetam profundamente todo o
ecossistema, desse modo o diagnóstico ambiental visa como uma maneira de verificar os danos
ocorridos, alertar a população e ao poder público dos impactos que estão sendo gerados naquela
área em estudo, para que seja preservada e que as gerações futuras tenham a possibilidade de
usufruir dos recursos da natureza.
O diagnóstico ambiental é o agrupamento de diversos de fatores que degradam o meio
ambiente em uma determinada localidade e os possíveis fatores responsáveis por este impacto
negativo ocorrido ou que estar acontecendo. Paulino (2010) definem diagnóstico ambiental como
sendo a percepção dos elementos ambientais de uma área caracterizando a qualidade ambiental.
Assim a realização de um diagnóstico ambiental é expor as condições atuais ambiental encontrada e
descrever os fatores e impactos ocasionados nos aspectos físicos, biológicos e sócio culturais, como
explica Verdum & Medeiros (2002).
Nesse contexto, a presente pesquisa foi realizada objetivando-se executar o diagnostico
ambiental em zona rural do município de Campina Grande-PB.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo realizado é considerado como exploratório descritiva, por haver menor severidade
mas proporciona uma visão global da área através das observações, descrições da situação
encontrada no local, de acordo com Gil (1999) e Polit et al. (2004). A pesquisa foi realizada em
zona rural de Campina Grande-PB, conforme observa-se na figura 1, com Latitude 7°15'4.52"S e
Longitude 35°51'59.32"O.
O diagnóstico ambiental ocorreu através da identificação das fontes de degradação na área
em estudo sendo observadas a partir de visitas in loco, em seguida realizou-se visualmente um
levantamento dos principais contribuintes do processo de degradação ambiental e agravantes desse
ecossistema, através dos registros fotográficos.
Figura 1. Localização da área rural da cidade de Campina Grande-PB e a elevação da área. Fonte: Google,
2017.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 2. Localização dos corpos hídricos identificados na área em estudo, Zona rural de Campina Grande-
PB, 2017. Fonte: Google, 2017.
Ao analisar a figura 2, verifica-se que na área existe redes de drenagens, que são divisores
de água, sendo assim afirma-se que a área estudada faz parte de uma rede de captação de água, ou
seja, faz parte da bacia hidrográfica da região. Conforme Barrela et al. (2007) o grupo de terras
drenadas por um rio e seus afluentes, formada nas regiões mais altas do relevo por divisores de
água, onde as águas das precipitações escoam superficialmente formandos reservatórios hídricos,
como riachos e rios, parte infiltra no solo abastecendo os lençóis freáticos. As águas das
precipitações escoam e ficam acumuladas nas partes mais baixas formando os reservatórios hídricos
e contribuindo com outros tributários.
Numa bacia hidrográfica suas características como, forma, relevo, geologia, rede de
drenagem, entre outros é importante devido influenciar no comportamento hidrológico, assim como
a cobertura vegetal (LIMA, 1976). O processo do ciclo hidrológico pode ser afetado pelas ações
Na figura 4, verifica-se área descampada apenas com vegetação rasteira, devido a retirada de
plantas nativa. É perceptível a presença de animais, como observa-se o ninho de pássaros em
árvores.
Na área pesquisada ainda existe vestígios de mata fechada com mínimo de degradação
ambiental, com a preservação da mata nativa, a presença de cupinzeiros na árvore, local onde é
realizado caminhadas ecológicas, trilhas de bicicletas e moto, (figura 5). Constata-se a cobertura do
solo pelos restos vegetais da vegetação, protegendo o solo e melhorando as condições físicas e
químicas do solo.
Foi encontrado dentro da mata fechada vestígios de resíduos, como garrafas PET (figura 8)
além de abandono de residências em grau de deterioração bastante significativo, resultado do êxodo
rural.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Existem locais com vegetação preservada, contudo precisa de incentivo para manter e
ampliar a conservação da área;
A área foi detectada com uma bacia hidrográfica devido as características identificadas por
meio de imagens de satélites;
A área está degradada em alguns locais, com indícios de desmatamentos, deposição de lixos,
erosão avançada, sendo recomendado um planejamento de recuperação ambiental e ações
governamentais de incentivo nesse local;
As pessoas que visitam o local para alguma atividade não devem lançar resíduos, mantendo
as condições originais para que seja apreciada por todos as condições naturais;
Nas áreas de erosão é necessário a utilização de práticas para reduzir os processos erosivos e
a recuperação da área;
Necessário que os órgãos públicos encorajem a práticas ambientais e aplicação de projetos
ambientais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Guanhães, MG. 2005. 69p. Tese (Doutorado em Ciências Florestal) – Universidade Federal de
Viçosa, Viçosa, 2005.
RESUMO
A aplicação dessas ferramentas para avaliação do grau de degradação ambiental em áreas do
semiárido nordestino possibilita verificar a expansão do processo de desertificação, principalmente
em seus Núcleos. Neste sentido, objetivou-se realizar um processo comparativo entre imagens de
satélite de escalas temporais diferentes para análise ambiental do município de Belém do São
Francisco, Pernambuco. Imagens de satélite Landsat TM 5 foram adquiridas no site do INPE para
os anos de 1993, 1994, 2007 e 2008 foram obtidas para observação da escala temporal para
verificação da sazonalidade existente no Nordeste brasileiro. Após seleção e aquisição das imagens
estas foram processadas no software Erdas 9.1. Fez-se o Índice de Vegetação por Diferença
Normalizada (NDVI), e, posteriormente, o NDVI classes, por meio de classificação não
supervisionada, para o qual foram estabelecidos quatro escalas, a saber: a) água/corpos hídricos; b)
áreas susceptíveis à desertificação; c) solo exposto; d) vegetação espaçada; e) vegetação densa.
Com a obtenção do NDVI classes se calculou a porcentagem de cada variável a partir do valor do
pixel. Verificou-se que houve redução da área de Caatinga espaçada no intervalo entre 1993 e 2008
(período seco), de 25,2% para 21,4%, e diminuição dos ambientes susceptíveis à desertificação que
variou de 33,3% para 29,7%. Foi possível na comparação das imagens de 1994 e 2007 (período
úmido) no município de Belém do São Francisco que houve um aumento das áreas de vegetação
densa, espaçada, susceptíveis à desertificação e nos recursos hídricos. Conclui-se que na observação
comparativa da escala temporal que o município teve perdas de cobertura vegetal devido ao
aumento da fragmentação das áreas de vegetação densa no período úmido. Em adição se verificou
que o período seco é o intervalo em que há uma maior retração da vegetação pela redução da
umidade, com isso maior incidência de áreas com solo exposto.
Palavras Chaves: Desertificação, Caatinga, NDVI.
ABSTRACT
The application of these tools to evaluate the degree of environmental degradation in areas of the
northeastern semi-arid region makes it possible to verify the expansion of the desertification
process, especially in its Nuclei. In this sense, the objective was to carry out a comparative process
between satellite images of different temporal scales for environmental analysis of the city of Belém
do São Francisco, Pernambuco. Landsat TM 5 satellite images were acquired on the INPE website
for the years 1993, 1994, 2007 and 2008 were obtained for observation of the time scale to verify
seasonality in the Brazilian Northeast. After selecting and acquiring the images, they were
processed in Erdas 9.1 software. The Normalized Difference Vegetation Index (NDVI), and later
the NDVI classes, were made by unsupervised classification, for which four scales were
established, namely: a) water / water bodies; B) areas susceptible to desertification; C) only
exposed; D) spaced vegetation; E) dense vegetation. With the obtaining of the NDVI classes we
calculated the percentage of each variable from the value of the pixel. It was verified that there was
a reduction of the area of Caatinga between 1993 and 2008 (dry period), from 25.2% to 21.4%, and
a decrease in the environments susceptible to desertification that varied from 33.3% to 29, 7%. It
was possible in the comparison of the images of 1994 and 2007 (wet period) in the municipality of
Belém do São Francisco that there was an increase of areas of dense, spaced vegetation, susceptible
to desertification and in water resources. It is concluded that in the comparative observation of the
temporal scale that the municipality had losses of vegetal cover due to the increase of the
fragmentation of the areas of dense vegetation in the humid period. In addition, it was verified that
the dry period is the interval in which there is a greater retraction of the vegetation by the reduction
of humidity, with this higher incidence of areas with exposed soil.
Keywords: Desertification, Caatinga, NDVI.
INTRODUÇÃO
uma vegetação, em sua homogeneidade, arbórea, de pequeno porte. Além desta fitofisionomia são
encontradas áreas com cobertura vegetal arbustiva, bem como complexos degradados por efeito
antrópico (ANDRADE-LIMA, 2007).
A desertificação se constitui de um fenômeno complexo e a construção de indicadores
auxilia na tentativa de compreender os fatores causas e consequências para tentar propor ações
mitigadoras. Rodrigues (1992) expõe que a desertificação deve ser entendida como um fenômeno
integrador de processos econômicos, sociais e naturais e/ou induzidos que destroem o equilíbrio do
solo, da vegetação, do ar e da água, bem como a qualidade de vida humana, nas áreas sujeitas a uma
aridez edáfica e/ou climática. Neste sentido, o monitoramento e a recuperação das áreas críticas se
constituem de uma ação necessária por meio da implantação de medidas de contenção/minimização
para conter o processo de desertificação, sendo fundamental o sábio manejo dos recursos naturais.
Dentre os métodos de monitoramento ambiental está à utilização das geotecnologias como
ferramentas importantes para análises e interpretações do espaço geográfico. Deste modo, o
geoprocessamento e o sensoriamento remoto estão, cada vez mais, se tornando ferramentas
utilizadas por vários órgãos públicos e privados, principalmente, para as questões de ordenamento
territorial e monitoramento ambiental. Pois, as informações contidas nas imagens permitem a
interpretação, de acordo com a temática a ser pesquisa, dentre elas as relativas às mudanças
ambientais, sendo um excelente recurso para o manejo e monitoramento de recursos naturais e
desenvolvimento urbano (GALVÍNCIO e SILVA, 2012).
Estudos com a aplicação de imagens de satélite para avaliação ambiental foram empregadas
por Sá et al. (2006) com imagens Landsat TM 5 datada no ano de 2002 observaram que o município
de Belém do São Francisco se configura como uma área com níveis de degradação entre baixo,
acentuado e severo. Em adição Ribeiro (2016) fez o monitoramento ambiental a partir de
parâmetros biofísicos (albedo, emissividade, temperatura da superfície, Índice de vegetação) da
bacia do rio Pajeú e observou que a porção centro–sul da bacia apresenta território considerável de
solos expostos com indicação de elevado grau de susceptibilidade à erosão, principalmente na foz.
Demonstrando assim, a eficácia dos parâmetros biofísicos para a compreensão da dinâmica dos
padrões espaciais, temporais e espectrais de ambientes semiáridos como o do sertão nordestino.
Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo realizar um processo comparativo
entre imagens de satélite de escalas temporais diferentes para análise ambiental do município de
Belém do São Francisco, Pernambuco. A análise temporal das imagens, a partir de intervalo de 15
anos, teve o intuito de demonstrar as mudanças ambientais ocorridas através da variação temporal,
bem como pela sazonalidade do semiárido pernambucano.
METODOLOGIA
Para a realização do estudo foram adquiridas no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE) imagens do satélite Landsat 5 TM. Foram selecionadas imagens do município de Belém do
São Francisco, Pernambuco. As imagens dos anos de 1993 (21-09-1993), 1994 (19-05-1994), 2007
(05-04-2007) e 2008 (01-11-2008) foram obtidas para observação da escala temporal,
aproximadamente 15 anos, bem como a verificação da sazonalidade existente no Nordeste
brasileiro, com intervalos de precipitação e seca. Por isso, selecionaram-se imagens dos meses de
abril e maio, intervalo úmido, e, setembro e novembro período seco.
Após seleção e aquisição das imagens estas foram processadas no software Erdas 9.1, onde foram
empilhadas formando uma única composição de bandas. Posteriormente, se executou o recorte da
imagem para escala municipal de análise através da base de dados do Zoneamento Agroecológico
de Pernambuco (ZAPE). Esse processo permitiu a visualização inicial das alterações ambientais
ocorrentes na localidade devido ao intervalo de tempo. Sequencialmente, fez-se o Índice de
Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), e, posteriormente, o NDVI classes, por meio de
classificação não supervisionada, para o qual foram estabelecidos quatro escalas, a saber: a)
água/corpos hídricos; b) áreas susceptíveis à desertificação; c) solo exposto; d) vegetação espaçada;
e) vegetação densa. Com a obtenção do NDVI classes se calculou a porcentagem de cada variável a
partir do valor do pixel.
Utilizou-se o software de geoprocessamento ArcGis 9.3, licença DCG/UFPE, para construção dos
layouts dos mapas. Realizou-se confecção dos mapas de NDVI classes dos anos de 1993 e 2008
(período seco), e, 1994 e 2007 (período úmido).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O NDVI é o índice mais comumente empregado pela comunidade científica em estudos locais,
regionais e globais (WARDLOW e EGBERT, 2008), proposto por Rouse et al. (1973) esse índice
permite o monitoramento da densidade e do estado de vigor da vegetação verde sobre a superfície
terrestre em estudos sobre vegetação que detém a habilidade para minimizar efeitos. Os resultados
obtidos da análise de NDVI se pode ter uma visão mais ampla sobre as mudanças das características
físicas de determinada localidade, e, principalmente uma quantificação.
Atualmente existe uma série de trabalhos, que utilizam os dados de NDVI, podem comprovar a
eficácia dos dados obtidos, tais como Dantas (2015) que faz uma análise geológica/geomorfológica
do domínio Vaza Barris e utiliza o Índice de Vegetação a classificação de uso da terra, onde os
resultados encontrados foram de suma importância para o planejamento ambiental na localidade.
Neste presente trabalho os dados comparativos de NDVI obtidos demonstram certas modificações
ocorridas, tendo como relevante, as mudanças na vegetação densa e de corpos hídricos. A partir dos
dados obtidos pelas imagens em NDVI (figura 1) e da quantificação dos pixels (Tabela 1) é possível
inferir que houve uma redução da área de Caatinga espaçada no intervalo entre 1993 e 2008, de
25,2% para 21,4%, destacada na imagem na área norte do município. Além disso, observou-se
diminuição das áreas susceptíveis à desertificação que variou de 33,3% para 29,7%. É possível que
a redução da vegetação espaçada seja reflexo da retirada da madeira para carvoarias e construção de
cercas.
Em contrapartida no referido intervalo anual para o período seco se constatou um aumento nos
corpos hídricos com relativa acentuação do volume do rio São Francisco e a construção de
reservatórios na área central e norte do município para acumulo de água no período da seca na
região. Ressalta-se a elevação do solo exposto de 36,3% para 41,3%, esse aumento é associado à
redução da área de vegetação espaçada, bem como das áreas susceptíveis à desertificação. Salienta-
se que houve, mesmo no intervalo de seca hídrica na região, um aumento da área de vegetação
densa (figura 1 e Tabela 1).
Sá et al. (2006) em estudos com uso de imagens de satélite Landsat TM 5 datada no ano de 2002
observaram que o município de Belém do São Francisco se configura como uma área com níveis de
degradação entre baixo, acentuado e severo. Esses dados ratificam os resultados obtidos na
pesquisa, que salientam as áreas de solo exposto e susceptíveis à desertificação como localidade em
níveis potenciais de degradação.
Silva e Galvínicio (2012) em desenvolvimento de comparação da variação do NDVI e SAVI em
uma área no município de Petrolina, Pernambuco, para o período seco observaram que o NDVI
interfere nas respostas do solo, e, isso pode ocasionar respostas diferenciadas na cobertura vegetal
devido a uma subestimativa. Os autores salientam, ainda, que o bioma Caatinga sobre bastante
influência do solo. Deste modo, se destaca que durante o período seco as áreas de solo exposto e
susceptibilidade são as que possuem maior fragilidade ambiental.
Vasconcelos Sobrinho (1978) destaca que a caatinga é um espelho das condições restritivas e
limitantes do ambiente: solo, regime hídrico, temperatura e luminosidade. Reis (1996, p. 15)
salienta que a cobertura vegetal nas áreas de semiárido é essencial para a manutenção do ciclo de
energia. Expõe que o processo de devastação causa uma esterilização do solo, comprometendo
―os sítios ecológicos e a quebra dos elos das cadeias alimentares, atingindo diretamente a fauna de superfície e do solo.
Interrompe o fornecimento de matéria orgânica e extermina os estoques existentes pela exposição aos raios solares,
inibindo a vida microbiana e afetando a estabilidade dos agregados dos solos‖.
A exploração da caatinga com a retirada da cobertura vegetal exerce impactos sobre esse
ecossistema. Tais fenômenos são verificados pela remoção de estratos herbáceos, arbustivos e
Figura 1 – Imagem em NDVI classes anos 1993 e 2008 (período seco) do município de Belém do São
Francisco, Pernambuco.
Tabela 1 – Quantificação a partir dos pixels das imagens para os anos de 1993 e 2008 (período seco) no
município de Belém do São Francisco – PE.
BELÉM ANO 1993
Pixel Porcentagem Porcentagem x 100
Rio/Água 23688 0,012871045 1,3%
Áreas susceptíveis à desertificação 612545 0,332830728 33,3%
Solo exposto 676269 0,367455621 36,7%
Vegetação espaçada 463340 0,251759119 25,2%
Vegetação densa 64568 0,035083487 3,5%
Total 1840410
Foi possível na comparação das imagens de 1994 e 2007 (período úmido) no município de
Belém do São Francisco que houve um aumento das áreas de vegetação densa, espaçada,
susceptíveis à desertificação e nos recursos hídricos (figura 2). Ressalta-se que o aumento aparente
apresentado pela vegetação densa no comparativo de 1994 e 2007 foi devido a uma fragmentação,
tendo em vista que na imagem de 1994 é perceptível a observação de uma mancha de vegetação
densa mais uniforme. Em contrapartida no intervalo de 2007, essa mesma mancha vegetacional
sofreu fragmentação e passou a ter enclaves de vegetação espaçada. Deste modo, mesmo com a
relativa elevação nas porcentagens de pixels referentes à área com vegetação densa essa perdeu em
qualidade.
Lira et al. (2010) em estudos sobre com a utilização de NDVI para quantificação da
vegetação em área do agreste central pernambucano, observaram que os maiores índices de NDVI
são os encontrados em localidades de maior elevação topográfica, que dão suporte a uma vegetação
de maior porte.
Verificou-se que, possivelmente, devido a índices de precipitação mais elevados no intervalo
de 2007 a vegetação espaçada, de caráter arbustivo, se expandiu para áreas de solo exposto. Esse
fato pode explicar o aumento de 18,1% para 26,5% da vegetação espaçada e a redução de 35,5%
para 27,0% do solo exposto (tabela 2). Associado a isso, Ferreira et al. (2012) em verificação da
dinâmica da cobertura vegetal a partir de escala temporal no município de Petrolina, salientaram
que nos períodos chuvosos foram detectados os elevados índices de vegetação e temperaturas
amenas, e, consequentemente, nos períodos secos uma retração da cobertura vegetação com
aumento de áreas espaçadas e altas temperaturas.
Dentre os parâmetros de análise foram observadas as áreas susceptíveis à desertificação que
durante intervalo úmido tiveram uma redução em sua abrangência territorial (figura 2 e tabela 2).
Entretanto, essa diminuição do representou uma concentração nas áreas próximas aos corpos
hídricos, que tiveram um aumento de volume de 2,5% para 3,1%. É possível que com a elevação ou
surgimento de rios temporários e intermitentes, bem como dos perenes as áreas próximas tenham
sido utilizadas pelos agricultores para uso agrícola.
Ribeiro (2010) destaca que o manejo inadequado do solo e da água condicionado por
desrespeito às características dos solos devido a desconhecimento ou priorização de fatores políticos
e financeiros. Tais implicações fazem com que, em determinadas localidades, não haja execução
dos sistemas de drenagem e irrigação de terras marginais por meio do uso excessivo de água e a
falta de manejo, fatos estes verificados com frequência em perímetros irrigados na região semiárida
brasileira.
O manejo inadequado e a utilização de técnicas de irrigação mal supervisionadas têm
tornado extensas áreas inutilizadas para o cultivo. Essas áreas quando utilizadas de forma intensiva
durante intervalo de tempo curto a médio, tendem a diminuição da fertilidade e da produção, e
consequentemente a um processo de salinização do solo e o abandono pelos agricultores.
Rodrigues (1992) salienta que a irrigação quando praticada sem levar em consideração as
características ecológicas e socioeconômicas da terra tem provocado o surgimento de áreas
desertificadas em aproximadamente 50 milhões de hectares (40% das terras irrigadas, afetando em
média 40% da população rural das terras áridas, 70 milhões de habitantes), o que ocasiona impactos
socioeconômicos e ambientais.
Barbosa et al. (2011) explana que a vegetação da Caatinga é muito sensível as mudanças no
clima e que a dinâmica da vegetação é um forte indicador das mudanças climáticas e/ou
antropogênicas. Esse fato já ressaltado por Vasconcelos Sobrinho em estudos nas décadas de 70 e
80 no Nordeste brasileiro, que aborda a vegetação como espelho do meio e, principal indicador das
alterações no bioma.
Figura 14 – Imagem em NDVI classes anos 1994 e 2007 (período úmido) do município de Belém do São
Francisco, Pernambuco.
Tabela 2 – Quantificação a partir dos pixels das imagens para os anos de 1994 e 2007 (período úmido) no
município de Belém do São Francisco – PE.
BELÉM ANO 1994 Pixel Porcentagem Porcentagem x 100
Rio/Água 46774 0,024973251 2,5%
Áreas susceptíveis à desertificação 525778 0,280719758 28,1%
Solo exposto 664537 0,354805004 35,5%
Vegetação espaçada 339409 0,181214909 18,1%
Vegetação densa 296466 0,158287079 15,8%
Total 1872964
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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RESUMO
A degradação ambiental é um processo evolutivo que minimiza a capacidade de um ecossistema,
prejudicando o equilíbrio ambiental, alterando a fauna e flora local, e o processo de urbanização
tem sido fator de aceleração para tal ação. O objetivo deste trabalho é realizar um levantamento
acerca das atividades antrópicas no trecho urbano do rio Pedra Comprida no município de Sumé,
semiárido paraibano. Dados obtidos a parti de visitas in loco, por meio de diagnóstico visual com
auxílio de registros fotográficos e uso de GPS nos meses de março e junho de 2017 ao longo do
trecho urbano do rio, relativo aos aspectos naturais e suas alterações por intermédio de ações
antrópicas como elemento de aceleração da degradação daquele trecho. Os resultados constataram
lançamento de esgotos in natura ao longo do trecho do rio; estágio de eutrofização em alguns
pontos; presença de construções urbanas irregulares; e a disposição inadequada de lixo.
Palavras-chave: Antropização. Degradação Ambiental. Recursos Hídricos.
ABSTRACT
Environmental degradation is an evolutionary process that minimizes the ability of an ecosystem,
damaging the environmental balance, changing the local fauna and flora, and the process of
urbanization has been the acceleration factor for such action. The aim of this study is to conduct a
survey about the anthropogenic activities in the urban stretch of the Long Stone River in the
municipality of Sumé, Paraíba semi-arid region. Data obtained the visits in loco, through visual
Diagnostics with the aid of photographic records and GPS use in the months of March and June
2017 along the urban stretch of the River, on the natural aspects and their changes through human
actions as part of accelerated degradation of that stretch. The results found sewage release in natura
along the stretch of the river; stage of eutrophication in some points; building uneven urban
presence; and the inadequate disposal of garbage.
Keywords: Anthropization. Environmental Degradation. Water Resources
INTRODUÇÃO
Por ser um rio intermitente, como maior parte dos rios da região semiárida, o rio Pedra
Comprida não apresenta água em alguns períodos do ano, (ao longo do trecho estudado), percebe-se
que maior parte do leito do rio, encontra-se seco, contudo, alguns pequenos pontos apresentam
parcela significativa de água, mesmo com os registros fotográficos em diferentes meses do ano
(março e junho), não houve alterações significativas quanto a presença de água no corpo hídrico.
Barbosa et al (2017), enfatiza que a degradação ambiental ao longo do rio Pedra Comprida no
município de Sumé é evidente.
As imagens do trecho do rio no mês de março nos pontos a qual encontra-se água, acha-se
completamente degradado, alguns locais apresentam crescimento elevado de plantas aquáticas
(eutrofização), maximizando os níveis de poluição, considerados responsáveis pela redução dos
diversos usos pretendidos do corpo da água (Figura A1). Smith e Schindler (2009), enfatizam a
eutrofização como a maior problemática dos dias atuais em corpos de água superficiais, apontada
como um dos exemplos mais visíveis das modificações geradas pelo homem à biosfera. Os autores
reconhecem que a eutrofização é a conjunção que contribui o desenvolvimento de florações de
cianobactérias e microalgas, seguidas pelas disposições de luz, temperatura e pH convenientes.
Em alguns trechos, há presença de diversos tipos, garrafas/recipientes de plástico em quase
sua totalidade, (Figura A2), lançamento de grande quantidade de esgotos in natura, advindos das
residências e estabelecimentos comerciais que ficam as margens (Figura A3, A4), ocasionando
fenômenos que colaboram para diminuição da qualidade da água. Segundo Readman et al., (2001),
o lançamento de esgoto doméstico com ou sem prévio tratamento em ambientes aquáticos,
prejudica a qualidade da água do sistema receptor, promovendo diminuição do oxigênio dissolvido,
ampliando a turbidez, alterações do pH, como também, gerando reflexos sobre a manutenção do
estado ideal da água para a sobrevivência dos organismos e saúde humana.
De acordo com o exposto na Figura 3, nota-se neste trecho do rio, aumentos no processo de
degradação ambiental motivadas pela ação antrópica, é visível a presença acentuada de lixo em
quase toda sua extensão, (Figuras B1, B2, B3), o qual, a própria comunidade das proximidades do
rio os lança, devido à ausência de coleta seletiva do lixo pelo serviço público do município,
informação está, expressada pelos moradores. Heiden (2007), explica que a excessiva quantidade de
lixo gerada e depositada em locais indevidos geram danos na natureza, sendo um dos maiores, a
contaminação do solo e de cursos d´água, propagação de vetores transmissores de doenças
entupimento de redes de drenagem urbana, enchentes, degradação do ambiente e desvalorização
imobiliária.
Outro fator de aceleração de degradação, é a pratica da queima do lixo, ocasionando assim,
riscos à saúde da população que habita o entorno do rio e principalmente, a contaminação do lençol
freático, que alimenta o corpo hídrico e minimiza a quantidade de microrganismos e mata ciliares
presentes no ecossistema. Situação esta, que confirma o pensamento de Almeida et al, (2013), que
descreve que as práticas da queima do lixo acentuam os índices de contaminação do ar e baixa
capacidade de fertilidade do solo, minimiza a fração da população da fauna e flora existentes na
localidade e principalmente, atinge o lençol freático que sustenta o rio.
A inexistência de saneamento básico no referido rio, também tem provocado problemas na
qualidade da água, conforme Barbosa et al (2017) cita. Fato este que se dá em decorrência do
lançamento de esgoto doméstico (Figura B4), sem qualquer tipo de tratamento. Ribeiro (2010),
explica que a presença de saneamento básico é primordial numa cidade, pois ela auxilia na
prevenção da poluição das águas de rios e outros mananciais, assegurando a qualidade da água
utilizada pelos habitantes para consumo.
Verifica-se na imagem (Figura B5), há existência de construções urbanas indevidas, bem
próximo as margens do rio, alguns moradores invadiram as proximidades das margens e
implantaram cercas, com intuito de se apropriar do espaço, que segundo eles, não existe donos.
Conforme a cidade se expande, seguidamente acontecem impactos com o aumento da produção de
sedimentos, pelas mudanças ambientais das superfícies e produção de resíduos sólidos, o
agravamento da qualidade da água pelo uso cotidiano e lançamento de lixo/esgoto (MUCELIN;
BELLINI, 2008).
Em outros pontos (Figura B6), o assoreamento é perceptível, fenômeno que contribui para
redução da qualidade do rio. Segundo Penteado (1983), ela promove a redução da profundidade
gradual dos rios, derivado de processos erosivos, oriundos principalmente pelas águas da chuva,
como de processos físicos, químicos e antrópicos, que desagregam solos e rochas, produzindo
sedimentos que serão transportados e ampliando o assoreamento do rio.
Por ser uma época do ano sem frequência de chuvas no mês de junho (AESA, 2016), o rio
Pedra Comprida não apresentou grande presença de água no corpo hídrico, contudo, pode-se
observar, excepcionalmente, pontos com pequenos acúmulos de água. Outro fator que diferenciou
nesta última visita, além da grande quantidade de lixo exposto, foi a presença de animais vivendo
nas proximidades da água, (jabutis, cagados), (Figura C1, C2, C3). Também foi possível verificar
mais trechos com lançamento de esgoto doméstico oriundos daquela população local, lançados
diretamente no corpo d‘água (C4). Alguns trechos, possuem certa quantia de vegetação, algumas
rasteiras, e outras de maior porte, o qual, não havia em tamanha quantidade, como na primeira visita
(Figura C5, C6). A mata ciliar é um amparo natural contra o assoreamento, sem ela, a erosão das
margens arrasta a terra para dentro do rio, e os sólidos em suspensão conduzem prejuízos
ecológicos como também, complicação no tratamento de água para abastecimento (LUSTOSA et
al., 2010).
Nas imagens da Figura (D1, D2), encontrou-se novos pontos adicionais de lançamento de
esgoto doméstico, ao todo, foram encontrados quatro novos locais, em região que anteriormente
(mês de Março) , não existiam.
Beltrame et al., (2016), afirma que a geração de efluentes deve ser ponderada, todavia, se a
mesma não pode ser evitada, tem-se que assegurar um tratamento adequado dos mesmos.
O avanço urbano também ampliou, há grande quantidade de residências construídas e em
fase de execução (Figura D3), estabelecimentos comerciais, depósitos de construção, bem como
ampliação da extensão do cemitério municipal (Figura D4), que aliás, está a poucos metros da
margem do rio.
É importante saber, que o art. 2º do Código Florestal (Lei 12.651/2012), limitam uma área
non edificandi, (Zona onde é proibido qualquer tipo de construção) à margem de rios e de outros
reservatórios de água, na intenção de proteger a mata ciliar e os recursos naturais a eles
relacionados, sendo proibido nessas áreas de proteção permanente, sofrerem algum tipo de
modificação humana (BRASIL, 2012).
A criação de animais é outro fato que foi constatado (Figura D5, D6), com a existência de
muitos cercados, com animais presos e também alguns soltos, haja vista, que como não há água em
alguns trechos, mas há presença de vegetação, a qual, os animais procuram se alimetar. Contudo,
isso gera um grande problema, pois a prática da criação de animais em locais impróprios como as
margens do rio, gera a degradação, uma vez que, os animais depositam suas fezes e urina próximo
ao leito do rio, e no período das chuvas todos os dejetos acabam sendo arrastados para o corpo
hídrico (OLIVEIRA, 2016).
Na foz do rio Pedra Comprida, observou-se, a maior parcela de lixo (Figura D7 ,D8), grande
quantia de embalagens e recipientes/plasticos, vidros, roupas, calçados, televisão, e principalmente,
lixo domésticos lançados justamente pela comunidade vizinho do rio, diretamente no curso d‘água.
Para Beltrame et al, (2016), uma alternativa é o reuso e utilização desses materiais acima
informados, e que são danosos ao solo, é a reciclagem, a qual é proporcionada por meio da coleta
seletiva, diminuindo desta maneira, o direcionamento para locais impróprios e sem a mínima
estrutura para a sua disposição final.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo dos anos, constatou-se que as margens do rio tiveram suas áreas invadidas por
habitações ilegais, devido ao crescimento populacional, ocorrido sem qualquer previsão ou estudo
material do espaço físico e hídrico da localidade, desrespeitando as orientações mínimas de
normatização existente na legislação, até mesmo por parte dos órgãos públicos municipais. Um dos
principais agravantes encontrados foi a degradação da formação das matas ciliares no trecho
estudado, visto que, o crescimento da cidade ao longo dos últimos anos as margens do rio, tem
favorecido tal degradação de maneira cada vez rápida. Não deixando de mencionar, a péssima
qualidade da água do referido rio, haja vista, a quantidade de poluentes descarregados através de
esgotos domésticos e também diretamente pela comunidade local.
REFERÊNCIAS
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Revista de Engenharia Ambiental, v.4, n.1, p.089-102, 2007.
Políticas Públicas,
Projetos e Ações
RESUMO
As ações de gerenciamento e destinação correta dos resíduos sólidos não acompanham o
crescimento do descarte desses materiais. No Brasil, dentre as medidas que vêm sendo tomadas a
fim de minimizar os danos provocados devido à destinação incorreta dos resíduos, está a Política
Nacional dos Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010). Esta lei estabelece providências a fim de gerar
soluções para os resíduos sólidos através do gerenciamento sustentável e da gestão integrada. No
entanto, ainda não é possível constatar ampla efetividade em todas as medidas impostas, pois em
torno de 45% dos municípios brasileiros ainda descartam seus resíduos a céu aberto, em lixões e
não em aterros sanitários, como prevê a lei. Outra medida estabelecida foi o Decreto nº 5.940/2006,
que torna obrigatória a instalação da Coleta Seletiva Solidária em instituições públicas federais. As
Universidades se enquadram nesta determinação, apesar disso, poucas possuem algum plano de
gerenciamento de resíduos, como é o caso da Universidade Federal de Alagoas, que aplica apenas
algumas medidas isoladas de recolhimento de pilhas e baterias. Este trabalho tem como objetivos
implantar coleta seletiva no CTEC, no qual os materiais coletados serão doados à COOPREL, de
modo a potencializar a renda dos cooperados; incentivar ações de educação ambiental, como
realização de palestras, elaboração de questionário e uma intensificação da divulgação do projeto,
com o intuito de promover a conscientização em relação à temática dos resíduos sólidos.
Palavras chave: Resíduos Sólidos, Política Nacional dos Resíduos Sólidos, Coleta Seletiva,
Educação Ambiental.
ABSTRACT
The procedures of management and proper disposal of solid waste do not follow the increase in the
production of these materials. In Brazil, The National Solid Waste Policy (Federal Law
12.305/2010) is one of the measures taken by the government to minimize the damage caused due
to improper disposal of waste. This legislation establishes charges in order to generate solutions for
solid waste management through sustainable and integrated practices. Nevertheless, it is still not
possible to ascertain broad effectiveness of all exigencies imposed by the law, since nearly 45% of
Brazilian municipalities continue to discard their waste in unprotected areas as garbage dumps,
rather than in landfills. Another measure established was the Decree No. 5,940/2006, which
obligates Federal Public Institutions to implement a solidary selective collection system. Despite the
Federal Universities fit this determination, few have some waste management plan. Such as the
Federal University of Alagoas which applies only isolated measures related to the collection of
batteries. This work aims to implement selective collection in the CTEC, in which the collected
materials will be donated to COOPREL, in order to increase the income of the cooperative;
encourage environmental education actions, such as lectures, elaboration of a questionnaire and an
intensification of the dissemination of the project, in order to promote awareness regarding the issue
of solid waste.
Keywords: Environmental Education, National Solid Waste Policy, Selective Collection, Solid
Waste.
INTRODUÇÃO
Contudo a maioria das ações definidas nesta lei são aplicadas na prática, pois de acordo com
os dados levantados pelo Ipea (Instituo de Pesquisa Aplicada) (2014), ―2.507 dos 5.564 municípios
brasileiros (45%) ainda destinam o lixo coletado nos domicílios e aquele proveniente do sistema de
limpeza pública em lixões,que são áreas sem nenhum controle ambiental e a céu aberto.‖ O que
contraria a meta da PNRS de acabar com os lixões no país até 2014.
As Instituições de Ensino Públicas Federais possuem deveres referentes à gestão correta de
resíduos sólidos, tendo em vista a responsabilidade social que as mesmas tem de formar opiniões e
estarem atreladas à práticas ambientais adequadas ao manejo dos resíduos que estimule a
participação e conscientização da comunidade acadêmica como define o Decreto Federal nº
5.940/2006 de 25 de outubro de 2006, que institui a Coleta Seletiva Solidária, ―órgãos e entidades
da administação pública federal devem promover a separação dos resíduos recicláveis na fonte
geradora e destinar tais materiais à associações e cooperativas de catadores de materiais
recicláveis‖.
De acordo com RIBEIRO, I. B. G.; FERREIRA I.V.L., ―A Universidade Federal de Alagoas
ainda não possui medidas concretas relacionadas ao gerenciamento dos resíduos sólidos, apenas
ações isoladas como o recolhimento de pilhas e baterias, além da destinação do papel descartado no
prédio da reitoria à reciclagem‖.
A coleta seletiva é uma prática que tem se mostrado viável e econômica para o
gerenciamento de resíduos sólidos. Utiliza a conscientização da população envolvida facilitando a
seleção e disposição de diferetentes tipos de resíduos no processo de reciclagem. Além disso, a
reciclagem exerce um papel socioeconômico, pois além de contribuir para a preservação do meio
ambiente, gera emprego e renda para população.
De acordo com AQUINO, D. S., ―A conscientização coletiva é a mais eficiente ferramenta
para obtenção do sucesso em um adequado gerenciamento de resíduos sólidos urbanos‖. Logo,
este trabalho vai além do que estabelecer um sistema de coleta seletiva dentro da Unidade
Acadêmica Centor de Tecnologia (CTEC) pois também promove a conscientização da comunidade
acadêmica que frequenta a Unidade através de educação ambiental.
METODOLOGIA
Para a execução desse projeto foram utilizadas lixeiras para papel, plástico e metal. Essas
lixeiras foram distribuídas em quatro setores, um conjunto de tambores em frente à cantina, no
corredor e em baixo da escada no prédio velho e um no prédio novo, além de tambores pequenos
nas salas de aula. Os Resíduos coletados foram recolhidos pela Cooperativa COOPREL
periodicamente, de acordo com o volume armazenado. Paralelamente, foram divulgados
procedimentos de coleta seletiva e reciclagem.
Figura 1: Lixeiros sinalizados com as categorias de materiais recolhidos pela coleta seletiva
A escolha pela separação dos resíduos em materiais de plástico, papel e metal se deu pois no
trabalho de RIBEIRO, I. B. G.; FERREIRA I.V.L. foram avaliados a produção de resíduos sólidos
no CTEC e os principais produtos vendidos na lanchonete e se optou por recolher apenas os
materiais de plástico, metal e papel, visto a geração de resíduos de vidro era insignificante.
Devido às grandes dimensões da Unidade Acadêmica CTEC, que possui dois edifícios, 1021
alunos de graduação, 110 alunos de pós-graduação, 72 professores, 30 funcionários terceirizados e
16 administrativos, dividiu-se o bloco em quatro setores, de modo que os bolsistas e colaboradores
estariam responsáveis pela coleta seletiva em cada setor.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nos primeiros meses o projeto passou por dificuldades no que diz respeito à colaboração da
população que freqüenta a Unidade Acadêmica. Uma dessas dificuldades foi o descarte dos resíduos
de maneira incorreta por parte da comunidade acadêmica, como ilustrado na figura a seguir.
Figura 4: Gráfico dos dados de coleta por setor no período de setembro de 2016 a maio de 2017
Como pode observar na figura 4, no primeiro mês a contribuição foi pouca sendo apenas
significativa em dois dos quatro setores, nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2016, a
contribuição foi mais significativa em três dos quatro setores, contudo em dezembro teve uma greve
dos discentes na Universidade, logo teve uma queda nas contribuições. Já em 2017, logo em janeiro
com o retorno às atividades da Universidade pós greve, a campanha de coleta foi intensificada
novamente pelos bolsistas e colaboradores do projeto e a colaboração voltou a ser significativa e
crescente, atingindo seu ápice no mês de fevereiro no setor 1, e estabilizando-se até o mês de maio,
mês esse da realização deste artigo.
Dentro do período de setembro de 2016 a maio de 2017 foram pesados 578,6 quilogramas
de resíduos no total, sendo destes, 524,5 quilogramas de papel e 37,65 quilogramas de plástico e
16,45 quilogramas de metal. Como ilustrado a seguir.
De acordo com a Cooperativa, o valor de um quilograma de papel, plástico e metal são
respectivamente R$0,30, R$0,90 e R$ 3,70, logo os resíduos pesados nesses primeiros meses
geraram uma renda de R$252,10 para COOPREL.
Figura 5: Quantidade percentual dos resíduos coletados no período de setembro de 2016 a maio de 2017
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mesmo que significativa, a quantia arrecada pode ser maximizada até o final do projeto, em
agosto de 2017 e tendo em vista que a duração do projeto ser estendida com possíveis editais
futuros da Pró-reitoria de extensão, portanto espera-se que até o final deste projeto a quantidade de
resíduos cresça de maneira considerável consequentemente aumentando a renda da cooperativa e
aumentando a conscientização e educação ambiental da população atingida pelas atividades do
projeto.
REFERÊNCIAS
ABRELPE. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2013. ISSN 2179-8303. (Referência:
Abrelpe - Disponível em: http://www.abrelpe.org.br/Panorama/panorama2013.pdf - Acessado às
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AQUINO, D. S. In: Revista Ponto de Vista (vol5). Educação Ambiental Como Ferramenta da
Coleta Seletiva a Universidade Federal de Viçosa. 2008. Paginas 131 à 141.
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País não conseguiu erradicar os lixões no prazo; coleta avançou. 2014. Disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/maragama/2014/08/1494203-lixo-pais-nao-conseguiu-
erradicar-os-lixoes-no-prazo-coleta-avancou.shtml – Acessado às 14:42 do dia 18 de junho de
2017).
JARDIM, N. S.; WELLS, C.. apud JACOBUCCI, D. F. C.; JACOBUCCI, G. B., Lixo Municipal:
Manual de Gerenciamento Integrado. São Paulo: Instituto de Pesquisas Tecnológicas:
CEMPRE, 1995. ( artigo 11).
RESUMO
A Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei 12.305/10, traz importantes instrumentos no tocante à
gestão dos resíduos no Brasil. Dentre esses, destacam-se a coleta seletiva e o incentivo à
organização de catadores, tornando os resíduos uma importante ferramenta de inserção
socioeconômica. Contudo, apesar de imprescindíveis no processo de gestão, os catadores ainda
representam a classe menos beneficiada por tal atividade. Conhecer sua realidade e anseios é um
importante passo para fomentar mudanças mais efetivas. Nesse contexto, o objetivo do presente
trabalho foi identificar o perfil de catadores de uma cooperativa de catadores de recicláveis
localizada em Maceió/AL e a percepção dos mesmos quanto à renda, saúde ocupacional, lazer,
expectativa futura. O estudo adotou pesquisa de natureza quali-quantitativa por meio das técnicas de
observação direta intensiva e extensiva e do Discurso do Sujeito Coletivo. Para a coleta dos dados,
foi realizada uma entrevista com 45% dos cooperados. Conforme identificado, os catadores
entrevistados eram majoritariamente mulheres, acima dos 40 anos, originárias do próprio Estado da
pesquisa e apresentavam ensino fundamental incompleto. A maioria estava trabalhando como
catador pela primeira vez e a entrada na cooperativa representou a possibilidade de ocupação e
renda. A renda gerada pelo trabalho ficava abaixo do salário mínimo vigente e destinava-se ao
pagamento das despesas com alimentação. A falta de equipamentos de proteção individual foi
identificada como responsável pelos principais riscos da atividade. O descanso em casa foi citado
como a principal forma de lazer. Quanto à expectativa de futuro, o principal sonho era ganhar mais,
uma vez que, apesar de gostar do que faziam, desejavam que a atividade de catador lhes
promovesse mais segurança econômica. Nessa perspectiva, foi perceptível que, apesar dos avanços
legais, faz-se necessário criar mecanismos que de fato promovam a inclusão social e a qualidade de
vida dos catadores de resíduos recicláveis.
Palavras-chave: Cooperativas. Catadores. Inclusão. Discurso do Sujeito Coletivo.
ABSTRACT
The National Solid on Waste Policy, Federal Law 12,305/10, raise important instruments regarding
waste management in Brazil. Among these, the selective waste collection and incentive to the
INTRODUÇÃO
A ação do homem sobre o meio ambiente tornou-se mais intensa ao longo da história. O
modelo de desenvolvimento capitalista-industrial centrado na produção em larga escala, nos
avanços tecnológicos, no consumo exacerbado, aliado ao crescimento populacional e a crescente
urbanização, tem contribuído significativamente para a degradação ambiental. Nesse contexto, a
geração significativa de resíduos, em quantidade e em composição diversificada, surge como um
dos principais desafios, tornando-se ainda mais evidente nos centros urbanos (GOUVEIA, 2012).
Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
(ABRELPE, 2015), no Brasil, no ano de 2015, foi gerado cerca de 79,9 milhões de toneladas de
resíduos sólidos urbanos, com 41,3% ainda dispostos de forma inadequada em aterros controlados
ou em depósitos a céu aberto. Fato que sugere riscos socioambientais e perda econômica decorrente
do destino inadequado dos resíduos reaproveitáveis e recicláveis. Conforme o Instituto de Pesquisa
Aplicada (IPEA, 2010), a destinação ambientalmente inadequada e o volume não aproveitado dos
resíduos sólidos urbanos representa uma perda aproximada de R$ 8 bilhões por ano, além das
inúmeras oportunidades de geração de renda que são perdidas em virtude desse procedimento.
Nessa perspectiva, no Brasil, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) instituída pela
Lei Federal 12.305/10, entre seus objetivos, busca a prevenção e a redução na geração de resíduos,
tendo como proposta, a prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos
para propiciar o aumento da reciclagem, fomentar a reutilização dos resíduos sólidos e a disposição
ambientalmente adequada dos rejeitos (BRASIL, 2010).
Entre os instrumentos para tornar possível a redução e destino adequado dos resíduos, a
referida Lei prevê a obrigatoriedade da coleta seletiva dos resíduos e a necessidade de estímulo à
criação e ao desenvolvimento de cooperativas de catadores ou outras formas de associação de
catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis (BRASIL, 2010). A coleta seletiva, bem como, o
incentivo à organização dos catadores, torna os resíduos uma importante ferramenta de inserção
socioeconômica, além de propiciar inúmeras vantagens ambientais como redução de uso dos
recursos naturais e do gasto energético.
Apesar das exigências legais, a realidade brasileira no que se refere a gestão dos resíduos
ainda se apresenta limitada, especialmente nas regiões Norte e Nordeste do país. Conforme dados
da ABRELPE (2015), no que se refere a iniciativas de coleta seletiva, 69,3% dos municípios
brasileiros apresentam alguma iniciativa e, no caso dos municípios nordestinos, esse dado perfaz
apenas 49,3%. Nesse contexto, a figura dos catadores torna-se imprescindível. Responsáveis
efetivamente pela reintrodução dos resíduos recicláveis no processo produtivo, os mesmos também
exercem uma eficiente ação educativa junto à sociedade ―ao conferir cara, rosto, personalidade e
história para a reciclagem‖ (TEODÓSIO; DIAS; SANTOS, 2016, p. 31).
Entretanto, apesar de fundamentais no processo de gestão de resíduos, os catadores de
materiais recicláveis ainda representam a classe que menos se beneficia por tal atividade. Na
informalidade ou mesmo organizados em cooperativas, os catadores ainda são vistos como
exercendo uma atividade inferior. Conforme Pereira, Secco e Carvalho (2014, p. 182), distante das
condições adequadas de trabalho e de inserção social, ―o contexto da catação de materiais
recicláveis traz a marca do trabalho realizado em condições precárias, insalubres, a exploração
pelos atravessadores e ainda a ausência de direitos básicos de proteção social‖.
Nesse contexto, o objetivo do presente trabalho foi identificar o perfil de catadores de uma
cooperativa de coleta seletiva localizada em Maceió/AL e, por meio da análise do Discurso do
Sujeito Coletivo (DSC), identificar a percepção dos mesmos quanto a sua condição de vida no que
tange a renda, saúde ocupacional, lazer e a expectativa de futuro. Identificar como os catadores
percebem suas vidas e o que esperam do futuro, pode ser considerada uma importante ferramenta de
compreensão do contexto vivido pelos mesmos, dos reais desafios da inclusão social, na perspectiva
da proposição de mudanças.
METODOLOGIA
Foram realizadas visitas à cooperativa, bem como foram aplicados formulários junto aos
cooperados. O formulário semiestruturado dispunha de perguntas abertas e fechadas. Foram
aplicados nove formulários no total, representando 45% dos cooperados e o percentual alcançado
foi decorrente da disponibilidade dos mesmos para a participar da pesquisa. As atividades foram
executadas em janeiro de 2014.
A pesquisa adotou uma análise quali-quantitativa por meio das técnicas de observação
direta, intensiva e extensiva (MARCONI; LAKATOS, 2005), e por meio da análise do Discurso do
Sujeito Coletivo (DSC) (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2003). A técnica da análise do DSC tem como
proposição expressar o pensamento coletivo do grupo em questão. As informações quanto ao perfil
dos entrevistados e à análise do DSC estão apresentadas com indicações entre parênteses no que se
refere a quantidade de respondentes e o número total dos mesmos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
catadores e a falta de tecnologia para reciclagem concorrem para essa realidade, tornando o catador
o elo menos beneficiado dessa cadeia.
A maioria dos catadores entrevistados era do gênero feminino (6/9) e, na sua totalidade,
apresentavam faixa etária distribuída entre 19 e 67 anos, com média de 39 anos. A maioria possuía
idade entre 30 e 49 anos (6/9), com dois entrevistados entre 50 e 70 anos. De acordo com o IPEA
(2013a), diferente do observado na presente pesquisa, no Brasil observa-se uma predominância de
homens no trabalho de coleta de recicláveis (68,9%), entretanto, esse dado pode estar associado ao
fato das mulheres não se reconhecerem como catadoras e se identificarem no Censo como
exercendo atividades do lar. No que se refere a faixa etária, os catadores da cooperativa em estudo
possuíam média de idade similar a média nacional para os catadores, que é de 39,4 anos, e similar
aos catadores especificamente da região Nordeste que possui média de idade de 38,3 anos (IPEA,
2013b).
Concernente à origem, os entrevistados eram originários de diversos municípios do próprio
Estado da pesquisa (7/9). E, no que se refere à escolaridade, cinco dos nove entrevistados possuíam
ensino fundamental, em sua maior parte, incompleto, e três dos nove entrevistados eram
analfabetos. Apenas um possuía ensino médio completo. Esse dado reflete a realidade de baixa
escolaridade dos catadores no Brasil, especialmente na região Nordeste (IPEA, 2013b). De acordo
com Aragão Neto e Gomes (2016), essa condição muitas vezes está associada a inserção no mundo
do trabalho desde muito cedo.
De fato, na presente pesquisa, os entrevistados começaram, em sua maior parte, a trabalhar
precocemente, entre 10 e 16 anos (7/9, sendo: 10 anos – 3/9; 12 anos – 2/9 e 16 anos – 2/9),
especialmente, ajudando a família na agricultura (6/9). Outras profissões ou ocupações exercidas e
citadas pelos entrevistados foram de trabalhador doméstico, vendedor, guarda municipal,
marisqueiro, motorista e padeiro. Apenas uma entrevistada (1/9), já havia exercido a atividade de
reciclagem antes de trabalhar na cooperativa, tendo iniciado tal atividade com sua mãe aos 18 anos
de idade.
Todos os entrevistados residiam em Maceió e, na sua maioria, moravam em casas próprias
(6/9), incluindo aqui aquelas cedidas por parentes, em geral, os pais do entrevistado ou do cônjuge.
Moravam nas casas entre 1 e 4 moradores, com no máximo, dois adultos por lugar. As casas
variaram em número de cômodos: três dos nove com apenas um único cômodo e as demais com 3
até 8 cômodos e uma (1/9) não possuía banheiro.
Quanto à destinação dos resíduos produzidos em suas residências, cinco dos nove
entrevistados afirmaram que havia coleta domiciliar regular. Três dos nove entrevistados
depositavam os resíduos dos seus domicílios em caçambas e um deles mencionou que fazia
separação prévia e que levava para cooperativa. Um dos entrevistados afirmou que lançava os
resíduos em um corpo d‘água próximo. Todos se mostraram satisfeitos com sua moradia.
A maioria dos catadores entrevistados (6/9) estava a menos de dois anos na cooperativa. Os
demais se encontravam há cinco (1/9), nove (1/9) ou desde a fundação da mesma, ou seja, 10 anos
(1/9) até janeiro de 2014. A maioria estava trabalhando pela primeira vez como catador. Todos
disseram que gostavam do trabalho que exerciam. Cinco dos nove gostariam de continuar e os
demais (4/9) desejavam sair especialmente em função da baixa renda obtida. O motivo apresentado
para permanecer na cooperativa para a maioria era para evitar o desemprego (5/9), três afirmaram
gostar do que faziam e um não respondeu.
Percepção dos Catadores Entrevistados quanto a sua Condição de Vida Atual e Expectativas
Futuras: Análise do Discurso do Sujeito Coletivo
A entrevista realizada junto aos cooperados abordou questões quanto à renda, à saúde, ao
lazer, à situação atual e expectativa de futuro e objetivou estudar a percepção dos mesmos quanto a
sua vida atual e futura por meio da análise do Discurso do Sujeito Coletivo.
As respostas fomentaram a construção dos discursos a partir dos principais trechos
selecionados dos relatos de cada entrevistado. Os discursos do sujeito coletivo, formados para 5
perguntas, foram divididos em 21 ideias centrais (IC) e estão apresentados no Quadro 01. A análise
dos discursos está apresentada na sequência.
Quadro 01- Ideias centrais resultantes das entrevistas realizadas junto aos cooperados entrevistados por meio
da análise do Discurso do Sujeito Coletivo
PERGUNTA IDEIA CENTRAL – ( /N)
Conseguir um emprego (3/9)
Comprar mobília para casa (2/9)
A) Qual a principal mudança na sua condição de Pagar dívida (1/9)
vida após a entrada na cooperativa? Ausência de pressão (1/9)
Por ganhar pelo trabalho e receber doações (1/9)
Não mudou nada na vida (1/9)
Em linhas gerais, identificou-se a partir das entrevistas e por meio da análise do DSC que os
cooperados entrevistados consideraram sua condição de vida atual mais satisfatória após a entrada
na cooperativa, sobretudo por não estarem mais desempregados e pela melhora na sua condição
econômica. As ideias centrais que predominaram foram ―Consegui um emprego‖ (3/9) e ―Melhorou
porque comprei mobília e eletrodomésticos para minha casa‖ (2/9).
Nessa perspectiva, percebe-se, conforme identificado por Gonçalves et al. (2013, p. 244),
que os catadores de resíduos ―avaliam as condições de vida e saúde quantitativamente, ou seja,
atêm-se à prioridade de ter que assegurar a sobrevivência e não com base numa medida qualitativa,
que diz respeito ao prazer de viver‖. A atividade de catação é representada como uma alternativa ao
desemprego.
No que se refere ao destino da renda, de forma unânime, os entrevistados afirmaram que o
principal destino da renda, oriunda da cooperativa, destinava-se à despesa com alimentação para si e
sua família. Os cooperados entrevistados afirmaram que, no período da pesquisa, a renda ficava
abaixo do salário mínimo vigente e quatro dos nove entrevistados disseram que o trabalho na
cooperativa era a única fonte de renda familiar.
É possível identificar, conforme destacam Medeiros e Macedo (2007), como a atividade de
catador é paradoxal, pois, ainda que haja a inserção no mundo do trabalho e geração de renda
familiar, não possui a capacidade de suprir as necessidades mínimas das famílias dos catadores,
representando o que chamou de uma ―inclusão perversa‖. A precarização do trabalho, a ausência de
direitos trabalhistas, o preconceito social e insuficiência da renda, conforme citado pelos autores,
retrata a ―exclusão por inclusão‖ uma vez que o catador é incluído socialmente pelo trabalho, mas
excluído, pelo tipo de trabalho que realizam.
Nessa perspectiva, conforme apregoa Pinheiro e Francischetto (2016, p. 08):
CONSIDERAÇÕES FINAIS
sua atividade o contato com patógenos, especialmente pela falta de equipamentos de proteção
individual (EPI) disponíveis cotidianamente, bem como o peso que precisam manusear diariamente.
Apesar de gostar do que faziam, desejavam que sua atividade lhes promovesse mais
segurança econômica, sob risco de buscar outro trabalho. Nesse sentido, é preciso refletir mais
significativamente a respeito da inserção social dos catadores e os meios para alcançá-la mais
efetivamente, ouvindo seus anseios e desejos.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Política Nacional de Resíduos Sólidos – Lei no. 12.305/2010. Disponível em:
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CAVALCANTE, S.; FRANCO, M.F.A. Profissão perigo: percepção de risco à saúde entre os
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FERREIRA, J.A.; ANJOS, L.A. Aspectos de saúde coletiva e ocupacional associados à gestão dos
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RESUMO
O aumento do consumo de energia elétrica atrelado a uma geração desta por meio da queima de
combustíveis fósseis reflete em um aumento da poluição e agravamento do efeito estufa, efeitos
antes ignorados por gerações anteriores e que muito preocupa as novas gerações. Há um crescente
reconhecimento acerca da importância de mudar o comportamento de consumo energético das
pessoas. Para que as mudanças comportamentais relacionadas ao consumo energético sejam
duradoras e significativas é crucial que essas informações sejam passadas de forma clara e continua.
Reconhecendo que prédios públicos e residências são os maiores responsáveis pelo consumo de
energia elétrica no Brasil, este artigo contribui com o desenvolvimento conceitual de um aplicativo
para smartphone para ser utilizado como uma ferramenta que promova a conscientização do
consumo de energia elétrica de maneira racional, eficiente e sustentável. Por meio da Avaliação de
Ciclo de Vida (ACV) estabelecer-se-á uma relação entre pegada de carbono (kg CO2-eq) e consumo
de energia elétrica (kWh) levando em consideração a matriz energética brasileira.
Palavras-chaves: Avaliação de ciclo de vida, sustentabilidade, eficiência energética,
conscientização.
ABSTRACT
The increasing consumption of electricity along with its fossil fuel generation results in increased
pollution and enhanced global warming effect, which have been ignored by previous generations
but concerns significantly new generations. There is increasing recognition on the importance of
changing the energy consumption behavior of people. For long-lasting and significant behavior
changes associated with energy consumption, it is crucial that these information are disseminated a
clear, continuous manner. Recognizing that public buildings and residences are responsible for the
greatest share of electricity consumption in Brazil, this study contributes with the conceptual
development of a smartphone application that can be used to promote awareness on electricity
consumption in a rational, efficient and sustainable way. Utilization of the Life Cycle Assessment
(LCA) methodology will establish a relationship between the carbon footprint (kg CO2-eq) and
electricity consumption (kWh), considering the Brazilian energy matrix.
Keywords: Life cycle assessment, sustainability, energy efficiency, awareness.
1. INTRODUÇÃO
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Todo e qualquer produto, incluindo a energia elétrica, causa um impacto ambiental ao longo
de sua vida útil, seja na retirada da matéria prima, na produção, utilização ou descarte. Faz-se
necessário o conhecimento destas etapas para que se busque uma menor sobrecarga na natureza
(CHEHEB, 1998).
A crescente preocupação social com o meio ambiente, fez com que ferramentas de proteção
fossem criadas, e umas delas é a Avaliação de Ciclo de Vida (ACV), onde avaliam-se os potenciais
impactos ambientais associados a um produto desde a extração da matéria-prima, levando em conta
todos os seus processos, até o seu descarte (CHEHEB, 1998).
Segundo International Organization for Standardization (ISO) 14040 (2006) a ACV é uma
ferramenta de gestão que contabiliza entradas e saídas (materiais e energia) associadas com um
produto, serviço ou atividade, com o objetivo de avaliar o desempenho ambiental durante as
diversas etapas do seu ciclo de vida. A ACV é utilizada para identificar quais etapas do ciclo de
vida são mais impactantes e o correspondente impacto de possíveis alterações. A ACV é uma
metodologia reconhecida internacionalmente, e segue os padrões estabelecidos pelas normas da ISO
14040 e 14044.
No Brasil, a estrutura e princípios da ACV são regulamentados por um conjunto de normas
publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) (ABNT, 2014a; ABNT 2014b).
A ACV é composta por quatro fases (ABNT, 2014a): i) Objetivo e escopo (Estabelecimento das
fronteiras, extensões e propósitos dos estudos. O objetivo deve ser claro ao definir os propósitos e
conter todos os aspectos relevantes para direcionar as ações que deverão ser realizadas).; ii) Análise
do inventário (Fase de coleta e quantificação de todas as variáveis como emissão, matérias primas,
consumo de energia, processos e transportes. Nesta fase também irá ocorrer o refinamento do
objetivo e escopo e todas as partes de cálculos - balanços de massa e de energia - pertinentes); iii)
Avaliação do impacto (Analisar e quantificar os aspectos ambientais da etapa anterior e apresentar
intervenções necessárias aos indicadores), e iv) Interpretação dos resultados (Avaliação do estudo
de acordo com os objetivos estabelecidos, apresentação gerando conclusões e recomendações para
diminuição de impactos).
Por meio da ACV, será realizada a quantificação do impacto ambiental proveniente do
consumo de energia elétrica em edificações (prédios públicos e residências). O software utilizado
foi o SimaPro 8.3.0.0 (PRE CONSULTANTS, 2015), que permite a modelagem e avaliação dos
mais complexos ciclos de vida de forma sistemática e compreensível, seguindo ISO 14040 (2006) e
ISO 14044 (2006).
Esta seção do trabalho baseia-se em Delgado e Carvalho (2017). A partir da base de dados
EcoInvent v.3.3 (2015), processos foram adaptados para representar o mix de geração elétrica
brasileiro para o ano de 2015. Este é o ano mais recente disponível pela Empresa de Pesquisa
Energética (EPE).
A matriz de geração elétrica do Brasil (Tabela 1) foi obtida da Agência Nacional de Energia
Elétrica (ANEEL) (BRASIL, 2016). Os percentuais de geração, por fonte, para composição do mix
foram formados realizando uma média entre o primeiro, décimo quinto e último dia de cada mês de
2015, e em seguida, a média dos percentuais de cada mês, seguindo Delgado e Carvalho (2017). Os
valores já incluem as importações da Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela: 61,30% hidráulica,
16,92% termelétrica, 7,49% biomassa, 5,64% eólica, 1,32% nuclear e 0,02% solar.
As etapas de transmissão, distribuição e transformação da energia elétrica também foram
incluídas de modo a representar de 1 kWh de eletricidade consumida em baixa tensão (consumo em
edifícios).
ajudar as pessoas a saberem sua pegada de carbono além de mostrar dicas de como economizar
mais energia elétrica.
Com uma interface simples e intuitiva o usuário não terá dificuldades ao utilizar o
aplicativo, bastando apenas arrastar o dedo na tela de um lado para o outro para que se tenha acesso
as principais funções do app. O usuário conta com uma vasta lista de itens onde é possível localizar
equipamentos, utensílios e vários outros objetos encontrados em prédios públicos ou residências
para que seja feito o cálculo da sua pegada de carbono.
Após a realização dos cálculos, o usuário poderá acessar o guia de dicas, com matérias,
estudos e artigos que trazem diversas maneiras de se economizar sua energia. Além disso o app
contará com uma seção onde mostrará um gráfico com sua pegada de carbono do mês em que foi
feito o cálculo, para que o usuário possa ter uma noção do mês em que gastou mais e assim facilitar
o seu entendimento da razão pelo qual gastou mais em determinado mês.
A versão atual do aplicativo foi totalmente desenvolvida na Application Programming
Interface (API) 15 e superior do Android. Assim, o app consegue rodar em aproximadamente
97,4% dos dispositivos ativos na Google Play Store, serviço de loja virtual da Google, onde se
encontram todos os tipos de apps para download. A versão atual do aplicativo foi toda
desenvolvida em Fragments, (2017) que surgiram logo após a chegada dos tabletsAndroid, e assim
o aplicativo pode rodar em qualquer tamanho de tela, mantendo uma excelente experiência de
usuário.
O uso de bibliotecas (códigos que formam um subprograma, cuja finalidade é auxiliar o
desenvolvedor a resolver certos problemas) foi fundamental para a disponibilização de gráficos
funcionais no app. Para isso, utilizou-se a biblioteca MP Android Chart. A versão atual do
aplicativo inclui um serviço de cadastro de usuários, e o Firebase foi utilizado, que além de permitir
armazenar dados em um banco em tempo real, tem uma fácil manutenção e implementação.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
O aplicativo foi desenvolvido com o intuito de ser atraente no seu design, simples na sua
utilização, eficaz na sua aplicação e acessível para os usuários. O aplicativo é claro no que diz
respeitos aos passos a serem seguidos para se obter a pegada de carbono de forma simples.
A primeira tela é a de login e se encontra na Figura 1, e nesta tela o usuário já cadastrado
com o nome do edifício público terá acesso ao app.
Caso o usuário não tenha cadastrado o edifício ainda, a opção ―Não tem conta? Crie uma!‖
Deve ser clicada e a segunda tela, Figura 2, irá aparecer. Nesta o usuário deve cadastrar o edifício,
colocar um e-mail para eventual contato e escolher uma senha segura.
Após o cadastro ou login, o usuário será redirecionado para a terceira tela, Figura 3, que
fornece um breve tutorial sobre como utilizar o aplicativo e seus objetivos.
Na quarta tela, Figura 4, uma lista com 102 equipamentos eletrônicos é fornecida e bem
como a potência de cada um, havendo ainda a opção de adicionar mais equipamentos caso não
estejam presentes na lista. Os aparelhos estão todos desmarcados, se o usuário possuir um
equipamento deste, basta selecioná-lo e fornecer a quantidade existente. Nesta tela ainda, o usuário
deve informar o número de ambientes do edifício para que seja feita a organização dos
equipamentos por ambiente.
Na Figura 5, o usuário deve fornecer ao app o número de horas diários e quantos dias por
mês cada equipamento é utilizado. O app foi desenvolvido na tentativa de tornar estas etapas mais
interativas para o usuário.
Ao finalizar esta etapa, o app irá calcular o consumo de energia elétrica do edifício
), em kWh, a partir da potência de cada equipamento ( ) em W, o número de horas de
utilização diário ( ) em h e o número de dias utilizados no mês ( ), a partir da Equação 1:
(1)
A partir do consumo total, a pegada de carbono total ( ), em kg CO2-eq, pode ser calculada
multiplicando-se a pegada de carbono da eletricidade (0,299 kg CO2-eq/kWh) pelo consumo de
eletricidade do edifício:
99 (2)
Figura 5: Horas por dia e dias por mês de Figura 6: Pegada de carbono
utilização.
O que se espera com este app é uma conscientização da sociedade e uma mudança
comportamental consequente, que gera uma redução da carga de poluentes emitidas para a
atmosfera provindas da utilização da energia elétrica. Este estudo insere-se num projeto mais
amplo,
Este trabalho é uma continuação do trabalho desenvolvido por Silva et al. (2016), e nessa
fase inicial, concentram-se esforços em despertar a atenção dos usuários para as emissões
relacionadas ao consumo da energia elétrica. A progressiva conscientização leva a um processo de
mudança comportamental, que é o esperado na fase introdutória de uso do app.
O próximo passo está sendo de otimização da interface e da interatividade do aplicativo.
Acrescentando mais funções, como novos gráficos, novas dicas, estudos mais recentes, mais
aparelhos eletrônicos e promovendo a interação do usuário através de objetivos para cumprir a fim
de conquistar recompensas que podem ser acumuladas e guardadas.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como pode ser observado, o app promove não somente a conscientização, como a educação
ambiental, levando o usuário a conhecer um estilo de vida ambientalmente correto e limpo. Espera-
se não somente a redução do consumo de energia como também um despertar do usuário para a
preservação ecológica.
5. AGRADECIMENTOS
6. REFERÊNCIAS
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BLOOM, P. 1976. How Will Consumer Education Affect Consumer Behavior? NA - Advances in
Consumer Research Volume 03, eds. Beverlee B. Anderson, Cincinnati, OH: Association for
Consumer Research, p. 208-212.
CHEHEB, J. R. Análise de ciclo de vida de produtos – ferramenta gerencial da ISO 14000. Rio de
Janeiro: Qualitymark Ed. 1998.
(NBR ISO 14040). Disponível em: <http://goo.gl/Bzhx0T>. Acesso em: 27 jul 2017
DELGADO, D., CARVALHO, M. Potential of Photovoltaic Solar Energy to Reduce the Carbon
Footprint of the Brazilian Electricity Matrix. Publicado na revista Latin American Life Cycle
Assessment 2017.
FRANKL, P; RUBIK, F. Life Cycle Assessment in Industry and Business: Adoption of Patterns,
Applications and Implications. Berlin: Springer-Verlag, 2000. 280p.
FURRIELA, R.B. Educação para o consumo sustentável. In: CICLO DE PALESTRAS SOBRE O
MEIO AMBIENTE. Inep – MEC/SEF/COAE,2001.
GRAEDEL, T.E. Streamlined Life-Cycle Assessment. New Jersey: Prentice Hall, 1998. 310p.
ISO. International Organization for Standardization. ISO 14040. Environmental Management – Life
Cycle Assessment – Principles and Framework. Geneva: ISO, 2006a. 20p.
KIRBY, S. D.; GUIN, A.; LANGHAM, L. 2015. Energy Education Incentives: Evaluating the
Impact of Consumer Energy Kits.<http://www.joe.org/joe/2015february/rb5.php>. Acesso em:
27 jul 2017.
SILVA, A. L. T A busca da eco-eficiência com o apoio da análise de ciclo de vida. JOÃO PESSOA
2016.
SIMPSON, R. Android overtakes Windows for first time. 2017. Disponível em:
<http://gs.statcounter.com/press/android-overtakes-windows-for-first-time> Acesso em: 27 jul
2017
WINDOWS perde o posto de sistema operacional mais usado do mundo. 2017. Disponível
em:<https://olhardigital.uol.com.br/noticia/windows-perde-o-posto-de-sistema-operacional-mais-
usado-do-mundo/67223> Acesso em: 27 jul 2017
RESUMO
Hoje em dia, a Educação Ambiental (EA) vem sendo considerada urgente e importante para a
sociedade, pois o futuro da humanidade e das demais formas de vida tem relação direta com as
ações que se estabelecem entre a sociedade e a natureza. Nesse diapasão, a EA é vista como um
processo vivido ao longo de toda a vida humana, na qual cada pessoa é responsável pela melhoria
das condições ambientais em seu meio, conscientizando-se dos problemas existentes e buscando a
sua superação. Assim, a EA que se desenvolve nas escolas é essencial para a conscientização
ecológica não somente dos alunos, professores e funcionários, mas, sobretudo, para as comunidades
que habitam o seu entorno. É nesse contexto que surge o projeto ―Eco Kids e Eco Teens‖, uma
iniciativa do Ministério Público da Bahia, em parceria com instituições de ensino e órgãos
ambientais, onde alunos do Ensino Fundamental I e II são estimulados a produzir um jornal
regionalizado, no qual eles próprios são os autores e leitores das matérias. O projeto é viabilizado
por recursos provenientes de sanções administrativas e criminais canalizados pelo MP para os
fundos municipais de Meio Ambiente, com aplicação acompanhada pelos Conselhos Municipais de
Meio Ambiente. O projeto está presente em 15 municípios parceiros nos estados da Bahia e do
Piauí e, desde o seu início em 2009 já passou por 92 escolas, mobilizou mais de 25 mil alunos e
venceu, em âmbito nacional, o concurso do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP)
2016 de melhor projeto na área de Defesa dos Direitos Fundamentais. O objetivo deste trabalho é
analisar o trabalho de Educação Ambiental desenvolvido pelo projeto ―Eco Kids e Eco Teens‖, seus
fundamentos legais e sua expansão no período 2009/2016, na promoção do aperfeiçoamento da
justiça e na busca de uma sociedade sustentável.
Palavras-chave: Ministério Público; Jornal Ambiental; Sustentabilidade.
ABSTRACT
Nowadays, Environmental Education (EE) has been considered urgent and important for society,
since the future of humanity and other forms of life has a direct relation with the actions that are
established between society and nature. In this context, EE is seen as a process lived throughout
human life, in which each person is responsible for improving environmental conditions in their
environment, becoming aware of existing problems and seeking to overcome them. Thus, the EE
that is developed in schools is essential for the ecological awareness not only of students, teachers
and employees, but above all for the communities that inhabit their environment. It is in this context
that the "Eco Kids and Eco Teens" project, an initiative of the Ministério Público da Bahia (MPB),
in partnership with educational institutions and environmental agencies, is being developed where
Elementary School I and II students are encouraged to produce a regionalized newspaper, which are
themselves the authors and readers of the articles. The project is made possible by resources from
administrative and criminal sanctions channeled by the MPB to the municipal funds of the
environment, with application accompanied by the municipal councils of environment. The project
is present in 15 partner countys in the states of Bahia and Piauí and since its inception in 2009 has
already passed 92 schools, mobilized more than 25 thousand students and won, nationally, the
contest of the Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) 2016 for best project in the area of
defense of fundamental rights. The objective of this paper is to analyze the work of environmental
education developed by the project "Eco Kids and Eco Teens", its legal bases and its expansion in
the period of 2009 to 2016, in promoting the improvement of justice and in the search for a
sustainable society.
Keywords: Public Ministry; Environmental Newspaper; Sustainability.
INTRODUÇÃO
A problemática ambiental, apresentada e debatida nas últimas décadas no século XX, foi
ganhando proporção à medida que os danos ambientais foram chamando a atenção dos governos e
das sociedades, como reflexo de uma postura predatória do homem sobre a natureza, intensificada
pelas várias Revoluções Industriais. Para que haja uma mudança profunda nos comportamentos,
atitudes e valores (MACHADO, 2011), faz-se necessário a implementação de medidas de
preservação, conservação e sensibilização ambiental com caráter de urgência. Assim sendo,
conjuntamente à crise ambiental, a educação passou a ser analisada como uma dimensão importante
para o enfrentamento da questão e como medida preventiva de conservação ambiental (FERREIRA,
2007), principalmente nas conferências de Belgrado e Tbilisi.
O termo Educação Ambiental é autoexplicativo, de forma que cada pessoa, intuitivamente,
possui uma definição apenas relacionando as palavras ―educação‖ e ―ambiente‖, mas, em termos
técnicos, há vários conceitos ligados às diferentes visões de mundo por diferentes grupos sociais.
Entre as diversas definições, destaca-se a que foi estabelecida na Conferência Sub-Regional
de Educação Ambiental para a Educação Secundária, em Chosica/Peru, em 1976:
Nesse contexto, a EA é vista como um processo vivido ao longo de toda a vida humana, na
qual cada pessoa é responsável pela melhoria das condições ambientais em seu meio,
conscientizando-se dos problemas existentes e buscando a sua superação.
Assim, debruçando-se em fundamentos e práxis pedagógicas conscientizadoras, busca-se
formular uma educação centrada na questão ambiental, ainda que frágil e com muitos desafios a
serem superados. No Brasil, a EA surgiu primeiramente em atividades isoladas, trabalhadas em
escolas em diversos níveis e comunidades preocupadas com impactos ambientais locais.
Posteriormente, no campo jurídico a Lei 6.938/81 institui a Política Nacional do Meio Ambiente e a
Lei nº 9.795/1999 dispõe sobre a Educação Ambiental, sendo marcos normativos relevantes para a
definição, caracterização e institucionalização da EA em todo território brasileiro (BRITO, 2013).
Buscando a promoção de uma Educação Ambiental inovadora e participativa, o Ministério
Público da Bahia, através da Promotoria Regional de Meio Ambiente, criou o Projeto ―Eco Kids e
Eco Teens‖, que consistem em jornais sobre meio ambiente elaborados por estudantes do ensino
fundamental, tanto de escolas públicas quanto privadas. O jornal traz temáticas ambientais
escolhidas pelo contexto em que os alunos vivem e é custeado por infratores ambientais em
cumprimento de pena alternativa, e tem por objetivo tornar os estudantes envolvidos em atores
sociais participativos na proteção e preservação do meio ambiente.
O projeto é coordenado pela promotora de justiça Karina Cherubini e teve início na cidade
de Ilhéus, em 2009, e, devido ao retorno positivo, outras cidades da Bahia e do Brasil passaram a
realizar o projeto em suas escolas.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
como por exemplo, visitas de campo, entrevistas, desenhos e trabalhos de reciclagem, entre outros.
Isso faz com que os alunos envolvidos pesquisem, estudem e discutam as temáticas ambientais,
proporcionando sensibilização e percepção ambiental, que resultará em menos infratores ambientais
e mais agentes de proteção ambiental.
Na edição do ―Eco Kids‖ da Escola Municipal Adelieta Ramalho, em Barra do Choça- BA
(Figura 1), os alunos visitaram a nascente do rio Catolé e puderam ver o nível de degradação do rio.
No informativo produzido por eles, trouxeram informações e produziram material sobre lixo,
reciclagem e poluição de rios.
Figura 1 – Alunos da escola Municipal Adelieta Ramalho visitam a nascente do rio Catolé, em Barra do
Choça-BA – Dezembro de 2014
A gente ficou bastante entusiasmado, só que no decorrer do trabalho a gente foi sentindo
uma certa dificuldade para montar os projetos porque o tempo até tava um pouco curto para
ter todo o planejamento. Só que quando a gente viu que as coisas estavam começando a dar
certo, a gente começou a se esforçar mais, nós nos preocupamos em deixar as coisas mais
bonitas porque, aliás é um projeto que envolve toda a comunidade escolar, é uma coisa que
a gente queria mostrar bem feita. E foi realmente o que aconteceu (Aluno Christian Ferreira
Oliveira Souza, junho, 2017). [...] Dessa revista, a gente vai levar que a gente tem que
cuidar mais da natureza e fazer o ato. Porque se um só não começar a preservar, a
humanidade não vai conseguir, mas se um ter (sic) o ato de ir protestar para não derrubar
essa árvore, para não jogar lixo, assim vai incentivar outras pessoas a não fazer esse
desmatamento igual está tendo no nosso Brasil e no planeta hoje (Aluno Miqueias Silva
Rodrigues, junho, 2017) (ITANHÉM SEM PARAR, 2017).
Os resultados revelam que se trata de uma grande contribuição para a área da Educação
incluir a Ecopedagogia no processo de aprendizagem dos alunos. É possível planejar e
desenvolver ações ecopedagógicas que apresentem resultados positivos no que diz respeito
ao seu objetivo principal que é formar cidadãos conscientes, planetários e aptos a
relacionarem-se de maneira harmoniosa com o planeta.
51
Discussão realizada por Sérgio Cardoso em seu artigo ―O olhar viajante (do etnólogo)‖ em que aborda a distinção
entre os verbos ver e olhar.
Fonte: Mapa produzido pelos autores a partir de dados do projeto ―Eco Kids e Eco Teens‖ e com base
cartográfica extraída da malha territorial do IBGE (2010) e utilização do software MapViewer 7.0.
O projeto ―Eco Kids e Eco Teens‖ envolve diversos setores da sociedade e integra várias
áreas do conhecimento, favorecendo a interdisciplinaridade, a interinstitucionalidade e a
interprofissionalidade. Durante a implantação do projeto, é montado o Conselho Editorial do Jornal,
que delibera sobre prazos, recursos, apresentação da "boneca" do jornal e de lançamentos. Os
membros do Conselho são representantes da Secretaria Municipal de Educação, Secretaria
Municipal de Meio Ambiente, Conselho Municipal do Meio Ambiente, Conselho de
Acompanhamento do Fundeb e Setor Educacional do Estado, além dos diretores das escolas.
O Ministério Público realiza reunião com os diretores das escolas escolhidas pelo Conselho
Editorial para participar do projeto, no qual cada escola elabora sua edição do jornal (Figura 3), que
será ilustrado por trabalhos dos alunos, a partir de exploração do entorno da escola, visita a órgãos
ambientais, entrevistas, trabalhos de reciclagem, entre outros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Projeto ―Eco Kids e Eco Teens‖ teve início em 2009 e não se sabia, naquele momento, o
quão grande iria se tornar, em abrangência regional, número de municípios parceiros, escolas e
alunos. Ele foi crescendo gradativamente, acumulando experiência através dos erros e acertos e
incorporando novos elementos metodológicos e estruturais que o fez renomado e premiado
nacionalmente. Atualmente, conta com 15 municípios parceiros nos estados da Bahia e do Piauí e já
produziu EA de qualidade para mais de 25 mil alunos em 92 escolas.
De acordo com Loureiro (2004, p. 143): ―Não existe receita, fórmula ou método tido como
correto para se fazer Educação Ambiental. Sendo assim, na dimensão da escola, cabe a cada
educador definir e redefinir prioridades e estratégias, e estabelecer a práxis revolucionária,
transformando os indivíduos, a sociedade e o planeta‖.
O projeto fortalece a EA que se desenvolve nas escolas e a dissemina novas formas de
comportamentos ambientais, mais conscientes e responsáveis, bem como a sua difusão pelo
território através da ação dos estudantes, considerados multiplicadores de ideias e alternativas
viáveis. Representa uma oportunidade real para testar, na prática, os conhecimentos científicos
aprendidos em sala de aula e contribui para a resolução de problemas que aflige a comunidade do
entorno da escola. O trinômio Ministério Público–Escolas–Órgãos Ambientais representa uma
inusitada parceria que se traduz em interdisciplinaridade, interinstitucionalidade e
interprofissionalidade, capaz de relacionar os saberes acadêmicos e populares num projeto concreto
e regionalizado que atende as especificidades locais e contribui para o desenvolvimento rural e
urbano com produtividade e sustentabilidade.
Ao propor o projeto ―Eco Kids e Eco Teens‖, o Ministério Público contribui com o
Município e o Estado para a promoção e a mobilização social sobre as problemáticas ambientais
locais, trazendo aos pequenos cidadãos o sentimento e incumbência de agentes ambientais,
responsáveis pela preservação e mitigação dos danos ambientais. A proposta do jornal rompe com a
ideia engessada e propagada da EA como matéria ou disciplina específica, que ao ser finalizada,
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARDOSO, S. O olhar viajante (do etnólogo). In: NOVAES, A. (Org.) O Olhar. São Paulo: Cia
das Letras, 1998. p. 347-360.
______. Congresso Nacional. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação
ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Diário
Oficial da União, Poder Executivo, Brasília DF, 27 abr.1999. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9795.htm>. Acesso em: 15 jul. 2017.
ITANHÉM SEM PARAR. Documentário Eco Kids. You Tube, 29 de julho de 2017. Disponível
em <https://www.youtube.com/watch?v=p20RnbB9iAw&t=310s>. Acesso em 30 jul. 2017.
LOUREIRO, C. F. B.; Trajetória e Fundamentos da Educação Ambiental. São Paulo: Cortez, 2004.
MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. Projeto Eco Kids e Eco Teens. Salvador, dez. 2014.
Disponível em: <http://www.ecokidsecoteens.mpba.mp.br/galeria-2/galeria/eco-kids/barra-da-
choca-eco-kids/1a-edicao-eco-kids-barra-do-choca/ >. Acesso em 30 jul. 2017.
SOUZA, N.A.; SILVA JUNIOR, M.F.; COSTA, S.K. A ecopedagogia como prática ecopedagógica
inclusiva em escolas de Vitória da Conquista na Bahia. Revista Eletrônica do Mestrado em
Educação Ambiental, v. 32, n. 1, p. 247-269, 2015. Disponível em: <
https://www.seer.furg.br/remea/issue/view/483/showToc>. Acesso em: 29 jul. 2017.
RESUMO
O referido trabalho aborda a relação existente entre a sustentabilidade social, a Avaliação Social do
Ciclo de Vida (ACV-S) e o aproveitamento de tais abordagens nas empresas, visando com isso à
redução de impactos sociais, o melhoramento da qualidade de vida dos sujeitos envolvidos na
cadeia produtiva e, ainda, a importância de políticas públicas acerca de tais temas. Partindo desse
desígnio, o objetivo geral deste artigo é discutir a Avaliação Social do Ciclo de Vida como
possibilidade para trabalhar a sustentabilidade social nas empresas. A metodologia utilizada é
caracterizada como bibliográfica, considerando a utilização de materiais já elaborados publicados
em livros, artigos, dissertações de mestrado, tese de doutorado, relatórios internacionais e
documentos da UNEP/SETAC. A ACV- Social está ligada diretamente a sustentabilidade social por
ter em comum o foco em aspectos sociais, tratando-os paralelamente a aspectos ambientais e
econômicos reunidos à rotina da empresa. Possibilitam diversas vantagens à organização, dentre
elas, aparece como ferramenta de decisão para redução dos impactos sociais e socioeconômicos
gerados pelos seus respectivos processos produtivos. As semelhanças existentes entre a
sustentabilidade social e a ACV-S, harmonizam a relação de tais com o uso de bens e serviços,
agregando valores às empresas que as ressaltam, como menores custeios das cadeias produtivas,
selos verdes, visão positiva da marca, entre outros.
Palavras Chaves: ACV-S; Sustentabilidade Social; Políticas Públicas;
ABSTRACT
This article presents the relationship between social sustainability, Social Life Cycle Assessment
(S-LCA) and the use of such approaches in companies, aiming at reducing social impacts,
improving the life quality of subjects involved in the production chain, and also the importance of
public policies on such topics. Starting from this design, the general objective of this article is to
discuss the Social Life Cycle Assessment as a possibility to work the social sustainability in the
companies. The methodology used is characterized as bibliographical, considering the use of
already elaborated materials published in books, articles, master dissertations, doctoral thesis,
international reports and UNEP / SETAC documents. S-LCA is directly linked to social
sustainability by having in common the focus on social aspects, treating them in parallel with
environmental and economic aspects brought together to the routine of the company. They offer
several advantages to the organization, among them, it appears as a decision tool to reduce the
social and socioeconomic impacts generated by their respective productive processes. The
similarities between social sustainability and S-LCA, harmonize the relationship of these with the
use of goods and services, adding values to the companies that highlight them, such as lower costs
of production chains, green stamps, positive view of the brand, between others.
Keywords: S-LCA; Social Sustainability; Public policy
1. INTRODUÇAO
2. REFENCIAL TEÓRICO
A Análise do Ciclo de Vida (ACV) é uma metodologia que permite a avalição dos aspectos
ambientais e os respectivos efeitos sobre o meio ambiente ao longo da vida do produto, desde a
aquisição da matéria prima, passando pela produção, uso e disposição final (SETAC, 1991).
Ainda de forma embrionária, os primeiros estudos de ACV foram realizados durante a crise
do petróleo, no final da década de sessenta, nessa época cresceu a busca por formas alternativas de
energia e cresceu também a conscientização da sociedade sobre a necessidade de melhor utilização
dos recursos naturais disponíveis. (CHEHEBE, 1998).
A partir da década de 1990, expandiram-se consideravelmente os estudos, debates,
conferências e congressos a cerca de ACV, impulsionados pela normalização proporcionada pela
série de normas ISO 14040.
