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Resumo
Sua auto eficácia empreendedora percebida tem várias implicações para os empreendedores
nascentes. Esses efeitos vão desde fazer com que os empreendedores superconfiantes
estabeleçam metas inatingíveis, até que empreendedores superdotados sejam dissuadidos por
oportunidades complexas. Propomos que a identidade social dos empreendedores, relacionada
ao tipo de oportunidade que eles buscam, possa explicar diferentes níveis de auto eficácia
empresarial. Nossa análise de uma amostra de 753 empreendedores nascentes mostra que
empreendedores darwinistas interessados em si mesmos são mais propensos a se sentirem
competentes, enquanto empreendedores missionários que tentam promover uma causa
aplicável à sociedade em geral não demonstram altos níveis de auto eficácia empreendedora.
1 Introdução
Empreendedores são incorporados e moldam seu ambiente social de várias maneiras. Eles
afetam o crescimento econômico de uma sociedade (Audretsch et al., 2006), entram na política
(Obschonka e Fisch, no prelo), transformam organizações estabelecidas (Dess e Lumpkin,
2005) e desenvolvem soluções que podem trazer progresso às comunidades (Mckeever et al. ,
2015) ou a sociedade em geral (Zahra et al., 2009). A diversidade no comportamento
empreendedor reflete a heterogeneidade dos papéis e identidades que os empreendedores
aplicam (Gruber e Macmillan, 2017).
Para ser “heróis de vários tipos” (Welter et al., 2017, p. 317), os empreendedores precisam
atingir habilidades básicas em empreendedorismo. Essas habilidades geralmente abrangem
competências aplicáveis a várias tarefas empreendedoras (Chen et al., 1998; Forbes, 2005;
Liñán, 2008; Zhao et al., 2005). É especialmente importante que empreendedores nascentes
vivenciem a autoeficácia empreendedora (ESE), já que isso os ajuda a ter um melhor
desempenho em ambientes incertos ao compensar suas reais deficiências em especialização
com habilidades empreendedoras percebidas (Engel et al., 2014).
Este artigo estuda a relação entre a identidade social de empreendedores nascentes (que se
relaciona se eles perseguem o tipo de oportunidade social ou de interesse próprio) e seu ESE
percebido (que está relacionado à sua capacidade subjetivamente percebida de agir sobre um
oportunidade particular). Assim, o artigo procura responder à seguinte pergunta de pesquisa:
Diferentes identidades sociais de empreendedores nascentes levam a diferenças em sua
autoeficácia empreendedora?
Este artigo tem como objetivo esclarecer as questões que impedem os empreendedores
nascentes de desenvolver ESE ou capacitá-los a fazê-lo. Propomos que um desses
determinantes é a identidade social do empreendedor. A análise de regressão hierárquica com
dados de 753 empreendedores nascentes mostra que os empreendedores com identidades
sociais darwinistas e comunitárias percebem que possuem níveis mais altos de ESE, enquanto
empreendedores nascentes que se identificam com a missão de mudar o mundo não.
Este estudo pretende contribuir para a literatura existente de três formas: em primeiro lugar,
estabelece a necessidade de se considerar a identidade social de um empreendedor na
mensuração da ESE. Em segundo lugar, mostra que as diferenças no ESE percebido em relação
às identidades sociais dos empreendedores tendem a ser bastante subjetivas. Terceiro, fala pela
implementação de escalas específicas de autoeficácia para as várias identidades sociais.
