Você está na página 1de 43

FACULDADE PADÃO

CURSO DE DIREITO

MARCOS ROBERTO GUNDIM

FALÊNCIA LEI 11.101/2005

GOIÂNIA – GO
2015
MARCOS ROBERTO GUNDIM

FALÊNCIA LEI 11.101/2005

Monografia apresentada como requisito


parcial para conclusão do curso e
obtenção do grau de bacharel em direito
da Faculdade Padrão.

Professora: Mestre Marina Zara de Faria Nunes


(Orientadora)

GOIÂNIA – GO
2015
MARCOS ROBERTO GUNDIM

FALÊNCIA LEI 11.101/2005

Monografia apresentada como requisito


parcial para conclusão do curso e
obtenção do grau de bacharel em direito
da Faculdade Padrão.

Data da Defesa:

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________
Profª. Mestre Marina Zara de Faria Nunes
Faculdade Padrão

GOIÂNIA- GO
2015
Agradeço a Deus todo poderoso, por me proporcionar saúde,
alegria, sabedoria e paz.
Aos meus Pais Marleni de Fatima Rezende e Valdivino Gundim
Filho (in memoriam), ao meu Padrasto Paulo Naves de
Rezende ao qual tenho como Pai, a minha namorada, noiva e
esposa Polliana Bento Gondim, aos meus irmãos Charles,
Ricelli, Geovanna, Luís Fernando e Nagella.
Aos meus amigos que sempre me ajudaram, e em especial a
todos os meus Professores que me guiaram, desde minha
iniciação ate os dias de hoje, profissionais estes que são a
razão de todo o desenvolvimento positivo deste País, que lutam
sozinhos, contra o mal maior deste País, que é a ignorância.
SUMÁRIO
CAPÍTULO I - ESBOÇO HISTÓRICO
INTRODUÇÃO ----------------------------------------------------------------------------------------- 7
1 DIREITO ROMANO--------------------------------------------------------------------------------- 8
1.1 IDADE MÉDIA-------------------------------------------------------------------------------------- 9
1.2 CÓDIGO NAPOLEÔNICO---------------------------------------------------------------------- 9
1.3 BRASIL COLÔNIA, IMPÉRIO E REPÚBLICA-------------------------------------------- 10
1.4 CONCEITO DE FALÊNCIA-------------------------------------------------------------------- 13
1.4.1 Significado da expressão falência--------------------------------------------------------- 13
1.5 CONCEITO---------------------------------------------------------------------------------------- 13
1.5.1 Natureza jurídica------------------------------------------------------------------------------- 14
1.6 DA LEGITIMIDADE------------------------------------------------------------------------------ 15
1.6.1 Polo passivo------------------------------------------------------------------------------------ 15
1.6.2 Polo ativo---------------------------------------------------------------------------------------- 16
a) Falência requerida pelo credor----------------------------------------------------------------- 16
b) Autofalência----------------------------------------------------------------------------------------- 17
c) Falência requerida pelo conjuguê sobrevivente, os herdeiros e o inventariante, na
falência do espólio------------------------------------------------------------------------------------ 17
d) Legitimidade do sócio ou acionista----------------------------------------------------------- 17
1.7 PRÉ-REQUISITOS PARA A EXISTENCIA DA FALÊNCIA---------------------------- 18
a) Insolvência----------------------------------------------------------------------------------------- 18
b) Impontuabilidade---------------------------------------------------------------------------------- 19
c) Protesto---------------------------------------------------------------------------------------------- 19
d) Não cumprimento de obrigação líquida------------------------------------------------------ 20
e)Duplicata sem aceite acompanhada da nota de entrega da mercadoria----------------
------------------------------------------------------------------------------ 20
f) Atos indicativos e caracteriscos de falência------------------------------------------------- 21

CAPÍTULO II

2 COMPETÊNCIA JUDICIAL--------------------------------------------------------------------- 23
2.1 DO PROCEDIMENTO PROCESSUAL----------------------------------------------------- 24
2.2 DO JUIZO UNIVERSAL------------------------------------------------------------------------ 25
2.3 DAS ALEGAÇOES DA DEFESA------------------------------------------------------------ 27
2.4 – MATERIAS QUE PODERÃO SER ARGUIDAS NA CONSTESTAÇÃO--------- 28

CAPITULO III

3 DA SENTENÇA------------------------------------------------------------------------------------ 30
3.1 SENTENÇA DECLARATÓRIA DE FALÊNCIA----------------------------------------- 32
3. 2 SENTENÇA DENEGATÓRIA DE FALÊNCIA-------------------------------------------- 33
3.3 DOS RECURSOS NO PROCEDIMENTO FALIMENTAR----------------------------- 33
3.3.1 Pressupostos recursais---------------------------------------------------------------------- 34
3.3.2 Efeitos recursais------------------------------------------------------------------------------- 34
3.4 DOS RECURSOS DE APELAÇÃO E O AGRAVO NO PROCEDIMENTO
FALIMENTAR------------------------------------------------------------------------------------------ 35
3.5 DOS EFEITOS DA FALÊNCIA-------------------------------------------------------------- 36
3.5.1 Efeitos da falência para os credores----------------------------------------------------- 36
3.5.2 Efeitos da falência para o falido----------------------------------------------------------- 37
3.6 DO ENCERRAMENTO DO PROCESSO FALIMENTAR------------------------------ 39
3.6.1 Prestação de contas do administrador judicial----------------------------------------- 39
3.6.2 Do encerramento da falência por sentença-------------------------------------------- 40
3.7 DA EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES------------------------------------------------------ 40
3.7.1 Do requerimento pelo falido---------------------------------------------------------------- 40

CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
6

INTRODUÇÃO

Neste trabalho abordaremos todas as fases do procedimento falimentar,


trabalharemos de forma clara e objetiva no amplo desenvolvimento do tema,
expondo todo o conhecimento absorvido, retirando tudo que possa nos nortear
quanto à matéria.
Trabalharemos em três capítulos que serão desenvolvidos a partir do esboço
histórico, onde falaremos do significa da palavra falência, sua origem, como era visto
o falido naquele período, passando pelo conceito falimentar deixando claro o
entendimento quanto ao assunto, trataremos da competência, especificando qual
juízo tem a competência da ação falimentar e de sua universalidade, discutiremos
sobre a forma processual e seus procedimentos especiais, chegando ao fim
processual que é a sentença finalizando na extinção das obrigações, de forma
sucinta e clara, levando ao leitor ao entendimento quanto a matéria abordada.
Usaremos como fonte de direção e pesquisa, Doutrinas especializadas no
tema, Jurisprudências, Súmulas, Leis, buscando a junção de todas as fontes de
pesquisas abordadas, extrair uma visão própria e correta sobre o assunto debatido.
Neste trabalho chamaremos a atenção para um assunto pouco abordado,
más de grande relevância social e econômica para o nosso sistema empresarial, o
procedimento falimentar não desperta a curiosidade ou interesse da maioria da
população jurídica, uma especificação jurídica pouco explorada, um mercado jurídico
a ser desbravado por novos advogados.
7

CAPÍTULO I - ESBOÇO HISTÓRICO

1 DIREITO ROMANO

A falência está diretamente ligada ao próprio conceito das obrigações e sua


evolução.
No princípio, o devedor respondia com a liberdade ou ate mesmo com sua
própria vida por suas obrigações. Na fase mais primitiva do direito romano anterior a
lei da XII Tabuas, admitia -se adjudicação do devedor insolvente que, pelo período
de sessenta dias, vivia em estado de servidão para com o credor. Se neste período
de servidão não fosse sanado o debito poderia o credor vender o devedor como
escravo no estrangeiro, ou ate mesmo chegar ao absurdo de matá-lo, repartindo-lhe
seu corpo pelo número de credores, em uma verdadeira execução de horrores.
Sistema esse que vigorou ate 428 a.C.,a abolição desumana da
responsabilidade pessoal, se deu somente com a promulgação da Lex Poetelia
Papiria, a qual passou a tratar da execução patrimonial, momento este onde
podemos enxergar tamanha importância de tal lei, diferenciando a responsabilidade
pessoal da responsabilidade patrimonial.
Pela bonorum venditio, criada pelo pretor Rutilio Rufo a retirada dos bens do
devedor era determinada pelo pretor, momento este que era nomeado um curador
para a administração dos bens, podendo o devedor ceder os seus bens ao credor,
que poderia vendê-los separadamente. Tal fase era chamada de cessio bonurum
criada pela Lex Julia Bonurum 737 a.C.,criação esta que é considerada por vários
autores como o embrião da Falência, como acentua Almeida (2008 p. 05-06).

Não poucos romanistas divisam na Lex Julia o assento do moderno direito


falimentar, por ter editado os dois princípios fundamentais – o direito dos
credores de disporem de todos os bens do devedor e o da par condictio
creditorum.
Desde então, o credor, que tomava a iniciativa da execução, agia em seu
nome e em direito próprio, mas também em beneficio dos demais
credores.com isso, veio a formar-se o conceito de massa, ou seja, da
massa falida,
Completa-se a bonorum venditio, com larga série de providencias,
determinadas pelo pretor, contra os atos fraudulentos de desfalques do seu
patrimônio, praticados pelo devedor.
Entre elas, a actio pauliana, por via da qual quoe in fraudem creditorum
alienata sunt revocantur fructus quoque restituuntur.
8

O nascimento da lei falimentar passou por fases de confusões entre


responsabilidades, pessoais e patrimoniais, com a criação da Lex Poetelia Papiria
deixou claro a responsabilidade patrimonial, levando assim a mesma para a esfera
civil, ou seja, o devedor responde com seus bens e não mais com servidão e nem
tao pouco com sua própria vida, já Lex Julia Bonurum facultou ao devedor ceder
seus bens ao credor. formato este que se tornou muito mais interessante e
satisfatório para ambos, visto que o interesse do credor e receber e o devedor
passou a não mais responder com sua vida.