Juntamente com o debate sobre responsabilidade social das empresas, tem sido demandadas
também, direções e orientações na incorporação de questões sociais nas estratégias de
sustentabilidade e avaliações de impacto, para cobrir, de forma mais coerente e integrada, todos os
pilares do desenvolvimento sustentável.
Na Avaliação do Ciclo de Vida, a discussão sobre como lidar com critérios sociais e
socioeconômicos surgiu no início deste século, como uma categoria de impacto da ACV,
denominada bem-estar social, passou-se então a ser desenvolvida a Avaliação Social do Ciclo de
Vida (ACV-S).
Segundo a Unep (2009, p. 37):
a Avaliação Social do Ciclo de Vida de Produto (ACV Social) é uma técnica utilizada para
avaliar os impactos sociais, positivos ou negativos, causados pelo ciclo de vida de um
produto, incluindo a extração e processamento de matéria, fabricação, distribuição, uso,
reuso, manutenção, reciclagem e disposição final, finalizando assim o ciclo de vida deste
produto.
A ACV-S atende à série de Normas ISO 14040, publicada em setembro de 1997. A ISO
14040 estabelece quatro fases para o desenvolvimento de uma ACV-S: definição do objetivo e
escopo; análise do inventário; avaliação do impacto e interpretação do ciclo de vida. Os estudos de
ACV-Social atentam-se aos impactos sociais sobre os trabalhadores, comunidade local,
consumidores, sociedade e cadeias produtivas.
A ACV- Social pode ser usada individualmente ou em conjunto com a ACV ambiental, tal
ferramenta utilizada individualmente não tem aptidão, nem o papel de tomar decisões sobre a vida
do produto. Tem como funcionalidade, apenas registrar a utilização durante a vida do produto,
através das suas avaliações, em que as informações coletadas podem auxiliar nas condições sociais
de produção, uso e disposição final do produto. Teoricamente, a ACV- Social pode ser utilizada em
qualquer produto, até mesmo os que são notavelmente prejudiciais a sociedade (armas, por
exemplo), (UNEP, 2009).
Para Cultri et. al. (2010 p, 4) ―Diferentes objetos podem ser abordados nos estudos de ACV-
Social, dentre eles estão os impactos sociais sobre os trabalhadores, comunidade local,
consumidores, sociedade e cadeias produtivas‖, tais impactos sociais caracterizam-se como
categorias, que quando selecionadas, implicam possibilidades e limitações típicas nas análises da
ACV- Social. Dessa forma, é notável a necessidade em deixar claro os critérios de avaliação que
serão utilizados em cada tipo de categoria, de modo a amenizar falhas que venham a surgir nos
resultados.
A categoria de impacto social consumidor é muito importante para a precisão nos estudos
referente à cadeia do produto, no aspecto social. Ela divide-se em quatro subcategorias, que são:
saúde e segurança, mecanismo de feedback, privacidade do consumidor, e transparência. Toda
subcategoria de impacto pode ser determinada utilizando distintos indicadores sociais (UNEP,
2009).
Fontinele (2010 p. 31) aponta que:
3. METODOLOGIA
4. DISCURSÃO
Nos últimos anos a metodologia de uso da ACV-S vem ganhando espaço, isso se detém ao
fato de agregada a rotina da empresa, ela oferecer diversas vantagens à organização, como
ferramenta de decisão para redução dos impactos sociais e socioeconômicos gerados pelos seus
respectivos processos produtivos. Essa metodologia analisa e avalia os impactos gerados, sejam eles
adversos ou benéficos refletidos à sociedade, ao meio ambiente e aos agentes inseridos nos
processos da cadeia produtiva.
A ACV-Social proporciona ainda às organizações, melhores condições de desempenho e o
bem-estar das categorias de impacto, ocasionando assim, amplo valor de decisão para a consciência
social e aos aspectos socioeconômicos. Podendo ser usada em qualquer produto, porém, não tendo o
intuito de fornecer informações acerca de um produto ser ou não produzido (FONTINELE, 2010).
Para a realização das análises utilizam-se quatro etapas baseadas na ISO 14044, sendo elas:
definição do objetivo e escopo, análise do inventário do ciclo de vida, avaliação do impacto do ciclo
de vida e interpretação. Quanto à metodologia de avaliação, necessita grande quantidade de dados;
fornece conhecimento útil para apoiar a tomada de decisão; aparelha e pondera a qualidade dos
dados; organiza e avalia as áreas de risco que desempenham o mesmo papel; cogita com
procedimentos interativos (UNEP, 2009).
A ACV- Social está ligada diretamente a sustentabilidade social por ter em comum o foco
em aspectos sociais, tratando-os paralelamente a aspectos ambientais e econômicos; assim como,
buscado o bem estar social através da redução ou evidência de impactos causados a sociedade,
como exemplo, mão de obra escrava, trabalho infantil, etc., ambas contribuindo de maneira
eficiente para o desenvolvimento sustentável.
A sustentabilidade social está associada diretamente à perspectiva de uma melhor qualidade
de vida da população e alcance de cidadania, suas práticas vão ao encontro da diminuição das
desigualdades sociais e extensão dos direitos à população, garantindo acesso a serviços básicos
como educação e saúde. A trajetória para atingir estas perspectivas vai ao encontro de vários
aspectos afins ao seu conceito.
Segundo Jacobi (2003), o fato da maior parte da população brasileira viver em cidade,
possibilita a degradação em suas condições de vida, ou seja, vive-se numa ―sociedade de risco‖ e
com isso surge à necessidade de se multiplicar práticas sociais embasadas no direito ao acesso a
informação e a educação ambiental, trazendo uma perspectiva integradora, motivando as pessoas a
buscarem uma melhor qualidade de vida; estimulando permanentemente as responsabilidades éticas
e reconsiderando aspectos referentes à equidade, e justiça social.
Duas temáticas nos apontam a discussão de sustentabilidade social ―pobreza e incremento
populacional‖. Considerando que a população pobre tende a ter mais filhos, proporcionando um
maior crescimento populacional que ocasiona, falta de empregos, menor acesso a formação
profissional e intelectual, falta de acesso ao conhecimento e escassez de recursos, devido à alta
demanda populacional não planejada, a sustentabilidade social, em contrapartida, tem evoluído no
decorrer dos anos, procurando ressaltar a importância e a qualidade das pessoas, com o objetivo de
se construir um futuro melhor e mais justo para a população vulnerável.
A necessidade de métodos de proteção social é crescente, pórem, a capacidade do Estado de
custear estas necessidades segue no sentido contrário, a sociedade não pode renunciar aos
mecanismos de proteção social (Saúde, Educação, e Previdência) que necessitam de ações
adequadas por parte do poder público. (MENKES, 2004).
Em busca destes objetivos, a sustentabilidade social vai ao encontro das políticas públicas,
que são a conexão entre o poder público e a sociedade, buscando soluções para conflitos entre as
necessidades sociais e o processo decisório, a fim de realizar uma melhor divisão dos recursos em
custos e benefícios sociais.
Segundo Teixeira (2002), as politicas públicas têm por objetivo atender as demandas, em
especial as dos setores marginalizados da sociedade, visam expandir e efetivar direitos de cidadania,
também desenvolvidos nas lutas sociais e que passam a ser reconhecidos institucionalmente. Desta
maneira, o autor esclarece a importância do engajamento social em busca dos direitos da própria
população, para cobrar do poder público, a satisfação das necessidades básicas, para o alcance da
cidadania e uma melhor qualidade de vida, deixando a entender que este poder através das políticas
públicas, por si só, não cumpre seus objetivos de maneira satisfatória.
Menkes (2004) considera que uma postura integrada da sociedade pode atingir a ordem
social, econômica e política, e pontua que o poder público através do Estado deve se fortalecer
como implementador das ações e regulamentador de ações de outros atores sociais, como empresas
privadas e organizações sociais.
Isto fortalece a importância da associação entre a iniciativa pública e privada, para levar as
populações uma melhor qualidade de vida, unindo-se a sociedade, para desta maneira buscar os
direitos dos cidadãos que devem ser assegurados pelo Estado, ou seja, proporcionar assistência
social.
Segundo Teixeira (2002), através da formulação de uma assistência social é possível superar
padrões de merecimento de caridade, o novo paradigma concebe a assistência social como direito
de cidadania, vislumbrando ações de combate à pobreza e promoção de bem estar social, a partir da
associação das políticas públicas com outras políticas econômicas.
5. CONCLUSÃO
pode contribuir como influenciadora de uma maior consciência social (diante da apresentação de
impactos), assessora na vantagem competitiva do ambiente empresarial, da qualidade de vida da
população e promotora do desenvolvimento sustentável.
As semelhanças existentes entre a sustentabilidade social e a ACV-S, harmonizam a relação
de tais com o uso de bens e serviços, agregando valores às empresas que as ressaltam, como
menores custeios das cadeias produtivas, selos verdes, visão positiva da marca, entre outros.
Desta maneira pode-se concluir que, considerando a sustentabilidade social associada às
políticas públicas, é possível observar um relacionamento de interesses comuns, onde ambas
objetivam por melhores condições à sociedade, em especial, a parcela que nela encontra-se
marginalizada. Também é possível observar uma interdependência a partir do momento em que
ações para diminuir impactos sociais ou promover cidadania são desenvolvidas através de políticas
públicas, salientando, assim, sua importância para o desenvolvimento de um meio social mais
sustentável.
Partindo desse pressuposto e dos estudos feitos, nota-se a carência existente em pesquisas
relacionadas a tais temas que são de suma importância para a preservação do meio ambiente e para
conhecimento da população, diante disso, é sugerida uma pesquisa de maior profundidade aos
temas relacionados, onde seja mostrada a positividade de tais itens postos em empresas.
6. REFERÊNCIAS
SETAC - Society of Environmental Toxicology and Chemistry. A Technical Framework for Life
Cycle Impact Assessment. Washington, 1991.
RESUMO
O principal objetivo desse estudo foi investigar a evolução e comportamento do Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal – IDHM – dos municípios que compõe a Região do Alto
Curso da bacia hidrográfica do Rio Apodi/Mossoró – RN no período de 1991 a 2010. Para tanto,
adotou-se o Sistema de Informação Geográfica – SIG. Os resultados permitiram verificar que o
maior entrave ao desenvolvimento dessa região está diretamente relacionado aos aspectos
educacionais e de renda de seus habitantes. Especificamente, o IDHM educação retrata que apenas
quatro dos dez municípios analisados se encontram na categoria de baixo desenvolvimento.
Enquanto os demais se apresentam com muito baixo desenvolvimento. Essa situação é bastante
semelhante quando se analisa o IDHM renda. Especificamente em 2010, todos os municípios dessa
região se encontravam em situação de baixo desenvolvimento de renda.
Palavras-chave: IDHM. Educação. Saúde. Renda.
ABSTRACT
The main objective of this study was to investigate an evolution and behavior of the Municipal
Human Development Index - IDHM - of the municipalities that make up the Apodi / Mossoró - RN
Rio Alto Hydrographic Basin Region from 1991 to 2010. The Geographic Information System -
GIS. The results allowed to verify the major impetus for the development of the region, and are
related to the education and income of its inhabitants. Specifically, IDHM education portrays that
only four of the ten counties analyzed are in the low development category. During developmental
development. This situation is fairly new when analyzing the IDHM income. Specifically in 2010,
all municipalities in this region were in a situation of low income development..
Keywords: IDHM. Education. Health. Income.
1. INTRODUÇÃO
O Brasil tem avançado nas últimas décadas, especialmente, a partir de 1990 com a abertura
comercial e implantação do plano real. Todavia, esses avanços ainda são considerados abaixo do
desejado. Verifica-se que tal fenômeno é mais significativo nas grandes metrópoles. Essa
caracterização origina a necessidade de haver uma maior interação entre as localidades, regiões, etc.
em busca de um desenvolvimento mais justo e igualitário (GIAMBIAGI e MOREIRA, 1999).
Nesse ensejo, as regiões Norte e Nordeste do país apresentaram melhorias significativas na
qualidade de vida nas últimas décadas. Entretanto, os indicadores de bem estar nessas regiões são
significativamente inferiores ao observado nas demais regiões do país. Especialmente, quando
analisamos dados sobre renda e educação (MONTEIRO NETO; CASTRO e BRANDÃO, 2017).
De maneira específica, o estado do Rio Grande do Norte – RN – retrata um pouco dessa
descompactação econômica ou desigualdade regional. Uma vez que, economicamente dependem-se
basicamente de alguns setores, como a indústria do sal, petróleo, mineração, comércio e o setor
turístico. No agronegócio temos a produção de frutas e a carcinicultura (TRINDADE, 2010).
Por sua vez, em 1990 o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD –
cria o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH – o qual tem por objetivo apurar o nível de
qualidade de vida de um país, região, localidade, etc. O IDH retrata três importantes características
populacionais. Isto é, longevidade, educação e renda (PNUD BRASIL, 2016).
Todavia, os resultados observados para o Brasil são bem modestos comparados a outros
países em desenvolvimento. Essas diferenças se tornam ainda mais expressivas quando se
desagrega os indicadores por regiões. Especificamente, os 12 piores IDH estaduais observados no
ano 2010 pertenciam às regiões Norte e Nordeste. Aonde o RN apresentou um indicador 20%
inferior ao Distrito Federal. Embora, alguns possam caracterizar como normal essa diferença dada
as peculiaridades regionais há situações bem mais intrigantes. Por exemplo, o RN apresenta um
indicador de qualidade de vida aproximadamente 10% acima do observado em Alagoas.
Diante disso, surgem alguns importantes questionamentos: que fatores fazem regiões tão
parecidas exibirem níveis expressivos de desigualdade? De maneira, mais sucinta relata-se a seguir
algumas diferenças observadas dentro de uma mesma sub-região/estado. Por exemplo, na sub-
região do Alto Curso da Bacia Hidrográfica do Rio Apodi/Mossoró – BHRAM – tem-se os
municípios de São Miguel e Venha-Ver, os mesmos apresentam respectivamente IDHs de 0,606 e
0,555 no ano de 2010. Ou seja, uma disparidade observada de 10%.
Posto isso, esse estudo tem como principal objetivo investigar a evolução e comportamento
dos Indicadores de Desenvolvimento Humano Municipal – IDHM – dos municípios pertencentes ao
Alto Curso do BHRAM do estado do RN. Para tanto, utiliza-se a metodologia de Sistemas de
Informações Geográficas – SIG – que possibilita a visualização do comportamento analítico de
determinados fenômenos. Nesse sentido, serão usados dados sobre o IDHM referentes aos períodos
de 1990, 2000 e 2010.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Desenvolvimento
O IDHM foi criado pelo PNUD na década de 1990 e tem como responsável, no Brasil, o
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA – e a Fundação João Pinheiro. Esse índice
possibilita a visualização de áreas que requerem uma maior atenção, em especial, do setor público.
O IDHM é composto por três características fundamentais na representação do desenvolvimento
social e econômico; educação, longevidade e a renda per capita.
A longevidade ou expectativa de vida pode ser mensurada e tem um papel importante para a
qualificação de uma população. Como mencionado, aos índices de dimensão, são atribuídos valores
extremos de expectativa de vida, que servem como referencia. O máximo valor é 85 anos e o
mínimo 25 anos. Para o calculo, basta utilizarmos a formula a seguir. (ATLAS BRASIL, 2013)
(1)
No setor econômico, o índice de dimensão usado é o PIB per capita, sendo a soma dos
valores incluídos por todos aqueles ativos na economia, dividido pela quantidade de pessoas, ou
seja, o que cada contribui individualmente.
(3)
3. METODOLOGIA DE PESQUISA
A escolha pela do Alto Curso da BHRAM dar-se por diversos fatores socioeconômicos. Por
exemplo, baixos IDHM, nível de pobreza elevada, forte desigualdade de renda, etc.
Armazenamento
SIG
Representação Análise e
espacial Processamento
Por sua vez, Rocha (2000), relata que o SIG possui a capacidade de inserir e integrar em
única base de dados informações espaciais provenientes de dados cartográficos, dados censitários e
cadastro urbano e rural, imagens de satélite, redes e modelos numéricos do terreno. Além disso,
oferece mecanismos para combinar diversas informações. Bem permite consultar, recuperar,
visualizar e plotar o conteúdo da base de dados georreferenciados. Cabe destacar que o SIG atende
as necessidades da presente pesquisa.
A base de dados é composta pelos índices IDHM. E foi coletada na plataforma do atlas do
Desenvolvimento Humano no Brasil. As informações pertencem a dez municípios da BHRAM/RN,
referentes ao período 1991, 2000 e 2010. A seguir na Figura 1 ilustra-se o comportamento do IDHM
para todos os 10 Municípios que compõe a Região do Alto Curso.
4. RESULTADOS
De acordo com a Figura 04, em 1991, todos os municípios do Alto Curso da BHRAM
apresentavam muito baixo desenvolvimento. Para se ter uma ideia do problema, o município de
Venha-Ver – pior IDHM da amostra – apresentava 0,20 de IDHM. Ou seja, para este município
evoluir para próxima categoria – baixo desenvolvimento – o mesmo teria que evolucionar 147,5%.
Essa realidade era presente em todos os municípios do Alto Curso no início dos anos 90.
Pois, o município com melhor desempenho em IDHM – Doutor Severiano (0,33) – estava aquém do
baixo desenvolvimento em 0,17. Em média, os municípios apresentavam um desenvolvimento
humano em torno de 0,30. Em suma, o desenvolvimento médio da região do Alto Curso da BHRAM
era tão precário que se situava 41% abaixo da próxima categoria de desenvolvimento.
De acordo com a Tabela 1, os melhores resultados apresentados em 1991 referiam-se ao
IDHM saúde – longevidade – com um valor médio 0,55. Onde o município de Luís Gomes se
destacava com um indicador 0,60 compondo a categoria de médio desenvolvimento no aspecto de
saúde de seus habitantes. O pior resultado nesse quesito pertencia ao município de Venha-Ver.
52
Segundo dados Atlas Brasil (2013), o valor da renda média é R$ 83,54.
Dos cinco municípios que evoluíram para essa categoria em 2010, Major Sales exibe o
maior avanço na qualidade de vida no período. Em números, saltou de 0,30 para 0,61. Ou seja,
incrementou seu índice de desenvolvimento municipal em 103,3%. Embora ainda se encontrasse em
médio nível de desenvolvimento é plausível considerar o desempenho observado como satisfatório.
Por outro lado, o município de Paraná proporcionou o comportamento mais modesto.
Evoluindo seus indicadores em 86%. Além disso, observou-se em 2010, um IDHM médio da
BHRAM/RN de 0,60. Onde todos os 10 municípios em média elevaram o nível de qualidade de
vida 102,37%. Sob essa ótica é prudente verificar que em 20 anos os municípios que compõe a
região da BHRAM duplicaram seus indicadores sociais.
deve ser de forma alguma comemorado. Uma vez que informa a educação brasileira como de média
qualidade, em um todo.
5. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Aline Oliveira. Análise do IDH do Rio de Janeiro. 2011. 61 f. TCC (Graduação) -
Curso de Ciências Econômicas, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Três Rios - RJ,
2011.
GIAMBIAGI, Fabio; MOREIRA, Maurício Mesquita (Org.). A economia brasileira nos anos
90. Rio de Janeiro: Abreu‘s System, 199. 496 p.
LIMA, Jandir Ferrera; HERSEN, Amarildo; KLEIN, Cristiane Fernanda. Desenvolvimento Humano
Municipal no Oeste do Paraná: O que mostram os indicadores? Revista Brasileira de Gestão e
Desenvolvimento Regional, v. 12, n. 1, 2016.
MONTEIRO NETO, Aristides; CASTRO, César Nunes de; BRANDÃO, Carlos Antonio
(Org.). DESENVOLVIMENTO REGIONAL NO BRASIL políticas, estratégias e
perspectivas. Rio de Janeiro: Ipea, 2017. 482 p.
TRINDADE, Sergio Luis Bezerra. História do Rio Grande do Norte. Natal: Ifrn, 2010. 280 p.
VEIGA, José Eli. Desenvolvimento sustentável: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro:
Garamond, 2005. 200p.
WINZER, Lylla. Relação entre o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal e taxas de mortes
violentas nas Unidades Federativas Brasileiras. 2016.
RESUMO
O Grupo de Estudos e Articulações Sobre Tartarugas Marinhas (GTAR-Verdeluz), hoje projeto de
extensão da UFC e da UECE, e projeto do Instituto Verdeluz, começou sua atuação no litoral
fortalezense em 2014, propondo-se a desenvolver atividades de educação ambiental nas
comunidades do Serviluz e da Boca da Barra da Sabiaguaba, em escolas e no formato de
capacitações voltadas para profissionais. A sensibilização e informação da população de Fortaleza
com o tema de conservação dos oceanos e proteção do espaço em que vivem é de extrema valia
para o futuro de todos que convivem em Fortaleza. Dentre as problemáticas que abordamos nas
atividades estão a conservação dos oceanos, a desova das tartarugas na costa cearense e a
desconfiança da comunidade com as pessoas do projeto. O período escolhido para abordagem do
presente trabalho foi de Fevereiro de 2016 a Junho de 2017, quando houve a formalização das
atividades por meio de Projetos de Extensão nas Universidades Federal e Estadual do Ceará.
Durante o período foram desenvolvidas 22 ações de educação ambiental, com apoio de entidades
locais, com as crianças das comunidades alvo e de escolas, além de seis ações externas como
capacitações e exposições públicas, alcançando diretamente cerca de 860 pessoas entre cinco e 60
anos em nossas atividades. O trabalho na Sabiaguaba e no Serviluz, principalmente, fora proveitoso,
tendo como resultado a participação dos moradores locais no registro das ocorrências de tartarugas
e problemas ambientais nas comunidades, formando uma rede de troca de informações, integrando
a comunidade e o meio acadêmico. Embora os resultados sejam promissores, as atividades precisam
ser expandidas para outras localidades de Fortaleza, bem como a outros profissionais que
necessitem de capacitações acerca do tema dos oceanos.
Palavras-Chave: Tartarugas, Instituto Verdeluz, Ensino, Capacitação, Conservação.
ABSTRACT
The Marine Turtle Studies and Joints Group (GTAR-Verdeluz), today a UFC and UECE extension
project, and a Verdeluz Institute project, began its activities in the in 2014 at Fortaleza‘s coast.
Aiming to develop environmental education activities in the communities of Serviluz and Boca da
Barra da Sabiaguaba, in schools and in the form of technical capacitation for professionals. The
awareness and information of the population of Fortaleza with the oceans conservation theme and
protection of the space in which they live are from an extreme value for the future of all who live in
Fortaleza. Among the problems we work in the activities are the conservation of the oceans, the
spawning of turtles on the coast of Ceará and the distrust of the community with the people of the
project. The period chosen to approach this work was from February 2016 to June 2017, when the
activities were formalized through Extension Projects at the Federal and the State Universities of
Ceará. During the period, 22 environmental education actions were carried out, with the support of
local entities, the children of the target communities and schools, as well as 6 external actions such
as technical capacitation and public exhibitions, directly reaching about 860 people between 5 and
60 years old. The work at Sabiaguaba and Serviluz had been excellent, resulting in the participation
of local residents in the recording of occurrences of turtles and environmental problems in the
communities, forming a network of information exchange integrating the community and the
academic environment. Although the results are promising, the activities need to be expanded to
other locations in Fortaleza, as well as to other professionals who need training on Oceans.
Keywords: Turtles, Verdeluz Institute, Teaching, Training, Conservation.
INTRODUÇÃO
A medida que o Grupo foi se inserindo nas discussões em favor da fauna marinha e da
educação na cidade de Fortaleza, passou a contar com assentos nos Conselhos Gestores das
Unidades de Conservação da Sabiaguaba (Parque Natural Municipal das Dunas e APA da
Sabiaguaba), criadas em fevereiro de 2006, e Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio,
estabelecendo também parceria com o Projeto TAMAR e a Secretaria de Urbanismo e Meio
Ambiente de Fortaleza (SEUMA). São áreas de relevante interesse ecológico e contam com a
presença de comunidades tradicionais pesqueiras, que convivem em harmonia com o espaço.
Resultados de trabalhos feitos na praia da Sabiaguaba sugerem que os impactos antrópicos
na região provavelmente afetam diretamente esses quelônios marinhos, dentre eles o tráfego de
carros na região de praias, que prejudica o acesso das fêmeas para ovoposição, e provoca a
compactação dos ninhos, o que dificulta o percurso dos neonatos até o mar; O descarte de lixo nas
praias; O abandono de cães na praia, que, de acordo com relatos, chegam a violar os ninhos para
comer ou por curiosidade, diminuindo o número de filhotes nascidos.
Em 2016, o Grupo adquiriu licença do Sistema de Autorização e Informação em
Biodiversidade (SISBIO- 53083-2) e oficialização de vínculo institucional com a UECE, por meio
do Projeto de Extensão intitulado ―Existem tartarugas marinhas em fortaleza: interação com a
comunidade para identificar ameaças e traçar planos de conservação e conscientização ambiental‖.
Além de realizar registro das ocorrências nas praias, o Grupo passou a realizar necropsia dos
animais encontrados mortos, que não estivessem em estado avançado de decomposição, para a
pesquisa da causa mortis, em parceria com os Laboratórios de Anatomia e Patologia e Medicina
Legal Veterinária, a fim de propor ações mitigatórias para a redução da mortalidade.
A sensibilização e informação da população de Fortaleza com o tema de conservação dos
oceanos e proteção do espaço em que vivem é de extrema valia para o futuro de todos que
convivem na cidade litorânea. Os trabalhos têm se mostrado eficazes com a participação dos
moradores locais no registro das ocorrências de tartarugas e problemas ambientais nas
comunidades, formando uma rede de troca de informações, integrando a comunidade e o meio
acadêmico.
De acordo com o Plano de Manejo do Parque Natural Municipal das Dunas de Sabiaguaba
(PNMDS) e Área de Proteção Ambiental (APA) da Sabiaguaba, elaborado em 2010 pela prefeitura
de Fortaleza em parceria com o Centro de Educação Popular em Defesa do Meio Ambiente
(CEPEMA), o PNMDS foi criado em 2006 como área de proteção integral, possuindo 467.60
hectares. Foi efetivado através do decreto municipal nº 11.986, de 20 de fevereiro de 2006, tendo
como objetivo a preservação dos ecossistemas naturais existentes, viabilizando a realização de
Assim, precisamos de uma educação voltada a uma formação ecológica e humana, capaz de
formar seres humanos comprometidos com o respeito ao ambiente, pois, segundo Figueiredo 2007
(p. 21), "uma práxis ambiental transformadora" só pode ocorrer "por meio de uma práxis educativa
dialógica".
Objetivos
A presente pesquisa tem como objetivo principal a análise dos trabalhos de Educação
Ambiental desenvolvidos no período de Fevereiro de 2016 a Julho de2017, procurando avaliar e
refletir sobre os aspectos positivos e negativos das atividades desenvolvidas no período, além de
quantificar e qualificar as atividades realizadas e seu público alvo.
Desenvolvimento
tartarugas marinhas, pesca predatória e o histórico biológico dos quelônios no mundo, dentre outros.
A parte prática foi o segundo momento da capacitação, reforçando os conhecimentos teóricos e
ensinando como atuar frente a diversas ocorrências. Ao final de cada capacitação uma roda de
conversa foi realizada, objetivando analisar o aprendizado dos alunos.
As atividades abertas ao público tinham o propósito de informar à população sobre a
ocorrência de tartarugas marinhas em Fortaleza, bem como explicar como os impactos antrópicos
têm causado grandes impactos ao ciclo de vida destes animais. Para a sensibilização das pessoas,
foram realizadas exposições, de modo a realizar a divulgação científica do modo mais amplo
possível, utilizando de recursos digitais, exposição de espécimes em formol e taxidermizados,
atividades lúdicas, brincadeiras, pinturas de rosto, dentre outros. Durante cada evento, uma
abordagem mais pessoal com cada pessoa atingida foi realizada, buscando retificar as dúvidas e os
pré-conceitos de cada indivíduo a cerca do que era exposto. Os temas abrangiam desde conservação
marinha a problemáticas relacionadas a resíduos urbanos. Ao final de cada exposição era
contabilizado o número de pessoas atingidas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Atividades Desenvolvidas
Atividades de
Educação Ambiental Fevereiro de 2016 a 2016 -3 atividades
280
Externas/Abertas ao Junho 2017 2017- 1 atividade
público *
Atividades de
Maio, Junho e Julho de
Educação Ambiental 2017 - 5 atividades 148
2017
em Escolas/ONGs
Quadro 1: Registro de Atividades de Educação Ambiental entre Fevereiro de 2016 e Julho de 2017.
*Enquadram quaisquer atividades que não envolvem um público alvo delineado e específico: Ex. Exposição
acerca da diversidade marinha em Fortaleza aberta ao público.
No bairro Sabiaguaba foram atingidas, em média, 10 crianças por atividade, de faixa etária
de 4 a 12 anos. No bairro Serviluz o público possuía entre 8 e 16 anos, sendo atingidas, em média,
20 crianças por atividade. O trabalho de Educação Ambiental na Sabiaguaba gerou 10 ações no
período analisado, e se mostrou eficaz com a participação voluntária dos moradores locais, muitos
deles pais ou familiares das crianças que participavam das atividades, no registro das ocorrências de
tartarugas na praia, formando uma rede de troca de informações, integrando a comunidade e o meio
acadêmico e quebrando um pouco a barreira que existe entre esses dois grupos sociais. Porém,
durante o passar dos meses, foi constatado a diminuição do número de crianças em cada atividade,
possivelmente creditado a conflitos internos da comunidade, gerado devido a alguns outros projetos
anteriormente inseridos na comunidade, que haviam gerado o sentimento de uso das comunidades
para fins acadêmicos, sem retornos palpáveis ou continuidade das atividades.
No Serviluz foram realizadas 7 atividades, com o decorrer de cada uma foi notado uma
maior aceitação dos jovens, bem como um número crescente de pessoas atingidas, demonstrando
maior aceitação desta comunidade com as propostas pedagógicas do projeto. Notamos que, a partir
da parceria com a comunidade, que reconhece a dedicação e o empenho dos estudantes em buscar
melhorias e incentivos locais para a preservação da APA, o trabalho, tanto de pesquisa, quanto de
educação ambiental nas comunidades, tornou-se mais eficiente.
e pudemos desenvolver as atividades de forma mais adaptada e prazerosa com os alunos. Notamos
que, mesmo com a pouca idade, entre seis e oito anos, as crianças queriam sempre falar o que
sabiam e o que já haviam visto nas praias que foram com os pais, e alguns relataram que já haviam
visto tartarugas, inclusive alguns tinham jabutis de estimação e sabiam a diferença entre os grupos
terrestres, marinhos e dulcícolas de testudines. Em ambos os casos, obtivemos resultados
satisfatórios quanto ao aprendizado e curiosidade dos alunos, que tiveram tempo de nos relatar o
que pensavam sobre a temática das tartarugas na cidade em que moravam e como achavam que
podiam colaborar com sua preservação.
Uma atividade foi realizada na ONG AQUASIS (Associação de Pesquisa e Conservação de
Ecossistemas Aquáticos), com 12 crianças entre nove e 14 anos, como aula piloto para uma possível
parceira com atividades mensais ministradas pelo Grupo. A turma a qual lecionamos participa de
2017 atividades diárias na ONG há pelo menos um ano, dependendo do aluno, nos proporcionando
uma experiência mais rica, uma vez que as crianças tinham contato com o tema da preservação
marinha e sabiam bastante dos problemas enfrentados por esse ecossistema. O tema principal foi a
preservação das tartarugas marinhas no litoral de fortaleza com enfoque nos procedimentos com
encalhes e desovas, onde os alunos puderam falar sobre o que já sabiam e sobre o que tinham
dúvidas.
Capacitações
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CAPRA, Fritjof. Alfabetização Ecológica: O desafio para a educação do século 21. In:
FREIRE, Paulo. Educação como Prática da Liberdade. 24. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.
RESUMO
Esse relato trata da experiência profissional na Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Meio
Ambiente do Recife-PE, no monitoramento de projetos de educação ambiental desenvolvidos pelas
escolas municipais no Programa Educar para uma Cidade Sustentável. Aborda a importância da
educação ambiental emancipatória no enfrentamento da ―questão ambiental‖ e a atuação do Serviço
Social neste campo.
Palavras-Chave: Educação ambiental; Serviço Social; Emancipação Social.
ABSTRACT
This report deals with professional experience in the Secretariat of Sustainable Development and
Environment of Recife-PE, without monitoring of environmental education projects developed by
municipal schools, not the Educating for a Sustainable City Program. It addresses the importance of
emancipatory environmental education without confronting the "environmental issue" and an
update of Social Service in this field.
Keyworks: Environmental education; Social Work; Emancipation Social.
INTRODUÇÃO
Profissionais do Serviço Social compõe a equipe multiprofissional que atua no programa, ficando
responsável por escolas de uma determinada região político administrativa (RPA), visando um
acompanhamento das etapas dos projetos submetidos ao programa.
Este programa se vincula intimamente ao movimento global de expansão da discussão sobre
as transformações ocasionadas pela intervenção humana no meio ambiente, impulsionada pelo
modo de produção capitalista, o qual é metabolicamente destrutivo (MESZAROS, 2008). Trazendo
à tona a discussão sobre a importância da educação ambiental como modo de intervenção e
administração da ―questão ambiental‖.
Ao realizar o monitoramento dos referidos projetos verificamos uma tendência a
intervenções sob o viés de educação ambiental instrumental, entendemos que historicamente esta
vertente está centrada em mudanças comportamentais, responsabilizando o indivíduo,
desconsiderando a estrutura sócio histórica. Desse modo, a educação ambiental instrumental
contribui para a propagação da lógica do capital, pois propõe apenas reformas, administrando a
―questão ambiental‖, eximindo de responsabilidade a estrutura social e o modo de produção
(LOUREIRO, 2006).
Visando a mudança e o aprofundamento crítico desse modo de educação ambiental,
realizamos o acompanhamento de forma a incentivar junto aos professores o fomento a consciência
crítica para a elaboração e realização das atividades juntos aos alunos que contribuam para o
entendimento acerca das problemáticas ambientais de modo a ultrapassar a imediaticidade. É
possível perceber mudanças significativas na abordagem e olhar acerca dessa problemática,
demonstrando que a prática do Serviço Social potencializa o exercício da educação ambiental
emancipatória, de modo a questionar o modo de produção capitalista. Dessa forma, pois, o Serviço
Social contribui para que a intervenção na ―questão ambiental‖ não se paute em reformas pontuais,
mas que esteja baseada na perspectiva transformadora, tendo como finalidade formar agentes
políticos que compreendem o espaço no qual estão situados, e que intervenham na realidade a fim
de transformá-la.
Portanto, a partir da experiência no exercício profissional, dos materiais bibliográficos e de
documentos, pretendemos nesse relato trazer a reflexão o modo como a educação ambiental em sua
vertente próxima a ideologia burguesa tem contribuído para a manutenção do sistema econômico
vigente e destacar a importância da educação ambiental emancipatória como forma de
transformação da realidade. Salientamos que o Serviço Social atua visando à perspectiva de
educação ambiental emancipatória, baseando-se em seu projeto ético-político que possui valores
emancipatórios que possibilitam que os/as profissionais de Serviço Social realizem escolhas que
contribuam para superação da ordem capitalista.
O Programa Educar para uma Cidade Sustentável foi criado em 2013, sendo o Programa
Municipal de Educação Ambiental da Cidade do Recife desenvolvido pela Secretaria de
Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (SDSMA). No âmbito da ―Educação Ambiental
nas Instituições de Ensino‖ atua em parceria com a Secretaria Municipal de Educação com o intuito
de forma de educadores ambientais, com vista a intervir na problemática ambiental local como
forma de transformação da realidade. O mesmo conta com a participação voluntária de 99
instituições de ensino (escolas, creches e centros municipais de educação infantil), totalizando 25
mil estudantes envolvidos.
Ancorado no viés da sustentabilidade que ―está normalmente relacionado com uma
mentalidade, atitude ou estratégia que é ecologicamente correta, viável a nível econômico,
socialmente justo e com uma diversificação cultural‖ (Caderno do Professor, Diretrizes do
Programa de Educação Ambiental do Recife, 2014). O mesmo tem como desafio conquistar, através
da educação, uma cidade sustentável.
O referido Programa rege-se pelos princípios básicos da Educação Ambiental estabelecidos
na Lei Federal nº 9.795/1999, quais sejam:
Como também pela Lei 18.083 de 12/12/2014 que instituiu a Política Municipal de
Educação Ambiental da Cidade do Recife – PMEA que prevê:
E tem como objetivo geral ser implantado e implementado na rede municipal de ensino e
como objetivos específicos:
Tendo a sustentabilidade como tema central que se estende nos seis eixos temáticos: verde
urbano, água, resíduos sólidos, biodiversidade, poluição sonora e mudanças climáticas. O Programa
tende a fortalecer as ações de educação ambiental desenvolvidas pelas escolas municipais. O
desenvolvimento do Programa nas Instituições de Ensino compreende: etapa de formação para
professores, onde são abordados conteúdos ambientais e dadas orientações sobre a elaboração e
inscrição dos seus projetos no Programa, que por sua vez são elaborados abordando os temas acima
citados. As escolas inscritas são acompanhadas por uma equipe multiprofissional que ocupa o cargo
de Analistas em Desenvolvimento Ambiental, espaço onde se encontra o Serviço Social, realizando
visitas periódicas nessas instituições com vista a auxiliar os projetos desenvolvidos.
As escolas situam-se nos bairros das seis Regiões Políticas Administrativa –RPA‘s da
cidade, onde cada analista fica responsável por uma ou mais RPA‘s. O Serviço Social está
responsável pelas escolas situadas nas RPA 1 e 2, totalizando o número de 23 escolas localizadas
nos seguintes bairros, RPA 1: Santo Amaro, Ilha Joana Bezerra, Soledade e Derby, e RPA 2:
Cajueiro, Bomba do Hemetério, Torreão, Encruzilhada, Campo Grande, Agua Fria e Linha do Tiro.
O referido programa está interligado ao movimento que vem ocorrendo em âmbito global
desde as décadas de 1970 e 1980 do século XX, nas quais já se sentia a crise de reprodução do
capital, seu aprofundamento enquanto sistema metabolicamente destrutivo (SILVA, 2010).
A 1ª Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (CNUMAH), também
conhecida por Conferencia de Estocolmo, realizada em 1972, é um marco na história ambientalista,
pois trouxe à tona a discussão sobre o uso dos recursos naturais, da preservação do meio ambiente.
Procurou soluções para os problemas ambientais, reconhecendo que a ação humana vem
produzindo uma crescente dilapidação da natureza. Este fenômeno é intitulado como ―questão
ambiental‖ que segundo Silva (2010, p. 67)
53
Foi em 1987 que a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) emitiu o relatório
intitulado ―Nosso Futuro Comum‖ o qual notabilizou o termo Desenvolvimento Sustentável (SILVA, 2013).
Assim, essa vertente tem por objetivo a formação de uma consciência crítica, anticapitalista,
tendo por finalidade atuar no processo emancipatório. Essa perspectiva vincula-se a um projeto
societário para além do capitalismo, pois compreende que as reformas dentro da própria ordem
burguesa são incapazes de resolver a ―questão ambiental‖. Essa vertente é conhecida como
educação ambiental emancipatória.
Em 31 de agosto de 1981 foi promulgada a Lei n. 6938, que estabelecia no Brasil a Política
Nacional de Meio Ambiente (PNMA), que tem como uma de suas diretrizes, segundo o Artigo 4ª ―-
à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio
ambiente e do equilíbrio ecológico‖ (BRASIL. 1981). Desse modo, a política ambiental brasileira
estava vinculada as aspirações mundiais que defendiam o crescimento econômico, com equidade
social e preservação ambiental, mantendo as características de produção do capital.
Até a Constituição Federal de 1988 a política ambiental brasileira foi gerida de forma
centralizada, sem a participação popular (LOUREIRO, 2006). Nesta mesma Constituição, em seu
capítulo VI, tem-se a defesa do direito coletivo ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e a
exigibilidade da educação ambiental, como no art. VI – que defende o exercício da educação
ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio
ambiente.
O movimento ambientalista ganha força no Brasil apenas no final da década de oitenta,
fortalecendo o debate acerca da educação ambiental. Em 27 de abril de 1999 com a publicação da
Lei n. 9795 foi instituída a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA).
A Política de Educação Ambiental vem se fortalecendo em âmbito nacional. A Organização
das Nações Unidas (ONU) promoveu a década da educação para o desenvolvimento sustentável que
foi de 2005 a 2014, afirmando ser pertinente para o enfrentamento dos problemas contemporâneos,
visando cumprir dois dos oito Objetivos do Milénio: Educação básica de qualidade para todos;
Qualidade de vida e respeito ao meio ambiente (LOUREIRO, 2010). Atendendo aos objetivos dessa
década, em 12 de dezembro de 2014, foi instituída a Política Municipal de Educação Ambiental da
cidade do Recife, baseada nos princípios básicos da Política Nacional de Educação Ambiental, já
citada anteriormente.
Tanto a Política Municipal de Educação Ambiental quanto o Programa Educar para uma
Cidade Sustentável são estratégias de gestão ambiental, inseridos no movimento global, para o
enfrentamento da ―questão ambiental‖.
Compreende-se a importância de tal Política ao analisar o contexto das principais cidades do
Brasil. A cidade do Recife vem se caracterizando pelo seu desenvolvimento descontrolado,
incentivado pela sua insaciável necessidade de acumulação do capital, capaz de financiar a
expansão desordenada do crescimento urbano, independente das suas consequências sociais,
Tendo em vista a totalidade deste processo, na qual todas as dimensões, social, política,
ambiental e cultural, encontram-se interligadas, partindo do exercício da mediação como processo
de articulação central entre as partes dessa totalidade, ultrapassando assim a aparência dos
fenômenos (PONTES,2000) entendendo educação ambiental como ferramenta de transformação
social, salientamos que nossa intervenção profissional junto ao Programa tem como referencial a
educação ambiental emancipatória.
Durante o acompanhamento aos projetos escolares inseridos no Programa identificamos uma
tendência ao desenvolvimento de ações sob a perspectiva da educação ambiental instrumental que
exerce um importante papel na manutenção do sistema, realizando apenas ajustes, corrigindo
detalhes defeituosos da ordem estabelecida, mantendo intactas as determinações estruturais
fundamentais do sistema de produção (MESZAROS, 2008)
Assim, observamos que as atividades dos projetos, muitas vezes, foram pensadas apenas
para intervenções no espaço escolar, limitando-se a singularidade das ações. Como exemplos, de
temas trabalhados de forma imediata têm-se: na temática da água, destaca-se o consumo consciente,
com o não desperdício; na do verde urbano, têm-se o incentivo ao plantio, como hortas e jardins
dentro das escolas; no de resíduos sólidos se observa o fomento a coleta seletiva e a reciclagem; na
temática de biodiversidade abordam o bioma local, as suas características biológicas. Desse modo,
essas ações centram-se nas mudanças de comportamento, desconsiderando as determinações que
constroem a realidade.
Em nossa intervenção buscamos ultrapassar tal abordagem, incentivando junto aos
professores um olhar crítico sobre a ―questão ambiental‖. Ao realizar o nosso monitoramento, que
acontece periodicamente, salientamos a importância de transpor os muros da escola, buscando o
diálogo com o global e com a vizinhança (local). De acordo com o projeto elaborado pela própria
escola, a qual escolhe qual tema deseja trabalhar, buscamos dialogar sobre as problemáticas,
expondo que elas estão interligadas ao crescimento frenético do sistema capitalista. Observamos
como está sendo desenvolvido o projeto, quais atividades realizadas, se realizou parcerias com
54
Via expressa sobre o mangue. Disponível em: http://infraestruturaurbana.pini.com.br/solucoes-tecnicas/6/via-
expressa-sobre-mangue-227259-1.aspx. Acessado em: 25/02/2016.
outras instituições como modo de fortalecer as ações do projeto, como também se trabalhou de
modo crítico e interdisciplinar a discussão sobre o meio ambiente.
Observamos que nossa busca pela essência das transformações tem mostrado resultados.
Determinadas escolas conseguem ir além de seus muros, relacionando o ambiente escolar, com o
entorno e o movimento global, conseguindo problematizar a questão do lixo, da poluição dos rios,
do mangue e a falta de áreas verdes no entorno das escolas, como também em toda a cidade. Desse
modo, incentivamos a realização de um diagnóstico socioambiental a fim de identificar os
problemas ambientais existentes no local relacionando ao contexto global considerando os aspectos
que compõem a realidade.
Destacamos também que as instituições de ensino, no desenvolvimento dos seus projetos,
buscaram articulações com a sociedade civil organizada, a fim de ampliar e fortalecer suas ações, a
exemplo de articulações estabelecidas com associações de moradores, movimentos em defesa das
áreas verdes e animais, associações de catadores, movimento de mulheres, culturais, entre outros.
Como também realizaram, junto à comunidade escolar, ações que estimulam à participação e o
controle social, a fim de garantir qualidade nos serviços públicos prestado a população,
incentivando assim o exercício da cidadania, a exemplo de entrevistas aos moradores, com vista a
identificar as responsabilidades (população, poder público, setor produtivo) pelos problemas
ambientais da comunidade, carta coletiva ao prefeito solicitando melhorias para o bairro, tendo
possibilidade de contribuir e fortalecer as lutas sociais para transformação da realidade.
O incentivo a educação ambiental emancipatória suscita a formação de sujeitos críticos que
podem, a partir da consciência das problemáticas, intervir politicamente nas decisões que interferem
em suas vidas, ―formando agentes políticos que pensam, que agem e que usam a sua atuação e
palavra como arma para transformar o mundo‖ (MESZAROS, 2008, p. 12). A importância de
incentivar a participação política dos sujeitos a partir do processo educativo formal e informal
destaca que
Entretanto, não podemos esquecer as dificuldades que essas escolas possuem devido ao
sucateamento da educação pública, sendo inúmeros os relatos feitos pela equipe pedagógica sobre
os obstáculos encontrados para implementação de seus projetos. É comum as informações sobre
falta de valorização profissional como o não cumprimento do piso salarial e não reajuste salarial 55,
55
Na segunda-feira, dia 24 de julho de 2017, professores da rede municipal de ensino ocupam o gabinete do prefeito do
Recife, Geraldo Júlio, como forma de reivindicar o reajuste salarial e exigir o piso nacional da educação. Disponível
em:http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/vida-rbana/2017/07/25/interna_vidaurbana,
714649/professores-continuam-ocupacao-da-prefeitura-sem-agua-comida-e-benhe.shtml. Acessado em: 25/07/2017.
falta de recursos financeiros para realização das atividades previstas, estrutura física precárias, falta
de material pedagógicos, corte nos transportes escolares para realização de visitas de campo,
sobrecarga de trabalho, entre outros, sendo necessário solicitar mais apoio das Secretarias
envolvidas no Programa para o êxito de suas ações. Pois, assim como destaca Mészáros (2008, p.
16), ―no reino do capital, a educação é, ela mesma, uma mercadoria. Daí a crise do sistema público
de ensino, pressionado pelas demandas do capital e pelo esgotamento dos cortes de recursos dos
orçamentos públicos‖.
É importante destacar que a temática ambiental vem sendo cada vez mais interpelada ao
Serviço Social como forma de oferecer respostas ao agravamento da ―questão ambiental‖. E essa
inserção se realiza a partir da incorporação dos/as assistentes sociais no planejamento, execução e
monitoramento das atividades referentes a problemática ambiental, em destaque para as atividades
de educação ambiental. Embora não seja um campo apenas dos/as assistentes sociais, a educação
ambiental reforça o caráter pedagógico da profissão, tencionando sua direção, o projeto de classe
(SILVA, 2010).
Diante das demandas institucionais o Serviço Social se depara com requisições técnico-
operativas marcadas pelo imediatismo, por ações que levem em conta apenas atitudes individuais.
Assim, torna-se importante, para sair do imediatismo e das atitudes gestionárias, realizar a mediação
com a totalidade da ―questão ambiental‖, sendo conduzida pelo pensamento crítico. Essa posição se
fundamenta pelo projeto ético-político do Serviço Social que se vincula a um projeto societário que
propõe a construção de outra ordem social, que responde aos interesses das classes trabalhadoras e
subalternas, sem dominação/exploração de classe, etnia e gênero, visando a emancipação social
(TEIXEIRA; BRAZ, 2009).
CONCLUSÃO
da maquina pública municipal, no qual o Programa aqui referenciado, que surgiu na estrutura de
uma secretaria municipal de meio ambiente, hoje se apresenta como uma secretaria executiva
intitulada Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente que dentro dela estão
inseridas: a Gerência Geral de Administração Financeira, a Secretaria Executiva Emprego,
Qualificação e Empreendedorismo, a Secretaria Executiva e Desenvolvimento econômico, a
Secretaria Executiva projetos especiais, a Secretaria Executiva de Meio Ambiente e a Secretaria
Executiva de Controle ambiental. Esta mudança vem resultando na fragilização da autonomia
política e financeira trazendo conseqüências para a execução do referido Programa.
Dessa forma, fica evidente a urgência da efetivação da educação ambiental emancipatória
principalmente nesse contexto de retrocesso que atinge todas as dimensões da vida social. Assim, a
essência da educação ambiental é a problematização da realidade, dos comportamentos em práticas
dialógicas (LOUREIRO, 2010). Logo, se faz preciso estruturar processos participativos, garantindo
o exercício da cidadania, uma vez que apenas com a participação popular se poderá alcançar a
transformação social, pois apenas pela atuação de sujeitos críticos são reveladores de
potencialidades emancipatórias.
O Serviço Social vem sendo cada vez mais chamado para atuar nas refrações da ―questão
ambiental‖, e neste exercício se faz necessário realizar a mediação com as dimensões que compõem
as problemáticas ambientais. Em sua prática pedagógica o Serviço Social ―não pode distanciar-se
de uma das principais conquistas legadas pela história da profissão: seu projeto ético-político-
profissional‖ (SILVA, 2013p. 37). Afirmá-lo na prática cotidiana, encontrar as mediações que
vinculam a problemática ambiental e as determinações essenciais da desigualdade social, eis um
grande desafio profissional.
REFERENCIAS
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Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9795.htm. Acessado em: 22/02/2016.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm. Acessado em: 22/02/2016.
HARVEY, David. Cidades Rebeldes: do direito à cidade à revolução urbana. São Paulo: Martins
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LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo (org). Gestão Ambiental e educação ambiental: caminhos
e interfaces. Sinais Sociais. Rio de Janeiro, v.5 nº 14, 2010.
MACHADO, Carlos José Saldanha; PINTO, Noa Magalhaes; VILANI, Rodrigo Machado.
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licenciamento de atividades petrolíferas no Brasil. Rev. Políticas Públicas. São Luis, v.19, n.1p.
117-131, jan/fev, 2015.
MÉSZÁROS, Istiván. A Educação para além do capital. São Paulo: Boitempo, 2008.
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http://www.recife.pe.gov.br/cidadaniaambiental/codigos/programa/oPrograma.php. Acessado em
06/03/2016
PONTES, Reinaldo Nobre. Mediação: categoria fundamental para o trabalho do assistente social.
In: In: Capacitação em Serviço Social e Políticas Sociais: Módulo 4: O Trabalho do assistente
social e as políticas sociais – CEAD, Brasília, 2000.
________. Questão ambiental e as principais formas de enfrentamento no século XXI. In: Educação
Ambiental e Serviço Social: o PEAC e o licenciamento na gestão pública do meio ambiente.
RESUMO
A Educação Ambiental (EA) é uma ação pedagógica atuante na sociedade com que objetiva a
sensibilização dos sujeitos sociais para as questões socioambientais, compreendendo a
indissociabilidade da relação entre sociedade-natureza e as implicações das atividades exploratórias
humanas ao meio ambiente. Na perspectiva da aprendizagem para transformação social, as escolas e
as universidades públicas brasileiras são esferas essenciais para aplicação das concepções de
Educação Ambiental. O presente artigo apresenta uma breve discussão sobre o potencial da EA na
sensibilização dos agentes sociais diante das realidades sociais, destacando as práticas extensionista
do projeto SVAV na rede publica municipal de ensino em Fortaleza - CE.
Palavras chave: Educação Ambiental, Extensão e Aprendizagem.
RESUMEN
La Educación Ambiental (EA) es una acción pedagógica actuante en la sociedad con que objetiva la
sensibilización de los sujetos sociales para las cuestiones socioambientales, comprendiendo la
indisociación de la relación entre sociedad-naturaleza y las implicaciones de las actividades
exploratorias humanas al medio ambiente. En la perspectiva del aprendizaje para la transformación
social, las escuelas y las universidades públicas brasileñas son esferas esenciales para la aplicación
de las concepciones de Educación Ambiental. El presente artículo presenta una breve discusión
sobre el potencial de la EA en la sensibilización de los agentes sociales ante las realidades sociales,
destacando las prácticas extensionistas del proyecto SVAV en la red pública municipal de
enseñanza en Fortaleza - CE.
Palabras clave: Educación Ambiental, Extensión y Práctica.
INTRODUÇÃO
A Educação Ambiental (EA) é uma ação pedagógica atuante na sociedade com que objetiva
a sensibilização dos sujeitos sociais para as questões socioambientais, compreendendo a
indissociabilidade da relação entre sociedade-natureza e as implicações das atividades exploratórias
A educação é um potencial atuante dentro das organizações sociais, estando presente nos
ciclos de convívio, nas relações interpessoais e comunitárias, difundindo-se de múltiplas maneiras a
cada individuo participante da estrutura social. Portanto, a educação participa na socialização de
informações que acrescem a consciência coletiva e cultural da população para formação da
sociedade, onde os pertencentes ao espaço que convivem, transformam a realidade social.
De acordo com Brandão (p. 13,2002), a educação participa do processo de produção de
crenças e ideias, de qualificações e especialidades que envolvem as trocas de símbolos, bens e
poderes que, em conjunto, constroem tipos de sociedades. E esta é a sua força‖.Educação voltada às
práticas transformadoras é aquela que busca a percepção crítica de cada membro da sociedade em
seu cenário inserido. Nesse contexto a Educação Ambiental tem sido uma importante ferramenta na
mudança de comportamento em relação ao meio ambiente, por meio da educação crítica da
realidade e o fomento a uma formação cidadã.
Segundo Reigota (2009), a EA apresenta-se como uma po/ssibilidade de intervenção cidadã
e sensibilização com caráter reflexivo, participativo e comportamental, conduzindo a praticas e
ações voltadas a justiça social. Assim, a EA está diretamente relacionada à capacidade de
sensibilização para a apropriação de práticas e ações sustentáveis pelos indivíduos no meio social,
colocando-os no eixo central para efetivação das práticas cidadã e realização da justiça social. Esse
processo pedagógico encontra-se inserido dentro das diversas esferas sociais buscando a
consolidação da ética e criticidade na população.
De acordo com Loureiro (p. 40, 2003) a EA que transforma é possível por meio da
afirmação da educação ―enquanto práxis social que contribui no processo de construção de uma
sociedade pautada por novos patamares civilizacionais e societários distintos dos atuais, em que a
sustentabilidade da vida e a ética ecológica sejam seu cerne‖.Diante disso, discutir esse caráter da
EA dentro do ambiente escolar promove uma etapa essencial no processo de construção do
individuo, o desenvolvimento ético nas relações sociais e sua sensibilização diante das questões
socioambientais. Ademais, a escola atua como caminhos transmissores de ideias e princípios aos
receptores indiretos e subjetivos, sendo esses os familiares e amigos dos estudantes.
Ao longo da trajetória das discussões sobre sustentabilidade e EA os órgãos investiram nos
espaços educacionais formais para disseminar os conceitos ambientais. Na década de 90, após um
longo processo construção dos princípios ambientalista, em contexto nacional e nacional, o
Ministério da Educação (MEC) e o Ministério do Meio Ambiente (MMA) atuaram junto para
construção dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), colocando as abordagens sobre o meio
ambiente como temática transversal e interdisciplinar necessária a formação do educando como
membro social. Outro elemento foi a criação da Política Nacional de Educação Ambiental,
sancionado pela lei Nº 9.795, de 1997, que direciona os campos de atuação da EA em conjunto ao
MEC proporcionando iniciativas nacionais para a atuação da temática nas escolas e universidades.
No seu capítulo I, a lei Nº 9.795, conceitua a Educação Ambiental e estabelece âmbitos
sociais de abrangência, ressalta sua definição:
Art. 1º Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e
a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL, 1999).
O projeto de extensão universitária ‗Sala Verde Água Viva‘ consiste no incentivo a ações e
práticas sustentáveis, com enfoque nas questões socioambientais, dentro das escolas públicas
municipais e em comunidades tradicionais. A ação objetiva a construção de centros informacionais
e de desenvolvimento socioambiental, destinando-se à disponibilização e democratização do acesso
a informação, utilizando-se de mecanismos pedagógicos como: palestras, oficinas, encontros,
trabalhos de campo e cursos que favoreçam a formação individual e social dos membros
envolvidos.
Nos anos 2000, na efervescência do debate ambiental e das discussões sobre o uso dos
recursos naturais brasileiros, a proposta estava em organizar espaços para fomentar os debates e
possibilitar a divulgação de materiais didáticos a fim de favorecer a compreensão sobre a
problemática, contribuindo nessa função estava em vigor o projeto ‗Biblioteca Verde‘, porém,
possuía uma deficiência espacial, não atendendo a nível nacional. É dentro dessa problemática que
o conjunto de parcerias aliados ao MMA revitaliza e amplia a ‗Biblioteca Verde‘, a qual para se
chamar ‗Sala Verde‘, sendo distribuídos por todo o país. A mesma manteve o propósito inicial,
porém adere a um caráter de construção de espaços socioambientais para formação e a comunicação
das questões ambientais.
Em 2005, o projeto chega a Universidade Federal do Ceará (UFC), na forma de extensão
universitária, no Departamento de Geografia, vinculado ao Laboratório de Geoecologia das
Paisagens e Planejamento Ambiental (LAGEPLAN), com apoio institucional do Departamento de
Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (DEA/MMA).
Durante esses anos o projeto vem atuando em meio as escolas da rede pública de ensino e
em comunidades tradicionais, localizadas na região metropolitana de Fortaleza – CE. Utiliza o seu
potencial transformador para construir momentos reflexivos sobre o papel dos estudantes em
relação ao bairro em que eles moram, a importância deles para a mudança social, favorecendo o
desenvolvimento da criticidade e da consciência ecológica, além da democratização da informação
por meio da biblioteca ‗Sala Verde Água Viva‘ que contém 540 livros e 425 cartilhas sobre a
temática ambiental e áreas afins para consulta e distribuição.
No ano de 2016, o projeto atuou na escola pública municipal Professor José Parsifal
Barroso, Fortaleza, com a temática central ―Educação Ambiental e Água‖, consistindo em ações e
práticas desenvolvidas em quatro etapas distintas: a primeira, uma discussão sobre o dia mundial da
água e a crise hídrica no Brasil; a segunda, agroecologia e a permacultura; a terceira, a reutilização
dos resíduos sólidos; a quarta, jardim escolar.
A primeira etapa da atividade iniciou com uma roda de conversa sobre a temática
norteadora, nesse momento, o dia mundial da água e a crise hídrica no Brasil. O objetivo principal
era a compreender a noção inicial que os estudantes obtinham do assunto e estabelecendo um
diálogo necessário em meio às práticas pedagógicas, possibilitando o individuo expressar suas
ideias e assim resultar em uma construção coletiva de conhecimentos. Utilizando-se de recursos
audiovisuais, a continuação da ação consistiu na apresentação de vídeos educativos sobre a data
comemorada, a importância da água e o seu ciclo, intervenções sociais na qualidade da água e
manejo sustentável da água pelas esferas sociais. A etapa adquire papel essencial para articulação
do conhecimento, onde se une os saberes prévios com as novas informações culminando na geração
de novos saberes a partir da reflexão e o diálogo entre os membros envolvidos (Figura1).
Figura 1 - Discussão e exibição de vídeos educativos sobre a temática. Fonte: MOREIRA, 2016.
Essa atividade desenvolveu-se a partir de uma conversa inicial sobre o ciclo da água, os
impactos antrópicos nesse ciclo e a importância da agroecologia e das hortas sustentáveis na
conservação da qualidade dos lençóis freáticos e corpos hídricos. Em seguida, apresentou-se os
passos para a construção de uma composteira para geração de adubo orgânico, onde os estudantes
puderam manusear e utilizar o adubo gerado, conseguinte, aprenderam sobre como se prepara as
mudas e o transplante das mesmas. Por fim, cada estudante plantou várias sementes para serem
cuidadas no espaço e receberam sementes para reproduzirem a atividade em suas casas.
Além disso, os estudantes conheceram o Grupo de Estudo em Permacultura (GEEEP), uma
ação extensionista da UFC que realiza atividades de pesquisa em permacultura e atua na prática
desses princípios. Os estudantes puderam discutir e tirar suas dúvidas sobre a permacultura e os
impactos humanos no ambiente socioambiental, realizaram uma trilha no espaço e receberam
mudas, já em etapa para o transplante. Essa segunda etapa ressalta a sua importância para a
visualização dos conhecimentos construídos na etapa anterior e na possibilidade de prática
consolidando o objetivo de sensibilização dos estudantes.
A terceira etapa abordou a temática sobre os resíduos sólidos que emerge diante dos efeitos
oriundo do consumismo e da produção industrial em alta escala, implicando na poluição de espaços
socioambientais e na alteração da dinâmica bioecológica natural. A poluição urbana foi um dos
aspectos recorrentes nas falas dos estudantes nas duas primeiras etapas, incentivando a discussão
sobre a água virtual, consumismo e princípios da reutilização e reciclagem.
A atividade baseou-se em uma conversa inicial para exposição de opiniões e pensamentos
dos estudantes sobre o tema, realizando uma atividade lúdica, que consistiu em distribuir entre os
estudantes pedaços de papeis de rascunho onde deveriam escrever o que eles jogam diariamente na
lixeira de suas casas, após isso, recolhiam-se os papeis e apresentava o que realmente era lixo e o
que poderia passar por processos de reutilização e reciclagem. Após isso, apresentou-se em forma
A quarta etapa culminou através dos conhecimentos construídos durante as fases da ação
que foram essenciais para consolidar e concluir o projeto na escola, sendo finalizado com a
construção de um jardim horizontal e um vertical. A atividade esteve integrada com o projeto da
unidade de ensino intitulado ―Defensores do Meio Ambiente‖, no qual alguns estudantes eram
responsáveis por desenvolver atividades que melhorassem o meio ambiente e compartilhasse isso
dentro da escola. Assim, os estudantes que estavam responsáveis por essa ação passaram por todas
as etapas do projeto e nesse receberam novamente orientações sobre como construir um jardim e
quais os passos necessários para a sua manutenção. Após isso, os estudantes construíram um jardim
horizontal e vertical sob a nossa tutoria, mas com autonomia de decisões (Figura 04).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto Educação Ambiental e Água, realizado pela Sala Verde Água Viva, por meio de
suas ações conseguiu alcançar diretamente 308 estudantes da escola pública municipal Professor
José Parsifal Barroso, distribuídos do 6º ano ao 9º ano do ensino fundamental II, nos turnos manhã e
tarde, num período de execução de 6 meses. Os principais objetivos alcançados foram o
compartilhamento e a coletivização de ações que promoveram construção de novas perspectivas
ambientais e sujeitos sociais mais conscientes dos seus papéis e de suas responsabilidades, o
comprometimento dos envolvidos no projeto com ações ecologicamente orientadas para a
manutenção do meio ambiente equilibrado alicerçada pelas ideias de coletividade, respeito, ética e
solidariedade, e a sensibilização ambiental dos estudantes contemplados.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a
Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9795.htm. Acesso em: 18/04/2017.
DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental Princípios e Práticas. 9ª. ed. São Paulo: Gaia, 2004.
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DIAS, Reinaldo. Introdução à Sociologia. 2ª. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. p. 107-
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LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo. Premissas teóricas para uma educação ambiental
transformadora. Disponível em: <https://goo.gl/fD4vDt>. Acesso em: 28/06/2017
SILVA, Edson Vicente da; RABELO, Francisco Davy Braz; RODRIGUEZ, José Manuel Mateo
(Org.). Educação Ambiental e Indígena: Caminhos da Extensão Universitária na Gestão de
Comunidades Tradicionais. Fortaleza: UFC, 2011.
RESUMO
A construção do Projeto Político Pedagógico de Educação Ambiental (PPPEA) do Parque Nacional
do Pau Brasil (PNPB) - uma Unidade de Conservação (UC) de Proteção Integral (PI), é um grande
passo para o enraizamento da Educação Ambiental na região Sul do Estado da Bahia. Criado em
abril de 1999, com plano de manejo publicado em maio de 2016, o PNPB é responsável pela
conservação e proteção de quase 20 mil hectares de Mata Atlântica, favorecendo o
(re)conhecimento da biodiversidade desse bioma, contribuindo com a pesquisa científica e
estimulando o turismo de base ecológica no território sul baiano. Gerida pelo Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a UC desenvolve desde novembro de 2016,
junto ao seu Conselho Consultivo e sua Câmara Temática de Educação Ambiental (CTEA), a
construção participativa do PPPEA. O PNPB é a primeira UC de PI a incorporar este instrumento,
tornando-se referência para demais UCs na região. O PPPEA em construção vem promovendo
sinergia entre diferentes instituições na formulação de processos formativos em Educação
Ambiental, em especial na sua zona de amortecimento, alinhando-se às diretrizes, metas e objetivos
de instrumentos legais como as Política e o Programa Nacional de Educação Ambiental, a
Estratégia Nacional de Comunicação e Educação Ambiental em Unidades de Conservação, o
Programa de Educação Ambiental na Agricultura Familiar, a Política Estadual de Educação
Ambiental do Estado da Bahia e a Política Municipal de Meio Ambiente de Porto Seguro.
Palavras chave: Educação Ambiental Crítica, Metodologias Participativas, Unidades de
Conservação
ABSTRACT
The construction process of the Pedagogical Political Project of Environmental Education (PPPEA)
of the National Park of Pau Brasil (PNPB) - a Conservation Unit (UC) of Full Protection (PI), it‘s a
great step towards the establishment of Environmental Education in the southern region of the State
of Bahia. Created in April 1999, with a management plan published in May 2016, the PNPB is
responsible for the conservation and protection of nearly 20000 hectares of Atlantic Forest, favoring
the acknowledgement of the biodiversity of this biome, contributing to the scientific research and
stimulating ecological-based tourism in the territory of the south of Bahia. Managed by Instituto
56
Tecnóloga em Gestão Ambiental pela FMU/SP
57
Mestra em Educação Ambiental pela ESALQ/USP, Bióloga pela Universidade Braz Cubas/SP
58
Doutora em Filosofia da Natureza e do Ambiente pela Universidade de Lisboa, Coord. do Núcleo de Pesquisa e
Extensão Universitárias em Educação Ambiental NUPEEA/UFSB
INTRODUÇÃO
59
―Em uma concepção crítica de Educação, acredita-se que a transformação da sociedade é causa e consequência
(relação dialética) da transformação de cada indivíduo, há uma reciprocidade dos processos no qual propicia a
transformação de ambos. Nesta visão, educando e educador são agentes sociais que atuam no processo de
transformações sociais e nesse processo se transformam; portanto, o ensino é teoria prática, é práxis. Ensino que se abre
para a comunidade com seus problemas socioambientais, sendo a intervenção nesta realidade a promoção do ambiente
educativo e o conteúdo do trabalho pedagógico. Aqui a compreensão e atuação sobre as relações de poder que
permeiam e estruturam a sociedade são priorizados, significando uma Educação política, a qual nos faz perceber e ser
os sujeitos que somos na história.‖ (GUIMARÃES, M., 2016)
METODOLOGIA
60
―...como atitude social moderna, de uma sociedade em notória crise, a ciência irrompe em contradições e
desarticulação; e o conhecimento que se emprega e se difunde como base da educação forma e desenvolve indivíduos
que têm sido, ao mesmo tempo, contraditórios e desarticulados. Já uma atitude monista (ou holística, ou interdisciplinar,
ou quântica, etc.) em relação ao mundo tem o poder de formar uma visão coincidente entre as possibilidades da
sociedade e da natureza; pode, enfim, bem cultivar, fundamentar e estruturar o ―alimento‖ que possibilita o
desenvolvimento cognitivo – o conhecimento –, por meio de pedagogias, atitudes e estratégias de aprendizagem
devidamente coerentes: éticas, no sentido primordial de bem viver, compactuando com o sentido social humano e o
sentido natural humano, retirando a dúvida de qual (cons)ciência se deve ter do mundo.‖(LOOS, H. & SANT‘ANA, R.
S., 2007)
sociopolíticas inclusivas.
Após seus processos de construção, dependendo de como são realizadas, os PPPs das
escolas acabam, mais comumente do que pensamos, fadados ao esquecimento. Muitas escolas
apenas encomendam seus PPPs para formalizar seu funcionamento. Isso ocorre por inúmeros
fatores, porém, a omissão do Estado na formação continuada dos profissionais da educação e na
adequação das escolas as necessidades locais, evidentemente é o principal motivo.
Apesar da problemática dos PPPs de escolas, as políticas públicas de Educação Ambiental
têm adotado desde 2004 o uso de projetos políticos pedagógicos como instrumentos metodológicos
pelo seu alto caráter formativo. Além disso, suas construções têm forte potencial para estabelecer
sinergia interinstitucionais, com participação ativa da sociedade civil. Metodologias participativas
que integram diferentes agentes sociais, são fundamentais para o processo de formação da
identidade política, uma vez que predispõe às pessoas formas de considerar o pensamento/visão de
todas/os, bem como o compartilhar de conhecimentos, com diálogo de saberes.
Na sua aplicabilidade, a gestão institucional, deve utilizar o PPP na condução de decisões
que afetarão a comunidade, buscando alcançar os valores, desejos e integrações ambicionados na
sua construção. Um PPP deve ser renovado, buscando adequar seus objetivos e metas, que assim
como as sociedades, também estão em constante transformação.
De natureza interdisciplinar, o PPP caracteriza-se essencialmente como um instrumento de
Educação Ambiental Crítica, uma vez que esta primazia buscar inverter a pirâmide social onde a
economia está sempre no topo, com meio ambiente e sociedade na base, ou seja, a EAC busca no
―topo‖ constituir o bem-estar das sociedades, tendo na base o meio ambiente e a economia.
Se Marx e Engles afirmaram um dia que nos falta um sistema de ensino novo para poder
modificar as condições sociais, os processos educadores ambientalistas, tanto na educação formal
quanto informal, integram a este sistema de ensino novo, capaz de modificar as concepções e
condições sociais e consequentemente, o estabelecimento de novas relações benéficas e conscientes
entre seres humanos e ambiente.
Nesse sentido, o sufixo EA atribuído ao PPP pelo ICMBio, acaba sendo um pouco
redundante, mas terminologias a parte, fortalecer, reforçar e divulgar a construção desse tipo de
instrumento, é capilarizar a EAC, é valorizar, conservar e conceber mecanismos equânimes às
diversidades sociocultural e ambiental.
―Um corredor corresponde a uma grande área de extrema importância biológica, composta
por uma rede de unidades de conservação entremeadas por áreas com variados graus de
ocupação humana e diferentes formas de uso da terra, na qual o manejo é integrado para
garantir a sobrevivência de todas as espécies, a manutenção de processos ecológicos e
evolutivos e o desenvolvimento de uma economia regional forte, baseada no uso
sustentável dos recursos naturais (Sanderson et al., 2003; Ayres et al., 2005).‖ (MMA,
2006)
Destaca-se que, logo após o primeiro mês de construção do PPPEA do PARNA Pau Brasil já
surgiu o seu primeiro resultado que foi a criação da Câmara Temática de Educação Ambiental
(CTEA) do Conselho Consultivo do Parque. Iniciou-se neste momento, como parte da construção do
PPPEA, um processo de formação e autoformação da CTEA com objetivos de diálogos, produção de
conhecimentos e fortalecimento da atuação da mesma como gestora do projeto político pedagógico
que se constrói.
A CTEA é composta por diversas instituições atuantes no território que estão vivenciando um
processo que soma à formação de agentes educadores ambientalistas. Por meio de metodologias
participativas, que são o carro chefe do processo de construção do PPPEA, evidencia-se a
consolidação de um desejo por maior articulação entre coletivos educadores na região e em todo o
município.
A construção de PPPs ou PPPEAs em UCs, ainda se alinha às diretrizes, metas e objetivos de
instrumentos legais, como as Política e o Programa Nacional de Educação Ambiental, a Estratégia
Nacional de Comunicação e Educação Ambiental em Unidades de Conservação, o Programa de
Educação Ambiental na Agricultura Familiar. Mais localmente, o PPPEA do PNPB, também ratifica
a Política Estadual de Educação Ambiental do Estado da Bahia, a Política Municipal de Educação
Ambiental de Porto Seguro e o Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica
de Porto Seguro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
unidades da região a engajarem-se em prol da Educação Ambiental, tanto UCs federais, quanto
estaduais e municipais. Antes do PNPB, as outras unidades que tiveram seus PPPeas consolidados,
foram a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Itatupã-Baquiá, na região Marajoara, no
estado do Pará e, a Floresta Nacional de Tefé, no estado do Amazonas. No início de 2017, segundo
Juvenal Vicenzi, da assessoria de Comunicação Social do Ministério do Meio Ambiente (MMA),
três outras UCs também estão iniciando seus processos de construção do PPPEA, sendo elas a Área
de Proteção Ambiental (APA) do Planalto Central, a Reserva Biológica da Contagem e o Parque
Nacional de Brasília.
O processo realizado nos últimos nove meses com a CTEA, vem potencializando um grupo
diverso, com instituições públicas e privadas, associações comunitárias, organizações não
governamentais, unidades de conservação e universidades. Este grupo já se encontrou cinco vezes. A
facilitação do PPPEA, com o apoio de membros da CTEA, em agosto de 2017, realizou
aproximadamente dez atividades abertas com as comunidades do entorno para ampliar a participação
e incluir a diversidade de olhares no projeto.
As previsões, desejos e inquietações acerca deste PPPEA são extremamente positivas, mas
ainda é preciso lembrar que tanto o ICMBio e o MMA, quanto os demais órgãos de gestão pública e
ambiental, precisam aumentar os investimentos e promover ações que facilitem o acesso à processos
formadores ambientalistas e o engajamento participativo de pessoas e grupos sociais historicamente
excluídos nestes processos.
Uma construção pautada na participação social, nas sensações de representatividade,
pertencimento, alegria, inclusão, consolida-se muito mais forte, e nesse sentido, a Câmara Temática
de Educação Ambiental do Parque Nacional do Pau Brasil, com todas/os suas/os integrantes e sua
facilitação pelo PARNA/ICMBio e PAA/ESALQ, estão ―gestando um bebê democrático‖, elementar
para a transformação de uma realidade tão delicada da Costa do Descobrimento.
REFERÊNCIAS
Pesquisa Participante. In: FERRARO JÚNIOR, Luiz Antonio (org.). Encontros e Caminhos:
Formação de Educadoras(es) Ambientais e Coletivos Educadores. Brasília: MMA, Diretoria de
Educação Ambiental, 2005.
CAMPOS, D. S. Quando a mata se torna Atlântica: dilemas da gestão integrada dos Mosaicos de
Áreas Protegidas. Damiana Sousa Campos, 2013, 112 f.
FREIRE, P. Educação como Prática da Liberdade. 17.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
GUIMARÃES, M. Por uma educação ambiental crítica na sociedade atual. Periódicos UFPA, p.
11-22. 2016
Plano de Manejo do Parque Nacional do Pau Brasil. Volumes I e II – Diagnósticos. Brasília, 2016.
MARX, K e ENGELS, F. Textos sobre Educação e Ensino / Karl Marx e Friedrich Engels.
Campinas, SP: Navegando, 2011.
Ministério do Meio Ambiente. Conservação Internacional Fundação SOS Mata Atlântica. Cartilha:
Corredor Central da Mata Atlântica. 2006.
TONSO, S. A Educação Ambiental que desejamos desde um olhar para nós mesmos, 2010.
VEIGA, I. P. A. (org.) Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 14ª Ed.
Papirus, 2002.
RESUMO
A pesquisa avalia o potencial de contribuição do Investimento Estrangeiro Direto (IED) para o
desenvolvimento sustentável da Região Nordeste. Parte de hipóteses da literatura sobre a relação
―IED e meio ambiente‖ e sobre o IED originário de economias desenvolvidas e um consequente
maior potencial de as empresas dessas economias apresentarem processos e produtos mais
avançados e conservadores do meio ambiente, além de contribuírem para o progresso tecnológico
da economia receptora. Especificamente, faz-se uma análise descritiva-comparativa do perfil
setorial do IED e do comportamento inovador das empresas no estado do Ceará utilizando-se dados
estaduais dos Censos de Capitais Estrangeiros do BACEN Anos-base 1995/2010 e da PINTEC,
edições 2000/2008. Avaliaram-se as variáveis país de origem, atividade econômica, principal
mercado das empresas, pessoal ocupado, salários, valor da transformação industrial, dispêndios com
atividades inovadoras, estrutura de financiamento desses dispêndios, natureza e importância do
impacto causado pela inovação (consumo de energia e água etc.). De dez características do IED e
das empresas avaliadas como possíveis fontes de impacto ambiental potencial relevante, cinco
contribuiriam para o desenvolvimento sustentável porque seus impactos seriam positivos e de onze
características consideradas relevantes para impacto socioeconômico, sete contribuiriam
positivamente. Conclui-se que os resultados obtidos com o estudo sugerem que o IED tem potencial
para contribuir com o desenvolvimento sustentável do estado do Ceará.
Palavras-chave: Investimentos estrangeiros. Desenvolvimento sustentável. Inovações. Ceará, Brasil.
ABSTRACT
The research evaluates the potential contribution of foreign direct investment (FDI) for the
sustainable development of the Northeast Brazil Region. Considers disseminated hypotheses in the
literature on the relationship between FDI and environment and about FDI from developed
economies and a resulting greater potential of firms from these economies to adopt more advanced
processes and products that contributes to environment protection as well as for technological
progress of the recipient economy. Specifically, it makes a comparative descriptive analysis of the
industry sectors of the FDI and of the innovative behavior of firms in the State of Ceará using FDI
stock data from the Brazilian Central Bank‘s census of Foreign Capital in the Country dated
1995/2010 and data from the Research on Technological Innovation (PINTEC) dated 2000/2008.
The following variables were evaluated: country of origin, economic activity, main market of the
companies, people occupied, salary, value of industrial transformation, expenditures with
innovative activities, financing structure of these expenditures, nature and importance of the impact
caused by innovation (water and energy consumption etc.). Of ten characteristics of FDI and firms
evaluated as possible sources of potential environmental impact, five would contribute to the
sustainable development because their impacts would be positive and of eleven characteristics
considered relevant for socio-economic impacts, seven would be of positive impacts. The
conclusion is that it appears that FDI has potential to contribute to the sustainable development of
the State of Ceará.
Keyword: Foreign investments. Sustainable development. Innovations. Ceará, Brazil.
INTRODUÇÃO
61
Considera-se oportuno mencionar que a pesquisa foi motivada por tese de doutorado que recebeu a segunda
colocação do Prêmio Celso Furtado de Desenvolvimento Regional 2014, concedido pelo Ministério da Integração
Nacional e conta com publicações derivadas em revistas nacionais e em uma internacional.
62
Paixão (2014) apresenta uma extensa revisão de literatura teórica e empírica que corrobora essa afirmação.
MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo faz uma avaliação descritiva-comparativa e tem como principais fontes de dados:
a) o BACEN - são utilizados dados dos Censos de Capitais Estrangeiros realizados no País
(denotados aqui simplesmente como ―Censos BACEN‖) e referentes aos Anos-base 1995, 2000,
2005 e 2010; b) o IBGE – obteve-se tabulação especial com dados de empresas estrangeiras
derivados da primeira e de recentes edições publicadas da Pesquisa de Inovação Tecnológica
(PINTEC), as edições 2000, 2008 cuja referência temporal é 1998-2000, 2006-2008,
respectivamente.
Deve-se ter em vista especificidades dos dados da PINTEC e a limitação da tabulação
especial obtida que podem afetar a inferência dos dados aqui apresentados, a saber (IBGE, 2010): a)
apoiada na hipótese de que a inovação é um fenômeno raro, a seleção amostral da PINTEC é
propositadamente desbalanceada, sendo as empresas de grande porte (mais de 500 empregados)
pesquisadas de forma censitária, isto é, incluídas com probabilidade um na amostra, e as pequenas e
médias selecionadas com probabilidade proporcional ao número de pessoas ocupadas, além de
serem divididas em dois estratos de acordo com a chance de serem inovadoras; b) a chance da
empresa ser inovadora é afetada por diferenças setoriais na indústria, como o grau de conteúdo
tecnológico; c) em especial, a tabulação obtida para a Região Nordeste contém poucas observações
porque o universo de empresas ―estrangeiras‖ ou ―nacionais e estrangeiras‖ é muito reduzido (pela
PINTEC 2008, respondiam por apenas 4% do total dessas empresas no país contra 14% do Rio de
Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo e 60% de São Paulo).
Em suma, o leitor deverá ter em vista que a comparação entre edições da PINTEC fica
prejudicada tanto porque a variabilidade da amostra afeta a inferência dos resultados como pelo
número reduzido de observações, especialmente no caso nordestino. Por fim, os dados utilizados no
estudo são indicadores das variáveis de interesse relacionadas no Quadro 1.
O estudo também conta com o auxílio de taxonomias que classificam os setores das
indústrias extrativas e de transformação segundo o potencial poluidor (mais poluentes,
intermediários, mais limpos) e o tipo de tecnologia de produção (produção intensiva em recursos
naturais, trabalho, escala, com tecnologia diferenciada). Respectivamente, são as taxonomias
propostas por Ferraz e Seroa da Motta (2002) e pela OECD (1987) apud Nassif (2006).
A utilização dessas taxonomias é justificada pelo fato de que, conforme previsto pela
literatura da Economia do Meio Ambiente ou correlata (MUELLER, 2007; MAY, 2010; UNCTAD,
1999), considera-se que a utilização intensiva de recursos naturais e, em certos casos, a escala
elevada de produção são aspectos intimamente associados a determinadas atividades industriais e
podem implicar impacto ambiental significativo. Por sua vez, atividades industriais intensivas em
conhecimento são relativamente mais limpas, isto é, de menor potencial poluidor, e,
adicionalmente, podem gerar maiores oportunidades de inovação tecnológica e melhoria da
qualidade dos empregos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
63
Ressalte-se, por oportuno, que até o fechamento desta pesquisa, o BACEN não tinha divulgado os dados de estoque
de IED por Unidade da Federação levantados no Censo Ano-base 2010.
Tabela 1 – Região Nordeste e estado do Ceará: estoque de IED na indústria de transformação, segundo o país
de origem, anos 1995/2000/2005
Período 1995 2000 2005
Estoque de IED (US$ milhões)
Região Nordeste 1.618 3.187 5.511
64
Inclusive, para minimizar esse problema, o BACEN adotou novos critérios no Censo Ano-base 2010: levantou o dado
por país investidor imediato (da empresa que participa diretamente do capital da empresa investida) e por país
investidor final (da empresa que ocupa o topo da cadeia de controle da empresa investidora imediata).
Lamentavelmente, como já mencionado, os dados desse Censo não foram disponibilizados até o fechamento desta
pesquisa.
perfil do IED que o estado do Ceará atraiu no período mais recente seria favorável em termos de
maior potencial de impactos positivos na economia recipiente. Dada a predominância de
investimento originário de economias desenvolvidas, tem-se uma indicação de um maior potencial
de comportamento ambiental sustentável por partes das empresas e de contribuição para um
processo de inovação e difusão tecnológica.
Como sugerido na literatura, e como dados do comportamento inovador de empresas de IED
mais adiante neste trabalho também apontam, empresas de países desenvolvidos possuem
capacidade técnica e financeira mais elevada e, assim sendo, é de se esperar que adotem tecnologias
mais limpas, avançadas e práticas organizacionais mais eficientes resultando em ganhos ambientais
e socioeconômicos para a economia receptora.
A Tabela 2 apresenta dados do Censo BACEN Ano-base 2010. O estoque de IED é
apresentado por setores da indústria de transformação os quais são classificados segundo o
potencial poluidor. Constata-se que pelo menos 31% do estoque de IED no estado do Ceará em
2010 se concentravam em setor de alto potencial poluidor (fabricação de produtos químicos) contra
apenas 2,56% em setor mais limpo (fabricação máquinas, aparelhos e materiais elétricos).
Tabela 2 - Ceará: estoque de IED por setores da indústria de transformação e potencial poluidor, 2010
Participação
Setores US$ (milhões)
(%)
Setores mais poluentes 31,01
Produtos químicos 596 31,01
Setores intermediários 5,34
Produtos alimentícios 67 3,50
Máquinas e equipamentos 23 1,19
Manutenção, reparação e instal. de máquinas e equipamentos 5 0,28
Produtos têxteis 5 0,26
Confecção de artigos de vestuário e acessórios 2 0,11
Setores mais limpos 2,56
Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 49 2,56
1
Outros 1.174 61,06
Total 1.922 100
Fonte: BACEN (2016). Censos de Capitais Estrangeiros. Elaboração dos autores.
1
Inclui itens não elencados e informações que não atendem ao critério de confidencialidade .
relativamente mais limpos, o que diminui o potencial de difusão de tecnologias mais limpas
provenientes dos países desenvolvidos investidores diretos no estado.
O potencial de impacto ambiental e de difusão tecnológica também pode ser avaliado
classificando-se os setores de atividade de atuação do IED segundo o tipo de tecnologia em questão.
A Tabela 3 mostra que 3,50% do estoque de IED do estado do Ceará em 2010 se concentravam em
setores intensivos em recursos naturais contra 31,06% em setores intensivos em escala e apenas
4,03% em setores cujo insumo principal são tecnologias diferenciadas. Novamente, tem-se a
restrição de que não foi possível classificar 61,06% desse estoque.
Tabela 3 - Ceará: estoque de IED por setores da indústria de transformação e tipo de tecnologia, 2010
Setores US$ (milhões) Participação (%)
Intensivos em recursos naturais 3,50
Produtos alimentícios 67 3,50
Intensivos em trabalho 0,37
Produtos têxteis 5 0,26
Confecção de artigos de vestuário e 2 0,11
acessórios
Intensivo em escala 31,01
Produtos químicos 596 31,01
Com tecnologia diferenciada 4,03
Máquinas e equipamentos 23 1,19
Manutenção, reparação e instalação de
5 0,28
máquinas e equipamentos
Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 49 2,56
Outros1 1.174 61,06
TOTAL 1.922 100
Fonte: BACEN (2016). Censo de Capitais Estrangeiros. Elaboração dos autores.
1
Inclui itens não elencados e informações que não atendem ao critério de confidencialidade.
como argumentou Nassif (2008). Ao mesmo tempo, chama a atenção à baixa participação de setores
intensivos em tecnologia diferenciada e ausência de setores intensivos em ciência. Nesse último
caso, perde-se potencial de difusão tecnológica, direta ou via spillover.
