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ANÁLISE DE TENSÕES E CRITÉRIOS DE ESCOAMENTO E DE

RUPTURA
LUIZ EDUARDO TEIXEIRA FERREIRA

2.
ANÁLISE DE TENSÕES
GRANDEZAS ESCALARES E VETORIAIS
De maneira geral, as grandezas físicas são subdivididas em duas grandes classes: as
grandezas escalares e as grandezas vetoriais.
As grandezas escalares são aquelas que reproduzem uma magnitude certa e inequívoca.
Portanto, essas grandezas não dependem de um sistema de referência para que possam ser
expressas em um dado ponto ou posição.
Assim, suas magnitudes podem ser transformadas entre sistemas sem terem seus valores
alterados. Um exemplo de grandeza escalar é a temperatura.
De maneira oposta, as grandezas vetoriais, além da magnitude, necessitam de um sentido
e de uma direção para a sua inequívoca definição. Ainda, a transformação dessas grandezas
entre sistemas referenciais, deve obedecer a regras claras, como se discutirá mais à frente.
Dentre outros, são exemplos dessas grandezas os deslocamentos, as velocidades, as
tensões e as forças.

ANÁLISE DOS ESTADOS DE TENSÃO E DE DEFORMAÇÃO


EM UM PONTO DE UM SÓLIDO DEFORMADO
2.1.1 ORGANIZAÇÃO MATEMÁTICA DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES
No que segue, o estado de tensão em um ponto de um sólido deformado, assim como as
principais grandezas a ele associadas, passam a ser estudados.
Naturalmente, a abordagem que se fará não pretende exaurir os conceitos da mecânica
das estruturas e limita-se, por conseguinte, à exposição objetiva dos conceitos estritamente
necessários ao estudo daquilo que se pretende e que se propõem neste trabalho.
As tensões e deformações em um ponto qualquer de um sólido deformado são
comumente organizadas sob a forma “matricial”, por meio da utilização de entes matemáticos
denominados tensores.
Observe, cuidadosamente, que nem toda a matriz é um tensor. O que caracteriza um
tensor é a sua propriedade de transformar-se desde um sistema de referência X-Y, para outro
sistema referencial rotacionado, X’-Y’, sem que certos parâmetros fundamentais sejam
alterados. Esses parâmetros são denominados invariantes do tensor.
Igualmente, o tensor rotacionado deve retornar ao sistema primitivo X-Y (ou seja, dentro
de uma transformação inversa), mantendo os mesmos parâmetros inalterados.

© LUIZ EDUARDO T. FERREIRA. DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS: Lei n. 9.610/1998


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Ainda, os tensores de tensão e de deformação são entidades de segunda ordem e


apresentam, portanto, nove componentes (32=9), ao passo que os vetores são tensores de
primeira ordem, apresentando três componentes (31=3). Finalmente, os escalares são
tensores de ordem zero (30=1).

TENSÕES E DEFORMAÇÕES EM UM PONTO GENÉRICO DE


UM SÓLIDO DEFORMADO
Anteriormente, o conceito de tensão foi abordado sob o enfoque médio, ou seja,
simplesmente dividindo a forção atuante sobre uma dada superfície, pela área dessa
superfície.
Dessa maneira, o conceito de tensão média foi enunciado como sendo a quantidade de
força aplicada, por unidade de área. Naturalmente, essa abordagem é limitada a aplicações
particulares, onde as características dessa superfície podem ser negligenciadas e o problema
admita um tratamento global.
Para que se possa dar início aos estudos das tensões e das deformações, adota-se, agora,
um ponto material pertencente a um sólido deformado. Mesmo que infinitamente pequeno,
o ponto material se encontra elasticamente deformado, e, consequentemente, o ponto
encontra-se tensionado. Com isso, podemos definir a tensão em um ponto como sendo a
parcela de força, ΔP, que atua sobre a quantidade de área, ΔA, quando ΔA tende a zero.
Por outro lado, mesmo que infinitamente pequeno o ponto pode ser cortado por infinitos
planos, cada qual representado por um vetor normal que o particulariza e, sobre os mesmos
atuarão tensões de diferentes magnitudes e de diferentes naturezas.
Naturalmente, o ponto material referido, aqui denominado ponto-tensão, é parte
integrante do sólido (ou do componente mecânico) e, em última análise, encontra-se
submetido a um estado generalizado de tensão. Assim, a solução das respostas elásticas
requer a realização de análises tridimensionais, via de regra mais complexas e trabalhosas.
Pra contornar essas dificuldades e sempre que fisicamente possível, a “redução da
dimensionalidade” do problema é desejável.
Por redução da dimensionalidade entende-se a aplicação de conceitos menos
trabalhosos, os quais permitem a solução de problemas tridimensionais por meio de análise
planas (ou bidimensionais), sem perda de qualidade.

TENSÕES E DEFORMAÇÕES EM PROBLEMAS PLANOS


Como antecipado, nessa fase dos estudos os problemas elásticos reais, os quais são
essencialmente (e Euclidianamente) tridimensionais, serão abordados a partir de análises
elaboradas no plano, não significando, entretanto, que a redução de dimensionalidade
referida (ou simplificação das análises) levem a aproximações indesejáveis ou imprecisões de
quaisquer naturezas.
Para tanto, as análises dos problemas planos serão subdivididas em três modalidades: as
análises em estado plano de tensão (EPT), as análises em estado plano de deformação (EPD)
e as análises axissimétricas; o caso axissimétrico, por não ser de interesse imediato, será
apresentado no APÊNDICE A deste capítulo. No que segue, os estados planos passam a ser
abordados.

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2.4.1 ANÁLISES EM ESTADO PLANO DE TENSÃO


Seja o ponto-tensão genérico representado na Fig. 2.1, situado em uma região deformada
de um sólido analisado em duas dimensões, em condições de estado plano de tensão (EPT).
Nesse caso, as tensões antiplanas, ou seja, aquelas referentes à direção z, devem ser nulas,
fato o qual permite que o problema seja analisado no plano, sob o ponto de vista das tensões.

Figura 2.1 –Estado de tensão em um ponto genérico de um sólido deformado. Todas as tensões
assinaladas são positivas (+).
O conceito de estado plano de tensão (EPT) pode ser mais bem ilustrado tomando-se
como exemplo uma viga bi apoiada, conforme mostra a Fig. 2.2.

