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1
IGREJA LUTERANA
SEMINÁRIO
CONCÓRDIA
Diretor
Leonerio Faller
Professores
Acir Raymann, Anselmo Ernesto Graff, Clóvis Jair Prunzel, Leonerio Faller, Gerson
Luis Linden, Leopoldo Heimann, Paulo Proske Weirich, Paulo Wille Buss, Raul Blum,
Vilson Scholz
Professores Eméritos
Donaldo Schüler, Paulo F. Flor,
Norberto Heine
IGREJA LUTERANA
ISSN 0103-779X
Revista semestral de Teologia publicada em junho e novembro pela Faculdade de
Teologia do Seminário Concórdia, da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB),
São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil.
Conselho Editorial
Paulo P. Weirich (Editor), Gerson L. Linden e Acir Raymann
Assistência Administrativa
Ivete Terezinha Schwantes e Saulo P. Bledoffn
Solicita-se permuta
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CORRESPONDÊNCIA
Revista Igreja Luterana
Seminário Concórdia
Caixa Postal 202
93001-970 – São Leopoldo/RS
Telefone: (0xx)51 3037 8000
e-mail: revista@seminarioconcordia.com.br
www.seminarioconcordia.com.br
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SUMÁRIO
ARTIGO
FÓRMULA DE CONCÓRDIA 5
Cezar Squiavo Schuquel
AUXÍLIOS HOMILÉTICOS 12
IGREJA LUTERANA
Volume 73 – Junho 2014 - Número 1
3
ARTIGO
FÓRMULA DE CONCÓRDIA
ARTIGO I – Do Pecado Original
Cezar Squiavo Schuquel
INTRODUÇÃO
1
GOERL, Otto A. Fórmula de Concórdia: Cremos, por isso falamos. Porto Alegre: Con-
córdia, 1977, p.119.
2
LIVRO DE CONCÓRDIA: Apologia da Confissão, Artigo II, 50, p.109.
5
IGREJA LUTERANA
CONTEXTUALIZANDO
3
GOERL, Otto A., op. cit, pp. 18-23
4
BENTE, p.135.
6
FÓRMULA DE CONCÓRDIA
3. O conteúdo da controvérsia
A questão da controvérsia é sobre a natureza do pecado original.
a. Strigel e os Sinergistas defendiam a ideia de que o pecado original
não faz parte da substância do ser humano, mas é apenas um
acidente. Na opinião deles, Deus não criou o pecado e dizer que o
mesmo é substância é dizer que Deus o criou. Já o livre arbítrio,
que pertence à substância e essência do ser humano, não pode ser
perdido sem aniquilar o próprio homem. Logo, o pecado original,
por ser um acidente, não pode eliminar o livre arbítrio, apenas
limitá-lo.
b. Flacius e seus seguidores afirmavam que o pecado original não era
um acidente, mas a substância do homem. Mais tarde, em um de
seus escritos, faz a seguinte afirmação:
5
BENTE, p.135
6
BENTE, p. 138
7
IGREJA LUTERANA
E mais:
1. Aspectos exegéticos:
Como resposta, a Fórmula de Concórdia, em seu primeiro artigo, traz
uma posição bíblica com relação ao tema. É interessante observar que
os confessores não se preocuparam com definições filosóficas de termos,
mas apenas apresentam o ensino bíblico sobre pecado original. Alguns
termos importantes a serem destacados:
a. Natureza – refere-se à essência, corpo e alma do ser humano,
criada por Deus.8
b. Pecado original – refere-se à profunda corrupção da natureza
do ser humano. Toda a natureza humana está corrompida até o
“fundamento”.9 Não criada por Deus.
c. Natureza corrupta e corrupção – são duas coisas distintas. Não po-
dem ser confundidas. A natureza não é o pecado original. Embora
estejam tão ligadas que apenas Deus possa separá-las, não podem
ser confundidas.
d. Propagação – Deus cria a natureza, não o pecado original. O pecado
original é propagado de semente pecaminosa, pela concepção e
nascimento carnais de pai e mãe.10 “Todavia, essa criatura e obra de
Deus é miseravelmente corrompida pelo pecado, porque a massa da
qual Deus agora plasma e faz o homem foi corrompida e pervertida
em Adão e assim nos é transmitida hereditariamente.”11
7
BENTE, p. 138
8
LIVRO DE CONCÓRDIA, op.cit., p.555, 51
9
Idem, p.555, 55 e 56
10
Ibidem, p.547,7
11
Ibidem, p.553, 38
8
FÓRMULA DE CONCÓRDIA
2. Base bíblica:
1. O pecado original não é simples mancha
a. É o pecado que herdamos de Adão: Rm 5.19; Sl 51.5
b. É a completa corrupção de toda a natureza humana: Rm 7.14;
Rm 7.18
c. É privada da justiça original: Rm 3.23; Sl 143.2
d. É inclinada para todo o mal: Gn 8.21
e. Não é simples mancha: Jr 2.22
f. É sujeita à condenação: Ef 2.3; Jo 3.5
2. O pecado original não faz parte da essência do homem
a. Deus é o criador do homem: Ml 2.10
b. Jesus tornou-se homem para nos salvar, assumindo a nossa
natureza: Rm 1.3; 2Co 5.21
c. Pela fé os crentes se tornam um templo de Deus, por ele mesmo
santificado e ornado com frutos do Espírito: 1Co 3.16
d. Nosso corpo mortal ressuscitará em glória e sem mácula: Fp 3.2112
12
GOERL, op. cit. pp.48-50
9
IGREJA LUTERANA
Por essa razão, defende o uso da Confissão Geral tradicional, que reflete
uma compreensão bíblica da natureza da relação entre pecado original e
pecado atual. Para as Confissões, há um lugar específico para a confissão
de pecados individuais: a confissão particular.
Ao finalizar o seu artigo, Wengert apresenta como precisamos tratar
o pecado:
a. Batizando, pois é tudo o que precisamos para começar uma
nova vida com Deus;
b. E quando a pessoa cai em pecado, por sua natureza, precisa
rapidamente retornar à fonte do perdão pela Confissão e Ab-
solvição (WENGERT, p.28-29);
c. Ainda acrescentaríamos o convite incansável e amoroso para
a participação na Ceia do Senhor.
CONCLUSÃO
10
FÓRMULA DE CONCÓRDIA
REFERÊNCIAS
13
LIVRO DE CONCÓRDIA, op.cit., p.556, 58 e 59
11
IAUXÍLIOS HOMILÉTICOS
GREJA LUTERANA
CONTEXTO LITÚRGICO
12
DOMINGO DA SANTÍSSIMA TRINDADE
Gênesis 1.1-2.4a: “E viu Deus que tudo o que havia feito era muito
bom” (Gn 1.31). Assim tudo foi criado, sendo o homem e a mulher criados
à imagem e semelhança de Deus.
Hoje vivemos consequências do pecado humano. Consequências indi-
viduais e coletivas. Aquecimento global, poluição das águas, escassez de
água potável e mudanças climáticas são assuntos relacionados ao meio
ambiente. Transgênicos, agrotóxicos e hábitos alimentares dizem respei-
to à saúde humana e dos animais. Violência, medo e morte nos tiram a
liberdade de usufruir da vida e da criação.
O que temos feito como cristãos e como temos agido como igreja em
defesa da criação de Deus, da vida do planeta e da criatura humana? Te-
mos lembrado que o trabalho de cuidar e cultivar a criação de Deus (Gn
2.15) foi instituído antes do pecado, portanto um privilégio, e não um ato
penoso? Como temos lidado em nossa casa com o destino dos resíduos
sólidos, a destinação adequada dos recicláveis, o consumo consciente e
a rejeição a alimentos não saudáveis, o agrotóxico e a transgenia? Esta-
mos percebendo que nós, cristãos, somos agentes de Deus para cultivar,
preservar e promover a vida – e vida em abundância?
Repito: Deus nos colocou no centro da sua criação. Vamos colocar a
criação de Deus no centro das nossas ações para preservação e usufruto.
Vamos buscar informações, formar opinião e fazer frente a tudo o que
contradiz a preservação da natureza e, em especial, das pessoas criadas
por Deus.
O pecado impôs múltiplos sofrimentos a toda a criação de Deus, mas a
Igreja, o povo chamado e escolhido, é um instrumento importante de Deus
para continuar cuidando e cultivando (Gn 2.15) o que Deus criou. Isto se
faz dentro de casa, na escolha do que consumimos, nos hábitos de cuidado
e cultivo da terra, na destinação do lixo urbano, e como nos envolvemos
direta e indiretamente nas causas ambientais e de preservação.
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IGREJA LUTERANA
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DOMINGO DA SANTÍSSIMA TRINDADE
PROPOSTA HOMILÉTICA
15
IGREJA LUTERANA
Airton S. Schroeder
Porto Alegre/RS
airtonschroeder@yahoo.com.br
16
SEGUNDO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
22 de junho de 2014
Salmo 91. 1-10 (11-16); Jeremias 20.7-13; Romanos 6.12-23;
Mateus 10. 5a, 21-23
INTRODUÇÃO
OS TEXTOS
18
SEGUNDO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
PROPOSTA HOMILÉTICA
O discurso de Jesus não é para os que ainda não creem, mas para
a Igreja, para os que já foram chamados para a fé e agora vivem e são
capacitados para uma vida santificada.
Na contramão de “teologias” populares, Jesus não promete riquezas,
facilidades, e nem autoriza ninguém a “determinar” a Ele o que deve ser
feito; pelo contrário, no envio dos que foram chamados, são claras as suas
orientações, bem como os avisos dos percalços do caminho e as dificulda-
des embutidas na missão por conta da rejeição da graça e do próprio Cristo.
No entanto, a bênção prometida é muito melhor e maior, é ser salvo, não
por aquilo que fizermos, mas por aquilo que Deus fez por nós.
19
IGREJA LUTERANA
Introdução
Rubens Ogg
São Leopoldo/RS
rubensogg@gmail.com
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TERCEIRO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
29 de junho de 2014
Salmo 119.153-160; Jeremias 28.5-9; Romanos 7.1-13;
Mateus 10.34-42
LEITURAS
Mateus 10: Jesus chama seus discípulos e discursa sobre a sua mis-
são destacando os seguintes pontos: instrução; admoestação; estímulo;
dificuldades e recompensas.
Nosso texto: dificuldades e recompensas.
As dificuldades
A vida cristã não é de paz terrena, pois sempre existem perturbações
e conflitos. Temos em nosso coração o pecado que nos leva a promover
perturbações e conflitos. Muitas vezes nós somos os próprios agentes do
desconforto que nos cerca. Por causa das nossas imperfeições, temos difi-
culdades em nossos relacionamentos. Deus nos dá meios para alcançarmos
uma paz diferente, a paz de estar em comunhão com ele.
O discípulo de Jesus será incompreendido sempre que ele quiser imitar
a Jesus na confiança, na oração, no perdão, na compreensão e no amor.
Sempre que combater o erro, o orgulho discriminatório, a soberba, o
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TERCEIRO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
As recompensas
“Quem abre mão da sua vida por mim – achará a vida.” Aquele que
opta por comprometer-se com o evangelho como mensageiro dele terá sua
recompensa do próprio Cristo. Serão abençoados não por merecimento,
mas, por dádiva de Deus, receberão o galardão.