Investigar o perfil inovador das empresas estrangeiras também é útil para testar as hipóteses
quanto ao país de origem dos investimentos como determinante de sua qualidade. Isto porque, em
tese, empresas de IED originárias de países desenvolvidos apresentam maior capacidade técnica e
financeira para implementar soluções tecnológicas inclusive com objetivos ambientais e contribuir
direta ou indiretamente (via spillover) para o desenvolvimento sustentável da economia recipiente
Os dados do Censo BACEN Ano-base 2005 revelaram predominância no estado do Ceará de
IED originário de economias desenvolvidas (62,38%). A Tabela 4, com dados da PINTEC,
confirma a maior presença de empresas norte americana e europeia.
Tabela 4 - Empresas estrangeiras industriais, total e inovadoras, segundo a origem do capital controlador -
Brasil, Nordeste, Ceará - 1998/2008
1998-2000 2006-2008
Empresas
Brasil NE CE Brasil NE CE
Total 2113 97 16 2371 102 22
Inovadoras 1291 64 5 1325 56 14
Inovadoras (%) 61 66 31 56 55 64
Origem do capital controlador (número de empresas)
Mercosul 105 1 - 142 4 -
EUA 520 33 6 505 27 13
Canadá e Mexico¹ - - - 80 9 -
Outros países da América 140 10 - 35 2 -
Ásia 212 13 - 160 16 1
Europa 1223 40 10 1.317 43 7
Oceania ou África 13 - - 61 1 1
Empresas inovadoras (%)
Mercosul 60 - - 51 25 -
EUA 76 74 67 60 66 92
Canadá e Mexico¹ - - - 59 79 -
Outros países da América 45 100 - 37 50 -
Ásia 59 100 - 56 50 100
Europa 57 42 10 53 47 43
Oceania ou África 57 - - 67 100 100
Fonte: PINTEC/IBGE. Elaboração dos autores.
1
Dado não coletado na PINTEC 2000.
Os dados também revelam que, no período mais recente, a quase totalidade das empresas
norte-americanas investiram em inovações enquanto menos da metade das empresas europeias
adotaram esse comportamento. Como o número de empresas norte-americanas é o dobro do das
europeias, pode-se considerar que o perfil inovador das empresas de IED relacionado com a região
econômica de origem, corresponde ao esperado. Inclusive, o comportamento inovador das empresas
dos EUA é mais frequente no estado do Ceará do que em nível nacional e regional. Já o
comportamento das europeias segue o padrão desses territórios.
Chama a atenção a entrada de empresas da Ásia e da Oceania ou África. Apesar de
apresentarem comportamento inovador, há que se considerar a região econômica de origem. Por
exemplo, Paixão (2014) identificou a entrada da China entre os dez países maiores investidores
diretos na Região Nordeste segundo os dados de estoque de IED do Censo BACEN Ano-base 2005.
A autora avaliou esse caso como preocupante por se tratar de um país ainda em desenvolvimento e,
o mais grave, porque a China responde pelas cidades mais poluídas do planeta.65
Os dados da Tabela 5 também corroboram os dados do BACEN em termos do perfil setorial
do IED industrial no estado do Ceará e o correspondente potencial poluidor: pelos dados da
PINTEC, também predomina a concentração de empresas de IED em atividades de alto potencial
poluidor. Por outro lado, essa desvantagem pode ser compensada em alguma medida pelo
comportamento inovador das empresas mais recorrente se se considerar o período mais recente.
Tabela 5 - Empresas estrangeiras industriais, total e inovadoras, segundo o potencial poluidor – Brasil,
Nordeste e Ceará 1998/2008
Potencial 1998-2000 2006-2008
poluidor Brasil NE CE Brasil NE CE
Total (número de empresas)
Alto 611 50 11 648 39 14
Médio 919 32 4 1.175 36 7
Baixo 582 14 1 548 27 1
Empresas inovadoras (%)
Alto 71 70 14 54 53 76
Médio 61 50 67 56 66 75
Baixo 52 91 100 58 44 100
Fonte: PINTEC/IBGE. Elaboração dos autores.
65
Segundo Motta (2013) em notícia do Jornal O Globo: ―Estimativa do Banco Mundial (BIRD) indica que 16 das 20
cidades mais poluídas do planeta são chinesas.‖ Inclusive, a mesma notícia anunciou que o governo chinês tinha recém
promulgado um pacote de medidas rigorosas para o controle da poluição industrial, com meta de redução das emissões
em cerca de 30% até 2017. Nesse contexto, convém destacar um ponto relevante: a literatura prevê que a empresa
estrangeira tem fortes incentivos para reproduzir no país receptor a tecnologia adotada em outras unidades de sua
propriedade!
Tabela 6 - Empresas estrangeiras industriais, totais e inovadoras, segundo o principal mercado – Brasil,
Nordeste e Ceará – 1998/2008
1998-2000 2006-2008
Principal mercado
Brasil NE CE Brasil NE CE
Total (número de empresas)
Estadual 495 7 - 380 10 -
Regional 223 13 - 137 4 1
Nacional 1.153 62 13 1.405 75 21
MERCOSUL 70 5 - 145 1 -
EUA 38 7 3 68 1 -
Europa 104 - - 114 8 -
Ásia 18 3 - 20 2 -
Outros 12 1 1 31 - -
Fonte: PINTEC/IBGE. Elaboração dos autores.
A Tabela 7, por sua vez, permite testar a hipótese de elevada capacidade financeira de
empresas de IED originárias de economias desenvolvidas, a origem predominante no caso do estado
do Ceará. Constata-se que as empresas, inclusive em nível regional, não são dependentes de
financiamento público para investir em pesquisa e desenvolvimento (P&D) ou outras atividades
inovadoras. Essa é uma característica importante, muito favorável para o estado porque eleva o
potencial de spillover tecnológico e contrasta com o resultado anterior sobre o destino da produção.
Ainda, chama muito a atenção o elevado crescimento do valor dos dispêndios entre os dois
períodos considerados: esse valor cresceu nada menos que quase nove vezes no caso do estado do
Ceará e cerca de quatro vezes em nível regional e nacional.
Por fim, a Tabela 8 mostra o grau de importância (alta, média, baixa) do impacto das
inovações associadas ao processo produtivo e, consequentemente, também ao meio ambiente. O
cenário pode ser considerado equilibrado dado que um nível baixo de impacto sobre o consumo de
um certo recurso ambiental parece ser compensado, grosso modo, por outro impacto de alto nível. A
saber, considerando-se o segundo período observado:
a maioria das empresas inovadoras relatam ter obtido aumento relevante (alto) da
capacidade produtiva e baixo impacto em termos de redução do consumo de matéria prima.
Esses resultados são preocupantes da perspectiva ambiental se se considerar que todo
processo produtivo industrial é per se gerador de impacto ambiental e que quanto maior a
capacidade produtiva, maior pode ser a escala de produção e o consumo de matérias primas
implicando em risco de impactos ambientais relevantes;
esse resultado é, aparentemente e grosso modo, compensado pelo efeito relevante das
inovações em termos de redução do consumo de energia e de água e de impacto ambiental
e/ou aspectos ligados a segurança.
Tabela 8 - Empresas estrangeiras industriais inovadoras, segundo o tipo de impacto das inovações – Brasil,
Nordeste e Ceará - 1998/2008
Impacto das inovações 1998-2000 2006-2008
e grau de importância Brasil NE CE Brasil NE CE
Impactos associados ao processo produtivo/meio ambiente ¹ (núm. de empresas)
Aumento da Alta 480 19 3 587 33 13
capacidade Média 312 10 1 266 12 1
produtiva Baixa e NR 499 35 1 422 10 3
Redução do Alta 133 12 - 128 5 1
consumo da matéria Média 203 15 1 187 9 -
prima Baixa e NR 956 37 4 961 42 16
Alta 127 6 - 136 7 1
Redução do
consumo da energia Média 232 8 - 221 21 11
Baixa e NR 333 50 5 917 28 5
Alta - - - 91 14 11
Redução do
consumo de água² Média - - - 130 5 -
Baixa e NR - - - 1.055 37 6
Redução do Alta 468 25 3 492 34 12
impacto ambiental Média 259 10 2 317 13 6
e/ou aspectos
ligados a segurança Baixa e NR 565 30 1 838 22 2
Fonte: PINTEC/IBGE. Elaboração dos autores.
1
O processo produtivo industrial per se é gerador de impacto ambiental. 2 Dado não coletado na PINTEC
2000.
Este trabalho também discute os benefícios esperados com o IED em termos de geração de
renda e emprego. Antes, cabe ressaltar que Paixão (2014), considerando dados agregados
divulgados pelo IBGE (PINTEC 2005), mostra que empresas inovadoras, sejam elas nacionais ou
estrangeiras, respondem pela maior parcela de pessoal ocupado (PO) na indústria, receitas líquidas,
valor da transformação industrial (VTI) e produtividade do trabalho (VTI/PO).
A autora também encontrou evidências desse desempenho para o caso da Região Nordeste.
Inclusive, foram esses resultados para dados agregados que motivaram o aprofundamento da
investigação observando-se também dados estaduais, notadamente dos estados da Bahia, Ceará e
Pernambuco (estes respondem pela maior parcela de IED na Região Nordeste).66
Dessa perspectiva, a Tabela 9 caracteriza o IED industrial no estado do Ceará quanto ao
porte das empresas, a partir do indicador de pessoal ocupado (PO) dividido pelo número de
empresas. Também, apresenta dados do desempenho comercial com o exterior, inclusive
destacando a parcela das empresas inovadoras. Constata-se que as empresas de IED são de médio
porte (ocupam entre 250 a 499 pessoas) e exportadoras líquidas (apesar de a produção ser voltada
principalmente para o mercado interno como também foi mostrado).
Tabela 9 - Empresas estrangeiras industriais, totais e inovadoras, segundo variáveis selecionadas – Brasil,
Nordeste, Ceará – 1998/2008
Por sua vez, a segunda parte da Tabela 9 permite confirmar a hipótese de desempenho
superior de empresas inovadoras: considerando o período mais recente avaliado, são as empresas de
IED inovadoras que respondem por 92% do PO e por cerca de 85% do volume exportado e
importado.
A Tabela 10 também permite testar a hipótese de desempenho superior das empresas
inovadoras: em nível nacional e regional nos dois períodos avaliados e no estado do Ceará no
período mais recente, constata-se que elas responderam pela maior parcela do valor da
66
Bahia é o próximo estado a ser estudado.
transformação industrial (VTI).67 Como se sabe, quanto maior o VTI das empresas, maior sua
importância econômica em dado território e, portanto, maior seu potencial de contribuição à
geração de emprego e renda.
Ainda, utilizando-se os dados de VTI e PO (Tabela 9) para calcular um indicador de
produtividade do trabalho, como apresentado na segunda parte da Tabela 10, tem-se, exceto para
uma das observações, que a produtividade das empresas inovadoras é maior em nível nacional e
regional. Especificamente no caso das empresas do estado do Ceará, essa superioridade não é
observada.
especial, as inovadoras paguem maiores salários. Ao mesmo tempo, mostra uma diferença
expressiva entre essa remuneração no estado do Ceará e a no país ou na Região Nordeste como um
todo. Paixão (2014) também identificou essa disparidade numa comparação da Região Nordeste
com a Região Sudeste avaliando a remuneração em número de salários mínimos. Assim, pode-se
afirmar que os dados sugerem que a qualidade dos empregos gerados pelas empresas de IED no
estado seria desfavorável pela baixa remuneração numa comparação com essas empresas em outras
regiões do país.
Um ponto é que características socioeconômicas da região geográfica envolvida (nível
educacional da mão de obra, por exemplo) também podem ser fortes determinantes da remuneração
do trabalho, além de características próprias das empresas (a atividade desenvolvida, o perfil
inovador, entre outras). Esses aspectos expressam bem a noção de que a simples maior presença de
empresas estrangeiras não garante seus supostos benefícios.
Tabela 11 - Empresas estrangeiras industriais, total e inovadoras, segundo o total de salários e os salários
individuais médios anual e mensal - Brasil, NE e Ceará – 2000 e 2008 (1.000 R$)
2000
Salário anual Salário mensal
Salários (1.000 R$)
Regiões individual médio¹ individual médio ²
Total Inovadoras Total Inovadoras Total Inovadoras
Brasil 18.393.038 15.937.077 22 23 1,71 1,74
Nordeste 393.242 293.021 13 16 1,03 1,25
Ceará 31.454 21.908 4 5 0,32 0,39
2008
Brasil 45.965.895 38.831.703 40 41 3,09 3,16
Nordeste 11.66.035 830.263 29 27 2,20 2,11
Ceará 153.619 139.679 18 17 1,36 1,35
Fonte: PINTEC/IBGE. Elaboração dos autores.
1
A remuneração do trabalho acumulada no ano e dividida pelo pessoal ocupado. 2 A remuneração anual
individual dividida por treze (janeiro a dezembro mais décimo terceiro salário).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Quadro 2 apresenta um resumo das inferências feitas no trabalho com base nos dados
observados. Essa ilustração permite identificar que de dez características do IED presente no estado
do Ceará avaliadas como possíveis fontes de impacto potencial relevante sobre o meio ambiente,
cinco contribuiriam para o desenvolvimento sustentável porque seus impactos seriam positivos.
Já no caso das onze características consideradas com potencial de impacto socioeconômico
relevante, sete contribuiriam para o desenvolvimento sustentável do estado. Conclui-se, portanto,
que os resultados da avaliação descritiva-comparativa empreendida neste estudo sugerem que, no
caso do estado do Ceará, o IED parece contribuir para o desenvolvimento sustentável.
REFERÊNCIAS
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MAY, Peter H. (Org.). Economia do meio ambiente: teoria e prática. Rio de Janeiro: Elsevier,
2010.
MOTTA, C. China impõe limites para emissão de poluentes atmosféricos. Jornal O Globo, [São
Paulo?], 18 jun. 2013. Disponível em: <www.oglobo.globo.com/ciencia/china-impoelimites-
para-emissao-de-poluentes-atmosfericos-8734753>. Acesso em: 2 jul. 2013.
UNCTAD. United Nations Conference on Trade and Development. World Investment Report 1999:
FDI and the Challenge of
RESUMO
O Brasil conta com um arcabouço legal que estabelece diretrizes para a gestão dos resíduos sólidos
por meio da Política Nacional de Resíduos Sólidos e para prestação de serviços públicos de limpeza
urbana que aborda um conjunto de diretrizes. Destaca-se ainda a elaboração do Plano Municipal de
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS) que é um documento que aponta e descreve as
ações relativas ao manejo de resíduos sólidos urbanos, contemplando os aspectos referentes a
redução, reutilização, reciclagem e disposição final ambientalmente adequada. Por isso, o objetivo
dessa pesquisa é analisar as ações desenvolvidas pelo poder público do município de Patos com
relação a gestão dos resíduos sólidos a partir do PMGIRS e como objetivos específicos: evidenciar
os Plano relacionado a Gestão dos resíduos sólidos do município e identificar as ações
desenvolvidas pelo poder público local para atingir os objetivos da sua política ambiental. A
pesquisa foi desenvolvida a partir de uma análise documental através do PMGIRS do município e
uma entrevista ao representante da Secretaria do Meio Ambiente. A pesquisa mostrou portanto, que
não existe, enquanto gestão, um compromisso em priorizar a política ambiental através da execução
e cumprimento do Plano tendo em vista que as ações propostas, nesse documento, não foram
iniciadas desde a sua implantação(2014) e nem se encontram em plano de desenvolvimento. É
preciso que o poder público perceba o grau de relevância das questões ambientais e invista em
projetos e ações que reformem o cenário atual.
Palavras Chaves: Gestão Pública – Resíduos Sólidos - PMGIRS.
ABSTRACT
Brazil has a legal framework that establishes guidelines for solid waste management through the
National Solid Waste Policy and for the provision of public urban cleaning services that addresses a
set of guidelines. Also worth mentioning is the preparation of the Municipal Integrated Solid Waste
Management Plan (PMGIRS), which is a document that identifies and describes actions related to
urban solid waste management, including aspects related to reduction, reuse, recycling and final
disposition environmentally proper. Therefore, the objective of this research is to analyze the
actions developed by the public authority of the municipality of Patos in relation to the solid waste
management from the PMGIRS and as specific objectives: to highlight the Solid Waste
Management Plan of the municipality and to identify the actions Developed by local government to
achieve the objectives of its environmental policy. The research was developed based on a
documentary analysis through the PMGIRS of the municipality and an interview with the
representative of the Secretariat of the Environment. The research therefore showed that, as a
management, there is no commitment to prioritize the environmental policy through the execution
and fulfillment of the Plan, since the actions proposed in this document have not been initiated since
its implementation (2014) and Development plan. It is necessary that the public power perceive the
degree of relevance of environmental issues and invest in projects and actions that reform the
current scenario
Keywords: Public Management - Solid Waste - PMGIRS
INTRODUÇÃO
ambientais, modificando formas de uso e manutenção do lugar onde habita através de hábitos mais
saudáveis.
Essa mudança de comportamento pressupõe um compromisso de todos os agentes sociais,
pois a qualidade do meio ambiente depende do controle e da minimização das fontes de poluição e
do encaminhamento correto dos resíduos gerados pelas empresas e comunidades. A limpeza do
meio ambiente é um compromisso ético de todos.
O destino dos resíduos levanta problemas de variadas naturezas como: biológica, química,
volume e consequentemente de custos. A educação ambiental, voltada para a campanha dos 3
Rs(Redução, Reutilização e Reciclagem) é o instrumento que melhor contribui para informação,
conscientização e mobilização da população e deve estar no primeiro plano de qualquer projeto de
instalação de coleta seletiva.
O Brasil conta com um arcabouço legal que estabelece diretrizes para a gestão dos resíduos
sólidos por meio da Política Nacional de Resíduos Sólidos(Lei n. 12.305/2010), e para prestação de
serviços públicos de limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos por meio da Lei Federal de
Saneamento Básico (Lei 11.445/2007) que aborda um conjunto de diretrizes para a prestação dos
serviços públicos de limpeza urbana e gestão dos resíduos sólidos.
O município de Patos, localizado na Mesorregião do Sertão paraibano, com uma população
de aproximadamente 100.674, sendo 97.278 da zona urbana (IBGE, 2009). Sua população está
vinculada á estrutura do sistema produtivo e às características do quadro natural. De acordo com
dados do IBGE e do IDEME, o munício apresentou ao longo do período compreendido entre os
anos de 2000 e 2011 um crescimento considerável com um grande potencial de consumo. Outro
destaque que Patos apresenta é que o município é a 3ª maior região metropolitana do estado (2ª no
interior). É a região metropolitana que tem mais municípios no estado da Paraíba e na Região
Nordeste do Brasil.
Com a aprovação do Estatuto das cidades em 2001(Lei 10.257/2001), foram estabelecidos
novos marcos regulatórios de gestão urbana, como as leis de saneamento básico e de resíduos
sólidos. O Estatuto regulamentou e estabeleceu as condições para uma reforma urbana nas cidades
brasileiras. Obrigou os principais municípios do país a formular seu Plano Diretor visando
promover o direito à cidade nos aglomerados humanos sob vários aspectos: social, ambiental,
econômico, sanitário etc.
Guiado pelo Estatuto das Cidades o Plano Diretor do município de Patos, foi aprovado em
2006, estabelece diretrizes para organizar o crescimento da cidade além de propor soluções par os
problemas existentes.
Destaca-se ainda a elaboração do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos
Sólidos(PMGIRS) que é um documento que aponta e descreve as ações relativas ao manejo de
ASPECTOS METODOLÓGICOS
―A gestão de resíduos sólidos urbanos contribui para uma eficiente inserção da coleta
seletiva, inclusão de catadores de materiais recicláveis, incentivo à reciclagem e
maximização do reaproveitamento, redução da disposição inadequada de resíduos no solo,
participação da sociedade na busca de melhorias dos serviços prestados pelas empresas e na
organização da qualidade do ambiente urbano‖. (JACOBI; BESEN apud MINISTÉRIO DO
MEIO AMBIENTE, 2017).
Saneamento Básico 11.445/05 e a Lei 12.305/2010 que trata sobre a Política Nacional de Resíduos
Sólidos que institui a elaboração de um Plano Municipal.
Com o propósito de acatar as premissas da PNRS, o município de Patos desenvolveu esse
importante instrumento como ferramenta de gestão, como resultado de um contrato(539/2013)
firmado entre a prefeitura do município e a Consultoria em Saneamento Básico Ambiental LTDA
(ECOSAN) e está inserido no plano de saneamento básico do município, que inclui ações nas áreas
de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana, manejo dos resíduos
sólidos e drenagem de águas pluviais com abordagem amparada.
Para a formulação do Plano que foi publicado em 2014 e que é coordenado pela Secretaria
do Meio Ambiente do município, foi desenvolvida uma Metodologia(conforme anexo do plano) que
foi construída a partir de eventos abertos a comunidade local, a exemplo de oficinas, seminários,
consultas públicas para discussão e participação popular. O documento inclui: panoramas gerais dos
resíduos sólidos, diagnóstico do município, marcos legais e diretrizes específicas com metas e
prazos. Foi elaborado levando em consideração os instrumentos legais já existentes no município
como: Lei orgânica municipal, Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, Código do Meio
Ambiente entre outros. O Plano Diretor, por exemplo, é citado na página 66 do volume I do
documento.
Ao observar o PMGIRS do município, identificou-se, diretrizes gerais com estratégias,
metas e prazos para: redução dos resíduos sólidos urbanos, implantação da coleta seletiva e
reciclagem, implantação do aterro sanitário, inclusão dos catadores e recuperação ambiental do
lixão atual(descritas a partir da página 51 do volume II do Plano). Tais diretrizes, foram elaboradas
a partir de um diagnóstico no ano 2013, indicando no entanto, ações que demandam projetos e
programas que viabilizem à Política Ambiental exigida por Lei como objetiva, também, o Plano
Diretor do município.
Ao observar os programas propostos no PMGIRS, identificou-se um alinhamento dos
programas(exposto no planos) aos objetivos básicos da Política Ambiental descritos no Plano
Diretor principalmente no que se refere ao tratamento adequado aos resíduos e o sistema de
Educação ambiental explícitos no PMGIRS. Porém, a partir do que foi proposto e para atingir o
objetivo proposto neste trabalho, se faz necessário identificar as ações desenvolvidas pelo poder
público local no sentido de implementar as diretrizes gerais do Plano.
relacionadas aos resíduos sólidos e é também o responsável por passar informações ao Sistema
Nacional de Informações sobre Saneamento (ISNIS). A entrevista teve como intuito investigar as
atividades realizadas pelo poder público local, a partir das Diretrizes Gerais presentes no PMGIRS.
Segundo o entrevistado, o que motivou a elaboração do Plano de Gestão dos resíduos
sólidos foi basicamente a exigência da Lei ao alinhamento dos municípios ao Plano Nacional de
Resíduos Sólidos, embora os vários instrumentos legais de regulação da gestão ambiental existir
anteriormente.
Porém, ao ser questionado sobre a atuação o poder público local no tratamento dos Resíduos
sólidos, ele afirmou que eram guiados pelo ‗Código de Postura‘ do município e o Código
municipal de meio ambiente(criado em 2006 e reformulado em 2012). Nesta reformulação foi
incluído o ―licenciamento ambiental‖ que cobrava ações de tratamento e manejo dos resíduos. Por
isso, deram início as práticas como: levantamento e cadastro(para banco de dados) das empresas do
munícipio para orientação de gestão dos resíduos dessas empresas processo que ainda não foi
concluído(desde 2012) por falta de um sistema adequado. Além disso, ações de fiscalização e
orientação a partir das reclamações de entulhos encontrados na cidade. Já existia também algumas
orientações, através de algumas palestras nas escolas públicas e privadas, quanto a separação dos
resíduos seco e molhado isso. Porém, só começou a partir da lei de 2010 e eram práticas que
aconteciam sobretudo, a partir de iniciativas das próprias escolas através de convite.
Outra ação nesse sentido foi a criação da Associação dos Catadores, em 2006 e em 2010 foi
formada uma equipe multidisciplinar que resultou na criação da ONG ECOPLANTE que tinha
como objetivo viabilizar um infraestrutura para os catadores dessa associação através de projetos. A
ONG não sobreviveu por falta de incentivos e recursos mesmo assim, alguns resultados foram
alcançados como: um terreno(embora apresente várias dificuldades relacionadas a
documentação)construção de um Galpão, alguns equipamentos para os catadores e um caminhão(a
prefeitura doou). No entanto, são várias as dificuldades enfrentadas impedindo que a ações avancem
que são: falta de consciência da própria comunidade e falta de entendimento por parte da prefeitura
em colocar as questões ambientais como prioridade.
Quanto as ações após a elaboração do PMGIRS, a partir do ano de 2014, e de acordo com as
Diretrizes Gerais contidas no Plano o representante afirmou que quanto a Redução dos Resíduos
Sólidos Urbanos não existe uma forma de Triagem desses resíduos, apenas um galpão sem muita
estrutura. Não existe também o sistema compostagem tampouco ECOMPONTOS, apenas uma
proposta para coleta nas escolas. Assim observa-se que ainda não se cumpriu o que prevê o Plano
quanto a criação de dois núcleos de Triagem e quatro ECOMPONTOS. Também não há nenhuma
orientação para a Compostagem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O elevado índice de degradação ao meio ambiente tem se mostrado como um dos principais
problemas da atualidade. Isso porque o consumo desenfreado tem sido responsável pela contínua
produção de resíduos sólidos, que desencadeia uma série de ameaças à qualidade de vida do homem
através dos seus mais diversos impactos.
Todos esses desdobramentos têm mostrado a necessidade de desenvolver projetos que
conscientize a população, diminua o índice de resíduos gerados e elabore formas adequadas de
tratamento do lixo. Destarte, é imprescindível que todos os entes da federação desenvolvam, com
participação da sociedade, planos de gestão capazes de equacionar o enfrentamento da questão dos
resíduos sólidos nos seus respectivos territórios, estabelecendo estratégias gerenciais, técnicas
financeiras, operacionais, urbanas e socioambientais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, L. A. D.; NUNES JR, V. S. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2004.
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Campina Grande/UFCG. Campina Grande, 2008.
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ECOSAM – Consultoria em Saneamento Ambiental LTDA. LIMA, José Dantas de. (Coord.) Plano
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MEDEIROS JÚNIOR, G. & SILVA, José Irivaldo Alves O. Programa de Educação Tutorial e a
Multifaces da Gestão Contemporânea. Campina Grande: EDUEPB,2015.
MONTEIRO, José Henrique Penido... [et al] Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos
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MUCELIN, Carlos Alberto & BELLINI, Maria. Lixo e Impactos Ambientais Perceptíveis no
Ecossistema Urbano. In: Sociedade & Natureza, Uberlândia, 2(1), jun, 2008. Disponível em:
www. webeartigos.com. Acesso em 05 de set 2011.
RESUMO
A presente pesquisa se fundamenta em avaliar assistências de combate à seca em quatro
comunidades localizadas nos municípios de Milhã e Solonópole no Estado do Ceará Alto Mar,
Cruzeiro, Bom Jesus I e Alferes. Assistências de mitigação é definida como ação de ajudar
atenuando os efeitos da seca, de vir em auxilio, podendo ser identificadas na área quatro tipos
cisternas, açudes, poços e presença de carro pipas. Entre elas, apenas as cisternas, poços e carro
pipa são financiados por meio de recursos públicos, os açudes foram implantados com recursos dos
moradores. A partir de atividade de campo para levantamentos de dados, revisões bibliográficas e
uso de ferramentas de geoprocessamento obteve-se resultados que mostram uma grande
discrepância entre as assistências de mitigação existentes nas comunidades analisadas. A
comunidade Alto Mar se destaca por apresentar melhores estruturas com cisternas, açudes, poços e
carro pipas com boa articulação, tendo esta comunidade boa capacidade adaptativa a seca, enquanto
as outras três, continuam dependentes das cisternas.
Palavras chaves: Seca. Assistências públicas. Capacidade adaptativa.
ABSTRACT
the present research is based on evaluating assists to combat drought in four communities located in
the municipalities of Million and Solonópole of Ceará high seas, cruise, Good Jesus I and Ensign.
Mitigation assistance is defined as action to help mitigating the effects of drought, to come to help,
and may be identified in the area four tanks, ponds, wells and presence of cars. Among them, only
tanks, wells and pipa cars are financed through public resources the dams were deployed with
resources of the residents. From field activity for data surveys, literature reviews and use of
geoprocessing tools obtained results that show a huge discrepancy between the existing mitigation
assistance in communities analyzed. The community high seas stands out by offering best tank
structures, dams, wells and kite-flying cars with good articulation, having this community adaptive
capacity good drought, while the other three are still dependent on the tanks.
Keywords: Drought. Public assistance. Adaptive capacity.
INTRODUÇÃO
O semiárido nordestino engloba sete estados do Nordeste, entre eles o Ceará, historicamente
afetado por constantes estiagens e falta de políticas públicas adequadas a realidade da população,
comprometendo a qualidade de vida dos que abitam esta região. Muitas vezes faltam assistências
governamentais, sendo que, quando ocorrem são feitas de formas inadequadas com aplicação de
estudos gerais, com pouco eficácia na resolução efetiva de problemáticas, tendo em vista, a variação
dos efeitos gerados pelas secas e das diferentes necessidades de cada localidade. Para aplicação de
assistências que visem melhorar a capacidade adaptativa das comunidades que lidam com a seca é
preciso verificar quais ferramentas são apropriadas, assim como cita Eduardo Vivas, cientista
português.
As secas ocorrem em todo o globo de modos diferentes, ocasiona grandes impactos sociais e
econômicos em áreas como o semiárido cearense. Este evento é definido como um período longo
com baixos índices pluviométricos que ocasiona problemas ambientais e socioeconômicos. Para o
Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (2012) ―as secas são anuais ou plurianuais, totais ou
parciais, devendo-se sua maior ou menor abrangência espacial à suscetibilidade de um dado
território à variabilidade climática‖.
As localidades estudadas estão em duas unidades administrativas municipais diferentes,
Milhã e Solonópole no Estado do Ceará. O município de Milhã possui 13 063 habitantes com área
de 502 344 km2, o Produto Interno Bruto-PIB é de 45 500. O município pertence ao chamado
polígono das secas, possui vegetação do bioma caatinga, clima Tropical Quente Semiárido e
predominância de solos rasos, sua população tem como fonte de renda principal o serviço público e
a pecuária. (IBGE. 2012)
O município Solonopóle possui 17 663 mil habitantes, com área total de 1.536,15 km 2, e o
PIB é de 66 651. Sua vegetação predominante é a caatinga, possui solos rasos, seu clima é Tropical
Quente Semiárido com grande predominância de atividade agropecuária nas zonas rurais e
economia urbana voltada ao serviço público como o mais importante. (IBGE. 2012).
As comunidades Alto Mar, Cruzeiro estão situadas em Milhã, Bom Jesus I e Alferes em
Solonópole. Elas foram escolhidas devido a facilidade de acesso e por pertencerem a dois
municípios com maneiras de administração diferentes, com o intuito de analisar elementos de
assistência a seca de duas unidades administrativas do Estado. Este estudo se realiza em pequenas
unidades de análise, buscando uma avaliação especifica das potencialidades das áreas estudadas,
pois dessa maneira é possível identificar formas de melhorar a capacidade adaptativa da população.
PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS
Dois conceitos são norteadores deste estudo: Capacidade adaptativa, definido pela Noções
Unidas - ONU (2009) como ―La habilidad de la población, las organizaciones y los sistemas,
mediante el uso de los recursos y las destrezas disponibles, de enfrentar y gestionar condiciones
adversas, situaciones de emergencia o desastres‖ e assistência: que é definida pelo dicionário como
ação de ajudar, de vir em auxilio.
Esta pesquisa utilizou revisão bibliográfica voltada ao estudo das secas, e formas de
amenizar os problemas gerados por este evento natural, principalmente no semiárido nordestino.
Foram realizados estudos em campo com aplicação de questionários e uso de observação.
As quatro comunidades estão localizadas em dois municípios do Sertão Central Milhã e
Solonópole no Estado do Ceará. As localidades possuem distância de 16 quilômetros da sede destes
municípios, com distancia, entre elas de em média cinco quilômetros. A proximidade das áreas de
estudo favoreceu o levantamento de dados em campo, permitindo aferir as assistências de mitigação
existentes nas comunidades e a coleta de informações.
Foi utilizado questionário direcionada no formato de entrevistas aplicado nas 17 residências
habitadas com 5 perguntas, tendo o objetivo de obter informações dos moradores sobre os modos de
vida destes e quais as políticas de combate à seca que elas fazem uso em suas casas.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Alto Mar
Na comunidade Alto Mar foi constatado frequência mensal de carro pipas para
abastecimento das cisternas, e importante interligação delas com o poço que complementa o uso da
água para atividades diversas como banho, lavar roupas e para os animais. Nesta comunidade foram
identificadas 9 pessoas distribuídas em 3 casas das 5 residências existentes, sendo 2 abandonadas. A
área pode ser observada na figura IV e os dados na tabela II.
Figura III. Açude na comunidade Alto Mar. Figura IV: Mapa da comunidade Alto Mar. Machado
Machado Neto. 2016 Neto. 2016
Cruzeiro
Figura V. Cisterna na comunidade Cruzeiro. Figura VI. Mapa da comunidade Cruzeiro. Machado
Machado Neto. 2016 Neto. 2016
Alferes
Figura VII. Açude na comunidade Alferes. Figura VIII. Mapa da comunidade Alferes. Machado
Machado Neto. 2016 Neto. 2016
Bom Jesus I
Esta área faz parte do município de Solonópole, ela possui 15 moradores, 4 casas habitadas e
2 abandonadas. Mapeamento da comunidade na figura X e os dados na tabela II.
Figura VI. Açude na comunidade Bom Jesus I. Figura X. Mapa da comunidade Bom Jesus I.
Machado Neto. 2016 Machado Neto. 2016
Todos os entrevistados relataram que a renda da família foi muito afetada e que a qualidade
de vida neste período era regular em 10 famílias, ruim em duas e péssima em 3. Já em relação a
quais meios de obtenção de água temos os seguintes resultados: 2 famílias utilizando poços, 9
utilizando cisternas, 4 açudes e apenas duas com todas possibilidades existentes na região.
Os principais meios de renda destas localidades são a agricultura no período de inverno e
pecuária com produção permanente. Das 17 famílias 8 utiliza as duas formas, 1 apenas da
agricultura, muito exposta, e 8 famílias utilizando a pecuária que é fragilizada pela necessidade de
grande quantidade de água e massa vegetal, sendo que, ―os efeitos do desastre natural da seca sobre
as populações do semiárido nordestino particularmente as que vivem nas zonas rurais debilitam a
economia regional através das perdas na agricultura e na pecuária e, por extensão, nos demais
setores produtivos‖ (Vasconcelos et al, 2010, pg. 04).
Foram observadas poucas estruturas aumentando a exposição dos moradores, sendo a
maioria, cisternas, onde ―a construção de cisternas não responde a grandes demandas nem ao
incremento de garantia de oferta dos grandes usos, como irrigação, aglomerados urbanos ou polos
industriais, por outro lado representa um importante recurso para demandas dispersas‖ (Araújo et al,
2005, pg. 299), sendo de origem dos recursos municipais apenas as cisternas e carro pipas tendo na
comunidade Alto Mar um poço perfurado com recurso público no geral se registrou poucas
assistências publicas efetivas.
As comunidades Bom Jesus I e Cruzeiro sofrem com a falta de articulação das estruturas,
tendo apenas como assistências publicas as cisternas e presença de carro pipas mensais, não
possuindo articulação entres os açudes e o único poço existente tem origem privada, sendo esta falta
de poços, condição para a diminuição da capacidade adaptativa. Já no Alferes o maior problema é a
dependência de um único açude e poucas cisternas, fragilizando este local. A comunidade Alto Mar
se mostrou com melhor resiliência com todas as assistências existentes detectadas no estudo, tendo
uma boa articulação entre elas.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
CEARÁ. O caminho das águas nas rotas dos carros pipas. [Entre 2006 e 2010], p. 15-102.
CHARLES, A. José; DE SÁ, L. A. C. Marques. Redefinição dos limites censitários das vilas e
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Florianópolis: CEPED UFSC, 2014. Pg. 31 a 67 de 242.
RESUMO
A realidade brasileira de pessoas com deficiência intelectual se desdobra de forma diferente dos
demais em diversos quesitos. A atuação destes em situações do cotidiano é, por muitas vezes,
comprometida pela falta de aplicação e conhecimento daqueles que os circundam, trazendo
prejuízos em detrimento dos demais. A educação ambiental porta-se como ferramenta fundamental
para a mudança de paradigma em aplicação de atividades correlatas com situações cotidianas, e é
utilizando esta educação que se pautará a análise das interações com esse público alvo e a
sociedade. Dessa forma, o presente artigo procura estudar as políticas públicas de inclusão social e
sua efetividade na vida de jovens com deficiência intelectual para entender sua realidade e pautar
uma discussão atrelada às suas reais necessidades, buscando, por meio da educação ambiental,
aumentar o potencial de mobilização para uma inclusão digna e pessoal.
Palavras Chave: Políticas públicas, inclusão social, educação ambiental.
ABSTRACT
The Brazilian reality of people with intellectual disabilities unfolds differently from the other
quests. An update in everyday situations, many times, compromised by lack of application and
knowledge of those who surround, bringing losses to the detriment of others. Environmental
education is a fundamental tool for a paradigm shift in the application of related activities to
everyday situations, and it is to use this education and analyze the analysis of interactions with this
public and a society. Thus, the present article seeks to study how public policies of social inclusion
and their effectiveness in the lives of young people with intellectual disabilities to understand their
reality and guide a discussion linked to their real needs, seeking, through environmental education,
to increase the potential of Mobilization for dignified and personal inclusion.
Keywords: Public policies, social inclusion, environmental education.
INTRODUÇÃO
de entendimento por aqueles que não veem o mundo por esta ótica, de modo a conferir a estes
condições de vida equiparadas com o restante da sociedade, no que tange ao desenvolvimento e
qualidade nas interações sociais.
Dessa forma, tentativas educativas de inclusão social tem se erguido pelos pais e
educadores, que em maior contato com estes, sentem a necessidade de resgatar o respeito e a
dignidade que a todo ser humano se confere, dando a estes acesso aos recursos provenientes da
sociedade em que convivem (CAZZANIGA, 2000).
Para que tais tentativas de inclusão atinjam a todos e garantam, em sua totalidade, os direitos
do cidadão com deficiência intelectual há a necessidade de que as políticas públicas - responsáveis
pela ação estratégica que envolve Estado e sociedade - sejam adotadas e seguidas por toda a
sociedade inserida no poder deste Estado. A Constituição Brasileira de 1988 institui como
competência do Poder Público, no capítulo VI, a obrigatoriedade da Educação Ambiental em todos
os níveis de ensino e a preservação do meio ambiente como agente de conscientização social.
Para entendermos a Política Pública de Inclusão Social devemos entender o termo ―social‖
de modo que não se aplique exclusivamente a pobreza ou a discriminação por condição, mas que
inclua todas as espécies, indivíduos pertencentes a um contexto comum. Dessa forma, inclusão
social abrange qualquer ação inclusiva daquele que foi marginalizado ou possui dificuldades de
participação de questões sociais da vida cotidiana. Significa tornar essas pessoas excluídas
participantes da vida social, política e econômica. (MENEZES, 2008).
É inevitável que o homem altere o ambiente em que vive já que é nele que existimos. No
entanto não existe consenso quando o assunto é definição exata de ambiente, pois este é moldado
segundo os interesses de quem sugere a definição. Adotando o conceito técnico, utilizado pelos
cientistas, temos o ambiente como um conjunto de sistemas físicos e biológicos se contrastando
com o os sociais, políticos e econômicos, propondo uma interação orgânica entre estes que
pressupõe uma interdependência (TORRES, M. L., 2015).
Desse modo não há como dispensar o viés ambiental quando discutimos interações do ser
humano - Social - com o meio em que habita e se relaciona com os demais sistemas. A educação
ambiental funciona como um processo que relaciona o ser social e suas particularidades ao
ambiente que o circunda, sendo este componente do indivíduo em sua totalidade. O PNEA (Política
Nacional de Educação Ambiental), instituída pela Lei Federal n. 9795/1999, traduz bem essa inter-
relação: ―Educação ambiental é um processo por meio dos quais o indivíduo e a coletividade
constroem valores sociais, conhecimentos e habilidade, atitudes voltadas para a conservação do
meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade‖.
Portanto, o processo de educação ambiental permite a construção de valores e conceitos, que
se desdobram em habilidades e atitudes que possibilitam que o agente social entenda a realidade de
vida de forma lúdica e se posicione no meio que vive. (LOUREIRO, 2000). O que se observa
quando se utiliza a educação ambiental como precursora de melhoria e mudança de paradigma são
processos práticos e reflexivos que se consolidam em valores favoráveis a justiça social e a
valorização da vida.
Utilizando então a educação ambiental do pertencimento, da responsabilidade cidadã e do
auto reconhecimento pode-se entender aqueles que enxergam o mundo por outra ótica - deficientes
intelectuais - e dialogar com a inclusão social que os fará se sentirem cidadãos efetivos e
conscientes e, nos fará acessíveis a estes.
para se desenvolver no mundo. Em toda a história social das civilizações temos as mesmas cisões
no que tange a condição do ser humano. Olhando para isso, o que se espera de uma sociedade
inclusiva é não haver uma concepção apenas física do indivíduo em comunidade, mas sociocultural
(SCHUTZ, 1979).
As trocas sociais que o indivíduo vivencia desempenham papel importante no
desenvolvimento. O significado de social está muito ligado ao de grupo o qual traz o sentimento de
pertencer a situações com costumes e normas vivenciados por algumas pessoas que compartilham
dos mesmos interesses e dispõe de papéis que geram aceitação do restante. O que nota-se com
frequência é a adequação de um indivíduo para ser aceito em um grupo, ficando evidente que
grande parte da vida social advém das normas dos outros (ROJAS, 2001).
A condição social do indivíduo com deficiência intelectual é determinada pelos agentes
sociais que limitam suas atuações sociais às escolas especiais e não o reconhecem como ser social.
Muitas vezes o deficiente intelectual não possui elementos da sociedade em que está inserido,
limitando sua participação e o impedindo de construir uma experiência compartilhada com os
agentes de sua comunidade.
Desde os relatos das primeiras civilizações organizadas a sociedade busca um padrão tanto
comportamental quanto estético para os indivíduos que dela fazem parte. Quando se tem um desvio
desse padrão desconfortos são causados. A deficiência intelectual se apresenta como uma variedade,
mostrando que não pode ser inserida em um padrão comportamental nem mesmo comparado a
outros portadores pois estes são indivíduos únicos, com experiências próprias decorrentes do meio
em que vivem e sua condição. Marin et al, (2009) abordam a fundo essa relação indivíduo e
sociedade:
"Nossa interação com o mundo é emotiva, volitiva, imagética, mas só nos concebemos
como seres racionais. Não percebemos nossa própria integralidade na nossa relação com o
mundo. É pela consciência que julgamos nos vincular ao mundo, mas de fato, nossa
consciência nada pode dizer de grande parte das nossas vivências no mundo. Nosso corpo,
é testemunha viva de toda nossa história, é materialização dos efeitos que o meio tem sobre
nós, é matéria da mesma natureza que o mundo, é por ele atravessado a todo instante, corpo
e consciência inseridos como unicidade num mundo que afeta não só como sujeitos
cognoscentes, mas como corpos viventes. Mudar nossa relação com o mundo não é mudar
somente nossa consciência, mas também a forma como nos entregamos afetivamente ao
mundo."
deficientes. Para os espartanos os fracos e imperfeitos deveriam ser eliminados. Por muito tempo, as
sociedades estabelecidas tinham como estrutura geral os nobres, a realeza versus os servos,
escravos, o que nos permite inferir que se essa categorização era feita de forma genérica, incluía
também os deficientes. Aparentemente temos os portadores de deficiência basicamente a mercê
daqueles que faziam caridade, estando excluídos da sociedade.
A partir da promoção de políticas públicas atreladas às necessidades de jovens com
deficiência intelectual pode-se, através do planejamento e gestão promover estratégias aplicadas
inclusive ao espaço que estes ocupam na nação (RODRIGUES; SILVA, 2013). Dessa forma,
promovendo discussões e abrindo espaço para conhecer essa população deficiente, pode-se
realmente entender suas carências e alcançar o que chamamos de inclusão.
Criando espaços nas comunidades com atividades enriquecedoras, recreativas e
potencialmente voltadas para estes jovens concebe-se um relacionamento entre os promotores deste
e os portadores de deficiência, de modo a haver um real entendimento do cotidiano de ambos e uma
incorporação à suas bagagens pessoais.
Aparentemente se torna complicado concretizar essa realidade de modo que seja efetiva,
mas é através da educação ambiental que isso se viabiliza e se torna palpável e eficiente. Cascino
(2013) sintetiza como essa inter-relação é possível quando diz que a educação ambiental aspira
entender ambientes de maneira não excludente, mas agregada aforando o respeito e a igualdade nas
relações a fim de, através do diálogo livre e estruturado, opor-se às polêmicas e controvérsias que
sejam instauradas.
Nestes espaços todos são beneficiados pois adquirem conhecimento de vida na participação
do olhar o mundo pela ótica do outro, daquele que é diferente de mim. Assim, em uma primeira
etapa há análise sendo realizada através da aproximação orgânica e diluída que as próprias
atividades proporcionam, de modo que sejam identificadas as necessidades dos jovens portadores
de deficiência intelectual.
A etapa seguinte consiste na intervenção dirigida através de atividades relacionadas à análise
anterior atrelada a autonomia dos jovens diante destas. Por meio de atividades da vida cotidiana
como preparar alimentos, cuidados com a casa, higiene pessoal, lazer, planejamento financeiro bem
como outras atividades consideradas fundamentais para se viver uma vida independente vai se
observando o reagir dos deficientes e a incorporação destes ensinamentos em sua vida.
Como última etapa dá-se o processo de empoderamento pois o jovem já está tão inserido em
um grupo heterogêneo, com pessoas deficientes e não deficientes, e habituado com as práticas de
vida, as normas de conduta e os princípios do meio que está inserido que pode, agora, ser orientador
de outros tendo como evidência sua própria experiência pessoal. Munindo a comunidade com tais
experiências alcançamos o propósito de dispormos de cidadãos conscientes e pensantes que podem
não só cumprir seu papel sendo inclusivos e humanos, como promovendo e lutando por incentivar e
ensejar políticas públicas inclusivas atreladas às necessidades reais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A discussão levantada neste artigo representa uma tentativa engajada de ampliar o conceito e
atuação da educação ambiental de forma prática e incorporada a realidade de uma comunidade
jovem e deficiente intelectual que faz parte da sociedade-estado e que não foi absorvida a este
ambiente.
O meio pelo qual se pode alcançar o maior número de pessoas favorecidas se dá através das
políticas públicas que tem como propósito difundir e legitimar ações para um bem comum.
Portanto, cabem à sociedade civil organizada, bem como aoEstado oferecer serviços que sejam
necessários aos indivíduos com deficiência intelectual garantindo interação com o restante da
comunidade e perpetuação de propostas inclusivas inovadoras e vitais. A identificação de tais
políticas públicas inclusivas atreladas à realidade dos deficientes intelectuais só se dará de maneira
satisfatória se incorporada ao processo de participação e interiorização.
Fica demonstrado que através da educação ambiental que traz o indivíduo a analisar o meio
ambiente como seu meio e as interações com este meio e outros seres como criadores de bagagens
pessoais, leva a mudança com objetivo prioritário de transformar o próprio indivíduo. Assume-se a
importância do envolvimento com a comunidade a fim de buscar integração, mas a verdadeira
transformação ocorre quando o indivíduo se torna protagonista de sua experiência de vida.
REFERÊNCIAS
MARIN, A. A.; PEREIRA, C. A. Revista eletrônica Mestrado Educação Ambiental ISSN 1517-
1256, v. 22, janeiro a julho de 2009.
CASCINO, F. Educação Ambiental: princípios, história, formação de professores. 3.ed. São Paulo:
Editora Senac São Paulo, 2003, 112 p.
RESUMO
A realidade das condições de trabalho de catadores de materiais recicláveis é bastante preocupante
uma vez que a precariedade da infraestrutura do trabalho termina por ameaçar a saúde destes.
Diante dessa conjuntura, este trabalho objetiva avaliar as condições de trabalho que catadores
vinculados a uma associação de materiais recicláveis, no interior do Rio Grande do Norte, estão
submetidos. A pesquisa foi realizada por meio da aplicação de um formulário, uma entrevista,
análise documental e posteriormente, observado os processos da atividade em conjunto dos
trabalhadores. A pesquisa utilizou as técnicas de Observação Direta Intensiva/Extensiva e a
documentação indireta. No total, 11 trabahadores são associados deste organização de modo que
(10/11) estão diretamente nos processos produtivos e (1/11) é o presidente da associação. Quanto
aos riscos ocupacionais, foi identificado que esses trabalhadores estão expostos a todos os riscos
ambientais (físicos, ergonômicos, de acidentes, biológicos e químicos). Quanto às doenças foram
identificados dermatites cutâneas, hérnias de disco, problemas de respiração, leishmaniose, tétano e
bursite. Quanto às medidas de mitigação, sugere-se: Formalização dos trabalhadores, criação do
PPRA e PCMSO, com o treinamento, mapa de risco, sinalização, utilização dos EPIs e realização
dos exames. Todas essas medidas passam pelo apoio municipal junto a associação.
Palavras chave: Catadores, Condições de Trabalho, Política Nacional dos Resíduos Sólidos.
ABSTRACT
The reality behind employment conditions of recyclable waste pickers is concerning since the
precariousness of work environment infrastructure ends up threatening their health. Given this
situation, this study aims to evaluate the work conditions faced by recyclable waste pickers
integrated into a recyclable materials association, in the countryside of Rio Grande do Norte state.
The qualitative-quantitative research was carried out through the application of a form and an
interview, and then the activity processes were observed and applied together with the employees.
The research employed the techniques of Direct Intensive/Extensive Observation and
Indirect documentation. In total, 11 workers are members of this organization so that (10/11) are
directly in the productive processes and (1/11) is the association president. Regarding occupational
hazards, it was identified that these workers are exposed to all environmental risks (physical,
ergonomic, mechanical, biological and chemical). As for the diseases were identified Dermatitis,
cutaneous, disk hernias, breathing problems, leishmaniosis, tetanus and bursitis. Regarding the
mitigation measures, it is suggested: Formalization of employees, creation of PPRA and PCMSO
and with training, risk map, signalling, use of PPE and health screening. All these measures are
supported by the municipal association.
Keywords: Waste pickers, Work Conditions, National Solid on waste policy.
INTRODUÇÃO
varrição não perigoso, sucata de metais ferrosos, borrachas, espumas, materiais cerâmicos, vítreos.
Enquanto os Resíduos de Classe II-B são aqueles que não se solubilizam quando em contato
dinâmico com a água, tais como rochas, tijolos, vidros, entulho/construção civil, luvas de borracha,
isopor (ABNT, 2004).
A soma da quantidade dos resíduos, conjuntamente com a natureza (composição), conforme
classificado pela NBR 10004/2004, são fatores que determinam como deve ser o tratamento e a
destinação final ambientalmente adequada desses resíduos sólidos urbanos. No entanto, outros
fatores adjacentes influenciam esse processo, tais como, a infraestrutura, as políticas de incentivo, a
gestão dos resíduos sólidos pelos governos e os trabalhadores diretamente envolvidos nesse
processo. Então, não abstraído desta realidade, o Brasil, atento a complexidade da questão dos
resíduos sólidos, somando com a deficiência estrutural que terminam por comprometer os esforços
no sentido da mitigação dos impactos ambientais negativos e, sobretudo, atento aos atores sociais
envolvidos nessa atividade, participa desse debate e implementa políticas que atuem nessa direção.
Dentre essas medidas, mais especificamente dos resíduos sólidos, ressalta-se a Política Nacional dos
Resíduos Sólidos (PNRS).
Nessa perspectiva, a Lei Federal 12.305/10 instituiu a PNRS, buscando, por meio de
princípios, objetivos, instrumentos, medidas, instituir um novo horizonte na questão da gestão dos
resíduos sólidos. Dentre as medidas previstas pela PNRS, está a obrigatoriedade da criação e
implementação dos Planos de Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos e os Planos de Gerenciamento
dos Resíduos Sólidos, nas dimensões estaduais e municipais e inseridos neles, devem estar os
sistemas de logística reversa, a coleta seletiva, a responsabilidade compartilhada desde a geração,
até a destinação final ambientalmente adequada e, principalmente, o fomento à criação das
cooperativas e associações de catadores de materiais recicláveis (BRASIL, 2010).
Nesse contexto, o catador ocupa eixo central dentre os atores sociais envolvidos na gestão
dos resíduos sólidos urbanos. A atividade é regulamentada desde 2002 (Classificação Brasileira de
Ocupações – CBO nº 5.192-05) e tem como função coletar, separar, classificação, processar e
comercializar resíduos reutilizáveis, recicláveis e reaproveitáveis, de modo a contribuir
essencialmente para o gerenciamento dos resíduos sólidos dos munícipios (BRASIL, 2002). Devido
a natureza e quantidade das mais distintas e a precariedade das condições de trabalho impostas aos
catadores, no mesmo passo em que a questão de saúde e segurança no trabalho tem sido
problemática, estudar as condições de trabalho tem sido cada vez mais objeto de debate em todos os
segmentos econômicos, em especial, no setor de reciclagem relacionados as associações e
cooperativas.
Segundo estudos relacionados a atividade de catador de materiais recicláveis realizados pelo
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), os catadores, durante a atividade laboral, estão
submetidos a uma série de riscos ambientais. Os riscos ambientais são classificados como: físicos,
químicos, biológico, ergonômico e de acidentes. Esses riscos ambientais são personificados na
exposição ao calor, a umidade, os ruídos, a chuva, o risco de quedas, os atropelamentos, os cortes e
a mordedura de animais, o contato com cobras, ratos, moscas e agentes microbiológicos, o mau
cheiro dos gases, a fumaça que exalam dos resíduos acumulados, principalmente do chorume, a
sobrecarga de trabalho e levantamento de peso, as contaminações por materiais perfurocortantes,
embalagens de produtos químicos e etc (IPEA, 2013). Vale salientar que a ausência de educação
ambiental e de gerencimento adequado dos resíduos pelo poder público sobressaltam tais riscos,
uma vez que os resíduos não chegam com triagem prévia, fazendo com que os catadores tenham
contato com agentes infectobacteriológicos como por exemplo, agulhas e seringas contaminadas,
que não deveriam ser destinadas a estas organizaçoes, podendo ocasionar contágio de doenças.
Em combate a essa exposição aos riscos ambientais, o Ministério de Trabalho desenvolve,
por meio das Normas Regulamentadoras (NRs), mecanismos e instrumentos de proteção ao
trabalhador. Essas normas são compostas atualmente por 36 NRs que vão sendo paulatinamente
atualizadas em decorrência das adequações das demandas que vem surgindo. Dentre as Normas
Regulamentadoras, destaca-se a NR 9 (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA). A
NR 9 estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação de um plano de proteção, com
engajamento do empregador, empregado e instituição visando à proteção ou minoração dos
impactos negativos da exposição aos riscos ambientais a saúde do trabalhador, de modo que esteja
articulado com o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), conforme
previsto na NR-7 (BRASIL, 1978b; BRASIL, 1978c).
Em adiação a estas, as NR-6 cujo objetivo é a utilização dos Equipamentos de Proteção
Individual (EPI) adequados a atividade e que deve possuir Certificado de Aprovação (CA). Os EPIs
visam à proteção individual do trabalhador ao contato com agentes agressivos a sua integridade
física e mental (BRASIL, 1978a). Além dos EPIs, a NR-15, cujo objetivo é conjecturar as
condições de insalubridade, estabelece que os trabalhadores submetidos a insalubridade ganhem um
adicional que varia de 10 a 40% do vencimento básico até que o agente causador de insalubridade
seja cessado. Para a atividade de catador o adicional é máximo, portanto, 40% do vencimento
básico, em razão do risco iminente à saude do trabalhador (BRASIL, 1978d).
Diante desse contexto desafiador, o presente trabalho tem como objetivo avaliar às de
condições de trabalho que catadores de materiais recicláveis organizados em uma associação,
localizado no interior do Estado do Rio Grande do Norte, estão submetidos.
METODOLOGIA
Área de estudo
Procedimento da pesquisa
Para coleta das informações, foram realizadas duas visitas à Associação, nos dias 11 e 12 de
novembro de 2016. No primeiro dia, foi realizada a aplicação de um formulário e efetuado
entrevista com cada associado. O formulário é enquadrado como estruturado, organizado em
perguntas relacionadas à estrutura de trabalho da associação. A entrevista com os catadores deu-se
no sentido de coletar a percepção dos associados quanto às condições de trabalho. Posteriormente,
foi observado o processo de trabalho e identificado as condições em que o trabalho é executado,
bem como os riscos ocupacionais de cada etapa de trabalho. Também foram analisados os dados
documentais da associação com o intuito de verificar os números de acidentes e afastamentos que
ocorreram nos anos de 2015 e 2016. A pesquisa abrangeu todos os trabalhadores associados, em um
total de 11 pessoas.
A pesquisa adotou como artifício metodológico as técnicas da Observação Direta Intensiva e
Extensiva, assim como, a documentação indireta (MARCONI; LAKATOS, 2005).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Estrutura de Trabalho
A Associação, objeto deste estudo, atua no ramo de coleta de materiais recicláveis na cidade
em questão desde 2014. Os catadores desempenham suas funções no período de segunda à sexta. O
turno de trabalho é compreendido no período das 6h às 17h, com pausa para almoço das 11:30h às
13h. O material é advindo do perímetro urbano, realizando coleta em três bairros da cidade. A
referida Associação possuía, no período da pesquisa, 11 catadores associados, sendo 10 ligados ao
processo produtivo e 1 responsável pela parte administrativa, exercendo o cargo de presidente.
Segundo a Associação, o trabalho dos catadores consiste em 6 etapas: coleta, transporte,
triagem, compactação, armazenamento, comercializção. A primeira etapa da coleta é recolhido casa
a casa dos bairros material com potencial para ser comercializado, em especial, garrafas PET
(Polietileno tereftalato), papelão, alumínio (panelas, utensílios doméstico) e cobre (fiação de
Riscos ocupacionais
Quando interpelados sobre os riscos ocupacionais, houve diversos riscos observados. Tais
riscos podem são enquadrados nos riscos ambientais, de modo que todos os grupos de riscos foram
observados. Os riscos ambientais e profissionais são agrupados em cinco categorias: riscos físicos,
riscos químicos, riscos biológicos, riscos ergonômicos e riscos de acidentes. Nesse sentido, o
Quadro 1 mostra os riscos ambientais observados.
Doenças Ocupacionais
Na perspectiva dos riscos ocupacionais, muitas questões estão inseridas. Segundo Santos e
Anjos (2001), o trabalho de catador inflige ameaça a sua integridade física e mental. Por esta razão,
deve-se investigar a fundo os riscos e os possíveis danos que a natureza da atividade e ao mesmo
tempo, as condições de trabalho, implicam ao trabalhador.
Nesse sentido, quando questionados sobre os riscos, (11/11) afirmaram que a atividade traz
riscos a sua saúde. Quanto aos quais riscos que estão submetidos, (7/11) disseram que os maiores
riscos estão relacionados ao contato com os materiais, enquanto (3/11) respondeu que a jornada de
trabalho pesada é a maior causa de problemas a saúde. Quanto ao maior temor no manejo dos
resíduos, (4/11) afirmaram sofrer picada de animais peçonhentos, (3/11) ser infectado por uma
bactéria, (2/11) adoecer e ficar sem poder trabalhar e (2/11) cortar-se com um material
perfurocortante e contrair uma doença grave. Quanto aos acidentes, (3/11) sofreram picada de cobra
e escorpião, (3/11) sofreram com queda de material prensado nos pés no transcorrer da etapa de
armazenamento dos materiais, (2/11) dores fortes nas costas e articulações e (2/11) sofreram com
descamação da pele e dificuldade de respiração. Quanto aos afastamentos, a maioria disse que
nunca se afastou do trabalho em tempo superior a 30 dias, no entanto, alguns atestados médicos já
foram emitidos devido os trabalhadores apresentarem quadros de infecção, dores nas costas e picada
de animais peçonhentos. Segundo Nogueira, Silveira e Fernandes (2017), os catadores tem ciência
dos riscos envolvidos, das condições de trabalho precárias, demonstram sua insatisfação e procuram
outros empregos, mas como não conseguem, só permanecem na atividade pois é a única forma de
obter renda.
Segundo a presidente da associação, houve 19 atestados médicos, com média de 1,72 casos
por catador contabilizados em 2016. No ano anterior, o total de atestados foi 12 casos, em um
universo de 13 associados, com média de 0,92 casos por catador. Em comparação com os dois anos,
houve aumento no número absoluto de adoecimentos (aumento de 7 casos), como também nos
números relativos proporcionais ao número de trabalhadores (aumento de 0,81 nos casos por
catador). Esses números revelam aumento dos casos de adoecimento em razão de doenças do
trabalho em função das condições precárias de exposição aos riscos do manejo de resíduos urbanos
sem a devida proteção. Vale salientar que boa parte dos afastamentos não são justificados com
atestado médico, pois muitos catadores negam-se de ir ao médico, comunicando apenas a presidente
sobre sua ausência.
Quanto às doenças, alguns trabalhadores apresentaram quadros de doenças graves: (3/11)
demartites cutâneas, (2/11) hérnia de disco, (1/11) problemas de respiração, (1/11) leishmaniose,
(1/11) tétano e (1/11) bursite. O restante dos trabalhadores (2/11) afirmaram não ter tido nenhum
problema do gênero ou do grau, mas relataram ter sido acometidos por gripes, alergias, coceiras,
dores de cabeça. Também foi identificado que dois associados do ano de 2015 foram solicitaram
desligamento da associação devido terem sido acometidos por doenças graves, que impossibilitaram
permanecer trabalhando em contato com os resíduos.
Medidas Mitigadoras
utilização dos EPIs também é uma prerrogativa obrigatória como segurança do trabalhador,
conforme regido pela NR-6 (BRASIL, 1978a).
Como medida adjacente, elaborar e instalar o Mapa de Risco. Segundo a Secretaria de
Gestão e Planejamento do Estado de Goiás (SEGPLAN, 2012), o Mapa de Risco é um importante
instrumento nesse sentido, cujo objetivo é reduzir o número de acidentes de trabalho e danos a
saúde do trabalhador, em razão da visualização geral dos riscos que o trabalhador vai deparar-se no
desempenho da atividade laboral. Para a SEGPLAN, são seis etapas para criação e implementação
de um Mapa de Risco: Conhecer o processo de trabalho no local analisado; identificar os riscos
existentes no local analisado; identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia; identificar
os indicadores de saúde; Conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local; Elaborar o
Mapa de Riscos, sobre o layout do órgão, indicando através de círculos o grupo a que pertence o
risco, de acordo com a cor padronizada. Uma vez elaborado o Mapa de Risco, deve-se localizá-lo
estrategicamente para que os catadores tenham fácil acesso à visualização, bem como, deve ser
monitorado constantemente para realizar alterações em função da ocorrência de outros riscos
(SEGPLAN, 2012).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, foi observado que a atividade de catadores de materiais recicláveis apresentam
adversidades no que concernente às condições de trabalho. Os riscos ocupacionais inseridos na
atividade laboral pertencem a todos os grupos de riscos ambientais e profissionais, sendo de
natureza física, ergonômica, químico, biológico e de acidentes. Esses riscos estão personificados
pelo calor, esforço físico extenuante, carga sonora elevada,cheiro proviniente do chorume, posturas
inadequadas, cortes rasos ou profundos, quedas de pilhas de resíduos, perfurocortante, agulhas entre
outros. Quanto aos acidentes, destacam-se picada de cobra e escorpião, queda de material prensado,
dores fortes nas costas e articulações e descamação da pele e falta de respiração. Quanto às doenças,
predominância de dermatites cutâneas, hérnia de disco, problemas de respiração, leishmaniose e
tétano. Embora não ter ocorrido afastamentos com direito a auxílio doença, houve afastamentos
intermitentes. Os resultados sugerem aumento dos casos de adoecimento dos trabalhadores.
Inclusive, houve associados que saíram da organização por doenças ocupacionais.
Diante dessas ameaças a saúde e a segurança do trabalhador sugerem-se como medidas
atenuadoras dos danos: implementação PPRA, do PCMSO nos conformes das NR-9 e NR-7,
respectivamente. Associados a esses programas devem conter capacitação técnica compatível com a
atividade de catador, a utilização correta dos EPIs, a realização de exames admissionais e periódicos
e como complemento, elaboração e implementação de um Mapa de Risco do galpão. Todos essas
medidas devem contar com apoio da prefeitura municipal, conforme estabelecido pela PNRS.
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RESUMO
O programa de aquisição de alimentos (PAA) tem se destacado nacionalmente por beneficiar
agricultores familiares, inserindo-os no mercado através da compra de seus produtos. Neste sentido,
objetivou-se com o presente trabalho realizar um levantamento do número de agricultores
participantes do referido programa (PAA) no Maciço de Baturité, Ceará. Os dados para esta
pesquisa foram coletados no sistema PAA DATA, sendo estes referentes ao período de 2011 a
2015. Nesta plataforma foram reunidas informações relacionadas ao número de agricultores
beneficiados por este projeto, conforme dois modelos de execução estadual: por convênio e por
termo de adesão. Através de uma análise dos dados, foi possível identificar que a sub-região dos
Vales/Sertão é a que apresenta o maior número de agricultores vinculados ao PAA, 959 no total.
Apesar do maior número de agricultores vinculados, a sub-região referida apresenta o maior índice
de municípios sem associados, com 33,3% juntamente com a sub-região Serrana que apresenta 20%
dos seus municípios sem nenhum cadastro. De acordo com esses resultados, supõe-se que muitos
agricultores ainda não conhecem o PAA no Maciço de Baturité, podendo isso, explicar os números
tão baixos para alguns municípios. Deste modo, espera-se que com a divulgação destes dados, seja
elaborada e realizada, por parte dos gestores municipais e estaduais, uma maior divulgação desse
programa na região, a fim de aumentar o número de agricultores cadastrados e beneficiados.
Palavras-chave: Agricultura familiar; Desenvolvimento rural; Políticas públicas.
ABSTRACT
The food acquisition program (PAA) has been nationally renowned for benefiting family farmers,
inserting them in the market through the purchase of their products. In this sense, the objective of
this work was to survey the number of farmers participating in the program (PAA) in the Baturité
Massive, Ceará. The data for this research were collected in the PAA DATA system, and these are
related to the period from 2011 to 2015. On this platform were gathered information related to the
number of farmers benefited by this project, according to two models of state execution: by
agreement and by term of accession. Through a data analysis, it was possible to identify that the
Vales/Sertão sub-region is the one with the largest number of farmers linked to the PAA, 959 in
total. Despite the greater number of tied farmers, the referred sub-region presents the highest index
of municipalities without associates, with 33.3% along with the Serrana sub-region that presents
20% of its municipalities without any cadastre. According to these results, it is assumed that many
farmers still do not know the PAA in the Massif de Baturité, being able to explain the numbers so
low for some municipalities. Thus, with the dissemination of these data, it is expected that
municipal and state managers will elaborate and carry out a greater dissemination of this program in
the region, in order to increase the number of registered and benefited farmers.
Keywords: Family farming; Rural development; Public policy.
INTRODUÇÃO
O território rural do Maciço de Baturité possui uma área de 3.709 km² sendo, por sua vez,
composto por treze municípios: Acarape, Aracoiaba, Aratuba, Barreira, Baturité, Capistrano,
Guaramiranga, Itapiúna, Mulungu, Ocara, Pacoti, Palmácia e Redenção. Esses municípios são
organizados em três sub-regiões homogêneas: Serrana: Aratuba, Mulungu, Guaramiranga, Pacoti e
Palmácia; dos Vales/Sertão: Aracape, Redenção, Baturité, Aracoiaba, Capistrano e Itapiúna e de
transição (Sertão / Litoral): Barreira e Ocara (MDA, 2010; SABINO, 2013).
Historicamente, a atividade econômica com maior oferta de postos de trabalho na região tem
sido a agricultura familiar. Encontra-se notadamente a horticultura na área serrana, devido ao relevo
acidentado e a exploração de grãos, caju e cana-de-açúcar nas regiões dos vales/sertão e de
transição. No entanto, hoje, um significativo percentual da população (55%) que sobrevive da
exploração de atividades rurais, não é capaz de prover renda suficiente para a sua subsistência
(CEARÁ, 2003).
A falta de incentivos sociais e econômicos encontrados pelo pequeno agricultor (TENÓRIO,
2011), associados, ao baixo nível tecnológico e a organização comercial dos produtores, reduz a sua
competitividade promovendo posteriormente, um processo de desvinculação do setor e migração da
população da zona rural para a periferia dos núcleos urbanos em busca de oportunidades de
emprego. Esses fatores acabam provocando posteriormente diversos problemas socioeconômicos,
que por sua vez, afetam a sociedade de forma geral.
No Brasil, a insuficiência de políticas públicas voltadas à área rural, ao fortalecimento da
agricultura familiar, e a falta de incentivo/atrativo à permanência de homens/mulheres sejam jovens,
adultos, crianças ou idosos no campo, vem contribuindo para que a população urbana cresça a cada
ano em um ritmo acelerado (SILVA et al., 2006; ABRAMOVAY et al., 1998). Visando atender a
finalidades como: o incentivo a agricultura familiar, promovendo a sua inclusão econômica e social,
com fomento à produção com sustentabilidade, incentivo ao processamento da produção e à geração
de renda, incentivo do consumo e a valorização dos alimentos produzidos pela agricultura familiar
surgiu o programa de aquisição de alimentos (PAA) com uma série de modalidades (MDS, 2014).
De acordo com Grisa et al. (2009), a criação do Programa de Aquisição de Alimentos da
Agricultura Familiar (PAA) em 2003 resultou de uma confluência entre dois debates importantes da
METODOLOGIA
Esta pesquisa configura-se como sendo de caráter quantitativo. De acordo com Richardson
(1989), a pesquisa quantitativa caracteriza-se pelo emprego da quantificação, possuindo como
diferencial, a intenção de garantir a precisão dos trabalhos realizados, conduzindo-os a um
resultando com poucas chances de distorções.
Os dados utilizados na elaboração do presente trabalho foram coletados com base no sistema
PAA DATA, sendo estes referentes ao período de 2011 a 2015. Nesta plataforma foram reunidas
informações referentes ao número de agricultores beneficiados nas três sub-regiões do Maciço de
Baturité, Ceará, conforme dois modelos de execução estadual: por convênio e por termo de adesão.
Com estas informações realizou-se um comparativo entre o número de agricultores cadastrados.
O PAA DATA é um Sistema Integrado de Informações (SII), que foi desenvolvido com o
objetivo de dar suporte ao monitoramento, à gestão e ao planejamento. Além de apresentar ao
público informações sobre o PAA considerando todos os executores do programa. Esses executores
são: CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), Estados e Municípios. O sistema PAA
DATA permite, ainda, consultar dados desagregados por estados e municípios, apresentando
informações sobre agricultores fornecedores, tipo de produtos, recursos, entidades beneficiadas,
volume de produtos comercializados, entre outras.
No intuito de delimitar o objeto da pesquisa, foram selecionados dois modelos de execução
do programa de aquisição de alimentos: a execução estadual por meio de convênio e a execução
estadual por meio do termo de adesão. Vale ressaltar que a presente delimitação foi realizada com
base no modelo de execução que apresentasse um maior número de agricultores beneficiados.
As ações do PAA são operacionalizadas por meio do estabelecimento de convênios entre o
MDS e as administrações estaduais e municipais e através do termo de adesão. No caso dos
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De forma geral, observa-se na tabela 1 que a execução por meio do convênio, obteve 741
agricultores cadastrados entre o período de 2011 a 2015. 1,2% a menos que a execução por meio do
termo de adesão que apresentou 750 cadastros no mesmo período.
2011 2012 2013 2014 2015 2011 2012 2013 2014 2015
Aratuba 0 0 7 0 0 0 0 0 0 9
Guaramiranga 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Mulungu 13 13 10 0 0 0 0 0 16 20
Pacoti 7 14 11 0 0 0 0 0 0 6
Palmácia 0 13 6 0 0 0 0 0 0 9
Acarape 0 0 3 0 0 0 0 0 3 14
Aracoiaba 0 0 0 0 0 0 0 0 7 14
Baturité 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Itapiúna 19 86 72 0 0 0 0 0 95 79
Redenção 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Barreira 32 35 43 0 0 0 0 0 84 98
Ocara 0 11 29 0 0 0 0 0 22 24
Fonte: PAA DATA, 2015.
Em complemento a isso, verifica-se que no modelo de execução por convênio, os anos com
maior número de adesão ao PAA foram os de 2012 e 2013 com 274 e 314 produtores associados,
respectivamente. Já pelo termo de adesão, nota-se que os anos com maior frequência de inscritos
foram os de 2014 e 2015 com 351 e 399 agricultores associados. Este considerável aumento de
inscritos no modelo de execução pelo termo de adesão possivelmente ocorreu pela aprovação do
decreto nº 7.775 de 04 de julho de 2012, que incorporara a possibilidade de atuação do ministério
do desenvolvimento social e combate a fome em parceria com estados, municípios e consórcios
públicos, sem a necessidade de celebração de convênios (MDS, 2014).
Apesar da maior facilidade de acesso ao programa devido à aprovação do decreto nº 7.775
que permite a inclusão dos agricultores por meio do termo de adesão sem necessidade de convênios,
nota-se que a sub-região serrana (Figura 1), formada pelos municípios de: Aratuba, Guaramiranga,
Mulungu, Pacoti e Palmácia, apresentam um maior número de agricultores associados ao modelo de
execução estadual por meio de convênio, sendo Mulungu o município com maior número de
produtores vinculados (36), 80,5% a mais que o município de Aratuba, que apresenta, por sua vez, o
segundo menor número de agricultores associados a este tipo de execução.
40
36 36
35 32
Número de Agricultores
30
25
19 Execução
20 Esta dua l
(convênio)
15
9 9
10 7 Execuçã o
6
Estadual (termo
5
0 0 de a desão)
0
Aratuba Guaramiranga Mulungu Pa coti Pa lmá cia
Municípios
350 317
300
Número de Agricultores
250
250
Segundo o IPECE (2016) no ano de 2014 os municípios acima citados apresentaram um PIB
de 111.972 e 104.764 respectivamente, sendo o setor de serviços responsável por a maior parte
desses valores: 78,32% em Capistrano e 84,81% em Itapiúna. O setor agropecuário, por sua vez, foi
responsável por apenas 17,99% do PIB em Capistrano e 11,70% em Itapiúna. A partir destes dados,
infere-se que, mesmo com o setor agropecuário correspondendo a uma menor parte no PIB dos
municípios, estes obtiveram um bom número de agricultores cadastrados, o que expressa uma
situação de investimento no programa por parte dos gestores, na busca possivelmente de diminuir as
dificuldades de comercialização da produção agrícola local.
Em consonância a esta questão, Fuscaldi (2010) ressalta que a criação do programa de
aquisição de alimentos (PAA), representa um marco na política agrícola brasileira, pelo fato do
estado passar a participar do processo de comercialização da pequena produção familiar, garantindo
a aquisição dos produtos a preços justos e fazendo com que dessa forma, os pequenos produtores se
sintam seguros e incentivados a produzir.
Na sub-região Sertão/Litoral (Figura 3), diferentemente das duas sub-regiões citadas
anteriormente, observa-se um maior número de agricultores associados ao modelo de execução
estadual pelo termo de adesão tanto no município de Barreira, como no de Ocara. O município de
Barreira apresenta um número 74,7% maior de agricultores vinculados a este modelo em relação ao
município de Ocara e, segundo o IBGE (2010) sua população rural é 28,9% maior que a urbana. No
entanto, apesar desta maior frequência de agricultores cadastrados e uma maior população rural,
apenas 12,04% do PIB do município é advindo de atividades agrícolas (IPECE, 2016). Este dado
indica que mesmo com um grande número de agricultores associados, boa parte dos 28,9% que
residem no meio rural possivelmente ainda não estão inclusos no programa.
200 182
180
160
Número de Agricultores
140
120 110
100 Execução Estadual
(convênio)
80
Execução Estadual (termo
60 46
40 de adesão)
40
20
0
Barreira Ocara
Municípios
O município de Ocara, por sua vez, apresenta uma população rural 53,6% maior que a
urbana (IBGE, 2010). Entretanto, segundo o IPECE (2016) apenas 14,18% do PIB do município é
resultante de atividades agrícolas. Observa-se deste modo que, apesar de uma grande porcentagem
da população viver em meio rural, é baixo o número de agricultores vinculados ao programa, sendo
este fator explicado possivelmente também pela falta de divulgação da política publica no meio
rural do município.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRAMOVAY, R.; SILVESTRO, M.; CORTINA, N.; BALDISSERA, I. T.; FERRARI, D.;
TESTA, V. M. Juventude e Agricultura Familiar: Desafios dos novos padrões sucessórios.
Brasília: Unesco/FAO/Incra/Epagri; 1998. 101 p. Disponível em: <
http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001315/131546PORb.pdf> Acesso em: 07 de janeiro de
2017.
GRISA, C.; SCHMITT, C. J.; MATTEI, L. F.; MALUF, R. S.; LEITE, S. P. O programa de
aquisição de alimentos (PAA) em perspectiva: apontamentos e questões para o debate. In:
Seminário Temático Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), Juazeiro da Bahia, 2009. 24 p.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo Demográfico. 2010. 270 p. Disponível
em: < http://www.brasileirosnomundo.itamaraty.gov.br/a-comunidade/estimativas-
populacionais-das-comunidades/estimativas-do-ibge/censo-demografico-ibge-2010.pdf >.
Acesso em: 21 de outubro de 2017.
RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1989. 334 p.
TENÓRIO, R. Agricultura: Do subsídio à política agrícola. Ipea, São Paulo, v. 68, n. 8, p.1-9,
outubro. 2011.
RESUMO
Dentre os problemas ambientais atuais, destaca-se a disponibilidade do recurso energético,
ressaltando a importância dos recursos naturais. Com visão na educação ambiental e implementação
de ações com ênfase na redução de consumo da energia elétrica, foi almejando implantar medidas
de melhoria de práticas de consumo nos prédios de Química Licenciatura e Pró-Reitoria de
Graduação da Universidade Estadual do Maranhão/ UEMA, inseridas no dia a dia, com discussões e
reflexões no comportamento ao usar esse recurso, e posteriormente a formação de uma consciência
ambiental, na perspectiva de trabalhar a educação ambiental no âmbito acadêmico, com objetivo de
implantar hábitos sustentáveis, por meio de sensibilização, conscientização intervindo diretamente
na redução do consumo de energia. Podendo compreender, quanto ao uso responsável e consciente
da energia elétrica, contribuindo para a redução no consumo excessivo tornado menos necessária a
ampliação do sistema energético que consequentemente não aumentará os impactos ambientais nem
o desperdício de recursos financeiros.
Palavras-chaves: Educação Ambiental, Sensibilização, Recurso Energéticos.
ABSTRACT
Among the current environmental problems, the availability of the energy resource is highlighted,
emphasizing the importance of the natural resources. With a vision in environmental education and
implementation of actions with emphasis on the reduction of electricity consumption, it was
intended to implement measures to improve Practices in the buildings of Química Licenciatura and
Pro-Rectory of Graduation of the State University of Maranhão / UEMA, inserted in the day to day,
with discussions and reflections in the behavior when using this resource, and later the formation of
an environmental conscience, from the perspective Of environmental education in the academic
field, with the intention of implanting habits Sustainable, through awareness raising, awareness
directly intervening in reducing energy consumption. It can understand, as well as the responsible
and conscious use of electric energy, contributing to the reduction in the excessive consumption of
energy, rendering less necessary the expansion of the energy system that consequently will not
increase the environmental impacts nor the waste of financial resources.
Keywords: Environmental Education, Sensitization, Energy Resources.
INTRODUÇÃO
A educação ambiental é uma das principais alternativas viáveis para trabalhar na sociedade,
visto que o ensino tem o poder de desenvolver habilidades, e formar uma consciência ecológica e
crítica, Dessa forma possibilitando a valorização e conservação do meio ambiente, para que assim
possamos utilizar destes recursos a longo prazo.
RECURSOS ENERGÉTICOS
A energia é um bem indispensável nos dias atuais, seria impossível hoje pensar em um País
desenvolvido sem a existência da produção de energia elétrica, visto que, o homem tornou-se
dependente deste recurso para desenvolver suas atividades cotidianas, desde sua residência até
outros ambientes frequentados.
METODOLOGIA
Com visão a redução do consumo, foi almejando implantar ações para a melhoria dos
recursos energéticos nos prédios de Química Licenciatura e Pró-Reitoria de Graduação
Universidade Estadual do Maranhão - UEMA – Campos Paulo VI, na perspectiva de implantar
hábitos sustentáveis, na finalidade de mobilizar em relação ao consumo exacerbado de energia
elétrica, visando assim demonstrar os efeitos dos recursos energéticos no ambiente universitário,
evitando gastos desnecessários e contribuindo diretamente na redução de energia elétrica.
Objetivando resultados significativos, elaborou-se um questionário inicial semiestruturado e
após 6 meses reaplicou-se o mesmo para obtenção de dados comparativos em relação as ações de
sensibilização desenvolvidas, aplicados junto aos servidores, alunos, vigilantes e prestadores de
serviços da comunidade acadêmica, contendo sete perguntas de múltipla escolha, objetivas e
discursivas, estruturado em três momentos: identificação, hábitos de uso e conhecimento ambiental.
Realizaram-se palestras, conversas informais e colagem de adesivos contendo frases de
efeito, na intenção de sensibilizar o público, a desenvolverem práticas sustentáveis a respeito dos
recursos energéticos no ambiente universitário. Através destes diálogos, foram feitas
recomendações acerca do uso racional, redução e economia de recursos naturais e bens públicos a
médio e longo prazo.
RESULTADOS
Tabela 1: Distribuição numérica e percentual da amostra quanto à idade dos entrevistados dos prédios de Química
Licenciatura e Pró-Reitoria de Graduação da Universidade Estadual do Maranhão, Campus Paulo VI.
IDADE
Anos N %
Até 18 11 9
19 – 30 63 52
31 – 40 27 22
41 – 50 10 8
51 – 60 6 5
61 – 70 3 3
Em branco 1 1
Total 121 100
Fonte: Elaborado pelo autor.
Tabela 2: Distribuição numérica e percentual da amostra quanto ao cargo dos entrevistados dos prédios de
Química Licenciatura e Pró-Reitoria de Graduação da Universidade Estadual do Maranhão, Campus Paulo VI.
CARGO
Função N %
Estagiário 11 9
Assistente Administrativo 23 19
Estudante 42 34
Professor 4 3
Secretária 14 12
Segurança 6 5
Supervisor de Estagio 1 1
Coordenador 1 1
Assessor Jurídico 1 1
Prestador de Serviço 4 3
Em branco 14 12
TOTAL 121 100
Fonte: Elaborado pelo autor
42%
29%
3% 6%
INICIO FINAL
Conforme apresentado no gráfico 1, nos mostra que houve um aumento em relação aos
conhecimentos do início das ações de sensibilização, ao serem reaplicados após 6 meses de ações,
observou-se que houve um aumento de 10% em relação aos conhecimentos sobre o uso correto dos
recursos energéticos voltado ao uso dos mesmos no ambiente acadêmico, é de extrema importância
ressaltar que houve um decréscimo no percentual de desperdício quanto ao uso dos recursos,
decorrente das ações trabalhadas durante os 6 meses de ações de sensibilização nos prédios da
universidade.
A fim de compreender como pode ser feito para reduzir o consumo de energia na
universidade, com 29% do percentual inicial foi proposto a realização de campanha para o uso
racional de energia, com palestras, oficinas, cartazes entre outros. Já no percentual final, 44%
citaram a troca de lâmpadas fluorescentes por Led com sensores de presença. A iluminação possui
um dos maiores potenciais de consumo de energia e é o campo que pode ofertar as respostas mais
rápidas às necessidades de redução de consumo com os menores investimentos e retornos mais
rápidos (COSTA, 2006). É conhecido o fato de que as lâmpadas fluorescentes gastam menos
energia do que as incandescentes para emitir a mesma quantidade de luz (ABILUMI, 2007). No
entanto, as lâmpadas a LED (Light Emitting Diode, em inglês, ou Diodo Emissor de Luz)
consomem proporcionalmente ainda menos que as fluorescentes.
Ao serem indagados sobre a importância de conhecer a educação ambiental atrelado a sua
formação profissional (atual e futura), em ambos os questionários, foram afirmados que é de grande
relevância as informações de conscientização relacionada ao consumo da energia. Combater o
desperdício é usar a energia de forma inteligente, assumindo um compromisso com a conservação
da natureza, utilizando apenas o essencial, buscando o máximo com o mínimo de consumo.
Imagem 1,2 e 3: Adesivos de fixação produzidos para sinalizar o consumo consciente nos prédios de
Química Licenciatura e Pró Reitoria de Graduação na Universidade Estadual do Maranhão, Campo Paulo VI.
laboratórios e banheiros feminino e masculino, provocando ligações das lâmpadas diretas, após
detectado o problema, foi solicitado a Prefeitura do Campus Paulo VI, ao setor Elétrica e
Refrigeração para tomar as devidas providencias, que realizou o atendimento com êxito.
Com o aumento contínuo da demanda de energia e a frequente preocupação com o meio
ambiente, o consumo eficiente da energia surgiu como um importante componente na política
energética do país. Dessa forma, a criação de programas nacionais de conservação de energia foi
uma iniciativa estratégica adotada para racionalizar o consumo, aumentando a eficiência energética
(Martins, 1999).
Uma Política de Ação referente à Eficiência Energética tem como meta o emprego de
técnicas e práticas capazes de promover a utilização ―inteligente‖ da energia, reduzindo custos e
produzindo ganhos de produtividade e de lucratividade, na perspectiva do desenvolvimento
sustentável (Governo do Estado do Rio de Janeiro - Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão,
pg 3, 2007).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
COSTA, Gilberto. Iluminação Econômica: cálculo e avaliação. 4. ed. Porto Alegre: Edipucrs, 2006.
Governo do estado do rio de janeiro - Secretaria de estado de planejamento e gestão, busca feita no
dia 14 de maio de 2010, através do site Arquivo datado de 2007.
MARTINS, André Ramon Silva, et al. Eficiência Energética: Integrando usos e reduzindo
desperdícios. Brasília: Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL; Agência Nacional do
Petróleo – ANP, 1999. 432 p.56.
