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Introdução Aos Escritos Estéticos de Marx e Engels
Introdução Aos Escritos Estéticos de Marx e Engels
Impressão: Cromosete
CDD 701
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Catalogação na Publicação: Eliane M. S. Jovanovich CRB 9/1250
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Tudo o que Engels afirma aqui sobre a filosofia pode ser também
amplamente aplicado aos princípios fundamentais da evolução da lite-
ratura. É claro que todo desenvolvimento, encarado de modo concreto,
tem o seu caráter particular, e o paralelismo entre dois desenvolvimentos
jamais pode ser generalizado mecanicamente. É claro que, no quadro das
leis que dizem respeito à sociedade em seu conjunto, o desenvolvimento
de cada esfera assume o seu caráter particular, com suas leis próprias.
Se agora quisermos concretizar, ainda que só superficialmente,
o princípio geral assim obtido, chegamos a formular um dos princípios
mais importantes da concepção marxista da história. No que concerne à
história das ideologias, o materialismo histórico reconhece - ainda neste
ponto, em franca oposição ao marxismo vulgar- que o desenvolvimento
das ideologias não acompanha mecanicamente e nem segue pari passu o
grau de desenvolvimento econômico da sociedade. Na história do comu-
nismo primitivo e da divisão da sociedade em classes, a respeito da qual
escreveram Marx e Engels, não é de maneira alguma necessário que a
cada florescimento econômico e social corresponda infalivelmente um
florescimento da literatura e da arte, da filosofia etc.; não é absoluta-
mente necessário que uma sociedade mais evoluída socialmente possua
uma literatura, uma arte, uma filosofia necessariamente mais evoluída
do que as de uma sociedade com nível inferior de progresso.
Marx e Engels insistem, em muitas ocasiões, sobre a desigualdade
de desenvolvimento no campo da história das ideologias. Engels, por
exemplo, ilustra as considerações citadas há pouco recordando como
a filosofia francesa do século XVIII e a filosofia alemã do século XIX
nasceram em países completa ou relativamente atrasados, o que mostra
que, no campo da filosofia, a função de guia pode ser exercida pela cul-
tura de um país que, no campo econômico, se mantém em grande atraso
quando comparado com outros países próximos. Esta constatação foi
assim formulada por Engels:
Eis a razão por que países economicamente atrasados podem, não obstante,
em filosofia, empunhar a batuta em matéria de filosofia: [foi o que fez] a Fran-
ça do século XVIII, em relação à Inglaterra, em cuja filosofia os franceses se
apoiavam; e, mais tarde, a Alemanha em relação a um e outro destes países 8 •
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.::·:~sas, quando tratavam de uma arte dessa espécie. A ironia que mani-
7::stam se torna especialmente áspera quando verificam que o escritor,
; ;;ra demonstrar a verdade de qualquer proposição ou justificação, vio-
_c:ua a realidade objetiva, deformando-a. (Vejam-se, em particular, as
:--:--servações críticas de Marx sobre Sue.) Mesmo quando se trata de um
_:ande escritor, Marx protesta contra a tendência no sentido de utilizar
:;~a a obra, ou mesmo um só personagem, como expressão direta e
:..::tediata das opiniões do autor, o que priva o personagem da autêntica
;-:>ssibilidade de viver até o fundo suas próprias faculdades vitais segun-
.:.:~ as leis íntimas e orgânicas da dialética de seu próprio ser. E é isso que
~·farx desaprova na tragédia de Lassalle:
Poderias exprimir, e num grau muito maior, as ideias mais modernas na
sua forma mais pura, ao passo que, ao procederes como procedestes, exce-
tuando-se a liberdade religiosa, é a unidade política que permanece, de fato,
como a ideia central do teu drama. Muito naturalmente, no caso que apon-
to, deverias ter shakespeareanizado mais tua peça. Considero o teu maior
erro a schillerização, ou seja, a transformação dos indivíduos em simples
porta-vozes do espírito da época 20 •
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NOTAS
1
[Trata-se da edição húngara dos escritos estéticos de Marx e Engels, para a qual Lukács
escreveu esta introdução.]
2
[Berlim: Bruno Henschel, 1948.]
3
[Cf., em outra tradução, infra, a p. 104)
4
[Cf., em outra tradução, infra, a p. 135]
5
[Cf., em outra tradução, infra, a p. 135-136]
6 [Cf., em outra tradução, infra, a p. 105]
7
[Cf., em outra tradução, infra, a p. 106]
8
[Cf., em outra tradução, infra, a p. 106]
9 [Cf., em outra tradução, infra, a p. 127].
10 [Cf., em outra tradução, infra, a p. 127]
11
[Cf., em outra tradução, infra, a p. 119]
12
[Cf., em outra tradução, infra, a p. 145]
13
[Cf., em outra tradução, infra, a p. 194]
14
[Cf., em outra tradução, infra, a p. 78]
15
[Cf., em outra tradução, infra, a p. 233]
16
[Cf., em outra t radução, infra, a p. 128]
17 [Cf., em outra tradução, infra, a p. 67]
18 [Cf., em outra tradução, infra, a p. 66]
19 [Cf. Paul Lafargue, "Karl Marx: recordações pessoais", em D. Riazanov (org.), Marx: o
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[Cf., em outra tradução, infra, a p. 75]
21
[Cf., em outra tradução, infra, a p. 66]
22
[Cf., em outra tradução, infra, a p. 68-69]
23
[Cf., em outra tradução, infra, a p. 69]
24
[Cf., em outra tradução, infra, a p. 166].