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Proteção possessória

- Legítima defesa ou desforço necessário


Esta proteção independe da apresentação de qualquer título e se funda na simples situação fática
existente. É a reação física, moderada e imediata, pela qual o possuidor defende sua posse diante de
uma agressão (desforço imediato ou possessório). Os atos de defesa ou de desforço, conforme art.
1.210, não podem ir além do indispensável à manutenção de posse ou restituição.
 O possuidor indireto e o mero detentor, agindo em nome do possuidor, podem fazer valer deste
mecanismo de proteção
 A proteção possessória é complementar da petitória (defender o seu direito), mas ambos
são independentes (“não obsta [...] a alegação de propriedade ou de outro direito sobre
a coisa”)
- Ações possessórias
Legitimidade: será, inicialmente, do possuidor, mesmo que este não tenha domínio.
Réus: pessoa responsável por ameaça, turbação ou esbulho; curador; a pessoa que ordenou; o
herdeiro a título universal ou mortis causa; pessoa jurídica de direito privado e a pessoa jurídica de
direito público (medida de liminar pode até ocorrer, desde que sejam previamente ouvidos seus
representantes legais).
 Ocorrendo o perecimento ou a deterioração considerável da coisa, só resta ao possuidor o
caminho da indenização
- Manutenção e reintegração da posse
Manutenção: é o remédio cabível para os casos de turbação. Reintegração: cabível para os casos de
esbulho (pois esta ação pressupõe a perda da posse em razão de ato de agressão)
Requisitos:
 A posse será exteriorizada pelo exercício do poder sobre a coisa
 Turbação: incômodo na posse, embaraçando seu livre exercício. Só pode ser de fato, direta ou
indireta, positiva ou negativa
 Esbulho: é a tomada da posse contra a vontade do possuidor, por meio de atos violentos,
clandestinos e precários (esbulho pacífico)
 A prova da data é importante para saber se o pedido liminar será aceito (especial – nova) ou
não (ordinário – velha, contudo, não perde seu caráter possessório)
o Liminar será concedida: inicial devidamente instruída com prova dos fatos; após
justificação prévia, se a inicial não estiver devidamente instruída; em face de pessoa
jurídica de direito público, somente depois de ouvido o seu representante judicial; recurso
cabível: agravo de instrumento; a execução se faz de plano, mediante mandado a ser
cumprido por oficial de justiça, sem necessidade de citação para entregar a coisa em
determinado prazo (não cabendo embargos de executado).
o Concedida ou não a liminar, o autor deverá promover a citação do réu nos cinco dias
subsequentes, para que ofereça contestação. Se for feita justificação prévia, com citação
do réu, o prazo para contestar conta da intimação do despacho para deferir liminar ou
não.
o O direito de retenção deve ser alegado na contestação, não podendo se opor embargos
de retenção por benfeitorias
o Tratando-se de ação possessória, cabe embargos de terceiro, mesmo depois da
sentença transitada em julgado no processo de conhecimento. O prazo de 5 dias conta-
se do ato que exaure a execução
 Na turbação o autor do pedido ainda mantém a posse, muito embora esteja sendo
molestado/incomodado