Figura 2.2- Seção transversal de uma viga bi apoiada: Seção transversal deformada.
Da observação da Fig. 2.2 depreende-se que as faces laterais da seção transversal da viga
encontram-se livres para se deslocarem, garantindo que as tensões na direção do eixo z
possam ser consideradas nulas ao longo da espessura (σz=0). Esse conceito é utilizado para
“geometrias finas”.
Por outro lado, as deformações na mesma direção são diferentes de zero, dado que as
deformações decorrem dos deslocamentos e não são desprezíveis.
As observações anteriores permitem escrever o tensor de tensão, para o caso
bidimensional em EPT, da maneira que segue:
𝜎11 𝜎12 0 𝜎𝑥𝑥 𝜏𝑥𝑦 0
𝜎𝑖𝑗 = [𝜎21 𝜎22 0] = [𝜏𝑦𝑥 𝜎𝑦𝑦 0] (2.1)
0 0 0 0 0 0
No caso elástico-linear, o tensor de tensão é simétrico relativamente à diagonal principal.
Assim, σij=σji (para i≠j), ou seja, τxy = τyx. Uma visualização do tensor de tensão em EPT é a
que se mostra à direita da Fig. 2.1.

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Considerando-se que as componentes de tensão são nulas na direção z, o tensor pode ser
escrito da maneira (simplificada) que segue:
𝜎11 𝜎12 𝜎𝑥𝑥 𝜏𝑥𝑦
𝜎𝑖𝑗 = [𝑠𝑖𝑚. 𝜎 ] = [𝑠𝑖𝑚. 𝜎 ] (2.2)
22 𝑦𝑦

De maneira análoga, o estado de deformação pode ser escrito, para esse estado plano e
em termos de deformações lineares ou angulares (εij ou γij), por meio da Eq. 2.3:
𝛾
𝜀11 𝜀12 0 𝜀𝑥𝑥 𝜀𝑥𝑦 0 𝜀𝑥𝑥 𝛾𝑥𝑦 0
𝜀𝑖𝑗 = [𝜀21 𝜀22 0 ] = [𝜀𝑦𝑥 𝜀𝑦𝑦 0 ] 𝑜𝑢: 𝜀𝑖𝑗 = [𝛾𝑦𝑥 𝜀𝑦𝑦 0] (2.3)
0 0 𝜀33 0 0 𝜀𝑧𝑧 0 0 𝜀𝑧𝑧
Observe-se que a relação entre as deformações angulares (distorções) e as deformações
lineares de cisalhamento é dada por:
𝛾𝑖𝑗 = 2𝜀𝑖𝑗 (𝑖 ≠ 𝑗) (2.4)

TRANSFORMAÇÕES DE TENSÕES. TENSÕES E DIREÇÕES


PRINCIPAIS EM PROBLEMAS PLANOS
Uma vez conhecido o estado de tensão em um ponto, é possível transformá-lo segundo
qualquer direção arbitrária, orientada por um ângulo θ conforme ilustrado na Fig. 2.3.

Figura 2.3 – Tensor de tensão rotacionado de um ângulo θ, qualquer.

Os novos valores das tensões σxx, σyy e τxy, ou seja, os valores de σ’xx, σ’yy e τ’xy,
rotacionados de um ângulo θ, são calculados com as Eq. 2.5, 2.6 e 2.7, respectivamente.
′ 𝜎𝑥𝑥 +𝜎𝑦𝑦 𝜎𝑥𝑥 −𝜎𝑦𝑦
𝜎𝑥𝑥 = + cos(2𝜃) + 𝜏𝑥𝑦 𝑠𝑒𝑛(2𝜃) (2.5)
2 2
′ 𝜎𝑥𝑥 +𝜎𝑦𝑦 𝜎𝑥𝑥 −𝜎𝑦𝑦
𝜎𝑦𝑦 = − cos(2𝜃) − 𝜏𝑥𝑦 𝑠𝑒𝑛(2𝜃) (2.6)
2 2
′ 𝜎𝑥𝑥 −𝜎𝑦𝑦
𝜏𝑥𝑦 = − sen(2𝜃) + 𝜏𝑥𝑦 𝑐𝑜𝑠(2𝜃) (2.7)
2

ou, equivalentemente:

𝜎𝑥𝑥 = 𝜎𝑥𝑥 cos2 𝜃 + 𝜎𝑦𝑦 𝑠𝑒𝑛2 𝜃 + 𝜏𝑥𝑦 𝑠𝑒𝑛(2𝜃) (2.5a)

𝜎𝑦𝑦 = 𝜎𝑥𝑥 𝑠𝑒𝑛2 𝜃 + 𝜎𝑦𝑦 𝑐𝑜𝑠 2 𝜃 + 𝜏𝑥𝑦 𝑠𝑒𝑛(2𝜃) (2.6a)
A rotação das deformações é procedida com equações análogas às Eq. 2.5, 2.6 e 2.7, nas
quais as tensões σxx, σyy e τxy são substituídas pelas deformações εxx, εyy e γxy/2 (=εxy), de
maneira a determinarem-se ε’xx, ε’yy e γ’xy.

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Admitindo-se um problema elástico em estado plano de tensão (EPT), existirão, além das
tensões que compõe o tensor de tensão, duas tensões especiais; essas tensões são designadas
Tensões Principais.
A primeira delas, denominada σ1, terá valor superior àquele da tensão normal de maior
valor presente no tensor; a segunda, denominada σ2, terá valor inferior, comparativamente à
tensão normal de menor valor, presente no problema. Essas tensões são os autovalores do
tensor de tensão.
Para o estado plano de tensão (EPT), as tensões principais σ1 e σ2 são dadas,
respectivamente, por:
𝝈𝒙 +𝝈𝒚 𝝈𝒙 −𝝈𝒚 𝟐
𝝈𝟏 = + √( ) + 𝝉𝒙𝒚 𝟐 (2.8)
𝟐 𝟐

𝝈𝒙 +𝝈𝒚 𝝈𝒙 −𝝈𝒚 𝟐
𝝈𝟐 = − √( ) + 𝝉𝒙𝒚 𝟐 (2.9)
𝟐 𝟐

A máxima tensão de cisalhamento, τmáx, decorre das Eq. 2.8 e 2.9:


𝜎1 −𝜎2
𝜏𝑚á𝑥 = | | (2.10)
2

Relativamente às deformações principais, cabe lembrar que as deformações normais, no


âmbito do estado plano de tensão, são essencialmente tridimensionais conforme se
depreende da Eq. 2.3. Com isso, as deformações devem ser enfocadas tridimensionalmente.
A dedução das Eq. 2.8, 2.9 e 2.10 é imediata a partir do traçado do Círculo de Mohr, a ser
apresentado no item seguinte.
Por outro lado e de particular interesse, são os ângulos que orientam as direções das
tensões principais σ1 e σ2. Esses ângulos, denominados ângulos principais, são designados θp1
e θp2, respectivamente, e representam os autovetores do tensor.
Os ângulos principais podem ser obtidos a partir do conceito de que, sobre os planos onde
atuam as tensões principais σ1 e σ2, as tensões de cisalhamento, τxy, são nulas. Aplicando
essa condição à Eq. 2.7, obtém-se:
𝜎𝑥𝑥 −𝜎𝑦𝑦
𝜏𝑥𝑦 𝑐𝑜𝑠(2𝜃) = sen(2𝜃) 𝑜𝑢: (2.12)
2
𝜎𝑥𝑥 −𝜎𝑦𝑦 cos(2𝜃) sen(2𝜃) 2𝜏𝑥𝑦
= 𝜏𝑥𝑦 𝑠𝑒𝑛(2𝜃) → =𝜎 𝑒: (2.13)
2 𝑐𝑜𝑠(2𝜃) 𝑥𝑥 −𝜎𝑦𝑦

