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Amido Abdul Justino

ESTADOS DAS TENSÕES

UNIVERSIDADE POLITÉCNICA
Instituto Superior Politécnico e Universitário de Nacala
ISPUNA
2023
Amido Abdul Justino

ESTADOS DAS TENSÕES

Trabalho de Carácter Avaliativo a ser apresentado


na disciplina de Resistência dos Materiais II, do
Curso de Licenciatura em Engenharia Mecânica, 2o
ano.
Lecionado pelo docente:

Engenheiro:

UNIVERSIDADE POLITÉCNICA
Instituto Superior Politécnico e Universitário de Nacala
ISPUNA
2023
Índice

Introdução ........................................................................................................................................ 4

1. ESTADOS DAS TENSÕES........................................................................................................ 5

1.1. Conceito e Tipos de Estados de Tensões .................................................................................. 5

1.1.1. Tipos de Tensões ................................................................................................................... 6

1.1.2. Principais Estados de Tensões ............................................................................................... 7

1.2. Métodos Experimentais Utilizados Para a Determinação dos Estados de Tensões ................. 9

1.3. Tipos de Carregamentos que Afectam os Estados de Tensão em um Material...................... 11

1.4. As Propriedades Mecânicas dos Estados de Tensões ............................................................. 11

Conclusão ...................................................................................................................................... 13

Referências Bibliográficas............................................................................................................. 14

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Introdução

O conhecimento do estado de tensões é fundamental para a análise do comportamento


mecânico de materiais e estruturas, permitindo a avaliação de sua resistência, estabilidade e
segurança. Ele também é importante para a compreensão de fenômenos como a deformação
e a ruptura dos materiais.

O presente trabalho visa desenvolver a temática: Estados das Tensões. Com este tema, o
trabalho tem por objectivos:

Objectivos Geral:

 Analisar os diferentes tipos de estados de tensões.

Objectivos Específicos:

 Definir o conceito de Estados das tensões;


 Descrever os tipos de Estados das tensões; e
 Explicar os aspectos relevantes na teoria de estados das tensões.

A pesquisa é de carácter qualitativo, com base em uma pesquisa bibliográfica e exploratória,


elaborada a partir de material já publicado em revistas, livros, artigos e teses, assim como
também materiais disponíveis na internet, de vários autores da área, os quais abordam o
tema em questão, e os mesmos forneceram subsídios teóricos bastante significativos para a
fundamentação da temática em questão.

No que concerne à estrutura do trabalho, este apresenta: uma introdução, desenvolvimento


onde estão detalhados os principais conteúdos do trabalho propostos pelo docente da
disciplina, conclusão onde se fez a síntese do que se percebeu relativamente ao longo do
desenvolvimento do trabalho e finalmente termina com a sua respectiva bibliografia onde
estão listadas as obras consultadas e citadas no acto da elaboração do trabalho de pesquisa.

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1. ESTADOS DAS TENSÕES

1.1. Conceito e Tipos de Estados de Tensões

O conceito de estados de tensões se refere à descrição das tensões atuantes em um


determinado ponto de um corpo ou material. Essas tensões podem ser resultantes de forças
externas aplicadas ou de efeitos internos, como mudanças de temperatura ou deformações.

O estado de tensão em um ponto do material é o conjunto de todas as tensões ocorrendo em


todos os planos passando pelo ponto. (Dieter, 2008).

Figura 1. Tensão em um corpo assumido como corpo contínuo.

O estado de tensões é descrito matematicamente por meio de um tensor de tensões, que é


uma matriz que relaciona as tensões atuantes em diferentes direções com as quais elas estão
associadas. Esse tensor é simétrico, devido à simetria das leis básicas da física que regulam
as tensões em sólidos.

Figura 1.1. Teoria dos Estado das Tensões. (Melconian, 2001).