1.1 IDADE MÉDIA

O concurso de credores sustentava-se na iniciativa dos próprios credores,


como entende Rocco , fase esta que se passava com a total falta de controle do
poder publico, assim eram os próprios credores que cuidava da arrecadação e
divisão dos bens.
Na Idade Média acontece uma transformação especial, momento este, em
que o estado assume um especial papel no processo falimentar, condicionando a
atuação dos credores a disciplina Judiciaria, com o concurso credores, habilitação
em juízo, arrecadação de bens do devedor, atribuindo ao Juízo dever de zelar.
Nesta fase a falência e vista como um delito, passando o falido por infâmia,
onde eram impostas ao falido penas que vão desde prisão a mutilação, dai a
expressão FALÊNCIA, do verbo latino falerre, que significa enganar, falsear como
pontua Amador Paes de Almeida. Assim, comerciante ou não era atingido pela
falência, ou seja, atingia a toda espécie de devedor.
A Idade Média ficou marcada pela interferência do estado na tentativa de
organizar o processo falimentar, criando assim, fases processuais como pudemos
ver: o concurso credores, habilitação em juízo, arrecadação de bens do devedor,
atribuindo ao Juiz zelar. Procedimentos estes que acompanham o processo
falimentar desde então.
9

1.2 CÓDIGO NAPOLEÔNICO

Facilmente os estatutos italianos se difundiram por outros países, sendo


encontrado no ano de 1673, na frança. O código comercial francês de 1807, que
teve grande atuação de Napoleão Bonaparte, o qual veio com severas restrições ao
falido, visto de forma inegável como grande evolução, restrito, na legislação francesa,
ao devedor comerciante.
Assim de forma gradativa a falência passou a ser vista como um carácter
econômico-social, modificando o próprio conceito de empresa, que é vista hoje como
uma instituição social, criando assim, a distinção entre, os devedores honesto e
desonestos, que passariam a ser tratados de formas distintas a partir deste
momento Histórico, tendo como origem o pactum est minus salvatur e no
quinquenales
Visualizamos um momento importantíssimo e norteador da norma falimentar,
em que se distingue o aventureiro, do negociador, o honesto, do desonesto, ou seja,
nascia ali o princípio do empresário, da empresa, destacando assim, que aquele
entrasse no mercado, assumindo o risco de lucro ou prejuízo, não viesse a ter
sucesso, desde que de boa-fé, passaria a usufruir dos benefícios da norma, como
por exemplo: a moratória e a concordata.
Desta forma, quebra-se o conceito criado ate então, de que todo o
negociador falido são fraudadores, enganadores e velhacos. Dando uma segunda
oportunidade aqueles que falharam em seus negócios, de corrigir seus erros e
voltarem futuramente ao mercado, desde que tenham agidos de forma honesta.

1.3 BRASIL COLÔNIA, IMPÉRIO E REPÚBLICA

No período colonial, as regras jurídicas eram emanadas de Portugal, onde


vigoravam, por ocasião do descobrimento, as ordenações Afonsianas,
posteriormente revistas por D. Manuel (1514) e publicadas em 1521 com a
denominação de ordenações Manuelinas.
As ordenações Afonsinas não cuidavam, de forma especifica, da quebra do
comerciante, o que só ocorreu com a lei de 8 de março de 1595, promulgada por
Filipe II (Filipe III da Espanha), e que viria mais tarde, em 1603, inspirar todo o título
LXVI do livro V das ordenações Filipinas.
10

Ordenações estas que tinham como principais normas, o concurso de


credores, prioridade para o credor que deu inicio a execução, prevendo pena de
prisão ao credor que não tivesse bens.
...e nom lhe achando bens que bastem para a dita condenação, em tal caso
deve o dito devedor ser preso e retendo na cadea atee que pague o em que
for condenado

Adotadas os princípios consagrados Filipinas de 1603, que abrangiam


Espanha e Portugal, que a época integrava o Reino de Castela, é, por via de
consequência, o Brasil Colônia, tratando pela primeira vez da quebra do comerciante,
diferenciando nitidamente mercadores “que se levantavam com fazenda alheia” e os
que caíssem “em pobreza sem sua culpa” classificando os primeiros a ladroes
públicos, que eram inabilitados do comércio e sofriam penas que ia desde do
degredo a pena de morte, não incorrendo em punição os segundos, que podiam
compor-se com os credores:

E os que caírem em pobreza sem culpa sua, por receberem grandes perdas
no mar, ou na terra em seus tratos e comércios lícitos, não constando de
algum dolo, ou malicia, não incorrerão em pena alguma crime. E neste caso
serão os autos remetidos ao prior e cônsules do consulado, que os
procurarão concertar e compor com seus credores, conforme a seu
regimento.

Fase marcante, onde fica claramente distintos os que negociavam, tendo


como princípios básicos a boa-fé dos que agiam no mercado com o dolo de fraudar
e lesar o mercado da época, os que trabalhavam de forma licita não incorriam em
crime.
Em 13 de novembro de 1756 com o Alvará, promulgado pelo Marques de
Pombal, foi criado o “originalíssimo e autentico processo de falência, com
características nítidas mercantil, em juízo comercial exclusivamente para
comerciantes, mercadores ou homens de negocio”, como bem observou Almeida
apud Ferreira ( 2008 p.8)
Traçando uma linha do tempo até então, esta é a fase mais importante, visto
que, é o nascimento do Direito Comercial, conhecido hoje como Direito Empresarial,
com a criação do processo de falência, tratando único e exclusivamente dos
assuntos comerciais, dando assim a importância devida ao direito comercial por
onde concentrava e girava toda a economia da época.
No seguimento do processo falimentar da época, cabia ao falido apresentar
11

a Junta Comercial, onde jurava a verdadeira causa da falência, em seguida


entregava as chaves dos seus bens(fazendas, armazéns), declarando todos os seus
bens, fazendo ainda a entrega do seu livro diário onde constava todos os
lançamentos e despesas.
O próximo passo era a publicação do edital e a convocação dos credores,
do produto da arrecadação era destinado 10% para o falido para sustento de sua
família, sendo repartido entre os credores os 90% restante. Se o valido agisse de
forma fraudulenta era decretada a sua prisão passando para o processamento penal.
Após a proclamação da independência do Brasil, ainda vigeram por longos
anos as leis Portuguesas, somente no ano de 1850 o código comercial brasileiro,
que cuidava das “Das quebras” disciplinadas nos artigos 797 a 911, com a parte
processual regulamentada pelo Decreto n. 738, de 25 de novembro de 1850, a qual
foi inteiramente derrogada pelo decreto n. 917, de 24 de novembro de 1890 .
Tal decreto tido como impotente para coibir abusos e fraudes, segui- se a Lei
n. 859 de 16 de agosto de 1902, substituída em 1908 pela Lei n. 2.024, que vigeu
por vinte e um anos, “marcando época mercantil brasileira” como disse Almeida
apud Ferreira (2008, p.8)
Revista pelo decreto n. 5.746, de 9 de dezembro de 1929, foi a lei n. 2.024
revogada em 21 de junho de 1945, com a promulgação do decreto – lei n. 7.661,
que com inúmeras alterações permaneceu em vigor, até quando foi promulgada a
Lei 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, norma esta que trouxe sensíveis inovações,
tendo como princípio fundamental a recuperação econômica da empresa, mantendo
a fonte produtora, o emprego dos trabalhadores, os interesses dos credores, tendo
como objetivo a preservação da empresa, resguardando a sua função social e
econômica, como descreve o artigo 47 da Lei de Falência.

Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a


superação da situação de crise econômico-financeira do
devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do
emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores,
promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função
social e o estímulo à atividade econômica.

Os Princípios Fundamentais da nova legislação falimentar são: Preservação


da empresa; Separação dos conceitos de empresa e empresário; Recuperação das
sociedades e empresários recuperáveis; Retirada do mercado de sociedades ou
empresários não recuperáveis; Proteção aos trabalhadores; Redução do custo do
12

credito no Brasil; Celeridade e eficiência dos processos judiciais; Segurança


jurídica;Participação ativa dos credores; Maximização do valor dos ativos do falido;
Desburocratização da recuperação de microempresas e empresas de pequeno porte;
Rigor na punição de crimes relacionados a falência e a recuperação judicial;

1.4 CONCEITO DE FALÊNCIA

1.4.1 Significado da expressão falência

A palavra falência veio do verbo latino fallere, que tinha sentido pejorativo,
com o significado falsear, faltar, faltar com a palavra, com a confiança, cair, tombar,
incorrer em culpa, cometer uma falha, quebra, quebrado, pobre, arruinado, sem
dinheiro.

1.5 Conceito

Segundo Almeida (2008 p. 17)


A falência pode ser vista de pontos distintos, o anglo econômico e o jurídico,
tratando da esfera econômica, esta diretamente ligada ao estado
patrimonial, já do ponto de vista jurídico, falência é um processo de
execução coletiva contra o devedor insolvente, o litisconsórcio ativo
necessário ligados pela comunhão do mesmo interesse.

Já pelo olhar de Gonçalves (2014 p. 22)


Falência é o resultado do provimento judicial que reconhece a
caracterização do estado de fato de insolvência do devedor empresarial e,
com a sentença, convola em estado jurídico de falência, objetivando fazer
cessar a atuação empresarial do titular da atividade, agora falido, ao
mesmo tempo em que busca otimizar a destinação de seu acervo
patrimonial por meio da realização do ativo e conseguinte satisfação do
passivo.