2𝜏𝑥𝑦
𝑡𝑔(2𝜃) = 𝑟𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑛𝑑𝑜: (2.14)
𝜎𝑥𝑥 −𝜎𝑦𝑦

1 2𝜏𝑥𝑦
𝜃𝑝 = 2 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 (𝜎 ) (2.15)
𝑥𝑥 −𝜎𝑦𝑦

A Eq. 2.15 conduz às duas raízes desejadas, θp1 e θp2, as quais encontram-se defasadas de
90o, ou seja, θp2 = θp1 + 90o. Observe-se que o mesmo resultado poderia ser obtido derivando-
se a Eq. 2. 5 em relação à θ e igualando o resultado à zero.
Por outro lado, os valores das raízes θp1 e θp2 devem obedecer à determinadas regras
relativas aos sinais das tensões de tensor de tensão, se a coerência com o traçado do círculo
de Mohr for desejada (item 2.6 deste capítulo). Essas regras são dadas na Tab. 2.1.

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Tabela 2.1 – Critérios de avaliação dos ângulos θp1 e θp2 em função do ângulo θp calculado (Eq. 2.15).

As direções principais das tensões decorrentes de um estado de carregamento em


sucessivos pontos do sólido deformado, dão origem aos denominados “fluxos de tensão”, os
quais descrevem as trajetórias das tensões principais, de tração e de compressão. Essas
trajetórias ou fluxos, são ilustrados na Fig. 2.4 (A), para uma viga em balanço, em (B) para uma
viga bi-apoiada.

Figura 2.4 – Fluxos das tensões principais


Observa-se que, se (σxx - σyy) = 0, ou seja, σxx= σyy o ângulo θ apresentará valor igual a 0o, o
qual corresponde ao denominado estado hidrostático de tensão, a ser estudado.
Por outro lado, a direção que maximiza o valor da tensão τ’xy, ou seja, a direção na qual
τ’xy = τmáx, conforme ilustrado na Fig. 2.5, é obtida derivando-se a Eq. 2.7 e igualando o
resultado a zero.

Figura 2.5 – Ângulo θS que orienta a normal ao plano sobre o qual atua a tensão τmáx.
Esse procedimento conduz à direção θs, normal ao plano sobre o qual atua a tensão τmáx.
e é dada pela Eq. 2.16:
1 −(𝜎𝑥𝑥 −𝜎𝑦𝑦 )
𝜃𝑠 = 2 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔[ ] (2.16)
2𝜏𝑥𝑦

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Observe-se que, sobre o plano onde atua τmáx, as tensões nas direções x e y não são
(obrigatoriamente) nulas e são obtidas substituindo-se θ por θS nas Eq. 2.5 e 2.6.
Com isso, fica evidenciado que a tensão de cisalhamento, τmáx, não é uma tensão
principal.
As tensões referentes à uma direção θ qualquer, σθ = σ’x e τθ = τ’xy são obtidas por meio
das Eq. 2.17 e 2.18, análogas às Eq. 2.5 e 2.7, com uma inversão de sinais relativamente à Eq.
2.7:
𝜎𝑥𝑥 +𝜎𝑦𝑦 𝜎𝑥𝑥 −𝜎𝑦𝑦
𝜎𝜃 = + cos(2𝜃) + 𝜏𝑥𝑦 𝑠𝑒𝑛(2𝜃) (2.17)
2 2
𝜎𝑥𝑥 −𝜎𝑦𝑦
𝜏𝜃 = sen(2𝜃) − 𝜏𝑥𝑦 𝑐𝑜𝑠(2𝜃) (2.18)
2

ESPAÇO DE TENSÕES DE MOHR E OS CÍRCULOS DE MORH


O espaço de tensões de Mohr consiste em um sistema de eixos ortogonais, no qual as
ordenadas referem-se às tensões de cisalhamento, τxy, e as abscissas referem-se às tensões
normais, σ. As convenções de sinais para as tensões, a serem utilizadas no espaço de Mohr,
são aquelas apresentadas na Fig. 2.6, parcialmente reproduzida a seguir.

Figura 2.6 –Estado de tensão em um ponto de um sólido deformado (tensões positivas).


Em resumo, tem-se:
A) as tensões normais de tração, são positivas, decorrendo que, as tensões normais de
compressão, são negativas;
B) as tensões de cisalhamento são positivas quando solicitam tangencialmente a face
direita do ponto-tensão, na direção vertical, de baixo para cima. Portanto e por questões de
equilíbrio, são também positivas quando solicitam, tangencialmente, a face superior, na
direção horizontal, da esquerda para a direita. Para a obtenção do traçado de Mohr para um
dado estado de tensão, um problema simples passa a ser apresentado, passo-a-passo.
EXEMPLO E2.6.1. Um ponto material de um sólido deformado apresenta o estado de tensão
que segue: σx= 100,00 daN/cm2, σy= 50,00 daN/cm2 e τxy= -25,00 daN/cm2. Para o problema
pede-se determinar os valores aproximados das tensões principais e da máxima tensão de
cisalhamento, por meio do traçado do círculo de Mohr. Determinar, ainda, as tensões σθ e τθ
que ocorrem à um ângulo θ=30o.
SOLUÇÃO:
I) Definir claramente o estado de tensão bidimensional, em conformidade com as convenções
apresentadas, apresentadas na Fig. E2.6.1.

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Figura E2.6.1 – Estado de tensão para o problema (em daN/cm2).


II) Sobre o eixo das abscissas, ou seja, das tensões normais, σ, são marcadas em escala, as
tensões σx e σy. Na posição da tensão σx marca-se, também em escala, a ordenada de valor -
τxy definindo-se o ponto de coordenadas (σx; -τxy); por esse ponto passará o círculo de Mohr.
O centro do círculo estará na posição (σx + σy) /2, primeiros termos das Eq. 2.8 e 2.9.

Figura E2.6.2 – Posicionamento das tensões sobre o sistema de eixos e traçado do círculo de Mohr.

III) Um par coordenado de interesse está posicionado em (σy; -τxy) e recebe o nome de
Polo das Normais. As retas perpendiculares às retas horizontal e vertical que passam pelo
polo, indicam os planos sobre os quais atuam as tensões σx, σy e τxy.

Figura E6.2.3 – Posicionamento do polo das normais.

