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A ictiofauna do rio

das Antas:
distribuição e bionomia
das espécies
DADOS DA EDITORA ?
Karla Danielle Gaspar da Luz Agostinho
João Dirço Latini
Fabiane Abujanra
Luiz Carlos Gomes
Angelo Antonio Agostinho

A ictiofauna do rio
das Antas:
distribuição e bionomia
das espécies

Maringá
2010
Revisão textual e gramatical
?
Normatização textual e de referências
?
Projeto gráfico
Jaime Luiz Lopes Pereira
Capa - imagens
Principais espécies
Fotos
Rafaella A. Falkemback
Maria Laura Delapieve
Nathalya Rocha
Osvaldo Oyakawa
Capa - arte final
Jaime Luiz Lopes Pereira
Ficha catalográfica
?
Fonte
Book Antiqua
Tiragem (versão impressa)
?

FICHA CATALOGRÁFICA ?

ENDEREÇO EDITORA ?
Os autores agradecem a Limnobios Consultoria em Ambientes Aquáticos e a
Ceran – Companhia Energética rio das Antas pela viabilização desta publicação e
disponibilização dos dados. Ao setor de Ictiologia do Museu de Ciência e Tecnologia
da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em especial aos doutores
Zilda Margarete S. de Lucena e Carlos Alberto S. de Lucena pela confecção da chave
de identificação e pelas valiosas sugestões na revisão da obra . À bióloga Camila B.
C. de Oliveira pela colaboração e exaustiva revisão do texto, e a Maria Angela Rimori
Damian pelo constante apoio e incentivo. Cabe enaltecer o esforço e dedicação de
todas as pessoas que fizeram parte de nossas equipes de campo e laboratório.
Apoio
Sumário
Prefácio.............................................................................................................................xiii
1.Introdução.........................................................................................................................1
2. As espécies de peixes do rio das Antas ......................................................................5
2.1. LISTA DE ESPÉCIES ........................................................................................................... 7
2.2. PROPORÇÃO ENTRE OS GRUPOS TAXONÔMICOS ................................................ 9
2.3. PARTICIPAÇÃO DAS ESPÉCIES NÃO NATIVAS ..................................................... 10
3. Chave de identificação ...............................................................................................11
4. Distribuição e abundância ........................................................................................27
5. Padrões de variação na composição e riqueza .......................................................33
6. Reservatórios e padrões de variação de riqueza de espécies ..............................39
6.1. VARIAÇÕES ESPACIAIS ................................................................................................ 41
6.2. VARIAÇÕES ANTES DOS REPRESAMENTOS – FASE PRÉ .................................... 43
6.3. VARIAÇÕES APÓS OS REPRESAMENTOS – FASE PÓS 1 ....................................... 44
6.4. VARIAÇÕES EM MÉDIO PRAZO NO RESERVATÓRIO DE MONTE CLARO .... 46
7. Bionomia das espécies de peixes .............................................................................49
7.1. BIOLOGIA REPRODUTIVA ........................................................................................... 51
7.1.1. ÉPOCA DE DESOVA ............................................................................................... 53
7.1.2. LOCAL DE DESOVA ................................................................................................ 57
7.2. ALIMENTAÇÃO NATURAL E CLASSIFICAÇÃO TRÓFICA DAS ESPÉCIES ..... 60
8. Biologia das principais espécies ..............................................................................65
Cyanocharax alburnus ................................................................................................................ 67
Bryconamericus iheringii ............................................................................................................ 69
Astyanax henseli ......................................................................................................................... 71
Diapoma speculiferum ................................................................................................................ 73
Hemiancistrus punctulatus ........................................................................................................ 75
Gymnogeophagus gymnogenys ................................................................................................... 77
Heterocheirodon jacuiensis ......................................................................................................... 79
Astyanax sp. ............................................................................................................................... 81
Steindachnerina biornata ............................................................................................................ 83
Hyphessobrycon luetkenii ........................................................................................................... 85
Geophagus brasiliensis ................................................................................................................ 87
Oligosarcus jenynsii..................................................................................................................... 89
Diapoma sp. ................................................................................................................................ 91
Pimelodus pintado ....................................................................................................................... 93
Crenicichla punctata ................................................................................................................... 95
Gymnogeophagus labiatus .......................................................................................................... 97
Astyanax jacuhiensis .................................................................................................................. 99
Loricariichthys anus .................................................................................................................. 101
Rhamdia quelen ......................................................................................................................... 103
Oligosarcus robustus ................................................................................................................ 105
9. Considerações sobre o manejo dos recursos pesqueiros ....................................107
10. Referências ...............................................................................................................113
Prefácio
A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

E aqui estou, a prefaciar uma obra que é o resultado do esforço de uma equipe, a
qual cumprimento por intermédio do Prof. Agostinho e da Karla - dispensando a
formalidade de suas titulações acadêmicas (que não são poucas), dizendo que vocês
todos, independente das funções exercidas, são mestres!

Há um poema do Mário Quintana que diz assim:

“...Quando se vê, já são seis horas!


Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é Natal.
Quando se vê, já terminou o ano.
.Quando se vê passaram 50 anos!...”

Ao ler estas frases muitos se perguntarão “o que faz um poema no prefácio de um


livro sobre a ictiofauna de um trecho da bacia hidrográfica Taquari- Antas?”

Explico: o poema me lembra a história da Limnobios junto à Ceran – Companhia


Energética Rio das Antas. Quando iniciaram os estudos, creio que em junho ou
julho de 2002, não tinha idéia do quão fascinante seria o trabalho realizado por essa
equipe.

Entre as tratativas para assinatura do contrato e o efetivo início das pesquisas


fui designada para acompanhar a aquisição do material necessário para campo e
laboratório. E recebi uma lista imensa, com os mais diversos itens, em sua maioria
completamente desconhecidos para uma pessoa ignorante das artes da pesca e da
pesquisa da vida dos peixes...

Tentem imaginar minha primeira conversa telefônica com a Karla Agostinho,


fazendo perguntas do tipo “se eu não encontrar o anzol marca tal, tamanho 4/0, por
qual substituo? E o que é uma linha de pesca fio torcido multifilamento Ekilon? E
onde é que se compra formol em grandes quantidades, e que tipo de transportadora
vai querer, ou poder, levar as bombonas pra Maringá?” Eu não apenas questionava
a Karla – me perguntava também para que tanta coisa! E, confesso, achava um
exagero.

Em setembro de 2002 foi realizada a primeira campanha – reconhecimento da área,


definição dos pontos de amostragem e coletas. E, passado o tempo necessário,
recebi o relatório com a descrição de todo o trabalho, em seus detalhes e com
várias fotografias, as quais foram muito esclarecedoras da forma de condução das
atividades.

Lembro perfeitamente que após a leitura do documento, comentei com os colegas


no escritório que “comprar ‘aquele monte de coisas’ estava mais do que justificado,
o trabalho é muito bom!”

Prefácio _______________________________________________________________________xv
A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Pois é, foram sete anos de pesquisas contínuas, onde em cada relatório recebido
estava impressa a seriedade, a responsabilidade, a capacidade técnica, a constante
busca do saber, a arte do fazer bem feito e, indiscutivelmente, o resultado de uma
parceria baseada na confiança e respeito.

Como aprendiz que ainda sou, agradeço os ensinamentos recebidos, não apenas os
da ciência, mas aqueles do viver e conviver em harmonia.

E, em nome da Ceran, agradeço a oportunidade de podermos contribuir para


ampliar e divulgar o conhecimento sobre o rio das Antas, que além de manter a
vida também gera energia.

Maria Angela Rimori Damian

xvi _______________________________________________________________________Prefácio
1
Introdução
A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

O rio das Antas localiza-se no Noroeste do Rio Grande do Sul, estendendo-se por
cerca de 390km desde suas nascentes no extremo leste de sua bacia, nos municípios
de Cambará do Sul, Bom Jesus e São José dos Ausentes, até a confluência do rio
Guaporé, no município de Muçum. A partir desse ponto, a continuidade natural
de seu curso passa a ser conhecida como rio Taquari, percorrendo mais 140km
até a confluência com o rio Jacui, principal formador do lago Guaíba (Lorentis,
2004). A bacia do Taquari-Antas tem uma área de 26.536km2, correspondendo a
cerca de 9% do território estadual. Seus principais tributários são os rios Camisas,
Tainhas, Lajeado Grande e São Marcos, na margem esquerda, e Quebra-Dentes,
Prata, Carreiro, Guaporé, Forqueta e Taquari-Mirim, na margem direita.

Suas características geomorfológicas e hidrológicas permitem dividir a bacia do rio


das Antas em dois trechos distintos, ou seja, (i) o trecho superior, aqui denominado
alto rio das Antas, compreendido entre suas nascentes e a foz do rio Quebra-Dentes,
com uma extensão de 183km, direção leste-oeste, declividade acentuada (média de
4,8m/km) e encaixada e com muitas corredeiras e algumas quedas, (ii) e o trecho
inferior, aqui nominado baixo rio das Antas (ou médio Antas-Taquari), entre a foz
do Quebra-Dentes e a do Guaporé, com direção nordeste-sudeste, extensão de 207
km, e declividade média de 1,6m/km, marcado por vales encaixados e algumas
corredeiras. O rio Taquari (baixo rio Antas-Taquari), sua sequência natural, tem
direção predominante norte-sul, corre em planície, com declividade média de
apenas 0,2m/km e raras cachoeiras (Leite et al., 2003; FEPAM, 2009) – Figura 1.

Os usos vigentes contemplam o abastecimento público e industrial, irrigação,


produção de energia e aquicultura (DRH-SEMA, 2002). A baixa densidade
populacional nos trechos de nascentes contrasta com os trechos mais a jusante,
onde atravessa região de pecuária e agricultura e recebe importantes aportes de
efluentes de cidades como Caxias do Sul, Farroupilha, Bento Gonçalves e Garibaldi,
que juntas concentram cerca da metade dos 1.135.000 habitantes que ocupam a
bacia e 57% dos estabelecimentos industriais (Lorentis, 2004; Leite et al., 2003). É
relevante o fato de essa bacia compor menos que 10% da área estadual, mas compor
cerca de 16% da população e concentrar cerca de 20% do PIB (Leite et al., 2003).
Mesmo com as limitações impostas por aspectos pedológicos ao desenvolvimento
de uma agricultura intensiva (fertilidade, relevo, drenagem, riscos de erosão e
profundidade), a área é ocupada por uma ampla variedade de cultivos agrícolas,
com consequentes problemas relacionados ao uso de agrotóxicos e adubos químicos,
bem como por processos erosivos e assoreamento.

A área protegida da bacia é considerável, com cerca de 160km2, compreendida


em dez unidades de conservação. Essa proteção é mais extensiva nos trechos
de nascentes, com destaque para o Parque Nacional dos Aparados da Serra. As
características hidrológicas, geomorfológicas e pedológicas são responsáveis por
rápidos escoamentos superficiais e variações bruscas na descarga após chuvas
torrenciais. A vazão média do rio das Antas, medida em seu trecho mais baixo,
entre os anos de 1940 e 1982, foi de 321m3/s. Entretanto, durante esse período as
descargas variaram de 10 a 10.300m3/s.

1 Introdução ____________________________________________________________________3
A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

O presente estudo foi desenvolvido no trecho entre a foz do rio São Marcos e a do
rio Guaporé, portanto, no trecho baixo inferior da bacia do rio das Antas, onde
atualmente estão instalados os três empreendimentos da Companhia Energética
Rio das Antas (Ceran). A ictiofauna desse trecho da bacia, foco principal do
presente estudo, já vinha sendo submetida a forte estresse dos usos de suas águas
para o abastecimento urbano, industrial e agropecuário (irrigação e dessedentação
de animais e, especialmente, diluição e carreamento de efluentes e poluentes).
Alguns de seus tributários, como o Burati, o Tega e o Prata, apresentam seus cursos
consideravelmente comprometidos pelos efluentes urbanos (DRH-Magma, 1997;
Tucci & Benetti, 2001, citados em Lorentis, 2004). Entretanto, o nível de informação
acerca dessa ictiofauna e de seus problemas era precário até o início da década.
Para avaliar os possíveis efeitos adicionais dos mencionados represamentos
hidrelétricos sobre essa fauna, já pressionada pelas ações antropogênicas, foi
necessário levantar sua composição, abundância e distribuição anterior, elucidar
aspectos populacionais e de comunidades e, então, por comparação, avaliar as
alterações e propor medidas atenuadoras. Os resultados desse esforço são aqui
apresentados.

Figura 1 Localização das estações de amostragem.

4_____________________________________________________________________ 1 Introdução
2
As espécies de peixes do
baixo rio das Antas
A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

2.1 Lista de espécies


As amostragens conduzidas no período de setembro de 2002 e abril de 2009
revelaram a presença de 70 espécies de peixes no trecho compreendido entre a
foz do rio São Marcos (28º56’29” Lat. S / 51º11’02” Long. W) e a do rio Guaporé
(29º10’07” Lat. S / 51º53’10” Long. W), num total de 34 campanhas. Para esse
trabalho, a equipe da Limnobios contou com o apoio do setor de Ictiologia do
Museu de Ciência e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul.

A Tabela 1 lista essas espécies, suas posições taxonômicas e descritores, além do


nome popular pelos quais elas são conhecidas na região.

Tabela 1 - Lista de espécies registradas no baixo rio das Antas e principais tributários durante
o período de 2002 a 2009. * Espécies migradoras

OSTEICHTHYES
CYPRINIFORMES
CYPRINIDAE
Aristichthys nobilis (Richardson, 1845) “carpa cabeça grande”
Cyprinus carpio (Linnaeus, 1758) “carpa comum”
Ctenopharyngodon idella (Valenciennes, 1844) “carpa capim”
CHARACIFORMES
ACESTRORHYNCHIDAE
Acestrorhynchus pantaneiro Menezes, 1992 “peixe cachorro”
CHARACIDAE
Astyanax eigenmanniorum (Cope, 1894) “lambari”
Astyanax jacuhiensis (Cope, 1894) “lambari rabo amarelo”
Astyanax aff. fasciatus (Cuvier, 1819) “lambari rabo vermelho”
Astyanax henseli Melo & Buckup, 2006 “lambari”
Astyanax laticeps (Cope, 1894) “lambari”
Astyanax sp. “lambari”
Bryconamericus iheringii (Boulenger, 1887) “lambari”
Cyanocharax alburnus (Hensel, 1870) “lambari”
Cyanocharax dicropotamicus Malabarba & Weitzman, 2003 “lambari”
Hyphessobrycon luetkenii (Boulenger, 1887) “lambari”
Hyphessobrycon igneus Miquelarena, Menni, Lopez & Casciotta, 1980 “lambari”
Hypobrycon sp. “lambari”
Oligosarcus jenynsii (Gunther, 1964) “tambicu”
Oligosarcus robustus Menezes, 1969 “tambicu”
Salminus brasiliensis (Cuvier, 1816)“dourado” *
CHARACINAE
Charax stenopterus (Cope, 1894) “lambari transparente”
CHEIRODONTINAE
Cheirodon interruptus (Jenyns, 1842) “lambari”
Heterocheirodon jacuiensis Malabarba & Bertaco, 1999 “lambari”

2 As espécies de peixes do baixo rio das Antas __________________________________________7


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Tabela 1 - Continuação
GLANDULOCAUDINAE
Diapoma speculiferum Cope, 1894 “lambari”
Diapoma sp. “lambari”
Pseudocorynopoma doriae (Eigenmann & Eigenmann, 1888) “lambari”
CRENUCHIDAE
Characidium orientale Buckup & Reis, 1997 “canivete”
PROCHILODONTIDAE
Prochilodus lineatus (Valenciennes, 1836) “grumatã” *
CURIMATIDAE
Cyphocharax spilotus Vari, 1987 “biru”
Cyphocharax voga Cope, 1894 “biru”
Steindachnerina biornata (Braga & Azpelicueta, 1987) “biru”
ANOSTOMIDAE
Leporinus obtusidens (Valenciennes, 1847) “piava” *
ERYTHRINIDAE
Hoplias aff. malabaricus (Bloch, 1794) “traíra”
CYPRINODONTIFORMES
POECILIIDAE
Phalloceros caudimaculatus (Hensel, 1868) “barrigudinho”
SILURIFORMES
PIMELODIDAE
Pimelodus pintado Azpelicueta, Lundberg & Loureiro, 2008 “pintado”
Parapimelodus nigribarbis (Boulenger, 1891) “mandi”
AUCHENIPTERIDAE
Glanidium sp. “manduvi”
HEPTAPTERIDAE
Heptapterus mustelinus (Valenciennes, 1935) “ bagrinho “
Heptapterus sp. “ bagrinho “
Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard, 1824) “jundiá”
Rhamdella eriarcha (Eigenmann & Eigenmann, 1888) “mandi”
PSEUDOPIMELODIDAE
Microglanis cottoides (Boulenger, 1889) “bagrinho”
TRICHOMYCTERIDAE
Trichomycterus sp. “peixe-gato”
ASPREDINIDAE
Bunocephalus sp. “peixe-banjo”
CALLICHTHYIDAE
Corydoras paleatus (Jenyns, 1842) “limpa-fundo”
Hoplosternum littorale (Hancock, 1828) “tamboata”
LORICARIIDAE
HYPOPTOPOMATINAE
Hisonotus armatus Carvalho, Lehmann, Lopes Pereira & Reis, 2008 “cascudinho”
Hisonotus sp. “cascudinho”
HYPOSTOMINAE

8___________________________________________2 As espécies de peixes do baixo rio das Antas


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Tabela 1 - Conclusão.
Hypostomus commersoni Valenciennes, 1836 “cascudo”
Hypostomus aspilogaster (Cope, 1894) “cascudo”
Pareiorhaphis hystrix Pereira & Reis, 2002 “cascudo”
LORICARIINAE
Loricariichthys anus (Valenciennes, 1836) “viola”
Rineloricaria strigilata (Hensel, 1868) “viola”
Rineloricaria cadeae (Hensel, 1838) “viola”
Rineloricaria malabarbai Rodriguez & Reis, 2008 “violinha”
Rineloricaria microlepidogaster (Regan, 1904) “viola”
ANCISTRINAE
Hemiancistrus punctulatus Cardoso & Malabarba, 1999 “cascudo de espinhos”
Ancistrus brevipinnis (Regan, 1904)“cascudo de espinhos”
Ancistrus sp. “cascudo de espinhos”
ICTALURIDAE
Ictalurus punctatus (Rafinesque, 1818) “bagre do canal”
GYMNOTYFORMES
GYMNOTIDAE
Gymnotus carapo (Linnaeus, 1758) “tuvira”
STERNOPYGIDAE
Eigenmannia virescens (Valenciennes, 1847) “tuvira”
ATHERINIFORMES
ATHERINOPSIDAE
Odontesthes humensis de Buen, 1953 “peixe-rei”
SYNBRANCHIFORMES
SYNBRANCHIDAE
Synbranchus marmoratus Bloch, 1795 “muçum”
PERCIFORMES
CICHLIDAE
Australoheros grupo facetus (Jenyns, 1842) “cará”
Crenicichla punctata Hensel, 1870 “joana”
Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824) “cará”
Gymnogeophagus gymnogenys (Hensel, 1870) “cará”
Gymnogeophagus labiatus (Hensel, 1870) “cará”
Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758) “tilápia”
CENTRARCHIDAE
Micropterus salmoides Lacepède, 1802 “black-bass”

2.2 PROPORÇÃO ENTRE OS GRUPOS TAXONÔMICOS


As 70 espécies capturadas estiveram distribuídas em oito ordens e 24 famílias
de Teleostei (Fig. 2). Siluriformes e Characiformes foram as ordens com o maior
número de espécies (26 e 23, respectivamente), seguidas por Perciformes (7) e
Cypriniformes (3). Esse padrão de riqueza de espécies por grupo taxonômico é,
em geral, o mesmo observado em outras bacias Sul-americanas.

2 As espécies de peixes do baixo rio das Antas __________________________________________9


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Número de Espécies
18

16 Siluriformes

14

12 Characiformes Synbranchiformes
Cyprinodontiformes
Atheriniformes
10 Cypriniformes
Perciformes
Gymnotiformes
8

Trichomy cteridae
Acestrorhynchidae

Callichthy idae

Ictaluridae

Gymnotidae
Anostomidae
Erythrinidae

Centrarchidae
Characidae
Curimatidae

Cichlidae
Heptapteridae

Cyprinidae
Crenuchidae

Sternopygidae

Synbranchidae
Prochilodontidae

Poeciliidae

Auchenipt eridae

Atherinopsidae
Loricariidae

Aspredinidae
Pimelodidae

Pseudopimelodidae

Famílias
Figura 2 Riqueza de espécies de peixes nas diferentes famílias (gráfico de barras) e proporção
de famílias entre as diferentes ordens (gráfico de setores) que compõem a ictiofauna do
baixo rio das Antas - RS.

2.3 PARTICIPAÇÃO DAS ESPÉCIES NATIVAS


Entre as espécies registradas no baixo rio das Antas, seis foram introduzidas na
bacia (Fig. 3; 8,6%), sendo que três delas têm distribuição natural no continente
asiático (carpas capim, cabeça grande e comum), duas na América do Norte
(“black bass” e bagre do canal) e uma na África (tilápia). As baixas capturas dessas
espécies indicam que a maioria delas não está estabelecida nesse trecho da bacia,
devendo ser resultantes de escapes de atividades de cultivo e solturas deliberadas
(caso do “black bass”). A ampla distribuição e a maior abundância sugerem que a
carpa comum possa ser a única a se reproduzir no sistema. Isso, entretanto, requer
estudos específicos mais aprofundados.
Espécies
100%

Aristichthys nobilis - carpa cabeça grande


80%
Nativas Cyprinus carpio - carpa comum
Ctenopharyngodon idella - carpa capim
91,4%
60%

Introduzidas 40% Oreochromis niloticus - tilápia


8,6%
20% Ictalurus punctatus - bagre do canal
Micropterus salmoides - black bass
0%

Figura 3 Participação das espécies introduzidas na ictiofauna do rio das Antas.

