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Estudo sobre a Trajetória de

Tensões Principais em Vigas Isostáticas


(1) (1) (1) (1)
Oliveira, Juliana M. ; Rios, Fernanda P .; Sahb, Keyla F.P. ; Silva, André A. ;
(1) (1) (2) (3)
Franco, Elízia S.S. ; Bueno,Fagner S. ;Grande, José E. ; Oliveira, Janes C.A. de
1 Acadêmicos de Engenharia Civil, Universidade Católica de Goiás – UCG
julianaenge@uol.com.br; fprios@ig.com.br; keylafabricia@uol.com.br;
araujosilva@pop.com.br; eliziafranco1@pop.com.br; fagnerfritz@yahoo.com.br

2 Professor , Universidade Católica de Goiás (UCG) e Universidade Federal de Goiás (UFG)


emerenciano@ucg.br

3 Professor M.Sc., Universidade Católica de Goiás (UCG) e Universidade Estadual de Goiás (UEG)
janes@cultura.com.br
Palavras-Chave: Tensões – Métodos Numéricos – Vigas - Estruturas
RESUMO

A avaliação do estado de tensões em um elemento estrutural constitui um item


de fundamental importância para o engenheiro estrutural. A partir do
conhecimento dos valores máximos de tensões é possível garantir um
dimensionamento seguro e econômico para a peça estrutural.

Este trabalho tem como objetivo apresentar um estudo prático desenvolvido na


turma de resistência dos materiais da Universidade Católica de Goiás visando
exemplificar a avaliação de tensões em uma viga isostática. A variação das
tensões principais nas várias fibras do elemento estrutural é apresentada na
forma gráfica objetivando facilitar a visualização, por parte do aluno, do
surgimento e desenvolvimento das tensões em um elemento estrutural.

1.INTRODUÇÃO

O curso de resistê ncia dos materiais constitui uma das cadeiras básicas do
curso de engenharia e objetiva fornecer ao futuro profissional, um
entendimento sobre o comportamento dos elementos estruturais quando
submetidos a estados de tensões além de avaliar as características principais
de cada material que interferem no dimensionamento.

A análise das tensões principais em uma viga isostática constitui uma parte do
programa do curso resistência dos materiais onde o aluno aprende a distinguir
as várias trajetórias formadas pelas tensões desenvolvidas no elemento
estrutural. Analisando o efeito combinado das tensões normais e cisalhantes é
possível identificar as trajetórias das tensões principais, ou seja, conjunto de

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curvas ortogonais que explicam o comportamento do elemento estrutural sob
tensão.

Para visualizar as possíveis trajetórias de tensões principais desenvolvidas em


uma peça estrutural, são necessárias várias etapas que incluem o cálculo das
tensões normais e cisalhantes nas diversas fibras do elemento estrutural,
determinação dos planos principais onde ocorrem as tensões e o traçado de
gráficos que traduzem as variações destas tensões no elemento estrutural.

Seguindo a orientação sugerida por Beer & Johnston (1982) e Timoshenko &
Gere (1983), são esboçadas as trajetórias de tensões principais em uma viga
isostática. A partir de uma metodologia simples, as etapas são distribuídas em
grupos de tal forma a inteirar todos os alunos no entendimento sobre o estado
de tensões principais em um elemento estrutural.

2. REFERENC IAL TEÓRICO

No estudo das tensões planas o elemento está sujeito a tensões principais e de


cisalhamento.Um elemento sujeito a tensões planas pode ter tensões normais
e cisalhantes nas faces x e y , porém não tem nenhuma tensão na face z. Na
figura 1.1 é apresentado um esquema típico de um elemento estrutural
submetido a um estado de tensões planas.

σy

τxy

σx ++ τyx σx

τyx

τxy

σy

Figura 2.1 – Elemento sujeito a tensões planas

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Considerando um elemento que sofre uma rotação θ, em relação ao plano
horizontal, surgem tensões normais e cisalhantes identificadas como σθ e τθ,
que podem ser encontradas através de relações trigonométricas adequadas
(figura 1.2):

σθ

σx θ

τyx τθ

τxy

σy

Figura 2.2 – Elemento Girado de um ângulo θ

σθ = σx + σy + 1 (σx - σy ) cos 2 θ - τyx sen 2θ (1)


2 2

τθ =(σx - σy ) sen2θ − τyx cos 2θ (2)


2

Ressaltando que as expressões (1) e (2) foram deduzidas seguindo a


convenção sugerida por Timoshenko (1983). Variando o ângulo θ no intervalo
de 0o a 360o, é possível encontrar diversos valores de σθ e τθ correspondentes
ao plano girado.

O plano que define os valores máximos e mínimos para a tensão σθ definem o


plano principal de tensões. Neste plano não ocorrem tensões de cisalhamento.
Derivando a expressão (1) em relação a θ e igualando a zero, encontra-se a
relação (3) que define o ângulo correspondente ao plano principal:

Tg2θp = 2 . τyx (3)


σx - σy

As tensões principais máximas e mínimas podem ser encontradas pela


expressão (4) :

σx + σy
2 (4)
 σx − σy 
σ1,2 = ±   + τyx 2
2  2 

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Ressalta -se que a avaliação das tensões principais e dos respectivos planos
onde estas tensões ocorrem podem ser encontradas utilizando o círculo de
Mohr.