- INTERDITO PROIBITÓRIO
 Visa evitar ameaça de turbação ou esbulho, podendo ser proposto na busca de ser evitada a
repetição de atos de agressão na posse.
Requisitos:
1. Posse (demonstrada)
2. Justo receio: “seguro de violência iminente, com justo receio de ser MOLESTADO”
Provei os requisitos? O juiz defere mandado proibitório, em que seja cominada ao réu determinada
multa. A MEDIDA NÃO É APLICADA DIANTE BEM IMATERIAL (DIREITOS AUTORAIS)
- POSSIBILIDADE DE OUTROS INTERDITOS
 Ação de nunciação de obra nova: tem caráter repressivo e visa impedir a continuação de obras
em terrenos vizinhos que estejam prejudicando ou se encontrem em desacordo com normas
civis e administrativas
 Ação de dano infecto: preventivo e cominatório e pode ser fundada quando haja receio de
perigo iminente, em razão de ruína do prédio vizinho ou vício na sua construção, bem como no
mau uso da propriedade vizinha
 Ação publiciana: retomada de posse daquele que alcançou a propriedade com a usucapião
 Embargos de terceiro contra atos de constrição judicial
- ASPECTOS IMPORTANTES
1. Fungibilidade dos interditos: o juiz ele poderá outorgar outra proteção legal de acordo com seu
conhecimento nos pedidos, cujos requisitos estejam provados
2. Cumulação de pedidos: o autor pode cumular, juntamente com o pedido possessório, perdas e
danos, cominação de penas em caso de novo esbulho ou de nova turbação, desfazimento de
construção ou plantação em detrimento de sua posse
3. Caráter dúplice das ações possessórias: não se faz necessário pedido reconvencional. O réu,
ao contestar, requere proteção possessória e indenização pelos prejuízos ocasionados pelo
autor na turbação e esbulho.
4. Proteção possessória e petitória: a alegação de direito de propriedade ou outro direito sobre a
coisa não obsta manutenção ou reintegração da posse, salvo se a disputa for baseada no
domínio (ambas as partes a alegam)
5. Exigência de prestação de caução, caso o autor não apresente idoneidade financeira
6. Manutenção provisória da posse: “caso mais de uma pessoa se diga possuidor da coisa,
manter-se-á a que tiver com a coisa, salvo se não estiver manifesto que a obteve de alguma
das formas de meio vicioso”
7. Nomeação à autoria: ação possessória em face do detentor. Caso isso ocorra, o detentor
deverá nomear à autoria o proprietário ou o possuidor. Com o novo CPC, se torna uma questão
em preliminar da contestação.
8. Ajuizamento de ação possessória em face de terceiro obteve a coisa do esbulhador (POSSE
DE MÁ-FÉ) – art. 1.212
- PERCEPÇÃO DOS FRUTOS
Conceito: utilidades de uma coisa, sendo produzidos periodicamente (diferença com os frutos), não
afetando a subsistência da mesma.
1. Naturais: provenientes da natureza que se renovam automaticamente
2. Industriais: produzidos pela atuação humana
3. Civis: rendas retiradas da utilização da coisa
4. Percebidos: aqueles que foram colhidos e afastados da coisa
5. Percipiendos: aqueles que deixaram de serem colhidos
6. Estantes: dispostos para comercialização
7. Consumidos: em razão de seu consumo, não existem mais

BOA-FÉ: tem direito, até sua duração, aos frutos percebidos, restituindo os pendentes e os colhidos
com antecipação, ao tempo em que cessar a boa-fé, depois de deduzidas as despesas de produção
e consumo.
FRUTOS NATURAIS E INDUSTRIAIS: reputam-se colhidos e percebidos, logo quando são
separados.
CIVIS: reputam-se percebidos dia por dia.
IMPORTA SALIENTAR: não haverá direito de possuidor de boa-fé de receber os produtos.
MÁ-FÉ: responde por tudo (colhidos, percebidos e os que deixaram de perceber por sua culpa, desde
que se constituiu de má-fé). SÓ TEM DIREITO AS CUSTAS DE PRODUÇÃO E CUSTEIO.

- A RESPONSABILIDADE PELA PERDA OU DETERIORAÇÃO DA COISA


BOA-FÉ: não responde a que não der causa;
MÁ-FÉ: responde, ainda que acidentais, salvo se provado que teriam acontecido estando na posse do
reivindicante.

- A INDENIZAÇÃO PELAS BENFEITORIAS E O DIREITO DE RETENÇÃO


Conceito: são bens acessórios introduzidos em um bem, móvel ou imóvel, na busca de sua
conservação ou melhoramento. Vale salientar que nem sempre uma benfeitoria representa uma coisa
ou uma despesa.
1. Voluptuárias: são as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem,
ainda que tornem mais agradável ou sejam de elevado valor;
2. Úteis: aumentam ou facilitam o bem;
3. Necessárias: conservar o bem para a sua não deterioração.