A maior recompensa é ter vida plena e abençoada em Cristo – paz,
perdão e salvação são a recompensa dos seguidores fiéis. As recompen-
sas não são terrenas para motivar interesses terrenos; o desafio é servir
e comprometer-se com o evangelho movido pela fé. Pela fé servir. Pela
fé resistir. Pela fé continuar. Pela fé receber a recompensa: vida eterna
e salvação.
Alcione Eidam
Cachoeirinha/RS
alcione.eidam@gmail.com
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QUARTO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
6 de julho de 2014
Salmo 145.1-14; Zacarias 9.9-12; Romanos 7.14-25a;
Mateus 11.25-30
Introdução
Um dos maiores obstáculos que uma pessoa enfrenta, quando começa
a perceber, através da ação do Espírito Santo, que ela é pecadora, é a
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IGREJA LUTERANA
oposição da sua carne ao ensino da Escritura dizendo que ela nada pode
fazer para salvar-se do julgamento e da ira de Deus. O orgulho e a carne
pecaminosa nos tentam a perguntar: Tem alguma coisa que eu possa fazer
para contribuir na salvação da minha alma? Não existe nada de bom em
mim? Sou realmente pior do que outras pessoas que eu conheço? Não
deveria conseguir algum crédito pelas coisas boas que faço? Tendo em
vista essas tentações, o nosso texto nos convida a meditar nas promessas
de perdão e descanso que Jesus faz.
Esboço do Sermão
26
QUARTO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
Arnildo Schneider
Tramandaí/RS
schneiderarnildo@gmail.com
27
QUINTO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
13 de julho de 2014
Salmo 65.(1-8) 9-13; Isaías 55.10-13; Romanos 8.12-17 (22-27);
Mateus 13.1-9, 18-23
CONTEXTO/ILUSTRAÇÃO
REFLEXÃO – APLICAÇÃO
29
IGREJA LUTERANA
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QUINTO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
PROPOSTA
Breno C. Thomé
Porto Alegre/RS
thomebreno@gmail.com
[Apêndice – 1. O uso de parábolas; 2. (A) Por quê? (B) Para que Jesus
as usou?
1. É a primeira, na primeira (Mt 13; Mc 4; Lc 8) de três séries de
parábolas (2ª: Lc 10.25-16.31; 18.1ss.; 3ª: Mt 18. 20-22,
24,25; Lc 19). Daí Jesus explicar aqui o uso delas! As sete
dividem-se em dois grupos: os ouvintes são o povo (4), os
discípulos (3); o Reino é semeado e cresce no coração das
pessoas (3), se desenvolve no mundo (4).
“A parábola é tanto graça da revelação como juízo diante da
obstinação.” “É modelo característico de toda a revelação de
Deus” (Rm 11.33). Elas mostram que do reino de Deus se
esconde em enganosa simplicidade. “A suprema parábola de
Deus... é a cruz onde a divindade é tanto encoberta na encar-
nação como totalmente revelada no esplendor do amor que em
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IGREJA LUTERANA
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SEXTO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
20 de julho de 2014
Mateus 13.24-30,36-43
CENÁRIO HISTÓRICO
CENÁRIO LITÚRGICO
ANÁLISE DO TEXTO
PROPOSTA HOMILÉTICA
Esboço:
I – Estamos no mundo... vivendo a realidade do Reino
• Crescendo, regados e alimentados pela Palavra
• Entre os maus, entregando a eles a mensagem da vida (Fp
2.15,16)
Fernando E. Garske
Novo Hamburgo/RS
pastorfernando@gmail.com
34
SÉTIMO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
27 de julho de 2014
Salmo 125; Deuteronômios 7.6-9; Romanos 8.28-39;
Mateus 13.44-52
LEITURAS
de que nada pode nos afastar desse amor. Aqueles homens que acharam
o tesouro e a pérola estavam tão certos do valor dos achados que não
se importaram de se desfazer de tudo o que tinham para ficar com eles.
Fazer parte do reino de Deus é realmente precioso!
Contexto histórico
A carta de Paulo aos Romanos foi escrita entre os anos 56 e 57 d.C.,
quando ele terminava as suas viagens missionárias. O lugar onde provavel-
mente ela foi escrita é a cidade de Corinto. Em suas viagens missionárias,
Paulo não vai até Roma, portanto ele escreve a carta sem conhecer aquele
povo e aquela terra. Somente depois, quando já está preso, é que Paulo
enfim é levado a Roma.
Na carta, Paulo elogia a fé e o empenho daquela igreja e também
aproveita a oportunidade para alertá-los sobre os perigos do pecado e da
imoralidade visíveis em Roma. Mas o principal motivo que levou Paulo a
escrever a epístola é deixar claro que a salvação que recebemos de Deus
é um dom gratuito. Por meio da fé em Cristo, tanto judeus como não-
judeus recebem a salvação.
A perícope
Em nosso texto, Paulo mostra o evangelho de forma simples e concre-
ta aos romanos. O texto nos deixa claro que é Deus quem nos chama,
separa, aceita, e também reparte a sua glória conosco (v.30 NTLH).
Ou seja, o ser humano é totalmente passivo na obra divina.
Nisso Deus mostra a sua fidelidade. A mesma fidelidade demonstrada
lá no Antigo Testamento (Dt 7.6-9) se mostra presente na vida dos ro-
manos. A promessa e a aliança que Deus faz com seu povo não pode ser
apagada, nem mesmo pelo pecado. Por esse motivo podemos dizer como
Paulo: se Deus é por nós, quem será contra nós? (v.31); quem poderá
nos acusar? (v.33); e ainda: quem poderá nos condenar? (v.34).
Tendo em vista todas estas perguntas e olhando para trás, para todo o
Pentateuco, passando pelos profetas e chegando ao evangelho, só pode-
mos dizer que realmente NADA pode nos separar do amor de Deus. Nem
sofrimentos, dificuldades, perseguição, fome, pobreza, perigo, morte,
vida, anjos (maus), autoridades ou poderes celestiais, o presente, o futuro
ou o mundo lá de baixo. Podemos perceber que Paulo cita de uma forma
geral tudo o que existe neste mundo, no céu e no inferno. E mesmo após
tudo isso, ele diz: NADA pode nos separar do amor de Deus.
Nós não podemos conquistá-lo com nossos méritos. Deus deu isso
a cada um de nós através de Cristo, e é por essa razão que Paulo deixa
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SÉTIMO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
tão enfatizado que não há nada que possa nos separar desta salvação e
deste amor que são nossos por meio de Cristo.
A segurança que aqueles peregrinos tiveram ao ver os montes de
Sião, subindo até Jerusalém, o cristão hoje pode ter.
ENCAMINHAMENTO HOMILÉTICO
Lei e evangelho
Em um texto onde o evangelho está tão explícito como este, podemos
nos perguntar: onde está a lei? A lei é encontrada em várias perspectivas,
mas vejo que podemos encontrá-la dentro da perspectiva de que nós so-
mos aquele povo romano que, por sua vez, precisa ser alertado contra os
perigos do mundo e da nossa própria carne (7.7-9). Nós vivemos a cada
dia uma luta contra o pecado.
O evangelho se encontra de forma escancarada no decorrer de todo
o texto, mostrando que não há realmente nada que possa nos separar
do amor que Deus nos deu através de Cristo. O apóstolo Paulo mostra
de uma forma surpreendente que aquilo que Cristo conquistou é meu.
Aquele tesouro inestimável, do qual Jesus fala no evangelho, me per-
tence. E não há nada, nem no céu, nem na terra, nem no inferno, em
lugar nenhum, não há nada que possa me separar daquilo que Cristo
conquistou por mim.
Objetivo
Mostrar que apesar do mundo querer nos afastar de Cristo e do seu
amor, não há nada que nos possa afastar dele. Aquilo que Jesus conquistou
com seu santo e precioso sangue é meu.
37
IGREJA LUTERANA
Tema
O que pode nos separar do amor de Deus?
- Será que existe algo que pode me separar desse amor?
- Sofrimentos/dificuldades?
- Pobreza/riqueza?
- Morte/vida?
Everaldo Teixeira
Ipumirim/SC
eve.teixeira@hotmail.com
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OITAVO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
3 de agosto de 2014
Salmo 136.1-9 (23-26); Isaías 55.1-5; Romanos 9.1-5 (6-13)
Mateus 14.13-21
CONTEXTO
O TEXTO
40
OITAVO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
“se vire”. Mas Jesus aponta outra solução. Os discípulos, humanos, como
fonte da provisão, só podem argumentar com o que é visível e possível
para eles: v.17 – Só há cinco pães e peixes: a fonte visível de alimento,
a partir dos humanos, é limitada e escassa para tantas pessoas. O ser
humano, o discípulo, reconhece: “Não é possível, Senhor. A quantidade
de pessoas, de bocas, de corpos, é muito grande diante do que nós, dis-
cípulos, humanos, limitados, temos a oferecer”. No relato de Marcos, os
discípulos ainda argumentam que seriam necessárias duzentas moedas
de prata para comprar tanto pão.
“Mas”, v.18, diante do reconhecimento dos discípulos de sua limitação,
da impossibilidade de suprir a necessidade da multidão, o evangelista
apresenta o contraste no o` de. ei=pen\ Fe,rete, moi, na ação da Palavra de
Deus (Is 55.11), na ordem de Jesus que o alimento escasso fosse trazido
para ele. Ele solucionaria. “E ele (Jesus) disse”, o poderoso Homem-Deus
abre a boca para solucionar, para dar resposta ao improvável, impossível.
E no v.19, o milagre acontece. Naturalmente o gestual de Jesus quase que
imediatamente nos remete à instituição da Ceia: o dar graças/abençoar, o
partir do pão e o distribuir aos e através dos discípulos (Mt 26), até pela
não menção da distribuição dos peixes (Marcos, entretanto, o faz). Mateus,
inclusive, usa o mesmo verbo euvloge,w (abençoar/consagrar) em ambos
os relatos sobre o que Jesus faz com o simples pão. O milagre acontece,
mas não há um relato material detalhado do mesmo, se os pães iam se
refazendo, se surgiam novos no fundo do cesto. Há, sim, o olhar para o
alto, atitude clara de que o que está prestes a acontecer não faz parte
da ordem natural, e há também a bênção, a palavra pronunciada sobre o
pão. Por fim, a informação que prevalece é que Jesus é quem alimenta a
todos, que ordena que aconteça o que humanamente é impossível.
Por fim, vv. 20, 21, todos foram saciados, ou seja, a compaixão de
Jesus traz satisfação completa às pessoas. A abundância material do mi-
lagre destaca-se nos doze cestos que sobraram e no número de pessoas
alimentadas.
CONSIDERAÇÕES TEOLÓGICAS/CONTEXTUALIZAÇÃO
41
IGREJA LUTERANA
PROPOSTA DE TEMAS/ABORDAGENS
SOB ORDENS
1. Ordens humanas, dos discípulos, destacam a fragilidade, limi-
tação e impossibilidades do ser humano. Diferem da autoridade
divina (Is 55)
1.1 Despedem/separam (v.15).
1.2 Incentivam o individualismo (v. 15 “comprem para si”
avgora,swsin e`autoi/j)
1.3 Pretensiosas (v.15 – os discípulos ordenam Jesus agir -
avpo,luson) – possibilidade de pensar sobre Teologia Positiva,
etc., apontando para a morte de João Batista, ou para o quase
afogamento de Pedro.