Além de esporádicas nas capturas, as espécies não nativas tiveram também uma
distribuição diferenciada. Assim, com exceção da carpa comum e do bagre do
canal, com ampla distribuição no baixo rio das Antas, as demais tiveram suas
ocorrências registradas apenas abaixo da foz do rio da Prata e, especialmente, da
do rio Carreiro (Tab. 2).

10__________________________________________2 As espécies de peixes do baixo rio das Antas


3
Chave de identificação
A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Com o objetivo de apresentar as características diagnósticas das espécies de peixes


da bacia do baixo rio das Antas, trecho sob influência dos empreendimentos
hidrelétricos sob concessão da Companhia Energética Rio das Antas (Ceran) e
subsidiar futuros estudos ictiológicos nessa bacia, é apresentada uma chave para
a identificação das espécies registradas (não incluidas as exóticas). A chave foi
elaborada pelos biólogos Zilda Margarete S. de Lucena e Carlos Alberto S. de
Lucena, do setor de Ictiologia do Museu de Ciência e Tecnologia da PUCRS.

1. Corpo sem escamas ou placas ósseas ...................................................................... 2

1’. Corpo com escamas ou placas ósseas................................................................... 12

2. Corpo roliço, comprimido somente na região pós-anal. Nadadeiras pélvicas e


peitorais ausentes. Presença de uma abertura branquial ventral ..............................
.................................................................Synbranchus marmoratus (Synbranchidae)

2’. Corpo não roliço. Nadadeiras pélvicas e peitorais presentes. Presença de duas
aberturas branquiais ..................................................................................................... 3

3. Nadadeira adiposa ausente. Peixes pequenos, alcançando, aproximadamente


8 cm de comprimento .................................................................................................... 4

3’. Nadadeira adiposa presente. Peixes de pequeno a médio porte, alcançando,


aproximadamente, de 9 (Microglanis cottoides) a 40 cm de comprimento ............... 5

4. Cabeça muito larga, sua largura maior que o seu comprimento. Região dorsal da
cabeça rugosa. Região posterior do corpo, a partir do início da nadadeira dorsal,
bem mais estreita que a região anterior. Presença de um espinho serreado bem
desenvolvido nas nadadeiras peitorais. Espinhos no interopérculo ausentes .........
...................................................................................Bunocephalus sp. (Aspredinidae)

4’. Cabeça relativamente estreita, sua largura menor que o seu comprimento.
Região dorsal da cabeça lisa. Região posterior do corpo, a partir do início da
nadadeira dorsal, da mesma largura que a região anterior. Ausência de espinho
nas nadadeiras peitorais. Presença de um grupo de odontódeos (espinhos),
geralmente cobertos por pele, no interopérculo ..........................................................
........................................................................Trichomycterus sp. (Trichomycteridae)

3 Chave de identificação __________________________________________________________13


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

5. Membranas branquiais unidas ao istmo. Presença de um par de barbilhões


mentonianos. Nadadeira adiposa curta, bem menor (cerca de 1/3) que a base da
nadadeira anal .........................................................Glanidium sp. (Auchenipteridae)

5’. Membranas branquiais livres do istmo. Presença de dois pares de barbilhões


mentonianos. Nadadeira adiposa longa, sua base maior que a base da nadadeira
anal, exceto em Parapimelodus nigribarbis, cuja base é do mesmo tamanho ............ 6

6. Cabeça tão ampla quanto longa. Corpo com 3 manchas largas escuras, de forma
irregular, em fundo claro; a primeira mancha à frente e sob a nadadeira dorsal; a
segunda, à frente e sob a nadadeira adiposa, e a terceira, no pedúnculo caudal, até
a base da nadadeira caudal. Região dorsal da cabeça escura, seguida de uma faixa
transversal clara situada entre as aberturas branquiais. Nadadeiras com manchas
escuras. Peixes pequenos, atingem no máximo cerca de 9 cm de comprimento .....
................................................................Microglanis cottoides (Pseudopimelodidae)

6’. Cabeça mais longa do que larga. Coloração do corpo diferente da descrita
acima, apresentando ou colorido uniforme ou uma faixa mediolateral escura ou
pequenas manchas arredondadas. Peixes maiores atingem no máximo cerca de 20
a 40 cm (tamanho máximo não conhecido em Heptapterus sp.) ............................... 7

7. Processo occipital curto, não alcançando a placa pré-dorsal................................ 8

7’. Processo occipital longo, alcançando a placa pré-dorsal ................................... 11

8. Presença de uma faixa escura na região lateral do corpo .......................................


............................................................................. Rhamdella eriarcha (Heptapteridae)

8’. Ausência de faixa escura na região lateral do corpo ............................................ 9

9. Origem das nadadeiras pélvicas situada na vertical que passa pelo final da base
da nadadeira dorsal. Extremidade dos raios da nadadeira anal situada na vertical
que passa no final da nadadeira adiposa ............. Rhamdia quelen (Heptapteridae)

14___________________________________________________________ 3 Chave de identificação


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

9’. Origem das nadadeiras pélvicas situada na vertical que passa na origem
da nadadeira dorsal. Extremidade dos raios da nadadeira anal situada mais
anteriormente, não alcançando a vertical que passa no final da nadadeira
adiposa .......................................................................................................................... 10

10. Extremidade dos raios da nadadeira dorsal distante da origem da nadadeira


adiposa. Nadadeira anal relativamente curta, sua extremidade não alcança a prega
inferior da nadadeira caudal ..................................Heptapterus sp. (Heptapteridae)

10’. Extremidade dos raios da nadadeira dorsal alcança ou quase alcança a origem
da nadadeira adiposa. Nadadeira anal relativamente longa, sua extremidade
ultrapassa a prega inferior da nadadeira caudal .........................................................
.....................................................................Heptapterus mustelinus (Heptapteridae)

11. Corpo sem manchas .......................... Parapimelodus nigribarbis (Pimelodidae)

11’. Corpo com manchas arredondadas ..............Pimelodus pintado (Pimelodidae)

12. Corpo com escamas ............................................................................................... 13


12’. Corpo com placas ósseas ..................................................................................... 50

13. Nadadeira adiposa ausente .................................................................................. 14

13’. Nadadeira adiposa presente................................................................................ 23

14. Nadadeiras dorsal, pélvicas e caudal presentes................................................. 15

14’. Nadadeiras dorsal, pélvicas e caudal ausentes ................................................. 16

15. Duas nadadeiras dorsais distintamente separadas uma da outra. Presença de


uma faixa prateada na região lateral mediana do corpo ............................................
...................................................................... Odontesthes humensis (Atherinopsidae)

3 Chave de identificação __________________________________________________________15


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

15’. Uma única nadadeira dorsal. Faixa prateada ausente ..................................... 17

16. Bandas oblíquas ao longo da superfície lateral do corpo. Cabeça deprimida.


Boca ampla, abrindo-se dorsalmente; mandíbula prognata. Nadadeiras peitorais
curtas, não alcançando a origem da nadadeira anal ...................................................
....................................................................................Gymnotus carapo (Gymnotidae)

16’. Bandas oblíquas ao longo da superfície do corpo ausentes. Cabeça comprimida.


Boca relativamente pequena, terminal; mandíbula terminando no mesmo nível da
maxila superior. Nadadeiras peitorais ultrapassam a origem da nadadeira anal ...
........................................................................Eigenmannia virescens (Sternopygidae)

17. Nadadeira dorsal iniciando-se bem à frente, na vertical que passa pelas
nadadeiras peitorais. Nadadeira dorsal com a parte anterior formada por espinhos
e a posterior com raios moles. Linha lateral dupla .................................................. 18

17’. Nadadeira dorsal iniciando-se bem após a vertical que passa pelas nadadeiras
peitorais. Nadadeira dorsal sem espinhos, somente raios moles. Linha lateral,
quando presente única ................................................................................................ 19

18. Corpo baixo, maior altura cabendo mais de 4 vezes no comprimento padrão.
Ausência de espinho dirigido para frente, imediatamente à frente da nadadeira
dorsal. Pequenos pontos no corpo, e, exceto nos jovens, também na cabeça;
ausência de mancha umeral ocelada .....................Crenicichla punctata (Cichlidae)

18’. Corpo alto, maior altura cabendo menos de 3 vezes no comprimento padrão.
........................................................................................................................................ 20

19. Peixes de médio porte, alcançando no máximo cerca de 50 cm de comprimento.


Linha lateral única. Maxilar grande, ultrapassando a região anterior da órbita.
Presença de dentes caniniformes bem desenvolvidos. Raios da nadadeira anal dos
machos não transformados em gonopódio ....... Hoplias malabaricus (Erythrinidae)

19’. Peixes de pequeno porte, alcançando no máximo 6,5 cm de comprimento.


Linha lateral ausente (sem escamas perfuradas; não confundir com neuromastos
superficiais presentes ao longo de algumas escamas do corpo). Maxilar pequeno,
não alcançando a região anterior da órbita. Dentes diminutos, não caniniformes.

16___________________________________________________________ 3 Chave de identificação


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Machos adultos com raios da nadadeira anal transformados em gonopódio .........


.................................................................... Phalloceros caudimaculatus (Poeciliidae)

20. Presença de um espinho dirigido para frente, localizado imediatamente à


frente da base do primeiro espinho da nadadeira dorsal (melhor visualizado após
a remoção da pele) ....................................................................................................... 21
20’. Ausência de espinho à frente da base da nadadeira dorsal ............................ 22
21. Faixa escura na origem da nadadeira dorsal, estendendo-se verticalmente ou
obliquamente em direção posterior ao corpo. Nadadeira caudal e região posterior
da nadadeira dorsal com manchas arredondadas ......................................................
...................................................................Gymnogeophagus gymnogenys (Cichlidae)

21’. Faixa escura, à frente da nadadeira dorsal, estendendo-se obliquamente em


direção ao olho. Nadadeira caudal e região posterior da nadadeira dorsal com
manchas longitudinais ..................................Gymnogeophagus labiatus (Cichlidae)

22. Presença de uma mancha preta na base dos raios superiores da nadadeira
caudal (algumas vezes difusa). Ausência de faixa escura que se estende desde
a nuca, através do olho, até o canto inferior do pré-opérculo. Pedúnculo caudal
curto, seu comprimento menor que a altura. 6 a 8 espinhos na nadadeira anal ......
...................................................................... Australoheros grupo facetus (Cichlidae)

22’. Ausência de mancha preta na base dos raios superiores da nadadeira caudal
(não confundir com uma pequena mancha na base dos raios medianos que pode
estar presente nos jovens). Presença de uma faixa escura que se estende desde a
nuca, através dos olhos, até o canto inferior do opérculo. Pedúnculo caudal longo,
seu comprimento maior que a altura. 3 espinhos na nadadeira anal ........................
................................................................................Geophagus brasiliensis (Cichlidae)

3 Chave de identificação __________________________________________________________17


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

23. Dentes nas maxilas presentes ............................................................................... 24

23’. Dentes nas maxilas ausentes ............................................................................... 26

24. Membranas branquiais unidas ao istmo ............................................................. 25

24’. Membranas branquiais livres do istmo.............................................................. 28

25. Corpo com faixas transversais escuras e manchas arredondadas. Dentes


incisiformes, assimétricos, bem implantados na maxila superior e na mandíbula,
os anteriores voltados para frente ................. Leporinus obtusidens (Anostomidae)

25’. Estrias longitudinais ao longo do corpo. Dentes diminutos, numerosos,


implantados ao longo dos lábios ............. Prochilodus lineatus (Prochilodontidae)

26. Poros das escamas da linha lateral contornados por pigmentação escura,
formando uma faixa lateral de aspecto pontilhado, localizada abaixo da faixa
lateral escura contínua .............................. Steindachnerina biornata (Curimatidae)

26’. Poros das escamas da linha lateral não contornados por pigmentação escura.
........................................................................................................................................ 27

27. 9 raios ramificados na nadadeira dorsal ....... Cyphocharax voga (Curimatidae)

27’. 10 a 12 raios ramificados na nadadeira dorsal ......................................................


............................................................................ Cyphocharax spilotus (Curimatidae)

28. Pseudotímpano presente. Linha lateral incompleta .......................................... 29

18___________________________________________________________ 3 Chave de identificação


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

28’. Pseudotímpano ausente. Linha lateral completa (exceto em Hyphessobrycon


luetkenii e Diapoma) ...................................................................................................... 31

29. Dentes cônicos em adultos. Maxilar com mais de 10 dentes, ao longo de quase
toda a sua extensão. Início da nadadeira anal na vertical que passa aproximadamente
na origem da nadadeira dorsal ............................. Charax stenopterus (Characidae)

29’. Dentes multicuspidados em adultos. Maxilar com até 5 dentes. Início da


nadadeira anal na vertical que passa pelos últimos raios da nadadeira dorsal ou
logo após ....................................................................................................................... 30

30. Mancha caudal ausente ou pequena e difusa. Maxilar com 2 a 5 dentes............


......................................................................Heterocheirodon jacuiensis (Characidae)

30’. Mancha caudal grande e conspícua. Maxilar com 1 dente ..................................


.............................................................................. Cheirodon interruptus (Characidae)

31. Maxilar grande, estendendo-se além da metade do olho. Maxilar com dentes
ao longo de quase toda a sua extensão ..................................................................... 32

31’. Maxilar pequeno, não alcançando a margem anterior do olho; quando alcança,
nunca ultrapassa a metade do olho. Maxilar sem dentes (Characidium orientale) ou
com poucos dentes localizados somente na porção anterior ................................. 35

32. Espécimes preservados em álcool com pontos escuros sobre as escamas, de


modo a formar linhas longitudinais ao longo da região lateral do corpo. Região
anterior das maxilas com dentes cônicos.......... Salminus brasiliensis (Characidae)

32’. Espécimes preservados em álcool com uma faixa lateral escura que se estende
desde a região umeral até o final do pedúnculo caudal. Região anterior das maxilas
com dentes caniniformes bem desenvolvidos.......................................................... 33
3 Chave de identificação __________________________________________________________19
A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

33. De 54 a 85 escamas perfuradas na linha lateral. Mancha umeral alongada


verticalmente ................................................................................................................ 34

33’. De 93 a 108 escamas perfuradas na linha lateral. Mancha umeral


arredondada ............................... Acestrorhynchus pantaneiro (Acestrorhynchidae)

34. 54-62 escamas perfuradas na linha lateral. 10 a 11 séries horizontais de escamas


entre a linha lateral e a origem da nadadeira dorsal. 21 a 23 séries horizontais de
escamas ao redor do pedúnculo caudal. Nadadeira caudal amarela em vida .........
................................................................................. Oligosarcus jenynsii (Characidae)

34’. 75-85 escamas perfuradas na linha lateral.16 a 18 séries horizontais de escamas


entre a linha lateral e a origem da nadadeira dorsal. 28 a 32 séries de escamas ao
redor do pedúnculo caudal. Nadadeira caudal vermelha em vida ...........................
................................................................................Oligosarcus robustus (Characidae)

35. Corpo com barras verticais escuras que se estendem desde o dorso até um
pouco além da faixa longitudinal escura situada na linha média do corpo .............
........................................................................... Characidium orientale (Crenuchidae)

35’. Corpo sem barras verticais escuras .................................................................... 36

36. Região pré-ventral acentuadamente convexa, comprimida, de modo a


formar uma quilha ventral. Mancha umeral ausente. Nadadeiras peitorais bem
desenvolvidas, sua extremidade posterior ultrapassa a extremidade posterior das
nadadeiras pélvicas ................................... Pseudocorynopoma doriae (Characidae)

36’. Região pré-ventral levemente convexa, não formando quilha ventral. Mancha
umeral presente. Nadadeiras peitorais relativamente curtas, sua extremidade
posterior não alcança ou ultrapassa levemente a origem das nadadeiras peitorais
....................................................................................................................................... 37

20___________________________________________________________ 3 Chave de identificação


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

37. Linha lateral incompleta ....................................................................................... 38


37’. Linha lateral completa.......................................................................................... 41
38. Origem da nadadeira anal localizada na vertical que passa abaixo da nadadeira
dorsal. Presença de escamas modificadas no lobo ventral da nadadeira caudal .....
........................................................................................................................................ 39
38’. Origem da nadadeira anal localizada na vertical que passa imediatamente
após a base da nadadeira dorsal. Ausência de escamas modificadas no lobo ventral
da nadadeira caudal .................................................................................................... 40
39. Borda póstero-ventral do opérculo prolongada em ponta ...................................
............................................................................. Diapoma speculiferum (Characidae)

39’. Borda póstero-ventral do opérculo não-prolongada ............................................


...............................................................................................Diapoma sp. (Characidae)

40. Uma única mancha umeral com prolongamento inferior. Dois dentes no
maxilar ..........................................................Hyphessobrycon luetkenii (Characidae)

40’. Duas manchas umerais sem prolongamento inferior, a anterior conspícua e


levemente arredondada e a posterior fraca. Um dente no maxilar ...........................
............................................................................ Hyphessobrycon igneus (Characidae)

41. Nadadeira dorsal com ii,8 raios ........................................................................... 42


41’. Nadadeira dorsal com ii,9 raios .......................................................................... 45
42. Boca distintamente ventral, posicionada na horizontal que passa na margem
ventral do olho. Nadadeiras pélvicas com i,7 raios ................................................. 43
42’. Boca subterminal, posicionada na horizontal que passa próxima ao meio do
olho. Nadadeiras pélvicas com i,6 raios.................................................................... 44
3 Chave de identificação __________________________________________________________21
A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

43. Todos os dentes tricúspides ...................................Hypobrycon sp. (Characidae)

43’. Dentes com 5 a 7 cúspides, raramente 3 cúspides na série externa do pré-


maxilar ........................................................... Bryconamericus iheringii (Characidae)

44. Nadadeira anal não pigmentada, sem marcas distintas. Nadadeira adiposa não
pigmentada em fêmeas e machos maduros preservados em álcool ..........................
............................................................................. Cyanocharax alburnus (Characidae)

44’. Nadadeira anal escura, com a ponta distal dos raios anteriores não pigmentada.
Nadadeira adiposa escura em fêmeas e machos maduros preservados em
álcool........................................................Cyanocharax dicropotamicus (Characidae)

45. Mancha umeral horizontalmente ovalada, com prolongamento situado na


porção anteroventral que se estende abaixo da linha lateral ................................. 46
45’. Mancha umeral verticalmente alongada em forma de faixa ou com
prolongamento estreito situado na porção medioventral que se estende abaixo da
linha lateral ................................................................................................................... 47
46. Duas manchas umerais, a segunda mais fraca e verticalmente alongada.
Nadadeira anal com 22 a 34 raios ramificados. Nadadeira caudal amarela em
vida ........................................................................Astyanax jacuhiensis (Characidae)

46’. Uma única mancha umeral. Nadadeira anal com 15 a 23 raios ramificados.
Nadadeira caudal avermelhada em vida ............... Astyanax laticeps (Characidae)

47. Uma única mancha umeral ................................................................................... 48

22___________________________________________________________ 3 Chave de identificação


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

47’. Duas manchas umerais, a primeira conspícua e a segunda fraca ................... 49


48. Mancha umeral se estendendo abaixo da linha lateral por duas séries horizontais
de escamas .................................................... Astyanax eigenmaniorum (Characidae)

48’. Mancha umeral não se estendendo abaixo da linha lateral .................................


............................................................................ Astyanax aff. fasciatus (Characidae)

49. Dentes da série externa do pré-maxilar com 5 cúspides. Maxilar relativamente


curto e largo, sua maior largura cabendo cerca de duas vezes no seu comprimento
(medido até o seu contato com o pré-maxilar). 1 único dente no maxilar. Dentes
anteriores do dentário relativamente largos. Nadadeira anal com 17 a 23 raios
ramificados (1 exemplar com 27) ..................................... Astyanax sp. (Characidae)

49’. Dentes da série externa do pré-maxilar com 3 cúspides. Maxilar relativamente


longo e estreito, sua maior largura cabendo mais de duas vezes no seu comprimento
(medido até o seu contato com pré-maxilar). 2 a 3 dentes no maxilar. Dentes
anteriores do dentário relativamente estreitos. Nadadeira anal com 24 a 28 raios
ramificados ................................................................. Astyanax henseli ( Characidae)

50. Duas séries de placas dispostas ao longo do corpo. Boca com 2 ou 3 pares de
barbilhões, não transformada em ventosa ................................................................ 51
50’. Mais de duas séries de placas dispostas ao longo do corpo. Boca com um par
de barbilhões rudimentares, transformada em ventosa ............... Loricariidae (52)
51. Focinho comprimido. Cabeça tão alta quanto longa. Corpo com manchas .......
............................................................................. Corydoras paleatus (Callichthyidae)

3 Chave de identificação __________________________________________________________23


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

51’. Focinho deprimido. Cabeça mais longa do que alta. Coloração uniforme,
plúmbea, sem manchas ..............................Hoplosternum littorale (Callichthyidae)

52. Pedúnculo caudal deprimido ............................................................................... 53

52’. Pedúnculo caudal comprimido ........................................................................... 57

53. Lábio inferior volumoso, semelhante a duas “almofadas”. Lábio inferior dos
machos hipertrofiado no período de reprodução. O espaço entre as duas quilhas
laterais ao longo do corpo estreita-se próximo à nadadeira caudal em menos de 10
escudos ................................................................. Loricariichthys anus (Loricariinae)

53’. Lábio inferior não volumoso. Lábio inferior dos machos nunca hipertrofiado.
O espaço entre as duas quilhas laterais ao longo do corpo estreita-se em quase
toda a extensão do pedúnculo caudal em mais de 10 escudos .............................. 54

54. Área nua da ponta do focinho alongada, prolongando-se lateralmente ............


