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LÓGICA SIMBÓLICA

A Lógica simbólica, ou lógica matemática, ao contrário das outras duas


apresentadas (silogismo e de conjuntos), substitui a palavra por ideia. Ora, ideias são entes
artificiais, de razão, e por isso mesmo, a lógica simbólica em vez de se fixar em termos e
palavras, faz uso de símbolos, que substituem plenamente qualquer proposição, conferindo-
lhe valores de verdade (verdadeiro ou falso).

ARANHA e MARTINS (2004) abrem o capítulo sobre Lógica simbólica lembrando


que "na longa tradição herdada desde Aristóteles, muitos dos problemas enfrentados pelos
lógicos decorrem de que as línguas se prestam a ambiguidades, equívocos, falta de clareza,
além de deixarem prevalecer conotações emocionais que perturbam o raciocínio. Daí a
importância da criação de uma lógica simbólica em uma linguagem artificial" (Introdução
à Filosofia, p. 110).

Usando de cinco casos, a lógica simbólica faz a verificação dos enunciados através
da simbologia em cinco casos:

1º caso: a negação.
Começa-se pela obviedade: a negação de todo enunciado verdadeiro será falsa, na
mesma medida em que toda negação de todo enunciado falso será verdadeira.

p ~p
V F
F V

Tome-se por exemplo: o formato da lua (é comum tomar a lua por redonda).

Ex.1: a lua é redonda (ao que será substituída por "p").

Se, se diz que o exemplo 1 é verdadeiro, então, o segundo será necessariamente falso.

Representando simbolicamente se tem:

p ~p
V F

p (portanto, é verdadeiro)

Ex.2: O Brasil é um país europeu (p).

p ~p
F V

~p (portanto, é falso)
2º caso: a conjunção.
Quando o enunciado se faz por meio de duas proposições que se juntam, tem-se, em
lógica, a chamada conjunção de proposições. Na conjunção se faz uso dos conectivos ()
para a ideia de que o enunciado todo seja verdadeiro ou falso. Aqui a lógica lança mão de
mais um símbolo, o “q” que substituirá a segunda proposição, porque para a primeira se
continuará a usar do “p”.
No caso da conjunção, o argumento será verdadeiro se ambos os conjuntivos forem
verdadeiros:

p q pq
V V V
V F F
F F F
F V F

Volte-se ao exemplo da lua: é comum tomar a lua por redonda e não ter nenhum habitante.
Ex.1: a lua é redonda e sem habitantes.

a lua é redonda e sem habitantes.


p  q

Representando simbolicamente se tem:


p q pq
V V V
F F F

p q | pq (portanto, é verdadeiro)


~p ~q | pq (portanto, é verdadeiro)

o argumento será verdadeiro tanto se admitir que a lua é, de fato, redonda e sem habitantes,
como se a lua não é redonda e tem habitantes, porque não será referenciado à lua que se
comumente conhece.

Ex.2: O Brasil é um país europeu e seu clima é tropical.

p q pq
F V F

~p q | pq (portanto, é falso)

o argumento é falso, porque o Brasil não é um país europeu, embora, de fato, tenha um
clima tropical.
3º caso: a disjunção.
Acontece algumas vezes de se ter possibilidade de algo ser verdadeiro, ainda que se tome
um ou outro caminho. Este é o caso da disjunção. Quando se fala em disjunção, fala-se em
alternativa, que pode ser inclusiva ou exclusiva.

I- Disjunção inclusiva: Quando se pensa em inclusão, pensa-se em incluir, em juntar.


Também isso acontece na disjunção inclusiva. Nesse caso, o único modo de tornar o
argumento falso é se ambas as proposições forem falsas. Somente desse modo é que se
invalida a verdade.
Para a disjunção inclusiva, usar-se-á o símbolo “”, que significa “ou”.

p q pq
V V V
V F V
F V V
F F F

Ex.1: os alunos têm de vir à escola com a camiseta branca ou a azul.

os alunos têm de vir à escola com a camiseta branca.


p
ou

os alunos têm de vir à escola com a camiseta azul.
q

p q pq
V V V
V F V
F V V
p q | pq (portanto, é verdadeira)
p ~q | pq (portanto, é verdadeira)
~p q | pq (portanto, é verdadeira)

... e, porque se sabe que os alunos têm de vir à escola, não importando com qual camiseta
(branca ou azul); então...