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1.1.1. Tipos de Tensões

A tensão normal é relativa a efeitos puramente de tração ou compressão (produzem


deformação em um plano normal de aplicação da força) – aplicando uma força de tração em
uma régua, o material tende a se “esticar” resultando em tensões e deformações de tração;

A tensão de flexão é relativa aos efeitos de tração e compressão em uma mesma seção
transversal – aplicando uma força que faça a régua fletir para baixo por exemplo, é gerado
uma tensão de tração na face superior e compressão na face inferior, como mostram as
imagens abaixo: O vector vermelho representa tração e o azul representa compressão:

A tensão de cisalhamento existe quando duas partes do material tendem a deslizar uma
contra o outra – imagine aplicar 01 força cortante bem próximo ao local que a régua esteja
engastada (fixa); As tensões principais relativas ao cisalhamento se dão a 45º do eixo
horizontal, como mostra a imagem abaixo:

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1.1.2. Principais Estados de Tensões

Existem três principais estados de tensões que podem ocorrer em um material (Melconian,
2001):

 Tensão uniaxial,
 Tensão biaxial e
 Tensão triaxial.

a). Tensão uniaxial: ocorre quando a tensão é aplicada em uma única direcção, resultando
em uma tensão normal uniaxial e nenhuma tensão de cisalhamento atuante no ponto. Esse
estado de tensão é comum em barras ou barramentos submetidos a tração ou compressão.

Figura 5. Estado uniaxial ou monoaxial de tensão. (Melconian, 2001).

Essa suposição baseia-se no princípio de Saint Venant e afirma:

“As particularidades de aplicação das forças externas a uma barra sujeita a tracção ou
compressão revelam-se, em regra, a distancias que não superam as dimensões
características da secção transversal da barra. ”

A tensão mecânica uniaxial se representa por um escalar designado com a letra grega σ
(sigma) e é dada por:

Figura 5.1. Estado monoaxial de tensão. (Melconian, 2001).


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b). Tensão biaxial: ocorre quando a tensão é aplicada em duas direcções perpendiculares,
resultando em duas tensões normais e uma tensão de cisalhamento atuante no ponto. Esse
estado de tensão é comum em placas ou componentes sujeitos a cargas transversais.
(Melconian, 2001).

c). Tensão triaxial: ocorre quando a tensão é aplicada em três direcções perpendiculares,
resultando em três tensões normais e três tensões de cisalhamento actuantes no ponto. Esse
estado de tensão é complexo e pode ocorrer em situações como camadas da terra, estruturas
subterrâneas ou componentes sob altas pressões. (Melconian, 2001).

As tensões normais e tangenciais são tipos de tensões que actuam em um material quando
ele é submetido a uma força externa, como tração, compressão ou torção.

Tensão Normal: A tensão normal é a componente da força que age perpendicularmente à


área de uma seção transversal do material. Ela é responsável por alongar ou encurtar o
material. Quando a força externa age na direção de alongar o material, é chamada de tração.
Quando a força age na direção de encurtar o material, é chamada de compressão. A tensão
normal é calculada dividindo a força pela área da seção transversal. (Malven, 1969).

Figura 7. Tensão normal numa barra prismática. A


Figura 6. Tensão normal em uma barra
tensão, ou a distribuição de forças, na seção
primática carregada axialmente.
transversal não é necessariamente uniforme. No
entanto, uma tensão normal média 𝜎𝜎 pode ser usada.

Tensão Tangencial: A tensão tangencial é a componente da força que age paralelamente à


área de uma seção transversal do material. Ela é responsável por deformar ou torcer o
material. A tensão tangencial é calculada dividindo a força pela área da seção transversal.

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Figura 9. Tensão de cisalhamento em uma barra prismática. A
tensão, ou distribuição de forças, na seção transversal não
Figura 8. Tensão tangencial ou de precisa ser uniforme. No entanto, uma tensão de cisalhamento
cisalhamento média 𝜏𝜏 é uma aproximação razoável.

As tensões principais são as tensões máximas que ocorrem em um material em um


determinado ponto. Elas são importantes para determinar a resistência do material e sua
capacidade de suportar cargas. (Malven, 1969).

Os critérios de escoamento são utilizados para determinar quando um material começa a se


deformar plasticamente, ou seja, quando ocorre o escoamento. Existem diferentes critérios
de escoamento, como o critério de von Mises, o critério de Tresca e o critério de Mohr-
Coulomb. (Malven, 1969).

A teoria da elasticidade é uma área da mecânica dos sólidos que estuda o comportamento
elástico dos materiais, ou seja, como eles se deformam e se recuperam quando submetidos a
uma carga. Essa teoria é baseada na lei de Hooke, que estabelece que a deformação é
proporcional à tensão aplicada, desde que o material esteja dentro do limite elástico. A teoria
da elasticidade é utilizada para projectar estruturas que possam suportar cargas sem sofrer
deformações permanentes. (Melconian, 2001).

