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TECNOLÓGICA NO SETOR NA
SEGUNDA
METADE DO SÉCULO XIX
E AS CONSEQÜÊNCIAS PARA A
Marinha
do brasil*
Vice-Almirante (ReP)
SUMÁRIO
Introdução
A propulsão mista: Da roda ao hélice
A Guerra da Crimcia e suas lições
A Guerra da Secessão Norte-Americana
A Guerra da Tríplice Aliança
A Guerra Austro-Prussiana - A Batalha de Lisa
A Guerra da Tríplice Aliança Continua
A Guerra Franco-Prussiana
Acirra-se o duelo couraça x canhão
As torpedeiras com tubos axiais
A Guerra Chile-Peru
Os Cruzadores
A evolução da pólvora
Ação francesa contra chineses
"Jeune
A École"
A Guerra Estados Unidos x Espanha
O Submarino de casco duplo
A Guerra Russo-Japonesa
A guerra de minas
A Batalha do Mar Amarelo
A Batalha de Tsushima
O Aparecimento do Dreadnought
N-R.:
O extenso uso do negrito foi dos diversos tópicos analisados, c que não mereciam
para chamar atenção
Um subtítulo.
KMB4ÜT72000 131
INTRODUÇÃO armada com a do Chile e a da República da
Inglaterra, Rússia, Estado Unidos e Itália, nas sombras, com que compor mais de uma
nessa ordem. Poucos anos mais tarde, a Esquadra, capaz de medir-se com nossa.
Marinha nacional já não tinha ex- Deus nos dê por muitos anos as
qualquer paz com
Argentina nem o aumento das tensões no Naval brasileiro, mas tão ou mais importante
subcontinente sul-americano, devido às dis- que as anteriores, foi o fato de o Brasil não ter
sensões entre a Argentina e o Chile sobre a acompanhar a verdadeira revolução
podido
Patagôniaeo Estreitode Magalhães, levaram tecnológica que ocorreu no setor marítimo, na
mática a situação de nossa Marinha, compa- navios de guerra na segunda metade do sécu-
rando-a, dentro da lógica da época, com as Io XIX, mas, então, as mudanças ocorreram
tina-Brasil-Chile): rapidamente.
"Acabo
de ler com tristeza, em um opúscu- Não resta dúvida a rapidez das mu-
que
Io recente, o estudo comparativo de nossa danças se deveu, em
grande parte, ao desafio
132 RMB4"T/2000
I
d° Poder Naval francês ao Poder Naval de guerra - mas esse esforço não teve conti-
hegemônico
da Inglaterra. Esse desafio per- nuidade, em parte pelas dificuldades finan-
s,stiu,
embora de intensidade decrescente, ceiras do País, mas, também, porque faltavam
ate
que, em 1886, a posse na pasta da Marinha as outras condições necessárias para a manu-
da França
do Almirante Théophile Aube, o tenção de um desenvolvimento industrial
Cnador
da Jeune École, afastou definitiva- auto-sustentável, como falta de ca-
pessoal
mente
a França em número suficiente,
da disputa pela supremacia pacitado, para absor-
naval.
ver as novas tecnologias, e dos insumos
Os Estados Unidos, pelo contrário, descobriu importantes reservas de carvão quase à flor da terra, criando
condições
excepcionais para uma rápida industrialização.
HMB4UT/2««0
133
dobramentos tecnológicos verificados ante- imediata, só se tornaram de emprego comum
riormente, enquadrando-se, portanto, no es- após 1850. A grande maioria dos navios de
copo deste trabalho. guerra antes desta data era de construção
toda em madeira, com propulsão apenas a
A PROPULSÃO vela, armadacom canhões de ferro, montados
MISTA: DA RODA sobre carretas, dispôs-
AO HÉLICE = ~^~"^^^ tos ao longo dos bor-
dos do navio e atirando
As transformações No início do século XIX, não projetis sólidos, das
resultantes do desen- havia diferença sensível na variantes existentes.3
volvimento tecnológico Um bom exemplo de
no setor naval ocorre- qualidade dos navios das navio típico do final da
ram em todas as áreas: grandes potências e de países primeira metade do sé-
na construção naval, na recém egressos do jugo culo XIX é o HMS
propulsão dos navios, colonial Victoria, uma fragata
nos seus equipamentos three-decker, isto é,
e, finalmente, nos seus com três conveses,
sistemas de armas. lançadaaomarem 1859
Embora os principais - que até 1867 foi o
desenvolvimentos só viessem repercutir nos capitania da frota inglesa do Mediterrâneo;
navios de guerra e nas formas de seu emprego era um navio construído de madeira, propul-
na segunda metade do século XIX, eles tive- são exclusivamente a vela, armado com 121
ram origem nas cinco primeiras décadas do canhões distribuídos nos seus três conve-
século; outros, ainda que tendo aplicação ses; uma bordada desses canhões era capaz
3. Até meados do século XIX, os projetis pouco mudaram, havendo quatro tipos principais:
o tiro sólido, que consistia numa esfera de ferro fundido, do tamanho compatível com o calibre do canhão.
Um tiro desse tipo, no caso de canhões de maior calibre, tinha um alcance de cerca de 4(K) jardas - para calibres
menores o alcance era da ordem de 2(K) jardas - e podia atravessar, quando usado a queima-roupa, 4 a 5 pés
de madeira maciça. Este tipo de tiro apresentava duas variantes: o "tiro com corrcnle". em que duas esteias
sólidas eram ligadas por uma corrente, e o "tiro-harra", cm que duas semi-esferas sólidas eram unidas por uma
barra de ferro soldada nelas; essas duas variantes eram usadas para avariar os mastros dos navios inimigos
c o aparelho de velas.
o tiro de estilhaços, que podia ser de dois lipos diferentes - 0 grape-slun ou 0 liro de metralha,
que consistia
cm diversas camadas de pequenas esferas sólidas de ferro dentro de um saco de lona grossa, amarradas juntas
de modo a formar um cilindro de diâmclro compatível com o canhão; e o case-shot, em que a metralha era
conseguida colocando-se grande número de tiros de mosqucle dentro de uma caixa cilíndrica metálica, de
diâmetro adequado ao calibre do canhão (funcionava como o shrapnet).
o liro iiucmliúrio, também de dois tipos - o hol-shol ou "tiro qucnlc". em
que a esfera de ferro era aquecida
até o rubro anles de ser colocada no canhão (para evitai a detonação prematura da pólvora propelente, o
"carcaça" ou "esqueleto".
projétil era isolado da pólvora por uma camada de palha úmida nu de argila); c a
que consistia numa estrutura de ferro, assemelhada às costelas de um corpo humano, cheia de material
combustível, de forma e tamanho compatível com o morteiro ou canhão a ser usado
o liro explosivo ou granada explosiva que, a partir de IK.V), passou a ser de uso comum a bordo (pelo menos,
alguns canhões de bordo podiam atirar esse tipo de granada); I esfera de ferro fundido era oca, sendo o espaço
va/io cheio de pólvora; um pavio, uma vez aceso fazia a pólvora explodir. Inicialmente, 0 pavio era aceso
antes de se colocar a granada no canhão, o que, obviamente, era muilo perigoso, razão pela qual a prática
foi abandonada tão logo foi constatado que a detonação da pólvora propelente acendia automaticamente
o pavio; este lipo de tiro era em geral usado em morteiros. O projétil moderno é uma evolução dessa granada
explosiva.
1.14 RMH4"T/2l>00
^
y'
liberar 3.016 libras inglesas de metal, en- Nesse confronto sul-americ mo, sendo o
Quanto o total dos tiros de todos os Poder Naval dominante, o Brasil estabeleceu
peso
canhões
chegava a 6.167 libras, ou seja, pou- o bloqueio do Prata, e a Argentina, de menor
Co
menos de 3 toneladas. Poder Naval, decretou a de corso*
guerra
A última contra o comércio marítimo brasileiro. O mais
grande batalha naval envolvendo
aPenas
navios a vela ocorreu em 1827, na Baía importante combate naval da guerra-a Bata-
Na mesma época, as Esquadras argentina uma vitória tática da Alemanha, mas estraté-
e brasileira
se defrontavam na Guerra gica da Inglaterra). Embora as perdas argen-
que
Cisplatina
(1825-28) muito pouco diferiam tinas tenham sido menores que as brasileiras,
ern
termos tecnológicos dos navios da Es- os argentinos tiveram o núcleo de sua força
Quadra anglo-franco-turca. revolução naval destruído, ficando ela, pois, a partir daí,
A
tecnológica
só teria lugar alguns anos mais com o seu valor militar muito reduzido. A
ta'de,
não havendo diferença sensível na independência da Cisplatina, com o nome de
Validade República Oriental do Uruguai, fim ao
dos navios das grandes potências pôs
c ^
países recém egressos do jugo colonial, conflito, com o novo país funcionando como
diferenças "algodão
eram mais quantitativas do que um tampão entre Argentinae Brasil,
Qualitativas. no dizer de Lorde
entre dois cristais",
KMB4uT/2ooo
135
Ponsomby, embaixador inglês e mediador do dos canhões inimigos, ainda estes fos-
que
acordo de paz.4 sem bastantes e tirava o espaço
primitivos,
As experiências para dotar os navios com destinado à artilharia, reduzindo o
própria
a propulsão a vapor vinham sendo feitas des-
poder de fogodo navio; umacerta hostilidade
de os últimos anos do século XVIII, mas as do pessoal do convés para com os maquinis-
primeiras embarcações práticas a usar o va- tas e foguistas, homens rudes, sempre às
1803, Robert Fulton fez um pequeno barco a generalizada desse tipo de espe-
propulsão,
vapor que navegou no Rio Sena, e, em 1807, cialmente os navios de linha,
para grandes
já de volta aos Estados Unidos, construiu tornaria obsoleta, de um só golpe, toda a sua
uma embarcação a vapor que fez a viagem de Esquadra, a mais poderosa do mundo, o trun-
protegida, mas o navio tinha pouca o seu dever maior desencorajar, até o limite de
manobrabilidade); ela tinha 156 pés de cum- sua capacidade, o emprego do navio a vapor,
primento e era armada com 24 canhões 32- porque consideram a introdução do va-
que
pounder, a fragata só foi completada em 1815, por foi planejada para dar um golpe fatal na
dência dos Estados Unidos e a morte de Entretanto, o desafio naval francês, enca-
Fulton; em 1829 foi destruída por uma expio- beçado pelo brilhante oficial de artilharia Henri
navios de guerra a vapor, só aceitando este as suas Assim é que em 1837 eles
posições.
tipo de propulsão para as pequenas embarca- lançam o seu navio de com
primeiro guerra
auxiliares,
ções como rebocadores, dragas, propulsão a vapor, a Chalupa HMS Gorgon,
etc. As razões para isso eram várias: a preca- com propulsão mista, a roda, armada com dois
mento de carvão, nas viagens maiores, sendo Pouco tempo depois, cm 1839, aparece-
mento de carvão ao longo da rotas dos navi- por Paixhans; os navios passaram a dispor de
os; o uso da roda - o único recurso então canhões atiravam
que os projetis sólidos
136 RMB4T/2000
^ VIU
que a França e a Inglater-
ra faziam
experiências com esse
llP°
de
granadas mas, devido à
at'tude
do
pessoal de Marinha
c°ntra -
a explosiva
granada
clUe
consideravam tornaria a
"pouco
guerra cavalheiresca"
""
os desenvolvimentos
foram
'entos.