................................................................................Rineloricaria cadeae (Loricariinae)

54’. Área nua da ponta do focinho oval, restrita à ponta do focinho .................... 55

55. Primeiro raio do lobo superior da nadadeira caudal prolongado em um curto


filamento ou sem filamento. Região dorsal da cabeça e do corpo com numerosos
pontos escuros e dorso do corpo com barras transversais escuras. Presença de
placas na região abdominal ...........................Rineloricaria strigilata (Loricariinae)

55’. Primeiro raio do lobo superior da nadadeira caudal sem filamento. Região
dorsal da cabeça e dorso do corpo sem pontos escuros, somente barras transversais
escuras no dorso do corpo. Presença ou ausência de placas na região abdominal .
........................................................................................................................................ 56

56. Presença de placas na região abdominal ................................................................


............................................................Rineloricaria microlepidogaster (Loricariinae)

24___________________________________________________________ 3 Chave de identificação


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

56’. Ausência de placas na região abdominal...............................................................


....................................................................... Rineloricaria malabarbai (Loricariinae)

57. Nadadeira adiposa ausente. Ossos da cintura peitoral, na região ventral do


corpo, encobertos por uma pele fina e numerosos odontódeos, de modo que são
bem visíveis .................................................................................................................. 58

57´. Nadadeira adiposa presente. Ossos da cintura peitoral, na região ventral do


corpo, encobertos por pele relativamente mais espessa, com ou sem odontódeos,
de modo que não são visíveis .................................................................................... 59

58. Margem anterior do focinho coberto com odontódeos .........................................


.....................................................................Hisonotus armatus (Hypoptopomatinae)

58’. Margem anterior do focinho com uma faixa nua, sem odontódeos ...................
.............................................................................. Hisonotus sp. (Hypoptopomatinae)

59. Região interopercular móvel, com um grupo de odontódeos desenvolvidos,


flexíveis e recurvados .................................................................................................. 60

59’. Região interopercular pouco móvel, quase fixa, com odontódeos curtos e
rígidos, voltados para a região posterior do corpo ................................................. 62

60. Focinho sem placas. Machos com tentáculos desenvolvidos no focinho ........ 61

60’. Focinho com placas. Machos sem tentáculos. Presença de manchas arredondadas
escuras nas placas que revestem a cabeça, na região lateral do corpo (podem estar
ausentes) e nas nadadeiras (melhor visualizadas nas pélvicas e peitorais) .............
..................................................................... Hemiancistrus punctulatus (Ancistrinae)

61. Presença de manchas arredondadas claras em toda a região do corpo e nas


nadadeiras ........................................................... Ancistrus brevipinnis (Ancistrinae)

3 Chave de identificação __________________________________________________________25


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

61’. Presença de manchas vermiculadas claras, melhor visualizadas na região


ventral do corpo .................................................................Ancistrus sp. (Ancistrinae)

62. Região pré-ventral lisa, sem odontódeos. Corpo com largas manchas escuras,
mais nítidas em indivíduos mergulhados em álcool (fora do álcool a coloração é
escura, uniforme) ..........................................Pareiorhaphis hystrix (Hypostominae)

62’. Região pré-ventral áspera, com pequenos odontódeos dispostos em toda a


superfície ...................................................................................................................... 63

63. Região lateral do corpo com fileiras horizontais de odontódeos bem


desenvolvidos. Corpo com manchas arredondadas escuras relativamente pequenas
e aproximadamente de mesmo tamanho ......................................................................
...................................................................Hypostomus commersoni (Hypostominae)

63’. Região lateral do corpo sem fileiras horizontais de odontódeos bem


desenvolvidos. Corpo com manchas arredondadas escuras relativamente grandes,
as da cabeça bem menores que as do restante do corpo .............................................
.................................................................. Hypostomus aspilogaster (Hypostominae)

26___________________________________________________________ 3 Chave de identificação


4
Distribuição e
abundância
A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

A análise da distribuição e abundância das espécies no baixo rio das Antas (Tab. 2)
revela que 20 espécies (28,6% do total) foram registradas em todas as localidades
amostradas, com exeção dos riachos. Demonstra ainda que 35 espécies (50%)
foram registradas em 12 das 15 estações de amostragem ao longo desse trecho.

Esse trecho do rio das Antas mostra diferenças longitudinais na composição das
assembléias de peixes. Do total de espécies amostradas, 22 jamais foram registradas
a montante das corredeiras do Cachoeirão, entre elas as espécies migradoras
de longa distância (Tab. 2). Isso revela que esse obstáculo natural restringia os
deslocamentos dessas espécies para os trechos a montante. Por outro lado, apenas
uma espécie (H. mustelinus) teve sua distribuição restrita ao segmento a montante.
Essa espécie, juntamente com H. littorale e P. hystrix, registradas em CAJUS, ATQG
e ANCAR, respectivamente, foram raras nas capturas.

Tabela 2 - Distribuição e abundância das espécies de peixes no baixo rio das Antas – RS

Legenda: Capturas < 5% 5%<Capturas<10% Capturas>10%


Espécies grafadas em vermelho=introduzidas; em azul=migradoras de longa distância.

RIACHOS
MCMON

MCREM
CAMON

CAREM

MCLEN

ANCAR
CALEN

MCJUS

14MON

14REM
CAJUS

14LEN

ATQG
14JUS
PRAT

ESPÉCIE

A. brevipinnis
A. eigenmanniorum
A. grupo facetus
A. fasciatus
A. henseli
A. jacuhiensis
A. laticeps
A. nobilis1
A. pantaneiro
Ancistrus sp.
Astyanax sp.
B. iheringii
Bunocephalus sp.
C. alburnus
C. carpio
C. dicropotamicus
C. idella
C. interruptus
C. orientale
C. paleatus
C. punctata
C. spilotus

4 Distribuição e abundância _______________________________________________________29


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Tabela 2 - Continuação

RIACHOS
MCMON

MCREM
CAMON

CAREM

MCLEN

ANCAR
CALEN

MCJUS

14MON

14REM
CAJUS

14LEN

ATQG
14JUS
PRAT
ESPÉCIE

C. stenopterus
C. voga
D. speculiferum
Diapoma sp.
E. virescens
G. brasiliensis
G. carapo
G. gymnogenys
G. labiatus
Glanidium sp.
H. aspilogaster
H. commersoni
H. igneus1
H. jacuiensis
H. littorale1
H. luetkenii
H. malabaricus
H. mustelinus1
H. punctulatus
Heptapterus sp.
Hisonotus sp.
Hypobrycon sp.
I. punctatus
L. anus
L. obtusidens
M. cottoides
M. salmoides1
O. humensis1
O. jenynsii
O. niloticus1
O. robustus
P. caudimaculatus
P. doriae
P. hystrix1
P. lineatus
P. nigribarbis
P. pintado
R. cadeae

30_______________________________________________________ 4 Distribuição e abundância


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Tabela 2 - Conclusão.

RIACHOS
MCMON

MCREM
CAMON

CAREM

MCLEN

ANCAR
CALEN

MCJUS

14MON

14REM
CAJUS

14LEN

ATQG
14JUS
PRAT
ESPÉCIE

R. eriarcha
R. malabarbai
R. microlepidogaster
R. quelen
R. strigilata
S. biornata
S. brasiliensis1
S. marmoratus
Trichomycterus sp.

1
= captura total igual ou inferior a 5 indivíduos

No segmento abaixo do Cachoeirão, constatou-se que o trecho a jusante da


barragem da UHE 14 de Julho é o que detém maior riqueza de espécies (Fig. 4).
Nesse trecho, os migradores ocorrem em maior abundância e apresentam o maior
número de espécies exclusivas, nativas (A. pantaneiro, C. spilotus e duas das três
consideradas raras) ou exóticas (O. niloticus e A. nobilis). Já em relação aos riachos,
com a exceção de Trichomycterus sp., toda a fauna neles encontrada esteve também
presente na calha do rio das Antas.

Figura 4 Número médio de espécies (barras horizontais internas) e amplitude de variação desse
número (linhas horizontais externas) em três segmentos da área estudada (Mont-
Cach=montante do Cachoeirão; Jus-Cach=jusante do Cachoeirão; Jus-14J=jusante da
barragem da UHE 14 de Julho).

4 Distribuição e abundância _______________________________________________________31


5
Padrões de variação na
composição e riqueza
A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

A análise de correspondência com remoção de efeito de arco (DCA), aplicada a


todos os dados obtidos no rio das Antas, apresentou autovalor correspondente
a 0,35 e 0,27 (eixo 1 e 2, respectivamente).

Na ordenação (Fig. 5A) ficou evidente que as amostras obtidas em córregos (pontos
de tonalidade cinza representados por esferas, sinais positivos e quadrados,
de acordo com a posição na bacia) se posicionaram de forma diferente (todas
localizadas no lado direito da figura) daquelas obtidas nas estações dispostas
ao longo do rio das Antas (rios e reservatórios). Essas diferenças foram mais
evidentes quando considerado o eixo 1 (Fig. 5B). Para o eixo 2, as diferenças
estiveram relacionadas à posição dos riachos ao longo da bacia, sendo essas
bem marcantes entre os trechos mais alto (área de influência de Castro Alves) e
o mais baixo (14 de Julho; Fig. 5C).

600
C. Alves M. Claro 14 Julho
C. Alves - Trib. M. Claro - Trib. 14 Julho - Trib.
500 Rio Antas

400
DCA 2

300

200

100

0 A

-100 0 100 200 300 400 500


DCA 1
320 280
B C Média
260
280 Média±EP
240
240 Média 220
DCA 1

DCA 2

Média±EP
200 200
180
160
160
120
140
80 120
CA MC QJ Antas CA MC QJ Antas
CA - Trib. MC - Trib QJ - Trib CA - Trib. MC - Trib QJ - Trib
REGIÃO REGIÃO

Figura 5 Resultado da análise de correspondência com remoção do efeito de arco (DCA)


considerando todos os dados obtidos entre 2002 e 2009 pelo monitoramento conduzido
no rio das Antas-RS. Ordenação resultante do eixo 1 (DCA 1) e 2 (DCA 2) (A) e médias
dos escores (± erro padrão: EP) paras três diferentes trechos da bacia, delimitados
conforme o reservatório mais próximo (CA: Castro Alves; CA – Trib.: córregos próximos a
Castro Alves; MC: Monte Claro; MC – Trib.: córregos próximos a Monte Claro; QJ: 14 de
Julho; QJ – Trib.: córregos próximos a 14 de Julho; Antas: trecho inferior do baixo rio das
Antas, abaixo da UHE de 14 de Julho), para o eixo 1 (DCA 1; B) e 2 (DCA 2; C).

5 Padrões de variação na composição e riqueza ________________________________________35


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Essas diferenças entre os córregos parecem estar associadas a processos


geomorfológicos da região, uma vez que ela é muito fragmentada (presença de
corredeiras e quedas), sendo o mais evidente o Cachoeirão, localizado abaixo da
UHE Castro Alves. Desta maneira, os riachos localizados acima dessa barreira
apresentam composição de ictiofauna distinta dos demais.

As espécies que mais explicaram as tendências verificadas no eixo 1 foram,


positivamente, Heptapterus sp. (r=0,62), H. mustelinus (r=0,60), A. laticeps (r=0,43)
e Hypobrycon sp. (0,32). Essas espécies tiveram maior ocorrência nas amostragens
conduzidas nos riachos. Por outro lado, as espécies com correlação negativa foram
C. alburnus (r=-0,42), S. bionarta (r=-0,36), G. gymnogenys (r=-0,35), O. jenynsii (r=-
0,35), H. punctulatus (r=-0,32), A. henseli (r=-0,31), P. pintado (r=-0,31) e L. anus
(r=-0,30). Essas espécies tiveram maior ocorrência nas amostragens conduzidas ao
longo do rio das Antas (rio e reservatórios).

Para o eixo 2, as espécies mais correlacionadas positivamente foram P. pintado


(r=0,44), R. quelen (r=0,42), H. commersoni (r=0,41), G. carapo (r=0,37) e H. malabaricus
(r=0,37). Essas espécies tiveram maior ocorrência nas amostras posicionadas
na parte superior da ordenação e da bacia. Por outro lado, as correlacionadas
negativamente com esse eixo foram D. speculiferum (r=-0,58), C. alburnus (r=-
0,46), Diapoma sp. (r=-0,44), H. jacuiensis (r=-0,44) e B. iheringii (r=-0,39). Essas
espécies tiveram maior ocorrência nas amostras posicionadas na parte inferior da
ordenação e da bacia. De maneira geral, todas as espécies correlacionadas com o
eixo 2 tiveram maior ocorrência no rio das Antas e reservatórios.

As tendências evidenciadas pela DCA ficam mais evidentes quando são analisadas
as variações na riqueza de espécies (Fig. 6). Dessa maneira, a média da riqueza
de espécies verificada nos córregos da região da UHE Castro Alves é menos da
metade da média obtida para os córregos da UHE 14 de Julho, sendo aqueles na
região da UHE Monte Claro em posição intermediária. Merece destaque a maior
riqueza média de espécies por amostra nos trechos mais inferiores da região
estudada (córregos da 14 de Julho e rio das Antas abaixo dessa barragem).
14
Média
12 Média±EP
RIQUEZA DE ESPÉCIES

10

2
CA CA - Trib MC MC - Trib QJ QJ - Trib Antas
REGIÃO
Figura 6 Média da riqueza de espécies por amostra nas diferentes regiões amostradas entre 2002 e 2009
no baixo rio das Antas (CA: Castro Alves; CA – Trib. – córregos próximos a Castro Alves; MC:
Monte Claro; MC – Trib.: córregos próximos a Monte Claro; QJ: 14 de Julho; QJ – Trib.: córregos
próximos a 14 de Julho; Antas: trecho inferior do rio das Antas, abaixo da UHE 14 de Julho).

36_________________________________________ 5 Padrões de variação na composição e riqueza


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Conclui-se, portanto, que a ictiofauna registrada nos diversos córregos da região


apresenta-se altamente variável e distinta daquela do rio das Antas e tributários
maiores. Dentre os riachos, os da região da UHE Castro Alves foram os mais
distintos, aparentemente como resultado de processos regionais (geomorfológicos),
pois estão localizados acima da região do Cachoeirão.

5 Padrões de variação na composição e riqueza ________________________________________37


6
Reservatórios e padrões
de variação de riqueza de
espécies
A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Para avaliar as tendências de variação espaçotemporal na composição e riqueza


de espécies no rio das Antas, as coletas de riachos foram removidas, sendo os
dados das amostras dos demais ambientes sumarizados em uma ordenação.
Nesse caso, como não foi observado o efeito de arco, optou-se pela análise de
correspondência (CA), que apresentou autovalores de 0,24 e 0,13, para os eixos 1
e 2, respectivamente. Como a ênfase da análise é sobre esses possíveis padrões de
variação, os escores foram analisados considerando diversas possibilidades, ou
seja, i) variações espaciais ao longo do rio das Antas, considerando os trechos da
bacia com influência dos distintos reservatórios e aquele não represado a jusante
da UHE 14 de Julho; ii) variações antes dos represamentos – fase Pré; iii) variações
após os represamentos – fase Pós 1; e iv) um estudo mais detalhado da UHE
Monte Claro, para a qual o monitoramento foi mais extensivo, abrangendo as
fases denominadas Pós 1, Pós 2 e Pós 3. Essa última análise foi feita para ter uma
descrição de como foi o processo de acomodação das espécies no reservatório e
que pode acontecer nos demais.

Para todas essas análises, a ordenação foi a mesma, diferenciando apenas como os
escores foram analisados, ou seja, considerando diversos fatores.

6.1 VARIAÇÕES ESPACIAIS

A ordenação feita sem os dados obtidos nos riachos permitiu uma melhor
avaliação das tendências da composição da ictiofauna nos diversos reservatórios e
trecho inferior do baixo rio das Antas (Fig. 7A). Assim, grande parte das amostras
da região da UHE Castro Alves apresentou tendência de se posicionar mais a
esquerda e inferior, enquanto as amostras da UHE Monte Claro e trecho inferior
do baixo rio das Antas ficaram em posição intermediária daquelas da de 14 de
Julho, que se concentraram na parte inferior direita. Essas tendências são mais
evidentes quando analisadas as médias dos escores para cada região considerada.
Para o eixo 1, o maior valor médio foi verificado para as amostras da 14 de Julho
e o menor para a Castro Alves (Fig. 7B). Para o eixo 2, as maiores médias foram
para a 14 de Julho e trecho inferior do rio das Antas e menor para a UHE Castro
Alves (Fig. 7C).

As médias da riqueza de espécies nas amostras obtidas nas diversas regiões


consideradas não variaram acentuadamente, com menor valor para a Castro
Alves (9,7 espécies) e maior para o trecho inferior do rio das Antas (12,2 espécies)
- (Fig. 8). Essas tendências, refletidas na análise por trechos do rio das Antas,
demonstradas anteriormente (Fig. 4), são esperadas quando são considerados
trechos relevantes ao longo de rios. No presente caso, a barreira representada
pelo Cachoeirão acentua essas diferenças, especialmente em relação ao trecho a
montante.

6 Reservatórios e padrões de variação de riqueza de espécies ______________________________41


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Figura 7 Resultado da análise de correspondência (CA) considerando os dados obtidos nos projetos
de monitoramento conduzido no rio das Antas. Ordenação resultante do eixo 1 (CA 1) e 2
(CA 2) (A) por região, e médias dos escores (± erro padrão: EP) paras as diversas regiões
consideradas (CA: Castro Alves; MC: Monte Claro; QJ: 14 de Julho; Antas: trecho baixo do
baixo rio das Antas), para o eixo 1 (CA 1; B) e 2 (CA 2; C).

Figura 8 Média da riqueza de espécies para as diferentes regiões amostradas nos estudos de
monitoramento conduzidos no rio das Antas (CA: Castro Alves; MC: Monte Claro; QJ: 14
de Julho).

42_______________________________6 Reservatórios e padrões de variação de riqueza de espécies


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

6.2 VARIAÇÕES ANTES DOS REPRESAMENTOS – FASE PRÉ


Para verificar se os trechos do rio das Antas posteriormente ocupados pelos
distintos reservatórios apresentavam ictiofauna com composição semelhante,
foram analisados apenas os escores referentes à fase Pré (rio), considerando os
reservatórios de Castro Alves, Monte Claro e 14 de Julho. Essa análise se justifica
pelo fato de a região apresentar inúmeras corredeiras e cachoeiras, que podem
determinar ictiofauna distintas ao longo do rio.

Na ordenação das amostras das fases Pré, foi possível verificar uma concentração
de pontos referentes à área da UHE 14 de Julho no lado direito e superior da
Figura 9A (quadrados), indicando que essa área apresentou tendência diferente
das demais (Castro Alves e Monte Claro). Essas tendências são mais evidentes
quando analisadas as médias dos escores para cada trecho em separado, com
maior média para os da 14 de Julho, tanto para o eixo 1 (Fig. 9B) quanto para o
eixo 2 (Fig. 9C).

Figura 9 Resultado da análise de correspondência (CA) considerando os dados obtidos nos projetos
de monitoramento conduzido no rio das Antas, antes dos represamentos (fase Pré; A), e
médias dos escores (± erro padrão: EP) paras os diversos reservatórios (CA: Castro Alves;
MC: Monte Claro; QJ: 14 de Julho), para o eixo 1 (CA 1; B) e 2 (CA 2; C).

6 Reservatórios e padrões de variação de riqueza de espécies ______________________________43


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Essas tendências devem estar relacionadas, como mencionado anteriormente,


a processos geomorfológicos da região, que tem potencial para simplificar
assembléia de peixes em trechos a montante de barreiras à dispersão, especialmente
a ascendente. Como visto, o conjunto das espécies registradas a montante do
cachoeirão é um subconjunto daquele de jusante. Apenas H. mustelinus foi
capturada somente a montante.

A hipótese mencionada anteriormente é corroborada pela média das riquezas de


espécies por amostra, com maior valor registrado para a região da UHE 14 de
Julho. Por outro lado, as amostras das regiões das UHEs Castro Alves e Monte
Claro apresentaram valores semelhantes (Fig. 10). Ressaltam-se, no entanto, os
valores extremamente variados no número de espécie constatado no trecho de
rio correspondente a essa última UHE. O fato desse trecho representar o limite
superior de distribuição de várias espécies permite supor que algumas dessas
ocupavam o trecho de forma transitória, elevando a variabilidade entre o número
de espécies por amostra.

Figura 10 Média da riqueza de espécies para a fase pré-represamento, nos estudos de monitoramento
conduzidos no rio das Antas (CA: Castro Alves; MC: Monte Claro; QJ: 14 de Julho).

6.3 VARIAÇÕES APÓS OS REPRESAMENTOS – FASE PÓS 1


Também foram avaliados os escores referentes ao período subsequente à formação
dos reservatórios (Pós 1), com objetivo de verificar se eles apresentaram tendências
semelhantes na composição de espécies durante a fase de variações ambientais
mais intensas.

A disposição dos escores do eixo 1 mostrou diferenças entre os valores das


UHEs Castro Alves (mais a esquerda e superior) e Monte Claro (mais a direita
e inferior). Por outro lado, as amostras da UHE 14 de Julho se posicionaram na
parte superior da ordenação (Fig. 11A), porém com grande variabilidade no eixo
44_______________________________6 Reservatórios e padrões de variação de riqueza de espécies
A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

1. Esses padrões são evidentes quando analisadas as médias dos escores para cada
eixo em separado. No eixo 1, as médias foram distintas para as UHEs Castro Alves
e Monte Claro (Fig. 11B) e, para o eixo 2, a média maior dos escores foi para as
amostras da UHE 14 de Julho (Fig. 11C).

Figura 11 Resultado da análise de correspondência (CA) considerando os dados obtidos nos projetos
de monitoramento conduzido no rio das Antas, imediatamente após represamentos (fase
Pós 1; A), e médias dos escores (± erro padrão: EP) para os diversos reservatórios (CA:
Castro Alves; MC: Monte Claro; QJ: 14 de Julho), para o eixo 1 (CA 1; B) e 2 (CA 2; C).

