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Hiatoria Da Infancia PDF
Hiatoria Da Infancia PDF
Resumo
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Mestranda em Educação pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Cascavel. Pedagoga recém-formada
no Núcleo de Estudos e Defesa dos Direitos da Infância e Juventude – NEDDIJ. E-mail:
angelica.henick@hotmail.com
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Graduada em Psicologia pela Universidade Tuiuti. Especialista em Metodologia do Ensino na Educação
Superior pelo Centro Universitário UNINTER. Especialista em Concepção Sistêmica com enfoque na área
escolar pelo Centro Universitário Positivo (2005). Especialista em Psicopedagogia pela Pontifícia Universidade
Católica do Paraná (2004). Graduanda em Pedagogia pelo Centro Universitário Claretiano (2014 - em curso).
Professora orientadora Educacional na Faculdade São Braz, trabalhando com Ensino a Distância e correção de
Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs). E-mail: paula.faria@saobraz.edu.br
ISSN 2176-1396
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Introdução
O sentimento pela infância nem sempre existiu. Por muitos anos as famílias
encaravam a mortalidade infantil como algo natural, uma fatalidade, neste período os pais não
tinham sentimento pelo filho que nasceu e logo morreu, pois sabiam que logo seria
substituído por outro filho.
A preocupação com a educação pedagógica e a inserção das crianças na sociedade são
ideias e inquietações do fim do século XIX e início do século XX.
Percebe-se a falta de sentimento pela infância no século XII, diante da citação de
Ariés, o qual afirma que “[...] à arte medieval desconhecia a infância ou não tentava
representá-la. É difícil crer que essa ausência se devesse a incompetência ou a falta de
habilidade. É mais provável que não houvesse lugar para a infância nesse mundo” (ARIÉS,
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1978, p. 50). Ou seja, a família não percebia as necessidades específicas das crianças, não as
via como um ser com peculiaridades e que precisavam de atendimento diferenciado.
Neste período, a única diferença entre o adulto e a criança era o tamanho, a estatura,
pois assim que apresentavam certa independência física, já eram inseridas no trabalho,
juntamente com os adultos. Os pais contavam com a ajuda de seus filhos para realizar
plantações, a produção de alimentos nas próprias terras, pescas, caças, por isso, assim que
seus filhos tinham condições de se manterem em pé, já contribuíam para o sustento da
família.
Com essas condições, não passavam pela fase de brincar, estudar e se divertir como
ocorre com crianças da sociedade atual, ou seja, não experimentavam o período da infância e
juventude. A educação escolar era apenas de técnicas, de aprender o como fazer, assim, a
criança tinha sua formação em meio aos adultos, realizando as mesmas tarefas que eles,
carregando as mesmas quantidades que eles, sem diferenciação alguma.
Nesse tempo, não se sentia a necessidade de escola, da educação formal, do ensino
pela ciência, como temos hoje nas instituições de ensino.
A partir do Renascimento Italiano no século XV, ocorre uma diferença quanto à
descoberta da infância, no qual a criança passa a ser vista como,
[...] um ser inacabado, vista como um corpo que precisa de outros corpos para
sobreviver, desde a satisfação de suas necessidades mais elementares, como
alimentar-se. Os primeiros anos de vida são para ela, o tempo das aprendizagens do
meio que a cerca. Brinca com outras crianças da sua mesma idade e até maiores do
que ela; arrisca-se em busca de saberes que lhe poderão ser úteis para viver em
comunidade (PASSETTI, s/a. p. 1-2).
Essa especialização do traje das crianças, e, sobretudo dos meninos pequenos, numa
sociedade em que as formas exteriores e o traje tinham uma importância muito
grande, é uma prova da mudança ocorrida na atitude com relação às crianças
(ARIÉS, 1978, p. 157).