À medida
que os navios
foram
se tornando imunes à
artilharia
da época, esse pre- Aviso Corse, navio de a utilizar hélice em sua
primeiro guerra
onceito
foi desaparecendo. propulsão. Lançado em 1842 como navio de passageiros, em 1850 foi
de
distância do de observação desempenhavam o mesmo bem
posto papel que,
filhas
01 destruído
por uma dessas minas. mais tarde, os cruzadores desempenhariam.
As m'nas,
com o nome de torpedos, foram inicialmente desenvolvidas no século XVIII pelo norte-americano
av'dBushncll, com a sua mina flutuante
que explodia ao se chocar contra o navio-alvo. Esta mina é a
ancestral
das minas modernas, pois só explodia
quando em contato com o alvo. Em 1777, foi usada com
sucesso
pelos norte-americanos contra a frota britânica no Rio Connecticut; ela foi lançada contra a Fragata
Cerberus, não a acertando, mas atingindo e afundando uma escuna ancorada nas suas proximidades.
KMB4UT/200()
137
Em 1846 são construídos e testados os cidade, foi necessário colocar entre o motor e
dois primeiros canhões com alma raiada e o hélice desse navio uma engrenagem redu-
alma tornava complicado o carregamento mento do hélice (baixa velocidade); com isso
pela
boca, daí a necessidade do carregamento foi possível usar caldeiras com maior
pela pressão,
culatra, além, é claro, da maior rapidez de tiro dando mais eficiência ao sistema propulsor
-
produzidos pelo Major Cavalli, oficial da arti- três conveses armado com 91 canhões
mestre ferreiro sueco, não foram adotados Na América do Sul, em meados do século
Os franceses, mais uma vez, se adiantam oposição do Império do Brasil a essa preten-
aos ingleses, lançando ao mar, em 1848, o são, mantinham vivas as tensões no sul do
alcançou a velocidade de 14 nós. Só nesse navios com propulsão mista, a roda-em 1850
ano, três anos após os franceses, os ingleses e 1851 são construídos três vapores nos
Schleswig-Holstein com o
propósito de pro- gentino, a Oribe que, em oposição ao governo
teger o Porto de Kiel da frota holandesa; legal do Uruguai, assumir o poder
pela pretendia
"associação
primeira vez, portanto, é usado um campo de para unir-se à Argentina, numa
minas em caráter defensivo e não, como era de iguais" (sic), levou a Argentina e o Brasil
usual até então, em caráter ofensivo. à guerra -conhecida entre nós como a Guerra
Em 1850, com dois anos de atraso em Contra Oribe e Rosas (1851-52). Sob o
ponto
relação aos franceses, os ingleses lançam o de vista naval, o fato mais importante do
seu primeiro navio de linha a hélice, o HMS condito foi a Passagem de Tonelero pela
Agamemnon; usando motores de maior velo- Esquadra brasileira. A havia sido
passagem
* N.R.: Sobre os
estaleiros da Ponla da Areia, ver A fábrica da Ponta da Areia, RMH 2" trim./1997, p. 61 a 69.
7. Na Ponta da Areia, foram construídos os Vapores Recife (1849), Pedro II (1850) e Paraense (1851); na Saúde,
o Vapor Golfinho (1851). O desenvolvimento do estaleiro da Ponta da Areia teve início em 1846
quando
Irincu Evangelista de Souza (o futuro Visconde de Mauá) adquiriu o Estabelecimento de Fundição e Companhia
Estaleiros da Ponla da Areia. Em 1848, o estaleiro contava com cerca de 300 operários, incluindo engenheiros
e operários europeus, dando início à construção de grande números de navios (em 11 anos foram construídos
72 navios, inclusive os vapores mencionados).
"A
(N.R.: Ver também história da construção naval no Brasil" na RMH 2" trim/1998, 159 e 160.)
pág.
RMB4"T/2000
fortificada com 16
pe-
Çasdeartilhariae2mil
hoimens;
para que as
forÇas brasileiras,
L w%4£k- * ^ i, ¦>
m mgm
pro-
94
, y I^^l5m <*^F m^^*\W^*\\\\\A
^H
venientes da Colônia |L.,.
de Sacramento,
pudes-
sem chegar a Diaman-
te-no Rio Paraná, e daí
atacar as forças de Ro-
Sas, seria necessário
transportá-las além de
T°nelero. Os vapores
brasileiros Dom Afon-
•So- capitania
de Gren- NAPOLEÃO LEVEL - CARLOS BRACONNOT
fe,UmaisoPeí/ro//,o (Fotos SDM)
Rec'fe e o D. Pedro,
chocando duas corvetas e um brigue, estes Sinope, na guerra entre a Rússia e a Turquia,
res a vela, tiveram êxito nessa e as a frota russa -cujos navios, na maioria, eram
passagem
r°pas brasileiras atacar e derrotar, armados com canhões Paixhans, ainda de
puderam
etT> Monte Caseros, as tropas de Rosas, alma lisa, mas já fazendo uso das granadas
pon-
do fim ao conflito.
explosivas -, sob o comando do Almirante
Com isso, cessaram todas as restrições Nakhimov, atacou e destruiu um esquadrão
Mue se faziam no Brasi I ao emprego do vapor; naval turco, sob o comando do OsmanPasha,
111 eertas circunstâncias, ficara comprovado, cujos navios não dispunham de canhões
a '"dependência em relação ao vento capazes de atirar as granadas explosivas.
era
,undamental
para a Marinha de Guerra. O Apesar de esmagadora superioridade naval
Ministro da Marinha, Conselheiro Vieira Tos- russa - que alinhava seis navios de linha,
tia> em
seu relatório de 1852, insiste na neces- duas fragatas e três vapores - contra os
'dade do aumento de número de navios a turcos - que dispunham de sete fragatas, três
*Por para a Esquadra, apoiando a sua argu- corvetas e dois vapores - o rápido massacre
cntação na experiência de Tonelero. dos turcos foi atribuído pelos analistas ao
Em 1852, começam a chegar do exterior os terrível efeito das granadas explosivas sobre
asi'eiros enviados se os navios de madeira.
pelo governo para
sPecializarem em estaleiros europeus nas A Batalha da Baía de Sinope não só de-
0vas tecnologias ligadas à construção mili- monstrou a eficácia das granadas explosivas,
ar- Napoleão Levei e Carlos Braconnot eram mas deixou claro que, dali para frente, impu-
Clvis trabalhavam
que no Arsenal da Corte e nha-se proteger os navios usando couraças.
"Ue se especializaram,
respectivamente, em
Ofistrução naval e máquinas. Com eles che-
Wrarn ao Brasil técnicos estrangeiros A GUERRA DA CRIMEIA E SUAS
para
arjalhar nas oficinas do Arsenal. As conse- LIÇÕES
MUericias dessas medidas logo se fariam sen-
""' conforme veremos. AGuerra da Criméia(l 854-56) trariaalguns
Em 1853, há o primeiro teste real das importantes ensinamentos para a guerra no
danadas explosivas. Na Batalha Naval de mar.
*MB4Or/2000
139
Ela representou excelente oportunidade do forte e depois de 4 horas de bombardeio,
para uma reavaliação dos confrontos, tão o forte russo, usara contra as baterias
que
freqüentes à época, entre navios e fortalezas flutuantes tanto projetis sólidos como
grana-
de terra; até então, esse confronto era franca- das explosivas, foi forçado a se render (45
mente favorável às fortalezas, não só devido mortos e 130 feridos), enquanto as três embar-
à fragilidade de navios de madeira sem coura- cações encouraçadas sofreram apenas avari-
ça mesmo em face dos projetis sólidos, mas, as insignificantes: os tiros sólidos do forte
também, à pouca eficácia dos canhões navais ricocheteavam na couraça e as granadas ex-
pounder9 de alma lisa. Nesse mesmo ano, as (dando verdadeiras cambalhotas), não se
de 2 a 3 nós, foram rebocadas o Mar desde 1846, conforme já vimos, seria a solu-
para
Negro fragatas de mista, a
por propulsão ção para este problema.
roda, e, compondo um esquadrão anglo-fran- Ainda nesse mesmo ano, o bombardeio de
cês com outros navios tradicionais, ti veram a Sebastapol por um esquadrão inglês, do qual
missão de neutral izar o forte russo de Kinburn, fazia o Agamemnon e outro navio da
parte
na foz do Dnieper. Enquanto os navios de mesma classe, mostrou o valor da propulsão
ram estacionados a algumas milhares dejardas lação aos a serem atacados, dando
pontos
8. A idéia de empregar couraça nos navios é muito antiga. Já no século XVI, numa
guerra entre a Coréia e o Japão,
"navio
surgiu o primeiro navio, ainda a remo, protegido eom couraça; conhecido como tartaruga", pelo seu
aspecto exterior, dispunha de um convés em forma de domo, feito de chapas de ferro, às
quais foram soldados
verdadeiros espigões de ferro; o navio era praticamente invulnerável às armas da época e a sua abordagem
140 RMB4uT/2000
il J
;
'
"
1
I"
/'
mais
eficácia ao bombardeio, indiferentes à consistiam em tubos de vidro cheios de ácido
^'reção
do vento. sulfúrico; quebrados pelo casco de
quando
No se refere de minas, os um navio, liberavam o ácido então se
que à guerra que
rUí>sos
usaram a minagem defensiva a misturava com clorato de potássio e açúcar,
para
Pr°teção
dos portos de Sebastopol, Sveaborg gerando calor e chamas suficientes para pro-
e Kronstadt,
usando minas de contato, isto é, vocar a explosão da mina.
10. O tradicionalismo naval fez com que as Marinhas de (iuerra custassem a adotar o casco de ferro; desde 1832,
o engenheiro inglês Bruncl já lançara mão desle recurso na construção de um grande transatlântico: o Greal
Brilain.
142 RMB4°T/2000
a Assunção
pelo governo brasileiro, logo inspirou-se no bombardeio do Kinburn
pelas
aPós a
interrupção das relações diplomáticas baterias flutuantes francesas.
entre
os dois países (1853), um novo impulso Os franceses, em 1859, lançam ao mar o
Para a renovação do Poder Naval brasileiro Gloire, uma fragata de 5.600 toneladas, a
teve lugar.
Em 1857, é iniciada no Arsenal da primeira de uma classe de três navios
Corte
a construção da Corveta Niterói, até construídos de madeira mas dotados de cou-
então
vapor raça,
o maior navio de propulsão a projetadas por Dupuy de Lôme. Eram
construído
no Brasil; o navio seria dotado navios de mista a hélice (inicial-
propulsão
c°m canhões
de alma raiada. Por dificuldades mente o Gloire só dispunha de mastro de
tecnicas
a construção arrastou-se até 1863. sinais mas depois recebeu toda a aparelha-
Corveta
Niterói. (1862). Construído no AMRJ sob pia ;>s do Engenheiro Napoleão Levei; casco de madeira
e mista. (Aquarela do Almirante Trajam Augusto de Carvalho - Nussci Marinha - 88)
propulsão p.