O OLHAR DE JESUS
1. A multidão vista em mim
a. Que corro desesperado atrás de solução, de alívio (v.13b).
b. Que só enxergo poucos metros à frente, o deserto, a falta de
alimento, a escuridão que se aproxima (v.15).
42
OITAVO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
2. Eu visto na multidão
a. Sou objeto do olhar de Deus em Jesus (v.14)
a.1 Olhar compassivo, movido por amor.
a.2 Porque sou necessitado (Mc 6.34).
b. Tenho meu olhar modificado pela ação de Jesus
b.1 Sou saciado
- Bênçãos materiais (pão)
- Bênçãos espirituais (presença de Jesus, sentado com ele
na grama)
BIBLIOGRAFIA
43
NONO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
10 de agosto de 2014
Salmo 18.1-6 (7-16); Jó 34.4-18; Romanos 10.5-17;
Mateus 14.22-33
CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS
O pior mora dentro de nós mesmos. Bem que Jesus nos advertiu di-
zendo que é do coração que saem as sujeiras. Paulo exclama essa nossa
triste realidade: “Eu não entendo o que faço, pois não faço o que gostaria
de fazer. Pelo contrário, faço justamente aquilo que odeio. Pois eu sei que
aquilo que é bom não vive em mim, isto é, na minha natureza humana.
Porque, mesmo tendo dentro de mim a vontade de fazer o bem, eu não
consigo fazê-lo. Como sou infeliz! Quem me livrará deste corpo que me
leva para a morte?” (Romanos 7.15,18,24).
Parece que devíamos ter mais medo de nós mesmos. Teologicamente
falando, o pior inimigo não mora ao lado, mas dentro de nós. E somos
nós mesmos.
Além de lembrarmos o versículo 25 do revelador capítulo 7 de Romanos,
devemos sempre lembrar e relembrar o fato de que nós somos discípulos,
e isso significa aprendizes, estudantes da vida cristã.
Aprendizagem normalmente acontece por meio de um processo lento
e gradativo, composto de frustrações e vitórias. Pensemos no grupo de
Jesus com seus discípulos. Jesus os escolheu um a um, pessoalmente. E
pessoalmente Jesus os treinou, ensinou.
Eu nunca vi um milagre acontecer da forma que os discípulos viram
poucas horas antes desse episódio nas águas da Galileia. Já soube de
milagres e até já “vi”, mas nunca vi cinco pães e dois peixes serem
milagrosamente multiplicados a ponto de serem comida suficiente para
alimentar uma multidão de, sei lá, dez mil pessoas. Mas os discípulos
viram isso acontecer. Aliás, que ricas oportunidades tiveram esses doze
homens! E tudo fazia parte do plano de Jesus para fazê-los crer que Ele
era o Messias enviado por Deus. A religião de Jesus é a fé.
Jesus está orando por seus discípulos. Ele vê nossos perigos antes
mesmo que nós os experimentemos. Estranhamente o texto começa di-
zendo que Jesus “ordenou que os discípulos subissem no barco e fossem
na frente para o lado oeste do lago, enquanto Ele mandava o povo embo-
NONO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
ra.” Parece que Jesus mandou seus discípulos embora dali para que estes
não se unissem ao povo que desejava fazê-lo um mero “rei do pão”. O
relato de João nos ajuda neste sentido (Jo 6.15). No Pai Nosso Jesus ora
pedindo “afasta-os da tentação”. Aqui Jesus o faz com a estranha ordem
aos discípulos. Estranha mas amorosa. Protetora. Hoje Jesus está lá no
alto, à direita do Pai, de onde ora por nós, seus discípulos, seus alunos
(Rm 8.34, Hb 7.25).
Jesus é sempre o Salvador. Apesar (como eu gosto dessa palavra!)
do medo e do pavor dos seus discípulos, Jesus os amou. Ele os socorreu
de seus medos. Ele os socorreu de suas dúvidas da fé. Depois de terem
visto o que viram no final da tarde, como podiam agora exclamar: “É um
fantasma!?” “Fantasma? Como assim?” diria qualquer um de nós. Mas
Jesus amava seus alunos. Eram suas ovelhas e Ele não permitiria que
nenhuma delas fosse arrancada de seus braços (Jo 10.28). Apesar de
terem vivido aquela tarde fantástica e miraculosa, os discípulos, movidos
pelo medo e pela dúvida, experimentaram uma madrugada aterradora.
Ainda bem que, assim como o versículo 25 de Romanos 7, Jesus levou a
seus ouvidos e corações uma palavra de alívio.
Apesar do grito carregado de medo e de dúvida, Jesus se aproxima
para socorrer. Também nós precisamos que Jesus se aproxime. Também
nós precisamos daquela exclamação contida em Romanos 7.25 e daquela
certeza expressa por João. 1 João 2.1,2: “Temos um Advogado, temos
Alguém que nos defende de nós mesmos!”. Jesus está a caminho quando
tudo parece perdido para nós. Jesus havia terminado suas orações e o
evangelista Mateus nos diz que “na quarta vigília da noite”, na hora mais
escura da madrugada, entre as 3 e 6 horas da madrugada, Jesus foi até
onde seus discípulos estavam, andando em cima da água. As ondas eram
altas e batiam com força contra o barco, mas isso não impediu Jesus de
andar calmamente sobre elas.
Jesus sabia da necessidade que os discípulos tinham da sua presença
e por isso Ele foi até onde eles estavam, andando em cima da água. A
tempestade e as más condições de navegação fecharam os olhos dos
discípulos, de modo que eles não reconheceram a Jesus; e, pior que isto,
acharam que Jesus fosse um fantasma. O evangelista Mateus, que esta-
va junto no barco, nos diz que “os discípulos gritaram de medo!”. Doze
homens, na sua maioria pescadores acostumados com a vida no mar da
Galileia, gritaram de medo! Imaginaram que aquela aparição ali, na hora
mais escura da noite, só poderia piorar ainda mais as coisas.
A aproximação de Jesus torna-se real na Sua Palavra. Somente uma
coisa neste mundo inteiro pode nos dar segurança e aquietar nosso cora-
ção. E esta única coisa é a Palavra de Jesus. Essa mesma Palavra que os
discípulos puderam ouvir, no meio do mar da Galileia, na hora mais escura
45
IGREJA LUTERANA
Jesus não nos enviou para dentro do mar da Galileia, mas Ele nos
enviou para dentro do mundo.
Quando Ele nos envia, já vai o problema junto, pois levamos junto o
pecado, levamos a nós mesmos.
No mundo também nos enchemos de medo, de pavor e passamos por
diversos sustos.
Há muito sofrimento e muita dor no mundo. O mundo precisa da Pa-
lavra e da mão de Jesus.
A Palavra e a mão de Jesus estão disponíveis para todos, assustados
ou não.
Nestor Duemes
Cuiabá/MT
nestorduemes@hotmail.com
46
DÉCIMO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
17 de agosto de 2014
Salmo 67; Isaías 56.1, 6-8; Romanos 11.1-2a; 13-15; 28-32;
Mateus 15.21-28
48
DÉCIMO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
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IGREJA LUTERANA
50
DÉCIMO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
51
DÉCIMO PRIMEIRO DOMINGO
APÓS PENTECOSTES
24 de agosto de 2014
Salmos 138; Isaías 51.1-6; Romanos 11.33-12.8; Mateus 16.13-20
SALMOS 138
O salmista rende graças ao Senhor e conclama todo o povo de Deus a
cantar louvores a ele por causa da sua “misericórdia” e “verdade”. Quem
confia no Senhor tem certeza de que em dias difíceis Deus o acudirá, dará
forças para vencer e o colocará em segurança. As promessas de Deus são
fiéis, o seu amor dura para sempre.
ISAÍAS 51.1-6
Sião encontra-se no exílio. Deus, que nunca os abandonou, os alegra
com esperança futura. O povo será libertado e retornará para sua terra.
Concomitantemente, uma outra certeza futura é anunciada. “Olhai para
a Rocha”. Sobre a “Rocha”, o povo do Antigo Testamento estava firmado
em esperança futura. Sobre a “Rocha”, a Igreja do Novo Testamento está
firmada. Há esperança, certeza e alegria “já” e no “futuro” eterno.
ROMANOS 11.33-12.8
A sabedoria, o conhecimento, os juízos e caminhos de Deus estão acima
da compreensão humana. “Porque dele, e por meio dele, e para ele são
todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém” (Rm 11.36). Na
nova vida em Cristo, cada cristão se apresenta a Deus de corpo e alma
rendendo culto ao Senhor. A humildade, o espírito de unidade e dons à
disposição do Senhor demonstram a fé ativa dessa nova vida a servir ao
Senhor em alegria e amor.
MATEUS 16.13-20
Vv. 13,14: O presente texto faz parte dos acontecimentos do terceiro
ano do ministério de Jesus. A região é Traconites, a nordeste do Mar da
Galileia, fazendo parte dessa região Cesareia de Filipe, Betsaida e outras.
Era governada por Herodes Filipe, 4 a.C. a 34 a.D. Ele havia reconstruído
Cesareia. Daí a referência ao seu nome. Havia uma outra Cesareia às
margens do Mar Mediterrâneo.
Chama-nos a atenção que Cesareia de Filipe era uma região de beleza
exuberante, fértil, mas de um paganismo acentuado. Fica evidente neste texto
o “amor” de Jesus, o Messias prometido que vai ao encontro dos gentios. Fora
do reduto de Israel, o Salvador Jesus quer ser conhecido por todos em seu
DÉCIMO PRIMEIRO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
amor (1 Tm 2.4): “Cristo para todos”. Ali, em terra estrangeira, Jesus faz aos
seus discípulos a pergunta: “Quem diz o povo ser o Filho do homem?”
Com base no livro Cristologia do Novo Testamento1, temos a
informação da autodesignação preferida pelo próprio Jesus, de “Filho
do homem”. Seu significado possivelmente deve-se ao uso da mesma
expressão no Antigo Testamento em Daniel 7.13,14.
O livro A formação do Novo Testamento2 diz que o evangelho de
Mateus abre o Novo Testamento. É o evangelho que mais se alinha com o
Antigo Testamento. Mateus lança uma ponte entre a expectativa do reino
messiânico, cuja vinda é proclamada nos livros proféticos do Antigo Tes-
tamento, e o advento de Jesus Cristo que o Novo Testamento apresenta
como resposta a esta espera.
O livro Cristologia do Novo Testamento continua a nos falar da
expressão “Filho do homem” como um título de sua pessoa; Jesus iden-
tifica-se como o verdadeiro povo de Deus – o homem representativo. É
significativo ainda lembrar que é sempre o próprio Jesus, e ninguém mais,
que o designa assim. Dois contextos do uso da autodesignação de Jesus
são particularmente importantes para a compreensão de sua relevância
cristológica. O primeiro deles é o uso da expressão na manifestação de
seu ministério terreno, ministério com autoridade, que declara de forma
especial o “perdão dos pecados” (Mc 2.10). O ápice do uso do título “Filho
do homem” está primeiro nos anúncios de Jesus a respeito dos aconteci-
mentos finais do seu ministério terreno, com sua paixão, morte e ressur-
reição (Mt 20.28; Mc 8.31); depois, no anúncio da sua obra escatológica
no fim dos tempos (Mt 24.37; Mc 8.38;14.62).