Natália SILVÉRIO
Graduanda em Engenharia Sanitária e Ambiental - UFSC
nataliasilverio.ma@gmail.com
Luiz Gabriel Catoira de VASCONCELOS
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental - UFSC
luizgabrielcv@gmail.com
RESUMO
A partir do trabalho de conclusão de curso desenvolvido por Silvério (2017), foi detectado que a
avaliação dos projetos de educação ambiental (EA) é necessária para que os educadores ambientais
conheçam os resultados das suas ações educativas, e para isso, é interessante utilizar indicadores.
Apesar disso, verificou-se que há uma lacuna no estudo de indicadores para avaliação de projetos de
EA, e é por isso que essa pesquisa se propôs a sistematizar conhecimentos e experiências sobre o
uso de indicadores em projetos de EA. A pesquisa é baseada em levantamento de dados
secundários, através da revisão bibliográfica, e de dados primários, através de entrevistas. A revisão
bibliográfica foi baseada na revisão narrativa, e através dos passos metodológicos do método
SystematicSearchFlow. As entrevistas foram do tipo semiestruturadas, e contaram com o auxílio de
um roteiro-base para orientação, sendo os entrevistados, especialistas que atuam na área da EA.
Através da pesquisa, conclui-se que a EA deve ser avaliada, e que os indicadores são ferramentas
que poderão auxiliar nisso.
Palavras-chave: Educação Ambiental, Avaliação, Indicadores, Projetos.
ABSTRACT
From the undergraduate thesis developed by Silvério (2017) it was detected that the evaluation of
environmental education (EE) projects is necessary for environmental educators to know the results
of their educational actions, and for this, it is interesting to use indicators. In spite of that, it was
verified that there is a gap on studies of indicators for evaluation of EE projects, and that is the
reason for this research to systematize knowledge and experiences on the use of indicators in EE
projects. The research is based on the collection of secondary data through bibliographic research
and primary data through interviews. The bibliographic research was based on the narrative review,
and through the methodological steps of the SystematicSearcFlow method. The interviews were
semi-structured, and were supported by a basic script for orientation. The interviewees are experts
in the EE area. Through this research, it become clear that EE should be evaluated, and the
indicators are tool that can help this.
Keywords: Environmental Education, Evaluation, Indicators, Projects.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
A revisão bibliográfica se baseou em dois critérios: a busca exploratória (narrativa), em que
não se aplica critérios metodológicos, e a busca em base de dados, através da adaptação do método
SystematicSearchFlow (SSF).
A metodologia SSF foi desenvolvida por Ferenhof e Fernandes (2016), a fim de ―[...]
sistematizar o processo de busca ou buscas à base de dados científicas a fim de garantir a
repetibilidade e evitar viés do pesquisador.‖ (FERENHOF; FERNANDES, 2016, p. 7). O método é
composto por quatro fases, a ―Definição do Protocolo de Pesquisa‖, a ―Análise dos Resultados da
Busca‖, a ―Síntese dos Resultados‖ e a ―Escrita‖. Para essa pesquisa, utilizou-se apenas a primeira
fase (Definição do Protocolo de Pesquisa), para que fossem utilizados critérios metodológicos para
a busca nas bases Scopus, Web of Science, Scielo, EBSCO Host e Eric (Proquest).
Além disso, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com os seguintes profissionais:
RESULTADOS
Educação Ambiental
A EA ainda é tratada como uma ferramenta que irá resolver a ―crise ambiental‖, ou seja, a
EA ainda é vista pelas pessoas como algo que apenas trabalha com temas relacionados à
conservação da natureza, dos animais, à questão do ―lixo‖, em ambientes como a escola, ficando
restrita a isso (Dados Maranhão em Entrevista, 2017). Percebe-se então que essa é uma visão do
―senso comum‖, que é a perspectiva da EA tradicional, conservadora, inserida na ―Corrente
Resolutiva‖, caracterizada por Sauvé (2005), que é bem diferente da EA crítica e transformadora
defendida pelos entrevistados.
Para que essa EA seja compreendida e valorizada pelo ―senso comum‖, é necessário que a
EA mostre os resultados das suas práticas, pois é a partir disso que as pessoas terão conhecimento
da riqueza das ações da EA, da sua dimensão, da sua diversidade, enfim do que ela é, pois para a
entrevistada Renata, ―é uma EA diferenciada e avançada‖ (Dados Maranhão em Entrevista, 2017).
Segundo a entrevistada Henriqueta, há uma cobrança muito grande por resultados no campo
da EA, ―a gente é cobrada por resultados, por coisas concretas, por coisas palpáveis, né‖ (Dados
Raymundo em Entrevista, 2017). Essa cobrança pode estar pautada na ideia (do ―senso comum‖) de
que a EA não gera resultados concretos, que possam ser mensurados, pois como a EA tem a questão
da subjetividade muito presente, é difícil para os educadores ambientais demonstrarem os seus
resultados de maneira clara e objetiva (Dados Raymundo em Entrevista, 2017).
Tendo em vista que mostrar os resultados implica num maior reconhecimento sobre a
amplitude da EA, encontram-se nos educadores ambientais os responsáveis por esta tarefa, e é
necessário encontrar um caminho que os auxiliem a mostrar os seus resultados, e percebe-se que a
prática da avaliação, e o uso de indicadores sejam um bom caminho para essa demanda.
AVALIAÇÃO
Diante dos desafios de como realizar a avaliação da EA, emergiram algumas falas dos
entrevistados que mostram como a avaliação deve ser feita, principalmente de Juliana, que trabalha
no ambiente escolar, onde a questão da avaliação é muito debatida.
Para Juliana, a avaliação deve estar de acordo com os princípios e ideologias dos projetos,
deve estar articulada com as concepções estabelecidas para o processo educativo, como
exemplificado pela entrevistada:
Então não adianta eu ter todo um discurso de que eu acredito no ensino que é processual,
que é construído na interação com o estudante, que o conhecimento se dá ao longo dessa
trajetória, dessa interação, e aí o meu instrumento de avaliação ser uma prova [...]. Isso vai
contra todo aquele discurso de que que eu acredito no processo educativo (Dados Lopes em
Entrevista, 2017).
Ou seja, a forma de avaliação (prova) vai contra a sua concepção de base, que é de
construção coletiva, com envolvimento das pessoas e processual. Para a EA não é diferente, é
necessário que haja um planejamento para que as avaliações das ações estejam de acordo com a sua
práxis.
A entrevistada destaca que além disso, é essencial que os projetos de EA tenham os seus
objetivos muito bem claros, para saber onde se quer chegar, e ter uma base para que a avaliação seja
guiada.
A entrevistada Semíramis também concorda que os projetos devem ter objetivos bem claros,
pois para ela é a partir dos objetivos que serão criados os indicadores do projeto.
INDICADORES
Para Valarelli(1999, p. 2), os indicadores ―são uma espécie de ―marca‖ ou sinalizador, que
busca expressar algum aspecto da realidade sob uma forma que possamos observá-lo ou mensurá-
lo.‖
Minayo(2009, p. 84) também concorda que os indicadores são uma espécie de ‗sinalizadores
da realidade‘, e que a maioria deles ―dá ênfase ao sentido de medida e balizamento de processos de
construção da realidade ou de elaboração de investigações avaliativas.‖. Os indicadores não dão
―certeza absoluta quanto aos resultados de uma ação ou de um processo, pois sua função é apenas
ser um sinalizador, [...] indicam o que devem indicar.‖ (MINAYO, 2009, p. 85).
Para a EA, os indicadores são ferramentas que podem ser utilizadas, e ―têm se apresentado
como instrumentos exitosos de orientação e apoio de projetos de educação ambiental‖ (VIEIRA;
MORAIS, 2016, p. 2), contribuindo para que os educadores ambientais consigam avaliar as suas
práticas a fim de melhorá-las, e consequentemente, contribuir para o fortalecimento da EA.
Para que os indicadores possam ser utilizados adequadamente, Mayer (s.d.) recomenda que
não se utilize apenas um indicador para a avaliação, mas sim, vários indicadores que devem estar
correlacionados dentro de um sistema, para que os indicadores sejam avaliados de maneira
sistêmica, assim como é na educação ambiental, em que ―a informação fornecida por todo o sistema
é maior que a fornecida pela soma de suas partes.‖ (MAYER, [s.d.], tradução nossa). O sistema de
indicadores deve estar baseado no contexto onde o projeto está inserido, e nos elementos a serem
avaliados, e devem ser dinâmicos, ou seja, revisados continuamente (MAYER, [s.d.]), a fim de
eliminar os indicadores que não são mais interessantes e incorporar novos.
Os indicadores são ferramentas muito úteis para a avaliação no contexto da EA, mas se
percebeu que ainda são poucos utilizados ―[...] na prática da educação ambiental, seja pelo pouco
conhecimento sobre a sua utilização, ou mesmo, em decorrência do grau de importância que os
atores sociais envolvidos dão aos processos avaliativos na EA.‖ (PEREIRA; BESSA, 2012, p. 438).
Além disso, há uma dificuldade em definir indicadores para a EA, pois ―[...] existe uma grande
demanda por aprofundamentos conceituais e metodológicos nos assuntos da avaliação em educação
ambiental por parte de educadoras e educadores ambientais.‖ (LUZ; TONSO, 2015, p. 7).
Butzke(2001, p. 8), diz haver ―[...] uma grande dificuldade em se definir indicadores para
ações de natureza tão qualitativa e subjetiva quanto às ações educativas‖ e que por isso, sugere que
seja feita uma avaliação em relação às mudanças de opinião e comportamento desenvolvidos, que
podem ser medidas através de dados quantitativos, tais como: ―[...] consumo de energia e água, na
diminuição de rejeitos gerados, no aumento de resíduos recicláveis e no aumento da reutilização de
materiais.‖
Por ser um dos grandes desafios da EA, Sousa e Veiga (2009, p. 40) colocam que um dos
erros mais comuns em relação ao uso de indicadores ―[...] é assumir que o número de pessoas
envolvidas em um programa é o melhor indicador de resultado‖, o que pode ser uma informação
importante, quando se quer avaliar a eficácia do projeto, ou seja, avaliar se os objetivos e metas
foram cumpridos, no entanto, não avalia a mudança de atitude e valores dos participantes.
Já para Pereira e Bessa (2012), o desafio está relacionado às metodologias para o uso de
indicadores, especialmente na EA não formal, pois existem ―[...] poucas pesquisas que abordam
especificamente este assunto.‖ (PEREIRA; BESSA, 2012, p. 435, tradução nossa) Além disso, as
autoras destacam a carência de material didático específico para o tema.
educador ele não diz muita coisa, [...] mas para o gestor, que atua em outras políticas, pode dizer‖
(Dados Maranhão em Entrevista, 2017).
Semíramis também concorda que os indicadores quantitativos são importantes e contribuem
para o fortalecimento da EA, ―eu acho que podemos quantificar, a gente também não precisa ter
medo de uma avaliação quantitativa, eu acho que ela é super importante‖ (Dados Biasoli em
Entrevista, 2017).
Partindo para uma perspectiva mais abrangente, a utilização de indicadores quantitativos, ou
ainda, indicadores ―macros‖ que sejam comuns aos territórios, facilita o monitoramento e
planejamento das ações para a EA, sendo ferramentas úteis para a gestão pública, o que para Renata
ajudam a ―ter um olhar único do território nacional, [...] para termos base histórica, porque nem isso
a gente tem, o que é outro desafio‖ (Dados Maranhão em Entrevista, 2017).
Semíramis coloca que é muito importante que os projetos tenham os seus indicadores
próprios, que respeitem a sua identidade de EA, e que consigam avaliar as suas particularidades.
Henriqueta complementa que a construção dos indicadores deve olhar para a realidade local, para o
território em que o projeto está inserido, respeitando o seu histórico econômico, social e político.
Para além disso, a entrevistada comentou que ―não dá para desconectar do todo‖ (Dados Raymundo
em Entrevista, 2017),então é necessário também ―olhar o todo, olhar o conjunto das coisas‖ (Dados
Raymundo em Entrevista, 2017). Ou seja, é necessário conectar o local com a realidade global, que
para Semíramis, significa que o projeto precisa ―estar conectado, pendurado em algumas políticas,
em programas‖ (Dados Biasoli em Entrevista, 2017).
Para além disso, Henriqueta coloca que a construção dos indicadores deve ser um processo
educador e participativo, em que os educadores ambientais obtenham um aprendizado com a
construção desses instrumentos, para que os indicadores não sejam destinados apenas para a gestão
de projetos, mas que sejam também uma oportunidade de formação para o educador ambiental, com
o envolvimento de educadores, educandos, gestores participantes das ações de EA.
CONCLUSÕES
A avaliação está instituída nos principais documentos referenciais da EA, e é essencial para
o avanço da EA, para que seja construído um novo olhar para ela, que é um olhar crítico e
emancipatório, nos seus territórios, com diferentes públicos e objetivos.
A partir das entrevistas, observou-se que para realizar uma avaliação adequada no contexto
da EA, é necessário ter bem claros os objetivos da ação: o que se quer trabalhar? Qual o público
alvo? A partir disso, deve-se respeitar as concepções de base, para que a avaliação não seja
destoante das ideologias e práticas presente no projeto. Além disso, a avaliação deve ser contínua
para que as práticas sejam ajustadas no decorrer do projeto, e deve-se utilizar diferentes
instrumentos de medição, tais como imagens, questionários, entrevistas, entre outros, sendo
destacado neste artigo os indicadores.
Destaca-se três aspectos sobre a construção de indicadores nos quais foram sugeridos
durante as entrevistas: olhar para a realidade local, construção participativa e com viés educativo.
Para que os indicadores consigam refletir sobre as ações dos projetos, é necessário que ele seja
construído a partir da realidade do projeto, a fim de compreender o contexto em que o projeto está
inserido e evitar indicadores que não ―dizem‖ nada para aquele local. Além disso, é interessante que
o processo construtivo seja participativo, de forma solidária e democrática, para que os atores
envolvidos conheçam o processo de criação e se sintam responsáveis e satisfeitos com os
indicadores concebidos. Para isso, é importante que a construção seja um processo educador, de
aprendizagem e formativo, para que todos os envolvidos sejam capazes de construírem indicadores
que consigam refletir as ações educativas.
Para além dos indicadores a nível de projetos, é importante que se tenham indicadores
comuns entre as ações de EA, o que seriam muito úteis para o monitoramento numa escala mais
abrangente, como a de um país, para que assim, sejam conhecidos os potenciais e dificuldades
encontradas nas práticas da EA, auxiliando no seu planejamento e melhoria. Para isso, os
indicadores quantitativos são adequados, devido à facilidade de serem utilizados e avaliados, sendo
úteis para uma escala mais abrangente.
Diante desse contexto, pode-se inferir que os indicadores qualitativos são adequados para os
projetos, quando se deseja conhecer as especificidades dos projetos referentes ao processo
educativo, com o intuito de refletir se os educandos aprenderam com o processo, o que é muito
importante para o educador ambiental, mas é interessante que esses indicadores não sejam muito
subjetivos, ao ponto de não serem facilmente explicados.
REFERÊNCIAS
LOPES, Juliana. Entrevista IV. [março. 2017]. Entrevistadora: Natália Silvério. Florianópolis,
2017. A entrevista completa encontra-se em arquivo da pesquisadora.
______.. Evaluation in environmental education: the contribution of the ENSI study to the
international debate, [s.d.].
PEREIRA, A. G.; BESSA, N. G. F. DE. Educação Ambiental formal e não formal praticada pelo
PEAPA: análise quanto aos procedimentos metodológicos utilizados. REMEA-Revista
Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, v. 21, 2012.
RAYMUNDO, Maria Henriqueta Andrade. Entrevista II. [março. 2017]. Entrevistadora: Natália
Silvério. Florianópolis, 2017. A entrevista completa encontra-se em arquivo da pesquisadora.
SAUVÉ, L.; SATO, M.; CARVALHO, I. Uma cartografia das correntes em educação ambiental.
2005.
TOMAZELLO, M. G. C.; FERREIRA, T. R. DAS C. Educação ambiental: que critérios adotar para
avaliar a adequação pedagógica de seus projetos? Ciência & Educação (Bauru), v. 7, n. 2, p.
199–207, 2001.
RESUMO
Os benefícios que as sociedades obtém dos ecossistemas, tem-se definido como serviços
ecossistêmicos ou serviços ambientais. Para gerar políticas de desenvolvimento sustentável é
fundamental compreender o link entre o funcionamento dos ecossistemas, os serviços que eles
fornecem às comunidades e o bem estar de essas comunidades, já que o desenvolvimento
sustentável deve apontar a um menor impacto ambiental ao mesmo tempo que gerar bem estar em
todos os atores da sociedade. Nesta pesquisa exploratória se avaliou como o enfoque de serviços
ecossistêmicos permite pensar em políticas de desenvolvimento sustentável, considerando tanto o
estado dos ecossistemas como o bem estar da sociedade. A través de uma pesquisa bibliográfica, se
identificaram os beneficiários e os serviços fornecidos por ecossistemas presentes no território da
Aldeia Potiguara de Três Rios no Município de Marcação (Paraíba). O quadro teórico de serviços
ecossistêmicos permitiu visualizar o link entre os serviços ecossistêmicos e seus beneficiários de
uma maneira simples, que pode ser abordada por profissionais de diferentes disciplinas assim como
em práticas de educação ambiental. Este enfoque serve de base para analisar quais serviços
ecossistêmicos são favorecidos por determinadas políticas e quem são os beneficiários dessas
políticas.
Palavras Chave: Serviços Ecossistêmicos; Desenvolvimento Sustentável; Percepção Ambiental.
RESUMEN
Los beneficios que las sociedades obtienen de los ecosistemas son reconocidos con el nombre de
servicios ecosistémicos. Para generar políticas de desarrollo sustentable es fundamental comprender
el vínculo entre el funcionamiento de los ecosistemas, los servicios por ellos provistos y el bienestar
de las comunidad asociadas a ellos; ya que el desarrollo sustentable busca reducir el impacto
ambiental al mismo tiempo que generar bien estar en todos los actores de una sociedad. En este
trabajo se evaluó cómo el enfoque de servicios ecosistémicos permite pensar en políticas de
desarrollo sustentable, considerando tanto el estado de los ecosistemas como el bienestar de la
sociedad. A través de una investigación bibliográfica, se identificaron los beneficiarios y los
servicios provistos por los ecosistemas presentes en el territorio de la Aldea Potiguara de Três Rios
en el Municipio de Marcação (Paraíba). El cuadro teórico de servicios ecosistémicos permitió
visualizar el vínculo entre los servicios ecosistémicos y sus beneficiarios, de una manera simple que
poder ser abordada por profesionales de diferentes disciplinas, así como en prácticas de educación
ambiental. Este enfoque sirve de base para analizar cuáles servicios ecosistémicos son favorecidos
por determinadas políticas e quienes son los beneficiarios de las mimas.
Palabras Clave: Servicios Ecosistémicos; Desarrollo Sustentable; Percepción Ambiental.
INTRODUÇÃO
Apresentação do problema
2005). Num agro ecossistema (i.e. ecossistema agrícola), a produção de alimentos aumenta
significativamente em curto prazo ao custo de diminuir outros serviços ecossistêmicos o que se
entende como trade-offs entre serviços ecossistêmicos. Um exemplo disso é que o aumento do uso
de fertilizantes nos sistemas de cultivo, tem levado à degradação da qualidade da água em muitas
regiões, onde anteriormente a vegetação natural fornecia o serviço de regulação da qualidade de
água a través da retenção dos sedimentos do solo. Para maximizar a oferta de serviços
ecossistêmicos, deve se buscar uma situação intermediaria, na qual uma área de cultivo ou região
agrícola é gerenciada para manter outros serviços ecossistêmicos. Para isso é necessário antes
conhecer quais são os serviços fornecidos pelos diferentes ecossistemas de uma região.
Marco Legal
MATERIAIS E METODOS
Sitio de estudo
Mapa 1: Mapa do território indígena potiguara no estado da Paraíba. Fonte: Etnomapeamento dos Potiguara
da Paraíba, 2012.
Métodos da Pesquisa
compreender a relação entre os serviços de suporte e o bem-estar, o que seria o link que existe entre
um determinado estado de conservação ou degradação de um ecossistema e o bem-estar de uma
determinada comunidade ou grupo social.
Pelo fato de não ter estudos prévios na região com esse quadro teórico, que sirvam de base
para o presente estudo, a pesquisa se desenvolve no nível de pesquisa exploratória. A pesquisa
exploratória tem como finalidade "esclarecer e modificar conceitos e idéias, tendo em vista, a
formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores" (GIL,
2008). Nesta pesquisa exploratória, se procura esclarecer como é a relação entre os serviços de
ecossistemas locais e o bem-estar de uma comunidade particular, que sirvam de base para definir
possíveis futuras pesquisas que poderiam melhorar o bem-estar dessa comunidade, por exemplo a
partir de pesquisas-ação.
As entrevistas são uma ferramenta muito útil na coleta de informação, especialmente neste
caso onde se tenta compreender um aspecto subjetivo tal como o bem-estar das pessoas;porém, para
realizá-las é indispensável estabelecer uma relação cuidadosa entre o pessoal entrevistado e o
entrevistador (GIL, 2008), além de ter um bom conhecimento da comunidade e do ecossistema a ser
estudado, de maneira que as entrevistas formuladas consigam obter a informação necessária.Pelo
fato de nos encontrar nos primeiros passos desta pesquisa e pelo tanto ainda não ter um profundo
conhecimento do sócio ecossistema, se optou por realizar uma pesquisa bibliográfica para atingir os
objetivos propostos. A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado,
constituído principalmente de livros e artigos científicos (GIL, 2008).
Se utilizou bibliografia científica relativa à caracterização de serviços ecossistêmicos para
identificar os serviços ecossistêmicos que estariam sendo fornecidos pelos ecossistemas da região.
Para isso se trabalhou com a classificação de serviços ecossistêmicos apresentado pela MEA,
definidos anteriormente, e com o artigo de De Groot e colaboradores (2002) que elenca uma série
de possíveis serviços ecossistêmicos fornecidos pelos ecossistemas. Em particular para esse sistema
se utilizou bibliografia que descreve os serviços fornecidos pela Mata Atlântica (Pagamentos por
Serviços Ambientais na Mata Atlântica: lições aprendidas e desafios, 2011), e para os
agroecossistemas da região se obteve dados do IBGE (Censo Agropecuário, 2015).
Para verificar quais desses serviços estão sendo efetivamente percebidos pela comunidade
local potiguara, se utilizou a informação de entrevistas realizadas e apresentadas numa dissertação
de mestrado realizada na Universidade Federal de Paraíba (MARQUES, 2009). Além disso se
realizou uma entrevista à autora desse trabalho que permitiu ampliar a informação. Esse estudo
permitiu identificar e caracterizar de modo geral os beneficiários locais dos serviços ecossistêmicos.
Para obter informação mais precisa sobre os serviços fornecidos pelo agro ecossistema do canavial,
se tentou entrevistar um funcionário da Usina Japungú mas não se conseguiu concretizar a
RESULTADOS E DISCUSSÕES
o roçado para dar certo, depende de muitos fatores como qualidade do solo, disponibilidade de água
e trabalho manual; já para plantar a cana, a Usina financia todo o processo, de equipamentos a
insumos e defensivos, além de já ter compradores certos para cada safra como a própria Usina e os
atravessadores que irão vender a mercadoria em outros lugares.
Os crustáceos e peixes que vivem no mangue são coletados para venda e consumo interno da
própria comunidade, lá se encontram crustáceos como Camarão, Caranguejo e Aratú e alguns
peixes como o Camborim, o Carapeba, o Curimã e o Aimoré. Algumas famílias Potiguara têm
construído em sua propriedade tanques para a produção de camarão sobre áreas de manguezais nas
margens próximas a foz do rio Mamanguape. Parte dos peixes e crustáceos obtidos através da pesca
e da Aquicultura, tem o mesmo destino dos agroprodutos, sendo vendidos em feiras e mercados de
pequeno porte (Etnomapeamento dos Potiguara da Paraíba, 2012).
Os recursos do vale do rio Mamanguape também são colhidos pelos moradores da
comunidade, como a extração de matéria prima, a exemplo da retirada de madeira para construção
das casas, cercas e móveis, fabricação de medicamentos naturais e suprimentos de água para
consumo e irrigação, através de construções conhecidas como cacimbas, que são pontos onde o
lençol freático é mais aflorado, geralmente nos tabuleiros ou nos paús, onde emerge água límpida e
ideal para se consumir (Etnomapeamento dos Potiguara da Paraíba, 2012). A Floresta que está
presente no vale do rio, traz consigo diversos benefícios para a comunidade local (microescala) e
para a população em geral (meso e macro-escala), já que seus solos são conservados devido a
proteção das arvores, prevenindo-o contra a erosão, ela age como refúgio ao fazer a manutenção
biológica e genética de algumas espécies de animais e plantas e regula a concentração de carbono
atmosférico a través da produtividade primária(MEA, 2005).Tanto pela fixação de carbono como
pelo seu papel no ciclo da água, as florestas têm um papel importante na regulação climática. Além
disso é fornecedora de serviços culturais pelo seu valor cientifico e educacional e pela beleza cênica
(MEA, 2005).
A ligação dos potiguaras com a natureza se torna mais evidente em sua cultura. A época da
chuva e da colheita tem uma grande importância cultural para os indígenas, celebrando essas datas
com festejos e banquetes. Estas datas podem se referir ao calendário religioso ou a comemorações
identitárias. Com base no clima local se define o calendário agrícola da aldeia e a partir dele que se
celebram as festas religiosas, desde seus antepassados até os dias atuais. Quando se festeja para um
santo, é uma forma de pedir para que a colheita seja prospera e a chuva abundante. Esse momento
se trata de uma união de um povo com a natureza, onde ela provém um bem cultural para aquelas
pessoas, algo que influencia seu modo de vida.
Na Tabela 1 se resumem os serviços ecossistêmicos identificados e descrito acima. Pode-se
observar que os ecossistemas naturais fornecem uma maior quantidade se serviços ecossistêmicos
que os agro ecossistemas. Por outro lado, o ganho obtido pelos agroecossistemas leva o custo de
perder o fornecimento dos serviços de regulação e suporte, o que na literatura científica sobre
serviços ecossistêmicos é definido como a existência de trade-offs entre alguns serviços. O
reconhecimento de trade-offs entre serviços é importante para poder analisar aqueles casos onde
uma política ambiental, econômica ou social pode favorecer o fornecimento de um serviço ao
mesmo tempo de prejudicar o fornecimento de outro. Uma análise posterior sobre a relação entre
esses serviços e o bem-estar ajudaria a decidir qual vai ser a política que melhor influencia o bem-
estar. Da mesma maneira, conhecer quem são os grupos sociais beneficiados, permitiria priorizar as
políticas que favoreçam os grupos mais vulneráveis, o que uma das principais metas estabelecidas
pela ONU após o trabalho do Millenium Ecosystem Assesment (MEA).
Em sua luta para permanecer na terra, há que se salientar o papel dos indígenas nesse
processo, como ―fiscalizadores do meio ambiente‖, que acionam o MPF e o IBAMA em resposta
aos atos ilegais dos usineiros dentro do território tradicional indígena (MARQUES, 2009), como o
desmatamento de faixas de floresta que estavam sendo gradativamente destruídas pela usina, o
excesso do uso de vinhoto utilizado como fertilizante nos canaviais próximos da aldeia que é
altamente nocivo aos animais e ao solo, e que acaba escorrendo até o rio, deixando-o poluído
(Etnomapeamento dos Potiguara da Paraíba, 2012) e os arrendamentos ilegais de terras em território
indígena para a plantação de cana, que é crime segundo o ART. 171 , § 2º , I , CP . 1. da
Constituição brasileira, que diz que as terras indígenas, sendo patrimônio da União, são inalienáveis
e indisponíveis, insuscetíveis a exploração de terceiros senão pelos próprios índios, observando as
regras estabelecidas pela FUNAI.
Tabela 8. Serviços ecossistêmicos fornecidos por cada ecossistema presentes na região e agrupados por
classe segundo proposto pela MEA (2005). Os serviços que aparecem em cursiva são aqueles que foram
mencionados na bibliografia científica, mas não mencionados pelos entrevistados. Os ecossistemas são FL:
floresta pertencente à Mata Atlântica, MN: manguezal, CA: cultivo de cana de açúcar e OC: outros cultivos
de produtores locais. As colunas dos ecossistemas se preencham com 'X'ou'b'quando o ecossistema fornece o
serviço elencado na coluna esquerda, em maior ou menor medida respectivamente, e com '-' quando o
ecossistema não fornece esse serviço para a comunidade segundo os dados coletados no desenvolvimento
desta pesquisa. Na última coluna se listam os beneficiários dos serviços indicando entre parêntesis o
ecossistema do qual se beneficiam mais diretamente.
relação entre os serviços de produção e culturais com o seu próprio bem-estar, sugere que esses
serviços teriam maior influência sobre o bem-estar que os serviços de regulação e suporte. Porém,
devido ao curto prazo da realização da pesquisa, não se tem realizado uma busca exaustiva de
bibliografia que permitisse identificar outros beneficiários ou outras formas de relacionamento com
os ecossistemas presentes na região. Isso junto com entrevistas dirigidas a conhecer a percepção da
população local sobre os outros serviços ecossistêmicos permitiria uma descrição mais completa
sobre a relação entre os serviços ecossistêmicos e o bem-estar da população local.
Após estudar o modo de vida dos Potiguaras da Aldeia Três rios com seus costumes e
tradições, se entende que como principais beneficiários, e pelo fato de que seu modo de vida esteja
interligado com esses serviços, poderia-se conceder neles o papel de fiscalizadores do meio
ambiente, definindo áreas de proteção ambiental (APA) dentro do seu território, o que ao mesmo
tempo resgataria os elementos identitários da vida dessas comunidades. Os dois tipos de usos
estabelecidos pelo SNUC seriam compatíveis com esse objetivo.
A pesquisa exploratória permitiu aplicar um quadro teórico novo e esclarecer alguns dos
benefícios que são percebidos por uma comunidade. Esta informação junto com pesquisas
posteriores em pós desse conhecimento, é fundamental para pensar em políticas que tenham por
objetivo prioritário melhorar a qualidade de vida das populações locais. E, em sentido contrário,
essa informação também permitiria analisar que políticas beneficiam outros grupos sociais com
possíveis custos para a população local. Dado que existem trade-offs entre serviços ecossistêmicos,
é importante que nas políticas de manejo dos ecossistemas se considere quais são os componentes
do bem-estar afetados e de que maneira, de modo fique explícito como uma política vai melhorar a
qualidade de vida de um ou vários grupos sociais.
REFERÊNCIAS
FOLEY, J. A. Global Consequences of Land Use. Science, v. 309, n. 5734, p. 570–574, 2005.
GELUDA, L.; YOUNG, C. Pagamentos por serviços ecossistêmicos previstos na lei do SNUC–
teoria, potencialidades e relevância. III Simpósio de Áreas Protegidas. Universidade Católica de
Pelotas, p. 572–579, 2005.
GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Editora Atlas, 2008. v. Sexta Edição
IBGE.Municípios com as maiores populações indígenas do País, por situação do domicílio, Brasil
- 2010. Disponível em. <http://indigenas.ibge.gov.br/graficos-e-tabelas-2.html>. 07/05/2017.
Pagamentos por Serviços Ambientais na Mata Atlântica: lições aprendidas e desafios / Fátima
Becker Guedes e Susan Edda Seehusen; Organizadoras. – Brasília: MMA, 2011
RESUMO
A construção civil é responsável pela transformação do ambiente natural em ambiente construído.
Os vários impactos que podem ser gerados durante esse processo motivam pesquisadores a buscar
técnicas e materiais alternativos, menos agressivos em relação aos meios convencionais de
construção. Nesse aspecto, considerando-se a abundância dos materiais plásticos no meio ambiente,
a utilização de insumos como o politereftalato de etileno (PET) na construção civil pode significar
uma opção para mitigar os efeitos negativos provocados por essa transformação. Além dos
benefícios ambientais, o uso desse material torna-se interessante também para o mercado, uma vez
que se trata de uma matéria-prima barata e abundante. Assim, neste estudo o PET micronizado foi
adicionado em argamassas e em seguida foram feitos ensaios para verificar a resistência a
compressão simples para verificar a viabilidade dessa incorporação. Para os ensaios foram
moldados corpos de prova contendo PET micronizado nos teores de 10% e 15%, nas dimensões de
5cmx10cm, para determinação da resistência à compressão simples, de acordo com a norma da
ABNT NBR 7215/1996, nas idades de 7, 14 e 28 dias. Verificou-se que a incorporação do PET
micronizado na argamassa aos 28 dias, proporcionou um aumento da resistência à compressão em
torno de 9,1% para o teor de 10% e 0% para o teor de 15%, em comparação com a argamassa de
referência. Estes valores se apresentam satisfatórios, tanto tecnicamente como economicamente,
pois alteram o custo de produção do mesmo, tornando-o mais barato e dando destino à um resíduo
que não seja ao meio ambiente, agregando assim mais valor ao material.
Palavras-chave: Construção Civil, Politereftalato de Etileno, Argamassa.
RESUMÉN
A construcción civil en el ambiente construido. Los diversos impactos que pueden ser gerados
durante este proceso motivan los investigadores a buscar técnicas y materiales alternativos, menos
agresivos en los medios de comunicación convencionales de construcción. Nesse aspecto, se
considera una abundancia de los materiales plásticos no medio ambiente, una utilización de insumos
como el politereftalato de etileno (PET) en la construcción civil puede significar una opción para el
tratamiento de los efectos negativos provocados por esta transformación. Además de los beneficios
ambientales, el uso del material también es útil para el mercado, una vez que se trata de una materia
prima barata y abundante. Assim, neste estudo o PET micronizado fue agregado en ensayos y
ensayos para verificar una resistencia a compresión simple para verificar la viabilidad de esta
incorporación. Para los ensayos con moldes corpos de prueba que contienen PET micronizado nos
teores de 10% y 15%, las dimensiones de 5cmx10cm, para la determinación de la resistencia a la
compresión simple, de acuerdo con la norma ABNT NBR 7215/1996, nas idades de 7, 14 e 28 dias.
Verificou-se que una incorporación de PET micronizado en argamassa a 28 días, proporcionando un
aumento de la resistencia a la compresión en torno a 9,1% para el teor de 10% y 0% para el teor de
15% de referencia. Estos valores se presentan satisfactoriamente, tanto tecnológicamente como
económicamente, para alterar el costo de producción del mismo, tornando-o más barato y dar
destino a un residuo que no son similares al medio ambiente.
Palabras Clave: Construcción Civil, Politereftalato de Etileno, Argamassa.
INTRODUÇÃO
sem apresentar rupturas; complementares sistemas de isolamento acústico e térmico; ter adequada
resistência à compressão, à tração e ao ataque de agentes químicos oriundos de materiais de limpeza
(se alvenaria à vista), dentre outros (MARTINELLI, 1991; SÁNCHEZ, 2013).
Vários estudos têm sido realizados com a utilização de resíduos plásticos em concretos e
argamassas, seja como modificadores da pasta de cimento, ou como materiais inertes, nesse último
caso, com função de fibras de reforço ou de agregados leves. O resíduo pós-consumo mais utilizado
experimentalmente foi o de garrafas PET, substituindo a areia percentualmente, em peso ou volume
(CHOI et al, 2009; MARZOUK, 2006; CANELLAS, 2005, MODRO et al, 2009). Outros resíduos
poliméricos também foram usados, embora em menor número, como o polietileno de alta densidade
e o polipropileno (NAIK et al, 1996; ZAINAB et al, 2007). Os resultados indicam que a adição de
agregado leve de resíduos plásticos na argamassa ou concretos ocasionou uma relativa perda de
resistência mecânica, aumento do teor de ar incorporado e redução da trabalhabilidade. Por outro
lado, ocorreram também redução do peso específico e do módulo de elasticidade e aumento da
ductilidade das amostras com agregado leve de resíduo plástico. Desse modo, a adição de tais
resíduos como agregados em compósitos cimentícios não se restringe apenas à questão ambiental,
mas também à possíveis modificações nas propriedades desses compósitos, as quais, entre outros
efeitos, pode reduzir a propagação de fissuras em decorrência de esforços mecânicos (MELLO et
al., 2011).
Assim, este estudo tem como objeto propor uma medida mitigadora para o descarte de
materiais a base de Politereftalato de etileno (PET). Sendo proposta e investigada a sua utilização na
construção civil através da sua adição em argamassas. Após a incorporação do PET a resistência a
compressão simples dos corpos de prova foi medida e comparada com a do corpo de prova de
referência sem a adição do material.
METODOLOGIA
Cimento Portland CPII F32: O cimento Portland foi obtido no comercio local do município
de Santa Rita-PB, apresentando massa específica igual a 2,91 g/cm3 e finura igual 2,84%;
Politereftalato de Etileno: apresenta um pico exotérmico de 200°C, indicando a ocorrência
de modificações físicas e químicas na composição do material; pico endotérmico de
aproximadamente 82,64ºC, indicando a mudança de estado físico do material (sólido para líquido),
havendo uma pequena perda de massa; pico exotérmico de 129,62°C indicando uma nova mudança
de estado físico (líquido para vapor); perda de massa total de 0,24%; bandas características: em
aproximadamente 3000cm-1, identificada pela vibração de deformação axial do grupo (=C–H),
presentes em compostos aromáticos (benzeno); em 1709cm-1 estiramento C=O de ácido carboxílico;
em 1247cm-1 estiramento C(O)–O de grupos éster; em 1091 e em 1018cm-1 indicativo de
estiramento da ligação C–O e aproximadamente 726cm-1, deformação angular dos carbonos dis-
substituídos no anel aromático.
Os métodos de ensaios utilizados baseiam-se em normas, entre elas, da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), e normas internacionais da ASTM e da AASHTO. Após a
escolha dos materiais foram feitos os estudos de dosagem e a produção dos corpos de prova. Em
seguida a resistência dos corpos-de-prova foi medida por meio do ensaio de resistência a
compressão simples.
O traço utilizado na pesquisa foi o de 1:2:9, para a determinação do fator água/cimento (fa/c)
utilizou-se o método de Selmo e uma simplicação do Ensaio de Consistência.
Método de Selmo: propõe a dosagem racional de adições argilosas em argamassa de
revestimento e assentamento a partir de curvas de trabalhabilidade que correspondem à relação
entre agregados/cimento em misturas experimentais: ao variar a relação areia/cimento obtém-se
empiricamente, a quantidade mínima de adição capaz de plastificar a argamassa.
Simplificação do Ensaio de Consistência: o ensaio de Consistência é regido pela NBR 13279
(Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e teto – Preparo da mistura e
determinação do índice de consistência) ABNT (2005).
Utilizando-se os dois métodos obteve-se o fator água/cimento (fa/c) igual a 2,18, o qual
atende as condições de boa moldagem da argamassa. Assim obteve-se o traço de 1:2:9:2.18 que
correspondem respectivamente as proporções de cimento, cal, areia e água.
Com o traço finalizado, iniciou-se o procedimento de cálculo das quantidades de materiais
necessários para confecção dos corpos de prova. Algumas informações importantes par iniciar os
cálculos: dimensões 5cmx10cm (diâmetro x altura).
Inicialmente realizou-se o cálculo do consumo de cada material pela Equação (01).
1000
C Eq. (01)
1 a b
x
c a b
Onde:
ðc, ða e ðb são respectivamente, as massas específicas reais do cimento, areia e da brita;
1:a:b:x é o traço do concreto expresso em massa;
C é o consumo de cimento por metro cúbico de concreto, 1000 dm3.
Assim, para os corpos de prova de referência e com os teores de substituição tem-se o
quantitativo apresentado na Tabela 1.
Materiais
1:2:9:2.18
Misturas Cimento Portland (g) PET (g) Cal (g) Agregado miúdo (g) Água (g)
Traço
Figura 1: Produção da argamassa e moldagem dos corpos de prova. Fonte: Autoria própria.
Inicialmente foi passado o óleo lubrificante nos moldes para facilitar a desmoldagem.
Posteriormente colocou-se 3 camadas de material, com aplicação de 25 golpes com soquete para
cada camada. Em seguida regularizou-se a superfície com régua para uma melhor distribuição das
tensões, conforme ilustrado na figura 1.
Processo de cura
Para a caracterização mecânica dos corpos de prova de argamassa incorporadas com PET,
nas dimensões de 5cx10cm, foi realizado o ensaio de resistência à compressão simples, de acordo
com a norma ABNT NBR 7215 (ABNT 1996), nas idades de controle de 7, 14 e 28 dias. O
equipamento utilizado para realização do ensaio está ilustrado na Figura 3.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Resistência à compressão
1,3
1,2
1,2
1,1 1,1
1,1
Tensão (MPa)
1
0,9 0,9
0,9
0,8
0,7
0,7 Referência
0,5
0 7 14 21 28
Tempo de Cura (dias)
Figura 4: Resistência à compressão simples para a argamassa de referência e para a argamassa com 10% de
PET incorporado. Fonte: Autoria própria.
De acordo com os resultados obtidos, verifica-se que a argamassa com 10% de PET
incorporado em substituição do agregado miúdo, a tensão de compressão é maior durante todas as
fases de cura, tanto para 7, 14 e 28 dias, com um aumento percentual de 28,6%, 22,2% e 9,1%
respectivamente, em comparação com a argamassa de referência.
De acordo com a NBR 13281 a partir do resultado de resistência à compressão (1,20 MPa)
aos 28 dias, podemos classificar esta argamassa como sendo do tipo I, sendo ≥ 0,1 e < 4,0, para
assentamento e revestimento.
A Figura 5 ilustra a resistência a compressão da argamassa incorporada com 15% de PET
em substituição do agregado miúdo em comparação com a argamassa de referência.
1,2
1,1
1,1
1 0,95 0,95
0,9
Tensão (MPa)
0,9
0,8
0,7
0,7 Referência
15% PET incorporado
0,6
0,5
0 7 14 21 28
Tempo de cura (dias)
Figura 5: Resistência à compressão simples para a argamassa de referência e para a argamassa com 15% de
PET incorporado. Fonte: Autoria própria.
1,3
1,2
1,2
1,1 1,1
1,1
1 0,95 0,95
Tensão (MPa)
0,9 0,9
0,9
0,8
Referência
0,7
0,7 10% PET incorporado
15% PET incorporado
0,6
0,5
0 7 14 21 28
Tempo de Cura (dias)
Figura 6: Resistência à compressão simples para a argamassa de referência e para a argamassa com 10 e 15%
de PET incorporado. Fonte: Autoria própria.
Analisando os resultados obtidos para a resistência das argamassas ao longo dos 28 dias,
podemos observar que a incorporada com 10% de PET obteve um melhor resultado comparado com
15% de PET e com a de referência, indo de encontro com a maioria dos resultados na literatura que
diminuem a resistência da argamassa.
O resultados de Canellas (2005), que substituiu a areia da argamassa por partículas
floculadas de garrafas PET nos percentuais de 10, 30 e 50%, mostraram uma forte redução na
resistência mecânica à medida que aumenta o teor de partículas de plástico na argamassa. Os de
Marzouk (2006) demonstram uma ligeira redução nas resistências à compressão e à flexão, 15,7% e
32,8%, respectivamente, quando foi efetuada a substituição de até 50% em volume da areia por
resíduos de PET. Choi et al (2009), mostrou que a resistência a compressão decresceu em 5%, 15%
e 30%, com a incorporação de agragado plástico em 25%, 50% e 75%, respectivamente.
Outro fator importante a levar em consideração nos experimentos foi a diminuição da
trabalhabilidade de acordo com o aumento do teor de PET incorporado na argamassa, segundo
Mello (2011) é ocasionada pela redução da homogeneidade das misturas, redução da consistência,
retenção de água e uma maior segregação das partículas da argamassa. Como também pelo fato do
agregado de polietileno ter menor peso e maior volume comparado com o agregado natural e que os
traços produzidos em peso apresentam um volume de PET bastante elevado.
CONCLUSÕES
material, reduzindo os impactos ambientais gerados pela elevada produção e pelo descarte e
acumulação nos aterros sanitários e lixões, como também reduzir custos na preparação de
argamassas, atendendo todos os parâmetros estabelecidos nas normas. A partir dos resultados
obtidos no estudo experimental, podemos concluir que:
Para a resistência à compressão simples das argamassas, notou-se que para os teores de
substituição (10% e 15%), obteve-se resistência superior a argamassa de referência para
todas as idades (7,14 e 28 dias). É notável que para o teor de 10% PET obteve um melhor
desempenho nesta análise, se mostrando muito satisfatório. Analisando-se a resistência à
compressão aos 28 dias, nota-se que é possível destacar que em relação à argamassa de
referência, a combinação 10% PET é 9,1% superior em resistência e se tornou igual a de
referência para 15% PET.
Para os resultados obtidos pode-se classificar esta argamassa como sendo do tipo I segundo
a ABNT NBR 13281.
Solução ambiental no que diz respeito ao descarte e acumulação de material no meio
ambiente, incentivando a utilização pela indústria da Construção Civil ocasionado pela
redução de custos na produção da argamassa.
REFERÊNCIAS
______. NBR 13281: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos – requisitos.
Rio de Janeiro, 2005.
CHOI, Y. W.; MOON, D. J.; KIM, Y. J.; LACHEMI, M. Characteristics of mortar and concrete
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argamassa. 172p. Dissertação (Mestrado), Engenharia Ambiental Urbana, Universidade Federal
da Bahia, Salvador, 2011.
NAIK, T. R.; SINGH, S.S.; HUBER, C. O.; BRODERSEN, B. S. Use of post-consumer waste
plastics in cement-based composites. Cement and concrete research, 1996. v. 26, n° 10, p. 1489 –
1492.
RESUMO
Nos dias atuais, é expressivo o número de discussões acerca dos impactos ambientais envolvendo o
consumo exacerbado da população e da enorme quantidade de resíduos sólidos descartados no meio
ambiente de forma inadequada e em locais inapropriados. À vista disto, são evidentes as
consequências dessas práticas no planeta Terra, como o aquecimento global e o efeito estufa, duas
questões frequentes em debates ao redor do mundo. No Brasil, a quantidade de resíduos sólidos
descartados é enorme e, em muitas localidades, a população não possui práticas educativas
ambientais, nem hábitos de sustentabilidade no dia a dia. Com isso, o trabalho coletivo surge como
uma estratégia que pode funcionar para diminuir estes impactos ambientais. A população deve ser
conscientizada e orientada por órgãos competentes que possam contribuir para o crescimento de
atividades capazes de minimizar estes riscos ao meio ambiente. A coletividade em condomínios
residenciais verticais pode funcionar como uma tática para conscientização e práticas que possam
melhorar o meio ambiente. Portanto, o objetivo deste trabalho é a confecção de uma cartilha acerca
de coleta seletiva destinada a condomínios residenciais verticais da cidade de Campina Grande,
localizada no estado da Paraíba (PB), com o propósito de promover educação ambiental. A cartilha
é constituída de orientações e informações, a fim de conscientizar a população destes locais sobre
práticas de sustentabilidade e de cuidados com o meio ambiente.
Palavras-chaves: cartilha; coleta seletiva; resíduos sólidos; meio ambiente; condomínios
residenciais.
ABSTRACT
Nowadays, the number of discussions about environmental impacts involving the exacerbated
consumption of the population and the enormous amount of solid waste discarded in the
environment is inadequate and in inappropriate places. In light of this, the consequences of these
practices on planet Earth, such as global warming and the greenhouse effect, are evident in two
debates around the world. In Brazil, the amount of solid waste disposed of is enormous, and in
many localities the population does not have environmental education practices or sustainability
habits in everyday life. With this, collective work emerges as a strategy that can work to reduce
these environmental impacts. The population must be aware and guided by competent bodies that
can contribute to the growth of activities capable of minimizing these risks to the environment. In
view of this, the community in vertical residential condominiums can act as a tactic for awareness
and practices that can improve the environment. Therefore, the objective of this work is the
preparation of a primer on selective collection for residential residential condominiums in the city
of Campina Grande, located in the state of Paraíba (PB), with the purpose of promoting
environmental education. The booklet is made up of guidelines and information in order to raise the
awareness of the population of these places about sustainability and environmental care practices.
Keywords: primer; selective collect; solid waste; environment; residential condominiums.
INTRODUÇÃO
preocupação que a sociedade e os órgãos públicos devem possuir em criar mecanismos e políticas
para diminuir os impactos ambientais causados pelos Resíduos Sólidos. Além disso, é indispensável
o trabalho coletivo como meio de fortalecer as estratégias elaboradas para sanar estes problemas. A
população deve ser conscientizada e orientada por órgãos competentes que possam contribuir para o
crescimento de atividades capazes de minimizar estes riscos ao meio ambiente.
À vista disto, o sistema de coleta seletiva em condomínios residenciais verticais pode
funcionar como uma tática para conscientização e práticas que possam preservar o meio ambiente.
Portanto, o objetivo deste trabalho foi a confecção de uma cartilha acerca de coleta seletiva
destinada a condomínios residenciais verticais da cidade de Campina Grande, localizada no estado
da Paraíba (PB), com o propósito de promover educação e sensibilização ambiental aos moradores e
funcionários dos condomínios participantes.
METODOLOGIA
O trabalho foi elaborado utilizando uma pesquisa na literatura para confecção de uma
cartilha sobre coleta seletiva de resíduos sólidos, a fim de promover educação ambiental para
moradores de condomínios residenciais verticais da cidade de Campina Grande, no estado da
Paraíba (PB).
Caracteriza-se como uma pesquisa de aspecto qualitativo, visto que pretende analisar a
produção e os conteúdos inseridos na cartilha. Desse modo, a pesquisa qualitativa se descreve pela
necessidade de apresentar uma preocupação em compreender um determinado fenômeno social,
levando em consideração as perspectivas que são apresentadas pelos sujeitos pesquisados
(FIRESTONE, 1987 apud MOREIRA, 2009).
A cartilha foi confeccionada a partir de um projeto de extensão aprovado pela comissão
avaliadora da PROEX, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) como um dos requisitos
necessários para o desenvolvimento do projeto. Este visa promover Educação Ambiental aos
moradores de condomínios, direcionando para os cuidados com os resíduos sólidos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A cartilha foi criada para ser divulgada nos condomínios residenciais verticais de
Campina Grande (PB), em locais selecionados para tal ação, seguindo as seguintes etapas de
elaboração:
Desse modo, a cartilha segue um padrão de informações: conceitos gerais, informes, alertas,
vantagens, tabelas, imagens e uma lei estadual respaldando a importância da coleta seletiva em
edificações residenciais, com o propósito de orientar os moradores nas suas práticas de
sustentabilidade e de cuidados com o meio ambiente.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos;
altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário Oficial [da
República Federativa do Brasil], Brasília, DF, 03 ago. 2010. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 28 abr.
2017.
LEONARD, Annie. A história das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. 302p.
MAZETO, Carlos Cassiano; ABREU, Estela Pinheiro de. Implantação da Coleta Seletiva em um
condomínio residencial em Curitiba. (Trabalho de Conclusão de Curso) – Departamento
Acadêmico de Química e Biologia, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2014,
53p.
RESUMO
A praia de Boa Viagem, localizada na zona sul da cidade do Recife, está localizada no perímetro
urbano da cidade e é considerada área nobre por conta da grande rede de serviços e residências de
luxo que se instalaram na região, a praia é uma importante área de turismo do Recife, recebendo
turistas do mundo inteiro. Contudo, com a quantidade de turistas que frequentam a faixa de praia, os
serviços destinados ao turismo e a especulação imobiliária, a praia pode sofrer impactos negativos e
consequentemente, degradação ambiental. Com essa problemática, o objetivo deste trabalho é
delimitar as áreas de estudo, que abrange a faixa de praia mais próxima a costa, onde há atividades
como banho de sol e a faixa de praia mais próxima ao mar, que é a área mais rasa da praia.,
identificar indicadores de degradação e a partir de um checklist medir o nível de degradação
ambiental. Se concluiu que o nível de degradação ambiental da praia é baixo, por conta dos
banhistas que a frequentam, do comércio ali instalado e das campanhas promovidas pela Prefeitura
Municipal do Recife que criam ações para sensibilização ambiental, que incentiva a conservação
das praias.
Palavras-chave: Degradação, Praia, Recife, Boa Viagem.
ABSTRACT
The Boa Viagem beach, located in the southern part of the city of Recife, is located in the urban
perimeter of the city and is considered a noble area, due to the large network of services and luxury
residences that have been installed around it, the beach is a Important tourist area of Recife,
receiving tourists from all over the world. However, with the number of tourists that go to the
beach, services for tourism and real estate speculation, the beach can suffer negative impacts and,
consequently, environmental degradation. With this problem, the objective of this work is to delimit
the study areas, which covers the strip of beach closest to the coast, where there are activities such
as sunbathing and the strip of beach closest to the sea, which is the shallowest area of the Identify
degradation indicators and from a checklist measure the level of environmental degradation. It was
concluded that the level of environmental degradation of the beach is low, due to the bathers that
attend it, the commerce installed there and the campaigns promoted by the Municipality of Recife
that create actions for environmental awareness, which encourages the conservation of the beaches.
Keywords: Degradation, Beach, Recife, Boa Viagem.
INTRODUÇÃO
As ações antrópicas sobre a natureza podem causam impactos que muitas vezes são
superiores à capacidade de suporte do meio natural. Um exemplo disso é a urbanização desordenada
no litoral, podendo causar descaracterização ambiental, degradação e desestruturações irreversíveis
(CORIOLANO, 2001). Estas ações podem provocar a poluição destes ambientes, inviabilizando o
seu uso e acarretando graves problemas ambientais. A poluição representa um dos principais
problemas para a maior parte das costas em todo o mundo, podendo trazer graves consequências
ambientais e econômicas.
O Brasil apresenta 8.500 km de linha de costa (AWOSIKA & MARONE, 2000), com alta
potencialidade turística advinda do processo de ocupação comercial e turística na faixa litorânea,
que são possíveis por conta de diversos fatores, dentre eles se destaca o clima ameno, um fator
relevante para atração de brasileiros, e até mesmo os estrangeiros para atividades turísticas durante
todo o ano, tendo maior procura nos meses ensolarados. Com isso pode-se perceber uma sobrecarga
turística e consequentemente ambiental.
Em decorrência deste grande conglomerado de pessoas por conta dos prédios residenciais,
comércios, atividades turísticas e mal gerenciamento dos órgãos públicos no ambiente praial, o
mesmo vem sofrendo um processo de degradação ambiental, que para GUERRA & GUERRA
(1997, p.184) é:
... causada pelo homem, que, na maioria das vezes, não respeita os limites impostos pela
natureza. A degradação ambiental é mais ampla que a degradação dos solos, pois não
envolve só a erosão dos solos, mas também a extinção de espécies vegetais e animais, a
poluição de nascentes, rios, lagos e baias, o assoreamento e outros impactos prejudiciais ao
meio ambiente e ao próprio homem.
Sendo o Brasil um dos países a qual grande parte das atividades turísticas estão concentrada
em ambientes praiais e a especulação imobiliária é também muito forte nessas áreas, é inegável a
sua a sobrecarga ambiental advinda desses fatores. O resultado desta sobrecarga ambiental ocasiona
degradação nessas áreas, que de acordo com SÁNCHEZ (2008) caracteriza-se como um impacto
ambiental negativo.
Consta na Resolução CONAMA nº 001 de 1986 a seguinte definição de impacto ambiental:
Por isso, este trabalho tem como principal objetivo fazer uma avaliação dos possíveis
impactos ambientais presentes na praia de Boa Viagem, advinda do grande volume de visitantes e
do comércio ali instalado, tendo em vista analisar as áreas de praia, subdivididas neste trabalho
entre a porção mais próxima a costa, sendo a área de atividades recreativas e banho de sol, e porção
mais próxima ao mar, que é a área com mais interferência das ondas, e a partir daí fazer um
checklist dos principais indicadores de degradação, e a partir desta listagem preliminar,
identificarmos os níveis deste impactos, que significa medir o nível de degradação a qual a praia de
Boa Viagem se encontra, e a partir deste resultado sugerir ações para frear esta degradação.
Em toda sua extensão, o conjunto de praias da cidade do Recife apresenta danos ambientais
causados pela ação antrópica, esta degradação é decorrente de um históricos de exploração,
especificamente da orla da praia de Boa Viagem, na década de 70, a praia foi palco da exploração
turística que acelerou seu processo de urbanização. Sem planejamento adequado a orla da Boa
Viagem passou a ser explorada não só pela atividade turística, mas também pela atividade
imobiliária, resultando na perda das características ambientais. A especulação imobiliária na área
acelerou a verticalização e aumentou o custo de vida da população local, sendo o bairro da Boa
Viagem um dos bairros com maior custo de vida da cidade. Devido ao crescimento desordenado,
parte da praia sofreu mudança paisagista devido aos processos de erosão costeira (Gregório 2004,
Souza 2004, Leal 2006).
A faixa litorânea do Recife compreende a praia de Pina e a praia de Boa Viagem, e é um dos
maiores exemplos de praias urbanas da região nordeste, que de acordo com Smith (1991), são
aquelas que circundam cidades, bairros ou balneários consolidados de diversos níveis de
desenvolvimento. Ou seja, são as praias sob ocupação e influência humana direta, utilizadas tanto
pela população local, tanto quanto por visitantes. A praia de Boa Viagem tem uma faixa litorânea de
8 km os quais se apresentam em um conjunto paisagístico composto de sol, areia, mar e recifes de
arenito paralelos a linha de costa (Costa & Kahn 2003, Costa & Souza 2002) e uma população
residente de 100.388 habitantes em todo bairro. A orla da Boa Viagem pode ser classificada como
―exposta com urbanização consolidada‖ (PROJETO ORLA 2001). SMITH (1991) ainda a classifica
como cidade resort, ou praia altamente desenvolvida. Esta praia apresenta diferentes graus de
conservação em relação ao ambiente praial. Os recifes de arenito são responsáveis pela formação de
piscinas naturais durante a maré. A maioria dos hotéis de luxo construída na orla da Boa Viagem
encontram-se em frente a maior faixa de extensão desses recifes, explorando a beleza cênica do
local.
MATERIAIS E MÉTODOS
Área de estudo
A área delimitada para identificação e listagem dos indicadores de degradação ambiental foi
a extensão da praia de Boa Viagem que totaliza 8km, nos atemos a apenas zona solarium e zona
ativa, descrita por Polette et al. (2001) e Polette & Raucci (2003) no período de 3 á 5 de fevereiro de
2017.
Figura 01. Delimitação de toda extensão da praia de Boa Viagem. Fonte: autor (Priscila Nascimento)
A princípio, nos utilizaremos do trabalho de Polette et al. (2001) e Polette & Raucci (2003),
que sugerem um zoneamento do ambiente praial a partir das características morfológicas,
hidrodinâmicas e de uso, da seguinte maneira:
1 - Zona solarium (supra e mesolitoral) – onde são realizadas atividades como tomar banho de sol,
armar barracas e guarda-sóis, etc.
2 - Zona ativa (mesolitoral) - faixa de praia junto ao mar, altamente influenciada pela oscilação da
maré, utilizada para caminhadas e atividades recreativas na areia (jogos, castelos de areia e etc.).
3 - Zona de surf (infralitoral) - faixa onde ocorre a quebra das ondas, e na qual são realizadas
atividades recreacionais aquáticas que não necessitam do uso de equipamentos (nado e banho de
mar).
Contudo, para os fins deste trabalho, as áreas utilizadas nesse estudo serão apenas a zona
solarium e zona ativa.
Figura 2: Delimitação das áreas de praia em Zona Solarium, Zona Ativa e Zona de Surf. Fonte autora
(Priscila Nascimento).
cada impacto nas seguintes categorias: pequeno (valores de -1 a -3), moderado (valores -5 a -9) e
extremo (valores -15 a -25). O somatório dos valores desta multiplicação fornece o índice geral de
impacto na área estudada, sendo considerado pequeno (-1 a -100), moderado (-101 a -170) e
extremo (-171 em diante).
RESULTADOS
O nível de degradação das zonas solarium e da zona ativa da praia de Boa Viagem
apresentou índice geral de -81 (tabela 01) e foi considerado como pequeno. Os pesos atribuídos aos
indicadores foram iguais (3), os maiores efeitos foram atribuído aos indicadores de resíduos sólidos
e deposição do lixo, fazendo assim com que os mesmos obtivessem classes mais elevadas.
Check list
Indicadores Peso Efeito Classe
Monitoramento 3 -3 -9
dos recursos
hídricos
Fragmentação 3 -3 -9
da cobertura
vegetal
Resíduos 3 -5 -15
sólidos
Material 3 -3 -9
Orgânico
Deposição do 3 -5 -15
lixo
Perda da 3 -3 -9
biodiversidade
Poluição sonora 3 -3 -15
TOTAL -81
Tabela 01.Indicadores de degradação ambiental. Fonte: autor (Priscila Nascimento)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
envolve as atividades turísticas e ainda com uma grande parcela de moradores fixos, possui um
baixo nível de degradação ambiental. Contudo, gostaríamos de ressaltar que esse estudo é apenas
para medir o nível de degradação a qual a praia se encontra atualmente apenas nas áreas delimitadas
pela metodologia proposta, levando em consideração apenas os indicadores de degradação
ambiental propostos no checklist.
Este resultado é fruto de um conjunto de fatores, o mais atenuante são as ações de
sensibilização ambiental promovidas pela prefeitura municipal do Recife, que promove campanhas
regularmente para conscientização dos banhistas e também dos comerciantes formais e informais
que estão instalados na praia.
Em entrevistas informais podemos perceber que os comerciantes informais disponibilizam
sacolas para os banhistas instalados em suas barracas para tentar amenizar a quantidade de lixo na
areia. A grande parte dos banhistas também ressaltaram que a praia possui muitos lixeiros, o que
facilita o descarte de resíduos sólidos e materiais orgânicos.
REFERÊNCIAS
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costeiras: uma perspectiva dos países em desenvolvimento. Costa do oceano . Manag . , V.43 ,
p.781-791 , 2000.
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Anais do II Congresso sobre Planejamento e Gestão das Zonas Costeiras dos Países de
Expressão Portuguesa, IX Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário, II
Congresso do Quaternário dos Países de Língua Ibéricas, Recife, meio magnético (CD). 2003.
COSTA, M. & SOUZA, S. T.. A zona costeira Pernambucana e o caso especial da praia da Boa
Viagem: Usos e Conflitos. P. 1-16. In: Construção do Saber Urbano Ambiental: A Caminho da
Transdisciplinaridade. Editora Humanidades, Londrina, 99 p. 2002
GREGÓRIO, M. N., ARAÚJO, T. C. M. & VALENÇA, L. M. M.. Variação sedimentar das praias
do Pina e da Boa Viagem, Recife (PE) Brasil. Tropical Oceanography, 31(1):39-52. 2004
KAY, R. & ALDER, J. Coastal Planning and Management. E & FN spon, London 1999.
LEAL, M. M. V. . Percepção dos usuários quanto à erosão costeira na praia da Boa Viagem,
Recife (PE), Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Pernambuco (UFPE),
Pernambuco, Brasil, 108p. 2006
PROJETO ORLA. Projeto de gestão integrada da orla marítima - Brasília: Ministério do Meio
Ambiente e Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, 80 p, 2001.
SILVA, J.S.; BARBOSA, S.C.T.; Leal, M.M.V.; LINS, A.R. & COSTA, M.F. Ocupação da praia
de Boa Viagem (Recife, PE) ao longo de dois dias de verão: um estudo preliminar.Pan-Amer. J.
Aquat. Sci., v.1, n.2, p.91-98, 2006.
SOUZA, S. T.. A saúde das praias da Boa Viagem e do Pina, Recife- PE. Dissertação de Mestrado.
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Pernambuco, Brasil, 99 p. 2004.
SMITH, R. A. Beach resorts: A model of development evolution. Landscape and Urban Planning,
21 (3): 189-210. 1991
RESUMO
Esse artigo propõe-se a refletir sobre o Programa de comunicação Social e interação com a
comunidade desenvolvido pelo Estaleiro Naval Promar S.A/PE como parte das medidas de
mitigação dos impactos sociais negativos relativos ao licenciamento ambiental do empreendimento.
Problematiza a noção de desenvolvimento, os impactos ocasionados por esse empreendimento nas
comunidades tradicionais afetadas, a ação (ou omissão) do Estado no monitoramento dos
Programas de compensação e mitigação; e os conflitos socioambientais daí decorrentes.
Palavras-Chave: Gestão Ambiental Pública; Comunicação Social; Conflitos socioambientais.
ABSTRACT
This article proposes to reflect on the Program of social communication and interaction with the
community developed by Naval Shipyard Promar S.A / PE as part of the measures to mitigate the
negative social impacts related to the environmental licensing of the enterprise. It problematizes the
notion of development, the impacts caused by this enterprise in the traditional communities
affected, the State's action (or omission) in the monitoring of the Compensation and Mitigation
Programs; And the resulting socio-environmental conflicts.
Keywods: Public Environmental Management; Social Communication; Socio-environmental
conflicts.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho refere-se aos resultados de estudos que vem sendo desenvolvidos desde
2014 com apoio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica - PIBIC/ CNPQ, nos
quais se buscou explorar o campo da gestão pública do meio ambiente, tendo como foco a análise e
identificação de medidas mitigadoras dos impactos ambientais negativos do Estaleiro Promar S.A.
situado no Complexo Industrial e Portuário de Suape – CIPS. Essas medidas foram evidenciadas no
Estudo de Impactos Ambiental/Relatório EIA/RIMA e contempladas nos Planos Básicos
Ambientais – PBAS.
68
O Território Estratégico de Suape compreende oito municípios na sua área de influência direta e indireta: Cabo de
Santo Agostinho, Escada, Ipojuca, Jaboatão dos Guararapes, Moreno, Ribeirão, Rio Formoso e Sirinhaém
69
Trata-se de 48 famílias, aproximadamente 200 pessoas.
A trajetória da expansão capitalista no Brasil parece revelar que a via privilegiada tem sido a
exploração intensiva dos recursos naturais (JUNIOR; GARCIA; VIANA, 2015). Essa tendência
está em consonância com a histórica subordinação da periferia do sistema do capital aos países
Tal modelo vem ampliando e intensificando a exploração dos recursos naturais através dos
chamados ―grandes projetos de desenvolvimento‖ que afetam de maneira dramática as
terras, os territórios, os recursos e os modos de vida de camponeses, indígenas, povos e
comunidades tradicionais, resultando em intensos conflitos socioambientais (JUNIOR;
GARCIA; VIANA, 2015, p. 182)
Desse modo, faz-se imprescindível a gestão ambiental pública. Esta pode ser entendida
como processo de mediação de conflitos de interesses, dada a existência de
assimetrias/desigualdade na organização do poder político e econômico (LAYRARGUES, 2002). O
licenciamento é um dos mais importantes instrumentos da gestão pública do meio ambiente e uma
exigência legal70 a que estão sujeitos todos os empreendimentos ou atividades que possam causar
algum tipo de poluição ou dano ambiental. O licenciamento ambiental do Estaleiro Promar é de
responsabilidade da CPRH, à qual coube proceder à liberação da licença como também acompanhar
as ações propostas como medidas mitigadoras nos PBAS71. O EIA-RIMA complementar deste
empreendimento (proc. CPRH nº 7742/2010)72, aponta os impactos positivos e os negativos, bem
como indica as medidas destinadas ao controle dos impactos negativos e outras de caráter
mitigatório, tanto ambientais quanto sociais, condensadas no Plano Básico Ambiental, constituído
70
As principais diretrizes do licenciamento ambiental estão traçadas na Política Nacional do Meio Ambiente Lei
6.938/81,e no art. 225 da CF/88 que trazem um conjunto de normas para a preservação ambiental. As Resoluções do
Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) 001, e 237/97 e Lei Complementar 140/2011 estabelecem
procedimentos para o licenciamento ambiental.
71
As medidas de mitigação são propostas para cada impacto ambiental identificado pelo EIA e incorporadas ao Plano
Básico Ambiental - PBA, citado no EIA/RIMA e exigido para a licença do empreendimento.
72
O EIA-RIMA do Estaleiro Promar é considerado complementar devido a existência no CIPS de outro
empreendimento com o mesmo perfil, o Estaleiro Atlântico Sul (RABELO, 2014).
pelos diversos Programas Básicos Ambientais, cuja responsabilidade coube às duas empresas:
Empresa Suape e Estaleiro Promar73.
Nestes termos, Programa de Comunicação Social e Interação com a Comunidade tem como
objetivo central construir e fortalecer esse canal de comunicação, de modo a ―utilizar a
comunicação social como instrumento facilitador dos processos de remanejamento da população e
divulgação de ações dentro do CIPS‖ (EIA, 2010, p. 350).
73
Segundo o EIA/RIMA Complementar, as responsabilidades estão assim constituídas:
Programas sob a responsabilidade de SUAPE
Programa de Compensação Ambiental
Programa de remanejamento, relocação e acompanhamento de população afetada
Programa de comunicação social e interação com a comunidade
Programa de integração com as atividades de planejamento, controle e
fiscalização do uso e ocupação do solo das bacias dos Rios Tatuoca e Massangana
Programa de controle ambiental (PCA) durante a implantação das obras
Programa de proteção aos manguezais que não serão suprimidos
Programa de acompanhamento e monitoramento da qualidade ambiental do CIPS e áreas circundantes
Programa de prospecção, acompanhamento e resgate arqueológico
Programas sob a responsabilidade da PROMAR S.A:
Programa de Gestão Ambiental;
Programa de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD;
Programa de Controle Ambiental – PCA durante Implantação;
Programa de Controle Ambiental – PCA durante Operação;
Programa de Comunicação Social e Educação Ambiental;
Programa de treinamento e capacitação de mão de obra;
Programa de condições e meio ambiente na indústria da construção, PCMAT;
Programa de prevenção de acidentes e riscos ambientais durante a fase de operação.
Os dois programas aludidos estão divididos sobretudo no responsável por sua execução, pela
aproximação mais direta com as comunidades relocadas e com os trabalhadores do Estaleiro
Promar. No entanto,
A separação de PBA‘s para efeitos de apresentação deste EIA complementar, não implica
na dissociação deles quando da implantação do Empreendimento, muito pelo contrário, as
duas Empresas, SUAPE e PROMAR S.A devem estar totalmente entrosadas e focadas na
mitigação conjunta dos impactos ambientais identificados neste Estudo (EIA- RIMA
Promar, p. 75/76).
Isto posto, o fato de não ter sido facultado o acesso aos relatórios – da CPRH, por alegada
inexistência e os da Empresa Suape por recusa em atender à solicitação - partiu-se da constatação de
que os programas de comunicação social (da Empresa Suape e do Promar) devem (ou deveriam)
estar imbricados.75 As atividades, sumariamente relatadas, podem ser assim classificadas: a)
74
Após solicitação ao órgão ambiental dos documentos relativos aos Planos Ambientais Básicos e os relatórios de
monitoramento das ações nele previstas, fomos informados que os mesmos não estavam sob o domínio da CPRH (no
primeiro caso) ou não existiam (no segundo). Em contatos posteriores com o empreendimento e com a Empresa Suape,
apenas recebemos relatórios do empreendimento (relatórios do Programa de Comunicação Social). A despeito das
sucessivas investidas junto à empresa Suape, nenhum retorno obtivemos da mesma.
75
Foram analisados relatórios relativos aos meses de janeiro, fevereiro, abril, maio e junho, julho, agosto, setembro,
outubro e novembro de 2015, os quais mostram as ações desenvolvidas pelo Programa de Comunicação Social do
entrevista com os coordenadores das equipes dos programas ambientais da empresa; b) Divulgação
de atividades educativas na empresa, a exemplo da semana do meio ambiente, Dia mundial da água,
dentre outros; c) Elaboração de textos para confecção de informativos alusivos a temas ambientais,
os quais abordaram temas como consumo consciente da água, reciclagem etc.; d) Divulgação das
ações dos programas ambientais para os funcionários e fornecedores da empresa.
Pelo exposto, fica evidenciado que as ações de comunicação social não dialogam com a
comunidade local, a proposta de comunicação não evidencia a complexidade do empreendimento,
dos impactos negativos que originou. A comunicação é realizada de forma instrumental,
pragmática, voltada para ações pontuais, assumindo mais um caráter informativo, de divulgação da
política empresarial para os trabalhadores e parceiros, não dialogando com o que acontece no
território onde está inserido o Estaleiro. Dessa maneira, a análise dos relatórios revela que não há
uma interlocução com a população afetada, nem há menção nos relatórios a parcerias com a
empresa Suape no tocante às ações de comunicação social. Assim, esta é implementada de forma a
atender as determinações legais e de maneira bastante seletiva, divulgando apenas questões do
interesse imediato dos empreendedores. Todos os relatórios afirmam que esse programa está à
disposição para redação de artigos de opinião, visando ocupar espaços privilegiados na mídia, como
modo de dar visibilidade, um retorno positivo, a imagem institucional do Estaleiro.
Por sua vez, a ausência de informações por parte da empresa Suape não implica
necessariamente o desconhecimento da realidade local. Esta vem sendo sistematicamente
denunciada pelos moradores locais por utilizar-se da força e da intimidação como métodos para
obtenção de seus intentos. Denúncia realizada pelo Fórum Suape Socioambiental76 junto à
Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico – OCDE, em 2015, e acatada em
2016, relata a violação dos direitos humanos e socioambientais cometidos pela empresa
multinacional holandesa Van Oord contratada pelo CIPS para as atividades de dragagem no canal
de acesso ao Estaleiro Promar. A referida denúncia destaca a falta de comunicação da empresa
sobre a severidade dessa dragagem que atingiu a população e o meio ambiente e mediante a qual o
Promar não advertiu dos danos ambientais, ao atingir áreas de maior ocorrência pesqueira,
refletindo diretamente nas condições de vida das comunidades. Deve-se salientar que as obras de
dragagem foram executadas através da licença emitida pelo órgão licenciador, a CPRH.
empreendimento. Tais relatórios são produzidos pelo INSTITUTO MONITORE e refere-se ao monitoramento
ambiental do ESTALEIRO VARD PROMAR, em conformidade com as exigências contidas na Licença de Instalação
(LI) nº 01.11.03.002866-4 e Licença de Operação (LO) nº 05.14.05.002691-5, emitidas pela Agência Estadual de Meio
Ambiente (CPRH).
76
O Fórum Suape Espaço Socioambiental é uma organização composta por vários sujeitos da sociedade civil; surgiu
como forma de resistência ao processo de acumulação por espoliação, à forma truculenta a qual os moradores do
entorno de Suape e o meio ambiente são submetidos.
Art. 3º - I grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem
formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais
como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica,
utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição;
Entretanto, esses direitos estão sendo violados. Este processo pode ser interpretado como
uma nova expressão da velha luta de classes, um embate desigual, onde os interesses do capital se
sobressaem aos demais, transformando territórios antes ocupados por comunidades que sobrevivem
diretamente da natureza, em territórios do capital. Harvey (2014) nomeou esse processo de
acumulação por espoliação, formas de apropriação de bens comuns existentes que tiveram início
nos primórdios do capitalismo (então denominado de Acumulação Primitiva) e que se mantém e se
modernizam no capitalismo contemporâneo. Segundo ele ―todas as características da acumulação
primitiva que Marx menciona permanecem fortemente presentes na geografia histórica do
capitalismo até os nossos dias‖ (p. 121), porém ―alguns dos mecanismos da acumulação primitiva
que Marx enfatizou foram aprimorados para desempenhar hoje um papel bem mais forte do que no
passado‖ (p. 122). Assim, ―a acumulação por espoliação pode ser aqui interpretada como o custo
77
PE – No complexo de Suape, agricultores familiares lutam por indenizações justas e por seus direitos. Disponível em:
http://www.conflitoambiental.icict.fiocruz.br/index.php?pag=ficha&cod=408. Acessado em: 09/08/2016.
78
Nesse relatório reuniu-se dados sobre os principais conflitos ambientais envolvendo comunidades pesqueiras em 14
estados, dentre eles Pernambuco.
79
CPP lança relatório sobre conflitos socioambientais enfrentados por comunidades pesqueiras no país. Disponível:
http://peloterritoriopesqueiro.blogspot.com.br/2016/07/cpp-lanca-relatorio-sobre-os-conflitos_12.html. Acessado em:
21/07/2016.
80
Brasil. Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais. Decreto nº 6.040,
de 07 de fevereiro de 2007. Disponível: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6040.htm.
Acessado em: 10/08/2016.
necessário de uma ruptura bem-sucedida rumo ao desenvolvimento capitalista com o forte apoio
dos poderes do Estado‖ (p 128). A acumulação por espoliação contribui para que o capital
sobreacumulado, excedentes de capital ociosos, tenham escoadouro lucrativo, através do ―ajuste
espacial‖ no qual são incorporadas novas áreas à lógica de acumulação.
O que a acumulação por espoliação faz é liberar um conjunto de ativos (incluindo força de
trabalho) a custo muito baixo (e, em alguns casos, zero). O capital sobreacumulado pode
apossar-se desses ativos e dar-lhes imediatamente um uso lucrativo. No caso da acumulação
primitiva que Marx descreveu, isso significa tomar, digamos, a terra, transferindo então a
terra a corrente principal privatizada da acumulação do capital (HARVEY, 2014, p. 124).
Dessa maneira, buscam-se novos meios de valorização do capital de forma que, dentre seus
mecanismos, verifica-se: a) a ênfase na propriedade intelectual e biopirataria; b) a destrutividade
dos recursos ambientais globais (terra, ar água); c) a mercantilização de formas culturais; d) a
privatização dos bens públicos (HARVEY, 2014). Portanto, caracteriza-se por uma ruptura forçada
para que determinadas áreas não capitalistas, como as comunidades tradicionais, ou meios ainda
não tidos como mercadorias, sejam integrados à dinâmica do sistema capitalista, submetendo tanto
o social como o meio ambiente à lógica da lucratividade81.
Neste contexto, o Estado, enquanto grande agente da acumulação vem propiciando ao
capital a reprodução da sua dinâmica predatória, sendo este uma estrutura que dá viabilidade e
integra a sua estrutura de classe e relações de produção (MÉSZÁROS, 1987). A insuficiência da
ação reguladora do Estado, através do órgão licenciador, ou diretamente a sua recusa em exercer o
monitoramento dos programas voltados à mitigação dos impactos negativos do empreendimento,
acaba por conceder ampla liberdade ao capital no processo de apropriação dos recursos naturais,
desconsiderando os interesses dos demais segmentos da população local.
Neste sentido, as contradições da sociedade burguesa se camuflam, dentre outras estratégias,
a partir da conexão entre ideologia e Estado, ― os interesses gerais de classe são capazes de ser
transformados num ―interesse geral ilusório‖, pois a classe dirigente pode, com sucesso,
universalizar suas ideias como ―ideias dominantes‖‖ (HARVEY, p. 79, 2005). As ideias aparecem
como autônomas, como se tivessem um significado independente de qualquer interesse de classe
específico. Mandel (1985) destaca a função integradora do Estado, que tem o papel de integrar as
classes dominadas, garantindo que a ideologia da sociedade continue sendo aquela da classe
dominante, contribuindo para que os dominados aceitem sua exploração.
81
A autora Virgínia Fontes (2010) discorda da teoria de acumulação por espoliação defendida por David Harvey, pois
segundo Harvey, para o capital se propagar é necessário atingir áreas não capitalistas, as externalidades. Entretanto,
para a autora, o processo de expropriação dentro do sistema capitalista nunca se normalizou, não existe áreas totalmente
fora do capitalismo, a violência inicial própria da acumulação primitiva é permanente e constitutiva adequando-se as
peculiaridades dos momentos históricos do capitalismo. As lutas não se dão fora do capitalismo, nas externalidades,
mas sim internamente, ocorrendo diferente e sucessivas expropriações, sendo a ―expropriação a base fundante da
relação social que sustenta a dinâmica capitalista, permite melhor apreender a dinâmica interna da lógica do capital,
como ponto de partida, meio e resultante da concentração de capitais‖. (p. 74).
Dessa maneira, a função integradora contribui para a dominação de classe. Essa função
integradora se propaga pelas diferentes ideologias, e ―a reprodução e evolução dessas funções
integradoras efetivam-se pela instrução: pela educação, pela cultura e pelos meios de comunicação
– mas sobretudo pelas categorias de pensamento peculiares à estrutura de classe de uma sociedade‖
(MANDEL, 1985 p. 334). Logo, o apelo ideológico está presente no CIPS ao se difundir a ideia de
―desenvolvimento‖, propagando-o como grande impulsionador do crescimento que beneficiará a
todos. Esses conceitos são mais do que ferramentas ideológicas, ligam-se ao Estado e estão
intimamente associados ao sistema legal burguês (HARVEY, 2005). Assim como, o Estado, no
capitalismo tardio, tem papel central para a valorização do capital, garantindo assim oportunidades
para que sejam evitadas as crises intrínsecas a esse modo de produção.
CONCLUSÕES
82
Agrava-se crise no setor naval. Disponível em:
http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/economia/pernambuco/noticia/2015/12/15/agrava-se-crise-no-setor-naval-
entenda-212543.php. Acessado em: 04/02/2016.
83
Petrobrás aprova venda da Petroquímica Suape e da Citepe por US$ 385 milhões. Disponível em:
http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2016/12/economia/539205-petrobras-aprova-venda-da-petroquimica-suape-e-da-
citepe-por-us-385-milhoes.html. Acessado em: 10/03/2017.
mecanismo de controle que o Estado possui para regular as atividades econômicas, tendo na
participação sua característica mais avançada.
No entanto, o licenciamento tem sido negligenciado e, na atual conjuntura observa-se uma
tendência à forte flexibilização do licenciamento, sendo está uma das escolhas feitas pela atual
agenda econômica do país para a saída da crise. Diante disso, faz-se imprescindível fomentar
condições para efetivar o papel social do licenciamento, ultrapassando sua dimensão meramente
―técnica‖, incorporando em seu processo os sujeitos que vêm sendo duramente atingidos pelo dito
desenvolvimento (LOUREIRO, 2010). Trata-se de uma luta política, na defesa de direitos
conquistados e sua ampliação. Ainda que insuficientes para fazer face à ofensiva do capital, a
defesa de uma gestão ambiental pública, democrática e participativa segue sendo indispensável no
processo de desvelamento das contradições da sociabilidade burguesa e sua lógica expansiva, de
largos custos sociais e ambientais.
REFERÊNCIAS
Denuncia: O Problema das dragagens no CIPS/PE: denúncia dos impactos e irregularidades.
Disponível em:
https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0ahUKEwid
ovr. Acessado em 12/12/2016.
QUINTAS, J.S. Introdução à Gestão Ambiental Pública. 2ª ed. Revista. Brasília, Ibama, 2006.
RESUMO
A dificuldade de promoção de ações socioeducativas das instituições públicas concentra-se na
escassez de recursos financeiros, técnicos e humanos. Na expectativa de vencer estes desafios e
assim promover a formação do sujeito ecológico, os gestores fazem uso de intervenções
combinadas para estimular a sensibilização ambiental. Este artigo apresenta uma experiência
inovadora e contextualizada, baseada na articulação interinstitucional de órgãos públicos para
promoção de atividades educativas voltadas para a sensibilização ambiental e o uso adequado da
água. Enfoca fundamentos teóricos das abordagens em questão, destacando a importância de uma
parceria entre instituições públicas que atuam na área ambiental. Neste sentido, o presente trabalho
objetivou compartilhar uma experiência exitosa na perspectiva da educação ambiental crítica, lúdica
e contextualizada com a crise hídrica e outras temáticas associadas, bem como a aceitação do
público infantil envolvido e a repercussão entre a comunidade escolar.
Palavras Chave: Educação ambiental, crianças, água, ludicidade.
ABSTRACT
The difficulty of promoting socio-educational actions of public institutions is concentrated in the
scarcity of financial, technical and human resources. In the expectation of overcoming these
challenges and thus promoting the formation of the ecological subject, managers make use of
combined interventions to stimulate environmental awareness. This article presents an innovative
and contextualized experience based on the interinstitutional articulation of public agencies to
promote educational activities focused on environmental awareness and the adequate use of water.
It focuses on the theoretical foundations of the approaches in question, highlighting the importance
of a partnership between public institutions that work in the environmental area. In this sense, the
present work aimed to share a successful experience in the perspective of critical environmental
education, playful and contextualized with the water crisis and other associated themes, as well as
the acceptance of the children involved and repercussion among the school community.
Keywords: Environmental education, children, water, playfulness.
INTRODUÇÃO
CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste sentido, o Governo do Estado da Paraíba, tomando por base essas referências e através
da Secretaria de Estado de Infraestrutura, dos Recursos Hídricos, do Meio Ambiente e da Ciência e
Tecnologia (SEIRHMACT), mobilizou diversas instituições para atividades de sensibilização em
torno do uso racional das águas, aproveitando a data mundial de mobilização, o dia 22 de março.
Para tanto, organizou e participou, junto com outros órgãos estaduais, da Semana Estadual de
Mobilização em defesa da Água com o Tema: Água não se joga fora, tendo como público-alvo
estudantes das redes estadual e privada de ensino da cidade de João Pessoa. Nesta experiência,
foram convidadas a participar da articulação as instituições que estão diretamente ligadas com meio
ambiente e recursos hídricos no âmbito do Estado da Paraíba. Cada instituição foi também
responsável pelos custos da atividade desenvolvida, o que possibilitou a abrangência do evento no
sentido de ratear os gastos gerais entre as instituição. A seguir, estão devidamente identificadas com
suas respectivas atividades desenvolvidas no evento alusivo, conforme é possível observar no
quadro 1.
Quadro 1: Síntese de identificação das instituições participantes do Dia mundial da Água na Paraíba e suas
respectivas atividades desenvolvidas.
Instituição Atividades
ETAPAS METODOLÓGICAS
Figura 1: Etapas percorridas para realização do evento Dia Mundial da Água na Paraíba
Conforme exposto na Figura 1, cada etapa foi cumpriu seu papel no processo de articulação
institucional para promoção do evento, sendo possível a sensibilização e educação ambiental de
crianças. Na oportunidade, estas passaram a receber informações acerca da conservação e uso
adequado da água de maneira lúdica, interativa e divertida. Adiante vejamos a descrição das
atividade desenvolvidas com as crianças durante do dia.
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Figura 2: Conjunto de imagens de atividades desenvolvidas no evento do dia mundial da água na Paraíba
Figura 3: Conjunto de imagens de atividades desenvolvidas no evento do dia mundial da água na Paraíba
apresentações, uma em cada turno, sendo esta atividade custeada pela Companhia de Água e esgoto
da Paraíba – CAGEPA. Na figura 4 é possível observar o registro da apresentação.
CONISDERAÇOES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. SRHU. Plano Nacional de Recursos Hídricos. V.1.
Brasília, DF, 2006. Disponível em: http://www.mma.gov.br/publicacoes/agua/category/42-
recursos-hidricos Acesso em: 23 jul 2017.