p q pq
V V V
V F V
p q | pq (portanto, é verdadeiro).
p ~q | pq (portanto, é verdadeiro).

o único modo de isso se tornar inválido, ou falso, será o caso de os alunos não terem de vir
à escola ou nem teriam de usar a camiseta. Neste caso, a resposta seria:

p q pq
F F F
~p ~q | pq (portanto, é falso).
II- Disjunção exclusiva: De modo análogo ao da inclusiva, quando se pensa em exclusão,
pensa-se em tirar, em deixar de lado. Assim acontece na disjunção exclusiva, quando uma
proposição anula a outra, isto, se, se opta por uma, automaticamente, exclui-se a outra.
Nesse caso, o único modo de tornar o argumento falso é se ambas as proposições forem
igualmente verdadeiras ou igualmente falsas. Somente desse modo é que se invalida a
verdade.
Para a disjunção exclusiva, usar-se-á o símbolo “w”, que significa “ou”.

Ex.1: no restaurante, a salada para o prato principal é tomate ou pepino.

a salada é de tomate ou de pepino.


p w q

p q p wq
V V F
V F V
F V V
F F F

... e porque se sabe que ao se escolher uma salada tem-se de abrir mão da outra, então, não
se pode escolher a ambas, nem excluir a ambas também.

p q p wq
V V F
F F F
p q | p w q (portanto, é falso).
~p ~q | p w q (portanto, é falso).

Admite-se que se escolhe a salada de tomate, então...

p q pwq
V F V
p ~q | p w q (portanto, é verdadeiro).

e, em caso de escolha do pepino, então...

p q pwq
F V V
~p q | p w q (portanto, é verdadeiro)
4º caso: a implicação (ou condicional).
Em diversas situações se diz que uma proposição é causa de outra proposição. Noutras
palavras: uma implica na outra. Este é o caso da implicação: na qual a proposição
antecedente não pode ser verdadeira e ter uma conseqüente falsa – e este será o único de
falsidade. Todos os demais casos terá valor verdadeiro.

”, que significa “então”.


Para a implicação, usar-se-á o símbolo “

Ex.1: se Miguel é um anjo, então é imortal.

Miguel é um anjo então é imortal


p  q

p q p q
V V V
V F F
F V V
F F V

se, se admitir que Miguel é qualquer pessoa, ele deixará se um anjo, e assim se tem que...

Miguel é meu vizinho então é imortal


p  q

p q pq
V F F
p ~q | p  q (portanto, é falso)

Ex.2: se eu nasci em São Paulo, então sou brasileiro.

nasci em São Paulo então sou brasileiro.


p  q

p q p q
V V V
F V V
F F V
p q | p  q (portanto, é verdadeiro).
~p q | p  q (portanto, é verdadeiro).
~p ~q | p  q (portanto, é verdadeiro).

basta que se admita que, para ser brasileiro, ser paulista não é condição suficiente, mas não
necessária para que o argumento seja verdadeiro. Pense que eu poderia ter nascido no
Ceará, na Bahia, no Paraná, e mesmo assim serei brasileiro.
5º caso: a equivalência (ou bi-implicação).
Se, na implicação, tem-se uma situação de mão única (a primeira implica a segunda), no
caso da equivalência, tem-se uma situação bicondicionalidade, porque se dá nos dois
sentidos.

Para a equivalência, usar-se-á o símbolo “”, que significa “se, e somente se”.

Ex.1: haverá a cassação a um político, se, e somente se, ele permanecer no cargo.

haverá cassação se, e somente se permanecer no cargo


p  q
p q pq
V V V
V F F
F V V
F F V

se, se admitir que houve a cassação, então...

haverá cassação se, e somente se permanecer no cargo


p  q
p q pq
V V V
p q | p  q (portanto, é verdadeiro)

se, se admitir que NÃO houve a cassação, então...

haverá cassação se, e somente se permanecer no cargo


p  q
p q pq
F V F
~p q | p  q (portanto, é falso)

se, se admitir que o político NÃO permaneceu no cargo, então...

haverá cassação se, e somente se permanecer no cargo


p  q
p q pq
V F F
p ~q | p  q (portanto, é falso)

e no caso de o político NÃO permanecer no cargo NEM haver cassação, então...

haverá cassação se, e somente se permanecer no cargo


p  q
p q pq
F F V
~p ~q | p  q (portanto, é verdadeiro)

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