De acordo com Vido (2013 p. 105)


Trata-se de um processo com a finalidade de liquidar o passivo a partir da
realização do patrimônio da empresa. Nesse processo são reunidos todos
os credores, que serão pagos seguindo a ordem predeterminada no
ordenamento, de acordo com a categoria de credito a que pertencem.

Assim, entende-se, que o estado de falência tem seu início, quando o


passivo supera o ativo, momento este em que fica claro, a incapacidade de
recuperação do devedor, a partir dai o credor ou os credores, iniciam o processo
falimentar, em uma tentativa judicial de reaver o eminente prejuízo, que poderá ate
13

mesmo lhe colocar em um futuro próximo no lugar do ora falido, e com esse instituto
controlar a balança econômica empresarial.
1.5.1 Natureza Jurídica

A falência e a junção de várias fontes de ramificações, dentre elas o direito


comercial, civil, administrativo, processual e penal, este último fazendo referencia
aos crimes falimentares. Justamente por ter em sua natureza tantas fontes, tem
criado uma grande discussão doutrinaria quanto a sua natureza, então vejamos:
Provincialli define da seguinte forma “conquanto acentue normas de direito
objetivo na falência, proclama a prevalência do direito processual”
Já Bonelli vê de forma administrativa por ter em sua essência o juízo
falimentar “piu amministrativo quale judicare”.
No ordenamento brasileiro sempre foi tratada como direito mercantil, porém
por todas as normas que compõem sua essência, de forma que e possível identificar
com clareza qual matéria sobressai ou destaca, não prevalecendo a norma
processual da objetiva, e tida como norma de natureza “sui generis”
As características administrativas que contem o procedimento falimentar,
deixa em aberto essa discussão doutrinária, encontramos facilmente a presença do
direito objetivo, como; direitos e deveres do falido, os direitos dos credores, as
obrigações dos síndicos, destarte o direito administrativo encontrado em seu
procedimento.
Na visão Almeida (2008 p. 18)

Conquanto concorram diferentes regras de diversos ramos do direito, com


nenhum deles se confunde nem por eles é absorvida, possuindo, outrossim,
princípios e diretrizes que se são próprios, formando um sistema que
inquestionavelmente a distingue de outras disciplinas, razão por que é
denominada direito falimentar.

Almeida consegue enxergar o direito falimentar como norma única e


desvinculada das demais já citadas, mesmo com tantas influencias de outras
matérias, o direito falimentar possui características únicas, absorvendo um pouco de
muitas, mas ao mesmo tempo não sendo absorvida por nenhuma delas, tendo assim
a identidade própria de direito falimentar, forma esta que parece ser a mais correta.
14

1.6 Da legitimidade

A legitimidade e a condição da ação em que o indivíduo exerce o direito


subjetivo material como o titular da ação, podendo ser demandado apenas aquele
que seja titular da obrigação correspondente.
No Brasil adotamos o sistema ampliativo, ou seja, alcançando tanto o
empresário como a sociedade empresária, acompanhando as nomenclaturas
usadas pelo código civil vigente. Isso somente ocorreu após a lei 11.101/05, sendo
usado anteriormente o sistema restritivo que alcançava tão somente o devedor
comerciante, com o novo sistema e possível alcançar o comerciante e o devedor civil,
como por exemplo, com o uso da despersonalização da pessoa jurídica.

1.6.1 Polo passivo

Podem estar no polo o empresário e a sociedade empresária. Na lei


11.101/2005 não define com clareza a definição de empresário, tendo como partida
a definição usada pelo artigo 966 do Código Civil, então vejamos;

Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade


econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de
serviços.

Destaca-se duas características do empresário, profissionalidade, ou seja, de


forma não ocasional, atividade econômica organizada, atividade de produção,
circulação de bens ou prestação de serviços com fim lucrativo.
Burgarelli (2008 ano p. 47) define o empresário da seguinte forma:
O conceito de empresário e de extensão mais ampla do que o conceito
anterior de comerciante individual, embora este tenha sido substituído
terminologicamente por aquele. No conceito de empresário, inseriram-se os
elementos que, anteriormente, compunham o conceito de comerciante,
acrescentando-se, porém, a forma de serviços, sob a ótica de atividade
econômica por meio da qual se da a circulação de riqueza.

De acordo com Almeida (2008 p. 45/47) estão sujeitos a falência:


O empresário, assim considerado aquele que, em caráter individual, exerça
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou
circulação de bens ou serviços, e a sociedade empresária, ou seja, aquela
estruturada empresarialmente, reunindo todos os fatores de produção;
capital, trabalho, maquinário etc – que são as sociedades declinadas nos
arts. 1.039 a 1.092 do código civil.
15

Neste sentido entende-se que as pessoas que podem figurar no polo


passivo de uma ação falimentar são; devedor empresário, sociedade empresária, a
Eireli, o espólio do devedor, sócios solidários, sócio solidário retirante, e a sociedade
em comum, esta última merecendo um destaque, visto que, trata-se da sociedade
descrita pelo art. 986 do Código Civil, ou seja, aquela sociedade que não foi levada
a registro junto a junta comercial competente, podendo figurar somente no polo
passivo da ação falimentar, mas não poderá requerer a falência.
Elisabete Vido (2013, p.) fala de forma sucinta do polo passivo da ação
falimentar “o devedor que exerce atividade empresarial”
Não são atingidos pelo procedimento falimentar; cooperativa, profissionais
intelectuais, profissionais liberais, empresas públicas e a sociedade de economia
mista.
São excluídas parcialmente do procedimento falimentar; instituições
financeiras, sociedades arrendadoras e administradoras de consórcio, companhias
de seguros sociedades de previdência privada aberta e as de capitalização,
operadora de plano de assistência medica. As categorias empresariais citadas
sofrem liquidação por intervenção definidas em leis especiais.

1.6.2 Polo ativo

O Brasil existe a possibilidade da falência ex officio, ou seja, o juiz não pode


decretar a falência sem antes seja provocado pelos interessados.
Assim, segundo a lei falimentar, a legitimidade ativa pertence as seguintes
pessoas;

a) Falência requerida pelo credor

Por obrigação tornada liquida expressa em título executivo judicial ou


extrajudicial:
De acordo com Orlando (p.58-59), a legitimidade ativa requerida pelo credor,
se define da seguinte forma “e todo aquele que tem o direito de exigir de outrem o
cumprimento de uma obrigação de dar, fazer ou não fazer alguma coisa”
Neste sentido, a falência requerida pelo credor tem que cumprir dois
requisitos básicos já citados, o primeiro deles e que o devedor seja empresário ou
16

sociedade empresária, e por fim que possua crédito liquido, que preencha os
requisitos executórios, características estas contidas nos títulos executivos
extrajudiciais e judiciais previstos nos artigos 585 e 475 – n do CPC.

b) Autofalência

Tatra de modalidade em que o próprio devedor, que não enquadre nos


requisitos da recuperação judicial, entre com um pedido de sua própria falência,
independendo de títulos vencidos e protestados, desde que prove o seu estado de
insolvência.
Formato este que possibilita o devedor que perceba o seu estagio de
insolvência, de se antecipar aos credores, requerendo a sua própria falência, se
deferida seguira o rito do procedimento falimentar.

c) Falência requerida pelo conjuguê sobrevivente, os herdeiros e o inventariante, na


falência do espólio

Ocorre com a morte do devedor, desta forma o conjugue, herdeiros e o


inventariante, desde constatada a insolvência do de cujus, possuem a legitimidade
para requerer a falência, dentro do prazo de um ano da morte do devedor.

O artigo 97, II da lei falimentar; “Podem requerer a falência do devedor; o


conjugue sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante”

d) Legitimidade do sócio ou acionista

Faculdade essa assegurada ao sócio e acionistas minoritários, que com a


inercia da assembleia geral no caso de sociedade por ações, protegendo-se de
sócios administrativos mal-intencionados, na tentativa de diminuir os prejuízos,
lembrando que os que tem ideia contraria terá o direito de contestar em juízo,
provando assim não ser necessário o processo falimentar.
A assembleia geral é a legitimada para requerer a falência nas sociedades
por ações, na omissão desta o requerimento poderá ser feito por qualquer acionista.
17

1.7 PRÉ-REQUISITOS PARA A EXISTÊNCIA DA FALÊNCIA

A Lei 11.101/2005 em seu artigo 94, I,II,III trata dos requisitos para a
propositura do pedido de falência, então vejamos o que leciona;

Art. 94, Será decretada a falência do devedor que:


I – Sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação
liquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma
ultrapasse o equivalente a quarenta salários-mínimos na data do pedido da
falência;
II- Executado por qualquer quantia liquida, não paga, não deposita e não
nomeia a penhora bens suficientes dentro do prazo legal;
III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de
recuperação judicia:

Vido (2013, p. 119) define de forma clara e simples os requisitos para o


protocolo do pedido de falência, então vejamos “a falência pode ser requerida em
virtude da impontualidade ou dos atos de falência”.
De acordo com o que conceitua Almeida (2008, p. 43):

A falência e uma situação jurídica que decorre da insolvência do


empresário, revelada essa pela impontualidade no pagamento de
obrigação liquida, ou por atos inequívocos que demonstrem manifesto
desequilíbrio econômico, patenteando situação financeira ruinosa