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IV) Observa-se que o raio do círculo de Mohr tem valor numérico igual ao segundo termo
das Eq. 2.8 e 2.9. O círculo cruzará o eixo das tensões normais em duas posições: na posição
de menor valor, correspondente à tensão σ2, e na posição de maior valor, correspondente à
tensão σ1. As tensões σ1 e σ2 são designadas tensão principal maior e tensão principal menor,
respectivamente, por apresentarem os valores extremos de tensões possíveis no problema.
V) Depreende-se que a maior tensão de cisalhamento, τmáx, tem valor igual ao raio da
circunferência, valendo, equivalentemente, (σ1+ σ2) /2.
VI) Passando pelo polo, são traçadas três retas: a primeira delas, horizontal (qualquer), a
segunda, passando pela tensão σ1 e a terceira passando pela tensão σ2. Os ângulos definidos
pela reta horizontal e por cada uma das outras duas, são os ângulos principais, θp1 e θp2.

Figura E6.2.4 – Determinação dos ângulos principais.


VII) O ângulo θp1 é determinado em sentido anti-horário com início na reta horizontal que
passa pelo polo das normais e término na linha de ação da tensão σ1. O ângulo θp2, encontra-
se defasado de 90o relativamente à θp1, no mesmo sentido (unir o polo com σ2).
Por outro lado, observa-se, ainda, que o ângulo θp1 pode obedecer, se desejado, às
condições previstas na Tab. 2.1 (caso 2). Tomando-as por processo gráfico, obtém-se para as
tensões os valores aproximados que seguem:
𝑑𝑎𝑁 𝑑𝑎𝑁 𝑑𝑎𝑁
𝜎1 ≅ 110,4 ; 𝜎1 ≅ 39,6 ; 𝜏𝑚á𝑥 ≅ 35,4 ; 𝜃𝑝1 ≅ 157𝑜 .
𝑐𝑚2 𝑐𝑚2 𝑐𝑚2

VIII) Determinação das tensões σθ e τθ que ocorrem à um ângulo θ=30o: Para tanto, a partir
da linha horizontal que passa pelo polo, traça-se, com abertura angular com valor θ=30o, em
sentido anti-horário, uma nova linha que intersectará o círculo de Mohr.
Os valores das coordenadas desse ponto de interseção serão as tensões procuradas, σθ e
τθ, conforme indicado na Fig. E6.2.5.
Para o problema obtém-se, aproximadamente:
𝒅𝒂𝑵 𝒅𝒂𝑵
𝝈𝜽 ≅ 𝟔𝟓, 𝟗 ; 𝝉𝜽 ≅ 𝟑𝟒, 𝟐 .
𝒄𝒎𝟐 𝒄𝒎𝟐

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Figura E6.2.5 – Tensões sobre o plano orientado segundo o ângulo θ=30o.


Da observação da Fig. E6.2.5 depreende-se a inversão da orientação da tensão τθ,
relativamente à convenção adotada para a tensão τxy. Esse fato decorre da inversão dos sinais
da Eq. 2.18, relativamente à Eq. 2.7, anteriormente procedida.
Os traçados dos círculos de Mohr fizeram todo o sentido em épocas nas quais sequer
calculadoras existiam. Entretanto, o seu estudo é enfatizado uma vez que os conceitos neles
envolvidos, embasam toda a exposição analítica apresentada nos tópicos anteriores.

ANÁLISES EM ESTADO PLANO DE DEFORMAÇÃO


O conceito de estado plano de deformação (EPD) é mais facilmente compreendido a
partir da consideração de um componente estrutural (ou estrutura), total ou parcialmente
confinado.
Para tanto, várias situações poderiam ser tomadas como exemplos, dentre elas trechos
de túneis extensos ou de estruturas hidráulicas subterrâneas. Considera-se, entretanto, um
trecho de uma barragem de concreto de grande extensão, conforme esboçado na Fig. 2.7.

Figura 2.7- Trecho confinado de uma barragem de grande extensão.


Dessa figura depreende-se a virtual impossibilidade de ocorrência de deslocamentos e
consequentes deformações na direção antiplana, z, em virtude do confinamento do material
que constitui o trecho de barragem considerado.

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Em outras palavras, as deformações não são consideradas ao longo do comprimento da


estrutura, como se a seção AA’ considerada estivesse distante das terminações da barragem
em z = ± ∞.
Como consequência há a ocorrência de tensões nessa direção (proporcionais àquelas que
ocorrem no plano x-y) e o tensor de tensão, nesse caso, é escrito por meio da Eq. 2.17:
𝜎11 𝜎12 0 𝜎𝑥𝑥 𝜏𝑥𝑦 0
𝜎𝑖𝑗 = [𝜎21 𝜎22 0 ] = [𝜏𝑦𝑥 𝜎𝑦𝑦 0] (2.17)
0 0 𝜎33 0 0 𝜎𝑧𝑧
O estado de deformação pode ser escrito, para esse estado plano, em termos de
deformações lineares ou angulares (εij ou γij), da maneira que segue:
𝜀11 𝜀12
0 𝜀𝑥𝑥 𝜀𝑥𝑦 0 𝜀𝑥𝑥 𝛾𝑥𝑦 0 𝛾
𝜀𝑖𝑗 = [𝜀21 0] = [𝜀𝑦𝑥 𝜀𝑦𝑦 0] 𝑜𝑢: 𝜀𝑖𝑗 = [𝛾𝑦𝑥 𝜀𝑦𝑦 0]
𝜀22 (2.18)
0 0
0 0 0 0 0 0 0
relembrando o disposto na Eq. 2.4. Considerando-se que a componente de deformação é nula
na direção z, esse tensor também pode ser escrito simplificadamente como:
𝜀11 𝜀12 𝜀𝑥𝑥 𝛾𝑥𝑦 𝛾
𝜀𝑖𝑗 = [𝑠𝑖𝑚. 𝜀22 ] 𝑜𝑢: 𝜀𝑖𝑗 = [𝑠𝑖𝑚. 𝜀𝑦𝑦 ] (2.19)

2.7.1 DEFORMAÇÕES E TENSÕES PRINCIPAIS EM EPD


Para o estado plano de deformação, as deformações principais ε1 e ε2 são dadas por:
𝜀𝑥𝑥 +𝜀𝑦𝑦 𝜀𝑥𝑥 −𝜖𝑦𝑦 2 𝛾𝑥𝑦 2
𝜀1 = + √( ) +( ) (2.20)
2 2 2

𝜀𝑥𝑥 +𝜀𝑦𝑦 𝜀𝑥𝑥 −𝜀𝑦𝑦 2 𝛾𝑥𝑦 2


𝜀2 = − √( ) +( ) (2.21)
2 2 2

A máxima deformação de distorção, γmáx, vale:


𝛾𝑚á𝑥 |𝜀1 −𝜀2 |
= 𝑜𝑢: 𝛾𝑚á𝑥 = |𝜀1 − 𝜀2 | (2.22)
2 2

Quando tratadas em estado plano de deformação, as tensões normais guardam


características essencialmente tridimensionais, conforme se depreende da Eq. 2.17,
decorrendo desse fato a impossibilidades de realização de quaisquer abordagens
bidimensionais para a determinação das tensões principais em EPD.