I
I
if-
;• T—
-3
\
No ano de 1859 tem início a construção cunstâncias. Esses navios eram destinados
dos primeiros navios de linha dotados de aríete às grandes viagens marítimas, com extensos
que, breve, seria uma característica de todos cruzeiros abrangendo áreas onde os pontos
os encouraçados da época; projetados por para reabastecimento de carvão eram pou-
Dupuy de Lôme, são lançados em 1861 o cos, ficando muito afastados um dos outros,
época contra os navios encouraçados valo- daí o conservadorismo dos que não queriam
"Chaminés
rizou o aríete que, se supunha, podia atingir abrir mão da vela. A ordem para
os navios inimigos abaixo da linha d'água, na baixo; hélice up
para cima" ("Downjunnel;
parte não protegida pela couraça. Voltaremos screw"), que assinalava numa viagem a pas-
do Gloire lançando ao mar, em 1860, o HMS tante comum: os navios mistos eram essenci-
Warrior, que é o primeiro navio de linha com almente navios a vela que, ocasionalmente,
casco de ferro. Embora fosse lançado um usavam o vapor. No B rasi I, por exemplo, que
pouco antes do Couronne, este foi incorpo- importava todo o carvão consumido pelos
rado primeiro. E um navio de propulsão ainda navios de Cardiff, na Inglaterra, era o próprio
foram o
gadas de espessura. Inicialmente, o navio era mento sendo instaladas por todo
dotado com canhões de alma lisa, carrega- mundo e as máquinas a vapor ganhavam em
mento pela boca, montados sobre carretas, desempenho e confiabilidade, a situação co-
mas eles foram sendo substituídos por ca- meçou a mudar. Entretanto, foi só quando o
Neste ponto da evolução dos navios de raças comprometeu a estabilidade dos navi-
guerra, duas considerações são importantes. os, reduzindo a borda livre de tal modo que
Tanto o Gloire como o Warriorcram ainda eles não mais podiam levar, sem risco, o peso
armados com canhões fixos, alinhados nos alto representado mastros e seus apa-
pelos
144 RMB4T/2000
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'•3B . -j-
j j I"r L^ * . _ jJ .. »*
O inglês
ingles Warrior (1860).
(I860). Primeiro
Primciro navio de
do linha com casco de
dc ferro (Foio
(Folo (,'SNIP)
USNIP)
re'hos,
ou suportar o momento de aderna- armamento consistia em três canhões de 9
mento
do vento so-
provocado pela pressão polegadas, de alma lisa, e de um canhão de 6,
^reo
velame do navio,
que a vela foi finalmen- de alma raiada, montado em pivô, todos os
te abandonada.
Um acidente trágico, do canhões
qual passando através de aberturas exis-
daremos
adiante, contribuiu um tentes na casamata e atirando ex-
para por granadas
P°nto final na propulsão a vela. ainda na casamata, existiam dois
plosivas;
de apenas 2 ou 3 nós.
Em 1861 teve início a Guerra de Secessão Por sua vez, a União desenvolveu o Moni-
,
*
Kl
N-R-: "Os
Mais sobre essas batalhas, ver em encouraçados", RMB 1" ao 4" trim/1996.
,<VlB4u'l72000
145
A i
'
-- a
A GUERRA DA SECESSÃO
NORTE-AMERICANA
11 Fotos reproduzidas
I I mf [If de 1'roceedings
n
^ Virgínia (Merrimack)
4* Monitor
1
.
""^'
^
*>¦
remanescentes
fugiram, abrigando-se em quase nenhum armamento, para serem usa-
águas rasas ir. dos como verdadeiros aríetes contra os navi-
onde o Merrimack não podia
Na manhã os inimigos; os resultados
seguinte, com a chegada do Monitor foram excelentes
ao local, em termos de custo-benefício. É
iniciou-se um duelo de artilharia possível que
entre os dois Barroso, em Riachuelo, tenha levado em con-
encouraçados; após cerca de 7
horas de ta as experiências bem sucedidas no conflito
combate, a situação permanecia
mdecisa, um navio não norte-americano.
conseguindo perfurar
a couraça As lições de Hampton Roads repercutiram
do outro. A retirada do Merrimack
gresso, recusou sempre o combate: temia-se da força naval brasileira apoiado na evolução
que as couraças usadas eram eram invulneráveis os dois lados lançaram mão
¦nvulneráveis
tanto aos da guerra de minas. O inci-
tanto aos
projetis
Projetis sólidos como às dente mais dramático ocor-
gra-
sólidos como às
nadas explosivas, reu
quer dis- quando do ataque de
RMB4"T/2000
147
proteção de fortaleza de terra, como já ocor- dispunha de um cilindro de AP descarregan-
rera na Guerra da Cri méia, e, ainda, existência do dois cilindros de BP, com
para
de campo minado." reaquecimento entre o cilindro de AP e os de
dezembro de 1862, por ação de mina. Krake, armado com duas torres com canhões
que o canhão fosse disparado se a culatra não construído para operar em mar aberto (o
estivesse adequadamente fechada. Em 1862, Monitor, conforme apontado, não tinha
já
durante o bombardeio de Kagoshima, no Ja- condições para isso). É importante notar
que
"torre"
pão, por uma força naval inglesa, uma série de à época o termo tinha um significado
acidentes com o canhão Armstrong a bordo diferente do atual: significava uma casamata,
só foi a na
possível porque pólvora época que defendiam a torre ou torreta, como a do
usada como propelente era a pólvora negra Monitor, e a dos defendiam a barbeta,
que
que, sendo de queima rápida, permitia que os nome que se dava ao sistema em que os
tubos alma dos canhões fossem curtos, tor- canhões eram instalados em plataformas
nando possível o carregamento boca, rotativas montadas no topo de uma torre
pela
apesar das dificuldades para fazer o projétil encouraçada ou barbeta, aberta na de
parte
engrazar nas ranhuras do tubo alma. Somente cima (sistema preferido pelos franceses).
muito mais tarde, como adiante veremos, a A vantagem da barbeta sobre a torreta era
lançada ao mar, em 1862, a Escuna francesa do ao grande peso da torreta, a borda livre do
Actif,com máquina a vapor com dupla expan- navio era muito não sendo total-
pequena);
são (cilindro de alta pressão e de baixa mente fechada como a torre, a barbeta deixava
pres-
são); no ano seguinte, é lançado o Navio- a do canhão livre do ambiente
guarnição
Transporte francês Loiret, com uma variante enfumaçado do interior da torre. Suas des-
11. No período que vai da Guerra de Secessão até a Primeira Guerra Mundial, o maior desenvolvimento das minas
"chifre
foi o de um sistema independente de disparo, conhecido com o de Herz". Consistia em frascos de
vidro com solução ácida; quando o vidro se quebrava pela choque com o casco do navio alvo, a solução ácida
liberada tornava-se o eletrólito de uma bateria primária, produzindo assim uma corrente elétrica que acionava
o detonador da mina. Este foi um passo extremamente importante pois, como a mina continuava inerte até
ser quebrado o vidro, a sua vida era ilimitada.
14S RMB4T/2000
canhão
pela boca e a exposição da guarnição nós); sua guarnição era de oito homens;
do canhão ao tiro inimigo, principalmente dispunha de tanques de lastro e sistema de
durante o
recarregamento. Ambas as dificul- respiro com dois tubos; era armado com tor-
dades foram sanadas com a adoção dos sis- pedo-lança (spar-torpedo), uma carga expio-
temas hidráulicos, o ca- siva colocada
que permitiam que na extremidade de uma lança
nhão fosse
rebaixado da
para trás da proteção (manobrava-se a embarcação de modo que a
couraça
da barbeta quando recarregando. carga explosiva fosse de encontro ao casco
A evolução levou à combinação dos dois do navio inimigo, explodindo —
por impacto
llPos, fazerido-se
a casamata montada sobre algumas vezes
por disparo elétrico). É o pri-
a barbeta, meiro submarino a obter um êxito militar, ten-
dando origem ao que foi inicialmen-
te chamado "torre-barbeta",
de e, posterior- do afundado o navio de federalista
guerra
niente, simplesmente Housatonic,
torre ou torreta. o submarino, também
porém,
Por outro lado, havia ainda os afundou, com
que acredi- toda a sua tripulação; ao se
tavam afastar do local, com as escotilhas
no princípio da bordada, com os ca- abertas, o
nhões alinhados do submarino embarcou
ao longo dos bordos água e foi a
pique (an-
navio Na teriormente julgava-se
do Gloire e do Warrior).
(caso que ele tinha sido al-
fedida, cançado explosão);
porém, em que os canhões aumenta- pela o ataque foi feito
vam de com o submarino imerso.
tamanho, este sistema teve de ser
"bateria
modificado, transformando-se na
A GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA
central", de
com os canhões situados dentro
uma cidadela co- Na América do Sul, o
encouraçada ou casamata, ano de 1864 fica
locada a marcado
meio-na vio. A bateria central, com pelo começo da Guerra da Tríplice
°s canhões Al iança (1864-1870), envolvendo, de um lado,
atirando principalmente pelos
bordos do com os Argentina, Brasil e
navio, foi muito popular Uruguai, e do outro o
navios de mista, nesses Paraguai. Coube exclusivamente
propulsão já que quase que
navios a aparelhagem a vela ao Brasil a responsabilidade
para a propulsão pela condução
impedia das operações
a operação da torre ou da barbeta, navais.
limitando dos seus ca- Em 1865, é travada
muito o arco de tiro entre brasileiros e
nhões 1865 seria lançado a Batalha Naval
(apesar disso, só em paraguaios do Riachuelo,
o uma batalha fluvial de caráter decisivo
primeiro navio com bateria central).
já que
Em 1863, os franceses lançam ao mar o a Esquadra foi dizi-
paraguaia praticamente
Submarino Le Plongeur; ele usava arcompri- mada. Embora a Fragata Amazonas, capitânia
Nos Estados Unidos, ainda na Guerra de A força brasileira era composta de nove
Secessão, os confederados construíram em navios de casco de madeira e
propulsão mis-
1864, o Submarino Hunley, nada mais ta, enquanto a força
que paraguaia compunha-se
era do uma caldeira cilíndrica de ferro, também de nove navios rebocando
que chatas
com tampas cônicas em ambas as extremida- artilhadas; na verdade, lado
do paraguaio
des; tinha 40 apenas o Taquari
pés de comprimento, sua propul- era um navio de guerra,
são era a mão sendo
(a velocidade podia chegar a 2,5 os demais navios adaptados.
RMB4T/2000
149
As canhoneiras construídas na França e guerra desestimulou os esforços que se fazi-
na Inglaterra, chegadas ao Brasil como vimos am; seria necessário uma nova crise
para que,
em 185 8, com propulsão mista a hélice, cons- embora precariamente, se retornasse a cons-
do Paraguai pela vitoriosa força naval brasi- Ponta da Areia, em 1865 construiu duas
que se poderia esperar de uma batalha deci- Na Europa, prosseguiu arevolução naval-
siva. Graças às fortalezas que os paraguaios militar, com o lançamento, em 1865, do HMS
quadra brasileira teve o seu acesso barrado canhões de 9 além de dois ca-
polegadas,
rio acima, não podendo,
pois, dispor da mais nhões de 7", montados numa bateria na
popa,
importante via de acesso logístico, numa re- e três canhões de 7", sem proteção, dos
quais
gião alagada onde as comunicações terres- dois poderiam atirar pela proa; o navio dispu-
tres eram extremamente precárias. nha de aríete e sua couraça de ferro tinha 6
12. Os navios lançados ao mar no Arsenal da Corlc foram: em 1865, a Canhoneira Taquari e os Encouraçados
Tamandaré e Barroso-, em 66, o Encouraçado Riachuelo c as Bombardeiras Pedro AJbnso c Forte de Coimbra;
cm 67, a Corveta Vilal de Oliveira c os Monitores Encouraçados Pará, Rio Grande e Magoas-, cm 68, os
Monitores Encouraçados Piauí, Ceará e Santa. Catarina, além do Vapor Levei e do Rebocador
pequeno
La/nego. Alguns dos encouraçados c dos monitores encouraçados seriam usados cm Humaitá.