Com essa “nova” forma de distinção das crianças e dos adultos, evidencia-se uma
mudança significativa quanto ao sentimento da infância, assim sendo, a criança passa a ser
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vista como gentil, carismática, afetuosa e cheia de graça, passando a ser fonte de distração
para os adultos, tanto para os pais como para as amas.
Nesse momento, ocorre um novo sentimento pela criança, no qual ela passa a ser
“paparicada”, ou seja, tratada com carinho e atenção, ganhando afago das pessoas ao seu
redor.
Verifica-se esse novo sentimento pela infância, com a afirmação de Ariés (1978, p.
158) “(...) em que a criança, por sua ingenuidade, gentileza e graça se tornava uma fonte de
distração e de relaxamento para os adultos, um sentimento que poderíamos chamar de
“paparicação”.
O autor Austero Fleury em “História Social da Criança e da Família” de Ariés define
paparicação sendo
Quando os adultos fazem-nas [as crianças] cair numa armadilha, quando elas dizem
uma bobagem ao tirar uma conclusão acertada de um princípio impertinente que lhes
foi ensinado, os adultos dão gargalhadas de triunfo por havê-las enganado, beijam-
nas e acariciam-nas como se elas tivessem dito algo correto [era a paparicação] [...]
(ARIÉS, 1978, p. 159).
Agora a visão era de que “Só o tempo poderia curar o homem da infância e da
juventude, idades da imperfeição sob todos os aspectos”, assim falava “el discreto de
Balthazar Gratien, um tratado sobre educação de 1646[...]” (ARIÉS, 1978, p. 162).
Assim percebe-se que vem ocorrendo uma diferença quanto ao sentimento da infância,
no entanto para compreender dessa forma, é preciso analisar de acordo com o contexto da
época, com a forma com que o povo desse período via até então a criança, pois como afirma
Ariés, essas opiniões:
muito das crianças brasileiras; e muito pouco com as descobertas europeias sobre a
infância. Neste contexto propagam-se duas representações infantis: uma mística
repleta de fé, é o mito da criança-santa; a outra de uma criança que é o modelo de
Jesus, muito difundida pelas freiras carmelitas. Inspirados por estas imagens,
capazes de transcederem aos pecados terrenos, os jesuítas vêem nas crianças
indígenas “o papel em blanco” que desejam escrever; antes que os adultos com seus
maus costumes os contaminem. (PASSETI, s/a p. 3).
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[...] um estrondoso número de bebês abandonados que eram deixados pelas mães à
noite, nas ruas sujas. Muitas vezes eram devorados por cães e outros animais que
viviam nas proximidades ou vitimados pelas intempéries ou pela fome (NETO,
2000, p. 107).
Esta roda era uma espécie de dispositivos onde eram colocados os bebês
abandonados por quem desejasse faze-lo. Apresentava uma forma cilíndrica,
dividida ao meio, sendo fixada no muro ou na janela da instituição. O bebê era
colocado numa das partes desse mecanismo que tinha uma abertura externa. Depois,
a roda era girada para o outro lado do muro ou da janela, possibilitando a entrada da
criança para dentro da instituição. Prosseguindo o ritual, era puxada uma cordinha
com uma sineta, pela pessoa que havia trazido a criança, a fim de avisar o vigilante
ou a rodeira dessa chegada, e imediatamente a mesma se retirava do local
(PASSETI, s/a, p. 9).
Esta foi uma forma encontrada para que as pessoas levassem os bebês não desejados
para a roda, sendo garantido o anonimato do expositor, e assim não as deixando jogadas nas
ruas, lixeiros, portas de igrejas e casas de outras famílias.
O fenômeno de abandonar crianças é muito antigo, na época da Colônia muitas
crianças eram largadas por diversos fatores, tais como falta de recursos financeiros, filhos fora
do casamento, escravas que tinham filhos com seus senhores e entre outros, e então depois
que nasciam as mulheres precisavam dar um “fim” na criança, momento o qual aconteciam os
casos de bebes jogados em becos, lixeiras, nas portas de outras famílias, igrejas.