As médias da riqueza de espécies foi semelhante para a fase Pós 1 das UHEs
Castro Alves e Monte Claro (11 e 10, respectivamente), porém menores que o
valor obtido para a UHE 14 de Julho (16 espécies), que se apresentou mais variável
(barras representando o erro padrão na Fig. 12). Esses valores podem explicar a
elevada variabilidade observada na ordenação no eixo 1 para a 14 de Julho, devido
à existência de amostras com baixa e alta riqueza de espécies. Isso também pode
explicar a tendência do eixo 2, com espécies capturadas apenas nesse trecho.

Todos os reservatórios apresentaram incrementos no número médio de espécies por


amostra em relação à fase rio (Fig. 10 e 12), sendo esse aumento mais acentuado no
reservatório 14 de Julho, onde a variabilidade foi também elevada. O incremento
de espécies em reservatórios recentes em relação ao trecho original é um evento

6 Reservatórios e padrões de variação de riqueza de espécies ______________________________45


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

esperado naqueles de pequeno tamanho, baixo tempo de residência e trechos


livres a montante, como os de Castro Alves, Monte Claro e 14 de Julho. A adição
de novos habitats e elevação na disponibilidade de alimento são eventos que
podem explicar essa tendência. Tendências opostas são constatadas em grandes
reservatórios, com extensas áreas lacustres e alto tempo de residência da água,
onde, a despeito de uma área de transição com elevada riqueza (pelas mesmas
razões), a paisagem é dominada por uma zona pelágica e profunda desenvolvida,
não passível de ocupação efetiva pelas espécies de peixes neotropicais por falta de
oportunidade de pré-adaptação (não temos lagos naturais grandes e profundos).

Figura 12 Média da riqueza de espécies após o represamento (imediatamente após: Pós 1), nos
estudos de monitoramento conduzidos no rio das Antas (CA: Castro Alves; MC: Monte
Claro; QJ: 14 de Julho).

6.4. VARIAÇÕES EM MÉDIO PRAZO NO RESERVATÓRIO


DE MONTE CLARO

A análise dos escores da UHE Monte Claro foi feita para avaliar possíveis
tendências na composição de espécies durante o processo de colonização desse
reservatório (fases Pós 1, Pós 2 e Pós 3), que pode servir de indicação para o que
poderá acontecer nos demais reservatórios construídos na bacia.

Na ordenação dos escores não foi possível observar padrão consistente na


distribuição deles ao longo do eixo 1. No eixo 2, entretanto, constata-se uma
concentração dos escores do Pós 3 (sinais positivos) na parte superior da Figura
13A, e dos escores da Pós 1 e Pós 2 na porção inferior. Isso indica variação na
composição de espécies com baixa ocorrência (o eixo 2 geralmente representa
variação secundária), ou seja, nas amostras dessa fase algumas espécies não foram
registradas ou outras apareceram e determinaram as diferenças encontradas (Fig.
13B e C).

46_______________________________6 Reservatórios e padrões de variação de riqueza de espécies


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

120
A Pós 1
80 Pós 2
Pós 3
40

0
CA 2
-40

-80

-120

-160
-100 -50 0 50 100 150 200 250
CA 1

35 40
B Média C Média
30 Média±EP 30 Média±EP
25 20
10
20
CA 1

0
CA 2

15
-10
10
-20
5 -30
0 -40
-5 -50
Pós 1 Pós 2 Pós 3 Pós 1 Pós 2 Pós 3
PERÍODO PERÍODO

Figura 13 Resultado da análise de correspondência (CA) considerando os dados obtidos no projeto


de monitoramento da UHE Monte Claro após o represamento (fase Pós 1, Pós 2 e Pós
3; A), e médias dos escores (± erro padrão: EP) paras as diversas fases, para o eixo 1
(CA 1; B) e 2 (CA 2; C).

A análise da riqueza de espécies nas fases subsequentes à formação do reservatório


revela processos de adição de espécies desde o início do reservatório (Fig. 14).
Desta maneira, o número médio de espécies por amostra, que era de 8,3 na fase rio
- Pré (set/02 a ago/04; n=40), passou para 10 no primeiro ano após o represamento
- Pós 1 (out/04 a dez/04; n=15), 11 no segundo - Pós 2 (jun/05 a fev/06; n=40) e
13 no último - Pós 3 (set/07 a abr/09; n=75).

As razões para esse incremento devem se relacionar ao já mencionado aumento da


disponibilidade de alimento e à presença de novos habitats, que, por apresentarem
características semilóticas (baixo tempo de residência), atuam favoravelmente na
instalação de espécies que antes ocupavam ambientes de ocorrência mais restrita
na bacia. Ressalta-se, no entanto, que a situação de incremento local no número
de espécies não indica necessariamente um efeito favorável de represamentos
sobre a diversidade biológica, dado que isso não tem implicações regionais,

6 Reservatórios e padrões de variação de riqueza de espécies ______________________________47


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

enquanto a alteração na proporção entre as espécies, inevitável consequência de


represamentos, pode ter relevância negativa nessa escala espacial. O incremento
no número de espécies, se relacionado à incorporação de distintos habitats fluviais
com alta diversidade beta, causado pelo represamento deve ser transitório, dado
que as condições mais uniformes do reservatório podem não dar sustentabilidade,
em longo prazo, para várias espécies que nele são registradas nos primeiros anos.
Destacam-se, no entanto, a pequena área e a alta renovação da água nos trechos
lênticos dos reservatórios da Ceran. Esses quesitos são especialmente favoráveis à
manutenção de espécies oriundas da fase fluvial.
15
Média
14 Média±EP
RIQUEZA DE ESPÉCIES

13

12

11

10

9
Pós 1 Pós 2 Pós 3
PERÍODOS

Figura 14 Média da riqueza de espécies para as fases Pós-represamento (Pós 1; Pós 2 e Pós 3)
nos estudos de monitoramento conduzidos na UHE Monte Claro.

Como conclusões acerca dos padrões de composição da ictiofauna no rio das Antas,
na área do Complexo Energético do Rio das Antas, podem ser enumeradas:

- Para o trecho estudado do rio das Antas, também houve um contraste acentuado
entre a composição da ictiofauna dos seguimentos superiores (UHE Castro Alves)
e dos inferiores (14 de Julho até a foz do rio Guaporé). Esse fato também parece ser
decorrente de processos regionais e da maior proximidade dos focos de dispersão
representados pelos trechos a jusante (rio Taquari-Jacuí);

- A riqueza de espécie do reservatório de Monte Claro, considerando a escala


temporal, mostrou variação relevante, especialmente no segundo - Pós 2 e terceiro
ano - Pós 3, quando alcançou os maiores valores. Essa variação, que pode ser
decorrente da incorporação de habitats numa área com alta diversidade beta,
pode ter caráter temporário;

- As amostras coletadas na área da UHE 14 de Julho apresentaram composição


de espécies distintas daquelas de Castro Alves e Monte Claro, considerando as
fases Pré e Pós 1. Novamente, como mencionado, isso pode ser decorrente de
processos regionais e relacionados à maior proximidade de áreas foco de dispersão,
localizadas abaixo desse reservatório.

48_______________________________6 Reservatórios e padrões de variação de riqueza de espécies


7
Bionomia das espécies de
peixes
A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Nesse tópico são apresentados os resultados dos estudos das características


biométricas e biológicas das espécies que compõem a ictiofauna da bacia do
baixo rio das Antas, tendo como base o conjunto das amostras obtidas no trecho
compreendido entre a foz do rio São Marcos e a do rio Guaporé, durante o período
de 2002 a 2009.

Ao contrário das espécies com ampla ocorrência e abundância espacial e temporal,


as informações daquelas raras ou de ocorrência restrita têm caráter preliminar e,
dessa maneira, devem ser consideradas quando do uso futuro dessas informações.
Ressalta-se, no entanto, que o caráter raro da maioria das espécies é um fenômeno
natural e extensivo a outros grupos faunísticos Sul-americanos, onde a elevada
diversidade exacerba o número de espécies raras, dado que a tendência de apenas
algumas espécies comportarem a maioria dos indivíduos presentes nas amostras
é universal.

7.1 BIOLOGIA REPRODUTIVA


No quadro abaixo é proposta uma classificação preliminar das espécies de peixes
do baixo rio das Antas, baseada em informações disponíveis na literatura sobre
espécies, gêneros ou mesmo famílias similares, suplementada pelas características
morfológicas e de desenvolvimento das gônadas e ovócitos e pela sazonalidade
da ocorrência e abundância nas estações amostradas. Ressalta-se que algumas
espécies classificadas como sedentárias sem cuidado parental podem desenvolver
pequenos deslocamentos migratórios.

Estratégia Reprodutiva Códigos Espécies

A. brevipinnis, A. grupo facetus, Ancistrus sp., C. punctata, G.


Sedentários/ brasiliensis, G. carapo, G. gymnogenys, G. labiatus, H. aspilogaster,
SED/CCP H. commersoni, H. malabaricus, H. punctulatus, Hisonotus sp.,
Com Cuidado Parental L. anus, M. salmoides, O. niloticus, P. hystrix, R. cadeae, R.
malabarbai, R. microlepidogaster, R. strigilata, S. marmoratus
A. eigenmanniorum, A. fasciatus, A. henseli, A. jacuhiensis, A.
laticeps, A. nobilis, Astyanax sp., B. iheringii, Bunocephalus
sp., C. alburnus, C. carpio, C. dicropotamicus, C. idella, C.
Sedentários/ interruptus, C. orientale, C. paleatus, C. spilotus, C. stenopterus,
SED/SCP C. voga, D. speculiferum, Diapoma sp., E. virescens, H. igneus, H.
Sem Cuidado Parental jacuiensis, H. littorale, H. luetkenii, H. mustelinus, Heptapterus
sp., Hypobrycon sp., I. punctatus, M. cottoides, O. humensis, O.
jenynsii, O. robustus, P. doriae, R. eriarcha, R. quelen, S. biornata,
e Trichomycterus sp.
Sedentários/
SED/FI Glanidium sp. e P. caudimaculatus
Com Fecundação Interna

Médios Migradores/
MM/SCP A. pantaneiro, P. nigribarbis e P. pintado
Sem Cuidado Parental

Grandes Migradores/
GM/SCP L. obtusidens, P. lineatus e S. brasiliensis
Sem Cuidado Parental

7 Bionomia das espécies de peixes ___________________________________________________51


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

A ictiofauna do baixo rio das Antas é amplamente dominada por espécies com
estratégia reprodutiva do tipo sedentária, com e sem cuidado parental, que
contribuiram com 88,4% do número de espécies e 98,4% do número de indivíduos
capturados (Fig. 15). Os grandes migradores compreenderam apenas três espécies
(grumatã Prochilodus lineatus, piava Leporinus obtusidens e dourado Salminus
brasiliensis), que representaram somente 0,1% do total dos indivíduos amostrados.

A raridade das espécies migradoras nas amostras (apenas dois exemplares de


dourado foram capturados) deve decorrer do fato do trecho abaixo das corredeiras
do Cachoeirão ser o limite superior de suas distribuições na bacia.

NÚMERO DE ESPÉCIES NÚMERO DE INDIVÍDUOS


MM/SCP MM/SCP GM/SCP
4,3% GM/SCP 1,0% 0,1%
4,3% SED/CCP
3 3 13,4%
SED/FI
SED/CCP 0,4%
22 31,9%
39
SED/SCP
56,5%
2 SED/SCP
SED/FI 85,0%
2,9%

Figura 15 Proporção das estratégias reprodutivas no número total de espécies e número de


indivíduos amostrados, durante o período de 2002 a 2009, no baixo rio das Antas.

A avaliação dessas proporções em ambientes de riacho e nos trechos a montante


e a jusante das corredeiras do Cachoeirão (Fig. 16) mostra que o predomínio de
espécies sedentárias é extensivo aos diferentes trechos e ambientes considerados,
tanto em número de espécies como de indivíduos.

Destaca-se, no entanto, a ausência dos grandes migradores nos riachos e nos trechos
a montante do Cachoeirão. Constatou-se, também, que as espécies sedentárias
sem cuidado parental foram mais numerosas acima do Cachoeirão, enquanto
aquelas com cuidado parental o foram nos riachos. Em relação à abundância,
outras estratégias que não as sedentárias (com ou sem cuidado parental) tiveram
mais relevância a jusante do Cachoeirão.

SED CP FI MM GM
A B
100% 100%
80% 80%
60% 60%
40% 40%
20% 20%
0% 0%
MONT-CACH JUSA-CACH RIACHOS MONT-CACH JUSA-CACH RIACHOS

Figura 16 Proporção das estratégias reprodutivas no número total de espécies (A) e número de
indivíduos (B) da ictiofauna de riachos e dos trechos a montante (MONT-CACH) e a
jusante (JUSA-CACH) das corredeiras do Cachoeirão no baixo rio das Antas.

52___________________________________________________ 7 Bionomia das espécies de peixes


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

7.1.1 ÉPOCA DE DESOVA

Tendo como critério os valores do Índice de Atividade Reprodutiva (IAR)


(Agostinho et al., 1991), que congrega num só valor a frequência de indivíduos em
reprodução, os valores individuais da relação gonadossomática para as fêmeas
adultas (ver Limnobios, 2006), foram estabelecidos o período de reprodução
das espécies de peixes do baixo rio das Antas, sendo as variações mensais na
intensidade apresentadas na Tabela 3.

Tabela 3 - Intensidade de atividade reprodutiva baseada nos valores mensais do Índice de


Atividade Reprodutiva (IAR) em diferentes estações de amostragem no baixo
rio das Antas, tendo como base amostragens conduzidas entre os anos de 2002
a 2009. Nfa = número de fêmeas adultas; RGSmax = maior valor específico da
relação gonadossomática

Nula Incipiente Moderada Intensa Muito intensa


Ausente
IAR=0 IAR<5 5<IAR<10 10<IAR<15 IAR>15

Novembro

Dezembro
Setembro
Fevereiro
RGSmax

Outubro
Janeiro

Agosto
ESPÉCIE Nfa
Março

Junho

Julho
Abril

Maio

A. brevipinnis 20 12,78
A. eigenmanniorum 77 3,48
A. grupo facetus 89 8,31
A. fasciatus 127 15,22
A. henseli 5972 14,83
A. jacuhiensis 475 16,22
A. laticeps 167 17,21
A. pantaneiro 8 9,40
Ancistrus sp. 9 6,45
Astyanax sp. 1352 25,52
B. iheringii 3137 28,43
Bunocephalus sp. 5 8,91
C. alburnus 8029 28,17
C. interruptus 5 7,05
C. orientale 35 17,39
C. paleatus 58 23,82
C. punctata 357 8,09
C. spilotus 16 7,75
C. stenopterus 119 9,19
C. voga 109 23,01
D. speculiferum 2002 20,59
Diapoma sp. 338 14,38
E. virescens 22 10,61
G. brasiliensis 434 4,30

7 Bionomia das espécies de peixes ___________________________________________________53


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Tabela 3 - Conclusão.

Novembro

Dezembro
Setembro
Fevereiro
RGSmax

Outubro
Janeiro

Agosto
ESPÉCIE Nfa

Março

Junho

Julho
Abril

Maio
G. carapo 71 14,76
G. gymnogenys 1554 13,35
G. labiatus 534 5,19
Glanidium sp. 242 23,97
H. commersoni 266 13,93
H. jacuiensis 856 12,72
H. luetkenii 1001 17,82
H. malabaricus 337 18,42
H. mustelinus 99 12,24
H. punctulatus 4154 27,14
Heptapterus sp. 149 16,26
Hypobrycon sp. 193 14,95
L. anus 505 12,47
L. obtusidens 4 5,67
M. cottoides 55 12,71
O. jenynsii 1029 16,60
O. robustus 366 21,80
P. doriae 15 12,86
P. lineatus 23 22,74
P. nigribarbis 171 11,88
P. pintado 1123 16,55
R. cadeae 50 15,10
R. eriarcha 49 7,22
R. microlepidogaster 87 15,96
R. quelen 515 13,75
R. strigilata 275 19,88
S. biornata 1541 24,00
S. marmoratus 22 3,73

Embora tenha sido registrada alguma atividade reprodutiva durante todos os


meses do ano, essa envolveu um maior número de espécies e foi mais intensa
no período de outubro a janeiro, meses em que mais de 60% das espécies se
apresentavam em atividade reprodutiva de moderada a muito intensa. Nos
meses de abril a julho, embora tenham sido observadas algumas espécies em
atividade reprodutiva, essa foi, em geral, incipiente. À exceção do peixe cachorro
Acestrorhynchus pantaneiro, uma espécie de ocorrência irregular e considerada
invasora já que sua ocorrência estava restrita há alguns anos à bacia do Prata, que
apresentou atividade reprodutiva apenas em abril, as demais apresentaram picos

54___________________________________________________ 7 Bionomia das espécies de peixes


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

de reprodução na primavera e verão. Pelo menos 60% das espécies com captura
de fêmeas no inverno não apresentaram qualquer evidência de reprodução nesse
período (esse percentual foi de 2% em dezembro) – Figura 17A.

Cinco espécies apresentaram período reprodutivo bastante prolongado. Assim,


o pequeno lambari H. luetkenii apresentou indicações de reprodução em todos os
meses do ano, enquanto o cascudo viola R. strigilata não apresentou fêmeas em
reprodução apenas no mês de junho. Já os lambaris A. henseli, A jacuhiensis, C.
alburnus e o tambicu O. robustus foram espécies, em geral, bastante abundantes e
que reproduziram em 10 dos 12 meses do ano.

Das 52 espécies para as quais foram capturadas fêmeas adultas em número


que excedeu aquele enviado para o acervo do MCTPUCRS (esses não foram
dissecados), apenas duas não apresentaram evidência de reprodução relevantes.
Essas, no entanto, foram esporádicas nas capturas (Bunocephalus sp. e C. interruptus)
– Tabela 3.

Para o conjunto da ictiofauna, os resultados obtidos corroboram os meses de


outubro a janeiro como os de maior atividade reprodutiva (intensa ou muito
intensa). Nos meses que antecedem esse período (setembro) ou o sucede
(fevereiro), registrou-se atividade moderada (Fig. 17B). Ressalta-se, no entanto,
que alguma atividade reprodutiva foi constatada durante todo o ano, sendo que
as espécies que reproduzem no inverno têm, em geral, seus picos de desova nas
demais estações do ano.

A muito intensa intensa moderado incipiente Nula


100%

80%

60%

40%

20%

0%
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

B
Índice de Atividade Reprodutiva
25
20

15
10

5
0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Figura 17 Proporção mensal de espécies de peixes em diferentes categorias de atividade reprodutiva


(A) e valores médios do Índice de Atividade Reprodutiva (± erro padrão; B) para a ictiofauna
do baixo rio das Antas, na área do Complexo Energético do Rio das Antas.

7 Bionomia das espécies de peixes ___________________________________________________55


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

No estudo de ovos e larvas planctônicos deve-se considerar que esses pertencem


essencialmente a espécies migradoras de curta e longa distância. São espécies
que realizam desovas nos trechos mais altos da bacia e nos tributários, têm sua
fecundação facilitada pela movimentação das águas, derivando passivamente
enquanto incubam e eclodem, sendo que as larvas continuam a derivar pelo
menos durante sua fase de nutrição endógena (a partir do saco vitelínico). Esse
processo ocorre, em geral, após as primeiras chuvas de primavera-verão, quando
a baixa transparência da água reduz os riscos de predação por predadores
visuais. Seu desenvolvimento ocorre em áreas com vegetação alagadas e/ou em
áreas remansosas, que lhes fornecem abrigo suplementar contra a predação e
disponibilidade de alimento adequada. A ocorrência de ovos ou larvas de espécies
com cuidado parental é esperada ser bastante esporádica. Entretanto, as espécies
que compuseram o ictioplâncton do trecho estudado foram principalmente
lambaris Astyanax e Bryconamericus, o pintado Pimelodus e o tambicu Oligosarcus,
considerados migradores de distâncias curtas ou moderadas. A escassez de larvas
de grandes migradores refletiu a baixa abundância de adultos desse grupo.

A densidade média mensal de ovos e larvas mostrou-se acentuadamente maior no


segmento da bacia a jusante das corredeiras do Cachoeirão (observar escala dos
gráficos; Fig. 18). Essas diferenças podem decorrer das diferenças nas estratégias
das espécies que compõem a ictiofauna desses dois trechos. Embora ovos e
larvas tenham sido registrados durante todo o período de amostragem, a maior
incidência no trecho a jusante do Cachoeirão ocorreu em outubro, seguido de
janeiro, novembro e dezembro, corroborando os resultados anteriores.

Densidade - ovos/10m ³ de água Densidade - larvas/10m ³ de água


4 4
Montante do Montante do
3,2 Cachoeirão 3,2 Cachoeirão

2,4 2,4

1,6 1,6

0,8 0,8
0 0
400 400
Jusante do Jusante do
320 Cachoeirão 320 Cachoeirão

240 240
160 160

80 80

0
T T V Z N V R T T V Z N V R
SE OU NO DE JA FE MA SE OU NO DE JA FE MA
Figura 18 Densidade média mensal de ovos e larvas de peixes (± erro padrão) no trecho a montante
e a jusante do Cachoeirão (atentar para a diferença de escalas), no baixo rio das Antas,
na área do Complexo Energético do Rio das Antas.

56___________________________________________________ 7 Bionomia das espécies de peixes


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

7.1.2 LOCAL DE DESOVA

As espécies que figuraram entre as mais abundantes foram também aquelas que
apresentaram evidências de reprodução em maior número de localidades. Assim,
das quatro espécies que mostraram indícios de reprodução em todas as localidades,
incluindo parte dos riachos, a saber, o cascudo H. punctulatus, o lambari A. henseli,
o tambicu O. jenynsii e o cará G. labiatus, apenas essa última não figurou entre as
15 mais abundantes no período. O lambari C. alburnus, a espécie mais abundante,
além do pintado P. pintado e do biru S. biornata, apresentou indícios de reprodução
em todas as localidades, com a exceção dos riachos – Tabela 4.

