ARÓSTEGUI, Júlio. O processo metodológico e a documentação
histórica. In: A pesquisa histórica: teoria e método. (2006), p. 465-512. ‘’há muitas formas de levar adiante uma pesquisa histórica. Mas existem também alguns pressupostos, algumas operações e cautelas sem as quais realmente é difícil poder falar de ‘’pesquisa’’. E a verdade é que tudo isso constitui um procedimento que coincide em suas linhas gerais com as particularidades de toda pesquisa social’’. (p. 465) ‘’de certa forma, uma pesquisa histórica deve responder a um plano. No próprio curso da pesquisa, o plano ou planos primitivos serão, com toda probabilidade, profundamente modificados e o resultado final terá seguramente pouco a ver com o que se presumia no início’’ (p. 466) ‘’na escrita tradicional da história, no pensamento historiográfico mais simples, sempre se entendeu que a ‘’descrição’’ histórica, a narração dos acontecimentos ‘’como realmente aconteceram’’, já possuía em si mesma um caráter sintético, ordenado, explicativo, que bastava para dar conta dos porquês dos eventos. Acreditou-se em uma espécie de causalidade implícita [...]’’ (p.467) ‘’planejar uma pesquisa é, de certa maneira, prever os momentos cognoscitivos e técnicos pelos quais o trabalho deverá passar. Mas, de forma mais prática, planeja seria a previsão de adaptação do trabalho aos problemas concretos do objeto pesquisado. Um planejamento teria de atender a três níveis: o do que se quer conhecer, o de como conhecer e o da comprovação do conhecido. [...]’’ (p. 468) ‘’a prática da pesquisa histórica tem de ajuntar-se à definição clara de problemas, à formulação de hipóteses, à construção dos dados, à elaboração de explicações o mais consistente possível e à construção de mecanismos para ‘’provar’’ comparativamente a adequação de suas explicações. [...]’’ (p. 469) ‘’a pesquisa histórica surge de ‘’achados’’ - de novas fontes, de novas conexões entre as coisas, de comparações - ou surge de insatisfações com os acontecimentos existentes, insatisfações que, por sua vez, são provocadas pelo surgimento de novos pontos de vista, de novas ‘’teorias’’, ou de novas curiosidades sociais. [...]’’ (p. 470) ‘’ uma história nunca é definida, a princípio, sem a explicação do lapso cronológico em que ocorre. O histórico leva em seu interior o tempo, e pode levar diferentes tipos deles. A cronologia é a denominação referencial e simplificada da temporalidade. Uma ‘’história’’, por outro lado, tem sempre um espaço de desenvolvimento, ou [...] (p. 472) ‘’não há exploração possível da realidade senão aquela que for ‘’dirigida’’ por certas presunções explicativas. Tais presunções encaixam-se, por sua vez, em um marco duplo de valor diferente. Da forma mais condicionante, é evidente que o desenvolvimento metodológico só existe no interior de um aparato explicativo de suficiente valor teórico. Raras vezes uma pesquisa começa na teoria. [...]’’ (p.476) ‘’[...] pesquisar é justamente ir destruindo essas primeiras hipóteses e, se for preciso, mudar toda a orientação da busca de novas realidades e verdades.’’ (p. 478) ‘’a observação da história é a observação das fontes. O conhecimento da história não se reduz, porém, exclusivamente á exploração das fontes, mas se apoia também em conhecimento ‘’não baseado em fontes’’ [...]’’. (p. 480)