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Em carta, membro do PCC assume

morte de agente penitenciário e


pede advogado à cúpula da facção
Flávio Costa e Luís Adorno
Do UOL, em São Paulo 08/07/2018 04h00

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Reprodução /CGN

Agente penitenciário Alex Belarmino foi assassinado pelo PCC em setembro de 2016

Uma carta interceptada em um presídio do interior paulista revela que um membro


do PCC (Primeiro Comando da Capital) pediu um advogado à cúpula da facção,
após confirmar o êxito da "missão" de assassinar o agente penitenciário federal
Alex Belarmino Almeida Silva (http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-
noticias/2017/07/06/pcc-alugou-casa-vizinha-de-agente-penitenciario-federal-
para-mata-lo.htm).

A informação consta na denúncia da Operação Echelon


(https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2018/07/06/pcc-monta-
rh-tem-setor-para-prisoes-femininas-e-cria-ate-curso-de-fazer-bomba.htm), do MP-
SP (Ministério Público) de São Paulo, que acusou 75 pessoas pelo crime de
organização criminosa. A denúncia de 569 páginas é assinada pelo promotor de
Justiça Lincoln Gakyia, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao
Crime Organizado).

Outros dois servidores foram mortos


(https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2017/06/29/pcc-matou-3-
agentes-para-intimidar-e-desestabilizar-servidores-de-presidios-
federais.htm), parte de uma ação do PCC para intimidar quem trabalha no sistema
penitenciário federal, de acordo com investigações da Polícia Federal.

Carta interceptada

Na carta, um membro que se identifica como "Bandoleiro" pede a líderes da facção


criminosa que se encontram presos na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, na
região oeste de São Paulo, que arranjem um advogado para outros dois membros
envolvidos na morte do agente. O crime aconteceu no dia 2 de setembro de 2016
na cidade de Cascavel (PR).

"Salve pedindo para transmiti até voceis em cima de um pedido de um advogado p/


o caso dele que era muito delicado. A situação dos mesmos foi em cima do Agente
que se concluiu com exito essa missão (sic)", lê-se no documento. "Salve" é o termo
usado por membros do PCC para comunicados internos ou ordens.

Integrantes da facção têm advogados pagos pela cúpula, em especial aqueles que
participam de "missões especiais", a exemplo de um assassinato de um agente
público.

A carta é uma das dezenas de missivas interceptadas pelo serviço de inteligência


da SAP (Secretaria da Administração Penitenciária). Elas foram jogadas pelos
detentos no esgoto da penitenciária, porém os agentes as resgataram por meios de
redes instaladas previamente com esse objetivo.

Os documentos foram desinfetados, remontados e lidos e auxiliaram na


investigação sobre ações da cúpula do PCC.

Em uma operação anterior, a Ethos, o MP-SP havia demonstrado que o PCC criou
um "núcleo jurídico" formados por advogados que atuavam não apenas na defesa
de membros da facção em processos criminais.

Os advogados também agiam no esquema de pagamento de propinas a agentes


públicos e serviam como "pombos-correios" para transmitir ordens dos chefes.

Morte a caminho do trabalho

Lotado no Depen (Departamento Penitenciário Nacional), órgão do Ministério da


Justiça com sede em Brasília, Alex Belarmino trabalhava temporariamente no
presídio federal de Catanduvas (PR) -- a 55 km de Cascavel --, onde ministrava
cursos de tiro a seus colegas.

Arte UOL

A partir da esq., o agente do presídio federal de Catanduvas (PR) Alex Belarmino Almeida
Silva, o agente do presídio federal de Mossoró (RN) Henry Charles Gama Filho e a
psicóloga Melissa de Almeida Araújo, mortos a mando do PCC

A investigação da PF mostrou que os criminosos alugaram a uma casa vizinha


àquela usada pelo agente durante sua estadia em Cascavel. "O alvo inicial deles
era um outro agente que morava de maneira permanente em Cascavel, naquela
mesma rua. Alex virou alvo depois que esse primeiro agente teve que viajar",
afirmou um colega da vitima, sob a condição de sigilo.

Alex Belarmino foi assassinado com 23 tiros - a maioria o atingiu pelas costas. A
emboscada aconteceu quando ele dirigia um carro oficial rumo à penitenciária de
Catanduvas.

Ao diminuir a velocidade ante um quebra-molas, seu carro foi emparelhado por um


Crossfox prata, onde estavam os assassinos. Dois deles, armados com pistolas
nove milímetros, disparam contra o agente. Pela legislação, esta arma é de uso
exclusivo da PF e das Forças Armadas.
Após os disparos, o carro do agente perdeu a direção e bateu em uma caminhonete
que vinha em sentido contrário. Belarmino morreu no local.

Pelo menos 15 pessoas foram denunciadas pelo MPF (Ministério Público Federal)
por participação no homicídio do agente Alex Belarmino e podem a ir júri popular. O
processo tramita em uma das varas federais de Cascavel (PR).

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