Na visão de Gonçalves (2014, p. 46):

a falência deve ser demonstrada perante o juízo competente, mediante


ação própria de iniciativa de parte quem a lei atribua legitimidade. Com
efeito, identificamos três pressupostos do estado (jurídico) de falência, na
legislação brasileira:
-pressuposto material objetivo; insolvência
-pressuposto material subjetivo; empresariedade do devedor
-pressuposto formal; sentença declaratória de falência

a) Insolvência

Estado em que o passivo supera o ativo, momento este em que devedor não
inspira mais confiabilidade econômica, desta forma os credores não visualizam uma
outra forma de reaver, ou ate mesmo minimizar os seus prejuízos, apos a
impontualidade do devedor, se não através de uma ação de falência.

b) Impontuabilidade
18

E o não cumprimento de obrigação financeira na data acertada ou no prazo


ajustado, a impontualidade perde sua importância se não vier acompanhada da
insolvência, visto que, e dado ao devedor dentro da fase processual o prazo para o
deposito elisivo, que nada mais e do que o deposito do valor que deu origem a ação
de falência, assim chegamos em um ponto contraditório, como pode um insolvente
cumprir com sua obrigação, assim o deposito elisivo e visto como uma garantia de
que não será decretada a falência, desta forma a ação toma características quase
que executória.
Segundo Vido (2013, p. 119) a impontualidade ocorre:

a impontualidade ocorre quando o devedor não paga no vencimento a


obrigação liquida materializada num título executivo protestado, desde que o
valor ultrapasse quarenta salários-mínimos. A lei permite o litisconsórcio
ativo para a formação do valor mínimo necessário para o pedido de falência
(art. 94,par. 1, da lei 11.101 – 2005)

c) Protesto

O protesto e a apresentação pública do título ao devedor para o aceite ou


pagamento, o protesto é obrigatório no pedido de falência por impontualidade, não
sendo mais necessário o protesto especifico para a ação de falência.
Os prazos para os protestos depende de suas legislações especiais como
por exemplo a lei do cheque previsto no art. 48 da lei 7.357 – 85, que e o mesmo
prazo da apresentação 30 dias para mesma praça e 60 dias para praças diferentes,
da letra de câmbio e da nota promissória e de 1 dia útil seguinte ao vencimento art.
28 do decreto 2.044/1908, da duplicata e de 30 dias do vencimento do título.
A Súmula 153 do STF define que o protesto cambial não interrompe a
prescrição, o artigo 202, III do Código Civil traz que o protesto cambial e causa de
interrupção da prescrição.
A jurisprudência tem acompanhado o código civil e entendendo pela
interrupção da prescrição.
A legislação falimentar acata o protesto de títulos de credores distintos, para
que os credores formando litisconsórcio ativo preencha os pressuposto no artigo 94,
par. 1º, desta forma, os credores poderão unir-se para alcançarem o valor mínimo de
quarenta salários-mínimos e requerer a falência de devedor comum.
d) Não cumprimento de obrigação líquida
19

Segundo Almeida (2008, p. 31) :“transitada em julgado a sentença, tem inicio


a execução”.
Assim, a obrigação liquida e aquela de que não se tem duvida, que tem
como origem uma ação executória de título judicial ou extrajudicial, a qual transitou
em julgado, não efetuando o pagamento, ou não nomear bens a penhora dentro do
praxo legal o devedor, poderá o credor ajuizar a ação falimentar.
Vejamos o que traz o art. 94, II da Lei de Falência;
será decretada a falência do devedor que; executado por qualquer quantia
liquida, não paga, não depositada e não nomeia a penhora bens suficientes
dentro do prazo legal.

Não cumprindo o devedor com requisitos do ART., 652 do CPC, pedira o


devedor o encerramento do processo de execução, protocolando no juízo
competente, ação de falência do devedor antes executado.

e) Duplicata sem aceite acompanhada da nota de entrega da mercadoria

A duplicata não aceita desde que acompanhada da nota de entrega da


mercadoria, tem eficacia jurídica, contendo liquidez que a legitima para o pedido de
falência.
Leciona Almeida (2008, p. 35) que:
A duplicata sem aceite, devidamente acompanhada da nota de entrega da
mercadoria e obrigação materializada em título executivo e, uma vez
protestada, e título hábil ao requerimento de falência.

A Lei 6.458 de 1977 em seu art. 15 traz em seu texto;


A cobrança judicial de duplicata ou triplicata será efetuada de conformidade
com o processo aplicável aos títulos executivos extrajudiciais, de que cogia
o livro II do Código de Processo Civil, quando se tratar;
I – de duplicata ou triplicata aceita, protestada ou não;
II – de duplicata ou triplicata não aceita, contando que, cumulativamente;
a) haja sido protestada;
b) esteja acompanhada de documento hábil comprobatório da entrega e
recebimento da mercadoria; e
c) o sacado não tenha, comprovadamente, recusado o aceite, no prazo, nas
condições e pelos motivos previstos nos artigos 7º e 8º desta lei.

A duplicata sem aceite, desde que preenchidos os requisitos acima citados,


iguala-se aos títulos descritos no artigo 585 e 586 do CPC, dando assim liquidez,
certeza e exigibilidade, legitimando assim a duplica sem aceite, preenchido os
requisitos, ao pedido de falência.
20

f) Atos indicativos e característicos de falência

Mesmo que o devedor não incorra em nenhuma das hipóteses já citadas, a


impontualidade ou a falta de pagamento de obrigações, existem outro indícios
característicos da falência.
Ministra Mendonça (p. 36-37) da seguinte forma: “... outros atos ou fatos
resultantes da conduta pessoal do devedor no exercício da sua indústria ou
comércio também a demostram”.
A legislação falimentar apresenta de forma clara tais atos, então vejamos:

Art. 94, Será decretada a falência do devedor que:


III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano
de recuperação judicial:
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio
ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos;
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar
pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte
ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não;
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento
de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu
passivo;
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo
de burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor;
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem
ficar com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo;
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos
suficientes para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tentar
ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal
estabelecimento;
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de
recuperação judicial.

Atos praticados pelo devedor, que faça ligação direta ou que deixe a
entender ao meio econômico, ocultar-se, não cumprir com obrigação assumida em
recuperação judicial, liquidar mercadorias, tentativa de transferência a terceiro,
alienação de bens livres, são vários os sintomas da ruína, quebra, desta forma fica
claro a insolvência do mesmo.
21

CAPÍTULO II

2 COMPETÊNCIA JUDICIAL

A Constituição Federal trata em seu artigo 92 dos órgãos do poder judiciário,


poder este, que tem a missão e função Jurisdicional do Estado, criando assim
através de competências, em razão material ou do lugar.
Então vejamos o acentua o artigo 92 da C.F.;
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
I - o Supremo Tribunal Federal:
I.A - o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)
II - o Superior Tribunal de Justiça;
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI - os Tribunais e Juízes Militares;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

O processo falimentar quanto a matéria será apreciada pela justiça Estadual,


Distrito Federal e Territórios, com a competência dos juízes de direito, visto que, não
poderá ser analisadas pelas matérias especificas, tais como justiça eleitoral, militar
ou do trabalho por se divergir completamente materialmente das mesmas.
A Falência devera ser proposta na justiça comum, na vara civil, no foro do
local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha
sede fora do Brasil, vejamos o art. 3º da lei de falência;
Art. 3º É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial,
deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do
principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha
sede fora do Brasil.

Nos casos de atividades ambulantes ou de empresários de espetáculos


públicos, como por exemplo circos, companhias teatrais, que por sua essência não
possuem sede fixa, a ação falimentar devera ser proposta no lugar onde forem
encontrados.
Vejamos a jurisprudência retirada do site do STJ referente a competência na
ação de falência:
22

O ministro Luis Felipe Salomão analisou a matéria conforme o artigo 3º


da Lei 11.101, segundo o qual a competência para processar a
recuperação judicial ou a falência é do juízo do local do principal
estabelecimento do devedor. A jurisprudência do STJ, com base ainda na
antiga Lei de Falências (Decreto-Lei 7.661/45), fixou o entendimento de que
o foro competente para esses casos será o de maior volume de negócios,
que é o local mais importante da atividade empresarial.
O ministro destacou que a Alvorada do Bebedouro possui um único
estabelecimento em Guaranésia, sendo esta a comarca em que deveria ter
sido proposta a ação de falência. Portanto, reconheceu a incompetência da
comarca de Guaxupé, onde nenhuma das empresas envolvidas possui
estabelecimento.
Salomão afirmou que a competência para julgar a falência é absoluta, e por
isso o fato de o juízo de Guaxupé já haver tomado decisões no processo de
recuperação não autoriza a aplicação da teoria do fato consumado, pois “o
juízo no qual se encontra a ação é absolutamente incompetente para atuar
no feito”.
Considerando que o pedido de falência contra a Alvorada deveria ter sido
feito em Guaranésia, e tendo em vista o artigo 6º, parágrafo 8º, da Lei
11.101, o ministro concluiu que este também é o foro competente para
processar o pedido de recuperação judicial do grupo de empresas.
Assim, segundo Salomão, embora o pedido de recuperação tenha sido
efetuado por cinco empresas que compõem um grupo econômico, o fato é
que contra uma delas já havia requerimento de falência em curso. “Tudo
me faz crer que o juízo competente será aquele em que deveria ter sido
proposta a ação de falência”, concluiu.
Ficaram vencidos no julgamento o relator, ministro Raul Araújo, a ministra
Isabel Gallotti e o ministro Massami Uyeda.

Para empresários sediados no estrangeiro o juízo competente será a do


principal estabelecimento como descreve o próprio art. 3 da lei falimentar, no caso
de filial de empresa que tenha sede fora do Brasil, a falência só produzira efeito
sobre os bens situados no Brasil, no caso de pluralidade de filiais a competência
será do local da administração destas, se forem autônomas seguira pelo par. 2 do
art. 75, do Código Civil.
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
....
§ 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-
se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações
contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do
estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.(grifo nosso)

Assim, no caso de administração centralizada a competência será do juízo


do local da administração, no caso da administração autônoma das filiais a
competência e aquela do estabelecimento, situado no Brasil, a que ela corresponder.