A reprodução esteve restrita aos riachos para a tuvira G. carapo, o canivete C.


orientale, o cascudo de espinho A. brevipinnis e o bagrinho H. mustelinus, dos quais
apenas o último foi registrado exclusivamente nesse tipo de ambiente.

Cinco espécies (C. paleatus, A. pantaneiro, Bunocephalus sp., C. spilotus, P. doriae)


tiveram atividade reprodutiva restrita apenas ao trecho inferior do baixo rio das
Antas, nas imediações da foz do rio Guaporé. Essas espécies tiveram também
ocorrência restrita aos trechos a jusante do canal de fuga de Monte Claro.

Tabela 4 - Valores mensais do Índice de Atividade Reprodutiva (IAR) em diferentes estações


de amostragem no baixo rio das Antas, tendo como base amostragens conduzidas
entre os anos de 2002 a 2009. Nfa = número de fêmeas adultas; RGS = relação
gonadossomática (CA=área de influencia do reservatório de Castro Alves;
MC=reservatório Monte Claro; 14=reservatório de 14 de Julho; PRAT=rio da Prata;
MON=Montante, REM=remanso do reservatório; LEN=corpo do reservatório;
JUS=Jusante; ANCAR=rio das Antas, na foz do rio Carreiro; ATQG=rio das Antas,
na foz do rio Taquari).

Nula Incipiente Moderada Intensa Muito intensa


Ausente
IAR=0 IAR<5 5<IAR<10 10<IAR<15 IAR>15
MCMON

RIACHO
CAMON
RGSmax

MCREM
CAREM

ANCAR
MCLEN

Espécies Nfa
14MON
CALEN

MCJUS

14REM
CAJUS

ATQG
14LEN
PRAT

14JUS

A. brevipinnis 20 12,78
A. eigenmanniorum 77 3,48
A. grupo facetus 89 8,31
A. fasciatus 127 15,22
A. henseli 5972 14,83
A. jacuhiensis 475 16,22
A. laticeps 167 17,21
A. pantaneiro 8 9,40
Ancistrus sp. 9 6,45
Astyanax sp. 1352 25,52
B. iheringii 3137 28,43
Bunocephalus sp. 5 8,91
C. alburnus 8029 28,17

7 Bionomia das espécies de peixes ___________________________________________________57


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Tabela 4 - Conclusão.

MCMON

RIACHO
CAMON
RGSmax

MCREM
CAREM

ANCAR
MCLEN
Espécies Nfa

14MON
CALEN

MCJUS

14REM
CAJUS

ATQG
14LEN
PRAT

14JUS
C. interruptus 5 7,05
C. orientale 35 17,39
C. paleatus 58 23,82
C. punctata 357 8,09
C. spilotus 16 7,75
C. stenopterus 119 9,19
C. voga 109 23,01
D. speculiferum 2002 20,59
Diapoma sp. 338 14,38
E. virescens 22 10,61
G. brasiliensis 434 4,30
G. carapo 71 14,76
G. gymnogenys 1554 13,35
G. labiatus 534 5,19
Glanidium sp. 242 23,97
H. commersoni 266 13,93
H. jacuiensis 856 12,72
H. luetkenii 1001 17,82
H. malabaricus 337 18,42
H. mustelinus 99 12,24
H. punctulatus 4154 27,14
Heptapterus sp. 149 16,26
Hypobrycon sp. 193 14,95
L. anus 505 12,47
L. obtusidens 4 5,67
M. cottoides 55 12,71
O. jenynsii 1029 16,60
O. robustus 366 21,80
P. doriae 15 12,86
P. lineatus 23 22,74
P. nigribarbis 171 11,88
P. pintado 1123 16,55
R. cadeae 50 15,10
R. eriarcha 49 7,22
R. microlepidogaster 87 15,96
R. quelen 515 13,75
R. strigilata 275 19,88
S. biornata 1541 24,00
S. marmoratus 22 3,73

As localidades com maior proporção de espécies em atividade intensa ou muito


intensa foram: a porção interna do reservatório de Monte Claro (MCLEN), o
segmento inferior do baixo rio das Antas nas imediações da foz do rio Guaporé
(ATQG) e os ambientes de riachos (Fig. 19). Ressalta-se, no entanto, que os grupos
de espécies responsáveis por esse quadro foram distintos entre esses ambientes
(Tab. 4).
58___________________________________________________ 7 Bionomia das espécies de peixes
A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Os valores médios do IAR, considerando o conjunto das espécies, revelam maior


atividade no trecho inferior do rio das Antas (ATQG) e nos riachos, seguidos
dos trechos internos e lênticos do reservatório de Monte Claro. Ressalta-se que
a atividade reprodutiva passou a ser intensa no reservatório de Monte Claro a
partir do segundo ano de sua formação.

A
muito intensa intensa moderado incipiente nula
100%
80%
60%
40%
20%
0%
CAMON
CAREM
CALEN
CAJUS
MCMON
PRAT
MCREM
MCLEN
MCJUS
14MON
14REM
14LEN
14JUS
ANCAR
ATQG
RIACHO
B
Índice de Atividade Reprodutiva
20

15

10

0
CAMON
CAREM
CALEN
CAJUS
MCMON
PRAT
MCREM
MCLEN
MCJUS
14MON
14REM
14LEN
14JUS
ANCAR
ATQG
RIACHO

Figura 19 Variação espacial na proporção das distintas categorias de atividade reprodutiva (A) e
valores médios do Índice de Atividade Reprodutiva (± erro padrão; B) para a ictiofauna
do baixo rio das Antas, na área do Complexo Energético do Rio das Antas.

A comparação das densidades médias de ovos e larvas nas distintas estações de


amostragem, considerando o período que antecedeu à formação do reservatório
de Monte Claro e aqueles subsequentes, revela que essa mostrou um fantástico
incremento no último período (Fig. 20; atentar para diferenças na escala). Esse
incremento decorre, certamente, de outros processos que não o represamento. Os
trechos mais alterados corresponderam aos de tributários, pouco afetados pelos
reservatórios da calha do rio das Antas. É possível que as diferenças climáticas
entre o primeiro e o último período, particularmente as de natureza meteorológicas,
estejam relacionadas às tendências encontradas.

O resultado obtido torna inconteste a importância dos tributários, em especial,


o Guaporé (FGUAP) e o Carreiro (FCARR), para a desova e o recrutamento de
novos indivíduos aos estoques da região.

7 Bionomia das espécies de peixes ___________________________________________________59


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Densidade - ovos/10m ³ de água Densidade - larvas/10m ³ de água


30 1,5
25 2002-2003 2002-2003
1,2
20
0,9
15
10 0,6
5 0,3
0 0
FSMAR
CAMON

CAJUS
MCMON
PRAT
MCREM
MCLEN

FCARR
ANCAR
ATQG
FGUAP

FSMAR
CAMON

CAJUS
MCMON
PRAT

MCLEN

FCARR
ANCAR
ATQG
FGUAP
30 1,5
25 2005-2006 1,2 2005-2006
20
0,9
15
10 0,6
5 0,3
0 0
. .
MCMON
PRAT
MCREM
MCLEN
MCJUS
14MON

MCMON
PRAT
MCREM
MCLEN
MCJUS
14MON
600 150
500 2007-2008 120 2007-2008
400 x5
90
300
60
200
100 30
0 0
CAMON
CAREM
CALEN
CAJUS

PRAT

14REM
14LEN
14JUS
FCARR
ANCAR
ATQG
FGUAP

CAMON
CAREM
CALEN
CAJUS

PRAT

14REM
14LEN
14JUS
FCARR
ANCAR
ATQG
FGUAP
Figura 20 Densidade média mensal de ovos e larvas de peixes (± erro padrão) em distintas estações
de amostragem ao longo do baixo rio das Antas, antes da formação do reservatório de
Monte Claro (2002-03) e nos anos subsequentes (2005-06 e 2007-08). Atentar para
diferenças na escala.

7.2 ALIMENTAÇÃO NATURAL E CLASSIFICAÇÃO


TRÓFICA DAS ESPÉCIES
O conhecimento dos elementos que compõem a dieta dos peixes é uma informação
básica importante para, juntamente com aquelas da reprodução, identificar as
razões do sucesso ou insucesso das espécies na ocupação do novo ambiente ou dos
trechos lóticos remanescentes e alterados. As medidas atenuadoras de impacto
devem considerar essa informação, dado que limitações na disponibilidade de
alimento estão diretamente relacionadas com a capacidade de suporte desses
ambientes.

A análise de mais de oito mil conteúdos gástricos durante o período de 2002 a


2009 permitiu identificar cerca de cem itens alimentares que foram, para efeito
dessa análise, agrupados em oito grupos, sendo esses enumerados e descritos no
quadro abaixo.

60___________________________________________________ 7 Bionomia das espécies de peixes


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Grupos Alimentares Códigos Itens Alimentares

ceratopogonídeos, quironomídeos, coleópteros,


dípteros, efemerópteros, hemípteros, lepidópteros,
Insetos aquáticos 01 megalópteros, neurópteros, notonectídeos, odonátos,
plecópteros, simulídeos, tricópteros e insetos não
identificados

blatódeos, colêmbolos, coleópteros, dermápteros,


dípteros, efemerópteros, hemípteros, homópteros,
Insetos terrestres 02 himenópteros, isópteros, lepidópteros, odonátos,
ortópteros, tricópteros, tisanópteros e insetos não
identificados

anfípodos, bivalves, briozoários, caoborídeos,


cladóceros, conchostrácodos, copépodos, crustáceos,
Outros invert. aquáticos 03
gastrópodos, hydracaríneos, moluscos, nemátodos,
ostrácodos, rotíferos e tecamebas

aracnídeos, quilópodos, diplópodos, hirudíneos,


Outros invert. terrestres 04
isópodos e oligoquetos

A. henseli, A. jacuhiensis, Ancistrus sp., Astyanax spp., B.


iheringii, C. alburnus, caraciformes, ciclídeos, C. punctata,
D. speculiferum, escamas, G. brasiliensis, G. carapo, G.
Peixes 05 gymnogenys, H. luetkenii, H. malabaricus, H. punctulatus,
Hypobrycon sp., L. anus, O. jenynsii, P. pintado, R.
quelen, S. biornata, siluriformes, S. marmoratus e peixes
não identificados

Anabaena spp., clorofíceas, Closterium spp., cianofíceas,


desmidias, Desmidium spp., diatomáceas, Euglena
Algas 06 spp., Lyngbia spp., Mycrocystis spp., Oedogonium spp.,
Oscillatoriales spp., Scenedesmus spp., Spirogyra spp.
Trachelomonas spp., e zignemafíceas

briófitas, dicotiledôneas, frutos/sementes,


Plantas 07 leguminosas, macrófitas, monocotiledôneas, vegetal
superior e vegetais não identificados

material orgânico amorfo com elevada participação


Detrito / Sedimento 08
de partículas minerais

A composição da dieta das espécies do baixo rio das Antas, área de influência dos
reservatórios da Ceran, é apresentada na Tabela 5, juntamente com a informação
do número de estômagos analisados e da categoria trófica a que pertencem. Como
pode ser evidenciado na tabela, poucas espécies entre as abundantes apresentaram
dieta restrita a um só item. A maioria apresentou dieta diversificada, atestando
a baixa especialização reconhecida em outros estudos para a ictiofauna Sul-
americana.

7 Bionomia das espécies de peixes ___________________________________________________61


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Tabela 5 - Composição da dieta das espécies de peixes do baixo rio das Antas e suas
respectivas categorias tróficas (N=número de estômagos com conteúdo
analisados; *=espécies com número insuficiente de estômagos analisados, cuja
categoria trófica foi confirmada com dados da literatura). 1=insetos aquáticos;
2=insetos terrestres; 3=outros invertebrados aquáticos; 4=outros invertebrados
terrestres; 5=peixes; 6=algas; 7=plantas; 8=detrito/sedimento
Especies N 1 2 3 4 5 6 7 8
DETRITÍVOROS
A. brevipinnis 1* 82,12 3,58 0,79 13,52
Ancistrus sp. *
C. spilotus 2* 0,19 99,81
C. voga 10 0,01 0,02 <0,01 1,35 0,20 98,41
H. aspilogaster 1* 27,75 72,25
H. commersoni 10 0,23 0,01 0,86 98,90
H. punculatus 437 <0,01 <0,01 0,47 <0,01 <0,01 6,23 0,07 93,23
H. armatus *
Hisonotus sp. 1* 16,67 83,33
L. anus 41 9,07 <0,01 1,86 <0,01 0,89 1,02 87,15
P. hystrix *
P. lineatus 2*
R. cadeae 5* 28,31 1,77 2,92 67,00
R. malabarbai *
R. microlepidogaster 17 24,95 10,80 <0,01 2,52 0,08 61,64
R. strigilata 36 0,78 0,69 <0,01 3,09 0,61 94,83
S. biornata 148 <0,01 <0,01 0,96 <0,01 8,66 0,01 90,37
HERBÍVOROS
A. fasciatus 33 1,99 4,89 0,01 0,03 0,09 92,99
A. jacuhiensis 127 9,87 12,94 0,03 0,08 2,39 0,79 73,85 0,05
A. nobilis *
C. carpio *
C. idella *
H. igneus *
H. jacuiensis 151 5,20 0,62 5,38 <0,01 57,53 15,72 15,54
H. luetkenii 169 5,14 0,85 0,59 0,06 0,06 31,89 57,65 3,77
O. niloticus *
INSETÍVOROS
C. alburnus 1920 67,56 23,78 0,37 0,23 0,01 0,39 7,65 0,01
C. dicropotamicus *
C. orientale 10 99,97 0,01 0,02
D. speculiferum 550 39,07 59,34 0,34 0,28 0,11 <0,01 0,86 <0,01
Diapoma sp. 157 44,37 54,66 0,04 0,02 <0,01 0,91 <0,01
G. carapo 26 99,25 0,10 <0,01 0,24 0,02 0,39
Glanidium sp. 97 86,28 13,68 <0,01 0,01 0,03
H. mustelinus 24 81,47 0,80 0,45 16,89 0,40

62___________________________________________________ 7 Bionomia das espécies de peixes


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Tabela 5 - Conclusão.
Especies N 1 2 3 4 5 6 7 8
INSETÍVOROS
Heptapterus sp. 50 95,61 0,05 0,60 2,24 1,50
Hypobrycon sp. 74 95,66 0,20 0,43 0,01 0,01 2,41 1,10 0,18
M. cottoides 17 99,34 0,65 0,01 <0,01
P. doriae 4* 100,00
P. nigribarbis 15 83,72 1,02 13,29 1,96 0,01
INVERTÍVOROS
A. grupo facetus 23 76,80 0,02 3,31 7,53 0,07 1,68 8,41 2,18
Bunocephalus sp. 3* 77,54 12,62 3,69 6,15
C. paleatus 13 76,64 13,11 10,25
C. punctata 66 29,69 0,37 35,98 0,03 30,37 <0,01 3,56 <0,01
E. virescens 12 98,74 <0,01 0,78 <0,00 0,48
G. brasiliensis 51 57,22 <0,01 34,06 1,35 0,89 0,46 6,01
G. gymnogenys 273 73,26 <0,01 12,38 2,74 0,10 0,12 4,20 7,21
G. labiatus 71 80,22 0,19 5,00 0,02 0,82 <0,01 12,74 1,02
H. littorale *
P. caudimaculatus 1* 5,66 94,34
R. eriarcha 13 89,37 <0,01 8,35 2,28
Trichomycterus sp. *
ONÍVOROS
A. eigenmanniorum 5* 66,19 0,77 0,19 32,85
A. henseli 1588 23,56 25,56 0,11 0,06 0,02 0,90 49,78 0,01
A. laticeps 43 51,22 19,34 0,04 3,75 5,62 20,03 0,01
Astyanax sp. 398 28,71 6,46 0,01 0,11 0,42 2,33 61,96 0,01
B. iheringii 779 22,23 25,67 0,23 0,16 0,11 20,54 20,10 10,96
C. interruptus 1* 100,00
L. obtusidens *
O. humensis *
P. pintado 129 42,39 1,26 0,53 0,87 21,39 <0,01 33,43 0,13
PISCÍVOROS
A. pantaneiro 6 100,00
C. stenopterus 27 15,89 0,11 83,80 0,19
H. malabaricus 66 100,00 <0,01
I. punctatus 1* 100,00
M. salmoides *
O. jenynsii 294 0,29 0,03 <0,01 0,01 99,67 <0,01 <0,01 <0,01
O. robustus 105 0,33 0,01 <0,01 99,66 <0,01
R. quelen 149 4,38 0,97 0,77 1,38 90,87 1,63 <0,01
S. brasiliensis *
S. marmoratus 1* 100,00

7 Bionomia das espécies de peixes ___________________________________________________63


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

As categorias tróficas, pelas quais se distribuíram as 70 espécies registradas na


bacia do baixo rio das Antas, mostraram razoável similaridade na proporção entre
elas, com número de espécies maior para a categoria detritívora e menor para
onívoros e herbívoros (Fig. 21).

Tendências distintas foram, no entanto, constatadas quando o número de


indivíduos ou a biomassa foram considerados. Assim, os insetívoros compuseram
quase 60% de todos os indivíduos capturados, seguidos pelos onívoros (quase
20%). Os piscívoros contribuíram com apenas 2,5% desse total. Já em biomassa,
cerca de 41% do total capturado pertenceram à categoria detritívora, seguida
dos piscívoros, com quase 30%. Diferenças no tamanho, e peso, explicam essas
tendências.

NÚMERO DE ESPÉCIES
Onívoras
12,9% Invertívoras
Piscívoras 17,1%
14,3% 9 12
10
13 Insetívoras
17 18,6%
9
Detritívoras
24,3% Herbívoras
12,9%

NÚMERO BIOMASSA
Onívoras Invertívoras Piscívoras Onívoras
19,5% 6,0% 29,8% 13,9%
Piscívoras
2,5% Invertívoras
Detritívoras 6,2%
8,7%
Insetívoras
7,1%
Herbívoras
4,2% Herbívoras
2,0%
Insetívoras
59,2% Detritívoras
40,9%
Figura 21 Proporção entre as distintas categorias tróficas em relação à riqueza de espécies, número
de indivíduos e biomassa capturada ao longo do baixo rio das Antas, área de influência
dos reservatórios da Ceran.

64___________________________________________________ 7 Bionomia das espécies de peixes


8
Biologia das principais
espécies
A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Cyanocharax alburnus
(Hensel, 1870) - LAMBARI

Características morfológicas: Boca Distribuição natural: Bacia da Laguna


subterminal, posicionada na horizontal dos Patos e lagoas costeiras adjacentes;
que passa próximo ao meio do olho. rio das Antas, acima e abaixo do
Nadadeiras pélvicas com i,6 raios. cachoeirão.
Nadadeiras peitorais relativamente
curtas, sua extremidade posterior Status na bacia: É a espécie mais
não alcança ou ultrapassa levemente abundante na bacia do baixo rio das
a origem das nadadeiras peitorais. Antas.
Linha lateral completa. Nadadeira
dorsal com ii,8 raios. Nadadeira anal Natureza do habitat preferido: Maior
não pigmentada, sem marcas distintas. abundância em águas rasas (0,5 a 1,0m),
Nadadeira adiposa não pigmentada, com baixo fluxo (<0,1m/s) e substratos
tanto em fêmeas como em machos arenosos, argilosos e em seixo. Escasso
maduros preservados em álcool. em fundos rochosos.
Comprimento total (Lt máximo):
Localidade-tipo: Rio Cadeia, Estado do 11,6cm.
Rio Grande do Sul, Brasil.

Relação Peso x Comprimento: Hábito alimentar: Insetívoro.

Dieta:
Insetos aquáticos: .................... 67,56%
Insetos terrestres: .................... 23,78%
Outros invert. aquáticos: .......... 0,37%
Outros invert. terrestres: .......... 0,23%
Peixes: ......................................... 0,01%
Algas: .......................................... 0,39%
Plantas:........................................ 7,65%
Detrito: ........................................ 0,01%

Item predominante na dieta: Insetos


(efemerópteros e himenópteros).

8 Biologia das principais espécies ___________________________________________________67


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Local de reprodução: Todas as estações Época de reprodução: De setembro a


de amostragem com exceção dos março, com pico reprodutivo em outubro
riachos. Estações com maior intensidade e novembro.
reprodutiva estão demonstradas
pelos valores do Índice de Atividade Participação máxima do peso dos ovários
Reprodutiva. no peso total: 28,2%.

LOCALIDADE IAR MÊS IAR


CASTRO ALVES-MON 4,18 JAN 3,96
CASTRO ALVES-REM 6,51 FEV 6,63
CASTRO ALVES-LEN 6,22 MAR 2,52
CASTRO ALVES-JUS 3,48 ABR 0,01
MONTE CLARO-MON 9,70 MAI 0,03
RIO DA PRATA 4,29 JUN 0
MONTE CLARO-REM 6,56 JUL 0
MONTE CLARO-LEN 6,75 AGO 0,01
MONTE CLARO-JUS 5,30 SET 3,62
14 DE JULHO-MON 3,95 OUT 12,43
14 DE JULHO-REM 0,51 NOV 13,76
14 DE JULHO-LEN 3,03 DEZ 5,66
14 DE JULHO-JUS 4,02
ANTAS-CARREIRO 3,98
Comprimento de primeira maturação:
ANTAS-GUAPORÉ 6,51 Fêmeas 3,5cm.
RIACHOS 0 Machos 3,7cm.