A identidade social dos empreendedores tem impacto sobre o tipo de oportunidade que eles
exploram (Wry e York, 2017; York et al., 2016), as decisões estratégicas que eles consideram
apropriadas e o tipo de valor que criam (Fauchart e Gruber, 2011). Assim, examinar a identidade
social dos empreendedores nascentes pode iluminar a variação até então inexplicada no
processo de criação da empresa (Fauchart e Gruber, 2011; Powell e Baker, 2014, no prelo). A
motivação social básica dos empreendedores, a base para a autoavaliação e o quadro de
referência moldam sua identidade social e produzem três tipos diferentes de identidade social:
darwinistas, comunitaristas e missionários (Fauchart e Gruber, 2011). Os empreendedores
darwinistas são movidos pelo interesse próprio econômico, definem o sucesso como um
profissional competente e veem seu quadro de referência em empresas concorrentes. Os
comunitaristas pretendem contribuir para um grupo com o qual se identificam fortemente,
avaliam a si mesmos com base em se são ou não fiéis a outros semelhantes e atuam no quadro
de referência de sua comunidade. Os missionários querem promover uma causa através da
criação de empreendimentos, definir o sucesso como tornar o mundo um lugar melhor e definir
seu quadro de referência como sociedade em geral (Fauchart e Gruber, 2011; Sieger et al.,
2016).
A controlabilidade pode ser medida como um locus de controle e indica o grau em que os
indivíduos sentem que seu comportamento é independente de fatores externos (Levenson, 1973;
Sieger e Monsen, 2015). De acordo com Ajzen (2002), a autoeficácia e a controlabilidade estão
inter-relacionadas e, juntas, formam o amplamente usado controle comportamental percebido
(Ajzen, 1991). As percepções dos empreendedores sobre sua capacidade de realizar um
comportamento específico (ou seu ESE) serão afetadas negativamente quando acreditarem que
as forças externas os privam do completo controle de seu comportamento; em outras palavras,
há uma falta de controlabilidade percebida (Urbig e Monsen, 2012). Conclui-se que os
empreendedores nascentes que percebem que possuem um nível elevado de controlabilidade
podem experimentar um ESE mais forte, e o inverso também deve ser aplicado.
O princípio central da pesquisa atual é, no entanto, que aqueles indivíduos que são movidos
principalmente pelo interesse econômico são mais propensos a perceber os níveis mais altos de
ESE. Empreendedores nascentes com uma identidade social darwinista são bastante propensos
a experimentar o domínio ativo, que flui da sua visão de que ser um profissional competente
constitui sucesso (Fauchart e Gruber, 2011). Tais empreendedores provavelmente sentiriam que
o status flui da aplicação de práticas de gerenciamento sólidas e da condução ponderada do
planejamento financeiro (Sieger et al., 2016).
Por fim, é menos provável que os darwinistas experimentem emoções negativas, como a
ansiedade, porque eles só se sentem responsáveis por si mesmos (Sieger et al., 2016). A
capacidade de contornar a ansiedade torna irrelevantes questões como o medo de potenciais
efeitos negativos sobre as partes interessadas e os desafios que podem ser geridos. As
habilidades básicas esperadas dos empreendedores são tradicionalmente econômicas, que se
alinham bem com o conceito de identidade social darwinista e sua definição de sucesso (Gruber
e Macmillan, 2017). Consequentemente, os empreendedores mais emergentes se identificam
como empreendedores darwinianos, o mais provável é que sua percepção de ESE seja alta.
Como os modelos que mudaram o mundo para melhor são difíceis de encontrar no ambiente
próximo dos empreendedores missionários, eles podem apenas olhar para ícones distantes que
podem não cumprir a função de um modelo do ambiente imediato (Bosma et al., 2012). Além
disso, mesmo que ESE pudesse ser fomentada entre empreendedores missionários por meio do
fornecimento de educação efetiva em empreendedorismo social (Smith e Woodworth, 2012),
também pode provocar ceticismo entre professores e mentores em escolas de negócios de
mentalidade clássica e levar a uma falta de feedback positivo e menos encorajamento social.
Como os empreendedores missionários são movidos pela máxima de serem cidadãos altamente
responsáveis do mundo (Sieger et al., 2016), é muito provável que sua responsabilidade auto-
imposta leve à ansiedade se eles anteciparem o fracasso em atingir essa aspiração (Grant, 2008).