2.1 DO PROCEDIMENTO PROCESSUAL

A petição inicial, momento este de iniciação processual, onde a parte através


23

da sua legitimidade ativa provoca o judiciário.


Petição inicial segundo Vido (2013, p. 139):

é um ato formal, que além de iniciar o processo, delimita a sentença, já que


e proibido ao juiz apreciar questões que dependam da iniciativa da parte,
bem como proferir uma decisão além do que foi pedido pelo autor (arts 128
e 460 do CPC), devendo ser redigida de acordo com os requisitos do 282 do
CPC.

Então vejamos o que leciona o artigo do 282 do CPC:


Art. 282. A petição inicial indicará:
I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida;
II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do
autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido, com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos
alegados;
VII - o requerimento para a citação do réu.

Nesse sentido tratamos da petição inicial do rito ordinário, não se


esquecendo de que no processo falimentar encontraremos por muitas vezes os
procedimentos especiais, nos quais as petições terão características únicas e
exclusivas.
A presença do advogado e necessário no processo falimentar, visto a
complexidade da matéria abordada, assim a petição falimentar, terá que ser
assinada por advogado inscrito nos quadros da OAB.
Assim, respeitadas todos os requisitos anteriormente estudados, previstos
no artigo 94, I, II, III da Lei 11.101/2005, somados a formalização processual citada
pelo artigo acima exposto o 282 do CPC, atentando para as formas das legislações
especiais contidas na Lei Falimentar, o polo ativo estará totalmente aparado a
buscar o judiciário, para assim ver sanado o seu saldo.

2.2 DO JUIZO UNIVERSAL

O juízo da falência absolve para si todas as demais ações as quais possuem


interesse da massa falida, tornando se assim, indivisível, como fundamenta o art. 76
da lei 11.101- 2005, vejamos;
Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas
as ações sobre bens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as
causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o
falido figurar como autor ou litisconsorte ativo.
24

Parágrafo único. Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput


deste artigo, terão prosseguimento com o administrador judicial, que deverá
ser intimado para representar a massa falida, sob pena de nulidade do
processo.

Almeida apud Mendonça (2008,p.126) “O juízo da falência e um mar onde


se precipitam todos os rios”.
Deste modo a ação falimentar funciona como um ima, que atrai todas as
demais demandas que tenham ligações como a massa falida, como, o concurso
creditório, arrecadação dos bens do falido, a habilitação dos créditos, os pedidos de
restituição, concretizando assim a sua indivisibilidade.
Como o próprio artigo preceitua, e o direito nos ensina, sempre existira uma
exceção a regra, as ações que não são atraídas pelo juízo universal “vis attractiva”,
quais sejam; ações em que a massa falida seja autora ou litisconsorte ativo,
reclamações trabalhistas, execuções fiscais e execuções de quantia iliquida.
Destarte ressaltar que nem todas as ações em que a massa falida figure no
polo passivo será de competência do juízo da falência, visto que, a indivisibilidade só
alcançara as ações de matéria falimentar, reguladas pela lei de Falência.
No caso da ação trabalhista, somente após a sentença transitada em
julgado, tendo o juiz a ciência da falência, devera habilitar o credito com o privilegio
que tal credito goza.
Vejamos o leciona o artigo 6 § 2 da Lei 11.101/2005;

Art. 6 A decretação da falência ou o deferimento do processamento da


recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e
execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares
do sócio solidário.
§ 2 É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação,
exclusão ou modificação de créditos derivados da relação de trabalho, mas
as ações de natureza trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere
o art. 8o desta Lei, serão processadas perante a justiça especializada até a
apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro-geral de
credores pelo valor determinado em sentença.

O crédito tributário não será absolvido pela ação falimentar conforme


preceitua o art. 187 do Código Tributário Nacional, vejamos;
Art. 187. A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de
credores ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata,
inventário ou arrolamento. (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005)

Assim, o processo terá seu tramite normal, não sofrendo nenhuma alteração,
restando ao juízo dos feitos da fazenda oficiar ao juízo da falência, solicitando a
25

transferência da quantia do debito do falido.


Almeida apud Mendonça (2008, p.131)
O juízo da falência e um mar onde se precipitam todos os rios. Nele
concorrem todos os credores, embora o foro privilegiado; nele se arrecadam
todos os bens do devedor; nele se discutem e resolvem todas as ações e
reclamações sobre bens, interesse e negócios da massa falida, qualquer
que seja o valor, pela forma por que a lei determina.

Desta forma, entende-se que juízo universal tratara e puxara para a sua
competência o que e preceituado pela lei falimentar, ou seja, ações que estão
ligadas diretamente com a massa falida, não se esquecendo que ações que possam
seguir procedimento originário se encontrem com ação falimentar futuramente, nos
haveres de seus créditos.

2.3 DAS ALEGAÇOES DA DEFESA

Requerida a falência o devedor será citado para apresentar, no prazo de 10


(dez) dias a sua contestação prevista no artigo 98 do ordenamento especial
falimentar.
O mesmo artigo 98 da lei 11.101 – 2005 traz em seu paragrafo único o
seguinte;
Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10
(dez) dias.
Parágrafo único. Nos pedidos baseados nos incisos I e II do caput do art. 94
desta Lei, o devedor poderá, no prazo da contestação, depositar o valor
correspondente ao total do crédito, acrescido de correção monetária, juros e
honorários advocatícios, hipótese em que a falência não será decretada e,
caso julgado procedente o pedido de falência, o juiz ordenará o
levantamento do valor pelo autor.(grifo nosso)

Chamado de Deposito Elisivo, ou seja, deposito eliminatório, que afasta de


maneira única a possibilidade da falência, desde que seja feito dentro do prazo, do
valor total, acrescido de correção, juros e honorários, afastando assim a condição de
insolvente do devedor.
A atualização do valor principal do deposito elisivo encontra-se sustentado
no artigo acima citado e na súmula 29 do Superior Tribunal de Justiça, então
vejamos:
Súmula 29/STJ. No Pagamento em juízo para elidir falência, são devidos
correção monetária, juros e honorários de advogado.

Ressaltando que a possibilidade do deposito elisivo só cabe nos caos dos


26

inciso I e II do artigo 94 da Lei falimentar, cabendo assim somente o juiz julgar a


relação creditícia, transformando se assim quase que em uma ação executória, onde
será analisada as condições executivas do título previstas no artigo 586 do CPC.
No caso se realizado o deposito sem defesa, o juiz entenderá como divida
confessada e ordenara o levantamento do deposito pelo credor, já o deposito com
posterior juntada de defesa nos autos, seguira o processo o rito normal do processo
falimentar, não mais analisando a possibilidade da falência mas tão somente a
relação do título.

2.4 MATERIAS QUE PODERÃO SER ARGUIDAS NA CONSTESTAÇÃO

A contestação encontra-se prevista no artigo 98 da lei 11.101 – 2005 e 300


do CPC, ressaltando que ambos os artigos tem que estar presentes no preâmbulo
da peça de resposta. Na apresentação da contestação o devedor poderá arguir, de
forma preliminar, na esfera exclusivamente processual, de acordo com o previsto no
artigo 301, que são eles:
Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar:
III - inépcia da petição inicial; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
IV - perempção; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
V - litispendência; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Vl - coisa julgada; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
IX - convenção de arbitragem; (Redação dada pela Lei nº 9.307, de
23.9.1996)
X - carência de ação; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
§ 3o Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso; há coisa
julgada, quando se repete ação que já foi decidida por sentença, de que
não caiba recurso. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
§ 4o Com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da
matéria enumerada neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
(grifos e exclusões nossa)

As possíveis alegações preliminares ligadas ao processo falimentar, estão


tipificas acima, podendo ser usadas com o pedido de extinção sem resolução do
mérito de acordo com o artigo 267 do CPC.
No tratamento quanto ao mérito, arguira em sua defesa, na tentativa da não
decretação da falência, os temas previsto principalmente no artigo 96 da Lei
Falimentar, então vejamos quais são:
Art. 96. A falência requerida com base no art. 94, inciso I do caput, desta Lei,
não será decretada se o requerido provar:
I – falsidade de título;
II – prescrição;
27

III – nulidade de obrigação ou de título;


IV – pagamento da dívida;
V – qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou não legitime
a cobrança de título;
VI – vício em protesto ou em seu instrumento;
VII – apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da
contestação, observados os requisitos do art. 51 desta Lei;
VIII – cessação das atividades empresariais mais de 2 (dois) anos antes do
pedido de falência, comprovada por documento hábil do Registro Público de
Empresas, o qual não prevalecerá contra prova de exercício posterior ao
ato registrado.
§ 1o Não será decretada a falência de sociedade anônima após liquidado e
partilhado seu ativo nem do espólio após 1 (um) ano da morte do devedor.
§ 2o As defesas previstas nos incisos I a VI do caput deste artigo não
obstam a decretação de falência se, ao final, restarem obrigações não
atingidas pelas defesas em montante que supere o limite previsto naquele
dispositivo.