A resposta dos discípulos sobre o que o povo dizia: João Batista, Elias,
Jeremias ou algum outro profeta, denota até alguma lembrança do Antigo
Testamento, mas total desconhecimento do povo sobre a presença do
Reino de Deus entre eles na pessoa de Jesus e a missão precursora de
João Batista. Os olhos e ouvidos desse povo estavam fechados para os
acontecimentos ali bem perto deles, nas imediações do Mar da Galileia,
conforme o contexto anterior em Mateus 15.29-32.
Vv. 15,16: Jesus, após receber a resposta em amplitude externa, agora
incisivamente foca os seus discípulos e quer saber deles: “Mas vós, quem
dizeis que eu sou?” Pedro, em sua impulsividade que nos é conhecida,
testemunha dizendo de si e em nome dos discípulos: “Tu és o Cristo, o
Filho do Deus vivo”.
Cristologia do Novo Testamento3 diz: “Cristo” é um termo que vem
do grego e que, por sua vez, traduz o hebraico “Messias”. Pode ser traduzido
1
Gerson L.Linden, V. S. (2010). Cristologia do Novo Testamento. Canoas: Editora da
ULBRA, p. 49,50.
2
Cullman, O. (s.d.). A formação do Novo Testamento. São Leopoldo: Sinodal e EST.
3
Gerson L.Linden, V. S. (2010). Cristologia do Novo Testamento. Canoas: Editora da
ULBRA, p. 47
53
IGREJA LUTERANA
por “aquele que foi ungido”, sobre o qual foi derramado óleo significando
a sua escolha para uma missão dada por Deus. Trata-se de um título, e
não de um nome próprio. Como inicialmente o título era aplicado aos reis
de Israel, entendemos a confusão que o povo fazia em relação a Jesus, e
por que alguns o ligavam apenas a uma esperança terrena, um rei.
Pedro reconhece Jesus como o Filho único prometido por Deus desde
Gênesis 3.15, anunciado pelos profetas do Antigo Testamento como es-
perança futura e realidade presente (Jo 3.16), para a salvação de toda a
humanidade pecadora, no tempo apropriado de Deus (Gl 4.4,5). O fato
de Pedro acrescentar ao seu testemunho a palavra “vivo” é significativo.
Faz-nos lembrar de que Pedro, mais adiante, é testemunha na transfigu-
ração (Mt 17.1-8) e do túmulo vazio (Jo 20.3-7). O Cristo vivo que subiu
ao céu, governa sua Igreja, intercede por ela e a sustenta pelo seu poder
e amor “voltará” (At 1.11).
V. 17: Jesus afirmou a Pedro: “Bem-aventurado és [...]” (feliz). O livro
A vida cristã diz:
4
Warth, M. C. (2004). A vida cristã. Canoas: Coedição: Editora Concórdia e Editora da ULBRA.
54
DÉCIMO PRIMEIRO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
BIBLIOGRAFIA
5
Lutero, M. (1987). Obras Selecionadas - Volume 1. São Leopoldo: Coedição Sinodal e
Concórdia, p. 411
55
DÉCIMO SEGUNDO DOMINGO
APÓS PENTECOSTES
31 de agosto de 2014
Salmo 26; Jeremias 15.15-21; Romanos 12.9-21; Mateus 16.21-28
CONTEXTO
TEXTO
V. 21: Jesus desde o início “abriu o jogo” aos seus discípulos. Ele não
falou por “entre flores” como se fala na linguagem popular; nada escon-
deu de ninguém. As revelações de Deus, que compõem a Bíblia, não são
obscuras. Claro, disso Lutero muitas vezes falou, mesmo Deus falando
claramente nas Escrituras Sagradas, a tal ponto que uma criança o pode
aceitar e nele crer, ele é, em sua essência, em muitos aspectos, um Deus
absconditus (Deus escondido), de tal maneira que nem todas as cabeças
pensantes deste mundo o conseguem abarcar, esquadrinhar.
Deste modo, Jesus foi claro a respeito de sua caminhada futura em
relação aos apóstolos. Eles sonhavam com um reino terreno que tem
como rei as forças do braço carnal, enquanto Jesus lhes “colocava as
cartas” sobre a mesa, para que eles não viessem a se decepcionar com
os acontecimentos que em breve viriam a se suceder.
Pedro se fez de amigo de Jesus, mas joga pelo time adversário. Es-
tava sendo usado pelo “pai de todas as mentiras” (Jo 8.44). Pedro ainda
não compreendia o plano de Deus. Ele viria e entender esta “tragédia”
somente após o Espírito Santo revelar que “era necessário que o Filho do
homem sofresse [...] para entrar em sua glória”. No dia de Pentecostes
a ficha caiu.
57
IGREJA LUTERANA
V. 27: Jesus completa a sua profecia a respeito daquilo que com ele
aconteceria. Não deixa os seus discípulos num beco sem saída. Jesus re-
vela a obra por inteiro. Pedro não precisa perder o fio da esperança. Jesus
não irá morrer e ponto final. Sua morte será apenas a estratégia de Deus
para pagamento dos pecados, mas não só isto. Ele vencerá, por meio da
ressurreição, os poderes do maligno e será o Senhor dos senhores, e o
diabo e seus anjos diante dele se ajoelharão. Era isto que Satanás estava
tentando de todas as maneiras evitar que acontecesse. Pedro precisa
olhar além da cruz e da sepultura. Os valores reais e duradouros, Pedro
não conseguia perceber, porque estava aferrado ao daqui de baixo, ao
reino corrompido por Satanás. O que antes tinha sido escândalo, mais
tarde Pedro compreendeu que foi o plano misericordioso de Deus para a
redenção da humanidade.
A cruz de Cristo não seria derrota, como Pedro imaginava em sua
fantasia materialista. Ela produziria frutos, a “recompensa” eterna, não
o reino político e passageiro, o grande sonho da maioria dos judeus.
58
DÉCIMO SEGUNDO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
Como foi difícil Pedro assimilar isso. Como é difícil em todos os tempos as
pessoas, mesmo em contato intensivo e contínuo com a Palavra, muitas
vezes assimilarem o plano de Deus. Só o Espírito Santo “amolece” a du-
reza dos corações. Pedro deve ter ficado envergonhado com a repreensão
do Senhor. O pecado, quando não nos faz sentirmos vergonha diante da
santidade de Deus, não será jamais corrigido. Em Pedro, gradativamente,
houve este redirecionamento – da cruz para a vitória. Precisamos olhar
para a mensagem da cruz como poder de Deus para a derrota do diabo e
para a vitória dos que creem.
PROPOSTA HOMILÉTICA
59
DÉCIMO TERCEIRO DOMINGO
APÓS PENTECOSTES
7 de setembro de 2014
Salmo 32.1-7; Ezequiel 33.7-9; Romanos 13.1-10; Mateus 18.1-20
LEITURAS
O TEXTO
natural em todos os seres humanos, deve ser tratado com todos, tanto
os recém-convertidos como os chamados “de berço”. A lei não exclui este
ou aquele, mas terá um rigor maior sobre aquele que a conhece há mais
tempo. Isto não permite que os “de berço” sejam privilegiados em detri-
mento dos neófitos e nem os neófitos em detrimento dos “de berço”: ambos
estão sob a misericórdia de Deus e são incapazes de cumprir o rigor que
a lei exige. A misericórdia de Deus vai ao encontro de cem por cento, de
todos, é por isso que busca a única perdida para que todas estejam sob
seu cuidado e proteção, não apenas noventa e nove, que permanecem
firmes e convictas. Assim a alegria será plena, completa, quando acontecer
o resgate da que se perdera. Deus quer todos os seus, toda a sua igreja
vivendo sob seu amor e misericórdia e para proteger a sua igreja orienta-a
a cuidar dos seus membros sempre com intuito de ganhar o irmão peca-
dor através do processo de arrependimento, confissão e perdão. O que
a Igreja Cristã tem chamado de processo de disciplina eclesiástica e tem
sido visto como um processo difícil, penoso e por vezes constrangedor é,
na verdade, uma proteção que Deus deu à sua Igreja, como organização,
e para seus membros individualmente. Por um lado a Igreja está agindo
com misericórdia ao dar a oportunidade do arrependimento, confissão
e absolvição ao pecador penitente, e por outro lado proteger o rebanho
do pecador impenitente, excluindo-o do seu meio. Mesmo excluído da
comunhão da Igreja, ainda resta para o pecador a misericórdia até ali
negligenciada e rejeitada. A igreja recebe o “ofício das chaves” do próprio
Cristo para sua proteção e instrumento de misericórdia.
61
IGREJA LUTERANA
62
DÉCIMO TERCEIRO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
Vv. 15-20: Dialogando com o irmão culpado. Aqui Jesus orienta cla-
ramente como se deve tratar com o irmão culpado, aquele que pecou –
(amartanw – hamartano) – que erra o alvo, que está errado ou desvia-se
do caminho da retidão e honra e anda no erro, desviando-se da lei de
Deus e violando-a. O objetivo é ganhar – (kerdainw – kerdaino) – ganhar
alguém conquistando-o para o Reino de Deus é ganhar alguém para a fé
em Cristo. O foco é ganhar o irmão trazendo-o de volta à comunhão com
Cristo mediante arrependimento e perdão. O diálogo para a reconquista
é progressivo, primeiro particularmente, depois com testemunhas e por
fim diante da igreja – (ekklhsia – ekklesia) – reunião de cidadãos cha-
mados para fora de seus lares para algum lugar público uma assembleia
de cristãos reunidos para adorar em um encontro religioso. Igreja é um
grupo de cristãos, ou daqueles que, na esperança da salvação eterna
em Jesus Cristo, observam seus próprios ritos religiosos, mantêm seus
próprios encontros espirituais e administram seus próprios assuntos, de
acordo com os regulamentos prescritos para o corpo por amor. E então, se
ainda assim não ouvir a exortação e advertência, deverá ser considerado
como gentio e publicano. Em outras palavras, seja excluído da comunhão
da igreja. Nessa tratativa se estabelece o “ofício das chaves”, um poder
dado por Deus à sua Igreja para que a Igreja chame o pecador ao arre-
pendimento para lhe proclamar, então, o perdão. A Igreja se reúne em
nome de Cristo, e é em nome de Cristo que pratica a exortação e é em
nome de Cristo que proclama o perdão ao pecador arrependido ou retém
o perdão ao pecador impenitente.
CONSIDERAÇÕES
63
IGREJA LUTERANA
PROPOSTA HOMILÉTICA
64
DÉCIMO TERCEIRO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
65
DÉCIMO QUARTO DOMINGO
APÓS PENTECOSTES
14 de setembro de 2014
Mateus 18.21-35
O TEMA
ACERTAR CONTAS
A ideia que o texto transmite é que este ajuste é uma rotina na vida
do patrão e do empregado também. Vê-se também que o acerto é neces-
sário, mas não representa uma carga, uma pressão, um peso para ambos.