O fardo auto-imposto de contribuir para o progresso da sociedade pode levar os missionários a
se sentirem pequenos diante dos desafios futuros. Além disso, as habilidades básicas para a
ação empreendedora possivelmente não são percebidas como adequadas à identidade dos
empreendedores missionários, pois poderiam ser associadas ao grupo de empreendedores
darwinianos. Consequentemente, os empreendedores mais emergentes se identificam com uma
identidade missionária, menos provável que percebam que possuem níveis elevados de ESE.
3 Material e métodos
3.2 Métricas
Cinco itens para nossa variável dependente autoeficácia empreendedora (ESE) foram extraídos
de estudos anteriores (Chen et al., 1998; Forbes, 2005; Liñán, 2008; Zhao et al., 2005; Kickul
et al., 2009). Esses itens medem as competências percebidas pelos indivíduos em diferentes
tarefas empreendedoras, como busca, planejamento, empacotamento e implementação, e
também em diferentes domínios empresariais, como os relacionados à inovação, marketing,
gestão, finanças e tomada de riscos (Forbes, 2005). O alfa de Cronbach para ESE é 0,86. Nossas
variáveis independentes identidade social darwiniana, comunitária e missionária baseiam-se na
escala de identidade social dos empreendedores desenvolvida por Sieger et al. (2016).
Cinco itens medem a motivação social básica dos empreendedores, sua base para a
autoavaliação e seu quadro de referência. O alfa de Cronbach para a identidade social darwinista
é 0,80, para a identidade social comunitária 0,84 e para a identidade social missionária 0,89.
Em contraste com o ESE, que explica a competência percebida individualmente na execução
de uma tarefa empreendedora específica, a variável independente controlabilidade percebida
indica se o indivíduo geralmente percebe que está no controle de suas ações. Três itens são
derivados de Levenson (1973) e retornam um alfa de Cronbach de 0,88.
Idade e sexo, em consonância com outros estudos GUESSS (Laspita et al., 2012; Sieger e
Monsen, 2015; Zellweger et al., 2011), são utilizados como variáveis de controle. Os machos
foram codificados como 0 e as fêmeas como 1. Pesquisas anteriores sugerem que o gênero pode
influenciar a ESE (Wilson et al., 2007). O aprendizado empreendedor é usado como uma
variável de controle, porque é relatado como um dos principais determinantes da ESE (Zhao et
al., 2005). É medido com cinco itens de Johannisson (1991) e Souitaris et al. (2007), e registra
um alfa de Cronbach de 0,89.
De acordo com a teoria social cognitiva (Bandura, 1986), realizações passadas em uma área de
interesse levam a um maior grau de auto-eficácia percebida. Portanto, incluímos as atividades
empreendedoras realizadas e o fato de ser um empreendedor em série como variáveis de
controle, com base no fato de que elas poderiam elevar o ESE percebido (Hockerts, 2017). A
atividade empreendedora foi medida com base em uma lista de atividades de startups extraídas
do Global Entrepreneurship Monitor e do Panel Study of Entrepreneurial Dynamics, aplicado
por Shirokova et al. (2016). Os empreendedores em série são codificados como 1 e os
empreendedores de primeira viagem como 0. A Tabela 1 resume as estatísticas descritivas e as
correlações de todas as variáveis consideradas.