O procedimento falimentar casa-se quase que completamente com a ação


executória, visto que, apresentados vícios nos títulos, prescrição, vicio em protesto,
assim, entende-se, que a norma empresarial, mais especificamente o procedimento
especial falimentar, usa de forma subsidiaria as normas do CPC, principalmente as
normas que leciona sobre títulos judiciais, extrajudiciais, processo de execução,
protestos.
A junção da ação executória e seus pré-requisitos quase que de forma total,
dão ao processo falimentar empresarial, a garantia ao sistema econômico
empresarial a segurança e credibilidade necessária, para que os empresários e
sociedades empresárias cumpram com suas obrigações.
28

CAPÍTULO III

3 DA SENTENÇA

Posterior a todo o desenrolar processual em que as partes fizeram provas


ao seu favor ou tentaram desclassificar provar e alegações contrarias, chega o
momento do juiz se amparar em todo o procedimento falimentar ate ali e decidir,
chegando assim a sentença.
Vejamos o que leciona o art. § 1 do art. 162 do CPC;
Art. 162. Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias
e despachos.
§ 1o Sentença é o ato pelo qual o juiz põe termo ao processo, decidindo ou
não o mérito da causa.
§ 1º Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas
nos arts. 267 e 269 desta Lei. (Redação dada pelo Lei nº 11.232, de 2005)

Segundo Vido (2013, p.157) “A sentença e definida, de acordo com a maior


parte da doutrina, de acordo com o sei conteúdo, ou seja, se tiver algum conteúdo
do art. 267 ou do art. 269 do CPC, o ato decisório será considerado sentença”.
Assim, os atos processuais que possuem natureza de sentença, principalmente
na lei falimentar onde veremos a posterior, dependem dos artigos 267 e 269 do CPC, a
sentença que terá características de uma decisão interlocutória de outra que terá
característica de sentença terá valores de total diferença processual.
Trataremos do que se trata os mencionados artigos 267 e 269 do CPC;
Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: (Redação
dada pela Lei nº 11.232, de 2005)
I - quando o juiz indeferir a petição inicial;
Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das
partes;
III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o
autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;
IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de
desenvolvimento válido e regular do processo;
V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de
coisa julgada;
Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a
possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual;
VII - pelo compromisso arbitral;
Vll - pela convenção de arbitragem; (Redação dada pela Lei nº 9.307, de
23.9.1996)
Vlll - quando o autor desistir da ação;
IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal;
X - quando ocorrer confusão entre autor e réu;
XI - nos demais casos prescritos neste Código.
29

O artigo 267 trata das decisões que serão prolatadas pelo juiz, sem a
resolução do mérito, assim entendemos que a matéria em si não foi apreciada,
tratando tao somente de alguma falha processual.
No artigo 269 encontraremos o oposto, visto que, neste ato de sentença
será resolvido o mérito, e assim analisado todo os momentos processuais ate ali,
chegando o magistrado a um convencimento sobre a matéria discutida.
Analisemos o artigo 269 do CPC que trata de tal decisão;
Art. 269. Haverá resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de
2005)
I - quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor; (Redação dada
pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido; (Redação dada
pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
III - quando as partes transigirem; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição; (Redação
dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação.
(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

A sentença tem como objetivo a resolução de um conflito, mesmo que em


determinadas sentenças o juiz não analise os pedidos do autor, devem estar
presente na sentença a clareza e a precisão, os elementos básicos e essenciais da
sentença são; o relatório, fundamentação e a conclusão, após a publicação da
sentença começara a contar o prazo recursal, se proferida em audiência, o prazo se
iniciara daquele instante.
A sentença falimentar por se tratar de uma legislação especial possuem
requisitos próprios além dos já mencionados, que estão descriminados no art. 99 da
lei 11.101/2005, vejamos;

Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras


determinações:
I – conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes dos
que forem a esse tempo seus administradores;
II – fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90
(noventa) dias contados do pedido de falência, do pedido de recuperação
judicial ou do 1o (primeiro) protesto por falta de pagamento, excluindo-se,
para esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados;
III – ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo de 5 (cinco) dias,
relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e
classificação dos respectivos créditos, se esta já não se encontrar nos autos,
sob pena de desobediência;
IV – explicitará o prazo para as habilitações de crédito, observado o
disposto no § 1º do art. 7º desta Lei;
V – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido,
ressalvadas as hipóteses previstas nos §§ 1o e 2o do art. 6o desta Lei;
30

VI – proibirá a prática de qualquer ato de disposição ou oneração de bens


do falido, submetendo-os preliminarmente à autorização judicial e do
Comitê, se houver, ressalvados os bens cuja venda faça parte das
atividades normais do devedor se autorizada a continuação provisória nos
termos do inciso XI do caput deste artigo;
VII – determinará as diligências necessárias para salvaguardar os
interesses das partes envolvidas, podendo ordenar a prisão preventiva do
falido ou de seus administradores quando requerida com fundamento em
provas da prática de crime definido nesta Lei;
VIII – ordenará ao Registro Público de Empresas que proceda à anotação
da falência no registro do devedor, para que conste a expressão "Falido", a
data da decretação da falência e a inabilitação de que trata o art. 102 desta
Lei;
IX – nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções na
forma do inciso III do caput do art. 22 desta Lei sem prejuízo do disposto na
alínea a do inciso II do caput do art. 35 desta Lei;
X – determinará a expedição de ofícios aos órgãos e repartições públicas e
outras entidades para que informem a existência de bens e direitos do falido;
XI – pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do
falido com o administrador judicial ou da lacração dos estabelecimentos,
observado o disposto no art. 109 desta Lei;
XII – determinará, quando entender conveniente, a convocação da
assembléia-geral de credores para a constituição de Comitê de Credores,
podendo ainda autorizar a manutenção do Comitê eventualmente em
funcionamento na recuperação judicial quando da decretação da falência;
XIII – ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta
às Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que
o devedor tiver estabelecimento, para que tomem conhecimento da falência.
Parágrafo único. O juiz ordenará a publicação de edital contendo a íntegra
da decisão que decreta a falência e a relação de credores .

Em especial atenção ao inciso II que trata do termo legal, que são


considerados os 90 (noventa) dias anteriores ao pedido da falência, que e entendido
como período de nascimento da falência, onde o falido em uma tentativa
desesperada de salvar algo da falência se colocam a praticar negócios suspeitos,
que poderão prejudicar os credores, assim neste espaço de tempo os atos dos
falidos poderão ser ineficazes.

3.1 SENTENÇA DECLARATÓRIA DE FALÊNCIA.

No processo falimentar os atos praticados pelo juiz podem nos levar a uma
certa confusão, atos tais como sentença, decisões interlocutórias que são aquelas
que não colocam fim ao processo e os despachos.
A sentença declaratória, como o nome bem diz declara a falência, figurando
assim não como de costume o final do processo, mas sim o inicio da execução
falimentar, ou seja, a sentença declarou a falência, iniciando ali o processo
falimentar, passando assim a ter característica de decisão interlocutória por não
31

colocar fim ao processo, sendo assim combatida pelo recurso de agravo de


instrumento, como veremos em tópicos seguintes.
Atentando que somente depois de percorrido todo o processo falimentar,
chegaremos a sentença falimentar, que declarara que o devedor e falido.
Vejamos o que conceitua Almeida (2008, p.108) “Por conseguinte, o devedor
e falido não por motivo da sentença, que, então, não e constitutiva, mas pelo fato de
não ter pago o que a sentença, sendo declaratória, somente reconhece e declara.”
O Supremo Tribunal Federal decidiu no Recurso Extraordinário Nº. 49.400
“Todas as sentenças são igualmente declaratórias, embora se limitem a declarar as
relações jurídicas entre as partes”.

3. 2 SENTENÇA DENEGATÓRIA DE FALÊNCIA

A sentença denegatória de falência, nega o pedido inicial de falência, por


entender não preenchidos os pré-requisitos para tal declaração, sentença essa que
tem natureza de decisão terminativa, ou seja, colocando fim ao processo falimentar,
cabendo assim ser rebatida pelo recurso de apelação.
O procedimento falimentar causa danos gravíssimos ao empresário, perante,
bancos, empresários e a mercado a que este encontra-se inserido, que passa a ser
visto com total descredito pelos bancos e empresários, assim se o requerente agir
com dolo, culpa ou abuso, respondera perante ao requerido pelos danos materiais e
morais causados, como fundamenta o artigo 101 da Lei 11.101 / 2005, vejamos;

Art. 101. Quem por dolo requerer a falência de outrem será condenado, na
sentença que julgar improcedente o pedido, a indenizar o devedor,
apurando-se as perdas e danos em liquidação de sentença.

No caso da sentença denegatória ficar comprovado o dolo do requerente da


ação, a condenação da reparação dos danos causados, será determinado na
mesma sentença que denegou o pedido.

3.3 DOS RECURSOS NO PROCEDIMENTO FALIMENTAR

Colocando que, nem mesmo os nobres magistrados estão imunes a cometer


erros, surge neste momento a oportunidade de tentar corrigi-los, através do reexame
32

das decisões, sendo facultado a parte vencida o direito de se opor a uma decisão
interlocutória ou sentença.
Segundo leciona Almeida (2008, p.115) “o termo recurso, pois, indica o
pedido de reforma de uma decisão prolatada, isto e, proferida , pronunciada”.
Para Monteiro apud Almeida (2008. p,115) “provocação a novo exame dos
autos para emenda ou modificação da primeira sentença”.
Assim, o duplo grau de jurisdição um dos princípios recursais se materializa,
levando os fundamentos e argumentos do recurso a uma instancia superior
hierarquicamente superior a primeira.
Os princípios recursais são; Duplo grau de jurisdição; Singularidade;
taxatividade; fungibilidade e a proibição da roformatio in prejus. Amparado pelos
princípios caberá a parte vencida preencher os pressupostos recursais.
Almeida (2008,p.122) conceitua recurso da seguinte forma “recurso e o meio
de que se vale a parte, objetivando a reforma de uma sentença que lhe tenha sido,
no todo ou em parte, desfavorável”.

