CURSO DE ENGENHARIA DE MINAS DISCIPLINA: SOCIOLOGIA INDUSTRIAL PROFESSORA: ROSELI CORTELETTI ALUNOS: BRUNNO FELLIPE FÉLIX DE ANDRADE GABRIEL DE ALMEIDA FÉLIX
RESENHA CRÍTICA DAENS – UM GRITO DE JUSTIÇA
CAMPINA GRANDE – PB JULHO/2016 RESENHA CRÍTICA
O filme “Daens – Um grito de justiça” (1992), retrata de forma bem expressiva
as condições de trabalho do final do século XIX, época na qual o mundo passava por mudanças drásticas, principalmente relacionadas aos regimes de trabalho em fábricas e forte industrialização de manufaturas (Revolução industrial), além do crescimento de alguns movimentos socialistas. Logo no início do filme é possível observar algumas situações que aconteciam frequentemente naquela época, tais como: o trabalho infantil, os maus tratos recebidos pelos operários e aplicação de multas aos trabalhadores. Estas práticas eram comuns e causavam um sentimento de submissão e ao mesmo tempo de ódio dos trabalhadores para com os seus empregadores ou capitalistas. Os empregadores visavam a máxima produção com lucros maximizados e custos de produção mínimos, ou seja, os operários e empregados das fábricas eram mal pagos, trabalhavam em ambientes insalubres e hostis, sem a mínima preocupação com a segurança dos mesmos. É neste clima de tensão que surge o padre Adolf Daens, que após um longo período fora de sua cidade natal Aalst na Bélgica, se depara com os vários problemas sociais causados pelo capitalismo exploratório. Daens fica sensibilizado ao ver mais uma vítima deste sistema capitalista, uma criança morta prestes a ser enterrada como indigente. O padre começa a compreender que os problemas causados pelos regimes de trabalho nas fábricas afetavam de forma agressiva os menos favorecidos, ou seja, a classe operária. Com uma visão humanista o padre Daens começa a fazer a diferença em sua cidade, visitando as casas dos operários e conhecendo as dificuldades das famílias pobres de Aalst. O irmão de Daens possui um jornal pertencente a base católica, este jornal é utilizado por Daens para tentar alterar a situação dos pobres em Aalst, concomitante a isto, os socialistas promovem o apoio ao sulfrágio universal, que é o livre direito de voto para todos. Durante a estadia de Daens em Aalst ocorre um fato que é a gota d’água para que ele se engaje mais na luta junto aos trabalhadores. Na cena em que é implantado o “sistema escocês” nas fábricas, onde mulheres e crianças tem sua força de trabalho exploradas ao máximo por serem uma mão-de-obra “mais barata”, acarretando em vários acidentes de trabalho e morte de algumas crianças. Após este caos o padre Daens decide se candidatar a deputado, fato que incomoda o principal capitalista de Aalst, que tenta comprar a todos para que Daens não consiga se eleger, utilizando-se da política do “pão e circo”, comprando juízes e até mesmo subornando clérigos da igreja católica. Mesmo assim, o padre Daens é eleito e consegue ter voz ativa em prol dos operários. Posteriormente Daens é ameaçado por pessoas ligadas aos capitalistas e até mesmo pela própria igreja católica. É possível relacionar esta passagem do filme aos políticos atuais, principalmente do Brasil, onde a grande maioria destes indivíduos tendem a ser corruptos e corruptores para que alcançarem os seus objetivos, principalmente lucrar com o dinheiro público por meio da “classe operária” que é o povo brasileiro. A igreja também se mostra corruptível, ao se utilizar da influência religiosa para atender os interesses dos mais abastados, algo que vai na direção contrária ao que realmente deveria acontecer, a igreja seria em tese a entidade capaz de ajudar aos pobres e menos favorecidos, sendo esta porção positiva encarnada em Daens. Para sorte dos operários de Aalst, Daens manteve-se firme na luta em prol dos menos favorecidos até a sua morte. As atitudes do padre Adolf Daens foram importantes na época da revolução industrial e ajudaram a fomentar juntamente com outros pensadores e ativistas sobre as condições de trabalho e retorno financeiro aos trabalhadores. É possível identificar que o filme deixa um ensinamento, que é necessário a existência da interação entre o estado, empregadores e entidades religiosas para que as leis trabalhistas sejam obedecidas e funcionem de forma eficiente, pois ainda hoje ocorrem abusos, maus tratos e privações a trabalhadores e operários de alguns setores trabalhistas.