Quanto à instalação da roda dos expostos, Passeti salienta que:
No entanto, a Roda dos Expostos não perdurou por muito tempo, por volta do século
XIX no Brasil essas instituições começaram a ser fechadas, pois passaram a serem
consideradas contrárias aos interesses do Estado, as rodas começam a “receber críticas de
médicos higienistas, que viam esta forma de assistencialismo como responsável pelas mortes
prematuras de crianças” (PASSETI, s/a, p. 11).
Com essas instituições fechadas, as crianças passaram a ser vistas como marginais,
que estavam largadas a marginalidade e vadiagem nas ruas, diante desse cenário, era
necessário alguma providência, sendo a educação como solução. Desta forma, “Caberia ao
Estado implantar uma política de proteção e assistência à criança, a qual foi estabelecida por
meio do Decreto 16.272, de novembro de 1923” (NETO, 2000, p. 110).
Consequentemente, a criança deveria ter seus cuidados higiênicos, saúde e educação
atendidas, buscando a reintegração da criança na sociedade.
Mas é somente a partir dos anos de 1960, que começam fundas mudanças na
concepção e formas de assistência às crianças abandonas, Neto afirma que
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Percebe-se que diante do cenário econômico, político, social e cultural em que o Brasil
se encontrava não se sentia a necessidade de instrumentalizar e ensinar os sujeitos.
No Brasil “o ensino público só foi instalado, e mesmo assim de forma precária,
durante o governo do marquês de Pombal, na segunda metade do século XVIII” (DEL
PRIORE, 2013, P. 10). Por muito tempo a educação dos filhos dos pobres foi o trabalho,
momento no qual trabalhavam junto com seus pais, aprendendo a cultivar, plantar, colher e
pescar.
Neste tempo, os filhos dos pobres não tinham acesso ao saber como os filhos das
elites, percebe-se essas diferenças na afirmação de Del Priore:
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no século XIX, a alternativa para os filhos dos pobres não seria a educação, mas a
sua transformação em cidadãos úteis e produtivos na lavoura, enquanto os filhos de
uma pequena elite eram ensinados por professores particulares (DEL PRIORE,
2013, p. 10).
Considerações Finais
Com os estudos realizados sobre a infância, percebe-se que esta sempre foi alvo de
abandono, miséria, sem seus direitos garantidos, tendo que enfrentar diversos desafios para
sua sobrevivência, vivendo da própria sorte.
Por muitos anos a criança foi vista como os adultos, sem distinção alguma, tendo que
ajudar no trabalho pesado, sendo abusada, exploradas por diversos senhores capitalistas.
No Brasil a concepção de infância tomou novos rumos a partir do século XX, onde se
percebeu as necessidades específicas e peculiares para a sobrevivência da infância e
juventude. Dando início às discussões em prol dos direitos das crianças, nos quais
sindicalistas e a sociedade civil buscam efetivar ações de assistência e proteção à infância,
como leis trabalhistas, pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltados para a
saúde e bem-estar das crianças.
O sentimento que se tem hoje de criança e infância é uma mistura de espanto, pena,
amor, carinho, compreensão, a depender das condições de vida de cada uma. Algumas têm
acesso a diversos recursos, enquanto outras não têm um mínimo para a sobrevivência.
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REFERÊNCIAS
ARIÉS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2. Ed. Rio de Janeiro: Zahar
Editores, 1978.
DEL PRIORE, Mary. História das crianças no Brasil. 7ª ed., 1ª reimpressão. – São Paulo:
Contexto, 2013.
OLIVEIRA, Zilda Ramos de. Educação Infantil: fundamentos e métodos. – São Paulo:
Cortez, 2002. – (Coleção docência em formação).
DEL PRIORI, Mary. História da criança no Brasil. In: PASSETI, Edson. As crianças
brasileiras: um pouco de sua história. Texto mimeografado [S.I: s.n].