13. Os navios construídos no Arsenal de Mato Grosso foram: cm 1863, a Canhoneira Cuiabá-, em 64, o Vapor
Fluvial Paraná.
14. Os navios construídos no estaleiro da Ponta da Areia em 1865 foram as Canhoneiras Greenlialgli e Mart ílio
Dias.
ISO RMB4uT/2000
(
\'iuil|^/r, Mveini''|K<>7•'
Alagoas (1867), 1 H -
r
moniior-cncourafado '
4
Sele de Setembro (1874). fragala brasileira (no texto ela c classificada como corveta) (Foto: SDM)
(Foto: JFS-1898)
152 RMB4uT/2(>00
austríaca, Com o lançamento ao
sob o comando do Almirante Von mar em 1866 da
Tegetthoff, Ambas as Fragata HMS Pallas, a máquina a vapor de
vindo para o ataque.
Esquadras de navios com dupla expansão é usada em navios de maior
eram constituídas
canhões na obso- anteriormente
borda, que já se tornavam porte; (1862) ela fora usada
'etos, sendo italiano numa escuna.
a única exceção o navio
a hélice, mas sem couraça; seus navios de 6 nós, e dava-lhe um alcance de apenas 300
RMB4°T/2000 153
logístico das forças em operação e o livre canhão era de 120 mm; nos outros, o canhão
navios que, em 1865, compunham aEsquadra O projeto desses monitores era totalmente
brasileira a neutralização das fortalezas era, baseado no projeto do seu ilustre antecessor
para além de Humaitá, conforme as lições da pouco depois, em julho, foram quase imedia-
Guerra da Criméia (o bombardeio do forte de tas: em de 1869 as tropas aliadas
janeiro
Kinburn e de Sebastopol já ocupam a capital inimiga;a
construção mista de madeira e ferro (os vaus ali desenvolvidas consistiam num recipiente
de um canhão montado em torre giratória, paro. As minas eram lançadas rio abaixo con-
na linha de centro do navio, na forma de tra os navios brasileiros.
um prisma retangular com duas faces Para se prevenir contra este tipo de
guerra,
circulares (menor peso); tinham o Brasil contratou por sua vez um engenheiro
pequeno
calado e ótima manobrabilidade aos norte-americano
graças que, durante a guerra civil,
dois eixos propulsores. Em três monitores servira à Marinha dos Estados Confedera-
- Ceará, Piauí e o Santa -
Catarina o dos: James Hamilton Tomb*. Para proteção
* "Diário
N.R.: Sobre esse engenheiro, ver do Captain Tomb", RM1I 1" trim./2000, 137-156.
p.
154 RMB4T/2000
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RM B4T/2OO0 155
dos navios contra as minas derivantes, ele na batalha de Sedan; a incontrastável supe-
aos navios fundeados, e estabeleceu um sis- Poder Naval de desafiava o Poder Naval
desviar as minas lançadas. uma importante 1 ição: para que o Poder Naval
bardeio de Curuzu pelas forças navais brasi- indispensável que a guerra tenha certa dura-
na Guerra Austro-
leiras (1866), o Encouraçado brasileiro Rio de ção, conforme já ficara claro
Janeiro foi atingido por uma mina e afundou, Prussiana, quando a derrota no mar dos itali-
com boa parte de sua tripulação. anos, aliados da Prússia, não teve conseqü-
aumentava em toda a parte; com a evolução flito (a decisiva Batalha de Sadowa definiu a
de couraças cada vez mais espessas: a partir Continuavam as experiências com o torpe-
trai de oito canhões de 10 polegadas, quatro da levasse algum tempo para que ela demons-
dos instalados sobre plataformas trasse toda sua eficácia e viesse revolucionar
quais
No ano de 1870 tem lugar a Guerra Franco- oficial da Marinha britânica Cowper Coles.
caçãoda Alemanha, soba liderançada Prússia estava doente e, por isso, não a supervisio-
terrestre, sendo decidido muito rapidamente bordo deixaram de ser controlados, de forma
156 RMB4T/2000
"*hrt _ I M-
*^_
!
f í—fc
i
I>*P^i-» _ r-lilnir. Dreadnoughl (1875). Encouraçado inglês (Ambas folos: CAB)
^—"~T^ ~^ "X
K
que o deslocamento do navio, que fora pro- A resposta não se fez tardar: ainda em
jetado para 6.963 toneladas., alcançou 7.767, 1871 foi lançado ao màxoHMS Devastation,
e a borda livre de projeto, que era de 8 Vi pés, primeiro navio de linha com propulsão exclu-
lA
caiu para apenas 6 pés na ocasião da si vãmente a vapor, só dispondo de um peque-
ções foram tiradas desta tra- A torreta, com seu enorme a ré da superestrutura, com
o emprego das couraças, cada vez mais pesa- de torres com grandes canhões só foi possí-
das; a torreta, com seu enorme peso, mostra- vel porque o navio não dispunha de velas.
¦ Ambas fotos:
Iniinaerer
WMM
¦* CA"
(1872). _
Encoura^ado
' ''
'
vapor: dois canhões de 11" montados
o oficial da Marinha francesa F. du em barbeta.
Temple inventa de Em 1875, foi lançado o navio da mesma classe
a caldeira aquatubalar
tubos finos, Vice-Almirante Popov, só que
tornando obsoletas as antigas seus canhões
caldeiras eram de 12". Embora esses navios
flamatubulares. Posteriormente, os fossem,
mgleses Thornycroft e o francês como estáveis, mes-
e Yarrow projetado, plataformas
Normand desenvolvem mo em condições de mar em
outros modelos des- que outros navi-
te tipo de torna de os jogavam muito, o fundo chato em forma de
caldeiras, que, assim, se
uso "batessem"
universal. disco fazia com que muito com o
Em 1872, é lançado ao mar o HMS mar e que o seu convés estivesse quase
Thunderer,
da mesma classe que o permanentemente imerso quando em viagem.
Devastation, de vante O em virtude desse
mas com os canhões projeto, problema, foi
de 12,5" , operados c com definitivamente abandonado.
hidraulicamente
c°nteiraavapor. Em mais uma etapa do duelo entre a cou-
Uma curiosa tentativa teve lugar na do: pequenas embarcações conhecidas como
"Davids"
Rússia, as
em 1873. Para dar aos navios (porque se opunham aos grandes
"Golias"
características da força federal) realizaram ataques
de uma boa plataforma de tiro,
e. ao mesmo com êxito - inclusive
tempo, conciliar um grande des- contra o navio USS
'ocamento Albermale, afundando-o — embora
com pequeno calado, nesse ano algumas
0s russos o Navio vezes sendo vítimas das
lançaram ao mar explosões que pro-
Encouraçado Novgorocl, vocaram. Em 1875, coube
para defesa costeira aos noruegueses
de casco circular, lançar ao mar a Torpedeira
com o formato semelhante Rap, para defesa
ao de uma frigideira. O navio dispunha de três costeira, uma pequena embarcação de 7 a 8
conjuntos seis toneladas, com 55
de máquinas acionando pro- pés de comprimento, capaz
Pulsores, lhe davam uma velocidade de desenvolver uma velocidade de 15 nós;
que
máximade8,5 nós; sua artilharia compreendia barcos semelhantes foram construídos
para a
'5. O torpedo Ilarvcy, uma invenção do oficial da Marinha inglesa Harvey, consistia basicamente numa carga
explosiva (à época, explodir debaixo d'água era chamado de torpedo),
qualquer dispositivo para que era lançada
pela popa da embarcação atacante presa por um fio; quando rebocada em alta velocidade tendia, a se afastar
da esteira da embarcação atacante formando com ela um ângulo de 45° (um dispositivo semelhante ao usado
na pesca ajudava essa tendência); a carga podia ser preparada para explodir
quando se chocasse contra o casco
do navio alvo ou acionando-se eletricamente um dispositivo
podia ser preparada para explodir quando a carga
estivesse em ao alvo. O torpedo-lança consistia numa carga explosiva
posição conveniente em relação
"lança"
colocada na extremidade de uma longa presa à proa da embarcação atacante.
KMB4"'1720<>0 159
Suécia, Dinamarca, Áustria e Argentina; em- reduzida a pedaços. Os italianos decidiram a
aprovado, como vimos, em testes realizados Os canhões de 17,7", porque na época não
em 1870, nenhum desses navios dispunha existia nenhum sistema de carregamento ca-
dessa arma; dispunham apenas dos primiti- paz de carregá-los e operá-los com eficiência,
Em 1875, surge um novo tipo de navio, do uma cadência de tiro muito baixa; mostra-
com o lançamento ao mar do Cruzador ram-se menos eficazes que os canhões de 12"
HMS Shannon, que se pretendia pudesse drão nos encouraçados de todo o mundo.
realizar tanto as tarefas do encouraçado, for- Com o Duilio foi iniciada a prática da
mando na linha de batalha, como as de cruza- cidadela central e torretas nos cantos opos-
mo; foi o primeiro navio a ter convés Como o aumento da espessura das coura-
linha d'água, esta introduzida para dar prote- navios (havia limites para a potência instala-
ção aos novos motores de propulsão verti- da), tornou-se importante desenvolver cou-
cais; deslocava 6.000 toneladas e atingia a raças de outros materiais que, por terem me-
velocidade de 14 nós; seu armamento era do lhor resistência, poderiam ter menor espessu-
das couraças, canhões cada vez maiores fo- na Inglaterra (Sheffield) foi desenvolvida a
ram sendo usados a bordo. Em 1876 foi couraça composta: umaplacade açoera sol-
lançado ao mar o Encouraçado italiano Duilio, dada sobre uma de ferro. Os testes realizados
de 12.000 toneladas (outro, da mesma classe nos dois países com esta couraça foram um
seria lançado em 1878, o Dandolo), armado enorme sucesso, de modo que nos dez anos
com quatro canhões gigantescos de 17,7" que se seguiram elas foram de uso obrigató-
(cada canhão pesando 100 toneladas), de rio, em todas as Marinhas do mundo, para os
uma couraça de aço de 22", e desenvolvia a Em 1876, foi lançado ao mar o HMS
"sanduíche",
velocidade máxima de 15 nós. Injlexible, ainda com couraça
italianos realizaram testes entre uma couraça limite a que se podia chegar com couraças de
"sanduíche"
de ferro forjado (como usual até então) de ferro; o tipo compreendia duas
22", fabricada em Sheffield e em Marselha, chapas de ferro de 12", com madeira entre
montadas sobre placas de madeira (teca) de quatro canhões de 16" (peso unitário de 80
19"; sabia-se de antemão que o aço oferecia toneladas), carregamento pela boca; seu com-
maior resistência que o ferro mas, por outro primento era de 320 pés e a boca moldada de
lado, ele se mostrava mais quebradiço. 75 pés. Para determinar as melhores caracte-
Ambos os materiais não foram perfurados rísticas para os seus hélices, foram realizados,
pelos tiros dos canhões de 10"e 12"; quando por William Froude, testes hidrodinâmicos
foram testados com o canhão de 17,7", a em tanques de prova e, graças a isso, apesar
couraça de ferro foi perfurada e a de aço foi do seu enorme tamanho, o navio podia desen-
160 RMB4T/2000
volver 15 nós. Dispunha de tanques anti- na foz do Rio Danúbio, duas canhoneiras
Em 1876, foi lançado ao mar o HMS apesar disso, o ataque foi um sucesso: a
Lightning, uma torpedeira de 19 toneladas, Canhoneira turca Seife foi a pique sem que a
dos na construção naval: em 1876, é lançado por duas máquinas alternativas de três cilin-
Almirante Corhranc.