1.2. Métodos Experimentais Utilizados Para a Determinação dos Estados de Tensões

Existem diferentes métodos experimentais utilizados para a determinação dos estados de


tensões em um material. (Hibbeler, 2010). Alguns dos principais métodos são:

1. Método da célula de carga: Nesse método, uma célula de carga é utilizada para medir as
forças atuantes em um corpo. A partir da análise dessas forças, é possível determinar as
tensões presentes no material.

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2. Método da extensometria: Nesse método, são utilizados extensômetros, que são
sensores capazes de medir a deformação de um material. A partir da análise das
deformações, é possível determinar as tensões presentes no material.

3. Método da fotelasticidade: Nesse método, o material é revestido com um material


fotoelástico, que muda de cor de acordo com as tensões atuantes no material. A partir da
análise das mudanças de cor, é possível determinar as tensões presentes. (Hibbeler, 2010).

4. Método da difração de raios-X: Nesse método, um feixe de raios-X é incidente sobre o


material, e a difração dos raios-X é medida. A partir dessa difração, é possível determinar as
tensões presentes no material.

5. Método da interferometria: Nesse método, é utilizada uma técnica de interferometria


para medir as diferenças de fase em um material. A partir dessas diferenças de fase, é
possível determinar as tensões presentes no material. (Hibbeler, 2010).

Para Timoshenko & Gere (2006), existem várias técnicas e métodos diferentes para a
determinação do estado de tensões em um material. Alguns dos métodos mais comuns
incluem extensometria, fotogrametria digital e métodos analíticos.

1. Extensometria:

A extensometria é uma técnica que usa extensômetros para medir a deformação de um


material sob carga. Existem diferentes tipos de extensometros, como extensômetros de
resistência elétrica, extensômetros ópticos e extensômetros de fibra óptica. Essa técnica pode
ser usada para determinar o estado de tensões em diferentes materiais, desde metais até
materiais compostos. A extensometria é frequentemente utilizada em testes de tração,
compressão, torção e flexão.

2. Fotogrametria Digital:

A fotogrametria digital é um método que usa fotos ou imagens para medir as deformações
de um objeto. Essa técnica envolve a triangulação de pontos em imagens para determinar as
deformações e, consequentemente, o estado de tensões em um objeto. A fotogrametria
digital é amplamente utilizada na engenharia civil e na análise de estruturas, oferecendo uma
maneira não intrusiva de medir deformações.

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3. Métodos Analíticos:

Os métodos analíticos são baseados em teorias e equações matemáticas para determinar o


estado de tensões em um objecto. Esses métodos podem envolver cálculos e formulações
complexas, mas também fornecem resultados precisos quando aplicados correctamente.
Alguns dos métodos analíticos mais comuns incluem método dos elementos finitos (MEF),
método dos elementos de contorno (MEC) e método dos elementos discretos (MED).

1.3. Tipos de Carregamentos que Afectam os Estados de Tensão em um Material

Segundo Timoshenko & Gere (2006), existem diferentes tipos de carregamentos que
afectam os estados de tensão em um material. Alguns desses carregamentos incluem:

1) Carregamento estático: é um tipo de carregamento em que a carga aplicada é


constante ao longo do tempo. Esse tipo de carregamento é bastante comum em
estruturas, como pontes e edifícios.
2) Carregamento dinâmico: é um tipo de carregamento em que a carga varia ao longo
do tempo. Esse tipo de carregamento é comumente encontrado em máquinas
rotativas, como motores e turbinas.
3) Carregamento cíclico: é um tipo de carregamento em que a carga oscila entre um
valor máximo e mínimo repetidamente ao longo do tempo. Esse tipo de
carregamento é comum em várias aplicações, como componentes em máquinas e
estruturas sujeitas a vento ou ondas.
4) Carregamento de impacto: é um tipo de carregamento em que uma carga é
aplicada de forma repentina e com uma alta velocidade, resultando em uma grande
variação de tensões. Esse tipo de carregamento é comum em acidentes de veículos ou
quedas de objectos.

