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2. Quais são as causas para a gaguez? Genética, 60% das pessoas com gaguez tê, um
familiar com gaguez nas suas famílias. Neurológica, os estudos mais recentes revelam que
pessoas com gaguez usam áreas neuronais distintas de pessoas que não
gaguejam Psicossocial, no qual se enquadram as exigências do meio envolvente e como a
sua própria família lidou com a gaguez. E ainda o desenvolvimento linguístico na infância.
Crianças e adultos com gaguez não têm mais problemas emocionais do que qualquer outra
pessoa. E não há razões para acreditar que traumas provocam gaguez.
Aproximadamente 5% de todas as crianças passam por um período em que o seu discurso tem
como característica apresentar repetições, pausas, bloqueios e prolongamentos. Tal sucede
durante cerca de 3 meses. Destas, três quartos recuperam espontaneamente. Sinais de alerta
que isso não irá acontecer são a condição permanecer mais de 3 meses e surgirem
comportamentos associados.
7. Eu acho que o meu filho tem uma gaguez! Devo esperar ou procurar ajuda?
8. Com que idade é que a maioria das crianças começa a revelar características de
gaguez?
Na maioria das crianças surge tipicamente entre os 2 e os 5 anos, em que a média é aos 3
anos.
Esta surge tipicamente entre os 2 e os 5 anos, inicialmente ocorrem episódios em que são
observadas disfluências, estes tornam-se cada vez mais cíclicos e aparecem e desaparecem
sem causa e de modo aleatório.
As características que habitualmente se observam são:
- não ocorrem mais do que 10 disfluências em 100 palavras
- não ocorrem mais de 2 repetições consecutivas
- as repetições não têm tensão física ou esforço associados
- as repetições mais frequentes são de interjeições, p.e. hum, uh, e ainda de reformular de
frases e repetições de toda a palavra
- tipicamente como não há tensão ou esforço, a criança continua a falar sem consciência das
disfluências
- a situação não se agrava, pelo contrário torna-se com o tempo cada vez mais ligeira.
Quanto mais tempo uma criança permanece com características de gaguez e quanto mais
tarde estas surgem, menor é a probabilidade de as mesmas desaparecerem e pior é o
prognóstico.
Estes são os sinais de alerta para uma criança vir a desenvolver uma gaguez de carater
permanente:
- repetições múltiplas de sons de fala (fonemas) ou sílabas das palavras: f-f-f-fiquei na escola
ou fi-fi-fi-fiquei na escola
- prolongamentos de sons de fala: jjjjjjjjjoguei à bola
- inserção de um som de fala, em vez de bebé, produz: ba-ba-ba-bebé
- elevar do timbre e do volume, conforme a criança repete e prolonga a produção da palavra o
timbre e o volume aumentam
- tremor, movimentos involuntários em redor dos lábios durante a produção de um som, palavra
ou silaba
- evitamento, a criança apresenta um numero invulgar de pausas, substituição de palavras, um
uso elevado de interjeições (ah, uhm), palavras (tipo, bem) ou frases, evita falar ou quando fala
tem uma voz tipo desenho animado
- medo, a criança reconhece que há palavras que tem dificuldade em dizer, e pode exprimir
medo quando tem que dizê-las, frequentemente são o seu nome próprio, onde reside…
- dificuldade em iniciar ou manter o vozeamento enquanto fala, ouve-se tipicamente quando a
criança inicia uma frase, as palavras podem ser produzidas em catadupa enquanto a criança
se esforça para que o seu discurso seja fluente.
12. Quais são os factores de risco para se tornar numa gaguez de carácter permanente?
Há vários factores que podem indicar que se trata de uma situação de risco para se vir a se
tornar numa condição crónica:
- tempo após o início, quanto mais tempo as características de uma situação de gauez
persistem maior é o risco
- historial familiar de gaguez, 60% das pessoas têm um familiar com gaguez na família
- prolongamentos que persistem no discurso
- co-morbilidade com outros aspectos do desenvolvimento linguístico, atraso do
desenvolvimento da linguagem; perturbações fonéticas e/ou fonológicas. Dificuldades de
evocação e/ou sintáticas não facilitam a produção de um discurso fluente
- expectativas elevadas relativamente a si próprio, tendências perfeccionistas podem levar a
uma menor tolerância em aceitar a produção de um discurso com disfluências
- perspectiva negativa relativamente a si próprio, a reacção da criança à sua gaguez irá
condicionar os progressos que poderá vir a alcançar.
Processamento da Fala
O ato de falar implica coordenar uma sequência de movimentos, resultantes de
contrações musculares, que envolvem estruturas envolvidas na respiração, fonação
(voz) e articulação (modelar os diferentes sons para constituírem palavras), tudo isto
conjugado com um processo cognitivo fabuloso de planeamento linguístico (escolha
de palavras, construção sintática da frase), culmina num perfeito e sincronizado
discurso.