Cruzador chileno
— (Ambas fotos: JFS-1898)
para lançamento dos torpedos Whitehead, podia ser lançada uma torpedeira, alojada
quer os instalados no convés quer em tubos nesse compartimento; duas outras torpedeiras
quase todos os navios de combate, mas, pequenas torpedeiras transportadas nos gran-
especialmente, valorizou as pequenas des encouraçados seriam, algum tempo de-
dois torpedos Whitehead. Inicialmente, es- inglês HMS Shah\ apesar da enorme superi-
sas embarcações eram projetadas para serem oridade do cruzador sobre o monitor no que
levadas a bordo dos navios de linha, operan- diz respeito à artilharia-o cruzador dispunha
do a partir deles; o Dtiilio, conformejá foi dito, de 18 canhões, sendo dois de 10 polegadas e
grande compartimento a ré, na altura da linha clusivo; devido à baixa velocidade inicial dos
d'água, fechado na extremidade posterior por canhões do Shali, que usavam pólvora negra
pesadas portas estanques, através das quais como propelente, seus projetis não conse-
162 RMB4T/2000
.
guiram a couraça de 4Vi de ferro mais do que um canhão funcionando, estava
penetrar
forjado com tiros sem leme e estavam fora de combate cerca de
do navio peruano, mesmo
disparados três de sua tripulação. Depois de
à queima-roupa. Nesse duelo entre quartos
a couraça era extenso trabalho de reparas o Huescar, agora
e o canhão, a tendência para
canhões arvorando o pavilhão chileno, enfrentou em
cada vez maiores (veja-se o caso do
Duílio) vez mais resis- 1880 o Monitor peruano Manco Capac numa
e para couraças cada
tentes sem
e espessas (veja-se o caso do batalha qualquer resultado para um dos
Inflexible). lados.
O Huescar, de volta mais tarde ao controle gada dos torpedos Whitehead, a situação iria
do mudar; os torpedos e seus dispositivos
governo do Peru, representou um papel de
relevante lançamento foram colocados em dois barcos
na Guerra do Chile contra o Peru e
aBolívia( especialmente preparados
1879-82), em que o Poder Naval foi para isso;em 1878,
usado Em 1879, o eles atacaram e afundaram um vapor turco de
de maneira intensa.
Huescar e o Encouraçado Independência, da 2.000 toneladas lançando os torpedos a uma
t' ota distância de apenas 80 jardas.
peruana, enfrentaram a Chalupa chilena
Esmeralda Os motores compostos
e a Chalupa Cavadonga; o Inde- que, como vimos,
Pendência foi levado a encalhar vinham sendo usados desde 1863, atingem o
pelo
Cavadonga até se transfor- seu máximo desenvolvimento em 1878, com
e bombardeado
^ar num casco soçobrado e o Huescar afun- o lançamento ao mar dos Navios de Despa-
dou o Esmeralda; com o resultado de ação, cho - correspondente aos avisos franceses -
foi suspenso da Marinha britânica, o íris e o Mercury,
temporariamente o bloqueio de
que
Iquique atingem a velocidade recorde
pelos chilenos. Em outubro do mes- de 18,5 nós.
¦no ano, dois Em 1879, mais um acidente
o Huescar foi atacado por grave na Ma-
navios chilenos, rinha britânica traz conseqüências importan-
o Blanco Escalada eoAImi-
''cinte tes: explode um dos canhões de
Cochrane e, depois de uma batalha 12", carrega-
heróica, não dispunha de mento pela boca, do HMS Thunderer. Depois
rendeu-se, quando
A verdade, porém, é que mesmo nesses ca- de couraça lateral, o que lhes dava uma pro-
dos canhões, que era de ferro forjado, fosse do anteriormente, em 1875, o Cruzador
nós. Usava tanques de lastro lhe davam No final da década surgiria uma novaconcep-
que
uma pequena reserva de flutuabilidade. Mer-
ção, sobre o qual falaremos mais adiante.
já vimos que o primeiro navio com casco de nós. Foi construída na Inglaterra
pela Yarrow.
aço foi o Rédoutable, lançado ao mar em 1876 Em 1880, é lançado ao mar o Cruzador de
- o
que representava um grande avanço pois Batalha Itália, concepção de Benedetto Brin
o aço era mais leve, mais resistente e de menor o Duilio). Optando manutenção
(como pela
de couraça lateral; suas vitais, situa- do navio foi usado um sistema celular de
partes
164 RMB4°T/2000
Proteção, que correspondia à divisão do cas- A bateria secundária, constituída por ca-
co em grande número de nhões de tiro rápido, é instalada, a partir de
pequenos compar-
«mentos estanques, cheios de carvão ou de 1882, a bordo dos encouraçados, de modo
cortiça; a economia de
peso resultante permi- que eles pudessem repelir o ataque das
tlu que atingisse a velocidade de 18 nós, torpedeiras. São canhões de 6 polegadas, ou
admirável na época menores, de carregamento pela culatra, gran-
para um navio desse
Porte. O Itália e o Lepanto, da mesma classe, de rapidez de tiro, instalados em grande nú-
lançado em 1883, são os mero ao longo dos bordos do navio.
precursores dos
cruzadores de batalha da era dos
dreadnoughts. Esta arrojada concepção - o A EVOLUÇÃO DA PÓLVORA
abandono da couraça e a adoção dos ca-
nhões gigantes - não iria O aparecimento desses canhões está as-
persistir, porém,
mesmo na Itália. A maior proteção dada por sociado à evolução da pólvora. A pólvora
couraças mais leves, mas mais resistentes e as inicialmente usada como propelente era a
dificuldades operacionais dos grandes ca- pólvora negra, constituída de grãos peque-
nhões iriam contribuir para isso; os canhões nos, e cuja principal característica é liberar
de 12 polegadas caminhavam para se tornar toda a energia imediatamente após a ignição.
"padrão".
Como a precisão, o poder de impacto e o
Em 1881, Schneider introduz o processo alcance do canhão dependem da velocidade
de tempera do aço mergulhando-o em óleo do projétil ao deixar a boca do canhão (velo-
após o forjamento. As couraças feitas com cidade inicial), foi desenvolvida uma pólvora,
este novo aço mostraram-se mais resistentes feita com grãos maiores (pelotas) e, mais
aos tiros dos canhões de 17,7 polegadas do tarde, em forma de prismas de seis lados, de
que as couraças compostas. Logo, a França modo a ela queimar mais lentamente, exercen-
e a Itália as adotariam do sua ação sobre o projétil por mais tempo,
para todos os navios.
Conforme havíamos antecipado, em 1881 e, portanto, imprimindo-lhe maior velocidade
a Inglaterra voltou a usar os canhões inicial. O tubo alma dos canhões teve que ser
Armstrong, de carregamento pela culatra. feito mais longo ou, do contrário, não haveria
Em 1881, é introduzido o projétil de aço tempo para que toda a pólvora queimasse
«indido. (uma certa quantidade dela em chamas sairia
mente ficava mais difícil o carregamento pela era válido para pequenas Marinhas. As
boca, o que tornava o carregamento pela cu- torpedeiras foram projetadas para combater
a alma raiada ia se tornando mandatória, pois, bloqueio era muito usado, as torpedeiras as-
jetória e, portanto, menos dispersão (mais Um conflito ocorrido nesse mesmo ano
acerto), e, com o advento da ogiva, era impres- contribuiu ainda mais para a valorização das
cindível que o projétil batesse de ponta, o torpedeiras. Para forçar os chineses a aceita-
que, sem al ma raiada, era i mpossível. O engra- rem as reivindicações da França na Indonésia,
zamento do projétil nas ranhuras do tubo alma uma força naval francesa, sob o comando do
era muito difícil com o carregamento pela boca Almirante André Coubert, foi enviada com a
A pólvora de queima mais lenta, resultante situada Rio Min acima; para alcançar seu
da redução da quantidade de enxofre e au- objetivo, os navios franceses teriam que for-
marrom (ou chocolate); com o seu uso a bastante fortificadas pelos chineses. Como
velocidade inicial do projétil passou de 1.600 os maiores cruzadores franceses não tinham
pés/segundo para mais de 2.000. calado adequado para subir o rio, Coubert
O próximo desenvolvimento levou à pól- passou o seu pavilhão para o pequeno Vapor
vora sem fumaça, uma mistura de nitroglice- Volta, de 1.200 toneladas, e, com cinco pe-
rina e algodão-pólvora, feita em longos cor- quenos cruzadores sem couraça, três
dões (cordite) que desenvolve muito mais canhoneiras e duas torpedeiras, rumou para
energia que as pólvoras comuns, permitindo Foochow, tendo que vencer não só as forti-
o uso de menores cargas para um dado alcan- ficações nas margens do rio mas ainda uma
ce (isso iria permitir, lá para o fim do século, força naval de 11 navios de guerra, dos quais
que os canhões de tiro rápido de 6 polegadas seis tinham mais de 1.000 toneladas -o maior
e maiores tivessem a carga propelente alojada tinha 1.600 - além de nove juncos armados
em estojos de latão; em caso de calibres com canhões de 47, alma lisa, antigos, e dois
numa única peça (munição engastada). O ataque foi tão exitoso quanto ousado.
volvi mento na área da propulsão, que traria das, 92 pés, com a sua aproximação bem
com o tempo mudanças expressivas nesta coberta pelo fogo dos navios maiores, atacou
área: Charles Parsons patenteia a primeira com sucesso o Yanou, capitania chinês, dei-
uma das maiores construtoras desse tipo de o projétil de aço fundido, com ponta endure-
166 RMB4uT/2000
Em 1885, Nordenfeld, empregando o mes- encouraçados, afetando a sua estabilidade, o
m°
princípio do Resurgam, constrói, na Sué- que seria fatal para eles, pois, no entender do
cia um submarino da école,
de 60 toneladas e 64 pés de pai jeune eram navios fáceis de
comprimento. emborcar (o acidente
A principal diferença entre eles com o HMS Capstain
era mantinha a certamente contribuiu
que o barco de Nordenfeld para o fortalecimento
Profundidade verti- desse conceito); os teorizadores
por meio de dois hélices para da es-
cais, acionados auxiliares a cola, a no mar seria
por máquinas guerra principalmente
Vapor, voltada contra o tráfego marítimo - a
de 6 HP, comandadas por uma válvula
guerra
hidrostática atuando
em função da profundi- de corso - para o que os cruzadores
(e, mais
dade. É o tarde, os submarinos e, bem mais tarde ainda,
primeiro submarino a levar o torpedo
Whitehead, num tubo no lado de fora do os aviões embarcados e os baseados em
casco na tinha terra) eram os meios mais
popa do submarino; o torpedo adequados; ao
Para a Prússia em 1870 e o desgaste provoca- alguns analistas, por essa razão, ao ter início
Porem cheque a hegemonia naval da Inglater- sa era inferior às Esquadras tanto da Inglater-
os contratorpedeiros, navios
projetados para para a Espanha, é lançado ao mar o Destructor,
enfrentar estapoussière navale); Aube, navio de 386 toneladas usando
para que, dois
era também rápidos, motores de tripla expansão,
possível que cruzadores pela primeira vez
armados com os novos canhões de tiro rápi- usados a bordo - em seqüência, cilindros de
do, empregando explosivas carre- alta, média e baixa -
granadas pressão podia desenvol-
gadas com alto explosivo, fossem capazes de ver 22,5 nós. Na apresentou muito
prática,
atingir as não dos defeitos, razão não teve sucesso.
partes protegidas pela qual
HMB4üT/20«0 167
Destructor
(1886),
contratorpedeiro
espanhol
especialmente projetado para levar a bordo lançam ao mar, em 1887, o HMS Grasshopper,
duas torpedeiras. A idéia, porém, não vinga- chamado de torpedo boat ou torpedo
gun
ria, mas o registro é feito para mostrar o catcher, uma tentativa mais feliz que a ante-
As idéias da jeune école levaram os fran- pedeiro". Essa classe foi seguida pela classe
ceses, com o apoio de Aube, a desenvolver o Spcinker (1889) e Jason (1892), navios com
fosse uma torpedeira de 2a classe. Em 1886, pouca manobrabil idade fizeram com que eles
é lançado ao mar o Goubert, de apenas 16,5 não tivessem sucesso contra as torpedeiras,
pés de comprimento, deslocando 10 tonela- pri ncipalmente quando estas, como era praxe,
das, acionado por motor elétrico, com tripula- faziam ataques noturnos.