RELAÇÕES CONSTITUTIVAS PARA OS ESTADOS PLANOS


2.8.1 ESTADO PLANO DE TENSÃO
Lançando mão da simetria dos tensores, para o estado plano de tensão a relação
constitutiva (Lei de Hooke) para as tensões pode ser escrita na forma vetorial como
apresentado na Eq. 2.23:
𝜎𝑥 𝜀𝑥 𝜀𝑜𝑥 𝜎𝑜𝑥
𝜎 = 𝐷(𝜀 − 𝜀𝑜 ) + 𝜎𝑜 → { 𝜎𝑦 } = [𝐷] ({ 𝜀𝑦 } − { 𝜀𝑜𝑦 }) + { 𝜎𝑜𝑦 } (2.23)
𝜏𝑥𝑦 𝛾𝑥𝑦 𝛾𝑜𝑥𝑦 𝜏𝑜𝑥𝑦

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onde ε0 e σ0 são as deformações e tensões iniciais, respectivamente, eventualmente


presentes no problema. Na Eq. 2.24, [D] é a matriz das constantes elásticas ou matriz
constitutiva do material dada por:
1 𝜈 0
𝐸
[𝐷] = [𝜈 1 0 ] (2.24)
(1−𝜈 2 ) (1−𝜈)
0 0 2

As equações para os cálculos das tensões, as quais decorrem do desenvolvimento das Eq.
2.23 e 2.24, são:
𝐸
𝜎𝑥𝑥 = (1−𝜈2) (𝜀𝑥𝑥 + 𝜈𝜀𝑦𝑦 ) (2.25)
𝐸
𝜎𝑦𝑦 = (1−𝜈2) (𝜀𝑦𝑦 + 𝜈𝜀𝑥𝑥 ) (2.26)
𝜏𝑥𝑦 = 𝐺𝛾𝑥𝑦 (2.27)
Para a determinação das deformações, a relação constitutiva, em sua forma vetorial, é
dada pela Eq. 2.28:
𝜀𝑥𝑥 𝜎𝑥𝑥 𝜎𝑜𝑥 𝜀𝑜𝑥
𝜀 𝜎 𝜎 𝜀
𝜀 = 𝐶(𝜎 − 𝜎𝑜 ) + 𝜀𝑜 → { 𝑦𝑦 } = [𝐶] ({ 𝑦𝑦 } − { 𝑜𝑦 }) + { 𝑜𝑦 } (2.28)
𝛾𝑥𝑦 𝜏𝑥𝑦 𝜏𝑜𝑥𝑦 𝜀𝑜𝑥𝑦
na qual [C], denominada matriz de flexibilidade ou matriz de compliância, é determinada a
partir da inversão da Eq.2.24:
1 −𝜈 0
1
[𝐶] = [𝐷]−1 = 𝐸 [−𝜈 1 0 ] (2.29)
0 0 2(1 + 𝜈)
As equações das deformações que decorrem das Eq. 2.28 e 2.29 são:
1
𝜀𝑥𝑥 = 𝐸 (𝜎𝑥𝑥 − 𝜈𝜎𝑦𝑦 ) (2.30)
1
𝜀𝑦𝑦 = 𝐸 (𝜎𝑦𝑦 − 𝜈𝜎𝑥𝑥 ) (2.31)
𝛾𝑥𝑦
𝜀𝑥𝑦 = (2.32)
2
𝜏𝑥𝑦
𝛾𝑥𝑦 = (2.33)
𝐺

com a componente antiplana dada por:


𝜈 −𝜈
𝜀𝑧𝑧 = − 𝐸 (𝜎𝑥𝑥 + 𝜎𝑦𝑦 ) = (𝜀
(1−𝜈) 𝑥𝑥
+ 𝜀𝑦𝑦 ) (2.34)

EXEMPLO E2.8.1. O estado de tensão em um ponto de um sólido deformado em EPT é


representado pelo ponto-tensão ilustrado na Fig. 1:

Figura E2.8.1-1 – Estado de tensão em um ponto de um sólido deformado em EPT.

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Se as propriedades elásticas do material são E= 300 000,000 daN/cm ² e υ= 0,20, pede-se:


A) Escrever o tensor de tensão, σij;
B) Determinar o tensor de deformação, εij;
C) Determinar as tensões principais σ1 e σ2, assim como valor da máxima tensão de
cisalhamento, τmáx;
D) Calcular as direções principais θp1 e θp2 e traçar o círculo de Mohr.
SOLUÇÃO:
A) TENSOR DE TENSÃO, σij:
𝜎𝑧𝑧 = 0,0
450,0 150,0 0,0
450,0 150,0
𝜎𝑖𝑗 = [150,0 700,0 0,0] 𝑜𝑢: 𝜎𝑖𝑗 = [ ]
150,0 700,0 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
0,0 0,0 0,0 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
B) TENSOR DE DEFORMAÇÃO, εij:
Componente antiplana:
−𝜈 −0,20
𝜀𝑧𝑧 = (𝜎𝑥𝑥 + 𝜎𝑦𝑦 ) = 300000,0 . (450,0 + 700,0) = −0,767𝑥10−3
𝐸

Utilizando as equações de deformação para o EPT, tem-se:


Direção x:
1
𝜀𝑥𝑥 = 𝐸 [𝜎𝑥𝑥 − 𝜈𝜎𝑦𝑦 ]
1
𝜀𝑥𝑥 = [450,0 − 0,2. 700,0]
3,0𝑥105

𝜀𝑥𝑥 = 0,001033333 = 1,033𝑥10−3


Direção y:
1
𝜀𝑦𝑦 = 𝐸 [𝜎𝑦𝑦 − 𝜈𝜎𝑥𝑥 ]
1
𝜀𝑦𝑦 = 3,0𝑥105 [700,0 − 0,2. 450,0 ]

𝜀𝑦𝑦 = 0,00203333 = 2,0333𝑥10−3


Cisalhamento:
𝜏𝑥𝑦 𝐸 2(1+𝜈)
𝛾𝑥𝑦 = ; 𝐺 = 2(1+𝜈) → 𝛾𝑥𝑦 = 𝜏𝑥𝑦
𝐺 𝐸
2(1+0,2)
𝛾𝑥𝑦 = . 150,0 = 0,001200 = 1,200𝑥10−3 𝑟𝑑
3,0𝑥105
resultando:
1,033 1,200 0,0 𝛾
−3
𝜀𝑖𝑗 = 10 . [1,200 2,033 0,0 ]
0,0 0,0 −0,767
Observe-se que o estado de deformação é tridimensional, dado a existência da componente
de tensão antiplana, εzz. Com isso, o correto é que as deformações principais sejam
determinadas tridimensionalmente.

