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Universidade Federal do Espírito Santo

Centro de Ciências Humanas e Naturais


Departamento de História

Disciplina: Brasil Colonial


Professora: Rossana Britto
Aluna: Jenny Barros Andrade

Fichamento:

NOVINSKY, A. W. Inquisição: Prisioneiros do Brasil - séculos XVI a XIX. Rio de Janeiro:


Expressão e Cultura, 2002.

Vitória
2012
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NOVINSKY, A. W. . Inquisição: Prisioneiros do Brasil - séculos XVI a XIX. Rio de Janeiro:


Expressão e Cultura, 2002.

P.17 “Em 1536, sob o reinado de D. João III, o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição foi
estabelecido oficialmente em Portugal. Tratava-se de uma corte de justiça liderada pela Igreja
e pelo Estado, com a finalidade aparente de extirpar as heresias, mas teve um sentido muito
mais profundo e abrangente”.

“Em 1540 iniciaram-se os autos-de-fé, durante os quais os réus ouviam suas sentenças. Esses
autos transformaram-se em festivas cerimônias públicas, tornando-se famosos e divulgados
pela Europa.”

P.20 “(...) seu objetivo foi exclusivamente perseguir e prender os portugueses suspeitos de
praticarem em segredo os rituais da religião judaica, mas gradativamente as heresias
ampliaram-se passando a abranger também o luteranismo, além dos “crimes menores”, como
a feitiçaria, sodomia, bigamia, proposições heréticas e blasfêmias”.

“Assim como nos regimes totalitários contemporâneos, a Inquisição tratava de criar o


inimigo, para legitimar e justificar o sistema.”

“A Igreja compreendeu seu perigo e determinou o que os portugueses podiam ler. Nos portos
do Brasil, “visitadores das naus” examinavam, junto com as mercadorias que chegavam cada
livro, pedaço de papel ou cartas. Apesar de todo o controle e perigos, obras clandestinas
entravam continuamente na colônia”.

P.21 “A Inquisição portuguesa, assim como a espanhola, foi uma instituição racista. Era
preciso encontrar o herege, e para isso se buscou a origem étnica dos portugueses até a sétima,
oitava, nona geração. Judeus, mouros, índios, negros, mulatos, ciganos, eram excluídos por lei
dos serviços públicos, da Igreja, das ordens religiosas, dos estudos superiores”.

“A Inquisição foi responsável, em grande parte, pelo bloqueio do desenvolvimento de uma


burguesia portuguesa. (...) A importância dos cristãos-novos para a economia nacional foi
reconhecida pelos portugueses mais esclarecidos, que advertiam os dirigentes sobre os
prejuízos causados pelas perseguições.”
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P.22 “ Quem mais se empenhou em responsabilizar a Inquisição pelo desastre econômico de


Portugal foi o Padre Antônio Vieira(...) Vieira ainda procurou, junto ao papa, golpear a
Inquisição”.

“Com o domínio dos Habsburgos sobre Portugal a Inquisição entrou em nova fase, mais
organizada e sistemática, e a fiscalização inquisitorial se intensificou.”

“O interesse dos inquisidores pelo Brasil foi despertado, por um lado, pelo progresso
econômico da colônia e, por outro, pelas cartas que continuamente seguiam para Portugal,
denunciando o grande úmero de heresias”.

P.23 “A invasão holandesa no Brasil, em 1630, mudou o quadro social e religioso das
colônias e a vida dos cristãos novos. Uma política de relativa tolerância religiosa, por parte do
invasor, deu aos cristãos-novos um aceno de liberdade e mitos retornaram à fé de seus
antepassados, principalmente após a chegada de centenas de judeus a Holanda”.

“Em 1646 realizou-se em Salvador, na Bahia, no colégio da Companhia de Jesus, uma


“Grande Inquisição” sob ordem dos inquisidores, que revelou a existência de uma sociedade
subterrânea”.

P.24 “Apesar da distância e do isolamento, os cristãos-novos no Brasil tinham exato


conhecimento de como funcionava e decorria o julgamento no tribunal. Penitenciados, ao
saírem, do cárcere eram obrigados a assinar o “Termo do segredo”, comprometendo-se, sob
pena de punição mais grave, jamais revelar o que se havia passado com eles no interior dos
Estaos (...)”.

P.27 “As “ordens de prisão” para o Brasil foram emitidas principalmente na década de 1730,
visando em sua maior parte os moradores de Minas Gerais. Os “mandados” referentes às
mulheres dizem respeito ao crime de judaísmo”.