ção de dois homens. O controle da profundi- Uma série de melhoramentos nos projetis
gulhada e esse movimento acionava uma pe- capa de material duro; aparecem os primeiros
Ivnr Hvifeld
(1886), navio
? dc defesa
costeira
dinamarquês
(Foto: JFS
1898)
¦¦•'¦"• - ' • I
.. , .
1' , * '** f*
P'o). Este submarino, como todos os seus cavam em longos cruzeiros e permanência
antecessores, em
tinha grande dificuldade prolongada em áreas afastadas, eles levaram
Manter a muito mais tempo os outros tipos de
profundidade. que
O o desenvolvimento navios a abandonar a vela. Somente em 1889,
grande passo para
do submarino foi foi lançado ao mar o HMS Blake o
dado pelos franceses, com o primeiro
lançamento cruzador sem mastros
ao mar do Gynmote, (ver foto na para velas.
Pág. 179) uma embarcação de 31 toneladas, Para o Brasil, adécada de 80 foi de tensão,
HMB4"T/20Ü0
169
Acima, Dogali (1888). cruzador italiano: logo abaixo. Valkxrien (1888). cruzador dinamarquês (Folos: JFS
IXW) c. abaixo, Hlciiliciin (IXX9). irmão do liltikc. eru/adores ingleses, os primeiros
sem mastros para velas. (Foto: CAI!)
17» RMB4T/2000
mente, apesar das limitações financeiras do batidas as quilhas de dois monitores, sendo
País, houve um certo estímulo que o Pernambuco só seria comissionado 20
para a constru-
Ção naval. No Arsenal da Corte, foram anos mais tarde e o Paraguassu, após 48
construídos dois cruzadores de propulsão anos! Terminava melancolicamente a luta para
mista, idênticos aos construídos na década implantar a construção naval no País; só na
de 70; uma canhoneira a vapor -a Iniciadora administraçãodo Almirante AristidesGuilhem
~" na pasta da Marinha, já na década de 1930,
que foi o primeiro navio construído no
Brasil com casco deferro; canhoneiras seria reiniciada a construção naval (o
quatro
a vapor com casco de aço.16 Paraguassu foi terminado justamente com o
Como todos os países de pequena Mari- propósito de preparar o pessoal do Arsenal
nha, o Brasil, nesta década, voltou-se para as para as novas construções).
torpedeiras e, a sua principal arma, o torpedo Em 1890, o engenheiro norte-americano
autopropulsado. Foram criadas oficinas de Harvey patenteou um novo método para o
torpedos, tanto no Arsenal da Corte como no endurecimento externo das chapas destina-
de Mato Grosso. As conse- das à fabricação de coura-
qüências dessa preocupa- ^~*^"^^ ^¦^¦^¦^¦^^ ças:istoeraconseguido pela
Ção puderam ser vistas apl icação de carbono, a tem-
quando da Revolta da Ar- Em 1887 é iniciada a peraturas muito elevadas,
mada (1893-5) contra construção do Cruzador por longo tempo, em chapas
Floriano Peixoto*. Em 1894, de aço níquel, seguindo-se
Tamandaré, de 4.537
a Torpedeira Gustavo a tempera por imersão em
Sampaio, das forças que toneladas, até hoje o água. Mais tarde este pro-
apoiavam Floriano, atacou maior navio de guerra cesso foi aperfeiçoado por
e afundou num ataque no- construído no Brasil Krupp. As couraças
turno o Encouraçado, das — fabricadas com estas cha-
^^^^^^^
forças rebeladas,/!quidabã, pas tinham tal resistência
Que estava fundeado; o navio foi posterior- que as couraças puderam ser feitas com muito
mente retlutuado, reparadoe modernizado.17 menor espessura, o que representava uma
Outras construções foram feitas no Arse- grande economia de peso, com todas as van-
naldaCortenofinaldadécadade80:eml887 tagens decorrentes. Navios de tonelagem
é iniciada a construção do Cruzador Taman- moderada puderam usar couraça sem sacrifí-
daré, de 4.537 toneladas, até hoje o maior cio de sua velocidade ou do seu raio de ação.
navio de guerra construído no Brasil; em O primeiro navio a usar esta couraça foi o
virlude de problemas financeiros e das difí- Cruzador francês Dupuyde Lôme, lançado ao
eu Idades decorrentes de um atraso tecno- mar em 1890. Ele dispunha de uma cinta
lógico que já se fazia sentir, o navio só foi encouraçada ao longo de todo o casco, de
'ançado ao mar em 90ecompletadoem93,seis apenas 4 polegadas de espessura, mas de
anos após o início da construção; em 90, são resistência superior à das couraças anterio-
•<>¦ Os cruzadores foram o Almirante Barroso e o Primeiro de Março; as canhoneiras, a Carioca, a Camocim.
a Cabedelo e a Cananéia. Foram feitas, também, aquisições no estrangeiro em 1883, o Couraçado Riachuelo;
em 84, cinco pequenas torpedeiras de porto; cm 85, o Encouraçado Aquidabã.
17. No livro de inúmeros autores, The Encyclopidia of Sea Warfare -from the first ironclads to the present
day, página 22, é dito erradamente que o Aquidabã afundou como resultado do ataque. Como o local era
raso, o navio apenas sentou no fundo.
* N.R.:
Ver "Os militares e a política durante a República", RMB todos os números de 1999 e 1" trim/2000.
RMll4"T/2000 171
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"Quando
nan se podi* fazer
U# tudo o que so deve, devc-sc
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fazer tudo o que so
pode"
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Gustavo Sampaio
(1894), torpedeira
(Foto: SDM)
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"
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OS
BRASILEIROS
transformação.
(Foto: SDM)
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-i_ * — ^£*i~. n> I ...
Acima. Dupuy cie L/mie (1890), cruzador trances: (Foto: JFS 1898) Abaixo. Pernambuco e Paraguassu
(1X90). monitores brasileiros. O segundo leve sua construção concluída cm 1938 (!) (Folos: SDM)
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174 KMIUT/2
res, de
espessura muito maior; a borda inferior arrastando a mina até a toque o
que poita
da cinta iigava-se a um convés protetor fundo: a mina estará numa profundidade igual
abobadado,
de 1,5 de espessura; ao do comprimento da chumbada."
polegada
abaixo
deste convés, as No sistema hidrostático, a
protegendo praças poita e a mina
de máquinas,
vinha um outro convés à prova são lançadas juntas, indo ambas até o fundo
de estilhaços,
sendo o espaço entre os dois porque o tambor do cabo as une está
que
conveses
cheio de carvão, como uma travado por um pino solúvel ou
prote- por um retém
Ção adicional. O espaço da couraça será acionado um
por trás que por dispositivo de
era ocupado
uma estrutura estanque, de tempo (com isso dá-se um certo tempo
por para
Ção do tamanho do cabo liga a poita à hidrostático foi regulado, ele atua, dando um
que
roina flutuante. se conhe- tranco no cabo liga a mina
Era essencial que que à poita, acio-
Cesse com do nando o freio do tambor desse cabo,
certa precisão a profundidade ficando
'°cal a mina na profundidade desejada,
onde a mina seria lançada: subtraindo- para a qual
Se dessa do se ajustou o dispositivo
o comprimento hidrostático.
profundidade
cabo a Em 1891, o Congresso
que ligava a poita à mina, tinha-se do Chile se volta
*
N.R.: Esse sistema era o usado nas minas brasileiras - MD - da década de 1930.
KMH4UT/2000
175
Em 1892, os franceses desenvolvem o A BATALHA DO RIO YALU
aço cromo-níquel que teria largo emprego
e se mostraria muito adequado para uso nas O ano de 1894 ficou marcado por um
couraças. combate naval - a Batalha do Rio Yalu - que
O primeiro navio realmente eficaz no daria margem para grandes discussões sobre
combate aos torpedeiros foi lançado ao mar o duelo perene entre a couraça e o canhão, a
em 1893, o HMS Havock; suplantando as defesa e o ataque. A batalha, envolvendo as
limitações dos seus antecessores - o Esquadras chinesa e japonesa, travou-se no
Destructor e o Grasshopper - foi verdadei- estuário do Rio Yalu; a Esquadra chinesa
ramente o primeiro contratorpedeiro. Pro- tinha como núcleo dois encouraçados de
duzido pela Yarrow era, realmente, uma fabricação alemã, lançados ao mar 12 anos
torpedeira de grande porte, deslocando 240 antes, e dispunha de alguns cruzadores; a
toneladas; com seus motores de tríplice Esquadra japonesa, em termos de compara-
expansão, desenvolvia 27 nós; seu arma- ção de poderes combatentes a mais fraca, era
mento compreendia uma bateria de tiro formada por um "esquadrão voador", de cru-
rápido - um canhão de 3 polegadas, um 12- zadores protegidos, relativamente novos e
pounder e três 6-pounder - e três tubos sobretudo rápidos (daí o seu nome), dispon-
de torpedo. do de um grande número de canhões de tiro
Em 1893, os franceses lançam ao mar rápido de 6 e de 4,7 polegadas. A Esquadra
o Submarino chinesa tentou
Gustave Zédé usar a mesma táti-
(ver foto pág. 179) causadaemLissa
que, com razão, por Tegetthoff,
assinala o nasci- itproandoàEsqua-
mento do subma- dia inimiga com a
rino moderno. intenção de
Deslocava 266 O inglês Havock (1893), primeiro contratorpedeiro eficaz abalroar os seus
toneladas Dispu- (Foto: JFS-1898) navios.
nha de propul- A vitória japo-
são elétrica alimentada por baterias, o que nesa deve ser atribuída principalmente à in-
lhe permitia desenvolver, quando mergulha- competência dos chineses e aos defeitos
do, a velocidade de 9,5 nós; na superfície, apresentados pela sua munição, que se con-
sua velocidade máxima era de 12 nós; seu trapunham ao alto estado de eficiência e dis-
raio de ação era de 75 milhas marítimas à ciplina dos japoneses; os navios japoneses
velocidade de 5 nós. Seu comprimento era usaram a sua superioridade para impedir que
de 148 pés. Levava a bordo três torpedos: os chineses pudessem usar os seus torpedos
um no tubo de popa e dois como com sucesso, e alcançaram a vitória; os chi-
sobrcssalentes. O Gustave Zédé foi o neses derrotados retiraram-se para a Baía de
responsável pelo primeiro lançamento de Wei-Hai-Wei.