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Por outro lado, isso não é verdadeiro para as tensões principais, uma vez que σzz=0.
C) TENSÕES PRINCIPAIS (AUTOVALORES DE σij), σ1 e σ2, E MÁXIMA TENSÃO DE
CISALHAMENTO, τmáx:
𝜎𝑥𝑥 +𝜎𝑦𝑦 𝜎𝑥𝑥 −𝜎𝑦𝑦 2
𝜎1 = ± √( ) + 𝜏𝑥𝑦 2
2 2 2

450,0+700,0 450,0−700,0 2
𝜎1 = + √( ) + 150,02 = 770,256 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
2 2

450,0+0,00188 450,0−700,0 2
𝜎2 = − √( ) + 150,02 = 379,743 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
2 2
𝜎1 −𝜎2 770,256−379,743
𝜏𝑚á𝑥 = → 𝜏𝑚á𝑥 = = 195,256 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
2 2

D) DIREÇÕES PRINCIPAIS (AUTOVETORES DE σij), θp1 e θp2:


1 2𝜏𝑥𝑦
𝜃𝑝 = 2 𝑎𝑟𝑐 𝑡𝑔 (𝜎 )
𝑥𝑥 −𝜎𝑦𝑦

1 2,0. 150,0
𝜃𝑝 = 2 𝑎𝑟𝑐 𝑡𝑔 (450,0−700,0) = −25,097214𝑜

D.1) Compatibilização com o traçado do Círculo de Mohr.


Observa-se do tensor de tensão que σx < σy. Portanto, o problema se enquadra no Caso 3 da
Tab. 2.1 o qual infere que θp1= θp + 90o e que θp2= θp1 + 90o, situação que se verifica a seguir.
Verificação: Substituindo o valor de θp1 na Eq. 2.5:
′ 𝜎𝑥𝑥 +𝜎𝑦𝑦 𝜎𝑥𝑥 −𝜎𝑦𝑦
𝜎𝑥𝑥 = + cos(2𝜃) + 𝜏𝑥𝑦 𝑠𝑒𝑛(2𝜃) (2.5)
2 2
′ 450,0+700,0 450,0−700,0
𝜎𝑥𝑥 = + . 𝑐𝑜𝑠(2. −25,097214𝑜 ) + 150,0. 𝑠𝑒𝑛(2. −25,097214𝑜 )
2,0 2,0

′ 𝑑𝑎𝑁
𝜎𝑥𝑥 = 379,743 𝑐𝑚2 ≠ 𝜎1, , 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒𝑡𝑎𝑛𝑡𝑜, 𝑖𝑔𝑢𝑎𝑙 𝑎 𝜎2,
indicando que θp1 = θp + 90o= 64,902786o (giro anti-horário a partir da horizontal) e
θp2= 154,902786o, conforme indicado no círculo de Mohr da Fig. E2.8.1-2. Isso ocorre uma
vez que σy > σx, fato que acarreta a reflexão do polo das normais, à direita, relativamente ao
centro de curvatura do círculo, atendendo, consequentemente, às disposições previstas na
Tab. 2.1 para o caso.

Figura E2.8.1-2- Círculo de Mohr: indicação dos ângulos θp1 e θp2.

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EXEMPLO E2.8.2. O estado de tensão em um ponto de um sólido deformado em EPT é


representado pelo ponto-tensão ilustrado na Fig. 1:

Figura E2.8.2-1 – Estado de tensão em um ponto de um sólido deformado em EPT.


Se as propriedades elásticas do material são E= 300 000,000 daN/cm ² e υ= 0,20, pede-se:
A) Escrever o tensor de tensão, σij;
B) Determinar o tensor de deformação, εij;
C) Determinar as tensões principais σ1 e σ2, assim como valor da máxima tensão de
cisalhamento, τmáx;
D) Calcular as direções principais θp1 e θp2 e representar no círculo de Mohr.
SOLUÇÃO:
A) TENSOR DE TENSÃO, σij:
𝜎𝑧𝑧 = 0,0
120,0 −60,0 0,0
120,0 −60,0
𝜎𝑖𝑗 = [−60,0 80,0 0,0] 𝑜𝑢: 𝜎𝑖𝑗 = [ ]
−60,0 80,0 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
0,0 0,0 0,0 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
B) TENSOR DE DEFORMAÇÃO, εij:
• Componente normal antiplana:
−𝜈 −0,20
𝜀𝑧𝑧 = (𝜎𝑥𝑥 + 𝜎𝑦𝑦 ) = 3,0𝑥105 (120,0 + 80,0) = 1,3333𝑥10−4
𝐸

• Componentes normais das direções x e y:


1 1
𝜀𝑥𝑥 = 𝐸 (𝜎𝑥𝑥 − 𝜈. 𝜎𝑦𝑦 ) = 3,0𝑥105 (120,0 − 0,20. 80,0) = 3,4667𝑥10−4
1 1
𝜀𝑦𝑦 = 𝐸 (𝜎𝑦𝑦 − 𝜈. 𝜎𝑥𝑥 ) = 3,0𝑥105 (80,0 − 0,20. 120,0) = 1,8667𝑥10−4

• Componentes cisalhante:
𝜏𝑥𝑦 𝐸 2(1+𝜈)
𝛾𝑥𝑦 = ; 𝐺= → 𝛾𝑥𝑦 = 𝜏𝑥𝑦
𝐺 2(1+𝜈) 𝐸
2(1+0,2)
𝛾𝑥𝑦 = . ( −60,0) = −4,800𝑥10−4 rd
3,0𝑥105
Tensor de deformação:
3,4667 −4,800 0,0 𝛾
−4 1,8667 0,0 ]
𝜀𝑖𝑗 = 10 𝑥 [ −4,800
0,0 0,0 1,3333
Observe-se que o estado de deformação é tridimensional, dado a existência da componente
de deformação antiplana. Assim, as deformações principais são determináveis
tridimensionalmente.