3.3.1 Pressupostos Recursais

No primeiro momento o juízo a quo analisara se encontra-se presente os


pressupostos de admissibilidade; tempestividade, legitimidade, interesse,
regularidade processual, preparo e inexistência de fato impeditivo ou modificativo do
direito do autor, que em regra geral e feito pelo juízo ad quo que encaminhara para
analise do juízo ad quem.
Preenchidos os pressupostos já citados o recurso será analisado quanto ao
mérito, ou seja, passara a analisar o direito o conteúdo jurídico que fundamentara a
possível correção da sentença recorrida.

3.3.2 Efeitos Recursais

O efeito recursal a ser aplicado e analisado pelo juiz ad quo, que poderá ser
o efeito devolutivo que se encontra presente em todos os recursos, que e a
devolução da matéria debatida pelo recurso, com reexame feito pelo juízo ad quem.
O efeito suspensivo trava os efeitos da sentença ate que seja resolvido o
recurso, esse efeito encontra-se presente, em principio, em todos os recursos, a não
33

ser que lei estabeleça o contrário, caso dos recursos de Exceção de apelação (art.
520 CPC);Recurso Especial; Recurso Extraordinário e Agravo – com exceção do art.
558.
Entendendo assim, que todo o recurso terá o efeito devolutivo, no qual a
matéria retornara a ser analisada, só que desta vez por instancia superior em forma
de recurso, e os efeitos da sentença produzira efeitos o que não acontece com a
aplicação do efeito suspensivo, que como o nome bem descreve, suspende tais
efeitos ate que seja analisado o recurso.

3.4 DOS RECURSOS DE APELAÇÃO E O AGRAVO NO PROCEDIMENTO


FALIMENTAR

A legislação falimentar trata de forma especifica de dois caminhos recursais,


a Apelação e o Agravo, previstos no artigo 100 da Lei 11.101 – 2005, então vejamos
o que preceitua;
Art. 100. Da decisão que decreta a falência cabe agravo, e da sentença que
julga a improcedência do pedido cabe apelação.

“O recurso de Apelação e cabível para o reexame de sentença proferida pelo


juízo de primeira instancia, deve ser interposto no prazo de 15 dias contados da
intimação da sentença”. Conforme leciona Vido (2013, p. 168).
O artigo 189 da mesma Lei, conceitua sobre aplicação subsidiaria do Código
de Processo Civil, vejamos;
Art. 189. Aplica-se a Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de
Processo Civil, no que couber, aos procedimentos previstos nesta Lei.

Desta forma entende-se que caberá o Recurso de Apelação de sentença


que denegar o pedido de falência, ou seja, da sentença que não declarara a falência.
O agravo de instrumento e o recurso usado para combater a decisão que
declara a falência, também previsto pelo artigo 100 da Lei 11.101 – 2005, devendo
ser protocolado no prazo de 10 (dez) dias a contar da intimação da decisão, sendo
usado de forma subsidiaria o Código de Processo Civil de acordo com o art. 522 e
seguintes, decisão recorrida que terá natureza de decisão interlocutória, visto que
não colocou fim ao processo.
A súmula 25 do Superior Tribunal de Justiça, conceitua que;
34

Sumula 25 do STJ
Nas ações da Lei de Falência o prazo para a interposição de recurso conta-
se da intimação da parte.

Trata dos Recursos contidos na legislação especial, mas que usam de forma
subsidiaria o Código de Processo Civil, peculiaridades de decisões que podem levar
ao erro, visto que, em regra geral da sentença caberá Apelação, na legislação
falimentar existe como visto a possibilidade de usar o Agravo levando em
consideração a natureza da decisão ataca, ou seja, uma decisão interlocutória,
sentença que não coloca fim ao processo, mas que inicia o processo falimentar.

3.5 DOS EFEITOS DA FALÊNCIA

A partir da decretação da Falência, vira sobre as partes efeitos advindos


desta decisão, tanto para os credores como para o falido, iniciando ali obrigações e
procedimentos a serem cumpridos.

3.5.1 Efeitos da Falência para os Credores

De imediato a decretação da falência, produzira o vencimento antecipado de


todas as dividas do falido, conforme ensina o artigo 77 da Lei 11.101 – 2005, então
vejamos;
Art. 77. A decretação da falência determina o vencimento antecipado das
dívidas do devedor e dos sócios ilimitada e solidariamente responsáveis,
com o abatimento proporcional dos juros, e converte todos os créditos em
moeda estrangeira para a moeda do País, pelo câmbio do dia da decisão
judicial, para todos os efeitos desta Lei.

Desta forma, os débitos vincendos passaram a vencidos naquela data, com


abatimento dos juros, momento este em que possibilita os credores que possuem
créditos a vencer de habilitarem os seus créditos.
O artigo trata também da sociedade com sócios de responsabilidade
ilimitada, que consequentemente serão considerados falidos, e serão intimados a
apresentarem contestações, se assim desejarem.
Neste mesmo sentido o artigo 81 da Lei Falimentar vem firmar tal
pensamento;
Art. 81. A decisão que decreta a falência da sociedade com sócios
ilimitadamente responsáveis também acarreta a falência destes, que ficam
sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos produzidos em relação à sociedade
falida e, por isso, deverão ser citados para apresentar contestação, se
35

assim o desejarem.
§ 1o O disposto no caput deste artigo aplica-se ao sócio que tenha se
retirado voluntariamente ou que tenha sido excluído da sociedade, há
menos de 2 (dois) anos, quanto às dívidas existentes na data do
arquivamento da alteração do contrato, no caso de não terem sido solvidas
até a data da decretação da falência.
§ 2o As sociedades falidas serão representadas na falência por seus
administradores ou liquidantes, os quais terão os mesmos direitos e, sob as
mesmas penas, ficarão sujeitos às obrigações que cabem ao falido.

Outro efeito de vital importância e que demostra uma certa proteção ao


falido, trata-se da suspensão dos juros tantos os compensatórios como os
moratórios, desta forma o falido ira responder diretamente por aquele momento da
falência, ou seja, se o seu passivo não for muito maior do que o seu ativo, todos os
credores terão de forma legal e justa os ressarcimento dos seus haveres junto a
massa falida.
Como já analisado e estudado no juízo universal, o processo falimentar
absolve e suspende as ações ou execuções movidas contra o falido, a exceção de
algumas, das quais já mencionamos no tópico do juízo universal.
E importante lembrar, da suspensão da prescrição durante o processo
falimentar, não fazendo confusão com a decadência que trata da perda do direito,
enquanto a prescrição trata da perda da ação, ou seja, um titulo que esta prescrito
não poderá ser usado para uma ação de execução.
Almeida apud Monteiro (2008, p.143) trata da seguinte forma a suspensão
da prescrição no processo falimentar;
apenas faz cessar temporariamente o curso da prescrição; superada, porem,
a causa suspensiva, a prescrição retoma o seu curso natural, computando o
tempo anteriormente transcorrido. Com as causas que interrompem a
prescrição a situação e profundamente diversa; verificada alguma causa
interruptiva, perde-se por completo o tempo transcorrido precedentemente;
esse tempo fica inutilizado para o prescribente, por inteiro, não sendo de
modo algum considerado na contagem o primeiro lapso de tempo, que fica
perdido, sacrificado.

Assim, a suspensão da prescrição durante o processo falimentar, vem


assegurar e garantir a validade de títulos que se perderiam durante os longos anos
em que perdurarão o processo falimentar.

3.5.2 Efeitos da Falência para o Falido

O falido e atingido diretamente na sua capacidade processual, não podendo


figurar como autor ou réu que conflitem com o interesse da massa falida, não
36

podendo praticar quaisquer atos referentes a bens ou direitos que possam prejudicar
o processo falimentar e consequentemente aos créditos dos credores.
O artigo 104, III da lei Falimentar da outro duro golpe ao falido, impondo que
este não possa se ausentar do lugar onde se processa a falência, sem motivo justo
e expressa comunicação ao juízo, e sem deixar um bastante procurador, sansão
este imposta para que o falido contribua de forma direta e verbal com o andamento
processual, devendo examinar e participar de diverso atos processuais, como;
examinar as declarações de créditos, assistir ao levantamento e verificação de
balanço.
Art. 104 III – não se ausentar do lugar onde se processa a falência sem
motivo justo e comunicação expressa ao juiz, e sem deixar procurador
bastante, sob as penas cominadas na lei;

Assim que comunicado da falência, o falido devera se apresentar ao juízo da


falência, para tomar ciência de varias obrigações, as quais não forem cumpridas,
poderão resultar em sua prisão conforme preceitua o paragrafo único do artigo 104
da Lei Falimentar, vejamos;
Art. 104. A decretação da falência impõe ao falido os seguintes deveres:
Parágrafo único. Faltando ao cumprimento de quaisquer dos deveres que
esta Lei lhe impõe, após intimado pelo juiz a fazê-lo, responderá o falido por
crime de desobediência.

Para o empresário descartando a pena de liberdade, a pena mais dura


imposta pena Legislação Falimentar e a proibição do exercício da atividade
empresarial, que lhe e tirada com fundamento nos artigos 972 do Código Civil que
trata do pleno gozo da capacidade civil, assim entende-se que o falido não poderá
administrar seus próprios bens perdendo assim a sua capacidade civil, então
vejamos o artigo 103 da Lei 11.101/2005;

Art. 103. Desde a decretação da falência ou do seqüestro, o devedor perde


o direito de administrar os seus bens ou deles dispor.