O ajuste ocorria na maior calmaria e diálogo. O empregado também não
nega a sua conta; os cálculos estavam certos. O que temos de comum
aqui é uma realidade do povo brasileiro em geral: gastar mais do que se
ganha. Então vem a rolagem da dívida e no fim o que se tem não alcança
para cobrir o rombo.
A REAÇÃO DO SERVO
A REAÇÃO DO PATRÃO
O CONSERVO
67
IGREJA LUTERANA
irmão que lhe deve uma soma irrisória na relação com a dívida dele. Não
houve diálogo, senão um forte e nervoso: “Paga-me o que me deves”!
Aqui revela-se a fraca natureza humana e corrompida pelo pecado. Nós
somos esquecidos e vingativos. Esquecemos do grande amor de Deus e
queremos ainda engordar nossa conta com os centavos que o outro nos
deve. E o conservo cantou o mesmo verso: tem misericórdia de mim e
tudo te pagarei. Vale a pena conferir 1 Jo 4.19-21.
O PAI CELESTIAL
APLICAÇÃO
Parece-me que perdoar não é mais uma palavra tão presente no nosso
linguajar diário. Isso significa que o pecado perdeu o peso e sua gravidade.
Porém, ofender alguém é pecado, sim, e causa enormes feridas no coração
do outro. Precisamos sempre de novo ouvir e ter diante dos olhos o resgate
da cruz. Há uma conta paga em definitivo. Há um saldo a nosso favor. Isso
precisa pesar na hora de eu voltar para casa e enxergar o meu irmão, inimigo,
devedor e fazer o acerto. Muitas vezes e muitos irmãos dormem mal porque
não souberam, não quiseram e não levaram em conta o amor de Deus nesta
questão. Se cremos na “comunhão dos santos”, então precisamos de fato e
de verdade soltar nosso irmão, não importa a gravidade do erro.
ESBOÇO
Ilmo Riewe
Arapoti/PR
riewe@ibest.com.br
68
DÉCIMO QUINTO DOMINGO
APÓS PENTECOSTES
21 de setembro de 2014
Salmo 27.1-9; Isaías 55.6-9; Filipenses 1.12-14,19-30;
Mateus 20.1-16
O mundo está sem graça. Aliás, o mundo é sem graça. Sem a graça.
Aqui tudo gira em torno da meritocracia: fez, recebeu; fez mais, rece-
beu mais. Não há espaço para graça, misericórdia... No cálculo humano,
a palavra de ordem é “merecimento”. E quando alguém trabalha menos
e recebe mais, não é só a injustiça da situação que salta aos olhos – em
anexo vem a inveja.
É por isso que a parábola de Mateus 20.1-16 soa impactante. Com
os olhos da razão ela realmente soa injusta. Nossos cálculos não batem
com o cálculo do dono da plantação. Não é justo alguns trabalharem o dia
inteiro, de sol a sol, e no ajuste de contas ganhar exatamente o mesmo
que os trabalhadores de uma única hora. Muito menos dá para concordar
com a conclusão de Jesus de que “aqueles que são os primeiros serão os
últimos, e os últimos serão os primeiros”. Como seria um Campeonato
Brasileiro sob esta ótica?
Mas temos que entender que Jesus está falando do “Reino do Céu”,
expressão que Mateus emprega 32 vezes e que nada mais é do que o
próprio reino de Deus – uma maneira tipicamente judaica de evitar o uso
do nome divino. E o reino de Deus é exatamente a forma como esse Deus
age, em contraste com os pensamentos humanos.
Vale lembrar ainda em que situação a parábola é contada, ou o conflito
que a originou. O capítulo 19 relata o episódio entre Jesus e o jovem rico,
que pensava ter obedecido a tudo o que lei requeria, mas retirou-se da
presença de Jesus quando o assunto mexeu com o bolso. Entre camelos
passando pelo fundo de agulhas e salvação impossível aos homens e pos-
sível para Deus, Pedro sai com essa: “Veja! Nós deixamos tudo e seguimos
o senhor. O que é que nós vamos ganhar?” (19.27).
“O que é que eu ganho com isso” é a lógica tipicamente humana. A
minha lógica. A tua lógica.
Sim, há um ganho. Mas o que Jesus diz é: ele não deve ser a razão
do nosso esforço. E mais: o ganho é sempre uma dádiva. O que acontece
antes mesmo do nosso esforço é graça. Graça pura.
Por isso, diz Jesus, “o Reino do Céu é como o dono de uma plantação
de uvas que saiu de manhã bem cedo para contratar trabalhadores para a
sua plantação” (v. 1). Dá para perceber que a iniciativa do reino é sempre
IGREJA LUTERANA
70
DÉCIMO QUINTO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
CONTEXTO LITÚRGICO
71
IGREJA LUTERANA
à toa que os pensamentos de Deus são tão diferentes, e que Ele age tão
diferente dos homens (vv. 8-9). O ser humano continua ignorando que,
diante de Deus, é como um mendigo à porta do restaurante. Se não lhe
for dada a chance de entrar por misericórdia, morrerá de fome. Assim,
enquanto muitos querem pagar, o convite do Senhor é diferente. É de
graça. E não é propaganda enganosa. Mesmo o tão conhecido “Buscai o
SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto” (v. 6)
não deveria ser visto apenas do ângulo dos verbos no imperativo, mas
da razão pela qual a ordem pode e deve ser levada a sério: Deus pode
ser achado (revelou-se) e está perto (não distante). Da mesma forma
o perverso e o iníquo podem arrepender-se porque Deus é compassivo,
“rico em perdoar” (v. 7). É sempre bom lembrar que o arrependimento
tem início no coração de Deus, na sua compaixão e graça perdoadora. Se
Deus pensasse e agisse como os homens, o que seria de nós?
SUGESTÃO HOMILÉTICA
72
DÉCIMO QUINTO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
Desenvolvimento:
a) Cálculos de Deus diferentes dos cálculos humanos (Is 55.8-9)
- E se Deus usasse nossos critérios?
- Uma rápida olhada nos Dez Mandamentos nos deixaria em pânico.
- Ficaríamos devendo.
b) Ainda bem que os cálculos de Deus são diferentes.
- Sua justiça é aquilo que chamaríamos de injusto.
- Mas sua justiça nos salva em Cristo – Ele pagou o que devíamos.
- O “cálculo de Deus” é nada mais nada menos que a sua graça.
c) Vale a pena então fazer corpo mole e adiar a aceitação do convite?
- “De que adianta se esmerar se vêm outros atrás de nós que vão
receber o mesmo tanto?” Não é assim que Deus pensa.
- Ou você acha que estar desempregado é sinônimo de felicidade?
- Fazer parte desta “equipe de operários” é, também, pura graça!
73
IGREJA LUTERANA
Conclusão: certo homem chegou aos portões do céu, onde foi rece-
bido por um anjo que lhe solicitou um pequeno histórico. O anjo pediu
que ele destacasse no seu currículo as coisas que ele achava importantes
para poder entrar no reino do céu. “Você precisará de 1000 pontos para
ser admitido” – observou o anjo.
“Isso deve ser apenas uma formalidade” – pensou consigo o homem
– “eu estive envolvido na igreja desde criança.” Então começou a listar as
suas atividades para o anjo. Ele tinha sido líder já na Escola Dominical,
passando pelos jovens, e atuara em todos os níveis. Estava na Diretoria
da Igreja e integrou praticamente todas as comissões. A lista dele era
extensa. “Bem impressionante” – disse, sorrindo, o anjo. Um outro anjo,
que observava e anotava tudo, também sorriu acenando com a cabeça
e depois sussurrou a soma de pontos nos ouvidos do primeiro anjo, que
então disse ao homem: “Bem, você está muito acima da média. Nós
raramente recebemos pessoas que conseguem somar tantos pontos por
suas obras. Você vai gostar de saber que já somou 327 pontos! Lembra
de mais algumas coisas que podemos somar?”
O pobre homem começa a suar frio e se esforça ao máximo para lembrar
mais alguma obra de bondade. À medida que ia citando mais algumas,
o anjo assistente escrevia-as rapidamente na sua lousa e acenava com
a cabeça em admiração. O anjo principal então olhou novamente para a
lousa e disse: “Isto é excepcional! Você tem um total de 402 pontos agora.
Você consegue lembrar de mais alguma outra coisa?”
O sujeito, aflito, se esforça para recordar outras boas ações. Lembra
anda que ajudou uma senhora idosa a atravessar a rua. Com isso, chega,
finalmente, a um total de 431 pontos e começa a gritar: “Eu estou perdido!
Não há nenhuma esperança para mim! O que mais eu poderia ter feito? Ó
Deus, tudo que eu posso fazer é implorar por sua misericórdia e graça!”
“ISTO” – exclama o anjo – “vale mil pontos!”
Júlio Jandt
Itararé/SP
jullynho@yahoo.com.br
74
DÉCIMO SEXTO DOMINGO
APÓS PENTECOSTES
28 de setembro de 2014
Salmo 25.1-10; Ezequiel 18.1-4, 25-32; Filipenses 2.1-4 (5-13) 14-18;
Mateus 21.23-27 (28-32)
CONTEXTO
DESTAQUES DO TEXTO
ESBOÇO HOMILÉTICO
2. Autoridade de Jesus
2.1 Uma proposta de inclusão
2.2 Incluir prostitutas, publicanos, cegos, leprosos e demais do-
entes espirituais
2.3 Autoridade confirmada pelo perdão dos pecados
2.4 Perdão dos pecados: proposta de Deus
2.5 Proposta do Deus da lei e da graça
76
DÉCIMO SEXTO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
Rafael Wilske
Toledo/PR
rafaelrelacionamentos@gmail.com
77
DÉCIMO SÉTIMO DOMINGO
APÓS PENTECOSTES
5 de outubro de 2014
Salmo 80.7-19; Isaías 5.1-7; Filipenses 3.4b-14; Mateus 21.33-46
TEXTO E CONTEXTO
Jesus usa a figura da videira, muito conhecida pelo povo, e isto certamente
captou a atenção de todos. O Salmo 80 e o texto de Isaías 5 são exemplos
do uso da figura por Deus no Antigo Testamento. Algumas observações:
V. 33: O agricultor é Deus e a parreira é seu povo (cf. Sl 80.8 e Is
5.7). A cerca, colocada para proteção, pode ser uma figura da Lei, que
protegia Israel dos gentios, guardando as mentes dos israelitas contra a
maneira pagã de viver.
Tudo foi muito bem preparado e o ir viajar e deixar a videira nas mãos
dos lavradores mostra a confiança que Deus teve nos líderes de Israel,
deixando seu povo aos seus cuidados. Deus tirou o povo do Egito, levou-o
a Canaã e deu-lhe a terra prometida, deu-lhe a Lei, os sacerdotes e pro-
fetas e deixou seu povo aos cuidados dos líderes espirituais.
V. 34: O ponto central não é, como em Isaías 5, a produtividade da
vinha, mas sim a atitude dos lavradores com relação aos que foram en-
viados pelo dono para receber sua parte na colheita.