JÚNIOR. W. C.S. Gestão de águas no Brasil: reflexos, diagnósticos e desafios. São Paulo.
Peirópolis. 2004.
TUNDISI, J. G. Água no século XXI: enfrentando a escassez. 1. ed. São Carlos. Rima. 2003.
RESUMO
A mina Brejuí, localizada no município de Currais Novos – RN durante muito tempo representou o
Nordeste brasileiro como a maior exportadora de scheelita do hemisfério sul. No entanto, a
atividade mineradora exercida pelo grupo Tomaz Salustino S/A na exploração de scheelita vem
provocando sérias alterações ambientais negativas significativas nos mais diversos compartimentos
ambientais. Nessa perspectiva, faz-se necessário a elaboração de mecanismos que atuem para
prevenir e/ou controlar impactos socioambientais da referida área de estudo, a fim de evitar
conflitos ambientais, sociais, econômicos, territoriais, políticos e de saúde pública. Portanto, esse
trabalho tem como objetivos identificar aspectos e impactos ambientais, e propor medidas de
controle ambiental para o ciclo produtivo da mina Brejuí localizada no município de Currais Novos
– RN. A pesquisa é de caráter descritiva e exploratória, onde realizou-se levantamento bibliográfico
e visita in loco, mediante a listagem de impactos ambientais da mina Brejuí /Currais Novos – RN,
com o objetivo de propor um plano de controle ambiental. Diante disso, foram elencados os
aspectos/impactos observados e definidas ações de gestão para cada compartimento ambiental. A
proposta para os planos, programas e projetos poderão ser utilizadas como subsídios para futuras
pesquisas acadêmicas, propiciando embasamento para novas investigações, assim como servindo de
ferramenta para busca de novas tecnologias, técnicas e conhecimentos.
Palavras-chave: Planejamento Ambiental; Gestão Ambiental; Recursos Minerais.
ABSTRACT
The Brejuí mine, located in the municipality of Currais Novos - RN for a long time represented the
Brazilian Northeast as the largest exporter of scheelite in the southern hemisphere. However, the
mining activity carried out by the Tomaz Salustino S / A group in the Scheelite exploration has
been causing serious negative environmental changes in the most diverse environmental
compartments. In this perspective, it is necessary to elaborate mechanisms that act to prevent and /
or control socio-environmental impacts of this area of study, in order to avoid environmental,
social, economic, territorial, political, and public health conflicts. Therefore, this work aims to
identify environmental aspects and impacts, and to propose environmental control measures for the
production cycle of the Brejuí mine located in the municipality of Currais Novos - RN. The
research is descriptive and exploratory, where a bibliographic survey and on-site visit was carried
out, by means of the listing of environmental impacts of the Brejuí / Currais Novos-RN mine, with
the objective of proposing an environmental control plan. In view of this, the observed aspects /
impacts were identified and management actions were defined for each environmental
compartment. The proposal for the plans, programs and projects could be used as subsidies for
future academic research, providing support for new research, as well as serving as a tool to search
for new technologies, techniques and knowledge.
Keywords: Environmental Planning; Environmental Management; Mineral Resources
INTRODUÇÃO
O Seridó é uma região nordestina que abrange os estados da Paraíba e Rio Grande do Norte,
com áreas ricas em reservas minerais de scheelita, berilo, cassiterita, tantalita, ferro, mica, ouro,
cobre, columbita, enxofre, barita, coridon e alguns tipos de gemas, como a água marinha, turmalina
e quartzo, essa região destaca-se por sua geodiversidade (AAE/RN, 2011).
Nesse contexto, o nordeste brasileiro durante muito tempo foi representado mundialmente
pela maior exportadora de scheelita do hemisfério sul, a mineração Tomaz Salustino (mina Brejuí)
localizada no município de Currais Novos – RN (FERNANDES, 2011).
O surgimento da mina Brejuí aconteceu na década de 40, no ano de 1943 data na qual foi
descoberta a existência do minério no estado do Rio Grande do Norte. A partir dos anos 80, inicia-
se o declínio da mineração em consequência da oscilação dos preços internacionais da Scheelita e
da utilização de outros minérios para a fabricação de artefatos industriais e tecnológicos, levando a
mina Brejuí a reduzir suas atividades de extração mineral e buscar novas alternativas econômicas.
(MINERAÇÃO TOMAZ SALUSTINO S.A., 2017).
Gerab (2014) afirma que a partir dos anos 90 as atividades mineradoras foram retomadas em
todo o município de Currais Novos, porém, a reação internacional do mercado de scheelita veio
apenas em 2004 com a volta das atividades de mineração de scheelita no Brasil. De acordo com
grupo Tomaz Salustino S/A, a mesma possui uma lavra explorável de scheelita de
aproximadamente 20 anos.
O grupo Tomaz Salustino S/A prefere a scheelita para vende-la para seus parceiros
comerciais, para que estes, por conta própria, realizem o processo de beneficiamento do tungstênio,
pois esta atividade é bastante onerosa e demandaria um alto investimento pela a empresa. No ano de
2005 a produção do concentrado de scheelita na mina Brejuí era de aproximadamente 2.000 kg por
mês. (FERNANDES, 2011).
Conforme Petta et al. (2014) desde o início de sua operação (por volta da segunda guerra
mundial) até hoje o processamento mecânico de scheelita acarretou a formação de elevadas
quantidades de rejeito e estéril acumuladas em pilhas a céu aberto sem nenhuma proteção, sendo
expostas à ação do vento e da água da chuva. Na mina Brejuí, duas pilhas de rejeito cobrem uma
área de 121.500 m², com volume de 1.943.200 m³, totalizando 3.110.400 toneladas.
Diante disso, a atividade mineradora exercida pelo grupo Tomaz Salustino S/A no município
de Currais Novos – RN na exploração de scheelita vem provocando sérias alterações ambientais
negativas significativas nos mais diversos compartimentos ambientais, desde problemas como
erosão, assoreamento, contaminação de corpos hídricos e do solo, supressão vegetal, emissões
atmosféricas, poluição sonora, até a poluição visual devido ás pilhas dos rejeitos e estéreis
(MINERAÇÃO TOMAZ SALUSTINO, 2017)
Petta et al. (2014) constataram a presença de metais pesados (V, Cr, Co, Ni, Cu, Zn, As, Rb,
Sr, Zr, Mo, Sn, Ba, W) nos sedimentos do reservatório Gargalheiras, localizado no município de
Acari- RN (a jusante de Currais Novos), oriundos da atividade de mineração na região, que podem
acarretar problemas de ordem socioambiental e de saúde pública, já que o reservatório abastece o
município de Acari - RN.
Nessa perspectiva, faz-se necessário a elaboração de mecanismos que atuem para prevenir
e/ou controlar impactos socioambientais da referida área de estudo, a fim de evitar conflitos
ambientais, sociais, econômicos, territoriais, políticos e de saúde pública (PINTO FILHO; PETTA,
2016).
Portanto esse trabalho tem como objetivos identificar impactos e aspectos ambientais, e
propor medidas de controle ambiental para o ciclo produtivo da mina Brejuí localizada no
município de Currais Novos – RN.
MATERIAL E MÉTODOS
segundo é formado por rochas sedimentares representadas pela Formação Serra do Martins. No
referido município esta formação se apresenta em relevo com declive suave a ondulado e relevo
inclinado a fortemente inclinado, em altimetria que varia de 310m a 650m (OLIVEIRA;
CESTARO, 2012).
De acordo com o IBGE (2010) o município de Currais Novos possui uma área total de
864,349 km², população de 41.652 habitantes e Índice0 de Desenvolvimento Humano Municipal
(IDHM) de 0,691. As principais atividades econômicas realizadas no município são a extração
mineral, indústria têxtil, turismo, agronegócio e as cerâmicas.
A mina Brejuí localizada na região sudoeste do município de Currais Novos – RN, faz
fronteira com o município de Acari – RN. Sua estrutura conta com galerias e túneis, dunas minerais,
memorial Tomaz Salustino, museu Mineral Mário Porto, artesanato mineral e loja de souvenir,
parque de esculturas, almoxarifado, garagem de tratores e vila operária (casas, igreja, escola, quadra
esportiva, entre outros).
A identificação e a listagem de aspectos e impactos ambientais decorrentes das atividades da
mina Brejuí deram-se através da aplicação de checklist (causa-efeito), mediante inspeção de campo,
além de consulta bibliográfica. Assim, levou-se em consideração os impactos ambientais mais
relevantes dentre os aspectos identificados.
A elaboração do plano de ação ambiental foi fundamentada em Santos (2004). Seguindo as
etapas de diagnósticos ambiental (levantamento teórico da caracterização da área, descrição do
processo produtivo da atividade econômica, identificação dos impactos ambientais e, descrição das
ações desenvolvidas), planejamento ambiental (levantamento das ações de gestão ambiental para
atenuar impactos ambientais da etapa anterior) e gerenciamento ambiental (proposta de aspectos de
monitoramento das ações de gestão ambiental).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O método de extração de scheelita praticado pela mina Brejuí é a lavra subterrânea que vai a
uma profundidade de mais de 900 metros dividido em 8 níveis, com 65 km de túneis por toda a
mina e a temperatura variando de 19ºC a 43ºC.
Segundo Fernandes (2011) inicialmente é realizada a supressão vegetal da área a ser
explorada acompanhada de escavações, logo em seguida ocorrem as detonações com uso de
explosivos, no interior da mina. Posteriormente os fragmentos das rochas são depositados em um
tipo de grelha com o objetivo de separar a areia das rochas. Ao passar pela grelha, as rochas são
transportadas, através de esteiras, para o britador, que irá quebrar os fragmentos passantes na grelha,
em seguida, o material com granulometria reduzida é transferido para as peneiras vibratórias,
conforme pode ser observado na Figura 2.
O beneficiamento da scheelita após o processo de cominuição (britagem e moagem) é
realizado por equipamentos de concentração gravitica explorando as características físicas do
mineral, principalmente a massa específica (densidade), onde geralmente são utilizadas as mesas
vibratórias e jigues, na qual a concentração inicial é realizada por jigagem onde se encontra um
material com uma maior granulometria, e o rejeito do jigue alimenta as mesas gerando o
concentrado final. Estes equipamentos exploram a característica da scheelita apresentar uma
elevada massa específica.
Ainda de acordo com Fernandes (2011) a scheelita é um mineral friável, a falta de controle
na etapa de cominuição do minério acarreta em uma geração excessiva de finos, prejudicando o
processo de concentração gravítica, ainda de acordo com o mesmo os jigues e mesas não são
eficientes para tratar os finos, assim os finos não concentrados compõem o rejeito final. Vale
ressaltar que em nenhum dos processos são utilizadas substâncias químicas, apenas processos
físicos (Figura 2).
Figura 1 - Fluxograma de beneficiamento da scheelita na mina Brejuí (LEITE; ARAUJO; SANTOS, 2007)
Nos Quadros 1 e 2 são elencadas as atividades com seus respectivos aspectos e impactos
ambientais físicos e bióticos negativos identificados na mina Brejuí:
Quadro 1 – Atividades, aspectos e impactos ambientais físicos e bióticos identificados na mina Brejuí,
Currais Novos – RN (etapa de extração)
ATIVIDADES ASPECTOS IMPACTOS
Poluição visual
Supressão da vegetação Redução da biodiversidade
Alteração da qualidade das águas superficiais e subterrâneas
Poluição visual
Eliminação da biodiversidade
Alteração da topografia
Abertura de
Compactação do terreno
acessos
Alteração da qualidade do solo
Movimentação de terra
Alteração da infiltração da água
Aumento do escoamento superficial
Processos erosivos
Assoreamento
Alteração da recarga do lençol freático
Poluição visual
Compactação do solo
Escavação mecânica Processos erosivos
Alteração da infiltração da água
Desmontes de
Emissão de ruídos
Rochas
Vibrações
Emissão de ruídos
Utilização de explosivos
Ultralançamento de fragmentos de rochas
Dispersão de fumos, gases e poeira
Poluição do ar
Transporte Utilização de combustíveis
Contaminação do solo e água
Fonte: Elaborado pelo autor
Quadro 2 – Atividades, aspectos e impactos ambientais físicos e bióticos identificados na mina Brejuí,
Currais Novos – RN (etapa de beneficiamento)
ATIVIDADES ASPECTOS IMPACTOS
Descarregamento
Geração de poeira e ruído Poluição do ar e sonora, desconforto aos trabalhadores
do minério
Poluição do ar e sonora, riscos de doenças pulmonares e
Geração de poeira e ruído
desconforto aos trabalhadores
Britagem da rocha Riscos de acidentes Perdas de vida e materiais
Consumo de energia Utilização de recursos naturais
Vibração de equipamentos Perdas de rendimento
Consumo de água e energia Utilização de recursos naturais
Poluição visual
Peneiramento, Geração de resíduos sólidos Contaminação de águas superficiais e subterrâneas
britagem, moagem, Geração de pilhas de estéreis
jigagem e mesa Geração de efluentes líquidos Contaminação do solo e água, danos a fauna e flora
vibratória Dispersão de fumos, gases e poeira
Emissões atmosféricas Poluição do ar e sonora, riscos de doenças pulmonares e
desconforto aos trabalhadores
Umidificação das
Utilização de recursos naturais, eventuais acidentes,
correias Consumo de água
redução da suspensão das partículas
transportadoras
Transferência de Escape/perda de material Riscos de acidentes, conforme o diâmetro do minério
materiais Geração de poeira e ruído Danos à saúde do colaborador
Geração de ruído, poeira e emissão de
Poluição do ar e sonora, intoxicação por gases
Estocagem do gases produzidos pelas máquinas
produto Contaminação das águas superficiais e assoreamento de
Perdas de material
córregos próximos
Fonte: Adaptado pelo autor (BACCI; LANDIN; ESTON, 2006).
Para Gerab (2014) o impacto mais significativo provindo das atividades do beneficiamento é
a formação das pilhas de rejeitos, já que as mesmas são depositadas a céu aberto. Estima-se que
haja mais de 7 milhões de toneladas desse rejeito somente na mina Brejuí decorrente de décadas de
exploração do minério (GERAB, 2014).
Essas pilhas de rejeito trazem impactos ambientais negativos como a aspecto visual
negativo, danos à saúde dos colaboradores, contribuem com o assoreamento dos mananciais
próximos, assim como contaminam o solo, ar e a águas superficiais e subterrâneas.
Nas áreas de disposição inadequada das pilhas de estéril e rejeito, é comum a ocorrência da
Drenagem Ácida de Mina (DAM) resultante da oxidação de sulfetos em presença de água. A prática
da DAM tem sido reconhecida como um dos mais graves impactos ambientais associados à
atividade de mineração tendo em vista que pode atingir rios e o lençol freático e, geralmente,
contém elevadas concentrações de elementos dissolvidos potencialmente tóxicos, ou seja, a
acidificação pode aumentar a dissolução de metais pesados, tais como cádmio, cobre e zinco
(NASCIMENTO, 2015).
Em estudos sobre as minas Barra Verde e Olho d‘Agua, localizadas também no município
de Currais Novos – RN, Nascimento (2015) identificou que as áreas de deposição de estéril e rejeito
na mina ativa apresentavam nível de degradação do solo mais acentuado dentre as áreas mineradas,
apresentando teores de Cd, Cu e Pb no solo acima do permitido pela legislação brasileira
(CONAMA, 2009).
A atividade de extração de scheelita na mina Brejuí ocasiona uma série de impactos no meio
antrópico, alguns positivos e outros negativos, dentre os positivos pode-se destacar: geração de
empregos, incremento na economia local através de investimentos, turismo, aumento da
arrecadação de impostos e tributos, expansão da infraestrutura local, valoração de lotes e
empreendimentos da região e qualificação de mão-de-obra local. Quanto aos impactos negativos
pode-se citar a perda de patrimônio cultural, redução da diversidade cultural, impacto visual,
desconforto ambiental, riscos à saúde humana, entre outros.
Tabela 1 - Plano de controle ambiental para a mina Brejuí com abordagem socioambiental
PLANEJAMENTO AMBIENTAL GERENCIAMENTO AMBIENTAL
ASPECTO OBJETIVO AÇÃO RESPONSÁVEL META PRAZO ETAPAS MONITORAMENTO
Plano de ação: Registro dos tipos poluição
Investigar a identificação, sonora; mensuração da
qualidade Caracterização, poluição sonora; período de
Projeto de Grupo de mineração, Regular Fluxo
Geração de sonora das quantificação, maior ocorrência; atividades,
controle de Prestadora de 100% das contínuo,
ruídos e atividades, classificação e processos e/ ou produtos
poluição Serviços e fontes em com ações
vibrações. processos e medição das áreas geradores; área de influência
sonora. Universidades. 5 anos. mensais.
produtos com potencial de da geração da poluição sonora
desenvolvidos poluição sonora na e; técnicas adotadas para
área analisada. controle.
Monitoramento desse processo
Identificação,
ocorre através de registro dos
Identificar as caracterização,
tipos de gases emitidos;
principais Fluxo quantificação,
Projeto de Grupo de mineração, Regular quantidade emitida; período de
Geração de fontes de contínuo, classificação;
gestão de Prestadora de 100% das maior emissão; atividades,
Emissões emissões com análise medição e
emissões Serviços e, fontes em processos e/ou produtos
atmosféricas atmosféricas, os das emissões controle das
atmosféricas. Universidades. 5 anos. emissores; área de influência
principais gases mensais. emissões dos
da emissão e;
emitidos gases na área
técnicas adotadas para controle
investigada.
da emissão.
PLANEJAMENTO AMBIENTAL GERENCIAMENTO AMBIENTAL
ASPECTO OBJETIVO AÇÃO RESPONSÁVEL META PRAZO ETAPAS MONITORAMENTO
Diagnóstico das
Tratar os
fontes geradoras;
efluentes
elaboração de
industriais
estudo de
através do
tratamento; Monitoramento do reuso de
reuso no
Em 5 anos premissas para efluentes industriais será por
processo Grupo de mineração, Fluxo
Geração de Projeto de reuso reutilizar elaboração do meio da identificação,
produtivo e, Prestadora de contínuo,
Efluentes de efluentes 100% dos projeto; caracterização, quantificação,
realizar sua Serviços e, com ações
industriais. industriais efluentes avaliação da classificação, reuso primário;
destinação de Universidades. mensais.
líquidos. viabilidade reuso secundário; tratamento e
forma
econômica do disposição final.
adequada
projeto e;
atendendo os
implementação do
aspectos
reuso de efluente
legais.
industrial.
Identificar os Fluxo Identificação e
Adequar o
sistemas contínuo, levantamento dos
uso de Monitoramento com os
hídricos, Plano de técnica com análise sistemas hídricos;
Grupo de mineração, 100% das parâmetros físicos, químicos e
Consumo de apontar seus de controle da das águas caracterização dos
Prestadora áreas de biológicos dos recursos
recursos usos, poluição hídrica superficiais sistemas hídricos;
de Serviços e, exploração hídricos. Além disso, torna-se
hídricos determinar as e do consumo ou determinação dos
Universidades. dentro do crucial uma investigação
fontes de hídrico. subterrâneas métodos analíticos
prazo de 5 quantitativa da água.
poluição e a cada 5 e; tratamento de
anos.
seus efeitos. anos. dados.
Qualificação
profissional;
Incorporação de
resíduos no ciclo
produtivo;
Destinar
Objetiva execução de Quantitativo de áreas cobertas,
de forma
controlar e Grupo de mineração, Fluxo projetos de dos volumes de resíduo sólidos
Projeto de correta
monitorar os Prestadora contínuo, educação em (pilhas de estéreis) coletados,
gestão de 100%
resíduos de Serviços e, Com ações resíduos sólidos; transportados, armazenado,
resíduos sólidos desses
sólidos Universidades. diárias. identificação, tratados e destinados de forma
produtos
Geração de gerados classificação, definitiva.
em 5 anos.
Resíduos separação, coleta,
sólidos transporte,
tratamento e;
destino final dos
resíduos.
Realizar o
Adequar
reuso ou a Verificar potencial
Grupo de mineração, corretamen Fluxo Monitoramento com os
incorporação Projeto de reuso de reuso junto as
Prestadora te 100% contínuo, parâmetros físicos, químicos e
a cadeia de resíduos industriais da
de Serviços e, desses Com ações o volume produzido e
produtiva do minerais construção civil
Universidades. produtos diárias comenrcializado
estéril não ou cerâmicas
em 5 anos
processado
Realizar um Classificação dos
levantamento tipos de solos;
do meio classificação dos
Execução de auditorias
físico, usos da terra;
ambientais para checar as
interpretar Destinar definição da
conformidades e não
riscos e Grupo de mineração, de forma Fluxo aptidão dos usos
Plano de conformidades ao longo da
capacidades Universidades, correta contínuo, da terra;
Degradação Manejo e implementação do plano e,
de uso para Prefeituras e, Órgãos 100% com análise identificação de
do solo Conservação do propor as respectivas ações
redução da Estaduais de Meio desses de solo a locais de
solo corretivas, bem como a
degradação Ambiente. produtos cada 5 anos. degradação
realização de testes de
das terras e, em 5 anos. ambiental;
verificação das características
elaborar um elaboração das
físicas, químicas e biológicas.
plano de ações de manejo
ações para do solo;
uso proposição de
sustentável medidas de
do recurso conservação do
solo. solo e;
monitoramento do
plano de manejo e
conservação do
solo.
Identificar os Identificação e
Adequar a
sistemas levantamento dos
utilização
elétricos, sistemas elétricos; Monitoramento do uso de
Programa de Grupo de mineração, de energia Fluxo
Consumo de apontar seus caracterização dos energia elétrica em todos os
Controle de uso Universidades, elétrica em contínuo,
energia usos, sistemas elétricos; processos, serviços e produtos;
de energia Prestadora de 100% dos com ações
elétrica determinar as determinação dos quantidade gasta; horário de
elétrica serviços processos mensais.
fontes de métodos analíticos maior gasto.
no prazo
poluição e e; tratamento de
de 5 anos.
seus efeitos. dados.
PLANEJAMENTO AMBIENTAL GERENCIAMENTO AMBIENTAL
ASPECTO OBJETIVO AÇÃO RESPONSÁVEL META PRAZO ETAPAS MONITORAMENTO
Objetiva à Reconhecimento
preservação dos riscos;
da saúde dos estabelecimento
Riscos ambientais, incluindo
colaboradores de prioridades e
informações sobre o tráfego, o
e da metas de avaliação
controle de armazenamento de
população e controle;
Fluxo produtos perigosos, o controle
situada na avaliação dos
contínuo, nas atividades de
área riscos e da
Mapear com medidas abastecimento de veículos e
Riscos á investigada, Programa de Grupo de mineração, exposição dos
100% dos diárias, máquinas, sensibilização
saúde dos através do prevenção de Prestadora de trabalhadores;
riscos semanais, ambiental e treinamento, a
trabalhadores controle da riscos Serviço, Consultoria implantação de
dentro de 5 mensais e divulgação das informações
. ocorrência de ambientais e, Universidades. medidas de
anos. anuais, sobre as substâncias químicas,
riscos controle e
dependendo o controle da saúde dos
ambientais avaliação de sua
da ação. trabalhadores, a investigação
potenciais ou eficácia;
de acidentes, as inspeções de
existentes por monitoramento da
segurança e o controle de
agentes exposição aos
registros.
físicos, riscos e; registro e
químicos e divulgação dos
biológicos. dados.
Fonte: Adaptado pelo autor (PINTO FILHO; PETTA, 2016).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
investigações, assim como servindo de ferramenta para busca de novas tecnologias, técnicas e
conhecimentos.
REFERÊNCIAS
PETTA, R. A.; SINDERN S.; SOUZA, F. R.; CAMPOS, F. C. T. Influence of mining activity on
the downstream sediments of scheelite mines in currais novos (NE Brazil). Environ. earth sci,
v.72, n.6, p.1843–1852, 2014.
PINTO FILHO, J. L. O.; PETTA, R. A. Propostas de diretrizes de gestão ambiental para o campo
petrolífero Canto do Amaro, RN, Brasil. Revista estudo & debate, Lajedo, v.23, n.2, p.245-264,
2016.
SANTOS, R. F. Planejamento Ambiental: teoria e prática. São Paulo: Editora Oficina de Textos,
2004.
© Giovanni Seabra
RESUMO
No capitalismo contemporâneo, o meio ambiente encontra-se no centro das disputas e das
contradições inerentes ao sistema, servindo como base material e meio de trabalho essenciais para o
seu desenvolvimento e consolidação como sistema universal de produção de riquezas. Este artigo
tem por objetivo refletir sobre a importância dos movimentos socioambientais, no caso específico, o
Movimento em Defesa da Mata do Engenho Uchôa, na cidade de Recife/PE, como parte dos
tensionamentos à reprodução da questão ambiental no capitalismo monopolista. Este sistema
explora de maneira desenfreada os recursos naturais, apropriando-se da riqueza natural e
explorando a força de trabalho na busca de lucros exorbitantes, cada vez mais concentrados nas
mãos da burguesia. Para a sistematização das reflexões aqui apresentadas foram utilizadas pesquisa
bibliográfica, baseada em autores que tratam da temática, bem como análise documental, a partir de
leis, documentos e publicações que versam sobre o tema central do estudo. Foram encontradas
diversas literaturas, proporcionando um debate sobre a apropriação privada de bens públicos
naturais por uma pequena parcela da sociedade, bem como expressões da questão ambiental e seus
impactos sobre a vida da classe trabalhadora. Conclui-se, que a acumulação privada não considera a
finitude dos recursos naturais e que o Estado burguês impulsiona o desenvolvimento capitalista
predatório. Como resistência a esse processo, emergem os movimentos socioambientais
emancipatórios, que insurgem contra as práticas destrutivas, lutando para que sejam preservados os
recursos naturais e a vida dos que destes dependem para sobreviver.
Palavras Chave: Movimentos Sociais, Questão Ambiental, Estado, Capitalismo.
RESUMEN
En el capitalismo contemporáneo, el medio ambiente se encuentra en el centro de las disputas y de
las contradicciones inherentes al sistema, sirviendo como base material y medio de trabajo
esenciales para su desarrollo y consolidación como sistema universal de producción de riquezas.
Este artículo tiene por objetivo reflexionar sobre la importancia de los movimientos
socioambientales, en el caso específico, el Movimiento en Defensa da Mata do Engenho Uchôa, en
84
Assistente Social.
85
Assistente Social e Doutora em Serviço Social.
la ciudad de Recife / PE, como parte de las tensiones a la reproducción de la cuestión ambiental en
el capitalismo monopolista. Este sistema explora de manera desenfrenada los recursos naturales,
apropiándose de la riqueza natural y explorando la fuerza de trabajo en la búsqueda de ganancias
exorbitantes, cada vez más concentradas en las manos de la burguesía. Para la sistematización de las
reflexiones aquí presentadas se utilizó investigación bibliográfica, basada en autores que tratan de la
temática, así como análisis documental, a partir de leyes, documentos y publicaciones que versan
sobre el tema central del estudio. Se encontraron diversas literaturas, proporcionando un debate
sobre la apropiación privada de bienes públicos naturales por una pequeña parte de la sociedad, así
como expresiones de la cuestión ambiental y sus impactos sobre la vida de la clase trabajadora. Se
concluye que la acumulación privada no considera la finitud de los recursos naturales y que el
Estado burgués impulsa el desarrollo capitalista predatorio. Como resistencia a este proceso,
emergen los movimientos socioambientales con carácter de emancipación social, que se mueven
contra las prácticas destructivas, luchando para que se protejan los recursos naturales y la vida de
los que de éstos dependen para sobrevivir.
Palabras Clave: Movimientos sociales, cuestión ambiental, Estado, Capitalismo.
INTRODUÇÃO
O Movimento em Defesa da Mata do Engenho Uchôa, na cidade de Recife/PE, resiste há
mais de 30 anos para que uma área de resquícios de Mata Atlântica, mangue e restinga, seja
preservada, tornando-se um movimento de relevância social, por defender um ecossistema que vem
sendo explorado largamente pelos interesses capitalistas, ora por ser desmatado para construir
luxuosos empreendimentos, ou mesmo para a produção agrícola. Enfatiza-se também, que a
preservação de importantes áreas verdes como esta, se faz necessário na medida em que
proporciona uma melhor qualidade de vida para a população, através da melhoria da qualidade do
ar, da água e do ambiente nos bairros circunvizinhos que é, em sua grande maioria, conformado
pela classe trabalhadora.
A problemática trabalhada se refere ao tensionamento da questão ambiental, gerada no seio
do capitalismo mundializado, no qual a disputa de classes pelo meio ambiente natural ou construído
continua sendo um dos traços essenciais do processo de acumulação. Nestes termos, o movimento
em defesa da Mata do Engenho Uchoa resiste numa área urbana, lutando pela preservação de uma
área verde adjacente, produzindo diversas reflexões sobre o tema. Com isso, pretende-se incentivar
o pensamento crítico acerca da problemática ambiental, evidenciando como o modelo capitalista de
produção, explora e destrói o meio ambiente e, posteriormente, culpabiliza o indivíduo pela
degradação ambiental criada pela sua dinâmica.
Conclui-se que os conflitos entre os movimentos sociais e o Estado capitalista são parte da
dinâmica contraditória da reprodução do capital, na medida em que se evidencia que o ambiente
natural está sendo cada vez mais explorado e destruído pelas iniciativas do capital em busca de
lucratividade. Por sua vez, os ambientes modificados pelo homem, ainda que ocorram mediante o
argumento do desenvolvimento econômico e social, na verdade não abrangem a classe trabalhadora
de baixa renda que sofre com o déficit habitacional, ausência de saneamento básico e uma precária
condição de vida, como parte de uma profunda crise urbana.
O Movimento em Defesa da Mata do Engenho Uchôa, vem lutando há mais de 30 anos para
a preservação de uma área verde, localizada num eixo estratégico que dá acesso a 8 (oito) bairros do
Recife/PE, os quais se caracterizam, em sua maioria, como bairros populares. A Área de Proteção
Ambiental (APA) Engenho Uchôa possui uma área de aproximadamente 192 hectares de área
verde, situada na Região Político Administrativa (RPA) 6, no bairro do Ibura. Ela é composta por
colinas, tabuleiros, terraços, planícies aluviais e baixios de maré, ficando localizada na bacia
hidrográfica do rio Tejipió e sendo cortada pelo rio Moxotó. Dessa maneira, o rio Tejipió define o
limite Norte, enquanto o Moxotó, o Sul. Nessa área encontram-se também, riachos, olhos d‘aguas e
áreas alagadas que dão uma diversidade abundante para a área, a qual tem características de
mangues, rios e mata atlântica, contendo uma enorme variedade de Aves. (SECRETARIA DE
MEIO AMBIENTE, 2010).
Na Figura I, podem-se observar os bairros circunvizinhos que são afetados
direta/indiretamente pela mata:
Evidencia-se, assim, que a luta do movimento para a preservação desta área natural, dotada
de uma rica biodiversidade, implica a defesa da qualidade de vida, do ar e do meio ambiente
daquela região, para que a mesma não seja afetada pela intervenção humana. Outra questão que
influencia na resistência desse movimento, é o fato da situação fundiária dessa localidade ser de
propriedade privada e pública. Esta, se divide em 4 glebas de antigos proprietários que não utilizam
a área atualmente, sendo de responsabilidade pública apenas uma pequena parcela equivalente ao
manguezal, dificultando a proteção ambiental dessa área por parte do governo. (SECRETARIA DE
MEIO AMBIENTE, 2010.)
A história do Movimento se inicia a partir da década de 1979, quando denúncias ambientais
começam a evidenciar que um dos proprietários estava desmatando parte da área. Dessa forma,
iniciou-se como Grupo de Amigos em Defesa da Mata Uchôa, integrado por moradores das
redondezas que se preocupavam com a questão ambiental daquela região, e se uniram em favor de
um interesse comum: a preservação da Mata. Em meados de 1980, o grupo ganha força e se
transforma em Movimento em Defesa da Mata do Engenho Uchôa. No seu histórico, desde seu
início até o momento atual, o movimento já resistiu à: criação de um condomínio de luxo; criação
de um loteamento popular, o que produziu certa tensão entre os moradores da região, favoráveis à
construção de casas populares e o Movimento que defendia a preservação daquele ecossistema; e
por último, resistiu à criação de um Centro de Tratamento de Resíduos Sólidos (CTR) – proposta de
João da Costa - que impactaria de forma bastante agressiva não só para a mata, mas os entornos do
CTR, atingindo milhares de famílias com danos irreversíveis para sua saúde e bem estar. Dessa
forma, o Movimento identificou que a melhor opção para a preservação da Mata do Engenho Uchoa
seria a criação de um Parque Ecológico. (PERNAMBUCO, 2013, p. 26)
Em meados de 1980, foi apresentada uma proposta de criação de reserva florestal,
institucionalizando 20 hectares como Reserva Ecológica do Estado. Já em 1994, houve diversos
incêndios criminosos e constantes ameaças de degradação ambiental, na tentativa de tensionar a
resistência e os moradores da área, de forma que a área fosse liberada para venda. Contudo, o
movimento resistiu, pressionando para que o poder público tomasse medidas protetivas mais
eficazes. E foi assim que a Prefeitura do Recife decreta o Regime Temporário de Controle do Uso e
Ocupação do Solo86, ficando a cargo do Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMAM) a tarefa
de realizar estudos sobre a situação ecológica e fundiária do Engenho Uchôa, como também de
analisar a proposta do Parque Ecológico idealizada pela Associação Pernambucana de Proteção à
Natureza (ASPAN). (Ibid., 2010, p. 14)
Desse modo, fez- se necessária a mobilização de novos militantes, que somaram na luta
coletiva, representando o interesse da população em preservar um ecossistema natural de grande
relevância, como é o caso da mata atlântica. Na medida em que o mesmo possibilita uma maior
86
A Lei nº 16.176/96 de Ocupação e Uso do Solo do Recife/PE criou a Unidade de Conservação Municipal Engenho
Uchôa, no qual em seu Art. 20 define a ―Zona Especial de Proteção Ambiental 2 - ZEPA 2, constituída por áreas
públicas ou privadas com características excepcionais de matas, mangues, açudes e cursos d`água‖ (RECIFE, 1996),
regulamentada no mesmo ano pelo Decreto Municipal nº 17.548/1996 como Área de Proteção Ambiental, garantindo
institucionalmente a preservação dessa área.
beleza local, uma região com maior qualidade de vida, inclusive servindo como espaço para
pesquisas científicas, além de ambiente propício para atividades de educação ambiental e turísticas.
Nos termos acima evidenciados configura-se um conflito socioambiental, os conflitos
socioambientais são propulsores para a garantia da preservação do meio ambiente e do acesso da
classe trabalhadora a esses espaços de interesse coletivo, em contraposição à sua apropriação
privada.
Segundo Scotto e Limoncic (1997, p. 19, apud, COSTA 2009, p. 45),
O estudo dos conflitos, nesse sentido, procura ―captar o conteúdo específico das disputas
que têm os elementos da natureza como objeto e que expressam relações de tensão entre
interesses coletivos/espaços públicos versus interesses privados/tentativas de apropriação
de espaços públicos‖. (COSTA, L. 2009, p. 45)
Também é notável que o interesse pela área ambiental venha crescendo dentre os principais
temas, como afirma Maria das Graças e Silva,
A problemática ambiental vem ocupando um espaço crescente na agenda dos mais diversos
segmentos da sociedade contemporânea. Embora sua emergência esteja inscrita nos anos 60
do século passado, a ênfase que adquire no tempo presente não deixa dúvidas: em razão do
apelo ético que porta – tendo em vista que remete às condições e às possibilidades de
reprodução da vida – o debate ambiental abarca das instituições de ensino às diversas
instancias do Estado, das entidades empresariais às representações sindicais de
trabalhadores, além de ONGs, movimentos sociais e ambientalistas, dentre outros.
(SILVA, M. G. 2013, p. 19)
capitalistas, porém através da ação dos movimentos se vê obrigado a executar processos educativos
voltados para o meio ambiente, dentre outros.
A renda fundiária ou imobiliária aparenta ser uma riqueza que flutua no espaço e aterrissa
em determinadas propriedades, graças a atributos que podem estar até mesmo fora delas,
como por exemplo um novo investimento público ou privado feito nas proximidades.
Sendo assim, podemos vislumbrar o real interesse das instituições privadas em intervir numa
área tão rica no aspecto ambiental, transformando o acesso aos recursos naturais em objeto de luxo
restrito àqueles que detêm os meios de produção e exploram tanto a natureza como a força de
trabalho, desde a gênese do capitalismo.
No caso da Mata do Engenho Uchôa, a sua possível incorporação por alguma iniciativa
privada, os empreendimentos nela operados visará benefícios para a elite historicamente dominante.
Vivemos num país de capitalismo periférico e nele se opera uma desigualdade social estrutural, com
suas bases fincadas desde o período da colonização portuguesa, rebatendo até os dias atuais, nos
quais o direito à cidade, à saúde, à educação dentre outros é destinado àqueles que têm maior poder
aquisitivo, seguindo uma lógica contrária aos interesses e necessidades da maioria da população.
É imprescindível ressaltar que os movimentos sociais, se tornam um poderoso instrumento
da população na conquista de direitos sociais, pressionando o Estado burguês em contraposição aos
interesses capitalistas. E é por meio desse instrumento, materializado no Movimento em Defesa da
Mata do Engenho Uchôa, que os moradores mais antigos utilizam para resistir diante das investidas
do capital. Sendo assim, é necessário ressaltar a importância de um Movimento Ambiental para essa
e futuras gerações, levando em conta que o Brasil é um país que vive na periferia do capitalismo
mundializado, sofrendo mais intensamente as expressões da apropriação privada dos meios naturais.
Como ressalta Bosquet (1976, p. 134 apud LOUREIRO, 2012, p. 72),
Com 13% da população mundial, os países capitalistas industrializados consomem 87% dos
recursos energéticos. Apropriam-se da metade da pesca mundial, não deixando ao terceiro
mundo mais do que a quinta parte. Eles utilizam, para se alimentar, de 20% das superfícies
agrícolas do globo além das suas próprias [...] mas os 500 milhões da Europa Ocidental e
da América do Norte causam hoje ao meio ambiente tantos estragos como o fariam (se
existissem) dez bilhões de indianos.
A partir dessa reflexão, podemos inferir que às atividades predatórias do capital na atual fase
de desenvolvimento histórico, vêm se contrapondo um conjunto de ações impulsionadas por
movimentos socioambientais que buscam se colocar em defesa dos interesses coletivos, para que o
meio ambiente não seja expropriado e subtraído por interesses privados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Espera-se com as reflexões aqui apresentadas oferecer uma reflexão acerca das
problemáticas ambientais, localizando-as na relação de exploração da natureza pelo capital, este que
busca acumular riquezas às custas dos bens naturais, pertencentes a todos os seres vivos, mas que
estão subjugados a um sistema que beneficia o capital em detrimento da vida.
Este processo vem sendo tensionado pelos movimentos socioambientais – a exemplo do
Movimento em Defesa da Mata do Engenho Uchôa - para que as atuais e futuras gerações
usufruam de um planeta equilibrado ambientalmente, que proporcione qualidade de vida a todos,
não só a uma pequena parcela elitista da sociedade, que detém o acumulo de riqueza extraída da
super exploração do meio ambiente e da força de trabalho da classe trabalhadora, esta que
historicamente tem sido expropriada da riqueza social e coletivamente construída.
Neste sentido destaque-se a importância das lutas sociais como um meio eficaz de se
reivindicar as demandas de classe, visando uma população mais consciente dos impactos ambientais
gerados pela destruição do ambiente natural, possibilitando desmistificar o processo de apropriação
da riqueza produzida, coletivamente, pelas mãos de poucos, especialmente nos países periféricos. E
como já foi aqui ressaltado, só por meio das lutas socioambientais e emancipatórias, materializadas
nos movimentos sociais, torna-se possível enfrentar a degradação ambiental.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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RESUMO
A Educação Ambiental, seja ela formal ou informal, é uma das principais ferramentas utilizadas
para criar uma conscientização ambiental na sociedade acerca dos problemas de origem antrópica
que atingem o meio natural causando o declínio de populações de espécies marinhas. As tartarugas
são um grupo extremamente afetado pelas interações antrópicas como a pesca e a poluição, sendo
esses fatores os principais responsáveis pela diminuição da população desses animais. A
Ecoassociados é uma ONG que atua no monitoramento e reabilitação de tartarugas marinhas que
desovam no litoral do Ipojuca, em Pernambuco, além de promover educação ambiental a escolas,
turistas e moradores locais. Esse estudo objetivou relatar a utilização da exposição de tartaruga
marinha vítima de interação com lixo e pesca como ferramenta de educação ambiental no Museu
das Tartarugas Marinhas. O estudo foi realizado nos meses de julho e agosto de 2017 e foram
utilizados dados de encalhes do arquivo da ONG no período entre setembro de 2015 a agosto de
2017. No museu, encontra-se em exposição um exemplar de Chelonia mydas vítima da ingestão de
lixo e a simulação de uma tartaruga interagindo com rede de pesca. As ações educativas foram
realizadas e fotografadas. Da análise dos dados do arquivo foram registradas 9 tartarugas, sendo que
33,33% interagiram com resíduos sólidos, 44,44% interagiram com a pesca e 22,22% interagiram
com as duas ameaças, isso provavelmente resultou na morte de 66,66% dos animais. 44,44% dos
animais foram considerados filhotes, e 55,55% juvenis. Do total de encalhes, 33,33% foram
liberados após tratamentos. A exposição promove uma participação efetiva dos visitantes,
provocando inclusive discussões acerca do tema. O contato direto das pessoas com espécies
ameaçadas de extinção é capaz de levar a uma maior sensibilização, sendo a educação ambiental,
portanto, uma ferramenta fundamental para que esse objetivo seja atingido de maneira mais eficaz.
Palavras Chave: Tartarugas Marinhas, Resíduos sólidos, Pesca, Educação Ambiental.
ABSTRACT
Environmental education, whether formal or informal, is one of the main tools to create an
environmental awareness in society about the problems of anthropogenic origin that produce the
natural environment causing the decline of populations of marine species. Turtles are a group that is
extremely affected by anthropogenic interactions such as fishing and pollution, and these are the
main factors responsible for the decrease in the population of the animals. Ecoassociados is an NGO
that acts in the monitoring and rehabilitation of sea turtles that spawn on the coast of the Ipojuca
city, in Pernambuco, besides promoting environmental education. This study aimed to report the
exposure of marine turtle victims of interaction with marine debris and fishing as an environmental
education tool in the Museum of Marine Turtles. The study was conducted in the months of July
and August 2017 and provides stranded data from the NGO archive between September 2015 and
August 2017. At the museum is on display an individual of Chelonia mydas victim of garbage
ingestion and the simulation of a turtle interacting with fishing net. The educational actions were
made and photographed. From the data analysis, 9 turtles were recorded, with 33.33% interacting
with marine debris, 44.44% interacted with a fishery and 22.22% interacted as two threats, resulting
in the death of 66.66% of the animals. 44.44% of the animals were pups and 55.55% juveniles.
Total strandings, 33.33% were released after treatments. The exhibition promotes an effective
participation of the visitors, provoking even discussions on the theme. The direct contact of people
with threatened species of extinction is able to lead to a greater awareness, being an environmental
education, therefore, a fundamental tool for this objective to be executed in a more effective way.
Keywords: Sea Turtles, Marine Debris, Fishing, Environmental Education.
INTRODUÇÃO
A Educação Ambiental pode ser entendida como uma ferramenta utilizada para conhecer o
meio ambiente e suas relações ecológicas, bem como para promover percepções acerca do uso dos
recursos naturais pelo ser humano de forma sustentável e a sensibilização ambiental. Essa prática,
seja ela formal ou informal, se tornou uma necessidade a partir do momento em que a humanidade
começou a sentir os efeitos da degradação ambiental (Dias et al., 2016).
Como um processo de aprendizagem contínua, a Educação Ambiental se expressa das mais
diversas formas e lugares como áreas públicas, empresas privadas, unidades de conservação,
atividades culturais, todas as formas que respeita o que se encontra na lei nº 9.795 de 1999 que
institui a Política Nacional de Educação Ambiental, onde dispõe em seu artigo 13 sobre EA não
formal deixando o poder público, nas três esferas de governo, responsável por incentivar a
participação da escola, da universidade e de organizações não governamentais na elaboração e
execução de atividades de EA não formais voltadas para sensibilização da coletividade sobre as
questões ambientais e a sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente.
Neste contexto, lugares como um museu tem um diferencial importante para práticas
educativas, onde proporcionam uma maior liberdade de aprendizagem comparada com outros
espaços educacionais, segundo Leff (2003) exposições fixas ou itinerantes podem, dentro de um
espaço que abriga o conhecimento científico, apresentar conteúdos que envolvam outras formas de
conhecimento e suas estratégias de apropriação da natureza.
As atividades humanas estão diretamente ligadas às causas dos declínios de populações de
espécies nos ambientes marinhos e terrestres. Os impactos diretos são principalmente a destruição e
exploração de habitats, embora a poluição, a introdução de espécies exóticas e a disseminação de
doenças também sejam impactos significativos (Hero; Ridgwa, 2006).
No Brasil, os encalhes de tartarugas marinhas mortas ou vivas ocorrem das regiões nordeste
a sul do país, por vários motivos, como a pesca incidental, as grandes embarcações e a poluição na
zona costeira (Silva et al. 2012; Poli et al. 2014).
facilmente uma água-viva com uma sacola plástica, por exemplo. Os detritos ingeridos podem
bloquear o trato digestivo ou podem ser acumulados no estômago, fazendo com que o espaço para o
fluxo de alimentos seja diminuído (Laist, 1987) e, a depender da quantidade do detrito que é
consumido, o animal pode vir a óbito.
Figura 1. A: tartaruga marinha em rede de pesca e B: tartaruga marinha em interação com resíduo sólido.
Sendo assim, o estudo teve como objetivo relatar a utilização da exposição de tartaruga
marinha vítima de interação com lixo e pesca como ferramenta de educação ambiental no museu da
tartaruga marinha da ONG Ecoassociados, Pernambuco – Brasil.
MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada nos meses de julho e agosto de 2017 no Museu das Tartarugas
Marinhas localizado em Porto de Galinhas, litoral sul de Pernambuco e foram utilizados os dados de
encalhes do arquivo da Ecoassociados do período de setembro de 2015 a agosto de 2017.
Os dados dos encalhes foram organizados por data, local do encalhe, espécie, idade e destino
final.
Foi exposta uma tartaruga vítima de ingestão de lixo, fixada em álcool e uma simulação de
interação com rede de pesca no Museu das Tartarugas Marinhas e foram realizadas ações educativas
para os visitantes.
As ações educativas foram registradas através de fotografias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Da análise dos dados de arquivos, foram registrados durante o período, nove encalhes de
tartarugas marinhas, sendo cinco da espécie Chelonia mydas, três Lepidochelys olivacea e uma
Eretmochelys imbricata. Todas interagiram de alguma forma com os resíduos sólidos (33,33%) ou
com a pesca (44,44%), ou, ainda com os dois casos (22,22%) o que provavelmente resultou na
morte de 66, 66 % dos animais (Tabela I).
Entre as espécies registradas, Chelonia mydas foi a que mais interagiu com as ações
antrópicas (55,55%). Awabdi et al. (2013) sugerem que a ingestão de resíduos como o plástico e o
nylon pode ser favorecido pelo hábito alimentar e pelo modo como esses animais capturam o
alimento. C. mydas é preferencialmente herbívora e seus locais de forrageio estão associados a áreas
mais costeiras (BJORDNAL, 1997). Bugoni (2001) e Awabdi et al. (2013) relataram um número
elevado dessa espécie interagindo com resíduos sólidos nos estados do Rio Grande do Sul e do Rio
de Janeiro, respectivamente.
Em relação ao estágio de desenvolvimento foram classificados como sendo filhotes
(44,44%) e juvenis (55,55%). As tartarugas possuem hábito majoritariamente pelágico até a fase
adulta (Musick, 1997) o que pode corroborar para uma maior susceptibilidade tanto a ataques de
presas como a interações com a pesca e com a ingestão de lixo antrópico. Bjorndal et al. (1994)
testaram a hipótese de que tartarugas da costa da Flórida com um tamanho menor, ainda de hábitos
pelágicos, seriam mais vulneráveis à ingestão de resíduos sólidos quando comparadas as de
tamanho maior, no entanto, não houve diferença significativa. Em contrapartida, Plotkin e Amos
Estágio de
Espécie Destino Diagnóstico clínico
desenvolvimento
Chelonia mydas Juvenil Óbito Impactação intestinal
Amputação de membro
Chelonia mydas Juvenil Soltura
anterior/interação com pesca
Chelonia mydas Juvenil Soltura Interação com pesca
Chelonia mydas Juvenil Óbito Impactação intestinal
Chelonia mydas Juvenil Óbito Interação com pesca
Lepidochelys Impactação
Filhote Óbito
olivacea intestinal/interação com lixo
Lepidochelys
Filhote Soltura Interação com lixo
olivacea
Lepidochelys Filhote
Óbito Interação com pesca/lixo
olivacea
Eretmochelys
Filhote Óbito Interação com pesca
imbricata
Tabela 1: Casos de tartarugas, vítimas de interações antrópicas, resgatadas pela ONG Ecoassociados
no período de Setembro de 2015 a Agosto de 2017.
Quando falamos em meio ambiente, muito frequentemente essa noção logo evoca as ideias
de ―natureza‖, ―vida biológica‖, ―vida selvagem‖, ―flora e fauna‖. Tal percepção é
reafirmada em programas de TV como os tão conhecidos documentários de Jacques
Cousteau ou da National Geographic e em tantos outros sobre a vida selvagem que
moldaram nosso imaginário acerca da natureza. Até hoje esse tipo de documentário serve
de modelo para muitos programas ecológicos que formam as representações de meio
ambiente pela mídia (Carvalho, 2006, p. 35).
Também no centro do museu, encontra-se uma simulação de uma interação com rede de
pesca (figura 2- B). Nesse momento, fala-se sobre a pesca incidental e que esses animais são
pulmonados e podem se afogar em caso de emalhe. Muitos visitantes retornam com perguntas sobre
a respiração das tartarugas e então o trabalho educativo passa a ser mais específico com explicações
sobre o sistema respiratório e as adaptações que as tartarugas sofreram para a vida marinha. O
museu ainda dispõe de algumas fotos retratando a realidade que as interações com o lixo e com a
pesca podem causar aos animais.
Figura 2. A: tartaruga fixada em exposição e B: Simulação da interação com rede de pesca no Museu da
Tartaruga Marinha da ONG Ecoassociados, Fontes: Arquivos Ecoassociados 2017.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
importante, válida e precisa ocorrer de forma pedagogicamente planejada onde proporcione uma
resposta rápida e positiva, a educação ambiental informal, como a que ocorre no Museu das
Tartarugas, tem se mostrado um importante agente para que a sensibilização da sociedade seja
atingida. As práticas realizadas no museu funcionam como atividades complementares
fundamentais que causam questionamentos, indagações e impacto no modo de pensar dos visitantes,
uma vez que a realidade acerca dos motivos que ameaçam as tartarugas marinhas é passada de
forma íntegra.
Desse modo, conclui-se que a Educação Ambiental quando promovida de maneira adequada
é uma importante ferramenta para disseminar informações que podem levar a uma mudança de
pensamentos e de atitudes. Esses processos educativos são considerados primordiais para que as
ações de conservação desses animais sejam realizadas de maneira mais efetiva.
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RESUMO
A globalização oferece impactos e transformações profundas no contexto ambiental e no meio social.
Atualmente, é possível observar os impactos das atividades humanas em diversas esferas, surgindo
assim a necessidade de propor soluções que quebrem o modelo reducionista, focado e
descontextualizado. Neste cenário, a Educação Ambiental deve fazer parte da essência e dos
fundamentos educacionais, promovendo interações com importantes fatores para o desenvolvimento
pessoal e social e, sobretudo, despertar o humano para a sua relação com o planeta. Entendendo a
transdisciplinaridade como um caminho rico por proporcionar ampla compreensão e profundo
processo de experienciação do meio, o Instituto Verdeluz a utiliza como um de seus embasamentos
teóricos na busca de compreender, integrar e solucionar fatos na temática socioambiental na cidade de
Fortaleza. O presente trabalho se baseia nos métodos exploratório e descritivo de análise de estudo de
caso, sob a abordagem qualitativa como meio de aprofundamento e detalhamento dos objetos da
pesquisa. Para coleta de dados, o principal meio utilizado foram as observações in loco das atividades
de Educação Ambiental e ativismo político propostas pelo Instituto. Os seis projetos que fazem parte
da Instituição em 2017 foram propostos por necessidades de ação comunitária, por observações do
contexto global e pela sensibilização de pessoas nos espaços educativos locais. O Verdeluz, através do
seu trabalho, vem interligando instituições, sociedade, pessoas e meio ambiente na perspectiva de um
desenvolvimento sustentável, através da explanação de ideias e iniciativas na busca da justiça
socioambiental sendo importante agente na disseminação de informação e sensibilização para a
reflexão nas respectivas áreas de influência. Romper com o pensamento cartesiano, encaixotado e
arcaico é fundamental para instigarmos os jovens a resgatarem seus potenciais de curiosidade, ação e
sensibilidade, provocando assim novos anseios e paradigmas para uma sociedade mais integrada.
Palavras-chave: Educação Ambiental, Transdisciplinaridade, Projetos.
ABSTRACT
Globalization offers profound impacts and transformations in the environmental context and in the
social environment. Nowadays, it is possible to observe the impacts of human activities in different
spheres, thus arising a need to propose solutions that break the reduced, focused and decontextualized
model. In this scenario, Environmental Education should be part of the essence and educational
foundations, promoting interactions with important factors for personal and social development, above
all, to awaken the human to its relation with the planet. Understanding transdisciplinarity as a rich path
by providing a wide variety of understanding and environment, Instituto Verdeluz uses one of its
theoretical ambassadors in the search for truth, integrating and solving facts on the socio-
environmental theme in the city of Fortaleza. The present work is based on exploratory and descriptive
methods of case study analysis, under a qualitative approach as a means of deepening and detailing the
objects of the research. For data collection, the main means used as site observations of the activities
of Environmental Education and Political Activism projects by the Institute. The six projects that are
part of the institution in 2017 are proposed by needs of community action, by observations of the
global context and by the sensitization of people in the local educational spaces. Through its work,
Verdeluz has been linking institutions, society, people and the environment with a view to sustainable
development, through the explanation of ideas and initiatives in the search for social and
environmental justice, being an important agent in the dissemination of information and awareness for
a reflection in the Respective areas of influence. Breaking with cartesian, boxed and archaic thinking is
fundamental to instigating young people to rescue their potential of curiosity, action and sensitivity,
provoking as new yearnings and paradigms for a more integrated society.
Keywords: Environmental Education, Transdisciplinarity, Projects.
INTRODUÇÃO
O mundo vem passando por um período de intensas mudanças no aspecto ambiental, devido
aos processos econômicos de exploração e produção. Além disso, o presente processo de globalização
não oferece impactos e transformações apenas ao contexto ambiental natural, traz grandes
consequências e transformações também para o meio social.
É possível observar e enquadrar os impactos em diversos eixos temáticos, sejam eles: O
descarte de resíduos urbanos, o aquecimento global, a contaminação de fontes de água doce, o
desmatamento de florestas, a extinção de espécies, a contaminação e acidificação dos oceanos, o uso
de agrotóxicos e contaminação do alimento e do solo, a desigualdade social, a exclusão, a
desvalorização de culturas, a superexploração de recursos, o desperdício, o consumo exagerado, a
fome, a seca, as relações de imposição de poder, os comportamentos extremistas, entre tantos outros.
Por serem temáticas muito abrangentes, muitas vezes não conseguimos reconhecer as ligações
entre os pontos, suas origens e consequências, e acabamos por nos direcionar à especialização para
alcançarmos ações práticas possíveis. Esse vem sendo um obstáculo difícil de resolver, visto que os
problemas da presente civilização são muitos e precisam ser resolvidos com urgência e, ao mesmo
tempo, a visão focada e fechada sobre um determinado problema sempre foi o modo de resolução mais
utilizado.
Tal momento, que nos coloca entre explosões de problemáticas e métodos de resolução focados
e descontextualizados, nos direciona a uma situação de conflitos internos e externos. O processo de
especialização, aliado a um pensamento reducionista, acaba muitas vezes trazendo-nos para a atual
situação: pesquisadores distantes de suas motivações, jovens pesquisadores desestimulados em rotinas
acadêmicas, com pouca curiosidade e longe de problemáticas, ações e pesquisas distantes da
comunidade e perspectivas de mudanças apenas no campo teórico, sem grandes e importantes
Desse modo, o objetivo principal deste trabalho é o de investigar como projetos de Educação
Ambiental e Ativismo Político podem contribuir para alcançar a transdisciplinaridade prática e
continuada. Como objetivos específicos: 1) Compartilhar a metodologia empregada nas atividades
transdisciplinares do Instituto Verdeluz. 2) Refletir sobre os desafios da prática em Educação
Ambiental. 3) Estimular ações práticas de caráter inter e transdisciplinar.
METODOLOGIA
O HISTÓRICO
humano e para a desigualdade social. Portanto, a entrada do Verdeluz nesse tipo de localidade se dava
pela existência de uma noção mais ampla de responsabilidade coletiva e justiça social.
A cidade de Fortaleza é uma das mais desiguais do país, repleta de zonas vulnerabilizadas, fato
que estimula, nos estudantes, o despertar em si próprios de uma maior sensibilidade, de capacidade de
observação, de empatia e de senso de justiça tanto antes como durante todo o processo de inserção
comunitária. A escolha do Serviluz, no bairro Cais do Porto, como localidade onde se iniciaram os
trabalhos partiu de situações vivenciadas anteriormente por membros do projeto, que frequentavam o
local para a prática do surf e, por isso, tiveram a oportunidade de conhecer melhor os moradores da
região e perceber os problemas enfrentados por eles, criando um certo tipo de elo.
Bronckart (1996) fala, com base em Vygotsky, sobre a importância das representações para o
passado, presente e futuro de cada indivíduo pois, muitas vezes, é no contato com diversos ambientes e
relações sociais que são promovidos processos de interação, internalização representativa e
apropriação. Estes contato pode, muitas vezes, ser determinante na escolha da temática, do local e no
desenvolvimento dos trabalhos. É, muitas vezes, o fator motivador entre pesquisador e objeto.
Dentro do bairro, a acolhida foi feita pela Associação Boca do golfinho, de liderança
comunitária e ação multitemática, um espaço ideal para abraçar um novo tema e proposta de trabalho.
Logo, iniciaram-se ali as atividades de Educação Ambiental do Instituto Verdeluz, aos fins de semana,
com crianças e adolescentes da comunidade local frequentadores da Associação.
Em 2014, o Verdeluz ampliou sua área de ação para outro bairro fortalezense, a Sabiaguaba,
que, em um contexto diverso, possui características mais primitivas que o Serviluz e tem grande
relevância nas esferas ecológica e etnobiológica, visto que o território onde se situa abriga
comunidades pesqueiras tradicionais e importantes Unidades de Conservação (UC's) da cidade de
Fortaleza. Manteve-se o público-alvo de crianças e adolescentes da comunidade e, no período de 2
anos, foi realizado um trabalho ininterrupto aos fins de semana na comunidade da Boca da Barra de
Sabiaguaba.
Reflexões sobre as práticas executadas pelo Instituto ao longo do tempo direcionaram o
Verdeluz a outros níveis de ação, na busca de melhorias mais efetivas e permanentes que abrangessem
toda a cidade de Fortaleza. Assim, atualmente, o Instituto trabalha de maneira difusa em diversos
espaços da cidade, com o seu próprio CNPJ, conquistado em 2016.
A AÇÃO
sua liderança - uma equipe de escritório -, o modus operandi da ONG, objetivando alcançar as esferas
comunitária, acadêmica e política, através da reconstrução de uma conexão entre estas esferas e da
evidenciação de problemáticas e de responsabilidades interinstitucionais.
De modo geral, a instituição nasce de uma sede de traçar estratégias e colocar ações em prática
na busca de melhorias sociais e ambientais nos locais onde se insere. Freire (2000, p.43) deixa claro
que nas relações do homem com a realidade, na criação, recriação e decisão, uma dinamização é
gerada da própria realidade, trazendo também aspectos de humanização. Contudo, nessa ação de
grande força humana, é necessário ter uma permanente atitude crítica, pois somente ela possibilitará ao
homem a vocação de integração, indo muito além do simples ajustamento ou acomodação,
proporcionando a profunda compreensão das temáticas e responsabilidades de sua época.
Com esse referencial, o Verdeluz necessitou buscar ferramentas, procedimentos e
comportamentos capazes de despertar a população para uma visão crítica sobre seus hábitos e, mais
que isso, sobre seu posicionamento perante todas as cadeias existentes na sociedade, sejam elas
ecológicas, sociais, econômicas e políticas. Deste modo, a Educação Ambiental e o Ativismo Político
vieram como importantes linhas diretivas para nortear a execução prática do trabalho. Sauvé (2005, p.
18) apresenta uma gama de correntes na área de Educação Ambiental, e muitas destas perpassam pelos
ideais da instituição, sendo a corrente holística, a práxica e a resolutiva as que traduzem melhor o
posicionamento, o engajamento e a ação institucional.
AS PROBLEMÁTICAS
A ESTRUTURAÇÃO
esferas municipal, estadual e federal. Todos nascem de questões observadas nas realidades de trabalho
nas quais estão inseridos.
O GTAR à exemplo, nasce da problemática de encalhe e desova de animais na região do
Serviluz, que através de um maior aprofundamento pode-se perceber que é algo recorrente em toda a
orla da cidade. No contexto urbano, em meio a estes casos, pode-se observar ameaças como a
poluição, que pode ser um grande impacto a toda a biodiversidade e aos ecossistemas. Assim nasce o
GRU para compreender, analisar e, se possível, mitigar tal problema. Em meio à vulnerabilidade da
região do Serviluz, surge o EcoEnglish aliando o ensino de inglês, como um fator importante para o
mercado de trabalho, à Educação Ambiental. Na observação da escala do agronegócio e dos seus
impactos no Brasil e no mundo, nasce a necessidade de discutir e divulgar a ideia de agroecologia em
escolas, onde uma estudante bastante interessada na temática solicitou ao Instituto auxílio na
recuperação da horta didática de sua escola. O Recife Vivo visa monitorar a região costeira de arenito
em uma praia próxima a Fortaleza que passa por diversos impactos oriundos da coleta de peixes
ornamentais, poluição e pisoteamento de espécies de corais propondo, a longo prazo, uma solução
baseada em ecoturismo.
São problemáticas que estão no meio social e que a falta de informação, de sensibilização e de
direcionamentos terminam por gerar impactos a nível socioambiental. Morin (2007) deixa claro que,
segundo a complexidade, as coisas programadas são importantes porém não devem ser mutiladoras do
trabalho. No momento não programado ou de desequilíbrio, devem surgir as estratégias para a não
omissão ao problema que apareceu, sendo necessárias para considerar o complexo, o todo e a
realidade.
A equipe interdisciplinar do Instituto corrobora para um entrelaçamento de visões diversas, que
contribuem para a observação de um ser em sua complexidade. Morin (2007, p.38) coloca o sujeito
como um ator que surge junto ao mundo, e eles se revolucionam juntos. Portanto, a
transdisciplinaridade se torna a linha norteadora, na qual o envolvimento com problemáticas vai muito
além de obter notas, ou carga horária, é um compromisso humano, pela humanidade e por toda a
biodiversidade existente.
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Graduando do curso de Agronomia da UFCG
Je.an_93@hotmail.com
Kilson Pinheiro LOPES
Doutor em agronomia, Professor adjunto, UFCG
kilson@ccta.ufcg.edu.br
RESUMO
A educação ambiental é considerada como ponto chave para proporcionar uma melhor qualidade de
vida das futuras gerações através do despertar de novos hábitos relacionados principalmente à
cidadania e sustentabilidade. As atividades desse projeto têm como objetivo, a sensibilização e
conscientização de crianças e pré-adolescentes quanto às questões ambientais por meio do emprego
de ferramentas metodológicas. O trabalho foi desenvolvido no decorrer dos anos 2015 e 2016 na
Escola Municipal Poeta Belarmino de França, esta, de ensino fundamental, na cidade de Pombal-
PB. Foram desenvolvidas atividades relacionadas a oficinas de reciclagem e reutilização de
materiais, produção de mudas, palestras e rodas de conversas. De acordo com o que foi abordado
durante o desenvolvimento das atividades, através dos modos comportamentais presenciados,
comprovados a partir da aplicação de questionários, conclui-se que o trabalho desenvolvido
apresentou resultados positivos sobre o comportamento de todos os envolvidos, sobre questões
relacionadas ao meio ambiente em que vivem.
Palavras- Chave: Conscientização, ferramentas metodológicas, ecologia.
ABSTRACT
The environment education is considered a key point to provide a better quality of life to the future
generations by waking up new habits most related to citizenship and sustainability. The objective of
the activities from this project is raise awareness of both children and preadolescents to
environment questions by employing methodological tools. The work was developed between of
2015 – 2016 at the local Poeta Belarmino de França School, which is an elementary School, at
Pombal-PB city. There, a couple of activities were developed such as recycling workshops and
reuse of materials, production of seedlings, lectures and conversation wheels. According to what
was addressed during the development of the activities, through the behavioral modes witnessed,
which were proved by the application of questionnaires, it is concluded that the work developed
presented positive results about the behavior of all those involved, about questions related to the
environment where they live.
Keywords: Awareness, methodological tools, ecology.
INTRODUÇÃO
Atividades que conectem as crianças a natureza é uma das estratégias indispensáveis para
estimular hábitos saudáveis. Com isso, o trabalho teve como objetivo despertar o interesse dos
alunos do ensino fundamental para assuntos relacionados à educação ambiental através de
atividades dinâmicas que envolvem o meio ambiente em que vivem.
MÉTODOLOGIA
seu dia-a-dia. Ao final do conto, foi entregue um desenho para que os alunos colorissem, como
forma de captar por mais tempo a atenção das crianças.
O rendimento de todas as atividades foi avaliado através da aplicação de questionário aos
alunos e professores envolvidos. Os questionários foram aplicados aos alunos do 4º e 5º ano,
compreendendo um total de 140 alunos. O questionário aplicado aos professores constou de seis
perguntas de múltipla escolha e teve como objetivo identificar se as atividades surtiram efeitos
sobre o comportamento dos alunos e qual o grau de inserção de atividades sobre a questão
ambiental no âmbito escolar, por parte da dinâmica pedagógica da própria escola.
RESULTADOS E DISCURSÃO
O questionário foi dotado de perguntas tais como: 1) O que é meio ambiente? Quais
problemas ambientais são visualizados no meio ambiente em que vive? É constante o assunto ―meio
ambiente‖ em sala de aula? É constante o assunto ―meio ambiente‖ fora da escola? Você sabe o que
é reciclagem? Você já produziu alguma coisa reciclada? Você entende a importância de preservação
do ambiente em que vive? As atividades desenvolvidas sobre educação ambiental são importantes
para vocês?
Quando questionados sobre ―o que é meio ambiente‖, de acordo com a Figura 1, pode-se
observar que a maioria dos alunos (55 %) entendem o conceito de meio ambiente, enquanto os
demais consideraram fatores isolados como sendo relacionados ao conceito de meio ambiente. Por
mais que este conceito possa parecer de fácil compreensão notou-se a dificuldade dos alunos de
compreender tal definição. Sendo assim percebe-se que as informações sobre o que é meio
ambiente são pouco difundidas. De acordo com a resolução CONAMA 306/2002 inciso XII: ―
Meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influencias e interações de ordem física, química,
biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abrigam e regem a vida em todas as suas
formas.
10%
10%
55%
25%
Como os problemas ambientais são diariamente abordados, seja em rádio, televisão, internet
ou outros meios de comunicação, perguntou-se aos alunos se eles já haviam visualizado algum tipo
de problema ambiental na rua, escola ou na própria casa, e 13,5% responderam que não sabiam do
que se trata, e 86,5% afirmaram que haviam percebido situações de degradação ambiental. Dos que
responderam sim, 52% destacaram o desperdício de água, 45% relataram os problemas consequente
do lixo, e 3% apontaram problemas com o desmatamento (Figura 2). A capacidade das crianças de
identificar problemas, ainda que pequena, é um grande passo para o destino que se deseja alcançar,
uma vez que é sob essa capacidade que se deve trabalhar a conscientização ambiental.
3%
45%
52%
Sim Não
8%
92%
A prática de reciclagem de produtos parece ser comum entre os envolvidos no projeto, uma
vez que 85% relataram já terem produzido algum material reciclado (Figura 4). Os alunos que
responderam sim afirmaram ter participado de oficinas realizadas através deste trabalho na
confecção de imã de geladeira com papel velho (oficina de papel machê). Trabalhar com as crianças
a importância da reciclagem e da reutilização de matérias produzidos pela indústria induz as
mesmas o desenvolvimento da criatividade, ao mesmo tempo em que enfatiza a importância da
redução da acumulação de resíduos sólidos na natureza.
Segundo Medeiros et al. (2011), as atividades que as crianças podem tocar, transformar
objetos e materiais trazem mais prazer ao desenvolver tais tarefas. Isto terá um significado maior
para o aluno, quando ele tiver a oportunidade de conviver com o ambiente natural, assim podendo
trabalhar de forma interdisciplinar, aumentando o processo de construção do conhecimento.
Sim Não
15%
85%
Sim Não
5%
95%
Ficou evidente nos alunos a importância de conservação do meio ambiente em que eles
vivem, estimulando, nos mesmos, mudanças de hábitos após as atividades realizadas no projeto
como: a questão do descarte do lixo em locais apropriados; a problemática da escassez de água e a
necessidade de economizar tal recurso natural e a necessidade de reciclar/reutilizar materiais.
Portanto, percebe-se que ao longo das atividades os alunos têm desenvolvido um
pensamento mais consciente sobre as questões do meio ambiente em que vivem, alcançando,
portanto, os objetivos propostos pelo trabalho. Estas constatações puderam ser reforçadas pelos
professores da referida escola que afirmaram, por unanimidade, terem observado mudanças
positivas no comportamento dos alunos em relação ao meio ambiente, após o desenvolvimento das
atividades. Acreditam ainda que tais resultados foram alcançados em função da adequação das
atividades aos diferentes níveis de idade e escolaridade.
CONCLUSÃO
O momento atual exige que a sociedade esteja mais motivada e sensibilizada para questões
ambientais. Acredita-se que pequenas iniciativas podem ser de grande valia para conscientização,
principalmente das crianças, que possuem pouco entendimento sobre problemas ambientais, mas
que precisam dessas informações na construção do conhecimento, para que cresçam motivadas a
mudar, sempre para melhor, o espaço em que vivem.
Na escola onde foi desenvolvido este trabalho, é possível perceber que a educação ambiental
é um assunto discutido e faz parte de um plano pedagógico, no entanto as crianças não aparentam
ter um conhecimento bem desenvolvido sobre o assunto. Sendo necessário motivar as escolas para
que esse assunto seja constantemente discutido em sala de aula, para reforçar a consciência e o
conhecimento das crianças sobre a preservação do meio ambiente.
As atividades desenvolvidas com os alunos contribuem para conscientiza-los sobre hábitos
sustentáveis, bem como promover a interação em grupo, contribuindo para uma formação cidadã
voltada para construção de valores mais humanizados.
REFERÊNCIAS
FAVA, F. De quantos planetas você precisa?. Estadão, São Paulo, 2009. Disponível em: <
http://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,de-quantos-planetas-voce-precisa,480057>
Data de acesso: 25 de Julho de 2017.
RESUMO
A Política Nacional de Resíduos Sólidos trata com especialidade o protagonismo dos catadores de
materiais recicláveis. Nesse contexto, uma ação de investimento social em compensação a um
grande empreendimento financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
se encontra com a Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Ji-Paraná - Rondônia. Essa
cooperativa tem executado um primoroso projeto de fortalecimento para transformar os meios de
produção dos catadores com vistas a melhorar suas condições de trabalho e renda. Este trabalho tem
a finalidade de verificar a hipótese de melhoria de renda dos catadores de material reciclável no
lixão de Ji-Paraná após as novas instalações e perceber algumas direções da evolução do processo
de adaptação à preconizada gestão integrada dos resíduos sólidos. Nas análises foram utilizados
dados da renda dos catadores de junho a setembro de 2016, feitos testes estatísticos e a observação
do processo produtivo. Os resultados demonstram que houve redução significativa da renda dos
catadores. Considera-se dois motivos prováveis: despesas com obrigações não cumpridas de outros
agentes na gestão integrada dos resíduos e a ausência de coleta seletiva.
Palavras-chave: Coleta Seletiva, Resíduos Sólidos e Gestão Integrada.
ABSTRACT
The National Solid Waste Policy exposes the protagonism of collectors of recyclable materials. In
this context, social investment action in compensation for a large enterprise financed by the
National Bank for Economic and Social Development meets the Cooperative of Waste Pickers of Ji-
Paraná– Rondônia. This cooperative executes an exquisite project of strengthening that will
transform the means of production pretending to improve their working conditions and income.
This work has the purpose of verifying the hypothesis of improving the income of recyclable waste
pickers in the Ji-Paraná dump after the new facilities and to perceive some directions of the
evolution of the process of adaptation to the recommended integrated management of solid wastes.
In the analyzes were used data of the income of the collectors from June to September of 2016,
made statistical tests and the observation of the productive process. The results show that there was
a significant reduction in the income of the collectors. Two probable grounds are considered:
expenses with unmet obligations of other agents in the integrated waste management and the
absence of selective waste collection.
Keywords: Selective Waste Collection, Solid Waste, Integrated Management.
INTRODUÇÃO
de fortalecimento que teve envolvido, por sua coordenação, vários atores de diversas instituições,
no intuito de trazer mais dignidade ao trabalho dos catadores melhorando suas condições e gerando
mais renda.
O projeto de fortalecimento, além de estruturar os meios de produção da cooperativa com
centro de reciclagem (barracão pavimentado, esteira, prensas, instrumentos de gestão eletrônica,
etc.) sede social e caminhões, transformando a cooperativa em referência nacional, trouxe medidas
instrutivas aos cooperados e a comunidade diante das adaptações necessárias; com planos de gestão
e de sensibilização.
Em uma espécie de incubação de aproximadamente um semestre. É o momento
transformador do processo produtivo, que traz à tona um aspecto significativo do processo; a saber,
a despesa com os meios de produção.
Nesse contexto, o presente trabalho teve a finalidade de verificar a hipótese de melhoria de
renda dos catadores de material reciclável no lixão de Ji-Paraná após as novas instalações e
perceber algumas direções da evolução do processo de adaptação à preconizada gestão integrada
dos resíduos sólidos.
MATERIAL E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A hipótese mais provável para tal discrepância é a do aumento das despesas; energia
elétrica, material de limpeza, equipamentos de proteção, internet, almoxarifado, insumos,
manutenção predial e do maquinário; a maioria advinda com a mudança dos meios de produção.
Sem embargo, diante dessa hipótese, os testes revelam, com nível de significância de 0,01
que, ainda se todo o valor com a despesa mensal fosse acrescido à renda líquida, essa soma da renda
média mais o quociente da despesa total pelo número de cooperativados no mês (Renda+DT)
poderia ter atingido o valor previsto para o final de 2015 apenas no mês de setembro de 2016, isso
se for considerado o intervalo de confiança.
Ainda vislumbrando esse acréscimo à renda, relativo ao gasto para operação dos novos
meios, nos meses de junho e agosto teria atingido apenas o valor corrigido da média do IPEA para a
Região Norte e no mês de julho, sequer se aproxima do valor da renda média do início do projeto
que é o parâmetro de menor valor.
Outro fator observado ‗in loco‘ é que pouco ou nada mudou no tocante a um dos principais
aspectos do modo de produção: a qualidade do resíduo a ser triado. A coleta seletiva, fundamental
para a gestão integrada dos RSU (IPEA, 2013) iniciada com o projeto de sensibilização, foi
interrompida por falta de recursos.
Segundo os catadores a visita aos bairros estava ‗dando prejuízo‘ devido à despesa com o
combustível, ao lento processo de adesão da sociedade e a qualidade do material separado. Vale
ressaltar que é responsabilidade, da qual se abstém o setor público municipal competente, a de
estabelecer a coleta seletiva e priorizar a contratação de cooperativas de catadores, Art. 36, §1º da
PNRS (BRASIL, 2010).
Além da interrupção, a cooperativa, com foco na triagem do resíduo proveniente da coleta
convencional, fez outra adaptação ao projeto original, trocando um caminhão novo por uma pá
carregadeira e uma caçamba ‗velha‘ os quais são utilizados no manejo desse resíduo; empurrando-o
da rampa para a linha de triagem e carregando o rejeito da esteira para as células do aterro, a um km
do barracão. O rejeito da esteira é a diferença entre aproximadamente 78 t dia-1 (SANTOS, 2011) e
o reciclado, 2 t dia-1 (SOCIALZINK, 2016).
É esse um dos principais fatores para o incremento crescente nos custos do processo. Gastos
com combustível e (cada vez mais) manutenção dessas duas máquinas e conflitos entre os
cooperados desabituados à gestão de patrimônio levaram ao afastamento de muitos que retornaram
às células do aterro para a catação à moda antiga, conforme pode ser observado na Figura 2.
Supondo que a empresa responsável arcasse com os gastos de óleo diesel e a manutenção
desse maquinário, consideraríamos então a renda média acrescida da despesa com o rejeito
(Renda+DR). Poder-se-ia ter ultrapassado ao menos o valor corrigido da média do IPEA da Região
Norte (valor-p 0,062; 0,033; 0,035) para os meses de junho, agosto e setembro, respectivamente.
Seria uma melhora considerável que poderia ter evitado o afastamento de grande parte dos
cooperados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A hipótese da presente pesquisa foi refutada, verificou-se uma redução significativa da renda
média dos catadores no período analisado em relação aos parâmetros estabelecidos. Ainda que se
destaque do contexto aspectos positivos que os números não revelam; a saber, melhoria nas
condições de segurança do trabalho, além das condições de representação dos direitos e das relações
interinstitucionais, a diminuição da renda foi alarmante.
A cooperativa é uma importante entidade na execução do PNRS. Todavia não compete que
se responsabilize por obrigações do poder público e de empresas privadas. No caso particular, a
cooperativa deve ser, emergencialmente, desonerada das despesas com rejeito e novamente
incubada no processo instrutivo de práticas de gestão.
Diante de outro aspecto importante observado, a renda média mensal, mesmo incrementada
com valor semelhante ao da despesa total do processo produtivo, não teria atingido as metas
propostas, e sabendo-se do enorme potencial de reciclagem pela porção de materiais recicláveis
sendo depositados em células de aterro, sugere-se a retomada da coleta seletiva executada com o
plano de sensibilização concomitante e continuadamente.
REFERÊNCIAS
MINITAB Inc. Minitab 17. State College, Pensilvânia, 2016. Disponível em: <
http://www.minitab.com/pt-br/products/minitab/free-trial/>. Acesso em: 29 nov. 2016.
RESUMO
Debater a questão ambiental no âmbito das grandes cidades demanda reflexões que vão além do
aspecto puramente natural. Também estão envolvidas questões de ordem social, política, cultural e
econômica, que tornam a compreensão do meio ambiente inserido no espaço urbano mais
complexa. Em virtude disso, pretende-se com este estudo abordar a conjuntura atual do Parque
Urbano da Lagoa da Viúva, localizado no bairro Siqueira, em Fortaleza (CE), atrelado ao debate das
áreas verdes no mesmo município, bem como contextualizar o movimento ambiental por trás de sua
criação. A argumentação desenvolvida na presente discussão baseia-se em temas e conceitos como
a relação ―natureza x cidade‖, parques urbanos, áreas verdes e movimentos ambientais, destacando-
se também os aspectos legais referentes à criação de parques urbanos na cidade de Fortaleza.
Através da pesquisa teórica, do trabalho de campo e da realização de entrevista com um
representante do movimento ambiental local, constatou-se que, apesar de já regulamentado,
conquista que foi resultado de diversas mobilizações por parte de entidades locais, o parque em
análise, assim como vários outros exemplos espalhados pela cidade, carece de infraestruturas que o
caracterizem de fato como parque e que permitam o seu aproveitamento mais adequado pela
população. Enquanto legalmente o parque existe, a área sofre com a deposição inadequada de lixo,
tentativas de ocupações irregulares e desmatamento da vegetação nativa, onde tanto a população
local como a própria Prefeitura são responsáveis por tais práticas. Complementando a presente
discussão, algumas reivindicações do movimento são apresentadas diante a conjuntura atual do
parque em destaque.
Palavras-Chave: áreas verdes, parque urbano, movimento ambiental.
ABSTRACT
Debating the environmental issue in the big cities demands reflections that go beyond the purely
natural aspect. Also involved are social, political, cultural and economic issues that make the
understanding of the environment inserted in the urban space more complex. As a result, this study
intends to address the current situation of the Urban Park Lagoa da Viúva, located in the Siqueira
neighborhood, in Fortaleza (CE), linked to the green areas debate in the same municipality, as well
as to contextualize the environmental movement by behind its creation. The argument developed in
the present discussion is based on themes and concepts such as the relation "nature vs. city", urban
parks and green areas, as well as the legal aspects regarding the creation of urban parks in the city
of Fortaleza. Through the theoretical research, the fieldwork and the interview with a representative
of the local environmental movement, it was verified that, despite already regulated, conquest that
was the result of several mobilizations by local entities, the park in analysis, As well as several
other examples scattered throughout the city, lacks the infrastructures that really characterize it as a
park and that allow it to be used more appropriately by the population. While legally the park exists,
the area suffers from improper disposal of garbage, attempts at irregular occupations and
deforestation of native vegetation, where both the local population and the Municipality itself are
responsible for such practices. Complementing the present discussion, some claims of the local
population are presented in view of the current situation of the highlighted park.
Keywords: Green areas, urban park, environmental movement.
INTRODUÇÃO
A relação ―homem x meio‖ é uma das mais tradicionais questões no entendimento do objeto
central da ciência geográfica. Tal associação demanda, em determinado momento, de uma
abordagem mais complexa quando se chega à necessidade de entender suas imbricações e a
correspondente influência na organização espacial da Terra. Assim, como compreender a superfície
terrestre através de práticas que considerem, ao mesmo tempo, o equilíbrio ecológico e o uso
sustentável da Terra? Sabe-se que nos tempos atuais, é inviável considerar a natureza em sua
totalidade como intangível, ao mesmo tempo que é posta de maneira desigual a disposição da
população como um todo. Os interesses humanos sobre a mesma devem ser compatibilizados de
maneira democrática, coletiva e compreensiva com perspectivas futuras, a partir do momento que
dependem dos recursos naturais para sua própria sobrevivência.
Porém, tais fatos confrontam-se com problemáticas concomitantes ao processo de expansão
urbana e adensamento populacional nas cidades e, na perspectiva da apropriação de áreas verdes,
tais questões se tornam ainda mais intensas. Sobre a definição de área verde, o Conselho Nacional
do Meio Ambiente (CONAMA) a conceitua como ―[...] o espaço de domínio público que
desempenhe função ecológica, paisagística e recreativa, propiciando a melhoria da qualidade
estética, funcional e ambiental da cidade, sendo dotado de vegetação e espaços livres de
impermeabilização‖ (BRASIL, 2006).
Objetivando colaborar na padronização de conceitos utilizados para identificação do verde
urbano, Cavalheiro et al. (1999) e Nucci e Cavalheiro (2016) enfatizam a diferenciação entre
espaços livres de construção, áreas verdes e cobertura vegetal. Esses autores consideram como
espaços livres de construção os espaços urbanos ao ar livre utilizados, de forma geral, para
recreação e entretenimento, que podem ser privados, potencialmente coletivos ou públicos,
desempenhando funções estéticas, de lazer, ecológico-ambientais etc.
As áreas verdes, abrangidas pela definição anterior, têm como elemento fundamental de
composição a vegetação, assim como a presença de solo não impermeabilizado (devendo ocupar
pelo menos 70% da área), e servirem à população, depreendendo-se, assim, que devem ser públicas.
Esse conceito diferencia-se do de cobertura vegetal por este ser considerado como a projeção do
verde em cartas planimétricas, isto é, inclui toda a mancha de vegetação da cidade, esteja ela
presente nos espaços construídos, livres e de integração, unidades de conservação ou áreas rurais
(CAVALHEIRO et al., 1999).
Loboda e De Angelis (2005) destacam a importância das áreas verdes no mosaico urbano
por inserirem-se como espaços com condições mais próximas às circunstâncias normais da
natureza, tendo se convertido nos ―principais ícones de defesa do meio ambiente pela sua
degradação e pelo exíguo espaço que lhes é destinado nos centros urbanos‖ (LOBODA e DE
ANGELIS, op. cit., p. 129). Desta forma, esses autores avaliam que a questão ambiental tem
ganhado notoriedade, materializando-se no espaço urbano através da produção de praças e parques
públicos, fundamentados em propostas de melhoria da qualidade de vida na cidade, preservação
ambiental, recreação e sociabilização, o que fariam dessas áreas atenuantes da paisagem urbana.
Entretanto, Gomes (2014), tece críticas à lógica por trás da criação de inúmeras estruturas
voltadas para o ―verde urbano‖. Segundo o autor, tal lógica relaciona-se às intencionalidades do
capital para (p)reservar espaços para futuras expansões, tornar possível a continuidade de sua
reprodução por meio da exploração de recursos naturais, além da ―apropriação do verde‖ como
mercadoria. Com essa finalidade, o histórico dos parques remete à geração conflitos, contradições e
desigualdades. O autor ainda aponta que os parques urbanos podem atuar como equipamentos
importantes na cidade, desempenhando funções ecológicas e sociais. Para tanto, devem ser
implantados de acordo com as necessidades coletivas da população e em áreas em que o conteúdo
natural seja realmente significativo.
Expressos na Política Ambiental de Fortaleza87 como Áreas de Preservação Especial, os
parques urbanos são definidos como ―áreas verdes urbanas de relevância natural com função
ecológica, estética e de lazer, cuja extensão é maior que os polos de lazer, praças e jardins públicos‖
(FORTALEZA, 2014). No ano de 2014, através de decretos, foram criados, regulamentados e
delimitados parques pré-existentes e novos, tendo a cidade de Fortaleza alcançado o número de 21
parques e unidades de conservação88. Sob tutela estadual, o município em destaque ainda dispõe do
Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio, da Área de Proteção Ambiental (APA) do
Estuário do Rio Ceará, da APA do Rio Pacoti (junto com os municípios de Eusébio e Aquiraz), da
87
Este documento reconhece como integrantes do Sistema Municipal de Áreas Verdes Urbanas as Unidades de
Conservação de Proteção Integral e as Unidades de Conservação de Uso Sustentável (ambas conforme a Lei Federal nº
9.985/2000) e as Áreas de Proteção Especial, nas quais inserem-se os parques urbanos, cujos objetivos são
―compatibilizar a oferta de espaços de lazer e convivência com a preservação e/ou conservação dos recursos naturais;
incrementar ao potencial paisagístico e ambiental do município os equipamentos ou áreas particulares; regulamentar o
uso do solo nas Áreas Verdes Urbanas existentes e nas futuras‖ (FORTALEZA, 2014).