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C) TENSÕES PRINCIPAIS (AUTOVALORES DE σij), σ1 e σ2, E MÁXIMA TENSÃO DE


CISALHAMENTO, τmáx:
𝜎𝑥𝑥 +𝜎𝑦𝑦 𝜎𝑥𝑥 −𝜎𝑦𝑦 2
𝜎1 = ± √( ) + 𝜏𝑥𝑦 2
2 2 2

120,0+80,0 120,0−80,0 2
𝜎1 = + √( ) + (−60,0)2 = 163,246 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
2 2

120,0+80,0 120,0−80,0 2
𝜎2 = − √( ) + (−60,0)2 = 36,754 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
2 2
𝜎1 −𝜎2 163,246 −36,754
𝜏𝑚á𝑥 = (𝑐𝑖𝑟𝑐. 𝑑𝑒 𝑀𝑜ℎ𝑟) → 𝜏𝑚á𝑥 = = 63,250 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2 .
2 2,0

D) DIREÇÕES PRINCIPAIS (AUTOVETORES DE σij), θp1 e θp2:


1 2𝜏𝑥𝑦
𝜃𝑝 = 2 𝑎𝑟𝑐 𝑡𝑔 (𝜎 )
𝑥𝑥 −𝜎𝑦𝑦

1 −2,0 .60,0
𝜃𝑝 = 2 𝑎𝑟𝑐 𝑡𝑔 (120,0−80,0) = −35,782526𝑜

Compatibilização com o círculo de Mohr:


Observa-se que τxy é negativo e o polo das normais estará em (σy; + τxy), ou seja, acima das
abscissas. Com isso:
𝜃𝑝1 = −35,782526 + 180 = 144,217474𝑜 𝑒:
𝜃𝑝2 = 144,217474 + 90 = 234,217474𝑜
valores que correspondem ao Caso 2 da Tab. 2.1.
CÍRCULO DE MOHR:

Figura E2.8.2-2- Círculo de Mohr: indicação dos ângulos θp1 e θp2.

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2.8.2 ESTADO PLANO DE DEFORMAÇÃO


Para o cálculo das tensões em estado plano de deformação, utiliza-se a Eq. 2.23,
entretanto com a matriz das constantes elásticas, [D], escrita sob a forma:
(1 − 𝜈) 𝜈 0
[ 𝜈 (1 − 𝜈) 0 ]
𝐸
[𝐷] = (2.35)
(1+𝜈)(1−2𝜈) (1−2𝜈)
0 0 2

As equações para os cálculos das tensões, as quais decorrem da aplicação da Eq. 2.35 à
Eq. 2.23 são as que seguem:
𝜈𝐸
𝜎𝑥𝑥 = 2𝐺𝜀𝑥𝑥 + (1+𝜈)(1−2𝜈) (𝜀𝑥𝑥 + 𝜀𝑦𝑦 ) (2.36)
𝜈𝐸
𝜎𝑦𝑦 = 2𝐺𝜀𝑦𝑦 + (1+𝜈)(1−2𝜈) (𝜀𝑥𝑥 + 𝜀𝑦𝑦 ) (2.37)

ou, equivalentemente:
𝐸
𝜎𝑥𝑥 = (1+𝜈)(1−2𝜈) [(1 − 𝜈)𝜀𝑥𝑥 + 𝜈𝜀𝑦𝑦 ] (2.38)
𝐸
𝜎𝑦𝑦 = (1+𝜈)(1−2𝜈) [(1 − 𝜈)𝜀𝑦𝑦 + 𝜈𝜀𝑥𝑥 ] (2.39)

com componente antiplana dada por:


𝜎𝑧𝑧 = 𝜈(𝜎𝑥𝑥 + 𝜎𝑦𝑦 ) (2.40)
Para a determinação das deformações, a relação constitutiva, em sua forma vetorial, é
dada pela Eq. 2.28, entretanto fazendo-se:
(1 − 𝜈) −𝜈 0
(1+𝜈)
[𝐶] = [𝐷]−1 = [ −𝜈 (1 − 𝜈) 0] (2.41)
𝐸
0 0 2
As equações das deformações que decorrem da Eq. 2.28 (forma simplificada), são:
1
𝜀𝑥𝑥 = 𝐸 [𝜎𝑥𝑥 − 𝜈(𝜎𝑦𝑦 + 𝜎𝑧𝑧 )] (2.42)
1
𝜀𝑦𝑦 = 𝐸 [𝜎𝑦𝑦 − 𝜈(𝜎𝑥𝑥 + 𝜎𝑧𝑧 )] (2.43)
𝛾𝑥𝑦
𝜀𝑥𝑦 = (2.44)
2
𝜏𝑥𝑦
𝛾𝑥𝑦 = (2.45)
𝐺

EXEMPLO E2.8.3. O estado de tensão em um ponto de um sólido deformado em EPD é


representado pelo ponto-tensão ilustrado na Fig. E2.8.1:

Figura E2.8.3 – Estado de tensão em um ponto de um sólido deformado em EPD.

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As propriedades elásticas do material são: E= 300 000,000 daN/cm ² e υ= 0,20. Para o


problema pede-se:
A) Escrever o tensor de tensão, σij;
B) Determinar o tensor de deformação, εij;
C) Determinar as deformações principais ε1 e ε2, assim como valor da deformação
angular (distorção) máxima, γmáx.;
D) Calcular as direções principais θp1 e θp2.
SOLUÇÃO:
A) TENSOR DE TENSÃO, σij:
• Componentes antiplanas:
𝜀𝑧𝑧 = 0,0; 𝜎𝑧𝑧 = 𝜈(𝜎𝑥𝑥 + 𝜎𝑦𝑦 ) = 0,20. (450,0 + 700,0) = 230,000 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
Tensor:
450,0 150,0 0,0
𝜎𝑖𝑗 = [150,0 700,0 0,0 ]
0,0 0,0 230,0 𝑑𝑎𝑁/𝑐𝑚2
B) TENSOR DE DEFORMAÇÃO, εij:
Direção x:
1
𝜀𝑥𝑥 = 𝐸 [𝜎𝑥𝑥 − 𝜈(𝜎𝑦𝑦 + 𝜎𝑧𝑧 )]
1
𝜀𝑥𝑥 = 3,0𝑥105 [450,0 − 0,2. (700,0 + 230,0)] = 0,0008800

Direção y:
1
𝜀𝑦𝑦 = 𝐸 [𝜎𝑦𝑦 − 𝜈(𝜎𝑥𝑥 + 𝜎𝑧𝑧 )]
1
𝜀𝑦𝑦 = 3,0𝑥105 [700,0 − 0,2. (450,0 + 230,0)]

𝜀𝑦𝑦 = 0,0018800
Cisalhamento:
𝜏𝑥𝑦 𝐸 2(1+𝜈)
𝛾𝑥𝑦 = ; 𝐺 = 2(1+𝜈) → 𝛾𝑥𝑦 = 𝜏𝑥𝑦
𝐺 𝐸
2(1+0,2) 150,0
𝛾𝑥𝑦 = . 150,0 = = 0,001200 rd ;
3,0𝑥105 125 000,0

resultando:
0,00088 0,001200 0,0 𝛾
0,00088 0,001200 𝛾
𝜀𝑖𝑗 = [0,001200 0,001880 0,0] 𝑜𝑢 𝜀𝑖𝑗 = [ ]
0,001200 0,001880
0,0 0,0 0,0
C) DEFORMAÇÕES PRINCIPAIS, ε1 E ε2 (AUTOVALORES DE εij), E MÁX. DEFORMAÇÃO DE
DISTORÇÃO, γmáx:

