Você está na página 1de 3

INFORMATIVO S.T.F.

4 a 8 de setembro de 1995 - nº 4

Competência para Julgamento de Ex-Prefeito - I

A 1ª Turma denegou habeas corpus impetrado em favor de ex-prefeita e seu chefe de


gabinete, condenados por peculato, reafirmando orientação adotada no HC 71.429-SC (DJU de
25.8.95), no sentido de que não se extrai, necessariamente, do art. 29, X, da Constituição (EC
1/92) que o prefeito deva ser julgado pelo plenário ou pelo órgão especial do Tribunal de Justiça,
cabendo aos Estados membros, através das respectivas normas de organização judiciária, dispor
sobre o órgão competente para esse julgamento. Conforme noticiados no INFORMATIVO S.T.F.
(nº 1), a 2ª Turma chegou ao mesmo entendimento no HC 72.476-SP. HC 72.465-SP, rel. Min.
Celso de Mello, sessão de 05.09.95.

Competência para Julgamento de Ex-Prefeito - II

Outros temas foram discutidos nesse HC; entre eles, a aplicabilidade imediata, aos
processos pendentes, do art. 29, X, da CF; a ausência de conflito entre esse dispositivo e o
princípio do duplo grau de jurisdição; a incidência da Súmula 394, do STF; a validade das regras
de competência interna do Tribunal de Justiça de São Paulo; o enquadramento de prefeito e chefe
de gabinete no conceito de funcionário público, para efeitos penais; a possibilidade de execução
provisória do acórdão; a inexistência de direito à prisão especial por parte de ex-ocupante do
cargo de prefeito, com fundamento apenas nessa qualificação, e o direito do réu advogado, antes
do trânsito em julgado da sentença, à prisão domiciliar, quando não houver na comarca sala de
Estado Maior (EOAB, art. 7º, V).

Exacerbação da Pena

A 1ª Turma concedeu habeas corpus para anular a pena imposta ao paciente - mantida,
no entanto, a condenação -, por entender que o comportamento do acusado durante o processo,
na tentativa de defender-se, não pode ser tido como causa de aumento da pena, uma vez que o
réu não está obrigado a dizer a verdade. Quanto à testemunha, o fato de haver mentido para
favorecer o réu tampouco poderá refletir-se na pena a este aplicada. HC 72.815-MT, rel. Min.
Moreira Alves, sessão de 05.09.95.

Crime Continuado e Prescrição

Para efeito do benefício do art. 115, do CP (redução pela metade do prazo prescricional
em virtude de menoridade relativa), tratando-se de crime continuado, os fatos devem ser
considerados separadamente e a idade do agente apurada ao tempo de cada um. Com base nesse
entendimento, a 1ª Turma denegou HC em que se pretendia o reconhecimento da prescrição
punitiva, sob o argumento de que o réu ainda não havia completado 21 anos à época do primeiro
delito da série. HC 72.690-SP, rel. Min. Moreira Alves, sessão de 05.09.95.

Reinquirição após Aditamento da Denúncia


Por maioria de votos, a 2ª Turma indeferiu pedido de HC baseado na tese de que a
acusação, tendo deixado de reinquirir suas testemunhas após o aditamento da denúncia (em que
retificada a data do crime), tê-las-ia subtraído ao crivo do contraditório, ensejando, assim,
cerceamento do direito de defesa do acusado. Segundo a maioria, é faculdade das partes desistir
do depoimento de suas testemunhas (CPP, art. 404), o que, na espécie, não impediu que a defesa
ouvisse as dela. Para o Min. Marco Aurélio, vencido , a prova não poderia ter sido colhida a
partir de uma denúncia que, aditada, não mais subsistia quanto a uma das circunstâncias do
delito. HC 72.083-CE, rel. Min. Francisco Rezek, sessão de 05.09.95.

Reformatio in Pejus

Também contra o voto do Min. Marco Aurélio, a 2ª Turma entendeu, noutro HC, que o
Tribunal a quo não incorrera em reformatio in pejus ao determinar, no julgamento de recurso
da defesa, o recolhimento do acusado à prisão especial, depois de haver confirmado a sentença
de primeiro grau - omissa quanto àquele recolhimento -, inclusive no tocante ao regime de
cumprimento da pena (semi-aberto). O voto minoritário considerou que o acórdão impugnado
impusera ao paciente, ao julgar recurso seu, prisão processual a ser cumprida, ainda que até o
trânsito em julgado, em regime mais gravoso que o fixado pela sentença. HC 72.855-RJ, rel.
Min. Néri da Silveira, sessão de 05.09.95.