torpedo feito de um submarino. Após uma Em torno desta batalha estabeleceu-se
série de modificações - aperfeiçoamento na uma grande polêmica envolvendo couraça,
bateria e adição de novos hidroplanos que velocidade dos navios, número e tamanho
melhoraram o controle de profundidade a dos canhões. Os defensores do conceito de
vante e a ré - tornou-se um sucesso, tendo que era me I hor uma força de navios de boa ve-
realizado mais de 2.500 mergulhos. locidade, fraca proteção e de muitoscanhões,
176 RMB4"T72000
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Japonês, sem couraça, ficou fora de combate dário todo em casamatas encouraçadas. Esta
RiMB4"T/2000 177
qualidade do sistema de direção de tiro dispo- dial, com novas responsabilidades, e, como
5.500jardas, o que só se tornou possível pelo com uma componente naval forte o bastante
ção de tiro, simples ainda mas mais avança- Manila, do que resultou a tomada das Filipi-
O primeiro navio a ter propulsão a turbina, va deixar Santiago, cuja era iminente
queda
o HMS Turbinia, é lançado ao mar em 1897. (como de fato ocorreu logo após o combate),
"independência"
E um pequeno navio deslocando 44 tonela- o que levou à de Cuba.
das, capaz de desenvolver com a sua turbina Com o desenvolvimento do telégrafo sem
Parsons composta (diversas rodas de diâme- fio, foi possível transmitir em 1899,
para um
tros crescentes) 34 nós de velocidade. Navi- navio à distância de 56 milhas, as notícias do
os de guerra teriam de esperar um pouco mais dia, permitindo que o navio editasse um pe-
sem fio foi feita em 1897 da estação Needles, O SUBMARINO DE CASCO DUPLO
terra); foi feita a comunicação por este meio É lançado ao mar, no ano de 1899, o Sub-
ção para o aperfeiçoamento dos torpedos: o podiam ser classificados como submersíveis,
austríaco Orby inventa um equipamento para isto é, embarcações que, eventualmente, po-
aumentar a precisão do torpedo, usando um diam mergulhar, enquanto que esses dois
A Guerra dos Estados Unidos com a todos os seus predecessores como submer-
em destaque o Poder Naval. Para Mahan, a A grande inovação trazida pelo Narval era
guerra representou uma excelente oportuni- o casco duplo: um casco interno, ou casco
dade para demonstrar a importância, para os resistente, em forma de charuto, que abrigava
Estados Unidos.de um Poder Naval bastante todos os equipamentos vitais; o casco exter-
expressivo de modo a se poder projetar nos no, de chapa mais fina, tinha o formato seme-
dois oceanos que o banham. Embora as bata- lhante ao de uma torpedeira. Os tanques de
lhas navais ocorridas não trouxessem novos lastro ficavam entre os dois cascos, dando ao
mostrou que surgia uma nova potência mun- de 42% (os anteriores tinham um coeficiente
178 RMB4ÜT/2000
No alto. Gynmotc (1888). 30 toneladas;
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Acima, /.c Guslave Zede (1895) (ver pág. 176). 200 toneladas, o primeiro submarino a
Abaixo, Narrai velocidade de 12/8 nós. o primeiro a ficar submerso por 12 horas consecutivas
(1899),
(Folos Pmccedings)
& Jl
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RMI14"T/2000
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de apenas 2 ou 3%). Na superfície, suas tempo para isso era de cerca de 21 minutos;
torpedeira. O Narval dispunha de quatro Foi o primeiro submarino a ter vela (torreta)
Uma outra grande inovação do Narval era a de um submarino moderno, exceto pela
o sistema de propulsão: embora a propulsão chaminé por ante a ré da vela.
alimentados por bateria, que lhe davam uma casco duplopassaram a ser considerados
"ofensivos"
velocidade máxima mergulhado de 6,5 nós, a como (ou de ataque, na nomen-
motor servia também para carregar as bate- vos", dentro do espírito da jeune école.
rias), o que lhe dava um raio de ação de 500 Dois anos após o lançamentodo Turbinia,
sidade de, antes de poder mergulhar, ter de a velocidade recorde de 36,6 nós. Para obter
esperar até que todo o vapor fosse expelido essa velocidade o navio foi construído com
da caldeira e que ela esfriasse; inicial mente, o uma estrutura muito leve, com a chapa lateral
Vittorio Emmaiutele (1904), irmão do Regina Eleita (1904), cncouraçados italianos (Folo: CAli)
4
do costado
com apenas 0,5 de es- conceito desenvolvido na França
polegada por Émile
Pessura; apesar de construído com aço de Bertin: o do Encouraçado-Cruzador
alta-tensão, "battleship-
seu casco era extremamente frá- ("cuirassé croiseur" ou
Partiu-se e afundou - causou uma enorme nem, por serem muito lentos,
para desempe-
reação
na Inglaterra contra a turbina e as altas nhar as funções típicas dos cruzadores, de
velocidades
repercu- fazer escolta e
que ela proporcionava, proteger/atacar o tráfego ma-
hndo noutros o rítimo. Já o Almirante Fisher fizera
países e, assim, retardando pouco caso
Uso da dos cruzadores
turbina e o dos contratorpedeiros, até encouraçados, dizendo
que
cIUe o
lançamento do Dreadnouglit um eles eram inadequados tanto
pôs para lutar como
fim a mais esta manifestação de para fugir.
conservadorismo. Os couraçados-cruzadores eram navios
Em 1899, é lançado ao mar o sacrificando da proteção da cou-
pequeno que, partes
Encouraçado raça, podiam levar canhões de
francês Henri IV,ác9.000 tone-
grande calibre
'adas,
projetado por Émile Bertin, e que foi o (em geral, de 12 polegadas) econseguiam uma
Primeiro navio a usar uma "antepara elásti- velocidade cerca de 2 nós acima da dos
Ca", isto é, encouraçados
uma antepara longitudinal curva da sua época. Nenhuma outra
Çadosaomarde 1903 a 1905, são os primeiros to desse alcance desde então tornou
possível
navios o uso comercial
a usar essas caldeiras, embora, pelas desse equipamento, tornan-
razões
já apontadas, voltassem a usar máqui- do rotineiras as comunicações entre navios e
nas alternativas entre
no lugar da turbina. esses e as estações de terra. Em 1914,
RMB4"T/2000
181
vés do telégrafo "a//
sem fio que os navios ale- to do big-gun ship", do navio só com
porém, internados; as forças navais britâni- tância ideal de combate ele deveria ter supe-
cas, espalhadas por todo mundo, foram infor- rioridade de velocidade sobre os seus opo-
combate, que oscilavam entre 3.000 e 5.000 grandes potências com baixa rotação, as limi-
direção de tiro mas, também, à dificuldade rotações muito altas; nessas condições, o
pelo projétil ao cair no mar fosse visível e, A turbina a vapor, com todas as suas
também, que a razão de tiro (velocidade de móveis rotativas, era a resposta ade-
partes
tiro) fosse suficientemente elevada, de a esses o de-
quada problemas, permitindo
modo que a distância entre os dois navios senvolvimento das altas necessá-
potências
não variasse muito entre as salvas em riascomelevadíssimograudeconfiabilidade,
Cuniberti é o pioneiro em advogar as vanta- lidando, acontece, eni 1904, a Guerra Russo-
gens de um encouraçado armado apenas com Japonesa (1904-05), cuja repercussão seria
182 RMB4QT/2000
O ataque das torpedeiras ram os tiros dos inúmeros
japonesas canhões de tiro
Ção de guerra, como ocorreria cerca de quatro deveu-se, especialmente, à ineficácia dos
décadas mais tarde no
ataque a Pearl Harbour torpedos então existentes (fracasso ainda
~
deslanchado
por dez torpedeiros japoneses maior ocorreria noutra ocasião, quando 40
contra a Esquadra russa fundeada em Port torpedeiras japonesas não acertaram um úni-
Para manter uma busca com holofotes duran- Na manhã seguinte a este ataque, o Almi-
te a noite e dois destróieres usados como rante Togo, comandante das forças navais do
Pounder, todos de tiro rápido. As torpedeiras ram-se evidentes: as baterias com canhões de
RMB4"T/2000
183
apenas superficiais e as baixas ainda menores A guerra de minas
que as russas.
As Esquadras oponentes eram assim A Guerra Russo-Japonesa foi plena de
constituídas: ensinamentos no que se refere à guerra de
-a linha de batalha japonesa era liderada minas. As minas foram amplamente usadas
por seis encouraçados, que constituíam a pelos dois contendores e com muita eficácia.
Primeira Divisão, com o Mikasa como Os campos minados foram usados mesmo em
capitania, todos típicos encouraçados da era mar aberto, com o propósitode influenciar as
pré-dreadnought, cada um com quatro ca- manobras da Esquadra inimiga, o que, ganha-
nhões de 12 polegadas, montados em duas ria uma enorme dimensão na Primeira Guerra
torres barbetas, e 14 canhões de 6 polegadas Mundial.
montados em casamatas ao longo dos bordos Em abril de 1904, a Esquadra russa con-
dos navios; seguia-se um esquadrão homo- tinuava concentrada em Port Arthur, mas
gêneo de cruzadores encouraçados, cinco agora protegida contra incursões japonesas
navios ao todo, com quatro canhões de 8 em por vários campos minados defensivos, com
barbetas duplas minas controla-
e 12 ou 14 ca- das. Osjapone-
nhõesdeópole- ses por sua vez
gadas; na reta- lançaram um
guarda, um es- campo minado
quadrãodequa- ofensivo ao lon-
tro cruzadores go da entrada
protegidos, três do porto: ten-
dos quais com (ando ocultar
dois canhões de esta operação,
8 e dez de 4,7 po- realizaram simul-
legadas de tiro taneamente um
rápido, e o quar- novo ataque
to com quatro Mikasa (1904), encouraçado japonê !, aqui visto transformado em torpédico, a ti-
canhões de 6 e monumento nacional na cidade de Yokosuka (Foto: Proceedings) tulo diversio-
oitode4,7pole- nário, mas sem
gadas de tiro rápido. êxito. No dia seguinte, um esquadrão de
-a linha de batalha russa, desfalcada dos cruzadores japoneses deslocou-se até a
dois encouraçados e do cruzador avariados entrada da baía, procurando atrair as forças
no ataque a torpedo feito anteriormente, for- russas para um combate que, na aparência,
mou com cinco encouraçados, liderados pelo seria fácil para elas (que ignoravam a
capitania Petropavlovsk, com armamento presença, logo além do alcance visual, do
semelhante ao dos encouraçados japoneses, grosso das forças japonesas e, pensavam
e um esquadrão misto de cruzadores, que os japoneses, também, a existência dos
comprecndiaoCruzador Encouraçado Bayan, campos minados). O Almirante Makharov
com dois canhões de 8 e oito de 6 polegadas, aceitou o desafio dos cruzadores e saiu em
e três cruzadores protegidos, cada um com sua perseguição, evitando os campos
oito ou doze canhões de 6 polegadas de tiro minados; ao perceber, porém, a aproxima-
rápido e dois cruzadores ligeiros com ca- ção das demais forças japonesas procurou
nhões de 4,7" de tiro rápido. voltar para o porto, mas uma hábil manobra
184 RMB4T/2000
¦^
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1'
Pclropavlov.sk
Pelropavlov.sk (1900), encouraçado
cncoura^ado russo (Folo: A Marinha amiga
autiga e a moderna)
RMB4"T/2000
185
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-emmm BfHfc*^áJ*T .