88
Parque Municipal Natural das Dunas da Sabiaguaba – PMNDS, Área de Proteção Ambiental – APA da Sabiaguaba,
Parque Rachel de Queiroz, Parque Rio Branco, Parque Adahil Barreto, Parque das Iguanas, Parque Guararapes/Bosque
Presidente Geisel, Parque do Riacho Pajeú, Parque do Riacho Maceió, Parque do Riacho Parreão e os parques das
seguintes lagoas: Parangaba, Porangabussu, Messejana, Maria Vieira, Itaperoaba, Mondubim, Opaia, Jacarey, Catão,
Maraponga e Papicu (FORTALEZA, 2014).
Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) do Sítio Curió e do recém regulamentado Parque do
Cocó, maior área verde da cidade.
Já em 2015 é criado, regulamentado e delimitado o Parque Urbano da Lagoa da Viúva 89
(Figura 01), principal área verde do bairro Siqueira na Região do Grande Bom Jardim, objeto de
estudo da presente discussão, que passa atualmente por situações conflituosas. Embora já
institucionalizado, não possui uma demarcação física, sofre com a supressão da vegetação nativa, e
é ameaçado por tentativas de ocupação irregulares. A população do bairro, entidades locais e
ambientalistas de outros lugares da cidade organizam-se em ações para reverter a situação. Mesmo
assim, o papel do Estado em mediar tais conflitos ainda é insuficiente quando os casos acima
ocorrem.
Definem-se como objetivos deste trabalho a descrição da conjuntura atual do Parque Urbano
Lagoa da Viúva dentro do debate das áreas verdes no município de Fortaleza, bem como pela
contextualização do movimento ambiental por trás de sua criação. Esta discussão justifica-se como
um meio de fornecer subsídios à gestão da área a partir de ações e estratégias provenientes da
sociedade civil e poder público, dando visibilidade à questão ambiental nas grandes cidades e
discutindo, especificamente para o caso de Fortaleza, a necessidade de desconcentração dos parques
urbanos para as periferias da cidade.
Figura 01 – Mapa de localização do Parque Urbano Lagoa da Viúva. Fonte: Elaborado pelos autores.
89
Cf. Decreto N° 13.687, de 09 de novembro de 2015 (FORTALEZA, 2009).
METODOLOGIA
Dentre os procedimentos que tornaram possível a realização dos objetivos deste trabalho,
destacam-se o levantamento bibliográfico, documental e cartográfico, a elaboração de hemeroteca
temática, a realização de trabalho de campo na área de estudo com entrevista com uma
representante ambientalista do bairro Siqueira e a elaboração de mapas relativos ao propósito do
estudo.
A primeira etapa desta metodologia define-se pelo levantamento bibliográfico, buscando-se
estudos focados em temas como a relação ―natureza x cidade‖ e parques urbanos (GOMES, 2014),
áreas verdes (CAVALHEIRO et al., 1999; LOBODA e DE ANGELIS, 2005; NUCCI e
CAVALHEIRO, 2016) e movimentos ambientais (SANTILLI, 2005 e COSTA, 2014), que
auxiliaram na fundamentação teórica do presente trabalho. Concomitantemente, o levantamento de
documentos e materiais cartográficos foi essencial para a coleta de dados oficiais acerca da criação,
regulamentação e delimitação da poligonal do Parque Urbano da Lagoa da Viúva, bem como do
zoneamento ambiental da cidade de Fortaleza, destacando-se o Plano Diretor Participativo do
Município de Fortaleza, Diário Oficial do Município de Fortaleza (Nº 15.204, de 21 de janeiro de
2014, e Nº 15.645, de 11 de novembro de 2015) e a Política Ambiental de Fortaleza.
Ainda nesta primeira etapa, a elaboração de hemeroteca temática, com notícias e reportagens
veiculadas nos principais jornais cearenses, entre os anos de 2014 e 2016, sobre o Parque Urbano da
Lagoa da Viúva, serviu como outro recurso da pesquisa e fonte complementar de informações.
Posteriormente, seguiu-se a realização do trabalho de campo na área do parque, localizado
no bairro Siqueira, e a realização de entrevista com um representante ambientalista do bairro a fim
de elucidar pontos referentes ao processo de regulamentação e implantação do parque, interesses,
perspectivas futuras e reivindicações da população local, além da necessidade de áreas verdes no
bairro.
Por fim, baseado no levantamento documental e cartográfico e no trabalho de campo,
procedeu-se o levantamento de imagens de satélites disponíveis no software Google Earth Pro
(referentes aos anos de 2004, 2007, 2012 e 2016), georreferenciamento e elaboração do mapa
espaço-temporal, evidenciando a expansão da mancha urbana em direção à lagoa e às áreas verdes
adjacentes, submetido posteriormente à análise levando em consideração o zoneamento urbano e
ambiental da cidade de Fortaleza.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
90
De acordo com Melo et.al. (2008), a partir do momento que um lago é formado pelo barramento de uma nascente ou
curso d‘água, em geral para fins de irrigação, dessedentação etc., denomina-se açude o conjunto constituído pela
estrutura de barramento e o respectivo reservatório ou lago formado.
Figura 02 – Açude da Viúva (A) e Açude Varjota (B), ambos localizados no trecho 01 da delimitação do
referente parque urbano. Fonte: elaboradas pelos autores.
Nos últimos dois anos (2016-2017), algumas problemáticas surgiram mesmo com a
instalação do presente parque. Uma delas é o desmatamento realizado a partir de tentativas de
invasão e fixação de moradias, onde aproximadamente sete hectares de mata nativa foram
devastados, atreladas a algumas práticas de queimadas. Várias espécies vegetais como carnaúbas,
mororós, jucás etc., típicas da área, sofreram com tais práticas predatórias. A especulação
imobiliária avança sobre as áreas naturais remanescentes com o passar dos anos, e vários episódios
do tipo são observados.
É constatado também que as margens das lagoas servem como depósitos finais de resíduos
sólidos, onde o descarte irregular do lixo é observado em vários pontos com concentração de
sacolas plásticas, materiais de construção, garrafas PET e materiais orgânicos. Além disso, quando
solicitado aos órgãos públicos competentes a limpeza de determinados trechos poluídos, a ação se
faz, por vezes, com concomitante corte da vegetação, expondo solos e dando margem ao processo
de assoreamento dos corpos d‘água.
Figura 03: Expansão urbana no entorno do Parque Urbano da Lagoa da Viúva. Fonte: elaborado pelos
autores.
Figura 04 – Depósito de resíduos sólidos (A) e (B), e resquícios de vegetação após desmatamento para a
retirada de lixo (C) e (D). Fonte: elaboradas pelos autores.
Embora seja uma reinvindicação desde a criação do parque, não há uma delimitação física
para a poligonal e, além disso, o entorno carece de estruturas que possibilitem a melhor utilização
sem interferir negativamente na paisagem natural como calçadão, iluminação pública de qualidade,
equipamentos de ginástica etc. Tais construções permitiriam que os espaços dispostos ao lazer
fossem melhor aproveitados, e posteriores ocupações fossem impedidas, sem maiores danos
prejudiciais ao meio.
As ações ambientais promovidas no interior do parque, mobilizadas principalmente pelos
movimentos sociais da Região do Grande Bom Jardim, atrelados ao apoio da Prefeitura de
Fortaleza, têm garantido aos poucos que a paisagem natural seja preservada. As intervenções se dão
através de atividades voltadas para a educação ambiental como trilhas ecológicas, aulas de campo,
reflorestamento de espécies nativas, além da fiscalização e monitoramento ambiental.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
com que os conflitos atinjam diretamente a paisagem natural, tanto por meio de ocupações quanto
por loteamentos que se fazem cada dia mais presentes nas proximidades dos corpos hídricos.
É interessante observar que os movimentos sociais urbanos por moradia na cidade de
Fortaleza anseiam pela abertura, implementação e regularização de políticas públicas habitacionais
que subvencionem a população de baixa renda do mercado imobiliário formal. Assim, através do
equilíbrio na luta pelas demandas por moradia com as reivindicações do parque, é possível que o
local se torne mais agradável e acessível para a população como um todo.
Entre as reinvindicações atuais, destacam-se como principais a implantação de mobiliário
91
urbano , consolidação do saneamento ambiental das comunidades do entorno, confronto às
ocupações irregulares através da regulamentação fundiária, programas de educação ambiental
atrelados à estruturação de trilhas ecológicas, pesquisa, catalogação e sinalização sobre espécies
animais e vegetais locais, segurança dos banhistas impossibilitando afogamentos, além do
reflorestamento com plantas nativas para a recuperação de áreas já desmatadas. Para isso, as ações
públicas devem ser efetivadas a partir de abordagens participativas, não tendo só os recursos
naturais como foco, mas também a qualidade de vida da população que abrange suas áreas
circunvizinhas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAVALHEIRO, F., NUCCI, J. C., GUZZO, P., ROCHA, Y. T. Proposição de terminologia para o
verde urbano. Boletim Informativo da SBAU, Rio de Janeiro, RJ, ano VII, n. 3, jul./ago./set.
1999.
COSTA, A. Demandas do movimento ambiental por áreas verdes em Fortaleza. Fortaleza: Banco
do Nordeste do Brasil, 2014.
91
De acordo com a NBR 9283, o mobiliário urbano compreende ―todos os objetos, complementos e pequenas
construções integrantes da paisagem urbana, de natureza utilitária ou não, implantados mediante autorização do poder
público, em espaços públicos e privados‖ (ABNT, 1986). Na presente discussão, o termo refere-se à implantação de
cerca verde, calçada, iluminação pública, equipamentos de ginástica e playground.
Plataforma de Lutas Prioritárias do Grande Bom Jardim, Jangurussu e Ancuri. Disponível em:
<http://www20.opovo.com.br/extra/documentodebate.pdf>. Acesso: 11 de agosto de 2017.
Patrimônio Cultural
e o Saber Ambiental
© Claudia Neu
RESUMO
As comunidades de pescadores artesanais do Brasil têm sofrido com políticas públicas e abordagens
de Educação Ambiental que não consideraram todos os seus aspectos socioculturais. A comunidade
pesqueira de Rio Formoso apresenta tradições culturais bastante ricas que, apesar do declínio da
profissão - causado por impactos ambientais e pelo surgimento de novos empregos - e do
desinteresse dos jovens, ainda persistem nos dias de hoje. Boa parte da sua cultura está ligada ao
ambiente de manguezais e de mar que circunda essa comunidade. Foram identificados lendas e
causos passados de pai para filho que estimulam a educação e preservação do meio ambiente. Esses
componentes culturais devem ser utilizados em projetos futuros de educação ambiental pelo fato de
estimularem o orgulho da comunidade perante sua própria cultura e o meio no qual se insere.
Palavras Chave: Educação Ambiental, Pesca Artesanal, Cultura, Rio Formoso.
ABSTRACT
Fishing communities in Brazil have surffered with public politics and environmental approaches
wich didn‘t consider all their socioculturals aspects. The Rio Formoso fishing community has rich
cultural traditions that, besides of the decline of the profession – caused by environmental impacts
and by the emergence of new jobs – and the lack of interest of young people, still persist today. A
good part of their culture is linked to the environment of mangrove and the sea that surround this
community. Were identified legends and popular stories passed from father to son that stimulate the
education and the environmental preservation. These cultural components must be used in future
environmental education projects because they stimulate the community's pride in its own culture
and the environment in which it is embedded.
Keywords: Environmental education, Fishing communities, Culture, Rio Formoso.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
―Botaram (Ibama) essa carta (Lei de Defeso) ali, né? Mas não vieram explicar, dar uma
explicação que num pescasse. Aí enquanto eles não vieram, todo mundo pescava‖
(Dona Leu).
De forma lúdica e com riqueza de detalhes, os pescadores de rio Formoso contam seus
causos e lendas. Dentre as narrativas mais conhecidas, figuram as lendas da ―cumade Florzinha‖, da
―pedra Grande‖, do ―pai do mangue‖ e ―perdidos no mangue‖. Destaca-se o causo da ―pedra da
inês‖, com detalhes fictícios e reais (Araújo et al, 2014). Dos 25 entrevistados, 16 fizeram menção a
tais histórias. ―O cenário da maioria das histórias está relacionado aos ambientes do manguezal e do
mar, locais onde os pescadores passam a maior parte da vida. Por este motivo, a associação com a
atividade pesqueira está presente sob a forma de assombrações e desorientações nos ambientes
acima citados‖ (Araújo et al, 2014).
De fato, 17 das 25 citações aos causos e lendas obtidos nas entrevistas mencionam, de algum
modo, o ambiente do manguezal e do mar. A essas lendas foi atribuído um ―papel ambiental‖ na
educação das novas gerações (Fig. 1), com destaque para ―Pai de mangue‖ e ―Pedra da Inês‖ que
representaram metade das citações. A lenda ―Pai do mangue‖ representa um papel de educador
ambiental bem evidenciado pelos pescadores, pois, além de ser tido como uma ―assombração‖,
também é mencionada a sua proteção do manguezal.
―Dizem que se a pessoa não tratar bem o mangue, ele (O Pai do mangue) pega o cara la
dentro e o cara fica meio desorientado‖ (Zau).
Fig. 1 Lendas e causos da comunidade pesqueira de Rio Formoso, de acordo com as citações nas entrevistas.
―Ela (Dona Inês) ficava fazendo a renda e com o tempo a erosão, né, fez com que a casa
dela saísse dali e hoje tá uma pedra enorme e nunca mais vi ela se cobri‖ (Chico).
A imaginação e a memória desses pescadores e pescadores fazem com que essas histórias
ainda permaneçam e divulguem ricos ensinamos às gerações cultura, porém essas tradições estão se
perdendo ao longo dos anos (Araújo et al, 2014). A perda de interesse nas novas gerações não
somente com relação à atividade pesqueira, mas também à cultura repassada por várias gerações é
bastante preocupante. Os saberes hereditários presentes na pesca artesanal estão sendo prejudicados
pela aculturação existente através da introdução de novos valores presente no capitalismo (Pereira,
2006).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BUTLER, Paul, GREEN Kevin & GALVIN Dale. The Principles of Pride: The science
behind the mascots. Arlington, VA: Rare. 2013.
PEREIRA, Maria Odete da Rosa. Educação Ambiental com pescadores artesanais: um convite à
participação. Tese de mestrado. FURG. Rio Grande – RS. 2006.
© Giovanni Seabra
RESUMO
Projeto de extensão tem como contexto, educação ambiental, resgate da autoestima, valores éticos e
morais. Através da ressocialização, despertar da consciência ambiental e também da criação de
novos hábitos alimentares, mais saudáveis, para as apenadas do Presidio Feminino Maria Julia
Maranhão. A criação da produção das hortaliças coletivas pelos apenados, que irão vivenciar novos
hábitos e fomentar uma cultura sadia com os alimentos, contribuindo na economia mensal,
diminuindo as despesas da administração penitenciária com a aquisição desses produtos/alimentos.
Tudo isso será feito com treinamento prévio das reeducandas, através de vídeos aulas e orientação
dos bolsistas e voluntários do projeto.
Palavras-chave: Conscientização ambiental, ressocialização, hábitos e hortaliças coletivas.
ABSTRACT
The extension project has as context, environmental education, recovery of self-esteem, ethical and
moral values. Through re-socialization, the awakening of environmental awareness and also the
creation of new habits, more healthy, for the prisoners of the Female Presidio Maria Julia
Maranhão. The creation of the production of the Collective vegetables by the prisioners, who will
experience new habits and foment a healthy culture with foods, and contribute in the monthly
economy decreasing expenses of the penitentiary administration with the acquisition of products /
foods. All this happens with the previous training of the reeducations, through video classroom and
orientation from the scholarship and volunteers of the project.
Keywords: Environmental awareness, resocialization, habits and collective vegetables.
INTRODUÇÃO
A população carcerária feminina cresceu muito nos últimos anos no Brasil, em 2014 o Brasil
tinha a quinta maior população carcerária feminina, atrás apenas dos Estados Unidos, China, Rússia
e Tailândia, segundo dados estatísticos do Infopen.
Por essa condição de vulnerabilidade, pelo direito a melhor condição de dignidade humana e
na tentativa de ressociabilizar, é previsto na Lei de Execução Penal Brasileira – LEP – Lei nº 7.210
de 11 de julho de 1984 -, que todos os condenados devem trabalhar, mas dificilmente essas
obrigações legais são compridas, pois as autoridades não consegue fornecer trabalho para todas as
condenadas.
Ratificando o acima exposto, a LEP assim preceitua:
―Art.28. O trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade humana, terá
finalidade educativa e produtiva.
Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir,
pelo trabalho, parte do tempo de execução da pena.
Art. 128. O tempo remido será computado para a concessão de livramento condicional e
indulto.‖
Com o intuito de trazer tais oportunidades e gerar trabalho para as carcerárias, criou-se o
projeto de extensão - Hortas comunitárias: uma experiência com apenadas do presídio feminino de
João Pessoa Maria Júlia Maranhão – PB. O projeto utiliza da agricultura orgânica para a produção
coletiva de hortaliças.
MATERIAIS E MÉTODOS
A implantação da horta, inicia-se com seu planejamento para definir o espaço a ser utilizado,
tipo de produção e equipe de responsável pela execução das atividades, para isso realizou-se
uma transmissão do conhecimento técnico realizada principalmente por meio de vídeo aulas,
constituídas de encontros práticos no próprio presídio, nos quais priorizará o uso de tecnologia
adaptada para o uso de práticas agroecológicas, dando ênfase ao saber tradicional no uso e manejo
dos recursos locais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1: Oficinas sobre Hortas Comunitárias com as apenadas do Presídio Feminino Júlia Maranhão – João
Pessoa/PB. Fonte acervo pessoal
A oficina sobre Hortas Comunitárias foi apresentada pela equipe do IFPB em parceria com a
SEAP (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária da Paraíba) às apenadas sobre a
preparação do terreno (adubagem, correção do solo para equilibrar o PH, preparação dos canteiros),
plantio de mudas nas sementeiras, transplante para o terreno, processo de agoar as plantas, cuidado
com a limpeza do terreno e etc. Nesse primeiro contato da equipe com as apenadas foi realizada
uma dinâmica em que as apenadas e a equipe do projeto de extensão do IFPB (docente e discentes)
se apresentaram e, algumas relataram que o projeto seria um aprendizado para quando ganhassem
liberdade poderiam desenvolver até em suas casas.
Figura 2: Atividades de preparação do Terreno para produção da horta Comunitária – Presídio Feminino
Júlia Maranhão – João Pessoa/PB. Fonte acervo pessoal
Figura 3: Plantação das sementes nas sementeiras – Presídio Feminino Júlia Maranhão – João Pessoa/PB.
Fonte acervo pessoal
A cada etapa do projeto, novos desafios foram se apresentando, mas nada que fizesse a
equipe desanimar, apenas estimulava cada vez mais a superar cada processo neste aprendizado de
cidadania em sua mais profunda definição. Afinal, essas mulheres são cidadãs que buscam através
do trabalho dentro do presídio a refletirem seus antigos atos e, caminharem em busca desse
processo de ressocialização.
Alguns depoimentos dessas apenadas serviram de lição de vida para a equipe do projeto e
dentre eles, temos:
―A gente agradece por vocês, professoras por estarem aqui e terem pensado na gente,
porque a gente é muito esquecida, como se fosse invisível para a sociedade‖ (Testemunho
de uma apenada atendida pelo projeto).
Uma indagação surgiu diante da situação dessas mulheres, e se perguntou se elas tivessem
tido oportunidades na vida com escolas, empregos entre outros se elas iriam se encontrar naquele
lugar e todas foram categóricas e disseram que não estariam naquele lugar. Portanto, essas mulheres
objetivam sua liberdade através do trabalho ou dos estudos colaborando para o resgate da cidadania
tão preciosa para todos.
A importância do projeto das hortas comunitárias para as apenadas também foi
testemunhado por uma delas que disse o seguinte: ―Quando eu sair daqui quero fazer uma horta na
minha casa, para poder comer um alimento livre de veneno e barato. ― (Testemunho de uma
apenada atendida pelo projeto).
Figura 4: Atividades de semeadura, plantio de mudas em parceria com as bolsistas e as apenadas do Presídio
Feminino Júlia Maranhão. Fonte acervo pessoal
A etapa de semeadura tem que ser realizada com assistência técnica para ter um pleno êxito
do plantio que resultará no crescimento adequado da planta. O estabelecimento das parcerias é
construído com todo o cuidado, e para isso os parceiros precisam estar comprometidos com suas
responsabilidades para que o processo esteja fluindo paulatinamente especialmente quando tratamos
de um setor da sociedade que teve poucas oportunidades ou nenhuma e, precisam resgatar a
cidadania em sua plenitude.
CONCLUSÕES
Figura 5: Equipe de trabalho da Horta Comunitária do Presídio Feminino Júlia Maranhão. Fonte acervo
pessoal
REFERÊNCIAS
BRASIL, Constituição. Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal.
Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7210.htm> Acesso em 08, 2017.
RESUMO
O estuário do rio Formoso, com 12 Km de extensão, localiza-se no Município do Rio Formoso, ao
Sul da cidade do Recife e é alvo de intensa atividade pesqueira. O presente trabalho teve como
objetivo estimar os parâmetros de crescimento da família Lutjanidae, através dos métodos aplicado,
como a biometria e peso, e levantamento de Espécimes analisados. A pesca é considerada um
recurso facilmente esgotável e existe a necessidade de respeitar seu ciclo biológico. Os recursos
pesqueiros são relevantes no estuário e a comunidade pesqueira coleta principais espécies de peixes
de grande valor econômico pertencentes a família Lutjanidae. A família Lutjanidae é formada por
17 gêneros e aproximadamente cem espécies, sendo o gênero Lutjanus composto por 64 espécies,
representados por peixes que vivem em fundos rochosos e coralíneos. São conhecidos,
popularmente como vermelhos, ciobas ou caranhas, e na região Nordeste do Brasil são
denominados por pargos. As espécies exploradas foram a cioba Lutjanus alanis (Lutjanidae), dentão
Lutjanus jacu ,(Lutjanidae), baúna Lutjanus griséus (Lutjanidae), caranha Lutjanus cyanopterus
(Lutjanidae). No entanto a família Lutjanidae apresenta grande valor econômico no mercado e são
fonte de renda para a comunidade ribeirinha. A pesca intensiva agrava e reduz a comunidade
ictiofaunistica causando declínio de algumas espécies.
Palavras chave– estuário Rio Formoso, família Lutjanidae, pesca intensiva
ABSTRAT
The estuary of the Beautiful river, with 12 Km of extension, is located in the Local authority of the
Beautiful Rio, to the South of the city of the Reef and is a target of intense fishing activity. The
present work had as I aim to appreciate the parameters of growth of the family Lutjanidae, through
the methods applied, like the biometria and weight, and lifting of analysed Specimens. The fishing
is considered an easily drainable resource and there is the necessity of respecting his biological
cycle. The fishing resources are relevant in the estuary and the fishing community collects main
sorts of fishes of great economical value pertaining to family Lutjanidae. The family Lutjanidae is
formed for 17 types and approximately hundred sorts, being the type Lutjanus composed by 64
sorts, represented by fishes that live in rocky and coralline bottoms. They are known, popularly as
red, ciobas or caranhas, and in the Northeast region of Brazil they are called for pargos. The
explored sorts went to cioba Lutjanus alanis (Lutjanidae), dentão Lutjanus guan, (Lutjanidae), dog
snapper gray Lutjanus (Lutjanidae), caranha Lutjanus cyanopterus (Lutjanidae). However the
family Lutjanidae presents great economical value in the market and there are a fountain of income
for the riverside community. The intensive fishing aggravates and reduces the community
ictiofaunistica causing decline of some sorts.
Keywords – estuary Rio Formoso, family Lutjanidae, intensive fishing
92
Goretti Sonia – Silva‖ Orientadora‖
93
Estagiário do Núcleo de pesquisa em Ciências ambientais (NPCIAMB)
INTRODUÇÃO
socioeconômico como uma alternativa viável para o setor pesqueiro (Coelho e Santos,1993,1994;
1995; 1995; Vieira, 1991). O estuário do rio Formoso (litoral sul de Pernambuco), neste contexto, é
alvo de intensa atividade pesqueira, na qual é explorado pelas comunidades ribeirinhas,
representando o pescado a principal fonte de renda dessas famílias (SILVA et. al. 2000). A família
Lutjanidae é formada por 17 gêneros e aproximadamente cem espécies, sendo o gênero Lutjanus
composto por 64 espécies, representados por peixes que vivem em fundos rochosos e coralíneos
(Figueiredo & Menezes, 2000). A produção pesqueira dos lutjanídeos analisada no período de
1967-2000 indicou a vulnerabilidade e extinção desses peixes do mercado local do Rio Grande do
Norte e Pernambuco no Nordeste da costa brasileira (Rezende et al., 2003). Os lutjanídeos são
importantes recursos pesqueiros, e seus estoques estão sendo ameaçados pela pesca predatória.
Considerando esta situação se torna necessários estudos que subsidiem a gestão desses recursos.
Pesquisas sobre os aspectos reprodutivos de peixes têm servido de parâmetros para o entendimento
dos mecanismos que envolvem a perpetuação das espécies e também para fornecer subsídios para a
gestão pesqueira (Murua et al., 2003).
DESCRIÇÃO DA ÁREA
MATERIAL E METODOS
A pesquisa foi realizada no município de Rio Formoso (8o39, 45‘S e 35o06, 15W) está
inserido as bacias hidrográficas dos rios Sirinhaém e Una e pequenos complexos fluviais, tendo o
estuário do rio Formoso como principal sistema hídrico. Mensalmente foram feitas amostragens
diurnas no período entre janeiro de 2015 a dezembro 2016 compreendo período de estiagem e
chuvoso. Paralelamente foi feito o acompanhamento dos desembarques pesqueiros da frota
artesanal na comunidade pesqueira na comunidade pesqueira do estuário rio formoso PE (Brasil) e
registrados os principais pescados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONCLUSÃO
O estuário do rio Formoso comprova ser uma área de berçário para diversas espécies de
peixes e a comunidade pesqueira local vive através de uma pesca artesanal rudimentar em função de
suas condições sócio- econômicas. A condição social gera prejuízos ao sistema estuarino, seja pela
depredação do mangue, como também, pela utilização de redes de pescas inadequadas que
interferem na Frequência de Ocorrência da ictiofauna. O impacto causado pela pesca intensiva
estar causando declínio nas populações da família Lutjanidae.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MURUA, H.; KRAUS, G.; SABORIDO-REY, F.; WITTHAMES, P.R; THORSEN A.;
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NIKOLSKY, G. V. The ecology of fishes. Nova York: Academic. 1963. p. 352p
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Marinas y Costeras, n. 1, v. 31, p. 205-17.
Produção Rural,
Sustentabilidade Social e
Segurança Alimentar
© Giovanni Seabra
RESUMO
A implementação de tecnologias agrícolas incoerentes com a realidade ambiental regional pode
ameaçar recursos ambientais essenciais à vida. No caso do nordeste brasileiro, de um modo geral, a
água constitui um fator limitante para a realização de atividades que demandem muita água, como a
agricultura. Logo, há a necessidade de se adequar as tecnologias agrícolas à realidade climática
local. Ainda no âmbito da agricultura, um potencial problema ambiental é a disposição inadequada
de embalagens de agrotóxicos e a aplicação destes sem a utilização de equipamentos de proteção
individual (EPIs). Os danos ambientais ocorrem devido ao caráter recalcitrante dos agrotóxicos os
quais têm a capacidade de se acumular ao longo dos níveis tróficos e causar graves problemas a
organismos superiores. Este estudo buscou, portanto, identificar e comparar as tecnologias de
irrigação aplicadas em propriedades agrícolas de Porteiras- Ce quanto ao consumo de água por área
cultivada, bem como avaliar o modo de descarte de embalagens de agrotóxicos e,assim, determinar
a conformidade das práticas agrícolas com a proteção de mananciais subterrâneos e promoção de
consumo racional de recursos hídricos.
Palavras-chaves: agrotóxicos; agricultura; água;
ABSTRACT
The implementation of inappropriate agricultural technologies for the regional environmental reality
could aggravate environmental problems in this area. Regard to brazilian northeast water constitutes
a limiting factor for the execution of activities that demand large volumes of water like agriculture.
Therefore there is the necessity for adjustment of agricultural technologies to the local reality. A
potential environmental concern is the incorrect disposal of pesticides packing bottles and its
application without using individual protective equipment. The environmental damages occur due
to the recalcitrant character of pesticides which possess the capacity of bioaccumulation throughout
the trophic levels which may cause severe problems to superior organisms. This study aimed to
identify irrigation technologies used in agricultural properties in Porteiras-CE regard to water
consumption per unit area as well as determining the suitability of the applied technologies to
groundwater protection and promotion of rational use of water resources.
Keywords: pesticides; agriculture; water;
1. INTRODUÇÃO
A captação da água subterrânea - fontes, galerias ou poços - que deve ser controlada pelo
poder federal, estadual ou municipal. Além disso, é necessário considerar que uma obra de
captação mal construída, operada ou abandonada, pode se transformar em foco de
contaminação do manancial subterrâneo, irreversível no curto e médio prazo. Além disso, a
extração descontrolada da água subterrânea de uma bacia hidrográfica poderá desequilibrar
o seu balanço hidrológico.
são responsáveis pela destinação das embalagens vazias dos produtos por elas fabricados e
comercializados, após a devolução pelos usuários, e pela dos produtos apreendidos pela
ação fiscalizatória e dos impróprios para utilização ou em desuso, com vistas à sua
reutilização, reciclagem ou inutilização, obedecidas as normas e instruções dos órgãos
registrantes e sanitário-ambientais competentes.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
A água é uma matéria prima de difícil valoração como ―ativo natural por ser muito grande
sua utilidade e não haver substituto para a maioria de seus usos. Além disso, os seus valores
de mercado são geralmente muito baixos, mesmo se os produtos finais dela derivados
alcancem altos valores de venda, tal como os produtos industriais. Desta forma, a maior
parte da água utilizada em todos os países do mundo ainda é, com frequência, considerada
um bem livre, isto é, sem valor financeiro implícito.
Outro agravante ambiental das práticas agrícolas inadequadas refere-se à contaminação dos
lençóis freáticos e do solo com agrotóxicos. No entanto, os danos destas substâncias também podem
ser vivenciados por produtores agrícolas que não utilizam equipamentos de proteção individual.
Como observado por ARAÚJO et al (2007), ―a exposição a múltiplos pesticidas, especialmente do
grupo dos organofosforados, levou a quadros clínicos que variaram de intoxicação aguda, até a
3. METODOLOGIA
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os dados de consumo de água, área irrigada, tecnologia de irrigação e tipo de cultivo obtidos
através da aplicação de questionário nas propriedades visitadas estão relacionados na tabela abaixo.
Tabela 1.
(m²)
P1 272250 Pivô Milho/feijão 1350
P2 10000 Microaspersão/as Hortaliças/ 40
persão feijão/capim
P3 43560 Microaspersão Macaxeira/ 306
Feijão
P4 20000 Aspersão Macaxeira/
Feijão/batata 374
doce
P5 9075 Microaspersão Milho/ Feijão/ 40
Alface/ jerimum
P6 14520 Mini Aspersão Milho/ 45
Pimentão/
Mandioca
P7 72600 Gotejamento/ Feijão/Milho/ 297.5
aspersão Macaxeira/
Pimentinha
P8 30000 Microaspersão Milho/ 272
Feijão/Tomate/
Pimentão
P9 70000 Microaspersão/as Milho/ Feijão 250
persão
P10 21780 Aspersão Capim 280
FONTE: Autor
A partir da análise gráfica, pode-se concluir que as tecnologias de aspersão são responsáveis
pelo maior consumo de água em relação a área irrigada. De modo contrário, as tecnologias de pivô,
microaspersão e mini aspersão apresentaram menores consumos. Como esperado, ao se observar o
total de propriedades, aquelas que se utilizam de microaspersão demonstraram melhor economia de
água, com exceção de uma propriedade cujo sistema é a mini aspersão, provavelmente o volume
consumido reduzido associa-se à demanda da cultura de hortaliças as quais requerem menores
volumes de água. Por fim, Apesar de a técnica de gotejamento ser bastante promissora na economia
água, a propriedade que utilizava essa técnica também fazia do uso de aspersão o que provocou um
grande aumento no consumo.
A partir da tabela anterior, pode-se inferir que em todas as propriedades que utilizam
agrotóxicos, há o descarte correto com a prática de devolução ao fornecedor do produto. Duas
propriedades apresentaram inconformidades em relação à utilização de equipamentos adequados
para a proteção individual no momento de aplicação dos agrotóxicos (EPIs), fato preocupante
devido às graves consequências para a saúde dos trabalhadores, especialmente a longo prazo. Deve-
se salientar que apenas duas propriedades não fazem uso de agrotóxicos em suas produções.
5. CONCLUSÕES
Pode-se concluir, portanto, que a técnica de irrigação por aspersão demonstra alto nível de
desperdício de consumo de água por unidade de área se comparada às tecnologias de
microaspersão, mini aspersão, gotejamento e pivô, representando um maior gasto, porém é utilizada
em 50% das propriedades visitadas. Além disso, nenhum dos produtores soube ao certo a
quantidade de água utilizada em suas culturas, logo, para realização dos cálculos de consumo,
utilizou-se a potência da bomba de captação de água e o período em que esta permanece ligada.
Quanto às técnicas de manejo de produtos agro defensivos, conclui-se que há uma certa
preocupação por parte de todos os produtores com a destinação das embalagens de agrotóxicos, mas
não é feito nenhum controle de quantidades e tipologia destes.Deve-se salientar que todos tinham
conhecimento de que as embalagens de agrodefensivos devem ser retornadas aos fornecedores
destes produtos.
6. REFERÊNCIAS
BRITO, L. T. de L.; MELO, R. F. de; GIONGO, V. (Ed.). Impactos ambientais causados pela
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Jackson da SILVA
Mestrando em Agronomia-Agricultura UNESP
jackson.silva.batalha@gmail.com
RESUMO
A batata-doce é uma cultura amplamente cultivada em todo o mundo e, no Brasil, em quase todos
os Estados da federação, ela se destaca pelas suas características, que inclui a rusticidade, ampla
adaptação, alta tolerância a seca, fácil cultivo, além de suas qualidades nutricionais. Assim, o
objetivo do presente estudo foi realizar uma revisão de literatura sobre a batata-doce do plantio a
colheita. Um dos pontos de destaque para a batata-doce é o fato dela ser pouco exigente em
adubação e, ainda apresenta a habilidade de usar formas menos disponíveis de P. Um outro ponto é
a utilização de herbicidas como Fusilade ou Paraquat (0,5 a 0,7 L.ha-1) em pós-emergência das
plantas daninhas. A planta da batata-doce não apresenta um ponto específico de colheita, mas varia
entre 90 a 150 dias, este momento de colheita é definido pelo tamanho ou peso das raízes, que
devem ter aproximadamente 300g. A colheita pode ser mecanizada, podendo-se utilizar diversos
equipamentos que executam o corte do solo ao lado das leiras ou abaixo delas.
Palavras-chaves: Ipomoea batatas L., manejo, revisão, manual, cultivo.
ABSTRACT
Sweet potato is a widely cultivated crop worldwide, and in Brazil, in almost all States of the
federation, it is notable for its characteristics, which includes the rusticity, wide adaptation, high
tolerance to drought, easy to grow, in addition to its nutritionals qualities. Thus, the objective of the
present study was to conduct a review of the literature on sweet potato from planting to harvest.
One of the highlights for the sweet potato is the fact that it is undemanding in fertilization and also
has the ability to use less available forms of P. A another point is the use of herbicides such as
Fusilade or Paraquat (0.5 to 0.7 L.ha-1) in post-emergence of weeds. The sweet potato plant does not
present a specific harvest point, varying between 90 to 150 days, this harvesting time is defined by
the size or weight of the roots, which should be approximately 300g. The harvesting can be
mechanized, being able to be used several equipment that execute the cut of the ground next to the
lines or below them.
Keywords: Ipomoea batatas L., management, review, manual, cultivation
ASPECTOS BOTÂNICOS
CLIMA
A batata-doce é uma cultura tropical, assim exige temperaturas relativamente altas, mas se
desenvolve melhor em locais que a temperatura média é superior a 24 °C, alta luminosidade,
fotoperíodo longo e suficiente umidade do solo. Para esta hortaliça vale a regra de quanto mais alta
a temperatura e a luminosidade, menor será o seu ciclo. Corroborando com isso Mortley et al.
(2009), observaram que o fotoperíodo mais longo (18 horas) proporcionou maior produtividade de
raízes tuberosas que o fotoperíodo curto (9 horas).
Em regiões quentes a batata-doce produz raízes com maior teor de açúcar e menor teor de
amido. É oportuno ressalvar que quando a cultura é submetida a temperaturas inferiores a 10 °C o
crescimento da planta é severamente retardado, havendo destruição dos tecidos vegetativos. A
cultura não suporta geada, mas pode ser cultivada em regiões temperadas, nos períodos da
primavera e verão, quando a temperatura elevada e a alta radiação solar favorecem o
desenvolvimento da cultura. Quanto ao regime pluvial, a cultura deve ser implantada em locais com
pluviosidade anual média de 750 a 1000 mm, sendo que cerca de 500 mm são necessários durante a
fase de crescimento (EMBRAPA, 2004).
SOLO
A cultura se adapta melhor a solos de textura média ou arenosa, leves, soltos, arejados,
permeáveis, bem drenado, sem presença de alumínio tóxico, com pH ligeiramente ácido e em solo
com alta a média fertilidade natural. Solos arenosos facilitam o crescimento lateral das raízes,
evitando a formação de batatas tortas ou dobradas. Além disso, facilita a colheita, permitindo o
arranquio das batatas com menor índice de danos e menor esforço físico. A produção é muito
prejudicada em solos encharcados ou muito úmidos, pois a aeração deficiente retarda a formação
das raízes tuberosas (EMBRAPA, 1995; FILGUEIRA, 2008).
Segundo Barrera (1986) o pH ideal para a batata-doce está na faixa de 5,5 a 6,5, podendo
tolerar pH até 7,0. No entanto para EMBRAPA (1995) essa espécie pode crescer e produzir bem em
solos com pH desde 4,5 até 7,5. Em solos cujo pH esteja abaixo de 5,5 é recomendado a correção
através do calcário que deve ser aplicado 90 a 100 dias antes do plantio.
Quanto à topografia, a utilização de áreas de pouco declive facilita as operações
mecanizadas. No entanto, áreas relativamente acidentadas também podem ser utilizadas pois a
construção de leiras em nível promove um controle eficiente da erosão do solo (EMBRAPA, 2004).
PREPARO DO SOLO
ADUBAÇÃO
ÉPOCA DE PLANTIO
MATERIAL DE PROPAGAÇÃO
A batata-doce pode ser multiplicada por meio de sementes botânicas, batatas, ramas, mudas,
folhas enraizadas e cultivo de meristemas apicais ou outros tecidos. Porém em plantios comerciais a
forma mais usada se dá pelo uso de ramas (EMBRAPA, 1995).
As ramas são pedaços de caule contendo seis a oito entrenós (cerca de 30 cm). As ramas
devem ser retiradas das partes mais novas do caule de lavouras em crescimento, até cerca de 60 cm
da extremidade, ou seja, deve-se retirar até duas ramas a partir do ponteiro, por se enraizarem mais
rápido e também por serem menos contaminadas por pragas e patógenos, especialmente os fungos
localizados no solo (EMBRAPA, 2004).
As ramas devem ser retiradas quando as plantas tiverem 2 a 3 meses. Nesta fase, elas estão
em pleno crescimento vegetativo, e a retirada dos ponteiros não prejudica a produção, pois as folhas
remanescentes são suficientes para dar continuidade ao desenvolvimento da planta, e ocorre
rapidamente a formação de novas ramas (EMBRAPA, 2004).
As primeiras raízes que se formam a partir de gemas que surgem dos meristemas dos nós e
na região cambial localizada entre o cortex (casca) e o tecido lenhoso. O surgimento de gemas na
região do corte é facilitado por que o tecido meristemático é exposto quando se faz o corte para a
remoção do segmento de rama das plantas matrizes. Por isso, as primeiras raízes se formam nos
cortes ou nos nós e, posteriormente, em outras partes do entrenó ou a partir da ramificação das
raízes já formadas (EMBRAPA, 2004).
A transformação dos tecidos meristemáticos em pontos de crescimento de gemas radiculares
dura cerca de três dias. Neste período, denominado pelos produtores como descanso, as ramas
devem ser colocadas em um local fresco e úmido, evitando-se, em parte, a sua desidratação no
campo. Quanto à remoção ou não das folhas das ramas-semente, estas folhas se destacam da rama
em alguns dias após o plantio e, como o enraizamento ocorre em três a cinco dias, não se justifica a
execução de tal trabalho, embora as folhas se constituam superfície transpirante que favorece a
desidratação das ramas. Havendo umidade no solo, a porcentagem de pegamento é alta, não
justificando o replantio. Contudo, se morrem mais de 10% das ramas-semente, então deve-se
realizar a substituição das ramas, cerca de dez a quinze dias após a implantação da lavoura
(EMBRAPA, 2004).
PLANTIO
denominada de ―bengala‖. Nesse orifício é depositada a base da rama, enterrando-a até a metade do
seu comprimento – deve ser enterrados três a quatro entrenós, pois se forem enterrados muitos
entrenós ocorrerá produção de muitas batatas pequenas, e se for enterrado um entrenó a tendência é
produzir poucas batatas graúdas - e, com auxílio da mesma ferramenta, acomoda-se o solo ao redor
da rama (FILGUEIRA, 2008).
Caso não haja disponibilidade de água para irrigação, recomenda-se fazer o plantio
lateralmente e na base das leiras. Dessa forma, a rama-semente fica em contato com a parte mais
úmida da leira, uma vez que a crista é formada por solo solto e drenado, que facilita a desidratação
da rama, reduzindo a chance de pegamento (EMBRAPA, 2004).
O plantio mecanizado é realizado com uma transplantadora de construção relativamente
simples. Nela, dois operários que trabalham sentados na parte traseira da máquina, com a função de
distribuir as ramas-semente no sulco. Na parte superior do equipamento, um outro operário se
encarrega de distribuir as ramas, mas antes realiza o seu tratamento, mergulhando-as na solução
desinfestante (EMBRAPA, 2004).
Para ambos os métodos, deve-se evitar que as ramas se tornem quebradiças sendo
aconselhável corta-las um dia antes do plantio. As mesmas devem penetrar 10 a 15 cm no solo,
sendo que 5 ou 10 cm das pontas ficam para fora (EMBRAPA, 2004).
CAPINA
A capina tradicionalmente é feita manualmente, pois não existem herbicidas registrados para
essa cultura. Em condições de alta infestação por gramíneas, alguns produtores utilizam
graminicidas de uso geral, como Fluazifop-b-butil (Fusilade ou similar). Adota-se também a
aplicação de Paraquat (Gramoxone ou similar 0,5 a 0,7 L.ha-1) que é um herbicida dessecante, e
portanto utilizado em pós-emergência das plantas daninhas. É aplicado quando as plantas daninhas
estão com 10 a 15cm de altura, utilizando-se um funil invertido, denominado de chapéu, para
proteger a planta cultivada (BARRERA, 1986; MIRANDA et al., 1987).
O controle físico pode ser realizado preparando o solo duas ou três semanas antes do plantio.
Nesse intervalo, havendo umidade no solo, ocorre a emergência das plantas que são eliminadas com
herbicidas não residuais de ação de contato ou sistêmico, que deve ser aplicado na véspera do
plantio (EMBRAPA, 2004).
O período crítico de competição de plantas invasoras se dá até aproximadamente 45 dias
após o plantio, dependendo do clima e do ciclo da cultivar. Em condições de clima frio, as plantas
têm crescimento mais lento e demoram mais a cobrir o solo. Em clima quente, principalmente
quando se fazem adubação e irrigação, as plantas têm crescimento acelerado e cobrem mais
rapidamente o solo. Como referência, deve-se acompanhar o crescimento das plantas e realizar a
última capina quando as extremidades das ramas mais longas estiverem alcançando a base da planta
da leira vizinha. Durante a capina o operário deve preservar as leiras. Para isso, após o corte da
planta invasora, o operário deve separar o mato da terra e, realizando movimentos laterais com a
enxada, retornar a terra para as laterais das leiras (EMBRAPA, 2004).
AMONTOA
IRRIGAÇÃO
A batata-doce é uma espécie que é resistente à seca, porém é aconselhável irrigar quando os
plantios forem em épocas secas ou quando ocorrerem longos períodos sem chuva. O período crítico,
para estacas não enraizadas, é a primeira semana após o plantio, quando o solo deve ser mantido
úmido. Para isso é necessário a utilização irrigações leves e frequentes, para evitar a desidratação do
material vegetal até que se formem as raízes (EMBRAPA, 2004).
Após o início das brotações, as irrigações podem ser mais espaçadas, dependendo do tipo de
solo, e deve prosseguir pelo menos até os 40 dias após o plantio, para promover um bom pegamento
das ramas e um bom desenvolvimento vegetativo. Em termos práticos, recomenda-se irrigar duas
vezes por semana até o vigésimo dia, uma vez por semana dos 20 aos 40 dias e a cada duas semanas
após os 40 dias até a colheita. Pois a batata-doce possui um sistema radicular profundo (75 a 90 cm)
e ramificado, o que lhe possibilita explorar maior volume de solo e absorver água em camadas mais
profundas do que a maioria das hortaliças (SILVA, 2004 a).
De acordo com EMBRAPA (1995), a quantidade suficiente de água para esta cultura se
desenvolver adequadamente é de cerca de 4mm de água por dia, a depender do tipo de solo,
cultivar, velocidade do vento, umidade relativa e a temperatura do ar.
PRINCIPAIS DOENÇAS
PRINCIPAIS PRAGAS
penetram nas ramas escavando galerias que podem abrigar as lagartas, podendo se estender até as
batatas.
Vaquinha ou bicho-do-alfinete (Diabrotica speciosa) os adultos são besouros verdes, com
manchas amarelas nos élitros. A fêmea põe os ovos no solo ou na base do caule da planta. As larvas
são geralmente brancas e atingem até 10 mm de comprimento e seus principais danos são pequenos
furos na raiz que podem servir de porta de entrada para fungos e bactérias.
Besouro ou Larva-arame (Conodus sp.) os besouros têm coloração castanha ou marrom,
corpo alongado e achatado medindo 15 a 25mm. As larvas medem até 20 mm de comprimento,
apresenta corpo rígido, cilíndrico, fortemente quitinizadas. Ataca as batatas, perfura o caule e outras
partes subterrâneas da planta, os furos são profundos, diminuindo com isso o valor comercial das
raízes, além de facilitar a entrada de fungos e bactéria.
COLHEITA
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARRERA, P. Batata-doce: uma das doze mais importantes culturas do mundo. São Paulo: Ícone,
1986. 91 p.
CRUZ, C. D. Programa GENES: análise multivariada e simulação. Viçosa: Ed. UFV, 2006. 175 p.
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concentration of hydroponically grown sweet potato. HortScience, v. 44, n. 1, p. 1491-1493,
2009.
RESUMO
Embora esteja presente em um percentual pequeno na maioria dos solos minerais, a Matéria
orgânica do solo exerce uma influencia notável sobre a qualidade do solo de forma geral,
contribuindo muito mais do que o seu baixo percentual indica, o que tem levado a comunidade
científica mundial a adotá-la como um parâmetro eficaz no que se refere à discriminação e
monitoramento da qualidade do solo ao longo do tempo em função das reações que esta influencia
em diversos processos no solo, e entre estas, aspectos químicos tais como: Capacidade de troca
catiônica (CTC) e disponibilidade de nutrientes, servindo como fonte alternativa e complementar de
nutrientes as plantas, em contribuição a fração argila que é inerente ao material de origem, como
também, a adubação mineral. Nesse sentido, o objetivo do presente trabalho foi realizar uma
discussão dos resultados de pesquisa obtidos por diversos autores da literatura que corroboram esta
explanação, com o estudo geral sobre a matéria orgânica do solo, com destaque para suas
influências sobre alguns atributos químicos do solo.
Palavras-chave: Matéria orgânica, Capacidade de troca catiônica, Nutrientes, Atributos químicos.
ABSTRACT
Although it is present in a small percentage in most mineral soils, soil organic matter has a notable
influence on soil quality in general, contributing much more than what its low percentage indicates
which has led the world scientific community to adopt it as an effective parameter regarding the
discrimination and monitoring of soil quality over time due to the reactions that this influences in
diverse processes in the soil, and between these aspects Such as: cation exchange capacity (CTC)
and nutrient availability, serving as an alternative and complementary nutrient source to plants, in
relation to mineral fertilization. In this sense, the objective of the present work was to conduct a
discussion of the research results obtained by several authors of the literature that corroborate this
explanation, with the general study on soil organic matter, with emphasis on their influence on
some soil chemical disturbances.
Keywords: Organic matter; Cation exchange capacity; Nutrients; Chemical Attributes.
INTRODUÇÃO
O solo pode ser considerado um sistema ativo e dinâmico que interage e converge
sinergicamente com todos os componentes da pedosfera e a sua interface com os mundos da rocha
(litosfera), do ar (atmosfera), da água (hidrosfera) e da vida (biosfera) essenciais a manutenção da
estabilidade nos variados eco e agroecossistemas, com dinamismo e versatilidade, tendo assim,
influência direta e constante dos processos que regem as transformações atuantes dentro dessa
interface, além de apresentar estreita relação com o ciclo biogeoquímico global do carbono. De
natureza trifásica, o solo é constituído de uma fase líquida, ocupada pelo ar e a água e os solutos e
uma fase sólida subdividida em duas frações, a saber: mineral e orgânica, constituindo a matriz do
solo. Em solos minerais de textura franca, cerca de metade do volume de solo fica ocupado por ar e
água, enquanto a fração mineral corresponde a 45% e a fração orgânica apenas 5%, sendo que em
solos bem drenados pode haver variação de 1 a 6% na camada superficial (BRADY e WEIL, 2013).
Com exceção da classe dos Organossolos, onde os teores de carbono orgânico são superiores a 80
g/Kg, e a ação da matéria orgânica se sobrepõe a das partículas minerais, uma vez que esta domina
amplamente as propriedades de superfície (EMBRAPA, 1997 citado por RAIJ, 2011).
Embora a MOS perfaça o total de apenas 5% do horizonte mais superficial de solo, na
particularidade de textura franca a mesma conferi boas condições para o crescimento das plantas.
(BRADY e WEIL, 2013). Mesmo nessa condição de baixa percentagem, a (MOS) em função de sua
elevada reatividade exerce notáveis influências em diversificadas propriedades químicas, físicas e
biológicas do solo, tais como: estabilização de agregados, retenção de água, redução de densidade,
disponibilidade de nutrientes, sendo uma das principais responsáveis pela CTC do solo sob a forma
humificada, funcionando como uma fonte de liberação lenta de nutrientes para as plantas,
especialmente N2, S e o P. A MOS adiciona ainda ao solo dois elementos extrínsecos à sua
constituição litológica e, portanto, não existentes no material de origem: o C e o N que são
incorporados gradativa e paralelamente ao seu desenvolvimento ao longo do tempo (RAIJ, 2011).
A matéria orgânica é uma das principais formas de estoque de carbono, podendo conter de 3
a 4 vezes mais do que a totalidade encontrada em toda a vegetação mundial, desempenhando
importante papel na ciclagem deste elemento por meio de sua captura e liberação pela atividade dos
microrganismos (BRADY e WEIL, 2013). Além disso, tem-se ainda a sua interação com a
microbiota do solo, servindo de substrato para os microrganismos que obtém a partir dela a sua
nutrição ou leito de proteção para aqueles que vivem em associação simbiótica com as raízes das
plantas. Por influenciar os processos físicos, químicos e biológicos no âmbito do solo, a MOS tem
sido ainda apontada como um eficiente índice de qualidade do solo (IQS), muito utilizado para
avaliar e monitorar a qualidade e consequentemente a produtividade do solo ao longo do tempo em
função dos tipos de sistema de uso e ou manejos de solos adotados. Desta forma , a MOS contribui
mais do que o seu valor percentual indica, desempenhando papel singular na manutenção da
qualidade do solo, bem como de sua capacidade produtiva, sobretudo nos agroecossistemas
tropicais e subtropicais onde a manutenção da produtividade de seus solos está intimamente ligada
ao aporte, manutenção e decomposição dos resíduos de plantas, sendo que a sua redução do aporte
orgânico compromete a manutenção e ou melhoria da qualidade do ambiente.
Portanto, o presente trabalho objetivou realizar discussão dos resultados de pesquisa obtidos
por diversos autores da literatura, com o estudo geral sobre a matéria orgânica do solo, com
destaque para suas influências sob o ponto de vista da química do solo econsequentemente suas
implicações na qualidade do solo.
A matéria orgânica do solo (MOS) compreende a todo material de origem vegetal e animais,
e até mesmo a população microbiana habitante do solo, em processo constante e dinâmico de
transformação, resultantes dos processos de decomposição dos resíduos e de sua interação com a
interface solo-ambiente, passando a ser componente ativo do solo, tanto na sua forma viva,
componente das células dos organismos vivos e na biomassa microbiana, bem como na sua forma
não viva, que compreende a matéria macro orgânica e em estágio avançado de decomposição,
resultando no coloide orgânico. Segundo Silva e Mendonça (2007) a fração orgânica também
chamada de MOS, é constituída sumariamente de elementos como C,H,O,N,S e P que perfazem
cerca de 58% da MOS, sendo que o C perfaz o total de 58% da MOS, seguido do H com 6% , O
33% , sendo menor a contribuição percentual dos elementos N,P e S que contribuem
individualmente com 3%.
Ainda segundo os mesmos autores supracitados, a MOS pode ser divididos em dois
compartimentos presentes no solo: a matéria orgânica viva e a matéria orgânica não viva. A MOS
viva corresponde ao material presente, porém imobilizado, dentro das células dos organismos vivos,
apresentando, contudo, potencial para mineralização, desde as raízes, aos macro organismos
componentes da fauna do solo, bem como microrganismos, sendo esta uma fração influente nos
processos de transformação e decomposição de compostos orgânicos. Dentre estes, a biomassa
microbiana viva se destaca, pois atuam como agentes decompositores e como reservatório de C na
forma lábil. Já as raízes funcionam como canais de exsudação de uma variada gama de compostos
que em parte passarão a constituir a MOS morta, enquanto a macro e microfauna do solo atua em
processos como liberação de seus excrementos (minhocas), imobilização e deposição de substâncias
húmicas.
Já a MOS não viva corresponde a matéria macro orgânica constituída de resíduos orgânicos
em vários estádios de decomposição que responde por cerca de 3 a 20% do COT (carbono orgânico
total). O húmus por sua vez é dividido em substâncias húmicas e não húmicas sendo que algo em
torno de 20 a 30 % deste se constitui de substâncias não húmicas sendo que as substâncias húmicas
podem ser divididas em três grupos: ácidos húmicos, fúlvicos e huminas que na sua totalidade
responde por cerca de 85% a 90% do COT do solo e apresentarem alta reatividade e interação com
todos os componentes da solução do solo (BRADY e WEIL, 2013).
Essa substância se constitui de uma complexa mistura heterogênea de compostos orgânicos
amorfos de cor escura, que em função de sua complexidade apresentam alta resistência a atividade
microbiana, além de exibir comportamento coloidal orgânico o que lhe confere elevada área
superficial específica e por conseguinte alta capacidade de retenção de cátions e água. Enquanto
isso, as substâncias não húmicas perfazem cerca de 20 a 30 % do húmus do solo, sendo de menor
complexidade e apresentam maior sensibilidade ao ataque microbiano em relação ao húmus,
podendo influenciar a disponibilidade de nutrientes para as plantas tais como nitrogênio e ferro
(BRADY e WEIL, 2013).
A matéria orgânica do solo (MOS) em função de sua elevada área superficial específica e
capacidade troca catiônica e dominância sobre as propriedades de superfície influencia de forma
marcante a química do solo, sobrepondo-se a fração argila de atividade coloidal baixa ( minerias
1:1), sobretudo em solos muito intemperizados, embora apresente uma atividade coloidal baixa,
quando comparada com os argilominerais que apresentam cargas permanentes, oriundas da
formação dos minerais, por substituições isomórficas (CONCEIÇÃO et al. 2005). Esse fato torna-se
mais perceptível nos agrecossistemas de solos tropicais, onde o aporte de matéria orgânica pode ser
restrito, em função do padrão climático, onde a vegetação nativa fornece diversos resíduos
orgânicos, criando condições favoráveis à manutenção e a melhoria da qualidade e produtividade do
solo nestas regiões, quando usado de forma racional, com bom senso e observação as
particularidades locais.
Segundo Raij (1981) a contribuição da matéria orgânica para a CTC de solos sob condições
tropicais é extremamente importante, sendo estimada na ordem de 56% a 82% da CTC total desses
solos. Ramos e Cunha (1985) em seus estudos de caracterização de solos afetados por sais em
condições hidromórficas onde relacionam a CTC com a COT do solo numa proporção de 1 g de
C/Kg de solo equivalente a 4cmolc Kg de solo, o que indica a necessidade de manutenção de aporte
de resíduos orgânicos na superfície. Dado a parcela de contribuição expressiva dos MOS para
manutenção da qualidade química desses solos, a eliminação ou redução do aporte orgânico na
superfície compromete o sucesso das atividades agrosilvipastoril.
Silva Junior, Boechat e Carvalho (2012), verificaram esse efeito da MOS sobre a
35 anos com adição de vinhaça; e nas outras duas áreas houve queima durante 55 anos e não houve
adição de vinhaça durante 35 anos. Ao avaliar as propriedades químicas do solo, os autores
chegaram à conclusão de que o manejo feito com a manutenção de cana crua e a adição de vinhaça,
ao longo do tempo, foram capazes de aumentar os valores de macro e micronutrientes, com
destaque para o K+ e Ca+2, que nas áreas de cana queimada era de 1,5 cmolc dm-3e 0,81cmolc dm-3
respectivamente e passou a ser de 8,5cmolc dm-3 e 5,3cmolc dm-3 nas áreas com cana crua e
vinhaça. Além disso, CTC e a CTC efetiva variou de 57% a 68% nas camadas superficiais de 0-20 e
20-40 em comparação aos valores encontrados na área de cana queimada, sendo encontrada uma
correlação muito significativa entre CTC efetiva e teor de COT do solo, levando a conclusão de que
o aporte de MO na forma de cana crua e a adição de vinhaça, ao longo do tempo, contribuíram para
o incremento de CTC e consequentemente melhoria da fertilidade do solo.
Tendo em vista que o processo fisiológico de desenvolvimento das plantas contempla
absorção de nutrientes presentes no solo a fitomassa vegetal, também, e a MOS passa a funcionar
como fonte estoque de nutrientes diversos, principalmente N, P e S (COSTA et al., 2015), além da
fração argila. Assim, a MOS funciona como um estoque de nutrientes na medida em que estes são
absorvidos e imobilizados na fitomassa vegetal, sendo posteriormente disponibilizados no solo por
meio da mineralizaçãopromovida pela atuação de microrganismos decompositores que atuam sobre
as taxas de mineralização e decomposição da MOS, servindo posteriormente como fonte paulatina
de liberação nutriente necessária as plantas, adicionando ainda ao solo dois elementos extrínsecos
litologia, a saber: Nitrogênio e Carbono, que são adicionados a este à medida que ocorre
decomposição dos resíduos vegetais e mineralização da MOS ao longo do tempo (RAIJ, 2011).
Nesse sentido, tanto a manutenção de aporte orgânico bem como incorporação de Mos ao
solo sob forma de adubação orgânica é de fundamental importância para a manutenção da
fertilidade do solo ao longo do tempo, garantindo manutenção e melhoria de sua capacidade
produtiva.
Esse efeito foi verificado por Menezes e Silva (2008) que ao estudarem os efeitos da
adubação orgânica sobre a mudança na fertilidade de um Neossolo Regolítico cultivado com batata
após 6 anos de adubação concluiram que a incorporação de 15 ton há1 de esterco bovino foi capaz
de propiciar incrementos significativos nos teores de carbono orgânico (CO), pH , nutrientes
(macro e micro), CTC e troca de bases, nas camadas superficiais de 10-20 e 20-40. Assim, houve
aumento de CO, N, P e S nas camadas consideradas, sendo que o N total aumentou de 142% a
147%, o P aumentou significativamente, sendo o seu maior incremento no tratamento com adição
de esterco variando de 165% a 187% nos seis anos. O enxofre não houve diferença significativa
entre tratamentos, contudo os seus valores foram superiores aos encontrados na literatura,
aumentando juntamente com os teores de CO, o que os autores atribuem a aplicação de esterco
bovino, chegando à conclusão de que a adubação com esterco bovino foi capaz de garantir teores
adequados do S durante o período de tempo em estudo. Houve também incremento de
micronutrientes, com destaque para o zinco, que na camada de 0-20 variou de 88% a 151% nos dois
tratamentos em que se utilizou esterco combinado com crotalária e somente esterco 15 toneladas
por hectare-1 respectivamente.
Aita et al. (2001) conduziu um experimento na Universidade Federal de Santa Maria (RS)
em um Argissolo vermelho durante 4 anos , com o objetivo de avaliar o fornecimento de nitrogênio
as plantas de milho em sistema de plantio direto por meio da utilização de plantas de cobertura no
solo, no qual utilizou três leguminosas, a saber : ervilhaca comum, ervilha forrageira, tremozo azul
e chícaro, além de um tratamento com pousio invernal, (plantas invasoras) e gramínea aveia preta,
sendo feita aplicação de doses de N (0,80 e 160 kg há-1). Os autores concluíram que as leguminosas
foram às espécies que acumularam as maiores quantidades de N na parte aérea em comparação a
aveia preta e as plantas espontâneas, com destaque para o tremoso azul, que apresentou o maior,
incorporando 113,7 kg há-1de N a sua massa. Além disso, eles verificaram que a utilização de
leguminosas do tipo ervilhaca comum e tremozo azul antes da implantação da cultura do milho,
levaram esta cultura a não produzir efeitos de resposta à adubação nitrogenada, levando a conclusão
de que a utilização destas leguminosas é capaz de garantir bom fornecimento de N a esta cultura
devido à baixa relação C/N, que acelera a sua decomposição, servindo como uma fonte rápida de
fornecimento de N ao solo, pois a decomposição de seus resíduos nos primeiros 30 dias da
realização do manejo foi capaz de liberar 60% do nitrogênio acumulado em sua parte aérea, o que
indica que a utilização resíduos de plantas (sobretudo leguminosas) se constitui em uma fonte
alternativa de fornecimento de nutrientes, especialmente o N, reduzindo a aplicação de adubos
minerais quando o cultivo de leguminosas precede o cultivo das culturas desejadas
Boer et al. (2007) ao estudar o acúmulo e liberação de nutrientes N, P , K+, Ca+2 , Mg+2 e S
da MOS proveniente de plantas de cobertura em um Latossolo Vermelho Distroférrico de textura
argilosa no cerrado, constataram que plantas de cobertura funcionam como estoque de nutrientes ao
incorporá-los a sua fitomassa vegetal, assim como servem de fonte deliberação de nutrientes ao
meio por meio da decomposição de sua palhada, concordando com (ROSOLEM; CALONEGO;
FOLONI, 2003).
No experimento foram avaliadas as seguintes plantas: capim-pé-de-galinha, milheto e
amaranto. O milheto e capim-pé-de-galinha foram capazes de acumular a maior quantidade de
nutrientes em sua fitomassa, cerca de 10.801 Kg há-1 e 8.753 Kg há-1 respectivamente, contra 2.891
Kg há-1 do amaranto, ao passo que os resíduos culturais de amaranto, devido a baixa relação C/N e
elevada taxa de decomposição, demonstraram elevado potencial de liberação dos nutrientes N, P ,
K, Ca, com destaque para o potássio, com 88,6 % liberado durante os 30 primeiro dias, contra
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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de Ciência do Solo, [s.l.], v. 25, n. 1, p.157-165, mar. 2001. Disponível em: <
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2017.
RESUMO
O Pinhão Manso (Jatropha curcas L.) consiste em ser uma espécie de planta oleaginosa, podendo
ser capaz de se adequar a diversas variações de clima e solo, assim como se adequar ao solo do
semiárido, além de produzir sementes que contém óleo para a fabricação de biodiesel, que pode ser
de grande vantagem para o produtor rural com um incremento na renda do mesmo e para o meio
ambiente, com a redução da emissão de gases nocivos na atmosfera. Com isso, o objetivo principal
do presente trabalho foi mostrar a comunidade de Montana, localizada no assentamento Eldorado
do Carajás II, a importância da prática de compostagem utilizando uma macrófita conhecida
popularmente como aguapé (Eichhornia crassipes) como adubo para aplicação no crescimento da
espécie Pinhão Manso com o intuito de fabricar biodiesel através da extração de óleo dos frutos da
planta, dando uma oportunidade para o aumento da renda das famílias assim como a melhoria da
qualidade ambiental.
Palavras-chaves: Compostagem; pinhão manso; biodiesel; comunidades rurais.
ABSTRACT
The Pinhão Manso (Jatropha curcas L.) consists of being a species of oil plant, being able to adapt
itself to diverse variations of climate and soil, as well as to adapt to the soil of the semiarid, besides
producing seeds that contain oil for the which can be of great advantage to the rural producer with
an increase in the income of the same and to the environment, with the reduction of the emission of
harmful gases in the atmosphere. The main objective of this work was to show the community of
Montana, located in Eldorado do Carajás II settlement, the importance of composting practice using
a macrophyte popularly known as aguapé (Eichhornia crassipes) as fertilizer for application in the
growth of Pinhão Manso in order to manufacture biodiesel through the extraction of oil from the
fruits of the plant, giving an opportunity to increase family income as well as improving
environmental quality.
Keywords: Composting; pinhão manso; biodiesel; rural communities.
INTRODUÇÃO
A planta Pinhão Manso, sendo seu nome científico Jatropha curcas L., é uma espécie que
ocorre em todas as regiões tropicais e até nas regiões temperadas sendo cultivada no continente
americano desde a época pré-colombiana. Suas sementes possuem um óleo que desde a década de
1920 foi usada para a iluminação de casas rurais nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro,
sendo também utilizada como lubrificante para motores de ignição durante a Segunda Guerra
Mundial, que durou de 1939 a 1945. Além disso, a torta resultante da planta pode ser utilizada para
a fabricação de sabão e o arbusto pode ser utilizado como cerca viva em pequenas propriedades
(SATURNINO et al., 2005).
A grande preocupação em relação às alterações climáticas e a Crise do Petróleo que ocorreu
no ano de 1973, motivaram as pesquisas científicas voltadas para fontes alternativas e renováveis de
energia, que não degradasse de maneira significativa o meio ambiente (SATURNINO et al., 2005).
No final dos anos de 1970, foi lançado o Pró-Álcool no Brasil, sendo considerado um programa
modelo para o atendimento à demanda de combustível que fosse renovável e alternativo no país
(CÂMARA, 2006).
De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP) foram-se desenvolvendo correntes
tecnológicas mundiais tendo em vista a escassez do combustível fóssil e também para a
minimização dos efeitos negativos desses combustíveis em meados do século XXI, para a
sensibilização de grandes produtores agrícolas, pesquisadores, como também o Governo Brasileiro,
que criou o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, para a comercialização dos
biodieseis (ANP, 2008). A produção global de biodiesel é da ordem de 18 milhões de m³ e na
década passada cresceu 300% mais precisamente entre os anos de 2005 e 2009. Marques (2007)
aborda que os países Brasil e a Índia planejam uma ampla expansão deste setor para a próxima
década e diversas espécies de plantas exóticas e nativas, ainda pouco conhecidas, apresentam-se
com potencial de abastecer à indústria com o biocombustível. Assim, o pinhão manso (Jatropha
curcas L.) se destaca como opção sustentável para o biodiesel (ANP, 2008).
O plantio de plantas que são oleaginosas pode ocorrer em todas as regiões do Brasil, porém
quando se usa as mesmas para a produção de óleo vegetal em larga escala, são exigidas espécies
que apresentem menores gastos com insumos agrícolas, apresentando também uma maior
produtividade em relação à área plantada, para ser inserida nos cenários de agricultores familiares
(MARQUES, 2007).
Por ser uma planta oleaginosa que resiste a diversas variações de solo e clima, o Pinhão
Manso se torna uma alternativa que poderá trazer grandes benefícios para pequenas propriedades
rurais, principalmente se o mesmo estiver inserido em ambientes onde o clima apresenta níveis
pluviométricos baixos e alto nível de evapotranspiração, com longos períodos de estiagem. O
Pinhão Manso tem a vantagem de possuir um ciclo perene e produtividade média de duas toneladas
por hectare (MELO et al., 2006). Como é uma planta que se caracteriza por ser rústica, a mesma
pode se adaptar em terrenos áridos e pedregosos, além de desempenhar um grande papel para a
recuperação de áreas degradadas que sofrem com a erosão pluvial e eólica (ARRUDA et al., 2004).
Com isso, percebe-se o quanto o plantio da espécie pode ser de grande vantagem para o agricultor
familiar que possui sua propriedade em regiões áridas ou semiáridas, como a região Nordeste do
Brasil.
Para a maximização dos benefícios para o meio ambiente, podem-se utilizar técnicas
ambientalmente seguras para o tratamento do Pinhão Manso, sendo tal técnica, a compostagem.
Para Lindenberg (1992, p. 3) a compostagem consiste como:
―um processo biológico de decomposição da matéria orgânica contida em restos de origem animal ou vegetal, e tendo
como resultado final um produto - composto orgânico - que pode ser aplicado ao solo para melhorar suas características,
sem ocasionar riscos ao meio ambiente e sendo um método natural por meio do qual os materiais normalmente
considerados como lixo orgânico é transformado em material humificado, de cor escura e cheiro agradável, isento de
sementes de ervas daninhas ou de microrganismos causadores de doenças em plantas.‖
Como a compostagem traz diversos benefícios, atualmente ela está sendo diversificada e
aplicada tanto em espaços rurais como urbanos, sendo praticada dentro da própria residência de
quem opta por realizar este processo para se obter adubo, que servirá para a adubação de jardins,
plantações e etc. Tal procedimento traz diversos benefícios para o meio ambiente, pois, com a
fabricação de adubo através da compostagem, diminui-se a quantidade de resíduos nos aterros
sanitários, dando uma finalidade aos resíduos orgânicos que seriam descartados sem nenhuma
finalidade. Além disso, o adubo produzido a partir de resíduos orgânicos poderá melhorar a
estrutura do solo, devolvendo os nutrientes de que a terra necessita, permitindo o controle da erosão
e a capacidade do solo de reter água, evitando também o uso de fertilizantes que alteram
negativamente a qualidade dos solos (SILVA, 2000).
A produção de biodiesel através da planta oleaginosa Pinhão Manso tratado com técnicas
sustentáveis, como a compostagem, se tornam alternativas de grande importância a serem
desenvolvidas em propriedades rurais, uma vez que o acesso dessas comunidades a oportunidades
de trabalho são limitados por estarem localizados, na maioria dos casos, em zonas rurais. Tais
técnicas poderão ser desenvolvidas de forma que se preserve o meio ambiente, trazendo benefícios
às famílias com oportunidades de trabalho.
Com isso, o principal objetivo do projeto foi mostrar a técnica de compostagem para a
Comunidade de Montana, localizada no Assentamento Eldorado do Carajás II, com a utilização de
um resíduo tido como praga nos ambientes urbanos, principalmente nos corpos d‘água, sendo este o
aguapé (Eichhornia crassipes) existente em grande quantidade devido o lançamento de grandes
cargas de matéria orgânica nas águas através de emissários de esgoto. Tal resíduo poderá ser
utilizado para a produção de composto que deverá ser usado no plantio de Pinhão Manso para a
produção de biodiesel, que poderá trazer grandes benefícios com a minimização da emissão de
Gases de Efeito Estufa (GEE) na atmosfera, bem como a geração de renda para os produtores rurais
presentes na comunidade.
METODOLOGIA
Figura 1 – Localização da área de estudo. Fonte: Elaborado por Jessica Alves, 2017.
intuito de obter composto a partir da macrófita para futura aplicação em mudas de Pinhão Manso,
como mostra a Figura 2 a seguir.
Figura 2 - Coleta da macrófita Eichhornia crassipes no leito do Rio Apodi-Mossoró (A); Macrófita
processada para obtenção de adubo. Fonte: Jessica Alves, 2016.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
resultados positivos tenderam a aumentar, onde se obteve 87,6% de acertos e apenas 12,4% de
erros.
100,00% 87,60%
83,50%
80,00%
60,00%
40,00%
16,50% 12,40%
20,00%
0,00%
ANTES DEPOIS
ACERTOS ERROS
O segundo questionário tratou de questões básicas sobre a planta Pinhão Manso, temática da
segunda palestra apresentada à comunidade. Através da comparação dos questionários antes e
depois da palestra, mostrados no Gráfico 2, é possível perceber que o objetivo de repassar os
benefícios do plantio da espécie em solos do semiárido foi atingido, tendo como acertos no primeiro
questionário um percentual de 68,9%, e 31,1% de erros. Enquanto na segunda aplicação do
questionário após a palestra, os acertos aumentaram para 90,2% e os erros caíram para 9,8%.
100,00% 90,20%
80,00% 68,90%
60,00%
40,00% 31,10%
20,00% 9,80%
0,00%
ANTES DEPOIS
ACERTOS ERROS
Gráfico 2 - Segunda palestra sobre a espécie Pinhão Manso. Fonte: Autores, 2016.
100,00%
87,00%
90,00%
80,00% 74,10%
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00% 25,90%
20,00% 13,00%
10,00%
0,00%
ANTES DEPOIS
ACERTOS ERROS
Gráfico 3 - Terceira palestra sobre biodiesel fabricado a partir do Pinhão Manso. Fonte: Autores, 2016.
Figura 3 - Apresentação da terceira palestra sobre biodiesel a partir do Pinhão Manso (A); Aplicação de
questionário (B). Fonte: Autores, 2016.
Após as palestras, foi semeada a espécie Pinhão Manso, ao qual totalizou cerca de 30
mudas, com a finalidade de entregar para a população residente da comunidade de Montana, para
que a mesma obtenha os benefícios que a espécie pode trazer para o produtor rural. No decorrer do
desenvolvimento das mudas, foram realizadas medições nas folhagens e caule, para o
acompanhamento devido do crescimento das mesmas.
A primeira medição ocorreu no dia 09 de setembro, sete dias após as sementes serem
semeadas, onde já apresentava um bom desenvolvimento na maioria das mudas, como apresentado
na tabela 1. No total foram quatro medições e estas ocorreram a cada sete dias.
Plantas 1 a 10
Plantas P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10
Circ. do 0,5
0,5 mm 0,5 mm 0,4mm 0,4 mm 0,5 mm 0,5 mm 0,6 mm 0,5 mm 0,4 mm
Caule mm
Altura da 18
19 cm 17 cm 16 cm 16 cm 17 cm 23 cm 24 cm 17 cm 9 cm
planta cm
Total de
31 32 30 27 26 30 30 36 26 29
folhas
Plantas 11 a 20
Plantas P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17 P18 P19 P20
Circ. do 0,4
0,4 mm 0,5 mm 0,5 mm 0,4 mm 0,5 mm 0,5 mm 0,5 mm 0,5 mm 0,5 mm
Caule mm
Altura da 15
15 cm 20 cm 20 cm 15 cm 20 cm 18 cm 20 cm 21 cm 22 cm
planta cm
Total de
22 24 32 30 30 33 36 28 28 36
folhas
Plantas 21 a 30
Plantas P21 P22 P23 P24 P25 P26 P27 P28 P29 P30
Circ. do 0,5
0,5 mm 0,4 mm 0,5 mm 0,5 mm 0,5 mm 0,5 mm 0,4 mm 0,5 mm 0,6 mm
Caule mm
Altura da 18
17 cm 11 cm 14cm 19 cm 13cm 16 cm 20 cm 17 cm 20 cm
planta cm
Total de
34 25 15 27 22 16 20 32 27 29
folhas
Tabela 1 – Primeira medição das mudas de Pinhão Manso ocorrido no dia 09 de setembro de 2016. Fonte:
Autores, 2016.
Plantas 1 a 10
Plantas P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10
Circ. do 0,7
0,9 mm 0,8 mm 0.9 mm 0,8 mm 0,7 mm 0,8 mm 0,8 mm 0,7 mm 0,8 mm
Caule mm
Altura da 24
26 cm 23 cm 23 cm 19 cm 26 cm 22 cm 25 cm 26 cm 24 cm
planta cm
Total de
43 53 47 61 41 51 48 52 51 53
folhas
Plantas 11 a 20
Plantas P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17 P18 P19 P20
Circ. do 0,6
0,8 mm 0,6 mm 0,7 mm 0,6 mm 0,8 mm 0,8 mm 0,7 mm 0,8 mm 0,6 mm
Caule mm
Altura da 22
24 cm 23 cm 24 cm 20 cm 23cm 22 cm 24 cm 26 cm 25 cm
planta cm
Total de
37 56 43 54 48 55 52 43 56 42
folhas
Plantas 21 a 30
Plantas P21 P22 P23 P24 P25 P26 P27 P28 P29 P30
Circ. do 0,7
0,7 mm 0,5 mm 0,8 mm 0,8 mm 0,6 mm 0,7 mm 0,8 mm 0,8 mm 0,8 mm
Caule mm
Altura da 21
22 cm 15 cm 18cm 19 cm 13cm 19 cm 23 cm 22 cm 23 cm
planta cm
Total de
52 42 30 47 52 40 30 47 56 58
folhas
Tabela 2 – Segunda medição das mudas de Pinhão Manso ocorrida no dia 17 de setembro de 2016. Fonte:
Autores, 2016.
Plantas 1 a 10
Plantas P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10
Circ. do 0,9
1 cm 0,9 mm 1 cm 0,9 mm 0,9 mm 0,9 mm 0,9 mm 0,9 mm 0,9 mm
Caule mm
Altura da 28
35 cm 32 cm 33 cm 28 cm 37cm 32 cm 34 cm 35 cm 32 cm
planta cm
Total de
56 60 64 73 68 77 64 75 72 68
folhas
Plantas 11 a 20
Plantas P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17 P18 P19 P20
Circ. do 0,9
0,9 mm 0,8 mm 0,8 mm 0,8 mm 1 cm 0,9 mm 0,9 mm 1 cm 0,8 mm
Caule mm
Altura da
34cm 33 cm 29 cm 33 cm 28 cm 31 cm 29 cm 32 cm 34 cm 29 cm
planta
Total de
58 78 63 70 67 69 75 60 78 68
folhas
Plantas 21 a 30
Plantas P21 P22 P23 P24 P25 P26 P27 P28 P29 P30
Circ. do 0,9
0,9 mm 0,8 mm 0,9 mm 0,9 mm 0,8 mm 0,8 mm 0,9 mm 0,9 mm 1 cm
Caule mm
Altura da 28
31 cm 22 cm 26 cm 28 cm 25 cm 28 cm 30 cm 30 cm 31 cm
planta cm
Total de
70 73 58 65 72 58 52 65 78 70
folhas
Tabela 3 – Terceira medição das mudas de Pinhão Manso ocorrida no dia 24 de Setembro de 2016. Fonte:
Autores, 2016.
Plantas 1 a 10
Plantas P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10
Circ. do
1 cm 1 cm 1 cm 1,2 cm 1 cm 1,2 cm 1 cm 1 cm 1 cm 1 cm
Caule
Altura da 33
42 cm 38 cm 40 cm 34 cm 45 cm 41 cm 42 cm 39 cm 40 cm
planta cm
Total de
87 94 91 102 96 122 98 110 92 102
folhas
Plantas 11 a 20
Plantas P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17 P18 P19 P20
Circ. do
1 cm 1 cm 0,9 mm 0,9 mm 0,9 mm 1 cm 1cm 1 cm 1,2 cm 1 cm
Caule
Altura da 41
42 cm 36cm 40 cm 37 cm 39 cm 36 cm 40 cm 42 cm 36 cm
planta cm
Total de
89 117 98 96 91 104 119 93 123 100
folhas
Plantas 21 a 30
Plantas P21 P22 P23 P24 P25 P26 P27 P28 P29 P30
Circ. do
1 cm 1 cm 0,9 mm 1 cm 1 cm 0,9 mm 0,9 mm 1 cm 1 cm 1,1 cm
Caule
Altura da 36
39 cm 33 cm 31cm 42 cm 32 cm 30 cm 37 cm 39 cm 40 cm
planta cm
Total de
98 103 87 96 107 97 92 119 123 119
folhas
Tabela 4 – Quarta medição das mudas de Pinhão Manso ocorrida no dia 01 de outubro de 2016. Fonte:
Autores, 2016.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O biodiesel vem se tornando uma nova solução para os problemas energéticos vivenciados
na atualidade, podendo ser fabricado a partir de plantas oleaginosas através de seus frutos, onde se
pode obter biodiesel de boa qualidade. Entre as espécies de plantas oleaginosas que são cultiváveis
no Brasil, a J. curcas L. (Pinhão Manso) é uma das mais promissoras, por ser uma planta perene e
apresentar uma alta produtividade de frutos que poderão gerar altas concentrações de biodiesel,
além de ser rústica o que garante sua adaptação aos diferentes tipos de solo e clima, como é o caso
da região semiárida, tornando-se uma importante alternativa para produtores rurais, com a obtenção
de aumento de renda através da venda do biodiesel, contribuindo para a melhoria da qualidade
ambiental, através da diminuição de Gases de Efeito Estufa na atmosfera.
Pode-se observar que os objetivos do projeto de trazer a importância da compostagem com a
utilização da macrófita aguapé (Eichhornia crassipes), bem como apontar uma proposta que será de
grande relevância para o produtor rural, sendo esta a prática do plantio de Pinhão Manso para a
fabricação de biodiesel foram alcançados, pois os resultados dos questionários antes e após as
palestras foram bastante positivos, podendo-se salientar que os participantes já tinham algum
conhecimento de práticas utilizadas para a melhoria da qualidade ambiental.
Dessa forma, é possível concluir que os moradores conseguiram assimilar bem a
importância das práticas que foram repassadas, e com o recebimento das mudas poderão obter os
benefícios que a espécie Pinhão Manso pode gerar, tanto para a comunidade como para o meio
ambiente.
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luciviar@hotmail.com
RESUMO
O solo se caracteriza como um importante elemento natural da superfície terrestre, mas foi ao longo
do processo evolutivo da raça humana que esse recurso natural passou a ser utilizado intensamente.
Nesse contexto, atualmente o solo tem sido muito explorado através da agricultura e pecuária, sendo
estes os fatores que mais contribuem para a degradação do mesmo. Assim, o objetivo dessa
pesquisa é diagnosticar as características macromorfológicas, físicas e químicas dos solos da
comunidade Poço Escuro, na Serra do Espinho, Pilões/PB, no intuito de classificá-los quanto a sua
aptidão nutricional analisando o estado em que se encontram e a melhor forma de uso. Os
procedimentos metodológicos foram pautados na pesquisa de campo, laboratório e gabinete,
abarcando quatro amostras de solos, que foram analisadas em suas características
macromorfológicas, físicas e químicas. Os resultados demostraram que o solo 1 apresenta as
melhores condições para a agricultura, no que diz respeito à macromorfologia, pH, matéria orgânica
e saturação de bases (V%), assim como à sua condição fisica e sua distribuição no relevo local. Os
outros solos se encontram em relevo forte-ondulado e inclinado, sendo os solos 2 e 4 os mais
comprometidos, devido à condição distrófica. Os solos 3 e 4 são alcalinos e precisam de correção.
Palavras-chave: Solo; aptidão agrícola; sustentabilidade.
ABSTRACT
The soil is characterized as an important natural element of the terrestrial surface, but it was
throughout the evolutionary process of the human race that this natural resource came to be used
intensely. In this context, currently the soil has been much exploited through agriculture and
livestock, these being the factors that contribute the most to the degradation of the same. Thus, the
objective of this research is to diagnose the macromorphological, physical and chemical
characteristics of the soils of the community of Poço Escuro, in Serra do Espinho, Pilões/PB, in
order to classify them as to their nutritional suitability by analyzing the state in which they are and
The best way of use. The methodological procedures were based on field, laboratory and cabinet
94
Bolsista PIBIC/CNPq-Membro do Grupo TERRA, CNPq.
95
Bolsista do PIBIC/CNPq-Membro do Grupo TERRA, CNPq.
96
Vice-líder do Grupo TERRA, CNPq.
97
Líder do Grupo TERRA, CNPq.
research, covering four soil samples, which were analyzed in their macromorphological, physical
and chemical characteristics. The results showed that soil 1 presents the best conditions for
agriculture, with respect to macromorphology, pH, organic matter and base saturation (V%), as well
as to its physical condition and its distribution in the local relief. The other soils are in strong-wavy
and sloping relief, with soils 2 and 4 being the most compromised due to the dystrophic condition.
Soils 3 and 4 are alkaline and need correction.
Keywords: Ground; Agricultural aptitude; sustainability.
INTRODUÇÃO
As serras e planaltos do Nordeste totalizam 124.241 km2, o referente a apenas 8% do total
da região, sendo que somente o Planalto da Borborema possui área total de 43.460 km2 e abrange os
estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas (SOUZA,1999). Na imensa
extensão dessa formação geológica, que ocupa grande parte do centro leste da região nordestina
brasileira, entre as mesorregiões do agreste e da zona da mata ou zona litorânea, são observados
diversos modos de ocupação, influenciados pelas condições ambientais, econômicas, políticas e
sociais formando territórios diferenciados.
No estado da Paraíba o Planalto da Borborema adquire importância fundamental na
disposição dos recursos naturais, pois condiciona os tipos de recobrimento vegetal, os tipos de
solos, de climas e a disposição hidrológica, que vão influenciar diretamente nas atividades
econômicas, políticas e sociais.
Trata-se de uma área beneficiada pela umidade proveniente do litoral paraibano,
especificamente na região que abrange o município de Pilões/PB até os limites com Cuitegi/PB,
área ocupada por pequenas comunidades de agricultores, como é o caso de Poço Escuro, formada,
predominantemente, por material cristalino dissecado em colinas e lombas alongadas, de
topografias forte-onduladas a montanhosas, com densa rede de drenagem de padrão dendrítico e
sub-dendrítico. Apresenta ainda quedas d‘água e vales em forma de ―V‖ (CPRM, 2005;
FERREIRA, 2012).