 O possuidor de boa-fé tem direito de retenção até que as acessões sejam indenizadas.
o Direito de retenção (deve ser alegado na contestação): meio de defesa, outorgado ao
credor, a quem é reconhecida a faculdade de continuar a deter coisa alheia, mantendo-
se em seu poder até que seja indenizado pelo crédito que se origina, via de regra, das
benfeitorias e acessões.
QUANTO A INDENIZAÇÃO:
 Boa-fé: benfeitorias necessárias e úteis, levantar as voluptuárias. Exercer direito de retenção:
necessárias e úteis.
 Má-fé: somente pelas necessárias. Não possui direito de retenção e nem pode levantar as
voluptuárias.
 As benfeitorias compensam-se com os danos e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo da
evicção ainda existirem.
 O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de
optar entre o seu valor atual e o seu de custo/boa-fé: pelo valor atual.

RESTRIÇÕES AO DIREITO DE PROPRIEDADE


Estão presentes em leis, convenções das partes e na própria Constituição Federal da República.
Exemplo: edificação compulsória, tombamento, direitos de vizinhança, as servidões, as cláusulas de
impenhorabilidade e de inalienabilidade.

DESCOBERTA
Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor. Não o
conhecendo, o descobridor fará por encontra-lo, e, se não o encontrar, entregará a coisa achada à
autoridade competente.
Direito a uma recompensa: não inferior a 5% o valor da coisa + indenização pela conservação e
transporte
Procedido com dolo: responde pelos prejuízos causados ao proprietário ou possuidor legítimo.
Decorridos 60 dias da notícia na imprensa e não apresentado ninguém que comprove a propriedade
da coisa: esta será vendida em hasta pública e, deduzidas do preço as despesas, mais a recompensa
do descobridor, pertencerá o remanescente ao município em cuja circunscrição se deparou o objeto
perdido. Sendo diminuto o valor, poderá o município abandonar coisa em favor de quem a achou.

AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE
USUCAPIÃO
- A sentença de ação de usucapião possui natureza declaratória
- Aquisição originária
- Posse prolongada
Espécies:
 Extraordinária: Posse de 15 anos (podendo diminuir para 10 se o possuidor houver estabelecido
no imóvel sua moradia habitual ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
POSSE-TRABALHO.)
o Exercida com ânimo de dono, de forma contínua, mansa e pacífica
o Dispensam os requisitos do justo título e da boa-fé
 Ordinária (simples): Posse de 10 anos (podendo diminuir para 5 anos; sendo necessário,
registro do título e prazo de no mínimo 5 anos antes do registro ser cancelado.
CONVALESCENÇA REGISTRAL)
o Exercida com ânimo de dono, de forma contínua, mansa e pacífica
o Necessitam dos requisitos do justo título e da boa-fé
 Rural: posse de 5 anos, contínua, mansa e pacífica
o Área rural contínua, não excedendo 50ha, tornando-a produtiva e nela tendo sua
moradia
o Não ser usucapiente proprietário rural ou urbano
o Independe de justo título e boa-fé e não podem recair sobre bem público
o Presunção absoluta da destinação do bem
 Urbano: Posse de 5 anos
o 250m² de área
o Posse contínua, mansa e pacífica
o Utilização do imóvel para moradia do possuidor ou de sua família
o Não proprietário de outro imóvel urbano ou rural
o Não pode recair sobre imóveis públicos e nem pode recair ao novo possuidor mais de
uma vez
 Especial urbano coletiva: áreas com mais de 250m², ocupada por população de baixa renda
PARA SUA MORADIA, por 5 anos, onde não for possível identificar terrenos ocupados
individualmente
o Para contagem do prazo: à título universal
 Abandono do lar conjugal: posse por dois anos ininterruptos e sem oposição, posse direta com
exclusividade
 Até 250m², propriedade dividida com ex-conjugê ou ex-companheiro que abandonou o lar,
utilizando POSSE MORADIA
 Propriedade integral: desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural

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