Nesse mesmo sentido o artigo 102 da Lei Falimentar vem pontuar


diretamente sobre o exercício da atividade empresarial pelo o falido, vejamos;

Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade


empresarial a partir da decretação da falência e até a sentença que
extingue suas obrigações, respeitado o disposto no § 1o do art. 181 desta
Lei.

Almeida (2008, p.148) trata do assunto da seguinte forma;


37

O falido e considerado inabilitado processualmente, não podendo figurar


como autor ou réu, nas ações patrimoniais de interesse da massa. Todavia,
conquanto sofra restrições em decorrência da falência, continua plenamente
capaz para os demais atos da vida civil.

3.6 DO ENCERRAMENTO DO PROCESSO FALIMENTAR

Neste momento iremos tratar da finalização do procedimento falimentar e


falaremos bastante da figura do administrador judicial, que e conceituado por
Almeida apud Valverde (2008, p.200)
O administrador judicial, sindico, liquidatário ou curador e órgão ou agente
auxiliar da justiça, criado a bem interesse publico e para a consecução da
finalidade do processo falência. Age por direito próprio em seu nome, no
cumprimento dos deveres que a lei lhe impõe.

Podendo ser pessoa natural ou pessoa jurídica que será nomeado pelo juiz
na sentença que decretar a falência, entendendo que se trata de um braço do juiz,
que estará presente em todas as fases processuais e que terá suas obrigações e
responsabilidade perante a massa falida

3.6.1 Prestação de Contas do Administrador Judicial

O artigo 154 da Lei 11.101/2005, trata da prestação de contas do


administrador judicial logo após a liquidação, vejamos o que leciona tal artigo;

Art. 154. Concluída a realização de todo o ativo, e distribuído o produto


entre os credores, o administrador judicial apresentará suas contas ao juiz
no prazo de 30 (trinta) dias.

Contas esta que permaneceram em cartório, podendo ser impugnadas, em


dez dias, que posteriormente serão julgadas, cabendo em caso de desacordo com o
decidido o recurso de apelação.
Neste mesmo período o administrador judicial providenciara o relatório final
conforme preceitua o artigo 155 da Lei Falimentar, analisemos;

Art. 155. Julgadas as contas do administrador judicial, ele apresentará o


relatório final da falência no prazo de 10 (dez) dias, indicando o valor do
ativo e o do produto de sua realização, o valor do passivo e o dos
pagamentos feitos aos credores, e especificará justificadamente as
responsabilidades com que continuará o falido.

Devera estar presente neste relatório; o montante do ativo, o produto da


38

realização do ativo, o montante do passivo, o pagamento feito aos credores


habilitados e os créditos que não puderam ser pagos por insuficiência de bens.

3.6.2 Do Encerramento da Falência por Sentença

O juiz encerara a falência por sentença, conforme fundamenta o artigo 156


da Lei Falimentar, logo após a apresentação do relatório final feito pelo
administrador judicial, dando inicio ali a contagem do prazo para a prescrição do
prazo para o falido voltar a exercer a atividade empresarial, sentença esta que será
publicada por edital, podendo ser atacada pela apelação.

3.7 DA EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

A extinção das obrigações do falido se da por três formas, conforme


preceitua o artigo 158 da Lei 11.101/2005, que são; a prescrição, o pagamento e o
rateio de mais de 50% do debito, então vejamos o que fundamenta o já citado artigo;

Art. 158. Extingue as obrigações do falido:


I – o pagamento de todos os créditos;
II – o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50%
(cinqüenta por cento) dos créditos quirografários, sendo facultado ao falido
o depósito da quantia necessária para atingir essa porcentagem se para
tanto não bastou a integral liquidação do ativo;
III – o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento da
falência, se o falido não tiver sido condenado por prática de crime previsto
nesta Lei;
IV – o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do encerramento da
falência, se o falido tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta
Lei.

Assim, fica demostrado que a prescrição será de 5 (cinco) anos se não tiver
cometidos crimes falimentares e de 10 (dez) anos se os tiverem cometidos, ambos a
contar do encerramento da falência.
Outra forma de extinção das obrigações do falido, trata da mais simples de
compreensão, ou seja, da quitação dos débitos que originaram a falência.
Por fim, o rateio de mais de 50% do debito, estará assim de conformidade
com a legislação vigente, extinta as obrigações do falido, montante este que vira da
realização do ativo, podendo ser completado pelo próprio falido, requerendo por fim
a extinção de suas obrigações.
39

3.7.1 Do Requerimento Pelo Falido

O pedido de extinção das obrigações devera ser feita pelo próprio falido, que
pedira ao juiz da ação de falência a extinção de suas obrigações, conforme leciona o
artigo 159:
Art. 159. Configurada qualquer das hipóteses do art. 158 desta Lei, o falido
poderá requerer ao juízo da falência que suas obrigações sejam declaradas
extintas por sentença.
§ 1o O requerimento será autuado em apartado com os respectivos
documentos e publicado por edital no órgão oficial e em jornal de grande
circulação.
§ 2o No prazo de 30 (trinta) dias contado da publicação do edital, qualquer
credor pode opor-se ao pedido do falido.
§ 3o Findo o prazo, o juiz, em 5 (cinco) dias, proferirá sentença e, se o
requerimento for anterior ao encerramento da falência, declarará extintas as
obrigações na sentença de encerramento.
§ 4o A sentença que declarar extintas as obrigações será comunicada a
todas as pessoas e entidades informadas da decretação da falência.
§ 5o Da sentença cabe apelação.
§ 6o Após o trânsito em julgado, os autos serão apensados aos da falência.

Segundo Almeida apud Lacerda , entende que;


... não basta, ao falido, que sua falência seja encerada por sentença, pois,
mesmo assim, vê-se o falido perseguido pelos seus credores, que o
executam pelos saldos. Só então, quando julgadas extintas as suas
obrigações, pode o falido exercer sua atividade despreocupadamente.

Seguidos todos os tramites e requisitos processuais, o empresário poderá


renascer economicamente, usando em sua nova jornada o aprendizado com os
erros cometidos, que o fizeram passar por todas as etapas de vergonha, descredito
e desconfiança, com a certeza de que a justiça regulara e cuidara para o equilíbrio
comercial e econômico.
40

CONCLUSÃO

Tratamos a cerca da falência, de forma simples e direta, percorremos um


longo caminho de descobertas quanto ao mundo empresarial, econômico e
processual, chegando assim ao despertar para uma matéria não muito abordada,
matéria esta de grandes possibilidades jurídicas, onde encontra-se vários rios que
se encontram formando um mar de possibilidades, tanto para o credor como para o
falido.
Desde seu surgimento ate os dias atuais foram grandes e gritantes as
modificações, tanto de procedimento quanto de matéria, inicio onde se pagava pela
quebra com a escravidão ou ate mesmo chegando ao absurdo da condenação a
morte.
Com o desenvolvimento da norma, foi retirada essas penas que nada tem
haver com a matéria abordada, se o empresário assume o risco do lucro, claramente
também assumira o risco do prejuízo, mas agora respondera com os seus bens, com
a proibição de exercício de sua atividade, mas não mais com penas absurdas de
morte ou escravidão.
No mundo capitalista em que vivemos, onde valemos o que temos e não o
que somos, para um empresário falido, que desde o inicio do processo falimentar
era tratado como um enganador, derrotado, despreparado e fraudulento, perder o
direito de exercer sua profissão de certa forma e vista como um grande avanço
social.
A legislação falimentar trouxe um equilíbrio e uma segurança muito grande
para o meio empresarial, de um lado o credor tem a consciência de tem um caminho
legal a seguir para reaver os seus créditos, já o devedor com potencial de falido
encontrara na legislação a segurança de que passara por um processo falimentar,
com direito a defesas, com paralisação de juros, com apuração de haveres,
chegando ao final do processo não mais visto como um fraudulento, mas sim como
um empresário que por motivos diversos não obteve êxito no seu seguimento.
Neste mesmo sentido, o empresário terá a oportunidade de renascer depois
de cumpridas e extintas todas as suas obrigações, desta vez com um preparo maior
e não cometendo os mesmos erros de antes, fazendo assim girar o ciclo econômico
deste País, onde a classe empresarial tem grande importância econômica e social.
O processo falimentar necessita de alguns ajustes, como toda legislação
41

que não acompanha as mudanças sociais e econômicas, como por exemplo; a


celeridade processual, com a liquidação dos bens em um prazo compatível com as
necessidades dos credores e desta mesma forma amparando também o falido, visto
que assim os bens serão liquidados com um valor mais justo.
Assim finalizando, a legislação Falimentar é de vital importância econômica
para o nosso país, servindo como balança reguladora, diferenciando o empresário
fraudulento do empresário que fracassou em sua atividade, mas que não agiu de
má-fé, apresentando tanto ao credor como ao falido um direito processual justo e
seguro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
Almeida, Amador Paes de - Curso de falência e recuperação de empresa : de acordo
com a lei n. 11.101/2005 - 24. ed. rev. E atual. - São Paulo : Saraiva, 2008.

Vido, Elisabete - Prática empresarial ; coordenação Marco Antonio araujo Jr., Darlan
Barroso. - 4. ed. rev. E atual. - São Paulo : Editora Revista de Tribunais, 2013.

Coelho, Fábio Ulhoa - Comentários à nova lei de falências e de recuperação de


empresas: (Lei n. 11.101, de 9-2-2005) Fábio Ulhooa Coelh. - 5. ed. - São Paulo:
Saraiva, 2008.

Silva, Giulliano Rodrigo Gonçalves e - Direito societário - 2ª ed. - Goiânia: Gráfica e


editora América 2014, 162 p.

Você também pode gostar