68____________________________________________________8 Biologia das principais espécies


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Bryconamericus iheringii
(Boulenger, 1887) - LAMBARI

Características morfológicas: Boca Status na bacia: Espécie muito


distintamente ventral, posicionada abundante em toda bacia do baixo rio
na horizontal que passa na margem das Antas.
ventral do olho. Nadadeiras pélvicas
com i,7 raios. Dentes com 5 a 7 cúspides, Natureza do habitat preferido: Embora
raramente 3 cúspides na série externa registrada em todas as profundidades,
do pré-maxilar. velocidades e tipo de substrato, a espécie
é mais abundante em profundidades
Localidade-tipo: São Lourenço do Sul, entre 0,5 e 1,0m e velocidades inferiores
RS. a 0,2m/s. Predomina especialmente
em substrato arenoso, argiloso ou
Relação Peso x Comprimento: composto de seixo.

Comprimento total (Lt máximo):


12,0cm.

Hábito alimentar: Onívoro.

Dieta:
Insetos aquáticos: ..................22,23%
Insetos terrestres: ..................25,67%
Outros invert. aquáticos: ........0,23%
Outros invert. terrestres: ..... <0,16%
Peixes: .................................... <0,11%
Distribuição natural: Bacias da Laguna Algas: ......................................20,54%
dos Patos e do rio Uruguai; no rio das Plantas: ...................................20,10%
Antas, acima e abaixo do Cachoeirão. Detrito: ...................................10,96%
Item predominante na dieta: Insetos
(efemerópteros e himenópteros), algas
(zignemafíceas) e plantas (frutos e
sementes).
8 Biologia das principais espécies ___________________________________________________69
A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Local de reprodução: Todas as estações Época de reprodução: De setembro a


de amostragem, com destaque para dezembro, com pico reprodutivo nos
aquelas com características lóticas, no três primeiros meses.
atual remanso do reservatório de Castro
Alves, no rio da Prata e na confluência Participação máxima do peso dos
dos rios Carreiro e Guaporé. ovários no peso total: 28,43%.

LOCALIDADE IAR MÊS IAR


CASTRO ALVES-MON 2,79 JAN 2,05
CASTRO ALVES-REM 7,18 FEV 1,63
CASTRO ALVES-LEN 0,36 MAR 0,37
CASTRO ALVES-JUS 1,78 ABR 0
MONTE CLARO-MON 2,61 MAI 0
RIO DA PRATA 7,48 JUN 0
MONTE CLARO-REM 3,87 JUL 0
MONTE CLARO-LEN 1,97 AGO 0,80
MONTE CLARO-JUS 1,94 SET 10,74
14 DE JULHO-MON 4,34 OUT 12,79
14 DE JULHO-REM 0 NOV 13,58
14 DE JULHO-LEN 0,70 DEZ 7,73
14 DE JULHO-JUS 3,73
Comprimento de primeira maturação:
ANTAS-CARREIRO 8,96
Fêmeas 4,1cm.
ANTAS-GUAPORÉ 6,82 Machos 3,4cm.
RIACHO 5,32

70____________________________________________________8 Biologia das principais espécies


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Astyanax henseli
Melo & Buckup, 2006 - LAMBARI

Características morfológicas: Dentes Status na bacia: Abundante em toda a


da série externa do pré-maxilar com bacia do rio das Antas.
3 cúspides. Maxilar relativamente
longo e estreito, sendo que sua maior Natureza do habitat preferido: Presente
largura cabe mais de duas vezes no seu em todos os habitats, a espécie tem
comprimento (medido até o seu contato maior incidência em profundidades
com pré-maxilar). 2 a 3 dentes no de 0,5 a 2,0m, velocidades inferiores
maxilar. Dentes anteriores do dentário a 0,2m/s. Todos os substratos foram
são relativamente estreitos. Nadadeira utilizados, com menor incidência em
anal com 24 a 28 raios ramificados. seixos e fundo rochoso.

Localidade-tipo: Porto Alegre, RS. Comprimento total (Lt máximo):


15,8cm.
Relação Peso x Comprimento:
Hábito alimentar: Onívoro.

Dieta:
Insetos aquáticos: ...................23,56%
Insetos terrestres: ...................22,56%
Outros invert. aquáticos: .........0,11%
Outros invert. terrestres: .........0,06%
Peixes:.........................................0,02%
Algas: .........................................0,90%
Plantas: ....................................49,78%
Detrito: ......................................0,01%
Item predominante na dieta:
Distribuição natural: Bacias do rio dos Plantas (frutos e sementes) e insetos
Sinos e do Taquari, ao norte de Porto (efemerópteros e himenópteros).
Alegre-RS; no rio das Antas, acima e
abaixo do Cachoeirão.

8 Biologia das principais espécies ___________________________________________________71


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Local de reprodução: Todas as estações Época de reprodução: De setembro


de amostragem, com destaque para a janeiro, com pico reprodutivo em
aquelas a montante do reservatório de outubro e novembro.
Castro Alves (CAREM) e Monte Claro
(MCMON), além das imediações da Participação máxima do peso dos
desembocadura do rio Carreiro. ovários no peso total: 14,83%.

LOCALIDADE IAR
MÊS IAR
CASTRO ALVES-MON 1,91
JAN 5,62
CASTRO ALVES-REM 10,26
FEV 3,6
CASTRO ALVES-LEN 5,30
MAR 1,09
CASTRO ALVES-JUS 3,04
ABR 0,29
MONTE CLARO-MON 10,74
MAI 0
RIO DA PRATA 2,15
JUN 0
MONTE CLARO-REM 8,22
JUL 0,20
MONTE CLARO-LEN 9,46
AGO 0,57
MONTE CLARO-JUS 6,29
SET 6,7
14 DE JULHO-MON 4,42
OUT 20,77
14 DE JULHO-REM 5,90
NOV 16,34
14 DE JULHO-LEN 6,29
DEZ 4,71
14 DE JULHO-JUS 4,04
ANTAS-CARREIRO 11,35 Comprimento de primeira maturação:
ANTAS-GUAPORÉ 6,17 Fêmeas 5,3cm.
Machos 4,5cm.
RIACHO 1,72

72____________________________________________________8 Biologia das principais espécies


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Diapoma speculiferum
Cope, 1894 - LAMBARI

Características morfológicas: Origem Status na bacia: Esporádica nas


da nadadeira anal localizada na vertical amostragens acima do Cachoeirão,
que passa abaixo da nadadeira dorsal. abundante a jusante dessa barreira.
Presença de escamas modificadas no
lobo ventral da nadadeira caudal. Natureza do habitat preferido:
Borda póstero-ventral do opérculo Registrada até profundidades de
prolongada em ponta. 2,0m e velocidades de até 0,4m/s
sendo mais freqüente em águas com
Localidade-tipo: Rio Jacuí, RS. velocidade inferior a 0,1m/s. Presente
em todos os substratos, mais com
Relação Peso x Comprimento: maior abundância naqueles arenosos e
arenosos estruturado por rochas.

Comprimento total (Lt máximo):


8,8cm.

Hábito alimentar: Insetívoro.

Dieta:
Insetos aquáticos: .................. 39,07%
Insetos terrestres: .................. 59,34%
Outros invert. aquáticos: ........ 0,34%
Outros invert. terrestres: ........ 0,28%
Distribuição natural: Bacia da Laguna Peixes:........................................ 0,11%
dos Patos, RS; no rio das Antas, acima e Algas: ......................................<0,01%
abaixo do Cachoeirão. Plantas: ..................................... 0,86%
Detrito: ...................................<0,01%

Item predominante na dieta: Insetos


(himenópteros e efemerópteros).

8 Biologia das principais espécies ___________________________________________________73


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Local de reprodução: Remanso, Época de reprodução: De outubro a


áreas internas e segmento a jusante fevereiro.
do reservatório de Monte Claro;
montante, remanso, áreas internas e Participação máxima do peso dos
trecho a jusante do reservatório 14 de ovários no peso total: 20,59%
Julho, confluências dos rios Carreiro e
Guaporé. MÊS IAR
JAN 5,16
LOCALIDADE IAR
FEV 6,29
CASTRO ALVES-MON
MAR 1,12
CASTRO ALVES-REM 0
ABR 0
CASTRO ALVES-LEN
MAI 0
CASTRO ALVES-JUS
JUN 0
MONTE CLARO-MON 0
JUL 0
RIO DA PRATA 0
AGO 0
MONTE CLARO-REM 12,48
SET 0,17
MONTE CLARO-LEN 12,42
OUT 23,95
MONTE CLARO-JUS 3,89
NOV 14,01
14 DE JULHO-MON 7,87
DEZ 9,16
14 DE JULHO-REM 6,92
14 DE JULHO-LEN 6,81
Comprimento de primeira maturação:
14 DE JULHO-JUS 8,36 Fêmeas 3,2cm.
Machos 3,3cm.
ANTAS-CARREIRO 2,93
ANTAS-GUAPORÉ 10,28
RIACHO 0

74____________________________________________________8 Biologia das principais espécies


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Hemiancistrus punctulatus
Cardoso & Malabarba, 1999 – CASCUDO DE ESPINHOS

Características morfológicas: Focinho Status na bacia: Esporádicos a montante


com placas. Machos sem tentáculos. das corredeiras do Cachoeirão e
Presença de manchas arredondadas abundantes no trecho a jusante,
escuras nas placas que revestem a especialmente na área de influência do
cabeça, na região lateral do corpo reservatório de 14 de Julho.
(podem estar ausentes) e nas nadadeiras
(melhor visualizadas nas pélvicas e Natureza do habitat preferido: É mais
peitorais). abundante em profundidades entre 0,5
e 5,0m e velocidades de água inferiores
Localidade-tipo: Rio dos Sinos, praia a 0,5m/s. Preferência por substrato
João Fernandes, Caraá, Bacia da Laguna rochoso ou com seixo.
dos Patos, RS.
Comprimento total (Lt máximo):
Relação Peso x Comprimento: 38,1cm.

Hábito alimentar: Detritívoro.

Dieta:
Insetos aquáticos: ..................<0,01%
Insetos terrestres: ..................<0,01%
Outros invert. aquáticos: ........ 0,47%
Outros invert. terrestres: ......<0,01%
Peixes: ......................................<0,01%
Algas: ........................................ 6,23%
Plantas: ..................................... 0,07%
Detrito: ................................... 93,23%
Distribuição natural: Bacia da Laguna
dos Patos; no rio das Antas, acima e Item predominante na dieta: Detrito e
abaixo do Cachoeirão. sedimento.

8 Biologia das principais espécies ___________________________________________________75


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Local de reprodução: Todas as estações Época de reprodução: De outubro a


de amostragem, com atividade fevereiro, com pico reprodutivo em
incipiente apenas no trecho interno e a novembro, dezembro e janeiro.
jusante do reservatório de Castro Alves,
além dos riachos. Participação máxima do peso dos
ovários no peso total: 27,14%.
LOCALIDADE IAR
MÊS IAR
CASTRO ALVES-MON 7,45
JAN 22,99
CASTRO ALVES-REM 6,68
FEV 8,69
CASTRO ALVES-LEN 2,56
MAR 0,17
CASTRO ALVES-JUS 3,34
ABR 0,21
MONTE CLARO-MON 7,89
MAI 0
RIO DA PRATA 20,86
JUN 0
MONTE CLARO-REM 20,49
JUL 0
MONTE CLARO-LEN 19,36
AGO 0,07
MONTE CLARO-JUS 17,94
SET 1,89
14 DE JULHO-MON 16,26
OUT 13,48
14 DE JULHO-REM 8,74
NOV 20,27
14 DE JULHO-LEN 9,47
DEZ 21,97
14 DE JULHO-JUS 6,93
ANTAS-CARREIRO 7,98
Comprimento de primeira maturação:
ANTAS-GUAPORÉ 17,12 Fêmeas 6,4cm.
Machos 8,2cm.
RIACHO 2,37

76____________________________________________________8 Biologia das principais espécies


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Gymnogeophagus gymnogenys
(Hensel, 1870) - CARÁ

Características morfológicas: Faixa Status na bacia: Esporádico acima das


escura na origem da nadadeira dorsal, corredeiras do Cachoeirão, abundante
estendendo-se verticalmente ou no trecho abaixo.
obliquamente em direção posterior
ao corpo. Nadadeira caudal e região Natureza do habitat preferido:
posterior da nadadeira dorsal com Registrada em profundidades de até
manchas arredondadas. 3m e velocidade da água de até 0,3m/s,
sendo mais abundante abaixo de 2,0m
Localidade-tipo: Rio Cadeia, Bacia da e 0,1m/s, respectivamente. Ocorrência
Laguna dos Patos. em todos os substratos amostrados,
sendo menos frequente em fundo de
Relação Peso x Comprimento: seixos.

Comprimento total (Lt máximo):


24,9cm.

Hábito alimentar: Invertívoro.

Dieta:
Insetos aquáticos: .................. 73,26%
Insetos terrestres: ..................<0,01%
Outros invert. aquáticos: ...... 12,38%
Outros invert. terrestres: ........ 2,74%
Peixes: ........................................ 0,10%
Algas: ........................................ 0,12%
Distribuição natural: Bacia da Laguna Plantas: ..................................... 4,20%
dos Patos; no rio das Antas, acima e Detrito: ..................................... 7,21%
abaixo do Cachoeirão.
Item predominante na dieta: Insetos
aquáticos (quironomídeos).

8 Biologia das principais espécies ___________________________________________________77


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Local de reprodução: Atividade Época de reprodução: De outubro a


reprodutiva incipiente em todas as dezembro, com pico reprodutivo em
estações de amostragem, exceto a outubro e novembro.
montante do reservatório de Monte
Claro, onde foi nula, e no seu trecho Participação máxima do peso dos
lêntico, onde foi intensa. ovários no peso total: 13,35%.

LOCALIDADE IAR MÊS IAR


CASTRO ALVES-MON 0,41 JAN 2,59
CASTRO ALVES-REM 0,16 FEV 1,07
CASTRO ALVES-LEN 0,89 MAR 0,39
CASTRO ALVES-JUS 0,95 ABR 0
MONTE CLARO-MON 0 MAI 0
RIO DA PRATA 1,39 JUN 0
MONTE CLARO-REM 3,15 JUL 0
MONTE CLARO-LEN 11,83 AGO 0
MONTE CLARO-JUS 0,46 SET 0,88
14 DE JULHO-MON 1,55 OUT 10,31
14 DE JULHO-REM 1,39 NOV 11,08
14 DE JULHO-LEN 3,49 DEZ 5,66
14 DE JULHO-JUS 2,46
ANTAS-CARREIRO 0,97 Comprimento de primeira maturação:
Fêmeas 4,5cm.
ANTAS-GUAPORÉ 2,27 Machos 4,6cm.
RIACHO 2,51

78____________________________________________________8 Biologia das principais espécies


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Heterocheirodon jacuiensis
Malabarba & Bertaco, 1999 - LAMBARI

Características morfológicas: Dentes Status na bacia: Esporádico no trecho


muticuspidados em adultos. Maxilar acima do Cachoeirão, abundante
com 2 a 5 dentes. Início da nadadeira abaixo.
anal na vertical que passa pelos últimos
raios da nadadeira dorsal ou logo após. Natureza do habitat preferido:
Mancha caudal grande e conspícua. Abundante até profundidades de 2m
Maxilar com 2 a 5 dentes. e velocidades inferiores a 0,1m/s.
Preferência por substrato não
Localidade-tipo: Lagoa na margem consolidados (areia e lodo).
esquerda do rio Jacuí, Cachoeira do
Sul, RS. Comprimento total (Lt máximo):
10,1cm.
Relação Peso x Comprimento:
Hábito alimentar: Herbívoro.

Dieta:
Insetos aquáticos: .....................5,20%
Insetos terrestres: .....................0,62%
Outros invert. aquáticos: .........5,38%
Outros invert. terrestres: ...... <0,01%
Algas: .......................................57,53%
Plantas: ....................................15,72%
Detrito: ....................................15,54%

Item predominante na dieta: Algas


Distribuição natural: Bacia da Laguna (cianofíceas) e plantas (frutos e
dos Patos; rio das Antas, acima e abaixo sementes).
do Cachoeirão.

8 Biologia das principais espécies ___________________________________________________79


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Local de reprodução: Atividade Época de reprodução: De setembro


reprodutiva dessa espécie foi registrada a fevereiro, com pico reprodutivo de
na região do remanso e lêntica do dezembro a janeiro.
reservatório de Monte Claro e no rio
Carreiro. Diferenças na atividade entre Participação máxima do peso dos
as estações podem ser observadas pelos ovários no peso total: 12,72%.
valores do IAR (Índice de Atividade
Reprodutiva) MÊS IAR
JAN 31,54
LOCALIDADE IAR
FEV 17,47
CASTRO ALVES-MON 0
MAR 0,54
CASTRO ALVES-REM
ABR 0
CASTRO ALVES-LEN 0
MAI 0
CASTRO ALVES-JUS 0
JUN 0
MONTE CLARO-MON
JUL 0
RIO DA PRATA
AGO 0
MONTE CLARO-REM 23,76
SET 8,78
MONTE CLARO-LEN 17,11
OUT 12,77
MONTE CLARO-JUS 4,79
NOV 3,61
14 DE JULHO-MON 3,33
DEZ 21,82
14 DE JULHO-REM 14,45
14 DE JULHO-LEN 3,81
Comprimento de primeira maturação:
14 DE JULHO-JUS 7,33 Fêmeas 4,1cm.
ANTAS-CARREIRO 24,38 Machos 3,8cm.

ANTAS-GUAPORÉ 12,78
RIACHO

80____________________________________________________8 Biologia das principais espécies


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Astyanax sp.
LAMBARI

Características morfológicas: Dentes Distribuição natural: Bacia da Laguna


da série externa do pré-maxilar com 5 dos Patos; no rio das Antas, acima e
cúspides. Maxilar relativamente curto e abaixo do Cachoeirão.
largo, sua maior largura cabendo cerca
de duas vezes no seu comprimento Status na bacia: abundante em toda a
(medido até o seu contato com o pré- bacia do rio das Antas.
maxilar). 1 único dente no maxilar.
Dentes anteriores do dentário Natureza do habitat preferido: Mais
relativamente largos. Nadadeira anal abundantes em água rasas (0,5 a 2m) e
com 17 a 23 raios ramificados. calmas (<0,2m/s), ocupa todos os tipos
de substratos amostrados, sendo menos
Localidade-tipo: Provavelmente trata- abundante em fundo com seixo.
se de uma espécie nova.
Hábito alimentar: Onívoro.
Relação Peso x Comprimento:
Dieta:
Insetos aquáticos: .................. 28,71%
Insetos terrestres: .................... 6,46%
Outros invert. aquáticos: ........ 0,01%
Outros invert. terrestres: ........ 0,11%
Peixes:........................................ 0,42%
Algas: ........................................ 2,33%
Plantas: ................................... 61,96%
Detrito: ..................................... 0,01%

Item predominante na dieta:


Plantas (briófitas) e insetos aquáticos
(efemerópteros).

8 Biologia das principais espécies ___________________________________________________81


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Local de reprodução: Todas as estações Época de reprodução: De setembro a


de amostragem, com exceção do dezembro, com pico reprodutivo em
remanso do reservatório 14 de Julho. outubro, novembro e dezembro.
Maior atividade reprodutiva (IAR) para
essa espécie foi registrada nos riachos, Participação máxima do peso dos
nos segmentos a montante, no remanso ovários no peso total: 25,52%.
e no corpo principal do reservatório de
Monte Claro, além do trecho a montante MÊS IAR
do reservatório de 14 de Julho. JAN 0

LOCALIDADE IAR FEV 1,81

CASTRO ALVES-MON 3,07 MAR 0,33

CASTRO ALVES-REM 0,71 ABR 0

CASTRO ALVES-LEN 3,48 MAI 0,34

CASTRO ALVES-JUS 2,28 JUN 0,32

MONTE CLARO-MON 9,84 JUL 0

RIO DA PRATA 4,68 AGO 1,83

MONTE CLARO-REM 5,63 SET 5,47

MONTE CLARO-LEN 6,19 OUT 10,68

MONTE CLARO-JUS 4,12 NOV 12,32

14 DE JULHO-MON 6,09 DEZ 11,29

14 DE JULHO-REM 0
Comprimento de primeira maturação:
14 DE JULHO-LEN 1,05 Fêmeas 4,3cm.
14 DE JULHO-JUS 1,51 Machos 5,5cm.

ANTAS-CARREIRO 2,97
ANTAS-GUAPORÉ 1,25
RIACHO 9,94

82____________________________________________________8 Biologia das principais espécies


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Steindachnerina biornata
(Braga & Azpelicueta, 1987) - BIRU

Características morfológicas: Poros das Status na bacia: Abundante em toda a


escamas da linha lateral contornados bacia do baixo rio das Antas.
por pigmentação escura, formando
uma faixa lateral de aspecto pontilhado Natureza do habitat preferido:
localizada abaixo da faixa lateral escura Abundante em diferentes
contínua. profundidades (1,0 a 10m) e velocidades
de água, sendo, entretanto, mais
Localidade-tipo: Arroio Juan Blanco, frequente acima de 0,5m/s (até 1,2m)
bacia do rio de la Plata, Buenos Aires, e abaixo de 0,1m/s. Ocorre em todos
Argentina. os tipos de substrato, porém mais
frequente naqueles não consolidados
Relação Peso x Comprimento: (arenoso e lodoso).

Comprimento total (Lt máximo):


19,2cm.

Hábito alimentar: Detritívoro.

Dieta:
Insetos aquáticos: .................. <0,01%
Insetos terrestres: .................. <0,01%
Outros invert. aquáticos: .........0,96%
Outros invert. terrestres: ...... <0,01%
Algas: .........................................8,66%
Plantas: ......................................0,01%
Distribuição natural: Bacias dos rios Detrito: .................................... 90,37%
Paraguai, Uruguai, baixo Paraná e
Bacia da Laguna dos Patos; no rio das Item predominante na dieta: Detrito e
Antas, acima e abaixo do Cachoeirão. sedimento.