Apesar de ser um ambiente ocupado por pequenas comunidades, de proporcionar a produção
agrícola e pecuária, a manutenção de florestas e animais e ainda ter relevante potencial turístico,
essa área possui muitas limitações e instabilidades naturais devido ao relevo acentuado e à
impermeabilidade de seus solos, sujeitos a constantes deslizamentos (CARDOSO et al, 2012).
Nesse contexto, elegeu-se nessa pesquisa fazer um diagnóstico macromorfológico, físico e químico
das terras da Comunidade Poço Escuro, na Serra do Espinho, Pilões/PB.
METODOLOGIA
A metodologia proposta para esta pesquisa está dividida em: levantamento bibliográfico e
cartográfico; pesquisa de campo; análises laboratoriais; materiais utilizados e caracterização da área
da pesquisa. Foi realizado o trabalho de campo para obter os dados a serem inseridos na base
cartográfica. Foram escolhidas quatro áreas agrícolas na comunidade Poço Escuro e levantadas as
seguintes informações: localização geográfica; coordenadas UTM, altitude, área, nível de
declividade e cultivo atual (Tabela 1). As amostras de solo foram coletadas com o uso do trado de
caneco de 4‖, numa profundidade de 0-40 cm. Em seguida, as amostras foram armazenadas em
sacos plásticos e identificadas com a localização do ponto (coordenadas UTM), o número e a data
da coleta. Os pontos de coleta são identificados nessa pesquisa pelos números 1, 2, 3 e 4.
Tabela 1. Altitude e coordenadas geográficas dos solos coletados na comunidade Poço Escuro, Serra do
Espinho, Pilões/PB.
Coleta Altitude Declividade Área Coordenadas UTM Cultivo atual
local (m) (ha)
1 106 25% - 55% 0,5 0214265 – 9239685 Pastagem cultivada
2 107 25% - 55% 0,2 0215529 – 9238871 Mandioca e banana
3 140 25% - 55% 0,6 0214621 – 9239363 Mandioca e banana
4 150 25% - 55% 0,3 0214008 – 9239847 Mandiocultura
Fonte: Trabalhos de campo 2017.
Figura 1. Localização da Serra do Espinho, Pilões/PB, identificação da comunidade Poço Escuro e dos
pontos de coleta de solos.
A comunidade Poço Escuro é formada por cerca de 100 residências, com aproximadamente
cinco pessoas por família, que vivem em terras cedidas, tendo a construção das residências oriundas
de renda própria. Estas, em sua maioria, são de alvenaria, compostas de dois cômodos, dotadas de
banheiro, energia elétrica e cisternas implantadas pelo Governo Federal. As famílias são cadastradas
nas políticas públicas atuais e cada família possui renda de até um salário mínimo com as suas
atividades, sendo a principal fonte de renda o cultivo da banana e agricultura de subsistência. A
maioria dos idosos recebe aposentadorias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para facilitar a compreensão das características da camada arável dos solos estudados em
Poço Escuro, é importante relembrar os conceitos e a importância dos principais parâmetros
macromorfológicos do solo: cor, textura, estrutura e consistência (tabela 2). A cor do solo é função
principalmente da presença de óxidos de ferro e matéria orgânica (MO), além das condições de
drenagem e aeração do solo, da lixiviação, do material de origem, da intensidade dos processos de
alteração da rocha e da distribuição do tamanho das partículas (FERNANDEZ e SCHULZE, 1992).
Alguns solos refletem diretamente as cores do material geológico que o originou. O manganês
(Mn), por exemplo, tende a dar cores negras ao solo, a matéria orgânica (MO) induz a tonalidades
preta e marrom, elevados conteúdos de cálcio (Ca2+) e magnésio (Mg2+) atribuem cores
esbranquiçadas ao solo (SANTOS et al., 2013).
Tabela 2. Características Macromorfológicas da camada arável dos solos coletados na comunidade Poço
Escuro, Serra do Espinho Pilões/PB.
Coleta Cor1 Textura Estrutura Consistência
5YR 5/4 Argilo- Granular, forte, Lig. duro, friável,
1 5YR 3/2 bruno averm. arenosa grande plástico pegajoso
Escuro
5YR 4/6 Vermelho- Franco- Granular, forte, Duro, firme, Lig.
amarelado Argilo- pequeña plástico, M. Pegajoso
2
2,5YR 2,5.1 Preto arenosa
avermelhado
7,5YR 3/2 Marrom escuro Franco- Granular, forte Duro, friável,
3
5YR 2,5/1 Preto Arenosa pequena plástico, pegajoso
10YR 3/2 Bruno acinz. Franco- Granular, fraca, Macio, muito friável,
muito escuro Arenosa pequena não plástico, não
4
10YR 3/1 Marrom muito pegajoso
escuro
Fonte: Trabalhos de campo, 2014 e 2017. 1 A tomada de cores do solo na Carta de Munsell obedeceu às
condições: seca (s) e úmida (u).
A textura do solo tem relação direta sobre a sua fertilidade, ou seja, solos arenosos tendem a
ser menos férteis que solos argilosos; também tem relação com o nível de conservação do solo, ou
seja, solos arenosos têm alta permeabilidade à água, mas podem também ser mais susceptíveis à
erosão hídrica (KONDO, 2008). Juntamente com a textura, a estrutura do solo influencia na
quantidade de ar e de água, bem como na penetração e distribuição das raízes, necessárias às plantas
para sua fixação ao solo, absorção de nutrientes, atividade microbiana e na resistência à erosão,
entre outros (SANTOS et al, 2013).
A análise da consistência se define com o tato, ou seja, a força imposta à dureza ou mesmo à
facilidade que uma amostra de solo tende a quebrar. Pode-se dizer que a consistência está
relacionada à capacidade que tem o solo de resistir à desagregação através de determinada pressão
exercida sobre o mesmo. Lepsch (2010) menciona que o solo sofre mudanças não apenas por causa
das características mais fixas do solo (textura, estrutura e agentes cimentantes), mas também pelo
teor de umidade nos poros por ocasião de sua determinação. Assim, a consistência do solo está
classificada em três estados de umidade: saturado (para estimar a plasticidade e pegajosidade);
úmido (para estimar a friabilidade) e seco (para estimar a dureza ou tenacidade).
Na comunidade de Poço Escuro foram analisados quatro solos, aqui enumerados de 1 a 4. O
solo 1 se desenvolve em área montanhosa, com inclinação entre 25% e 55%, é ligeiramente
rochoso, mas sem pedregosidade e está ocupado com pastagem cultivada. Os solos 2 e 3 são
utilizados para o plantio de mandioca (Manihot esculenta Crantze) e banana (Musa sp),
respectivamente. O relevo regional é ondulado e o relevo local é inclinado com declividade entre 25
à 55 %, apresentando erosão do tipo laminar e em sulcos de grau moderado, além de não aparentar
pedregosidade e rochosidade. A cobertura vegetal é composta por mata secundária. O solo 4 está
sendo utilizado apenas com mandiocultura, em relevo ondulado, com declividade entre 25 a 55%.
Apresenta área extremamente pedregosa e muito rochosa. A cobertura vegetal é de mata secundaria,
com resquícios de queimadas.
Com relação à discussão dos parâmetros químicos dos solos da comunidade Poço Escuro
(Tabela 3), estes seguem as classes de interpretação de fertilidade do solo utilizadas no Estado de
Minas Gerais (ALVAREZ et al., 1999).
Tabela 3. Características Químicas da camada arável dos solos coletados na comunidade Poço Escuro, Serra
do Espinho Pilões/PB.
pH
Coleta M.O. P K+ Na+ Ca2+ Al3+ SB (H+Al) CTC V
(H2O) Mg2 +
3 -3
g/kg mg/dm ....................................cmolc dm ..................................... ..%..
Comunidade Poço Escuro
1 6,4 15,23 2,6 164,2 0,08 3,55 1,65 0,0 5,70 1,15 6,86 83,15
2 5,2 18,50 10,0 160,9 0,04 0,67 0,52 0,2 1,64 6,60 8,24 19,90
3 7,1 27,97 69,2 290,9 0,34 1,72 0,51 0,0 3,32 2,56 5,87 56,45
4 7,1 20,38 32,5 245,4 0,07 0,93 0,28 0,0 1,91 2,23 4,14 46.16
Fonte: Laboratório de Química e Fertilidade do Solo do Departamento de Solos e Engenharia Rural do
Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em Areia/PB.
Malavolta (2006) afirma que é essencial conhecer a participação dos elementos minerais na
vida da planta e suas quantidades necessárias, bem como as condições de pH do solo, uma vez que
pH muito baixo ou muito alto implica em condições desfavoráveis no desenvolvimento das plantas.
Nesse contexto, os parâmetros químicos a serem analisados no presente trabalho são: Potencial
hidrogeniônico (pH), matéria orgânica (MO), fosforo (P), potássio (K+), sódio (Na+), cálcio (Ca2+),
magnésio (Mg2 +), alumínio (Al3+), soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions (CTC e
saturação de bases (V%).
O pH define a acidez ou alcalinidade relativa de uma solução e sua escala varia de 0 a 14,
consiste na remoção dos cátions básicos (Ca2+, Mg2 +, K+ e Na+) – do sistema do solo, substituindo-
os por cátions ácidos (Al e H+) (TEDESCO et al, 1995). O valor 7,0 que está no meio, é definido
como neutro; valores abaixo de 7,0 são ácidos e aqueles acima de 7,0 são alcalinos.
Particularmente, o pH dos solos varia de 3,0 a 10,0 e influencia no desenvolvimento das culturas de
forma indireta, através das mudanças que provoca nas disponibilidades dos elementos essenciais
existentes no solo. Solos muito ácidos ou alcalinos são indesejáveis para a maioria das plantas
restringindo seu crescimento, sendo que a faixa de pH ideal para cultivo é de 5,5 a 6,5
(MALAVOLTA, 2006; PRIMAVESI, 2016).
Quando o pH do solo é ácido (< 5), íons fosfato se combinam com ferro e alumínio
formando compostos de baixa solubilidade, indisponíveis às plantas. Concomitantemente os teores
de Ca2 e Mg2 serão baixos, a CTC efetiva será baixa, assim como a V%. Por outro lado haverá
maior disponibilidade de Fe, Cu, Mn e Zn, podendo até causar toxidez por esses micronutrientes
(TOMÉ Jr., 1997). Nesse caso, aconselha-se corrigir o solo com calagem. Do contrário, se o solo
apresenta alcalinidade, aconselha-se a gessagem (ALVAREZ et al,1999).
Todavia, Luz et al (2002) afirmam que a gessagem elimina o Al3+, aumenta os teores de
bases trocáveis (Ca2+, Mg2+ e K+, principalmente) na subsuperfície e fornece Ca2+e S (enxofre) para
as plantas. Nesse contexto, das 4 amostras de solo coletadas na comunidade Poço Escuro, apenas a
amostra 1 se encontra com pH ideal. O solo 2 é ácido e necessita de calagem e os solos 3 e 4 são
alcalinos. A condição de acidez ou alcalinidade compromete os solos de Poço Escuro,
principalmente porque os agricultores não costumam fazer a correção do solo, indo refletir no
desenvolvimento das culturas.
A matéria orgânica do solo (MOS) é indispensável ao solo, pois indica a sua fertilidade.
Segundo Primavesi (2016) a MOS constitui-se em um dos melhores benefícios do solo à planta,
pois influencia nas características físicas, químicas e biológicas do solo; melhora a estrutura do solo
e, consequentemente, a aeração, drenagem e retenção de água; fornece carbono como fonte de
energia para os microorganismos, promovendo a ciclagem de nutrientes; interage, ainda com
metais, óxidos e hidróxidos metálicos, atuando como trocador de íons e na estocagem de nitrogênio,
fósforo e enxofre. A matéria orgânica da camada arável dos solos analisados variou entre 15,23
g/kg até 27,97 g/kg, uma quantidade muito boa (Alvarez et al,1999),
Rolim Neto et al., (2004) definem o P como um macronutriente que, apesar de ser exigido
em menor quantidade pelas plantas, em relação aos outros nutrientes, é um composto de energia que
faz extensa ligação com os colóides e constitui-se em fator limitante na produtividade da maioria
das culturas nos solos fortemente intemperizados, onde predominam formas inorgânicas de P
ligadas à fração mineral (com alta energia) e formas orgânicas estabilizadas física e quimicamente.
Os autores afirmam ainda que a falta deste nutriente na planta provoca o aparecimento de áreas
necróticas e pecíolos nas folhas e que, ao deixar de fazer o seu metabolismo, as células morrerão.
As folhas velhas tendem a ficar avermelhadas enquanto que as jovens escurecem. Nesse contexto,
os solos analisados em Poço Escuro apresentaram altas quantidades de P, sendo que os solos 3 e 4
estiveram sempre acima de 30 mg/dm3. Em solos ácidos, como é o caso dos solos 1 e 2, o P
encontra-se precipitado com ferro, alumínio e magnésio, ou adsorvido a minerais argilosos e óxidos
e hidróxidos de ferro, alumínio e magnésio (EMBRAPA, 2009), podendo comprometer as culturas.
No que diz respeito ao K+, todos os solos estudados apresentaram altas reservas desse
nutriente, principalmente os solos 3 e 4, assegurando seu potencial para culturas frutíferas,
principalmente a bananeira, uma das espécies mais exigentes em K+ (BORGES, 1999) e que é
bastante cultivada nas áreas de serras nordestinas. O K+ influencia na resistência das plantas a
condições adversas, como baixa disponibilidade de água e altas temperaturas.
O Na+ corresponde ao sódio trocável e seu valor é utilizado na classificação de solos salinos,
sódicos e não salinos. Altas quantidades de Na+ causam dispersão do colóide argiloso no solo
(SALOMÃO e ANTUNES, 1998). Nenhuma das amostras de solos analisadas apresentou excesso
de Na+.
Com relação aos nutrientes Ca2+ e Mg2+, estes tendem a ser baixos em solos ácidos, assim
como a CTC e a V%. Considerando-se as 4 amostras de solos estudados na presente pesquisa, os
solos ácidos ou alcalinos (solos 2 e 4), apresentaram os menores teores, confirmando-se o que
afirma a literatura. Para Vale et al (1997) o Ca2+ é um nutriente imóvel que compõe a parede celular
da planta. O seu excesso altera o ritmo da divisão celular do vegetal. A sua falta reduz o
crescimento radicular, muda a coloração das raízes, provoca o curvamento dos ápices, deforma as
folhas jovens, causa clorose marginal podendo evoluir para necrose. Todos esses sintomas
costumam apresentar-se nas partes mais velhas do vegetal. Já o Mg2+ é um nutriente móvel
essencial ao funcionamento dos ribossomas, sendo um constituinte de cofactores enzimáticos,
clorofila e proteínas (SALOMÃO e ANTUNES, 1998). A sua falta nos vegetais provoca morte
prematura das folhas, degeneração dos frutos, cloroses intervenais, necrose foliar, redução do
crescimento vegetal e inibição da floração, iniciando-se, como nos demais casos, nas áreas mais
velhas do vegetal. O excesso desse nutriente altera absorção de K+ e Ca+ pela planta.
Os solos citados acima são exatamente aqueles que apresentam CTC e V% baixa, pois o pH
ácido ou alcalino tende a bloquear a troca catiônica. Segundo Malavolta (2006) a CTC se dá quando
uma solução salina é colocada em contato com certa quantidade de solo, o que proporciona a troca
entre os cátions contidos na solução e os da fase sólida do solo. Esta reação de troca se dá com
rapidez, em proporções estequiométricas e é reversível. Segundo Chaves e Guerra (2006), baixo
valor de CTC caracteriza um solo sujeito à excessiva perda de nutrientes por lixiviação, e neste caso
os adubos e corretivos, caso sejam usados nestes solos, não devem ser aplicados de uma só vez.
A SB de um solo, argila ou húmus representa a soma dos teores de cátions permutáveis (Ca+,
Mg2+ e K+, Na+ e NH4+ trocáveis) e serve para indicar se o solo contém nutrientes disponíveis para a
planta. Nos solos ácidos de regiões tropicais, como os do Estado de Minas Gerais, os cátions
trocáveis Na+ e NH4+ geralmente têm magnitude desprezível. Essa afirmativa se confirma nos solos
estudados em Poço Escuro, onde SB é de baixa a média, com exceção do solo 1.
A V% é definida por Prado (2008) como a participação das bases (Ca2+, Mg2+ e K+) no
complexo sortivo do solo, expressa em porcentagem: V = SB% por T e x por 100 . Trata-se de um
dado utilizado no 3º nível categórico do Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos - SiBCs
(EMBRAPA, 2013) para distinguir as condições eutróficas ou distróficas no solo. Assim, quando os
valores de V% são iguais ou superiores a 50%, acontece uma alta V%, ou seja, os solos possuem
mais da metade dos pontos de troca dos coloides ocupados com as bases trocáveis e, por isso são
considerados eutróficos e são normalmente considerados os mais férteis. Caso contrário, se os
valores forem inferiores a 50% a V% é baixa e os solos são classificados como distróficos ou pouco
férteis. Nesse contexto, vamos encontrar no conjunto de solos em análise dois solos eutróficos (1 e
3) e dois solos distróficos (2 e 4), sendo que o solo 2 apresentou o menor percentual (19,90%).
As características químicas analisadas permitem inferir que, dos 4 solos estudados da
comunidade Poço Escuro na Serra do Espinho, 2 possuem CTC e V% baixa, sendo que, desse
conjunto, 2 são ácidos e 2 são alcalinos. Tais características requerem que os solos ácidos sejam
submetidos a uma correção com adubos orgânicos e calcários, para que a acidez possa ser
minimizada (ALVAREZ et al, 1999).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a discussão dos resultados da presente pesquisa e ter constatado que todos os solos
estão sendo utilizados atualmente para a agricultura de subsistência, pastagem ou culturas
permanentes, é possível fazer as seguintes considerações:
Das 4 amostras de solo coletadas na comunidade Poço Escuro, apenas uma se encontra com
pH ideal, (solo 1). O solo 2 é ácido e necessita de calagem, já os solos 3 e 4 são alcalinos e
necessitam de gessagem.
Os solos 2 e 4 possuem CTC e V% baixa, que compromete qualquer tipo de cultivo nessas
terras;
Os solos 1 e 3 são eutróficos e os solos 2 e 4 são distróficos, sendo o solo 2 aquele que
apresentou o menor percentual (19,90%).
O solo 1 é ideal para culturas diversas, pois possui estoques suficientes de P, Mg²+ e Ca²+, o
que se traduz em CTC, SB e V% muito boa, caracterizando-o como eutrófico, mas o mesmo
vem sendo utilizado ininterruptamente, o que pode comprometer o seu potencial nutricional;
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Il.
RESUMO
O presente trabalho relata as experiências das práticas de produção agroecológica dentro do Projeto
de Residência Agrária Jovem em desenvolvimento de tecnologias sociais sustentáveis no
Semiárido. O projeto teve como objetivo a formação sociohistórica de jovens camponeses para
inovação tecnológica no Semiárido Paraibano e foi executado por professores de cursos
multidisciplinares junto a jovens camponeses residentes e atuantes em áreas rurais, numa
perspectiva crítica e contextualizada da realidade sociohistórica da região semiárida paraibana. O
projeto atendeu à chamada CNPq n.19/2014 – Fortalecimento da Juventude Rural, com apoio
financeiro do Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação - MTCI, Ministério do
Desenvolvimento Agrário - MDA/INCRA e Secretaria Nacional de Juventude, por meio do
Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária – PRONERA. Neste estudo, objetiva-se
analisar a importância do projeto para os jovens camponeses que vivem na referida região
paraibana, a partir de um ponto de vista de uma educação transformadora e emancipatória que
valorizem suas tradições e preservem o meio ambiente, por meio de práticas de produção
agroecoecológica. Sendo assim, analisaremos os instrumentos pedagógicos trabalhados, os
componentes curriculares, a metodologia de ensino e os resultados alcançados pelo curso Formação
sociohistórica de jovens camponeses para inovação tecnológica no Semiárido Paraibano.
Palavras-Chave: Educação do Campo, Agroecologia, Educação Ambiental, Semiárido Paraibano.
ABSTRACT
The aim of this work is to report the experiences about agroecological production practices, from
Projeto de Residência Agrária Jovem, intending to develop sustainable social technologies in the
Semiarid. The aim of the project was based on the socio-historical formation of young peasants for
technological innovation of the Paraíba‘s Semiarid and had been executed by professors from
multidisciplinary courses together with young peasants that live and work in rural areas, focusing
on a critical and contextualized perspective of socio-historical reality of the Paraíba‘s semiarid
region. The project met the requirements of CNPq n.19/2014 - Fortalecimento da Juventude Rural
with financial support of Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação - MTCI, Ministério do
Desenvolvimento Agrário-MDA/INCRA and Secretaria Nacional de Juventude, through the
Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária – PRONERA. Furthermore, this work aims to
analyse the importance of the Project for young peasants that live in that Paraíba‘s region, from a
point of view of transformative and emancipatory education. Therefore, we will analyse the
pedagogical resources, the curriculum components, the teaching methodology and the achieved
results by the course of socio-historical formation of young peasants for technological innovation in
the Paraíba‘s Semiarid.
Keywords: Field Education, Agroecology, Environmental Education, Paraíba‘s Semiarid.
INTRODUÇÃO
98
Modelo de produção baseado no uso intensivo de agrotóxicos e fertilizantes sintéticos na agricultura. Essa
modernização na agricultura busca resultar numa maior produtividade agrícola por meio da fertilização de solos,
insumos químicos e mecanização dos processos de produção. Não obstante a isso, essa modernização veio a provocar
também diversos danos de ordem ambiental e social, como a concentração das terras agricultáveis e impactos negativos
no meio ambiente.
esclarece que ―o conceito de educação do campo vem sendo construído nos movimentos que lutam
pela terra de trabalho, organizados na Via Campesina-Brasil. Campo, para esses movimentos, tem
uma conotação política de continuidade das lutas camponesas internacionais.‖
Nesse bojo, a Educação do Campo surge como uma alternativa ao sistema de educação
vigente no país, o qual está inserido numa lógica de ensino e aprendizagem voltados ao sistema do
mercado, na maioria das vezes preparando os alunos para serem inseridos no mundo do trabalho
sem dar possibilidades intelectuais para que pensem o meio em que vivem, nem valorizem suas
tradições de vida. Paulo Freire enfatizava que, na sala de aula, os conteúdos têm que partir da
realidade dos educandos. Em relação à lógica capitalista da educação, Ribeiro (2013, p.166) destaca
que a educação assume uma função ―retificadora‖ visando preparar as populações rurais para
adaptarem-se ao processo de subordinação ao modo de produção capitalista, que assume contornos
mais definidos, combinando a expulsão da terra com a formação de mão de obra para as indústrias
nascentes. Já em relação à proposta da Educação do Campo, o autor ressalta a possibilidade de um
novo caminho ―do mesmo modo que expressão campo remete às lutas históricas do campesinato,
educação popular carrega o sentido das organizações populares do campo e da cidade que, na sua
caminhada histórica, participam realizam e sistematizam experiências de educação popular.‖
(RIBEIRO, 2013, p. 43).
O projeto Residência Agrária Jovem, experiência que estudaremos neste trabalho, surge
trazendo o sentido de Educação do Campo, com o objetivo de formar jovens para um contexto
socialmente crítico e político, e, também, para começarem a se ver no campo, e não fora dele, além
de potencializar suas capacidades e habilidades. Hoje, no Brasil, os jovens pouco têm perspectivas
de vida no campo. Segundo Silva e Botelho (2016):
É verdade que a saída de jovens do meio rural faz parte de um movimento demográfico
geral, reflexo do processo de urbanização de nossa sociedade. Entretanto, este
deslocamento não pode ser interpretado como algo inexorável. O rural representa um modo
particular de utilização do espaço e de vida social. A ideia de ―fim do rural‖ ignora que esse
espaço de vida singular, constituído historicamente a partir de dinâmicas sócias internas e
externas, pode ser valorizado pelos jovens que ali residem. Escondem que parte
significativa do êxodo rural não é intrínseca ao processo de urbanização, mas explica pelo
histórico de ausência do Estado no campo, pela dificuldade de acesso aos serviços e às
políticas públicas, e principalmente pela dificuldade de acesso à terra e à renda – questões
diretamente associadas à estrutura fundiária dominante no país. (p. 60)
A falta de conexão dos conteúdos com a realidade visando um contexto cultural que não
parte do cotidiano dos educandos é uma das causas da desistência escolar. É nesta perspectiva que
os alunos desistem de frequentar a escola. Até aquelas que estão localizadas na zona rural têm
características de escola urbana, não levando em conta as peculiaridades dos jovens camponeses
que têm costumes diferentes dos que vivem no meio urbano e, muitas vezes, precisam ir ajudar os
pais na lavoura.
Não se vendo no meio em que vivem, os jovens do meio rural acabam tendo olhos para
novos horizontes na cidade, não no campo. A imagem reproduzida sobre este é associada a algo
atrasado e, para a juventude, não está em seus objetivos viver no atraso. Com o modelo de educação
atual que chega até as escolas rurais, o trabalho pesado na agricultura vai ficando de fora da
perspectiva dos jovens, pois a educação lhes traz um universo diferente daquele em que vivem.
Sendo assim, esse modelo de educação vigente tira a identificação dos jovens pela terra e por seu
meio.
Para estimular os jovens a pensarem o campo de maneira diferente e crítica, combatendo o
êxodo rural, o Residência Agrária Jovem vem abordar conteúdos que conectam os educandos à
realidade com a qual vivem no campo, buscando vinculá-los às organizações que fazem parte da
vivência camponesa – movimentos sociais, sindicatos rurais e associações.
Para analisar os objetivos e os resultados do projeto Residência Agrária Jovem, faremos uma
narrativa e análise de como se deu o curso de extensão Formação sociohistórica de Jovens
Camponeses para Inovação Tecnológica no Semiárido Paraibano, promovido pela Universidade
Federal da Paraíba – UFPB, por meio do Departamento de História, sendo contemplado pelo edital
de chamada CNPq n.19/2019 – Fortalecimento da Juventude Rural, com financiamento do governo
federal, através do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação - MCTI, Ministério do
Desenvolvimento Agrário - MDA e Secretaria Nacional de Juventude - SNJ. A operacionalização
das ações previstas pelo Edital foi realizada pelo CNPq.
Trataremos sobre os conteúdos que foram abordados para os educandos e como funcionou a
dinâmica e a organicidade do projeto. Diante disso, mostraremos também um dos resultados desse
projeto de Educação do Campo.
O Projeto Residência Jovem surgiu em 2015, com o objetivo de trabalhar com jovens de
assentamentos, comunidades e/ou acampamentos, e outros vinculados a comunidades rurais. Desse
modo, o objetivo buscou contemplar um grupo de 300 famílias de agricultores, totalizando 1.200
habitantes da região do Semiárido Paraibano, conforme ilustra a figura 01.
Com orientação da proposta pedagógica da Educação do Campo, o elemento metodológico
central trabalhado foi a Pedagogia da Alternância, na qual o conhecimento teórico dialoga com a
realidade dos jovens. Seguindo os fundamentos pedagógicos do manual do PRONERA, os cursos
do Programa Nacional de Educação da Reforma Agrária têm o período letivo dividido em duas
partes: Tempo Escola (TE) e Tempo Comunidade (TC). Assim, cria-se um vínculo do espaço de
formação com a comunidade que o educando vive.
A relação entre Tempo Escola (TE) e Tempo Comunidade (TC) é uma forma de afirmar a
escola como espaço de formação conectada com a comunidade e com a organização
coletiva e luta social, seja na relação com a base acampada e assentada, seja pela
participação nas lutas nacionais e internacionais dos trabalhadores. É essa materialidade
que nos permite/exige ir além da escolarização e de formação técnica. (p.139)
Temos territórios materiais e imateriais. Os materiais são formados pelo espaço físico e os
imateriais no espaço social a partir das relações sociais por meio de pensamentos,
conceitos, teorias e ideologias. Territórios materiais e imateriais são indissociáveis, porque
um não existe sem o outro. A construção do território material é resultado da relação de
poder que é sustentada pelo território imaterial como pensamento, teoria e/ou ideologia.
(FERNANDES, 2008, p. 7).
99
Termo utilizado para se referir às relações dos setores econômicos (mercantis, financeiras e tecnológicas), ligados ao
setor agropecuário e as situadas na esfera industrial. (FUNDAÇÃO OSVALDO CRUZ, 2012, p. 79]
Figura 03: Aula prática na UFPB – Campus Bananeiras (26 de novembro de 2015)
Fotos: Danielson Lima, Luana Costa e Luana Fernandes. Acervo do Projeto.
visitas nas comunidades, buscando interagir com os alunos sobre as dificuldades da sua comunidade
e o potencial que existe no local para ter uma vida harmoniosa no campo. As aulas de campo foram
contextualizadas para os educandos tecerem uma leitura crítica sobre os desafios que o capitalismo
impõe à agricultura familiar subsidiando o agronegócio para uma produção predatória e agressiva
para a saúde do homem. Como alternativa a esse cenário, foi incentivada a prática da agroecologia,
livre de agrotóxicos (produtos químicos que afetam os recursos naturais, como o solo e a água,
acarretando prejuízos para os agroecossistemas), estimulando o correto manejo do solo, sem o
excesso de fertilizantes, diminuindo os impactos negativos e preservando a biodiversidade
ambiental e proporcionando, também, a soberania alimentar através da continuidade das práticas
tradicionais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CALDART, Roseli Salete, Escola em Movimento: Instituto de Educação Josué de Castro. 1.ed. São
Paulo: Expressão Popular, 2013.
LAURENTI, Ana Lúcia; LIMA, Danielson Soares. Residência jovem no semiárido paraibano:
produzindo conhecimento e disputando o território da educação. In: Congresso Internacional da
Diversidade do Semiárido, 1., 2016. Anais... Campina Grande: CONIDIS, 2016.
SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço. Técnica e Tempo, Razão e Emoção. São Paulo: Hucitec,
1999.
SILVA, Enid Rocha Andrade da; BOTELHO, Rosana Ulhôa. Dimensão da experiência juvenil
brasileira e novos desafios às políticas públicas. Brasília: Ipea, 216. 329p.
RESUMO
A reforma agrária é essencial para se minimizar os conflitos no campo, no entanto não basta apenas
que a terra seja dada, ela precisa ser produtiva. Nesse contexto, a produção agrícola em moldes
conservacionistas e agroecológicos é uma ferramenta que pode agregar benefícios ambientais e
econômicos ao produtor. Atualmente a produção de algodão colorido vem ganhando espaço em
alguns lugares do semiárido, principalmente por apresentar preço diferenciado no mercado.
Objetivou-se nesse trabalho, avaliar a produção de algodão colorido agroecológico do assentamento
Margarida Maria Alves, município de Juarez Távora, Paraíba. O assentamento foi criado em 1997,
inicialmente com 37 famílias, das quais 36 ainda residem no local. Possui área total de 736 ha, dos
quais foram divididos em lotes de tamanhos variando de 15 a 20 hectares. No ano de 2016, 10
agricultores cultivaram o algodão colorido em uma área de 18 hectares, a estimativa de produção foi
de 3000 kg de algodão bruto. Levando-se em consideração um rendimento médio em algodão em
pluma de 30%, se tem um total de 900 kg de fibra para a comercialização. Dessa forma levando em
conta o preço do kg da pluma em R$ 12,50, se tem o montante de R$11.250. A produção de
algodão colorido no Assentamento Margarida Maria Alves nos moldes agroecológicos, ainda é de
pequena expressão ao se pensar em total de fibra produzida, fato que se deve em partes, a estiagem
que atingiu a região nos últimos anos. Visando o aumento da produtividade e do retorno econômico,
medidas como aumento da assistência técnica e a utilização de práticas agrícolas adequadas, são
essenciais.
Palavras-chave: agroecologia, produção sustentável, políticas públicas.
RESUMEN
La reforma agraria es esencial para minimizar los conflictos en el campo, pero no basta con que la
tierra sea dada, ella necesita ser productiva. En ese contexto, la producción agrícola en moldes
conservacionistas y agroecológicos es una herramienta que puede agregar beneficios ambientales y
económicos al productor. Actualmente la producción de algodón coloreado viene ganando espacio
en algunos lugares del semiárido, principalmente por presentar un precio diferenciado en el
mercado. En este trabajo se evaluó la producción de algodón colorido agroecológico del
asentamiento Margarida Maria Alves, municipio de Juárez Távora, Paraíba. El asentamiento fue
creado en 1997, inicialmente con 37 familias, de las cuales 36 aún residen en el lugar. Tiene un total
de 736 ha, de los cuales se dividieron en lotes de tamaños que varían de 15 a 20 hectáreas. En el año
2016, 10 agricultores cultivaron el algodón coloreado en un área de 18 hectáreas, la estimación de
producción fue de 3000 kg de algodón crudo. Teniendo en cuenta un rendimiento medio en algodón
en pluma del 30%, si tiene un total de 900 kg de fibra para la comercialización. De esta forma,
teniendo en cuenta el precio del kg de pluma en R$ 12,50, si tiene el monto de R$ 11.250. La
producción de algodón coloreado en el Asentamiento Margarita Maria Alves en los moldes
agroecológicos, todavía es de pequeña expresión al pensar en total de fibra producida, hecho que se
debe en partes, el estiaje que ha alcanzado la región en los últimos años. Visando el aumento de la
productividad y del retorno económico, medidas como el aumento de la asistencia técnica y la
utilización de prácticas agrícolas adecuadas, son esenciales.
Palabras clave: agroecología, producción sostenible, políticas públicas.
INTRODUÇÃO
A questão agrária brasileira tem sua origem na estrutura fundiária predominante do modelo
colonialista, nas quais as características mais significantes foram: a grande propriedade, as
monoculturas de exportação e o uso do trabalho escravo (Carmo, 2000). O conceito de revolução
agrária implica necessariamente, na transformação da estrutura fundiária realizada de forma
simultânea com toda a estrutura social existente, visando à construção de uma nova sociedade
(Oliveira, 2007).
Os assentamentos de reforma agrária possibilitam, portanto, o acesso à propriedade da terra
para uma população marginalizada e historicamente excluída, que muito embora mantivesse algum
tipo de inserção no mercado de trabalho, o fazia em condições de irregularidade de oferta e em
condições de precariedade (Heredia, et al., 2002), por vezes beirando a miséria extrema.
A reforma agrária é importante não apenas do ponto de vista social, por propiciar acesso a
terra e melhorar as condições de vida dos agricultores e trabalhadores rurais pobres. Mas também
por ser uma política territorial que serve para minimizar os problemas inerentes a questão agrária.
No entanto não basta apenas que a terra seja dada, ela precisa ser produtiva. Nesse contexto, a
produção agrícola em moldes conservacionistas e agroecológicos é uma ferramenta que pode
agregar benefícios ambientais e econômicos a essas famílias.
No sertão e agreste paraibano, algumas culturas têm atraído os olhares dos agricultores,
sendo uma delas o algodão colorido, que engloba diversas variedades, possuindo em comum,
características como bons padrões de resistência, comprimento, textura e uniformidade; capacidade
de ser processado por indústrias têxteis modernas e geração de tecido com qualidade e estabilidade
de coloração, semelhante aos tecidos coloridos artificialmente (Brito, et al, 2012).
O plantio dessas variedades é uma opção de renda e de diversificação para agricultura
familiar, principalmente por apresentar preço diferenciado no mercado, quando comparado com o
algodão tradicional (Alves, et al., 2017). Uma das principais qualidades do algodão colorido refere-
se ao fato de não ser necessários processos de beneficiamento da fibra, como o tingimento, processo
danoso ao meio ambiente, devido ao uso de corantes e grande consumo de água, da qual não é
possível o reaproveitamento (Muchinski & Sena, 2015).
Objetivou-se nesse trabalho, avaliar a produção de algodão colorido agroecológico do
assentamento Margarida Maria Alves, município de Juarez Távora, Paraíba. Servindo como base
para a proposição de soluções para os problemas encontrados e melhoria da produtividade.
MATERIAL E MÉTODOS
Figura 1: Campo de produção de algodão colorido agroecológico no Assentamento Margarida Maria Alves.
Para a confecção desse trabalho, foi realizada uma visita in loco ao assentamento, buscando-
se junto aos moradores levantar dados de produção e práticas agrícolas adotadas na cultura do
algodão colorido.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 2: Algodão colorido BRS RUBI produzido no Assentamento Margarida Maria Alves.
Em 2015 foram cultivados 25 hectares, em 2016 devido à estiagem, a área plantada foi
reduzida para 18 hectares. As sementes inicialmente foram fornecidas pela Embrapa,
posteriormente, se formou um banco com as sementes advindas das safras anteriores e que passou a
atender as demandas dos agricultores do assentamento.
No ano de 2016, 10 agricultores cultivaram o algodão colorido. As projeções da safra eram
de uma média 3000 kg de algodão. Não se utiliza nem um defensivo químico, nem tampouco
adubos sintéticos. O controle do bicudo é realizado através do plantio tardio, evitando que na época
de liberação dos botões florais, a umidade alta favoreça a praga. Todo o plantio é realizado a mão,
assim como é utilizada a mão-de-obra familiar para os demais tratos culturais. Até 2013 a produção
recebeu o selo IBD orgânico. Agora se busca uma certificação participativa, de custo menor para os
agricultores e com a auditoria feita pelos próprios produtores, de forma onde um vizinho audita o
outro.
Todo o algodão produzido é beneficiado em uma usina no próprio assentamento (Figura 3).
Na usina se separa a semente da fibra que segue para as indústrias de fiação. Além da produção
local, também é beneficiada a produção de outros produtores que cultivam no sistema
agroecológico. Atualmente o quilo (kg) da pluma está sendo comercializado a R$ 12,50, toda a
produção tem destino a uma marca específica localizada em João Pessoa, Paraíba.
Nas condições adversas do semiárido a produtividade média das roças de algodão
agroecológico, vai de 100 a 200 kg de algodão por hectare. Proporcionando uma renda monetária
entre U$ 85 e U$ 170/ha (Lima, 2008). Para a safra de 2016, a estimativa de produção era de 3000
kg de algodão bruto, levando-se em consideração um rendimento médio em algodão em pluma de
30%, se tem um total de 900 kg de fibra para a comercialização. Dessa forma levando em conta o
preço do kg da pluma em R$ 12,50, se tem o montante de R$11.250. Se hipoteticamente todos os
10 agricultores tiverem a mesma produção, cada um terá de receita R$ 1.125 que deve ser somada
com a renda também da venda do caroço, que, no entanto, é um valor bem abaixo do valor da
pluma.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
BRITO, L.F.; BERNARDES, G.A.; GODINHO, N.C.A.; LACA-BUENDÍA; J.P.; PENNA, J.C.V.
CPRM - Serviço Geológico do Brasil. Projeto cadastro de fontes de abastecimento por água
subterrânea. Diagnóstico do município de Juarez Távora, estado da Paraíba. Recife,
CPRM/PRODEEM, 2005. 10 p.
HEREDIA, B. et al. Análise dos impactos regionais da reforma agrária no Brasil. Estudos
Sociedade e Agricultura, v. 18, p.73-111, 2002.
MUCHINSKI, C. H.; SENA, T. S,. Fibras têxteis sustentáveis: algodão colorido e orgânico, fibras
de bambu, soja e milho. Iniciação - Revista de Iniciação Científica, Tecnológica e Artística. v. 5,
n. 1, p. junho de 2015.
RESUMO
A diretriz interação dialógica, da política nacional de extensão universitária, orienta o
desenvolvimento de relações entre Universidade e setores sociais marcadas pelo diálogo e troca de
saberes. Pensando assim, a presente proposta procura interligar pesquisa e extensão dentro do tema
meio ambiente, tendo em vista que os recursos naturais têm se tornado cada vez mais escassos pelas
práticas agrícolas inadequadas, o solo é um dos recursos naturais mais impactado pelo mau uso. Na
maioria das vezes estas atividades são praticadas por agricultores que não possuem o conhecimento
técnico mínimo para desenvolver técnicas de conservação do solo. Assim, o presente trabalho tem
como finalidade a utilização do simulador de chuvas para demonstrar as consequências do mau uso
do solo. A referida atividade terá como público alvo agricultores situados na região semiárida de
Pernambuco, município de Pesqueira, a região foi escolhida por apresentar características peculiares
como escassez hídrica e solos rasos que requerem a adoção de técnicas agrícolas que busquem a sua
conservação. Para isso, serão usadas mini parcelas onde serão adotadas práticas conservacionistas
afim de comparar o efeito do uso dessas práticas com a agricultura praticada pelos agricultores da
região. Alunos do curso de Bacharelado em Ciências Biológicas da UFPE realizaram as simulações
de chuvas e apresentaram estes resultados, em forma de curso de capacitação para a comunidade de
agricultores localizados no Assentamento Nossa Senhora do Rosário.
Palavras-chave: Simulador de chuvas, manejo do solo, agricultura sustentável, educação ambiental.
ABSTRACT
The dialogical interaction directive of the national policy of university extension guides the
development of relations between the University and social sectors marked by dialogue and
exchange of knowledge. In this sense, the present proposal seeks to link research and extension
within the environmental theme, since natural resources have become increasingly scarce by
inadequate agricultural practices, soil is one of the natural resources most impacted by misuse. Most
of the time these activities are practiced by farmers who do not have the minimum technical
knowledge to develop soil conservation techniques. Thus, the present work has as purpose the use
of the rainfall simulator to demonstrate the consequences of the misuse of the soil. This activity will
be aimed at farmers located in the semi-arid region of Pernambuco, in the municipality of
Pesqueira. The region was chosen because it presents peculiar characteristics such as water scarcity
and shallow soils that require the adoption of agricultural techniques that seek to preserve it. For
this, mini plots will be used where conservation practices will be adopted in order to compare the
effect of the use of these practices with the agriculture practiced by the farmers of the region.
Students of the Bachelor's Degree in Biological Sciences of UFPE performed the simulations of
rainfall and presented these results, in the form of a training course for the community of farmers
located in the Nossa Senhora do Rosário settlement.
Keywords: Rainfall simulator, soil management, sustainable agriculture, environmental education.
1. INTRODUÇÃO
Segundo Couto et al. (1996), o Nordeste brasileiro abriga mais da metade dos
estabelecimentos rurais de base familiar do país. São mais de 2,0 milhões de estabelecimentos que
ocupam mais de dois terços do pessoal ativo e são responsáveis por cerca de 33% do valor da
produção agrícola regional, embora só ocupem 31% da área total e recebam apenas pouco mais de 8
% do total dos financiamentos. O nordeste brasileiro ocupa 1.600.000 km2 do território nacional e
tem incrustado em 62% da sua área, o Polígono das secas que circunscreve isoietas abaixo de 800
mm de pluviosidade por ano (Ribeiro, 2007).
O semiárido brasileiro caracteriza-se por possuir limitadas condições físicas para a prática
da agricultura e da pecuária. A ocorrência, nesta região, de chuvas escassas e irregulares, de secas
frequentes e de solos pedregosos ou muito arenosos dificulta a prática da agropecuária de maneira
regular e com alta produtividade. Nesta região, a principal alternativa para o cultivo, além da prática
da irrigação, é a agricultura de sequeiro feita com culturas como milho, arroz, feijão e outras, as
quais são cultivadas de maneira arcaica e improdutiva e o nível da sua produção depende
diretamente da quantidade de chuvas (Santos, 2006).
Os fatores relacionados com a erosão hídrica são chuva, solo, cobertura vegetal e topografia.
Dentre os quatro fatores mencionados, as chuvas têm papel ativo no processo de erosão (Bertol et
al., 2002), visto que é função exclusivamente de suas características físicas, entre as quais sua
quantidade, intensidade, diâmetro de gotas, velocidade terminal e energia cinética. Na expectativa
de detalhar os estudos desse agente erosivo, pesquisas têm demonstrado que as características da
chuva que proporcionam as correlações mais elevadas com as perdas de solo são a intensidade e a
energia cinética (Moreti et al., 2003). Nas condições do Brasil, localizado em grande parte na região
tropical do planeta, onde ocorrem precipitações intensas e as temperaturas são normalmente
elevadas, a erosão hídrica apresenta maior interesse, por apresentar uma ocorrência mais frequente
em relação aos demais tipos de erosão, se processar com maior rapidez e causar grandes prejuízos
não só ao setor agrícola, como também a diversas outras atividades econômicas e ao meio ambiente.
O uso de práticas conservacionistas no solo é uma das formas de controlar a erosão em
terrenos onde as características físicas da chuva, solo e topografia favoreçam a aceleração do
processo. Bertol et al. (2004) enfatizam que os preparos conservacionistas de solo, tal como
semeadura direta, com menor revolvimento, mantêm, parcial ou totalmente, os resíduos vegetais na
superfície e aportam continuamente matéria orgânica ao solo, a qual é responsável pela manutenção
2. OBJETIVOS
3. METODOLOGIA E AVALIAÇÃO
O projeto foi desenvolvido entre uma integração pesquisa e extensão. Na etapa de pesquisa,
foi desenvolvido um experimento no laboratório de Máquinas e implementos agrícolas da
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). No laboratório foram montadas parcelas
experimentais onde foram avaliados os efeitos das seguintes densidades de cobertura morta: 0,2 e 4
Mg/ha, sobre as taxas erosivas do solo. Para isso foi utilizado um simulador de chuvas, com 3m de
altura, formado por uma armação retangular, apoiada sob quatro pés tubulares de aço removíveis.
Possui um motor com sistema eletrônico que realiza movimentos oscilantes temporizados e
funciona com um bico aspersor, Veejet 80-100, localizado no centro da armação, como podemos ver
na Figura 1 (Santos, 2006). O simulador foi alimentado por uma bomba e uma caixa de capacidade
de 1000L. As parcelas tiveram as seguintes dimensões: 1,0 x 0,5 (0,5m2), com 20 cm de
profundidade, contendo na parte inferior um dreno para coleta da infiltração (Figura 2). Na parte
inferior, uma calha coletou a água do escoamento superficial em intervalos de cinco minutos e cada
coleta terá duração de dez segundos. A chuva total foi determinada através de 10 pluviômetros que
serão distribuídos em torno de cada parcela experimental (Figura 3).
Figura 13: Local de coleta do solo, Bacia Representativa do Alto Ipanema, com destaque para os tipos de
solos. Fonte: Silva et al., 2011.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Analisando as taxas de perdas de solo nos tempos 0h e 24h, foi possível verificar que, as
médias de perda de solo no tempo 24h mantiveram-se superior as médias do tempo 0h (Figura 8).
Castro (2006) relatou em seu estudo, que este fato ocorre devido à desagregação das partículas do
solo, que seria ocasionada pela enxurrada, reduzindo a rugosidade superficial e, consequentemente,
a retenção e a infiltração de água no solo, pois quando a aplicação da chuva atinge intensidades
superiores à taxa de infiltração do solo, há um acúmulo de água na superfície e, consequentemente,
o escoamento superficial nesses pontos. A baixa taxa de infiltração também favorece o selamento
superficial, que vai refletir em maiores perdas de solo por erosão hídrica, principalmente nos solos
descobertos (CARVALHO et al., 2014; CASTRO, 2006; CARVALHO et al., 2012).
0,01200000
0,00800000
(kg m-2)
0,00600000
0,00400000
0,00200000
0,00000000
0 5 10 15 20 25 30 35
Tempo (min)
0h 24h
Figura 8: Taxa instantânea da perda de solo em cada tempo de coleta nas chuvas 0h e 24h.
Acompanhando a média de perda de solo, também se pode verificar maior perda de solo na
chuva 24h (Figura 9).
0,070000
0,060000
Perdas de solo (kg m-2)
0,050000
0,040000
0,030000
0,020000
0,010000
0,000000
0h 24h
Figura 9: Médias das perdas de solo, nos dois tempos de simulação (0h e 24h).
Os valores de perda de solo foram de 0,037 Kg/m2 e 0,0513 Kg/m2, para o tempo de 0h e
24h, respectivamente, isso se justifica pelo maior nível de impacto em que o solo se encontra devido
a primeira simulação (0h), o que o deixa vulnerável a qualquer precipitação precedente. Tartari et al.
(2012) avaliaram, em campo, as perdas de solo e água por erosão hídrica em entressulcos em um
Argissolo Vermelho-Amarelo, utilizando chuva simulada, encontraram perda de 0,15 Kg/m2, para o
solo descoberto.
pode-se observar que as taxas de desagregação da simulação (24h) apresentam-se maiores que a
primeira (0h) (Figura 10). Estas maiores taxas são decorrentes de mudanças nas condições da
superfície e na umidade do solo que foram ocasionados pelo impacto das gotas de chuva na
superfície do solo causado pela primeira chuva simulada, aumentando, assim, a desagregação das
partículas e, por conseguinte o selamento da camada superficial do solo.
Verifica-se ainda na Figura 10, que as taxas de perda de solo apresentam um pico e depois
decrescem, este fato também foi encontrado nos resultados de Cassol & Lima (2003), estes autores
aplicaram uma chuva simulada com intensidade constante de 60 mm h-1 durante 70 minutos, em
solo descoberto ou com a palha incorporada, e evidenciaram que as taxas de perda de solo são
crescentes até um determinado ponto depois do início da precipitação, apresentando a partir de
então comportamento decrescente.
Taxa de desagregação (kg / m2s)
0,0000080
0,0000070
0,0000060
0,0000050
0,0000040
0,0000030
0,0000020
0,0000010
0,0000000
0 5 10 15 20 25 30 35
Tempo (min)
0h 24h
Figura 10: Médias das taxas de desagregação nos tempos de coleta nos dois tempos de simulações (0h e
24h).
Pode-se observar o escoamento superficial na aplicação das duas chuvas simuladas (Tempo
0h e 24h), na Figura 11. O tempo de início de escoamento aconteceu mais cedo no tempo 24h,
segundo Cassol et al. (2008), isso deve-se ao selamento da superfície do solo, provocado pelo
impacto da gota de chuva na primeira simulação (0h). Também é possível notar um aumento da
velocidade do escoamento e maiores médias nos valores da segunda simulação aplicada (24h),
justificada pela umidade antecedente do solo, da primeira simulação (0h), o que ocasionou uma
rápida saturação da capacidade de retenção de água do solo, facilitando o escoamento superficial.
100
90
Escoamento superficial (mm/h)
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0 5 10 15 20 25 30 35
Tempo (min)
0h 24h
5 CONCLUSÕES
Os regimes de escoamentos observados nas chuvas 0h e 24h foram caracterizados como laminar
lento, indicando assim a ocorrência de erosão entressulcos.
Houve um aumento da velocidade do escoamento e maiores médias nos valores da segunda chuva
aplicada.
As médias de perda de solo na segunda chuva simulada foram superiores as médias da primeira
chuva simulada.
O solo estudado apresentou grandes taxas de desagregação do solo.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERTOL, I.; SCHICK, J.; BATISTELA, O.; LEITE, VISENTIN, D.; COGO, N.P. Erosividade das
chuvas e sua distribuição entre 1989 e 1998 no município de Lages (SC). Revista Brasileira de
Ciência do Solo, v.26, n.3, p.455-464. 2002.
BERTOL I.; ALBUQUERQUE, J. A.; LEITE, D.; AMARAL, A. J.; ZOLDAN JUNIOR, W. A.
Propriedades físicas do solo sob preparo convencional e semeadura direta em rotação e
sucessão de culturas, comparadas às do campo nativo. Revista Brasileira de Ciência do Solo,
v.28, n.1, p.155-163, 2004.
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Gráfica Universitária. 120. p.
COGO, N. P. Uma contribuição à metodologia de estudo das perdas por erosão em condições de
chuva natural: 1- Sugestões gerais, medição de volume, amostragem e quantificação do solo e
água da enxurrada. In: Encontro nacional de pesquisa sobre conservação do solo, 2. Passo
Fundo, 1978. Anais... Passo Fundo, 1978. p. 75-79.
COUTO, V. A.; ALVES, A.F.; GUANZIROLI, C.E. A agricultura familiar na região Nordeste
[Salvador, BA]: FAO/INCRA, 1996. 53 p.il. Versão preliminar Projeto: UFT/BR/036/BR.
LAL, R. & GREENLAND, B.J. Soil physical properties and crop production in tropics.
Chischester: John Willey, 1979. p.85. Ribeiro, M.B.D. A potencialidade do semiárido brasileiro:
Rio São Francisco transposição e revitalização, uma análise. Gráfica e Editora de Qualidade,
1ed., Brasília, 256p.
RESUMO
A agricultura orgânica é um sistema de produção agrícola caracterizado pelo emprego de técnicas
totalmente naturais de cultivo, sem o uso de produtos químicos, como fertilizantes, defensivos
agrícolas e outros. Neste contexto, uma das técnicas utilizadas na agricultura orgânica é a
compostagem, a qual consiste no processo biológico de valorização da matéria orgânica, seja ela de
origem urbana, doméstica, industrial, agrícola ou florestal, e pode ser considerada como um tipo de
reciclagem do lixo orgânico. O presente trabalho objetivou mostrar experiências da utilização da
compostagem visando a prática da agricultura orgânica. Para tanto seguiu-se uma metodologia
básica quanto a sua natureza, quantitativa quanto à forma de abordagem do problema, exploratória
quanto aos fins da pesquisa, bibliográfica quanto aos procedimentos, hipotético-dedutivo quanto ao
método de abordagem e histórico quanto ao método de procedimentos. Coletou-se dados e
informações referente a trabalhos experimentais já realizados publicados no VIII simpósio
brasileiro de engenharia ambiental realizado em Curitiba, no ano de 2015 (ISBN 85-69865-00-7).
Neste sentido, pode-se concluir que a atividade agropecuária é considerada uma das maiores
geradoras de resíduos orgânicos e que a aplicação da compostagem apresenta vantagens como
pequeno uso de energia, flexibilidade operacional, baixo custo e obtenção de composto orgânico
rico em nutrientes, mas apresenta algumas desvantagens como a utilização de grandes áreas para
realização do processo e demanda de mão-de-obra intensa. Através deste trabalho foi possível
perceber a importância de se realizar a gestão dos resíduos orgânicos gerados, pois, tudo o que não
é aproveitado significa perda econômica.
Palavras-chave: Resíduos orgânicos, agricultura orgânica, desenvolvimento sustentável.
ABSTRACT
Organic agriculture is an agricultural production system characterized by the use of totally natural
farming techniques, without the use of chemicals such as fertilizers, agricultural pesticides and
others. In this context, one of the techniques used in organic agriculture is composting, which
consists of the biological process of valorization of organic matter, whether of urban, domestic,
industrial, agricultural or forestry origin, and can be considered as a type of recycling of the Organic
waste. The present work aimed to show experiences of the use of composting for the practice of
organic agriculture. In order to do so, a basic methodology was followed as to its nature,
quantitative as to the approach of the problem, exploratory as far as the ends of the research,
bibliographic as to the procedures, hypothetical-deductive as to the method of approach and
historical as to the method of procedures. Data and information regarding experimental work
already published published at the 8th Brazilian Environmental Engineering Symposium held in
Curitiba in the year 2015 (ISBN 85-69865-00-7) was collected. In this sense, it can be concluded
that the agricultural activity is considered one of the largest organic waste generators and that the
application of composting presents advantages such as low energy use, operational flexibility, low
cost and obtaining nutrient rich organic compound, but presents Some disadvantages such as the use
of large areas to carry out the process and the demand for intense labor. Through this work it was
possible to realize the importance of managing the organic waste generated, since everything that is
not used means economic loss.
Keywords: Organic waste, organic agriculture, sustainable development.
INTRODUÇÃO
Neste sentido, pode-se definir compostagem como um processo natural em que os micro-
organismos, como fungos e bactérias, são responsáveis pela degradação de matéria orgânica,
gerando um composto orgânico, que é um material estável, rico em substâncias húmicas e nutrientes
minerais, que pode ser utilizado em hortas, jardins e para fins agrícolas, como adubo orgânico,
devolvendo à terra os nutrientes de que necessita e evitando o uso de fertilizantes sintéticos (LIMA
2004; ROCHA et al. 2009; SENAR, 2015). Para Embrapa (2005) a presença de organismos é
imprescindível ao processo de compostagem, podendo estes serem micro ou macroscópicos.
A compostagem dos resíduos orgânicos viabiliza ainda a ciclagem dos nutrientes, por
transformar rejeitos em produtos apropriados para uso agrícola. A ciclagem dos nutrientes é
fundamental para manter a sustentabilidade do sistema produtivo agrícola, pois poupa recursos
naturais e financeiros pela substituição de fontes minerais de fertilizantes. A produção de compostos
orgânicos possibilita ainda sua comercialização, o que representa uma fonte direta de renda para
diversos produtores de criação animal viabilizando economicamente a produção do mesmo. Os
compostos orgânicos podem ser utilizados como fertilizantes ou condicionadores em várias classes
de solo, uma vez que, são fontes de macro e micro nutrientes e também melhoram suas
características físicas, químicas e biológicas. A compostagem pode ser feita em casa ou em usinas
de compostagem (AMORIM et al., 2005; PEREIRA NETO; 2007; VIDIGAL et al., 2010; A3P,
2013). Uma fonte importante de adubo orgânico é a poda de árvores urbanas, que vem sendo
utilizada há bastante tempo em outros países (FAO, 1980) e em pequena escala no Brasil (CORTEZ
et al, 2008).
Caso tenha a disponibilidade de grande quantidade de compostos orgânicos como esterco
animal, palhada e outros resíduos naturais é possível produzir seu próprio substrato por meio da
compostagem. Contudo, é recomendado procurar um Eng. Agrônomo para analisar os componentes
minerais necessários para a formação de um bom substrato e a necessidade outros nutrientes.
(SEBRAE, 2015).
No Brasil são produzidas 30 milhões de toneladas de resíduos orgânicos por ano, mas
apenas 1,6% é destinado à compostagem. Os 98,4% restantes (mais de mil toneladas todos os dias)
vão para os aterros e lixões (A3P, 2013). Para Rocha et al. (2009), cerca de 60% da composição
gravimétrica dos resíduos urbanos é constituída por materiais de origem orgânica, portanto, Lima
(2004) salienta que a compostagem pode contribuir com a redução dos impactos ambientais
decorrentes da disposição inadequada dos resíduos urbanos.
De acordo com o exposto, o presente trabalho objetivou mostrar experiências da utilização
da compostagem visando a prática da agricultura orgânica.
METODOLOGIA
A presente pesquisa caracteriza-se como básica quanto a sua natureza, pois objetiva gerar
conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve e
interesses universais. Quanto à forma de abordagem do problema caracteriza-se como quantitativa,
pois busca por resultados que possam ser quantificados, pelo meio da coleta de dados sem
instrumentos formais e estruturados que possam ser quantificados, pelo meio da coleta de dados
sem instrumentos formais e estruturados de uma maneira mais organizada. Quanto aos fins da
pesquisa, classifica-se como exploratória, pois tem como finalidade proporcionar mais informações
sobre o assunto que se propõe a investigar, possibilitando sua definição e seu delineamento, isto é,
facilidade a delimitação do tema da pesquisa; orientando a fixação dos objetivos, formulando as
hipóteses ou descobrindo um novo tipo de enfoque para o assunto. Quanto aos procedimentos,
classifica-se como bibliográficas, pois é elaborada a partir de material já publicado, constituído
principalmente de: livros, revistas, publicações e artigos científicos, jornais, boletins, monografias,
dissertações, teses, material cartográfico, internet, com o objetivo de colocar o pesquisador em
contato direto com todo material já escrito sobre o assunto da pesquisa (PRODANOV e FREITAS,
2013).
Quanto ao método de abordagem, ou seja, bases lógicas de investigação, o presente estudo
classifica-se como hipotético-dedutivo, pois é um método que inicia-se como um problema ou uma
lacuna no conhecimento científico, passando pela formulação de hipóteses e por um processo de
inferência dedutiva, o qual testa a predição da ocorrência de fenômenos abrangidos pela referida
hipótese. Quanto ao método de procedimentos, ou seja, meios técnicos da investigação, classifica-se
em histórico, pois o foco está na investigação de acontecimentos ou instituições do passado, para
verificar sua influência na sociedade de hoje; considera que é fundamental estudar suas raízes
visando à compreensão de sua natureza e função (PRODANOV e FREITAS, 2013).
Coletou-se dados e informações referente a trabalhos experimentais já realizados publicados
no VIII simpósio brasileiro de engenharia ambiental realizado em Curitiba, no ano de 2015 (ISBN
85-69865-00-7). Ao autores empregados no resultado desta pesquisa foram Silva et al. (2015),
Chiarelotto et al. (2015), Maciel e Carrijo (2015) e Maciel et al. (2015).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O tempo para decomposição da matéria orgânica depende de vários fatores. Quanto maior
for o controle das condições da temperatura e umidade mais rápido será o processo. Se as
necessidades nutricionais da pilha ou leira forem satisfatórias, os materiais adicionados de pequenas
dimensões, mantida a umidade adequada e a pilha revolvida todas as semanas, o composto será
estabilizado dentro de 30 a 60 dias, e curado entre 90 a 120 dias. Após este período estará pronto
para ser utilizado. Percebe-se que o composto está pronto quando não ocorre perda de água, é de cor
escura, está solto e com cheiro de terra. Quando esfregar o composto entre as mãos elas não se
sujam. A Figura 1 mostra o passo a passo do processo de compostagem. O Quadro 1 exibe os
Principais fatores que influenciam no processo da compostagem.
Escolha um lugar
Coloque primeiro o material
sombreado, de fácil acesso
Reduza o tamanho graúdo (o mais adequeado é o de
e, preferencialmente, sobre a
do material, picando poda de árvores e cercaas vivas,
terra, de modo a manter
ou rasgado. devidamente picado) até uma
contato mais íntimo com a
altura de 20 cm.
vida do solo.
Fatores Características
Umidade Garante a atividade microbiana, pois toda a atividade metabólica e de reprodução dos
microrganismos e dos outros organismos que atuam no processo de compostagem
dependem da água. Uma das maneiras de verificar o teor de umidade é apertar o composto
com as mãos: se o mesmo tiver uma concentração de água adequada, poderemos sentir a
umidade e a agregação do material.
Aeração O oxigênio é de vital importância para os microrganismos que realizam a decomposição
dos resíduos orgânicos, pois a decomposição é um processo de oxidação biológica das
moléculas ricas em carbono, com liberação de energia.
Temperatura É de grande relevância no processo de transformação da matéria orgânica é a temperatura
do ambiente onde se realiza o processo. Na compostagem de resíduos orgânicos, em
montes, ou em condições controladas, o calor desenvolvido se acumula, e a temperatura
pode chegar à cerca de 80ºC. É desejável que varie de 60ºC a 70ºC nos primeiros 25 dias
de compostagem e depois naturalmente a temperatura diminui.
Relação C:N A compostagem consiste em se criar condições e dispor, em local adequado, as matérias-
primas ricas em nutrientes orgânicos e minerais, que contenham especialmente, relação
C:N favorável. A relação C/N deve ser em torno de 30/1; isso quer dizer que para cada
parte de nitrogênio, na forma de esterco, devem estar presentes 30 partes de carbono na
forma de palhada.
Tamanho das As partículas dos materiais não devem ser muito pequenas, para evitar a compactação
partículas durante o processo, comprometendo a aeração. Por outro lado, resíduos como colmos
inteiros retardam a decomposição por reterem pouca umidade e apresentarem menor
superfície de contato com os microrganismos.
Sementes, A presença de sementes de plantas invasoras, pragas, patógenos e metais pesados, que
patógenos e interferem na produção agrícola, são considerados agentes indesejáveis. Esses agentes
metais pesados podem ser eliminados no início do processo de compostagem mediante cuidados
na específicos a cada um deles, obtendo-se um produto final com qualidade, ou seja, livre
compostagem desses agentes indesejáveis. Com relação aos patógenos e às sementes e plantas invasoras,
estes podem ser eliminados por meio do processo completo da compostagem. Quanto
maior for a diversidade de materiais para a elaboração do composto, melhor será a
qualidade do produto final em termos nutricionais.
Quadro 1 - Principais fatores que influenciam no processo da compostagem
protegê-los das intempéries ambientais, condicionou-se uma cobertura com telhado de eternit, uma
base de telhas de barro e quatro colunas de madeira enterradas no solo para prover uma boa
sustentação da estrutura em questão. Os resíduos orgânicos utilizados neste experimento foram
coletados durante três semanas no Restaurante Universitário. De acordo com o cardápio das
semanas em questão, identificaram-se resíduos de arroz, feijão, macarrão, mandioca, batata, cascas
de laranja, alface, beterraba, carnes e ossos. Visando facilitar o processo de separação manual dos
compostos orgânicos indesejáveis disponibilizou-se dois recipientes de disposição dos resíduos
orgânicos e em um destes foi anexada uma etiqueta com os seguintes caracteres ―Carnes e ossos‖.
Após serem coletados, os resíduos passaram por um pré-tratamento, que incluiu a triagem e
trituração dos mesmos, estes devem se encontrar livres de quaisquer tipos de carnificinas, gorduras
e ainda, atender uma granulometria de 10 a 50 mm, para que o processo de degradação da matéria
orgânica seja eficiente. De tal modo, os resíduos foram triturados e dispostos em dois dos três
recipientes, utilizando-se o terceiro para revirá-los manualmente. O reviramento dos resíduos
ocorreu semanalmente, assim como as análises laboratoriais, sendo elas pH, teor sólidos voláteis ou
fixos e teor de umidade. A aferição da temperatura foi realizada in loco. As metodologias utilizadas
para as análises dos parâmetros embasaram-se no manual de análises químicas de solos, plantas e
fertilizantes da Embrapa. Com base nos resultados obtidos pode-se afirmar que a composteira se
apresentou como uma eficiente metodologia para transformação de resíduos orgânicos em um
composto estável. Além de ser uma alternativa para os resíduos gerados, esse processo auxiliou a
divulgação de informações bem como a sensibilização da comunidade acadêmica em relação a
problemática dos resíduos sólidos. Visando encontrar soluções ambientalmente corretas e
economicamente viáveis para a destinação dos resíduos orgânicos, os resultados desta pesquisa
foram de significativa importância para que futuramente seja implantado um sistema contínuo de
tratamento dos resíduos orgânicos provenientes da Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Câmpus Francisco Beltrão.
Maciel e Carrijo (2015) pesquisou a compostagem com casca do café cereja, no qual
objetivou realizar a compostagem utilizando resíduo do despolpador de café (casca madura) para
utilização na agricultura. Os materiais utilizados foram casca do café cereja e esterco bovino. A
compostagem foi realizada de forma manual, em um dos canteiros de alvenaria, com dimensões de
1m x 1m x 0,5m, perfazendo 0,5 m3 de capacidade, onde foram colocados 160 l de casca de café e
160 l de esterco bovino, dispostos em camadas sucessivas. Em seguida, foi umedecido e coberto por
uma lona plástica. O material foi revolvido 2 vezes por semana e umedecido quando necessário.
Também foram introduzidas minhocas da Califórnia ao composto. O teste de CRA (Capacidade de
Retenção da Água), utilizando-se 18 garrafas pet cortadas ao meio, 6 diferentes porcentagens de
mistura composto/solo (0; 20; 40; 60; 80 e 100% de composto) totalizando 1 kg, com 3 repetições,
onde foi adicionado água, pesado e deixando o excesso de água escoar até o dia seguinte, quando o
solo atingiu a sua máxima capacidade de retenção de água, denominada de Capacidade de Campo
(CC). O composto foi retirado e peneirado, condicionado em vasos, para cultivo de alface. Foram
utilizadas as mesmas proporções de composto/solo para determinação da CRA. Em seguida foram
plantadas as mudas de alface e acomodadas na estufa, onde foram realizados os procedimentos de
manutenção e irrigação para seu desenvolvimento. Pelos resultados obtidos pode-se afirmar que a
compostagem é uma forma adequada para a destinação final da casca do café cereja, resultante do
processo de despolpamento, se tornando uma boa fonte de macro e micronutrientes para as plantas,
corrige a acidez do solo e aumenta a capacidade de retenção de nutrientes, entre outros benefícios.
Também melhora a capacidade de retenção de água do solo. A compostagem do café cereja é rápida
e eficiente quando complementada com esterco de gado, minimizando impactos ambientais e
evitando sua disposição em locais inadequados nas propriedades agrícolas.
Maciel et al. (2015) analisou a compostagem a partir de resíduo orgânico doméstico, no qual
objetivou desenvolver um processo de compostagem a partir de resíduos sólidos orgânicos
domésticos, coletados seletivamente, visando a utilização do produto final como insumo para hortas
domésticas. O experimento foi conduzido na área externa de uma residência, localizada no
município de Espirito Santo do Pinhal-SP. Para a construção da composteira foram utilizados
tambor de 100 litros, pá de jardinagem, aparas de árvores, arbustos e grama seca (como fonte de
carbono) e lixo orgânico gerado na residência (como fonte de nitrogênio). Os resíduos orgânicos,
foram introduzidos semanalmente na composteira, por um período de 30 dias, até o preenchimento
de cerca de 50% do volume da mesma, promovendo-se o revolvimento destes a fim de que os
mesmos fossem incorporados à massa de resíduos e aerados. O controle de umidade foi realizado
por meio de um teste prático e simples, conhecido como teste da esponja. No processo de
compostagem, a temperatura é o fator mais indicativo da ação dos microrganismos, e que mostra a
eficiência do processo. Após o preenchimento de cerca de 50% do volume da composteira com
resíduos orgânicos, deu-se início ao monitoramento da temperatura da massa em compostagem, já
que, a partir daí, se dispunha de quantidade suficiente de resíduos para proporcionar um ambiente
favorável ao processo. A temperatura da massa orgânica na composteira foi medida semanalmente,
com o auxílio de uma barra de ferro e termômetro. Decorridos três meses de compostagem, foi
retirado da pilha o material que ainda não estava degradado com o auxílio de uma peneira. Em
seguida, o composto foi utilizado em vasos, dentro da própria residência para cultivo de alface e
almeirão. A compostagem doméstica se mostrou uma boa alternativa para a reciclagem de resíduos
sólidos orgânicos domiciliares e, no período de 90 dias, originou um composto com boas
características produzidos a partir de resíduos sólidos orgânicos gerados dentro da residência com
um potencial poluidor está gerando um adubo para plantas. A compostagem doméstica de resíduos
CONCLUSÃO
tratamento com a técnica da compostagem, de baixo custo e que agrega valor ao resíduo
transformando-o em possível insumo agrícola.
REFERÊNCIAS
FAO. 1980. A Manual of Rural Composting. FAO/UNDP Regional Project RAS/75/004. Field
Document 15.
LIMA, L. M. e Q. Lixo: tratamento e biorremediação. 3. ed. rev. e aum. São Paulo: Hemus, 2004. p.
71-116.
MACIEL, A. C. C., CARRIJO, E. R. Compostagem com Casca do Café Cereja. Anais... VIII
Simpósio Brasileiro de Engenharia Ambiental, Curitiba, Paraná, 2015.
PEREIRA NETO, J. T. Manual de compostagem: processo de baixo custo. Ed. ver. UFV. Viçosa-
MG, 2007, 81 p.
ROCHA, J. C.; ROSA, A. H.; CARDOSO, A. A. Introdução à química ambiental. 2. ed. Porto
Alegre: Bookman, 2009. p.232-235.
RESUMO
Em relação a maioria dos municípios Brasileiros a educação deixa muitas lacunas a preencher,
principalmente nas escolas do campo, no que se refere a metodologias e didáticas diferenciadas e
referentes a temas transversais. Este trabalho faz parte de uma ação desenvolvida pelo projeto de
Extensão intitulado: Agroecologia e educação para convivência com o semiárido, onde na
experiência da oficina relatada, buscou-se trabalhar temas como: a formação crítica dos educandos a
partir da compreensão do processo histórico do Brasil e do Nordeste, a origem do campesinato, a
valorização do sujeito do campo e aspectos introdutórios sobre a agroecologia e o Semiárido
Brasileiro. A oficina contemplou cerca de 60 educandos/as de escolas públicas do município de
Arara-PB e Solânea-PB. Contou com o apoio da equipe gestora das escolas envolvidas, de
educandos/as colaboradores/as do projeto Agroecologia e educação para convivência com o
semiárido e com a Rede de Educação do Semiárido Brasileiro (RESAB). Foi observada a
diversidade de conhecimentos dos/as educandos/as participantes do projeto e o interesse dos/as
mesmos/as nas atividades desenvolvidas, de maneira que todos/as se envolveram no processo de
ensino, possibilitando assim, a construção de conhecimentos múltiplos. Com isso, percebeu-se que
as escolas públicas deveriam trabalhar com metodologias mais participativas, pois os estudantes
teriam a possibilidade de serem protagonistas do próprio conhecimento e o aprendizado se daria de
uma maneira mais lúdica e contextualizada.
Palavras-chave: Processo histórico do Brasil, Educação do campo, Campesinato, Escola pública.
ABSTRACT
Regarding most municipalities Brazilian education leaves many gaps to fill, especially in rural
schools, as regards the methodologies and teaching differentiated and related cross-cutting issues.
This work is part of a program developed by the Extension project entitled: Agroecology and
education for coexistence with the semiarid region where the workshop sought to work the critical
training of students from the understanding of the historical process in Brazil and the Northeast,
origin of peasantry, human appreciation of the field and introduction to agroecology and the
Brazilian semiarid region. the workshop included about 60 student of public schools in the
municipality of Arara-PB and Solan-PB. Stopped supporting the management team of the schools
involved, employees of Agroecology and education project for coexistence with the semi-arid and
semi-arid Brazilian Education Network (RESAB). It was observed the diversity of knowledge of the
student participants and the interest of even the developed activities, since everyone involved in the
teaching and learning process thus forming a multiple knowledge. Showing that public schools
should work in a more participating methodology, since the students would become protagonists
and learning would take place in a more playful and contextualized way.
Keywords: Historical process of Brazil, Rural education, Peasants, Public school.
INTRODUÇÃO
DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA
Figura 1. Estudantes das escolas comtempladas com o projeto: A) E.M.J.S.C. Solânea-PB e B) E.E.E.F.
Arara-PB.
O projeto teve apoio das equipes gestoras das escolas envolvidas, de estudantes
colaboradores do projeto e da Rede de Educação do Semiárido Brasileiro (RESAB), que é um
espaço de articulação política regional da sociedade organizada, congregando educadores/as e
instituições governamentais e não-governamentais, que atuam na área de educação no Semiárido
brasileiro, sem preconceitos de cor, raça, sexo, origem política, social, cultural ou econômica, com
o intuito de elaborar propostas de políticas públicas no campo educacional e desenvolver ações que
possam contribuir com a melhoria da qualidade do ensino e do sistema educacional do semiárido
brasileiro.
Os municípios de Arara e Solânea estão localizados no estado da Paraíba e incluídos na área
geográfica de abrangência do Semiárido brasileiro, inseridos na unidade geoambiental do Planalto
da Borborema e o bioma predominante é o da caatinga. O município de Solânea está localizado na
Mesorregião do Agreste Paraibano e na Microrregião do Curimataú Oriental, onde encontra-se
inserido nos domínios da bacia hidrográfica do Rio Curimataú. Já o município de Arara, está
localizado na Mesorregião do Agreste Paraibano e na Microrregião do Curimataú Ocidental e
encontra-se inserido nos domínios da Bacia hidrográfica do Rio Mamanguape. O pertencimento à
região, aponta para a importância de se trabalhar a educação para a convivência com o Semiárido.
O Semiárido brasileiro corresponde a uma territorialidade que, segundo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), abrange 18,2% (982.564 Km²) do território nacional, e
abriga 11,84% da população do país, onde mais de 22,5 milhões de brasileiros/as vivem na região,
sendo 14 milhões na área urbana e 8,5 milhões no espaço rural. Dessa área, a Região Nordeste
concentra em torno de 89,5%, abrangendo a maioria dos estados nordestinos, com a exceção do
Maranhão, e o Estado de Minas Gerais, situado na Região Sudeste, possui os 10,5% restantes
(103.589,96 km²). Segundo a ASA (Articulação Semiárido Brasileiro) quase 41,3% da população
(10,9 milhões de pessoas) são crianças e adolescentes na faixa etária de 0 a 17 anos, e 81% dessa
população encontrar-se em comunidades quilombolas de todo o Brasil. Apresenta uma
diferenciação ecológica marcante, rica em biodiversidade, mais é olhado pelo ritmo capitalista a
partir das condições climáticas enquanto espaço de seca, pobreza e êxodo rural.
A oficina foi desenvolvida em vários momentos. No primeiro momento, a sala de aula foi
organizada em forma de círculo, para que o encontro se tornasse algo mais dinâmico, dialógico e
participativo, numa construção coletiva de conhecimento. Trabalhar desse modo incentiva os
próprios educadores das escolas envolvidas a saírem da forma padrão na qual os educandos estão
acostumados, as carteiras sempre enfileiradas, habituadas a décadas atrás e utilizada ainda hoje nas
escolas públicas e particulares de todo o país, tal modo de organização do espaço tiram o aspecto
coletivo tão bem proposto na educação contextualizada. Seguindo essa perspectiva de mudança de
paradigmas SOARES (2017) afirma que:
Em seguida, deixamos o ambiente mais místico, onde foi colocado no centro da sala uma
esteira com objetos que representassem um pouco da cultura dos povos do campo, a natureza e
saberes populares, para assim tornar o ambiente mais agradável, lúdico e contextualizado com o
Semiárido. As atividades iniciaram com a utilização de dinâmicas de apresentação em grupo,
músicas e brincadeiras acerca da temática proposta (figura 2).
RESULTADOS
conscientes e preocupados com a harmonia do homem com o meio em que vive, as escolas
envolvidas não trabalham a temática em sala de aula. Devido a isso, os/as educandos/as envolvidos
tiveram certas dificuldades em suas pesquisas e apenas relacionaram a temática com a agricultura
familiar e a produção orgânica.
Desenvolver a temática agroecologia no ambiente escolar, significa ampliar as diversidades
pedagógicas desenvolvidas em atividade ambientais, realizando integração das teorias e práticas de
forma contextualizada, estreitando as relações entre o conhecimento, os estudantes e o meio,
auxiliando no processo de ensino/aprendizagem através do trabalho coletivo entre os atores/atrizes
envolvidas, já que o meio ambiente é um tema transversal dos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs), que através da educação ambiental tem o objetivo de informar, orientar, conscientizar e
mobilizar a população sobre a agricultura sustentável, integrando os educandos e as comunidades,
contribuindo para a conscientização e sensibilização sobre a preservação do ambiente (ALMEIDA,
2006).
As atividades de valorização e identidade do sujeito do campo, como os vídeos do Chico
Bento, um típico indivíduo camponês de um universo rural, demostraram a vivência das tradições
camponesas. As histórias de Chico Bento resgatam as tradições camponesas, os valores morais para
a contemporaneidade e a preservação do meio ambiente e ecologia. Os desenhos foram importantes
ferramentas para se trabalhar as diferenças do mundo rural e urbano na percepção dos/as
educandos/as envolvidos e relacionar o campo como espaço de pluralidade e importante para o
processo de desenvolvimento econômico e social do país.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
SANTOS (2007), Renovar a teoria crítica e reinventar a emancipação social. 1 ed. São Paulo:
Boitempo.
SOARES, Alexandre Aparecido. A importância das escolas sem fileiras e a melhora na relação
professor e alunos. Disponível em: <http://www.neteducacao.com.br/as-caras-da-educacao/a-
importancia-das-escolas-sem-fileiras-e-a-melhora-na-relacao-professor-e-alunos>. Acesso em:
20 jul. 2017.
RESUMO
O presente trabalho sintetiza parte das experiências da Residência Agrária no município de
Solânea/PB, durante um estágio de vivência realizado por estudantes do curso de bacharelado em
agroecologia, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), campus III, Bananeiras/PB. Objetiva
descrever parte da vivência do estágio de Residência Agrária do programa do CCHSA Centro de
Ciências Humanas Sociais e Agrárias campus III da UFPB. Esse estágio teve como base os projetos
de Produção Agroecológica e Gestão de Feiras Agroecológicas e a formação de estudantes do curso
de agroecologia envolvendo também o entendimento da concepção do processo saúde, doença e
cuidado na utilização da medicina popular. O estudo possibilita também a sistematização do
conhecimento das ervas, utilizado pelas agentes de cura, buscando a sua valorização com base na
agroecologia. O estágio foi construído coletivamente pelos parceiros do projeto e dividido em 4
etapas: Etapa I – Preparação dos estagiários, Etapa II – Vivência I, Etapa III – Intermediária, Etapa
IV – Vivência. O Programa de Residência Agrária contribui para a formação de profissionais
qualificados e comprometidos com a sociedade de maneira geral e com os agricultores familiares,
fortalecendo a participação e a cidadania da população.
Palavras Chave: Residência Agrária, Pedagogia da alternância, Medicina popular.
ABSTRACT
The present work synthesizes part of the experiences of the Agrarian Residence in the municipality
of Solânea / PB, during a stage of life realized by students of the baccalaureate course in
agroecology, Federal University of Paraíba (UFPB), campus III, Bananeiras / PB. It aims to
describe part of the experience of the Agrarian Residence stage of the program of the CCHSA
Center for Social and Agricultural Human Sciences campus III of the UFPB. This stage was based
on the projects of Agroecological Production and Management of Agroecological Fairs and the
training of students of the course of agroecology involving also the understanding of the conception
of the process health, disease and care in the use of popular medicine. The study also allows the
systematization of the knowledge of the herbs, used by the curing agents, seeking their valorization
based on agroecology. The stage was built collectively by the partners of the project and divided
into 4 stages: Stage I - Preparation of trainees, Stage II - Experience I, Stage III - Intermediate,
Stage IV - Experience. The Agrarian Residence Program contributes to the training of qualified
professionals committed to society in general and to family farmers, strengthening the participation
and citizenship of the population.
Keyword: Agrarian Residence, Popular Medicine and Phytotherapy
INTRODUÇÃO
Este trabalho é oriundo das experiências vivenciadas em Pedra Grande zona rural de
Solânea/PB, e tem como características explanar a realidade vivenciada pelas agricultoras e
observar, a partir de um olhar construído no Estágio de Vivência (Residência Agrária) oferecido aos
estudantes do curso de agroecologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Campus III, a
importância para o estudante em agroecologia de fazer parte dessa integração. As atividades deste
trabalho estavam vinculadas aos Projetos: Produção agroecológica e Gestão de Feiras
agroecológicas, nos Municípios de Solânea e Bananeiras na Paraíba, desenvolvido por alunos da
UFPB em parceria com sindicatos, associações comunitárias de trabalhadores rurais e com a
Organização Não Governamental de Integração da Família (ONGIFA) em 2013. Formação de
Estudantes e Qualificação, Profissional para a Assistência Técnica e Extensão Rural – Programa de
Residência Agrária.
Para darmos início às atividades realizamos reuniões com os estudantes nas quais foram
distribuídas enformes para cada um deles de como seria o envolvimento desses estudantes que iriam
participar da residência agrária, e assim com envolvimento dos presidentes das instituições
envolvidas, bem como da ONGIFA (Organização não Governamental da Integração da Família). A
Residência Agrária buscou proporcionar uma troca de saberes, bem como momentos de interação
entre o saber teórico-científico construído na Universidade, o saber popular do povo do campo e as
práticas desenvolvidas por eles em seu local de trabalho e vida cotidiana.
Serão relatadas neste trabalho as experiências vivenciadas junto às famílias de Pedra
Grande, buscando levar o leitor a entender a realidade atual dos pequenos agricultores familiares.
Os Projetos: produção agroecológica e Gestão de Feiras Agroecológicas, serviram de base
para este trabalho, na formação de estudantes do curso de agroecologia promovendo uma formação
humanista de estudantes dos cursos de ciências agrárias para atuarem em áreas de reforma agrária e
agricultura familiar com ações de pesquisa-ação promovendo o desenvolvimento sustentável de
forma crítica e participativa.
Observa-se nessa vivência a importância de compreender o uso de plantas medicinais e as
concepções populares sobre o processo saúde-doença-cuidado a fim de contextualizar a utilização
de ervas por um grupo social específico. O entendimento do campo da saúde como saberes e
práticas que disputam o monopólio do cuidado, acrescido do efeito dessa disputa sobre os pacientes,
abre a possibilidade de adoção de diferentes itinerários terapêuticos por parte desses últimos.
Além da contribuição para a formação dos estudantes, o estudo possibilita a sistematização
do conhecimento sobre ervas que, atualizado por meio dos ―Agentes de Cura‖, faz parte da
memória popular, inscrevendo-se num contínuo movimento de lembranças e esquecimentos.
Na experiência do estágio de vivência, os universitários passam a morar com a ervadeira em
suas comunidades rurais, atendida pelo programa de residência agrária, com cada um dos estudantes
em cada comunidade distinta e determinada conforme a resolução do projeto e suas atribuições, que
receberam esses estudantes durante duas semanas. Esta fase é caracterizada pela não intervenção na
propriedade rural, onde os estagiários que vivenciam a realidade desta comunidade, pode participar
das melhorias na forma de trabalho, como desenvolver procedimentos para o trabalho manual, sem
intervenção. A experiência nas propriedades rurais permite vivenciar e compreender a realidade da
vida no campo de forma que estabelece a troca de conhecimentos sobre seu modo de vida e de
cultivo, de maneira que possa contribuir na sua organização econômica, política e social dentro de
suas limitações a cada realidade. Esse trabalho tem por objetivo entender a concepção do processo
saúde; doença, cuidado, com a utilização da medicina popular, além da contribuição para a
formação acadêmica o estudo possibilita a sistematização do conhecimento das ervas, utilizado
pelas agentes de cura, buscando a valorização com base na agroecologia.
A pesquisa é enquadrada no enfoque qualitativo e classificada nos níveis descritivo, de
campo e bibliográfico. Foi realizado um roteiro de diagnósticos participativo com a finalidade de
colher experiência Pedra Grande.
O presente trabalho foi realizado no âmbito dos projetos de Estágio de Vivência da
Residência Agrária, Produção Agroecológica e Gestão de Feiras Agroecológicas, nos Municípios de
Solânea na Paraíba, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). As comunidades acompanhadas
foram: Saco dos Campos, Salgados, Jacaré, Pedra Grande.Gruta de Santa Tereza, Chã de Solânea.
Os costumes culturais da gruta ―Pedra Grande‖ são peculiares e locais, típicos paraibanos,
nordestinos, com sotaques nordestinos são pessoas humildes e ricas por sua nobreza, e honestidade,
são bem religiosos, a família da vivencia é católica frequenta terços nas quartas e missa aos
domingos, frequentemente celebrada uma vez por mês. Na comunidade as mulheres exercem um
trabalho de arredores de casa, trabalhando com farmácia viva, artesanatos e feiras. Pedra Grande
situa-se em um dos principais municípios do Brejo Paraibano município no estado da Paraíba
(Brasil), localizado na microrregião do Curimataú Oriental. De acordo com o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), no ano de 2010 sua população era estimada em 26.693
habitantes. O sistema urbano Solânea-Bananeiras possui peso demográfico e
geopolítico/geoeconômico similar ao de Guarabira. Clima tropical com estação seca. Existem mais de
cinquenta famílias, o nome Pedra Grande está relacionado á grande pedra que existe.