1.4. As Propriedades Mecânicas dos Estados de Tensões

De acordo com Ugural e Fenster (2011), as propriedades mecânicas dos estados de tensões
são importantes para entender a forma como um material resiste a forças externas e como ele
se deforma sob a acção dessas forças. Algumas das propriedades mecânicas mais comuns
são:

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1. Resistência à tração: medida da capacidade de um material resistir à força de tração. É
representada pelo limite de resistência à tração, que é a máxima tensão que o material pode
suportar antes de entrar em falha.

2. Resistência à compressão: medida da capacidade de um material resistir à força de


compressão. É representada pelo limite de resistência à compressão, que é a máxima tensão
que o material pode suportar antes de entrar em falha.

3. Resistência ao cisalhamento: medida da capacidade de um material resistir à força de


cisalhamento. É representada pelo limite de resistência ao cisalhamento, que é a máxima
tensão de cisalhamento que o material pode suportar antes de entrar em falha.

4. Ductilidade: medida da capacidade de um material se deformar plasticamente antes de


entrar em falha. Materiais dúcteis são capazes de se estender e deformar sem quebrar.

5. Fragilidade: medida da capacidade de um material resistir à deformação antes de entrar


em falha. Materiais frágeis quebram facilmente quando submetidos a tensões.

6. Tenacidade: medida da capacidade de um material absorver energia sem romper.


Materiais tenazes podem absorver grandes quantidades de energia sem entrar em falha.

7. Resiliência: capacidade de absorver energia mecânica no regime elástico, ou seja, a


capacidade de restituir a energia mecânica absorvida.

8. Estricção: é a redução das dimensões da seção transversal, provocada pela carga de


tração aplicada ao material.

9. Soldabilidade: é a capacidade de adequação a soldagem que o material oferece.

10. Temperabilidade: é a susceptibilidade de endurecimento por resfriamento rápido, ou a


propriedade, nas ligas ferrosas, que determina a profundidade e a distribuição da dureza
produzida por uma tempera.

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Conclusão

Diante do estudo e desenvolvimento deste trabalho é possível perceber que, o estudo dos
estados de tensões é de extrema importância na engenharia e na ciência dos materiais.
Compreender como os materiais se comportam sob a acção de forças externas é essencial
para o projecto e dimensionamento de estruturas seguras e eficientes. Fez-se uma análise
teórica e experimental dos estados de tensões em materiais sólidos, investigando como as
forças atuantes no material influenciam nas deformações e na resposta estrutural.

Portanto, o estado de tensões é fundamental para o projecto e dimensionamento de estruturas


sólidas. Os métodos experimentais utilizados mostraram-se eficientes na determinação dos
estados de tensões e forneceram informações valiosas para a análise estrutural. Além disso,
os resultados obtidos destacam a importância de considerar as propriedades mecânicas dos
materiais na análise dos estados de tensões, uma vez que diferentes materiais exibem
diferentes comportamentos sob a acção de forças externas.

É importante ressaltar que tanto a tensão normal quanto a tangencial podem causar a
deformação e falha do material, dependendo de seus limites de resistência. Essas tensões são
especialmente relevantes em engenharia civil, mecânica e de materiais, onde a análise do
comportamento dos materiais em relação à aplicação de forças é fundamental para garantir a
segurança e a integridade das estruturas.

Concluir que, a importância do estudo dos estados de tensões está relacionada à


compreensão do comportamento dos materiais sob diferentes carregamentos. Isso permite
projetar estruturas e componentes capazes de suportar as tensões impostas sem falhas ou
deformações excessivas.

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Referências Bibliográficas

Beer, F. P. & Johnston Jr., R. (s.d) Resistência dos Materiais 1. 3ª edição. Pearson/Makron
Books.

Dieter, G. E. (2008). Mecânica dos Materiais. 3ª edição. São Paulo: LTC.

Hibbeler, R. C. (2010). Mecânica dos Materiais. 7ª edição. São Paulo: Pearson Prentice
Hall.

Malvern, L. E. (1969). Introduction to the Mechanics of a Continuous Medium. Englewood


Cliffs: Prentice-Hall.

Melconian, S. (2001). Mecânica técnica e resistência dos materiais. Editora Érica;

Timoshenko, S. P., Gere, J. M. (2006). Mecânica dos Materiais. 5ª edição. São Paulo: LTC.

Ugural, A. C., Fenster, S. D. (2011). Stresses in plates and shells. 2ª edição. New York:
McGraw-Hill.

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