2
𝜀𝑥𝑥 +𝜀𝑦𝑦 𝜀𝑥𝑥 −𝜀𝑦𝑦 2 𝛾𝑥𝑦
𝜀1= ± √( ) +( )
2 2 2 2

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2
0,00088+0,00188 0,00088−0,00188 2 0,001200
𝜀1 = + √( ) +( ) = 0,00216103
2 2 2

2 2
0,00088+0,00188 0,00088−0,00188 0,001200
𝜀2= − √( ) + ( 2 ) = 0,0005990
2 2

𝛾𝑚á𝑥 𝜀 1 −𝜀 2
= (𝑐𝑖𝑟𝑐. 𝑑𝑒 𝑀𝑜ℎ𝑟) → 𝛾𝑚á𝑥 = 𝜀 1 − 𝜀 2 = 0,00216103 − 0,0005990
2 2

𝛾𝑚á𝑥 = 0,001562 𝑟𝑑.


Observe-se que o estado de tensão é tridimensional, dado a existência da componente de
tensão antiplana, σzz.
Com isso, o correto é que as tensões principais sejam determinadas tridimensionalmente. Por
outro lado, isso não é verdadeiro para as deformações principais, uma vez que εzz=0.
D) DIREÇÕES PRINCIPAIS (AUTOVETORES DE εij), θp1 e θp2:
1 2𝜀𝑥𝑦 1 𝛾𝑥𝑦 𝛾𝑥𝑦
𝜃𝑝 = 2 𝑎𝑟𝑐 𝑡𝑔 (𝜀 ) = 𝑎𝑟𝑐 𝑡𝑔 ( ) 𝑑𝑎𝑑𝑜 𝑞𝑢𝑒: 𝜀𝑥𝑦 =
𝑥𝑥 −𝜀𝑦𝑦 2 𝜀 𝑥𝑥 −𝜀𝑦𝑦 2

1 0,001200
𝜃𝑝 = 2 𝑎𝑟𝑐 𝑡𝑔 ((0,00088−0,00188)) = −25,097214𝑜

Compatibilização com o círculo de Mohr:


Substituindo o valor de θp1 na equação de deformações equivalente à Eq. 2.5:
′ 𝜀𝑥𝑥 +𝜀𝑦𝑦 𝜀𝑥𝑥 −𝜀𝑦𝑦 𝛾𝑥𝑦
𝜀𝑥𝑥 = + cos(2𝜃) + 𝑠𝑒𝑛(2𝜃)
2 2 2
′ 0,00088+0,001880 0,00088−0,001880 0,0012
𝜀𝑥𝑥 = 2,0
+ 2,0
. 𝑐𝑜𝑠(2. −25,097214𝑜 ) + 2
. 𝑠𝑒𝑛(2. −25,097214𝑜 )

𝜀𝑥𝑥 = 0,001880 ≠ 𝜀1, , 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒𝑡𝑎𝑛𝑡𝑜, 𝑖𝑔𝑢𝑎𝑙 𝑎 𝜀2,
indicando que θp1 =-25,097214+90= 64,902786o (giro anti-horário a partir da horizontal) e que
θp2= 154,902786o, conforme indicado na Tab. 2.1 (Caso 3), resultando em um círculo de Mohr
para deformações, correspondente àquele indicado na Fig. E2.8.1-1 para tensões.
Como já referido, isso ocorre em virtude de se εyy > εxx, fato que acarreta a reflexão do polo
das normais, relativamente ao centro de curvatura do círculo de Mohr.
2.8.3 SIMPLIFICAÇÃO DAS EQUAÇÕES PARA OS ESTADOS PLANOS
Como descrito, as equações constitutivas para os problemas planos (em EDT e EDP)
reúnem um número significativo de equações, o que dificulta a fixação das mesmas, além de
aumentar a possibilidade de equívocos durante a sua utilização.
Com o objetivo de contornar essas questões, as equações anteriormente apresentadas
podem ser reunidas em dois pequenos grupos, sendo um para as tensões e o outro, para as
deformações.
Entretanto, para que isso seja possível, as constantes elásticas devem ser
convenientemente manipuladas, em cada caso, por meio da utilização de valores efetivos para
os módulos de elasticidade, os quais passam de E para E’, assim como para os coeficientes de
Poisson, os quais passam de ν, para ν’.

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As novas relações constitutivas lembram as equações básicas para EPT e para EPD,
adotando-se para as tensões, aquelas referentes ao EPT, e para as deformações, as que dizem
respeito ao EPD. Dessa maneira obtém-se:
TENSORES DE TENSÃO:
Equações básica para o EPT
𝜎𝑥 1 𝜈′ 0 𝜀𝑥
𝐸′ 𝜈′ 1 0 ] { 𝜀𝑦 }
𝜎
{ 𝑦 } = (1−𝜈′2) [
(1−𝜈′)
𝜏𝑥𝑦 0 0 𝛾𝑥𝑦
2

• Constantes Elásticas Efetivas:


Estado Plano de Tensão:
𝜈
𝐸 ′ = 𝐸; 𝜈 ′ = 𝜈; 𝜀𝑧𝑧 = − 𝐸 (𝜎𝑥𝑥 + 𝜎𝑦𝑦 )
Estado Plano de Deformação:
𝐸 𝜈
𝐸 ′ = 1−𝜈2 ; 𝜈 ′ = 1−𝜈 ; 𝜎𝑧𝑧 = 𝜈(𝜎𝑥𝑥 + 𝜎𝑦𝑦 )

TENSORES DE DEFORMAÇÃO:
Equações básica para o EPD
(1 − 𝜈′) 𝜈′ 0
𝜀𝑥 𝜎𝑥
𝐸′ 𝜈′ (1 − 𝜈′) 0
{ 𝜀𝑦 } = 𝜎
{ 𝑦}
𝛾𝑥𝑦 (1 + 𝜈′)(1 − 2𝜈′) (1 − 2𝜈′) 𝜏
0 0 𝑥𝑦
[ 2 ]
• Constantes Elásticas Efetivas
Estado Plano de Deformação:
𝐸 ′ = 𝐸; 𝜈 ′ = 𝜈; 𝜎𝑧𝑧 = 𝜈(𝜎𝑥𝑥 + 𝜎𝑦𝑦 )
Estado Plano de Tensão:
𝐸(1+2𝜈) 𝜈 𝜈
𝐸′ = (1+𝜈)2
; 𝜈 ′ = 1+𝜈 ; 𝜀𝑧𝑧 = − 𝐸 (𝜎𝑥𝑥 + 𝜎𝑦𝑦 )

Esse enfoque diferenciado, além de simplificar e assegurar maior confiança nos cálculos,
parece extremamente apropriado às atividades de implementação computacional.

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