Os frutos esperados por Deus de sua vinha, Israel, eram o arrependimento,
a fé e a obediência por parte de seu povo por quem tudo Ele fez. Deus não
abençoou seu povo apenas com a Lei, mas com sua graça plena. Por isso o
principal fruto esperado era a fé e a confiança unicamente no Senhor.
Os servos enviados por Deus foram seus profetas, inclusive João
Batista.
Vv. 35,36: Jesus usa algo impensável na vida real para ilustrar a pa-
ciência e amor de Deus para com seu povo: nenhum dono de vinhas faria
o que fez este da parábola – enviar mais servos diante de uma reação
tão violenta contra os primeiros. A paciência de Deus com Israel é algo
sem paralelo na história humana e por isso Jesus exagera nas “cores” da
história para mostrar tal amor tão grande.
V. 37: Aqui a parábola torna-se profética, pois o filho do dono é o
próprio Jesus. Como os profetas, ele é enviado, não por ser profeta, mas
sendo realmente o próprio Filho de Deus. O amor de Deus vai ao extremo
de enviar seu próprio Filho, na esperança de que o respeitem.
Vv. 38,39: Diante do povo que o ouvia no templo, Jesus mostra cla-
ramente aos líderes judeus que sabia o que eles iriam fazer com ele. Eles
temiam que Jesus os fizesse perder sua posição e privilégios e, mesmo
sem crer que ele fosse o Filho de Deus, o matariam, para manter para si
a “herança”.
Vv. 40,41: Os próprios ouvintes deram a sentença dos lavradores maus.
O próprio dono da vinha, Deus, julgaria os assassinos e daria a vinha a
outros – isto começou no Pentecostes, quando o Reino de Deus passou a
ser dado a outros, que vão produzir os frutos do Reino.
79
IGREJA LUTERANA
SUGESTÃO HOMILÉTICA
80
DÉCIMO SÉTIMO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
OBRA CONSULTADA
Leandro D. Hübner,
Seminário Concórdia, Buenos Aires/Argentina
ledahu@gmail.com
81
DÉCIMO OITAVO DOMINGO
APÓS PENTECOSTES
12 de outubro de 2014
Salmo 23; Isaías 25.6-9; Filipenses 4.4-13; Mateus 22.1-14
Salmo 23
Salmo escrito por Davi e seu tema ligado ao pastor foi tirado de sua
experiência como pastor de ovelhas quando adolescente e jovem, mas
sua mensagem transcende em muito a qualquer coisa que Davi ou outra
pessoa pudesse fazer, falando com grande poder e bênção a todas as pes-
soas de qualquer época ou lugar. O pastor do Salmo não é outro senão o
Senhor Jesus Cristo. Ele mesmo falou de si como o pastor (Jo 10.14; Mt
25.32; 26.31). Chamou a si mesmo de o bom pastor, que dá a vida por
suas ovelhas (Jo 10.11).
V. 1: Todas as necessidades são supridas pelo pastor Jesus.
V. 2: O pastor oferece repouso e paz aos que nele confiam.
V. 3: O pastor renova a pessoa espiritualmente e lhe oferece direção.
V. 4: A companhia do pastor na vida da pessoa oferece coragem nas
tribulações e consolo.
V. 5: O pastor oferece proteção diante dos inimigos humanos e espi-
rituais (Sl 34.7; 2 Tm 4.18) bem como provisão além do necessário para
a glória de Deus e para a derrota dos inimigos.
DÉCIMO OITAVO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
Isaías 25.6-9
V. 6: Esse texto tem a promessa de Deus de um banquete para todos
os povos, ou seja, em Jesus Cristo a salvação seria oferecida a todos os
povos. “As melhores comidas e os melhores vinhos”: o texto hebraico fala
sobre comidas gordurosas e tutanos, bem como sobre vinhos velhos bem
filtrados. No tempo de Isaías essas eram consideradas as melhores comidas
e os melhores vinhos. No banquete da salvação Deus oferecerá as suas
melhores bênçãos como perdão, paz, sua companhia, vida eterna, etc.
V. 8: Fala da vida na eternidade conforme Ap 21.2-4, onde a morte
física, um inimigo do cristão, embora vencido por Cristo, será extinta para
sempre (1 Co 15.54-57).
V. 9: E no céu pessoas salvas de todos os povos darão honra e louvor
ao Filho/Pastor/Cordeiro Jesus Cristo (Ap 5.9-10).
Filipenses 4.4-13
Vv. 4-7: O banquete da salvação conseguido pelo Senhor Jesus Cristo
é o verdadeiro motivo da alegria de seus seguidores. A prática do amor
cristão para com todos faz mais sentido lembrando da salvação eterna
que se tem e de que a volta do Senhor será em breve. Por isso, o cristão
não precisa deixar a ansiedade tomar conta de sua vida, mas pode falar
com o Senhor em orações buscando a ajuda necessária. A união que Jesus
Cristo cria conosco traz a paz do Pai pela certeza de que temos perdão,
salvação e todo amparo necessário.
Vv. 8-13: Toda esta demonstração da misericórdia de Deus para
conosco nos dá condições para ocuparmos nossas mentes apenas com
pensamentos bons. Paulo agradece aos filipenses por terem enviado uma
doação para ajudá-lo em suas necessidades terrenas e confessa que tem
aprendido a conviver com qualquer situação e estar contente mesmo em
meio à precariedade. Porém, confessa que poderia enfrentar qualquer
situação com o misericordioso Deus que lhe dava forças.
Mateus 22.1-14
Em Lucas 14.1, é dito que num sábado Jesus estava “na casa de um
dos principais fariseus para comer pão” quando proferiu esta parábola.
Quando um israelita ia oferecer um banquete, era costume dias antes
enviar empregados para convidar as pessoas e no dia da festa enviá-los
novamente para dizer que poderiam chegar, pois a festa estava prepara-
da. Jesus aproveita este costume para fazer uma parábola, procurando
transmitir ensinamento sobre a salvação.
83
IGREJA LUTERANA
Vv. 2,3: “Um rei” é Deus; “as bodas” são a salvação eterna; “seu
filho” é Jesus; “os seus servos” eram os profetas no Antigo Testamento
que chamaram “os convidados” israelitas para receberam a salvação
oferecida pelo Messias prometido.
V. 4: Quando Jesus veio para as “bodas” da salvação eterna, Deus
“enviou ainda outros servos” como João Batista (“eis o Cordeiro de Deus,
que tira os pecados do mundo”) e os próprios discípulos de Jesus para
dizerem que tudo estava preparado.
Tudo o que era preciso ser feito para a salvação das pessoas, Deus
preparou. Deus Pai enviou o Messias salvador; este sofreu, morreu e
ressuscitou conquistando o perdão dos pecados, libertação do diabo e da
condenação eterna para todos; e providenciou os meios da graça (Palavra
e Batismo) para o Espírito operar a fé que se agarra à graça de Deus.
Vv. 5,6: Todos os convidados tiveram uma coisa em comum: a re-
cusa ao convite. No capítulo seguinte de Mateus (23.37), Jesus lamenta
pelos moradores/convidados de Jerusalém “que mata(ram) os profetas
e apedreja(ram) os que te forem enviados!”
V. 7: Aqui se entende como o castigo de Deus aplicado aos israelitas
que rejeitaram o convite da salvação sendo a destruição da cidade de
Jerusalém ocorrida no ano 70 pelos romanos. A destruição desta cidade
marcou historicamente o fim de Israel como povo de Deus.
Vv. 9,10: O objetivo salvador de Deus seria realizado entre os povos
gentios. Era costume entre os judeus, quando algum ricaço oferecia uma
festa, que se saísse a convidar todos os viajantes destituídos. Embora
Jesus “veio para o que era seu, e os seus (povo de Israel) não o recebe-
ram” (Jo 1.11), ele tem sido aceito por pessoas de muitos outros povos
“e a sala do banquete ficou repleta de convidados”.
Estes versículos mostram o caráter universal da proclamação do
evangelho que deverá espalhar-se pelo mundo inteiro e que influenciará
todos os tipos de povos, de sociedades e de classes sociais. O evangelho
deve ser pregado a todos, pois a salvação é universal – para todos!
Vv. 11-14: As pessoas ricas do oriente, ao oferecerem uma festa,
colocavam à disposição dos convidados vestes apropriadas, aliviando
assim os convidados de despesas indevidas da sua parte bem como
demonstrava a imensa bondade do anfitrião. Deus oferece o banquete
da salvação e, para participar do mesmo, igualmente oferece a vesti-
menta da santidade conseguida pelo Filho Jesus Cristo (Ap 3.4,5; 7.9).
Porém, um homem insistiu em querer participar da festa com roupas
inapropriadas, ou seja, com suas obras, e o rei mandou castigá-lo. So-
mente é possível participar do banquete da salvação com a vestimenta
da santidade de Jesus Cristo. Por isso, Jesus termina a parábola dizendo
que “muitos são chamados” para participarem da salvação eterna, “mas
84
DÉCIMO OITAVO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
SUGESTÃO HOMILÉTICA
Leonerio Faller
São Leopoldo/RS
leoneriofaller@yahoo.com.br
85
DÉCIMO NONO DOMINGO
APÓS PENTECOSTES
19 de outubro de 2014
Salmos 96.1-9 (10-13); Isaías 45.1-7; 1 Tessalonicenses 1.1-10;
Mateus 22.15-22
MATEUS 22.15-22
IGREJA E ESTADO
Alguns cristãos têm utilizado este texto para falar sobre separação
entre Igreja e Estado. Na moeda de um denário, que era o salário de um
dia, havia a efígie do imperador. Muitos estudiosos acreditam que estas
moedas não podiam ser utilizadas no templo, por conter uma imagem.
Assim, na entrada, havia mesas de troca. No entanto, durante a semana,
a moeda era utilizada normalmente. Parece indicar que, de alguma forma,
por mais que se faça alguma separação, nossa vida é uma e única. E é
por isto que precisamos do amor de Deus em Sua palavra, como fonte de
fortalecimento e orientação para uma vida sábia nos dois reinos
O ensino dos dois reinos em Lutero não deixa dúvidas a respeito da
distinção que precisa ser feita entre o Reino de Deus e o Reino civil. No
entanto, isto não pode servir de pretexto para que a Igreja se ausente do
espaço civil como presença influente e ativa na vida da pólis. Pois como
embaixada de Cristo na terra, a Igreja não apenas anuncia o amor de
Deus por todas as pessoas, mas também o vivencia na prática, ali onde
está inserida. Ela se coloca ao lado das pessoas como referência de amor,
cuidado e também orientação frente às dificuldades, decisões e compro-
missos do cotidiano.
ALGUMAS REFLEXÕES
87
IGREJA LUTERANA
SUGESTÃO DE TEMA
88
VIGÉSIMO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
26 de outubro de 2014
Salmo 1; Levítico 19.1-2, 15-18; 1 Tessalonicenses 2.1-13;
Mateus 22.34-46
Mas a resposta de Jesus não visava somente dar uma resposta aos
fariseus, porém mostrar a eles e ao povo que era loucura buscarem a
salvação na Lei. Se o cumprimento da Lei – como os fariseus pensavam e
muitos ainda hoje pensam – consistisse em cumprir este ou aquele man-
damento, praticar esta ou aquela virtude, fazer esta ou aquela boa obra,
evitar este ou aquele pecado, renunciar a este ou àquele prazer, então,
na verdade, seria possível alguém se salvar ao obedecer a Lei.