Durante o período de acompanhamento e apoio técnico foram feitas reuniões a respeito das
atividades que seriam realizadas na propriedade na qual foi estabelecida a melhor forma de intervir
junto a cada família atendida pelo programa de residência agrária. Essas reuniões foram realizadas
dentro das dependências da ONGIFA e da UFPB nas quais se encontravam presentes todos os
integrantes das feiras agroecológicas do município de Solânea e Bananeiras, ambos paraibanos.
Foram promovidos diálogos por meio de reuniões com os professores, nos quais os
estudantes obtinham orientações acerca da atuação favorecendo o desempenho para realização da
vivência sendo divididas em quatro etapas:
Etapa I – Preparação dos estagiários, com duração de 2 dias, onde foram ministradas aulas e
palestras, místicas, realizadas oficinas e visitas em agricultor experimentador objetivando
preparar teórica e praticamente os estagiários para a fase de Vivência;
Etapa II – Vivência I, com duração de 1 dia, em que os estagiários permaneceram nas
comunidades com o objetivo principal de conhecer e interagir com as pessoas, estreitando o
relacionamento estagiário- comunidade. Os integrantes ficaram alojados nas residências dos
agricultores assentados, destinados a vivência;
Etapa III – Intermediária, com duração de 2 dias, em que foi feita a avaliação parcial do
estágio e foram realizadas oficinas de técnicas de Planejamento Participativo e Diagnóstico
Rápido Participativo (DRPS); croqui da propriedade;
Etapa IV – Vivência II – com duração de 15 dias, na qual os estagiários voltaram às
comunidades com o intuito de confeccionar os diagnósticos participativos da realidade local
e de potenciais parceiros das comunidades;
O Programa Residência Agrária (PRA) surgiu como uma iniciativa do PRONERA, suas
ações se desenvolvem no âmbito das políticas públicas de educação do campo de das políticas
públicas, essas ações são executadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(INCRA) e pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). A formação profissional
idealizada para o Residência Agrária foi concebida considerando-se a materialidade do trabalho nas
áreas de Reforma Agrária e Agricultura Familiar, a partir dos desafios completos que a escolha
política e ideológica para a construção de um modelo de desenvolvimento rural diferente do
hegemônico (principalmente das consequências sociais e ambientais que produz) coloca para a
execução de políticas públicas (Esmeraldo, 2009, p. 17). De acordo com Esmeraldo (2009), o
principal objetivo desse programa é criar novas estratégias de formação para estudantes e
profissionais das Ciências Agrárias, preparando-os para uma atuação capaz de compreender as
necessidades e ver a realidade e as necessidades da comunidade e a especificidades dos processos
de produção e de promoção do desenvolvimento rural no âmbito da reforma agrária e da agricultura
familiar. (ESMERALDO, 2009)
Etapa II – Vivência I, com duração de 1 dia, em que os estagiários permaneceram nas comunidades
com o objetivo principal de conhecer e interagir com as pessoas, estreitando o relacionamento
estagiário-comunidade. Os integrantes ficaram alojados nas residências dos agricultores assentados,
destinados aos estagiários; Nesta fase aconteceram trocas de saberes e experiências entre os
agricultores e os estagiários destinados a conhecer a propriedade.
Figura 2: Primeira visita farmácia viva de Solânea- PB pedra grande antecedendo a residência agrária.
Essa experiência tem grande importância, tanto para Agricultura Familiar, valorização de
trabalho com plantas medicinais, quanto para a formação profissional. Os estudantes em formação
profissional na área de agroecologia têm a possibilidade de participar de uma vivência inédita em
suas vidas dentro da unidade de produção familiar, acolhimento como membro da família
acompanhando o desenvolvimento das técnicas de plantio relacionadas para a produção de
subsistência de alimentos, conhecimento da farmácia viva e sobre as ervas medicamentos, preparo
de medicamentos, procedimentos básicos de manejo com animais pequenos ruminantes como
bovinos e aves animais rusticamente adaptados à convivência com o homem do campo no
semiárido paraibano.
Os profissionais que se submetem a essa vivência tornando-se uma experiência importante
que serve não só para um aperfeiçoamento profissional, mas contribui significativamente para a
formação humana do profissional, compreendendo os valores da vida, realidade e prática,
destacando o modo de produção agroecológica com suas formas e técnicas e seu vasto
conhecimento popular, esses jovens tiveram a oportunidade de conhecer diversidade de plantas
medicinais, como é seu cultivo, identificação das ervas.
Para Guzmán Casado et al (2000 p.81)
Assim como os saberes populares em saúde. Devemos buscar sempre aprender e sempre
ensinar mais. Muitos problemas de saúde podem ser prevenidos e tratados em casa pelas pessoas,
quando essas recebem instruções simples e claras. Então, se queremos ver nossa comunidade
saudável, não devemos guardar segredos sobre o que aprendemos, mas sim pensar em maneiras de
divulgar as informações. A comunidade poderá assim participar ativamente da construção de sua
própria e duradoura saúde. A palavra ―higiene‖, de origem grega, significa ―arte de viver‖. Ela
significa que devemos combater não apenas a enfermidade (sintomas, mal-estar, resposta de defesa
do corpo), mas sim as causas (os maus tratos que causamos a nós mesmos, a forma de vida
inadequada). O tratamento dos sintomas é apenas uma forma de continuar maltratando nossos
corpos, que já estão cansados. O ato de cuidar vai além de preparar e oferecer medicamentos.
Primeiramente, o cuidado deve acontecer independentemente da presença de doenças. Tendo um
Setor de Saúde cada vez mais forte e organizado, nossa comunidade deve ter cada vez menos
doenças, que é bem diferente de ter cada vez mais medicamentos. Além disso, as pessoas doentes
necessitam mais de atenção, carinho e compreensão do que de medicamentos. Não adianta fazermos
um chá para o doente e depois nem voltarmos para saber se fez ou não fez efeito. Então precisamos
acompanhar todo o tratamento, até a cura.
O trabalho com farmácia viva, tem um papel importante na comunidade para atender
pessoas da própria comunidade e de outras cidades, assim Dona Isabel por meio de sua experiência
de agricultora experimentadora leva para mulheres ervas e medicamentos para tratamentos do corpo
e do espírito.
experiências com outras mulheres que trabalham com fitoterápicos. Sempre na luta pelo o
empoderamento da mulher, ―Dona‖ Isabel sofria com a cobrança e não aceitação do parceiro com
seu emprego de ―agente de cura‖, com sua tripla jornada, ela mulher guerreira acordava cedo para
cuidar da casa, cultivo, reuniões no sindicato, programa de rádio, onde tratava a saúde da mulher,
trabalhos de preparos com medicamentos e presença na igreja. Assim tentei acompanhar sua rotina
e luta. Conhecida como ―doutora‖ está sempre pronta para auxiliar a comunidade.
Figura 3: Entrega dos certificados da residência agrária na sala da UFPB Campus III Bananeiras- PB
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa experiência proporcionou grande importância, tanto para Agricultura Familiar, quanto
para a formação profissional dos estudantes que participaram do projeto de Residência Agrária.
Nesse projeto baseado na pedagogia da alternância os estudantes em formação profissional na área
de ciências agrárias têm a possibilidade de participar de uma vivência inédita em suas vidas dentro
da unidade de produção familiar, acompanhando o desenvolvimento das técnicas de plantio
relacionadas para a produção de subsistência de alimentos e trabalho com farmácia viva, também
técnicas e procedimentos com medicamentos naturais e caseiros com ervas, mostrando que mesmo
com os avanços dos medicamentos sintéticos, os medicamentos fitoterápicos seu espaço na
comunidade.
Destacando o modo de produção do agricultor familiar com suas formas e técnicas e seu
vasto conhecimento empírico, esses jovens tiveram a oportunidade te vivenciar o cultivo,
procedimentos de tratos culturais, colheita, beneficiamento e até a comercialização dos produtos
oriundos da produção.
Este programa representa uma proposta inovadora de formação profissional nos cursos
agrários, na medida em que se consegue atrelar a teoria à prática, o saber profissional ao saber
popular.
REFERÊNCIA
GUZMÁN C. G.; GONZÁLEZ M., M.; SEVILLA G., E. (Coord.). Introducción a laagroecología
como desarrollo rural sostenible. Madrid: Ediciones Mundi-Prensa, 2000.
MEDEIROS, M. B.; MACEDO, G.; ARAÚJO, L.F. Caderno de licenciatura em Ciências Agrárias
Plantas Medicinais. Bananeiras: Editora Universitária – UFPB, 2011.
MEDEIROS, M. B.; MACEDO, G.; ARAÚJO, L.F. Caderno de licenciatura em Ciências Agrárias
Educação do Campo e Movimentos Sociais. Bananeiras: Editora Universitária – UFPB, 2011.
RESUMO
Objetivou-se com esta pesquisa avaliar o rendimento da polpa, verificar a aceitação sensorial e
também a intenção de compra das diferentes amostras de doce de Xique-xique. Para avaliar o
rendimento, pesou-se um quilo de massa crua e feita a comparação após o seu cozimento,
repetindo-se três vezes para obtenção do rendimento médio. Para a análise sensorial foram
elaboradas quatro amostras distintas: amostra 1 (doce puro de xique-xique), amostra 2 (doce de
Xique-xique com erva-doce), amostra 3 (doce de Xique-xique com calda de maracujá) e amostra 4
(doce de Xique-xique com calda de caju). Após as amostras prontas, foram aplicados testes de
aceitação sensorial com noventa avaliadores não treinados no Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia – campus Ipanguaçu, utilizando-se escala hedônica, estruturada de 9 pontos,
realizando também a pesquisa de intenção de compra caso o produto estivesse no mercado. Para o
rendimento do doce de Xique-xique, em um quilo de massa crua obteve-se 434 g após o cozimento.
Quanto à aceitação global, a amostra 4 foi a mais bem aceita dentre as avaliadas, visto que 26,7%
dos avaliadores gostaram muito, enquanto que as 1, 2 e 3 foram avaliadas como ―Gostei
ligeiramente‖ (23,3%), ―gostei regularmente (21,1%) e ―gostei ligeiramente (22,2%),
respectivamente. Com relação à intenção de compra a amostra 1 apresentou maior intenção de
compra entre os avaliadores, visto que 26,7% dos avaliadores certamente compraria o produto.
Conclui-se que dentre as amostras avaliadas, a amostra 1 (doce de Xique-xique com calda de caju)
obteve uma boa aceitabilidade sensorial.
Palavras-chave: Cactácea, Pilosocereus gounellei, Rendimento.
ABSTRACT
The objective of this research was to evaluate the yield of pulp, check the sensory acceptance and
also the intention to purchase the different samples of sweet Xique-xique. To evaluate the
performance, weighed a kilo of raw dough and made the comparison after its cooking, repeating
three times to obtain the average income. For the sensory analysis were prepared four different
samples: Sample 1 (sweet pure xique-xique), sample 2 (sweet Xique-xique with fennel), sample 3
(sweet Xique-xique with passion fruit syrup) and sample 4 (sweet Xique-xique with cashew sauce).
After the ready samples, sensory acceptance tests were applied ninety evaluators not trained at the
Federal Institute of Education, Science and Technology - campus Ipanguaçu, using hedonic scale,
structured in 9 points, also making buying intention survey if product was in the market. For the
yield of sweet Xique-xique in a kilo of raw dough yielded 434 g after cooking. As for global
acceptance, the sample 4 was better accepted among the evaluated since 26.7% of the evaluators
loved, while 1, 2 and 3 were evaluated as "somewhat liked" (23,3%), "I liked it regularly (21.1%)
and" like slightly (22.2%), respectively. Regarding intention to purchase the sample 1 showed
higher purchase intent among raters, since 26.7% of the evaluators certainly buy the product. It is
concluded that among the evaluated samples, sample 1 (sweet Xique-xique with cashew sauce)
obtained a good sensory acceptability.
Keywords: Cactaceae, Pilosocereus gounellei, Performance.
INTRODUÇÃO
Segundo Rocha e Agra (2002), as plantas cactáceas possuem um papel importante na
economia rural do Nordeste do Brasil, quanto ao seu valor forrageiro. Algumas espécies servem
como alimentação para bovinos, caprinos e ovinos, principalmente na época de estiagem.
Além de serem aproveitadas na pecuária nordestina, as cactáceas servem como fonte
alternativa na alimentação humana, mesmo tendo apresentado ainda pouco espaço (MOURA FÉ et
al., 2013)
De acordo com Barbosa (1998), o Xique-xique (Pilosocereus gounellei) é uma espécie
endêmica do semiárido brasileiro, podendo ser encontrada desde o Maranhão até a Bahia, com
ampla distribuição na caatinga, adaptando-se à solos areno-pedregosos e afloramentos rochosos, em
altitudes de até 800 m, sobre rochas graníticas. É uma cactácea de tronco ereto, com galhos laterais
afastados e descrevendo suavemente uma curva ampla em direção ao solo, armado de espinhos
fortes, de coloração verde-opaca; possui flores tubulosas, noturnas, grandes e brancas, com antese
às dezessete horas; frutos do tipo baga, arredondados, achatados em ambos os pólos, avermelhados,
com polpa purpúrea e pequenas sementes prestas e luzidias; frutifica de março a outubro.
A polpa do Xique-xique vem sendo utilizada por populações rurais na elaboração de
biscoitos, bolos e doces, sem, no entanto, terem conhecimento das suas características físico-
químicas. Esta polpa tem uma consistência que lembra o mamão verde, quando seca e transformada
em pó apresenta aroma agradável e delicado, podendo ser incorporada ao trigo para a elaboração de
produtos de panificação. Por ser uma planta excepcionalmente adaptada às condições do semiárido
nordestino, merece ser objeto de trabalhos que estimulem seu aproveitamento como fonte de
alimento e renda, visto que pode ser produzida em escala, aproveitando a vantagem comparativa
que advém de sua adaptação ao clima e solo (ALMEIDA et al., 2007).
Neste trabalho objetivou-se avaliar o rendimento da polpa, verificar a aceitação sensorial e
também a intenção de compra das diferentes amostras de doce de Xique-xique.
METODOLOGIA
A matéria-prima utilizada para a elaboração do doce de Xique-xique foi coletada no
município de Itajá – RN.
Além da elaboração do doce, também foi avaliado o seu rendimento. Para isto, pesou-se um
quilo de massa crua (polpa do Xique-xique após retirada da casca) e foi feita a comparação após o
seu cozimento, repetindo-se três vezes para obtenção do rendimento médio.
Para a análise sensorial foram elaboradas quatro amostras distintas: amostra 1 (doce puro de
xique-xique), amostra 2 (doce de Xique-xique com erva-doce), amostra 3 (doce de Xique-xique
com calda de maracujá) e amostra 4 (doce de Xique-xique com calda de caju).
Para a obtenção do doce de Xique-xique (puro), utilizou-se 434g de Xique-xique e 283 g de
açúcar. Deve-se cozinhar o talo em panela de pressão, após 5 minutos de cozimento, retirar a casca
do talo e em seguida passar no liquidificador para fazer a massa. Depois deve-se colocar a massa
obtida numa panela, adicionar o açúcar e deixar cozinhar até dar o ponto (o ponto da quando o doce
fica grosso). Assim obteve-se a amostra 1. Para a obtenção da amostra 2, foi adicionada a erva-doce
à gosto durante o cozimento da massa pronta. Para a elaboração das amostras 3 e 4, utilizou-se o
doce de xique-xique acrescentando apenas a calda de maracujá e a calda de caju na respectiva
amostra.
Após as amostras prontas, foram aplicados testes de aceitação sensorial com noventa
avaliadores não treinados no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – campus
Ipanguaçu, onde foram analisados os parâmetros de aceitação global, cor, odor, textura e sabor,
utilizando-se escala hedônica (PERYAM e PILGRIM, 1957), estruturada de 9 pontos, onde 9
representava a nota máxima ―gostei muitíssimo‖, 5 representava ―Indiferente‖ e 1 a nota mínima
―desgostei muitíssimo‖, realizando também a pesquisa de intenção de compra caso o produto
estivesse no mercado, conforme a Figura 1.
Figura 1 - Ficha modelo disponibilizada no teste sensorial das diferentes amostras de doce de Xique-xique.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Quanto ao perfil dos avaliadores, 91,1% eram estudantes e 8,9%, servidores. A maior parte
era do sexo feminino (62,2%) e com idade entre 16-20 anos (76,7%) (Gráfico 1).
Percentual
76,7
10 7,8
Outros 5,6% corresponderam a duas pessoas com idade entre 31 e 35 anos (2,2%), uma
pessoa com idade entre 36 e 40 anos (1,1%) e duas com idade acima de 40 anos (2,2%). Não
participaram desta pesquisa pessoas com menos de 16 anos.
Quanto à aprovação do produto, para as duas primeiras amostras, os avaliadores se disseram
indiferentes quanto ao parâmetro cor do produto, 25,6% e 23,3%, respectivamente, sendo as
amostras 3 e 4 as mais aceitas (24,4%) por obterem ―gostei ligeiramente‖.
Quanto ao odor, as amostras mais bem aceitas foram as amostras 2 e 4, com o mesmo
percentual (20%), sendo que para a primeira obteve-se como resposta um ―gostei ligeiramente‖ e a
segunda, ―gostei regularmente‖. Enquanto que as amostras 1 e 3, com o mesmo percentual (18,9%),
os avaliadores mostraram-se indiferentes.
Para o parâmetro sabor, a maior preferência foi para a amostra 4, em que 23,3% dos
avaliadores gostaram muito. As outras três amostras, 1, 2 e 3, foram bem avaliadas, visto que
15,6%, 25,6% e 23,3% dos avaliadores gostaram ligeiramente, regularmente e ligeiramente,
respectivamente.
Para a textura, a amostra 2 teve o maior percentual de aceitação, onde 24,4% dos avaliadores
gostaram muito, semelhante às amostras 3 e 4, sendo estas com um percentual menor, 20% e
22,2%, respectivamente. Enquanto que amostra 1 foi avaliada com percentual de 22,2%, como
―indiferente‖.
Por fim, quanto à aceitação global, a amostra 4 foi a mais bem aceita dentre as avaliadas,
visto que 26,7% dos avaliadores gostaram muito, enquanto que as 1, 2 e 3 foram avaliadas como
―Gostei ligeiramente‖ (23,3%), ―gostei regularmente (21,1%) e ―gostei ligeiramente
(22,2%), respectivamente.
Com relação à intenção de compra a amostra 1 apresentou maior intenção de compra entre
os avaliadores, visto que 26,7% dos avaliadores certamente compraria o produto (Gráfico 2).
Percentuais
26,7
25,6 25,6
24,4
CONCLUSÃO
Conclui-se que dentre as quatro amostras avaliadas nesta pesquisa, a amostra 1 (doce de
Xique-xique com calda de caju) obteve uma boa aceitabilidade sensorial, contudo quanto à intenção
de compra, obteve o pior resultado – provavelmente não seria comprado.
Logo, são necessárias outras pesquisas para se avaliar a inclusão de ingredientes na receita
para melhorar a palatabilidade do doce para que possa ser comercializado, tornando-se uma nova
alternativa para o café da manhã ou lanche dos consumidores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, C. A.; FIGUEIRÊDO, R. M. F.; QUEIROZ, A. J. M.; OLIVEIRA, F. M. N.
Características físicas e químicas da polpa de xiquexique. Rev. Ciên. Agron., Fortaleza, v.38, n.4,
p.440-443, Out.- Dez., 2007.
MOURA FÉ, C. R.; BORGES, G. R. S.; SOUSA, P. S. S.; CARMO, M. D. S. Uso das cactáceas na
alimentação animal e humana no Brasil e no mundo. In: II EITEC: Ciências e Inovação:
Tecnologias Sustentáveis Para Preservação do Meio Ambiente. 2013. Picos. Anais... Picos:
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí, 2013. P.79-81.
ROCHA, E. A.; AGRA, M. F. Flora do pico do Jabre, Paraíba, Brasil: Cactaceae juss. Acta
Botanica Brasilica, v. 16, n. 1, p. 15-21, 2002.
RESUMO
A demanda desse tipo de tomate vem aumentando devido à grande aceitação dos consumidores, no
entanto existem entraves que dificulta o acesso da população a esse alimento, entre eles estão o alto
custo de produção e o sistema de cultivo convencional, o qual pode haver uso indiscriminado de
agrotóxicos, nessa situação os produtos podem apresentar qualidade e sabor inferiores, além de
aumentar os riscos ambientais e a saúde humana, contudo existe como alternativa a substituição de
substratos comerciais por substratos orgânicos. Assim, objetivou-se com o presente trabalho avaliar
o efeito de diferentes substratos orgânicos no desepenho inicial de mudas de tomate cereja. O
experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, onde foram avaliados cinco
tratamentos (T1: Bioplant (testemunha); T2: Húmus de minhoca; T3: Solo; T4: 50% Solo + 50%
Húmus de minhoca; T5: 75% Solo + 25% Húmus de minhoca) em quatro repetições, onde a parcela
útil cosistiu de 40 mudas da cultivar Carolina. Aos 14 dias após a semeadura as mudas foram
coletadas e avaliadas, onde não notou-se efeito significativo dos substratos em relação a maioria dos
caracteres avaliados, tendo em vista que os substratos alternativos tiveram desempenhos
semelhantes e até superiores ao substrato comercial. O experimento comprovou a capacidade de
produção dos substratos orgânicos frente aos substratos comerciais.
Palavras-chaves: produção, mudas, qualidade, desenvolvimento inicial, sistema sustentável.
ABSTRACT
The demand for this type of tomato has been increasing due to the great acceptance of consumers,
however there are obstacles that make it difficult for the population to access this food, among them
are the high cost of production and the conventional farming system, which can be indiscriminate
use Of agrochemicals, in this situation the products can present lower quality and taste, besides
increasing the environmental risks and the human health, however there is as an alternative the
substitution of commercial substrates by organic substrates. Thus, the objective of this study was to
evaluate the effect of different organic substrates in the initial elimination of cherry tomatoes. The
experiment was conducted in a completely randomized design, where five treatments (T1: Bioplant
(control), T2: worm humus, T3: soil, T4: 50% soil + 50% worm humus, T5: 75% soil + 25% worm
humus) in four replications, where the useful part consisted of 40 seedlings of the Carolina cultivar.
At 14 days after sowing the seedlings were collected and evaluated, where no significant effect of
the substrates was observed in relation to the majority of the evaluated traits, where the alternative
substrates had similar and even superior performances to the commercial substratum. The
experiment proved the production capacity of the organic substrates against the commercial
substrates.
Keywords: production, seedlings, quality, initial development, sustainable system.
INTRODUÇÃO
O tomate (Lycopersicon esculentum Mill.) é uma das hortaliças mais importante no mundo,
devido ao fato de ela fazer parte da alimentação da maioria dos povos (FERRARI et al., 2008). Em
especial aos tomates do grupo cereja, onde atualmente estão sendo muitos utilizados na culinária,
pelo seu excelente sabor, aparência, além do elevado teor de licopeno. A popularização desse tipo
de tomate vem aumentando devido à grande aceitação dos consumidores, além do aumento do
interesse dos agricultores, condicionado aos maiores valores de venda desse produto (TRANI et al.,
2003).
Entretanto, um dos entraves no cultivo do tomate cereja é o elevado custo da lavoura em
sistema convencional, isso se deve principalmente, pelo fato indiscriminado de agrotóxicos, nesse
contesto, os produtos podem obter um produto de qualidade e sabor inferiores, além de aumentar os
riscos ambientais e principalmente riscos a saúde humana (TILMAN et al., 2001). Assim, a adoção
do sistema orgânico pode acarretar em um produto livre de resíduos de agrotóxicos, o qual
apresentará qualidade superior, com isso, obtendo um produto de maior valor agregado.
A procura por produtos orgânicos vem crescendo no Brasil e no mundo a uma taxa de até
50% ao ano, de olho nesse público alvo os agricultores vêm aumentando a área de cultivo nesse
sistema de manejo (SANTOS et al., 2001). Desse modo, o sistema orgânico é uma maneira de
aumentar o valor do produto e ingressar em um mercado cuja oferta é muito inferior à demanda na
maior parte do Brasil, além de objetivar a sustentabilidade econômica, ecológica e agregada aos
benefícios sociais (MARTINS et al., 2006; SOLINO et al., 2010).
Contudo, esse sistema ainda apresenta valor do produto final elevado, onde pode-se ter
como alternativa de barateamento a substituição de substratos comerciais por substratos orgânicos
alternativos. Contudo, o material alternativo utilizado deve apresentar no mínimo a mesma
qualidade que os substratos comerciais para haver essa substituição, onde essa qualidade do
substrato lastreia-se nas suas características físicas e químicas. Segundo Lin et al. (1996), o
substrato tem como papel a substituição do solo, o qual fornece a planta nutrientes, água e oxigênio,
dando condições para uma boa formação do sistema radicular das mudas, além de dar sustentação,
podendo ser de diversas origens, tal como animal, vegetal, mineral e artificial (Mendonça et al.,
2002).
MATÉRIAIS E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Tabela 1. Resumo da análise de variância e comparação de médias para altura de plantas (AP),
diâmetro do colo (DC), comprimento de raiz (CR) e número de folhas (NF) em mudas de tomate do
grupo cereja cultivadas em bandejas com diferentes substratos orgânicos. Rio Largo-AL, UFAL,
2016.
Substratos1 AP (cm) DC (mm) CR (cm) NF (uni.)
T1 6,73 a2 1,86 a 10,10 a 9,20 a
T2 5,67 a 1,75 a 5,59 c 7,47 a
T3 5,12 a 1,71 a 8,69 ab 6,82 a
T4 6,14 a 1,94 a 6,52 bc 7,97 a
T5 6,58 a 1,97 a 8,34 ab 8,25 a
QM 1,74 ns 0,05 ns 12,86 ** 3,14 ns
CV (%) 13,24 7,99 15,10 13,34
ns e ** não significativo a 5% e significativo a 1% de probabilidade pelo teste F.
1/
T1: Bioplant; T2: Húmus de minhoca; T3: Solo; T4: 50% Solo + 50% Húmus de
minhoca; T5: 75% Solo + 25% Húmus de minhoca.
2/
Médias com mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
O comprimento da raiz é uma variavel de grande importância, uma vez, que o desepenho da
planta esta relacionada diretamente com o seu comprimento. Plantas com sistemas radiculares mais
desenvolvidos têm maior capacidade de exploração do substrato e isso reflete em seu depenho.
Os substratos T1, T3 e T5 apresentaram os melhores resultados para a variável CR, tendo
destaque para os substratos orgânicos T3 e T5, que tiveram resultados semelhantes ao substrato
comercial (T1), indicando a viável substituição por substratos de fontes orgânicas, falicitando com
isso, o pegamento das mudas no transplantio e, apontando que os substratos apresentam baixa
resistência a penetração das raízes, mantendo a turgencência das células, ocasionando em mudas
mais vigorosas (Costa et al., 2012; Sampaio et al., 2008).
Quanto ao número de folhas das plantas (NF), notou-se não haver diferença estatistica entre
os substratos, percenbendo-se com isso a qualidade dos substratos orgânicos, haja visto que
apresentaram resultados semelhantes ao substrato comercial. Essa caracteristica pode se refletir na
produtividade final, pois segundo Rocha (2009), a folha é o principal órgão armazenador de matéria
seca na cultura do tomateiro.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, E.; LEAL, P. A. M.; SASSAQUI, A. R.; GOMES, V. A. Doses de composto orgânico
comercial na composição de substratos para a produção de mudas de maracujazeiro em
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RESUMO
Objetivou-se no presente trabalho, avaliar os efeitos da adubação no solo e foliar com
micronutrientes na percentagem de indução floral de abacaxi cv. Vitória produzido no Perímetro
Irrigado Baixo Acaraú. Para isso, foram conduzidos, em campo dois experimentos: um em solo
coberto com bagana de carnaúba e outro com plástico preto de polietileno. O delineamento
estatístico empregado foi o de blocos casualizados com parcelas subsubdivididas, com quatro doses
de FTE-12 (parcelas), quatro níveis de adubação foliar (subparcelas), cinco épocas de coleta a cada
noventa dias (subsubparcelas) e cinco repetições. Aos 15 meses após o transplantio (MAT)
determinou-se a percentagem de inflorescência. A percentagem de inflorescência nos dois
experimentos foi influenciada pela aplicação de micronutrientes. A forma de adubação foliar com
micronutrientes no abacaxizeiro Vitória se mostrou efetiva para aumento da porcentagem de
inflorescência das plantas, tanto para o cultivo com cobertura plástica, quanto o de bagana de
carnaúba. O fornecimento de micronutrientes por via foliar é indicado para aumento da
inflorescência do abacaxizeiro Vitória para ambas coberturas.
Palavras-chave: Micronutrientes. Inflorescência. Sólidos solúveis. Acidez.
ABSTRACT
The objective of this work was to evaluate the effects of fertilization on the soil and leaf with
micronutrients on the percentage of floral induction of pineapple cv. Victory produced in the
Acaraú Low Irrigated Perimeter. To this, they were conducted two experiments in the field: one on
the ground covered with carnauba straw and the other with black plastic polyethylene. The
statistical design employed was a randomized block with sub-subdivided plots, with four doses of
FTE-12 (plots), four levels of leaf fertilization (subplots), five collection periods every ninety days
(subsubparcels) and five replications. At 15 months after transplanting (MAT) the percentage of
inflorescence was determined. The percentage of inflorescence in both experiments was influenced
by the application of micronutrients. The form of foliar fertilization with micronutrients in Vitoria
pineapple proved effective for increasing the percentage of inflorescence of plants, both for the
plastic cover crop and the carnauba bagana crop. The supply of micronutrients by foliar route is
indicated to increase the inflorescence of Vitória pineapple for both coverages.
Keywords: Micronutrients. Inflorescence. Soluble solids. Acidity.
INTRODUÇÃO
O Brasil é um dos maiores produtores de fruta do mundo, e tem a maior parte de sua
produção destinada ao mercado interno, e apenas uma pequena parte é destinada ao mercado
externo (FAO, 2015). Dentre as principais frutas comercializadas, destaca-se o abacaxi (Ananas
comosus), uma monocotiledônea da família Bromeliaceae, que ocupa lugar de destaque no cenário
mundial. Os principais produtores mundiais dessa frutífera em 2009 foram: Filipinas, Tailândia,
Costa Rica, Indonésia e Brasil (FAO, 2010). Segundo dados do IBGE (2016), no Brasil a região
Nordeste é considerada a maior produtora dessa fruta, contribuindo com 32,7% da produção
nacional, numa área plantada de 22.142 ha.
Entre os anos de 2003 e 2008 o Ceará registrou crescimentos contínuos na produção,
entretanto, durante os anos de 2009 e 2010, houve uma reversão desse quadro, e a contribuição
cearense na produção brasileira dessa frutífera teve uma redução considerável (AGRIANUAL,
2011). Essa redução foi reflexo principalmente do difícil controle de doenças no campo e
consequente aumento dos custos de produção. As exigências dos consumidores e a procura de
frutos de boa qualidade e livres de doenças vêm aumentando cada vez mais, o que faz com que
algumas variedades resistentes se tornem mais viáveis para o produtor.
Um bom exemplo é a cultivar Vitória, um hibrído resistente à fusariose, desenvolvido pela
Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical (Cruz das Almas - BA), em parceria com o Instituto
Capixaba de Pesquisa e Assistência Técnica e Extensão Rural (INCAPER), a partir de cruzamentos
entre as cultivares Primavera e Smooth Cayenne. Por ser resistente à fusariose, o abacaxi Vitória
não necessita da aplicação de fungicidas para o controle da doença, possibilitando a redução nos
custos de produção por hectare (ZAMPERLINI, 2010), logo essa variedade tornasse uma opção
viável para os produtores que mantém a cultura em regiões com focos da doença.
Um dos principais fatores determinantes de melhorias no desenvolvimento metabólico, na
produtividade e qualidade dos frutos é a nutrição mineral. Em geral, pouco se conhece sobre o
efeito da adubação com micronutrientes nas culturas tropicais (QUAGGIO; PIZZA JUNIOR,
2001). Alguns trabalhos reportam a importância do Boro e Zinco na cultura do abacaxizeiro
(MAEDA, 2005; SIEBENEICHLER et al., 2008). Entretanto, segundo Siebeneichler et al. (2008),
atualmente parece estar havendo certa conscientização por parte dos agricultores quanto ao uso de
micronutrientes na cultura do abacaxizeiro, sendo seu fornecimento realizado, geralmente, pela
aplicação direta nas folhas das plantas ou de forma natural, com a degradação da matéria orgânica
feita pelo uso de coberturas no solo.
O fornecimento de determinados nutrientes, pode auxiliar na melhoria da produção e até
mesmo induzir a floração das culturas. Segundo Sampaio et al. (1997), a irregularidade de floração
natural do abacaxi causa maiores custos na colheita por proporcionar desuniformidade na época de
maturação dos frutos, sendo de grande importância, buscar maior padronização da produção através
da indução floral.
Neste contexto, objetivou-se com o presente trabalho analisar as condições desejáveis de
adubação para uma nova cultivar de abacaxi resistente a fusariose, avaliando o efeito da aplicação
de micronutrientes, sobre aspectos da floração deste no Perímetro Irrigado Baixo Acaraú.
METODOLOGIA
foram dispostas na área em fileiras duplas com espaçamento de 0,90 × 0,40 × 0,30 m, área de 38,4
m de largura e 88,0 m de comprimento, totalizando 14.080 plantas. Cada parcela era composta por
quatro subparcelas contendo quatro linhas duplas com 11 plantas por linha, sendo as duas linhas
centrais a área útil da subparcela.
Nos dois experimentos as plantas foram submetidas igualmente a diferentes tratamentos com
FTE-12 na fundação após a abertura das covas e diferentes níveis de micronutrientes aplicados via
foliar a cada 28 dias após o plantio, durante 15 meses (1 vez por mês).
As quatro doses de adubação com FTE-12, aplicadas nas covas das parcelas por ocasião do
plantio, foram: T1 (sem adubação); T2 (60 kg ha-1); T3 (120 kg ha-1) e T4 (180 kg ha-1). Os
micronutrientes da adubação foliar foram aplicados nas subparcelas com auxílio de um pulverizador
costal. Os quatro tratamentos utilizados foram: AF0 (sem adubação), AF1 (15 adubações foliares,
usando um total de 1158,75 g ha-1 de Fe, 844,65 g ha-1de Mn, 391,5 g ha-1 de Zn, 322,65 g ha-1 de
Cu e 216 g ha-1 de B); AF2 (15 adubações foliares, usando o dobro das quantidades do nível AF1) e
AF3 (15 adubações foliares, usando o triplo das quantidades do nível AF1). As adubações foliares
foram realizadas, mensalmente, sendo as concentrações definidas tomando-se como base a solução
nutritiva de Murashige e Skoog (1962) modificada. O volume total de solução em cada aplicação
foi de 463 L ha-1.
Para preparar as soluções de cada tratamento da adubação foliar utilizaram-se duas soluções
estoque, a primeira continha Na2EDTA 2H2O (3,73g L-1) e FeSO4.7H2O (2,78 g L-1) dissolvidos em
25 L de água destilada, enquanto a segunda continha H3BO3 (6,2 g L-1), MnSO4.4H2O (16,90 g L-1),
ZnSO4.7H2O (8,6 g L-1) e CuSO4.5H2O (6,2 g L-1) dissolvidos em 5 L de água destilada. A partir
das duas soluções estoque, preparou-se 20 L de solução para todas as subparcelas de cada
tratamento foliar e de cada tipo de cobertura de solo. As concentrações de sais iniciais foram
duplicadas nas três aplicações seguintes, triplicadas nas outras três aplicações e quadruplicadas nas
sete últimas. Com o objetivo de favorecer a absorção dos micronutrientes, a partir da terceira
pulverização utilizou-se de ureia a 2%, a qual foi adicionada em todos os tratamentos aplicados.
Os macronutrientes foram aplicados a todas as plantas, via fertirrigação, a partir dos dois
meses após o transplantio. Eles foram aplicados três vezes por semana, com exceção do fosfato
monoamônico – NH4H2PO4 (MAP), do nitrato de cálcio e do sulfato de magnésio que foram
aplicados uma vez por semana e apenas durante a fase vegetativa da cultura. Sendo o método de
irrigação adotado, o localizado por gotejamento com 29 linhas laterais, sendo uma linha por fileira
dupla de plantas e fita gotejadora, com espaçamento de 0,3 m entre os gotejadores e vazão de 1,5 L
h-1. O sistema teve como fonte de alimentação hídrica o canal terciário do Perímetro Irrigado Baixo
Acaraú.
E após 13 meses do transplantio, foi realizada indução floral, quando a massa verde das
plantas do maior tratamento, avaliadas por amostragem, apresentavam cerca de 2 kg, com Ethephon
(2-chloroethylphosphonic acid), a solução contendo o regulador foi preparada no mesmo dia da
aplicação e tinha uma concentração de 1.500 mg L-1 do produto comercial, e foi distribuída sobre as
plantas de forma homogênea, nas primeiras horas da manhã, com ajuda de um pulverizador costal,
com capacidade para 20 L. Esse dia caracterizou-se pela ausência de precipitação e médias de
temperaturas máxima/mínima de 27,98/26,87 °C.
Os percentuais de inflorescências da área útil de cada subparcela foram determinados
quantificando-se a presença de todas as inflorescências visíveis no fundo da roseta foliar em relação
ao total de plantas, 60 dias após a aplicação do regulador de crescimento o que corresponde a 15
meses após o transplantio.
Os dados foram submetidos a análise de variância pelo teste F, ao nível de 5% de
probabilidade, com o emprego do software Assistat (SILVA; AZEVEDO, 2009). Os dados em que
ocorreram efeitos significativos foram analisados através de curvas de regressão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1. Resumo da análise de variância para percentagem de inflorescência das plantas de abacaxi cv.
Vitória, em função de diferentes doses de FTE-12 e níveis de adubação foliar (AF), sob dois tipos de
cobertura de solo: bagana e plástico preto, cultivado no Perímetro Irrigado Baixo Acaraú - CE.
Quadrado Médio
Fontes de Variação GL Percentagem de inflorescência
Bagana Plástico preto
FTE-12 (A) 3 1474,17** 1406,10**
Resíduo (A) 12 124,55 46,14
AF (B) 3 3042,68** 3329,80**
Int. (A x B) 9 70,18ns 28,38*
Resíduo (B) 48 61,30 101,68
CV% (A) - 18,30 12,91
CV% (B) - 12,84 19,16
**,* e ns - significativo a 1% e a 5% de probabilidade e não significativo pelo teste F, respectivamente. CV –
coeficiente de variação em porcentagem.
Figura 1. Percentagem de inflorescência das plantas de abacaxizeiro cv. Vitória em função de diferentes
doses de FTE-12 e níveis de adubação foliar (AF), sob dois tipos de cobertura de solo: bagana (A e B) e
plástico preto (C), cultivado no Perímetro Irrigado Baixo Acaraú – CE. **p < 0,01 e * p < 0,05.
Nas plantas do experimento com plástico preto (Figura 1C) observa-se incrementos na
percentagem de inflorescência com a aplicação de FTE-12, mesmo na ausência de adubação foliar.
De forma semelhante, verificaram-se respostas positivas na percentagem de inflorescência
proporcionadas pelas aplicações de adubação foliar, mesmo na ausência de FTE-12.
Comparando-se a dose de 180 kg ha-1 em relação à dose 0 de FTE-12 levando-se em
consideração todos os níveis de adubação foliar, observou-se um aumento médio de 43,71% na
percentagem de florescimento. A maior percentagem de inflorescência foi de 79,64% observada na
interação da maior dose de FTE-12 com maior nível de adubação foliar das plantas do experimento
com plástico preto. Na ausência de adubação com micronutrientes ocorreu um florescimento em
torno de 30% das plantas (Figura 1C).
Os dados obtidos com as maiores doses de FTE-12 e níveis de adubação foliar foram
semelhantes aos obtidos por Ledo et al. (2004) com a cultivar RBR-1 de abacaxizeiro, a qual, após
pulverizada com uma solução contendo 2 L de ácido 2-cloroetilfosfônico (Etefon) em 1000 L de
água, apresentou uma percentagem de inflorescência de 76,25%. No entanto, esses autores
conseguiram percentagens bem superiores nas cultivares de abacaxizeiro SNG-2 e SNG-3, com
valores médios de 87,50 e 92,18%, respectivamente.
A eficiência de indução floral em resposta a indutores de floração depende, principalmente,
do genótipo, das condições ambientais (temperatura, umidade, vento e chuva), do tipo e da forma de
aplicação do indutor (Bartholomew et al., 2003), do vigor, e da taxa de crescimento da planta
(Cunha, 1999). No presente estudo, é provável que as diferenças nas percentagens de florescimento
estejam associadas às diferenças no crescimento promovidas pelos tratamentos com
micronutrientes.
CONCLUSÕES
A adubação via foliar com micronutrientes no abacaxizeiro Vitória se mostrou efetiva para
aumento da porcentagem de inflorescência das plantas tanto para o cultivo com cobertura plástica
quanto o de bagana carnaúba.
O fornecimento de micronutrientes via foliar é indicado para o aumento da inflorescência do
abacaxizeiro Vitória em ambas as coberturas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CNPq/Fapesp/Potafós, 2001. p.459-491.
RESUMO
O uso de agrotóxicos é um dos maiores problemas da sociedade moderna, pois grande quantidade
de alimentos produzidos com tais substâncias é consumida diariamente pela população, que na
maioria das vezes não é informada sobre essa realidade. A pesquisa realizada na feira livre do
município de Pombal - PB teve como objetivos descrever o conceito dos consumidores a respeito
dos agrotóxicos, investigar se os mesmos têm conhecimento de que os produtos adquiridos contêm
ou não agrotóxicos e avaliar se eles possuem o hábito de adquirirem alimentos orgânicos. Procurou-
se também traçar o perfil socioeconômico das pessoas entrevistadas. Os dados foram coletados,
mediante a aplicação de questionários semiestruturados, aplicados a 30 pessoas e conversas
informais. Foi constatado que a maioria dos consumidores pertence ao sexo feminino, tem entre 50
e 59 anos de idade, bons níveis de renda e escolaridade, entretanto, parece não haver relação entre a
frequência semanal de compras e a renda mensal. Observou-se também grande número de
consumidores, que mesmo de forma empírica, conhecem os agrotóxicos e são conscientes de que os
mesmos oferecem riscos à saúde e ao meio ambiente. Contudo, um elevado percentual de
indivíduos, além de não saber se os produtos comprados na feira contem ou não agrotóxicos,
desconhecem os alimentos orgânicos, pois poucos possuem o habito de consumir esse tipo de
produto, o que pode estar relacionado à deficiência na divulgação e variedade dos mesmos.
Palavras-chave: Consumidores. Feira livre. Meio ambiente. Produtos orgânicos. Saúde.
ABSTRACT
The use of pesticides is one of the largest problems of the modern society, because great amount of
foods produced with such substances is consumed daily by the population, that most of the time is
not informed about that reality. The research accomplished in the free market of the municipal of
Pombal - PB had as main objectives: to describe the consumers' concept regarding the pesticides, to
investigate the same ones has knowledge that the acquired products contain or no pesticides, to
evaluate still if they possess the habit of they acquire organic foods, besides drawing those people's
socioeconomic profile. The data were collected, by the application of 30 semi-structured
questionnaires and informal conversations. It was verified that most of the consumers belongs to the
feminine sex, she has among 50 and 59 years of age, good levels of income and education,
however, it seems there not to be relationship between the weekly frequency of purchases and the
monthly income. It was also observed great number of consumers, that even in an empiric way, they
know the pesticides and are conscious that the same ones offer risks to the health and the
environment. However, a high one percentile of individuals, besides not knowing the products
bought at the fair count or no pesticides, ignore the organic foods, because few possess inhabit of
consuming that product type, the one that can is related to the deficiency in the popularization and
variety of the same ones.
Key-word: Consuming. Free market, Environment, Organic products, Health.
100
Graduada em Licenciatura em Ciências com habilitação em Biologia - UFCG
REVISÃO DE LITERATURA
a busca da qualidade de vida tem se tornado fator de preocupação para um número cada vez
maior de pessoas, as quais têm buscado, entre outras coisas, uma alimentação mais
saudável. Esta é uma tentativa de resgatar um tempo em que era possível se ter à mesa
alimentos de boa qualidade biológica, livres de produtos químicos. Com isso, os produtos
orgânicos vêm ganhando mercado nas diferentes classes sociais e a procura por alimentos
de produção ecologicamente correta aumenta a cada dia.
Todavia, esse patamar de consciência ainda está em fase de transição, visto que as pessoas
continuam adquirindo grande quantidade de alimentos produzidos com agrotóxicos, muitas vezes,
sem ter o conhecimento disso, evidenciando que não sabem o que estão consumindo. Isto acontece
principalmente nas feiras livres, nas quais o consumidor não é informado se o produto que está
comprando contém ou não tais substâncias, seja por falta de certificação, omissão dos comerciantes
ou ausência de preocupação da própria população. Logo, ―A certificação [...] é uma forma de
assegurar ao consumidor que o produto que ele está comprando foi produzido dentro de um
processo orgânico, sem a utilização de agrotóxicos, respeitando o ambiente e o homem, etc.[...]‖
(ARAÚJO; PAIVA; FILGUEIRA, 2007, p. 141)
A respeito disso, pesquisas sugerem que a falta de informação e a inexistência de divulgação
seriam as causas da pouca procura por produtos sem agrotóxicos. Durante estudos realizados na
cidade de Assú-RN, Araújo Júnior e Silva (2011, p. 3) concluíram que:
[...] 86% dos estudantes participantes da pesquisa alegaram não conhecer os agrotóxicos,
suas funções e aplicações e, principalmente, conhecer os riscos que estes produtos oferecem
ao meio ambiente [...] Também foi observado que 4% dos alunos entrevistados já ouviram
falar sobre agrotóxicos, mas não compreendem a importância e os riscos que estes produtos
trazem [...] Ainda foi analisado que 6% dos entrevistados sabem o que são agrotóxicos [...]
mas desconhecem os seus riscos e por fim, apenas 4% dos entrevistados alegaram que
sabem o que são agrotóxicos, suas aplicações e que o uso destes produtos ocasionam
grandes problemas ao meio ambiente [...].
Com relação à preferência dos consumidores, observa-se uma maior aquisição de hortaliças
e frutas, justamente os produtos em que mais se utilizam defensivos químicos na sua produção.
Quanto ao perfil das pessoas que frequentam as feiras livres, a maioria pertence ao sexo feminino.
Em levantamentos feitos no município de Pombal, Costa e Silva (2011, p. 59), diagnosticaram que
―[...] A maior participação dos consumidores que vão à feira fazer compras é do gênero feminino.
Na feira de Pombal há um predomínio na venda de hortaliças e frutas [...]‖.
Por fim, é impossível falar sobre agrotóxicos sem destacar os riscos dos mesmos para a
saúde. Por isso, ―[...] ignorar o quadro latente de contaminação desse grupo de alimentos e os
reflexos disso no ambiente e nos trabalhadores, além dos consumidores, consiste numa atitude
política equivocada e inaceitável frente ao atual contexto da democracia brasileira [...]‖
(ALMEIDA; CANEIRO; VILELA, 2009 p. 98), uma vez que:
[...] a exposição aos riscos causados pelo uso de agrotóxicos não ocorre somente ao
trabalhador rural, mas também ao ambiente. Toda uma localidade rural pode receber os
danos causados pela toxidade dos agrotóxicos, e mais, os milhares de consumidores que ao
se alimentarem de hortaliças podem estar fadados a sofrer com a contaminação gerada pela
presença de resíduos destes agentes químicos. (SOUZA, 2011 p. 56)
Assim, diante dessa perspectiva, percebe-se que a problemática dos agrotóxicos não gira
somente em torno da conscientização dos consumidores a respeito do assunto, mas também esbarra
na realidade socioeconômica do mercado de produtos orgânicos, que infelizmente continua voltado
para a parcela da população mais instruída e com um maior poder aquisitivo.
MATERIAIS E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da análise dos dados, verificou-se que 76,7% dos entrevistados são do sexo
feminino, e 23,3% do sexo masculino, sendo notória a predominância das mulheres, provavelmente
pelo fato das mesmas serem mais exigentes com relação à qualidade dos produtos. Resultado
semelhante foi encontrado por Costa e Silva (2011, p. 57), no qual ―[...] a maior participação dos
consumidores que vão a feira fazer compras é do gênero feminino com 70%, enquanto que o gênero
masculino representou apenas 30% dos entrevistados [...]‖.
No que diz respeito à faixa etária dos consumidores, a maioria enquadra-se na faixa de 50 a
59 anos (30%), seguida das faixas de 40 a 49 anos (26,7%), 30 a 39 anos (23,3%), 20 a 29 anos
(13,3%), e 60 a 66 anos (6,7%) (Tabela 1). É possível que a nítida redução do percentual de idosos
esteja associada a uma menor disposição dos mesmos em dirigirem-se ao centro da cidade para
realizar compras, deixando essa tarefa a cargo dos familiares mais jovens.
Sobre o grau de instrução dos informantes, notou-se que 46,7% possuem o ensino superior
completo; 26,7% o ensino médio completo; 23,3% o ensino fundamental incompleto e apenas 3,3%
não concluíram o ensino superior (Gráfico 1). Dessa forma, o quadro dos consumidores da feira é
composto, em sua maioria, por pessoas com um bom nível de escolaridade.
3,3%
Ensino superior completo
23,3%
Ensino médio completo
46,7%
26,7%
Ensino fundamental incompleto
Com relação ao tipo de atividade que exercem, 20% dos entrevistados atuam no setor da
educação; 20% são funcionários públicos; 16,7% donas de casa; 16,7% trabalham na área do
comércio; 6,7% no setor administrativo; 6,7% declararam-se autônomos; 3,3% são estudantes;
3,3%, agricultores e 3,3% profissionais do campo da saúde.
Um aspecto importante observado durante a pesquisa é que 96,7% dos consumidores são
residentes na sede do próprio município, enquanto que apenas 3,3% residem na zona rural de
Pombal. Essa particularidade pode estar relacionada ao fato da população rural produzir parte dos
produtos comercializados na feira, já que ―[...] há uma grande participação de pessoas da zona rural
(129 pessoas) na composição dos feirantes [...]‖ (SILVA; COSTA, 2010 p. 191).
Quando questionados sobre a renda mensal, a maior parte dos entrevistados não forneceu
muitos detalhes com relação ao valor exato dos seus rendimentos, mas 63,3% disseram ganhar mais
de um salário mínimo, 20% apenas um salário mínimo, seguidos de 10% que dependem da ajuda de
familiares e de uma pequena parcela que afirmou ganhar menos de um salário mínimo (6,7%)
(Gráfico 2).
do cliente e está relacionado com a ideia de um local propicio a obtenção de alimentos que
proporcionam uma alimentação saudável, além de ser um ambiente de lazer [...]‖.
Entre os produtos adquiridos frequentemente pelos consumidores, destacam-se a banana
(63,3%), seguida da laranja, maçã e tomate (60%), cenoura (56,7%), batatinha (46,7%), mamão e
uva (40%), abacaxi, cebola e melancia (23,3%), melão (20%), coentro (16,7%), alface (13,3%),
manga, maracujá, repolho e pimentão (6,7%), além do grupo do abacate, goiaba, beterraba, couve,
chuchu, pepino (3,3%) em menor proporção. Dessa forma, os cinco produtos mais comprados na
feira livre são: banana, laranja, maçã, tomate e cenoura.
Analisando o conhecimento dos consumidores a respeito dos agrotóxicos, 90% afirmaram
saber o que são agrotóxicos (Grupo 1); 6,7% apenas ouviram falar (Grupo 2) e 3,3% não têm
nenhum conhecimento sobre o tema (Grupo 3) (Gráfico 3). Além disso, entre os 96,7% dos
informantes que representam a somatória dos grupos 1 e 2, quando indagados em relação ao
significado do termo agrotóxico, 40% disseram tratar-se de produtos químicos; 26,7% de venenos;
13,3% de substâncias químicas; 6,7% de inseticidas e 10% não souberam responder. Brito, Gomide
e Câmara (2009, p.212), diagnosticaram conceitos semelhantes em estudos com agricultores de uma
comunidade agrícola no Rio de Janeiro, nos quais ―[...] foram obtidas diferentes respostas: veneno,
remédio, inseticida, agrotóxico e produto [...].
Verificou-se, ainda, que 96,7% dos consumidores da feira livre de Pombal são conscientes
de que os agrotóxicos fazem mal à saúde e 3,3% não sabem se os mesmos são maléficos à saúde.
Entre os perigos que os agrotóxicos podem acarretar para a saúde, estão doenças como o câncer,
com o maior número de citações (60%), depois as doenças gastrointestinais (10%), cardiovasculares
(6,7%) e respiratórias (3,3%), sendo que 33,3% dos entrevistados, embora reconheçam, que os
agrotóxicos são prejudiciais a saúde, não souberam identificar qualquer tipo de malefício (Gráfico
4).
Além disso, para a maior parte dos informantes, os agrotóxicos prejudicam o meio ambiente
(90%), alguns disseram que não prejudicam (6,7%) e somente 3,3% não souberam responder. Os
principais perigos dos agrotóxicos para o meio ambiente de acordo com consumidores são: poluição
da água (56,7%), do solo (36,7%) e do ar (3,3%), contaminação dos animais (6,7%), das plantas
(3,3%) e dos alimentos (3,3%), e degradação do solo (6,7%), entretanto, mesmo consciente de que
os agrotóxicos oferecem riscos ao meio ambiente 26,7% dos entrevistados não souberam apontar
nenhuma espécie de prejuízo.
Durante pesquisa realizada com agricultores e estudantes do Ensino Médio, Magri et al.
(2010), constataram que ―[...] a maioria dos jovens entrevistados não tem conhecimento sobre os
agrotóxicos, suas aplicações e seus riscos [...]‖. Percebe-se que com os consumidores das feiras
livres, o cenário é bem diferente, pois os mesmos demonstram um nível de consciência mais
elevada. Contudo, em ambos os universos, tal conhecimento parece ser fruto de um saber empírico,
ainda não lapidado do ponto de vista científico.
Um dado preocupante é a questão do repasse de informações, pois a maior parte dos
consumidores (66,7%) não sabe se os produtos que compram na feira livre de Pombal contêm
agrotóxicos, somente 33,3% afirmam saber, mas continuam consumindo porque, segundo os
mesmos ―não têm outra opção‖. Todavia, entre os 66,7% dos informantes que não sabem se estão
adquirindo produtos com agrotóxicos, 50% declararam se preocupar com a falta dessa informação,
enquanto 16,7% responderam que não se preocupam. Essa preocupação pode está fundamentada no
interesse por uma alimentação mais saudável, livre de agrotóxicos.
Apesar desse interesse, 55,3% dos consumidores não sabem o que é um produto orgânico,
apenas 46,7% conhecem tais produtos. Porém, destes 46,7%, grande parte não costuma consumi-los
(30%) e o percentual dos que consomem é bem menor (16,7%). Dos 16,7% que declararam
consumir produtos orgânicos, 6,7% fazem isso sempre e 10% raramente. Para Araújo Júnior e Silva
(2011, p.1), na cidade de Assú-RN ―[...] essa baixa demanda pode ser resultado da falta de
divulgação e da pouca oferta dos mesmos nos supermercados [...].‖ Dessa forma, é possível que
esses fatores também estejam relacionados ao baixo consumo de produtos orgânicos na feira livre
do município de Pombal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dados obtidos mostram que a maioria dos consumidores da feira livre do município de
Pombal pertence ao sexo feminino, têm idade entre 50 e 59 anos, níveis de renda e escolaridade
elevados, e residem na sede do próprio município.
Verificou-se que grande parte dos consumidores costuma efetuar suas compras
semanalmente. Contudo, a frequência de compras pode não está relacionada à renda mensal, sendo
que os produtos mais adquiridos são banana, laranja, maçã, tomate e cenoura.
Apesar de um elevado percentual de consumidores conhecerem os agrotóxicos e serem
conscientes que os mesmos oferecem riscos à saúde e ao meio ambiente, muitos não conseguiram
identificar a natureza desses malefícios, além de apresentar um conceito empírico com relação ao
significado do termo agrotóxico.
Um dos maiores entraves encontrados na feira é a falta de informação, pois grande número
de consumidores não sabe se os produtos comprados no local contêm agrotóxicos e mesmo
preocupados continuam consumindo-os por falta de opção. Dessa forma, existe um elevado
percentual de indivíduos que além de não saber se os produtos adquiridos possuem agrotóxicos,
desconhecem os alimentos orgânicos, pois poucos têm o habito de consumir esse tipo de produto.
Por fim, também é possível que o baixo consumo de produtos orgânicos na feira livre do
município de Pombal esteja relacionado à deficiência na divulgação e variedade dos mesmos, o que
dificulta a expansão do mercado de orgânicos na cidade.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Projeto cadastro de fontes de abastecimento por água
subterrânea no Estado da Paraíba: diagnostico do município de Pombal. Recife, 2005. 23 p.
BRITO, P. F.; GOMIDE, M.; CÂMARA, V. M. Agrotóxicos e saúde: realidade e desafios para
mudança de práticas na agricultura. Physis Revista de Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v.19, n1,
p.207-225, 2009.
RESUMO
Este trabalho é resultado das atividades desenvolvidas durante o Curso de Formação de Agentes
Populares de Educação Ambiental na Agricultura Familiar, promovido pelo Ministério do Meio
Ambiente (MMA) junto ao Programa de Educação Ambiental e Agricultura Familiar (PEAAF), em
parceria com o Movimento de Apoio à Agricultura Familiar (AGROVIDA), com apoio da
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) em Cruz das Almas - BA. Tem como
objetivo descrever como se deu a execução do curso pelo AGROVIDA, onde através do
desenvolvimento do curso buscou-se atender o objetivo principal definido pelo PEAAF. As
atividades executadas ao longo do curso ocorreram a distância, através do Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA) e presencialmente por meio de encontros entre alunos e tutores. O curso
abrangeu um público diversificado, composto em sua maioria por mulheres e distribuído entre
agricultores, jovens de comunidades rurais, representantes da sociedade civil, estudantes e
professores, os quais estiveram representando onze (11) territórios de identidade da Bahia.
Palavras Chave: Educação ambiental, práticas educativas, agricultura e meio ambiente.
RESUMEN
Este trabajo es resultado de las actividades desarrolladas durante el Curso de Formación de Agentes
Populares de Educación Ambiental en la Agricultura Familiar, promovido por el Ministério del
Medio Ambiente (MMA), junto al Programa de Educación Ambiental y Agricultura Familiar
(PEAAF), en sociedad con el Movimiento de Apoyo a la Agricultura Familiar (AGROVIDA), con
adesión de la Universidad Federal del Reconcavo de Bahia (UFRB) en Cruz das Almas - BA. Tiene
como objetivo describir como se dió la ejecución del curso por AGROVIDA, donde atraves del
desarrollo del mismo se busco atender el objetivo principal definido por la PEAAF. Las actividades
ejecutadas a lo largo del curso ocurrieron a distância, atraves del Ambiente Virtual de Aprendizaje
(AVA) y presencialmente por medio de encuentros entre alumnos y consejeros. El curso abarcó un
público diversificado, compuesto en su mayoría por mujeres y distribuído entre agricultores,
jovenes de comunidades rurales, representantes de la sociedad civil, estudiantes y profesores, los
cuales estuvieron representando once (11) territórios de identidad de Bahia.
Palabras Clave: Educación ambiental, prácticas educativas, agricultura y medio ambiente.
INTRODUÇÃO
O PEAAF tem como objetivo juntamente com a Política Nacional de Educação Ambiental
(PNEA) estimular ―o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e
social‖ (BRASIL, 1999) e ―visa suprir a necessidade de formação, capacitação, comunicação e
mobilização social dos sujeitos e organizações envolvidas com a agricultura familiar e o
desenvolvimento rural sustentável‖ (BERNAL; MARTINS, 2015)2 através de processos
educacionais críticos e participativos nos quais abordem temas relacionados as questões ambientais,
agricultura familiar, sustentabilidade no campo e agroecologia.
O programa dispõe de objetivos, princípios, diretrizes e linhas de ação dentre as quais se
destaca a linha 3 – Apoio a processos educativos presenciais e à distância, nesse sentido busca-se
através Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) realizar cursos relacionados a educação
ambiental, disponibilizar materiais divulgativos, bem como metodologias que possam auxiliar
instituições públicas e organizações da sociedade civil parceiras, na formação presencial e execução
dos cursos.
[...] Os trabalhadores rurais não devem ser vistos apenas como alunos, pelo contrário,
devem ser considerados como segmentos sociais que trazem consigo grande riqueza de
conhecimento sobre os sistemas de produção de alimentos e de conservação do meio
ambiente. Conhecimentos que trazem técnicas, saberes e métodos perpetuados e
aperfeiçoados por gerações, caracterizando as diversas tradições culturais e modos de
produção e manejo ambiental praticados no Brasil (BERNAL; MARTINS, 2015, p. 15) 3.
METODOLOGIA
Dessa forma, para que o aprendizado fosse alcançado em sua plenitude foi previamente
elaborado um cronograma de atividades juntamente com um coordenador pedagógico com o
objetivo de despertar o interesse dos alunos e facilitar a compreensão dos temas abordados. Dentre
as atividades realizadas destacam-se: palestras, dinâmicas em grupo, exibição de vídeos, visita
técnica, fóruns via AVA, atividade realizada na própria comunidade por cada aluno, trocas de
sementes e rodas de conversa. Cada atividade foi desenvolvida em torno do tema em questão.
Com base no balanço realizado para identificação do perfil dos alunos, cidades envolvidas
no curso através da representação dos mesmos, além da avaliação de desempenho, observou-se que
dos 55 alunos matriculados 31 eram mulheres e 24 homens, dentre estes 28 alunos apresentavam
faixa etária entre 18 e 24 anos; 22 alunos faixa etária entre 25 e 29 anos e 5 alunos com faixa etária
entre 30 e 66 anos, mostrando um público diversificado interessado pela temática do curso. Ter uma
participação maior por parte da juventude é muito importante, visto que as causas do êxodo rural
em sua maioria são direcionadas à falta de qualidade de vida que a juventude não enxerga no
campo. A partir do envolvimento no curso cria-se um grau de responsabilidade em cada indivíduo
para que estes sejam disseminadores e atuantes em sua própria comunidade.
Observou-se também uma considerável representação dos Territórios de Identidade da
Bahia, conforme mostra a Figura 1, foram onze Territórios representados com destaque o
Recôncavo, Sisal e Vale do Jiquiriçá, pois tiveram maior representação respectivamente. Envolver
um público do qual está disperso em diferentes realidades da Bahia possibilita a expansão da
educação ambiental crítica e transformadora da realidade socioambiental que estes convivem.
Série1;
Recôncavo; 30
Nº de pessoas
Série1; Vale do
Série1; Baixo Sul;
Série1; Sisal; 5 Jiquiriçá; 5 Litoral
Série1; Série1; Médio
Série1;
4 Série1; Portal
Série1;doPiemonte
Série1; Litoral Sul;
Norte e Agreste Série1; Sertão
Sudoeste
Metropolitano
da de
sertão;
do 2Paraguaçu; 22
Baiano; 1 Produtivo;Bahia;
1 Salvador;
1 1
Figura 1. Representação dos Territórios de Identidade da Bahia através dos participantes do curso.
qualidade material e social. Nesse contexto, foram levantados alguns pontos para superar o desafio
organizacional nas comunidades, dentre eles: necessidade de percepção da unidade coletiva,
mudança no modelo de extensão rural, repensar os projetos voltados para a agricultura familiar e
empoderamento dos agricultores. Num outro momento foi realizado um espaço sobre sementes
crioulas e troca destas entre os alunos.
No sexto e sétimos encontros presenciais os alunos participaram de uma palestra que
abordou sobre as Estratégias pedagógicas para uma Educação Ambiental do campo, a mesma
permitiu dialogar sobre as categorias e concepções dentro da educação do campo e consciência
crítica, perpassando um pouco sobre a educação popular e destacando algumas práticas pedagógicas
intervencionistas. Foi discutido também sobre a Economia Solidária e Sustentabilidade no campo
destacando a autonomia que a economia solidária proporciona e suas principais demandas,
ressaltando que atrelada à Agroecologia que preza pelo saber e participação popular, se adaptando a
agricultura familiar e camponesa.
Ao final do encontro foi realizada uma avaliação geral sobre o curso entre alunos e tutores.
Vale ressaltar que durante cada módulo os alunos realizavam atividades propostas no AVA além de
responder uma avaliação referente a cada módulo estudado. Isto porque o aproveitamento no curso
deveria ser igual ou superior a 50%, percentagem alcançada através da realização das provas dos 7
módulos, para que obtivessem a certificação do curso.
No geral, apesar das dificuldades encontradas por um agricultor em acessar um computador,
aspecto que seria considerado um entrave caso o curso não fosse semipresencial, os alunos
obtiveram médias superiores a 50% e dos matriculados no curso 3 desistiram por questões de
dificuldade de deslocamento até os encontros presenciais. Assim, acredita-se que o curso
contribuiu a partir dessa formação na construção de educadores ambientais onde se pretende que
através de ações concretas alcancem os objetivos da educação crítica no contexto da agricultura
familiar.
CONCLUSÃO
A partir das análises de desempenho e diálogo mantido ao final do curso é possível inferir
sobre a contribuição do curso para a formação dos agentes populares em educação ambiental, cuja
percepção construída foi no sentido de desenvolver ações de educação ambiental voltadas para as
questões socioambientais do campo. Além disso, possibilitou-se a reflexão em torno do conceito de
educação ambiental e a necessidade que se deve ter em desenvolver a criticidade, quando abordada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei 9.795/1999. Lei da Política Nacional de Educação Ambiental. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9795.htm>. Acesso em: 25 de agosto 2017.
RESUMO
Frutas são importantes na alimentação, não só pela função nutricional, mas também pela presença
de compostos bioativos como os compostos fenólicos, que exercem importante papel protetor
atuando como antioxidantes. Entretanto, a forma de cultivo, se orgânico ou convencional, é
questionado por alterar a sua função nutriente e/ou bioativa. Assim, este estudo tem por objetivo
ampliar a compreensão acerca de possíveis interferências do sistema de produção no potencial
antioxidante e teor de fenólicos de frutas cultivadas na região do Seridó/RN. Para isso, a acerola e a
goiaba, de cultivo orgânico e convencional, foram selecionadas e submetidas à extração metanólica
para determinação do teor de fenólicos e da atividade antioxidante pelos métodos de capacidade
antioxidante total (CAT) e varredura de radicais DPPH. Os resultados mostraram que a acerola
possui maior teor de fenólicos que a goiaba, e este conteúdo não é significativamente alterado pelo
modo de cultivo. Também pode ser verificado que a CAT foi diretamente proporcional aos níveis
de fenólicos presente nas amostras. Além disso, todas as amostras apresentaram significativo efeito
na varredura de radicais de DPPH. Com relação a este efeito, não foi verificada diferença entre as
diferentes formas de cultivo da acerola, entretanto, a goiaba de cultivo agroecológico mostrou
potencial antioxidante superior à de cultivo convencional. Com exceção do elevado potencial do
extrato da goiaba agroecológica sobre o extrato convencional na varredura de radicais DPPH, não
foi verificado no método de CAT, diferença significativa nos padrões de atividade das amostras
com relação aos diferentes cultivos. Esses dados sugerem que tanto a acerola quanto a goiaba são
importantes alimentos bioativos com efetivo potencial antioxidante e este efeito possivelmente
independe do modo de produção.
Palavras chave: Compostos Fenólicos, Goiaba, Acerola, Atividade Antioxidante, Modo de Cultivo.
ABSTRACT
Fruits are important in nutrition, not only for the nutritional function but also for the presence of
bioactive compounds such as phenolic compounds, which exert an important protective role acting
as antioxidants. However, the form of cultivation whether organic or conventional, is questioned
because it changes its nutrient and / or bioactive function. Thus, this study aims to broaden the
understanding of possible interferences of the production system in the antioxidant potential and
phenolic content of fruits cultivated in the Seridó region/ RN. For this, acerola and guava of organic
and conventional cultivation were selected and submitted to methanolic extraction for determination
of phenolic content and antioxidant activity by total antioxidant capacity (CAT) and DPPH radical
scavenging methods. The results showed that acerola has a higher phenolic content than guava and
this content is not significantly altered by the cultivation method. It can also be verified that the
CAT was directly proportional to the phenolic levels present in the samples. In addition, all samples
had a significant effect on the DPPH radicalsscavenging. Regarding this effect, there was verified
no difference between the different forms of acerola cultivation, however, the guava
fromagroecological cultivation showed superior antioxidant potential to that of conventional
cultivation. Except for the high potential of the agroecological guava extract over the conventional
extract in the DPPH radical scavenging, significant difference in the activity patterns of the samples
with respect to the different cultivations was not observed in the CAT method. These data suggest
that both acerola and guava are important bioactive foods with an effective antioxidant potential and
this effect is possibly independent of the kind of production.
Keywords: Phenolic Compounds, Guava, Acerola, Antioxidant Activity, Mode of Cultivation.
INTRODUÇÃO
Frutas e hortaliças são muito importantes na nutrição humana, pois além de fornecer energia,
esses alimentos de origem vegetal representam uma rica fonte de fibras dietéticas, minerais e outros
importantes compostos bioativos (VAN DUYN; PIVONKA, 2000; JAIME et al., 2007).
Dentre esses compostos, podem ser citados os compostos fenólicos. Quimicamente, os
fenóis são considerados substâncias polares e podem ser definidos como compostos que possuem
anel aromático com um ou mais substituintes hidroxílicos e estrutura bastante variável, sendo,
assim, considerados multifuncionais (LEE, et al., 2005).
Os compostos fenólicos têm sido alvo de inúmeros estudos acerca de seu proeminente efeito
como interruptores de radicais livres, revelando sua eficiente função antioxidante (SHAHIDI;
JANITHA; WANASUNDARA, 1992).
O termo radical livre pode ser atribuído a qualquer átomo ou molécula que possua um
número ímpar de elétrons em sua última camada, característica que confere alta reatividade a estas
moléculas. Dentre esses compostos podem ser citados o radical hidroxila, o ânion superóxido e o
óxido nítrico (HALLIWELL; GUTTERIDGE, 2000; HALLIWELL, 1992).
Em condições fisiológicas os radicais livres são produzidos em níveis controlados pelos
mecanismos de defesa celulares. O estresse oxidativo ocorre quando há falha no equilíbrio entre a
produção de oxidantes e a concentração de defesas antioxidantes, o que acarreta danos celulares
(SALVADOR; HENRIQUES, 2004).
Inúmeros fatores foram descritos por afetar a qualidade e, conseqüentemente, o potencial
antioxidante de um alimento. Dentre estes fatores pode ser destacado o seu modo de produção:
agroecológico ou convencional (DAROLT, 2003).
O sistema de produção agrícola convencional está baseado no emprego intensivo de adubos
químicos e agrotóxicos. Visando à produtividade, a prática de produção convencional tem
culminado, por exemplo, no aumento dos custos de produção, esgotamento de recursos naturais e
redução da qualidade dos alimentos. Contrapondo-se a esse sistema de produção, a agricultura
agroecológica tem por finalidade a auto-sustentabilidade dos sistemas de produção, visando não só
a preservação ambiental, mas a qualidade de vida humana (CAMPOS, 2004; MEIRELLES; RUPP,
2016). Na produção agroecológica é excluída a utilização de fertilizantes e pesticidas sintéticos,
reguladores de crescimento de plantas e organismos geneticamente modificados (SINGH et al.,
2009).
Acredita-se que a utilização de fertilizantes sintéticos possa reduzir os níveis de compostos
antioxidantes em plantas, enquanto os fertilizantes orgânicos sejam capazes de aumentar esses
níveis (DUMAS et al., 2003; ALDRICH et al., 2010; OLIVEIRA et al., 2013). Entretanto, na
literatura são encontrados resultados controversos acerca da fitoquímica de vegetais agroecológicos
e convencionais (FALLER; FIALHO, 2010; SINKOVIC et al., 2015).
OBJETIVOS
O presente estudo tem por objetivo avaliar e comparar o potencial antioxidante e os níveis
de compostos fenólicos da acerola (Malpighia emarginata) e goiaba (Psidium guajava) oriundos de
cultivos agroecológico e convencional da região do Seridó Potiguar.
METODOLOGIA
Material
Extração
realizadas a 755 nm. Para a curva de calibração foram usadas soluções aquosas de ácido gálico. O
teor de fenóis totais foi determinado por interpolação das absorbâncias das amostras contra a
respectiva curva de calibração.
ATIVIDADES ANTIOXIDANTES
Uma alíquota de 0,1 mL dos extratos foi misturada em um tubo Eppendorf com 1 mL da
solução reagente (0,6 M de ácido sulfúrico, 28 mM fosfato de sódio e molibdato de amônio 4 mM).
Os tubos foram incubados a 95 °C por 90 min. Após o resfriamento das amostras a temperatura
ambiente, a absorbância foi mensurada a 695 nm (PRIETO, PINEDA; AGUILAR, 1999). Os
resultados foram expressos a partir da equação da reta obtida da curva de calibração do ácido
ascórbico.
Análise estatística
RESULTADOS E DISCUSSÃO
a utilização do metanol, por ser apontado pela capacidade de extrair elevada quantidade de
compostos bioativos (ECONOMOU; OREOPOULOU; THOMOPOULOS, 1991).
A Tabela I apresenta os valores obtidos na dosagem dos compostos fenólicos da acerola e
goiaba agroecológicas e convencionais. Os resultados mostram que, independente do modo de
cultivo, a acerola possui significativamente maior teor de fenólicos comparada a goiaba. Quando se
compara mais especificamente o modo de cultivo, pode-se notar uma leve diferença com relação ao
cultivo agroecológico ou convencional. A acerola cultivada de forma convencional apresentou
maiores taxas de fenólicos. Por outro lado, na goiaba agroecológica pode ser observado maior teor
de fenólicos com relação a goiaba cultivada de forma convencional.
Tabela I: Teor de compostos fenólicos da acerola e goiaba cultivadas de modo convencional e agroecológico.
Os resultados são apresentados como média ± desvio padrão.
O método de capacidade antioxidante total, descrito por Prieto, Pineda & Aguilar (1999),
fundamenta-se na redução do complexo fosfomolibdênico, que consiste na redução do Mo +6 para
Mo+5 e posterior formação do complexo fosfato-Mo+5, o qual pode ser verificado por sua coloração
verde em pH ácido e absorção máxima em 695 nm. Esse se destaca por ser um método sensível, de
simples execução e de baixo custo.
Para análise, foi construída uma curva de calibração com diferentes concentrações de ácido
ascórbico. As absorbâncias obtidas das amostras foram aplicadas a equação da reta encontrada para
a curva de calibração e os resultados foram expressos na forma de concentração relativa ao ácido
ascórbico. Assim, pode-se observar na FIGURA I que, tanto a goiaba quanto a acerola,
independente do modo de cultivo, apresentaram significativo potencial antioxidante. Além disso, o
padrão de atividade antioxidante não apresenta diferença significativa quando observados os modos
de produção.
FIGURA I: Relação entre os diferentes modos de cultivo da acerola e da goiaba com a massa de ácido
ascórbico com efeito semelhante no ensaio de avaliação da capacidade antioxidante total. Valores foram
expressos em média ± desvio padrão.
FIGURA II: Efeito dos diferentes modos de cultivo da acerola e da goiaba sobre a varredura de radicais
DPPH. Valores foram expressos em média ± desvio padrão.
CONCLUSÕES
Neste estudo pode-se observar a eficiência do metanol na extração dos compostos fenólicos
das amostras utilizadas neste estudo. Mais especificamente, foi observado que a acerola possui
maior teor de compostos fenólicos que a goiaba, independente do modo de cultivo.
Além disso, quando se correlaciona o efeito antioxidante total aos teores observados de
compostos fenólicos pode-se observar o efeito diretamente proporcional do conteúdo de fenólicos e
atividade antioxidante exibida pela acerola e goiaba.
Com exceção do elevado poder do extrato da goiaba agroecológica sobre o extrato
convencional na varredura de radicais DPPH, não foi verificado nos outros experimentos diferença
significativa nos padrões de atividade antioxidante das amostras com relação aos diferentes modos
de cultivo. No mais, ambas as frutas e seus diferentes modos de produção, conseguiram exibir
potente efeito antioxidante nas diferentes atividades avaliadas.
Os resultados aqui mostrados são dados preliminares. Assim, pesquisas futuras precisam ser
realizadas visando uma comparação mais acurada entre os dois cultivos.
REFERÊNCIAS
ALDRICH, H. T.; SALANDANAN, K.; KENDALL, P.; BUNNING, M.; STONAKER, F.;
KULEN, O.; STUSHNOFF, C. Cultivar choice provides options for local production of organic
and conventionally produced tomatoes with higher quality and antioxidant content. Journal of
the Science of Food and Agriculture, 90: 2548-2555, 2010.
DANTAS, M. Produtos orgânicos são comercializados todos os sábados na feira livre do Equador.
Disponível em: http://marcosdantas.com/produtos-organicos-sao-comercializados-todos-os-
sabados-na-feira-livre-de-equador/ Acesso em 07 de ago. 2016.
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SINKOVIČ, L.; DEMŠAR, L.; ŽNIDARČIČ, D.; VIDRIH, R.; HRIBAR, J.; TREUTTER, D.
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and mineral fertilizers. Food Chemistry, 166: 507-513, 2015.
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Chemistry, 111: 428–432, 2008.
RESUMO
As plantas submetidas a estresse salino, hídrico e de altas temperaturas apresentam uma série de
efeitos deletérios em seu desenvolvimento celular. Atualmente um dos grandes desafios dos
cientistas de plantas é compreender e tentar manter a produtividade de plantas sob condições
ambientais desafiadoras. O objetivo deste trabalho foi estudar o efeito de estresses abióticos
combinados com temperatura no crescimento de plântulas de feijão de corda (Vigna unguiculata L.)
através do seu comprimento e massa seca, bem como avaliar as concentrações de íons, Na+, K+ e
-
PO4 . Sementes de de feijão V. unguiculata cultivar IPA 206 foram colocadas para germinar em
papel filtro umedecido em água destilada, solução de NaCl (100mM) ou Manitol (200mM), em
câmara com fotoperíodo de 12 horas, nas temperaturas de 25°, 30° ou 40°C, durante 8 dias. Nossos
resultados mostraram que a temperatura de 40°C inibiu a germinação. A salinidade e o estresse
osmótico, em temperaturas de 25° e 30°C inibiram o crescimento de raízes e da parte aérea de
plântulas, entretanto, houve um efeito mais pronunciado desses estresses em temperatura de 25°C.
Em relação à massa seca, as raízes se mostraram mais sensíveis aos estresses. Já para na parte aérea,
houveram aumentos da massa seca em relação a salinidade e estresse hídrico. Os níveis de íons Na +
aumentaram em raízes e parte aérea em resposta a salinidade e os níveis de K+ diminuíram em todos
os estresses. Os níveis de fósforo nas raízes aumentaram em todos os tratamentos, mas diminuiram
na parte aérea. A salinidade e o estresse osmótico parecem interferir nos processos de transportes de
+ +
Na /K nas células, o que pode ocasionar problemas metabólicos em plântulas de feijão e esses
efeitos parecem ser dependentes da temperatura associada.
Palavras-chave: estresse, feijão, salinidade, temperaturas.
ABSTRACT
Plants submitted to salt stress, osmotic and high temperatures stress present a series of deleterious
effects on their cellular development. One of the major challenges for plant scientists today is to
understand and try to maintain plant productivity under challenging environmental conditions,
especially in times of global change. The aim of this work was to study the effect of combined
abiotic stresses on the growth of cowpea (Vigna unguiculata L.) seedlings through their length and
dry mass, as well as to evaluate the concentrations of Na+, K+ and PO4- ions in the roots and shoots.
Seeds of cv. IPA 206 from V. unguiculata were germinated on filter paper moistened with distilled
water, NaCl solution and Mannitol, and seedlings were developmented in a growth chamber under a
12 h photoperiod under different temperatures (25°, 30° and 40°C) for 8 days. Our results showed
that the temperature of 40° C inhibited germination. Salinity and osmotic stress at 25° and 30°C
inhibited root and shoot growth, but there was a more pronounced effect of these stresses at 25° C.
In relation to the dry mass, the roots were more sensitive to the stresses. Similary to shoots, there
were increases of dry mass in relation to salinity and water stress. The levels of Na+ ions increased
in roots and shoot in response to salinity. Already K+ levels decreased in all stresses. Phosphorus
levels in the roots increased in all treatments, but in the shoot, they decreased. Salinity seems to
interfere with Na+/K+ transport processes in the cells, which can lead to metabolic problems in
bean seedlings. In addition, the effects of the tested abiotic stresses appear to be temperature-
dependence.
Keywords: cowpea, salinity, stress, temperature
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Foram utilizadas sementes de cultivar de feijão Vigna unguiculata (L.) Walp (caupi) cultivar
IPA 206 fornecidas pelo IPA. As plantas sob condição controle foram colocadas para germinar em
água destilada por 8 dias e desenvolveram-se em câmara de crescimento à temperatura de 25 e
30°C. As plantas sob condição de estresse salino foram submetidas à concentração de NaCl
(100mM), as plantas sob condição de estresse hídrico foram submetidas a concentração de manitol
(200mM) em diferentes temperaturas (25, 30 e 40°C).
Parâmetros de crescimento
microondas (marca CEM; Modelo: Mars-Xpress). A programação dos ciclos de temperatura foi
selecionada de acordo com metodologia proposta por Almeida (2007). Posteriormente, as amostras
foram transferidas para balão volumétrico de 25 mL e o volume final completado com água
deionizada. A análise química do conteúdo de íons Na+, K+ e do P das diferentes partes das
plântulas foi analisado por fotometria de chama (EMBRAPA, 1999).
Delineamento experimental
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1. Comprimento em centímetro (cm) da raiz e da parte aérea de plântulas de Vigna unguiculata (L.)
Walp cultivar IPA 206. As sementes foram submetidas aos seguintes tratamentos (T) 1-água destilada a
25°C, 2-100 mM de NaCl a 25°C, 3-200 mM de manitol a 25°C, 4-água destilada a 30°C, 5-100 mM de
NaCl a 30°C e 6-200 mM de manitol a 30°C.
A massa seca das raízes das plântulas de feijão em resposta à salinidade (NaCl 100mM) a 25
e 30°C, mostrou diminuição de 56,52 e 26,9% em relação ao controle, respectivamente. O estresse
hídrico acarretou redução nas raízes de plântulas de 4,3% e 65,3% para as temperaturas de 25 e
30°C, respectivamente. Em relação à parte aérea, a 25°C houve um aumento da matéria seca de
54,6%, a 30°C em resposta à salinidade e esse aumento foi de 20% em relação ao controle de 30°C.
O tratamento de 200mM de manitol 25°C indica que houve aumento da massa seca de 126%,
superando o controle de 25°C. Em 30°C observa-se um ganho da matéria seca de 57% em relação
ao controle de 30°C. A razão da biomassa de raízes para a parte aérea parece ser governada por um balanço
funcional entre absorção de água pelas raízes e fotossíntese pela parte aérea. As plântulas submetidas a
temperatura de 40oC não conseguiram germinar e desenvolver-se em nenhum tratamento,
mostrando condição extrema de estresse.
O tratamento de 100mM de NaCl 25°C induziu um acréscimo na concentração de íon Na+
de 7,3 vezes nas raízes, em relação à referência de 25°C (Tabela 1). As raízes das plântulas com
tratamento de 200mM de Manitol 25°C, apresentaram o dobro da concentração de Na+, quando
comparado com o controle,. Os níveis obtidos no tratamento de 100mM de NaCl 30°C foi
aproximadamente 11 vezes maior, quando comparado com o controle na mesma temperatura.
Houve um efeito de aumento de 2 vezes, quando tratadas com 200mM de Manitol 30°C, quando
relacionadas com o controle de 30°C.
Figura 2. Massa seca (g) da parte aérea (A) e da Raiz (B) de plântulas de Vigna unguiculata (L.) Walp
cultivar IPA 206. As sementes foram submetidas aos seguintes tratamentos (T) 1-água destilada a 25°C, 2-
100 mM de NaCl a 25°C, 3-200 mM de manitol a 25°C, 4-água destilada a 30°C, 5-100 mM de NaCl a 30°C
e 6-200 mM de manitol a 30°C.
Na parte aérea dessas plântulas, foi observado aumento na concentração de Na+ em resposta
ao estresse salino (NaCl 100 mM) de 2 vezes em comparação com o controle em temperatura de
25°C. No tratamento de 100mM de NaCl 30°C foi observado aumento de 3,11 vezes, quando
comparado com o controle na mesma temperatura. Uma diminuição de 28% foi observada quando
plântulas foram tratadas com 200mM de Manitol 25°C, e nenhuma alteração relacionada a
temperatura de 30°C (Tabela 1).
O aumento na concentração de Na+em plântulas de feijão expostas à alta salinidade foram
observados previamente (COSTA et al., 2003; FERNANDES DE MELO, ) e parece ser uma
resposta geral dessas plantas. Entretanto, se o Na+ estiver presente em altas concentrações, ele pode
interferir nos níveis de K+.
A concentração de potássio diminuiu em todos os tratamentos analisados, tanto na raiz como
na parte aérea, nas temperaturas de 25 e 30°C, indicando que o aumento da concentração de Na+
pode estar relacionado à interferência do Na+ na captação de íons K+, uma vez que alguns canais de
K+ não possuem alta afinidade, sendo não seletivos. Os resultados observados estão de acordo com
os encontrados por Costa et al (2003) que mostraram acúmulo desse íon em alguns genótipos de
feijão caupi. O tratamento de 100mM de NaCl induziu acréscimo na concentração de fósforo em
raízes das plântulas submetidas as temperaturas de 25 e 30°C, mostrando valores de 100 e 200%,
respectivamente. As raízes das plântulas com tratamento de 200mM de Manitol 25°C, apresentaram
aumento de 180% na concentração do fósforo. Já na parte aérea, as concentrações de fósforo
diminuíram em todos os tratamentos, mostrando a maior diminuição no tratamento com 200 mM
Manitol + 25oC (Tabela 1). O fósforo é um nutriente extremamente móvel nas plantas, podendo ser
transportado de um local para outro, dependendo da necessidade metabólica da planta. Além disso,
ele entra na composição de biomembranas e em moléculas envolvidas na transferência de energia,
como ATP, necessários nas respostas de plantas aos estresses ambientais. Dessa forma, raízes
devem ter demandado maior necessidade desse nutriente em detrimento da parte aérea.
Os efeitos dos estresses abióticos (salino e osmótico) na germinação e no crescimento de
plântulas parecem ser dependentes da temperatura associada. Entretanto, novas abordagens são
necessárias para a melhor compreensão dessas respostas em plantas de feijão de corda.
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