8 Biologia das principais espécies ___________________________________________________83


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Local de reprodução: Todas as estações Época de reprodução: Outubro e


de amostragem, com exceção dos novembro.
riachos. Maior atividade reprodutiva
no trecho lêntico e no corpo principal Participação máxima do peso dos
do reservatórios de Monte Claro. ovários no peso total: 24,00%.

LOCALIDADE IAR MÊS IAR


CASTRO ALVES-MON 3,88 JAN 3,50
CASTRO ALVES-REM 5,91 FEV 0,65
CASTRO ALVES-LEN 6,60 MAR 0,19
CASTRO ALVES-JUS 5,14 ABR 0
MONTE CLARO-MON 0,52 MAI 0
RIO DA PRATA 1,56 JUN 0
MONTE CLARO-REM 19,95 JUL 0
MONTE CLARO-LEN 18,67 AGO 0,48
MONTE CLARO-JUS 8,10 SET 4,80
14 DE JULHO-MON 2,00 OUT 37,42
14 DE JULHO-REM 5,08 NOV 15,53
14 DE JULHO-LEN 3,61 DEZ 3,36
14 DE JULHO-JUS 5,22
ANTAS-CARREIRO 1,68 Comprimento de primeira maturação:
Fêmeas 4,6cm.
ANTAS-GUAPORÉ 4,68 Machos 7,1cm.
RIACHO

84____________________________________________________8 Biologia das principais espécies


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Hyphessobrycon luetkenii
(Boulenger, 1887) - LAMBARI

Características morfológicas: Uma única Natureza do habitat preferido:


mancha umeral com prolongamento Amostrados em profundidades
inferior. Dois dentes no maxilar. menores que 5,0m, porém mais
abundantes entre 0,5 e 2,0m e em
Localidade-tipo: São Lourenço do Sul, habitats com fluxo menor que 0,1m/s.
RS. Prefere substratos não consolidados
(areia, lodo), evitando fundos com
Relação Peso x Comprimento: seixo ou rochosos.

Comprimento total (Lt máximo):


12,6cm.

Hábito alimentar: Herbívoro.

Dieta:
Insetos aquáticos: .................... 5,14%
Insetos terrestres: .................... 0,85%
Outros invert. aquáticos: ........ 0,59%
Outros invert. terrestres: ........ 0,06%
Peixes:........................................ 0,06%
Distribuição natural: Bacia da Laguna Algas: ...................................... 31,89%
dos Patos; no rio das Antas, acima e Plantas: ................................... 57,65%
abaixo do Cachoeirão. Detrito: ..................................... 3,77%

Status na bacia: Abundante em toda Item predominante na dieta:


a bacia do baixo rio das Antas, com Plantas (frutos e sementes) e algas
destaque para o trecho superior ao (zignemafíceas e Oedogonium spp.).
Cachoeirão.

8 Biologia das principais espécies ___________________________________________________85


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Local de reprodução: Todas as estações Época de reprodução: Todos os meses,


de amostragem, com exceção do rio da com pico reprodutivo entre setembro e
Prata e riachos. Atividade reprodutiva fevereiro.
intensa ou muito intensa em todas
as demais estações de amostragem, Participação máxima do peso dos
exceto a montante do reservatório de ovários no peso total: 17,82%.
14 de Julho.
MÊS IAR
LOCALIDADE IAR
JAN 35,19
CASTRO ALVES-MON 17,87
FEV 30,40
CASTRO ALVES-REM 17,81
MAR 6,33
CASTRO ALVES-LEN 22,98
ABR 5,45
CASTRO ALVES-JUS 19,35
MAI 2,22
MONTE CLARO-MON 13,84
JUN 6,43
RIO DA PRATA 0
JUL 2,09
MONTE CLARO-REM 29,65
AGO 3,48
MONTE CLARO-LEN 22,29
SET 15,36
MONTE CLARO-JUS 31,71
OUT 23,11
14 DE JULHO-MON 2,91
NOV 15,22
14 DE JULHO-REM 13,67 DEZ 9,86
14 DE JULHO-LEN 10,22
14 DE JULHO-JUS 15,17 Comprimento de primeira maturação:
Fêmeas 4,8cm.
ANTAS-CARREIRO 14,77 Machos 4,3cm.
ANTAS-GUAPORÉ 34,12
RIACHO 0

86____________________________________________________8 Biologia das principais espécies


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Geophagus brasiliensis
(Quoy & Gaimard, 1824) - CARÁ

Características morfológicas: Ausência Status na bacia: Esporádico a montante


de mancha preta na base dos raios do Cachoeirão e abundante no segmento
superiores da nadadeira caudal (não a jusante.
confundir com uma pequena mancha
na base dos raios medianos, que pode Natureza do habitat preferido:
estar presente nos jovens). Presença de Abundante em profundidades
uma faixa escura que se estende desde inferiores a 1m e águas com baixo
a nuca, através dos olhos, até o canto fluxo (<0,1m/s). Presente em todos os
inferior do opérculo. Pedúnculo caudal substratos, porém menos frequente
longo, seu comprimento maior que a em fundos rochosos ou com cascalho
altura. 3 espinhos na nadadeira anal. (seixo).

Localidade-tipo: Rio de Janeiro, Brasil. Comprimento total (Lt máximo):


20,3cm.
Relação Peso x Comprimento:
Hábito alimentar: Invertívoro.

Dieta:
Insetos aquáticos: ...................57,22%
Insetos terrestres: .................. <0,01%
Outros invert. aquáticos: .......34,06%
Outros invert. terrestres: .........1,35%
Algas: .........................................0,89%
Plantas: ......................................0,46%
Detrito: ......................................6,01%

Item predominante na dieta: Insetos


Distribuição natural: Bacias costeiras aquáticos (quironomídeos).
do Leste e Sudeste do Brasil e do
Uruguai; Bacia do alto Paraná, no rio das
Antas, acima e abaixo do Cachoeirão.

8 Biologia das principais espécies ___________________________________________________87


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Local de reprodução: Atividade Época de reprodução: Outubro,


reprodutiva registrada apenas a partir dezembro e janeiro.
do remanso do reservatório de Monte
Claro, mesmo assim com valores de IAR Participação máxima do peso dos
moderados apenas no remanso e corpo ovários no peso total: 4,30%.
desse reservatório e muito intenso no
corpo do reservatório de 14 de Julho. MÊS IAR
JAN 30,96
LOCALIDADE IAR
FEV 0
CASTRO ALVES-MON 0
MAR 0
CASTRO ALVES-REM 0
ABR 0
CASTRO ALVES-LEN 0
MAI 0
CASTRO ALVES-JUS 0
JUN 0
MONTE CLARO-MON
JUL 0
RIO DA PRATA
AGO 0
MONTE CLARO-REM 8,62
SET 0
MONTE CLARO-LEN 9,49
OUT 12,79
MONTE CLARO-JUS 0
NOV 0
14 DE JULHO-MON
DEZ 6,94
14 DE JULHO-REM 3,49
14 DE JULHO-LEN 26,61
Comprimento de primeira maturação:
14 DE JULHO-JUS 0 Fêmeas 5,3cm.
ANTAS-CARREIRO 4,19 Machos 6,3cm.

ANTAS-GUAPORÉ 3,69
RIACHO 0

88____________________________________________________8 Biologia das principais espécies


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Oligosarcus jenynsii
(Gunther, 1964) -TAMBICU

Características morfológicas: 54-62 Status na bacia: Abundante em toda a


escamas perfuradas na linha lateral. 10 bacia do baixo rio das Antas.
a 11 séries horizontais de escamas entre
a linha lateral e a origem da nadadeira Natureza do habitat preferido: Embora
dorsal. 21 a 23 séries horizontais de encontrado em condições variáveis de
escamas ao redor do pedúnculo caudal. profundidade e fluxo de água, são mais
Nadadeira caudal amarela em vida. abundantes em habitats relativamente
rasos (<2,0m) e calmos (<0,2m/s).
Localidade-tipo: Maldonado, Uruguai. Ocupa todos os tipos de substrato,
sendo, porém, menos frequente em
Relação Peso x Comprimento: seixos e fundo rochoso.

Comprimento total (Lt máximo):


33,9cm.

Hábito alimentar: Piscívoro.


Dieta:
Insetos aquáticos: .................... 0,29%
Insetos terrestres: .................... 0,03%
Outros invert. aquáticos: ......<0,01%
Outros invert. terrestres: ........ 0,01%
Peixes:...................................... 99,67%
Algas: ......................................<0,01%
Plantas: ...................................<0,01%
Distribuição natural: Arroios, rios e Detrito: ...................................<0,01%
lagoas da região costeira e planície
interior, Estado do Rio Grande do Sul; Item predominante na dieta: Peixes
no rio das Antas, acima e abaixo do (Cyanocharax alburnus e outros
Cachoeirão. caraciformes).

8 Biologia das principais espécies ___________________________________________________89


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Local de reprodução: Todas as estações Época de reprodução: De julho a


de amostragem. Diferenças na atividade novembro, com pico reprodutivo entre
reprodutiva podem ser evidenciadas agosto e outubro.
pelos valores de IAR.
Participação máxima do peso dos
LOCALIDADE IAR ovários no peso total: 16,60%.

CASTRO ALVES-MON 2,31


MÊS IAR
CASTRO ALVES-REM 5,46
JAN 3,03
CASTRO ALVES-LEN 4,82
FEV 0,53
CASTRO ALVES-JUS 1,73
MAR 0
MONTE CLARO-MON 10,06
ABR 0
RIO DA PRATA 11,98
MAI 0
MONTE CLARO-REM 9,69
JUN 1,60
MONTE CLARO-LEN 10,95
JUL 6,54
MONTE CLARO-JUS 11,35
AGO 17,37
14 DE JULHO-MON 7,01
SET 16,2
14 DE JULHO-REM 1,30
OUT 16,02
14 DE JULHO-LEN 3,38
NOV 7,48
14 DE JULHO-JUS 1,74
DEZ 1,97
ANTAS-CARREIRO 1,81
ANTAS-GUAPORÉ 5,05 Comprimento de primeira maturação:
RIACHO 2,77 Fêmeas 9,6cm.
Machos 9,7cm.

90____________________________________________________8 Biologia das principais espécies


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Diapoma sp.
LAMBARI

Características morfológicas: Origem Status na bacia: Esporádica nas


da nadadeira anal localizada na vertical amostragens a montante do Cachoeirão,
que passa abaixo da nadadeira dorsal. abundante a jusante.
Presença de escamas modificadas no
lobo ventral da nadadeira caudal. Natureza do habitat preferido:
Borda posteroventral do opérculo não Registrado em habitats com até 2m
prolongada. de profundidade, é particularmente
abundante entre 0,5 e 1m. Similarmente,
Localidade-tipo: Nova espécie em foi amostrado em águas com fluxo
descrição. de até 0,6m/s, porém abundante
em velocidades inferiores a 0,1m/s.
Relação Peso x Comprimento: Tem preferência por fundo arenoso,
areno-lodoso, estruturados ou não por
matacões.

Comprimento total (Lt máximo):


6,2cm.

Hábito alimentar: Insetívoro.

Dieta:
Insetos aquáticos: .................. 44,37%
Insetos terrestres: .................. 54,66%
Outros invert. aquáticos: ........ 0,04%
Outros invert. terrestres: ........ 0,02%
Distribuição natural: Rio das Antas, Algas: ......................................<0,01%
acima e abaixo do Cachoeirão; Plantas: ..................................... 0,91%
registrada também no rio dos Sinos. Detrito: ...................................<0,01%

Item predominante na dieta: Insetos


(himenópteros e efemerópteros).

8 Biologia das principais espécies ___________________________________________________91


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Local de reprodução: Todas as estações Época de reprodução: De outubro a


de amostragem a jusante do rio da janeiro.
Prata, exceto as imediações da foz do
Guaporé. Não foram capturadas fêmeas Participação máxima do peso dos
adultas nas estações a montante do rio ovários no peso total: 14,38%.
da Prata.
MÊS IAR
LOCALIDADE IAR
JAN 30,76
CASTRO ALVES-MON
FEV 0
CASTRO ALVES-REM
MAR 2,72
CASTRO ALVES-LEN
ABR 0
CASTRO ALVES-JUS
MAI 0
MONTE CLARO-MON
JUN 0
RIO DA PRATA 11,02
JUL 0
MONTE CLARO-REM 4,70
AGO 0
MONTE CLARO-LEN 1,97
SET 0
MONTE CLARO-JUS 15,90
OUT 26,38
14 DE JULHO-MON 18,96
NOV 30,69
14 DE JULHO-REM 15,22
DEZ 37,01
14 DE JULHO-LEN 9,38
14 DE JULHO-JUS 22,95 Comprimento de primeira maturação:
ANTAS-CARREIRO 9,85 Fêmeas 3,1cm.
Machos 3,3cm.
ANTAS-GUAPORÉ 0
RIACHO 8,37

92____________________________________________________8 Biologia das principais espécies


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Pimelodus pintado
Azpelicueta, Lundberg & Loureiro, 2008 - PINTADO

Características morfológicas: Processo Natureza do habitat preferido:


occipital longo, alcançando a placa Abundante em profundidades de
pré-dorsal. Corpo com manchas 0,5 a 10,0m e velocidades inferior a
arredondadas. 0,3m/s, embora possa ser registrado
sob condições de maior fluxo da água.
Localidade-tipo: Rio Cebolattí, Ocorre em todos os tipos de substrato,
drenagem da lagoa Mirim, Uruguai. parecendo preferir fundos rochosos e
areno-rochoso.
Relação Peso x Comprimento:
Comprimento total (Lt máximo):
49,4cm.

Hábito alimentar: Onívoro

Dieta:
Insetos aquáticos: ...................42,39%
Insetos terrestres: .....................1,26%
Outros invert. aquáticos: .........0,53%
Outros invert. terrestres: .........0,87%
Peixes:.......................................21,39%
Algas: ...................................... <0,01%
Plantas: ....................................33,43%
Distribuição natural: Bacia da Laguna Detrito: ......................................0,13%
dos Patos.
Item predominante na dieta: Insetos
Status na bacia: Abundante em toda a aquáticos (quironomídeos), Plantas
bacia do baixo rio das Antas. (frutos e sementes) e Peixes (escamas).

8 Biologia das principais espécies ___________________________________________________93


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Local de reprodução: Todas as estações Época de reprodução: De outubro a


de amostragem, com exceção dos janeiro.
riachos. Maior atividade reprodutiva
(IAR) no trecho de remanso dos Participação máxima do peso dos
reservatórios de Castro Alves e Monte ovários no peso total: 16,55%.
Claro, parte interna desse último e
imediações da foz do rio Guaporé. MÊS IAR
JAN 24,15
LOCALIDADE IAR
FEV 1,54
CASTRO ALVES-MON 4,07
MAR 0,84
CASTRO ALVES-REM 13,67
ABR 0
CASTRO ALVES-LEN 7,77
MAI 0
CASTRO ALVES-JUS 5,69
JUN 0
MONTE CLARO-MON 6,84
JUL 0
RIO DA PRATA 1,44
AGO 0
MONTE CLARO-REM 25,96
SET 0,55
MONTE CLARO-LEN 10,79
OUT 19,31
MONTE CLARO-JUS 4,39
NOV 24,27
14 DE JULHO-MON 2,50
DEZ 23,70
14 DE JULHO-REM 0,83
14 DE JULHO-LEN 2,83
Comprimento de primeira maturação:
14 DE JULHO-JUS 6,47 Fêmeas 14,6cm.
Machos 13,6cm.
ANTAS-CARREIRO 8,36
ANTAS-GUAPORÉ 10,95
RIACHO

94____________________________________________________8 Biologia das principais espécies


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Crenicichla punctata
Hensel, 1870 - JOANA

Características morfológicas: Corpo Status na bacia: Abundante em toda a


baixo, maior altura cabendo mais bacia do baixo rio das Antas.
de 4 vezes no comprimento padrão.
Ausência de espinho dirigido para Natureza do habitat preferido: Águas
frente, imediatamente à frente da de baixa velocidade (<0,2m/s), pouco
nadadeira dorsal. Pequenos pontos no profunda (<2,0m) e substrato rochoso,
corpo e, exceto nos jovens, também na arenoso estruturado com rochas ou
cabeça; ausência de mancha umeral matacões e seixo.
ocelada.
Comprimento total (Lt máximo):
Localidade-tipo: Rio Guaíba, Porto 32,7cm.
Alegre, RS.
Hábito alimentar: Invertívoro.
Relação Peso x Comprimento:
Dieta:
Insetos aquáticos: .................. 29,69%
Insetos terrestres: .................... 0,37%
Outros invert. aquáticos: ...... 35,98%
Outros invert. terrestres: ........ 0,03%
Peixes:...................................... 30,37%
Algas: ......................................<0,01%
Plantas: ..................................... 3,56%
Detrito: ...................................<0,01%

Item predominante na dieta: Outros


invert. aquáticos (bivalves) e Insetos
Distribuição natural: Bacia da Laguna aquáticos (quironomídeos).
dos Patos, no Brasil e Uruguai, rio das
Antas, acima e abaixo do Cachoeirão.

8 Biologia das principais espécies ___________________________________________________95


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Local de reprodução: Todas as estações Época de reprodução: De outubro a


de amostragem, com exceção daquelas janeiro, com pico reprodutivo entre
localizadas imediatamente a montante novembro e dezembro.
e a jusante de Castro Alves. Maior
atividade reprodutiva a jusante de Participação máxima do peso dos
Monte Claro. ovários no peso total: 8,09%.

LOCALIDADE IAR MÊS IAR


CASTRO ALVES-MON 0 JAN 5,98
CASTRO ALVES-REM 9,16 FEV 1,40
CASTRO ALVES-LEN 0,42 MAR 0
CASTRO ALVES-JUS 0 ABR 0
MONTE CLARO-MON 7,10 MAI 0
RIO DA PRATA 3,60 JUN 0
MONTE CLARO-REM 1,83 JUL 0
MONTE CLARO-LEN 4,41 AGO 0
MONTE CLARO-JUS 12,53 SET 1,03
14 DE JULHO-MON 5,81 OUT 9,37
14 DE JULHO-REM 4,95 NOV 14,54
14 DE JULHO-LEN 2,85 DEZ 17,83
14 DE JULHO-JUS 3,31
ANTAS-CARREIRO 7,14 Comprimento de primeira maturação:
Fêmeas 7,8cm.
ANTAS-GUAPORÉ 1,67 Machos 7,3cm.
RIACHO 8,06

96____________________________________________________8 Biologia das principais espécies


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Gymnogeophagus labiatus
(Hensel, 1870) - CARÁ

Características morfológicas: Faixa Status na bacia: Esporádico nas


escura, à frente da nadadeira dorsal, amostras a montante do Cachoeirão,
estendendo-se obliquamente em abundante a jusante.
direção ao olho. Nadadeira caudal e
região posterior da nadadeira dorsal Natureza do habitat preferido: Mais
com manchas longitudinais. abundante em águas rasas (<1m), com
baixo fluxo (<0,1m/s). Preferências
Localidade-tipo: Rio Santa Maria, RS. por habitats com substrato rochoso,
arenoso estruturado por rochas e fundo
Relação Peso x Comprimento: com seixos.

Comprimento total (Lt máximo):


23,2cm.

Hábito alimentar: Invertívoro.

Dieta:
Insetos aquáticos: .................. 80,22%
Insetos terrestres: .................... 0,19%
Outros invert. aquáticos: ........ 5,00%
Outros invert. terrestres: ........ 0,02%
Peixes:........................................ 0,82%
Algas: ......................................<0,01%
Distribuição natural: Bacia da Laguna Plantas: ................................... 12,74%
dos Patos; no rio das Antas, acima e Detrito: ..................................... 1,02%
abaixo do Cachoeirão.
Item predominante na dieta:
Insetos aquáticos (efemerópteros e
tricópteros).

8 Biologia das principais espécies ___________________________________________________97


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Local de reprodução: Todas as estações Época de reprodução: De outubro a


de amostragem, destacam-se as estações janeiro, com pico reprodutivo entre
CAMON, MCREM, MCLEN, 14LEN e outubro e dezembro.
ANCAR.
Participação máxima do peso dos
LOCALIDADE IAR ovários no peso total: 5,19%.

CASTRO ALVES-MON 11,80


MÊS IAR
CASTRO ALVES-REM 6,84
JAN 9,75
CASTRO ALVES-LEN 0,77
FEV 1,62
CASTRO ALVES-JUS 2,39
MAR 0
MONTE CLARO-MON 8,30
ABR 0
RIO DA PRATA 3,76
MAI 0
MONTE CLARO-REM 12,07
JUN 0
MONTE CLARO-LEN 11,67
JUL 0
MONTE CLARO-JUS 8,94
AGO 0
14 DE JULHO-MON 8,75
SET 0,50
14 DE JULHO-REM 3,68
OUT 17,79
14 DE JULHO-LEN 10,75
NOV 26,27
14 DE JULHO-JUS 3,83
DEZ 20,25
ANTAS-CARREIRO 15,37
ANTAS-GUAPORÉ 8,43 Comprimento de primeira maturação:
RIACHO 8,87 Fêmeas 5,9cm.
Machos 11,1cm.

98____________________________________________________8 Biologia das principais espécies


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Astyanax jacuhiensis
(Cope, 1894) – LAMBARI RABO AMARELO

Características morfológicas: Duas Status na bacia: Abundante em toda a


manchas umerais, a segunda mais fraca bacia do baixo rio das Antas.
e verticalmente alongada. Nadadeira
anal com 22 a 34 raios ramificados. Natureza do habitat preferido:
Nadadeira caudal amarela em vida Abundância maior em profundidades
inferiores a 2m e velocidades até
Localidade-tipo: Jacuí, RS. 0,2m/s. Ocorre em todos os substratos,
sendo mais frequente naqueles não
Relação Peso x Comprimento: consolidados como areia e lodo,
estruturado com rochas ou matacões
ou em fundo de cascalho (seixos).