Retroatividade de Lei

Examinando pedido de cautelar em ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo


Procurador-Geral da República contra o art. 39, § 2º, da Lei 8.177/91 - que alterou, com eficácia
retroativa, critério de cálculo de juros moratórios sobre débitos trabalhistas pagos com atraso -, o
Tribunal considerou de extrema plausibilidade a alegação de ofensa ao princípio da
irretroatividade da lei previsto no art.5ºm XXXVI, da CF, mas deixou de suspender a vigência do
dispositivo por julgar ausente o requisito do periculum in mora. ADIn 1.220-DF, rel. Min.
Moreira Alves, sessão plenária de 06.09.95.

Remoção por Motivo de Saúde

Concedida ordem impetrada contra ato do presidente do TCU, que indeferira, por falta de
vaga, pedido de remoção de servidor para outra localidade, por motivo de saúde de dependente.
Baseou-se o Tribunal no art. 36, par. único, da Lei 8112/90, explícito ao estabelecer como
condição única ao deferimento da remoção a comprovação do motivo invocado por junta médica.
MS 21.799-DF, rel. Min. Octavio Gallotti, sessão plenária de 06.09.95.

Inamovibilidade

O Pleno referendou liminar deferida pelo Min. Celso de Mello, em ação direta movida
pelo Procurador-Geral da República, para suspender norma da Constituição paranaense que
concedera aos procuradores do Estado a garantia da inamovibilidade. Pareceu relevante ao
Tribunal a alegação de que o preceito feriria a prerrogativa do Chefe do Poder Executivo de
dispor sobre a movimentação de agentes públicos no interesse da Administração, chocando-se,
aparentemente, com o disposto nos arts. 2º e 84, II, da CF. ADIn 1.246-PR, rel. Min. Moreira
Alves, sessão de 06.09.95.

Acesso de Policial a Ônibus Urbano

Indeferida, por maioria de votos, liminar requerida em ação direta movida pela
Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, contra dispositivo da Estatuto dos
Policiais Civis do Estado do Piauí (LC est. 1/90, art. 155, § 1º), que assegurou o livre acesso de
policiais civis a ônibus urbanos, ofendendo, segundo a autora da ação, o art. 22, XI, da CF, que
estabelece a competência privativa da União para legislar sobre trânsito e transporte. Prevaleceu
o entendimento de que - a despeito de não restringir o referido acesso a policiais “em serviço” - a
norma do estatuto não objetivara, à primeira vista, conceder gratuidade de transporte , e sim
assegurara condições necessárias ao pleno exercício do poder de polícia. Entendeu-se, ainda, que
a interpretação conforme à Constituição - que chegara a ser proposta para explicitar a ressalva
omitida pela lei local - não impediria, na prática, a invocação abusiva do preceito impugnado.
ADIn 1.323-PI, rel. Min. Néri da Silveira, sessão plenária de 06.09.95.

Prorrogação de Competência

Em recurso ordinário - que subira por força do art. 102, I, n, da CF (competência do STF
para julgar “a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente
interessados, etc.”) -, o Tribunal decidiu que sua competência para conhecer de um dos pedidos,
em razão da citada norma constitucional, fica prorrogada para o conhecimento dos demais, a fim
de preservar a unidade do julgamento que, do contrário, teria de ser concluído pela corte de
origem. AOr 192-RS, rel. Min. Sydney Sanches, sessão plenária de 06.09.95.

Recomendação do TCU

Por maioria de votos, o Tribunal não conheceu de mandado de segurança impetrado


contra o TCU, ao fundamento de que o ato impugnado - recomendação para que fosse observado
determinado critério na contagem de tempo de serviço do impetrante - não possuía carga
decisória que justificasse a competência do STF (CF, art. 102, I, d). MS 21.519-PR, rel. orig.
Min. Octavio Gallotti; rel. p/ ac. Min. Moreira Alves, sessão plenária de 06.09.95.

Este informativo não possui caráter oficial.


Sugestões: ramal 5505.

Você também pode gostar