Falar é o ato motor mais rápido que o ser humano realiza. Uma ruptura neste
sistema poderá conduzir a sons repetidos, prolongados e/ou incapacidade de os
produzir no “timing” certo (bloqueios).
Gaguez
O que define gaguez, ao contrário do que muitos pensam, é que a pessoa sabe
exatamente o que quer dizer, contudo a palavra/som “simplesmente não saí”.
Naturalmente, poderão surgir sentimentos associados desde tenra idade (a Gaguez
poderá surgir a partir dos 18 meses), irritação, frustração, culpa , vergonha (entre
outros), que poderão conduzir a um evitamento de determinadas situações de
comunicação (evitar falar em público, substituir palavras, evitar situações…). Esta é
a principal consequência da gaguez.
Tratamento
Existem várias metodologias de intervenção, que para além de promoverem uma
maior fluência do discurso, ajudam também a lidar com os sentimentos negativos
(vergonha, frustração, medo, entre outros) que poderão surgir associados aos
momentos de gaguez. Um objectivo importante, é a criação de uma atitude positiva
perante situações da comunicação, em que a gaguez não defina as escolhas e
decisões da pessoa que gagueja.
Nas abordagens na infância , os pais têm um papel fulcral. São aliados terapêuticos
únicos e preponderantes no sucesso do tratamento.
Para adolescentes e adultos, as abordagens mais utilizadas têm origem em duas
vertentes, que poderão ser utilizadas de forma conjunta. A modelagem da fluência
e/ou a modificação do momento de gaguez. Na primeira, existe uma aprendizagem
de estratégias facilitadoras para momentos em que se pretende gaguejar o mínimo
possível (leitura em voz alta e participação nas aulas; apresentações e reuniões de
Universidade e Trabalho, entrevistas de emprego, etc) e aborda o discurso no seu
“todo”. O tratamento é baseado sobretudo na aprendizagem de técnicas, para a
produção de um discurso mais suave e relaxado, onde a probabilidade de gaguejar
é menor.
Os estudos mais recentes permitem-nos dizer: “Não se trata de nada disso!” Há causas?
Sim. Genéticas; neurofisiológicas; linguísticas e ambientais, por isso não peça à
criança/adolescente/adulto: “respira fundo”, “fala devagar”, “pensa antes de falar”, “tu
quando queres sabes falar!”… a ‘culpa’ não é deles.
A gaguez surge tipicamente entre os 2 anos e os 4 anos de idade, e é mais frequente nos
meninos, numa proporção de 3 meninos para 1 menina. No início observam-se
repetições de sons, sílabas ou palavras, depois prolongamentos e em seguida podem
aparecer bloqueios, estes últimos com um nível de tensão cada vez maior. Mas há
crianças que desde o início “lutam” para que as palavras saiam e chegam mesmo a
chorar devido à frustração que “o não sair” das palavras lhes provoca.
Se não há na família parentes que gaguejam, então a atenção recai sobre: há quanto
tempo surgiu a gaguez? Surgiu há mais de seis meses e tem-se vindo a agravar? Os
estudos indicam que uma criança que gagueja há um ano de modo persistente, a
probabilidade de a gaguez desaparecer por si diminuiu muito.
Se na sua opinião, uma criança na sua família, não consegue falar sem repetir ou
prolongar sons, sílabas ou palavras, há mais de seis meses, e por vezes as palavras não
saem e/ ou também quando fala vê-se que “pisca os olhos” ou “abana a cabeça” e isso
“parece” ajuda-la a falar, então já há vários sinais de alerta que deveriam ter uma
resposta especializada.
Há. Por um lado, algumas técnicas de intervenção só são possíveis de ser aprendidas
quando somos mais velhos. Por outro, as exigências linguísticas não são nem menores,
nem maiores, são diferentes.
Uma pessoa com gaguez pode lidar muito bem com a sua gaguez no geral exceto em
situações muito específicas: quando tem de apresentar um trabalho na escola; quando
teimam em lhe telefonar em vez de lhe enviar um SMS; quando lhe pedem para ler;
quando lhe dizem que para entrar naquele curso tem que passar por uma entrevista…
esses, entre muitos outros, são OS momentos complicados!
NOTA: Escrevo ‘pessoa com gaguez’ e não ‘gago’, pois essa pessoa tem muitas outras
características para além de que por vezes gagueja.
Jaqueline Carmona
Terapeuta da Fala, Especialista em Disfluência (Gaguez) e Linguista
PIN - Progresso Infantil