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V^ mmWi^mTr " i^^mmm^L*"T*Q^^^t^K^^^^^^~^S^LC^y r ^s^ff-^^aasBffl^sMsl^^B.
russa,
a explosão de duas granadas de 12 três cruzadores e destróieres, para seguir
Polegadas no capitânia russo, mudou a situ- viagem via Suez, enquanto a força principal
aÇão: com seguiria a rota do Cabo. Os dois
o navio fora de controle, estabele- grupos
cendo-se foi, voltaram
a confusão na linha russa que a se reunir na Ilha de Madagascar,
então,
obrigada a uma retirada ignominiosa. O rumando então juntos com destino a
Almirante russo Witheft, a bordo do Vladivostock.
Tzarevitch
morreu atingido por uma granada. As forças russas e japonesas encontra-
gem por navios carvoeiros ingleses riado deixou a linha, estabelecendo-se a con-
(colliers).
Somente
em outubro de 1904, quando a Ba- fusão nas forças russas e teve início o verda-
•alha
do Rio Amarelo já tinha selado a sorte deiro massacre dessas forças. Num combate
dos navios russos de Port Arthur,
pôde o que durou cerca de 20 minutos, um a um foram
Almirante
Rojdestvensky sair com a sua for- sendo fora de combate os
postos
Ça, constituída 45 navios, incluindo os encouraçados russos. O Suvaroffdurou até o
por
navios "trem
que hoje chamaríamos de de dia seguinte, foi abandonado
quando por
Esquadra";
sob o comando do Almirante Rojdestvensky, se transferiu um
que para
Falkersam
foi destacada uma força, composta destróier que, pouco depois, foi aprisionado
'8- Falkersam havia falecido dois dias antes, mas Rojdestivensky não queria que os demais navios tomassem
conhecimento do fato.
R.MB4"T/2000
187
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'T -o:
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do; apenas três torpedeiras foram afundadas. encouraçados antes dele seriam conhecidos
"pré-dreadnoughts"
Sofreram avarias de diferentes
graus três cru- como e os que o suce-
foi tão decisiva quanto a de Trafalgar. vio de 18.000 toneladas, armado com dez
188 RMB4uT/2000
12-pounder
e de 3 polegadas de tiro rápido Em 1906, tendo em vista as lições de
§em de 17.000 milhas marítimas, numa excep- verdade sob alguns aspectos os navios
que
c'onal
velocidade mantida de 17,5 nós, sem não representavam o que havia de mais mo-
aPresentar
qualquer avaria, um feito impen- derno: por exemplo, a propulsão do encou-
savel
na época das máquinas alternativas. raçados era com máquina alternativa
quando,
Também no Brasil, a Ba- à época, a maioria dos encou-
talha
de Tsushima teve im- raçados e cruzadores já usa-
?
P°rtantes desdobramentos. E importante o Brasil va a turbina; os contratorpe-
Depois de um longo deiros ingleses lançados
perí- em
desenvolver um Poder
od° sem
que se investisse na 1903 usavam caldeiras a
já
•"enovação Naval consentâneo com
da frota naval, óleo. E inegável,
porém, que
Pelas razões apontadas, o as suas aspirações, um os dois encouraçados, dois
Plano
Naval de 1904, do Al- cruzadores e dez
verdadeiro instrumento protegidos
mirante
Júliode Noronha, foi contratorpedeiros constituí-
aPro de apoio à
vado e foram alocadas as política
am uma força de expressão
V£rbas externa do País
para a sua implanta- mundial.
Çao. Isto se devia à melhoria De lamentar, porém, éque,
(Barão do Rio Branco)
das condições
financeiras do devido à falta de recursos,
^a*s
(o Compromisso de não foi construir,
possível
Taubaté
relativamente ao café e a exploração conforme tanto no Plano de 1904
previsto
^a borracha
natural na Amazônia para aten- como no de 1906, o estaleiro de Jacuacanga,
der
à demanda criada indústria o apoio de manutenção desses navios,
pela jovem para
automobilística)
mas, também, ao apoio do nem se investiu na do
preparação pessoal
^arão
do Rio Branco, chanceler no
período de para operação, manutenção e reparo dessa
1902
a 1912 ,
que, com sua visão esclarecida, frota. Mal conduzidos, mal mantidos, esses
defendia
a importância de o Brasil desenvol- navios, ao invés de terem servido como uma
Ver um
Poder Naval consentâneocom as suas base sólida a construção de uma nova
para
asPirações,
um verdadeiro instrumento de Marinha, logo se transformariam em fator de
aPoio
à política externa do País.19 frustração. A defasagem tecnológica entre a
'9. A defesa de Laurindo Pitta das verbas da Marinha no Congresso Nacional foram importantes a sua
para
aprovação.
A nova Esquadra compreendia os dois dreadnouglils, Minas Gerais e São Paulo, de 19.500 toneladas,
velocidade 21 nós, armados de 12 canhões de 305 mm (12 polegadas) e 14 canhões de 120 mm (4,5"); dois
cruzadores o Bahia e o Rio Grande do Sul, de velocidade
protegidos, 3.150 toneladas, de 27 nós, propulsão
a turbina, armados com dez canhões de 120 mm; dez contratorpedeiros, de 560 toneladas, velocidade 28 nós
e armados com dois canhões 101,6 mm
de (4") e dois tubos lança-torpedos.
RMB43T/2000 189
Esquadra e o parque industrial do País seria outra torreta, de tal forma que apenas algumas
"poderosa"
fatal e, logo, esta Esquadrajá não torres podiam atirar pelos dois bordos do
tinha um expressivo valor militar (embora isso navio; além disso, como as torres e os paióis
não fosse considerado na época, provável- ficavam espalhados todo o navio, havia
por
mente ela tinha uma capacidade dissuasória muita dificuldade para um projeto bom para as
Após Tsushima, os ingleses, que não todo o armamento principal ficava na linha de
dores de batalha, lançando ao mar, em 1907, os da adoção das torretas superpostas foi ne-
sem do início do século XX, somentecni 1907 ce era de 10 ou mais m i lhas, tornou necessário
de música e voz, recebida nas estações rádio de tiro para que o tiro a estas grandes distân-
partir daí, seu desenvolvimento foi rápido. As primeiras medidas tomadas foram sim-
Uma importante contribuição para o pro- pies: os navios foram dotados de telêmetros
ca, dos Estados Unidos: foi adotado um sis- vante; através de uma rede de tubos acústi-
tema de torretas superpostas, uma atirando cos até os canhões, eram transmitidas as
superfiring. O propósito dessa inovação era tadas nos visores individuais de cada ca-
eliminaro problema, existente após a adoção nhão; o oficial de controle de fogo, na posição
da torreta, de alguns canhões terem o seu arco elevada, dava a ordem de fogo para todos
de tiro reduzido pela obstrução causada pela canhões, de modo que o tiro fosse simultâ-
superestrutura do navio ou até mesmo por neo, ou seja, por salva; estudando as colunas
190 RMB4"T/2000
Invinrible (1903). cruzador de batalha inglês (Foto: Proceedings)
^ água formadas
pelos projetis, o controlador ção generalizada dos dreadnoughts. Assim,
Passava as correções simultâneas
para a ajus- em 1909, tem início na França a construção do
tagem
da distância. Posteriormente, o sistema Encouraçado Danton,
primeiro de uma série
f°i eletri
ficado: uma luneta ou alça diretora era de seis, acionados a turbina, com armamento
'nstalada
no topo do mastro; quando ela era de quatro canhões de 12 e 12 de 9,4
polega-
Movimentada
para visar o alvo, acionava ele- das; apesar da data do início da construção,
Wcamente
os indicadores dos canhões, per- esses navios ainda são típicos navios pré-
ruindo
que todos atirassem na mesma marca- dreadnought. Logo após vieram os verdadei-
Ção e com a mesma elevação. ros dreadnoughts, os quatro navios da cias-
Os telêmetros foram melhorados, tornan- se Jean Bart, cuja construção teve início em
do-se
mais acurados; os alemães destaca- 1910e 1911; são navios de 23.120 toneladas,
ram-se
nesta área usando um sistema armados com 12 canhões de 12
polegadas, em
estereoscópio.
torretas duplas superpostas a vante e a ré, e
Em 1909, é lançado o torreta dupla não-superposta
primeiro em cada con-
dreadnought
italiano, o DanteAlighieri, pri- vés; acionados
por turbinas Parsons de 28.000
Meiro navio
a usar torretas triplas (um total HP, desenvolviam velocidade de 21-22 nós.
c'e
quatro torretas triplas com canhões de 12 Um ano mais tarde, esses navios foram segui-
Polegadas). O navio de 20.500 toneladas ain-
dos pelos três super-dreadnoughts da classe
^a não usava as torretas superpostas de Bretagne, do mesmo desloca-
praticamente
Modo
que só três canhões podiam disparar na mento, mas armados com dez canhões de 13,4
'¦nha
de
proa do navio e três na linha de popa. polegadas. Sem dúvida, a postura oficial fran-
Com o advento do all-big-gun sliip, a cesa não podia estar mais distante da jeune
tendência
passou a ser a construção de navi- école.
0s cada
vez maiores, armados com canhões Com a do uso das
quase generalização
Sernpre
de maior calibre. Os i ngleses lançaram turbinas, cujo maior rendimento é em alta velo-
a° mar, em 1909, o HMS Orion, o primeiro cidade, a engrenagem rcdutora tornou-se
SuPer-dreadnouglit,
um navio de 22.500 to- obrigatória, o melhor rendimento do
já que
ne'adas,
armado com dez canhões de 13,5 héliceéem baixa rotação. Assim, em 1911, são
Polegadas, em torres duplas superpostas na lançados os Contratorpedeiros ingleses
' 'nha
central, e dotado de couraça lateral de 12 Badger e Beaver, com engrenagem redutora
Polegadas.
na turbina de AP a título experimental. Em
Os conceitos dajeune école, 1914,
que predomi- são lançados os, Contratorpedeiros,
navam
na França desde a
gestão de Aube na também ingleses, Leonidas e Lucifer, que já
Pasta da Marinha,
perderam força com a ado- usam a engrenagem redutora única
para todas
RMB4"t/2000
191
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Acima, O ri ou (1909), o primeiro supcr-dreadnoiiglil inglês; Abaixo: Vergniaud (1909). irmão do DíiiiIi"1-
e o Couberl, irmão do Jean Bati (1910), ambos encouraçados franceses (Todas as fotos: Prorcedings)
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Kentucky
(1898), encouraçado
americano
(Foto: CAB)
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TORRETAS SUPERPOSTAS
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Micliigan
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('908), com
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torretas Jbc*'
(principais)
superpostas.
Encouraçado
americano
(Foto: CAB)
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dentes com perfil envolvente). O sistema mos- usada em todos os encouraçados americanos
nível de ruído aceitável, além de que a durabi- americanos só adotariam a turbina com engre-
barato para fabricar e para instalar. potência quando dando máquina atrás, o que
A solução passou a ser adotada por todos é impossível numa propulsão clássica a vapor
Daiiie Alighiere (1909), encouraçado italiano, o primeiro a usar tones triplas (Foto: CAI!)
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e'étricos
operam a velocidade constante, é mentos acompanhados por meio de
A importante limitação da propulsão elé- navios de guerra turcos, sem sucesso, porém (o
tr'ca,
especialmente no caso de navios de pri meiro ataque torpédico realizado por subma-
guerra, é a vulnerabilidade dos circuitos elé- rino que teve êxito só ocorreu em 1914, quando
tr]cos
(chaves, disjuntores, etc.) ao choque o Submarino alemão U-21 afundou o Cruzador
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O conquistador e
é sempre um
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