Comprimento total (Lt máximo):


14,3cm.

Hábito alimentar: Herbívoro.

Dieta:
Insetos aquáticos: .....................9,87%
Insetos terrestres: ...................12,94%
Outros invert. aquáticos: .........0,03%
Outros invert. terrestres: .........0,08%
Distribuição natural: Bacias da Laguna Peixes:.........................................2,39%
dos Patos e do rio Uruguai; no rio das Algas: .........................................0,79%
Antas, acima e abaixo do Cachoeirão. Plantas: ....................................73,85%
Detrito: ......................................0,05%

Item predominante na dieta: Plantas


(frutos e sementes).

8 Biologia das principais espécies ___________________________________________________99


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Local de reprodução: Todas as Época de reprodução: De outubro


estações de amostragem, com exceção a fevereiro, apresentando menor
do remanso do reservatório de atividade reprodutiva em janeiro.
Monte Claro. Sendo registrada maior
atividade à montante de 14 de Julho e Participação máxima do peso dos
nos riachos. ovários no peso total: 16,22%.

LOCALIDADE IAR MÊS IAR


CASTRO ALVES-MON 7,02 JAN 4,89
CASTRO ALVES-REM 8,66 FEV 18,43
CASTRO ALVES-LEN 1,28 MAR 2,41
CASTRO ALVES-JUS 0,70 ABR 0
MONTE CLARO-MON 14,64 MAI 1,32
RIO DA PRATA 9,70 JUN 2,81
MONTE CLARO-REM 0 JUL 0
MONTE CLARO-LEN 13,30 AGO 1,09
MONTE CLARO-JUS 13,19 SET 4,06
14 DE JULHO-MON 27,65 OUT 25,79
14 DE JULHO-REM 5,53 NOV 33,34
14 DE JULHO-LEN 2,41 DEZ 43,72
14 DE JULHO-JUS 6,34
ANTAS-CARREIRO 14,21 Comprimento de primeira maturação:
Fêmeas 6,1cm.
ANTAS-GUAPORÉ 14,98 Machos 5,4cm.
RIACHO 31,77

100___________________________________________________8 Biologia das principais espécies


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Loricariichthys anus
(Valenciennes, 1836) - VIOLA

Características morfológicas: Lábio Status na bacia: Esporádico nas


inferior volumoso, semelhante a amostragens realizadas acima do
duas “almofadas”. Lábio inferior dos Cachoeirão, abundante abaixo.
machos hipertrofiado no período de
reprodução. O espaço entre as duas Natureza do habitat preferido: Maior
quilhas laterais ao longo do corpo abundância em profundidades de 0,5
estreita-se próximo à nadadeira caudal a 5m e em águas com fluxo inferior
em menos de 10 escudos. a 0,2m/s. Marcante preferência por
substrato não consolidados (areia e
Localidade-tipo: Não especificada; lodo, estruturado por rochas ou não).
espécie redescrita por Cuvier &
Valenciennes (1840) a partir de dois Comprimento total (Lt máximo):
exemplares do rio da Prata, próximo a 40,7cm.
Buenos Aires, Argentina.
Hábito alimentar: Detritívoro.
Relação Peso x Comprimento:
Dieta:
Insetos aquáticos: .....................9,07%
Insetos terrestres: .................. <0,01%
Outros invert. aquáticos: ........1,86%
Outros invert. terrestres: ...... <0,01%
Algas: ........................................0,89%
Plantas: ......................................1,02%
Detrito: .................................... 87,15%

Item predominante na dieta: Detrito e


sedimento.

Distribuição natural: Bacias da Laguna


dos Patos do rio Uruguai e do baixo
rio Paraná; no rio das Antas, acima e
abaixo do Cachoeirão.

8 Biologia das principais espécies __________________________________________________101


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Local de reprodução: Atividade Época de reprodução: De setembro


reprodutiva intensa apenas no corpo a fevereiro, com pico reprodutivo de
principal do reservatório de Monte outubro a janeiro.
Claro e muito intensa nas imediações
da foz do rio Guaporé. Participação máxima do peso dos
ovários no peso total: 12,47%.
LOCALIDADE IAR
MÊS IAR
CASTRO ALVES-MON 1,90
JAN 19,71
CASTRO ALVES-REM
FEV 5,06
CASTRO ALVES-LEN
MAR 0
CASTRO ALVES-JUS 6,01
ABR 0
MONTE CLARO-MON 0
MAI
RIO DA PRATA
JUN 0
MONTE CLARO-REM 9,83
JUL 0
MONTE CLARO-LEN 10,30
AGO 0
MONTE CLARO-JUS 6,05
SET 0,54
14 DE JULHO-MON 9,72
OUT 25,88
14 DE JULHO-REM 1,84
NOV 18,9
14 DE JULHO-LEN 5,41
DEZ 18,41
14 DE JULHO-JUS 9,47
ANTAS-CARREIRO 3,29 Comprimento de primeira maturação:
ANTAS-GUAPORÉ 18,99 Fêmeas 11,8cm.
Machos 12,0cm.
RIACHO

102___________________________________________________8 Biologia das principais espécies


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Rhamdia quelen
(Quoy & Gaimard, 1824) - JUNDIÁ

Características morfológicas: Ausência Status na bacia: abundante em toda a


de faixa escura na região lateral do bacia do baixo rio das Antas.
corpo. Origem das nadadeiras pélvicas
situada na vertical que passa pelo Natureza do habitat preferido:
final da base da nadadeira dorsal. Registrada em todas as profundidades,
Extremidade dos raios da nadadeira velocidade da água e substratos
anal situada na vertical que passa no explorados, sendo, no entanto, mais
final da nadadeira adiposa. frequentes em baixas profundidades
(<2,0m), velocidades inferiores a 0,3m/s
Localidade-tipo: Afluente do rio e fundo arenoso estruturado por rochas
Samiria, entre Caño Pastos e Hamburgo, ou matacões.
Departamento Loreto, Peru.
Comprimento total (Lt máximo):
Relação Peso x Comprimento: 54,9cm.

Hábito alimentar: Piscívoro.

Dieta:
Insetos aquáticos: .................... 4,38%
Insetos terrestres: .................... 0,97%
Outros invert. aquáticos: ....... 0,77%
Outros invert. terrestres: ........ 1,38%
Peixes: ..................................... 90,87%
Plantas: ..................................... 1,63%
Detrito: ...................................<0,01%

Distribuição natural: Praticamente em Item predominante na dieta: Peixes


todas as bacias hidrográficas brasileiras, (Oligosarcus jenynsii).
rio das Antas, acima e abaixo do
Cachoeirão.

8 Biologia das principais espécies __________________________________________________103


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Local de reprodução: Indícios de Época de reprodução: De setembro a


reprodução em todas as estações de dezembro, com pico de atividade em
amostragem, com exceção do trecho outubro e dezembro.
das imediações da foz do rio Guaporé.
Maior atividade reprodutiva (IAR>5) Participação máxima do peso dos
nos segmentos a montante e no ovários no peso total: 13,75%.
remanso do reservatório de Castro
Alves, no corpo e no trecho a jusante MÊS IAR
do reservatório de Monte Claro e,
especialmente, em riachos. JAN 2,85
FEV 3,41
LOCALIDADE IAR
MAR 0
CASTRO ALVES-MON 5,20
ABR 0
CASTRO ALVES-REM 5,39
MAI 0
CASTRO ALVES-LEN 0,81
JUN 0
CASTRO ALVES-JUS 0,40
JUL 0
MONTE CLARO-MON 4,22
AGO 0
RIO DA PRATA 1,40
SET 5,27
MONTE CLARO-REM 0,64
OUT 11,92
MONTE CLARO-LEN 6,17
NOV 8,50
MONTE CLARO-JUS 8,92
DEZ 18,26
14 DE JULHO-MON 0,66
14 DE JULHO-REM 3,88 Comprimento de primeira maturação:
14 DE JULHO-LEN 1,75 Fêmeas 10,4cm.
Machos 11,2cm.
14 DE JULHO-JUS 3,98
ANTAS-CARREIRO 2,60
ANTAS-GUAPORÉ 0
RIACHO 14,51

104___________________________________________________8 Biologia das principais espécies


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Oligosarcus robustus
Menezes, 1969 - TAMBICU

Características morfológicas: 75-85 Status na bacia: Abundante em toda a


escamas perfuradas na linha lateral. 16 bacia do baixo rio das Antas.
a 18 séries horizontais de escamas entre
a linha lateral e a origem da nadadeira Natureza do habitat preferido:
dorsal. 28 a 32 séries de escamas ao Mais abundante em águas com
redor do pedúnculo caudal. Nadadeira profundidades entre 0,5 e 1m, não
caudal vermelha em vida. sendo registrado em águas profundas
(acima de 5m), com velocidades
Localidade-tipo: Rio Caí, RS. inferiores a 0,1m/s (ausente naquelas
acima de 0,3m/s) e substrato arenoso
Relação Peso x Comprimento: ou arenoso estruturado por matacões.

Comprimento total (Lt mínimo e


máximo): 35,8cm.

Hábito alimentar: Piscívoro.

Dieta:
Insetos aquáticos: .................... 0,33%
Insetos terrestres: .................... 0,01%
Outros invert. terrestres: ......<0,01%
Peixes:...................................... 99,66%
Plantas: ...................................<0,01%

Distribuição natural: Região costeira Item predominante na dieta: Peixes


do Estado do Rio Grande do Sul; (caraciformes, Cyanocharax alburnus).
no rio das Antas, acima e abaixo do
Cachoeirão.

8 Biologia das principais espécies __________________________________________________105


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Local de reprodução: Indícios de Época de reprodução: Em todos


reprodução tanto a montante como a os meses, com exeção de março e
jusante do Cachoeirão, com destaque novembro, com pico reprodutivo em
para o corpo dos reservatórios de julho e agosto.
Castro Alves e Monte Claro.
Participação máxima do peso dos
LOCALIDADE IAR ovários no peso total: 21,80%.

CASTRO ALVES-MON 0
MÊS IAR
CASTRO ALVES-REM 7,00
JAN 0,85
CASTRO ALVES-LEN 10,76
FEV 0,75
CASTRO ALVES-JUS 0,67
MAR 0
MONTE CLARO-MON 0
ABR 3,26
RIO DA PRATA 0
MAI 3,60
MONTE CLARO-REM 7,99
JUN 6,30
MONTE CLARO-LEN 13,14
JUL 26,76
MONTE CLARO-JUS 7,79
AGO 12,86
14 DE JULHO-MON 0
SET 0,55
14 DE JULHO-REM 3,85
OUT 16,39
14 DE JULHO-LEN 1,93
NOV 0
14 DE JULHO-JUS 3,75
DEZ 0,69
ANTAS-CARREIRO 6,06
ANTAS-GUAPORÉ 0,90 Comprimento de primeira maturação:
RIACHO Fêmeas 16,7cm.
Machos 10,9cm.

106___________________________________________________8 Biologia das principais espécies


9
Considerações sobre
o manejo dos recursos
pesqueiros
A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

Os resultados obtidos com a análise das amostras coletadas na área de influência


dos três reservatórios da Companhia Energética do Rio das Antas (UHEs Castro
Alves, Monte Claro e 14 de Julho), revelaram que essas apresentam abrangências
espaçotemporais adequadas para esclarecer as variações na distribuição e
abundância da ictiofauna, bem como os aspectos biológicos mais relevantes do
ciclo de vida das principais espécies. Foram amostrados 15 segmentos da calha
do rio, entre a foz do rio São Marcos e a do rio Guaporé, cobrindo uma extensão
aproximada de 170 dos 207km compreendidos pelo baixo rio das Antas, além de
48 riachos da região. As amostras foram obtidas em mais de 400 dias de efetivo
esforço de campo, distribuídas ao longo dos anos de 2002 a 2009, com o emprego
de diferentes artes de pesca.

A fauna de peixes no trecho amostrado desse rio é composta por 70 espécies, a


maioria de pequeno porte e com movimentos restritos. Dessas espécies apenas três
(4,3%) puderam ser classificadas como migradoras de longa distância (grumatã
Prochilodus lineatus, piava Leporinus obtusidens e dourado Salminus brasiliensis),
que, juntas, representaram menos de 0,1% do número total de indivíduos
capturados, sendo que apenas um indivíduo do dourado foi capturado durante
todo o período.

O fato das espécies migradoras serem, em geral, as mais afetadas por represamentos,
confere a esse grupo caráter prioritário nas ações de mitigação de impactos.
Entretanto, todos os indivíduos capturados dessas espécies o foram abaixo das
corredeiras do Cachoeirão, localizadas na alça de vazão reduzida do reservatório
da UHE Castro Alves. Além disso, embora as capturas dessas espécies tenham
ocorrido até as imediações da foz do rio da Prata, elas não foram registradas nesse
afluente, com maior parte das capturas ocorrendo abaixo da barragem da UHE
Monte Claro (78%), com destaque para o trecho a jusante da barragem da UHE 14
de Julho (67%).

Para o grumatã foram encontradas evidências de atividade reprodutiva em cerca


da metade dos indivíduos analisados em todos os segmentos em que foi registrado.
Já a piava mostrou apenas atividade reprodutiva incipiente, mesmo assim abaixo
da barragem da UHE 14 de Julho. O exemplar de dourado analisado, capturado
nas proximidades do canal de fuga da UHE 14 de julho, encontrava-se esgotado.

Esses resultados sugerem que o segmento do rio das Antas a jusante do


Cachoeirão representa os limites superiores de distribuição dessas espécies, com
incremento na abundância em direção a jusante. As desovas dessas espécies,
embora possam ocorrer em toda a área de distribuição, devem ser mais relevantes
no trecho a jusante da barragem de 14 de Julho, em especial nos tributários
Carreiro e Guaporé, como indica a elevada densidade do ictioplâncton. Ressalta-
se, por outro lado, que o segmento de bacia compreendido entre a barragem de
14 de Julho e o Cachoeirão, onde foi registrada alguma evidência de atividade
reprodutiva do grumatã, não apresenta trechos livres com extensão suficiente
e habitats adequados para o desenvolvimento inicial de larvas e juvenis das

9 Considerações sobre o manejo dos recursos pesqueiros ________________________________109


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

espécies migradoras. O conhecimento disponível acerca dos requisitos para o


recrutamento de novos indivíduos às populações de espécies com essa estratégia
reprodutiva indica a necessidade de dezenas de quilômetros de água corrente
entre os locais de desova e os de desenvolvimento inicial (Agostinho et al., 2007).
Nesse trecho, o desenvolvimento embrionário dos ovos até sua eclosão demanda
água em movimento (oxigenação) e com alguma turbidez (proteção contra a
predação visual). As larvas, também em deslocamentos passivos em suas fases
iniciais, após a absorção do saco vitelínico e início da alimentação exógena, devem
encontrar áreas com águas calmas, elevada disponibilidade de abrigo e alimento
apropriado. Mesmo sem uma indicação clara de que o rio da Prata, único tributário
com extensão relevante no trecho, fosse usado como área de desova, não se descarta
a possibilidade de sê-lo por alguma dessas espécies. De qualquer maneira, nesse
caso os ovos nele depositados e, possivelmente, as larvas sofreriam a ação da
predação ou decantação e morte ao alcançar prematuramente o reservatório da
UHE Monte Claro, com águas paradas e límpidas.

A inviabilidade do recrutamento de grandes migradores no trecho a montante


da barragem da UHE 14 de Julho limita as possibilidades do manejo visando à
manutenção dessas espécies nesse segmento. Dessa maneira, duas das alternativas
de manejo mais empregadas no Brasil parecem não se adequar aos três reservatórios
da Companhia Energética do Rio das Antas: a transposição de peixes e o
repovoamento visando à manutenção de populações de espécies migradoras. No
caso do reservatório da UHE Castro Alves, a inexistência de espécies migradoras
torna proibitiva iniciativas dessa natureza, sob pena de se praticar a translocação
ou introdução de espécies. Nos demais reservatórios (Monte Claro e 14 de Julho),
essas modalidades de manejo não são recomendadas pela sua inocuidade, uma
vez que não será possível estabelecer populações sustentáveis dessas espécies.
Além disso, o trecho mais relevante ao ciclo de vida das espécies parece ser aquele
a jusante.

Além das espécies migradoras de longa distância, as medidas mitigadoras devem


incidir sobre as espécies ameaçadas, endêmicas ou não nativas. À exceção do
dourado Salminus brasiliensis, considerado um grande migrador e com a captura
de apenas um exemplar, nenhuma das espécies de peixes registradas durante o
período de análise consta da lista oficial de espécies ameaçadas do Rio Grande
do Sul (Decreto Nº 41.672, de 10 de junho de 2002). Entretanto, é possível que
uma avaliação mais detalhada das espécies raras e/ou de distribuição restrita
poderá indicar outras espécies que mereçam cuidado especial. Já em relação às
endêmicas, a carência de levantamentos em outros rios da bacia ou mesmo do
Estado não permite sua identificação segura. Não há, entretanto, indicações de que
as espécies que ocorrem no trecho amostrado não ocorram também nos segmentos
a jusante. Isso pode ser verificado quando os dados a montante e a jusante das
corredeiras do Cachoeirão foram analisados: a única espécie capturada acima e
não registrada abaixo foi Heptapterus mustelinus, um pequeno bagre característico
de corpos de água menores. O número de espécies introduzidas, que podem
exercer um papel devastador sobre a fauna nativa, foi proporcionalmente elevado

110_________________________________9 Considerações sobre o manejo dos recursos pesqueiros


A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

(8,6% da riqueza total), porém com registros esporádicos nas capturas. Entretanto,
a alteração na dinâmica da água pelos represamentos (efeito facilitador) requer
monitoramento acerca da abundância das espécies introduzidas. No entanto,
exceto pela recomendação de estímulo às suas capturas pela pesca, não parece
ainda ser motivo de preocupação.

Embora o detalhamento das informações no âmbito de cada reservatório possa


recomendar medidas particulares de manejo, especialmente em relação a espécies
raras, parece ser ainda prematuro um plano de manejo para o conjunto dos
reservatórios do baixo rio das Antas. Reservatórios recentes apresentam, em geral,
alguns indicadores ambientais positivos, como o incremento na produtividade
primária, na biomassa e densidade de peixes e mesmo um aumento na riqueza
de espécies. Além disso, as condições climáticas favoráveis dos últimos anos
resultaram num maior sucesso na desova após os represamentos que no período
anterior. Esses eventos foram constatados nos três reservatórios do baixo rio
das Antas. É necessário, no entanto, que o monitoramento contínuo indique
tendências que possam e devam ser revertidas como, por exemplo, depleções
populacionais de algumas espécies ou proliferação massiva de outras, aumento
exacerbado de espécies exóticas, mortandades, predação excessiva, falhas no
recrutamento, problemas no crescimento, entre outros. As bases ecológicas para
esse manejo são fornecidas nesse livro, incluindo o levantamento das espécies e
suas características diagnósticas, a distribuição espaçotemporal das espécies e a
identificação daquelas raras, além dos aspectos biológicos mais relevantes para as
principais espécies, como a natureza do habitat, biometria, dieta, local e época de
desova e tamanho de primeira maturação.

9 Considerações sobre o manejo dos recursos pesqueiros ________________________________111


10
Referências
A ICTIOFAUNA DO RIO DAS A NTAS: DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DAS ESPÉCIES

AGOSTINHO, A.A.; GOMES, L.C.; PELICICE, F.M. 2007. Ecologia e manejo de


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AGOSTINHO, A.A.; SUZUKI, H.I.; SAMPAIO, A.A.; BORGES, J.D.R. 1991. Índice
de atividade reprodutiva: uma proposta para avaliação da atividade reprodutiva
em peixes. In: ENCONTRO BRASILEIRO DE ICTIOLOGIA, 9., 1991, Maringá.
Resumos dos trabalhos apresentados... Maringá: Universidade Estadual de
Maringá. p.53.

BUCKUP, P.A.; MENEZES, N.A.; GHAZZI, M.S. 2007. Catálogo das espécies de
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DRH/MAGMA. 1997. Avaliação quali-quantitativa das disponibilidades e


demantas de água na bacia hidrogeáfica do sistema Taquari-Antas, RS, v.1,
memorial descritivo, tomos I e II.

DRH/SEMA. 2002. Relatório anual sobre a situação dos recursos hídricos


no Estado do Rio Grande do Sul. Secretaria Estadual de Meio Ambiente, RS.
Disponível em: <http://www.sema.rs.gov.br. Acesso em: 21 jul 2009.

FEPAM, 2009. Qualidade das águas da bacia hidrográfica do rio das antas e rio
Taquari. Disponível em: <http:// www.fepam.rs.gov.br/qualidade/qualidade_
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LEITE, E.; COBALCHINI, M. S.; SILVA, M. L. C.; ROESE, I. A. 2003. Rio Gravataí –
RS. Qualidade atual x Enquadramento. XXIIº Congresso Brasileiro de Engenharia
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LIMNOBIOS CONSULTORIA EM AMBIENTES AQUÁTICOS, 2006. A ictiofauna


do rio das Antas, área de influência da UHE Monte Claro: Relatório anual. Maringá,
390p. Apoio Companhia Energética Rio das Antas (Ceran).

LORENTIS, D.G. 2004 Modelagem matemática da qualidade da água em grandes


bacias: sistema Taquari-Antas-RS. Dissertação de Mestrado. Porto Alegre-RS.
Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 159p.

TUCCI, C. E. M.; BENETTI, A. 2001. Identificação preliminar de áreas críticas de


qualidade de água decorrentes da implantação de hidrelétricas na bacia dos rios
Taquari-Antas. Relatório Final. Fundação Estadual de Proteção ao Meio Ambiente,
Fepam, RS.

10 Referências _________________________________________________________________115

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