3. METODOLOGIA UTILIZADA

Nos cálculos realizados neste estudo são admitidas algumas hipóteses


simplificadoras:
- o material é homogêneo e obedece a lei de Hooke;
- considerou-se para a viga em estudo como submetida a um estado de
tensões planas;
- Considerou como válido o princípio de Saint-Venant, admitindo σy = 0,
mesmo nas proximidades do ponto de aplicação das cargas.

Considerou-se uma viga isostática contendo 1 vão e dois balanços. A viga foi
discretizada em 11 seções transversais e foram considerados 11 fibras para o
estudo, em cada seção. Buscando detectar com mais precisão, as variações
nas tensões cisalhantes, no apoio foram consideradas duas seções: uma
imediatamente antes e outra após o apoio. Nas figuras 3.1 a 3.5, são
esquematizadas todo o processo de discretização utilizado:

Figura 3.1 – Esquema Geral da Viga Estudada

Figura 3.2 – Diagrama de Momento Fletor (DMF)

Figura 3.3 – Diagrama de Esforço Cortante (DEC)

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Em cada seção transversal da peça, nas fibras em estudo, serão determinadas
as tensões normais e cisalhantes em um elemento infinitesimal. Estas tensões
serão utilizadas no cálculo dos planos principais e as respectivas tensões
nestes planos.

Figura 3.4 – Esquema do Elemento Infinitesimal

Figura 3.5 – Discretização do Elemento Estrutural

Os ângulos que definem os planos principais e as respectivas tensões


principais são encontrados aplicando as expressões (3) e (4).

Figura 3.6 – Atuação das Tensões no Elemento Inf initesimal

4. RESULTADOS

Com os resultados das tensões principais e os respectivos planos onde estas


atuam, tornou-se possível a identificação das trajetórias de tensões principais
desenvolvidas no elemento estrutural. Os gráficos podem ser traçados
utilizando softwares como o Autocad e o Microsoft Excel. A figura 4.1
esquematiza o traçado das tensões principais na viga em estudo:

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Figura 4.1 – Esboço da Trajetória de Tensões Principais

Com o desenvolvimento dos softwares específicos para a análise estrutural, o


estudo das trajetórias de tensões principais tornou-se uma tarefa mais simples
onde cabe o engenheiro apenas avaliar com rigor os resultados apresentados.
A figura 4.2 exemplifica a utilização de um software na avaliação das tensões.
O exemplo utilizado neste trabalho foi processado no software SAP2000n,
onde foram conservadas as mesmas discretizações utilizadas no cálculo
manual.

Figura 4.2 – Esboço da Trajetória de Tensões Principais (SAP2000n)

5. CONCLUSÕES

Como base nos resultados obtidos pode-se concluir que:

- O entendimento sobre os estados de tensões atuantes em um elemento


estrutural é de fundamental importância para o engenheiro. Sendo que
estes resultados, quando bem avaliados, traduzem perfeitamente o
comportamento da peça sob ação das cargas atuantes;
- O cálculo manual das tensões principais e seus respectivos planos
principais parecem, a princípio, uma tarefa laboriosa mas ajudam o
estudante de engenharia a visualizar na prática o comportamento do
elemento estrutural sob tensão;
- A inclusão deste estudo na disciplina de resistência dos materiais
contribui, de forma significativa, em uma melhor aprendizagem por parte
do aluno de um dos itens fundamentais do programa;
- Com o desenvolvimento dos softwares de análise estrutural, capazes de
realizar tarefas que demandam muito tempo em poucos segundos, aumentam

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mais ainda a responsabilidade do engenheiro na avaliação dos resultados. O
rigor que antes se resumia aos cálculos trabalhosos e verificação passo a
passo dos resultados, resume-se a um trabalho intensivo de verificação dos
resultados do programa, seja na forma gráfica ou nos resultados impressos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Timoshenko, S. P. & Gere, J. E. – Mecânica dos Sólidos, Volume I,


Editora LTC, Rio de Janeiro (1983);

Beer, F. P. & Johnston Jr., E. R. – Resistência dos Materiais, Editora


MacGraw-Hill do Brasil, São Paulo (1982);

Franco, E. S. S. ; Oliveira, J. M. ; Sahb, K. F. P. – Estudo Sobre a


Trajetória de Tensões Principais, Trabalho desenvolvido na disciplina de
Resistência dos Materiais II, Universidade Católica de Goiás, 2002;

Silva, A. L. A. ; Bueno, F. S. ; Rios, F. P. – Estudo Sobre a Trajetória de


Tensões Principais, Trabalho desenvolvido na disciplina de Resistência
dos Materiais II, Universidade Católica de Goiás, 2002;

Oliveira, J. C. A. de – Notas de Aula do Curso de Resistência dos


Materiais, Universidade Católica de Goiás, 2002;

SAP2000n – Structural Analysis Program, NonLinear Versão 7.12,


software produzido na Universidade de Berkeley, CA, 1995.

AGRADECIMENTOS
Á turma de resistência dos Materiais, 2002, especialmente os alunos Fagner, Elízia, Keyla,
Fernanda, André e Juliana, que empregaram muito esforço na efetivação dos cálculos e
gráficos deste trabalho. Ao professor Emerenciano pela atenção dada a revisão deste artigo.

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