“ A maior parte dos brasileiros foi presa pela Inquisição na primeira metade do século XVIII:
555 pessoas, entre homens e mulheres. Na segunda metade desse século, foram levados para
os cárceres da Inquisição 107 homens e mulheres. No século XVI, foram 2223 pessoas presas,
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entre homens e mulheres, no século XVII, foram efetuadas 87 prisões e, no século XIX,
apenas duas”.

P.28 “(...) podemos dizer que 51,12% do total dos presos do sexo masculino eram
portugueses de nascimento de 41,32% já eram nascido no Brasil. Das mulheres, apenas
18,36% eram nascidas de Portugal (...). A região de onde originou-se o maior número de
presos brasileiros foi o Rio de Janeiro – tanto os homens como as mulheres”.

P.31 “Os cristãos novos, por exemplo, que representaram o mais alto contingente dos presos
brasileiros, muitas vezes tinham casas montadas em duas ou três regiões diferentes, nelas
residindo ou “assistindo” temporariamente, pois seus negócios levavam-nos a constantes
viagens pelo Brasil. Além disso, sua origem judaica conferia-lhes grande instabilidade,
obrigando-os muitas vezes a mudar de nome e residência”.

P.33 “(...) os homens cristãos-novos constituíram 61,86% dos prisioneiros, e as mulheres


cristãs-novas chegaram a 88,85% (...). Mamelucos. Índios, negros e mulatos foram presos em
muito menos proporção do que os brancos”.

P.36 “A maioria dos cristãos-novos pertencia a uma classe média, mas poucos foram grandes
magnatas. Entre os presos do Rio de Janeiro é encontrado o maior número de bacharéis
formados em Coimbra, alguns com alto nível de cultura, enquanto os prisioneiros da Paraíba
representam uma camada social mais modesta”.

“Em bibliografia recente encontramos a afirmação de que os cristãos-novos eram donos e


monopolizadores do trafico escravos para o Novo Mundo. Não há base científica nem
comprovação quanto ao Brasil”.

P.37/38 “O principal crime de que foram acusados os brasileiros e portugueses residentes no


Brasil foi o de praticarem em segredo a religião judaica”.

“(...) o mais frequente após o judaísmo foi, entre os homens, as proposições heréticas”.
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“Os “crimes contra a fé” eram considerados os mais graves e recebiam também as sentenças
mais severas, proposições heréticas, feitiçaria, gentilidades, solicitação recebiam em geral
penas leves. As sentenças para sodomia e bigamia muitas vezes eram as galé do rei”.

P.40 “As sentenças proferidas contra os prisioneiros brasileiros variavam segundo a origem
étnica dos réus, e não segundo seus crimes. As mesmas infrações, se cometidas por cristãos-
velhos, recebiam penas diferentes. As sentenças mais severas foram aplicadas aos cristãos-
novos acusados de judaísmo (...)”.

“Apenas o brasileiros acusados do crime de Judaísmo receberam como sentença a pena de


morte na fogueira. Em seguida, por ordem de gravidade, seguiam-se as galés (...) e hábito
penitencial perpétuo, que foi a sentenças recebidas pela maior parte dos cristãos-novos”.

P.42 “Diversos brasileiros ilustres encontram-se entre aqueles que não chegaram a ser presos,
mas estiveram envolvidos com a Inquisição. No século XVII, Ambrósio Fernandes Brandão
(...). O poeta baiano Gregório de Matos e Guerra também foi denunciado com deísta (...)”.

“(...) na primeira metade do século XVIII o principal crime de que foram acusados foi o
judaísmo, e nas duas últimas décadas desse século, alterou-se o sentindo religioso para o
político, e pejorativamente os brasileiros foram denominados afrancesados”.

P.43 “O novo regimento que prescrevia a eliminação da distinção entre cristãos-velhos e


cristãos-novos, data de 1774(...). Durante o governo do marquês de Pombal foram presos 68
moradores do Brasil (...)”.

P.44 “Nas últimas décadas do século, a Inquisição reforçou sua fiscalização sobre os
estudantes brasileiros na Universidade de Coimbra (...)”.

“Em 1806 ainda havia pelo menos um comissário da Inquisição atuando em Pernambuco, que
enviava queixas do Brasil, contando do “miserável estado em que se encontra a terra a
respeito da religião”, onde abundavam os “libertinos, inimigos declarados da Igreja””.

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