4 Resultados
Para avaliar o efeito da identidade social dos empreendedores nascentes na ESE, a equipe de
pesquisa adotou uma abordagem de regressão OLS hierárquica. Partindo de um modelo de
referência, os pesquisadores enriqueceram sucessivamente o modelo com diferentes conjuntos
de fatores de influência que poderiam explicar a variável dependente ESE. Os resultados em
relação às variáveis de controle estão listados na Tabela 2 e sugerem que a aprendizagem
empreendedora tem um efeito positivo pequeno mas significativo sobre ESE (b = .071, p
<.001), e que as atividades de startups passadas de empreendedores nascentes têm um efeito
positivo significativo em seu ESE (b = 0,480, p <0,01). Em consonância com o nosso raciocínio
teórico, os resultados mostram que (1) a controlabilidade percebida dos empreendedores
nascentes está significativamente relacionada com o seu ESE (b = .295, p <.001), (2) existe uma
relação positiva significativa entre ter um darwinismo identidade social e ESE dos
empreendedores nascentes (b = .230, p <.001), (3) há uma relação positiva significativa entre
ter uma identidade social comunitária e ESE dos empreendedores nascentes (b = 0,110, p
<0,001) e (4) não há relação significativa entre ter uma identidade social missionária e a ESE
dos empreendedores nascentes (b = .028, p> .1). Além disso, a análise de moderação (Fig. 1)
mostra que a relação positiva entre a identidade social comunitária e a ESE é moderada
negativamente pela controlabilidade percebida dos empreendedores nascentes (b = −097 p
<.05). Essa moderação não é significativa para as identidades sociais darwinianas e
missionárias. O modelo final, incluindo todas as variáveis e efeitos de interação, explica 39,9%
da variância da variável dependente.
5 Discussões
Mesmo que os empreendedores que se identificam com uma identidade social darwiniana se
auto-selecionem em campos econômicos de estudo, alcancem um nível mais alto de
aprendizado empreendedor e tenham mais probabilidade de ter experiência empreendedora, as
diferenças em seu ESE comparadas àquelas que se identificam com uma comunidade ou
missionária. identidade não são explicadas por esses fatores. Portanto, concluímos que as
diferenças na ESE entre os empreendedores que se identificam com uma identidade social
darwiniana, comunitária ou missionária tendem a ser, antes de tudo, diferenças percebidas e
não refletem necessariamente diferenças reais em habilidades empreendedoras.
Os empreendedores que percebem níveis de competência que eles não possuem é algo já
discutido na literatura e, na maioria das vezes, estão vinculados ao fracasso do empreendimento
(Hayward et al., 2006). Ser excessivamente confiante aumenta a probabilidade de os
empreendedores estabelecerem metas inatingíveis e, então, presidirem o desempenho negativo
da empresa (Baron et al., 2016). Nossas descobertas sugerem que aqueles com uma identidade
social darwiniana são especialmente propensos a ter excesso de confiança, porque
independentemente de sua aprendizagem e experiência empreendedora, essas pessoas
percebem a si mesmas como possuidoras de forte autoeficácia.
Pesquisas futuras poderiam medir se os empreendedores com diferentes identidades sociais são
mais propensos a perceber ESE quando são solicitados a descrever sua competência em
habilidades especificamente relacionadas à sua identidade. Supomos que, por exemplo,
identificar-se com uma identidade social missionária implicaria que uma pessoa tem um nível
mais elevado de ESE social (Hockerts, 2015, 2017). No entanto, mesmo se isso fosse verdade,
sugerimos que, na prática, os empreendedores missionários devem adquirir as habilidades
empreendedoras básicas na busca, no planejamento, no empacotamento e na implementação,
se quiserem ter sucesso.
6 Conclusões
Este artigo foi motivado pela questão de saber se os empreendedores com uma identidade social
darwiniana são mais propensos a perceber que possuem níveis mais altos de ESE. Ao usar uma
perspectiva de identidade social, este estudo mostra que empreendedores nascentes que se
identificam com uma compreensão de empreendedorismo interessada sentem-se mais capazes
de aplicar habilidades empreendedoras do que suas contrapartes; Considerando que os
empresários que se identificam com a missão de mudar o mundo e visar a sociedade em geral
não são susceptíveis de experimentar níveis mais elevados de ESE. Nossos resultados mostram
que essas diferenças na ESE não resultam de diferentes níveis de experiência ou aprendizado,
mas estão profundamente enraizadas na identidade social dos empreendedores.