No entanto, não é assim que funciona. Amar a Deus com todo o coração,
alma e entendimento, e o próximo como a si mesmo é o resumo da Lei.
Onde faltar este amor, a pessoa pode fazer ou deixar de fazer o que quiser,
e mesmo assim não cumpre a Lei. Pelo contrário, em tudo o que ela faz,
mesmo as maiores virtudes e boas obras, estará transgredindo a Lei.
Sem falar sobre o amar a Deus de todo coração, toda alma e todo
entendimento. O coração significa a vontade, a alma significa os desejos,
e o entendimento significa o raciocínio. Somente quem ama a Deus de
todo o coração, que em tudo faz a vontade de Deus; de toda a alma, com
todos os desejos voltados para Deus; e de todo o entendimento, em que
todos os pensamentos estão de acordo com Deus, estará cumprindo a Lei.
Amar a Deus é toda e qualquer vontade, desejos e pensamentos estarem
de acordo com Deus, diz Jesus. Se não estiverem, a pessoa é hipócrita.
O que dizer, então, sobre o amar ao próximo como a si mesmo? Por
natureza, cada pessoa ama a si mesmo, basta examinar-se. A pessoa
não busca o seu prejuízo, mas sempre a sua vantagem. Somente aquele
que ama cada pessoa de maneira sincera, intensa e constante – como a
si mesmo – seja amigo ou inimigo, sofrer e até dar a vida pelo próximo
estará guardando a Lei.
Mas onde encontramos pessoas assim, que amam a Deus e ao seu pró-
ximo dessa forma? Vivemos em dias que paz e amor são muito lembrados
diante do preconceito e da discriminação. Mas, se compararmos este amor
com o amor que a Lei de Deus requer, veremos que aquilo que chamam
de “amor” é, acima de tudo, amor próprio, segundo seus interesses.
Afirmar que o verdadeiro amor a Deus e ao próximo é atingido pelos
cristãos é hipocrisia e engano! Por isso é loucura e tolice alguém tentar
salvar-se pela Lei. Graças a Deus que a salvação – que o ser humano
procura em vão na Lei – lhe é oferecida por Deus no Evangelho. Jesus
perguntou aos fariseus: “Que pensais vós do Cristo? De quem é filho?
Responderam-lhe eles: de Davi” (v. 42). Com esta pergunta, Jesus queria
mostrar aos fariseus que eles estão procurando a salvação em vão na Lei,
pois somente no Evangelho de Cristo há salvação.
Os fariseus tinham uma compreensão errada de Cristo. Eles pensa-
vam que o Messias seria uma pessoa que levantaria um reino terreno e
conduziria os judeus a um domínio mundial. Por isso Jesus perguntou
90
VIGÉSIMO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
91
DIA DA REFORMA
31 de outubro de 2014
Salmo 46; Apocalipse 14.6-7; Romanos 3.19-28; João 8.31-36
APOCALIPSE 14.6-7
ROMANOS 3.19-28
93
IGREJA LUTERANA
Ele nos dá algo que não podemos conquistar por nossos esforços. Por
isso, também não há nenhum merecimento nosso envolvido neste ato de
justificação. Quando Deus declara um pecador justificado, ele, de fato, é
justificado! Mesmo que todos o condenem, mesmo se a própria consci-
ência o acusar, isto não muda o ato de Deus. Esta justiça de Deus, que é
revelada e conhecida pelos pecadores através do anúncio do evangelho,
existe desde antes da criação do mundo, do qual a lei e os profetas são
testemunhas, pois a mensagem deste evangelho da vinda deste Cristo
está contida em ambos.
Esta mensagem do evangelho cria a fé no coração das pessoas, esta
fé não possui mérito pessoal, é obra de Deus, ela aceita, recebe a justiça
de Deus. Crendo no evangelho, o cristão aceita e se apropria de Jesus,
seu Salvador, e com isso também da justiça conquistada por Cristo.
Somente Deus é a fonte da misericórdia, pois a justificação é uma
dádiva divina devido à graça de Deus. O pecado condena o ser humano
total e completamente; ele não encontra em si mesmo força ou capaci-
dade de libertação. Há somente um resgate possível para a libertação do
pecador: o sangue de Jesus (v.25), que serve como propiciação, ou seja,
que é aceito por Deus.
V. 27: Há a possibilidade de algum orgulho por parte das pessoas na
sua salvação? O orgulho que todos nós temos, por natureza, em nossos
corações, aqui cai por terra, pois aqui não há obra ou poder nosso en-
volvido: tudo é dádiva e dom de Deus. Esta dádiva ele a oferece, sem
exceção, a todos os pecadores: grandes, pequenos, sábios, ignorantes,
ricos, pobres, intelectuais, deficientes intelectuais... Esta justificação é
oferecida a todos: pela Palavra e os santos sacramentos!
V. 28: Por isso, a conclusão do apóstolo: “Concluímos, pois, que o ho-
mem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei”. O pecador
é salvo porque Deus o declara inocente, por causa da obra de Cristo, que
o pecador recebe pela fé. Obras feitas pela pessoa, merecimento por boa
conduta – tudo isso fica excluído na salvação. A salvação é obra de Deus
para que ninguém possa ser excluído.
94
DIA DA REFORMA
95
IGREJA LUTERANA
esta pessoa, no final, terá que deixar esta casa, pois está indevidamente
ocupando o lugar daqueles que são filhos.
Somente o Filho de Deus pode libertar uma pessoa da escravidão do
pecado e de seu poder. Ele conquistou esta liberdade para todas as pesso-
as pagando um preço: o seu próprio sangue. Esta é a única e verdadeira
liberdade que o Filho paga e que é oferecida para toda a humanidade,
também àqueles judeus com os quais ele estava falando.
CONTEXTUALIZAÇÃO
96
DIA DA REFORMA
SUGESTÃO DE ESBOÇO
BIBLIOGRAFIA
Mario Lehenbauer
Vitória/ES
lehenbauermario@gmail.com
97
IGREJA LUTERANA
CONTEXTO LITÚRGICO
98
VIGÉSIMO PRIMEIRO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
O TEXTO
1
Conforme Levertoff: “No ‘Cântico de Moisés’ [...] o primeiro redentor cantou no fim da sua
vida a ingratidão de Israel, sua queda na idolatria e a bondade de Deus. O poema começa
com censura, mas a ternura e a piedade prevalecem sobre a severidade, e, ao aproximar-se
do final, o tom sobe ao nível de positivo incentivo e promessa. Semelhantemente, Jesus,
o último Redentor, nos últimos dias do seu ministério, denuncia os líderes espirituais do
povo com visível dureza, como todos os profetas e, contudo, com terna piedade lamenta
sobre Jerusalém” (LEVERTOFF apud TASKER, p. 171).
2
ekaqisan (aoristo) funciona como o estativo perfeito do hebraico e deve ser traduzido como
um presente estativo.
99
IGREJA LUTERANA
3
Ver, por exemplo, a obra de George F. Moore, Judaism in the First Centuries of the Chris-
tian Era: The Age of the Tannaim (Cambridge: Harvard University Press, 1950).
4
Tasker lembra que “o quadro aqui é do condutor de camelos que faz pesados fardos contendo
mal arrumados artigos e, depois de colocá-los nos lombos do animal, fica por perto e não
faz nada para arrumá-los”. (p. 174)
5
Filactérios eram faixas de pergaminho que traziam inscritas porções da lei e que, encerradas
em caixas de couro, eram amarradas com tiras no braço esquerdo e na fronte (Dt 6.4-9).
As franjas eram ligadas à veste, e dispostas de modo tal que simbolizavam os principais
preceitos da lei. Jesus mesmo usava uma franja dessas (Mt 9.20). O que Jesus condena
é o alargamento delas só por exibição. Megalunousin é entendido como “tornar grande,
ampliar, magnificar, aumentar, tornar conspícuo, exaltar, ter em alta estima”.
100
VIGÉSIMO PRIMEIRO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
COMENTÁRIOS HOMILÉTICOS
6
Posição enfática de “vós” no grego.
7
Didaskaloj é o mestre que ensina com exemplo e sabedoria.
8
kaqegetej (guia) é o instrutor que ocupa posição de autoridade, como o professor de uma escola
ou catedrático de uma universidade. No grego moderno a palavra significa “professor”.
9
uyw,sei está relacionada ao substantivo uyw/j, “altura”, o verbo significa erguer ou levantar. É
usado literalmente, figuradamente, a respeito de privilégios espirituais concedidos a uma
cidade (Mt 11.23, Lc 10.15), e metaforicamente, no sentido de exaltar ou enaltecer (At 2.33,
5.31). A Bíblia nos adverte que exaltar a nós mesmos resultará em uma quase desonra,
mas humilhar a nós mesmos leva à exaltação neste e no mundo seguinte.
101
IGREJA LUTERANA
REFERÊNCIAS
102
ANTEPENÚLTIMO DOMINGO DO ANO
DA IGREJA
9 de novembro de 2014
CONTEXTO
NOTAS TEXTUAIS
104
ANTEPENÚLTIMO DOMINGO DO ANO DA IGREJA
Claro que Jesus é o mediador entre Deus e o homem! Só que sua re-
velação só ocorrerá na parousia final e será Ele que irá reunir o povo de
Deus para as bodas. A partir do ministério de Jesus Cristo, é impossível hoje
distinguirmos os “néscios” dos “prudentes”, se quiserem, os verdadeiros
crentes dos hipócritas. Somente quando o noivo chegar para as bodas e
convidar os “preparados” é que será feita a distinção.
A igreja hoje só pode ouvir desse evento escatológico e esperar por ele.
E isto é a nossa fé: a certeza de coisas que irão acontecer, a convicção de
fatos que não se veem, mas apenas ouve-se a respeito deles. A separa-
ção entre os crentes e descrentes tem na fé o seu ponto determinante na
parábola. Este é o ponto de comparação que lei e evangelho nos trazem
à tona ao lermos essa passagem neste domingo que nos conduz ao final
do ano eclesiástico. É a fé que separará aqueles que irão entrar para a
eternidade com Cristo daqueles que até encontram óleo na última hora,
mas que foram deixados de fora das bodas eternas. A esses será dado o
veredito final: “eu não os conheço”. Veja a posição de Pedro sobre isso
em Mateus 7.23 e Mateus 26.72,74. A porta dos céus está fechada para
os desconhecidos do reino.
Uma observação final precisa ser dita. Jesus está falando com seus
discípulos. Eles são sua audiência. À luz do Terceiro Artigo do Credo, o
pressuposto sadio para entender essa parábola brota da ação do Espírito
Santo que “... nos santifica e nos conserva nessa fé verdadeira” como
confessa Lutero. Portanto, estamos tratando de um verdadeiro milagre
que está totalmente nas mãos de Deus o sermos chamados para participar
das bodas eternas.
ORIENTAÇÕES HOMILÉTICAS
O Noivo está chegando. Estamos preparamos para nos encontrar com ele?
A resposta é não e sim!
Não estamos pelo nosso esforço, mas sim pela nossa fé que nos faz
aguardar o Noivo!
A porta se abrirá para os convidados das bodas eternas pela ação de
Deus em Cristo, obra do Espírito Santo em nós, e o Noivo, Cristo, nos
convidará!
Por isso, quando o Senhor retornar, a porta do reino dos céus se abrirá
e aquele que fala em nome desse reino convidará os seus!
105
PENÚLTIMO DOMINGO DO ANO DA IGREJA
16 de novembro de 2014
Salmo 90.1-12; Sofonias 1.7-16; 1 Tessalonicenses 5.1-11;
Mateus 25.14-30
CONTEXTO
V. 14: Antes de Jesus subir aos céus, Ele prometeu que enviaria o
Espírito Santo sobre os discípulos e eles seriam suas testemunhas, tanto
em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra
(At 1.8). Jesus é como o homem da parábola: ao subir aos céus, deixou
dons para os seus discípulos, a fim de serem investidos em prol do Reino
de Deus, testemunhando que Deus quer salvar a todos.
V. 15: Para nós, a palavra “talento” lembra alguém que tenha uma
aptidão natural ou capacidade diferenciada para uma determinada função.
Aqui, porém, a palavra “talento” de maneira nenhuma se refere aos “ta-
lentosos”, no sentido de excepcional. O talento está relacionado com os
dons que Deus distribui a cada um individualmente, conforme lhe apraz
(1Co 12.11). Quais talentos são esses? Será que existem dons mais ex-
traordinários a serem buscados e exercidos no dia a dia do que os frutos
do Espírito descritos em Gl 5.22-23? O talento de que fala a parábola
também não é uma moeda. É uma medida ou peso de dinheiro. Podia ser
pago em moedas ou em barras de ouro ou prata. Um talento equivalia a
cem moedas de ouro. É por isso que a NTLH faz esta conversão, usando
moedas de ouro ao invés de talento. O foco não está nos valores, mas
na proporção que é dada, conforme a capacidade de cada empregado:
“a um deu cinco talentos, a outro, dois, e a outro, um”. Cada um, do seu
modo, é chamado a testemunhar a sua fé e colocar os seus dons a serviço
do Reino.
Vv. 16,17: Nos negócios e investimentos terrenos que realizamos, nem
sempre temos garantia de sucesso. No Reino de Deus, o sucesso não só é
apenas possível, mas é garantido. Deus faz essa promessa em Is 55.11,
dizendo que a Sua Palavra não voltará vazia. Embora Deus não nos impeça
de usarmos os bens e os dons para fins pessoais, somos lembrados de que
não devemos deixar de investi-los no Reino dos Céus, pois a promessa
feita por Cristo é: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua
justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33).
V. 18: É importante frisar que, apesar do terceiro servo ter recebido
apenas um talento, isso não representava uma quantia desprezível. Um
trabalhador que ganhava um denário por dia teria de trabalhar mais de
quinze anos para juntar um talento, pois um talento equivale a seis mil
denários (seis mil dias de trabalho). A questão é que o terceiro servo não
107
IGREJA LUTERANA
quer trabalhar para o seu senhor. A fé sem obras é morta (Tg 2.17). O
cristão precisa ser identificado. A fé precisa ser ativa no amor e não pode
estar escondida, assim como não pode estar escondida uma cidade edificada
sobre um monte e uma lamparina debaixo de um alqueire (Mt 5.14,15).
V. 19: Um dia de acerto de contas é um lembrete de que nós não so-
mos perfeitos em aproveitar as oportunidades de investimento no Reino
de Deus. Para os nossos fracassos, devemos buscar perdão em Cristo.
Diante do perdão recebido, recebemos uma nova oportunidade de investir
os talentos que Deus nos presenteou.
Vv. 20-23: Os dois primeiros servos – cada um dentro da sua capacida-
de – obtiveram sucesso e dobraram aquilo que lhes havia sido entregue. A
nossa vida pertence a Cristo, que nos comprou com seu sangue derramado
na cruz. Os dons que temos recebemos da mão de Deus. Não sabemos
quando será o retorno de Cristo para o acerto de contas, mas, até a sua
vinda, devemos fazer uso constante e prático dos dons do Espírito.
Vv. 24-27: A alegação do terceiro servo de que o patrão era um homem
severo e que ceifava onde não havia semeado é infundada, pois, apesar
de receber menos, também lhe seriam exigidos menos rendimentos. O
patrão não esperava que conseguisse quantias superiores aos demais
companheiros. Apenas que investisse dentro das possibilidades que lhe
haviam sido colocadas. Outro detalhe que chama a atenção é que, ao
entregar o dinheiro aos banqueiros, nenhum dos servos teve controle
sobre o dinheiro. Apenas esperaram os investimentos serem realizados,
assim como ocorre conosco quando realizamos uma aplicação financei-
ra: depositamos, confiamos e esperamos. Houve, portanto, preguiça e
descaso por parte do terceiro servo com o talento recebido. A nós, cabe
testemunhar a fé até a volta de Cristo, sabendo sempre que quem faz os
frutos aparecerem é o Espírito Santo.
Vv. 28,29: Investir no Reino dos Céus é um investimento seguro, com
certeza de sucesso. Os que guardam a Palavra de Deus, creem em Cristo,
vivem a sua fé e reconhecem que tudo o que possuem é presente de Deus,
receberão ainda mais, porque Deus é gracioso e generoso.
V. 30: Assim como um mau investimento financeiro gera dívidas, fa-
lência e desestabilidade, assim ocorre com o descaso e a indiferença com
os talentos concedidos por Deus. Quando planejamos a nossa vida, não
podemos esquecer daquilo que o Salmo 90.1-12 nos diz: a vida neste
mundo é muito curta. De nada adianta investirmos nos prazeres e riquezas
deste mundo. Elas são passageiras e costumam nos afastar dos propósi-
tos de Deus, que nos presenteou a vida. Quando Cristo vier em poder e
glória, Ele espera que estejamos firmes na Sua Palavra, testemunhando
e colocando os nossos dons a serviço do seu Reino. Este é, de fato, um
investimento seguro e confiável! (Mt 6.19,20).
108
PENÚLTIMO DOMINGO DO ANO DA IGREJA
2. A salvação, a fé, os dons e os bens que nós temos não são nossos.
São presentes recebidos da mão generosa de Deus.
- A parábola dos talentos ensina que todos nós recebemos a vida,
a fé e os dons como presentes de Deus. Ele os distribui conforme
lhe apraz;
- Deus espera que cada um de nós invista os nossos dons em prol
do Reino de Deus.
109
ÚLTIMO DOMINGO DO ANO DA IGREJA
23 de novembro de 2014
Salmo 95.1-7a; Ezequiel 34.11-16, 20-24; 1 Coríntios 15.20-28;
Mateus 25.31-46
CONTEXTO LITÚRGICO
O final do ano eclesiástico é momento de fazer foco no fim dos tempos,
quando o plano de salvação será cumprido em todos os seus aspectos.
CONTEXTO LITERÁRIO
Nosso texto está dentro do marco maior que aborda a temática dos
últimos tempos (capítulos 24 e 25). Neste contexto se narra o juízo sobre
Jerusalém e o retorno de Cristo para o juízo final. Estas narrativas são
uma advertência para estarmos preparados, pois jamais poderemos saber
quando e nem como é que Jesus retornará.
CONTEXTO HISTÓRICO
LEITURAS DO DIA
pelo descuido e o maltrato deles para com o povo. Agora Deus se apresenta
como o pastor que busca as ovelhas que foram espalhadas e das quais ele
mesmo cuidará. Mas também neste cuidado haverá um estabelecimento
de justiça através de um julgamento ou uma separação entre as ovelhas
que oprimem e as que são oprimidas. Alguns comentaristas interpretam o
v.17 como a separação entre ovelhas e cabras tal como se apresenta em
Mateus 25.32, porém Ezequiel bota dentro do grupo dos bodes as ovelhas
gordas que comem os melhores pastos e pisam no que sobra, fazendo clara
referência à opressão dos pobres. Por isso, Deus promete levantar um pastor
que também é rei que cuidará do seu rebanho com justiça (v.24).
V. 31: Aqui aparecem duas das três formas pelas quais Jesus é chamado
neste texto: Filho do homem e Rei. Filho do homem é um dos títulos
messiânicos que Jesus mais utilizou ao fazer referência à sua pessoa. O
termo tem origem no profeta Daniel 7.13ss. e tem um tom apocalíptico
que enfatiza o julgamento que este Filho do homem fará sobre as nações.
Rei faz referência ao restabelecimento do reinado do Messias.
111
IGREJA LUTERANA
Vv. 35,36: Aqui nos são apresentados os motivos sobre os quais se baseia
o juiz para dar o seu veredito. Claro que não se propõe aqui uma salvação por
obras, mesmo assim é necessário deixar bem claro que elas são a evidência
da salvação recebida. O ser humano é criado em Cristo para fazer boas obras
(Ef 2.10; Rm 6.1-14). Em nossa teologia sempre enfatizamos corretamente
que a salvação é pela graça de Cristo através da fé, sem necessidade das
obras, porque não são elas que salvam. Isto é assim. Porém, temos de ter
o cuidado de não separar tanto a fé das obras de tal modo que as obras não
façam parte da vida de fé. As obras são a consequência natural que têm
íntima ligação com a fé a tal ponto que o juízo de Cristo se baseia nas obras
que a fé trouxe como resultado. Tiago, na sua epístola, desenvolve esse tema
com grande insistência e clareza (Tiago 2.14-26).
Vv. 37-39: Outro fato que chama a atenção é a surpresa destes que
recebem o Reino. Isto reforça o conceito de que a esperança e a confian-
ça deles não estavam depositadas nas suas obras. Eles humildemente
reconhecem que não têm feito nada em especial no seu serviço a Cristo.
Esse modo de agir foi algo natural, desinteressado, sem representar para
eles grande esforço.
V. 40: O Rei declara: VAmh.n le,gw u`mi/n - Eu afirmo a vocês que isto é
verdade. Esta frase dá ênfase à declaração que vem logo após. O serviço
a Cristo se dá no serviço cotidiano, anônimo, que não espera recompensa,
que surge naturalmente de um coração que reflete o serviço e o amor
recebido do Senhor. Irmãos pequenos (avdelfw/n evlaci,stwn). Temos aqui
um adjetivo superlativo de pequeno. Os mais pequeninos, para ressaltar
o serviço, o amor e a caridade aos mais fragilizados e necessitados, pelos
quase insignificantes. Porém, a pergunta que gera mais dificuldades de
responder gira em torno ao sujeito “irmão”. Quem são estes irmãos pe-
queninos? Alguns teólogos identificam o auxílio aos irmãos com a ajuda
aos apóstolos ou missionários baseados em Mateus 10.42, no contexto
112
ÚLTIMO DOMINGO DO ANO DA IGREJA
113
IGREJA LUTERANA
PROPOSTA HOMILÉTICA
Esboço:
Porque Cristo é a fonte de toda bênção, graça e salvação.
Porque ele aguarda a nossa resposta de fé, amor e gratidão no serviço
aos mais pequeninos.
Porque a promessa da herança do Reino nos mantém com firmeza na
fé e no serviço.
Guillermo Herigert
São Leopoldo/RS
gherigert@gmail.com
114
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